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a revista do engenheiro civil techne téchne 130 janeiro 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 130 ano 16 janeiro de 2008 R$ 23,00 Habitações econômicas Impermeabilização de túneis Evolução das fôrmas Missão a Bogotá ISSN 0104-1053 9 770104 105000 00130 O projeto para o segmento econômico Sistemas construtivos mais utilizados Desafios de orçamento e de margem O que muda no planejamento de obra Entrevista: Renato Diniz, da Rossi Visita a obras populares na Colômbia Como construir para baixa renda ARTIGO Boom imobiliário x urbanismo capa tech 130_ilustracao.qxd 4/1/2008 10:33 Page 1

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Edição 130 ano 16 janeiro de 2008 R$ 23,00

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■ O projeto para o segmento econômico■ Sistemas construtivos mais utilizados■ Desafios de orçamento e de margem■ O que muda no planejamento de obra■ Entrevista: Renato Diniz, da Rossi■ Visita a obras populares na Colômbia

Como construir para baixa renda

ARTIGO

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SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 2Web 6Área Construída 8Índices 12IPT Responde 13Carreira 14Melhores Práticas 16Técnica e Ambiente 24P&T 52Obra Aberta 56Agenda 58

CapaLayout: Leticia MantovaniIlustração: Sergio Colotto

ENTREVISTAChassi padrãoDiretor da Rossi conta como empresa

industrializa a produção dehabitações econômicas

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CAPATorres econômicasComo viabilizar condomínios verticais

para baixa rendaHorizonte planejadoAs peculiaridades dos condomínios

horizontais econômicos

26 FÔRMAS – ESPECIALPINI 60 ANOS

Evolução dos moldesOs principais avanços dos sistemas

de fôrmas nos últimos anos

40 INTERNACIONALMissão ColômbiaEngenheiros brasileiros conhecem

condomínios para baixa rendaem Bogotá

44 IMPERMEABILIZAÇÃOTúnel estanqueOrientações de especialistas para

a impermeabilização de túneis

48 ARTIGOInfra-estrutura de grandes

conjuntos habitacionaisComo evitar a repetição de erros do

passado no planejamento dessesempreendimentos

60 COMO CONSTRUIRCasa de alvenaria estruturalOs detalhes de execução da Casa 1.0Fo

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EDITORIAL

2 TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008

Omercado de habitações econômicas, com valores de venda entreR$ 50 mil e R$ 150 mil, se mostra cada vez mais promissor.

Antes ignorada pela maioria das incorporadoras, a classe C começa a ser beneficiada pelo crédito imobiliário abundante, pelos jurosdescendentes e prazos de pagamento dilatados. Em 2007, o númerode lançamentos para o segmento econômico quadruplicou, o que jádeve injetar 60 mil novos imóveis no mercado nos próximos anos.A forte expansão impõe uma série de desafios aos profissionais dosetor, visto que se trata de uma atividade caracterizada porcondomínios com grande número de unidades, pouca variação de tipologia e margem de lucro apertada. É um segmento no qual a nossa engenharia será colocada à prova pela sua capacidade deotimização de custos, pela alta repetição isenta de erros, peloplanejamento da logística de produção, compatibilização e integraçãode projetos e coordenação das equipes de trabalho. Trata-se de ummomento único para a tão esperada industrialização dos canteiros e a valorização da arquitetura e da engenharia civil, especialmente na área de projetos. Bons exemplos já estão surgindo em diversasincorporadoras e construtoras.Algumas já levantam "protótipos" das unidades para a realização de ensaios e detalhamento do projetoexecutivo. De outro lado, o boom da baixa renda gera incertezas.Há sempre o risco de a necessária busca pela redução de custos serempreendida no sentido contrário do desejável, ou seja, pelainformalidade e pela falta de boa engenharia. Infelizmente, isso temocorrido com algumas incorporadoras, que registram altos índices de devolução das unidades. Nesse contexto, a nova Norma deDesempenho de Edifícios, que deve entrar em vigor dentro de poucomais de um ano, pode ter contribuição fundamental, ao estabelecerregras claras para as ações judiciais envolvendo incorporadoras ecompradores. Se a norma se disseminar como deveria, será umimportante instrumento para depurar o mercado, protegendo asboas incorporadoras e construtoras e penalizando as negligentes.Se a norma não for assimilada e algumas empresas apostarem naredução de custos por meio de informalidade e comprometimentoda qualidade, o meio técnico terá perdido uma valiosa chance de serevalorizar e ganhar um novo status perante a sociedade.

Gustavo Mendes

Alta engenharia na baixa rendaVEJA EM AU

� Entrevista: Josep MariaMontaner

� FDE Jardim Angélica,São Paulo

� Cobertura da 7a BIA� Especial fachada-cortina

� Infra-estrutura para a Copa 2014

� Diferenças entre construtoras e gerenciadoras

� Evoluções dos projetos� Concreto de Alto

Desempenho

VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO

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Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Gustavo Mendes RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Maurício Luiz Aires;

Renato Billa (trainee) IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina Ferreira

ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Andréia Cristina da Silva Barros CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias e José Luiz Machado

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Alexandre Ambros, Eduardo Yamashita,Bárbara Salomoni Monteiro, Danilo Alegre e Ricardo Coelho

MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Vitor Rodrigues VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini

AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval BezerraCCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José Pires Alvim Neto e Pedro Paulo Machado

MMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil

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RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::

AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099

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ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

VVeennddaassfone (11) 2173-2424 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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6 TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008

Fórum Téchne

Os engenheiros civis, a exemplodos arquitetos, deveriamreivindicar um conselho próprio para deixar o sistema Confea/Crea?Sou formado há sete anos e nunca vi o Crea fazer algo paranossa categoria. Também acho que deveria existir um conselhosomente para engenheiros, sem essa mistura que existeatualmente. A meu ver, esseconselho só quer que nósprofissionais paguemos as anuidades.Acácio Xavier Coutinho [24/10/2007]

A corrupção de fiscais do PoderPúblico aumentou com o atualboom imobiliário no Brasil?Com certeza, isso é devido à máseleção dos profissionais quedevem valer a lei. Baixos saláriosque as prefeituras pagam aosengenheiros e arquitetos. O jeitinho dos politiqueiros emdetrimento das soluções técnicas.Infelizmente a corrupção começacom os políticos que só queremlevar vantagem. Luís Fernando Dias [30/11/2007]

O excesso de adensamento nasgrandes cidades, a escassez deáreas disponíveis, as severasrestrições ambientais, a indefiniçãodos Planos Diretores e o podercorporativo das Ademi's, com osuporte econômico, têmconseguido corromper desde oengraxate da porta da prefeitura aogabinete Gestor Municipal.Victorio Kruschewsky Badaró Filho

[28/11/2007]

Confira no site detalhes das possibilidades de expansão da Casa 1.0, desde o projetoembrião ao mais avançado, com quatro quartos. A Casa foi idealizada pela ABCP(Associação Brasileira de Cimento Portland), em parceria com a ONG Água e Cidadee a Universidade de São Paulo, e é o tema da seção "Como Construir" desta edição.

Casa popular de alvenaria

Confira uma seleção das principaisreportagens sobre fôrmas publicadasna Téchne nos últimos anos. A seleçãoestá disponível como extra dareportagem especial "Evolução dosmoldes", sobre os principais avançostecnológicos da área, por ocasião dos60 anos da Editora PINI.

Fôrmas em evolução

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Veja no site mais fotos da missãobrasileira de construtores àColômbia, acompanhada pelareportagem da Téchne, e conheça asalternativas do país em sistemasconstrutivos de concreto paraerradicar o déficit habitacional.

Habitaçãocolombiana

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ÁREA CONSTRUÍDA

Quais são, afinal, os diferenciais com-petitivos necessários para atuar nomercado de baixa renda, caracteriza-do por margens apertadas, necessida-de de escala e grande eficiência na en-genharia de produto? No seminário"Desafios e Oportunidades do Mer-

Evento discutirá desafios e oportunidades na baixa rendacado de Baixa Renda", especialistas,pesquisadores, projetistas, constru-tores e incorporadores vão discutir oassunto em profundidade, levantan-do casos reais e as dificuldades dodia-a-dia. O evento será promovidopela PINI no dia 28 de fevereiro, das9h às 17h , no Hotel Renaissance, emSão Paulo. A proposta é realizar umintercâmbio de experiências e infor-mações entre os profissionais da in-dústria da construção civil, princi-palmente aqueles envolvidos com asfases de concepção, viabilização,projeto, planejamento e execução deempreendimentos para o chamadosegmento econômico. Confira a pro-gramação completa.

Empreendedores Imobiliários comFoco em Baixa RendaProf. João da Rocha Lima – Núcleode Real Estate da Poli-USP

Normas de EPS são atualizadas10 kg/m3 (Tipo I) a 30 kg/m3 a 32kg/m3 (Tipo VII). Os produtos que seencaixarem em cada uma das catego-rias também serão identificados porcores (veja tabela). O objetivo é auxi-liar o consumidor a se certificar deque, no momento da compra, ele estáadquirindo os produtos adequadosàs suas necessidades.

Quatro normas que regem as caracte-rísticas do EPS foram atualizadas:NBR 11752, NBR 7973, NBR 11948 eNBR 11949. Entre as mudanças, a no-vidade é o aumento do número detipos de EPS contemplados, que au-mentou de quatro para sete. Eles va-riam de acordo com a densidade doproduto, cuja gama vai de 9 kg/m3 a

Tipo CategoriaTipo I (de 9 a 10 kg/m³) uma faixa verdeTipo II (de 11 a 12 kg/m³) duas faixas verdesTipo III (de 13 a 14 kg/m³) uma faixa azulTipo IV (de 16 a 18 kg/m³) duas faixas azuisTipo V (de 20 a 22,5 kg/m³) uma faixa pretaTipo VI (de 25 a 27,5 kg/m³) duas faixas pretasTipo VII (de 30 a 32,5 kg/m³) três faixas pretas* Os produtos classificados como "Retardante à Chama" (Classe F) devem conter umafaixa vermelha ao lado da faixa correspondente ao produto.

Após ter afundado cerca de 70 cm, obloco B do Conjunto ResidencialSevilha, no bairro Piedade, em Jaboatãodos Guararapes (PE), precisou serdemolido. O incidente ocorreu namanhã do dia 20 de dezembro e não fezvítimas. Por volta de 6 h, os moradoresteriam desocupado o prédio após ouvirestalos na estrutura. O edifício de térreoe três andares tinha 16 apartamentos e teria sido construído há 19 anos. O imóvel ficava na mesma rua doEdifício Ijuí, que seis anos antes tambémcedera. Outros três desabamentosocorreram no bairro nos últimos anos:um centro comercial (2007), o edifícioAquarela (2000) e o mais grave, emoutubro de 2004, o Edifício Areia Branca,que matou quatro pessoas.

Edifício cede e é demolidoem Pernambuco

Diretrizes e Concepção de Projetocom Meta OrçamentáriaArq. Wilson Marchi Junior (EGCArquitetura)

Gestão com Base em Indicadores deCusto e Qualidade – Da Concepção àExecução da ObraProf.Ubiraci Espinelli Lemes de Souza(Livre-docente pela Poli-USP)

Sistemas Construtivos Industrializa-dos para Segmento de Baixa RendaEng. André Aranha (Inmax)

Case Cytec – Desafios da Construçãopara Baixa RendaEng.Yorki Estefan (Cytec e Tecnum)

Mais informações:Fone: (11) 2173-2396E-mail: [email protected]/desafiosbaixarenda

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A Sociedade Esportiva Palmeiras irámodernizar seu estádio, o ParqueAntártica, em São Paulo, em parceriacom a WTorre Engenharia. A idéia éadaptar o imóvel a um nicho imobiliá-rio ainda pouco explorado no Brasil,transformando o local em uma arenamultiúso, seguindo uma tendênciaque vem se consolidando no exterior.De acordo com o clube, as obras serãototalmente financiadas com capitalprivado do Palmeiras, da WTorre eeventuais parceiros. O projeto abriga-rá, além do próprio estádio de futebol,auditório e anfiteatro modular, comcapacidades para até duas mil e dezmil pessoas, respectivamente.

Palmeiras apresenta projeto de modernização do Parque Antártica

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O estádio terá capacidade para 42 milpessoas em jogos de futebol e até 60mil pessoas em outros eventos. Oprojeto prevê a construção de umacobertura retrátil sobre o campo, umestacionamento com cerca de duasmil vagas dentro da arena e aproxi-madamente outras seis mil no entor-no. O investimento total será de apro-ximadamente R$ 250 milhões e oprazo da parceria, de 30 anos. O pro-jeto existe há 12 anos e foi concebidopela Amsterdam Arena Advisory,proprietária e gestora da Arena deAmsterdã, na Holanda. O projeto jáestá aprovado junto à prefeitura, se-gundo a WTorre. As obras devem co-

meçar no segundo semestre de 2008,com conclusão prevista para 2010. OPalmeiras tem a intenção de tornar oestádio a segunda sede paulista paraos jogos da Copa do Mundo de 2014.

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Á R E A C O N S T R U Í D A

TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 200810

O presidente Luís Inácio Lula da Silvavetou, no dia 31 de dezembro, o Pro-jeto de Lei que criaria o Conselho dosArquitetos e Urbanistas (CAU). Se-gundo a Agência Brasil, a justificativapara o veto foi a de que o projeto de-veria ter sido elaborado pelo PoderExecutivo. Agora, os ministérios en-volvidos no tema deverão criar umnovo projeto para ser encaminhadoao Congresso Nacional. A criação daentidade havia sido aprovada pelo Se-nado, no início de dezembro, e espe-rava a sanção presidencial, inicial-

Lula veta Conselho de Arquitetos e Urbanistasmente prevista para o dia 15 de de-zembro, data em que o arquitetoOscar Niemeyer completou cemanos de idade. O projeto (PLS347/03), que tinha autoria do sena-dor José Sarney (PMDB-AP), previao desmembramento dos conselhosregionais (Creas) e do Conselho Fe-deral de Engenharia, Arquitetura eAgronomia (Confea). Com o veto, aclasse dos arquitetos, urbanistas epaisagistas continua ligada ao siste-ma Crea-Confea, que reúne mais de300 modalidades profissionais.

Seis entidades do setor da construçãose uniram para enviar à Câmara deVereadores de São Paulo uma pro-posta conjunta para a elaboração dodecreto regulamentador à Lei 14.459,que trata da instalação de sistemas deaquecimento de água por energiasolar em novas edificações do Muni-cípio de São Paulo. Trata-se de umareabertura do canal de comunicaçãoentre as entidades e o poder públicomunicipal. O fechamento se deu du-rante a aprovação da lei, que, segun-do as entidades, havia sido aprovadasem que suas sugestões tivessem sidolevadas em consideração.Para o vice-presidente do Sindus-Con-SP (Sindicato da Indústria daConstrução Civil do Estado de SãoPaulo), Francisco Vasconcellos, umdos maiores problemas da lei é aobrigatoriedade da instalação deaquecedores solares. Segundo ele, aprópria pesquisa que deu origem àlegislação já alertava para a necessi-

Entidades vão propor aperfeiçoamentos na lei dos aquecedores solares

dade de um avanço tecnológico dasindústrias de aquecedores solares ede componentes, além da qualifica-ção de projetistas e empresas de ins-talação. O documento será elabora-do pelo SindusCon-SP, Secovi-SP(Sindicato da Habitação), Asbea (As-

sociação Brasileira dos Escritórios deArquitetura), Abrasip (AssociaçãoBrasileira de Engenharia de SistemasPrediais), Sindinstalação (Sindicatoda Indústria de Instalação) e Apeop(Associação Paulista de Empresáriosde Obras Públicas).

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A empresa de pré-fabricados Cassolestá implantando um programa degerenciamento de resíduos sólidosnas cinco unidades fabris do grupo,localizadas no Paraná, Rio Grandedo Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarinae São Paulo. Cada unidade da empre-sa gera, em média, 5 t/mês de resí-duos, incluindo madeira, plásticos,

Empresa de pré-fabricados gerencia resíduos sólidos papelão, ferro, borracha e óleo. Se-gundo a Cassol, atualmente já é feito,em todas as fábricas, um trabalho deseparação e destinação dos resíduosgerados. No entanto, a partir desseprograma, todo o processo será cen-tralizado e acompanhado desde a co-leta dentro da fábrica até o destinofinal, seja em aterro específico ou re-

ciclagem. A primeira unidade a im-plantar o programa de gerenciamen-to de resíduos sólidos será a de SantaCatarina. O trabalho será feito poruma empresa terceirizada que atuano Sul do Brasil, que fornecerá certi-ficado de destinação final de resí-duos, garantindo a rastreabilidade detodos os descartes coletados.

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Sanção, que não ocorreu, estava previstapara o dia do aniversário de Niemeyer

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ÍNDICESIPCE sobe 0,10%Variação de dezembro foi inferior ao IGP-M, de 1,76%

Ocusto médio do IPCE (ÍndicePINI de Custos de Edificações)

apresentou, em dezembro, discretavariação de 0,10%, percentual consi-deravelmente inferior à inflação de1,76% verificada pelo IGP-M da Fun-dação Getúlio Vargas.

A alta do IPCE foi impulsionadapelo reajuste dos agregados. A areia la-vada e a pedra britada inflacionaram3,76% e 2,76% respectivamente. Aareia passou de R$ 56,19 para R$ 58,30o metro cúbico. Já a pedra britadaque custava R$ 50,80 passou a custarR$ 52,20 o metro cúbico.

O aumento no preço do cimentonos últimos meses ocasionou reflexona alta do preço do bloco de concretode vedação que apresentou reajustede 3,08%. A unidade do bloco queantes era vendido a R$ 1,08 passoupara R$ 1,11.

As variações apresentadas pelosmateriais que compõem a cesta de in-sumos do índice não foram suficientespara impulsioná-lo. Apenas uma dis-creta variação de 0,31% foi observadano preço do cimento Portland CP IIque custava R$ 15,78 e em dezembropassou a custar R$ 15,83 o saco de 50 kg.Insumos como a barra de aço CA-50, achapa compensada e o vidro cristalcomum não apresentaram variações.

