Revista Petrópolis

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PATRIMÔNIO CINEMATOGRÁFICO PATRIMÔNIO CINEMATOGRÁFICO Tesouros da Cidade Bisbilhoteca Templo Israelita Vitral [] + Entrevista Carmen Felicetti Petrópolis Rio de Janeiro Agosto 2012 Distribuição Gratuita Nº 39 Confira a Programação Cultural Parque Municipal de Petrópolis

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Edição 39 - Agosto de 2012

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PATRIMÔNIO CINEMATOGRÁFICOPATRIMÔNIO CINEMATOGRÁFICOPATRIMÔNIO CINEMATOGRÁFICO

Tesouros da Cidade

Bisbilhoteca

Templo Israelita

Vitral

[ ]+Entrevista

Carmen Felicetti

PetrópolisRio de JaneiroAgosto 2012Distribuição Gratuita

Nº 39Confira aProgramação Cultural

Parque Municipal de Petrópolis

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preservado

principais estilos arquitetônicos do século XIX

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cenários turísticos

1963

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conjunto arquitetônico

PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Agosto / 2012 03

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Museu Imperial

tradições culturais

nobreza

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Petrópolis é uma das mais atraentes e fascinantes

cidades serranas do Brasil. Possui um conjunto

arquitetônico sem igual, além de um verdadeiro

contraste entre múltiplos cenários turísticos,

tradições culturais e riquezas naturais e históricas.

Rodeada pela Mata Atlântica, a Cidade Imperial

sempre foi o refúgio da nobreza e de aristocratas

que encontravam aqui, o clima ideal para passar

verão. A herança deixada pelo Império de d. Pedro II

pode ser conferida nos belos palácios e casarões

construídos para servir de residência a barões,

viscondes e a alta sociedade carioca. Um

patrimônio arquitetônico único, que encanta

visitantes e turistas que passam por aqui.

Para que este patrimônio fosse preservado,

instituições municipais, estaduais e federais vêm -

desde o início do século XX - catalogando e

tombando estes verdadeiros tesouros da

arquitetura, registro e memória da História do

município e do país.

Para se ter uma ideia das preciosidades que

Petrópolis possui, existem na cidade 1963

patrimônios tombados pelas três esferas do Poder

Público. Segundo o INEPAC - Instituto Estadual do

Patrimônio Cultural – a Cidade Imperial é dona do

maior conjunto de tombamento do Rio de Janeiro.

Um exemplo do sucesso de preservação aliada ao

tombando é a Avenida Koeler, um dos mais belos

cenários da cidade e um dos primeiros conjuntos

urbano paisagísticos do país a ser tombado em

1964 e, atualmente, passagem obrigatória do

Circuito a pé e das famosas Vitórias (charretes).

Na avenida se destacam os principais estilos

arquitetônicos do século XIX, entre eles,

importantes palácios como o Rio Negro e Sérgio

Fadel (atual sede da Prefeitura). Com sete

quilômetros de extensão, o tombamento da área

preserva ruas, casas e árvores, mantendo para as

futuras gerações, a história e a beleza da Petrópolis

Imperial.

A preservação deste patrimônio também tornou

Petrópolis, o cenário preferido para a produção de

filmes, novelas e seriados de época, como pode ser

conferido em nossa matéria de capa (pág. 08).

Entretanto, não é apenas seu patrimônio

arquitetônico que é motivo de orgulho. O Museu

Imperial, principal cartão postal da cidade, guarda

em seus arquivos importantes documentos e

concorre, pela segunda vez, ao Registro Nacional

do Programa Memória do Mundo, da Organização

das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura (UNESCO), equivalente ao título de

Patrimônio da Humanidade. Em 2010, o Museu

recebeu a titulação com o Conjunto documental

relativo às viagens de d. Pedro II pelo Brasil e pelo

mundo e, desta vez, enviou para candidatura a

Coleção Carlos Gomes, com 286 documentos que

incluem fotografias, livros, partituras, gravuras,

entre outros.

É a Petrópolis Imperial ganhando o mundo, mais

uma vez, através da preservação de nosso bem

mais valioso: Nossa História.

