CURSO DE MATEMÁTICA COMPLETO PARA OS …€¦ · ... N* = {1, 2, 3, 4, 5,
Teologia Sistemática - Augustus Hopkins Strong Vol 1
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AUGUSTUS HOPKINS
STRONG
P r e f c i o d e R u s s e l l S h e d d
AUGUSTUS
HOPKINS STRONG
-
Nasceu em Nova York
(Rochester), E.U.A., Em 1836.
Homem de grande vigor
intelectual, literato, filsofo e
telogo, Strong cresceu e se
formou dentro da Igreja
Batista. Tal perfil se faz
presente em sua obra, no de
forma limitante, mas criativa e
atenta s mudanas que
fervilhavam em sua poca fin-
de-sicle. Sua obra teolgica,
prezando a reflexo teolgica
qualificada e aprofundada mais
que a quantidade, marcou toda
uma gerao de estudantes do
incio do sculo passado,
inclusive no Brasil. Dentre suas
obras, desponta a Systematic
Theology, sua opus magnum.
T E O L Q G I A
-
SISTEMATICA
AUGUSTUS HOPKINS
STRONG P r e f c i o d e R u s s e l l S h e d d
A DOUTRINA DE DEUS
Vol.
I
A NAGNOS
-
Copyright 2003 por Editora Hagnos
Superviso Editorial
Luiz Henrique Alves da Silva Rogrio de Lima Campos Silvestre M. de Lima Silvia Cappelletti
Traduo Augusto Victorino
Reviso Cludio J. A. Rodrigues
Digitao de textos Regina de Moura Nogueira
Capa Rogrio A. de Oliveira
Layout e Arte Final Comp System
Diagramao
Pr. Regi no da Silva Noqueira Ccero J. da Silva
Coordenador de Produo Mauro W. Tcrrcngui
Ia edio - maro 2003 - 3000 exemplares
Impresso e acabamento Imprensa da F
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Strong, Augustus Hopkins
Teologia sistemtica/ Augustus Hopkins Strong ; prefcio de Russcll Shedd
; [traduo Augusto Victorino].
- So Paulo : Hagnos, 2003.
Ttulo original: Systcmatic theology Contedo: V.
1. A doutrina de Deus
1. Batistas - Doutrinas 2. Teologia doutrinai I. Shcdd,
Russell. II. Ttulo.
ISBN 85-89320-09-X
03-0919 CDD-230
ndices para catlogo sistemtico: 1. Teologia sistemtica : Religio 230
Todos os direitos desta edio reservados EDITORA HAGNOS Rua Bclarmino Cardoso de
Andrade, 108 So Paulo-SP- 04809-270 Tcl/Fax: (xxl 1) 5666 1969 e-mail: [email protected]
www.hagnos.com.br
PREFCIO
Foi uma grande surpresa saber que a Teologia Sistemtica de Strong, aquela obra
monumental de pensamento teolgico da minha juventude na Escola Graduada de Wheaton,
bem como no Seminrio da F, estava sendo traduzida e editada em portugus. Confesso que
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no tenho lido muito desta teologia, to conhecida no mundo evanglico durante mais de cem
anos. Mas descobri que uma vasta fonte de informao teolgica e bblica. No necessrio
concordar com tudo que Strong escreveu para aproveitar a impressionante coletnea de
ensinamentos e textos que o incansvel telogo ajuntou. Augustus Strong foi eleito presidente
e professor de Teologia Bblica do Seminrio Teolgico de Rochester no estado de Nova
Iorque em 1872. Ocupou estes dois cargos durante 40 anos, aps pastorear a Primeira Igreja
Batista de Cleveland, estado de Ohio, por sete anos. No abandonou o esprito pastoral na
torre de marfim do seminrio.
A Teologia Sistemtica de Strong (primeira edio, 1886) encontra o seu centro em
Cristo. Em suas palavras, A pessoa de Cristo foi o fio da meada que segui; sua divindade e
sua expiao eram os dois focos da grande elipse (citado por W. R. Estep, Jr. na Enciclopdia
Histrico Teolgica da Igreja Crist, ed. W. A. Elwell, Ed.Vida Nova, 1990, Vol. III, p.
