Revista Estilo 24

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Ano 5 N 0 24 R$1,80 Natal Feliz

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Edição de novembro de 2003

Transcript of Revista Estilo 24

A n o 5 N0

2 4 R $ 1 , 8 0

Natal

Feliz

79079_capa.p65 24/11/03, 22:131

N O T A D O E D I T O R

Para o Natal ser feliz

Esta é uma edição especial da Estilo Zaffari. Escolhemos o Natal como tema básico e recheamos

nossas páginas com centenas de dicas e informações a respeito desta grande festa. Você vai

encontrar aqui, certamente, muitas idéias para tornar ainda mais gostosa a comemoração do Natal

com sua família. Elaboramos cardápios inovadores para a Ceia natalina, sugerindo cinco estilos

diferentes de celebrar a data: Natal Tradicional, Natal na Praia, Natal na Serra, Natal Off-Road e Natal

no Quintal. E convidamos três mulheres – uma arquiteta, uma artista plástica e uma especialista em

festas – para decorar mesas natalinas, cada uma a seu estilo. Esperamos que as sugestões de

Cristina, Beatriz e Ana inspirem os preparativos da Ceia na sua casa.

Independentemente do lugar ou dos detalhes da festa, no entanto, o importante é viver esse

momento ao lado das pessoas que você ama. Natal é a festa da união, da confraternização, da

família, da solidariedade. Nada mais adequado, por tanto, do que contar nesta edição com as

palavras de Maria Elena Pereira Johannpeter, fundadora e líder da ONG Parceiros Voluntários. Ela é a

entrevistada da nossa seção Perfil e conta como surgiu e como funciona a Parceiros.

O desejo de resgatar os sentimentos mais nobres vinculados ao Natal e de cultivar as tradições

deu origem à matéria chamada “Natal feito à mão”. Ali você vai encontrar um verdadeiro guia de

objetos artesanais natalinos, que podem se tornar lindos presentes ou enfeites únicos para a sua

casa. Mas vai encontrar, sobretudo, pessoas que colocam a alma em seu trabalho, criando objetos

cuja maior vir tude é transpirar carinho.

Complementam esta edição uma matéria sobre a mística do brinde com champanhe, outra sobre

a magia das velas, uma reportagem de beleza com dicas de tratamentos para que todos cheguem

lindos às festas de final de ano e as páginas dos nossos colunistas, sempre inspiradíssimas.

Esta edição é especial também por outro motivo: estamos circulando com 100 páginas, número

recorde nesta fase 2 da Estilo Zaffari. Receba estas páginas a mais como um presente nosso.

Desejamos a você um Natal muito feliz, com harmonia, paz e muito amor.

OS EDITORES

79079_nota do editor1.p65 26/11/03, 14:352

Milene Leal

[email protected]

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO

REDAÇÃO Beatriz Guimarães, Fernanda Doering, Paula Taitelbaum, Ruza Amon

REVISÃO Flávio Dotti Cesa

PROJETO GRÁFICO Odyr Bernardi

DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade [email protected]

ILUSTRAÇÕES Nik

FOTOGRAFIA Eduardo Iglesias, Letícia Remião

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Jorge Nascimento

COLUNISTAS Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Martha Medeiros,

Malu Coelho, Tetê Pacheco

EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS)

COLABORADORES Arteplantas, Ponto de Antiguidades, Miguel Sorrentino, Móveis

Masotti Porto Alegre

COLABORADORES – MESAS DE NATAL Olga Velho, Zuca Feijó,

Detalhes, Brickell, Hauck Decor, Chez Tois, Lona Branca

Izabella Boaz

[email protected]

DIRETORA DE ATENDIMENTO

PUBLICIDADE HRM Representações

(51) 3231.6287 9983.7169 9987.3165 [email protected]

ASSINATURAS Renata Xavier Soares [email protected]

A revista Estilo Zaffari é uma publicação bimestral da Contexto Marketing Editorial Ltda.,

sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas

da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é

responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, ar tigos e colunas

assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem

prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 25.000 exemplares

PRÉ-IMPRESSÃO Maredi

IMPRESSÃO Pallotti

ENDEREÇO DA REDAÇÃO

Rua Padre Chagas, 185/801– Porto Alegre/RS – Brasil – 90570-080

(51) 3395.2515 (51) 3395.2404 (51) 3395.1781

[email protected]

CAPA: FOTO DE LETÍCIA REMIÃO,

BOLAS ARTESANAIS DE

BEATRIZ MARTINS COSTA

79079_expediente1.p65 26/11/03, 15:502

Correio

JORNALISMO EXEMPLAR

O presente e-mail é, em primeiro lugar, para

parabenizá-los pela edição nº 23 da revista Esti-

lo Zaffari. Uma editoração clara e bem desen-

volvida que deve ficar como exemplo na área de

jornalismo impresso do nosso estado e do país.

Em segundo lugar, ficamos interessados na assi-

natura da mesma e gostaríamos de saber o valor

da mensalidade e forma de pagamento para aqui-

sição. Espero breve contato. Atenciosamente,

LENNARD LAPREBENDEREMÍDIA3 COMUNICAÇÃO, PORTO ALEGRE Prezado Lennard. Para os residentes em

Porto Alegre, a maneira mais fácil e eco-

nômica de adquirir a Estilo Zaffari é nas

lojas da rede Zaffari e Bourbon. Como o

preço de capa é de apenas R$ 1,80, o en-

vio pelo correio, nesse caso, não compen-

sa. Se você tiver alguma dúvida, fale com

Renata, no Departamento de Atenção ao

Leitor. Obrigado pela gentil avaliação do

nosso trabalho. Esperamos que continue

nos prestigiando.

VEJO FLORES EM VOCÊ

A maior surpresa no dia-a-dia de compras

no Zaffari não são os novos produtos alimentí-

cios, de higiene ou de limpeza, mas sim a mara-

vilhosa revista Estilo Zaffari, que nesta época

florida do ano recebi como um lindo ramalhete

de flores a colorir o meu carrinho. Novamente,

senti-me no dever de cumprimentá-los por esta

maravilhosa obra que vocês editam. Não sabe-

ria dizer o que mais me atrai na revista, se é a

nota do editor, e só por ela a revista merece

nota 10, se pelas dicas culinárias, se pelas re-

portagens de viagens, se pela talentosa Carmen

Silva, se..., são tantos atrativos, que

acredito ser o conjunto um buquê a chamar

para a leitura. Parabéns, com admiração.

GISLAINE PAZ KAUFMANN, POR E-MAIL Gislaine, sua carta “coloriu” o nosso dia

e deixou todos orgulhosíssimos. É um gran-

de prazer perceber que a Estilo Zaffari

pode causar um efeito tão positivo em nos-

sos leitores. O esforço de cada dia é ple-

namente recompensado com manifestações

como a sua. Grande abraço.

SUPERMERCADO PERFEITO

Milene Leal, saúde! Moro em Lisboa há qua-

se três anos. E, dia desses, uma pessoa que traba-

lha na área de supermercados me comentou: “Fui

a Porto Alegre e lá me impressionou a qualidade

de um. Era perfeito!”. Adivinhem qual era? Fi-

quei contente, porque referências positivas da

terra da gente sempre são bem recebidas. Uma

das minhas filhas esteve aí no verão e me trouxe

a edição número 20 da Estilo Zaffari. Adorei!

Belo trabalho! Lendo a revista, fiquei sabendo

que na edição 17 publicaram uma matéria sobre

o Moinhos de Vento. Como “nascida e criada”

neste bairro (rua Hilário Ribeiro), haveria a pos-

sibilidade de me enviarem essa edição? Anteci-

padamente agradeço por essa alegria.

ANA LUIZA LISBOA/PORTUGAL

Cara Ana Luiza, ser lida e apreciada além-

mar é uma honra para a Estilo Zaffari.

Nosso Departamento de Atenção ao Leitor

entrará em contato para organizar uma

maneira de fazer com que a revista chegue

ao seu endereço em Lisboa, da forma mais

prática possível. Transmitimos à Cia. Zaffari

os elogios feitos à empresa. Abraço.

SABOREANDO A ESTILO

Querida Milene, recentemente estive de férias

em Porto Alegre e minha amiga me apresentou

a revista Estilo Zaffari. Comprei imediatamente

um exemplar e o trouxe para Brasília. Gostei tan-

to, que solicito a você verificar a possibilidade

de me brindar com uma assinatura para que eu

possa continuar saboreando esse maravilhoso tra-

balho. Parabenizo você e toda a equipe pelo bri-

lhante trabalho, de relevante valor informativo

e de excelente qualidade editorial. Muito grata e

parabéns. Com carinho,

NÍZIA SOUSABRASÍLIA/DF

Nízia, será um prazer tê-la como leitora

da Estilo Zaffari. Aguarde contato do nos-

so Departamento de Atenção ao Leitor,

para verificar a possibilidade de envio dos

exemplares a Brasília, ok? E obrigada pelo

carinho. Abraço.

8 Estilo Zaffari

79079_cartas1.p65 26/11/03, 14:312

QUALIDADE QUE IMPRESSIONA

Sou, além de leitor assíduo da revista, fre-

qüentador de algumas lojas Zaffari e Bourbon,

e a cada edição (estou lendo a de nº 23, ano

5) vejo que a qualidade só tem melhorado, se

é que isto é possível, pois sempre foi boa des-

de as primeiras, mas a qualidade das fotos é

impressionante. Estão os fotógrafos e direto-

res de fotografia de parabéns: as flores pare-

cem exalar perfume, e as comidas, AROMA

e SABOR. Sugiro, se é que posso ousar, uma

reportagem sobre ACUPUNTURA, seus be-

nefícios, origem, etc. Grato, desde já, e para-

béns a toda a redação e aos colaboradores.

JOSÉ ANTÔNIO THUMÉFUNCIONÁRIO PÚBLICO José Antônio, você captou perfeita-

mente o espírito do trabalho da revista

Estilo Zaffari: transmitir, em suas pági-

nas, deliciosas sensações aos nossos lei-

tores. Que bom! Quanto à sua sugestão

de pauta, é excelente. Aguarde que va-

mos programar uma matéria sobre acu-

puntura para breve. Já estamos

pesquisando sobre o assunto!

FÁBRICA DE SAUDADES

A revista está cada dia melhor. O esforço da

equipe está recompensado pela qualidade inques-

tionável de cada exemplar. Começamos a leitura

pela sua Primavera, que encheu nossos olhos de

cores e de vida. O texto conciso, direcionado para

as flores e para os maravilhosos arranjos com-

postos de modo tão simples, mas, a um só tem-

po, tão artísticos, pois todos sabemos que o artís-

tico nada tem de rebuscado, principalmente

quando se trata de natureza. E o colorido? Tudo

muito Primavera. Por fim, a fotografia das duas

artistas, risonhas, experientes, convictas de que

fizeram um excelente trabalho. Elas estão certas.

Mãos de fada criando beleza.

Depois, fomos ao perfil de Carmen Silva,

melhor dizendo, Maria Amália Feijó. Uma gaú-

cha extraordinária, dando lições de vida com o

seu trabalho de atriz e a sua vitalidade nos bem-

vividos 87 anos. É um potente antivírus para o

pessimismo de muitos que, “na flor da idade”, se

deixam contagiar pelo desânimo, pelo desalento

e pela desesperança. Que mulher admirável!

Viajamos pela Chapada Diamantina, com os

olhos cheios de paisagens, dicas, iguarias, perfis

inesquecíveis, pois este mundo está repleto de

cenários e personagens inesquecíveis. Dá uma

vontade louca de sair por aí, nas asas da imagi-

nação, deixando a vida desenrolar o novelo len-

tamente, ao compasso da aventura e da emoção.

E que dizer dos alimentos para o amor? As

iguarias de cada estação para tornar os encon-

tros mais condimentados, otimizados...

Enfim, quando a gente conclui a leitura, fica

aquela sensação de tristeza por haver chegado

ao fim... Que fazer! A vida é assim mesmo: uma

eterna fábrica de saudades.

Um carinhoso abraço de parabéns.

ALICE E RONALD SOARES, FORTALEZA O que dizer desta carta? É tanto cari-

nho e tanta gentileza que jamais pode-

remos retribuir. Mas saibam que o rece-

bimento da mensagem de vocês gerou um

efeito maravilhoso em nossa equipe. To-

dos estão felizes, orgulhosos e anima-

díssimos para realizar um trabalho ain-

da mais digno de elogios na próxima edi-

ção. Obrigado pela leitura atenta e pela

delicadeza das suas observações. Um

grande abraço.

FOTÓGRAFA DE ESTILO

Olá, pessoal! Preciso deixar registrado o

meu elogio para a Letícia Remião. Uma ver-

dadeira delícia folhear a revista e literalmen-

te babar com tantas imagens elegantes. Letícia

consegue em apenas um clic imprimir o que

ela tem de sobra: ESTILO. Bom para a revis-

ta e melhor ainda para a gente, que pode co-

mer com os olhos. Parabéns a ela e à revista.

Um abraço.

GIOVANNI SARTORIDIRETOR DE ARTEESCALA COMUNICAÇÃO E MARKETING

ROTEIRO ESPERTO

A-do-rei o artigo da Paula sobre a serra

(edição de junho) que só li agora! Está lindo.

Fiquei sonhando com aqueles lugares e rotei-

ros, bem como eu gosto, longe dos lugares

muito freqüentados. Fazia tempo que eu que-

ria mais informação desse tipo de lugar, e sem-

pre ouvia falar por cima da beleza, sem maio-

res informações que pudessem me auxiliar a

passear por ali. Tudo a ver, Paula!

RENATA RUBIM, POR E-MAIL

Estilo Zaffari 9

79079_cartas1.p65 24/11/03, 20:523

mãoUma coleção

de objetos

natalinos feitos

artesanalmente 52

Natal

Bebida: Champanhe

O Sabor e o Saber

Coluna: Consumo

A Magia das Velas

Beleza para as Festas

Perfil

22

50

66

68

78

86

Í N D I C E

feito à

10 Estilo Zaffari

79079_indice1.p65 26/11/03, 14:332

Celebre oNatalCarinho e capricho na decoração da mesa da Ceia são fundamentais

34

26

Receitas para degustar o Natal em cinco diferentes estilos

Estilo Zaffari 11

79079_indice1.p65 22/11/03, 15:243

Cotidiano

O sol merece ser diariamente aclamado

VAMOS A LA PLAGE

Pegar uma praia em Paris: está aí algo que você nunca

acreditou que iria acontecer. Pois os parisienses, nos dois úl-

timos verões, em vez de rumarem para a Côte D’Azur, que

não é pra qualquer bolso, foram ao encontro do sol nas mar-

gens do rio Sena, em pleno coração da capital francesa. Mui-

to mais perto e infinitamente mais avantgarde.

Quando eu ouvi essa notícia pela primeira vez, estra-

nhei. Me pareceu que a horda de banhistas (hipotéticos, pois

é proibido nadar no Sena) descaracterizaria a cidade. Banho

de sol em parques é apropriado, mas em vias públicas, con-

venhamos, é esquisito.

Depois reconsiderei. Apropriado? Que história é essa?

Sol! Sabe lá o que isso significa para um europeu que enfren-

ta temperaturas abaixo de zero em invernos intermináveis?

Se nós, que temos sol em abundância, não cansamos de

reverenciá-lo, o que dirá a turma que o desfruta tão rara-

mente. Sol! Artigo de luxo, mais que o champanhe, mais

que o gruyère, mais que o foie gras.

E não foi só em terras francesas que a moda pegou. Em

Berlim, à beira do rio Spree, pelo segundo verão consecutivo

um bar abriu suas portas oferecendo cadeiras de praia, pal-

meiras e areia branquinha, que é trazida de caminhão para

recriar uma orla em pleno centro da capital alemã. Música

eletrônica, gente de biquíni e muita cerveja, e eis uma praia

inventada.

Apesar de todos os estragos que o sol faz à pele, assumo

que sou uma lagarta profissional. Onde há uma réstia de sol,

é pra lá que me dirigo. Dizem que isso tem a ver com meu

signo regente. Outros dizem que tem a ver com meus ante-

passados indígenas. Acho que tem a ver apenas com

hedonismo. Sol tem vitamina D. Revigora. Bronzeia. Aque-

ce. E nos mata, mas o que é que não nos mata?

