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O Floral Poético DANIEL D’AMARAL POESIAS

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O Floral Poético

DANIEL D’AMARAL

POESIAS

CAPÍTULO 1

Poesias“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!…”

Florbela Espanca

Quando criança, ainda na escola primária, a professora pediu para que escrevêssemos uma poesia. A palavra era desconhecida para mim aos 8 anos de idade e também o era para os meus colegas de turma. Para mim, a palavra soou como uma coisa completamente nova, desconheci-da…No fim da redação , ela se surpreendeu com o meu texto e as rimas e vaticinou: “Você vai ser poeta”. Eu não sabia o que era ser poeta... Que pena que não tenho guardado comigo o texto que fiz.

Queria tê-lo ainda agora.

Hoje, sempre que penso em escrever, vem-me à lembrança

deste dia e a inspiração não me falta nessa hora.

Quase todo poeta é um apaixonado por imagens difusas, de véus, pores de sol, flores e relva, mulheres lindas, divindades,...que o remetem a um mundo de beleza, ou de tristeza, alegria. De sentimentos às vezes dissonantes mas, lá no fundo da alma, ele guarda com esmero a sua verve e inspiração e a ela recorre semipro Que. Deseja criar.

O poeta doa a sua inspiração para emocionar e transformar o mundo e a si mesmo. 

http://www.recantodasletras.com.br/autores/DanielAmaral

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ALMA DE POESIA

Sinto saudades dos teus versos,

que me dizem tanto!

Quando os leio, de alegria eu canto

Canto à tua pena, magia incontida.

Canto a vida que há neles,

Pois não são rimas, simplesmente

São como a pérola única e iridescente

Que surge do teu oceano infinito

Nas praias dos teus versos

-Agradeço-te por este dia...

Tuas calmas ondas em torvelinho

Trazem-me paz e alegria

E tua pena me faz companhia.

Daniel Amaral

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Poemas de Daniel D’Amaral

ALMA DE POESIA

3 INTRUSOS

Se a tristeza é tanta a transbordar dos olhos,

Que até espanta o mais sofrido

num alarido sem causa, É porque te falta a pausa

que transmutada de ti foge...

Foge com medo E se vai em segredo pelo verde arvoredo

e pelos desvãos dos dedos...

Sem sentido, o amargurado

Se sentindo apedrejado cai ao chão, dizendo não à vida que lhe fora dada.

Nenhum sentido há na tristeza que não é tua

Em triste choramingar

Sem uma luz que atenua

Dos teus medos, à tristeza...

Peça ao vento, diga a lua:

“quero me livrar dessa tristeza”

Pegue então os seus temores,

e os entregues a correnteza.

Daniel Amaral

17-09-2014

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Poemas de Daniel D’Amaral

INTRUSOS

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A POESIA ORVALHADA

AnaVocê foi a minha melhor companhia.

Queria mais da tua presença.

Vontade tenho ainda!

Mas do que me vale a vontade, Se na verdade tu me negastes um beijo?

Que de tanto desejo, ardente Busquei em teus lábios.

Você chorou lágrimas doídas

Como se o coração hesitasse...

Vai, meu amor, com olhos marejados

Buscar a esperança!

Vai, minha flor!

Vou regar-te as pétalas

Com o orvalho da manhã,

Para te refrescar a saudade!

(Daniel Amaral)

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Poemas de Daniel D’Amaral

A POESIA ORVALHADA

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Poemas de Daniel D’Amaral

ANTES QUE SE ACABE O MUNDO ANTES QUE SE ACABE O MUNDO

Quero te oferecer um bem preciosoA estrela mais brilliante do firmamento!

Assim fazer-te mais feliz num momento,

Tocando a tua alma, num gesto carinhoso...

Ver brilhar o teu lindo rosto num sorriso,

Apertar-te a mão pequena, calorosa e macia

Sentir a felicidade e abraçar-te sem avisoDar-te o melhor do amor e da alegria...

Quero ofertar-te o bem mais valioso! Para que livre o teu âmago e repleto Da eterna e desejada paz de espírito,

Tenhas o mais divino Um amor completo A inundar teu coração com este amor infindo

Para que assim, ao despertarmos deste sonho,

qual amantes numa eternidade prazerosa,

Possamos livres estar do esgar medonhoDas vidas desperdiçadas sem sentido.

(Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

HELENA

HELENA

Helena, trago na mão uma pena,

para escrever o seu nome "Helena"...

Com essa mesma pena,

roçarei as melenas, dos teus cabelos,

e sussurrarei o seu nome: "Helena".