420).O leitor no precisa ler os dois volumes para perceber a riqueza de apoio bblico e
teologia histrica. Entre os telogos mais destacados dos Batistas do Sul dos Estados Unidos,
E. Y. Mullins e W. T. Conner receberam forte influncia de Strong Espero que o aparecimento
desta Teologia Sistemtica seja bem recebido no Brasil. Deve ser um referencial para os que
procuram uma ncora para sua f, mesmo que tenha sido escrita antes dos telogos liberais tais
como Paul Tillich e Rudolf Bultmann.
A Deus toda a glria! PR. DR. RUSSELL SHEDD
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Jos dos Reis E-Books Digital
Agradecemos a WAGNER EDUARDO DE LIMA, por quem se
viabilizou editar esta.
obra em lngua portuguesa.
OS EDITORES
PREFCIO DO AUTOR
A presente obra uma reviso e ampliao da minha Systematic Theology,
primeiramente publicada em 1886. Da obra original foram impressas sete edies,
cada uma das quais incorporando sucessivas correes e supostos aprimoramentos.
Durante os vinte anos que mediaram entre a primeira publicao, reuni muito
material novo, que agora ofereo ao leitor. Meu ponto de vista filosfico e crtico
nesse perodo tambm sofreu alguma mudana. Conquanto ainda eu sustente as
doutrinas antigas, interpreto-as diferentemente e exponho-as com maior clareza,
porque a mim me parece ter chegado a uma verdade fundamental que lana novas
luzes sobre todas elas. Esta verdade tentei estabelecer em meu livro intitulado Christ
in Creation, e delas fao referncias ao leitor para mais informaes.
Que Cristo aquele nico Revelador de Deus, na natureza, na humanidade, na
histria, na cincia, na Escritura, a meu juzo, a chave da teologia. Este ponto de
vista implica uma concepo monstica e idealista do mundo, juntamente com uma
idia evolutiva quanto sua origem e progresso. Mas o prprio antdoto do
pantesmo que reconhece a evoluo como nico mtodo do Cristo transcendente e
pessoal, que tudo em todos e que faz o universo teolgico e moral a partir do
centro da sua circunferncia e desde o seu comeo at agora.
-
Nem a evoluo, nem a alta crtica tem algo de aterrador para aquele que as
considera como parte do processo criador e educador da parte de Cristo. O mesmo
Cristo em quem esto ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento
fornece todas as salvaguardas e limitaes necessrias. To somente porque Cristo
tem sido esquecido que a natureza e a lei tem sido personificada, e a histria tem
sido considerada como um desenvolvimento sem propsito, que se tem feito
referncia ao judasmo como tendo uma origem simplesmente humana, que se tem
pensado que Paulo tirou a igreja do seu prprio curso mesmo antes de iniciar o seu
prprio curso, que a superstio e iluso vieram a parecer o nico fundamento do
sacrifcio dos mrtires e o triunfo das misses modernas. De modo nenhum creio
numa evoluo irracional e atesta como esta. Contrariamente, creio naquele em
quem consistem todas as coisas,
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8 Augustus Hopkins Strong
que est com o seu povo at o fim do mundo e prometeu conduzi-lo em toda a verdade.
A filosofia e a cincia so boas servas de Cristo, mas pobres guias quando rejeitam o Filho
de Deus. Quando chego ao meu septuagsimo ano de vida e, no meu aniversrio escrevo estas
palavras, sou grato por aquela experincia da unio com Cristo que me capacitou a ver na
cincia e na filosofia o ensino do meu Senhor. Porm esta mesma experincia pessoal fez-me
mais consciente do ensino de Cristo na Escritura, e fez-me reconhecer em Paulo e Joo uma
verdade mais profunda do que a que foi descoberta por quaisquer escritores, uma verdade com
relao ao pecado e a sua expiao e que satisfaz os mais profundos anseios da minha
natureza e que por si mesma evidente e divina.