Contudo, construir em São Pauloficou em média 3,90% mais caro nosúltimos 12 meses. No entanto, o per-centual é quase metade do registradopelo IGP-M que acumulou alta de7,75% sobre o mesmo período.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

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TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008

Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaDDeezz//0066 111111..001100,,5599 5533..881199,,8833 5577..119900,,7766jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71DDeezz//0077 111155..333355,,1122 5544..881177,,4422 6600..551177,,7711Variações % referente ao último mêsmês 0,10 0,20 0,00acumulado no ano 3,90 1,85 5,82acumulado em 12 meses 3,90 1,85 5,82Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para: [email protected] RESPONDE

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Recuperação de piso Reforço de estrutura de telhadoPara apoio sobre a última fiada dealvenaria, quais reforços sãonecessários para acomodar a estruturade telhado?Denise Gama

Por e-mail

As alvenarias apresentam pequenaresistência a esforços de tração e ci-salhamento, induzidos, por exem-plo, pelo apoio direto de tesourasou vigas. Assim sendo, é necessáriaa introdução de cintas de amarra-ção no respaldo das paredes, deforma a redistribuir as cargas e ab-sorver as tensões.Estas também podem ser geradas apartir de movimentações higrotér-micas dos materiais, como a secagemde madeiras ou dilatação térmica detreliças ou vigas metálicas.Ercio Thomaz

IPT – Centro de Tecnologia do Ambiente Construído

Existem argamassas com resistência eaderência suficientes para cobrir piso deconcreto danificado? Como recuperarpisos que estejam gastos e em processode desagregação?Márcio R. Toyama

Por e-mail

Existem grautes e argamassas poliméri-cas,base cimento,aptos para reparos lo-calizados em pisos de concreto, visandosanar problemas como esborcinamentode quinas, buracos ou desagregação lo-calizada etc. São produtos preparadoscom boa seleção granulométrica dosmateriais, cimentos em geral de alta re-sistência inicial, aditivos retentores deágua e aditivos superplastificantes, quepossibilitam a preparação de argamas-sas ou concretos auto-adensáveis combaixíssima relação água–cimento.Os reparos devem ser executados ob-servando-se vários cuidados, como porexemplo abertura de cavidades regula-res para perfeito encaixe do material de

reparo, total remoção de material soltoou desagregado, limpeza eficiente eprévia saturação de base etc.No caso dedesagregações bem superficiais, for-mação de poeira, pode-se tentar recor-rer a endurecedores de superfície, emgeral silicato de sódio ou de cálcio. Nocaso de desarranjos gerais, pode-se re-correr ao fresamento geral do piso e àsua total recomposição.Além dos produtos cimentícios, háainda materiais de reparo de base epóxi,poliéster e outras resinas sintéticas.Ercio Thomaz

IPT – Centro de Tecnologia do Ambiente Construído

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Sika

Cura de contrapisoQuantos dias deve-se esperar para acura de contrapiso antes da aplicação derevestimento cerâmico em áreasinternas?Ewerton Santos Neto

Por e-mail

Para posterior aplicação de revesti-mento cerâmico, a cura úmida de

contrapiso deve perdurar, em tese,de sete a dez dias. Depois disso, oideal é aguardar mais dez a 15 diaspara que se processe a retração daargamassa de regularização, resul-tante de evaporação da água livre eda água de cura.No caso do assentamento da cerâmi-ca sem os cuidados acima, ocorrerão

simultaneamente a retração de seca-gem do contrapiso e a expansão hi-groscópica das placas cerâmicas, queresultarão em tensões tangenciaisimportantíssimas na interface entreos materiais, com considerável riscode destacamento do piso.Ercio Thomaz

IPT – Centro de Tecnologia do Ambiente Construído

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CARREIRA

Oengenheiro Péricles Fusco é umconvicto defensor do curso de

Engenharia básico nos primeirosanos de graduação. A maioria dosjovens que ingressam na universida-de com seus 17 ou 18 anos, acredita,ainda não tem maturidade suficien-te para tomar uma decisão tão defi-nitiva a respeito de seu futuro profis-sional. A escolha de uma área de es-pecialização nesse momento é umrisco desnecessário. Quando eleprestou o vestibular para a EscolaPolitécnica da USP (Universidade deSão Paulo), no final de 1947, nãoteve essa "mordomia": era precisoescolher de pronto a área de Enge-nharia que desejava seguir. Verdadeque, na época, não havia muitas op-ções à disposição: apenas os cursosde engenharia civil, de mecânica-eletricista, de engenharia química ede minas e energia. Confiante, esco-lheu a primeira e não se arrependeu.

"Quando fiz o curso, o Brasil eraainda um País agrícola", explica Pé-ricles. Era uma época de pouca ofer-ta de engenheiros no mercado, oque fazia com que as empresas jácontratassem os futuros engenhei-ros antes mesmo de se formarem.Durante a graduação, Telemaco VanLangendonck, seu professor, o indi-cou para estagiar no escritório deengenharia estrutural de PauloFranco Rocha, onde trabalhou atéalguns meses após a formatura.Graças a essa experiência, mesmoantes da graduação Fusco já podia

Péricles Brasiliense FuscoConhecimentos aprofundados em estruturas levaram o engenheiro civil aajudar na concepção do primeiro curso de engenharia naval do Brasil

PERFIL

Nome: Péricles Brasiliense FuscoIdade: 78 anosGraduação: Engenharia Civil em1952 e Engenharia Naval em 1960,ambas pela Universidade de São PauloEspecializações: Pós-doutorado emcurso internacional de divulgaçãocientífica do CEB (Comitê Euro-Internacional do Concreto) em 1973Instituições nas quais trabalhou:IPT, Themag, USP, FEI e FundaçãoSalvador ArenaCargos que exerceu: engenheiro-assistente no IPT, diretor de projetosna Themag, professor na USP,professor e responsável de disciplinasna FEI e diretor-acadêmico naFundação Salvador Arena

TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008

ser considerado engenheiro forma-do. "Quando eu me formei, já tinhaprojetado meu primeiro arranha-céu", revela.

Na seção de estruturas do IPT(Instituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo), onde ficoupor três anos, deu os primeiros pas-sos na carreira acadêmica. Ela ama-dureceu quando começou a daraulas de estabilidade das constru-ções e de estruturas metálicas na FEI(Faculdade de Engenharia Indus-trial) e se consolidou ao ser chama-do para ser professor-assistente dacadeira de concreto da Poli-USP.Sem grandes desvios, a carreira aca-dêmica de Péricles Fusco seguia arota planejada dentro da engenhariade estruturas. Mas ventos inespera-dos o conduziram para um cami-nho não previsto, fazendo necessá-rio um hiato nos estudos da enge-nharia civil.

A partir da metade da década de1950, no auge do processo de indus-trialização do País, crescia a preocu-pação da Marinha Brasileira em de-fender a extensa costa brasileira. Atéentão, todos os engenheiros navaisbrasileiros formavam-se no MIT(Massachusetts Institute of Techno-logy). Se por um lado não havia re-clamações sobre a formação tecno-lógica desses engenheiros, faltava-lhes maior conhecimento sobre asnecessidades e o contexto brasilei-ros. Com assessoria técnica da Mari-nha estadunidense, o governo brasi-

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Obras marcantes das quaisparticipou: fábricas da Cosipa(Companhia Siderúrgica Paulista), da CBA (Companhia Brasileira deAlumínio); Usina Hidrelétrica deItaipu; estações da linha norte-sul do Metrô paulistano

Obras mais significativas daengenharia brasileira: segundapista da Rodovia dos Imigrantes e as pontes estaiadas em construçãopelo Brasil

Uma realização profissional: saberque os engenheiros civis consideramuma "bíblia profissional" uma obraminha – Técnica de Armar asEstruturas de Concreto (Editora PINI)

Mestres:Telemaco Van Langendonck,Luís de Anhaia Melo, Hubert Rüsch

Por que escolheu ser engenheiro:provavelmente por atavismo (ou seja,herança de gerações distantes)

Dez questões para Péricles FuscoMelhor escola de engenharia: seé a melhor, não sei, mas uma muitoboa é a Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo

Um conselho ao jovemprofissional: ter cuidado com odesempenho escolar, em qualquernível. É preciso saber que todaaquisição de conhecimento temduas fases – a primeira é a da lógica, do contato com o problema;a segunda, a operacional, que sóserá eficiente se a primeira for bem assimilada

Principal avanço tecnológicorecente: o conhecimento sobre aexecução das pontes estaiadas

Indicação de um livro: Política, de Aristóteles

Um mal da engenharia:submeter-se à lógica monetária da busca pelo lucro

semestres, fui ao mesmo tempo alunoe professor de mim mesmo", explica.As disciplinas foram inusitadas do iní-cio ao fim. Nos finais de semestre, en-quanto ele avaliava seus colegas-alunos, seus exames vinham do MITem envelopes lacrados. Antes de seformar em 1960, ainda estagiou emCopenhague (Dinamarca) e Roterdã(Holanda), financiado pela Petrobrás.

Durante o período em que lecio-nou no curso, foi o responsável pelaelaboração do projeto de quatro na-vios guarda-costas, que, entretanto,não saíram do papel. O então presi-dente Jânio Quadros havia canceladoo projeto, que custaria, em valores daépoca, US$ 30 milhões. No final dadécada de 1960, cansado de não exer-cer plenamente sua criatividade naEngenharia Naval, voltou para o de-partamento de estruturas da escola deengenharia civil da Poli.

Ali, ajudou a montar o laborató-rio de estruturas com doações doMetrô de São Paulo e de ex-alunosempresários do ramo de construçãocivil. No final da década de 1980,viajou a universidades da Europa edos Estados Unidos para conhecer aestrutura de seus cursos de enge-nharia. A experiência resultou nareforma do currículo da escola, queestabeleceu o curso básico de Enge-nharia no primeiro ano, com a espe-cialização ocorrendo em etapas du-rante a graduação. Aposentou-seem 1997, quando foi para a Funda-ção Salvador Arena dirigir a EscolaTécnica da entidade. Nesse período,estudou questões de pedagogia ecriou a Faculdade de TecnologiaTermomecânica, da qual foi diretoraté 2007. Ano em que, mais umavez, voltou à USP para orientar tra-balhos de mestrado e doutorado.

Renato Faria

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leiro montou, na Escola Politécnicada USP, o primeiro curso de enge-nharia naval tupiniquim. Engenhei-ros do mundo todo foram chamadospara ministrar as primeiras discipli-nas, mas faltavam professores dispo-níveis com conhecimentos aprofun-dados na área de projeto de estrutu-ras de navios de guerra.

O primeiro responsável pela ca-deira seria o contra-almirante re-formado da Marinha Americana eex-professor do MIT, George Char-les Manning. Mas a vaga de assis-tente ainda esperava por alguém. "Eesse alguém fui eu", brinca Péricles,

que fora chamado por seus conhe-cimentos de estruturas em cons-trução civil. A previsão era a de queManning começasse a dar o cursoem 1959, com a ajuda de Fusco.Mas, pouco antes da estréia, o "ti-tular" preferiu inverter os papéis etransferiu seu cargo ao auxiliar."Ele acreditava que eu tinha maisconhecimentos de estruturas", ex-plica Fusco.

Para se aperfeiçoar na área de en-genharia naval, Fusco matriculou-seno recém-inaugurado curso da USPe partiu para sua segunda graduação.Algo estranho acontecia. "Por dois

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MELHORES PRÁTICAS

Piso intertravado de concretoExecução demanda cuidados com regularização da base onde serãoassentadas as peças. Boas práticas evitam deformação do piso

Nessa etapa é importante a utilizaçãode guias de nivelamento e réguasmetálicas para manter a camada deareia com espessura uniforme em

Preparação da base

Camada deassentamentoAplique a camada de areia deassentamento (areia média seca)com cerca de 4 cm. Faça oespalhamento e nivelamentoevitando camadas irregulares.

Aplique a camada de sub-base deacordo com o projeto entre ascontenções laterais (guias), seguida dacamada de base (brita graduada) eexecute a compactação.

Regularizaçãotodo o trecho. Não espalhe grandetrecho da areia de assentamento,pois, caso chova, o serviço será perdido.

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Colaboraram: ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Oterprem e Pró-Vias

CompactaçãoA cada trecho colocado faça acompactação inicial das peças com aplaca vibratória. Isso estabiliza opavimento e evita deformações eafundamentos pontuais.

Assentamento

Após finalizar a colocação e acompactação inicial de todo o trecho,faça o espalhamento de areia de

Faça a colocação das peças deconcreto evitando danificar acamada de areia de assentamento.Coloque primeiro as peças inteiras,deixando os cortes por último.

rejuntamento por meio devassouramento e execute acompactação final.

Rejuntamento

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ENTREVISTA

18 TÉCHNE 130 JANEIRO DE 2008

RENATO DINIZ

O diretor de Negócios da RossiResidencial é formado em engenhariacivil pela UFMG (UniversidadeFederal de Minas Gerais). Graduadoem 1992, fez pós-graduação emQualidade Total pela Fumec(Fundação Mineira de Educação eCultura), em 1994. No ano de 1995concluiu a pós-graduação emEngenharia Econômica pelaFundação Dom Cabral, também deMinas Gerais. A construção dehabitações para o segmento de baixarenda, para ele, depende deinvestimentos em projeto e damelhoria contínua de produtos eprocessos construtivos.

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Para construir habitações econômicas, a Rossi investe em projetospadronizados e refina protótipos conforme a faixa de renda do comprador.A empresa praticamente copia o setor automobilístico

Ao longo dos últimos anos o setorimobiliário experimenta um cres-

cente nível de industrialização, princi-palmente da execução, utilizando-sede sistemas completos de construção,equipamentos e insumos padroniza-dos. A construção ainda mantinha, atéhá pouco tempo, alguns dos aspectosartesanais que a caracterizavam, por-que as empresas viam-se obrigadas atratar cada empreendimento comoum produto finito, que jamais seria re-petido, e não poderiam sanar pontosfracos. A injeção de crédito imobiliá-rio a juros baixos fez os construtoresabrirem os olhos para um nichopouco explorado – o de baixa rendaou econômico. Nesse segmento opreço de venda de cada unidade deveser o mais baixo possível. Logo, a mar-gem de lucro é reduzida e os ganhosdecorrem do volume de vendas. A

saída, portanto, é reduzir custos deconstrução. Para não perder a onda,antes de buscar soluções construtivastotalmente novas, o mercado temaprimorado o que já existe, como a al-venaria estrutural, e buscado modelosde gestão e logística eficientes. Cominvestimentos maiores em projeto ebusca por desenvolvimento contínuodos produtos, a engenharia vê seusfundamentos despertarem. Nas pala-vras do professor da Escola Politécnicada USP (Universidade de São Paulo),Ubiraci Espinelli, "é um momentorico, em que começamos a efetiva-mente fazer tudo o que sempre foi pre-gado". Nesta entrevista, o diretor denegócios da Rossi, Renato Diniz, falasobre a importância de investir em en-saios e protótipos e de revisar projetoscontinuamente como forma de redu-zir custos e desenvolver produtos.

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Qual a definição de empreendimentodestinado à população de baixa renda?

Não há uma definição clássica,varia de acordo com a empresa. ARossi define a partir de três critérios.Custo até R$ 160 mil; repetitividade eque possa ser feito em escala; e que sejadestinado a famílias com renda dequatro a 12 salários mínimos. Não éum produto específico, mas precon-cebido e repetido em vários locais.Atendendo a um desses requisitos, éconsiderado econômico.

Quando o senhor fala emrepetitividade, fala em quantasunidades?

Temos três linhas de produto. Umade casas, em que fazemos o loteamen-to e a incorporação. Esse tem que sermuito barato, porque a densidade émínima. Outra de prédios com térreoe três ou quatro pavimentos dentro dacidade. Por último, empreendimentosverticais, com até 16 andares e densi-dade muito grande, para grandes cen-tros urbanos. Essas plantas repetem-seno Brasil todo, com adaptações locaise mais ou menos coisas a depender dopreço final que se quer atingir. O im-portante é ter um produto cujo chassiseja o mesmo, mantendo-se intacta aforma de produzir.

Quais as diferenças no projeto eexecução desses empreendimentos?

O mais importante é a concepção.Talvez o maior know-how da Rossi,que vem desde o Plano 100, seja o de-senvolvimento de projeto em larga es-cala. As equipes têm sempre enge-nheiros de fundações, de estruturas,arquiteto, paisagista, urbanista, deco-rador, engenheiro de instalações e aequipe interna. Alguns índices ava-liam as eficiências e permitem anali-sar o custo–benefício do projeto. Isso

propicia projetos racionais e de boaqualidade arquitetônica.

E com relação à execução?Como atuamos há bastante tem-

po, conhecemos os sistemas construti-vos mais competitivos para esse tipode habitação. Por isso, o projeto con-templa a facilidade de executar emlarga escala, o que é muito importante.Sabendo de antemão qual será o siste-ma construtivo, com inúmeros testes,sabemos como construir e direciona-mos o projeto para o sistema.

Quais as características dos sistemasutilizados pela Rossi no segmentoeconômico?

Para casas, fazemos radier comfibra e alvenaria estrutural.Depois,pré-laje e telhado com madeira de reflores-tamento. Contramarcos e escadas sãopré-moldados em concreto. O revesti-mento é uma camada de argamassa po-limérica bem fina. No caso dos prédios,fundações e baldrames com fôrma me-tálica, alvenaria estrutural, laje pronta –não pré-laje – e, de novo, telhado commadeira de reflorestamento.

Por que utilizar madeira dereflorestamento?

Há cerca de dez anos contratamosa consultoria da USP de São Carlos.Osprimeiros números que obtivemos deconsumo, com empresas executorasde telhados, indicavam 0,048 m3/m2 detelhado com madeira nativa. Essas es-truturas foram ensaiadas em progra-mas estruturais e apresentaram váriospontos de flambagem. Com a USP, oprimeiro consumo foi de 0,028 m3/m2

de telhado, e hoje trabalhamos com0,022 m3. A questão não é custo, masambiental, de ter certeza da origem damadeira utilizada.

Em relação ao desempenho?As madeiras de reflorestamento

são pínus ou eucalipto, com caracte-rísticas conhecidas. Quando a madei-ra é nativa, mesmo que certificada, ograu de umidade nem sempre é con-trolado e a compra não é necessaria-mente pelo nome científico. Muitasvezes compra-se gato por lebre, semque se tenha certeza da entrega noprazo. Também há o problema dodeslocamento, que muitas vezes vemdo Norte. Ao usar madeira de reflo-restamento, há essas garantias.

Por que essa preocupação com otelhado?

Num prédio de alto luxo a cober-tura é algo irrisório. Geralmente é im-permeabilizada ou tem estrutura me-tálica com telha de fibrocimento. Já ostelhados dessas habitações são impor-tantes, fazem parte da fachada. Temosque ter certeza de que vai durar.

O mesmo ocorre com outrossistemas?

Na época de lançamento de umempreendimento, por exemplo, já es-távamos fazendo teste do baldrame.Quando a obra começou, o sistema játinha sido ensaiado à exaustão, todas

“Como todas [asunidades] sãoconstruídas ao mesmotempo, qualquer erroacarreta num recalldentro da obra, todascom o mesmo tipo de problema”

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E N T R E V I S T A

20 TÉCHNE 130 JANEIRO DE 2008

as soluções de impermeabilizaçãonessa altura já tinham sido tomadas.Esses baldrames são elevados para evi-tar que o térreo fique devassado para aárea externa. No lançamento do em-preendimento, para ser executado umano depois, já tínhamos projeto exe-cutivo e estávamos tocando a obra. Opulo do gato é fazer protótipo de tudo.

Quanto se gasta com esses ensaios?Não medimos isso porque não

achamos que é gasto, mas fator de so-brevivência. Para quem faz ummundo de coisas, fazer um aparta-mento e desmanchar três, quatro oucinco vezes não é nada.Temos um em-preendimento que foi lançado nomeio do ano,mas estamos fazendo lajee alvenaria, que serão desmanchadasdepois. Tudo para saber qual a melhorseqüência de montagem das lajes.

Já testaram materiais ou sistemasque não deram certo? O quepercebeu que não funciona?

Todo sistema pode ser bom, masdepende de quanto custa. Um sistemaque talvez não seja bom hoje pode serbom no futuro. Temos que projetar oganho em escala para ver a que valorpode chegar. Hoje estamos convictosde que o nosso sistema construtivo é omelhor para nós, mas daqui a algumtempo talvez não seja.

Os investimentos iniciais em projetoe adequação de sistemas são maisaltos nesse segmento?

São, e a preocupação quanto a issoé zero. O importante é ter certeza decusto, pois vamos multiplicar aquilopor uma quantidade imensa.Por isso éimportante investir em projeto e emprotótipo também antes de começar aobra. O bom é que erramos de umavez só e várias vezes,para ter certeza doque fazer. Como todas são construídasao mesmo tempo, qualquer problemaacarreta num recall dentro da obra.

Já enfrentou isso?Em pequena escala, mas não

chega a ser problema. No começo daexecução sempre há melhorias a fazer.Temos um modelo de casa que foi até

a revisão de projeto número 13. De-pois fizemos modificações arquitetô-nicas com oito ou dez revisões. Agoratemos um novo projeto para a mesmacasa. Externamente não mudou quasenada, mas os ganhos de escala são tãograndes que o dia todo vimos coisas amelhorar. Essa é a vantagem da repe-tição aliada à melhoria contínua.

Como se dá a continuidade dasmelhorias?

Possuímos um intercâmbio com aUnicamp, onde temos engenheiros fa-zendo mestrado e doutorado.A tese deum deles afirma que a melhor manei-ra de atestar como a cultura construti-va se desenvolve é quantificar os gastoscom manutenção. Abrimos nossosdados e ele atestou uma diminuiçãoda manutenção em nossas obras.

Quais mudanças são feitas nosprojetos a partir dessas observações?

É necessário desenvolver a enge-nharia para cada produto e não sócom melhoria de projeto, mas tam-bém com análise de valor de material.Nossas casas tinham lajes com 8 cm edeterminada taxa de aço. Com a altado preço do aço e a estabilização dopreço do concreto – que começou asubir de novo – aumentamos as es-pessuras das lajes em um centímetroe diminuímos a taxa de aço. Os pro-jetos interagem de acordo com ovalor dos materiais.

