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Mafalda Rodiles SEJA FELIZ SEM DIETAS

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Mafalda Rodiles

SEJA FELIZ SEM DIETAS

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1. O QUE É O SEJA FELIZ SEM DIETAS? . . . . . . . . . 15

2. A MINHA HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3. UM NOVO AMANHECER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4. O QUE É A ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE E INTUITIVA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

5. COMPREENDER PORQUE É QUE AS DIETAS NÃO FUNCIONAM . . . . . . . . . . . 63

6. FOME EMOCIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

7. COMPULSÃO ALIMENTAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

8. 31 PASSOS PARA SER FELIZ SEM DIETAS . . . . . . . 117

9. COMPREENDER E ACEITAR O SEU CORPO . . . . 187

10. TRAUMAS DE INFÂNCIA E PROBLEMAS COM A COMIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211

11. TRUQUES PARA SOBREVIVER ÀS FESTAS E ÀS FÉRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227

12. A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA . . . . . . . . . . . . . . . . . 243

13. CONCLUSÃO: COMO SER FELIZ SEM DIETAS PARA SEMPRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255

14. DEPOIMENTOS: CADA CASO É ÚNICO! . . . . . . 269

15. SEJA FELIZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287

AGRADECIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291

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INTRODUÇÃO

Neste livro, vou partilhar a minha história de vida e tudo o que estudei, aprendi e ensinei sobre alimentação e bem-

-estar físico e emocional ao longo destes últimos quatro anos. Sem linguagem técnica, complicações, segredos, explicações confusas e estudos científicos, porque sou uma mulher igual a si, que tinha muitas dúvidas e que foi enganada durante anos pela indústria das dietas.

Não sou médica nem nutricionista, mas sei exatamente quais são as suas dúvidas, medos e dificuldades porque os meus eram iguais. Durante muitos anos, achei que o meu corpo tinha um problema porque, simplesmente, eu não emagrecia com dietas.

Fiz dietas durante 15 anos, experimentei todas as que possa imaginar, sofri escondida e em silêncio, apesar de parecer sem-pre que estava tudo bem, porque, na realidade, nunca fui nem gorda nem muito magra. Tive anorexia e compulsão alimentar, mas quando superei os meus transtornos alimentares, descobri que comer o que adoro não significa engordar e que passar fome não significa emagrecer.

Quando tinha 15 anos, comecei a fazer dieta porque me disseram que, se queria realmente ser atriz, precisava de emagre-cer. Comecei a pesquisar sobre dietas, a passar fome, e parti do princípio que fazer dieta era uma coisa normal, que, com certeza,

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todas as mulheres viviam em dieta. Depois de começar com as dietas, pensei que, se parasse, iria engordar ainda mais. Esta tornou -se a minha realidade, porque simplesmente é o que ouvi-mos no dia a dia: que se queremos emagrecer, temos de fechar a boca e fazer exercício...

Mas e se eu lhe disser que não é nada assim?Se eu disser que o seu psicológico influencia o processo mais

do que qualquer outra coisa, influencia a sua fome, saciedade, absorção dos alimentos e metabolismo?

E se eu disser que fazer dieta até pode engordar -nos? Eu engordava alguns gramas a cada dieta que fazia e passei dos 48 aos 60 quilos, sempre em dieta e passando fome...

E se eu disser que pode comer aquela fatia de bolo de ani-versário delicioso sem se sentir culpada depois?

E se eu disser que a maioria dos livros conta -nos mentiras, faz -nos acreditar em dietas que não funcionam e culpa -nos quando desistimos delas?

E se eu disser que somos vítimas da indústria das dietas que movimenta biliões de dólares e que não tem como prioridade a nossa saúde ou bem -estar?

E se eu disser que pode estar a ingerir alimentos que não lhe fazem bem, apesar de lhe terem dito o contrário, porque muitos estudos são comprados pelas marcas?

E se eu disser que é possível nunca mais fazer dietas na vida, que pode recuperar o seu corpo saudável e emagrecer? Tenho a certeza de que esta última questão a fez sorrir e eu fico muito feliz por isso. Porque isso foi o que eu consegui na minha vida e é o que lhe quero ensinar.

Quero que leia este livro e comece a mudar a sua vida hoje e tenho a certeza de que isso a tornará uma mulher mais feliz e tranquila.

