Relação entre o tempo do diagnóstico de diabetes mellitus · Relação entre o tempo do...

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ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU BRAZ AMANDA MIRANDA DOS SANTOS RELAÇÃO ENTRE O TEMPO DO DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS TIPO II E O AUTOCUIDADO DOS PACIENTES DE UM MUNICÍPIO DE MINAS GERAIS ITAJUBÁ - MG 2013

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ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU BRAZ

AMANDA MIRANDA DOS SANTOS

RELAÇÃO ENTRE O TEMPO DO DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS TIPO

II E O AUTOCUIDADO DOS PACIENTES DE UM MUNICÍPIO DE MINAS GERAIS

ITAJUBÁ - MG

2013

AMANDA MIRANDA DOS SANTOS

RELAÇÃO ENTRE O TEMPO DO DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS TIPO

II E O AUTOCUIDADO DOS PACIENTES DE UM MUNICÍPIO DE MINAS GERAIS

Trabalho de pesquisa do Programa de Bolsa de Iniciação Científica (PROBIC) da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz desenvolvido com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Orientador: Prof.ª M.ª Cláudia Alessandra Pereira Paixão Coorientador: Prof.ª M.ª Maria Alice Moreira Torres Santiago

ITAJUBÁ - MG

2013

S231r Santos, Amanda Miranda dos.

Relação entre o tempo do diagnóstico de diabetes mellitus tipo II e o autocuidado dos pacientes de um muni- cípio de Minas Gerais / Amanda Miranda dos Santos. - 2013. 52 f. Orientadora: Prof.ª M.ª Cláudia Alessandra Pereira P. Trabalho de Pesquisa (Programa de Bolsa de Inicia- ção Científica - PROBIC/FAPEMIG)-Escola de Enferma- gem Wenceslau Braz - EEWB, Itajubá, 2013.

1. Autocuidado. 2. Diabetes mellitus. 3. Saúde cole- tiva. I. Título.

NLM: ZWK 810

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB)

Bibliotecária - Karina Morais Parreira - CRB 6/2777

© reprodução autorizada pela autora

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, exemplo de perseverança, dedicação e

maturidade, que com o passar dos anos não se endureceram, mas adquiriram a

virtude da mudança à medida que o tempo passa. Exemplo de não somente existir,

mas de ser humano. Amo vocês.

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida.

Aos meus pais Décio e Veralúcia pela educação.

A minha orientadora Prof.ª Ms. Cláudia Alessandra Pereira Paixão e Co- Orientadora

PGET. Maria Alice Moreira Torres Santiago pela dedicação, responsabilidade,

compreensão, perseverança e entusiasmo na elaboração deste trabalho.

“Escolha sempre o caminho que pareça o melhor, mesmo que seja o mais difícil; o hábito brevemente o tornará fácil e agradável”.

Pitágoras

RESUMO

Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e descritivo realizado com 50 portadores de Diabetes Mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Itajubá, Minas Gerais. Os objetivos do estudo foram: Identificar a quanto tempo os pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais receberam o diagnóstico da doença; Conhecer o nível de autocuidado dos pacientes portadores de Diabetes mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais; Estabelecer relação entre o autocuidado e o tempo de diagnóstico do Diabetes Mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais. As variáveis foram tratadas pro meio do programa BioEstat 5.3, onde foram calculadas médias, frequências, desvio padrão e Coeficiente de Pearson. As conclusões do estudo foram: A média de idade encontrada foi de 60,5 anos com desvio-padrão (DP) de ±13,7; O pacientes receberam o diagnóstico da doença, em média, há 18 anos (DP±11,5); A prática de atividade física, a medicação e monitorização da glicemia aproximaram-se do valor desejável que o paciente deve ter em relação ao autocuidado Houve baixa aderência ao autocuidado quanto as variáveis alimentação, cuidados com os pés e prática de exercício físico; Pacientes tabagistas representaram 34% (17) da amostra e informaram fumar, em média, 7 cigarros por dia (DP±2,6); Não há correlação entre as variáveis tempo de diagnóstico e aderência ao autocuidado em nenhuma das dimensões propostas pelo instrumento QAD. Palavras chave: Autocuidado. Diabetes mellitus. Saúde coletiva.

ABSTRACT

This is a quantitative, cross-sectional and descriptive study with 50 patients with Diabetes Mellitus type II Hiperdia enrolled in the program in Basic Health Units (BHU) and Health Strategy (FHS) of the municipality of Itajubá, Minas Gerais. The study objectives were to: Identify how long the patients with Diabetes Mellitus Type II program Hiperdia registered in the municipality of Itajubá, Minas Gerais received the diagnosis; Knowing the level of self-care of patients with diabetes mellitus type II registered in program Hiperdia the municipality of Itajubá, Minas Gerais; Establish relationship between self-care and time since diagnosis of diabetes mellitus type II Hiperdia enrolled in the program in the city of Itajubá, Minas Gerais. Variables were treated to the middle of the BioEstat 5.3, which were calculated averages, frequencies, standard deviation and coefficient of Pearson. The findings of the study were: Mean age was 60.5 years with a standard deviation (SD) ± 13.7, the patients received the diagnosis of the disease, on average, 18 years (SD ± 11.5 button) the physical activity, medication and blood glucose monitoring approached the value desirable that the patient should have in relation to self-care was low adherence to self-care variables as diet, foot care and physical exercise; Patients smokers accounted for 34% (17) of the sample and reported smoking an average of seven cigarettes per day (SD ± 2.6); There is no correlation between the time of diagnosis and adherence to self-care in any of the dimensions proposed by QAD instrument. Keywords: Selfcare. Diabetes mellitus. Public health.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Profissão dos pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II

cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais.

(n=50).........................................................................................................................28

Tabela 2- Adesão ao autocuidado dos pacientes portadores de Diabetes

Mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá,

Minas Gerais. (n=50)................................................................................................29

Tabela 3 – Quando o ultimo cigarro foi fumado pelos dos pacientes portadores

de Diabetes Mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia do município de

Itajubá, Minas Gerais. (n=50)...................................................................................31

Tabela 4 – Análise de Correlação de Pearson entre o tempo de diagnóstico de

Diabetes Mellitus tipo II e autocuidado de pacientes portadores de Diabetes

Mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá,

Minas Gerais. (n=50)................................................................................................32

LISTA DE SIGLAS

CNS Conselho Nacional de Saúde

DM Diabetes Mellitus

DM I Diabetes Mellitus tipo I

DM II Diabetes Mellitus tipo II

EEWB Escola de Enfermagem Wenceslau Braz

ESF Estratégia de Saúde da Família

HIPERDIA Sistema de acompanhamento e cadastramento de Hipertensos e

Diabéticos

QAD Questionário de Atividades de Autocuidado com o Diabetes

SUS Sistema Único de Saúde

UBS Unidades Básicas de Saúde

UNIFEI Universidade Federal de Itajubá

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 13

1.1 OBJETIVOS............................................................................................... 15

2

MARCO CONCEITUAL.............................................................................

16

2.1 DIABETES MELLITUS............................................................................... 16

2.2 SINAIS E SINTOMAS................................................................................ 17

2.3 DIAGNÓSTICO.......................................................................................... 17

2.4 TRATAMENTO........................................................................................... 17

2.5 DIETA NUTRICIONAL............................................................................... 18

2.6 HIPERDIA.................................................................................................. 19

2.7 O PAPEL DO ENFERMEIRO..................................................................... 19

3

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA..............................................................

22

3.1 CENÁRIOS DO ESTUDO.......................................................................... 22

3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO................................................................

23

3.3 SUJEITO, AMOSTRA E AMOSTRAGEM..................................................

24

3.4 PRÉ TESTE.................................................................................

25

3.5 COLETA DE DADOS................................................................................ 26

3.6 ANÁLISE DE RESULTADOS..................................................................... 27

3.7 ASPECTOS ÉTICOS DO ESTUDO

27

4 RESULTADOS...........................................................................................

28

5 DISCUSSÃO.............................................................................................. 33

6 CONCLUSÃO............................................................................................ 39

REFERÊNCIAS..........................................................................................

