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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS FITOTERÁPICO: PERFIL FITOQUÍMICO, CONTROLE E VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA ANALÍTICA MARCOS ANDRÉ CUNHA DE OLIVEIRA RECIFE 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

FITOTERÁPICO: PERFIL FITOQUÍMICO, CONTROLE E VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA ANALÍTICA

MARCOS ANDRÉ CUNHA DE OLIVEIRA

RECIFE 2005

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MARCOS ANDRÉ CUNHA DE OLIVEIRA

FITOTERÁPICO: PERFIL FITOQUÍMICO, CONTROLE E VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA ANALÍTICA

Recife Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPE

2005

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas

Orientadora: Profa. Dra. Miracy Muniz de Albuquerque Co-Orientador: Prof. Dr. Haroudo Satiro Xavier

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Reitor Amaro Henrique Pessoa Lins

Vice-Reitor Gilson Edmar Gonçalves e Silva

Pró-Reitor para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação Celso Pinto de Melo

Diretor do Centro de Ciências da Saúde José Thadeu Pinheiro

Vice-Diretor do Centro de Ciências da Saúde Márcio Antonio de Andrade Coelho Gueiros

Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas Jane Sheila Higino

Vice-Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas Samuel Daniel de Sousa Filho

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Ciências Farmacêuticas Miracy Muniz de Albuquerque

Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação de Ciências Farmacêuticas

Pedro José Rolim Neto

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter-me dado força para realizar este trabalho com carinho e dedicação.

Aos meus pais Vargas e Guaraci pelo carinho, apoio, incentivo, compreensão e companheirismo durante toda a minha vida.

Aos meus irmãos Marcelo e Micheline, pela paciência nos dias de maior agitação e ansiedade.

Aos meus familiares, que, apesar da distância, sempre me deram atenção e ações de estima e consideração.

À minha orientadora profa. Dra. Miracy Muniz de Albuquerque pela oportunidade e confiança em meu potencial, pela orientação e incentivo.

Ao Prof. Dr. Haroudo Satiro Xavier pela orientação, atenção, cooperação, ajuda e sugestões para a realização deste trabalho.

À Farmacêutica Dra. Adelaide Tavares Queiroz pela cooperação e fornecimento de materiais imprescindíveis para execução deste trabalho.

Ao pessoal do Núcleo de Controle de Qualidade em Medicamentos e Correlatos (NCQMC), Severino Grangeiro Junior (Ceará), Daniele, Ruth, Rosario, André, Aurenice, Ana Cristina, Rosane, Leilyane, Ítala, Juliana, pela amizade, alegria, ótima convivência e pelo companheirismo no nosso dia-a-dia.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.

Aos colegas e Amigos do Departamento de Ciências Farmacêuticas que carinhosamente me conhecem como Marcão.

Aos integrantes da Associação Farmacêutica de Pernambuco, em especial para profa. Elba Lúcia e João Eudes, pela ótima convivência.

Aos colegas e amigos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.

Aos colegas e amigos Farmacêuticos da Farmácia Independente Zênia, Brígida, Klayton, Marluce, Ivana, George.

Aos Amigos Farmacêuticos da Farmácia Pague Menos Renata Cavalcante, Ana Alice, Ulrich, André Maurício, João, Rosângela, Tuliane, Karina.

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Aos colegas e amigos Junior Ceará, Danilo Bedor, Lamartine, Lívio, Artur, Chico, Tiago, Eduardo Gonçalves (Duda), Carlos Fernando (Brasa), Gustavo (Bob Gol), Marcelo, Ádley, Bráulio, Erick, Jovita, Juliana, Osnir, Daniele, Leilyane, Juliana, Ítala, Vandessa, Janaína, Lívia, Talita, Elisângela, Aldo, Marcília, Tiago 2, Herbert, Janayna.

A Iguacy Duque e Levi Rodrigues pelos constantes incômodos que proporcionei.

Agradeço à CAPES pela concessão da bolsa de estudo.

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RESUMO

O presente trabalho determina o perfil cromatográfico das plantas utilizadas na produção do

fitoterápico ROBUSTERINA. Tal produto é constituído por Berberis vulgaris L, Gossypium

herbaceum L. e Viburnum opulus L. As cascas da raiz de B. vulgaris são empregadas como

tônico amargo e para litíase biliar. As cascas da raiz e sementes de G. herbaceum têm ações

antiespasmódicas e uterotônicas. As cascas do caule de V. opulus são antiespasmódicas e

tônicas. Três amostras de cada planta foram analisadas por cromatografia em camada delgada

analítica (CCDA), buscando-se estabelecer a identidade dos grupos de metabólitos

secundários presentes face aos relatos da literatura. Para as matérias-primas foram analisadas

matéria orgânica estranha, perda por dessecação, cinzas (totais, insolúveis em ácido e

sulfatadas) e metais pesados. Já para o produto acabado foram avaliados os aspectos

macroscópicos (verificação da cor, odor sabor), características físicas (teor alcoólico

(determinado em alcoômetro), densidade (pelo método do picnômetro), pH (determinado por

potenciômetro) e resíduo seco total). Devido à presença de alcalóides em Berberis vulgaris e,

ausência de metodologias analíticas de quantificação para o produto, foi proposta validação de

método, de acordo com as exigências atuais. A metodologia fundamenta-se na determinação

espectrofotométrica de alcalóides utilizando-se Dragendorff como reagente precipitante e

Sulfato de Berberina Merck

como referência padrão. Os perfis fitoquímicos obtidos foram

confrontados com dados da literatura, comprovando a autenticidade da matéria-prima. Para as

matérias-primas foram determinadas especificações de controle de qualidade para matéria

orgânica estranha, perda por dessecação, cinzas (totais, insolúveis em ácido e sulfatadas) e

metais pesados. Para o produto Robusterina foram analisadas as características organolépticas

(verificação da cor, odor, sabor), características físicas (limpidez, teor alcoólico, densidade,

pH, resíduo seco total e solubilidade). Os estudos obtidos permitem sugerir especificações de

valores mínimos e máximos para o controle de qualidade para Tintura de Robusterina. Quanto

à validação a curva de calibração foi determinada com seis concentrações entre 40 e 200

g/mL. A equação da reta é y = 0,0038x + 0,0092 com R2 de 0,9996. Os parâmetros robustez,

precisão, especificidade, limite de detecção e quantificação e exatidão foram avaliados

estatisticamente com intervalo de 95% de confiança (teste t de Student, ANOVA). De acordo

com as análises estatísticas, observou-se que o método é linear, robusto, preciso e exato. Os

limites de detecção e de quantificação foram respectivamente 3,1578 e 10,5263 g/mL.

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II

ABSTRACT

This works purpouse was the chromatographic profile of the plants especimens used in the

production of ROBUSTERINA phytopharmaceutical. Such species are presents Berberis

vulgaris L, Gossypium herbaceum L. and Viburnum opulus L. The root bark of B. vulgaris is

used as tonic bitter taste and biliary litiasis. The root bark of G. herbaceum has antispasmodic

and uterotonic actions. The stem bark of V. opulus has antispasmodic and tonic. Three

samples of each plant had been analyzed by analytical thin layer chromatography (ATLC),

searching to establish the identity of the groups of secondary metabolics gifts face to the

stories of literature. For raw materials they had been analyzed organic substance stranger,

loss for dessecation, leached ashes (total, insoluble in acid and sulfated) and heavy metals.

Already for the finished product the macroscopic aspects had been evaluated (verification of

the color, odor flavor), physical characteristics (alcoholic text (alcoholmeter), density

(picnometer), pH (potentiometer) and total dry residue). Due to presence of alkaloids in B.

vulgaris and absence of analytical methodologies of quantification for this product, it was

proposal method validation, in accordance with the current requirements. The methodology is

followed at spectrophotometric alkaloid determination using Dragendorff as precipitating

agent reacting and Berberine Sulphate Merck

as reference standard. The phytochemistry

profiles had been collated with data from the literature, proving the authenticity of the raw

materials. For raw materials specifications of quality control are determined: stranger organic

substances, loss for dessecation, leached ashes (total, insoluble in acid and sulfated) and

heavy metals. For Robusterina product the organoleptics characteristics had been analyzed

(verification of the color, odor, flavor), physical characteristics (limpidity, alcoholic text,

density, pH, total dry residue and solubility). The gotten studies allow to suggest

specifications of minimum and maximum values for the quality control for tincture of

Robusterina. How much to the validation the calibration curve was determined with six

concentrations between 40 and 200 g/mL. The equation of the straight line is y = 0,0038x +

0,0092 with R2 of 0,9996. The parameters robustness, precision, specificity, limit of detection

and quantification and exactness had been evaluated statisticaly with reliable interval of 95%

(test t of Student, ANOVA). In accordance with the statistical analyses, were observed that

the method is linear, robust, necessary and accurate. The limits of detection and quantification

had been respectively 10,5263 and 3,1578 g/mL.

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III

LISTA DE FIGURAS

Revisão de Literatura

Figura 1 Berberis vulgaris.................................................................................................

4

Figura 2 Estrutura Química da Berberina..........................................................................

6

Figura 3 Gossypium herbaceum.........................................................................................

8

Figura 4 Estrutura Química do Gossipol............................................................................

9

Figura 5 Viburnum opulus................................................................................................. 12

Figura 6 Estrutura Química da Escopoletina.....................................................................

13

Figura 7 Estrutura Química da Amentoflavona.................................................................

14

Figura 8 Estrutura Química do Ácido Ursólico.................................................................

14

Artigo III

Figura 1 Curva de Regressão Linear obtida da média das Três Curvas de Calibração autênticas.............................................................................................................

57

Figura 2 Gráfico de Resíduos.............................................................................................

58

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IV

LISTA DE TABELAS

Artigo I

Tabela 1 +++ Resultado da Pesquisa de Matéria Orgânica Estranha de Berberis vulgaris,

Gossypium herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo

fornecedor............................................................................................................

28

Tabela 2 Resultado da Pesquisa de determinação de umidade de Berberis vulgaris

Gossypium herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo

fornecedor............................................................................................................

29

Tabela 3 Resultado da Pesquisa de cinzas totais de Berberis vulgaris, Gosssypium

herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo fornecedor..........

30

Tabela 4 Resultado da Pesquisa de Cinzas Insolúveis em Ácido de Berberis vulgaris,

Gosssypium herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo

fornecedor............................................................................................................

31

Tabela 5 Resultado da Pesquisa de Cinzas Sulfatadas de Berberis vulgaris, Gosssypium

herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo

fornecedor............................................................................................................

32

Artigo II

Tabela 1 Resultados de Parâmetros de Controle de Qualidade para a Robusterina..........................................................................................................

41

Artigo III

Tabela1 Quantificação Espectrofotométrica de alcalóides- Resultados da Linearidade- Dados da Curva de Calibração............................................................................

56

Tabela 2 Resultados da Análise de Variância para Linearidade........................................

57

Tabela 3 Avaliação da Robustez variando o parâmetro de pH.......................................... 58

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V

Tabela 4 Avaliação da robustez variando o pH de acordo com a ANOVA.......................

58

Tabela 5 Avaliação de Robustez Variando o parâmetro de Velocidade de Centrifugação

59

Tabela 6 Avaliação da robustez variando a velocidade de centrifugação de acordo com

a ANOVA............................................................................................................

59

Tabela 7 Avaliação da robustez variando o parâmetro Marca do Solvente.......................

60

Tabela 8 Teste-t Student Robustez de Marca do Solvente.............................................

60

Tabela 9 Resultados da Repetitividade...............................................................................

61

Tabela 10 Resultados da Precisão Intermediária..................................................................

61

Tabela 11 Precisão Intermediária de acordo com a ANOVA..............................................

62

Tabela 12 Resultados da Exatidão para concentrações baixa, média e alta.........................

62

Tabela 13 Teste t de Student para Exatidão

Concentrações baixa (50%), média (100%) e alta (150%)........................................................................................................

62

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VI

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................

1

2. REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................

4

2.1 Estudos sobre Berberis vulgaris.......................................................................................

4

2.2 Estudos sobre Gossyium herbaceum................................................................................ 7

2.3 Estudos sobre Viburnum opulus.......................................................................................

11

2.4 Produção de Fitoterápicos e Controle de Qualidade........................................................ 15

2.5 Controle de Qualidade de Fitoterápicos........................................................................... 16

2.6 Validação de Metodologia Analítica................................................................................

17

3. OBJETIVO.........................................................................................................................

19

4. ARTIGO I Determinação de Parâmetros de Controle de Qualidade das matérias-primas utilizadas na produção de fitoterápico empregado para disfunções do ciclo menstrual.........

21

Resumo...................................................................................................................................

21

Abstract...................................................................................................................................

22

4.1 Introdução.........................................................................................................................

22

4.2 Material e Métodos...........................................................................................................

25

4.3 Métodos............................................................................................................................ 25

4.4 Resultados e Discussão.................................................................................................... 27

4.5 Conclusão......................................................................................................................... 32

4.6 Agradecimentos................................................................................................................ 33

4.7 Referências....................................................................................................................... 33

5. ARTIGO II Determinação de Parâmetros de Controle de Qualidade de Produto

Fitoterápico Robusterina.........................................................................................................

36

Resumo................................................................................................................................... 36

Abstract................................................................................................................................... 37

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VII

5.1 Introdução......................................................................................................................... 37

5.2 Material e Métodos........................................................................................................... 39

5.3 Parâmetros de Controle de Qualidade para Robusterina.................................................. 39

5.4 Resultados e Discussão..................................................................................................... 41

5.5 Conclusão......................................................................................................................... 42

5.6 Agradecimentos................................................................................................................ 42

5.7 Referências....................................................................................................................... 42

6. ARTIGO III Desenvolvimento e Validação da Metodologia de Quantificação

Espectrofotométrica de Alcalóides em Fitoterápico contendo Berberis

vulgaris................................................................................................................................... 45

Resumo................................................................................................................................... 45

Abstract.................................................................................................................................. 46

Introdução...............................................................................................................................

46

Objetivo..................................................................................................................................

48

Material e Métodos.................................................................................................................

48

Desenvolvimento da Metodologia..........................................................................................

48

Estudo da Validação............................................................................................................... 49

Resultados e Discussão...........................................................................................................

51

Conclusão............................................................................................................................... 54

Agradecimentos...................................................................................................................... 54

Referências............................................................................................................................. 54

Tabelas....................................................................................................................................

56

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VIII

7 CONCLUSÃO FINAL........................................................................................................

63

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 64

9 ANEXOS.......................................................................................................................... 74

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1

1. INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico

para vários grupos étnicos e comunidades. O uso de plantas no tratamento e cura das enfermidades é

tão antigo, quanto a espécie humana (MACIEL, 2002). Substâncias de origem vegetal são utilizadas

desde tempos antigos, para tratamento de doenças (LOACES et al, 2003).

É necessário mencionar que o conhecimento das plantas faz parte dos primeiros estudos do

homem, visto que este necessitava coletar raízes, caules, folhas e frutos destinados à caça, à

alimentação e à cura de seus males (GOTTLIEB & KAPLAN, 1993).

O uso de plantas durante a história foi fundamental para que a produção de medicamentos, e o

tratamento de enfermidades dessem os primeiros passos. A terapêutica hoje mostra que,

medicamentos com ações específicas também provêm dos produtos naturais. Isto é visto quando é

analisado o número de substâncias obtidas de forma direta e indireta de fontes naturais (CALIXTO,

2003). Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se surpresos pelo fato de produtos

encontrados na natureza apresentarem uma grande diversidade em termos de estrutura e de

propriedades biológicas e físico-químicas (WALL & WANI, 1996). Estima-se que 15 a 17% das plantas

foram estudadas no que diz respeito a potencialidades medicinais (SOEJARTO, 1996).

Atualmente 40% dos fármacos usados na terapêutica são provenientes de fontes naturais, onde

25% são de origem vegetal (SHU, 1998).

Para se ter uma idéia deste potencial terapêutico, dentre os 520 novos fármacos aprovados

entre 1983 e 1994, pela Food and Drug Administration (FDA) ou outra entidade comparável, 196

vieram direta ou indiretamente de fonte natural (CRAGG, 1997).

O número de plantas estudadas é crescente ano a ano. Isto é observado a partir de ações do

segmento acadêmico, que preconiza a importância dos recursos naturais para o desenvolvimento

(SIMÕES, REUNIÃO DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2001). Por isso, há atualmente, interesse da

indústria farmacêutica em produtos naturais como fonte de modelos para novos fármacos

(KINGSTON, 1996, HARVEY, 2000) e como matéria-prima para desenvolvimento de fitoterápicos

(SCHENKEL et. al, 2001).

Quanto maior o número de espécies, maior o potencial de novos medicamentos. No Brasil, esse

potencial está quase todo a ser descoberto. Segundo Gottlieb (1981), não se sabe nada sobre a

composição química de 99,6% de nossa flora. A despeito dos mais de 40 anos de pesquisa de plantas

medicinais no Brasil, o número de espécies estudadas é muito reduzido (SOUZA, 1993).

Levantamentos etnobotânicos são fundamentais para o conhecimento e o estudo de outras

plantas com finalidades medicinais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que

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aproximadamente 80% da população dos países em desenvolvimento utilizam para atendimento

primário da saúde, especialmente a medicina tradicional, da qual a maior parte envolve o uso de

extratos vegetais ou seus princípios ativos (FARSNSWORTH et al., 1985). Essa situação é semelhante

no Brasil, constatada pelos trabalhos que vem sendo realizados em diversas regiões brasileiras;

porém, ainda em número insuficiente, mostrando o longo trajeto a ser percorrido pela pesquisa

brasileira (DI STASI, 1995).

Com respeito às potencialidades da nossa flora, já nos idos dos anos 80, apontava-se que o

entusiasmo em relação ao uso de plantas medicinais e seus extratos na assistência à saúde pode ser

entedido pela sua aceitabilidade, derivada da inserção cultural e pela atual disponibilidade desses

recursos, ao contrário do que ocorre com outros medicamentos, que na sua maioria são dependentes

de matéria-prima e tecnologias externas (SIMÕES et. al, 1986, SCHENKEL et. al, 1985).

O único recurso terapêutico de uma boa parcela da população brasileira e de mais de 2/3 da

população mundial, o mercado de fitoterápicos no mundo movimenta um montante de US$ 22

bilhões por ano e vem seduzindo a cada ano mais adeptos nos países desenvolvidos. Não há

estatísticas precisas sobre o mercado brasileiro de fitoterápicos, mas ele deve movimentar recursos

de ordem de US$ 0,7 a 1 bilhão anuais (7 a 10% do mercado de medicamentos do país) (CIÊNCIA

HOJE, 2000).

A tendência observada para a fitoterapia é que ela desempenhará um papel cada vez mais

importante na assistência de saúde da população. Desta forma, não se pode negar a importância da

avaliação dos efeitos terapêuticos de cada um destes fitoterápicos, através de estudo randomizado,

duplo cego e controlado por placebos, envolvendo um número significante de pessoas. Além do

estabelecimento de atividade por meio de testes clínicos, outro aspecto relevante é a padronização

desta atividade, de modo a assegurar uma quantidade uniforme desta em cada dose (CALIXTO, 2000).

