Resumo bactérias mdr
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Resumo de Infectologia:
Bactérias Multirresistentes (MDR)
Raul Barros
Infecções relacionadas à Assistência em Saúde (IRAS) – São infecções que compartilham de um
mesmo perfil microbiológico, geralmente incluindo germes resistentes; acomentem pacientes
internados, institucionalizados, que realizam procedimentos invasivos frequentes (ex:
hemodiálise) e profissionais de saúde.
- Não constituem erro médico, porém sua incidência é inversamente proporcional à qualidade
do serviço de saúde prestado.
- Panorama atual: o desenvolvimento de resistência por parte das bactérias é mais rápido do
que o desenvolvimento de novos antibióticos pelo homem – Era Pós-Antibióticos.
Revisão – Antibióticos:
Inibidores da Síntese de Parede Celular
Beta-lactâmicos Ligam-se à proteínas específicas da parede celular (Proteínas ligadores de penicilinas), impedindo a formação de novos peptidoglicanos – bactéria morre por instabilidade osmótica.
Penicilinas
Espectro: Gram positivos simples (estreptococcus, alguns staphylos, meningococo)
Aminopenicilinas Gram+, alguns gram- de vias aéreas (haemophilus),
Oxacilina Penicilina anti-estafilococica; já existem os staphylos resistentes: “MRSA”
Cefalosporinas
Três gerações. 1ª – Cefalexina (gram+); 2ª Cefaclor (gram+, gram- de vias superiores, exceto pneumococo); 3ª – Ceftriaxona (gram -, perde muitos gram+, exceto pneumococo), Ceftazidima (anti-pseudomonas); 4ª Geração (Cefepime – anti-pseudomonas, gram-)
Carbapenêmicos Ampla capacidade de se ligar a qualquer tipo de BPPs (uso para germes resistentes à outras drogas); Imepenem e Meropenem (anti-pseudomonas)
Carboxipenicilinas Piperacilina + Tazobactam; Ticarcilina + Clavulanato – drogas potentes, usadas contra pseudomonas
Glicopeptídeos
Vancomicina e Teicoplanina. Drogas contra o MRSA. Agem na parede, mas nas bordas (diferente do beta-lactâmico)
Polimixinas
Altamente tóxicos; reservado para gram negativos multirresistentes (pseudomonas, klebsiella).
Aztreonam (Monobactâmico)
Anti-pseudomonas; alto custo.
Inibidores da Síntese
Macrolídeos Ação para gram+, gram-, atípicos (sem parede celular – Mycoplasma, Chlamydia); Ertromicina, Azitromicina.
Oxazolidinonas (Linezolida) Gram positivos; uso para Enterobacter VancoR
Tetraciclinas Indicações específicas conforme perfil de sensibilidade;
Proteica doxiciclina – DSTs.
Aminoglicosídeos
Nefrotóxicos; gentamicina: anti-gram- que exerce efeito sinérgico com beta-lactâmicos; tobramicina – colírio (tobrex)
Clindamicina Para anaeróbios do diafragma pra cima (não cobre Bacteroides fragilis)
Ação contra Ácidos Nucleicos e Anti-
Metabólitos
Quinolonas
Agem na síntese de DNA da bactéria (DNA girase); espectro amplo, gram+ e – (inclusive pseudomonas – ciprofloxacino); quinolonas respiratórias ou fluorquinolonas – atingem boas concentrações pulmonares e podem ser usadas em pneumonias pneumocócicas (levo, gemi e moxifloxacino)
Sulfamídeos
Sulfa/Trimetoprima – inúmeras bactérias eram inicialmente sensívels, mas hoje há muita resistência (indicações restritas; antibiograma). Dapsona – uso na hanseníase.
Metronidazol Anti-anaeróbios; ação sobre o B. fragilis.
Drogas Anti Pseudomonas:
Ciprofloxacino; Ceftazidima;
Cefepime; Ticarcilina;
Piperacilina; Carbapenêmicos (exceto ertapenem);
Aztreonam
Polimixinas
Resistência Bacteriana
Cinco principais mecanismos:
a) Resistência Natural: Chlamydia é resistente à beta-lactâmicos, pois não tem parede
celular, por exemplo; anaeróbios são resistentes aos aminoglicosídeos, pois estes só
penetram se houver oxigênio; as demais resistências são ditas “adquiridas”;
b) Bomba de Efluxo: desenvolvida por diversas bactérias, gram+ e –, é capaz de bombear
a substância antibiótica para fora da bactéria;
c) Alteração da permeabilidade: alterações nas porinas que permitem a entrada do
antibióticos;
d) Inativação enzimática: produção de enzimas que inativam os antibióticos
(penicilinases, por exemplo);
e) Alteraçõa de Alvo: de BPPs, da DNA girase, dos ribossomos, etc.
Aquisição de resistência – mutação natural, mutação induzida (uso de um Antibiótico que ativa
algum gene de resistência até então reprimido), transferência (transformação, transdução e
conjugação – exemplo: Enterococo VancoR x Staphylococos – Staphylo se torna VancoR).
Resistência Múltipla (MDR):
Pseudomonas aeruginosa – primeira bactéria a apresentar mecanismos de resistência, a todos
os antibióticos usualmente utilizados “ressuscitou-se” a Polimixina B, que é usada ainda
assim em associação com outras drogas anti-pseudomonas que tenham MIC baixa e com dose
dobrada. *No capítulo do livro que o professor passou, se fala que SEMPRE o tratamento
quando se suspeita de Pseudomonas deve ser com duas drogas (Ex: Cefepime + Aztreonam, ou
Carbapenêmico + Aminoglicosídeo, como Gentamicina ou Amicacina).
Bactérias ESBL (produtoras de Beta-lactamases de espectro estendido) – produzem
penicilinases capazes de inativar todos os beta-lactâmicos (resist a penicilinas, cefalosporinas,
aztreonam), exceto os carbapenêmicos. Bactérias do Grupo: E. Coli, Klebsiella sp., CESP
(Citrobacter, Enterobacter, Serratia, Proteus). Associar Carbapenêmicos +
Quinolona/Piperacilina-Tazobactam/Aminoglicosídeos/Sulfa-Trimetoprima.
KPC: Klebsiellas e E. Colis passaram a produzir carbapenemases, tornando-se resistentes até
mesmo aos carbapenêmicos. O tratamento é com Polimixina + Carbapenêmico/Tigeciclina
Outras bactérias MDR: Stenotrophomonas maltophila, Burkholderia cepacia, Acinetobacter
(um das que mais dá trabalho), Enterococo.
Staphylococos: Mais sensíveis ainda morrem com penicilna, mas produzem penicilinases –
oxacilina é estável às penicilinases; porém, a bactéria sofreu mutações de PBPs, resistindo à
oxa e todos os outros beta-lactâmicos: MRSA. O MRSA é sensível à Vancomica, Teicoplanina,
Linezolina e Daptomicina. Porém, a conjugação com Enterococos VancoR (VRE) gerou a VRSA
(Staphylo VancoR) – desafio de tratamento, tratado conforme o antibiograma.