Portanto, não só apóio os parisienses e berlinenses como

sugiro que a idéia seja adotada aqui em Porto Alegre tam-

bém. Temos, com muito orgulho, nossas praias na zona sul,

mas elas estão longe demais do centro da cidade. Portanto,

fica a sugestão: espalhar areia por toda a margem do arroio

Dilúvio, ali na avenida Ipiranga, oferecendo o serviço de alu-

guel de cadeiras e guarda-sóis. Se não der para aterrar, é só

aparar a grama que já existe. Coqueiros também já temos, ali

na altura da Getúlio Vargas. Com alguma organização e boa

vontade, a prefeitura poderia permitir a instalação de quios-

ques que venderiam caipirinha, cangas, óculos escuros, tá

bom, tá bom, sai com esta camisa-de-força pra lá, foi só uma

brincadeira, uma abstração. Sei que teríamos que resolver

antes alguns inconvenientes: poluição, resíduos tóxicos, vio-

lência urbana e outros quetais. Melhor ficar com as praias

naturais que já temos e com as piscinas públicas e particula-

res. Mas vamos pensar duas vezes antes de torcer o nariz para

aqueles que, não tendo praia, produzem-na, como os euro-

peus. O sol merece ser diariamente aclamado e aproveitado,

pois é ele que ilumina nosso cotidiano, nosso olhar e nosso

humor, principalmente nosso humor, que tantas vezes é arti-

ficial e insuficiente para levar os dias.

M A R T H A M E D E I R O S

MARTHA MEDEIROS É ESCRITORA

12 Estilo Zaffari

79079_cotidiano1.p65 22/11/03, 14:151

Cesta básica

NatalBazar de

DICAS PARA VOCÊ CURTIR UM NATAL

ESPECIAL, COM MÚSICA, QUITUTES,

OBJETOS, PRESENTINHOS E

ESPETÁCULOS CHEIOS DE EMOÇÃO.

ESTA É A SUA CESTA BÁSICA NATALINA.

Há algum tempo, nas festas natalinas, era comuma troca de presentes artesanais, feitos à mão.A originalidade e a delicadeza ímpar de cada peçatornavam o momento ainda mais especial entrea família e os amigos. Muitas pessoas tinham comocostume, inclusive, organizar bazares em suas casaspara oferecer os produtos confeccionados aos maischegados. Foi exatamente assim, em um dessesencontros, que, em 1982, Sylvia e Heinz Müllercriaram o Bazar de Natal da Sociedade Germânia,uma feira anual que resgata a tradição do trabalhomanual e do artesanato autêntico nas festas definal de ano. O sucesso foi imediato e perdura atéhoje, 21 anos depois. Em 2003, reunirá o trabalhode 129 expositores, trazendo produtos paradecoração, bijuterias, cerâmica, roupas, enfeitesde Natal, brinquedos de madeira, doces natalinos,arranjos e bonecas de tecido, entre outros. Tudo commuito bom gosto, qualidade e criatividade.O Bazar de Natal da Sociedade Germânia funcionanos dias 10 e 11 de dezembro, das 10h às 21h.FERNANDA DOERING, JORNALISTA

79079_cestabasica1.p65 25/11/03, 18:041

Cesta básica

O Natal Luz de Gramado já faz parte do calendáriodos principais eventos do país.Em 2003, a programação inclui atraçõesque devem mobilizar um público ainda maisgigantesco que o das edições anteriores.Um Concerto de Natal com Roberto Carlos, aOspa (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre)e os Meninos Cantores de Novo Hamburgo,no dia 12 de dezembro, promete reunir cercade 16 mil pessoas. Uma superdose de emoção,com certeza. Para os desfiles de Natal, queacontecem no centro de Gramado, foi escolhidoo tema “O Natal visto pelos olhos de umacriança”. Os carros alegóricos irão recriar objetosdo universo infantil, como a caixinha de música,o carrossel, a fábrica de brinquedos. Serão seisdesfiles, distribuídos dentro da programaçãodo evento, que se inicia em 15 de novembro e sótermina em 6 de janeiro de 2004. Impossívelencontrar ambiente mais natalino.FERNANDA DOERING, JORNALISTA

LUZ, MÚSICA E EMOÇÃO

Para quem gosta de Natal e de caprichar nospreparativos, todos os detalhes são importantes.A mesa da ceia pode ficar ainda mais bonita comlouças pintadas artesanalmente, nas corese motivos natalinos. As peças da foto são umacriação de Fátima Lopes, dona da Artificium Lojae Atelier D’art..... Ela trabalha há seis anos compinturas exclusivas em louças, cerâmicas e vidros.Você pode inventar um desenho, levar ummodelo ou deixar que a Fátima crie livremente.As possibilidades são inúmeras. E o resultadoé uma beleza.MILENE LEAL, JORNALISTA

Louças exclusivas

79079_cestabasica1.p65 25/11/03, 18:002

Cesta básica

O Natal Luz de Gramado já faz parte do calendáriodos principais eventos do país.Em 2003, a programação inclui atraçõesque devem mobilizar um público ainda maisgigantesco que o das edições anteriores.Um Concerto de Natal com Roberto Carlos, aOspa (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre)e os Meninos Cantores de Novo Hamburgo,no dia 12 de dezembro, promete reunir cercade 16 mil pessoas. Uma superdose de emoção,com certeza. Para os desfiles de Natal, queacontecem no centro de Gramado, foi escolhidoo tema “O Natal visto pelos olhos de umacriança”. Os carros alegóricos irão recriar objetosdo universo infantil, como a caixinha de música,o carrossel, a fábrica de brinquedos. Serão seisdesfiles, distribuídos dentro da programaçãodo evento, que se inicia em 15 de novembro e sótermina em 6 de janeiro de 2004. Impossívelencontrar ambiente mais natalino.FERNANDA DOERING, JORNALISTA

LUZ, MÚSICA E EMOÇÃO

Para quem gosta de Natal e de caprichar nospreparativos, todos os detalhes são importantes.A mesa da ceia pode ficar ainda mais bonita comlouças pintadas artesanalmente, nas corese motivos natalinos. As peças da foto são umacriação de Fátima Lopes, dona da Artificium Lojae Atelier D’art..... Ela trabalha há seis anos compinturas exclusivas em louças, cerâmicas e vidros.Você pode inventar um desenho, levar ummodelo ou deixar que a Fátima crie livremente.As possibilidades são inúmeras. E o resultadoé uma beleza.MILENE LEAL, JORNALISTA

Louças exclusivas

79079_cestabasica1.p65 25/11/03, 18:002

Cesta básica

Delícias em miniporções, estrategicamente criadas paradeixar todo mundo com “gosto de quero-mais”. Esta éa especialidade da Petites Délices, confeitaria da chef

de pâtisserie Waldete Lutz Araújo. Vislumbrando ummercado ainda pouco explorado em Porto Alegre,Waldete especializou-se em tortas tamanho míni,perfeitas para serem servidas como sobremesa ou paraacompanhar o café da happy hour. A Petites Délices temminitortas de sorvete, minicheesecakes, minitortas demaçã, petit gateau de chocolate e de doce de leite...Gostosuras que, de pequeno, só têm mesmo o tamanho.MILENE LEAL, JORNALISTA

MÍNI GRANDE SABOR

Os sempre concorridos cursos do Atelier deCulinária Zaffari tornam-se ainda mais disputadosnos meses de novembro e dezembro, graças àprogramação especial de Natal. Quem quer aprendera fazer os tradicionais quitutes natalinos e aquelesque pretendem surpreender a família com uma ceiatoda feita em casa não podem perder esses cursos.Veja a agenda de dezembro e inscreva-se já.O ingresso é um quilo de alimento não-perecível,que será doado a instituições carentes.

02/12 – Cucas para o Natal 03/12 – Pratos para a Ceia de Natal 04/12 – Doces para as Festas de Fim de Ano 09/12 – Ceia de Natal com Sadia 15/12 – Arte do Sabor, Sugestões de Natal 16/12 – Delícias Natalinas com Fleischmann 17/12 – Sugestões de Natal com Arisco

Para obter mais informações, entre em contato com oAtelier de Culinária Zaffari, no fone (51) 3337.3111,ramal 3402.

Culinária natalina

79079_cestabasica1.p65 25/11/03, 19:503

Os Concertos Comunitários Zaffari já são uma

tradição dos domingos gaúchos. Há 16 anos a

empresa realiza uma média de 12 espetáculos

anuais, sempre com entrada franca. No mês de

dezembro, o público espera ansiosamente pelos

Concertos de Natal, que trazem atrações especiais.

Em 2003 a Companhia Zaffari vai realizar dois

Concertos de Natal. No dia 7 de dezembro,

domingo, o espetáculo acontece em Carlos Barbosa,

com obras de Verdi, Wagner, Carlos Gomes,

Strauss, Gounod, Puccini e músicas natalinas.

O show terá as participações especiais do Ballet

Concerto e do Grupo Paixão Flamenca.

Uma semana depois, no dia 14, o Parcão, em

Porto Alegre, será cenário de outro Concerto

Comunitário de Natal, com a mesma programação

e regência de Frederico Gerling Júnior. O evento

está marcado para as 20 horas e finaliza com um

belíssimo show de fogos de artifício.

Concertos de Natal

Hábitos familiares à parte, alguns costumes tradicio-nais não podem ficar de fora quando o assunto é Natal.O pinheiro decorado com luzes, o presépio, a prepara-ção do peru. Mas, há alguns anos, a ceia do gaúcho temum ingrediente a mais, tem trilha sonora: o CD decanções natalinas lançado pelo Grupo Zaffari.Depois de encantar o Brasil inteiro ao garantir que“Porto Alegre é demais”, Isabela Fogaça vem agoraabrilhantar a celebração, com o disco “Um Natal emFamília”. Dez canções são interpretadas por Isabela, coma participação – em cinco das músicas – de um coroinfantil. O CD traz também algumas adaptaçõesde José Fogaça para clássicos de Dizzy Gillespie, JayLivinstone e Ray Evans, perfeitos para embalar acontagem regressiva para a troca de presentes.RAFAEL TRINDADE, JORNALISTA

JINGLE BELL

Um pequeno mimo, portador de grandes significados.Na foto acima, você pode ver um dos maiores “best-sellers” de Natal do Rio Grande do Sul: um tubo deensaio com um trevo de quatro folhas desidratadodentro. Aos 13 anos de idade, Maria Teresa MacielGomes achou um raríssimo trevo de quatro folhas.Criança sortuda, adulta criativa. Ela plantou a mudinhanum vaso e mais tarde, já formada em Biologia, inventoude desidratar os trevinhos e colocá-los em tubos deensaio. Estava criado um presente que funciona comoamuleto da sorte. Afinal, diz a crença popular que o trevode quatro folhas traz fama, riqueza, fidelidade da pessoaamada e saúde. Um pacotaço irrecusável, vamos combi-nar... Hoje, Maria Teresa produz este pequeno mimo emgrandes quantidades, especialmente nos finais de ano.É uma lembrança tão simpática, tão singela e tão acessível,que a criadora da idéia mal consegue dar conta dasencomendas.MILENE LEAL, JORNALISTA

AMULETO

DA SORTE

79079_cestabasica1.p65 25/11/03, 21:404

Bebida

79079_champanhe1.p65 24/11/03, 20:512

ERGA A BEBIDA

DA ALEGRIA, DA

FELICIDADE E DOS

BONS PRESSÁGIOS, E

FAÇA UM BRINDE

P O R R U Z A A M O N I L U S T R A Ç Õ E S N I K

Estilo Zaffari 23

79079_champanhe1.p65 26/11/03, 15:093

Bebida

Já do portão se escuta a conversa animada das

mulheres, misturada com o riso dos homens e com a

correria barulhenta das crianças. A casa, completamente

tomada pela família numerosa, parece um transatlânti-

co iluminado e veloz que singra pela noite quente, rumo

ao primeiro dia do ano, rumo ao Ano Novo, ao Ano

Bom. Depois da chegada de parentes e amigos, dos pre-

parativos finais de comes e bebes, aproxima-se o clímax

do encontro: o momento do brinde. Alguém anuncia

que faltam apenas alguns minutos para a meia-noite.

Da cozinha, são trazidas às pressas as últimas iguarias;

dos quartos, saltam as adolescentes que lá retocavam a

maquiagem e dividiam confidências; as crianças são

chamadas do jardim e os bebês são tomados no colo.

Os guardiões das bebidas são energicamente re-

crutados – “Onde está o champanhe?” Todos, com taças

na mão, aguardam a contagem regressiva. A rolha ex-

plode provocando gritos de alegria. Os corações param

por um instante. A vida se apresenta insustentavelmen-

te grandiosa. Cada um se percebe pertencendo plena-

mente àquele momento, não imaginando estar em ne-

nhum outro lugar, nem tampouco longe daquelas exatas

pessoas. O champanhe e a emoção transbordam. Esta

cena lhe parece familiar? Se a resposta for afirmativa,

esperamos que seu próximo brinde de fim de ano tenha

um significado ainda mais poético. Se a resposta for ne-

gativa, ordenamos que se organize imediatamente, pois

é proibido desprezar o brinde de Ano Novo.

O ato de brindar é mágico, é a inocente supersti-

ção à qual se permitem até os mais céticos. É promissor

como o pedido secreto feito à estrela cadente, e o toque

das taças tem a equivalência de um abraço. Brindar tor-

na legítimo o tempo compartilhado; é a oração profana

que evoca votos mútuos de saúde, paz e prosperidade.

Portanto, programe seu brinde. Não se faz necessária uma

casa cheia, aliás, bastam duas taças e uma companhia,

pois, como assegura Nelson Rodrigues: “A mais perfeita

solidão há de ter pelo menos a presença numerosa de um

amigo real”.

Na Antigüidade, já se bebeu à saúde de reis e im-

peradores ausentes. Às mulheres também já foram

dedicadas muitas homenagens etílicas, erguendo-se tan-

tas taças quantas fossem as virtudes e encantamentos

da amada. Porém, o toque dos copos, o famoso “Tintim”,

tem como cenário original a Idade Média, quando o en-

venenamento pela comida ou bebida era uma prática

bastante difundida em alguns meios. Bater os copos de

forma a misturar seus líquidos correspondia a uma de-

monstração de mútua confiança.

O anfitrião ou o convidado poderiam tomar a ini-

ciativa, chocando fortemente os recipientes, que na época

eram feitos em prata, estanho, ferro ou madeira. A eti-

queta rezava ser de bom tom que o dono do outro copo

retribuísse o gesto, produzindo-se assim o duplo

“Tintim”. Hoje (graças a Deus) o envenenamento em

festas saiu de moda (pelo menos através da comida e da

bebida). Sobraram apenas os veneninhos sociais desti-

lados em conversas, mas nada que um bom banho de sal

grosso não resolva. E por falar nisso, não se esqueça de

incrementar a borda da banheira com um borbulhante

cálice de champanhe, le vin de l’amitié. Erga respeitosa-

mente o líquido luminoso considerado a bebida da ale-

gria, da felicidade e dos bons presságios, e faça mais um

brinde... Saúde!

O ATO DE BRINDAR É MÁGICO, É PROMISSOR

COMO O PEDIDO FEITO À ESTRELA CADENTE

24 Estilo Zaffari

79079_champanhe1.p65 24/11/03, 20:524

BRINDAR COM COPO VAZIO NÃO PODE (DÁ

AZAR...).

DEPOIS DE ANUNCIADO O BRINDE, SÓ SE PODE

TOMAR DA BEBIDA APÓS O TOQUE DAS TAÇAS, SOB

PENA DE ANULAR O BRINDE.

NÃO ESQUEÇA DE QUE OS OLHARES DEVEM SE

ENCONTRAR AO MESMO TEMPO EM QUE OS COPOS

SE ENCONTRAM.

