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TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO LEANDRO NOGUEIRA RANGEL FLYER DE ENTRETENIMENTO NOTURNO - A ANÁLISE GRÁFICA COMUNICACIONAL Campos dos Goytacazes/RJ

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TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO

LEANDRO NOGUEIRA RANGEL

FLYER DE ENTRETENIMENTO NOTURNO - A ANÁLISE GRÁFICA

COMUNICACIONAL

Campos dos Goytacazes/RJ

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2010

LEANDRO NOGUEIRA RANGEL

FLYER DE ENTRETENIMENTO NOTURNO - A ANÁLISE GRÁFICA

COMUNICACIONAL

Monografia apresentada ao Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense de Campos dos Goytacazes como

requisito parcial para conclusão do Curso de

Tecnólogo em Design Gráfico.

Orientador: Prof. José Ronaldo Araújo

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Campos dos Goytacazes/RJ

2010

LEANDRO NOGUEIRA RANGEL

A ANÁLISE GRÁFICA DO FLYER DE ENTRETENIMENTO NOTURNO

Monografia apresentada ao Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense como requisito parcial para

conclusão do Curso de Tecnólogo em Design

Gráfico

Aprovada em 20 de dezembro de 2010

Banca Avaliadora:

.................................................................................................................................................

Prof. José Ronaldo Araújo (orientador)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/ Campos dos Goytacazes

.................................................................................................................................................

Profª. Patrícia Daldegan Almeida Meneguelle

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/ Campos dos Goytacazes

{{

.................................................................................................................................................

Profª. Joelma Alves de Oliveira

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense/ Campos dos Goytacazes

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. José Ronaldo, por todo pronto-atendimento em me atender nos finais de

semana em plenos feriadões.

A Prof. Ana Paula, por direcionar o embasamento da pesquisa e acreditar na

finalização do projeto.

A todos os demais professores que dedicaram a mim uma atenção especial sempre

quando os solicitei.

Aos meus saudosos entrevistados, que me receberam com gentileza, viabilizando a

elaboração desta monografia.

Aos meus amigos, nos momentos de ajuda e descontração.

À minha mãe, por todo sacrifício para investir em meus estudos.

E, principalmente à Deus, por me proteger e ajudar em todos momentos difíceis e que

me permitira alcançar esta e outras grandes conquistas.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe, por toda dedicação a mim.

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RESUMO

A presente monografia analisou o flyer como peça gráfica e ferramenta comunicacional

alternativa, com toda a diversidade visual para festas com públicos ecléticos, para produtores

de festas e donos de boates. Esse segmento no design gráfico se consolidou no universo do

entretenimento noturno como veículo ideal para divulgação de todos os tipos de eventos. Por

isso, este projeto tem como objetivo mostrar a importância e domínio desta mídia para esse

mercado, abordando suas características, evoluções de produção e adequações aos públicos

que se destinam. O método de pesquisa se fez através de entrevistas com profissionais

envolvidos na concepção dos conceitos e das peças gráficas, revisão bibliográfica e pesquisa

documental em flyers diversos. A observação dos layouts teve ênfase na sua capacidade de

atração dos flyers ao usar imagens cognitivas de impacto.

Os objetivos deste estudo são: verificar se o flyer irá atingir seu público-alvo; analisar os

códigos utilizados para transmitir a mensagem, basear a representação gráfica em estudos

comunicacionais, apresentar na peça uma composição que une atração e funcionalidade,

posicionar esse meio em referencial do nicho ao qual pertence, demonstrar sua utilização

impressa e virtual, abordar a grande diversificação de festas para públicos distintos; justificar

sua utilização como marcadores urbanos, guiando sub-culturas a diferentes espaços, e por fim

auxiliar o público a eficácia de escolha. A necessidade de comunicação através do flyer, junto

aos nativos e turistas, é demonstrada com diferentes modelos dispostos no mercado

atualmente, sendo produzidos e distribuídos na vida noturna das principais capitais mundiais,

em paralelo com os que são produzidos na cidade do Rio de Janeiro.

Palavras-chaves: Mídia Alternativa; Flyers; Marketing; Comunicação visual; Tribos urbanas.

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ABSTRACT

This monograph examined the flyer as part graphical tool and alternative communication,

with all the visual diversity to public holidays with eclectic festivities for producers and

owners of nightclubs. This segment was consolidated in graphic design in the universe of

evening entertainment as an ideal vehicle for dissemination of all types of events. Therefore,

this project aims to show the importance and control of media in this market, discussing its

features, production changes and adjustments to the public as intended. The method of

research was done through interviews with professionals involved in the design concepts and

graphic works, literature review and documentary research in several flyers. The observation

of the layouts had emphasis on its ability to attract fliers to use images of the cognitive

impact.

The objectives of this study is to verify that the flyer will reach your target audience,

analyzing the codes used to convey the message, based on the graphical representation in

communications studies, present in part a composition that combines functionality and

attraction, this means in reference position the niche to which it belongs, to demonstrate its

use printed and virtual, to address the great diversity of parties for different audiences; justify

their use as markers urban sub-cultures leading to different spaces, and ultimately help the

public the effectiveness of choice. The need for communication through the flyer, with the

natives and tourists, is demonstrated with different models arranged on the market today,

being produced and distributed in the nightlife of the main capitals of the world, alongside

those produced in Rio de Janeiro.

Keywords: Alternative Media, Flyers, Marketing, Visual Communication, Urban tribes.

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LISTA DE IMAGENS

Figura 1 – “A MALDITA”..................................................................................................... 28

Figura 2 – “HALLOWEEN BIRTHDAY EXTRAVAGANZA”........................................... 30

Figura 3 – “THE SURESHOCKIN PLANET ROCKIN SERIOSO HAPPININ”…….…….30

Figura 4 – “DISTORTION”................................................................................................... 31

Figura 5 – “TORREMOLINOS” ........................................................................................... 32

Figura 6 – “BURLESQUE NIGHT”...................................................................................... 32

Figura 7 – “FUCKED!”.......................................................................................................... 32

Figura 8 – “I LOVE POP”........... .......................................................................................... 33

Figura 9 – “LUV”................................................................................................................... 39

Figura 10 – “COSMOPOLITAN”.......................................................................................... 39

Figura 11 – “CASA DA MATRIZ”........................................................................................ 40

Figura 12 – “THE SHOW CASE STUDIO”.......................................................................... 47

Figura 13 – “RENAISSANCE”.... ......................................................................................... 48

Figura 14 – “THE LOVE BROS & NUBIAN”...................................................................... 49

Figura 15 – “JERRY D‟S”…………….................................................................................. 49

Figura 16 – “A NIGHT OF PURE FUNK!”…....................................................................... 50

Figura 17 – “DOUBLE DAY SUPER EXPLOSION”........................................................... 51

Figura 18 – “TOMORROW IS BORN”…............................................................................. 52

Figura 19 – “DESIRE 92”…………….................................................................................. 53

Figura 20 – “FANTASIA, THE CLUB TOUR PART VII”…………………...................... 54

Figura 21 – “MOND BAR”……………................................................................................ 55

Figura 22 – “DIRTY DISCO”................................................................................................ 56

Figura 23 – “SHÔKOWEEN”...... ......................................................................................... 56

Figura 24 – “STRIP SILENCE”............................................................................................. 57

Figura 25 – “ARDIDA”.......................................................................................................... 58

Figura 26 – “ULTRALOVECATS”....................................................................................... 58

Figura 27 – “I LOVE MIERCOLES”..................................................................................... 59

Figura 28 – “FREUDEN HOUSE” ........................................................................................ 60

Figura 29 – “QUALITY BREED”…….................................................................................. 60

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Figura 30 – “EU AMO BAILE FUNK”................................................................................. 61

Figura 31 – “LOUNGE 69”.................................................................................................... 61

Figura 32 – “ENJOY PRIDE EDITION”............................................................................... 62

Figura 33 – “FEIJOADA DA FAMÍLIA MANGUEIRENSE”............................................. 62

Figura 34 – “SAMBA DE BLACK”...................................................................................... 63

Figura 35 – “FASHION NUGGET”....................................................................................... 64

Figura 36 – “THE ROYAL FLUSH”..................................................................................... 65

Figura 37 – “NO BLOOD FOR OIL”………….................................................................... 65

Figura 38 – “RIDOIM WARFARE”...................................................................................... 66

Figura 39 – “AVALAND HOLLYWOOD”.......................................................................... 68

Figura 40 – “LUV CLUB”..................................................................................................... 68

Figura 41 – “WIGSTOCK 98”…………............................................................................... 69

Figura 42 – “ZOUK”.............................................................................................................. 69

Figura 43 – “DANCING CHEETAH”................................................................................... 70

Figura 44 – “BARATOS DA RIBEIRO”.............................................................................. 70

Figura 45 – “SPRAYSON”.................................................................................................... 71

Figura 46 – “MARACANGALHA”....................................................................................... 71

Figura 47 – “RINALDO RINALDINI”.................................................................................. 74

Figura 48 – “JHONNY CASH”….......................................................................................... 75

Figura 49 – “ELETROCHOCK”............................................................................................ 75

Figura 50 – “ELETROCLASH”............................................................................................. 76

Figura 51 – “COMBO CLUB CLASSICS”........................................................................... 77

Figura 52 – “ELECTRO BOOGIE”....................................................................................... 78

Figura 53 – “BLOCK ROCKI‟N BEATS”............................................................................. 78

Figura 54 – “METAL JAM”................................................................................................... 79

Figura 55 – “GATE 21”.......................................................................................................... 80

Figura 56 – “WE FRESH”...................................................................................................... 80

Figura 57 – “SEXPLOSION”……………............................................................................. 81

Figura 58 – “LA TOUR EIFFEL” ......................................................................................... 81

Figura 59 – “SAMBA SOCIAL CLUBE”............................................................................. 82

Figura 60 – “GEMA”.............................................................................................................. 82

Figura 61 – “CINE LAPA”.................................................................................................... 83

Figura 62 – “I AM A UNDER CONTROL”.......................................................................... 84

Figura 63 – “PUSH THAT BUTTON”.................................................................................. 85

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Figura 64 – “JUICY”.............................................................................................................. 85

Figura 65 – “DURI”................................................................................................................ 85

Figura 66 – “WAS” ................................................................................................................ 86

Figura 67 – “DIVAS DA MPB AO JAZZ”............................................................................ 86

Figura 68 – “LEMOON”.............. ......................................................................................... 86

Figura 69 – “FLUCHTWEG”................................................................................................. 88

Figura 70 – “ELECTRO BUNKER”...................................................................................... 88

Figura 71 – “THE BOILER”.................................................................................................. 89

Figura 72 – “CARABET” ...................................................................................................... 89

Figura 73 – “PATRICK PULSÍNGER”................................................................................. 89

Figura 74 – “LA PALOMA”.................................................................................................. 90

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

1 CULTURA MIDIÁTICA............................................................................................. 14

1.1 Cultura de massa versus contracultura.............................................................. 15

1.2 Mídia alternativa ………............................…………......…...…....…..…....... 19

1.3 Comunicação e design ………............................…….....…….......…..…....... 24

2 FLYER DE ENTRETENIMENTO............................................................................. 27

2.1 História do flyer: ontem e hoje ……………....………….....……...........….... 29

2.2 Marketing direcionado............................................................……....…......… 34

2.3 Design editorial............................…................................................................ 36

3 ANÁLISE GRÁFICA DOS FLYERS.....................…....................…......................... 44

3.1 Semiótica........................................................................................................... 44

3.2 Tipos de flyers analisados................................................................................. 46

3.2.1 Evolução .............................................................................................47

3.2.2 Conceito...............................................................................................54

3.2.2.1 Conceito erótico.....................................................................55

3.2.2.2 Conceito embalagem..............................................................59

3.2.2.3 Conceito carioca.....................................................................60

3.2.2.4 Outros conceitos.....................................................................63

3.2.3 – Layout................................................................................................66

3.2.3.1 Layout quanto à ilustração.....................................................66

3.2.3.2 Quanto à tipografia................................................................71

3.2.3.3 Quanto à forma / faca especial...............................................79

3.2.3.4 Quanto à diagramação............................................................83

3.2.3.5 Quanto à impressão................................................................87

CONSIDERAÇÕES FINAIS ……....………………………………............................… 91

REFERÊNCIAS ……..........………………………………………………................….. 92

ANEXO Entrevistas com produtores e designers............................................................... 93

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INTRODUÇÃO

Um flyer é uma peça gráfica, direcionada a um público específico, que tem como

objetivo informar e posicionar o evento comercialmente. Tem a função de resumir o conceito

da festa através de representação gráfica unindo imagem e linguagem.

Nele é inserido um conjunto de elementos que constituem a mensagem de um evento.

Essa mídia deve oferecer todas as informações necessárias e estabelecer com quem os

observa, um nível atrativo através do impacto visual e despertando a curiosidade.

Uma grande demonstração do que vem sendo feito no mercado e a adequação dos

flyers destinados a diferentes tipos de públicos, se fará com base nos estudos que compõem a

pesquisa.

Todos os projetos gráficos necessitam de um planejamento em design, utilizando

recursos de comunicação visual para evidenciarem seus produtos, marcas e serviços.

Cada festa tem um estilo diferente. Sendo assim, todo o estilo comunicacional também

se difere. Através dessa diversidade de nichos, a linguagem deve ter coerência com o estilo do

público, podendo ser mais ofensiva, dinâmica, minimalista, mas nunca deixa de ser objetiva,

já que são informações curtas e superficiais apenas para informar o leitor e impressioná-lo

visualmente.

As imagens cognitivas e o seu poder de impacto atraem determinados públicos

trazendo peculiaridades na sua comunicação como: tribos urbanas, comportamentos,

estratégias de mercado, linguagens e novas tecnologias.

Observa-se que esta peça do design gráfico é sempre mais consumida nas grandes

capitais, exigindo cada vez mais criatividade. Os donos de estabelecimentos de festas têm

uma preocupação imensa com a imagem do evento e querem disputar a noite com

personalidade própria. A preocupação estética nesse ramo de mercado, nunca deixa de ser

objetiva, impressionando visualmente o leitor através da qualidade do material, gerando

coesão entre os elementos enfocados e conseqüentemente oferecer identificação a seus

consumidores no segmento nos quais estão inseridos, despertando curiosidade e possível

fidelização.

São inseridas todas as informações importantes do evento, como nome da casa

noturna, data e programação, sendo a linguagem visual o principal diferencial.

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A escolha do tema para o projeto acadêmico é decorrente de uma carência em análise

gráfica desse gênero. Neste presente trabalho, o flyer serve como um estudo sociológico,

definindo tribos urbanas que buscam festas com estilos musicais que mais os agradem. O

objetivo busca abordar e identificar as bases institucionais que norteiam a esse segmento no

do design gráfico, compondo um estudo de seus aspectos e revelando a importância desta

mídia para o entretenimento noturno.

Outro ponto importante é a análise acerca de como os profissionais envolvidos em um

projeto comunicacional, conseguem detectar dentro de uma elaboração de objetivos, a

necessidade de utilização de mídias fora dos padrões considerados tradicionais. Essa

necessidade é causada pelo interesse em comunicação de forma mais direta.

A mídia citada nessa pesquisa e as utilizadas tradicionalmente só se diferem na forma

como são exploradas, fazendo parte de um universo de ferramentas de comunicação e que

partilham um mesmo objetivo. Sendo assim, é possível distinguir e analisar a mídia que se

aplica à demanda do entretenimento noturno, em uma tradução da mídia alternativa usada

convencionalmente.

A pesquisa foi desenvolvida tendo como base estudos pré-existentes de elaboração no

processo de marketing, por profissionais e estudiosos respeitados no assunto. A análise dos

dados obtidos trará subsídios para estudos e hipóteses, pela qual uma festa agregada ao flyer,

produz reconhecimento visual, impacto e fácil memorização.

A divulgação, utilizando ensinamentos de marketing de guerrilha, propicia o desejo do

público em ir ao evento. Portanto, essa razão justifica a relevância do projeto, enfatizando sua

capacidade de comunicação.

A metodologia utilizada neste trabalho de pesquisa será bibliográfica, em obras de

Louis Bou, Mike Riemel, Bo Bergström, Jay Conrad Levinson, entre outros e documental,

constituída de consultas a sites e citações de entrevistas de profissionais envolvidos no

mercado do entretenimento noturno.

A diversidade cultural apresenta diferentes características nos flyers. O design na peça

transmite a personalidade conceitual do evento, caracterizando-o. Então, por conseguinte, o

flyer é a imagem gráfica da festa.

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1 CULTURA MIDIÁTICA

Como é sabido em senso comum, cultura se refere a conhecimento, sendo

compartilhado pelos indivíduos de determinados grupos, lhes conferindo uma identidade.

Valores estéticos e morais são difundidos por gerações, porém com o passar do tempo, e em

contato com outras culturas, traços se perdem e outros se adicionam. Com esse

desenvolvimento sociológico diferenciado, não é possível afirmar que existam culturas

superiores.

“O termo „mídia‟ é originário do inglês media, que por sua vez, veio do latim e

significa „meios‟. É utilizado para se fazer referência aos meios e veículos de comunicação”

(TAMANAHA, 2006, p. 1).

Desde o seu surgimento, a abrangência da comunicação teve caráter principal. Pode-se

observar que os meios explorados intensamente pela publicidade, cada vez mais se tornam

comuns no dia-a-dia, e em decorrer disso, há o surgimento eminente de novos meios que

disseminam informação.

Então, nota-se que o trabalho dos profissionais dessa área está cada vez mais voltado

para a busca de novas mídias, que alcancem os objetivos da comunicação sem perder o foco,

tanto no posicionamento da informação a ser transmitida, quanto no público a ser alcançado.

Em se tratando de comunicação no universo do design gráfico, é possível constatar

que a peça tem a intenção de captar a atenção do público-alvo para a informação veiculada,

sendo assim, deve ser utilizar uma linguagem clara e objetiva. A mensagem a ser transmitida

pode consistir na divulgação de um produto e/ou um serviço, uma marca, uma empresa ou, até

mesmo, em um comunicado de cunho social, com direcionamento diverso. Como dito

anteriormente, para que esta informação seja percebida com maior eficácia, ela deve estar

voltada diretamente ao público-alvo.

“A base de toda a comunicação é o fato de alguém ter algo a dizer.” (Bergstrom, 2009,

p. 30). Essa mensagem deve ser transmitida de forma coerente, para que assim, o público

perceba a finalidade dessa peça gráfica.

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O objetivo do emissor é exercer influência pela comoção, motivação ou informação.

A mensagem é adaptada a esse propósito, e para que o emissor alcance o receptor,

deve-se estabelecer um canal entre eles, um meio. O emissor espera que a mensagem

gere conhecimento, interesse e credibilidade, e finalmente chegue a seu efeito final

(na maioria dos casos, uma ação).

(BERGSTROM, 2009, p. 30).

Porém, muitas vezes estas ações não conseguem adentrar na mente do consumidor da

maneira planejada, talvez por não possuírem uma mesma unidade de linguagem no processo

de comunicação ou por não estarem de acordo com as características do produto ou da marca.

O processo começa com a escolha da narrativa correta, que por sua vez, depende de

uma estratégia e da análise do objetivo de comunicação. A mensagem, que deve ter

uma forma e uma configuração, precisa de criatividade como recurso extra para criar

influencia.

(BERGSTROM, 2009, p. 60)

No âmbito das informações, alguns críticos e profissionais na área de comunicação,

discutem o que seria mais importante: a mídia ou a mensagem. O professor e pensador

Marshall McLuhan, publicou o livro “O meio é a mensagem” nos 60, como se o meio

“turbinar-se” o conteúdo, ou seja, é mais considerável a plataforma que comunica uma

mensagem do que sua informação propriamente dita. Então, conclui-se que para um

direcionamento estratégico de uma determinada mensagem, há de se preocupar e estudar o

meio mais adequado e eficaz.

A comunicação encontra na difusão da mensagem um grande desafio. É observado

que os canais tradicionais de comunicação estão cada vez mais congestionados. E em paralelo

a isso, existe uma busca cada vez maior por meios e tecnologias que cheguem ao objetivo.

1.1 Cultura de massa versus contracultura

Pode-se definir cultura de massa, como toda manifestação cultural produzida para o

povo, camada mais numerosa da população. Veiculada pelos meios de comunicação mais

abrangentes, desmede heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas.

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A massa é constituída por um conjunto homogêneo de indivíduos que, são

essencialmente iguais, indiferenciáveis, mesmo que provenham de ambientes

diferentes, heterogêneos e de todos os grupos sociais. A massa é um agregado que

nasce e vive para além dos laços comunitários e contra esses mesmos laços, que

resulta da desintegração das culturas locais e no qual as funções comunicativas são

necessariamente impessoais e anônimas. A sociedade é sempre a vencedora e o

indivíduo não passa de um fantoche manipulado pelas normas sociais – Adorno,

1954 – Television and the Patterns of Mass Culture. A cultura de massa não é o

único sistema cultural das sociedades contemporâneas. Estas são realidades

policulturais em que a cultura de massa se faz incluir, controlar, censurar e, ao

mesmo tempo, tende a corromper e a desagregar as outras culturas.