40

APENDICE A - Instrumento de coleta de dados....................................

45

APENDICE B - Termo de Consentimento livre e esclarecido.............

46

ANEXO A - Instrumento QAD..................................................................

47

ANEXO B - Validação do Instrumento QAD...........................................

50

ANEXO C - Parecer Consubstanciado N. 804/2012............................... 51

13

1 INTRODUÇÃO

Segundo Peres, Franco e Santos (2006), o Diabetes Mellitus (DM) é um grave

problema de saúde pública decorrente de sua incidência, morbidade e mortalidade,

além dos custos sociais e financeiros. Essa doença atinge cerca de 246 milhões de

pessoas em todo o mundo sendo responsável pela morte de 3,8 milhões de

pessoas.

O Instituto da Criança com Diabetes (2010) ressalta que no Brasil estima-se

que haja 10 milhões de pessoas acometidas pelo DM, sendo que há previsões de

que este valor aumente em 25% a 50% nos próximos anos. Além disso, há uma

previsão de que em 2025 o número de pessoas vivendo com DM cheguem a 350

milhões.

A Federação Internacional de Diabetes (SD) afirma que em menos de 26

anos, 80% de todos os casos de DM serão residentes em países subdesenvolvidos

e em desenvolvimento, assim o autor concluiu que nestes países o impacto

econômico, social e de saúde será um fardo se nada for feito. O mesmo afirma que

a cada 10,1 segundos ocorrem uma morte relacionada ao DM, tendo uma previsão

de que na próxima década as taxas de mortalidade relacionada a esta doença

aumentem em 25%, podendo reduzir pela primeira vez em 200 anos a expectativa

de vida mundial.

Wild (2010) afirma que em 2000 a população total de portadores de DM no

Brasil foi estimada em 4,6 milhões de pessoas, ocupando o oitavo lugar entre os

países de maior prevalência dessa doença no mundo. Para 2030, a previsão é de

que o Brasil atinja uma população de 11,3 milhões de pessoas, subindo para o sexto

lugar nessa lista.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SD) relata que o Diabetes Mellitus tipo II

(DM II) possui um fator hereditário maior que o tipo I, em que o DM II é cerca de 8 a

10 vezes mais comum que o DM I, tendo uma grande relação com a obesidade e o

sedentarismo. Estima-se que 60% a 80% dos portadores da doença sejam obesos.

Diante dos dados epidemiológicos e do convívio com pacientes portadores de

Diabetes Mellitus tipo II nas atividades de Ensino Clínico da disciplina Metodologia

do Cuidado III e IV, surgiu interesse em investigar questões relacionadas ao

autocuidado desses pacientes. Durante as atividades acadêmicas, percebi que

aparentemente poucos pacientes realizavam o autocuidado. Esse fato é confirmado

14

por Boas et al (2011) que afirma que entre as doenças que apresentam baixas taxas

de adesão ao regime terapêutico destaca-se o DM.

A Organização Mundial da Saúde (2003) afirma que vários fatores podem

interferir na adesão ao autocuidado, tais como: características pessoais, condição

socioeconômica, cultura, e aspectos relacionados ao tratamento, à doença, ao

sistema de saúde e à equipe profissional.

A importância da adesão ao regime terapêutico é devido às graves

complicações, de natureza aguda ou crônica, que a doença pode acarretar

(XAVIER; BITTAR; ATAÍDE, 2009).

Segundo Sandoval (2003), o DM pode causar complicações neuropáticas

(sensomotoras focais e autonômicas), agudas (hipoglicemia e cetoacidose diabética)

e crônicas. Essas estão classificadas em microvasculares (retinopatia e nefropatia) e

macrovasculares (cardiopatia isquêmica, doença cerebrovascular e doença vascular

periférica).

De acordo com Xavier; Bittar e Ataíde (2009), na prática assistencial é

possível deparar com o impacto que o DM tem sobre a saúde da população. Nessa

perspectiva, o enfermeiro, enquanto profissional de saúde, deve programar novas

práticas de cuidado capazes de promover a saúde dos diabéticos, já que a adesão

ao tratamento e o autocuidado são pontos frágeis da educação em saúde e que,

portanto, merecem ser refletidos profundamente.

Ao realizar levantamento bibliográfico, observamos que o fator "tempo" é um

elemento pouco explorado quando o relacionamos com o autocuidado de pacientes

com DM. Além disso, observamos que grande parte das publicações foi realizada

em grandes centros, caracterizando uma população que pode ser distinta daqueles

que moram em cidades menores devido aos fatores culturais, econômicos e sociais.

Sendo assim, acreditamos que poderemos aumentar e diversificar a produção

científica sobre o tema, além de favorecer a atuação dos profissionais de saúde na

promoção do autocuidado. Do ponto de vista social esperamos que, caso nosso

estudo seja um instrumento a mais para favorecer o autocuidado, o paciente poderá

desfrutar de melhor qualidade de vida, melhorando a saúde da família e diminuindo

gastos com o tratamento de complicações da doença.

15

1.1 OBJETIVOS

O presente estudo teve como objetivos:

Identificar a quanto tempo os pacientes portadores de DM II

cadastrados no programa Hiperdia (Sistema de acompanhamento e

cadastramento de Hipertensos e Diabéticos) do município de Itajubá,

Minas Gerais receberam o diagnóstico da doença.

Conhecer o nível de autocuidado dos pacientes portadores de DM II

cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas

Gerais.

Estabelecer relação entre o autocuidado e o tempo de diagnóstico do

DM II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá,

Minas Gerais.

16

2 MARCO CONCEITUAL

Neste capítulo foram abordados aspectos relacionados ao DM tendo foco no

DM II, bem como seus sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento dando enfoque na

dieta nutricional, o programa Hiperdia e o papel do Enfermeiro no autocuidado.

2.1 DIABETES MELLITUS

Segundo Guyton (2005), Raff (2006), Contran (2000) o DM é uma síndrome

do metabolismo defeituoso de carboidratos, lipídeos e proteínas causada tanto pela

ausência de secreção de insulina quanto pela diminuição da sensibilidade dos

tecidos à insulina. O efeito básico de ausência de insulina ou da resistência à

insulina sobre o metabolismo da glicose é impedir a captação eficiente e a utilização

da glicose pela maioria das células do organismo, exceto para o cérebro. O mesmo

pode ser dividido em duas variantes comuns: DM I e DM II.

Raff (2006), afirma que pacientes com DM I quando não tratados, apresentam

concentrações elevadas de glicose no sangue, pelo fato da mesma não ser carreada

para dentro das células-alvo devido a diminuição excessiva ou completa da insulina,

pelo fato do fígado elaborar continuamente glicose por glicogenólise e

gliconeogênese, secretando glicose na corrente sanguínea. Outro resultado da

deficiência de insulina é a lipólise, pronunciada com a elevação subsequente dos

níveis plasmáticos de glicerol e ácidos graxos, sendo uma grande parte dos ácidos

graxos convertidos pelo fígado em cetonas, se extrema, estas alterações

metabólicas culminam em uma emergência potencialmente fatal denominada

cetoacidose diabética.

Guyton (2005), descreve DM I como DM dependente de insulina, ocasionada

pela ausência ou diminuição acentuada da produção de insulina pelas células betas

pancreáticas. Em certas ocasiões, pode surgir secundariamente a partir de qualquer

doença que possa provocar extensa destruição das ilhotas pancreáticas como

pancreatite e tumores ou fatores genéticos.

De acordo com Raff (2006) outro tipo de DM é a denominada DM II,

antigamente denominado diabetes não-insulino-dependente, a insulina encontra-se

no plasma em níveis normais ou até acima do normal, sendo que o tratamento

geralmente não exige administração de insulina, embora um terço dos pacientes

17

portadores do DM II utilize a terapia insulínica, esta afeta principalmente adultos com

sobrepeso, iniciando-se tipicamente em meados da vida adulta.

