Seminário historiografia brasil_colonial

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Aspectos da historiografia da cultura sobre o Brasil Colonial Laura de Mello e Souza Disciplina: Tendências da Historiografia Brasileira Professora Dra Maíra Lucas Scofield e Jair Borges

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Aspectos da historiografia da cultura sobre o Brasil Colonial

Laura de Mello e Souza Disciplina: Tendências da Historiografia Brasileira

Professora Dra MaíraLucas Scofield e Jair Borges

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A ênfase nas relações gerais entre História e Cultura (1907-1936)No livro Os Capítulos de História Colonial de Capistrano de Abreu de 1907, moldou o elemento diferenciador capaz de conferir certa identidade aos agentes sociais:’ homens capazes para penetrar todos os sertões durante anos a fio, não tendo outro sustento senão “caças do mato, bichos, cobras, lagartos, frutas bravas e raízes de vários paus”.

“Pluralidade étnica dos habitantes: mestiçagem geograficamente condicionada, variada e cambiante, composta de três raças irredutíveis que a colonização compelira à convivência, na Amazônia prevalecendo o elemento indígena (mamelucos, poucos mulatos); à beira-mar e na zona aurífera sobressaindo o negro e ao Sul dos Trópicos elevando-se a porcentagem de brancos. “

[página 18]

“No período da História Colonial marcada por um antiufanismo construtivo e pelo pessimismo, em 1928 a obra Retrato do Brasil, Capistrano e Paulo Pradro com uma mescla de inovação e conservadorismo que enfoca o Brasil sob o viés cultural e se busca uma curiosa tipologia qualificativa com base em sentimentos. A ambição impera nos primeiros tempos, de fixação do homem ao meio: a cobiça norteia o estabelecimento da atividade econômica e a expansão do território , a tristeza e o romantismo dão o tom dos hábitos desfibrados e decadentes dos luso-brasileiros... Para o colono português só pensava na pátria d’além-mar: o Brasil era um degredo ou um purgatório. “

[página 19]

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Na obra Retratos do Brasil, híbrida de tradição e inovação, em muitos pontos nostálgica de um Brasil que chegavam ao fim - doucer de vivre que trouxe certas análises saudosistas do Antigo Regime francês.

Em Sobrados e Mucambos (1936) e Nordeste (1937): Freyre valorizou a pesquisa e coleta de anúncios de jornais, os diários e a correspondência familiar; os escritos de viagens dos estrangeiros, os livros de receita, as fotografias, as cantigas de roda, toda tradição oral, exponenciando os suportes culturais à disposição do historiador. Foi o primeiro nas análises da infância, da velhice, da festa, da família, do amor, do sexo, da morte, da comida, da natureza e a da paisagem.

Diferenciou raça e cultura: a exploração econômica foi violenta e inócua, a mestiçagem atuou como elemento atenuador, diminuindo as distâncias entre a casa senhorial e a senzala. Os males tradicionalmente imputados à mestiçagem – as doenças venéreas, a amoralidade, apatia, aversão ao trabalho passaram a ser atribuídos ao sistema econômico. [página 20]

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História da Cultura (1945-1959): delimitação do objetoA cultura brasileira de Fernando de Azevedo (1943), fez um esforço de sistematização da vida cultural desde os tempos coloniais e afinado conforme a tendência teórica da sociologia europeia. Adotaram a diferenciação entre cultura e civilização – identificar cultura e educação, acreditando que a primeira se resume às instituições (escolas, bibliotecas, academias) e aos suportes (livros) ligados ao estudo literário. Em 1945, Sérgio Buarque de Holanda lança o livro Monções uma abordagem rica e complexa que marcam a consolidação deste historiador ao estudo da cultura voltado para uma pesquisa minuciosa das técnicas e práticas da vida cotidiana. Em 1957, lança o livro Caminhos e Fronteiras descrevendo a história dos paulistas antigos: populações mamelucas que viviam a cavaleiro de duas culturas, equilibrando-se na tensão entre mobilidade, o caminho, a penetração fluvial (monções) e a sedentarização – a fronteira, onde tradições de natureza diversa se combinavam, produzindo técnicas, costumes, atitudes, artefatos. [página 24]

