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REVISTA ON #1 P. 1 2015 #1 A NUTRIÇÃO ESTÁ MAIS FORTE A REVISTA DA

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A NUTRIÇÃO ESTÁ

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Revista ONRevista da Ordem dos Nutricionistasn.º 1

PropriedadeOrdem dos NutricionistasRua do Pinheiro Manso, 1744100-409 PortoT. +351 222 083 876 | F. +351 220 931 856E. [email protected]

DireçãoAlexandra Bento (Bastonária)

Coordenação e EdiçãoGabinete de Comunicação e Eventos da Ordem dos Nutricionistas

RedaçãoAlexandra Bento Ângela HenriquesAntónio Pedro MendesBruno ReisBruno SousaConceição CalhauDébora CláudioElton GonçalvesFilipa VicenteIsa VianaLaura RibeiroMargarida AlvarengaMónica SousaNair MotaPedro CarvalhoPedro Miguel PintoRui da SilvaSara RomeiroTânia Cordeiro

Edição Gráfica e PaginaçãoNo More (No Less SA)

FotografiaGustavo MachadoGabinete de Comunicação e Eventos da Ordem dos Nutricionistas

Design de capaRui da SIlva

PeriodicidadeSemestral

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EDITORIAL

A NUTRIÇÃO ESTÁ MAIS FORTE

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EDITORIAL

Este número da nossa revista sai na reta final da apro-vação da alteração do Estatuto da Ordem dos Nutri-cionistas. Foi um difícil caminho que vimos terminado.

Aprovada na última sessão da legislatura, a Proposta de Lei n.º 299/XII (4.ª)  adequa o Estatuto da Ordem dos Nutricionistas ao atual regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públi-cas profissionais e abrange a convergência da profis-são de dietista para a profissão de nutricionista pas-sando, assim, a regular somente o acesso à profissão de nutricionista.

Assim, o novo Estatuto que entrará em vigor cerca de cinco anos após a criação da Ordem dos Nutricionistas tem, indiscutivelmente, uma enorme carga simbólica.

Para além deste facto, o Estatuto tem importantes alterações normativas e estruturais, como uma defini-ção clara das licenciaturas que dão acesso à Ordem, a criação de especialidades, o sufrágio do Conselho Ju-risdicional e a inclusão sociedades profissionais. Em-bora não concordemos com todas as soluções propos-tas, conforme tivemos oportunidade de manifestar no decurso do processo legislativo, este diploma atende melhor às necessidades da Ordem dos Nutricionistas.

Um dos grandes pontos de discórdia foi a não inclusão dos ato típico da profissão que, no nosso entender, se revelaria de grande importância para a luta contra o exercício ilegal da profissão.

Contudo, estamos convictos que o novo Estatuto será determinante para o engrandecimento da nossa pro-fissão.

Alexandra Bento

Bastonária da Ordem dos Nutricionistas

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ÍNDICE

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ÍNDICE

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BASTONÁRIA SOBRE O NOVO ESTATUTO DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS

A alteração ao Estatuto da Ordem dos Nutricionistas, recentemente aprovado pela Assembleia da República, prevê a convergência da profissão de dietista para a pro-fissão de nutricionista. Esta solução abre portas a uma maior representatividade da classe profissional, com uma força reivindicativa acrescida no combate aos pro-blemas da classe, designadamente ao exercício ilegal.

Desde a criação da Ordem dos Nutricionistas que a sua Direção tem assumido como prioridade o debate sobre o futuro das profissões que regula, não só por estar com-prometida com o desenvolvimento da classe profissio-nal, mas também por acreditar que esta é uma necessi-dade para assegurar o bem-estar, a qualidade de vida e a longevidade dos cidadãos portugueses.

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra

“A classe profissional sairá muito mais forte e capaz de cumprir com máxima qualidade a sua atribuição major: a promoção da saúde dos cidadãos”

Fotografias gentilmente cedidas pelo CNOP.

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ALTERAÇÃO DE ESTATUTOS

Bento, salienta que «foi sempre esperado que o cami-nho para a criação do novo Estatuto da Ordem fosse difícil e controverso, mas a Ordem procurou sempre fun-damentos que sustentassem todas as decisões em con-formidade com o melhor para a realidade das profissões e dos profissionais. É realmente pertinente que se en-tenda que este diploma se reveste de uma extrema im-portância para o engrandecimento da classe profissio-nal, para os utentes e para os cidadãos como um todo».

Neste sentido, importa compreender todo o processo de alteração estatutária da Ordem para que se enten-da os benefícios e as mudanças que agora se regis-tam, com repercussões para a sua própria estrutura mas também para os profissionais.

Todo este processo foi iniciado em 2013 quando, tal como aconteceu com as demais Associações Públicas Profissionais (APPs), os órgãos de soberania impuse-ram à Ordem dos Nutricionistas a apresentação de um projeto de alteração do seu estatuto, em confor-midade com a lei que estabelece o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das APPs para, posteriormente, ser apresentado e aprovado pela As-sembleia da República.

A Ordem dos Nutricionistas foi contactada pela primei-ra vez pelo Ministério da Saúde quanto a este assunto apenas no decurso de 2014. Paralelamente, este foi também o ano em que se iniciaram os trâmites ineren-tes à definição do processo de convergência da pro-fissão de dietista para a profissão de nutricionistas, estando o seu desenvolvimento intimamente relacio-nado com as alterações ao Estatuto.

Já em 2015, o Ministério da Saúde transmitiu à Ordem dos Nutricionistas que se encontrava em processo de fi-nalização das alterações aos estatutos das ordens sobre as quais tem tutela. Deste modo, quando se verificou a aprovação do processo de convergência pelo Conselho Geral da Ordem dos Nutricionistas, a 31 de janeiro de 2015, a Ordem aproveitou a oportunidade que se abriu com a obrigatoriedade de revisão do Estatuto para soli-citar que o processo de convergência fosse incluído na alteração estatutária que ainda se encontra em curso.

Assim, a proposta de alteração ao Estatuto aprovada pelo Conselho Geral foi remetida para a Assembleia da República. Após término do devido circuito legislativo, a 22 de julho de 2015 esta proposta de lei foi aprovada em plenário da Assembleia da República. O documento que já foi promulgado pelo Presidente da República está

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a aguardar publicação em Diário da República e entrará em vigor no 30º dia.

Apesar de considerar que a alteração estatutária aprovada manteve as dimensões mais relevantes da proposta aprovada em Conselho Geral, a Direção da Ordem dos Nutricionistas fez notar que a proposta original defenderia de melhor forma os interesses dos membros, dos utentes e o próprio interesse público, pelo que fez chegar à Assembleia da República a sua posição quanto à proposta de lei em apreciação. Uma posição que foi igualmente exposta em audição públi-ca da Bastonária na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública.

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas refere que «cinco anos após a criação da Ordem dos Nutricionistas, o novo estatuto surge com uma enorme carga simbólica graças às suas importantes alterações normativas e es-truturais, nomeadamente no que toca à clara definição das licenciaturas que dão acesso à Ordem, à criação de especialidades, ao sufrágio do Conselho Jurisdicional e à inclusão de sociedades profissionais». No entanto, sa-lienta que «é factual que não concordamos com todas as alterações propostas, tal como tivemos oportunidade de manifestar no decurso de todo o processo de legisla-tivo, por exemplo, quanto à não inclusão do ato típico da profissão. No entanto, ainda assim, não duvidamos que este diploma atende melhor às necessidades da Ordem dos Nutricionistas e que contribuirá significativamente para o engrandecimento da profissão.».

Desde o início de todo o processo que a convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricio-nistas foi uma das alterações que mais dúvidas e im-precisões tem suscitado junto dos membros da Ordem dos Nutricionistas.

Não se nega que as profissões de nutricionista e de dietista manifestam diferenças entre si, seja no que toca à sua formação, seja quanto ao enquadramento legislativo do seu respetivo exercício. Não obstante, é certo que existe uma partilha de funções e de áreas de saber que foi estreitada com o processo de Bolo-

nha, considerando a decisão de que as licenciaturas que facultam o acesso à Ordem passariam a decorrer durante quatro anos letivos sem mestrado integrado.

Na verdade, na sequência da apresentação de uma petição por parte da Associação Portuguesa de Die-tistas, a Assembleia da República propôs à Ordem dos Nutricionistas que encontrasse uma solução quanto à regulação simultânea das duas profissões, que consi-derou desadequada à realidade. Também o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde tinha esclare-cido que, na perspetiva do Governo, a separação entre nutricionistas e dietistas é artificial, tendo igualmente o Provedor de Justiça recomendado a unificação das duas profissões. Assim, e após desenvolvimento de um minucioso estudo, a Ordem dos Nutricionistas con-cluiu que as diferenças existentes justificam que a ne-cessidade de mudança é inegável e inevitável, pois só esta mudança garantirá a defesa dos princípios da le-galidade, da igualdade, da proporcionalidade, da justi-ça e da imparcialidade entre todos os membros (atuais e futuros) da Ordem dos Nutricionistas.

Embora a convergência ainda não se encontre imple-mentada, uma vez que depende obrigatoriamente da entrada em vigor do novo Estatuto da Ordem, a Basto-nária da Ordem dos Nutricionistas afirma estar certa de que «toda a classe profissional sairá muito mais forte, com maior poder reivindicativo, mais qualificada e respeitada e, sobretudo, com maior capacidade de cumprir a sua atribuição major: a promoção da saúde dos cidadãos».

ALTERAÇÃO DE ESTATUTOS

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

A Ordem dos Nutricionistas alerta para o exercício ilegal da profissão de nutricionista ou de dietista.

Ajude-nos a por a nutrição na ordem.

Procure-o em www.vamosporanutricaonaordem.com

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

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Esclarecimentos sobre

A CONVERGÊNCIA DA PROFISSÃO DE DIETISTA PARA A PROFISSÃO DE NUTRICIONISTA

Como será de conhecimento geral entre os membros da Ordem dos Nutricionistas, no início do ano de 2014 a Direção da Ordem despoletou o processo da convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista.

Considerando que este assunto tem suscitado algumas questões aos seus membros, a Ordem dos Nutricionistas considerou pertinente compilar as dúvidas que têm sido colocadas com mais frequência e que considera mais relevantes, prestando os devidos esclarecimentos, sem prejuízo de os membros poderem continuar a colocar quaisquer questões diretamente à Ordem.

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Assim:

A convergência já se encontra implementada?

Não. A implementação do processo da convergência depende obrigatoriamente da alteração ao Estatuto da Ordem dos Nutricionistas, pelo que a 31 de janeiro de 2015 o Conselho Geral aprovou essa mesma alteração, que foi pos-teriormente remetida para a Assembleia da República (toda a documentação que suportou esta decisão encontra-se disponível na área privada de membro do site da Ordem). A 12 de março de 2015 o Conselho de Ministros aprovou a alteração ao Estatuto da Ordem dos Nutricionistas (Proposta de Lei n.º 299/XII/4.ª). Após análise e alteração na especialidade, em concreto na Comissão de Segurança Social e Trabalho, a proposta de alteração ao Estatuto foi sujeita a votação final global na última reunião plenária da Assembleia da República da presente legislatura, realiza-da a 22 de julho de 2015, tendo sido aprovada. A Comissão já procedeu à redação final do documento (Decreto n.º 440/XII), que já foi promulgado pelo Presidente da República e enviado para publicação em Diário da República, que entrará em vigor no 30.º dia seguinte. O referido processo legislativo pode ser consultado em:

http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=39163

Por que razão é necessário implementar a convergência?

Não se nega que as profissões de nutricionista e de dietista manifestam diferenças entre si, quer quanto à formação de base, quer quanto ao enquadramento legislativo do exercício da profissão. No entanto, deve ser reconhecida a partilha de funções e de áreas de saber, partilha essa que tem influenciado as práticas profissionais e a sua crescente aproximação. Não será também de descurar que a implementação do Processo de Bolonha, que desencadeou a decisão de que as três licenciaturas que facultam o acesso à Ordem passassem a decorrer durante quatro anos letivos sem mestrado integrado, representou igualmente o início da convergência das formações, que se deverá refletir na convergência das profissões a que estas licenciaturas dão acesso. No entanto, é de referir que esta decisão não partiu só da Ordem. Na verdade, a Assembleia da Repúblicaencarregou a Ordem dos Nutricionistas de propor uma solução quanto à regulação simultânea das duas profis-sões, que considerou desadequada à realidade. Importa ainda sublinhar que já o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde tinha esclarecido que, na perspetiva do Governo, a separação entre nutricionistas e dietistas é artificial e deve ser evitada pelos organismos profissionais, tendo igualmente o Provedor de Justiça recomendado a unificação das duas profissões no sentido da regulação da profissão única de nutricionista. Assim, e após desenvolvimento de um minucioso estudo, a Ordem dos Nutricionistas concluiu que as diferenças existentes não justificam a manutenção da situação atual, e que a necessidade de mudança é inegável e inevitável, pois só esta mudança garantirá a defesa dos princípios da legalidade, da igualdade, da proporcionalidade, da justiça e da imparcialidade entre todos os membros (atuais e futuros) da Ordem dos Nutricionistas.

Quais as vantagens da convergência?

A união entre as profissões e os profissionais é fundamental para garantir uma maior representatividade, um au-mento da força reivindicativa na resolução dos problemas que afetam a classe, uma regulamentação e afirmação acrescidas no setor da saúde, sem nunca esquecer a união na luta contra uma das maiores vicissitudes que afetam esta classe: o exercício ilegal da profissão. Para tal é de fulcral importância a definição do conteúdo funcional ine-rente a estes profissionais, tarefa impraticável quando nos remetemos a duas profissões com funções muito seme-lhantes. A convergência permitirá esta definição (uma vez que nos referiremos aos atos de uma única profissão) e manifestará importantes implicações no futuro. A profissão de nutricionista será mais forte, coesa, qualificada, respeitada, que com maior facilidade colocará em prática, como sempre, a sua atuação em prol de um bem maior: a saúde da população.

FAQ CONVERGÊNCIA

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A proposta de Lei aprovada na generalidade pela Assembleia da República a 24 de abril de 2015 contempla integralmente a proposta de convergência aprovada pelo Conselho Geral da Ordem dos Nutricionistas?

Não. Foram efetuadas algumas alterações ao procedimento aprovado pelo Conselho Geral, pelo que, por considerar que esta proposta defenderia de melhor forma os interesses dos membros, dos utentes e, indiretamente, o interesse públi-co, a Ordem dos Nutricionistas fez chegar anteriormente à Assembleia da República a sua posição quanto à proposta de lei em apreciação, sem prejuízo de a ter manifestado em audição naquela Comissão, que pode ser consultada em:

http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheAudicao.aspx?BID=100143

Com os novos Estatutos da Ordem dos Nutricionistas a contemplarem o processo da convergência, quais serão os seus trâmites procedimentais?

De acordo com o Decreto n.º 440/XII referido na resposta à questão i., o processo de convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista depende de apresentação de requerimento pelo interessado, o qual deve ser acompanhado do certificado de habilitações comprovativo de que é titular de uma das seguintes licenciaturas: a. ciências da nutrição, die-tética ou dietética e nutrição, conferidas na sequência de um curso com duração não inferior a quatro anos curriculares, por instituição de ensino superior portuguesa; b. grau académico superior estrangeiro em ciências da nutrição, em dietética ou em dietética e nutrição, a quem seja conferida equivalência a um dos graus referidos anteriormente; c. qualificações obtidas fora de Portugal por profissionais nacionais de Estados membros da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu. De referir que o novo Estatuto ja foi promulgado pelo Presidente da República, pelo que após a sua publicação, a Ordem dos Nutricionistas prestará a todos os seus membros os devidos esclarecimentos quanto à concretização do procedimento.

Com a implementação da convergência, continuarão a existir as duas profissões?

Sim, mas apenas a médio prazo. De acordo com o procedimento aprovado, após entrada em vigor do novo Estatuto, apenas será possível a inscrição na Ordem como nutricionista (mesmo que o requerente se encontre habilitado com a licenciatura em dietética ou em dietética e nutrição). No entanto, a convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista será facultativa, pelo que apenas convergirão os dietistas que o pretendam e que reúnam os devidos requisitos (habilitação mínima de licenciatura em dietética ou dietética e nutrição, o que não acontece com os detentores de bacharelato). Por conseguinte, e uma vez que a inscrição na Ordem apenas será possível como nutricionista, apenas exercerão como dietista os profissionais que não possuam requisitos ou não pretendam con-vergir, pelo que, com o decurso do tempo, esta profissão acabará por se extinguir.

A Ordem dos Nutricionistas dará conta aos seus membros de todos os desenvolvimentos deste processo e prestará os de-vidos e necessários esclarecimentos, designadamente quanto aos trâmites do procedimento que venha a entrar em vigor.

FAQ CONVERGÊNCIA

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

Para se ser nutricionista ou dietista é obrigatórioser membro da Ordem dos Nutricionistas.

Pela sua saúde não corra riscos.

Assegure-se que o seu nutricionista ou dietista é um profissional inscrito. Encontre-o em www.vamosporanutricaonaordem.com

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

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AGORA SEREMOS MAIS FORTES

Há mais de um ano que a Ordem dos Nutricionistas iniciou um processo de convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista. Num mo-mento em que o processo se encontra prestes a ser efetivado, a Ordem dos Nutricionistas considera que o momento é agora de unificação da classe em torno da afirmação plena da Nutrição.

A este propósito, a Bastonária da Ordem dos Nutricio-nistas, Alexandra Bento, faz um balanço do trabalho realizado nos primeiros três anos de existência da Ordem e perspectiva os novos desafios da classe e o futuro da profissão em Portugal.

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ENTREVISTA À BASTONÁRIA

A Ordem dos Nutricionistas é a Associação Públi-ca Profissional mais recente em Portugal. Qual o balanço que faz do trabalho realizado nestes três anos de existência?

R.: O balanço é claramente positivo. Em três anos conseguimos edificar uma organização capaz de de-fender os interesses de nutricionistas e dietistas e dos seus utentes. A nossa prioridade foi criar toda a estrutura física da Ordem, os meios humanos e os principais instrumentos para o nosso funcionamento, incluindo um conjunto de regulamentos que são ne-cessários para direcionar as ações dos vários órgãos da Ordem e, particularmente, o Código Deontológico da classe.

No domínio do exercício profissional, conseguimos estruturar um modelo de acesso à profissão, com o Estágio à Ordem, criamos comissões especializadas e grupos de reflexão sobre áreas específicas do setor, observamos continuamente a profissão e lançamos o primeiro grande estudo sobre a nossa classe pro-fissional.

Já no que toca ao acesso à profissão, temos manti-do uma estreia relação com os estabelecimentos de ensino superior que ministram as licenciaturas que dão acesso à Ordem dos Nutricionistas e estamos a ultimar um referencial para a formação do nutricio-nista, um documento pioneiro e de consenso com as escolas, que certamente produzirá frutos a curto pra-zo. Temos sido também um parceiro ativo da A3ES na avaliação dos cursos que dão acesso à Ordem e na acreditação de novos cursos, de forma a garantir a qualidade da formação.

É entre estas duas lógicas de regulação do exercí-cio e do acesso à profissão que temos trabalhado em prol do duplo interesse dos nossos membros e dos cidadãos. E foi esta experiência que nos permitiu concluir que o interesse maior para ambos os grupos, membros da Ordem e cidadãos, seria passar da regu-lação de duas profissões para uma única profissão.

Fundamentalmente, estes três anos têm sido de tra-balho intenso, em diversas frentes, que teve por ob-jetivo lançar as sementes para uma Ordem dos Nutri-cionistas cada vez mais forte e atuante na sociedade.

O que é que a Ordem dos Nutricionistas trouxe de novo à classe profissional?

R.: Permitiu a afirmação plena da Nutrição. A Nutrição tem adquirido uma enorme importância na saúde, na economia e na sociedade, e nessa medida, a Ordem dos Nutricionistas tem trabalhado para salvaguardar valores e criar condições de enquadramento e valo-rização profissional dos nutricionistas e dietistas. A afirmação da nutrição faz-se muito pela demons-tração – a demonstração da utilidade, a demonstra-ção dos resultados, a demonstração das vantagens acrescidas da intervenção destes profissionais – e esse tem sido o trabalho contínuo da Ordem dos Nu-tricionistas e deve ser parte do trabalho continuado de cada colega.

A Ordem dos Nutricionistas continuará a trabalhar para um maior reconhecimento da nutrição como uma atividade profissional determinante para o bem-estar dos cidadãos, gerando assim mais e melhor emprego para os profissionais.

Com a criação da Ordem, passamos a ter uma presen-ça e uma voz que os nos representa enquanto gru-po profissional. Hoje somos chamados a dar a nossa opinião, temos assento em diversos órgãos, somos interlocutores dos decisores políticos. Essa é a gran-de diferença. Temos assento no Conselho Consulti-vo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, fazemos parte do Conselho Nacional das Ordens Profissionais, colaboramos com a Direção-Ge-ral da Saúde e com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, nomeadamente na pronuncia sobre legislação na nossa área, integramos o grupo para revisão do Plano Nacional de Saúde, articulamos com o Ministério da Saúde na prossecução de fins

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de interesse público relacionados com a profissão de nutricionista e de dietista, bem como na elaboração da legislação que diga respeito a estas profissões e somos consultados para diversos assuntos por dife-rentes organismos. Fazemos parte de muitos grupos de trabalho, como o Grupo de Acompanhamento para a Salvaguarda e Promoção da Dieta Mediterrânica e recentemente passamos a integrar o Conselho Eco-nómico e Social.

Por outro lado, a lei dotou a Ordem dos Nutricionistas com a missão e os instrumentos formais para prosse-guir os objectivos da defesa dos profissionais e dos clientes dos serviços prestados pelos seus membros. No cumprimento da sua missão, a Ordem dos Nutri-cionistas elaborou o seu Código Deontológico, a que todos os membros estão obrigados, e que estabelece os compromissos perante os clientes, os colegas e sociedade em geral, que contribuem para construir e consolidar a credibilidade pública da profissão.

E à comunidade?

R.: Em primeiro lugar, veio trazer uma garantia de qualidade e reconhecimento profissional nesta área. O Registo Nacional disponível para consulta pública no site da Ordem, é o melhor exemplo desta nova rea-lidade. Por outro lado, a garantia de que a profissão é desempenhada de acordo com as melhores práticas.

Sem a regulação da profissão e sem a supervisão e disciplina do seu exercício, os cidadãos estariam cada vez menos protegidos e sem garantias, peran-te um mercado desregulado em matérias de eleva-da responsabilidade, como é a saúde através da ali-mentação e da nutrição. Não nos podemos esquecer que as regras de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os profissionais, a categoria como um todo mas, essencialmente, as pessoas que dependem daquele profissional.

Neste campo há ainda um grande trabalho a fazer, quer no que diz respeito à formação académica, quer

no que diz respeito à prática profissional. Não temos dúvidas que temos uma excelente formação acadé-mica, mas o crescimento do número de instituições levanta-nos dúvidas em termos de assimetrias de formação. A solução passa pela produção de um Re-ferencial para a Formação do Nutricionista, em que temos trabalhado, e na colaboração com a A3ES no processo de avaliação das licenciaturas. Já no que diz respeito à prática profissional deveremos intensificar ações para responsabilização dos profissionais. É um trabalho que o Conselho Jurisdicional tem encetado e que deve ser incrementado. É imprescindível comba-ter abusos ou procedimentos irregulares para bem de toda a classe profissional.

Hoje a profissão de nutricionista e de dietista só pode ser desempenhada por indivíduos que preencham os necessários requisitos legais em matéria académica e de formação profissional e sujeitos à supervisão e disciplina da Ordem dos Nutricionistas. Isto é clara-mente colocar a Ordem ao serviço da comunidade.

A aposta na Nutrição tem sido apontada como uma das principais prioridades no combate ao elevado impacto das doenças crónicas não trans-missíveis em Portugal. Como avalia o trajeto que tem sido traçado pelo Estado português até ao momento?

R.: Sabemos que as últimas décadas permitiram à sociedade portuguesa alcançar resultados em saúde que são absolutamente notáveis, não comparáveis com nenhuma outra política pública. Os mais recente relatório da DGS aponta para uma evolução positiva da generalidade dos indicadores de saúde, aliás de-monstrada pelas tendências progressivas de cada vez maior esperança de viver à nascença, aos 45, aos 65 e aos 75 anos, acompanhadas por um aumento do número de anos de vida saudável. Na verdade, em 10 anos, a esperança de vida ao nascer registou um acréscimo de dois anos, tendo diminuído a diferença entre os sexos.

ENTREVISTA À BASTONÁRIA

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No que se refere aos fatores de risco que mais contri-buem para o total de anos de vida saudável perdidos pela população portuguesa, são relevantes os hábi-tos alimentares inadequados (19%), a hipertensão arterial (17%), o índice de massa corporal elevado (13%) e o tabagismo (11%). Com a exceção deste úl-timo todos estão diretamente ligados com a Nutrição!

De facto, o nosso viver quotidiano ameaça a nossa saú-de. Há sérias ameaças que pendem sobre estes ganhos e sobre a possibilidade futura não apenas de progredir, mas até de manter os resultados alcançados.

Cerca de um milhão de adultos em Portugal sofrem de obesidade e 3,5 milhões são pré-obesos. 40% dos adultos sofrem de hipertensão arterial, 11% são dia-béticos. Quase 1/3 das crianças têm excesso de peso e destas cerca de 10% são obesas. O consumo ex-cessivo de álcool generaliza-se entre os mais jovens.

Se não formos capazes de inverter nestes compor-tamentos, que resultam em larga medida de maus hábitos alimentares, os riscos para os resultados em saúde da nossa população são imensos.

Estima-se que cerca de 80% das doenças cardiovas-culares e diabetes e 40% dos cancros, poderão ser prevenidos através de hábitos saudáveis, realçando-se que muitos destes podem resultar de intervenções baratas e rentáveis, realizadas por nutricionistas e dietistas.

Pois... Mas o que fazer? E como fazer?

R.: A resposta parece simples: precisamos de ge-neralizar programas de educação para a saúde, que possam prevenir a doença e promover estilos de vida saudáveis. Mas esse é um domínio que não está isen-to de complexidade.

Atribuir ao sistema de saúde a responsabilidade por esses programas não tem permitido obter os resulta-dos esperados e necessários. A enorme e constante

evolução científica e tecnológica do nosso mundo obriga o sistema de saúde a um constante aperfei-çoamento e evolução e, de forma perversa mas por-ventura inevitável, transformou-o num sistema mais apto a lidar com a doença do que com a promoção da saúde. Ao mesmo tempo, o sistema está confrontado com enormes solicitações e exigências por parte dos cidadãos e submetido a constrangimentos financei-ros cada vez mais apertados.

Talvez o insucesso das políticas de promoção da saú-de resulte, em parte disto mesmo: é excessivo pedir ao sistema de saúde que se ocupe sozinho deste domínio.

Até porque, e esse é um outro elemento de complexi-dade, há ainda um longo trabalho a fazer em matéria de definição de estratégias e de instrumentos de tra-balho para a educação em saúde e para a promoção de estilos de vida indutores de saúde.

O nosso país tem condições ideais para vencer este desafio: nutricionistas e dietistas de excelência; uma organização profissional – a Ordem dos Nutricionistas – com vontade de intervir; um jovem Programa Nacio-nal de Promoção da Alimentação Saudável, a dar pas-sos firmes e seguros; uma dieta mediterrânica como património cultural e imaterial da humanidade, no qual Portugal se viu recentemente incluído; e alguns projetos de intervenção de excelência, que necessi-tam de ser replicados.

