Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

25
:::QG do GIA :::

description

projeto submetido à funarte para ocupação palá cio capanema

Transcript of Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

Page 1: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: : : :Prêmio FUNARTE de ArteContemporânea - Projéteis: : : :

:::QG do GIA :::

Page 2: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :Apresentação

O GIA ­ Grupo de Interferência Ambiental é formado por artistas visuais,designers, arte­educadores, cenógrafos, produtores culturais e músicos que têm emcomum, além da amizade, uma admiração pelas linguagens artísticas contemporâneas esua pluralidade, mais especificamente àquelas relacionadas à arte e ao espaço público.Pode­se dizer que as práticas do GIA beberam na fonte da arte conceitual, em que oestatuto da obra de arte é negado, em favor do processo e, muitas vezes, da açãoefêmera, buscando uma reconfiguração da relação entre o artista e o público.Atuante há 10 anos, um dos principais objetivos do grupo é a utilização de meios quepossibilitem atingir uma margem cada vez maior de pessoas, tomando de assalto oespaço público, questionando as convenções sociais sempre que possível, através depráticas concretas infiltradas em pequenas transgressões. A estética GIA, baseada nasimplicidade e ao mesmo tempo irônica, procura mostrar, portanto, que a arte estáindissoluvelmente ligada à vida.Algumas das ações do GIAO “Quanto” é composto por cartazes pintados, com o formato apropriado dos cartazes deliquidação de mercados populares, onde são encontrados valores de diversos produtos,relacionados ao contexto do local.

Page 3: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

Os carrinhos de café em Salvador sãopequenos trios elétricos onde a musica é aisca para atrair clientes, normalmenteinteressados num cafezinho (principalmercadoria do veículo), porém hoje existemaqueles que também vendem o que tocam.Ocarrinho do Gia é um carrinho de café queacabou sendo utilizado pelo grupo como umaforma de difundir informações, através deimagem e som, ele leva vídeos de grupos eartistas que trabalham com intervenções paraas ruas, possibilitando dessa forma, trazerpara o espaço público mais uma forma dediscutir sua própria utilização.Em ocasião do QG do GIA realizado noMuseu de Arte Moderna da Bahia em maiode 2008 (www.qgdogia.blogspot.com), ogrupo desenvolveu com os moradores dacomunidade do Unhão a montagem do

Flutuador, uma plataforma flutuante (cuja estrutura é feita de garrafas pet reutilizadas)que fica ancorada em determinada praia, à disposição do público. É um espaço deconvivência em pleno mar. Em sua primeira versão, portanto, o Flutuador ficouancorado na Baía de Todos os Santos, sendo prontamente aproveitado pelosmoradores da redondeza. Os momentos de lazer e festa que essa “intervenção”proporcionou aos seus fruidores ultrapassaram as implicações conceituais que o GIAtinha formulado: esses momentos eram, sem dúvida, mais importantes do que afunção inicial que o grupo tinha planejado para o Flutuador. Mais informações notexto em anexo.

Page 4: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

Não propaganda é uma ação onde ocoletivo se apropria de suportespublicitários de baixo custo, taiscomo cartazes, panfletos, faixas eaté mesmo os chamados homens­sanduíches, e subverte sua funçãocomercial, colorindo­os inteiramentede amarelo, sem imprimir qualquerconteúdo em sua superfície. Ointeressante é que as “nãopropagandas” são divulgadas damesma maneira que uma ação demerchandising qualquer. distribuírampanfletos no mercado público,vestiram­se de homem­sanduíche nocentro de Salvador, amarraramfaixas junto a semáforos edistribuíram cartazes amarelos afoliões em pleno carnaval. Sãooperações simples, que apontam,contudo, para um problema crucial: apresença massiva da publicidadenas grandes cidades, seu papel esignificado. A eliminação dosconteúdos habitualmente impressosnesses suportes ressalta, num efeitoreverso, sua própria existência, poisinstiga a atenção dos passantes eatenta para o fato de que osdiscursos publicitários não são tãoinvisíveis ou inócuos como já nospodem parecer.

Page 5: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :Objetivo

No pano de fundo histórico­cultural e econômico em que vivemos ao longodas últimas décadas permitiu­se vislumbrar uma arte relacional – termo criadopelo crítico francês Nicolas Bourriaud para uma arte que toma como horizonteteórico a esfera das interações humanas e seu contexto social, mais do que aafirmação de um espaço simbólico autônomo e privado. Trata­se de uma arteque se vê como oportunidade para “habitar melhor” o mundo, em vez deconstruí­lo segundo uma ideia preconcebida da evolução histórica. Pelaobservação de Bourriaud, o artista sai do palco e integra o cotidiano como umcidadão interferindo na realidade, propondo reações ou colaborações naperspectiva da proximidade. A arte não é mais mero espelho, reflexo erepresentação da realidade, mas parte indissolúvel dela.