A utilização de plantas medicinais tornou-se um recurso alternativo em terapêutica que

apresenta uma grande aceitação pela população e, notadamente vem crescendo junto à comunidade

médica, desde que sejam utilizadas plantas estudadas no que se diz respeito a sua eficácia e

segurança (VEIGA,JR. 2002).

Há uma controvérsia, oriunda principalmente da imprecisão de dados e falta de pesquisa, sobre

o número de espécies vegetais fanerogâmicas existentes no Brasil. Dos diversos biomas brasileiros

(Floresta Amazônica, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga, Manguezal, etc), estima-se que

existem de 40 mil (FARNSWORTH et. al, 1991) a 55 mil espécies (DAVIS et. al, 1986). Segundo Plotkin

(1991), o Brasil é o país com maior números de espécies vegetais do mundo. Um total de espécies

estimado está entre 350-550 mil espécies, onde 55 mil espécies são catalogadas (DIAS, 1996, apud

GUERRA et al, 2001).

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Apesar de deter um dos principais mercados de medicamentos do mundo o Brasil, enfrenta

sérios problemas relativos ao acesso a medicamentos, pela sua população carente (aproximadamente

50%), o governo brasileiro não se preocupou em apoiar universidades, institutos de pesquisas,

laboratórios estatais e indústrias farmacêuticas nacionais para possibilitar o desenvolvimento de

fitoterápicos (CIÊNCIA HOJE, 2000).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Estudos sobre Berberis vulgaris L.

2.1.1 Botânico

A família Berberidaceae compreende cerca de 13 gêneros, com aproximadamente 650

espécies distribuidas nas regiões temperadas do Hemisfério Norte, exceto Berberis com

representantes também na América do Sul. A família apresenta 500 espécies do gênero Berberis .e

100 espécies do gênero Mahonia (CRONQUIST,1981).

B. vulgaris é um arbusto com aproximadamente 1 a 3 metros de altura, nativo da Europa e

Ásia Oriental. É encontrado também na América do Norte (ALONSO,1998) (Figura 1), e, em

Portugal, é cultivada como planta ornamental (CUNHA, 2003).

FIGURA 1 - Berberis vulgaris (figura extraída de www.rolv.no/bilder/

galleri/medplant/berb_vul.htm)

Apresenta ramos espinhosos, as folhas das gemas principais se transformam em espinhos,

mais freqüentemente trifurcados; os ramos laterais, únicos providos de folhas normais, nascem nas

axilas de tais espinhos (STRASSBURGER et al, 1984). As flores são muito pequenas e de cor amarela

(ALONSO,1998). São compostas de três sépalas externas e três internas, todas como se fossem

pétalas e de outras seis pétalas, dispostas na mesma maneira, e mesma cor e com um par de

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glândulas nectaríferas na base. Os estames também são em número de seis e o fruto, uma baga de

cor coral ovóide (QUER,1962). A floração ocorre entre o fim da primavera e meados do verão

(ALONSO,1998).

Dentre a vasta sinonímia popular, B. vulgaris é conhecido como acetillo, acetín, agracejo

(espanhol), barberry (inglês), bérbero, berberis (português), crespino (italiano), épine-vinette

(francês) (ALONSO,1998).

As partes utilizadas para uso medicinal são os frutos, casca da raiz (PDR FOR HERBAL

MEDICINES, 2000) e folhas.

2.1.2 Composição

Levando-se em consideração as partes utilizadas, tanto os frutos quanto as cascas das raízes e

folhas apresentam constituintes químicos importantes para justificar seu uso medicinal.

Os frutos apresentam vitamina C, vestígios de alcalóides isoquinolínicos, antocianinas, ácidos

clorogênico e málico e açúcares (CUNHA, 2003). Também são encontrados, os ácidos cítrico e

tartárico, goma e pectina (ALONSO,1998).

Este gênero tem sido extensivamente estudado, devido à presença de alcalóides e compostos

fenólicos. As espécies de berberis são conhecidas por produzirem alcalóides isoquinolínicos, todos

derivados biogeneticamente de tirosina. Foram encontrados os alcalóides berbamina, berberina,

oxiacantina, jatrorhizina, columbamina, palmatina, isotetrandrina, bervulcina, vulracina,

magnoflorina, berberrubina (BEAL,1960, DOMAGALINA et. al., 1971, DROST et, al., 1974 e

SCHIFF,1983).

No córtex da raiz e folhas são encontrados os alcalóides berberina, palmatina, columbamina,

berbamina, oxiacantina e magnoflorina, perfazendo um total de 3% de alcalóides o que confere cor

amarela característica ao córtex (ALONSO,1998).

Dentre estes alcalóides destaca-se a berberina, conhecida pela suas ações farmacológicas,

estando presente em inúmeras espécies do gênero. Ela tem uma semelhança estrutural com a

morfina, e, em altas concentrações, detém certa toxicidade (ALONSO,1998).

Berberina é o alcalóide responsável pela coloração amarela dos caules e das raízes, e que lhes

confere fluorescência amarela quando expostos à luz ultravioleta entre 275 e 366 nm. Sua estrutura

que contém nitrogênio quaternário (Figura 2), forma sal com ácido mineral, tal como ácido

clorídrico e ácido sulfúrico, através da eliminação de uma molécula de água (COSTA, 1970).

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FIGURA 2 Estrutura Química da Berberina

2.1.3 Aspectos Farmacológicos

As atividades farmacológicas atribuídas ao gênero berberis devem-se a um grupo especial de

alcalóides, os isoquinolínicos. Uma maior atenção é dada à berberina, pertencente à classe das

protoberberinas devido à sua grande predominância nas espécies do gênero berberis.

A Berberina tem demonstrado eficácia, na parte clínica e experimental, frente à leishmaniose

visceral e cutânea (GHOSH et. al.,1983, GOSH et. al.,1985, VENNERSTROM et. al.,1990).

Em concentrações normais, a berberina é um tônico amargo que apresenta propriedades

digestivas, eupépticas e orexígenas. Alguns estudos in vitro demonstraram que a berberina tem ação

antibacteriana (AMIN et. al.,1969), antifúngica (MAHAJAN et. al.,1982 e NAKAMOTO et. al.,1990),

anti-helmíntica (SINGHAL et. al.,1976) e antiviral (GUDIMA et. al.,1994). No caso dos vírus da gripe

A e B, mostrou-se eficaz, por exibir ação inibitória da replicação in vitro, em torno de 90%

(LESNAU,1990).

A berberina demostrou atividade bacteriostática em frente ao vibrião da cólera (LAHRI et.

al.,1967, RABBANI et. al.,1987) e Escherichia coli (SACK et. al.,1982, SUN et. al.,1988).

É também observado a ação da berberina frente à tracoma, infecção ocular que pode

desencadear a cegueira, causada pelo Clamidia trachomatis (PIZZORNO et. al.,1985).

Segundo VENNERSTROM E KLAYMAN (1988), a berberina, palmatina, jatrorhizina e outros

derivados alcaloídicos foram testados em relação à atividade antimalárica in vitro contra

Plasmodium falciparum e in vivo contra P. berghei. A berberina exibiu potência comparável à

quinina in vitro.

A berberina apresenta uma tímida atividade hipotensora em ratos, que pode ser prolongada

fazendo-se substituições de grupos, como por exemplo, a troca do grupo o-metila do carbono 9 por

o-n-butila (FUKUDA et. al.,1970).

A administração intravenosa da berberina em animais de laboratório, produziu efeitos

antimuscarínicos e hipotensor arterial. A nível cardíaco produz ação estimulante do músculo

cardíaco, mas em altas doses, o efeito é contrário (PREININGER, 1975). Estudos in vitro demonstram

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que a berberina reduziu a ação anticoagulante da heparina em sangue humano e canino

(PREININGER, 1975).

A berberina tem sido estudada em relação às ações anticancerígenas. Ela inibiu tumores

sistêmicos B1, KB e OS (DUKE, 1985).

O sulfato de berberina inibiu a ação da teleocidina, conhecido agente cancerígeno, na

formação de tumores cutâneos induzidos por 7,12-dimetilbenz[a]antraceno em camundongos

(PIZZORNO et. al.,1985).

A berberina apresenta atividade uterotônica (WILLIAMSON et. al.,1988) e uterocontractante

(DUKE, 1985); estimula a secreção de bile e bilirrubina, e melhora os sintomas de colecistite crônica

e corrige níveis elevados de tiramina em pacientes com cirrose hepática (PIZZORNO et. al.,1985).

A palmatina, também encontrada em B. vulgaris, tem demonstrado atividade farmacológica,

quando usado como estomáquico, colagogo e para tratamento de febres palustres (GUPTA E DIXIT,

1989) verificaram atividade antiespermatogênica em cães.

O córtex da raiz da B. vulgaris é usado popularmente com tônico estomacal e colagogo. Nas

dispepsias crônicas, acompanhadas de inapetência, tem resultados satisfatórios. Neste caso é

preparado uma infusão a 4%, tomando-a 3 vezes ao dia (QUER,1962). Como infusão ou cozimento

dos frutos, toma-se uma colher de café 2 a 3 vezes por dia (CUNHA, 2003). A tintura é feita em

proporção (1:10) das cascas das raízes, com posologia de 20 a 40 gotas ao dia (CUNHA, 2003). A

tintura 1:10 é preparada de acordo com a Farmacopéia Alemã 10 ed. (PDR FOR HERBAL MEDICINES,

2000).

2.2 Estudos sobre Gossypium herbaceum L.

2.2.1 Botânico

Atualmente estão identificadas cinqüenta espécies de algodão do gênero Gossypium

distribuídas nos continentes Asiático, Africano, Americano e na Austrália. Gossypium é um dos

oito gêneros que compõem a tribo Gossypieae, da Família Malvaceae (FRYXELL, 1979).

Os algodoeiros cultivados mundo afora pertencem a quatro espécies distintas deste gênero:

duas alotetraplóides (Gossypium hirsutun L. e G. barbadense L.) e duas diplóides (G. arboreum L.

e G. herbaceum L.).

As flores são simples, isoladas e apresentam cinco pétalas. Cada uma delas possui dois

cálices, um normal e outro formado por três grandes brácteas

folhas modificadas em forma de

coração (CIÊNCIA ILUSTRADA, 1973).

O fruto é uma cápsula que se origina do desenvolvimento de um ovário supero que contém

cinco cavidades, onde se alojam as sementes. Depois de atingida a maturação, o fruto abre-se

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espontaneamente. Com essa abertura, a lanugem sai para o exterior. Para que se possa fazer a

colheita do algodão é preciso que ocorra a fecundação do óvulo no interior do ovário, e que ele

sofra uma série de transformações até que se torne fruto (CIÊNCIA ILUSTRADA, 1973).

Diante de uma vasta sinonímia vulgar, o G. herbaceum L. é conhecido como algodonero

(espanhol), cótone (italiano), cotonnier (francês), cotton plant (inglês) e baunwolle (alemão)

(COIMBRA, 1958). Apresenta também no Brasil como Amamiu (em tupi) (CRUZ, 1965) (Figura 3).

FIGURA 3

Gossypium herbaceum (figura extraída de biotech.tipo.gov.tw/ plantjpg/2/ )

2.2.2 Composição

Dentre as partes utilizadas podemos destacar a raiz e a semente.

As sementes contêm celulose, uma pequena quantidade de cera e ácidos palmítico, esteárico e

pectínico (TESKE, 1997). Também apresenta aproximadamente 20% de óleo, 20% de matéria

protéica, 23% de matéria nitrogenada, 7% de gossipol e fenóis. O córtex da raiz contém ácido

gossípico, resina, fitosterol, óleos fixos, gossipol, açúcares, gomas, taninos, clorofila,

acetovanilona, ácido salicílico, substâncias fenólicas e betaína. O óleo fixo é constituinte de

glicerídeos do ácido palmítico, linoléico, oléico e esteárico, acompanhados de menores quantidades

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de ésteres dos ácidos araquídico, mirístico, miristoleico, palmitoleico e respectivos ácidos livres

(SOUZA, 1991).

O constituinte químico ativo do algodoeiro é o gossipol (C30H30O8) (Figura 4). È um

pigmento amarelo de ocorrência natural em plantas da Família Malvaceae, em especial nas

sementes de espécies de Gossypium (ABOU-DONIA, 1976). È também encontrado no córtex da raiz.

O gossipol é solúvel em metanol, etanol, éter, clorofórmio e dimetilformamida. Muito solúvel

em soluções diluídas aquosas de carbonato de sódio onde se decompõe rapidamente. È insolúvel

em água (THE MERCK INDEX, 1976).

É um sesquiterpeno dimérico. É um composto binaftil. È quiral devido à rotação restrita em

torno da ligação internaftil. O isômero (-) é ativo como contraceptivo masculino e os sintomas

tóxicos são provenientes do isômero (+) (Figura 4).

FIGURA 4 Estrutura Química do Gossipol

2.2.3 Aspectos Farmacológicos

A atividade biológica do isômero (-) do gossipol foi evidenciado a partir de relatos de vários

autores (MORRIS et al.,1986, JOSEPH et al., 1986, TANPHAICHITR et al., 1988, MATLIN et al., 1988, LIN et

al., 1989 E GONZÁLEZ-GARZA et al., 1993).

O gossipol, constituinte amplamente estudado em nove espécies de Malvaceae é utilizada na

medicina tradicional em disenteria, gonorréia e como antisséptico (AGUILAR et al., 1994).

O gossipol no decorrer dos anos foi estudado e testado em atividades in vitro e in vivo contra

diversos agentes patogênicos como Trypanosoma cruzi (MONTAMAT et al., 1982, ABE et al., 1986),

Plasmodium falciparum (ROYER et al., 1986, TRIPATHI et al., 2004), Entamoeba histolytica

(GONZÁLEZ-GARZA et al., 1989), Trichomonas vaginalis (GONZÁLEZ-GARZA et al., 1995), Giardia

lamblia (MATA-CARDENAS et al., 1998), herpes simplex vírus II (RADOLPH et al., 1986) e vírus HIV

(ROYER et al., 1991). Também tem ações inseticidas, antimicrobianas e antifertilizantes (STIPANOVIC

et al., 1984, FISHER et al., 1988, PERCY et al., 1996).

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Os efeitos do gossipol sobre a reprodução foram vistos após estudos de LIU (1957) APUD QIAN

E WANG (1984). O interesse pelo gossipol iniciou-se com a descoberta das suas propriedades

anticonceptivas masculinas, além de apresentar resultados satisfatórios no tratamento de alguns tipos

de câncer . Testes clínicos indicam que o gossipol passou a ser utilizados no controle dos cânceres de

mama e genital (BAND et al., 1989, HU et al., 1994, LIU et al., 2002).

Cientistas usam o gossipol no tratamento da endometriose (ZHANG et al.,1994) porque ele tem

ação inibitória enzimática inespecífica (HERVE et al., 1996), proporcionando a alteração da divisão

celular.

O uso do gossipol pode causar irritação no trato gastrointestinal (THE MERCK INDEX, 1976); em

altas doses e ingestões por tempo prolongado, pode ser hepatotóxico (ALI ET AL.,1984). Estudos em

animais demonstraram que em doses elevadas provocaram edema pulmonar, paralisia e diminuição

da respiração (THE MERCK INDEX, 1976).

O gossipol, hoje é encontrado, para tratamento específico de algumas doenças. Podemos então

destacar algumas: Câncer (adrenal): comprimidos: 40 a 60 mg ao dia (FLACK et al., 1993); câncer

(glioma): comprimido: gossipol racêmico, 10 mg, todos os dias, durante um mês (BUSHUMOW et al.,

1999); controle de Natalidade: Mulheres (gel vaginal): Aplicação do gel de gossipol-ácido acético

(0,5 g/mL) na vagina, após o ato sexual (RATSULA et al., 1983); controle de natalidade: Homens

(comprimidos): 10 a 20 mg (dia) por um período de 75 e 180 dias até a redução da quantidade de

esperma após exame (LIU et al., 1987, COUTINHO et al., 1988, COUTINHO et al., 2000, GU et al., 2000).

O gossipol também pode apresentar interações com algumas drogas tais como cloroquina

(NWOHA, et al.,1995), digoxina (SHAOZHEN, 1980, LIU et al., 1988, YE et al., 1989), ferro (HERMAN et

al., 1973), anti-inflamatórios não esteróides (DESMET et al., 1993, WAGNER et al.,1995 DESMET et al.,

1993), e com etanol (MESSIHA et al., 1991, AKINGBEMI et al., 1997)

O algodoeiro como planta medicinal é bastante utilizado popularmente. A parte usada (cascas

da raiz) é empregada na forma de cozimento, extrato fluido e tintura (CRUZ, 1965). É utilizado como

emoliente e diurético. Favorece a digestão, contribui para um melhor funcionamento das vias

urinárias, combate algumas doenças de pele como espinhas, cravos e boubas (CRUZ, 1965). Suas

mais importantes ações são para as enfermidades da mulher. É assim que, sendo um vegetal de

comprovada ação hemostática, dá os melhores resultados no combate às desordens menstruais e nas

hemorragias após o parto. Emprega-se ainda no tratamento das inflamações e dores do útero e do

ovário e na retenção da placenta, usando-se igualmente para provocar contrações uterinas (CRUZ,

1965).

2.3 Estudos sobre Viburnum opulus L.

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2.3.1 Botânico

O gênero compreende mais de 230 espécies, distribuídas na América do Sul (Peru) até

Sudeste da Ásia, onde apresenta a maioria dos exemplares (EGLOF, 1962). O viburnum

(Caprifoliaceae) contém várias espécies, mas somente 21 estão sendo estudadas, sob o ponto de

vista químico (KUO, 1992).

Nativo da Ásia Ocidental, norte da África e Europa meridional, o Viburnum opulus cresce ao

abrigo de bosques subtropicais úmidos, zonas pantanosas e terrenos em altitudes de até 1.200

metros (ALONSO, 1998). Também é bastante distribuído na América do Norte, e, foram utilizadas

por aborígines americanos, para tratamento de doenças espasmódicas, especificamente as

dismenorréias.

É uma árvore pequena, que apresenta altura máxima de 5 m. O tronco apresenta córtex claro,

liso e muito ramificado, as folhas podem ser tri ou pentalobuladas, dentadas. Apresenta flores

brancas, que aparecem no final da primavera e início do verão (Figura 5). As inflorescências dão

origem a frutos, de cor roxa e ovalados e com uma semente em seu interior (ALONSO, 1998).

Dentre a vasta sinonímia vulgar, o V. opulus apresenta nomes populares viburno americano,

bola de neve, rosa-de-guelres e viorne (ALONSO, 1998). Na Europa, sobretudo em Portugal, é

bastante conhecido como Espinheiro negro.

As partes da planta utilizadas para uso medicinal são a casca do tronco e dos ramos (CUNHA et

al., 2003).

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FIGURA 5 Viburnum opulus (figura extraída de www.missouriplants.com/

Whiteopp/Viburnum_opul...)

2.3.2 Composição

As espécies de Viburnum caracterizam-se quimicamente por apresentar iridóides,

triterpenóides, cumarinas e flavonas (KUROYANAGI et al., 1986, IWAGAWA et al., 1994, MACHIDA et

al., 1997).