(WOLF, 1995, p. 47)

A chegada da cultura de massa pretende submeter as demais a um projeto comum. A

massificação cultural requer a repressão às demais formas de cultura, de forma que os valores

ditos como corretos, sejam apenas os compartilhados pela massa.

Os indivíduos, na medida em que são componentes da massa, estão expostos a

mensagens, conteúdos e acontecimentos que vão além de sua experiência, que se

referem a universos com um significado e um valor que não coincidem

necessariamente com as regras do grupo que o indivíduo faz parte. A interpretação

transforma e adapta o significado da mensagem recebida, fixando-a às atitudes e aos

valores do destinatário até mudar, por vezes, radicalmente o sentido da própria

mensagem. A exposição do público a universos simbólicos e de valores diferentes

dos que são próprios da sua cultura constitui um elemento muito afim de tudo o que

é acentuado pelas mais recentes hipóteses sobre os efeitos do mass media.

(WOLF, 1995. p. 23)

“Nos anos 60, época de vultoso crescimento dos novos meios de comunicação em

massa, surgiu a contracultura” (RIEMEL, 2005, p. 246). Esta pode ser definida como um

ideário independente que questiona valores vigentes e instituídos na cultura ocidental.

A difusão de normas, gostos e padrões de comportamento das amarras tradicionais,

como a religiosa e a familiar, eram contestados, aproximando a juventude de uma

maior integração cultural. Esse conceito agregava subculturas distintas com códigos

e costumes próprios, formando um estilo de mobilização social.

(RIEMEL, 2005, p. 246)

É observado que a partir desse desenvolvimento em liberdade de expressão, com busca

de novos canais, fuga dos padrões comerciais e modismos midiáticos, inicia-se alguns termos

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de classificação de tribos urbanas classificados com uma cultura underground1, alternativa ou

marginal.

Neste mesmo período da década de 60, empresas e fábricas perceberam a força dos

meios de comunicação alternativos. As camadas consideradas “subalternas” começaram a

imaginar e difundir novos modelos de comunicação que iludiam e desorientavam os códigos

dominantes. Esses novos meios comunicacionais, importantes pela sua segmentação, até vital

para alguns grupos, são levantados: “nascidos como irreprodutíveis, tentaram o salto frágil na

esfera da reprodutividade contracultural (jornais alternativos, rádios independentes, revistas

auto-financiadas, filmes de movimento)” (CANEVACCI, 2001, p. 184). Ou seja, todo esse

contexto foi criado para conscientização dos funcionários e incentivar a mudança de postura

em relação à gerência burguesa.

A partir do fim dos anos 60, houve uma fase crítica em toda área do mundo

ocidental, que confiava às classes sociais da sociedade pós-industrial nascente e às

camadas geracionais “subalternas” somente o “status” de expectadores passivos, por

uma praxe decidida em outras esferas. Então essas classes e essas camadas

executaram uma operação de destruição dos papéis a elas designados, para

experimentar a criação de um modelo de comunicação inovador, certamente a ser

codificado em seguida, porém espontânea, experimental e aberta a mais

possibilidades de saída. Excluiu os códigos estabelecidos e se impôs a exigência de

inventar novos modelos para codificar sem mediações externas.

(CANEVACCI, 2001, p. 183)

Entre o fim dos anos 60 e início dos anos 70 constitui-se um novo modelo de

comunicação gráfica. “Insinua-se definitivamente um novo modo de promover a formação da

opinião pública não oficial, o folheto” (CANEVACCI, 2001, p. 184). Com a utilização das

ferramentas gráficas para sua produção, sua ideologia podia ser transmitida estrategicamente

ao seu público-alvo;

O máximo esforço inicial da reprodutibilidade técnica do movimento será o folheto.

A descoberta das fotocópias, da matriz, das resmas, da máquina de escrever, da tinta

apropriada, vai ser difundidíssima e capilar. Ele é com plenos direitos, o símbolo em

estado puro de um “mass medium” irreprodutível elaborado pelo movimento. O ano

de 1968 e o folheto constituem uma coisa só. De fato, esses folhetos são pensados,

escritos e difundidos por pequenos grupos de intervenção, baseados em discussões

nas assembléias e nas reuniões, com conteúdos e estilos absolutamente informais. A

sua característica essencial está no fato de terem que ser distribuídos manualmente e

não de carro ou através de bancas de jornais: eles são personalizados.

(CANEVACCI, 2001, p. 194)

1 Expressão relacionada para designar qualquer forma artística em um ambiente cultural que está fora da mídia.

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É observado, principalmente nas grandes metrópoles, que a identidade do indivíduo

tende a ser mutável. O grau de compreensão que era variado, devido ao conservadorismo do

passado, deu lugar à interação mundial diária. Nas sociedades mais desenvolvidas, existem

diversidades culturais muito abrangentes. Esse intenso contato permite uma “crise de

identidade” nos indivíduos, refletindo diretamente na comunicação. O livre-arbítrio em

psicologia é a teoria da escolha, onde todos podem assumir o controle da própria vida, mesmo

que as escolhas anteriores tenham sido absolutamente equivocadas.

A explicação para esse contato é a globalização. A evolução tecnológica aprimora

cada vez mais os meios de comunicação, como a Internet. “Anúncios mudaram. Mudaram a

linguagem, as formas, as mídias, as massas. A comunicação não está só. Globalizou-se”

(CESAR, 2003, p. 244), ou seja, a multiplicidade cultural, permite que o indivíduo adote um

estilo de vida diferente do universo que o cerca.

O indivíduo, no processo de identificação e inclusão a uma determinada tribo urbana,

realiza em um processo mental, o julgamento de múltiplas opiniões e a seleção de uma delas.

Exemplos mais complexos incluem a escolha de um estilo de vida, filiação religiosa ou

posição política. Nas tribos urbanas, o objetivo-mor é estabelecer “redes de amizades” a partir

de interesses e afinidades em comum, como pensamentos e hábitos. Ao completar a

maioridade, o jovem que teoricamente já absorveu valores morais, tem capacidade de opinião

e compreensão. Ele exerce domínio e responsabilidade plena sobre seus atos, podendo buscar

interesse em qualquer área sem proibição.

Através de sua personalidade, sendo definida como conjunto de características

graduais psicológicas, que determinam a sua individualidade pessoal e social, é exposta sua

forma de expressão dada por reações no meio onde está inserido, justificando a própria

conduta de forma consciente ou não.

Muitas destas tribos sofrem preconceitos, manifestado geralmente na forma de uma

atitude discriminatória contra pessoas ou lugares, tendo um juízo estereotipado, pejorativo e

pré-concebido, pelo simples fato de ser diferente, e na maioria das vezes, sem que se saiba de

sua essência ideológica. Na sociedade contemporânea, além de assumir o papel da expressão,

a música também representa culturas e marca identidades. Por conta de uma preferência,

como um determinado estilo musical, por exemplo, esse indivíduo inicia uma busca de

convívio com pessoas que compartilham os mesmo ideais, gerando assim verdadeiras tribos

urbanas. Estas passam a usar determinados estilos, construindo e adotando costumes.

Assim como existem várias definições para música, existem muitas divisões a

agrupamentos da música em gêneros, estilos e formas. A partir daí pessoas se aproximam,

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elegem espaços para freqüentar, passam a usar determinados tipos de roupas, gírias e dança,

ou seja, constroem ou adotam determinados costumes.

Sob inspiração de uma compra com base mercadológica: “os clientes compram muito

mais do que meramente um produto ou serviço”, pode-se pressupor que estão comprando a

personalidade, a reputação, a maneira de vestir, a decoração da casa noturna, seus serviços, o

aroma, o status da festa, compram uma promessa de diversão (boa música – rever amigos e

fazer novos - azaração). (LEVINSON, 1989, p. 83)

A fim de unir todo esse contexto social, observou-se por diversas pesquisas de campo,

que foi adotado o termo “cena”. Este alimenta um triângulo mercadológico: produção,

circulação e consumo. A partir daí, percebe-se que não adianta uma produção com boa

circulação se não há comunidade quem a consuma.

A disseminação de idéias através da publicidade tem por objetivo de persuadir e

motivar consumidores a usufruir bens e serviços. Essa premissa, aliada ao design, deve

utilizar uma abordagem de acordo com o perfil da empresa contratante, com o segmento a

qual ela pertence e o público a ser alcançado, como dito anteriormente.

Como observado sob uma análise de todo contexto cultural da vida noturna, no início

da década de 70, encontrava-se em ascensão a freqüência aos clubes noturnos. Hoje em dia,

nas grandes capitais de todo o mundo, muitos moradores e turistas buscam entretenimento,

sem outra finalidade se não diversão. Essa disposição é potencializada principalmente nos

finais de semana, podendo ser para uma distração ou para um evento imperdível. Existem

diversos tipos de festas e boates com inúmeras atrações, e na maioria delas as festas são

focadas no ritmo musical.

1.2 Mídia alternativa

Como é percebida em senso comum, a comunicação humana realiza um processo que

envolve a troca de informações, que através do design, utiliza sistemas simbólicos como

suporte para este fim. Estão envolvidas neste processo infinitas maneiras de se comunicar. A

comunicação segmentada é um desdobramento do modelo de comunicação de massa. Ela se

consagra nas grandes metrópoles onde abrigam diversidades culturais, como mencionado

anteriormente. Através da grande explosão comunicacional, sua abordagem se torna cada vez

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mais abrangente. Esse tipo de comunicação atinge grupos específicos, classificados de acordo

com características próprias e preferências similares.

Uma empresa raramente pode satisfazer a todos em um mercado. Portanto os

profissionais de marketing começam dividindo o mercado em segmentos. Após

examinar diferenças demográficas, psicográficas e comportamentais entre os

compradores, eles identificam e descrevem grupos distintos, que podem preferir ou

exigir vários mixes diferentes de produtos ou serviços. Então, decidem quais

segmentos apresentam a maior oportunidade. Para cada mercado-alvo escolhido, a

empresa desenvolve uma oferta de mercado. A oferta é posicionada, na cabeça dos

compradores-alvo, como algo que fornece um ou mais benefícios centrais. As

empresas são mais bem sucedidas quando escolhem seu mercado-alvo

cuidadosamente e preparam programas de marketing sob medida para ele.

(KOTLER, 2006, p. 22)

A partir dessa afirmação, é observado que com a segmentação dos públicos,

convencionalmente são utilizadas alternativas de mídia para alcançá-los. Essas se

caracterizam como um veículo de comunicação diferenciado, propondo o que seu nome

sugere: uma alternativa à mídia dominante (formatos convencionais como Jornais e TV

principalmente).

Conforme observado em grandes metrópoles mundiais, alguns deste exemplos são:

motomídia, busdoor, mídia em metrô, anúncios em novas tecnologias, entre outros. A mídia

alternativa é caracterizada ainda como um espaço para veiculação de anúncios em locais

inusitados, podendo haver interação. Apesar dessa amplitude de utilização, esses tipos de

mídia, geralmente são utilizados em segundo plano, complementando uma campanha já

realizada com as mídias tradicionais.

Em se tratando no aspecto de divulgação, a mídia alternativa, está intimamente ligada

aos conceitos de marketing de guerrilha. “É um método que utiliza as mais recentes

estratégias no campo do marketing, para planejar, lançar e manter a maior ofensiva

mercadológica possível”. “Seu objetivo é transformar clientes potenciais em consumidores

reais, e investimento de marketing em lucro.” (LEVINSON, 1989, p. 9).

É uma nova maneira de comercializar seus produtos ou serviços com base na

paciência, imaginação, tempo e energia, e não mais no orçamento de marketing

(que, na maioria das vezes, o pequeno empresário nem ao menos tem). Uma das

necessidades humanas mais importantes é a identidade, reconhecendo a identidade

dos clientes potenciais.

(LEVINSON, 1989, p. 9)

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As empresas devem procurar, cada vez mais, formas modernas e direcionadas para

comunicar seus objetivos e receber informações do mercado, ao invés de intensificar a

comunicação tornando-a maçante e com o tempo desinteressante.

Freqüência excessiva também é ineficiente. Você quer anunciar o suficiente para

que seus clientes ajam da maneira que você quer, mudem para sua marca, que

pensem bem dela, conheçam as características de seu produto ou pura e

simplesmente comprem mercadorias que você está vendendo. Você quer que seu

anúncio chegue até eles o número de vezes suficiente para atingir uma quantidade

grande a não-consumidores. Sua publicidade deve ser dirigida aos seus verdadeiros

consumidores em potencial. A publicidade que não se concentra nas pessoas que

podem vir a consumir o que ela anuncia é puro desperdício.

(WOLF, 1995, p. 35)

Como se pode notar, de nada adianta ter um ótimo contexto comunicacional, se ao

transmitir essa mensagem, se escolhe meios ineficazes quanto à clientela almejada.

O importante é: realizar uma boa veiculação. O sucesso depende do sucesso da

outra. (...) Planejar a mídia significa desenvolver a idéia que deverá ser implantada

para obter o que se quer, isto é, traçar o caminho que deve ser percorrido para chegar

onde se quer, e que consiste em estudar minuciosamente a situação do produto no

mercado, a atuação da concorrência e as características do público-alvo.

(TAMANAHA, 2006, introdução)

Cabe ao profissional descobrir se as mídias já existentes estão de acordo com o perfil

da informação a ser transmitida ao público-alvo. Ou seja, deve-se planejar.

Planejamento de mídia é usado para se fazer referência ao momento em que o

profissional analisa as informações passadas pelo cliente de maneira formal ou

informal, tais como: características do mercado, performance de venda do produto e

da concorrência, perfil demográfico e psicográfico do público-alvo, objetivos de

venda e de propaganda. O profissional então cruza essas informações com os dados

de pesquisa de mídia, determina a quantidade de pessoas do público-alvo que a

veiculação deverá contemplar, a intensidade adequada e o tempo necessário,

seleciona os meios apropriados e recomenda a programação que considera eficiente

para atender aos resultados pretendidos.

(TAMANAHA, 2006, p. 76)

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A partir da escolha eficaz do meio comunicacional, desenvolvem-se os objetivos

traçados pelo marketing.

O êxito de uma campanha publicitária ocorre quando os objetivos de marketing são

alcançados: mais vendas, opiniões positivas, maior visibilidade, mais

recomendações boca-a-boca, vantagens competitivas e quaisquer outras metas que

possam ser estabelecidas.

(WOLF, 1995, p. 32)

Para finalizar a apresentação dos conceitos que envolvem as mídias, este raciocínio

ainda é complementado sob a análise da crescente utilização dos meios alternativos de

comunicação e sua abrangência.

As mídias chamadas alternativas ganham espaço. Empresas investem muito mais em

pontos-de-venda ou marketing direto do que há poucos anos. (...) A comunicação, de

fato, precisará ser o mais abrangente possível, e concomitantemente, o mais

individualizado possível.

(CESAR, 2003, p.245)

É importante ainda ressaltar que não se deve fugir do conceito planejado porque se

pode perder o diferencial definido pela empresa. Deve-se criar um canal de comunicação com

cada tipo de grupo do mercado consumidor. A estratégia de comunicação para cativar o

consumidor é cada vez mais elaborada.

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Encontrar uma criação para evitar que a mala-direta vá para o lixo é indispensável.

Lance mão de tudo o que você achar possível para atrair a atenção: formatos

diferenciados, papéis diferenciados, brindes, etc. Qualquer coisa que você imaginar

que seria difícil ir para o lixo será bem vindo. Na verdade a maioria das vezes não se

tem dinheiro para extrapolar, e a convencional mala-direta acaba predominando. Se

for assim, vale à pena seguir alguns conceitos básicos: Use uma imagem que possa

traduzir a idéia, mas que seja inovadora, curiosa. Se puder, fuja do formato padrão.

Brinque com o papel branco, como se estivesse fazendo dobraduras. Depois de

encontrada a forma de apresentação, crie. Não polua com informações demais. Só

pra lembrar, a regra vale sempre, e para tudo. Recursos com tipologia manuscrita em

uma determinada informação podem criar mais aproximação com quem está vendo.

Dão um toque pessoal. O conteúdo principal, a promessa básica, precisa estar

evidente, fácil de ser localizada. Pode-se usar outra cor, sublinhar, colocar em

negrito, usar um splash1. Mesmo que o consumidor não leia a mala inteira, precisa

bater os olhos e saber do que se trata. Bons redatores resolvem isso usando

subtítulos. Bons diretores de arte valorizam esses subtítulos. Se tiver preço ou

promoção explore. Use de tal forma que possa ser visualizado sem que o

consumidor precise procurar. Em evidência, o telefone. Não o esconda. Não o deixe

tímido demais. Também não abuse afinal você está vendendo um produto, não o

telefone.

(CESAR, 2003, p. 72)

Ainda tratando de mídias alternativas impressas, além do flyer são encontrados folders

e cartazes. Os flyers diferem dos folders principalmente por ser “folheto constituído por uma

única folha, com uma ou mais dobras”. Já o cartaz, intimamente ligado ao flyer, funciona

como “impresso de grande formato, para se tornar visível em lugares de grande freqüência de

público”. (VOLLMER, 1998, p. 48 e 24).

Essa evolução midiática constante no mundo contemporâneo pode ser analisada como

possibilidade de utilização sob uma forma personalizada, refletindo em um contato intimista.

Em decorrer disso, empresas de design anseiam novas formas de chamar a atenção do público

alvo.

A mídia impressa por sua vez, talvez tenha anúncios interativos em maior número.

Cada vez mais o consumidor poderá pegar no anúncio, puxar uma lingüeta, passar a

mão, sentir o cheiro, colocar óculos especiais para 3D ou ver formas tridimensionais

feitas em papel saltarem ao abrir uma página. Esse tipo de artifício aproxima o

consumidor.

(CESAR, 2003, p. 245)

1 Explosão de tinta (líquido) em uma superfície. Geralmente usado como tarjas para gerar impacto visual.

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Complementando essa abordagem, ao longo das últimas décadas, a evolução

tecnológica fez com que a comunicação fosse cada vez mais rápida e clara. Um exemplo é a

internet, que se dissipa com maior sucesso, através de portais jornalísticos e redes sociais.

A internet e a interatividade, sem dúvida são uma revolução. As pessoas estão

acessando, procurando, participando. Posso dizer, encontram-se maravilhadas com a

possibilidade por conta própria no que diz respeito à escolha. (...) Ao mesmo tempo

em que estamos falando com o mundo inteiro, temos que falar com um único

consumidor!

(CESAR, 2003, p. 245)

Diante desses depoimentos há de se considerar, que os meios alternativos através de

sua característica em segmentação, uma importância comunicacional no universo do design

gráfico.

1.3 Comunicação e design

Como é observado nos seres humanos, a forma mais desenvolvida de percepção é a

visual, pois desde os primórdios, os elementos gráficos foram fundamentais à comunicação.

Também é por essa razão que as os desenhos das pinturas rupestres foram as primeiras formas

de registro da comunicação visual a serem desenvolvidas por todas as civilizações, antes

mesmo da invenção da escrita.

As mais antigas tentativas para registrar informações de maneira a poderem ser

recuperadas mais tarde foram complicadas representações de animais e cenas da

caçada em pedra que foi o primeiro veículo. Dentro de relativamente pouco tempo, a

padronização dos significados tornou-se realidade. Todos eram símbolos gráficos,

reunidos podiam contar uma história.

(DEFLEUR /BALL-ROKEACH, 1993, p. 32)

Sob uma percepção estética: “A imagem transmite idéias, emoções, ou seja, não se

refere apenas a ilustrações, mas a seus significados. É por causa da imagem que a publicidade

se tornou uma forma tão poderosa de comunicação.” (CESAR, 2003, p. 209 e 210). Essa

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análise é complementada por essas representações simbólicas inseridas nas imagens, sob um

contexto de uma composição visual amplamente variada encontradas nas grandes cidades em

paralelo a um aprofundamento individual.

Para nós, o conceito eurístico de imagem dialética é usado como: uma constelação

objetiva em que a situação social representa a si mesma, um modo de percepção –

De fetiches, fantasmagorias e ilusões na consciência individual e coletiva. Um modo

de reprodução no interior de uma antropologia da cultura visual em que passado e

presente se cruzam. Essas constelações, percepções e reproduções não geram uma

força liberatória ou regressiva no cruzamento “enfeitiçado” entre mundo mítico,

mundo positivo e mundo futuro: para nós eles são indicadores empíricos para

delinear a cultura que a forma-metrópole difunde e eleva ao grau de auto-

representação carregada de sentido.

(CANEVACCI, 2001, p. 152)

“A comunicação visual é um conjunto de técnicas, conhecimentos e procedimentos

que buscam maior eficácia na transmissão visual de mensagens verbais ou não-verbais através

dos diversos meios de comunicação” (VOLLMER, 1998, p. 28).

A cultura do consumo é uma cultura da comunicação visual, cuja relativa

“autonomia” não está em fugir de outras determinações quanto em estabelecer

hierarquias e diferenças de “gosto” e de “identidade”.

(CANEVACCI, 2001, p. 132)

Imagens são utilizadas em uma ampla gama no design gráfico, aplicados com grande

destaque ou elementos decorativos, compõem a representatividade do conceito da peça. Esse

suporte visual pode ser representado de duas formas, fotografia e ilustração.