Nesse sentido, para o GIA, realizar uma exposição em umespaço público como o palácio Capanema que é um símbolo daarquitetura moderna brasileira, é parte da Educação do Brasil edo papel do Estado na Cultura, e é também uma das maioresreferências do Estado Moderno Brasileiro, precisa se justificarnum híbrido entre sua arte relacional, seu modus operandi e opapel de um Prêmio como o Projéteis.O GIA ­ Grupo de Interferência Ambiental propõe realizar o QGdo GIA, uma Ocupação poética do espaço tradicional da arteem que registros e resquícios de seu fazer efêmero se traduzemem imagens fotográficas, vídeos, performances musicais, numaprogramação intensa que só é válida com uma expressiva açãoeducativa que levará até o espaço expositivo, um público parase relacionar com a arte do efêmero, característica que acabacom a obrigação da durabilidade, que implica um “culto aoobjeto” e desemboca no consumo. E, ao mesmo tempo,relacionar­se com a mutação constante que é o cotidiano deuma cidade – as coisas se diluem na vida real, os cartazes sãorasgados, as faixas sofrem interferências. É a opção do publicode ver a arte do possível, com uso de materiais baratos e mídiaspopulares.

Page 6: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

O QG do GIA pode ser resumido como, "um espaço de encontro, pensamento e ação ouum espaço híbrido de funções heterogêneas, no qual o GIA ­ Grupo de InterferênciaAmbiental ­ propõe uma experiência de imersão total. O espaço é construído através deações e intervenções artísticas, trabalhos e encontros com outras pessoas. O GIA, juntocom o público, transforma e define este espaço a partir das funções que lhes sãoatribuídas oportunamente, como o próprio ato de habitá­lo.O QG é também uma mostra documental de arte pública procedente do acervo que ogrupo coletou em seus 10 anos de existência, incluindo material sobre o trabalho docoletivo e de outras iniciativas que têm como objetivo incentivar a produção de artecontemporânea que utiliza o entorno urbano ou público como espaço de ação.O Quartel General do GIA, portanto, tem a intenção de propiciar trocas e incentivarpráticas colaborativas que interajam ao máximo com público e o espaço – que está emconstante transformação ­ através de propostas criativas que estimulem o uso desuportes e meios não convencionais de expressão.O QG tem uma identidade própria, desdobramento de uma série de intervenções urbanasdo coletivo, como o Projeto Caramujo, que são residências transitórias feitas em lonasamarelas que se tornam zonas autônomas temporárias e que bebe nas fontes de HélioOiticica e suas Tropicálias, porém mais rizomáticas e experimentais e menos sofisticadas.No QG encontramos espaços de exposição de vídeos e fotos mais humanizados, longedo tradicional cubo branco onde o transeunte assiste à tudo em pé. No QG os espaçospara vídeo possuem redes, esteiras, almofadas, pufes. Resquícios de diversos trabalhossão encontrados na exposição e pessoas de todas as idades fruem coletivamente.

Page 7: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

O QG do GIA no PALÁCIO CAPANEMA terá a configuração tradicional que consiste nosseguintes espaços:_ Espaço de exibição de vídeo com projetor, espaço que ocorrerá debates e bate­paposcom os seguintes artistas e coletivos convidados: GIA, Jarbas Lopes, Coletivo PORO eOPAVIVARÁ Coletivo. Um em cada semana. Aqui também ocorrerá uma oficina deIntervenção urbana por semana._ Espaço de exibição de vídeos em televisões: 4 televisões de 21 polegadas estarãoinstaladas em um espaço com ornamentação paisagística, almofadas, esteiras, redes efones de ouvidas para a fruição individual_ Espaço para exibição de vídeo em televisão coletiva: 1 televisão de 51 polegadasinstalada em um espaço com ornamentação paisagística, almofadas, esteiras, redes,para a fruição coletiva ­ sem fone de ouvido ­

Page 8: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

_ Espaço infantil, onde haverá brinquedos criativos e livros de arte para as crianças,neste espaço haverá uma vez ao mês oficinas de produção de livros de artista paracrianças._Espaço recreativo, neste local haverá jogos para descontrair nos intervalos de acesso àvídeos e fotos, haverá campeonatos organizados pelo educativo._Espaço de pesquisa , neste local haverá livros de arte, política e contemporaneidadepara pesquisa além de computador com acesso à Internet para acesso e pesquisa._ Espaço mural , neste local serão expostos materiais gráficos e fotográficos de ações docoletivo e de seu acervo de arte postal, gráfica e de intervenções urbanas.: :Justificativa

Modus OperandiO GIA tem se tornado uma referência na arte contemporânea brasileira, de coletivo queem seu modus operandi realiza não somente seu case pessoal de intervenções urbanas,mas compartilha o seu modo de fazer, executando também as intervenções de outrosartistas e coletivos. Essa experiência adquirida ao longo de pontuais colaborações comartistas como Paulo Brusky e Jarbas Lopes, e coletivos como Poro, foi o que possibilitouuma maior aproximação com os espaços expositivos de arte, ainda que compartilhandouma galeria e diluindo autorias. Um panorama do que resultou esses trabalhoscompartilhados foi o 1° Salão de Maio em 2004 e o 2° salão em 2005, que com aexposição Registros Resquícios na galeria do Instituto Goethe em Salvador, possibilitouuma prévia do que seria uma exposição em museu do coletivo. A partir dessasexperiências, a única forma encontrada pelo grupo de participar dos espaços tradicionaisde arte, foi através dos QGs do GIA.http://www.salaodemaio.blogger.com.br/