Preocupam-me algumas tendncias teolgicas dos nossos dias, porque creio que elas so
falsas tanto na cincia como na religio. Como homens que se sentem pecadores perdidos e
que uma vez receberam o perdo do seu Senhor e Salvador crucificado podem da em diante
rebaixar seus atributos, negar a sua divindade e expiao, arrancar da sua fronte a coroa do
milagre e soberania, releg-lo ao lugar de um mestre simplesmente moral que nos influencia
apenas como o fez Scrates com palavras proferidas atravs dos tempos, passa pela minha
compreenso. Eis aqui o meu teste de ortodoxia: Dirigimos nossas oraes a Jesus?
Invocamos o nome de Cristo como Estvo e toda a igreja primitiva? O nosso Senhor vivo
onipresente, onisciente, onipotente? Ele divino s no sentido em que ns tambm o somos,
ou ele o Filho unignito, Deus manifesto em carne, em quem habita corporalmente toda a
plenitude da divindade? Que pensais vs de Cristo? esta ainda a pergunta crtica, e a
ningum que, diante da evidncia que ele nos forneceu, se no pode responder corretamente,
assiste o direito de chamar-se cristo.
Sob a influncia de RitschI e seu relativismo kantiano, muitos dos nossos mestres e
pregadores tm deslizado para negao prtica da divindade de Cristo e da sua expiao.
Parece que estamos beira do precipcio de uma repetida falha unitria, que esfacelar as
igrejas e compelir a cises, de maneira pior que a de Channing e Ware h um sculo. Os
cristos americanos se recuperaram daquele desastre somente ao afirmar vigorosamente a
autoridade de Cristo e a inspirao das Escrituras. Necessitamos de uma viso do Salvador
como a que Paulo teve no caminho de Damasco e Joo na ilha de Patmos, para nos
convencermos de que Jesus est acima do espao e do tempo, que a sua existncia antedata a
criao, que ele conduziu a marcha da histria dos hebreus, que ele nasceu de uma virgem,
sofreu na cruz, levantou-se dentre os mortos, e agora vive para sempre, Senhor do universo,
o nico Deus com quem nos relacionamos, nosso Salvador aqui e Juiz no futuro. Sem haver
avivamento nesta f nossas igrejas se tomaro secularizadas, a misso morrer, e o castial
ser removido do seu lugar como ocorreu s sete igrejas da sia e como tem sido com as
igrejas da Nova Inglaterra, que se apostataram.
Imprimo esta edio revista e ampliada da minha Systematic Theology, na esperana de
que a sua publicao possa fazer algo para refrear esta veloz mar que avana, e confirmar a
f nos eleitos de Deus. No tenho dvida de que os cristos, em sua grande maioria, ainda
-
TEOLOGIA SISTEMTICA 9
mantm a f que, de uma vez por todas foi entregue aos santos e que eles, cedo ou tarde, ho
de separar-se daqueles que negam o Senhor que os comprou. Quando o inimigo entra como
um dilvio, o Esprito do Senhor levanta o estandarte contra ele. preciso que eu faa a
minha parte levantando tal estandarte. E preciso que eu conduza outros a reconhecer, como
eu, a despeito das opinies arrogantes da moderna infidelidade, a minha firme crena,
reforada somente pela experincia e reflexo de meio sculo nas velhas doutrinas da
santidade como atributo fundamental de Deus, de uma transgresso e pecado de toda a raa
humana, na preparao divina da histria hebria da redeno do homem, na divindade, na
preexistncia, nascimento virginal, expiao vicria e ressurreio corporal do nosso Senhor
Jesus Cristo, e na sua futura vinda para julgar os vivos e os mortos. Eu creio que estas so
verdades da cincia assim como da revelao; que ainda se ver que o sobrenatural mais
verdadeiramente natural; e que no o telogo de mente aberta, mas o cientista de mente
estreita ser obrigado a esconder a sua cabea na vinda de Cristo.