Para que a história da imagem na publicidade fique clara, dois temas são

fundamentais entender: a fotografia e a ilustração. (...) Na publicidade a fotografia

não apenas faz com que os consumidores se lembrem dos anunciantes, mas permite

que desejem seu produto. (...) O desenho sempre foi uma poderosa forma de

comunicação. E mesmo com a fotografia, a ilustração não perdeu lugar. Precisando

acompanhar a nova tecnologia, alguns encaram o computador como um aliado, uma

ferramenta e passam a fornecer ilustrações digitais. Outros, heróicos, insistiram e

insistem até hoje em trabalhar com arte sem interferência da máquina.

(CESAR, 2003, ps. 210, 211 e 219)

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A percepção do consumidor é o objetivo da mídia. No universo das diferentes tribos

urbanas é repleto de símbolos como gírias e imagens, atuando como códigos cobertos de

significados. Para um melhor direcionamento, sendo ou não parte da tribo urbana, os

designers deve sempre se colocar no papel do público e estudar e pesquisam sobre seus

costumes na hora de produzir alguma peça, reunindo características, atributos e valores

defendidos, a fim de se evitar algum tipo de constrangimento ou retaliação.

Essa “bagagem” cultural, ou mesmo a vivência, do seu público é muito importante

para que ele possa estudar a linguagem que será utilizada, passar a mensagem de forma

adequada, através de um formato especificado. Feito isso, a linguagem do designer torna-se a

mesma do público-alvo, gerando identificação. Este método possibilita que o emissor se torne

aparentemente “íntimo”, e seja interessante para que o seu receptor aceite e entenda a

mensagem.

Design é um esforço criativo relacionado à configuração, concepção, elaboração e

especificação de uma forma. “De grosso modo, a publicidade é a promoção de um produto ou

marca, e é puramente isso, enquanto o design, em geral, é a organização e a articulação de

muitos dos próprios produtos e marcas” (NEWARK, 2009, p. 22). O pai do termo “design

gráfico” é um americano, Willian Addison Dwiggins, designer muito bem-sucedido que criou

peças gráficas em forma de pôsteres, panfletos e anúncios em jornais e periódicos

(NEWARK, 2009, p.10).

Em 1922, Dwiggins escreveu: “Em relação ao layout, no começo esqueça a arte e

use o senso prático. A função do designer gráfico é apresentar a mensagem de forma

clara, transmitir idéias importantes e fazer com que as menos importantes não

deixem de ser percebidas. Isso requer um exercício de bom senso e uma aptidão para

a análise, e não para a arte”.

(NEWARK, 2009, p. 10)

Design gráfico também é definido como “a atividade de planejamento e projeto

relativos a linguagem visual. Atividade que lida com a articulação de texto e imagem,

podendo ser desenvolvida nos mais variados suportes e situações” (VOLLMER, 1998, p. 36).

Esse contexto visual funciona como um processo de dar ordem estrutural e forma à

informação visualmente, trabalhando a relação de texto e imagem, utilizando componentes

visuais, com ilustrações que podem ser aplicada a vários meios de comunicação, sejam eles

impressos, digitais, audiovisuais, entre outros.

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2 FLYER DE ENTRETENIMENTO

Flyer (que em inglês que significa “voador”) é um termo usado para designar

pequenos panfletos publicitários, também chamados de volantes. Também conhecidos como

volantes e panfletos; “volantes são impressos de pequenas dimensões, distribuído para

propaganda política ou comercial” (VOLLMER, 2006, p. 108). Porém eles se diferem de

folhetos, e conceituando este de outra forma como dito anterioremente. “Volantes e panfletos

são diferentes de folhetos, pois dão menos informações e são menos dispendiosos. A maior

força deles é a sua economia” (LEVINSON, 1989, p. 157).

A diferença entre estes termos é referente ao aspecto comercial, histórico e nacional.

Percebe-se em livros e pesquisa de campo, que panfletos no Brasil (também chamados de

volantes, folhetos, prospectos e filipetas) são considerados para progagação comercial (em

diferentes segmentos) e política. Já o termo flyer é mais utilizado sob um carater evolutivo,

como mídia no entretenimento noturno, como também é observado pelos profissionais no

assunto Louis Bou e Mike Riemel, abordando esse conceito em diferentes trechos desse

projeto. Como observado também por estes autores, este termo em inglês é genérico em todo

mundo, porém na segmentação noturna, ele é identificado como “party flyers” (flyers de

festa).

Uma noite qualquer, em uma cidade qualquer, milhões de jovens de todo o mundo

estão fazendo a mesma pergunta em comum: qual festa vamos hoje? Por sorte

sempre tem alguém que tira um flyer guardado no fundo do bolso solucionando o

grave problema. (...) Os flyers são passaportes de diversão para os festeiros, sem

eles, estariam todos perdidos.

(BOU, 2006, introdução)

Como é observado em livros, sites e pesquisas de campo, o flyer, iniciado nos anos 70,

potencializado nos anos 80, altamente difundido nos anos 90, é um veículo alternativo

convencional, totalmente estabelecido no entretenimento noturno. Este meio de comunicação

consiste em uma peça gráfica feita de papel, impressa geralmente em ambos os lados que visa

atingir e incentivar o comparecimento de um determinado público ao local do evento.

Geralmente encontra-se na frente a imagem conceito da festa e o nome do evento, e no verso

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as informações complementares. Quanto ao tamanho, há uma diversa variedade, porém é

predominante o formato de cartão postal 10x15cm.

FIGURA 1 – “A MALDITA”

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

O flyer deve ser objetos de esmerado cuidado gráfico, aliando comunicação e design.

Para atrair cada vez mais clientes, são utilizados alguns ensinamentos do design gráfico que

contribuem para um valor agregado à qualidade do evento. Estes transmitem uma aparência

de profissionalismo, podendo ser utilizado a elaboração de um formato inovador, impressão

diversificada qualidade à cores, dinamismo na diagramação das informações e composição

layout com os elementos gráficos de forma atrativa, mas a elaboração dessa peça gráfica não é

considerada arte.

Flyers prioritariamente não são arte, mas sim serviço, devendo atuar como um

chamariz e uma promessa de bom gosto. Como texto promocional, a função do flyer

é chamar atenção.

(RIEMEL, 2005, p. 143)

O flyer tem como missão informar. Essa mostra efêmera do que se espera quando paga

a entrada da festa, deve ser definida com perfeição, como a que tipo de música e público está

destinado, para evitar surpresas e decepções. São focadas necessidades como o nome da festa,

a data e programação do dia específico, porém a linguagem, o visual e distribuição fazem todo

diferencial.

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2.1 História do flyer: ontem e hoje

Indícios mostram que na época Egípcia, papiros eram usados como cartazes para criar

mensagens de venda, e pequenos papéis eram distribuídos e facilmente encontrados nas ruas

da antiga Grécia e Roma.

Cerca de 2500 a.C., os egípcios descobriram um método de fazer uma espécie de

papel duradouro usando o papiro. Outrossim, era muito mais fácil escrever no papiro

com a escova e tinta do que trabalhar laboriosamente hieróglifos na pedra.

(DEFLEUR/ BALL-ROKEACH, 1993, p. 35)

“Desde o século XV com o advento da invenção de nova técnica de impressão por

Guttemberg, para produção de cópias de livros, surgiram também por conseqüência, panfletos

e prospectos.” (RIEMEL, 2005, p. 244). Ele ainda complementa essa premissa, “como fonte

histórica, foram produzidos em maior número nos tempos de agitação social, cultural e

política, como revoluções e guerras, a exemplo na época de Napoleão e nas guerras mundiais,

usados por grupos civis e política militar.” (RIEMEL, 2005, p. 245). Nesse contesto histórico

ele ressalta que “O flyer se converte como herdeiro direto do cartaz (ou pôster), com seu

vestígio histórico e artístico”. (RIEMEL, 2005, p. 244)

Neste foco histórico, as apresentações artísticas potencializaram o crescimento da

utilização de peças gráficas de forma considerável, onde se iniciou a sua funcionalidade junto

ao público jovem da década de 60.

A comunicação dos estudantes universitários no momento pós-guerra viu o

casamento entre panfletos como um meio entre música e cultura jovem. Eles

promoviam concertos e outros eventos. A década de 60 viu o começo do link entre

panfletos e cultura pop, como pôsteres feitos à mão que eram reduzidos a formato de

cartão postal com função de voar.

(RIEMEL, 2005, p. 246)

A partir de exemplos encontrados em livros e sites, foi analisado que o modelo de

flyer que vemos hoje foi iniciado na era da Disco Music, em Nova York e Londres na década

de 70. Nessa época aconteceu a consagração das discotecas como entretenimento noturno,

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resultando em abertura de novos lugares e consequentemete gerando mais divulgação. Os

empresários competiam para atrair o público, mostrando no papel atrações para suas

danceterias. Nota-se que a propagação dos flyers se potencializou com a invenção da

xerografia monocromática1 (foto-copiadora na cor preta), montagens de letras escritas à mão

ou utilização de letraset2, fotografias recortadas dos artistas e impressas em folhas coloridas.

FIGURA 2 – “HALLOWEEN BIRTHDAY EXTRAVAGANZA”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

No começo da década de 80, o número de boates e ao mesmo tempo as possibilidades

para o design do flyer cresceram. O modelo de flyer iniciado da década anterior se

estabeleceu, porém permitiu que fossem experimentadas novas formas em seu layout. Efeitos

tipográficos, elementos de composição, diagramação elaborada, impressão colorida em uma

cor e fotomontagens manuais foram grandes destaques dessa época.

FIGURA 3 - “THE SURESHOCKIN PLANET ROCKIN SERIOSO HAPPININ”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

1 Impressão em uma única cor.

2 Gabarito de letras inseridas por atrito.

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A modernidade das técnicas de produção dos flyers surgiu no final dos anos 80 na

Inglaterra. Anúncios de festas eram tão populares que, “o termo flyer, foi inseparavelmente

associado, funcionando no início como convites, para a cultura das festas privadas em

Chicago e festas Raves1 ilegais na Inglaterra”. (RIEMEL, 2005, p. 243). Sob uma análise, em

referência aos exemplos produzidos nesta época, em que a foto-montagem era feita

manualmente, foi iniciada uma nova alternativa para sua produção, através de recurso

computadorizado, criada com o software Photoshop, disponível para uso de scanners. Nesta

época, os designers davam realismo a suas imaginações. A estética utilizada inicialmente “era

refletia na arte psycodélica dos anos 60, mas rapidamente desenvolveu-se um audacioso

estilo, com alienígenas, desenhos fragmentados, quadrinhos contemporâneos e smileys2

(mensagem subliminar da droga ecstasy “E”)” (RIEMEL, 2005, p. 249).

FIGURA 4 - “DISTORTION”

FONTE: RAVE FLYERS

“No começo da década de 90, o número de boates e ao mesmo tempo as possibilidades

para o design do flyer cresceram. Os computadores e softwares se tornaram mais acessíveis

com efeitos impossíveis de serem reproduzidos à mão livre”. (RIEMEL, 2005, p. 251). Flyers

apareceram com impressões acessíveis de quatro cores (policromia) em papel brilhoso.

Devido ao grande número de eventos, os flyers tiveram que se tornarem mais captadores de

atenção do que simplesmente informar data e local, definindo as diferença estética dos estilos.

Nesse momento todos os clubes e discotecas começam a fazer seus flyers, uma maneira de

comunicar com custo reduzido a um público específico. Sua análise pode ser complementada

1 Tipo de festa que acontece longe dos centros urbanos, com música eletrônica.

2 Ou Smiley Face é a representação de uma carinha sorridente. Símbolo que consiste em um círculo amarelo com

duas elipses pretas (olhos) e um traço curvo (sorriso).

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a partir da premissa que “através das novas tecnologias de informação e comunicação, houve

maior qualidade na produção de flyers” (RIEMEL, 2005, p. 251).

Impressoras modernas que dão realismos às cores, internet que otimiza o tempo de

pesquisa e de material para os flyers, os scanners que capturam eletronicamente a

digitalização de imagens, etc…

(RIEMEL, 2005, p. 251)

O flyer hoje em dia, representa muito mais que simples papéis informativos usados

como material de divulgação sobre as festas. “Eles se transformaram na forma mais particular

de expressão estética-artística "noturna", a Flyer-art, verdadeiro fenômeno cultural.”

(CULTURA MOOD).

A partir de uma ampla análise dos flyers coletados em estudos de campo, encontrados

em livros, e complementando a abordagem do site Cultura Mood, pode-se perceber que

muitas vezes os flyers são desenvolvidos com caráter satírico e controverso, usando

caricaturas de personalidades, políticos, pin-ups e erotismo, a fim de atrair a atenção do

público. Além desses exemplos, diferentes referências estéticas são utilizadas. Os layouts

representam, através de manipulações fotográficas e ilustrações, um mix ortodoxo entre

psicodelismo, pop art, HQ comics1, cultura underground, fanzines kitsch, estilo retrô com

todos os neos e pós, tendências de moda, movimento punk2 e futurismo. “Idéias inovadoras

surgiram e idéias bem sucedidas são repetidas, continuadas, confirmando sinais do

desenvolvimento de uma tradição nos re-design de flyers” (CULTURA MOOD).

FIGURA 5 - “TORREMOLINOS”, FIGURA 6 - “BURLESQUE NIGHT” E FIGURA 7 - “FUCKED!”

FONTE: FLY FLYER FLY

1 Estilo gráfico de história em quadrinhos.

2 Produção contracultural de características autônomas, com aparência agressiva em elementos como: estilo

musical, moda, design, artes plásticas e também o comportamento.

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FIGURA 8 – “I LOVE POP”

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

A partir de todo esse contexto artístico, que se opõe ao posicionamento de Riemel que

afirma “flyers não são arte” como dito anteriormente, essa máxima é subvertida, através do

posicionamento Cultura Mood que apresenta a peça gráfica como verdadeira referência

cultural, cronológica e estética. “A “Flyer-art” representa hoje uma nova era gráfica,

importante referência estética, que lança tendências refletidas na produção gráfica e

publicitária. Descobriram o potencial mercadológico dos flyers, anunciantes e agências de

propaganda começaram a se especializar e se introduzir no novo meio de comunicação que

surgia” (CULTURA MOOD). A partir dessa referência histórica, mesmo tratando a peça

gráfica somente como meio comunicacional, surgiu o interesse do público em geral,

colecionar o surgimento crescente dessas diferentes peças gráficas.

Hoje existem colecionadores em todo o mundo que movimentam um mercado de

venda e troca de flyers assumindo proporções surpreendentes, e utilizando a internet

como o cenário de suas negociações.

(RIEMEL, 2005, p. 156)

“O flyer é um veículo de comunicação contemporâneo. Com a proliferação da

informação, a necessidade de comunicação expandiu de diversas maneiras, e diversos tipos de

mídia vêm sofrendo evolução”. (RIEMEL, 2005, p. 156). Uma destas transformações

acontece na mídia impressa.

Ao retomar uma das estratégias dos flyers, referente à sua apresentação na porta da

boate como possível desconto em entrada, percebe-se que esse marketing ganha uma nova

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possibilidade de participação do público. Através desse aspecto contemporâneo é analisada

uma nova logística na produção deste meio

Os flyers que antes eram impressos e distribuídos principalmente nas ruas, passaram a

chegar ao público por meio eletrônico, em qualquer lugar do mundo. O nome mais utilizado

para esse tipo de propagação é conhecido como “E-flyer (“e” de eletrônico) disponível nos

sites das boates, sites especializados de festas, blogs ou recebido através de um cadastro por e-

mail. “Muitas boates já oferecem a possibilidade baixar os “e-flyers” em seu site, que depois

de serem impressos em uma impressora caseira, serão trocados por descontos ao chegar na

porta da boate.” (BOU, 2006, p. 24).

Para Patrícia Lobo, fotógrafa e produtora de eventos, a utilização crescente dos flyers

na plataforma digital, como os sites listaamiga.com e eflyers.com.br, promove a divulgação

de festas em uma ampla escala, subvertendo a pulverização de sua distribuição física.

Os flyers ainda são um diferencial para algumas festas até mais undergrounds. O

flyer foi instituído e nunca mais saiu, a internet não substitui, mas é um ótimo

instrumento de divulgação, até para pessoas de outras cidades que virão à cidade

durante um feriado por exemplo e pelo tipo de público que sempre é um pouco mais

novo. A internet alcança muito a galera jovem.

(LOBO, 2007)

2.2 Marketing direcionado

O designer hoje, antes de desenvolver um projeto, precisa desenvolver pesquisa de

mercado. Conhecer a filosofia da empresa, seus objetivos, canais de distribuição, estratégia de

marketing e posicionamento junto ao consumidor.

“A precisão máxima do flyer acontece quando humor, emoção e exemplos do dia-a-dia

da vida noturna são usados em palavras, encorajado opiniões”. Ele ainda complementa

“quando o consumidor segura o flyer em sua mão, diferentes impressões o afetam como se

tivesse passando em uma lista, ele lê o texto, vê as cores, e sente o material e a absorção é

guiada pelos diferentes sentidos” (RIEMEL, 2005, p. 120).

A partir dessa observação, percebe-se que o marketing do entretenimento nortuno, tem

como propósito a comunicação atrativa, dessa forma, a função do design gráfico é parecida

com a de um tradutor visual. Como observado nas entrevistas, os produtores contextualizaram

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a premissa que o flyer é a “cara” do evento. Este pode contribuir para que a festa seja um

sucesso ou fracasso. Para uma definição estratégica eficiente, com abordagem junto ao

consumidor, é fundamental estudar o mercado almejado, através de análises do público-alvo e

da concorrência, como mencionado anteriormente. Cabe, então, ao designer o papel de

intérprete da intenção do marketing, nascendo o conceito, raiz de todas as peças gráficas.

O material promocional de uma empresa deve transmitir sua imagem e personalidade

junto ao público-alvo. Por isso, deve-se almejar que ele embarque os seguintes pontos: boas

apresentações do produto ou serviço, seja através de fotos ou de ilustrações, um texto claro e

elucidativo que direcione eficazmente a recepção do consumidor, informação técnica, se

necessária, de forma clara servindo de referência, descrição de características do produto ou

serviço e seus valores agregados e informação de como contactar a empresa.

Para Alexandre Aranha, diretor de arte e coordenador de núcleo de criação de uma

produtora cultural contextualiza o flyer, que por ser um veículo diariamente substituído com

novas linguagens, uma forma de torná-lo mais atrativo e aperfeiçoar sua abordagem é utilizar

representações sob uma referência de modismos contemporâneos.

Hoje em dia eu penso que pra flyer o ideal é que ele seja claramente orientado

dentro das tendências de uma linha estética de design do momento, porque é um

produto descartável. Tem que lembrar que o flyer vai ser pisoteado no dia da estréia.

Você sai com ele hoje e se estiver na rua, vão ter três mil flyers no final do dia no

chão, indo pro lixo. É um contato ainda que real fugás também, poucos dobram e

colocam no bolso.

(ARANHA, 2007)

A estratégia de distribuição dos flyers consiste principalmente na “redução de

desperdício, postando sua imagem em sites especializados ou focando sua entrega em locais

específicos para atingir a um público selecionado, ou convidados potenciais, numa circulação

rápida, de mão em mão”. (RIEMEL, 2005, p. 73). Essa distribuição pode ser feita a partir da

contratação de distribuidores profissionais, que irão entregá-los em praias, portaria de

faculdades e boates. Ele afirma que “também são achados dentro de caixas de correio, pára-

brisas de carros, inseridos em jornais locais de distribuição, ou deixados em locais como:

lojas, restaurantes, cafés, bibliotecas e quadros de anúncios” (RIMIEL,2005, p. 73).

Para complementar essa abordagem, a distribuição acontece de forma manual ou

deixada em locais onde há freqüência do público almejado.

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Porta de boate, bares, festas com o mesmo tipo de público, nas praias segmentadas

durante feriados, também pra gringos, albergues, lojas, cinemas num filme mais ou

menos interessante que você sabe que a galera vai, faculdades.

(LOBO, 2007)

O flyer do marketing noturno além de sua representação estética apresenta em si,

diversas abordagens mercadológicas.

Desde o começo da minha festa, o flyer apresentado na porta tinha desconto,

justamente para as pessoas ficarem com os eles, é uma coisa que a pessoa guarda e

vai ver em casa depois, porque que aquilo vai ter um desconto. Alguns funcionam

somente pelo marketing. Em uma das minhas festas tinha gente que vendia os flyers,

porque ganhavam dinheiro com o desconto na porta.

(LOBO, 2007)

A partir desses conceitos e contextualizando sua abordagem, pode-se concluir uma

análise em que, para o marketing, o design é uma peça fundamental para dar forma à sua

comunicação. E já para o design, o marketing é um multiplicador em desenvolvimentos de

projetos que propõem diversos objetivos. (RIEMEL, 2005, p. 113 e 114)

Antigamente o flyer, era uma espécie de “mala-direta” sem interferências artísticas.

Hoje é cada vez mais estético e direcionado, sob um planejamento de marketing, ou seja,

“sem flyer não tem festa e sem festa não tem boate.” (BOU, 2006, p. 7)

2.3 Design editorial

Quando o cliente sente a necessidade de que precisa anunciar seu produto, geralmente

busca nas agências de publicidade a sua solução em comunicação. A criação de qualquer

material publicitário é interativa e dividida em duas partes: a primeira cabe ao redator

publicitário, no domínio do uso da palavra, adequar linguagens próprias e a segunda, ao

diretor de arte, no domínio da imagem, associar essas palavras ao melhor apelo visual,

gerenciando a atividade de design e concepção artística de um produto, incorporando uma

série de funções.