Page 9: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

QG do GIA no MAM­ BATendo como premissa que a arte pública em geral, perde sua potência em museus egalerias, por um longo período o GIA não havia estado em contato com um espaçoexpositivo tradicional, somente a experiência de anos de intervenções urbanas e umgrande acervo de registros nunca antes exibidos tornava o interesse coletivo de realizaruma grande exposição, uma espécie de QG , numa alusão apenas poética de um QuartelGeneral, uma espécie de transposição de um ateliê do Grupo para um museu. Foi emuma reunião com Solange Farkas então diretora do MAM ­ BA que em 2008 convidou oGIA a realizar uma mostra que reunisse materiais sobre intervenção urbana, e então ocoletivo realizou o QG do GIA, na capela do MAM ­ BA. Porém, todos do coletivoconcordavam que não poderia ser uma exibição de registros apenas, deveria sedesdobrar num processo mediado, com bate­papos, oficinas e apresentações. Umambiente convidativo, para recepcionar o público em geral, amigos e convidados,montado no Museu e utilizado como um centro de agregação de pensamento, pesquisa,produção e documentação. Naquele momento o educativo do MAM ainda não havia sedeparado com um exposição tão inusitada, pois o grupo transferiu literalmente seu ateliêpara a exposição, envolvendo durante todo o período de exposição, não só os trabalhosdo GIA, mas o de outros artistas da cidade, e de artistas de sua referência. Pela primeiravez, a comunidade vizinha ao MAM passou a frequentar diariamente uma exposiçãoalocada naquele conjunto arquitetônico, a comunidade do Unhão, ou favela areal deBaixo, ajudando o coletivo a construir um grande pier de garrafas pet, assistindo dezenasde vídeos e bate­papos, relacionando­se com a grande instalação do QG. Muito dessavivência foi documentada no blog http://qgdogia.blogspot.com/ e nesse relato doCorpocidadehttp://www.corpocidade.dan.ufba.br/dobra/03_05_ensaio.htm

QG do GIA na ARCO’08 MADRIO vinco expressivo causado pelo QG do GIA no MAM ­ BA possibilitou no mesmo anouma segunda dose de QG. Em 2008 o Brasil é homenageado na ARCO em Madri, umadas maiores feiras de arte contemporânea do mundo e o GIA é convidado a participar de

Page 10: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

uma mostra paralela , a Intermediae na Matadero (http://www.mataderomadrid.org/ ). Esse QG do GIAem Madri, veio coroar a maneira de trabalhar docoletivo, que além de organizar uma nova exibiçãorelacional de sua obra, possibilitou convidar outroscoletivos brasileiros com os quais o grupo mantémcontatos. Isso possibilitou aumentar o diálogo sobre aprodução de arte pública brasileira promovendo umgrande intercâmbio com Madri, com um carater maisexperimental nos aspectos de sua construção, aexposição foi um processo onde o coletivo podedesenvolver proposições estéticas no periodo de suaestada em Madri. O espaço serviu de morada coletiva,escritório e ponto de encontro com seus convidados ede processos de ação do grupo: nele encontrávamosdesde mapas da cidade, anotações, rabiscos e todo otipo de imagens e informações. Uma série de debatesocorreram sendo possível abordar assuntospertinentes à ituação dos coletivos de arte urbana e arelação dos coletivos com as instituições de arte.Sobre o QG em Madri é possível obter registros em :http://intermedialogia.blogspot.com/QG do GIA no NAM JUNE PAIK AWARD 2008 /

Page 11: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

COLÔNIA ALEMANHAA proposta do GIA para o Nam June Paik Award 2008, tomou como ponto de partida o"QG do GIA" ­ Mais uma vez foram expostos registros de ações do GIA realizadas emdiversos contextos. Os vídeos e fotos serão distribuídos por todo espaço, contando comum ambiente aconchegante e agradável, onde o visitante poderá se sentar, balançar emredes, deitar em tapetes e almofadas, manusear equipamentos eletrônicos, ondeestavam disponíveis vídeos e imagens de trabalhos do GIA, assim como dvds de filmes ede ações. O grande diferencial desse QG, foi que o coletivo se ateve à sua própriaprodução, instigando uma série de novas ações de intervenções urbanas, como ocarrinho e a caixa show do Gia. As ações ocorreram no decorrer da estadia do grupo nacidade. Gerando uma série de polêmicas na organizada cidade Alemã de Colônia poisdiferente do Brasil, o espaço público não está acostumado à camelôs e shows de músicalatina. mais sobre esse QG : http://provocativefragrance.blogspot.comQG do GIA no PELOURINHO ­ BAAtravés do Fundo de cultura da Bahia em edital aberto de ocupação de espaços públicos,o GIA conseguiu ocupar uma casa no Pelourinho, centro histórico da cidade de Salvador,que há muito é palco de intensas desigualdaes sociais além de diversas manifestaçõesculturais. Foi no QG do Pelô que o GIA vivenciou sua maior e melhor experiência de QGspois, ficou lá mais de um ano, com ações semanais pontuais, e algumas diárias, sendoelas oficinas de arte, ensaios musicais, exposição de arte e intervenções urbanas na áreade especulação imobiliária, exploração sexual e consumo de drogas. As portas do QGficavam abertas para todo transeunte do Pelourinho, no esquema das casas do interiorde antigamente, onde em época de festa nunca faltava uma boa comida, um bom papo euma boa música. Foi nesse QG que o GIA evoluiu o trabalho SAMBAGIA, gravando seuprimeiro CD e foi a pontualidade das ações semanais que possibilitaram o coletivo ir maisàs ruas realizar intervenções, conhecer personalidades incríveis do centro histórico, alémde receber artistas de todo o Brasil. Foi essa experiência que concretizou o desejo docoletivo em continuar fazendo arte e se relacionando com público com todo afinco queum artista tem ao se expressar.http://qgdopelo.blogspot.com/

Portanto é dessa dada experiência emseus QGs, que o GIA justifica aimportância de realizar o QG do GIA noPalácio do Capanema, realizandoatividades semanais com o público emgeral no Rio de Janeiro, para isso omaior objetivo dessa exposição éorganizar as visitas de um públicoespecífico não aconstumado com oespaço expositivo de arte. Esse públicoserá justificado em seguida noplanejamento educativo.