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Em apenas um ano e meio, mudei a vida de milhares de mulheres, através de vídeos, e -mails, mensagens e aulas, e não falo apenas em relação à alimentação, mas também na maneira de encarar a vida e os problemas. Poder ajudar a mudar a vida de al guém não tem preço. Eu tenho alunas, tenho seguidoras e tenho a certeza de que consigo também irá resultar. E se está a pensar: «Mas será que assim, à distância, também funciona?», sem falar comigo e sem me contar a sua história, problemas e dúvidas? Tenho a certeza que sim! Porque a mudança está em si e eu decidi passar para o livro tudo o que estudei e aprendi; vou ensinar -lhe passo a passo, vou contar -lhe todos os segredos! Eu acredito que o conhecimento nos torna muito mais fortes e confiantes para fazer essa mudança. Muitos dos meus erros, durante anos, foram originados sim plesmente pela falta de infor-mação correta e de orientação.

No entanto, tem de estar aberta a esta mudança; é óbvio que não basta ler o livro e não implementar nada na sua vida. Há seis anos, comprei o livro Liberte -se da Fome Emocional, de Geneen Roth, que hoje até aconselho a algumas alunas. Li, gostei bastante, mas continuei a fazer dietas... Apesar de ser um livro que eu adoro, não me provocou aquele clique, não percebi que tinha realmente de mudar ou, o mais provável, eu realmente não estava pronta para aquela mudança. Espero sinceramente que o Seja Feliz sem Dietas faça esse clique na sua mente.

E pode ficar tranquila que, se deixar de fazer dieta hoje, você não engordará um grama. Muitas mulheres pensam que se pararem de fazer dieta vão engordar horrores, porque, na ver-dade, atualmente, sentem que engordam até com o ar, mas a verdade é que a dieta que você faz já não funciona, o seu corpo já se adaptou a ela, já se protegeu das restrições, diminuindo o seu metabolismo e armazenando o pouco que você come. Mui-tas mulheres que comem muito pouco até precisam de começar

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a comer mais para conseguirem emagrecer, por mais estranho que isto pareça à primeira vista.

Você não é muito diferente de mim e o seu corpo não tem um problema por não reagir às dietas. Somos todas muito pare-cidas e, como diz Sandra Ammodt: «Se as dietas funcionassem seríamos todas magras», porque esse é o sonho de quase todas as mulheres; só que, infelizmente, não funcionam.

A outra grande questão é que ser magra não resolve os seus problemas, ser magra não a transforma numa mulher de sucesso, nem numa super mãe, nem numa mulher confiante e cheia de autoestima, por isso primeiro vamos lutar por ser felizes, em vez de nos focarmos em ser magras. Se formos felizes e cuidarmos bem do nosso corpo, ele caminhará para o equilíbrio.

Este livro não é um livro de dietas, é o oposto disso; a minha meta é que consiga aceitar -se a si própria e ser mais feliz a cada dia. Emagrecer será uma consequência desse caminho muito melhor e mais saudável que você pode escolher.

As dietas não são solução para nada. Aliás, a maioria dos transtornos alimentares começou com uma dieta, porque depois da primeira dieta que não funcionou, tentámos fazer outra dieta e depois mais outra, entrando num ciclo vicioso de engorda e emagrece, e o seu corpo começou a proteger -se disso.

Hoje em dia, muitas de nós queriam ter novamente o peso da época em que fizeram a primeira dieta. Depois de tantas dietas ioiô, de tantas tentativas falhadas, ainda acredita que é uma dieta que vai devolver -lhe o equilíbrio?

Vamos arriscar fazer algo diferente? Porque, definitivamente, o que andamos a tentar não dá resultado e foi por isso que comprou este livro. Confie em mim!

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1 O QUE É O SEJA FELIZ SEM DIETAS?

O Seja Feliz sem Dietas foi criado em setembro de 2015 e é um curso online sobre como emagrecer comendo o que

você gosta, como se libertar das dietas para sempre, como apren-der a comer melhor, como aceitar o seu corpo e como superar o seu transtorno ou compulsão alimentar. Ou seja, é um programa que muda totalmente a sua relação com a comida, com o corpo, com a balança, com o espelho e consigo mesma.