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Em design, diretor de arte é o profissional responsável pela definição e orientação

das linhas gerais de um projeto gráfico. Já em propaganda, ele é um profissional de

criação especializado em desenvolver a linguagem visual e gráfica das peças

publicitárias.

(VOLLMER, 1998, p. 37)

Embora seja possível dizer que quem faz design também faz arte, o diretor de arte

não participa diretamente dos processos de design. Os dois profissionais precisam

entender as mesmas coisas sobre criação sendo quando se trata de peças gráficas.

(CESAR, 2003, p. 115)

Se o cliente prefere desenvolver seu flyer sem ajuda de uma agência, ele pode buscar

um contato direto com um designer que trabalha temporariamente. Freelancer é o termo em

inglês para denominar o profissional autônomo, que se auto-emprega em diferentes empresas,

captando e atendendo seus clientes de forma mais flexível. “tarefa realizada de forma

independente, mediante pagamento, por profissional sem vínculo empregatício” (VOLLMER,

1998, p. 50).

Sob uma observação nos últimos tempo, este tipo de profissional, é uma verdadeira

tendência em ascensão no mercado de design, propaganda, web, e muitos outros.

Normalmente um freelancer tem engajamento maior em projetos que demandam uma

dedicação diferenciada, sendo frequentemente solicitado em predominância de urgências e

prazos.

Como dito anteriormente, além da informação em si, o texto dos flyers contém

referências a conhecimentos específicos da cultura abordada e de seus valores, onde signos

lingüísticos podem funcionar esteticamente. A linguagem usada pode fazer referências a certo

contexto, podendo não ser compreendida fora dele. Um bom designer deve estar capacitado

para identificar o público alvo e criar uma abordagem de acordo.

Para Glauber Souza, designer gráfico e gerente de boate, o formato do flyer é um

ponto importante a se considerar, visto que, pode influenciar sua retenção para posterior

análise das informações de forma mais detalhada. Ele atenta para a premissa da legibilidade,

considerando apenas os dados característicos e necessários. Na conclusão de seu pensamento,

ele releva a importância desse meio e sua eficácia.

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Flyers muito grandes às vezes aparentemente são mais bonitos, mas são

completamente descartáveis. A pessoa pega, olha aquela informação, está certa que

a função do flyer é informar os detalhes da festa, mas a pessoa não guarda, não tem

como. Nesse formato de card as pessoas acabam querendo colecionar. Eu sou

sempre da opinião que o menos é mais. Eu acho que a principal função do flyer da

festa é que ele tem que ter o serviço completo, tem que ter basicamente o endereço,

preço da festa, data, horário, o tipo de festa, o tipo de música que vai tocar, nome de

djs e das atrações, enfim qualquer outra coisa pode agregar, mas você corre aquele

risco de tumultuar e ficar poluído visualmente. Tem que ter o mínimo possível de

informação e o necessário. (...) A gente já cogitou várias vezes em acabar com os

flyers impressos, pra tentar reduzir custos, mas a gente sempre chega a conclusão

que não adianta, tem que ter, nem que reduza a quantidade.

(SOUZA, 2007)

Quanto ao formato dessa peça gráfica, existem milhares de variações, sendo definidas

pelo produtor, ou seja, na concepção idealizada da peça, será revelado sua necessidade de

atração, pois isso gerará custos superiores para produção. O flyer para se tornar atrativo, é

importante que fuja dos padrões convencionais e se destaque entre o excesso de imagens,

“para isso, criam-se releituras de marcas e embalagens famosas, criando intertextualidade ou

se experimentam facas de cortes especiais e materiais diversos demonstrando inovação”. Ele

conclui que, “Se a maioria dos flyers é produzida em papeis normais de 80gm, um papel

brilhoso de 170gm pode destacar o caráter comercial do evento” (RIEMEL, 2005, p. 53).

“Desde pequenas boates com festas secretas ou semanais até mega eventos singulares

em grandes metrópoles, existem diferentes tipos de festa para uma grande variedade de

pessoas”. Ele completa o raciocínio levantando uma teoria quanto à classificação do flyers:

“Considerando tanto o tipo de festa quanto a forma que o flyer é produzido, podem ser

distinguidos em três categorias: “flyer standard”, “mega flyer” e “calendar flyer” (RIEMEL,

2005, p. 42).

“O Flyer standard é o flyer mais comum, retangular, entre formatos A5 e A6,

impresso de um lado. Anuncia uma noite semanal de boate, criado uma series de flyers que se

prolongam durante o mês ou uma temporada inteira” (RIEMEL, 2005, p. 42).

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FIGURA 9 – “LUV”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Com o crescimento das festas, os flyers também cresceram, surgindo o “mega flyer”.

“O jeito certo de divulgar uma mega-festa é com um mega-flyer, impressa dos dois lados.

Contêm informações sobre os diversos DJ‟s, performances, detalhes extras de qualquer outra

atração, usualmente com um mapa, e sempre com o logo dos patrocinadores.” (RIEMEL,

2005, p. 43).

FIGURA 10 – “COSMOPOLITAN”

FONTE: ACERVO PESSOAL

“Calendar flyer: Boates também usam flyers como calendário, para dar uma visão

geral sobre os eventos no mês. Esses normalmente tem um formato alongado, e organizados

como uma tabela que pode ser lida de cima para baixo ou da esquerda para direita”.

(RIEMEL, 2005, p. 43).

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FIGURA 11 – “CASA DA MATRIZ”

FONTE: ACERVO PESSOAL

A diagramação das informações também é um ponto a ser considerado. Como é

difundido no meio acadêmico e sabido na área de estudo, "Menos é mais" na publicidade. Ou

seja, na contextualização do veículo flyer, as pessoas ao o obterem, o lêem andando, tendo

curta atenção, onde geralmente não param para prestar atenção nas informações. O título e a

imagem devem apresentar uma promessa básica, provocando no leitor uma vontade de ler

toda a peça. Para esse foco, é observado nas análises de campos, que devem ser impactantes,

envolventes e surpreendentes.

“Se o flyer é mal feito e descontextualizado, representa uma falta de respeito com a

sensibilidade estética do cenário que ele se propõe a divulgar” (RIEMEL, 2005, p. 131).

Então, afirma-se que flyers, com design especialmente elaborado, aumentam as expectativas e

estas precisam ser satisfeitas. “O código visual dos flyers não funciona independentemente,

interage com os códigos verbais, são duas expressões para o mesmo conceito. A escolha do

visual normalmente é um ato criativo, mas também segue tendências internacionais”. E este

pensamento é finalizado com seu raciocínio sobre a segmentação do público-alvo, onde

afirma que “Os visuais seguem convicções de determinada cultura. Alguns padrões são tão

ligados a determinados estilos que se pode reconhecer o tipo de festa apenas olhando para os

estereótipos, coletando todos os tipos de jargões visuais” (RIEMEL, 2005, p. 50).

Já processo estético e criativo do flyer é bem dinâmico, onde a partir de uma definição

conceitual pré-configurada do produtor, o designer potencializa a pesquisa iconográfica e o

layout da peça, como dito anteriormente.

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Eu como já estou acostumado, é muito rápido, em menos de uma hora. Quando toda

criação é minha me falam o nome da festa, na hora já vem alguma coisa na cabeça.

Aí eu já vou procurar uma coisa ou outra pela internet, pego as informações e já

faço. Às vezes o próprio cliente já tem uma imagem que ele quer usar, e aí eu só

trabalho em cima daquela imagem, mudo cor ou coloco algum efeito”. “Eu

normalmente, procuro trabalhar com referência que remetam aquele determinado

estilo. Seja de imagem, estilo, época, cores, moda, estilo musical. Procuro usar

sempre uma coisa que remeta aquela idéia do flyer.

(SOUZA, 2007)

Para Cláudio Portugal, formado em comunicação e atuando como designer gráfico, o

mais importante em um flyer é a representação estética da promessa da festa. Ele também

ressalta a importância do processo criativo, falando da forma e meios que utiliza.

Se um cara vir um flyer que é exatamente igual às capas de disco que ele gosta de

ouvir, ele vai pegar na hora, ou seja, a estética influencia à pessoa ir pegar o flyer. E

também a estética desse público influencia também como esse flyer vai ser

desenhado. É bom o artista colocar um pouco dele também, é o que eu procuro

fazer. (...) Tem sempre um briefing inicial. Depende do flyer. Primeiramente,

sempre tem reunião com o produtor, explicando a festa, o tipo de som, nome da festa

e eu peço referência estética do que o agrada, para me orientar. A seguir apresento

um esboço com várias referências mostrando a linha estética, que vai seguir daqui

pra frente. Aprovando, eu começo a ter mais liberdade e ele sabe que, mais ou

menos, sempre eles vão ter essa linha estética. (...) Uso Illustrator, Photoshop,

Indesign. Fora caneta, papel, lápis...

(PORTUGAL, 2007)

Essas etapas de produção são bastante relevantes para se obter um resultado

consistente objetivando sucesso na sua funcionalidade e aprovação do cliente.

O processo é definido por fases distintas com pontos lógicos de início e finalização,

o que facilita as tomadas de decisão nos intervalos apropriados. A eliminação de

etapas ou a reorganização do projeto pode apresentar uma atraente forma de cortar

custos e tempo, porém, isso pode acarretar riscos substanciais e impedir benefícios

em longo prazo. O processo, quando feito corretamente, pode produzir resultados

extraordinários. (...) As diretrizes do sistema devem ser de fácil entendimento pelos

gerentes, profissionais de design e agências de propaganda. Os sistemas devem

incluir elementos flexíveis, porém, precisam mater normatização clara e absoluta no

que diz respeito às assinaturas de marcas.

(WHEELER, 2008, p. 80, 140 e 141)

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A partir daí, como aprendido academicamente e na prática de mercado, as clássicas

etapas de gerenciamento de projetos de criação de peças gráficas, tanto no design gráfico

quanto na publicidade e propaganda, como dito por Wheeler (2008), são aproveitadas e

adaptadas para à criação dos flyers, e compõem-se de:

Briefing - Neste momento inicial todos os requisitos básicos são discutidos, inclusive

detalhes. A coleta de dados de uma festa é feita através de uma conversa com o produtor de

eventos e o designer, com objetivo de saber todos os aspectos relevantes relacionados ao

serviço que esta festa e/ou boate oferece. Um briefing bem feito garante maior eficiência e

rapidez no processo, evitando o trabalho de ter que ser refeito. O planejamento do tempo por

cada etapa é essencial para a entrega da peça no prazo, se possível com prevenção de um

tempo extra já pensando no caso de houver algum possível atraso na impressão.

Análise do ambiente – Deve-se levar em consideração o ambiente no qual está inserida

a festa, definido durante o briefing: público-alvo, posicionamento no mercado, políticas

internas da boate, pontos fortes e fracos da festa no que se refere à postura da concorrência.

Pesquisa – Levantamento dos flyers concorrentes e análise de imagens e aspectos

interessantes que venham agregar valor à peça gráfica, evitando coincidências.

Brainstorm – Com todas as informações coletadas e organizadas, a equipe de criação

ou designer freelancer, inicia um processo para gerar idéias e conceitos a serem trabalhados.

Reconhecer uma estética, uma linguagem própria e utilizá-las em benefício de forma criativa,

contrastam a exemplos extravagantes produzidos pelo desconhecimento e mau gosto.

Definição do conceito - Filtragem dos elementos que serão utilizados, ou seja, o

conceito a ser trabalhado será definido nesta etapa, como o estilo iconográfico. Quando se

trata de uma peça gráfica, é de suma importância definir o sistema de impressão e o tipo de

papel, não só por questões de orçamentos, mas também por questões intimamente ligadas à

estrutura interna do arquivo. Para discutir estas questões deve-se procurar a gráfica e expor as

características principais do projeto (formato, quantidade de cores, etc.), para que ela possa

auxiliar numa escolha mais adequada do sistema de impressão e tipo de papel.

Desenvolvimento layout – Inicia-se o processo de desenvolvimento do conceito a ser

utilizado na peça, preferencialmente através de esboços em papel, para depois serem

finalizados em computador, de forma que o cliente rapidamente associe a imagem que está

vendo, com o flyer do sua festa/boate preferida. A hierarquia na diagramação é feita

geralmente por organizadores, nome do evento, atrações (dj´s, shows ao vivo, etc.), imagem,

o próprio formato e patrocinador. Toda boate tem um nome e assinatura visual que o

identifica dos demais, e às vezes até são produzidos especialmente para festas.

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Apresentação – Após a idéia finalizada, deve ser feita uma apresentação da solução ao

cliente de forma digital e impressa com um breve memorial descritivo quanto à imagem

instaurada, fontes e cores utilizadas. No caso de mais de uma solução, devem ser feitas

amostras individuais e apresentadas separadamente. Nesta etapa, o produtor aprovará a

solução ou solicitará as alterações, se necessárias.

Correções – Nesta etapa, se necessário, são feitas as modificações e adaptações

solicitadas pelo produtor. Uma nova apresentação, nos moldes da primeira, deverá ser feita.

Novas correções podem ser solicitadas ou não. Se aprovada, o projeto estará pronto a ser

finalizado para impressão.

Finalização – Após a aprovação do flyer, o projeto estará pronto para ser encaminhado

para a gráfica. A qualidade e escolha dos fornecedores gráficos, podendo ou não ser de

responsabilidade do designer, é a etapa mais importante, onde a criação vai transpassar a idéia

e se tornará concreto. Normalmente a tiragem de 5000 unidades é a mais utilizada, mas antes

deve se certificar se o fechamento do arquivo foi feito de forma correta e se está pronto para

produção. Devem-se pesquisar seus produtos, serviços e especialidades. A densidade de um

papel é expressa em gramas por metro quadrado (g/m²), unidade batizada de gramatura. As

mais comuns a flyers no dia-a-dia são de 75g/m² à 150g/m², no suporte mais usado que é o

papel couché. Impressão de flyers em um suporte com gramatura superior a 170g/m² já é

considerada papel cartão.

Contextualizando todo esse processo, esse é o resultado no processo de design no

sistema de folhetos:

Os melhores folhetos convidam à leitura, uma vez que são fáceis de entender e de

usar. O design de um sistema unificado assegura que a identidade da empresa seja

apresentada com consitência e comunique familiaridade com os consumidores. (...)

Os sistemas de folhetos eficazes são diferenciados dos da concorrência. (...) Os

folhetos eficientes facilitam que os consumidores compreendam a informação e

adquiram os produtos e serviços.

(WHEELER, 2008, p. 141)

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3 ANÁLISE GRÁFICA DOS FLYERS

A arte (do latim ars, significando técnica ou habilidade) normalmente é endendida

como a atividade ligada a manifestações de ordem estética por parte do ser humano; é um

fenômeno cultural. No sentido moderno podemos também incluir o termo ao produto da

atividade artística. Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas em cada época,

diferentes grupos ou cada indivíduo escolhe como deve compreender esse fenômeno.

O design gráfico já foi chamado de “arte comercial”. Na procura de uma distinção

simples, esse termo a fornece imediatamente: objetivo comercial.

A arte é conotativa, associativa, implicativa; ela se revela na ambiguidade. Sua

função e sua forma são inseparáveis. O design é exato, denotativo, explícito. É uma

mediação, uma estrutura, um método.

(NEWARK, 2009, p. 28)

Pertencendo à esfera da razão, a informação agregada à arte é apresentada como uma

estruturação de significados previamente codificados, combinados com a lógica para um

grupo de receptores capazes de interpretar a mensagem. A observação ótica é mais rápida e

facilmente decodificada do que conceitos verbais. O talento de simplesmente identificar

figuras, também explica a popularidade dos formatos de mídia visual e o efeito emocional de

imagem de rostos.

3.1 Semiótica

Surgida no final do século XIX, desenvolvida ao longo do século XX, a semiótica,

nome dado pelo filósofo Charles Sanders Peirce (1839-1914) nos Estados Unidos, ocupa-se

do estudo dos signos em geral, ou seja, do processo de significação ou representação. “É a

ciência que tem por objetivo examinar os modos de constituição de todo e qualquer fenômeno

de produção de significação e de sentido. Estes signos são então transmitidos, e

reinterpretados pelo receptor. Ela classifica e descreve todos os tipos logicamente possíveis”

(PEREIRA, 2001, p. 43 e 44)

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A semiologia e a semiótica ensinam que, as mensagens podem ser decompostas em

elementos simples chamados signos. Signos são, pois, todo o elemento significativo da

mensagem, “Signo é algo que, sob certo aspecto e de algum modo, representa alguma coisa

para alguém, um signo é, pois, uma coisa que representa outra” (PEREIRA, 2001, p. 49).

Toda mensagem é codificada, e deve-se ter consciência do código ou dos códigos

utilizados na mensagem por uma razão simples: “o emissor só pode ou só deve usar códigos

que o receptor conheça” (PEREIRA, 2001, p. 31).

Um dos fundamentos da comunicação visual é quanto ao simbolismo das imagens em

seu caráter psicológico. A representatividade iconográficas de fotos e ilustrações permite

diversas interpretações. Para distinguir termos amplamente estudos nesses estudos, é

ncessário explicar a diferença de signos e códigos.

Signos – São elementos de uma mensagem. As mensagens geralmente podem ser

decompostas um unidades menores: palavras, imagens tomadas isoladamente. Os

signos surgem da necessidade que tem o ser humano de representar as coisas para

melhor compreender, interpretar, analisar conhecer o mundo. E também facilitar a

comunicação.

Código – Em palavras simples, código é a linguagem na qual a mensagem é

transmitida. Na comunicação profissional, duas formas artificiais de linguagem – ou

seja, de codificação da realidade, para efeito de comunicação – se destacam

amplamente: a linguagem da palavra (ou verbal, falada ou escrita) e a linguagem da

imagem, que é uma das modalidades da linguagem não-verbal. Enquanto a

linguagem da palavra opera com símbolos, a linguagem da imagem trabalha com

ícones visuais. Mas para que exista comunicação, é necessário que o emissor use um

código que o receptor conheça. Esta é outra razão pela qual o emissor deve estudar

previamente o receptor.

(PEREIRA, 2001, p. 29 e 31)

“Uma mensagem qualquer é uma particular seleção e combinação de signos. Tudo o

que foi dito para o signo vale, em princípio, para a mensagem”. (PEREIRA, 2001, p. 101). Ele

ainda afirma que: “Esta pode ser constituída de um único signo ou de muitos signos. A

diferença não está no tamanho, mas sim no nível de informação” (PEREIRA, 2001, p. 59).

Isto é, enquanto o signo possui significado próprio, independente, a mensagem tem seu

significado de acordo com o contexto.

O objetivo de qualquer mensagem, é “Passar informações: um conteúdo. Mas o

conteúdo da mensagem não é apenas um produto que você recebe e basta tirar da embalagem.

É um produto intelectual. Requer interpretação”. (PEREIRA, 2001, p. 121 e 123). Nesse

pensamento atenta-se para o fato de que: “Há em primeiro lugar o sentido imediato, explícito,

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literal, ou denotativo. E há os sentidos ocultos, implícitos, metafóricos ou simbólicos da

mensagem, que são os conotativos. (PEREIRA, 2001, p. 113)

A interpretação e resposta em relação às mensagens também são analisadas por ele.

“O retorno permite ao emissor realimentar-se, reajustar-se e fazer um entendimento entre

emissor e receptor que pode progredir aos pouco. É assim que se dão as tentativas da

comunicação humana” (PEREIRA, 2001, p. 123).

Como unidade semiótica, o flyer contém um grupo de informações, comunicadas

visualmente. Também oferece um playground semiótico diante da grande diversidade

conceitual e estética das sub-culturas jovens. A codificação de símbolos e linguagens para

posterior interpretação insere-se direcionadamente por mensagens especificas para

determinado segmento.

3.2 Tipos de flyers analisados

“O mundo underground, a segmentação das festas e dos públicos, o custo e as

apresentações artísticas, são um coletivo cultural para estes flyers”. (BOU, 2006, p.131). Com

a liberdade de expressão, chega por sua vez a liberdade de criar e, no caso abordado, a

liberdade em sua forma de projetar um flyer.

Assim como os estilos de música são distintos Pop, Rock e Heavy metal que

possuem linguagens visuais específicas, o design do flyer quanto ao tipo de festa

também possui seu próprio estilo e vai mudando de acordo com a moda e a cultura.

(BOU, 2006, p. 7)

A análise de campo observou, que algumas casas noturnas utilizam o mesmo conceito

estético de forma sequencial, apenas variando sua abordagem. Ou seja, algumas boates

apresentam um projeto gráfico de identidade visual para os flyers de determinadas festas. A

partir dessa premissa, é pontencializado seu reconhecimento visual imediato através da peça,

diferenciando os eventos.

Ao desenvolver a peça gráfica, é observado que se deve estabelecer o conceito da

festa, fazendo referência a sua representação estética portadora de significado. Dependendo da

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iconografia adotada, baseada em imagens (foto e ilustração) e palavras, podem gerar um

impacto visual, cumprindo seu objetivo de comunicação, instigando a leitura.