BATER COM A FACA NO CÁLICE PARA ANUNCIAR

UM BRINDE, PODE. MAS SÓ SE VOCÊ FOR O PADRINHO

DO CASAMENTO, O ANFITRIÃO QUE PREPAROU UMA FES-

TA DE ANIVERSÁRIO ALHEIA OU SE ESTIVER PARTICIPAN-

DO DE UMA MESA MUITO DESCONTRAÍDA. PORÉM, CER-

TIFIQUE-SE (COM ALGUÉM QUE ESTEJA SÓBRIO) SE VOCÊ

JÁ NÃO PASSOU DA CONTA NOS DRINQUES, E TORNE

SEU BRINDE INESQUECÍVEL EVITANDO DISCURSOS

INFINDÁVEIS.

BRINDE COM LATA DE CERVEJA SÓ SE VOCÊ ESTI-

VER PERDIDO EM PLENO DESERTO E QUISER BRINDAR

O FATO DE TER ENCONTRADO UM OÁSIS...

O TOQUE DAS TAÇAS É SEMPRE MAIS CALOROSO,

PORÉM, APENAS LEVANTÁ-LAS E DIZER “TINTIM” (CO-

NHECIDO COMO BRINDE AMERICANO) É USUAL PARA

GRUPOS GRANDES OU PARA BRINDES A DISTÂNCIA.

SEGUNDO OS COSTUMES FRANCESES, AO ABRIR O

CHAMPANHE, A ROLHA DEVE PULAR COM FORÇA E MUI-

TO BARULHO PARA TRAZER SORTE. POR ISSO, AINDA

QUE NO BRASIL TENHA SAÍDO DE MODA ABRIR CHAMPA-

NHES RUIDOSAMENTE NO DIA-A-DIA, PERMITA-SE ESSA

EXTRAVAGÂNCIA AO MENOS NO ANO NOVO.

REGRAS DO BRINDE

Estilo Zaffari 25

79079_champanhe1.p65 25/11/03, 15:165

Casa

CelebrateP O R M I L E N E L E A L F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

NA NOITE DE NATAL, A CEIA É UM DOS MOMENTOS MAIS ESPERADOS. É EM TORNO DA MESA E

DAS IGUARIAS NATALINAS QUE SE REÚNEM AS FAMÍLIAS, PARA CELEBRAR LAÇOS DE AMOR E

REFORÇAR COMPROMISSOS DE CARINHO. É JUSTO QUE A MESA DA CEIA, PORTANTO, RECEBA

ATENÇÃO ESPECIAL, PARA QUE, LINDA E ACONCHEGANTE, SEJA UM CONVITE À ALEGRIA E À

CONFRATERNIZAÇÃO. CENÁRIO PERFEITO PARA O DESFILE DAS DELÍCIAS QUE NÓS ESPERAMOS

O ANO INTEIRO PARA DEGUSTAR. NA REPORTAGEM A SEGUIR VOCÊ VAI VER DIFERENTES MON-

TAGENS DE MESAS NATALINAS, QUE EXPRESSAM A CRIATIVIDADE DE MULHERES QUE ADORAM

COMEMORAR O NATAL: UMA ARTISTA PLÁSTICA, UMA ARQUITETA E UMA “FAZEDORA DE FESTA”

DE MÃO CHEIA. TRADICIONAIS, MODERNAS OU ECLÉTICAS, ESTAS MESAS NATALINAS SÃO FONTE

DE INSPIRAÇÃO PARA A SUA CEIA DO DIA 24. FELIZ NATAL!

26 Estilo Zaffari

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Casa

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Na casa da arquiteta Cristina Leal, o Natal é a mais perfeita

oportunidade para reunir toda a família, inclusive membros desgar-

rados em outros cantos do mundo. Para Cristina, esta é uma festa

diferente de todas as outras, muito mais importante que aniversários,

por exemplo, pois todos os participantes estão em festa juntos: “É a

hora mais sagrada de reunião da família”.

A mesa da ceia recebe sempre a dedicação especial da anfitriã,

que diz gostar de “Natal com cara de Natal”, com as cores e o brilho

que esta festa tem. A cada ano ela monta uma mesa diferente. Neste

ano, escolheu os verdes, com toques de verde-limão, para trazer um

clima de Brasil tropical ao evento. Os objetos são escolhidos um a

um, “por paixão ou para reforçar uma intenção estética na composi-

ção da mesa”, explica a arquiteta.

As lamparinas acesas iluminam a mesa de forma delicada, os

copos verdes se harmonizam com a cor predominante, as pratas ga-

rantem o tom sóbrio e tradicional da festa. Não podem faltar os ver-

des naturais (heras) que, espalhados pelo centro da mesa, conferem

um toque de frescor à decoração. Detalhes lúdicos, como os papais-

noéis de pano e as bolas artesanais, marcam a atmosfera natalina.

Frescor e leveza

Estilo Zaffari 29

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Casa

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Para Ana Brusque, especialista em organização e decoração

de festas, o Natal tem que ser muito especial, “tem que ser uma

festa maravilhosa”, diz. “Afinal, acontece apenas uma vez por ano!”

E o vermelho, cor símbolo do Natal, não pode faltar. A mesa mon-

tada por Ana tem nas flores o grande ponto de atração. São vári-

os arranjos em tons de vermelho, reunindo rosas, cravos, lírios e

gérberas. Com destaque para as rosas, que conferem à decoração

um caráter sofisticado, chique.

A toalha de linho foi escolhida a dedo. “É a autêntica toalha da

vovó”, diz Ana. A seleção cuidadosa das louças, talheres e copos, se-

gundo ela, demonstra capricho e a intenção de montar uma mesa não

só bonita, mas que expresse o carinho da anfitriã por seus convidados.

Justamente com as sócias Tita e Chica Telechea, Ana com-

põe a MCCB, empresa já muito reconhecida pelas delícias que

elabora para as festas de seus clientes. Um dos segredos do negó-

cio, que Ana aplicou na montagem da mesa, é a seleção rigorosa

dos fornecedores. Cada detalhe é fundamental.

Tudo muito especial

Estilo Zaffari 31

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Na casa de Maria Beatriz Martins Costa, o Natal é uma festa

para ser curtida em família, com todos os participantes sentados ao

redor da mesa. A cada ano, ela prepara com cuidado e muito cari-

nho a noite de Natal, utilizando objetos que já fazem parte da tradi-

ção familiar e inovando sempre, nas cores ou nos pequenos detalhes

da celebração. “No Natal eu tiro dos armários as coisas mais bonitas

que tenho em casa, objetos realmente especiais”, conta Beatriz.

A mesa montada por ela reúne peças que têm história e são

verdadeiras “jóias de família”: a toalha bordada, trazida do Equador,

os copos coloridos de cristal, o castiçal, a louça, os talheres de prata e

a boleira. Mas o detalhe mais charmoso vem da habilidade manual

da artista plástica: as bolas pendentes do lustre de cristal são feitas

uma a uma por ela, que utiliza materiais nobres como rendas, péro-

las, veludo e passamanarias para compor bolas de Natal únicas e

exclusivíssimas.

A decoração da mesa de Beatriz tem alma e calor. Resume o

espírito natalino da confraternização. Como complemento, músicas

natalinas, brindes animados, o “Jingle Bells” cantado por adultos e

crianças e quitutes feitos em casa, com o capricho da dona da casa.

Tradição e capricho

Estilo Zaffari 33

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A maior festa religiosa e cultural do Ocidente – o Natal

– poderia muito bem ser celebrada, no Brasil, dentro de um

cenário tipicamente tropical, valorizando o clima, destacan-

do a estação do ano e as tendências da sociedade moderna.

Nada de neve, trenós, barba de algodão, frio e outros tantos.

O Natal contemporâneo deve ser visto não apenas

como uma festa estritamente cristã, mas como um momen-

to de confraternização, de alegria, de entendimento entre

as pessoas de origens e de religiões diversas, sempre com

aquele renovado sentimento de esperança num mundo

melhor, embora ninguém defina muito bem o que seja isso.

No Brasil, o Natal acontece no começo do verão. Tudo

perfeito para festas ao ar livre, ceias na varanda, em volta de

piscinas, próximas ao mar. Mesmo para os eco-radicais, pois

hoje é relativamente fácil comemorar as festas de fim de ano

na Chapada dos Veadeiros, nos igarapés da Amazônia, na

Mantiqueira, nos Aparados da Serra, entre outros santuários

naturais. Dessa forma, estariam experimentando um contato

tropical

Natal

P O R B E A T R I Z G U I M A R Ã E S

F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

34 Estilo Zaffari

79079_sabor1.p65 21/11/03, 22:352

as verdadeiras casquinhas de siri.

O Natal na serra pode ser comemorado com um per-

nil de ovelha assado, de preferência na churrasqueira.

Como acompanhamento, lentilhas com lingüiça da colô-

nia cozidas lentamente num fogão a lenha.

Para o Natal off-road, truta grelhada com fios de gen-

gibre, acompanhada de arroz marroquino, já que nessas re-

giões de serra há inúmeras criações de truta. De entrada,

bolinhas de melão com vinho do Porto. E muitas frutas

frescas e sucos de frutas nativas.

Caso a festa seja ao ar livre, no jardim ou na varanda,

sugere-se como entrada talvez um gazpacho, a refrescante

sopa típica da Espanha, muito apropriada para o verão.

Para o prato principal, bacalhau com batatas feito em pa-

nelas de barro, que podem ir diretamente à mesa. Para per-

fumar e alegrar o ambiente, um prato grande com frutas da

estação, como os abacaxis, mangas, uvas, pêssegos, amei-

xas e bananas, entre outras tantas que temos.

direto com o criador, sem intermediários, e sem os

artificialismos da sociedade moderna. Sob um céu exuberan-

te de verão, barulho de riacho e de grilos ao fundo, a celebra-

ção de um Natal off-road poderia até agradar mais ao criador,

que segundo os cristãos veio ao mundo pobre e humilde, numa

manjedoura, há mais de 2 mil anos, em Belém.

Para um Natal mais tradicional, podemos nos inspirar

em nossas raízes portuguesas, trazendo de volta para a mesa o

leitão a pururuca, muito crocante, como é tradição em São

Paulo e Minas, ou mesmo o pernil, ou o lombo de porco, tão

apreciados pelos brasileiros em geral. No Rio, era comum co-

merem-se rabanadas no Natal, típicas de algumas regiões de

Portugal. Apenas pão passado no ovo, depois frito e tempera-

do com açúcar e canela. Resquícios de tempos frugais, tão

distantes dos exageros gastronômicos de nossos dias.

Para aqueles que preferem a praia, nada melhor do

que preparar anchovas frescas, embaladas em folha de ba-

naneira e colocadas para assar nas brasas. Como entrada,

Estilo Zaffari 35

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Sabor

RECEITAS ELABORADAS POR BEATRIZ GUIMARÃES

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Natal Tradicional

LOMBO DE PORCO COM AMEIXAS

1 PEÇA DE LOMBO DE PORCO

180 G DE BACON FATIADO

200 G DE AMEIXAS SECAS

BARBANTE

VINHA D'ALHO

5 DENTES DE ALHO AMASSADOS

2 COLHERES DE AZEITE / SAL GROSSO

2 A 3 COPOS DE VINHO BRANCO

FOLHAS DE SÁLVIA, OU TOMILHO

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Caso a peça de lombo seja muito grande, parta ao meio. Co-

loque em travessa de vidro, ou louça, acrescente a vinha

d'alho, cubra e coloque na geladeira, por umas 24 horas,

virando às vezes para espalhar o tempero. Antes de levar ao

forno, coloque as ameixas numa fileira sobre o lombo junto

com as fatias de bacon, formando assim uma capa. Deixe

parte das ameixas aparecendo, para dar cor. Passe um cordão

por toda a volta do lombo, para ficar firme. Coloque numa

fôrma junto com a vinha d'alho. Cubra com papel- alumínio

e deixe em fogo baixo por cerca de 1 hora, ou mais. Tire o

papel-alumínio, aumente o fogo, acrescentando um pouco

de água se for necessário, e deixe por mais uns 20 minutos,

ou até ficar dourado. Retire o lombo da fôrma e reserve.

Acrescente um pouco de água quente sobre a fôrma, aqueça

mais um pouco e retire todo o molho. Coe o molho e guarde-

o no congelador (retire depois a gordura e use este molho,

aquecido, para acompanhar a carne). Depois de frio, tire o

cordão do lombo, fatie ou leve inteiro para a mesa. Pode ser

servido frio ou quente.

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Deixe o leitão em vinha d'alho por umas 24 horas na gela-

deira, virando-o de vez em quando. Antes de assar, prepare

o recheio. Misture a farinha de rosca, salsinha, sal, azeite e a

raspa dos limões. Acrescente também o suco dos dois limões

e bata os ovos, misturando tudo. Caso precise, acrescente

mais farinha para dar maior consistência ao recheio. Tire o

leitão da geladeira, coe a vinha d'alho e reserve o líquido.

Recheie bem o porco, passe um cordão em volta para não

sair o recheio e coloque-o em fôrma grande para assar, junto

com a vinha d'alho. Deixe assar em fogo moderado por 2

horas e meia a 3 horas. Na metade desse tempo, vire o leitão

de lado, tendo o cuidado para não desmanchá-lo. Depois de

pronto, coloque o leitão em uma travessa e coe o líquido

que sobrar na fôrma, acrescentando mais vinho e reduzindo

o molho. Ponha este molho no freezer para que a gordura

congelada possa ser retirada. Aqueça o molho na hora de

servir o leitão.

LEITÃO ASSADO

1 LEITÃO DE APROXIMADAMENTE 5 KG

VINHA D'ALHO

5 DENTES DE ALHO AMASSADOS

3 COLHERES DE AZEITE

SAL GROSSO / FOLHAS DE LOURO

2 COPOS DE VINHO BRANCO

RECHEIO

200 G DE FARINHA DE ROSCA CASEIRA

SALSINHA PICADA / 1 CEBOLA PICADA / SAL

2 LIMÕES / 3 COLHERES DE AZEITE / 2 OVOS

Estilo Zaffari 37

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Sabor

Natal na Serra

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Coloque sal grosso no pernil e leve para a churrasqueira,

na parte mais alta. Asse ao gosto, pois alguns preferem ao

ponto, outros preferem bem passado. Enquanto isso, cor-

te tomates e cebolas pela metade, coloque numa fôrma

com sal e azeite e leve ao forno para assar. Aqueça uma

frigideira, ponha um pouco de azeite, o alecrim fresco pi-

cado e a salsinha. Reserve. Depois que o pernil estiver

pronto, passe mostarda em volta e adicione a mistura de

salsinha e alecrim por cima. Fatie e sirva junto com os

tomates e cebolas assados.

PERNIL DE CORDEIRO

1 PERNIL DE CORDEIRO

SAL GROSSO

ALECRIM FRESCO

SALSINHA

MOSTARDA

ACOMPANHAMENTO

TOMATES E CEBOLAS ASSADOS

TOMATES E CEBOLAS ASSADOS

4 CEBOLAS CORTADAS AO MEIO

4 TOMATES CORTADOS AO MEIO, SEM SEMENTES

MANJERONA FRESCA

TOMILHO FRESCO

SAL GROSSO

AZEITE

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Deixe as cebolas e os tomates cortados marinando por meia

hora junto com o azeite, sal e as ervas frescas. Coloque

tudo numa fôrma e deixe assar até ficarem levemente tos-

tados, sem deixar secar muito. Sirva como acompanha-

mento de carnes em geral.

38 Estilo Zaffari

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Sabor

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BACALHAU COM BATATAS EM PANELA DE BARRO

500 G DE BACALHAU EM POSTAS

3 CEBOLAS BEM PICADAS

1 KG DE BATATAS

6 TOMATES

AZEITE

SAL

Natal no Quintal

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Ponha os tomates (sem pele e sem sementes), a cebola,

2 colheres de vinagre, um pouco de água e sal no

processador. Coloque depois tudo numa jarra, acrescente

azeite, o restante da água e corrija o tempero. Deixe na

geladeira por um bom tempo. Enquanto isso, asse bem o

pimentão vermelho, tire a pele e corte em tiras bem finas.

Tempere com sal, azeite, salsinha – reserve. Pique os pepi-

nos e reserve também. Na hora de servir, acrescente um

pouco de gelo no gazpacho, se quiser. Em pequenos potes,

ponha o pimentão, os pepinos e os croutons ou as torra-

das, e deixe em volta da jarra com o gazpacho.