Isso precisa ser ágil.Sim, um prédio tem um intervalo

muito pequeno entre concepção e

execução. Esse processo permite ana-lisar e fazer ajustes finos para ser sem-pre competitivo.

E com relação à engenharia?O sistema construtivo é focado em

processo. As casas são geminadas emduas, quatro ou seis unidades. O ra-dier, por exemplo, é feito com fôrmametálica e todas as instalações embuti-das. Fazemos um dente para evitar aentrada de água. Antes era niveladocom areia, mas hoje nivelamos com póde pedra. Areia custa R$ 32/m3 e o póde pedra custa R$ 19/m3. Depois vêm aconcretagem do radier, os escanti-lhões, com a marcação da alvenaria, ospré-moldados, o grauteamento da úl-tima fiada, feita com bloco-canaleta, ea laje. Aí temos o sistema de pré-lajecom 4 cm e outros 4 cm no local.

Tanto os riscos como as vantagensdesse segmento estão na escala, narepetitividade?

Sim, principalmente as oportuni-dades. Quando se investe bastante empesquisa, em projeto, projeto executi-vo e protótipos antes de começar aobra, os riscos são mínimos. Mas épreciso investir maciçamente em pro-jeto e em treinamento de equipes.

Como é feita a manutenção dessesempreendimentos?

Toda incorporadora reserva umpercentual do custo de construção parapossíveis manutenções. Nesses casos,teria que reservar um percentual muitogrande. Por isso, é preciso fugir aindamais de problemas de manutenção.Além disso, enquanto realizamos algu-mas unidades, outras já estão em uso.Para que o convívio seja bom, a manu-tenção precisa ser próxima de zero.

Qual o custo de construção de uma casa da Rossi do segmento econômico?

Não posso falar valores,mas é muitobaixo. Suficiente para que o custo devenda fique em torno de R$ 1.200/m2.

E quanto ao prazo de execução?Já fizemos uma casa-modelo em 23

dias, mas não é o que queremos. Numa

“Numa obra tão grandeé importantedimensionar as equipespara que a quantidadede trabalhadores nãomude o tempo todo,como numa linha de produção”

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obra tão grande é importante dimen-sionar as equipes para que a quantida-de de trabalhadores não mude o tem-po todo, como numa linha de produ-ção. Cada condomínio de casas é feitoem cerca de dez meses, os prédiosentre 15 e 18 meses. Podemos anteci-par ou não uma obra para aproveitarmelhor as equipes. Isso reduz o custodos empreiteiros, que sempre traba-lham com equipes mais ou menosfixas, garantindo também qualidade.

Então, mesmo que seja possível, éinviável fazer em tão pouco tempo?

Precisaríamos mobilizar um exér-cito e certamente não teríamos todasas pessoas treinadas. Além disso, nãovou vender nessa velocidade nem en-tregar casa por casa. Vou tirar Habite-se do condomínio como um todo. Asequações mostraram que é melhorfazer em dez meses, e temos feito de500 a 600 casas por ano. Parece pouco,mas há uma seqüência de coisas im-portantes a pensar. Todo mundo temque saber o que e quando fazer.

Qual a característica dessa mão-de-obra, que trabalha comciclos mais rápidos de construção?Há treinamento específico?

São pessoas que trabalham comrepetitividade, totalmente fiéis aosprocessos. Em paralelo, diminuímosgastos com supervisão de serviços,pois as mesmas pessoas fazem sempreas mesmas coisas. Tudo foi pensadoem projeto, sempre feito da mesmamaneira, com procedimentos e pro-dução em série. Temos escolas parapedreiros dentro das obras. Eles co-nhecem nossa forma de produção efazem cursos rápidos, geralmente emparceria com o Senai (Serviço Nacio-nal de Aprendizagem Industrial).

Como manter as equipes ematividade? As casas não sãoexecutadas ao mesmo tempo?

A logística é importante nessasobras. São feitas do fundo para frente,mas cada condomínio tem um planooperacional para definir onde fica aágua, o esgoto, a energia, os materiais,

a central de betoneira. Tudo é defini-do antes, caso contrário alguém defi-ne na obra de uma hora para outra.Como o cronograma é curto e os ser-viços são intercalados, temos que defi-nir para evitar gastos.

Em que sentido a arquitetura podebaratear os custos?

É preciso saber usar bem os mate-riais. Há empreendimentos com muitopiso de concreto, que custa R$ 18/m2.Piso em grama custa R$ 3/m2. Olhandoa planta é possível perceber a racionali-dade. A hidráulica é toda concentradanuma parede, a elétrica passa por umshaft em drywall e estruturalmente estámuito bem pensado. Os vãos evitamvigas,as aberturas permitem que o grau-te seja o mais barato possível sem perderqualidade arquitetônica.Também dimi-nuímos ao máximo a área comum.

É possível conciliar sustentabilidadee a preocupação com custos?

Acreditamos que a curva do apren-dizado,a economia de escala,a escassez

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de recursos e a legislação cada vez maisrestrita barateiam a construção sus-tentável.Quanto menos relutar e acor-dar para isso, mais vantagem competi-tiva. Estudos mostram que se gastapouco para obter um desempenhomuito grande. O princípio básico dasustentabilidade é: fazer muito compouco e desperdício zero. Existem coi-sas que ainda são inviáveis, mas quepodem estar preparadas, o que torna oimóvel atualizado por mais tempo.

Qual a importância de utilizarmateriais locais?

É mais barato e ambientalmentevantajoso, pois não demanda trans-porte. Quando se fazem quantidadestão grandes, vale a pena treinar o for-necedor local. Pode haver uma fábricade blocos que apenas necessite de umprocesso de cura mais adequado ouuma prensa melhor para atenderbem. Então por que não passar essatecnologia, contratar um consultor efazer um contrato de longa duraçãopara viabilizar o fornecimento?

Quando vocês começaram a conceberempreendimentos econômicos, o que"enxugaram" primeiro?

Não é enxugar, é conceber, senãoacaba-se fazendo uma gambiarra e oresultado final é uma porcaria. É pre-ciso conceber objetivamente: umacasa de dois dormitórios, funcional,barata na estrutura, no revestimento enas instalações.A partir daí, juntam-secompetências para o projeto. Estamosfazendo essas casas há muito tempo,mas estamos começando com novosprojetos porque o produto ficou velho,mesmo com melhorias de aprendiza-do e alterações.

E quais novos conceitos estão sendoadotados?

Para nós a alvenaria estruturalainda é o sistema mais barato, assimcomo o radier. Muda muito o planeja-mento, o plano operacional para cadaobra. Nossas obras têm um lugar co-berto para guardar as bicicletas dosfuncionários. Por que isso? Porque ofuncionário tem a opção de usar a bi-cicleta,que para ele é um grande patri-

mônio, e ficar com o vale-transporte.Com isso, ele fica satisfeito em traba-lhar, a rotatividade do empreiteiro émenor e o lucro maior. Daí é possívelbaixar custos.

Quais as diferenças logísticas entreempreendimentos horizontais everticais?

Numa obra horizontal, logística étudo. Senão tem gente espalhada pelaobra inteira, com todos precisando dematerial e ninguém sendo atendido.Num empreendimento vertical sabe-seque primeiro vai ser feita a laje quatro,depois a cinco e a seis. Se não determi-namos nada,a equipe fica sem saber poronde começar. Não pode nunca deixarpor conta de quem está executando.

O uso em grande escala viabiliza acompra de equipamentos que hojesão alugados, como gruas?

Sem dúvida. Fazemos pré-laje oulaje pronta, que usam fôrma metálica.Cada fôrma nossa já fez 400 casas eestá em boas condições. Usamos fôr-mas metálicas na fundação, na estru-tura, no andaime metálico. Até caixaselétricas e hidráulicas são pré-molda-das e o telhado chega cortado, com astesouras prontas. Os revestimentossão com argamassa polimérica. Nãotendo gesso e madeira, não há entu-lho, com todas as vantagens correlatasde ter um canteiro limpo.

Nos grandes centros, onde o terrenoé pequeno, como trabalhar aquestão da garagem?

É uma equação matemática. Sa-bendo o preço de venda e o custo de

construção, colocamos garagem des-coberta ou não, dependendo do valordo terreno. Nesse sentido, o produtodefinido é mais fácil, a compra do ter-reno foi pré-definida. No segmentoeconômico é diferente. Não se com-pra um terreno e depois cria-se o pro-duto. O terreno tem que se enquadrarno perfil do produto, não o contrário.

Que outras diferenças há em relaçãoà demanda de materiais?

Muitas vezes, numa obra horizon-tal, várias etapas ocorrem simultanea-mente, com parte do condomínioainda na fundação e outra parte norevestimento, quase pronto para pin-tura. Numa obra vertical essas ativi-dades são mais concentradas, não tãosobrepostas. Primeiro termina a es-trutura, depois a alvenaria.

É possível ser competitivo com kitsde casa completos?

Sim, mas é importante verificar aaceitação perante o cliente final, poisessas pessoas estão fazendo a comprada vida delas. Temos que ter noção daimportância disso ao entregar umacasa de 50 m2 para um casal com ida-des entre 35 e 40 anos, que juntou di-nheiro esse tempo todo para compraressa casa. A aceitação de diferentes sis-temas construtivos depende tambémde cada local no País.Tem que ver as li-mitações de cada sistema construtivo.O segredo dos nossos empreendimen-tos está na indicação. Então o sistemaconstrutivo tem que respeitar muito ogosto local, porque a venda pode de-pender do cliente que já comprou.

A Rossi tem intenção de reduzir afaixa de renda atendida?

Hoje trabalhamos na faixa de qua-tro a 12 salários mínimos, mas temosum produto para atender famíliascom rendimento até três salários mí-nimos. Pela distribuição de renda bra-sileira, um pouquinho que se baixa opreço, muita gente passa a ser atendi-da. Todos querem ampliar o foco.Quem for mais competente vai conse-guir bons resultados.

Bruno Loturco

Colaborou: Renato Faria

“A curva doaprendizado, aeconomia de escala,a escassez de recursose a legislação cada vezmais restrita barateiama construçãosustentável”

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TÉCNICA E AMBIENTE

AFundação Jardim Botânico dePoços de Caldas, na região sul mi-

neira, mantém um programa de Edu-cação Ambiental que prega os "3 Rs":reduzir, reutilizar e reciclar.A concep-ção arquitetônica dos quatro prédiosatualmente em execução na institui-ção deveria considerar, além dessesconceitos, formas de incitar à reflexãoos visitantes das instalações. Dessamaneira, os prédios em si deveriamatuar enquanto objetos didáticos.

A atuação do arquiteto responsá-vel pelo projeto, João Neves Toledo,foi, portanto, pautada pelos própriosprincípios institucionais e pelas ativi-dades ali desenvolvidas. Foram esco-lhidos sistemas construtivos passíveisde adaptação às necessidades de uso,produção e consumo humano, pre-servando os recursos naturais.

Atualmente, dos quatro prédiosem projeto, apenas o Centro de Visi-tantes e Laboratório de Pesquisas jáestá em fase de conclusão. Esse prédio,com 650 m2 de área, será a sede admi-nistrativa temporária da instituição.O terreno sobre o qual estão sendoimplantadas as obras tem 40 m x 200 m.Nos 8 mil m2 ocupados estão prédiosque "já na aparência denotam concei-tos de arquitetura sustentável, quenão pretende esconder os materiais esuas funções", explica Toledo.

De acordo com o arquiteto, "asustentabilidade não é um objetivo aser alcançado, mas um processo ba-seado no equilíbrio dos aspectos am-bientais, econômicos e sociais".Assim, nortearam o projeto os con-ceitos referentes a: qualidade am-

Jardim sustentávelConcepção dos prédios do Jardim Botânico de Poços de Caldas buscaalinhamento aos programas de educação ambiental

biental interna e externa, redução deconsumo energético, redução dos re-síduos e aproveitamento das condi-ções naturais locais e a redução doconsumo de água.

O projeto se encarregou de evitara impermeabilização do solo e prio-rizar o aproveitamento da ilumina-ção natural. O prédio tem janelasaltas, a 2,20 m acima do piso e juntoao teto, que auxiliam na distribuiçãoda luz. Por meio de brises, venezia-nas, telas e prateleiras de luz, buscoualcançar também um melhor con-

forto térmico. A cobertura foi con-cebida de forma a receber telhadosverdes e também alternativas de pro-dução energética, como a solar.A co-bertura serve de jardim suspensopara disposição das coleções deplantas e também contribui para oconforto térmico.

Conta com captação, armazena-mento e tratamento das águas plu-viais, bem como com bacias acopla-das, válvulas especiais e torneiras comtemporizador. A implantação visouaproveitar ao máximo a conformação

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Janelas até o teto auxiliam na distribuição da iluminação, reduzindo o consumo deenergia. A alvenaria foi executada em solo-cimento para viabilizar o uso de material local

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Materiais e técnicas sustentáveisImpermeabilização : resina natural, PU naturalInstalações elétricas: cabos linhaecológica (com menos PVC),eletroduto corrugado reciclado,sistemas de conservação de energiaInstalação hidro-sanitária: sistemaautônomo de tratamento ETE modular,tubulação de PP e reciclo PET,reaproveitamento de água da chuva,aquecimento solar, monitoramento de usoIsolamentos térmico/acústico:material plástico reciclado Tetra-Pac,aglomerado cortiça, fibra de cocoMadeiras: madeiras certificadas,madeiras alternativas da AmazôniaRevestimentos: cerâmica crua e piso reciclado (cacos de ceramica), piso de borracha PUPintura: tintas à base de água, comcorantes naturais, vernizes base PU(óleo de mamona)

Marcação da obra: executada comgabaritos de plástico reciclávelAlvenaria: material dereaproveitamento e/ou blocos de solo-cimento, blocos cerâmicos, fibra celulósicaEstrutura: mista, em concreto e madeirareaproveitada ou certificada, fôrmas deplástico (polietileno de alta densidade),areia e brita reciclada, cimento CP III (de escoria de alto-forno)Agregados e argamassas: argamassapozolânica, agregado vegetal, britasintética, cal pozolânicaCobertura: telhado em telha cerâmica reutilizada e telhado vivo(telhado verde)Vedação e divisórias: vidrostemperados e placas recicladas Tetra-Pac, blocos reciclados, forrosreciclados Tetra-PacEsquadrias: madeira reutilizada ecertificada

Confira mais detalhes dos materiais e sistemas da obra em www.revistatechne.com.br

A implantação no terreno atentou para o melhor aproveitamento da luz natural eda circulação do ar. Alguns dos revestimentos foram feitos com cacos de cerâmicapara reduzir resíduos

natural do terreno para evitar gran-des movimentações de terra.

Priorizou-se utilizar materiais eserviços locais e os resíduos geradosforam reaproveitados ou reutilizadosna obra. Exemplo é a alvenaria apa-rente de tijolo de solo-cimento pro-duzida no próprio canteiro, que utili-zou a terra remanescente da terraple-nagem, resíduos e outros agregadosque dispensam cozimento.

Processo construtivoNuma edificação que tem o obje-

tivo de ser sustentável em todos osaspectos, como é o caso do JardimBotânico de Poços de Caldas, a esco-lha de materiais e técnicas construti-vas deve obedecer à biocompatibili-dade. Ou seja, procurar melhorar acondição de vida do morador e nãoagredir o meio ambiente durantetodo o processo de obtenção e fabri-cação. Também devem ser conside-rados a aplicação e o comportamen-to ao longo da vida útil.

Para evitar o uso de materiais eprodutos que emitem gases voláteis,como tintas, solventes, resinas, verni-zes, colas, carpetes sintéticos e de ma-deira, a opção foi por produtos à basede água ou 100% sólidos, que emcontato com o oxigênio não emitemgases ou odores.

Mesmo para a concepção da es-trutura, realizada pelo engenheiroRicardo Bento, foi recomendada aopção por ecoprodutos e tecnologiassustentáveis. Já no caderno de encar-gos há a indicação para uso de con-creto usinado, como forma de evitarperdas, e de fôrmas de plástico, depolicarbonato reciclado.As alegaçõespara adotar esse material referem-seà ausência de resíduos no descarte ede poluentes na fabricação, além deevitar o uso de madeira.

Bruno Loturco

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FÔRMAS – ESPECIAL 60 ANOS

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A pesar de dispor das mais moder-nas tecnologias no que se refere a

fôrmas para estruturas de concreto, oBrasil ainda não possui normas técni-cas específicas para os produtos e paraos projetos de fôrmas e cimbramen-tos. A primeira iniciativa para a cria-ção dessa normatização teve início hápouco mais de um ano e as discussõesvêm reunindo fabricantes, projetistasde fôrmas e projetistas estruturaispara traçar as diretrizes da novanorma brasileira. Um esboço do texto

Evolução dos moldesEm 40 anos, sistemas de fôrmas ganharam em número de reutilizações eprodutividade da mão-de-obra. Próximo passo é preparação da norma técnica

do documento estava previsto para serapresentado no final de 2007, mas,como ainda não se chegou a um acordoem algumas questões polêmicas –como a execução do escoramento re-manescente –,a previsão de entrega dotrabalho do comitê foi prorrogadapara o final de 2008.

"Acho que essa norma vai deixarbem claro que a fôrma é um produtotécnico que deve ser dimensionado egerenciado pelo profissional habili-tado para tal", afirma Paulo Nobu-

yoshi Assahi, projetista da AssahiEngenharia. Sobretudo no mercadodos produtos de madeira, é muitocomum que os projetos de fôrmas eescoramento sejam elaborados porprojetistas não-engenheiros, sem co-nhecimento técnico adequado dofuncionamento do sistema e de suainteração com o restante da obra."Esse é um serviço que interfereprincipalmente na qualidade finalda estrutura de concreto. Se mal exe-cutado ou mal dimensionado, vai

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afetar de maneira grave o seu de-sempenho", alerta o engenheiro.

O tempo que a norma levará paraficar pronta é um indício de que a re-solução do problema não é tão sim-ples. Como o que está em jogo é aqualidade da estrutura de concreto, épreciso delegar de forma precisa asresponsabilidades de cada um dos es-pecialistas envolvidos nessa etapa daobra, principalmente quando o as-sunto é escoramento remanescente."É uma 'bola dividida' e nem o proje-tista, nem o fornecedor de equipa-mento metálico assumiam a respon-sabilidade; e apenas alguns poucosprojetistas de fôrmas têm feito isso",explica Assahi.

O também projetista de fôrmasNilton Nazar afirma ainda que a nor-matização trará benefícios para aqualidade das chapas de compensadodisponíveis hoje no mercado. Segun-do o engenheiro, poucos são os fabri-cantes que oferecem produtos durá-veis no País. "Em geral são de empre-sas que exportam para países maisexigentes e que acabam adquirindomaior tecnologia", explica. Nessespaíses – por exemplo, os europeus e oJapão – existem normas que exigemensaios e certificação da qualidadepara cada um dos lotes adquiridos.Na opinião de Nazar, três ensaios fun-damentais devem constar da normapara assegurar a qualidade da chapade compensado: o ensaio de módulode elasticidade, o de resistência à tra-ção e de resistência à abrasão. "Issonão é nenhuma utopia", afirmaNazar. "É que nós não estamos acos-tumados a exigir a qualidade nessenível de aprofundamento."

Madeira planejadaA norma de fôrmas atualmente

em discussão chega quase 40 anosapós a primeira tentativa de otimiza-

ção do sistema. Até o final da décadade 1960, pode-se dizer que a execuçãodas estruturas de concreto armadodava-se de forma rústica, com a pro-dução e montagem das fôrmas reali-zadas de forma desorganizada. Asconseqüências eram óbvias: altos ín-dices de desperdício de material, rea-proveitamento quase nulo e baixaprodutividade da mão-de-obra. Compouquíssimo ou nenhum planeja-mento, os ajustes das dimensões eramfeitos in loco e mais sujeitos a impre-cisões, o que trazia riscos à qualidadefinal da estrutura. Segundo o enge-nheiro Paulo Assahi – que pesquisouem seu trabalho de mestrado os siste-mas de fôrmas para estruturas deconcreto –, com a intenção de buscara redução dos custos de produção, a

melhoria da produtividade e do apro-veitamento da madeira na obra, o en-genheiro Toshio Ueno desenvolveuna época um sistema de fôrmas em-basado na aliança dos conhecimentosda engenharia civil e das experiênciaspráticas nos canteiros de obras.