Por vezes, por causa do título, as pessoas dizem que é um programa de dietas, mas este livro é o oposto disso. Eu sou totalmente contra dietas, o meu corpo já sofreu muito por causa delas e, acima de tudo, descobri que as dietas não funcionam. Nenhuma pessoa saudável precisa de fazer dieta.

Tenho centenas de vídeos no meu canal do Youtube e página do Facebook, que se chama Mafalda Rodiles, gravados para o Seja Feliz sem Dietas; é tudo feito por mim. Escrevo, gravo, edito e produzo, por isso o projeto é totalmente feito à minha medida e à minha maneira para todas as mulheres que me seguem.

Também ofereço vários mini -cursos gratuitos no meu site e, duas vezes por ano, abro vagas para a minha turma exclusiva, que é uma turma totalmente online, com mais de 15 horas de vídeo -aulas gravadas, conferências online ao vivo, palestras bónus e aconselhamento pessoal para cada aluna.

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Sei que, à primeira vista, pode parecer um pouco confuso, mas, se puder, veja o meu site www.sejafelizsemdietas.com, tenho a certeza de que vai adorar!

Confesso que, quando coloquei o meu projeto no mundo, quando lancei o meu site e o meu canal do Youtube, tive um pouco de medo, pensei: «O que é que as pessoas que conhecem o meu trabalho como atriz das novelas da TVI vão pensar? Será que me vão criticar por eu não ser nutricionista e falar sobre alimentação?»

No entanto, apesar de não ter um curso superior na área de Nutrição, que infelizmente ainda tem imensas falhas e aprova várias dietas, eu tenho toda a minha experiência, tudo o que eu testei no meu corpo e vivi diariamente, durante 15 anos. Eu sei perfeitamente o que você sente quando se olha ao espelho e não gosta do que vê, o que sente quando inicia uma nova dieta, toda a excitação inicial e toda a frustração quando os resultados não aparecem; eu sei como é cansativo passar 24 horas a pensar no que podemos comer ou se o que comemos nos vai engordar, eu sei o que você sente quando as suas calças não apertam, apesar de todos os esforços; eu sei porque eu passei por tudo isso. Durante anos, fazer dieta para ser magra era a minha grande prioridade, muito mais do que ser feliz ou ser saudável. Hoje em dia, ainda junto a tudo isso o trabalho que desenvolvi nos últi-mos 18 meses, ajudando muito proximamente centenas de alunas com transtornos alimentares.

Sou formada em Gestão de Empresas, pela Universidade Nova de Lisboa e terminei o curso com uma boa média. Hoje em dia, seria uma péssima gestora, pois além de não gostar, não tenho nenhuma experiência na área e muita da teoria já a esqueci. Acredito que somos bons a fazer aquilo que amamos e o que nos dá prazer.

Outro medo que tinha era não saber se ia resultar com todas as mulheres, não posso afirmar que funciona com cem por cento,

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porque há sempre alguém com um problema de saúde mais complicado ou alguém que desiste a meio do caminho. Mas posso dizer -lhe que todas as alunas que puseram em prática e seguiram o que ensino, umas mais lentamente, outras mais rápido, todas elas estão a emagrecer e, acima de tudo, são hoje pessoas muito mais felizes, o que me enche de alegria.

A minha intenção, quando comecei, era divulgar o que acon-teceu comigo para alertar as mulheres de que estamos realmente a ser enganadas pela gigante indústria das dietas, mas conseguir mudar a vida de centenas de mulheres, poder aconselhá -las e ajudá -las a resolver problemas em várias áreas, poder assistir às suas conquistas e mudanças, era algo que não me tinha passado pela cabeça e, atualmente, é esse o meu trabalho. O meu plano B tornou -se o plano A e não há um dia em que eu não receba um e -mail ou uma mensagem de agradecimento, o que torna os meus dias mais completos e cheios de sentido.

Antes do Seja Feliz sem Dietas completar um ano, a Leya convidou -me para escrever este livro e o pedido foi: «Mafalda, escreve um livro para mulheres reais, sem promessas que não se cumprem, como acontece na maioria dos livros de dietas.» Fiquei muito feliz e animada! É muito bom vermos o nosso trabalho reconhecido e, acima de tudo, pela possibilidade de chegar a ainda mais mulheres. E  agora, alguns meses depois, aqui está você com o meu livro nas mãos!