2.2 SINAIS E SINTOMAS

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2011) e Associação Nacional

de Assistência ao Diabético (2012), os principais sinais e sintomas são: polidpsia,

poliúria, surgimento do hábito de urinar à noite, polifagia, perda de peso, visão turva,

baixa resistência às infecções, impotência sexual, fadiga, dores nas pernas devido à

má circulação, formigamento, dormências e dores nas mãos, pernas e pés.

2.3 DIAGNÓSTICO

Gross, et al (2002) relata que o diagnóstico do DM baseia-se

fundamentalmente nas alterações da glicose plasmática de jejum ou após uma

sobrecarga de glicose por via oral.

Fischbach (1998) afirma que os exames solicitados para a detecção do

diabetes são: Glicemia em jejum, teste oral de tolerância à glicose, hemoglobina

glicosilada, urina I, urina 24 horas, uréia, exame de fundo de olho, gasometria,

creatinina e automonitorização da glicemia.

2.4 TRATAMENTO

A sociedade brasileira de diabetes (SD) relata que para manter o DM I e II

controlado, é de suma importância realizar o tratamento, haja vista que este visa

manter o controle glicêmico adequado, seja com dieta hipocalórica, aumento da

prática de exercícios físicos e/ou uso de medicações. A alimentação do diabético

deve ser individualizada de acordo com as necessidades calóricas diárias, atividade

física e hábitos alimentares (ARAÚJO; BRITTO; CRUZ, 2000).

O exercício físico melhora a sensibilidade à insulina, consequentemente

diminui a hiperinsulinemia, aumenta a captação muscular de glicose, melhora o perfil

lipídico e a hipertensão arterial, além da sensação de bem-estar físico e psíquico

decorrente, e, também pode contribuir para a perda de peso (ASSOCIAÇÃO

NACIONAL DE ASSISTÊNCIA AO DIABÉTICO).

18

Vale ressaltar que deve ser feita uma cuidadosa avaliação quanto à presença

de complicações macro e microvasculares no diabetes mellitus, para definir os tipos

de exercícios mais apropriados, se neuropatia, nefropatia e/ou retinopatia estiverem

presentes (ARAÚJO; BRITTO; CRUZ, 2000).

Existem no momento diversas opções terapêuticas, que podem ser utilizadas

isoladamente ou em associações: sensibilizadores da ação de insulina (metformina,

tiazolidinedionas), anti-hiperglicemiantes (acarbose), secretagogos (sulfoniluréias,

repaglinida, nateglinida), drogas anti-obesidade e/ou insulina (ARAÚJO; BRITTO;

CRUZ, 2000).

A indicação da insulina no tratamento do diabetes mellitus reserva-se para

diabéticos sintomáticos, com hiperglicemia severa, com acetonemia ou acetonúria,

mesmo recém-diagnosticada, ou para diabéticos que não respondam ao tratamento

com dieta, exercício e/ou hipoglicemiante oral, anti-hiperglicemiante ou

sensibilizadores da ação de insulina (SOCIEDADE BRASILEIRA DO DIABETES).

2.5 DIETA NUTRICIONAL

O consumo alimentar da população brasileira é um dos principais fatores

etiológicos do DM II, no qual está caracterizado por baixa frequência de alimentos

ricos em fibras e aumento da proporção de gorduras saturadas e açúcares na dieta

(FRANCISCHI et al., 2001).

E ainda, O DM II está diretamente associado ao aumento do índice de massa

corporal. Inclusive, a obesidade tem sido apontada como um dos principais fatores

de risco para o DM II. A obesidade e/ou sobrepeso estão presentes na maioria dos

pacientes portadores de DM II. Estima-se que entre 80% e 90% dos indivíduos

acometidos pelo DM II são obesos ou estão acima do peso (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE DIABETES, 2003).

Segundo o Ministério da Saúde (2006), para o DM II, metade dos casos novos

poderia ser prevenidos evitando-se o excesso de peso.

Uma mudança nos hábitos alimentares, com a diminuição do consumo de

gorduras saturadas e açúcares e o aumento do consumo de fibras, pode exercer

uma poderosa influência na prevenção do sobrepeso, obesidade e Diabetes, como

também de outras doenças crônicas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

19

Diante disso, é demonstrado o quão importante é uma dieta adequada para a

prevenção do e tratamento do DM II.

2.6 HIPERDIA

O Hiperdia tem como finalidade cadastrar e acompanhar os portadores de

Hipertensão Arterial e/ou Diabetes Mellitus atendidos na rede ambulatorial do

Sistema Único de Saúde – SUS, no qual permite gerar informação para aquisição,

dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos

os pacientes cadastrados. O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde,

funcionalidade que garante a identificação única do usuário do Sistema Único de

Saúde – SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). De acordo com o Ministério da

Saúde (2006), os benefícios desse programa são:

•Orienta os gestores públicos na adoção de estratégias de intervenção;

•Permite conhecer o perfil epidemiológico da hipertensão arterial e do

diabetes mellitus na população.

•Cadastra e acompanha a situação dos portadores de hipertensão arterial

e/ou diabetes mellitus em todo o país;

•Geram informações fundamentais para os gerentes locais, gestores das

secretarias e Ministério da Saúde;

•Disponibiliza informações de acesso público com exceção da identificação do

portador;

•Envia dados ao CadSUS.

2.7 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO AUTOCUIDADO

Segundo o Ministério da Saúde (2009), a equipe de saúde deve ter por

objetivo ajudar/apoiar o portador de diabetes mellitus a ter um papel mais ativo,

informado e competente para atingir metas e objetivos do tratamento e do

autocuidado, e para lidar com seu próprio estado de saúde.

Vale ressaltar que a equipe de saúde deve considerar que a experiência da

doença é um conhecimento único e individual, sendo este essencial para o ensino-

aprendizagem tanto do paciente quanto dos mesmos (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2003).

20

A Enfermagem, como integrante da equipe multidisciplinar de saúde, tem o

desafio de instrumentalizar o portador no autogerenciamento da doença, buscando

estratégias e novas formas para um melhor cuidado de enfermagem, otimizando o

controle glicêmico, promovendo ações educativas centradas no paciente e em suas

necessidades, utilizando como ferramenta a educação (SANTOS et al., 2009).

O Ministério da Saúde (2006) relata as seguintes funções cabíveis ao

Enfermeiro:

1) Desenvolver atividades educativas, por meio de ações individuais e/ou

coletivas, de promoção de saúde com todas as pessoas da comunidade;

desenvolver atividades educativas individuais ou em grupo com os pacientes

diabéticos.

2) Capacitar os auxiliares de enfermagem e os agentes comunitários e

supervisionar, de forma permanente, suas atividades.

3) Realizar consulta de enfermagem com pessoas com maior risco para

Diabetes tipo II identificadas pelos agentes comunitários, definindo claramente a

presença do risco e encaminhado ao médico da unidade para rastreamento com

glicemia de jejum quando necessário.

4) Realizar consulta de enfermagem, abordando fatores de risco,

estratificando risco cardiovascular, orientando mudanças no estilo de vida e

tratamento não medicamentoso, verificando adesão e possíveis intercorrências ao

tratamento, encaminhando o indivíduo ao médico, quando necessário

5) Estabelecer, junto à equipe, estratégias que possam favorecer a adesão

(grupos de pacientes diabéticos).

6) Programar, junto à equipe, estratégias para a educação do paciente.

7) Solicitar, durante a consulta de enfermagem, os exames de rotina definidos

como necessários pelo médico da equipe ou de acordo com protocolos ou normas

técnicas estabelecidas pelo gestor municipal.

8) Orientar pacientes sobre automonitorização (glicemia capilar) e técnica de

aplicação de insulina.

9) Repetir a medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências.

10) Encaminhar os pacientes portadores de diabetes, seguindo a

periodicidade de acordo com a especificidade de cada caso (com maior freqüência

para indivíduos não-aderentes, de difícil controle, portadores de lesões em

órgãosalvo ou com co-morbidades) para consultas com o médico da equipe.

21

11) Acrescentar, na consulta de enfermagem, o exame dos membros

inferiores para identificação do pé em risco. Realizar, também, cuidados específicos

nos pés acometidos e nos pés em risco.