O presente volume, ao tratar do Monismo tico, da Inspirao, dos Atributos de Deus e da
Trindade, contm um antdoto para a mais falsa doutrina que agora ameaa a segurana da
igreja. Desejo agora chamar especialmente a ateno para o assunto Perfeio e os Atributos
por ela envolvidos, porque eu creio que a recente fuso da Santidade com o Amor e a negao
prtica de que essa Retido fundamental na natureza de Deus so responsveis pelos pontos
de vista utilitrios da lei e os pontos de vista superficiais sobre o pecado que agora prevalecem
em alguns sistemas de teologia. No pode haver nenhuma apropriada doutrina da retribuio,
quando se recusa a sua preeminncia. O amor deve ter uma norma ou padro, e isto s pode
ser encontrado na Santidade. A velha convico do pecado e do senso de culpa que conduz o
pecador convicto cruz so inseparveis de uma firme crena no atributo de Deus
logicamente auto-afirmante, anterior ao auto-comunicante e condicionado a ele. A teologia da
nossa poca carece de um novo ponto de vista sobre o Justo. Tal ponto de vista esclarecer
que deve haver uma reconciliao com Deus antes que o homem seja salvo, e que a
conscincia humana seja apaziguada s na condio de que se faa uma propiciao Justia
divina. Neste volume eu proponho o que considero a verdadeira Doutrina de Deus, porque
nela deve basear-se tudo o que se segue nos volumes sobre a Doutrina do Homem e a da
Salvao.
A presena universal de Cristo, luz que ilumina a todo homem tanto em terras pags como
crists, para dirigir ou governar todos os movimentos da mente humana, d-me a confiana de
que os recentes ataques f crist fracassaro no seu propsito. Torna-se evidente, por fim,
que no s atacam-se as obras primorosas, mas at mesmo a cidadela. Pede-se que se
abandone toda a crena na revelao especial. Dizem que Jesus Cristo veio em carne exata-
mente como qualquer um de ns, e ele era antes de Abrao seno s no mesmo sentido que
ns somos. A experincia crist sabe como caraterizar tal doutrina to logo se estabelece de
um modo claro. E a nova teologia entrar em voga possibilitando que at mesmo crentes
comuns reconheam a heresia destrui- dora de almas mesmo sob a mscara de professa
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10 Augustus Hopkins Strong
ortodoxia.
No fao apologia alguma do elemento homiltico do meu livro. Para ser verdadeira ou
til, a teologia deve ser uma paixo. Pectus est quocl teologum facit, e nenhum zombador que
apregoa a Teologia Peitoral rae impedir de sustentar que os olhos do corao devem ser
iluminados para perceber a verdade de Deus e qiie, para conhecer a verdade, necessrio
pratic-la. A teologia uma cincia cujo cultivo pode ser bem sucedido somente em conexo
com sua aplicao prtica. Por isso, em cada discusso dos seus princpios devo assinalar suas
relaes com a experincia crist, e a sua fora para despertar emoes crists e levar a
decises crists. Teologia abstrata, na verdade, no cientfica. S cientfica a teologia que
traz o estudioso aos ps de Cristo. Eu anseio pelo dia em que, em nome de Jesus, todo joelho
se dobre. Creio que, se cada um servir a Cristo, o Pai o honrar, e ele honrar o Pai. Eu mes-
mo no me orgulharia de crer to pouco, mas sim de crer muito. F a medida com que Deus
avalia o homem. Por que haveria de duvidar que Deus falou aos pais pelos profetas? Por que
haveria de pensar que incrvel Deus ressuscitar os mortos? O que impossvel aos homens
possvel a Deus. Quando o Filho do homem vier, porventura achar f na terra? Queira Deus
que encontre f em ns, que professamos ser seus seguidores. Na convico de que as trevas
presentes so apenas temporrias e que sero banidas por um glorioso alvorecer, ofereo ao
pblico esta nova edio da minha Teologia rogando a Deus para que qualquer que seja a
boa semente que frutifique e qualquer que seja a planta que o Pai no plantou que seja
arrancada.
ROCHESTER THEOLOGICAL SEMINARY
ROCHESTER, N. Y., 3 de agosto de 1906.
