Revista Estilo 49

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geladas Sobremesas PERFIL FERNANDA LIMA, MÃE MODELO VIAGENS CRUZEIRO DE LUXO E AVENTURA PELA PATAGÔNIA ISTAMBUL, ONDE ORIENTE E OCIDENTE SE ENCONTRAM QUATRO RECEITAS INCRÍVEIS E PERFEITAS PARA O VERÃO

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Edição de novembro de 2008

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geladasSobremesasPERFILFERNANDA LIMA,MÃE MODELO

VIAGENSCRUZEIRO DE LUXOE AVENTURAPELA PATAGÔNIA

ISTAMBUL, ONDEORIENTE E OCIDENTESE ENCONTRAM

QUATRO RECEITAS INCRÍVEIS E PERFEITAS PARA O VERÃO

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Cotidiano

Aprender é um verbo que não humilha!ORGULHO DE NÃO SABER

Ligo para uma empresa com a intenção de cancelar umaassinatura. Falo com uma atendente responsável pelo setor.Ela pede meus dados e depois faz uma pergunta natural: seestou cancelando a assinatura por motivo de insatisfação. Digoque não, meu motivo é falta de tempo, não tenho conseguidoler tudo o que chega em casa. Ela então argumenta os benefí-cios do produto que representa. Ouço com atenção, agrade-ço, mas mantenho minha intenção de cancelar. Ela começaentão a ficar inconveniente, sugerindo que eu estou tomandoa decisão errada, que deveria cancelar outra assinatura e nãoa que ela representa. Ela fala, fala, fala. Eu digo que minhadecisão está tomada e que ela não irá me demover da idéia.Então ela ri: “Demover? Mas o que é isso? Pelo jeito, estoufalando com alguém muito erudito”. Quá, quá, quá. Perguntose ela não conhece “demover” e ela responde claro que não,como se a humanidade inteira tampouco conhecesse e eu ti-vesse acabado de inventar uma esquisitice verbal. Ela estáachando a maior graça do meu vocabulário e só falta me cha-mar de imbecil. Desliguei antes de demovê-la da idéia de con-tinuar existindo.

Na mesma hora, lembrei de um dia em que conversa-va com um grupo e deixei escapar algum comentário sobreDiana Krall. Uma mulher virou pra mim e perguntou comcara de nojo: “Quem é esta?” Expliquei. Ninguém é obrigadoa saber que Diana Krall é uma cantora de jazz, ainda que elaseja bem manjada. A mulher reagiu com um desprezo absolu-to e insinuou que eu estava querendo me exibir.

Não sei nada sobre nada. Gostaria de ter muito mais

conhecimento do que tenho, de ser uma expert em váriosassuntos que mal arranho. Diante deste quadro, estou sem-pre atenta a tudo que ouço, a tudo que vejo. Não tenho ver-gonha nenhuma de perguntar, de tentar saber mais sobre oque sei pouco. Nunca me senti inferiorizada por estar por forade alguns temas, e muito menos tenho orgulho disso: se ouçoalgo e não sei do que se trata, eu pesquiso, indago, me interes-so. Aprender é um verbo que não me humilha.

Daí que fico pasma quando vejo que certas pessoastêm orgulho do que não sabem. Geralmente, são aquelesque não acreditam que o homem foi à lua, mas que acredi-tam que Elvis está vivo, como se eles fossem portadores deuma verdade inatingível para nós, os babacas que caem emtudo o que a tevê diz.

A menina que me atendeu ao telefone teve certe-za de que falei “demover” para inferiorizá-la. E a mulherque me ouviu citar o nome de Diana Krall também. Mascom elas, não, violão. O que estou pensando? Que sou oúltimo copo d´água do deserto? Que “demover”, quenada. Começa assim e daqui a pouco vai estar falando“corroborar”, “elucubrar”, “aferir”...

Aqueles que menosprezam os que sabem um tiquinhomais dão um tiro no próprio pé. Poderiam se interessar, apren-der e escapar da sensação de inferioridade, mas preferem pas-sar atestado.

M A R T H A M E D E I R O S

MARTHA MEDEIROS É ESCRITORA

12 Estilo Zaffari

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histórias, idéias e receitas de atalaEntre os gourmets, gourmands e qualquer cidadão interes-sado em gastronomia, Alex Atala é unanimidade. E nada burra! Mais do que um cozinheiro ou chef talen-toso, Atala tem se revelado um pensador sobre o ato de cozinhar. Assim como o gênio Heitor Villa Lobos (1887-1959), que pensou e reposicionou a música e o folclore brasileiro, Alex repensa a comida. Villa Lobos foi pionei-ro ao inserir o folclore na música clássica. Sua obra mais reconhecida, as Bachianas Brasileiras, mostra sua visão brasileira inspirada em Bach. O resultado não poderia ser mais brilhante. Para Atala, o Bach da cozinha é Auguste Escoffier (1846-1935), cozinheiro francês que renovou e sistematizou a culinária francesa mo-derna. Longe das coincidências e acasos, Alex Atala faz de suas Escoffianas a junção deste recriar, de um repensar e, quem sabe, de um primeiro passo para sistematizar as peculiaridades e potencialidades de uma culinária genuinamente nacional. Como Villa Lobos, ele brinca com ingredientes folclóricos de forma séria. Como Escoffier, ele busca a renovação da culinária da vovó, da cozinha de raiz aliada à técnica, ao pensar e ao redescobrir. Em 600 páginas, 107 receitas, Escoffianas Brasileiras é recheado de histórias, pensatas e receitas dos pratos que reconstroem a trajetória do ex-DJ e pintor de paredes que se tornou o chef brasileiro mais reconhe-cido nacional e internacionalmente. Dividido em três partes: o aprendizado, o sonho e a realidade, o livro traz receitas distribuídas em três níveis: básicas, para gourmets e ainda uma seção mais direcionada a chefs “de verdade”. Para leitores de todos os níveis, uma certeza: Escoffianas Brasileiras é prazer em (quase) todos os sentidos.

mesa de cinema em porto alegre e em são pauloEm meados de 2004, a notícia do lançamento no Brasil do DVD do filme A Festa de Babette foi festejada em silêncio respeitoso e criativo. A busca por receitas do filme na internet e o cruzamento de palavras-chave como gastronomia e cinema foram o impulso para a criação de um projeto que há quatro anos vem deleitando um seleto grupo de gaúchos e aos poucos vai se espalhando pelo Brasil. O Mesa de Cinema brinca com a metáfora de comer um filme e enleva seus participantes tornando-a realidade. Como? Com a reprodução do cardápio, do clima e das emoções pinçadas da tela para a realidade. O evento se desenvolve com um roteiro único: coquetel, sessão de cinema, debate e jantar, às vezes almoço. O ciclo de 2008 se re-alizou mensalmente no Santander Cultural, casa temporária do evento desde 2007 – antes ele ocupou a Pousada do Engenho, em São Francisco de Paula, e depois o hotel Casa da Montanha, em Gramado. Edições extras visitaram São Paulo, em Santos (no Espaço XV, com o filme Uma Receita para a Máfia) e na capital, dia 13 de dezembro, com O amor está na mesa. A idéia é que em 2009 o evento circule por outras cidades, mantendo Porto Alegre como sede e uma freqüência maior em São Paulo.

duas paixões em drágeasO chocolate e o café, duas paixões presentes no dia-a-dia dos brasileiros, agora podem ser degustados em um só produto. O Café do Porto e a Chocolates Prawer se uniram para lançar uma deliciosa novidade: as drágeas Petit Café, feitas com grãos de café cobertos com chocolate ao leite. Além de diferentes, as drágeas são uma verdadeira delícia. Tanto o cacau quanto o café utilizados são de origem controlada – o primeiro, da Fa-zenda Santa Rita, no Espírito Santo; e o segundo, da Fazenda DaTerra, em Minas Gerais. A Prawer é responsável pela fabri-cação do Petit Café, usando o grão selecionado pelo Café do Porto. O produto está à venda nas lojas de ambas as empresas. Experimente, mas cuidado: é impossível comer só uma...

cesta básica

delícias americanasem solo gaúchoEm agosto foi inaugurada, em Porto Alegre, a Priscilla’s, uma pequena e supercharmosa padaria, recheada de sabores deliciosos trazidos diretamente de Nova Iorque.Bernard Haffeman, nascido nos EUA e cidadão gaúcho há sete anos, transferiu para Porto Alegre a experiência e o know-how conquistados por seu pai com a Priscilla’s original, que funcionou por 16 anos no Greenwich Village. Os brownies, cookies, pies, muffins, cupcakes, brioches e outras delícias produzidas na padaria são de tirar qualquer um do sério... impecáveis e irresistíveis. Bernard preserva na “filial” gaúcha as diretrizes da “sede”americana: total precisão nos métodos e técnicas artesanais de produção, produtos de alta qualidade e naturais, com o uso mínimo de ingredientes processados. Vá até lá e esqueça da dieta. Os sticky buns, que aparecem na foto acima (mais conhecidos como cinnamon rolls), são viciantes. E o brownie de chocolate com menta é um absurdo de tão gostoso.

nesta seÇão VocÊ encontra dicas e

sugestões para curtir o dia-a-dia e se

diVertir de Verdade: música, cinema,

lugares, oBJetos especiais, co midinhas,

passeios, compras. Bom proVeito!

escoffianas Brasileiras autor: alex atala, com carolina chagas

Preço: r$ 249,00 • Págs.: 520 • editora: Larousse do BrasiLÀ Venda na liVraria cultura

• rua domingos José de aLmeida, nº30, LoJa 101, rio Branco • Porto

aLegre/rs • de terças a sáBados, das 11h às 20h • Fone: 3013.5812

• www.mesadecinema.com.br

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histórias, idéias e receitas de atalaEntre os gourmets, gourmands e qualquer cidadão interes-sado em gastronomia, Alex Atala é unanimidade. E nada burra! Mais do que um cozinheiro ou chef talen-toso, Atala tem se revelado um pensador sobre o ato de cozinhar. Assim como o gênio Heitor Villa Lobos (1887-1959), que pensou e reposicionou a música e o folclore brasileiro, Alex repensa a comida. Villa Lobos foi pionei-ro ao inserir o folclore na música clássica. Sua obra mais reconhecida, as Bachianas Brasileiras, mostra sua visão brasileira inspirada em Bach. O resultado não poderia ser mais brilhante. Para Atala, o Bach da cozinha é Auguste Escoffier (1846-1935), cozinheiro francês que renovou e sistematizou a culinária francesa mo-derna. Longe das coincidências e acasos, Alex Atala faz de suas Escoffianas a junção deste recriar, de um repensar e, quem sabe, de um primeiro passo para sistematizar as peculiaridades e potencialidades de uma culinária genuinamente nacional. Como Villa Lobos, ele brinca com ingredientes folclóricos de forma séria. Como Escoffier, ele busca a renovação da culinária da vovó, da cozinha de raiz aliada à técnica, ao pensar e ao redescobrir. Em 600 páginas, 107 receitas, Escoffianas Brasileiras é recheado de histórias, pensatas e receitas dos pratos que reconstroem a trajetória do ex-DJ e pintor de paredes que se tornou o chef brasileiro mais reconhe-cido nacional e internacionalmente. Dividido em três partes: o aprendizado, o sonho e a realidade, o livro traz receitas distribuídas em três níveis: básicas, para gourmets e ainda uma seção mais direcionada a chefs “de verdade”. Para leitores de todos os níveis, uma certeza: Escoffianas Brasileiras é prazer em (quase) todos os sentidos.

mesa de cinema em porto alegre e em são pauloEm meados de 2004, a notícia do lançamento no Brasil do DVD do filme A Festa de Babette foi festejada em silêncio respeitoso e criativo. A busca por receitas do filme na internet e o cruzamento de palavras-chave como gastronomia e cinema foram o impulso para a criação de um projeto que há quatro anos vem deleitando um seleto grupo de gaúchos e aos poucos vai se espalhando pelo Brasil. O Mesa de Cinema brinca com a metáfora de comer um filme e enleva seus participantes tornando-a realidade. Como? Com a reprodução do cardápio, do clima e das emoções pinçadas da tela para a realidade. O evento se desenvolve com um roteiro único: coquetel, sessão de cinema, debate e jantar, às vezes almoço. O ciclo de 2008 se re-alizou mensalmente no Santander Cultural, casa temporária do evento desde 2007 – antes ele ocupou a Pousada do Engenho, em São Francisco de Paula, e depois o hotel Casa da Montanha, em Gramado. Edições extras visitaram São Paulo, em Santos (no Espaço XV, com o filme Uma Receita para a Máfia) e na capital, dia 13 de dezembro, com O amor está na mesa. A idéia é que em 2009 o evento circule por outras cidades, mantendo Porto Alegre como sede e uma freqüência maior em São Paulo.

duas paixões em drágeasO chocolate e o café, duas paixões presentes no dia-a-dia dos brasileiros, agora podem ser degustados em um só produto. O Café do Porto e a Chocolates Prawer se uniram para lançar uma deliciosa novidade: as drágeas Petit Café, feitas com grãos de café cobertos com chocolate ao leite. Além de diferentes, as drágeas são uma verdadeira delícia. Tanto o cacau quanto o café utilizados são de origem controlada – o primeiro, da Fa-zenda Santa Rita, no Espírito Santo; e o segundo, da Fazenda DaTerra, em Minas Gerais. A Prawer é responsável pela fabri-cação do Petit Café, usando o grão selecionado pelo Café do Porto. O produto está à venda nas lojas de ambas as empresas. Experimente, mas cuidado: é impossível comer só uma...

cesta básica

delícias americanasem solo gaúchoEm agosto foi inaugurada, em Porto Alegre, a Priscilla’s, uma pequena e supercharmosa padaria, recheada de sabores deliciosos trazidos diretamente de Nova Iorque.Bernard Haffeman, nascido nos EUA e cidadão gaúcho há sete anos, transferiu para Porto Alegre a experiência e o know-how conquistados por seu pai com a Priscilla’s original, que funcionou por 16 anos no Greenwich Village. Os brownies, cookies, pies, muffins, cupcakes, brioches e outras delícias produzidas na padaria são de tirar qualquer um do sério... impecáveis e irresistíveis. Bernard preserva na “filial” gaúcha as diretrizes da “sede”americana: total precisão nos métodos e técnicas artesanais de produção, produtos de alta qualidade e naturais, com o uso mínimo de ingredientes processados. Vá até lá e esqueça da dieta. Os sticky buns, que aparecem na foto acima (mais conhecidos como cinnamon rolls), são viciantes. E o brownie de chocolate com menta é um absurdo de tão gostoso.

nesta seÇão VocÊ encontra dicas e

sugestões para curtir o dia-a-dia e se

diVertir de Verdade: música, cinema,

lugares, oBJetos especiais, co midinhas,

passeios, compras. Bom proVeito!

escoffianas Brasileiras autor: alex atala, com carolina chagas

Preço: r$ 249,00 • Págs.: 520 • editora: Larousse do BrasiLÀ Venda na liVraria cultura

• rua domingos José de aLmeida, nº30, LoJa 101, rio Branco • Porto

aLegre/rs • de terças a sáBados, das 11h às 20h • Fone: 3013.5812

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noVidades no móca caféQuem já conhece o Móca Café vai gostar de saber das novidades que a casa preparou para o final do ano. Quem ainda não conhece, tem ótimos motivos para ir até lá. O Café tem uma programação especial, com música ao vivo de Rodrigo Chileno e Guilherme Oliveira, todas as quin-tas-feiras, a partir das 18h30. Outra boa notícia é o novo cardápio de drinks, todos exclusivos da casa. Opções que prometem agradar a todos os paladares, em especial os mais exigentes. O Móca tem um ambiente bacana, bem decorado e aconchegante, e oferece um cardápio de cafés especiais. Os mais pedidos são o Colombiano e o Dedo de Moça. Os cafés gelados são uma sugestão excelente para o verão e seguem esta mesma linha diferenciada. Experimente o Móca Segredo, grande sucesso da casa. No cardápio ainda figuram quiches e brownies, e a idéia é que, em breve, seja lançada uma linha de sanduíches, saladas e doces.

perfumes do loritaEm apenas seis meses de portas abertas, no limbo dos bairros Rio Branco e Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o Lorita restaurante vem conquistando o público com a qualidade de serviço, programação e cardápio. E com atrativo extra: mesas ao ar livre nos jardins e sob a parreira da casa. Uma delícia! A forte influência da cultura francesa se espalha pelo casarão, pelo pátio e pelos pratos. Com o aval da exigente fada-madrinha Carla Pernambuco, o chef Peter Knoblich capricha nos aromas do menu, sempre inventivo. Um belo exemplo é a panelinha de cogumelos perfumados com confit de cebola, queijo brie e tomilho... Pato, cordeiro, picanha, risotos... tudo vem com um toque único, um perfume envolvente. O nome Lorita é uma homenagem à avó da proprietária da casa, Roberta Horn Gomes, médica psiquiatra que adora gastronomia e cuida com carinho da ambientação do restaurante, e que também se aventura pela cozinha. A casa oferece ainda o Loritinha, espaço para eventos exclusivos e diferenciados. Um luxo!

um roteiro carioca Bem descoladoGraças ao incansável trabalho de garimpo da jornalista Antonia Leite Barbosa, está sendo lançada a 2ª edição da Agenda Carioca, publicação que se tornou uma espécie de guia para os amantes do que existe de bom no Rio de Janeiro. Na primeira edição, 300 endereços desco-lados e, no mínimo, curiosos foram responsáveis pelo sucesso em vendas. Agora esse número saltou para mil e tudo o que surgiu de especial na cidade maravilhosa em entretenimento, cultura, moda, gastronomia e serviços está nas páginas da agenda. Os assuntos refletem o espírito e o dia-a-dia do carioca, e listam pet shops, lojas de roupas, botequins, sapatos e bolsas exclusivas, DJs, promoters, dentre outros. A obra, com identidade visual reformulada, traz os textos e as indicações apresentados de uma maneira divertida, para orientar o leitor a achar o que procura. Com o livro em mãos, dificilmente você vai entrar numa roubada.

cesta básica

chocolates temperadosChocolate é unanimidade. Não tem quem não goste. E o mais legal é que sempre tem gente inventando jeitos diferentes de preparar essa iguaria tão versátil. A Folie, no entanto, deu um passo além: Carolina Carnicelli e Renata Fernandes, as donas da marca, criaram chocolates temperados. As receitas delas combinam especiarias e ingredientes inusitados e propõem um novo jeito de apreciar o chocolate. Já imaginou um meio-amargo com figos caramelizados e alecrim? Ou um branco com milho torrado e sal? Essas delícias vêm em aparas e dentro de lindas caixas com estampas retrô. Absolutamente diferente e totalmente irresistível.

• www.unefolie.com (11) 8326.8288

Boas festas sem stressBom humor é a melhor solução para driblar o estresse e as neuroses que costumam vir à tona no período de final de ano. Pois Mônica Varella faz ótimo uso dessa ferramenta, o humor, em seu novo livro Boas Festas sem Stress: tudo para você simplificar, sem perder o estilo. Especialista em idéias criativas e soluções práticas para a organização de festas, Mônica agora faz uma imersão no mundo das celebrações de final de ano. Suas dicas são preciosas e inspiradoras, além de carregadas do verdadeiro espírito natalino: paz, amor, alegria... e muito alto-astral.

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gaÇã

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• rua dinarte riBeiro, 155 • moinhos de Vento • Porto aLegre/

rs • Fone: 3265.1070 • de segunda a sexta, das 11h às 21h, e

aos sáBados, das 12h às 21h.

agenda carioca, de antonia leite BarBosa440 Páginas, r$ 49,00 • editora senac rio

• de terças a sáBados a Partir das 19h30, domingos ao meio-dia.

• castro aLVes, 678. Porto aLegre/rs • reserVas: (51) 3264 6000

• www.Loritarestaurante.com.Br

Boas festas sem stress: tudo para VocÊ simplificar, sem perder o estilo Formato 21 cm x 30 cm, 142 Páginas À Venda na liVraria cultura

Page 7: Revista Estilo 49

noVidades no móca caféQuem já conhece o Móca Café vai gostar de saber das novidades que a casa preparou para o final do ano. Quem ainda não conhece, tem ótimos motivos para ir até lá. O Café tem uma programação especial, com música ao vivo de Rodrigo Chileno e Guilherme Oliveira, todas as quin-tas-feiras, a partir das 18h30. Outra boa notícia é o novo cardápio de drinks, todos exclusivos da casa. Opções que prometem agradar a todos os paladares, em especial os mais exigentes. O Móca tem um ambiente bacana, bem decorado e aconchegante, e oferece um cardápio de cafés especiais. Os mais pedidos são o Colombiano e o Dedo de Moça. Os cafés gelados são uma sugestão excelente para o verão e seguem esta mesma linha diferenciada. Experimente o Móca Segredo, grande sucesso da casa. No cardápio ainda figuram quiches e brownies, e a idéia é que, em breve, seja lançada uma linha de sanduíches, saladas e doces.

perfumes do loritaEm apenas seis meses de portas abertas, no limbo dos bairros Rio Branco e Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o Lorita restaurante vem conquistando o público com a qualidade de serviço, programação e cardápio. E com atrativo extra: mesas ao ar livre nos jardins e sob a parreira da casa. Uma delícia! A forte influência da cultura francesa se espalha pelo casarão, pelo pátio e pelos pratos. Com o aval da exigente fada-madrinha Carla Pernambuco, o chef Peter Knoblich capricha nos aromas do menu, sempre inventivo. Um belo exemplo é a panelinha de cogumelos perfumados com confit de cebola, queijo brie e tomilho... Pato, cordeiro, picanha, risotos... tudo vem com um toque único, um perfume envolvente. O nome Lorita é uma homenagem à avó da proprietária da casa, Roberta Horn Gomes, médica psiquiatra que adora gastronomia e cuida com carinho da ambientação do restaurante, e que também se aventura pela cozinha. A casa oferece ainda o Loritinha, espaço para eventos exclusivos e diferenciados. Um luxo!

um roteiro carioca Bem descoladoGraças ao incansável trabalho de garimpo da jornalista Antonia Leite Barbosa, está sendo lançada a 2ª edição da Agenda Carioca, publicação que se tornou uma espécie de guia para os amantes do que existe de bom no Rio de Janeiro. Na primeira edição, 300 endereços desco-lados e, no mínimo, curiosos foram responsáveis pelo sucesso em vendas. Agora esse número saltou para mil e tudo o que surgiu de especial na cidade maravilhosa em entretenimento, cultura, moda, gastronomia e serviços está nas páginas da agenda. Os assuntos refletem o espírito e o dia-a-dia do carioca, e listam pet shops, lojas de roupas, botequins, sapatos e bolsas exclusivas, DJs, promoters, dentre outros. A obra, com identidade visual reformulada, traz os textos e as indicações apresentados de uma maneira divertida, para orientar o leitor a achar o que procura. Com o livro em mãos, dificilmente você vai entrar numa roubada.

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chocolates temperadosChocolate é unanimidade. Não tem quem não goste. E o mais legal é que sempre tem gente inventando jeitos diferentes de preparar essa iguaria tão versátil. A Folie, no entanto, deu um passo além: Carolina Carnicelli e Renata Fernandes, as donas da marca, criaram chocolates temperados. As receitas delas combinam especiarias e ingredientes inusitados e propõem um novo jeito de apreciar o chocolate. Já imaginou um meio-amargo com figos caramelizados e alecrim? Ou um branco com milho torrado e sal? Essas delícias vêm em aparas e dentro de lindas caixas com estampas retrô. Absolutamente diferente e totalmente irresistível.

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Boas festas sem stressBom humor é a melhor solução para driblar o estresse e as neuroses que costumam vir à tona no período de final de ano. Pois Mônica Varella faz ótimo uso dessa ferramenta, o humor, em seu novo livro Boas Festas sem Stress: tudo para você simplificar, sem perder o estilo. Especialista em idéias criativas e soluções práticas para a organização de festas, Mônica agora faz uma imersão no mundo das celebrações de final de ano. Suas dicas são preciosas e inspiradoras, além de carregadas do verdadeiro espírito natalino: paz, amor, alegria... e muito alto-astral.

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Consumo

Foi um rio que passou em minha vidaQuando eu nasci meus pais moravam num prédio muito

alto. Nosso apartamento ficava no 23º andar. E o prédio, bem no centro de Porto Alegre, perto do rio Guaíba.

Quase ninguém via o Rio, porque, nas suas margens, foi construído um grande muro, por conta de uma enchente que certa vez inundou a cidade.

Mas eu era privilegiada. Da janela do meu quarto, como era alta, eu enxergava o pôr-do-sol no rio, que era lindo demais. Quando chovia, da janela a gente também via muitos raios e ouvia os trovões. O prédio balançava para o lado, mas a minha mãe falava que a gente não tinha que ter medo da natureza. Nos colocava no colo dela e ficávamos observando tudo, enquanto ela cantava: “Chove, chuva. Chove sem parar…”.

Um dia mudamos. De um prédio para uma casa. De um bairro com rio para um bairro com parque. Foi uma boa troca. Logo começamos a explorar as novas possibilidades. Vizinhos que moravam ao lado e não embaixo! Árvores de frutas no quintal. Lembro bem de uma ameixeira. A gente podia brincar na rua e ter cachorro. Com os vizinhos novos, que depois ficaram vizinhos desde sempre, gostávamos de aprontar um pouco. Pular o muro era uma emoção. Certa vez eu caí dele e quebrei o braço. O nosso bairro tinha uma padaria deliciosa e muitas casas.

Um dia descobrimos que o parque era, na verdade, a central de abastecimento de água do bairro. E por isso a

gente era proibido de chegar perto do lugar onde estavam os grandes tanques de água. Ainda bem que fomos proibi-dos de explorar mais esse parque, porque os tanques pare-ciam piscinas. Já pensou cair uma criança lá dentro? Bom, pelo menos era isso que os adultos falavam. O parque da Caixa d’Água. Até hoje ele se chama assim. E eu pensava: mudei do bairro do rio para um bairro cheio de… piscinas!!

