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e9c4e111-40e3-4f97-b777-305db1ff2211 Só metade das pessoas que têm entre 55 e 64 anos estão a trabalhar Os dados da Pordata, a propósito do Dia Internacional do Idoso que hoje se assinala, mostram ainda que quase 78% dos pensionistas da Segurança Social auferiam pensões de velhice inferiores ao salário mínimo Portugal, 13 Vencedor das primárias tem recebido “manifestações privadas” da disponibilidade para enterrar machado de guerra. Costa escolheu Ferro Rodrigues para liderar bancada do PS na AR p4/5 Pedro Filipe Soares considera que o partido errou ao mostrar-se disponível para um entendimento de Governo com o PS e defende que é necessário recuperar a combatividade do Bloco p7 As novas regras do Fundo de Garantia Salarial vão passar a abranger os trabalhadores de empresas com processos de recuperação aprovados ou em Processo Especial de Revitalização p19 A partir de hoje, as raparigas passam a ser vacinadas contra o cancro do colo do útero com apenas duas doses e a partir dos dez anos, em vez dos 13. A mudança foi proposta pelo laboratório p8 Costa não descarta entendimento com apoiantes de Seguro Líder parlamentar do Bloco vai disputar liderança do partido Fundo de Garantia salarial alargado a mais trabalhadores Vacina contra cancro do colo do útero dada a partir dos 10 anos PUBLICIDADE QUA 1 OUT 2014 EDIÇÃO LISBOA Ano XXV | n.º 8937 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 CARLOS MOEDAS O FUTURO COMISSÁRIO EUROPEU QUER PÔR AS EMPRESAS A INVESTIR EM CIÊNCIA Ciência, 30/31 HOJE Colecção Sherlock Holmes Vol. 9: O Vale do Terror Por + 4,50€ LIGA DOS CAMPEÕES SPORTING QUASE SONHOU E FC PORTO SALVOU-SE NO FIM Desporto, 40 a 43 RAFAEL MARCHANTE/REUTERS Numa grande noite de Rui Patrício, o Sporting perdeu por 1-0 contra o Chelsea. O FC Porto empatou 2-2 na Ucrânia ÊNCI A ncia, 30/31

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e9c4e111-40e3-4f97-b777-305db1ff2211

Só metade das pessoas que têm entre 55 e 64 anos estão a trabalharOs dados da Pordata, a propósito do Dia Internacional do Idoso que hoje se assinala, mostram ainda que quase 78% dos pensionistas da Segurança Social auferiam pensões de velhice inferiores ao salário mínimo Portugal, 13

Vencedor das primárias tem recebido “manifestações privadas” da disponibilidade para enterrar machado de guerra. Costa escolheu Ferro Rodrigues para liderar bancada do PS na AR p4/5

Pedro Filipe Soares considera que o partido errou ao mostrar-se disponível para um entendimento de Governo com o PS e defende que é necessário recuperar a combatividade do Bloco p7

As novas regras do Fundo de Garantia Salarial vão passar a abranger os trabalhadores de empresas com processos de recuperação aprovados ou em Processo Especial de Revitalização p19

A partir de hoje, as raparigas passam a ser vacinadas contra o cancro do colo do útero com apenas duas doses e a partir dos dez anos, em vez dos 13. A mudança foi proposta pelo laboratório p8

Costa não descarta entendimento com apoiantes de Seguro

Líder parlamentar do Bloco vai disputar liderança do partido

Fundo de Garantia salarial alargado a mais trabalhadores

Vacina contra cancro do colo do útero dada a partir dos 10 anos

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QUA 1 OUT 2014EDIÇÃO LISBOA

Ano XXV | n.º 8937 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

CARLOS MOEDASO FUTURO COMISSÁRIO EUROPEU QUER PÔR AS EMPRESAS A INVESTIR EM CIÊNCIACiência, 30/31

HOJE Colecção Sherlock Holmes Vol. 9: O Vale do Terror Por + 4,50€

LIGA DOS CAMPEÕESSPORTING QUASE SONHOU E FC PORTO SALVOU-SE NO FIMDesporto, 40 a 43

RAFAEL MARCHANTE/REUTERS

Numa grande noite de Rui Patrício, o Sporting perdeu por 1-0 contra o Chelsea. O FC Porto empatou 2-2 na Ucrânia

ÊNCIAncia, 30/31

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2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Holdings da CGD e da TAP obrigadas a cumprir regras orçamentais do EstadoInclusão de mais entidades no cálculo das contas públicas fez subir a dívida pública em mais de 6000 milhões de euros. A revisão em simultâneo do PIB em alta impede contudo que o rácio da dívida dispare

E de repente, virtualmente de

um dia para o outro, o Estado

português passou a ter nas

suas contas mais 6000 mi-

lhões de euros de dívida. O

problema não está na desco-

berta de algum buraco fi nanceiro

escondido ou na falência inesperada

de mais um banco. O que aconteceu

foi somente uma alteração na meto-

dologia usada pelas autoridades es-

tatísticas no registo das contas públi-

cas. Mas a verdade é que, por causa

dessa alteração, mais 268 entidades

passaram a estar incluídas no uni-

verso das Administrações Públicas,

com consequências imediatas no

valor da dívida pública ofi cial e nas

regras de reporte de informação que

têm de ser cumpridas pelas entida-

des visadas.

As mudanças já há muito que vi-

nham sendo antecipadas, não cons-

tituindo surpresa a inclusão de em-

presas como a CP, pelo facto de não

cobrir com as suas receitas próprias

mais de 50% dos custos operacio-

nais. A dívida da CP passa agora a ser

registada como dívida pública. No

entanto, a novidade agora conhecida

foi a inclusão das holdings - grupos

que servem de chapéu a um universo

de empresas - da TAP, da Caixa Geral

de Depósitos e do BPN na lista das

entidades que passam a contar para

o cálculo da dívida e do défi ce.

O INE levou em conta a nova regra

que obriga a incluir nas contas do

mérico, a alteração muda também

a forma como as empresas têm de

actuar. Como explicou esta terça-

feira em conferência de imprensa o

secretário de Estado do Orçamento,

as entidades reclassifi cadas fi cam

obrigadas a cumprir regras de apre-

sentação de informação e de pedi-

dos de autorização de despesa iguais

às das outras entidades públicas, tal

como está previsto na Lei de Enqua-

dramento Orçamental.

O PÚBLICO sabe que a reclassi-

fi cação das holdings da CGD e da

TAP causou mal-estar nestas empre-

sas, que contestam a decisão. Aliás,

as duas enviaram a sua posição ao

INE quando se aperceberam que a

inclusão estava iminente, na qual

expunham argumentos para que tal

não se concretizasse.

Além de considerarem que não

faz sentido reclassifi car as holdin-

gs quando as empresas se mantêm

fora da esfera do Estado, entendem

que esta transferência pode ter im-

plicações negativas na sua activida-

de. A reclassifi cação obriga as enti-

dades a cumprirem um conjunto de

novas regras, sujeitando-as a auto-

rizações do Ministério das Finanças

quando ocorre, por exemplo, uma

alteração ao orçamento ou uma des-

pesa extraordinária.

Além disso, passam a estar obri-

gadas a usar a contabilidade seguida

na administração pública, quando,

até aqui, se regiam pelas regras das

empresas privadas. Tanto a CGD co-

mo a TAP pretendem continuar a ba-

talhar para inverter esta situação.

Se a dívida pública se agrava em

CONTAS PÚBLICAS

Sérgio Aníbale Raquel Almeida Correia

Impacto das novas regras

Fonte: INE PÚBLICO

Dívida pública, em milhões de euros

150.000

175.000

200.000

225.000

250.000

SEC2015

SEC2010

214.229

223.148

2010 2011 2012 2013 2014

défi ce e da dívida as holdings detidas

por entidades públicas com um re-

duzido número de pessoas ao servi-

ço e que não tenham actividades de

gestão corrente das subsidiárias.

No que diz respeito ao banco pú-

blico são reclassifi cadas sete entida-

des: a Caixa-Gestão de Activos SGPS

(que agrega as empresas gestoras de

fundos de investimento Caixagest,

CGD Pensões e Fundger), a Caixa

Desenvolvimento SGPS (vocacio-

nada para o parqueamento de par-

ticipações de carácter estratégico) e

a Caixa Seguros e Saúde SGPS (de-

dicada ao sector segurador e dona

de 20% da Fidelidade). As restantes

quatro são a Gerbanca (que opera na

área do venture capital), a Parbanca

(gestora de participações instalada

na Zona Franca da Madeira), a Par-

caixa (cujo capital é repartido pela

CGD e pela Parpública, com 49%) e,

fi nalmente, a Wolfpart, holding para

o sector imobiliário.

Há ainda duas holdings do BPN

que passam a estar abrangidas nas

contas públicas: a Parparticipadas e

a BPN - Participações Financeiras. A

primeira, uma das entidades criadas

para ligar com os activos problemá-

ticos do BPN que fi caram nas mãos

do Estado (para tentar recuperar

parte do dinheiro perdido com a

nacionalização), engloba o Banco

Efi sa, que tarda em ser vendido. Em

2013, esta instituição tinha capitais

próprios negativos em 36,3 milhões

de euros. Nesse ano, segundo o rela-

tório e contas, teve um prejuízo de

7,8 milhões de euros.

Não foi dada informação sobre

o impacto da dívida decorrente da

inclusão destas holdings. Para o to-

tal das 268 entidades reclassifi cadas

o impacto foi um agravamento de

6076,5 milhões de euros em 2013.

Mas para além deste efeito nu-

A revisão em alta do PIB ajudou e limitou a escalada do indicador que mede o peso da dívida na economia

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PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | DESTAQUE | 3

NUNO FERREIRA SANTOSHélder Reis, secretário de Estado do Orçamento, desdramatizou o impacto no défice

A meta do défi ce deste ano

foi revista de 4% para 4,8%,

mas o Governo garante

que tudo está a correr de

acordo com os planos: a

causa para a derrapagem

está apenas em despesas de carác-

ter extraordinário que a troika não

considera e por isso não vai ser pre-

ciso aplicar novas medidas de aus-

teridade. Os novos números para

a estimativa do défi ce de 2014 são

apresentados pelo próprio Governo

e estão incluídos no relatório rela-

tivo ao procedimento dos défi ces

excessivos que o Instituto Nacional

de Estatística (INE) enviou esta terça-

feira para Bruxelas.

Olhando para o valor do défi ce

em percentagem do Produto Inter-

no Bruto (PIB), o aumento do défi -

ce é todo justifi cado pelas injecções

de capital realizadas na Carris e na

STCP e pelo perdão de um emprésti-

mo no âmbito da venda do BPN Cré-

dito. Estas operações contribuem

para um agravamento de 0,78 pon-

tos percentuais do PIB (1289 milhões

de euros) para 4,8%, de acordo com

o relatório publicado.

Em tudo o resto, o Governo não

mudou a estimativa. E isso é o que

interessa para a troika, explicou

esta terça-feira em conferência de

imprensa o secretário de Estado

do Orçamento. “São operações de

natureza extraordinária e não são

contabilizadas no âmbito da avalia-

ção do cumprimento do programa

de ajustamento”, afi rmou Hélder

Reis. Isto é, a Comissão Europeia

e as outras entidades da troika não

vão levar em conta estas despesas

extraordinárias quando estiverem

a fi scalizar a condução da política

orçamental em Portugal.

Por isso, afi rma o responsável go-

vernamental, “no nosso plano não

são necessárias mais medidas”, nem

para corrigir o défi ce nominal agora

previsto em 4,8%, nem para corri-

gir um défi ce ainda maior que possa

surgir por causa de outras operações

de carácter extraordinário.

Quando foi apresentado o orça-

mento rectifi cativo, a própria mi-

nistra colocou a possibilidade de se

Défice sobe mas Governo diz que não há mais austeridade

ter de acrescentar ao défi ce de 4%

previsto mais 5,9 pontos percentu-

ais, por conta de diversas despesas

extraordinárias a que o Executivo

teria de responder. Nesse cálculo es-

tavam incluídos além dos 0,8 pon-

tos agora já previstos por causa da

Carris, STCP e BPN Crédito, também

a injecção de capital que o fundo

de resolução fez no Novo Banco e o

processo de reestruturação fi nan-

ceira na CP.

Dúvidas sobre Novo BancoNão foram ainda incluídos eventu-

ais impactos da injecção de capital

feita pelo Fundo de Resolução no

Novo Banco - e que podem ascen-

der a um valor até 4900 milhões

de euros (2,8% do PIB) - porque as

autoridades estatísticas “ainda não

decidiram” qual o modelo de con-

tabilização da operação, explica o

secretário de Estado. O impacto po-

de acabar por não existir, ser apenas

parcial ou ser sentido na sua totali-

dade, assumiu.

Em relação injecção de capital na

CP, que poderiam contribuir para

um agravamento do défi ce de mais

2,2 pontos percentuais, as mudan-

ças metodológicas agora anunciadas

pelo INE acabam por evitar esse de-

senlace. Isso acontece porque a CP

passou a estar incluída no universo

das Administrações Públicas. É ver-

dade que os seus resultados opera-

cionais negativos passam a contar

para o défi ce público e que o seu

endividamento também conta para

a dívida pública, mas as injecções

de capital como a realizada este ano

deixam de ser registadas porque se

trata de uma operação entre duas

entidades pertencentes à Adminis-

tração Pública.

Deste modo, o máximo que o dé-

fi ce pode atingir (assumindo que o

Governo controla a evolução do res-

to da despesa e da receita) é agora,

não de quase 10%, mas de 7,6%.

Sérgio Aníbal

termos absolutos, em percentagem

do PIB ou cresce de forma modera-

da ou regista mesmo uma descida.

Entre 2010 e 2012, o rácio da dívida

aumenta ligeiramente, mas em 2013

baixa de um valor de 128,9% com

as regras antigas para 128% com as

novas regras.

Dívida de 2014Em 2014, apesar de um aumento

muito signifi cativo do valor da dívi-

da em termos absolutos, em percen-

tagem do PIB a subida é de apenas

um ponto percentual face ao que

estava previsto em Março.

Isto acontece porque as alterações

metodológicas provocadas pelo no-

vo sistema europeu de contas tam-

bém conduziram a uma subida do

valor do PIB.

Em relação a 2014, o agravamento

da dívida pública prevista pelo Go-

verno face aos valores reportados

em Março ao Eurostat não parece

ser contudo explicada apenas pelas

mudanças metodológicas. A dívida

chegará aos 224.148 milhões de eu-

ros, mais 8919 milhões do que era

antes previsto.

O Governo não revelou esta terça-

feira quanto é que deste valor se de-

ve à inclusão de mais empresas no

universo das Administrações Públi-

cas. No entanto, tendo em conta que

esse impacto em 2013 foi de 6076,4

milhões de euros e, assumindo que

não se registou um agravamento

muito grave da dívida das entida-

des reclassifi cadas, chega-se à con-

clusão que há outras razões para o

aumento previsto no indicador. Face

ao orçamento rectifi cativo, há con-

tudo uma revisão em baixa da dívida

em percentagem do PIB de 130,9%

para 127,8%, explicada pela revisão

em alta do valor do PIB.

Em termos de défi ce, o INE cal-

cula um impacto negativo de 787,3

milhões de euros em 2013, mas es-

te efeito acaba por ser compensa-

do pelos refl exos positivos de outras

alterações metodológicas, como a

transferência de fundos de pensões

e a redução dos encargos com swaps

(derivados de cobertura de risco da

variação das taxas de juro associa-

das aos empréstimos).

Já em 2011 e 2012, o impacto é po-

sitivo porque, com a reclassifi cação,

há operações fi nanceiras feitas no

passado que deixam de ser conta-

bilizadas, como, por exemplo, o

aumento de capital de 750 milhões

de euros que a Parpública realizou

junto da participada Sagestamo,

que tem vindo a absorver patrimó-

nio público.

A ministra das Finanças já tinha alertado para os efeitos extraordinários no défice e na dívida pública

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4 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Costa com “predisposição e vontade” para envolver apoiantes de Seguro

A nova liderança do PS não fecha a

porta a um possível entendimento

com os apoiantes de Seguro de modo

a evitar um confronto no congresso

que se irá realizar após a demissão

do actual secretário-geral.

Ao que o PÚBLICO apurou, junto

das hostes do vencedor, “há espaço”

para aproveitar as “pontes” que exis-

tem ainda entre as duas facções que

disputaram as primárias de domingo.

“O António Costa tem interesse em

unir. Para que isso aconteça tem de

envolver algumas pessoas que apoia-

ram Seguro”, reconheceu um dirigen-

te que apoiou a candidatura do presi-

dente da Câmara de Lisboa. “Existe

predisposição e vontade”, rematou

o socialista já depois de frisar que

“passou ainda muito pouco tempo”

desde a disputa e, como tal, não exis-

te ainda nada de muito organizado.

Não é de excluir, portanto, que no

fi nal do congresso se chegue a uma

lista única para os órgãos do parti-

do, com o futuro líder do PS a incluir

“pessoas com representatividade” na

anterior liderança.

E a verdade é que têm surgido

sinais da disponibilidade dos der-

rotados em enterrar o machado. O

membro da direcção demissionária,

Álvaro Beleza, afi rmou ontem isso

mesmo. “Que fi que muito claro de

uma vez por todas, o meu candidato

a primeiro-ministro é o António Cos-

ta. Não contem comigo para dividir

o PS. A liderança do partido fi cou

resolvida domingo e, como já disse,

tudo farei para unir”, disse à agência

Lusa. E acrescentou que o interesse

principal dos socialistas era “focar

energias na construção de uma alter-

nativa ao Governo e ganhar as próxi-

mas eleições com maioria”.

Mas João Proença, também mem-

bro do secretariado de Seguro, deu a

entender que cabia a também a Cos-

ta dar sinais nesse sentido: “Neste

momento, o que interessa é repor a

unidade no PS. Compete a António

Costa construir essa unidade sem

falsos unanimismos.”

O PÚBLICO noticiou ontem a exis-

tência de pressões, junto do médico

Álvaro Beleza, por dirigentes, depu-

tados e membros da actual direcção

para que este encabeçasse uma can-

didatura às directas do PS. Além des-

tas declarações, desde a vitória nas

primárias que Costa tem recebido

“manifestações privadas” de dispo-

nibilidade vindas do outro campo

socialista.

Mas do lado vencedor também é

assinalado que a “vitória esmagado-

ra” deu “legitimidade” para Costa

argumentar que a sua candidatura

“conseguiu unir” o PS — o que, tradu-

zido, quer dizer que Costa considera

ter o direito de decidir com quais e

quantos dos seguristas conta.

Mas enquanto estas “conversas”

decorriam, António Costa resolveu a

questão mais premente que tinha en-

tre mãos. Ontem anunciou que o seu

líder parlamentar seria Ferro Rodri-

gues, vice-presidente da Assembleia

da República, ex-secretário-geral do

PS e ex-ministro dos governos de An-

tónio Guterres, sucedendo assim a

Alberto Martins, que se demitiu após

a vitória de António Costa nas elei-

ções primárias do PS.

À entrada da Assembleia Muni-

cipal de Lisboa, o também presi-

dente da Câmara de Lisboa elogiou

Ferro Rodrigues, de quem disse

ter um “currículo político único”.

Com este nome de peso, António

Costa acredita que a nova lideran-

ça “constituirá um grande reforço

da capacidade de oposição do PS”.

Passará então Ferro Rodrigues a

ser o interlocutor do primeiro-mi-

nistro nos debates quinzenais? Isso

será matéria da “orientação do gru-

po parlamentar”, limitou-se a dizer

António Costa.

O nome não gerou controvérsia no

grupo. O líder parlamentar demissio-

nário, Alberto Martins, classifi cou o

seu sucessor como uma “excelente

escolha”, avisando que “é sempre

difícil falar de um amigo” como Fer-

ro Rodrigues. “É um amigo de longa

data. O passado e a biografi a de Fer-

ro Rodrigues falam por si. Acho uma

excelente escolha”, declarou Alberto

Martins. Alberto Martins e Eduardo

Ferro Rodrigues estiveram envolvi-

dos nas décadas de 1960 e de 1970

António Costa escolheu o ex-líder do PS Ferro Rodrigues para suceder a Alberto Martins na presidência da ba

Vencedor das primárias tem recebido “manifestações privadas” da disponibilidade para enterrar machado de guerra. Há “pontes” e “espaço” para não haver confronto no congresso

Partidos Nuno Sá Lourenço

“PS substituiu as caras, mas não apresentou política alternativa”

Jerónimo de Sousa critica socialistas e pede mudanças

Osecretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou ontem que os responsáveis pela actual

situação no país “substituíram caras”, puseram o “conta-quilómetros a zero”, numa operação de “recauchutagem”, mas não apresentaram uma política alternativa.

O líder comunista, que falava na inauguração do novo centro de trabalho do PCP no Funchal, considerou necessário “dar

combate às mistificações dos responsáveis desta situação [do país] que governaram à vez ou juntos e se preparam para, substituindo caras, prosseguir a mesma política, pôr o conta-quilómetros a zero e apresentarem-se aos portugueses como impolutos e prontos para recomeçar de novo o que é velho e recauchutado”.

O dirigente nacional do PCP afirmou que “nesta questão

interna do PS, uma coisa não ficou clara, que é a política alternativa, a mudança”.

“Sim ou não: preparam-se para manter o rotativismo e a alternância e não uma verdadeira alternativa que passa pela clarificação sobre o que pensam sobre a política económica e da União Europeia, os grandes problemas e os estrangulamentos que hoje estão tão vivos na sociedade portuguesa”, argumentou.

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PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 5

nas lutas políticas contra o regime

do Estado Novo, apoiaram no PS as

lideranças de Victor Constâncio e Jor-

ge Sampaio e foram ministros no se-

gundo Governo liderado por António

Guterres, entre 1999 e 2001.

Questionado se Ferro Rodrigues

dispõe de condições para unir os de-

putados da bancada socialista, Alber-

to Martins recusou-se a comentar.

“Essas são perguntas que farão cer-

tamente ao líder parlamentar indigi-

tado. Após a sua eleição, estou certo

que [Ferro Rodrigues] gostará de res-

ponder a essas questões”, disse. “O

que tenho a dizer é congratular-me,

considerando que é uma excelente

escolha”, repetiu o líder parlamen-

tar demissionário do PS. Também o

deputado socialista João Soares, que

esteve ao lado de António José Segu-

ro na disputa das primárias, elogiou

a escolha de Ferro Rodrigues para a

presidência do grupo parlamentar

do PS.

“Uma excelente escolha”, concor-

dou o deputado Sérgio Sousa Pinto,

por revelar “que as mudanças no par-

tido agora terão tradução no grupo

parlamentar do PS”. Mas sobre a pos-

sibilidade de a liderança parlamentar

ter representantes das principais cor-

rentes internas do PS, o ex-líder da

JS lembrou que “nada seria pior que

uma solução de empastelamento”.

Um sinal de que muitos socialistas

não esqueceram ainda a forma como

Seguro e alguns dos seus apoiantes

fi zeram a sua campanha das primá-

rias. Para estes, está prestes a come-

çar o exílio. com Inês Boaventura, Sofia Rodrigues e Maria Lopes

ncada socialista no Parlamento

NUNO FERREIRA SANTOS

A vitória de António Costa sobre An-

tónio José Seguro foi uma vitória po-

lítica em que o presidente da Câmara

de Lisboa conseguiu conquistar a con-

fi ança de militantes e simpatizantes

do PS. Mas essa vitória foi determina-

da por factores que pouco têm a ver

com o seu discurso político. Ela surge

motivada por critérios múltiplos que

levaram a que se estabelecesse a rela-

ção entre Costa e os eleitores. Esses

critérios são a imagem de “estabilida-

de”, de “segurança” e de “experiên-

cia” que transmite às pessoas, consi-

deram especialistas em comunicação

ouvidos pelo PÚBLICO.

Luís Paixão Martins, presidente

da LPM Comunicação, começa por

observar que António Costa “é muito

pragmático”, ou seja, “faz uma gran-

de economia” da sua performance

política, “faz a avaliação do que pre-

cisa para ganhar”. “E vai continuar

assim.” Paixão Martins considera que,

“no futebol, António Costa seria con-

siderado um falso lento”. Isto porque

“joga a política com parcimónia de

recursos, fi ca sempre aquém daquilo

que lhe é exigido por jornalistas e co-

mentadores, tem uma produtividade

baixa”. Porém, sustenta que, “sempre

que a situação o exige, sai a fi ntar e a

atirar à baliza adversária”. Entende

que foi o que aconteceu frente a Se-

guro, “como no passado recente com

Fernando Seara”, que em ambos os

casos “eram adversários de partidas

que tinham vencedor antecipado”.

Este especialista em comunicação

que dirigiu já várias campanhas elei-

torais considera que há dois cenários

para a performance política futura de

Costa face ao seu novo adversário, o

primeiro-ministro, Pedro Passos Co-

elho. O cenário que julga ser “mais

evidente seria ir a jogo de forma a po-

tenciar a cabazada que deu a Seguro e

a ‘tecnofragilidade’ actual de Passos”.

Esta atitude permitir-lhe-ia ter “duas

vantagens óbvias: não correria o risco

de desgaste de ser líder da oposição,

uma das actividades mais detestadas

pelos portugueses”, assim como não

daria “as oportunidades de ataque

dos seus opositores a um presidente

de câmara percebido como em dedi-

cação parcial”.

Contudo, Paixão Martins pensa

que, se Costa continuar a seguir as

Imagem de experiência garantiu eleição a Costa

marcas das suas pegadas políticas,

“vai esperar a meio-campo pela de-

fi nição das regras do jogo”. E ironi-

za: “Deve dar-lhe gozo ver os seus

adversários — e os mensageiros dos

seus adversários — reclamar para que

ele tenha outra atitude em campo.”

Estabelecendo ainda a comparação

com Passos ou Seguro, Paixão Martins

afi rma que “sobressai a diferença de

capital político” de Costa.

Lembrando que “há quem diga que

os três são fi lhos da mesma mãe ‘jo-

tinha’ e que têm percursos partidá-

rios idênticos, embora em ‘famílias’

diferentes”, Paixão Martins sublinha

que “isso não é verdade”. Defende

que “Costa tem uma bagagem política

muito superior que lhe advém das ori-

gens familiares”, de ter estado no cen-

tro da “corte de Lisboa” e de ter “uma

militância menos relacionada com o

aparelho e a organização e mais com

as elites e protagonistas do PS”.

Por isso, observa que Costa “é um

candidato a primeiro-ministro que

funciona bem, apesar de ter tudo para

funcionar mal”. E defi ne as caracterís-

ticas à partida antipolíticas de Costa

que acabam, afi nal, por reverter a seu

favor: “Não é um dos nossos, não ar-

regaça as mangas, nem corre de ma-

nhã à beira-rio. É pesado, pacholas e

intelectual.” Por isso prevê: “Vencerá

as legislativas se os portugueses que

decidem votarem na protecção e na

garantia, depois de um ciclo político

de insegurança e instabilidade.”

O psicólogo e consultor de comuni-

cação Pedro Bidarra faz uma análise

semelhante da performance política

de António Costa e da relação que es-

tabelece com o eleitorado, embora

chegue às suas conclusões olhando

“não tanto para o que tem António

Costa, mas para as motivações dos ci-

dadãos”. Bidarra considera que “não

há grande segredo”, ou seja, viveu-se

“todo um período de três anos que

tem actores claros: Passos Coelho e

Seguro”. Ora, “as pessoas estão fartas

destas receitas e destes protagonis-

tas”. Por isso, conclui que não foi só

Seguro que teve maus resultados: “O

BE também tem uma situação de des-

gaste e teve maus resultados.”

Este especialista em comunicação

sublinha, por outro lado, que “Antó-

nio Costa é o que tem mais qualida-

de”. E afi rma mesmo que surge aos

eleitores como “óbvio que António

Costa, além da personalidade e do

carisma, tem uma solidez grande de

percurso e de currículo”. E explica:

“As pessoas percebem que o primei-

ro-ministro foi feito na função e não

tinha experiência anterior de gover-

no, só tinha vida na JSD — assim co-

mo Seguro. António Costa mostra que

tem currículo. É um político de Esta-

do, foi ministro mais de uma vez, é

presidente da câmara. Em Lisboa foi

reeleito com mais votos. Lisboa está

melhor. Há elementos racionais para

a escolha.”

Bidarra conclui mesmo que “os ci-

dadãos não são parvos e não fazem

escolhas com o coração, fazem-nas

com a razão”. Assim, “as pessoas re-

conhecem-se em quem dá segurança”

e “Costa dá a segurança de não ter

nascido ontem, tem experiência”.

São José Almeida

ENRIC VIVES-RUBIO

O percurso e currículo de Costa é apontado como chave do sucesso

“Nada seria pior que uma solução de empastelamento”Sérgio Sousa PintoDeputado e ex-líder da JS

Page 6: Publico 01out.2014.Gigatuga

6 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Portugal apoia coligação contra o Estado Islâmico

Portugal não tem previsto o envio de

militares para participarem nas ope-

rações militares da coligação inter-

nacional constituída para combater

a ameaça do Estado Islâmico, a ope-

rar na Síria e no Iraque. A garantia

foi dada ontem pelo Presidente da

República durante a conferência de

encerramento do encontro de che-

fes de Estado do Grupo de Arraiolos,

que decorreu em Braga.

Apesar de não envolver as suas

tropas nas operações, o país dá um

apoio “inequívoco” a esta iniciativa

de combate ao terrorismo, sublinhou.

O Presidente da República lembrou

que o envio de militares portugueses

para operações noutros países de-

pende da autorização do Conselho

Superior de Defesa Nacional, presi-

dido por si, que até ao momento não

foi chamado a pronunciar-se.

“Até este momento não está pre-

vista uma participação dos militares

portugueses no combate” ao grupo

extremista, afi rmou. No entanto, Por-

tugal “apoia inequivocamente a coli-

gação internacional que faz frente ao

movimento terrorista Estado Islâmi-

co”, garantiu o chefe de Estado.

As declarações foram feitas no en-

cerramento do encontro do Grupo

de Arraiolos, realizado no Mosteiro

de Tibães, em Braga, e que junta os

presidentes da República de nove

países da União Europeia que têm

Estado Islâmico: Portugal não prevê enviar militares

em comum o facto de não terem fun-

ções executivas. Na reunião houve

outra questão de segurança a mar-

car a agenda: o confl ito da Ucrânia

e as suas implicações na forma como

a Europa é dependente do forneci-

mento de gás vindo da Rússia.

Na mesma ocasião, o Presidente da

República recusou pronunciar-se so-

bre a possibilidade de antecipação do

calendário das eleições legislativas

do próximo ano, de modo a permitir

a entrada em vigor do Orçamento do

Estado no primeiro dia de 2016, uma

solução que voltou a ser abordada

na sequência do triunfo de António

Costa nas eleições primárias do PS,

no domingo.

No encontro de Braga, os chefes de

Estado discutiram também o tema da

imigração, num debate que foi muito

marcado pela crise humanitária nas

fronteiras do Sul da Europa, em par-

ticular no Mediterrâneo, na sequên-

cia dos movimentos migratórios no

Norte de África e Médio Oriente.

O Presidente da Finlândia conside-

rou a situação “uma vergonha para a

humanidade”. “Temos de encontrar

forma de que esta migração crimino-

sa possa ter uma resposta humana”,

sublinhou. Cavaco concordou que as

imagens que chegam do Mediterrâ-

neo são “chocantes” e “não podem

deixar-nos indiferentes”. Além dis-

so, a situação é “responsabilidade

de todos” os Estados-membros da

UE, e não apenas daqueles que têm

controlo directo das fronteiras mais

afectadas, disse Cavaco. E defendeu

uma “abordagem multidisciplinar”

desta questão, que passe pela ges-

tão das migrações legais, o combate

à imigração irregular e o diálogo com

países terceiros, sejam os de origem

destas pessoas ou os países interme-

diários no processo.

PAULO PIMENTA

Grupo de ArraiolosSamuel Silva

Garantia foi dada pelo Presidente da República no encerramento do 10.º encontro do Grupo de Arraiolos, em Braga

O líder da bancada parlamentar do

PCP vai propor um projecto de deli-

beração para pedir esclarecimentos

ao primeiro-ministro sobre a cola-

boração que manteve com o Cen-

tro Português para a Cooperação,

a organização não governamental

associada à Tecnoforma.

“Através de um projecto de deli-

beração, vamos procurar que por

via da Assembleia da República se-

jam exigidos os esclarecimentos ao

primeiro-ministro”, afi rmou João

Oliveira aos jornalistas, após a con-

ferência de líderes em que o caso

foi abordado.

Em causa, segundo o deputado

comunista, está a falta de registo

dessa colaboração no registo de

interesses de Pedro Passos Coelho

enquanto era deputado entre 1995

e 1999, bem como “a falta de refe-

rência aos rendimentos”.

O primeiro-ministro disse na pas-

sada sexta-feira que foi reembolsado

em despesas de representação, mas

não adiantou valores.

A exigência de mais esclarecimen-

tos por parte do PCP sobre o caso foi

exposta na conferência de líderes.

A presidente da Assembleia da Re-

pública, Assunção Esteves, “entende

que exige um impulso processual”,

segundo João Oliveira, o que leva a

bancada a apresentar um projecto

de deliberação ou um instrumento

regimental semelhante para tentar

obter mais esclarecimentos por par-

te do primeiro-ministro.

Quanto a uma comissão de inqué-

rito sobre este caso, o líder parla-

mentar dos comunistas disse não

excluir qualquer instrumento legal

para obter as explicações, mas “o

melhor era que o primeiro-ministro

pudesse esclarecer”.

O PCP defendeu também ontem

a criação de estruturas nos órgãos

de soberania para estudar e prepa-

rar a saída do euro, argumentando

que a preparação é a forma de evitar

as “consequências catastrófi cas” de

uma saída “involuntária”.

No projecto de resolução apre-

sentado também se defende a re-

negociação da dívida e a retoma do

controlo público da banca.

PCP quer ouvir Passos sobre caso Tecnoforma

ParlamentoSofia Rodrigues

Bancada comunista insiste em saber quanto é que Passos recebeu por colaborar com ONG da Tecnoforma

Alpoim Calvão morreu ontem aos 77 anos

O comandante Guilherme Alpoim

Calvão, o operacional que comandou

a operação Mar Verde, a invasão da

Guiné-Conacri no fi nal de 1970 para

resgatar prisioneiros de guerra por-

tugueses, morreu na madrugada de

ontem.

De acordo com informação da

família, Alpoim Calvão, de 77 anos,

estava internado no Hospital de Cas-

cais e sofria de doença prolongada.

O funeral realiza-se amanhã do Mos-

teiro dos Jerónimos (onde se realiza

missa de corpo presente às 11h) para

o cemitério dos Olivais.

Com um extenso currículo de lou-

vores e condecorações — a última das

quais, a medalha de Comportamen-

to Exemplar do Corpo de Fuzileiros,

que há muitos anos lhe escapava, foi

recebida há quatro anos nas cerimó-

nias do Dia do Fuzileiro —, Alpoim

Calvão é o ofi cial mais condecorado

da Marinha. E um dos poucos mili-

tares agraciados com a medalha da

Ordem Militar da Torre e Espada, do

Valor, Lealdade e Mérito, com Pal-

ma, atribuída por feitos em combate.

Em comunicado, a Marinha diz

que Alpoim Calvão foi um “brilhante

estratego e com elevadas qualidades

militares provadas em campanha as-

sumiu desde sempre uma referência

para os fuzileiros, honrando a Mari-

nha e as Forças Armadas Portugue-

sas”. Apesar disso, é também conhe-

Morreu o comandante Alpoim Calvão, líder da operação Mar Verde na Guiné-Conacri

cido por ter sido expulso das Forças

Armadas em 1975, na sequência da

sua participação no golpe de Estado

de 11 de Março.

Nascido em Chaves, viveu em Mo-

çambique, cursou Marinha na Escola

Naval entre 1954/57, especializando-

se em mergulhador sapador e nave-

gação submarina. Voluntaria-se co-

mo fuzileiro e desembarca na Guiné

no fi nal de 1963, como comandante

do destacamento de fuzileiros, e par-

ticipa em diversas operações. De re-

gresso a Lisboa, em 1965, entra na

Escola de Fuzileiros, onde chega a

director de instrução. Ali se mantém

até 1969, quando entra em confl ito

com o ministro da Marinha e deixa o

cargo para regressar à Guiné.

A operação Mar Verde, em Novem-

bro de 1970, que teve em Alpoim o

principal arquitecto, previa um ata-

que a Conacri para libertar cerca de

três dezenas de prisioneiros de guer-

ra portugueses nas mãos do PAIGC —

como o sargento piloto António Lo-

bato, que esteve preso vários anos

—, destruir equipamento do movi-

mento independentista e liquidar o

Presidente Sékou Touré. Só os dois

primeiros foram conseguidos — ain-

da que o segundo não totalmente.

Mas também tivera papel relevante

noutras missões como as operações

Trovão e Tridente.

Alpoim Calvão passou depois pelos

comandos da Divisão de Operações

Navais do Continente e da Polícia

Marítima. Em 1974, convidado por

Pinheiro de Azevedo, recusou par-

ticipar no golpe de Estado de Abril.

Era contra a solução defendida para a

questão além-mar, a descolonização.

Com a mudança de regime, Alpoim

Calvão foi exonerado da Polícia Marí-

tima, passa para o sector privado, e a

sua vida sofreu também uma revira-

volta. No ano seguinte participou na

tentativa falhada de golpe de Estado

de 11 de Março e é expulso, por decre-

to, das Forças Armadas poucos dias

depois com quase duas dezenas de

outros militares, entre eles António

de Spínola. E passa à condição de

fugitivo. Vinte anos depois haveria

de relatar a sua versão desse fi nal de

Inverno tumultuoso no livro O 11 de

Março — Peças de Um Processo.

É dessa altura a sua associação ao

movimento de acção anticomunis-

ta MDLP, fundado por António de

Spínola, e que estaria na génese de

diversos atentados bombistas duran-

te os anos de 1975 e 1976. Admitiria,

bem mais tarde, numa entrevista ao

PÚBLICO, que a intenção do movi-

mento era mudar o rumo do PREC

e “parar o PCP”.

Óbito Maria Lopes

Com um currículo tumultuoso, foi o oficial mais condecorado da Marinha

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PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 7

NUNO FERREIRA SANTOS

Pedro Filipe Soares exclui entendimentos de Governo com PS

Pedro Filipe Soares surpreendeu ao apresentar a sua candidatura a líder do BE

O líder parlamentar do Bloco de Es-

querda (BE) considera que o partido

errou ao mostrar-se disponível para

um entendimento de Governo com o

PS e defende que é necessário recupe-

rar a combatividade dos bloquistas.

Pedro Filipe Soares, de 35 anos, vai

desafi ar a liderança bicéfala de João

Semedo e Catarina Martins.

Ontem, na apresentação da moção

de candidatura à liderança do BE,

Pedro Filipe Soares criticou alguns

“equívocos” da actual direcção. Um

deles foi a disponibilidade para um

entendimento sobre um Governo

com o PS, expressa no ano passado,

na crise política, durante as negocia-

ções entre os partidos. “O Bloco de Es-

querda nasceu com a alternância sem

alternativa. Não foi isso que fi zemos

no Verão passado, quando batemos

à porta do PS para um Governo de

esquerda sem condições. Mostra-se

como houve um desfasamento do Blo-

co face à sua identidade e combativi-

dade”, afi rmou Pedro Filipe Soares,

em conferência de imprensa, na sede

do BE, em Lisboa. “[O BE] Não fazia

parte do xadrez partidário, sempre

que se colocou ao lado do xadrez polí-

tico foi submisso a outras agendas que

não a nossa”, acrescentou.