O que falta é um envolvimento ativo de todos os stakeholders, numa lógica transdisciplinar e intersec-torial. Há que envolver os Ministérios – desde logo o Ministério da Saúde, o da Educação, o da Agricultura e outros –, as Universidades e os centros de investi-gação, a indústria alimentar, a restauração, a distri-buição... Todos reunidos em torno de uma linguagem uníssona.

E falta essencialmente que o governo considere esta matéria absolutamente prioritária.

É necessário envolver os profissionais de excelência que somos e que possamos estar a desempenhar a

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nossa atividade profissional nos locais onde a popu-lação mais necessita. Desenvolver um grande pro-grama de promoção da saúde nas escolas, a começar no pré-escolar e no primeiro ciclo do ensino básico, estendendo-se até ao terceiro ciclo e ao secundário. Definir em cada área objectivos e meios de interven-ção claros, sustentados na melhor evidência científi-ca, mobilizando a universidade, apoiando o desenvol-vimento de projetos empresariais e a intervenção de organizações sem fins lucrativos.

Temo de ser criativos e ousar. Rechear as máquinas de venda automática nas escolas com alimentos com produtos saudáveis e saborosos, melhorar radical-mente as cantinas e buffets escolares envolvendo as famílias e a comunidade, difundir a criação de hortas comunitárias e o hábito de consumir fruta e hortíco-las e facilitar o consumo de água, nas escolas e nos diferentes espaços públicos.

Devemos envolver os restaurantes para que façam uma adequação dos seus menus segundo boas prá-ticas. Basta fazer algumas coisas simples: dar predo-minância a ervas aromáticas e especiarias em detri-mento do sal, dar relevância para a sopa e a presença privilegiada de hortícolas no prato, destacar as frutas na carta de sobremesas. Tudo numa lógica de comer bem e mais barato.

Ilustrei, com apenas alguns exemplos, algumas ações simples que poderíamos levar a cabo mas que seriam certamente relevantes na promoção da saúde da po-pulação portuguesa.

Não nos podemos esquecer que focalizar a atenção na nutrição é promover a saúde das pessoas e da co-munidade, permitindo o seu bem-estar e uma maior resistência a doenças. Acreditamos que a nutrição possa ser verdadeiramente colocada na agenda polí-tica e os profissionais que a Ordem dos Nutricionistas representa sejam os atores neste palco de mudança.

Esperemos que os próximos governos coloquem o direito à alimentação adequada como uma verdadeira prioridade!

A extensão do Plano Nacional de Saúde para 2020 inclui o combate à obesidade infantil como um dos eixos prioritários. Concorda que esta é uma das problemáticas prioritárias com que os profissionais se deparam?

R.: A extensão do Plano Nacional de Saúde para 2020 traça precisamente o combate à obesidade infantil como uma das principais metas, a par com a redução do tabagismo, com o aumento da esperança de vida saudável aos 65 anos e com o decréscimo da mortalidade prematura. A revisão e extensão a 2020 surge na sequência do trabalho desenvolvido ao longo do último ano com os vários stakeholders da saúde, de entre os quais a Ordem dos Nutricionistas.

A Obesidade Infantil é atualmente considerada um problema de saúde pública, atingindo proporções epi-démicas. Segundo os últimos dados da Organização Mundial da Saúde, 31,5% dos rapazes e 36,2% das raparigas, entre os 7 e 8 anos, têm excesso de peso e têm obesidade 14,2% dos rapazes e 12,2% das raparigas.

Se não revertermos esta situação os custos para o sistema de saúde serão avultados e serão também elevadas as perdas de indivíduos úteis para a socie-dade, tal como serão elevados os encargos suporta-dos pelos indivíduos envolvidos.

Não nos podemos esquecer que a obesidade infantil é uma questão transversal, com múltiplas e comple-xas causas subjacentes. Portanto as ações de pre-venção devem ser multifacetadas, intersectoriais e implementadas em várias configurações.

Não me parece que se possa combater a obesidade infantil sem aumentar o número de colegas a traba-lhar nos cuidados de saúde primários e sem assegu-rar que estejam integrados nas equipas especializa-das nos hospitais para o seu tratamento.

Devemos ainda lembrar-nos que os hábitos alimen-tares não podem ser dissociados das circunstâncias e condições de vida, pelo que há que trabalhar de

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modo próximo com os setores das políticas sociais, do emprego e da educação, de modo conseguirmos melhorar o panorama atual.

Contudo, a adopção pelo Estado de uma política de alimentação e nutrição para combater a obesidade infantil jamais poderá ser uma aposta circunstancial, devendo criar raízes para que se torne, de forma sus-tentável, num dos pilares estruturais da prevenção e promoção de saúde no país, sendo ainda um garante de um dos condicionantes mais básicos de equidade entre os cidadãos num estado de direito democrático: o acesso universal à alimentação adequada.

Como acaba de referir, a Nutrição é uma área científica muitas vezes integrada ou dependente de equipas multidisciplinares na área da saúde. Essa não é uma ameaça à afirmação profissional de nutricionistas e dietistas?

R.: A nutrição é, de facto, uma área científica e pro-fissional que beneficia com a articulação de equipas multidisciplinares e interdisciplinares, mas com uma atuação autónoma. Esta autonomia pressupõe to-mar decisões complexas baseado em conhecimento próprio, com um bom domínio do conhecimento e das suas condições de aplicação. Não se deve, contudo, entender a autonomia como independência total de atuação, devendo existe o dever de participação no melhor serviço que pode ser prestado.

A reivindicação da autonomia deve ser o corolário que o conhecimento específico em causa – o da Nu-trição – é melhor realizado por aquele profissional. E que, numa perspectiva de prestar o maior bem ao ci-dadão, ele será melhor servido pelo profissional que domina o conhecimento e as competências específi-cas. Aqui, caminhamos para o conceito da excelência dos serviços prestados (um dever profissional) e do lado oposto para o exercício ilegal (um direito das profissões reguladas). E nesta matéria, a Ordem dos Nutricionistas encetou um extenso trabalho de luta

contra o exercício ilegal, no sentido de defender os seus profissionais e os cidadãos.

A convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista é uma questão que tem unido vários apoiantes entre a classe, mas também parece suscitar algumas dúvidas noutros elementos da Ordem. Quais são os objetivos que estão na origem deste processo e como avalia todo o seu percurso?

R.: A Ordem dos Nutricionistas foi criada para regular duas profissões, a de nutricionista e a de dietista. To-dos conhecem, com mais ou menos pormenor, a his-tória destas profissões e o processo legislativo que levou à criação da Ordem dos Nutricionistas. E, se no passado poderia fazer sentido a existência de duas profissões nesta área, o caminho que percorreram e a convergência já efetuada ao nível da formação (com a sua demostração máxima após o Processo de Bo-lonha), levaram a que atualmente não faça sentido a separação das profissões.

A Ordem dos Nutricionistas percorreu ao longo dos úl-timos meses um caminho difícil de procura de uma so-lução, bem refletido e bem discutido. Materializamos uma proposta que submetemos ao Governo e à As-sembleia da República, que é quem tem competência legislativa nesta matéria. Como em tudo, as grandes decisões não são isentas de polémicas e de discórdias. Mas estamos convictos que fizemos um bom trabalho. Somos uma equipa determinada, com muitos anos de trabalho no reconhecimento e prestígio da profissão e que sempre procurou as melhores soluções para o reconhecimento dos profissionais. E esta é a melhor solução e todos ficaremos mais fortes.

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Agora que todo o processo foi aprovado, que be-nefícios reconhecerão os profissionais e a própria classe profissional?

R.: O grande benefício, que se espelhará em muitos benefícios futuros, é a criação de um espírito de clas-se uno.

A união entre as profissões e os profissionais é fun-damental. Sem cisões, garantiremos uma maior re-presentatividade, um aumento da força reivindicati-va na resolução dos problemas que afetam a classe, uma regulamentação e afirmação acrescidas no setor da saúde.

Vivíamos uma luta fratricida que só enfraquecia a classe. Teremos, agora, oportunidade de olhar em conjunto para o que atenta contra a profissão de nu-tricionista, como o exercício ilegal da profissão ou o avanço de outras profissões reguladas para áreas que os nutricionistas deveriam abarcar. Para tal, é fundamental a definição do conteúdo funcional e das áreas de intervenção inerentes à profissão, tarefa que se revelou impraticável quando estamos peran-te duas profissões, muito semelhantes, mas que não deixavam de ser duas profissões.

No futuro, de médio e longo prazo, a profissão será mais forte, mais valorizada e mais influente, coesa, credível, qualificada, respeitada, com maior facilidade se assegurará o interesse dos membros e os direitos do cidadão a um bem maior: a saúde através da ali-mentação.

O processo, apesar das dificuldades, terminou com o grande objetivo da regulação de uma única profissão e será colocado em prática da melhor forma demons-trando a maturidade e grande qualidade que se quer para a profissão de nutricionista em Portugal. 

A Ordem dos Nutricionistas tem apontado as Au-tarquias e os Centros de Saúde como algumas das áreas mais debilitadas em termos de integração de nutricionistas e dietistas. Acredita que esta “construção de uma classe profissional mais re-presentativa e forte” que resulta da efetivação convergência poderá reverter este cenário?

R.: A atividade de uma Ordem Profissional passa por influenciar os vários decisores de que a profissão que regula é uma necessidade. Entre esses decisores es-tão os potenciais empregadores e o público em geral.

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Um grupo profissional unido, mobilizado e disposto a contribuir ativamente para o reforço do prestígio da profissão auxiliará, certamente, no futuro da ativida-de profissional.

Os centros de saúde e as autarquias, enquanto locais de promoção da saúde de proximidade com a popula-ção, deveriam ser locais de excelência para a atuação profissional dos colegas.

Ainda estamos longe de ter serviços com uma cober-tura mínima em termos de nutrição. Muitos centros de saúde e imensas autarquias não têm sequer um único colega. Em 2013, a Ordem dos Nutricionistas verificou que apenas estamos presentes em 10% das estruturas do poder local. No que respeita aos cen-tros de saúde, dos 387 existentes só apenas cerca de 120 dispõe dos serviços de colegas.

Sejamos claros, esta situação existe devido às po-líticas governamentais continuadas que pouco têm apostado na promoção ativa da saúde.

Como é que se refletem as consequências da par-ca inclusão destes profissionais nos quadros de pessoal destas instituições?

R.: Os resultados estão à vista. Cerca de um milhão de adultos em Portugal sofrem de obesidade e 3,5 milhões são pré-obesos, 40% dos adultos sofrem de hipertensão arterial, 11% são diabéticos. Quase um terço das crianças têm excesso de peso e destas cerca de 10% são obesas. O consumo excessivo de álcool generaliza-se entre os mais jovens.

Se não formos capazes de inverter nestes compor-tamentos, que resultam em larga medida de maus hábitos alimentares, os riscos para os resultados em saúde da nossa população são imensos.

É fácil de ver que é necessário incrementar a nossa presença nos locais onde se promove saúde e onde se trata doença.

E nos hospitais portugueses, qual é a realidade da profissão?

R.: Nos hospitais do estado trabalham atualmente cerca de 300 colegas. O que é manifestamente in-suficiente.

Os hospitais são estruturas complexas que promo-vem cuidados médicos, cuidados de enfermagem, cuidados nutricionais, fornecimento de medicamen-tos, fornecimento de camas e o fornecimento de re-feições adequado à patologia do doente tendo em vista a recuperação da sua saúde. A alimentação e a nutrição são recursos vitais para o restabelecimento dos doentes.

A dieta hospitalar deve garantir o aporte adequado de nutrientes ao doente hospitalizado, permitindo preservar ou recuperar o seu estado nutricional atra-vés do seu papel co-terapêutico em doenças crónicas e agudas.

Com o aumento da prevalência da desnutrição e do número de doentes crónicos internados é importan-te que os hospitais melhorem a qualidade dos seus cuidados nutricionais e que se definam indicadores para avaliar a alimentação hospitalar, por um lado, e a intervenção nutricional, por outro.

É imprescindível que todos os hospitais tenham um Serviço de Nutrição e Alimentação, como um número de colegas adaptado à realidade da população que atende. Porque o nutricionista e o dietista em hos-pitais devem ter como preocupação maior o estado nutricional e biológico do doente, sem descurar uma intervenção com humanismo e dedicação, formando assim um ciclo harmonioso entre a equipa de saúde, familiares e o próprio doente.

A Organização Mundial da Saúde recomenta a Por-tugal uma maior aposta nesta área, por isso é fun-damental que o próximo Governo coloque a nutrição na agenda política. Uma política que não atenda ao facto de a alimentação ser o determinante com mais impacto na saúde acarreta enormes custos para os

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indivíduos, mas também para o Estado.

Por isso, é com inquietação que verificamos que este tema está colocado ao de leve nos programas dos partidos que concorrem às eleições legislativas. O diagnóstico está feito, morremos essencialmente por aquilo que comemos e os profissionais melhor habilitados para trabalhar neste domínio somos nós. Há que apresentar soluções conducentes a corrigir a situação atual: criar ambientes verdadeiramente pro-motores de saúde, com a nossa intervenção profis-sional, e facultar à população os cuidados de saúde nutricional.

Como é que está a situação de emprego para os nutricionistas e dietistas?

R.: A Ordem dos Nutricionistas realizou recentemen-te o seu primeiro grande estudo no âmbito do Obser-vatório da Profissão. A situação de emprego dos co-legas atravessa momentos difíceis, não só pela crise económica do país, mas porque ainda não se encon-trou a forma de ligar as necessidades que o país tem e a formação de profissionais. Parece um paradoxo, chegamos a uma fase em que somos conhecidos e reconhecidos, somos uma profissão com notoriedade e prestigio, mas contudo o mercado não está a utili-zar estes profissionais da melhor forma.

Temos de ser capazes de demonstrar mais a nossa utilidade para a resolução dos problemas. Nós somos uma profissão essencial. É isso que temos estado a fazer e que pedimos aos colegas que façam nos diversos locais onde trabalham e intervêm. Se para nós nos parece óbvio qual o contributo que temos para dar, essa mensagem nem sempre passa para o exterior e isso afecta as prioridades de contratação. Se os decisores e empregadores conhecerem melhor os benefícios de contratarem colegas prestarão mais atenção à utilização dos serviços de nutrição. Este deverá ser um assunto dos próximos anos – afirmar a nutrição através da demonstração dos contributos

que pode dar à sociedade portuguesa.

Dispomos hoje de profissionais de nutrição de ex-celência, os melhores da europa e dos melhores do mundo, com elevado nível profissional e científico. É imperioso que o país que os forma os utilize para o melhor proveito de todos.

Perante estas lacunas no sistema, que área consi-dera ser mais promissora ao futuro dos profissio-nais vindouros?

R.: Costumo dizer que ser nutricionista é uma pro-fissão de futuro saudável. Atualmente as áreas que concentram o maior número de oportunidades são a nutrição clínica e a alimentação coletiva, embora no-vas áreas estejam a surgir. Uma das áreas em expan-são é, por exemplo, a nutrição no desporto.

Mas os futuros nutricionistas têm que ter consciên-cia que o mercado de trabalho dos dias de hoje exige uma visão holística da profissão. A prática profissio-nal requer uma formação sólida e uma contínua aqui-sição de conhecimento e exige o desenvolvimento de capacidades específicas e muito especializadas, sendo imperioso saber articular-se numa lógica mul-tiprofissional.

Os profissionais vindouros devem estar receptivos a “aprender a aprender” e “aprender a agir” de acordo com a área de atuação e dentro das atribuições de-finidas. No futuro será acentuada a atuação liberal, empreendedora, competitiva e especializada.

O nutricionista é, e será, um profissional empenha-do cada vez mais na busca de formas dar mais vida aos anos e mais anos à vida. E é nesta lógica que os nutricionistas vindouros têm que olhar o mercado de trabalho.

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Com a aprovação da convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista, quais os desafios que a Ordem dos Nutricionistas se pre-para para enfrentar?

R.: A convergência foi uma pretensão da Ordem dos Nutricionistas, mas o processo utilizado para o atingir foi aquele que os órgãos de soberania escolheram.

Concluída esta etapa, a Ordem dos Nutricionistas tem como desafios futuros garantir a qualidade dos serviços prestados pelos seus membros, a sua auto-nomia, a sua independência e uma deontologia ao serviço da profissão.

A atividade do nutricionista é um campo de conheci-mento e intervenção autónomo, que requer elevada preparação académica e formação contínua, com uma atuação feita em parceria e concorrência saudável com áreas e profissões afins. A Ordem dos Nutricio-nistas deve trabalhar para que os seus membros se mantenham independentes, face a  tentativas de apropriação e utilização menos transparente do co-nhecimento na área da nutrição e imunes a tentati-vas de manipulação.

A Ordens dos Nutricionistas, tal como as outras, não pode ter atividade sindical, nem de reclamação de emprego, mas deve ser altamente interventiva, na luta pela redução das desigualdades no acesso à alimentação saudável, pela redução da malnutrição, pelo acesso universal aos cuidados de saúde na área da nutrição, pelo direito humano à alimentação ade-quada colocando-se ao lado dos mais desfavorecidos. Deverá ainda lutar contra a charlatanice, tanto no que diz respeito ao exercício ilegal, como no que diz respeito à proliferação de publicidade enganosa de produtos, curso e serviços.

Desta forma, olhamos pelo bem estar do cidadão e promovemos o prestígio e a empregabilidade da pro-fissão.

O que podem então os profissionais e a própria comunidade esperar da Ordem dos Nutricionistas para a próxima temporada?

R.: Um elevado sentido de responsabilidade no que diz respeito às suas atribuições em matéria de aces-so e exercício da profissão de nutricionista e uma ele-vada determinação em colocar a Nutrição na ordem do dia.

De imediato, a Ordem dos Nutricionistas está a dar corpo à campanha que visa combater o exercício ile-gal nesta área. É fundamental que os cidadãos sai-bam que a atividade profissional nesta área é regula-da e só pode ser exercida por quem esteja inscrito na Ordem dos Nutricionistas. Uma população esclareci-da e exigente contribui para um exercício qualificado e mais disseminado da nutrição.

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

Para se exercer a profissão de nutricionista ou dietista, não chega parecer, é preciso ser.

É obrigatório, por lei, estar inscrito na Ordem dos Nutricionistas.

Atualmente a Ordem conta com cerca de 3000 profissionais inscritos.Escolha um em www.vamosporanutricaonaordem.com

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

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“VAMOS PÔR A NUTRIÇÃO NA ORDEM”ORDEM LANÇA CAMPANHA DE INFORMAÇÃO PÚBLICA PARA COMBATER O EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO

A Ordem dos Nutricionistas tem registado um número crescente de casos de pessoas que se intitulam nutri-cionistas ou dietistas sem habilitação legal para exer-cer a profissão. A situação é ainda mais notória com a chegada do verão e a multiplicação de anúncios pu-blicitários de muitos destes falsos profissionais com promessas de dietas milagrosas que podem colocar em perigo a saúde pública.

Para tentar inverter esta situação, a Ordem dos Nutri-cionistas lançou no dia 28 de julho uma campanha na-cional de sensibilização e informação do público com o objetivo de alertar a população para os riscos de recor-rer a produtos ou serviços prestados por pessoas sem habilitações académicas ou título profissional para exercer as profissões de nutricionista e dietista, o que configura um crime de usurpação de funções, punível com prisão até 2 anos ou multa até 240 dias.

Apenas os mais de 3000 profissionais inscritos na Or-dem dos Nutricionistas estão legalmente capacitados para exercer e utilizar o título profissional de nutricio-nista ou dietista em Portugal.

No entanto, até ao momento, foram já registados 152 casos de pessoas que se intitulavam nutricionistas

ou dietistas sem possuírem a devida habilitação legal para exercer a profissão, 23 casos dos quais foram re-gistados apenas no segundo trimestre de 2015.

De facto, a Ordem dos Nutricionistas tem recebido uma média de quase 10 novas denúncias por mês de casos de exercício ilegal da profissão. A maioria pren-de-se com consultas online prestadas por indivíduos sem habilitação legal, mas as clínicas estéticas, os gi-násios e as lojas de suplementos alimentares são dos locais físicos onde mais se exerce ilegalmente as pro-fissões de nutricionista ou dietista.

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Alguns dos casos registados prendem-se com indi-víduos com licenciaturas que, não sendo da área da saúde, não permitem a inscrição na Ordem dos Nu-tricionistas, mas têm crescido os casos de supostos profissionais cujas únicas habilitações académicas na área são cursos de coaching nutricional, muitos dos quais realizados online e com apenas seis meses de duração.

Sob o mote “Vamos pôr a Nutrição na Ordem”, a campanha tem como principal ferramenta o site http://www.vamosporanutricaonaordem.com, onde qualquer pessoa pode verificar a inscrição na Ordem dos Nutricionistas dos profissionais a que recorre, en-contrar os nutricionistas e dietistas certificados na sua zona de residência ou denunciar os casos de exer-cício ilegal da profissão.

Esta plataforma permitirá à população encontrar um membro da Ordem dos Nutricionistas através da área pública do seu site. Desta forma, pretendemos facili-tar a aproximação dos profissionais à população, em prol do benefício da qualidade das práticas e do escla-recimento comum, mas a disponibilização dos dados da atividade profissional de cada membro da ordem, nomeadamente o local onde exerce a sua atividade e

o respetivo contacto, é voluntária.

Quem pretender autorizar a disponibilização das suas informações profissionais, passando assim a constar na plataforma publicamente acessível através da pági-na principal do site da Ordem dos Nutricionistas, deve aceder ao menu “Atividade Profissional” da sua área de membro e que atualize os seus dados. Aí poderá assinalar a opção “Tornar público na pesquisa de ativi-dades profissionais”.

Após gravar esta funcionalidade, os seguintes dados referentes à sua atividade profissional passarão a es-tar públicos: o seu nome profissional, número de cédu-la profissional, nome da entidade, morada, telefone e email e a página eletrónica.

A Ordem dos Nutricionistas apela a todos os membros que mantenham as suas informações atualizadas de forma a que a informação disponibilizada ao cidadão seja o mais fidedigna possível.

CAMPANHA EXERCÍCIO ILEGAL

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

Quer saber mais sobre alimentação e nutrição?Consulte um membro da Ordem dos Nutricionistas.

Pela sua saúde não corra riscos.

Assegure-se que o seu nutricionista ou dietistaé um profissional inscrito. Encontre-o emwww.vamosporanutricaonaordem.com

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VOZ ON:JOÃO BREDA

O nutricionista João Breda, a exercer atualmente na Organização Mundial da Saúde, na Dinamarca, afirma que o processo de convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionistas poderá ser sinónimo de um futuro em que a profissão se tornará mais valorizada e influente.Quanto aos órgãos de soberania acredita que ainda há trabalho a fazer na aposta na Nutrição enquanto forma de salvar vidas e de reduzir o impacto das doenças crónicas não transmissíveis em Portugal. Aos futuros profissionais deixa vários conselhos, em particular que saibam colocar as pessoas no centro do seu desempenho profissional.

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“Apesar das dificuldades, o processo de convergência culminará da melhor forma, demonstrando a maturidade e grande qualidade da profissão de Nutricionista em Portugal”

Que área da Nutrição apontaria como a mais pro-missora em termos de empregabilidade e de cres-cimento?

Na generalidade, considero, naturalmente, a nutrição cada vez mais promissora e a carreira de nutricionista com um futuro brilhante assegurado, o que, aliás, já acontece em muitos países. O papel dos nutricionis-tas desde a saúde até aos sistemas alimentares sus-tentáveis é hoje incontornável. Seria difícil imaginar, hoje em dia, por exemplo cuidados de saúde primários sem nutricionistas ou uma indústria alimentar moder-na sem a sua orientação nos esforços obrigatórios de reformulação alimentar.

Considero que a área da Saúde Pública, e de longe a mais importante em termos do contributo que a nutri-ção, poderá dar para o desenvolvimento e bem-estar das populações e indivíduos, designadamente pela sua importância na erradicação definitiva da malnutri-ção e da prevenção das doenças cronicas não trans-missíveis como a obesidade, diabetes, cancro e doen-ças cardiovasculares.

Em todo o caso, acredito que as áreas ligadas ao de-senvolvimento de novos produtos nomeadamente soluções nutricionais para dietas mais saudáveis e particularmente a área da nutrição e envelhecimento são extremamente promissoras em termos de cresci-mento e potencial criação de emprego para os futuros nutricionistas.

VOZ ON

Nome Profissional: João Breda

Número de Cédula: 0314N

Idade: 48

Onde vive atualmente: Copenhaga, Dinamarca

Ocupação Profissional: Programme Manager Nutrition, Physical Activity & Obesity

Formação Académica: Licenciatura Ciências da Nutrição, Mestrado em Saude Comunitária, MBA Doutoramento em Ciências da Ali-mentação e Consumo

Que livro está a ler? BloodRiver, Tim Butcher

Filme preferido? Out of Africa

Viagem de eleição? BigSur (Califórnia) ou Limpopo (Botswana/Africa do Sul)

Prato preferido? Perdiz de escabeche

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Quanto ao processo de convergência da profis-são de dietista para a profissão de nutricionistas, quais as suas expectativas?

Em termos genéricos sou absolutamente favorável a esta convergência. Naturalmente o processo tem sido e continuará a ser tortuoso e constitui um desafio para todos. Parece-me no entanto que temos a obrigação de contribuir para que o mesmo siga um caminho tranquilo e natural, que é, desde logo aquele que os

órgãos de soberania escolheram para a profissão. No futuro de médio e longo prazo penso que a profissão será valorizada e mais influente. Mais concorrência numa lógica de qualidade e competência nunca pre-judicou nenhuma profissão, antes pelo contrário, aber-tura e flexibilidade são vantagens competitivas das profissões do futuro e algumas das características que fizeram dos nutricionistas portugueses uma profissão de sucesso, possivelmente, até na Europa e no Mun-do. Penso que o processo, apesar das dificuldades, cul-minará da melhor forma demonstrando a maturidade e grande qualidade da profissão de Nutricionista em Portugal.

Quais os principais desafios que a Nutrição atual-mente enfrenta?

Afirmar-se como campo de conhecimento e interven-ção independentes que requer elevada preparação

académica em parceria e concorrência saudável com áreas e profissões afins. Manter-se blindada e inde-pendente face a tentativas de apropriação e utiliza-ção menos transparente do conhecimento na área da nutrição e imune a tentativas de manipulação. A independência e ética são, assim, aspetos críticos da profissão e, na minha opinião, um dos seus maiores desafios.

Parece-me igualmente importante resistir a tentações corporativas estéreis e inúteis. Os nutricionistas pre-cisam de ser uma profissão altamente interveniente do ponto de vista social, humano e de lutar pela re-dução das desigualdades particularmente em saúde, colocando-se ao lado dos mais desfavorecidos. Final-mente, os nutricionistas Portugueses precisam de se envolver mais em causas justas, sejam as da redução da malnutrição em certas Regiões do Mundo, seja a eliminação de gorduras trans ou ainda a necessidade de reduzir sal e açúcar, entre outras.

Quais deveriam ser as prioridades do Estado por-tuguês e dos próprios profissionais do país no que toca à nutrição?

Garantir a transparência, independência em face de riscos de conflitos de interesses. Apostar na nutrição como uma forma de salvar vidas e reduzir o impacto das doenças crónicas não transmissíveis em Portugal.