GAZPACHO

8 TOMATES SEM PELE E SEM SEMENTES

1 CEBOLA PICADA / SAL / AZEITE

VINAGRE DE VINHO DE BOA QUALIDADE

1 PIMENTÃO VERMELHO / 2 PEPINOS

CROUTONS OU TORRADINHAS CASEIRAS

1 LITRO DE ÁGUA MINERAL / SALSINHA

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Deixe o bacalhau de molho na véspera, trocando a água

umas 4 vezes. Desfie o bacalhau e reserve. Tire a pele e

a semente dos tomates e pique. Descasque as batatas,

colocando-as em água para não oxidar. Depois corte as

batatas em rodelas e ponha no fundo da panela, for-

mando camadas de bacalhau, cebola, tomates, repetin-

do até terminar, regando sempre com azeite. Tampe a

panela e cozinhe em fogo bem lento. As panelas de bar-

ro são ideais para este prato.

Estilo Zaffari 41

79079_sabor1.p65 21/11/03, 22:379

Sabor

CASQUINHA DE SIRI COM CAMARÃO

400 G DE CARNE DE SIRI / 1 CEBOLA PICADA

½ COPO DE VINHO BRANCO SECO

3 TOMATES SEM CASCA E SEM SEMENTES

SALSINHA PICADA / AZEITE

2 DENTES DE ALHO

Natal na Praia

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Nas casquinhas de siri não devem ser acrescentados quei-

jos, farinhas, etc. Numa panela, ponha o azeite e doure a

cebola. Adicione o vinho e cozinhe até reduzir o líquido.

Acrescente então a carne de siri, deixando refogar bem a

mistura. Coloque o tomate picado, o sal e deixe por uns 5

minutos. Ponha a salsinha, prove o tempero e finalize com

um pouco mais de azeite.

PPPPPara os camarões:ara os camarões:ara os camarões:ara os camarões:ara os camarões:

Tire a cabeça dos camarões, mas mantenha as cascas. Numa

frigideira ponha azeite e alho amassado, e jogue ali os ca-

marões e o sal, deixando-os fritar ligeiramente. Abaixe o

fogo e deixe por mais um minuto. Caso queira, acrescente

uns galhinhos de tarragão fresco. Sirva a mistura de siri em

casquinhas e coloque um camarão por cima de cada uma.

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Escalde as folhas de bananeira e reserve. Passe sal grosso e

dê uns cortes leves ao lado do peixe, colocando dentro o

alho amassado, suco de limão e as folhas de sálvia. Embru-

lhe cada peixe na folha de bananeira e passe o cordão em

volta, ou ponha em grelha apropriada. Leve para a chur-

rasqueira, assando o peixe por uns 15 minutos, ou mais,

de cada lado. Tire da grelha e sirva a anchova diretamente

na folha. A folha de bananeira é ideal para assar peixes:

proporciona um toque exótico e um perfeito cozimento,

conferindo ao prato um sabor muito especial.

ANCHOVA ASSADA EM FOLHA DE BANANEIRA

2 ANCHOVAS FRESCAS

4 DENTES DE ALHO

FOLHAS DE SÁLVIA

2 LIMÕES

SAL GROSSO

2 A 3 FOLHAS NOVAS DE BANANEIRA

BARBANTE

42 Estilo Zaffari

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Sabor

79079_sabor1.p65 21/11/03, 22:3712

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Descasque e corte o gengibre em fios bem finos. Leve ao

fogo com água, gotas de limão e deixe ferver. Descarte a

água e repita o procedimento. Tire do fogo, ponha o gengi-

bre em água fria e depois seque bem. Doure as tiras de

gengibre no azeite, sem deixar queimar. Retire do fogo e

reserve. Enquanto isso, tempere bem os salmões com sal,

limão e alho, e leve para a grelha. Depois de pronto, sirva

em base de folhas de funcho e com o gengibre por cima.

BOLINHAS DE MELÃO COM VINHO DO PORTO

2 TIPOS DE MELÃO (ORANGE E OUTRO)

1 CÁLICE DE VINHO DO PORTO

HORTELÃ FRESCA

TRUTA GRELHADA COM FIOS DE GENGIBRE

4 POSTAS DE SALMÃO (UM SALMÃO POR PESSOA)

SAL GROSSO / LIMÃO

ALHO / AZEITE

GENGIBRE FRESCO

FUNCHO

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Com uma boleadeira, faça bolinhas com os melões (ou

simplesmente corte-os em pedaços pequenos). Coloque

num recipiente de vidro, ou cristal, acrescente o vinho do

Porto e raminhos de hortelã. Sirva gelado.

Natal Off-Road

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Sabor

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Pavê de Pêssego

8 PÊSSEGOS

1 PACOTE DE BISCOITOS TIPO CHAMPANHE

1 COPO DE VINHO BRANCO, TIPO PROSECO

2 COLHERES DE MANTEIGA

2 COLHERES DE AÇÚCAR

FOLHAS DE HORTELÃ

400 ML DE CRÈME PÂTISSIÈRE

CRÈME PÂTISSIÈRE OU CREME DE BAUNILHA

400 ML DE LEITE

BAUNILHA EM FAVA, OU ESSÊNCIA

4 GEMAS

100 G DE AÇÚCAR

1 COLHER DE SOPA DE MAISENA (40 G)

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Descasque e corte os pêssegos em fatias. Aqueça uma fri-

gideira e ponha a manteiga, e depois os pêssegos. Deixe

pegar um pouco de cor e adicione o açúcar. Acrescente um

pouco do vinho, deixando-o reduzir um pouco. Numa tra-

vessa de vidro, ou louça, disponha os biscoitos um ao lado

do outro, umedeça-os com o restante do vinho e espalhe

metade dos pêssegos sobre eles. Cubra os biscoitos com o

creme, arranje a outra metade dos pêssegos por cima e

finalize com as claras batidas em neve. Leve para a gela-

deira e sirva em taças com folhas de hortelã.

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Ferva o leite com a baunilha. Bata as 4 gemas com o

açúcar até ficar bem pálido. Acrescente a maisena,

misturando bem. Adicione o leite a esta mistura,

mexendo sempre. Leve essa mistura novamente ao

fogo, mexendo até levantar fervura. Abaixe o fogo,

e continue mexendo por mais uns 3 minutos. Deixe

o creme esfriar e reserve. Reserve também as 4 cla-

ras. Mais tarde bata as claras em neve, com 100 g de

açúcar. Vai servir para cobrir o pavê.

Estilo Zaffari 47

79079_sabor1.p65 26/11/03, 16:1015

Torta Dourada

BASE

1 COCO FRESCO, RALADO / 10 CLARAS

2 XÍCARAS DE AÇÚCAR

RECHEIO

200 G DE AMEIXAS SECAS

½ XÍCARA DE AÇÚCAR / ½ LITRO DE ÁGUA

OVOS MOLES

10 GEMAS / 250 ML DE ÁGUA / 280 G DE AÇÚCAR

Preparo da base:Preparo da base:Preparo da base:Preparo da base:Preparo da base:

Divida o coco ralado e o açúcar em duas porções. Torre

levemente a primeira porção do coco com 1 xícara de açú-

car. Bata cinco claras e misture ao coco tostado. Asse em

fogo brando numa fôrma rasa, fundo removível, com pa-

pel-manteiga. Repita o mesmo com a segunda porção do

coco, açúcar e claras.

Preparo do recheio:Preparo do recheio:Preparo do recheio:Preparo do recheio:Preparo do recheio:

Ferva as ameixas com o açúcar e a água. Deixe esfriar e

retire os caroços, partindo as ameixas em tiras. Reserve

algumas tiras para enfeitar.

Preparo dos ovos moles:Preparo dos ovos moles:Preparo dos ovos moles:Preparo dos ovos moles:Preparo dos ovos moles:

Faça uma calda grossa e deixar esfriar. Passe as gemas em

peneira, misture à calda e leve ao fogo brando até engros-

sar. A consistência deve ser firme.

Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:

Recheie a torta de coco com o doce de ameixa e um pouco

dos ovos moles. Ponha a outra metade e cubra com os

ovos moles. Enfeite com tirinhas de ameixa.

Sabor

48 Estilo Zaffari

79079_sabor1.p65 21/11/03, 22:3916

O sabor e o saber

F E R N A N D O L O K S C H I N

Sem asas, só com a imaginação, o homem sempre inve-

jou a ave. Os pássaros sempre ‘passam’ por nós: o L. avis pare-

ce resultar do L. via, ‘via, caminho’, junto ao prefixo ‘a’ de

negação. As aves voam por onde bem entendem, dispensam

estradas.

A asa, o vôo e o céu são atributos da divindade, e a ave é

um intermediário entre o céu e a terra, mensageiro a comuni-

car desígnios superiores: agouro invoca o canto da ave (L. vis,

‘ave’; gario, ‘trinado’), auspício é a observação da ave (L. avis,

‘ave’; specere, ‘olhar’) e propício, a direção do seu vôo (L. pro,

‘direção’; petere, ‘voar’).

Um bando de pássaros voando em formação cerrada, um

‘v’ cujo vértice é um líder em revezamento, seta que voa a ou-

tros mundos e ainda é um mistério e maravilha da natureza. Há

magia no canto do rouxinol e no pio da coruja, e, como nas

fábulas, usamos a expressão “um passarinho me contou”.

Numa inauguração (“buscar o bom augúrio”) é comum a

revoada de pombos, e, junto com o bebê, a cegonha – pássaro

migratório – traz o futuro no bico. A própria saudação latina

Ave (como em Ave Maria ou Ave César) faz o desejo de saúde

e sorte pelo mesmo som que chama a ave.

Além do vôo e trinado, a ave transmite mensagens com

seu corpo. A hepatomancia, adivinhação pelo exame do fíga-

do das aves (e de outros animais), foi praticada por babilônios,

etruscos, gregos e romanos. O fígado vermelho anunciava vi-

tória na batalha, o pálido, derrota. Numa metáfora semelhan-

te, o fígado do covarde seria pálido, teria pouco sangue.

Muito do que se atribui hoje ao coração – no fundo uma

simples bomba hidráulica – era antes responsabilidade do fíga-

do. Para Horácio, o fígado era a sede da paixão, tanto da sensu-

alidade como da sua contraparte, o ódio. Cólera deriva do G.

choles, que significa ‘bile’, melancolia quer dizer ‘bile negra’ (G.

melanos choles) e o L. fel pode ser tanto ‘bile’ como ‘rancor’, ‘in-

veja’ ou ‘veneno’.

Curioso que produzindo uma secreção símbolo do

amargor, tristeza e violência, o fígado tenha sido tão valorizado

no amor e culinária. É como se o órgão pudesse se manter no-

bre às custas da eliminação das impurezas da vida.

Se a mulher custou uma costela a Adão, o fogo custou o

fígado a Prometeu. Condenado por nos revelar o segredo do

fogo infernal, o titã foi acorrentado num rochedo onde tinha o

fígado devorado diariamente por uma águia. Zeus, o deus

castigador, sabia do poder de regeneração do órgão: mesmo se

grande parte é retirada, há um retorno ao normal.

No mito, a ave come o fígado do homem, mas na reali-

dade é o homem que come o fígado da ave. Os antigos pensa-

vam que a alma dos pássaros fazia ninho no fígado, do qual a

quinta-essência seria o patê. “Fruto supremo da gastronomia”,

o foie gras é, apesar do nome e fama, um desenvolvimento tão

egípcio como as pirâmides.

Os egípcios perceberam que os gansos selvagens sofriam

uma crise anual de bulimia. Antes de migrar, comiam compul-

sivamente a fim de armazenar energia e alçar longos vôos sem

pousos para abastecimento.

Abatidas nesta ocasião, as aves tinham um fígado maior

e mais delicioso pelo acúmulo de gordura. Os homens passa-

ram então a imitar a natureza, alimentando à força gansos e

patos. Na verdade, o patê de foie gras é feito com o fígado gor-

duroso de aves tornadas diabéticas por excesso de comida.

O costume de empanturrar gansos para fazer patê foi im-

portado pelos gregos e levado à França pelos romanos. Muita

desta engorda era feita à base de figos, fruta abundante no Medi-

terrâneo e, pelo teor de açúcar, boa para induzir diabete nas aves.

Foi a importância do figo no patê que cunhou a palavra

fígado: o L. ficatun deriva da expressão iecur ficatun (“fígado

alimentado com figos”). O termo original para o órgão, iecur,

foi substituído pelo adjetivo ficatum e desapareceu, deixando

talvez a descendente iguaria (antes iecuaria), testemunha so-

nora de quanto o fígado era apreciado.

Além do sabor, foi importante a consistência. Dizem as

más línguas que a popularidade do patê, tal como a das peru-

cas, deveu-se aos sintomas da sífilis que assolava os europeus

no séc. XVII: ausência de cabelos e de dentes. Além de nozes,

Deus deu patê a quem não tinha dentes.

Patê também para nós. Ave a ave, ave o cozinheiro; ave

o patê, sua obra conjunta. Iguaria pousada à mesa, inauguração

PATÊ DE FÍGADO DE AVES

Ave a ave, ave o cozinheiro; ave o patê, sua obra conjunta

50 Estilo Zaffari

79079_sabor e o saber1.p65 22/11/03, 14:512

DEIXAR O FÍGADO DE MOLHO NO

LEITE. ESCORRER E LIMPAR BEM,

TIRANDO AS MEMBRANAS. TEM-

PERAR COM SAL E PIMENTA PRE-

TA. REFOGAR ALHO E MUITA CE-

BOLA PICADA. PODEM-SE ADICI-

ONAR CUBINHOS DE BACON. FRI-

TAR O FÍGADO. LIMPAR NOVAMEN-

TE. BATER BEM COM FACA PESA-

DA. MISTURAR COM OVOS COZI-

DOS PICADOS. BATER BEM NOVA-

MENTE. ACRESCENTAR UM POU-

CO DE NATA. DEIXAR NA GELADEI-

RA POR ALGUMAS HORAS. SERVIR

COM PÃO OU TORRADAS, VINHO

OU CHAMPANHE. (PODEM SER

COLOCADOS PASSAS, CASTANHAS

E AMÊNDOAS MOÍDAS, COGUME-

LOS, TRUFAS, VINHO DO PORTO OU

O QUE MAIS SE POSSA IMAGINAR.)

FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E [email protected]

de jantar, gosto do bom agouro. O patê mistura a glutonice do

homem e da ave, magia e energia armazenadas para o espírito

alçar vôo no céu da boca e migrar ao paraíso.

Se o fruto supremo da gastronomia é o patê de ganso,

se o patê é a quinta-essência do fígado, se o fígado é a alma da

ave e se nós somos aquilo que comemos, é bom enfatizar que

os gansos – vivendo em liberdade, não em cativeiro... – cons-

tituem os casais mais fiéis, estáveis e eternamente apaixona-

dos de toda a natureza!

Já os galináceos...

79079_sabor e o saber1.p65 22/11/03, 14:513

UMA DAS COISAS MAIS GOSTO-

SAS DO NATAL SÃO OS PREPA-

RATIVOS: MONTAR A ÁRVORE,

ESPALHAR AS LUZES, ENFEITAR

A CASA INTEIRA, EMPACOTAR OS

PRESENTES...

MAS O MELHOR DE TUDO É

USAR A CRIATIVIDADE PARA FA-

ZER À MÃO, DE FORMA ARTE-

SANAL, OBJETOS QUE TORNAM

EXCLUSIVO E PERSONALIZADO

O SEU NATAL.

NESTA REPORTAGEM VOCÊ VAI

CONHECER O TRABALHO DE VÁ-

RIAS PESSOAS QUE CONFECCIO-

NAM OBJETOS NATALINOS: EN-

FEITES, BOLACHINHAS, VELAS,

BOLOS, CAIXAS... UM VERDADEI-

RO BAZAR DE NATAL!

79079_feito a mao2.p65 25/11/03, 21:342

Natal

mão

feito à

F O T O S E D U A R D O I G L E S I A S

Estilo Zaffari 53

79079_feito a mao2.p65 26/11/03, 15:263

ArtesanatoArtesanato

AS MÃOS DE LIS FONSECA TÊM A FORÇA.