Quando eu já nem me achava uma criança, mudei mais uma vez. De um bairro com parque e caixa d’água para um bairro de casas com piscina. Meu pai construiu essa casa. Ele era engenheiro. Meu irmão mais moço podia ir a pé pra escola dele. Eu ia de carro para a minha faculdade. Nesse bairro tinha uma praça que se chama Japão. Era um bairro residencial. Mas dessa vez não fizemos tantos amigos na rua. Trazíamos nossos amigos lá pra casa. Da sala de jantar, a gente via cavalos e vacas. Tinha até um riachozinho. Mas hoje em dia a gente não vê mais nada disso. Só prédio.

Meus pais ainda moram lá. Eu fui morar em Salvador, Brasília, São Paulo. Mu-

dei algumas vezes mais. Mas sempre que dá, volto para Porto Alegre. Meus filhos adoram a casa dos avós. Que tem piscina, riachozinho e olhares marejados quando nos vêem chegar.

T e T ê p a C h e C o

TeTê paCheCo é publiCiTária

16 Estilo Zaffari

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Page 10: Revista Estilo 49

geladasSobremesas

P O R M I L E N E L E A L F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

Sabor

HUMMMMMMMMM, DELÍCIA!!! NO VERÃO, NADA PODE SER MAIS APETITOSO DO QUE

UMA SOBREMESA BEM GELADINHA, REFRESCANTE, CAPAZ DE FAZER COM QUE A GENTE

ESQUEÇA DO CALORÃO QUE FAZ LÁ FORA. A ESTILO ZAFFARI FOI BUSCAR RECEITAS DE

DOCES SABOROSOS QUE PRECISAM “MORAR” NO FREEZER ANTES DE CHEGAREM À

MESA. ELES DESPERTAM A NOSSA GULA JÁ PELO VISUAL: POTES DE VIDRO “SUADOS”,

CREMES QUE ESCORREM PELO PRATO, CORES INTENSAS. A CHEF JULIA FERNADES, DO

RESTAURANTE SUZANNE MARIE, DE PORTO ALEGRE, É A AUTORA DAS DELÍCIAS QUE

VOCÊ VAI CONHECER A SEGUIR. COPIE AS RECEITAS E FAÇA IGUALZINHO EM CASA!

Page 11: Revista Estilo 49

geladasSobremesas

P O R M I L E N E L E A L F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

Sabor

HUMMMMMMMMM, DELÍCIA!!! NO VERÃO, NADA PODE SER MAIS APETITOSO DO QUE

UMA SOBREMESA BEM GELADINHA, REFRESCANTE, CAPAZ DE FAZER COM QUE A GENTE

ESQUEÇA DO CALORÃO QUE FAZ LÁ FORA. A ESTILO ZAFFARI FOI BUSCAR RECEITAS DE

DOCES SABOROSOS QUE PRECISAM “MORAR” NO FREEZER ANTES DE CHEGAREM À

MESA. ELES DESPERTAM A NOSSA GULA JÁ PELO VISUAL: POTES DE VIDRO “SUADOS”,

CREMES QUE ESCORREM PELO PRATO, CORES INTENSAS. A CHEF JULIA FERNADES, DO

RESTAURANTE SUZANNE MARIE, DE PORTO ALEGRE, É A AUTORA DAS DELÍCIAS QUE

VOCÊ VAI CONHECER A SEGUIR. COPIE AS RECEITAS E FAÇA IGUALZINHO EM CASA!

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Sabor

Creme deMascarpone comCoulis de Goiaba4 GEMAS

4 CLARAS BATIDAS

8 COLHERES DE AÇÚCAR

200 G DE QUEIJO MASCARPONE

(E CADÊ AS GOIABAS? E O AÇÚCAR DO COULIS?)

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Bata bem as gemas com o açúcar até obterum creme fofo. Misture o mascarpone, delicadamente, fazen-do movimentos de baixo para cima. Por fim, incorpore as cla-ras batidas em ponto de neve, cuidando para não perder ovolume.

Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba: Descasque 8 goiabas rosas, leve ao fogocom uma xícara de açúcar. Ferva em fogo brando até obter con-sistência. Retire do fogo, deixe esfriar e passe pelo chinois (oque é chinois???).

Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:Montagem: Despeje o creme em copos ou potes intercalan-do camadas com o coulis de goiaba. Leve ao freezer por trêshoras, aproximadamente. É importante fazer a montagem comos cremes bem gelados.

Page 13: Revista Estilo 49

Sabor

Creme deMascarpone comCoulis de Goiaba4 GEMAS

4 CLARAS BATIDAS

8 COLHERES DE AÇÚCAR

200 G DE QUEIJO MASCARPONE

(E CADÊ AS GOIABAS? E O AÇÚCAR DO COULIS?)

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Bata bem as gemas com o açúcar até obterum creme fofo. Misture o mascarpone, delicadamente, fazen-do movimentos de baixo para cima. Por fim, incorpore as cla-ras batidas em ponto de neve, cuidando para não perder ovolume.

Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba:Coulis de Goiaba: Descasque 8 goiabas rosas, leve ao fogocom uma xícara de açúcar. Ferva em fogo brando até obter con-sistência. Retire do fogo, deixe esfriar e passe pelo chinois (oque é chinois???).

Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:Montagem: Despeje o creme em copos ou potes intercalan-do camadas com o coulis de goiaba. Leve ao freezer por trêshoras, aproximadamente. É importante fazer a montagem comos cremes bem gelados.

Page 14: Revista Estilo 49

Sabor

4 LATAS DE LEITE CONDENSADO

2 LATAS DE CREME DE LEITE

8 COLHERES RASAS DE MANTEIGA

4 COLHERES DE ACHOCOLATADO

BISCOITO MARIA (O SUFICIENTE)

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Leve ao fogo duas latas de leite conden-sado com 4 colheres de manteiga, mexendo lentamenteaté a fervura. Retire do fogo, acrescente o achocolatado euma lata de creme de leite, misturando delicadamente atéobter um creme homogêneo. Faça o mesmo processo parao creme branco, sem adicionar chocolate.Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:Montagem: Coloque em um prato refratário fundo o cre-me de chocolate, reservando um pouco para o final. Ume-deça as bolachas no leite, faça uma camada sobre o cremede chocolate. Despeje por cima o creme branco. Com o cre-me de chocolate restante, faça desenhos para finalizar amontagem. Cubra o prato com papel-alumínio e leve aofreezer por no mínimo 6 horas.

Torta Gelada

Page 15: Revista Estilo 49

Sabor

4 LATAS DE LEITE CONDENSADO

2 LATAS DE CREME DE LEITE

8 COLHERES RASAS DE MANTEIGA

4 COLHERES DE ACHOCOLATADO

BISCOITO MARIA (O SUFICIENTE)

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Leve ao fogo duas latas de leite conden-sado com 4 colheres de manteiga, mexendo lentamenteaté a fervura. Retire do fogo, acrescente o achocolatado euma lata de creme de leite, misturando delicadamente atéobter um creme homogêneo. Faça o mesmo processo parao creme branco, sem adicionar chocolate.Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:Montagem: Coloque em um prato refratário fundo o cre-me de chocolate, reservando um pouco para o final. Ume-deça as bolachas no leite, faça uma camada sobre o cremede chocolate. Despeje por cima o creme branco. Com o cre-me de chocolate restante, faça desenhos para finalizar amontagem. Cubra o prato com papel-alumínio e leve aofreezer por no mínimo 6 horas.

Torta Gelada

Page 16: Revista Estilo 49

Sabor

Modo de fazer: Modo de fazer: Modo de fazer: Modo de fazer: Modo de fazer: Bata bem as gemas com 6 colheres de açúcaraté ficar com uma consistência bem cremosa. Junte o chocola-te derretido perfumado com conhaque, acrescente o creme deleite em forma de chantilly delicadamente, depois as claras ba-tidas com o açúcar restante e misture-as vagarosamente ao com-posto de chocolate. Dissolva a gelatina em um pouco de águaquente, junte-a ao creme. Reserve no freezer. Misture 200 gra-mas de doce de leite gelado com creme de leite também gelado.Faça um caramelo claro, jogue dentro dele as amêndoas pela-das e levemente tostadas. Coloque essa mistura sobre o már-more untado com manteiga, quebre grosseiramente (forman-do uma “farofa” de amêndoas) e reserve. Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:Montagem: Colo-que papel-filme no fundo de uma fôrma alta retangular. Façauma camada com o creme de chocolate. Jogue sobre ele umpouco do caramelo de amêndoas, depois o creme de doce deleite e por último novamente o creme de chocolate. Decorecom o caramelo restante e leve ao freezer por 4 a 6 horas.

Terrine de Chocolatecom Doce de Leite3 GEMAS E 3 CLARAS

16 COLHERES DE AÇÚCAR

200 ML DE CREME DE LEITE FRESCO BATIDO COMO CHANTILLY

300 G DE CHOCOLATE AMARGO PICADO

CONHAQUE

200 G DE DOCE DE LEITE

1 XÍCARA DE AÇÚCAR

4 COLHERES (SOPA) DE CREME DE LEITE

12 G DE GELATINA

150 G DE AMÊNDOAS PELADAS TOSTADAS

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Sabor

Modo de fazer: Modo de fazer: Modo de fazer: Modo de fazer: Modo de fazer: Bata bem as gemas com 6 colheres de açúcaraté ficar com uma consistência bem cremosa. Junte o chocola-te derretido perfumado com conhaque, acrescente o creme deleite em forma de chantilly delicadamente, depois as claras ba-tidas com o açúcar restante e misture-as vagarosamente ao com-posto de chocolate. Dissolva a gelatina em um pouco de águaquente, junte-a ao creme. Reserve no freezer. Misture 200 gra-mas de doce de leite gelado com creme de leite também gelado.Faça um caramelo claro, jogue dentro dele as amêndoas pela-das e levemente tostadas. Coloque essa mistura sobre o már-more untado com manteiga, quebre grosseiramente (forman-do uma “farofa” de amêndoas) e reserve. Montagem:Montagem:Montagem:Montagem:Montagem: Colo-que papel-filme no fundo de uma fôrma alta retangular. Façauma camada com o creme de chocolate. Jogue sobre ele umpouco do caramelo de amêndoas, depois o creme de doce deleite e por último novamente o creme de chocolate. Decorecom o caramelo restante e leve ao freezer por 4 a 6 horas.

Terrine de Chocolatecom Doce de Leite3 GEMAS E 3 CLARAS

16 COLHERES DE AÇÚCAR

200 ML DE CREME DE LEITE FRESCO BATIDO COMO CHANTILLY

300 G DE CHOCOLATE AMARGO PICADO

CONHAQUE

200 G DE DOCE DE LEITE

1 XÍCARA DE AÇÚCAR

4 COLHERES (SOPA) DE CREME DE LEITE

12 G DE GELATINA

150 G DE AMÊNDOAS PELADAS TOSTADAS

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Sabor

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Descasque os pêssegos e corte-os em go-mos. Em uma panela, coloque 150 gramas de açúcar com 30ml de água e deixe ferver. Acrescente os pêssegos cortados,misture e deixe cozinhar por 10 minutos. Retire do fogo edeixe esfriar. Misture os pêssegos com sua calda, formandoum purê. Esprema os limões. Deixe reservadas 2 colheresde suco de limão e adicione o restante ao purê de pêssegos.Coloque esse purê em um copo de vidro e leve ao freezerpor 2 a 3 horas, misturando com um garfo a cada 30 minu-tos. Amasse as framboesas com açúcar (quanto de açúcar?)e o restante do suco de limão. Em taças ou copos, coloque ocreme de framboesas e o purê de pêssegos (granité) em ca-madas desarrumadas. Decore com uma framboesa gelada.

1 KG DE PÊSSEGOS

300 G DE FRAMBOESA

2 LIMÕES

180 G DE AÇÚCAR

Granité de Pêssegoscom Framboesa

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Sabor

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Descasque os pêssegos e corte-os em go-mos. Em uma panela, coloque 150 gramas de açúcar com 30ml de água e deixe ferver. Acrescente os pêssegos cortados,misture e deixe cozinhar por 10 minutos. Retire do fogo edeixe esfriar. Misture os pêssegos com sua calda, formandoum purê. Esprema os limões. Deixe reservadas 2 colheresde suco de limão e adicione o restante ao purê de pêssegos.Coloque esse purê em um copo de vidro e leve ao freezerpor 2 a 3 horas, misturando com um garfo a cada 30 minu-tos. Amasse as framboesas com açúcar (quanto de açúcar?)e o restante do suco de limão. Em taças ou copos, coloque ocreme de framboesas e o purê de pêssegos (granité) em ca-madas desarrumadas. Decore com uma framboesa gelada.

1 KG DE PÊSSEGOS

300 G DE FRAMBOESA

2 LIMÕES

180 G DE AÇÚCAR

Granité de Pêssegoscom Framboesa

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(con)vivências

Ser adulto há mais tempo não significa ser criançaBravoS BandeiranteS

Estou muito impaciente esperando que a sociedade absorva de uma vez o salto de longevidade dado pela população mundial nas últimas décadas. No Brasil, de 1940 a 2007 a expectativa de vida aumentou em 30 anos, segundo dados do IBGE*, e esta mu-dança ainda não foi elaborada. A mídia e o marketing evidenciam com clareza os tropeços dessa transição quando demonstram não ter encontrado a imagem adequada para o novo idoso. Confesso que me irrita muito a infantilização praticada pelos comerciais ao mostrarem velhinhas assanhadas dançando funk, discutindo com o dono da mercearia ou martelando paredes à procura de canos de qualidade, e tantas outras paródias desgastadas. Reportagens sobre estilo de vida após os 60 anos também insistem em flagrar idosos em atividades típicas de adolescentes, vestindo ou se divertindo de forma lúdica, como se a idade avançada lhes impedisse de ser sim-plesmente adultos por mais tempo. Seguindo o equívoco, algumas empresas ligadas ao turismo (e de olho na renda dos septuagenários) resolveram adotar uma versão menos comprometedora para o termo ‘terceira idade’, usando a expressão ‘melhor idade’. Talvez para alguns a maturidade seja mesmo o melhor momento de suas vidas por conta da liberdade ou da sabedoria adquirida. Porém, isso não justifica um rótulo flagrantemente manipulador e preconceituoso às avessas. Os idosos podem ser especialmente considerados, mas não necessitam de bajulação.

Eu sei que não teria muita graça mostrá-los trabalhando, na-morando e casando normalmente, se exercitando sem ser em pleno parque público ou sem lutas marciais exóticas. Mas é assim que tem vivido (muito bem, obrigado) grande parte da turma da ‘terceira idade’: normalmente. Não são ridículos nem hilários, nem tampouco vivem em êxtase por terem sobrevivido à expectativa média de vida. Vivem como adultos que são, adequados à contemporaneidade da sua existência. Fazem parte de um fenômeno social recente? Sim! Mas isso pode e deve ser divulgado de maneira adequada. Não saber descrevê-los a partir de um modelo já conhecido não os torna

necessariamente crianças.Há dez anos, a ‘bola da vez’ eram os quarentões. Lembram do

Tio da Sukita da década de 90? Pois é. Era a publicidade ‘pegando no pé’ dos quarentões, que recém começavam a descobrir o mundo. Nos anos 40, quando a expectativa média de vida era de 42,7 anos, eles eram os ‘velhos’ da época. Cinqüenta anos depois, seguiam correntes migratórias em busca de uma nova significação social. Hoje, eles são garotas e garotões cheios de energia, às voltas com um segundo ou terceiro casamento (quando não estão debutando no ramo). Esteticamente, então, nem se fala. Disputam a moda com filhos e filhas, correm maratonas, dão ‘banho’ de sensualidade e por aí afora. Esta mudança a sociedade já entendeu, e a mídia já os largou de mão. Mas isso não aconteceu sem um exaustivo período de especulação, repleto de clichês. Agora é a vez dos idosos. Por falar nisso, qual será mesmo o significado atual desta palavra?

Estou torcendo para que as pessoas com mais de 70 anos intensifiquem sua presença ativa na sociedade brasileira, alargando generosamente seu período de produção e criatividade. Terão como guia vários exemplos já manifestos, os quais eu considero bravos bandeirantes penetrando numa zona desconhecida, merecedores de apoio e respeito. Conheço um homem de 80 anos que foi tratado por ‘vovô’ por uma atendente de loja. Reagiu educadamente, dizendo não ter gostado do vocativo. “É que o senhor lembra muito meu avô”, desculpou-se a moça. O ‘vovô’ não saiu do estabelecimento sem dar um pito na vendedora, respondendo tão simplesmente com a frase: “Posso lembrar, mas não sou”. Foi dado o recado.

r u z a a m o n

ruza amon é jornaliSta

30 Estilo Zaffari

*SínteSe de indicadoreS SociaiS 2008, divulgada pelo iBge(inStituto BraSileiro de geografia e eStatíStica) em SetemBro de 2008

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Page 22: Revista Estilo 49

Viagem

istambulIstambul é única. É a única cidade do mundo situada em dois continentes.

Istambul é mágica. É onde o Oriente e o Ocidente se encontram, em um caldo

pacífico e peculiar de culturas completamente diferentes. Istambul é histórica.

Fundada com o nome de Bizâncio, tornou-se depois Constantinopla, para fi-

nalmente ganhar o nome de Istambul, uma das cidades mais importantes da

Turquia e considerada um dos berços da civilização humana.

T E X T O S E F O T O S P O R D A N B E R G E R

32 Estilo Zaffari

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Viagem

istambulIstambul é única. É a única cidade do mundo situada em dois continentes.

Istambul é mágica. É onde o Oriente e o Ocidente se encontram, em um caldo

pacífico e peculiar de culturas completamente diferentes. Istambul é histórica.

Fundada com o nome de Bizâncio, tornou-se depois Constantinopla, para fi-

nalmente ganhar o nome de Istambul, uma das cidades mais importantes da

Turquia e considerada um dos berços da civilização humana.

T E X T O S E F O T O S P O R D A N B E R G E R

32 Estilo Zaffari

Page 24: Revista Estilo 49

Viagem

Tudo começou com um convite de casamento. Masnão era um casamento qualquer. Era a filha de um gran-de amigo de Porto Alegre que iria se casar com um tur-co. Três dias de festa numa cidade maluca como Istam-bul. A vida tem destas coisas, às vezes ela te joga no colouma oportunidade imperdível.

Após uma parada de dois dias em Milão, para aviagem não se tornar cansativa, chegamos ao nosso des-tino. O encontro com Istambul foi estranho, à noite.Nosso hotel ficava no centro histórico da cidade, comsuas ruas e becos estreitos e pouco iluminados. A comu-nicação é bem difícil. Os poucos turcos que falam inglêsusam um sotaque carregado, de difícil compreensão paranós, brasileiros.

Depois de uma boa noite de sono e de um café damanhã cheio de coisas diferentes, saímos para desvendara cidade. Fica muito prático parar em um hotel no centrohistórico, pois os melhores lugares para serem visitadosestão nesta região. A maioria dos locais podem ser visita-dos a pé, mas também se pode recorrer a um modernotrem elétrico que atravessa todo o centro, contrastandocom as antigas edificações. Algumas calçadas são tão es-treitas que o trem passa pertíssimo das lojas.

A VIDA ACONTECENO CENTROHISTÓRICO, ONDEMESQUITAS,BAZARES EMERCADOS SEENTRELAÇAM

NEGOCIAÇÃO DE TAPETES NO SUBSOLO DO GRAND BAZAAR; ISTAMBUL VISTO DO BÓSFORO; MESQUITA SANTA SOFIA; SPICE MARKET

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Viagem

Tudo começou com um convite de casamento. Masnão era um casamento qualquer. Era a filha de um gran-de amigo de Porto Alegre que iria se casar com um tur-co. Três dias de festa numa cidade maluca como Istam-bul. A vida tem destas coisas, às vezes ela te joga no colouma oportunidade imperdível.

Após uma parada de dois dias em Milão, para aviagem não se tornar cansativa, chegamos ao nosso des-tino. O encontro com Istambul foi estranho, à noite.Nosso hotel ficava no centro histórico da cidade, comsuas ruas e becos estreitos e pouco iluminados. A comu-nicação é bem difícil. Os poucos turcos que falam inglêsusam um sotaque carregado, de difícil compreensão paranós, brasileiros.

Depois de uma boa noite de sono e de um café damanhã cheio de coisas diferentes, saímos para desvendara cidade. Fica muito prático parar em um hotel no centrohistórico, pois os melhores lugares para serem visitadosestão nesta região. A maioria dos locais podem ser visita-dos a pé, mas também se pode recorrer a um modernotrem elétrico que atravessa todo o centro, contrastandocom as antigas edificações. Algumas calçadas são tão es-treitas que o trem passa pertíssimo das lojas.

A VIDA ACONTECENO CENTROHISTÓRICO, ONDEMESQUITAS,BAZARES EMERCADOS SEENTRELAÇAM

NEGOCIAÇÃO DE TAPETES NO SUBSOLO DO GRAND BAZAAR; ISTAMBUL VISTO DO BÓSFORO; MESQUITA SANTA SOFIA; SPICE MARKET

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E RUELAS ESTREITAS: CENAS TÍPICAS DE ISTAMBUL

AQUI TUDO QUE RELUZ É OURO. TAPETES, GATOS, JÓIAS O comércio de tapetes é farto. Dentro de uma des-sas lojas, uma tecelã fazia um tapete cheio de detalhes ecores, lidando com vários fios ao mesmo tempo, com umahabilidade incrível. Alguns tapetes demoram meses paraser feitos, e por aí a gente começa a entender o porquêdo altíssimo custo deles.

Cenas pitorescasA quantidade de gatos perambulando pelas ruas, ou

até mesmo dormindo em pilhas de tapetes, é de chamar aatenção. Uma cena comum no final de tarde: comercian-tes fumando seus enormes narguilés, nas calçadas em fren-te às suas lojas. Um petisco típico de Istambul é o DönerKebab, cuja carne é fatiada na hora e servida em um pãocom frutas e legumes – uma delícia! E quando descobremque você é brasileiro, o assunto é um só: futebol e “Ro-naldinho”. Fenerbahçe é o time mais famoso e paixão na-cional da Turquia.

O Estreito de Bósforo divide Istambul no lado eu-ropeu e no lado asiático. O lado europeu, por sua vez, édividido em duas partes pelo Estreito de Golden Horn:o Distrito de Gálata, com sua famosa torre de mesmonome ao norte, e a Península Histórica (onde estáva-

mos parando) ao sul. O comércio e os negócios aconte-cem no lado europeu, e as principais atrações turísticasestão localizadas no centro histórico. O lado asiático ébasicamente residencial.

O centro histórico de Istambul tem uma concentra-ção absurda de gente, ainda mais em pleno período de fé-rias do verão europeu (lembrando ainda que a Turquia é opaís mais populoso da Europa). Turistas ocidentais mistu-ram-se aos muçulmanos. É curioso ver mulheres de burka,cobertas da cabeça aos pés, contrastando com executivasde terninhos e moderníssimas mulheres ocidentais de cal-ças jeans e roupinhas justas. O encontro da cultura orien-tal com a ocidental acontece de maneira tranqüila em Is-tambul. Não é à toa que a Turquia vem se modernizando,sem perder as suas raízes, e buscando o seu espaço no Mer-cado Comum Europeu. A moeda corrente é a YTL – YeniTurkish Lira (nova lira turca).

Falando em modernização, um dos grandes respon-sáveis pelo desenvolvimento da Turquia foi Mustafá Ata-turk, verdadeiro herói nacional. Ataturk foi fundador eprimeiro presidente da República da Turquia, e sua fotopode ser encontrada na maioria das lojas, pois ele é ex-tremamente venerado pela população.

Viagem

MESQUITA DE SANTA SOFIA E LOJA DE PORCELANAS NO GRAND BAZAAR

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E RUELAS ESTREITAS: CENAS TÍPICAS DE ISTAMBUL

AQUI TUDO QUE RELUZ É OURO. TAPETES, GATOS, JÓIAS O comércio de tapetes é farto. Dentro de uma des-sas lojas, uma tecelã fazia um tapete cheio de detalhes ecores, lidando com vários fios ao mesmo tempo, com umahabilidade incrível. Alguns tapetes demoram meses paraser feitos, e por aí a gente começa a entender o porquêdo altíssimo custo deles.

Cenas pitorescasA quantidade de gatos perambulando pelas ruas, ou

até mesmo dormindo em pilhas de tapetes, é de chamar aatenção. Uma cena comum no final de tarde: comercian-tes fumando seus enormes narguilés, nas calçadas em fren-te às suas lojas. Um petisco típico de Istambul é o DönerKebab, cuja carne é fatiada na hora e servida em um pãocom frutas e legumes – uma delícia! E quando descobremque você é brasileiro, o assunto é um só: futebol e “Ro-naldinho”. Fenerbahçe é o time mais famoso e paixão na-cional da Turquia.

O Estreito de Bósforo divide Istambul no lado eu-ropeu e no lado asiático. O lado europeu, por sua vez, édividido em duas partes pelo Estreito de Golden Horn:o Distrito de Gálata, com sua famosa torre de mesmonome ao norte, e a Península Histórica (onde estáva-

mos parando) ao sul. O comércio e os negócios aconte-cem no lado europeu, e as principais atrações turísticasestão localizadas no centro histórico. O lado asiático ébasicamente residencial.

O centro histórico de Istambul tem uma concentra-ção absurda de gente, ainda mais em pleno período de fé-rias do verão europeu (lembrando ainda que a Turquia é opaís mais populoso da Europa). Turistas ocidentais mistu-ram-se aos muçulmanos. É curioso ver mulheres de burka,cobertas da cabeça aos pés, contrastando com executivasde terninhos e moderníssimas mulheres ocidentais de cal-ças jeans e roupinhas justas. O encontro da cultura orien-tal com a ocidental acontece de maneira tranqüila em Is-tambul. Não é à toa que a Turquia vem se modernizando,sem perder as suas raízes, e buscando o seu espaço no Mer-cado Comum Europeu. A moeda corrente é a YTL – YeniTurkish Lira (nova lira turca).