E nas tuas mãos pequenas,

macias e serenas, calmo, como a brisa da tarde amena,

pintarei numa tela uma cena,

onde serás a pequena flor de lótus, "

Helena".

(Daniel Amaral)

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Poesias de D’Amaral

UMA NOITE DE VERÃO UMA NOITE DE VERÃO

Boa noite de sono, Sono tranqüilo e

sereno Te desejo sincero neste mo-

mento pleno,

Em que desejas companhia... Mas

estando sozinha, sonhas Que a noite

te abarca a agonia E te aconchegas

nas fronhas.

Dormes sozinha e completa. O teu

semblante descansas Nas macias

cobertas do leito

Onde flutuas alegre e repleta Depois

do gozo que aplacas...

Como quisera, ó musa, Doar-te o

meu calor festeiro Neste escuro

diáfano. Estar contigo em carícias

A aquecer-te o o corpo inteiro

Dormes, que a manhã Já canta nas

matas A chamar o teu nome:

"Princesa!"

(Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

AO SOM DA CHUVA, COM UMA MÚSICA DE FUNDO AO SOM DA CHUVA

(Com uma música de fundo)

Duma nuvem caem pingos d'água

Para que te lembres de mim E os meus olhos, sem mágoa

Lacrimejam saudosos assim

Não é tristeza, É saudade

Que sinto dos teus versos e de ti

Que de tão longe arrebatasO meu coração que chora e sorri.

Chora a tristeza da distância

Deste oceano que nos separa...

Mas sorri dos momentos na

lembrança

Do mais lindo que de nós ficara

Pingos d'água incontáveis

Trazem a chuva promissora Que

nos une e nos afaga

Enquanto cai suave,

redentora.

(Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

AO LUAR PRATEADO AO LUAR PRATEADO

As ondas prateadas pelo luar Brilhavam num luzidio ameno Da noite que ia linda a sonhar,

Enquanto o mar cantava sereno.

Emocionado pela beleza explícita Daquele mágico momento,

Veio-me ao peito um sentimento De alegria total e intensa.

Numa tela quis guardar esse instante Tão breve e tão belo...

Totalmente Pois as ondas ressoavam mansinho

A pedir num murmúrio sussurrante "Pinta-me este luar

eternamente?"Busquei os pincéis e o cavalete Deixei fluir solta a incontida

emoçãoE fixei os olhos transbordantes,

Enquanto a lua conduzia a minha mão.

Foi assim que numa noite Em que a lua passava a cantar Que eu pintei essa tela, afoito,

Desejoso do teu coração apaixonar.

(Daniel Amaral)

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Poemas de Daniel D’Amaral

FIZ AGORA

FIZ AGORA

Se eu não responder,

é porque já não estou aqui...

Saí para buscar no calor do sol

a energia do encantamento.

Fui até a lagoa dourada pelos caminhos do vento

sem perder um só momento,

pra ficar com a minha amada.

A minha flor dourada, Que me alegra o pensamento.

©Daniel Amaral

- 11-04-2014

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Poesias de Daniel D’Amaral

VITÓRIA A ILHA DO MELVITÓRIA, A ILHA DO MEL

O que dizer de uma cidade que é toda linda…? 

Que mais que não fora ainda dito dignamente? Vitória, nome de mulher 

de valor definitivo, Teu nome te cai perfeito, cabe em ti lindamente. 

Sinuosas as tuas formas de criação perfeita. 

És do menestrel a purpúrea rima preciosa. 

Nos meus recordares, mãe boníssima, 

Vêm-me a infância em tua mão bondosa. 

Guardo em meu peito a saudade Este sentimento de dor, inimigo, 

de quem a mão seguro arduamente, Pois, embora longe dos teus braços, 

Jamais esqueço que as sementes Impregnadas na minh'alma 

Vêm de ti e estarão sempre comigo. 

O que devo então dizer-te? Parti,... e partido o coração… Ousado, quero agora pedir-te 

-Perdão,… Perdoa-me. 

©Daniel Amaral 

06-08-2011

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Poesias de Daniel D’Amaral

O AMOR

O AMOR

Ah... O amor!!

Esse sentimento que, universal,

mesmo assim ainda tão pouco

compreendido, ainda persiste,

subsiste, permanece,apesar da nossa ambigüidade...

O sentimento que mantém de pé

a nossa tão combalida existência!

Mas saibas Que ao amor,tudo é possível.

Ele é filho do céu!

(Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

A PASSAGEM

A PASSAGEMSempre que olho para o céu

Estou contemplando do infinito o passado Me quedo triste, silente e amargurado Pois

não consigo desvendar-lhe o véu...

Ó, imensidão que me encobre e conquista, De onde viestes, tempo infecundo?

Por que existes, aurora trismegista?

Não me atormentes, negror furibundo!Não temo a morte, certeira verdade

Apenas não aceito o tempo... Tão curto! Que, a despeito de meus desejos delirantes

De eternidade, sei-me agora efêmero e já é tarde...

Vida minha que segue em desterro, Como em ondas, repetidas, constantes. Vou, caminhante de passos descaídos

Enquanto o tempo míngua, passageiro.

Os dias passados de viva lembrança De quando criança - era eterno bem-te-vi

A cantar alto a sina que se mostrava Repleta do mais alvo fulgor e bonança...

Vai, tempo...

"O tempo não é uma abstração Pois, se assim o fosse,

Eu não escreveria este poema." (Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

SUNNY LOVE

Sunny Love

Sunny,(voce me lembra aquela música),...

A ensolarada poesia que escorrePor entre os teus dedos é plena de be-

leza. Deves ser mesmo assim,

irradiante pessoa.

O teu brilho resplandece e percorre Os caminhos belos da natureza.

Daniel Amaral06/08/2011

Uma homenagem a amiga poeta

Sunny Lora.

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Poesias de Daniel D’Amaral

BEIJO NA BOCA DA NOITEBeijo na boca (da noite).

Boa noite de descanso!- Diz-me a

noite...

Não vá, ó deusa dos véus esvoaçantes,

fica comigo só mais essa noite, para

que possa sonhar em estar contigo

outra vez, esta vez!

Ó musa dos meus sonhos de amor!

Embala-me em teus braços, Mornos

como a ensolarada tarde e acende em

mim o desejode um amor infinito Como a noite

mais esplêndida!

Continue aqui comigo, Ó amada,

mais sonhada e desejada que o dia!

O último dos dias...

Quem sabe se aqui estarei amanhã?

Talvez aqui tu já não mais me veja!

Ó, minha esperança. Não se desva-

neça, amada!

A ingrata noite mulher que me mal-

trata Um coração cheio de esperança...E que ainda canta!

"És poesia que imediata Mal-

trata e também Inspira-me

com a tua presença!" Su-

pliquei em vão...

"Vou ter que partir" - repetiu

em voz baixa. E eu Aturdido:

Vai, Ó desespero!.Não maltrates mais este co-

ração! Vai-te,... e não digas

que não acreditas... Serás

para mim como o bem mais

desejado O bem que não con-

segui ter...Ó sina!

"Boa noite, amor meu!",

disse-lhe. "Durma com os an-

jos celestiaise que eles te conduzam ao

sonho mais belo!"

(Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

UM POEMA PARA A AMADA

UM POEMA PARA A AMADA

É importante que não te esqueças

Que eu moveria uma montanha

Viajaria a uma terra estranha Só para ter um vislumbre de ti.

Ainda que no mundo hajam tantas,

Vivo por sua presença bem amado

Pois antevejo o carinho que me

encanta

Neste belo sorriso, por mim adorado

Toda vez que te chegas de mansinho

Até o meu aconchego perfumado Me sento dentre os homens,

abençoado

Pelo amor que me deu a esperança

De que sempre estarás no meu

caminho

(Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

BRINDE AO AMOR

BRINDE AO AMOR

Bebendo da tua boca, os teus bei-

jos sorvendo

No arfar dos dos teus seios, e

dos seus ter- nos abraços,

vôo na maciês dos teus braços e

ao teu corpo sucumbodepois do êxtase e do prazer,

como se morrendo...

No prazer mais plácido, divino,

manso, sereno...Da tua beleza amena, me sinto

possuidor És o tesouro perfeito e

tens o corpo moreno Como que

se banhada pelo sol do amor

"Quanto desejo do teu corpo ex-

ala! O perfume sublime dos

teus lábios ... Carnudos, molha-

dos de lascívia Que beijo em

murmúrios e estalos."

O tempo inexiste nesse mo-

mento Eterno, duradouro.

Cúmplice perfeito.

Somos amantes na entrega

total E nos seus braços me

sinto refeito.

O prazer que nos propicia-

mos, é divino! Encontro feliz

de corpos apaixonados

abençoados pelos deuses do

amor

Dando prazer aos nossos cor-

pos suados... Exalando o ine-

briante perfume

abrasador.