Que conselho deixa aos futuros ou novos profis-sionais?

Que tenham determinação, dedicação, sentido de mis-são e responsabilidade! Sejam capazes de colocar as pessoas no centro do seu desempenho profissional. Sejam independentes e transparentes no seu traba-lho. Sejam flexíveis e criem alianças e interação com outros grupos profissionais. E, finalmente,procurem melhorar de forma constante a sua formação e desem-penho profissional.

“O processo, apesar das dificuldades, cul-minará da melhor forma demonstrando a maturidade e grande qualidade da profis-são de Nutricionista em Portugal”

“Os nutricionistas precisam de ser uma profissão altamente interveniente do pon-to de vista social, humano e de lutar pela redução das desigualdades particularmen-te em saúde”

VOZ ON

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CARREIRA DE NUTRICIONISTA SERÁ UMA REALIDADE

A criação da carreira de Nutricionista, a par da criação da carreira de Farmacêutico e da carreira de Psicólogo, pelo Ministério da Saúde está muito perto de se tornar uma realidade.

Os diplomas que aprovam a criação da Carreira de Nu-tricionista na Administração Pública encontram-se já em discussão pública “a título excepcional e por moti-vos de urgência, tendo em consideração o procedimen-to legislativo a que se encontram sujeitos bem como à necessidade da sua publicação se efectuar no prazo mais curto possível”, conforme indicado do despacho que acompanha os diplomas publicados no dia 14 de agosto, no Boletim do Trabalho e Emprego (BTE).

 Estes diplomas definem o regime legal da nova carrei-ra, os requisitos de habilitação profissional, o conteú-do funcional e as normas de transição da carreira, sen-do aplicáveis aos nutricionistas com vínculo jurídico de emprego público e aos nutricionistas contratados em regime de contrato individual de trabalho.

Recorde-se que, na sequência de reuniões entre a Bas-tonária da Ordem dos Nutricionistas e o Secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, a ACSS foi instruída a desencadear os procedimentos necessários relati-

vos à autonomização da Carreira de Nutricionista da Carreira de Técnico Superior de Saúde, pelo que estes diplomas acolhem os principais contributos realizados pela Ordem dos Nutricionistas.

A Ordem dos Nutricionistas já reforçou junto do Mi-nistério da Saúde, nesta fase de consulta pública, as alterações que ainda entende como necessárias no-meadamente no que respeita ao perfil profissional, ao conteúdo funcional, ao sistema de avaliação e ao regime de transição para a nova carreira.

Assim, continuará a acompanhar ativamente este pro-cesso até à sua implementação final.

 Pode consultar os diplomas aqui, que estarão em con-sulta pública durante 20 dias a contar da respetiva publicação.

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FORMAÇÕES QUE NÃO HABILITAM A INSCRIÇÃO À ORDEM DOS NUTRICIONISTAS

Conforme se encontra previsto no n.º 1 do artigo 61.º do Estatuto da Ordem dos Nutricionistas, aprovado pela Lei n.º 51/2010, publicada na 1.ª série do Diário da República de 14 de dezembro, podem inscrever-se na Ordem dos Nutricionistas, nomeadamente, “os profissionais que detenham licenciatura nas diferentes áreas das ciências da nutrição e ou dietética, conferida por instituições de ensino superior portuguesas ou por instituições estrangeiras, desde que reconhecidas nos termos da lei” (alínea a)). Para efeitos desta alínea, o n.º 3 do artigo 2.º do Regulamento de Estágios Pro-fissionais e de Provas de Habilitação Profissional (n.º 510/2012, publicado na 2.ª série do Diário da Repú-blica de 27 de dezembro) considera título académico habilitante para os nutricionistas a licenciatura em Ciências da Nutrição e para os dietistas, a licenciatura em Dietética ou licenciatura em Dietética e Nutrição,

Nair Mota

Advogada da Ordem dos Nutricionistas

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pelo que, no âmbito do regime geral de inscrição (alí-nea a) do n.º 1 do artigo 61.º), apenas os detentores desta licenciatura podem inscrever-se na Ordem dos Nutricionistas.

Ora, a Ordem dos Nutricionistas tem sido frequente-mente questionada quanto à possibilidade de outras formações habilitarem à inscrição na Ordem e, conse-quentemente, ao exercício da profissão de nutricio-nista e/ou dietista ou à prática dos atos inerentes a estas profissões. Muitos membros têm inclusivamente manifestado a sua preocupação quanto à proliferação destas formações, solicitando a tomada de posição por parte da sua Ordem.

A Ordem dos Nutricionistas corrobora desta preocupa-ção, designadamente pelo facto de estas formações poderem fomentar o exercício ilegal das profissões, colocando em causa a dignidade dos profissionais que a Ordem dos Nutricionistas regula, assim como a defesa da saúde pública. Por outro lado, não se pode descurar a criação de uma expectativa no destinatário da informação que, com frequência, se virá a revelar defraudada. A título de exemplo, apresentamos algu-mas das indicações dos referidos anúncios: “estará pre-parado para se converter num dos profissionais mais pro-curados podendo se estabelecer por conta própria, como trabalhar para distintas empresas das áreas da nutrição e da dietética” ou “este curso representa uma mais-valia para profissionais de diferentes áreas, que dentro das suas valências encontrem necessidades e práticas liga-das à nutrição, como por exemplo: homeopatas, osteopa-tas, naturopatas, acupunctores, cozinheiros, instrutores de fitness,  personal trainers, engenheiros alimentares, professores, auxiliares de acção educativa, auxiliares de geriatria, educadores de infância, comerciais na área ali-mentar, entre outros.”

No entanto, a atuação da Ordem dos Nutricionistas encontra-se limitada às suas próprias atribuições (artigo 4.º da Lei n.º 51/2010), in casu, “a defesa dos interesses gerais dos utentes dos serviços prestados pelos seus membros, assegurando e fazendo respeitar o direito dos cidadãos a uma nutrição de qualidade” e

a “representação e a defesa dos interesses gerais da profissão de nutricionista e de dietista, zelando, nomea-damente, pela função social, dignidade e prestígio das mesmas”. Nestes termos, sempre que a Ordem dos Nu-tricionistas toma conhecimento da divulgação deste tipo de formações, alerta a referida entidade que as mesmas não facultam o acesso à Ordem e apela a que esse facto seja sublinhado no respetivo anúncio. De referir que a Ordem dos Nutricionistas denunciou uma destas formações à Direção Geral do Consumidor, que considerou a respetiva prática comercial enganosa e condenou a entidade no pagamento de uma coima de 5000€ acrescida das custas do processo no montante de 200€.

Assim, a Ordem dos Nutricionistas continuará atenta à divulgação das referidas formações, para a qual so-licita e agradece, desde já, a colaboração de todos os seus membros, e continuará a esclarecer todos aque-les que a questionam quanto à possibilidade destas formações permitirem o exercício da profissão de nu-tricionista e/ou dietista.

PÁGINA DO GABINETE JURÍDICO

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VOZ ON:PEDRO GRAÇA

O Diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável destaca a terceira idade e os desprotegidos socialmente como os grupos que mais carecem da intervenção dos nutricionistas. Manifestando confiança no Conselho Geral, na Direção e na Bastonária da Ordem dos Nutricionistas para elevar o futuro da classe profissio-nal através do processo de convergência, Pedro Graça acredita que o futuro da profis-são implicará tambéma criação de novas pontes com outras áreas do conhecimento. Recomenda ao Estado o investimento em indicadores de qualidade que alicercem a atividade dos profissionais que atuam no âmbito da Nutrição e da Alimentação e aos futuros profissionais que se mantenham humildes e transparentes na sua atividade.

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REVISTA ON #1 P. 37

VOZ ON

Nome Profissional: Pedro Graça

Número de Cédula: 0004N

Idade: 48

Onde vive atualmente: Vila Nova de Gaia

Ocupação Profissional: Professor Universitário na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimen-tação da Universidade do Porto / Diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudá-vel na Direção-Geral da Saúde

Formação Académica: Licenciatura em Ciências da Nutrição pela Faculdade de Ciências da Nutri-ção e Alimentação da Universidade do Porto Mestrado em Saúde Comunitária Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Nova de Lisboa. Doutorado em Nutrição Humana pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

Que livro está a ler? A reler um clássico – “Geografia da Fome” de Josué de Castro, um

homem nascido em 1908 mas com-pletamente à frente do seu tempo (extraordinário) entrecortado com a “Matéria do poema” do Nuno Júdice, o habitual antidepressivo, antes mes-mo de dormir.

Filme preferido? Qualquer um realizado por Clint Eastwood.

Viagem de eleição? Porto-Faro. Faço esta viagem religiosamente há 30 anos, sempre no primeiro dia das férias de Verão. Como destino, escolho 3 ilhas do mediterrâneo começadas por S e completamente imperdíveis, pela comida, pessoas e história – Santori-ni, Sardenha e Sicília. No mediterrâ-neo existem 15 000 ilhas, portanto, muito por onde escolher, mas sempre por entre os aromas da alfazema, do tomilho e do rosmaninho.

Prato preferido? Qualquer peixe fresco, desde a sardi-nha ao salmonete. Mas a preferência vai mesmo para a conversa. Com quem nos vende de manhã e com os amigos ao longo da tarde, enquanto se toma conta do carvão.

“Ser Nutricionista obriga a uma grande cultura hu-mana e científica. E a uma grande humildade. É uma profissão muito, muito di-fícil… mas apaixonante!”

Que área da Nutrição apontaria como a mais promissora em ter-mos de empregabilidade e de crescimento?

Ajudar os outros, em particular os mais necessitados, a comer de for-ma saudável, será sempre a mais necessária e promissora área de trabalho para um Nutricionista. Os mais necessitados são cada vez mais os idosos e os mais desprote-gidos socialmente, dois grupos em crescimento na nossa sociedade e onde o papel do Nutricionista é, e será, central.

Quanto ao processo de conver-gência da profissão de dietista para a profissão de nutricionis-tas, quais as suas expectativas?

Expectativas de que, em breve, os Nutricionistas sejam um corpo pro-fissional mais forte, coeso e bem

preparado para ajudar as pessoas a serem mais saudáveis e encararem

“Tenho expectativas de que, em breve, os Nutricio-nistas sejam um corpo pro-fissional mais forte, coeso e bem preparado”

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P. 38 REVISTA ON #1

os alimentos como o seu medicamento. Mas o fortale-cimento da nossa classe afronta alguns poderes insti-tuídos, inclusive de outras áreas profissionais. Confio neste Conselho Geral, na Direção e na Bastonária da Ordem para levar este percurso a bom porto.

Quais os principais desafios que a Nutrição atual-mente enfrenta?

Do ponto de vista da nutrição como ciência, creio que o maior desafio é fazer pontes de qualidade com as outras áreas do conhecimento que connosco dialo-gam. As ciências da nutrição necessitam de falar com a agricultura, com a indústria alimentar, com o marke-ting alimentar, com a saúde, com a educação, com o ambiente, com as ciências sociais e com o planeamen-to urbano, entre outras áreas. A Nutrição é talvez a área científica mais multidisciplinar na área da saúde. Sem esta capacidade de diálogo e sem esta cultura, o Nutricionista é um mero técnico de saúde. Ser Nutri-cionista obriga a uma grande cultura humana e cientí-fica. E a uma grande humildade. É uma profissão mui-to, muito difícil… mas apaixonante!

Sendo uma das mais jovens profissões na área da saúde e ainda pouco numerosa, a responsabilidade que carregamos é imensa. Ainda somos muito frágeis como grupo profissional. Sempre que falamos e agi-mos representamos toda a profissão. Todos os cole-gas. Em particular, em locais e atos públicos. Por isso, o desafio da Ética e do seu Código é talvez o principal desafio dos Nutricionistas.

Quais deveriam ser as prioridades do Estado por-tuguês e dos próprios profissionais do país no que toca à nutrição?

Construir indicadores de qualidade associados ao de-sempenho profissional, para valorizar esta extraordi-nária profissão.

Que conselho deixa aos futuros ou novos profis-sionais?

Não sou grande coisa para dar conselhos. Mas ter

mundo e trabalhar fora de portas é importante. Assim como estar próximo de quem faz bem e é boa pessoa. Talvez sublinhar aos que entram na profissão que me-diatismo não é sinónimo de sucesso ou qualidade e

que os colegas que mais aprecio são os mais modes-tos, que se põem menos em bicos de pé e que lideram nas suas áreas de trabalho de forma serena e trans-parente.

“Ter mundo e trabalhar fora de portas é importante”

VOZ ON

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REVISTA ON #1 P. 39

FALTAM NUTRICIONISTAS E DIETISTAS NAS AUTARQUIAS E NO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

A Bastonária da Ordem dos Nutri-cionistas, Alexandra Bento, tem acusado publicamente o poder lo-cal e o próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS) de terem «uma inte-gração muito aquém do desejável de nutricionistas para acompa-nharem e zelarem pela saúde dos cidadãos através da alimentação, o que fundamenta, em parte, a exis-tência de uma preocupante preva-lência de obesidade em Portugal».

Nos centros de saúde existem, atualmente, apenas 120 nutricio-nistas, quando as recomendações da Ordem dos Nutricionistas apon-tam para a necessidade de cerca de 500 (1 para cada 20 mil habi-tantes).

O mesmo cenário se representa nas autarquias que, apesar de se-rem, desde 2008, responsáveis pelo fornecimento das refeições escolares, apenas 10% das câma-

ras municipais tinham, em 2013, nutricionistas e dietistas integra-dos nos seus quadros de pessoal. Para a Bastonária, «este cenário reflete uma extrema negligência dos órgãos dirigentes, visto que cerca de um milhão de adultos em Portugal sofrem de obesidade e 3,5 milhões são pré-obeso e qua-se 1/3 das crianças têm excesso de peso e destas cerca de 10% são obesas. De acordo com as pre-visões da Organização Mundial da Saúde a Europa enfrentará uma gravíssima epidemia de obesidade dentro de 15 anos».

Para a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas «falta um envolvi-mento ativo de todos os stakehol-ders, numa lógica transdisciplinar e intersectorial. Há que envolver os Ministérios (desde logo o Ministé-rio da Saúde, o da Educação, o da Agricultura) as Universidades, em especial as escolas que formam os

diferentes profissionais de saúde, e os centros de investigação, a In-dústria Alimentar, a Restauração, a Distribuição. Todos numa lingua-gem uníssona». Alexandra Bento reforça que «falta essencialmente que o governo considere a alimen-tação uma matéria absolutamente prioritária».

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VOZ ON:LUIZA KENT-SMITH

Embora se encontre a viver fora de Portugal há oito anos, a nutricionista Luiza Kent-Smith mantém-se a par da realidade da classe profissional em Portugal. A Administradora do Royal University Hospital de Saskatoon (Canadá)destaca o Brasil como um exemplo que a Nutrição portuguesa deve seguir e a Prevenção como a área mais promissora em termos de empregabilidade e crescimento. Sobre o processo de convergência, acredita tratar-se da única solução possível para a garantir a afirmação dos profissionais, que exercem numa área pouco compreendida pelo público, exceto por aqueles que dela beneficiam.

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“Não faz absolutamen-te nenhum sentido haver duas profissões tão próxi-mas a trabalharem muitas vezes na mesma institui-ção”

Que área da Nutrição apontaria como a mais promissora em ter-mos de empregabilidade e de crescimento?

Como estou fora de Portugal há oito anos, estou mais familiariza-da com a profissão aqui no Cana-dá. No entanto, penso que há duas áreas bastante promissoras e bem diferentes. Por um lado, creio que o futuro está cada vez mais na área da prevenção,quer integrada nos cuidados de saúde primários, quer na área privada. Com o aumento dos custos de saúde as pessoas preocupam-se cada vez mais em viver estilos de vida saudáveis. As equipas de suporte nutricional, continuam a ser a área de eleição no campo clínico, em parte devi-do à crescente importância que a malnutrição hospitalar tem vindo a adquirir a nível internacional.

Quanto ao processo de conver-gência da profissão de dietista para a profissão de nutricionis-tas, quais as suas expectativas?

Vai ser muito difícil resumir tudo o que tenho a dizer sobre este as-sunto, mas vou tentar! Não faz ab-solutamente nenhum sentido ha-ver duas profissões tão próximas

VOZ ON

Nome Profissional: Luiza Kent-Smith

Número de Cédula: 0421N

Idade: 65

Onde vive atualmente: Saskatoon, Saskatchewan, Canada

Ocupação Profissional: Administradora (Director& Site Leader) do Royal University Hospital de Saskatoon e AssistantClinical Pro-fessor do CollegeofPharmacyandNu-trition, UniversityofSaskatchewan.

Formação Académica: Curso de Dietista (1970 Moçambi-que); BacharelatoemNutrição (1981 Uni-versidade do Porto); Master of Science in Human Nutri-tion (1984 University of London, London, England); PhD in Human Nutrition (1995 Uni-versity of Saskatchewan, Saskatoon, Canada). 

Que livro está a ler? MyLifeby Gold Meyer (reler pois vou a Israel).

Filme preferido? Vários entre eles – Scent of a Woman, King’s Speech, Kiss of the Spider Woman.

Viagem de eleição? Montanhas Rochosas do Canadá (Ca-nadianRockies,) vou lá sempre que posso, estive lá a semana passada.

Prato preferido? Camarão tigre de Moçambique à moda da Fabrica de Cerveja Nacional (Lourenço Marques).

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P. 42 REVISTA ON #1

a trabalharem muitas vezes na mesma instituição! A convergência das profissões devia ter sido contempla-da há muitos anos atrás, quando a profissão de Dietis-ta passou a ser uma licenciatura. À data, a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universida-

de do Porto (FCNAUP) tentou um processo de integra-ção com um plano de transição para Dietistas. Infeliz-mente, teve apenas uma edição. Apesar de estar no Canadá, tenho acompanhado o desenrolar do processo de convergência e sinceramente acho que não havia outra opção. Nos países com bem mais recursos, há muito que unificaram cursos e até Faculdades e Uni-versidades. Testemunhei esse processo em Londres em 1983/84 e, aqui no Canadá, aconteceu em 1989 e mais recentemente em 2006.

Quais os principais desafios que a Nutrição atual-mente enfrenta?

Continua a ser uma profissão nem sempre compreen-dida, exceto por aqueles que dela beneficiam! É um aspeto curioso... há uma expectativa de que os nutri-cionistas estão sempre prontos a dar conselhos nu-tricionais gratuitamente!  Mas o principal desafio é a falta de investimento por parte do Estado Português. Imaginemos o impacto que teria na qualidade nutri-cional e segurança alimentar se todos os núcleos de alimentação coletiva tivessem um nutricionista como responsável técnico... Seria excelente para a popula-ção e para os profissionais.

Quais deveriam ser as prioridades do Estado por-tuguês e dos próprios profissionais do país no que toca à nutrição?

Quanto ao Estado português, devia investir nos nutri-cionistas para melhorar a qualidade de vida e saúde dos portugueses. Adotar medidas legislativas seme-

lhantes às existentes no Brasil, que estabelecem a responsabilidade técnica de nutricionistas nos esta-belecimentos de alimentação coletiva. Na área clínica, e outras (cuidados primários e idosos), o Brasil tem bem definidos os números de nutricionistas por cama ou população. O exemplo Brasileiro é pioneiro a nível mundial.

Quanto aos profissionais, deviam unir-se e contribuir para uma profissão cada vez mais forte e respeitada e isso só se consegue demonstrando que somos profis-sionais indispensáveis e de alta qualidade!

Que conselho deixa aos futuros ou novos profis-sionais?

Escolham uma área de trabalho pela qual tenham ver-dadeira paixão. Eu ainda hoje (45 anos mais tarde) continuo a dizer TGIM (Thank God its Monday) em vez de TGIF (Thank God its Friday).

Nunca deixem de estudar e de apreciar os desafios que a vida e a profissão vos apresentam e nunca tenham medo de dizer “não sei, mas vou-me infor-mar”.  Confesso que ainda hoje não confio nas pessoas que sabem tudo!

“Tenho acompanhado o desenrolar do processo de convergência e sinceramen-te acho que não havia outra opção”

VOZ ON

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REVISTA ON #1 P. 43

Vamos pôr a nutrição na ordem.

Ementas nutricionalmente equilibradas?Consulte um membro da Ordem dos Nutricionistas.Pela saúde dos seus clientes não corra riscos.

Para se ser nutricionista ou dietista é obrigatório ser membro da Ordem dos Nutricionistas.

Encontre-o em www.vamosporanutricaonaordem.com

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

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P. 44 REVISTA ON #1

Emílio Peres, “o pai dos nutricionistas portugueses”, homenageado na celebração do aniversário do mandato dos atuais órgãos da Ordem dos Nutricionistas e do Compro-misso dos seus novos membros efetivo

A Cerimónia de Compromisso Pro-fissional, celebrada a 28 de Abril, assinala uma das datas mais rele-vantes na história da Ordem dos Nutricionistas, não só porque mar-ca a data de celebração do aniver-sário do mandato dos atuais órgãos da sua estrutura mas também por-que designa um momento simbóli-co que representa o compromisso dos novos membros efetivos da Or-dem dos Nutricionistas no respeito e cumprimento dos preceitos do Código Deontológico, no sentido da promoção da qualidade de vida da população, sem descriminação de qualquer natureza.

A edição de 2015 marcou o 3º aniversário do mandado destes ór-gãos, decorreu no Palacete dos Vis-condes de Balsemão, no Porto. Além do momento do juramento da profis-são pelos novos membros efetivos, ficou pautada pela homenagem àquele que é apontado como o pai dos nutricionistas portugueses, o Dr. Emílio Peres. O Professor Doutor Pedro Moreira deu voz à alocução de homenagem “Dr. Emílio Peres: O mé-dico, o professor, o orador, o escritor, o político, o ilustre sabedor...”, termi-nando com a entrega de uma oferta simbólica pela Bastonária à D. Odete Peres, a viúva do médico.

Antes do Porto de Honra, que inci-tou ao convívio entre os membros e órgãos da Ordem dos Nutricionistas, o nutricionista Doutor João Páris, ao piano, acompanhado pelas violinis-tas Alexandra Prezado e Mara Silva, trouxeram ao Palacete dos Viscon-des de Balsemão um momento mu-sical que encerrou a homenagem com pompa e circunstância.

CERIMÓNIA DE COMPROMISSO PROFISSIONAL DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS ‘15

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ATIVIDADES ON

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SEMINÁRIO “NUTRIÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS”

Integrado no Ciclo De Seminários Nutrição Hospitalar da Ordem dos Nutricionistas, o seminário Nutrição em Cuidados Paliativos decorreu no dia 5 de junho na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo. A Enfermeira do Serviço de Cuidados Paliativos IPO Porto, a Enf.ª Margarida Alvarenga, e a nutricionista do Instituto Portu-guês de Oncologia do Porto, a Dra. Laura Ribeiro, resumem, em breves palavras, a sua intervenção neste encontro entre especialistas na matéria.

Os Cuidados Paliativos são prestados a doentes em situação de intenso sofrimento decorrente de doença em progressão. O objetivo consiste em promover, tan-to quanto possível e até ao fim, o bem-estar e a me-lhor qualidade de vida possivel. São cuidados ativos, coordenados, globais e incluem o apoio à família, pres-tados por equipas e unidades específicas de cuidados paliativos, em internamento ou no domicílio.

O alívio dos sintomas, o apoio psicológico, espiritual e emocional do doente, o apoio à família e o apoio du-rante o luto são componentes essenciais, implicando o envolvimento de uma equipa interdisciplinar de estru-turas diferenciadas.

Os sintomas digestivos nomeadamente a anorexia, a alteração do paladar, as nauseas e os vomitos alteram o acto de comer e beber, elementar da vida quotidia-

FILOSOFIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS: O QUE ESPERAM OS ENFERMEIROS DOS NUTRICIONISTAS, NO CUIDADO AO DOENTE COM DOENÇA AVANÇADA

Margarida Alvarenga, enfermeira no Serviço de Cuidados Paliativos do IPO Porto

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ATIVIDADES ON

A doença avançada tem um impacto significativo na capacidade física, no bem-estar psicológico e social dos doentes, apresentando uma influência negativa no estado nutricional e na sua qualidade de vida1.

Neste contexto, a vertente nutricional revela-se uma componente importante dada a simbologia associada ao ato alimentar, dadas as limitações fisiológicas de-correntes da progressão da doença e consequentes alterações nutricionais e alimentares com impacto na qualidade de vida dos doentes2.

Assim sendo, a abordagem nutricional deve ser inte-grada no plano global de tratamentos, dada a sua con-tribuição para a qualidade de vida. Deve ser instituída precocemente, e os objetivos nutricionais devem ser adaptados às necessidades das diferentes fases e ser consistentes com os objetivos globais dos cuidados paliativos1 3.

A diminuição progressiva da ingestão, o desinteresse alimentar e a incapacidade alimentar são situações relativamente frequentes na doença oncológica e ou-

NUTRIÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS – GENERALIDADES E ESPECIFICIDADES

Laura Ribeiro, nutricionista no IPO do Porto

na, associado a prazer, satisfação e convívio.

A explicação da natureza destes sintomas, associados à debilidade fisica decorrente da progressão da doen-ça, torna-se um imperativo. Ouvir o doente e as suas preocupações, perceber o que a alimentação represen-ta para si nesta fase da sua vida e simultaneamente perceber as dificuldades da familia em lidar com este problema, é uma atitude terapeutica básica. Simulta-neamente devemos nós, profissionais de saúde, refle-tir sobre a forma como vemos o cuidar em fim de vida e a alimentação no percurso de vida nomeadamente no processo saúde doença.

Os enfermeiros são, por inerência, os profissionais de saúde que mais contato têm com os doentes e suas familias, o que induz uma necessidade constante de, com recurso à comunicação verdadeira, apoiar, infor-mar/esclarecer o doente e a sua familia e orientar perante as alterações/recusas alimentares do doente. O trabalho em equipa, com o apoio do nutricionista,

é uma mais-valia neste apoio, sincronizando todos os conhecimentos tecnicos e cientificos que permitam ajustar o padrão alimentar do doente, de acordo com o seu estádio de doença.

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P. 48 REVISTA ON #1

tras doenças crónicas em estado avançado. Estas si-tuações têm sido descritas como causa importante de ansiedade na tríade doente-familiares-profissionais de saúde e até fonte de conflito entre doentes e seus familiares4 5.

Quando o doente consegue e deseja alimentar-se, as bebidas e os alimentos oferecidos deverão ser primor-dialmente do seu agrado e adaptados às preferências e limitações presentes. Quando a ingestão oral não é suficiente ou possível, a nutrição e hidratação artifi-ciais são estratégias comuns na medicina contempo-rânea, mas controversas na doença avançada pelas questões éticas, legais e carga emocional associadas

1 5.

A intervenção nutricional, em contexto multidiscipli-nar, deverá ser individualizada e centrada no doente, avaliando criteriosamente a sua situação, desejos e expetativas, sendo fundamental desenvolver uma adequada comunicação entre o nutricionista, equipa multidisciplinar e doente/família/cuidadores3 5.

A decisão de iniciar ou não iniciar, manter ou suspen-der a terapêutica nutricional, deverá resultar de uma adequada discussão com a equipa multidisciplinar envolvida e doente/familiares sendo que as prefe-

rências dos doentes são de primordial importância3. No entanto, deverá ser sempre considerada a relação benefícios v.s. desvantagens e reconhecida a fase em que o suporte nutricional deixa de ser vantajoso para o doente.