Falando em modernização, um dos grandes respon-sáveis pelo desenvolvimento da Turquia foi Mustafá Ata-turk, verdadeiro herói nacional. Ataturk foi fundador eprimeiro presidente da República da Turquia, e sua fotopode ser encontrada na maioria das lojas, pois ele é ex-tremamente venerado pela população.

Viagem

MESQUITA DE SANTA SOFIA E LOJA DE PORCELANAS NO GRAND BAZAAR

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Page 28: Revista Estilo 49

As MesquitasA cidade de Istambul possui centenas de mesqui-

tas; mas visitar duas delas em especial é obrigatório: ade Santa Sofia e a Mesquita Azul. Tomei um susto quan-do ouvi pela primeira vez, e muito alto, as rezas muçul-manas transmitidas por alto-falantes espalhados pelocentro histórico, convocando os fiéis para as orações.Isto acontece cinco vezes por dia.

A mesquita de Santa Sofia foi usada como igreja des-de a data da sua construção, no ano de 537, até a data daconquista de Istambul, em 1453, quando virou mesquita.Após longas restaurações, reabriu como museu em 1935, eé um dos lugares mais visitados de Istambul. Impressionapela sua grandiosidade. Sua cúpula é uma das cinco maisaltas do mundo. A riqueza do local se completa com muitomármore, pinturas, mosaicos e tapetes. Túneis com ram-pas levam ao mezanino, de onde se pode admirar toda abeleza de Santa Sofia. Uma cena ficou marcada na minhacabeça: ao percorrer todo o trajeto pelos túneis de volta aopiso térreo, caminhei um bom tempo atrás de uma mulherde burka. Só eu e ela, um silêncio absoluto. As paredes e o

piso de pedras muito antigas, uma fraca luz amarelada e aausência total de qualquer sinal de modernidade me fize-ram viajar no tempo e imaginar como seria esta mesquitaem plena atividade há mais de mil anos.

Já a Mesquita Azul, ou Mesquita do Sultão Ahmet, éa maior de Istambul, e está em pleno funcionamento. Elatem uma peculiaridade: é a única mesquita otomana detoda a Turquia que tem 6 minaretes, em vez dos 4 tradici-onais. Gigantescas colunas de 12 gomos (cada gomo dalargura de uma pessoa) sustentam a enorme cúpula. AMesquita Azul possui 260 janelas e seu interior é decoradocom mais de 21 mil peças de azulejo.

Algumas regras básicas precisam ser observadas aoentrar no local: os sapatos devem ser retirados; os ho-mens não podem entrar de bermuda e as mulheres de-vem usar saias longas e lenço na cabeça. Não se podefalar alto dentro da mesquita, e durante as rezas as foto-grafias são proibidas. No meio do pátio interno e desco-berto da mesquita, uma pequena casinha exibe lindastorneiras, verdadeiras esculturas. Os muçulmanos têmo ritual de lavar o rosto, as mãos e os pés antes de entrar

Viagem

PREPARE-SE PARA CAMINHAR MUITO: É ASSIM QUE SE CONHECE A VERDADEIRA ESSÊNCIA DE ISTAMBULnas mesquitas para o “namaz” (orações), ato que elesrepetem cinco vezes por dia, sempre virados para Meca.

As Cisternas SubterrâneasOutra programação imperdível no centro histórico é

visitar a cisterna de Yerebatan, a maior das 60 cisternassubterrâneas construídas no período bizantino. Utilizadaspara armazenamento de água, elas foram construídas paraevitar que soldados inimigos, em tempos de guerra, enve-nenassem a água que abastecia as cidades. A entrada deYerebatan, construída em 532, situa-se ao lado oposto àentrada da Mesquita de Santa Sofia. Basta descer algunsdegraus abaixo da terra para entrar no clima misterioso eagradável da cisterna, apoiada em 336 colunas romanas,simetricamente distribuídas e suavemente esculpidas poruma luz avermelhada. Uma música clássica de fundo com-pleta o clima.

Pequenos corredores levam o visitante ao fundoda cisterna, onde se encontram duas cabeças de medu-sas usadas como base de colunas, uma virada de lado e aoutra de cabeça para baixo (não me perguntem por quê).

MESQUITAS, MUITAS MESQUITAS; O CHÁTURCO DÁ AS BOAS-VINDAS AOS TURISTAS;NARGUILÉ NO FINAL DE TARDE DE ISTAMBUL.

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Page 29: Revista Estilo 49

As MesquitasA cidade de Istambul possui centenas de mesqui-

tas; mas visitar duas delas em especial é obrigatório: ade Santa Sofia e a Mesquita Azul. Tomei um susto quan-do ouvi pela primeira vez, e muito alto, as rezas muçul-manas transmitidas por alto-falantes espalhados pelocentro histórico, convocando os fiéis para as orações.Isto acontece cinco vezes por dia.

A mesquita de Santa Sofia foi usada como igreja des-de a data da sua construção, no ano de 537, até a data daconquista de Istambul, em 1453, quando virou mesquita.Após longas restaurações, reabriu como museu em 1935, eé um dos lugares mais visitados de Istambul. Impressionapela sua grandiosidade. Sua cúpula é uma das cinco maisaltas do mundo. A riqueza do local se completa com muitomármore, pinturas, mosaicos e tapetes. Túneis com ram-pas levam ao mezanino, de onde se pode admirar toda abeleza de Santa Sofia. Uma cena ficou marcada na minhacabeça: ao percorrer todo o trajeto pelos túneis de volta aopiso térreo, caminhei um bom tempo atrás de uma mulherde burka. Só eu e ela, um silêncio absoluto. As paredes e o

piso de pedras muito antigas, uma fraca luz amarelada e aausência total de qualquer sinal de modernidade me fize-ram viajar no tempo e imaginar como seria esta mesquitaem plena atividade há mais de mil anos.

Já a Mesquita Azul, ou Mesquita do Sultão Ahmet, éa maior de Istambul, e está em pleno funcionamento. Elatem uma peculiaridade: é a única mesquita otomana detoda a Turquia que tem 6 minaretes, em vez dos 4 tradici-onais. Gigantescas colunas de 12 gomos (cada gomo dalargura de uma pessoa) sustentam a enorme cúpula. AMesquita Azul possui 260 janelas e seu interior é decoradocom mais de 21 mil peças de azulejo.

Algumas regras básicas precisam ser observadas aoentrar no local: os sapatos devem ser retirados; os ho-mens não podem entrar de bermuda e as mulheres de-vem usar saias longas e lenço na cabeça. Não se podefalar alto dentro da mesquita, e durante as rezas as foto-grafias são proibidas. No meio do pátio interno e desco-berto da mesquita, uma pequena casinha exibe lindastorneiras, verdadeiras esculturas. Os muçulmanos têmo ritual de lavar o rosto, as mãos e os pés antes de entrar

Viagem

PREPARE-SE PARA CAMINHAR MUITO: É ASSIM QUE SE CONHECE A VERDADEIRA ESSÊNCIA DE ISTAMBULnas mesquitas para o “namaz” (orações), ato que elesrepetem cinco vezes por dia, sempre virados para Meca.

As Cisternas SubterrâneasOutra programação imperdível no centro histórico é

visitar a cisterna de Yerebatan, a maior das 60 cisternassubterrâneas construídas no período bizantino. Utilizadaspara armazenamento de água, elas foram construídas paraevitar que soldados inimigos, em tempos de guerra, enve-nenassem a água que abastecia as cidades. A entrada deYerebatan, construída em 532, situa-se ao lado oposto àentrada da Mesquita de Santa Sofia. Basta descer algunsdegraus abaixo da terra para entrar no clima misterioso eagradável da cisterna, apoiada em 336 colunas romanas,simetricamente distribuídas e suavemente esculpidas poruma luz avermelhada. Uma música clássica de fundo com-pleta o clima.

Pequenos corredores levam o visitante ao fundoda cisterna, onde se encontram duas cabeças de medu-sas usadas como base de colunas, uma virada de lado e aoutra de cabeça para baixo (não me perguntem por quê).

MESQUITAS, MUITAS MESQUITAS; O CHÁTURCO DÁ AS BOAS-VINDAS AOS TURISTAS;NARGUILÉ NO FINAL DE TARDE DE ISTAMBUL.

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Viagem

A CIDADE REVELA AOS VISITANTES SUA MAGIA E BELEZA, SEJA ABAIXO OU ACIMA DA SUPERFÍCIE

O filme “From Russia with love”, de James Bond, tevealgumas de suas cenas filmadas aqui.

Palácio no alto da colinaVisitar o Palácio Topkapi é uma experiência absolu-

tamente imperdível em Istambul. Estrategicamente locali-zado no topo de uma colina, com uma fantástica vista paraas águas azuis do Bósforo e seus enormes navios, o palácioimpressiona pelo seu tamanho.

Ocupando uma área equivalente ao dobro doVaticano, o Topkapi era usado como sede adminis-trativa do Império Otomano. O sultão, os membrosda dinastia, as classes dirigentes, soldados e criadosviviam no palácio, totalizando aproximadamente 5mil pessoas. Possui a terceira maior coleção de por-celana do mundo, com 12 mil peças, incluindo al-gumas da famosa Dinastia Ming. Uma das partes dogigantesco palácio que merece ser visitada é o ha-rém, onde alguns sultões viviam com centenas demulheres. Mas o que faz cair o queixo mesmo é otesouro imperial, que evidencia o poderio e a rique-

za que foi o Império Otomano: milhares de peças detudo que é tipo, como jóias, tronos, candelabros,cetros, narguilés, caixas de música, espadas e armas,tudo isto ricamente incrustado com muito ouro, es-meraldas e diamantes.

Passeando pelo EstreitoAndar de barco ao longo do Estreito de Bósforo é

uma experiência extremamente agradável e peculiar, poisem poucos minutos alterna-se da margem européia paraa asiática. A costa européia é preenchida com bosques,jardins de chá, restaurantes, bares e café. Lindos palá-cios de verão do período bizantino chamam a atençãopela sua imponência, contrastando com a forte cor azulda água. A ponte Ataturk se destaca na paisagem, espe-cialmente por não ter pilares. Ela é suspensa e liga 2continentes em poucos minutos de carro. A volta dobarco a Istambul no final de tarde propicia aquelas ima-gens que ficam gravadas para sempre: a silhueta da ci-dade com suas centenas de minaretes misturados às cons-truções antigas e baixas, típicas do centro histórico.

Temperos da vidaUma mistura de cheiros, cores e temperos... Assim

é o Spice Market, ou Mercado Egípcio. Neste bazar deespeciarias você encontra de tudo: peixes, frutas, vege-tais, carne seca, queijos, geléias, diversos tipos de azei-tonas e nozes, esponjas naturais para banho, essênciasorientais, ervas curativas e por aí vai.

Bater perna no mercado egípcio é mais uma das pro-gramações imperdíveis de Istambul. O filme “Tempero daVida”, que conta a história de um garoto que retorna aIstambul para reencontrar seu avô e também seu primeiroamor, foi realizado neste local. O avô é um filósofo culiná-rio que prega que tanto a vida como a comida precisam desal para ganhar sabor – ele não está coberto de razão?

Grand Bazaar KapaliçarsiO Brasil ainda não tinha sido descoberto e o Grand

Bazaar já estava em atividade. Inaugurado em 1481, Ka-paliçarsi oferece de tudo: desde tecidos, tapetes, artesa-natos, cerâmicas e pratos decorativos até ouro – muitoouro; e também foi usado como mercado de escravos

Viagem

ACIMA, CISTERNAS: ENCANTAMENTO NOS SUBTERRÂNEOS DEISTAMBUL. AS BELÍSSIMAS CONSTRUÇÕES ANTIGAS NA BEIRADO BÓSFORO E O PREPARO DOS HOMENS PARA AS ORAÇÕES

40 Estilo Zaffari Estilo Zaffari 41

Page 31: Revista Estilo 49

Viagem

A CIDADE REVELA AOS VISITANTES SUA MAGIA E BELEZA, SEJA ABAIXO OU ACIMA DA SUPERFÍCIE

O filme “From Russia with love”, de James Bond, tevealgumas de suas cenas filmadas aqui.

Palácio no alto da colinaVisitar o Palácio Topkapi é uma experiência absolu-

tamente imperdível em Istambul. Estrategicamente locali-zado no topo de uma colina, com uma fantástica vista paraas águas azuis do Bósforo e seus enormes navios, o palácioimpressiona pelo seu tamanho.

Ocupando uma área equivalente ao dobro doVaticano, o Topkapi era usado como sede adminis-trativa do Império Otomano. O sultão, os membrosda dinastia, as classes dirigentes, soldados e criadosviviam no palácio, totalizando aproximadamente 5mil pessoas. Possui a terceira maior coleção de por-celana do mundo, com 12 mil peças, incluindo al-gumas da famosa Dinastia Ming. Uma das partes dogigantesco palácio que merece ser visitada é o ha-rém, onde alguns sultões viviam com centenas demulheres. Mas o que faz cair o queixo mesmo é otesouro imperial, que evidencia o poderio e a rique-

za que foi o Império Otomano: milhares de peças detudo que é tipo, como jóias, tronos, candelabros,cetros, narguilés, caixas de música, espadas e armas,tudo isto ricamente incrustado com muito ouro, es-meraldas e diamantes.

Passeando pelo EstreitoAndar de barco ao longo do Estreito de Bósforo é

uma experiência extremamente agradável e peculiar, poisem poucos minutos alterna-se da margem européia paraa asiática. A costa européia é preenchida com bosques,jardins de chá, restaurantes, bares e café. Lindos palá-cios de verão do período bizantino chamam a atençãopela sua imponência, contrastando com a forte cor azulda água. A ponte Ataturk se destaca na paisagem, espe-cialmente por não ter pilares. Ela é suspensa e liga 2continentes em poucos minutos de carro. A volta dobarco a Istambul no final de tarde propicia aquelas ima-gens que ficam gravadas para sempre: a silhueta da ci-dade com suas centenas de minaretes misturados às cons-truções antigas e baixas, típicas do centro histórico.

Temperos da vidaUma mistura de cheiros, cores e temperos... Assim

é o Spice Market, ou Mercado Egípcio. Neste bazar deespeciarias você encontra de tudo: peixes, frutas, vege-tais, carne seca, queijos, geléias, diversos tipos de azei-tonas e nozes, esponjas naturais para banho, essênciasorientais, ervas curativas e por aí vai.

Bater perna no mercado egípcio é mais uma das pro-gramações imperdíveis de Istambul. O filme “Tempero daVida”, que conta a história de um garoto que retorna aIstambul para reencontrar seu avô e também seu primeiroamor, foi realizado neste local. O avô é um filósofo culiná-rio que prega que tanto a vida como a comida precisam desal para ganhar sabor – ele não está coberto de razão?

Grand Bazaar KapaliçarsiO Brasil ainda não tinha sido descoberto e o Grand

Bazaar já estava em atividade. Inaugurado em 1481, Ka-paliçarsi oferece de tudo: desde tecidos, tapetes, artesa-natos, cerâmicas e pratos decorativos até ouro – muitoouro; e também foi usado como mercado de escravos

Viagem

ACIMA, CISTERNAS: ENCANTAMENTO NOS SUBTERRÂNEOS DEISTAMBUL. AS BELÍSSIMAS CONSTRUÇÕES ANTIGAS NA BEIRADO BÓSFORO E O PREPARO DOS HOMENS PARA AS ORAÇÕES

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Page 32: Revista Estilo 49

ESTREITO DE BÓSFORO: TESTEMUNHA DA HISTÓRIA,SUAS ÁGUAS AZUIS SEPARAM A EUROPA DA ÁSIAaté a metade do século XIX. Os comerciantes têm o cos-tume de colocar vários produtos em exposição do ladode fora das lojas. Agora imagine 3.500 lojas fazendo istodistribuídas em 80 ruas internas, algumas tão estreitasque duas pessoas não passam ao mesmo tempo, numverdadeiro labirinto onde é facílimo se perder. O GrandBazaar é todo coberto e suas ruas principais chamam aatenção pelo teto arredondado e ricamente decoradocom azulejos coloridos dos mais variados tipos.

Basta pisar dentro de uma loja para te oferecerem o chátípico deles (turco ou de maçã), em pequenos copinhos devidro trabalhado, trazidos numa bandeja. Algumas lojas detapetes têm subsolo, com um estoque enorme e variado. Oscomerciantes têm uma técnica toda especial de mostrar ostapetes: eles o atiram girando para cima, e a peça já cai abertano chão. Não esqueça de pechinchar muito, é quase umaofensa para eles não fazer isso, e normalmente o negócio éfechado por menos da metade do preço.

Viagem

Enfim, o casamentoO casamento de Martha Graeff e Aytek Savan du-

rou 3 dias – ou melhor, 3 noites, todas à beira do Bósforo.Martha é gaúcha, modelo, linda e desde os 14 anos deidade já saiu perambulando pelo mundo a trabalho. Nes-tas andanças, conheceu Aytek, um turco muito gente boa.

Cada noite foi comemorada num local diferente.A primeira delas foi no Rheina, local conhecido e bada-ladíssimo de Istambul, colado na ponte Ataturk, que ficatrocando de cor a cada minuto. Um carro de Fórmula 1pendurado numa das paredes chama a atenção – lem-brando que Istambul recebe uma das etapas do circuito.A noite começou com um jantar para os convidadosque vieram de outros países e terminou numa tenda co-lorida montada bem na beira do rio, onde um DJ feztodo mundo dançar.

Na noite seguinte, um barco nos levou para SuadaIsland, um clube flutuante. Todos de branco sob luz negra

GRAND BAZAAR: MAIS DE 500 ANOS DE HISTÓRIA E COMÉRCIO. ABAIXO, A TORRE DE GÁLATA, UM ÍCONE DE ISTAMBUL BÓSFORO VISTO DO PALÁRIO TOPKAPI, COM A ÁSIA AO FUNDO

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ESTREITO DE BÓSFORO: TESTEMUNHA DA HISTÓRIA,SUAS ÁGUAS AZUIS SEPARAM A EUROPA DA ÁSIAaté a metade do século XIX. Os comerciantes têm o cos-tume de colocar vários produtos em exposição do ladode fora das lojas. Agora imagine 3.500 lojas fazendo istodistribuídas em 80 ruas internas, algumas tão estreitasque duas pessoas não passam ao mesmo tempo, numverdadeiro labirinto onde é facílimo se perder. O GrandBazaar é todo coberto e suas ruas principais chamam aatenção pelo teto arredondado e ricamente decoradocom azulejos coloridos dos mais variados tipos.

Basta pisar dentro de uma loja para te oferecerem o chátípico deles (turco ou de maçã), em pequenos copinhos devidro trabalhado, trazidos numa bandeja. Algumas lojas detapetes têm subsolo, com um estoque enorme e variado. Oscomerciantes têm uma técnica toda especial de mostrar ostapetes: eles o atiram girando para cima, e a peça já cai abertano chão. Não esqueça de pechinchar muito, é quase umaofensa para eles não fazer isso, e normalmente o negócio éfechado por menos da metade do preço.

Viagem

Enfim, o casamentoO casamento de Martha Graeff e Aytek Savan du-

rou 3 dias – ou melhor, 3 noites, todas à beira do Bósforo.Martha é gaúcha, modelo, linda e desde os 14 anos deidade já saiu perambulando pelo mundo a trabalho. Nes-tas andanças, conheceu Aytek, um turco muito gente boa.

Cada noite foi comemorada num local diferente.A primeira delas foi no Rheina, local conhecido e bada-ladíssimo de Istambul, colado na ponte Ataturk, que ficatrocando de cor a cada minuto. Um carro de Fórmula 1pendurado numa das paredes chama a atenção – lem-brando que Istambul recebe uma das etapas do circuito.A noite começou com um jantar para os convidadosque vieram de outros países e terminou numa tenda co-lorida montada bem na beira do rio, onde um DJ feztodo mundo dançar.

Na noite seguinte, um barco nos levou para SuadaIsland, um clube flutuante. Todos de branco sob luz negra

GRAND BAZAAR: MAIS DE 500 ANOS DE HISTÓRIA E COMÉRCIO. ABAIXO, A TORRE DE GÁLATA, UM ÍCONE DE ISTAMBUL BÓSFORO VISTO DO PALÁRIO TOPKAPI, COM A ÁSIA AO FUNDO

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Viagem

e dançando embaladíssimos, ainda mais com o Raki rolan-do solto. Raki é uma deliciosa bebida típica da Turquia,com 45% de graduação alcoólica, misturado com frutas.

Mas na terceira noite é que aconteceu o casamen-to para valer. Segundo Okay, gerente gente boa do nos-so hotel, a maneira mais fácil e rápida de chegar emÇubuklu é de barco. A cena foi engraçada: eu de black-tie e a Carol de longo, arrumadíssima, num barco delinha normal, pinga-pinga, que transportava as pessoasde volta de seu trabalho para casa.

Parecia festa de filme de James Bond: os homens deblack-tie; o time feminino de modelos impressionava pelabeleza. Daniela Ciccarelli era uma das convidadas da noi-va. Uma espécie de túnel de tendas brancas conduzia os con-vidados mais uma vez para a beira do Bósforo, só que agorana margem asiática. Enquanto um coquetel de boas-vindasacontecia, os convidados eram contemplados com um belís-simo pôr-do-sol.

Um altar montado ao ar livre foi o cenário para acerimônia oficial. Câmeras com gruas filmavam o casamen-to dos melhores ângulos. Após o “sim”, um barco ancora-do no meio do Bósforo completou o alto-astral do mo-mento com um espetáculo de fogos de artifício. E depoisdo jantar uma banda muito estilosa botou todo mundoCONVIDADO NOS FAZENDO COMPANHIA: O BÓSFORO

TRÊS DIAS DE FESTA, SEMPRE COM UM ILUSTRE para dançar, com um repertório nota dez. Muita músicaoriental rolando; dançarinas profissionais davam um showcom a dança do ventre. De repente, entra uma miniescolade samba, com mulatas e tudo o mais, para o delírio dagalera local. Era divertido ver os brasileiros tentando imi-tar as dançarinas turcas e os turcos tentando sambar.

A mordomia rolava solta: na saída do banheirofeminino, massagistas davam um trato na mulherada:elas se atiravam numa espreguiçadeira enquanto os péseram massageados em cima de almofadas. Nada mal!

Quando a música ao vivo terminou, todos forampara um tenda ao lado de música eletrônica, onde osmais embaladinhos ficaram até o amanhecer. Enfim, festapra ficar marcada para sempre.

Após nos recuperarmos da ressaca de três dias de fes-ta seguidos, ainda fomos para Éfeso, ao sul de Istambul,que é um dos maiores sítios arqueológicos do mundo; edepois rumamos para a Capadócia, na Ásia, distante milkm em direção à fronteira com o Iraque, com suasestranhíssimas formações rochosas. Tem tanta coisa paracontar de lá que rende outra matéria. Após duas semanasde viagem, hora de regressar para o Brasil, ficando o dese-jo, a certeza e uma boa desculpa para voltar para a Tur-quia: conhecer, ao sul, o litoral com suas belíssimas praias.

ÚLTIMA NOITE: LUXO E SOFISTICAÇÃO NA MARGEM ASIÁTICA DO BÓSFOROPRIMEIRA NOITE: O BADALADO RHEINA JUNTOU GENTE DE VÁRIAS PARTES DO MUNDO

44 Estilo Zaffari Estilo Zaffari 45

Page 35: Revista Estilo 49

Viagem

e dançando embaladíssimos, ainda mais com o Raki rolan-do solto. Raki é uma deliciosa bebida típica da Turquia,com 45% de graduação alcoólica, misturado com frutas.

Mas na terceira noite é que aconteceu o casamen-to para valer. Segundo Okay, gerente gente boa do nos-so hotel, a maneira mais fácil e rápida de chegar emÇubuklu é de barco. A cena foi engraçada: eu de black-tie e a Carol de longo, arrumadíssima, num barco delinha normal, pinga-pinga, que transportava as pessoasde volta de seu trabalho para casa.

Parecia festa de filme de James Bond: os homens deblack-tie; o time feminino de modelos impressionava pelabeleza. Daniela Ciccarelli era uma das convidadas da noi-va. Uma espécie de túnel de tendas brancas conduzia os con-vidados mais uma vez para a beira do Bósforo, só que agorana margem asiática. Enquanto um coquetel de boas-vindasacontecia, os convidados eram contemplados com um belís-simo pôr-do-sol.

Um altar montado ao ar livre foi o cenário para acerimônia oficial. Câmeras com gruas filmavam o casamen-to dos melhores ângulos. Após o “sim”, um barco ancora-do no meio do Bósforo completou o alto-astral do mo-mento com um espetáculo de fogos de artifício. E depoisdo jantar uma banda muito estilosa botou todo mundoCONVIDADO NOS FAZENDO COMPANHIA: O BÓSFORO

TRÊS DIAS DE FESTA, SEMPRE COM UM ILUSTRE para dançar, com um repertório nota dez. Muita músicaoriental rolando; dançarinas profissionais davam um showcom a dança do ventre. De repente, entra uma miniescolade samba, com mulatas e tudo o mais, para o delírio dagalera local. Era divertido ver os brasileiros tentando imi-tar as dançarinas turcas e os turcos tentando sambar.

A mordomia rolava solta: na saída do banheirofeminino, massagistas davam um trato na mulherada:elas se atiravam numa espreguiçadeira enquanto os péseram massageados em cima de almofadas. Nada mal!

Quando a música ao vivo terminou, todos forampara um tenda ao lado de música eletrônica, onde osmais embaladinhos ficaram até o amanhecer. Enfim, festapra ficar marcada para sempre.