Quanto a entendimentos com An-

tónio Costa, o líder da bancada blo-

quista sustentou que “não houve ne-

nhuma viragem política no PS” e que

os socialistas “continuam a acreditar

no Tratado Orçamental” que “não é

bom para o país”. Pedro Filipe Soa-

res, que é o primeiro subscritor da

moção Bloco plural, factor de viragem,

com 850 assinaturas, acredita que vai

poder manter-se como líder parla-

mentar. “Não há delitos de opinião,

não podem existir, as opiniões foram

sempre valorizadas e não demoniza-

das. O lugar está sempre à disposição,

mas não vejo incompatibilidade de

apresentar uma moção política, no

tempo certo. Ninguém deve ser me-

norizado pela sua opinião”, afi rmou,

em resposta à insistência dos jorna-

listas sobre como é que compatibiliza

o lugar de líder da bancada com as

críticas aos coordenadores do BE.

Sobre o modelo da coordenação

bicéfala, o líder da bancada bloquista

reconhece que a solução adoptada

pelo partido há dois anos não foi

compreendida. “Não foi aceite pela

população. A luta pela paridade é um

dos objectivos do BE, mas não se es-

gota na sua coordenação”, afi rmou,

referindo que a paridade continua a

ser uma regra para os restantes ór-

gãos do partido.

Durante a apresentação da moção,

Pedro Filipe Soares esteve ao lado

de Zuraida Soares, deputada na As-

sembleia Legislativa dos Açores, de

Francisco Alves, membro do conselho

nacional da CGTP e de Sara Schuh,

trabalhadora precária. Todos militan-

tes do BE.

Natural de Castelo de Paiva, Aveiro,

o líder da bancada bloquista (função

que desempenha desde 2012) é licen-

ciado em Matemática Aplicada e tem

pós-gradução em Detecção Remota.

Bicefalia em causaO avanço do líder parlamentar acon-

tece num momento em que a actual

direcção está a repensar o modelo

de liderança bicéfala de João Seme-

do e Catarina Martins, mas em que

não está em causa a manutenção de

ambos à frente do BE. O que pode

acontecer é virem a ter funções di-

ferenciadas, mas a moção subscrita

pelos dois bloquistas não explicita a

repartição de tarefas. O texto, com o

título Revolta Cidadã contra a auste-

ridade, reconhece erros e desastres

eleitorais. E propõe que a mesa nacio-

nal, órgão máximo entre congressos,

possa convocar referendos internos

sobre apoios para as presidenciais e

coligações eleitorais.

No triângulo das tendências que es-

teve na origem do Bloco, Pedro Filipe

Soares representa a Esquerda Alterna-

tiva (ex-UDP), protagonizada por Luís

Fazenda, o que pode ser visto como

uma tentativa de avanço desta ten-

dência para a liderança do partido.

Por seu lado, João Semedo vinha da

tendência Fórum Manifesto e tinha

aderido, tal como Catarina Martins

(ex-PSR), à corrente Socialismo, cria-

da pelo ex-líder Francisco Louçã, co-

mo tentativa de ultrapassar, com uma

linha única, os três movimentos ori-

ginais do BE.

O mal-estar na direcção bloquis-

ta já dura há algumas semanas. A

Esquerda Alternativa já tinha mani-

festado publicamente que não subs-

creveria a moção ao congresso assi-

nada pelos coordenadores e outros

dirigentes.

Ao apresentar a sua candidatura à liderança do Bloco de Esquerda, o actual líder parlamentar acredita que se vai manter à frente da bancada, apesar de criticar a direcção do partido

PartidosSofia Rodrigues e Rita Brandão Guerra

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8 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Vacina contra cancro do colo do útero dada em duas doses desde os dez anos

Perto de meio milhão de portuguesas já foram vacinadas contra o vírus do papiloma humano. Novas regras a partir de hoje: início da imunização é antecipado dos 13 para os dez anos

PAULO RICCA

Direcção-Geral da Saúde garante que mudança no esquema de vacinação “não visa poupar dinheiro”

Desde 2008 que as adolescentes

portuguesas receberam três doses

da vacina contra o vírus do papilo-

ma humano (HPV) para protecção

contra o cancro do colo do útero.

A partir de hoje, mudam as regras:

as raparigas passam a ser vacinadas

com apenas duas doses e o início da

imunização foi antecipado dos 13 pa-

ra os dez anos, informa a Direcção-

Geral da Saúde (DGS).

Esta mudança “não visa poupar

dinheiro”, garante o director-geral

da Saúde, Francisco George, que

adianta que foi o próprio laboratório

que comercializa a vacina integra-

da no Plano Nacional de Vacinação

(PNV), a Gardasil, a sugerir esta al-

teração depois de concluir que duas

doses são sufi cientes para garantir

uma imunização satisfatória.

Seguindo as recomendações do

laboratório Sanofi Pasteur MSD, a

Comissão Técnica de Vacinação, o

grupo de especialistas que aconse-

lha os responsáveis da DGS, propôs

que a imunização em duas doses fos-

se integrada no PNV num esquema

com um intervalo de seis meses, e

estipulou que a vacina devia ser ad-

ministrada entre os dez e os 13 anos,

inclusive. O objectivo foi o de fazer

coincidir a vacinação contra o HPV

com a imunização contra o tétano e

a difteria, “para facilitar a vida das

pessoas”, explica a subdirectora-

geral da Saúde, Graça Freitas.

“Foi o próprio laboratório que,

depois de fazer ensaios clínicos que

provaram que duas doses garantiam

imunização sufi ciente, decidiu fa-

zer esta recomendação”, enfatiza

Graça Freitas, que nota que o novo

esquema “só apresenta vantagens”.

“São menos doses, menos picadas,

menor custo, menos reacções ad-

versas”, sintetiza.

Isto signifi ca que as adolescentes

já vacinadas com o esquema inicial-

mente proposto receberam uma so-

bredosagem? “Claro que não. Não há

rigorosamente nenhuma implicação.

É a mesma coisa que mandar tomar

antibióticos durante sete dias ou três

dias”, desvalorizou a médica, que no-

ta que “as vacinas ideais só têm uma

dose”, até para garantir a máxima

adesão. “É uma mudança trivial, não

tem problema”, corrobora o presi-

tarde a situação fi cará normalizada,

prevê Graça Freitas.

“As raparigas que se atrasem na

vacinação relativamente à idade re-

comendada podem iniciá-la até aos

18 anos, exclusive” e as que já fi ze-

ram pelo menos uma dose podem

completar a imunização “gratuita-

mente até aos 25 anos de idade”,

explicita ainda a DGS, na norma

divulgada ontem.

A introdução desta vacina no PNV

foi aprovada em Março de 2008 e

a vacinação iniciou-se em Outubro

desse ano. Nessa altura, foram vaci-

nadas as raparigas nascidas em 1995

e que tinham então 13 anos, tendo

esta idade sido fi xada porque se par-

tiu do pressuposto de que nesta fase

as jovens ainda não teriam iniciado

a sua vida sexual.

Em cada ano foram vacinadas

perto de 50 mil raparigas, rondan-

do a taxa de cobertura os 90%, em

média, ainda que em alguns anos

fosse menor e se tivesse percebido

que algumas jovens não faziam a

última dose. Em simultâneo, a DGS

avançou com uma campanha de três

anos que abrangeu também as jo-

vens nascidas em 1992, 1993 e 1994.

Até à data, no total, já terão sido va-

cinadas cerca de 450 mil jovens, cal-

cula Graça Freitas. “As raparigas e as

famílias aceitaram muito bem e os

serviços organizaram-se para lhes

dar resposta”, frisa.

Com 17 casos de cancro do colo do

útero por cem mil habitantes e cerca

de mil novos doentes diagnosticados

em cada ano, Portugal tem uma das

mais elevadas incidências deste tipo

de tumor na Europa Ocidental. Por

ano morrem cerca de três centenas

de mulheres com cancro de colo do

útero.

Saúde Alexandra Campos

Em Abril deste ano, a Sanofi Pas-

teur MSD já tinha anunciado, aliás,

que a Comissão Europeia autoriza-

ra o esquema de vacinação em duas

doses, para crianças entre os nove e

os 13 anos. Este esquema, explicou

então o vice-presidente da empre-

sa, Stephen Lockhart, “baseia-se em

dados que demonstraram que duas

doses garantem uma resposta imu-

nitária nas adolescentes compará-

vel à das três doses nas jovens para

os quatro tipos de HPV — seis, 11, 16 e

18 — incluídos na Gardasil”. “Estes re-

sultados estão assegurados três anos

após a vacinação”, acrescentou.

Em Portugal, nesta fase inicial, e

uma vez que a idade em que a vaci-

nação pode ser feita foi antecipada,

a afl uência aos centros de saúde on-

de a Gardasil é dada deverá aumen-

tar e a DGS já está preparada para

um acréscimo da procura, mas mais

50Em cada ano são vacinadas perto de 50 mil raparigas, rondando a taxa de cobertura os 90%, em média, ainda que em alguns anos fosse menor e se tivesse percebido que algumas jovens não faziam a última dose

dente da Sociedade Portuguesa de

Obstetrícia e Medicina Materno-

Fetal, Luís Graça. Sem ver também

qualquer tipo de implicação negati-

va, a pediatra Maria do Céu Machado

lembra, a propósito, que o mesmo já

aconteceu com outras vacinas recen-

temente. “São vacinas que surgiram

nos últimos anos e, quando foram in-

tegradas no PNV, ainda havia poucos

estudos”, explica.

Page 9: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 9

Portugal precisa de várias alterações

legislativas para combater de forma

mais efi caz a exploração sexual de

crianças na Internet.

“Em Portugal continua a não ser

possível fazer pesquisas aleatórias

para localizar predadores sexuais,

como se faz na Alemanha, por exem-

plo. E isso reduz as possibilidades”,

disse ao PÚBLICO a presidente do

Instituto de Apoio à Criança (IAC),

Dulce Rocha, a propósito do lança-

mento do livro A Exploração Sexual

de Crianças no Ciberespaço, da auto-

ria, do procurador Aires Magriço.

“É uma obra muito oportuna e

necessária. E que poderá funcionar

como um manual para os investiga-

dores destes crimes, nomeadamen-

te sobre como preservar a prova in-

formática”, aponta Dulce Rocha.

Desde que a pornografi a de me-

nores foi tipifi cada como crime, em

2007, a PJ investigou 71 pessoas, sen-

do que apenas cinco destes casos

resultaram de investigações desen-

cadeadas em Portugal. “Alguns ca-

sos que foram comunicados pela In-

terpol às autoridades portuguesas

não poderiam ter começado a ser

investigados cá porque não havia

um suspeito concreto”, explica a

presidente do IAC.

Numa altura em que os websites

com pornografi a estão a aumentar,

e em que se calcula que são colo-

cadas todos os dias em circulação

200 novas imagens de pornografi a

infantil, a presidente do IAC diz não

compreender por que razão Portu-

gal não transpôs ainda a directiva

que o Parlamento Europeu aprovou

em Dezembro de 2011 e que prevê

sanções mais duras contra as pes-

soas que abusam sexualmente de

crianças ou que acedem a porno-

grafi a infantil na Internet.

Na altura, a ministra da Justiça,

Paula Teixeira da Cruz, prometeu

adoptar “muito rapidamente” aque-

las alterações para o quadro legal

nacional. E, recentemente, a gover-

nante até anunciou a intenção de

avançar com o registo de identifi -

cação dos condenados por crimes

sexuais, mas, quanto à directiva, por

enquanto, nada.

Exploração sexual de crianças pede novas leis

InternetNatália Faria

Livro A Exploração Sexual de Crianças no Ciberespaço, da autoria do procurador Manuel Aires Magriço, foi lançado ontem

Cerca de 300 candidaturas foram

submetidas ao programa Retomar,

destinado a apoiar o regresso de

alunos com menos de 30 anos ao

ensino superior, e cujo prazo de can-

didatura, que terminava ontem, foi

alargado por mais 10 dias.

De acordo com informações pres-

tadas pelo Ministério da Educação e

Ciência (MEC), a decisão de alargar

o prazo de candidatura prende-se

com as preocupações manifestadas

por alguns candidatos “pelo facto de

as instituições estarem a entregar

com algum atraso os documentos de

prova das informações prestadas”.

Num total de 2191 registos assina-

lados na plataforma electrónica da

Direcção-Geral do Ensino Superior,

foram submetidas 270 candidaturas

até ao dia 28 de Setembro, corres-

pondentes a processos completos,

segundo o MEC.

As condições de acesso impli-

cam que os alunos tenham menos

de 30 anos e estejam em condições

de terminar o curso antes de com-

pletar aquela idade, mas que não

tenham possibilidade de suportar

os custos.

Para este programa, patrocinado

pelo MEC e pelo Ministério da So-

lidariedade, Emprego e Segurança

Social, foi estabelecido o limite de

três mil bolsas anuais, no valor de

1200 euros cada uma, sensivelmente

o valor da propina máxima em vigor.

Bolsas Retomar com prazo alargado

Ensino superior

Alargamento até 10 de Outubro prende--se com preocupações de candidatos com documentos de prova

Já há 300 candidaturas

DANIEL ROCHA

Protestos de alunos e professores regressam hoje ao MEC

O prazo para o arranque do ano

lectivo já terminou há mais de du-

as semanas, “mas ainda há muitos

milhares de alunos sem pelo menos

alguns professores”, lamentou on-

tem o presidente da Confederação

Nacional das Associações de Pais

(Confap), Jorge Ascenção. Tal como

os representantes dos directores es-

colares, diz que “não se lembra de

uma coisa assim” e apela ao Minis-

tério da Educação e Ciência (MEC)

para que comece a preparar “já” o

início de 2015/2016.

Na manhã de hoje, alunos e pro-

fessores da Escola de Música do

Conservatório Nacional (EMCN),

acompanhados por representan-

tes de sindicatos, concentram-se em

frente às instalações do MEC para

protestar contra o atraso na coloca-

ção de docentes, que não permite o

início das aulas. Ontem, foi o presi-

dente da Câmara de Sintra, Basílio

Horta, que ameaçou ir “para a porta

do ministério” se não for resolvida a

situação no agrupamento de escolas

de Casal de Cambra, onde faltam 33

de um total de 110 professores. Na

segunda protestaram pais dos alu-

nos da escola do 1.º ciclo Aprígio Go-

mes, na Amadora, indignados com a

falta de quatro docentes do 1.º ciclo

e de três educadores de infância.

Serão apenas exemplos: “Há pro-

blemas em todos os agrupamentos,

por todo o país, nuns casos mais gra-

ves, noutros menos, que se refl ec-

tem de forma muito negativa nas

crianças e nos jovens”, confi rmou

Jorge Ascenção. Em declarações ao

PÚBLICO, insistiu que a Confap faz

“questão de ter uma postura cons-

trutiva, de confi ar quando os repre-

sentantes do MEC prometem que

tudo vai decorrer com normalidade

(como fi zeram no início de Setem-

bro) e de não tomar posições polí-

ticas”. “Mas, no início de Outubro

e no estado em que as coisas estão,

temos mesmo de expressar grande

preocupação”, disse.

Os problemas mais graves – de

falta de docentes, de psicólogos e

de assistentes sociais, entre outros

– afectam principalmente os agrupa-

mentos TEIP (Território Educativo

Pais lamentam que Outubro comece com “muitos milhares de alunos sem alguns docentes”

disciplinas desde o dia 15 — “e são

muitos milhares” — terão perdido,

no fi m desta semana, dez por cento

do tempo lectivo que lhes está des-

tinado em 2014/2015. Na escola que

dirige, em Cinfães, há muitos nessa

situação: faltam 17 professores, psi-

cólogos e assistentes sociais.

Filinto Lima, vice-presidente da

Associação Nacional de Directores

de Agrupamentos e Escolas Públicas

(ANDAEP), está a lidar directamen-

te com um problema menos grave

— aguarda por sete docentes — mas

frisa que conhece agrupamentos em

que “a situação é afl itiva”. Confessa

ainda que a sucessão de erros nos

concursos que se verifi cou este ano

não o deixa descansado em relação

à anunciada resolução do problema

da falta de docentes, com a publi-

cação das listas da Bolsa de Con-

tratação de Escola. “Tenho muito

receio de que volte a haver erro na

fórmula, no algoritmo, nos critérios,

que se levante outro ‘sururu’ e que a

instabilidade se prolongue”, disse.

Pede que, seja qual for o desfecho,

“o MEC não se deixe dormir: é pre-

ciso começar já a pensar a forma de

colocação dos professores no próxi-

mo ano lectivo”.

A direcção da Associação Nacio-

nal de Professores Contratados (AN-

VPC) e a da Federação Nacional de

Professores (Fenprof ) acreditam

que é provável que os problemas

continuem. Têm pedido ao MEC que

ordene os docentes com base, ape-

nas, na graduação profi ssional, para

evitar mais problemas e acelerar as

colocações. O MEC contrapõe que

isso resultaria no incumprimento

da lei e iria desvirtuar a especifi ci-

dade das escolas TEIP e contrato de

autonomia”.

de Intervenção Prioritária) e com

autonomia, que representam um

terço do total.

Listas até ao fi m-de-semanaNaquele tipo de estabelecimentos,

as colocações dos técnicos fazem-se

através das ofertas de escolas (uma

forma de contratação directa) e a de

uma parte dos professores através

da Bolsa de Contratação de Escola

(um concurso em que conta não só

a graduação profi ssional, mas tam-

bém critérios defi nidos pela direc-

ção escolar). O concurso para as

contratações directas, pelas escolas,

ainda estão na fase de selecção dos

candidatos; a Bolsa de Contratação

de Escola está paralisada desde dia

15, quando entraram os primeiros

2500 professores. Isto porque, se-

gundo reconheceu entretanto o

MEC, houve um erro na ordenação

dos docentes e na formulação de cri-

térios, problemas que ainda estão a

ser rectifi cados. Às 23h59 de ontem

terminou o prazo para os docentes

alterarem as candidaturas e as novas

listas, corrigidas, deverão ser publi-

cadas até ao fi m da semana.

“O que é que vai acontecer a se-

guir? Os professores que foram co-

locados de forma incorrecta aban-

donam as turmas e dão o lugar aos

novos? Não sei. O que nós, directo-

res, vamos sabendo, é pelos jornais

e pela televisão”, disse ontem Ma-

nuel Pereira, presidente da Associa-

ção Nacional de Dirigentes Escola-

res (ANDE). Lembrou que a troca

de professores na sala de aula (que

acontecerá noutros casos, já que o

MEC deu possibilidade de opção en-

tre horários a parte dos docentes)

prejudica os alunos; e que aqueles

que continuam sem aulas a algumas

Educação Graça Barbosa Ribeiro

Pais e directores de escolas dizem que não se lembram de um arranque de ano lectivo com tantos problemas

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10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

E ao 30.º dia o Citius ressuscitou nos Açores mas a Graciosa fi cou de fora

Ministério da Justiça anuncia legislação para suspender prazos processuais. Arquipélago dos Açores foi a primeira comarca onde o Citius voltou a funcionar, embora com falhas

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Ministério da Justiça continua sem avançar uma data para a normalização da plaforma informática a nível nacional

Há um mês praticamente sem funcio-

nar, a plataforma informática dos tri-

bunais — o Citius — começou ontem

a ressuscitar, embora por enquanto

apenas na comarca dos Açores e com

falhas.

“A comarca dos Açores foi a primei-

ra a fi car disponível para tratamento

informático de todos os processos”,

anunciava, à hora de almoço, uma

nota informativa do Ministério da Jus-

tiça. A informação não era, porém,

totalmente correcta: no tribunal da

Graciosa não se conseguiu aceder ao

sistema durante o dia inteiro, como

confi rmou a juíza responsável por

aquela secção, Hortense de Matos.

“Seguir-se-á o levantamento das

restantes 22 comarcas, isoladamen-

te ou em grupos, em função da sua

dimensão. Sempre durante a noite

e aos fi ns-de-semana, para não in-

terferir com o funcionamento dos

tribunais e não causar novos cons-

trangimentos ao trabalho”, referia

a mesma nota da tutela, que dava

ainda conta de que o Ministério da

Justiça acedeu por fi m aos insistentes

pedidos de advogados e magistrados

no que diz respeito à necessidade de

suspender os prazos processuais por

causa do crash informático: “Está já

preparado um projecto legislativo

destinado a salvaguardar eventuais

problemas decorrentes dos transtor-

nos gerados”.

Mesmo fora da Graciosa regista-

ram-se vários problemas na migração

de processos. À hora de fecho dos tri-

bunais o juiz que preside à comarca

dos Açores, Moreira das Neves, dizia

que a operação tinha sido “aparen-

temente um sucesso”, embora ainda

continuassem por resolver algumas

“questões residuais”. Mas seriam, na

sua maioria, erros não relacionados

com o Citius. Uma das coisas que fa-

lhou foi a transferência electrónica

dos processos anteriores a 2000, ano

em que o Citius começou a funcio-

nar, “Têm agora de ser introduzidos

à mão, um a um”, descrevia o magis-

trado. Nos Açores são processos que

“equivalem a 1%” de todos os casos,

mas noutras comarcas como em Lis-

boa o seu número é muito maior”,

referia Moreira das Neves. “Estou

orgulhoso por a solução para esta

situação ter começado pelos Açores

e diria que até incrédulo, mas a ver-

dade é que eu fui ao sistema e vi que

está tudo a funcionar”. O juiz diz que

o maior problema de todos da co-

marca vai continuar por solucionar:

“Faltam funcionários e vai demorar

anos a resolver isso. É grave”.

Do ponto de vista dos ofi ciais de

justiça o panorama era ainda menos

cor-de-rosa. Uma dirigente sindical

explicava que nem magistrados nem

funcionários nem magistrados con-

seguiam ontem, à hora de fecho dos

tribunais, aceder a todos os seus pro-

cessos, embora a situação tivesse vin-

do a melhorar ao longo do dia.

A migração informática foi prepa-

rada em segredo. Na sexta-feira pas-

sada, fontes judiciais adiantaram ao

PÚBLICO que a operação deveria

ocorrer precisamente durante o fi m-

de-semana nesta comarca, por ser

uma das mais pequenas. Mas o Mi-

nistério da Justiça desmentiu a infor-

mação e o Conselho Superior da Ma-

gistratura também não a confi rmou.

Entre advogados e juízes a palavra

de ordem é esperar para ver. “Depois

de tudo quanto aconteceu é difícil

dar credibilidade ao ministério no

que ao Citius diz respeito”, observa

a bastonária dos advogados.

“Passei todo o dia à espera que o

sistema informático normalizasse,

mas não se conseguiu meter lá na-

da o dia inteiro”, lamentava ontem

a juíza da Graciosa. Já o ministério

de Paula Teixeira da Cruz diz que

não existe sequer na Graciosa qual-

quer tribunal, mas sim “uma sec-

ção de competência genérica, cível

e crime”, e que “todos os processos

sinalizados pela comarca dos Aço-

res foram transferidos para a Gra-

ciosa”, à excepção de um conjunto

que “aguarda decisão do Conselho

Superior da Magistratura”.

TribunaisAna Henriquese Pedro Sales Dias

Juízes reunidos, funcionários em greve

Cavaco Silva abre encontro de magistrados

Os funcionários judiciais iniciam hoje, precisamente nos Açores, uma greve por comarcas que irá

prolongar-se até ao final do mês. Cada dia útil corresponderá a uma paralisação numa das 23 comarcas (distritos) do país. Já na passada sexta-feira os oficiais de justiça tinham levado a cabo uma greve nacional, cuja adesão terá rondado entre os 80% e os 85%, de acordo com dados do Sindicato dos Funcionários Judiciais. Amanhã começa em Tróia o décimo Congresso dos Juízes

Portugueses. Organizado pela Associação Sindical de Juízes e aberto pelo Presidente da República, o encontro contará com a presença da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, estando também prevista uma intervenção do ex-presidente da República Jorge Sampaio. O presidente da Associação Sindical dos Juízes considera que o crash do Citius “ainda não foi realmente percepcionado com a gravidade que comporta” e teme que o problema possa “contaminar” a confiança dos cidadãos na justiça.

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12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Anulação simples de matrículas de carros pode alimentar sucatas ilegais

Os números da reciclagem dos carros em fim de vida

Fonte: Valorcar J. Alves

Veículos abatidos(milhares)

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Sem incentivo

Com incentivo ao abate

65%

65%

68%

65%70%

100%

100% 100%

35%

35%

32% 35%30%

0% 0% 0%

Início da crise

Fim do incentivoao abate

20,0

44,9

87,782,0

78,4

50,856,8 57,8

Idade média dos veículos abatidos (anos)

15,6

16,5 16,9 16,617,3

18,118,8

19,4

2006 2008 2010 2013

Peças de maior valor são normalmente retiradas primeiroMecânicas: motores, caixas de velocidades, etc. De choque: portas, pára-choques, farolins, etc.

Materiais que resultam do desmantelamento Rendem receitas Representam custos Neutros

Baterias 15 kg

Fluido travões0,4 kg

Metais750 kg

Filtro óleo0,5 kg

Líquidorefrigeração3,6 kg

Óleos lubrificantes5,5 kg

Pneus35 kg

Catalisador3,5 kg

Vidros26 kg

Pára-choques6 kg

Peso dos materiais reutilizados ou valorizadosno total do automóvel92,7%

Dezenas de milhares de matrículas

automóveis continuam a ser cance-

ladas anualmente em Portugal “por

ordem do proprietário”, uma fi gura

legal que pode representar uma bre-

cha para a entrega de carros velhos

a sucatas ilegais.

Apesar de mudanças recentes no

Código da Estrada, esta situação

permanece como uma das pedras

no sapato do sistema de gestão dos

veículos em fi m de vida em Portugal,

implantado há uma década e que re-

gistou grandes quedas no número de

carros enviados para a reciclagem

nos últimos anos.

Cancelar a matrícula de um carro

abatido só pode ser feito mediante

a apresentação de um certifi cado a

assegurar que o automóvel foi des-

truído num centro legalmente au-

torizado. Esta norma vigora desde

2003, fruto de uma directiva euro-

também sugeriu que fosse feita uma

referência específi ca à necessidade

do certifi cado de destruição no Códi-

go da Estrada. Esta referência foi in-

cluída, mas o código manteve todos

os outros casos em que a anulação

das matrículas já era possível.

“Houve uma oportunidade de

ouro para se corrigir o problema”,

afi rma Pedro Carteiro, da Quercus.

“Contudo, a nova lei voltou a permi-

tir ‘alçapões’ que deveriam cobrir só

situações de excepção, mas continu-

am a ser utilizados abusivamente pa-

ra cancelamentos de matrículas”.

O número de veículos abatidos na

rede da Valorcar atingiu um pico em

2008, com 88 mil unidades. Caiu nos

anos seguintes, devido à crise eco-

nómica, e sofreu uma descida mais

acentuada em 2011, quando termi-

nou o incentivo ao abate de carros

velhos – que a reforma da fi scalidade

verde propõe agora que seja reintro-

duzido. Apesar de uma pequena re-

cuperação, em 2013 o número total

fi cou 34% abaixo do pico de 2008.

Cancelamentos por proprietários que apenas digam que não vão mais circular com os carros na via pública preocupam ambientalistas e gestores da reciclagem. Houve 90 mil casos destes em 2013

AmbienteRicardo Garcia

peia, com efeitos práticos em 2004.

Desde então, cerca de meio milhão

de automóveis foram destruídos pela

rede da Valorcar, a sociedade mon-

tada pela indústria para assegurar a

reciclagem dos automóveis.

O Código da Estrada prevê, porém,

outras situações em que é possível o

cancelamento de matrículas. Entre

elas, está a anulação sempre que o

proprietário alegue que não utiliza

o automóvel na via pública.

Segundo o Instituto da Mobilida-

de e dos Transportes (IMT), em 2013

houve cerca de 90 mil casos destes,

representando 36% de todas as ma-

trículas anuladas. Os cancelamen-

tos feitos “por fi m de vida” do auto-

móvel foram 112 mil, 44% do total.

A maior parte dos casos restantes

são de cancelamentos ofi ciosos por

tribunais ou câmaras

Os cancelamentos “por ordem do

proprietário” estão há anos entre as

preocupações da Valorcar e da as-

sociação ambientalista Quercus. Na

prática, argumentam ambas as enti-

dades, qualquer um pode dizer ao

IMT que não circula mais com o car-

ro na via pública e arriscar entregar

o veículo a um sucateiro ilegal. Ou

então pode utilizar este expediente

para cancelar matrículas de automó-

veis que já foram destruídos ilegal-

mente – evitando assim o pagamento

por tempo indeterminado do Impos-

to Único de Circulação, que recai so-

bre a posse do veículo. Apenas uma

fi scalização efi caz – difícil devido aos

números envolvidos – poderá evitar

tais situações. “Um cancelamento

‘por ordem do proprietário’ pode

signifi car não se ter entregue o auto-

móvel nos locais certos”, diz Ricardo

Furtado, director-geral da Valorcar.

O IMT tem um entendimento di-

ferente. “O cancelamento da ma-

trícula por ordem do proprietário

corresponde às situações em que

este, por motivos diversos, não tem

interesse na circulação normal do

veículo, sem que contudo tal facto

corresponda a um veículo em fi m

de vida”, defende a instituição, em

respostas escritas ao PÚBLICO. Ou

seja, nunca seria, nestes casos, ne-

cessário o certifi cado de destruição.

“Trata-se na prática de uma suspen-

são temporária da matrícula”. Se-

gundo as alterações ao Código da

Estrada em vigor desde Janeiro, os

carros abrangidos nestas situações

são os que passam “a ter utilização

exclusiva em provas desportivas ou

em recintos privados não abertos à

circulação”. O proprietário tem de

apresentar um requerimento, dizen-

do onde está o automóvel.

Quercus queixa-se a BruxelasA Quercus já tinha apresentado, há

dois anos, uma queixa à Comissão

Europeia, por entender que o Códi-

go da Estrada violava a directiva dos

veículos em fi m de vida – havendo,

no país, duas legislações confl ituan-

tes. Quando a revisão do código foi

discutida, em 2013, a associação am-

bientalista e a Valorcar sugeriram a

eliminação daquelas situações.

A Agência Portuguesa do Ambiente

Page 13: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 13

JORGE SILVA

Portugal tem 20% da sua população com 65 e mais anos de idade, sendo o 4.º país da UE com mais idosos

Em 2013, os funcionários públicos

que passaram à reforma tinham em

média 61 anos. Já no caso do sector

privado, os pensionistas de velhi-

ce reformaram-se um pouco mais

tarde, mas pouco: com 63 anos, em

média. Não surpreende, assim, um

outro dado estatístico, divulgado

ontem pela base de dados Pordata,

a propósito do Dia Internacional do

Idoso que hoje se assinala: apenas

47% dos indivíduos entre os 55 e os

64 anos estavam empregados no

ano passado.

Além dos 155.581 pensionistas da

Segurança Social que em 2013 esta-

vam a receber pensões por reforma

antecipada (foi o 3.º valor mais ele-

vado da última década), os restantes

repartiam-se entre os que estavam

desempregados, em formação ou

simplesmente inactivos.

“Para além das questões de sus-

tentabilidade da Segurança Social

que isso levanta”, alerta a demó-

grafa Maria João Valente Rosa, “a

sociedade não pode continuar a

Só metade dos portugueses com idades entre os 55 e os 64 anos estão a trabalhar

dar-se ao luxo de desperdiçar tan-

to capital humano com base num

simples critério administrativo que

é o da idade”.

E não se pense que a solução

chegará por via do aumento da na-

talidade. “Mesmo no cenário mais

optimista do INE e que prevê a re-

cuperação da fecundidade para os

1,8 fi lhos em média por cada mulher

em idade fértil [actualmente esta-

mos nos 1,21], os idosos em Portugal

vão passar dos actuais dois milhões

para mais de três milhões em 2060”,

lembra a também directora da base

de dados estatísticos da Fundação

Francisco Manuel dos Santos.

Pensões inferiores ao SMNNeste cenário de “inelutável enve-

lhecimento populacional”, medidas

como o aumento das contribuições

para a Segurança Social, os cortes

nas pensões ou o adiamento da ida-

de da reforma são meros paliativos.

“A questão é se, nas sociedades de

conhecimento em que vivemos, faz

sentido que as empresas continuem

a defi nir o valor dos seus trabalha-

dores em função de um marcador

que é a idade. E não faz”.

Na opinião de Maria João Valente

Rosa, o que faz sentido é que o país

reformate o seu modelo de organi-

zação social que se baliza em três

fases distintas: formação, trabalho

e reforma. “Por que é que a forma-

ção, essencial em todas as etapas da

vida, só é admitida no início da vida

dos indivíduos? Por que razão o tra-

balho não pode ser menos intenso

na fase central das nossas vidas, em

que pode haver fi lhos pequenos, e

prolongar-se até mais tarde?”, su-

gere, recuperando assim uma tese

que vem defendendo sempre que

se levanta o problema do envelhe-

cimento populacional.

“Os idosos que vamos ter em 2060

não vão ser iguais aos de hoje: vão

ser mais qualifi cados e mais próxi-

mos das novas tecnologias. Como o

envelhecimento está aí – e convém

que não esqueçamos que o facto de

as pessoas viverem mais anos é uma

conquista civilizacional importantís-

sima –, a sociedade vai ter de mudar,

não só por causa da sustentabilida-

de dos sistemas mas porque isso é

importante para a vida das pessoas

e o país vai precisar delas”, insiste.

Portugal tem 20% da sua popula-

ção residente com 65 e mais anos, o

que o torna no 4.º país da União Eu-

ropeia (EU) com maior percentagem

de idosos (18%), a seguir à Itália, Ale-

manha e Grécia. Ainda no ranking

europeu, Portugal sobressai por ser

o 7.º país com maior percentagem

de pessoas idosas a viverem sozi-

nhas abaixo do limiar da pobreza

(23,6%). Uma posição a que não será

alheio o facto de 77,9% dos pensio-

nistas de velhice da Segurança So-

cial auferirem pensões inferiores ao

salário mínimo nacional.

Dia Internacional do Idoso Natália Faria

Quase 78% dos pensionistas de velhice da Segurança Social auferiam em 2013 pensões inferiores ao salário mínimo nacional

O presidente da administração da Lu-

sa, Afonso Camões, renunciou ontem

ao cargo que ocupa na agência e será

o novo director do Jornal de Notícias,

do grupo Controlinveste, dentro de

um mês. A holding liderada por Pro-

ença de Carvalho anunciou ao fi m da

tarde o convite e disse que irá pedir

o necessário parecer ao Conselho de

Redacção daquele diário.

Afonso Camões transitara de ad-

ministrador da Controlinveste Media

para administrador da agência em

Setembro de 2005 e era desde Mar-

ço de 2009 presidente do conselho

de administração e administrador-

delegado da agência, cujo capital

maioritário (50,14%) é ainda estatal.

Tal como o PÚBLICO noticiou em

meados de Agosto, o seu nome era

um dos estudados para liderar o títu-

lo nortenho da Controlinveste após

a saída do director Manuel Tavares,

que foi ocupar o cargo de director-

geral da FC Porto Media, a empresa

que gere as áreas de negócios de me-

dia do clube. Depois do despedimen-

to colectivo que abrangeu todos os

títulos, e tal como aconteceu com o

O Jogo e sucederá com o DN, o JN se-

rá alvo de uma remodelação gráfi ca

e de conteúdos para o reposicionar

no mercado.

O gabinete da tutela disse ao PÚ-

BLICO que Miguel Poiares Maduro

foi informado à tarde e que Afonso

se manterá em funções até ao fi nal

de Outubro. “Durante este perío-

do os accionistas da Lusa terão de

Afonso Camões deixa presidência da Lusa e vai ser director do Jornal de Notícias

encontrar uma solução para a sua

substituição”, acrescenta o gabine-

te, que fez questão de salientar que

a relação entre os dois “foi sempre

muito cordial”.

Cordialidades à parte, a verdade

é que, na mensagem que enviou aos

trabalhadores, o presidente demis-

sionário não se coibiu de fazer críti-

cas à actuação da tutela em termos

fi nanceiros. Na carta, Afonso Camões

diz que sai com a consciência de que,

“apesar dos constrangimentos” fi -

nanceiros impostos pelo Governo,

a agência presta “bons serviços” e

garante “boas contas”. “Sem nunca

perdermos de vista o sentido do inte-

resse público, as obrigações contra-

tuais com o Estado e com os nossos

clientes, e a medida da nossa mis-

são, nos planos ético e profi ssional”,

acrescenta.

“Está hoje claro que a Lusa é sus-

tentável, mas o Estado não está a

pagar o custo real dos serviços pres-

tados pela agência”, aponta Camões,

que há dois anos teve que enfrentar

uma greve de quatro dias na agência,

na sequência dos cortes fi nanceiros

impostos pelo então ministro Miguel

Relvas. “Não fora o desequilíbrio fi -

nanceiro provocado por factores ex-

ternos à gestão corrente, a nossa re-

alização orçamental e os resultados

operacionais positivos já nos teriam

permitido voltar aos lucros – este ano

mesmo!”, anuncia.

É do contrato de prestação de ser-

viços ao Estado que advêm 70% das

receitas da agência. Este ano a agên-

cia recebeu 13 milhões de euros — em

2012 eram 19 milhões, mas foram

cortados no ano seguinte, mercê de

um novo contrato — incluindo o IVA.

Os restantes 30% vêm da venda de

conteúdos aos órgãos de comunica-

ção social. Este fi nanciamento estatal

“permite, em boa medida, manter

serviços claramente não-rendíveis,

mas decisivos para os objectivos da

agência”, descreve Afonso Camões,

enumerando a rede de correspon-

dentes em 29 países. Este dispositivo

de “coesão nacional” como lhe cha-

ma o presidente demissionário, “cus-

ta 10,7 milhões de euros ao Estado,

ou seja, um euro por ano, repito: um

euro por ano, a cada português.”

“Reduzi-la [a receita proveniente

do Estado] ou admitir a sua inexis-

tência anularia radicalmente esta

vertente estratégica e diplomática de

afi rmação dos interesses portugue-

ses e da lusofonia”, defende Afonso

Camões, cuja administração levou

a tutela a tribunal por ter sido corta-

da unilateralmente uma parcela do

fi nanciamento.

Comunicação socialMaria Lopes

Mantém-se no cargo até final de Outubro para que os accionistas designem um substituto. E deixa críticas à tutela pelos cortes

Afonso Camões vai liderar JN

Page 14: Publico 01out.2014.Gigatuga

14 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Costa deixa sem resposta as dúvidas sobre a sua continuidade na câmara

RUI GAUDÊNCIO

António Costa disse aos jornalistas que “não há nada a clarificar porque o seu mandato vai até 2017

Aos jornalistas António Costa ainda

deu algum tipo de resposta às per-

guntas sobre a sua permanência na

Câmara de Lisboa, dizendo que não

há qualquer “impedimento” a que

continue, “para já”, a exercer o seu

mandato. Pior sorte tiveram os depu-

tados da assembleia municipal, cujas

interpelações sobre o assunto foram

pura e simplesmente ignoradas pelo

ainda presidente do município.