A comunicação é um dos pilares dos cuidados paliati-vos ao permitir a construção de relações terapêuticas de confiança, conducentes a uma melhor identificação de necessidades, planeamento de ações interventivas adequadas, tomada de decisões conscientes e com-preensão/adesão às terapêuticas consideradas, sem-pre com o objetivo final de promover o máximo confor-to e bem-estar da pessoa em fim de vida.

1. Ylva Orrevall. Nutritional support at the end of life. Nutrition 31; 2015: 615-616.

2. Clare Shaw, Lucy Elridge. Nutritional considerations for the pallia-tive care patient. International Journal of Palliative Nursing 21 (7); 2015: 7-14.

3. Prevost V et Grach MC. Nutritional support and quality of life in cancer patients undergoing palliative care. European Journal of Cancer Care 21; 2012: 581-590

4. Raijmakers N.J.H., et al. Bereaved relatives’ perspectives of the patient’s oral intake towards the end of life: a qualitative study. Palliative Medicine 27(7); 2013:665-672

5. M.I.Del Rio et al. - Hydration and nutrition at the end of life: a systematic review of emotional impact, perceptions, and deci-sion-making among patients, family and health care staff. Psy-cho-Oncology 21; 2012: 913-921.

ATIVIDADES ON

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SEMINÁRIO “NUTRIÇÃO E DESPORTO”

O primeiro seminário da Ordem dos Nutricionistas subordinado ao tema “Nutrição e Desporto” decorreu no dia 1 de abril, na Universidade Fernando Pessoa. Convidamos os oradores deste encontro, que reuniu uma assistência superior a 300 pessoas, a escreverem uma breve síntese da sua intervenção.

Em competições de alto nível, como no futebol profissional, o detalhe pode determinar a vitória. A alimentação é um dos fatores modificáveis que ajuda a alcançar esse objetivo. Portanto, cabe ao nutricionista delinear estratégias, individuais e/ou coletivas, que ga-rantam uma composição corporal, aporte energético e nutricional adequados, para otimizar o rendi-mento.

Durante um treino/jogo de futebol, nas jogadas mais decisivas, que im-plicam sprintar, rematar, cabecear, domina o metabolismo anaeróbio, em que o glicogénio muscular é a principal fonte de energia. Para prevenir a fadiga, graças à deple-ção de glicogénio nas fibras mais recrutadas, é necessário um apor-te adequado de hidratos de car-bono (HC). Um futebolista de elite deve ingerir 7-10 g HC/kg/dia, para

manter a capacidade de jogar a alta intensidade, durante mais tempo.

Os restantes nutrimentos, embora não desempenhem um papel ener-gético de relevo a alta intensidade, devem ser ajustados às exigências do exercício: proteína 1,7 g/kg/dia e gordura não superior a 30% da energia total. Em fases de treino intenso, ou de hábitos restritivos/monótonos, poderá haver a ne-

INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NO FUTEBOL

Ângela Henriques, nutricionista no Estoril Praia Futebol SAD

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P. 50 REVISTA ON #1

cessidade de suplementação em micronutrimentos, se o futebolista apresentar deficiência e não atin-gir as necessidades com alimenta-ção específica.

Antes dos treinos/jogos: recomen-da-se 1-4 g HC/kg e cerca de 20 g proteína. Frutos frescos e desidra-tados, batata-doce, pão, marme-lada, aveia, massa, arroz são boas fontes de HC. Como opções pro-teicas, iogurte, ovo, carne e peixe magros poderão integrar a ementa. Os jogadores devem apresentar-se eu-hidratados, devendo ir ingerin-do bebidas e alimentos ricos em água.

Durante os jogos: o objetivo é atra-sar a depleção de glicogénio e re-por os fluídos e eletrólitos (princi-palmente sódio) perdidos no suor. Ou seja, ingerir HC simples (glico-se + frutose, até 30 g/h), água e sódio, em pequenas quantidades, sempre que haja oportunidade.

Após os treinos/jogos: as priori-dades são reparar o músculo (hi-pertrofiar se necessário) e repor o glicogénio. Proteínas, HC simples, água, sódio e potássio são o segre-do de uma recuperação adequada. Recomenda-se 0,8 g HC/kg/h com 0,2-0,4 g proteína/kg/h, nas 4h subsequentes, em pequenas refei-

ções, que incluam líquidos e sódio para reidratar.

Durante o dia, o aporte energético não pode ser negligenciado. Um futebolista de elite necessita cer-ca de 60 kcal/kg massa magra/dia, podendo variar de acordo com a posição em campo, carga de treino, atividades diárias e pausas.

Caso o nutricionista contacte com jogadores em crescimento, do gé-nero feminino ou que treinem em condições extremas de altitude, temperatura e humidade deve atender às suas exigências espe-cíficas.

A otimização do rendimento des-portivo requer uma cuidada pro-gramação da ingestão alimentar. A nutrição pré-exercício mereceu desde sempre grande atenção por parte dos investigadores, desde a manipulação de macronutrientes aos suplementos com efeito ergo-génico.

Um dos tópicos mais controversos e, consequentemente, debatidos nos últimos anos é a ingestão de hidratos de carbono (HC) antes do treino e/ou evento competitivo. Trabalhos1 relativamente recentes e com robustas metodologias su-gerem não haver vantagem nesta ingestão, tendo ainda identificado

atletas que desenvolvem hipogli-cemias no início do exercício e/ou sintomas a ela associados. Nestes casos, escolher HC de baixo índice glicémico, consumi-los durante o aquecimento ou mesmo não con-sumi-los de todo nas horas que antecedem o exercício parecem solucionar o problema. Em atletas que não desenvolvam hipoglice-mias, a ingestão de HC não parece apresentar qualquer desvantagem, pelo que cada atleta deve persona-lizar a sua rotina de ingestão pré--exercício para potenciar ao máxi-mo o seu rendimento.

O consumo de refeições muito ricas em gordura antes do exercício com

o objetivo aumentar a oxidação de gordura é outro tópico que gera discussão, sendo que os trabalhos que se focam nesta ingestão são escassos e contraditórios2. Para além disso, grandes quantidades de gordura poderão causar descon-forto a nível gastrointestinal.

Os estudos em torno da ingestão de proteína e rendimento têm-se centrado muito no momento pós-treino, e por isso pouco se sabe acerca do seu efeito na perfor-mance quando ingeridos antes do exercício. Trabalhos em roedores3

sugerem que a ingestão de pro-teína antes do exercício atenua a depleção das reservas de glicogé-

ESTRATÉGIAS PRÉ-TREINO

António Pedro Mendes, nutricionista no Futebol Clube Paços de Ferreira e no Hospital Agostinho Ribeiro

ATIVIDADES ON

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Como Nutricionista e, agora, tam-bém atleta de Crossfit penso que temos que olhar para a nutrição no desporto em geral e para esta modalidade em particular com mais atenção visto existir da parte dos praticantes uma preocupação cres-cente com a alimentação e com as necessidades nutricionais, fruto da exigência física que esta modali-dade reclama. Se estes praticantes estão motivados para se alimen-tarem da forma mais ajustada ao seu estilo de vida temos nós, nu-tricionistas, que ser vistos como a referência no seu acompanhamen-to. E essa imagem de “a classe de referência” para acompanhamento

alimentar é algo que não tenho ob-servado quando converso com es-tes praticantes nem com outros de outras modalidades desportivas. É quase como se o Nutricionista ser-visse apenas para orientar pessoas com patologias específicas ou para tratar obesidade e, quando o atleta procura melhorar também o rendi-mento prefere pedir orientações ao preparador físico. Um dos melhores atletas de crossfit Português dis-se-me algo como: “Eu até gostava de ser orientado nutricionalmente mas sempre tive a ideia que vo-cês (nutricionistas) não percebiam nada disto”.

Como nutricionistas não devemos

desvalorizar esta modalidade, vis-ta actualmente como uma “moda” mas que já existe oficialmente há 15 anos e tem tido um crescimen-to explosivo. Neste momento já conta com mais de 11 000 boxs afiliadas a nível mundial e não pa-rece haver nada que a impeça de crescer ainda mais, seja no número de participantes seja no número de boxs. Este crescimento deve-se essencialmente ao reconhecimen-to desta modalidade como algo ím-par na melhoria da condição física e da saúde em geral, promovendo um estilo de treino acompanhado, motivador, desafiante e completo.

É muito difícil definir o crossfit

CROSSFIT

Bruno Reis, nutricionista na Clínica BodyScience

nio e potencia o rendimento, sendo necessário sustentar estes resul-tados com ensaios clínicos.

Para além da manipulação de ma-cronutrientes antes do exercício, há suplementos que poderão exer-cer um efeito ergogénico, como a cafeína e os nitratos. Numa revi-são4 que analisou apenas traba-lhos com metodologia time trial verificou-se que a grande maioria destes encontram melhorias sig-nificativas de rendimento com a toma de cafeína. Doses entre 3 e 6 mg/kg parecem exercer um efeito ergogénico máximo. Por sua vez,

os nitratos podem ser obtidos em grandes quantidades através da alimentação, sendo o sumo de be-terraba o exemplo mais conhecido. Uma recente revisão sistemática e meta-análise5 encontrou uma me-lhoria significativa do rendimen-to em trabalho com protocolos de tempo até à exaustão, ao contrário do que aconteceu com os proto-colos time trial, nos quais não se encontraram efeitos significativos. No entanto, é importante notar que nas coortes time trial com in-divíduos treinados se encontrou uma melhoria de aproximadamen-te 0,9%, efeito que poderá fazer

toda a diferença em grande parte dos desportos.

Apesar de todo o potencial das estratégias pré-exercício, é fulcral não esquecer que os grandes re-sultados derivam de alimentação adequada em todos os momentos do dia-a-dia dos atletas.

1. www.ncbi.nih.gov/pubmed/21346333

2. www.ncbi.nih.gov/pubmed/24787031

3. www.ncbi.nih.gov/pubmed/21050718

4. www.ncbi.nih.gov/pubmed/19077738

5. www.ncbi.nih.gov/pubmed/24172997

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porque este não promove a espe-cialização de uma única vertente de treino mas promove variar o leque de estímulos de treino para treino. Essencialmente assenta na constante variação de movimentos funcionais realizados com alta in-tensidade.

Nutricionalmente, se pensarmos que um atleta de crossfit tanto tem que estar preparado para le-vantamentos de peso olímpicos como para correr uma maratona, percebemos o quão difícil poderá ser generalizar a alimentação dos atletas de crossfit mas será um exercício desafiante para os Nu-tricionistas visto ser uma modali-dade em amplo crescimento. Estes praticantes têm normalmente uma grande preocupação com a inges-tão de proteínas, principalmente sob a forma de suplementação (aliás, são normalmente muito abertos aos suplementos alimen-

tares), mas não têm qualquer no-ção da quantidade de proteínas nem de outros macronutrients que ingerem. Cabe ao nutricionis-ta orientar estes atletas para uma adequada ingestão de macronu-trients e, aqui, a posição do Ame-rican College of Sports Medicine parece ter um bom equilíbrio entre a evidência científica e as crenças nutricionais que circulam neste ambiente (não podemos desvalo-rizar que cada modalidade tem as suas próprias crenças e, se não for-mos, de certo modo, ao encontro destas crenças podemos quebrar o vínculo relacional/comunicacional com o atleta). Assim, eu recomen-daria uma ingestão de proteínas de 2g por kg de peso, com ênfase no alto valor biológico das mesmas e procuraria distribuir a quantidade total das proteínas de forma mais ou menos equitativa durante to-das as refeições do dia para man-ter a aminoacidemia e a resultante

síntese proteica necessária para desenvolvimento da força e recu-peração muscular. Recomendaria uma ingestão de gorduras de 1g por kg de peso e tendo em conta as necessidades energéticas totais, o restante seria de hidratos de car-bono.

American College of Sports Medicine, Ame-rican Dietetic Association, and Dietitians of Canada. Joint Position Statement: Nutrition and athletic performance. Med Sci Sports Exerc 2009;41:709-731.

Burke LM, Kiens B, Ivy JL. Carbohydrates and fat for training and recovery. J Sports Sci 2004;22:15-30.

Koopman R, Pannemans DLE, Jeukendrup AE, et al. Combined ingestion of protein and car-bohydrate improves protein balance during ultra-endurance exercise. Am J Physiol En-docrinol Metab 2004;287:E712-E720.

Wolfe RR. The underappreciated role of muscle in health and disease. Am J Clin Nutr 2006;84:475-482.

Wolfe RR, Miller SL. The recommended die-tary allowance of protein. A misunderstood concept. JAMA 2008;299:2891-2893.

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A indústria dos suplementos des-portivos tem apresentado um crescimento assinalável. Em 2014, ultrapassou os 10 biliões de dóla-res a nível mundial, só na catego-ria dos suplementos proteicos. Na prática, os suplementos desporti-vos estão a deixar de ser principal-mente procurados e consumidos por atletas de alta competição ou praticantes de desportos de força. O aumento do número de pratican-tes de desportos nas áreas do fit-ness e running, e o crescimento da popularidade da proteína como um “super-nutriente”, conseguiu alar-gar o público-alvo com interesse nos suplementos desportivos.

Mas, apesar do sucesso crescen-te do mercado dos suplementos desportivos, esta indústria ainda apresenta, infelizmente, algumas áreas pouco transparentes. Por um lado temos o clássico proble-ma da contaminação, voluntária ou involuntária, com substâncias não autorizadas (doping) ou com substâncias pouco estudadas e nocivas para a saúde. Casos com impacto mediático a nível mundial foram o Jacked3D, OxyElitePro e o Craze. Normalmente, são estes suplementos, designados como “Pré-Treinos” ou “Termogénicos”, os mais envolvidos nesta proble-mática da contaminação, onde as substâncias estimulantes, análo-gas de metanfetaminas ou este-

roides anabolizantes, são os princi-pais agentes da contaminação. Por outro lado, temos o problema de autenticidade do produto. Os casos de “Amino Spiking” são o mais re-cente tema de discussão em torno dos suplementos proteicos. Vários fabricantes têm sido acusados de adicionarem fontes proteicas (ami-noácidos: glicina, leucina ou creati-na) em suplementos supostamen-te 100% Proteína do soro de leite (Whey), aumentando o teor protei-co à custa de ingredientes muito mais baratos.

Contudo, esta imagem menos sau-dável tem vindo a ser melhorada. Na realidade, existem excelen-tes empresas/marcas produtoras de suplementos desportivos que apresentam certificações de quali-dade e controlo de contaminantes ou substâncias não autorizadas, e que nunca estiveram envolvidas em casos problemáticos. Entidades como a Informed-Sport ou a NSF Certified for Sport, entre outras, colaboram igualmente para que os suplementos desportivos disponí-veis no mercado sejam cada vez mais seguros.

Além disso, a investigação cien-tífica na Nutrição Desportiva é cada vez mais extensa, permitindo perceber quais os suplementos ou ingredientes que realmente fun-cionam na otimização do perfor-

mance desportiva, possibilitando até a criação de protocolos bem estabelecidos em termos de suple-mentação.

Por isso, em última instância, o problema maior poderá não estar nos suplementos desportivos em si, mas na sua adequada seleção e correto enquadramento em ter-mos desportivos. Neste ponto, os profissionais de nutrição, repre-sentam um papel primordial na sua aplicação, sempre em prol da saúde do atleta e segurança desportiva.

SUPLEMENTAÇÃO: UMA PERSPETIVA GLOBAL

Elton Gonçalves, nutricionista MedPOINT/Nutrifit - Suplementos Alimentares

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A água tem um papel polivalente no corpo humano, representando cerca de 60-70% do peso de um indivíduo.

Para manter um bom estado de hidratação é necessário equilibrar as perdas (urina, respiração, fezes, suor e perspiração) com a inges-tão de água através de bebidas, alimentos assim como a produzida endogenamente. Nesse sentido, a prática de exercício físico é um dos fatores que influencia as ne-cessidades hídricas uma vez que aumenta as perdas, através do suor. Em condições normais, peran-te um aumento das perdas face à ingestão, o corpo envia sinais para aumentar esta última desenca-deando entre outros fenómenos a sensação de sede.

O estado de hidratação de um indiví-duo pode ser determinado de várias formas, no entanto na atuação do nutricionista em trabalho de campo, o peso corporal é um dos dados mais utilizados. Considera-se que um atle-ta está desidratado se perder 2% ou mais do seu peso corporal no decurso de um espaço de tempo limitado.

No entanto, uma vez que o peso pode ser influenciado por outros fa-tores (reservas de glicogénio muscu-lar), o nutricionista deve estar atento a possíveis sinais de desidratação.

Frequentemente, na prática desporti-

va, um dos primeiros sinais é a dimi-nuição da diurese e sintomas como tonturas, náuseas, dores de cabeça e alguma desorientação. Estes epi-sódios são particularmente frequen-tes em desportos de endurance, com condições climatéricas adversas e ao ar livre como o triatlo, a maratona e as distâncias ultra.

A preocupação com um estado de nutrição deficiente está relacionada sobretudo com o efeito pejorativo na performance desportiva uma vez que um atleta desidratado tem menor capacidade de regular a temperatura e em última instância, a par dos sin-tomas anteriormente referidos, irá ter uma maior perceção de esforço o que dificulta a assimilação do treino e consequentemente a evolução.

Para promover um bom estado de hi-dratação durante a prática desportiva deve-se recomendar ao atleta beber 5 a 7ml de água/Kg nas 4h anterio-res ao treino ou prova, 6 a 8ml/Kg de peso/hora de esforço durante o treino ou prova e repor com 150% do peso perdido nas primeiras 6h pós-esforço.

No entanto, em esforços prolongados e em condições climatéricas adversas deve ser assegurada não apenas a in-gestão de água mas também de eletró-litos, nomeadamente o sódio uma vez que é igualmente importante no equi-líbrio hídrico. Recomenda-se a inges-tão de 46 a 115mg de sódio por cada 100ml de bebida. Uma bebida despor-tiva, isotónica ou hipotónica é uma boa opção para combinar com a ingestão normal de água pelo indivíduo. .

HIDRATAÇÃO NO DESPORTO

Filipa Vicente, nutricionista, ISCSEM

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Exercício físico não habitual e mui-to intenso ou até à exaustão, es-pecialmente exercício excêntrico, pode provocar dano muscular indu-zido pelo exercício (EIMD). As con-sequências negativas desta condi-ção, nomeadamente desconforto muscular e comprometimento da função muscular, podem reduzir a capacidade para exercitar ou para aderir a um programa de treino (Howatson & van Someren, 2008). De forma a reduzir os efeitos ne-gativos desta condição, várias es-tratégias nutricionais têm vindo a ser propostas (Sousa, Teixeira, & Soares, 2014), nomeadamente a ingestão combinada de proteínas e hidratos de carbono, de antioxi-dantes e de nutrientes anti-infla-matórios.

Curiosamente, poucos são os tra-balhos que estudaram os efeitos da ingestão proteica na recuperação do EIMD, sendo que a maioria uti-lizou aminoácidos de cadeia rami-ficada. Não obstante, é largamen-te aceite que um balaço proteico positivo é necessário para facilitar a reparação e adaptação muscula-res após EIMD (Hawley, Tipton, & Millard-Stafford, 2006). Recente-mente (Moore et al., 2014), as do-ses de 0,24 ± 0,06g·kg-1 e 0,40 ± 0,19g·kg-1 foram sugeridas como a quantidade de proteína relativa ao peso corporal que melhor esti-mula a síntese proteica muscular

(MPS) em jovens adultos e em se-niores, respetivamente.

Apesar de já ter sido demonstrado que a administração de hidratos de carbono (CHO) isolados tem pouco ou nenhum efeito na atenuação dos sinais e sintomas do dano mus-cular, a combinação de CHO com proteína parece ser benéfica. Re-sumidamente, a ingestão de CHO após o exercício tem demonstrado melhorar o balanço proteico, por atenuar o aumento da degradação proteica muscular (MPB) induzida pelo exercício. Este efeito tem sido atribuído ao aumento da insulina plasmática (Beelen, Burke, Giba-la, & Van Loon, 2010). Por outro lado, um alto volume de exercício de força pode também levar a uma redução significativa dos níveis de glicogénio muscular (MacDougall et al., 1999); baixos níveis de glico-génio muscular parecem ter um im-pacto negativo na MPS (Churchley et al., 2007) e promover a MPB (Lemon & Mullin, 1980). Por estas razões, a co-ingestão de proteína (0,24 ± 0,06g·kg-1 em adultos jo-vens) com 0,8-1,2g CHO·kg-1·h-1 tem sido recomendada após EIMD (Sousa et al., 2014).

A utilização, ou não, de suplemen-tos antioxidantes pelos atletas continua a ser um ponto de discus-são. Argumentos contra e a favor existem (Powers, Nelson, & Larson-

Meyer, 2011); porém, por não ha-ver evidência que pareça justificar a utilização destas substâncias, os atletas deverão focar a sua aten-ção em consumir uma alimentação balanceada e energeticamente adequada, que deverá fornecer alimentos ricos em antioxidantes. Substâncias anti-inflamatórias têm também sido sugeridas como adju-vantes na recuperação do EIMD. Em particular, os n-3 parecem levar a alterações da expressão genética e da produção de mediadores infla-matórios (como prostaglandinas e leucotrienos), que conduzem a alterações da resposta imunitária no sentido de uma resposta infla-matória menos exacerbada (Calder, 2007). Porém, os estudos em atle-tas ainda são escassos pelo que mais trabalhos são necessários para se traçarem recomendações (Mickleborough, 2013).

A maioria dos estudos nesta temá-tica centra-se no uso de suplemen-tos nutricionais como estratégia de recuperação. Recentemente, alguns trabalhos têm utilizado ali-mentos (como leite, cereja, romã e mirtilos) com este propósito, com resultados bastante interessantes e que parecem indicar que os ali-mentos também poderão ser uma opção favorável na recuperação do EIMD (Sousa et al., 2014). De forma a melhor perceber a importância e o potencial dos alimentos como es-

RECUPERAÇÃO NUTRICIONAL DE DANO MUSCULAR

Mónica Sousa, nutricionista na Nutribalance, FADEUP

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tratégia de recuperação do EIMD, mais estudos utilizando diferentes alimentos ou combinações de ali-mentos são necessários.

Beelen, M., Burke, L. M., Gibala, M. J., & Van Loon, L. J. C. (2010). Nutritional strategies to promote postexercise recovery. Interna-tional Journal of Sport Nutrition and Exerci-se Metabolism, 20(6), 515-532.

Calder, P. C. (2007). Immunomodulation by omega-3 fatty acids. Prostaglandins Leuko-trienes and Essential Fatty Acids, 77(5-6), 327-335.

Churchley, E. G., Coffey, V. G., Pedersen, D. J., Shield, A., Carey, K. A., Cameron-Smith, D., & Hawley, J. A. (2007). Influence of preexer-cise muscle glycogen content on transcrip-tional activity of metabolic and myogenic genes in well-trained humans. Journal of Applied Physiology, 102(4), 1604-1611.

Hawley, J. A., Tipton, K. D., & Millard-Staf-ford, M. L. (2006). Promoting training adap-tations through nutritional interventions. Journal of Sports Sciences, 24(7), 709-721.

Howatson, G., & van Someren, K. A. (2008). The prevention and treatment of exercise--induced muscle damage. Sports Medicine, 38(6), 483-503.

Lemon, P. W. R., & Mullin, J. P. (1980). Ef-fect of initial muscle glycogen levels on protein catabolism during exercise. Journal of Applied Physiology Respiratory Envi-ronmental and Exercise Physiology, 48(4), 624-629.

MacDougall, J. D., Ray, S., Sale, D. G., McCart-ney, N., Lee, P., & Garner, S. (1999). Muscle substrate utilization and lactate production during weightlifting. Canadian Journal of Applied Physiology, 24(3), 209-215.

Mickleborough, T. D. (2013). Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids in Physical Performance Optimization. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Me-tabolism, 23(1), 83-96.

Moore, D. R., Churchward-Venne, T. A., Wi-tard, O., Breen, L., Burd, N. A., Tipton, K. D., & Phillips, S. M. (2014). Protein ingestion to stimulate myofibrillar protein synthesis requires greater relative protein intakes in healthy older versus younger men. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, in press. doi: 10.1093/gerona/glu103

Powers, S., Nelson, W. B., & Larson-Meyer, E. (2011). Antioxidant and Vitamin D su-pplements for athletes: Sense or nonsen-se? Journal of Sports Sciences, 29(sup1), S47-S55.

Sousa, M., Teixeira, V. H., & Soares, J. (2014). Dietary strategies to recover from exercise-induced muscle dama-ge. International Journal of Food Scien-ces and Nutrition, 65(2), 151-163. doi: 10.3109/09637486.2013.849662

Diz-se que a maratona se percorre 30km com as pernas, 12km com a cabeça e 195m com o coração! Que tipo de alimentação deve então ter o maratonista para competir a top?

Um dos principais objetivos de qualquer atleta de endurance pas-sa pelo aumento da intensidade ou potência na qual é atingido o limiar anaeróbio, isto é, o momento no qual a acumulação de lactato no sangue aumenta exponencialmen-te com consequente prejuízo da performance. Esta acumulação de lactato ocorre em resultado do au-mento da sua produção em conse-quência da maior necessidade de recorrer ao glicogénio como subs-

trato energético, e da diminuição da taxa de remoção da corrente sanguínea, sendo que um dos ob-jetivos do treino é justamente au-mentar a intensidade na qual esta situação ocorre.

O aumento da vascularização mus-cular e do número de mitocôndrias, é uma adaptação natural ao treino mas que pode ser potenciada atra-vés de algumas estratégias nutri-cionais. O recurso a treinos em dé-fice calórico (jejum matinal ou com baixa ingestão de hidratos de car-bono) é uma das estratégias a ser utilizada pontualmente em treinos de maior volume e menor intensi-dade, uma vez que a perceção de

fadiga aumenta e a performance diminui. De forma a minimizar este efeito, a suplementação com cafeí-na (≈ 200mg) antes do treino pare-ce ser benéfica até pelo aumento da libertação de cálcio intramus-cular. A suplementação com doses supra-fisiológicas de antioxidantes (vitamina A, C e E, selénio, etc.) é também desaconselhada de for-ma crónica, de modo a não reduzir este stress positivo e transitório que queremos induzir. Também a ausência de ingestão de fluidos durante o treino e consequente desidratação é uma outra forma de stress metabólico cujo objetivo fi-nal passa pelo aumento do volume

ABORDAGEM NUTRICIONAL NA MARATONA

Pedro Carvalho, nutricionista, FCNAUP

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No desporto, o que o atleta pre-tende do nutricionista, é que lhe aumente as capacidades físicas (força, potência, velocidade, resis-tência) e que lhe ajude a prevenir lesões e infeções. Obviamente, estes objetivos passam primeira-mente pela genética, treino e ca-pacidade mental de cada indivíduo. No entanto, a nutrição tem um papel fundamental no alcance des-

tes objetivos, passando por uma adequada reposição dos macro e micronutrientes; uma hidratação constante; uma boa recuperação muscular; e um mantimento da composição corporal.

Estes objetivos são comuns a qual-quer modalidade.

O rugby é um jogo coletivo de in-

tenso contacto físico, estando di-vidido em duas modalidades: XV, composto por 15 jogadores, onde se joga 80 minutos; 7’s, composto por 7 jogadores, onde se joga 14 minutos. Neste último, o desgaste físico é maior, por ser jogado no mesmo campo, em alta intensidade e com vários jogos por dia. Portan-to, a abordagem nutricional difere de uma modalidade para outra.