Page 12: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: : PROGRAMAÇÃOO QG do GIA durante 30 dias terá a seguinte programação:No primeiro dia de exposição:Apresentação do Trabalho do GIA ­ SAMBAGIATodas as segundas­feiras Reorganização dos espaços do QG ­ Dia em que os vídeossão trocados, novas imagens reconfiguram os espaços e a equipe de paisagismo fazuma manutenção.Todas as terças­feiras ­ Visitas guiadas pelo educativo, haverá um ônibus disponível paraum grupo de estudantes de escolas públicas do terceiro e quarto ciclo no período datarde, este grupo será fechado pela coordenação do educativo em comum acordo com atodas as hierarquias necessárias das respectivas secretaria incluindo a autorização dospais, neste dia haverá oficinas de intervenção urbana e arte pública, alternadamente coma de fotografia digital, e vídeo digital.Todas as Quartas­feiras Bate­ Papo com um artista convidado. Sendo o GIA, Opavivará,Poro e Jarbas Lopes.Todas as quintas­feiras Dia livre ­ exposição mediada por pessoas do educativo do QGTodas as sextas­feiras Dia livre ­ exposição mediada por pessoas do educativo do QGNo último dia de exposiçãoApresentação do Trabalho do GIA ­ SAMBAGIA

Page 13: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :Planejamento Educativo

Na fase de pré­produção da montagem da exposição até um mês antes de abrir, aequipe do educativo entrará em contato com as secretarias de educação municipal eestadual visando organizar o translado de quatro escolas públicas diferentes para visitarpor uma tarde a exposição QG do GIA mediado por educadores. No Brasil, a Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) estabeleceu em seu artigo26, parágrafo 2º que:

"O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversosníveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos"."A arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito aoacesso a esse saber"

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, A educação em arte propicia odesenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam ummodo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana:o aluno desenvolve suasensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto naação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas,pela naturezae nas diferentes culturas.(PCN­ Arte­1997)O núcleo educativo do QG do GIA irá durante a pré produção da exposição contactar arede de estudantes de escolas públicas em que o currículo indique os estudos de arte,principalmente com foco no Terceiro e Quarto Ciclo do ensino fundamental, momento emque geralmente esses estudos se dão. Segundo os próprios Parâmetros, o "conjunto deconteúdos está articulado dentro do processo de ensino e aprendizagem e explicitadopor intermédio de ações em três eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar"(PCN­Arte, p. 49). A partir dessa premissa, neste dia além de conhecer um trabalho deartes visuais, ouvir o educador contextualizar a arte contemporânea históricamente, ojovem visitante também irá participar de uma pequena ação de intervenção urbana,lúdica e saudável, ou participar de uma pequena oficina de vídeo arte, ou de fotografiadigital.Será um grupo de 50 jovens por semana, somando 200 jovens no final do projeto.

Page 14: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :OrçamentoPlanilha em anexo: :Cronograma:Pré Produção

elaboração da arte do catálogo ­ semanas 1 e 2elaboração material de divulgação ( convite eletrônico, flyers, folders, painel de

abertura) ­ semana 3 e 4impressão do catálogo ­ semanas 3 e 4compra das passagens aéreas ­ semanas 1 e 2Reserva da Hospedagem ­ semanas 1 e 2Locação de transporte ­ semanas 2 e 4Contato com a secretária de educação pela Coordenação do Educativo­ fechar os

grupos de visitação das escolas. ­ semanas 1 e 2Locação de mesa de sinuca/bilhar ­ semanas 3 e 4

Page 15: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

Locação de mesa de totó ­ semanas 3 e 4Locação de televisores ­ semanas 3 e 4Locação de Paisagismo ­ semanas 3 e 4Compra da lona amarela ­ semanas 3 e 4impressão fotográfica ­ semanas 1 e 2Compra material escritório ­ semanas 3 e 4Divulgação da exposição ­ assessoria de imprensa ­ Semanas de 1 a 4locação de ônibus para o educativo ­ Semanas 3 e 4:Desenvolvimento

Reunião Educativo ­ Semanas 4, 5, 6, 7 e 8Envio dos catálogos pelos correios ­ Semana 5

Aluguel de Carreto para montagem ­ Semana 5Montagem da Exposição ­ Semana 5Divulgação da exposição ­ assessoria de imprensa ­ Semanas 5,6, 7 e 8compra do lanche para os jovens do educativo ­ Semanas 5, 6, 7 e 8Compra da água mineral para os jovens do educativo ­ Semana 5Aluguel de Carreto para Desmontagem ­ Semana 9Desmontagem ­ Semana 9:Pós ProduçãoPagamentos Coordenação Geral e executiva / Coordenação Educativo / Coordenação

de Comunicação de Divulgação / Coordenação de Montagem / Coordenação de Design /Coordenação de Arte / Coordenação de Registro Fotográfico / Fotográfo / Videomaker /convidados ­ semana 10 e 11

