SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE ... · dois tipos de...

39
Pró-Reitoria de Graduação Curso de Farmácia Trabalho de Conclusão de Curso SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE HETEROCÍCLICOS BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN MODIFICADA. Autora: Giselle Gleicy Jorge de Souza Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria de Oliveira Brasília DF 2014

Transcript of SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE ... · dois tipos de...

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Farmácia

Trabalho de Conclusão de Curso

SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE HETEROCÍCLICOS BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN MODIFICADA.

Autora: Giselle Gleicy Jorge de Souza

Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria de Oliveira

Brasília – DF

2014

GISELLE GLEICY JORGE DE SOUZA

SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA

APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE HETEROCÍCLICOS

BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN MODIFICADA

Artigo apresentado ao curso de graduação em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Farmacêutico.

Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria de

Oliveira

Brasília – DF

2014

4

Artigo de autoria de Giselle Gleicy Jorge de Souza, intitulado “SÍNTESE DE

NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE

HETEROCÍCLICOS BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN MODIFICADA”,

apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Farmacêutico da

Universidade Católica de Brasília, em 15 de maio de 2014. Defendido e aprovado

pela banca examinadora abaixo assinada:

_____________________________

Profa. Dra. Vanda Maria de Oliveira Professora-Orientadora

Prof. Dr. Sérgio Macêdo Soares

Professor- Examinador

Profa. MSc. Adriana Cardoso Jacó

Professora- Examinadora

Brasília

2014

5

Gostaria de dedicar esse trabalho ao meu Deus, à minha família, principalmente ao meu marido Renan.

6

AGRADECIMENTOS

À Deus, à minha família por sempre ter me apoiado, principalmente à minha mãe que é uma guerreira e ao meu marido Renan que é uma pessoa incrível, um presente de Deus na minha vida, e por isso eu o amo muito. Agradeço à professora Vanda pelas orientações e incentivos, a ponto de acreditar mais do que eu que esse trabalho era possível de ser realizado. Não poderia deixar de agradecer aos meus novos amigos da química: ao Felipe, pela prontidão em ajudar; e a Ingryd, pelos conselhos, auxílios, intervenções, incentivos, noites sem dormir, ... enfim, por tudo, essa menina foi um anjo na minha vida!

7

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” Provérbios 1:7.

8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

NPM - Nanopartículas Magnéticas

CuI - CobreI

CuII - CobreII

LI - Líquido Iônico

P.F - Ponto de Fusão

FTIR - Espectroscopia de Absorção no Infravermelho

Fe(acac)3- Acetilacetonato de Ferro(III)

MET - Microscopia Eletrônica de Transmissão

DRX – Difração de Raio X

UFMG- Universidade Federal de Minas Gerais

9

LEGENDAS DE ESQUEMAS E FIGURAS

Esquema 1 – Síntese do 1,4-dissubstituído

Legenda: *Azida reagindo com alcino na presença de CuI com formação do produto 1,4 dissubstituído

Esquema 2- Síntese do Líquido Iônico BMI.NTf2

Legenda: N- Imidazol reagi com clorobutano produzindo 1- Butil 3 – Metil Imidazólio- Cl.BMI. Para a troca de ânion o Cl.BMI reagi com Trifluorometanosulfonilimidato de Lítio formando BMI.NTf2

Figura 3 – Espectro de FTIR da Nanopartícula magnética

funcionalizada com Glutationa

Legenda: *O espectro de coloração cinza corresponde a Glutationa, e o espectro

vermelho corresponde a NPM funcionalizada com glutationa.

Figura 5 – Espectros de FTIR para os complexos de cobre com

Glutationa e BSBala2HN

Legenda: *O espectro de coloração verde corresponde a NPM funcionalizada com o

complexo de CuI e o espectro preto corresponde a NPM funcionalizada com o

complexo de CuII e o espectro de coloração vermelha representa a glutationa

Figura 7 – Produto da reação de complexação CuII + L-Serina

Legenda: *O pico verde representa a reação de complexação CuII + L-Serina e o

pico azul representa o acetato de CuII

10

SUMÁRIO

SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE HETEROCÍCLICOS BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN MODIFICADA ........................................................................................................... 13

1 RESUMO: .......................................................................................................... 13

2 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 19

3.1 MATERIAIS E REAGENTES ...................................................................... 19

3.2 INSTRUMENTAÇÃO E TÉCNICAS ............................................................ 19

3.2.1 Ponto de fusão (P.F) .............................................................................. 19

3.2.2 Espectroscopia de Absorção no Infravermelho (FTIR) .......................... 19

3.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 19

3.3.1 Síntese do Líquido Iônico (LI) ................................................................ 19

3.3.2 Tentativa de síntese das nanopartículas magnéticas funcionalizadas com gluta-tiona e suportadas com bis-glicinato de CuI ...................................... 20

3.3.3 Tentativa de síntese de nanopartículas magnéticas funcionalizadas com gluta-tiona suportadas com o complexo [Cu(MeCN)4]BF4 ................................. 21

3.3.4 Tentativa de síntese de complexo de CuI com Glutationa e Base de Schiff derivada da β-alanina (BSBala2HN) ......................................................... 21

3.3.5 Tentativa de síntese de complexo de CuII com Glutationa e Base de Schiff derivada da β-alanina-(BSBala2HNH2) ..................................................... 21

3.3.6 Síntese das nanopartículas magnéticas suportadas com complexos de CuI com Glutationa e Base de Schiff derivada da β-alani-na(BSBala2HNH2) .... 22

3.3.7 Síntese de complexos de CuII tendo aminoácidos como ligante ........... 22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 23

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 33

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 34

7 ANEXOS ............................................................................................................ 36

11

SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA

FORMAÇÃO DE HETEROCÍCLICOS BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN

MODIFICADA

Souza, Giselle Gleicy Jorge

Departamento de Química Orgânica da Universidade Católica de Brasília – Q.S. 07 Lote

01 – EPCT – Águas Claras – Taguatinga-DF

*E-mail: [email protected]

12

SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA

FORMAÇÃO DE HETEROCÍCLICOS BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN

MODIFICADA

Abstrat:

One method widely used in the chemical industry, considered a parameter of

application of green chemistry, is catalysis. As recent discovers shows the metal CuI

is an important catalyst for the reaction of 1,4- disubstituted triazole heterocycles via

Huisgen reaction . The application of Magnetic Nanoparticles – MNP to the catalysis

process has promoted optimization of reaction and facilitated separation. The aim of

this work is to synthesize a magnetic nanocatalyst, functionalized with glutathione

and support the ion metals CuI and CuII with perspective of application on the

heterocyclic synthesis via Hüisgen reaction in ecologically acceptable manner (LI).