O V. opulus apresenta vários constituintes químicos enumerados a seguir, segundo ALONSO

(1998): Cumarinas (escopoletina, esculetina e escopolina), ácidos orgânicos (ácido clorogênico,

ácido isoclorogênico, ácido salicílico (0,2%), ácido oxálico, ácido cítrico, ácido málico e ácido

isovaleriânico (presente no córtex), flavonóides (amentoflavona), ácidos triterpênicos (ácido

ursólico e ácido oleanólico) e outros (taninos (2%) triterpenos (alfa e beta amirina), princípio

amargo (viburnina, presente nas folhas e nos frutos ) e óleo essencial.

+

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2.3.3 Aspectos Farmacológicos

Dentre os componentes ativos, alguns tem atividade farmacológica. Os ácidos fenólicos,

juntamente com a fração flavonóide apresentam ação diurética, antisséptica, antiinflamatória e

venotônica (ALONSO, 1998).

A atividade antiespasmódica de alguns extratos vegetais de espécies de Viburnum, tem sido

atribuída ao teor de escopoletina (6-metoxi-7-hidroxicumarina) (Figura 6) e outras cumarinas

(JARBOE et al., 1967, TYLER et al., 1979, e ROBBERS et al., 1996). A escopoletina também regula a

pressão arterial. Ela dilata os vasos sanguíneos, atua contra a sobrecarga de trabalho do coração.

FIGURA 6 Estrutura Química da Escopoletina

Segundo estudos de ROMERO (1997) a escopoletina nas concentrações de 25,70 - 524,80 M,

inibiu as contrações induzidas por uma variedade de agonistas que incluem a fenilefrina, potássio,

serotonina e prostaglandina 2

(PGF2 ) em anéis de aorta isolados de rato. O efeito dessa

cumarina nas contrações induzidas por fenilefrina não foi afetado pela remoção do endotélio ou

bloqueio da NO-sintase pelo L-NAME. A escopoletina não interferiu com a reestocagem dos

estoques intracelulares sensíveis à noradrenalina. Isto sugere que a ação espasmolítica não

específica da escopoletina pode ser atribuída pelo menos em parte à sua habilidade de inibir a

mobilização do cálcio intracelular dos estoques sensíveis à noradrenalina.

Também há estudos que a escopoletina apresenta atividade bacteriostática em várias espécies

de bactérias (Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Streptococcus sp, Klebsiella pneumoniae e

Pseudomonas aeruginosa) (www.phytochemicals.info/phytochemicals/scopoletin

acessada em

22/05/2005). Também atua contra as inflamações, é anti-histamínico e é coadjuvante no tratamento

de artrite e bursite e contra tendovaginites.

Outro componente ativo importante a ser destacado é a amentoflavona (Figura 7). É um

biflavonóide dimérico. que demonstrou ação anti-ulcerogênica (GOEL, 1988), inibidor dos vírus

influenza A e B e herpes 1 e 2 (LIN, 1999), inibidor da fosfolipase A2 e ciclo-oxigenase após

indução da inflamação pela carragenina (KIM, 1998) e inibição da ligação entre os

benzodiazepínicos e o receptor de GABA-A in vitro (BAUREITHEL, 1997). Apresenta também ação

venotônica, vasoconstrictora, hemostática e diurética (ALONSO, 1998). Também tem ação inibitória

sob betaglucuronidase e lizosima em neutrófilos de ratos (TORDERA, 1994).

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FIGURA 7 Estrutura Química da Amentoflavona

O ácido ursólico (Figura 8) outro componente encontrado que apresenta ação frente ao

Plasmodium falciparum no caso da resistência dele à cloroquina (STEELE, 1999), e também para

combate à leucemia (BAEK, 1997).

FIGURA 8 Estrutura Química do Ácido Ursólico

Foi também encontrado o viopudial, com atividade antiespasmódica sobre o músculo liso

(NICHOLSON et al., 1972).

A viburnina, encontrada nos frutos, pode provocar gastroenterocolite, ao ser consumido

fresco. Para evitar este efeito, deve-se ferver os frutos previamente (ALONSO, 1998).

O gênero Viburnum foi usado por muitos anos como antiarbotivo (OSOL, 1955). Foi observada

ainda propriedade relaxante no útero, a partir do extrato metanólico (JARBOE et al., 1966). É usado

como regulador intestinal e relaxante dos ovários e do útero, é bastante efetivo na prevenção do

aborto e de afecções nervosas durante a gravidez. Também promove diminuição do fluxo

menstrual.

Pelo fato de apresentar efeito espasmolítico, podem ser empregados em cólicas, bronquites

espasmódicas, cãímbras, metrorragias e dismenorréias. A sua atividade adstringente é útil na

diarréia e feridas superficiais de pele. As decocções são usadas para aftas e úlceras, e em desordens

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a nível oftálmico. Na Europa tem sido usado em convulsões por epilepsia (ALONSO, 1998). Ele

ainda reduz a pressão arterial, pelo fato de relaxar a musculatura dos vasos (ALONSO, 1998).

2.4 Produção de Fitoterápicos e Controle de Qualidade

O produto fitoterápico, segundo legislação em vigor (RDC N 48, de 16 de Março de 2004, da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)), deixa entrever que, para a transformação de

uma planta em medicamento, é necessário preservar a integridade química e farmacológica do

vegetal, garantindo a constância de ação biológica e segurança de utilização, além de valorizar o

seu potencial terapêutico (SIMÕES et. al, 2004).

Para alcançar esses objetivos, a produção de fitoterápicos requer estudos prévios relativos a

vários aspectos (agronômicos, botânicos, químicos, farmacológicos, toxicológicos) e de

desenvolvimento de metodologias analíticas e tecnológicas (PETROVICK et al, 1997).

Estudos Botânicos

Objetiva a identificação inequívoca de uma espécie vegetal, através de análise de

características anatômicas e morfológicas. È importante também estabelecer características

botânicas comparativas que possam detectar a presença de uma ou mais espécies adulterantes

(SIMÕES et al, 2004).

Estudos Agronômicos

Tais estudos visam à produção abundante e homogênea de matéria-prima, preservando o meio

ambiente, espécie e biodiversidade.Os aspectos a serem investigados visam à otimização da

produção da produção a partir de estudos edáfico-climáticos, densidade de plantio, necessidades

nutricionais, beneficiamento e armazenamento, melhoramento genético e ocorrência de pragas

(IKUTA, 1993).

Estudos Químicos

È compreendido neste estudo, as etapas de isolamento, elucidação estrutural e identificação de

constituintes, responsáveis ou não pela ação biológica. Também pode-se aplicar o estabelecimento

de marcadores químicos, indispensáveis para planejamento e monitoramento das ações de

transformação tecnológicas e para estudos de estabilidade dos produtos intermediário e final

(SIMÕES et al, 2004).

Estudos de Atividade Biológica

A avaliação da atividade biológica inclui a investigação da atividade farmacológica e

toxicológica de substâncias isoladas, de frações ou extratos da droga vegetal (SIMÕES et al, 2004).

Independentemente do ponto de vista considerado, o conhecimento dos aspectos de atividade

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biológica do vegetal é requisito essencial para a transformação da planta medicinal em produto

fitoterápico (DE SMET, 1997).

Estudos de Desenvolvimento de Metodologias Analíticas

Os métodos analíticos permitem a avaliação da qualidade do produto fitoterápico, garantindo

a constância de ação terapâutica e segurança de utilização. Os métodos analíticos cumprem funções

diferenciadas segundo Simões et al (2004):

a) Avaliação do teor de substância ou grupo de substâncias ativas e do perfil qualitativo dos

constituintes químicos de interesse presentes na matéria-prima vegetal, produtos intermediários e

produto final.

Tal avaliação, que pode ser de forma qualitativa, semi-quantitativa ou qualitativa, envolve a

utilização de métodos espectrofotométricos, cromatográficos, físicos, físico-químicos ou químicos.

Quando os constituintes químicos são desconhecidos, as análises são realizadas com uso de

marcadores químicos, a partir de abundância, facilidade de detecção e doseamento (SIMÕES et al,

2004).

Se o objetivo da análise é o controle de qualidade de qualidade do produto acabado, as

exigências analíticas se baseiam em diversos fatores como especificidade, exatidão, precisão e

tempo de rotina analítica. Para fins de controle de qualidade e registro do produto fitoterápico, o

método analítico deve ser validado para uma substância ou grupo de substâncias (PETRY, 1999).

Também é recomendado estudos de estabilidade, permitindo, inclusive, a detecção de produtos

oriundos da degradação de substâncias ativas, ou marcadores químicos.

b) Avaliação das características físicas e físico-químicas dos produtos tecnologicamente

transformados.

A utilização de métodos analíticos que visam a quantificação de substâncias ativas ou de

referência e aspectos relativos à forma farmacêutica são essenciais para a obtenção da

homogeneidade dos lotes produzidos.

2.5 Controle de Qualidade de Fitoterápicos

A qualidade é definida como o conjunto de critérios que caracterizam a matéria-prima para o

uso a qual se destina.

A partir do momento que haja parâmetros de qualidade para a matéria-prima e levando-se em

consideração um planejamento adequado e um controle rigoroso do processo de produção do

medicamento, a qualidade do produto final poderá estar assegurada (GAEDCKE, 2000). A qualidade

da matéria-prima vegetal é de fundamental importância para a qualidade do fitoterápico (SIMÕES et

al, 2004).

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Contudo, não só a qualidade das matérias-primas vegetais garante a eficácia a segurança e a

qualidade do produto final. A eficácia é dada pela comprovação, por ensaios farmacológicos pré-

clínicos e clínicos e efeitos biológicos. A segurança é determinada por ensaios que comprovam a

ausência de efeitos tóxicos e inexistência de contaminantes nocivos à saúde (metais pesados,

agrotóxicos, microorganismos, produtos de degradação). A segurança e eficácia de um fitoterépico

são definidas para cada produto, pois dependem de fatores como obtenção de extratos, formulação

farmacêutica do produto final, entre outros (SIMÕES et al, 2004).

Assim, é importante a pré-definição de parâmetros de qualidade para a matéria-prima vegetal,

além de procedimentos de preparação dos extratos padronizados (produtos padronizados).

A qualidade das matérias-primas deve ser realizada de acordo com bases científicas e

técnicas. Nos procedimentos de rotina na análise de qualidade, geralmente é preconizado o

emprego de metodologias químicas, físicas ou físico-químicas e biológicas com as necessidades de

correlação entre os parâmetros analisados e a finalidade a qual se destina (SIMÕES et al, 2004).

Os parâmetros de qualidade para fins farmacêuticos são em princípio estabelecidos nas

Farmacopéias. Para as matérias-primas vegetais, oriundas de plantas clássicas (estudadas sob o

ponto de vista químico e farmacológico) existem monografias definindo alguns critérios

(identidade, pureza e teor).

Alguns parâmetros essenciais para a qualidade da matéria-prima vegetal podem sofre variação

dependendo da procedência do material. As variações na composição química, na pureza e nas

características fenotípicas ressaltam a importância dos estudos de caracterização farmacognóstica,

relacionadas com atividade farmacológica. Sendo assim, a origem geográfica exata e as condições

de cultivo, estágio de desenvolvimento, colheita, secagem e armazenamento, bem como de

tratamento com agrotóxicos, descontaminantes e conservantes devem ser conhecidos (BHP, 1996).

Os ensaios de qualidade de matérias-primas vegetais preconizados nas farmacopéias e

diferentes literaturas de área objetivam a verificação de identidade botânica do material, pureza do

material e caracterização dos constituintes químicos da espécie. Todo o procedimento analítico

deve ser validado e nos ensaios quantitativos, variações nos resultados deverão ser consideradas

estatisticamente. Nas análises das matérias-primas é preconizada a realização destes ensaios em

triplicata, calculando-se a média e o coeficiente de variação (SIMÕES et al, 2004).

2.6 Validação de Metodologia Analítica

Hoje, várias normas, tanto nacionais quanto internacionais, e também os sistemas da

qualidade denotam destaque no tocante à importância da validação de métodos analíticos e a

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documentação do trabalho de validação, para a obtenção de resultados confiáveis e adequados ao

uso pretendido.

A validação de metodologia analítica é um aspecto bastante importante e vital para a garantia

da qualidade analítica e se constitui numa das exigências das normas de Boas Práticas de

fabricação (BPF) vigentes. Os métodos de ensaio para avaliar a conformidade dos produtos

farmacêuticos com especificações estabelecidas devem atingir padrões adequados de exatidão,

precisão e confiabilidade (BARROS, 2002).

A validação de método analítico é a confirmação por exame e fornecimento de evidência

objetiva de que os requisitos específicos para um determinado uso pretendido são atendidos (NBR

ISO/IEC 17025, 2001). A validação inclui a especificação dos requisitos do método;

determinação das características do método; verificação de que os requisitos podem ser atendidos

com o uso do método e uma declaração sobre a validade do método (NBR ISO/IEC 17025, 2001).

É de fato importante o uso de ferramentas estatísticas adequadas tais como teste T de student

e F, análise de variância, regressão linear, entre outras; é indicado para demonstração de

evidência objetiva da validade do método.

A farmacopéia americana (USP 25, 2002), na seção de Ensaios Gerais, apresenta

recomendações para a validação de métodos analíticos e apresenta também um sumários das

características de desempenho requeridas para os vários tipos de métodos de ensaios. Então

define-se que a validação de metodologia demonstra que o método é adequado ao uso

pretendido.

De acordo com a Resolução n

899, de 29 de Maio de 2003, do Ministério da Saúde, a

metodologia será considerada validada, desde que sejam avaliados parâmetros relacionados

abaixo:

Especificidade / Seletividade

Curva de Calibração / Linearidade

Intervalos da Curva de Calibração

Precisão

Limite de Detecção (LD)

Limite de Quantificação (LQ)

Exatidão

Robustez

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Tanto a USP (The United States Pharmacopoea) quanto ICH (International Conference of

Harmonization) reconhecem que não existe necessidade de avaliar todos os parâmetros de

performance analítica. O tipo de método e seu respectivo uso determinam quais parâmetros

devem ser investigados.

O processo de validação pode dividir os ensaios analíticos em 4 categorias, dependendo dos

parâmetros analisados:

Categoria I - Quantificação do componente em maior quantidade ou ingrediente ativo

Categoria II

Determinação de impurezas ou produtos de degradação em produtos

farmacêuticos ou matéria-prima

Categoria III

Determinação das características de performance, como por exemplo:

dissolução, liberação do ativo

Categoria IV Testes de Identificação

3. OBJETIVO

3.1 Geral

Avaliar o perfil fitoquímico, definir parâmetros de controle de qualidade das matérias-primas

das três plantas e do produto (Robusterina), desenvolver e validar metodologia analítica de

doseamento para a Robusterina.

3.2 Específico

Determinar o perfil fitoquímico de Berberis vulgaris, Gossypium herbaceum e Viburnum

opulus;

Estabelecer especificações de Controle de Qualidade para as matérias-primas (cascas de raiz e

caule);

Estabelecer especificações de Controle de Qualidade para a Robusterina;

Desenvolver uma metodologia analítica para alcalóides na Robusterina;

Validar metodologia de quantificação espectrofotométrica de alcalóides em produto contendo

Berberis vulgaris.

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4.ARTIGO I Artigo a ser submetido

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DETERMINAÇÃO DE ESPECIFICAÇÕES PARA CONTROLE DE

QUALIDADE DAS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA PRODUÇÃO DE

FITOTERÁPICO EMPREGADO PARA DISFUNÇÕES DO CICLO

MENSTRUAL

Marcos A.C. de Oliveira 1, Miracy M. de Albuquerque 1*, Haroudo S. Xavier 2, Ruth R.

Strattmann 1, Severino G. Junior 1, Adelaide T. Queiroz 3.

1 - Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos, Departamento de

Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE

2 - Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade

Federal de Pernambuco, Recife-PE

3 - Diniz & Brandão S. A Indústria e Comércio, Jaboatão dos Guararapes-PE

_________________________________________________________________________

RESUMO

As plantas medicinais são responsáveis por ¼ do total de prescrições médicas nos países

desenvolvidos. No Brasil o consumo de medicamentos de origem vegetal vem crescendo, por

promover o suprimento de necessidades primárias da população carente. No estudo proposto, foram

determinadas as especificações para controle de qualidade para as plantas, utilizadas no fitoterápico

Robusterina composto por Berberis vulgaris (casca da raiz), Gossypium herbaceum (casca da raiz)

e Viburnum opulus (casca do caule), especificações estas que não constam em compêndios oficiais,

sendo necessário estabelecê-las. Foram analisados, matéria orgânica estranha, perda por

dessecação, cinzas (totais, insolúveis em ácido e sulfatadas) e metais pesados. No que se refere a

matéria orgânica estranha podemos preconizar um máximo de 3%, a partir de recomendações do

documento Quality control methods for medicinal plants materials da Organização Mundial de

Saúde (OMS) já que os resultados encontrados estão abaixo deste limite (média de 1,66% para B.

vulgaris, 0,82% para G. herbaceum e 1,64% para V. opulus). Referente ao teor de água, pode-se

estabelecer limites 9,22

0,26 % (B. vulgaris), 10,25

0,19 % (G. herbaceum) e 9,27

10 %

(Viburnum opulus), visto que não se encontram em compêndios oficiais. No que se refere a cinzas

totais, podemos sugerir 7,10

0,31 % (B. vulgaris), 13,36 0,18 % (G. herbaceum) e 11,73 0,23

% (V. opulus). Quanto às cinzas insolúveis em ácido, podemos sugerir 5,55

0,31 (B. vulgaris),

4,29

0,12 % (G. herbaceum) e 5,09

0,09 % (Viburnum opulus). Para o parâmetro cinzas

sulfatadas podemos sugerir 4,6

0,5 %, (B. vulgaris), 6,9

0,17 % (G. herbaceum)e 4,18

0,10

%.(V. opulus) Todos obtidos a partir de valores máximos e mínimos encontrados. O

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estabelecimento destes critérios, com valores mínimos e máximos, garante a determinação de

especificações de qualidade, que pode ser monitorado e acompanhado.

Unitermos: Fitoterápico; Parâmetros de Controle de Qualidade; Robusterina

*Contato com o autor: Fone/Fax: (81) 2126-8571/2126-8572. E-mail: [email protected]

Abstract: Determination of specifications for Quality Control the raw materials used to the

production of Phytopharmaceutical used to disfuctions of menstrual cycle

The medicinal plants are responsible for ¼ of the total of medical lapsings in the developed

countries. In Brazil the use of such products is increasing, for promoting the suppliment of primary

necessities of the devoid population. In the considered study, the specifications for quality control

for the plants, used in the phytopharmaceutical Robusterina composed for Berberis vulgaris (root

bark), Gossypium herbaceum (root bark) and Viburnum opulus (stem bark) had been determined

specifications these that do not consist in official compendiums, being necessary to establish them.

They had been analyzed, organic substance stranger, loss for dessecation, leached ashes (total,

insoluble in acid and sulfatated) and heavy metals. For organic substance stranger we can praise in

maximun 3%, from recommendations of the document "Quality control methods will be medicinal

plants materials" of the World Health Organization (WHO) since the joined results are below of

this limit (average of 1,66% for B. vulgaris, 0.82% for G. herbaceum and 1.64% for V. opulus).