Patrimônio preservado, memória viva

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A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO

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bom livro ou simplesmente, relaxar ao som das diversas

espécies de pássaros da região.

A estudante Talita Araujo aproveita o ambiente agradável do

parque para passar dia com a família. “Lá, posso praticar

esportes de todos os tipos, já que tem aparelhos de

alongamento, pista de bicicleta, patins e caminhada, quadra

poliesportiva, e um espaço para fazer piqueniques. Enfim, um

local onde abrigo toda a minha família, satisfazendo a vontade

de todos. O parque aumenta também a credibilidade do bairro

de Itaipava, já que é um divertimento gratuito, com exceção de

alguns eventos. Depreendo assim, que o Parque Municipal de

Itaipava é obviamente um lugar para todos”, disse.

O Parque também funciona como ponto de apoio aos visitantes

que chegam a Itaipava, através do Centro de Informações

Turísticas instalado no local. O CIT ainda abriga a Sala Peter

Brian Medawar onde ocorrem exposições de artistas da cidade.

O horário de funcionamento é das 9h às 18h, diariamente.

om 150 mil metros quadrados, o Parque

Municipal de Petrópolis é a maior área

pública de lazer do município.

Localizado em um dos locais mais

privilegiados de Itaipava – a Estrada União

e Indústria – oferece diversão para todos os gostos.

Local de grandes eventos ao ar livre como a Festa do

Trabalhador, Petrópolis Rural, entre outros, o parque possui

vasta área para a prática de esportes e lazer.

A pista com 1350 metros oferece tranquilidade e segurança

para caminhadas, corridas, passeios de bicicleta e patins. Cinco

quadras poliesportivas estão disponíveis para a prática de

esportes coletivos e um playground faz a diversão das crianças.

O Parque de Itaipava – como é mais conhecido - é ponto de

encontro de grupos de caminhadas, Tai-Chi-Chuan e atletas

que encontram ali, o local ideal para seus treinamentos.

De tempos em tempos a iniciativa privada e o poder público,

promovem atividades de esporte e lazer para toda a família,

totalmente gratuitas, com atividades físicas em geral,

informações sobre saúde e muito mais. O próximo evento:

Recreação educativo cultural acontece no dia 11 de agosto, de

9h às 12h e contará com a participação das academias de

ginástica da cidade e a Faculdade de Medicina de Petrópolis.

Já as sombras das árvores nativas da Mata Atlântica convidam

para um piquenique com os amigos ou a família, a leitura de um

Fotos: Isabela Lisboa

Serviço:

Parque Municipal de Petrópolis

End. Estrada União e Indústria, nº 10.000 – Itaipava

Tel. (24) 2222-1299

Horário de funcionamento: Diariamente das 7h às 18h

Entrada gratuita

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Realizada de 28 de junho a 08 de julho, a Bauernfest – Festa

do Colono Alemão – foi sucesso absoluto. No total, 368 mil

pessoas passaram pelos 11 dias da festa, com impacto na

economia local de 55,2 milhões reais. Foram consumidos 7,5

toneladas de salsichão, além das centenas de tortas,

sanduíches e porções típicas alemãs.

Segundo o Disque-Turismo a média de ocupação hoteleira

nos dois finais de semana do evento ficou em 97,2% no 1º

Distrito e 90% nos demais.

Um dos maiores responsáveis pelo sucesso da festa foi o

trabalho intenso de divulgação, iniciado em 2011, com a

participação de Petrópolis nas principais feiras de turismo do

país.

Inaugurado Centro Cultural Casa Stefan Zweig

O Distrito da Posse ganhou novas instalações para a Sala de Leitura

Dindinha Janica, pertencente à Biblioteca Central Municipal Gabriela

Mistral. O novo espaço conta com acervo inicial de cerca de mil livros,

atendendo a todas as idades e contará com permanente atualização. A

Sala de Leitura, existente há décadas no Distrito, foi reaberta no mês de

julho e tem seu horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, das

9h às 18h30.