Keywords: Magnetic Nanoparticles, CuprumI, Triazole.

13

SÍNTESE DE NANOCATALISADORES MAGNÉTICOS PARA APLICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE HETEROCÍCLICOS BIOATIVOS VIA REAÇÃO DE HÜISGEN MODIFICADA

Souza, Giselle Gleicy Jorge*

1 RESUMO:

Devido à preocupação com a preservação ambiental, tem-se destacado no mercado

industrial produtos oriundos de uma ideologia sustentável. Diante dessa nova

tendência, a Química lançou o desafio de desenvolver metodologias verdes que

visam implementar produtos menos agressivos à saúde humana, ao meio ambiente

e que tenha boa efetividade. Um método muito utilizado na indústria química,

considerado um parâmetro de aplicação da química verde é a catálise. Nesse

processo é muito comum utilizarem metal como catalisador. Recentemente,

descobriram que o metal CuI é um importante catalisador para a reação de

heterocíclicos triazólicos 1,4-dissubstituído via reação de Hüisgen. Esses podem

atuar como grupo farmacofórico, apresentando atividades anticâncer, antifúngica,

antimicrobiana e anti-inflamatória. A aplicação de tecnologia de Nanopartículas

Magnéticas (NPM) associada ao processo de catálise tem a finalidade de promover

a otimização da reação de Hüisgen e facilitação da separação, pois o catalisador

será acoplado a NPM e esse será retirado do meio reacional com o auxílio de um

imã externo. Este trabalho teve por objetivo a síntese de nanocatalisadores

magnéticos funcionalizados com glutationa com sítios catalíticos de íons CuI e CuII,

visando a aplicação na síntese de heterocíclicos, via reação de Hüisgen em meio

ecologicamente aceitável (LI).

Palavras-chave: Nanopartículas Magnéticas, Cobre(I), Triazóis

14

2 INTRODUÇÃO

O conceito de desen-

volvimento sustentável tem permeado

horizontes dos mais diversos nas

ciências atuais.[1, 2] Na química

orgânica, a sustentabilidade tem se

mostrado importante. Utilizar produtos

menos agressivos ao meio ambiente e

à saúde humana ocupa boa parte das

pesquisas atuais da chamada Química

Verde.[3, 4, 5] Um dos processos

considerado um parâmetro de

aplicação da Química Verde com

anuência internacional é a catálise.[3,4, 5]

Esta, possui a função de acelerar a

reação mediante um catalisador, que

leva a reação por um caminho de

menor energia de ativação, sem afetar

a posição de equilíbrio, o que otimiza a

formação do produto.[3, 5]

A catálise é desenvolvida por

dois tipos de processos: catálise

homogênea e catálise heterogênea. O

catalisador homogêneo, por estar na

mesma fase dos reagentes e ter maior

contato com eles é mais seletivo

levando a maiores rendimentos.[4, 5 ,6, 7]

Um fator de desvantagem da

catálise homogênea é a dificuldade de

separação do metal no meio reacional,

pois este é normalmente utilizado como

um catalisador. Isso faz com que

muitos processos de catálise

homogênea sejam inviabilizados e

inutilizados, principalmente pela

indústria farmacêutica. Esta possui

regulamentos que proíbem a presença

de metal no produto final, por ser um

risco à saúde humana. Dessa forma,

para a obtenção de produtos mais

puros é necessário que ocorra um

processo de purificação adequado ou

que não ocorra lixiviação, o que pode

resultar em impactos econômicos e

ambientais.[4, 5, 6, 7]

A catálise heterogênea possui

uma vantagem sobre a homogênea

que é a facilitação de separação,

devido o catalisador e os reagentes

15

estarem em fases diferentes.

Entretanto, a otimização da reação é

prejudicada ocorrendo em muitos

casos diminuição dos rendimentos.[4, 5,

6, 7]

Mediante esses interferentes

apresentados faz-se necessário a

apresentação de um sistema catalítico

que se enquadre no conceito da

química limpa mantendo a eficiência e

a qualidade.[3, 5, 6, 7] Pesquisadores

desenvolveram, com intuito de otimizar

a reação, um sistema catalítico cujo

princípio é intermediário aos

fundamentos da catálise homogênea

com a heterogênea, conhecido como

nanocatalisadores. [6, 7, 8, 9, 10] Os

nanocatalisadores são partículas na

ordem de 1-100 nm de tamanho, de

acordo com PAS71[11]. Possuem

grande área de superficial, propor-

cionando mais seletividade e maior

produtividade que o sistema homo-

gêneo. [9,10] No entanto, pelas nanopar-

tículas serem muito pequenas, e de

difícil separação, os métodos

tradicionais, como a filtração, não são

eficientes.[8,9,10] Para reverter a

problemática de não haver um sistema

que se enquadre no desejável pela

Química Verde foi aplicada a tecnologia

de nanopartículas magnéticas, que

com auxílio de um imã externo

possibilita a retirada desses do meio

reacional, o que facilita a separação.[6,

7, 8] conforme apresentado na figura 1.

Varma, R.S.; Baig, N.R.B.; Chem. Commun. 2013, 49, 752-770.

Não filtração

Não extração

Somente atração

Figura 1- Separação Catalítica por atração magnética

16

As nanopartículas magnéticas

têm a função de servirem como

suporte de catalisador, pois esse é

acoplado à sua superfície, mediante a

funcionalização daquelas com com-

pôstos orgânicos como aminoácidos[7].