Com esse sistema, finalmentetodas as peças de madeira do sistemade fôrmas e cimbramentos passarama ser previamente projetadas. Os de-senhos passaram a ser entregues aomarceneiro, que já confeccionava aspeças em suas dimensões finais. Oprojeto incluía, ainda, as seqüênciasdetalhadas de montagem e os proce-dimentos necessários para a inspeçãoda estrutura pronta. Eliminava-se,portanto, o acerto das dimensões du-rante a montagem das fôrmas. Basta-

Muitos fabricantes de fôrmas (foto) e cimbramentos metálicos desembarcaram noBrasil após a estabilização da economia

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F Ô R M A S – E S P E C I A L 6 0 A N O S

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va encaixar as peças prontas umasnas outras, ajustando-se os encon-tros entre elas. Surgiu, também, aprática do escoramento residual – adistribuição estratégica de escorasque permitia a retirada de até 90% dafôrma que seria utilizada nas concre-tagens seguintes. Num primeiro mo-mento, o procedimento previa o po-sicionamento dessas escoras entretrês e cinco dias após a concretagem,pouco antes do descimbramento daestrutura. Tempos depois passou-se aposicionar essas escoras antes ou du-rante as concretagens das vigas elajes, para se obter a distribuiçãomais adequada dos carregamentos.Hoje, ambas as práticas são adotadas:os que adotam a primeira acreditamser saudável para a estrutura sofreruma breve deformação nas idadesprematuras; os defensores da segun-da prática são mais cautelosos e pre-ferem "aliviar" a carga sobre elemen-tos recém-moldados. Esse, aliás, é um

dos pontos polêmicos que está sendodebatido pelo grupo que elabora anorma de fôrmas.

De qualquer forma, com a siste-matização dos procedimentos,obteve-se um salto de qualidade. Em poucosanos, notava-se uma redução signifi-cativa do tempo gasto pelos trabalha-dores na montagem do conjunto.Racionalizou-se, também, a utiliza-ção dos materiais. Antes da introdu-ção desse sistema, desenvolvido peloengenheiro Toshio Ueno, a produçãode uma laje por semana consumianormalmente três jogos inteiros defôrmas. Um consumo alto de madei-ra, se comparado com a economiaproporcionada pelo novo sistema.Com ele, bastava apenas um jogo defôrmas e três de escoramento rema-nescente, que permitiam a desmon-tagem dos moldes. Na inspeção daestrutura de fôrmas pronta, tambémse ganhava mais tempo. Como aspeças já eram previamente montadas

nas medidas exatas, bastava checarse elas estavam corretamente mon-tadas, sem frestas entre elas. Nãoeram mais necessários instrumentosde medição durante a montagem.Assim, a geometria perfeita ainda ga-rantia a economia em outras etapasda obra, como a redução de perdasde concreto incorporado às vigas, pi-lares e lajes.

Mais reaproveitamentosEm meados da década de 1970, a

construção civil ainda vivenciava ummomento de vultosos investimentospúblicos em grandes obras de infra-estrutura. Expandiam-se, também,as construções de grandes conjuntoshabitacionais padronizados. Comisso, era possível estabelecer o iníciode um sistema de construção indus-trializado, baseado na repetitividadedos empreendimentos. Nesse mo-mento, o mercado brasileiro começa-va a apresentar maior demanda por

A sistematização dos projetos de fôrmas de madeira, que trouxe ganho de produtividade e redução de perdas foi um dosprincipais avanços na área

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sistemas de fôrmas mais duráveis,que pudessem ser utilizados na cons-trução de mais de um edifício. Comoalternativa às até então tradicionaisfôrmas de madeira, surgiram no Paísas primeiras fôrmas metálicas, pro-duzidas em aço ou alumínio, quemultiplicavam o número de usospossíveis até então.

O setor viria a conhecer umagrande expansão na segunda metadeda década de 1990. O contexto mun-dial era o de expansão das atividadesdas grandes multinacionais, que pro-curavam migrar para os mercados in-ternacionais que lhes proporcionas-sem maior rentabilidade durante ochamado processo de "globalização".Nessa época o Brasil acabava de pas-sar por uma reforma econômica emonetária que conseguira controlar ainflação e colocar dólar e real próxi-mos da paridade. Aproveitando obom momento econômico regional,fabricantes de fôrmas começavam adesembarcar no Mercosul – e, princi-palmente, no Brasil – para participardo setor da construção civil local.Como noticiava a Téchne no 30, no bi-mestre de setembro/outubro de 1997,"pelo menos seis empresas gigantes

dessa área estão aportando no Brasil,diretamente ou por meio de associa-ção com empresas nacionais, trazendotecnologia, equipamentos e formas depagamento e locação pouco comunsaté então". Os sistemas metálicos in-dustrializados de fôrmas e cimbra-mento, segundo a revista, valiam-sedas certificações européias, das cha-pas compensadas finlandesas (maisespessas e com revestimentos nãodisponíveis no Brasil até o momento)e dos materiais empregados em suaspeças para cumprir a promessa deaumentar em 20 vezes o reaproveita-mento de fôrmas tido como usual nasobras brasileiras.

Em julho de 2005, quase dez anosdepois da chegada dessas novas tec-nologias, Téchne mostrava que, longede serem concorrentes, as fôrmasmetálicas e de madeira atuam em ni-chos bastante distintos. A matériaalertava para a necessidade de colo-car no papel, lado a lado, os custosglobais da adoção de cada um dossistemas. "A primeira conta a ser feitaé a do custo em função do prazo. Ouseja, considerar quanto custa alugaras fôrmas metálicas durante o perío-do previsto para a execução. Na se-

qüência, considerar o quanto se gastapara fabricar fôrmas de madeira,sempre levando em conta que cadajogo costuma render, no máximo, 20reutilizações." Além disso, lembravaa necessidade de comparar a produ-tividade da mão-de-obra. "Enquantoo sistema de madeira apresenta pro-dutividade média de 1 m²/hh, os sis-temas metálicos podem atingir até 5m²/hh. No entanto, as últimas nor-malmente necessitam de equipa-mentos de transporte, o que repre-senta custos adicionais."

A última vez em que a revistatocou no assunto foi há exatamenteum ano, com uma edição inteira de-dicada ao tema. Em entrevista, NiltonNazar destacava a importância dopapel do projetista de fôrmas na or-ganização do processo construtivodas estruturas. Cada uma das tecno-logias consagradas no País tambémteve uma matéria exclusiva abordan-do as melhores práticas de execução:madeira, metálica, plásticos e siste-mas trepantes. As fôrmas alternati-vas, como as de papelão, EPS e OSB(Oriented Strand Board) também ti-veram espaço na publicação.

Renato Faria

Reescoramento – ou "escoramento remanescente" – é ponto polêmico na elaboraçãoda nova norma de fôrmas e cimbramentos

Fôrmas metálicas podem se popularizarnos próximos anos, com aumento dasobras residenciais populares, em que arepetitividade é o forte

Confira outras reportagens da Téchne sobre fôrmas em www.revistatechne.com.br

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Torres econômicasProjetos padronizados minimizam perdas de material e de produtividadecom cortes de alvenaria e revestimento, mas industrialização completadepende de barateamento dos pré-fabricados

Neste ano, estima-se que o setor daConstrução Civil brasileira apre-

sentará um crescimento da ordem de10%,segundo o SindusCon-SP (Sindi-cato da Indústria da Construção Civildo Estado de São Paulo). Uma parcelaconsiderável desse crescimento se de-verá ao aquecimento do mercado dehabitação para população de baixa

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renda, estimulado pela abertura denovas linhas de crédito a juros baixos eem prazos longos. Direcionados às fa-mílias com rendimentos mensais entrecinco e 12 salários mínimos,os chama-dos edifícios "econômicos" e "supere-conômicos" serão compostos por uni-dades comercializadas com preços quevariam entre R$ 50 mil e R$ 150 mil.

Com um valor final de venda tãobaixo, a margem de lucro por edifício étambém pequena. A lucratividade donegócio para o construtor estará naprodução das unidades em larga esca-la. Por isso, as construtoras que preten-dem ingressar nesse novo mercadosabem que não terão sucesso se não in-vestirem no detalhamento inicial dos

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projetos de seus empreendimentos,que serão executados às centenas emtodo o País.

Para aproximar-se ao máximo deum processo industrial de produção,aprimeira preocupação que se deve teré com o desenvolvimento do protóti-po do produto. Mais do que em qual-quer outro tipo de empreendimento,o que definirá as tecnologias e as solu-ções de um conjunto de edifícios eco-nômicos é o seu orçamento final. Parareduzir os custos com a elaboração deum novo projeto arquitetônico a cadanovo conjunto construído, são desen-volvidas tipologias básicas para seremutilizadas em todos os casos. SegundoYorki Estefan, diretor de construçãoda Cytec (antiga Cyte), joint venturecriada por Cyrela e Tecnum paraconstruir habitações econômicas, aempresa desenvolveu sete tipologiaspara seus empreendimentos em seismeses; cada uma exigiu cerca de qua-tro meses para ser elaborada.

Para as novas ingressantes noramo, o maior inibidor para a repeti-tividade nessa etapa do empreendi-mento talvez sejam as legislações mu-nicipais. Dimensões mínimas dos cô-modos, de pé-direito, segurança con-tra incêndio variam de cidade para ci-dade e obrigam os engenheiros aadaptar os projetos conforme as exi-gências locais, gerando custos extrasao empreendimento e reduzindoainda mais a margem de lucro. "Comoatingir a padronização se aqui na ci-dade vizinha existe outro código deobras? É uma irracionalidade legisla-tiva", queixa-se Estefan.

A MRV Engenharia já atua há 28anos nesse mercado. Não à toa, seusprocessos de produção têm sido deta-lhadamente estudados pelas novasempresas concorrentes. Ao longo des-ses anos, a construtora mineira con-tornou o problema da variação das le-gislações locais desenvolvendo um ex-tenso banco de projetos arquitetôni-cos, que são "encaixados" conforme asexigências específicas de cada uma das51 cidades onde atua. Como as carac-terísticas básicas dos empreendimen-tos não mudam, também são necessá-rios poucos ajustes nos demais proje-

tos, como os estruturais e de instala-ções. "Em 30 dias já temos pratica-mente tudo pronto", revela EduardoFischer, diretor de produção da MRV.

Sem riscosOs sistemas construtivos rápidos

são os mais desejáveis, pois permi-tem ganho de escala e, como conse-qüência, redução de custos de cons-trução. Do ponto de vista econômi-co, o professor da Escola Politécnicada USP, Ubiraci Espinelli Lemes deSouza, lembra ainda que, comogrande parte dos proprietários dosnovos apartamentos compra os imó-veis ainda na planta, o ideal para aconstrutora é estender ao máximo ointervalo entre os momentos davenda do imóvel e do início dasobras. "Nesse período, o capital estárendendo; por isso, a execução velozé sempre desejável", explica.

Nesse início de boom do mercadode baixa renda, as grandes construto-ras dão seus primeiros passos em solofirme, com responsabilidade e seminovações mirabolantes. O partidoestrutural predominante nos primei-ros empreendimentos é a alvenariacom blocos de concreto estruturais,de desempenho bem conhecido."Não vamos reinventar a roda", co-menta o engenheiro Marcelo Souza,diretor de operações da Fit Residen-cial – marca criada pela Gafisa para osegmento popular. Segundo o enge-nheiro, o sistema se mostra mais ade-quado por aliar baixo custo de cons-trução ao reduzido ciclo de produ-ção. "A gente consegue pular algumasetapas, não é necessário executar pri-meiro a estrutura e, depois, a alvena-ria", afirma. "As duas coisas são feitasao mesmo tempo e já abre espaçopara a execução dos revestimentosnos pavimentos prontos." Não existeum número mínimo de unidades aserem construídas para tornar o em-preendimento economicamente viá-vel, pois isso dependerá de fatorescomo a localização do imóvel ou o ta-manho do terreno. No entanto, osconstrutores ouvidos pela Téchne es-timam um "número mágico" entre300 e 500 unidades por conjunto.

Se os estudos demonstrarem viabilidadeeconômica das paredes de concreto,construtoras deverão adquirir suaspróprias fôrmas metálicas

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Quanto menor o númerode tipos de blocosdiferentes, maior

a produtividade obtida

Produção em larga escalatornará possível compra

de equipamentosnormalmente alugados

Alvenaria estrutural é osistema construtivo

mais adotado emedifícios econômicos

Na medida do possível,instalações hidráulicas são

pré-montadas no térreopara evitar improvisos

durante a execução

Dimensões mínimasdos ambientes variamde cidade para cidade,dificultando padronizaçõesde projetos

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Nos últimos meses, missões parti-culares e lideradas pela ABCP (Asso-ciação Brasileira de Cimento Por-tland) visitaram Chile e Colômbiapara conhecer as técnicas de execuçãode conjuntos residenciais com pare-des de concreto, sistema que vemsendo aplicado com sucesso nessespaíses. Tanto a Cytec quanto a Fit Re-sidencial estudam a viabilidade deemprego do sistema em empreendi-mentos futuros.

Segundo o engenheiro Luiz Hen-rique Ceotto, que participou da ela-boração da Norma de Desempenhopara edificações residenciais de atécinco pavimentos, os construtoresque optarem por esse sistema devemestar atentos a itens importantescomo o conforto térmico e acústicodos apartamentos. "As paredes nãopodem ser pouco espessas", alerta.Como o concreto apresenta alta con-dutibilidade acústica, mesmo peque-nos ruídos poderiam ser ouvidos emoutros ambientes do mesmo pavi-mento e em pavimentos contíguos.

Apesar da demanda por constru-ções rápidas, as estruturas industriali-zadas ainda não têm entrado nos pla-nos das empresas na execução de edi-fícios. Segundo os construtores, ocusto do aço ainda inviabiliza a con-cepção dos empreendimentos em es-truturas metálicas ou em steel frame.Da mesma forma são encarados ospré-fabricados de concreto. "O pro-blema dos pré-fabricados são os im-postos que incidem sobre os produ-tos. Essa carga tributária incentiva ouso de trabalho manual no canteiro",comenta Yorki Estefan, diretor deconstrução da Cytec. "Hoje, esses ele-mentos são usados apenas nas esca-das de nossas construções", conta.

RacionalizaçãoCom uma margem de lucro tão

apertada, as empresas não poderãoadmitir altos índices de perda de ma-terial em suas obras. Por isso, os pro-jetistas terão de buscar cada vez maisa racionalização de seus projetos.Mo-dulação de projetos de revestimentose de alvenaria são lições básicas. "Osambientes são pensados de maneira a

diminuir as perdas", explica MarceloSouza, da Fit. "Eles são dimensiona-dos para que os revestimentos de azu-lejos, por exemplo, se encaixem pre-cisamente na parede e precisem do mí-nimo possível de recortes." Yorki Este-fan, da Cytec, segue o mesmo discurso."Diminuímos ao máximo os tipos deblocos utilizados. Quanto maior o nú-mero de blocos diferentes usados du-rante a execução, menor a produtivi-dade obtida no serviço", explica.

O projeto executivo do empreen-dimento deve ser elaborado em deta-lhes, de forma a se obter um micro-planejamento. "Nossa preocupação éfazer com que quem executa uma ati-vidade não dependa de outras ativi-dades. Por exemplo, o instalador dealvenaria depender do instalador hi-dráulico", explica Yorki. Nas obras daFit, procurou-se criar uma linha demontagem até para as instalações hi-dráulicas. Para não dar margens a im-provisações durante a execução dastubulações, as peças são pré-mon-tadas e pré-testadas no térreo antes deserem enviadas como "kits prontos"ao local do serviço. "É uma forma deevitarmos patologias", explica Marce-lo Souza.

Característica de empreendimen-tos de alto padrão, a possibilidade demodificação das disposições do apar-tamento antes de sua construção estápraticamente descartada. "Apenas noFit Jaçanã, em São Paulo, demos apossibilidade de optar pela cozinhaamericana ou tradicional. Foi um di-ferencial competitivo que demos aoempreendimento, já que temos con-correntes na cidade que oferecem essa

opção", revela Souza. "Mas isso não éo ideal do ponto de vista da produti-vidade", afirma.

Renato Diniz, diretor de Negó-cios da construtora Rossi, conta quea construtora também oferece a pos-sibilidade de abertura de algumasparedes, como as que separam quar-to e salas. "Tem que fazer uma análisede custo–benefício. Quanto mais sesobe o preço, mais diminui a quanti-dade de pessoas que podem com-prar", explica.

Nos sistemas com paredes deconcreto, Ceotto teme pela falta deflexibilidade de alteração das instala-ções prediais. "Se elas são embutidas,até a manutenção fica prejudicada",analisa, lembrando que os moradorespoderiam forçar intervenções quecolocariam em risco a segurança es-trutural de todo o edifício. O ideal,segundo o engenheiro, seria a utiliza-ção desse sistema apenas nas paredesexternas, com o emprego de drywallnas divisões dos ambientes.

Materiais e equipamentosO modelo desenvolvido pela

MRV prevê parcerias com fornece-dores de materiais de construçãopara adquirir os insumos em grandesquantidades, o que é possível graças àpadronização dos empreendimentos.Da mesma forma, as parcerias são es-tabelecidas com os escritórios de pro-jetos, que com o tempo se tornammais familiarizados com os produtosda empresa e, conseqüentemente,mais produtivos. "Temos um proje-tista estrutural que trabalha conoscotodos esses 28 anos", conta Fischer.

A perspectiva de lançamentos denovos empreendimentos em longoprazo e a consolidação dos métodosconstrutivos aumentarão a demandapor máquinas e equipamentos. Paranão ficarem suscetíveis a crises defalta desses produtos no mercado delocação, as construtoras já começama planejar a aquisição desses itens."Estamos fazendo algumas pesquisasde mercado para, em 2008, talvez in-vestir na compra de fôrmas", contaMarcelo Souza, da Fit.

Renato Faria

Ambientes são dimensionados paraevitar cortes nos azulejos, reduzindoo desperdício de material

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Estrutura metálica

Os sistemas construtivos metálicosatendem às exigências de desempenhoestrutural e rapidez de montagem,características muito bem-vindas para aexecução de edifícios populares.Fornecidos em kits por algumasempresas, os edifícios têm entre quatro esete pavimentos, cada um com quatroapartamentos com plantas pré-projetadas. Cada unidade possui área útilcom cerca de 40 m², que incluem sala,cozinha, dois dormitórios, banheiro e áreade serviço. O sistema permite a adoção dediferentes sistemas de alvenaria e derevestimentos. A solução, entretanto,perde espaço no mercado nacional emfunção do preço do aço. Para que o ganhode tempo obtido na execução da estruturanão seja perdido no fechamento, o ideal éaliar a solução estrutural a sistemas defechamento industrializados, comopainéis de concreto pré-moldados. O kitpossibilita maior limpeza do canteiro deobras e reduz as perdas de materiaisdurante a execução da estrutura.

Steel frame

As construções com perfis leves têmbasicamente as mesmascaracterísticas das estruturasmetálicas tradicionais. O sistema podeser aplicado em edificações baixas, deaté quatro andares, e reduzem otempo de construção em mais de 30%.Os perfis metálicos, de até 1,25 mmde espessura, são unidos porparafusos autobrocantes e ofechamento é executado com chapasOSB (Oriented Strand Board), drywallou placas cimentícias. Edifícios dequatro pavimentos, com um total de16 apartamentos, podem serconcluídos e entregues em até 90dias. Contra o sistema pesa, além docusto dos perfis de aço, a falta decultura no País de construção em steelframe, muito difundida nos países daAmérica do Norte.