Dois amantes felizes não

têm fim nem morte,...

tem sorte!

©Daniel Amaral 10-05-2013

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Poesias de Daniel D’Amaral

A POESIA MINHA DE CADA DIAA POESIA MINHA DE CADA DIA

O meu grande prazer é poder dizer ao mundo,

o quanto me alegra ter optado pela poesia.

Não... Na verdade, ela Que me escolheu.Desde criança, me apeguei aos versos.

Hoje, homem maduro e feito,

ainda carrego no peito o vício da rima...Do lirismo, da métrica e do planger sonante.

Nos desvios da vida, me sobra a poesia, que o

coração feliz contagia e me faz amante.

Embora perceba que a poesia, às vezes prescinde do poeta, mas ainda, vale-se da

emoção verdade, que voa altaneira

rodopiando ao vento,

Traz o sentimento que move

no peito a emoção,

Por isso, sigo na minha lida, na minha

missão... Enquanto tiver vida,...

Jamais abandonarei a poesia

Que. Pulsará sempre no meu coração!

©Daniel Amaral

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Poemas de Daniel D’Amaral

O POEMA DA SAUDADEO POEMA DA SAUDADE

Os versos que escrevo agora

Vêm do sentir profundo do meu eu Vieram

chegando... Devagar, surgindo...

E instalaram-se neste peito meu...

A saudade, este sentimento vil, Apoderou-

se com braços invisíveis Do meu coração

que não te esquece,

Nem dos nossos momentos felizes.

Na busca incessante da memória, Insones

e amarguradas são as noites Que atravesso

por sonhos úmidos Em que tua ausência, é

como mil açoites

Saudade dos teus olhos, do teu corpo...Em tudo eu busco você, nessa procura sem

fim E o meu peito, sôfrego de tua presença,

chora... E a saudade mais ainda

maltrata-me assim!

(Daniel Amaral)

29-01-2012

"O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente...."

Fernando Pessoa

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Poesias de Daniel D’Amaral

ENTERNECERENTERNECER

Não sofras mais nas tristes passagensNão deixe pedras a marcar o caminho

Sempre pensando na volta, presa do medoDe abrir as asas e voar para fora do ninho

Vês no horizonte à tua frente as miragens?Alcança-as e colhei delas as flores nas ramagensIndaga-lhes das novidades, do que te é mais caro,

O que decerto e verdadeiramente te contagia...

Estas existirão sempre, se caminhas e procurasMas não virão das noites lacrimosas, fugidias

Onde grassam, amiúde, degenerescências obscuras,Nem do deserto, que vive de lembranças tardias

Mas sim da beleza das tardes a enternecerQue se vão, dando lugar ao salpicar de diamantesOnde antes brilhava um sol de raios aquiescentes

Que sempre promete te visitar no outro diaNascendo do breu onde pungiram estrelas cadentes...

Acredita que és capaz de mudar a tua sinaDesfaz-te desta tua imagem distorcida.Busca sem medo aquela fonte cristalinaDe onde jorra o néctar que te alimenta, Te levanta, te apruma, que te dá vida!

Daniel Amaral20/09/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

À ANA MARIA AVELINO

A ANA MARIA AVELINO

Ana Maria, menina, mulher, guerreira,...

Cantando aos campos versos de luz.

Que força é essa que te conduz?

Este teu brilho de onde vem?

Virá, decerto - este candente brilho,

Ó, guerreira tenaz, ofuscante,

Que do meu coração a dor traduz...

Destes teus olhos de diamante!

Daniel

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Poesias de Daniel D’Amaral

A POESIA ENEVOADAA POESIA ENEVOADA

O mar revoltoso me encantava o coração Incitava-me a buscar sem devaneios, Com os olhos carregados de esperança

A procurar na emoção do amor, os teus enleios...

Entre a cerração que ofuscava-me a procura Buscava, ao som do mar em fúria de chuva e maresia,

Alguma marca dos teus passos pela branca areia Donde as frenéticas ondas apagaram-te a travessia...

