Revista Gestao Minas No. 6

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ENTREVISTA: ROBERTO SIMÕES Página 08 Ano III - Númro 6 - Julho d 2009 - www.mg.gov.br 04 Orquestra Filarmônica de Minas Gerais conquista reconhecimento nacional Diomar D. Silveira 12 Sociedade civil participa de avaliação do Acordo de Resultados Ellen Dias 14 Avanços e desafios da gestão orientada para resultados Éber Gonçalves e Eder Campos 17 Transparência e governança no sistema prisional Genilson Zeferino e Marcos Siqueira Moraes 20 Cai o número de ocorrências de crimes violentos no Estado Ellen Dias 22 Indicadores revelam melhoria da qualidade do ensino João Filocre 27 Regularização ambiental mais ágil e eficiente Priscila Malaguti, Shelley de Souza Carneiro e Thiago Alexsander Costa Grego 31 Minas conectada na Web 2.0 Oswaldo Gouvêa de Oliveira Neto “MINAS GERA RIQUEZAS PARA O BRASIL”

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Revista Gestao Minas No. 6

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ENTREVISTA: ROBERTO SIMÕES

Página 08

Ano III - Núme­ro 6 - Julho de­ 2009 - www.mg.gov.br

04 Orquestra Filarmônica de Minas Gerais conquista reconhecimento nacional Diomar D. Silveira

12 Sociedade civil participa de avaliação do Acordo de Resultados Ellen Dias

14 Avanços e desafios da gestão orientada para resultados Éber Gonçalves e Eder Campos

17 Transparência e governança no sistema prisional Genilson Zeferino e Marcos Siqueira Moraes

20 Cai o número de ocorrências de crimes violentos no Estado Ellen Dias

22 Indicadores revelam melhoria da qualidade do ensino João Filocre

27 Regularização ambiental mais ágil e eficiente Priscila Malaguti, Shelley de Souza Carneiro e Thiago Alexsander Costa Grego

31 Minas conectada na Web 2.0 Oswaldo Gouvêa de Oliveira Neto

“MINAS GERARIQUEZAS PARA

O BRASIL”

2 Gestão Minas 3

índicecarta ao leitor

Vários estados brasileiros vêm adotando impor-tantes estratégias de transformação gerencial. A experiência de Minas, com a implantação do

Choque de Gestão, traz diferenciais que possibilitaram a criação de um ambiente propício para o planejamen-to e a prática de políticas públicas eficientes, com am-plo reconhecimento no Brasil e no exterior.

Um deles é a consistência do modelo que, de forma inteligente, combinou medidas duras de enfrentamen-to da crise fiscal com ações estruturais e de longo prazo orientadas para o desenvolvimento. Outro ponto de destaque é a qualidade do quadro de servidores do Estado que, com capacidade inovado-ra e espírito empreendedor, vem dando suporte funda-mental aos processos de mudança.

Desde 2007, com a consolidação do Cho-que de Gestão, Minas está diante de um novo desafio: aprimorar os instrumentos de gestão. Uma das primeiras ini-ciativas foi a revisão do conceito e metodologia do Acordo de Resultados, que incorporou novas diretrizes para o monitoramento e avalia-ção da administração do setor público. Na prática, Minas mantém, hoje, os passos firmes rumo ao crescimento inclusivo e sustentável.

Nesta edição da revista Gestão Minas, os temas abor-dados nos artigos reforçam e valorizam as premissas de uma administração pública eficiente, com foco no cida-dão. Na área da educação, o Estado já apresenta indica-dores que revelam a melhoria da qualidade do ensino. De acordo com a classificação do Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica (Ideb), 54 das 100 melhores escolas estaduais do Brasil são de Minas Gerais. A série históri-ca do Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa) também aponta uma evolução significativa e consistente do nível de alfabetização. Outros resultados também são perceptíveis, como a redução da criminalidade.

Como bem disse o economista Ignacy Sachs, “a civilização precisa cancelar a enorme dívida social acu-mulada e, ao mesmo tempo, reduzir sua dívida ecológica”.

Nesse contexto, o Governo não pode se limitar aos aspectos sociais e econômicos, ignorando

a relação ambiental. Na caminhada para tornar a máquina pública

mais eficiente e produtiva, Minas tem se pautado

pela sustentabilidade, ao atender simultane-amente os critérios de relevância social, prudência ecoló-gica e viabilidade econômica.

Dessa forma, um Estado eficiente impulsiona o desen-

volvimento sustentá-vel, reduz as desigual-

dades e dissemina novas práticas que incentivam a participação da população na gestão pública. São ce-nários que, cada vez mais,

se fortalecem em Minas – resultado de um conjunto

de ações voltado à modernização admi-nistrativa e à melhoria dos serviços essenciais, como os de educação, saúde e defesa social. Todavia, a cons-trução da sustentabilidade não é uma incumbência apenas do poder público. É um compromisso coleti-vo. Cada um fazendo a sua parte.

A Editora-Executiva

Julho 2009

04 Cultura Orquestra Filarmônica de Minas Gerais conquista reconhecimento nacional. O caminho foi a adoção de um modelo de gestão ágil e transparente

08 Entrevista Roberto Simões

12 Acordo de Resultados Nova metodologia traz, em 2009, uma novidade: a participação da sociedade civil

14 Choque de Gestão Aprimoramento dos indi-cadores garante efetivida-de do modelo de gestão por resultados

17 Parceria Público-Privada Novas saídas para os ve-lhos problemas do sistema prisional

20 Defesa Social Articulação entre progra-mas de inclusão social e políticas de segurança pú-blica garante redução do índice de criminalidade

22 Educação É possível melhorar os resultados da educação básica? A prática nas esco-las estaduais de Minas mostra que sim

27 Meio Ambiente Semad integra Projeto Estruturador Descomplicar e fortalece ações para melhorar a qualidade ambiental no Estado

31 Tecnologia Minas investe em ferra-mentas da Web 2.0 para acelerar o processo de inovação

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Passos firmes rumo ao crescimento

inclusivo e sustentável Igná

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Orquestra Filarmônica de Minas Gera is conquista excelência na

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cultura

Modelo de gestão ágil e transparente foi uma das estratégias para o alcance do reconhecimento nacional, com a realização, em 2008, de 60 apresentações para cerca de 70 mil pessoas

* Diretor-Presidente do Instituto Cultural Filarmônica

O dia 21 de fevereiro de 2008 foi, certamente, um marco na vida cultural de Minas Gerais. Nesta

data, o Palácio das Artes testemunhou o nascimento da Orquestra Sinfônica

do Estado de Minas Gerais (Osemg). O concerto de estreia reuniu 85 instru-mentistas que, juntamente com o coro da Orquestra Sinfônica de São Paulo e o Coral Lírico de Minas Gerais, apresen-

taram a Nona Sinfonia de Beethoven, uma ode à alegria e ao entendimento entre os povos de todo o mundo. O concerto marcou também a estreia de Fabio Mechetti, experiente maes-

tro brasileiro convidado para assumir a direção musical e a regência titular da nova orquestra que, quatro meses depois, foi rebatizada de Orquestra Fi-larmônica de Minas Gerais.

A programação do primeiro ano compreendeu duas séries de concertos no Palácio das Artes – Allegro e Viva-ce –, concertos didáticos, turnês pelo interior de Minas, participação em dois festivais e concertos em parques e praças. O eclético repertório incluiu um número expressivo de autores bra-sileiros e mineiros, além de notáveis solistas convidados para a temporada, entre eles Arnaldo Cohen, José Fegha-li, Corey Cerovsek, Emmanuele Baldi-ni, Sonia Rubinsky, Miguel Rosselini e Celina Szrvinsk.

A primeira temporada da Orques-tra Filarmônica foi a materialização de um projeto ousado, focado na excelên-cia artística e centrado em uma nova arquitetura de administração, com um modelo ágil e transparente de gestão. A liderança dessas ações foi conduzi-da pelo Instituto Cultural Orquestra Sinfônica (Icos) que, após a criação da nova Orquestra, passou a denominar-se Instituto Cultural Filarmônica.

A intensa agenda da Orquestra Filarmônica e a indiscutível qualida-de de seu corpo de músicos tornaram mais atraentes as oportunidades para os apreciadores e potenciais admira-dores da música clássica, ampliando seu reconhecimento nacional. O em-penho dos músicos, do regente, da equipe diretiva e administrativa do Instituto Cultural Filarmônica, além dos colaboradores e parceiros, viabi-lizou uma temporada que superou to-

A primeira temporada da nova Orquestra foi a materialização

de um projeto ousado, focado na excelência artística e centrado

em uma nova arquitetura de administração

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Cultura

das as expectativas e metas pactuadas para o primeiro ano, com a realização de 60 apre-sentações para cerca de 70 mil pessoas.

As participações da Filarmônica no re-nomado Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão (SP) – considerado o maior do gênero no Brasil – e no XIX Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora (MG) fo-ram uma demonstração de reconhecimento do trabalho realizado em tão pouco tempo. A grande aceitação da Orquestra foi igual-mente testada nas apresentações em diversos municípios mineiros, com destaque para a passagem por Diamantina, quando milhares de pessoas lotaram a praça da cidade.

Com o intuito de aproximar ainda mais a Orquestra do público e criar uma fidelidade maior com os frequentadores de concertos, foi lançado, em novembro de 2008, o Plano de Assinaturas para a Temporada 2009 no Palácio das Artes. O plano apresentou uma série de vantagens, como a escolha individual das cadeiras do Grande Teatro, descontos de até 20% no valor das entradas, entrega dos ingressos em domicílio, além de brindes per-sonalizados. O resultado foi a adesão de 712 pessoas – mais da metade da capacidade de público do Grande Teatro do Palácio das Ar-tes. São números que, portanto, indicam que uma gestão comprometida com resultados é a melhor alternativa para a excelência artística.

A expressão usada por um jornalista em um recente artigo publicado no Jornal do Brasil – a saga da filarmônica – expressa com clareza o árduo caminho percorrido desde o final de 2005 até fevereiro de 2008, quan-

do a Orquestra foi finalmente formada. O percurso foi marcado por idas e vindas, que revelaram várias possibilidades, mas também dificuldades para a implantação do novo mo-delo de gestão idealizado para a principal or-questra sinfônica de Minas Gerais.

O início se deu com a criação, em 23 de novembro de 2005, do Instituto Cultu-ral Orquestra Sinfônica (Icos), qualificado pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag) como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). O Icos foi cons-tituído com o objetivo de colaborar com a Fundação Clóvis Salgado (FCS), pres-tando apoio irrestrito a um de seus corpos artísticos: a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG). Os 13 sócios fundadores do Instituto estabeleceram como estrutura administrativa uma Assembleia-Geral, um Conselho Administrativo e uma Diretoria-Executiva, composta por um presidente e três diretores. Buscava-se, com isso, um ca-minho alternativo para as sucessivas crises que, há muitos anos, permeavam a vida da OSMG, com reivindicações constantes por parte dos músicos, como melhores salários e condições de trabalho.

Sete meses após a fundação do Icos, foi realizado o primeiro Termo de Parceria, cele-brado entre o Instituto e a Fundação Clóvis Salgado, com interveniência da Secretaria de Estado de Cultura, com o objetivo pri-mordial de fomentar a OSMG. O período entre junho de 2006 e setembro de 2007 foi marcado por intensas interlocuções com os músicos integrantes da OSMG com o

intuito de apresentar esse novo modelo de gestão. O Termo de Parceria com a Oscip estabelecia metas, programa de trabalho e patamares de salários competitivos, tendo o Estado se comprometido com um orça-mento específico para tal.

Por se tratar de uma entidade de direito privado, o Icos não poderia, simplesmente, absorver os músicos da OSMG na condi-ção de funcionários do Estado. Para a en-trada na Oscip, foram utilizados, então, os mecanismos de Afastamento Voluntário Incentivado (AVI) e de Licença para Inte-resse Particular (LIP). No total, foram 35 adesões, a metade, portanto, do contingen-te da OSMG. Outra medida fundamental foi a realização, por duas vezes, de aditivos ao Termo de Parceria para a seleção de no-vos músicos por meio de audições públicas. Entre outubro e dezembro de 2007, o Icos realizou um amplo processo de audições em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e no exterior. Isso permitiu à Orquestra tra-zer, para seu corpo de músicos, instrumen-tistas de altíssima qualidade de várias partes do mundo (Sérvia, Bulgária, Bielorússia, Inglaterra, Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, Haiti, Canadá e Polônia).

Em 20 de dezembro de 2007, procedeu-se ao término do Termo de Parceria feito para fomentar a OSMG. Em 29 de janeiro de 2008, foi celebrado novo Termo de Parce-ria com o objetivo de criar a Orquestra Sin-fônica do Estado de Minas Gerais (Osemg). Os resultados foram prontamente percebidos pela população, que soube identificar tanto a excelência artística dos músicos como a qualidade da produção artística oferecida. O sentimento de fortalecimento de uma socie-dade de amigos da música clássica levou a administração do Icos a realizar, no início de julho de 2008, o primeiro aditivo ao novo Termo de Parceria para mudar o nome da Orquestra, que passou a se denominar Or-questra Filarmônica de Minas Gerais. Hou-ve, ainda, uma mudança no nome do órgão gestor, que passou a ser Instituto Cultural Filarmônica.