Foi aberto ao público no dia 29 de julho, o Centro Cultural Casa Stefan

Zweig, cujo acervo de livros, caricaturas, desenhos, fotos, vídeos e

filmes, tem por objetivo preservar a obra e a história do escritor. No local

também foi criado um Memorial do Exílio, onde as memórias de pessoas

refugiadas do nazismo, no período de 1933 a 1945 também serão

contadas. A Casa, administrada pela Associação Casa Stefan Zweig,

passou por obras que devolveram suas características originais de 1941.

A visitação é de sexta a domingo, das 11h às 17h, na Rua Gonçalves

Dias, nº 34, Valparaíso.

Bauernfest bate recorde de público

Sala de Leitura da Posse ganha novas instalações

Foto: divulgação

Fotos: Isabela Lisboa

Foto: Alexandre Peixoto

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Bunka-Sai – Festival da Cultura do JapãoA Cultura japonesa vai invadir o Centro Histórico durante a 4ª edição do

Bunka-Sai. De 03 a 26 de agosto, o público poderá conferir uma vasta

programação, totalmente gratuita, em três localidades:

Praça Visconde de Mauá, Centro de Cultura Raul de

Leoni e Casa de Cláudio de Souza. Com exposições,

teatro, cinema, música, oficinas, demonstrações de

shiatsu, Bon-odori, Taiko, Budô, Cosplay e mais: de 03 a

05/08 espaço gastronômico na Praça Visconde de Mauá,

com a participação dos restaurantes: Kinpai, San Te

Tung, Wasab e Sushi Imperial. Confira a programação

completa no encarte + Petrópolis ou acesse

www.facebook.com/BunkaSai2012.

III Festival de Fondues, Racletes e Cremes

Vai até o dia 15 de agosto o III Festival de Fondues, Racletes e Cremes, promovido pelo

Petrópolis Convention & Visitors Bureau. Desde o dia 15 de julho, 18 restaurantes localizados

no Centro Histórico, Itaipava e arredores oferecem diversas opções para todos os gostos e

bolsos.

Entre eles estão: Afrânio Restaurante, Hotel Albergo

Del Leone, Alquimia dos Temperos, Barão

Gastronomia, Bistrô da Valéria, Bomtempo Resort,

Bordeaux Vinhos e Cia, Cervejota, Don Bistrô,

Duetto`s Café, Log Restaurante, Maffagio

Restaurante, Oliveiras da Serra, Pousada Paraíso,

Pousada Paraíso Açú, Quinta da Paz, S`a Carola e

Solar Fazenda do Cedro.

Mais informações: www.visitepetropolis.com

Petrópolis participa da 16ª AVIRPPetrópolis, seus atrativos históricos e culturais, seus grandes eventos, sua

beleza natural e arquitetônica, bem como sua rede hoteleira, serão

divulgados em mais uma importante feira de turismo. Nos dias 17 e 18 de

agosto a Gerência de Turismo da Fundação de Cultura e Turismo de

Petrópolis, vai montar estande juntamente com o PC&VB, na 16ª

AVIRP—Associação de Agentes de Viagem de Ribeirão Preto-SP. A feira

acontece no Centro de Eventos Taiwan e o tema deste ano é “Brasil de

grandes realizações e destinos do mundo”, visando a Copa do Mundo 2014.

Fotos: Isabela Lisboa

Fotos: divulgação

Foto: divulgação

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Texto: Nathália Pandeló l Colaborou: Alessandro Silveira l Fotos: Isabela Lisboa / TV Globo / João Cotta / Youtube

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Quitandinha: Maysa, AEIO... Urca, Macunaíma, As Sete Vampiras, A Suprema Felicidade

Theatro D. Pedro: Maysa, Dalva e Herivelto, Dercy

Belvedere: Selva de Pedra (as duas versões, de 72 e 86)

Pico do Açu: Avenida Brasil

Castelo São Manuel: O Quinto dos Infernos, Eterna Magia

Bauernfest: Anjo de Mim

Solar do Império: Decadência, Sonho Meu, Pátria Minha, Maysa

Casa da Ipiranga (Casa dos Sete Erros): Direito de Amar, Esplendor, Era uma vez...