Referring to the water text, it can be established limits of 9,22 ± 0,26 % (B. vulgaris), 10,25 ± 0,19

% (G. herbaceum) and 9,27 ± 10 % (Viburnum opulus), since they do not meet in official

compendiums. For total leached ashes, we can suggest 7,10 ± 0.31 % (B. vulgaris), 13,36 ± 0,18 %

(G. herbaceum) and 11,73 ± 0,23 % (V. opulus). How much to insoluble leached ashes in acid, we

can suggest 5,55 ± 0.31 (B. vulgaris), 4,29 ± 0,12 % (G. herbaceum) and 5,09 ± 0,09 % (Viburnum

opulus). For the parameter leached ashes sulfatated we can suggest 4,6 ± 0,5 %, (B. vulgaris ), 6,9 ±

0,17 % (G. herbaceum)e 4,18 ± 0,10 %.(V. opulus) All gotten from found maximum and minimum

values. The establishment of these criteria, with minimum and maximum values, guarantees the

determination of quality specifications, that can be monitored and be folloied.

Keywords: Parameters of Quality Control; Robusterina

4.1 INTRODUÇÃO

As plantas medicinais respondem por cerca de 25 % do total das prescrições médicas em

países industrializados (Farnsworth et al, 1976, Akerele, 1984); nos países em desenvolvimento a

participação de plantas medicinais no arsenal terapêutico alcança 80 %.

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O consumo de medicamentos de origem vegetal tem aumentado no país, devido a diversos

fatores, dentre eles as necessidades da assistência primária da população (Luz et al, 1995),

sobretudo as mais carentes. Considerando este fato, o modismo e o preço dos medicamentos

industrializados, pode-se observar uma expansão do comércio de plantas medicinais a nível

mundial.

A participação crescente de medicamentos de origem vegetal no arsenal terapêutico, aumenta

a necessidade de efetuar o controle de qualidade, através de técnicas eficientes. As plantas

medicinais, que constituem matéria-prima para produção de fitoterápicos podem apresentar

variações no teor de princípios ativos e deteriorações (Sharapin, 2001). Os fitoterápicos apresentam

fatores intrínsecos (quimiotaxonomia e variabilidade química) que são devidos à planta em si e

fatores extrínsecos (agronomia). A presença ou ausência de substâncias farmacologicamente ativas

pode variar muito dentro da mesma espécie. A composição química varia, também, de acordo com

o local de colheita, das condições de clima e solo, da época do ano em que a colheita é realizada e

das diferentes técnicas de cultivo (Sharapin, 2001).

Entende-se por qualidade o conjunto de critérios que caracterizam a matéria-prima para o uso

ao qual se destina. O estabelecimento de parâmetros de qualidade para a matéria-prima, adicionada

a um planejamento e controle de processo de produção pode desencadear uma melhor qualidade do

produto final (Gaedcke et al., 2000).

A identificação e pureza da droga, bem como a avaliação e determinação dos princípios ativos

são tarefas indispensáveis para obtenção de produtos de boa qualidade (Oliveira et al., 1996).

A Resolução RDC N

48, de 16 de Março de 2004, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), regula os medicamentos fitoterápicos e, para efeito de registro, exige relatório

de controle de qualidade. Apesar dos esforços da ANVISA, a atividade de farmacovigilância é

incipiente e praticamente inexistente para fitoterápicos (Brandão et al., 1998).

A partir do pressuposto legal em vigor, que define o fitoterápico como medicamento e que a

ele se aplicam todas as exigências técnicas pertinentes, busca-se tornar disponíveis o total das

informações que permitam a execução do controle de qualidade que atende minimamente as

exigências.

O presente trabalho visa determinar parâmetros de qualidade para as partes das plantas

utilizadas (Berberis vulgaris, Gossypium herbaceum e Viburnum opulus) na produção da

Robusterina.

Foram analisados matéria orgânica estranha, perda por dessecação, cinzas (totais, insolúveis

em ácido e sulfatadas) e metais pesados. O estabelecimento desses critérios, permitem o

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acompanhamento e a documentação de todos os procedimentos e é fundamental para assegurar a

qualidade.

Relativo ao teor de água, a droga vegetal deve ter o mínimo de umidade para uma boa

conservação. O excesso de umidade em matérias-primas vegetais permite a ação de enzimas,

podendo acarretar a degradação de constituintes químicos, além de proporcionar o desenvolvimento

de fungos e bactérias (Simões et al., 2004). O teor máximo de umidade estabelecido nas diferentes

farmacopéias varia entre 8 e 14%, com poucas exceções especificadas nas monografias. Estes

valores podem ser menores, especialmente nas drogas que tem a facilidade de absorvê-la e quando

esse excesso possa causar deterioração. (Sharapin, 2001) Como as plantas utilizadas não constam

em farmacopéias, tivemos que analisá-las e determinar os parâmetros.

No que se refere as cinzas, sua determinação compreende a caracterização de cinzas totais,

cinzas sulfatadas (resíduo de incineração) e cinzas insolúveis em ácido clorídrico. As cinzas totais

envolvem a determinação tanto das cinzas fisiológicas e das não fisiológicas e consiste em medir a

quantidade do resíduo não volatilizado após a calcinação da droga (Sharapin, 2001). Cinzas

sulfatadas são representadas pelo resíduo não volatilizado após calcinação com ácido sulfúrico

concentrado. Freqüentemente é recomendado, o tratamento prévio da amostra, com ácido sulfúrico,

aumentando a reprodutibilidade do método, sendo, geralmente, o mais indicado para drogas

vegetais (Hartke, 1986). Os metais presentes na droga convertem-se em sulfatos, e, como estes são

mais estáveis ao calor, permitem obter resultados mais precisos do que aqueles obtidos por simples

calcinação (Sharapin, 2001). As cinzas insolúveis em ácido se obtém do resíduo de cinzas totais ou

sulfatadas, após fervura com ácido clorídrico diluído. O processo se completa com a filtração para

afastar os solúveis e pela ignição do resíduo. Este procedimento permite determinar o teor de sílica,

areia e terra silícea presentes na droga (Sharapin, 2001) As cinzas insolúveis expressam o conteúdo

em derivados de sílica decorrentes da contaminação da droga com areia e/ou terra. São dados

interessantes que podem ser entendidos também, como valores quantitativos próximos a um

doseamento (Marques, 1996). A análise de cinzas é importante no controle de qualidade de drogas

vegetais, principalmente quando estas se apresentam pulverizadas (Luz et al, 1995). No caso de

Berberis vulgaris, Gossypium herbaceum e Viburnum opulus não foram encontrados citações

para os parâmetros de cinzas (totais, insolúveis em ácido e sulfatadas).

O estabelecimento de limites de tolerância para metais pesados em plantas medicinais tem

sido discutido. Os procedimentos usuais de extração de drogas vegetais são capazes de extrair

percentuais de metais pesados que variam de 3 a 48% presentes na droga. Além do mais, nos dias

atuais, técnicas específicas podem permitir a descontaminação do vegetal (Schilcher et al., 1987). O

ensaio limite para metais pesados permite que impurezas metálicas reajam colorimetricamente com

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o íon sulfeto e não pode ultrapassar o limite especificado nas monografias em termos de

microgramas de chumbo por grama da amostra em análise (Farmacopéia Brasileira IV Edição,1988,

V.3.2.3). Analogamente, a reação com tioacetamida pode ser empregada para a determinação do

limite de metais pesados, em termos de chumbo.

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

O material utilizado (cascas da raiz de Berberis vulgaris, cascas da raiz de Gossypium

herbaceum e casca de caule de Viburnum opulus sendo três lotes de cada planta denominados lote

1a, 1b e 1c) foi gentilmente cedido pelo laboratório Diniz & Brandão, que adquire a partir do

distribuidor QUIMER. A casca da raiz de B. vulgaris é procedente da Europa e originária da Ásia,

coletada no mês de maio, seca ao sol e apresenta uma granulometria 3.0. A Casca do caule de V.

opulus é procedente da Índia, coletada no mês de maio, seca ao sol e apresenta uma granulometria

de 3.0. A casca do caule de G. herbaceum é fornecida pelo Laboratório Diniz & Brandão, tem

procedência na Região Metropolitana do Recife, coletada no mês de maio, seca ao sol.

4.2.1 MATERIAL

4.2.2 REAGENTES

Ácido clorídrico 3 M, Água destilada, Ácido sulfúrico concentrado, Solução padrão de

chumbo (10 ppm Pb), Solução a 25% (p/V) de sulfato de magnésio em ácido sulfúrico M, Àcido

sulfúrico M, Ácido clorídrico 0,2 M, Fenolftaleína SI, Hidróxido de amônio 6 M, Ácido acético

glacial, Tampão acetato pH 3,5, Reagente de tioacetamida.

4.3 MÉTODOS +

4.3.1 ANÁLISE DAS MATÉRIAS-PRIMAS VEGETAIS

4.3.1.1 CARACTERIZAÇÕES FÍSICAS +

DETERMINAÇÃO DE MATERIAL ESTRANHO

As amostras (cascas da raiz de Berberis vulgaris, cascas da raiz de Gossypium herbaceum e

casca de caule de Viburnum opulus) foram analisadas, com auxílio de uma lupa (lupa de mesa

simples, ampliação 2.4X; 7.3 dioptrias; foco 137.7mm), sendo todo o material estranho separado e

pesado em Balança eletrônica de precisão METTLER mod. AE 260. O resultado foi expresso em

porcentagem de elementos estranhos, com base no peso da tomada de ensaio (Farmacopéia

Brasileira IV Edição, 1988).

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DETERMINAÇÃO DE ÁGUA

As amostras (cascas da raiz de Berberis vulgaris, cascas da raiz de Gossypium herbaceum e

casca de caule de Viburnum opulus) foram reduzidas a pó semi-fino (moído em moinho de faca e

passado em tamis) e determinada sua umidade pelo método gravimétrico (Farmacopeia Brasileira

IV Edição, 1988). As amostras foram dessecadas em estufa (Estufa de secagem e Esterilização

FANEM mod. 315 SE) a 100-105 C durante 5 horas. Após este tempo, as amostras foram

colocadas em dessecador para resfriamento e posterior pesagem. O ensaio foi dado como concluído

quando duas pesagens sucessivas não diferiram entre si por mais de 5 mg.

DETERMINAÇÃO DE CINZAS TOTAIS

As amostras (cascas da raiz de Berberis vulgaris, cascas da raiz de Gossypium herbaceum e

casca de caule de Viburnum opulus) foram reduzidas a pó semi-fino (moído em moinho de faca e

passado em tamis), pesadas e transferidas para cadinho previamente calcinado, resfriado e pesado.

Foram levados à ignição a temperatura de 675

25 C (USP 27) em Mufla (FORNITEC ROBERT

SHAW PYROTEC) até que todo o material fosse eliminado. As amostras foram resfriadas em

dessecador e pesadas. Foram calculadas a porcentagem de cinzas em relação à droga seca ao ar.

DETERMINAÇÃO DE CINZAS INSOLÚVEIS EM ÁCIDO

Os resíduos obtidos na determinação de cinzas totais foram fervidos por 5 minutos com 25

mL de ácido clorídrico 3 M (USP 25) em cadinho coberto com vidro de relógio. Após este tempo, o

vidro de relógio foi lavado com água quente, juntando-se a água ao cadinho. Filtrou-se o resíduo

insolúvel em ácido sobre papel isento de cinza, lavando o filtrado até que se mostre neutro. A

seguir as amostras foram levadas à ignição em Mufla (FORNITEC ROBERT SHAW PYROTEC),

resfriadas em dessecador e pesadas. Foram calculadas a porcentagem de cinzas insolúveis em

ácido, em relação à droga seca ao ar.

DETERMINAÇÃO DE CINZAS SULFATADAS

As amostras das cascas da raiz de Berberis vulgaris, cascas da raiz de Gossypium herbaceum

e casca de caule de Viburnum opulus foram reduzidas a pó semi-fino (moído em moinho de faca e

passado em tamis). Tomou-se 2 g das plantas pesadas e transferiu-se para cadinho previamente

calcinado, resfriado e pesado. Foram adicionados 2 mL de ácido sulfúrico M e aquecidos

brandamente sobre chapa quente até carbonização e a seguir foram incinerados cuidadosamente a

cerca de 800 C até desaparecimento do material. Foram resfriados e adicionados 1 mL de ácido

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sulfúrico M para umedecer o resíduo que foi novamente calcinado e incinerados na estufa a 800 C

(Farmacopéia Brasileira IV Edição, V.2.10. 1988).

DETERMINAÇÃO DE METAIS PESADOS

As amostras (cascas da raiz de Berberis vulgaris, cascas da raiz de Gossypium herbaceum e

casca de caule de Viburnum opulus) foram reduzidas a pó, pesadas e transferidas para cadinho

previamente calcinado, resfriado e pesado. A determinação de metais pesados foi feita de acordo

com o ensaio limite para metais pesados (Farmacopéia Brasileira IV Edição, 1988).

4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

DETERMINAÇÃO DE MATERIAL ESTRANHO

A Farmacopéia Brasileira (2000) inclui como impurezas, a presença de fungos, insetos e

outros materiais contaminantes. A OMS (WHO, 1998), preconiza a ausência de contaminações

visíveis, por fungos ou insetos, bem como contaminações animais, como excrementos em materiais

vegetais para fins medicinais.

No que se refere à pureza das drogas, não ocorreram problemas de contaminações ou

adulterações devido à procedência idônea do material. Para este item, a Organização Mundial de

Saúde (OMS) (WHO, 1992) estipula um máximo de 3% de matéria orgânica estranha que pode

apresentar-se junto com a droga. Para as três plantas, os resultados encontrados foram muito

inferiores ao preconizado pela OMS, podendo-se sugerir o valor máximo de 3% (Tabela 1) o que

confere a procedência idônea do material.

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Tabela 1- Resultado da Pesquisa de Matéria Orgânica Estranha de Berberis vulgaris, Gosssypium

herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo fornecedor.

Ensaios Matéria Orgânica % Média

B. vulgaris * 1 2 3

Lotes 1 1,5 1,6 1,8 1,63 2 1,8 1,7 1,6 1,70 3 1,7 1,7 1,6 1,66

G. herbaceum * 1 2 3

Lotes 1 0,8 0,9 0,8 0,83 2 0,9 0,9 0,9 0,90 3 0,8 0,7 0,7 0,73

V. opulus** 1 2 3

Lotes 1 1,5 1,7 1,6 1,60 2 1,8 1,7 1,6 1,70 3 1,5 1,6 1,8 1,63

* Casca da Raiz ** Casca do Caule

DETERMINAÇÃO DE ÁGUA

Nas análises de determinação de água, as cascas de raiz de B. vulgaris apresentaram valor

mínimo de 8,96% e valor máximo de 9,49%. Analisando estatisticamente através do ANOVA

(análise de variância) pode-se afirmar que não há diferença significativa entre os resultados, para

um nível de confiança de 95%, já que o Fcalculado = 0,322 é menor que o Ftabelado = 5,14. Para cascas

da raiz de Gossypium herbaceum o valor mínimo obtido foi de 10,06% e o valor máximo de

10,45%. Analisando estatisticamente através do ANOVA não há diferença significativa em nível de

confiança de 95%, pois o Fcalculado = 0,274 é menor que o Ftabelado = 5,14. Para as cascas do caule de

V. opulus, o valor mínimo obtido foi de 9,17% e o valor máximo de 9,37%. Analisando

estatisticamente através do ANOVA, não há diferença estatisticamente significativa, para um nível

de confiança de 95%, já que o Fcalculado = 0,181 é menor que o Ftabelado = 5,14 (Tabela 2). A partir das

análises estatísticas podemos observar que os lotes utilizados não apresentaram diferenças

estatisticamente significativas entre eles. O teor máximo de umidade estabelecido nas diferentes

farmacopéias varia entre 8 e 14%, com poucas exceções especificadas nas monografias (Simões et

al., 2004).

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Tabela 2 - Resultado da Pesquisa de determinação de umidade de Berberis vulgaris, Gosssypium

herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo fornecedor.

Ensaios de Determinação de Umidade % Média CV%

B. vulgaris* 1 2 3

Lotes 1 9,26 9,14 9,32 9,24 0,992 2 9,22 8,96 9,15 9,11 1,477 3 9,46 9,49 9,39 9,44 0,543

G. herbaceum* 1 2 3

Lotes 1 10,14 10,20 10,06 10,13 0,693 2 10,26 10,30 10,27 10,27 0,202 3 10,40 10,45 10,37 10,42 0,388

V. opulus** 1 2 3

Lotes 1 9,35 9,28 9,29 9,31 0,407 2 9,37 9,35 9,34 9,35 0,163 3 9,20 9,17 9,23 9,20 0,326

* Casca da Raiz ** Casca do Caule

DETERMINAÇÃO DE CINZAS (TOTAIS, INSOLÚVEIS EM ÁCIDO E SULFATADAS)

Para a B. vulgaris, as cinzas totais apresentaram entre os lotes, um valor mínimo de 6,79% e

um valor máximo de 7,42%. Analisando estatisticamente através do ANOVA não há diferença

significativa, para um nível de confiança de 95%, já que o Fcalculado = 0,05 é menor que o Ftabelado =

5,14. Para o G. herbaceum, as cinzas totais apresentaram entre os lotes, o valor mínimo de 13,18%

e um valor máximo de 13,55%. Neste caso o Fcalculado = 0,03 é menor que o Ftabelado = 5,14 não

havendo diferença significativa entre os resultados em nível de confiança de 95%. Para o V. opulus,

as cinzas totais apresentaram entre os lotes, o valor mínimo de 11,50% e um valor máximo de

11,97%. Analisando estatisticamente através do ANOVA não há diferença significativa, em nível

de confiança de 95%, já que o Fcalculado = 0,002 é inferior que o Ftabelado = 5,14. A Tabela 3 expressa

os resultados das cinzas totais das três plantas. A partir das análises estatísticas podemos observar

que os lotes utilizados não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre eles.

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Tabela 3 - Resultado da Pesquisa de cinzas totais de Berberis vulgaris, Gosssypium herbaceum e

Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo fornecedor.

Ensaios de Cinzas Totais % Média CV%

B. vulgaris* 1 2 3

Lotes 1 7,38 7,42 7,35 7,38 0,476 2 6,79 6,82 6,99 6,87 1,571 3 7,23 7,32 7,28 7,28 0,620

G. herbaceum* 1 2 3

Lotes 1 13,49 13,55 13,51 13,52 0,226 2 13,30 13,38 13,40 13,36 0,396 3 13,25 13,18 13,22 13,22 0,266

V. opulus** 1 2 3

Lotes 1 11,88 11,97 11,92 11,92 0,378 2 11,75 11,72 11,70 11,72 0,215 3 11,52 11,48 11,50 11,50 0,174

* Casca da Raiz ** Casca do Caule

Para a B. vulgaris em relação à determinação de cinzas insolúveis em ácido o valor mínimo

obtido foi de 5,24% e o máximo foi de 5,87%. Observou-se que não houve diferença

estatisticamente significativa, em nível de confiança de 95%, já que o Fcalculado = 0,06 é inferior ao

Ftabelado = 5,14. No G. herbaceum o valor mínimo obtido foi de 4,17% e o valor máximo foi de

4,41%. Analisando estatisticamente através do ANOVA não há diferença significativa entre os

resultados, em nível de confiança de 95%, pois o Fcalculado = 0,25 é menor que o Ftabelado = 5,14. Para

o V. opulus, as cinzas insolúveis em ácido apresentaram o valor mínimo de 5,00% e o valor

máximo de 5,18%. Observou-se que não houve diferenças estatisticamente significativas, em nível

de confiança de 95%, já que Fcalculado = 0,40 é menor que o Ftabelado = 5,14. A Tabela 4 denota os

resultados deste parâmetro, para as três plantas.