Paredes de concreto

O sistema já é dominado por paíseslatino-americanos, visitados porconstrutores brasileiros interessadosem conhecer de perto a técnicautilizada nessas regiões. Por lá, atecnologia é utilizada tanto emedifícios populares como emconstruções de médio e alto padrão.Com a expansão do mercado dehabitação popular e o crescimentoda demanda por sistemasconstrutivos de rápida execução, aelaboração de projetos de edifícioscom paredes estruturais de concretodeve ser uma alternativa viável paraum futuro bem próximo. Com a

produção de unidades em grandeescala, os custos de execuçãotendem a cair. A solução também gerapoucos resíduos no canteiro e exigemenos mão-de-obra. É necessário uminvestimento inicial mais alto naaquisição de fôrmas metálicas, masele é recuperado tão mais rápidoquanto maior a repetitividade obtida.Um dos inconvenientes do sistema éa pequena flexibilidade deintervenção nas instalaçõesembutidas nas paredes,principalmente. A viabilidade dosistema dependerá, ainda, dos preçosdo concreto praticados no mercado.

Alvenaria estrutural

Sistemas Construtivos

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Atualmente, o sistema estruturalpreferido dos construtores queentram no mercado, já quepossibilita a execução simultânea da vedação e da estrutura. Alémdisso, os pavimentos prontos sãorapidamente liberados para aexecução dos revestimentos. Nessesistema construtivo, quanto maisdetalhado o projeto, principalmenteo executivo, menor o risco decomprometer o orçamento da obracom perdas de material. Para reduzi-las, fachadas e ambientesinternos devem ser dimensionadosde maneira a evitar cortesdesnecessários de blocos. A execuçãodas instalações também deve serbem planejada, para reduzir anecessidade de recortes na alvenaria.

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Horizonte planejado

Produzir condomínios horizontaispara baixa renda é um desafio que

envolve os departamentos de orça-mento e, principalmente, de engenha-ria. Se a intenção é vender casas ouapartamentos em edifícios de até qua-tro andares – a definição de residênciahorizontal – para famílias com rendaaté 12 salários mínimos,é imprescindí-vel enxugar o orçamento.

Há algumas maneiras de reduzircustos de produção sem colocar emrisco o desempenho do produto final.Aprimeira delas – difundida pela indús-tria convencional,sobretudo a eletrôni-ca – é, justamente, tratar o resultadodos trabalhos da construção civil comoum produto de fato. O que significa au-mentar ao máximo a industrialização,simplificando processos, para, simulta-neamente, viabilizar a repetição maciçade fórmulas que se mostrem adequa-das. "Quanto maior a igualdade, me-

Projeto e execução de condomínios horizontais para baixa renda exigematenção especial à logística, simplicidade construtiva e eliminação de etapas

lhor o resultado.É essencial que se bus-que a industrialização", pontua o con-sultor Salvador Benevides.

Ele, no entanto, reconhece que asconstrutoras ainda não encontraramuma forma de caminhar nesse novomercado que trabalha com milhares deunidades. "É um mercado rico em de-manda, mas há pouca experiência paraatender tal volume", alerta. A estratégiaapontada é diluir os altos investimentosiniciais em sistemas industrializados erepetitivos em meio a esses milhares deunidades a serem construídas.

Nesse momento é possível perce-ber a importância de construir numavelocidade adequada. Além de otimi-zar o uso de equipamentos e mão-de-obra, permite obter ganhos com a ma-nipulação do capital. Ou seja, enquan-to a construtora distancia a execuçãoda venda – o início do recebimento doinício dos gastos – consegue obter ren-

dimentos adicionais. "A velocidadenão é mais inversamente proporcionalao custo", observa Benevides.

No entanto, é importante notarque construir o mais rápido possívelpode não ser o ideal. Quem alerta paraessa questão é o diretor de Negócios daRossi, o engenheiro Renato Diniz. Paraele é melhor manter uma constânciaexecutiva do que alternar picos de tra-balho e tempos de ociosidade da mão-de-obra que levem a alterações nasequipes dos empreiteiros. Dessa formaé possível reduzir os custos dos sub-contratados e, assim, os próprios aonegociar melhores condições.

Tecnologia e planejamento"É um mercado bem diferente da-

quele que prega a flexibilização e opleno atendimento ao cliente", ressaltaEspinelli referindo-se à incompatibili-dade entre produção em série e perso-

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Condomínio Villa Flora, da Rossi, em Sumaré (SP)

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FerramentasAndaime

Escantilhões

Acesso

Bloco de concretoempilhado corretamente

e próximo a aplicação

Blocoelétrico

Aço paraalvenaria

Fonte: Renato Diniz, diretor de negócios da Rossi

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Energia

Central de betoneiracoberta e móvel

Cronograma curto,a obra ainda estafazendo terraplenagemmas já iniciou outrosserviços.

Água

Grout

Baias montadas,com agregadose próximas

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nalização. "Até acho que no futuro ha-verá quem tente e viabilize a flexibili-zação", aposta.Atualmente, o máximoque algumas empresas têm feito é pre-ver futuras ampliações para as casas.

Num mercado tão diverso do con-vencional, alguns dos conceitos queditam as regras da construção civil sãorevisados. Nesse mercado para a baixa

renda, os talentos da engenharia nãosão postos à prova na exceção, nosprojetos suntuosos, mas na capacida-de de repetição isenta de erros. Ao sa-lientar que o equacionamento de cus-tos baixos exige muito projeto, plane-jamento e controle em volume, o pro-fessor da Poli é taxativo: "empresaruim não terá espaço". Mesmo que

seja possível ajustar detalhes ao longoda execução, o investimento em proje-to é maior no início para evitar a disse-minação de erros em escala. "É um de-safio obter desempenho com poucoespaço, pouco dinheiro e poucotempo, atendendo tanto o incorpora-dor quanto o usuário final", comentao arquiteto Gil Carvalho, do escritórioDávila Arquitetura.

Dessa maneira, a construção deprotótipos que permitam percebereventuais problemas construtivos, deinterface, é comum nesse mercado.Uma vez que o modelo almejado serárepetido à exaustão, torna-se propor-cionalmente menos oneroso testar al-ternativas antecipadamente. Aindamais porque em decorrência da menormargem de lucro não há fôlego finan-ceiro para eventuais manutenções.

O desenvolvimento de projetos domodelo adotado pela Bairro Novo,por exemplo, para construção de uni-dades econômicas levou seis meses,conta Marcelo Moacyr, diretor deconstrução dessa joint venture estabe-lecida entre Odebrecht Empreendi-mentos Imobiliários e Gafisa. Esse pe-

A Rodobens tem trabalhado para ossegmentos que recebem de cinco adez salários mínimos. Qual o customédio de construção de uma unidadevoltada para essa faixa de renda?O custo médio e o valor de venda variamem função do preço do terreno e do custoda infra-estrutura, mas em média temos,para uma casa de 57 m2 de área útil, ocusto de R$ 49,3 mil. Isso sem considerarterreno, mas incluindo o custo deconstrução, da infra-estrutura urbana e delazer e todo o custo de incorporação elegalização. O valor de venda para aentrega da casa em um ano gira em tornode R$ 86,7 mil.

Quais foram as principaisadequações de projeto e execuçãopara enxugar os custos?O enfoque maior não é relativo à reduçãodo custo propriamente dito, e sim naadoção de um sistema que permita a

execução de um grande volume de casasnum curto espaço de tempo. Todavia,relacionamos a diminuição dos custos àeliminação dos serviços de chapisco,emboço e reboco de paredes, eliminação deretirada de entulhos e a velocidade deexecução que o sistema propicia com aconseqüente redução de despesas indiretas.

Quais tecnologias construtivas foramadotadas para reduzir os custos? Execução de fundações tipo radier eexecução de paredes com concretoaerado auto-adensável aplicado emmoldes de plástico ou alumínio,possibilitando paredes já prontas para apintura, colocação de azulejos eacabamentos finais. A cobertura é detelhas cerâmicas apoiadas em estruturasmetálicas e forro de gesso acartonado.

Quais os principais problemasenfrentados quando da execução?

Os problemas de execução ocorreramdurante a fase de protótipo, quando oconhecimento e a prática ainda eraminsuficientes, e também na corretaformulação do concreto, que precisa garantirresistência, trabalhabilidade, isolamentotérmico e acústico e isenção de retração.Outra questão foi relativa à definição damelhor opção de fôrma e o domínio da suaoperação. Hoje temos em ambos os casoscontrole da operação e permanecemos emconstante evolução, graças aos acordosfirmados com nossos parceiros fornecedores.

Adequações econômicas

Geraldo Cêstadiretor técnico da Rodobens NegóciosImobiliários

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Por ser bastante conhecida, com desempenho atestado e execução simples, aalvenaria estrutural é opção corriqueira entre imóveis econômicos enquanto nãosurgem tecnologias inovadoras

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ABCP

Equipamentos que antes poderiam ser caros para aquisição, como fôrmas metálicas,tornam-se indispensáveis para viabilizar tecnologias como a das paredes de concreto

O que deve ser considerado no projeto eexecução de casas com baixo custo�Combate ao retrabalho e à manutenção� Flexibilidade de adaptação de projeto adiferentes condições climáticas, padrõesculturais e legislações�Redução no consumo de insumos enão-geração de resíduos�Padrão de acabamento�Ganho de escala�Adequação da velocidade construtiva� Logística de canteiro

Pontos importantes

Fonte: Guanandi - WTorre

ríodo serviu para definir processos,atender diferentes legislações e adap-tar vãos, obtendo melhores pagina-ções de fôrmas, revestimentos, esqua-drias e portas. "Priorizamos a utiliza-ção de elementos-padrão, com o mí-nimo de elementos especiais", salienta.

A empresa trabalha com paredes elajes de concreto moldadas simulta-neamente com o uso de fôrmas dealumínio. Essas dispensam revesti-mentos e já embutem detalhes de fa-chada. As fundações são em radier oubaldrame de concreto. Essa metodo-logia é adotada para casas de dois etrês dormitórios geminadas e edifí-cios de até quatro andares, considera-dos edificações horizontais. Moacyrconta que, comparando casas e apar-tamentos, o custo por metro quadra-do de área privativa é praticamente omesmo, havendo diferenças mais sig-nificativas no que diz respeito à com-plexidade das fundações.

Quando questionado sobre a pos-sibilidade de utilizar alvenaria estrutu-ral, Moacyr conta que o estudo de ou-tras possibilidades executivas esbarraem fatores culturais. Como realizampesquisas de percepção e aceitação dopúblico, perceberam que "existemprocessos que ainda são rejeitados".Em paralelo,nesse caso específico,alémde a alvenaria estrutural não propiciarmuita vantagem econômica,as paredesde concreto garantem controle dimen-sional, velocidade e menor demandapor mão-de-obra. Nesse caso, ao con-trário do afirmado anteriormente, é"obrigatório ter velocidade ou a contanão fecha", o que demonstra que asconstrutoras ainda estão definindo asmelhores soluções de acordo com seusmodelos de trabalho.

Outros importantes gargalos daconstrução de casas em escala indus-trial são as coberturas e o próprio ter-reno. As primeiras devem ser pensa-das para que custem pouco, tenhambom desempenho, com ausência demanutenção, e que sejam fáceis deexecutar. "Numa casa de acabamentossimples, a cobertura pode ser o itemmais caro", alerta Ubiraci Espinelli. Jáos terrenos, escassos, podem apresen-tar problemas para as fundações, exi-

gindo soluções onerosas demais. Nes-ses casos, um terreno ruim pode in-viabilizar um empreendimento.

Logística específicaA relação com o espaço do terreno

está dentre as maiores diferenças entreprojetos verticais e horizontais, assimcomo a seqüência executiva. Enquan-to um prédio multipavimentos con-centra a execução num espaço peque-no, a construção de unidades horizon-tais é espalhada em grandes loteamen-tos. No caso de um prédio também émais fácil saber quais etapas serão rea-lizadas, pois os processos são cíclicos.

Quando as unidades não estãoempilhadas e a construção de umanão depende da conclusão do pavi-mento inferior, o planejamento logís-tico deve, obrigatoriamente, ser dife-rente. Eis aí uma importante variávelcaracterística de empreendimentos

horizontais. "Não se pode subestimaro transporte, pois as distâncias ficammuito grandes", alerta Espinelli. "Adistribuição deve ser pontual, nãocentralizada", recomenda.

Ressurge aí, com grande impor-tância, a figura do projeto de proces-so. Os planejamentos devem conside-rar desde o layout do canteiros até omicroplanejamento de execução ecronogramas, com previsão de ferra-mentas de controle. "Temos de descera níveis bastante detalhados de obser-vação", recomenda Espinelli. Ao pla-nejar é possível desenvolver sistemas eprocessos mais inteligentes, que de-mandem menos gestão. "É um mo-mento muito rico. Acho que vamoscomeçar a fazer efetivamente tudo oque sempre foi pregado pela boa en-genharia", aposta.

Condomínios horizontais deman-dam mais investimentos em urbanis-mo e infra-estrutura urbana. Emboranão seja possível determinar umaquantidade ideal de unidades paraobter o melhor retorno, grandes volu-mes ajudam a diluir esses investimen-tos. Para os compradores, ter muitosvizinhos pode significar valores deprestação e de condomínio reduzidos.Isso especialmente se forem previstosequipamentos de uso comum que au-xiliem na redução de gastos, comomalls de lojas e creches. "Esses condo-mínios se tornam grandes comunida-des e têm que dar condições para queas pessoas morem bem, com lazer ebaixos custos", afirma Gil Carvalho.

Bruno Loturco

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INTERNACIONAL

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A crescente facilitação de acessoao crédito imobiliário tem em-

purrado a indústria da construçãocivil para um caminho bastante di-verso daquele trilhado até então. Emvez de um número restrito de em-preendimentos de médio e alto pa-drão, ganham campo produtos que

Missão ColômbiaBusca por formas de baratear e agilizar a construção de unidadeshabitacionais leva engenheiros a Bogotá para observar tecnologiajá conhecida, mas pouco disseminada

atendem às camadas sociais de rendamais baixa.

De acordo com estimativas daABCP (Associação Brasileira de Ci-mento Portland), a expectativa é deque a demanda cresça gradualmenteaté atingir um patamar de 1,5 milhãode unidades construídas anualmente

em 2012. Atualmente o déficit habi-tacional é de cerca de sete milhões demoradias, sendo que "para os gruposmenos favorecidos – os 12% maispobres da população brasileira –, es-tima-se uma necessidade de cerca de1,6 milhão de novas casas entre 2007e 2010". Os dados são do estudo da

Enxutos e de construção rápida, os apartamentos de interesse social colombianos custam pouco mais de R$ 22 mil e contam comsubsídios governamentais

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FGV Projetos, O Crédito Imobiliá-rio no Brasil – Caracterização e De-safios, de março de 2007.

Para suprir tal demanda há quese buscar alternativas aos sistemasconvencionais. Mesmo porque ossistemas construtivos mais comunsatualmente não teriam, em princí-pio, condições de atender ao volumede obras. Para evitar problemas coma oferta de mão-de-obra, equipa-mentos e projetos, faz-se necessáriobuscar industrialização.

O gerente do IBTS (InstitutoBrasileiro de Telas Soldadas), JoãoBatista Rodrigues da Silva, afirmaque o setor que representa ainda re-gistra alguma ociosidade produtiva,mas que, mesmo assim, as maioresempresas já planejam expansões. AAbesc (Associação Brasileira dasEmpresas de Serviços de Concreta-gem) afirma que suas associadasestão preparadas para absorver umcrescimento de até 20% no próximoano. "Nosso problema não é dosa-gem, é caminhão, mas estamos com-prando equipamentos", sentenciouseu presidente, Wagner Lopes.

Missões técnicas têm sido orga-nizadas pelas principais entidadesrepresentativas da construção civil.A própria ABCP já havia ido ao Mé-xico, em 2002, ao Chile e também àColômbia, já nesse ano, para conhe-cer protótipos e tecnologias cons-trutivas. Entre os últimos dias 4 e 6de dezembro uma nova missão visi-tou a Colômbia para melhor obser-var a construção de unidades habi-tacionais com paredes de concreto.

A escolha pelo país do presiden-te Álvaro Uribe, em detrimento doChile, se deu devido às semelhançascom o Brasil no que diz respeito aodéficit habitacional. "Aprimoraramprocessos construtivos, buscandovelocidade, daí a utilização de pare-

Após a colocação de todas as armaduras do pavimento, assim como de todas asinstalações elétricas e hidráulicas, as fôrmas são posicionadas para receber o concreto

Busca por industrialização esbarra na falta de racionalidade e organização doscanteiros colombianos

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I N T E R N A C I O N A L

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des de concreto em tipologias de di-ferentes segmentos", justifica AryFonseca Júnior, da ABCP.

Também alguns dos custos daconstrução colombiana são seme-lhantes. Baseados apenas na expe-riência profissional – e não em dadosoficiais –, os engenheiros nativoscontaram que cada metro quadradoconstruído custa cerca de US$ 150 eque o metro cúbico do concreto valeaproximadamente US$ 120. As refe-rências são para unidades habitacio-nais de 50 m2.

Missão técnicaA Téchne esteve presente nessa

missão, que visitou obras na RegiãoMetropolitana de Bogotá cujos parti-dos estruturais são totalmente basea-dos nas paredes de concreto, molda-das com fôrmas de alumínio. Os obje-tivos das construtoras que adotaram osistema são aumentar a produtivida-de, reduzir a quantidade de mão-de-obra e aumentar a velocidade de exe-cução. Os benefícios nesse sentidodevem compensar os investimentosnecessários para compra das fôrmas.

Foram visitadas obras de diversosestratos sociais,de cinco a 18 pavimen-tos e valores de venda variáveis entreR$ 22 mil e R$ 190 mil, todas com pa-

redes de concreto. Fonseca, da ABCP,afirma que o sistema traria mais com-petitividade por ser uma alternativa àexecução de paredes com blocos deconcreto ou painéis pré-moldados.

A primeira obra visitada foi conce-bida pela Metrovivienda, uma empre-sa pública que promove a construção eaquisição de moradias de interesse so-cial. Um prédio com térreo mais cincopavimentos e quatro apartamentos

por andar, cada um com 42 m2. Comapenas duas portas – a de entrada e ado banheiro –, os apartamentos têmparedes esbeltas, esquadrias em PVCcom vidros de 3 mm e instalações elé-tricas apenas nas paredes para simpli-ficar a execução.A cobertura dos apar-tamentos do último andar é em telhametálica tipo sanduíche, sem forro, e acaixa d'água fica no térreo, com bom-beamento contínuo.

Para baratear os custos, as esquadrias são de PVC e têm vidros com 3 mm deespessura. Instalações elétricas apenas nas paredes – e não nas lajes –simplificam processos

A portabilidade dos elementos estádentre as principais características dosistema, que dispensa equipamentosde transporte

Os painéis fechados e a possibilidade de concretar paredes e lajes ao mesmotempo levam à necessidade de um concreto mais fluido, mas nãonecessariamente auto-adensável

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�Arcindo Vaquero y Maior, consultor�Ary Fonseca Junior, ABCP (AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland)�Alexandre Moura, Inpar�Benedicto Aloysio Cyrino, CytecEmpreendimentos Imobiliários �Claidson Dias Correia, Senai (ServiçoNacional de Aprendizagem Industrial)�Cezar Batista de Faria, ConstrutoraEMCCAMP�Eduardo Pinheiro Campos Filho,Construtora EMCCAMP�Eliron Maja Souto Junior, RossiResidencial� Fernando Mehe Mathias, FMMEngenharia�Gustavo Zenker, FMM Engenharia� Francisco Celso Silva Rocha, PremoConstruções e Empreendimentos� Ivo Carlos Ferreira, FMM Engenharia� João Batista Rodrigues da Silva, IBTS(Instituto Brasileiro de Telas Soldadas)

Participantes da missão� José Jardim Junior, Abyara Planejamento Imobiliário�José Vaz de Oliveira, Construtora Modelo� Luis Felipe Zeeni Younes, Guanandi –WTorre�Mauricio Marcello Viegas, MacEmpreendimentos Imobiliários�Sandra Ralston, Guanandi – WTorre�Tarcisio Carvalho Prezia, MacEmpreendimentos Imobiliários�Thiago N. C. Bittencourt, Rossi Residencial�Vanessa Visacro, Sebrae-MG (ServiçoBrasileiro de Apoio às Micro e PequenasEmpresas de Minas Gerais)�Wagner Lopes, Abesc (AssociaçãoBrasileira das Empresas de Serviços de Concretagem)�Waltermino Pereira da Silva Junior, Inpar�Djaniro Silva, Santa Bárbara Engenharia� Fabio Matheus, WTorre Engenharia eConstrução�Gaspar Betancour, BKO

mas que não chega a ser auto-aden-sável, é desenformado após três dias ereescorado por 28 dias.