Page 16: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :Ficha Técnica:Componente e função no projeto ­ Os currículos seguem nos anexos- Coordenação da Produção Executiva­Nome: Cristina Llanos Cruz­CPF 266.182.428.­60­ RG 28966326 SSP ­ SP 03/03/2008­Data de nascimento 30/06/1978­PIS: 126.21316.07.9Rua Eduardo Pinto Qd Q lote 3 ­ ArembepeCamaçari ­ Bahia-Coordenação da Comunicação e Divulgação­ Nome: Ludimila da Silva Ribeiro de Britto­ CPF 806596405­20­ RG 0832923222­ PIS: 127.11681.05­1­ Data de Nascimento 18/07/1980­ End: Rua Macaubas, nº 428 ap 23 – Rio Vermelho ­ Salvador ­ Bahiacep: 41.940­250- Coordenação do Educativo­ Nome :Cristiano Rocha Piton­ CPF 94003084500­ RG 5729330­96­ Data de emissao do RG29/08/2007­ Orgao Expedidor SSP ­ Ba­ Data de Nascimento 08/08/1978­PIS: 1272176781101­ End: Rua Thomaz Gonzaga, 271 – Pernambués ­ Salvador ­ Bahia- Coordenação Montagem­ Nome:Luís Antonio Parras­ CPF 780636555 91­ RG 09416909 89­ Data de emissao do RG­ Orgao Expedidor SSP ­ Ba­ Data de Nascimento 13/06/1976­ Rua dos Carvões, 22 Santo Antonio Além do CarmoSalvador ­ Bahia

- Coordenação Design­Nome: Everton Marco de Jesus Santos

Page 17: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

­ CPF: 00312437544­ RG: 0704729474­ PIS :119.795.4962­6­ Data de emissao do RG: 09/01/2008­ Orgao Expedidor: SSP­ba­ Data de Nascimento: 13/01/1981­ End: Rua Horácio Urpia Jr, nº 89, apt101, Graça ­ Salvador ­ Bahiacep: 40150250- Coordenação Registros­NOME: Mark Dayves Costa­CPF: 81062397568­R.G.: 949344796 SSP­BA­PIS: 115.772.1734­3­Data de nascimento ­ 26/03/1981­End.: Rua Waldemar Falcão 913 Ed. Pallazo Gatto apt: 1801 – Horto Florestal Cep41.3245562 Salvador – Bahia-Coordenação da Arte­NOME: Tiago Pinto Ribeiro­CPF: 94672601587­R.G.: 06538323­03 SSP­BA­PIS: 1.274.221.808­6­Data de nascimento: 07/02/1979­End: Rua dos marchantes, 38, bloco B, ap. 09 ­ Santo Antônio ­ Salvador ­ Bahiacep: 40301­430

Page 18: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :Plano de Comunicação

O GIA tem como um de seusprincípios, a redução da produção delixo e da poluição visual e para evitaro desperdício de papel einvestimento alto em outdoors,traduzirá seu foco do plano decomunicação às formas virtuais dedivulgação, por meio da veiculaçãode teasers, jingles e promovendopromoções em redes sociais. Alémdisso haverá uma assessoria deimprensa conectando­se com meiosde comunicação local viapressrelease, e, como objetivoprincipal é atingir um público nãotradicional da arte, através de umaarticulação entre a coordenação doeducativo e a coordenação dacomunicação será realizada umagrande divulgação na redemunicipal e estadual de ensino doRio de Janeiro. As seguintes peçasde comunicação e quantidadesserão produzidas:

1 website ­ contendo: notícias diárias, blog, imagens, streaming, promoções, informaçõesdo educativo, programação, notícias da imprensa, etc.4 flyers digitais informando a programação semanal do QG do GIA publicados nas redessociais facebook, google+, twitter4 teasers de vídeo ­ que serão veículados em redes de vídeo como youtube, vímeo4 spots de rádio ­ que serão veiculados em rádios comunitárias e universitárias1000 catálogos impressos ­ que serão distribuídos conforme o Plano de DistribuiçãoNacional.

Page 19: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :Plano de Distribuição

O GIA faz parte de diversas redes de artes visuais, e em toda sua trajetória criou laçoscom diversos articuladores, produtores e curadores, portanto, utilizará sua rede decontatos e fará o envio através dos correios e malotes de parceiros em Salvador ­ BA.Serão impressos 1000 catálogos sendo que 50 unidades serão entregues à FUNARTE, e100 unidades ficarão com o Coletivo como portfólio para distrbuição futura e acervo. 200unidades ficarão disponíveis durante a exposição para distribuição pelo educativo do QGdo GIA.650 unidades serão distribuídas aos seguintes contatos para serem tombados em seusacervos e redistribuídos entre seus parceiros:Rio de Janeiro

MAM ­ 50 unidadesMAC ­ 50 unidadesEscola de Belas Artes ­ UFMG ­ 30 unidadesOPAVIVARÁ coletivo ­ 20 unidadesSão Paulo