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Tabela 4 - Resultado da Pesquisa de Cinzas Insolúveis em Ácido de Berberis vulgaris, Gosssypium

herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo fornecedor.

Ensaios de Cinzas Insolúveis em Ácido % Média CV%

B. vulgaris * 1 2 3

Lotes 1 5,24 5,29 5,32 5,28 0,765 2 5,45 5,48 5,51 5,48 0,547 3 5,75 5,87 5,81 5,81 1,033

G. herbaceum * 1 2 3

Lotes 1 4,17 4,19 4,22 4,19 0,600 2 4,32 4,35 4,37 4,35 0,579 3 4,34 4,37 4,41 4,37 0,803

V. opulus** 1 2 3

Lotes 1 5,12 5,10 5,08 5,10 0,392 2 5,08 5,06 5,00 5,05 0,825 3 5,18 5,20 5,16 5,18 0,386

* Casca da Raiz ** Casca do Caule

O B. vulgaris apresenta, para as cinzas sulfatadas, o valor mínimo de 4,45% e o valor máximo

de 4,75%. Analisando estatisticamente através do ANOVA não há diferença significativa entre os

resultados, em nível de confiança de 95%, já que o Fcalculado = 0,02 é inferior ao Ftabelado = 5,14. No

G. herbaceum, o valor mínimo foi de 6,73% e o valor máximo de 7,07%. Observou-se através do

ANOVA que não há diferença significativa, em nível de confiança de 95%, já que Fcalculado = 0,002

é inferior ao Ftabelado = 5,14. Para o V. opulus o valor mínimo obtido foi de 4,08% e o valor máximo

de 4,28%. Analisando estatisticamente através do ANOVA não há diferença significativa, em nível

de confiança de 95%, já que o Fcalculado = 0,04 é menor que o Ftabelado = 5,14. A Tabela 5 mostra os

resultados, expressos em %.

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Tabela 5 - Resultado da Pesquisa de Cinzas Sulfatadas de Berberis vulgaris, Gosssypium

herbaceum e Viburnum opulus de lotes diferentes do mesmo fornecedor.

Ensaios de Cinzas Sulfatadas % Média CV%

B. vulgaris * 1 2 3

Lotes 1 4,75 4,70 4,68 4,71 0,765 2 4,45 4,50 4,52 4,49 0,803 3 4,60 4,65 4,59 4,61 0,697

G. herbaceum* 1 2 3

Lotes 1 7,07 7,03 7,00 7,03 0,499 2 6,95 6,92 6,97 6,95 0,362 3 6,73 6,82 6,78 6,78 0,665

V. opulus** 1 2 3

Lotes 1 4,20 4,18 4,13 4,17 0,865 2 4,30 4,33 4,28 4,30 0,585 3 4,12 4,08 4,14 4,11 0,743

* Casca da Raiz ** Casca do Caule +

DETERMINAÇÃO DE METAIS PESADOS

Foram observados que as amostras das plantas (cascas da raiz de Berberis vulgaris, cascas da

raiz de Gossypium herbaceum e casca de caule de Viburnum opulus) não apresentaram

contaminação por metais pesados, pois a cor marrom que se desenvolveu para a amostra não foi

mais intensa do que a obtida pelo padrão.

4.5 CONCLUSÃO

No que se refere a matéria orgânica estranha podemos preconizar um máximo de 3%. Para

este item, a Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 1992) estipula um máximo de 3% de

matéria orgânica estranha que pode apresentar-se junto com a droga. Os resultados encontrados

estão abaixo deste limite (média de 1,66% para B. vulgaris, 0,82% para G. herbaceum e 1,64% para

V. opulus). Referente ao teor de água, pode-se estabelecer limites 9,22

0,26 % (B. vulgaris),

10,25

0,19 % (G. herbaceum) e 9,27

10 % (Viburnum opulus). Como não foram encontrados

em compêndios oficiais, sugerimos estabelecer estes limites. Segundo Simões (2004), o teor

máximo de umidade estabelecido nas diferentes farmacopéias varia entre 8 e 14%, com poucas

exceções especificadas nas monografias. No que se refere a cinzas totais, podemos estabelecer

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limites de 7,10

0,31 % (B. vulgaris), 13,36

0,18 % (G. herbaceum) e 11,73

0,23 % (V.

opulus). Quanto às cinzas insolúveis em ácido, podemos sugerir limites de 5,55

0,31 (B.

vulgaris), 4,29

0,12 % (G. herbaceum) e 5,09

0,09 % (Viburnum opulus). Para o parâmetro

cinzas sulfatadas podemos estabelecer limites de 4,6

0,5 %, (B. vulgaris), 6,9

0,17 % (G.

herbaceum)e 4,18

0,10 %.(V. opulus) Todos obtidos a partir de valores máximos e mínimos

encontrados. O estabelecimento destes critérios, com valores mínimos e máximos, garante a

determinação de especificações de qualidade, que pode ser monitorado e acompanhado, já que não

foram encontrados nos principais compêndios oficiais. E serve como prova documental para a

empresa comprovar e assegurar a qualidade, perante órgãos fiscalizadores.

4.6 AGRADECIMENTOS

Agradecemos à CAPES pela concessão bolsa de estudo ao primeiro autor e ao Laboratório

Diniz & Brandão pelo fornecimento das tinturas para o desenvolvimento do trabalho.

4.7 REFERÊNCIAS

FARNSWORTH, N. R.; MORRIS, R. H. Higher plants

the sleeping giant of drug development. Am. J. Pharm, v. 148, p. 46-52, 1976.

SCILCHER, H.; PETERS, H.; WANK, H. Pestizide und Schwermetalle in Arzneipflanzen und

Arzneipflanzen-Zubereitungen. Pharm. Ind. v. 49, n. 2, p.203-211, 1987.

BRANDÃO, M. G. L.; FREIRE, N.; VIANA-SOARES, C. D. Vigilância de Fitoterápicos em

Minas Gerais. Verificação da Qualidade de diferentes amostras comerciais de camomila. Cad. S.

Pub. v. 14, n. 3, p. 613-616, 1998.

AKERELE, O. WHO`s Tradicional Medicine Programme: progress and perspectives. WHO

Chron. v. 38, p.8-81, 1984.

LUZ, S. F. B.; SATO, M. E.; DUARTE, M.R.; SANTOS C. A. M. 1995. Parâmetros para o

Controle de Qualidade de Folhas de Casearia sylvestris sw.

Guaçatonga. Rev. Bras.

Farmacognosia. v. 5, p.1-11, 1995.

SHARAPIN, N. Controle de Qualidade de Plantas Medicinais e Fitofármacos

Prescrições

Farmacopéicas. Boletim Oficial de la corporación para la investigación Multidisciplinaria y el

desarrollo sustentable de la Flora Nacional. v. 2, n. 3, p. 3-7, 2001.

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HARTKE, K. Deutsches Arzneibuch 9-Kommentar. Stuttgart: Wissenschaftliche, 1986.

WHO. Quality Control methods for medicinal plant materials. Genebra, 1998, 115p.

GAEDKE, F.; STEIHOFF, B. Phytopharmaka. Stuttgart: Wissenschaftliche, 2000.

SIMÕES, C. M.O.; SCHENKEL, E.; GOSMANN, G.; DE MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.;

PETROVICK, P. R. Farmacognosia da planta ao medicamento. Florianópolis: Editora da UFSC,

2004.

OLIVEIRA, F.; AKISUE, G.; AKISUE, M. K. Farmacognosia. São Paulo: Editora Atheneu, 1996.

World Health Organization. WHO PHARM, 92559/rev.1. Geneva, 1992, 84p.

Farmacopéia Brasileira 1988, IV Edição Parte I

V. Métodos de Análise. São Paulo: Atheneo

Editora São Paulo Ltda.

MARQUES L. C. Curso de Fitoterapia. Recife: Sindicato das Industrias de Produtos

Farmacêuticos do Estado de Pernambuco, 1996

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5.ARTIGO II Artigo a ser submetido

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DETERMINAÇÃO DE ESPECIFICAÇÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE

DO PRODUTO FITOTERÁPICO ROBUSTERINA

Marcos A.C. de Oliveira 1, Miracy M. de Albuquerque 1*, Haroudo S. Xavier 2, Ruth R.

Strattmann 1, Severino G. Junior 1, Adelaide T. Queiroz 3.

1 - Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos, Departamento de

Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE

2 - Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade

Federal de Pernambuco, Recife-PE

3 - Diniz & Brandão S. A Indústria e Comércio, Jaboatão dos Guararapes-PE

_________________________________________________________________________

RESUMO

Tinturas são preparações alcoólicas ou hidroalcoólicas resultantes da extração de drogas

vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos extratos. São classificadas em simples e

compostas, conforme preparadas com uma ou mais matérias-primas. São geralmente límpidas e em

repouso podem formar um ligeiro sedimento, sem comprometimento de suas características. A

tintura de Robusterina, fornecida pelo Laboratório Diniz & Brandão, tem indicação no tratamento

de disfunções do ciclo menstrual e é composta pelas cascas de raiz (Berberis vulgaris e Gossypium.

herbaceum) e caule (Viburnum. opulus), produzida pelo processo de percolação Para o produto

Robusterina foram analisados as características organolépticas (verificação da cor, odor sabor),

características físicas: limpidez, teor alcoólico, densidade, pH, resíduo seco total e solubilidade. O

produto Robusterina deve apresentar coloração castanho escuro, sabor adocicado e pouco

adstringente, odor característico e isento de partículas estranhas, ser miscível com Água, Metanol,

Etanol, Ácido clorídrico, Ácido sulfúrico, pouco miscível em Hidróxido de sódio e imiscível em

Éter, Clorofórmio, Hexano e Anidrido acético. O Laboratório Diniz & Brandão apresenta

parâmetros em relação à Densidade, pH e grau alcoólico (encontrado em anexo). Quanto à

densidade, o Laboratório especifica resultados entre 0,9630 e 0,9890. Os resultados obtidos após

análise apresentaram uma média de 0,9830 e está de acordo com as especificações preconizadas

pelo laboratório. No que se refere ao pH, o laboratório delimita valores entre 3,90 e 4,80, e os

resultados obtidos tiveram média de 4,617, estando de acordo. Quanto ao grau alcoólico, o

laboratório denota valores entre 7,5 e 12,5 GL e obtivemos valor médio de 11,5 GL. Em relação

aos parâmetros, resíduo seco e teor em etanol, sugerimos limites de 0,562

2,88 e 30,88

0,13 %

(V/V) respectivamente, pois o laboratório não especifica limites para estas duas análises.

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37

Os estudos realizados permitiram sugerir especificações com valores mínimos e máximos para o

controle de qualidade da Tintura de Robusterina.

Unitermos: Fitoterápico; Tintura, Percolação, Parâmetros de Controle de Qualidade; Robusterina

*Contato com o autor: Fone/Fax: (81) 2126-8571/2126-8572. E-mail: [email protected]

Abstract: Determination of Specifications of Quality Control in natural product Robusterina

Tinctures are alcoholic or hidroalcoholic preparations resultants of the extration of vegetal or

animal drugs or of the dilution of respective extracts. They are classified in simple and composed,

as prepared with one or more raw materials. They are generally limpid and in rest they can form a

fast sediment, without compromise of its characteristics. The ticture of Robusterina, supplied for

the Laboratory Diniz & Brandão, has indication in the treatment of disfuctions of the menstrual

cycle and is composed for root bark (Berberis vulgaris and Gossypium. herbaceum) and stem bark

(Viburnum. opulus), produced for the process of percolating. For Robusterina product had been

analyzed the organoleptic characteristics (verification of the color, odor flavor), physical

characteristics: limpidity, alcoholic text, density, pH, total dry residue and solubility. The

Robusterina presents coloration dark chestnut, candy flavor and little astringent, characteristic and

exempt odor of strange particles, to be miscible with Water, Methanol, Ethanol, Hydrochloric Acid,

Sulfuric acid, little miscible in sodium hydroxide and imiscible in Ether, Chloroform, Hexane and

acetic anhydride. The Laboratory Diniz & Brandão presents parameters in relation to the Density,

pH and alcoholic degree (found in annex). How much to the density, the Laboratory specifies

resulted between 0,9630 and 0,9890. The results gotten after analysis had presented a average of

0,9830 and are in accordance with the parameters praised for the laboratory. For pH, the laboratory

delimits values between 3,90 and 4,80, and the gotten results had had average of 4,617, being in

agreement. How much to the alcoholic degree, the laboratory denotes values between 7,5 and 12,5

°GL and got average value of 11,5 °GL. In relation to the parameters respectively, dry residue and

text in ethanol, we suggest parameters to 0,562 ± 2,88 and 30,88 ± 0,13 % (V/V). The carried

through studies had allowed to suggest specifications with minimum and maximum values for the

quality control of the Dye of Robusterina.

Keywords: Phytopharmaceutical; Tincture, Percolation, Specifications of Quality Control; Robusterina

5.1 INTRODUÇÃO

Tinturas são definidas como soluções extrativas alcoólicas ou hidroalcoólicas preparadas a

partir de matérias-primas vegetais ou extratos de plantas, misturas hidroalcoólicas em várias

concentrações (Simões et al., 2004). São obtidas por maceração ou percolação ou por outros

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processos, podendo igualmente ser preparadas por dissolução ou diluição de um extrato etanólico

de título apropriado (Farmacopéia Portuguesa VII, 2002), contendo 1 parte de droga seca e 10

partes de solvente ou a partir de 1 parte de droga seca e 5 partes de solvente. São quase sempre

límpidas, e, em repouso, podem formar um ligeiro sedimento, o que não modifica as suas

características (Farmacopéia Portuguesa VII, 2002). As soluções obtidas pela diluição de extratos

secos ou concentrados em misturas hidroetanólicas de concentrações adequadas são também

consideradas tinturas (Farmacopéia brasileira IV Edição, 1988, List et al., 1989).

A percolação tem como característica a extração exaustiva de substâncias ativas de uma droga

vegetal, sendo esta moída, e colocada em um recipiente cônico ou cilíndrico (percolador) de vidro

ou de metal, fazendo-se passar através daquela o líquido extrator (Simões et al., 2004). O produto

obtido denomina-se percolado (Voigt, 2000). Na percolação simples, inicia-se com o

intumescimento prévio do material vegetal com o líquido extrator, durante 1 a 2 horas,

procedimento este realizado fora do percolador, de forma que as forças de expansão resultantes não

venham afetar a estrutura deste (Simões et al., 2004). Após o intumescimento segue-se a fase de

empacotamento homogêneo. É importante observar nesta fase fenômenos como homogeneidade de

enchimento, tamanho de partícula e fenômenos de difusão. Também são importantes a forma e

dimensões do percolador e velocidade de fluxo na eficiência da percolação (Simões et al., 2004).

Os produtos de origem vegetal tecnologicamente acabados necessitam de um controle de

qualidade. Pelo fato de tinturas e extratos serem as formas fitoterápicas mais utilizadas, a

determinação dos parâmetros de controle de qualidade, é de fundamental importância, para a

padronização deste. Este controle contribui, sem dúvida, para o tripé eficácia, segurança e

qualidade, refletindo por conseqüência no binômio custo-benefício. Estes princípios são necessários

ao desenvolvimento científico e tecnológico dos fitoterápicos e asseguram a melhor aceitação da

classe médica, que os prescreve e propiciam confiabilidade àqueles que os venham a consumir.

Os parâmetros analisados nas tinturas vegetais são características físicas, como índice de

dulçor e amargor, viscosidade, densidade, teor alcoólico, pH, rotação óptica, índice de refração e

cromatografia comparativa em camada delgada (Di Stasi, 1995).

O grau alcoólico é muito importante nas tinturas porque é o álcool responsável pela extração

dos ativos da planta para que tenham efeito no ser humano. O teor alcoólico (em etanol) é medido

após destilação do líquido extrator.

O pH é outra característica importante para extrato e tinturas vegetais. A Robusterina contém

alcalóides, provenientes da B. vulgaris (Berberina, por exemplo). Dependendo do líquido extrator e

do pH, poderá ocorrer precipitação dos alcalóides, situação não interessante, pois este grupo é

responsável pelas ações terapêuticas do produto.

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A tintura de Robusterina, fornecida pelo Laboratório Diniz & Brandão, é fabricada utilizando

as cascas de raiz (Berberis vulgaris e Gossypium. herbaceum) e caule (Viburnum. opulus). Tem

ação no tratamento de disfunções do ciclo menstrual. A B. vulgaris apresenta ação sedativa e

antiespasmódica, o G. herbaceum possui ação emenagoga, hemostática e ocitócica e V. opulus

como hemostático. A tintura de Robusterina é indicada como normalizador das funções menstruais,

e é contra indicado no período de gravidez, pelo fato de estimular a contração uterina.

Para o produto foram analisados 6 lotes de Robusterina, fornecidos trimestralmente nos anos

de 2004 e 2005, no que se refere às características organolépticas (verificação da cor, odor sabor),

características físicas: limpidez, teor alcoólico, densidade, pH, resíduo seco total e solubilidade.

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1 MATERIAL

A Tintura de Robusterina (total de 6 lotes) foi gentilmente cedida pelo laboratório Diniz &

Brandão. Tais lotes foram fornecidos de três em três meses entre os anos de 2004 e 2005, utilizando

matérias-primas de lotes diferentes das três plantas (cascas de raiz (Berberis vulgaris e

Gossypium. herbaceum) e caule (Viburnum. opulus).

5.2.2 REAGENTES

Água, Metanol, Etanol, Ácido Clorídrico, Hidróxido de Sódio, Éter etílico, Clorofórmio,

Hexano, Anidrido acético, Ácido sulfúrico.

5.3 PARÂMETROS DE CONTROLE DE QUALIDADE PARA ROBUSTERINA

5.3.1 CARACTERIZAÇÕES FÍSICAS

5.3.1.1 CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS

As características organolépticas de cada lote da Robusterina, foram analisadas e, a partir dos

resultados foram delineados parâmetros de controle para que se garanta uma uniformidade lote a

lote. Observou-se a coloração o sabor e o odor, além de presença ou não de material estranho.

DETERMINAÇÃO DO GRAU ALCOÓLICO (Farmacopéia Brasileira, II Edição (1959)).

Quando o fitoterápico está sob a forma de tintura, utiliza-se o alcoômetro de Gay Lussac. Este

índice só deve ser utilizado para misturas de água e álcool (Di Stasi, 1995). Amostra da Robusterina

foi transferida para uma proveta, determinou-se a temperatura e o grau alcoólico, para posterior

aferição do grau alcoólico real, usando a tabela preconizada pela Farmacopéia Brasileira, II Edição

(1959).