À entrada para a reunião da assem-

bleia municipal de ontem, o vence-

dor das eleições primárias do PS ne-

gou, em declarações à comunicação

social, que houvesse algum esclare-

cimento a dar sobre a sua continui-

dade na autarquia. “Não há nada a

clarifi car. O meu mandato na câmara

municipal é até 2017, não creio que

tenha acontecido alguma coisa que

tenha constituído um impedimento

para este mandato”, disse.

“Para já exercerei o meu manda-

to, que é o que me compete fazer”,

afi rmou ainda, acrescentando que

“quando” houver “alguma coisa a

clarifi car” o fará. Como já era previ-

sível, no interior da assembleia mu-

nicipal os deputados do PSD, mas

também do CDS e do BE, voltaram

a abordar o assunto, insistindo com

António Costa para que esclarecesse

quando planeava abandonar a presi-

dência do município.

“Todos têm o direito de saber com

o que contam para o futuro da sua ci-

dade”, defendeu o social-democrata

Sérgio Azevedo, pedindo a António

Costa que clarifi casse, “sem rodeios

e sem fugas para a frente”, quando

vai abandonar a câmara. “É um es-

clarecimento pela transparência de

quem exerce cargos públicos e pela

responsabilidade que é devida aos

lisboetas”, sustentou o líder da ban-

cada do PSD.

Sérgio Azevedo criticou ainda a

“ausência” do autarca “nestes últi-

mos meses”, dizendo que ela “pre-

judicou não só o funcionamento da

sua equipa como transtornou a vida

aos lisboetas”. “A equipa ressentiu-

se com a ausência do líder, claudi-

cou, hesitou, desmontou-se”, acres-

centou, afi rmando que as primárias

do PS tiveram um “vencedor”: “A

cidade de Lisboa que, fi nalmente,

está perto de ter um presidente que

a ela se dedique a tempo inteiro.”

António Costa assistiu a todas as

intervenções e no fi nal optou por

deixar sem qualquer resposta todas

aquelas que tinham a ver com a situ-

ação criada pelas eleições do passa-

do domingo. António Costa preferiu

centrar o seu discurso na rejeição da

necessidade de portagens à entrada

de Lisboa e na insistência da oposi-

ção do município à privatização da

Empresa Geral de Fomento.

O autarca também se pronunciou

sobre o Plano de Drenagem, tema

que foi suscitado pelo BE. Sublinhou

a necessidade de a EPAL clarifi car se

vai adquirir a rede de saneamento

em baixa, através de um acordo que

incluiria a assunção pela empresa da

responsabilidade pelas obras previs-

tas naquele plano. Se isso não acon-

tecer, afi rmou, a autarquia terá de

preparar “imediatamente” uma can-

didatura ao Fundo de Coesão.

A atitude de António Costa não dei-

xou de ser criticada pelo líder da ban-

cada do PSD, que em declarações ao

PÚBLICO acusou Costa de ter criado

“um tabu que não se compreende”.

Em relação a Fernando Medina, Sér-

gio Azevedo sublinhou que o número

dois da câmara tem uma legitimida-

de “diminuída”, além de ter “muito a

provar em relação à condução políti-

ca da cidade e do executivo”.

Pelo PS, João Pinheiro acusou

a oposição de “uma tentativa de

aproveitamento político não muito

sofi sticado”, acrescentando que “o

que se perspectiva é uma mudança

tranquila”.

Já Rui Paulo Figueiredo, líder da

bancada socialista, sublinhou que,

ao contrário do que foi dito noutros

fóruns por elementos de partidos da

oposição, “não se coloca nenhum ce-

nário de eleições intercalares” e “não

existe nenhum marasmo na câmara

nem na assembleia”.

O deputado socialista considerou

ainda que Fernando Medina “será

um grande presidente de câmara,

na linha de acção de António Costa,

João Soares e Jorge Sampaio”. “Sem-

pre que o PS lidera, a câmara avan-

ça”, concluiu Rui Paulo Figueiredo,

que era apoiante de António José

Seguro e que arrancou gargalhadas

a todos os presentes quando disse

que até domingo estava “muito mais

seguro” e que depois disso todos os

militantes e simpatizantes do PS “de-

ram à costa”.

O PSD insiste em saber quando é que o autarca vai abandonar o município e diz que Fernando Medina, actual vice-presidente, tem “muito a provar em relação à condução política da cidade e do executivo”

LisboaInês Boaventura

Assembleia pediu 175 mil euros à câmara para pagar aos deputados

O orçamento de 510 mil euros para 2014 está a revelar-se pequeno

A Assembleia Municipal de Lisboa, que ontem realizou a 43.ª reunião deste mandato, foi obrigada a

pedir à câmara um reforço de verbas, que permitisse assegurar o pagamento das senhas de presença dos deputados.

Para o ano de 2014, a assembleia tinha um orçamento de 510 mil euros, valor que se revelou insuficiente. Isso mesmo foi confirmado pela presidente deste órgão autárquico, segundo o qual os 175 mil euros agora libertados pela câmara se destinam a “cobrir as despesas e senhas de presença até ao final do ano”.

Já em Agosto, em entrevista ao PÚBLICO, Helena Roseta tinha dito que iria ser necessário fazer “um reforço” do orçamento. “É inevitável. Não tem nenhuma objecção do lado da câmara.

Pelo contrário, a câmara também tem consciência da importância das decisões da assembleia para o funcionamento do município”, declarou na altura, lembrando que até esse momento a assembleia já tinha efectuado 39 reuniões, quando a lei prevê a realização de cinco sessões ordinárias por ano.

Agora a autarca explica que “em compensação houve diminuição noutros custos”, o que fez com que antes de se concretizar o reforço de 175 mil euros a dotação orçamental fosse de 475.200 euros e não de 510 mil. Assim sendo, resume Helena Roseta, “a previsão da despesa com senhas de presença até ao final do ano será de cerca de 575 mil euros”.

A presidente da assembleia municipal lembra ainda que este órgão gera, através do

aluguer do Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, “uma pequena receita”, que reverte para a câmara. Quanto ao ano de 2015, Helena Roseta antecipa que as necessidades em termos de orçamento serão idênticas às deste ano, dado que “não se prevê diminuir o ritmo dos trabalhos”.

Nesta 43.ª reunião da assembleia, foi aprovada uma proposta relativa à fixação das remunerações dos presidentes e vogais dos conselhos de administração das empresas municipais. Em declarações anteriores, o vereador das Finanças, Fernando Medina, garantiu que a proposta agora aprovada irá traduzir-se numa “redução superior a 35 mil euros/ano na despesa com a administração do conjunto das empresas municipais”.

Page 15: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | LOCAL | 15

A bactéria legionella, que é conhe-

cida por provocar a doença do le-

gionário, foi localizada num reser-

vatório de distribuição de água do

concelho de Almodôvar. E não se

sabe desde quando lá está.

Na sequência de uma análise es-

pecífi ca, não obrigatória, efectua-

da pela empresa Águas Públicas do

Alentejo (APdA), entidade respon-

sável pelo abastecimento de água

em alta, ao concelho de Almodôvar,

foi confi rmada a “presença de uma

Detectada bactéria legionellana rede de abastecimentode água de Almodôvar

bactéria no reservatório da distri-

buição”, referiu ao PÚBLICO Antó-

nio Bota, presidente da Câmara de

Almodôvar.

Os pormenores desta situação

anómala chegaram ao conhecimen-

to da autarquia no fi nal da tarde da

passada sexta-feira e, “no mesmo

dia”, a população do concelho foi

informada através de edital que

tinha sido detectada a “Legionella

spp, a estirpe menos perigosa da

bactéria”. O risco a que está expos-

ta a população “não é considerado

grave pela Administração Regional

de Saúde”, garante o autarca.

João Silva Costa, administrador

executivo da AgdA, explicou ao

PÚBLICO que as análises realiza-

das “não fazem parte” do plano

de monitorização obrigatório im-

posto pela Entidade Reguladora

dos Serviços de Águas e Resíduos,

mas sim de uma campanha de des-

Saúde públicaCarlos Dias

Câmara divulgou lista de cuidados que a população deve ter, mas já informou que se trata da estirpe menos perigosa da bactéria

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das para sua autoprotecção, quais

os sintomas associados à contami-

nação, as formas de propagação/

exterminação da bactéria e quais

as medidas correctivas já em curso.

As pessoas presentes na sessão de

esclarecimento foram informadas

dos riscos associados à inalação de

partículas de água durante o banho

com chuveiro, rega por aspersão,

lavagem de automóveis, etc..

O município esclareceu as pesso-

as presentes que seria necessário

proceder “semanalmente” à purga

de toda a rede da residência e equi-

pamentos, por exemplo (termoa-

cumuladores, esquentadores, etc.)

com a abertura de todas as válvulas

e torneiras, “pelo período de 10 mi-

nutos”, para garantir a circulação da

água e evitar a sua estagnação.

Os munícipes vão ter de “rejeitar”

a primeira água dos chuveiros, por

um período “não inferior a dois mi-

A bactéria é responsável por infecções respiratórias agudas

nutos”, sempre que haja utilização

e, mensalmente, terão de tratar os

chuveiros em solução clorada “por

um período não inferior a 24 horas”,

advertiu o município em edital.

Entretanto a APdA já está a exe-

cutar trabalhos de higienização e

desinfecção dos reservatórios do

Sistema de Abastecimento de Água

de Almodôvar, que terminaram on-

tem, concluindo que a água “está a

cumprir, a 100%, os critérios de qua-

lidade das normas nacionais e euro-

peias. A APdA acrescenta que “vai

manter os níveis de desinfectante

mais elevados” até que a monitoriza-

ção que está a ser efectuada indique

que a contaminação está debelada.

Entretanto, Filipe Santos, dirigen-

te local do BE, alertou que os esclare-

cimentos sobre as consequências da

presença da bactéria na rede pública

de abastecimento “não chegaram a

todos os munícipes”.

piste levada a cabo pela empresa.

Mesmo assim, os responsáveis

autárquicos realizaram na tarde

de segunda-feira uma reunião pú-

blica, com a presença de um res-

ponsável da APdA e da Autoridade

Regional de Saúde, para indicar à

população as medidas recomenda-

SÉRIE ESPECIAL

PORTUGAL: OBJECTIVO CRESCIMENTO

CRESCIMENTO E TRANSPORTES

ESTA SEMANA

CONHEÇA A SÉRIE COMPLETA EMpublico.pt/portugal-objectivo-crescimento

TODOS OS

DOMINGOS

José da Silva Lopes, Manuela Morgado, Mário Valadas e Cordeiro Baptista são mais do que amigos. Têm a experiência e uma proposta: identificar as áreas por onde Portugal pode crescer, apesar de todas as restrições, e mostrar como lá chegar.Os textos que assinarão sempre a oito mãos são também mais do que textos de opinião: para os escreverem, ouviram gestores, economistas, especialistas e estrangeiros que conhecem bem o país. Foi assim que nasceu a série Portugal: Objectivo Crescimento.

Page 16: Publico 01out.2014.Gigatuga

16 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Administradores de insolvências vão passar a ser nomeados por sorteio

Jorge Calvete e Francisco Barreiri-

nhas são administradores de insol-

vência. O primeiro tem em mãos 250

processos desde o início do ano. O

segundo apenas três. O desequilíbrio

nas nomeações destes profi ssionais

que acompanham milhares de em-

presas e famílias em difi culdades

fi nanceiras está por resolver desde

2004 — ano em que foi anunciada a

criação de um sistema de escolha ale-

atório e equitativo. Dez anos depois,

e apesar de a decisão não ser consen-

sual, vai fi nalmente nascer a platafor-

ma que cumprirá a promessa.

O processo está a ser liderado pela

Comissão para o Acompanhamen-

to dos Auxiliares da Justiça (CAAJ),

criada em 2013 para fi scalizar a ac-

tividade dos administradores de

insolvência e dos agentes de execu-

ção. Contactada pelo PÚBLICO, a

CAAJ confi rmou que o sistema está

em preparação, adiantando que “o

programa informático está pronto,

estando em curso as consultas ne-

cessárias à contratualização do seu

alojamento”. A comissão, presidida

por Hugo Lourenço, adiantou que “a

apresentação aos interessados terá

lugar muito em breve”.

Na prática, vai tratar-se de uma pla-

taforma informática a que os juízes

terão acesso para escolher qual dos

cerca de 280 administradores de in-

solvência que existem em Portugal

serão destacados para os processos.

De acordo com a CAAJ, vai permitir

“registar as nomeações e efectuar o

sorteio dos processos em cada uma

das 23 comarcas da nova organiza-

ção judicial”. Cada nomeação fi cará

registada no sistema e o algoritmo

usado para sortear os processos te-

rá em conta esse registo, explicou a

comissão.

A aleatoriedade e equidade nas

nomeações é uma bandeira que a

associação dos administradores de

insolvência tem defendido nos últi-

mos anos. Até porque foi prometida

ainda em 2004, constando nos es-

tatutos destes profi ssionais desde

então. Na Lei 32/2004, de 22 de Ju-

lho, estabelecia-se que “a nomeação

a efectuar pelo juiz processa-se por

meio de sistema informático que as-

segure a aleatoriedade da escolha e

a distribuição em idêntico número

dos administradores de insolvência

nos processos”.

Deixava, no entanto, margem para

que o juiz tivesse em conta a neces-

sidade de conhecimentos e compe-

tências especiais para acompanhar

determinados casos e, com base na

remissão para o código das insolvên-

cias, a possibilidade de o administra-

dor poder ser indicado pelos deve-

dores ou pelos credores.

Demasiadas excepçõesO problema, diz o presidente da Asso-

ciação Portuguesa dos Administrado-

res Judiciais (APAJ), é que “a excepção

tornou-se a regra, existindo hoje uma

disparidade muito signifi cativa no nú-

mero de processos” atribuído a cada

profi ssional. Inácio Peres considera,

por isso, muito positiva a criação des-

te sistema, que a CAAJ tinha indicado

“que estaria pronto a 1 de Outubro

[hoje]”. Uma data que a comissão,

porém, não confi rmou.

As estatísticas da APAJ falam por si:

entre Janeiro e Agosto deste ano, dez

administradores tinham em mãos

20% dos processos de insolvência

e de recuperação – estes últimos,

uma alternativa às falências judiciais

criada em 2012, são designados por

Processos Especiais de Revitalização

(PER). E há quase 50 profi ssionais

que têm menos de cinco processos

em mãos. Só no primeiro semestre,

houve mais de dez mil insolvências

(de empresas e famílias) e PER.

Para a associação, a nova plata-

forma também poderá benefi ciar os

insolventes. “Por mais boa vontade

e organização que tenham, é difí-

cil a um administrador com tantos

processos ser célere, sobretudo em

processos que têm natureza urgente

como estes”, defende o presidente

da APAJ. Além disso, Inácio Peres

entende que o sistema irá dar “mais

transparência” aos processos, visto

que nas indicações, seja por parte do

devedor ou do credor, “podem colo-

car-se questões de imparcialidade”.

A associação não quer pôr de lado a

Comissão que fiscaliza a profissão garante que apresentação do sistema acontecerá “muito em breve”

Após dez anos de promessas, vai ser criado um sistema que permitirá distribuir os processos equitativamente pelos administradores que acompanham empresas e famílias em difi culdades

JustiçaRaquel Almeida Correia

plo), explica que “em 90% dos casos

tem sido nomeado pelos devedores

e credores”. E acredita que o novo

sistema “não vai correr bem”, ante-

vendo um acumular de pedidos de

substituição, com consequentes atra-

sos nos casos, porque nem todos os

nomeados quererão ou conseguirão

acompanhar os processos.

Francisco Areias Duarte, segun-

do na lista dos mais nomeados (com

221 processos) partilha desta opinião.

“Numa democracia evoluída, os mais

escolhidos vêm a ser, a priori, os me-

lhores. É porque devem ter algum

valor”, diz. O administrador de in-

solvência, que tem uma estrutura de

dez pessoas a trabalhar nos casos,

teme agora pelas consequências da

criação desta plataforma. “Se tiver

menos processos, é óbvio que vou

ter de despedir pessoas”.

A própria CAAJ admite que a altera-

ção no método das nomeações “po-

derá causar problemas no decurso da

transição (na medida em que algumas

estruturas se revelarão sobredimen-

possibilidade de os juízes seguirem

estas indicações, mas considera que

essa decisão deve acontecer “em ca-

sos excepcionais”.

Mais nomeados criticamNem todos têm, porém, o mesmo

entendimento. Jorge Calvete, o ad-

ministrador de insolvência que mais

processos tem em mãos (251 só este

ano entre falências judiciais e PER),

é peremptório: “Se todos forem tra-

tados de igual forma, deixarei de ser

administrador de insolvência nesse

dia”. Numa analogia ao mundo do

futebol, afi rma que “uns marcam e

outros não”, justifi cando a dispari-

dade nas nomeações com “a dedica-

ção, o empenho e as competências

de cada um”, para além da estrutura

que montaram para dar resposta aos

casos.

Calvete, que tem acompanhado al-

guns dos mais mediáticos processos

do país (os supermercados Alisuper,

a fábrica de cerveja Cintra ou o Esta-

leiro Naval do Mondego, por exem-

20%É a percentagem de processos de insolvência e de recuperação que estão nas mãos dos dez administradores com mais nomeações desde o início deste ano, de acordo com a APAJ

50Administradores de insolvência têm menos de cinco processos em mãos. E cerca de uma dezena foram nomeados para acompanhar um único caso

Page 17: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | ECONOMIA | 17

DANIEL ROCHA

Tendência de baixa das taxas vai permanecer a médio prazo

As famílias portuguesas com em-

préstimos à habitação, a rever em

Outubro, vão benefi ciar de uma nova

descida nas prestações a pagar nos

próximos meses, em resultado da

queda das taxas Euribor, que estão

nos níveis mais baixos de sempre.

As recentes medidas anunciadas

pelo Banco Central Europeu (BCE),

entre as quais esteve o corte da taxa

directora para 0,05%, mínimo histó-

rico, estão na origem de nova queda

das taxas Euribor, a que está associa-

da a quase totalidade dos emprésti-

mos em Portugal.

Para além da redução da presta-

ção, que é mais expressiva nos em-

préstimos associados à Euribor a seis

meses, a melhor notícia para as fa-

mílias com empréstimos decorre da

expectativa de manutenção das taxas

de juro em níveis historicamente bai-

xos, nos próximos meses.

A refl ectir essa estabilização, o

contrato de futuros a três meses,

com vencimento em Dezembro, ne-

gociava-se ontem a 0,08%. Ou seja,

os investidores estão a admitir que

será esse o valor da taxa no fi nal do

corrente ano.

Desde o início do ano, a Euribor

a três e a seis meses, os prazos mais

utilizados em Portugal, já caíram pa-

ra um terço do valor.

A Euribor a três meses, a que estão

associados os empréstimos à habita-

ção mais recentes e os fi nanciamen-

tos às empresas, estava em Janeiro

em 0,292%. Em Setembro, esta ta-

xa fi xou-se em 0,097%. A média da

Euribor a seis meses, arredondada

à milésima, como exigem as regras

fi xadas pelo Banco de Portugal, caiu

em Setembro para 0,2%, abaixo dos

0,396% de Janeiro. Também o recuo

da Euribor a 12 meses é expressivo

desde o início do ano, passando de

0,562% para 0,362%.

O reflexo da queda da recente

das taxas Euribor, que são fi xadas

no mercado monetário através das

taxas a que um conjunto alargado de

bancos está disponível para empres-

tar dinheiro entre si, é mais expres-

sivo nos empréstimos associados ao

prazo de seis meses. Uma simulação

feita pelo PÚBLICO para um emprés-

Prestação dos empréstimos à habitação cai para o valor mais baixo de sempre

ConjunturaRosa Soares

Desde Janeiro, as taxas Euribor associadas aos empréstimos da casa já caíram para um terço do valor A taxa de inflação anual

na zona euro recuou em Setembro 0,1 pontos, para os 0,3%, face aos 0,4% de

Agosto, segundo a estimativa rápida do Eurostat.

Os dados agora divulgados fazem aumentar a pressão sobre o BCE, já que está muito abaixo da taxa de estabilização de preços, que se situa nos 2%, e é mais um indicador negativo a juntar a outros sinais de alarme, como a queda de confiança na zona euro.

O conselho de governadores reúne-se amanhã, mas apesar das declarações recentes de Mario Draghi, de que o crescimento económico vai ser “modesto” no segundo semestre, poderá não ser ainda esta semana que a instituição avance com novas medidas não-convencionais para estancar o risco de deflação e impulsionar o crescimento da zona euro. Na última reunião, o BCE reduziu as taxas de juro para o valor mais baixo de sempre, 0,05%, e pôs em acção medidas de estímulo à economia, através de um programa de compra de activos (já anunciado em Junho mas que agora tem data para começar, Outubro), que incide sobre instrumentos garantidos por crédito ao sector privado não-financeiro (onde se incluem activos imobiliários).

Os dados provisórios da inflação divulgados pelo Eurostat mostram que o sector dos serviços foi o que registou uma taxa de inflação mais elevada, de 1,1%, embora em desaceleração face a 1,3% de Agosto. Seguiu-se a alimentação e as bebidas alcoólicas e tabaco. O maior contributo negativo veio da evolução dos preços da energia (-2,4%, contra -2,0% de Agosto). Sem a alimentação e energia, a taxa de inflação teria ficado em 0,7%. Ainda assim, abaixo de Agosto, que, sem as duas categorias, se situou em 0,9%. R.S.

Inflação da zona euro recuou em Setembro para 0,3%

timo de 150 mil euros, pelo prazo de

30 anos, com um spread de 0,7%, e

tendo por base a Euribor a seis me-

ses, corresponde a uma prestação

mensal de 475,60 euros. Face à últi-

ma revisão, há seis meses, a presta-

ção cai 14,28 euros.

Nos contratos associados à Euribor

a três meses, o que implica revisões

da taxa a cada três meses, a redu-

ção será menor. Com a nova taxa,

a prestação corresponde a 468 eu-

ros, menos 6,8 euros face à última

revisão.

A descida das prestações é mais

expressiva nos empréstimos mais

antigos, a que estão associados, pelo

menos numa grande maioria, spre-

ads (margem comercial do banco)

mais baixos. Os contratos mais re-

centes têm spreads mais altos, que

atenuam a descida da prestação.

A manutenção das taxas de juros

nos empréstimos mais antigos tem

ainda outra vantagem, a de aumen-

tar a componente de amortização

de capital, o que vai atenuar o im-

pacto de futuros aumentos da Euri-

bor. O cenário de aumento expres-

sivo das taxas de juro do mercado

monetário parece afastado em 2015

e 2016, e alguns analistas admitem

mesmo um cenário de baixas taxas

de juro na zona euro, não necessa-

riamente nos níveis actuais, até ao

fi nal de 2017.

Essa perspectiva de juros baixos

decorre das fracas previsões de

crescimento para os próximos anos.

Os últimos indicadores — queda da

confi ança, queda da infl ação, au-

mento do desemprego na Alemanha

— reforçam esse pessimismo.Fonte: PÚBLICO/Reuters

Euribor a descer

0,2

0,3

0,4

0,5

Janeiro Setembro

Média mensal da Euribor a seis meses, arredondada à milésima, em %

O,2

sionadas para o número de processos

sorteados e outras subdimensiona-

das”. Ainda assim, não recua na in-

tenção. É que, no extremo oposto de

administradores de insolvência como

Jorge Calvete e Francisco Areis Du-

arte, estão profi ssionais como Fran-

cisco Barreirinhas, que foi nomeado

para apenas três casos desde o início

do ano. “Agora fi camos todos em pé

de igualdade”, remata.

O PÚBLICO questionou o Ministé-

rio da Justiça sobre o tema, mas não

obteve resposta a todas as questões

— nomeadamente ao pedido de con-

fi rmação sobre o arranque do novo

sistema. A tutela de Paula Teixeira da

Cruz referiu apenas que, “conside-

rando que este estatuto conta com

pouco mais de um ano de vigência,

afi gura-se ainda prematuro retirar

conclusões sobre o novo regime de

nomeação dos administradores judi-

ciais. Não obstante, pela importância

que esta temática reveste, será uma

das questões que o Ministério da Jus-

tiça irá avaliar”.

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Page 18: Publico 01out.2014.Gigatuga

18 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

REUTERS

FMI diz que a Alemanha não está a corrigir os desequilíbrios externos

Os desequilíbrios mundiais ao nível

das contas externas reduziram-se

de forma muito signifi cativa desde

o início da crise fi nanceira interna-

cional, mas subsiste uma excepção:

os países da zona euro com elevados

excedentes, muito especialmente a

Alemanha.

A análise é feita pelo Fundo Mo-

netário Internacional nos capítulos

analíticos do seu relatório semestral

sobre a economia mundial publica-

dos ontem.

O FMI destaca três zonas do globo

onde, antes da crise, se verifi cavam

desequilíbrios elevados — tanto sob

a forma de défi ces externos pronun-

ciados, como de excedentes exter-

nos exagerados —, mas que agora

apresentam uma situação muito

mais saudável. Nos Estados Unidos,

estima o Fundo, o défi ce externo dos

Estados Unidos, em percentagem do

PIB mundial, foi reduzido a menos

de metade. De forma ainda mais

rápida, os países com défi ces eleva-

dos da zona euro (como Portugal)

passaram a registar excedentes. E

os países asiáticos com elevados ex-

cedentes, como a China e o Japão,

reduziram também de forma signi-

fi cativa o seu saldo positivo com o

exterior.

Olhando para os dois principais

actores destes desequilíbrios, pode-

se verifi car que, em percentagem do

PIB de cada país, o défi ce externo

dos EUA passou de 5,8% para 2,4%,

enquanto o excedente da China caiu

de 8,3% para 1,9%.

Diferentes caminhosA tendência, no entanto, não foi

universal. O FMI avisa que “os de-

sequilíbrios continuam a ser eleva-

dos entre as economias exceden-

tárias europeias”. A Alemanha é

o grande exemplo. Ultrapassou a

China como o país do mundo com

o maior excedente externo em ter-

mos absolutos, com um valor total

equivalente a 0,37% do PIB global.

Em percentagem do PIB alemão,

este indicador passou de 6,3% pa-

ra 7,5%.

O FMI aconselha estas economias

como a Alemanha a “tomar passos

para reequilibrar o crescimento, in-

cluindo em alguns casos através da

subida do investimento público”.

Um dos problemas associado à

existência de países com elevados

excedentes como a Alemanha, é

que, para os países com défi ces e

dívidas externas elevadas, fi ca mais

difícil corrigir a sua situação. Por

exemplo, se a Alemanha não con-

sumir mais, Portugal tem mais di-

fi culdade em fazer crescer as suas

exportações, a melhor forma que

tem de assegurar uma correcção

duradoura da sua balança com o

exterior.

Esta questão é, para o FMI, deci-

siva, uma vez que a correcção re-

gistada nos últimos anos no défi ce

dos países da periferia europeia não

pode ser ainda considerada como

uma tendência sustentável. O Fundo

lembra que “uma grande parte do

ajustamento nos desequilíbrios foi

conseguida graças a uma redução da

procura nos países defi citários”. Foi

o que aconteceu em Portugal, onde a

redução dos salários e o aumento do

desemprego fez diminuir o consumo

e o investimento, o que, por sua vez,

fez cair as importações e, assim, o

défi ce externo.

Problema da periferia A correcção do défi ce externo feita

desta forma tem inconvenientes: “O

papel signifi cativo de uma procura

mais fraca e dos diferenciais no cres-

cimento nos desequilíbrios globais

tem estado associada em muitas eco-

nomias com custos elevados, sob a

forma de desequilíbrios internos

crescentes.”

Aumenta também o risco de que

a melhoria do saldo com o exterior

não seja sustentada. “O alargamen-

to dos desequilíbrios internos, ao

mesmo tempo que os desequilíbrios

externos diminuíam, criou a preocu-

pação de que, sem novas mudanças

no perfi l da despesa, os desequilí-

brios externos possam outra vez

alargar-se, assim que os output gaps

[a diferença entre o estado actual da

economia e o que poderia ser com o

aproveitamento de todo o seu poten-

cial] se fecharem”, afi rma o FMI.

O Fundo diz que esse pode ser

particularmente o caso dos países

da periferia europeia, como Portu-

gal. Os conselhos dados são, con-

tudo, iguais aos dados no início do

programa da troika: “consolidação

orçamental” e “reformas estrutu-

rais”.

FMI, liderado por Lagarde, aconselha economias como a Alemanha a subir o investimento público

Fundo Monetário Internacional aconselha economia alemã a reduzir os seus excedentes e avisa que a correcção dos défi ces externos em países como Portugal pode não ser sustentável

Economia mundial Sérgio Aníbal

FMI quer mais investimento público em infra-estruturas

Conhecido por ser o organismo internacional que mais defende uma política de prudência orçamental,

o FMI advoga agora, perante o cenário de crescimento lento que se vive no globo, que chegou a hora de apostar no investimento público em infra-estruturas como a forma de relançar as economias. Para o FMI, “a hora é a certa para um esforço adicional ao nível das infra-estruturas”. E explica porquê: “Os custos dos empréstimos estão baixos, a procura é fraca nas economias avançadas e há entraves ao nível das infra-estruturas em muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.” No relatório, o FMI discute a questão que mais vezes se coloca quando se fala de investimento público: será que o seu efeito positivo na economia compensa o aumento do nível de endividamento a suportar pelo Estado? O FMI

considera que sim, se algumas condições forem cumpridas.

Em primeiro lugar é preciso que as taxas de juro estejam baixas e que um país registe uma falha de procura que esteja a limitar o crescimento da economia. Na actual conjuntura, é isso que sucede na maior parte das economias avançadas. Depois é necessário que se saiba muito bem que infra-estruturas são de facto precisas e qual a melhor forma de as fazer. “Para economias com necessidades de infra-estruturas claramente identificadas, onde os processos de decisão do investimento público são eficientes e onde existe uma falta de procura e de estímulo monetário, existem argumentos fortes para aumentar o investimento público em infra-estruturas”, conclui o FMI.

O fundo vai ainda mais longe e diz que os dados registados em economias avançadas “sugerem que um aumento do

investimento público financiado por dívida pode ter um efeito mais forte no PIB do que um investimento que seja neutral do ponto de vista orçamental, com ambas as opções a garantir reduções semelhantes no rácio de dívida no PIB”. Ainda assim, deixa avisos, alguns dos quais se podem aplicar a Portugal, onde o FMI tem vindo a defender nos últimos anos uma política de forte contenção orçamental, incluindo no investimento. “Não se pode interpretar isto como uma recomendação sem limites para um investimento baseado na dívida em todas as economias avançadas, uma vez que reacções adversas dos mercados — que podem ocorrer em alguns países já com um elevado nível de dívida pública ou onde os retornos do investimento em infra-estrutura seja incerto — podem aumentar os custos de financiamento e subir ainda mais a pressão na dívida.

Page 19: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | ECONOMIA | 19

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2014

PSI 20 INDEX 0,62 5740,50 330367923 5734,23 5775,95 5712,88 -3,13 -12,48ALTRI SGPS SA 3,04 2,31 587713 2,24 2,34 2,22 -7,90 2,95BANIF SA 1,27 0,01 77027364 0,01 0,01 0,01 -7,06 -23,81BANCO BPI SA -1,7 1,67 2732788 1,71 1,73 1,66 3,34 37,50BCP 1,07 0,10 226115209 0,10 0,10 0,10 -2,57 7,31CTT CORREIOS 0,42 7,70 579010 7,67 7,75 7,62 0,43 37,66EDP 0,76 3,46 7254716 3,44 3,48 3,44 -0,15 29,40EDP RENOVÁVEIS 1,46 5,49 455607 5,40 5,49 5,37 -2,75 42,19GALP ENERGIA -0,39 12,87 1192925 12,94 13,05 12,87 -4,30 8,02IMPRESA SGPS 1,58 1,16 72784 1,15 1,16 1,15 -5,47 6,24J. MARTINS SGPS -0,92 8,72 1221746 8,78 8,91 8,66 -5,49 -38,67MOTA-ENGIL 4,43 5,11 517825 5,05 5,13 4,96 -4,76 18,30NOS SGPS SA 1,9 4,77 1367825 4,74 4,80 4,65 -0,95 -11,59PT 0,42 1,67 5245564 1,67 1,70 1,64 -6,17 -47,28PORTUCEL 5,06 3,15 443925 3,03 3,18 3,03 -5,30 8,38REN 0,79 2,67 687199 2,65 2,69 2,64 -1,34 19,30SEMAPA 1 9,70 51268 9,73 9,84 9,59 -6,59 19,11TEIXEIRA DUARTE 1,18 0,86 26052 0,84 0,86 0,84 -4,08 -3,82SONAE 0,79 1,15 4788403 1,14 1,15 1,13 -5,24 9,44

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 226.115.209Banif 77.027.364EDP 7.254.716PT 5.245.564Sonae 4.788.403

Portucel 5,06%Mota Engil 4,43%Altri SGPS SA 3,04%

Banif -2,47%PT -1,83%Mota-Engil -1,51%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

3,00

3,25

3,50

3,75

4,00

1,2630,7789138,51

3,10691,2053

0,083%0,184%

94,341210,5

0,472%3,165%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

2900

3000

3100

3200

3300

4800

5550

6300

7050

7800

0,1700

0,2275

0,2850

0,3425

0,4000

0,62%1,22%

-0,08%

RAQUEL ESPERANÇA

Secretário de Estado Agostinho Branquinho enviou proposta

O Governo vai clarifi car as regras de

acesso ao Fundo de Garantia Salarial

(FGS), passando a abranger os traba-

lhadores de empresas com proces-

sos de recuperação aprovados ou em

Processo Especial de Revitalização

(PER). Em causa estão, de acordo

com os números apresentados pe-

la CGTP e pela UGT, perto de 6000

pessoas com salários ou compensa-

ções em atraso e que não podiam

recorrer a um mecanismo criado,

precisamente, para fazer face às di-

fi culdades dos trabalhadores quando

as empresas estão em situação eco-

nómica difícil.

A solução, há muito reclamada pe-

los parceiros sociais, consta de uma

proposta enviada ontem pelo secre-

tário de Estado da Segurança Social,

Agostinho Branquinho, aos sindica-

tos e às confederações patronais.

O documento a que o PÚBLICO te-

ve acesso adapta o regulamento do

FGS aos novos mecanismos de viabi-

lização de empresas em difi culdades,

pondo fi m a um problema que se co-

locava desde 2012. Como o FGS não

tinha sido adaptado ao novo enqua-

dramento, os serviços da Segurança

Social estavam a recusar os requeri-

mentos dos trabalhadores, sempre

que se tratava de uma empresa em

difi culdades que recorria ao PER ou

que tinha um plano de recuperação

aprovado. Em algumas situações, os

funcionários foram mesmo obriga-

dos a devolver os montantes pagos

pelo fundo e há casos a correr nos

tribunais a contestar a interpretação

que a Segurança Social estava a fazer

das regras de acesso ao FGS.

O entendimento dos serviços era

que, no caso das empresas em PER

ou com planos aprovados pelos cre-

dores, as dívidas aos trabalhadores

deviam ser pagas no âmbito desses

planos, não cabendo ao FGS avan-

çar com o dinheiro. Do outro lado

estavam os sindicatos e alguns ad-

vogados que destacavam a falta de

coerência dos serviços: o FGS era ac-

cionado quando uma empresa era

declarada insolvente e encerrava,

mas recusava-se a pagar os créditos

de uma empresa em recuperação.

Numa das primeiras sentenças a con-

Trabalhadores de empresas em recuperação com acesso ao Fundo de Garantia Salarial

ta. Actualmente o fundo tem de deci-

dir em 30 dias (embora na realidade

os trabalhadores tenham de esperar,

em média, seis meses até verem o

seu pedido aprovado ou recusado)

e no futuro passam a ser 60.

Ao mesmo tempo, faz-se uma ar-

ticulação entre o FGS e os fundos de

compensação do trabalho criados

recentemente e que têm competên-

cias semelhantes no que respeita ao

pagamento de compensações por

despedimento.

A proposta do Governo transpõe

ainda uma directiva europeia rela-

cionada com a protecção dos traba-

lhadores quando uma empresa entra

em insolvência noutro Estado-mem-

bro. Assim, o FGS passa a abranger

os trabalhadores que exerciam a sua

actividade em território nacional ao

serviço de uma empresa com acti-

vidade em dois ou mais Estados da

União Europeia e que foi declarada

insolvente por um tribunal de outro

Estado-membro.

O FGS é gerido pelo Instituto de

Gestão Financeira da Segurança So-

cial e foi criado com o objectivo de

assegurar aos trabalhadores o paga-

mento de créditos resultantes do con-

trato de trabalho ou da sua cessação

quando as empresas não os podem

pagar, por estarem em insolvência

ou numa situação económica difícil.

Em causa estão salários, subsídios de

férias, de Natal ou de alimentação e

indemnizações por cessação do con-

trato. O fundo paga parte destes cré-

ditos, para fazer face às necessidades

imediatas dos trabalhadores nestas

circunstâncias, e torna-se credor da

empresa. Um dos problemas do fun-

do, que é alimentado por verbas do

Orçamento do Estado, é a baixa taxa

de recuperação das dívidas junto das

empresas e que rondará os 6%.

denar a Segurança Social a pagar aos

trabalhadores, e que foi noticiada pe-

lo PÚBLICO, o Tribunal Administrati-

vo e Fiscal de Almada argumentava

que o recurso ao fundo não podia ser

indeferido pela “mera promessa de

pagamento” prevista num plano de

recuperação.

Agora, a proposta de diploma diz

claramente que, além das empresas

declaradas insolventes pelo tribunal

ou em processos de recuperação me-

diados pelo IAPMEI, passam também

a ser abrangidas as situações em que

a empresa está em “insolvência me-

ramente iminente”. Ou seja, as que

têm um PER ou as que têm planos

aprovados pelos credores.

Os problemas já tinham sido abor-

dados por diversas vezes nas reuni-

ões do conselho de gestão do FGS

e, em Julho, foram colocados em ci-

ma da mesa pela CGTP e pela UGT

durante uma reunião da Comissão

Permanente de Concertação Social.

Na altura, o secretário de Estado

mostrou-se disponível para analisar

o problema e comprometeu-se a par-

ticipar na reunião do FGS marcada

para ontem de manhã.

Contudo, Agostinho Branquinho

acabou por não comparecer. Mais

tarde, fonte do Ministério do Empre-

go e da Segurança Social justifi cou a

ausência com “questões relacionadas

com problemas de comunicação”,

mas garantiu que está agendada para

8 de Outubro uma reunião extraordi-

nária do conselho de gestão do fun-

do, onde o assunto será abordado.

As mudanças previstas na proposta

de decreto-lei não fi cam por aqui. A

proposta alarga de nove meses para

um ano o prazo para os trabalhado-

res poderem requerer a intervenção

do fundo e dilata também o prazo

que os serviços têm para dar respos-

SaláriosRaquel Martins

Governo apresenta proposta para resolver o problema de 6000 trabalhadores com salários e outros créditos em atraso

Page 20: Publico 01out.2014.Gigatuga

20 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

A prenda de aniversário que a República Popular menos queria

O Partido Comunista Chinês celebra 65 anos da fundação da República Popular da China, mas as manifestações em Hong Kong ensombram as festividades. Os activistas prometem continuar os protestos

CARLOS BARRIA/REUTERS

Nem a chuva, nem a trovoada afastaram os milhares de manifestantes que se concentram no centro de Hong Kong

Hoje é um dia de festa para o Parti-

do Comunista Chinês, que assinala

o 65.º aniversário da fundação da

República Popular. Mas quando em

Pequim, o Presidente, Xi Jinping, es-

tiver a assistir às festividades, a sua

mente irá estar certamente a mais

de dois mil quilómetros, em Hong

Kong — palco de um dos maiores de-

safi os ao poder em vigor na China

nas últimas décadas.