Possibilitando o ancoramento de

metais de transição, como cobre,

rutênio, paládio, níquel, ródio, dentre

outros, os quais são catalisadores de

reações de grande importância na

indústria farmacêutica. O fato de

estarem ligados a suporte magnético

possibilita a sua recuperação e

enquadramento quanto às normas

legislativas.[2, 6, 7, 12, 15] O grande

desafio é sintetizar nanopartículas

magnéticas funcionalizadas de

maneira eficiente, com tamanho e

morfologia controlados, sem produzir

resíduos tóxicos, instáveis e, também

garantir as propriedades físico-

químicas adequadas.[7,13]

A utilização de solventes

orgânicos na síntese de NPM e estes

gerarem resíduos tóxicos sendo

necessário a utilização de métodos

que reduzam ou eliminem a geração

de produtos tóxicos, que se

enquadrem no conceito de química

sustentável. O líquido iônico é um

meio reacional bastante promissor

para substituir os solventes orgânicos

na síntese de nanopartículas

magnéticas. Ele é um solvente

composto por íons, possuindo tanto

cátions como ânions e são conhecidos

como sais fundidos. Ele é capaz de

fornecer estabilização dos produtos

intermediários carregados e polares,

por ter essas características podem

ser utilizados tanto reagentes

orgânicos como inorgânicos, além do

que, é possível reciclar o sistema

catalítico e ser utilizado por volta de

oito vezes sem perder as propriedades

reacionais.[6, 7, 12, 13]

As reações de catálise

mediadas por metais de transição são

imensamente importantes na síntese

17

de fármacos pois tem possibilitado a

formação de moléculas regios-

seletivas, com alto rendimento e com

elevados potenciais terapêuticos.

Nesse contexto, se destacam os

triazóis. As reações de síntese dos

triazóis são tipicamente catalisados

por CuI, ou menos comum por

rutênio.[6, 7]

A via de formação mais

facilitada de compostos triazólicos é

por meio de reações de cicloadição de

1,3 dipolar de azidas e alcinos

terminais, a qual foi sintetizada por

Hüisgen[15,16]. Porém, para ocorrer

essa reação há necessidade de altas

temperaturas, o processo é demorado

e com baixo rendimento. Em 2002,

Sharpless e Meldal descreveram,

concomitantemente, uma modificação

na reação de Hüisgen. À reação

acrescentaram CuI no meio reacional

para catalisá-la. Observaram que a

velocidade da reação aumentou

surpreendentemente, e que não

precisava aquecer o sistema para a

formação do heterociclo. Além disso,

favoreceu a formação de apenas o

regioisômero 1,4-dissubstituído confor-

me a figura 2 abaixo.[15,16,17,18]

O triazólico 1,2,3-triazol

formado pode substituir a amida,

mecanismo de bioisosterismo. O

citado substituto não é hidrolisado e

não passa por mecanismos de

oxidação ou de redução, sendo, mais

estável do que a amida. Portanto, a

aplicabilidade do triazólico é

promissora, podendo ser utilizado para

melhorar as atividades biológicas de

um fármaco [16,17,18,19,20]

O heterocíclico 1,2,3-triazol

pode atuar como grupo farmacofórico

ou como conector. Tudo isso é motivo

Esquema 1- Síntese do 1,4-

dissubstituído

Freitas.L.B.O, et al.; Quim. Nova. 2011,34, 1791-1804

Legenda:* Lista de legendas

18

suficiente para ser considerado

relevante e muito utilizado pela

Química Medicinal, pois apresenta

intensa bioatividade [7,16,17,18,19,20]

Por este heterocíclico possuir

propriedades farmacológicas, o 1.2.3-

triazólico tem sido utilizado como

protótipo para a elaboração de

diversos fármacos com atividade

anticâncer, bactericida, anti-

inflamatório.

Um estudo recente descreveu

a atividade tripanocida e anticâncer de

lapachonas 1,2,3-triazólicas. As

lapachonas são quinonas com

atividade farmacológica derivada do

lapachol, substância extraída da

árvore “lapacho”. Essas quinonas

provocam estresse oxidativo, gerando

Espécies Reativas de Oxigênio

(EROs). Substância que serve de

ferramenta no combate ao

Tripanossoma cruzi, parasita causador

da doença de chagas. A inclusão das

lapachonas ao 1,2,3-triazólico teve a

finalidade de aumentar a atividade

bioativa da molécula, o que demostrou

no estudo ter sido efetiva.

Mediante o exposto e,

sabendo-se da importância dos

compostos triazólicos na Química

Farmacêutica e da necessidade de

otimização das rotas sintéticas

catalíticas, para a sua obtenção, o

objetivo deste artigo foi a síntese de

um nanocatalisador magnético

funcionalizado com glutationa com os

íons CuI e CuII acoplados para

aplicação na síntese de heterocíclicos

com potencial farmacológico via

reação de Hüisgen em meio

ecologicamente aceitável (LI).

19

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS E REAGENTES

Os solventes e reagentes a

seguir não foram purificados. Foram

adquiridos de fontes comerciais:

Acros®, Aldrich® e Synth®: N-

metilimidazólio, clorobutano, acetato

de etila, diclorometano, acetonitrila,

óxido de CuI, glutationa, l-serina,

glutamina, arginina, acetato de CuII,

cloreto de CuI,trifluorometanosulfo-

nilmidato,

3.2 INSTRUMENTAÇÃO E TÉCNICAS

3.2.1 Ponto de fusão (P.F)

As análises do ponto de fusão

foram realizadas em um aparelho

digital, O nome da marca do aparelho

é Microquímica Equipamen-tos,®.

modelo MQAPF-302, com temperatura

máxima de 350 °C e taxa de

aquecimento de 15°C/min.

3.2.2 Espectroscopia de Absorção no Infravermelho (FTIR)

Os espectros de Espectroscopia

de Absorção no Infravermelho (FTIR)

foram obtidos no Laboratório Central

Analítica da Universidade Católica de

Brasília com variação da faixa de

análise de 400 a 4000 cm-1 utilizando-

se do método para amostras sólidas

no aparelho Spectrum BX da Perkin

Elmer.

3.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.3.1 Síntese do Líquido Iônico (LI)

Utilizando uma metodologia

semelhante à desenvolvida por Dupont

e colaboradores, foram adicionados

inicialmente 1,85 mol de N-meti-

limidazólio e 2,5 mol de cloro-butano

em um balão de três bocas de fundo

redondo acoplado a um condensador

de bolas. A reação foi condicionada

sob agitação constante a uma

temperatura de 80 ˚C e atmosfera de

20

nitrogênio por 48 horas. Passado o

tempo reacional o excesso de

clorobutano foi retirado por meio da

rotaevaporação e obteve um óleo

amarelado. Esse óleo foi lavado com

acetato de etila e recristalizado em

acetona para a obtenção de cristais

puros de cloreto de 1-butil-N-

metilimidazol (BMI.Cl). Os cristais

foram analisados por FTIR.