Caminhei assim por dias e tardes enevoadas Sob nuvens enegrecidas, tormentosas de presságios Onde aves negras voavam apressadas, aguerridas

A cortar o vento e a cantar à minha incansável busca Num cantar lúgubre e pesaroso, como num adágio

Caí por terra a prantear a procura tanta Que parecia fadada ao desencanto, infortúnio

Quando, por entre a bruma enevoada, Por entre raios e trovoadas, num instante Ao longe, sob um arco-íris desfraldado,

Trêmula e encharcada, tu também me buscava

A Poesia Enevoada (Daniel Amaral)

15/10/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

SE O TEMPO PARASSE SE O TEMPO PARASSE

Ah. Se o tempo parasse...

e o vento soprasse

nos ouvidos da gente,

n'alguma insólita catarse,

uma frase qualquer...benfazeja,

Que nos despertasse uma voz

que em clamor sussurrasse

aos ouvidos uma melodia cantasse

e num rumor a visão despertasse

Deste tempo futuro tão atroz

fizesse cair a barreira

que se impõe brutal, derradeira

nos cortando em lamento a voz.

Ah. Se o tempo parasse...

Daniel Amaral

03/01/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

FLOR DO CAMPOFLOR DO CAMPO

Onde estás, flor de rara beleza?Ninfa de tons virginais que cativas,

Por que escondes de mim tuas pétalas?

Oh! Não leves de mim tua singeleza...Odorífera corola de vivas cores...

Busco-te pelo jardim floridoMas não vejo os teus ramos...

Espio por entre os rociosNa relva calma dos campos

Buscando-te com um leve fastio,Com olhos desesperançados

Mas mesmo assim, entretantoGuardo de ti o perfume a quietude

Que traz a lembrança de alegria, o prantoNum lindo momento de paz e virtude

Me aquece a certeza de que terei,Mesmo na busca que tarda, dolorosa,Mesmo nas teias das vicissitudes,...Virá até mim sorridente o momentoEm que te encontrarei linda, airosa

Minha flor do campo, jóia raraViverás sempre em mim... gloriosa!

Daniel Amaral10/05/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

NÃO CHORES MAIS NÃO CHORES MAIS

Lágrimas, chamam lágrimas...Não te deixes inundar

de tristeza tanta!Busque antes a beleza do sorriso

Que de festas te contagia e et encanta.

Olha à tua volta, que existência fecunda!

Vês quantas alegrias te dá graciosa a vida...

Não temas a noite, que nos enche de presságios

E os nossos sonhos de temores inunda...

Procura em teu seio a fartura queridaQue, do teu lado, a insuspeita vontade

Sempre te alcançará, enquanto não desistires

Da tua chama sequiosa e repleta de vida.

És tu o sol interior de tua vivência,A tua chama alta linda e flamejante,Com a qual te brindou a existência

Para completares sem medos a tua senda!

Daniel Amaral28/12/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

TRISTESSETRISTESSE

Hoje quando te vi triste, chorei. Eu que te achava completa.

Muralha Impassível às ondas deste oceano vida,

Te vi então sofrida e aos céus implorei:

Que uma luz te conduza de volta a alegria. Alegria que em ti

sempre vinslumbrei.

Que aos teus olhos, de brilhante magia,

Cuja beleza sempre celebrei, Volte o brilho sereno deste azul céu

Que é seu... Todo o resto é nostalgia...

Não sofras mais, poetisa, não chores...

Daniel Amaral

21/01/2010

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Poesias de Daniel D’Amaral

ÀS MULHERES

ÀS MULHERES

Ah... As Mulheres

Agradeçamos aos céus com gratidão...

Abençoadas sejam todas as mulheres!Bem aventuradas! Amadas sejam elas, Mães da vida e do amor incondicional.

Verdadeiras mulheres, divina criação...Perseverem, permaneçam mulheres,

Nossas mães, nossas filhas, nossas fêmeas

A preencher-nos de ternura o coração.

Daniel Amaral28/02/2010

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Poesias de Daniel D’Amaral

PASSAGEMPASSAGEM

No dia em que eu morriSoprava um vento danado,O frio fazia-me prostrado

A compungir-me o coraçãoQue cansado de tanta tristeza,

Caído sob os pés da vileza -Retrato da vida incerta

Que matou a emoçãoNostalgia...

Na noite tardia.Passei-me... morri...

Mergulhei no vazio...Do asceta simplório,Vi o tempo perdido

De viver sempre aturdidoNo despropósito inglório

Assim, me passei desapercebido...Me esfumei consumido...

Lá fora só a noite se condoíaEm sons de lamúrias...

Sofridos...

Daniel Amaral13/05/2010

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Poesias de Daniel D’Amaral

ENERGÚMENOS

ENERGÚMENOS

Nós, que meros macacos recentes Párias, do acaso possuídos…

Energúmenos, seres sem alma!Traidores do amor, de si mesmos!

Nós, que hipócritas lisonjeirosAtados à ignomínia e à mentira

E aos desejos e instintos animais.