Após nos recuperarmos da ressaca de três dias de fes-ta seguidos, ainda fomos para Éfeso, ao sul de Istambul,que é um dos maiores sítios arqueológicos do mundo; edepois rumamos para a Capadócia, na Ásia, distante milkm em direção à fronteira com o Iraque, com suasestranhíssimas formações rochosas. Tem tanta coisa paracontar de lá que rende outra matéria. Após duas semanasde viagem, hora de regressar para o Brasil, ficando o dese-jo, a certeza e uma boa desculpa para voltar para a Tur-quia: conhecer, ao sul, o litoral com suas belíssimas praias.

ÚLTIMA NOITE: LUXO E SOFISTICAÇÃO NA MARGEM ASIÁTICA DO BÓSFOROPRIMEIRA NOITE: O BADALADO RHEINA JUNTOU GENTE DE VÁRIAS PARTES DO MUNDO

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Bom conselhoP O R M A L U C O E L H O

REMÉDIOS NATURAISMuito tem se falado sobre a importância da água em nosso organismo.

Embora não exista uma estatística comprobatória, é sabido que os brasileirostomam pouca água. A indicação é de que se consuma 2 litros diários, entretanto,ingerimos em média apenas 1 litro. Diante de tantos benefícios e funções atribu-ídas à água, por que não ingerir mais desse precioso líquido? Para as pessoas quenão gostam de água pura, vai a nossa sugestão: os sucos de frutas, além dehidratar o organismo, oferecem também um suporte importante de vitaminas esais minerais. Os sucos podem, portanto, ser importantes aliados no seu dia-a-dia, para garantir mais disposição e saúde.

ALGUNS SUCOS E SEUS BENEFÍCIOS: suco de maçã: poder antioxidante suco de uva: antioxidante e redutor de colesterol suco de melancia: ótimo diurético suco de mamão: propriedades digestivas suco de abacaxi: santo remédio para a má digestão suco de goiaba: desintoxica o organismo

MISTURE AS FRUTAS E OBTENHA DELICIOSOS RESULTADOS! Pêra com abacaxi Maçã com abacaxi Açaí, banana e guaraná Banana, pêra e alface Abacaxi e menta Maçã e laranja

E LEMBRE: Tome os sucos assim que ficarem prontos. Na preparação, use sempre água fervida ou mineral. Lave bem as frutas antes de utilizá-las, mesmo que retire as cascas. Se você introduzir sucos em sua alimentação estará contribuindo para

sua saúde, energia, bem-estar e beleza. Eles podem nos proporcionar tudo isso emuito mais.

NESTE VERÃO OFEREÇA LINDOS E SAUDÁVEIS SUCOS AOS SEUS AMIGOS.

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Page 38: Revista Estilo 49

tradizioneUna bella

P O R I R E N E S M A R C O N D E SF O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

AS CORES SÃO VIBRANTES. AS COMIDAS, DELICIOSAS. O VINHO E A

BOA MÚSICA ALEGRAM OS VISITANTES. MAS É O BADALAR CONSTAN-

TE DOS SINOS DA IGREJA QUE CONTAGIA O BAIRRO DO BIXIGA DU-

RANTE A FESTA EM HOMENAGEM A NOSSA SENHORA ACHIROPITA.

TRAZIDA NA BAGAGEM DOS IMIGRANTES CALABRESES, NO FINAL DO

SÉCULO XIX, ELA TORNOU-SE A PADROEIRA DA MAIOR FESTIVIDADE

RELIGIOSA DE SÃO PAULO, REALIZADA HÁ 82 ANOS NO MÊS DE AGOS-

TO. AQUI, O MAIOR PECADO É NÃO FAZER PARTE DESTA CELEBRAÇÃO.

Tradição

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tradizioneUna bella

P O R I R E N E S M A R C O N D E SF O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

AS CORES SÃO VIBRANTES. AS COMIDAS, DELICIOSAS. O VINHO E A

BOA MÚSICA ALEGRAM OS VISITANTES. MAS É O BADALAR CONSTAN-

TE DOS SINOS DA IGREJA QUE CONTAGIA O BAIRRO DO BIXIGA DU-

RANTE A FESTA EM HOMENAGEM A NOSSA SENHORA ACHIROPITA.

TRAZIDA NA BAGAGEM DOS IMIGRANTES CALABRESES, NO FINAL DO

SÉCULO XIX, ELA TORNOU-SE A PADROEIRA DA MAIOR FESTIVIDADE

RELIGIOSA DE SÃO PAULO, REALIZADA HÁ 82 ANOS NO MÊS DE AGOS-

TO. AQUI, O MAIOR PECADO É NÃO FAZER PARTE DESTA CELEBRAÇÃO.

Tradição

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Tradição

A LENDAENVOLVENDO A

SANTA ACHIROPITAFAZ PARTE DOREPERTÓRIO

CULTURALDO BIXIGA

Se o nome “Achiropita” lhe despertar curiosidade, pergunte a ummorador do Bixiga sobre sua origem. Ele certamente lhe contará umaboa história, que vem passando há séculos de geração em geração.

Reza a lenda que no ano de 580 um certo capitão Maurício en-frentou uma grande tempestade no mar. Gritou por socorro à NossaSenhora e lhe prometeu que se a embarcação fosse salva iria cons-truir um santuário em sua memória. A tormenta passou e os ventos olevaram até Rossano Cálabro, na Itália. O capitão cumpriu a pro-messa e iniciou as obras da igreja. Curiosamente, um artista plásticocontratado para pintar a imagem no altar enfrentava um mistério:tudo o que ele esboçava durante o dia desaparecia à noite. Certamadrugada, uma gentil senhora com um bebê no colo pediu paraentrar na igreja. O vigia deu permissão. Passaram-se longos minutose a mulher não voltou. Para surpresa do vigia, a imagem do menino eda mulher estava estampada no lugar da pintura. Eufórico, saiu pelasruas gritando “Nossa Senhora Achiropita” – que significa “não pinta-da por mãos humanas”. “É essa devoção Mariana que os imigrantesitalianos trouxeram para cá e que nós cultivamos”, conta MônicaConte Santos, relações-públicas da festa.

No Brasil, a celebração começou por volta de 1926, quando acomunidade italiana do Bixiga demonstrou o desejo de construiruma igreja para a Santa. Na época, as mulheres assavam cabritos eleitões que depois eram leiloados pelos seus maridos com o objetivode angariar fundos. Hoje, nesta 82ª edição, com a igreja consolida-da há décadas, o mesmo espírito solidário permanece intocado. Todoo dinheiro arrecadado com a festa mantém e expande obras sociaisque atendem centenas de pessoas.

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Tradição

A LENDAENVOLVENDO A

SANTA ACHIROPITAFAZ PARTE DOREPERTÓRIO

CULTURALDO BIXIGA

Se o nome “Achiropita” lhe despertar curiosidade, pergunte a ummorador do Bixiga sobre sua origem. Ele certamente lhe contará umaboa história, que vem passando há séculos de geração em geração.

Reza a lenda que no ano de 580 um certo capitão Maurício en-frentou uma grande tempestade no mar. Gritou por socorro à NossaSenhora e lhe prometeu que se a embarcação fosse salva iria cons-truir um santuário em sua memória. A tormenta passou e os ventos olevaram até Rossano Cálabro, na Itália. O capitão cumpriu a pro-messa e iniciou as obras da igreja. Curiosamente, um artista plásticocontratado para pintar a imagem no altar enfrentava um mistério:tudo o que ele esboçava durante o dia desaparecia à noite. Certamadrugada, uma gentil senhora com um bebê no colo pediu paraentrar na igreja. O vigia deu permissão. Passaram-se longos minutose a mulher não voltou. Para surpresa do vigia, a imagem do menino eda mulher estava estampada no lugar da pintura. Eufórico, saiu pelasruas gritando “Nossa Senhora Achiropita” – que significa “não pinta-da por mãos humanas”. “É essa devoção Mariana que os imigrantesitalianos trouxeram para cá e que nós cultivamos”, conta MônicaConte Santos, relações-públicas da festa.

No Brasil, a celebração começou por volta de 1926, quando acomunidade italiana do Bixiga demonstrou o desejo de construiruma igreja para a Santa. Na época, as mulheres assavam cabritos eleitões que depois eram leiloados pelos seus maridos com o objetivode angariar fundos. Hoje, nesta 82ª edição, com a igreja consolida-da há décadas, o mesmo espírito solidário permanece intocado. Todoo dinheiro arrecadado com a festa mantém e expande obras sociaisque atendem centenas de pessoas.

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Tradição

OS SEGREDOS DA FOGAZZA SÃO CONSIDERADOSPATRIMÔNIO DA FESTA E NÃO PODEM SER REVELADOS

A história da Nossa Senhora da Calábria todo mundo conta. Jáa receita da Fogazza – o prato mais consumido da festa – ninguémrevela. Até porque o segredo está protegido há 30 anos pela famíliada mama Aida e seu marido, Otávio Pugliese. No entanto, fica difí-cil imaginar como eles conseguem manter o sigilo diante de umaprodução que gira em torno das 15 mil Fogazzas por noite, ou seja,1.600 kg de farinha por vez. A coordenadora da parte interna dafesta, Maria Emília Conte Moitinho, esclarece: na realidade, umgrupo de sete pessoas detém a receita. “O preparo da massa começadesde cedo, diariamente, e é nela que está o segredinho”, revela.Quem permanece no comando é o próprio Sr. Otávio, que aos 82anos continua literalmente colocando a mão na massa. Mas entre“os eleitos” já foram escalados alguns jovens que aprendem as arti-manhas do prato italiano para garantir sua longevidade. Só depoisde pronta é que a mistura é levada ao time de voluntárias que arecheia com tomate e queijo mussarela. “Mesmo em um final desemana com chuva vendemos mais de 10 mil Fogazzas. Era incrívelver as pessoas com seus guarda-chuvas abertos aguardando a vezna fila”, descreve Maria Emília.

Ao lado do primo piatto brilham também outra delícias tipica-mente italianas, como Fricazzas (veja receita ao lado), Polentas,Antepastis, Peperoni, Melanzanas ao forno, Macarrão, Pizzas eCalabresas. E ao que parece os 200 mil visitantes continuam apro-vando o cardápio. Cerca de 11 mil quilos de macarrão e 15 milquilos de mussarela, de lingüiça e de carne foram consumidos, aolado de 10 mil litros de vinho.

RECEITA FRICAZZA

MASSA 1 KG DE FARINHA DE TRIGO;

1/2 KG DE BATATAS COZIDAS E AMASSADAS;

1 COLHER DE SAL; 1 COLHER DE SOBREMESA

DE AÇÚCAR; 150 G DE FERMENTO PARA PÃO;

4 COLHERES (SOPA) DE MARGARINA

MOLHO ½ KG DE TOMATES; SAL; ORÉGANO,

CEBOLA E ALHO A GOSTO

COBERTURA MUSSARELA

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Misture muito bem a farinha, asbatatas, o sal, o açúcar, a margarina e o fermento.Acrescente água até obter uma consistência mole.Deixe descansar por mais ou menos 1 hora. Untea fôrma (alta, de 20 cm) com bastante óleo. Des-peje uma camada de 1 a 2 cm da massa, na fôrma.Deixe descansar por mais meia hora. Pré-asse amassa em 250ºC por cerca de 20 minutos. Quan-do começar a corar, retire e deixe esfriar. Por últi-mo, cubra a massa com o molho de tomatee mussarela e deixe gratinar por cerca de 15 mi-nutos. Você pode variar as coberturas colocandocalabresa, aliche ou outros tipos de queijo.

POR SUELI E JOSÉ LUIZ GALLÃO, VOLUNTÁRIOSHÁ 30 ANOS DA FESTA N. S. ACHIROPITA

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Tradição

OS SEGREDOS DA FOGAZZA SÃO CONSIDERADOSPATRIMÔNIO DA FESTA E NÃO PODEM SER REVELADOS

A história da Nossa Senhora da Calábria todo mundo conta. Jáa receita da Fogazza – o prato mais consumido da festa – ninguémrevela. Até porque o segredo está protegido há 30 anos pela famíliada mama Aida e seu marido, Otávio Pugliese. No entanto, fica difí-cil imaginar como eles conseguem manter o sigilo diante de umaprodução que gira em torno das 15 mil Fogazzas por noite, ou seja,1.600 kg de farinha por vez. A coordenadora da parte interna dafesta, Maria Emília Conte Moitinho, esclarece: na realidade, umgrupo de sete pessoas detém a receita. “O preparo da massa começadesde cedo, diariamente, e é nela que está o segredinho”, revela.Quem permanece no comando é o próprio Sr. Otávio, que aos 82anos continua literalmente colocando a mão na massa. Mas entre“os eleitos” já foram escalados alguns jovens que aprendem as arti-manhas do prato italiano para garantir sua longevidade. Só depoisde pronta é que a mistura é levada ao time de voluntárias que arecheia com tomate e queijo mussarela. “Mesmo em um final desemana com chuva vendemos mais de 10 mil Fogazzas. Era incrívelver as pessoas com seus guarda-chuvas abertos aguardando a vezna fila”, descreve Maria Emília.

Ao lado do primo piatto brilham também outra delícias tipica-mente italianas, como Fricazzas (veja receita ao lado), Polentas,Antepastis, Peperoni, Melanzanas ao forno, Macarrão, Pizzas eCalabresas. E ao que parece os 200 mil visitantes continuam apro-vando o cardápio. Cerca de 11 mil quilos de macarrão e 15 milquilos de mussarela, de lingüiça e de carne foram consumidos, aolado de 10 mil litros de vinho.

RECEITA FRICAZZA

MASSA 1 KG DE FARINHA DE TRIGO;

1/2 KG DE BATATAS COZIDAS E AMASSADAS;

1 COLHER DE SAL; 1 COLHER DE SOBREMESA

DE AÇÚCAR; 150 G DE FERMENTO PARA PÃO;

4 COLHERES (SOPA) DE MARGARINA

MOLHO ½ KG DE TOMATES; SAL; ORÉGANO,

CEBOLA E ALHO A GOSTO

COBERTURA MUSSARELA

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Misture muito bem a farinha, asbatatas, o sal, o açúcar, a margarina e o fermento.Acrescente água até obter uma consistência mole.Deixe descansar por mais ou menos 1 hora. Untea fôrma (alta, de 20 cm) com bastante óleo. Des-peje uma camada de 1 a 2 cm da massa, na fôrma.Deixe descansar por mais meia hora. Pré-asse amassa em 250ºC por cerca de 20 minutos. Quan-do começar a corar, retire e deixe esfriar. Por últi-mo, cubra a massa com o molho de tomatee mussarela e deixe gratinar por cerca de 15 mi-nutos. Você pode variar as coberturas colocandocalabresa, aliche ou outros tipos de queijo.

POR SUELI E JOSÉ LUIZ GALLÃO, VOLUNTÁRIOSHÁ 30 ANOS DA FESTA N. S. ACHIROPITA

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Tradição

OS VOLUNTÁRIOS RESGATAM O ESPÍRITO SOLIDÁRIODE SEUS ANTEPASSADOS E GARANTEM ACONTINUIDADE DAS OBRAS ASSISTENCIAIS DA IGREJA

Durante os cinco finais de semana da festa mais de 900 volun-tários envolvem-se diretamente com o evento. Só na linha de mon-tagem das Fogazzas enfileiram-se 130 mamas, acostumadas a recheara massa mais cobiçada. Nas 30 barracas montadas na rua, outroimportante time de voluntários entra em ação. O desafio é grande:atender o público, que supera as 200 mil pessoas. “Coordenar abanca da Fogazza exige uma doação enorme de tempo, esforço ededicação. Mas é com muito amor que me envolvo com a festivida-de, com o objetivo maior de expandir as obras sociais da paróquia”,conta Márcia Kury Guerra, que há 21 anos trabalha na organiza-ção. “Ali eu encontro minha segunda família”, enfatiza. Tanto es-forço gera ações surpreendentes. Diariamente, 450 crianças e ado-lescentes entre 6 e 15 anos de idade recebem assistência. Uma cre-che recém-montada apóia outras 194 crianças de 0 a 6 anos. Semfalar nos mais de 200 homens e mulheres de rua e 170 pessoas deterceira idade que redescobrem os direitos básicos de cidadania.

Sem dúvida, a Nossa Senhora da Achiropita é padroeira deuma festa que sensibiliza todos pela grandiosidade da sua solidarie-dade, sem perder de vista a alegria tipicamente italiana.

EM 2009 SIGA O CALENDÁRIODE FESTAS ITALIANAS, EM SÃO PAULO• MAIO • NOSSA SENHORA CASALUCEA FESTA MOVIMENTA AS RUAS EM TORNO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHO-RA CASALUCE, NO BRÁS, DURANTE OS FINAIS DE SEMANA DO MÊS DE MAIO.A DEVOÇÃO À SANTA COMEÇOU COM A CHEGADA DOS NAPOLITANOS QUESE INSTALARAM NO ENTORNO DA RUA CAETANO PINTO.

• JUNHO • SÃO VITO MÁRTIRA FESTA DE SÃO VITO MÁRTIR É CONSIDERADA UMA DAS MAIS TRADICI-ONAIS DA CIDADE. DURANTE SEIS FINAIS DE SEMANA O PÚBLICO PODEPROVAR AS COMIDAS TÍPICAS ITALIANAS NAS BARRACAS QUE SE CON-CENTRAM DA RUA POLIGNANO À MARÉ, TAMBÉM NO BRÁS.

• AGOSTO • NOSSA SENHORA DA ACHIROPITAO MAIOR EVENTO DO CALENDÁRIO DE FESTAS ITALIANAS RECEBE CER-CA DE 200 MIL PESSOAS A CADA ANO, NO BIXIGA. OS ORGANIZADORESJÁ PREPARAM A 83a EDIÇÃO, QUE ACONTECERÁ EM AGOSTO DE 2009.

• SETEMBRO • SAN GENNARO MÁRTIRAPESAR DE SER CONHECIDA COMO SÃO JANUÁRIO PELA MAIORIA DOSBRASILEIROS, SAN GENNARO AINDA É O NOME USADO PELOS MORA-DORES DA MOOCA, NA ZONA LESTE DE SÃO PAULO, LOCAL ONDE ACON-TECE A FESTIVIDADE, EM SETEMBRO.

Page 45: Revista Estilo 49

Tradição

OS VOLUNTÁRIOS RESGATAM O ESPÍRITO SOLIDÁRIODE SEUS ANTEPASSADOS E GARANTEM ACONTINUIDADE DAS OBRAS ASSISTENCIAIS DA IGREJA

Durante os cinco finais de semana da festa mais de 900 volun-tários envolvem-se diretamente com o evento. Só na linha de mon-tagem das Fogazzas enfileiram-se 130 mamas, acostumadas a recheara massa mais cobiçada. Nas 30 barracas montadas na rua, outroimportante time de voluntários entra em ação. O desafio é grande:atender o público, que supera as 200 mil pessoas. “Coordenar abanca da Fogazza exige uma doação enorme de tempo, esforço ededicação. Mas é com muito amor que me envolvo com a festivida-de, com o objetivo maior de expandir as obras sociais da paróquia”,conta Márcia Kury Guerra, que há 21 anos trabalha na organiza-ção. “Ali eu encontro minha segunda família”, enfatiza. Tanto es-forço gera ações surpreendentes. Diariamente, 450 crianças e ado-lescentes entre 6 e 15 anos de idade recebem assistência. Uma cre-che recém-montada apóia outras 194 crianças de 0 a 6 anos. Semfalar nos mais de 200 homens e mulheres de rua e 170 pessoas deterceira idade que redescobrem os direitos básicos de cidadania.

Sem dúvida, a Nossa Senhora da Achiropita é padroeira deuma festa que sensibiliza todos pela grandiosidade da sua solidarie-dade, sem perder de vista a alegria tipicamente italiana.

EM 2009 SIGA O CALENDÁRIODE FESTAS ITALIANAS, EM SÃO PAULO• MAIO • NOSSA SENHORA CASALUCEA FESTA MOVIMENTA AS RUAS EM TORNO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHO-RA CASALUCE, NO BRÁS, DURANTE OS FINAIS DE SEMANA DO MÊS DE MAIO.A DEVOÇÃO À SANTA COMEÇOU COM A CHEGADA DOS NAPOLITANOS QUESE INSTALARAM NO ENTORNO DA RUA CAETANO PINTO.

• JUNHO • SÃO VITO MÁRTIRA FESTA DE SÃO VITO MÁRTIR É CONSIDERADA UMA DAS MAIS TRADICI-ONAIS DA CIDADE. DURANTE SEIS FINAIS DE SEMANA O PÚBLICO PODEPROVAR AS COMIDAS TÍPICAS ITALIANAS NAS BARRACAS QUE SE CON-CENTRAM DA RUA POLIGNANO À MARÉ, TAMBÉM NO BRÁS.

• AGOSTO • NOSSA SENHORA DA ACHIROPITAO MAIOR EVENTO DO CALENDÁRIO DE FESTAS ITALIANAS RECEBE CER-CA DE 200 MIL PESSOAS A CADA ANO, NO BIXIGA. OS ORGANIZADORESJÁ PREPARAM A 83a EDIÇÃO, QUE ACONTECERÁ EM AGOSTO DE 2009.

• SETEMBRO • SAN GENNARO MÁRTIRAPESAR DE SER CONHECIDA COMO SÃO JANUÁRIO PELA MAIORIA DOSBRASILEIROS, SAN GENNARO AINDA É O NOME USADO PELOS MORA-DORES DA MOOCA, NA ZONA LESTE DE SÃO PAULO, LOCAL ONDE ACON-TECE A FESTIVIDADE, EM SETEMBRO.

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O sabor e o saberF e r n a n d O l O k s c h i n

Um dos alimentos a iniciar o desmame, a banana amassada é aceita sem qualquer aprendizado pelo recém- nascido. E o adulto pode cantar “não sou macaco, mas eu gosto de bananas”, porém é na sua identidade genética com os primatas que a atração pela banana se enraíza: 98% de cromossomas em comum. Todos temos uma queda por bananas, elo de união entre homens e macacos. Aliás, bananas e macacos compartilham o mesmo hábitat preferen cial: matas tropicais úmidas.

Se o macaco é darwiniano, o criacionista exibe a banana como exemplo de um plano e propósito superior na natureza. A banana parece feita sob medida para ser comida: vem acondi-cionada em cachos, cada fruto separado e protegido dos outros, a penca subdividida na conveniência de uso, transporte ou armazenamento. A casca é uma embalagem fácil de remover, possui linhas de separação e cabo de união final para manuseio e descarte. A forma ajusta-se à boca e a textura homogênea é agradável ao palato. A cor sinaliza o momento ideal de consumo, pois a casca amadurece junto com a polpa: é verde se a fruta está verde, amarela quando madura e preta quando passada. A ausência de caldo, gomos e sementes permite uma mordida descuidada; comer banana não dá trabalho, só prazer – e nutrição: rica em calorias, potássio e vitamina C, a banana é a fruta mais consumida no mundo, não é rival de laranjas ou maçãs, mas do trigo, arroz e milho.

Antes se comia o rizoma subterrâneo, o pequeno fruto era só pectina, casca e sementes. A banana foi a primeira fruta desenvolvida pelo homem, resultado da cruza de variedades não comestíveis. Já se plantavam bananeiras há 10 mil anos nas florestas tropicais asiáticas, onde ainda se encontram espécimes selvagens. O expansionismo islâmico levou a planta ao Oriente Médio. Espalhada pela África por mercadores de escravos e ca-çadores de marfim, tornou-se um dos sustentos do povo. Musa, palavra árabe para ‘dedo’, foi o nome ini cial da fruta, e banan, o termo para ‘mão’, deu origem ao banto banana que antes descrevia todo o cacho.

Em 1483 os portugueses encontraram a fruta – e o nome, banana – na costa oriental da África e a plantaram nas Caná-rias. O frei Tomás de Berlanga, o descobridor de Galápagos,

natureza.As bananeiras teriam sido cultivadas primeiro por outras

utilidades, só depois pelos frutos. A seiva tem uso medicinal e as folhas são envoltório de cozimento, prato descartável, revestimento, telhado e guarda-chuva; suas fibras secas se prestam a tecelagem e, por resistir à água salgada, são usadas em balsas, cordas, redes e linhas de pesca. Folhas frescas e frutas danificadas alimentam o gado. Os filipinos comem o caule como legume e a flor do cacho como verdura. A cerveja de banana dá nutrição e recreação aos africanos. A casca escurecida, rica em tanino, faz o curtimento do couro. O psicodelismo dos anos 60 adotou a casca da banana como alucinógeno. Embora a planta concentre aldeídos psicoativos na casca, defesa contra predadores, a quantidade é mínima e o efeito de fumar casca de banana é dado pela sugestão.

Cultivadas em 130 países, somente 10% da produção é exportada, todo o resto serve à nutrição local. ‘Dar como banana’, diz o provérbio. O Brasil só perde para Índia como o maior produtor. “Pacoba e uma fruta natural d’esta terra a qual se da em uma arvor muito molle e facil de cortar”, registrou o Tratado Descriptivo do Brasil em 1587. Os portugueses encontraram os tupinambás assando e comendo pacova (tupi pakova), que chamaram de banana pão ou da terra em contraposição à de São Tomé que traziam da África e era comida crua. Encontrada em todo o hemisfério sul, a pacova ou teve uma biografia paralela à da banana asiática ou fez uma migração pré-histórica pelo Pacífico – não faltando a tese de abdução por disco-voador. A banana aqui se aclimatou tão bem e tão cedo que virou praga para a flora nativa. As impor-tações mais incorporadas pelos índios foram cães e bananas, suas ausências sinalizam total isolamento.

Luccock, viajando pelo Rio Grande do Sul em 1808, observou que o povo evitava cortar transversalmente a banana pela imagem de cruz que aparecia, e Cascudo descreveu as belas crenças que no brotar do cacho, a bananeira “geme tal mulher em trabalho de parto” e a bananeira que não frutifica deve ser estimulada por um longo abraço apertado.

“Uma fruta saudável como pão e suculenta como

foi o introdutor da banana de sobremesa na América (1516); com um único broto transformou o pátio de seu mosteiro no Haiti em um bananal para nutrir escravos. Nomeado bispo do Panamá, o frade carregou a banana para o continente.