OU MELHOR, A DELICADEZA E A SENSIBILIDA-

DE. UTILIZANDO UMA TÉCNICA CHAMADA

SUGARCRAFT, ELA MOLDA O AÇÚCAR PARA

CONSTRUIR BOLOS E DOCINHOS ENFEITADOS.

O TRABALHO É ABSOLUTAMENTE ARTESANAL.

AO LADO, UM BOLO SUPERNATALINO QUE LIS

CRIOU ESPECIALMENTE PARA A NOSSA REVIS-

TA. NO NATAL, ELA FAZ TAMBÉM TRUFAS E

MINIBOL0S COM DIVERSOS MOTIVOS: AN-

JINHOS, PAPAI NOEL, CANTORES E TUDO MAIS

QUE A CRIATIVIDADE PERMITIR.

OS BISCOITOS DE MEL FEITOS POR MARIA BEATRIZ MÜLLER

TÊM VÁRIAS FORMAS E SÃO CAPRICHOSAMENTE CONFEI-

TADOS COM GLACÊ. ALÉM DE DELICIOSOS, FICAM LINDOS

COMO ENFEITES PARA A ÁRVORE. ELA É ARQUITETA E CO-

MEÇOU A FAZER BISCOITOS COM O DESEJO DE RESGATAR

A TRADIÇÃO DAS ÁRVORES DE NATAL ALEGRES, VISTOSAS.

HOJE RECEBE ENCOMENDAS ATÉ DO EXTERIOR.

79079_feito a mao2.p65 22/11/03, 15:194

Artesanato

AS HABILIDADES MANUAIS DE LÉA CRISTINA

ROSA BERNARDI SÃO VÁRIAS: ELA PINTA,

BORDA, COSTURA E PRODUZ DE FORMA

ARTESANAL UMA GRANDE VARIEDADE DE

ENFEITES. PARA O NATAL, ELA CRIOU VE-

LAS EM TONALIDADES FOSCAS DE VERME-

LHO, DOURADO E VERDE, COM DIVERSOS

FORMATOS E “ESTAMPAS”. OUTRA CRIAÇÃO

DE LÉA SÃO AS BOLAS DE ISOPOR PINTA-

DAS COM TINTA PVA. ELA DESENVOLVE OS

MOTIVOS E PINTA UMA A UMA. RARAMEN-

TE UMA PEÇA FICA IGUAL A OUTRA.

A CADA ANO, A DESIGNER VIVIANA HAUCK CRIA UMA GRAN-

DE VARIEDADE DE ENFEITES NATALINOS. AS BOLAS COM

APLICAÇÕES DE TECIDO XADREZ SÃO FEITAS UMA A UMA. A

RIQUEZA DO EFEITO FINAL SE DEVE À COMBINAÇÃO DE

VÁRIOS MATERIAIS: TECIDO, FELTRO, FITAS E ATÉ GOMOS

DE PINHA. AS BOLAS SÃO PRODUZIDAS EM VÁRIOS TA-

MANHOS E COM DIVERSAS COMBINAÇÕES DE CORES.

56 Estilo Zaffari

79079_feito a mao2.p65 25/11/03, 21:366

ArtesanatoArtesanato

FOLKART É O NOME DA TÉCNICA UTILIZADA POR SUSANA

MENDONÇA PARA FAZER O PAPAI NOEL DA FOTO AO

LADO. EM SEU ATELIER, EM PELOTAS/RS, ELA ENSINA

ESTA E DIVERSAS OUTRAS FORMAS DE PINTURA EM

MADEIRA. A FOLKART É UMA TÉCNICA CARACTERÍSTICA

DO ESTILO COUNTRY AMERICANO, QUE UTILIZA EFEI-

TOS DE SOMBRA E LUZ.

HÁ MAIS DE 30 ANOS, EDELA TREPTOW DE

ARAÚJO BUSCA DIVULGAR AS TRADIÇÕES

GERMÂNICAS FAZENDO ARRANJOS NATALINOS

TRADICIONAIS. AS TÉCNICAS DE CONFECÇÃO

DESSES OBJETOS ELA APRENDEU EM CASA,

COM A MÃE. PARA MONTAR UMA COROA DO

ADVENTO COMO A DA FOTO, ELA GOSTA DE

UTILIZAR APENAS OBJETOS NATURAIS, COMO

SEMENTES, PINHAS E GALHOS. TUDO O QUE

EDELA FAZ É ORIGINAL, SIMPLES E, SEGUNDO

ELA, É RESULTADO NÃO SÓ DA CRIATIVIDADE,

MAS DE UM TOQUE DE AMOR.

79079_feito a mao2.p65 25/11/03, 21:388

INGE ALICE STREICH FRAUCHES APRENDEU A TÉC-

NICA DO ORIGAMI COM O MESTRE KUNIHIKO KA-

SAHARA, EM 1988. APAIXONOU-SE POR ESTA

ATIVIDADE E COMEÇOU A PRATICÁ-LA COMO UM

EXERCÍCIO DE RACIOCÍNIO. INGE INICIOU DO-

BRANDO FIGURAS BEM SIMPLES, E HOJE FAZ

OBJETOS COMPLICADÍSSIMOS. PARA A ESTILO

ZAFFARI, ELA DOBROU TSURUS, AVES QUE SIM-

BOLIZAM A PROSPERIDADE, E ALGUMAS

KUSUDAMAS, AS CHAMADAS BOLAS DA FELICI-

DADE. OS ORIGAMIS FICAM LINDOS COMO EN-

FEITES PARA A ÁRVORE DE NATAL.

OS ANJOS DE ANA MARIA BRAGA SÃO FEITOS SEM PLA-

NEJAMENTO. AS FIGURAS VÃO SURGINDO, DE ACORDO

COM O ESPÍRITO DA ARTISTA. A MATÉRIA-PRIMA É AL-

GODÃO 100% CRU, RECHEADO COM FIBRAS. OS MATE-

RIAIS PASSAM POR UM PROCESSO MANUAL DE ENVE-

LHECIMENTO, QUE TORNA CADA PEÇA ÚNICA. A ARTISTA

PRODUZ SEUS ANJOS E BONECOS EM CANELA/RS.

60 Estilo Zaffari

79079_feito a mao2.p65 26/11/03, 15:3610

ArtesanatoArtesanato

O ARTESANATO FAZ PARTE DA FAMÍLIA DE

MARGA VOLKART. DESDE PEQUENA ELA VI-

VEU CERCADA PELAS TIAS, QUE ERAM FLO-

RISTAS. AUTODIDATA, COMEÇOU BORDANDO

BICHOS DE PANO. AS BOLAS DE NATAL – NAS

CORES VERDE, VERMELHA E DOURADA –

SÃO UMA MISTURA DE PINTURA COM APLI-

CAÇÃO DE PEDRARIAS. O TRABALHO SE

DESTACA PELOS DETALHES E PELA MANEI-

RA COMO SÃO DISPOSTAS AS PEDRAS,

QUE LEMBRA A TÉCNICA ALEMÃ CHAMADA

BAUERNMALEREI.

A PUBLICITÁRIA VIRGÍNIA GIULIAN TEM A PINTURA NO

DNA. A MÃE DELA ERA PINTORA, E VIRGÍNIA PINTA DES-

DE OS 11 ANOS. A CAIXINHA AO LADO FOI TRABALHADA

COM TINTA ACRÍLICA, NAS CORES DO NATAL, E PODE SER

USADA COMO EMBALAGEM DE PRESENTES. SUA ESPECIA-

LIDADE SÃO PINTURAS TEMÁTICAS EM SUPERFÍCIES COMO

LOUÇA, MADEIRA, TECIDOS E PAREDES.

79079_feito a mao2.p65 26/11/03, 15:4112

OS DOCINHOS AO LADO TRANSMITEM DE

FORMA SINGELA E GOSTOSA UMA MENSA-

GEM DE PAZ. ESSES E OUTROS DETALHES

TÃO IMPORTANTES EM UMA FESTA SÃO A

ATIVIDADE DAS IRMÃS LÚCIA SUÑÉ COELHO

SILVA E CLÁUDIA SUÑÉ SPOLIDORO. ELAS

CRIAM E ELABORAM DOCINHOS, LEM-

BRANCINHAS, DECORAÇÕES E EMBALA-

GENS COM O TEMA DE CADA FESTA. PARA O

NATAL, A POMBA DA PAZ, O BRANCO, O

DOURADO, O VERMELHO E O VERDE SÃO

AS VEDETES.

HÁ 25 ANOS IVONE GROSS COMEÇOU A FAZER BOLOS

DE FRUTAS, PARA PRESENTEAR OS AMIGOS NO NATAL.

HOJE ELA PRODUZ CERCA DE 500 BOLOS E TEM UMA

CLIENTELA SUPERFIEL. CASTANHAS, FIGOS EM CALDA,

AMEIXAS PRETAS E FRUTAS CRISTALIZADAS SÃO OS

INGREDIENTES DO BOLO. PARA ENFEITAR, O TRADI-

CIONAL GLACÊ BRANCO, CEREJAS E CANELA.

Artesanato

64 Estilo Zaffari

79079_feito a mao2.p65 25/11/03, 21:3414

Consumo

A adolescência não tem mais prazo pra terminar

ESTAMOS PASMOS

Recebi um e-mail com perguntas bobocas evocando os anos

80. “Lembra do New Order? Das Diretas Já? Da visita do Papa?”

Toda essa besteirada para que, no caso de várias respostas afirma-

tivas, a gente receba o seguinte veredito final:

“Mas tu tá véio mesmo, hein?”

Bidú. E alguém precisa de um e-mail para lembrar disso?

Talvez, pensando bem, estejamos precisando sim. E não

só de e-mails, mas também fax, telefonemas: “Oi, tudo bem? Tô

ligando pra dizer que sua adolescência expirou, venceu, tá fora

da validade, acabou”.

Por que afinal estamos surpresos com a nossa própria ida-

de? Queremos o quê? Parar o tempo? Não viver?

Para a geração de nossos pais, o sonho era chegar na vida

adulta. Lá moravam a independência, a realização profissional, a

liberdade sexual, a chance de finalmente “sair de casa”.

O contrário de hoje.

A adolescência começa cedo e não tem prazo para termi-

nar. Já foram estudados casos de adolescentes beirando os 50,

vivendo, crentes que estão abafando, entre pranchas de surf e

música eletrônica.

É que ser jovem virou cultura que, como tal, pode ser prorro-

gada indefinidamente. Os jovens têm tudo. E mais a beleza da pele

e o bronzeado de quem ainda não conquistou um lugar ao sol, mas

pega uma praia todo fim de semana. Crescer pra quê?

As espinhas não são mais tão terríveis. São tratadas com no-

vos e modernos medicamentos. A falta de grana, resolvida com car-

tões de crédito para dependentes. E o sexo, bem o sexo foi liberado.

Desde que usem camisinha, pílulas anticoncepcionais e não transem

dentro do carro à noite, porque é perigoso.

Sair de casa não é desejável. Nem pelos próprios pais, que

admitem ser muito melhor ter os filhos perto por motivos de

segurança. Não importa mais o que eles desejam da vida, desde

que fiquem vivos. Pressionar ou reprimir impulsos preguiçosos?

Pra quê? A coisa que o pai ou a mãe mais querem ouvir deixou

de ser “Quero ser Engenheiro”. É simplesmente: “Cheguei, es-

tou bem, boa-noite”.

Esse falso conforto todo pode gerar muita angústia. Não é

mais permitido ficar triste. Ficamos, isso sim, deprimidos, atolados

em diagnósticos e nos enchemos de remédios (ou drogas, o que dá

no mesmo) na ilusão de que aí vai ficar tudo bem.

A euforia promovida por academias e clínicas estéticas fast

food está tornando as mulheres menos dignas e os homens, sim-

plesmente ridículos. Todos achando que têm 18 anos.

Não é mais o caso sentir-se bem com o próprio corpo ou ter

uma vida saudável. Todo o esforço é feito na direção de permanecer

jovem. Então, com o corpo lindo, mesmo com a pele enrrugada e os

neurônios debilitados por excesso de barras de proteína, atinge-se

o apogeu, o nirvana, o paraíso: não aparentar a idade que tem.

Estamos pasmos. Fulano já fez 40? Não pode! Convite para

os 20 anos de formatura da escola? Não deve ser pra mim.

Me dou o direito de reproduzir um depoimento da Adélia

Prado, publicado na Folha de S. Paulo, num especial do Sesc sobre

a terceira idade:

“Quando chega à terceira idade, a pessoa topa com o li-

mite, o corpo não obedece como antes, ela necessita de deter-

minados auxílios, o seu poder fica em xeque. Então se volta

naturalmente para aquilo que de fato é poder, a força, a vida

verdadeira, e isso é sempre de ordem espiritual. A maior proxi-

midade com a morte e com a doença tem essa vantagem. Quan-

do não tem, a gente vira um velho patético”.

Você ainda não chegou lá? Eu também não. Mas é melhor

ir pensando…

T E T Ê P A C H E C O

TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA

66 Estilo Zaffari

79079_consumo1.p65 22/11/03, 14:111

Luz

79079_velas1.p65 21/11/03, 22:562

P O R P A U L A T A I T E L B A U M

F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

A porta da sala se abria exatamente à meia-noite. E o mais

incrível era que meus olhos de criança não focavam primeiro os

presentes. Mas as velas. Minha avó enfeitava o enorme pinheiro

de Natal com velas vermelhas que eram presas nos galhos por

suportes de metal. Lembro das sombras tremulando na parede.

Lembro que a cera pingava sobre os embrulhos ao pé da árvore.

Lembro que nunca achei que aquilo fosse perigoso. Hoje, as velas

colocadas no pinheirinho são de plástico e as luzes saídas da loja

de 1,99 ali da esquina. Definitivamente, as chamas foram extin-

tas dos galhos pela modernidade e precaução. Em compensação,

ganharam ainda mais espaço por todos os recantos e momentos.

Impossível não relacioná-las com as liturgias religiosas, os encon-

tros amorosos, os devaneios do filósofo ou com as horas em que

queremos criar um clima especial. Velas dão alma a qualquer

ambiente. De diferentes formas, cores e aromas, elas são muito

mais do que objetos de decoração. São pura magia.

Magia

velas

das

Estilo Zaffari 69

79079_velas1.p65 26/11/03, 15:193

Luz

79079_velas1.p65 22/11/03, 09:534

Artesões ou alquimistas?

As velas são uma evolução das tochas que tinham

sua ponta mergulhada em sebo para que a chama ga-

nhasse vida mais longa. A data de sua origem não é mui-

to precisa, mas o certo é que tudo começou antes de Cris-

to. Em 1850, a parafina refinada de petróleo foi usada

pela primeira vez, e a partir daí a fabricação de velas vi-

rou coisa de indústria. Mesmo assim, na maior parte do

século XX, elas moraram na gaveta da despensa, discre-

tas e escondidas, e dali só saíam em dias santos, aniversá-

rios e noites de tempestade. É claro que não preciso dizer

que isso é coisa do passado. Mesmo quem não é adorador

do design diferenciado e dos aromas sedutores sente que,

atualmente, velas são adornos indispensáveis aos olhos.

Principalmente aquelas feitas uma a uma, nascidas como

obras de arte, criadas com paixão. Derreter a parafina,

colocar o corante, pingar a essência, inventar um novo

efeito. Só quem tem a sensibilidade latente e um certo

quê de alquimista correndo nas veias consegue fazer dis-

so uma profissão. É lindo ver como um artesão das velas

coloca em cada uma de suas criações uma vibração posi-

tiva. Algo que deve estar ligado ao fogo, elemento relaci-

onado ao entusiasmo e à alegria.