3.2.1 Evolução

A evolução dos flyers descrito neste projeto é abordada de acordo com os períodos

importantes no desenvolvimento gráfico e estético do design.

No final dos anos 70, o modelo de flyer utilizado era o formato 15x21 e 1/0 (impresso

somente na frente), no sistema de xerografia monocromática. O conceito das peças era

inspirada na cultura da Black Music, difundida nas discotecas da época.

No flyer “THE SHOW CASE STUDIO” de 1978 (figura 12), pode-se perceber que, na

hierarquia da peça, foi utilizado um corpo maior para dar destaque à fonte do título. A

diagramação é dividida em paralelo ao conteúdo textual e imagem. A ilustração, que deduz

ser um tipo de festa comandada por DJs, foi produzida à mão livre, como o título. Para

finalizar, foram inseridos vários tipos de famílias tipográficas em referência às informações

complementares, resultando assim, em uma mistura de fontes manuscritas e letraset (letras

dispostas em gabaritos e inseridas por atrito). Por serem feitas manualmente, as fontes do

título eram ousadas e chamativas, refletindo a natureza casual do projeto.

FIGURA 12 – “THE SHOW CASE STUDIO”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

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O flyer da companhia “RENAISSANCE” de 1979 (figura 13), apresenta um período

onde começa a inserção das atrações da festa de forma visualmente representativa. Nesta

peça, a inclusão de fotos no tamanho 3x4 e com baixa resolução, prejudica a reprodução do

material. Na estrutura da diagramação dividida em título e imagens na parte superior e texto

na inferior, foram dispostos elementos ilustrativos em forma de estrelas, tipografias com

diferentes pesos e alinhamentos inseridas em letraset e moldura com arabescos.

FIGURA 13 – “RENAISSANCE”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

O próximo é o “HALLOWEEN BIRTHDAY EXTRAVAGANZA”, de 1979 (figura 2,

apresentada anteriormente), possui uma diagramação elaborada que destaca as duas

fotografias das atrações da festa, apresentadas em melhor resolução. As informações são

inseridas com alinhamento centralizado e outras com o uso tipográfico apresentando

orientação inclinada. A composição de elementos ilustrativos nas bordas superiores completa

o layout do flyer.

Finalmente o flyer do grupo “THE LOVE BROS & NUBIAN” também de 1979

(figura 14), inova, apresentando o mesmo sistema de reprodução, porém sobre um novo

suporte, o papel colorido, na tentativa de captar mais atenção. A diagramação centralizada,

com tipografias no texto da parte superior e ilustração na inferior, compõe a peça gráfica. As

informações são inseridas com alinhamento centralizado. Como a utilização da fotografia

começava a ser considerado o moderno design da época, o uso da ilustração não deixava de

funcionar como uma forma de diferenciação.

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FIGURA 14 – “THE LOVE BROS & NUBIAN”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

No início dos anos 80 se manteve a mesma configuração gráfica do período anterior,

porém com mais intervenções artísticas para composições de layouts.

No flyer “JERRY D‟S” de 1980 (figura 15), percebe-se a preocupação que o designer

teve quanto à apresentação. Explorou na tipografia do texto “Super birthday bash” a

representação do efeito sonoro ao repetir e sobrepor a última letra das palavras. Além disso,

com a utilização de corpos diferentes em uma única fonte, propôs uma diagramação

inovadora, alinhando o texto com as informações relativas às atrações da festa de acordo com

os dois círculos maiores. Estas estão destinadas para a maioria das informações, equilibrando

o layout com as áreas de respiro, criando uma variação de peso na impressão. Nesse flyer, a

inserção do texto começa a abandonar as regras tradicionais de diagramação, explorando uma

melhor composição dos elementos.

FIGURA 15 – “JERRY D”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

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A estrutura do flyer “A NIGHT OF PURE FUNK!” de 1981 (figura 16), apresenta um

layout horizontal. A peça gráfica demonstra uma diagramação sem alinhamento e sem

estrutura de orientação das informações, porém seu destaque, além do suporte colorido, está

no uso de diferentes famílias tipográficas. Mesmo as que não apresentam características de

tipos manuscritos, todas foram feitas à mão livre, criadas exclusivamente para a peça e não

sendo comerciais.

FIGURA 16 – “A NIGHT OF PURE FUNK!”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

O próximo exemplo é o flyer “DOUBLE DAY SUPER EXPLOSION” de 1981

(figura 17), que apresenta um destaque na história da impressão, o início da monocromia

colorida. Além disso, foram criados vários boxes para compor o alinhamento, orientação e

estrutura da diagramação das informações com tipografias em estilos distintos. A peça

apresenta repetições da data do evento e sobreposição dos nomes das principais atrações,

apresentando efeito vazado na imagem. Em se tratando de imagem, o foco do layout

apresentado fica por conta da fotografia, com paralelo entre as de corpo inteiro e as das

cabeças, criando uma hierarquia de importância das atrações da festa.

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FIGURA 17 – “DOUBLE DAY SUPER EXPLOSION”

FONTE: OLD SCHOOL FLYERS

Para finalizar, no flyer “THE SURESHOCKIN PLANET ROCKIN SERIOSO

HAPPININ” de 1983 (figura 3, apresentada anteriormente), o grande destaque do layout é o

foco central na representação do conceito de uma festa. Através de uma colagem sobreposta,

feita à base de recortes, foi criada uma fotomontagem manual que já era utilizada em outros

meios.

Nos anos 1920 também surgiu a fotomontagem, uma nova técnica (...) usada em

muitos projetos que se baseavam imagens. (...) Em geral, criadas num estilo

aleatório e anárquico, essas montagens dadaístas eram freqüentemente feitas de

fotografias justapostas e textos de jornal usadas como capas e ilustrações de

revistas.

(RAIMES/BHASKARAN, 2007, p. 68)

Outros conceitos já apresentados como: formato horizontal, uso de tipografias com

corpos diferenciados, estrutura para informações montada através de boxes, orientação do

texto inclinado, repetição, e espaços de respiro com traços de linhas finas, foram reunidos

nesta peça, definindo toda composição do layout.

Porém, já no início dos anos 90, o maior destaque na produção dos flyers, é quanto ao

início da evolução das tecnologias da impressão e a utilização de softwares gráficos para a

criação, configurando um modelo de flyers que vemos atualmente: policromia 4/4 (impressão

na frente e no verso) no formato 10x15, com: diagramação do nome da festa e a imagem de

destaque em alta resolução posicionadas na frente, e no verso, inserção das informações

complementares.

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No flyer “TOMORROW IS BORN” de 1992 (figura 18), pode-se perceber que é neste

período que imagens de conceitos futuristas e surrealistas são exploradas como tendência. No

verso, apesar de utilizar um alinhamento tipográfico variável, a impressão colorida destaca as

tarjas da estrutura da diagramação. Como algumas dessas festas do tipo Rave eram ilegais e

privadas, um detalhe a ser considerado, marca o início da representação informacional através

da inserção de um mapa, a fim de facilitar a localização da festa.

FIGURA 18 – “TOMORROW IS BORN”

FONTE: RAVE FLYERS

O Flyer “DISTORTION” de 1992 (figura 4, apresentada anteriormente), mostra uma

referência ilustrativa baseada em cartas de Tarô. Estilos místicos e elementos fragmentados

também são conceitos explorados nesta época. A palavra distortion, título da festa, foi criada

através de uma tipografia fantasia prejudicando sua legibilidade. Isso também acontece na sua

aplicação dentro do coração central no verso do flyer. Estes elementos de apoio destacam as

principais atrações da festa. Também foram inseridos boxes auxiliares alinhados e mapa.

O próximo é o “DESIRE 92” de 1992 (figura 19), onde a imagem utilizada faz alusão

aos pôsteres psicodélicos da década de 70, época do movimento hippie, criando um link entre

as distorções visuais causadas pelas drogas.

Em grande parte produto do movimento hippie californiano, a música pop foi a força

motriz que levou à explosão psicodélica no final dos anos 1960, e teve grande

influência na música, na arte, na moda e no design. O grafismo psicodélico chegou às

revistas de consumo, pois os designers desenvolveram o gosto pelo psicodelismo. A

abordagem minimalista autoconsciente e da pop art foram transformadas em colagens

fantasiosas de formas ondulantes, cores ácidas e vívidas.

(RAIMES/BHASKARAN, 2007, p.142)

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Essas técnicas eram utilizadas com freqüência, iniciando assim a utilização de efeitos

estéticos sobre as imagens. O excesso de saturação da imagem é um recurso obtido graças a

esses softwares de edição de imagem, que já começavam a ser utilizados na época. Em

contraste com a parte frontal, a impressão no verso é feita com uma impressão monocromática

(o mascote incluído nos cantos inferiores direito da imagem é referente ao site onde ele foi

extraído, não fazendo parte da peça gráfica original). A diagramação com alinhamento

centralizado é estruturada por fios e boxes, e o mapa é inserido, servindo como base para

todas as informações. Já o título do evento é escrito em diferentes tipos e com corpos maiores.

FIGURA 19 – “DESIRE 92”

FONTE: OLD SCHOOL RAVE

O último é o “FANTASIA, THE CLUB TOUR PART VII” de 1993 (figura 20), é

exemplo de flyer calendário, com toda programação mensal. Na parte da frente é inserida

ilustração de uma versão do smiley, como referência à droga Ecstasy. Esta potencializa o

conceito da imagem de fundo, onde se pode interpretar que é uma festa Rave, em um lugar

isolado da cidade, com duração até o amanhecer. O nome da festa com distorção gráfica e sua

aplicação em duas cores, criam um efeito visual na tipografia. Ainda na parte frontal foram

adicionadas as informações principais e no verso, as complementares como as datas

orientadas em forma de arco. Porém, esse verso sem alinhamento definido, prejudica a

legibilidade do texto.

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FIGURA 20 – “FANTASIA, THE CLUB TOUR PART VII”

FONTE: OLD SCHOOL RAVE

3.2.2 Conceito

Conceito diz respeito à idéia na qual será baseada o projeto gráfico, portador de

significado, e tem atrás de si uma ou muitas idéias. A linguagem visual, baseada em imagens

(foto/ilustração) e palavras (tipografia), é utilizada para criar uma estética definida, ajudando

na atratividade da peça gráfica. Essas devem fazer referência com uma evidência espontânea,

exprimindo assim, em caráter imediato, a proposta da festa. Ser impactante visualmente e

funcional em sua diagramação são princípios básicos para cumprir a função de atratividade.

Como a necessidade constante de comida, a necessidade de um estilo diferente

ressurge naturalmente, logo depois de ser satisfeita com o último. O efeito externo

disso é, certamente, mudança de estilos; ora estão em voga, ora estão fora de moda.

Mas o que motiva os designers a procurar estilos novos ou a reciclar antigos por

meio da ironia, ou a misturar vários aspectos de estilos diferentes? Acredito que a

busca é movida por dois fatores: a necessidade de unificar a obra e o desejo de

valorizá-la.

( NEWARK, 2009, p. 18)

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3.2.2.1 Conceito erótico

No senso comum, profissionais que trabalham com imagem e espectadores concordam

que a estética erótica e o apelo sexual é um grande fator determinante para se captar atenção.

Em vários meios como capas de revista e programas de TV, esse tema é utilizado para

despertar curiosidade. Em uma análise comparativa, relacionamos alguns exemplos

encontrados pelo mundo em paralelo ao que é produzido na cidade do Rio de Janeiro.

Os flyers calendários da “MOND BAR” (figura 21) usam fotos coloridas de

mulheres seminuas, com sobreposição de uma forma geométrica monocromática, criando

assim um contraste, uma interpretação como se estivessem sendo olhadas por dentro de uma

fechadura. A diagramação das informações, alinhadas hierarquicamente à direita, compõem

essa peça de formato retangular vertical. Vale considerar a escolha das cores deste projeto.

Além do preto, que reduz o espaço e o faz parecer menor e mais intimista, há os círculos em

cores quentes. Eles remetem ao tom de pele das modelos, trazendo contraste ao layout.

FIGURA 21 – “MOND BAR”

FONTE: FLY FLYER FLY

Esse estilo de flyer também é encontrado nos da festa “DIRTY DISCO” (figura 22),

utilizando ilustração de mulheres em poses sensuais. A peça, de formato retangular vertical e

impressão em bicromia, apresenta contraste na reserva de espaço para imagem e texto,

restando à base inferior, uma diagramação com tipografias de estilos e corpos variados.

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FIGURA 22 – “DIRTY DISCO”

FONTE: FLY FLYER FLY

Ilustração também é encontrada no flyer “SHÔKOWEEN” (figura 23) que utiliza

ilustração à mão livre, em referência á estética gótica, e apresenta impressão em bicromia sob

uma textura de papel manchado. A diagramação, em contraste com o tamanho da ilustração e

a reserva de espaço para o texto e as formas de balões, apresenta uma assimetria em seu

alinhamento.

FIGURA 23 – “SHÔKOWEEN”

FONTE: FLY FLYER FLY

No flyer “BURLESQUE NIGHT” (figura 6 apresentada anteriormente), apresenta em

destaque, uma nova versão estilizada da figura feminina em estilo pin-up. Com elementos de

apoio sob várias formas e cores, e uma variedade de diferentes famílias tipográficas para

composição textual, completam o layout assimétrico e dinâmico da peça.

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No Rio de Janeiro também é utilizada essa estética. A sensualidade masculina é

encontrada no “COSMOPOLITAN” (figura 10, apresentada anteriormente), onde, no formato

15x21, são inseridas outras formas e texturas para compor o equilíbrio das imagens, e uma

diagramação estruturada orientando o alinhamento das informações.

Já o erotismo feminino, bem mais explorado visualmente nessa estética, pode ser vista

no flyer “STRIP SILENCE” (figura 24), com a imagem-fetiche hiper-realista de uma stripper

em destaque, e um layout em equilíbrio onde imagem fica à esquerda e texto alinhado à

direita.

FIGURA 24 – “STRIP SILENCE”

FONTE: ACERVO PESSOAL

O hiper-realismo na ilustração também é encontrado no flyer “ARDIDA” (figura 25),

com enquadramento em close, destacando verdadeiros ícones sensuais, como a boca feminina

e a pimenta. A cor também é muito representativa deste conceito na peça, com tons em

vermelho na frente e imagem de fogo no verso. O equilíbrio do texto e imagem é apresentado

com uma diagramação paralela em alinhamento variado.

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FIGURA 25 – “ARDIDA”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Por fim, a “ULTRALOVECATS” (figura 26), onde vale também considerar a

escolha das cores deste projeto, pelo destaque no contraste do layout, com uso de uma

celebridade considerada símbolo sexual em uma imagem P/B inserida num layout com

elementos coloridos. Essa composição permite interpretar que: a celebridade era sensual na

época em que foi tirada a fotografia e o uso das cores do arco-íris faz referência a uma festa

GLS1, símbolo adotado por essa tribo.

FIGURA 26 – “ULTRALOVECATS”

FONTE: ACERVO PESSOAL

1 Letras iniciais de gays, lésbicas e simpatizantes.

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3.2.2.2 Conceito embalagem

No processo de criação o designer pode usar como referência vários elementos

comuns ao seu dia-a-dia. Um exemplo é quanto à tentativa de se criar novos impactos visuais

com o flyer, com uma releitura gráfica inspirada nas formas de embalagens de diversos

produtos.

Nas fotografias de embalagem de alimentos, o formato de etiqueta em tamanho

reduzido, dá lugar às informações da festa “I LOVE MIERCOLES” (figura 27), com direito à

inserção de tipografia digital pixelizada1 e código de barras, tudo isso, para uma referência

aos produtos de supermercado.

FIGURA 27 – “I LOVE MIERCOLES”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

A festa “FUCKED!” (figura 7, apresentada anteriormente) faz uma releitura da

linguagem visual do cigarro Mallboro, com uma mesma tipografia de título, cor e estrutura de

alinhamento.

A “FREUDEN HOUSE” (figura 28), adota a embalagem da forma e cores de uma

caixa de sabão em pó, para composição de seu layout. São inseridas em referência à estrutura

de orientação e alinhamento, e diferentes estilos, variações e distorções tipográficas.

1 Menor ponto que forma uma imagem digital. Formada por pontos.

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FIGURA 28 – “FREUDEN HOUSE”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

E para finalizar esses exemplos, é apresentada a peça “QUALITY BREED” (figura

29), que utiliza o formato planificado de uma caixa de leite inglesa, que incorpora em

referência a orientação na diagramação, fontes e cores. Esse flyer foi apresentado nesse layout

para atrair e motivar o público, onde o cliente pode guardar a peça para posterior produção do

acabamento, como se fosse uma faca especial.

FIGURA 29 – “QUALITY BREED”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

3.2.2.3 Conceito carioca

Ao se imergir num universo específico, o profissional começa a analisar a

predominância visual de certos elementos gráficos. Quando esse universo é uma cidade,

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elementos representativos como paisagens, monumentos e estilos de vida são essenciais e

decisivos para o designer explorar seu lado criativo.

Esses flyers representam estéticas bem específicas da cidade, assim como o flyer “EU

AMO BAILE FUNK” (figura 30) reforça essa idéia, trazendo ilustrações, feitas com caneta

nanquim e colorização aquarelada, de cantores representantes do ritmo funk sobre um

background com a imagem de favela. A peça é disposta no formato retangular horizontal,

apresentando variação no alinhamento e contraste em cor com a tarja preta em seu verso.

FIGURA 30 – “EU AMO BAILE FUNK”

FONTE: ACERVO PESSOAL

As belezas naturais da cidade são utilizadas, como uma fotografia em duotone1 da

praia de Ipanema no flyer calendário “LOUNGE 69” (figura 31). Esta peça é disposta em

formato retangular vertical que em seu verso apresenta uma diagramação hierárquica,

referente às seqüências das datas das festas, auxiliada por boxes e tarjas.

FIGURA 31 – “LOUNGE 69”

FONTE: ACERVO PESSOAL

1 Impressão em bicromia (duas cores).

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Na peça “ENJOY PRIDE EDITION” (figura 32) em formato quadrado e diagramação

assimétrica, que cria um dinamismo, explora um mix de cores e fotografias de vários

elementos representativos como: Corcovado, morro Dois Irmãos, praia de Copacabana, Arcos

da Lapa e Pão de Açúcar.

FIGURA 32 – “ENJOY PRIDE EDITION”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Apesar de todos os referenciais apresentados, umas das características do nosso país

mais difundidas em todo mundo, é traçada por um ritmo intimamente carioca: o samba. No

flyer “FEIJOADA DA FAMÍLIA MANGUEIRENSE”, aborda essa vertente na ilustração de

uma roda de samba.

FIGURA 33 – “FEIJOADA DA FAMÍLIA MANGUEIRENSE”

FONTE: ACERVO PESSOAL

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3.2.2.4 Outros conceitos

Diversos conceitos estéticos são criados em novos flyers e encontrados a cada noite.

Seguem algumas mostras dessas peças gráficas que são distribuídas em diversas cidades como

Rio de Janeiro.

O flyer “SAMBA DE BLACK” (figura 34), apresenta ícones da cultura negra.

Percebe-se a preocupação que o designer teve na criação da peça, utilizando imagens e texto

em bicromia. Apresenta também uma diagramação com alinhamento variante e tipos com

corpos variados.

FIGURA 34 – “SAMBA DE BLACK”

FONTE: ACERVO PESSOAL

A justaposição de imagens de rostos de forma irreverente, unindo dois conceitos em

um é encontrada no “I LOVE POP” (figura 8, apresentada anteriormente), onde as caras de

personagens da Disney estão sobrepostas à imagens sacras. Essa dualidade estética é

complementada com uma diagramação assimétrica com fonte sobreposta a tarjas pretas,

destacando assim o texto sobre o fundo.

Estéticas visuais para jovens com um mix de diferentes elementos, cores vibrantes e

efeitos variados são encontrados em diferentes meios como: revistas, cds, sites e moda. Nestes

são incorporados, em uma composição conceitual, montagens fotográficas bem impactantes,

através de um layout moderno e diagramação livre.

Essa estética composta de fotomontagens também é transportada para os flyers da

festa “LUV” (figura 9, apresentada anteriormente), com diagramação alinhada em uma única

fonte de corpos variados no texto com as informações, e as peças da “FASHION NUGGET”

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(figura 35) onde o apelo visual, com abuso de cores neon, efeitos e diagramação assimétrica,

despertam diferentes sensações, atraindo e influenciando o público-alvo.

FIGURA 35 – “FASHION NUGGET”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Analisando outros conceitos utilizados nos flyers produzidos fora no Brasil, são

encontrados diversos exemplos como o “TORREMOLINOS” (figura 5, apresentada

anteriormente) que aborda uma estética retrô, inspirada em cartazes de filmes trash. Esta é

definida por sua diagramação assimétrica, inclusão de manipulação fotográfica simples,

splashes e distorções tipográficas em fontes variadas.

As revistas e os livros “pulp fiction” (ficção de massa), como se tornaram

conhecidos, forma publicados nos Estados Unidos entre os anos de 1920 e 1930.