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DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA (Farmacopéia Brasileira, IV Edição (1988).

A densidade relativa é baseada na relação entre o peso de uma substância ao ar a 20 C e o

peso de igual volume de água à mesma temperatura, usando-se o picnômetro calibrado. O

picnômetro seco foi pesado na Balança eletrônica de precisão METTLER mod. AE 260 vazio e

com água recém destilada à 20ºC. Em seguida, a amostra foi colocada, com o cuidado de remover o

seu excesso e pesada. Foi obtido o peso da amostra através da diferença da massa do picnômetro

cheio e vazio. A relação entre a massa da amostra líquida e a massa da água, ambas a 20ºC, fornece

a densidade relativa.

DETERMINAÇÃO DO pH (Farmacopéia Brasileira, IV Edição (1988)).

Para a determinação do pH do produto utilizou-se um pHmetro calibrado com tampão pH 7 e

pH 4.

DETERMINAÇÃO DE RESÍDUO SECO TOTAL (British Pharmacopoea, 2004)

As amostras de Robusterina (2 g) foram colocadas em cápsulas de porcelana, evaporados à

secura em banho-maria (HAAKE DC 10) colocados em estufa (Estufa de secagem e Esterilização

FANEM mod. 315 SE) a 105 C, por 3 horas, e, então, novamente pesadas, após resfriamento, até

peso constante. O resultado é expresso em porcentagem de resíduo obtido.

DETERMINAÇÃO DE TEOR EM ETANOL (British Pharmacopoea, 2004)

O teor em etanol de um líquido é expresso pelo número de volumes de etanol, determinados a

20

0,1 C contidos em 100 volumes do líquido. O número representa o título alcoométrico

expresso em percentagem (por cento V/V). Para 25 mL de Robusterina, foram adicionados 100 mL

de água. Em seguida realizou-se a destilação. 90 mL do destilado foi recolhido em balão de 100 mL

e completou-se o volume com água. Determinou-se a densidade utilizando o picnômetro (British

Pharmacopoea, 2004). Após a determinação da densidade relativa, o resultado é multiplicado por 4

(quatro), e determina-se o teor em etanol em percentagem V/V a 20 C.

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5.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os lotes analisados apresentaram as seguintes características: coloração castanho escuro,

sabor adocicado e pouco adstringente, odor característico de licor de jenipapo e isento de partículas

estranhas.

A tintura de Robusterina é miscível com Água, Metanol, Etanol, Ácido clorídrico, Ácido

sulfúrico, pouco miscível em Hidróxido de sódio e imiscível em Éter, Clorofórmio, Hexano e

Anidrido acético.

Os resultados do grau alcoólico, densidade relativa, pH, resíduo seco e teor em etanol

encontram-se listados na tabela 1, correspondendo a média de três determinações.

Tabela 1. Resultados de Parâmetros de Controle de Qualidade para a Robusterina

Para grau alcoólico, o resultado médio entre os lotes foi de 11,50

4,7 GL, mostrando-se

que os resultados estão bastante próximos entre os lotes (resultados entre 11 e 13 GL). Em relação

à densidade relativa, o menor valor encontrado foi de 0,9794 e o maior foi de 0,9847, com valor

médio de 0,9830. Observa-se a homogeneidade entre os lotes. O pH mostrou-se entre 4,5 e 4,7 com

média de 4,617. No que se refere ao resíduo seco os resultados encontrados estão entre 0,5353 e

0,5822, com valor médio de 0,5620. O teor em etanol obtido por destilação utilizando o método de

picnômetro, apresentou o valor médio de 30,883 % V/V. Tal resultado foi obtido utilizando o

Lotes

Ensaios (Médias)

Numero de medidas (3)

Grau

Alcoólico

( GL)

Densidade

Relativa

pH Resíduo

Seco

(% m/m)

Teor em Etanol

(% V/V)

Lote 1 11 0,9841 4,5 0,5743 30,9

Lote 2 12 0,9847 4,7 0,5822 30,9

Lote 3 13 0,9794 4,7 0,5353 30,8

Lote 4 12 0,9845 4,6 0,5655 30,9

Lote 5 12 0,9832 4,7 0,5565 30,9

Lote 6 11 0,9828 4,5 0,5605 30,9

Média 11,500 0,983 4,617 0,562 30,883

DesvPad 0,5477 0,0020 0,0983 0,0162 0,0408

CV% 4,7628 0,1999 2,1297 2,8849 0,1322

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resultado da densidade, relacionando-a com tabela expressa na farmacopéia portuguesa VII

(relações entre a densidade e o teor em etanol). É a tabela alcoométrica da Organização

Internacional de Metrologia Legal 1972, Recomendação Internacional n 22.

5.5 CONCLUSÃO

O produto Robusterina deve apresentar coloração castanho escuro, sabor adocicado e pouco

adstringente, odor característico e isento de partículas estranhas. Estes resultados estão de acordo

com laudos emitidos pelo laboratório fornecedor do produto, que estabelece-os como parâmetros de

qualidade do seu produto. O produto deve ser miscível em Metanol, Etanol, Ácido clorídrico,

Ácido sulfúrico, pouco miscível em Hidróxido de sódio e imiscível em Éter, Clorofórmio, Hexano

e Anidrido acético. O Laboratório Diniz & Brandão apresenta parâmetros em relação à Densidade,

pH e grau alcoólico (encontrado em anexo). Quanto à densidade, o Laboratório especifica

resultados entre 0,9630 e 0,9890. Os resultados obtidos após análise apresentaram uma média de

0,9830 e está de acordo com as especificações preconizadas pelo laboratório. No que se refere ao

pH, o laboratório delimita valores entre 3,90 e 4,80, e os resultados obtidos tiveram média de 4,617,

estando de acordo com as especificações do laboratório. Quanto ao grau alcoólico, o laboratório

denota valores entre 7,5 e 12,5 GL e obtivemos valor médio de 11,5 GL. Em relação aos

parâmetros, resíduo seco e teor em etanol, sugerimos limites de 0,562

2,88 e 30,88

0,13 %

(V/V) respectivamente, face às análises realizadas entre os 6 lotes disponibilizadas pelo laboratório

entre os trimestres dos anos de 2004 e 2005. Estes limites foram determinados a partir do resultado

médio das análises e coeficiente de variação.

5.6 AGRADECIMENTOS

Agradecemos à CAPES pela concessão bolsa de estudo ao primeiro autor e ao Laboratório

Diniz & Brandão pelo fornecimento das tinturas para o desenvolvimento do trabalho.

5.7 REFERÊNCIAS

SIMÕES, C. M.O.; SCHENKEL, E.; GOSMANN, G.; DE MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.;

PETROVICK, P. R. Farmacognosia da planta ao medicamento. Florianópolis: Editora da UFSC,

2004.

FARMACOPEIA PORTUGUESA VII. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2002

Farmacopéia Brasileira 1988, IV Edição Parte I

V. Métodos de Análise. São Paulo: Atheneo

Editora São Paulo Ltda.

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43

LIST, P H.; SCHMIDT, P. C. Phytopharmaceutical Technology. London: Heyden, 1989.

VOIGT, R. Pharmazeustische Technologie. Ausgabe, Stuttgart: Deutscher Apotheker, 2000.

DI STASI, L C. Plantas Medicinais: Arte e Ciência Um Guia de Estudo Interdisciplinar.

Araraquara: Editora UNESP, 1995.

Farmacopéia dos Estados Unidos do Brasil 2.ed. São Paulo: Indústria Gráfica Siqueira S. A. 1959

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6. ARTIGO III Artigo submetido à Revista Brasileira de Farmacognosia

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DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA DE

QUANTIFICAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE ALCALÓIDES EM

FITOTERÁPICO CONTENDO BERBERIS VULGARIS L.

Marcos A.C. de Oliveira 1, Miracy M. de Albuquerque 1*, Haroudo S. Xavier 2, Ruth R. Strattmann 1, Severino G. Junior 1, Adelaide T. Queiroz 3.

1 - Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos, Departamento de Ciências

Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE

2 - Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal

de Pernambuco, Recife-PE

3 - Diniz & Brandão S. A Indústria e Comércio, Jaboatão dos Guararapes-PE

_________________________________________________________________________

RESUMO

A ROBUSTERINA é um produto fitoterápico registrado no ministério da saúde, com eficácia no

tratamento de disfunções do ciclo menstrual. Em sua composição encontram-se Berberis vulgaris,

de ação sedativa e antiespasmódica; Gossypium herbaceum, L., enemagoga, hemostática e

ocitócica; Viburnum opulus, L., antiespasmódico nas cólicas menstruais. De acordo com a

Resolução RDC N

48, de 16 de março de 2004, observa-se que o produto adequa-se na definição

de FITOTERÁPICO. A presença de alcalóides em Berberis vulgaris e a ausência de metodologias

analíticas de quantificação para o produto, nos incentivaram a propor e validar um método

apoiando-nos na Resolução RE N

899, de 29 de Maio de 2003. Tal metodologia fundamenta-se na

determinação espectrofotométrica de alcalóides utilizando-se Dragendorff como reagente

precipitante, e o Sulfato de Berberina Merck , como Substância Química de Referência. A curva

de calibração foi determinada com seis concentrações entre 40 e 200 g/mL. A equação da reta é y

= 0,0038x + 0,0092 com R2 de 0,9996. Os parâmetros robustez, precisão, especificidade, limite de

detecção e quantificação e exatidão foram avaliados estatisticamente com intervalo de 95% de

confiança (teste t de Student, ANOVA). O método apresentado é considerado como um método

alternativo, por não constar nas atuais edições das farmacopéias Brasileira e Americana, e como tal,

foi validado segundo a Legislação em vigor. Os resultados obtidos mostram que o método atende

aos requisitos de Boas Práticas de Fabricação, pois apresenta a exatidão, a sensibilidade, a

especificidade, a reprodutibilidade, a precisão, a robustez, a linearidade (faixa de trabalho) e

finalmente a confiabilidade requerida para um método analítico.

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Unitermos: Robusterina, Fitoterápico, Validação, Alcalóides, Doseamento.

*Contato com o autor: Fone/Fax: (81) 2126-8571/2126-8572. E-mail: [email protected]

Abstract: Development and Validation of Methodology of Spectrofotometric Quantification

of Alkaloids in natural product containing Berberis vulgaris L..

The ROBUSTERINA is a phytotherapic product, with effectiveness in the treatment of menstrual

cycle disfunctions. In its composition they meet Berberis vulgaris, sedative and antispasmodic

action; Gossypium herbaceum, L., emmenagogue, hemostatic and ocitocic; Viburnum opulus, L.,

antispasmodic in menstrual colics. In accordance with Resolution RDC N° 48, of 16 of March of

2004, is observed that the product is adjusted in Phytotherapic definition. The presence of alkaloids

in Berberis vulgaris and the absence of analytical methodologies of quantification for the product,

in had stimulated them to consider and to validate a method supporting us in Resolution RE N°

899, of May 29th of 2003. Such methodology is based on the determination of alkaloids in

spectrophotometer method, using Dragendorff as precipitate reacting, having the Berberine

Sulphate Merck, as Chemical Substance of Reference. The calibration curve was determined with

six concentrations between 40 and 200 g/mL. The equation of the straight line is y = 0,0038x +

0,0092 with R2 of 0,9996. The parameters robustness, precision, especificity, limit of detection and

quantification and exactness had been evaluated with reliable interval of 95% (test t of Student,

ANOVA). The presented method is considered as an alternative method, for not consisting in

current editions of the farmacopéias Brazilian and American, and as such, was validated according

to Legislation in vigor. The gotten results show that the method takes care of to the Good

requirements of Practical of Manufacture, therefore present the exactness, sensitivity, the

specificity, the reproductibility, the precision, the robustness, the linearity (work band) and finally

the trustworthiness required for an analytical method.

Keywords: Robusterina, Phytopharmaceutical, Validation, Alkaloids, Quantification

INTRODUÇÃO

A Robusterina é um medicamento (solução oral) de origem exclusivamente vegetal.

Encontra-se no mercado nacional desde 1932, sendo utilizada no tratamento das disfunções e

regulação do ciclo menstrual e, por estimular a contração uterina, seu uso é contra-indicado no

período gestacional. A dose média diária é de uma colher de sopa (15 ml) 3 vezes ao dia. O

tratamento deve ser suspenso quando houver normalização do ciclo menstrual, ou no caso de

gravidez. Apresenta-se em sua constituição três plantas: Berberis vulgaris, Gossypium herbaceum e

Viburnum opulus.

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Berberis vulgaris, é uma Berberidaceae arbustiva com uma altura de 2 a 3 metros (Alonso,

1998, p.175). É nativa da Europa e Ásia Oriental, e, na atualidade, encontrada também no Norte da

África e partes da América e Ásia Central (PDR for Herbal Medicines, 2000).

Apresentando uma vasta sinonímia vulgar, é conhecida como agracejo (espanhol) (Bruneton,

1991) barberry (inglês), bérberis (português), crespino (italiano) (Alonso, 1998, p. 175) e épine-

vinette (francês) (Duke, 1985). Apresenta outros nomes como Berberry, pipperidge, jaundice berry,

sow berry, mountain grape e oregon grape (PDR for Herbal Medicines, 2000). As partes da planta

utilizadas para uso medicinal são os frutos, a casca da raiz e as folhas (Alonso, 1998, p. 176).

Os frutos têm em sua constituição dextrose, levulose, ácido cítrico, ácido tartárico, goma e

pectina (Alonso, 1998, p. 176). Na casca das raízes são encontrados alcalóides como a berberina,

palmatina, columbamina, berbamina, oxyacantina e magnoflorina perfazendo um total de 3% em

alcalóides, o que confere ao córtex uma coloração amarela. A atividade farmacológica da planta é

atribuída aos alcalóides presentes, principalmente a berberina (Pizzorno;Murray, 1985). A berberina

está presente em outras famílias de plantas (Papaveraceae, Ranunculaceae, etc) (Alonso, 1998, p.

176). Também são encontrados ácidos málico, cítrico, chelidonico e tartárico, além de resina e

taninos (Duke, 1985)

A Resolução RDC N

48, de 16 de Março de 2004, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), regula os medicamentos fitoterápicos e, para efeito de registro, exige relatório

de controle de qualidade, incluindo então as metodologias analíticas. A falta de metodologia

analítica para a Berberis vulgaris, nos despertou o interesse em desenvolver uma metodologia

analítica para o produto, a qual foi validada, de acordo com a Resolução RE N 899, de 29 de Maio

de 2003, do Ministério da Saúde.

De acordo com a resolução RE N

899, a metodologia será considerada validada, desde que

sejam avaliados parâmetros relacionados: Especificidade/Seletividade, Curva de

Calibração/Linearidade, Intervalos de Curva de Calibração, Precisão, Limite de Detecção (LD),

Limite de Quantificação (LQ), Exatidão, Robustez.

A validação da metodologia analítica é de grande importância para a Garantia da Qualidade

Analítica e se constitui numa das exigências das Normas de Boas Práticas de Fabricação (BPF)

vigentes. Os métodos de ensaio para avaliar a conformidade dos produtos farmacêuticos com

especificações estabelecidas devem atingir padrões adequados de exatidão, precisão e

confiabilidade (Barros, 2002).

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OBJETIVO

Para o estudo, foi dada ênfase a Berberis vulgaris, pois é a única planta que apresenta na sua

constituição alcalóides, para a qual foi desenvolvida e validada uma metodologia analítica baseada

na determinação espectrofotométrica de alcalóides, utilizando Dragendorff como reagente

precipitante.

A metodologia analítica proposta e validada foi desenvolvida a partir de pesquisas, tendo-se

como destaque o trabalho desenvolvido por Sreevidya et. al (2003).

MATERIAL E MÉTODOS

MATERIAL

O material utilizado (Robusterina, tintura de berberis, tintura de viburno e tintura de

algodoeiro) foi gentilmente cedido pelo Laboratório Diniz & Brandão.

Utilizaram-se vidrarias certificadas por lote, do fabricante Thermex .

A Substância Química de Referência (S.Q.R) determinada para a validação da metodologia

analítica foi o Sulfato de berberina, Merck . No experimento foram manuseadas as seguintes

substâncias: Ácido clorídrico diluído (HCl 1N); Reagente de Dragendorff; Nitrato de bismuto

pentahidratado, (VETEC); Iodeto de potássio (Mallinckrodt); Água destilada; Ácido acético glacial;

Álcool etílico absoluto (J. T. Baker); Álcool etílico absoluto (Nuclear); Sulfito de sódio (Merck );

Ácido nítrico concentrado; Tiouréia (Merck ).

Desenvolvimento da Metodologia

Preparação da solução de Sulfato de berberina S.Q.R.

Foram pesados 61,3 mg de Sulfato de berberina (S.Q.R) (equivalente a 50 mg de berberina)

(Balança Analítica Mettler Modelo AE 260) e transferidos quantitativamente para balão

volumétrico de 50 mL; completou-se o volume com água destilada; tomou-se 5 mL de cada solução

(triplicata) e acidificou-se a pH entre 2-2,5 com HCl 1N; transferiu-se 5 mL da solução acidificada

para cada tubo de centrífuga (triplicata); a cada tubo foram adicionados 2 mL do Reagente de

Dragendorff e centrifugou-se a 2400 rpm/ 30 minutos (Centrifuga Fanem Modelo Série

204N/116653); desprezou-se o sobrenadante e tratou-se o resíduo com 1 mL de Álcool etílico

absoluto; foram adicionados 2 mL de Sulfito de sódio a 1% e centrifugou-se a 2400 rpm / 30

minutos; desprezou-se o sobrenadante e tratou-se o resíduo com 2 mL de Ácido nítrico

concentrado; transferiu-se o conteúdo resultante para balão volumétrico de 50 mL, completou-se o

volume com Água destilada; Foi tomado 1 mL desta solução e adicionou-se 5 mL de Tiouréia a

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3%; A mistura de Ácido nítrico e Tiouréia foi usada como branco; A amostra foi lida a 435nm (em

Espectrofotômetro Varian Modelo 6345).

Obteve-se uma curva de linearidade com as seguintes concentrações: 40, 80, 100, 120, 150 e

200 g/mL

Preparação da Amostra (Robusterina, Laboratório Diniz & Brandão Lote 0405033

validade 05/2007)

Foram tomados 40 mL do produto (que corresponde a uma concentração 6,66 mg/mL* de

Berberis vulgaris na Robusterina) e acidificou-se a pH entre 2-2,5 com HCl 1N; distribuiu-se este

volume em 4 tubos de centrífuga; a cada tubo adicionou-se 4 mL do Reagente de Dragendorff e

foram centrifugados a 2400 rpm / 30 minutos (Centrifuga Fanem Modelo Série 204N/116653);

prosseguiu-se como descrito na solução de Sulfato de berberina S.Q.R e as amostras foram

lidas em espectrofotômetro a 435 nm.

* A concentração de 6,66 mg/mL é resultante da produção da Robusterina, onde é

adicionado 1 Kg de Berberis vulgaris para um volume final de 150 L do produto.