Posteriormente, 1,74 mol de

trifluorometanosulfonilimidato de lítio

(Li.NTf2) foi dissolvido em 25 mL de

água onde adicionou-se à mesma uma

solução previamente preparada

contendo 1,85 mol dos cristais de

BMI.Cl e 65 mL de água. Essa reação

ficou sob agitação constante por cerca

de 1 hora, onde ao final da reação

houve a formação de duas fases. A

fase superior (LI) foi então separada e

a fase inferior (fase aquosa) foi lavada

com porções de 50 mL de

diclorometano. As fases orgânicas

foram posteriormente reunidas com a

fase superior e passadas em uma

coluna contendo celite. O solvente foi

retirado por rotaevaporação e o líquido

iônico bis-(trifluorometilsulfonil) imida

de 1-butil-3-metilimidazólio (BMI.NTf2)

foi mantido sob vácuo por 6 horas para

a retirada dos solventes restantes.

Depois foram realizadas análises de

FTIR.

3.3.2 Tentativa de síntese das nanopartículas magnéticas funcionalizadas com gluta-tiona e suportadas com bis-glicinato de CuI

Em um tubo do tipo Schlenk

selado adicionou-se 0,24 mmol de

Fe(acac)3 juntamente com 0,5 mmol

de glutationa e 2 mL do líquido iônico

BMI.NTf2. Com agitação constante e

temperatura de 200 °C, a reação foi

conduzida por 3 h em banho de óleo,

sendo o produto obtido caracterizado

por FTIR. Em outro balão de 50 mL

adicionou-se 25 mL de acetonitrila e 1

mmol de bis-glicinato de CuI. Sob

constante agitação a reação ficou sob

refluxo durante 1 h. Após esse tempo

21

adicionou-se 2 mmol de NPM

funcionalizadas com glutationa

condicionando a reação sob refluxo

por mais 2 h. A NPM suportada em CuI

formada foi separada com auxílio de

um imã e foram realizadas análises de

(FTIR).

3.3.3 Tentativa de síntese de nanopartículas magnéticas funcionalizadas com gluta-tiona suportadas com o complexo [Cu(MeCN)4]BF4

O complexo base

[Cu(MeCN)4]BF4 foi sintetizado

semelhantemente à metodologia

descrita por FALCOMER, 2006, onde

em um balão de 50 mL adicionou-se 1

mmol de óxido de CuI (Cu2O) em 10

mL de acetonitrila. Posteriormente

adicionou-se à solução 2 mmol de

ácido tetrafluorobórico (HBF4) 40%, a

mistura reacional foi mantida sob

refluxo e agitação constante por 1

hora. Transcorrido o período reacional

foi adicionado à solução contendo o

complexo [Cu(MeCN)4]BF4, 2 mmol da

nanopartícula magnética funciona-

lizada com Glutationa, sendo a reação

condicionada sob refluxo por mais 2h.

3.3.4 Tentativa de síntese de complexo de CuI com Glutationa e Base de Schiff derivada da β-alanina (BSBala2HN)

Em um balão de 50 mL

adicionou-se 1 mmol de cloreto de CuI,

1mmol de Glutationa, 1 mmol da base

de Schiff derivada da β-alanina,

juntamente com 20 mL de metanol, a

reação ocorreu sob refluxo e agitação

constante em banho de óleo a 80 °C

por 3 horas. Obteve-se um precipitado

amorfo, o qual foi filtrado e lavado com

metanol. O produto foi enviado ao

instituto de química orgânica da

Universidade Federal de Minas Gerais-

UFMG para análises de MET e DRX.

3.3.5 Tentativa de síntese de complexo de CuII com Glutationa e Base de Schiff derivada da β-alanina-(BSBala2HNH2)

22

Em um balão de 50 mL

adicionou-se 1 mmol de acetato de

CuII), 1mmol de Glutationa, juntamente

com 20 mL de metanol. A reação

ocorreu sob refluxo e agitação

constante em banho de óleo a 80 °C

por 1h. Passado esse tempo

adicionou-se 1 mmol da base de Schiff

derivada da β-alanina e manteve-se as

mesmas condições reacionais por

mais 2 horas. Obteve-se um

precipitado, o qual foi filtrado e lavado

com metanol e o produto foi enviado

ao instituto de química da

Universidade Federal de Minas Gerais-

UFMG para análises de MET e DRX.

3.3.6 Síntese das nanopartículas magnéticas suportadas com complexos de CuI com Glutationa e Base de Schiff derivada da β-alani-na(BSBala2HNH2)

Em um tubo do tipo Schlenk

selado adicionou-se 0,24 mmol de

Fe(acac)3 juntamente com 0,5 mmol

do complexo de CuI com glutationa e

Base de Schiff e 2 mL do liquido iônico

BMI.NTf2, a reação foi mantida por

agitação constante à temperatura de

200 °C em banho de óleo por 3 h.

Passado o tempo reacional

adicionou-se aproximadamente 5 mL

de acetona e as NPMs formadas foram

separadas mediante o auxílio de um

imã externo e lavadas com acetona

para a retirada do excesso de

funcionalizador e líquido iônico.

Realizou-se o mesmo procedimento,

porém, ao invés de utilizar CuI foi

utilizado CuII. As nanopartículas

suportadas com complexo foram

analisadas por FTIR.

3.3.7 Síntese de complexos de CuII tendo aminoácidos como ligante

Em um balão de 50 mL

adicionou-se 1 mmol acetato de CuII

hexahidratado juntamente com 3 mmol

do aminoácido L-Serina em 20 mL de

metanol. A mistura reacional foi

mantida em banho de óleo a 80°C por

3 horas, sob refluxo e agitação

constante. Transcorrido o tempo

23

reacional a solução azul escura

formada foi transferida para um béquer

que foi parcialmente fechado com

parafilme® para cristalização do

complexo. O procedimento descrito foi

realizado por mais duas vezes, porém

no lugar do ligante L-Serina foi

adicionado Glutamina e no último

procedimento foi trocado este por

Arginina. A caracterização dos

complexos foi realizada por UV-Vis,

FTIR e Ponto de Fusão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira etapa do trabalho

consistiu da síntese do líquido iônico

pela metodologia de Dupont e

colaboradores (Esquema 2)

Esquema 2- Síntese do Líquido

Iônico BMI.NTf2

Legenda:* Lista de legendas

De acordo com esquema 2 o N-

metilimidazol reagiu com o cloro

butano em acetronitrila em que foi

produzido cloreto de 1-butil-3-

metilimidazólio com rendimento de

89%. Houve a troca do ânion Cl- pelo

ânion -NTf2. O rendimento dessa

reação foi de 92% e o produto

apresentou-se como um líquido

viscoso e levemente amarelado que foi

caracterizado por FTIR.