A primeira referência à banana é o poema budista de Pali. Manuscritos chineses do séc. II a.c. trazem descrições do cultivo, e a iconografia antiga mostra Buda junto a folhas de bananeira, um símbolo de impermanência e fragilidade. O Maharabata e o Ramanaya mencionam a banana e, em 327 a.c., Alexandre Magno se deparou com a fruta nos vales indianos. Contemporâneo de Jesus, Plínio conta que os sábios hindus repousavam à sombra de bananeiras, daí o nome botânico de musa sapientiun, ‘banana dos sá bios’ e, como a tradição islâmica vê na banana o fruto proibido, musa paradisiaca, ‘banana do paraíso’.

Nas zonas de origem, reinos do arroz, a banana nunca ganhou a importância da África e Caribe. As áreas africanas mais populosas são as que têm mais bananeiras: quanto mais bananas, mais bocas. Em zonas da Uganda o consumo diário per capita chega a 5 dúzias e na língua local matooke é tanto ‘banana’ como ‘comida’.

A banana não dá em árvore. Prima do gengibre e do cardamono, a bananeira é uma herbácea gigante, a mais alta planta sem tronco lenhoso. O pseudocaule se eleva numa sucessão de bainhas de folhas enroladas. As folhas são longas para captar luz e água e as bordas ficam franjeadas para resistir ao vento. Que frutifique em qualquer das estações do ano é um dos fundamentos da sua importância alimentar.

‘Bananeira que já deu cacho’, se diz da pessoa que já não é útil. A planta produz uma única vez e logo morre. A propagação dá-se por brotos subterrâneos laterais e o fruto se desenvolve das florescências femininas ou hermafroditas – nunca masculinas, apesar da forma fálica. Cada banana desenha um sorriso, a simpática curvatura resulta da força de crescimento voltada para cima e a atração da gravidade, para baixo. O cacho dá entre 100 e 400 frutos, pode pesar tanto quanto um homem e proporcionar 60 mil calorias, a maior quantidade de energia por área de solo encontrada na

Banana, a mais erOtizada das Frutas

Banana em Purêamasse 4 Bananas,

adiciOne Pimenta, PingO

de mel, gOta de VinhO

dO POrtO e dOure na

manteiga. acOmPanha O

Pernil assadO.

56 Estilo Zaffari Estilo Zaffari 57

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O sabor e o saberF e r n a n d O l O k s c h i n

Um dos alimentos a iniciar o desmame, a banana amassada é aceita sem qualquer aprendizado pelo recém- nascido. E o adulto pode cantar “não sou macaco, mas eu gosto de bananas”, porém é na sua identidade genética com os primatas que a atração pela banana se enraíza: 98% de cromossomas em comum. Todos temos uma queda por bananas, elo de união entre homens e macacos. Aliás, bananas e macacos compartilham o mesmo hábitat preferen cial: matas tropicais úmidas.

Se o macaco é darwiniano, o criacionista exibe a banana como exemplo de um plano e propósito superior na natureza. A banana parece feita sob medida para ser comida: vem acondi-cionada em cachos, cada fruto separado e protegido dos outros, a penca subdividida na conveniência de uso, transporte ou armazenamento. A casca é uma embalagem fácil de remover, possui linhas de separação e cabo de união final para manuseio e descarte. A forma ajusta-se à boca e a textura homogênea é agradável ao palato. A cor sinaliza o momento ideal de consumo, pois a casca amadurece junto com a polpa: é verde se a fruta está verde, amarela quando madura e preta quando passada. A ausência de caldo, gomos e sementes permite uma mordida descuidada; comer banana não dá trabalho, só prazer – e nutrição: rica em calorias, potássio e vitamina C, a banana é a fruta mais consumida no mundo, não é rival de laranjas ou maçãs, mas do trigo, arroz e milho.

Antes se comia o rizoma subterrâneo, o pequeno fruto era só pectina, casca e sementes. A banana foi a primeira fruta desenvolvida pelo homem, resultado da cruza de variedades não comestíveis. Já se plantavam bananeiras há 10 mil anos nas florestas tropicais asiáticas, onde ainda se encontram espécimes selvagens. O expansionismo islâmico levou a planta ao Oriente Médio. Espalhada pela África por mercadores de escravos e ca-çadores de marfim, tornou-se um dos sustentos do povo. Musa, palavra árabe para ‘dedo’, foi o nome ini cial da fruta, e banan, o termo para ‘mão’, deu origem ao banto banana que antes descrevia todo o cacho.

Em 1483 os portugueses encontraram a fruta – e o nome, banana – na costa oriental da África e a plantaram nas Caná-rias. O frei Tomás de Berlanga, o descobridor de Galápagos,

natureza.As bananeiras teriam sido cultivadas primeiro por outras

utilidades, só depois pelos frutos. A seiva tem uso medicinal e as folhas são envoltório de cozimento, prato descartável, revestimento, telhado e guarda-chuva; suas fibras secas se prestam a tecelagem e, por resistir à água salgada, são usadas em balsas, cordas, redes e linhas de pesca. Folhas frescas e frutas danificadas alimentam o gado. Os filipinos comem o caule como legume e a flor do cacho como verdura. A cerveja de banana dá nutrição e recreação aos africanos. A casca escurecida, rica em tanino, faz o curtimento do couro. O psicodelismo dos anos 60 adotou a casca da banana como alucinógeno. Embora a planta concentre aldeídos psicoativos na casca, defesa contra predadores, a quantidade é mínima e o efeito de fumar casca de banana é dado pela sugestão.

Cultivadas em 130 países, somente 10% da produção é exportada, todo o resto serve à nutrição local. ‘Dar como banana’, diz o provérbio. O Brasil só perde para Índia como o maior produtor. “Pacoba e uma fruta natural d’esta terra a qual se da em uma arvor muito molle e facil de cortar”, registrou o Tratado Descriptivo do Brasil em 1587. Os portugueses encontraram os tupinambás assando e comendo pacova (tupi pakova), que chamaram de banana pão ou da terra em contraposição à de São Tomé que traziam da África e era comida crua. Encontrada em todo o hemisfério sul, a pacova ou teve uma biografia paralela à da banana asiática ou fez uma migração pré-histórica pelo Pacífico – não faltando a tese de abdução por disco-voador. A banana aqui se aclimatou tão bem e tão cedo que virou praga para a flora nativa. As impor-tações mais incorporadas pelos índios foram cães e bananas, suas ausências sinalizam total isolamento.

Luccock, viajando pelo Rio Grande do Sul em 1808, observou que o povo evitava cortar transversalmente a banana pela imagem de cruz que aparecia, e Cascudo descreveu as belas crenças que no brotar do cacho, a bananeira “geme tal mulher em trabalho de parto” e a bananeira que não frutifica deve ser estimulada por um longo abraço apertado.

“Uma fruta saudável como pão e suculenta como

foi o introdutor da banana de sobremesa na América (1516); com um único broto transformou o pátio de seu mosteiro no Haiti em um bananal para nutrir escravos. Nomeado bispo do Panamá, o frade carregou a banana para o continente.

A primeira referência à banana é o poema budista de Pali. Manuscritos chineses do séc. II a.c. trazem descrições do cultivo, e a iconografia antiga mostra Buda junto a folhas de bananeira, um símbolo de impermanência e fragilidade. O Maharabata e o Ramanaya mencionam a banana e, em 327 a.c., Alexandre Magno se deparou com a fruta nos vales indianos. Contemporâneo de Jesus, Plínio conta que os sábios hindus repousavam à sombra de bananeiras, daí o nome botânico de musa sapientiun, ‘banana dos sá bios’ e, como a tradição islâmica vê na banana o fruto proibido, musa paradisiaca, ‘banana do paraíso’.

Nas zonas de origem, reinos do arroz, a banana nunca ganhou a importância da África e Caribe. As áreas africanas mais populosas são as que têm mais bananeiras: quanto mais bananas, mais bocas. Em zonas da Uganda o consumo diário per capita chega a 5 dúzias e na língua local matooke é tanto ‘banana’ como ‘comida’.

A banana não dá em árvore. Prima do gengibre e do cardamono, a bananeira é uma herbácea gigante, a mais alta planta sem tronco lenhoso. O pseudocaule se eleva numa sucessão de bainhas de folhas enroladas. As folhas são longas para captar luz e água e as bordas ficam franjeadas para resistir ao vento. Que frutifique em qualquer das estações do ano é um dos fundamentos da sua importância alimentar.

‘Bananeira que já deu cacho’, se diz da pessoa que já não é útil. A planta produz uma única vez e logo morre. A propagação dá-se por brotos subterrâneos laterais e o fruto se desenvolve das florescências femininas ou hermafroditas – nunca masculinas, apesar da forma fálica. Cada banana desenha um sorriso, a simpática curvatura resulta da força de crescimento voltada para cima e a atração da gravidade, para baixo. O cacho dá entre 100 e 400 frutos, pode pesar tanto quanto um homem e proporcionar 60 mil calorias, a maior quantidade de energia por área de solo encontrada na

Banana, a mais erOtizada das Frutas

Banana em Purêamasse 4 Bananas,

adiciOne Pimenta, PingO

de mel, gOta de VinhO

dO POrtO e dOure na

manteiga. acOmPanha O

Pernil assadO.

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O sabor e o saberF e r n a n d O l O k s c h i n

nata...” – em 1872, quando publicou a Volta ao Mundo em 80 Dias, Julio Verne precisou descrever a banana, uma total desconhecida de seus leitores. A fruta foi uma importação tardia da Europa e América do Norte – sem frutificar em clima temperado nem resistir sem amadurecer à temperatura ambiente, a banana teve de esperar pelos trens e navios climatizados. Os norte-americanos foram apresentados à fruta! nas festas do Centenário da Independência em 1876 e os franceses em 1903, quando o cargueiro Venus aportou em Marselha vindo do Equador. A banana logo se tornou a estrela da belle époque. Picasso e Dalí ofereciam bananas em suas vernissages, Josephine Baker causava furor se apresen-tando com uma minitanga de bananas. Carmem Miranda tornou-se a maior estrela internacional dos anos 40 exibindo extravagantes chapéus tutti-frutti, cantando ‘bananas is my business’ e atuando em ‘Banana de Terra’.

A fruta virou tema picante. Seja ‘Quero colocar minha banana na tua fruteira’, ‘Por favor, não amassa minha banana’, ‘Minha esposa fugiu com uma banana’, seja na insinuação de ‘banana, menina, contém vitamina, banana engorda e faz crescer’ ou na vulgaridade de “quando descasco a banana, ficas tão tontinha que tua cauda abana” do grupo bem denominado de João Penca e seus miquinhos amestrados. O ‘Yes nós temos bananas’, foi a resposta nacional ao Yes we have no bananas música que virou filme e símbolo do comércio inglês na II Guerra: qualquer produto que faltasse era anunciado pela tabuleta, ‘Yes we have no bananas’.

‘Chiquita banana lá da Martinica/ se veste com a casca de uma banana nanica/... existencialista com toda razão/ só faz o que manda seu coração.’ Curiosamente a marchinha alusiva ao franco-existencialismo de Sartre, que recém visitara o Rio de Janeiro, acabou traduzindo o trópico-sensualismo nacional, inspiração da canção/definição do movimento tropicalista: ‘tropicália, bananas ao vento’.

A ‘República de Bananas’ surgiu num livro de contos de O’Henry escrito em Honduras, grande exportadora de bananas. Passou aos países da América Central e Caribe co-mandados por generais e caudilhos, conciliando interesses da United Fruit e Standart Fruit e próprios. Woody Allen popula-rizou o termo e estereótipo no filme Bananas (1971) e Banana Republic acabou rede de lojas de roupas para viagem e safári.

Na cena culminante de ‘O Circo’ (1928), Carlito escor-rega numa casca de banana pendurada na corda bamba onde

tenta se equilibrar. O cair por pisar na casca de banana goza um destaque cultural desproporcional à chance de ocorrência. As cascas expostas ao sol logo deixam de ser escorregadiças, e quando as bananas tornaram-se abundantes, o destino do lixo já era mais organizado. Mesmo que barro e dejetos de cães ofereçam riscos maiores, há desde epitáfios até uma infinidade de filmes e músicas alusivas à situação: ‘Foi numa casca de banana que pisei, pisei / escorreguei quase caí / mas a turma lá de trás gritou / tem nêgo bêbo aí.’

Com o abacaxi é aceitável, mas que a banana não tenha vida sexual é uma ironia. Sem pólen ou sementes, a mais erotizada das frutas é virgem e estéril, reproduz-se por partenogênese. Cada banana é um clone, sósia replicante das outras. A falta de cruzamento genético a deixa vulnerável e exige um cultivo saturado de defensivos agrícolas. Recebe até 50 banhos de pesticidas, dez vezes mais que a média ‘moderna’ agroquímica. Os cachos são armazenadas em depósitos rare-feitos e refrigerados e a maturação é induzida por gás etileno, hormônio vegetal. O amadurecimento natural – sempre fora do pé – num ambiente de calor e sombra confere mais sabor e aroma.

A banana tornou-se a mais popular das frutas, palavra tão universal como taxi, hotel e coca-cola. Basho significa ‘bananeira’ em japonês; o mestre do hai-kai assumiu o pseudô-nimo (séc. XVII) pela imagem da planta, tanto frondosa como frágil. Se na China banana é o oriental ocidentalizado, amarelo por fora, branco por dentro, no Brasil é o indolente, um mole. Ganhar uma banana é muito, preço de banana é pouco. Plantar bananeira é apoiar-se nos braços de cabeça para baixo, as pernas movimentando-se tais as folhas da planta.

Presença pequena no orçamento e grande na dieta, a banana integra todas as cozinhas regionais: balas, bolos, pudins, tortas, cucas, farofas, virados, assados, feijoadas e barreados. O tijolinho de banana – mariola – já era um doce tradicional em tempos coloniais.

A banana é a fruta mais naturalizada brasileira. Yes, nós temos bananas e este texto amassado, gordo e crescido, de escorregar quase cair, que faz gemer que nem mulher em trabalho de parto. Se não frutifica, faltou o abraço apertado. Tem nêgo bêbo aí.

FernandO lOkschin é médicO e gOurmet [email protected]

58 Estilo Zaffari

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Page 50: Revista Estilo 49

Grandes Chefs

FrancisMallmann

ELE SE AUTODENOMINA COZINHEIRO. E NÃO PENSE QUE É POR HUMILDADE.

É POR PURO ESTILO. FRANCIS É UM STAR DA GASTRONOMIA. ASSINA OS JAN-

TARES DA CASA ROSADA, EM BUENOS AIRES. COZINHA PARA OS GRANDES

NOMES DO CENÁRIO MUNDIAL, PRÍNCIPES, REIS, PRESIDENTES CONVIDADOS

DA CORTE DOS KIRCHNER. ELE REALMENTE É O MAGO DOS SABORES E DO

FOGO ALTO – SUA MARCA REGISTRADA. SUA ESCOLA FOI A NOUVELLE CUISINE

FRANCESA NOS TEMPOS EM QUE VIVEU EM PARIS. GANHOU PERSONALIDADE

QUANDO POSICIONOU SEU ESTILO EM UMA COZINHA RÚSTICA E INSPIRADA

NO NORTE DA ARGENTINA, NA CULTURA INCA.

T E X T O S E F O T O S P O R C R I S B E R G E R

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Grandes Chefs

FrancisMallmann

ELE SE AUTODENOMINA COZINHEIRO. E NÃO PENSE QUE É POR HUMILDADE.

É POR PURO ESTILO. FRANCIS É UM STAR DA GASTRONOMIA. ASSINA OS JAN-

TARES DA CASA ROSADA, EM BUENOS AIRES. COZINHA PARA OS GRANDES

NOMES DO CENÁRIO MUNDIAL, PRÍNCIPES, REIS, PRESIDENTES CONVIDADOS

DA CORTE DOS KIRCHNER. ELE REALMENTE É O MAGO DOS SABORES E DO

FOGO ALTO – SUA MARCA REGISTRADA. SUA ESCOLA FOI A NOUVELLE CUISINE

FRANCESA NOS TEMPOS EM QUE VIVEU EM PARIS. GANHOU PERSONALIDADE

QUANDO POSICIONOU SEU ESTILO EM UMA COZINHA RÚSTICA E INSPIRADA

NO NORTE DA ARGENTINA, NA CULTURA INCA.

T E X T O S E F O T O S P O R C R I S B E R G E R

Page 52: Revista Estilo 49

Grandes ChefsAtrás de si tem uma longa carreira em que abriu e fechou

diversos restaurantes pelo mundo afora. A vida é dinâmica,ele diria. Morou em São Paulo na época em que fez o cardá-pio do Figueira Rubaiyat. Depois foi para Nova York, ondeteve por anos seu restaurante Patagonia West. Voltou à Ar-gentina e foi morar na parte de cima do Patagonia Sur, ondeaté hoje tem as portas abertas. Há vezes em que está emMendoza, no seu mais lindo endereço gastronômico; oRestaurant 1884, e outras em Garzon, no Uruguai, onde temum hotel-restaurante. Não fica muito tempo em parte algu-ma. É viajante por natureza. Conta que o lugar que mais ofascina na vida é sua casa numa ilha da Patagônia, de onde sepode ver de perto a Cordilheira dos Andes.

Francis volta à TV. Seu novo programa se chama LosFuegos de Francis Mallmann e é exibido no canal Gourmet,que não passa no Brasil, e poderá ser visto em algum país lati-no-americano. Nos episódios, el chef não olha para câmera,

cozinha contando histórias. Os episódios valorizam os cenári-os, têm uma boa trilha sonora e estão muito parecidos com oar criativo com que se aventura na costura, na escrita de con-tos e até a tocar violão. Quem o conhece sabe o quanto ele éreservado. Tem uma boa equipe a seu redor. Passou da fase –ou talvez nunca tenha entrado – em que tenha que ser sim-pático e dado a muitos sorrisos. No seu restaurante PatagoniaSur em casos especiais, pode até ir a uma mesa, cumprimen-tar, conversar dois minutinhos e basta. Festivais ou Ciclos degastronomia, a mesma coisa. Não espere encontrar um cheffalante. Francis mais olha do que fala.

Seus pratos são precisos. Sabores marcantes e fortes. Gostade cozinhar carnes como o cordeiro. Faz sobremesas divinas:quem come seu Napoleon de chocolate e doce de leite esco-lhe a gula como seu pecado capital predileto. E mesmo umasingela salada deixa a todos com água na boca.

Com vocês: Francis, Francis Mallmann.

Salada de Verduras Assadas e Queijo deCabra com Vinagrete de Azeitonas Negras

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Coloque as verduras no papel-alumínio, fechebem e leve ao forno em temperatura média até que estejammoles. Retire e deixe esfriar para poder tirar a casca. Corte ascebolas, as berinjelas e os pimentões em duas ou quatro partes(formato de tiras largas) e leve à panela para tostar. Lave asalcaparras e coloque em uma vasilha. Corte as azeitonas negrase misture com as alcaparras, agregue a raspas do limão e o suco,sal, pimenta moída. Lave a rúcula e reserve. Esquente a panelade ferro ou teflon, bem quente. Corte o queijo de cabra semiduroem fatias de 3 cm e doure na panela quente, somente de umlado, por 3 minutos, até que fique bem dourado e crocante.Sirva a salada colocando a rúcula por baixo, depois as verduras,o queijo de cabra tostado e, por último, o vinagrete de azeito-nas negras. Rendimento:Rendimento:Rendimento:Rendimento:Rendimento: porção para 4 pessoas.

2 BERINJELAS / 2 CEBOLAS BRANCAS

2 PIMENTÕES VERMELHOS

200 G DE QUEIJO DE CABRA

1 RAMO BEM FARTO DE RÚCULA

VINAGRETE

100 G DE ALCAPARRAS

200 G DE AZEITONAS NEGRAS

AZEITE DE OLIVA

SUCO E RASPAS DE UM LIMÃO

SAL E PIMENTA MOIDA A GOSTO

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Grandes ChefsAtrás de si tem uma longa carreira em que abriu e fechou

diversos restaurantes pelo mundo afora. A vida é dinâmica,ele diria. Morou em São Paulo na época em que fez o cardá-pio do Figueira Rubaiyat. Depois foi para Nova York, ondeteve por anos seu restaurante Patagonia West. Voltou à Ar-gentina e foi morar na parte de cima do Patagonia Sur, ondeaté hoje tem as portas abertas. Há vezes em que está emMendoza, no seu mais lindo endereço gastronômico; oRestaurant 1884, e outras em Garzon, no Uruguai, onde temum hotel-restaurante. Não fica muito tempo em parte algu-ma. É viajante por natureza. Conta que o lugar que mais ofascina na vida é sua casa numa ilha da Patagônia, de onde sepode ver de perto a Cordilheira dos Andes.

Francis volta à TV. Seu novo programa se chama LosFuegos de Francis Mallmann e é exibido no canal Gourmet,que não passa no Brasil, e poderá ser visto em algum país lati-no-americano. Nos episódios, el chef não olha para câmera,

cozinha contando histórias. Os episódios valorizam os cenári-os, têm uma boa trilha sonora e estão muito parecidos com oar criativo com que se aventura na costura, na escrita de con-tos e até a tocar violão. Quem o conhece sabe o quanto ele éreservado. Tem uma boa equipe a seu redor. Passou da fase –ou talvez nunca tenha entrado – em que tenha que ser sim-pático e dado a muitos sorrisos. No seu restaurante PatagoniaSur em casos especiais, pode até ir a uma mesa, cumprimen-tar, conversar dois minutinhos e basta. Festivais ou Ciclos degastronomia, a mesma coisa. Não espere encontrar um cheffalante. Francis mais olha do que fala.

Seus pratos são precisos. Sabores marcantes e fortes. Gostade cozinhar carnes como o cordeiro. Faz sobremesas divinas:quem come seu Napoleon de chocolate e doce de leite esco-lhe a gula como seu pecado capital predileto. E mesmo umasingela salada deixa a todos com água na boca.

Com vocês: Francis, Francis Mallmann.

Salada de Verduras Assadas e Queijo deCabra com Vinagrete de Azeitonas Negras

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer: Coloque as verduras no papel-alumínio, fechebem e leve ao forno em temperatura média até que estejammoles. Retire e deixe esfriar para poder tirar a casca. Corte ascebolas, as berinjelas e os pimentões em duas ou quatro partes(formato de tiras largas) e leve à panela para tostar. Lave asalcaparras e coloque em uma vasilha. Corte as azeitonas negrase misture com as alcaparras, agregue a raspas do limão e o suco,sal, pimenta moída. Lave a rúcula e reserve. Esquente a panelade ferro ou teflon, bem quente. Corte o queijo de cabra semiduroem fatias de 3 cm e doure na panela quente, somente de umlado, por 3 minutos, até que fique bem dourado e crocante.Sirva a salada colocando a rúcula por baixo, depois as verduras,o queijo de cabra tostado e, por último, o vinagrete de azeito-nas negras. Rendimento:Rendimento:Rendimento:Rendimento:Rendimento: porção para 4 pessoas.

2 BERINJELAS / 2 CEBOLAS BRANCAS

2 PIMENTÕES VERMELHOS

200 G DE QUEIJO DE CABRA

1 RAMO BEM FARTO DE RÚCULA

VINAGRETE

100 G DE ALCAPARRAS

200 G DE AZEITONAS NEGRAS

AZEITE DE OLIVA

SUCO E RASPAS DE UM LIMÃO

SAL E PIMENTA MOIDA A GOSTO

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Atenção, senhores passageiros com destinoa Lima: afivelem os cintos e boa viagem. Enosso avião decola na direção do Peru, cor-tando os ares paulistanos. Quem embarcacomigo? Os chefs Carolina Brandão e CarlosSiffert. Juntos, pesquisaremos a cozinha local(que me chama a atenção há algum tempo) eapresentaremos um worshop. Depois tenta-remos conhecer aspectos que valorizem asculturas vizinhas e, certamente, faremos no-vos amigos. Já ia me esquecendo de outrodetalhe: aproveitei para pesquisar alguns tó-picos para o meu próximo livro, Olhos Puxa-dos, sobre cozinhas orientais, pois o Peru temconexões inesperadas com países asiáticos.

A N D A N Ç A S P E L O P E R UGusto C A R L A P E R N A M B U C O w w w . c a r l o t a . c o m . b r

Lima não é um nome dado pelos conquis-tadores espanhóis. A palavra é da etniaaymara, encontrada também na Bolívia enorte do Chile. A denominação da capital,em 1535, ainda no tempo do chefe Taulis-chusco, vem de lima-limac e significava floramarela. Dos espanhóis, Lima manteveseu conjunto colonial de casarões, calça-mento de pedras, igrejas, conventos e pré-dios públicos. O centro histórico é Patri-mônio Cultural da Humanidade e demarcaa importância da região.

Olha a pista e lá vamos aterrizar. A chega-da a Lima confirma que se trata de umametrópole expandida, movimentada, ruido-sa. Com 8.5 milhões de habitantes, é o cen-tro econômico e político do país. Esparra-ma-se pela faixa litorânea do Oceano Pací-fico, num mosaico de 43 distritos. São visí-veis os contrastes entre mundo globaliza-do e tradições andinas, formando aspec-tos que conferem um curioso panoramaurbano. Shoppings modernos, anúncios demarcas internacionais, lojas de conveniên-cia, comércios nas ruas, pessoas com tra-ços indígenas e trânsito nas avenidas.

Importante ressaltar outro objetivo da via-gem: conhecer melhor a culinária criolla,surgida da conexão no Peru de caçarolasentre africanos, povos andinos, ilhéus doPacífico e espanhóis, em pratos que mistu-ram tubérculos, cereais, crustáceos, carnes,ovos, vegetais, frutos, leite, queijos e mo-lhos à base do aji. Da mesa criolla despon-ta a cozinha novoandina. Enfim, haveria ain-da dezenas de aspectos para ressaltar nacidade, desde o clima quase sem chuva àelegante costa marítima; dos mais de 50museus aos mercados populares. Mas es-colhi sete temas que para mim foram de-terminantes em Lima.