Velas ecologicamente corretas

Entusiasmo é sinônimo de Carlos Lopes, que em

menos de quatro anos mudou radicalmente de vida e hoje

se dedica totalmente à criação de velas diferenciadas. O

Kontainer das Artes, onde ele inventa, produz, expõe e

comercializa, é um espaço aconchegante com sofá, almo-

fadas e plantas, no qual podemos ver suas criações origi-

nais enquanto toca um blues ao fundo. Nossos olhos pas-

seiam pelas velas que estão por todos os cantos. As meno-

res estão incrustadas em bambus ou envolvidas na textura

criada por Carlos, uma mistura de areia, pó de mármore e

vermiculita que ele esculpe depois de seca. Já as maiores

são uma piração só, velas enormes que podem estar den-

tro de tronco, armadilha de tatu, coxo de boi, roda de trem

ou de uma bola trançada com cipó. O material utilizado é

encontrado a céu aberto, fruto de queimadas ou do aban-

dono. Tudo ecologicamente correto. Se você quiser dar

um toque legal na sua festa, poderá alugar as velas do Carlos.

Além de sair barato, o efeito será demais. Já para aqueles

que preferem comprar, o artesão sempre avisa que ele re-

põe a parafina e o pavio a preço de custo. Ou seja, a vela

vai ter vida longa. “Um cliente disse que graças a minha

vela, com citronela, a família passou a se reunir novamen-

te na varanda à noite. É o máximo saber que as pessoas

ficam curtindo teu trabalho, que é ele que dá um clima

especial à casa.” Deve ser mesmo, Carlos.

Chamas que dão vida à casa

Quando eu entrei no Atelier e Fragranciaria de

Claudia Schmitz meus olhos se encheram de cores e

DE DIFERENTES FORMAS, CORES E AROMAS, ELAS

SÃO MUITO MAIS DO QUE OBJETOS DE DECORAÇÃO

Estilo Zaffari 71

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79079_velas1.p65 21/11/03, 22:576

por minhas narinas entraram aromas deliciosos que eu

não soube decifrar. A primeira coisa que eu pensei foi

“uau, isso aqui é a sublimação dos sentidos”. Claudia é

artista plástica e no seu showroom existem velas para

todos os gostos. De clássicas a clubers. Com estampa de

oncinha, com imagem de santos, com chocolate e pi-

menta, pintadas à mão, somente com textura e por aí

vai. “As velas estão ligadas ao prazer de receber, elas

relaxam e trazem um clima de aconchego e intimidade,

por isso devem ser acesas sempre”, diz Claudia.

A designer Andréia Leal vai colocando os pavios

dentro das forminhas recheadas enquanto fala que nunca

sabe como a vela que está criando vai sair, pois, no proces-

so artesanal, cada uma delas é única. “É como um parto,

quando eu tiro da fôrma é que vejo que jeito ela tem, e

esse é o maior barato.” Andréia utiliza todos os seus co-

nhecimentos de cor para misturar tons e criar velas com

colorações diferenciadas.

Natal dos sonhadores

Gaston Bachelard, filósofo francês, já dizia que a

contemplação da chama amplia o mundo do sonhador.

Por isso, ai daquele que não tiver muitas velas acesas neste

Natal. Para se perder em fantasias, para embelezar a mesa

de guloseimas, para fazer um pedido especial, para lem-

brar que Cristo é a luz do mundo. Não importa qual será

a sua motivação ou a sua crença, apenas a certeza de que

seu Natal ficará muito mais lindo e emocionante à luz de

velas. Isso eu digo por experiência própria.

NO SÉCULO XVI, MARTINHO LUTERO TERIA MONTA-

DO O PRIMEIRO PINHEIRO ENFEITADO COM VELAS,

PARA DEMONSTRAR ÀS CRIANÇAS COMO ERA O CÉU

NA NOITE DO NASCIMENTO DE CRISTO.

NO SITE WWW.RELIGIAOCATOLICA.COM.BR VOCÊ PODE

ACENDER UMA VELA VIRTUAL. EXISTEM VÁRIOS MO-

DELOS A SEREM ESCOLHIDOS. MAS VAMOS COMBI-

NAR QUE NÃO TEM MUITA GRAÇA...

OS TIBETANOS NUNCA SOPRAM UMA VELA. ELES AS

APAGAM COM ABAFADOR, POIS CRÊEM QUE SOPRAR

FAZ COM QUE NOSSO AR SE ESGOTE.

MUITOS POVOS ACREDITAM QUE A CHAMA DAS VE-

LAS EXORCIZA OS MAUS ESPÍRITOS.

NA CHINA E NO JAPÃO ANTIGOS, AS VELAS ERAM

FEITAS DE CERA DERIVADA DOS INSETOS E SEMENTES

E MOLDADAS EM TUBOS DE PAPEL.

QUER SABER QUANTAS VELAS VOCÊ PRECISA

ACENDER AO MESMO TEMPO PARA COPIAR A CLARIDADE

DO SOL? APENAS 4 OCTILHÕES.

A MAIOR VELA DO MUNDO FOI FEITA NA INGLATERRA,

EM 1989, E TINHA 9 METROS DE ALTURA E 1 METRO

DE DIÂMETRO.

VELAS E CURIOSIDADES

AS VELAS ESTÃO LIGADAS AO PRAZER DE RECEBER

E TRAZEM UM CLIMA DE ACONCHEGO E INTIMIDADE

Estilo Zaffari 73

79079_velas1.p65 22/11/03, 09:557

Bem viver

A cirurgia plástica pode melhorar a qualidade de vida

BELEZA E BEM-ESTAR

Com o aumento da competição no mercado de traba-

lho e da expectativa média de vida, cada vez mais a aparên-

cia tem sido vinculada ao sucesso profissional e à saúde.

A cirurgia plástica estética tem sido utilizada como auxiliar

no posicionamento profissional. Praticamente não existe mais

idade para se tornar um paciente de cirurgia plástica. A melho-

ra das técnicas, bem como a diminuição dos riscos cirúrgicos,

tem proporcionado um resultado de qualidade e um rápido re-

torno ao dia-a-dia.

Grande parte dos procedimentos hoje em dia podem ser

realizados com anestesia local e uma pequena sedação, o que

diminui ainda mais o risco cirúrgico e o medo dos pacientes. Se

levarmos em conta que alguns procedimentos cirúrgicos come-

çam a ser realizados pouco tempo após o nascimento do indiví-

duo – lábio leporino, visura palatina e algumas outras

malformações congênitas – e que vários pacientes com mais de

80 anos têm buscado a cirurgia plástica, podemos dizer que as

barreiras de idade realmente já não existem.

No Brasil são realizadas mais de 350 mil cirurgias plásti-

cas por ano, isso sem levarmos em conta pequenos procedi-

mentos auxiliares no embelezamento, como a toxina botulínica

(botox) e substâncias de preenchimento das rugas da face.

Atualmente, já não é mais tabu a cirurgia plástica para

os homens. Existe uma grande procura do homem, por exem-

plo, pelos procedimentos na face, como: cirurgia de pálpe-

bras, a própria cirurgia de face para rejuvenescimento, cirur-

gia de nariz, correção de orelhas de abano e, principalmen-

te, a cirurgia de transplante capilar, que pela qualidade de

seu resultado tem sido uma das mais buscadas pelo paciente

masculino. Já existe uma grande procura também pelas

lipoaspirações e pelas reduções de pele indesejada.

A mulher procura muito mais o cirurgião plástico para

melhorar o contorno corporal (lipoescultura e procedimentos

de mamas). Na verdade, todos podemos alterar qualquer parte

do nosso corpo, o importante é que isso seja feito de forma a se

buscar uma maior satisfação pessoal e uma melhora na qualida-

de de vida. E deve ser feito por um profissional habilitado.

O Brasil é tido como celeiro dos melhores cirurgiões

plásticos do planeta. No Rio Grande do Sul em particular, o

nível profissional e a qualidade dos especialistas em cirurgia

plástica estão entre os melhores do nosso país. Não existe

motivo, portanto, que justifique a realização de um procedi-

mento estético que não seja realizado por um cirurgião plás-

tico. A melhor maneira de se conseguir um bom resultado é

por meio da informação sobre o profissional. Tem sido uma

das recomendações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plás-

tica que a pessoa se informe, tanto no Conselho Federal de

Medicina quanto na própria Sociedade de Cirurgia Plástica,

se o profissional em questão é habilitado, bem como se o

procedimento cirúrgico oferecido é devidamente regulamen-

tado. Não existe mágica em medicina, especialmente em ci-

rurgia plástica. O resultado de cada procedimento irá de-

pender da situação atual e particular de cada pessoa.

O procedimento cirúrgico, eventualmente, pode exi-

gir pequenos retoques na busca de um melhor resultado.

Se o procedimento foi realizado por pessoa habilitada e

competente, esses retoques não passarão de pequenos ajus-

tes; porém, procedimentos realizados por curiosos (pessoas

sem formação adequada) podem resultar em danos

irreversíveis.

M I G U E L S O R R E N T I N O

MIGUEL SORRENTINO É CIRURGIÃO PLÁSTICO

74 Estilo Zaffari

79079_sorrentino1.p65 26/11/03, 15:161

Beleza

79079_beleza1.p65 24/11/03, 20:482

P O R F E R N A N D A D O E R I N G I L U S T R A Ç Õ E S N I K

TRUQUES PARA

CHEGAR COM TUDO

EM CIMA NAS FESTAS

DE FINAL DE ANO

O final do ano se aproxima. Falta muito pouco para a chegada do Natal e do

réveillon e, em breve, a primavera dará lugar à estação mais quente do ano. A regra

do verão é pele à mostra e alto grau de exposição aos olhares alheios. Antes da praia,

no entanto, é preciso enfrentar a etapa das festas de final de ano. Não importa se a

comemoração vai ser em família, entre amigos, dentro de casa ou nos mais requinta-

dos salões. Muito poucos conseguem fugir da preocupação com a roupa da festa, o

estado geral do corpo, dos cabelos, do bronzeado, etc. Essa futilidade súbita faz parte

dos preparativos para as festas. E atenção: não é privilégio das mulheres...

Na reportagem a seguir, você vai conhecer quatro tratamentos estéticos que

prometem dar aquele “up” no visual, sem grandes sacrifícios e sem sofrimento. Não

parece ótimo? Não prometemos – e nem os esteticistas – transformar você num clone

da Gisele Bündchen ou do Brad Pitt. Mas a medicina estética pode, sim, minimizar os

efeitos da falta de cuidado, daquele tradicional “relaxamento” invernal que os gaú-

chos tanto conhecem. Vamos lá: ponha rosto, corpo e cabelo em dia para as festas.

Estilo Zaffari 79

79079_beleza1.p65 24/11/03, 20:483

Beleza

EM UMA TARDE,

NAS MÃOS DE UM

BOM PROFISSIONAL,

VOCÊ PODE

REESTRUTURAR

SEU CABELO!

1

CABELOS NOVOS EM FOLHA

A Reestruturação Capilar Definitiva com Queratina

é a solução ideal para cabelos que inspiram cuidados mais...

sérios, digamos assim. Segundo Fernando Niwsan, cabe-

leireiro há 14 anos, este é um tratamento de última gera-

ção, que alia o que existe de mais moderno em restaura-

ção de cabelos: “A ação é permanente, não sai com a ex-

posição ao sol, ao cloro da piscina, ao sal do mar e às impu-

rezas do vento. Além disso, é indicado para qualquer tipo

de cabelo, independentemente da cor, comprimento, es-

trutura e quantidade de fios”.

O tratamento acontece em três fases e cada uma

abrange três passos que demoram, em média, uma hora.

Primeiramente, os cabelos são lavados com um shampoo

especial que retira completamente os resíduos e garan-

te a penetração do próximo produto nos fios. Depois, é

aplicada a queratina (grande trunfo deste tratamento)

e em seguida a chapinha, já que a substância é termoa-

tivada. O terceiro passo compreende a aplicação do

2

Complexo de Sílicas, um produto que visa cristalizar o

cabelo. Por fim, é feita uma nova chapinha ou escova.

Para obter a máxima eficácia do tratamento é preci-

so que o processo seja realizado três vezes, a cada quinze

dias, podendo ser refeito em um prazo de quatro a cinco

meses. Outro fator importante é que a Reestruturação

Capilar Definitiva com Queratina só pode ser realizada 72

horas antes ou após qualquer aplicação de produto quími-

co no cabelo. O resultado? Cabelos mais sedosos e bri-

lhantes. (Fernando Niwsan: Estética Visualité, 3325 3595)

PELE MACIA, RELAX E PERDA DE MEDIDAS

A pele do corpo requer cuidados sempre. Só que,

especialmente no inverno, costumamos esquecer dela.

O tratamento denominado Oceânica é uma boa opção

para quem abandonou sua pele à própria sorte nos últi-

mos meses. Além de deixar a pele macia e promover

um relax em todo o corpo, esse procedimento, se com-

binado com algum outro tratamento estético, é capaz

79079_beleza1.p65 24/11/03, 20:484

Beleza

A OCEÂNICA É UMA

MASSAGEM ZEN E,

AINDA POR CIMA,

MANDA EMBORA AS

GORDURINHAS!

3

até de reduzir medidas! Conforme a esteticista Tânia

Rosa, a Oceânica não tem contra-indicação: “Em todo

cliente que opta por esse tratamento é feita uma avali-

ação para verificar o nível de gordura localizada, o nú-

mero de sessões indicadas, em que locais do corpo serão

aplicados os produtos. O tratamento é realizado com

algas que, por sua composição aminoácida, têm ação

redutora, firmadora e rejuvenescedora”.

O tratamento é dividido em quatro fases. Primeiro,

Tânia faz uma exfoliação em toda a pele do cliente, remo-

vendo as impurezas. Em seguida, realiza uma massagem

com produtos específicos, fazendo uma modelação do cor-

po, desde o pescoço até os dedos dos pés. O terceiro mo-

mento é reservado para a aplicação das algas e da manta

térmica, pois o produto age por meio do aquecimento. Esse

passo é um dos momentos mais relaxantes do tratamento.

“Muitos clientes se sentem tão bem que chegam a dor-

mir”, conta a profissional. A última etapa é uma ducha

revigorante, para fechar com chave de ouro o tratamento.

DE CARA NOVA

Os excessos que a gente comete e a falta de cuida-

dos aparecem, literalmente, na cara. Para corrigir esse

erro tão comum, as Máscaras Cosmecêuticas são óti-

mas: tratam e embelezam a pele facial, tornando-a mais

viçosa. Segundo o médico Marcelo Peixoto, esse traba-

lho é eficaz, mas implica um comprometimento do cli-

ente: “O estilo de vida se reflete na beleza da pele.

É preciso repensar os hábitos ruins para obter melhores

resultados”. Pois é, como você já escutou milhões de

vezes, o relaxamento, nesse caso, é proibido.

Existem dois tipos de tratamento. O Programa de

Beleza Cosmecêutico Personalizado Facial é realizado em

uma sessão com duração de uma hora, em conjunto com

uma esteticista. Na primeira meia hora, é feita uma limpe-

za específica, retirando as impurezas e a oleosidade da pele.

Nos 30 minutos seguintes o médico faz a aplicação de uma

máscara com produtos específicos que aprofundam o efei-

79079_beleza1.p65 24/11/03, 20:496

Beleza

ATÉ A GORDURA

LOCALIZADA E A

CELULITE TÊM

SOLUÇÃO, MAS É

PRECISO ESFORÇO!

4

to do tratamento. “Quando o cliente opta pelas máscaras,

sempre é feita uma avaliação do seu tipo de pele, que pode

ser normal, seca, oleosa ou mista. Para garantir os resulta-

dos, o processo deve ser personalizado.”

O Programa de Tratamento Cosmecêutico Inten-

sivo Facial oferece opções mais específicas para cada cli-

ente, pois contempla um tratamento terapêutico. As

máscaras podem ser:

Revitalizante: para pessoas com a pele madura.

Clareadora: indicada para peles com manchas.

Antiaging: para peles com envelhecimento pre-

coce, acentuado pelo estilo de vida agitado e estressante.

Antiacnéica: indicado para peles com acnes re-

siduais ou inflamatórias.

O início do tratamento é idêntico ao anterior, a

diferença está no tipo de máscara e também no número

de sessões necessárias para se obterem resultados efica-

zes – nesse caso são três. “Em qualquer um dos trata-

mentos, procuro orientar os clientes sobre a manuten-

ção, que pode ser feita em casa. Indico cremes e mostro

como deve ser feita a aplicação”, revela Marcelo.

FORMAS MAIS DEFINIDAS

A eletrolipoforese é um tratamento corporal que

atua diretamente na gordura localizada e na celulite.