Com fôrmas e trabalhadores di-vididos por setores, a entrega das trêstorres ocorrerá em agosto. Outrastrês, no mesmo terreno e que aindanem começaram a ser levantadas,serão entregues em dezembro de2008. Os apartamentos têm de 90 m2

a 94 m2 e custarão, para o clientefinal, cerca de US$ 60 mil.

O jogo de fôrmas dessa obra, oprimeiro a ser adquirido pela cons-trutora em 1998, já conta 2.200 ciclosde concretagem desde então. Utili-zando desmoldante a cada concreta-gem, a única manutenção necessáriaé a limpeza com água.

Um último exemplo é o de umprédio de 13 pavimentos e 48 aparta-mentos cujo prazo de execução daestrutura é de seis semanas. Diaria-mente são lançados 63 m3 de concre-to nas fôrmas, o que significa a con-cretagem de dois apartamentos.Também nesse caso a execução é al-ternada, com metade dos pavimen-tos prontos a cada ciclo.

AdaptaçõesA viabilização dessa tecnologia no

Brasil não depende de fatores técnicos,mas de mercado. É o que afirma o ge-rente geral de construção da Cytec,Aloysio Cyrino. "Não é usado em largaescala no Brasil por fatores econômi-cos e de falta de produção em escala",afirma. Ele também alerta para o riscode uma disparada nos preços no casode um eventual incremento na de-manda. "A repetitividade deve viabili-zar a compra da fôrma, mas é necessá-rio precificar o processo", pondera.

Para Ary Fonseca, da ABCP, aúnica ressalva para adoção de siste-mas semelhantes no Brasil é a ausên-cia de fôrmas de alumínio. "Mastemos outras opções de fôrmas dis-poníveis aqui", ressalva. Outra vanta-gem apontada pela ABCP é a reduçãoda mão-de-obra necessária para exe-cutar vedações e revestimentos, poisé possível concretar paredes e lajes si-multaneamente.

Bruno Loturco

Com as fundações em sapata exe-cutadas até dois meses antes do inícioda estrutura, são concretados doisapartamentos por dia. No dia seguin-te, os vizinhos a esses. Mais um dia e aconcretagem ocorre acima dos doisprimeiros já desenformados.

Em outra obra, essa com 18 pavi-mentos e pertencente ao chamado es-trato 4 (o estrato 6, o mais alto, abran-ge os empreendimentos de altíssimopadrão), paredes com 15 cm e lajescom 10 cm de espessura compõem aestrutura. O concreto mais fluido,

Composta por construtores, representantes de associações e de instituições ligadas àconstrução civil, missão visitou Bogotá para observar tecnologia de paredes de concreto

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IMPERMEABILIZAÇÃO

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Construir e realizar intervençõesem estruturas subterrâneas são ta-

refas de extrema complexidade, queexigem engenharia apurada. Com aimpermeabilização de túneis não é di-ferente. O serviço requer especificaçãoadequada, deve estar respaldado emum projeto de impermeabilização eser acompanhado por rigoroso con-trole durante a execução.

Até pouco tempo, o assunto nãorecebia muita atenção. Acreditava-seque o concreto,por ser pouco permeá-vel, por si só bastaria para controlar aentrada de água. No entanto, emborao concreto projetado exerça um papelimportante no sistema de impermea-bilização da estrutura, na atual tecno-logia de execução de túneis ele nãopossui condições de garantir sozinho aestanqueidade e evitar umidade, gote-jamentos e infiltrações. "Estruturassubterrâneas estão em estado de mo-vimento permanente em função devariações de temperatura, mudançasde umidade, atividades tectônicas eoutras fontes de deformações. A con-seqüência disso no concreto são fissu-ras que abrem e fecham periodica-mente", conta o diretor técnico daGeocompany, Roberto Kochen.

"Quando falamos em túneis comoos construídos no Brasil, estamos tra-tando de estruturas contínuas, semjuntas, o que aumenta ainda mais apressão sobre o concreto", acrescentao professor Antônio Domingues deFigueiredo, da Poli-USP.

A necessidade de garantir túneismais duráveis e que assegurem o fun-

Túnel estanqueConheça os principais cuidados de projeto e execução deimpermeabilização de túneis

cionamento de equipamentos e insta-lações sensíveis à umidade, bem comoa maior exigência dos usuários por sa-lubridade e, principalmente, por re-duzir custos e inconvenientes das in-tervenções para manutenção, têm au-mentado a exigência por estanqueida-de nessas estruturas.

Entre as técnicas mais utilizadasem túneis executados pelo métodoNATM (New Austrian Tunneling Me-thod),a injeção de silicatos,espuma depoliuretano ou gel acrílico é uma dasmais simples e rápidas.A solução mais

se assemelha a um reparo e consisteem, uma vez identificados os pontosde infiltração na estrutura, fazer inje-ções químicas que ajudem a preencheros vazios no concreto. Tarcísio BarretoCelestino, presidente do Comitê Bra-sileiro de Túneis, explica que esse sis-tema é aplicável em rochas de ótimaqualidade e com baixo índice de infil-tração. Para situações mais críticas, asmantas projetadas e as membranas dePVC são mais indicadas.

Empregadas com sucesso emobras como nos túneis da Usina Hi-

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drelétrica de Machadinho, no RioGrande do Sul, a membrana elásticaprojetada costuma ser aplicada sobreo revestimento primário de concretoapós a instalação de tubos de injeçãopara consolidação do maciço (confor-me previstos em projeto), e de verga-lhões chumbados na rocha para poste-rior montagem da armação. O objeti-vo é evitar danificar a membrana im-permeável depois da aplicação.

Uma vez projetada a membrana, erespeitado o tempo de cura do produ-to, aplica-se uma camada de concretoprojetado, que serve de proteção me-cânica à membrana. Só então se iniciaa armação e o lançamento de concreto(revestimento secundário) e final-mente os serviços de injeção de conso-lidação/impermeabilização do maci-ço. A execução típica prevê, ainda, aextração de amostras a cada 20 m²para checagem da espessura.

Nesse tipo de solução, o controlede espessura do concreto e da mem-brana é crítico. "A projeção do concre-to ocorre em escala macroscópica, en-quanto na impermeabilização falamosem milímetros de espessura",comentaCelestino.Por isso, segundo ele,em tú-neis impermeabilizados com mem-branas, é recomendável a utilização deaplicação robotizada, muito mais pre-cisa. "É quase impossível garantir ocontrole de espessura apropriado coma projeção manual", alerta.

Geomembranas de PVCNos últimos anos, uma solução

de impermeabilização de túneis quetem se firmado é a com geomembra-nas de PVC em espessuras variandode 1,5 mm a 3,0 mm, conforme a ne-cessidade específica do túnel e dascondições locais.

O engenheiro Flávio HenriqueLobato, gerente de engenharia daConstrutora Andrade Gutierrez, des-

taca que nos países europeus, a im-permeabilização com manta de PVCé empregada em obras subterrâneashá mais de 30 anos. "Inclusive, pornorma, é obrigatória a aplicaçãodesse sistema de impermeabilizaçãoem túneis localizados abaixo do len-çol freático", diz. No Brasil, o sistemafoi utilizado de forma pioneira recen-temente pela CPTM (CompanhiaPaulista de Trens Metropolitanos) naampliação subterrânea da Estação daLuz, em São Paulo. Depois disso, oMetrô decidiu adotar a solução nasobras das linhas 2 (Verde) e 4 (Ama-rela), em andamento.

Indicado mesmo para condiçõesdifíceis de aplicação, o método consis-te na aplicação de geomembranas dePVC entre as camadas de concreto pri-mária e secundária. A união entre asmantas pode ser feita por meio de colaou soldagem por termofusão das so-breposições. Para proteção, as mantassão envoltas em geotêxtil do tipo não-tecido de polipropileno.

Os sistemas de impermeabiliza-ção com geomembranas podem serutilizados de duas formas, de acordocom Roberto Kochen. A primeira,parcial, é conhecida como impermea-bilização tipo "guarda-chuva". Comodiz o nome, nesse tipo de solução a

manta é inserida apenas na abóbada enas laterais do túnel e, por isso, é ne-cessário prever um sistema de drena-gem longitudinal nos limites da im-permeabilização.

A outra opção é o sistema fechadoou "tipo submarino". Nela, cria-se umambiente estanque, com impermea-bilização também no arco invertidode fundo. "Com a impermeabilizaçãototalmente fechada, a drenagem é ne-cessária apenas durante a fase cons-trutiva. Com isso, evita-se uma drena-gem permanente que pode ser custosapela necessidade de bombeamentoconstante, com gastos elevados deenergia elétrica", compara Kochen.

Minimização de problemasEm ambos os sistemas a execução

do serviço é uma operação delicada,pois é nessa fase que surgem os prin-cipais problemas, como perfuraçõesna manta e soldas não totalmente es-tanques.Até por isso,há estratégias es-pecíficas para minimizar problemascomo eventuais vazamentos.A princi-pal delas, que deve estar contempladano projeto de impermeabilização, é acompartimentação em trechos de 10 mde comprimento, por exemplo. Dessaforma, restringe-se a área de trabalhose houver vazamento.

Aplicação de membrana elástica projetável para impermeabilização em túnelde concreto

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I M P E R M E A B I L I Z A Ç Ã O

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Além disso, o concreto que serviráde base para aplicação da manta preci-sa estar uniforme, livre de irregulari-dades que possam exercer pressãopontual sobre a manta e,conseqüente-mente, perfurá-la."A manta precisaficar bem esticada, sem pontos possí-veis de abaulamento. Da mesma ma-neira, o posicionamento das armadu-ras merece cautela,para evitar furos namanta", ressalta Celestino, lembrandoque todos esses cuidados fazem comque a aplicação da membrana projeta-da seja mais veloz e de menor custo doque a colocação das mantas de PVC.

De acordo com Celestino, a intro-dução desse tipo de impermeabiliza-ção traz mudanças conceituais e deprojeto significativas.Afinal,a tecnolo-gia construtiva adotada para túneis noBrasil (NATM) sempre esteve associa-da à utilização de camadas sucessivasde concreto (projetado ou moldado inloco) como revestimento definitivosobre uma camada de concreto proje-tado (de suporte), sempre contandocom a condição monolítica do conjun-to para o dimensionamento das estru-turas. "Quando introduzimos as geo-membranas entre os dois revestimen-tos,perdemos a 'monoliticidade' da es-trutura, o que exige desprezar a contri-buição do revestimento de concreto desuporte", explica. Isso faz com que

todas as exigências estruturais preci-sem ser atendidas pela camada de con-creto secundária, resultando espessu-ras totais de revestimento maiores e,possivelmente, custos adicionais.

Requisitos de projetoO que determina a escolha da téc-

nica de impermeabilização de túneis,antes de tudo, é a condição geológicado maciço que será escavado. O enge-nheiro Roberto Kochen conta quemaciços pouco permeáveis (argilas,por exemplo) naturalmente levam amenores vazões de infiltração e meno-res pressões na membrana de imper-meabilização. Já maciços muito fratu-rados em rocha concentram pressõesde água (pressões neutras) na mem-brana de impermeabilização.

Também é levada em conta a com-posição química da água e do terreno,já que certas substâncias dissolvidas emambos podem reagir e atacar a imper-meabilização e revestimento do túnel.

Nesse sentido, um requisito que oprojeto de impermeabilização deveatender é a demanda de desempenhode estanqueidade. Um túnel rodoviá-rio em que a principal exigência sejagarantir a segurança dos motoristas,por exemplo, pode admitir infiltraçãomaior do que um túnel metroviáriodotado de complexa infra-estrutura

elétrica embutida. É importante ver sea estrutura permite, por exemplo, adrenagem de parte da água. "Interna-cionalmente, aceita-se infiltração de 1 lde água/m2/dia. Mas em situações emque isso não é admitido, a opção éadotar um sistema completamente fe-chado", comenta Celestino.

Por fim, para controlar a entrada deágua,de pouco adianta um eficiente sis-tema de impermeabilização instaladosobre uma superfície de concreto malprojetada e executada. "Independenteda tecnologia adotada,manta ou mem-brana, o concreto projetado de revesti-mento primário deve apresentar baixapermeabilidade e fissuração", ressaltaAntônio Figueiredo. Segundo o profes-sor da Poli-USP, no caso de um sistemacom mantas, o concreto minimiza a in-cidência de água que irá escorrer entre ocontato manta/concreto projetado, di-minuindo a necessidade de bombea-mento da água. Já no caso da membra-na, o concreto projetado tem um papelainda mais relevante, pois garantiráuma melhor condição de aplicação domaterial da membrana. Assim, qual-quer que seja a situação, é fundamentalrigoroso controle de fissuração do con-creto projetado do revestimento pri-mário, o que pode ser conseguido coma introdução de fibras de aço.

Juliana Nakamura

Impermeabilização adotada no túnel LK-3 de interligação na Estação da Luz, em SãoPaulo. No local foram usadas geomembranas de PVC na espessura de 3 mm obtidaspelo processo de calandragem, multicamada e geotêxtil não-tecido de polipropilenode 500 g/m²

A utilização de mantas de PVC exigeatenção especial às armaduras, quepodem perfurar o sistema deimpermeabilização

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

Oaquecimento do mercado imo-biliário, especialmente de 2004

para cá, acrescenta exigências adi-cionais de planejamento aos órgãosgovernamentais ligados à habitaçãoa fim de evitar que erros graves co-metidos em décadas passadas se re-pitam. As estimativas e pesquisassobre o déficit habitacional indicamque faltam cerca de 8 milhões demoradias no País, dos quais 93%concentrados em famílias com ren-da de até cinco salários mínimos.Em 2006, foram produzidas 1,5 mi-

Infra-estrutura de grandesconjuntos habitacionais

lhão de unidades, a maioria para asclasses de renda de mais de cinco sa-lários mínimos.

Produzir unidades habitacionaisna escala requerida para suprir essegigantesco déficit exige, fundamental-mente, um planejamento rigoroso,além da contratação de projetos em

nível executivo com a antecedência e aqualidade necessárias, como métodoessencial para a realização de obrasbem-pensadas e bem-executadas.

Hoje já se tem plena consciência,até mesmo pelos equívocos cometi-dos nos anos 1960 a 1980, de que nãoé possível desenvolver megaprojetoshabitacionais em locais distantes doscentros urbanos, sem oportunidadesde emprego, de saúde, educação elazer, e que exigem investimentos pe-sados em infra-estrutura de transpor-tes e de saneamento, por exemplo.

José Roberto Bernasconiengenheiro civil, advogadoe presidente do Sinaenco

(Sindicato da Arquitetura e da Engenharia)

Implantação de conjuntos habitacionais deve considerar a existência de infra-estrutura social e de transportes, além de uso mistopara geração de empregos locais

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Conjuntos habitacionais como aCohab de Itaquera, situada no extre-mo leste de São Paulo e implantadanos anos 1970, quando a região nãopossuía nenhum tipo de infra-estru-tura de saúde, educação e lazer e ostransportes eram extremamente pre-cários, ajudaram a formar os conceitosatuais, que rejeitam esse tipo de im-plantação e preconizam uma concep-ção mais abrangente e sustentável paraos complexos de moradia populares.

Regularização do loteQuando se pensa em conjuntos ha-

bitacionais voltados para a baixarenda, é necessário prever que a pri-meira – e fundamental – infra-estrutu-ra reside no lote plenamente regulari-zado, que garanta ao adquirente umimóvel com titularidade e registro deimóveis. Esse é o primeiro e essencialpasso para garantir a cidadania plenaao comprador de um imóvel popular.Algumas companhias habitacionais,como a CDHU (Companhia de De-senvolvimento Habitacional e Urba-no), em São Paulo, já estão adotandoessa medida. A titularidade, com a re-gularização da propriedade do imóvel,também é essencial para equacionar aquestão das moradias em áreas de fave-la. De acordo com pesquisa realizadapelo SindusCon-SP (Sindicato da In-dústria da Construção Civil do Estadode São Paulo) e Fundação Getúlio Var-gas, divulgada em novembro último, onúmero de moradores em favelas vemcrescendo nas principais cidades. Em1993, englobava 1,190 milhão de pes-soas enquanto dez anos depois essenúmero atingia 1,860 milhão de mora-dores, montante que atingiu 1,972 mi-lhão em 2006. Mesmo com a relativa-mente lenta evolução no período2003-2006, devido ao aumento derenda, que permitiu a passagem deconsiderável contingente de brasileiros

das classes D e E para a C, ainda assimo elevado custo dos terrenos e das ha-bitações "normais" nas principais ci-dades impede o acesso ao mercadoformal a milhares de pessoas. Nessecaso, a solução continua sendo o sub-sídio habitacional, em parte ou notodo,para resolver a questão do déficitde moradias – cujo prazo para resolu-ção é estimado em 15 anos pelo Mi-nistério das Cidades/Secretaria Nacio-nal da Habitação.

Outro ponto importante de pla-nejamento é a definição de usos mis-tos nas regiões que receberão osnovos conjuntos habitacionais, mui-tos deles – públicos e privados – com-postos por milhares de unidades. Oplanejamento urbano pode induzir àinstalação, por exemplo, de indús-trias não-poluentes (montadoras deprodutos eletroeletrônicos, confec-ções etc.), comércio e áreas de lazer,contemplando boa parte das necessi-dades de emprego daquela popula-ção e evitando que os moradores dosconjuntos habitacionais necessitemperder até seis horas diárias somentena locomoção entre a residência e olocal de trabalho. Importante para aqualidade de vida, esse planejamentourbano ajuda a reduzir o pico de de-manda de transporte.

Tecnologia para a sustentabilidadeOs novos conjuntos habitacio-

nais, porém, precisam ser concebi-dos, cada vez mais, como complexossustentáveis em importantes pontosde sua infra-estrutura, visando a eco-nomizar recursos do Estado, dos seusmoradores e a ajudar na preservaçãoambiental, um dos pressupostosmais difundidos neste início do sécu-lo 21. Há, portanto, a necessidade deser pensada, ainda na fase de projetodos conjuntos habitacionais, a insta-lação de itens fundamentais de sus-tentabilidade, como pequenas esta-ções de tratamento de esgoto (ETE),diminuindo os custos de transporte ede tratamento do esgoto em grandescomplexos, além de mecanismos quepermitam a reutilização de água ser-vida na irrigação de áreas verdes,limpeza de calçadas e áreas de lazer ena descarga de bacias sanitárias. Ga-nham os moradores, a sociedade/Es-tado e o meio ambiente.

Outro item importante, que aCDHU e algumas companhias habi-tacionais de Santa Catarina já estãoimplantando em novos conjuntos, éa instalação de coletores fotovoltai-cos de energia solar, fazendo comque, com relativamente pequeno in-vestimento inicial, parte considerá-vel da energia elétrica consumidanos conjuntos seja fornecida pelanatureza, especialmente nos mo-mentos de pico, quando há maiorconsumo de eletricidade. No Nor-

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deste, Norte e Centro-Oeste brasilei-ro, principalmente, a abundância deluz solar durante praticamente oano inteiro faz com que essa produ-ção energética tenha dimensão con-siderável, embora nos Estados doSudeste-Sul também haja grandevantagem em sua implantação. Ainstalação de coletores de lixo parareciclagem é outro item de sustenta-bilidade que ajuda a diminuir a ne-cessidade de infra-estrutura de des-tinação e tratamento do lixo – espe-cialmente tendo em vista a quase fa-lência desse segmento nas metrópo-les e principais centros urbanos bra-sileiros, com o fim de áreas disponí-veis para implantação de aterros sa-nitários. A reciclagem de lixo tam-bém traz, como subproduto positi-vo, a possibilidade de geração paraos condomínios de pequena receita,que permite o custeio de despesas einvestimentos nos equipamentoscondominiais, com usufruto dosmoradores e melhoria da qualidadede vida local.