O CHEF TOSHIRO KONISHIAndava de olho atento ao seu trabalho e acompanhei suas vindas profissionais ao Brasil. Nascido noJapão, ele inventou a chamada cozinha “criolla-japonesa”. Seu restaurante em Lima é ponto obrigató-rio para quem aprecia novas propostas em gastronomia e fusões de alimentos. Foi o conceituadoNobu Matsuhisa que o incentivou a procurar a essência da comida nipônica, permitindo assim queesse domínio o levasse a experimentações de ingredientes e combinações de técnicas. No restauranteem Lima os destaques continuam sendo os sushis e sashimis, mas sempre existem surpresas nocardápio, principalmente depois que ele decidiu valorizar o ceviche peruano e a introduzir toques defrutas locais nos pratos. Hoje a nova gastronomia peruana é classificada de acordo com as influênciasdos imigrantes. A dos japoneses é conhecida como culinária nikkey e começou no final dos anos 60,quando um grupo de cozinheiros mestiços inventou o tiradito, uma mix de sashimi com ceviche, comrobalo, atum ou linguado (sempre crus), mais molho de limão, coentro e aji (pimentas peruanas).Coisas que Toshiro, um mestre de olhos puxados, faz como poucos.

AJIComo seriam os peruanos sem o ají? Essaspequenas e marcantes pimentas estão pre-sentes em receitas tradicionais ou inova-doras. O ají pode ser amarelo, púrpura, la-ranja, vermelho, verde ou violeta. Picantes,sim. Nutritivas também. Contêm quantida-des inacreditáveis de vitaminas A, B, C, maispotássio, riboflavina, magnésio e niacina. Oají é um condimento que acelera o meta-bolismo e seu uso ancestral nos leva a ri-tos incaicos de ordem espiritual. Precisafalar mais? Salve o ají.

BATATASO planeta inteiro não viveria sem a bata-ta, tubérculo da família das solanáceas quedomina as cozinhas ocidentais há cincoséculos, e as asiáticas há uns 300 anos. Eadivinhem de onde veio a batata? Do Peru,claro. Nas regiões andinas se encontramais de 230 tipos de batatas, ainda cha-madas de “papas” — termo quíchua. Es-tudos arqueológicos apontam que a ba-tata teve seu cultivo nos sul peruano hásete mil anos, já destinada à alimentaçãohumana. Viajar até Lima, especialmentepara quem cozinha profissionalmente, ser-ve como aprendizado raro, tal a quanti-dade e a inventividade de receitas à basede batatas, de todas as formas, tamanhose colores. Aliás, estávamos no meio des-sas descobertas quando soubemos porum jornal que 2008 é o Ano Internacionalda Batata. Então nada melhor do que in-vestir no sabor de batatas como a Camo-te (de interior alaranjado), a Yuca (agoraencontrada nos mercados brasileiros), aOlluco (de casca vermelha e com tama-nho reduzido), Perricholli (casca marrome interior bem claro) e a Huayro (formatooval e tom amarelo-claro por dentro).

PISCO!Considero a famosa aguardente produzida no Peru e no Chile entre as bebidas sublimes do mundo.O pisco, cujo nome vem do povo que habitava o Vale do Ica, tem sua destilação baseada no mostode dois tipos de uvas. Não é uma bebida inocente, como muitos pensam. A elevada gradaçãoalcoólica e o teor de açúcar são capazes de fazer os mais fracos subirem nas paredes em questõesde minutos. Os peruanos fabricam o pisco não-aromático a partir de uvas denominadas amollar,uvina, quebranta, uvina. Já os produtos acholados, levam moscatel, Itália, albilla e torontel, acresci-das da mistura “acholada”, de diversas uvas. O pisco puro vem da uva quebranta. O pisco mostoverde não é fermentado completamente, sendo o mais caro deles. Detalhe: os chilenos disputam opisco como nome exclusivo para os seus produtos. A discussão vai longe, porque os peruanos nãodesistem facilmente. Sem contar que é uma bebida preparada a 300 quilômetros de Lima desde aépoca dos espanhóis. As melhores aguardentes são depuradas em grandes pisqueras de cerâmi-ca. Ter uma dessas é meu atual sonho de consumo.

MILHOSe a batata reina, o milho é onipresente noPeru. Os peruanos dizem que veio de lá.Os centro-americanos puxam a brasa parasua espiga e garantem que esse nutritivocereal (que contém todos os aminoácidosconhecidos) surgiu mais para cima domapa. Polêmicas à parte, Lima é um labo-ratório de sabores quando se trata de mi-lhos. Enquanto o Brasil destina apenas 5%de sua produção para o consumo humano,o Peru repassa metade de sua produçãopara as panelas. Os choclos surgem em

MARISA GUILFOAmiga querida e grande chef limenha, de-dicou a vida a cozinhar. Essa paixão se es-tendeu a três de seus quatro filhos, que hojetambém estão na área gastronômica. Suabase está no restaurante La Bombonière,no bairro de San Isidro. Irrequieta, Marisatambém é empresária bem-sucedida, pro-prietária de um catering (que cuida até dealguns banquetes oficiais), além de outrosdois renomados estabelecimentos, Ambro-sia (o top local em cozinha francesa) e Bis-tro de Mes Fils, mais o Inca Grill, em Cuzco.

MUSEO LARCODepois de tanta comida e muitas desco-bertas, decidimos visitar um local que “ali-mentasse” o espírito, mais precisamente alibido: a renomada (e renovada) instituiçãomuseológica fundada em Lima por Don Ra-fael Larco Hoyle há mais de 40 anos. Omuseu mantém um acervo impressionantede peças arqueológicas dos povos andinosperuanos. As pesquisas trazem um foco es-pecial: a arte erótica e as representaçõessexuais pré-colombianas no Peru. Cerâmi-

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Atenção, senhores passageiros com destinoa Lima: afivelem os cintos e boa viagem. Enosso avião decola na direção do Peru, cor-tando os ares paulistanos. Quem embarcacomigo? Os chefs Carolina Brandão e CarlosSiffert. Juntos, pesquisaremos a cozinha local(que me chama a atenção há algum tempo) eapresentaremos um worshop. Depois tenta-remos conhecer aspectos que valorizem asculturas vizinhas e, certamente, faremos no-vos amigos. Já ia me esquecendo de outrodetalhe: aproveitei para pesquisar alguns tó-picos para o meu próximo livro, Olhos Puxa-dos, sobre cozinhas orientais, pois o Peru temconexões inesperadas com países asiáticos.

A N D A N Ç A S P E L O P E R UGusto C A R L A P E R N A M B U C O w w w . c a r l o t a . c o m . b r

Lima não é um nome dado pelos conquis-tadores espanhóis. A palavra é da etniaaymara, encontrada também na Bolívia enorte do Chile. A denominação da capital,em 1535, ainda no tempo do chefe Taulis-chusco, vem de lima-limac e significava floramarela. Dos espanhóis, Lima manteveseu conjunto colonial de casarões, calça-mento de pedras, igrejas, conventos e pré-dios públicos. O centro histórico é Patri-mônio Cultural da Humanidade e demarcaa importância da região.

Olha a pista e lá vamos aterrizar. A chega-da a Lima confirma que se trata de umametrópole expandida, movimentada, ruido-sa. Com 8.5 milhões de habitantes, é o cen-tro econômico e político do país. Esparra-ma-se pela faixa litorânea do Oceano Pací-fico, num mosaico de 43 distritos. São visí-veis os contrastes entre mundo globaliza-do e tradições andinas, formando aspec-tos que conferem um curioso panoramaurbano. Shoppings modernos, anúncios demarcas internacionais, lojas de conveniên-cia, comércios nas ruas, pessoas com tra-ços indígenas e trânsito nas avenidas.

Importante ressaltar outro objetivo da via-gem: conhecer melhor a culinária criolla,surgida da conexão no Peru de caçarolasentre africanos, povos andinos, ilhéus doPacífico e espanhóis, em pratos que mistu-ram tubérculos, cereais, crustáceos, carnes,ovos, vegetais, frutos, leite, queijos e mo-lhos à base do aji. Da mesa criolla despon-ta a cozinha novoandina. Enfim, haveria ain-da dezenas de aspectos para ressaltar nacidade, desde o clima quase sem chuva àelegante costa marítima; dos mais de 50museus aos mercados populares. Mas es-colhi sete temas que para mim foram de-terminantes em Lima.

O CHEF TOSHIRO KONISHIAndava de olho atento ao seu trabalho e acompanhei suas vindas profissionais ao Brasil. Nascido noJapão, ele inventou a chamada cozinha “criolla-japonesa”. Seu restaurante em Lima é ponto obrigató-rio para quem aprecia novas propostas em gastronomia e fusões de alimentos. Foi o conceituadoNobu Matsuhisa que o incentivou a procurar a essência da comida nipônica, permitindo assim queesse domínio o levasse a experimentações de ingredientes e combinações de técnicas. No restauranteem Lima os destaques continuam sendo os sushis e sashimis, mas sempre existem surpresas nocardápio, principalmente depois que ele decidiu valorizar o ceviche peruano e a introduzir toques defrutas locais nos pratos. Hoje a nova gastronomia peruana é classificada de acordo com as influênciasdos imigrantes. A dos japoneses é conhecida como culinária nikkey e começou no final dos anos 60,quando um grupo de cozinheiros mestiços inventou o tiradito, uma mix de sashimi com ceviche, comrobalo, atum ou linguado (sempre crus), mais molho de limão, coentro e aji (pimentas peruanas).Coisas que Toshiro, um mestre de olhos puxados, faz como poucos.

AJIComo seriam os peruanos sem o ají? Essaspequenas e marcantes pimentas estão pre-sentes em receitas tradicionais ou inova-doras. O ají pode ser amarelo, púrpura, la-ranja, vermelho, verde ou violeta. Picantes,sim. Nutritivas também. Contêm quantida-des inacreditáveis de vitaminas A, B, C, maispotássio, riboflavina, magnésio e niacina. Oají é um condimento que acelera o meta-bolismo e seu uso ancestral nos leva a ri-tos incaicos de ordem espiritual. Precisafalar mais? Salve o ají.

BATATASO planeta inteiro não viveria sem a bata-ta, tubérculo da família das solanáceas quedomina as cozinhas ocidentais há cincoséculos, e as asiáticas há uns 300 anos. Eadivinhem de onde veio a batata? Do Peru,claro. Nas regiões andinas se encontramais de 230 tipos de batatas, ainda cha-madas de “papas” — termo quíchua. Es-tudos arqueológicos apontam que a ba-tata teve seu cultivo nos sul peruano hásete mil anos, já destinada à alimentaçãohumana. Viajar até Lima, especialmentepara quem cozinha profissionalmente, ser-ve como aprendizado raro, tal a quanti-dade e a inventividade de receitas à basede batatas, de todas as formas, tamanhose colores. Aliás, estávamos no meio des-sas descobertas quando soubemos porum jornal que 2008 é o Ano Internacionalda Batata. Então nada melhor do que in-vestir no sabor de batatas como a Camo-te (de interior alaranjado), a Yuca (agoraencontrada nos mercados brasileiros), aOlluco (de casca vermelha e com tama-nho reduzido), Perricholli (casca marrome interior bem claro) e a Huayro (formatooval e tom amarelo-claro por dentro).

PISCO!Considero a famosa aguardente produzida no Peru e no Chile entre as bebidas sublimes do mundo.O pisco, cujo nome vem do povo que habitava o Vale do Ica, tem sua destilação baseada no mostode dois tipos de uvas. Não é uma bebida inocente, como muitos pensam. A elevada gradaçãoalcoólica e o teor de açúcar são capazes de fazer os mais fracos subirem nas paredes em questõesde minutos. Os peruanos fabricam o pisco não-aromático a partir de uvas denominadas amollar,uvina, quebranta, uvina. Já os produtos acholados, levam moscatel, Itália, albilla e torontel, acresci-das da mistura “acholada”, de diversas uvas. O pisco puro vem da uva quebranta. O pisco mostoverde não é fermentado completamente, sendo o mais caro deles. Detalhe: os chilenos disputam opisco como nome exclusivo para os seus produtos. A discussão vai longe, porque os peruanos nãodesistem facilmente. Sem contar que é uma bebida preparada a 300 quilômetros de Lima desde aépoca dos espanhóis. As melhores aguardentes são depuradas em grandes pisqueras de cerâmi-ca. Ter uma dessas é meu atual sonho de consumo.

MILHOSe a batata reina, o milho é onipresente noPeru. Os peruanos dizem que veio de lá.Os centro-americanos puxam a brasa parasua espiga e garantem que esse nutritivocereal (que contém todos os aminoácidosconhecidos) surgiu mais para cima domapa. Polêmicas à parte, Lima é um labo-ratório de sabores quando se trata de mi-lhos. Enquanto o Brasil destina apenas 5%de sua produção para o consumo humano,o Peru repassa metade de sua produçãopara as panelas. Os choclos surgem em

MARISA GUILFOAmiga querida e grande chef limenha, de-dicou a vida a cozinhar. Essa paixão se es-tendeu a três de seus quatro filhos, que hojetambém estão na área gastronômica. Suabase está no restaurante La Bombonière,no bairro de San Isidro. Irrequieta, Marisatambém é empresária bem-sucedida, pro-prietária de um catering (que cuida até dealguns banquetes oficiais), além de outrosdois renomados estabelecimentos, Ambro-sia (o top local em cozinha francesa) e Bis-tro de Mes Fils, mais o Inca Grill, em Cuzco.

MUSEO LARCODepois de tanta comida e muitas desco-bertas, decidimos visitar um local que “ali-mentasse” o espírito, mais precisamente alibido: a renomada (e renovada) instituiçãomuseológica fundada em Lima por Don Ra-fael Larco Hoyle há mais de 40 anos. Omuseu mantém um acervo impressionantede peças arqueológicas dos povos andinosperuanos. As pesquisas trazem um foco es-pecial: a arte erótica e as representaçõessexuais pré-colombianas no Peru. Cerâmi-

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Aventura

Patagôniasem limites

T E X T O S E F O T O S P O R C R I S B E R G E R

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Aventura

Patagôniasem limites

T E X T O S E F O T O S P O R C R I S B E R G E R

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Aventura

A ADRENALINA EA INTEGRAÇÃO

COM A NATUREZAPATAGÔNICA MARCAMOS DIAS NO NOMADS

Navegar pela Patagônia é uma experiência única. Masdesbravar a Patagônia com o cruzeiro Nomads of the Seas éuma aventura sem limites. O Nomads percorre os rios efiordes da península de Taitao, no norte da Patagônia Chi-lena, levando no máximo 28 passageiros. E com 32 tripu-lantes! Já deu para sentir a exclusividade?

Se o viajante não saísse da embarcação e ficasse apenas aadmirar as montanhas com picos nevados, a vegetação densadas ilhas que se formam pelo caminho e os golfinhos a darsaltos, já faria um passeio espetacular. Mas saiba que nestaexpedição uma série de “brinquedinhos” acoplados à em-barcação principal faz os dias passarem com muita maisadrenalina e, é claro, muito requinte. A lista inclui um he-licóptero Bell 407, jetboats para navegação em rios rasos,botes hurricane para qualquer condição climática e marí-tima, caiaques e botes para rafting. Nesta expedição, nãohá recanto em que o viajante não possa chegar por dificul-dades geográficas, afinal, o lema do Nomads é desbravar aPatagônia por terra, água e ar.

Ancorando na PatagôniaA embarcação de 150 pés que realiza o cruzeiro foi batiza-

da com o nome de Atmosphere e opera de outubro a abril,quando é verão na Patagônia. Ela parte de Puerto Montt, quefica a uma hora de avião de Santiago do Chile (vôo rápido quepode ter alguma turbulência dependendo do vento, bastanteforte por estes lados). O barco faz um bate e volta em PuertoEscondido, com estratégicas paradas pelo caminho. São setedias a bordo e você pode escolher entre dois programas: WildlifeAdventures (Ecoturismo) ou Fly-Fishing (pesca desportiva). Otrajeto de 389 milhas náuticas (750 quilômetros) passa peloEstreito de Auchemó, Cahuelmó e pela baía de Cochamó, como capitão José Luis Biotti Martinez no comando.

Antes mesmo de embarcar você já entra no clima. Aodeixar o aeroporto rumo ao porto a paisagem patagônica semostra no horizonte largo: árvores retorcidas pelo vento ecor intensa. O Nomads tem uma sala de embarque com openbar, buffet com pães, salmão, frios e caldos e um staffsuperatencioso. Você escolhe um sofá para relaxar e come-

ça a conhecer seus companheiros de viagem. Lá pelas tantasiniciam as instruções de segurança. No telão aparece a ima-gem do criador do Nomads, o chileno Andrés Ergas, con-tando como serão os dias que teremos pela frente. No finalde tarde todos são convidados a entrar no Atmosphere. Atripulação fica perfilada para receber os passageiros.

Uma informação fundamental: você deve tirar os sa-patos ao entrar, regrinha que será mantida por todos osdias de permanência no Atmosphere. Então, se você pen-sou que poderia desfilar trajes elegantes dentro do barco,enganou-se. O cruzeiro é no estilo esporte e descontraído.Nada de jantar de gala ou algo do gênero. A palavra querege os dias é aventura.

Uma vez a bordo, os passageiros são levados a um re-conhecimento de campo. No quinto andar, na cobertura,estão as 5 jacuzzis aquecidas a 37 graus com água do mar,próprias para tratamentos de talassoterapia. Ao lado, umasauna com vista para a paisagem. Sugestão: vá para jacuzzilevando um copo de pisco sauer (bebida chilena à base de

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Aventura

A ADRENALINA EA INTEGRAÇÃO

COM A NATUREZAPATAGÔNICA MARCAMOS DIAS NO NOMADS

Navegar pela Patagônia é uma experiência única. Masdesbravar a Patagônia com o cruzeiro Nomads of the Seas éuma aventura sem limites. O Nomads percorre os rios efiordes da península de Taitao, no norte da Patagônia Chi-lena, levando no máximo 28 passageiros. E com 32 tripu-lantes! Já deu para sentir a exclusividade?

Se o viajante não saísse da embarcação e ficasse apenas aadmirar as montanhas com picos nevados, a vegetação densadas ilhas que se formam pelo caminho e os golfinhos a darsaltos, já faria um passeio espetacular. Mas saiba que nestaexpedição uma série de “brinquedinhos” acoplados à em-barcação principal faz os dias passarem com muita maisadrenalina e, é claro, muito requinte. A lista inclui um he-licóptero Bell 407, jetboats para navegação em rios rasos,botes hurricane para qualquer condição climática e marí-tima, caiaques e botes para rafting. Nesta expedição, nãohá recanto em que o viajante não possa chegar por dificul-dades geográficas, afinal, o lema do Nomads é desbravar aPatagônia por terra, água e ar.

Ancorando na PatagôniaA embarcação de 150 pés que realiza o cruzeiro foi batiza-

da com o nome de Atmosphere e opera de outubro a abril,quando é verão na Patagônia. Ela parte de Puerto Montt, quefica a uma hora de avião de Santiago do Chile (vôo rápido quepode ter alguma turbulência dependendo do vento, bastanteforte por estes lados). O barco faz um bate e volta em PuertoEscondido, com estratégicas paradas pelo caminho. São setedias a bordo e você pode escolher entre dois programas: WildlifeAdventures (Ecoturismo) ou Fly-Fishing (pesca desportiva). Otrajeto de 389 milhas náuticas (750 quilômetros) passa peloEstreito de Auchemó, Cahuelmó e pela baía de Cochamó, como capitão José Luis Biotti Martinez no comando.

Antes mesmo de embarcar você já entra no clima. Aodeixar o aeroporto rumo ao porto a paisagem patagônica semostra no horizonte largo: árvores retorcidas pelo vento ecor intensa. O Nomads tem uma sala de embarque com openbar, buffet com pães, salmão, frios e caldos e um staffsuperatencioso. Você escolhe um sofá para relaxar e come-

ça a conhecer seus companheiros de viagem. Lá pelas tantasiniciam as instruções de segurança. No telão aparece a ima-gem do criador do Nomads, o chileno Andrés Ergas, con-tando como serão os dias que teremos pela frente. No finalde tarde todos são convidados a entrar no Atmosphere. Atripulação fica perfilada para receber os passageiros.

Uma informação fundamental: você deve tirar os sa-patos ao entrar, regrinha que será mantida por todos osdias de permanência no Atmosphere. Então, se você pen-sou que poderia desfilar trajes elegantes dentro do barco,enganou-se. O cruzeiro é no estilo esporte e descontraído.Nada de jantar de gala ou algo do gênero. A palavra querege os dias é aventura.

Uma vez a bordo, os passageiros são levados a um re-conhecimento de campo. No quinto andar, na cobertura,estão as 5 jacuzzis aquecidas a 37 graus com água do mar,próprias para tratamentos de talassoterapia. Ao lado, umasauna com vista para a paisagem. Sugestão: vá para jacuzzilevando um copo de pisco sauer (bebida chilena à base de

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AventuraAventura

pisco, açúcar e limão) ou um cálice de vinho. Você vai sesentir um privilegiado, sem dúvida. Um andar abaixo estáa ponte de comando, que pode ser visitada pelos passagei-ros, e o heliponto. Restaurante, bar e sala de estar ficamno terceiro. No segundo estão as cabines dos passageiros.No primeiro andar mora a tripulação.

Importante: você vai precisar de roupas adequadas. Leveuma bota amaciada para agüentar bem o trekking, casacos ecalças que sejam impermeáveis – nunca se sabe quando podechover – corta-vento e com polar, de forma a isolar o frio.Acrescente na mala um par de luvas, um gorro e cachecol,por precaução. Mesmo sendo verão na Patagônia, vale se pre-venir. Existe grande possibilidade da temperatura chegar aos20, mas é preciso estar preparado para dias de chuva e vento,quando o termômetro cai para 4 graus. O corpo vai estar sem-pre em movimento, o que ajuda a esquentar. A programaçãoinclui uma mescla de trekkings, passeios de caiaque, raftings,cavalgadas e passeios em lanchas. É bom que exista algumadisposição para fazer exercício e uma pitada de aventura nosangue. A programação não é radical, mas tampouco adequa-

da para quem não gosta de atividades ao ar livre.

Na direção do ventoAcorda-se cedo por aquelas bandas. Sete e trinta o he-

licóptero levanta vôo com o grupo de Fly-Fishing. Depoisvem a turma do Ecoturismo, que foi a minha opção nestaviagem. O roteiro é definido conforme a direção do vento.O plano original era levar o grupo de Ecoturismo para o alto,numa caminhada pelos glaciares. O Bell nos deixou ao péda montanha, caminhamos um pedaço, mas metade do gru-po desistiu e resolveu voltar, devido à subida íngreme. Aque-les que eram mais simpáticos aos exercícios puxados foramvencidos pelas nuvens baixas, que em poucos minutos to-maram conta do cenário. Pena, pois este é um dos passeiosmais bonitos do Ecoturismo. Ficou o gostinho de quero mais.

A tarde foi reservada para uma visita à colônia de lobosmarinhos, na baía de Tic-Toc. Acomodados no bote ZodiacHurricane, todos bem encasacados, fomos fotografar os mo-radores destas bandas. Pelo caminho se pode avistar baleiase golfinhos, do final de dezembro até março é possível en-

O LEMA DO NOMADS OF THE SEAS É DESBRAVARA PATAGÔNIA POR ÁGUA, TERRA E AR!

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AventuraAventura

pisco, açúcar e limão) ou um cálice de vinho. Você vai sesentir um privilegiado, sem dúvida. Um andar abaixo estáa ponte de comando, que pode ser visitada pelos passagei-ros, e o heliponto. Restaurante, bar e sala de estar ficamno terceiro. No segundo estão as cabines dos passageiros.No primeiro andar mora a tripulação.

Importante: você vai precisar de roupas adequadas. Leveuma bota amaciada para agüentar bem o trekking, casacos ecalças que sejam impermeáveis – nunca se sabe quando podechover – corta-vento e com polar, de forma a isolar o frio.Acrescente na mala um par de luvas, um gorro e cachecol,por precaução. Mesmo sendo verão na Patagônia, vale se pre-venir. Existe grande possibilidade da temperatura chegar aos20, mas é preciso estar preparado para dias de chuva e vento,quando o termômetro cai para 4 graus. O corpo vai estar sem-pre em movimento, o que ajuda a esquentar. A programaçãoinclui uma mescla de trekkings, passeios de caiaque, raftings,cavalgadas e passeios em lanchas. É bom que exista algumadisposição para fazer exercício e uma pitada de aventura nosangue. A programação não é radical, mas tampouco adequa-

da para quem não gosta de atividades ao ar livre.

Na direção do ventoAcorda-se cedo por aquelas bandas. Sete e trinta o he-

licóptero levanta vôo com o grupo de Fly-Fishing. Depoisvem a turma do Ecoturismo, que foi a minha opção nestaviagem. O roteiro é definido conforme a direção do vento.O plano original era levar o grupo de Ecoturismo para o alto,numa caminhada pelos glaciares. O Bell nos deixou ao péda montanha, caminhamos um pedaço, mas metade do gru-po desistiu e resolveu voltar, devido à subida íngreme. Aque-les que eram mais simpáticos aos exercícios puxados foramvencidos pelas nuvens baixas, que em poucos minutos to-maram conta do cenário. Pena, pois este é um dos passeiosmais bonitos do Ecoturismo. Ficou o gostinho de quero mais.

A tarde foi reservada para uma visita à colônia de lobosmarinhos, na baía de Tic-Toc. Acomodados no bote ZodiacHurricane, todos bem encasacados, fomos fotografar os mo-radores destas bandas. Pelo caminho se pode avistar baleiase golfinhos, do final de dezembro até março é possível en-

O LEMA DO NOMADS OF THE SEAS É DESBRAVARA PATAGÔNIA POR ÁGUA, TERRA E AR!