MAM­ 50 unidadesCoro Coletivo ­ 50 unidadesECA ­ Escola de Comunicação e Artes ­ USP ­ 20 unidadesEIA coletivo­ 10 unidades

Page 20: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

Minas GeraisINHOTIM ­ 50 unidadesTERRA UNA ­ 30 unidadesMUSEU DA PAMPULHA ­ 20 unidadesPORO coletivo ­ 20 unidadesESCOLA DE BELAS ARTES UFMG ­ 20 unidadesParaná

NEWTON GOTO ­ 20 unidadesRio Grande do Sul

DESVENDA coletivo ­10 unidadesBahiaMAM ­ 50 unidadesInstituto Goethe ­ 20 unidadesEscola de Belas Artes ­ UFBA ­ 20 unidadesUFRB ­ Artes Visuais ­ 20 unidadesPernambucoRevista Tatuí ­ 20 unidadesBranco do Olho coletivo ­ 30 unidadesMAC ­ 20 unidadesMAMAM ­ 30 unidades::FONTES BIBLIOGRÁFICAShttp://portal.mec.gov.br/Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB ­ MECBOURRIAUD, Nicolas, Estética Relacional, Ed. Martins Fontes. 1998.

Page 21: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

: :Clipping

TEXTO SOBRE A INTERMEDIAE MADRI PUBLICADO NA FOLHA DE SÃO PAULOProgramação paralela supera Arco ­ Exposições de artistas brasileiros fora dosestandes da feira espanhola foram mais significativas que o evento principalFábio Cypriano Enviado especial a MadriEm comparação com as exposições do Ano do Brasil na França, em 2005, os eventosparalelos à 27ª Arco, a Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madri,encerrada na última segunda, foram muito mais significativos. O Brasil foi o paísconvidado do evento e teve espaço para reunir 32 galerias nacionais.A programação, tanto oficial como paralela, foi coordenada pelo governo brasileiro eteve curadoria de Moacir dos Anjos e Paulo Sergio Duarte. No chamado circuito off,foram realizadas obras e intervenções de grande porte em instituições importantes,como as de Carmela Gross e Fernanda Gomes no Matadero Madri, de Miguel RioBranco na Casa de América, Marcelo Cidade, Lucia Koch e Cao Guimarães na CasaEncendida, e ainda José Damasceno no Reina Sofía.Pela primeira vez, um artista ocupou os espaços públicos do maior museu de artecontemporânea da cidade, no total nove intervenções. "O Brasil estava melhor fora daArco", disse o curador Márcio Doctors.Uma das ações com melhor repercussão para a cena artística nacional foi o encontrode coletivos, coordenado pelo Centro Cultural de Espanha em São Paulo, noMatadero Madri. "Nós nunca tivemos um encontro desse tipo no Brasil", disse CarolValansi, do coletivo carioca Opavivará.O encontro reuniu grupos espanhóis e brasileiros, entre eles o Laranjas, de PortoAlegre, e Gia, da Bahia. O Matadero é um local de práticas experimentais,recentemente aberto, no antigo frigorífico da cidade. As obras que ocupam o local de100 mil m2 estão orçadas em 110 milhões (R$ 281 milhões).Já as polêmicas que envolveram a feira acabaram sendo positivas para a instituição.A Arco teve um valor superior em vendas para colecionadores: subiu 15% em relaçãoa 2007, apesar das cifras não serem divulgadas. O evento foi mais contemporâneoque nas últimas edições, e o público se manteve em 190 mil visitantes.A nova diretora da Arco, Lourdes Fernández, polemizou ao reduzir no evento onúmero de galerias espanholas, que pediram ao governo que não comprasse nafeira. De fato, houve protestos. Instituições como o Ivam, de Valência, comprou umaobra de cada galeria local excluída, mas centros importantes, como o museu ReinaSofía, de Madri, e o Museu de Arte Contemporânea de Leon (Musac), gastaram cercade 1,5 milhão (R$ 3,8 milhões)."Faxina""Era preciso limpar a casa, havia galerias defasadas com a produção atual e, para

Page 22: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

competir com feiras como Frieze e Basel, era preciso ter o melhor", disse a galeristaHelga de Alvear, à Folha. Uma das mais importantes galeristas da Espanha, Alvear doousua coleção de 2.000 peças, entre elas obras dos alemães Gerhard Richter, SigmarPolke e Anselm Kiefer, à cidade de Cáceres, que está construindo um museu a serinaugurado em 2010, com projeto dos mesmos arquitetos do Musac.Galeristas brasileiros também confirmaram bons negócios na feira. Instituiçõesimportantes como a Tate, de Londres, e o MoMA, de Nova York, iniciaram a compra detrabalhos de brasileiros, a primeira interessada em Marcelo Cidade, e a segunda, em CaoGuimarães. O Reina Sofía comprou obras de Lygia Pape e o Centro Galego de ArteContemporânea adquiriu Waldemar Cordeiro, Jac Leirner, José Damasceno e MauroRestiffe.http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2102200812.htmO jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite da 27ª Arco, da Iberia e de Turespaña