RUGBY

Sara Romeiro, nutricionista, Federação de Rugby Portuguesa

plasmático e melhor aclimatação sobretudo em provas a decorrer com temperaturas mais elevadas. Estas estratégias devem ser pos-teriormente complementadas com treinos de qualidade nos quais a ingestão de hidratos de carbono deve ser substancialmente aumen-tada, sendo que à medida que as principais provas se aproximam e se pretende estar no pico da forma, a frequência de treinos “em jejum” deverá ser diminuída em detrimen-to de treinos de maior qualidade.

Relativamente à composição cor-poral, para além de níveis muito reduzidos de massa gorda, no caso de atletas de endurance é igual-mente necessário tem em aten-ção o peso total, uma vez que em eventos onde o peso corporal tem de ser transportado no espaço du-rante muito tempo, uma baixa rela-ção peso/altura é potencialmente positiva. De resto, tem-se vindo a

observar uma diminuição no peso dos maratonistas ao longo dos anos, sendo que os atuais recordis-tas mundiais desta distância, pos-suíam à data um IMC abaixo dos 19 km/m2.

Sendo a maratona (a um nível de elite), uma prova percorrida a uma intensidade correspondente a 80-90% do VO2 máx, os hidratos de car-bono acabam por ser praticamente o único substrato energético utilizado durante a prova. Assim, uma inges-tão de 10 a 12 g hidratos de carbo-no/kg nas 36-48h antes da prova pode maximizar os níveis de glico-génio muscular no início da mesma, sendo ainda assim necessária uma ingestão de 30-60g HC/hora duran-te a prova, preferencialmente num ratio de glicose:frutose (2:1) para maximizar absorção, sendo que o re-curso a bebidas com maltodextrinas podem ser mais eficazes devido à sua baixa osmolaridade.

Durante a prova a desidratação pode ter um efeito ergogénico, ao contrário das recomendações habi-tuais que apontam os 2% de peso perdido como ponto de corte para o qual se observa um efeito deletério na performance. Os estudos reali-zados demonstram que os atletas melhor qualificados são também os que desidratam mais durante a prova, tendo sido mesmo regista-dos valores na ordem dos 8 – 10% de peso perdido em vencedores de maratonas. Tendo em conta o ritmo de corrida dos atletas de elite, a in-gestão de fluidos durante a prova pode perturbar de sobremaneira a passada e como tal esta questão pode ganhar ainda mais relevo na performance do que uma desidra-tação excessiva.

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Também existem diferenças dentro da própria moda-lidade, onde as características físicas de cada indiví-duo são bastante distintas; enquanto uns querem-se grandes e fortes, outros têm de ser atléticos e ágeis. Assim, o plano nutricional tem de ser pensado e elabo-rado consoante essas características individuais.

Para complicar a vida do nutricionista, o rugby é um desporto amador, onde os atletas têm de conciliar as suas vidas profissionais/estudantis com os treinos e, a alimentação, fica sempre para último lugar.

Por todas estas razões, a personalização da dieta é primordial para que o trabalho do nutricionista seja um sucesso.

Contudo, de uma forma geral, nos dias de competição, a última refeição é 3h antes, dando preferência a hi-dratos de carbono complexos, com pouca proteína e gordura. Durante a competição, se for sevens, os atle-tas apenas bochecham uma bebida isotónica a 6%, en-quanto os atletas de XV têm à disposição fruta madu-ra, frutos e frutas secos, cubos de marmelada, barras energéticas e géis. Após, é importante que continuem a hidratar-se, que ingiram hidratos de carbono simples e proteína suficiente para diminuir a degradação e ma-ximizar as reservas.

A suplementação no rugby é quase obrigatória, por isso, tento assegurar que os atletas não exageram no seu consumo e aconselho marcas à qual tenho mais confiança. Em geral, os atletas tomam whey, creatina, ómega3 e magnésio. No entanto, é importante que se faça um diário alimentar detalhado para ver se há alguma carência nutricional, e, se possível, fazer análi-ses de alguns minerais para que o nosso trabalho seja mais fácil e eficaz.

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UMA COMUNIDADE… COM NUTRIÇÃO E SAÚDE

Bruno Sousa

Nutricionista no Serviço de Saúde da Re-gião Autónoma da Madeira

Membro do Conselho Geral da Ordem dos Nutricionistas

No passado dia 12 de junho, realizou-se na Região Au-tónoma da Madeira o primeiro Seminário de Nutrição Comunitária da Ordem dos Nutricionistas nesta região. Constituiu uma grande oportunidade para os seus mem-bros, mas também a nível externo, para a comunidade em geral, tendo sido realçada a importância da nutrição e dos seus profissionais na intervenção comunitária re-lacionada com a promoção de hábitos de vida saudáveis.

Ordem do Nutricionistas promove reflexão na Madeira sobre as práticas e os desafios que as comunidades enfrentam no âmbito da promoção da saúde através da Nutrição e da Alimentação

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O tema do seminário foi “Uma comunidade... com nu-trição e saúde” e iniciou-se com uma excelente confe-rência do Prof. Doutor Pedro Graça intitulada “Políticas alimentares no contexto europeu e suas aplicações a nível local”, revelando a situação europeia e realçan-do a importância do enquadramento, da estruturação e do planeamento das intervenções a nível local. Foi ainda apresentado o bom exemplo do Programa Na-cional para a Promoção da Alimentação Saudável, que desencadeou a vontade da região ter o seu próprio programa, adaptado à realidade regional.

Outro ponto importante deste seminário foi o painel de discussão com o tema “O papel da nutrição na comu-nidade madeirense”, moderado por uma jornalista da RTP, mostrando assim a importância da comunicação social, e pela Senhora Bastonária, onde participaram vários intervenientes, também com responsabilidades políticas como o Diretor Regional da Agricultura, um elemento da Direção Clínica do Serviço de Saúde da re-gião, e o Diretor do Serviço de Endocrinologia, que em conjunto com todos os presentes refletiram sobre o que já foi feito mas principalmente sobre o que pode e deve ser desenvolvido para melhorar a alimentação da população madeirense e por conseguinte a sua saúde.

Uma outra parte do seminário foi dedicada a projetos já implementados na comunidade relacionados com a nutrição e onde existe uma ação dos seus profis-sionais, nomeadamente em escolas, na educação especial, no Instituto de Administração da Saúde, na Unidade de Nutrição e Dietética do Serviço de Saúde da região, em ginásios pertencentes às autarquias, na Fundação Portuguesa de Cardiologia, no âmbito da saúde oral e em centros de dia. De realçar que a apre-sentação destes projetos foi moderada pelo Diretor Regional de Educação, que manifestou a importância da educação alimentar nas escolas e o seu desejo em apostar nesta área. Enfim, uma grande diversidade de ações envolvendo parceiros essenciais para a promo-ção de uma alimentação saudável.

Face à relevância deste seminário, a Região Autóno-ma da Madeira só pode desejar que este tenha sido o primeiro de muitos outros eventos como este nes-ta região, beneficiando não só os membros da Ordem dos Nutricionistas, mas também com um importante impacto para o exterior sobre a importância da ali-mentação e da nutrição assim como da ação dos seus profissionais.

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TARDES ON“CANCRO E NUTRIÇÃO”SOBRINHO SIMÕES DÁ VOZ AO PRIMEIRO ENCONTRO DE 2015 INSERIDO NAS TERTÚLIAS TARDES ON

As Tardes ON regressaram no dia 15 de janeiro, desta vez sobre o tema “Cancro e Nutrição”, na voz do Prof. Doutor Sobrinho Simões, que encheu um dos auditórios do Espaço atmosfera m, no Por-to, com uma assistência de perfis diversificados e que rapidamente preencheu todas as cadeiras e flancos do espaço.

A seriedade do tema não condicio-nou o interesse e descontração da audiência, talvez graças à capaci-dade de Manuel Sobrinho Simões, médico e investigador português, nascido no Porto em 1947, con-seguir cativar o público pela sua abordagem bem-disposta e sim-plificada de matérias difíceis.

O conceito do cancro e a forma como ele se desenvolve no corpo humano deram o mote à sessão, com recurso a imagens ilustrati-vas que tornaram a compreensão

da temática acessível por um pú-blico composto maioritariamente por profissionais de nutrição e cidadãos leigos interessados na matéria.

As relações entre Nutrição e Can-cro, que o Doutor Sobrinho Simões

define como “múltiplas e muitís-simo complexas” foram um dos principais temas de reflexão do encontro, com particular enfoque nos casos de cancro em indivíduos com obesidade ou diabetes.

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ORDEM CONTRA A MUNICIPALIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

A Ordem dos Nutricionistas ma-nifestou aos órgãos de soberania o seu descontentamento no que toca à “municipalização” de parte dos Cuidados de Saúde Primários, algo que poderá afetar nutricio-nistas e dietistas. Para a Ordem, a delegação de competências no do-mínio da saúde para os municípios e entidades intermunicipais não demonstra os anunciados ganhos de eficiência, traduzindo-se numa simples transferência de respon-sabilidades e encargos do Governo para os municípios, que pode abrir a porta à desmaterialização do Ser-viço Nacional de Saúde.

Desta forma, a Ordem considera que deve ser retirada a proposta de transferência da gestão das carreiras onde se inserem os nu-tricionistas e os dietistas para o domínio das autarquias, devendo manter-se no âmbito do Ministério da Saúde à semelhança dos mé-

dicos e dos enfermeiros, dados os cuidados de saúde diferenciados prestados por nutricionistas e die-tistas e o conteúdo funcional des-tas carreiras.

Esta delegação de competências nos municípios incidiria no âmbito da gestão dos recursos humanos, como o recrutamento, a alocação, a gestão, a formação e a avalia-ção de desempenho dos técnicos superiores, técnicos superiores de saúde, técnicos de diagnóstico e terapêutica, assistentes técnicos e assistentes operacionais.

Ainda que a contratualização da delegação de competências nos municípios será realizada de forma gradual e faseada através de pro-jetos-piloto, este facto não obstou a que a Ordem dos Nutricionistas manifestasse a sua preocupação e a sua oposição particularmente ao Ministro-adjunto e dos Assuntos

Regionais, Dr. Miguel Poiares Ma-duro, com conhecimento do Minis-tro da Saúde.

Recorde o artigo de opinião, assinado pela Bastonária da Ordem dos Nutricionistas e pelo Nutricionista Dr. Miguel Rêgo, sobre “Nutrição e cui-dados de saúde primários: chave para mais saúde”.

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

Para se ser nutricionista ou dietista é obrigatórioser membro da Ordem dos Nutricionistas.

Pela sua saúde não corra riscos.

Assegure-se que o seu nutricionista ou dietista é um profissional inscrito. Encontre-o em www.vamosporanutricaonaordem.com

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VOZ ON:HENRIQUE LEITE

A Restauração Coletiva é a área da Nutrição que maior evolução tem registado nos últimos anos para o Diretor-Geral da Eurest, o dietista Henrique Leite. Mas, na sua opinião, o maior desafio que o setor atravessa atualmente é o combate ao exercício ilegal das profissões de nutricionista e de dietista. E para isso muito pode contribuir o processo de convergência das profissões ao garantir uma maior afirmação da classe e um melhor esclarecimento dos profissionais.

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“O exercício ilegal da profissão, por indi-víduos sem formação, é o maior desafio que a Nutrição enfrenta”

Que área da Nutrição apontaria como a mais pro-missora em termos de empregabilidade e de cres-cimento?

Encontrando-me há mais de 20 anos na área da res-tauração coletiva e pública, não posso deixar de des-tacar esta área como sendo a que regista a maior taxa de crescimento nos últimos anos, quer em número de profissionais, quer na sua transversalidade de atua-ção, com uma excelente taxa de empregabilidade e evolução de carreira.

O futuro reserva novos desafios neste sector, por par-te dos consumidores e clientes, em termos legislati-vos, sem descurar a necessidade de uma gestão de qualidade. No entanto, a taxa de crescimento dos últi-mos anos ainda se encontra muito abaixo das reais ne-cessidades do sector, o que significa que esta é uma área de excelência para integrar novos profissionais.

Quanto ao processo de convergência da profis-são de dietista para a profissão de nutricionistas, quais as suas expectativas?

A convergência da profissão de dietista para a profis-são de nutricionista é um processo complexo mas ne-cessário, que tem sido levado a cabo pela Ordem dos Nutricionistas com bastante serenidade e ponderação. Esta convergência foi ocorrendo ao longo dos anos em todos os setores, à exceção do Serviço Nacional de Saúde.

Espero que este passo permita um melhor esclareci-mento por parte da sociedade da atuação do nutri-cionista e que o consequente aumento do número de profissionais se traduza numa melhor defesa dos inte-resses dos profissionais junto das entidades oficiais, com a consequente melhoria dos serviços prestados.

VOZ ON

Nome Profissional: Henrique Leite

Número de Cédula: 0152D

Idade: 45

Onde vive atualmente: Carnaxide, Oeiras

Ocupação Profissional: Diretor Geral da Eurest Portugal

Formação Académica: Curso Superior de Dietética pela Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra 

Que livro está a ler? O Homem de Constantinopla” de José Rodrigues dos Santos

Filme preferido? ForrestGump

Viagem de eleição? Austrália

Prato preferido? Bacalhau à Lagareiro

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Quais os principais desafios que a Nutrição atual-mente enfrenta?

O exercício ilegal, por indivíduos sem qualquer tipo de formação, é o maior desafio que a nutrição enfrenta, em todos os setores de atuação.

Seja na elaboração ou análise de uma ementa, na de-finição de planos alimentares ou em outros atos dos Nutricionistas, a facilidade que os meios de comuni-cação tradicionais e online possuem na atualidade, aumenta exponencialmente o risco da propagação de mitos e correntes por indivíduos sem formação na área da nutrição, provocando grandes constrangimen-tos na atuação dos profissionais da Ordem dos Nutri-cionistas.

Quais deveriam ser as prioridades do Estado por-tuguês e dos próprios profissionais do país no que toca à nutrição?

Numa profissão com áreas muito distintas de atuação, considero que, por parte dos profissionais, a especia-lização e a definição de normas de atuação para cada sector de atividade deverá ser uma prioridade,

No que diz respeito ao Estado Português a definição de políticas alimentares que se baseiem na prevenção e sustentabilidade da alimentação são cruciais para a redução, a curto e longo prazo, dos gastos em saúde e na produção alimentar.

Que conselho deixa aos futuros ou novos profis-sionais?

Terem uma mente aberta, só assim se consegue en-contrar novas oportunidades e desafios. Esta forma de estar deve ser mantida ao longo de toda a vida profis-

sional, com o sentimento que podemos sempre fazer mais e melhor, cada atividade que realizamos diaria-mente.

“A definição de políticas alimentares que se baseiem na prevenção e sustentabili-dade da alimentação são cruciais para a redução, a curto e longo prazo, dos gas-tos em saúde e na produção alimentar”

VOZ ON

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NUTRICIONISTAS NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS:Necessidade estratégica para o país ou solução de uma classe profissional?

Débora Cláudio

Nutricionista na Administração Regional de Saúde do Norte

Coordenadora da URAP do ACeS Porto Oriental

Membro da Direção da Ordem dos Nutri-cionistas

A reforma dos Cuidados de Saúde Primários decorren-te da implementação do DL28/2008 de 22 fevereiro1 agrupou Centros de Saúde e modificou relações pro-fissionais, reorganizando os cuidados prestados num novo modelo que se pretende mais eficaz e eficiente.

Os nutricionistas inserem-se predominantemente numa unidade funcional dita partilhada – Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados: URAP - com fun-ções assistenciais diretas à população e com articula-ção com todas as unidades funcionais do ACeS, dada e exiguidade destes profissionais existentes no país, na função pública. Se atentarmos na legislação com o conteúdo funcional do nutricionista (DL414/91 de 22 outubro2) e compararmos com o plasmado na legisla-ção dos ACeS (DL28/2008 de 22 fev) verificamos uma integração direta das atividades do conteúdo funcio-

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nal de nutricionista nas atividades do ACeS.

Numa época em que a alimentação reconhecidamen-te determina a saúde das pessoas, e se usada como terapêutica não medicamentosa é eficiente e eficaz na maioria das doenças ditas “da civilização” como a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, a obesida-de, a desnutrição, entre outras, deveria ser estratégia central nacional a utilização deste saber especializado na contenção e tratamento de patologias relacionadas com a alimentação, nomeadamente com este profis-sional como “Nutricionista de Família” que se ocupa-ria não apenas de um utente da lista de uma Unidade Funcional (USF ou UCSP) mas de toda a sua família, nos ACeS.

O que assistimos é pelo contrário, um desinvestimento nestes profissionais de saúde no sector público. Para que os nutricionistas acedam à carreira que lhes per-mite a entrada nos cuidados de saúde primários, exi-ge-se um estágio especializado em ambiente laboral tutelado pelo Ministério da Saúde. À semelhança do

internato médico, este modelo de aprendizagem em contexto de trabalho específico, de tão especializado que é, tem mostrado mais-valias elevadíssimas na for-mação de profissionais com elevada criação de valor para a saúde. Contudo, a última publicação de aber-tura de estágio de especialidade ocorreu em 2003, apesar de ter havido uma mais recente equiparação a estágio em 2010, mas para um número de vagas infe-rior a duas dezenas.

Falando em números, neste modelo ainda inexistente que defendemos de “Nutricionista de Família”, estaría-mos a falar de um Nutricionista para listas de cerca de 10 médicos de família, ou seja perto de 20.000 uten-tes, correspondendo ao rácio publicado anteriormente como o recomendado para minimamente permitir a eficácia deste tipo de cuidados3. Claro que em popu-lações mais vulneráveis como com os ACeS com densi-dade populacional elevada de idosos, ou com uma área geográfica muito dispersa, pensamos que o rácio teria de ser cerca de metade.

CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

ACES VS NUTRIÇÃO

Atividades do ACeS Atividades da Nutrição

Prestação de cuidados na doença Clínica

Promoção da saúde e prevenção da doença Comunitária

Vigilância epidemiológica Científica

Formação dos profissionais Formação

Ligação de serviços na continuidade de cuidados Organização de serviços

Controlo e avaliação dos resultados Políticas de saúde alimentar

Fonte: Paiva,I in comunicação oral “A Nutrição na reorganização dos Cuidados de Saúde Primários” – III Jornadas de endocrinologia e II Simpósio de Nutrição- Hospital Infante D. Pedro Aveiro, 25 maio 2010

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A realidade mostra grandes diferenças entre estes nú-meros considerados mínimos e o que temos no país. Analisando os dados, nem se percebe bem se houve uma lógica racional na distribuição destes profissio-nais, dada a heterogeneidade.

No caso dos Açores, a distribuição dos nutricionistas foi pensada em ter pelo menos um por cada Unida-de de Saúde de Ilha (USI) como estratégia para fazer face aos dados que o estudo COSI (Childhood Obesi-ty Surveillance Inniciative 2008-2010)mostrou de prevalência de obesidade infantil face aos resultados médios nacionais4.

Sabemos que anteriormente a Administração Regional de Saúde do Norte, com a sensibilidade de um dirigen-te de saúde pública atento à epidemia da Obesidade e a outras patologias revertíveis com terapêutica nu-tricional, apostou na contratação destes profissionais e o número foi aumentando em 2005, recorrendo a estágios de IEFP e a outros tipos de contrato. A pro-messa política posterior de colocar pelo menos um nu-

tricionista por ACeS, no continente está ainda longe de ser concretizada.

Mas se houve racional estratégico por detrás dos ca-sos dos Açores e da ARS Norte, apenas recentemente surge um plano estratégico nacional com a publicação do Programa Nacional de Promoção de Alimentação Saudável (PNPAS-2012) que é considerado imediata-mente programa prioritário dada a importância trans-versal que é reconhecida à alimentação como deter-minante da saúde. Ora este programa tem mérito por nos permitir visualizar o que queremos em termos na-cionais, mas não especifica o papel dos nutricionistas dos cuidados de saúde primários neste programa e o que poderiam ser oportunidades de intervenção, dada e inexistência de regulação específica das URAP, vai sendo adiada a intervenção dos nutricionistas lideran-do a operacionalização do programa.

Por outro lado, cada ACeS está preocupado em deli-near a sua própria estratégia no caminho que pretende percorrer para resolver problemas de saúde da popula-

CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

ATIVIDADES DE NUTRIÇÃO NO ACES

Nutrição Clínica: Prestação de cuidados na doença

Nutrição Comunitária: Promoção da saúde e prevenção da doença

Área Científica de Alimentação e Nutrição: Vigilância epidemiológica e investigação em saúde

Areade Formação de Alimentação e Nutrição: Formação de profissionais

Atividadede organização de serviços: Ligação de serviços na continuidade de cuidados

Atividadeao nível das políticas de saúde alimentar: Controlo e avaliação dos resultados

Fonte: Paiva,I in comunicação oral “A Nutrição na reorganização dos Cuidados de Saúde Primários” – III Jornadas de endocrinologia e II Simpósio de Nutrição- Hospital Infante D. Pedro Aveiro, 25 maio 2010

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ção, centrado nas unidades de saúde familiares com-postas por médicos, enfermeiros e secretários clínicos. Estas Unidades Funcionais ainda muito centradas em si próprias, apesar de reconhecidamente utilizarem os serviços dos nutricionistas, não têm uma estratégia pensada de como ganhar com o trabalho realizado por nutricionistas, para o seu próprio desempenho profis-sional. Os nutricionistas registam dados que podem ser validados pelos médicos e enfermeiros e usados na sua própria contratualização. Estas sinergias de ca-rácter pragmático apenas sublinham as sinergias de fundo científico e de terapêutica nutricional instituída pelos nutricionistas em cada utente e família referen-ciado pelo médico de família.

Os nutricionistas treinam durante o seu percurso pré-graduado e depois durante o seu percurso profissio-nal de uma forma mais incisiva e intensa, a tradução

imediata da história alimentar que o utente expressa para nutrientes. Faz mentalmente e instantaneamen-te o diagnóstico nutricional, confrontando com as re-comendações para aquele indivíduo específico, ade-qua a terapêutica nutricional específica àquele caso e volta a traduzir em alimentos prescritos num plano alimentar que fornece ao utente. Este treino de tradu-ção imediata não é percebido pelo utente que só fala em alimentos e só ouve falar em alimentos. Às vezes o nutricionista explica algumas funções de nutrientes e onde estes se encontram nos alimentos ou nas fór-mulas alimentares prescritas. Este treino de tradução especializada é a criação de valor deste profissional que tem sido erradamente confundida com “fácil” pois “só fala de alimentos e todos comemos alimentos des-de que nascemos”. Este facilitismo pode ser perigo-so dado que pode fazer parecer que qualquer pessoa pode prescrever alimentos para melhorar a saúde ou

CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Centros de Saúde Hospitais

Região Autónoma (RA)/ Administração Regional

de Saúde (ARS)

Nutricionistas Dietistas Total Nutricionistas Dietistas Total

Açores – RA 7 0 7 7 7 14

Alentejo- ARS 7 3 10 1 7 8

Algarve- ARS 4 3 7 2 11 13

Centro- ARS 17 0 17 16 27 43

Lisboa- ARS 11 1 11 18 97 115

Madeira- RA 15 0 15 4 9 13

Norte- ARS 55 0 55 69 30 99

TOTAL 116 6 122 117 188 305

Fonte: Ordem dos Nutricionistas, 2013

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para conter uma doença. Pretendo distinguir entre usar os alimentos como terapêutica não medicamentosa no tratamento de patologias ou na prevenção secundá-ria, terciária ou até quaternária, que defendo deve ser realizada pelos nutricionistas nos cuidados de saúde (primários, diferenciados ou continuados e paliativos ou em clínicas privadas e hospitais privados) da pre-venção primordial que defendo deve ser realizada por nutricionistas nas autarquias, nas escolas, nas farmá-cias e parafarmácias, e por todos enquanto cidadãos conscientes, ativos e com elevada literacia alimentar.

A prevenção primordial ocupa-se dos espaços, das relações, de prevenir as doenças de uma forma lata, abrangente que compreende estilos de vida saudáveis em ambientes que geram saúde. É este tipo de pre-venção que a Saúde Pública e a Nutrição comunitária querem promover e incentivar. A Nutrição comunitária quer envolver escolas, autarquias, espaços desporti-vos, espaços de lazer, ONGs, media, empresas e todos os interessados em contribuir para um paradigma sa-lutogénico. Neste tipo de papel, a linguagem usada é muito “alimento” e quando se fala de nutrientes tem basicamente como função melhorar a literacia nu-tricional da população. Ajudar a que os cidadãos co-nheçam o significado dos conceitos, identifiquem e saibam usar os alimentos de acordo com as recomen-dações gerais de base populacional e que ajudam a manter um bom nível de saúde, dados os conhecimen-tos científicos atuais. Entram neste conceito o conhe-cer as diferentes porções recomendadas das fatias da Roda dos Alimentos para os diferentes grupos popu-lacionais ( 3 peças de fruta para crianças ou 5 para adolescentes), ou por exemplo conhecer os equivalen-tes alimentares dentro da mesma fatia de alimentos (saber que 1 chávena de leite é equivalente a 2 fatias de queijo ou a 1 iogurte líquido ou a 2 iogurtes sóli-dos). Mesmo este conhecimento tão básico que per-mite competências de uso alternativo de alimentos é ainda muito pouco trabalhado nas escolas e nos ACeS por profissionais não nutricionistas.

Se existissem nutricionistas em todos os ACeS e se existissem na proporção de pelo menos 1 nutricionis-

ta para cada 20.000 inscritos nos ACeS, creio que os números da DM não controlada, da HTA, do IMC eleva-do ou baixo seriam reduzidos. Não temos e continua-mos a ter números que não nos agradam na saúde, com gastos em medicamentos e com cada vez mais população a viver mais anos sem beneficiar dos cui-dados destes profissionais cuja necessidade é ampla-mente reconhecida. Será que continuaremos a pagar enquanto contribuintes para ter custos em saúde quer poderiam ser menores se existissem mais nutricionis-tas nestes lugares? Quanto vale o custo de um nutri-cionista na redução de custos de doenças como a DM, alguns cancros, a HTA, e outros? Volto à questão de título: será que um nutricionista nos cuidados de saú-de primários é apenas uma questão de solução de um grupo profissional com muito desemprego ou é uma questão de estratégia de saúde nacional?

1. DL28/2008 de 22 fevereiro

2. DL414/91 de 22 outubro

3. Cordeiro,T; Bento, A in Revista Nutrícias nº 11 – APN pag. 20-23

4. The Authors Pediatric Obesity © 2012 International Association for the Study of Obesity. Pediatric Obesity, Prevalence of obesity among Portuguese children (6–8 years old) using three definition criteria: COSI Portugal, 2008 A. Rito1 , T. M. A. Wijnhoven2 , H. Rutter3 , M. A. Carvalho4 , E. Paixão1 , C. Ramos4 , D. Claudio5 , R. Espanca6 , T. Sancho7 , Z. Cerqueira8 , R. Carvalho9 , C. Faria10, E. Feliciano11 and J. Breda2

CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

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BASTONÁRIA RECEBE MEDALHA DE MÉRITO DA CIDADE DO PORTO

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, foi distinguida pela Câmara do Porto com a Me-dalha Municipal de Mérito – Grau Ouro, numa cerimónia que decorreu no dia 9 de julho, na Casa do Roseiral (Jar-dins do Palácio de Cristal).