Se combinada com exercícios físicos e uma alimenta-

ção saudável, pode ser um excelente redutor de medi-

das. Conforme o médico Marcelo Peixoto, o primeiro

passo é fazer uma avaliação do cliente, para traçar seus

objetivos e verificar os níveis de gordura no corpo:

“Cada sessão de eletrolipoforese dura 50 minutos e,

normalmente, indicamos que sejam feitas 10, duas ve-

zes por semana”.

Dependendo do objetivo do cliente, ou seja, do

local que será trabalhado, são colocados adesivos de

borracha sob a pele. Por meio de uma pressão de pólos

positivos e negativos, realizada ao mesmo tempo, ocor-

re uma mudança na característica física do local e a

corrente elétrica altera a estrutura da região. Depois

dessa etapa, é realizada uma massagem com um produ-

to específico. “Essa parte do tratamento conta com um

procedimento totalmente manual. A massagem esti-

mula a região e elimina parte da gordura.”

79079_beleza1.p65 26/11/03, 15:238

Perfil

QUEM VISSE MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPETER NAQUELA NOITE DE DEZEMBRO DE

2002 PODERIA PERFEITAMENTE DEDUZIR QUE ELA SE DIRIGIA A UM EVENTO SOCIAL.

O IMPROVÁVEL SERIA IMAGINAR QUE AQUELA MULHER DE FIGURA TÃO FEMININA, TRAJAN-

DO UM ELEGANTE VESTIDO LONGO, SUBIRIA AO PALCO DA CERIMÔNIA PARA RECEBER O

PRÊMIO INTITULADO HOMEM DE VENDAS ADVB. ESTA HONRARIA, ASSIM COMO O TÍTULO DE

CIDADÃ EMÉRITA DE PORTO ALEGRE E VÁRIOS OUTROS RECONHECIMENTOS, DEVE-SE À

SUA DEDICAÇÃO INTEGRAL À ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, DA QUAL MARIA ELENA É

FUNDADORA E PRESIDENTE. CONVICTA DE QUE TODAS AS PESSOAS SÃO SOLIDÁRIAS, ELA

CONSEGUIU REUNIR NO ESTADO, ATÉ AGORA, 28 MIL VOLUNTÁRIOS, QUE PRODUZEM

BENEFÍCIOS A PELO MENOS 200 MIL PESSOAS.

P O R R U Z A A M O N F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

solidária

Herança

86 Estilo Zaffari

79079_perfil1.p65 26/11/03, 15:542

79079_perfil1.p65 21/11/03, 22:293

Perfil

79079_perfil1.p65 21/11/03, 22:294

PRÓXIMO ÀS FESTAS DE FIM DE ANO, AS PESSOAS QUE COSTUMAM

FAZER CARIDADE FICAM MAIS SENSÍVEIS, MAIS ATUANTES. MAS O

QUE SENTE, NESSA ÉPOCA, QUEM NECESSITA DE AUXÍLIO?

É difícil responder em nome dos outros, sobre os

sentimentos dos outros. Mas, pela experiência acumu-

lada durante os sete anos da Parceiros Voluntários, so-

mada à experiência de vida, posso dizer que a necessi-

dade não é sazonal. Ela é permanente, ela se apresenta

durante os 365 dias do ano. Na véspera dessas grandes

festas, principalmente do Natal, o comércio faz um foco

muito forte em cima da data, que eu particularmente

considero excessivamente mercadológico, ficando es-

quecida a razão verdadeira do Natal, ou seja, o lado

cristão. Então, as pessoas ficam mais sensíveis porque

vem esse chamamento sobre elas. As crianças ficam

despertas, escolhendo presentes aleatoriamente em sua

cabeça, pressionando os pais, que se sentem magoados,

é claro, pois gostariam de dar a seus filhos aquilo que

eles desejam ter e não podem.

NA PARCEIROS VOLUNTÁRIOS EXISTE UMA CULTURA DE DISTINÇÃO

ENTRE O ASSISTENCIALISMO E O TRABALHO VOLUNTÁRIO. QUE EFEITO

PRODUZ ESSA DISTINÇÃO PARA AS PESSOAS ENVOLVIDAS?

Acho que na ponta que recebe tanto faz o “carim-

bo” que possa ter essa disponibilização. Porém, para quem

se disponibiliza ao trabalho voluntário, realmente tem

uma grande diferenciação. Esse é o papel da Parceiros

Voluntários: conscientizar as pessoas que pretendem se

doar. Se elas pensam apenas nas suas próprias razões, se

querem ser “boazinhas” ou o fazem porque a religião

manda e, com isso, pensam estar assegurando uma “ca-

deira no Céu”, ou se agem por um sentimento de culpa,

para resgatar a atenção que não tenha sido dada a um

membro da família, posso assegurar que todos esses sen-

timentos são passageiros. Por outro lado, se isso for visto

como uma responsabilidade, dentro de princípios e valo-

res de cidadania, a pessoa vai fazê-lo permanentemente.

Não significa se disponibilizar 24 horas por dia, mas ficar

atenta às necessidades que aparecem à sua volta, e que

muitas vezes não são de um recurso financeiro apenas,

mas de um pensar diferente sobre as soluções.

TODOS TÊM PROBLEMAS, AINDA QUE NÃO SEJAM IGUAIS, E MUITOS

TÊM DIFICULDADES EM RESOLVER SUAS PRÓPRIAS QUESTÕES. COMO

PODERÃO SER ÚTEIS A UMA OUTRA PESSOA?

A pessoa que não está diretamente ligada ao pro-

blema tem condições de pensar uma solução diferente

para ele. Especialmente problemas antigos necessitam de

soluções novas! Sim, pois se são antigos é porque ainda

não foi encontrada nenhuma solução. John Kennedy pro-

feriu uma frase que explica esse mecanismo: “Se você

não faz parte do problema, certamente você faz parte da

solução”. E aí eu complementaria: “Se você não faz parte

da solução, daqui a pouco você estará é no problema”.

Esse sentimento de exercício de cidadania, de solidarie-

dade (solidariedade é pensar o Outro, incluir o Outro no

seu projeto de vida) é o princípio do trabalho voluntário

organizado. Tu buscas soluções, e ao tu pensares nas so-

luções estás incluindo o Outro no teu projeto de vida.

O VOLUNTARIADO ORGANIZADO ELIMINA O VALOR DAS AÇÕES ME-

RAMENTE ASSISTENCIALISTAS?

Não, as ações não são excludentes. Mas quando a

gente fala de uma nova cultura estamos falando de um

apanhado de princípios e valores desenvolvidos e acu-

mulados, pois assim é que se forma a cultura de uma co-

munidade. Esse repensar é o que importa: as pessoas se

verem como agentes transformadores, e não como meros

agentes de caridade.

QUANDO EU LIGUEI PARA MARCARMOS A ENTREVISTA, VOCÊ ME SU-

GERIU: “ACESSA O SITE DA PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, PARA CONHE-

CER MELHOR O NOSSO NEGÓCIO”. ESSA VISÃO PROFISSIONALIZADA

E EMPRESARIAL DO TRABALHO VOLUNTÁRIO NÃO AMEAÇA A EMO-

ÇÃO TÃO NECESSÁRIA PARA A INICIATIVA DE SE DOAR?

Não, ela ajuda. Acreditamos tanto nisso que em um

dos relatórios da Parceiros a frase era: “Emoção com resul-

tado”, pois é justamente assim: se tu te organizas para fazer

alguma coisa, tu vais ter um bom resultado. O assisten-

cialismo em si é descomprometido. Hoje, por exemplo, eu

posso resolver dar um prato de comida para alguém que me

pediu. Essa pessoa, no entanto, precisa comer 365 dias do

ano, só que eu dou apenas hoje. Porém, se eu puder reunir

SOLIDARIEDADE É PENSAR O OUTRO, BUSCAR SOLUÇÕES,

É INCLUIR O OUTRO NO SEU PROJETO DE VIDA

Estilo Zaffari 89

79079_perfil1.p65 26/11/03, 15:555

amigos e fazer um planejamento para que a cada semana

um do grupo se encarregue de levar uma cesta básica para

essa família, por exemplo, isso resulta em uma emoção com

resultados. Porque foi planejado, porque não ficou excessi-

vamente dispendioso para ninguém e, principalmente: ao

levar essa cesta cria-se a oportunidade de conversar com

essas pessoas, podendo ser encontrada uma solução para

que elas não fiquem a vida inteira dependentes dessa cesta.

QUE ASPECTOS DISTINGUEM O VOLUNTARIADO DO ASSISTEN-

CIALISMO?

Comprometimento e responsabilidade.

ESTES ASPECTOS NÃO SERIAM EXATAMENTE OS QUE ASSUSTAM E

DESANIMAM AS PESSOAS QUE QUEREM AJUDAR, MAS NÃO QUE-

REM COMPROMISSO?

O trabalho voluntário organizado, o exercício da ci-

dadania não é feito por impulso. Não é voluntarismo.

Voluntarismo é uma coisa que se faz hoje, e pode não se

fazer amanhã. É feito em função de um desejo pessoal, do

tipo: “eu quero conhecer uma creche ou um asilo”, “eu es-

tou precisando interagir com alguma coisa, com alguma pes-

soa carente”. É uma necessidade de quem quer dar. Qual o

resultado que será produzido? Resultado nenhum. Só vai

atender a um desejo momentâneo. E a outra pessoa com a

qual se interagiu? No livro O Pequeno Príncipe lê-se: “Você

se torna responsável por aquilo que cativa”. E, realmente,

quando tu te aproximas de alguém tu desenvolves um vín-

culo, um sentimento, uma expectativa, especialmente quan-

do se trata de um quadro de carência. E as carências não

são apenas materiais, físicas. São, principalmente, emocio-

nais, e tu tens que respeitar isso. Por outro lado, se a pessoa

se conscientiza de que isso faz parte do exercício de cidada-

nia dela, ela vai passar a fazer normalmente, e quando ela

não fizer ela mesma vai se questionar. Resumindo, o traba-

lho voluntário organizado não é fazer alguma coisa quando

te sobra um tempinho. Na vida da gente, as coisas mais

importantes são o tempo e o conhecimento, e os problemas

estão aí, não podem esperar por um tempinho de alguém

para serem resolvidos. Ter um conhecimento que possa ser

disponibilizado para a comunidade é mais do que doar. Doar,

se doam coisas materiais que vão e não voltam mais.

POR AINDA CONVIVERMOS COM O CONCEITO DE “FAZER O BEM”, DE

“SER BOM”, NO SENTIDO MAIS RELIGIOSO DA SOLIDARIEDADE, PODE

O CANDIDATO A VOLUNTÁRIO CHEGAR À CONCLUSÃO DE QUE NÃO ESTÁ

ELEVADO O SUFICIENTE PARA DAR ALGUMA COISA A OUTRA PESSOA?

O voluntariado não faz julgamentos morais. Para

participar da Parceiros Voluntários, por exemplo, ninguém

será julgado quanto à motivação íntima pela qual foi le-

vado a se envolver. Se for o lado religioso, vem e faz!

Quer uma cadeira no Céu? O padre ou o pastor mandou

fazer um trabalho voluntário? Mãos à obra!

SÓ NÃO VALE COBRAR DA PARCEIROS A CADEIRA NO CÉU...

Não, não pode (risos). A motivação para o traba-

lho voluntário deve ser racional, e pode muito bem estar

assentada no egoísmo construtivo. E isso funciona assim:

a pessoa quer ter a liberdade de sair à rua à noite, com o

carro que ela quiser, com a roupa que ela quiser, com a

jóia que ela quiser, sem ser assaltada. Certo. Para que

isso aconteça assim, é preciso que se mude uma realida-

de social que está aí. Usufruir a liberdade; isso é o egoís-

mo construtivo. É devolver à sociedade alguma coisa.

QUAL A MAIOR DIFICULDADE A SER ENFRENTADA PELO VOLUN-

TÁRIO?

É essa pessoa ter estrutura emocional para conseguir

conviver com uma realidade diferente da realidade dela.

Basta observar que todos nós vivemos num circuito de lu-

gares e ambientes bem fechado: o colégio dos filhos, os res-

taurantes de costume, as avenidas do bairro de cada um, os

amigos, a igreja, os cinemas... É um círculo todo mapeado:

são os mesmos lugares e as mesmas pessoas. Quando saímos

do nosso próprio mundo (e para isso não precisa muito, bas-

tam algumas quadras), nos deparamos com outra realidade.

Há de haver estrutura emocional, e, por vezes, as pessoas

não conseguem se adaptar, pelo choque, optando então por

fazer doações a distância no lugar de irem pessoalmente.

E ESSE CHOQUE, A DOR DE VER O QUE NÃO SE QUER VER, NÃO

PASSA?

Depende da estrutura psicológica de cada um. Alguns

vencem, conseguindo descolar desse ambiente de miséria e

de carência as coisas materiais, olhando apenas para os se-

TRABALHO VOLUNTÁRIO ORGANIZADO NÃO É

FAZER ALGO QUANDO TE SOBRA UM TEMPINHO

90 Estilo Zaffari

79079_perfil1.p65 26/11/03, 15:586

res humanos que estão ali, e como seres humanos todos nós

somos iguais. Só estamos em situações e oportunidades di-

ferentes na vida, e isso também não é uma decisão nossa, e

sim de uma inteligência superior. Quando as pessoas conse-

guem fazer esse descolamento, conviver com o que as cho-

ca, disponibilizam ao outro aquilo que elas têm de melhor.

UMA DAS CRENÇAS DA PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, E PORTANTO UMA

CRENÇA SUA TAMBÉM, É DE QUE TODA PESSOA É SOLIDÁRIA. DE

ONDE VEM ESSA CERTEZA?

Eu tenho a certeza de que o ser humano é bom. Ele

passa a ter comportamentos diferenciados por ‘n’ razões da

vida, e aí entram a sociologia, a antropologia, etc. Mas a

essência, ela é boa. Para campanhas arrecadatórias, todos

contribuem, basta ter uma instituição forte, como, por

exemplo, a Rede Globo. Eu até costumo visualizar um

movimento: aquele chamamento entra pelo nosso ouvido

(Maria Elena mostra com o indicador o trajeto entre o ouvi-

do e a mão), nos faz estender o nosso braço, abrir nossa

mão e disponibilizar aquilo que está sendo pedido: roupa,

calçado, alimento, o que seja. Mas muitas vezes não é o

recurso financeiro o mais importante. É o conhecimento

que alguém tem e que vai levar para uma instituição. Mui-

tas vezes, o que faz uma grande diferença é sentar ao lado

de alguém e escutar o que essa pessoa tem a dizer. Então,

não é o dinheiro, não são cinqüenta reais que vão mudar a

realidade dela. Por quê? Porque ela está querendo que al-

guém a escute. É sentimento, e sentimento não tem preço.

OS MATERIAIS AUDIOVISUAIS DA PARCEIROS VOLUNTÁRIOS SEMPRE

DEIXAM CLARO QUE AS PESSOAS QUE VÃO LEVAR CONHECIMENTO E

SOLIDARIEDADE POR MEIO DO TRABALHO VOLUNTÁRIO, TAMBÉM RE-

CEBEM ALGO. O QUE É QUE ESSAS PESSOAS LEVAM PARA CASA?

Eu tiraria a palavra “também”. Elas dão e rece-

bem. Ponto. É tácito, essa é uma lei do Universo: o que

tu dás, tu recebes. É uma lei que organiza o Universo.

É como a bola de tênis: quem a joga na parede, a recebe

de volta. Se a bola foi bem jogada, ela volta redondinha

Perfil

MUITAS VEZES O MAIS IMPORTANTE NÃO É O RECURSO

FINANCEIRO, É ESCUTAR O QUE A PESSOA TEM A DIZER

92 Estilo Zaffari

79079_perfil1.p65 21/11/03, 22:298

res humanos que estão ali, e como seres humanos todos nós

somos iguais. Só estamos em situações e oportunidades di-

ferentes na vida, e isso também não é uma decisão nossa, e

sim de uma inteligência superior. Quando as pessoas conse-

guem fazer esse descolamento, conviver com o que as cho-

ca, disponibilizam ao outro aquilo que elas têm de melhor.