O liquido iônico BMI.NTf2 foi

obtido com 85% de rendimento sendo

este caracterizado por infravermelho

estando o espectro obtido demons-

trado na Figura 2.

4000,0 3000 2000 1500 1000 400,0

-15,2

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

103,6

cm-1

%T

3608,59

3156,92

3121,68

2966,93

2940,39

2879,63

2373,64 1932,77

1844,86

1573,84

1525,77

1466,16

1430,32

1351,80

1197,12

1140,991057,93

928,77

838,88

789,94

761,97

740,49

653,56

617,12

571,07

514,31

Figura 2 – Líquido Iônico BMI.NTf2

24

Analisando o espectro apre-

sentado é possível determinar as

bandas característica do estiramento

da ligação C-N do anel imidazólico em

torno de 1351,8 cm-1, bem como dos

estiramento referentes ao ânion bis-

trifluorosulfonilimida em torno de 1140

cm-1 para a ligação S=O da sulfona e

em 1197 cm-1 para a ligação C-F.

tendo as principais bandas dispostas

na Tabela 1 (em anexo).

Após a síntese do LI, realizou-

se a síntese de NPM funcionalizada

com Glutationa. Esta foi escolhida

como funcionalizador, pois é um

tripeptídeo que apresenta-se em sua

estrutura os aminoácidos cisteína,

glicina e glutamina[21], os quais

possuem bons ligantes tanto duros

como macio em suas cadeias laterais.[

22] De acordo com trabalhos de-

senvolvidos por Oliveira e colabo-

radores[7] a funcionalização da nano-

partícula com a glutationa dá-se pelo

grupo carborxilato, via decomposição

térmica, permitindo que grupos como

SH, NH2 e carboxilatos fiquem livres

para interagirem tanto com metais

duros ou macios[7]. Segundo a teoria

de Pearson os metais agem como

ácidos de Lewis e os seus ligantes que

geralmente são moléculas orgânicas

podem atuar como bases de Lewis.

Geralmente as interações entre os

ácidos e bases, ocorrerá se os

mesmos tiverem características

comuns de maciez ou dureza, portanto

metais macios tem facilidade em

interagir com bases macias[22]. O

grupo tiol advindo da cisteína

comporta-se como uma base macia[22],

o que é favorável já que o CuI, que é o

catalisador de interesse, é um ácido

macio. Portanto a escolha da

Glutationa teve o intuito de seu grupo

carboxilato interagir com o Fe3O4,

funcionalizando-o, para depois

suportar o CuI, da fonte de bis-glicinato

de CuI no grupo tiol livre da glutamina.

25

Após a reação de funcionalização da

nanopartícula com a glutationa,

confirmou-se por meio de imantação

que era magnética. De acordo com os

espectros da Figura 3 abaixo é

possível inferir que a NPM foi

funcionalizada.

Legenda:* Lista de legendas

Pois o estiramento da ligação

Fe-O apresentado no espectro de cor

vermelha da figura 3 está na região de

600 a 470 cm-1 caracterizando a

formação da NPM.

O produto da reação utilizando

o peptídeo glutationa como

funcionalizador apresentou uma cor

preta e magnetismo. As bandas 3398,

1628 e 1303 cm-1 indicam a presença

do peptídeo na superfície da

nanopartícula. Além disso o deslo-

camento das banda em 1303 cm-1,

bem como o desaparecimento da

banda referente a carbonila em

1712,28 cm-1, indica que a ligação foi

feita via interação com o carboxilato de

modo que os demais grupos

funcionais, em especial o grupo tiol

(SH), ficaram livres, facilitando a

complexação deste com o CuI. A

tabela 2 (em anexo) compara o

espectro da NPM funcionalizada com o

da glutationa, justificando a

funcionalização pela apresentação de

bandas comuns.

As nanopartículas aqui obtidas

foram reagidas com o bisglicinato de

cobreI a fim de suportar o mesmo na

estrutura da nanopartícula magnética.

Figura 3– Espectro de FTIR da Glutationa e

da Nanopartícula magnética funcionalizada

com a Glutationa

26

Pode-se observar no espectro da

figura 4, em anexo, que houve

deslocamento na banda referente ao

grupo carboxilato em 1429 cm-I e

referente a deformação da ligação N-H

em 1662 cm-I. No entanto, cabe

destacar que são necessárias outras

analises para a determinação da

efetividade do suporte do cobre na

estrutura da NPM.

Foi realizado uma nova tentativa

de suportar o CuI na nanopartícula

funcionalizada, utilizou-se como

material de partida para o CuI o

complexo [Cu(MeCN)4]BF4, por ser

lábil, esperava-se a troca de ligantes

acoplando assim o CuI a glutationa.

Ao final da reação observou-se a

formação de uma solução de

coloração escura e viscosa, sendo que

a magnetização do material foi

perdida. A caracterização por FTIR

não foi possível, visto que a perda da

magnetização impossibilitou a

separação do material do solvente.

Como não foi conseguido aco-

plar o CuI a nanopartícula, decidiu-se

primeiro formar o complexo entre a

glutationa e o metal e posteriomente

sintetizar e funcionalizar com esse

complexo a NPM.

A primeira tentativa para a

formação do complexo de CuI foi

realizada utilizando-se os ligantes

glutationa e Base de Schiff derivada da

β-alanina (BSBala2HNH2). Esta foi

utilizada considerando-se que vários

dados literários indicam que por ser

um ligante tridentado tem a

possibilidade de gerar maior

estabilidade para o centro metálico.