Nas imediações da sede do go-

verno local, ao início da noite de

ontem, milhares de pessoas junta-

vam-se às dezenas de milhares que

lá tinham permanecido durante o

dia e aguardava-se com expectativa

o feriado nacional. A violência da

noite de domingo — em que a polícia

lançou gás-pimenta aos manifestan-

tes, causando dezenas de feridos —

não se repetiu e o ambiente é calmo

e de solidariedade, como contou ao

PÚBLICO, a partir de Hong Kong, o

realizador português António Con-

ceição. Os correspondentes do jor-

nal The Guardian notavam a pouca

presença policial durante o dia.

À medida que a noite se aproxima-

va, cada vez mais pessoas se junta-

vam no bairro de Admiralty, onde

se situa a sede do governo local. E

nem a chuva ou a trovoada que se

fi zeram sentir afastou os manifes-

tantes, que foram trazendo comida

e materiais para fazerem barreiras

de protecção, indicando que não há

planos para que a concentração seja

desfeita tão cedo.

Apesar de muito jovens — António

Conceição diz ao PÚBLICO que mui-

tos nem devem andar na faculdade

—, a tenacidade dos manifestantes

é inabalável. “Passámos mais de

uma semana ao sol e a resistir ao

gás-pimenta, podemos suportar a

chuva. Nada nos pode deter”, dizia à

AFP Choi, um estudante no primeiro

ano da universidade. Ao Guardian,

Lester Shum, líder de um dos movi-

mentos estudantis, disse não ter me-

do nem da polícia antimotim nem

do gás lacrimogéneo. “Não vamos

sair até [o chefe do governo] Leung

Chun-ying se demitir”, garantiu.

O próprio Leung admitiu, durante

um discurso, citado pelo South Chi-

na Morning Post que as manifesta-

reivindicação mais imediata dos

manifestantes, poderia assistir a

um enfraquecer do protesto. No en-

tanto, a saída do chefe do executivo

iria provocar o regresso ao regime

eleitoral anterior, o que poderia in-

cendiar os ânimos dos movimentos

pró-democráticos.

Xi poderia ainda acomodar os

desejos das ruas e estabelecer um

comité representativo das várias

sensibilidades políticas de Hong

Kong para a escolha dos candida-

tos às próximas eleições, em 2017.

Finalmente, há a possibilidade de

Pequim nada fazer, ou seja, man-

ter o rumo que tem previsto para o

processo eleitoral e apenas esperar

que o protesto não alastre a outras

zonas de Hong Kong e que acabe por

esmorecer.

“Nenhuma das opções é muito

atractiva para a liderança chinesa”,

avisa Elizabeth Economy, do Council

for Foreign Relations, uma vez que

“todas elas vêm com custos políti-

cos e económicos não insignifi can-

tes”. A mesma leitura é partilhada

por Larry Diamond, especialista da

Universidade de Stanford, que no-

ta que qualquer estratégia pacífi ca

requer negociações, o que obrigaria

Xi Jinping a fazer concessões. “Se

isso acontecer, ele iria parecer fra-

co, algo que claramente detesta”,

acrescenta Diamond, citado pelo

New York Times.

No centro de Hong Kong, entre-

tanto, ninguém sabe bem o que vai

acontecer depois do feriado nacio-

nal ou se aquilo por que estão a lutar

irá realmente chegar. O espírito do-

minante é sintetizado por António

Conceição: “Só o facto de isto estar

a acontecer já é uma grande vitória

e irá certamente ter consequências

no futuro, seja próximo ou mais

distante.”

Hong KongMaria João Guimarães e João Ruela Ribeiro

ções vão durar “um tempo relativa-

mente longo”. As ruas pedem a sua

demissão imediata, mas o dirigente

reafi rmou que pretende manter-se

no cargo: “Qualquer mudança de

pessoal antes que a instituição do

sufrágio universal seja alcançada irá

apenas permitir que Hong Kong con-

tinue a eleger o seu líder através do

modelo do comité eleitoral.”

O responsável referia-se à reforma

eleitoral aprovada em Agosto, que é

também um dos alvos das reivindi-

cações dos manifestantes. A nova lei

veio introduzir o sufrágio universal

para o líder do território autónomo,

mas as candidaturas têm de ser pre-

viamente aprovadas por um comité

próximo de Pequim, algo que, ale-

gam os manifestantes, impede uma

escolha verdadeira.

Para já, o Governo de Pequim

mantém “a total confiança” e o

“apoio incondicional” à gestão de

Leung, de acordo com um porta-voz

do Gabinete do Conselho de Esta-

do para Hong Kong e Macau, cita-

do pelo SCMP. Esta é, porém, uma

posição que pode mudar consoante

o rumo dos acontecimentos e, em

última análise, da leitura que Xi fi zer

dos protestos.

Vários analistas avançam pos-

síveis cenários para o Presidente

chinês lidar com a revolta em Hong

Kong. Um deles é a repressão vio-

lenta dos protestos, possivelmente

através do recurso ao Exército de

Libertação Popular. Esta é, para já,

uma hipótese pouco provável, não

só pela péssima repercussão inter-

nacional que teria, mas também pe-

la importância de Hong Kong como

praça fi nanceira de grande relevo,

estatuto que Pequim não quererá

perder. A demissão de Leung é uma

perspectiva mais realista do ponto

de vista de Xi, que, ao cumprir a

Page 21: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | MUNDO | 21

A troca de prisioneiros era uma das medidas previstas no acordo

A União Europeia (UE) decidiu on-

tem manter as sanções à Rússia por

causa da crise na Ucrânia, apesar dos

“desenvolvimentos encorajadores”

após o acordo de cessar-fogo assina-

do no dia 5 de Setembro.

As violações da trégua, em parti-

cular na região de Donetsk, levaram

os embaixadores da UE a afi rmarem

que “algumas partes relevantes do

protocolo precisam de ser devida-

mente aplicadas”, antes que se possa

discutir o levantamento das sanções

aplicadas à Rússia, disse Maja Koci-

jancic, porta-voz da ainda responsá-

vel pela política externa da UE, Ca-

therine Ashton.

“Ninguém falou sequer sobre essa

possibilidade, devido à situação no

terreno”, disse à Reuters um respon-

sável da UE não identifi cado. Ofi cial-

mente os líderes europeus falam em

“desenvolvimentos encorajadores”,

mas insufi cientes para permitirem

um alívio ou o fi m das sanções.

Para além disso, o futuro respon-

sável pela política de alargamento

da UE, Johannes Hahn, deixou cla-

ro ontem, durante a sua audição no

Parlamento Europeu, que qualquer

mudança em relação à Rússia “de-

pende da restauração da soberania

territorial da Ucrânia”.

Maja Kocijancic referiu-se espe-

cifi camente aos acordos de Minsk,

celebrados entre representantes

União Europeia mantém sanções contra a Rússia

das autoridades de Kiev e dos se-

paratistas pró-russos, nos dias 5 e

20 de Setembro. O principal ponto

do primeiro acordo foi um cessar-

fogo imediato; na ronda de nego-

ciações seguinte, as duas partes

acordaram o estabelecimento de

uma zona desmilitarizada de 30

quilómetros.

Apesar da existência de combates

esporádicos — os mais graves na zona

do aeroporto de Donetsk, de onde os

separatistas tentam expulsar solda-

dos do Exército ucraniano —, o ces-

sar-fogo e o lento recuo do armamen-

to pesado de ambas as partes têm

contribuído para um menor número

de mortes nas últimas semanas.

As sanções da UE — que se juntam

às dos EUA e às de países como a Aus-

trália, a Noruega e o Japão — foram

aplicadas pela primeira vez na se-

quência da anexação da península

ucraniana da Crimeia pela Rússia,

em Março. Desde Março, a UE e os

EUA aprovaram três rondas de san-

ções, começando com a proibição de

viagens e congelamento de bens nos

seus territórios de cidadãos russos e

ucranianos acusados de terem con-

tribuído para a crise na Ucrânia.

Em Abril, as sanções foram alar-

gadas a algumas empresas russas,

e em Julho chegaram a alguns dos

gigantes dos principais sectores

da economia da Rússia, como a

Rosneft, a Novatek ou o banco Ga-

zprombank. Já em Setembro, os

EUA incluíram também na sua lista

de sanções o maior banco russo, o

Sberbank, e uma das maiores em-

presas de armamento, a Rostec.

Em Agosto, Moscovo baniu a im-

portação de produtos alimentares de

países da UE, dos EUA, da Noruega,

do Canadá e da Austrália durante

um ano.

MARKO DJURICA/REUTERS

UcrâniaAlexandre Martins

Bruxelas considera que falta ainda cumprir algumas partes importantes dos acordos assinados entre Kiev e os separatistas

O aumento do número dos que mor-

rem afogados no Mediterrâneo, ao

tentarem chegar à Europa, não é

apenas o resultado do agravamento

da instabilidade no Médio Oriente,

nem da degradação da situação na

Líbia. É também efeito das políticas

europeias, denunciou a Amnistia In-

ternacional, que defende um reforço

dos meios de busca e salvamento.

Desde o início do ano, mais de

2500 pessoas provenientes do Nor-

te de África morreram afogadas ou

desapareceram no Mediterrâneo, se-

gundo uma estimativa da organiza-

ção de defesa dos direitos humanos,

constante de um relatório divulgado

ontem. Na véspera a Organização In-

ternacional para as Migrações calcu-

lou em mais de três mil o número

de mortos no mar entre a África e a

Europa, desde Janeiro.

“Não conheceremos nunca o nú-

mero exacto de vítimas, porque mui-

tos dos corpos fi cam desaparecidos

no mar”, constata a Amnistia, que

acusa a União Europeia de passivida-

de e associa o aumento do número

de imigrantes mortos no mar ao pro-

gressivo encerramento das fronteiras

terrestres e à falta de vias legais e se-

guras para a entrada de imigrantes

e refugiados.

A divulgação do relatório Vidas à

deriva. Refugiados e migrantes em pe-

rigo no Mediterrâneo acontece quan-

do passa um ano sobre a morte de

cerca de 400 mortos ao largo da ilha

italiana de Lampedusa.

A Amnistia aplaude o esforço da

Itália, que lançou a operação Mare

Nostrum e destacou uma importante

parte da sua Marinha para operações

de busca: “Em 2014, mais de 130 mil

refugiados e migrantes atravessaram

ilegalmente as fronteiras meridionais

da Europa por mar. Foram pratica-

mente todos apoiados pela Marinha

italiana.”

Mas a Itália já anunciou a intenção

de pôr fi m à operação, em Novem-

bro. A Comissão Europeia anunciou

que planeia lançar a denominada

“operação Triton”. Mas fonte euro-

peia citada pela AFP disse que seria

um “complemento, não uma substi-

tuição” da Mare Nostrum.

Amnistia pede meios para salvar imigrantes

MediterrâneoJoão Manuel Rocha

“Não conheceremos nunca o número exacto de vítimas, porque muitos dos corpos ficam desaparecidos no mar”

Um dia depois da suspensão do re-

ferendo soberanista catalão pelo

Tribunal Constitucional (TC), a situ-

ação política continua marcada pela

incerteza. Os analistas catalães não

escondem o seu cepticismo sobre a

possibilidade de realização da con-

sulta e também não mostram grande

optimismo sobre uma revisão cons-

titucional a curto prazo. A “terceira

via”, um novo pacto político que con-

temple uma parte das reivindicações

catalãs, não se anuncia fácil.

O governo de Barcelona, presidi-

do por Artur Mas, anunciou ontem

a suspensão da sua “campanha ins-

titucional” para a consulta de 9 de

Novembro (9-N) sobre a soberania

da Catalunha, a título “cautelar e

temporário”. Respeita formalmente

a decisão TC. Ao mesmo tempo, pro-

mete “promover iniciativas legais

destinadas a permitir que os cida-

dãos possam votar no 9-N, “porque

a partida não acabou, muito pelo

contrário”. Por sua vez, a Assem-

bleia Nacional Catalã (ANC), a or-

ganização unitária suprapartidária

que tem dinamizado a campanha

soberanista, apelou aos cidadãos

para que protestem nas ruas.

Francesc Homs, conselheiro (mi-

nistro) da presidência e porta-voz

do governo catalão, anunciou que

o gabinete de Mas e o parlamento

autonómico apresentarão alegações

Suspenso o referendo catalão, procura-se um pacto entre PP e PSOE

junto do TC em defesa da constitu-

cionalidade da “lei das consultas”,

aprovada a 17 de Setembro para dar

cobertura legal ao referendo.

O presidente do Governo, Maria-

no Rajoy, esteve no Senado. Repetiu

a argumentação da véspera. “As leis

não se violam, mudam-se.” Subli-

nhou que a Generalitat (o governo

de Barcelona) não tem competência

para convocar referendos sobre um

tema que afecta a soberania nacio-

nal. Questionado pelo PSOE sobre

uma revisão constitucional, respon-

deu: “Pode fazer-se uma reforma,

mas devemos ser prudentes.” De

resto, “reformar a Constituição não

é a prioridade do Governo”, antes a

recuperação económica.

A difícil “terceira via”A chamada “terceira via”, que tem

o apoio da maioria da população

catalã e pressupõe um pacto entre

o Partido Popular (PP) e o PSOE, é

possível, mas difícil de concretizar,

resume Enric Juliana, director ad-

junto do La Vanguardia, de Barce-

lona. Uma “reforma substantiva”

da Constituição seria mais viável

na actual legislatura, em que o PP

e o PSOE dispõem de uma maioria

superior aos dois terços necessários,

no Congresso dos Deputados e no

Senado, do que na próxima legis-

latura em que se prevê uma muito

maior dispersão partidária.

“Não será fácil obter um consen-

so depois do Natal e na véspera das

municipais. É uma via muito estrei-

ta, mas não de todo impossível. (...)

Há que dar atenção, nas próximas

semanas, às conversas entre o PP e

o PSOE por trás dos bastidores.

A estratégia de imobilismo de

Rajoy “alimenta o soberanismo

catalão”. Que signifi ca a pequena

abertura que fez na segunda-feira?

“Vem aí um 2015 muito complica-

do”, previne Juliana.

A fi lósofa Victoria Camps, pro-

fessora jubilada da Universidade

Autónoma de Barcelona, não crê

que haja uma decisão de ruptura.

“Aconteça o que acontecer, nem os

soberanistas verão realizadas as su-

as expectativas, nem os unionistas

se sentirão felizes. Que o desenlace a

todos deixe insatisfeitos não é, con-

tudo, uma má coisa. Importante é

que não haja nem perdedores, nem

ganhadores absolutos.”

Lembra que a Catalunha está divi-

dida. E avisa os soberanistas: “Não

pode ser bom, nem seguramente de-

mocrático, que metade dos eleitores

decidam construir um país estranho

à outra metade.”

CatalunhaJorge Almeida Fernandes

A questão na ordem do dia é saber se há margem para negociar uma revisão constitucional que resolva o problema da Catalunha

Manifestação em Barcelona

Page 22: Publico 01out.2014.Gigatuga

22 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

BULENT KILIC/AFP

Milhares de habitantes de Kobani atravessaram a fronteira nos últimos dias, refugiando-se na Turquia

A aviação aliada atacou duas posi-

ções do Estado Islâmico junto a Koba-

ni, no Norte da Síria, mas os jihadis-

tas continuam a apertar o cerco aos

guerrilheiros curdos que defendem

a cidade. Os combates estão a agra-

var a tensão junto à fronteira com a

Turquia e mostram as limitações da

ofensiva aérea liderada pelos EUA pa-

ra mudar o equilíbrio de forças, tanto

na frente síria como no Iraque.

“O Estado Islâmico está a dois ou

três quilómetros de Kobani, há ape-

nas um vale que separa os jihadistas

da cidade”, disse à AFP Rami Abdel

Rahmane, director do Observatório

Sírio dos Direitos Humanos, o mes-

mo que horas antes anunciara que

na noite de segunda para terça-feira

“a coligação americano-árabe” tinha

largado bombas sobre duas posições

dos radicais, uma a leste, a outra a

oeste da localidade.

Não foram os primeiros ataques

na zona, mas tal como os anteriores

parecem ter surtido pouco efeito so-

bre a situação no terreno. Os radi-

Ataques aéreos não aliviam cerco a cidade curdano Norte da Síria

cais conquistaram um punhado de

aldeias nos arredores e na segun-

da-feira, pela primeira vez numa

semana, os seus rockets atingiram

o centro de Kobani.

“As forças curdas estão a defender-

se com o que têm à mão para evitar

um massacre, mas, se o Estado Islâ-

mico entrar na cidade, vai destruir

tudo e chacinar a população”, disse

à Reuters, a meio da tarde de ontem,

Saleh Muslim, líder do partido curdo

sírio PYD, revelando que os pedidos

que fi zeram a americanos e europeus

para o envio de armas caíram em sa-

co roto. “A Turquia e outros países

estão a colocar obstáculos, porque

não querem que os curdos sejam

capazes de se defender sozinhos”,

afi rmou o responsável.

Apesar de a aproximação dos

jihadistas colocar em risco as suas

fronteiras, Ancara continua muito

reticente em juntar-se à coligação

internacional, receando que a sua

própria guerrilha curda saia revita-

lizada desta mobilização. Amanhã

o Parlamento turco deverá aprovar

uma moção para autorizar o Exército

a intervir na Síria e no Iraque, caso

a segurança nacional seja posta em

causa, e um jornal próximo do Go-

verno adiantou que o país colocou

dez mil soldados em alerta.

Mas responsáveis governamen-

tais disseram à Reuters que é pouco

provável que se materialize uma in-

tervenção nos países vizinhos, ex-

plicando que a Turquia continua à

espera que os EUA se comprometam

com uma estratégia política de lon-

go prazo para a região, abrangendo

tanto o derrube do regime sírio de

Bashar al-Assad como a estabilização

do Iraque.

No Iraque, as forças curdas lan-

çaram ofensivas em várias frentes,

aproveitando o desgaste provocado

pelos ataques aéreos americanos pa-

ra tentar reconquistar terreno perdi-

do para os jihadistas. Durante a tarde

anunciaram ter reconquistado Ra-

bia, cidade no Norte do país que faz

fronteira com a Síria e que tem sido

fundamental para os jihadistas trans-

portarem homens e materiais de um

país para o outro. No entanto, a AFP

garantia que continuava a haver com-

bates na zona e que os peshmergas

tinham sofrido pesadas baixas.

Os mesmos sinais de impasse che-

gam de outras zonas do Iraque, noti-

ciou o The Independent, sublinhando

que, apesar dos ataques aéreos, os

radicais continuam a uma hora de

carro de Bagdad e o Exército não tem

sido capaz de montar uma resposta

à altura da ameaça. Exemplo disso,

adianta o jornal britânico, é o Estado

Islâmico ter conquistado no dia 21

uma base às portas de Falluja (Oes-

te), depois de uma semana de cerco

sem que o Governo tenha sido capaz

de enviar reforços e munições para

a unidade, situada a pouco mais de

64 quilómetros da capital.

Estado IslâmicoAna Fonseca Pereira

Forças curdas reocupam cidade na fronteira entre o Iraque e a Síria, mas tornam-se claros os limites da campanha aérea

É o maior processo judicial aber-

to contra extremistas islâmicos na

Bélgica, o país europeu que tem,

por comparação com a sua popu-

lação, mais jihadistas a combater

na Síria e Iraque. Ao todo, são 46

arguidos acusados de pertencerem

a um “grupo terrorista” que faz apo-

logia da violência e recrutou com-

batentes para organizações como o

Estado Islâmico.

O julgamento, num tribunal de

Antuérpia (Norte) colocado sob

fortes medidas de segurança, é o

primeiro directamente relacionado

com o envio de combatentes para

a Síria, e arranca uma semana de-

pois de o Conselho de Segurança

das Nações Unidas ter aprovado

uma resolução que obriga os Esta-

dos a adoptar medidas para estan-

car o fl uxo de jovens recrutas que

nos últimos anos se juntaram aos

jihadistas.

Os serviços secretos calculam que

haja entre 12 e 15 mil estrangeiros a

combater nas fi leiras dos radicais

na Síria e no Iraque, dos quais três

mil são detentores de passaportes

europeus, e Bruxelas admite que

400 têm nacionalidade belga.

Sinal dessa mobilização é o facto

de apenas oito dos 46 arguidos te-

rem estado presentes no início do

julgamento em Antuérpia e a procu-

radoria diz ter informações de que

Grupo radicalbelga julgado por recrutar jihadistas para a Síria

os restantes estão a combater, ou

terão já morrido, na guerra da Síria.

Entre os presentes em tribunal es-

tá Fouad Belkacem, o alegado líder

do grupo Sharia4Belgium, criado

em 2010 naquela cidade do Norte

da Bélgica, com o propósito de de-

fender a instauração da lei islâmica

no país. Rapidamente se tornou co-

nhecido pelas declarações provo-

catórias e por manifestações que

terminaram em confrontos com a

polícia. Em 2012, o grupo dissolveu-

se, mas terá continuado a trabalhar

na clandestinidade, recrutando, se-

gundo a acusação, pelo menos 10%

de todos os belgas que foram com-

bater para a Síria.

Na abertura do julgamento, a pro-

curadora Ann Fransen reconstituiu

o historial do grupo, que acusou de

“incitação à violência”, de produ-

zir e divulgar vídeos de conteúdo

salafi sta, e de fazer declarações

atentatórias contra a democracia.

“O objectivo do Sharia4Belgium

é o de derrubar o Estado belga e

substituí-lo por um Estado islâmico.

A participação na luta armada [na

Síria] constitui um meio para alcan-

çar esse fi m”, afi rmou a magistrada

na segunda sessão do julgamento,

em que pediu uma pena de 15 anos

de prisão para Belkacem.

Antes do início do julgamento,

o líder radical publicou uma carta

na imprensa em que afi rma “nunca

ter recrutado, incitado ou enviado”

combatentes para a Síria.

No entanto, no banco dos réus

senta-se um jovem, agora com 19

anos, que assegura que o dirigente

radical exercia grande infl uência so-

bre aqueles que, como ele, foram

lutar contra o regime de Bashar al-

Assad. Jejoen Bontinck, um belga

convertido ao islão, passou oito me-

ses na Síria antes de ser “retirado”

pelo pai, que agora acusa o grupo

liderado por Belkacem de ter feito

lavagem cerebral ao fi lho.

O jovem acabou por ser preso na

Síria pelos radicais, que o acusaram

de ser espião, e alega ter estado de-

tido juntamente com James Foley, o

primeiro jornalista norte-americano

que o Estado Islâmico decapitou, no

mês de Agosto.

A organização jihadista divulgou,

entretanto, um terceiro vídeo de um

outro jornalista britânico que man-

tém sequestrado e que tem usado

para enviar mensagens ao Ociden-

te. Nas novas imagens, John Cantlie,

raptado há quase dois anos na Síria,

lê uma mensagem em que é criticada

a estratégia norte-americana de ata-

ques aéreos contra o grupo radical.

Terrorismo

É o primeiro processo do género na Bélgica, país que terá 400 cidadãos a combater nas fileirasdos radicais islâmicos

Bontinck esteve 8 meses na Síria

Page 23: Publico 01out.2014.Gigatuga

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las.

sexta3 Outubro

Chegou o quarto filme da colecção Indie Specials: Fome. Mais do que uma biografia de Bobby Sands, o activista do IRA, que em 1981 fez greve de fome,o filme revela-nos a realidade chocante do quotidiano dos prisioneiros e o que acontece quandoo corpo e mente são levados ao limite. Não perca este filme desconcertante de Steve McQueencom a interpretação magistral de Michael Fassbender. Não perca, quinzenalmente com o Público.

Page 24: Publico 01out.2014.Gigatuga

24 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Guilherme BoulosContra uma “sociedade segregadora e assassina”, o “radical pode ser razoável”

Guilherme Boulos é o rosto da luta popular à esquerda de Lula e Dilma. Coordena o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que durante o Mundial protagonizou uma das acções de protesto de maior impacto internacional – a “Copa do Povo”

Taboão da Serra fi ca a

uns trinta minutos de

carro de São Paulo.

Desorganizada e

“lotada”, como

se esperaria de

uma localidade

periférica num país

tão desigual como

o Brasil, a cidade é

progressivamente mais modesta à

medida que nos vamos afastando

da capital estadual. Jardim Salete

fi ca quase no fi m do caminho,

quase em Embu das Artes. É um

bairro pobre.

Mas está a melhorar. A

construção de um condomínio de

16 prédios de nove andares, que

está a chegar ao fi m, vai ajudar a

tirar muitas famílias da situação

de habitação precária em que

se encontram. O projecto é do

Movimento dos Trabalhadores

Sem Teto (MTST), que ocupou o

terreno, conseguiu reivindicá-lo

junto das autoridades e a seguir se

encarregou da obra.

Quando o PÚBLICO chegou

à sede do MTST, no mesmo

bairro, os activistas — que são

também os moradores — estavam

a assistir, alguns comovidos, a

um vídeo sobre esta vitória. Uma

entre outras. Na noite anterior,

tinham ocupado outro terreno

no Morumbi, onde os receberam

com tiros para o ar. Meses antes,

durante o Mundial de futebol,

protagonizaram uma ocupação

que lhes deu ressonância

internacional — a “Copa do Povo”,

da qual saíram vencedores, terreno

na mão.

Falámos com Guilherme

Boulos, da coordenação nacional

do MTST, uma das organizações

de contrapoder mais activas no

país. Licenciado em Filosofi a pela

Universidade de São Paulo, com

32 anos, é o rosto do movimento.

Critica os governos do PT,

tanto de Lula da Silva como de

Dilma Rousseff , por não serem

sufi cientemente de esquerda. Mas

também sabe elogiar. No fundo,

imobiliária. A Constituição Federal

brasileira exige que tenham função

social. O direito à propriedade

não é absoluto. Precisa servir

à sociedade. Quando as terras

não cumprem função social,

estão numa situação ilegal. E o

movimento busca fazer cumprir

essa lei.

E a estrutura organizativa?

Tem vários tipos de coordenação

colectiva – não tem presidente. E se

esforça para construir um trabalho

colectivo, tanto na base como na

direcção, da coordenação dos

apartamentos e das ocupações às

coordenações regionais, estaduais

e nacional. São colegiados.

Boa parte dos dirigentes eram

trabalhadores sem-tecto que

entraram numa ocupação

buscando casa.

Quantos prédios ocupam neste

momento?

O MTST privilegia ocupação

de terrenos urbanos. Outros

movimentos mais locais ocupam

bastantes prédios. O número geral

de ocupações é o que ninguém

tem. Nós temos um levantamento

mínimo do número do MTST,

e mesmo nacionalmente isso

é precário. No estado de São

Paulo, temos 18. Outras cinco no

Distrito Federal [Brasília], algumas

em Fortaleza, Rio de Janeiro e

Pernambuco. A força maior é São

Paulo, Distrito Federal e Ceará.

Preocupam-se com o perfi l do

proprietário quando ocupam

terrenos?

O movimento busca combater

a especulação imobiliária. Não

vamos ocupar o terreninho do Seu

João de 500 metros quadrados,

um cara que herdou um espólio,

de classe média-baixa e família

trabalhadora – isso não faz o

menor sentido dentro da lógica

do movimento, que é combater

peixe grande. O movimento ocupa

essencialmente terreno de grandes

empresas do sector imobiliário e

da construção, que são os grandes

proprietários de terra urbana no

Brasil, e terras endividadas, que

não pagam IPTU [imposto predial

territorial urbano].

Como reagem os proprietários?

Chamam a polícia?

diz, o que quer é que se cumpra

a lei.

O que é o MTST?

É um movimento de luta por

moradia digna e reforma urbana,

que surgiu em 1997. Na época

muito ligado ao Movimento [dos

Trabalhadores Rurais] Sem-Terra,

que fez essa luta no campo. O

MTST trouxe esse debate para a

cidade. Hoje, 85% da população

brasileira é urbana. O problema da

terra da cidade se agravou muito. O

MTST surgiu com a perspectiva de

democratizar o acesso a terra e a

moradia. E ao mesmo tempo lutar

por uma nova lógica. A cidade

brasileira, e a latino-americana,

é extremamente segregada. Tem

uma separação rigorosa entre

centro e periferia, entre pobre e

rico, muros sociais muito claros.

Quem são as pessoas que

integram o movimento?

Na base, cerca de 50 mil famílias

de trabalhadores sem-tecto.

É o maior movimento urbano

do Brasil. É organizada por

ocupações de terras que estavam

sendo usadas pela especulação

EntrevistaHugo Torres

Page 25: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | MUNDO | 25

No Brasil, temos um problema

sério. A Polícia Militar é

extremamente violenta e

repressiva. Nos despejos, isso

acontece de forma drástica. As

famílias, além de perderem suas

casas, são aviltadas, agredidas.

O maior cúmplice é o poder

judiciário. O judiciário consegue

ser o mais conservador dos

três poderes. O legislativo é

conservador. Assim como o

executivo. No entanto, de quatro

em quatro anos tem controlo

social. O judiciário, não. É o poder

mais elitizado e preconceituoso

do Brasil. Dá despejo

automaticamente. Não busca saber

se o proprietário exercia a função

social da propriedade. Por vezes,

nem se o cara é proprietário.

Sem querer estereotipar, que

histórias de vida se encontram

no movimento?

Tem-se uma ideia que o sem-

tecto é um morador de rua. Não

é verdade; é uma mitifi cação. O

Brasil tem 5,8 milhões de famílias

em défi ce habitacional. Mais de

20 milhões de pessoas não têm

onde morar. Não estão nas ruas.

Estão pagando aluguéis que não

conseguem mais pagar. A família

ganha 900 reais e paga 600 de

aluguel. Essa é uma situação muito

frequente. Muitas vezes têm de

optar entre pagar o aluguel ou

comprar comida. Várias famílias

moram numa única casa – de favor

em casa de parente, em cómodo

de fundo. E famílias que moram

em favelas e áreas de risco. Essa é

a condição geral das famílias que

actuam no MTST.

E você, como chegou ao

movimento?

Pela via da militância. A

proposta do movimento não

é só de moradia. O MTST luta

por uma transformação social.

Entende a moradia como um

facto importante, a luta pela

reforma urbana e a mudança das

relações de poder. Esse projecto

não é só dos sem-tecto. Há

pessoas que são militantes, que

vêem no MTST uma alternativa

importante, grande, mobilizadora.

Os partidos de esquerda, aqui e

em boa parte do mundo, estão

muito desconectados do povo.

Fazem debates muito distantes

da realidade. Entrei no MTST por

acreditar que uma transformação

social vem da base, dos

trabalhadores mais pobres e da sua

acção popular.

A sua coluna na Folha de São Paulo dá expressão adicional

ao movimento. Acha que

ajuda também a normalizar

o movimento e a retirá-lo da

marginalidade?

Há uma tentativa permanente

de desmoralização. É uma coisa

impressionante. A elite brasileira é

muito atrasada. Sequer conseguiu

viver integralmente com a

democracia. É muito autoritária,

quer da democracia o que lhe

interessa — o livre mercado,

as liberdades individuais —,

mas o direito de manifestação,

de mobilização popular, de

resistência, ainda é inaceitável.

Tem espaços como a coluna

na Folha que mostram que o

movimento não surgiu do nada

querendo destruir a todos. Ao

contrário: tem posições coerentes,

questiona as contradições

dessa sociedade e é a expressão

dessas contradições. Isso ajuda

a trazer um sector da sociedade

a uma certa solidariedade. Mas

não temos ilusões de criar um

consenso social.

Defi niria as vossas exigências

— e vontades — como

razoáveis ou radicais?

O radical pode ser razoável. As

reivindicações do MTST são mais

do que razoáveis: pedimos que

se cumpra a Constituição. Não

pedimos socialismo, revolução.

Pedimos que se cumpra a função

social da propriedade, que se

garanta o direito a moradia digna

que é assegurado no artigo 5.º

da Constituição Federal, que

se garanta as condições básicas

de igualdade que a legislação

brasileira assegura. Nada mais do

que o razoável. Realismo passa

também por ter perspectivas,

sonhos e posições radicais,

sim, porque o que está aí é uma

sociedade segregadora, assassina,

que destrói a vida de milhões em

nome da riqueza de milhares.

Falando em realismo,

argumentava recentemente

na Folha que se as famílias

morassem de facto nas casas

ou terrenos ocupados isso

acarretaria o risco de gerar

novas favelas.

Não queremos que as pessoas

saiam de uma condição de

moradia precária para ir para

outra. Queremos uma moradia

dentro de um planeamento

urbano com serviços públicos,

qualidade educacional,

uma moradia digna. Isso é

dever do Estado brasileiro. O

movimento ocupa terras para

pressionar o capital imobiliário

e o Estado, e obter programas

habitacionais regularizados, e

não a favelização. O curioso é que

a imprensa brasileira acredita

que inventou a roda quando

vai a um acampamento e diz:

“Ninguém mora aqui, isto é uma

farsa”. As pessoas não moram

de facto nas ocupações porque

a gente inclusive o impede. As

pessoas devem fi car nas suas

condições precárias, até terem

uma moradia digna. Se elas forem

para as ocupações com tudo o

que têm, não tem como frear,

como controlar esse processo de

favelização.

O que pensa sobre o programa

Minha Casa Minha Vida

[MCMV]?

É uma faca de dois gumes. Por

um lado, foi o maior programa

habitacional da história do

Brasil para moradia popular.

O Brasil não tinha nenhum

programa habitacional federal

relevante. Tinha o BNH [Banco

Nacional de Habitação], que a

ditadura militar criou e acabou

na década de 1980, e que era

NACHO DOCE/REUTERS

O movimento busca combater a especulação imobiliária. Não vamos ocupar o terreninho do Seu João

Page 26: Publico 01out.2014.Gigatuga

26 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

voltada essencialmente para a

classe média. O MCMV apareceu

com um diferencial positivo:

não é baseado na lógica de

fi nanciamento, que não atende

a quem mais precisa. 70% do

défi ce habitacional brasileiro

são famílias que ganham menos

de três salários mínimos.

Alguém que está nessa condição

não tem como comprovar

capacidade de pagamento e

pegar um fi nanciamento. A única

possibilidade é com subsídio

estatal. Desse ponto de vista, o

MCMV trouxe um certo avanço.

É preciso reconhecer. Por outro

lado, não foi feito para resolver o

défi ce habitacional brasileiro. Foi

feito para resolver o problema de

liquidez do capital da construção

civil, depois da crise do estouro

da bolha de 2008 nos EUA.

Como?

As grandes empresas da

construção no Brasil entraram

em pânico. Todas elas tinham

capital aberto na bolsa de

valores. Foram bater na porta

do Presidente Lula. E o Lula

lançou um programa de 33 mil

milhões de reais. De quebra,

tratava a questão habitacional.

Mas o MCMV não resolve o

défi ce. A lógica é dar lucro para

as empreiteiras. Por isso, produz

moradias ruins, pequenas e mal

localizadas. O que prevalece é a

lógica de lucro das construtoras,

não a de qualidade, localização,

bem-estar, planeamento urbano.

A prova de que não só não resolve

o défi ce como acaba expandindo

a especulação imobiliária é que,

em 2008, o número de famílias

que não tinham onde morar

era de 5,3 milhões. O MCMV foi

lançado em 2009 e já entregou

1,7 milhões de moradias. Mas,

em 2012, o défi ce habitacional

era de 5,8 milhões de famílias.

Aumentou. A cada moradia que

ele produzia geravam-se novos

sem-tecto. Pelo problema do

aluguel. A política habitacional

do governo não tocou na

especulação imobiliária.

É possível travar esse

aumento?

Uma medida só não é capaz,

naturalmente. O movimento

tem defendido algumas

medidas essenciais. Primeira:

uma nova lei do inquilinato

com regulação do mercado

imobiliário, controlo do reajuste

de aluguel urbano. Não dá para

uma questão como aluguel, tão

importante socialmente, fi car

apenas nos critérios da lei de

mercado. O proprietário decide

especulativamente aumentar, a

família não pode pagar, tem de ir

embora para um lugar pior.

Pode aumentar

discricionariamente?

Sim. Não tem limite legal de

reajuste nem de novos contratos.

É preciso uma lei que estabeleça

como tecto do reajuste de aluguel

o índice infl acionário. Isso ocorreu

no Brasil noutras épocas. Ocorreu

em outros países. Somos muitas

vezes acusados de comunismo e

isso está longe de ser comunista. É

regulação com que o capitalismo

conviveu ao longo de toda a sua

história. Outra medida importante

seria fazer cumprir o estatuto

da cidade. O Estado tem de ter

mecanismos para incidir no valor

da terra. O estatuto da cidade

permite que, se o proprietário

está com a terra ociosa, vai pagar

cinco anos de IPTU progressivo. Se

não construir depois desses cinco

anos, o Estado pode tomar a terra

pagando com títulos da dívida

pública.

Não acontece hoje?

Hoje, a desapropriação é quase

um benefício para o proprietário

porque é paga em valor de

mercado. É preciso fortalecer

o mecanismo que se chama

desapropriação-sanção, que é

com título da dívida pública. Outra

medida que achamos importante

para conter o valor do aluguel

é a política de locação social,

que existe em vários lugares da

Europa. O Estado adquire prédios

e terrenos na região central e

faz um aluguel subsidiado. Ou

seja, controla o valor de mercado

por baixo. Quando faz aluguel

subsidiado, incide sobre o

mercado como um todo.

A “Copa do Povo” teve impacto

internacional. Foi a grande

vitória do movimento até

agora?

Foi uma grande vitória, sem

dúvida. Conseguimos comprar o

terreno pelo MCMV para atender

aquelas famílias. Mas conseguimos

outras no mesmo processo. Foi

criada uma comissão federal de

prevenção de despejos forçados.

Foram feitas mudanças para

priorizar o Minha Casa Minha Vida

Entidades. Hoje, menos de 2%

de todas as unidades entregues

pelo MCMV foram pelo Entidades,

mas é uma semente interessante.

Tira a fi gura da construtora e o

movimento faz a gestão directa

da obra. Isso é impressionante.

Esta obra onde nós estamos,

com o mesmo recurso que as

construtoras estão fazendo 39

metros quadrados, no Entidades

estamos fazendo 63 com três

dormitórios. Com o mesmo

dinheiro. Porque você tira a lógica

da rentabilidade e transforma o

que seria lucro em qualidade e

aumenta os apartamentos.

Sentem que têm uma voz na

defi nição de políticas públicas

para a habitação?

Ainda é muito baixa. Quem

tem voz de verdade é o sector

imobiliário. É o que de facto molda

a política brasileira. Por conta

dessa lógica perversa da relação

de fi nanciamento de campanha

eleitoral com compromisso de

governo. É um sector muito

poderoso. Recebeu muito dinheiro

público. Não só pelo MCMV,

mas também pelo Programa de

Aceleração do Crescimento e

pelo banco de fomento. Hoje,

o sector imobiliário tem mais

força de que em qualquer outro

momento da história do país.

Temos conseguido minimamente

estabelecer um contrapeso.

Como está a ver esta campanha

presidencial?

Um cenário muito difícil. O ruim

contra o menos ruim. A Marina

[Silva], para se viabilizar, segue

o velho caminho de se mostrar

confi ável para o sector fi nanceiro.

As propostas dela são aberrantes.