Nós, que perdidos,... sem sentidos,Como cegos na noite primordial

Incapazes e limitados ao tato vago

Do que nos é permitido compreender...

Fomos, mesmo que vis, desprezíveis, Premiados com um paraíso perdido

Na imensidão do Vácuo Infinito.

Nós, que destruímos este mundoNós, que não percebemos do céuNenhum vislumbre alentador,

Do futuro temerosos...

Insensatos,...

Matamos a vida, da natureza a flor

Desumanos, infiéis, deturpadores,

Insanos como o vírus devastador.

O que restará de nós no fim?

A poeira que o tempo não dissipa?

Uma vergonha e arrependimentos

infinitos?

Daniel Amaral

12-06-2010

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Poesias de Daniel D’Amaral

ACRÓSTICOACRÓSTICO

Incauta, a minha alma benfazeja

Voou na tua luz cálida e serena

Olhei-te e vi-te como que inteira

Nos escritos que me vieram de tua pena

Explícitos, como o canto que festeja...

Ante o teu brilho, sol dourado,

Louvei-te o canto com os meus olhos

Viagem linda, empreendi, sonho acordado

Encantado pelos faróis que iluminam

Sua presença de brilho transmutado

Saí, então, a cantarolar o teu nome

Obstinado em não perder o teu riso,

Lancei-me à busca de um megafone

Daniel Amaral

04/09/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

LETRAS MORTAS LETRAS MORTAS

Para onde vou neste momento vazio?

Em que direção volto os meus olhos?

As incertezas que vêm de mim mesmo,

Surgem das sombras do tempo,

sorrateiras...

Tento mascarar, Escondê-las

Sob o pano insofismável da verdade.

Mas aí, caem-me as cortinas da vida

Fecha-se o livro de minha história

Caio do casulo da memória

Sob o vazio do esquecimento

Lá, onde estão escondidos

Os meus idos, que impiedosos, desditos

Ceifaram de mim o meu vulto.

Daniel Amaral

25/04/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

A POESIA A Poesia

A poesia está em altatodos falam dela,

todos a querem cantar.Mas, minha alma triste,

por ela flutua, querendo chorar...

Por campos a fora, Sem o teu perfume, Sem os teus olhos

De um verde profundo,Vão os meus ais

A um longínquo,imaginário mundo.

A poesia de que tantos falam

Não é minha nem suaA poesia é da lua

Que toda nua passeia a cantar

Uma canção de versos de luz,Uma melodia que nos seduzCom o coro das vozes do mar.

Daniel Amaral

01/08/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

A POESIA E O POETA A POESIA E O POETA

O poeta sonha no alto do monte com uma flor.

Dela brota densa e sentida, translúcida lágrima,

Como um rio denso a desfazer-se no rosto,

Caindo doidejante por entre os sulcos da face.

(Cálido rosto coberto de desejos e de dor.)

Como tiras de seda, bordadas de fino ouro,

Dos olhos cerrados fluem imagens do tempo

Em que o brilho do dia era nítido, azul, cristalino

E as manhãs banhadas de sol, um tesouro.

Sempre lhe pertenceu, assim como o vento,

A virtude de ter tentado cem vezes, sem tréguas

Alcançar o véu fluídico da distante quimera

Que fizera do seu fardo de rimas um tormento.

Mas do vento, essa invisível figura onipresente,

Chama-lhe uma voz pelo nome: “Poeta... Poeta...”

"A voz dos rodamoinhos na mente simplória"

Do artista, que rima e canta versos somente.

(Daniel Amaral)

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Poesias de Daniel D’Amaral

SOU POETA SOU POETA

Sou alguém que acredita,Que ousa sonhar...Desejar que a vida

Traga, além do luar,A verdade risonha,

A felicidade querida.Não a mentira medonha

Que a todos afronta.Não a incompreensão

Que ao passado remonta.Mas, aos sorrisos fartos

Abertos e felizesDe todas as cores e matizes

Inesperadas, soberbas e lindas…Tão lindas, que nos façam

Chorar de alegriaE cantar a harmonia

De poder amarSem medo da ousadia.

Sou um poeta desgarrado e aturdido,Neste mundo perdido,

Em busca da estrela tardia.

Daniel Amaral30/08/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

LETRAS MORTAS

LETRAS MORTAS

Para onde vou neste momento vazio?Em que direção volto os meus olhos?

As incertezas que vêm de mim mesmo,Surgem das sombras do tempo, sorrateiras.