E porque escrevemos um livro? Responde o escritor e rabino, Edward Feinstein:

«Escrevemos um livro, porque, nalgum lugar da nossa alma, acreditamos que a sabedoria que contém vai fazer alguma dife-rença; vai mudar uma vida, pode até mesmo ajudar a transfor-mar uma cultura. Escrevemos um livro para poupar alguém da escravidão a falsas ideias, da dor de tornar a sua vida uma busca

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inútil e vazia. Escrevemos um livro para atravessar tempo e espaço e tocar outras vidas. Escrevemos um livro como um ato de amor. E isso traz significado à sua vida.»

O Seja Feliz Sem Dietas é um livro para mulheres reais, é um livro para mulheres que já compraram todos os livros de dietas e nenhum funcionou, é um livro para qualquer mulher, seja você magra ou gorda, feliz ou infeliz, desesperada ou esperançosa.

Vou ensinar -lhe tudo o que sei, tudo o que aprendi, testei e sei que resulta; passei 15 anos da minha vida a sofrer com dietas, consultei nove nutricionistas, fiz todas as dietas que possa imaginar, mas foi quando parei de fazer dieta, na gravidez da minha filha Mel, que percebi que elas não funcionam. Depois disso, decidi começar a estudar a fundo e descobri uma corrente da Nutrição que se chama Alimentação Consciente e Intuitiva que me encantou. Foi com base nela e na minha expe-riência que criei os princípios do Seja Feliz Sem Dietas, que criei o meu método, que já mudou a vida de milhares de mulheres.

Todos os dias, recebo dezenas de e -mails e conheço mulheres que ficam fechadas em casa porque não são magras, outras que maltratam o seu corpo por falta de informação, outras que passam os seus transtornos alimentares para as filhas, conheço até mulheres que já pensaram em matar -se por não conseguirem emagrecer e isto tem de acabar, a vida é muito mais do que isso. Tenho de mostrar que existe um caminho muito mais fácil e saudável para atingir o seu peso ideal e farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar cada vez mais mulheres.

Apesar de ser atriz e de já ter visto várias vezes o meu tra-balho reconhecido pelo público, nunca nenhum projeto me deu tanta satisfação pessoal quanto o Seja Feliz sem Dietas. Ante-riormente, várias pessoas passaram pela minha vida, família, namorados, amigos, mas nunca ninguém me tinha agradecido

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por ter mudado a sua vida para sempre, coisa que acontece hoje em dia com mulheres que nem conheço pessoalmente. Libertar as mulheres da prisão das dietas é tão gratificante, tão impor-tante para elas e para as suas famílias, que faz valer a pena tudo aquilo por que eu passei durante 15 anos. Acredito que nada acontece por acaso e se você está aqui, será muito bom poder mudar a sua vida também.

Bem -vinda ao Seja Feliz sem Dietas!

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2 A MINHA HISTÓRIA

Infância

Nasci em Lisboa, num parto normal, no dia 10 de fevereiro de 1983; mamei apenas durante três meses porque a licença de maternidade da minha mãe ia acabar. A  minha introdução alimentar foi complicada, adorava fazer teatrinhos com os meus bonecos e fui filha única até aos oito anos.

Tive uma infância muito feliz, a minha avó tomou conta de mim durante o dia até aos quatro anos e mesmo quando fui para o jardim de infância, ela ia buscar -me à hora do almoço e já não me levava de volta para podermos aproveitar aquele tempo juntas.

A minha avó era incrível, era como uma segunda mãe para mim; fazíamos piqueniques, apanhávamos girinos e formigas no parque, víamos desenhos -animados e ela contava -me histórias. Foi com ela que fiz o meu primeiro bolo e lembro -me até hoje do ataque de riso que tivemos quando tentámos fazer um pudim no micro -ondas que ficou mais duro do que uma rocha, nem deu para provar! Comprávamos morangos deliciosos em abril, era a minha fruta favorita, e ela também fazia um sumo de tomate natural que eu simplesmente amava! As minhas primeiras recor-dações de comida são essas duas, bastante saudáveis, por sinal.