Ela pretende políticas sociais e

ao mesmo tempo uma política

económica neoliberal. Não dá

para fazer círculo quadrado. A

Presidente Dilma não representa

uma alternativa popular. Não

governou para a maioria. Muito

embora tenha mantido uma

política económica menos a gosto

do mercado fi nanceiro — mas

também não foi uma política de

combater o capital, de maior

regulação, de ampliar direitos —,

tem difi culdade de diálogo com o

sector organizado da sociedade.

O cenário para nós é muito

difícil, entre as principais

candidaturas. Tem candidaturas

de esquerda, como a da Luciana

Genro do PSOL, que se identifi cam

com o movimento. A Luciana

Genro veio nos ouvir, colocou

as propostas do MTST [no seu

programa eleitoral]. Só que,

pela forma como se organiza

o sistema político brasileiro,

onde o poder económico é o

que prevalece nas eleições,

sabemos que não tem muita

alternativa. Não estamos vendo

boas perspectivas e acreditamos

que a mudança real, as reformas

populares que o Brasil precisa

vão ser obtidas partindo de

uma reforma política. Com esse

sistema eleitoral, com modelo

de fi nanciamento privado das

campanhas, difi cilmente vamos

conseguir ter candidatos com

condições de vitória e que ao

mesmo tempo representem um

projecto popular.

Que reformas podem ser

feitas?

No sistema político em

particular, o ponto básico é

o fi nanciamento público de

campanha eleitoral – que neste

momento é privado. Porque vai

diminuir de forma considerável

o principal gatilho da corrupção

e da apropriação privada do

Estado pelas grandes empresas.

Mas não pára por aí. Tem de ter

mecanismos de participação

popular maior. Tem de ter

mecanismos de controlo dos

mandatos, tanto no executivo

como no legislativo. Essa

mesma reforma política tem

de comportar uma reforma

do judiciário, um grau de

controlo social do judiciário, de

controlo público. Garantir uma

participação mais expressiva

de mulheres e negros, que

são permanentemente sub-

representados na democracia

brasileira.

Quotas?

Quotas, sim.

Quais são os problemas que

afectam o Brasil que deveriam

ser priorizados neste próximo

mandato presidencial?

A pauta dos trabalhadores

é a das reformas populares

que são travadas no Brasil há

décadas. Tem de ter um governo

que busque de facto fazer

mudanças em favor da maioria,

da distribuição de renda e da

igualdade social. Precisaria

pautar reforma urbana, reforma

agrária, reforma política,

reforma tributária progressiva,

imposto sobre grandes fortunas,

democratização dos meios de

comunicação, desmilitarização

das polícias e uma mudança

radical na política económica,

que passe por uma auditoria da

dívida pública e uma revisão

de prioridades no orçamento

brasileiro, acabar com o

superavit primário, que é uma

aberração neoliberal. Um

programa que englobe essas

medidas seria um programa de

governo popular.

www.publico.pt/ano-grande-do-brasil

O movimento ocupa terras para obter programas habitacionais regularizados, não a favelização

PEDRO LADEIRA/AFP

Page 27: Publico 01out.2014.Gigatuga
Page 28: Publico 01out.2014.Gigatuga

28 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Para Kiluanji Kia Henda, a cidade é uma miragem

KILUANJI KIA HENDA

Rusty mirage (the city skyline), de Kiluanji Kia Henda. Fotografias de esculturas realizadas no deserto de Al Zaraq, na Jordânia

Com um relevante percurso inter-

nacional — foi fi nalista do BES Photo

em 2011, fez já várias exposições em

Portugal, individuais e colectivas —,

o angolano Kiluanji Kia Henda, 35

anos, regressa agora a Lisboa com

A City Called Mirage, inaugurada na

Galeria Filomena Soares, onde estará

até 29 Novembro.

O seu trabalho interroga o mun-

do hoje, com um cunho tão políti-

co quanto poético, fecundado de

humor. Não lhe interessa um pon-

to de vista documental, mas ma-

nipular o que é documental para

que isso possa ser usado nas suas

narrativas.

É um contador de histórias. Nes-

ta exposição refl ecte sobre as cida-

des, divididas entre a desertifi cação

e quimeras de virtualização, pro-

movendo relações entre deserto e

arquitectura. “Este trabalho come-

ça com uma fi xação no deserto, a

partir de várias viagens que realizei

pelo Namibe, em Angola”, diz-nos,

acrescentando que para esta expo-

sição foi importante “a paixão pela

arquitectura” e “encontrar manei-

ras de falar das novas cidades”. “Foi

daí que surgiu a ideia de trabalhar

com estruturas em ferro que re-

metem para a ideia de cidade, mas

quase vazias. Vislumbramos torres e

outras obras de grande atrevimento

tecnológico, mas a cidade não fun-

ciona. Tem um lado decorativo. É

um postal.”

Artista de circulação global, Kilu-

anji Kia Henda faz parte de uma nova

geração de criadores angolanos que

não faz depender da nacionalidade

a legitimação da sua actividade, em-

bora esteja atento ao que se passa no

seu país. Integrou, por exemplo, a

colectiva do ano passado dedicada à

nova arte angolana, No Fly Zone, que

esteve no Museu Berardo em Lisboa,

ao lado de artistas como Edson Cha-

gas, Yonamine ou Nástio Mosquito.

Diz que, durante a guerra em An-

gola, muita gente da sua geração foi

estudar para os mais diversos locais

do mundo. Hoje muitas dessas pes-

soas estão a regressar. Entre elas, al-

guns artistas. “É imprevisível saber o

que esperar dessas pessoas, porque

têm referências diferentes e estive-

ram em locais diversos”, afi rma.

Uma coisa é certa: para todos eles

o mercado internacional continua a

ser determinante, porque Angola ain-

da está “num processo de formação

de público ou de novos colecciona-

dores, e isso leva tempo”, refl ecte.

“Mas desde sempre, independente-

mente de Angola, percebi que uma

das formas de o meu trabalho crescer

é ser apresentado em vários contex-

tos.” Agora, em Lisboa.

Um dos artistas angolanos de maior circulação internacional inaugurou uma nova exposição em Lisboa, A City Called Mirage, interrogando as grandes cidades, tão desertas quanto virtuais

Exposição Vítor Belanciano

um programa deliberado. “Acaba

por fl uir, porque tem também a ver

com a forma narrativa como gosto

de contar as coisas e ajuda-me a

encontrar metáforas”, afi rma, ao

mesmo tempo que se revela pouco

apologista de um discurso direc-

to. “Gosto de pensar na arte como

esse espaço que posso manipular,

porque está num campo que é o da

fi cção. E, por outro lado, em certos

trabalhos conceptuais o humor é

também uma forma de fazer entrar

as pessoas no trabalho.”

Como tem acontecido no passado

recente, os trabalhos expostos não

possuem formatos claramente deli-

mitados. São ao mesmo tempo foto-

grafi as e esculturas, performance e

vídeo, fi cção e registo documental.

Um dos exemplos desse enfoque

múltiplo é Rusty mirage (the city

também para as ruínas da própria

cidade.”

Numa dessas deambulações pelo

deserto, deparou-se com um letrei-

ro de metal enferrujado onde se lia

“Miragem”. Foi a partir daí que tu-

do se desencadeou. A palavra viria

a tornar-se símbolo e ponto de par-

tida para uma série de trabalhos,

com a cidade do Dubai a servir de

alavanca, embora pudesse ser Sin-

gapura ou Luanda, por exemplo.

O Dubai, ainda assim, talvez seja

o território que melhor sintetiza o

aspecto ilusório da miragem. Nu-

ma das peças, Kiluanji Kia Henda

recorre mesmo ao humor, propon-

do um manual de instruções para

criar uma espécie de Dubai parti-

cular em casa.

“São pequenas instalações que fi z

em casa a partir da ideia de artifi cia-

lidade”, refl ecte ele. “A Palm Island

que fi z com fósforos e coloquei na

pia é tão artifi cial como a verdadeira

Palm Island do Dubai. Ironizo com

os limites da artifi cialidade, ao mes-

mo tempo que exponho um para-

doxo, porque tudo o que está nesta

peça é íntimo e pessoal, da casa de

banho à cozinha, e para mim o Du-

bai é uma cidade longe dessa escala

íntima. Fora da escala humana, in-

clusive. Então trouxe isso tudo para

dentro de casa.”

O humor que alguns dos seus

trabalhos exibem não constituiu

skyline), fotografi as de esculturas

realizadas no deserto de Al Zaraq,

na Jordânia.

Um novo desertoO deserto interessa-lhe pela dimen-

são fi ctícia. Pela aparente ausência de

História. Por ser uma espécie de folha

em branco. E pelos possíveis parale-

lismos com os vazios das sociedades

contemporâneas. “Se somássemos

as casas vazias que existem na Euro-

pa, na China ou em novas cidades de

África e da América do Sul, estaría-

mos perante um novo deserto”, ri-se.

Daí decorrem interrogações sobre

arquitectura e bolhas imobiliárias.

“É que hoje a habitação tornou-se

numa mercadoria e muitas vezes um

espaço vazio torna-se mais rentável

do que se estiver habitado, o que aca-

ba por ser muito perverso”, afi rma.

Na actualidade, diz, concebem-se

cidades inteiras sem existir grande

trabalho de refl exão sobre as espe-

cifi cidades dos lugares. “No fi m de

contas, o que está em causa são os

modelos de desenvolvimento que de-

sejamos para as nossas sociedades.

E quando pensamos nas cidades é

ainda mais agressivo, porque não es-

tamos a falar de uma tendência que

contamina uma cidade: estamos a

falar da criação da própria cidade.”

A questão é que essas cidades

acabam muitas delas por não ter vi-

da urbana. “São cidades, em parte,

O deserto interessa-lhe pela dimensão fi ctícia. Pela aparente ausência de História. Porser uma espéciede folha embranco

Page 29: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | CULTURA | 29

ENRIC VIVES-RUBIO

Jordi Savall regressa à Sala Suggia com o concerto Istambul

A Casa da Música está em obras de

manutenção e de “lavagem da cara”

do edifício de Rem Koolhaas. Mas

não é por essa razão que hoje, Dia

Mundial da Música, vai andar pelas

ruas do Porto a cantar e a menear

a mensagem da efeméride. Vozean-

do é mais uma iniciativa do Serviço

Educativo, que este ano elegeu a voz

como tema para a jornada de envolvi-

mento com a população. Uma cente-

na de estudantes de escolas do Gran-

de Porto, acompanhados por alguns

pais e divididos por quatro grupos

corais, a partir das 10h, vão entrar

no metro e percorrer vários espaços

públicos da cidade.

“Pedi-lhes que sejam festivos e

subversivos, distribuindo por quem

passa um reportório original”, ex-

plicou ontem Jorge Prendas, res-

ponsável pelo Serviço Educativo,

na apresentação da programação do

último trimestre do ano da Casa — e

simultaneamente da agenda 2014-15

daquele serviço, que acompanha o

calendário lectivo.

Ao fi nal da tarde (19h), os coralistas

amadores reúnem-se para um fi nal

de festa na Sala Suggia, “desenhando

coreografi as de som”.

Mas a principal novidade do tri-

mestre será o regresso das noites lon-

gas na Casa, agora em formato reno-

vado e com nova chancela mecenáti-

ca. O Optimus Clubbing passa a NOS

Club, apresentando como inovação a

realização simultânea de concertos

na Sala Suggia e na Sala 2 (entrada a

12 euros, em cada), “com igual aposta

na qualidade, mas servindo públicos

diferentes”, explicou António Jorge

Pacheco, director artístico da Casa da

Música. No resto, a noite continuará

longa com música e DJ a animar os di-

ferentes espaços, assinalando-se tam-

bém o regresso das conversas com

Álvaro Costa, que na primeira noite

NOS Club, no próximo dia 11, dará

“a Bowie o que é ainda de Bowie”.

O brasileiro Rodrigo Amarante e

a banda canadiana Holy Fuck são as

atracções estrangeiras desta noite,

fi cando a Sala 2 reservada aos portu-

gueses Paus e Linda Martini. Até ao

fi m do ano — “e ainda em regime ex-

perimental”, diz Pacheco —, haverá

Noites longas da Casa da Música regressam com novo formato

um segundo Club, com o nigeriano

Bombino e The Legendary Tigerman

como cabeças de cartaz.

A restante programação dá se-

quência ao Ano Oriente, que irá “con-

taminar” parte dos ciclos da estação:

À Volta do Barroco, Ciclo de Piano e

Outono em Jazz, além dos concertos

das estruturas residentes.

Entre os destaques da temporada

da Orquestra Sinfónica do Porto, o

director artístico sublinhou a vin-

da à cidade do violinista e maestro

norte-americano de origem japonesa

Joseph Swensen (18 Out.) a dirigir um

programa que inclui dois Requiem: de

Benjamin Britten, uma encomenda

“secreta” do Governo do Japão ainda

antes da Segunda Grande Guerra; e

de Toru Takemitsu, dedicado às ví-

timas de Hiroxima.

A 1 de Novembro, a Sinfónica será

dirigida pelo húngaro Peter Eötvös,

Artista em Associação este ano na Ca-

sa, que, para além de uma obra sua,

Atlantis, fará a estreia portuguesa do

Concerto para piano e orquestra de

Harrison Birtwistle, uma das várias

encomendas da instituição.

A 12 de Dezembro, o maestro Chris-

toph König faz a sua despedida do

Porto após dois mandatos à frente da

Sinfónica Casa da Música, dirigindo

um programa que inclui uma peça de

Luís Tinoco e a Sinfonia n.º 4 de Mah-

ler — a partir de Janeiro, a orquestra

será dirigida pelos maestros Baldur

Brönnimann e Leopold Hager.

O Remix Ensemble regressa à Sala

Suggia já este sábado, para a estreia

mundial da peça encomendada à

jovem compositora portuguesa em

residência Ana Seara, Sinestesias,

e também para a primeira audição

duma peça do jovem compositor

chinês Huang Ruo. As sonoridades

do Extremo Oriente estarão de volta,

a 18 de Novembro, com o Remix a

interpretar Elegias Chinesas, de An-

tónio Chagas Rosa, e Snags&Snarls,

da sul-coreana Unsuk Chin, também

compositora residente.

O Coro e a Orquestra Barroca vão

cruzar-se no festival À Volta do Bar-

roco (2 a 16 de Novembro), que terá

como momento forte a estreia em

Portugal do teclista e maestro japo-

nês Masaaki Suzuki, à frente do seu

Bach Collegium Japan; mas também

o regresso de Jordi Savall, com o seu

programa Istambul e as tradições mu-

sicais do Médio Oriente.

No Ciclo de Piano, há três intérpre-

tes do Leste: a ucraniana Valentina

Lisitsa, que António Jorge Pacheco

refere ser “o maior fenómeno mun-

dial de popularidade ao nível da mú-

sica clássica na Internet, com mais de

30 milhões de visualizações no You-

Tube”, vem tocar Bach, Schumann,

Brahms e Rachmaninoff (21 Out.); o

russo Nikolai Lugansky, Schubert e

Liszt (23 Nov.); e a sua compatriota

Elizabeth Leonskaja estreia-se na Sala

Suggia interpretando Schubert.

Nota ainda para a 2.ª edição do Ou-

tono em Jazz (10 a 22 Out.), com cin-

co concertos, abrindo com o Nicola

Conte Jazz Combo e fechando com

um concerto duplo “made in Brasil”,

com o Jaques Morelenbaum Cello

Samba Trio e o Ed Motta Quartet.

MúsicaSérgio C. Andrade

Na programação do quarto trimestre, regressa a música do Oriente, o jazz no Outono, À Volta do Barroco e o... Club

Numa sala sem lugares sufi cientes

para todos os jornalistas, fotógrafos

e convidados, Luís Buchinho apre-

sentou uma colecção para a Prima-

vera/ Verão 2015 que quis transmitir

uma ideia de leveza e voltou a mar-

car o posicionamento que quer para

a sua marca: a internacionalização.

“Crescer, crescer cada vez mais” e

“desbravar caminho” é o seu dese-

jo, disse-o no fi nal do desfi le, ante-

vendo que “os próximos seis meses

vão ser ainda mais intensos a nível

comercial”.

O carimbo de qualidade dado,

também, pela participação na se-

mana da moda de pronto-a-vestir

de Paris tem funcionado e a mar-

ca já tem clientes espalhados por

12 países e, neste momento, além

do showroom na capital francesa,

decorre um em paralelo na China

e há um a ser pensado para a Aus-

trália.

Também na imprensa internacio-

nal, o eco começa a ser maior — no

fi nal do desfi le, vários foram os jor-

nalistas franceses que rodearam o

criador português —, “especialmen-

te nas revistas de passerelle, é uma

colecção que está a ser cada vez

mais divulgada”, explica o criador

aos jornalistas. E embora desenhe

tudo o que lhe apetece, há directri-

Luís Buchinho teve a sua Happy Hour em Paris

zes que tem de seguir — “de quem

percebe das vendas”, diz. “A mulher

portuguesa gosta muito de cor”, já

a estrangeira “não tem um padrão,

é muito variada”, acrescenta, ainda

sem planos para uma colecção para

homem.

A colecção Primavera/Verão

chama-se Happy Hour e foi apre-

sentada ontem na Biblioteca Na-

cional de França. Tem tons sorvete

e cores inspiradas nas dos cocktails:

verdes a fugir para o azeitona e tons

fortes como a framboesa dos frutos

silvestres. É uma nova incursão de

Buchinho no terreno das sobrepo-

sições, ele que as costuma trabalhar

em várias estações “principalmente

nas de Inverno”, como referiu. Há

materiais estruturados, como tafe-

tá de seda, malha de viscose, seda,

rendas e organzas que resultam

num “jogo complexo, revelador e

muito gráfi co”. Uma colecção feita

a pensar na imagem das manequins

na passerelle, onde grande parte das

peças não estão prontas para sair

para as lojas. “Não é uma colecção

comercial, de todo”, afi rma. Para

as lojas as peças vão ser adaptadas:

“com menos pernas de fora”, menos

transparências, menos decotes.

Há 15 anos a apresentar em Paris,

Luís Buchinho prefere dizer que a

vinda à Cidade-Luz acontece real-

mente só a partir de 2010. “Agora

tenho a minha hora, o meu espaço.

Dantes era uma montra de várias

pessoas, agora tenho o cunho da

individualidade”, defende, salien-

tando o apoio do Portugal Fashion,

sem o qual era “inviável” fazer este

percurso que inclui a participação

em vários showrooms e feiras inter-

nacionais.

Com um orçamento de 700 mil

euros por semestre, o Portugal

Fashion — mais conotado com a in-

dústria têxtil mas que sempre aco-

lheu moda de autor — está a cres-

cer. A notoriedade de nomes como

Luís Buchinho e Fátima Lopes tem

sido canalizada “em favor de uma

imagem diferenciada de toda a fi -

leira da moda nacional”, explica ao

PÚBLICO Rafael Rocha, director de

comunicação do Portugal Fashion.

“A indústria ganhou competitivida-

de com o design moderno, diferen-

ciador e fashionable aportado pelos

criadores de moda”, acrescenta.

As criações de Buchinho seguem

agora rumo ao Porto, para apre-

sentação na 35.ª edição do Portu-

gal Fashion.

Moda Inês Garcia, em Paris

No segundo – e último – dia da participação portuguesa na semana da moda de Paris, o criador apresentou uma colecção cheia de leveza e tons suaves

O Serviço Educativo celebra hoje o Dia Mundial da Música com quatros coros a animar as ruas do Porto

O PÚBLICO viajou a convite do Portugal Fashion

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30 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

O futuro comissário Moedas quer pôr as empresas a investir em ciência

Na audição de ontem de Carlos Mo-

edas, poder-se-ia dizer que fomos

de Beja para o mundo, graças à de-

mocracia e à União Europeia. No re-

gresso dessa viagem a uma Europa

pós-troika, Moedas diz que é agora

necessário incentivar as empresas

a apostar na ciência e — de acordo

com os objectivos da Comissão Eu-

ropeia — fomentar assim o emprego

e o crescimento económico. O ex-

secretário de Estado português, in-

digitado comissário europeu para a

Investigação, Ciência e Inovação pe-

la Comissão do luxemburguês Jean-

Claude Juncker, respondeu ontem

de manhã aos deputados do Parla-

mento Europeu (PE) durante quase

três horas. E passou este teste.

Além de se assumir um europeísta

convicto e prometer muito diálogo

futuro com o PE, Carlos Moedas dis-

se que iria tentar encontrar políticas

que fomentassem as pequenas e mé-

dias empresas a apostar na ciência

e na inovação — um impulso funda-

mental, segundo o político, para que

a média do produto interno bruto

(PIB) europeu aplicado em ciência se

aproxime da meta dos 3%. “Temos

de criar formas inovadoras e inven-

tivas para darmos mais incentivos ao

investimento dos privados”, referiu.

Além disso, prometeu, em inglês,

que o seu foco seria “delivery, deli-

very and delivery”, ou seja, “resulta-

dos, resultados e resultados” como

disse que fez nos últimos três anos no

Governo de Pedro Passos Coelho.

De resto, pouco mais fi cou a saber-

se sobre o destino dos 80.000 mi-

lhões de euros do programa europeu

de ciência Horizonte 2020, a aplicar

no período 2014-2020, que sucede

ao Sétimo Programa-Quadro de In-

vestigação. Mesmo a declaração que

fez durante a audição, dizendo que

“muitas vezes” discordou da política

de austeridade da troika em Portu-

gal, que monitorizou como secretá-

rio de Estado adjunto do primeiro-

ministro Passos Coelho, Carlos Mo-

edas garantiu que não era novidade.

“Não é a primeira vez que digo que

não estou de acordo com a troika”,

referiu numa conferência de impren-

sa após a audição. Exemplos dessa

discordância? Em relação aos cortes

nos salários: “A minha fi losofi a sem-

pre foi a da inovação e da produti-

vidade.”

E, no entanto, o comissário indi-

gitado para a ciência fez parte do

Governo que tem sido muito con-

testado pela comunidade científi ca

devido aos cortes no fi nanciamento

da investigação e à sua política cien-

tífi ca, e que agravou a queda do PIB

português gasto em investigação. De

2009 para 2010, o PIB caiu de 1,64%

para 1,59% — ainda no Governo so-

cialista de José Sócrates —, e para

1,52% no ano seguinte, já com o exe-

cutivo de Passos Coelho. Em 2012,

voltou a descer para 1,50% (o valor

de 2013 ainda não é conhecido).

Mas foram os cortes nas bolsas

individuais de investigação que

levaram à contestação pública da

política científi ca portuguesa: em

2012, atribuíram-se 1198 bolsas de

doutoramento, que em 2013 baixa-

ram para 399. Já as bolsas de pós-

doutoramento passaram de 667, em

2012, para 438, em 2013, ano em que

também se atribuíram pela primeira

vez 431 bolsas para programas de

doutoramento. O resultado fi nal é

assim de um total de 1865 bolsas em

2012 contra 1268 em 2013.

Na audição, a eurodeputada do

Bloco de Esquerda Marisa Matias foi

céptica quanto à futura prestação de

Carlos Moedas como comissário eu-

ropeu, já que, defendeu, o novo car-

go está “nos antípodas” da política

de cortes do Governo português.

“Foi muito difícil, foram sacrifí-

cios enormes, sempre reconheci a

dureza do programa”, respondeu-

lhe Moedas. “Portugal estava num

momento em que precisava de

mostrar a sua credibilidade àque-

les que deram dinheiro”, insistiu,

acrescentando: “Muitas vezes estive

em desacordo com a troika.” Mas

para Carlos Moedas, o seu traba-

lho deu provas: “Sou uma pessoa

que apresenta resultados e no Ho-

rizonte 2020 é importante ter uma

pessoa que apresenta resultados.”

Ouvido ontem no Parlamento Europeu, Carlos Moedas deixou para trás um Governo que aplicou a austeridade da troika. A isso respondeu: “Muitas vezes estive em desacordo com a troika”

Comissão EuropeiaNicolau Ferreira, em Bruxelas

Só a 22 de Outubro é que se saberá

se os 27 candidatos da Comissão de

Jean-Claude Juncker vão passar a co-

missários. Nessa altura, haverá uma

votação pelo Parlamento Europeu

de Estrasburgo.

“A minha história europeia”Antes, entre 29 de Setembro e 7 de

Outubro, cada um dos comissários

indigitados é ouvido pela respectiva

comissão do Parlamento Europeu:

há uma votação para cada um deles

por parte da comissão parlamentar,

que não tem a última palavra, mas

isso é um indicador forte daquilo

que poderá acontecer a 22 de Outu-

bro. Se há um comissário rejeitado

ao longo do processo, então Juncker

terá de escolher outra pessoa para

a pasta, que terá de passar por esta

audição.

Carlos Moedas não fazia parte dos

candidatos a comissários polémicos.

A defesa que fez ontem na comissão

parlamentar da Indústria, Investiga-

ção e Energia foi bem-vista e à tarde,

nos corredores do Parlamento Eu-

ropeu de Bruxelas, já se sabia que a

votação tinha sido favorável ao por-

tuguês. Houve votos contra, como

do Grupo Confederal da Esquerda

Unitária Europeia/Esquerda Nórdica

Verde, onde estão os eurodeputados

Marisa Matias e João Ferreira, este

eleito pela CDU.

“A minha história é uma história

europeia”, contou Carlos Moedas

quase no início do discurso que fez,

antes de se iniciarem as perguntas na

audição. O social-democrata nasceu

em Beja em 1970, e tirou Engenha-

ria Civil no Instituto Superior Téc-

nico, em Lisboa, “graças a um siste-

ma de ensino que a democracia fez

com que fosse inclusivo e aberto”,

defendeu na audição. Em 1993, foi

para Paris no primeiro ano do pro-

grama Erasmus, um “momento de-

fi nidor”. Mais tarde, esteve nos Es-

tados Unidos, onde completou um

MBA na Harvard Business School,

“Temos de criar formas inovadoras e inventivas para darmos mais incentivos ao investimento dos privados”, defendeu Carlos Moedas na audição para comissário europeu. E prometeu “resultados, resultados e resultados” como disse que fez no actual Governo a que pertenceu

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PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | CIÊNCIA | 31

Possíveis confl itos de interesses, au-

tonomeações e suspeitas de apoio a

medidas de restrição democrática

ou discriminação serão alguns dos

pontos que vão levar alguns dos co-

missários indigitados a ser questio-

nados pelos eurodeputados.

Um dos nomeados em que se põe

a questão do confl ito de interesses

com mais premência é Jonathan

Hill, que vai ser questionado hoje.

O britânico trabalhou a fazer lobby

para empresas da City, promoven-

do interesses de várias empresas de

serviços fi nanceiros como o banco

HSBC, e no seu papel de comissá-

rio para os Serviços Financeiros

será responsável por defender os

cidadãos europeus face às empre-

sas fi nanceiras, diz o diário El País.

“É como pôr a raposa a guardar o

galinheiro”, comentou o alemão

Sven Giegol, dos Verdes. Para ten-

tar tornar a sua nomeação mais

aceitável, parte das competências

irá passar para a pasta da Justiça.

Hill irá ainda ser questionado por

ter uma pasta essencial ao euro e

pertencer a um país que não aderiu

à moeda única.

Ainda hoje, mas da parte da tar-

de, surge outro potencial confl ito

de interesses que será abordado na

sessão de Miguel Arias Cañete, o es-

panhol que fi cará encarregado da

Os comissários que vão estar sob fogo dos eurodeputados

pasta da Acção Climática e Energia.

Acabou de vender as suas acções

em duas empresas petrolíferas, mas

a sua família mantém mais de 70%

de ambas.

Segue-se ainda o húngaro Tibor

Navracsics, com a pasta da Educa-

ção, Cultura, Juventude e Cidada-

nia, do partido de Viktor Órban e

muito próximo do polémico pri-

meiro-ministro. Navracsics deverá

ser questionado, por exemplo, pe-

la sua participação na elaboração

de uma lei dos media que corta a

liberdade de imprensa, com uma

autoridade de regulação politizada,

por exemplo.

Amanhã, Pierre Moscovici tam-

bém deverá esperar algum ques-

tionamento mais acutilante. Com

a pasta dos Assuntos Económicos

e Financeiros, o francês deverá

ser confrontado com o falhanço

do seu país cumprir as metas or-

çamentais.

No mesmo dia, o irlandês Phil

Hogan terá provavelmente de lidar

com acusações de que discriminou

uma família cigana enquanto esteve

no Governo do seu país.

Na próxima segunda-feira, já per-

to do fi nal do processo, surge um

caso peculiar — a antiga primeira-

ministra da Eslovénia, Alenka Bra-

tusek, que atribuiu a si própria o

cargo de comissária sem acordo do

Parlamento nacional nem do seu

sucessor no executivo. Alenka Bra-

tusek foi nomeada para a pasta da

União Energética e para ser uma das

vice-presidentes.

O Parlamento Europeu, depois da

vitória que foi impor ao Conselho

que o presidente da Comissão fosse

o candidato do grupo que venceu

as eleições para o Parlamento Eu-

ropeu — Jean-Claude Juncker, antigo

primeiro-ministro do Luxemburgo

e líder do Eurogrupo —, está num

momento de confi ança. Os poten-

ciais comissários são ouvidos in-

dividualmente, mas a Comissão é

depois aprovada ou reprovada no

seu conjunto. O Parlamento já con-

seguiu, com a ameaça de veto, que

alguns nomeados não chegassem a

assumir a pasta — foi o caso do ita-

liano Rocco Buttiglione, que tinha

feito declarações homofóbicas, na

primeira Comissão Barroso.

Maria João Guimarães

Grupo de Arraiolos lembra meta dos 3%

À hora a que Carlos Moedas respondia aos deputados no Parlamento Europeu, justificando a sua escolha

como comissário para a Ciência, nove Presidentes da República da União Europeia discutiam o tema, no seu país de origem. A reunião do Grupo de Arraiolos, que terminou ontem, em Braga, discutiu o papel da investigação na recuperação da economia e terminou com uma mensagem para o antigo secretário de Estado português: até 2020 tem a obrigação de garantir o cumprimento das metas do investimento no sector definidas no início do século.

Foi o Presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, quem recordou o compromisso assumido, em 2001, em Lisboa, pelos chefes de Estado e Governo da União Europeia, que apontava para um investimento de cada país em ciência de 3% do PIB, durante a década seguinte. “Não me lembro que alguém o tenha cumprido”, comentou Sauli Niinisto, antes de deixar um recado a Moedas: “O novo comissário tem obrigação de garantir que se cumpre o que então foi decidido.” No encerramento do 10.º encontro do Grupo de Arraiolos, o Presidente da República, Cavaco Silva, também se referiu à nomeação de Moedas. “Estou convencido de que fará um bom trabalho e ajudará a Europa a recuperar o atraso que ainda temos neste domínio em relação a muitos países”, afirmou, indicando os EUA, a Coreia do Sul e o Japão como os exemplos a seguir. Frisando a “relevância” deste debate numa Europa “que começa a sair da crise e a vislumbrar sinais de recuperação”, considerou o programa Horizonte 2020 e os seus 80.000 milhões de euros para a ciência, que Moedas vai gerir, como um momento de “viragem” para a Europa. Samuel Silva O espanhol Miguel Arias Cañete

tem ligações a petrolíferas

Carlos Moedas na sua audição ontem no Parlamento Europeu, em Bruxelas

que lhe permitiu estagiar e trabalhar

na Goldman Sachs, em Londres. Só

depois, já em 2004, voltou a Portu-

gal, onde fundou uma empresa de

investimentos.

Agora, vai gerir um orçamento

também defi nidor para a ciência

europeia. O programa Horizonte

2020 assenta em três pilares: desa-

fi os sociais, ciência excelente e lide-

rança industrial. Carlos Moedas disse

querer pôr o programa em prática o

mais “efi cientemente possível”. As

outras duas prioridades serão desen-

volver “o potencial da investigação,

da ciência e da inovação europeia”

e “defender o valor da excelência na

ciência e na investigação”.

Para João Ferreira, a retórica da

excelência é enganadora. “Justifi ca a

continuação e até o agravamento do

fosso científi co e tecnológico. Justifi -

ca que sejam países em difi culdade

como Portugal a fi nanciar a ciência

dos ricos. Isto é uma situação inacei-

tável”, defendeu o eurodeputado aos

jornalistas, referindo-se à questão

de Portugal ter dado mais dinheiro

para o bolo dos programas-quadro

europeus do que o dinheiro que foi

buscar a este bolo.

Na audição, Moedas desvalorizou

esta questão, explicando que actual-

mente já não é assim e que a União

Europeia é mais do que isso. “A Euro-

pa não é matemática, é a capacidade

de vermos a importância da ciência e

investigação na participação do futu-

ro europeu”, referiu, acrescentando

que uma grande mais-valia é a movi-

mentação dos cientistas portugueses

no espaço europeu.

“Profunda contradição”“O programa político prevê dirigir

milhões de fundos públicos para

parcerias público-privadas”, assim

explicou João Ferreira as razões pa-

ra o chumbo da sua parte a este co-

missário. Esse programa, especifi cou

ainda o eurodeputado da CDU, prevê

canalizar “para o sistema fi nanceiro

especulativo o dinheiro público diri-

gido à ciência”.

Por seu lado, Marisa Matias falou

de uma “profunda contradição”

entre o discurso do candidato e os

seus actos. “Foi o próprio Carlos Mo-

edas que referiu que foram os paí-

ses que melhor suportaram a crise

que tinham o sistema de ciência e de

inovação mais consolidado, mais de-

senvolvido, com maior investimento

público. Só não retirou daí nenhuma

conclusão, porque fez parte do Go-

verno que mais destruiu o sistema

científi co em Portugal”, disse aos

jornalistas.

O único elogio da oposição veio de

Carlos Zorrinho, que disse que Moe-

das estava “bem preparado”. Apesar

disso, o eurodeputado socialista está

expectante. “Perguntei-lhe se se ba-

teria para que não houvesse cortes

do orçamento no Horizonte 2020 e

sobre isso não respondeu”, lembrou

depois aos jornalistas, e anteviu um

braço-de-ferro entre a Comissão Eu-

ropeia e o Conselho Europeu, com-

posto pelos chefes de Estado e de

Governo dos países-membros. “De

manhã receberá um telefonema de

Jean-Claude Juncker a dizer ‘inves-

te, investe, investe’. Ao fi m da tarde,

Passos Coelho, que tem assento no

Conselho e não tem feito nada para

aumentar o investimento nesta área,

vai telefonar a dizer ‘corta, corta, cor-

ta’”, ironizou. “Vamos ver se Carlos

Moedas vai estar do lado de quem

investe ou de quem corta.”

YVES HERMAN/REUTERS

80.000milhões de euros é o orçamento que o futuro comissário europeu da Ciência terá à sua espera para a investigação e inovação na União Europeia, entre 2014 e 2020

O PÚBLICO viajou a convite do Parlamento Europeu

Page 32: Publico 01out.2014.Gigatuga

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COMARCA DESANTARÉM

Entroncamento - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1

Processo: 58/14.5T8ENT

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerida: Maria Elvira Monteiro MartinsFaz-se saber que foi distri-buída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria Elvira Monteiro Martins, com residência em domicílio: Rua Arnaldo da Silva, N.º 16, Entroncamento, 2330-052 Entroncamento, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 64719433

Entroncamento, 23-09-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Ana Madalena Gomes

O Ofi cial de JustiçaVítor Bento

Público, 01/10/2014

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ATÉ OS HERÓISSENTEM MEDOTHOR E CAPITÃO AMÉRICA:A ESSÊNCIA DO MEDO.Quando uma ameaça nova se perfila no horizontee Odin se preparar para incendiar a Terra para salvarAsgard, Thor, Capitão América e os Vingadores descobremque o seu mundo é agora o mundo do medo, e que terão defazer o sacrifício supremo para sobreviver.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIAEA CONSERVATÓRIO DE MÚSICA CALOUSTE GULBENKIAN

AVISOTorna-se público que se encontra aberto, pelo prazo de dez dias úteis a contar de 01/10/2014, o procedimento concursal para ocupação de dois postos de trabalho, para serviços de limpeza, em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo a tem-po parcial, com a duração de 4 horas diárias/contrato e termo a 12 de junho de 2015.Este concurso é válido para eventuais contratações que ocorram durante o ano escolar de 2014/2015.As condições de candidaturas e demais informações encontram-se afi xados na escola e na sua página eletrónica www.conservatoriodebraga.pt

Escola Artística Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, 1 de outubro de 2014.

A Diretora do Conservatório, Ana Maria F. P. Caldeira G. Ferreira

Público, 01/10/2014

NEG. PARTICULARINSOLVÊNCIA DE CANÁRIO E CANÁRIO

- COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO, LDA.Tribunal Judicial de Montalegre - Secção Única

- Proc. 474/13.0TBCBCPor determinação do Exmo Sr. Dr. Administrador da Insolvência, vamos proceder à venda extrajudicial através de negociação par-ticular, dos veículos a seguir identifi cados:

VEÍCULOS

Verba 1: Trator de mercadorias, Volvo F12, com a matrícula 04-72-BM. Valor mínimo: 5.500,00€.Verba 2: Semirreboque (galera) com a matrícula P-64176. Valor mínimo: 1.500,00€.

REGULAMENTO

1. Os interessados poderão remeter em correio registado as pro-postas dirigidas ao Administrador da Insolvência, Dr. Joaquim Baltazar Roque, Rua Antero de Quental, n.º 5 B Sala 17, 2795-017 Linda-a-Velha até ao dia 10.10.2014 OU podem ser envia-das por e-mail para [email protected] até às 18h do dia 14.10.2014

2. As propostas terão de conter: Identifi cação do proponente (nome ou denominação social, morada, n.º contribuinte, tele-fone, e-mail e ou fax); valor oferecido por extenso.

3. A decisão da venda terá lugar no dia 15.10.2014 às 11h no escritório do A.I., sito na Rua Antero de Quental, n.º 5 B Sala 17, 2795-017 Linda-a-Velha.

4. Os bens são vendidos no estado físico em que se encontram.5. Os bens serão pagos com a adjudicação, acrescido do respe-

tivo IVA.6. Ao valor da venda é acrescido a comissão de 10% e respetivo

IVA referente aos serviços prestados pela Leiloeira do Lena, pagos com a adjudicação.

INFORMAÇÕES: tel: 244 822 230 / fax: 244 822 170Telm: 935 802 102 - Rua do Vale Sepal Lote 36, r/c Dt.º

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Page 33: Publico 01out.2014.Gigatuga

COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2

Processo: 194/09.0GCSSB

ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Malagueira, da Inst. Local de Sesim-bra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCS-SB, pendente neste Tribunal contra o arguido Marcos Elias Alves Car-valho natural de: Brasil, nacional de Brasil, nascido em 01-02-1978, NIF - 258685565, Passaporte - Cv6460, domicílio: Rua António Casal, N.º 1, 2970-131 Sesimbra, por se encontrar acusado da prática de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi -cada, p.p. pelos art.ºs 143.º, n.º 1 e 145.º, n.º 1, al. a) e n.º 2, por referên-cia ao artigo 132.º, n.º 2, al. h), primei-ra parte, todos do C. Penal, praticado em 14-06-2009; foi o mesmo declara-do contumaz, em 18-09-2014, nos ter-mos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do argui-do em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos ter-mos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabilidade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer docu-mentos, certidões ou registos junto de autoridades públicas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438354Sesimbra, 23-09-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira

O Escrivão AdjuntoLuís Salvado

Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.

COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2

Processo: 194/09.0GCSSB

ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Mala-gueira, da Inst. Local de Sesimbra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCSSB, pendente neste Tribunal contra o arguido Edmar Gonçalves dos Santos fi lho de Luiz Gonçalves dos Santos e de Terezi-nha Marly de Jesus Santos, natural de: Brasil, nacional de Brasil, nascido em 21-03-1989, estado civil: solteiro, NIF - 258800461, Passaporte - Ct835467, domicílio: Rua do Tojal Cci 2106, Azóia, 2970-175 Sesimbra, por se encontrar acusado da prática de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi cada, p.p. pelos art.ºs 143.º, n.º 1 e 145.º, n.º 1, al. a) e n.º 2, por referência ao artigo 132.º, n.º 2, al. h), primeira parte, todos do C. Penal, pra-ticado em 14-06-2009; foi o mesmo de-clarado contumaz, em 18-09-2014, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do arguido em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabili-dade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públi-cas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438362Sesimbra, 23-09-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira

O Escrivão AdjuntoLuís Salvado

Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.

COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2

Processo: 194/09.0GCSSB

ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Mala-gueira, da Inst. Local de Sesimbra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCSSB, pendente neste Tribunal contra o arguido Elisson Alves de Souza, fi lho de Gualter Alves de Souza e de Angela Maria Ribeiro de Souza, natural de: Brasil, nacional de Brasil, nascido em 01-01-1987, Autoriza-ção de residência - 2082030, domicílio: En 569, S/n, Zambujal, Junto ao Semá-foro das Pedreiras Zé Galo, 2970-000 Se-simbra, por se encontrar acusado da prá-tica de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi cada, p.p. pelos art.ºs 143.º e 145.º, n.º 1, al. do C. Penal, praticado em 14-06-2009; foi o mesmo declarado contumaz, em 18-09-2014, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do arguido em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabili-dade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públi-cas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438352Sesimbra, 23-09-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira

O Escrivão AdjuntoLuís Salvado

Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.

COMARCA DE SETÚBAL

Sesimbra - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1

Processo: 1032/14.7TBSSB

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: Pedro Carva-lho PereiraFaz-se saber que foi dis-tribuída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Pedro Carvalho Pereira, com residência na Estrada Nacional, N.º 377, Zambujal, 2970-128 Se-simbra, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 42451231

Sesimbra, 24-09-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Milene Bolas

O Ofi cial de JustiçaLuís Salvado

Público, 01/10/2014

ENGENHEIROMÁRIO ANTONINO

VIEIRA DECAMPOS VIDAL

AGRADECIMENTO

A Família agradece desde já a todos os que se dignaram acompanhá-la neste momento difícil e expressa o seu reconhecimento a quantos es-tiveram presentes nas cerimónias fúnebres ou que, de qualquer outro modo, manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária BarataServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222

Serviço Funerário Permanente 24 Horas

ENGENHEIROMÁRIO ANTONINO VIEIRA

DE CAMPOS VIDAL

MISSA DE 7.º DIA

Sua Família participa que amanhã, dia 2, às 19.00 horas, na Basílica da Estrela, será rezada Missa de 7.º Dia pelo seu eterno descanso.

Agência Funerária BarataServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222

Serviço Funerário Permanente 24 Horas

FACULDADE DE ARQUITECTURAUNIVERSIDADE DO PORTO

EDITALCandidaturas ao cargo de Director/a da Faculdade

de Arquitectura da Universidade do Porto

Encontra-se aberto Concurso Público para apre-sentação de candidaturas ao cargo de Director/a da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, para um mandato de quatro anos.

Podem candidatar-se ao órgão de governo e representação da Faculdade de Arquitectura, Professores ou Investigadores Doutorados da Universidade do Porto ou de outras instituições, nacionais ou estrangeiras de ensino universitário ou de investigação, de acordo com o estipula-do nos artigos 17.º, 48.º e 53.º dos estatutos da FAUP, publicados no D.R. II Série, n.º 250, de 29 de Dezembro de 2009.

As candidaturas devem ser dirigidas ao Presidente do Conselho de Representantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, sita à Via Panorâmica, s/n, 4150-755 Porto, acompanhadas de Curriculum Vitae e Programa de Acção.

As candidaturas decorrem de 9 a 22 de Outubro de 2014, e devem dar entrada no Serviço de Ex-pediente, até às 16 horas.

O Presidente do Conselho de RepresentantesProf. Doutor Luís Soares Carneiro

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MISSA DE 7.º DIA

Sua Família participa o seu falecimento e que hoje dia 1, será rezada Missa na Igreja de Santa Maria e S. Miguel, em Sintra, pelas 19 horas.

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Serviço Funerário Permanente 24 Horas

COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2

Processo: 194/09.0GCSSB

ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Mala-gueira, da Inst. Local de Sesimbra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCSSB, pendente neste Tribunal contra o arguido Ernanne Pereira da Silva, fi lho de lter Dias da Silva e de Marivone Pereira da Silva, natural de: Brasil, nacional de Brasil, nas-cido em 16-01-1984, estado civil: solteiro, Passaporte - Cs555662, domicílio: En 379, Casa Carlota, 2970-129 Sesimbra, por se encontrar acusado da prática de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi cada, p.p. pelos art.ºs 143.º, n.º 1 e 145.º, nº 1, al. a) e n.º 2, por referência ao artigo 132.º, n.º 2, al. h), primeira parte, todos do C. Penal, praticado em 14-06-2009; foi o mesmo declarado contumaz, em 18-09-2014, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do arguido em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabili-dade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públi-cas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438358Sesimbra, 23-09-2014.

A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira

O Escrivão AdjuntoLuís Salvado

Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.

33PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 CLASSIFICADOS

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Page 34: Publico 01out.2014.Gigatuga

34 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

SAIR

CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala Vodafone - 14h45, 17h, 19h15, 21h50 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Os Maias M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 2 -15h30; Bekas e o Sonho Americano M12. Sala 2 - 13h30; Magia ao Luar M12. Sala 2 -15h35, 17h35, 19h35, 21h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 19h45; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 15h10, 17h30, 21h45; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 3 - 19h50; A Viagem dos Cem Passos M12. Sala 4 - 17h25 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. E Agora? Lembra-me M12. Sala 1 - 16h45; Os Maias M12. Sala 1 - 13h30, 21h30 (Versão integral do realizador); Lacrau M12. Sala 1 - 19h45 CinemaCity Campo PequenoC. Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Lucy M12. Sala 1 - 17h30, 20h05, 21h40, 00h30; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 1 - 13h40, 15h40 (V.Port.); Armados em Polícias M12. Sala 2 - 13h25, 00h35; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 2 -17h20; Maze Runner - Correr ou MorrerM12. Sala 2 - 13h15, 15h25, 17h50, 19h20, 21h55, 00h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 13h20, 16h10, 18h50, 21h50, 23h50; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 13h30, 15h55, 18h30, 21h30, 00h05 ; A Viagem dos Cem PassosM12. Sala 3 - 22h; Jersey Boys M12. Sala 3 - 19h15; Aviões - Equipa de Resgate M6. Sala 5 - 15h25 (V.Port.); Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 6 - 13h20, 15h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 15h35, 17h35, 19h35, 21h35, 23h55; Livrai-nos do Mal M16. Sala 7 - 19h25, 00h30; O Físico M12. Sala 7 - 18h20, 21h25, 23h45; Magia ao Luar M12. Sala 8 - 15h30, 17h25, 21h45; O Amor é Estúpido M12. Sala 8 - 13h30 Cinemas Nos Alvaláxia Est. José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Armados em Polícias M12. Sala 1 - 15h50, 18h20, 21h; Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 2 - 15h55, 18h35, 21h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 16h30, 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 16h20, 19h, 21h40; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 16h25, 18h50, 21h25 ; Magia ao Luar M12. Sala 6 - 16h50, 19h10, 21h45; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 7 - 16h20, 18h55, 21h40; Lucy M12. Sala 8 - 16h20, 18h30, 21h35; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 9 - 15h30, 17h40 (V.Port.); O Reflexo do Medo Sala 9 - 21h15; Dentro da Tempestade M12. Sala 10 - 16h10, 18h35, 21h25; Livrai-nos do Mal M16. Sala 11 - 16h05, 18h45, 21h35; Lullaby - A última canção M12. Sala 12 - 16h, 18h40, 21h20 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h10, 00h05; Os Maias M12. Sala 3 - 13h40, 17h30, 20h50, 23h50; Jersey Boys M12. Sala 4 - 12h50, 15h40, 21h, 24h; Um Belo Domingo M12. Sala 4 - 18h50; Magia ao Luar M12. Sala 5 - 13h10, 15h20, 18h10, 22h, 00h10; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 13h30, 18h30; Num

Outro Tom M12. Sala 6 - 16h, 21h20, 23h45; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 7 - 16h20, 19h, 21h40, 00h25; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 7 - 14h Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 1 - 13h05, 15h35, 18h20, 21h10, 23h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 13h15, 15h55, 18h25; Num Outro Tom M12. Sala 2 - 21h05, 23h40; Armados em Polícias M12. Sala 3 - 12h55, 15h25, 21h15; Livrai-nos do Mal M16. Sala 3 - 17h50, 23h45; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 13h40, 17h, 21h, 24h; Sala Imax: 12h50, 15h40, 18h30, 00h25; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 13h, 15h45, 18h35, 21h25, 00h15; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 6 - 12h45, 15h30, 18h10, 21h20, 00h10; Dentro da Tempestade M12. Sala 7 - 13h30, 16h, 21h35; O Reflexo do Medo Sala 7 - 18h15, 23h55; Lucy M12. Sala 8 - 13h20, 15h50, 21h40, 00h20; I Love Kuduro M12. Sala 8 - 18h Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 1 - 13h20, 16h10, 18h40, 21h10, 23h50; Os Maias M12. Sala 2 - 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h30; Lucy M12. Sala 3 - 13h30, 15h50, 18h10, 24h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 13h10, 16h, 18h50, 21h40, 00h20; Jersey Boys M12. Sala 6 - 18h; Num Outro Tom M12. Sala 6 - 13h, 15h20, 23h40 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; Os Maias M12. Sala 2 - 13h45, 16h20, 18h55, 21h30, 00h10;Magia ao Luar M12. Sala 3 - 17h, 19h30, 22h; Num Outro Tom M12. Sala 3 - 14h Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Os Maias M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h50, 16h35, 19h10, 21h45; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 12h20, 14h45, 17h10, 19h35, 22h; Má Raça M18. Sala 2 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h30; Jersey Boys M12. Sala 3 - 21h30; Magia ao Luar M12. Sala 3 - 15h30, 17h30, 19h30; Num Outro Tom M12. Sala 3 - 13h15 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362A Grande Cidade M12. Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 1 - 16h35; Num Outro Tom M12. Sala 1 - 14h15, 19h05, 00h15; Grand Budapest Hotel M12. Sala 2 - 18h; Lucy M12. Sala 2 - 14h, 16h, 00h15; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 14h05, 16h40, 00h25; Jersey Boys M12. Sala 4 - 14h20, 17h30, 21h20, 00h20; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 5 - 14h15, 16h50, 19h15, 21h35, 23h55; Os Maias M12. Sala 6 - 14h30, 18h, 21h30, 00h15; O Gang do Parque M6. Sala 7 - 13h45 (V.Port.); O Homem Mais Procurado M12. Sala 7 - 18h50, 21h30; O Físico M12. Sala 7 - 15h45, 00h10; Alentejo, Alentejo M12. Sala 8 - 14h15, 16h30, 19h05, 21h40, 23h50; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 9 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45, 00h30; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 10 - 14h05, 16h30, 19h, 21h45, 00h25; A Viagem dos Cem Passos M12. Sala 11 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50, 00h25; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 12 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45, 00h30; Magia ao Luar M12. Sala 13 - 14h05, 16h25, 19h05,

A Grande CidadeDe Satyajit Ray. Com Anil Chatterjee, Madhabi Mukherjee, Jaya Bhaduri. Índia. 1963. 130m. Drama. M12. Subrata e Arati são casados e têm um fi lho pequeno. A seu cargo estão também os pais dele e a irmã mais nova. Com seis bocas para alimentar e um só ordenado, depressa o casal se vê em graves difi culdades económicas. Quando Subrata perde o emprego, Arati encontra uma única solução: desafi ar os costumes da época, que não permitem à mulher a independência económica, e arranjar um trabalho que lhe permita sustentar a família.

Amigos para o Que Der e VierDe Matthew Weiner. Com Owen Wilson, Zach Galifianakis, Amy Poehler. EUA. 2013. 122m. Comédia. M12. Ben é um homem instável, solitário e incompreendido. O seu único amigo é Steve, um meteorologista com um grande coração e dois vícios: mulheres e marijuana. Quando o pai de Ben morre, Steve segue viagem com ele até à Pensilvânia (EUA), onde se realizam as cerimónias fúnebres. É então que descobrem que, ao contrário do que seria expectável, Ben é o único herdeiro da enorme fortuna da família...

CharulataDe Satyajit Ray. Com Madhabi Mukherjee, Shailen Mukherjee, Soumitra Chatterjee. Índia. 1964. 120m. Drama, Romance. M12. Charu é casada com Bhupati, um indiano abastado. Apesar de se considerar uma privilegiada, sente-se profundamente só. Por causa disso, Bhupati pede a Amal, um primo afastado, para fazer companhia à sua esposa e lhe ensinar tudo o que sabe sobre literatura. Com o passar tempo, os dois vão fi cando mais íntimos até perceberem que estão apaixonados. Mas, apesar do desejo intenso, Amal é incapaz de trair a confi ança do primo.

LacrauDe João Vladimiro. POR. 2013. 99m. Documentário. M12. Partindo do quotidiano campestre de Covas do Monte, em São Pedro do Sul, para estabelecer um contraste com a vida impessoal na grande cidade, João Vladimiro realiza um fi lme-ensaio sobre o Portugal rural e urbano. Na sua declaração de intenções, o realizador explica que se propôs “equacionar a evolução tecnológica e a nossa posição num mundo que a coloca em primeiro lugar“.

Lullaby - A última cançãoDe Andrew Levitas. Com Amy Adams, Garrett Hedlund, Jessica Brown Findlay. EUA. 2014. 117m. Drama. M12. Quando Jonathan descobriu que o pai tinha cancro, levantou uma enorme barreira entre si e os outros, de modo a evitar o sofrimento. Dez anos volvidos, a viver em Los Angeles, tornou-se um homem emocionalmente desligado. Quando é informado que o progenitor, depois de anos a lutar contra a doença, pediu que lhe fosse dada uma dose de analgésicos sufi cientes para poder partir em paz, Jonathan voa até ele para poder passar os últimos momentos na sua companhia. Mas serão as horas que lhes restam sufi cientes para a reconciliação?

O CobardeDe Satyajit Ray. Com Soumitra Chatterjee, Madhabi Mukherjee, Haradhan Bannerjee. Índia. 1965. 74m. Drama. M12. Quando, no meio do nada, o carro de Amitabha tem uma avaria, não lhe resta alternativa a não ser aceitar boleia de um desconhecido. Quando chega a casa do homem, dá-se conta que ele é casado com Karu, a mulher que em tempos amou e que, por cobardia, abandonou. Arrependido, Amitabha propõe-lhe que deixe o marido e fuja com ele. Contudo, apesar de ter refeito a sua vida com outro homem, ela nunca superou o facto de ter sido desprezada...

O Deus ElefanteDe Satyajit Ray. Com Soumitra Chatterjee, Parinita Banerjee, Haradhan Bannerjee. Índia. 1979. 122m. Aventura. M12. Feluda, Topshe e Lalmohan estão de férias na cidade sagrada de Benares para assistir aos pujas (rituais sagrados). Mas o roubo de uma imagem de Ganesh, o deus com cabeça de elefante, de uma casa de uma família local obriga Feluda a iniciar uma investigação. Interessado em descobrir o culpado, o conhecido detective vai colocar-se face a face com personagens dispostas a tudo.

O HeróiDe Satyajit Ray. Com Uttam Kumar, Sharmila Tagore, Bireswar Sen. Índia. 1966. 120m. Drama. Arindam é uma das fi guras públicas mais proeminentes da Índia. Certo dia, durante uma viagem de comboio, conhece Aditi, uma jovem jornalista que lhe pede para fazer uma entrevista. Aborrecido pela longa viagem e sem nada de mais interessante para fazer, aceita. Nessa demorada conversa

com Aditi, ele acaba por revelar coisas da sua vida que nunca tinha divulgado antes: erros, inseguranças e alguns dos seus arrependimentos mais íntimos.

O SantoDe Satyajit Ray. Com Charuprakash Ghosh, Robi Ghosh, Prasad Mukherjee. Índia. 1965. 65m. Comédia. M12. Um advogado de meia-idade é seduzido pelas teorias de um santo que lhe fala na sua vida milenar e de todos os grandes homens que conheceu, de Jesus Cristo a Buda. Fascinado, o homem decide então iniciar toda a sua família nos ensinamentos do seu novo mestre, incluindo a fi lha solteira. Mas o namorado dela, preocupado com a possibilidade de perder a sua amada, decide provar a toda a gente que o indivíduo não passa de um impostor.

Os Gatos não Têm VertigensDe António-Pedro Vasconcelos. Com José Afonso Pimentel, Nicolau Breyner, Joaquim Leitão, Ricardo Carriço, Maria do Céu Guerra. POR. 2014. 124m. Comédia Dramática. M12. Com 18 anos, Jó é já um rapaz desencantado com a vida. Proveniente de uma família disfuncional, criado com pouco afecto e compreensão, acabou por se deixar levar pelas piores companhias. Rosa, com 73 anos, é uma mulher bondosa mas incapaz de lidar com a morte recente do marido. Quando Jó é expulso de casa pelo pai, refugia-se no terraço de Rosa. A velha senhora decide acolhê-lo em sua casa. Entre os dois nasce uma cumplicidade que, apesar de incompreendida por todos, se torna a cada dia mais forte e verdadeira...

The Equalizer - Sem MisericórdiaDe Antoine Fuqua. Com Denzel Washington, Marton Csokas, Chloë Grace Moretz. EUA. 2014. 128m. Thriller, Acção. M16. Ex-agente das forças especiais, Robert McCall foi treinado para defender os mais fracos. Agora, decidido a deixar o passado para trás, trabalha num armazém e a sua vida é tranquila, com rotinas metodicamente controladas. Certo dia, conhece uma jovem prostituta de quem fi ca amigo. Mas quando ela é encontrada brutalmente agredida por um grupo de criminosos, McCall sente acordar em si a pessoa que em tempos foi. Assim, apesar dos seus esforços para fugir a um passado em que a violência predominava, ele segue os responsáveis e mata-os sem misericórdia.

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Amigos para o Que Der e Vierer e Vier

Page 35: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 35

21h30, 23h45; Namoro à Espanhola M12. Sala 14 - 14h05, 16h20, 19h20, 21h55, 00h30

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h50, 21h30, 00h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 12h45, 15h40, 18h35, 21h40, 00h25; Lucy M12. Sala 3 - 13h30, 16h, 18h15, 21h10, 23h30; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 12h35, 15h30, 18h25, 21h20, 00h15; Os Maias M12. Sala 5 - 13h15, 17h, 21h, 00h05; Alentejo, Alentejo M12. Sala 6 - 12h55, 15h15, 17h40, 21h15, 23h50; Magia ao Luar M12. Sala 7 - 13h, 16h, 18h25, 21h10, 23h35; Jersey Boys M12. Sala 8 - 18h15; Namoro à Espanhola M12. Sala 8 - 13h25, 15h50, 21h15, 23h55; Num Outro Tom M12. Sala 9 - 12h45, 15h20, 18h, 21h20, 24h; Armados em Polícias M12. Sala 10 - 12h35, 15h10, 18h10, 21h10, 23h40; Lullaby - A última canção M12. Sala 11 - 13h05, 15h55, 18h45, 21h25, 00h15; O Gang do Parque M6. Sala 12 - 13h20, 15h30, 17h40; Dentro da Tempestade M12. Sala 12 - 21h, 23h20; I Love Kuduro M12. Sala 13 - 18h20; Livrai-nos do Mal M16. Sala 13 - 12h50, 15h35, 21h05, 23h50; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 14 - 13h05, 15h40, 18h15, 21h05, 23h45

Amadora UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Namoro à Espanhola M12. Sala 1 - 14h, 16h10, 18h50, 21h25; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 13h30, 16h156, 19h, 21h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 13h45, 16h25, 19h05, 21h45; Armados em Polícias M12. Sala 4 - 13h55, 16h20, 19h, 21h30; I Love Kuduro M12. Sala 5 - 14h30, 16h50, 21h45; O Reflexo do Medo Sala 5 - 19h20; Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 6 - 18h35; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 6 - 14h, 16h15, 21h25; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 7 - 14h05, 16h05 (V.Port.); O Físico M12. Sala 7 - 18h, 21h10; O Gang do Parque M6. Sala 8 - 13h55, 16h35 (V.Port.); Livrai-nos do Mal M16. Sala 8 - 19h15, 21h50; Lucy M12. Sala 9 - 14h10, 16h30, 19h05, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 10 - 13h50, 16h25, 19h05, 21h40; Dentro da Tempestade M12. Sala 11 - 14h20, 16h40, 19h10, 21h35

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h40, 18h30, 21h30; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 15h20, 17h20, 21h40; Num Outro Tom M12. Sala 2 - 19h20; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 15h30, 18h20, 21h35

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Lucy M12. Sala 1 - 13h, 15h10, 17h50, 21h40, 23h50; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 2 - 13h10, 15h50, 18h40, 21h20, 00h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 12h50, 15h40, 18h20, 21h, 23h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 12h40, 15h20, 18h10, 21h10, 24h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 5 - 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h25; Armados em

Polícias M12. Sala 6 - 13h20, 16h, 18h50, 21h45, 00h15; Namoro à Espanhola M12. Sala 7 - 13h30, 15h45, 18h; Num Outro Tom M12. Sala 7 - 21h05, 23h30

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Armados em Polícias M12. Sala 2 - 15h25, 18h15, 21h25; Num Outro Tom M12. Sala 3 - 18h, 21h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 15h35, 18h25, 21h15; Lucy M12. Sala 4 - 15h40, 18h10, 21h40; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 4 - 15h30 (V.Port.); O Gang do Parque M6. Sala 5 - 15h40, 17h40 (V.Port.); Lucy M12. Sala 5 - 15h40, 18h10, 21h30; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 21h25

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Os Maias M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Magia ao Luar M12. Sala 2 - 15h30, 21h30

Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Magia ao Luar M12. Sala 1 - 17h45, 20h, 21h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 15h20, 17h40, 21h55; Os Maias M12. Sala 2 - 15h40, 18h30, 21h30; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 15h30, 19h45, 21h45; Lucy M12. Sala 3 - 19h50; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 3 - 15h55 (V.Port.); Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 - 15h25, 17h35, 21h40; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 5 - 15h50, 17h50, 19h55, 21h50; A Viagem dos Cem Passos M12. Sala 5 - 21h35; Jersey Boys M12. Sala 5 - 17h30; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 15h20, 17h25, 19h30; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 6 - 16h, 18h40, 21h35 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Lucy M12. Sala 1 - 15h15, 17h10, 19h10, 21h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 15h50, 18h30, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 16h, 18h20, 21h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 15h40, 18h40, 21h40; I Love Kuduro M12. Sala 5 - 19h; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 15h, 17h, 21h15; Dentro da Tempestade M12. Sala 6 - 15h10, 17h15, 21h25; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 6 - 19h20; Armados em Polícias M12. Sala 7 - 15h10, 17h15, 21h50; O Reflexo do Medo Sala 7 - 19h30

Leiria Cinema City LeiriaR. Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 1 - 15h30 (V.Port.); Magia ao Luar M12. Sala 1 - 19h35 ; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 15h50, 18h30, 21h40; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h25, 17h50, 19h20, 21h55 ; Dentro da Tempestade M12. Sala 3 - 20h05 ; O Gang do Parque M6. Sala 4 - 15h45, 17h40 (V.Port.); O Físico M12. Sala 4 - 21h35; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 15h55, 18h50, 21h50; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 5 - 17h25 ; Armados em Polícias M12. Sala 5 - 15h20, 21h45 ; Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 6 - 19h25 ; Lucy M12. Sala 6 - 17h30, 22h; Os Maias M12. Sala 7 - 15h40, 18h40, 21h30

Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 16h, 18h40, 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 15h50, 18h30, 21h20; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 14h30, 16h50, 19h10, 21h40; O Gang do Parque M6. Sala 4 - 15h20; Num Outro Tom M12. Sala 4 - 17h20, 19h40, 22h; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 17h40, 21h50; Magia ao Luar M12. Sala 5 - 15h30, 19h40; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 15h40, 17h50, 20h, 22h10; Lucy M12. Sala 7 - 17h30, 19h30, 21h30; Se Eu Ficar M12. Sala 7 - 15h10

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. O Gang do Parque M6. Sala 1 - 16h30; Num Outro Tom M12. Sala 1 - 14h10, 18h30, 21h;Lucy M12. Sala 2 - 15h50, 19h50; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 17h50, 21h50;Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 3 - 15h10(V.Port.); Namoro à Espanhola M12. Sala 3 - 17h, 19h10, 21h20; The Giver - O Dador deMemórias M12. Sala 4 - 16h50, 19h10, 21h30;Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 16h50, 19h10, 21h30; Os Gatos não TêmVertigens M12. Sala 5 - 16h, 18h40, 21h20;The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 6 - 16h10, 18h50, 21h30; Armados em Polícias M12. Sala 7 - 17h30, 21h40; O Reflexo do Medo Sala 7 - 15h30, 19h40

Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h50, 18h40, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h40, 18h20, 21h10; Armados em Polícias M12. Sala 3 - 16h, 18h30, 21h45; Lucy M12. Sala 4 - 15h20, 18h, 21h; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 15h30, 18h10, 21h20; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 18h45; Num Outro Tom M12. Sala 6 - 16h10, 21h40

Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h20, 18h, 21h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 15h30, 18h20,

21h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 15h50, 18h30, 21h20; Lucy M12. Sala 5 - 15h40, 18h40, 21h30; O Gang doParque M6. Sala 6 - 16h, 18h10 (V.Port.);Dentro da Tempestade M12. Sala 7 - 21h40

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Lucy M12. Sala 1 - 21h05, 23h55; Num Outro Tom M12. Sala 1 - 12h50, 15h25, 18h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 12h40, 15h40, 18h35, 21h30, 00h25; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 12h55, 15h30, 18h10, 21h, 24h; Jersey Boys M12. Sala 4 - 18h40; Magia ao Luar M12. Sala 4 - 13h10, 16h, 21h40, 00h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 12h30, 15h20, 18h15, 21h10, 00h15; Os Maias M12. Sala 6 - 12h45, 15h50, 18h50, 21h50; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 7 - 13h, 15h45, 18h25, 21h20, 00h05

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAThe Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h, 18h, 21h ; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h20,18h20, 21h20 ; O Gang do Parque M6. Sala 3 - 15h30, 18h30; Lucy M12. Sala 3 - 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 15h10, 18h10, 21h10

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 12h50, 15h30, 18h30, 21h30; Lucy M12. Sala 2 - 13h10, 15h15; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 21h50; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 17h15, 19h30;Armados em Polícias M12. Sala 2 - 17h15, 19h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 13h, 15h40, 18h20, 21h40

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h30, 18h20, 21h15; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h40, 18h15, 21h40; Lucy M12. Sala 3 - 16h15, 18h30,

21h50; Os Maias M12. Sala 4 - 16h30, 21h; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 16h, 18h45, 21h30

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789No Limite do Amanhã M12. Sala 1 - 16h, 18h30, 21h10; Mil e Uma Maneiras de Bater as Botas M12. Sala 2 - 16h10, 18h20, 21h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 15h40, 18h30, 21h20; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 - 15h30, 18h50, 21h25; Lucy M12. Sala 5 - 15h, 17h; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 21h15; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 6 - 19h; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 6 - 15h50, 18h40, 21h30

Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 16h10, 18h50, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Lucy M12. Sala 3 - 17h, 19h, 21h10; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 3 - 15h10 (V.Port.); Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 15h50, 18h30, 21h20; O Gang do Parque M6. Sala 5 - 15h30 (V.Port.); Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 17h30, 19h30, 21h30; O Reflexo do Medo Sala 6 - 15h40, 20h; Num Outro Tom M12. Sala 6 - 17h40, 22h; I Love Kuduro M12. Sala 7 - 15h20, 19h40; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 7 - 17h30, 21h50

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Os Maias M12. Sala 1 - 13h10, 16h10, 19h, 22h; Num Outro Tom M12. Sala 2 - 13h, 15h50, 18h10; O Sonho Certo Sala 2 - 21h10, 23h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 - 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 5 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h05

Albufeira Cineplace - AlgarveShoppingEstrada Nacional 125 - Vale Verde. Lucy M12. Sala 1 - 18h40, 21h; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 1 - 14h30, 16h40; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 15h40, 18h30, 21h20; O Gang do Parque M6. Sala 3 - 14h (V.Port.); O Reflexo do Medo Sala 3 - 19h; O Físico M12. Sala 3 - 16h, 21h; Armados em Polícias M12. Sala 4 - 17h20, 21h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 4 - 15h10, 19h40; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 17h30, 21h40; O Sonho Certo Sala 5 - 15h20, 19h30; Os Maias M12. Sala 6 - 15h40, 18h20, 21h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 7 - 14h40, 17h, 19h20, 21h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 8 - 16h10, 18h50, 21h30; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 9 - 14h20, 16h50, 19h10, 21h30

Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Lucy M12. Sala 1 - 17h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 15h, 19h, 21h30; Os Maias M12. Sala 2 - 15h15, 19h15; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 17h45, 21h30

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

Charulata mmmmm mmmmm mmmmm

O Cobarde – mmmmm mmmmm

O Deus Elefante mmmmm mmmmm mmmmm

O Herói mmmmm mmmmm mmmmm

A Grande Cidade mmmmm mmmmm mmmmm

Os Gatos não Têm Vertigem mmmmm – mmmmm

Jersey Boys mmmmm mmmmm mmmmm

Lacrau mmmmm mmmmm mmmmm

Os Maias mmmmm mmmmm mmmmm

O Santo – mmmmm mmmmm

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Levar música de todo o tipo a todo o tipo de pessoas é, desde 1975, o objectivo do Dia Mundial da Música. Não faltam formas de o cumprir e celebrar, muitas delas gratuitas. É o caso da exposição Sax Inspiration, Mélodies Graphiques, que às 19h30 se instala no Museu da Música com caricaturas e desenhos sobre o inventor do saxofone. Antes, às 18h, o museu lisboeta

chama Pavel Gomziakov para tocar no precioso violoncelo Stradivarius. A essa hora, o maestro Rui Massena (na foto) vai ao Centro Comercial Colombo dirigir The Pool Songs. Integrando ritmo e harmonias originais numa instalação da americana Jen Lewin, compõe um espectáculo interactivo que convida o visitante a entrar num cenário único de cor e som.

Para dar música à dataRUI FARINHA/ARQUIVO

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36 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

SAIRCineplace - PortimãoQuinta da Malata, Lote 1 - C. C. Continente. The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 16h10, 18h50, 21h30; O Gang do Parque M6. Sala 2 - 15h40; Lucy M12. Sala 2 - 17h40, 19h40, 21h40; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 3 - 16h; O Sonho Certo Sala 3 - 18h10, 20h10, 22h10; Dentro da Tempestade M12. Sala 4 - 16h20, 21h20; O Físico M12. Sala 4 - 18h20; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 15h50, 18h30, 21h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 6 - 14h20, 16h50, 19h20, 21h50

Tavira Cinemas Nos TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h30, 18h20, 21h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h50, 18h40, 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 15h40, 18h30, 21h20, 00h05; Lucy M12. Sala 4 - 15h20, 18h20, 21h05; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 21h; O Sonho Certo Sala 5 - 15h30, 18h10

TEATROLisboaChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Rebéubéu, Pardais ao Ninho Enc. Paulo César. De 17/9 a 8/10. 4ª às 21h30. O NegócioR. do O Século, 9 . T. 213430205 Insight Com Francisco Campos, Leonor Keil. De 1/10 a 4/10. 4ª a Sáb às 21h30. M/16. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 A Acompanhante Enc. Gonçalo Amorim. De 10/9 a 12/10. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (na Sala Vermelha). M/12. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 A Casa de Ramallah Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 10/9 a 11/10. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/16.

de Excepção De 24/9 a 4/1. 4ª a Dom das 10h às 18h. 3ª das 14h às 18h. Sociedade Nacional de Belas ArtesRua Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 PIN 10 Anos De vários autores. De 9/9 a 3/10. 2ª a 6ª das 12h às 19h (Encerra aos feriados). Fotografia.

MÚSICALisboaCentro Comercial ColomboAv. Lusíada . T. 217113600 The Pool Songs Dia 1/10 às 18h (na Praça Central. Dia Mundial da Música). Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Afonso Pais & Rita Maria Com Rita Maria (voz), Afonso Pais (guitarra), António Quintino (contrabaixo), Luís Candeias (bateria), Albert Sanz (piano). De 1/10 a 3/10. 4ª, 5ª e 6ª às 22h30 e 24h (Dia Mundial da Música). Museu da MúsicaRua João de Freitas Branco . T. 217710990 Pavel Gomziakov Com Pavel Gomziakov (violoncelo). Dia 1/10 às 18h (Um Músico, Um Mecenas. Dia Mundial da Música). MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24Cais do Sodré. T. 213430107 Other Ground feat. MC Ary & Grog Nation Dia 1/10 às 22h. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Escola de Música do Conservatório Nacional e Quarteto Lopes-Graça Dia 1/10 às 18h30 (Dia Mundial da Música).

Alcobaça

Cine-Teatro de AlcobaçaRua Afonso de Albuquerque. T. 262580890 Academia de Música de Alcobaça Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música). Concerto de Professores: Do Clássico ao Jazz.

BarreiroAuditório Municipal Augusto CabritaAv. Escola de Fuzileiros Navais. T. 212070578 Márcia Dia 1/10 às 21h30

FaroTeatro Municipal de FaroHorta das Figuras. T. 289888110 António Pinho Vargas Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. M/6).

LouléCine-Teatro LouletanoAvenida José da Costa Mealha. T. 289414604 Pedro Burmester Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. Comemorações do Centenário de Nascimento de Maria Campina).

Olival BastoCentro Cultural da MalapostaRua Angola. T. 219383100 Ana Maria Santos e António Ortiz Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. M/3).

SesimbraCineteatro Municipal João MotaRua João da Luz, 5. T. 212234034 Bota Big Band Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. M/6).

SetúbalFórum Municipal Luísa TodiAv. Luísa Todi, 65. T. 265522127 Orquestra Metropolitana de Lisboa Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música).

SAIRTeatro MeridionalRua do Açúcar, 64. T. 218689245 Pedro Páramo Teatro Meridional. Enc. Miguel Seabra. De 17/9 a 12/10. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Teatro Municipal São LuizRua António Maria Cardoso. T. 213257650 Ode Marítima Com Diogo Infante. De 25/9 a 5/10. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/12. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 A Farsa TNDM II/Karnart. Enc. Luís Castro. De 25/9 a 19/10. 4ª às 19h15. 5ª a Sáb às 21h15. Dom às 16h15 (na Sala Estúdio). M/12. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 Portugal à Gargalhada Enc. Filipe La Féria, Nuno Guerreiro. A partir de 23/7. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h.

BejaTeatro Municipal Pax JúliaLargo de São João. T. 284315090 Autos da Revolução Cendrev/ACTA- A Companhia de Teatro do Algarve. Enc. Pierre-Etienne Heymann. Dia 1/10 às 21h30. M/12. Duração: 90m.

PalmelaPalmela Quarentena Teatro O Bando. Enc. João Brites. Mús. Jorge Salgueiro. De 1/10 a 26/10. 4ª a Dom às 20h. Concertos-encenados. M/12. Duração da viagem: 3h (mapa, transporte e alimentação incluída). Reserva: 212336850 ou [email protected].

EXPOSIÇÕESLisboaA Pequena GaleriaAvenida 24 de Julho, 4C. T. 218264081 Moksha De Marcelo Buainain. De 27/9 a 30/10. 4ª, 5ª e 6ª das 18h às 20h. Sáb das 16h às 20h. Fotografias. Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 CCB - Cidade Aberta e Daniel Malhão

Fotografias De 20/6 a 20/10. 2ª a 6ª das 08h às 20h. Sáb, Dom e feriados das 10h às 18h. Fotografia, Arquitectura. Rafael Moneo. Uma reflexão teórica a partir da profissão. Materiais de arquivo (1961-2013) De 16/9 a 23/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arquitectura, Centro InterculturacidadeRua dos Poiais de São Bento. T. 213971165 Cidade Velha, Património do Mundo De Acácio Carreira. De 5/9 a 2/10. 2ª a 5ª das 15h às 19h. 6ª das 15h às 18h. Lisboa Paradeiro Desconhecido De Jorge Molder. De 23/9 a 9/10. Todos os dias 24h (na Avenida das Forças Armadas, junto à antiga Feira Popular). Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Museu Nacional de ArqueologiaPraça do Império. T. 213620000 Antiguidades Egípcias A partir de 18/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura.O Tempo Resgatado ao Mar De 20/3 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h (últimas entradas 17h45 na Entrada Principal, 17h30 na Entrada Oriental). Tesouros da Arqueologia Portuguesa A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arqueologia.Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verde. T. 213912800 Desenhos Maneiristas Lombardos da colecção do MNAA De vários autores. De 24/6 a 12/10. 4ª a Dom das 10h às 18h. 3ª das 14h às 18h. Pintura, Desenho. Obra Convidada: São Tiago Maior de José de Ribera De 16/9 a 11/1. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX De Vários autores. A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura Splendor et Gloria. Cinco Jóias Setecentistas

Sara Carinhas encarna Candidinha na peça A Farsa, no D. Maria II

FARMÁCIASLisboa/Serviço PermanenteAlves da Graça (Chile) - Rua Morais Soares, 91 - D - Tel. 218144350 Lys (D. Carlos I) - Rua da Esperança, 17-19 - Tel. 213960913 Macedo (Benfica - Charquinho) - Rua da República da Bolivia, 69 C - Tel. 217110410 Marbel (Alvalade - Avª. do Brasil) - Avª. de Roma, 131 - A - Tel. 217993770 Pinheiro (Campo de Ourique) - Rua Campo Ourique, 131 - Tel. 213844313 Universal (Estefânia) - Rua Actor António Taborda, 5 - 7 - Tel. 213173990 Gare do Oriente (Santa Maria dos Olivais) - Av. D. João II, Lote 1.15, Loja G220 - Tel. 218963270

Odivelas/Serviço PermanenteAzevedo Irmão e Veiga (Ramada) - Av. da Liberdade, 23-A - Tel. 219345880

Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Campeão Alcochete - Cavaquinha, Póvoas (Samouco) Alenquer

- Nobre Brito, Varela Aljustrel - Pereira Almada - Reis, Vale de Figueira Almeirim - Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Leitão Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Jardim, Alto da Brandoa (Brandoa) Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Mascarenhas Neto Batalha - Ferraz, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Santos Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Maldonado Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio

Guerra Cascais - Bicesse (Bicesse), Vilar (Carcavelos), Das Fontainhas Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Leal Mendes Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa Catarina (Carregueira) Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - Santana (Boidobra) Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Costa Évora - Horta das Figueiras Faro - Montepio Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - Ribeiro Lopes Leiria - Vida Loulé - Miguel Calçada, Pinheiro, Paula (Salir) Loures - Santo António dos

Cavaleiros Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Coral, Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Roldão Marvão - Roque Pinto Moita - Cardoso (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Central Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Nova de Moura Mourão - Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Famões Oeiras - Mota Capitão (Carnaxide), Nova (Caxias), Mourão Vaz Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Verdasca Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Ideal (Águas de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Pombal - Barros Ponte de Sor - Cruz Bucho Portalegre - Portalegrense Portel - Fialho Portimão - Amparo Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel

de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Confiança Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Fonseca (Amora) Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Lopes Setúbal - Farinha Pascoal, Marques Silves - Dias Neves, Ass. Soc. Mutuos João de Deus Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Campos, Pinto Leal, Simões Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Sousa Tomar - Dias Costa Torres Novas - Central Torres Vedras - São Gonçalo Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Mercado (Alverca), Romeiras (Forte da Casa), Roldão Vila Nova da Barquinha - Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Duarte Alvito - Baronia Sintra - Medeiros (Algueirão - Mem Martins)

FILIPE FERREIRA

Page 37: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 37

FICAR

CINEMAJogo de Risco [Runner Runner]TVC1, 21h30Richie Furst, um estudante da

Universidade de Princeton, perdeu

todo o dinheiro das propinas ao

apostar numa página de póquer

online. Convencido de que foi

ludibriado, decide viajar até à

Costa Rica, onde a página está

registada, de modo a perceber

quem está por detrás de tudo

aquilo. Porém, com a sua ânsia

descontrolada de jogar e sem

noção do nível de ilegalidade em

que se está a envolver, converte-se

na mão direita de Ivan Block, o

corrupto proprietário da página,

que se torna seu mentor e com

quem inicia uma perigosa parceria.