Elas cobriam uma grande gama de gêneros como: histórias policiais e de mistério,

ficção científica, aventura, terror e ocultismo, mas são mais lembradas por suas

tórridas ilustrações de capa. O impacto era extremamente importante, e essas capas

sensacionalistas, com seus personagens desenhados de forma a quase saltarem da

página, com ótimo acabamento e tipografia chamativa. (...) Os títulos variavam em

estilo, mas todos tinham o mesmo estilo de “história em quadrinhos”. Geralmente

desenhadas à mão, as palavras eram distorcidas em sua perspectiva ou deformadas

em arcos e elipses. Para chamar a atenção do leitor nas bancas de revistas, os

ilustradores utilizavam cores chamativas, sombras, letras contornadas e exagerados

raios de luz.

(RAIMES/BHASKARAN, 2007, p. 112)

Celebridades também servem como referência. Uma releitura da cantora Madonna no

“THE ROYAL FLUSH” (figura 36), é representada através de uma ilustração estilizada,

substituindo a dama de paus, nesta peça em faca especial, no formato de carta de baralho.

Também estão presentes nesse exemplo o uso da tipografia montando uma composição visual

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em forma do símbolo do naipe de paus e diagramação com texto justificado e sobreposto à

tarjas. Todos esses componentes são inseridos no layout clássico dos flyers (imagem na frente

e texto no verso).

FIGURA 36 – “THE ROYAL FLUSH”

FONTE: FLY FLYER FLY

A cultura americana é identificada com versões anárquicas, e este conceito é abordado

na peça em formato retangular horizontal e com impressão em verde e preto, remetendo a

nota de dólar “NO BLOOD FOR OIL” (figura 37). Esta apresenta releitura na imagem e nas

informações, com diagramação e fontes originais, com inserção de texto com tipo manuscrito

em vermelho.

FIGURA 37 – “NO BLOOD FOR OIL”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

A peça “RIDOIM WARFARE” (figura 38) segue o mesmo conceito. A imagem do

filme Independece Day, onde esta cidade é invadida e destruída por discos voadores, recebe

uma nova versão remetendo à estética do vídeo game Atari dos anos 80, com impressão

bicromática.

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FIGURA 38 – “RIDOIM WARFARE”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

3.2.3 Layout

“Layout é o processo de desenvolvimento do planejamento gráfico, para visualização e

interpretação de um projeto”. (VOLLMER, 1998, p.67). Através de rafes (esboços em papel),

são estudadas melhores composições, definindo espaços da imagem e do texto, para posterior

finalização. O layout deve estar em conformidade com um esquema estético geral, “Todo

layout começa com um espaço branco a ser preenchido. Você pode preenchê-lo com textos,

imagens e cores. Mas, acima de tudo, precisa preenchê-lo com objetividade, simplicidade e

inteligência” (CESAR, 2003, p. 153).

O principal objetivo do layout é apresentar os elementos visuais e textuais de uma

maneira clara e eficiente ao leitor. Com um bom layout, um leitor pode navegar por

informações complexas, tanto na mídia impressa como na eletrônica.

(AMBROSE, 2009, p. 31)

3.2.3.1 Layout quanto à ilustração

Uma função-chave do layout é deixar os elementos, especialmente imagens,

realizarem as tarefas para as quais eles foram selecionados. Imagens são elementos gráficos

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que dão vida a um design. Como diz o dito popular “uma imagem pode valer mais do que mil

palavras”, seja como foco principal de uma página ou como um elemento secundário,

desempenham um papel essencial na comunicação de uma mensagem e, portanto, é um fator

vital para determinar o visual de um projeto.

O uso da imagem é determinado por vários aspectos, incluindo o impacto desejado e

o estilo do projeto, o público-alvo, a função da imagem e a ousadia ou

conservadorismo do projeto como um todo. (...) As imagens desempenham várias

funções, desde transmitir dramaticidade de uma matéria jornalística, resumir e

sustentar um argumento apresentado no texto até fornecer uma quebra visual para

um bloco de texto ou espaço vazio. Elas são eficazes porque comunicam

rapidamente uma idéia ou instrução, fornecem informações detalhadas ou

transmitem uma sensação que o leitor pode compreender com facilidade.

(AMBROSE, 2009, p. 129)

Ou seja, imagem é sempre o elemento mais representativo, seja foto ou ilustração. Em

se tratando de ilustrações, estas podem ser produzidas diretamente através de um software

gráfico, porém geralmente são produzidas de forma manual e depois scaneadas para sua

posterior finalização. Existem vários tipos e técnicas de ilustração e alguns desses pontos são

aqui exemplificados.

As ilustrações podem ser produzidas através de diferentes estilos. No âmbito mundial

apresenta-se o flyer calendário “AVALAND HOLLYWOOD” (figura 39), com uso de

ilustração vetorial em estilo “croqui” de moda, em referência à capas das revistas e editoriais

de moda.

As silhuetas e a tipologia extremamente simplificadas que caracterizavam o estilo

art déco eram também evidentes nas revistas de moda norte-americanas da época.

Por volta do final dos anos 1930, muitos designers europeus influentes mudaram-se

para os Estados Unidos, levando consigo estilo e abordagem próprios. Pouco

depois, os projetos até então estáticos, haviam sido substituídos por imagens

totalmente sangradas, fontes sem serifa e desenhos assimétricos.

(RAIMES/BHASKARAN 2007, p. 86)

Outro destaque na peça é o seu formato retangular vertical que assume uma

diagramação montada por boxes e utilizando tipos que parecem ser desenhados de forma

manual.

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FIGURA 39 – “AVALAND HOLLYWOOD”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

A estética retrô representada no flyer “LUV CLUB” (figura 40), se refere a

diversidade de ilustrações hiper-realistas de mulheres em estilo pin-up. Além disso, utiliza o

texto inserido em boxes, com tipos que seguem o mesmo conceito.

FIGURA 40 – “LUV CLUB”

FONTE: FLY FLYER FLY

No “WIGSTOCK 98” (figura 41), com utilização da mesma estética, apresenta uma

ilustração artística em destaque, fazendo referência aos antigos cartazes franceses em estilo

art-nouveau. Eles utilizavam um estilo de ilustração que incluía figuras de flores, linhas

curvas, e ornamentos pesados. A tipografia também segue o mesmo estilo.

O art nouveau surgiu na Europa, no final dos anos 1880, e tornou-se um

estilo de design universal. Este rejeitou o historicismo e buscou inspiração

nas formas naturais para criar desenhos foliáceos orgânicos e motivos

curvilíneos. (...) A tipologia do art nouveau é estilizada, elegante e com

fontes extremamente decorativas, derivadas de formas orgânicas.

(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.25)

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FIGURA 41 – “WIGSTOCK 98”

FONTE: FLY FLYER FLY

O flyer “ZOUK” (figura 42), utiliza a técnica em bico de pena e tinta nanquim, em

um mix formas anatômicas humanas e instrumentos musicais, em referência à ilustrações

encontradas em livros históricos. Esta característica é potencializada com diagramação

alinhando a hierarquia das informações, utilização de tipografia em corpos diferentes em

fontes serifadas e fontes caligráficas, e uso de impressão em bicromia.

FIGURA 42 – “ZOUK”

FONTE: FLY FLYER FLY

Na cena carioca estão dispostos alguns exemplos em várias técnicas, como o

“DANCING CHEETAH” (figura 43), que no formato retangular vertical, apresenta uma

composição de ilustrações expressivas de chimpanzés com textura de pele onça e impactantes

efeitos visuais em cores fortes.

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FIGURA 43 – “DANCING CHEETAH”

FONTE: ACERVO PESSOAL

O uso do estilo de ilustração em caricatura é encontrado no flyer “BARATOS DA

RIBEIRO” (figura 44), com todas as deformações e exageros nos traços de maneira

humorística, características base desse estilo.

FIGURA 44 – “BARATOS DA RIBEIRO”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Já o “SPRAYSON” (figura 45) utiliza a estética hip-hop1, com referência ao graffiti à

mão livre. Esta realça a sensação de volume e gradação de tom, lhe conferindo mais realidade.

1 Cultura artística negra estabelecida por músicas faladas, djs, dança de rua e arte de rua (além da moda e gírias).

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FIGURA 45 – “SPRAYSON”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Por fim, a peça “MARACANGALHA” (figura 46) utiliza ilustrações de blocos de rua

no carnaval. Estes se diferenciam através dos diferentes tipos inseridos nos logotipo das festas

e no texto auxiliar, porém o destaque é referente a produção das ilustrações criadas à mão

livre com a técnica de lápis pastel oleoso sobre um papel texturizado.

FIGURA 46 – “MARACANGALHA”

FONTE: ACERVO PESSOAL

3.2.3.2 Quanto à tipografia

“Tipografia é a representação visual da linguagem. Se trata do estudo e aplicação de

letras em uma mensagem” (NIEMEYER, 2006, p. 14 e 15). O termo difere de tipologia,

afirmando que “É o processo de classificação para determinação de categorias em que se

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distribuem. (...) Classificação e caracterização das classes de elementos tipográficos”

(NIEMEYER, 2006, p. 15).

Ou seja, “tipografia é o meio pelo qual uma idéia escrita recebe uma forma visual. Diz

respeito à forma, ao uso e a composição das letras (BERGSTRÖM, 2009, p. 98). Fontes

variam desde formas claras e distinguíveis de fácil leitura, adequadas para grandes

quantidades de texto, até fontes visualmente mais fortes e atraentes, usadas em manchetes e

anúncios gráficos. A tipografia dá o tom ao texto, e a escolha de uma fonte deve considerar se

ela é apropriada à mensagem e ao público ao qual será apresentada.

A seleção da forma visual pode afetar significantemente a legibilidade da idéia

escrita e as sensações de um leitor em relação a ela devido às centenas, se não

milhares de fontes disponíveis. A tipografia pode produzir um efeito neutro ou

despertar paixões, simbolizar movimentos artísticos, políticos ou filosóficos ou

exprimir a personalidade de uma pessoa ou organização.

(AMBROSE, 2009, p. 57)

O uso gráfico das letraset, como mencionado anteriormente, consistia em folhas de

letra transferíveis a seco. Apresentavam uma grande variedade de tipos, estilos, tamanhos,

símbolos e outros elementos gráficos, porém com o passar do tempo, foram substituídos pelo

advento das técnicas computacionais de processamento de texto e editoração eletrônica.

O designer, ao montar qualquer peça gráfica, deve se atentar para o fato de escolher a

melhor fonte para a aplicação textual. Esse estudo tipográfico apresenta um cuidado especial

na sua composição, tanto na forma de seus caracteres, quanto na sua legibilidade. “O contraste

é imprescindível para atrair o leitor. Pesos diferenciados entre títulos, subtítulos e textos

colocam as coisas em seu devido lugar (CESAR, 2003, p. 177). Existem flyers, criados

somente com utilização da tipografia e seu destaque fica por conta do tipo de fonte utilizada

no projeto. A aplicação do texto deve considerar: o entrelinhamento, tornando confortável a

leitura, o alinhamento, que se refere à posição da tipografia em um bloco de texto, e a

hierarquia, um guia lógico organizando títulos e corpo do texto.

“Fonte é um conjunto de caracteres de uma mesma família tipográfica (VOLLMER,

1998, p.49). Esse pensamento é complementado: “As famílias tipográficas guardam as

mesmas características essenciais de seu desenho, independentemente do peso, da inclinação e

do corpo” (NIEMEYER, 2006, p. 40).

Já tipos, “É referente ao desenho de letra do alfabeto e algarismos” (VOLLMER,

1998, p.102).

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Através da sistematização de tipos , agrupando-os segundo as suas principais

características, a classificação tipográfica Vox/ATypl, criada por Maximilien Vox

em 1954, divide os tipos em sete grandes classes”. “As classes são: romanos

(desenhos tipográficos providos de serifa – pequenos traços nas extremidades das

hastes), lineares (tipos sem serifa), incisos (possuem semiserifa), manuais (tipos que

parecem ser desenhados), manuscritos (imitam a escrita caligráfica), góticos

(pontiagudos e com hastes terminando em losângulo) e não latinos.

(NIEMEYER, 2006, p. 50 e 51).

Além das famílias, também são apresentadas variações estruturais do tipos. Estas são

apresentadas quanto: “ao tamanho (corpo), forma (caixa alta e caixa baixa), peso (bold,

regular e light), contraste na angulação, espessura dos traços, inclinação (normal e itálico),

estrutura (relacionado às famílias em que os tipos são classificados) e largura (condensado e

expandido)” (NIEMEYER, 2006, p. 36 e 37).

A partir de todo esse contexto, deve-se ter cuidado com a escolha da tipografia em um

projeto. “Antes de inovar para conseguir maior atenção, há que identificar o público, o

veículo, o anunciante. A pertinência ainda é a palavra de ordem na criação. Não adianta ser

super criativo se ninguém entende a criatividade. De nada vale tratar o texto como elemento

gráfico se as pessoas não conseguem entender o que está escrito” (CESAR, 2003, p. 178).

Sob esta análise, aqui estão alguns exemplos de flyers que seguem essa linha, como

“RINALDO RINALDINI” (figura 47), onde existe uma diversidade de tipos criados à mão

livre, exclusivamente para a peça, não sendo comerciais. O flyer apresenta título com alta

pregnância e fontes com diferentes personalidades. São inseridas com diferentes pesos e

corpos para cada informação, e exibidas em outline1, caixa-alta, e até na tentativa de criar

efeito em 3d. Porém, apesar de toda variação e com o alinhamento justificado, confere pouca

legibilidade.

1 Linhas de contornos, sem preenchimento.

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FIGURA 47 – “RINALDO RINALDINI”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

Esse playground tipográfico também é encontrado no flyer “JOHNNY CASH” (figura

48). O contraste entre massa textual e imagem, título com pregnância e o box contendo as

outras informações, compõem o layout da peça no conceito rock retro, inspirados nos projetos

gráficos americanos dos anos 50, e com contraste de cores. Quanto à tipografia, o título na

categoria display (grandes dimensões) em inspiração cursiva (semelhante à escrita manual) é

impresso em bicromia. O alinhamento à esquerda do texto superior, entram em contraste com

o box. Neste, com alinhamento justificado, são apresentadas variações estruturais do tipos

quanto ao corpo, tamanho, forma, peso, contraste na angulação, espessura dos traços,

inclinação, estrutura e largura. O entrelinhamento é orientado pelas linhas de base, e o texto se

apresenta com tipos vazados através da sobreposição à cor com uma pintura chapada. O que

se nota é a variedade tipográfica dos anos 50.

O design tipográfico dos anos 1950 inspirava-se em duas influências

contrastantes. De um lado, a abordagem modernista desenvolvida na Europa

central entre as guerras e na Suíça na década de 1950, que produziu fontes

claras sem serifa nem detalhes decorativos desnecessários. Do outro, o uso de

fontes com serifas altamente decorativas, com detalhes em espirais, quase

caligráficos. (...) Os tipos dos títulos eram em geral vívidos e não se

alinhavam pela base.

(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.122 e 123)

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FIGURA 48 – “JOHNNY CASH”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

A tipografia arquitetônica é evidenciada no flyer “ELETROCHOCK” (figura 49).

Com impressão em 3/0 cores, o peso tipográfico tridimensional destaca o título da festa, onde

este compõe a metade da peça, como os “alfabetos arquitetônicos”:

Os alfabetos são desenhados numa grade isométrica e variam em complexidade.

(...) São criados a partir de pontos, linhas, superfícies e formas básicas geométricas

do círculo e do quadrado, com as grades conferindo uma ordem matemática ao

trabalho.

(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p. 162)

No restante da peça são inseridas as informações complementares nos boxes de forma

diferenciada e inclusão da imagem monocromática.

FIGURA 49 – “ELETROCHOCK”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

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No flyer “ELETROCLASH” (figura 50), há contraste de várias formas nos logotipos

das bandas e cores nas tarjas. Este conceito de nightclub underground, utiliza uma imagem

pixelizada em baixa resolução e sem alinhamento definido para as informações. As inserções

de textura de papel amassado, rasgado, recortes e colagens é muito característica da estética

punk. Pode-se dizer que esse flyer é uma releitura capas de álbums, isso porque em ambos a

referência visual “independente” é propositalmente anarquizada.

Com uma postura crítica em relação aos sistemas econômicos e políticos e

uma abordagem “independente”, na moda, na música e no design, o

movimento capturou a imaginação de toda uma geração. O estilo exerceu

também uma enorme influência nas artes gráficas da época. (...) A qualidade

de imagem não tinha importância ou era deliberadamente maltratada. A

fotocopiadora era usada para remover os tons sutis de cinza e as áreas que

seriam coloridas à mão.

(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.164 e 165)

FIGURA 50 – “ELETROCLASH”

FONTE: ACERVO PESSOAL

No Rio o “COMBO CLUB CLASSICS” (figura 51) apresenta um contraste de força,

com o título em vermelho com muita pregnância, em oposição a uma tipografia suave e

ilustração leve. Esse título utiliza um tipo escrito em brush1 sem kerning

2, com colorização

aquarelada, impressa em bicromia. O restante do texto é apresentado em uma configuração

sem entrelinhamento e entreletras, afetando assim, sua legibilidade.

1 Pincel.

2 Espaçamento entre letras.

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FIGURA 51 – “COMBO CLUB CLASSICS”

FONTE: ACERVO PESSOAL

O “ELECTRO BOOGIE” (figura 52) apresenta um arranjo tipográfico com uma

abordagem assimétrica e dinâmica, com a interação dos espaços contrastantes. Título em

caixa alta e sem kerning, aplicação de sombra e textura em um sentido diferente do fundo,

criando assim, um efeito de 3D, porém a escolha do tipo dificulta sua legibilidade. A outra

composição com tipo diferente, também em caixa alta, apresenta variações estruturais quanto

ao corpo, peso e espessura dos traços e sem entrelinhamento entre as palavras. Nesse flyer, há

referências à Die Neue Typographie (A Nova Tipografia).

(...) die Neue Typographie (a nova tipografia), se desenvolveu na Europa, no

período entre as duas guerras mundiais, e se caracterizava por tipos

geométricos sem serifa e composições assimétricas e simplificadas. (...)

princípios do construtivismo em sua tipografia enxuta e precisa. Misturava

versões condensadas e expandidas de fontes góticas sem serifa e preferia não

misturar lettering em caixa alta com caixa baixa em suas composições. (...) A

simplicidade é a ordem do dia: linhas fortes agrupadas com densas formas

geométricas e ângulos dinâmicos. O texto é mantido em um mínimo

funcional e usado como parte do design e não apenas para passar informação.

(...) As fotografias são usadas com parcimônia, mas de forma destacada; nada

é perdido, e o espaço branco é parte essencial do efeito como um todo.

(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p.62 e 63)

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FIGURA 52 – “ELECTRO BOOGIE”

FONTE: ACERVO PESSOAL

O flyer “BLOCK ROCKI‟N BEATS” (figura 53) apresenta pregnância no título, com

sua abordagem contrastante de peso, criada pela oposição de um título forte, contra um outro

tipo mais leve. A fonte decorativa do título e o alinhamento centralizado compõem o conceito

e diagramação, inspirado nos cartazes de luta-livre.

FIGURA 53 – “BLOCK ROCKI’N BEATS”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Já o flyer ”METAL JAM” (figura 54), destaca a grande variedade tipográfica existente

entre as logotipos das bandas de heavy metal. A peça com um design fechado, estimulante e

ao mesmo tempo claustrofóbico no verso, apresenta alinhamento centralizado com caracteres

em caixa alto na frente, contra imagem razoavelmente uniforme.

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FIGURA 54 – “METAL JAM”

FONTE: ACERVO PESSOAL

3.2.3.3 Quanto à forma / faca especial

O acabamento abrange vários processos da produção gráfica. Eles dão o toque final a

um projeto depois que o suporte foi impresso. O segmento abordado nesse estudo é o corte

especial, sendo ele responsável por alterar o produto físico, fora do formato tradicional.

Um corte especial é feito com um molde de aço utilizado para cortar formas

irregulares em um suporte. Esse molde, chamado de faca especial, pode ser usado

para modificar o formato de um projeto ou para inserir um design no corpo do

mesmo.

(AMBROSE, 2009, p. 20)

Para se destacar entre outros flyers, não é mais necessário seguir a regra de ter

imagens agressivas e cores explosivas, mas sim, pensar em atrair de forma inteligente, nem

que para isso invista-se um pouco mais na produção, tanto na forma quanto no tamanho.

“Formato é o termo genérico para estilo, tamanho e aparência geral de uma publicação

(VOLLMER, 1998, p. 50). O cuidado do designer com o aproveitamento do papel, com o

refile, gramatura e ao mesmo tempo a criação da peça em formato diferenciado é uma grande

tendência para se ganhar visibilidade. A forma que o layout de um trabalho assume é guiada

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pela função do projeto, na tentativa de tornar o meio mais atrativo para cada segmento do

público.

A seleção do formato depende de considerações práticas como o público-alvo, a

natureza das informações a serem apresentadas e os custos envolvidos, uma vez que

o uso de tamanhos de papel não-padrão implica em gastos adicionais tanto na

impressão como no acabamento. Dito isso, uma abordagem criativa à seleção do

formato pode produzir resultados significativos.

(AMBROSE, 2009, p. 9)

Em todo mundo é bem explorada essa forma de layout. Existem vários exemplos de

faca especial em vários formatos, seguindo a diagramação do nome da festa com a imagem na

frente e as informações complementares impressas no verso.