Parque Cremerie: Sonho Meu

Corrêas: Dancin' Days

Country Club de Nogueira: A Viagem

Catedral: Escrito nas Estrelas, Anjo de Mim

Cristo da Serra: Escrito nas Estrelas

Casarões na Koeler: Anjo de mim, Direito de amar

Palácio de Cristal: Direito de amar

Casarão de Pedra na Praça da Liberdade: Guerra dos Sexos

Arredores da Câmara Municipal: Vira-Lata

Museu Imperial: Anjo de Mim, Quatro por Quatro, Cidade dos Homens

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pouca ou praticamente nenhuma gordura saturada (nocivo ao organismo). Os alimentos crus preservam 100% dos nutrientes e, além disso, são ricos em substâncias importantes para preservar a saúde, como o ômega 3 do salmão, que previne contra doenças cardiovasculares, ou o lentinan dos cogumelos, que reforça o sistema imunológico.

Peixes, algas, cogumelos, tofu, arroz e outros ingredientes carregam o segredo da longevidade do povo japonês. O Japão é o país com a maior expectativa de vida do planeta: 83 anos. Pesquisas apontam que as pessoas que seguem uma dieta japonesa saudável têm cerca de 40% menos sintomas de depressão.

Os restaurantes japoneses de Petrópolis apresentam detalhes na decoração e vestuário, envolvendo assim o cliente, criando um ambiente que aproxima o mundo oriental das terras tropicais. Feitas as apresentações, entre e saboreie essas obras de arte da culinária japonesa e realize uma excelente refeição nas cerca de 10 opções de restaurante na Cidade Imperial. Bom apetite!

Tudo começou no século XX, quando o Brasil estava carente de mão de obra estrangeira para trabalhar nas lavouras de café. Em paralelo, o Japão encontrava-se numa época de grande crescimento populacional com uma economia que não gerava emprego para todos. Então, para sanar a necessidade de ambos os países, foi selado um acordo imigratório entre os governos brasileiro e japonês.

A partir daí, em 18 de junho de 1908, no porto de Santos (SP), desembarcou a primeira centena de famílias japonesas no Brasil. Hoje, plenamente integrados à cultura brasileira, os japoneses contribuem para o crescimento econômico e desenvolvimento cultural.

Na bagagem, eles trouxeram junto com a vontade de trabalhar, sua arte, costumes, língua, crenças, conhecimentos e culinária. A delicada gastronomia nipônica já é uma das principais heranças enraizadas no país tropical e agrada a jovens e adultos, garantindo assim a sua presença no dia a dia de muitos brasileiros.

Aos poucos, o garfo e a faca são trocados pelo famoso hashi (par de gravetos utilizados como talher pelo povo asiático) e certos nomes entram no vocabulário dos apreciadores dessa culinária milenar como sushi (bolinho de arroz coberto por peixes ou frutos do mar crus), sashimi (fatias de peixe cru degustadas com shoyu e raiz forte), yakisoba (macarrão com verduras e carne de frango fatiada, temperada com o molho à base de shoyu e óleo de gergelim), temaki (cones de algas recheados com arroz, peixe cru ou frutos do mar e legumes), entre outros.

Como acompanhamento, nada melhor que o saquê, uma bebida feita de arroz e água. Sua graduação alcoólica varia entre 10 e 15% e pode ser servido quente ou gelado em pequenos potes ou em um recipiente chamado masu.

A preparação da comida é simples: usa apenas alimentos naturais como peixes, legumes, frutas e algas marinhas, o que fez a alimentação japonesa ser reconhecida internacionalmente como uma culinária rica e saudável. Os pratos são leves, pois levam

Texto: Donato de Almeida

Sabores do JapãoSabores do JapãoSabores do JapãoSabores do JapãoSabores do JapãoSabores do Japão

A gastronomia nipônica também poderá ser conferida em

Petrópolis, entre os dias 03 e 05 de agosto, durante a 4º

edição do Bunka-Sai - Festival da Cultura Japonesa. Os

restaurantes Kinpai, San Te Tang, Sushi Imperial e Wasab,

levarão ao público as delícias orientais em barracas

montadas na Praça Visconde de Mauá.

