Sindrome Metabolica

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O aspecto de maior relevância para o diagnóstico da SM é o risco de desenvolvimento precoce de Doença Cardiovascular Aterosclerótica (DCA) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), e no que se refere à mortalidade, portadores de SM apresentam maiores taxas de mortalidade total por DCV quando comparados àqueles sem a síndrome6,7. São considerados fatores de alerta para investigação diagnóstica da SM: o sobrepeso/ obesidade (principalmente se há acúmulo predominante de gordura abdominal), a presença e/ou história familiar de DM2, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS) ou DCV. Vários outros mecanismos encontram-se também envolvidos neste processo complexo, que embora possa evoluir de formas diversas, condiciona sempre um aumento do risco de doença cardiovascular, como enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral , além de várias outras complicações, como insuficiência renal , cataratas , etc. Numa metanálise(7) recente envolvendo 172 573 indivíduos de 43 coortes constatou-se que o risco relativo de eventos CV ou morte nos indivíduos com SM é de 1,78, sendo a associação mais forte nas mulheres (risco relativo de 2,63 vs 1,98) e nos estudos em que foi aplicada a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS). Particularmente relevante é a demonstração de que a associação entre SM e risco CV aumentado se mantém mesmo após o ajustamento para os FR-CV tradicionais (risco relativo 1,54), significando que existe um fenómeno de potenciação do risco CV, ou seja, que o risco na presença de SM excede o risco associado a cada um dos elementos que a integram. Esta constatação consubstancia a relevância epidemiológca do conceito

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 O aspecto de maior relevância para o diagnóstico da SM é o risco de

desenvolvimento precoce de Doença Cardiovascular Aterosclerótica (DCA) e Diabetes

Mellitus tipo 2 (DM2), e no que se refere à mortalidade, portadores de SM apresentam

maiores taxas de mortalidade total por DCV quando comparados àqueles sem a síndrome6,7.

São considerados fatores de alerta para investigação diagnóstica da SM: o

sobrepeso/ obesidade (principalmente se há acúmulo predominante de gordura abdominal),

a presença e/ou história familiar de DM2, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS)

ou DCV.

Vários outros mecanismos encontram-se também envolvidos neste processo

complexo, que embora possa evoluir de formas diversas, condiciona sempre um aumento

do risco de doença cardiovascular, como enfarte do miocárdio ou acidente vascular

cerebral, além de várias outras complicações, como insuficiência renal, cataratas, etc.

Numa metanálise(7) recente envolvendo 172 573 indivíduos de 43 coortes

constatou-se que o risco relativo de eventos CV ou morte nos indivíduos com SM é de 1,78,

sendo a associação mais forte nas mulheres (risco relativo de 2,63 vs 1,98) e nos estudos em

que foi aplicada a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS). Particularmente

relevante é a demonstração de que a associação entre SM e risco CV aumentado se mantém

mesmo após o ajustamento para os FR-CV tradicionais (risco relativo 1,54), significando que

existe um fenómeno de potenciação do risco CV, ou seja, que o risco na presença de SM

excede o risco associado a cada um dos elementos que a integram. Esta constatação

consubstancia a relevância epidemiológca do conceito de SM, identificando entre a população

global com baixo risco absoluto de eventos coronários, um subgrupo de indivíduos com risco

CV claramente aumentado.