Estudo da Validação

Os parâmetros avaliados foram a Robustez, Linearidade, Especificidade, Precisão, Limite de

Detecção (LD), Limite de Quantificação (LQ), Exatidão.

A robustez de um método é a medida de sua capacidade de não ser alterado frente À pequenas

e deliberadas variações dos parâmetros analíticos (RDC N

48, de 16 de Março de 2004). A

robustez do método foi determinada sobre as variações de pH, velocidade de centrifugação e marca

de solvente. As análises foram realizadas em quadruplicata. A sua avaliação foi feita através da

análise de variância (ANOVA) one-way.

A linearidade foi avaliada através da análise de regressão linear pelo método dos mínimos

quadrados dos pontos médios de 3 (três) curvas de calibração autênticas, usando-se seis

concentrações (40, 80, 100, 120, 150 e 200 g/mL). Para verificação da significância da equação de

regressão, foram efetuados testes de ajuste do modelo linear e validade da regressão.

Robustez (RDC N 48, de 16 de Março de 2004)

Linearidade(RDC N 48, de 16 de Março de 2004)

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Foi realizada uma mistura das tinturas de algodoeiro e de viburno e procedeu-se conforme

descrito para S.Q.R. A mistura funcionou como branco/compensação para provar a ausência de

alcalóides nestas duas plantas (Gossypium herbaceum e Viburnum opulus). ,

A precisão foi determinada através dos métodos de repetitividade e precisão intermediária. A

repetitividade foi determinada pela análise de seis amostras individuais. A precisão intermediária

foi determinada em dois dias por dois analistas diferentes.

A repetitividade foi expressa através do coeficiente de variação (CV) e a precisão

intermediária foi expressa, além do CV, através do intervalo de confiança da média pelo teste t de

Student (Ribani et al., 2004).

É a menor concentração do analito em uma amostra que pode ser detectada, mas não

necessariamente quantificada, sob determinadas condições experimentais.

É calculado também na prática como uma concentração que produz um sinal três vezes maior

que o nível de ruído médio medido com o branco ou solução controle (Leite, 1989).

LD = 3 DP

DP = Desvio Padrão Médio da menor concentração

= Médias dos coeficientes angulares

É a menor concentração do analito que pode ser determinada com precisão e exatidão,

aceitáveis, sob determinadas condições experimentais (Barros, 2002).

Para se realizar o LD e LQ foi considerada o desvio padrão da reta com relação à absorvância

do primeiro nível de concentração (40 g/mL) do Sulfato de berberina nas três curvas de calibração

e seus coeficiente angulares (inclinação da reta). Foi considerada a razão de três vezes da linha da

base para o LD e dez vezes para o LQ.

LQ = 10 DP

DP = Desvio Padrão Médio da menor concentração

= Médias dos coeficientes angulares

Especificidade(RDC N 48, de 16 de Março de 2004)

Precisão(RDC N 48, de 16 de Março de 2004)

Limite de Detecção (LD)

Limite de Quantificação (LQ)

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A exatidão do método foi avaliada em três níveis de concentração: 50, 100 e 150 %, onde 100

% correspondeu a concentração de 29,46 g/mL. Foram preparadas, conforme descrito para a

preparação da S.Q.R. sendo que, para a quantidade de 50 %, tomou-se o volume de 0,5 mL, para

100 %, volume de 1,0 mL e para 150 %, um volume de 1,5 mL, que foram adicionados com 5 mL

de Tiouréia e lidos em espectrofotômetro a 435nm.

Os testes foram feitos em triplicata de cada nível de concentração e foram avaliados através

do teste t de Student, comparando-se os resultados em relação ao valor teórico definido para cada

concentração analisada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi feita uma varredura espectrofotométrica com o Sulfato de berberina, na concentração de

100 g/mL, para determinar o comprimento de onda de 435 nm, de acordo com Sreevidya (2003) .

A partir desta observação, iniciou-se a determinação da curva de calibração tomando os dados

descritos na Tabela 1.

LINEARIDADE

Os resultados foram plotados e está representado na figura 1 (Anexo), tendo no eixo dos x a

concentração de Sulfato de berberina e no eixo dos y absorvância. A equação de regressão linear

obtida pelo método proposto, utilizando três curvas de calibração autênticas, foi y = 0,0038x +

0,0092. O coeficiente de correlação obtido de 0,9996, demonstra a boa qualidade da curva de

calibração, pois menor a dispersão do conjunto de pontos e menor a incerteza dos coeficientes de

regressão estimados (Figura 1) (Anexos).

A partir da análise de variância (Tabela 2) (Anexo) podemos testar a validação do modelo e a

significância estatística da curva ajustada. As análises de variância dos dados demonstraram que o

método é linear, na faixa de concentração testada (40-200 g/mL) e que não há falta de ajuste do

modelo, já que o Fcalculado = 3,24, é menor que o Ftabelado = 3,25 com 4 e 12 graus de liberdade e 95%

de confiança mostrando que o modelo linear está bem ajustado na faixa de concentração estudada

(Pimentel, 1996).

O gráfico dos resíduos (Figura 2) (Anexos) mostra que o método está bem ajustado, indicando

uma distribuição linear e aleatória dos dados.

Exatidão(RDC N 48, de 16 de Março de 2004)

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ROBUSTEZ

Foram analisadas amostras em quadruplicata para cada parâmetro de variação estudado:

alteração de pH (2,3; 2,4 e 2,5), velocidade de rotação (2000, 2200 e 2400 rpm) e marca do

solvente (álcool etílico absoluto). Todos os resultados foram tratados estatisticamente por ANOVA

one-way.

Avaliação da Robustez variando o pH

A Tabela 3 (Anexo), mostra a avaliação da robustez, variando o parâmetro de pH.

Para o parâmetro avaliado (pH), verificou-se estatisticamente através do ANOVA (análise de

variância) que não há diferença significativa entre os resultados. Obtendo-se um Fcalculado = 0,826

menor que o Ftabelado = 4,256, o método apresenta-se robusto, não existindo, em um nível de 95% de

confiança, variação estatisticamente significativa quanto ao pH (Tabela 4) (Anexo).

Avaliação da Robustez variando a velocidade de centrifugação

A Tabela 5 (Anexo) mostra os resultados da robustez variando o parâmetro de Velocidade de

Centrifugação.

Para o parâmetro avaliado (velocidade de centrifugação), verificou-se estatisticamente através

do ANOVA (análise de variância) que não há diferença significativa entre os resultados. Obtendo-

se um Fcalculado = 1,827 menor que o Ftabelado = 4,256, o método apresenta-se robusto, não existindo,

em um nível de 95% de confiança, variação estatisticamente significativa quanto à velocidade de

centrifugação (Tabela 6) (Anexo).

Avaliação da Robustez variando a Marca do Solvente

O Álcool etílico é utilizado para lavar o resíduo antes de se adicionar o Sulfito de sódio,

conforme descrito para a preparação da S.Q.R. Sulfato de berberina e Amostra. Os resultados estão

na Tabela 7 (Anexo).

Para a avaliação da robustez variando a marca do solvente álcool etílico absoluto, utilizou-se

o teste t de Student como ferramenta estatística para comparar as médias entre eles. Sendo o

Tcalculado (1,2156) menor que o Ttabelado (2,4469) não há diferença estatisticamente significativa com

um nível de 95% de confiança entre a média da concentração do solvente álcool etílico absoluto da

marca Nuclear e o da marca J. T. Backer. Os resultados afirmam que o método é robusto para o

parâmetro estudado (Tabela 8) (Anexo).

As variações encontradas não são significativas e refletem os erros aleatórios durante o

procedimento analítico.

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O método apresentou-se robusto para a variação de pH, velocidade de centrifugação e marca

do solvente. Os resultados de Análise de Variância e teste t de Student para os parâmetros avaliados

mostram que não há diferença estatisticamente significativa entre as variações de pH, velocidade de

centrifugação e marca do solvente, com intervalo de 95% de confiança.

PRECISÃO

Repetitividade

A Tabela 9 explicita os resultados do ensaio de Repetibilidade.

Observando-se os resultados, podemos concluir que o método tem uma boa repetibilidade,

visto que o coeficiente de variação (CV%) é inferior ao especificado pela Resolução vigente, que é

de 5 %.

Precisão Intermediária

A precisão intermediária foi realizada em diferentes dias e com diferentes analistas, utilizando

a mesma concentração. A Tabela 10 mostra os resultados da precisão intermediária, entre dias e

analistas.

O estudo da precisão do método entre ensaios demonstrou que não há grandes diferenças

entre as amostras analisadas individualmente em pequeno intervalo de tempo, assim como a

precisão entre dias e entre analistas e os resultados encontrados demonstram que estas se

enquadram dentro dos limites especificados. Na análise de variância o Fcalculado foi menor que o

Ftabelado não havendo diferença estatisticamente significativa em um nível de 95% de confiança entre

os dois analistas (Tabela 11).

LIMITE DE DETECÇÃO (LD) E LIMITE DE QUANTIFICAÇÃO (LQ)

A partir do momento que se define que o método é linear, podem ser calculados os valores de

LD e LQ, utilizando a média do desvio padrão (DP) do primeiro ponto da reta e coeficientes

angulares (ic). O LD calculado foi de 3,1578 g/mL e o LQ foi de 10,5263 g/mL.

ESPECIFICIDADE

Foi preparada uma mistura com as tinturas de algodoeiro e de viburno na proporção 1:1, que

também fazem parte da tintura de Robusterina, e que não apresentam alcalóides. A análise foi

determinada em quadruplicata, para testar a especificidade do método para alcalóides. O método

mostrou-se específico para alcalóides, pois as leituras de absorvância foram próximas a zero.

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EXATIDÃO

A determinação da exatidão foi realizada no mesmo dia com três concentrações diferentes

baixa, média e alta (50%, 13,50 g/mL); 100% (29,46 g/mL); 150% (45,47 g/mL).

A exatidão do método foi comprovada pelo estudo de três concentrações diferentes (50%,

100%, 150%) e o percentual de recuperação nas três concentrações analisadas encontrou-se dentro

dos limites como mostram os resultados da Tabela 12.

Realizou-se estudo de significância estatística utilizando-se o teste t de Student. Com base

nos dados observados na Tabela 13, pode-se constatar que não há diferença estatisticamente

significativa, com intervalo de 95% de confiança, entre os resultados obtidos e os valores teóricos

definidos, mostrando que o método para determinação de alcalóides na Robusterina é exato.

CONCLUSÃO

O método apresentado demonstrou ser simples, para determinação da QUANTIFICAÇÃO

ESPECTROFOTOMÉTRICA DE ALCALÓIDES EM FITOTERÁPICO CONTENDO BERBERIS VULGARIS L, sendo

robusto, linear, preciso, exato e seletivo. Portanto é uma alternativa de método analítico para

utilização em rotina de Indústrias farmacêuticas, uma vez que não consta, até o presente momento,

em nenhum dos compêndios oficiais. Os resultados obtidos mostram que o método atende aos

requisitos de Boas Práticas de Laboratório e aos critérios de validação exigidos na Resolução

RE

899/ANVISA e aos guias da USP e ICH.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à CAPES pela concessão bolsa de estudo ao primeiro autor e ao Laboratório

Diniz & Brandão pelo fornecimento das tinturas para o desenvolvimento do trabalho.

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56

Tabela 1. Quantificação Espectrofotométrica de Alcalóides - Resultados da Linearidade

Dados da Curva de Calibração

ABSORVÂNCIAS

CONCENTRAÇÃO

g/mL Curva 1 Curva 2 Curva 3

MÉDIA CV %

40 0,164 0,160 0,156 0,1600 2,50

80 0,318 0,316 0,310 0,3147 1,32

100 0,381 0,385 0,387 0,3843 0,79

120 0,469 0,465 0,462 0,4653 0,75

150 0,586 0,583 0,579 0,5827 0,60

200 0,763 0,765 0,767 0,7650 0,26

* Autor para correspondência

Profa. Dra. Miracy Muniz de Albuquerque Universidade Federal de Pernambuco Departamento de Ciências Farmacêuticas. CCS.

Núcleo de Controle de Qualidade em Medicamentos e Correlatos. Av. Prof. Artur de Sá s/n, Cidade Universitária Recife-PE CEP: 50.740-521 - Fone/Fax: (81) 2126-8571/2126-8572 E-mail: [email protected]

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57

y = 0,0038x + 0,0092

R2 = 0,9996

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

0 50 100 150 200 250

ug/mL

Ab

s

Figura 1. Curva de Regressão Linear obtida da média das Três Curvas de Calibração

autênticas

Tabela 2. Resultados da Análise de Variância para Linearidade

Fonte SQ gl MQ F F-crítico

Modelo SQ reg 0,670816935 1 0,670816935

36130,33 4,4940

Residual SQ res 0,000297065 16 1,85666E-05

Curva Linear*

Falta de ajuste SQ faj

0,000154399 4 3,85997E-05

3,2467 3,2592

Erro puro SQ erp 0,000142667 12 1,18889E-05

Não há falta de

ajuste**

Total SQ tot 0,671114 17 0,039477294

SQ = Soma Quadrática; gl = Graus de Liberdade; MQ = Média Quadrática

* Regressão Estatisticamente Significativa

** Proporcionando uma curva linear

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Figura 2.

resíduos

Figura 2. Gráfico de Resíduos

Tabela 3. Avaliação da robustez variando o parâmetro de pH

Tabela 4. Avaliação da robustez variando o pH de acordo com a ANOVA.

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

Amostra 4

pH

g/mL g/mL g/mL g/mL

2,3 29,20 29,20 29,20 28,32

2,4 28,48 29,00 29,20 28,84

2,5 28,68 29,00 28,68 28,32

MÉDIA 28,79 29,07 29,03 28,49

DESVPAD

0,3717 0,1155 0,3002 0,3002

CV(%) 1,2911 0,3973 1,0343 1,0537

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

Amostra 4

pH g/mL g/mL g/mL g/mL

2,3 29,20 29,20 29,20 28,32

2,4 28,48 29,00 29,20 28,84

2,5 28,68 29,00 28,68 28,32

MÉDIA 28,79 29,07 29,03 28,49

DESVPAD

0,3717 0,1155 0,3002 0,3002

CV(%) 1,2911 0,3973 1,0343 1,0537

Fonte de variação

SQ Gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 0,20 2 0,10 0,826 0,468 4,256

Dentro dos grupos

1,09 9 0,12

Total 1,29 11

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Tabela 5. Avaliação de Robustez Variando o parâmetro de Velocidade de Centrifugação

* Velocidade de Centrifugação

Tabela 6. Avaliação da robustez variando a velocidade de centrifugação de acordo com a

ANOVA.

Fonte de variação

SQ gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 0,01 2 0,005 1,827 0,215 4,256

Dentro dos grupos

0,04 9 0,004

Total 0,05 11

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

Amostra 4

VC*

(rpm) g/mL g/mL g/mL g/mL

2000 29,90 29,90 30,04 29,90

2200 30,04 30,02 29,90 29,90

2400 29,90 29,82 29,90 29,90

MÉDIA 29,95 29,91 29,95 29,90

DESVPAD

0,0808 0,1007 0,0808 0,000

CV(%) 0,2699 0,3365 0,2699 0,000

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Tabela 7. Avaliação da robustez variando o parâmetro Marca do Solvente.

Tabela 8. Teste-t Robustez de Marca do Solvente.

Amostra 1

Amostra 2 Amostra 3

Amostra 4

MARCA DO

SOLVENTE

g/mL g/mL g/mL g/mL

Nuclear 29,36 29,52 29,74 29,74

J. T. Backer

29,00 29,20 29,20 29,90

MÉDIA 29,18 29,36 29,47 29,82

DESVPAD 0,2545 0,2262 0,3818 0,1131

CV(%) 0,8724 0,7707 1,2957 0,3794

Nuclear J. T. Backer

Média 29,59 29,32

Variância (S2) 0,0342 0,1558

Stat t

P(T<=t) bi-caudal

T crítico bi-caudal

1,2156

0,2698

2,4469

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Tabela 9. Resultados da Repetitividade.

Amostra g / mL Concentração %

01 28,68 0,4302

02 29,20 0,4380

03 29,20 0,4380

04 29,90 0,4485

05 29,90 0,4485

06 29,90 0,4485

MÉDIA 29,46 0,4420

DESVPAD 0,5147 0,0077

CV% 1,7468 1,7468

Tabela 10. Resultados da Precisão Intermediária.

Dias/Analistas Amostra-1 Amostra-2

Amostra-3

Amostra-4

g/mL g/mL g/mL g/mL

Dia-1 28,84 29,36 28,32 28,32

Dia-2

Ana

lista

-1

28,84 28,32 28,84 28,32

Dia-1 26,74 28,32 28,84 29,36

Dia-2

Ana

lista

-2

28,32 28,32 28,84 27,78

MÉDIA 28,19 28,58 28,71 28,45

DESVPAD 0,9940 0,5200 0,2600 0,6609

CV% 3,5268 1,8195 0,9056 2,3237

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Tabela 11. Precisão Intermediária de acordo com a ANOVA.

Fonte de variação SQ gl MQ F calculado

F tabelado

Analistas 0,60 3 0,20 0,38 3,86

Dias 0,47 3 0,16 0,29 3,86

Erro 4,82 9 0,53

Total 5,89 15

Tabela 12. Resultados da Exatidão para concentrações baixa, média e alta.

Tabela 13. Teste t de Student para Exatidão Concentrações baixa (50%), média (100%)

e alta (150%).

Percentual T calculado T tabelado

50%

100%

150%

2,4173

2,9314

0,4885

4,3030

g / mL

DETERMINAÇÕES

13,50 g/mL 29,46 g/mL 45,47 g/mL

1 13,55 29,34 45,29

2 13,89 29,16 45,29

3 13,82 29,34 45,66

MEDIA 13,75 29,28 45,41

DESVPAD 0,1791 0,1064 0,2127

CV (%) 1,3023 0,3632 0,4684

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7. CONCLUSÃO FINAL

O presente trabalho também determinou parâmetros de qualidade para as partes das plantas

utilizadas (Berberis vulgaris, Gossypium herbaceum e Viburnum opulus) Os parâmetros analisados

foram: matéria orgânica estranha, perda por dessecação, cinzas (totais, insolúveis em ácido e

sulfatadas), metais pesados. No que se refere a matéria orgânica estranha podemos preconizar um

máximo de 3%. Os resultados encontrados estão abaixo deste limite (média de 1,66% para B.

vulgaris, 0,82% para G. herbaceum e 1,64% para V. opulus). Referente ao teor de água, pode-se

estabelecer limites 9,22

0,26 % (B. vulgaris), 10,25

0,19 % (G. herbaceum) e 9,27

10 %

(Viburnum opulus). Como não foram encontrados em compêndios oficiais, sugerimos estabelecer

estes limites. Para as cinzas totais, podemos estabelecer limites de 7,10

0,31 % (B. vulgaris),

13,36

0,18 % (G. herbaceum) e 11,73

0,23 % (V. opulus). Relativo às cinzas insolúveis em

ácido, os limites preconizados foram de 5,55

0,31 (B. vulgaris), 4,29

0,12 % (G. herbaceum) e

5,09

0,09 % (Viburnum opulus). Para as cinzas sulfatadas, foi estabelecido limites de 4,6

0,5

%, (B. vulgaris), 6,9 0,17 % (G. herbaceum) e 4,18 0,10 %.(V. opulus).