Não resta dúvida de que os resultados positivos obtidos em tão curto espaço de tempo nos permitem considerar o modelo Oscip como uma grande oportunidade para as atividades culturais, que demandam cons-tante busca na qualidade artística e na agili-dade da gestão dos recursos.

A transição para o novo modelo não pode, entretanto, ser feita sem um cuida-

doso trabalho de “orquestração” para ade-são dos atores interessados. Esse processo requer, sobretudo, a disponibilização de um amplo acervo de informações para que os interessados possam julgar as vantagens e as desvantagens de cada proposta, permi-tindo o exercício consciente e racional das escolhas. Transparência e diálogo são dois elementos fundamentais para se conseguir a confiança e a adesão e, consequentemente, o sucesso de um novo modelo.

Vale destacar que esse modelo foi fun-damental para o sucesso da Orquestra Sin-fônica do Estado de São Paulo (Osesp), que se tornou, em um período de 10 anos, a principal orquestra da América Latina. Ou-tras orquestras, como a do Distrito Federal e a do Espírito Santo, têm visto a Filarmô-nica de Minas Gerais como um novo caso de sucesso e buscam percorrer um caminho semelhante.

Novos desafios se colocam à frente da Orquestra Filarmônica, como a construção da Sala Minas Gerais que, aos moldes da Sala São Paulo, irá conferir maior liberda-de para crescer e solidificar-se como ins-trumento de difusão e democratização da música de concerto. Essa é uma condição fundamental para que a Orquestra Filarmô-nica de Minas Gerais se converta, realmen-te, em um instrumento de inclusão cultural e que possa, efetivamente, contribuir para a superação do “apartheid cultural” que ain-da testemunhamos na sociedade brasileira, diante da insistência daqueles que continu-am acreditando que “orquestra é para a elite enquanto forró é para o povo”. s

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS – UM EXEMPLO NACIONALINDICADOR DE RESULTADOS METAS PACTUADAS PARA 2008 METAS REALIZADAS EM 2008

Concertos sinfônicos 32 60

Turnês no interior de Minas 5 7

Público nos concertos 25.000 68.318

Concertos com outros corpos artísticos

4 10

Participação de solistas convidados 10 33

CDs e DVDs gravados 5 15

Concertos exibidos na TV pública 4 5

Alunos nos concertos didáticos 2.000 5.887

Horas de ensaio 180 406

Bilheteria do Grande Teatro do Palácio das Artes

R$ 30.000 R$ 112.771

Percentual de satisfação do público 78% 89,37%

Fonte­: Instituto Cultural Filarmônica

Não resta dúvida de que os

resultados positivos obtidos em tão

curto espaço de tempo nos permitem

considerar o modelo Oscip como

uma grande oportunidade para as

atividades culturais, que demandam

constante busca na qualidade artística

e na agilidade da gestão dos recursos

8 Gestão Minas 9Julho 2009

À frente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e da presidência do Conselho Deliberativo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), Roberto Simões uniu o dia a dia do campo

às estratégias de empreendedorismo, indicando os caminhos para consolidar a liderança de Minas no agronegócio. Nascido na Grande Paraopeba, região Central do Estado, veio para Belo Horizonte aos 10 anos de idade para estudar. Trocou o sonho de ser engenheiro pelo curso de Agronomia na Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde também se especiali-zou em Economia Agrícola. Em meio à rotina de reuniões nas duas entidades, Simões ainda mantém firme a vocação no campo. É pequeno pecuarista de corte e produtor de eucalipto no município de Curvelo.

Sempre atento às mudanças nos mercados nacional e internacional, Simões vem acompa-nhando de perto as políticas de incentivo ao produtor rural. Em entrevista à revista Gestão Minas, não poupou críticas ao atual Plano de Safra 2009/2010 e ao Código Florestal. Em alguns momentos, as respostas ganharam tom de desabafo: “Somos carentes de uma política nacional mais definida, que dê horizontes para o planejamento”. Na ponta da língua, estão os números que comprovam as dificuldades do setor, como os altos juros. Para superar a crise financeira mundial, Simões dá a receita: a agricultura e a pecuária. Com otimismo, afirma que, em 2010, o PIB do agronegócio mineiro voltará a crescer.

entreviSta | roberto SimõeS

Agronegócio:a força de Minas

ellen dias e Wagner concha

Presidente da Faemg e do Conselho Deliberativo do Sebrae-MG, Simões defende novas políticas para o setor do agronegócio, a revisão da legislação ambiental e uma postura mais ousada do Brasil no exterior

Gestão Minas: O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mineiro cresceu, no ano passado, 14,8%. Diante da crise financeira mundial, qual são as expecta-tivas para 2009?

Roberto Simões: Minas atingiu, em 2008, um crescimen-to recorde, muito acima do que o país alcançou. Devemos con-siderar ainda que, nos últimos oito anos, o PIB do agronegócio mineiro cresceu, em média, acima de 7% ao ano. Esse núme-ro revela a solidez e o vigor extraordinário do setor, chegando a mais de R$ 90 bilhões no ano passado. Nos últimos meses de 2008 e início de 2009, registramos uma queda devido à retração, principalmente das compras internacionais. Isso fez com que, até maio, tivéssemos uma queda acumulada de 9% na agricultura, dentro da fazenda. Porém, há uma tendência clara de retomada. Os preços começam a reagir, ainda que cau-telosamente. O mercado internacional também já começa a reativar a demanda. Para o segundo semestre, nossa expectativa é termos uma posição tendendo para o equilíbrio. Não pen-samos em crescimento alto. Podemos, no máximo, estabilizar para voltarmos a crescer em 2010.

GM: Podemos, então, afirmar que o campo tem ajuda-do o Brasil e Minas Gerais a superar a crise?

RS: Com certeza. Nossa vocação para o agronegócio é ex-

tremamente clara. Produzimos superávits comerciais e empre-gamos muito. Temos 27% da população economicamente ativa empregada no Brasil. Em Minas Gerais, seguimos mais ou me-nos a mesma posição. O agronegócio é responsável por 35% do PIB mineiro e por 24% das exportações do Estado. Minas gera riquezas para o Brasil. Somos, atualmente, os maiores produto-res de café e de leite. No ranking nacional, estamos em 2º lugar na produção de feijão e na criação de bovinos.

GM: Quais são os avanços necessários para a economia da agricultura em Minas Gerais e no Brasil?

RS: A agricultura contribui para geração do PIB, empregos e saldo da balança comercial. O que nos causa espanto é que o setor não tem reconhecimento do governo federal e da sociedade brasileira. Do ponto de vista do governo federal, precisamos de uma política agrícola definida para não ficarmos mais sujeitos a variações sazonais extremas. Uma hora você está bem demais, outra hora está no buraco. Falta, portanto, uma política de ga-rantia de renda, que se faz por meio do apoio a preços mínimos, de financiamentos adequados e de seguros rurais. Chegamos a reunir todas as federações do Brasil na Confederação da Agri-cultura e Pecuária do Brasil, para elaboração de estudos e su-gestões sobre o Plano Agrícola e Pecuário do ciclo 2009/2010. A conclusão que chegamos é que a agricultura brasileira pre-

O Governo de Minas tem cumprido seu papel naquilo que lhe

cabe como, por exemplo, na manutenção das rodovias estaduais,

na universalização do acesso à energia elétrica e à telefonia.

São avanços que refletem na agricultura

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Entrevista | Roberto Simões

cisaria de R$ 160 bilhões de financiamentos. O governo federal está lançando o Plano de Safra com R$ 92,5 bilhões. Desse total, somente cerca de R$ 50 bilhões serão com juros mais baixos. O re-sultado é que o produtor vai acabar buscando financiamentos no mercado aberto, onde os juros são absolutamente incompatíveis com a atividade agropecuária. Há outro paradoxo: o agronegócio vai muito bem e os produtores rurais, em geral, vão muito mal. Da porteira das fazendas para fora, as condições são as piores possíveis em fretes, por exemplo. Isso faz com que os custos sejam muito altos e que o produtor não tenha resultado pelo enorme trabalho que faz. Essas questões de apoio a uma política geral da agricultura são fundamentais para consolidar o setor. Hoje, somos carentes de uma política nacional mais definida, que dê horizontes para o planejamento.

GM: E qual é o caminho para Minas Gerais?RS: O Governo de Minas tem cumprido seu papel naquilo

que lhe cabe como, por exemplo, na manutenção das rodovias estaduais, na universalização do acesso à energia elétrica e à tele-fonia. São avanços que refletem na agricultura. Os outros instru-mentos são federais e o Estado não tem alcance, como a política de preço mínimo e os créditos.

GM: A Faemg é a entidade que representa os produtores rurais mineiros. Hoje, qual a principal bandeira da insti-tuição?

RS: Temos trabalhado junto ao Governo de Minas, discu-tindo questões relativas aos ICMS, buscando sempre mostrar o que ocorre nos estados limítrofes. Nesse sentido, estamos con-seguindo progressos, como a equalização do ICMS da carne. Temos também um trabalho insano ligado à questão ambien-tal. A proposta da Faemg é convergir a política de produção no campo às diretrizes de sustentabilidade, ou seja, produzir sem causar danos ao meio ambiente. Hoje, com a tecnologia que temos, isso é perfeitamente possível. Temos, entretanto, tido difi-culdades com a atual legislação ambiental, que é ultrapassada. Por exemplo, estamos lutando para que as questões relativas a florestas plantadas passem para o âmbito da Secretaria de Es-tado de Agricultura. Consideramos que floresta plantada é um produto como soja e milho. Portanto, não tem de ser filiada à Secretaria de Meio Ambiente. São problemas da legislação que procuramos corrigir para que as pessoas tenham liberdade para plantar e colher.

GM: O senhor concorda com a regionalização das ações de preservação?

RS: Com certeza. O governo federal deve definir regras mais gerais. Já os detalhes e as peculiaridades devem ser discutidos e legislados no âmbito do Estado, porque é aqui que sabemos quais são as questões. Outro ponto que defendemos é o respeito à ocupa-ção atual. Em relação às fazendas que estão consolidadas e que o desmatamento ocorreu antes da legislação ambiental vigente, não há o que se considerar. Nesse caso, não há como o produtor rural recuperar as matas ciliares e a reserva legal, pois não têm recursos. Cito, ainda, o fato de que foi o próprio governo que financiou o desmatamento dessas áreas, em épocas anteriores, quando as suas definições legais eram regidas por outras normas. O segundo ponto é a necessidade de um programa de remuneração dos pro-prietários rurais pelos serviços de manutenção e conservação da floresta. É como diz o ditado: “Ninguém pensa no verde se está no vermelho”. Os Estados Unidos e a Europa já subsidiam os produtores em volumes que nem imaginamos.

GM: O Governo de Minas já vem realizando ações nesse sentido...

RS: Começou com a política da Bolsa Verde. É nessa linha que temos de progredir, mas com números mais significativos. Em Nova York, há um projeto em que os produtores rurais são sub-sidiados para conservar as nascentes. A água chega a Nova York em boas condições por 1/5 do preço necessário para o tratamento caso estivesse poluída. Minas Gerais já tem exemplos em Bae-pendi e Extrema. Somos a favor da convergência de ideias para podermos simplificar a legislação e fazê-la cumprir. Os maiores interessados em conservar o recurso natural somos nós, produ-tores, porque vivemos dele. Seria inimaginável destruir a nossa fonte mantenedora.

GM: Nos tempos atuais de aquecimento global, a saída é a tecnologia...

RS: A curva de produção vem subindo numa velocidade ex-traordinária. Hoje, o Brasil está com produção anual acima de 140 milhões de toneladas de grãos. Já o gráfico de crescimento da área plantada é quase uma reta. Isso quer dizer que o uso da terra não vem crescendo na mesma proporção, pois o que se aumenta, ano a ano, é a produtividade. Atualmente, somos extremamente competitivos com técnicas modernas que permitem uma explora-ção sustentável, sem prejuízos para o meio ambiente.

GM: A SuperAgro, que aconteceu em maio em Belo Ho-rizonte, é uma importante vitrine do agronegócio mineiro. Qual balanço o senhor faz da feira no aspecto de geração de negócios?

RS: A SuperAgro é uma das ações bem sucedidas do Go-verno mineiro em parceria com a iniciativa privada. Apesar da crise, a demanda deste ano foi tão grande que tivemos de fazer dois turnos da exposição agropecuária. Os leilões foram significativamente maiores em relação ao ano passado, com R$ 4,3 milhões em negócios contra R$ 3 milhões. Temos a meta de sermos melhores a cada ano, e as coisas estão crescendo. É um projeto absolutamente vitorioso.

GM: Essa crise financeira está acordando um dragão adormecido: o protecionismo. Como o agronegócio brasileiro pode sobreviver a isso?

RS: Existe o ditado “Tudo que é demais prejudica”. Houve um exagero em relação ao livre mercado. É preciso que o Estado cumpra seu papel de regulamentador dessas relações. Acredito que a humani-dade vai aproveitar essa segunda lição para encontrar um caminho dentro de limites razoáveis, mas nunca cerceando a liberdade da iniciativa privada de criar e produzir coisas novas.