Verdade ou Mentira [Shattered Glass]AXN Black, 23h30Em meados dos anos 1990, os

artigos de Stephen Glass tornam-

no um dos jovens jornalistas mais

requisitados de Washington. Mas

uma sequência de acontecimentos

vai paralisar a sua carreira

fulgurante. Baseado numa história

real, relatada por Buzz Bissinger

em Setembro de 1998, o fi lme põe

a ética jornalística no banco dos

réus. E remete necessariamente

para o caso do jornalista Jayson

Blair, cujos artigos fi ctícios no

The New York Times custaram o

emprego a dois directores daquele

prestigiado jornal e causaram

um dos maiores escândalos

jornalísticos das últimas décadas.

A Casa de Ossos [House of Bones]MOV, 2h45Uma equipa de televisão contrata

um médium para, juntamente

com eles, se instalar numa

casa assombrada e fi lmar um

documentário sobre fantasmas.

No entanto, lá chegados, as coisas

não saem como esperavam. A

casa parece ter vida própria e, à

medida que as trevas se apoderam

daquele lugar e os elementos

da equipa vão sendo mortos, os

restantes terão que enfrentar o

mal de forma a sobreviverem.

INFANTIL

Star Wars RebelsDisney, 12h42Estreia. Nova série de animação,

baseada na épica saga Guerra das

Estrelas, com renovadas histórias

de aventura, um cenário futurista

e muitas personagens de outros

planetas. A acção situa-se entre os

episódios III e IV e decorre num

momento em que o Império quer

garantir o controlo absoluto sobre

a galáxia. Mas há um pequeno

grupo que se atreve a desafi ar

as regras e usa todas as suas

capacidades para lutar.

RapunzelDisney, 20h28As princesas da Disney continuam

a brilhar no canal. Ao longo deste

mês, é a vez de Rapunzel ser a

estrela. Esta princesa pode ter

passado toda a sua vida trancada

numa torre secreta, mas, com

mais de 20 metros de cabelos

dourados, é uma jovem curiosa e

com muita energia que preenche

os seus dias com arte, livros e

muita imaginação. Em destaque

vão estar peças diárias, momentos

musicais como o karoke Eu Vejo

a Luz, do fi lme Entrelaçados, e

ainda algumas indicações para se

ser uma verdadeira princesa.

DESPORTO

Futebol: Liga dos CampeõesDirecto. Em Leverkusen, a equipa

de Jorge Jesus disputa frente ao

Bayer a segunda jornada da Fase

de Grupos da Liga dos Campeões

(SPTV1, 19h45). A arbitragem

fi ca a cargo do inglês Martin

Atkinson. Outros jogos da Liga dos

Campeões: Zenit x Mónaco (SPTV1,

17h00), Ludogorets Razgrad x Real

Madrid (SPTV2, 19h45), Atlético

Madrid x Juventus (SPTV3, 19h45),

Arsenal x Galatasaray (SPTV4,

19h45), e Basileia x Liverpool

(SPTV5, 19h45).

DOCUMENTÁRIO

Dinheiro no CeleiroDiscovery, 23h00Estreia. Acompanha-se uma

equipa de profi ssionais de leilões

que tentam localizar as maiores

fortunas escondidas em celeiros

dos EUA. Convencidos de que as

famílias mais ricas armazenavam

os bens mais preciosos dentro dos

celeiros, e na esperança de que os

mesmos tenham sido esquecidos,

os protagonistas vão descobrir

que fortuna se esconde entre lixo

e relíquias.

House, FOX, 19.40

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 Agora Nós 13.00 Jornal da Tarde 14.19 Os Nossos Dias 14.49 Há Tarde 18.00 Portugal em Directo 19.09 O Preço Certo 19.56 Direito de Antena 20.00 Telejornal 21.09 Bem-vindos a Beirais 21.50 Água de Mar 22.46 Quem Quer Ser Milionário 23.49 As Linhas de Torres 00.50 Arrow 1.37 Liberdade 21 2.32 Vila Faia

RTP27.00 Euronews 7.30 Zig Zag 11.16 Euronews 12.40 Janela Indiscreta 13.13 Alves dos Reis, um Seu Criado 14.00 Sociedade Civil - Abandono dos Idosos 15.33 A Fé dos Homens 16.05 Por Amor ao Piano 17.12 Zig Zag 20.41 A Teoria do Big Bang - 6.ª temporada 21.00 Jornal 2 21.42 Página 2 22.00 Vida de Mãe 22.24 Rockefeller 30 - 5.ª temporada 22.48 O Lamento da Guerra 23.44 Tanto Para Conversar 00.28 Fátima e o Mundo 1.27 Sociedade Civil 3.00 Euronews

SIC6.00 SIC Notícias 7.00 Edição da Manhã 8.45 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.00 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.30 Senhora do Destino 15.30 Boa Tarde 18.30 Em Família 20.00 Jornal da Noite 21.45 Mar Salgado 22.45 Sorteio do Totoloto 23.00 Amor à Vida 23.45 Lado a Lado 00.30 Blacklist 1.30 European Poker Tour 2.30 Mentes Criminosas

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Flor do Mar 16.00 A Tarde é Sua 18.15 Feitiço de Amor 19.15 Casa dos Segredos 5 - Diário da Tarde 20.00 Jornal das 8 21.40 Casa dos Segredos 5 - Diário da Noite 22.10 Jardins Proibidos 23.18 O Beijo do Escorpião 00.08 Mulheres 00.58 Casa dos Segredos 5 - Extra 1.58 Resumos Liga dos Campeões 2.13 Guestlist 2.48 Grimm 3.35 Olhos nos Olhos

TVC1 10.35 A Dactilógrafa 12.25 Burton e Taylor 13.50 A Melhor Oferta 16.00 Velocidade Furiosa 6 18.10 Gangsters da Velha Guarda 19.50 Die Hard: Nunca é Bom Dia para Morrer 21.30 Jogo de Risco 23.05 Velocidade Furiosa 6 1.10 O Gringo 2.45 Gangsters da Velha Guarda

FOX MOVIES9.16 Street Fighter - A Batalha Final 10.55 Infiltrado 13.00 Cop Land - Zona Exclusiva 14.43 Uma Noite Desastrosa 16.18 De-Lovely 18.20 Conhece Joe Black? 21.15 Um Casamento Atribulado 23.07 Fantasmas de Marte 00.43 Os Reis de Dogtown 2.30 Sem Escape - Vencer ou Morrer

HOLLYWOOD9.10 Tootsie - Quando Ele era Ela 11.05 A Calúnia 13.00 O Diário de Bridget Jones 14.35 O Patriota 17.20 Eraser 19.15 Flags of our Fathers - As Bandeiras dos Nossos Pais 21.30 A Verdade Escondida 23.45 Correio de Risco 1.25 Alien - O Regresso 3.15 Anjos na Neve

AXN13.52 Mentes Criminosas 14.41 Mentes Criminosas 15.30 C.S.I. 16.20 C.S.I. 17.10 Arrow 18.00 Arrow 18.50 Mentes Criminosas 19.40 Mentes Criminosas 20.30 C.S.I. 21.20 C.S.I. 22.15 Investigação Criminal 23.10 Investigação Criminal 00.06 Arrow 1.00 Arrow 1.46 Mentes Criminosas 2.29 Mentes Criminosas

AXN BLACK13.48 Boardwalk Empire 14.47 Brigada Anti-Vício 15.40 Filme: O Condenado 17.07 Boardwalk Empire 18.07 Boardwalk Empire 19.08 Boardwalk Empire 20.07 Boardwalk Empire 21.06 Brigada Anti-Vício 22.00 Filme: O Condenado 23.30 Filme: Verdade ou Mentira 1.06 Boardwalk Empire

AXN WHITE13.55 Dois Homens e Meio 14.19 Filme: Porque Sim! 16.09 Chamem a parteira 17.09 Pequenas mentirosas 17.54 Pequenas mentirosas 18.39 Pequenas mentirosas 19.24 Trocadas à nascença 20.12 Trocadas à nascença 21.00 Trocadas à nascença 21.50 Filme: Porque Sim! 23.40 Filme: Até que Me Encontrou 1.22 Trocadas à nascença

FOX 13.58 Sob Suspeita 14.47 Sob Suspeita 15.32 Elementar 16.21 Elementar 17.14 Flashpoint 18.02 Hawai Força Especial 18.47 Hawai Força Especial 19.40 House 20.30 House 21.20 Ossos 22.15 Ossos 23.05 Ossos 00.05 Ossos 00.53 The Walking Dead 1.42 The Walking Dead 2.33 Dexter

FOX LIFE 13.25 Filme: Abducted: The Carlina White Story 14.59 Em Contacto 15.46 Em Contacto 16.35 Clínica Privada 17.25 Filme: Adopting Terror 18.58 My Kitchen Rules 20.04 Body of Proof 20.51 Uma Família Muito Moderna 21.18 Uma Família Muito Moderna 21.45 Rizzoli & Isles 22.36 Rizzoli & Isles 23.32 Filme: Fatal Honeymoon 1.14 My Kitchen Rules

DISNEY16.30 Recreio 16.42 Recreio 16.55 Phineas e Ferb 17.19 Phineas e Ferb 17.35 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 18.00 Violetta 18.55 Liv e Maddie 19.20 O Meu Cão Tem Um Blog 19.45 A Minha Babysitter É Um Vampiro 20.07 Jessie 20.28 Disney Princess - Rapunzel 20.32 Violetta 21.25 A.N.T. Farm - Escola De Talentos

DISCOVERY18.15 Pesca Radical 19.10 Ouro na Selva 20.05 Lutando com Tubarões 21.00 Aquários XXL 22.00 A Minha Casa Numa Árvore 23.00 Celeiros Valiosos 23.25 Celeiros Valiosos 23.55 Perdido e Vendido! 00.20 Perdido e Vendido! 00.45 Aquários XXL

HISTÓRIA 19.01 O Livro Dos Segredos: A Casa Branca 19.46 Restauradores: Detenham Esse Comboio 20.08 Restauradores: Demónio Sobre Rodas 20.31 Restauradores: Brincar com o Fogo 20.53 Restauradores: Em Terrenos Pantanosos 21.15 Restauradores: Cavalo de Batalha 21.37 Restauradores: O Grande Boom 22.00 Caça Tesouros: A Mina de Ouro da Califórnia 22.45 Caça Tesouros: Caça Tesouros no Sótão 23.30 Restauradores: A Cadeira De Barbeiro 23.52 Restauradores: O Jogo De Basebol

ODISSEIA18.22 Tigres Devoradores de Homens 19.13 Códigos Secretos: Formas 20.12 DEA: Tráfico de Drogas de Alta Qualidade 20.57 Gadget Man I: Supercomputador 21.20 Objectivos Sobre-Humanos: Frio Extremo (Wim Hof) 21.49 1000 Formas de Morrer IV 22.09 1000 Formas de Morrer IV 22.30 Deslocações Impossíveis: Um Tribunal Descomunal 23.16 Deslocações Impossíveis: Barco a Vapor 00.02 Códigos Secretos: Formas

[email protected]

19.40

Os mais vistos da TVSegunda-feira, 29

FONTE: CAEM

SICTVISICTVISIC

15,613,912,711,911,9

Aud.% Share

32,327,626,225,029,4

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

14,4%%

1,7%%

21,7%%

24,0%%

27,8%%

Mar SalgadoSecret Story 5Jornal da NoiteJornal das 8Amor à Vida

Page 38: Publico 01out.2014.Gigatuga

38 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

JOGOSCRUZADAS 8637

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

21º

Viana do Castelo

Braga13º 29º

Porto16º 28º

Vila Real13º 26º

14º 27º

Bragança11º 25º

Guarda10º 22º

Penhas Douradas9º 21º

Viseu15º 26º

Aveiro16º 28º

Coimbra15º 29º

Leiria12º 29º

Santarém16º 30º

Portalegre16º 29º

Lisboa18º 29º

Setúbal16º 32º Évora

16º 31º

Beja19º 34º

Castelo Branco16º 29º

Sines18º 30º

Sagres17º 28º

Faro20º 29º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

20º 23º

18º 23º

Flores

Terceira18º 23º

20º 26º

20º 26º

18º 23º

21º

22º

07h32

Minguante

19h20

11h518 Out.

1m

2-3m

21º

2-3m

24º1m

23º1,5-2m

08h16 2,920h53 2,7

01h51 1,214h30 1,2

07h52 2,920h31 2,8

01h24 1,314h07 1,3

07h56 2,8 20h35 2,7

01h15 1,213h57 1,2

1-1,5m

1-1,5m

2-3m

21º

22º

Horizontais: 1. Combinado. Preposição que designa posse. 2. Algarismo. Sistema que permite “conversar” on-line, digitando mensagens. 3. Ferido. Vida airada (prov.). 4. Suspiro. Espécie de padiola, para transporte de doentes. Popular (abrev.). 5. Elogiara. Variante do pronome “o”. 6. Atmosfera. Sociedade Portuguesa de Autores (sigla). 7. Aqui está. Amores ardentes. 8. Série de luzes à frente do palco, entre o pano de boca e o lugar da orquestra. Pedra circular e ro-tativa de moinho ou de lagar. 9. Coluna que sustenta uma construção. Debruar. 10. Pôr tacões em. Argola. 11. Nada. Dedicar a Deus ou ao serviço divino.

Verticais: 1. Prefixo que exprime a ideia de privação. Azedo. Tranquilidade pú-blica. 2. Nome feminino. Inflamação da íris. 3. Designativo da pedra constituída por sulfato de alumínio e potássio hidra-tado. Que nasce ou deriva da base. 4. Dividir (as terras) em sesmarias. Deus romano do vinho. 5. Ressoar com força. Não continuo. 6. Contracção de “a” com “o”. Pequeno povoado. Elas. 7. Símbolo de miliampere. Talhadas de lombo fri-tas ou guisadas com toucinho e condi-mentadas com pimenta. 8. Vazio. Tornar frouxo. 9 – Prefixo (cavalo). Face inferior do pão. 10. Prejuízo. Manobrara os re-mos. 11. Jornada. Tratamento dado às freiras.

Depois do problema resolvido encon-tre o título de um filme com Annette Bening (4 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Aducir. Tabu. 2. Tinha. Mole. 3. Avia. PERIGO. 4. Cursor. Raer. 5. Al. Puelar. 6. Grassar. Vã. 7. VAI. Au. Ave. 8. SA. Namoro. 9. Rechaço. Ler. 10. SPA. Rã. Etal. 11. Oira. Olhara.Verticais: 1. Ataca. Verso. 2. Divulga. Epi. 3. Unir. Riscar. 4. Chaspa. Ah. 5. Ia. Ousa. Ar. 6. PRESUNÇÃO. 7. Me. LA. Ao. 8. Torraram. Eh. 9. Aliar. VOLTA. 10. Bege. Verear. 11. Orfã. Orla.Provérbio: Perigo vai, presunção volta.

Oeste Norte Este Sul 2♦ (1)passo 2♠ (2) passo 4♥ (3)Todos passam

Leilão: Qualquer forma de Bridge. (1) Forcing de partida (2) Um Ás rico (3) Conclusivo – faltam dois ases

Carteio: Saída: Q♠. Qual a melhor linha de jogo?

Solução: O primeiro passo a tomar é prender a primeira vaza com o Ás de es-padas, a única e última entrada no mor-to. O passo seguinte merece alguma reflexão. À partida, jogar copas ou paus parece ser uma decisão 50-50, mas não é bem assim. Se optarmos por copas e perdermos não nos restará mais nada, contudo se a opção recair sobre o naipe de paus a situação é diferente. Se o Rei de paus perder para o Ás de Oeste, po-demos ainda capturar a Dama de copas se a mesma tombar sobre o Ás e o Rei de copas. Esta “pequena diferença” é de cerca de 20%, o que não é de se desper-diçar…

Dador: SulVul: Ninguém

Problema 5654 Dificuldade: fácil

Problema 5655 Dificuldade: médio

Solução do problema 5652

Solução do problema 5653

NORTE♠ A1064♥ 6♦ 8532♣ J873

SUL♠ K♥ AKJ10932♦ KQJ♣ K9

OESTE♠ QJ982♥ Q7♦ 1064♣ A102

ESTE♠ 753♥ 854♦ A97♣ Q654

João Fanha/Pedro Morbey([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1♣1♠ X 2♠ ?

O que marca com a seguinte mão?♠6 ♥AJ2 ♦KQ3 ♣AKJ1074

Resposta: Se o unicolor fosse em nai-pe rico estaríamos em condições para abrir numa abertura forte, mas quando se trata de um naipe menor o grau de exigência é maior. Depois de termos aberto em 1 pau, assistimos a um do-bre “Spoutnick” do parceiro, sobre a intervenção de Oeste e antes do apoio de Este. A nossa mão é demasiado forte para marcar 3 paus. Marcar 3 espadas é uma solução razoável, mas estaríamos a deitar por terra a possibilidade de se jo-gar um bom cheleme a paus. Para deixar um leque maior de opções a voz mais adequada é o dobre, competitivo claro.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 39: Publico 01out.2014.Gigatuga

Acompanhe as eleições brasileiras com os enviados especiais

Manuel Carvalho na primeira volta e Rita Siza na segunda.

Análise de Teresa de Sousa. É o Ano Grande do Brasil no Público.

Quem será a mulher que vai governar o Brasil?

publico.pt/ano-grande-do-brasil

Page 40: Publico 01out.2014.Gigatuga

40 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Numa grande noite de Rui Patrício, o Sporting quase sonhou

O regresso da Liga dos Campeões ao

Estádio José Alvalade, mais de cinco

anos depois, correu bem para Rui Pa-

trício, sem dúvida o melhor do Spor-

ting. Mas acabou em desilusão para

a equipa “leonina”, batida pelo Chel-

sea (0-1). Num jogo em que entrou

mal, o conjunto orientado por Marco

Silva fez uma primeira parte fraca,

mas no segundo tempo os “leões”

conseguiram deixar uma melhor

imagem. Ainda assim, a superiori-

dade dos “blues” nunca esteve em

questão. E no fi nal os adeptos ren-

deram homenagem ao guarda-redes,

em reconhecimento de que, se não

fosse ele, o resultado teria sido muito

diferente.

Este foi apenas o 10.º jogo da

carreira de Rui Patrício na Liga dos

Campeões, mas tão cedo o guarda-

redes internacional português não

esquecerá a noite em que defrontou

o Chelsea. O guardião foi sendo pos-

to à prova regularmente durante a

partida e brilhou numa mão-cheia

de ocasiões, sendo apenas batido

num lance de bola parada em que

foram os defesas a falhar, deixando

um adversário cabecear à vontade.

A magnitude da exibição de Rui Pa-

trício não escapou a ninguém, a tal

ponto que, mal o árbitro espanhol

apitou para o fi nal da partida, José

Mourinho atravessou o relvado para

cumprimentar o guarda-redes.

Chegou, assim, ao fi m uma série

de 16 encontros consecutivos sem

perder em casa, nas competições

europeias. Marco Silva só pode la-

mentar que o resto da equipa não

tenha estado ao nível de Rui Patrício.

O técnico “leonino” não fez qualquer

alteração no “onze”, optando por

repetir a equipa que tinha entrado

em campo frente ao FC Porto. Mas

a postura dos “leões” no primeiro

tempo diante do Chelsea não teve

sequer metade da intensidade de-

monstrada na primeira parte con-

tra os “dragões”: houve muita gente

que não conseguiu esconder o ner-

vosismo e acumularam-se os passes

errados e as perdas de bola, numa

Guardião foi o mais brilhante dos “leões”, que acabaram batidos em casa pelo Chelsea e viram chegar ao fi m uma série de 16 jogos seguidos sem perder em Alvalade, nas provas europeias

Crónica de jogo Tiago Pimentel

tumados a ver na televisão, houve

“leões” que deixaram os nervos levar

a melhor. Foi o caso de Jonathan Sil-

va, estreante na principal competi-

ção europeia de clubes, ou Naby Sarr,

sempre pouco tranquilo. E foi pelo

lado esquerdo da defesa “leonina”

que surgiram as primeiras situações

de apuro: Oscar lançou Diego Costa,

que surgiu isolado mas viu o remate

ser desviado por Rui Patrício logo aos

dois minutos. O português voltou a

brilhar quando travou o ensaio de

Schürrle (15’), que voltaria a perder

para Rui Patrício (21’ e 22’).

Só que, por muito que o interna-

cional português tivesse feito, o golo

acabou por surgir. Num livre sobre

o lado direito da defesa do Sporting,

Fàbregas fez a bola sobrevoar a área

“leonina” e encontrou Matic, que

exibição sem comparação com a de

sexta-feira.

Claro que Sporting e Chelsea não

pertencem ao mesmo universo fute-

bolístico, seja a nível de orçamento

ou de qualidade do plantel. O “on-

ze” que alinhou de início somava 76

partidas na Champions, das quais 56

pertenciam ao currículo de Nani. E, a

defrontar jogadores que estão acos-

REACÇÕES

“Não entrámos bem, o Chelsea criou-nos muitos problemas. Depois o jogo ficou equilibrado, subimos mais e tivemos ocasiões”

“O Sporting conseguiu manter o jogo aberto até ao fim. Mostrámos que queríamos ganhar e que somos mais equipa”

Marco SilvaSporting

José MourinhoChelsea

Sporting 0

Chelsea 1Matic 34’

Positivo/Negativo

Estádio de Alvalade, em LisboaEspectadores 40.734

Sporting Rui Patrício, Cedric a74’, Maurício a63’ (Paulo Oliveira, 63’), Naby Sarr, Jonathan Silva, Adrien Silva (Montero, 81’), William Carvalho a25’, João Mário a43’, Carrillo (Capel, 81’), Slimani e Nani. Treinador Marco Silva

Chelsea Courtois, Ivanovic a58’, Cahill, John Terry, Filipe Luís a75’, Matic, Fàbregas a90+3’, Schürrle (Willian, 58’), Oscar (Mikel, 71’), Hazard a72’ (Salah, 84’), Diego Costa. Treinador José Mourinho

Árbitro Manuel Lahoz (Espanha)

Rui PatrícioUma e outra vez, ele disse presente. Ainda que o Sporting tenha perdido, ele foi o melhor. Excelentes defesas ao longo de toda a partida que evitaram um resultado diferente.

MaticRegressou aos relvados portugueses e mostrou que as suas qualidades permanecem intactas. Ainda marcou um golo, tirando partido do erro de Jonathan Silva. Foi incansável no meio-campo dos “blues”.

Primeira parte do SportingOs “leões” não tiveram a mesma intensidade que mostraram nos primeiros 45 minutos frente ao FC Porto. Houve muitos passes errados e muito nervosismo. Jonathan Silva e Naby Sarr raramente conseguiram entender-se.

q p

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PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | DESPORTO | 41

PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

Filipe Luís e Nani travaram um duelo interessante

surgiu livre a cabecear para a vanta-

gem do Chelsea (34’). Jonathan Silva

deixou completamente à vontade o

sérvio ex-Benfi ca, que nunca tinha

marcado ao Sporting quando repre-

sentava os “encarnados”.

O Sporting, que tinha ameaçado

por Slimani aos 20’ — após cruza-

mento de Jonathan Silva, o argelino

cabeceou para defesa de Courtois —

não criaria perigo até ao intervalo.

Mas, no segundo tempo, os “leões”

subiram de produção e começaram

a mostrar-se no ataque. Nani deu o

mote com um remate de longe, que

saiu ao lado (48’), mas seria aos 55’

que fi caria perto do golo: dentro da

área, acertou na malha lateral da bali-

za do Chelsea. O Sporting ainda pode

queixar-se de uma aparente grande

penalidade que fi cou por assinalar,

quando Fàbregas derrubou André

Carrillo (68’).

Com a subida de rendimento do

Sporting, o trabalho para Rui Patrício

diminuiu, mas esteve longe de aca-

bar. E o guarda-redes português disse

sempre presente, com excelentes de-

fesas. Aos 55’, contrariou Oscar, que

surgiu isolado. Depois foi ao limite da

grande área para, com os pés, tirar

a bola a Diego Costa (84’). E, já no

período de compensação, reclamou

a coroa de melhor da noite com uma

soberba defesa a remate do egípcio

Salah. O regresso de Alvalade à Liga

dos Campeões acabou em desilusão,

com a segunda derrota em dez jogos

em casa frente a adversários ingleses.

Mas foi sob aplausos que a equipa

deixou o relvado — principalmente

Rui Patrício.

O PSG recebia o Barcelona no Parque

dos Príncipes com um handicap: não

tinha Zlatan Ibrahimovic, um dos

melhores avançados do mundo, in-

disponível devido a lesão. Mas, à falta

do goleador sueco, a equipa francesa

teve outras armas e derrotou o seu

adversário catalão por 3-2, em jogo

da 2.ª jornada do Grupo F da Liga

dos Campeões. Depois de uma fal-

sa partida na 1.ª ronda, a formação

orientada por Laurent Blanc conse-

guiu impor a primeira derrota a este

Barça de Luis Enrique, assumindo

assim o comando do agrupamento,

com quatro pontos.

A equipa francesa colocou-se em

vantagem logo aos 10’, com um golo

de David Luiz, mas o Barcelona res-

pondeu quase de imediato por um

dos seus suspeitos do costume, Lio-

nel Messi, que marcou o golo do em-

pate aos 12’, naquele que foi o 500.º

do Barcelona na Taça dos Campeões/

Liga dos Campeões. Ainda na primei-

ra parte, Verratti colocou o PSG em

vantagem aos 26’, com Matuidi a ele-

var para 3-1, aos 54’.

Neymar ainda reduziu para 3-2 aos

56’, mas foi o máximo que o Barcelo-

na conseguiu fazer num jogo em que

Xavi Hernández se tornou no joga-

dor com mais partidas da história da

Champions (143), superando as 142

de Raúl González. No outro jogo do

agrupamento, APOEL e Ajax empa-

taram (1-1), com o golo dos cipriotas

a ser marcado por Manduca, antigo

jogador do Benfi ca e do Marítimo.

Um outro recorde foi batido no

empate (1-1) entre o Manchester City

e a AS Roma, a contar para o Grupo

E. Aos 38 anos e três dias, Francesco

Totti tornou-se no jogador mais velho

a marcar em jogos da Champions.

O carismático avançado italiano foi

o autor do golo do empate para a

equipa romana, aos 23’, depois de

Aguero ter aberto o marcador para

os campeões ingleses, de penálti, aos

4’. O anterior recorde era pertença

de Ryan Giggs, que havia marcado

pelo Manchester United com 37 anos

e 289 dias. O líder deste agrupamen-

to é o Bayern Munique, que bateu

em Moscovo o CSKA por 1-0, com

um penálti convertido por Thomas

O PSG não precisou de Ibrahimovic para derrotar o Barcelona

quais os bascos apenas conseguiram

responder com um de Aduriz.

No Grupo G, onde está inserido o

Sporting, Schalke 04 e Maribor não

conseguiram melhor que um empate

(1-1) em Gelsenkirchen, sendo que

ambas as equipas continuam sem

ganhar nesta Champions. Os eslo-

venos até estiveram em vantagem

com um golo de Bohar, aos 37’, mas

a formação alemã conseguiu chegar

ao empate por intermédio de Hun-

telaar, aos 56’.

Marco Vaza

MIGUEL MEDINA/AFP

Ter Stegen não travou o cabeceamento de Verratti para o 2-1

Müller, seguindo isolado na frente

com seis pontos.

A grande surpresa da noite aconte-

ceu na Bielorrússia, com o BATE Bo-

risov a derrotar o Athletic Bilbau por

2-1, em jogo do Grupo H, o mesmo do

FC Porto. Depois da pesada goleada

sofrida com os portistas na 1.ª jorna-

da, a formação de Borisov tornou-

se na primeira equipa bielorrussa a

bater uma equipa espanhola e este

feito histórico aconteceu graças aos

golos de Polyakov e Karnitskiy, aos

CLASSIFICAÇÕESGRUPO E GRUPO G

GRUPO F GRUPO H

2.ª JornadaCSKA Moscovo-Bayern Munique 0-1Manchester City-Roma 1-1

2.ª JornadaSporting-Chelsea 0-1Schalke 04-Maribor 1-1

2.ª JornadaPSG-Barcelona 3-2APOEL-Ajax 1-1

2.ª JornadaShakhtar Donetsk-FC Porto 2-2BATE Borisov-Athletic Bilbau 2-1

Próxima jornada (21 Outubro)CSKA Moscovo-Manchester City, Roma-Bayern Munique

Próxima jornada (21 Outubro)Schalke 04-Sporting,Chelsea-Maribor

Próxima jornada (21 Outubro)APOEL-PSG,Barcelona-Ajax

Próxima jornada (21 Outubro)FC Porto-Athletic Bilbau,BATE Borisov-Shakhtar Donetsk

J V E D G P J V E D G P

J V E D G P J V E D G P

Bayern Munique 2 2 0 0 2-0 6Roma 2 1 1 0 6-2 4Manchester City 2 0 1 1 1-2 1CSKA Moscovo 2 0 0 2 1-6 0

Chelsea 2 1 1 0 2-1 4Schalke 04 2 0 2 0 2-2 2Maribor 2 0 2 0 2-2 2Sporting 2 0 1 1 1-2 1

PSG 2 1 1 0 4-3 4Barcelona 2 1 0 1 3-3 3Ajax 2 0 2 0 2-2 2APOEL 2 0 1 1 1-2 1

FC Porto 2 1 1 0 8-2 4BATE Borisov 2 1 0 1 2-7 3Shakhtar Donetsk 2 0 2 0 2-2 2Athletic Bilbau 2 0 1 1 1-2 1

“Estamos a voltar ao que fomos na época passada e a impor o nosso jogo”Laurent BlancTreinador do PSG

“aéiLT

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42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Martins Indi tenta travar o lateral Márcio Azevedo

VALENTYN OGIRENKO/REUTERS

Ao décimo jogo ofi cial e ao décimo

“onze” diferente escolhido por Julen

Lopetegui, a primeira derrota do FC

Porto chegou a ser um dado adqui-

rido, mas o suplente Jackson evitou

que, numa noite repleta equívocos, os

“dragões” regressassem de Lviv com

zero pontos. Após Brahimi desperdi-

çar um penálti e o Shakhtar festejar

dois golos “oferecidos”, o colombia-

no marcou aos 89’ e 94’ e manteve

os “azuis e brancos” na liderança do

Grupo H da Champions.

A posse de bola voltou a pender pa-

ra o lado do FC Porto, em remates os

portistas golearam os ucranianos, mas

o quarto empate dos “dragões” nos

últimos cinco jogos sabe a vitória para

Lopetegui. Em Lviv, a mais de 1000km

de Donetsk, o Shakhtar até mostrou

pouco, mas perante uma equipa “azul

e branca” que pela primeira vez na

sua história não teve qualquer joga-

dor português em campo durante

os 90 minutos, o pentacampeão da

Ucrânia desperdiçou uma oportuni-

dade única de derrotar o FC Porto.

Já não é notícia Lopetegui surpre-

ender no “onze”, mas a capacidade

Crónica de jogoDavid Andrade

Shakhtar Donetsk 2Alex Teixeira 52’, Luiz Adriano 85’

FC Porto 2Jackson Martínez 89’ e 90+4’ (g.p.)

Positivo/Negativo

Arena Lviv, em Lviv.Espectadores cerca de 35.000

Shakhtar Donetsk Pyatov, Srna a48’, Kucher a34’, Rakitskiy, Márcio Azevedo, Stepanenko a36’, Fernando a69’, Douglas Costa (Bernard, 79’), Alex Teixeira, Taíson (Ilsinho, 75’) e Luiz Adriano. Treinador Mircea Lucescu

FC Porto Fabiano, Danilo, Martins Indi, Maicon a48’, Alex Sandro, Marcano (Quintero, 65’), Herrera, Óliver Torres a35’, Brahimi (Adrián López, 78’), Tello e Aboubakar (Jackson Martínez, 65’). Treinador Julen Lopetegui

Árbitro Cüneit Çakir (Turquia)

JacksonA 100% ou não, o FC Porto não se pode dar ao luxo de desperdiçar o talento de Jackson num jogo de Liga dos Campeões. O colombiano entrou a apenas 25 minutos do fim, mas ainda conseguiu emendar o equívoco do seu treinador e evitar a primeira derrota portista da época.

QuinteroTal como Jackson, o médio também entrou apenas aos 65’, mas mesmo assim causou mais perigo do que todos os seus colegas que já estavam em campo.

MaiconA expulsão contra o Boavista parece ter afectado o defesa central. Ainda na primeira parte, num lance insólito, esteve quase a marcar na própria baliza e, a cinco minutos do fim, ofereceu o 2-0 ao Shakhtar.

Óliver TorresO jovem médio aprendeu da pior maneira que há áreas do campo onde é proibido tentar fintar. Alex Teixeira agradeceu o brinde que ofereceu aos 52’.

Jackson salva o FC Porto da primeira derrota na noite de todos os equívocos em Lviv

de o basco deixar muitos adeptos a

questionarem-se se não há nenhum

equívoco na equipa anunciada teve

mais um capítulo. Com Jackson e Ru-

ben Neves no banco, o técnico colo-

cou Marcano a “6” e, para além do

(ainda) intocável Brahimi, o ataque foi

entregue a Tello e Aboubakar.

Em termos práticos, as alterações

não mudaram o ADN do FC Porto

de Lopetegui. Com muita parra mas

pouca uva, os “dragões” entraram a

dominar, mas foi o talentoso Taíson,

aos 10’, a causar o primeiro calafrio

a Fabiano. Os portistas responderam

por Danilo (13’) e reclamaram um pe-

nálti, mas uma atrapalhação de Mai-

con, que quase resultou em autogolo,

foi o prenúncio de noite de disparates.

Seis minutos depois, Brahimi caiu na

área, o árbitro apontou penálti, mas o

argelino permitiu a defesa de Pyatov.

Sem alterações ao intervalo, o FC

Porto demorou menos de um minuto

a criar perigo, mas aos 52’ Óliver Tor-

res inventou: o espanhol tentou fi ntar

onde é proibido, Kucher agradeceu e

estendeu a passadeira a Alex Teixeira,

que fez um golo fácil. Sem fazer muito

por isso, Lucescu viu-se em vantagem

e recuou os jogadores.

Lopetegui demorou a reagir, mas a

25’ do fi m lançou Jackson e Quintero.

Com a dupla colombiana em campo,

Pyatov começou a ter trabalho e, aos

65’ e 71’, o FC Porto voltou a criar pe-

rigo. A falta de soluções para desfazer

defesas reforçadas continuava, po-

rém, a ser uma evidência e aos 85’

os “dragões” pareceram ir de vez ao

tapete: Maicon perdeu a bola à saída

da área e Luiz Adriano fez o 2-0.

A primeira derrota parecia certa pa-

ra Lopetegui, mas o suplente Jackson

salvou o basco: aos 89’, reduziu na

marcação de um penálti e no último

minuto de descontos, Tello mostrou

que até pode ser útil e assistiu Jack-

son para o 2-2. Em 25 minutos, o “9”

mostrou que há intocáveis em parti-

das com a importância de uma prova

como a Liga dos Campeões.

Já se sabe que todos os jogos do

Grupo C da Liga dos Campeões te-

rão sempre, pelo menos, um treina-

dor português no banco. Hoje, em

Leverkusen, estará Jorge Jesus pelo

Benfi ca, em São Petersburgo estarão

dois, André Villas-Boas pelo Zenit e

Leonardo Jardim pelo Mónaco. Am-

bos ganharam os jogos da primeira

jornada, mas as respectivas carreiras

internas não podiam ser mais dife-

rentes. O Zenit tem dominado a Liga

russa, enquanto o Mónaco não con-

segue acertar o ritmo em França e

navega perto dos últimos lugares.

Villas-Boas e Jardim já são “velhos”

conhecidos dos tempos em que am-

bos davam os primeiros passos no

futebol português. O primeiro con-

fronto entre os dois aconteceu em

2009, numa eliminatória da Taça

de Portugal. O Beira-Mar de Jardim,

então na segunda divisão, acabaria

por eliminar a Académica de Villas-

Boas nos penáltis, após um empate

(1-1), ao fi m de 120’. Na época seguin-

te, Jardim manteve-se no clube de

Aveiro (mas não fi caria até ao fi m),

enquanto Villas-Boas se mudou pa-

ra o FC Porto. Nos três confrontos

entre os dois, vantagem total para a

formação portista, com dois triunfos

nos jogos da Liga (3-0 e 1-0) e um na

Taça da Liga (3-0).

Para o seu quinto confronto com

Villas-Boas, “um amigo que conhe-

ce bem”, o ex-treinador do Sporting

considera que a formação russa irá

ser bastante ofensiva. “Eles vão ata-

car muito, mas isso não quer dizer

que nós não tenhamos oportunida-

des de fazer alguns contra-ataques”,

refere Jardim. Villas-Boas, por seu

lado, também fala de boas relações

com o compatriota — “Ainda ontem

falámos ao telefone” — e diz que o

Mónaco é “mais perigoso quando

joga fora de casa”. “São capazes de

contra-ataques explosivos”, frisou.