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA TATUÍ 7A vida, às vezes, fica melhor assimpor Grupo GIAComo integrante do GIA – Grupo de Interferência Ambiental – devo confessar que não é fácilescrever sobre o grupo, suas ações e objetivos. Estou tão submersa no “mundo do GIA” quetalvez fosse mais fácil escrever a seu respeito com um certo distanciamento, como fazem nossoscolegas pesquisadores, artistas visuais, críticos, etc. Talvez, dessa forma, eu perceberia certassutilezas e peculiaridades que passam despercebidas por nós, integrantes do grupo. Minha visãoserá sempre demasiado parcial e apaixonada… Por outro lado, após 6 anos atuando junto aoGIA, acho que já possuo alguma bagagem que me permite fazer relatos sobre nosso modusoperandi, nossas alegrias e frustrações provenientes de nossa busca em questionar a Arte e suasdimensões públicas.Em nosso dia­a­dia, nossas ações são discutidas e lapidadas por longas conversas. Não foidiferente com as ideias presentes neste texto. A ação coletiva se faz presente em todas asatividades do grupo e, de fato, essa é uma tarefa árdua na maioria das vezes, já que os seisintegrantes1 do GIA possuem repertórios e opiniões divergentes. Nosso maior desafio,atualmente, é encontrar o denominador comum de nossas ideias e vontades. Há um ponto,porém, com o qual todo o GIA concorda: é preciso repensar o espaço público e a forma como aarte dialoga com seus habitantes. Quando digo “espaço público”, não me refiro apenas às praças,ruas, becos, etc., mas também às relações subjetivas que nele se estabelecem, algo que remeteà psicogeografia situacionista2, com suas devidas adaptações.Nesse texto, pretendo esboçar alguns relatos sobre o Flutuador, uma das últimas açõesrealizadas pelo GIA. Esse trabalho foi escolhido por colocar em evidência algumas reflexões arespeito do uso do bem público e suas implicações, além das relações sociais estabelecidas apartir de movimentações artísticas na cidade. Além disso, a intervenção ilustra as diferentesformas possíveis de contato entre o GIA, as instituições artísticas “oficiais” e o público.Ao lado do Museu de Arte Moderna da Bahia existe uma comunidade carente, entre tantos outrosaspectos – saneamento básico, por exemplo –, de lazer e atenção: a comunidade do Unhão. Porironia do destino, ela se localiza não apenas do lado de uma das instituições artísticas mais

Page 23: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

prestigiadas de Salvador – o MAM –, como também em frente a um empreendimento imobiliáriomilionário da cidade: a Morada dos Cardeais, prédio luxuoso e local de morada de conhecidosartistas da cena nacional. Ironicamente, tanto a comunidade do Unhão, quanto os moradores daMorada dos Cardeais, podem usufruir de uma das vistas mais belas da cidade, a Baía de Todosos Santos.Em ocasião do QG do GIA realizado no Museu de Arte Moderna da Bahia em maio de 2008(www.qgdogia.blogspot.com), o grupo desenvolveu com os moradores da comunidade do Unhãoa montagem do Flutuador, uma plataforma flutuante (cuja estrutura é feita de garrafas petreutilizadas) que fica ancorada em determinada praia, à disposição do público. É um espaço deconvivência em pleno mar. Em sua primeira versão, portanto, o Flutuador ficou ancorado na Baíade Todos os Santos, sendo prontamente aproveitado pelos moradores da redondeza. Osmomentos de lazer e festa que essa “intervenção” proporcionou aos seus fruidores ultrapassaramas implicações conceituais que o GIA tinha formulado: esses momentos eram, sem dúvida, maisimportantes do que a função inicial que o grupo tinha planejado para o Flutuador.Comunidade do Unhão e GIA usufruindo do Flutuador, ancorado na Baía de Todos osSantos, em frente ao Museu de Arte Moderna da Bahia e à comunidade adjacente.