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Considero importante falar da nossa relação com a comida na infância porque ela é determinante para o nosso futuro e, muitas vezes, descobrimos que alguns problemas atuais têm a sua origem no passado.

Descobri como começaram os meus traumas com a comida numa conversa com a minha mãe, há uns anos atrás. Ela contou -me que era muito complicado conseguir que eu comesse, que, muitas vezes, quando introduziu as primeiras papas, eu comia cinco ou seis colheres, fechava a boca e nem um aviãozi-nho super dinâmico entrava; quando forçavam, eu provocava o vómito e vomitava tudo. A minha mãe ficava muito preocupa- da e dava -me outra papinha...

Antigamente, havia muita informação errada, ainda hoje há. E a introdução alimentar é quase sempre uma fase stressante para a maioria das mães, que tentam seguir à risca as doses e horários que o pediatra indica.

Os bebés nunca devem ser forçados a comer; a certa altura, acabam por comer, vão querer experimentar, vão aprender a  gostar de comida. Como diz o pediatra Carlos González: «Nenhum bebé saudável morre de fome se tiver comida dispo-nível.» A introdução alimentar, chama -se assim porque é uma apresentação da criança aos alimentos, dura mais ou menos um ano. Mas o que realmente alimenta o bebé durante essa intro-dução é o leite, não são os legumes das sopinhas.

Só que as mães querem tanto seguir a cartilha do pediatra que acabam por criar traumas fortíssimos com a comida, que se vão refletir na vida adulta dessas crianças.

Uma criança forçada a comer, vai aprender a comer sem ter fome; inconscientemente, aprenderá que o certo é comer até ficar muito cheia.

Tudo o que vivemos fica guardado num chip na nossa memó-ria e, já em adultos, comer tudo o que está no prato, mesmo sem

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fome, ou comer demasiado depressa tornam -se hábitos muito comuns. Foi o que nos foi ensinado, é quase como se fosse um pecado deixar algo no prato; pense se consigo isso não acontece.

O meu sonho

Quando eu tinha 15 anos, depois de ir várias vezes com a minha mãe ao teatro, disse -lhe que queria ser atriz. Eu olhava para os atores no palco, os meus olhos brilhavam e a minha cabeça não parava de sonhar.

Ainda hoje me lembro da cara dela... Estávamos de férias em Espanha, tínhamos ido a um parque de diversões e a minha mãe não falou mais comigo o resto da noite... Ela sonhava que eu fosse médica, engenheira, advogada, empresária, qualquer profissão «normal», menos atriz.

Como tinha apenas 15 anos e ao perceber que não ia ser fácil, pedi ajuda à minha avó e ela ajudou -me, claro! Às escon-didas da minha mãe, fomos a várias agências de modelos para eu me inscrever.

Lembro -me como se fosse hoje: eu, com umas fotos caseiras na mão e a tremer de cima a baixo, entrei numa das melhores agências de modelos daquela época. A minha avó deixou -me ir à frente, sentei -me à secretária da booker e perguntei se me podia inscrever porque queria muito começar a fazer castings para ser atriz. Ela olhou -me de cima a baixo e respondeu: «Até és bonitinha, mas precisas de emagrecer.»

Naquele momento, senti -me um pouco perdida, triste, um pouco ansiosa… Emagrecer? Mas como se consegue isso? Eu tinha 15 anos, 1,68 metros e 48 quilos, comia a comida da cantina na escola e, à noite, a comida cozinhada pelo meu pai.

Realmente, eu não tinha a mais pequena ideia de como ia conseguir; acho que, na altura, só me pesava quando ia ao médico.

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Mas meti isso na cabeça: «Eu vou conseguir, se emagrecer é o primeiro passo para ser atriz, eu vou fazê -lo dê por onde der.»

E foi aí que tudo começou... Quando somos jovens, temos muita pressa de viver, é tudo

muito urgente, todas as paixões são demasiado intensas.O meu transtorno começou naquele dia, sentada em frente

da booker.Cheguei a casa, olhei -me ao espelho e vi que já não gostava

das minhas bochechas; dias mais tarde, comecei a odiar a minha barriga... A nossa perceção ao espelho, e até nas fotos, pode alterar -se por completo... O nosso cérebro vê o que nós quere-mos ver, nós também somos aquilo que ouvimos dos outros. Se  todas as pessoas me dizem que sou gorda, acabarei por acreditar nisso.