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A obra trata-se de índios e mamelucos na expansão paulista, voltada para as situações surgidas do contato entre uma população adventícia e os antigos naturais da terra com a subsequente adoção de certos padrões de conduta. [página 25]

Afirma-se nos aspectos da vida material que o colono e seus primeiros descendentes se mostraram mais sensíveis a manifestações divergentes da tradição europeia. A mentalidade não se apresentava quase imóvel, como nas obras de Philippe Ariès, mas passível de alterar-se aos poucos, sob o impacto da agitação de superfície representada pela adoção de novas técnicas e de novos costumes. Na analogia de Sérgio Buarque de Holanda o fascínio lusitano pelo ultramar e o fascínio dos mamelucos paulistas pelo interior, as monções iam assumindo, neste imaginário, a forma de uma migração ultramarina.

No livro Visão do paraíso de 1959, a história do universo mental dos colonos portugueses da época cabraliana, enfatizava-lhe o caráter mítico e explorando a tensão entre a mudança e persistência. Comparando com o colonizador espanhol, detinha espírito de aventura e o fascínio pelo desconhecido os levaram a aceitarem o maravilhoso, enquanto a tradição predominante dos portugueses os limitava à rotina. [página 26] Para Caio Padro Jr. A rotina do colonizador português estava presente em atos administrativos no império. Joaquim Barradas de Carvalho, discutia sobre a especificidade do Renascimento Português, como apego ao passado e um entrave à modernização. [páginas 26 e 27]

Nos finais dos anos 1950, a historiografia começava a se caracterizar por trabalhos mais econômicos, gravitando em torno das obras de história econômica de Caio Prado Jr e ensaios econômicos de Celso Furtado. A história da cultura ganha força no final dos anos 1970. [ página 28]

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História da Cultura e das Mentalidades (1967-1986)Na obra Resíduos seiscentistas em Minas de Afonso Ávila relata no texto do século do ouro e as projeções do mundo barroco, conceituou a formulação clássica de Jacques Le Goff de civilização e mentalidade marcadas pelo visual e uma consciência de percepção. Sensibilidade, mentalidade popular, significados culturais capazes de explicar o sentido totalizador da civilização mineira do século XVIII que conduz mais objetivamente à compreensão da homogeneidade caracterizante de suas abordagens das raízes barrocas. [página 30 e 31]“O cristão novo baiano não sobressai pela sua religiosidade em nenhum momento de nosso estudo. As práticas judaicas, que vagamente lembravam e algumas vezes praticavam, faziam parte menos de uma necessidade interior de caráter religioso do que um conjunto de atitudes, que respondiam às necessidades de adesão, participação e identificação.” na relação desses cristãos novos com o Tribunal do Santo Ofício impregnaram a historiografia liberal do século XIX e nos anos 1960, de orientação marxista de Antônio José Saraiva e com o trabalho de Anita Novinsky procura entender o universo mental e cultural daquele homem.

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Abordagens recentes da História da Cultura no Período Colonial Ideologia e escravidão: de Ronaldo Vainfas publicado em 1986, o escravismo na América Portuguesa a sociedade escravista foi percebida, pensada ou recriada pelos letrados coloniais entre os séculos XVI e XVII no âmbito da história das ideias. Por volta dos anos 1970, Eliseu Verón pela sua explicação à luz do universo mental dos letrados coloniais, explora contradições entre cristianismo, missionarismo catequético e defesa da escravidão, que moviam os jesuítas no interior do mundo lus-brasileiro. Em O diabo e a Terra de Santa Cruz quanto em Rosa egípcíaca é evidente a presença das abordagens de Gilberto Freyre à religiosidade popular e a influência decorrente do uso exaustivo dos processos inquisitoriais.Para Ronald Raminelli em sua obra Imagens da colonização de 1996, analisa a questão das trocas culturais entre Europa e América Portuguesa. Em sua outra obra, Inferno atlântico, o canibalismo tupinambá, a demonologia europeia sofreu impacto considerável, repensando o papel da teorização acerca do índio no pensamento do renascimento português. Houve trocas culturais entre judeus, católicos e protestantes.

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Ideologia da Cultura (1960-1970)

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Conclusão