A Medalha Municipal de Mérito destina-se a galardoar quem tenha praticado atos de que advenham assina-láveis benefícios para a Cidade do Porto, melhoria das condições de vida da sua população, desenvolvimento ou difusão da sua arte, divulgação ou aprofundamento da sua história, ou outros atos de notável importância justificativos deste reconhecimento no campo artístico, científico, cultural ou profissional, como é definido pelo

respetivo regulamento da Câmara Municipal do Porto.

Para Alexandra Bento, «é uma honra acrescida receber esta distinção, uma vez que o Porto é a cidade berço da profissão de Nutricionista. A Universidade do Porto simboliza no nosso país, para além do nascimento do ensino da nutrição, a criação de uma verdadeira esco-la de pensamento na área e foi devido a este percurso que no Porto se concentrou um verdadeiro cluster do ensino da nutrição de Portugal, com a única faculdade pública do País e duas universidades privadas a minis-trarem a licenciatura em ciências da nutrição. É por isso uma honra acrescida receber esta distinção da Câmara Municipal do Porto.»

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ORDENS PROFISSIONAIS CRITICAM POLÍTICA DE SALÁRIOS BAIXOS

O Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP) - representante das 16 Ordens Profissionais portu-guesas, Ordem dos Nutricionistas incluída, e de mais de 300 mil profissionais - enviou uma carta ao Primei-ro-Ministro para denunciar as condições salariais de-gradantes que estão a ser oferecidas pelo Estado e por empresas privadas a licenciados.

Para o CNOP é urgente que as autoridades tomem medidas e implementem políticas de valorização do trabalho dos profissionais qualificados e por isso partilhou a carta enviada ao Primeiro-Ministro com a Presidência da República e todas as bancadas parla-mentares.

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, salientou que «no caso dos membros da Ordem dos Nutricionistas, temos assistido a situações em que os valores pagos aos jovens licenciados não são minimamente razoáveis».

A Ordem dos Nutricionistas tem levado a cabo as de-vidas diligências no sentido de pressionar o Estado para a criação de postos de trabalho e de condições laborais ajustadas aos profissionais que se encontram exercer no setor público.

«Não queremos ver os nossos jovens a serem força-dos a emigrar porque o seu país natal não lhes ofere-ce as condições mínimas exigidas, sobretudo perante uma formação académica de elevada qualidade como a que Portugal tem para oferecer», lamenta Alexandra Bento, justificando que «é por isso que as Ordens Pro-fissionais se têm unido para conseguirem alertar os órgãos de soberania e a sociedade para a urgência de reverter este cenário».

A Ordem dos Nutricionistas tem desenvolvido um intenso trabalho no combate ao exercício ilegal, que pretende incrementar, remetendo as situações denun-ciadas para Ministério Público.

Fotografia gentilmente cedida pelo CNOP.

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P. 74 REVISTA ON #1

VOZ ON:PEDRO MOREIRA

Diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Por-to, o nutricionista Pedro Moreira define a Nutrição como uma área onde “está tudo a acontecer”, com potencial para que as capacidades dos nutricionistas se tornem ainda mais valiosas. Afirma que a investigação doutoral continuará a ser fundamental para a produção de conhecimento na área, em prol do bem-estar comum, e destaca o ensino superior como o principal agregador de desafios na área. Salienta ainda a importância de procurar consórcios e parcerias colaborativas que sustentem o desenvolvimento da classe profissional e de reinventar um sistema de partilha de conhecimento onde professores e investigadores possam continuar a ser mentores dos mais jovens.

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“Mais do que nunca, é en-tusiasmante ser estudan-te e exercer a profissão de nutricionista”

Que área da Nutrição apontaria como a mais promissora em ter-mos de empregabilidade e de crescimento?

Num período em que somos con-frontados com um ambiente de contratação de estagiários a que não se dá emprego, com diminui-ção e escassez de recursos eco-nómicos e o desejo de soluções rápidas, será necessário contrapor com mais cooperação das institui-ções de ensino, da indústria, da co-munidade e dos governos. Tenho esperança que no contexto atual demográfico e de I&D+i, a alimen-tação para o (anti)envelhecimento, possa beneficiar os mais idosos e estimular o mercado.

Relativamente ao crescimento que vivemos, torna-se mais entusias-mante do que nunca ser estudante e exercer a profissão de nutricio-nista. Está tudo a acontecer, e o corpo de conhecimentos em nutri-ção é bastante vasto, incluindo-se entre os temas mais promissores para se encontrar a melhor alimen-tação ou dieta para um dado resul-tado: perceber a microconstelação de fenómenos da biologia mole-cular, utilização dos nutrimentos e constituintes alimentares biologi-camente ativos e suas interações; explorar os efeitos do ambiente

VOZ ON

Nome Profissional: Pedro Moreira

Número de Cédula: 0642N

Idade: 49

Onde vive atualmente: Mindelo (Vila do Conde)

Ocupação Profissional: Professor Catedrático de Alimenta-ção e Nutrição Humana e Diretor da FCNAUP

Formação Académica: Licenciado em Ciências da Nutrição Doutoramento em Nutrição Humana

Que livro está a ler? Tenho em casa livros (dos que se leem de “fio a pavio”) adiados por “culpa” do tempo disponível e de Eu-génio de Andrade. Ouvi-o fascinado quando era adolescente, na bibliote-ca do Liceu Alexandre Herculano,  e tive pena que ele já não pudesse estar no seu próprio doutoramento honoris causa pela Universidade do Porto. Sou completamente de-pendente dos seus livros e tenho alternado entre prosa (Poesia, Terra de Minha Mãe) e poesia (muitos...).

No seu rigor obstinado, lembro-me dos textos de Emílio Peres que, tais como os do poeta, parecem sempre perfeitos e que não custou nada a fazê-los.

Filme preferido? Voando sobre um ninho de cucos, de MilosForman. Não bastasse ser uma “estória” absolutamente notável ainda nos é oferecida por Jack Nichol-son.

Viagem de eleição? Várias... Açores, Madeira, Brasil, e para cumprir um critério de viagem de eleição: muita praia com água não gelada e comida muitíssimo boa.

Prato preferido? São muitos os preferidos - vegetais, pescado e carnes, crus ou cozinha-dos - desde que acompanhados por um espaço de mar ou ar livre, ou mesmo fechado, que seja de uma en-cantadora simplicidade, e com família.

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alimentar e nutricional no microbioma/microflora; olhar para o metabolismo e balanço energético como um sistema multidimensional, desde a função mito-condrial até ao sistema psicobiológico, bem como para a aplicação desse conhecimento em recomendações, estratégias de marketing, e inovação da indústria agroalimentar; conhecer a regulação genética, progra-mação nutricional, identificação de subgrupos de in-divíduos de risco e programação transgeracional; pro-curar a terapêutica nutricional dos diferentes tipos de cancro; garantir o acesso a água “limpa” e dar resposta ao desafio de alimentar a população mundial, num panorama global de transformações climáticas, com grandes avanços na bioengenharia e controvérsia pela utilização crescente de OGM; lidar simultaneamente com as questões de segurança alimentar, da obesi-dade e diabetes num mesmo país; e com a alimenta-ção no envelhecimento. Neste contexto de evolução, perspetiva-se que as capacidades dos nutricionistas sejam ainda mais valiosas com o aumento progressi-vo da necessidade de traduzir os eventos moleculares em fenómenos metabólicos e, depois, em práticas e comportamentos alimentares.

Além disso, a investigação em nutrição humana assu-me-se cada vez mais como integração e multidiscipli-naridade, com foco translacional, para chegar a visões holísticas capazes de dar resposta às complexas ques-tões da saúde. Estar sozinho não será bom, e procurar consórcios e parcerias colaborativas, em larga escala, permitirá respostas em que a soma das partes será claramente de maiores resultados do que um “single--approach” possibilita. Este crescente clima colabora-tivo e de importância da nutrição poderá também ter impacto nos curriculum dos cursos de medicina, levan-do eventualmente à competição e substituição de dis-ciplinas básicas, como a química orgânica, por exem-plo, pela disciplina de nutrição humana, como unidade curricular obrigatória para a formação médica.

Quanto ao processo de convergência da profis-são de dietista para a profissão de nutricionista, quais as suas expectativas?

Fui favorável à convergência mas defendendo que a existência de um sistema binário de ensino, o univer-sitário e o politécnico, conduziria a que parte da for-mação para a convergência fosse realizada no sistema universitário dando simultaneamente passos que ga-rantissem esse acesso a todos os que o desejassem. A visão do CRUP para o Ensino Superior e ordenamen-to  da oferta educativa é convergente com a impor-tância da formação universitária para o nutricionista: reconhecer ao sistema de ensino universitário, a capa-cidade para conferir aos estudantes uma formação em ambiente de investigação e de construção teórica do conhecimento capaz de os habilitar a contribuir para o avanço do saber e respetivas aplicações, estimular o espírito crítico, o empreendedorismo e a capacidade de pesquisa. A Universidade, especialmente na que assume um cariz de research university, está intima-mente ligada às atividades de I&D+i num vasto campo de domínios, cuja qualidade se pode aferir através de vários indicadores como a produção de publicações e patentes, e destaco muito especialmente a capacida-de da Universidade para atribuir o grau de Doutor. A expectativa é a de que a investigação doutoral conti-nuará a ser determinante para a produção de conheci-mento nas ciências da nutrição em Portugal, como tem sucedido nos últimos anos, com grande benefício para a saúde das populações e para o normal crescimento, transformação e expansão das atividades dentro da profissão de nutricionista. 

Quais os principais desafios que a Nutrição atual-mente enfrenta?

Numa perspetiva de formação universitária, as ins-tituições de ensino superior mudam hoje a um ritmo cada vez mais intenso, infelizmente perdendo até par-te do controlo sobre o processo, numa mudança que é desconfortável e largamente imposta e que, mesmo sem sabermos quais os seus contornos precisos, nos leva a sentir que em mais 10 ou 15 anos tudo será muito diferente, sem sabermos muito bem quanto e como. Isto significa que as Universidades são desa-fiadas a modificar a forma como transferem e criam o conhecimento, e a reavaliar a forma como gerem a

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aprendizagem e a inovação. Neste contexto, poderá serprogressivamente mais valioso, conseguir derru-bar muros entre instituições, intra e interdisciplinares, para juntar conhecimentos e recursos que permitam dar resposta a desafios de maior complexidade, pre-servando e reforçando a autonomia e identidade de cada uma das partes. Há também um número maior de perfis de estudantes, a necessidade de ser apren-dizante toda a vida, voltar à Faculdade, e  criar valor económico em cada curso cujo sucesso se passa a definir pela empregabilidade, orientando-se a inves-tigação para um foco translacional e de resolução de problemas. E numa profissão nova como a de nutricio-nista, a investigação doutoral - entranhada numa re-search university, com produção de conhecimento, in-cluindo publicações e patentes, como a Universidade do Porto - poderá continuar o seu papel determinante na consolidação e expansão da profissão de nutricio-nista. Mas com os constrangimentos económicos mis-turados com as profundas transformações concetuais, sociais e políticas do mundo atual, a experimentação e a aplicação do método científico poderão ser as fer-ramentas clássicas que seremos obrigados a usar para descobrir o que funciona e qual é o melhor modelo da Universidade do futuro.

Quais deveriam ser as prioridades do Estado por-tuguês e dos próprios profissionais do país no que toca à nutrição?

Apostar no preenchimento de lugares nas instituições de saúde e nos municípios para benefício da saúde das populações. Estado e instituições deveriam regular a formação, estimular a procura de cursos, incluindo os de curta duração, assegurando que estes são mi-nistrados e acreditados por instituições devidamente capacitadas para que facilmente possam ser reconhe-cidos na valorização pessoal e profissional, e controlar a abertura de novos cursos de acordo com as necessi-dades do país, sabendo que desequilíbrios da oferta/procura podem ter implicações no acesso ao emprego que, por sua vez, podem ter impacto no número má-ximo de novas admissões em cada ciclo de estudos, com eventuais prejuízos em vários sistemas, dado que

a empregabilidade é um dos mecanismos agora ado-tados para regular a oferta educativa nas instituições.

Que conselho deixa aos futuros ou novos profis-sionais?

Construir um futuro com uma base sólida no presen-te e no passado, e onde futuros e novos profissionais se habituem a procurar e partilhar conhecimento para reinventar uma universidade onde professores e in-vestigadores possam continuar a ser mentores dos mais jovens, por exemplo, até cerca dos 35 anos, é uma pequena sugestão com eventuais benefícios para mais novos e mais velhos.

VOZ ON

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P. 78 REVISTA ON #1

A ÉTICA NA INVESTIGAÇÃO

O Código Deontológico da Ordem dos Nutricionistas, aprovado pelo Regulamento n.º 511/2012, publicado na 2.ª Série do Diário da República de 27 de dezem-bro, considera que a atuação conduzida pela evidência científica e a atualização dos conhecimentos e das ca-pacidades científicas, técnicas e profissionais, são de-veres gerais dos nutricionistas e dietistas, conforme previsto nas alíneas d) e g) do seu artigo 4.º.

Nesta matéria, e no que toca à prática profissional, vai sendo despoletado o método científico na medida em que é inevitável a dúvida, a incerteza em relação a de-terminadas práticas, designadamente aquelas sobre as quais possa não existir a evidência científica sus-tentada e necessária.

Assim, quando se pretende testar o efeito de um re-gime alimentar, de um alimento, de um composto alimentar, ou outro, desejavelmente deverá ser de-senhado um estudo clínico de observação (do que já existe em aplicação, por exemplo um regime alimentar ou estilo de vida) ou de intervenção, implicando este que a intervenção seja a da introdução de um regime alimentar, alimento, ingrediente ou outro que, em de-terminado momento ou circunstância, não era pratica-do naquele grupo de indivíduos.

Conceição Calhau

Nutricionista, Docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Coor-denadora do grupo de investigação Pro-Nutri, na Unidade de Investigação CINTE-SIS, Coordenadora da PtCRIN Nutrição

Presidente da Comissão de Estágios dos Nutricionistas e membro do Conselho Ge-ral da Ordem dos Nutricionistas

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Os dados mundiais, em geral, e em particular os do nosso país, que não é exceção, espelham uma gran-de prevalência de deficiências alimentares, ou seja, de erros alimentares. Este panorama nacional que tanto preocupa e envolve os profissionais de saúde, tem contado com o comprometimento de uma indústria ali-mentar responsável, atenta, e que tenta responder ao problema, gerando ofertas alimentares, muitas delas promissoras do ponto de vista de saúde, fazendo-se, em muitas situações, alegações de saúde e/ou trata-mento de doença. Nos últimos 10 anos, assistiu-se a uma alteração do plano de vigilância nesta matéria alimentar, num esforço de aumentar as exigências em matéria de rotulagem, de toda e qualquer informação que possa constar do rótulo.

Nesta temática, a legislação europeia relativamente a rotulagem alimentar exige evidência uma científi-ca sustentada, nomeadamente, por investigação e ensaios clínicos, para que toda e qualquer alegação, ou outra forma mais velada de ser feita alegação de saúde ou de redução de risco de doença, que deve ser realizada, seja registada e publicada. No entanto, a le-gislação e as guidlines em matéria de ensaios clínicos com medicamentos ou dispositivos médicos é não só regulada, em Portugal pelo Infarmed, como tem legis-lação muito própria e definida.

Em matéria de estudos humanos com regimes alimen-tares, alimentos ou afins, existia até 2014 uma enor-me indefinição de posicionamento. Mais, considerava-se até que os participantes envolvidos nos estudos estavam ‘desprotegidos’. Em 16 de abril de 2014 foi publicada na 1.ª Série do Diário da República, a Lei n.º 21/2014 que regula a investigação clínica plasmando algum avanço no que diz respeito a esta matéria, pese embora o documento suscite ainda alguma reflexão na sua aplicação.

Esta Lei define, no seu artigo 2.º, «Estudo clínico ou estudo» como “qualquer estudo sistemático, condu-zido no ser humano ou a partir de dados de saúde individuais, destinado a descobrir ou a verificar a dis-tribuição ou o efeito de fatores de saúde, de estados

ou resultados em saúde, de processos de saúde ou de doença, do desempenho e, ou, segurança de in-tervenções ou serviços de saúde, através de aspetos biológicos, comportamentais, sociais ou organizacio-nais, incluindo, nomeadamente, os seguintes estudos: «Estudo clínico de regimes alimentares» (…) e «estudo clínico de terapêutica não convencional»”.

Se a existência deste documento sobre a investi-gação clínica foi sem dúvida um avanço importante, marcante, será ainda necessária reflexão adicional em matéria da sua aplicação aos estudos clínicos na área alimentar.

Primeiramente, e porque merece reflexão ética e deontológica, poderá não ser fácil o cumprimento do princípio da beneficência e da justiça, de todos terem acesso ao ‘tratamento’ (igualdade de oportunidade de participação), uma vez que em matéria de alimentação poderá ser difícil a aplicação da ‘hipótese nula’. Isto é, se poderá ser possível num ensaio clínico medicamen-toso comparar o efeito dum medicamento cuja vanta-gem sobre outros medicamentos já existentes não é conhecida, ou se não é reconhecida ainda a vantagem no tratamento duma determinada doença, e por isto, poder ser aleatorizada a intervenção, decidindo o in-vestigador que um grupo terá a intervenção teste e outro a intervenção de referência ou nenhuma inter-venção, na área do estudos clínicos com regimes ali-mentares, alimentos ou ingredientes que facilmente reconhecemos como benéficos para a saúde humana, difícil será para o investigador decidir que alguns dos participantes não terão acesso a este benefício. As-sim, os desenhos destes estudos devem sempre acau-telar este princípio.

Segundo, a obrigatoriedade de contratação de segu-ro de responsabilidade civil para o promotor e para o investigador poderá, no quadro atual, ser uma utopia. Para tal, basta vivenciar as dificuldades, por um lado no preenchimento dos formulários que as seguradoras exigem para a recolha de informação que entendem necessária para o cálculo do valor a assegurar, por ou-tro, na necessidade de as seguradoras estarem sensi-

ÉTICA EM INVESTIGAÇÃO

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P. 80 REVISTA ON #1

bilizadas para o assunto e entenderem como devem adaptar os seus serviços ao desenho destes estudos clínicos em particular.

Por último, da mesma forma que quem investiga e ob-tém resultados, avanços, os quer publicar para divulgar e disseminar, tendo até o dever de o fazer, em matéria de estudos em humanos, será um dever, como aliás vem plasmado no artigo 4.º da predita Lei, o registo do estudo/ensaio antes do recrutamento do primeiro participante. Na verdade, esta obrigatoriedade é im-portante considerando-se que será uma prioridade a proteção dos sujeitos de investigação, para que estes não corram riscos desnecessários em pesquisas sem justificação científica. Isto é, o registo em plataformas criadas para o efeito evita que, por exemplo, diferen-tes grupos de investigação, com a mesma ideia, ao mesmo tempo levem a cabo o mesmo estudo clínico. Esta situação acarretaria alguns constrangimentos no momento da publicação dos resultados, mas, mais im-portante que isto, criaria a duplicação desnecessária de participantes, pese embora muitas sejam as situa-ções em que a duplicação de estudos clínicos (multi-cêntricos, por exemplo) é desejável mas, nesses casos, programada.

Os estudos com alimentos trazem ainda a dificuldade, algumas vezes, no que diz respeito a detalhes proto-colares, ao possibilitar que o estudo seja cego, pois com frequência será difícil para o investigador e parti-cipante não identificar a intervenção, da mesma forma que regularmente será difícil construir um alimento/regime alimentar controlo ou placebo. Mais, nesta área poderá não ser fácil a verificação da adesão à inter-venção. Se por um lado com um medicamento poderá ser doseado um determinado marcador/metabolito na urina ou no sangue que permite provar o cumprimento do protocolo, nesta área esse processo poderá ser di-ficultado. É ainda importante entender a relevância de monitorizar a possível alteração dos hábitos alimen-tares (ou mesmo de estilos de vida) durante o estudo, pois estas modificações podem ser tão ou mais impor-tantes do que a própria intervenção em teste.

Por último, uma chamada de atenção para o concei-to de evidência sustentada. Se a evidência tem sido largamente discutida e explorada na matemática e na filosofia, nas áreas das ciências da saúde, e em par-ticular, ciências da nutrição, o conceito merece ainda muita discussão.

ÉTICA EM INVESTIGAÇÃO

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COMBATE À OBESIDADE INFANTIL INCLUÍDA COMO META DO PLANO NACIONAL DE SAÚDE

O novo Plano Nacional de Saúde para 2020, divulgado no dia 5 de junho deste ano pelo Ministério da Saúde, coloca o combate ao excesso de peso e à obesidade na população infantil e escolar como uma das quatro Metas de Saúde em Portugal, seguindo as recomenda-ções prestadas pela Ordem dos Nutricionistas. Como há muito tem sido advogado pela Ordem dos Nutri-cionistas, a Nutrição e a Alimentação devem estar no centro das políticas nacionais de saúde, assumindo-as como uma prioridade para a promoção de uma vida saudável junto da população portuguesa.

A colocação do combate à obesidade infantil como uma prioridade do Ministério da Saúde, em particular num país em que 50% dos adultos sofre de excesso de peso, contabilizando cerca de 1 milhão de obesos e 3,5 milhões de pré-obesos, é já um passo significativo

no reconhecimento da importância da Nutrição e da Alimentação para a saúde pública.

No entanto, será impossível combater de forma eficaz a obesidade infantil quando apenas 10% das autarquias portuguesas – as principais responsáveis pelo forneci-mento de refeições escolares – têm nutricionistas e die-tistas integrados nos seus quadros de pessoal.

Como tem sido defendido pela Ordem dos Nutricionis-tas, as autarquias necessitam de aumentar exponen-cialmente os nutricionistas e de dietistas integrados nas suas estruturas de modo a conseguirem salva-guardar a qualidade das refeições servidas nas canti-nas escolares e, desta forma, combater a prevalência da obesidade infantil.

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VOZ ON:VÍTOR HUGO TEIXEIRA

Para o docente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, as prioridades do Estado português em prol dos profissionais deveria passar por encarar a Nutrição como “a medicina do futuro”. Aos novos profissionais desafia--os a serem mais exigentes em relação a si próprios e aos que já se encontram no mercado desafia-os a tornar a “boa ciência” ao alcance da população. Sobre o proces-so de convergência destaca a importância de ser encarado mediante a perspetiva do utente e não do profissional.

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“No que toca à Nutrição, a narrativa do Estado deve-ria desviar-se da doença para se focar na promoção da saúde”

Que área da Nutrição apontaria como a mais promissora em ter-mos de empregabilidade e de crescimento?

Temos assistido, particularmente na última década, a uma expan-são avassaladora no conhecimento científico em Nutrição Humana e no reconhecimento público do Nu-tricionista. Neste contexto, prevejo uma necessidade progressivamen-te maior de profissionais, mas em que se destacarão aqueles com competências mais específicas em alguns subdomínios da Nutrição: no Envelhecimento, pela pressão demográfica, na Saúde Pública, pela pressão dos custos de doença, e no Desporto, pela pressão social.

Quanto ao processo de conver-gência da profissão de dietista para a profissão de nutricionis-tas, quais as suas expectativas?

Gosto da forma como a questão foi colocada; centrada na perspe-tivação e não na retrospeção. Foi um processo iniciado e conduzido por Órgãos com soberania legiti-mada em eleições, onde todos os Conselhos tiveram tempo e espaço para manifestarem a sua posição, pelo que me parece extemporâ-neo estar a recolocar determina-

VOZ ON

Nome Profissional: Vítor Hugo Teixeira

Número de Cédula: 1127N

Idade: 40

Onde vive atualmente: Paços de Ferreira

Ocupação Profissional: Professor Universitário

Formação Académica: Licenciatura em Ciências da Nutrição pela FCNAUP Mestrado em Controlo de Qualidade pela FFUP Doutoramento em Nutrição Humana pela FCNAUP

Que livro está a ler? Breve história de quase tudo, de Bill Bryson

Filme preferido? Os Condenados de Shawshank

Viagem de eleição? Austrália

Prato preferido? Ameijoas à Bolhão Pato

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das questões. Neste momento, parece mais sensato centrar esforços para que a convergência seja a mais adequada possível, mas na perspetiva do utente e não do profissional. A sociedade coloca e colocará desafios que impõem profissionais de competência e a Ordem tem o poder para criar instrumentos para que tal se verifique. Depois será um processo de seleção natural, onde a exigência colocada por esse crivo da Ordem - e o próprio mercado - validarão se determinadas forma-ções oferecem efetivamente maior preparação.

Quais os principais desafios que a Nutrição atual-mente enfrenta?

A notoriedade social que a profissão tem torna-a mui-to apetecível; irresistivelmente apetecível. Assistimos, constantemente, a tentativas de açambarcação ilegal do estatuto profissional por parte de pessoas que, ainda que legitimamente interessadas na área, não têm formação académica. Confundem a capacidade de pesquisa on-linecom a verdadeira investigação. E à enorme vantagem do acesso democrático à investi-gação científica corresponde, infelizmente, uma difu-são incontrolada de má informação sob um manto de aparente “cientificidade”. Mas o mais desolador é, para mim, alguns colegas contribuírem para esta dissemi-nação dessa informação sem a validarem criticamen-te. Obviamente que a ciência evolui, mas nem tudo que é novo é ciência. Mas os “académicos” também têm a obrigação perante a sociedade de divulgar boa ciência em meios mais acessíveis à população e não se restringirem apenas às revistas de e para colegas.

Quais deveriam ser as prioridades do Estado por-tuguês e dos próprios profissionais do país no que toca à nutrição?

Assumir a Nutrição como a medicina do futuro. Quan-do a narrativa do Estado desviar o foco da doença para a saúde, seremos únicos.

Que conselho deixa aos futuros ou novos profis-sionais?

Que sejam mais exigentes; com os docentes, com as

escolas, com os colegas, com as fontes de informação, com a sociedade, mas sobretudo com eles próprios. Em última análise, tudo depende deles. Todos querem ser os melhores, mas muito menos estão preparados para trilharem o caminho necessário para serem os melho-res. E “A inspiração existe, mas tem que nos encontrar a trabalhar” (Pablo Picasso).

VOZ ON

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REVISTA ON #1 P. 85

MELHORES HÁBITOS À MESA DARIAM MAIS ANOS DE VIDA AOS PORTUGUESES

O Relatório “A Saúde dos Portugueses: Perspetiva 2015” da Direção-Geral da Saúde destaca os fatores relacionados com a alimentação como aqueles que re-presentammais impacto na redução da esperança mé-dia da vida dos indivíduos da população portuguesa e na sua própria qualidade de vida.

Segundo o documento, não obstante da evolução po-sitiva da saúde dos portugueses, os hábitos alimenta-res inadequados (19%), a hipertensão arterial (17%) e o índice de massa corporal elevado (13%) encontram-se à cabeça dos fatores que mais têm condicionado o número de anos de vida de cada cidadão.

Para a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Ale-xandra Bento, «muito tem sido feito quanto à promo-ção de estilos de vida saudáveis, por exemplo, graças ao trabalho de programas como o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, mas muito há ainda a fazer, sobretudo quando as piores ilações

que se retiram do relatório podem ser revertidas com o apoio dos profissionais que exercem na área da nu-trição e da alimentação».