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a sala de estar e as três mesas grandes do restaurante estãono mesmo ambiente, e têm ampla vista do cenário externo.Todos os dias, a partir das 18h, no bar, começa um coquetel.Este é também o ponto de encontro pós-jantar, isso depoisdo famoso slide show: durante as excursões os guias fotogra-fam os grupos e depois essas imagens são projetadas em umtelão, acompanhadas de uma bela seleção musical.

Viajante NomadsO Nomads tem o lema de explorar a Patagônia por terra,

água e ar. Muitas vezes, em um mesmo passeio, acontece umadobradinha: água e ar, por exemplo. Sorte que nos tocou emum dia de sol, perfeito para navegarmos nos caiaques. Depoisde um vôo de aproximadamente 15 minutos – sobrevoandoum cenário lindo, cheio de geleiras – o Bell pousa em umapequena praia de pedras. Os guias Paula e Matias já nos espe-ravam, preparando os caiaques infláveis. Depois de uma bre-ve explicação de como manejá-los nós caímos na água e nosdeixamos levar pela correnteza do sinuoso rio Corcovado.Durante as remadas dava tempo para olhar em volta e cons-tatar a grandiosidade das montanhas. E o absoluto silêncio.

Aventura

contrar a baleia azul pigméia e a jorobaba. As orcas são maisdifíceis. Os golfinhos austrais, chilenos e nariz-de-garrafa sãopresenças cativas e avistados 99% das vezes.

Caía uma chuva fina e estava frio, voltar para embarca-ção quentinha foi uma boa idéia. O almoço pareceu aindamais apetitoso. Quem comanda a cozinha é o chef GuillermoRodríguez. Sua especialidade é recriar a cozinha chilena. Nocardápio, peixes como mero, salmão e merluza austral, alémde frutos do mar: loco, caranguejo gigante e eriço. Cordeiroe aves de caça também estão na lista. Os melhores rótulosdas vinícolas Casa Lapostolle, Montes e Concha y Toro, in-clusive o espetacular Alma Viva, fazem parte da carta. Osalmoços e jantares são servidos à francesa. As concierges Ca-rolina e Perla explicam o cardápio proposto e citam os vi-nhos devidamente harmonizados.

O momento mais divertido e emocionante deste dia che-gou ao entardecer, quando o tempo abriu e fomos levadospara os jet boats com motores de 200 HP, para desbravar osrios em alta velocidade. Olhando para o Atmosphere a par-tir do nível da água tive a real dimensão de seu tamanho ede sua beleza. O barco tem janelas por todos os lados. O bar,

NO BARCO, CONFORTO, BOM-GOSTO, REQUINTE,GASTRONOMIA E UM TRATAMENTO SUPER VIP

Page 63: Revista Estilo 49

a sala de estar e as três mesas grandes do restaurante estãono mesmo ambiente, e têm ampla vista do cenário externo.Todos os dias, a partir das 18h, no bar, começa um coquetel.Este é também o ponto de encontro pós-jantar, isso depoisdo famoso slide show: durante as excursões os guias fotogra-fam os grupos e depois essas imagens são projetadas em umtelão, acompanhadas de uma bela seleção musical.

Viajante NomadsO Nomads tem o lema de explorar a Patagônia por terra,

água e ar. Muitas vezes, em um mesmo passeio, acontece umadobradinha: água e ar, por exemplo. Sorte que nos tocou emum dia de sol, perfeito para navegarmos nos caiaques. Depoisde um vôo de aproximadamente 15 minutos – sobrevoandoum cenário lindo, cheio de geleiras – o Bell pousa em umapequena praia de pedras. Os guias Paula e Matias já nos espe-ravam, preparando os caiaques infláveis. Depois de uma bre-ve explicação de como manejá-los nós caímos na água e nosdeixamos levar pela correnteza do sinuoso rio Corcovado.Durante as remadas dava tempo para olhar em volta e cons-tatar a grandiosidade das montanhas. E o absoluto silêncio.

Aventura

contrar a baleia azul pigméia e a jorobaba. As orcas são maisdifíceis. Os golfinhos austrais, chilenos e nariz-de-garrafa sãopresenças cativas e avistados 99% das vezes.

Caía uma chuva fina e estava frio, voltar para embarca-ção quentinha foi uma boa idéia. O almoço pareceu aindamais apetitoso. Quem comanda a cozinha é o chef GuillermoRodríguez. Sua especialidade é recriar a cozinha chilena. Nocardápio, peixes como mero, salmão e merluza austral, alémde frutos do mar: loco, caranguejo gigante e eriço. Cordeiroe aves de caça também estão na lista. Os melhores rótulosdas vinícolas Casa Lapostolle, Montes e Concha y Toro, in-clusive o espetacular Alma Viva, fazem parte da carta. Osalmoços e jantares são servidos à francesa. As concierges Ca-rolina e Perla explicam o cardápio proposto e citam os vi-nhos devidamente harmonizados.

O momento mais divertido e emocionante deste dia che-gou ao entardecer, quando o tempo abriu e fomos levadospara os jet boats com motores de 200 HP, para desbravar osrios em alta velocidade. Olhando para o Atmosphere a par-tir do nível da água tive a real dimensão de seu tamanho ede sua beleza. O barco tem janelas por todos os lados. O bar,

NO BARCO, CONFORTO, BOM-GOSTO, REQUINTE,GASTRONOMIA E UM TRATAMENTO SUPER VIP

Page 64: Revista Estilo 49

A VIAGEM COMBINAAVENTURA, ÓCIO,CONTEMPLAÇÃO,

ESPORTE, SURPRESAS E PRAZERES

Parada estratégica para o almoço. E mais uma surpresinha.Em uma casa tipo guarda-tudo estão armazenadas mesas ecadeiras de armar. Moral da história? A refeição acontece aoar livre, com todo o conforto e cheia de bem-vindas extrava-gâncias a que os passageiros do Nomads têm direito: toalha,copos de cristal, vinho à vontade e assado de cordeiro e sal-mão. O retorno de helicóptero nos presenteou com um vôopanorâmico mais longo no meio de uma cadeia de monta-nhas com picos nevados. Depois avistamos uma série de ca-choeiras e o rio lá embaixo exibindo suas curvas junto a umavegetação espessa. Difícil dizer neste dia qual foi o ponto alto.Não posso deixar de incluir no páreo a massagem com óleosessenciais, feita no conforto da minha cabine.

No dia seguinte a chuva e o vento prevalecem, e mes-mo assim a programação é intensa: caminhada no meio dafloresta até chegar a uma cachoeira, depois expedição rumoa piscinas naturais aquecidas pela ação dos vulcões. Mas quetal ficar a bordo sem fazer nada? Um dia em homenagem aoócio. Uma pequena estante de livros – a maioria com temas

ligados à Patagônia – pode ser uma diversão para quem querapenas se atirar no sofá e deixar a chuva cair. Cá entre nós,uma informação privilegiada: convença o capitão a levarvocê até termas que ficam próximas da praia, a poucos mi-nutinhos do navio. É divino mergulhar na água quente epensar: estou nos confns do mundo com um cálice de vinhona mão e uma tábua de frios ao meu alcance.

Novo dia de atividades e neste a pedida é dar umachegadinha na lendária Carretera Austral – a estrada de terrae pedras de 1.240 quilômetros que liga Puerto Montt à comu-nidade de Villa O’Higgins. Ela passa no meio do Parque Naci-onal de Pumalín, uma reserva ambiental com 300 mil hecta-res, propriedade do americano Douglas Tompkins. O progra-ma começa com um tour floresta adentro para observar asalerces (semelhantes à sequóia americana) que chegam a ter50 metros de altura, 10 de diâmetro e três mil anos de idade.Dizem estar ali a última floresta intocada de alerces no mun-do. O almoço é no aconchegante restaurante Galeta Gonzalo.

A semana a bordo do Nomads encerra no povoado de

Cochomó, com uma cavalgada e almoço típico: o curanto,assado chileno cozido embaixo da terra com pedras quen-tes. Antes da confraternização final um pouco de adrenalinaem cima de um cavalo, por três horas de percurso. Na ida,subida forte, na volta, equilíbrio para não despencar monta-nha abaixo. No topo da cavalgada, uma parada para apreci-ar um rio de pedras no meio da floresta. No final do dia a luzestava perfeita. Os barquinhos coloridos dos pescadores da-vam uma vida especial ao lugar. As montanhas ao redor dabaía são imponentes. A embarcação do Nomads balançavano vai e vem das marolas, enquanto o Hurricane trazia devolta os passageiros para a última noite. Uma bela imagempara encerrar a temporada na inebriante Patagônia e dese-jar voltar mil vezes...

Aventura

QUEM LEVA Ouro e Prata Turismo – www.ouroeprataturismo.com.br QUEM VOA Swiss – www.swiss.com NOMADS OF THE SEAS – www.nomadsoftheseas.com Em Santiago, Hotel Plaza el Bosque – www.plazaelbosque.cl

Page 65: Revista Estilo 49

A VIAGEM COMBINAAVENTURA, ÓCIO,CONTEMPLAÇÃO,

ESPORTE, SURPRESAS E PRAZERES

Parada estratégica para o almoço. E mais uma surpresinha.Em uma casa tipo guarda-tudo estão armazenadas mesas ecadeiras de armar. Moral da história? A refeição acontece aoar livre, com todo o conforto e cheia de bem-vindas extrava-gâncias a que os passageiros do Nomads têm direito: toalha,copos de cristal, vinho à vontade e assado de cordeiro e sal-mão. O retorno de helicóptero nos presenteou com um vôopanorâmico mais longo no meio de uma cadeia de monta-nhas com picos nevados. Depois avistamos uma série de ca-choeiras e o rio lá embaixo exibindo suas curvas junto a umavegetação espessa. Difícil dizer neste dia qual foi o ponto alto.Não posso deixar de incluir no páreo a massagem com óleosessenciais, feita no conforto da minha cabine.

No dia seguinte a chuva e o vento prevalecem, e mes-mo assim a programação é intensa: caminhada no meio dafloresta até chegar a uma cachoeira, depois expedição rumoa piscinas naturais aquecidas pela ação dos vulcões. Mas quetal ficar a bordo sem fazer nada? Um dia em homenagem aoócio. Uma pequena estante de livros – a maioria com temas

ligados à Patagônia – pode ser uma diversão para quem querapenas se atirar no sofá e deixar a chuva cair. Cá entre nós,uma informação privilegiada: convença o capitão a levarvocê até termas que ficam próximas da praia, a poucos mi-nutinhos do navio. É divino mergulhar na água quente epensar: estou nos confns do mundo com um cálice de vinhona mão e uma tábua de frios ao meu alcance.

Novo dia de atividades e neste a pedida é dar umachegadinha na lendária Carretera Austral – a estrada de terrae pedras de 1.240 quilômetros que liga Puerto Montt à comu-nidade de Villa O’Higgins. Ela passa no meio do Parque Naci-onal de Pumalín, uma reserva ambiental com 300 mil hecta-res, propriedade do americano Douglas Tompkins. O progra-ma começa com um tour floresta adentro para observar asalerces (semelhantes à sequóia americana) que chegam a ter50 metros de altura, 10 de diâmetro e três mil anos de idade.Dizem estar ali a última floresta intocada de alerces no mun-do. O almoço é no aconchegante restaurante Galeta Gonzalo.

A semana a bordo do Nomads encerra no povoado de

Cochomó, com uma cavalgada e almoço típico: o curanto,assado chileno cozido embaixo da terra com pedras quen-tes. Antes da confraternização final um pouco de adrenalinaem cima de um cavalo, por três horas de percurso. Na ida,subida forte, na volta, equilíbrio para não despencar monta-nha abaixo. No topo da cavalgada, uma parada para apreci-ar um rio de pedras no meio da floresta. No final do dia a luzestava perfeita. Os barquinhos coloridos dos pescadores da-vam uma vida especial ao lugar. As montanhas ao redor dabaía são imponentes. A embarcação do Nomads balançavano vai e vem das marolas, enquanto o Hurricane trazia devolta os passageiros para a última noite. Uma bela imagempara encerrar a temporada na inebriante Patagônia e dese-jar voltar mil vezes...

Aventura

QUEM LEVA Ouro e Prata Turismo – www.ouroeprataturismo.com.br QUEM VOA Swiss – www.swiss.com NOMADS OF THE SEAS – www.nomadsoftheseas.com Em Santiago, Hotel Plaza el Bosque – www.plazaelbosque.cl

Page 66: Revista Estilo 49

Ser & VestirR O B E R T A G E R H A R D T

A alfaiataria masculina é um excelente recurso para o homem andarbem vestido e elegante com a maior facilidade.

A Europa sempre ditou as tendências para o traje impecável, quaseuma alta-costura do guarda-roupa masculino. A alfaiataria inglesa, por exem-plo, privilegia o corpo inteiro, paletós com aber turas laterais e as calçasretas. Já a italiana é caracterizada pelo paletó mais cur to, sem aber turas ecalças mais justas. Mas apesar da enorme influência européia, foram osamericanos e seu pragmatismo que melhor traduziram uma espécie deprêt-à-por ter masculino. Com sua modelagem mais solta, ficou mais fácilde ser produzida em larga escala e copiada pelo mundo todo.

Mesmo com tantos recursos sofisticados e práticos, o homem que é ele-gante de verdade, mais do que bem vestido, precisa observar certos detalhes. Aetiqueta exige que o paletó esteja na proporção ideal: o colarinho termina nopescoço, deixando ver, atrás, apenas uns centímetros da gola da camisa. Abainha do paletó acaba exatamente no meio do caminho entre a parte detrás do colarinho e o chão. Em relação ao abotoamento, quanto menos bo-tões mais aparecem a camisa e a gravata, deixando a imagem mais informal.Para um visual austero, em um clássico transpassado, o abotoamento deveser no segundo botão. Os ombros precisam ser moderados, assim como ocolarinho e a lapela, que deve ter largura de oito centímetros para ficaratemporal. A bainha da calça deve estar no comprimento perfeito: a parte dafrente toca levemente o peito do sapato, enquanto a de trás termina logoacima do calcanhar. Punhos? O paletó deve mostrar pouco mais de um cen-tímetro do punho da camisa. Camisas com colarinho de pontas estreitas,quando afastadas, o nó da gravata deve ser maior.

Agora você sabe o que faz dois homens parecerem tão diferentesusando o mesmo terno e gravata. Reparou?

D I C A S EVITE USAR TERNO BEGE COM SAPATO PRETO, ASSIM COMO TERNO AZUL COM SAPATO

BEGE.

PARA INICIAR UM GUARDA-ROUPA ELEGANTE, TODO O HOMEM PRECISA DE DOIS TER-NOS: UM AZUL MARINHO PARA TODAS AS HORAS E OUTRO DE COR BEGE ESTRITAMENTEPARA O DIA. VARIE NA CAMISA E NA GRAVATA.

TENHA SEMPRE NO MÍNIMO TRÊS GRAVATAS: UMA AZUL LISA, UMA LISTRADA TIPOCLUB TIÉ E OUTRA COM DESENHOS DE CASHMERE OU DISCRETOS GRAFISMOS.

DETALHES QUE FAZEM ADIFERENÇA NO TRAJE FORMAL

O PRETINHO BÁSICOPRECISA VESTIR BEM!

Toda mulher diz ter ou querer ter “o seu pretinho básico” no guar-da-roupa. Mas afinal, será que o seu pretinho básico é mesmo BÁSICO?

O austero preto foi adquirindo diversos significados ao longo dotempo: do luto à rebeldia, de conotações religiosas às românticas, fetichis-ta a chique; ele foi se transformando numa das peças impor tantes do guar-da-roupa feminino do século XX. Principalmente nos anos 80, com a che-gada dos estilistas japoneses ditando moda nas passarelas internacionais.E hoje, é considerado um clássico obrigatório, um coringa no guarda-rou-pa de todos os estilos.

Mas o pretinho básico vai além do preto. Um dos pretinhos básicosmais famosos da História da Moda foi o modelo apresentado por CocoChanel em 1926 e logo depois, o pretinho criado por Huber t de Givenchy eusado pela atriz Audrey Hepburn no filme Breakfast at Tiffany’s em 1961.Este, aliás, foi o que realmente serviu de inspiração para o atual coringado guarda-roupa da mulher prática.

O pretinho atual tem conotação de emagrecer – seguindo a cansa-tiva ditadura da magreza – e precisa responder prontamente àquelesmomentos fatídicos da escolha da roupa, quando não se sabe o que vestir.Porque o verdadeiro pretinho veste bem sempre.

Mas alto lá na escolha do SEU coringa! Mesmo o pretinho mais bási-co do mundo precisa do seu olho bem apurado diante de um espelhoamigo. Porque nem todo pretinho é básico. Muitos podem assassinar suasilhueta e desvalorizar o que você tem de melhor, se você não der a devidaatenção ao cor te atemporal da peça – que favoreça a sua silhueta –, aoforro, ao tipo de tecido, aos aviamentos, que devem ser impecáveis. Afinal,pretinho que se preze de verdade tem que vestir bem sempre!

D I C A S TECIDOS BRILHOSOS, COMO O CETIM E OS METALIZADOS, CHAMAM ATENÇÃO E

OFERECEM UMA ILUSÃO ÓTICA DE AMPLITUDE. POR ISSO, NADA DE ESCOLHER UMPRETINHO BÁSICO COM ESSES TECIDOS SE VOCÊ ESTÁ ACIMA DO PESO OU MESMOQUANDO HÁ PARTES DO CORPO QUE PRECISAM SER DISFARÇADAS.

SE O PRETINHO BÁSICO É UM VESTIDO, ELE PRECISA VESTIR VOCÊ EM TODAS ASÉPOCAS DO ANO. E ISSO É POSSÍVEL CASO VOCÊ ESCOLHA UM TECIDO COMO A LÃ FRIA,COM UM CORTE FAVORÁVEL À SUA SILHUETA, SEM MARCAR MUITO O CORPO. COMPRI-MENTO NA ALTURA DO JOELHO, DECOTE DISCRETO E, SE POSSÍVEL, MANGAS 3/4.

QUANDO O PRETINHO BÁSICO É UM TERNINHO, OPTE PELOS CORTES DA ALFAIATA-RIA CLÁSSICA. A CALÇA COM A CINTURA NO LUGAR E CORTE RETO, O PALETÓ COMUMA CINTURA LEVEMENTE MARCADA. E OS BOTÕES DISCRETÍSSIMOS. ASSIM, O TER-NINHO VAI ACOMPANHAR VOCÊ SEMPRE.

ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO E COMPORTAMENTO,ESPECIALISTA EM MODA, CONSUMO E COMUNICAÇÃO PELA FAMECOS PUC/RS

Page 67: Revista Estilo 49

Ser & VestirR O B E R T A G E R H A R D T

A alfaiataria masculina é um excelente recurso para o homem andarbem vestido e elegante com a maior facilidade.

A Europa sempre ditou as tendências para o traje impecável, quaseuma alta-costura do guarda-roupa masculino. A alfaiataria inglesa, por exem-plo, privilegia o corpo inteiro, paletós com aber turas laterais e as calçasretas. Já a italiana é caracterizada pelo paletó mais cur to, sem aber turas ecalças mais justas. Mas apesar da enorme influência européia, foram osamericanos e seu pragmatismo que melhor traduziram uma espécie deprêt-à-por ter masculino. Com sua modelagem mais solta, ficou mais fácilde ser produzida em larga escala e copiada pelo mundo todo.

Mesmo com tantos recursos sofisticados e práticos, o homem que é ele-gante de verdade, mais do que bem vestido, precisa observar certos detalhes. Aetiqueta exige que o paletó esteja na proporção ideal: o colarinho termina nopescoço, deixando ver, atrás, apenas uns centímetros da gola da camisa. Abainha do paletó acaba exatamente no meio do caminho entre a parte detrás do colarinho e o chão. Em relação ao abotoamento, quanto menos bo-tões mais aparecem a camisa e a gravata, deixando a imagem mais informal.Para um visual austero, em um clássico transpassado, o abotoamento deveser no segundo botão. Os ombros precisam ser moderados, assim como ocolarinho e a lapela, que deve ter largura de oito centímetros para ficaratemporal. A bainha da calça deve estar no comprimento perfeito: a parte dafrente toca levemente o peito do sapato, enquanto a de trás termina logoacima do calcanhar. Punhos? O paletó deve mostrar pouco mais de um cen-tímetro do punho da camisa. Camisas com colarinho de pontas estreitas,quando afastadas, o nó da gravata deve ser maior.

Agora você sabe o que faz dois homens parecerem tão diferentesusando o mesmo terno e gravata. Reparou?

D I C A S EVITE USAR TERNO BEGE COM SAPATO PRETO, ASSIM COMO TERNO AZUL COM SAPATO

BEGE.

PARA INICIAR UM GUARDA-ROUPA ELEGANTE, TODO O HOMEM PRECISA DE DOIS TER-NOS: UM AZUL MARINHO PARA TODAS AS HORAS E OUTRO DE COR BEGE ESTRITAMENTEPARA O DIA. VARIE NA CAMISA E NA GRAVATA.

TENHA SEMPRE NO MÍNIMO TRÊS GRAVATAS: UMA AZUL LISA, UMA LISTRADA TIPOCLUB TIÉ E OUTRA COM DESENHOS DE CASHMERE OU DISCRETOS GRAFISMOS.

DETALHES QUE FAZEM ADIFERENÇA NO TRAJE FORMAL

O PRETINHO BÁSICOPRECISA VESTIR BEM!

Toda mulher diz ter ou querer ter “o seu pretinho básico” no guar-da-roupa. Mas afinal, será que o seu pretinho básico é mesmo BÁSICO?

O austero preto foi adquirindo diversos significados ao longo dotempo: do luto à rebeldia, de conotações religiosas às românticas, fetichis-ta a chique; ele foi se transformando numa das peças impor tantes do guar-da-roupa feminino do século XX. Principalmente nos anos 80, com a che-gada dos estilistas japoneses ditando moda nas passarelas internacionais.E hoje, é considerado um clássico obrigatório, um coringa no guarda-rou-pa de todos os estilos.

Mas o pretinho básico vai além do preto. Um dos pretinhos básicosmais famosos da História da Moda foi o modelo apresentado por CocoChanel em 1926 e logo depois, o pretinho criado por Huber t de Givenchy eusado pela atriz Audrey Hepburn no filme Breakfast at Tiffany’s em 1961.Este, aliás, foi o que realmente serviu de inspiração para o atual coringado guarda-roupa da mulher prática.

O pretinho atual tem conotação de emagrecer – seguindo a cansa-tiva ditadura da magreza – e precisa responder prontamente àquelesmomentos fatídicos da escolha da roupa, quando não se sabe o que vestir.Porque o verdadeiro pretinho veste bem sempre.

Mas alto lá na escolha do SEU coringa! Mesmo o pretinho mais bási-co do mundo precisa do seu olho bem apurado diante de um espelhoamigo. Porque nem todo pretinho é básico. Muitos podem assassinar suasilhueta e desvalorizar o que você tem de melhor, se você não der a devidaatenção ao cor te atemporal da peça – que favoreça a sua silhueta –, aoforro, ao tipo de tecido, aos aviamentos, que devem ser impecáveis. Afinal,pretinho que se preze de verdade tem que vestir bem sempre!

D I C A S TECIDOS BRILHOSOS, COMO O CETIM E OS METALIZADOS, CHAMAM ATENÇÃO E

OFERECEM UMA ILUSÃO ÓTICA DE AMPLITUDE. POR ISSO, NADA DE ESCOLHER UMPRETINHO BÁSICO COM ESSES TECIDOS SE VOCÊ ESTÁ ACIMA DO PESO OU MESMOQUANDO HÁ PARTES DO CORPO QUE PRECISAM SER DISFARÇADAS.

SE O PRETINHO BÁSICO É UM VESTIDO, ELE PRECISA VESTIR VOCÊ EM TODAS ASÉPOCAS DO ANO. E ISSO É POSSÍVEL CASO VOCÊ ESCOLHA UM TECIDO COMO A LÃ FRIA,COM UM CORTE FAVORÁVEL À SUA SILHUETA, SEM MARCAR MUITO O CORPO. COMPRI-MENTO NA ALTURA DO JOELHO, DECOTE DISCRETO E, SE POSSÍVEL, MANGAS 3/4.

QUANDO O PRETINHO BÁSICO É UM TERNINHO, OPTE PELOS CORTES DA ALFAIATA-RIA CLÁSSICA. A CALÇA COM A CINTURA NO LUGAR E CORTE RETO, O PALETÓ COMUMA CINTURA LEVEMENTE MARCADA. E OS BOTÕES DISCRETÍSSIMOS. ASSIM, O TER-NINHO VAI ACOMPANHAR VOCÊ SEMPRE.

ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO E COMPORTAMENTO,ESPECIALISTA EM MODA, CONSUMO E COMUNICAÇÃO PELA FAMECOS PUC/RS

Page 68: Revista Estilo 49

Perfil

modelomãeLinda... mais que demais! Ops, não! Nada em Fernanda Lima é demais. É tudo

na medida certa. O jeito de menina, a realização como mulher. Sucesso na

publicidade, nas passarelas, como apresentadora, como atriz, Fernanda vive o

melhor de seus papéis: a mãe dos gêmeos Francisco e João! E ela exala a

felicidade das mulheres realizadas com essa nova modalidade em seu currículo

pessoal. Esta faceta, segundo ela mesma, mudou sua vida definitivamente.

P O R R E J A N E M A R T I N S F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

Page 69: Revista Estilo 49

Perfil

modelomãeLinda... mais que demais! Ops, não! Nada em Fernanda Lima é demais. É tudo

na medida certa. O jeito de menina, a realização como mulher. Sucesso na

publicidade, nas passarelas, como apresentadora, como atriz, Fernanda vive o

melhor de seus papéis: a mãe dos gêmeos Francisco e João! E ela exala a

felicidade das mulheres realizadas com essa nova modalidade em seu currículo

pessoal. Esta faceta, segundo ela mesma, mudou sua vida definitivamente.