12) Perseguir, de acordo com o plano individualizado de cuidado estabelecido

junto

ao portador de diabetes, os objetivos e metas do tratamento (estilo de vida

saudável, níveis pressóricos, hemoglobina glicada e peso).

13) Organizar junto ao médico, e com a participação de toda a equipe de

saúde, a distribuição das tarefas necessárias para o cuidado integral dos pacientes

portadores de diabetes.

14) Usar os dados dos cadastros e das consultas de revisão dos pacientes

para avaliar a qualidade do cuidado prestado em sua unidade e para planejar ou

reformular as ações em saúde.

22

3 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Esta parte do trabalho conteve os aspectos relacionados ao local da

pesquisa, a população de estudo, a coleta de dados, os procedimentos utilizados

para a coleta, assim como a estratégia de análise de resultados. E para finalizar

este capítulo, retratamos os preceitos éticos da pesquisa.

3.1 CENÁRIOS DO ESTUDO

Localizada no sul de Minas Gerais, a cidade de Itajubá foi fundada em 19 de

março de 1819 e possui como área territorial 294, 835 km² (PREFEITURA

MUNICIPAL DE ITAJUBÁ, 2009).

O município está a 457 km da capital mineira, Belo Horizonte, a 315 km do

Rio de Janeiro e a 268 km de São Paulo. Tem como vizinho limítrofe Delfim Moreira,

Maria da Fé, Piranguinho, São José do Alegre e Wenceslau Braz. Suas principais

rodovias são: BR- 381 Rod. Fernão Dias, BR- 459 Rod. Juscelino Kubistchek, MG-

347 e MG- 383 (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUBÁ, 2009).

A população estimada do município em 2011 é de 91. 159 habitantes, com

densidade demográfica de 307, 49 hab./ km². Desta população 92% habitam na

região urbana e 8% na zona rural (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA- IBGE, 2011).

Há uma grande população estudantil em Itajubá, principalmente em cursos de

graduação e pós-graduação oferecidos pelas faculdades abrigadas na cidade, onde

estas são reconhecidas nacionalmente por ter um dos melhores sistemas de ensino

universitário do país como a Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB) e

Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUBÁ,

2009).

Economicamente, é um dos principais produtores de banana, destacando

também o cultivo de milho, a pecuária bovina e suína e em escala inferior, o café

(CONEXÃO ITAJUBÁ, 2009).

O comércio varejista é bem diversificado contando, atualmente, com mais de

400 estabelecimentos comerciais registrados na Associação Comercial, Industrial e

Empresarial de Itajubá (PREFEITURA DE ITAJUBÁ, 2009).

Na área da Saúde, Itajubá possui dois hospitais credenciados pelo Sistema

23

Único de Saúde (SUS), a saber: Santa Casa de Misericórdia de Itajubá e Hospital

Escola da Faculdade de Medicina de Itajubá, com níveis de atendimento desde

atenção básica até alta complexidade. A cidade possui nove Unidades Básicas de

Saúde (UBS), a citar: UBS Irmã Zenaide Nogueira Leite, UBS Nossa Senhora de

Lourdes, UBS Novo Horizonte, UBS Rebourgeon, UBS Santa Rita de Cássia, UBS

Santa Rosa, UBS Santos Dumont, UBS São Vicente e UBS Vila Rubens. A

prefeitura não informou o número de ESF (Estratégia de Saúde da Família) contidas

no município (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUBÁ, 2009).

Vale ressaltar que a Secretaria Municipal de Saúde mantém vários

programas diferenciados de assistência à Saúde, e entre as atividades se destacam:

Diabetes, Hipertensão, Saúde da Mulher, Tuberculose e Hanseníase, Aquisição de

Unidade Móvel, Cartão Nacional de Saúde, Programa de Epidemiologia e Controle

de Doenças, Programa de Combate às Carências Nutricionais, Programa de

Imunização, Programa de atenção ao adolescente, Programa DST/AIDS, Programa

de Saúde Bucal, Programa de Saúde da Família, Programa de Saúde Mental,

Programa de Atenção aos Deficientes, Programa de Combate à Dengue, Programa

de Informatização da Secretaria Municipal de Saúde e o serviço de vigilância

sanitária (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJUBÁ, 2009).

3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO

O presente estudo foi de abordagem quantitativa, do tipo transversal e

descritivo. Optamos por essa abordagem, pois na abordagem quantitativa, o

pesquisador reúne evidências fundamentadas na realidade objetiva por meio da

utilização de instrumentos, isto é, formulação numérica que resulta em mensuração

formal e que é analisada por meio de procedimentos estatísticos (POLIT; BECK;

HUNGLER, 2004).

Para Gil (2002), o estudo quantitativo reúne opiniões e dados, por meio de

coletas, informações e técnicas estatísticas.

Para Brevidelli (2006), os estudos transversais são aqueles em que os dados

são coletados com um ou mais grupos de sujeitos em um momento particular do

tempo.

Os estudos transversais envolvem a coleta de dados em um ponto de tempo,

nos quais os dados relacionados às variáveis independente e dependente são

24

coletados simultaneamente (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

Gil (2002) considera que o objetivo primordial das pesquisas descritivas é a

descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou ainda

estabelecer relações entre variáveis. Nelas, o pesquisador estuda as características

de um grupo preocupado com a atuação prática. A pesquisa descritiva permite

abordar fenômenos naturais, descrevendo as relações existentes entre as variáveis,

sem a preocupação de elucidar as causas que as produzem.

A teoria descritiva serve para tornar os resultados de pesquisa significativos e

interpretáveis (POLIT; BECK, HUNGLER, 2004).

3.3 SUJEITO, AMOSTRA E AMOSTRAGEM

O estudo teve como sujeitos indivíduos com mais de 30 anos de idade,

portadores de DM II cadastrados no programa Hiperdia nas UBS e ESF do município

de Itajubá, Minas Gerais. Optamos em delimitar a idade mínima de 30 anos, pois

desejamos obter resultados mais fidedignos os autores que validaram o instrumento

utilizaram essa idade mínima e desejamos obter resultados fidedignos.

A amostra foi calculada por meio da seguinte fórmula utilizada por Triola (2008):

n=(Z /2)².p.q/E², onde:

n = tamanho da amostra

Z /2 = confiabilidade. No caso dessa pesquisa, utilizaremos Intervalo de Confiança (IC)de

95%. Portanto, Z /2 = 1,96.

p = prevalência da doença em Itajubá =1,65% ou 0,0165

q = 1-p = 0,9835

E = erro amostral. Como foi considerado IC de 95%, o erro amostral é de 5%. Portanto E

=0,05

Sendo assim,

n = (1,96)².0,0165.0,9835/ (0,05)² = 24,9

Apesar de o cálculo amostral ter identificado número de 25 pacientes (no

mínimo) para realização do estudo, a amostra foi constituída de 10 pacientes de

cada UBS, onde estes deveriam estar cadastrados no programa Hiperdia. As UBS

escolhidas foram: Cantina, Dr. Raimundo Siqueira Paulista (CAIC), Ir. Zenaide

Nogueira Leite (CAENF) e nas ESF dos bairros Cruzeiro e Avenida/São Judas

25

Tadeu, na qual estas unidades foram selecionadas levando em consideração os

pontos cardeais norte, sul, leste e oeste, e ainda, a região central da cidade para

diversificar as características sócio demográficas dos pacientes. A amostragem foi

do tipo não probabilístico por conveniência seguindo os critérios de inclusão:

Ser portador de Diabetes Mellitus tipo II e estar cadastrado no programa

Hiperdia em uma das unidades supracitadas;

Concordar em participar do estudo;

Ter idade igual ou superior a 30 anos;

Ter recebido orientações sobre dieta, exercícios físicos, cuidados com os pés,

tabagismo e medicação de enfermeiro ou médico. Como utilizaremos um

instrumento validado, incluímos este critério, pois estes são itens a serem

avaliados quanto ao autocuidado no instrumento que pretendemos utilizar

(ANEXO A).