Alexandra Bento salienta ainda que «de entre os com-promissos para as políticas de prevenção primária tra-çados, nomeadamente a redução do sal na alimenta-ção, redução do tabagismo e a promoção do exercício físico e promoção do envelhecimento saudável, seria certamente impactante na saúde da população que constasse o compromisso de promoção da alimenta-ção saudável».

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VOZ ON:FERNANDO CARVALHO

A garantia do exercício das profissões exclusivamente por membros da Ordem, legal-mente reconhecidos como aptos para tal, é o principal desafio que a Nutrição enfrenta na perspetiva do Country Business Manager da Nestlé Nutrition Portugal, Fernando Realista Carvalho. Sobre o processo de convergência refere a importância de uma vi-são a longo prazo para o desenvolvimento da profissão, em detrimento de avaliação individual dos casos. Aos académicos aponta o dever de asseguraremo contato com a sociedadede formaa promoverem o conhecimento especializado reconhecido por outros técnicos e pelos consumidores.

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“Não percam tempo a dis-cutir quem tem mais habi-litações para o quê e uti-lizem essa energia para atingir a excelência dentro da área que escolherem”

Que área da Nutrição apontaria como a mais promissora em ter-mos de empregabilidade e de crescimento?

Creio que uma das áreas que po-derá vir a ser muito interessante para os futuros nutricionistas está relacionada com o Marketing Nutri-cional e a gestão da comunicação digital (Community Management). Uma outra área fundamental mas já mais conhecida é ade Regulatory Affairs (tanto do lado da industria como do lado das instituições go-vernamentais).

Quanto ao processo de conver-gência da profissão de dietista para a profissão de nutricionis-tas, quais as suas expectativas?

Gostaria que pudéssemos adotar uma posição convergente mesmo

que isso signifique um ou outro caso transitório de injustiça. De-vemos ter uma visão do que é im-

VOZ ON

Nome Profissional: Fernando Realista Carvalho

Número de Cédula: 0271N

Idade: 42

Onde vive atualmente: Lisboa

Ocupação Profissional: Country Business Manager - Nestlé Nutrition Portugal

Formação Académica: Licenciatura em Ciências da Nutrição pela Universidade do Porto; Mestrado em Marketing Farmacêuti-co (Univ. Lusiada Lisboa); Pós-graduação em Liderança Orga-nizacional (CatolicaLisbonSchoolof Business andEconomics).

Que livro está a ler? TheBigBangof Data, Vito di Bari

Filme preferido? O Nome da Rosa

Viagem de eleição? Rio de Janeiro (feito) e Perú (progra-mada)

Prato preferido? Ceviche

“Devemos ter uma visão do que é importante para a profissão a longo prazo e não avaliar casos indivi-duais”

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portante para a profissão a longo prazo e não avaliar casos individuais.

Quais os principais desafios que a Nutrição atual-mente enfrenta?

O principal desafio relaciona-se com o fato de cada vez mais a nutrição ser um tema atual e cuja divulgação é cada vez mais generalizada. O desafio é o mesmo que apresentam todas as ciências médicas: todos sabem algo de nutrição, todos ouviram falar de algo e pode-mos correr o risco de ter “ falsos especialistas”. Um bom exemplo são os bloggers.Por outro lado, também acho que os académicos devem assegurar que mantêm um contato regular com a realidade, com a sociedade, para tornar o conhecimento especializado reconhecido por outros técnicos e pelos consumidores.

Quais deveriam ser as prioridades do Estado por-tuguês e dos próprios profissionais do país no que toca à nutrição?

Assegurar que os profissionais inscritos na Ordem se-jam os únicos autorizados a exercer e criar condições para o acesso a estes profissionais por parte de todos os grupos populacionais, sobretudo a montante, na prevenção. Só assim será possível criar gerações mais saudáveis no futuro.

Que conselho deixa aos futuros ou novos profis-sionais?

Sejam rigorosos e trabalhadores, não percam tempo a discutir quem tem mais habilitações para o quê e uti-lizem essa energia para atingir a excelência dentro da área que escolherem (felizmente a Nutrição permite muitas).

VOZ ON

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REVISTA ON #1 P. 89

Vamos pôr a nutrição na ordem.

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

Quer saber mais sobre alimentação e nutrição?Consulte um membro da Ordem dos Nutricionistas.

Pela sua saúde não corra riscos.

Assegure-se que o seu nutricionista ou dietistaé um profissional inscrito. Encontre-o emwww.vamosporanutricaonaordem.com

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P. 90 REVISTA ON #1

A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Alejandro Santos, Vogal do Conselho Jurisdicional Lino Mendes, Vogal do Conselho JurisdicionalMaria Palma Mateus, Vogal do Conselho JurisdicionalNair Mota, Advogada da Ordem dos NutricionistasPedro Graça, Presidente do Conselho JurisdicionalSandra Lourenço, Vogal do Conselho Jurisdicional

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REVISTA ON #1 P. 91

PÁGINA DO CONSELHO JURISDICIONAL

John Drury define a expressão e-Saúde, tradução li-teral do termo e-Health, como “(…) um espectro alar-gado de aplicações informáticas para facilitar a gestão e a prestação de cuidados de saúde, incluindo a disse-minação de informações relacionadas com a saúde, o ar-mazenamento e troca de dados clínicos, a comunicação inter-profissional, a interacção doente-prestador supor-tada pelo computador, a educação, as redes de saúde e a telemedicina”.1 Por sua vez, a Organização Mundial de Saúde (OMS) descreve e-Saúde como o uso de tecno-logias da informação e comunicação no setor da saúde e considera-a como uma das áreas de maior cresci-mento na saúde atualmente, por centralizar numa só área, os temas de ciências da saúde e das ciências da informática, informação e telecomunicações.2

Em Portugal, a intensificação da utilização das tecno-logias de informação e comunicação3 na área da saúde tem espelhado a evolução científica vivenciada nos últimos anos, revolucionado tanto diversas práticas clínicas, como a relação entre os clientes e os profis-sionais de saúde que as utilizam.4 No entanto, este não é apenas um fenómeno nacional. Já em 2006, Ammenwerth, Iller e Mahler defendiam a necessidade global do apoio das TIC na área da saúde: “A introdu-ção de TIC pode afectar radicalmente as organizações de saúde e os resultados e funcionamento dos cuidados de saúde. É evidente que a utilização das modernas TIC oferecem tremendas oportunidades para apoiar os pro-fissionais de saúde e para aumentar a eficiência, efecti-vidade e apropriação dos cuidados de saúde (…) o que se observa em todo o caso é que os efeitos objectivos de um mesmo sistema de comunicação e informação pode ser bastante diferenciado de local para local”.5

Muito se tem inovado na saúde em Portugal e a utiliza-ção das novas tecnologias tem assumido um papel de destaque. Consideramos que a área da nutrição não é exceção a esta utilização, e vem-se assistido, efetiva-mente, a um contínuo desenvolvimento e difusão das TIC6 capaz de gerar benefícios para os nutricionistas e dietistas, assim como para os clientes dos serviços prestados por estes profissionais, como acontece em muitas das outras áreas da saúde.

No entanto, a Ordem dos Nutricionistas não é alheia ao facto de que a utilização destas tecnologias po-derá, eventualmente, alterar a essência do exercício da profissão de nutricionista e de dietista. Assim, é imprescindível que os serviços prestados pelos nu-tricionistas e pelos dietistas salvaguardem, sempre, o cumprimento dos deveres e responsabilidades, no-meadamente éticos e deontológicos, quer presencial-mente, quer através de instrumentos online.

Deste modo, acompanhando a tendência crescente na utilização das TIC na área da saúde, e no fito da emissão do respetivo posicionamento quanto a esta utilização, a Ordem dos Nutricionistas:

a) Realizou um inquérito aos seus membros, pelo qual concluiu que um número substancial de profissio-nais, apesar de considerar vir a utilizar ou continuar a utilizar estas tecnologias, não deixa de identificar os riscos relacionados, designadamente, com a pro-teção de dados, confidencialidade, ou utilização por pessoas alheias, assim como de reconhecer proble-mas como uma eventual redução da qualidade do processo, impossibilidade de avaliação antropomé-trica diretamente por um profissional habilitado, e ainda a reação do cliente, nomeadamente, na ajuda da interpretação dos dados;

b) Debateu publicamente o tema “Consultas online”, inserido no projeto “Ideias em Ordem”, tendo sido consensual entre os participantes da referida reu-nião , que as vantagens da utilização das TIC na área da nutrição respeitam ao acompanhamento da evolução tecnológica, ao benefício económico para ambas as partes, ao encurtamento das distâncias e das barreiras associadas às deslocações das pes-soas, à resposta rápida às solicitações do cliente, ao conforto do cliente e do prestador do serviço, e à resposta a maior número de pessoas, a que se contrapõem as desvantagens relacionadas com a concorrência desleal, a indefinição do ato de consul-ta (nomeadamente consulta de nutrição clínica), a inadequação do diagnóstico e/ou primeira consulta, a diminuição do rigor (uma vez que a informação é

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P. 92 REVISTA ON #1

prestada sem possível visionamento do prestador do cuidado clinico) e a limitação da qualidade da avaliação e da reavaliação em termos de objetivida-de e efetividade.

Não se puderam descurar os desafios que importa en-frentar e/ou implementar, como a confidencialidade, a fiscalização do serviço, a utilização/criação de plata-formas específicas, o pragmatismo e democratização do processo, a definição de atos profissionais que deverão exigir a presença do cliente, a definição de linhas de orientação para os cuidados base e a auten-ticação do profissional.

Por fim, estabeleceram-se os princípios orientadores primordiais que devem guiar a atuação dos profissio-nais que façam uso das TIC, a saber (e reter): o rigor da prática profissional, a possibilidade de responsabi-lização, a manutenção das obrigações semelhantes às respeitantes ao contacto presencial ou por videocon-ferência e, por fim, a relevância dos registos.

Neste sentido, o Conselho Jurisdicional da Ordem dos Nutricionistas debruçou-se sobre este tema e consi-derando as vantagens, as desvantagens, os desafios e os princípios orientadores da utilização das TIC, defi-niu as seguintes linhas de orientação:

Em qualquer das situações em que se utilize as TIC, é obrigatório o cum-primento do Código Deontológico da Ordem dos Nutricionistas, nomeada-mente dos deveres gerais, deveres es-pecíficos, e dos referentes ao relacio-namento com clientes e colegas;

PÁGINA DO CONSELHO JURISDICIONAL

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O apoio realizado deve garantir o for-necimento do melhor serviço com os recursos ao seu alcance;

É obrigatório que o fornecimento do serviço garanta uma escolha informada;

Deve ser assegurado um acordo que ga-ranta a privacidade e confidencialidade do cliente, mas também do profissional, estando definidas previamente as regras no registo de todo o tipo de informação;

O diagnóstico nutricional deve ser efe-tuado presencialmente;

No que à privacidade diz respeito, é im-portante que o profissional e o cliente tenham a noção de que este tipo con-tacto, através da internet, nunca é to-talmente seguro, sendo que ambos de-verão encontrar soluções que garantam a privacidade e a confidencialidade;

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PÁGINA DO CONSELHO JURISDICIONAL

Pelo exposto, o Conselho Jurisdicional da Ordem dos Nutricionistas considera que, desde que salvaguarda-das as questões éticas e deontológicas e as orienta-ções já referidas, as TIC possam ser utilizadas como ferramentas de trabalho e de acompanhamento do cliente, de informação e de registo, no intuito de promover uma melhoria da gestão da informação, do acesso aos cuidados de saúde, da continuidade dos serviços, da contenção de custos, e, consequentemen-te, de proporcionar estilos de vida (mais) saudável a um número alargado de pessoas.

Concluindo, “a saúde em linha (on-line) desempenha um papel claro na estratégia eEurope da União Euro-peia e é fundamental para intensificar o crescimento e criar empregos altamente qualificados numa econo-mia dinâmica baseada no conhecimento (…). Para se poder avançar, será necessário agir em vários domí-nios políticos importantes, desde a investigação e a implantação de redes de banda larga nas telecomu-nicações até medidas no domínio da saúde pública e ações a realizar nos Estados-Membros para promover a mobilidade e avaliar as implicações que o envelheci-mento da população na Europa tem nos sistemas de saúde”.7

7

8

9

1. Drury, J., & Reicher, S. (2005). Explaining enduring empowerment: A comparative study of collective action and psychological outco-mes. European Journal of Social Psychology.

2. World Health Organization. eHealth – Tools & Services. Needs of the Member States. Report of the WHO Global Observatory for eHealth. Geneva; 2006.

3. Doravante abreviadamente designadas por TIC.

4. Vide Despacho do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde n.º 3571/2013 de 6 de março, que determina a intensifi-cação da utilização das tecnologias de informação e comunicação de forma a promover e garantir o fornecimento de serviços de telemedicina aos utentes do Serviço Nacional de Saúde.

5. Ammenwerth, Elske, Iller, Carola e Mahler, Cornélia (2006), “IT-a-doption and the interaction of task, technology and individuals: a fit framework and a case study”, in BMC Medical Informatics and Decision Making.

6. Através, nomeadamente, de plataformas online como email, skypeTM, aplicações informáticas, smartphones, telemóveis, re-des sociais, blogues, entre outras.

7. COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS (2004), Bruxelas, 30.4.2004, Saúde em linha –– melhorar os cuidados de saúde para os cidadãos europeus: Plano de ação para um espaço europeu da saúde em linha.

É ainda essencial que, independente-mente da prestação de serviços online, o profissional disponha de um endere-ço físico, bem como facilite meios que o possam identificar de forma clara e inequívoca junto do cliente e da Ordem dos Nutricionistas;

Para salvaguarda do interesse público, do cliente e dos profissionais, é indis-pensável que as entidades emprega-doras identifiquem de forma clara o profissional que assegura um serviço online.

Importa sublinhar que não estará em causa uma opção entre uma interven-ção presencial ou à distância, mas sim o reconhecimento que esta última poderá contribuir para um adequado cuidado nutricional ou serviço, na resolução de problemas de clientes que, de outro modo, ficariam sem um apoio diferen-

ciado de um nutricionista ou dietista.

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AGENDA:ORDEM DOS NUTRICIONISTAS1º SEMESTRE 2015

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AGENDA ON

5 Seg. Presidente da Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel

6 Ter. Vice-Reitora da Universidade dos Açores Receção ao Ano Novo Palácio de Sant’ana

7 Qua. Diretor Ciências Agrárias da Universidade dos Açores Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

8 Qui. Secretário Regional de Saúde da Região Autónoma dos Açores Chefe De Gabinete do Secretário Regional da Educação e da Cultura da Região Autónoma dos Açores Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

9 Sex. Presidente da Câmara de Ponta Delgada Presidente da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel Conselho de Administração do Hospital Divino Espírito Santo Sessão Solene Comemorativa do 39º Aniversário da Universidade dos Açores

12 Seg. Dia da Escola da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa, em representação: Dra. Graça Raimundo 12-16 Jan: Seminário de Ética e Deontologia Profissional para Estagiários

14 Qua. Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

15 Qui. Elementos da Associação Nacional de Farmácias

16 Sex. Tomada de Posse dos Revisores Oficiais de Contas, em representação: Dra. Graça Raimundo Grupo de trabalho para o referencial da formação académica do nutricionista da Ordem dos Nutricionistas

19 Seg. Tarde ON – Professor Sobrinho Simões “Nutrição e Cancro”

20 Ter. Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

21 Qua. Diretor do Programa Captain Apple, em Representação: Dra. Débora Cláudio Investigadores do Centro de Investigação de Politicas do Ensino Superior – Estudo da Empregabilidade dos Membros da Ordem dos Nutricionistas, em Representação: Dra. Helena Ávila

Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

26 Seg. Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

27 Ter. Terça-Técnica Pharmanord Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

28 Qua. Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

29 Qui. Presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas

31 Sab. Direção Conselho Geral

REUNIÕES DA BASTONÁRIA 2015 PRESENÇA EM EVENTOS REUNIÕES DOS ÓRGÃOS REUNIÕES DE COMISSÕES GABINETE DE ESTÁGIOS DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS ATIVIDADES ON

JANEIROGrupo de trabalho para o referencial da formação académica do nutricionista da Ordem dos Nutricionistas

A Direção da Ordem dos Nutricionistas consciente das diferenças, mas também das semelhanças, existentes entre as várias licenciaturas que darão acesso à profissão de nutricionista, entende que deverá a Ordem dos Nutricionistas de-senvolver um referencial que estabeleça os requisitos a que devem responder os planos de estudo das licenciaturas que facultam o acesso à profissão, por forma a garantir uma plataforma mínima de qua-lidade e harmonia entre o que se pretende que seja a formação de nutricionistas em Portugal. Assim, criou um Grupo de Traba-lho para o desenvolvimento do Referencial da formação académica do nutricionista da Ordem dos Nutricionistas. Fazem parte deste Grupo de Trabalho: Alexandra Ben-to, Catarina Sousa Guerreiro, Conceição Calhau, Helena Ávila, Joana Sousa, Tânia Cordeiro e Vera Ferro Lebres. A este Gru-po de Trabalho verão ser integrados um representante de todos os Estabelecimen-tos de Ensino Superior que leccionam as licenciaturas conducentes à inscrição na Ordem dos Nutricionistas

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P. 96 REVISTA ON #1

AGENDA ON

Reunião Conselho Consultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior

Decorreu no passado dia 11 de fevereiro a primeira reunião de 2015 do Conselho Con-sultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), Conselho que a Ordem dos Nutricionistas integra na pessoa da sua Bastonária. Este Conselho é um órgão de aconselhamento em matéria de garantia da qualidade do ensino superior e de apoio às decisões do Conselho de Administração, ten-do como competência emitir pareceres sobre o plano anual de atividades e sobre as grandes linhas de atuação e de orientação estratégica da Agência. Além dessa competência, a Ordem dos Nutricionistas deverá emitir parecer quan-to a todos os Ciclos de Estudos que preten-dem formar nutricionistas ou dietistas.

Reunião Conselho Consultivo do Observatório do Emprego da Universidade do Porto

A Ordem dos Nutricionistas, na pessoa da sua Bastonária, integrou o Conselho Consultivo do Observatóro do Emprego da Universidade do Porto, tendo decorrido a sua primeira reunião no passado dia 12 de fevereiro. A constituição deste Conselho Consultivo visa propor políti-cas, elaborar recomendações, contribuir para o diagnóstico e prevenção de problemas de emprego e formação profissional, bem como, promover a realização de estudos e outras iniciativas no âmbito da sua área de interven-ção, com o objetivo de analisar a integração e o percurso profissional dos diplomados pela Universidade do Porto no mercado de traba-lho.

FEVEREIRO6 Sex.

Presidente do Conselho de Administração Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira Secretário Regional da Educação da Região Autónoma da Madeira Apresentação do Projeto Quinta dos Marcos, Fundação Raríssimas, em representação: Dra. Beatriz Oliveira Sessão de esclarecimento sobre o processo de convergência

11 Qua. Conselho Consultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior

12 Qui. Conselho Consultivo do Observatório do Emprego da Universidade do Porto

16 Seg. 16-20 Fev: Seminário de Ética e Deontologia Profissional para Estagiários

20 Sex. Cerimónia de Tomada de Posse do Conselho Diretivo da ARS Norte

23 Seg. Conselho Nacional das Ordens Profissionais

24 Ter. Presidente da Administração Central do Sistema de Saúde

26 Qui. Presidente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

27 Sex. Direção

REUNIÕES DA BASTONÁRIA 2015 PRESENÇA EM EVENTOS REUNIÕES DOS ÓRGÃOS REUNIÕES DE COMISSÕES GABINETE DE ESTÁGIOS DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS ATIVIDADES ON

Page 97: Revista ON 01 2015

REVISTA ON #1 P. 97

3 Ter. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde Ministro da Saúde Inauguração da “Mesa Portuguesa” Do INATEL, em representação: Dra. Maria Paes de Vasconcelos

5 Qui. IV Jornadas de Ciências da Nutrição do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz

9 Seg. 09-13 Mar: Seminário de Ética e Deontologia Profissional para Estagiários

10 Ter. Gabinete Jurídico do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde Comemorações do Dia Internacional da Mulher da Ordem dos Advogados

11 Qua. Representante da Nestlé e Representante do Grupo de Comunicação GCI

12 Qui. Empresa Gnoses, em Representação: Dra. Graça Ferro Grupo Parlamentar PCP

13 Sex. Seminário Ethics and Psychology European Conference da Ordem dos Psicólogos Tertúlia Integrada no 1º Aniversário Atmosfera M Grupo de trabalho para o referencial da formação académica do nutricionista da Ordem dos Nutricionistas

16 Seg. Conselho Fiscal

17 Ter. Comissão de Acompanhamento da Informatização Clínica - GT Profissionais de Saúde, em representação: Dra. Graça Ferro

18 Qua. Dia da Escola da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra

19 Qui. Representantes da Ordem dos Enfermeiros, em representação: Dra. Graça Ferro Grupo Parlamentar do BE Grupo Parlamentar CDS/PP V Semana de Nutrição da Universidade Atlântica

20 Sex. Direção Curso de Elaboração e Publicação de Artigos Científicos

21 Sab. Conselho Geral

23 Seg. Diretor do Programa de Promoção de Alimentação Saudável, em representação: Dra. Débora Cláudio Conselho Nacional das Ordens Profissionais

24 Ter. Presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Psicólogos

25 Qua. Sessão Solene Comemorativa do Dia da Universidade do Porto

26 Qui.  XXV Congresso da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto  Comemorações do Dia Mundial da Água da Câmara Municipal do Porto

27 Sex. Auscultação de Stakeholders da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa Conselho Jurisdicional

31 Ter. Projeto Piloto Avaliação - Organização Mundial de Saúde, em representação: Dr. José Camolas

REUNIÕES DA BASTONÁRIA 2015 PRESENÇA EM EVENTOS REUNIÕES DOS ÓRGÃOS REUNIÕES DE COMISSÕES GABINETE DE ESTÁGIOS DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS ATIVIDADES ON

MARÇOReunião com o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde

No âmbito da alteração dos Estatutos da Ordem dos Nutricionistas que contempla a convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista, a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas reuniu com o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, na qual apresentou a proposta de alteração aprovada na reunião de Con-selho Geral a 31 de janeiro de 2015.

Reunião Ministro da Saúde

No âmbito da alteração dos Estatutos da Ordem dos Nutricionistas que contempla a convergência da profissão de dietista para a profissão de nutricionista, a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas reuniu com o Ministro da Saúde, na qual apresentou a proposta de alteração aprovada na reu-nião de Conselho Geral a 31 de janeiro de 2015. Nesta reunião o Ministro demons-trou preocupação, tendo-se comprometido a analisar esta proposta a fim de ser apro-vada em próxima reunião do Conselho de Ministros.

AGENDA ON

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P. 98 REVISTA ON #1

AGENDA ON

Reunião Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Plano Nacional de Saúde 2012-2016

Realizou-se a 10 de abril mais uma reunião do Conselho Consultivo e de Acompanhamen-to do Plano Nacional de Saúde 2012-2016, na qual o Dr. José Camolas participou em re-presentação da Bastonária da Ordem dos Nutricionistas. este Conselho visa garantir o acompanhamento do Plano Nacional de Saú-de e a participação comunitária, reunindo pelo menos duas vezes por ano. A Ordem dos Nu-tricionistas é parte integrante deste Conselho bem como outros representantes da socieda-de civil, entidades públicas, privadas e parcei-ros sociais do Ministério da Saúde.

Reunião Secretário de Estado da Saúde

A Bastonária reuniu com o Secretário de Es-tado da Saúde no passado dia 16 de abril de-monstrando, uma vez mais, a sua preocupação sobre a escassa presença dos nutricionistas e dos dietistas no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente nos Cuidados de Saúde Pri-mários e Hospitalares. Nesta reunião, a Bas-tonária questionou o Secretário de Estado da Saúde quanto ao ponto de situação dos procedimentos concursais na Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro e Norte, tendo alertado para a situação precária dos colegas nessas ARS.

Reunião Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho Integrada na Comitiva do CNOP

No âmbito da alteração estatutária das Ordens Profissionais prevista pela Lei n.º 2/2013 de 10 de janeiro, a Bastonária integrou a Comi-tiva do Conselho Nacional das Ordens profis-sionais para audiência no dia 29 de abril na Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho. Nesta reunião foram discutidas as preocupações transversais a todas as Ordens Profissionais relacionadas com as alterações estatutárias previstas, nomeadamente os atrasos na sua publicação.

ABRIL1 Qua.

Seminário de nutrição e desporto

7 Ter. Comemorações do Dia Mundial da Saúde da DGS: “Alimentos Seguros Melhor Saúde” Comemorações do Dia Mundial da Saúde da Ordem dos Nutricionistas: “Segurança Alimentar”: Porto e Lisboa

8 Qua. Prémio BIAL 2014

9 Qui. Reunião da Comissão Técnica de Admissão

10 Sex. Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Plano Nacional de Saúde 2012-2016, em representação: Dr. José Camolas

Grupo de trabalho para o referencial da formação académica do nutricionista da Ordem dos Nutricionistas

13 Seg. Grupo Parlamentar do Partido Socialista Grupo de trabalho para a terminologia em nutrição da Ordem dos Nutricionistas e serviços partilhados do Ministério da Saúde

14 Ter. Partido Socialista

16 Qui. Secretário de Estado da Saúde Reunião da Comissão de Estágios dos Nutricionistas

20 Seg. Conferência: “As Cidades e a Diabetes: Um Compromisso para a Prevenção”

21 Ter. Mesa Redonda Sonae: “TH!NK FRESH’ 15”

23 Qui. XI Ciclo Conferências Instituto Superior de Ciências da Saúde Norte: “O Diagnóstico do Erro” VI Jornadas de Nutrição do Instituto Superior de Ciências da Saúde Norte Provas de habilitação profissional

24 Sex. Conselho Jurisdicional Direção

27 Seg. Conselho Nacional das Ordens Profissionais

28 Ter. Sessão – “Mês do Coração”, em representação: Dr. Rui Lima Cerimónia de compromisso profissional

29 Qua. Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho Integrada na Comitiva do CNOP Reunião da Comissão de Estágios dos Dietistas

30 Qui. Conselho Consultivo do Observatório do Emprego da Universidade do Porto, em representação: Dra. Tânia Cordeiro

Conferência: “Governação em Saúde – Uma Abordagem de Acordo com a Estratégia Health 2020”, em represen-tação: Dr. José Camolas

Provas de habilitação profissional

REUNIÕES DA BASTONÁRIA 2015 PRESENÇA EM EVENTOS REUNIÕES DOS ÓRGÃOS REUNIÕES DE COMISSÕES GABINETE DE ESTÁGIOS DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS ATIVIDADES ON

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REVISTA ON #1 P. 99

4 Seg. Sessão de Lançamento do Selo de Reconhecimento de Práticas e Atos pelo Desperdício Alimentar Zero - PRA-TØ, em representação: Dra. Graça Raimundo

Doutoramento Honoris Causa Gary C. K. Huang, em representação: Dra. Graça Raimundo 04-08 Mai: Seminário de Ética e Deontologia Profissional para Estagiários

6 Qua. Grupo de Acompanhamento para a Salvaguarda e Promoção da Dieta Mediterrânica

7 Qui. Almoço na Fundação Calouste Gulbenkian para Apresentação do Relatório “Um Futuro para a Saúde em Portugal” Mesa Redonda da Conferência de Apresentação do Observatório da Nutrição e da Alimentação em Portugal da Premivalor

Grupo de trabalho para a terminologia em nutrição da Ordem dos Nutricionistas e serviços partilhados do Ministério da Saúde

8 Sex. Apresentação Pública de Resultados de Desemprenho do Aces Porto Oriental, em representação: Dra. Débora Cláudio

9 Sab. Conselho Geral

11 Seg. Provas de habilitação profissional

12 Ter. Audição no Grupo de Trabalho que altera o estatuto das Ordens Profissionais da Comissão de Segurança Social e Trabalho

13 Qua. II Semana da Nutrição Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em representação: Prof. Doutora Joana Sousa

14 Qui. Comemorações dos “600 Anos Das Tripas” Provas de habilitação profissional

15 Sex. Sessão “40 Anos da Farmácia e Cultura” da Associação Nacional das Farmácias

18 Seg. Conselho Nacional das Ordens Profissionais

19 Ter. Cerimónia de Comemoração do Dia do Advogado, em representação: Dra. Clara Matos Lançamento do Livro “Médicos Ilustres da Minha Cidade”

21 Qui. Conselho Consultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior XIV Congresso de Nutrição e Alimentação da Associação Portuguesa de Nutricionistas Assinatura do Compromisso “Prevenir Desperdício Alimentar” da Secretaria de Estado da Alimentação e Investigação

25 Seg. Provas de habilitação profissional

27 Qua. II Jornadas de Obesidade Infantil da Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel, em representação: Dra. Débora Cláudio Grupo de trabalho para o referencial da formação académica do nutricionista

28 Qui. Tomada de Posse da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Univer-sidade do Porto

Provas de habilitação profissional

29 Sex. Direção

REUNIÕES DA BASTONÁRIA 2015 PRESENÇA EM EVENTOS REUNIÕES DOS ÓRGÃOS REUNIÕES DE COMISSÕES GABINETE DE ESTÁGIOS DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS ATIVIDADES ON

MAIOAudição no Grupo de Trabalho que altera o estatuto das Ordens Profissionais da Comissão de Segurança Social e Trabalho

A 12 de maio de 2015 o Grupo de Trabalho constituído para alterar o Estatuto das Ordens Profissionais promoveu a audição parlamentar da Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, que se encontra disponível para  visualiza-ção (ou apenas áudio).