Os projetos também devem serpensados com áreas verdes abundan-tes e equipamentos de retenção deágua e de diminuição de sua veloci-dade, visando evitar a ocorrência deenchentes. Providências aparente-mente básicas, elas muitas vezes sãoignoradas por contratantes e proje-tistas. Isso ocorre também devido àcontratação de projetos em cima dahora, por pregão presencial ou ele-trônico, ou seja, pelo menor preço,com resultados desastrosos em ter-mos de qualidade, durabilidade ecusto das obras e de diminuição desua vida útil. Assim, deve-se evitar aimplantação tipo terra arrasada, pelaqual a topografia é simplesmente ig-norada e morros são destruídos, compesada movimentação de terra, ge-rando desmatamento intensivo e, al-gumas vezes, problemas de recalquediferencial por falta de compactaçãoadequada, entre diversos outros.

A implantação em platôs, que res-peitam as curvas de nível, contandocom projetos cuidadosos de drena-gem, ao lado da instalação de áreasverdes, que ajudam a reter as águas

pluviais, com a implantação de reser-vatórios (piscininhas) em cada edifí-cio, também são medidas que dimi-nuem a possibilidade de enchentes,por reter, nos momentos de maiorvazão,a água,que pode ser empregadatambém nas atividades de reúso (irri-gação, limpeza, descarga sanitária).

TransporteA questão do transporte é uma

das mais sensíveis em conjuntos ha-bitacionais em geral, e em especialnos megaconjuntos que começam aser construídos. Eles exigirão forteatenção dos administradores públi-cos, muitas vezes requerendo atua-ção conjunta de prefeituras e gover-nos estaduais/federal a fim de proje-tar e implementar corredores deônibus – em vez das linhas de circu-lação tradicional –, trens metropoli-tanos e implantação e ampliação desistemas de metrô integrados, deforma a otimizar os recursos e me-lhorar a eficiência dos sistemas. Énecessário, portanto, que os planeja-mentos governamentais nos diver-sos níveis prevejam recursos com-partilhados para resolver essa ques-tão, que deve sempre ser planejadaem conjunto com o zoneamento dascidades e a destinação de incentivosàs indústrias não-poluidoras, co-mércio, serviços e lazer para gerarempregos na região dos complexoshabitacionais e diminuir a demandapor transporte público.

Programas como o PAC (Progra-ma de Aceleração do Crescimento)

Déficit habitacionalem 2006

2%

1%

55%42%Coabitação

CortiçosRústicoImprovisados

Fonte: SindusCon-SP/FGV

precisam destinar recursos para esseitem, especialmente nas metrópoles,sem o que dificilmente os problemasacumulados nessa área há décadasserão resolvidos. É importante lem-brar que, dos R$ 6,175 bilhões desti-nados pelo PAC à infra-estrutura so-cial e urbana em 2007, apenas R$ 485milhões foram para a rubrica Metrôse Transporte Coletivo, ou o equiva-lente a 7,85% do total. Além disso,também é necessário lembrar que,do total previsto pelo PAC parainfra-estrutura social e urbana, queinclui saneamento, habitação, recur-sos hídricos, metrôs e transporte co-letivo e irrigação, menos de 2%, oupouco mais de R$ 39 milhões, ha-viam sido pagos até setembro de2007. Em saneamento, dos R$ 2,236bilhões previstos na Dotação Anualde 2007 do Governo Federal, apenasridículos R$ 867 mil foram liquida-dos nesse período.

A implantação de conjuntos habi-tacionais – tanto os megalançamen-tos privados que começamos a obser-var em nossos principais centros, ins-pirados no exemplo mexicano, e tam-bém os complexos públicos residen-ciais populares –, necessita, portanto,de acurado planejamento, da contra-tação de projetos de qualidade pelosistema de melhor técnica, nos prazoscorretos. Senão, continuaremos a ob-servar os problemas atualmente sen-tidos na implementação do PAC, quepatina pela falta de projetos, numaconstatação de que planejar é preciso,em todos os sentidos.

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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REVESTIMENTOIndicado para o revestimentointerno de alvenaria de blocoscerâmicos e de concreto, o PavFin Revestimento Interno é umaargamassa fina criada parasubstituir a aplicação do gesso.O produto é uma misturahomogênea de cimentoPortland, cal hidratada,agregados minerais e aditivosquímicos especiais que, segundoo fabricante, melhoram odesempenho das argamassas.Pav Mix(19) 3289-4122www.pavmix.com.br

ACABAMENTOS

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COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

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CONCRETO ECOMPONENTES PARAA ESTRUTURA

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ADITIVOO Viamix Expansivo, da Viapol, é utilizado para preencherespaços em argamassas, porconta do fechamento oferecidopelo aditivo. Também é utilizadoem injeção de calda de cimentoem bainha de concretoprotendido, favorecendo aexpansão da mistura. Viapol(12) 3653-3144www.viapol.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

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ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS

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SENSORES DEPRESENÇA A Multilaser lança a linha desensores e alarmes Security,indicada para uso emresidências ou empresas. A linhainclui desde sensores simples,que ao detectar movimentosdisparam alarmes, até ossensores com discadorautomático, que tambémdiscam para números detelefones pré-programados.Multilaser 0800-7722367www.multilaser.com.br

INSTALAÇÕESCOMPLEMENTARES E EXTERIORES

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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JANELAS, PORTASE VIDROS

JANELASHá 30 anos no segmento deesquadrias, a Sasazaki foi umadas primeiras empresas a obtera certificação ISO 9001. Comuma fábrica de 73.000 m² deárea construída e mais de 1.350funcionários, a empresa possuidistribuidores por todo o Brasil.Sasazaki0800-179922www.sasazaki.com.br

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES

AQUECEDORESFabricante brasileira deequipamentos solares parabanho e piscina, a Transsencomercializa uma vasta linha de reservatórios térmicos,coletores solares, controladoresanalógicos e digitais. A empresaproduz anualmente cerca de 8,5 mil equipamentos.Transsen0800-7737050www.transsen.com.br

CAPA DE PISCINAA Lao Engenharia traz aomercado a Cover Pool, uma caparetrátil com acionamento feitopor controle remoto ou painelde comando. Segundo aempresa, a cobertura reduz ematé 70% os gastos commanutenção, já que cria umabarreira que impede a queda defolhas do jardim e outrosdetritos na água, reduzindo oscustos com filtragem eaplicação de produtos químicos. Lao Engenharia SAC: (11) 4617-3400www.laoengenharia.com.br

SINALIZAÇÃOA Sinacon conta comprofissionais com mais de 15anos no segmento de sinalizaçãode vias. A empresa atua no ramode sinalização de segurança,comunicação visual, engenhariaeletrônica com painéis solares e construção civil.Sinacon (11) 3932-7222 [email protected]

INSTALAÇÕESELÉTRICAS E DETELECOMUNICAÇÕES

CABEAMENTOO Sistema DLP Evolutiva, da PialLegrand, foi projetado parasimplificar a execução depassagens de cabos. A tampaflexível torna as instalaçõesmais rápidas, segundo ofabricante. O produto dispensa o corte da tampa nos cotovelos,proporcionando melhor estéticae menor tempo de execução.Pial Legrandwww.legrand.com.br0800-118008

INSTALAÇÕESELÉTRICAS E DETELECOMUNICAÇÕES

FIO DE PROTEÇÃOO Cabo Flexível SIL Brasileirinhoé indicado como condutor deproteção em instalaçõeselétricas. Pode ser encontradonas seções nominais que vão de1,5 mm² a 6 mm², em rolos de100 m, carretéis ou na versão"encartelado", disponíveis em 15 m e 25 m. Sil(11) 6488-2000www.sil.com.br

METAIS PARA BANHOA Série Silver Crown, da Roca, écomposta por misturadoresmonocomando para lavatório,bidê, banheira e ducha e umaopção de misturador paralavatório com três furos. Elessão equipados com limitador detemperatura máxima da águamisturada e com um sistema de controle que permite graduaro volume de água entre o modo econômico e de grande consumo.Roca(11) 4588-4600www.rocabrasil.com.br

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

DUCHAA Lorenzetti lança uma duchacom design clássico e corpoarticulável, a LorenBella. Ainspiração para o projeto doproduto baseia-se, segundo afabricante, nos metais do séculoXVIII. A fabricante oferece oproduto na cor cromada egarantia de 12 anos a partir dadata de compra. Lorenzetti 0800-0160211 www.lorenzetti.com.br

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DRYWALL O Gypsom, chapa para drywallde alta performance acústica daLafarge Gypsum, ganhou umanova versão: o GypSOM Q10,com perfurações quadradas de10 mm x 10 mm. Segundo afabricante, o produto é idealpara execução de forros emlocais projetados para oferecerboa performance e confortoacústico como auditórios,restaurantes e bibliotecas.Lafarge0800-2829255www.gypsum.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

VIBRADOR DECONCRETO A Robert Bosch apresenta aosetor da construção seu novovibrador de concreto, com motorde 1.400 W de potência e altacapacidade de adensamento doconcreto. Com tamanhosdiferenciados de mangotes (1,5 m e 3,5 m de comprimento)e um sistema de troca rápidadesses componentes, é possível adequar o produto a diversas utilizações.Bosch0800-7045446www.bosch.com.br

MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS EFERRAMENTAS

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OBRA ABERTA

Manual orientativo paraespecificação de aduelade concreto10 páginasABTC (Associação Brasileirados Fabricantes de Tubos deConcreto)www.abtc.com.brO intuito desse manualdesenvolvido pela ABTC éestabelecer parâmetrostécnicos para a participaçãode empresas emconcorrências de aduelas deconcreto. Por isso, trata-se, naverdade, de um modelo daparte técnica de um edital delicitação para concorrência,tomada de preços ou carta-convite para fornecimentodesses elementos – galeriascelulares – pré-fabricados deconcreto. A finalidade égarantir a qualidade dosprodutos ofertados euniformizar exigências noprocesso de seleção. Emboradestinado a órgãosgovernamentais, o documentopode ser adotado também porempresas privadas.

Livros

A obra em aço deZanettiniSiegbert Zanettini96 páginasJ. J. Carol Editoracolecaoportfoliobrasil.com.brCom prefácio do arquitetoJoão Filgueiras Lima, o Lelé, apublicação compila a obra doarquiteto que escolheu o açopara expressar a linguagemarquitetônica. Lelé salienta aatualidade do trabalho deZanettini, que indica oscaminhos para asustentabilidade da profissão.Zanettini considera a obra doarquiteto de grandeimportância para a formaçãodas novas gerações naprofissão. Dos exemplosselecionados, destacam-se aadoção de processosindustrializados e aobservação de conceitos dereutilização. Para cada um dosexemplos o arquiteto comentaa situação específica, quelevou às decisões de projeto ede construção.

João Walter ToscanoJoão Walter Toscano104 páginasJ. J. Carol Editoracolecaoportfoliobrasil.com.brOs projetos apresentadosnesse livro foram implantadosna malha de transportesurbanos da cidade de SãoPaulo, estações de trem emetrô, terminais rodoviários,intervenções em áreas ouedifícios tombados. Dentre oscasos escolhidos estão aEstação da Luz e a Praça doMonumento do Ipiranga.Também está presente a obrada Estação Largo 13 de maio,da CPTM (Companhia Paulistade Trens Metropolitanos). Paracada um dos projetosapresentados o arquiteto tececomentários sobre as escolhasdo projeto, as característicaslocais e o processo construtivo.

Tintas imobiliárias dequalidade – livro derótulos da AbrafatiAbrafati (Associação Brasileirados Fabricantes de Tintas)480 páginasEditora Blucherwww.blucher.com.brParte do acervo de informaçõesda Abrafati está compiladanessa publicação, que destaca edescreve as características dosprincipais produtos disponíveisno mercado nacional. Nasprimeiras páginas sãoencontradas informaçõestécnicas e de caráter geralsobre tintas, comesclarecimentos erecomendações para as etapasde preparação da superfície,ferramentas e acessóriosnecessários, processo deaplicação e cuidados essenciais.Também há comentários sobreproblemas mais comumenteenfrentados. Os produtos esuas especificações técnicassão apresentados na segundaparte, com dados úteis paraescolha, venda e aplicação dastintas, incluindo foto daembalagem. Todos os produtosapresentados são de empresasqualificadas pelo ProgramaSetorial da Qualidade.

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Otis – 100 anos no Brasil122 páginasElevadores Otiswww.otis.comAo completar seu centenáriono Brasil, a Otis Elevadoreslança esse livro contendo o histórico tecnológico daempresa. Presente em mais de 200 países, a Otis tem omercado brasileiro como umdos mais bem-sucedidos dasede mundial. Em todo omundo tem mais de 215 mil funcionários e registra vendasglobais anuais superiores aUS$ 47,8 bilhões. A publicaçãotraz inúmeras fotos queregistram a trajetória daempresa ao longo do tempo.Comenta sobre inovaçõestecnológicas desde o tempo em que os chamadoselevadores de segurança erammovidos a vapor até odesenvolvimento do Gen2,que trabalha com cintas deaço revestidas de poliuretano.Também há fotos dos prédiosbrasileiros equipados com elevadores Otis.

Tributação das OperaçõesImobiliárias *Alexandre Tadeu NavarroPereira Gonçalves360 páginasEditora Quartier Latin do BrasilVendas pelo portalwww.piniweb.com.brA intenção do autor, advogadoque conta mais de 15 anos deatuação na área imobiliária,não é esgotar completamenteos assuntos propostos, masconcentrar os principaisaspectos tributários que dizemrespeito ao cotidiano dasoperações eempreendimentosimobiliários, tornando maisrápida e prática a consulta apontos que usualmenteprovocam dúvidas. Ciente dacomplexidade da linguagemjurídica, Alexandre PereiraGonçalves buscou expressaros conceitos de forma tal quepudessem ser absorvidos nãosomente por especialistas daárea, mas também poradministradores de empresasimobiliárias e contadores.

Manual técnico Lwart –produtosimpermeabilizantesFone: 0800-7274343Lwart Proasfar Químicawww.lwart.com.brA Lwart lança o manualtécnico para sanar quaisquereventuais dúvidas que digamrespeito às possibilidades deaplicação de seus produtos.Esse catálogo funcional deimpermeabilizantes abrangenão apenas as especificaçõestécnicas dos produtos, mascomo e em quais situaçõesadotar cada alternativa. Abarcadesde problemas comuns comumidade localizada comoimpermeabilização de grandesconstruções. Traz tambéminformações sobrenormatizações do setor. Paraadquirir o manual é necessárioentrar em contato com o0800-7274343 ou o sitewww.lwart.com.br, no linkLwart Proasfar Química,Manual Técnico.

Espaço Brasileiro deArquiteturaFone: (11) 9393-1616www.eb-arq.comO escritório de arquitetura EB-A, ou Espaço Brasileiro deArquitetura, chegou ao Paísrecentemente com a propostade trazer conceitosarquitetônicos diferenciados e contemporâneos.Desenvolvido em flash e comlayout moderno, o site trazinformações dos projetosresidenciais, comerciais,institucionais e de urbanismodesenvolvidos pela equipe doescritório. O EB-A estápresente também em Angola,na África, e em Portugal. O espaço virtual da empresaoferece acesso fácil a todo oconteúdo por apresentar umanavegação intuitiva e simples.

Sites

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (nas principais cidades)ou 0800-5966400 (nas demais cidades)www.LojaPINI.com.br

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Seminários econferênciasDesafios e Oportunidades doMercado de Baixa Renda28/02/2008São PauloO seminário reunirá especialistas,pesquisadores, projetistas, construtores e incorporadores para discutir, emprofundidade, os diferenciaiscompetitivos necessários para atuar nomercado de habitações econômicas,caracterizado por margens apertadas,necessidade de escala e eficiência naengenharia de produto. A proposta érealizar um intercâmbio de experiênciasentre os profissionais, principalmenteaqueles envolvidos com as fases deconcepção, projeto, planejamento eexecução de empreendimentos para aclasse C.Fone: (11) 2173-2396E-mail: [email protected]/desafiosbaixarenda

SNCC – Seminário Nacional daConstrução Civil no Brasil: desafiose oportunidades10 e 11/3/2008BrasíliaO seminário reunirá setor privado,poder público e pesquisadores paradebater os processos construtivos e asperspectivas das cadeias produtivas; agestão do conhecimento comoelemento de inovação que permiteacompanhar as transformações emcurso e o papel da construção civil nainserção social.E-mail: [email protected]

Sinco 2008 – IV SimpósioInternacional sobre ConcretosEspeciais22 a 24/5/2008Sobral (CE)

O evento discutirá os componentes dosconcretos especiais, características,propriedades, possibilidades deaplicações. O Sinco é realizado peloIbracon (Instituto Brasileiro doConcreto), Iemac (Instituto de Estudodos Materiais de Construção) e a UVA(Universidade Estadual Vale do Acaraú).Fone: (88) 3611-6796www.sobral.org/sinco2008/

Eco Building – Fórum Internacionalde Arquitetura e Tecnologias para aConstrução Sustentável23 a 25/5/2008São Paulo O fórum fomentará a discussão sobre aconstrução sustentável por meio deconceitos de arquitetura fundamentais ecomplexos, a aplicação de materiais,tecnologias e soluções construtivas.Haverá análises de casos,regulamentações e tendências demercado nacionais e internacionais paraa sustentabilidade na construção.E-mail: [email protected]/ecobuilding2008

Feiras e exposiçõesThe International Builders' Show13 a 16/2/2008Orlando (EUA)A International Builders Show mostraráas soluções construtivas utilizadas nomercado norte-americano. O eventoocorrerá em uma área superior a 74 mil m², com 1.600 expositores de produtos que vão desde materiaisbásicos de construção a aparelhosdomiciliares e recursos paraacabamento e decoração de interiores.www.buildersshow.com

Vitória Stone Fair – 25a FeiraInternacional do Mármore e Granito19 a 22/2/2008Serra (ES)

A feira reúne os lançamentos demáquinas, equipamentos,ferramentas e insumos do mercado mundial.www.vitoriastonefair.com.br

Revestir11 a 14/3/2008São PauloEm sua sexta edição, o evento reuniránovamente os maiores fabricantes derevestimentos e fornecedores,apresentando novidades e tendências,além de dar oportunidade para realizarnegócios com o mercado nacional e internacional.Fone: (11) 4613-2000E-mail: [email protected]

Fensterbau/Frontale – FeiraInternacional de Janelas eFachadas2 a 5/4/2008Nuremberg (Alemanha)A 11a edição da Feira Internacional deJanelas e Fachadas – Tecnologias,Componentes, Elementos deConstrução abrangerá, no setor dejanelas e fachadas, técnicas deaplicação, revestimentos e ferragens.O evento acontece bienalmente erecebe expositores e visitantes detodos os países.E-mail: [email protected]@nuernbergmesse.dewww.ahkbrasil.comwww.nuernbergmesse.de

16a Feicon Batimat – FeiraInternacional da Indústria da Construção8 a 12/4/2008São PauloO evento apresentará novidades emalvenaria e cobertura, esquadrias,instalações elétricas, hidráulicas,sanitárias, equipamentos elétricos,

AGENDA

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dispositivos, condutores, fios, cabos e tendências do mercado.Fone: (11) 6914-9087E-mail: [email protected]

Expolux – Feira Internacional daIndústria da Iluminação8 a 12/4/2008São PauloA Expolux 2008 apresenta as principaistecnologias e inovações dirigidas aosetor de iluminação, abrangendoprodutos para iluminação residencial,industrial e pública.E-mail: [email protected]

Coverings29/4 a 2/5/2008Orlando (EUA)A Coverings reúne os setores derevestimentos cerâmicos, rochasornamentais, utensílios e acessóriospara cozinhas e banheiros, vidros,madeira, artesanato para revestimento,equipamentos, produtos da cadeia derevestimentos (argamassa, rejunte,películas anti-ruptura, produtosantiderrapantes, de limpeza eseladores). A feira é a maior do setor emterras americanas e uma das principaisdo calendário internacional da área.E-mail: [email protected]