Os critérios de exclusão do estudo foram:

Não concordar em participar do estudo;

Ter idade igual ou inferior a 29 anos;

Não estar cadastrado no programa Hiperdia.

3.4 PRÉ- TESTE

O pré-teste foi realizado após aprovação do presente projeto pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz com dois pacientes

de cada UBS e ESF já mencionadas, totalizando dez pacientes. Aqueles que fizeram

parte do pré-teste não foram incluídos na pesquisa. Após a análise do questionário e

do instrumento QAD "Questionário de Atividades de Autocuidado com o Diabetes"

(QAD) por meio das respostas obtidas no pré- teste foi iniciado a coleta dos dados.

3.5 COLETA DOS DADOS

Os dados foram coletados por meio de dois instrumentos sendo estes:

Questionário: Foram coletados dados referentes à idade, gênero, tempo de

diagnóstico e ocupação (APÊNDICE A).

26

Instrumento QAD: Foi utilizado o instrumento QAD (ANEXO A).

O QAD é um instrumento utilizado para questionar a realização de atividades

pelos pacientes e sua concordância com a prescrição médica ou de outro

profissional (MICHELS et al., 2010). O instrumento foi traduzido para o português,

adaptado culturalmente e avaliado suas propriedades psicométricas no ano de 2009

por pesquisadores catarinenses. O QAD é considerado instrumento de domínio

público (ANEXO B). Em Portugal, o mesmo foi validado em 2003 por Bastos e

colaboradores.

A validade e confiabilidade do QAD foram avaliadas e estabelecidas em populações norte-americanas de língua inglesa e espanhola e também em portugueses. Avalia cinco aspectos do regime de tratamento do diabetes, agrupados em seis dimensões do autocuidado: alimentação (geral e específica), atividade física, uso da medicação, monitorização da glicemia e o cuidado com os pés, avaliando também o tabagismo. As dimensões representam atividades distintas do tratamento do diabetes, realizadas de maneira independente pelos pacientes. O questionário original foi revisado e modificado a partir da avaliação de sete estudos que o utilizaram na avaliação dos pacientes. O QAD revisado possui 12 itens para medir os componentes do autocuidado no DM, apresentando, também, outros 14 itens adicionais que podem ser utilizados para investigação mais detalhada de alguns desses cuidados. (MICHELS et al., 2010). A escala é parametrizada em dias por semana em que os indivíduos apresentam determinado comportamento, variando o score de cada item de 0 a 7. O score por dimensão resulta da média do número de dias dos itens que constituem a dimensão (BASTOS; SEVERO; LOPES, 2007).

A coleta de dados foi realizada nas UBS ou ESF anteriormente citadas,

conforme o local de cadastro do paciente. Após agendamento do dia e horário com

o paciente, aplicamos os instrumentos em uma sala privativa. O paciente recebeu

informações sobre o estudo e foram sanadas suas dúvidas. Após o devido

esclarecimento em relação à pesquisa, solicitamos a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B).

Os instrumentos foram preenchidos pelas pesquisadoras e, para garantir o

anonimato dos participantes, cada paciente recebeu um número.

3.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

No tocante ao QAD, os dados foram analisados conforme o método utilizado

por ambos os pesquisadores que validaram o instrumento, a saber Bastos; Severo e

27

Lopes (2007) e Michels et al. (2010).

Para a dimensão "alimentação" o valor próximo ou igual a sete foi

considerado "menos favorável à adesão", enquanto que o valor próximo ou igual a

zero foi considerado "mais favorável à adesão". “Nas dimensões “atividade física”,

“monitorização da glicemia”, “cuidados com os pés” e “medicação” foi considerado

“menos favorável à adesão” o valor próximo ou igual a zero, e “mais favorável à

adesão” valor próximo ou igual a sete”. A avaliação do tabagismo foi codificada

levando em consideração se o paciente é tabagista ou não, a média de cigarros

consumidos e a última vez que fumou. Os resultados obtidos do questionário e do

QAD foram tratados pelo programa estatístico BioEstat versão 5.3. Foram calculadas

médias, desvio padrão e frequência dos dados. Para verificar a correlação entre as

variáveis tempo de diagnóstico e autocuidado foi aplicado o teste de Correlação de

Pearson, no qual foram analisados o valor de r a fim de conferir a existência ou não

da correlação.

3.7 ASPECTOS ÉTICOS DO ESTUDO

Primeiramente foi solicitada autorização à Diretora da Escola de Enfermagem

Wenceslau Braz para a realização do estudo no CAENF (APÊNDICE C) e à

Secretária de Saúde da Prefeitura Municipal de Itajubá para realizar o estudo nas

UBS e ESF (APÊNDICE D). Posteriormente foi encaminhado o projeto desse estudo

ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, o qual,

após análise, aprovou-o sob protocolo de número 531/2011 (ANEXO C).

O presente estudo atendeu aos preceitos estabelecidos pela Resolução

número 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), de 10 de outubro de 1996

que diz respeito às diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo

seres humanos.

Somente após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de

Enfermagem Wenceslau Braz o estudo teve início.

28

4 RESULTADOS

A amostra foi composta por 25 mulheres e 25 homens, perfazendo uma

amostra de 50 pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II cadastrados no

Programa Hiperdia das Unidades Básicas de Saúde do município de Itajubá, Minas

Gerais. A média de idade encontrada foi de 60,5 anos com desvio-padrão (DP) de

±13,7. Esses pacientes receberam o diagnóstico da doença, em média, há 18 anos

(DP±11,5).

A profissão dos pacientes que fizeram parte do estudo está apresentada na

tabela 1.

Tabela 1 - Profissão dos pacientes portadores de DM II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais. (n=50)

Profissão Frequência

Absoluta

Frequência Relativa

Do lar 6 12%

Aposentado 5 10%

Comerciante 4 8%

Cozinheira 4 8%

Operário 4 8%

Engenheiro 3 6%

Diarista 3 6%

Costureira 2 4%

Pedreiro 2 4%

Professor 2 4%

Administrador 1 2%

Auxiliar de escritório 1 2%

Babá 1 2%

Cuidador de idosos 1 2%

Farmacêutico 1 2%

Militar 1 2%

(continua)

29

Tabela 1 - Profissão dos pacientes portadores de DM II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais. (n=50)

(conclusão)

Profissão Frequência

Absoluta

Frequência Relativa

Padeiro 1 2%

Policial 1 2%

Prestador de serviços 1 2%

Técnico segurança do trabalho 1 2%

Não respondeu 5 10%

Total 50 100%

Fonte: Da autora

Nota: Instrumento de pesquisa

O fenômeno da adesão ao autocuidado avaliado pelo instrumento QAD na

amostra da população revelou os seguintes valores apresentados na tabela 2.

Tabela 2 - Adesão ao autocuidado dos pacientes portadores de DM II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais. (n=50)

Variável Média

(em dias)

Desvio-

padrão (±)

Alimentação geral

Em quantos dos últimos SETE DIAS seguiu uma dieta

saudável?

4,6 1,5

Durante o último mês, QUANTOS DIAS POR

SEMANA, em média, seguiu a orientação alimentar,

dada por um profissional de saúde (médico,

enfermeiro, nutricionista)?

4,3 1,5

Alimentação específica

Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu cinco ou

mais porções de frutas e/ou vegetais?

5,3 1,5

Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu alimentos

ricos em gordura?

2,5 1,9

(continua)

30

Tabela 2 - Adesão ao autocuidado dos pacientes portadores de DM II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais. (n=50)

(conclusão)

Variável Média

(em dias)

Desvio-

padrão (±)

Em quantos dos últimos sete dias comeu doces? 3,2 1,9

Atividade física

Em quantos dos últimos SETE DIAS realizou atividade

física durante pelo menos 30 minutos?

6,8 0,9

Em quantos dos últimos SETE DIAS praticou algum

tipo de exercício físico específico?

1,7 1,9

Monitorização da glicemia

Em quantos dos últimos SETE DIAS avaliou o açúcar

no sangue?