GM: Nas cúpulas e ro-dadas internacionais, a de-fesa brasileira em relação às alíquotas da agricultura está sendo bem conduzida?

RS: Tenho uma posição um pouco crítica em relação à nossa política internacional. O Brasil é extremamente fraco em suas posições. Estamos sempre cedendo. Precisamos ter uma negociação internacional um pouco mais ousada. Talvez a figura dos adidos agrícolas ajudasse muito em nossas posições internacionais.

GM: O senhor também é presidente do Conselho Deli-berativo do Sebrae-MG. O trabalho da Faemg e do Sebrae acabam se complementando, não?

RS: Mais de 92% dos municípios mineiros têm como prin-cipal fonte de renda o agronegócio. É uma dependência muito grande e, por razões óbvias, o Sebrae começou a trabalhar tam-bém com foco na agricultura. Hoje, existem ótimos projetos do Sebrae para o setor agrícola por meio dos Arranjos Produtivos Locais, os APLs. Você não pode jamais deixar de atender indivi-dualmente, mas o grande negócio do Sebrae é trabalhar no cole-tivo por meio de projetos que visam ao desenvolvimento local e à união dos micro e pequenos empresários.

GM: Que se tornam mais competitivos.RS: Exatamente. As micro e pequenas empresas têm poder de

compra e de venda na medida em que se associam. A ideia é que os pequenos deem as mãos e façam uma entidade forte. Em 2008, o Sebrae-MG contratou a empresa espanhola Competitiveness, que é

referência mundial em projetos de APLs. É um momento muito rico para o Sebrae de qualificação da equipe técnica para dar respostas ao microempreendedor. Estamos prestes a entrar num quadro novo, que é o microempreendedor individual.

GM: Essa é uma grande conquista?RS: Sim. Vamos chamá-los para a formalidade, para ter

direito à Previdência Social. Enfim, será um cidadão. É uma legislação própria e, certamente, o Sebrae vai ter uma demanda enorme para tratar desse tema.

GM: O Sebrae também apoia universidades federais por meio do Programa de Incentivo à Inovação. De que maneira esses investimentos em pesquisa e inovação se traduzem em geração de negócios para Minas Gerais?

RS: Um grande esforço tem sido feito de levar o Sebrae às uni-versidades para verificar as pesquisas concluídas e tirá-las da prate-leira, levando-as para o meio produtivo. Temos publicado revistas com várias iniciativas das universidades de Lavras, de Viçosa e da UFMG. Por exemplo, um jovem professor da UFMG inventou um

aparelho para captar e matar mosquitos. Em uma exposição nos Estados Unidos, Bill Gates quis comprar essa tecnologia para prevenção da malária em várias partes do mundo. Que alcance tem um projeto desse? Algo desenvolvido aqui, dentro de uma universidade mineira, pode virar um projeto mundial. Vale ainda ressaltar, do ponto de vista da educação, algo que só o Sebrae-MG tem

em relação ao Brasil, que é o sistema de Escolas Técnicas de Forma-ção Gerencial. O Sebrae trouxe esse modelo de uma experiência aus-tríaca, adaptou para Minas Gerais e, hoje, é um sucesso em várias partes do país. Nossos alunos participaram recentemente de uma gincana nos Estados Unidos, competindo com mais de 30 países, inclusive com alunos universitários, e ganharam o primeiro e o ter-ceiro lugares. É uma escola que faz a diferença.

GM: O senhor sempre apontou como um importante ca-minho para revigorar a economia a parceria do governo com a iniciativa privada. Que avaliação o senhor faz das Parce-rias Público-Privadas?

RS: A iniciativa privada é mais ágil. O arranjo do Go-verno de Minas para a PPP Penitenciária é o caminho para o desenvolvimento moderno. Acho muito difícil que só o Estado ou só a empresa privada consiga fazer tudo que precisa, princi-palmente em infraestrutura. Quanto mais o governo se apoiar na iniciativa privada e tiver acordos funcionais dessa natureza, será mais fácil conseguir o desenvolvimento. Vejo com muito otimismo essas posições e acredito que progredirão. O grande problema é a burocracia que fica atrás de um arranjo desse. Demora-se tempo demais para se colocar em prática, mas que é a solução, não tenho dúvidas. s

A iniciativa privada é mais

ágil. O arranjo do Governo

de Minas para a PPP

Penitenciária é o caminho para

o desenvolvimento moderno

A SuperAgro é uma das ações bem sucedidas do Governo mineiro

em parceria com a iniciativa privada. Apesar da crise, a demanda

deste ano foi tão grande que tivemos de fazer dois turnos da

exposição agropecuária. Os leilões foram significativamente

maiores em relação ao ano passado, com R$ 4,3 milhões em

negócios contra R$ 3 milhões

12 Gestão Minas 13Julho 2009

O Governo de Minas tem, desde 2007, mobi-lizado esforços para aprimorar os instrumen-tos do Choque de Gestão. Com o desafio de

aumentar ainda mais a efetividade da administração pública, a metodologia do Acordo de Resultados pas-sou por uma ampla revisão e os contratos em vigor já trazem inovações em relação aos assinados em 2004. Uma nova diretriz incorporada ao Acordo é a pactua-ção de metas em duas etapas. Outra novidade é a par-ticipação facultativa de representantes da sociedade civil na Comissão de Acompanhamento e Avaliação, que foi colocada em prática, neste ano, pelas secreta-rias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e de Cultura (SEC).

“Para aprimorar a política do Acordo de Resul-tados, foram identificados dois pontos essenciais. O primeiro foi buscar o maior alinhamento entre as es-

tratégias de Governo e as metas pactuadas. Já o segun-do ponto foi fortalecer, para o servidor, a vinculação entre performance e a premiação recebida”, explica a superintendente da Central de Modernização Insti-tucional da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Fernanda de Siqueira Neves.

No novo modelo, definido na Lei 17.600/08 e no Decreto 44.873/08, a primeira etapa do Acordo de Resultados compreende um conjunto de metas focado em resultados finalísticos. “Em vez de metas processuais como, por exemplo, o número de atendi-mentos ambulatoriais e de operações de melhoria nas vias públicas, são definidos compromissos de impacto para a sociedade, como a redução da mortalidade in-fantil, a ampliação das moradias com rede de esgoto e o aumento do percentual de estradas em boas condi-ções”, completa Neves.

acordo de reSultadoS

Nova metologia garante maior alinhamento entre as

estratégias de Governoellen dias

Governo conclui mudanças metodológicas do Acordo de Resultados, que incluem pactuação de metas em duas etapas e participação da sociedade civil na Comissão de Acompanhamento e Avaliação

A segunda etapa corresponde ao desdobramento das metas gerais e à identificação das responsabilidades in-ternas de cada setor, com o objetivo de definir com cla-reza e objetividade a contribuição de cada equipe para o alcance do resultado pactuado. Com as novas regras, a avaliação das duas etapas do Acordo de Resultados tornou-se, a partir de 2009, a principal referência para o pagamento do prêmio por produtividade. “As equi-pes receberão premiação diretamente proporcional ao cumprimento das metas pactuadas”, informa Neves.

Na visão do diretor do Instituto Publix e professor da Fundação Dom Cabral, Caio Marini, a celebração do Acordo de Resultados em duas etapas representa uma ino-vação no país. “O objetivo foi desdobrar a estratégia de tal forma que cada um pudesse se enxergar nela, criando laços mais sólidos de identidade com o projeto estratégico do Governo”, ressalta. Ainda de acordo com Marini, o grande avanço foi a integração das distintas dimensões de avalia-ção: a macro-governamental (Estado para Resultados), a institucional (Acordo de Resultados) e a das pessoas (Ava-liação de Desempenho), permitindo, dessa forma, a apli-cação mais efetiva dos prêmios por produtividade.

Nos órgãos do Poder Executivo Estadual, a revisão metodológica tem gerado mudanças no comportamen-to das equipes. “Os dirigentes, cientes do rigor e do critério técnico utilizado na avaliação, têm se preocu-pado e dedicado atenção ao processo de pactuação de metas. Por outro lado, os servidores têm demonstrado

interesse em conhecer e atuar na viabilização dos resul-tados, pois sabem que, cumprindo as metas, haverá a premiação e o reconhecimento pelo trabalho desem-penhado. Esse tipo de comportamento é, em última análise, o objetivo da política de contratualização em Minas: entregar melhores resultados para o cidadão”, conclui a superintendente da Seplag. s

EXEMPLO DE METAS PACTUADASMEIO AMBIENTE SAÚDE TRANSPORTES E LOGÍSTICA

1ª Etapa do Acordo de­ Re­sultados (me­ta de­ impacto dire­to para socie­dade­)

- Aumentar o percentual do ter-ritório mineiro com cobertura vegetal nativa

- Aumentar o Índice de Qualida-de da Água (IQA) nas principais bacias do Estado

- Reduzir o índice de mortalidade infantil

- Ampliar o percentual de moradias com acesso à rede de esgoto

- Aumentar o percentual da malha rodoviária estadual em boas condi-ções de conservação

- Aumentar o número de municípios com acesso por meio de vias asfal-tadas

2ª Etapa do Acordo de­ Re­sultados (me­ta inte­rna para as e­quipe­s de­ trabalho)

- Área com cobertura vegetal nativa ampliada por regional do Instituto Estadual de Florestas (IEF)

- Taxa de prevenção e combate a incêndios florestais por unidade regional

- Redução da taxa de infecção hospitalar aferida em cada unidade hospitalar

- Redução da taxa de mortalidade em UTI neonatal em hospitais

- Número de doações de múltiplos órgãos efetuados pela MG Transplantes

- Número de coletas de sangue realizadas por cada regional da Hemominas

- Percentual da malha em boas condições por regional do Depar-tamento de Estradas de Rodagem (DER)

- Tempo médio de preparação para editais de obras

- Número de abordagens a veículos (fiscalização) por regional do DER

Participação garantidaNo mode­lo mine­iro do Acordo de­ Re­sultados, os critérios e­ re­gras de­ avaliação também foram alvo de­ e­stu-

do e­ aprimorame­nto, com foco na ampliação da transparência do proce­sso. O prime­iro passo foi disponibilizar

todos os docume­ntos na inte­rne­t (www.plane­jame­nto.mg.gov.br). Outro dife­re­ncial para induzir o controle­ e­ a

participação social foi adotado, ne­ste­ ano, pe­las se­cre­tarias de­ Estado de­ Me­io Ambie­nte­ e­ De­se­nvolvime­nto

Suste­ntáve­l (Se­mad) e­ de­ Cultura (SEC), que­ garantiram a participação de­ um me­mbro da socie­dade­ civil na

Comissão de­ Acompanhame­nto e­ Avaliação.

Nos dois casos, os re­pre­se­ntante­s tive­ram um e­nvolvime­n-

to e­fe­tivo no proce­sso de­ avaliação da 1ª e­tapa, inclusive­ na

atribuição da nota. “Contribuí com críticas, concordando ou

não com as justificativas para os re­sultados apre­se­ntados na

áre­a ambie­ntal”, afirma Eduardo Machado de­ Faria Tavare­s,

do Instituto Hóu e­ re­pre­se­ntante­ das ONGs ambie­ntalistas no

Conse­lho Nacional de­ Me­io Ambie­nte­ (Conama). A e­xpe­ctativa

da Se­cre­taria de­ Estado de­ Plane­jame­nto e­ Ge­stão (Se­plag) é

que­, e­m 2010, outros órgãos incluam re­pre­se­ntante­s da socie­-

dade­ civil no proce­sso do Acordo de­ Re­sultados.

ALINHAMENTO: AGENDA ESTRATÉGICA, INSTITUIÇÕES E PESSOAS

Fonte­: Seplag

Fonte­: Seplag

Ignácio Costa

Re­união da Comissão de­ Acompanhame­nto e­ Avaliação da SEC

14 1�Julho 2009

Éber Gonçalves*eder campos**

choque de GeStão

Com esforço coletivo dos órgãos do Poder Executivo estadual, conjunto de indicadores é aprimorado com foco na melhoria da qualidade de vida da população

*Empreendedor Público** Empreendedor Público,

Especialista em Políti-cas Públicas e Gestão Governamental

A fase atual do Choque de Gestão, de-nominada Estado para Resultados, tem como estratégia principal con-

solidar a gestão orientada por resultados na administração estadual. As ações estão sendo implementadas em diversos órgãos do Poder Executivo sob a liderança da Secretaria de Es-tado de Planejamento e Gestão (Seplag), com o apoio do Programa Estado para Resultados (EpR).

O que se quer alcançar com uma gestão orientada para resultados? A pergunta, de fundo conceitual do modelo em construção, é importante para nortear e contextualizar os esforços da Unidade de Indicadores do EpR, equipe que monitora e avalia os resultados. A diretriz que responde à pergunta foi esta-belecida durante a VIII Reunião Gerencial,

realizada em dezembro de 2007, quan-do se afirmou que Minas inaugurou

um modelo de gestão em que o governante e as organizações são avaliados pela ca-pacidade de me-lhorar indicado-res econômicos

e sociais

Resultados finalísticos orientam

ação governamental

sem onerar adicionalmente a sociedade. Rompe-se, assim, a lógica atual de comparar o desempe-nho em determinada área pelo volume de gastos.