-
SUMRIO
PARTE I - PROLEGMENOS
CAPTULO I - IDIA DE TEOLOGIA ................................................................................ 21
I. Definio de Teologia ............................................................................................ 21
II. Alvo da Teologia .................................................................................................. 22
III. Possibilidade da Teologia ....................................................................................... 23
1. Na existncia de um Deus que se relaciona com o universo ..................................... 23
2. Na capacidade humana de conhecer Deus ............................................................... 26
3. Na revelao do prprio Deus ................................................................................ 35
IV. Necessidade da Teologia ........................................................................................ 41
1. No instinto organizador da mente humana .............................................................. 41
2. Na relao da verdade sistemtica com o desenvolvimento do carter ...................... 42
3. Na importncia dos pontos de vista definidos e justos da doutrina crist
para o pregador .......................................................................................................43
4. Na ntima conexo entre a doutrina correta e o firme e agressivo poder
da igreja ...................................................................................................................44
5. Nas injunes diretas eindiretas da Escritura ..............................................................45
V. Relao da Teologia coma Religio ...........................................................................46
1. Derivao .................................................................................................................46
2. Falsas Concepes ....................................................................................................47
3. Idia Essencial ..........................................................................................................49
4. Inferncias ...............................................................................................................50
CAPTULO II - MATERIAL DA TEOLOGIA ........................................................................53
I. Fontes da Teologia ....................................................................................................53
1. A Escritura e a natureza ........................................................................................54
2. A Escritura e oRacionalismo ...............................................................................59
3. A Escritura e oMisticismo ....................................................................................61
4. A Escritura e oRomanismo ...................................................................................64
II. Limitaes da Teologia .............................................................................................66
1. Na finitude do entendimento humano ........................................................................66
2. No estado imperfeito da cincia natural e metafsica ..................................................67
3. Na inadequao da lngua ..........................................................................................67
4. No nosso conhecimento incompleto das Escrituras .....................................................68
5. No silncio da revelao escrita .................................................................................68
6. Na falta de discernimento espiritual causada pelo pecado ...........................................69
III. Relaes do Material com o Progresso da Teologia ....................................................... 69
1. impossvel um sistema perfeito de teologia........................................................ 69
2. Apesar de tudo isso a teologia progressiva .......................................................... 70
CAPTULO III - MTODO DA TEOLOGIA ...................................................................... 72
I. Requisitos para o Estudo da Teologia ........................................................................... 72
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12 Augustus Hopkins Strong
1. Uma mente disciplinada .......................................................................................... 72
2. Um hbito mental intuitivo distinto de um outro simplesmente lgico .................... 73
3. Conhecimento das cincias fsica, mental e moral .................................................. 73
4. Conhecimento das lnguas originais da Bblia ........................................................ 74
5. Afeio santa para com Deus ................................................................................... 75
6. A influncia iluminadora do Esprito Santo ........................................................ 75
II. Divises da Teologia.................................................................................................... 76
III. Histria da Teologia Sistemtica .................................................................................. 80
IV. Ordem de Tratamento na Teologia Sistemtica ............................................................. 88
1. Vrios mtodos de ordenao dos tpicos de um sistema teolgico ........................... 88
2. O mtodo sinttico ................................................................................................. 89
PARTE II - A EXISTNCIA DE DEUS
CAPTULO I - ORIGEM DA NOSSA IDIA DA EXISTNCIA DE DEUS............................ 93
I. Primeiras Verdades em Geral ....................................................................................... 95
1. Sua natureza............................................................................................................ 95
2. Seus critrios........................................................................................................... 97
II. A Existncia de Deus, uma Primeira Verdade ............................................................... 98
III. Outras Supostas Fontes da Nossa Idia ...................................................................... 106
IV. Contedo desta Intuio ............................................................................................ 113
CAPTULO II - EVIDNCIAS CORROBORATIVAS DA EXISTNCIA DE
DEUS ....................................................................................................................... 118
I. Argumento Cosmolgico .......................................................................................... 120
1. Defeitos do Argumento Cosmolgico.................................................................... 121
II. Argumento Teleolgico.............................................................................................. 123
1. Mais explicaes .................................................................................................. 124