O evento que acontece até o dia 26 de agosto traz ainda

exposições, teatro, cinema, música, oficinas, Bon-odori,

Taiko, Budô, Cosplay e muito mais em três localidades: Praça

Visconde de Mauá, Centro de Cultura Raul de Leoni e Casa

de Cláudio de Souza.

Confira a programação completa no site

www.petropolis.rj.gov.br ou pelo Disque-Turismo:

0800 024 1516.

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PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Agosto / 201212

ra 1922 e o Brasil comemorava 100 anos de independência. A

Semana de Arte Moderna revolucionava a pintura, escultura,

música, literatura e poesia, e Petrópolis dava um importante

passo para a cultura local com a criação da então Associação

Petropolitana de Ciência e Letras. Anos mais tarde, precisamente em

5 de junho de 1929, a primeira presidente mulher, Nair de Teffé Hermes da

Fonseca, transformou-a em Academia Petropolitana de Letras. E para

homenagear os 90 anos da APL, a Revista Petrópolis conversa com a acadêmica

que tem como patrono Machado de Assis: Carmen Felicetti.

Há 20 anos na academia, Carmen já a presidiu e hoje figura entre um seleto grupo

de integrantes beneméritos. Ela é casada há 10 anos com o também acadêmico

Gustavo Wider, e a história do casal está diretamente ligada à literatura. “Nos

conhecemos na academia, quando o Gustavo buscava alguém para criticar um

de seus livros. Nossa aproximação se deu pela literatura”, contou. Natural de

Viçosa (MG), ela já está na cidade há 50 anos e se diz petropolitana de coração,

resumindo o seu encanto como: “Petrópolis é qualquer coisa de especial”.

Concedida a: Bruno Rodrigues l Fotos: Isabela Lisboa e Arquivo Pessoal

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Foi a Nair de Teffé quem mudou quando era presidente, mas era uma vontade de todo o grupo, de todos os membros da associação. Havia a ideia de que o enfoque caísse encima das letras. Porque ciência é uma coisa muito ampla e uma associação de ciência e letras é extremamente abrangente. A ideia era que afunilasse a cultura das letras, que se voltasse exclusivamente para as letras, apesar de termos em nosso quadro pintores e outras pessoas que fazem arte, ou seja a cultura de modo geral, tirando a parte árida da ciência.

R.P. – Como as pessoas podem fazer parte da Academia?

Elas são convidadas por alguém da Academia, mas primeiro tem que abrir uma vaga, que acontece, normalmente, por causa da morte de algum dos membros. Qualquer acadêmico tem o direito de indicar um candidato. Aí esse acadêmico leva o currículo dessa pessoa, as obras, e o presidente designa uma comissão de três acadêmicos para analisar se o candidato está apto ou não a fazer parte da academia. Essa comissão vai analisar o currículo, ler as

obras e, após isso, emite um parecer. Há um dia para a votação, onde os membros são convocados para uma assembleia e o presidente lê o parecer que pode ser, ou não, positivo. Então a academia vota. Se o candidato for eleito, uma comissão vai à casa da pessoa comunicar que ela foi eleita e ela tem, então, um período para marcar a sua posse. Nessa posse so lene, normalmente quem indicou faz uma apresentação para o público, um resumo da biografia daquela pessoa, enfim, apresenta os valores daquele novo membro, que logo faz um discurso sobre o seu antecessor e então o elogio ao seu patrono.

R.P. – Já aconteceu alguma situação inusitada na Academia, diferente...?

Uma situação muito triste com um membro da academia, o Luiz Gonzaga Cavalcanti Filho, que sonhava em virar acadêmico. Ele foi eleito e no dia da posse estava muito emocionado, muito feliz... Na hora que foi falar, ele puxou o discurso do bolso, mas disse que não estava com

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Revista Petrópolis – Como foi criada a Academia Petropolitana de Letras?