O produto Robusterina deve apresentar coloração castanho escuro, sabor adocicado e pouco

adstringente, odor característico e isento de partículas estranhas. Estes resultados estão de acordo

com laudos emitidos pelo laboratório fornecedor do produto. Quanto à densidade, o Laboratório

especifica resultados entre 0,9630 e 0,9890. Os resultados obtidos após análise apresentaram uma

média de 0,9830. No que se refere ao pH, o laboratório delimita valores entre 3,90 e 4,80, e os

resultados obtidos tiveram média de 4,617. Quanto ao grau alcoólico, o laboratório denota valores

entre 7,5 e 12,5 GL e obtivemos valor médio de 11,5 GL. Em relação aos parâmetros, resíduo

seco e teor em etanol, sugerimos limites de 0,562

2,88 e 30,88

0,13 % (V/V) respectivamente,

face às análises realizadas entre os 6 lotes disponibilizadas pelo laboratório entre os trimestres dos

anos de 2004 e 2005. Estes limites foram determinados a partir do resultado médio das análises e

coeficiente de variação.

Segundo pesquisas observadas no presente trabalho, a presença de alcalóides em Berberis

vulgaris e a ausência de metodologias analíticas de quantificação para o produto, nos incentivaram

a propor e validar um método, de acordo com a Resolução RE N

899, de 29 de Maio de 2003. O

método apresentado é um método alternativo por que não consta na farmacopéia ou no formulário

oficial. Por isso é reconhecido pela ANVISA. Foi validado de acordo com a Resolução RE n

899

em vigor. Os resultados obtidos mostram que o método atende aos requisitos de Boas Práticas de

Laboratório, pois apresenta sensibilidade, reprodutibilidade, a precisão, a robustez, a linearidade e

principalmente a confiabilidade requerida para um método analítico.

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9. ANEXOS

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PERFIL CROMATOGRÁFICO DE PLANTAS UTILIZADAS

PARA PRODUÇÃO DO FITOTERÁPICO ROBUSTERINA .

Marcos A.C. de Oliveira 1, Miracy M. de Albuquerque 1*, Haroudo S. Xavier 2, Ruth R.

Strattmann 1, Severino G. Junior 1, Adelaide T. Queiroz 3.

1 - Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos, Departamento de

Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE

2 - Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade

Federal de Pernambuco, Recife-PE

3 - Diniz & Brandão S. A Indústria e Comércio, Jaboatão dos Guararapes-PE

_________________________________________________________________________

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar os perfis cromatográficos de plantas utilizadas

na produção do fitoterápico ROBUSTERINA. O produto é constituído por três plantas: Berberis

vulgaris L, Gossypium herbaceum L. e Viburnum opulus. Alíquotas de 10 L das tinturas de B.

vulgaris, G. herbaceum e V. opulus (amostras 1a, ab e 1c), os extratos metanólicos a 10% (p/V)

(amostras 2a, 2b e 2c) e os extratos hidroalcoólicos (30:70) a 10% (p/V) das três plantas foram

submetidas à cromatografia em camada delgada analítica (CCDA) empregando-se placas prontas de

gel de sílica (Merck (art. 105553) e fases móveis de polaridades diversas. Revelando-se os

cromatogramas com reagentes adequados à caracterização de Alcalóides, Terpenóides

(Monoterpenos, Diterpenos, Triterpenos, Sesquiterpenos, Esteróides e Saponósidos), Polifenóis

(Cumarinas, Flavonóides, Proantocianidinas Condensadas e Leucoantocianidinas, Ácido Gálico),

Açúcares. Os resultados obtidos foram confrontados com dados pesquisados em literatura,

comprovando a autenticidade da matéria-prima utilizada para a produção do fitoterápico

ROBUSTERINA.

*Contato com o autor: Fone/Fax: (81) 2126-8571/2126-8572. E-mail: [email protected]

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Abstract: Chromatographic Profile Of Plants Used For Production Of Phytotherapic

Robusterina.

The present work aims at to determine the chromatographic profile of the parts of used plants the

production of phytotherapic ROBUSTERINA. The product is constituted by three plants: Berberis

vulgaris L, Gossypium herbaceum L. and Viburnum opulus. Aliquot of 10 L of tinctures of B.

vulgaris, G. herbaceum and V. opulus (samples 1a, ab and ç), the methanolic extracts 10% (p/V)

and the hidroalcoholic extracts (30:70) 10% (p/V) of the three plants were submitted to a

chromatography in analytical thin layer (CCDA) using gel silica plates (Merck) silica (art. 105553)

and mobile phases of several polarities. Showing the chromatograms with adequate reagents to the

Alkaloid characterization, Terpenoids (Monoterpenes, Diterpenes, Triterpenes, Sesquiterpenes,

Steroids and Saponosides), Polifenols (Coumarins, Flavonoids, Condensed Proantocianidins and

Leucoantocianidins, Acid Gallic), Sugars. The gotten results had been collated with data searched

in literature, proving the authenticity of the raw material used for the production of phytotherapic

ROBUSTERINA.

Keywords: Secondary metabolism; Robusterina; Thin Layer Chromatography

INTRODUÇÃO

A Robusterina, produto fitoterápico encontrado no mercado nacional desde 1932, produzido

pelo laboratório Diniz & Brandão é utilizada no tratamento das disfunções e regulação do ciclo

menstrual e, por estimular a contração uterina, seu uso é contra-indicado no período gestacional. A

dose média diária é de uma colher de sopa (15 ml) 3 vezes ao dia. O tratamento deve ser suspenso

quando houver normalização do ciclo menstrual, ou no caso de gravidez. Apresenta-se em sua

constituição três plantas: Berberis vulgaris, Gossypium herbaceum e Viburnum opulus.

As plantas são ricas em vários princípios ativos e, portanto, é necessária pesquisa qualitativa

dos mesmos. A identidade baseada nos constituintes químicos característicos da espécie exige

conhecimentos fitoquímicos prévios (Simões et al., 2004). Como não se deve realizar a análise de

todos os grupos (a não ser que seja pesquisa inicial), prioriza-se um ou dois que deve existir de fato

na droga (Marques et al., 1996).

Como cada planta apresenta diversos grupos químicos, pode-se observar a presença de

diversos fitofármacos ativos. Portanto essa presença/ausência pode ser um componente auxiliar

importante na determinação da qualidade e identidade da droga.

As reações químicas permitem verificar a presença de grupos de substâncias, como

Alcalóides, Mono, Sesqui, Diterpenos, Iridóides e Saponósidos, Esteróides e Triterpenóides,

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Proantocianidinas Condensadas e Leucoantocianidinas, Taninos Hidrolisáveis, Cumarinas,

Flavonóides, e Açucares Redutores (Simões et al., 2004).

Como regra padrão, sugere-se efetuar em paralelo um ensaio com uma droga que contenha

efetivamente aquele grupo a ser pesquisado, de modo a ter-se um modelo da cor que se espera

(Marques et al., 1996).

Para as análises de identificação, objetivo do corrente trabalho, é recomendado a

determinação do perfil cromatográfico utilizando a técnica e o sistema cromatográfico adequados

para o grupo de constituintes avaliados. É recomendada a utilização de padrões das substâncias

características, de extratos, de amostra autêntica ou, na ausência destes de substâncias marcadoras

ou de referência (Simões et al., 2004). A análise cromatográfica é uma alternativa importante para a

identificação de matérias-primas adquiridas na forma de preparados fitoterápicos intermediários (no

caso a ROBUSTERINA).

A escolha do método (CCD) foi determinada pelo fato dele constar em monografias das

Farmacopéias atualizadas como a Farmacopéia Brasileira, Britânica, Americana, Alemã, entre

outras. Também pode-se contar com algumas literaturas específicas sobre a análise de drogas

vegetais por CCD que apresentam fotos ou desenhos de cromatogramas (Wagner e Bladt, 1996).

Recomenda-se citar o documento da Organização Mundial da Saúde (WHO, 1998).

A CCD é utilizada com grande freqüência na análise vegetal, em virtude da simplicidade,

rapidez e sensibilidade oferecidas pela técnica, e ainda pelo rigor dos resultados (Costa, 2000).

Devido a este fator, tal técnica foi utilizada para se obter a comprovação da autenticidade das

plantas contidas no produto ROBUSTERINA.

MATERIAL E MÉTODOS

MATERIAL

O material utilizado (casca da raiz de Berberis vulgaris L., casca do caule de Viburnum opulus

L,.casca da raiz de Gossypium herbaceum L) e as tinturas foram gentilmente cedidas pelo

Laboratório Diniz & Brandão e pelo fornecedor QUIMER.

O material foi submetido à secagem em estufa Precision Thelco Model 18 (45 C), durante 10

horas, sendo posteriormente triturado e reduzidas a pó semi-fino (moído em moinho de faca e

passado em tamis) e acondicionado em recipientes plásticos apropriados e assim conservado,

enquanto não utilizado.

Foi utilizado ainda Berberina (Merck), gossipol, escopoletina, rutina, -sitosterol, -amirina,

ácido caféico, D (+)-glicose (Extrasynthese).

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EQUIPAMENTOS

Balança eletrônica de precisão GEHAKA mod. BG 1000, balança semi-analítica FILIZOLA

mod. P/ 5Kg, Câmara Fotográfica Ashai Pentax P- 50 e Nikon, Câmara Ultra-violeta (250-365 nm)

CHOMATO VUE, estufa Precision Thelco Model 18, Multiprocessador ARNO.

OUTROS MATERIAIS

Borrifadores para revelação em CCD, colunas cromatográficas, cubas cromatográficas para

CCD, filmes fotográficos Kodak Gold Plus 100 e 400, gel de sílica 70-230 Mesh MERCK, placas

cromatográficas MERCK Art. 015533, tubos de ensaio.

ABORDAGEM FITOQUÍMICA

Alíquotas de 10 L das tinturas de B. vulgaris, G. herbaceum e V. opulus (amostras 1a, ab e

1c), os extratos metanólicos a 10% (p/V) (amostras 2a, 2b e 2c) e os extratos hidroalcoólicos

(30:70) a 10% (p/V) (amostras 3a, 3b e 3c) das três plantas foram submetidas à cromatografia de

camada delgada analítica (CCDA) empregando-se placas prontas de gel de sílica Merck (art.

105553) como fase estacionária, fases móveis de polaridades diversas e reveladores adequados à

caracterização de Alcalóides, Polifenóis, Monoterpenos, Sesquiterpenos, Diterpenóides e Iridóides,

Triterpenos e Esteróides, Saponósidos, Açucares Redutores, Proantocianidinas Condensadas e

Leucoantocianidinas e Taninos Hidrolisáveis (Alúmen de Ferro). A tabela 1 relaciona os sistemas

de eluição e os metabólitos.

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Tabela 1. Metabólitos, sistemas de eluição, reveladores e referências bibliográficas utilizadas para abordagem

fitoquímica de Berberis vulgaris, Gossypium herbaceum e Viburnum opulus

METABÓLITO

SISTEMA DE ELUIÇÃO REVELADOR

REFERÊNCIA

Alcalóides AcOEt-HCOOH-AcOH-H2O (100:11:11:27 v/v)

Dragendorff (WAGNER,

1996)

Monoterpenóides,

sesquiterpenóides e

Dirterpenóides

Benzeno-AcOEt (97:3 v/v) Vanilina

Sulfúrica

(WAGNER,

1996)

Triterpenóides e

Esteróides

AcOEt-HCOOH-AcOH-H2O (100:0,5:0,5:0,5 v/v)

Lieberman/

Burchard

(HARBONE,

1982)

Iridóides AcOEt-HCOOH-AcOH-H2O (100:11:11:27 v/v)

Vanilina

Sulfúrica

(WAGNER,

1996)

Saponinas AcOEt-HCOOH-AcOH-H2O (100:11:11:27 v/v)

Vanilina Sulfúrica (WAGNER,1996)

Açúcares n-BuOH-Me2CO-Tampão fosfato pH= 5,0

(40:50:10 v/v)

Trifeniltetrazólio

(METZ, 1961)

Cumarinas Éter-tolueno-AcOH 10% (50:50:50 v/v) U.V (WAGNER,

1996)

Ácido Gálico AcOEt-HCOOH-AcOH-H2O (100:11:11:27 v/v)

NEU (STIASY,

1912)

Flavonóides AcOEt-HCOOH-AcOH-H2O (100:11:11:27 v/v)

NEU (MARKHAN,

1982

WAGNER,

1996)

Proantocianidinas

condensadas e

Leucoantocianidinas

AcOEt-HCOOH-AcOH-H2O (100:11:11:27 v/v)

Vanilina clorídrica (ROBERTSON, 1955)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Berberis vulgaris

Os ensaios fitoquímicos mostraram a presença de alcalóides com fator de retenção (Rf) entre

0,25 e 0,3 em todas as amostras e um alcalóide aproximado de Rf 0,6 (sendo provavelmente a

berberina) mais notadamente visto na amostra 2a (extrato metanólico a 10% (p/V) (Figura 1 a). Há

também a presença de açúcar (glicose) em todas as amostras e um dissacarídeo (açúcar mais polar)

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nas amostras 1a e 2a (Figura 1 b). Também foi observado a presença de saponósidos nas amostras

2a e 3a e uma presença discreta na amostra 1 (Figura 1 c). Quanto aos derivados cinâmicos, há a

presença nas três amostras, na amostra 2a observa-se o ácido cafeico com Rf aproximado de 0,65

(Figura 1 d). Os resultados confirmam dados observados na literatura, principalmente no que diz

respeito aos alcalóides. O surgimento de manchas com coloração azul escuro foram usados como

critério que evidencia a presença de mono, sesqui e diterpenóides, dependendo dos valores de Rf

apresentados, face a fase móvel empregada.

1 2 3 4 1 2 3

1 2 3

1 2 3 4

(1. Tintura de B. vulgaris 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v)

1. Tintura de B. vulgaris 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v) 4. Padrão GLICOSE

1. Tintura de B. vulgaris 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v)

1. Tintura de B. vulgaris 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v) 4. Padrão saponina MERCK

a b

c d

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Figura 1. CCDA de Berberis vulgaris: a) Alcalóides, b) Açúcares, c) Saponósidos, d) Derivados

Cinâmicos

Gossypium herbaceum

Os ensaios fitoquímicos mostraram a presença de leucoantocianidinas em quantidade discreta,

principalmente na amostra 1b (tintura) (Figura 2 a). Também foi encontrado açúcar (glicose) em

todas as amostras analisadas, mas em menor quantidade na amostra 1b (tintura) (Figura 2 b).

Observou-se também a presença de triterpenos e esteróides, notadamente beta-sitosterol, na amostra

1b (tintura), não estando presente nas amostras 2b e 3b (Figura 2 c). Quanto aos mono, sesqui e

diterpenos a CCDA, nos mostra uma presença muito discreta, principalmente na amostra 2b e 3b,

com Rf aproximado de 0,2. Constatou-se a presença de um componente na tintura, com pequena

migração, e com abundante quantidade, provavelmente o gossipol (Figura 2 d). Quanto às

saponinas, a literatura faz alusões à presença dela. Ao efetuar a CCD, observou-se a presença destes

metabólitos em todas as amostras, confirmando saqueles relatos (Figura 2 e).

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a b

1 2 3

1 2 3 4

1. Tintura de G. herbaceum 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v)

1. Tintura de G. herbaceum

2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v) 4. Padrão GLICOSE

c

1 2 3 4

d

1 2 3 4

1. Tintura de G. herbaceum 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v) 4. Padrão

1. Tintura de G. herbaceum 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico

(30:70) a

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Figura 2. CCDA de G. herbaceum: a) Leucoantocianidinas e proantocianidinas , b) Açúcares, c)

Triterpenos e Esteróides, d) Mono, sesqui e diterpenos, e) Saponósidos

Viburnum opulus

Os ensaios fitoquímicos mostraram a presença de açúcares (glicose) em todas as amostras.

(Figura 3a). Há também a presença de saponósidos (Figura 3b) em todas as três amostras. Detectou-

se também a presença de Leucoantocianidinas e Proantocianidinas condensadas e triterpenos ( -

amirina). A Figura 3c evidencia a presença de biflavonóide fluorescente amentoflavona com Rf

aproximado de 0,35, utilizando-se um sistema cromatográfico (clorofórmio: acetona: ácido fórmico

130:10:3) diferentemente do proposto por Wagner (1996). A Figura 3d nos mostra a presença de

cumarinas, principalmente a escopoletina com Rf aproximado de 0,45. Nos trabalhos realizados

também houve a evidência de presença de derivados do ácido caféico (ácido clorogênico).

e

1. Tintura de G. herbaceum 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v)

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a

1 2 3 4

b

1 2 3

1. Tintura de V. opulus 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v)

1 2 3

1. Tintura de V. opulus 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v)

c

1. Tintura de V. opulus 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v) 4. Padrão GLICOSE

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Figura 3. CCDA de Viburnum opulus: a) Açúcares, b) Saponósidos c) Biflavonóides, d)

Cumarinas

CONCLUSÃO

O perfil fitoquímico, aplicado à técnica de CCDA para as três plantas estudadas mostraram

resultados que foram condizentes com a literatura pesquisada o que confirma a autenticidade das

plantas. Na B. vulgaris foram detectadas a presença de alcalóides, especificamente a berberina,

açúcar (glicose) e dissacarídeo, saponósidos e ácido caféico. No G. herbaceum foram encontrados

leucoantocianidinas, glicose, provável beta-sitosterol e gossipol, e também, saponósidos. Quanto ao

V. opulus, observou-se a presença de açúcar (glicose), saponósidos, leucoantocianidinas e

proantocianidinas condensadas, triterpeno (provável beta-amirina), biflavonóide (amentoflavona),

cumarinas (escopoletina) e derivados do ácido caféico (indícios de ser ácido clorogênico).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à CAPES pela concessão bolsa de estudo ao primeiro autor e ao Laboratório

Diniz & Brandão pelo fornecimento das tinturas para o desenvolvimento do trabalho.

1 2 3 4

1. Tintura de V. opulus 2. extrato metanólico a 10% (p/v) 3. extrato hidroalcoólico (30:70) a 10% (p/v) 4. Padrão ESCOPOLETINA

d

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REFERÊNCIAS

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2004.

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Organization, 1998, 115p.

MARQUES L. C. Curso de Fitoterapia 1996. Recife: Sindicato das Industrias de Produtos

Farmacêuticos do Estado de Pernambuco, 1996.

WAGNER, H. BLADT, S. Plant Drug Analysis. A Thin Layer Chromatography Atlas. 2. ed.

Berlin: Springer, 1996.

COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.; BONATO, P. S.1995 Introdução a Métodos Cromatográficos.

6. ed. Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995, 279 p.

HARBONE, J. B. Phytochemical Methods. 2. ed. London: Chapman & Hall, 1982 288p.

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1982.

METZ, H. Naturwisenchaften v. 48, p.596, 1961.

STIASNY, E. The qualitative detection and differentiation on vegetable tannins Collegium p. 483-

9, 1912

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