2. Defeitos do Argumento Teleolgico ...................................................................... 128
III. Argumento Antropolgico......................................................................................... 131
IV. Argumento Ontolgico.............................................................................................. 138
1. De Samuel Clarke ............................................................................................... 138
2. De Descartes ....................................................................................................... 139
3. De Anselmo ......................................................................................................... 139
CAPTULO III - EXPLICAES ERRNEAS E CONCLUSO........................................ 144
I. Materialismo ............................................................................................................ 144
II. Idealismo Materialista ............................................................................................... 151
III. Pantesmo
Idealista .................................................................................................. 158
IV. Monismo tico ........................................................................................ 165
PARTE III - AS ESCRITURAS, UMA REVELAO DA PARTE DE DEUS
CAPTULO I - CONSIDERAES PRELIMINARES ......................................................... 175
I. Razes a Priori para Esperar uma Revelao da Parte de Deus .................................. 175
1. Necessidades da natureza do homem .................................................................... 175
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TEOLOGIA SISTEMTICA 13
2. Pressuposio de um suprimento .......................................................................... 177
II. As Marcas da Revelao que o Homem pode Esperar ................................................ 179
1. Quanto sua substncia ....................................................................................... 179
2. Quanto ao seu mtodo .......................................................................................... 180
3. Quanto sua certificao...................................................................................... 183
III. Os Milagres, um Atestado da Revelao Divina ......................................................... 183
1. Definio de Milagre ........................................................................................... 183
2. Possibilidade do Milagre ..................................................................................... 189
3. Probabilidade dos Milagres ................................................................................. 192
4. Testemunho necessrio para se provar um milagre ................................................ 197
5. Fora Evidenciai dos Milagres ............................................................................. 198
6. Falsos Milagres ..................................................................................................... 203
IV. Profecia Atestando uma Revelao Divina .................................................................. 206
1. Definio .............................................................................................................. 206
2. Relao da profecia com os milagres .................................................................... 208
3. Requisitos na profecia, considerados como Evidncia da Revelao ..................... 208
4. Caratersticas Gerais da Profecia nas Escrituras ..................................................... 209
5. Profecia messinica em geral ................................................................................. 210
6. Profecias especiais pronunciadas por Cristo ........................................................... 210
7. Sobre o duplo sentido da Profecia .......................................................................... 212
8. Propsito da Profecia - at onde no se cumpriu ..................................................... 214
9. Poder Evidenciai da Profecia - quando cumprida .................................................... 216
V. Princpios de Evidncia Histrica Aplicveis Prova de uma Revelao
Divina........................................................................................................................ 217
1. Quanto evidncia documentria .......................................................................... 217
2. Quanto ao testemunho em geral ............................................................................. 218
CATULO II - PROVAS POSITIVAS DE QUE AS ESCRITURAS SO A
REVELAO DIVINA ............................................................................................ 222
1. Genuinidade dos Livros do Novo Testamento ........................................................ 223
2. Genuinidade dos Livros do Velho Testamento ....................................................... 250
II. Credibilidade dos Escritores da Bblia ........................................................................ 259
III. O Carter Sobrenatural do Ensino da Escritura............................................................ 262
1. O ensino da Escritura em geral .............................................................................. 262
2. Sistema Moral do Novo Testamento ...................................................................... 266
3. A pessoa e o carter de Cristo ................................................................................ 279
4. O testemunho do prprio Cristo ............................................................................. 282
IV. Resultados Histricos da Propagao da Doutrina da Escritura .................................... 285
CAPTULO III - INSPIRAO NAS ESCRITURAS ......................................................... 293
I. Definio de Inspirao............................................................................................ 293
II. Prova da Inspirao.................................................................................................. 296
III. Teorias Sobre a Inspirao ....................................................................................... 302
1. Teoria da Intuio .............................................................................................. 302
2. Teoria da Iluminao .......................................................................................... 305
3. Teoria do Ditado ................................................................................................ 311
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14 Augustus Hopkins Strong
4. Teoria da Dinmica............................................................................................. 314
IV. Unio dos Elementos Divino e Humano na Inspirao .............................................. 316
V. Objees Doutrina da Inspirao ........................................................................... 330
1. Erros em matria de Cincia.............................................................................. 331