Dessa forma, orientar uma gestão para resul-tados significa direcionar a atuação dos órgãos e instituições do poder público estadual para al-cançar ganhos mais objetivos, concretos e men-suráveis para a sociedade. Traduzindo para algo imediato, almeja-se, por exemplo, que o sistema de educação determine suas ações para melhorar a qualidade do ensino e para aumentar a propor-ção dos alunos que concluem os níveis Funda-mental e Médio. Para o sistema de defesa social, objetiva-se orientar as ações para reduzir os ín-dices de criminalidade. No sistema de saúde, os focos são a redução da mortalidade infantil e o aumento da longevidade dos mineiros.

O grande desafio presente no início desse modelo foi construir um conjunto de indicado-res que expressassem, para a sociedade, os obje-tivos das políticas públicas, ou seja, os resultados finalísticos. Assim, a estrutura do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2007-2023 constituiu-se como a pedra fundamental para o modelo de gestão por resultados, na me-dida em que incorporou o conceito de resultados finalísticos na agenda pública, com o objetivo de compartilhar com a sociedade os principais in-dicadores e suas respectivas metas para 2011 e 2023, que passaram a balizar a ação do Poder Executivo estadual ao serem incorporados como metas a serem alcançadas nos Acordos de Resul-tados celebrados com cada secretaria estadual.

Foi com a missão de gerir e acompanhar os resultados finalísticos que surgiu a Unidade de Indicadores do EpR. Apesar de expressar o planejamento estratégico do Estado, o PMDI contém um conjunto preliminar de resultados finalísticos, considerado insuficiente para o modelo de gestão. Pelo seu aspecto inovador, o Plano enfrentou limitações de informações que não puderam ser todas superadas durante sua elaboração. Coube, portanto, à Unidade de In-dicadores construir uma inteligência acerca dos indicadores, buscando aprimorar e adequar os resultados finalísticos às premissas de monitora-mento e avaliação do modelo de gestão.

Desde 2007, o conjunto de indicadores vem passando por aprimoramentos significativos e o Estado passou a contar, a partir do início de 2009, com um quadro mais robusto de resul-tados finalísticos que orientam a ação gover-namental e integram a agenda dos principais executivos do Governo. O quadro atual, com 104 indicadores, mantém o alinhamento com o PMDI, sendo constituído de medidas idênticas

Gestão Minas

às originalmente formuladas, como também de indicadores adaptados (proxies) e complementa-res àqueles inicialmente apontados.

Para estabelecer o registro do conjunto de 104 resultados finalísticos, foi produzido o Ca-derno de Indicadores 2009, documento inova-dor na gestão pública brasileira, que apresenta cada uma das medidas utilizadas na gestão por resultados do Governo mineiro. Está disponível para consulta no site www.estadopararesultados.mg.gov.br. Desenvolvido em parceria com uma rede de especialistas, o Caderno expressa o co-nhecimento acumulado pela Unidade de Indi-cadores e tem como objetivo difundir, junto à sociedade interessada, o diagnóstico em termos da aplicação dos indicadores, além de buscar melhorias desse portfolio, compartilhando os limites e limitações inerentes aos indicadores.

O Caderno de Indicadores 2009 é uma con-quista do atual modelo de gestão por resultados, na medida em que consolida um esforço coleti-vo de criar e pactuar com os diversos órgãos do Poder Executivo estadual indicadores que tra-duzem quantitativamente os objetivos e ganhos perseguidos. O documento traz, ainda, o bene-fício de organizar e padronizar as informações e a série histórica de dados disponível para esses indicadores, de maneira a reduzir a assimetria e as divergências de informação entre os órgãos do setor público.

A Unidade de Indicadores também iniciou, em 2009, a elaboração de boletins para apre-sentação dos resultados levantados a partir das principais pesquisas e bases de dados nacionais

DIAGNÓSTICO DOS RESULTADOS FINALÍSTICOS – 2009

Fonte­: Programa Estado para Resultados

35,6%

25,0%39,4%

n Indicadores avaliados segundo o PMDI

n Indicadores avaliados por proxy PMDI

n Indicadores complementares aos do PMDI

1� Gestão Minas 17Julho 2009

Choque de Gestão

e regionais. O boletim “Estado e seus Resultados” é uma publicação com circulação interna no Governo e enfoque na divulgação tempestiva dos resultados pertinentes ao Estado. Dois exemplos já elaborados ilustram o caráter dessa publicação: os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007 e do Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb) 2008. Preten-de-se, ainda, gerar novas edições com a divulgação dos dados do Programa de Avaliação da Alfabetiza-ção (Proalfa), da Pesquisa por Amostra de Domicí-lios de Minas Gerais (PAD/MG), dentre outros.

Além do esforço de melhorar a qualidade dos indicadores finalísticos, uma outra frente da Uni-dade de Indicadores, iniciada em 2009 em parce-ria com a Fundação João Pinheiro (FJP) e apoio do Banco Mundial, está voltada para os estudos

avaliativos da qualidade das metas definidas para os indicadores da gestão por resultados. Para que o sistema de monitoramento e avaliação conso-lide-se como modelo de gestão, é fundamental aprimorar a pactuação das metas, de maneira que sejam factíveis e desafiadoras, dando harmonia ao esforço relativo esperado. Ao longo de 2009, estudos preliminares serão desenvolvidos para as metas de criminalidade, pobreza e educação, mar-cando o início dessa agenda de pesquisa.

Tem-se também, em parceria com a FJP, o desenvolvimento de uma série de avaliações de impacto dos Projetos Estruturadores. A iniciativa busca compreender melhor as relações de causali-dade e os resultados de fato alcançados por esses projetos governamentais. O desenvolvimento des-sas avaliações na agenda do Governo, baseada na FJP como instituição estadual de pesquisa, forta-lece a capacidade do Estado de produzir novos in-sumos a serem utilizados na definição de políticas em planejamentos futuros, bem como viabilizar correções de rotas nas políticas vigentes.

O grande desafio do modelo de gestão por resultados está na capacidade de apropriação das

informações geradas no monitoramento e na ava-liação pelas instâncias de tomada de decisão, ou seja, na capacidade de feedback do sistema. Ter a Unidade de Indicadores vinculada a um programa coordenado pela Vice-Governadoria representa um importante passo para superar o desafio. Avanços também já foram possíveis no aumento da intera-ção dos gestores públicos com os resultados e pes-quisas acompanhadas pela Unidade de Indicadores. Com base em pesquisas de medo de vitimização, a Subsecretaria de Comunicação Social e a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) já construíram um plano de comunicação atrelado às ações de re-pressão e combate ao crime no Estado.

Contudo, há um longo caminho a ser percor-rido até que se consolide e perenize o modelo de gestão por resultados no setor público estadual.

Percebe-se como necessária uma maior aproxima-ção do conhecimento acadêmico-teórico com o pragmatismo requerido na função executiva dos gestores. É preciso, portanto, construir avaliações mais expeditas, no sentido de serem bons diagnós-ticos acompanhados de planos de melhorias para reduzir a diferença entre os resultados esperados e os de fato alcançados pelas políticas públicas.

Para tanto, a rede institucional que o EpR vem criando com a FJP e a Seplag para a constituição do Núcleo de Gestão Estratégica de Resultados é um importante passo para a consolidação do mo-delo. É importante destacar ainda a parceria que essa rede vem estabelecendo com a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), que tem assumido o papel de apoio a esse mode-lo de gestão por resultados. Por fim, é necessário, cada vez mais, aprofundar no conhecimento das boas práticas internacionais e, nesse sentido, des-taca-se o papel extremamente relevante do Banco Mundial, que tem colaborado para que Minas Ge-rais busque a fronteira e a vanguarda do conheci-mento e das ações de um modelo de gestão por resultados efetivos. s

O Caderno de Indicadores 2009 é uma conquista

do atual modelo de gestão por resultados, na medida

em que consolida um esforço coletivo de criar e pactuar

com os diversos órgãos do Poder Executivo estadual

indicadores que traduzem quantitativamente

os objetivos e ganhos perseguidos

Parceria Público-Privada

A partir de 2003, diversos es-forços foram concentrados na ampliação das vagas do sistema

prisional de Minas Gerais. Esse au-mento foi parte de escolhas estratégi-cas que identificaram, na precariedade do sistema prisional, um dos princi-pais problemas para uma política de segurança pública sistêmica e orgânica que se iniciava.

Esses esforços produziram a maior expansão da história do sistema prisio-nal mineiro. Entre vagas construídas e vagas assumidas da Polícia Civil, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que em 2003 administrava cer-ca de 5 mil presos, passou a adminis-trar, em 2009, 86 unidades prisionais com cerca de 40 mil presos.

Uma ampliação nessas proporções demandou muito mais do que concre-to e grades de aço. Foi preciso somar ao crescimento do número de vagas um conjunto de iniciativas para a moder-nização da gestão do sistema prisional. Tais iniciativas foram empreendidas com o objetivo de criar condições or-ganizacionais para processar a rápida ampliação do sistema e aprimorar o funcionamento das instituições que implementam a política prisional.

Dentre as iniciativas estão a insti-tuição e o contínuo aprimoramento de procedimentos operacionais padrão; a criação da Gestão do Sistema Peniten-ciário (Gespen), programa que difunde metodologia de solução de problemas; o envolvimento de atores não estatais na execução das penas, como as Asso-ciações de Proteção e Assistência aos

Minas é o primeiro Estado do país a investir no instrumento das PPPs para aprimorar o funcionamento

das instituições que implementam a política prisional

Um marco na modernização da gestão

prisional no EstadoGenilson Zeferino*

marcos Siqueira moraes**

*Subsecretário de Admi-nistração Prisional da

Secretaria de Estado de Defesa Social

**Empreendedor Público e Gerente Adjunto do Projeto Estruturador Parcerias para a Pro-

visão de Serviços de Interesse

Público

Condenados (Apacs); e o projeto de Parceria Público-Privada (PPP) no sistema prisional de Minas Ge-rais, cujo contrato foi assinado em 16 de junho de 2009 e é o primeiro desse tipo no Brasil.

A PPP Penitenciária de Minas Gerais é uma forma de concessão, para um grupo de empresas priva-das, da atividade de desenho do projeto arquitetô-nico, construção e operação de um conjunto de unidades penitenciá-rias que, ao todo, so-mam cerca de 3 mil va-gas nos regi-mes fechado e semiaberto. O Governo permanece res-ponsável por decisões im-portantes nos as-pectos

18 Gestão Minas 19Julho 2009

Parceria Público-Privada

de segurança interna, pela segurança ex-terna, pelo transporte e escolta de sen-tenciados, além de monitorar a carteira de indicadores de desempenho e efetuar pagamentos mensais com base nesses indicadores.

do contrato com maior facilidade. O segundo mecanismo de flexibilidade contratual foi a previsão de um poder regulamentar a partir do qual o Governo pode emitir ementas que guia-rão a interpretação do contrato.

O segundo problema que precisava ser so-lucionado era encontrar uma forma de garantir accountability (prestação de contas) e transpa-rência. O envolvimento privado evidencia a necessidade do fluxo perene de informações entre as unidades prisionais e o núcleo estra-tégico do Governo, bem como entre elas e a sociedade em geral. Um dos mecanismos pre-vistos no contrato de Minas Gerais foi o Con-selho Consultivo, formado por representantes do Conselho Estadual de Direitos Humanos, da Secretaria de Estado de Defesa Social, do Conselho de Política Criminal, dentre outros órgãos. O Conselho Consultivo, com a partici-pação de diversos setores, representa os olhos e ouvidos da sociedade e do Governo dentro do cotidiano de cada unidade penal, aprofundan-do a transparência e o controle sobre o parceiro privado. Além disso, para fortalecer o contro-le governamental sobre a empresa privada, foi criada a figura de um diretor público, interno a cada unidade penal, que se reportará à Seds.

O terceiro problema solucionado no proje-to foi o aumento da complexidade do ambien-te institucional de implementação da política prisional. As políticas de segurança pública são executadas em um ambiente que já é profunda-mente desagregado, com as polícias estaduais, o sistema prisional, o Judiciário e o Ministério Público. Dessa forma, acrescentar atores com vontade própria representaria a ampliação da complexidade de um ambiente já complicado demais. Seria preciso, portanto, um alinha-mento permanente das prioridades da conces-sionária com as prioridades do Governo. Nes-se sentido, o contrato prevê o pagamento de um prêmio anual a partir de critérios flexíveis, determinados pelo Governo, no começo de cada ano. Assim, pretende-se um permanente alinhamento que reduz a complexidade insti-tucional e garante o controle efetivo sobre o parceiro privado.

Portanto, o projeto permite, por um lado, maior economia e, por outro, cria condições de flexibilidade contratual, transparência e re-dução da complexidade institucional. É uma situação ótima com a qual obteremos serviços de maior qualidade, aplicando menos recursos dos contribuintes.