Para uma adolescente, o que um adulto diz tem sempre um fundo de verdade: eu estava gorda e tinha de emagrecer, se que-ria ser atriz. Mas a booker que me disse isso foi simpática e profissional, era o trabalho dela, eram os padrões da época e ainda os de hoje, ela simplesmente foi sincera comigo. É engra-çado que somos amigas no Facebook até hoje e eu nunca lhe contei esta história; agora, vai acabar por ler neste livro.

Muitas e muitas jovens começam a ter uma relação muito complicada com o corpo durante as mudanças que ele sofre na puberdade, sentem -se a engordar, as ancas alargam, o peito cresce. A  nossa maturidade emocional raramente está prepa-rada para lidar com comentários pejorativos dos colegas nessa fase.

Com 15 anos, eu sabia que donuts, bollycao, folhados mis-tos e pão com chouriço não eram coisas muito saudáveis, mas comia pelo menos um por dia, no bar da escola, sem culpa e sem achar que me iam engordar.

Sempre tive um peso super normal, sempre fui a mais alta da turma, sempre fui animada e feliz durante a minha infância e

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início da adolescência. É  incrível como uma simples frase de alguém que você nem conhece pode mudar totalmente a sua vida.

O início das dietas

Quando comecei a pesquisar sobre dietas para pôr em prática o meu plano, achei que o mais eficaz era passar fome e comer maçãs e saladas. E assim o fiz! Com os meus 48 quilos e a jogar vólei três vezes por semana, saltava refeições; quando a fome apertava muito, comia uma bolacha integral ou uma maçã.Comprei uma balança e pesava -me quase todos os dias.

Comecei a mentir aos meus pais, eles não podiam sonhar que eu estava a tentar emagrecer, porque nunca concordariam, mas nestas idades, quando queremos muito uma coisa, conse-guimos fazê -la às escondidas. Em casa, dizia que já tinha jan-tado antes deles chegarem ou que estava maldisposta e com dor de barriga. Na escola, ninguém controlava se eu comia ou não e, simplesmente, deixei de frequentar o refeitório.

Lembro -me de que arrastei o meu melhor amigo para fazer a dieta comigo. É sempre bom quando temos um parceiro para partilhar um segredo.

Esta dieta maluca dava -me uma sensação de poder e de que iria conseguir.

Comecei a desmaiar várias vezes no balneário, depois de uma partida de vólei, eu era capitã de equipa na escola. Uma vez, durante uma viagem com os meus pais, desmaiei em Bru-xelas; o meu pai ficou super preocupado, lembro -me de acordar com o lábio cortado e tive de beber uma Cola para elevar o nível de açúcar no sangue.

Em pouco tempo, perdi dois quilos, cheguei aos 46 quilos e percebi que o meu esforço estava a ser recompensado. Às vezes, nem bebia água porque achava que ia engordar... Tinha ouvido

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algures que a água poderia provocar retenção de líquidos... Como é importante termos acesso à informação correta...

Acho que o estudo do tipo de transtornos alimentares e a importância da alimentação consciente devia ser uma disci-plina ensinada na escola, porque nós somos o que comemos, saber o que comer é essencial para nos desenvolvermos bem e sermos saudáveis. Não adianta saber o nome dos países ou saber como se reciclam embalagens se não sabemos cuidar do nosso corpo.

Na verdade, eu tinha desenvolvido uma anorexia e, apesar de todos os sintomas – receio de ganhar peso, uma vontade enorme de ser magra, restrições alimentares, ver -me com peso a mais apesar de não o ter, e ingerir somente pequenas quan tidades de alimentos –, nunca baixei desses 46 quilos. Felizmente, o meu corpo protegeu -se da minha atitude e a minha fome não me deixava estar sem comer mais do que umas 16 horas.

Meses depois do aparecimento da anorexia, desenvolvi compulsão alimentar, que era o meu corpo faminto a obrigar--me a comer.

Normalmente, os meus episódios de compulsão aconteciam ao lanche. Ao fim de um dia na escola, eu chegava a casa, sozi-nha, e comia oito pães, meio queijo flamengo, bebia um pacote de leite de um litro... E comia sem conseguir parar, mas com uma culpa tão grande, um sentimento de «Sou fraca e não me consigo controlar», prometendo a mim mesma que, no dia seguinte, faria uma dieta mais rígida e iria conseguir.