Cursos e treinamentosMBA na Poli/Usp2/2008São PauloO Pece (Programa de EducaçãoContinuada da Escola Politécnica daUSP) abriu inscrições para mais de 20cursos presenciais e à distância emEngenharia. Entre as opções de MBAs háas áreas de Tecnologia da Informação,Engenharia Financeira, Real Estate,Gerenciamento de Facilidades, Energia,Gestão de Qualidade e TecnologiasAmbientais e de Produtos. Já entre oscursos de especialização, há os deEngenharia de Segurança no Trabalho,Gestão de Projetos de SistemasEstruturais – Edificações e TecnologiaMetroferroviária. Entre os cursos à

distância, três temas estão cominscrições abertas: Higiene Ocupacional(Especialização), Engenharia deSegurança no Trabalho (Especialização)e Gestão e Tecnologias Ambientais(MBA). As inscrições para os cursos seencerram em fevereiro de 2008. Fone: (11) 2106-2400E-mail: [email protected]

Patologias das Construções15 e 16/2/2008GoiâniaO curso oferecerá condições paraanalisar patologias mais freqüentes emedificações, enfocando causas, agentes,mecanismos de formação e formas derecuperação. O evento será ministradopor Ercio Thomaz, professor da FAAP e pesquisador do IPT.Fone: (11) 2626-0101E-mail: [email protected]

A Concepção Estrutural naArquitetura em Aço22 e 23/2/2008Recife O curso pretende destrinchar amecânica do comportamento do aço,dos sistemas estruturais e comoexecutar edifícios utilizando estruturasem aço.Fone: (11) 3816-0441www.ycon.com.br

Gestão de Contratos na Construção Civil23/2/2008Porto Alegre Serão oferecidos conhecimentosbásicos para se resguardarjuridicamente em contrataçõesprofissionais, seja como contratadopara concepção de projetos, para aexecução de obras ou na contrataçãode prestadores de serviços naconstrução civil. Fone: (11) 2626-0101E-mail: [email protected] www.aeacursos.com.br

Estruturas Metálicas23/2, 1o e 8/3/2008São Paulo

O segundo módulo do curso promovidopela Abece (Associação Brasileira deEngenharia e Consultoria Estrutural)tratará de assuntos como flambagemlateral de vigas, elementos fletidos ecomprimidos, vigas esbeltas etc.Fone: 3097-8591Email: [email protected]

A concepção estrutural naarquitetura em concreto armado14 e 15/3/2008Recife O objetivo do curso é esclarecer amecânica do comportamento do concretoarmado e dos sistemas estruturais.Fone: (11) 3816-0441www.ycon.com.br

Light + Building6/4 a 11/4/2008Frankfurt (Alemanha)A feira reúne questões que intercalamdesign da construção, iluminação,eletrotecnologia e automação de casas e edifícios.www.light-building.messefrankfurt.com

Auto-implementação para IS09000/2000, atendendo aosRequisitos do PBQP-H14/5/2008Porto AlegreO curso tratará da sistemática denormalização dos processos, osrequisitos da Norma ISO 9001 versão2000, e o SIQ-Construtoras. Outro pontoé a capacitação para atuar comoauditores internos do sistema daqualidade da empresa.Fone: (51) 3021-3440www.sinduscon-rs.com.br

ConcursosHolcim AwardsInscrições até 29/2/2008A segunda edição do prêmio promovidopela Holcim Foundation reúnenovamente projetos de construçõessustentáveis de todo o mundo. Asconstruções participantes não podemter sido iniciadas antes de 1o/6/2006 e o material deve ser enviado em inglês. www.holcimawards.org

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COMO CONSTRUIR

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Idealizada pela ABCP (AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland),

em parceria com a ONG Água e Cida-de e a Universidade de São Paulo, aCasa 1.0 consiste em uma habitaçãode alvenaria de blocos de concreto,otimizada, passível de adaptação, per-sonalização e ampliação, dependendodo aporte financeiro disponível parao morador.

A Casa 1.0 (foto 1) alia, em ummesmo produto, tecnologias com-provadamente eficazes, resultan-do no emprego correto dos mate-riais, redução do desperdício e cus-to da produção.

Déficit habitacionalSegundo dados do IBGE, o défi-

cit de moradias no Brasil é muito ex-pressivo e representa uma lacuna de

Casa de alvenaria estrutural investimentos e qualidade de vida dapopulação brasileira. Para amenizaro problema da habitação no País oprojeto Casa 1.0 surgiu como umaalternativa viável e de baixo custoque alia racionalização, planejamen-to e projeto.

Considerada um dos maiores de-sejos dos brasileiros, a casa própria é,além de uma conquista, parâmetro dedesenvolvimento da qualidade devida da população e progresso socialdo País.

ContextoA partir do chamado boom da

construção civil, e para solucionar odéficit habitacional brasileiro, a Casa1.0 transformou-se em um produtocomercial de fácil aquisição (comoum kit customizado), sem burocra-

cia, de baixo custo e com possibilidadede financiamento em até 20 anos, viainstituições de crédito imobiliário. Amoradia, comercializada atualmenteem vários Estados do País, é compostade dois quartos, sala, cozinha, banhei-ro e área de serviço, podendo ser re-vestida ou não (foto 2).

TecnologiasO aumento da demanda por obras

e a necessidade de agilidade nos pro-cessos construtivos estimularam a pro-cura por tecnologias que suportassemesse crescimento do mercado de for-ma sistemática e ampla.

A conjuntura econômica propi-ciou o surgimento de tecnologias devanguarda como a parede de concretoe pré-fabricados, bem como a consoli-dação da tecnologia da alvenaria es-

Patrícia Tozzini Ribeiro, engenheira civilABCP (Associação Brasileira deCimento Portland) – Regional [email protected]

Foto 1 – Casa 1.0 em São José da Lapa (MG) Foto 2 –Vista interna da Casa 1.0

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trutural com blocos de concreto, queé a essência da Casa 1.0.

Alvenaria estrutural A alvenaria estrutural racionaliza-

da de blocos de concreto é um sistemaconstrutivo em que a parede desem-penha duas funções: vedação (fecha-mento) e elemento estrutural, supor-tando as ações verticais e horizontais.

O desempenho do sistema está di-retamente relacionado com a quali-dade do componente.Há no mercadouma grande variedade de produtosque não atendem aos critérios estabe-lecidos pelas normas brasileiras, porisso é imprescindível a busca contí-nua pelo bloco de qualidade.

Uma das características impor-tantes é que o bloco deve ser vaza-do, ou seja, sem fundo, aproveitan-do-se os furos para a passagem dasinstalações e para a aplicação dograute (concreto de alta plasticida-de). Não tendo fundo, há tambémuma grande economia de argamas-sa de assentamento.

Segundo a NBR 6136:2006, osblocos vazados de concreto devematender, quanto ao seu uso, às seguin-tes classes:� Classe A – com função estrutural,para o uso em elementos de alvenariaacima ou abaixo do nível do solo� Classe B – com função estrutural,para o uso em elementos de alvenariaacima do nível do solo� Classe C – sem função estrutural,para o uso em elementos de alvenariaacima do nível do solo

Os blocos vazados de concretodevem atender, quanto à resistênciacaracterística à compressão, às classesde resistência mínima conforme a ta-bela 3 da NBR 6136:2006, que estabe-lece para as classes A, B e C, respecti-

vamente, fbk ≥ 6,0 MPa, fbk ≥ 4,0 MPa efbk ≥ 3,0 MPa.

Quanto às dimensões, a NBR6136:2006 admite as especifica-ções, com tolerâncias dimensionaisde ± 3 mm para a altura e compri-mento e ± 2 mm para a largura. Odesrespeito às tolerâncias gera: desa-linhamentos e desaprumos das pare-des, custos adicionais com consumode argamassa de revestimento e alte-ração da excentricidade de cargas.

Utilizam-se, mais freqüentemen-te, duas famílias de blocos: a família29 e a família 39.

A família 29 é composta de trêselementos básicos: o bloco B29 (14cm x 19 cm x 29 cm), o bloco B14(14 cm x 19 cm x 19 cm) e o blocoB44 (44 cm x 19 cm x 14 cm), cujaunidade modular é sempre múlti-pla de 15 (14 cm + 1 cm de espes-sura de junta). Dessa forma, evita-se o uso de compensadores.

A família 39 é composta de três

elementos básicos: o bloco B39(39 cm x 19 cm) e largura variável;o bloco B19 (19 cm x 19 cm) e lar-gura variável e o bloco B54 (54 cmx 19 cm) e largura variável. Osmódulos dessa família são múlti-plos de 20 (19 cm + 1 cm de espes-sura de junta) e, por terem largu-ras que, segundo a revisão da NBR6136 de 2006, variam de 9 cm a 19cm, essa família exige elementoscompensadores, já que seu com-primento nem sempre será múlti-plo da largura.

Os elementos compensadoressão necessários não só para ajuste devãos de esquadrias, mas tambémpara compensação da modulaçãoem planta baixa. Quando da utiliza-ção de blocos com largura de 14 cm,é necessário lançar mão de um blocoespecial, que é o bloco B34 (34 cm x19 cm x 14 cm), para ajuste da uni-dade modular nos encontros comamarração em "L" e em "T", para

Planta – Modelo de alvenaria

Número da parede

Espessura da parede

Quarto 4 Sala Quarto 2

Quarto 3 Quarto 1Cozinha

Área de

serviço

440 321

3354706857901000110514 14

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1414

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434 121

0.000.000.000.000.00 0.00 0.00

0.00

275

275

275

550

275

375

490

550

XY

14 14

7 14 14 1

14 9

13 14

1124

144

6 41

1 34

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214

1014

1114

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C O M O C O N S T R U I R

62 TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008

A alvenaria modulada é projetadacomo um jogo de peças de encaixe,dispondo os blocos em fiadas alterna-das de forma a utilizar na amarração omínimo possível de peças. Com isso,evita-se o uso de peças pré-moldadasou a quebra de blocos, com elevaçãoda produtividade da mão-de-obra.

O projeto é determinante para amontagem da alvenaria em obra.Deve conter o máximo de informa-ções referentes a detalhes arquitetôni-cos, estruturais, de instalações elétri-cas e hidrossanitárias, pois, uma vezcompatibilizadas com o processoconstrutivo, serão facilmente incor-poradas na execução simultânea dossistemas. Ressalta-se que a modula-ção da planta baixa somente é defini-da após a execução das elevações dasalvenarias, quando se dá realmente oprocesso de compatibilização com asinstalações. Somente após a inserçãodos vãos das janelas, e principalmenteos shafts que abrigam as instalações

hidrossanitárias, é que se conclui aposição definitiva dos blocos emplanta baixa. Outros elementos fun-damentais para o projeto são os cha-mados blocos-canaletas (utilizadosem vergas e contravergas, apoio daslajes ou término das alvenarias semlaje), os blocos tipo J (utilizados nasparedes externas, dispensando o usode fôrmas na extremidade das lajes) eos blocos compensadores (principal-mente utilizados na amarração deportas e esquadrias).

Uma das vantagens do planeja-mento da produção por meio do pro-jeto é a previsão de futuras amplia-ções pelo proprietário, conforme sedemonstra nas figuras a seguir. Ob-serve que atendendo aos princípiosde racionalização e economia, a pare-de que divide o banheiro e a cozinhaconcentra todas as instalações hi-dráulicas (veja planta).

Início de execuçãoCom a planta de primeira fiada, a

equipe inicia a execução da alvenaria.Faz-se, primeiramente, a locação

das instalações, porque as tubulaçõeselétricas deverão coincidir com osfuros dos blocos e as instalações hi-drossanitárias, com os shafts. Instala-ções e armaduras coincidem com osfuros dos blocos de concreto graças àprecisão dimensional e ao uso da fa-mília adequada de componentes.Com os pontos precisamente demar-cados, as fundações já podem ser exe-cutadas (foto 3).

Em primeiro lugar verificam-se oesquadro e as diferenças de níveis nospontos da laje que delimitarão a alve-naria. Em seguida, marca-se o alinha-mento das paredes, indicando a posi-ção em que devem ser assentados osblocos. A conclusão dos serviços demarcação é definida pela colocação dosescantilhões e finalização do assenta-mento dos blocos da primeira fiada.Com esses procedimentos, garante-seo perfeito nivelamento e alinhamentodas fiadas subseqüentes (foto 4).

ElevaçãoA elevação da alvenaria começa a

partir da execução da segunda fiada.

conseguirmos amarração perfeitaentre as alvenarias.

Essa racionalização proporcionamais eficácia e economia ao sistema,que apresenta vantagens significativas:� Redução de armaduras� Redução de fôrmas� Eliminação das etapas de molda-gem dos pilares e vigas� Facilidade na montagem da alve-naria� Redução de desperdícios e retra-balho

Projeto moduladoPara se obter o resultado esperado

da alvenaria estrutural modular emblocos de concreto é fundamentalque o projeto seja otimizado, ou seja,ofereça um espaço bem planejado,seja flexível para mudanças futurasou simplesmente utilize a engenhariade forma a reduzir custos, como, porexemplo, a definição de uma únicaparede hidráulica.

Foto 3 – Preparação da fundação Foto 4 – Marcação da primeira fiada

Foto 5 – Colocação de gabarito da janelaFoto 6 – Assentamento de vergapré-moldada

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Nessa fase serão marcados os vãos dasesquadrias, lembrando-se que os vãosdas portas já foram locados na pri-meira fiada. É realizado também oembutimento dos eletrodutos, sãodefinidos os locais para as instalaçõesde água e esgoto (shafts) e os detalhesestruturais (armação e concretagens).Todos esses detalhes deverão estarcontidos nas elevações das paredescujas soluções foram estabelecidas nafase de projeto. A argamassa é aplica-da uniformemente sobre as paredeslongitudinais e transversais dos blo-cos (foto 5).

Durante a execução da alvenaria,são verificados o nível e o alinhamen-to, garantindo a precisão dimensio-nal da parede. As juntas verticais sãototalmente preenchidas, podendo sertrabalhadas com efeitos arquitetôni-cos (no caso de alvenaria de blocosaparentes), pintura direta sobre blo-cos, entre outros acabamentos. Peçaspré-moldadas nas aberturas de por-tas e janelas agregam valor ao proces-so industrializado. Contramarcospré-fabricados, além do efeito arqui-tetônico, permitem maior produtivi-dade e precisão na elevação da alve-naria (foto 6).

InstalaçõesO estudo da interferência entre

instalações e alvenaria é importantepara a racionalização do processoconstrutivo e para os serviços de ma-nutenção. Para facilitar a manutençãoou reparo, as instalações devem estarem posições adequadas e serem aces-

síveis, de modo que o serviço sejafeito sem necessidade de quebrar aparede (foto 7).

Instalações de água e esgoto, en-tretanto, não podem ser embutidasde forma convencional. Elas cami-nharão por espaços que deverão seracessíveis, a fim de facilitar a manu-tenção e o conserto. Para que não fi-quem visíveis, as instalações hidros-sanitárias podem ocupar shafts, quesão projetados dentro dos padrões demodulação da alvenaria (fotos 8 e 9).

Integradas ao conceito de racio-nalização e industrialização, as insta-lações hidrossanitárias tambémpodem ser pré-montadas em kitspara cada unidade. A instalação ficarestrita ao encaixe do kit nas pruma-das principais, o que limita as interfe-rências no processo executivo.

Os blocos com caixas elétricas de-verão ser preparados antes da execu-

ção da alvenaria e assentados no localindicado nas elevações (foto 10).

RevestimentoNa alvenaria com blocos de con-

creto, pela precisão do componente eda execução, o revestimento pode seraplicado diretamente sobre o bloco,eliminando camadas como o chapis-co e o emboço.

Alguns fabricantes de tintas jápossuem produtos que podem seraplicados diretamente com garantiada durabilidade e estanqueidade daalvenaria (foto 11).

Controle da qualidadeÉ imprescindível que os blocos

de concreto estruturais obedeçam àscaracterísticas estabelecidas para quese obtenha o máximo de vantagensoferecidas pelo sistema. Quem defi-ne o tipo, ou a família, é o arquiteto.

Foto 7 – Instalações e alvenaria Fotos 8 e 9 – Execução de instalações hidráulicas acessíveis

Foto 10 – Blocos com caixas embutidasFoto 11 – Pintura acrílica externadiretamente sobre o bloco

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C O M O C O N S T R U I R

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Caberá ao engenheiro de estruturasinformar a classe de resistência queserá adotada.

Recebimento dos blocosÉ necessário que haja no canteiro

espaço reservado para a armazena-gem com segmentação dos blocos portipos e classes de resistência. A verifi-cação deve ser realizada visualmenteantes e durante o descarregamento.Os blocos devem ser homogêneos,compactos, ter os cantos vivos, sem-pre livres de trincas e imperfeiçõesque possam prejudicar o assentamen-to ou afetar a resistência e a durabili-dade da construção.

Controle tecnológicoNo canteiro de obras, assim que

os blocos são recebidos, devem serseparadas amostras para cada lote,para que sejam encaminhadas a umlaboratório e ensaiadas. É impor-tante que as amostras sejam coleta-das aleatoriamente, representandoas características do lote, seguindoas quantidades estabelecidas pelaNBR 6136:2006. As amostras coleta-das serão marcadas identificando adata da coleta e o lote e posterior-mente enviadas a um laboratóriopara os ensaios.

ManutençãoAs paredes da Casa 1.0, por

serem construídas em alvenaria es-trutural com blocos de concreto, sãoautoportantes e, por isso, é termi-nantemente proibido derrubar ouabrir buracos nas paredes, exceto osprevistos no projeto de ampliação.

Caso seja necessário furar umaparede, deve-se verificar o posicio-namento do quadro de distribuiçãoe dos alinhamentos verticais de in-terruptores e tomadas, para evitaracidentes com fios elétricos.

Em paredes de azulejos, re-comenda-se executar as furações nasjuntas (rejuntes) a fim de preservar asuperfície esmaltada e a própria es-tabilidade da fixação da peça.

Em caso de perfuração em tubu-lação de água, deve-se fechar o regis-tro da cozinha ou banheiro e acionarum profissional (encanador) parasolução do problema.

Ao se perfurar a parede, para co-locação de objetos, deve-se verificaralguns aspectos físicos:� Ao colocar algum parafuso naparede, usar bucha de náilon, paraevitar rachaduras� Para objeto de peso elevado,usar bucha plástica de tamanhoadequado

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

NBR 5706:1977 –Coordenação Modular daConstrução.

NBR 5726:1982 – SérieModular de Medidas.

NBR 6136: 2006 – BlocosVazados de Concreto Simplespara Alvenaria – Requisitos.

NBR 12118:2006 – BlocosVazados de Concreto Simplespara Alvenaria – Métodos de Ensaio.

Práticas Recomendadas –Alvenaria com Blocos deConcreto (PR1 a PR5).ABCP(Associação Brasileira de CimentoPortland). Disponível no sitewww.abcp.org.br

Caderno Analítico de Normas– Sistemas à Base de Cimento.ABCP (Associação Brasileira deCimento Portland).

Manual Técnico paraImplementação – Habitação1.0.ABCP (Associação Brasileirade Cimento Portland).

Déficit HabitacionalQuantitativo. IBGE (InstitutoBrasileiro de Geografia eEstatística).

Evolução do PIB, PIB daConstrução Civil e Taxa deJuros. IBGE (Instituto Brasileirode Geografia e Estatística).

Blocos Vazados de ConcretoSimples para AlvenariaEstrutural. Programa QualimatSinduscon-MG.

Confira detalhes das possibilidades de expansão da Casa 1.0 em www.revistatechne.com.br

Manutenção periódica (anos)Itens Descrição Garantia Gratuita Responsabilidade

anos empresa do cliente6 meses 1 2 3 4 5 6 7 8

1 Esquadria de ferro, ferragense rodapés 5 x x x x x

2 Azulejo, cerâmica e rejunte 5 x x x x x x x x x3 Peitoris, soleiras 5 x x x x x4 Louças, metais e acessórios 1 x x x x x x x x x5 Ralos e caixas sifonadas 1 x x x x x x x x x6 Interruptores, tomadas e 1 x x x x x x x x x

quadro disjuntor 1 x x x x x x x x x7 Forro de PVC 1 x x x x x x x x x8 Forro de madeira 1 x x x x x x x x x9 Esquadria de alumínio 5 x x x x x10 Pintura 1 x x x x x11 Instalações hidrossanitárias 5 x x x x x12 Instalações elétricas 5 x x x x x13 Instalações telefônicas 5 x x x x x

Tabela 1 – Garantias e serviços técnicos de manutenção periódica

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