UMA DAS CRENÇAS DA PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, E PORTANTO UMA

CRENÇA SUA TAMBÉM, É DE QUE TODA PESSOA É SOLIDÁRIA. DE

ONDE VEM ESSA CERTEZA?

Eu tenho a certeza de que o ser humano é bom. Ele

passa a ter comportamentos diferenciados por ‘n’ razões da

vida, e aí entram a sociologia, a antropologia, etc. Mas a

essência, ela é boa. Para campanhas arrecadatórias, todos

contribuem, basta ter uma instituição forte, como, por

exemplo, a Rede Globo. Eu até costumo visualizar um

movimento: aquele chamamento entra pelo nosso ouvido

(Maria Elena mostra com o indicador o trajeto entre o ouvi-

do e a mão), nos faz estender o nosso braço, abrir nossa

mão e disponibilizar aquilo que está sendo pedido: roupa,

calçado, alimento, o que seja. Mas muitas vezes não é o

recurso financeiro o mais importante. É o conhecimento

que alguém tem e que vai levar para uma instituição. Mui-

tas vezes, o que faz uma grande diferença é sentar ao lado

de alguém e escutar o que essa pessoa tem a dizer. Então,

não é o dinheiro, não são cinqüenta reais que vão mudar a

realidade dela. Por quê? Porque ela está querendo que al-

guém a escute. É sentimento, e sentimento não tem preço.

OS MATERIAIS AUDIOVISUAIS DA PARCEIROS VOLUNTÁRIOS SEMPRE

DEIXAM CLARO QUE AS PESSOAS QUE VÃO LEVAR CONHECIMENTO E

SOLIDARIEDADE POR MEIO DO TRABALHO VOLUNTÁRIO, TAMBÉM RE-

CEBEM ALGO. O QUE É QUE ESSAS PESSOAS LEVAM PARA CASA?

Eu tiraria a palavra “também”. Elas dão e rece-

bem. Ponto. É tácito, essa é uma lei do Universo: o que

tu dás, tu recebes. É uma lei que organiza o Universo.

É como a bola de tênis: quem a joga na parede, a recebe

de volta. Se a bola foi bem jogada, ela volta redondinha

Perfil

MUITAS VEZES O MAIS IMPORTANTE NÃO É O RECURSO

FINANCEIRO, É ESCUTAR O QUE A PESSOA TEM A DIZER

92 Estilo Zaffari

79079_perfil1.p65 21/11/03, 22:298

e o jogo continua. Se for jogada uma bola torta, na vol-

ta ela pode pegar o nariz de quem jogou e quebrá-lo.

Então, quem vai com bom sentimento até o outro rece-

be bom sentimento. Se vai com preconceito, recebe pre-

conceito. O sentimento que tu disponibilizas é o que tu

recebes. A qualquer pessoa que faz trabalho voluntário,

se tu colocares um microfone de improviso e pergunta-

res como ela está se sentindo, a resposta será: “Ah, es-

tou muito feliz, nunca imaginei que uma ação minha

fosse tão precisada por outras pessoas, e nunca imaginei

que me sentiria assim!”.

AJUDAR DESCONHECIDOS PODE GERAR CIÚMES, FAZENDO COM QUE

OS VOLUNTÁRIOS SEJAM MAIS COBRADOS PELA FAMÍLIA NA ATEN-

ÇÃO E NO AFETO?

Não, acho que é o oposto. Os membros da família

do voluntário tentam segui-lo. O exemplo que ele dá, a

felicidade que ele expressa e seus relatos provocam o in-

teresse dos familiares. A tendência é de compreensão e

de imitação.

QUAL A ORIENTAÇÃO DA PARCEIROS AOS QUE DESEJAM EFETIVAR

SUA PARTICIPAÇÃO QUANTO AO TEMPO DE DEDICAÇÃO AO TRABA-

LHO VOLUNTÁRIO?

A Parceiros pede que a pessoa disponibilize um

turno por semana, ou seja, uma manhã ou uma tarde.

Para dar uma aula de inglês, por exemplo, são necessá-

rios 45 minutos. Se um professor dedicar duas aulas por

semana, serão 90 minutos na semana. Na ação que pre-

cisa ser feita dentro de uma organização carente, suge-

re-se que seja de um expediente: uma manhã inteira,

uma tarde inteira, e é claro, depende da ação escolhida.

Também tem outro formato de participação, que é levar

a atividade ou tarefa proposta para dentro do próprio

ambiente do voluntário: seu escritório, sua casa. O tra-

balho voluntário organizado não é necessariamente fei-

to na ponta, diretamente com o necessitado. Pode ser

uma contribuição para a parte gerencial e administrati-

va da organização.

A QUE TIPO DE ATIVIDADE AS PESSOAS SE DISPÕEM?

As pessoas querem disponibilizar a sua formação,

Perfil

aquilo que elas sabem fazer profissionalmente muito bem.

E é desse conhecimento que o Terceiro Setor – as organi-

zações sem fins lucrativos – estão precisando: o conheci-

mento diferenciado, o olhar diferenciado.

POIS ENTÃO VAMOS FAZER AGORA MESMO UMA AÇÃO VOLUNTÁRIA

DE MOBILIZAÇÃO, CHAMANDO REFORÇOS: DE QUE TIPO DE MÃO-

DE-OBRA A PARCEIROS ESTÁ PRECISANDO HOJE? HOMENS, MU-

LHERES, PROFISSIONAIS...

Ah, tocaste num ponto nevrálgico dentro da Par-

ceiros, que é uma queixa minha pessoal: se estamos di-

zendo que o trabalho voluntário é o exercício da cidada-

nia, por que os homens não vêm?

AH, PEGAMOS OS HOMENS “NA TAMPINHA”! QUAL A PORCENTA-

GEM DE HOMENS E MULHERES NO TOTAL DOS VOLUNTÁRIOS?

Nós temos 23% de homens e 77% de mulheres.

COMO SE PODE INTERPRETAR ESSE DESEQUILÍBRIO?

A inteligência da mulher é... digamos, multi-

direcional. Ela consegue dar atenção à sua família, seus

filhos, irmãos, pais e amigos, e ainda é boa profissional,

leva criança para o colégio, para o médico, ou seja: ela

faz “quinhentas” coisas ao mesmo tempo. O homem tem

a inteligência unidirecional. Quando ele entra no escri-

tório, esquece todo o resto, e se foca naquilo ali. Se ele

está assistindo a uma partida de futebol na televisão, não

vê mais nada: é aquilo ali. É uma característica do gêne-

ro, eu acho. Não é defeito, é uma característica.

ENTÃO, ESTAMOS PRECISANDO DE HOMENS NA PARCEIROS?

Estamos precisando que o sexo masculino se

conscientize de que são cidadãos também. Aliás, tem

uma outra coisa que é muito pitoresca: seguido aconte-

ce – até com amigos bem próximos – de homens me

dizerem: “Ah, teu trabalho é lindo, maravilhoso, etc.

etc.” e então eu digo: “E aí, posso contar contigo?” e a

resposta é: “Claro que sim! Vou mandar minha mulher

ligar para ti!” (risos). É que, na cabeça deles, se a inici-

ativa for induzir a mulher a participar, ele já fez a parte

dele! Ou seja: a contribuição dele para a comunidade é

colocar a mulher dele à disposição da comunidade. Já

SE TRABALHO VOLUNTÁRIO É O EXERCÍCIO DA CIDADANIA,

POR QUE OS HOMENS PARTICIPAM TÃO POUCO?

94 Estilo Zaffari

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viu que situação? Mas não vamos malhar muito os ho-

mens, principalmente em respeito aos parceiros que

completam os 23%! (risos).

E QUAL A PRINCIPAL FAIXA ETÁRIA DESSA POPULAÇÃO DE HOMENS

VOLUNTÁRIOS?

São os que estão no mercado de trabalho: de 25 a

40 anos. A característica deles é de querer passar co-

nhecimento. Por fazer muito bem um planejamento, por

exemplo, se propõem a fazê-lo para alguma organização

carente que esteja precisando. E é essa a nossa expecta-

tiva, que cada um faça o que sabe fazer, inclusive po-

dendo sensibilizar outros profissionais ou empresas que

complementem as outras ações necessárias, estabelecen-

do-se uma rede de ações.

SABE-SE QUE PARA FUNDAR A PARCEIROS VOCÊ FOI BUSCAR CO-

NHECIMENTO DE COMO PROFISSIONALIZAR O TRABALHO VOLUN-

TÁRIO. MAS COMO REFERÊNCIA PESSOAL, VOCÊ LEMBRA QUAIS

FORAM AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS?

Olha, isso já está tão perdido no passado, que eu

quase não me lembro mais... (risos). Lembro que por vol-

ta dos meus 14 anos nós morávamos perto de uma cre-

che e a gente precisou fazer uma campanha, por causa de

uma enchente ou alagamento, não me recordo exatamen-

te, mas nós tivemos que bater de porta em porta, e eu

afirmo: todas as pessoas são solidárias, pois todas davam

alguma coisa. Esta foi a minha primeira ação. E foi em

seguimento do exemplo da minha mãe. Por isso que eu

digo: se dentro da família tem alguém que faz com natu-

ralidade, sem criticar quem não faz nem supervalorizar

quem faz, essa prática é incorporada pelos princípios e

valores daquela família. Eu via minha mãe fazendo, con-

tinuei fazendo, meus irmãos também fazem... Era a cul-

tura da família. Depois, quando eu me aposentei, quan-

do me casei com o Jorge, a vida me deu de bandeja a

oportunidade de me ocupar integralmente com o

voluntariado, como que me dizendo: “Olha aí, Maria

Elena, faz o que tu mais gostas de fazer” – aí seria até

covardia se eu não fizesse!

QUAIS SÃO AS CONVICÇÕES PESSOAIS QUE SE CONSOLIDARAM A

PARTIR DAS EXPERIÊNCIAS COM O TRABALHO VOLUNTÁRIO?

Eu acho que não existe terreno árido que não possa

ser fertilizado. Porque estamos falando de seres huma-

nos, e todas as pessoas são solidárias, onde quer que este-

jamos. Algumas, com realidades mais duras, tornam-se

mais duras, mas, por incrível que pareça, nós vamos en-

contrar as pessoas mais solidárias e generosas nas nossas

vilas. Se essas pessoas têm um único prato de comida,

elas dividem com quem não tem, porque amanhã pode

ser que elas não tenham esse prato de comida, e os vizi-

nhos vão dividir com elas. O problema é de todos, é de

sobrevivência.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE SOLIDARIEDADE E GENEROSIDADE?

Solidariedade é uma estado específico, ligado a uma

causa específica: tu podes te solidarizar com uma causa,

uma pessoa, uma situação, até em detrimento de outra

causa. É um estado focado e pontual. Quanto à generosi-

dade, tu és ou não generosa. É uma característica própria,

essencial.

SE VOCÊ PUDESSE DEIXAR UMA MENSAGEM DE NATAL...

Eu diria: enquanto indivíduos, nós temos compro-

misso com a nossa família. Como cidadãos, nós temos

compromisso com o nosso país e, por sermos humanos,

compromisso com nosso planeta. Como seres de essência

divina – e eu acredito que um dia nós vamos voltar para

essa energia cósmica e universal de onde viemos –, seria

muito bom que não voltássemos de mãos vazias. Deverí-

amos retornar um pouquinho melhorados, evoluídos.

Nesta época de Natal, podemos refletir: “O que estou

fazendo aqui, por que vim, e até quando irei ficar? Quan-

do eu retornar, o que é que eu deixo, e o que é que eu

levo? Se já sabemos que não se leva nada de material,

que rastro eu deixo, que ações que tenham feito diferen-

ça na vida de alguém?”. Que não seja apenas um rastro

de perfume...

QUE PELO MENOS FIQUE, NA LEMBRANÇA DOS FILHOS, A NATURA-

LIDADE EM AUXILIAR OS OUTROS...

... pelo exemplo que foi deixado. Já é uma boa he-

rança, um bom legado!

TENHO A CONVICÇÃO DE QUE NÃO EXISTE

TERRENO ÁRIDO QUE NÃO POSSAMOS FERTILIZAR

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Assim, ó...

Cidade que se entrega à primeira vista não merece respeito

MISTÉRIOS DE PORTO ALEGRE

Ainda esses dias o Nei Lisboa, em crônica, fez piada com

o clima do estado, dizendo que temos cinco estações ao ano: as

quatro conhecidas, mais uma quinta, o bafo, nosso velho co-

nhecido. Tem até a frase pronta, que usamos ao encontrar al-

guém no verão: “O pior não é o calor, mas o ... bafo”. Talvez

Porto Alegre sofra mais que outras cidades do estado. Também,

pudera: com essa massa d'água bem do lado, cinco rios desa-

guando no Guaíba, e isso tudo a poucas dezenas de quilômetros

da imensa massa líquida da lagoa dos Patos. Umidade mais ca-

lor igual a bafo. É um dos mistérios de Porto Alegre, cidade fria

em vários sentidos, mas calorenta no verão.

Pessoalmente acho o máximo que a cidade tenha misté-

rios. Não enormes e insolúveis, mas pequenos, parciais, acessí-

veis. Eles ajudam uma cidade a existir, porque dão consistência

àvida. O pior que pode haver, para mim, é uma cidade sem

nenhuma espessura, sem história, totalmente transparente. Uma

cidade que se entrega na primeira visita e à primeira vista não

merece o meu respeito.

Tanto gosto do tema que cultivo um projeto, que algum

dia deve virar livro. Ele se chamará justamente Mistérios Parciais

de Porto Alegre. E a epígrafe virá de um porto-alegrense honorá-

rio, Jorge Luis Borges. Sua cidadania honorífica eu inventei ago-

ra, é claro. Mas ele a merece, ainda que postumamente, porque

sua obra ajuda a entender nossa terra. A frase que citarei: “Tal-

vez a missão do tango seja essa: dar aos argentinos a certeza de

haverem sido valentes, de terem já cumprido com as exigências

da valentia e da honra”. Ainda vou pensar bem, mas é possível

que eu substitua “tango” por “vanerão” e “argentinos” por “gaú-

chos”; o resto permanece igual.

São tantos os mistérios a abordar que nem sei por qual

começar. Pode ser pelos acidentes geográficos, como o já menci-

onado bafo, ou pela qualificação exata para o Guaíba, que foi

rio, passou a estuário e hoje é lago. Tem o caso do paralelo 30°

Sul, que condiciona a beleza e a duração do pôr-do-sol e, dizem

os entendidos nas artes e ciências obscuras, marca definitiva-

mente o destino de uma região: teríamos uma sorte parecida com

a do Triângulo das Bermudas, que fica em posição simétrica à

nossa, no hemisfério norte. Lá somem navios e outras enormida-

des, ao passo que aqui...

Haveria um capítulo para as coisas emperradas. A Rota do

Sol, unindo a Serra ao Litoral sem passar pela região metropolita-

na. A utilização moderna e não-poluente do carvão de São

Jerônimo. O trem-bala entre Porto Alegre e Tramandaí.

O aeromóvel de Porto Alegre, que vive nos sonhos de uns quantos

e repousa sua carcaça em uma inacreditável pista aérea na Ponta

do Gasômetro.

Falando nisso: um dos capítulos mais recheados seria, natu-

ralmente, o das designações. A Usina do Gasômetro, hoje um cen-

tro cultural de alta voltagem, era uma usina sim, mas não tinha

nada a ver com gás, e sim com o carvão: queimava-se o recurso

natural para gerar energia para uma cidade bastante acanhada,

entre a década de 1920 e a de 1960. O nome se conservou de uma

antiga usina de gás mesmo, que havia ali por perto, a partir de

1870 e até os anos 1950.

Teríamos que falar da rua Praia de Belas, que não tem nada a

ver com beldades e sim com um certo Antônio Rodrigues Belas

(decepcionante, não?). E na rua da Praia, que não tem praia há dois

mil anos. Seria obrigatório mencionar o parque da Redenção, que

100% das pessoas conhecem por este nome mas a burocracia insiste

em chamar de parque Farroupilha. Tanta coisa. Tanto mistério.

L U Í S A U G U S T O F I S C H E R

LUÍS AUGUSTO FISCHER É PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR

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