5,5 2,1

Em quantos dos últimos SETE DIAS avaliou o açúcar

no sangue o número de vezes recomendado

pelo médico ou enfermeiro?

5,4 2,2

Cuidados com os pés

Em quantos dos últimos SETE DIAS examinou os

seus pés?

2,1 2,1

Em quantos dos últimos SETE DIAS examinou dentro

dos sapatos antes de calçá-los?

2,6 2,4

Em quantos dos últimos SETE DIAS secou os

espaços entre os dedos dos pés depois de lavá-los?

3,4 2,2

Medicação

Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou seus

medicamentos do diabetes, conforme foi

recomendado?

6,8 0,6

Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou suas

injeções de insulina, conforme foi recomendado?

6,9 0,1

Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou o número

indicado de comprimidos do diabetes?

6,6 0,7

Fonte: MICHELS, 2010. p. 644-649.

Nota: Instrumento de pesquisa

31

A análise estatística da amostra revelou que a prática de atividade física, a

medicação e monitorização da glicemia aproximam-se do valor desejável que o

paciente deve ter em relação ao autocuidado. Entretanto, houve baixa aderência ao

autocuidado quando as variáveis alimentação, cuidados com os pés e prática de

exercício físico foram analisadas.

Pacientes tabagistas representaram 34% (17) da amostra e informaram

fumar, em média, 7 cigarros por dia (DP±2,6). Ao serem questionados sobre quando

fumaram o ultimo cigarro obteve-se os resultados listados na tabela 3.

Tabela 3 - Quando o ultimo cigarro foi fumado pelos dos pacientes portadores de DM II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais. (n=50)

Variável Frequência absoluta Frequência relativa

Hoje 14 40%

Há mais de 2 anos 19 54,2%

Há 4 a 12 meses atrás 1 2,9%

No último mês 1 2,9%

Total 35 100%

Fonte: Da autora Nota: Instrumento de pesquisa

Ao questionar o paciente sobre tabagismo, o instrumento QAD oferece

apenas as opções de resposta “tabagista” ou “não tabagista”. Apenas 17 pacientes

informaram ser tabagista no momento da coleta dos dados. Apesar disso, ao

questioná-los sobre quando fumaram o ultimo cigarro, encontramos 35 respostas

que confirmaram que o paciente fumou em algum momento de sua vida, portanto

pode-se suspeitar que 18 pacientes são ex tabagistas.

O presente estudo analisou a possibilidade de haver relação entre o tempo do

diagnóstico da doença e a adesão ao autocuidado. Conforme valores descritos na

tabela 4 é possível observar que não há correlação entre tais variáveis, isto é, o

tempo do diagnóstico da doença não interfere na adesão ao autocuidado.

32

Tabela 4 - Análise de Correlação de Pearson entre o tempo de diagnóstico de DM II e autocuidado de pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II cadastrados no programa Hiperdia do município de Itajubá, Minas Gerais. (n=50)

Variável correlacionada

ao tempo

Valor de r Valor de p

Ingesta de porções de

frutas -0,23 0,10

Ingesta de Gorduras 0,18 0,20

Ingesta de doces -0,01 0,91

Realização de atividade

física 0,01 0,89

Prática de exercícios

físicos -0,08

0,53

Teste de glicemia -0,08 0,57

Teste de glicemia

conforme orientação -0,00

0,98

Autoexame dos pés 0,10 0,46

Exame dos sapatos

antes de calça-los 0,11

0,43

Secagem dos pés após

lava-los 0,24

0,08

Uso de medicamentos

para Diabetes 0,03

0,79

Uso de insulina -0,37 0,007

Uso de medicamentos

conforme prescrição 0,16

0,26

Fonte: Da autora Nota: Instrumento de pesquisa

33

5 DISCUSSÃO

O presente estudo demonstrou que houve baixa aderência relacionada ao

autocuidado com a alimentação dos pacientes com DM II. Corroborando com esse

resultado, autores afirmam que a Saúde Pública brasileira e americana tem como

um dos maiores desafios o controle metabólico de pessoas com a doença DM em

evolução (ASSUNÇÃO; SANTOS; COSTA, 2002).

Os resultados obtidos demonstraram que os pacientes que participaram do

estudo. O consumo alimentar dos brasileiros tem como características baixa

frequência de alimentos ricos em fibras e alto consumo de gorduras saturadas e

açúcares na dieta, sendo este associado a um estilo de vida sedentário

(FRANCISCHI et al., 2001).

Autores relatam de que a dieta brasileira, podendo esta ser denominada dieta

“ocidental” é caracterizada por uma alta ingestão de produtos lácteos integrais,

carnes vermelhas, bebidas adocicadas, açúcares e sobremesas, redução do

consumo de frutas, verduras e legumes, estando diretamente relacionada ao risco

de desenvolver obesidade, doenças cardiovasculares e Diabetes Mellitus

(MONTEIRO et al., 2006).

Outro fator crescente é a substituição de alimentos in natura que são

enriquecidos em vitaminas, fibras e minerais, por produtos industrializados. Há uma

estimativa de que 80% a 90% dos pacientes acometidos pelo DM II são obesos ou

estão acima do peso (SARTORELLI; FRANCO, 2003).

O risco de desenvolver o DM II está diretamente relacionado ao aumento do

índice de massa corporal, e a principal causa é o comportamento alimentar

(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2003).

Uma mudança nos hábitos alimentares, com diminuição do consumo de

gorduras saturadas e açúcares e o aumento do consumo de fibras, pode exercer

uma poderosa influência na prevenção do sobrepeso, obesidade, Diabetes e

doenças cardiovasculares (WHO, 2003).

Um estudo foi realizado tendo como amostra 522 pacientes acima do peso

com diminuição da tolerância à glicose, cujo objetivo foi descobrir a influência do

aconselhamento dietético e das recomendações de exercícios regulares na

incidência do DM II. Após quatro anos, a incidência de casos de DM II foi

significativamente menor no grupo de intervenção (11%), quando comparado com o

34

grupo controle (23%) (TUOMILEHTO et al., 2001).

Outro estudo comparando a influência de hábitos alimentares saudáveis, com

o uso da metformina, demonstrou que após uma média de 2,8 anos, um estilo de

vida saudável com uma dieta adequada poderia prevenir o DM II mais

eficientemente (58%) do que a terapia com metformina (31%) (TUOMILEHTO et al.,

2001).

O Nurses Health Study, conduzido com 84.941 mulheres americanas,

observou que a ausência de tabagismo, prática de trinta minutos de atividades

físicas diária, manutenção de peso e padrão alimentar habitual rico em fibras e

ácidos graxos polinsaturados, pobre em gorduras saturadas e ácidos graxos trans

com baixo índice glicêmico reduziu em 91,0% o risco de desenvolver o DM II após

16 anos de seguimento (SARTORELLI; CARDOSO, 2006).

Logo que o paciente descobre ser portador de DM II ele costuma seguir uma

programação alimentar, mas, com o passar do tempo, na grande maioria, começam

a ter em mente que o esforço é diário e aos poucos vai abandonando a dieta e

começa a procurar soluções “milagrosas” como chás, remédios caseiros e remédios

mirabolantes (MARTINS, 1998).

Entretanto, é verídico que o controle adequado do DM II não pode ser

atingido sem um planejamento alimentar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

DIABETES).

Segundo Polacow e Lancha (2007), as recomendações nutricionais para os

diabéticos não são tão opostas da população em geral, no qual estas devem ser

constituídas proporcionalmente entre os grupos alimentares e a quantidade dos

alimentos que serão consumidos no decorrer do dia. Uma alimentação equilibrada é

aquela que contém todos os nutrientes sendo estes carboidratos (50% do total diário

de calorias), proteínas (15 a 20% do total diário de calorias), lipídeos (25 a 30% do

total diário de calorias), vitaminas e minerais (duas a quatro porções de frutas, sendo

pelo menos uma rica em vitamina C e de três a quatro porções de hortaliças), fibras

vegetais (no mínimo 20 gramas/dia) e água. Além da dieta, a atividade e exercícios

físicos são essenciais para manutenção dos níveis séricos de glicose.