A continuará a acompanhar de perto este pro-cesso legislativo e dará conta dos inerentes desenvolvimentos a todos os seus membros.

AGENDA ON

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P. 100 REVISTA ON #1

AGENDA ON

Reunião Presidente da União das Misericórdias Portuguesas

No passado dia 9 de junho a Bastonária reuniu com o Presidente da União das Misericórdias a fim de encetar uma parceria entre ambas as instituições, nomeadamente através do esta-belecimento de um protocolo.

Reunião Representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

No passado dia 13 de junho a Bastonária reu-niu com o Representante da Organização das Nações Unidades para a Alimentação e Agri-cultura, (FAO) a fim de encetar uma parceria entre ambas as instituições.

Reunião Presidente do INFARMED

A Bastonária demostrou ao Presidente do INFARMED no passado dia 15 de junho, a sua preocupação quanto às consultas de nutrição. Nesta reunião, a Bastonária deu conta dos pa-receres da Entidade Reguladora da Saúde e da Associação Nacional de Farmácias quanto à legalidade das consultas de nutrição nas Far-mácias, tendo sido entendimento encetar a colaboração entre a Ordem dos Nutricionistas e o INFARMED para o estabelecimento de um posicionamento conjunto a este respeito, na salvaguarda da nutrição em Portugal

Reunião Secretário de Estado da Saúde

No passado dia 25 de junho da Bastonária deu conta ao Secretário de Estado da Saúde da sua preocupação quanto à restruturação da carrei-ra de Técnico Superior de Saúde no Sistema Nacional de Saúde, nomeadamente da neces-sidade da criação da carreira de nutricionista, em moldes idênticos à carreira farmacêutica e carreira de psicólogo. O Secretário de Estado da Saúde comprometeu-se com a Bastonária de que a avançar a restruturação da carreira

JUNHO1 Seg.

Dia da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Seminário de Legislação, Ética e Deontologia profissional para membros efetivos

2 Ter. Seminário “Um novo Contrato Social para a Farmácia”, na Assembleia da República, da Associação Nacional de Farmácias

3 Qua. Comissão Executiva do Grupo Trivalor

4 Ter. Comissão de alimentação coletiva e restauração da Ordem dos Nutricionistas Comissão de investigação em alimentação e nutrição da Ordem dos Nutricionistas Comissão de nutrição clínica da Ordem dos Nutricionistas Comissão de nutrição comunitária e saúde pública da Ordem dos Nutricionistas Comissão de tecnologia, inovação e marketing alimentar da Ordem dos Nutricionistas Grupo de trabalho para a reflexão sobre os cuidados de saúde primários da Ordem dos Nutricionistas Grupo de trabalho para a reflexão sobre os cuidados de saúde hospitalares da Ordem dos Nutricionistas

5 Sex. Conselhos Consultivos - Apresentação da Publicação 35 Anos do SNS Sessão Comemorativa dos 30 Anos da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa Seminário “Nutrição em cuidados paliativos” integrado no Ciclo de Seminários Nutrição Hospitalar da Ordem dos Nutricionistas

8 Seg. Grupo de trabalho para o referencial da formação académica do nutricionista da Ordem dos Nutricionistas

9 Ter. Presidente da União das Misericórdias Portuguesas

11 Qui. Seminário de Legislação, Ética e Deontologia profissional para membros efetivos

12 Sex. Grupo de trabalho para a terminologia em nutrição da Ordem dos Nutricionistas e serviços partilhados do Ministério da Saúde

Seminário “Uma Comunidade… com Nutrição e Saúde”, integrado no Ciclo de Seminários Nutrição Comunitária da Ordem dos Nutricionistas

13 Sab. Representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

15 Seg. Presidente do INFARMED Apresentação do Estudo “Desempenho Clínico dos Hospitais do SNS em 2008-2013” Grupo de trabalho para a terminologia em nutrição da Ordem dos Nutricionistas e serviços partilhados do Ministério da Saúde

15-19 Jun: Seminário de Ética e Deontologia Profissional para Estagiários

16 Ter. Sessão Pública do Projeto PEN-3S (Portuguese Elderly Nutritional Status Surveillance System), em representação: Prof. Doutora Joana Sousa

17 Qua. Reunião da Comissão Técnica de Admissão Reunião da Comissão de Estágios dos Nutricionistas

18 Qui. Conselho Consultivo do Observatório do Emprego da Universidade do Porto, em representação: Dra. Tânia Cordeiro

Sessão “Inovação como um Direito dos Portugueses”, do Boston Consulting Group, em representação: Prof. Doutora Joana Sousa

Seminário de Legislação, Ética e Deontologia profissional para membros efetivos Provas de habilitação profissional

22 Seg. Reunião da Comissão de Estágios dos Dietistas Provas de habilitação profissional

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REVISTA ON #1 P. 101

JUNHO

AGENDA ON

de Técnico Superior de Saúde, que a mesma implicaria a criação no mesmo momento das três carreiras supracitadas.

Comissão de tecnologia, inovação e marketing alimentar da Ordem dos Nutricionistas

A Direção da Ordem dos Nutricionistas criou a Comissão de Alimentação Coletiva e Restaura-ção, a Comissão de Investigação em Alimenta-ção e Nutrição, a Comissão de Nutrição Clínica, a Comissão de Nutrição Comunitária e Saúde Pública e a Comissão de Tecnologia, Inovação e Marketing Alimentar com o desígnio de dar um contributo para um pensamento estratégi-co a médio prazo sobre a atuação profissional, bem como auxiliar a Direção no estabeleci-mento de pareceres técnico-cientificos e na definição de guidelines de desempenho pro-fissional. Estas comissões reunião no dia 4 de junho, numa reunião conjunta.

Grupo de trabalho para a reflexão sobre os cuidados de saúde hospitalares da Ordem dos Nutricionistas

O Serviço Nacional de Saúde em Portugal está a sofrer uma forte restruturação, nomeada-mente no que respeita à área da Nutrição. Assim, a Direção da Ordem dos Nutricionis-tas criou o Grupo de Trabalho para a reflexão dos Cuidados de Saúde Primários e o Grupo de Trabalho para a reflexão dos Cuidados de Saúde Hospitalares a fim de auxiliar a Direção no estabelecimento de estratégias a curto ou médio prazo para o papel dos nutricionistas e dos dietistas no Serviço Nacional de Saúde.

25 Qui. Secretário de Estado da Saúde Provas de habilitação profissional

26 Sex. Conselho Nacional das Ordens Profissionais Direção

30 Ter. Seminário de Legislação, Ética e Deontologia profissional para membros efetivos

REUNIÕES DA BASTONÁRIA 2015 PRESENÇA EM EVENTOS REUNIÕES DOS ÓRGÃOS REUNIÕES DE COMISSÕES GABINETE DE ESTÁGIOS DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS ATIVIDADES ON

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P. 102 REVISTA ON #1

Vamos pôr a nutrição na ordem.

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

Quer saber mais sobre alimentação e nutrição?Consulte um membro da Ordem dos Nutricionistas.

Pela sua saúde não corra riscos.

Assegure-se que o seu nutricionista ou dietista é um profissional inscrito. Encontre-o em www.vamosporanutricaonaordem.com

Page 103: Revista ON 01 2015

REVISTA ON #1 P. 103

A ORDEM DOS NUTRICIONISTAS EM NÚMEROS

O número de membros da Ordem dos Nutricionistas, como seria de esperar, tem vindo a aumentar desde a abertura das inscrições em 22 de novembro de 2011.

Os dados aqui apresentados serão referentes à data de 31 de dezembro de 2014, mo-mento em que se encontravam inscritos como membros da Ordem dos Nutricionistas 2601 profissionais, nutricionistas e dietistas, estagiários e efetivos.

Page 104: Revista ON 01 2015

P. 104 REVISTA ON #1

Até à data, a Ordem dos Nutricionis-tas contava com 1696 membros nu-tricionistas e 905 membros dietis-tas, com uma proporção que se tem mantido sensivelmente constante ao longo do tempo (Gráfico 1).

Dos 65% de membros inscritos como nutricionistas, 59% são membros efetivos (1540 membros)

e 6% (156 membros) estagiários. Os restantes 35% estão inscritos como dietistas, dos quais 31% efe-tivos (807 membros) e 4% estagiá-rios (98 membros) (Gráfico 2).

O género predominante nos mem-bros da Ordem dos Nutricionistas é o feminino, existindo uma propor-ção de 1 homem para cerca de 8

mulheres (Gráfico 3).

Dos membros totais, cerca de 73% apresentam idades entre os 20 e os 35 anos, sendo a média de ida-de 32 anos. As idades mais comuns apresentadas pelos membros da Ordem dos Nutricionistas são os 25 e 26 anos (Gráfico 4)

NÚMEROS ON

1. DISTRIBUIÇÃO DOS MEMBROS TOTAIS POR PROFISSÃO

2. DISTRIBUIÇÃO DOS MEMBROS TOTAIS POR TIPO DE INSCRIÇÃO

3. GÉNERO | DISTRIBUIÇÃO DOS MEMBROS TOTAIS

90535% 156

6%28511%

984%

169665%

154059%

231689%807

31%

NU

TRICIO

NISTA

S

NU

TRICIO

NISTA

S EFETIV

OS

FEMIN

INO

DIETISTA

S EFETIV

OS

DIETISTA

S

NU

TRICIO

NISTA

S ESTA

GIÁ

RIO

S

MA

SCULIN

O

DIETISTA

S ESTA

GIÁ

RIO

S

4. FAIXA ETÁRIA | DISTRIBUIÇÃO DOS MEMBROS TOTAIS

20-25 31-35

36-4041-45 46-50

51-5556-60 61-65 66-70 >70

26-30

559 526287

154 132 8819 10 1 1

824

Page 105: Revista ON 01 2015

REVISTA ON #1 P. 105

NÚMEROS ON

74138606

38644115

34203733

35464069

29473257

38134048

61977927

ALEN

TEJO

ALG

AR

VE

LISBO

A

NO

RTE

R.A

.AÇO

RES

R.A

.MA

DEIR

A

CENTR

O

5. NUTS II | DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA COMPARATIVA DOS MEMBROS TOTAIS POR PROFISSÃO

215156

462362

847187

4457

2491

5727 46

2312

CENTR

O

LISBO

A

NO

RTE

ALEN

TEJO

ALG

AR

VE

R. A

. AÇO

RES

R. A

. MA

DEIR

A

OU

TRO

S

NUTRICIONISTAS DIETISTAS

2014 2013

6. NUTS II | DISTRIBUIÇÃO COMPARATIVA DOS MEMBROS TOTAIS POR NÚMERO DE RESIDENTES

Verifica-se que mais de 70% dos membros exerce, de acordo com a NUTS II, nas áreas territoriais do Norte e de Lisboa, 40% e 32%, res-petivamente. No que diz respeito à comparação entre as duas profissões, constata-se que a profissão de nu-tricionista prevalece na maioria das áreas territoriais de Portugal, exce-tuando Alentejo e Algarve (Gráfico 5).

O número de residentes por mem-bro da Ordem dos Nutricionistas diminuiu em todas as áreas terri-toriais, espelhando o crescimento verificado nas inscrições. À data, o rácio encontrado entre o número de residentes e o número de mem-bros é superior na área do Alentejo e inferior na Região Autónoma dos Açores, ou seja, 1 membro da Or-

dem para cada 7413 ou para cada 2947 residentes, respetivamente (Gráfico 6).

Page 106: Revista ON 01 2015

P. 106 REVISTA ON #1

APROXIMA-SE O INÍCIO DO NOVO INQUÉRITO ALIMENTAR NACIONAL

Desde 1980 que não se realizava nenhum Inquérito Alimentar Nacional, tendo existido uma tentativa de colmatar a falhar com inquéritos alimentares a grupos populacionais mais específicos, que vão permitindo obter uma imagem parcial da realidade portuguesa, ou através de dados indiretos como os Inquéritos aos Or-çamentos Familiares e a Balança Alimentar Portuguesa.

No entanto, o financiamento superior a 1,85 milhões de euros concedido a Portugal pelo programa norue-guês EEA Grants deverá permitir colocar um fim a esta lacuna.

A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, através do Instituto de Saúde Pública, assume as ré-deas deste projeto cujo impacto ao nível da saúde pú-blica passará por uma redução das desigualdades atra-vés da recolha de informação nacional sobre o consumo alimentar, incluindo a ingestão nutricional e dimensões de segurança e insegurança alimentares, e sobre a ati-vidade física e a sua relação com determinantes em saúde, nomeadamente os socioeconómicos.

Este inquérito tem sido encarado pelos profissionais como essencial ao conhecimento da evolução dos há-bitos alimentares dos portugueses e como forma de se

promover a definição de novas estratégias e instrumen-tos que considerem todos os grupos com necessidades específicas que se insiram dentro da comunidade.

O novo Inquérito Alimentar Nacional avançará ainda este ano.

“O segundo Inquérito Alimentar Nacio-nal pode ser a solução para que Portugal compreendaa situação sócio-económica dos cidadãos nos seus hábitos alimenta-res quotidianos e, consequentemente, na sua qualidade de vida e na sua longevi-dade”, refere a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas

Page 107: Revista ON 01 2015

REVISTA ON #1 P. 107

ORDEM NO GRUPO PARA A SALVAGUARDA E PROMOÇÃO DA DIETA MEDITERRÂNICA

A Ordem dos Nutricionistas faz parte do Grupo de Acompanhamento para a Salvaguarda e Promoção da Dieta Mediterrânica. Este grupo de trabalho foi minis-terialmente nomeado na sequência da inscrição da Dieta Mediterrânica como património cultural e imate-rial da humanidade da UNESCO, e assume as seguin-tes missões:

a) Contribuir para o conhecimento, salvaguarda e pro-moção da Dieta Mediterrânica (DM) em Portugal;

b) Divulgar o conceito de DM e sensibilizar para a im-portância desta manifestação do património cultu-ral imaterial, atendendo ao disposto nas Diretrizes Operativas para a Aplicação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial;

c) Prestar as informações sobre a DM em resposta a solicitações de entidades públicas ou privadas, in-cluindo a comunicação social;

d) Acompanhar a implementação a nível nacional do Plano de Salvaguarda proposto em sede de candi-datura da DM à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO;

e) Representar Portugal ao nível da coordenação

internacional entre os países que partilham com Portugal o reconhecimento conferido pela UNESCO.

Além da Ordem dos Nutricionistas, o grupo é composto por representantes d do Gabinete da Ministra da Agri-cultura e do Mar; Câmara Municipal de Tavira; Comis-são Nacional da UNESCO; Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve; Direção-Geral do Património Cultural; Turismo de Portugal, I. P.; Gabi-nete de Planeamento, Políticas e Administração Geral do Ministério da Agricultura e do Mar; Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve; Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P.; Direção-Ge-ral da Saúde; Direção-Geral da Educação; Instituto de Estudos de Literatura Tradicional – Patrimónios, Artes e Culturas, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Fundação Portugue-sa de Cardiologia; Movimento Mulheres de Vermelho; Projeto Memóriamedia.

Depois de ter desenvolvido a candidatura da Dieta Mediterrânica a património da humanidade, este gru-po coordenado pelo Ministério da Agricultura e do Mar, assume agora a responsabilidade de conservar e de enfrentar os desafios que se impõem a esta distinção em Portugal.

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UM MODELO DE PERFIL NUTRICIONAL EUROPEU

EUROPA VAI ENFRENTAR EPIDEMIA DE OBESIDADE EM 2030

A Organização Mundial da Saúde Europa, em colabora-ção com diversos países, entre eles Portugal, elaborou um novo manual que identifica as diferentes catego-rias dos alimentos e as condições em que podem ser publicitados.

Estas linhas de orientação técnica baseadas nos valo-res nutricionais destes alimentos auxiliarão governos e instituições na tomada de decisões, desde a regula-ção até à publicidade ou reformulação de alimentos.

A Europa vai enfrentar uma epidemia de obesidade dentro de 15 anos, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) em projeções divulgadas na terça-feira durante o Congresso Europeu sobre Obesidade em Praga.

Segundo o estudo, só na Irlanda, 89% dos homens adultos vão estar acima do peso em 2030 e 48% se-rão obesos em 2030, contra os 74% e 26% por cen-to, respetivamente, registados em 2010. No caso das mulheres irlandesas, prevê-se uma prevalência de obesidade de 57%.

As projeções são igualmente alarmantes para o Reino Unido onde se prevê que 33% das mulheres e 36% dos homens sejam obesos em 2030.

A Grécia, Espanha, Suécia e República Checa deverão também conhecer elevados níveis de obesidade entre adultos.

Segundo a OMS, mais de 1,9 mil milhões de adultos do mundo tinham excesso de peso em 2014. 600 milhões eram obesos.

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

Para se ser nutricionista ou dietista é obrigatórioser membro da Ordem dos Nutricionistas.

Pela sua saúde não corra riscos.

Assegure-se que o seu nutricionista ou dietista é um profissional inscrito. Encontre-o em www.vamosporanutricaonaordem.com

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SER INFORMADO PARA GARANTIR A SEGURANÇA ALIMENTAR

A Segurança Alimentar mereceu destaque no Dia Mundial da Saúde de 2015, pretendendo-se de-monstrar a importância que esta assume na saúde dos indivíduos e o impacto que exerce nos diferen-tes sectores da sociedade.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, anualmente, dois milhões de pessoas morrem devi-do a doenças diarreicas, que, na maioria dos casos, são resultantes do consumo de alimentos ou água contaminados. Consta-se que mais de 200 doenças conhecidas são transmitidas através dos alimentos.

A acrescer aos indicadores supra citados, nos úl-timos anos a agricultura intensiva, as alterações climáticas, os novos conceitos e tendências na restauração, a urbanização acelerada, as bactérias

Isa Viana

Nutricionista na Direção de Qualidade de Eurest Portugal

Membro da Comissão de Estágios da Or-dem dos Nutricionistas

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emergentes e a resistência aos antimicrobianos, têm-se revelado serem responsáveis pelo aumen-to das contaminações e transfor-marem-se em ameaças emergen-tes à segurança dos alimentos. Se a estes fatores adicionarmos a globalização da cadeia alimentar e a maior mobilidade das pessoas, facilmente percecionamos que os alimentos não seguros transita-ram de um problema de saúde pública local para um incidente com proporções à escala mundial. O surto de E. coli O104:H4, que ocorreu na Alemanha em 2011, é um exemplo desta transição que afetou as importações do sector alimentar, alarmou os consumido-res em vários países, alertou-os para esta ameaça de saúde pú-blica e transpôs a barreira con-tinental. No entanto, apesar dos números supramencionados e de presenciarmos um crescimento das ameaças à Segurança Ali-mentar, esta continua a ser des-valorizada.

A Segurança Alimentar, ou food safety em inglês, é definida pelo Codex Alimentarius como sendo “a garantia de que um alimento não causará dano ao consumidor, quando é preparado e/ou consu-mido de acordo com o esperado”. As substâncias que podem cau-sar lesões ou doenças de origem alimentar ao consumidor podem ser: perigos físicos (pregos, pa-litos, palha aço, parafusos, entre outros); perigos químicos (de-tergentes, desinfectantes, entre outros); perigos nutricionais (ex-

cesso de sal, excesso de gordura, entre outros) e biológicos (micror-ganismos e suas toxinas, como a Salmonella, Campylobacter, Clos-tridium perfringens, Staphylo-coccus aureus, Bacillus cereus, Escherichia coli (E. coli), ou vírus, como o norovirus).

Estima-se que 3% das doenças de origem alimentar podem ter repercussões a longo prazo, ori-ginando doenças graves como cancro, artrite e problemas neu-rológicos. Em crianças, grávidas, idosos e doentes, as consequên-cias são geralmente mais graves, e com maior frequência fatais.

A maioria das doenças de origem alimentar podem ser prevenidas se conhecermos os fatores que as originam, os alimentos e se aplicarmos boas práticas de ma-nipulação e preparação dos ali-mentos.

Não obstante e face às doenças de origem alimentar, a Organiza-ção Mundial de Saúde, tem vindo a estabelecer uma colaboração, parceria e encorajamento sob os diversos países para que adotem normas internacionais de segu-rança alimentar, guidelines e có-digos de boas práticas para os géneros alimentícios.

A Organização Mundial de Saúde definiu as cinco regras chave para fornecedores e consumidores, de modo a promover uma alimenta-ção mais segura, que assentam em: manter a higienização do es-

paço, equipamentos, utensílios e pessoal; proceder à prevenção da manipulação cruzada, separando alimentos crus de cozinhados e utilizando diferentes utensílios para distintos géneros alimentí-cios; cozinhar bem os alimentos; manter os alimentos a tempera-turas seguras e a determinante utilização de água e matérias-pri-mas seguras.

Em 2015, com o tema “Segurança Alimentar: Alimentação Segura, do Campo ao Prado”, foi um en-sejo para alertar governos, agri-cultores, produtores, retalhistas e os consumidores que a segu-rança alimentar deve ser enca-rada como uma responsabilidade partilhada. Revelou-se essencial estabelecer um diálogo cons-tante entre os diversos setores de atividade envolvidos na área alimentar, competindo ainda aos profissionais de saúde informa-rem e alertarem a população para esta temática com o intuito de assegurar uma alimentação mais segura e saudável.

“Ser informado para garantir a segurança alimentar” é a mensa-gem da OMS.

Silvia Judite Viegas (2014) Segurança ali-mentar: guia de boas práticas do consu-midor. Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA)

World Health Organization. World Health Day 2015: Food safety. http://www.who.int/campaigns/world-health-day/2015/event/en/.

SEGURANÇA ALIMENTAR

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

Para se exercer a profissão de nutricionista ou dietista, não chega parecer, é preciso ser.

É obrigatório, por lei, estar inscrito na Ordem dos Nutricionistas.

Atualmente a Ordem conta com cerca de 3000 profissionais inscritos.Escolha um em www.vamosporanutricaonaordem.com

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ÁREA DE MEMBRO

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NOVO SERVIÇO DE EMAIL EXCLUSIVO PARA MEMBROS DA ORDEM DOS NUTRICIONISTAS

“VAMOS PÔR A NUTRIÇÃO NA ORDEM”: PELO COMBATE AO EXERCÍCIO ILEGAL

ÁREA DE MEMBRO

A Ordem dos Nutricionistas desenvolveu um novo ins-trumento que visa promover o reconhecimento dos seus membros, particularmente junto dos cidadãos, no seguimento da campanha “Vamos pôr a nutrição na ordem”.

A todos os membros da Ordem dos Nutricionistas será atribuído um endereço de email persona-lizado de acordo com o seu nome profissional e número de cédula, seguido do domínio de email: @onutricionistas.pt.Para aceder ao seu email, por favor consulte a plata-forma de email http://www.onutricionistas.pt.Salientamos que este seu novo endereço de email passará a definir o nosso contacto preferen-cial para com todos os membros. Caso pretenda que

os emails sejam reencaminhados para um outro ende-reço pessoal, por favor consulte as configurações des-te email e siga os devidos procedimentos. Em caso de dúvida, queira, por favor, consultar o tutorial presente na plataforma ou expor as suas dúvidas através do email: [email protected].

Esta ação visa reforçar a intenção da Ordem dos Nu-tricionistas em promover o reconhecimento dos mem-bros da Ordem, surgindo, assim, enquanto novo ele-mento de identificação profissional.

Apela-se a todos os membros que priorizem este meio de contacto eletrónico na sua atividade pro-fissional, sempre que possível.

A Ordem dos Nutricionistas tem registado vários ca-sos de pessoas que se intitulam nutricionistas ou die-tistas apesar de não possuírem habilitação legal para exercer a profissão.

Como sabemos, apenas os profissionais inscritos na Ordem dos Nutricionistas estão legalmente capaci-tados para exercer e utilizar o título profissional de nutricionista ou dietista em Portugal. No entanto, multiplicam-se os anúncios publicitários de falsos pro-fissionais com promessas de dietas milagrosas que podem colocar em perigo a saúde pública.

Nesse sentido, a Ordem dos Nutricionistas lançou uma campanha de informação pública para alertar a popu-lação para os riscos de recorrer a produtos ou serviços

prestados por pessoas sem habilitações profissional para exercer as profissões de nutricionista ou dietista.Sob o mote “Vamos pôr a nutrição na ordem”, a campa-nha terá como peça central a plataforma http://www.vamosporanutricaonaordem.com, onde o público po-derá verificar a inscrição na Ordem dos Nutricionistas dos profissionais a que recorre, encontrar os nutricio-nistas e dietistas ou denunciar os casos de exercício ilegal da profissão.

Por isso mesmo, pedimos-lhe que nos auxilie a pôr a nutrição na ordem ao divulgar esta campanha através dos seus contactos. Para o efeito, poderá recorrer à pla-taforma da campanha para descarregar o pack digital que inclui os materiais de divulgação da campanha, como imagens para utilizar nas redes sociais.

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Vamos pôr a nutrição na ordem.

Consulte o Registo Nacional da Ordem dos Nutricionistas em:www.ordemdosnutricionistas.pt

Ementas nutricionalmente equilibradas?Consulte um membro da Ordem dos Nutricionistas.

Pela saúde dos seus clientes não corra riscos.

Para se ser nutricionista ou dietista é obrigatórioser membro da Ordem dos Nutricionistas.

Encontre-o em www.vamosporanutricaonaordem.com

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