ALGUMAS RESPONSABILIDADESRESPONSABILIDADES PRIVADAS RESPONSABILIDADES PÚBLICAS

Desenhar o projeto arquitetônico Acompanhar a construção do com-plexo penal

Financiar o empreendimento Monitorar o parceiro privado a par-tir da estrutura de indicadores de desempenho

Construir Analisar e aprovar os planos estadu-ais do parceiro privado

Efetuar a manutenção física das unidades

Efetuar mensalmente a contra-pres-tação pecuniária

Elaborar anualmente planos opera-cionais e de segurança

Determinar as diretrizes da atividade de segurança interna por intermédio do diretor público de cada unidade

Prestar serviços assistências (saúde, educação, assistência, psicológica etc.)

Efetuar anualmente o pagamento do prêmio por excelência na gestão

Promover condições de segurança interna, inclusive com o monitora-mento do dia a dia dos presos

Realizar a segurança externa e o transporte de sentenciados

velhos problemas da gestão prisional.A PPP Penitenciária é uma alternati-

va possível para esse obstáculo, pois altera toda a lógica da execução da política pe-nitenciária, acrescentando flexibilidade e autonomia à operação prisional e pro-movendo controles por resultados. A fle-xibilidade e autonomia demonstraram-se fontes efetivas de ganhos de eficiência. A proposta vencedora da licitação foi 13% mais barata do que o Estado gastaria para realizar um projeto semelhante. Isso re-presenta uma economia de mais de R$ 300 milhões durante o período de vigên-cia do contrato, que é de 27 anos.

Entretanto, gastar menos não é tudo que se pretende com o projeto. É preci-so que as unidades prisionais entreguem melhores resultados à sociedade. Para que isso aconteça, foi necessário resolver vários problemas que surgiram durante o desenho do modelo de funcionamento da PPP, dos quais três merecem menção especial.

O primeiro deles foi a flexibilida-de contratual em longo prazo. Como o contrato da PPP tem vigência de 27 anos, seria preciso garantir que, caso as prioridades do Governo mudassem, as prioridades da concessionária também mudariam. Dito de outra forma: seria necessário que o parceiro privado fosse somente o implementador de decisões tomadas pelo Governo. O contrato de Minas criou diversos mecanismos para promover essa flexibilidade. O primeiro foi uma revisão obrigatória dos indicado-res a cada dois anos, o que permite a re-definição dos critérios para o pagamento do concessionário, garantindo que o Go-verno possa alterar o curso da execução

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO MODELO EM MINAS GERAIS

O parceiro privado desenha o projeto arquitetônico, investe e constrói com seus próprios recursos o complexo penal. Depois da construção, o parceiro privado é responsável pela prestação de serviços de saúde, educação, assistência social, atividades de profissionalização, monitoramento interno das unidades penais, manutenção pre-dial etc.

O poder público somente efetua o primeiro pagamento quando iniciar a ocupação das unidades.

O pagamento não é feito somente pela ocupação. 90% do pagamento é feito pela disponibilidade das vagas. Des-sa forma, o parceiro privado não “prefere” que haja mais pessoas presas.

Para garantir transparência e controle, foram instituídos indicadores que medem o desempenho do parceiro priva-do. Além disso, foi criado um Conselho Consultivo, formado por diversas instituições, como o Conselho Estadual de Direitos Humanos, que fiscalizará o funcionamento do complexo penal.

O diretor de Segurança do complexo penal é um funcionário público responsável por decisões que afetam a segu-rança de todas as unidades. Dentre suas atribuições está o monitoramento de todo o conjunto de indicadores.

Foram previstos prêmios em caso de excelência no desempenho privado. Os critérios e padrões para pagamento desse prêmio são definidos bianualmente pelo Governo de Minas, de forma a garantir que o parceiro privado este-ja sempre alinhado com as prioridades da política pública penitenciária do Estado.

A Parceria Público-Privada no siste-ma prisional de Minas Gerais representa o rompimento de uma barreira histórica na gestão prisional brasileira. Os baixos volumes de investimento no setor nas últimas décadas não é o único fator de-terminante da situação dramática das penitenciárias no Brasil. A rigidez insti-tucional do poder público foi, e ainda é, um grande obstáculo para o surgimento e o desenvolvimento de práticas geren-ciais que permitem novas saídas para os

Foi preciso somar ao crescimento do número de vagas

um conjunto de iniciativas para a modernização

da gestão do sistema prisional. Tais iniciativas foram

empreendidas com o objetivo de criar condições

organizacionais para processar a rápida ampliação

do sistema e aprimorar o funcionamento

das instituições que implementam a política prisional

Diante de tudo isso, parece-nos que é pre-ciso desmistificar o frequente antagonismo de que o Estado é bom e o mercado é mau, ou vice-versa. Devemos nos interessar por aquilo que funciona, por aquela ferramenta geren-cial capaz de representar a melhor forma de cumprir a missão do Governo de aplicar, da melhor forma possível, os recursos públicos. A situação do sistema prisional brasileiro não

permite apego a posições dogmáticas. Não te-mos dúvidas de que Minas Gerais deu mais um passo para garantir a excelência do seu modelo de gestão prisional e aproxima-se definitivamente de instituir uma verdadeira lógica gerencial para o cumprimento de sua missão constitucional: promover serviços pri-sionais melhores, aplicando de forma mais racional os recursos públicos. s

20 Gestão Minas 21Julho 2009

O número de ocorrências de crimes violentos registrado em Minas Gerais no primeiro trimestre de

2009 sinaliza o retorno dos indicadores ao patamar verificado no ano de 2000. A queda dos índices nos últimos meses é resultado da melhor estruturação e entrosamento das polícias por meio da adoção da metodologia de Integração

da Gestão em Segurança Pública (Igesp) e da implantação de programas de pre-venção à criminalidade, como o Fica Vivo! e a Mediação de Conflitos, além do serviço Disque Denúncia Unificado (DDU) e do Cinturão de Segurança, que contempla 402 municípios localiza-dos na divisa com outros estados.

De acordo com o Boletim de Infor-mações Criminais da Fundação João Pinheiro (FJP), foram registrados, de janeiro a março de 2009, 79,04 ocor-rências de crimes violentos por grupo de 100 mil habitantes, índice inferior ao mesmo período do ano 2000, quando foram contabilizados 81,83 casos. Em relação a 2008, a queda da violência foi de 21%. Os crimes violentos classifica-dos no levantamento são divididos em duas categorias: crimes contra o pa-trimônio, representados pelos roubos consumados e assaltos (mão armada), e crimes contra a pessoa, como tentativas de homicídio, homicídios consumados e estupros consumados.

Para reduzir ainda mais os Índices de Criminalidade Violenta (ICV), está em ritmo acelerado a construção de sedes de Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp) em quatro cidades-polo, além das Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisp) em seis locais da Região Metro-politana de Belo Horizonte (RMBH). Outra ação é o reaparelhamento das polícias. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram entregues 1.100 viatu-ras às forças de Defesa Social do Estado. Minas Gerais é, hoje, o Estado que mais investe em políticas públicas de segu-rança no Brasil. Nos últimos cinco anos, os recursos do Governo repassados para o Sistema de Defesa Social chegaram a

defeSa Social

ellen dias

Estratégias de prevenção e combate à criminalidade promovem o retorno dos índices de criminalidade violenta ao patamar verificado há noves anos

Cidadão constata eficiência da política de

segurança pública

6

GRÁFICO 2TAXA DE CRIMES VIOLENTOS CONTRA A PESSOA POR 100 MIL HABITANTES

MINAS GERAIS

Dados Básicos: Armazém de dados de Ocorrências da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e Divisão de Crimes Contra a Vida da Polícia Civil de Minas Gerais (DCCV-PCMG)

Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP) - Núcleo de Estudos em Segurança Pública (NESP)

Dados Básicos: Armazém de dados de Ocorrências da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e Divisão de Crimes Contra a Vida da Polícia Civil de Minas Gerais (DCCV-PCMG)

Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP) - Núcleo de Estudos em Segurança Pública (NESP)

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2007 2008 2009Ano/Mês

Taxa

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Crim

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por

100

mil

habi

tant

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MAPA 2TAXA MÉDIA DE CRIMES VIOLENTOS CONTRA A PESSOA POR 100 MIL HABITANTES

MINAS GERAIS - JAN/MAR 2009

TAXA DE CRIMES VIOLENTOS CONTRA A PESSOA POR 100 MIL HABITANTES MINAS GERAIS

10

A categoria de Homicídios Tentados, a seuturno, apresentou a expressiva redução de 38,90%nas taxas trimestrais médias. No primeiro trimestrede 2008 foram registradas, em média, 3,55ocorrências por 100 mil habitantes, enquanto nomesmo período de 2009 houve 2,17 registrosdesse tipo, em média, por 100 mil habitantes.

Conforme as informações contidas no Grá-fico 5 e na Tabela 5, manteve-se, nos trêsprimeiros meses de 2009, a tendência de queda

sistemática do número de Homicídios Tentadosregistrados no estado de Minas Gerais, a qual jáse verificava desde 2008, especialmente a partirdo segundo trimestre deste ano. Na comparaçãoentre os primeiros trimestres de 2007 e 2009, aredução verificada é da ordem de 43,51%, isto é,deixou-se o patamar de 3,84 ocorrências por 100mil habitantes para o de 2,17 ocorrências, sendoque a maior parte da redução ocorreu no ano de2008, como pode ser observado.

Dados Básicos: Armazém de dados de Ocorrências da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP) - Núcleo de Estudos em Segurança Pública (NESP)

TABELA 5NÚMERO DE HOMICÍDIOS TENTADOS REGISTRADOS PELA PMMG

MINAS GERAIS

Dados Básicos: Armazém de dados de Ocorrências da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP) - Núcleo de Estudos em Segurança Pública (NESP)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez2007 757 737 776 772 728 728 716 680 683 710 694 7922008 715 661 751 618 554 510 458 531 470 516 496 4902009 449 444 424

0,8

1,3

1,8

2,3

2,8

3,3

3,8

4,3

4,8

5,3

5,8

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago Se

t

Out

Nov Dez Jan

Fev

Mar

2007 2008 2009Ano/Mês

Taxa

de

Hom

icíd

ios

Tent

ados

por

100

mil

habi

tant

es

GRÁFICO 5TAXA DE HOMICÍDIOS TENTADOS POR 100 MIL HABITANTES

MINAS GERAIS

TAXA DE HOMICÍDIOS TENTADOS POR 100 MIL HABITANTES MINAS GERAIS

R$ 16,5 bilhões. Em 2009, a verba será da ordem de R$ 700 milhões.

O último Boletim de Informações Criminais, divulgado pela FJP, também aponta a redução significativa no item Crimes Violentos contra a Pessoa, com queda de 27,48% na comparação entre o primeiro trimestre de 2009 e o mesmo período de 2008. A categoria de Ho-micídios Tentados apresentou redução de 38,9% nas taxas trimestrais médias (ver gráfico ao lado). Com relação aos homicídios consumados, os municípios mineiros com população superior a 100 mil habitantes tiveram queda de 15,13% na comparação entre o primeiro trimes-tre de 2009 e igual período de 2008.

Nos 34 municípios da Região Me-tropolitana de Belo Horizonte, o ICV também caiu na comparação com o primeiro trimestre de 2008 – perío-do em que a taxa foi de 206,26 con-tra 155,21 registrados neste ano, si-nalizando uma redução da ordem de 25%. Na capital mineira, nos meses de janeiro a março de 2009, foram contabilizados 200 episódios de cri-mes violentos por 100 mil habitantes – uma queda de 52 pontos em relação ao mesmo período do ano 2000, que somou 252 ocorrências. No universo dos municípios mineiros com popula-ção superior a 100 mil habitantes, o primeiro trimestre de 2009 teve 137,5 vítimas de crimes violentos em cada grupo de 100 mil habitantes – índice 16% menor ao apurado em 2000. s

Atendimento ao adolescenteNos últimos se­is anos, o Gove­rno de­ Minas inve­stiu na ampliação do núme­ro de­ vagas para ate­ndime­nto de­

me­didas socioe­ducativas de­ privação de­ libe­rdade­, voltadas para adole­sce­nte­s infratore­s. Atualme­nte­, e­stão e­m

funcioname­nto 29 ce­ntros com 1.085 vagas. Em 2003, e­ram 12 unidade­s com 420 vagas. O marco foi a criação,

e­m de­ze­mbro de­ 2008, do Ce­ntro Inte­grado de­ Ate­ndime­nto ao Adole­sce­nte­ Autor de­ Ato Infracional (CIA-BH), por

me­io de­ parce­ria e­ntre­ a Se­cre­taria de­ Estado de­ De­fe­sa Social (Se­ds) e­ o Pode­r Judiciário.

Em um único e­spaço, e­stão a Vara da Infância e­ Juve­ntude­, a Promotoria da Infância e­ Juve­ntude­, a De­fe­n-

soria Pública, a Subse­cre­taria de­ Ate­ndime­nto às Me­didas Socioe­ducativas (Suase­) da Se­ds e­ as polícias Civil

e­ Militar. Com a pre­se­nça de­ todos e­sse­s órgãos, o adole­sce­nte­ é ate­ndido prontame­nte­ e­, caso ne­ce­ssário, é

re­sponsabilizado de­ forma ime­diata. A te­mpe­stividade­ na re­sponsabilização do jove­m re­duz, conside­rave­lme­nte­,

a possibilidade­ de­ re­incidência.