Foi fundada por João d'Escragnolle, Joaquim Gomes dos Santos e Reynaldo Chaves. Mas podemos considerar que o idealizador foi o d'Escragnolle porque ele reuniu um grupo de amigos em junho de 1922 para homenagear seu amigo falecido, o jornalista Gregório de Almeida. O objetivo era, assim como fazemos hoje em dia na Academia, relembrar e homenagear os membros que faleceram. A iniciativa foi um sucesso. Vendo aquilo, o Joaquim enviou uma carta sugerindo a criação de uma sociedade de letras, onde intelectuais se reunissem para lerem entre si os seus trabalhos literários. Foi então que o João d'Escragnolle publicou um convite para quem estivesse interessado ir à reunião, que foi na Avenida 15 de Novembro (atual Rua do Imperador), nº 732, no dia 03 de agosto de 1922, para a criação de uma associação.

R.P. – A Academia Brasileira de Letras foi inaugurada em 1897 com objetivo de cultivar a língua e a literatura. E aqui em Petrópolis, o objetivo é esse também?

O objetivo é esse também. Valorizar e não deixar morrer o idioma, estimular os talentos que existem na cidade para que escrevam, produzam, publiquem, mesmo não sendo membros na academia. É promover a cultura e o desenvolvimento com o foco nas letras.

R.P. – Quais as principais atividades realizadas pelos acadêmicos como membros da APL?

A diretoria define uma programação. Dentro dessa programação há palestras, leituras de dramaturgia, apresentações literárias. Mas o acadêmico pode ter uma ideia e levar à diretoria e fazer uma exposição, por exemplo. Não há uma preocupação só com as letras. O que fazemos é propor atividades que estimulem a cultura.

R.P. – O que difere a Academia Petropolitana de Letras das outras?

Uma marca da nossa Academia é a presença da mulher desde os primórdios. Na primeira reunião já havia a presença feminina. E em 1928 a Nair de Teffé foi eleita presidente da APL. Ou seja, mesmo numa sociedade tradicionalista como a de Petrópolis, a mulher sempre esteve presente. Lá a gente é recebida com muito carinho, nunca houve discriminação, sempre fomos tratadas como iguais.

R.P. – Porque houve a mudança do nome de Associação Petropolitana de Ciência e Letras para Academia Petropolitana de Letras?

Carmen Felicetti –

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vontade de ler e o colocou no bolso novamente. Ai ele disse “eu quero fotografar o rosto de cada um de vocês, olhar para cada amigo que está aqui comigo para guardar a imagem de vocês para sempre”, e começou a conversar com as pessoas, muito agradecido e emocionado. Quando acabaram os agradecimentos e os acadêmicos, como de costume, foram para a fila dos comprimentos, o professor Fernando Augusto Magno, que estava na minha f ren te com a sua senhora , fo i cumprimentá-lo, deu os parabéns e o abraçou. Foi aí que o Luiz Gonzaga começou a pesar. O Fernando achou que era brincadeira, porque o Cavalcanti era muito brincalhão, mas ele caiu no chão. Dominado pela emoção, ele faleceu, ali, diante do plenário.

R.P. – Como você resume esses 90 anos de Academia?

Foram 90 anos em que a academia nunca deixou de funcionar, sempre esteve atuante. E quando eu vejo a galeria dos ex-presidentes, das pessoas que estiveram à frente da instituição, eu me lembro que quando era estudante fui assistir um curso de literatura dado pelos acadêmicos Olavo Dantes, Mário Fonseca... Então, para mim, isso era algo inatingível, nunca poderia passar pela minha cabeça que um dia eu seria membro daquela instituição de pessoas que eu considerava monstros sagrados. Eu vejo a academia desde sempre como uma instituição com a intenção de estimular, fomentar e desenvolver o potencial das pessoas.

R.P – E para os 90 anos, qual a programação?

Teremos cerimônias de posse, uma missa solene, palestras, um almoço de confraternização e a publicação da Revista Acadêmica.

R.P. – Qual a perspectiva para o futuro da Academia?