Tento mascara-las. Esconde-lasSob o pano insofismável da verdade.

Mas aí, caem-me as cortinas da vidaFecha-se o livro de minha história

Caio do casulo da memóriaSob o vazio do esquecimento

Lá, onde estão escondidosOs meus idos, que impiedosos, desditos

Ceifaram de mim o meu vulto.

Daniel Amaral25/04/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

A POESIA A Poesia

A poesia está em altatodos falam dela,

todos a querem cantar.Mas, minha alma triste,

por ela flutua, querendo chorar...

Por campos a fora, Sem o teu perfume, Sem os teus olhos

De um verde profundo,Vão os meus ais

A um longínquo,imaginário mundo.

A poesia de que tantos falam

Não é minha nem suaA poesia é da lua

Que toda nua passeia a cantar

Uma canção de versos de luz,Uma melodia que nos seduzCom o coro das vozes do mar.

Daniel Amaral

01/08/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

ODE A LISBOA

ODE A LISBOA

Meu pensamento viaja no tempo passado,Quando caminho distraído e alegre,

Pelas ruas e avenidas de jardins verdejantesEntre os prédios seculares da bela LisboaQue me fazem viajar nas asas do tempo.

Por vielas de calçadas e sombras, dou-me contaA cada detalhe onde ainda a história ressoa

O grito heróico dos destemidos homens valentesQue te fizeram no mundo para sempre

Cantando os seus versos a luz de Lisboa.

Cidade peninsular de montanhas imponentes Onde cresceu um casario onde o passado ainda canta

A Lisboa do Tejo, que sorrindo caloroso se espraia.És tu a cidade de histórias e lembranças tantas,Encantada Lisboa, em cada torre em cada praça.

Eu, que vim de terras longínquas,Aprendi a te amar agradecido e carinhoso.

Pois, as montanhas doaram-me a tua belezaE os meus olhos de amante simplório brilharam

Com todo o gostar de um amor fervoroso,

Enquanto os pardais a volta cantam e brincam...

É assim este gostar: singelo, despretensiosoComo do amante que a amar, vai docemente,

Enquanto passam as estações e o coração se alegra Com o nascer das manhãs deste sol mensageiro

Que traz mais um dia em que estarei contente.

Daniel Amaral

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Poesias de Daniel D’Amaral

LUA MINGUANTE LUA MINGUANTE

A lua minguavaE você nem ligava

A noite se íaE eu confessava

À lua que minguavaA ela eu dizia

De um amor tão grande Que você não percebia...

Mas, a lua que minguavaE as estrelas me diziam

Que a madrugadaE o frio da hora

Ainda te mostrariam...

Te diriam do meu amorNa madrugada sombriaFalariam do meu calorQue você nem percebia

Enquanto a lua minguavaE eu te dizia

Que, muito mais que a lua,Era a você que eu queria...

Apenas em pensamento pediaNão haviam palavrasNada mais me valiaNem o brilho da lua

Na madrugada fria e sombria...

Pois o teu coração era mais frioE também minguava!

Daniel AmaralPoesia escrita em 1994

(Numa noite fria de luar intenso em Porto Seguro, na Bahia)

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Poesias de Daniel D’Amaral

AO ARTISTA

AO ARTISTA

Como querer, pretender,Entender um artista genial?Eles nos surpreendem,Nos animam e nos espantam!Eles criam, inventam,Se reinventam,Extrapolam as convenções.Carregando em sua sinaDe seres únicosE aquinhoados de talentosQue, mais que instruments de criação,São tormentos ao coração,Do que vai na alma, na visãoQue, diferente da multidão,Que lhes seguem os passosApontado as suas feridasTristemente conseguidasNo esforço brutal da criação.Por isso, quase sempre,Muito cedo eles se vão.Precisam descansar o seu espírito.Partem, como num grito,De repente.Escapando à solidão.Deles, para sempre ficamAs marcas que nos indicamO caminho da redençãoOnde reconhecemosO indelével toque de suas mãos...E, porque desafiam a impermanência,Deles, para sempre fica uma certeza,Uma verdade:Jamais morrerão.Antes, porém, ficarãoPara sempre na eternidadeDe uma canção.

'Bye, Michael.

Daniel Amaral26/06/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

A PARTIDA

A PARTIDA

Como neve, frio era o teu olharQuando dizias que ias partir.

Tua vontade parecia tanta!Soava-me como um bradar de ondasNas íngremes encostas do meu peito.

Desconhecias os presentes estrelados,Negavas as pérolas que guardei para ti...