Minas Gerais é, hoje, o Estado que mais

investe em políticas públicas de segurança

no Brasil. Nos últimos cinco anos,

os recursos do Governo repassados

para o Sistema de Defesa Social chegaram

a R$ 16,5 bilhões

22 Gestão Minas 23Julho 2009

educação

Os resultados negativos da educação brasi-leira, revelados por sucessivas avaliações nacionais e internacionais, têm colocado

a educação básica sob forte pressão social para reformular objetivos, renovar compromissos, reorientar práticas, atualizar métodos e apre-sentar melhores resultados. No entanto, as iniciativas dos governos federal, estaduais e municipais não têm sido bem sucedi-das no propósito de alterar essa realida-de. As dificuldades têm sido maiores que o imaginado, tornando-se cada vez mais

evidentes que não basta investir apenas nos insumos para que os bons resultados

apareçam. Contudo, em Minas, esse quadro começa a mudar.Não é pequeno o desafio de transformar uma

rede pública de ensino em um sistema de alto desempenho educacional. Em Minas, ele é ainda maior pelas características de sua rede de ensino,

a segunda maior do Brasil, e em razão das grandes diferenças regionais que tornam os problemas de

qualidade fortemente correlacionados aos de equida-de. Apesar disso, bons resultados começam a aparecer em escolas de todas as regiões, especialmente as mais pobres. É possível melhorar os resultados educacionais se as solu-ções adotadas tiverem compromisso com resultados fina-lísticos, se as políticas tiverem como alvo a transformação das pessoas, seu envolvimento, motivação e responsabiliza-ção e se a gestão do sistema conseguir transformar a prática da escola, alcançando a sala de aula.

Isso já vem sendo feito em Minas por meio de progra-mas e projetos que reúnem um conjunto coerente

e bem integrado de medidas, cada uma com um contributo essencial para o sucesso das políticas adotadas. Essas políticas refletem uma visão clara

da realidade educacional do Estado e um elevado ní-

Medidas como a matrícula de crianças aos seis anos de idade, instalação de laboratórios de informática e implantação dos planos de carreira para os profissionais da educação sinalizam resultados positivos nas escolas

João filocre*

* Doutor em Educação e Secretário Adjunto de Estado de Educação

Indicadores revelam melhoria da

qualidade do ensinovel de conhecimento estratégico. Repre-sentam uma resposta corajosa aos desa-fios para melhorar um sistema educativo que já não produzia resultados capazes de permitir a crianças e jovens ter êxito num mundo em mudança e desafiador.

A população e os educadores têm sa-bido apreciar o valor das medidas adota-das ao longo dos últimos sete anos: a im-plantação do Ensino Fundamental (EF) de nove anos com matrícula das crianças aos seis anos de idade; a distribuição de livros didáticos para todos os alunos do Ensino Médio (EM); a implantação de tempo integral para os alunos que pre-cisam de mais atenção; os investimen-tos realizados na ampliação e reforma das escolas; a instalação de laboratórios de informática conectados à internet e melhoria dos equipamentos e recursos didático-pedagógicos; a implantação de planos de carreira para os profissionais da educação etc. O ceticismo inicial deu lugar à confiança de que o poder públi-co é capaz de dar respostas apropriadas aos desafios de oferecer à população ser-viços educacionais de qualidade. Com metas claras estabelecidas para cada es-cola, professores melhor preparados e

mais comprometidos com sua atividade profissional e escolas melhor geridas, o esforço coletivo começa a produzir as consequências desejadas.

Dentro das ações realizadas, destaca-mos os seguintes resultados:

Alfabetização no Tempo CertoToda criança lendo e escrevendo até

oito anos de idade. Essa é a meta que tem mobilizado o melhor dos esforços dos educadores de Minas. O proje-to Alfabetização no Tempo Certo tem a ambição de promover um salto na qualidade do processo de alfabetização e garantir que essa meta seja alcançada até 2011. A série histórica do Programa de Avaliação da Alfabetização (Proal-fa) aponta uma evolução significativa e consistente do nível de alfabetização no 3º ano do Ensino Fundamental (antiga 2ª série). De 2006 a 2008, a proficiên-cia média nas escolas públicas estaduais e municipais aumentou de 487,6 para 528,7. Nesse período, a rede estadual apresentou crescimento de 11,4% e a municipal de 6,4%.

Minas é o único Estado que possui uma escala de proficiência para avalia-

O ceticismo inicial deu lugar à confiança de que o poder público

é capaz de dar respostas apropriadas aos desafios de oferecer

à população serviços educacionais de qualidade

Fonte­: Proalfa/SEE

METAS E RESULTADOS DA ALFABETIZAÇÃO3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE ESTADUAL

Proficiência 494 536 558

Re­come­ndáve­l 49 66 73

Inte­rme­diário 20

15 15

Baixo 31 19 14

Resultado Resultado Resultado 2006 2007 2008

24 Gestão Minas 2�Julho 2009

Educação

ção da alfabetização do 2º ao 4º anos do Ensino Fundamental. Essa escala varia de 0 a 800 pontos e está dividida em três faixas: recomendável, intermediá-rio e baixo. Para os alunos do 3º ano do EF, considera-se como baixo desem-penho a proficiência situada na faixa de 0 até 450, o desempenho intermediário na faixa de 450 a 500 e o desempenho recomendável acima de 500. Os resul-tados do Proalfa mostram um avanço importante em direção ao nível reco-mendável. De 2006 a 2008, o percen-tual de alunos da rede pública nessa fai-xa de proficiência aumentou de 45,2% para 63,3% – uma taxa de crescimento de 40%. Na rede estadual, essa taxa é maior, alcançando 48,9%.

Redução das DiferençasMerece destaque o fato de que a

proficiência média vem crescendo em todas as Superintendências Regionais de Ensino (SRE). Vale destacar que as taxas de crescimento são mais elevadas nas SREs situadas no Norte de Minas e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, o que tem feito diminuir as diferenças entre as diversas regiões do Estado.

O cálculo do coeficiente de variação em 2006, 2007 e 2008 apresenta outro fato merecedor de atenção. A desigualda-de entre os alunos diminuiu, pois o coe-ficiente de variação, no período de 2007 a 2008, caiu de 19,04% para 17,63%. No caso da rede estadual, a queda foi de 9,8%, demonstrando que, além dos alunos estarem aprendendo mais, a desi-gualdade entre eles está diminuindo em todas as regiões do Estado.

Escola Viva e Rede CrescerO projeto Escola Viva, Comunida-

de Ativa é constituído por 503 escolas, das quais 370 são avaliadas no Proalfa, pois oferecem os anos iniciais do Ensino Fundamental. Tem por finalidade tor-nar as escolas públicas situadas em áreas de maior vulnerabilidade social melhor preparadas para atender as necessida-des educativas das crianças e dos jovens mais afetados pelos fenômenos da ex-clusão social e da violência. Os dados do Proalfa revelam os seguintes resultados: em 2008, 72% dessas escolas alcança-ram proficiência média no nível reco-

mendável; 26 escolas já possuem 100% dos alunos no nível recomendável; o percentual de alunos no nível recomen-dável, considerando todas as escolas do projeto, teve crescimento médio maior que as demais escolas estaduais; e que a porcentagem de alunos no nível de bai-xo desempenho teve maior queda que a média geral das escolas estaduais.

A Rede Crescer inclui as 500 escolas de mais baixo desempenho na rede es-tadual. Dessas, 415 foram avaliadas no Proalfa 2008. A proficiência média desse grupo, em 2006, era 459,1, muito abaixo da proficiência média das Escolas-Refe-rência (514,6) e mesmo das Escolas Vivas (471,0). No entanto, esse grupo foi o que apresentou maior taxa de crescimento de 2006 a 2008: 14,17%, seguido pelas Es-colas Vivas, com 12,91%.

Em relação às faixas de proficiência, as Escolas Vivas conseguiram a mais alta taxa de crescimento do percentual de

alunos no nível recomendável (87,9%), seguidas pelas escolas da Rede Crescer, com 76,4%. Em relação à faixa de baixo desempenho, a queda foi mais forte nas Escolas Viva (62%), enquanto a Rede Crescer alcançou -51,7%.

ProebO Programa de Avaliação da Rede

Pública de Educação Básica (Proeb) des-tina-se a fazer avaliação de desempenho em Língua Portuguesa e Matemática de todos os alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio. A avaliação é aplicada anualmente nas escolas estaduais e mu-nicipais. Os gráficos da página seguinte mostram a evolução da proficiência mé-dia nas séries avaliadas, notando-se um crescimento consistente e significativo em ambas as disciplinas, com um pro-gresso mais acelerado em Matemática e no 5º ano do EF.

EVOLUÇÃO DA PROFICIÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO

3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE ESTADUAL

2006

2007

2008

3º ANO EF - PROALFA

444,8 a 477,8477,8 a 510,8510,8 a 543,8543,8 a 576,8576,8 a 609,9

O Proeb destina-se a fazer avaliação de desempenho

em Língua Portuguesa e Matemática de todos os alunos

do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º ano

do Ensino Médio. A avaliação é aplicada anualmente

nas escolas estaduais e municipais

Fonte­: Proalfa/SEE

EVOLUÇÃO DA PROFICIÊNCIA MÉDIA EM GRUPOS SELECIONADOS DE ESCOLAS3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE ESTADUAL / 2006 A 2008

Fonte­: Proalfa/SEE

s

ss

s

n

nn

n

570,0

550,0

530,0

510,0

490,0

470,0

450,0

Prof

iciê

ncia

Escola Estadual Escola Viva Rede Crescer

566,4

550,32540,03

524,2

517,1

459,1

467,53

530,26536,1

494,5

514,6

552,6

2006 2007 2008sn

2� Gestão Minas 27Julho 2009

Educação meio ambiente

De acordo com a classificação do Ideb, 54 das 100

melhores escolas estaduais do Brasil são de Minas Gerais

EVOLUÇÃO DA PROFICIÊNCIA MÉDIA – PROEB

MATEMÁTICA E LÍNGUA PORTUGUESA REDE ESTADUAL

Em Matemática, novamente se ve-rifica que, nos 5º e 9º anos do EF e no 3º ano do EM, as taxas de crescimen-to da proficiência, de 2006 a 2008, das escolas situadas na área do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene) e nas regiões Norte, Jequitinhonha, Mucuri e Central é su-perior ao conjunto das escolas estaduais. Em Língua Portuguesa, é superior na área do Idene e na região Norte.

IdebO Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica (Ideb) foi criado há pouco tempo e adotado pelo Ministé-rio da Educação (MEC) como indica-dor da qualidade da educação no Bra-sil. Na sua primeira edição, relativa a 2005, Minas apresentou no 5º ano do Ensino Fundamental o segundo maior valor para esse indicador (4,70), que foi superado apenas pelo Distrito Fe-deral (4,80). Em 2007, Minas apresen-tou o maior Ideb da região Sudeste e permaneceu como o Estado que possui o maior número de escolas desse nível de ensino com Ideb maior ou igual a 6. Do total de 739 escolas em todo o Brasil que já alcançaram esse patamar, 189 (25,6%) são mineiras.

A rede estadual, considerada isolada-mente, é ainda mais bem sucedida. Das 294 escolas estaduais de todo o Brasil que conseguiram alcançar Ideb igual ou superior a 6, 142 escolas (48,3%) são de Minas. Considerando as escolas estaduais brasileiras que possuem Ideb do 5º ano do EF acima da média nacio-nal 4,0, as instituições mineiras consti-tuem o maior grupo: 76,3% do total. De acordo com a classificação do Ideb, 54 das 100 melhores escolas estaduais do Brasil são de Minas Gerais. As de-mais estão assim distribuídas: 15 no Rio Grande do Sul, 10 em São Paulo, sete no Paraná, quatro no Distrito Federal, três em Tocantins e uma nos estados do Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Gros-so do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina. s

Fonte­: Proeb/SEE

2000 2006 2008

n 5º ano EF n 9º ano EF n 3º ano EM

177,4

229,1

252,3

274,6

246,3

196,5

218,2

255,8

282,2

MATEMÁTICA

2000 2006 2008

n 5º ano EF n 9º ano EF n 3º ano EM

180,5

238,3

267,9 267,6

242,7

190,0204,8

250,2

274,0

LÍNGUA PORTUGUESA

No final da década de 90, o mundo vivenciou a reformula-ção do papel do Estado e da visão sobre a necessidade de planejamento. Diferentemente do Estado Míni-

mo, preconizado até então, passou-se a dialogar sobre o Es-tado Eficiente como impulsionador do desenvolvimento. O relatório de Al Gore, “Da burocracia aos resultados: criando um Governo que trabalha melhor e custa menos”, publicado em setembro de 1993, resumiu as bases conceituais e trouxe ao conhecimento do grande público fatos que exigiam um novo paradigma de ação governamental. Segun-do Melo Neto1, o relatório é centrado nos seguintes itens: em resultados que traduzem as principais de-mandas de serviços públicos por parte da popula-ção, sobretudo as dos segmentos mais carentes de políticas públicas; em modelos e práticas de gestão públicas capazes de dotar o Estado de flexibilidade; e na inovação e rapidez de ações e propósitos. Melo Neto destaca que essa é, inclusive, a essência do que se chama Estado Empreendedor.