Obteve-se um precipitado de

coloração verde claro, sugerindo

oxidação do CuI para o CuII. Acredita-

se que seja necessário a secagem de

todos os solventes e a manipulação de

todas as etapas da reação em meio

inerte. Para a realização da

caracterização desse complexo foi

enviado todo o material a UFMG para

27

a realização de MET e DRX, por isso

não se conseguiu a tempo

caracterização para chegar a um

resultado conclusivo.

Como observou-se a pos-

sibilidade de formação de CuII, no

complexo formado anteriormente, e o

fato de as análises não chegarem a

tempo, decidiu-se fazer a reação de

formação de um complexo de CuII para

ser comparado a coloração do produto

formado no complexo anterior. Para

isso prosseguiu-se a etapa da reação

como descrita 2.3.2, porém no lugar de

cloreto de CuI foi adicionado a reação

acetato de CuII. Observou-se a

formação de precipitados verdes

claros, sendo mais um indicativo que o

CuI da reação anterior oxidou a CuII.

Após a formação dos complexos

partiu-se para a síntese de NPM

funcionalizadas com os complexos

formados. Observou-se conforme o

espectro da Figura 5 a banda referente

ao estiramento Fe-O em torno de 571

e 513 cm-1 para ambos os casos,

indicando assim formação da

magnetita.

Considerando que a caracte-

rização dos complexos formados ainda

não foi realizada, a comparação das

bandas foi realizada com base na

glutationa, representada pelo espectro

de cor vermelha da figura 5, uma vez

que esta provavelmente apresenta

uma maior quantidade de grupos

disponíveis para atuar como

funcionalizadores. Onde para o

complexo derivado do sal de cobreI

(Figura 5) pode-se considerar que

bandas 3422, 1599 e 1349 cm-1 do

espectro de cor verde indicam a

presença do complexo na superfície

da nanopartícula tendo a

funcionalização ocorrido com êxito.

28

Legenda:* Lista de legendas

O desaparecimento da banda

referente a carbonila em 1713 cm-1 ,

indicam que a ligação foi feita via

interação com o carboxilato de modo

que os demais grupos funcionais

podem estar livres ou complexado com

o cobre. Estando as principais bandas

dispostas na Tabela 3 (em anexo).

Para o complexo derivado do sal de

cobreII (Figura 5) espectro de cor preta

observou-se bandas características na

região em 3368, 1592 e 1351 cm-1

indicando a funcionalização efetiva na

NPM com referido o complexo, sendo

bastante semelhante com as do

complexo obtido a partir do sal de

cobreI. Tendo as principais bandas

dispostas na Tabela 4 (em anexo).

Oliveira e colaboradores[7]

demostraram que a síntese de NPM

funcionalizadas com aminoácidos

ocorreram de maneira efetiva, por via

de decomposição térmica. Nesse

sentido, buscou-se a complexação do

metal Cu com variados aminoácidos a

fim de obter-se, posteriormente NPM

funcionalizadas com esses complexos.

Os aminoácidos L-serina, arginina e

glutamina foram selecionados, pois

apresentam três prováveis grupos de

ligação[22]. Podendo estes serem

utilizados na complexação do metal

bem como na funcionalização da NPM.

As sínteses dos complexos

foram realizadas diretamente com CuII.

Isso pode ser justificado visto que,

apesar da formação do triazóis 1,4-

dissubstituídos com altos rendimentos

Figura 5– Espectros de FTIR para os

complexos de cobre com Glutationa e

BSBala2HN

29

ocorrerem apenas na presença de CuI

Sharpless e colaboradores desenvol-

veram uma metodologia que utilizaram

CuII na presença de um agente

redutor, ascorbato de sódio, para a

formação de CuI in situ, tendo o

produto sido obtido com bom

rendimento e seletividade. De acordo

com a literatura esta tem sido uma

alternativa muito comum, por garantir a

presença de CuI na reação, mediante

a redução do CuII.

Os produtos obtidos das

reações de complexação do cobreII

com os aminoácidos não

apresentaram-se sob forma cristalina

mesmo após variadas tentativas de

recristalização não foi possível a

caracterização destes por difração de

raio-X. Nesse sentido a caracterização

dos mesmos foi realizada por meio da

espectroscopia na região do UV-Vis,

espectroscopia na região do

infravermelho (FTIR) e por ponto de

fusão.

A caracterização dos complexos

por UV-Vis pode ser justificada pela

obtenção de compostos fortemente

coloridos indicando assim a absorção

na região do visível, assim como

ocorre para o acetato de cobreII, sal de

partida. Cabe destacar que a análise

foi realizada em meio aquoso e a uma

concentração de 0,02 mol/L para todos

os materiais de partida bem como para

os complexos de aminoácidos obtidos,

com exceção do derivado da

glutamina.

A Figura 6, representa o

espectro na região do UV-Vis para o

sal acetato de cobre(II) onde é

possível observar um único pico

característico com comprimento de

onda máximo em 762 nm.

Figura 6 – Espectro de UV-Vis do

sal acetato de cobreII

30

Considerando-se que a análise

foi realizada em meio aquoso o

comprimento de onda máximo

observado indica transição eletrônica

entre os elétrons não ligantes da água

para os orbitais do metal, uma vez que

não seria possível a observação da

banda característica na região do UV-

Vis para o sal livre, pois as transições

d-d são de baixa energia. Tal

comprimento de onda justifica a

coloração verde- azulada

característica que corresponde a cor

complementar da energia absorvida,

região do vermelho (800 a 620 nm).[22]

A reação de complexação do

acetato de cobre utilizando-se como

ligante o aminoácido L-serina

apresentou como produto um

precipitado de coloração azul escura,

tendo este inicialmente sido

caracterizado por ponto de fusão.

Observou-se que em temperaturas

próximas a 200° C ocorreu a

descoloração do precipitado,

entretanto ele não fundiu até 350° C,

indicando assim a formação do

produto da reação uma vez que o

aminoácido livre apresenta ponto de

fusão em torno de 225° C.

O precipitado formado foi então

submetido a analise na região UV-Vis

tendo este apresentado um pico de

absorção máxima em 623 nm como

observado na Figura 7.

Legenda:* Lista de legendas

Ao compararmos os picos de

absorção do metal livre e após a

reação do mesmo com a L-serina

podemos observar um deslocamento

considerável nas bandas de absorção

Figura 7 – Produto da reação de

complexação CuII + L-Serina

31

dos mesmos, de 762 para 623 nm

respectivamente. Esse deslocamento

para comprimentos de onda mais

baixo (deslocamento hipsocrômico)

bem como o aumento na intensidade

da banda de 0,640 para 1,340, são

fortes indícios para a formação do

complexo, uma vez que estas

características são indicativos de

transição eletrônica entre os elétrons

do ligante e os orbitais do íon metálico.