As noites insones, pedindo um horizonte de luz

Onde realizassem- se todas as vontades

E, nesta sonata de desejos,Vi entre as névoas do sobrolho

Que te foste de mim...E olhastes para trás...

Apenas essa triste lembrança ficou:A visão dos teus olhos reticentes...

D'onde uma lágrima hesitou, e caiu...Serpenteando pelas maçãs do teu rosto.

Daniel Amaral28/05/2007

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Poesias de Daniel D’Amaral

CANTO AO OLHAR DA MOÇA RISONHA

CANTO AO OLHAR DA MOÇA RISONHA

Um átimo do brilho Dos teus olhos desejo. Que me venha este sol

A matar-me com um beijo!

Um átimo do teu brilho Tu somente - em meu cantar...

A tua figura no espelho E o som das ondas do mar.

Um átimo do brilho Dos teus olhos persigo.

Que me venha este amor No mais completo langor.

E que com brisa suave Dos teus cabelos desbrave

Este meu sonho de amador.

Daniel Amaral24/10/2008

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Poesias de Daniel D’Amaral

CONTRADITORIUM

CONTRADITORIUM

A singeleza que ora emano,Vem-me do coração.

Não repare. Não é engano.Sou calmo como os campos do sertão...

Mas não abuse, por enganoNão vá contra a arrebentação

Sou pura contradiçãoMas esforço-me por não sê-lo...

Às vezes, basta-me um olhar enviesado,Um sorriso amarelado,Para eriçar-me o pelo.

A singeleza que ora emano,Ledo engano, vem-me do fundo do coração.

Mas, quando sinto a vileza,Bate-me no peito uma tristeza

E reajo como um furacão.

Daniel Amaral02/02/2009

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Poesias de Daniel D’Amaral

FLOR DO DIA

FLOR DO DIA

A flor que te deseja o meu coraçãoOfereço-te como uma dádiva predita.

Nos cabelos ponho-te uma pétala infinitaE a te cobrir os cílios, um lampejo de emoção.

Essa flor contida, caprichosa, prestativa,Vem salvar-me dos horrores imponderáveis

Da solidão do teu corpo que me ofereces em abrigoÀs minhas mãos em estertores miseráveis

Mas, vem de mim essa rosa que cativasHabita os nefastos desertos do meu peito

E tu repousas a cabeça no meu leito, Enquanto voam de mim pétalas furtivas.

Se não te ofereço mais rosas cativantesÉ porque sou ermo e desolado coração...

Já não brotam dos meus pés na viagem angustianteOs desejos que pensava ter guardados num salão.

Onde hoje tremula uma cortina negra e malditaQue dá ao jardim onde as ervas predominam

E os lírios que imaginei, há muito de mim fugiramSem a água salvadora do rio que em ti habita

Daniel Amaral15-03-2008

2 Minha História

Nasci em Vitória, no Espírito Santo, região sudeste do Brasil, filho de uma família muito pobre, financeiramente falando.

Vivi do mangue, do mato e da roça. Meus avós eram pequenos agri-cultores de subsistência e nós vivíamos daquilo que colhíamos e dos ani-mais que caçávamos e criávamos, como as capivaras, que eram presas nas armadilhas colocadas nas plantações de milho, feijão, batatas e de mandioca pelo meu avô.

Haviam também muitos tatus e cotias, além de um rio piscoso, do qual trazíamos samburás cheios, quando estávamos numa ilhota do rio Santa Maria onde passávamos muito tempo.

Nessa ilha, havia uma pequena cabana tosca feita de varas de mato e barro vermelho do rio. Era coberta com sapê (folha de palmeira, de fácil manuseio). Meu avô, um negro magro e de baixa estatura, descendente de escravos, era quem sabia um pouco de tudo no que respeitava a sobre-viver no mato e com pouco ou nenhum recurso financeiro.

Quando estávamos nessa ilhota do rio Santa Maria, raramente passávamos fome. Havia sempre peixe salgado a secar ao sol em cima da palha seca da cabana e uma capivara pendurada ao lado e acima do fogão de lenha.

O rio costumava encher além das medidas na época das chuvas. Esse era o melhor momento para a pesca com os espinhéis (feixe deanzóis) para pegar jacarés e também para colocar os samburás - (armadilhas para peixes feita de bambu e cipós) na boca da vazante do rio).

Daniel Amaral

http://www.amorepoesia.org/2009/10/amorepoesia82-minha-historia.html

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Poesias de Daniel D’Amaral

APAIXONADO CORAÇÃO