No Brasil, especialmente no âmbito subnacional, esse movimento não foi di-ferente. Em 2003, foi implantada em Minas Gerais uma política denomina-da Choque de Gestão, marcada pela reformulação da administração pú-blica mineira. Os principais objetivos dessa política giraram em torno do equilíbrio fiscal entre receitas e despe-sas, revisão de processos administra-tivos, parceria com o setor privado e avaliação do desempenho ins-titucional. Passou-se, então, a

Descentralização das funções administrativas, integração dos procedimentos do Sisema e introdução

da análise interdisciplinar dos processos consolidam Minas na vanguarda da política pública ambiental

Priscila malaguti*Shelley de Souza

carneiro**thiago alexsander

costa Grego***

*Coordenadora de Projetos – Descom-plicar e Mestre em

Economia**Secretário Adjunto

de Estado de Meio Ambiente e Desenvol-

vimento Sustentável e Mestre em Enge-nharia Nuclear e

Ambiental***Subsecretário de

Estado de Inovação e Logística do Sistema

Estadual de Meio Ambiente e Mestre em

Administração

Estado eficiente impulsiona o

desenvolvimento sustentável

28 Gestão Minas 29Julho 2009

SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Meio Ambiente

enfatizar a eficiência da administração pública, redu-zindo custos e aumentando a qualidade da prestação dos serviços com foco no cidadão. A ênfase em tais iniciativas requereu do Estado a revisão dos métodos de alocação de recursos e da forma como seus planos eram construídos.

O planejamento em Minas Gerais passou, dessa forma, a focar um conjunto de projetos denominados Estruturadores, que possuem monitoramento inten-sivo e garantia de recursos do tesouro estadual. Foram concebidos 31 Projetos Estruturadores, trabalhados no período de 2004 a 2007, e outros 57 na segunda fase de Governo (2007 a 2010). A criação dos Projetos Estrutu-radores provocou profundas modificações na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-

tentável (Semad), na estrutura orgânica da Fundação Es-tadual do Meio Ambiente (Feam), do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), bem como nas estruturas organizacionais do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Progressivamente, iniciou-se o processo de descentraliza-ção do Copam por meio da criação de, inicialmente, sete Unidades Regionais Colegiadas.

Nesse contexto, em 2003, o Projeto Estruturador Gestão Ambiental – MG Século XXI foi responsável pelos pressupostos que, ainda, são os direcionadores da política ambiental no Estado, tais como a desconcentra-ção das funções administrativas e a integração dos proce-dimentos inerentes à regularização ambiental, com foco em um processo participativo e democrático. Importan-

te ressaltar a publicação da Deliberação Normativa Co-pam 74/04, que estabeleceu critérios para a classificação, segundo o porte e o potencial poluidor, de empreendi-mentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ambiental de funcionamento ou de licenciamento ambiental no nível estadual.

Em 2007, ocorreu a segunda etapa dessas inovações por meio da publicação das Leis Delegadas 112, 125, 156, 157, 158 e 178. Estabeleceu-se o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema), instituído pela Lei Dele-gada 125, com a finalidade de regionalizar as medidas emanadas do Sistema Nacional de Meio Ambiente por meio da articulação coordenada do órgão e das entida-des que o integram.

No que se refere ao desenho institucional das en-tidades que integram o Sisema (Feam, IEF e Igam), as alterações tenderam a alinhar suas bases com os Projetos Estruturadores da área ambiental. Em relação às ativida-des correlatas ao processo de regularização ambiental, as entidades vinculadas deixaram de exercer papel opera-cional, que passou a ser executado pela Semad por meio das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Suprams).

Para o Estado, a descentralização representou a in-tegração das ações de proteção ao meio ambiente das três agendas (marrom, verde e azul), além de permitir a unificação e racionalização de suas áreas meio e o compartilhamento de recursos materiais, humanos e financeiros entre Semad, Feam, Igam e IEF. O intuito dessa integração foi compartilhar os recursos, mas sem descaracterizar as instituições, promovendo uma cul-tura sistêmica e integrada.

Também em 2007, na definição da nova carteira de Projetos Estruturadores, definiu-se o Projeto Descom-plicar, que foi um desdobramento do Facilita Minas,

criado em 2003, e teve seu escopo de atuação ampliado para além da simplificação das relações Estado-empre-sas, atuando em ações de melhoria entre Estado-cida-dãos e Estado-Estado. O Descomplicar busca a integra-ção da Semad com os demais órgãos, trabalhando em sinergia e na redução de exigências em duplicidade, o que gera ganho em eficiência.

Para atender ao desafio de simplificação do re-ferido Projeto Estruturador, foram envolvidas, além da Semad, as secretarias de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), de Desenvolvimento Econômico (Sede), da Fazenda (SEF), de Saúde/Vigilância Sa-nitária (SES), de Defesa Social/Corpo de Bombei-ros (Seds) e a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg). A inserção da Semad nesse projeto veio reforçar os pressupostos já adotados de melhoria do ambiente de negócios, provendo o respaldo neces-sário para os avanços estruturais e a modificação na maneira de realizar a análise dos processos.

A introdução da análise interdisciplinar nos proces-sos de regularização ambiental contribuiu muito para a eficiência dos trabalhos, uma vez que unificou as aná-lises dos projetos das três agendas ambientais. Hoje, existe um método unificado capaz de prover uma visão global do empreendimento, conectando visões diferen-tes e ampliando o contexto, permitindo a análise de sis-temas complexos. Nesse processo, as pessoas aprendem a tomar decisões em conjunto, fazendo parte de equipes integradas e sinérgicas, aperfeiçoando a percepção dos fatos e da qualidade dos trabalhos.

Os avanços obtidos podem ser demonstrados por meio de dois indicadores essenciais. O primeiro diz res-peito ao número de processos julgados pelas Unidades Regionais do Copam. Esse indicador demonstra o grau de eficiência do processo, com a redução do passivo e

ORGANOGRAMA DO SISEMA

SISTEMA OPERACIONAL DA SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - SEMADE O SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - SISEMA

Polícia Militar de­ Minas Ge­raisPMMG

Núcle­o de­ Ge­stão Ambie­ntalNGA

AGENDAMARROM

AGENDAVERDE

AGENDAAZUL

LEGENDASLINHA DE SuBORDINAçãO LINHA DE VINCuLAçãO

vinculados às 12 Se­cre­tarias de­ Estado

integrantes do Plenário do COPAM

SISEMA

Sistema Operacional da SEMAD

Se­cre­taria de­ Estado de­ Me­io Ambie­nte­ e­ De­se­nvolvime­nto Suste­ntáve­l

SEMAD

Fundação Estadualdo Me­io Ambie­nte­

FEAM

Instituto Estadualde­ Flore­stas

IEF

Instituto Mine­iro de­Ge­stão das Águas

IGAM

Conse­lho Estadual de­

Política Ambie­ntalCOPAM

Conse­lho Estadual de­

Re­cursos HídricosCERH

Fonte­: Sisema

Fonte­: Sisema

O Projeto Estruturador Gestão Ambiental – MG Século XXI

foi responsável pelos pressupostos que, ainda,

são os direcionadores da política ambiental em Minas Gerais,

tais como a desconcentração das funções administrativas e a

integração dos procedimentos inerentes

à regularização ambiental, com foco em um processo

participativo e democrático

SuPRAM SEDE

Alto São Francisco Divinópolis

Jequitinhonha Diamantina

Leste Mineiro Governador Valadares

Norte de Minas Montes Claros

Sul de Minas Varginha

Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba

Uberlândia

Zona da Mata Ubá

Noroeste de Minas Unaí

Central Metropolitana Belo Horizonte

30 Gestão Minas 31Julho 2009

Meio Ambiente

melhoria da qualidade das análises. O se-gundo aborda o controle de prazos do pro-cesso de análise e demonstra que é possível compatibilizar o desenvolvimento econômi-co-social com a preservação ambiental.

O maior desafio, no entanto, é formar grupos produtivos e inteligentes que pos-sam pensar e agir juntos. Em dois anos de implementação, essas ações já começam a dar sinais positivos e promissores, trazendo satisfação e empenho dos técnicos em seus trabalhos vinculados.

Dessa forma, ao se analisar a regulariza-

ção ambiental em Minas Gerais, aplicando o modelo interdisciplinar e os demais ins-trumentos introduzidos desde 2003, sob o enfoque da sustentabilidade e com meto-dologias individuais e coletivas interconec-tadas, percebe-se que os profissionais envol-vidos no processo de análise estão tendo um grande avanço. Trata-se de um crescimento moderno, dinâmico e em rede, que exige percepção profunda, negociação integrada, conexões interativas, visão contextualizada e ampla, além da inovação apropriada ao de-senvolvimento sistêmico da organização. s

1 Referências bibliográficasOSBORNE, D.; GAEBLER, T. Reinventando o governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor público. 3.ed, Brasília: MH Comunicação, 1994GORE, A.. From red tape to results: Creating a government that works better & costs less. Report of the National Performance Review. U.S. Government Printing Office, Superintendent of Documents, Washington, DC. September, 1993MELO NETO, F.P. Reengenharia do setor público: as bases para a construção do estado moderno. Rio de Janeiro: Quartet Ed: FESP, 1995GREGO, T. A. C. O desafio de implementar a estratégia: uma análise da utilização do gerenciamento de projetos como ferramenta de implantação da estratégia do governo de Minas Gerais. Belo Horizonte, PUC-MG/FDC, 2009

NÚMERO DE PROCESSOS JULGADOS PELAS UNIDADES REGIONAIS DO COPAM (1999 A 2008)

Proce­ssos julgados

Câmaras Espe­cializadas 502 603 804 586 876 873 929 514 453 36

unidade­s Re­gionais Cole­giadas 0 0 0 0 0 251 143 306 784 1.489

Total 502 603 804 586 876 1.124 1.072 820 1.237 1.525

Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Autorizaçõe­s Ambie­ntais de­ Funcioname­nto - AAF 984 2.862 2.343 4.851

Fonte­: Sula/Semad

Proc

esso

s ju

lgad

os

1.8001.6001.4001.2001.000

800600400200

01999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

tecnoloGia

Ferramentas da internet aproximam a sociedade do conceito da Governança Eletrônica, acelerando o

processo de inovação em todo Estado

O mundo contemporâneo – com uma infinidade de tecnologias que sur-gem todos os dias num ritmo intenso – exige mudanças de compor-tamento não apenas do cidadão, mas de instituições e organizações

públicas e privadas. Incorporando os conceitos e a metodologia da indústria do software livre, a economia digital, em especial a indústria da Tec-nologia de Informação e Comunicação (TIC), vem impactando drasticamente

Web 2.0 amplia participaçãodo cidadão na construção coletiva

do conhecimentooswaldo Gouvêa de oliveira neto*

*Diretor-Geral da comunidade de

relacionamentos Radiumsystems

A introdução da análise interdisciplinar nos processos de

regularização ambiental contribuiu muito para a eficiência

dos trabalhos, uma vez que unificou as análises dos

projetos das três agendas ambientais. Hoje, existe um

método unificado capaz de prover uma visão global do

empreendimento, conectando visões diferentes e ampliando

o contexto, permitindo a análise de sistemas complexos

32 Gestão Minas 33Julho 2009

Tecnologia

o processo produtivo e de inovação e, até mesmo, o cotidiano das pessoas.

A construção colaborativa de conhecimento por meio de mecanismos provenientes da evolução digital já provocou profundas alterações em modelos de ne-gócios que perduravam por décadas como, por exem-plo, a indústria fotográfica que teve de se reinventar na passagem do mundo analógico para o digital. Da mes-ma forma, a indústria fonográfica enfrentou a chegada do CD e, posteriormente, a irreversível modalidade de compartilhamento de arquivos digitais pela internet, que soterrou o modelo vigente e obrigou players a bus-carem novas alternativas.

A indústria digital, plenamente estabelecida, tem na Geração Y – que já nasceu conectada – a sua princi-pal força motora. Essa geração não conheceu o mundo analógico e percebe as coisas à sua volta com a visão da cultura livre. Esses cidadãos não são apenas consumi-

dores, são colaboradores em rede. Esse novo modo de ver o mundo é o que possibilita o surgimento de no-vos processos de inovação, como o Innocentive (www.innocentive.com), uma comunidade global, digital e aberta voltada para a busca de soluções inovadoras que dependem da participação ativa de seus membros. Cada vez mais, grandes corporações utilizam-se de co-munidades como essa para continuarem evoluindo e inovando mais com custos cada vez menores.

Na política, o impacto da digitalização da infor-mação e a crescente popularização do acesso à internet também já é claramente perceptível. Primeiramente, pela eleição do presidente americano Barack Obama, que utilizou as ferramentas da Web 2.0 para se comu-nicar com os eleitores. Eleito, Obama agora usa essas

mesmas ferramentas para criar uma relação de trans-parência entre os cidadãos americanos e o governo.