P O R R E J A N E M A R T I N S F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

Page 70: Revista Estilo 49

Perfil

EU SEMPRE QUIS SER MÃE E ESTÁ SENDOMARAVILHOSO. NÃO CONSIGO FAZER MAIS NADA SEMPENSAR NELES. TUDO TEM UM NOVO SENTIDO

A GRAVIDEZ VEIO DE SUPRESA, MAS A IDÉIA DE SER MÃE ERAACALENTADA HÁ MAIS TEMPO?

Eu sempre quis ser mãe. Talvez não agora, mas acon-teceu. E isso está sendo maravilhoso. Eu não consigo fazermais nada sem pensar neles. Sem projetar o reflexo de cadatrabalho meu na vidinha deles. Sem exagero, sem neura.Mas tudo tem um novo sentido. Onde é o trabalho, quantashoras fico longe... tudo isso tem outra repercussão em mim.

E A NOVA VIDA, MÃE EM DOSE DUPLA, TÁ DIFÍCIL?A noite foi mal-dormida com um dos gêmeos em fe-

bre... Passei boas horas com um dos gêmeos ao colo, quen-tinho, choramingando... Um banho, muito carinho e a fe-bre reduziu... Resquícios de uma gripe provocada pelasmudanças climáticas no Rio.

Já tá bem o meu fofo! Preciso de oito horas para dor-mir... mas ultimamente se tiver cinco, já tô muito feliz.

VOCÊ SEMPRE LEVA OS GÊMEOS EM VIAGENS?Esta é a primeira grande viagem deles. Teve uma peque-

na pra São Paulo. Mas é tranqüilo, todo mundo ajuda...avós,tios... Eles são os primeiros netos na minha família e na doRodrigo também. Então a paparicação tá garantida.

VOCÊ TEM SEGUIDO ALGUMA ROTINA OU CUIDADOS ESPECIAIS PARAOS MENINOS?

Nada. Tô fazendo tudo da forma tradicional, mas aber-ta e atenta de olho em tudo que acontece de novo, seja emNova York, na Índia, Paris, Austrália. Mas sem forçar qual-quer barra. Quero que eles cresçam aptos para convivercom o mundo e saudáveis. Mas não crio um mundo à partepara eles. Convivem com o barulho normal de uma casana hora em que tem barulho, já estão se alimentando com

ELA ESTÁ SENTADA EM FRENTE AO ESPELHO COM O LAPTOP

NO COLO, ENQUANTO FAZ CABELO E MAQUILAGEM PARA UMA

SESSÃO DE FOTOS. MAGRA, DE CARA LAVADA, JEANS, SANDÁ-

LIA RASTEIRINHA E BLUSINHA BÁSICA... FERNANDA É PURA

SIMPLICIDADE. COMO TODA A MÃE CORUJA, A BABA ESCORRE

QUANDO O TEMA SÃO OS FILHOS FRANCISCO E JOÃO, DE APE-

NAS SEIS MESES. SÃO ELES QUE ESTÃO NA FOTO DO LAPTOP

ENCHENDO A TELA E QUE A MÃE ORGULHOSA MOSTRA FELIZ:

“Ó, ELES! MEUS AMORES!”

AO LADO DO TAMBÉM ATOR E MODELO RODRIGO HILBERT,

PAIZÃO TÃO CORUJA QUANTO ELA, FERNANDA VIVE EM UM

SÍTIO AFASTADO DAS AGITAÇÕES DA METRÓPOLE NO RIO DE

JANEIRO. OS GÊMEOS JOÃO E FRANCISCO, NASCIDOS EM ABRIL,

SÃO O TUDO DA DUPLA. “NÃO TEM ABSOLUTAMENTE NADA

MAIS IMPORTANTE PRA MIM. TUDO QUE EU FAÇO AGORA É

PENSANDO ELES, É POR ELES”, DERRETE-SE FERNANDA. E

ELA GARANTE QUE COM O RODRIGO É A MESMA COISA. EM

UMA PASSADA POR PORTO ALEGRE EM OUTUBRO, FERNANDA

TROUXE OS DOIS PEQUENOS, NA PRIMEIRA “GRANDE” VIA-

GEM DESDE QUE NASCERAM.

Page 71: Revista Estilo 49

Perfil

EU SEMPRE QUIS SER MÃE E ESTÁ SENDOMARAVILHOSO. NÃO CONSIGO FAZER MAIS NADA SEMPENSAR NELES. TUDO TEM UM NOVO SENTIDO

A GRAVIDEZ VEIO DE SUPRESA, MAS A IDÉIA DE SER MÃE ERAACALENTADA HÁ MAIS TEMPO?

Eu sempre quis ser mãe. Talvez não agora, mas acon-teceu. E isso está sendo maravilhoso. Eu não consigo fazermais nada sem pensar neles. Sem projetar o reflexo de cadatrabalho meu na vidinha deles. Sem exagero, sem neura.Mas tudo tem um novo sentido. Onde é o trabalho, quantashoras fico longe... tudo isso tem outra repercussão em mim.

E A NOVA VIDA, MÃE EM DOSE DUPLA, TÁ DIFÍCIL?A noite foi mal-dormida com um dos gêmeos em fe-

bre... Passei boas horas com um dos gêmeos ao colo, quen-tinho, choramingando... Um banho, muito carinho e a fe-bre reduziu... Resquícios de uma gripe provocada pelasmudanças climáticas no Rio.

Já tá bem o meu fofo! Preciso de oito horas para dor-mir... mas ultimamente se tiver cinco, já tô muito feliz.

VOCÊ SEMPRE LEVA OS GÊMEOS EM VIAGENS?Esta é a primeira grande viagem deles. Teve uma peque-

na pra São Paulo. Mas é tranqüilo, todo mundo ajuda...avós,tios... Eles são os primeiros netos na minha família e na doRodrigo também. Então a paparicação tá garantida.

VOCÊ TEM SEGUIDO ALGUMA ROTINA OU CUIDADOS ESPECIAIS PARAOS MENINOS?

Nada. Tô fazendo tudo da forma tradicional, mas aber-ta e atenta de olho em tudo que acontece de novo, seja emNova York, na Índia, Paris, Austrália. Mas sem forçar qual-quer barra. Quero que eles cresçam aptos para convivercom o mundo e saudáveis. Mas não crio um mundo à partepara eles. Convivem com o barulho normal de uma casana hora em que tem barulho, já estão se alimentando com

ELA ESTÁ SENTADA EM FRENTE AO ESPELHO COM O LAPTOP

NO COLO, ENQUANTO FAZ CABELO E MAQUILAGEM PARA UMA

SESSÃO DE FOTOS. MAGRA, DE CARA LAVADA, JEANS, SANDÁ-

LIA RASTEIRINHA E BLUSINHA BÁSICA... FERNANDA É PURA

SIMPLICIDADE. COMO TODA A MÃE CORUJA, A BABA ESCORRE

QUANDO O TEMA SÃO OS FILHOS FRANCISCO E JOÃO, DE APE-

NAS SEIS MESES. SÃO ELES QUE ESTÃO NA FOTO DO LAPTOP

ENCHENDO A TELA E QUE A MÃE ORGULHOSA MOSTRA FELIZ:

“Ó, ELES! MEUS AMORES!”

AO LADO DO TAMBÉM ATOR E MODELO RODRIGO HILBERT,

PAIZÃO TÃO CORUJA QUANTO ELA, FERNANDA VIVE EM UM

SÍTIO AFASTADO DAS AGITAÇÕES DA METRÓPOLE NO RIO DE

JANEIRO. OS GÊMEOS JOÃO E FRANCISCO, NASCIDOS EM ABRIL,

SÃO O TUDO DA DUPLA. “NÃO TEM ABSOLUTAMENTE NADA

MAIS IMPORTANTE PRA MIM. TUDO QUE EU FAÇO AGORA É

PENSANDO ELES, É POR ELES”, DERRETE-SE FERNANDA. E

ELA GARANTE QUE COM O RODRIGO É A MESMA COISA. EM

UMA PASSADA POR PORTO ALEGRE EM OUTUBRO, FERNANDA

TROUXE OS DOIS PEQUENOS, NA PRIMEIRA “GRANDE” VIA-

GEM DESDE QUE NASCERAM.

Page 72: Revista Estilo 49

ADORO COMER BEM, VOU A RESTAURANTESEM QUE A QUALIDADE SEJA ESSENCIAL.E NO MEU DIA-A-DIA SIGO SEM COMER CARNE

Perfil

caldinho de carne, o acompanhamento médico é alopata...Quero procurar um nutricionista para me orientar um pou-co mais sobre a alimentação deles a partir de agora, masvou seguindo o padrão.

VOCÊ PESSOALMENTE NÃO SEGUE UMA ALIEMENTAÇÃO TRADICIO-NAL, CONSIDERANDO QUE SER VEGETARIANO AINDA NÃO É EXATA-MENTE UM PADRÃO.

Eu adoro comer bem. Gosto de ir a restaurantes emque a qualidade seja essencial. Não boto pra dentro de mimqualquer coisa, sem saber de onde vem e como vem. Masesta sou eu, não vou forçar meus filhos a seguirem o que eusigo. O que eu quero é que eles conheçam as diversas pos-sibilidades e o futuro tenham subsídios para escolher, optarpor aquelas que mais tenha a ver com eles.

VOCÊ SEGUIU VEGETARIANA DURANTE A GRAVIDEZ?Não, não deu. Tive que abrir mão por um tempo por-

que fiquei muito fraca nos primeiros meses porque enjoeimuito, perdi muito peso e tive de me medicar e ficar emrepouso. Então não consegui seguir a minha dieta vegeta-riana, mas foi um momento totalmente excepcional. Nomeu dia-a-dia sigo sem comer carne. Parei desde os 14 ou15 anos.

O RESTAURANTE MANI QUE VOCÊ TEM EM SÃO PAULO AO LADO DOPEDRO PAULO DINIZ ERA PRA SER VEGETARIANO?

Era pra ser sim, eu queria muito. Só é complicado proschefs (Helena Rizzo e Daniel Redondo) manterem um car-dápio numa linha restrita. Então a gente optou por umalinha democrática. Tem opção de tudo dentro de uma exi-gência de qualidade e criatividade. Tem orgânicos, comidanatural e carne também.

VOCÊ GOSTA DE COZINHAR?Gosto mais do que sei. Gosto muito de comer fora, de

lugares com qualidade, sabor. Em casa gosto de preservar osabor, de alimentos pouco cozidos, quase crus.

O que eu faço mesmos sempre são meus sucos de luz,centrifugados, com grãos e orgânicos sempre que possível.Misturo tudo: quinoa, leite, couve, cenoura e é minha pri-meira refeição.

O RODRIGO GOSTA DISSO?Ah, ele é mais tradicional na alimentação. Ele gosta se

faço um suco de luz e deixa o café com leite de lado. Nãotem problema nenhum no café com leite, mas se você podeter uma opção mais saudável, mais rica, por que não?

E ELE COZINHA?Cozinha muito bem. Põe a mão na massa mesmo. Faz

massa caseira e um risoto que a gente se sente num restau-rante... bommmmmmmmm!

AS PESSOAS ASSOCIAM A SUA IMAGEM COM A DE UMA PESSOAZEN, CALMA. VOCÊ SE VÊ ASSIM?

Eu não! Não sou nem um pouco zen. Sou muito agita-da, faço dez mil coisas ao mesmo tempo, sou super intensanas coisas que faço. Não sirvo para zen. Adoraria ser, masnão sou.

COM TANTA AGITAÇÃO, COMO VOCÊ CONSEGUE PRATICAR YOGA?Batalhando muito para relaxar e para me concentrar.

Mas não é fácil. Preciso me concentrar muito, parar, respi-rar... só depois entro na sessão, mas é difícil, agora então tápior... não consigo fazer uma sessão inteira desde que elesnasceram.

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ADORO COMER BEM, VOU A RESTAURANTESEM QUE A QUALIDADE SEJA ESSENCIAL.E NO MEU DIA-A-DIA SIGO SEM COMER CARNE

Perfil

caldinho de carne, o acompanhamento médico é alopata...Quero procurar um nutricionista para me orientar um pou-co mais sobre a alimentação deles a partir de agora, masvou seguindo o padrão.

VOCÊ PESSOALMENTE NÃO SEGUE UMA ALIEMENTAÇÃO TRADICIO-NAL, CONSIDERANDO QUE SER VEGETARIANO AINDA NÃO É EXATA-MENTE UM PADRÃO.

Eu adoro comer bem. Gosto de ir a restaurantes emque a qualidade seja essencial. Não boto pra dentro de mimqualquer coisa, sem saber de onde vem e como vem. Masesta sou eu, não vou forçar meus filhos a seguirem o que eusigo. O que eu quero é que eles conheçam as diversas pos-sibilidades e o futuro tenham subsídios para escolher, optarpor aquelas que mais tenha a ver com eles.

VOCÊ SEGUIU VEGETARIANA DURANTE A GRAVIDEZ?Não, não deu. Tive que abrir mão por um tempo por-

que fiquei muito fraca nos primeiros meses porque enjoeimuito, perdi muito peso e tive de me medicar e ficar emrepouso. Então não consegui seguir a minha dieta vegeta-riana, mas foi um momento totalmente excepcional. Nomeu dia-a-dia sigo sem comer carne. Parei desde os 14 ou15 anos.

O RESTAURANTE MANI QUE VOCÊ TEM EM SÃO PAULO AO LADO DOPEDRO PAULO DINIZ ERA PRA SER VEGETARIANO?

Era pra ser sim, eu queria muito. Só é complicado proschefs (Helena Rizzo e Daniel Redondo) manterem um car-dápio numa linha restrita. Então a gente optou por umalinha democrática. Tem opção de tudo dentro de uma exi-gência de qualidade e criatividade. Tem orgânicos, comidanatural e carne também.

VOCÊ GOSTA DE COZINHAR?Gosto mais do que sei. Gosto muito de comer fora, de

lugares com qualidade, sabor. Em casa gosto de preservar osabor, de alimentos pouco cozidos, quase crus.

O que eu faço mesmos sempre são meus sucos de luz,centrifugados, com grãos e orgânicos sempre que possível.Misturo tudo: quinoa, leite, couve, cenoura e é minha pri-meira refeição.

O RODRIGO GOSTA DISSO?Ah, ele é mais tradicional na alimentação. Ele gosta se

faço um suco de luz e deixa o café com leite de lado. Nãotem problema nenhum no café com leite, mas se você podeter uma opção mais saudável, mais rica, por que não?

E ELE COZINHA?Cozinha muito bem. Põe a mão na massa mesmo. Faz

massa caseira e um risoto que a gente se sente num restau-rante... bommmmmmmmm!

AS PESSOAS ASSOCIAM A SUA IMAGEM COM A DE UMA PESSOAZEN, CALMA. VOCÊ SE VÊ ASSIM?

Eu não! Não sou nem um pouco zen. Sou muito agita-da, faço dez mil coisas ao mesmo tempo, sou super intensanas coisas que faço. Não sirvo para zen. Adoraria ser, masnão sou.

COM TANTA AGITAÇÃO, COMO VOCÊ CONSEGUE PRATICAR YOGA?Batalhando muito para relaxar e para me concentrar.

Mas não é fácil. Preciso me concentrar muito, parar, respi-rar... só depois entro na sessão, mas é difícil, agora então tápior... não consigo fazer uma sessão inteira desde que elesnasceram.

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Perfil

NÃO SOU NEM UM POUCO ZEN. SOU MUITOAGITADA, FAÇO DEZ MIL COISAS AO MESMO TEMPO.SOU SUPER INTENSA NAS COISAS QUE FAÇO

COM OS FILHOS, VOCÊ APLICA ALGUMA TÉCNICA DE RELAXAMEN-TO?

Faço muita shantala (massagem para bebês origináriada índia) antes do banho. É ótimo. Eles nunca tiveram có-licas, dormem bem, dormem cedo, são bem tranqüilos.

E COM A MAMÃE FERNANDA? CUIDADOS ESPECIAIS?Não muitos. Dormir cedo, dormir bem. Agora tá meio

complicado, mas deitamos todos cedinho... Faço limpezaprofunda de pele sempre, tiro o rimel todo com cuidado,passo cremes nas mãos, colo e rosto e uso protetor solar. Ea alimentação, né? As pessoas reclamam da pele, do cabe-lo, disso e daquilo e seguem comendo porcarias, gorduras...A alimentação é a vida da pessoa. Tem que cuidar.

E O SURF FOI ABANDONADO?Pois é, tô louca pra retomar, mais ainda vai ficar para

mais tarde. Não tô conseguindo tempo nem pra pôr o péna areia uma vez por semana. Mas estou bem a fim de pe-gar a prancha e curtir uma onda.

VOCÊ É FORMADA EM JORNALISMO, JÁ PENSOU EM EXERCER APROFISSÃO?

De certa forma, já exerço no meu blog por exemplo eaté como apresentadora, mas não penso muito sobre o as-sunto. Até já escrevi na Folha de São Paulo, uma únicavez, a convite. Escrevi sobre o filme Super size me... foi

uma crítica. Foi legal. Adoro cinema, adoro ler.... Me faltaé tempo. Até Parei um pouco com o site por que algumasfrases eram pinçadas de lá, fora de contexto e em questõesde segundos ficavam me expondo em situações nada a ver.

A SUPEREXPOSIÇÃO INCOMODA? ATRAPALHA?No começo me incomodava, fiquei assustada. Hoje já

não me importo muito e aprendi a lidar com isso. Faço tudoque tenho de fazer, vou a qualquer lugar. Evito shoppingsmovimentados ou se vou, vou superdiscreta e em horáriosmais calmos e tal. Sou bem objetiva, não vou a shoppingpara passear. Entro, procuro o que quero compro e deu!

TEM ALGUMA OUTRA PROFISSÃO QUE TE ATRAIA, QUE VOCÊ PEN-SA EM ENCARAR?

Ah... acho que cantora de rock, mas nunca me convi-daram (risos)... acho que em daria bem com vocalista debanda cool... algo assim como a francesa camille!

QUE LUGAR EM PORTO ALEGRE VOCÊ GOSTA DE IR?Ah eu gosto de ir para uma pracinha e ficar tomando

chimarrão, conversando... E gosto do Barranco. Adoro ir lá.

MAS O QUE VAI FAZER UMA VEGETARIANA EM UMA CHURRASCARIA?Ah, não sei. Não importa. Gosto do lugar, gosto das

árvores, do ambiente ao ar livre, sentar com amigos, com afamília. Nem me importo com a carne.

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Perfil

NÃO SOU NEM UM POUCO ZEN. SOU MUITOAGITADA, FAÇO DEZ MIL COISAS AO MESMO TEMPO.SOU SUPER INTENSA NAS COISAS QUE FAÇO

COM OS FILHOS, VOCÊ APLICA ALGUMA TÉCNICA DE RELAXAMEN-TO?

Faço muita shantala (massagem para bebês origináriada índia) antes do banho. É ótimo. Eles nunca tiveram có-licas, dormem bem, dormem cedo, são bem tranqüilos.

E COM A MAMÃE FERNANDA? CUIDADOS ESPECIAIS?Não muitos. Dormir cedo, dormir bem. Agora tá meio

complicado, mas deitamos todos cedinho... Faço limpezaprofunda de pele sempre, tiro o rimel todo com cuidado,passo cremes nas mãos, colo e rosto e uso protetor solar. Ea alimentação, né? As pessoas reclamam da pele, do cabe-lo, disso e daquilo e seguem comendo porcarias, gorduras...A alimentação é a vida da pessoa. Tem que cuidar.

E O SURF FOI ABANDONADO?Pois é, tô louca pra retomar, mais ainda vai ficar para

mais tarde. Não tô conseguindo tempo nem pra pôr o péna areia uma vez por semana. Mas estou bem a fim de pe-gar a prancha e curtir uma onda.

VOCÊ É FORMADA EM JORNALISMO, JÁ PENSOU EM EXERCER APROFISSÃO?

De certa forma, já exerço no meu blog por exemplo eaté como apresentadora, mas não penso muito sobre o as-sunto. Até já escrevi na Folha de São Paulo, uma únicavez, a convite. Escrevi sobre o filme Super size me... foi

uma crítica. Foi legal. Adoro cinema, adoro ler.... Me faltaé tempo. Até Parei um pouco com o site por que algumasfrases eram pinçadas de lá, fora de contexto e em questõesde segundos ficavam me expondo em situações nada a ver.

A SUPEREXPOSIÇÃO INCOMODA? ATRAPALHA?No começo me incomodava, fiquei assustada. Hoje já

não me importo muito e aprendi a lidar com isso. Faço tudoque tenho de fazer, vou a qualquer lugar. Evito shoppingsmovimentados ou se vou, vou superdiscreta e em horáriosmais calmos e tal. Sou bem objetiva, não vou a shoppingpara passear. Entro, procuro o que quero compro e deu!

TEM ALGUMA OUTRA PROFISSÃO QUE TE ATRAIA, QUE VOCÊ PEN-SA EM ENCARAR?

Ah... acho que cantora de rock, mas nunca me convi-daram (risos)... acho que em daria bem com vocalista debanda cool... algo assim como a francesa camille!

QUE LUGAR EM PORTO ALEGRE VOCÊ GOSTA DE IR?Ah eu gosto de ir para uma pracinha e ficar tomando

chimarrão, conversando... E gosto do Barranco. Adoro ir lá.

MAS O QUE VAI FAZER UMA VEGETARIANA EM UMA CHURRASCARIA?Ah, não sei. Não importa. Gosto do lugar, gosto das

árvores, do ambiente ao ar livre, sentar com amigos, com afamília. Nem me importo com a carne.

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Palavra

Quando vem chegando o fim do ano, o leitor, como eu etodo mundo, vê crescer a sombra dos compromissos das festas,que de vez em quando se acrescenta a outra e pior sombra, a doscompromissos não atendidos ao longo do ano que finda. Dá an-gústia, muitas vezes, mais do que permite regozijo. Não é bemassim? Aí entra em cena a necessidade do pragmatismo, a urgên-cia de decidir, de tomar providências, para que o saldo, em 31 dedezembro, seja ao menos razoável.

Pensando nisso me ficou essa expressão "tomar providên-cia" como que boiando na imaginação e na memória, essas duasirmãs que convivem na nossa cabeça. Palavra puxa palavra, epara mim evocou uma história contada tempos atrás pelo CarlosHeitor Cony, grande figura da crônica e do romance brasileiros.Ele contou que uma vez, trabalhando num grande jornal carioca,foi procurado por uma senhora que queria a atenção dele paraum sujeito peculiar. Era um interno de um hospício, mas um gran-de talento para a pintura. Dizia a senhora que este pintor, caren-te de tudo que se possa imaginar dada a situação em que se en-contrava, bem que poderia desenvolver carreira cá na rua, dolado de fora dos muros daquela instituição.

Cony lá foi, ver o sujeito e suas pinturas, junto com umcolega que era crítico de artes. Foram, viram e confirmaram oque dizia a senhora: realmente, o interno era um talento, e sim,poderia ter uma vida por assim dizer normal, fora do hospício,mercê de sua obra, a qual poderia ir para as galerias, ser vendida,ser comprada, resultar em dinheiro para ele, tudo enfim encami-nhando um futuro legal para o cara. Pois isso tudo aconteceu defato, e o pintor teve lá sua carreira.

Passam-se alguns anos, e a mesma senhora vai procurar omesmíssimo Cony, ainda naquele jornal, para pedir um favor parao exato mesmo sujeito, que estava de volta, internado no hospí-cio. Como assim? - quis saber o escritor; e a senhora disse que porfavor ele fosse de novo falar com o pintor amalucado, que estavaem crise. E foi o Cony, mais uma vez, falar com ele. Chega lá e,depois de cumprimentos e tal, o grande cronista pergunta ao pin-

tor: "Mas então, tu de novo por aqui? O que houve?" O interna-do respondeu, de modo eloqüente mas enigmático: "Pois o queaconteceu foi o seguinte: eu pintei, pintei, pintei, mas ninguémtomou providências, então eu parei de pintar e voltei pra cá".

O Cony contou esta história quando voltou a publicarromances, em 1995, ocasião em que lançou o belíssimo QuaseMemória, mais de vinte anos após o anterior. E ele dizia, de modobrincalhão, que tinha ficado este tempo todo longe da narrativaporque, como o maluco da história, ele tinha escrito bastante,mas ninguém tinha tomado providências...

Essa história me parece exemplar de alguma coisa, quepara falar a verdade eu nem sei bem qual é. Primeiro de tudo, opatético da história do maluco pintor: quem pinta, assim comoquem escreve, naturalmente espera que lá do outro lado - dolado do espectador, do leitor, do público enfim - apareça alguémque, por assim dizer, tome providências, quer dizer, tome em con-ta aquilo que o artista engendrou na solidão. Mas essas provi-dências não significam, a não ser para quem já perdeu a razão,algo de ordem objetiva, algo assim como, digamos, ir lá para ni-nar o artista incompreendido. É outra coisa.

Qual outra coisa? Ah, aí entra o imponderável da arte,para quem a inventa e para quem a curte. No fundo, o verdadei-ro artista nunca encontrará quem tome a providência suficientepara saciar a fome que o artista tem (e cultiva) dentro de si, paratapar o buraco aberto (e mantido) em sua alma - e nem é este ocaso, porque se alguém dissesse ter o remédio para aquela fome oartista por certo o recusaria -; mas mesmo assim ele precisa que opúblico siga tentando, que nunca desista de tentar. Da mesmaforma, o público, o leitor, quando encontra seus artistas predile-tos passa também a cultivar essa fome, a cevar este buraco, quepassam a ser seus. Mistério? Claro, claro como o dia, como anoite enluarada. Foi justamente para isso, para compartilhar esteluminoso mistério, que a humanidade inventou a arte.

L U Í S A U G U S T O F I S C H E R

TOMAR PROVIDÊNCIAS

LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR

90 Estilo Zaffari

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