A fim de observar a presença do

ligante no complexo obtido realizou-se

a analise espectroscópica na região do

infravermelho (FTIR), podendo este

ser observado na figura 8, em anexo.

Pode-se observar pelo espectro

da figura 8 bandas com

deslocamentos significativos referente

ao estiramento da carbonila de 1602

para 1654 cm-1, bem como para a

deformação da ligação N-H tendo

apresentado a separação das bandas

em torno 1627 cm-1. Além disso pode-

se observar que a banda referente ao

grupo carboxilato desaparece no

espectro do composto indicando assim

como no UV-Vis a formação do

referido complexo, tendo a

complexação ocorrido por meio dos

grupos amina e carboxilato da cadeia

lateral do aminoácido. A reação do

referido sal com o aminoácido arginina

apresentou a formação de precipitado

de coloração azul claro, este foi

analisado por UV-Vis, podendo o

espectro ser observado na Figura 9,

em anexo.

É possível observar que o

produto formado apresentou um único

pico de absorção máxima em 618 nm

estando este com um deslocamento

da banda referente ao metal. Esse

deslocamento para comprimentos de

onda mais baixo (deslocamento

hipsocrômico) bem como o aumento

na intensidade da banda de 0,640 para

0,953 (efeito hipercrômico) sugerem a

formação do complexo, uma vez que

tais características podem estar

32

associadas as transições entre os

elétrons do ligantes com os orbitais do

cobre. Podendo o ser confirmado

pelos espectros de infravermelho

disposto na figura 10 em anexo.

A reação de complexação com

o aminoácido glutamina por sua vez

teve como produto a formação de um

sólido azul pálido característico. O

ponto de fusão do mesmo indica a

formação de um novo produto uma vez

que a ponto de fusão do aminoácido

de partida ocorre próximo a 176° C,

não tendo este fundido até 350° C. A

caracterização do mesmo por UV-Vis

não foi realizada dada a baixa

solubilidade do mesmo frente aos

variados solventes. Os espectros de

FTRI estão na figura 11, em anexo.

Vale ressaltar que os complexos

formados com a L-serina e a arginina

apresentaram absorção máxima em

uma região muito próxima entre si,

podendo então considerar que a

complexação dos mesmos ocorre de

maneira análoga. Podendo também

considerar que a reação da glutamina

ocorre de maneira bastante

semelhante.

A figura 12, em anexo,

representa o espectro de IV para a

glutamina pura e para o composto

obtido após a reação dos mesmo com

o cobre. Onde é possivel observar

deslocamentos nas bandas referente

os estiramento O-H e N-H em torno de

3346 cm-1, referente ao estiramento

da carbonila de 1602 para 1654 cm-1,

e referente ao grupo carboxilato em

1416 cm-1. Cabe destacar que a banda

larga em 1628 pode ser referentes aos

estiramentos C=O do ácido carboxilico

e da amida, bem como a defromação

angular das ligações N-H da molécula,

tendo esta também apresentado um

deslocamenro para o complexo em

1665 cm-1. Sendo tais deslocamento

um forte indicio da complexação do íon

métalico como observado na tabela 6.

33

5 CONCLUSÃO

A utilização de nanopartículas

magnéticas na área da catálise tem se

mostrado promissoras nos últimos

anos sendo um avanço para o

desenvolvimento tecnologias sustenta-

veis. Nesse sentido buscou-se aqui

sintetizar nanocatalisadores magné-

ticos de cobre, sendo utilizadas

inicialmente a NPM-funcionalizadas

como um suporte para o metal, e

posteriormente funcionalizando

diretamente a partícula com

complexos de cobre.

A síntese da NPM

funcionalizadas com glutationa via

decomposição térmica em meio

ecologicamente aceitável se mostrou

efetiva, tendo esta sido utilizada para

suportar o metal cobre para a

obtenção do nanocatalisador

magnético. No entanto, os resultados

apresentados ainda são inconclusivos,

visto que ainda faltam resultado de

algumas analises: MET e DRX

Tentativas de obtenção de

complexos de cobre foram feitas

utilizando-se variados ligante

(Glutationa+BSBala2HNH2; Glutamina;

L-serina; Arginina) a partir de sais de

cobreI e cobreII, porém considerada a

fácil oxidação do cobreI a cobreII

obtiveram-se apenas complexos de

cobreII.

Os complexos de cobre com os

ligantes glutationa e a base de Schiff

derivada da β-alanina apresentaram-

se efetivos na funcionalização da

NPM, demonstrando ser esta uma via

eficiente para a obtenção de

nanocatalisadores magneticamente

separáveis. Para os demais complexos

de cobre obtidos ainda não foram

realizadas a reação de obtenção das

NPM, mas considerando os dados da

literatura, a funcionalização de NPM

34

com aminoácidos é efetiva sendo este

um indício do suporte dos mesmos.

Cabe destacar que os

complexos e nanocatalisadores aqui

obtidos podem ser utilizados em

variadas reações catalíticas de

maneira direta ou na presença de

agentes redutores, dentre as quais

pode-se citar a síntese de trizóis

biativos via reação de Huisgen

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[ 1 ] SILVA, F.M et al. Quim. Nova, 2005, 28, 1, 103-110.

[ 2 ] Dupont, Jairton.. Química Nova(2000)., 23(6), 825-831

[ 3 ] LENARDAO, Eder João et al. Quím. Nova [online]. 2003.26,.1, 123-129

[ 4 ] Clark, J. H.; Green Chem. 1999, 1, 1-8.

[ 5 ] Tundo, P.; Anastas, P.; Black, D. S.; Breen, J.; Collins, T.; Memoli, S.; Anastas,

P.; Williamson, T.C.; Green Chemistry: An Overview. American Chemical Society:

Washington, DC, 1996

[ 6 ] Varma, R.S.; Baig, N.R.B.; Chem. Commun. 2013, 49, 752-770.