De acordo com Cheik et al. (2003), atividade física pode ser definida como

movimentos corporais produzidos pelos músculos e que envolvem gasto energético,

enquanto que o exercício físico nada mais é do que a própria atividade física

planejada e com a finalidade de aumentar ou manter a saúde e a aptidão física. Da

35

amostra coletada no estudo observou-se que os pacientes portadores de DM II

realizam atividades físicas em quase todos os dias da semana (média de 6,8 dias), o

que poderia ser justificado pelas tarefas realizadas no quotidiano – arrumação da

casa, saídas para as compras, trabalho, etc.

Por outro lado, no tocante à prática de exercícios físicos, ou seja, atividades

planejadas e estruturadas para obtenção ou manutenção da saúde, tais indivíduos

apresentaram baixa adesão (média de 1,7 dias). É oportuno ressaltar que o

exercício físico é imprescindível para a melhoria da qualidade de vida, prevenindo

doenças como DM II, osteoporose, doenças cardiovasculares e depressão

(CARVALHO; MAREGA, 2012).

Além disso, os benefícios do exercício físico a curto, médio e longo prazo são

o aumento do consumo da glicose, diminuição da concentração basal e pós-prandial

da insulina, aumento da resposta dos tecidos à insulina, melhoria dos níveis da

hemoglobina glicosilada, melhoria do perfil lipídico: diminuição dos triglicerídeos,

aumento da concentração de HDL-colesterol, diminuição leve da concentração de

LDL-colesterol, contribuição para a diminuição da pressão arterial sistêmica, redução

do peso corporal, diminuição da massa total de gordura, preservação e aumento da

massa muscular magra, melhoria no funcionamento do sistema cardiovascular,

aumento da força e elasticidade muscular e sensação de bem-estar (MERCURI;

ARRECHEA, 2001).

Segundo Sartorelli e Franco (2003), o sedentarismo é um fator de risco para a

obesidade tão importante quanto o consumo de dieta inadequada, e possuindo uma

relação direta e positiva com o aumento da incidência do Diabetes Mellitus do tipo II,

independentemente do Índice de Massa Corporal (IMC) ou de história familiar de

DM.

A prática de caminhar é essencial, pois foi demonstrado que os programas

dessa atividade melhoram a claudicação intermitente em pacientes não diabéticos.

Porém, segundo especialistas, os programas de caminhada não devem ser

realizados quando os pacientes apresentam úlceras ou gangrena (CONSENSO

INTERNACIONAL SOBRE O PÉ DIABÉTICO, 2001).

Segundo Fajardo (2006), uma das complicações do DM mais temidas é a

perda de um pé ou uma perna, porém, essa complicação pode ser evitada mediante

alguns cuidados. Apesar desse temor relatado no estudo do autor supracitado, foi

identificada, no presente estudo, baixa aderência ao autocuidado com os pés.

36

Os problemas com os pés são uma importante causa de morbidade para os

pacientes diabéticos, no qual estes apresentam um risco 15 vezes maior de serem

submetidos a uma amputação do que os pacientes não diabéticos, lembrando que

as feridas nos pés são uma das principais causas de atendimento hospitalar a essa

população (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE O PÉ DIABÉTICO, 2001).

Estudos mostram que entre 1990 e 2000 no Rio de Janeiro, as amputações

de MMII (membros inferiores) em pacientes com doença arterial periférica e DM

aumentaram cinco vezes, e grande parte delas poderia ter sido evitada

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES).

O mesmo autor relata que a imensa maioria dessas cirurgias (97,7%),

denominada amputações primárias, foi realizada sem que antes tivesse sido feito o

procedimento vascular para restabelecer o fluxo arterial. Nos Estados Unidos, de

50% a 70% de todas as amputações não traumáticas ocorrem em pacientes

diabéticos.

Macedo (1999), demonstra que apenas 12% dos médicos examinam os pés

dos diabéticos sem que estes apresentem queixas durante a consulta. É válido

relembrar que o problema com o pé do diabético pode evoluir para condições mais

graves mesmo na ausência de sintomas. Na maioria das pessoas (85%), as

amputações dos MMII decorrentes do DM são precedidas de uma úlcera no pé. A

proporção de pacientes que sofre amputação com gangrena varia entre 50% a 70%

e com infecção, entre 20% a 50 (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE O PÉ

DIABÉTICO, 2001).

Vários fatores têm sido sugeridos como relacionados ao desenvolvimento de

úlceras nos pés, como: Trauma causado por calçado inadequado, caminhar

descalço, acidentes, quedas, objetos no interior dos sapatos; Condição

socioeconômica; baixa posição social; acesso precário ao sistema de saúde; não

adesão ao tratamento; negligência; educação terapêutica precária (CONSENSO

INTERNACIONAL SOBRE O PÉ DIABÉTICO, 2001).

Em estudos transversais, evidenciou-se que de 80% a 90% das úlceras nos

pés foram precipitadas por algum trauma externo, como exemplo, o uso de calçados

inadequados e ainda, os fatores mecânicos como deformidades das articulações,

proeminência óssea, calos, mobilidade articular limitada, propriedades dos tecidos

alterados, cirurgia prévia do pé, calçado inadequado, caminhar descalço, quedas,

acidentes e objetos no interior dos calçados têm um importante papel na etiologia

37

das úlceras nos pés (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE O PÉ DIABÉTICO,

2001).

Metade das amputações de membros inferiores é decorrente ao DM mal

controlado, e uma de suas causa mais comuns são a neuropatia periférica, a doença

vascular e a infecção. (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO,

2001)

O mesmo autor relata que os pacientes diabéticos bem como seus cuidadores

devem estar aptos a terem cuidados com seus pés:

� Inspecionar os pés todos os dias;

� Usar um espelho, se necessário, para visualizar todo pé. Isso deve ser feito

em uma área com iluminação apropriada;

� Buscar qualquer sinal de pressão (vermelhidão, bolhas, calosidades), cortes

ou fendas entre os dedos, feridas ou qualquer mudança na cor habitual de seus pés;

� Estar atento para qualquer mudança na temperatura da pele dos seus pés;

� Lavar os seus pés todos os dias;

� Enxugar seus pés com uma toalha macia, sem friccionar a pele;

� Prestar muita atenção ao enxugar a pele entre os dedos.

Segundo o Consenso Internacional sobre o pé Diabético (2001), as taxas de

patência para reconstrução vascular são mais elevadas em pessoas que pararam de

fumar.

Rosemberg (2001) relata que atualmente existem em torno de um bilhão e

260 milhões de fumantes em todo o mundo, e o tabagismo ativo pode ser definido

como o principal causador isolado de doenças e mortalidade que podem ser

prevenidas no mundo.

Nos diabéticos, a aterosclerose ocorre de forma mais extensa e precoce do

que na população em geral lembrando que o tabagismo é promotor da progressão

da nefropatia diabética (BIESENBACH, et al. 1997).

Um estudo realizado em 1995 de forma prospectiva entre profissionais da

área saúde do sexo masculino, nos Estados Unidos demonstrou que o consumo de

25 ou mais cigarros por dia duplicou o risco de Diabetes mellitus não insulino-

dependente (RIMM, et al. 1995).

Facchini (1992) afirma que a cessação do tabagismo é fundamental, pois este

diminui a sensibilidade à insulina e piora a albuminúria nos pacientes portadores de

38

DM insulino- dependentes.

Intervenções rápidas de 2 a 3 minutos do tempo de uma consulta são efetivas

podendo reduzir em 10% o número de pacientes fumantes (MANLEY, et al. 1991).

Esse trabalho de aconselhamento é desenvolvido por todos os profissionais

da área da saúde (médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos) e em suas

respectivas áreas de atuação informam ao paciente os malefícios do uso do tabaco

aconselhando-os a cessarem o seu uso (MILLER; ROLLNICK, 2001).

Corrêa (2003) salienta que todos os profissionais de saúde são vistos como

modelos de comportamento, portanto é inadmissível que se estes forem tabagistas

fumem em instituições e/ou serviços de saúde.