Achava que a culpa de não conseguir emagrecer era minha. Eu queria resultados imediatos, queria perder peso por passar um dia inteiro sem comer e, quando isso não acontecia, no dia seguinte, comia tudo. Era uma vingança de mim mesma, junta-mente com fome e compulsão alimentar.

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Portanto, os meus dias variavam entre dias de jejum e dias de grande compulsão alimentar; imagine o mal que isto faz ao organismo, que passa fome e fica a precisar de calorias e energia durante um dia inteiro e, no dia seguinte, é intoxicado com excesso de comida e tem de se libertar dela. Por vezes, depois de uma compulsão, tentava vomitar, mas nunca conseguia.

Os castings

Quando comecei a ser chamada pela agência para ir a castings, ficava muito ansiosa e nervosa, via aquilo como uma super oportunidade, mesmo que fosse apenas um casting para um anúncio a um iogurte.

Para quem não sabe o que é um casting, basi camente, telefonam -lhe no dia anterior e dizem que, no dia seguinte, tem de estar naquela morada, entre as 10 e as 17 horas, ir vestida com uma roupa casual ou uma roupa mais sexy consoante o pretendido, e é isso!

No dia seguinte, faltava às aulas e lá ia cheia de esperanças. Quando entramos na sala de espera, normalmente o desânimo é total, estão vinte modelos mais bonitas, mais altas e mais magras do que nós. Eu pensava para mim, pode ser que queiram uma pessoa mais normal, não é? Com certeza, a agência enviou -me por alguma razão... E  sentava -me, sabendo que ia esperar, no mínimo, umas três horas. Cheguei a esperar oito horas para fazer um casting e, em muitos deles, fui embora. Às vezes, tinha chine-sas, negras, loiras e morenas para o mesmo papel, realmente o briefing dos clientes nunca é muito esclarecedor.

Fiz tantos castings, tantos, tantos, que perdi a conta... Um dos mais engraçados foi quando me pediram para fingir que estava a correr contra o vento, eu só tinha vontade de rir quando me imaginava a fazer aquilo. Óbvio que não fui esco-lhida... Mas não foi só nesse, na maioria, talvez em 95 por

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MAFALDA RODILES

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cento, eu não era selecionada. Diziam sempre «Depois ligamos, ok?» E ninguém ligava...

Ficava muito ansiosa quando se aproximava a data de fil-magem, porque achava que poderiam ligar e fazia os meus planos em função disso. Ficava tão ansiosa que telefonava para a agência para saber a resposta, eu preferia ouvir um Não do que continuar naquela espera angustiante.

Os «nãos» que levamos na vida de modelo são extrema-mente cruéis para a autoestima, ser recusada constantemente, desperdiçar o seu tempo, significa sempre que alguém é melhor ou é mais bonita do que você.

Para quem já tinha um transtorno alimentar e se achava gorda, isto era só mais uma agravante. Todos os dias, pensava: «Se eu conseguisse emagrecer, seria escolhida», e assim, talvez, eu pudesse mostrar o meu talento como atriz, nem que fosse num anúncio de iogurte.

Lembro -me de ter muita vontade de chorar cada vez que assistia a um desfile de moda ao vivo. Aquelas mulheres lindas, magras, desfilando com roupas incríveis, incomodavam -me muito. E pensava «Porque é que eu não posso ser assim? Porque é que eu não consigo emagrecer, se eu passo fome, se eu consigo comer apenas uma maçã por dia?» Mais uma vez, pensava que algo estava errado com o meu corpo e o meu grande sonho, juntamente com o de ser atriz, era ser magra.

Desde os meus dez anos que era muito ansiosa. No 5.o ano, na véspera de testes no colégio, ficava extremamente nervosa; durante o teste, se aparecia uma pergunta que eu não sabia, começava a chorar... Só pensava que ter má nota seria uma desilusão para os meus pais. Sempre fui a melhor aluna da turma, fui capitã da equipa de vólei, delegada de turma, fui a mais popular, mas era extremamente perfecionista, ansiosa e exigia demasiado de mim, não me permitia errar. Essa minha