[ 7 ] OLIVEIRA, W. M. Líquidos Iônicos como meio na modificação de ésteres e

ácidos (graxos) via aminólise catalítica e na síntese de nanopartículas magnéticas,

nf. 131. Tese de Doutorado do curso de química da Universidade de Brasília.

Brasília, 2011.

[ 8 ] Ribeiro, N.F.P.; Souza, M.M.V.M. ComCiência. Universidade de Campinas,

2011, nº130.

[ 9 ] DIAS , F. R. F, FERREIRA, V. F; CUNHA, A. C. Revista Virtual de Química,

2012, 4, 6, 840-871

35

[ 10 ] RIBEIRO, N.F.P; SOUZA. M. M. V. M. ComCiência. 2011. [On-line]

130.Disponívelem:‹http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S15

19-76542011000600010&lng=en&nrm=iso › Acessado em 03 de novembro de 2013.

[ 11 ] PAS71 - Esta Especificação Pública (do inglês Publicy Available Specification -

PAS) foi comissionada pelo Departamento inglês de Comércio e Indústria (UK

Department of Trade and Industry) - DTI) em colaboração com a Instituição Britânica

de Padrões (British Standards Institution - BSI) com a finalidade de desenvolver e

encorajar o uso de uma linguagem comum para as tecnologias de nanopartícula.

Consultado em (www.bsi-global.com/en/). Acessado em 04 de novembro de 2013

[ 12 ] CONSORTI, C.S; SOUZA, R.F; DUPONT, J. Química Nov, 2001. 24, 6, 830-

837

[ 13 ] FRANZOI, A.C. et alvol. 34, nº6, 2011. Quím. Nova [online]. 2011, 34, 6, 1042-

1050

[ 14 ] AGÊNCIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE TECNOLOGIA. Processos de

obtenção de nanopartículas magnéticas e suas aplicações. Disponível em

http://www.cdt.unb.br/vitrinetecnologica/files/solucoes/182.pdf. Acessado em 04 de

novembro de 2013

[ 15 ] Zhu, W.; Ma,D. Chemicals Communications. 2004, 888-889.

[ 16 ] Huisgen, R.; Szeimies, G.; Moebius, L.; Chem. Ber. 1967, 100, 2494-2507.

[ 17 ] (a) Rostovtsev, V. V.; Green, L. G.; Fokin, V. V.; Sharpless, K. B.; Angew.

Chem., Int. Ed. 2002, 41, 2596-2599. (b) Hein, J. E.; Fokin, V. V.; Chem. Soc. Rev.

2010, 39, 1302-1315.

[ 18 ] Kolb, H.C.; Sharpless, K.B. Drug Discovery Today. 2003, 8, 1128-1137.

[ 19 ] FREITAS, L.B.O et al. Química Nova[Online], 2011, 34,10, 1791-1804.

[ 20 ] MELO, J.O.F et al. Química Nova vol, 2006. 29, 3, 569-579

[ 21 ] Zhang, G.; Fang, L.; Zhu, L.; Sun, D.; Wang, P.G. Bioorg.Med.Chem.2006, 14, 426-434

[22] FARIAS, R.F. Química de coordenação, Campinas, SP. Editora Átomo, 2° ed, 2009

36

7 ANEXOS

Tabela 1: Líquido Iônico BMI.NTf2

Tabela 2: Bandas vibracionais da Fe3O4/Glutationa

Tabela 3: Bandas vibracionais da Fe3O4/Complexo com glutationa e BSBala2HN

cm-1 /Comprimento

de onda

1573 Estiramento C=C

1351 Estiramento C-N

1140 Estiramento S=O

1057 Estiramento C-F

3121 Estiramento Csp2-H

NPM Glutationa Banda de absorção

cm-1 /Comprimento de

onda

---- ----_ Estiramento Fe-O

1303 1334 Estiramento COO-

1628 1601 Deformação angular N-

H

_ 1713 Estiramento C=O

3393 3346 e 3250 Estiramento O-H e N-H

NPM PURO*

Banda de absorção

cm-1 /Comprimento de

onda

571 e 513 ---- Estiramento Fe-O

1349 1334 Estiramento COO-

1599 1601 Deformação angular N-H

_ 1713 Estiramento C=O

3442

3346 e

3250 Estiramento O-H e N-H

37

Tabela 4: Complexo de CuII com L-serina

Tabela 5: Complexo de CuII com Glutamina

COMPLEXO PURO*

Banda de absorção

cm-1 /Comprimento de

onda

1227 e 1208 1126 Estiramento C-N

---- 1410 Estiramento COO-

1627 e 1606 1602 Deformação angular N-H

1654 1602 Estiramento C=O

3346 3448 Estiramento O-H e N-H

COMPLEXO PURO*

Banda de absorção

cm-1 /Comprimento de

onda

1136 ---- Estiramento C-N

1416 1406 Estiramento COO-

1665 1628 Deformação angular N-H

1665 1628

Estiramento C=O da

amida e do ácido

3346 3448 Estiramento O-H e N-H

38

Figura 4: Espectro de FTIR de NPM funcionalizada

*O espectro de coloração cinza corresponde a NPM funcionalizada com glutationa, e o espectro vermelho corresponde a mesma após a tentativa de suporte com o bisglicinato de cobreI

Figura 8: Espectro de FTIR de da L-serina e seu complexo

*O espectro de coloração vermelha é referente ao aminoácido puro e o espectro de coloração verde é referente ao complexo obtido a partir do sal de cobreII

39

Figura 9: Espectro de UV da arginina seu complexo

*O pico de coloração de coloração azul é referente ao acetato de CuII e o pico verde é referente ao complexo formado

Figura 10 – Espectro de FTIR da arginina e seu complexo

*O espectro de coloração preta é referente a Arginina e o de coloração verde é referente ao

complexo obtido a partir do sal de cobreII

40

Figura 11: Espectro de FTIR de da Glutamina e seu complexo

*O espectro representado na coloração preta é referente ao aminoácido puro e o representado na coloração vermelha é referente ao complexo obtido a partir do sal de cobreII

4000,0 3000 2000 1500 1000 400,0

21,0

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

61,1

%T

3398,07

2363,702344,48

1628,59

1409,33

1303,80

1197,78 617,97

4000,0 3000 2000 1500 1000 400,0

7,4

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

41,5

cm-1

%T

3384,51

2363,96

2345,47

1665,87

1416,45

1197,54

1136,16

1057,58

618,01