O flyer da festa “GATE 21” (figura 55) está em formato de passagem aérea, com

tipografia, alinhamento e estrutura em boxes como referência, e a “WE FRESH” (figura 56)

com impressão 2/2 cores, uma única fonte em suas variações e diagramação das informações

em alinhamento e orientação seguindo o formato de caixa de tênis.

FIGURA 55 – “GATE 21” E FIGURA 56 – “WE FRESH”

FONTE: FLY FLYER FLY

A forma peniana sob uma estética erótica é encontrada na “SEXPLOSION” (figura

57), impressa em 2/4 cores, diagramação centralizada e em hierarquia, com variações e

distorções tipográficas.

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FIGURA 57 – “SEXPLOSION”

FONTE: FLY FLYER FLY

Por fim, o flyer “LA TOUR EIFFEL” (figura 58) no formato de frasco de limpa-

vidros, com intervenções na embalagem e diagramação das informações no rótulo. A estrutura

com orientação centralizada, inclinada e em hierarquia, utiliza fontes em bold, com corpos

variados.

FIGURA 58 – “LA TOUR EIFFEL”

FONTE: FLY FLYER FLY

Já no Rio de Janeiro, esse tipo de layout em flyer também é encontrado. O “CASA DA

MATRIZ” (figura 11, apresentado anteriormente) na categoria calendário apresenta formato

de capa e disco de vinil. Esta peça explora essa referência com seu layout criativo, utilizando

a mesma hierarquia e alinhamento das informações na diagramação, e apresentando distorção

tipográfica do estilo dos anos 60, como dito anteriormente, no título e variações tipográfica de

corpo e peso nas fontes auxiliares.

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Já o “SAMBA SOCIAL CLUBE” (figura 59) em forma de escudo-estandarte, dá

destaque ao nome da festa na frente e explora as imagens das atrações, no verso. A inserção

da fonte quanto à forma da faixa, a variação de corpo do texto auxiliar em uma diagramação

centralizada completam a peça.

FIGURA 59 – “SAMBA SOCIAL CLUBE”

FONTE: ACERVO PESSOAL

Exemplos com nome da festa na parte da frente e informações no verso são

observados no flyer “GEMA” (figura 60), em formato estilizada de diamante, em 4/2 cores

com uma única tipografia no verso e diagramação assimétrica e estruturada em blocos, e o

“CINE LAPA” (figura 61) e seu formato de gota, em 1/2 cores com diagramação do texto

centralizado e uma única tipografia com variação nas cores.

FIGURA 60 – “GEMA”

FONTE: ACERVO PESSOAL

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FIGURA 61 – “CINE LAPA”

FONTE: ACERVO PESSOAL

3.2.3.3 Quanto à diagramação

Este termo refere-se ao plano ou à direção em que os elementos de um design são

organizados. A capacidade de comunicação de um design é influenciada pela posição do texto

e das imagens em relação a outros elementos, como ponto focal da página, o alinhamento do

texto, tarjas, margens, etc. Ou seja, a diagramação é um conjunto de operações utilizadas para

disposição de elementos na página de qualquer impresso.

Na produção editorial, diagramação é a técnica de se trabalhar com textos, montando

caixas e blocos, definindo assim, os espaços para leitura. Sua funcionalidade é definida

através do equilíbrio e contraste, um estudo de como montar a melhor maneira de unir atração

no título e legibilidade de suas informações complementares. “Ele é responsável pelo o

equilíbrio da mancha gráfica (espaço útil de impressão) e dos claros (a maneira como o

espaço branco é tratado), de forma funcional e atraente, buscando estabelecer um sentido de

leitura que atenda a determinada hierarquia dos assuntos através de um grid” (VOLLMER,

1998, p. 71, 26 e 36).

O grid de linhas de base é a base gráfica para a construção de um design. O grid

ajuda a dividir proporcionalmente uma página nos planos vertical e horizontal,

tornando o processo de design mais rápido e fácil, além de assegurar uma

consistência visual e explicar como o design funciona. Os grids são úteis somente se

o designer sabe como utilizá-los. Alguns o julgam seu melhor amigo e outros o

acham limitador.

(AMBROSE, 2009, p. 50 e 51)

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Pelo mundo é observado esse cuidado na sua disposição, como analisado na peça, “I

AM A UNDER CONTROL” (figura 62), onde o título é inserido no alto da página, e as

ilustrações são divididas em colunas simétricas no formato de TVs. Essa estrutura monta uma

diagramação alinhada, como uma moldura para a ilustração central. As informações

complementares utilizam caixa alta e alinhamento centralizado no seu uso tipográfico.

FIGURA 62 – “I AM A UNDER CONTROL”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

Separações na diagramação são encontradas no flyer “PUSH THAT BUTTON”

(figura 63), a peça impressa em 3/2 cores, permite que o uso tipográfico apresente cor variada

em relação às linhas (estruturas), como se fossem boxes para cada informação, com

orientação inclinada, seguindo o ângulo das faixas. A estética utilizada é uma referência ao

construtivismo russo, em uma abordagem retrô dos pôsteres de cartazes soviéticos.

O objetivo do construtivismo russo era unir a arte ao trabalho, criando um design

utilitário que se relacionasse com a “indústria” e a propaganda e que “servisse” ao

proletariado. Os construtivistas acreditavam que o design gráfico deveria privilegiar

a legibilidade, baseando-se numa geometria e numa escrita simplificada. (...) O

cinema soviético e o material impresso usado para promovê-lo foram verdadeiros

meios de comunicação revolucionários. Os pôsteres de filmes surgidos em meados

dos anos 1920 eram livremente influenciados pelo movimento construtivista. (...)

As imagens eram combinadas em diferentes planos, e usava-se o tamanho e o

posicionamento para representar o espaço, em vez da perspectiva tradicional.

(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p. 44 e 48)

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FIGURA 63 – “PUSH THAT BUTTON”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

Essa composição entre imagem e texto, clássico nos flyers, também é observado no

“JUICY” (figura 64) em um formato de faca especial circular, impressa em 2/2 cores sobre

papel paraná em referência à porta-copos. É observado na peça a aplicação de imagem

vetorial de formas simples na frente, e hierarquia das informações com um alinhamento

centralizado, e utilização de fontes variadas em diferentes corpos e pesos, no verso.

Formato circular também é encontrado no flyer “DURI” (figura 65), utilizando como

referência o disco de vinil com textura de arranhões e rótulo com tipos variados.

FIGURA 64 – “JUICY” E FIGURA 65 – “DURI”

FONTE: FLY FLYER FLY

Na cidade do Rio, a funcionalidade através da diagramação clássica dos flyers,

também é encontrada no flyer “A MALDITA” (figura 1 apresentada anteriormente), com a

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ilustração da pin-up sobre textura listrada e título, em contraponto com as informações em

variação de corpo da mesma fonte.

No Flyer “WAS” (figura 66), com interação entre imagem e texto, é destacado o

dinamismo com diferentes tipos e fotografias com aplicação de texturas. E no flyer “DIVAS

DA MPB AO JAZZ” (figura 67), o bloco de texto é distribuído no espaço da foto do ingresso

em uma estrutura e alinhamento inclinado justificado.

FIGURA 66 – “WAS” E FIGURA 67 – “DIVAS DA MPB AO JAZZ”

FONTE: ACERVO PESSOAL

O flyer “LEMOON” (figura 68) em um formato retangular vertical utiliza titulo, data e

local com orientação inclinada seguindo o ângulo da tarja. Já as informações complementares

são dispostas por texto alinhamento à esquerda de um lado e texto justificado de outro.

FIGURA 68 – “LEMOON”

FONTE: ACERVO PESSOAL

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3.2.3.5 Quanto à impressão

Como já foi apresentado, os designers gráficos têm à disposição uma variedade de

processos de impressão e técnicas de acabamento para produzir publicações atraentes e

funcionais. Ele deve antever a reprodução de seu projeto na sua concepção, antes de chegar na

gráfica.

Qualquer processo destinado a reproduzir, com ou sem tinta, sobre um suporte, texto

e imagens gravados, ou moldados em matrizes adaptadas a prensas dos mais

diversos tipos de prensão. As reproduções gráficas podem ser obtidas nas máquinas

impressoras pelo contato direto da matriz com o suporte ou por meio de um

elemento intermediário.

(VOLLMER, 2006, p. 60)

Em se tratando da peça gráfica flyer, sua impressão inicialmente no “sistema de

xerografia (fotocópia) monocromática e sua ação térmica sobre o pó especial (toner)”, evoluiu

para a policromia como mostrado anteriormente. Esse processo de impressão em cores pode

ser de dois tipos: “sistema offset à base de fotolitografia e confecção de suas chapas de cores

de impressão ou impressão digital realizada diretamente por tecnologias eletrônicas próprias,

à laser” (VOLLMER, 1998, p. 111, 79 e 70). Suas utilizações variam quanto à tiragem e

custo, “o sistema offset trabalha com grandes tiragens, normalmente acima de cem mil

exemplares” (CESAR, 2003, p. 323), por isso, o sistema digital é o mais utilizado na

produção dos flyers.

No flyer “FLUCHTWEG” (figura 69), o tipo de impressão faz referência ao sistema

de xerografia, impresso em monocromia ou falsa bicromia. Neste exemplo pode ser

observado que para criar uma variação visual quanto a cor, diferentes tons na escala de cinza

foram utilizados. A variação visuail a partir de uma mesma foto é inspirado nas telas do artista

Andy Warhol, utilizando a imagem do punk.

O flyer “ELECTRO BUNKER” (figura 70) utiliza uma imagem em escala de cinza,

impressa em monocromia em preto sobre suporte de papel colorido 1/0 cor. Deve-se observar

o cuidado em se preservar a legibilidade tipográfica nas áreas informacionais, fazendo a

conversão da cor no contraste de preto e branco.

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FIGURA 69 – “FLUCHTWEG” E FIGURA 70 – “ELECTRO BUNKER”

FONTE: FLYER SOCIOTYPE

O próximo é o flyer “THE BOILER” (figura 71), que utiliza a impressão em bicromia

(2/0 cores - vermelho e preto) sobre papel branco. O efeito duotônico sobre a imagem

apresenta um efeito visual muito utilizado em várias peças gráficas.

Em 1939, no centro de Manhattan, Nova York, próximo a rua 52, nascia a Blue

Note Records. (...) Essa gravadora começou, de forma improvisada,

sintomaticamente, a cor do selo dos primeiros discos de 78 rpm foi resultado de um

erro de impressão. Entretanto, as capas dos álbuns se tornariam ícones do design

para os novos LP de vinil. (...) Cores mais fortes e quentes foram introduzidas para

criar climas diferentes. O “hot” jazz podia ser reconhecido pelo uso do vermelho ou

magenta.

(RAIMES/ BHASKARAN, 2007, p. 132 e 133)

Para a inserção das informações sobre a foto, foi criada uma tarja preta, com

finalidade de destacar a diagramação. A fotografia da cantora de ritmo soul, exalta o conceito

da festa, e a partir deste, foi utilizada uma tipografia que remete ao estilo de som e com um

corpo maior dando destaque ao título

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FIGURA 71 – “THE BOILER”

FONTE: FLY FLYER FLY

No flyer “CARABET” (figura 72) aparenta que foi utilizado à impressão em três cores

(laranja, verde e preto) num suporte de papel branco e com impressão no verso. Porém na

verdade, foi utilizada uma impressão em 4/4 cores, pois na composição das cores, são

misturadas cores primárias. O conceito é idealizado sob a estética underground, com

diagramação variante no texto, utilizando tipografias sobre tarjas, e imagens. Estas por sua

vez, com interferências coloridas e efeito halftone (imagem representada por pontos), criam

um aspecto de impressão em papel jornal.

O Flyer “PATRICK PULSÍNGER” (figura 73) define bem a escala de cores básicas

no processo de impressão: ciano, magenta, amarelo e preto 4/0 cores, esse último foi utilizado

na composição duotônica, de escala em cinza com magenta, para definição da fotografia.

FIGURA 72 – “CARABET” E FIGURA 73 – “PATRICK PULSÍNGER”

FONTE: FLY FLYER FLY E FLYER SOCIOTYPE

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Por fim o flyer “LA PALOMA” (figura 74) apresenta na frente a utilização do

processo de impressão em quatro cores, bastante utilizado nos dias de hoje, e no verso a

impressão em três cores (4/3). É importante ressaltar que detalhes como esses determinam o

custo final de impressão. Sob o formato retangular com uma fotomontagem de conceito

abstrato é definida toda diagramação. A orientação do conteúdo textual colorizado e a

variação tipográfica completam o layout da peça.

FIGURA 74 – “LA PALOMA”

FONTE: FLY FLYER FLY

Essas análises puderam ser elaboradas através das referências teóricas apresentadas

nos capítulos anteriores, por diferentes autores. “Na representatividade urbana, a variedade

cultural e a identificação de diferentes indivíduos por segmentadas ideologias, configuram

uma realidade antropológica atual”. (CANEVACCI, 2001, P.172).

A estrutura da percepção, a distorção das alegorias e a difusão dos “sinais”

restringem e constringem de pontos de vistas diferentes, quase opostos, o eventual

“desenho” levantado nos panoramas metropolitanos. O que se pode desejar é uma

nova expansão da permuta cultural. Na cultural sincrética desnuda-se, descobre-se,

desmacara-se a própria existência, o próprio modelo, os próprios costumes,

podendo-se “adotar” os papéis e as roupas de outros, com o fim de multiplicar as

próprias identidades, sincretizáveis com as várias e possíveis diversidades.

(CANEVACCI, 2001, P.172)

A permuta cultural e lúdica com as diversidades é a prática dos novos segmentos, que

as modernas tecnologias permitem misturar docemente nos fluxos urbanos, como nunca

aconteceu até hoje. A comunicação segmentada pode ser baseada na reprodutividade visual,

na moda e na publicidade, surgindo uma técnica de consenso que identifica claramente os

nichos urbanos, ou seja, foram reconhecidos os direitos formais à diversidade. Na prática,

atenta-se subliminarmente, que se devem respeitar os outros permanecendo nós mesmos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comunicação midiática abarca muitos aspectos atualmente. Nesses, destacou-se a

análise do flyer, veículo usado para disseminar o entretenimento noturno. Esta análise geral

foi feita, levando-se em conta o âmbito mercadológico, social e cultural.

Esse trabalho abordou a importância e domínio dos flyers na vida noturna, que através

de um bom design na criação dessas peças gráficas, garantem uma comunicação eficaz para as

festas. Com base nesses dados obtidos, pode-se iniciar um planejamento gráfico obtendo

coerência conceitual e visual, direcionadas a cada perfil de público.

A presente monografia relativizou paralelamente alguns exemplos desenvolvidos em

diferentes países e a vertente carioca, apresentando flyers de diversos estilos em diferentes

festas, embasando a linguagem visual e textual nas quais elas se refletem.

Diante de um determinado serviço para um público-alvo pré-estabelecido e bem

definido, há de se estabelecer uma representação gráfica direcionada. Essa representação deve

mencionar um mesmo conceito, servindo para identificação e aceitação. A divulgação é feita

em diversos locais ou sites onde a freqüência do público é a mesma para o perfil que se espera

destinar o serviço. A preocupação quanto ao flyer nesse ramo de mercado é imprescindível,

visto que, para diferenciação da concorrência, a qualidade do material desperta credibilidade.

A partir daí, foi possível conceber um trabalho teórico objetivando demonstrar a

aplicação dos conceitos explorados anteriormente, com suas características, evoluções de

produção e adequação ao público que se destina.

Pesquisas e entrevistas foram feitas para saber questões que iriam ajudar na elaboração

dos flyers com finalidade prática de mercado. Toda pesquisa teórica teve como fonte livros e

sites relacionados. Sendo assim, designers e profissionais de marketing podem conciliar seus

trabalhos para chegar a um resultado produtivo. Ao reunir suas idéias, têm maiores chances de

encontrar soluções mais adequadas aos seus clientes.

A análise gráfica abordada neste projeto destaca o uso de alguns dos fundamentos do

design. Compreender os princípios básicos de conceito, layout, ilustração, tipografia, faca

especial, diagramação e impressão, são cruciais para aplicação da criatividade em um projeto.

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REFERÊNCIAS:

AMBROSE, Gavim; HARRIS, Paul. Fundamentos do design criativo. Porto Alegre, Ed. Bookman,

2009.

BERGSTROM, Bo. Fundamentos da comunicação visual. São Paulo. Ed. Rosari, 2009.

BOU, Louis. Fly Flyer Fly. Barcelona, Ed. Morsa, 2006.

CANEVACCI, Massimo. Antropologia da Comunicação Visual. São Paulo. Ed. Brasiliense, 2001.

CESAR, Newton. Direção de arte em propaganda. São Paulo. Ed. Futura, 2003.

DEFLEUR, Melvin L.; BALL-ROKEACH Sandra. Teorias da comunicação de massa. Rio de Janeiro.

Ed. Jorge Zahar, 1993.

KOTLER, Philip. Administração de marketing. São Paulo. Ed. Pearson, 2006.

LEVINSON, Jay Conrad. Marketing de Guerrilha: Táticas e armas para obter lucros com pequenas e

médias empresas. São Paulo. Ed. Best Seler, 1989.

NEWARK, Quentin. O que é design gráfico? Porto Alegre, Ed. Bookman, 2009.

NIEMEYER, Lucy. Tipografia: uma apresentação. Rio de Janeiro, Ed. 2AB, 2006.

PEREIRA, José Haroldo Curso Básico de Teoria da Comunicação. Rio de Janeiro. Ed. UniverCidade,

2001.

RAIMES, Jonathan,; BHASKARAN, Lakshmi. Design Retro: 100 anos de Design Gráfico. Ed. Senac,

2007.

RIMIEL, Mike. Flyer Sociotype – Topographie of media phenomenon. Alemanha. Ed. Actar, 2005.

TAMANAHA, Paulo. Planejamento de mídia: Teoria e experiência. São Paulo. Ed. Pearson, 2006.

VOLLMER, Lara. ABC da ADG: glossário de termos e verbetes utilizados em Design Gráfico. São

Paulo. Ed. ADG, 1998.

WHEELER, Alina. Design de identidade de marca. Porto Alegre, Ed. Bookman, 2008.

WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. São Paulo. Ed. Presença, 1995.

OLD SCHOOL FLYERS. Disponível em:

http://www.toledohiphop.org/images/old_school_source_code. Acesso em 23 de Nov. 2010.

OLD SCHOOL RAVE. Disponível em: http://www.loftsites.co.uk/old_school_rave. Acesso em 23 de

Nov. 2010.

RAVE FLYERS. Disponível em: http://www.raveflyers.co.uk/index.htm. Acesso em 23 de Nov. 2010.

CULTURA MOOD. Disponível em: http://www.mood.com.br/cultura/labels/artes_visuais.html.

Acesso em 23 de Nov. 2010.

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ANEXO

Tendo dispostas no mercado festas, para as quais produzem reconhecimento ou

identificação por parte do público ao qual se destinam, foram produzidas pesquisas

qualitativas sob forma de entrevista entre produtores de festas cariocas e designers gráficos

que trabalham produzindo peças gráficas para o segmento, com finalidade de saber e

compreender um pouco mais do universo dos flyers.

Podemos analisar as respostas dadas ao questionário para nos remeter ao que,

anteriormente, abordou-se quanto à características do flyer e o seu uso para atrair o público.

A análise dos entrevistados parte do princípio que eles têm uma forma muito mais

apurada de revelar o gosto, a predileção e a fidelidade na escolha do flyer para estar presente

no mercado.

A influência da festa será predominante até o momento em que o público estabelecer

contato visual com o flyer, o que pode ou não lhe agradar. O que vai determinar isso é o quão

próximo o flyer está na realidade do seu público. O quanto ele se adapta, comunica e

identifica. As pessoas são atraídas pelo que lhe exerce fascínio.

O flyer consegue criar este diferencial porque sua comunicação se aproxima das

expectativas do seu público por meio da realidade, com uma abordagem comunicativa de

forma simples e direta.

1.1 – Entrevista com produtores de eventos

L - Loulou Chavarry, produtora de eventos.

P - Patrícia lobo, fotógrafa e produtora de eventos.

G - Glauber Souza, designer gráfico e gerente de boate.

1- Que tipo mídia propaga maior divulgação para a vida noturna carioca? Porquê?

L - Os flyers impressos o flyer virtual. Porque é o que mais dá retorno. O flyer virtual pela internet é muito mais

barato, a retorno é maior, e a abrangência é mais rápida economizando dinheiro e tempo. Pra divulgar, os sites

são uma mídia muito boa, blogs, fotologs, orkut.

P – Hoje em dia os sites da internet. Os flyers ainda são um diferencial para algumas festas até mais

undergrounds. O flyer foi instituído e nunca mais saiu, a internet não substitui, mas é um ótimo instrumento de

divulgação, até para pessoas de outras cidades que virão à cidade durante um feriado por exemplo e pelo tipo de

público que sempre é um pouco mais novo. A internet alcança muito a galera jovem.

G – Hoje em dia a internet é a principal ferramenta de divulgação, porque te um acance muito grande em pouco

tempo, não só na cidade. Ela é a mais eficaz , rápida e barata.