Duelo português em São Petersburgo

FutebolMarco Vaza

Com dois golos do colombiano nos últimos cinco minutos, os “dragões” empataram na Ucrânia

JOGOS DO DIA2.ª JORNADA

Grupo AMalmö-Olympiacos 19h45Atlético Madrid-Juventus 19h45 (SP-TV3)Grupo B Basileia-Liverpool 19h45 (SP-TV5)Ludogorets-Real Madrid 19h45 (SP-TV2)Grupo C Zenit-Mónaco 17hBayer Leverkusen-Benfica 19h45 (SP-TV1)Grupo D Arsenal-Galatasaray 19h45 (SP-TV4)Anderlecht-Borussia Dortmund 19h45

REACÇÕES

“Os golos são consequência de um bom trabalho a nível colectivo. Faltava simplesmente completá-lo”

“Fizemos um grande jogo, frente a um rival que superámos em tudo. Foi uma injustiça não termos somado três pontos”

Jackson MartínezFC Porto

Julen LopeteguiFC Porto

ontos

ppp

nez

Page 43: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 43

Breves

Ténis

Surf

Rafael Nadal prova em Pequim que não esqueceu

Fitzgibbons, Carissa e Wright querem brilhar em Cascais

Rafael Nadal não ganhou ferrugem durante as 13 semanas em que uma lesão no pulso direito o impediu de competir e regressou ao ATP World Tour com uma vitória: na estreia no China Open, eliminou Richard Gasquet (22.º ATP), por 6-4, 6-0, em 1h18m. “Mais importante do que ganhar, é passar tempo no court”, frisou Nadal, que não competia desde que perdeu nos oitavos-de-final de Wimbledon. Nesta quarta presença no China Open, Nadal vai defrontar o alemão Peter Gojowczyk (122.º), vindo do qualifying. Djokovic derrotou Guillermo García-Lopez (38.º), por 6-2, 6-1, e Andy Murray (11.º) recuperou de 1-5 para vencer Jerzy Janowicz (36.º), por 6-7 (9/11), 6-4, 6-2. Amanhã, João Sousa (52.º) defronta Marin Cilic (9.º).

As candidatas ao título mundial de surf feminino Sally Fitzgibbons, Carissa Moore e Tyler Wright assumiram ontem a ambição de se adiantarem na “luta” no Cascais Women’s Pro, nona e penúltima etapa do circuito. As três estiveram na apresentação da competição, cujo período de espera decorre entre hoje e 7 de Outubro. Fitzgibbons, líder do ranking mundial, vai estrear-se no terceiro heat frente à havaiana Coco Ho e à portuguesa Teresa Bonvalot, de 14 anos. Tyler Wright, também australiana e segunda do ranking, vai defrontar a americana Courtney Conlogue e a havaiana Alana Blanchard, no quarto heat. Carissa Moore, quarta na hierarquia, começa por enfrentar a compatriota Alessa Quizon e a australiana Dimity Stoyle, na 2.ª bateria.

Reza a história que o Benfi ca nunca

conseguiu passar a fase de grupos

da Liga dos Campeões sempre que

entrou na prova com uma derrota

(algo que aconteceu em 1998-99 e

2007-08). Mas o passado recente dos

“encarnados”, já sob o comando de

Jorge Jesus, também permitiu à equi-

pa alcançar, em 2011, a primeira vitó-

ria (0-2) do seu currículo na Alema-

nha para as competições europeias,

em Estugarda. Hoje, é novamente

em solo germânico que o campeão

português joga parte das suas aspira-

ções na Champions. Com Júlio César

a bordo e Enzo Pérez de fora.

O problema na baliza está apa-

rentemente resolvido. O Benfica

viajou para Leverkusen com o jo-

vem guarda-redes Bruno Varela na

comitiva (Artur e Paulo Lopes estão

lesionados) e com Júlio César ainda

a recuperar de lesão. A avaliar pelas

indicações dadas por Jorge Jesus na

conferência de imprensa de ontem,

porém, o internacional brasileiro de-

verá estar apto a jogar.

“Clinicamente parece-nos que está

recuperado, mas ainda vai treinar e,

se tudo estiver bem, vai para jogo. Se

estiver a 100% será ele a jogar”, ga-

rantiu o treinador dos “encarnados”,

que tem tido difi culdades em siste-

matizar uma opção na baliza.

E se, por um lado, Jesus tem uma

dor de cabeça a menos para debelar

no sector defensivo, no meio-campo

(depois das lesões prolongadas de

Fejsa e Ruben Amorim) voltam as tor-

mentas. Enzo Pérez, pedra nuclear

da equipa, está em dúvida e a ges-

tão da condição física do argentino é

prioritária para o treinador. “O Enzo

saiu com algumas limitações do jogo

com o Estoril, só amanhã [hoje] sa-

beremos se está a 100%. Não posso

apenas pensar na Champions, tenho

de pensar também no campeonato,

por isso, há grandes possibilidades

de ser poupado”, observou.

Se isso acontecer, entre outras pos-

sibilidades, André Almeida poderá

avançar para o onze, passando Sa-

maris a fazer o papel que tem cabido

a Enzo. Ou então, num plano mais

arrojado, Gaitán derivar para o meio

e Ola John entrar para a ala esquer-

da. Seja qual for a solução adoptada,

Benfica ataca Bayer com Júlio César e sem Enzo Pérez

Liga dos CampeõesNuno Sousa

São duas equipas sedentas de pontos as que se enfrentam em Leverkusen. Jesus elogia adversário

Bayer Leverkusen 4-2-3-1

Benfica 4-4-2

BoenischSpahicJedvajHilbert

Leno

Júlio César

André Almeida

Lima

Maxi Pereira

LuisãoJardelEliseu

SalvioGaitán

Bender

ÇalhanoglouBellarabi

Estádio BayArenaLeverkusen

Árbitro: Martin Atkinson Inglaterra

19h45SP-TV1

Reinartz

KiesslingHeung-Min

Talisca

Samaris

Jorge Jesus

Jesus não tem dúvidas das difi culda-

des que o esperam. “O Bayer é uma

equipa de um dos campeonatos mais

fortes da Europa, está a fazer uma

boa prova, está actualmente no ter-

ceiro lugar e isso é sinónimo de que

é uma equipa forte”, alertou.

A verdade é que, na Champions,

nem Benfi ca nem Bayer entraram

com o pé direito e o facto de não so-

marem ainda qualquer ponto torna

esta partida ainda mais relevante. “O

importante não é tanto jogar bem,

mas sobretudo ganhar o jogo. Pre-

cisamos de assegurar uma posição

confortável para abordar os pró-

ximos jogos”, defende o treinador

Roger Schmidt, que estudou bem o

rival: “O Benfi ca tem muitos sul-ame-

ricanos que infl uenciam o seu estilo

de jogo e são fortes no um para um.

É uma equipa que sabe reagir ao que

acontece em campo durante o jogo”.

Page 44: Publico 01out.2014.Gigatuga

44 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA 01/10

Onde estão as origens do Bloco?

Idosos portugueses, um presente amargo

Um “regressar às origens” do Bloco

de Esquerda. Foi assim que Pedro

Filipe Soares defi niu ontem a moção

que apresentará na convenção

do Bloco que se realizará a 22 e

23 de Novembro, em que irá disputar a

liderança do partido com a dupla Catarina

Martins/João Semedo. Para o actual líder

parlamentar, que no partido representa a

tendência Esquerda Alternativa (ex-UDP), um

regresso às origens signifi ca assumir o papel

de partido de protesto e fugir do PS como

o diabo foge da cruz. Outros que também

contestaram a actual liderança do Bloco,

como Ana Drago, afastaram-se da actual

direcção precisamente pelo contrário; por

acharem que o Bloco até podia aproximar-se

do PS ou do Livre. E é nesta indefi nição de

estratégia que tem vivido o Bloco que, a cada

Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar, está a desafiar a actual liderança

eleição que passa, se vai transformando num

partido irrelevante no actual xadrez político.

A dissonância de Pedro Filipe Soares

da actual liderança é só mais um sinal.

Longe vão os tempos em que o Bloco se

fazia representar no Parlamento por 16

deputados. Numa coisa o líder da bancada

bloquista acertou em cheio; o modelo de

liderança bicéfala não tem pernas para

andar. “Não foi aceite pela população”,

como diz Filipe Soares e, do ponto de

vista político, mostrou-se completamente

inefi caz. E não é por acaso que a actual

direcção está a tentar arrepiar caminho,

sugerindo uma liderança única, mas com

funções diferenciadas para Catarina Martins

e João Semedo.

Pedro Filipe Soares tem toda a legitimidade

para avançar para a disputa da liderança.

Mas estranho, para não dizer bizarro, é o

facto de se manter como líder da bancada

parlamentar, um cargo de confi ança política

da direcção do partido. Faz sentido ter à

frente da bancada alguém que não concorda

com a actual linha que está a ser seguida

pelo partido? É só mais uma das muitas

contradições que o Bloco terá se resolver se

não quiser desaparecer do mapa político.

Os dados são tudo menos animadores:

segundo um estudo divulgado

pela Pordata, a propósito do Dia

Internacional do Idoso que se assinala

hoje, não só Portugal é o 4.º país da

União Europeia com maior percentagem

de idosos (18%), como 23,6% destes vivem

sozinhos e abaixo do limiar de pobreza.

Além disso, o montante da grande maioria

(77,9%) das pensões de velhice da Segurança

Social é inferior ao salário mínimo nacional.

Recuando um pouco no padrão etário, é

também relevante dizer que em 2013 só

47% dos indivíduos entre os 55 e os 64

anos estavam empregados. A soma destes

elementos negativos coloca-nos desafi os

a prazo que teremos necessariamente

de superar. Se é verdade que os idosos

em Portugal vão passar dos actuais dois

milhões para mais de três milhões em

2060, é também verdade que nessa altura

serão mais qualifi cados e, talvez por isso,

menos sós. Mas é ao presente, amargo, que

teremos de dar resposta.

Baixa política

Está aí mais uma daquelas

demagogias e parolices à

portuguesa. Mais uma vez a

direita, e uns quantos mais ao

centro, vão por estes dias colando

António Costa à governação

de José Sócrates, na tentativa

de o descredibilizar. Estamos

perante um completo absurdo,

pretendendo a direita evitar,

certamente em vão, a chegada

do atual presidente da Câmara

Municipal de Lisboa a futuro

primeiro-ministro. Quer dizer

que Costa jamais poderia

candidatar-se a qualquer cargo

político ou ter pretensões de ser

outra coisa qualquer que não

presidente da autarquia de Lisboa.

E logo ele, a quem quase todos

identifi cam largas qualidades de

liderança. Só que tem o pecado

original, ou mortal, de ter sido,

em dado momento, o número

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

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Telefone: 210 111 000

dois de Sócrates. Como se não

bastasse, ainda o crucifi cam

por aparecer rodeado por um

punhado de históricos do PS.

Históricos, dizem, conotados com

o socratismo, esquecendo que

esses históricos há muito que já

cá andavam. O socratismo passa

e os históricos fi cam. (...) António

Costa não tem de ter reservas

de espécie alguma. Ganhou as

primárias do PS e ponto fi nal.

Como muito provavelmente será

o próximo primeiro-ministro

de Portugal, começou a muito

portuguesa e habitual baixa

política. O combate começa agora!

José Manuel Pina, Lisboa

O Marão por um túnel

(...) Dizem-nos que as obras no

túnel do Marão vão arrancar até

fi nal de Setembro, concluindo-se

assim a “autoestrada da justiça”,

(lembram-se?) lá para o fi nal do

próximo ano. Os cerca de seis

quilómetros que ligam parte do

percurso de Vila Real a Amarante

por um túnel fazem parte da

construção da autoestrada

transmontana. A obra começou

no Verão de 2009 e deveria

estar concluída em Novembro

de 2012. Esteve parada três

vezes, duas pela interposição

de duas providências cautelares

e uma outra pela suspensão do

consórcio de construção. Com

mais de 70% da obra realizada e

paga (dum valor total estimado de

350 milhões de euros, pagou-se

mais de metade, 200 milhões), o

Ministério das Obras Públicas veio

resgatar a obra (...).

Primeiro era tudo fácil, como

pressupunha a engenharia

fi nanceira da construção

do projeto: as empresas da

Somague e da Soares da Costa

concessionaram a obra; a

CGD e o Banco Europeu de

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

Investimento fi nanciaram-na;

os utilizadores pagariam com

as portagens. A proteger todo o

risco de investimento, a sombra

protetora do Estado. (...) Primeiro,

o dinheiro fi cou mais caro.

Depois, o fundo de risco, que

visa compensar a exploração por

eventuais perdas na procura de

tráfego, levou a concessionária

a meter marcha atrás, porque

temeu que passem menos carros

do que o inicialmente previsto

e, como não se pode obrigar a

cumprir contratos (...), a obra

parou. Cinco anos decorridos

desde o início da obra, mais de

três anos parados, com certeza

teria sido mais fácil mudar o

Terreiro do Paço uma semana

para Vila Real, e obrigar os

senhores membros do Governo a

viajar todos os dias para o Porto

nas curvas do IP4.

José Alegre Mesquita,

Carrazeda de Ansiães

Page 45: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 45

A capital desta Europa da União está atormentada com novos desafios internos e externos

Será possível reinventar a Europa?

José Jorge Letria

Será possível reinventar esta

Europa em crise, dividida por

questões antigas e outras muito

mais recentes, mas todas elas

resultantes do natural processo

de evolução histórica que tende,

neste caso concreto, a tornar

os ricos mais ricos e os pobres

mais pobres, o Norte agressivo

e desconfi ado em relação ao

Sul, as nacionalidades e regiões em busca

de independências referendadas e as

populações preocupadas com a segurança

quotidiana que as ameaças do terrorismo

islâmico perigosamente põem em causa?

Eis algumas das perguntas que irão ser

feitas e parcialmente respondidas em

Les Journées de Bruxeles, que o Nouvel

Observateur e o espaço Bozar promovem

nos dias 10, 11 e 12 de Outubro na capital

belga, com presenças tão sonantes como as

de Jacques Delors, Valéry Giscard d’Estaing,

Felipe Gonzalez e Herman van Rompuy,

entre muitos outros, distribuídos por

painéis em que serão glosados os temas do

futuro da União Europeia, da cultura como

barragem contra o populismo, da cidadania,

do desemprego, do desenvolvimento e das

várias formas de emigração.

Que esperar de tantas intervenções, de

tantos discursos, do confronto civilizado

de experiências antagónicas e de tantas

interrogações e inquietações que os

cidadãos e os Estados colocam no topo

das suas agendas de refl exão? A verdade é

que as perguntas são muito mais intensas

e frequentes que as respostas, já que as

certezas cederam a vez a temores antigos,

a desconcertantes perplexidades e à

emergência de desafi os que ainda há poucos

anos pareciam pura especulação temática.

Porém, como se este esforço de refl exão

e debate não fosse bastante, Bruxelas

voltará a receber representantes das elites

intelectuais, nos dias 6 e 7 de Novembro,

numa iniciativa intitulada “Good Morning

Europe” que, além da presença do

rei Filipe da Bélgica, contará com as

intervenções de Jean-Claude Juncker,

Federica Mogherini, vice-presidente da

Comissão Europeia e representante da UE

para os Negócios Estrangeiros e Política

de Segurança, de Donald Tusk, o polaco

que preside ao Conselho da Europa, e

de Martin Schultz o dinâmico presidente

do Parlamento Europeu, para além

dos primeiros-ministros da França e da

Bélgica, respectivamente Manuel Valls e

Elio di Rupo. Convidados são às dezenas,

intervenientes confi rmados também e os

temas muito diversifi cados e apelativos.

Aguardam-se os resultados.

Dir-se-á que este intenso programa

é determinado pelo início de um novo

ciclo político decorrente das recentes

eleições europeias. Mas, na verdade, trata-

se de muito mais do que isso. A capital

desta Europa da União está atormentada

com novos desafi os internos e externos,

consciente da fragilidade que lhe é imposta

por não ter poder militar próprio e também

pressionada pela urgência de refl ectir sobre

o seu próprio destino, sendo tão dispendioso

o seu funcionamento e tão limitado o peso

da sua voz, quando tem de a confrontar

com a da Alemanha ou a do Estados Unidos.

Talvez por isso, uma das perguntas que dão

título a um dos painéis do primeiro encontro

é justamente: “Ainda podemos amar a

Europa?” Claro que todos vão responder

que sim, mas resta saber que Europa,

com que líderes e protagonistas, com que

estratégias e políticas de paz, cooperação e

desenvolvimento.

Figuras destacadas da cultura como

Michel Onfray, Peter Schneider, Eric-

Emanuel Schmitt, Jacques Attali ou Erri

de Luca irão opinar sobre o papel que os

livros e as ideias poderão ter na elaboração

do diagnóstico do estado desta Europa

que se quer reinventar, mas que talvez

seja levada a concluir, amargamente, que

com estas pessoas e as regras vigentes

não o conseguirá fazer. Se fosse possível

garantir a presença de Shakespeare, Ibsen,

Cervantes, Camões, Goethe, Da Vinci ou

Mozart talvez as respostas pudessem ser

outras, ou nenhumas, concluindo todos

que o tempo das grandes respostas ainda

não chegou e que a própria cultura já viveu

melhores dias neste continente inquieto.

Lendo a lista dos convidados

confi rmados, creio

não ter visto o nome

do poeta, ensaísta

e fi lósofo alemão

Hans Magnus

Enzenberger, autor,

entre muitos outros,

de um livro bastante

incómodo sobre

o funcionamento

e os custos da

União Europeia,

agravados por uma

teia burocrática

muito extensa e

complexa. Talvez

fosse recomendável

escutar a sua voz

nestes debates sobre

o futuro e o desejo

de reinvenção.

Em meados de

Novembro, cumpridos estes dois eventos,

não creio que se chegue a alguma conclusão

inovadora e vinculativa. Mas sempre poderá

dizer-se que o diálogo não foi evitado e que

se falou com frontalidade e coragem. Mas

será assim que se reinventa e oferece um

novo fôlego a um continente em crise?

Escritor, jornalista e presidente da Sociedade Portuguesa de Autores

Carlos Fiolhais regressa a este espaço na próxima quarta-feira.

O tempo das grandes respostas ainda não chegou e a cultura já viveu melhores dias

Um bem antiquíssimo

Tenho estado a ouvir Popular

Problems de Leonard Cohen e

dou-lhe graças por ter terminado

o martírio de muitos anos de

silêncio entre os álbuns dele.

Numa curta entrevista que deu

a Stuart Maconie, incluído no

programa de rádio Leonard

Cohen on 6 Music da BBC, Cohen

informou que está a meio de

gravar um novo álbum, também produzido

por Patrick Leonard.

Gravar discos, disse Cohen ao WSJ,

tornou-se num “bad habit”. Ainda bem.

Podemos contar com outro para o ano.

Mesmo para quem não o segue desde 1967,

um álbum de Leonard Cohen todos os anos

é um milagre mais apetecido por nunca ter

sido contemplado. Em todas as entrevistas

que Cohen deu há pelo menos uma frase

luminosa ou uma expressão elegante de

sabedoria. Na entrevista a Maconie disse

que “o Canadá observa os Estados Unidos

como as mulheres observam os homens.

Cuidadosamente”.

Fala-se muito dos 80 anos dele, mas

Cohen já nasceu octagenário. Agora parece

ter pelo menos três séculos de idade, dois

dos quais estão no futuro. Os poemas e as

canções dele desprendem-se cada vez mais

das coisas e das preocupações do nosso

tempo, atingindo uma eterna antiquidade

de “problemas populares”, como o amor,

a vida, a morte, as mulheres, os homens,

os desejos e as saudades, os lamentos e as

promessas, as esperanças e os remorsos.

Leonard Cohen é o artista mais eloquente

do nosso tempo. A “golden voice” com que

foi “abençoado” pouco seria sem a cabeça

de ouro que faz brilhar tudo o que faz.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

BARTOON LUÍS AFONSO

Page 46: Publico 01out.2014.Gigatuga

46 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014

Vencedores e vencidos do PREC não esqueceram nem perdoaram. Mas alguns foram ficando mais iguais

O PS, o PC e a esquerda desavinda

Elísio Estanque

Após a conclusão de um processo

inédito de Primárias no seio

do PS, vale a pena ensaiar uma

breve “genealogia” da esquerda.

Sem esquecer a sua matriz

ideológica comum, para uma

refl exão sobre as difi culdades

de entendimento entre as

esquerdas, importa conjugar

a questão programática com o

problema interno das lideranças e do poder,

que ao longo de quase dois séculos tantas

desavenças provocou.

O Partido Comunista, o Partido Socialista

e o Bloco de Esquerda têm no seu “código

genético” importantes pontos de contacto

com o campo comunista e social-democrata,

cuja génese reside no pensamento

marxista. Como se sabe, correntes políticas

personifi cadas por Lenine, Trotsky, Estaline,

Rosa Luxemburgo ou Bakunin, com todos os

seus desdobramentos, cisões e rivalidades,

deram lugar a múltiplas controvérsias

onde, ao lado do “debate de ideias”, as

disputas, traições e vaidades pessoais

deixaram pelo caminho milhares de vítimas.

Com a denúncia do “gulag” (por via de

testemunhos dramáticos de dissidentes da

ex-URSS como Kravchenko e Soljenitsin) e

a sua disseminação no Ocidente, surgiram

novas ruturas no seio dos movimentos

socialista e comunista, numa altura em que o

reformismo social-democrata, o “socialismo

democrático” e a democracia liberal

ganhavam adeptos à custa do combate

ao estalinismo e do triunfo do Estado

providência na Europa.

Também em Portugal essas divisões se

acentuaram na década de 1960 e ganharam

expressão nos inúmeros grupos que vieram

à luz do dia em 1974 (PCs M-Ls, MRPP,

LCI, MES, etc.). Nesse contexto, o PS de

Mário Soares ganhou a batalha decisiva da

democracia e ocupou um lugar-charneira

na sua relação com a restante esquerda,

demarcando-se da esquerda radical (ou

ortodoxa) com base na defesa do pluralismo

de opinião, e fazendo da “dissensão” e da

“democracia interna” a sua própria força-

motriz. Mas o atual PS cortou com isso em

benefício de uma unidade corporativista

fundada nos interesses instalados, mais do

que nos princípios éticos e republicanos

do passado. A dissidência Soares-Cunhal,

que começou ainda no seio do PCP nos

anos sessenta, reverteu-se no pós-25 de

Abril numa clivagem brutal, forjada no

radicalismo do PREC. Com as paixões

políticas ao rubro

– o PS, de um lado,

o PCP e a extrema-

esquerda, do outro

–, dirigentes e

militantes faziam

uso da linguagem

vanguardista e

das experiências

de solidariedade

e democracia

participativa,

para camufl ar

múltiplas vinganças,

oportunismos e

ódios pessoais.

Vencedores e

vencidos do PREC

não esqueceram

nem perdoaram.

Mas alguns foram

fi cando mais

iguais. Apesar das suas inegáveis diferenças

no plano programático e das conceções

de democracia, entre PS e PCP há cada

vez mais semelhanças no seu modo de

funcionamento interno. Há quarenta anos,

o campo sindical materializou a divisão

PS-PC de modo especialmente dramático,

agudizando ressentimentos recíprocos à

medida que o terreno do sindicalismo se

foi tornando o último bastião de infl uência

política dos “derrotados” do 25 de

novembro. Não nos esqueçamos que a UGT

foi criada para travar a CGTP e a infl uência

do PC. É claro que na vida prática, dentro

ou fora das instituições (no Parlamento, nas

autarquias, nas empresas ou nos sindicatos,

onde militantes destes dois partidos

convivem diariamente), essas clivagens

são muitas vezes ultrapassadas pela força

das coisas e pelos interesses imediatos

que estão em jogo. Mas, mesmo quando

é contrariada pontualmente, por razões

pragmáticas, a rivalidade política cavou

muros intransponíveis. O discurso perdeu

conteúdo ideológico mas reforçou os seus

efeitos de plasticidade junto aos “fi éis”, ou

seja, a diabolização do outro é o principal

condimento de fi delização de cada “facção”

(ou base eleitoral).

Sabemos bem que a sociedade mudou

e passou o tempo das grandes ideologias

políticas. Porém, partidos e movimentos

precisam de ideologia como de pão

para a boca, sobretudo se por ideologia

entendermos um novo pensamento que abra

caminho a novos projetos emancipatórios

e desenvolvimentistas. Nos últimos anos,

houve no nosso país iniciativas pontuais

indiciadoras de vontade renovadora,

se bem que, até agora, com resultados

pífi os. A candidatura de Manuel Alegre

(em 2006) à revelia do PS, o crescimento

do BE e alguns sinais de abertura, mais

recentemente o Congresso Democrático

das Alternativas, o Fórum das Esquerdas, o

Movimento 3D, a criação do Partido Livre,

o resultado obtido nas eleições europeias

pelo Partido da Terra (sob a infl uência de

Marinho e Pinto), e mesmo a recente rutura

do Fórum Manifesto, que saiu do Bloco,

são indicadores de insatisfação e um desejo

difuso de revitalização das esquerdas,

na linha aliás de iniciativas recentes

noutros países europeus

Mais do que de pensamento, a esquerda precisa de bons exemplos de liderança e transparência

Investigador do Centro de Estudos Sociais e professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

(como em Espanha e na Grécia).

Os legados ideológicos do passado

continuam a ser importantes, mas a sua

renovação é urgente. Precisamos de algum

modelo de referência que nos ajude a

romper com o statu quo a nível nacional e

europeu. Social-democracia, eco-socialismo

ou socialismo democrático e mesmo a

ideia de comunismo continuam a ser

campos de refl exão a considerar para uma

reatualização do pensamento de esquerda.

Mas mais do que de pensamento, a esquerda

precisa de bons exemplos de liderança,

transparência e formas comunicacionais

inovadoras. As atuais ou futuras plataformas

político-partidárias terão de “retirar do

armário” as velhas referências doutrinárias

e reatualizá-las à luz da nova realidade

sociopolítica. Sem esquecer que hoje

as gerações mais jovens – e os cidadãos

em geral – exigem novos modelos de

organização, de representação e de

participação (onde a cidadania e o ativismo

virtual-real tende a ocupar um lugar de

relevo). Não se espera, naturalmente,

qualquer aproximação de posições entre PS,

PC e BE, mas se continuarem “blindados”

face a essa exigência poderão vir a ocorrer

novos arranjos internos, ruturas e canais

de diálogo que abram caminho aos atores

políticos do futuro. Enquanto isso não

acontece, o provável regresso do PS ao

poder poderá abrir-se a um novo projeto de

esquerda ou será apenas um dejà vu?

RUI GAUDÊNCIO

Page 47: Publico 01out.2014.Gigatuga

PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 47

Este ano, o PÚBLICO pergunta a diversas personalidades brasileiras para onde vai o Brasil. Hoje, fala-se da demografia

Um Brasil de cabelos brancos

Kaizô Iwakami Beltrão

Poucas são as informações

confi áveis sobre a população

brasileira no período pré-

censitário, seja sobre o

contingente ou fatores da

dinâmica demográfi ca. A partir

do primeiro censo em 1872, no

tempo do império, temos dados

sobre o tamanho e características

básicas da população. Mas só a

partir de 1940 começam a ser investigados

aspectos das componentes demográfi cas.

Há muitas estimativas sobre o período

pré-censitário, mas com valores díspares. As

feitas por autores do século XIX com base

em registros religiosos e censos coloniais

são entre 15 e 30 mil pessoas nos cinquenta

anos depois do descobrimento. É provável

um viés para menos, por causa de povos

indígenas não contabilizados.

No primeiro Censo nacional em 1872,

foram contados pouco mais de 10 milhões

de habitantes. Daí, os censos foram feitos em

intervalos decenais com alguns percalços:

não houve censo em 1910 e 1930 e o de

1990 foi adiado. O último, em 2010, contou

quase 200 milhões de brasileiros. Estes são

o resultado de uma história populacional

que pode ser sintetizada em três períodos

básicos. No primeiro, do século XIX até 1930,

a população tinha taxas de natalidade e

mortalidade relativamente altas e, portanto,

baixo crescimento vegetativo. Mas, entre

1870 e 1930, há aumento populacional

signifi cativo fruto da imigração internacional

com taxas de crescimento acima de 2% a.a.

Em 1940, vem o segundo período quando

os níveis de mortalidade começam a cair

e os movimentos de origem internacional

perdem importância. A mortalidade tem

uma queda rápida e sustentável e passa a

ser o principal fator na variação do ritmo de

crescimento da população até 1970. Aliado

aos altos níveis de natalidade, fez com que o

crescimento atingisse o auge nos anos 50 e

60 com taxas médias em torno de 2,9% a.a..

No fi m da década de 60, os níveis de

fecundidade começam a cair muito.

Equilibram a redução, ainda em curso,

na mortalidade e impedem que a taxa de

crescimento continue a aumentar. Começa o

terceiro período caracterizado pela redução

rápida na taxa de crescimento populacional

no Brasil. Dos quase 3% ao ano, entre 1950-

1970, essa taxa passa para 1,2% ao ano entre

2000-2010. Para 2014, estima-se que a

população já com 203 milhões de habitantes,

se estabilize e comece a declinar em 20 anos.

Apesar de importante, a queda nos índices

de mortalidade e fecundidade não tem sido

homogénea espacialmente ou nos grupos

sociais. Os indicadores de distribuição

espacial da

população apontam

um aumento de

habitantes nas áreas

urbanas. Em 1940,

31% da população

brasileira vivia em

cidades, em 2010,

84,4%. Desde os

anos 70, a população

rural apresenta uma

diminuição absoluta.

De 2000 a 2010,

foi de cerca de dois

milhões de pessoas.

Na década anterior

havia sido o dobro.

Como o

crescimento

natural é menor

nas áreas urbanas

que nas rurais, o

crescimento populacional mais elevado nas

primeiras deve-se ao intenso êxodo rural

que caracteriza o processo de urbanização

brasileiro e migração de pequenos centros

para grandes cidades.

Uma das transformações sociais mais

importantes do século XX foi a queda da

mortalidade em todos grupos etários,

do período fetal às idades avançadas.

Entre 1980 e 2014, a esperança de vida da

população masculina brasileira passou de

58,8 anos para 71,6 anos e a das mulheres

aumentou de 65 para 78,8 anos.

A taxa de fecundidade total passou de 6,2

fi lhos como regista o Censo de 1940 para 1,9

em 2010. No meio rural, os valores foram

cerca de 50% mais altos, mas compensados

pelos urbanos. Estima-se que a partir de

2001 as mulheres urbanas já apresentassem

taxas de fecundidade abaixo do nível de

reposição. Vários estados, principalmente

no Sudeste e Sul, apresentam taxas abaixo

da média nacional. As projeções são para

a continuidade da queda da fecundidade

e alguns autores preveem a entrada no

quarto período demográfi co. A queda da

mortalidade e da fecundidade no Brasil

e outros países em desenvolvimento foi

Estima-se que a população acima de 60 anos esteja em 25% em 2040, em oposição aos 10% de 2010

Professor

mais rápida do que a da maioria dos países

desenvolvidos.

A migração internacional, importante na

virada do século XX, inverte-se no começo

deste século, com exôdo, principalmente

de adultos jovens, mas com um retorno na

última década com a crise internacional.

Essas transformações apontam para um

nova situação populacional no Brasil e

colocam grandes desafi os para as políticas

públicas. Um se destaca pela complexidade:

o crescente envelhecimento populacional

em paralelo à emergência de uma onda

jovem signifi cativa. A queda da fecundidade

no país, desde a segunda metade dos anos

60, tem provocado redução da base da

pirâmide. Com a diminuição da população

em idade escolar (retração de 1,5 milhões

entre 2000 e 2010 para a população entre

5 e 14 anos) existem oportunidades para o

aumento da cobertura e da qualidade de

ensino básico.

A queda na mortalidade, que inicialmente

benefi ciou mais crianças, atinge hoje

mais a população adulta e idosa. Além do

maior número de idosos, as altas taxas de

crescimento no passado refl etem-se também

na população em idade ativa; aumento de

quase 20 milhões entre os últimos censos

para a população entre 15 e 59 anos e exige

a criação de postos de trabalho de qualidade.

Diferentemente dos países desenvolvidos,

o processo de envelhecimento populacional

ocorre mais rapidamente no Brasil, com

menos tempo para adaptação. Estima-se

que a população acima de 60 anos esteja

em 25% em 2040, em oposição aos 10% de

2010. Os impactos são principalmente no

aumento da taxa de dependência: razão da

população inativa e da população em idades

economicamente ativas. Essa taxa tem

duas visões complementares e distintas: no

âmbito da família e no da sociedade. Para o

governo, o custo de idosos frente ao outro

grupo inativo de crianças e adolescentes é

maior e mais preocupante. Para as famílias,

os idosos com pensões e aposentadorias

são provedores de renda e sustentam

descendentes. A aposentadoria num

mercado de trabalho instável é uma fonte

de renda bem-vinda e segura. No entanto

a estabilidade do sistema previdenciário

é um problema a ser encarado. Estima-

se que desde o fi nal do século passado os

gastos com benefícios previdenciários sejam

superiores ao arrecadado com base na folha

de salários.

NÉLSON GARRIDO

Ver mais emwww.publico.pt/ano-grande-do-brasil

Page 48: Publico 01out.2014.Gigatuga

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ESCRITO NA PEDRA

“O interesse fala todas as línguas e desempenha todos os papéis, mesmo o de desinteressado”La Rochefoucauld (1613-1680), escritor e moralista francês

QUA 1 OUT 2014

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Brasil: Entrevista a Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores sem Teto p24

Ministério da Justiça anuncia legislação para suspender prazos processuais p10

Hong Kong ensombra os 65 anos da fundação da Rep. Popular da China p20

‘O radical pode ser razoável’ contra uma ‘sociedade assassina’

O Citius ressuscitou nos Açores, mas a Graciosa ficou de fora

A prenda de aniversário que a China menos queria

Euromilhões

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32.000.000€1.º Prémio

Os mexicanos do grupo Ángeles dei-

xaram ontem cair a oferta pública de

aquisição (OPA) lançada sobre a Es-

pírito Santo Saúde (ES Saúde), abrin-

do o caminho aos chineses da Fosun,

que controlam a Fidelidade.

A seguradora tem em cima da mesa

a oferta mais alta, propondo pagar

4,82 euros por acção para fi car com o

controlo da empresa que gere unida-

des como o Hospital da Luz e o Hos-

pital Beatriz Ângelo (em regime de

PPP). O grupo Ángeles foi a empresa

que deu o pontapé de saída na luta

pelo controlo da empresa liderada

por Isabel Vaz, mas decidiu agora por

sair de cena, não reagindo à última

oferta da Fidelidade.

Os mexicanos começaram por ofe-

recer 4,3 euros por acção e viriam

a rever o preço em alta para 4,5 eu-

ros depois de o Grupo José de Mello

Saúde apresentar uma oferta, mas

antes de a Fidelidade entrar em ce-

na propondo pagar 4,72 euros por

acção e, depois, 4,82 euros. Ao não

rever a contrapartida, a oferta dos

mexicanos torna-se “inefi caz”, como

Mexicanos desistem e abrem caminho à compra da ES Saúde pelos chineses

a própria empresa o reconhece no co-

municado enviado à CMVM. Na OPA,

a Fidelidade tem agora terreno livre.

A oferta dura até 10 de Outubro.

O Grupo José de Mello Saúde ( JMS),

que na semana passada veio anunciar

que desistia da OPA, decidiu, no en-

tanto, “manter o pedido de registo

de OPA concorrente” na CMVM, que

ontem confi rmou que o pedido ain-

da não reúne “todos os documentos

legalmente exigidos”. Em causa es-

tá uma análise prévia solicitada pela

JMS à Autoridade da Concorrência

que a CMVM entende ser um requi-

sito necessário para dar seguimento

ao processo da OPA, uma vez que foi

pedido pela José de Mello Saúde.

Quem também já manifestou inte-

resse na ES Saúde — mas não lançou

uma OPA — foram os norte-america-

nos da Unitedhealthcare (donos da

Amil). A Unitedhealthcare tentou

uma investida directa à Rioforte, que

controla a ES Saúde através da Espí-

rito Santo Health Care Investment.

A empresa admite vender a posição,

mas rejeitou a oferta da Unitedhealth-

care, dizendo privilegia um processo

mais concorrencial como o da OPA.

Apesar disso, escrevem o Expresso

e o Jornal de Negócios, a dona da Amil

fez chegar ao Ministério da Saúde um

pedido de autorização que permita

a mudança de controlo accionista,

atendendo ao facto de o Hospital

Beatriz Ângelo ser gerido em regi-

me de PPP pela ES Saúde. com Luís Villalobos

EmpresasPedro Crisóstomo

Grupo Ángeles decidiu não rever o preço oferecido na OPA. Amil fez chegar ao Ministério da Saúde pedido sobre hospital de Loures

CONSOANTE MUDA

A mulher de César,morta e enterrada

“À mulher de César não

basta ser séria, é preciso

também parecê-lo”.

Como os comentadores,

políticos e jornalistas

adoram dizer esta frase!

Mas parece que estão decididos

a aplicá-la literalmente apenas

a uma das mulheres de César:

Cornélia, Pompeia ou Calpúrnia

(na verdade, só Pompeia, de

quem César se divorciou por

um adultério que não chegou a

existir).

Ora eu quero lá saber do que faz

a mulher de César; é ao próprio

César que devemos escrutinar.

Os mesmos comentadores que

repetem a frase sobre a mulher

de César são os primeiros a baixar

as armas para o marido dela. Aí,

a regra parece ser: César não tem

que ser sério, César não precisa de

parecer sério e, para mais, já toda

a gente percebeu que César não

é de todo sério. César só precisa

de cara de pau e uma história

qualquer.

É o que se está neste momento a

passar com Pedro Passos Coelho.

O atual primeiro-ministro não

Rui Tavares

está a ser sério em relação ao

seu passado na Tecnoforma;

não está sequer a parecer sério.

Mas com alguma lata e algo para

dizer, Pedro Passos Coelho pode

escapar-se.

Nos anos 90, Pedro Passos

Coelho já colaborava

com a Tecnoforma, a

ponto de ser fundador

e presidente da ONG

da empresa. Este facto

foi omitido das declarações à

Assembleia da República, de que

Passos Coelho era deputado. Não

se sabe o que fazia esta ONG;

aparentemente, em três anos,

nada. O máximo de que Passos

Coelho se lembra é de uma

universidade em Cabo Verde que

nunca chegou a acontecer. Na sua

biografi a política, Passos Coelho

não diz nada sobre o Conselho

Português Para a Cooperação,

que galhardamente dirigia.

É legítimo dizer que a sigla

CPPC, da caridosa organização,

signifi cava sobretudo “Cooperar

com o Pedro Passos Coelho”.

E, claro, com o inenarrável

Miguel Relvas: o episódio

da formação de inexistentes

funcionários para semiexistentes

aeródromos da Zona Centro,

com o qual a Tecnoforma pôs

uns milhões comunitários ao

bolso, seria hilariante se não

fosse trágico. É inevitável olhar

para aquela cultura empresarial

e política e ver nela o catálogo

dos nossos mais vergonhosos

erros: do desperdício de fundos

comunitários aos abusos

das redes de infl uência, das

escapatórias fi scais às mentiras e

encobrimentos. Passos Coelhos

foi comparticipante, voluntário e

autor de toda essa vergonha.

Pedro Passos Coelho

colaborou com uma empresa

sem comunicar tal facto ao

Parlamento, participou de ações

dessa empresa que se destinava

a obter fundos comunitários

para projetos inexistentes

ou, na melhor das hipóteses,

semiexistentes, e foi presidente

de uma ONG de cooperação que

nunca cooperou nada que se

visse, e que provavelmente nunca

teve tal intenção. E isso sem entrar

na questão ainda por responder

de quanto dinheiro recebeu ele,

direta ou indiretamente, por

trabalho que parece ter sido

pouco mais do que nada.

Não se sabe ainda se Pedro

Passos Coelho cometeu um

crime ou vários, mas sabe-se que

participou em algumas das mais

perniciosas práticas da política

e da economia no Portugal dos

anos 90. A mulher de César

morreria de vergonha. Qualquer

delas.

Historiador

SEGUNDA6 de Outubro

O que está dito permanece ainda por dizer

José TolentinoMendonçaA Mística do Instante Limitado ao stock existente.

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