Page 24: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

(Foto: Mark Dayves)[?]Cidadão pratica Ioga no Flutuador (Foto: Solange Farkas)Uma “zona liberta” se apresenta em pleno mar como uma Zona Autônoma Temporária,conceito desenvolvido por Hakim Bay. O autor aponta:Devemos perceber que todos esses eventos são, de certa forma, “zonas libertas”, ou pelomenos TAZs em potencial. Seja ela apenas para poucos amigos, como é o caso de um jantar,ou para milhares de pessoas, como um carnaval de rua, a festa é sempre “aberta” porquenão é “ordenada”. Ela pode até ser planejada, mas se ela não acontece é um fracasso. Aespontaneidade é crucial.3Essa anarquia foi levada às últimas conseqüências em uma segunda experiência com oFlutuador em janeiro de 2009. A plataforma flutuante foi deslocada para o Porto da Barra, umdos pontos turísticos de Salvador: bela paisagem, bela praia, muitos turistas, muitas drogas eprostituição. No mês de janeiro, alta estação, o local fica repleto de pessoas a qualquer horado dia. O Flutuador foi muito bem recebido pelos frequentadores do local, principalmentepelas crianças. É um costume de crianças e adolescentes que frequentam a praia ficarpulando de um píer que se prolonga do Forte de Santa Maria para o mar: pulam o diainteiro… O Flutuador foi recebido como uma fonte de lazer gratuita e prazerosa, sendo cadacentímetro da plataforma disputado ininterruptamente. Infelizmente, em poucos dias, suaâncora foi roubada (ou desatada) e o Flutuador completamente destruído. Um mergulhador,“rato de praia” do Porto, em uma conversa com alguns integrantes do GIA, falou que um dosproblemas do fim da plataforma foi o mau uso que ele atribuiu às crianças do subúrbio, quenão sabem cuidar das coisas e vêm aqui pro nosso bairro bagunçar. Isso fez o gruporefletir… Afinal, o povo não tem muita vocação para o bem público, não é mesmo? O queaconteceria se essa ação tivesse ocorrido em alguma praia do subúrbio? Uma demonstraçãode selvageria e barbarismos? Não seria o momento de responder a essa questão,deslocando as ações do GIA dos bairros centrais para as zonas periféricas de Salvador?Estaria o problema, realmente, nas “crianças do subúrbio”?Certo dia, Pedro Marighella, integrante do GIA, foi visitar a praia de São Tomé de Paripe, aolado da Base Naval de Aratu, subúrbio soteropolitano.Por conta de depoimentos como aquele do rapaz do porto, Pedro esperava encontrar emParipe o tal “bando de selvagens”, mas o que encontrou foi um lugar lindo e pessoas tãosimpáticas quanto poderiam ser em qualquer outro bairro… E uma enseada perfeita pra umflutuador! Tudo isso incutiu no GIA uma enorme vontade de construir novos Flutuadores evivenciar as diferentes reações do público, oriundas das suas necessidades e anseios. Essasreações, por conseguinte, se configuram em diferentes modos de lidar com bens coletivos e,numa esfera mais ampla, com a cidade. Não poderia ser a arte uma mediadora dessaspossibilidades? O GIA acredita que sim.A escolha dos lugares para ancorar o Flutuador, portanto, levanta questões bem definidas arespeito das necessidades e do uso do bem público:O Porto da Barra representa o centro e a classe média, sendo foco de iniciativas ligadas aolazer e ao turismo – verão, música, boates, calçadas bem cuidadas, carnaval oficial. (Apesarde ser foco das ações governamentais e de ser supostamente “bem frequentado”, foijustamente nessa região que o Flutuador foi destruído);A região do Unhão é uma comunidade carente, espremida e dependurada num paredãoprestes a cair no mar. Existe, nesta localidade, uma carência de espaços de lazer, devido a

Page 25: Projeto para ocupação palácio Gustavo CApanema

um intenso processo de gentrificação e resistência da especulação imobiliária (apesardesses problemas, a comunidade cuidou e usufruiu do Flutuador de forma democrática eespontânea, sem destruir ou danificar sua estrutura);O subúrbio, por sua vez, representa a classe baixa, a “última fronteira”: local espaçado,de pouca atração imobiliária e distanciada das iniciativas mais audaciosas do Estado.…(Pedro entra na fala de Ludmila)Certamente, a manutenção ou destruição deste, ou de outro elemento, está além daquestão das condições financeiras e da atenção das entidades oficiais, mas passa pelacapacidade de reconhecimento do que deveríamos conceituar como “patrimônio”. Peloque conheço, a relação de patrimônio se constrói em oposição a históricos de exploraçãoe imposições.As condições de construção e aplicação do Flutuador na comunidade do Unhão, porparte do GIA, foram naturais e atendiam a uma expectativa afetiva das pessoas,agregando e repassando informação… Gentil, carinhosa, atenciosa (já que as própriaspessoas da comunidade ajudaram na construção do Flutuador).No Porto da Barra, o flutuador era um elemento tão estrangeiro e efêmero quanto osgringos dilapidados e dilapidadores, atores do turismo irresponsável, da prostituiçãoescrota e alvos da criatividade e lucro da malandragem. Acho que o GIA foi pego no vai evem intenso desses ambientes, onde o bem­estar foi relegado ao “Estado” e não às“pessoas”, estas sim detentoras da sensibilidade que constrói coisas como o carnaval oua confiança.Às vezes, tenho uma fantasia de que toda irresponsabilidade do povo, na verdade, é umaespécie de “pirraça” a todo comportamento de dominação e a ações mantenedoras dopoder constituído. Parece uma espécie de continuação das relações coloniais: “Pô,devem tá de sacanagem com a gente!” –, pensam assim vândalos que conheci.Concluindo, meu querido amigo artista/interventor, esse depoimento é pra te alertar: nãocaia nessas armadilhas. Dispense a pressa, dê um tempo pra timidez… Só tome cuidadocom a malandragem e os chatos. Quer dar uma ideia segura? Deixe de onda, não faça otrabalho por fazer. Crie relações com as pessoas, mexa com elementos significativos eafeição. Deixe essa história de arte pra lá por enquanto. Veja se a vida, às vezes, nãofica melhor assim.1Atualmente, o GIA é composto por: Everton Marco Santos, Ludmila Britto, Mark Dayves, PedroMarighella, Cristiano Píton e Tiago Ribeiro.2Abdelhafid Khatib define a“psicogeografia como um estudo das leis e efeitos exatos do meiogeográfico, conscientemente planejado ou não, que agem diretamente sobre o comportamentoafetivo dos indivíduos”. (KHATIB, Abdelhafid. Esboço de Descrição Psicogeográfica do Les

Halles de Paris. In JACQUES, Paola Berestein. Org. Apologia da Deriva: Escritos Situacionistassobre a Cidade. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. p.80)3 BAY, Hakim. TAZ: Zona Autônoma Temporária. São Paulo: Conrad, 2001. p.26.

­­