2- Na divulgação de eventos organizados por você, sempre foram utilizados flyers? Você acha interessante

esse tipo de mídia?

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L – Sim, todos. Acho essencial

P - Desde o início em 97. Um dos produtores da festa era designer. O flyer é sempre um diferencial bacana que

você faz para seu evento é a intenção do conceito do seu evento.

G - Sempre, sejam impressos ou digitas, de qualquer festa, às vezes nem sempre faz flyer impresso, algumas

festas só faz mídia digital. Sempre tem que ter um flyer, uma imagem para representar a festa.

3- Em sua opinião, o que é mais importante para um bom flyer? Seu formato é relevante? O que é mais

eficaz: Um flyer clean ou com muita informação?

L – Apresentação a princípio, é o que vai chamar mais atenção. Um bom design e um bom desenho, pra mim são

os mais importantes, depois vem as informações. Elas ficam em segundo plano na verdade, e aí que as pessoas

descartam ou não o flyer. O formato mais perfeito é o pequeno, elas recebem e colocam no bolso. Existem flyers

lindos, grandes, as pessoas lêem os flyers, mas jogam fora. O formato perfeito é aquele que caiba no bolso.

Depende, se você tem uma boa organização para estas muitas informações, eu acho bem bacana

P - O impacto visual, é muito importante. Sempre valorizei essa coisa da frente do flyer ser quase sem nada

(informação) pra ter a arte ali exposta mesmo, isso eu acho bonito. Quando você vê um flyer poluído, com muita

coisa escrita, logo de cara na frente, eu acho feio, eu não me interesso. O formato é outra viagem que você pode

ter dentro do conceito do seu flyer, que é muito bacana. Na boate onde dou minha festa tem um formato padrão

que é o de bolso, que eu acho muito funcional. Outro critério dentro do conceito do seu flyer. De bolso e

funcional, mas eu adoro um flyer grande, imagem enorme 20x15 atrás só as informações, na frente só a arte com

nome da festa.

G - Formato é relevante, onde eu trabalho é pequeno e dificilmente a gerência da boate encontra flyer no chão.

Agente vê um ou outro obviamente, mas as pessoas não jogam fora, porque como ele é pequenininho, dá pra

colocar na carteira, no bolso. Flyers muito grande às vezes aparentemente são mais bonitos, mas são

completamente descartáveis. A pessoa pega, olha aquela informação, está certo que a função do flyer é informar

mais os detalhes da festa, mas a pessoa não guarda, não te como. Nesse formato de card as pessoas acabam

querendo colecionar. Eu sou sempre da opinião que o menos é mais. Eu acho que a principal função do flyer da

festa é que ele tem que ter o serviço completo, tem que ter basicamente o endereço, preço da festa, data, horário,

o tipo de festa, o tipo de música que vai tocar, nome de djs e das atrações, enfim qualquer outra coisa pode

agregar, mas você corre aquele risco de tumultuar e ficar poluído visualmente. Tem que ter o mínimo possível de

informação e o necessário.

4- Em seus eventos, você produz a idéia do flyer ou deixa livre para a criação do designer? É ainda

necessário haver um link do flyer com seu seguimento?

L - A idéia é minha. Eu quero uma imagem, e o cara se vira. Às vezes eu tenho a imagem eu tenho um banco de

dados no meu computador, e busco, se eu não acho a imagem interessante para o que eu tenho em mente eu

passo a idéia pra ele repassa pra mim, aí eu aprovo. Se a festa for temática eu acho importante ter um link sim.

P – Eu não costumo dar a idéia. Eu posso até dar um tema, o designer faz o que ele quiser. Eu acho que o flyer

precisa do link, o flyer é a extensão do conceito da sua festa. Você está informando às pessoas o que vai

acontecer na festa, mas de uma forma bonita.

G – Quando eu não faço o flyer, agente deixa a criação por conta do designer que é contratado e fica responsável

pelo produtor da festa. Os flyers que não são feitos por ele agente recebe por e-mail e agente aprova, inclusive

aqui na boate agente tem um cuidado de tentar padronizar as informações que vem no verso. Normalmente a

frente do flyer é livre, o desiger faz o que lê quer, cria, coloca a imagem que ele quer, e no verso agente tem mais

ou menos uma padronização de informação. Eu acho que não necessariamente tem que ter uma imagem com

uma ligação direta, pode ter uma referência, brincadeira, no conceito de cada um, o legal é que você tenha uma

imagem interessante.

5- Um flyer mal elaborado influi na divulgação da festa? Você já mandou refazer algum?

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L – Claro que sim, não chama atenção. Um flyer feio, mal feito, as pessoas vão olhar mas não vão lá, não tem

alguma coisa que chama a atenção. Se não fica uma coisa de mau gosto. A aparência dos flyer e uma das coisas

que mais refletem na festa. Já, uns dois, três, poucos.

P - Influi na festa, vem menos gente. Já, mandei refazer porque não saiu a data. Em questão de arte eu nunca

devolvi flyer. Alguns designer já me deram opções para escolher.

G - Influi, principalmente quando eu não contiver as informações que são primordiais pra festa. Realmente se

faltar algumas informações você pode ter vários problemas até. Já aconteceu de algumas casas noturnas terem

problemas pois não informaram que a festa era para maiores de dezoito anos de 18 anos. Nunca teve problema

na parte visual, deixa vivre. Claro se você tiver uma imagem muito negativa ou obscena pra casa, aí agente dá

um toque na galera pra pegar leve.

6- Quais são os melhores locais para distribuição dos flyers? Qual é seu alcance?

L – Eu acho que na própria noite, na porta de outras festas, porque fica direcionado o público. O público é

segmentado. Eu deixo muito em hostel, lojas etc...

P - Porta de boate, bares, festas com o mesmo tipo de público, nas praias segmentadas durante feriados, também

pra gringos, albergues, lojas, cinemas num filme mais ou menos interessante que você sabe que a galera vai,

faculdades. Tem a ver com mesmo público. Produzo cinco mil, o custo é da boate, ela acerta com a gráfica. Eu

acho que de cinco a dez por cento retornam.

G – Normalmente tem uma distribuição bastante grande em hotéis e albergues da região (zona sul e centro) para

alcançar o turista. Basicamente divulga na porta de outros clubes, para atrair o mesmo tipo de público para outra

festa que vai acontecer outro dia, lojas que tem mais ou menos o público da festa.

7- É possível perceber o interesse do público ao ver o flyer? Como não desperdiçá-los?

L – É, com certeza, quando a pessoa pega o flyer, dizem: Ai que lindo, nossa DJ tal. E quando a pessoa não

gosta eu acho até engraçado, porque dependo do público. Eu tenho mais contato com o público que já freqüenta

a minha festa. A tiragem é de cinco mil, e fica mais ou menos uns trezentos reais é a forma é direcionando para o

público. Noventa e cinco por cento dos flyers dão desconto na entrada.

P - Muita gente coleciona. Você tem a maior variedade possível de pontos pra divulgar. Desde o começo da

minha festa, o flyer apresentado na porta tinha desconto, justamente para as pessoas ficarem com os eles, é uma

coisa que a pessoa guarda e vai ver e casa depois, porque as pessoas que aquilo vai ter um desconto. Alguns

funcionam somente pelo marketing. Em uma das minhas festas tinha gente que vendia os flyers, porque

ganhavam dinheiro com o desconto na porta.

G – É, no caso da boate as pessoas gostam justamente por conta do formato. Eu já vi as pessoas pedindo mais ao

divulgador porque elas gostam de colecionar. Antigamente tinha com display com os flyers da semana na parte

de fora da boate e agente via direto as pessoas passarem e pegarem . Pelo formato agente tem um aproveitamento

bem grande dos flyers daqui da casa, é impressionante. Hoje em dia noventa por cento dos flyers geram

desconto, que é uma maneira que os produtores encontraram de chamar mais gente pelo desconto e evitar que as

pessoas joguem o flyer fora.

8- Como funciona o e-flyer? Qual é o índice de sua utilização?

L – E-flyer é um mailling (lista de e-mails), de mais ou menos vinte mil pessoas. É o flyer digital mandado por

e-mail e pros sites. È só imprimir em qualquer folha e ganha o desconto. Ele é diferente da lista amiga que a

mais barata. Recebo bastante, mas a grande maioria paga a entrada inteira. Muita gente quando recebe o flyer,

guarda para fazer coleção.

P – Várias pessoas baixam e podem imprimir como quiser. Recebo muito, hoje em dia a galera jovem tem muita

internet. Eu vejo isso na devolução dos flyers, existem os flyers impressos, mas muitos vêm pela internet, até

gente que recebe o impresso, mas imprime o da internet, pequeno, grande preto e branco. E-flyer é bem mais

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utilizado. Não só as pessoas de longe, mas as pessoas que freqüentam a noite tem o acesso pelo internet, cria um

hábito, a pessoa não precisa ter mais o flyer (impresso), ele está na internet, é cômodo. O flyer dá mais um

retorno na estratégia, para ver se o flyer não foi muito aceito, o flyer não fez tanto sucesso, o divulgador de

repente não foi em tal lugar, porque lá não tem flyers. È mais um controle da divulgação, não da bilheteria.

G – Normalmente o e-flyer é uma representação do flyer impresso, uma versão digital, e agente divulga através

do mailing da casa. Agente um cadastro de clientes que é feito pelo site e agente envia através do nosso e-mail e

a pessoa também pode imprimir no site, que está disponível para impressão a mesma versão digital que é

divulgada pelo mailing. Bem usado, agente tem um retorno bem grande aqui. È engraçado, às vezes as pessoas

imprimem muito pequenininho pra não gastar muita tinta e outros com uma página inteira impressa.

1.2 – Entrevista com designers

G – Glauber Souza – Designer e gerente de boate

C – Cláudio Portugal – Formado com comunicação e atua como designer gráfico

A – Alexandre Aranha – Diretor de arte e coordenador de núcleo de criação de uma produtora cultural

1- A mídia alternativa é ainda um marketing na moda ou veio para ficar? Porque?

G – Veio pra ficar. Internet, o próprio flyer mesmo. Agente já cogitou várias vezes em acabar com os flyers

impressos, pra tentar reduzir custos, mas agente sempre chega a conclusão que não adianta, tem que ter, nem que

reduza a quantidade.

C – Eu não lembro direito o conceito de mídia alternativa, mas eu seu que são mídias que não são tradicionais

como: rádio, tv, revista, jornal. As mídia alternativas impressas seriam: flyers, stickers, folders, cartazes. Eu acho

pelo que eu me lembro esse tipo de divulgação impressa já existe há bastante tempo desde a Europa antiga, de

panfletagem, colar coisas em postes. Tem aí também a mídia virtual, a internet. Eu acho que não é moda, ta aí e

vai conviver paralelo a mídia tradicional. Depende o que você precisa pro que você quer.

A – O contato com o flyer vai ficar ainda um bom tempo, mas está caindo mais a importância. É uma maneira de

tornar um primeiro contado de virtual real, mas as pessoas ficam conectadas direto e pode agregar outras coisas

junto ao flyer para valorizar sua festa. O público alvo de festas hoje em dia, diria um noventa por cento tem um

acesso digital.

2- Defina flyer e como você o caracteriza? Qual é o público-alvo?

G – É um cartão de visita de uma festa, é um contato que você está criando com o cliente e a boate ou festa. O

público varia de festa pra festa. Cada flyer é direcionado para um público.

C – Flyer, dentro de produção cultural de música ele está aí pra divulgar um evento, um show, um artista, apesar

de existir outros tipos de flyers. Dentro do seguimento é uma peça impressa pra divulgar e captar público para o

evento, ir atrás do público mesmo. Trabalho para um segmento mais voltado para música eletrônica, apesar de

que isso não determina meu trabalho. Eu trabalho em cima da estética. Eu acho que é o chama mais a atenção da

pessoa é o que ela vai achar legal de ver. O que faz a diferença e o que chama mais a atenção é a estética:

imagem, formato, tipo de papel. É o que ele vai se identificar. Depois que ele pegar, vai ver o que é.

A - Depende muito do espírito da festa pra mim. A novidade é sempre uma forma de chamar atenção do público

e na época que eu comecei sempre buscava algo novo diferente do que estava se seguindo, inovando em

desenho, cores e divertimento. Eu não faço mais flyer há muito tempo, mas há dois anos atrás não dava mais pra

mim. Hoje em dia eu penso que pra flyer o ideal é que ele seja claramente orientado dentro das tendências de

uma linha estética de design do momento, porque é um produto descartável. Tem que lembrar que o flyer vai ser

pisoteado no dia da estréia. Você sai com ele hoje e se estiver na rua, vão ter três mil flyers no final do dia no

chão, e vai pro lixo. È um contato ainda que real, fulgás também, poucos dobram e colocam no bolso.

3- Há quanto tempo você trabalha nesse segmento? É muito procurado? Qual é a faixa de preço?

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G – Como designer há dezoito anos, e como produção mais ou menos a um ano e meio. Tem uma procura

grande, agora que eu estou voltado para parte de produção tem uma procura maior, mas desde a época em que

trabalhei em jornal e revista, uma hora ou outra sempre pintava um extra pra fazer um flyer de uma festa. Até

porque sempre freqüentei a noite, os amigos indicavam para outros amigos que faziam festas e precisavam fazer

flyers. Depende do lugar, da festa, se é amigo, varia. Pode cobrar de cem reais até quinhentos reais.

C – De flyer mais ou menos desde dois mil e um, como designer acho que desde noventa e sete. Eu trabalho

bastante para duas boates. Depende da festa, do pacote que fechou se vão ser vários flyers, mas ele varia de cento

e cinqüenta, até quinhentos e cinqüenta ( para uma tração internacional, um único flyer), mais ou menos, nessa

faixa de preço, não passa disso não.

A – De noventa e sete a dois mil e seis (nove anos). Não porque era uma coisa exclusivista para festa que eu

trabalhava. Fazer o flyer de uma festa nunca foi meu ganha pão, porque eu acho que ganha muito pouco, em dez

anos não mudou muito o preço, por mais que tenham festas e festas, não pagam muito. No caso de uma outra

boate era 250 por flyer. O preço que eu falei quando eu fui lá, pelo tempo que demora, porque era uma arte que

eu estava usando pra descobrir novas técnicas, novas maneiras de realizar, então eu tinha um interesse de testar

as linguagens e não ficar fazendo a mesma coisa. Pelo trabalho que dava e pelo tempo que eu gastava, mais ou

menos uns três dias, pra ficar a arte pronta eu pedi quinhentos reais e eu fiquei sabendo que o mais caro que eles

pagavam era cento e cinqüenta reais. Mesmo sendo a metade do que eu achava justo, ainda assim era cem reais

mais caro do que as outras pessoas estavam ganhando. Paga muito mal.

4- A característica do flyer interfere no público-alvo ou o público que determina seu tipo?

G – Eu acho que nem uma coisa nem outra. O flyer quando é criado já é direcionado para um determinado

público. Ele não vai mudar a opinião da pessoa, não vai fazer a pessoa gostar ou deixar de gostar de determinado

estilo e nem acho que a pessoa influencie na criação do flyer. Ele antes de ser feito já tem um conceito que é

feito para um determinado público.

C – Isso é muito relativo. Eu já adquiri uma certa estética desenvolvida, até por estar muito tempo trabalhando.

As pessoas já conhecem as características do meu flyer, do meu trabalho gráfico, mesmo sem eu ter assinado ou

não. Acha que são as duas coisas, tem uma dialética aí, uma coisa influencia a outra. Se um cara ver um flyer

que é exatamente igual às capas de disco que ele gosta de ouvir, ele vai pegar na hora, ou seja, a estética

influência da pessoa ir pegar o flyer. E também a estética desse público influencia também com esse flyer vai ser

desenhado. É bom o artista colocar um pouco dele também, é o que eu procuro fazer.

A - O público interfere no flyer, que vai reagir ao flyer cem por cento. Se você acha que vai acertar uma pessoa e

você erra o que ela cultua, se você acha que conhece o público com quem você está falando e erra nessa

definição, você fala e essas pessoas não vão ouvir e não vai conseguir chegar nela.

5- A produção do flyer sempre é feita por meio de briefing? Você já teve que refazer algum?

G – No meu caso não, a pessoa me diz qual é a festa e eu como já trabalho na noite e conheço mais ou menos o

estilo, eu estou acostumado com a cena. A não ser se a festa for diferente, aí então eu vou pesquisar referências.

No caso de atrações, coloca a foto do artista. Não, normalmente tem uma correção ou outra porque faltou uma

informação, ou alguma coisa tava digitado errado em termos de texto. Quanto a imagem ou mudança, por gosto

do cliente e querer outra coisa, pelo menos comigo nunca aconteceu.

C - Tem sempre um briefing inicial. Depende do flyer, primeiramente sempre tem reunião com o produtor,

explicando a festa, o tipo de som, nome da festa e eu peço referência estética do que o agrada, para me orientar.

A seguir mostro um esboço com várias referências mostrando a linha estética, que vai seguir daqui pra frente.

Aprovando eu começo a ter mais liberdade e ele sabe que mais ou menos sempre eles vão ter essa linha estética.

E também já teve casos que me pediram pra fazer qualquer coisa. Já refiz vários por n fatores, por pessoas bem

cri-cri, sempre alguns voltam, mas depois que conhecem bem seu trabalho, já te procuram.

A - Não necessariamente um briefing, mas uma conversa com o produtor, do que estava acontecendo, uma idéia

para continuação dos flyers, uma troca de informação assim. Essa questão do valor eu deixei claro que era o

seguinte: por esse valor não tem mudança, meu desenho é o que é, fazendo apenas a alteração dos dados. Pelo

valor não vale, ficaria estranho, esquisito pra mim. Não, eu não teria refeito. Graças à Deus sempre gostaram. Eu

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criava um personagem, uma historinha, ilustrava o trabalho, um desenvolvimento que a pessoa acabava vendo.

Pelo valor que eles estavam pagando a própria direção da boate via que não fazia sentido. A maioria dos flyers

antigamente não eram muito criativos, já pegavam figuras prontas e montavam, mas não era o que eu estava

fazendo.

6- Como é seu processo de criação?

G – Eu normalmente, procuro trabalhar com referência que remetam aquele determinado estilo. Seja de imagem,

estilo, época, cores, moda, estilo musical. Procuro usar sempre uma coisa que remeta aquela idéia do flyer.

C – Procuro ver a linha do som, desenho algumas coisas a mão, vetorizo algumas imagens, fotos. Tenho uma

linha estética de vetor 2D e já tenho uma metodologia nas formas que eu crio, sempre estou desconstruindo,

mexendo uma na outra, misturando. Criando e recriando em cima da mesma coisa.

A – Eu aproveitava a questão do estudo da técnica do que eu estava usando. Estava fazendo uma linha mais

computacional e queria fazer algo mais orgânico. Queria confundir o público de como eu fiz, se era colagem,

foto, pintura, desenho à guache e comecei a misturar isso. E o tema começou a vir do meu momento. Como meu

flyer também era uma coisa ainda experimental, eu me libertava de qualquer briefing. Não é muito bom também

ter muitos detalhes. O grande público não percebe essas minúcias só o pessoal que é designer.

7- Quanto tempo é gasto na produção de um flyer? Você utiliza princípios da semiótica e gestalt em seus

trabalhos?

G – Eu como já estou acostumado, é muito rápido, em menos de uma hora. Quando toda criação é minha me

falam o nome da festa, na hora já vem alguma coisa na cabeça. Aí eu já vou procurar uma coisa ou outra pela

internet, pego as informações e já faço. Às vezes o próprio cliente já tem uma imagem que ele quer usar, e aí eu

só trabalho em cima daquela imagem, mudo cor ou coloco algum efeito. Não tem essa preocupação não. Eu uso

referencias que faça sentido dentro daquele conceito, daquele estilo. A preocupação maior é linkar a imagem do

flyer com a proposta da festa e não necessariamente ter um link direto com a imagem. Tem que ter uma

referência voltada para aquela proposta de festa.

C – Não tem como saber. Quando você já tem uma linha estética totalmente desenvolvida, é mais rápido, só

preciso fazer algumas alterações nas formas, cor, com a mesma cara virando outra coisa. Se for uma coisa

totalmente nova, criar do zero, aí demora um tempo. Nem lembro muito, mas semiótica eu acredito que sempre e

gestalt de alguma forma intuitivamente. Às vezes eu posso utilizar e nem perceber, mas não de uma forma

forçada.

A – Pra mim, hoje em dia, se eu fosse fazer eu gastarias apenas algumas horas. Você não precisa fazer um

grande esforço para colocar algo totalmente novo, nem que seja em relação ao seu próprio trabalho, porque vai

ser descartável, pode resolver de um jeito mas simples, que vai funcionar, vai comunicar. Porra nenhuma. Nada

baseado em regras, apenas na sensibilidade que estava querendo colocar.

8- Que tipo de programas são mais usados?

G – Especificamente para flyer eu gosto de trabalhar com Photoshop. Eu uso o Corel e o Freehand como

ferramenta auxiliar.

C - Illustrator, Photoshop, Indesign. Fora caneta, papel, lápis...

A – Basicamente Photoshop e Illustrator para fazer ilustração, e a parte textual no Indesign, pra fazer a

paginação e mandar pra gráfica.