Eu acho que é continuar fazendo o que estamos fazendo. Continuar desenvolvendo, dar prosseguimento às atividades, enfim, fomentar, desenvolver, e fazer crescer a Academia.

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B i s b i l h o t e c aB i s b i l h o t e c aG a b r i e l a M i s t r a l

G a b r i e l a M i s t r a lB i s b i l h o t e c a

B i s b i l h o t e c a

Texto: Carolina Tollstadius l Fotos: Isabela Lisboa e Arquivo Sinagoga

oi em um domingo, primeiro dia da semana do calendário judaico, que a comunidade israelita de Petrópolis oficializou a conquista de um espaço próprio para a

celebração de suas tradições e cultura. O templo foi fun dado na manhã do dia 07 de agosto de 1949, cerca de 30 anos após o surgimento dos primeiros registros sobre grupos de judeus no município. O espaço hoje preserva tradições em cerimônias religiosas e mantem viva parte da história da comunidade.

As primeiras informações sobre a existência de famílias judias em Petrópolis são de 1926. Eram aproximadamente dez núcleos compostos, em sua maioria, por imigrantes da Europa Oriental, de países como a Rússia e a Eslovênia (existem contradições sobre a região da Eslovênia, a maioria das vezes considerada como parte da Europa Central). Após aportar no Rio de Janeiro, os judeus fugiam do calor para encontrar o reconforto no clima ameno de Petrópolis.

Profissionalmente, dedicavam-se a atividades de venda onde atuavam como mascates ou prestamistas, com a realização de empréstimos a juros. Parte dos lucros era economizada para mandar vir os parentes que fugiam do antissemitismo. “O maior fluxo de judeus para o Brasil deu-se pouco antes da Segunda Guerra, quando já fugiam das perseguições nazi-fascistas”, explicou o presidente honorário da Sinagoga Israelita de Petrópolis, Samuel Nussembaum, em uma das celebrações de aniversário do templo. ”Durante a guerra todos passaram por momentos de temor, com as notícias vindas da Europa, sobre o extermínio dos judeus em todos os continentes, campos de

concentração, câmaras de gás [...]. Quase todos, se não todos, perderam parentes e tiveram que

chorá-los à distância e em ausência. Afora esse laço de luto coletivo foi um momento de progresso e prosperidade da coletividade. Tudo girava em torno da fé, união e trabalho”, pontuou.

Coube a alguns representantes da comunidade transmitir aos outros um pouco da história judaica, além dos princípios morais e espirituais da religião. Já para manter as tradições, as cerimônias passaram a ocorrer em pontos diferentes da cidade. Durante um tempo foram celebradas, em uma garagem, na Rua General Osório, momento seguido por várias alterações de endereço, até que o grupo estabeleceu-se, temporariamente, na rua João Pessoa, onde atualmente funciona a Rádio Imperial. Passada esta fase, mudaram-se para a Avenida 15 de Novembro, número 759. “Este foi o período áureo da comunidade israelita em Petrópolis. Após a guerra as lágrimas secaram e daí partiram para a realização de um sonho: conseguir uma casa de reuniões com escola e sinagoga

própria”, contou Nussembaum.

Com a venda de um terreno doado, a direção da época adquiriu um imóvel na Rua Aureliano Coutinho. O projeto do engenheiro Guido Cohen foi executado por participantes da comunidade e até quem não integrava o grupo ajudou. Para Carlos Watkins, presidente da Sinagoga, atualmente a principal característica do templo está em reunir as famílias e realizar cerimônias tradicionais como a celebração do Ano Novo e do Dia do Perdão. “A sinagoga é responsável por congregar, por unir os judeus”, define Watkins.

O Templo Israelita de Petrópolis está localizado na rua Areliano Coutinho, n° 48, no Centro.

Colocação da pedra fundamental da sinagoga, inaugurada em 1949 Carlos Watkins: Carlos Watkins, presidente da sinagoga. Ao fundo, a imagem do 'guru' Menachem Mendel

Prédio da Sinagoga Israelita de Petrópolis, projetada e supervisionada pelo engenheiro Guido Cohen

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