O exemplo global mais marcante e atual sobre o impacto da Web 2.0 na vida política dos cidadãos re-fere-se aos movimentos populares que eclodiram no Irã, após a suspeita de fraude na apuração de votos que reelegeram o presidente Mahmoud Ahmadine-jad. Tão logo foi anunciado o resultado do pleito, milhares de manifestantes tomaram as ruas da capital e do interior do país para cobrar a recontagem dos votos. Os movimentos eram organizados por meio de ferramentas de comunicação digital, como MSN Messenger, Facebook, Twitter, entre outros. Mesmo diante dos esforços do governo iraniano em censurar as informações, banir jornalistas estrangeiros e con-trolar os acessos aos sites contrários ao regime, a rede mundial foi inundada com uma avalanche de denún-cias e de imagens das manifestações em tempo real, provocando a comoção global e o posicionamento de diversos líderes de outras nações.

No Brasil, país recordista em número de horas navegadas por mês com, 24h07 – seguido por Rei-no Unido, com 23h03, Japão, com 22h53, e França, 22h15 –, o uso de ferramentas da Web 2.0 é conside-rado de vanguarda pela facilidade cultural com que os brasileiros relacionam-se por meio desses mecanismos. São 76 milhões de usuários que acessam a internet no Brasil em qualquer ambiente – domicílio, trabalho, lan houses, telecentros, escolas e biblioteca –, segundo levantamento da Escola de Negócios da Universidade de Navarra, na Espanha. A população brasileira está estimada em 190 milhões de pessoas.

É inegável que há uma evidente revolução em curso no planeta, às vezes imperceptível para alguns, mas extremamente visível para outros. Minas Gerais demonstra uma capacidade enorme de se posicionar nesse universo. Com a decisão do Governo do Estado em preparar Minas para ser líder na economia do co-nhecimento, tendo como um dos pilares a utilização da Web 2.0 e das mídias sociais, as ações em curso visam acelerar os processos de Ciência, Tecnologia e Inovação. Também aproximam a sociedade do con-ceito da governança eletrônica, aumentando a parti-cipação do cidadão na construção coletiva do conhe-cimento. Abrir as portas do Palácio da Liberdade para que cerca de 20 blogueiros influentes na internet bra-sileira acompanhassem a assinatura, em 1º de junho de 2009, do protocolo de intenções entre a Google In-corporation e o Governo de Minas, beneficiando toda a rede pública de ensino do Estado, é uma atitude que demonstra a preocupação em inserir os cidadãos em um novo processo de comunicação e inovação.

Nesse sentido, destaca-se o projeto Teia – Tecnolo-gia, Empreendedorismo e Inovação Aplicados (www.teia.mg.gov.br). Desenvolvido pela Secretaria de Esta-do de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes)

com o objetivo de atender à necessidade de acesso da sociedade às novas ferramentas da internet e de acom-panhar a evolução das tecnologias de informação e co-municação, de forma a acelerar o processo de inovação em todo Estado. Funciona como um grande fórum virtual, inspirado nas redes sociais de relacionamento. Mediados e capacitados pelo Teia, os agentes presta-dores de serviços e de consultoria, previamente cadas-trados, criam soluções e resolvem dúvidas dos usuários para o uso de ferramentas e recursos disponíveis gra-tuitamente na rede mundial de computadores, como softwares de bancos de dados ou criação de sites. Em pouco mais de seis meses de funcionamento, já conta com mil agentes cadastrados, acima de 150 clientes e cerca de 160 demandas atendidas ou em atendimento.

Fruto da integração com um grupo do Media Lab, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), e recebendo o suporte da Universidade Federal de Mi-nas Gerais (UFMG), por meio do Departamento de Ciência da Computação (DCC), sede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) na área de Web 2.0, o projeto Teia é mais do que uma inicia-tiva inovadora. A partir dos estudos realizados pelo projeto Centro de Competência em Comunidades de Cooperação e Conhecimento (C5), do DCC da UFMG, todo o desenvolvimento do Teia é monitora-do e avaliado. A informação reunida – perfil de agen-tes, de clientes, demandas cadastradas, busca coletiva por soluções, desenvolvimento da rede etc. – é tratada como dado científico e de aprimoramento do próprio projeto. Essas informações estão sendo inseridas em um ambiente wiki (de colaboração entre os usuários) e catalogadas de maneira a se tornar um livro aberto para consulta. Ao mesmo tempo que contribui para a formação de jovens empreendedores capazes de en-contrar soluções utilizando ferramentas gratuitas, o Teia também incentiva atividades remuneradas entre os operadores, gerando renda e oportunidade de tra-balho para quem está fora do mercado.

Nas palavras do diretor-geral da Google para a Amé-rica Latina, Alexandre Hohagen, que esteve em Minas

Gerais em junho de 2009, o projeto é “o mais emocio-nante, envolvente e completo que tenho visto desde que começamos a operação da Google Brasil. Jamais vi um projeto que pudesse envolver de maneira tão inteligente todos os jogadores desse jogo que chama internet 2.0. Fico orgulhoso de poder ver que esse Governo conse-guiu colocar o círculo virtuoso do empreendedorismo e da sustentabilidade baseado na tecnologia”.

Operando a partir de uma mesa que está virtual-mente conectada com uma célula em São Paulo por meio de duas TVs de plasma, o núcleo do projeto recebe agentes no local para cadastro e treinamento. Esse treinamento se dá por meio da filosofia “aprender fazendo”. Realizando tarefas programadas, os agentes vão criando intimidade com ferramentas da Web 2.0 e se preparando para auxiliar clientes, como pequenas e médias empresas, autarquias, órgãos públicos, insti-tuições de ensino, sindicatos, associações e prefeituras na realização de projetos na internet, como forma de incrementar as atividades de cada organização.

Uma das ações executadas pelo projeto é a rede In-tegra Minas, viabilizada por meio de convênio firmado entre a Associação Mineira de Municípios (AMM) e o Governo de Minas. Ao todo, estão sendo distribuídas 87,4 mil contas de e-mails padronizadas e 1.748 pági-nas web para todos os municípios, 42 associações regio-nais, poderes executivos e legislativos. As páginas serão usadas para veiculação de notícias, vídeos, links e aplica-tivos próprios, com atendimento ao cidadão. Essa rede é implementada e monitorada por agentes do Teia.

O conceito de multiplicação e o envolvimento da comunidade em um ambiente novo de interação e de construção do conhe cimento fazem do Teia não ape-nas um projeto inovador em seu sentido prático, pois quebra paradigmas e impulsiona as instituições públi-cas e privadas a encontrarem novas maneiras de perse-guir a inovação. Como disse Alexandre Hohagen, “não se trata de uma ação pioneira no Brasil ou na América Latina. É um projeto pioneiro no mundo e que eu gostaria muito que a Google levasse como exemplo o que está acontecendo aqui para outros países”. s

Ao mesmo tempo que contribui

para a formação de jovens

empreendedores capazes de

encontrar soluções utilizando

ferramentas gratuitas, o Teia

também incentiva atividades

remuneradas entre os

operadores, gerando renda e

oportunidade de trabalho para

quem está fora do mercado

O que é Web 2.0O te­rmo We­b 2.0 é utilizado para de­scre­ve­r a se­gunda ge­ração da World Wide Web – te­ndência que­

re­força o conce­ito da troca de­ informaçõe­s e­ da colaboração dos inte­rnautas. A ide­ia é que­ o ambie­nte­

on-line­ fique­ mais dinâmico e­ que­ os usuários colabore­m para a criação e­ a organização do conte­údo.

A publicação das informaçõe­s é, portanto, mais fle­xíve­l. O próprio usuário passa a ge­rar conte­údo,

classificá-lo e­, me­smo parcialme­nte­, e­ditá-lo como, por e­xe­mplo, no YouTube. Também e­ntram ne­sta de­fi-

nição as wikis, onde­ qualque­r pe­ssoa pode­ me­lhorar a qualidade­ de­ de­te­rminado conte­údo, como, por

e­xe­mplo, a Wikipedia.

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Governo do Estado de Minas Gerais www.mg.gov.br

Esta é uma publicação da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. Com tiragem de 10 mil exemplares, é distribuída, principalmente, a dirigentes e administradores públicos, professores e estudantes universitários, gestores estratégicos, economistas, contadores, sociólogos, estatísticos, pesquisadores e administradores voltados ao interesse público, como os das ONGs, fundações e sociedades civis. Tem como objetivo a divulgação de experiências e conhecimentos acumulados no âmbito do Governo do Estado de Minas Gerais. É permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos desta revista, desde que citada a fonte.

Ano III - número 6 - Julho de 2009www.mg.gov.br

Rua Tomás Gonzaga, 686 - Lourdes CEP 30.180 -140 - Tel.: (31) 3290-8100

Conselho EditorialAfonso Henriques Borges Ferreira,

Francisco Gaetani, Iran Almeida Pordeus, Jorge Schmitt-Prym, Lucília de Almeida Neves Delgado, Luís Aureliano Gama de Andrade, Maria Thais da Costa Oliveira

Santos e Renata Vilhena

Diretor de RedaçãoValério Fabris

Editora-ExecutivaEllen Dias

Reportagem Ellen Dias e Wagner Concha

RevisãoPoliana Napoleão e Wagner Concha

Projeto gráfico e diagramaçãoSandra Fujii

IlustraçõesRicardo Sá

ColaboradoresDiomar D. Silveira, Éber Gonçalves,

Eder Campos, Genilson Zeferino, João Filocre, Marcos Siqueira Moraes, Oswaldo

Gouvêa de Oliveira Neto, Priscila Malaguti, Shelley de Souza Carneiro

e Thiago Alexsander Costa Grego

Carta à RedaçãoSecretaria de Estado de Planejamento e Gestão

Aluizio Bernardes de [email protected]

Assessor de Comunicação Social

Rua Tomás Gonzaga, 686 - Lourdes CEP 30.180-140 - Tel.: (31) 3290-8311.

Tiragem: 10 mil exemplares

exPedientenotaS

Gestão Minas

ProaeroAeroportos em várias regiões do Estado estão em obras como resultado do Pro-grama Aeroportuário de Minas Gerais (Proaero) da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). Neste ano, cerca de R$ 56 milhões serão investidos para melhoria dos aeropor-tos de Capelinha, Curvelo, Divinópolis, Guaxupé, Lavras, Ouro Fino, Passos e Piumhi. A previsão é que as obras sejam concluídas ainda em 2009. O objetivo do programa é dotar o Estado de uma rede de aeroportos de pequeno e médio porte, melhorando as condições de transporte de carga e passageiros.

teleminaS SaúdePara prestar atendimento médico com diagnóstico rápido e encaminhar menos usuários para outros municípios, o Governo de Minas lançou, no início de julho, o TeleMinas Saúde, com adesão de 507 municípios. O programa permite, por meio de telecon-ferência e conversas on-line, que um médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) troque informações com outros profissionais sobre todas as especialidades médicas, enfermagem, nutrição e odontologia. Neste ano, os investimentos para a implantação do TeleMinas Saúde são da ordem de R$ 6,8 milhões. Todas as cidades participantes receberão um computador, uma webcam, um kit multimídia, uma câmera digital, uma impressora, entre outros aparelhos. O Governo de Minas também arcará com os custos dos plantões dos especialistas. Em Minas, 179 municípios já contavam com o serviço de assistência em cardiologia, que venceu o Prêmio SAÚDE! 2008, da Editora Abril, na categoria Saúde do Coração. O programa TeleMinas Saúde será realizado com o apoio de especialistas das universidades federais de Minas Gerais (UFMG), de Juiz de Fora (UFJF), de Uberlândia (UFU), do Triângulo Mineiro (UFTM) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

financiamentoS de ProJetoSO Conselho Integrado de Desenvolvimento (Coind) aprovou, em julho, financiamentos de R$ 461 milhões para nove projetos de implan-tação ou expansão de empresas em diferentes regiões do Estado. Os recursos são do Fundo de Incentivo ao Desenvolvimento (Findes), geridos pela Secretaria de Estado de Desen-volvimento Econômico (Sede), e serão dispo-nibilizados pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Os financiamentos vão viabilizar investimentos da ordem de R$ 884 milhões, alguns já realizados e outros em execução, e gerar cerca de 8,5 mil empregos diretos e indiretos.

SemiÁrido mineiroOs barramentos e bacias de contenção de água de chuva, construídos pela Fundação Rural Mineira (Ruralminas), já beneficiam 1.220 famílias nas regiões do Norte de Minas e vales do Jequitinhonha e

Mucuri. A iniciativa, que começou em 2009, faz parte do Programa de Convivência com a Seca e Inclusão Produtiva do Governo de Minas. As obras já foram realizadas em sete municípios (Glaucilândia, Lontra, Medina, Montes Claros, Patis, Pedra Azul e Teófilo Otoni), onde foram construídos 14 barramentos de terra; 129 bacias de captação de águas de chuvas; ter-raplanagem para construção de uma fábrica comunitária de farinha, em Medina; e conser-vação de 22 km de estradas vicinais para o acesso aos barramentos – resultado de um investimento de cerca de R$ 8 milhões. No total, serão beneficiados 188 municípios em um período de dez anos.

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