O presente estudo mostrou resultados importantes relacionados ao

autocuidado dos pacientes estudados. O tempo máximo de diagnóstico identificado

pelo estudo foi de 48 anos, e o mínimo de um ano. Apesar dessa grande variação, o

tempo não é uma variável que influencia na adesão ou não ao autocuidado, pois

mesmo com o passar dos anos, o paciente permaneceu com comportamento

indesejável frente a alguns elementos do autocuidado.

39

6 CONCLUSÃO

O estudo permitiu concluir que:

• A média de idade encontrada foi de 60,5 anos com desvio-padrão (DP) de ±13,7.

• O pacientes receberam o diagnóstico da doença, em média, há 18 anos

(DP±11,5).

• A prática de atividade física, a medicação e monitorização da glicemia

aproximam-se do valor desejável que o paciente deve ter em relação ao

autocuidado.

• Houve baixa aderência ao autocuidado quando a variável alimentação, cuidados

com os pés e prática de exercício físico foram analisadas.

• Pacientes tabagistas representaram 34% (17) da amostra e informaram fumar,

em média, 7 cigarros por dia (DP±2,6).

• Não há correlação entre as variáveis tempo de diagnóstico e aderência ao

autocuidado em nenhuma das dimensões propostas pelo instrumento QAD.

40

REFERÊNCIAS

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45

APÊNDICE A - Instrumento de coleta de dados 1- Número: ______________________________________________________ 2- Local da pesquisa: ______________________________________________ 3- Idade: ____________________________________________________anos 4- Gênero: ( ) feminino ( ) masculino 5- Ocupação: ____________________________________________________ 6- Renda: _______________________________________________________ 7- Há quanto tempo recebeu o diagnóstico do Diabetes Mellitus? _______________________________________________________________

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APENDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido

Este documento tem como finalidade esclarecer ao sujeito da pesquisa de

forma clara e objetiva, sobre o estudo a ser realizado: finalidade, local, duração,

procedimentos utilizados, possíveis riscos e desconfortos à sua pessoa, benefícios

esperados e objetivos a serem alcançados com o mesmo.

Sua participação nesta pesquisa é de livre e espontânea vontade e a qualquer

momento você poderá interrompê-la, recusar-se a submeter-se a quaisquer

procedimentos, como também dela desistir, a tempo e modo, como assim desejar,

sem qualquer penalização ou prejuízo à sua pessoa.

A presente pesquisa trata de um trabalho sobre a relação entre o tempo do

diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo II e o autocuidado dos pacientes, a ser

realizado nas Unidades Básicas de Saúde dos bairros Cantina, Novo Horizonte,

centro e estratégias de Saúde da Família dos bairros Cruzeiro e Avenida/São Judas

Tadeu.

Para a realização da pesquisa será utilizado um questionário semiestruturado

e um instrumento para direcionar as perguntas sobre o assunto a serem preenchidos

pelas pesquisadoras segundo as respostas dos sujeitos da pesquisa.

A realização da presente pesquisa será importante para que profissionais da

saúde promovam e estimulem o autocuidado entre pacientes portadores do Diabetes

Mellitus tipo II. A participação do sujeito e todos os dados referentes à sua pessoa

serão exclusivos para a pesquisa em questão e de inteira responsabilidade das

pesquisadoras, que garantem anonimato e total sigilo, assegurando a privacidade

das informações a elas fornecidas.

Por me achar plenamente esclarecido e em perfeito acordo com este termo

de consentimento, eu, como sujeito da pesquisa, o assino.

Itajubá, MG,______ de ______________________de 2011.

_______________________________________

_______________________________________

Nome completo do sujeito da pesquisa Assinatura

Para quaisquer dúvidas e esclarecimentos, o Comitê de Ética e pesquisa da EEWB

disponibiliza telefone para contato: (35) 3622-0930.

47

ANEXO A - Instrumento II - QAD

INSTRUMENTO II – QAD

As perguntas que se seguem questionam-no sobre seus cuidados com o diabetes

durante os últimos sete dias. Se você esteve doente durante os últimos sete dias,

por favor, lembre-se dos últimos sete dias em que não estava doente.

1. ALIMENTAÇÃO GERAL

1.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS seguiu uma dieta saudável? 0 1 2 3 4 5 6

7

1.2 Durante o último mês, QUANTOS DIAS POR SEMANA, em média, seguiu a

orientação alimentar, dada por um profissional de saúde (médico, enfermeiro,

nutricionista)? 0 1 2 3 4 5 6 7

2. ALIMENTAÇÃO ESPECÍFICA

2.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu cinco ou mais porções de frutas e/ou

vegetais? 0 1 2 3 4 5 6 7

2.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS comeu alimentos ricos em gordura, como

carnes vermelhas ou alimentos com leite integral ou derivados? 0 1 2 3 4 5 6 7

2.3 Em quantos dos últimos sete dias comeu doces? 0 1 2 3 4 5 6 7

3. ATIVIDADE FÍSICA

3.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS realizou atividade física durante pelo menos

30 minutos (minutos totais de atividade contínua, inclusive andar)? 0 1 2 3 4 5 6 7

3.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS praticou algum tipo de exercício físico

específico (nadar, caminhar, andar de bicicleta), sem incluir suas atividades em casa

ou em seu trabalho? 0 1 2 3 4 5

4. MONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA

4.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS avaliou o açúcar no sangue? 0 1 2 3 4 5 6 7

48

4.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS avaliou o açúcar no sangue o número de

vezes recomendado pelo médico ou enfermeiro? 0 1 2 3 4 5 6 7

5. CUIDADOS COM OS PÉS

5.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS examinou os seus pés? 0 1 2 3 4 5 6 7

5.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS examinou dentro dos sapatos antes de

calçá-los? 0 1 2 3 4 5 6 7

5.3 Em quantos dos últimos SETE DIAS secou os espaços entre os dedos dos pés

depois de lavá-los? 0 1 2 3 4 5 6 7

6. MEDICAÇÃO

6.1 Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou seus medicamentos do diabetes,

conforme foi recomendado? OU (se insulina e comprimidos): 0 1 2 3 4 5 6 7

6.2 Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou suas injeções de insulina, conforme

foi recomendado? 0 1 2 3 4 5 6 7

6.3 Em quantos dos últimos SETE DIAS tomou o número indicado de comprimidos

do diabetes? 0 1 2 3 4 5 6 7

7. TABAGISMO

7.1 Você fumou um cigarro ainda que só uma tragada durante os últimos sete

dias? � Não � Sim

7.2 Se sim, quantos cigarros fuma, habitualmente, num dia? Número de cigarros:

_______________

7.3 Quando fumou o seu último cigarro?

� Nunca fumou

� Há mais de dois anos atrás

� Um a dois anos atrás

� Quatro a doze meses atrás

� Um a três meses atrás

49

� No último mês

� Hoje

50

ANEXO B- Validação do Instrumento QAD VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO QAD From: [email protected]

Subject: Re: Instrumento QAD

Date: Wed, 18 Jan 2012 21:40:00 -0200

To: [email protected]

Prezada Cláudia,

O QAD é um instrumento de domínio público e você pode utilizá-lo sem restrição em seus estudos.

Estou a disposição para esclarecimentos.

Att,

Murilo Michels

Em 18/01/2012, às 15:06, Cláudia Paixão <[email protected]> escreveu:

Prezado Sr. Murilo,

Li seu artigo sobre o QAD publicado no peródico Arquivos Brasileiros de

Endocrinologia e Metabolismo (vol. 54, n. 7) de 2010 e tenho interesse em utilizá-lo em uma pesquisa.

Sou docente em uma faculdade de enfermagem em Minas Gerais (Escola de Enfermagem Wenceslau Braz) e, como o senhor é autor da validação desse instrumento no Brasil, gostaria de saber se o mesmo é de domínio público e, caso não seja, como posso obter autorização para utilizá-lo.

Grata.

Profa. Cláudia Alessandra Pereira Paixão

Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, Itajubá, MG

51

ANEXO C - Parecer Consubstanciado N. 804/2012

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