2. Erros em matria de Histria ................................................................................ 336
3. Erros no campo da Moral .................................................................................. 341
4. Erros de Raciocnio ............................................................................................. 345
5. Erros na citao ou interpretao do Velho Testamento ...................................... 347
6. Erros na Profecia ................................................................................................. 349
7. Alguns livros no merecem um lugar na Escritura inspirada .................................... 351
8. Pores dos livros da Escritura escritos por outras pessoas que no so
aquelas a quem so atribudos .............................................................................. 353
9. Narrativas Cticas ou Fictcias ............................................................................... 356
10.Reconhecimento da no inspirao de mestres da Escritura e de seus
escritos ................................................................................................................. 359
PARTE IV - NATUREZA, DECRETOS E OBRAS DE DEUS
CAPTULO I - ATRIBUTOS DE DEUS ............................................................................... 363
I. Definio do Termo Atributos ..................................................................................... 364
II. Relao dos Atributos Divinos com a Essncia Divina ................................................. 364
1. Os atributos tm uma existncia objetiva ................................................................ 364
2. Os atributos so inerentes essncia divina ............................................................ 366
3. Os atributos pertencem essncia divina como tal ................................................. 367
4. Os atributos manifestam a essncia divina .............................................................. 367
III. Mtodos para Determinar os Atributos Divinos ............................................................ 368
1. Mtodo racional ..................................................................................................... 368
2. Mtodo bblico ...................................................................................................... 369
IV. Classificao dos Atributos ......................................................................................... 369
V. Atributos Absolutos ou Imanentes .............................................................................. 372
Primeira diviso - Espiritualidade e os atributos envolvidos por ela .............................. 372
1. Vida ...................................................................................................................... 374
2. Pessoalidade .......................................................................................................... 376
Segunda Diviso - Infinitude e os atributos envolvidos por ela ..................................... 378
Terceira Diviso - Perfeio e os atributos por ela envolvidos ...................................... 388
1. Verdade ................................................................................................................. 388
2. Amor ..................................................................................................................... 391
3. Santidade ............................................................................................................... 399
VI. Atributos Relativos ou Transitivos ....................................................................... 410
Primeira Diviso - Atributos relacionados com Tempo e Espao ............................... 410
1. Eternidade .............................................................................................................. 410
2. Imensidade ............................................................................................................. 415
Segunda Diviso - Atributos relacionados com a Criao .......................................... 417
1. Onipresena ........................................................................................................... 417
-
TEOLOGIA SISTEMTICA 15
2. Oniscincia ........................................................................................................... 421
3. Onipotncia ............................................................................................................ 427
Terceira Diviso - Atributos relacionados com os seres morais.................................. 430
1. Veracidade e Fidelidade ou Verdade transitiva ........................................................ 430
2. Misericrdia e Bondade ou Amor Transitivo ........................................................... 431
3. Justia e Retido, ou Santidade Transitiva ............................................................... 433
VII. Nvel e Relaes dos Vrios Atributos ................................................................ 440
1. Santidade, atributo fundamental de Deus .............................................................. 441
2. A santidade de Deus, a base da obrigao moral ................................................... 445
CAPTULO II - DOUTRINA DA TRINDADE ................................................................... 452
I. Na Escritura h Trs que so Reconhecidos como Deus ............................................ 454
1. Provas do Novo Testamento ................................................................................ 454
2. Indicaes do Velho Testamento .......................................................................... 472
II. Estes trs so Descritos na Escritura de tal Modo que Somos Compelidos
a Conceb-los como Pessoas Distintas...................................................................... 479
1. O Pai e o Filho so pessoas distintas uma da outra ................................................... 479
2. O Pai e o Filho so pessoas distintas do Esprito ...................................................... 480
3. O Esprito Santo uma pessoa ................................................................................ 480
III. Esta Tripessoalidade da Natureza Divina no Simplesmente Econmica e
Temporal, mas Imancnte e Eterna ............................................................................ 485
1. Prova da EscriLura dc que estas distines de pessoalidade so eternas ................. 485
2. Erros refutados pelas passagens anteriores ............................................................... 486
IV. Esta Tripessoalidade no Tritesmo; pois, Conquanto Haja Trs Pessoas,
h Apenas Uma Essncia ............................................................................................ 491
V. As Trs Pessoas, Pai, Filho, e Esprito Santo, so Iguais .............................................. 496
1. Estes ttulos pertencem s Pessoas........................................................................... 496
2. Sentido qualificado destes ttulos ........................................................................... 497
3. Gerao e processos consistentes com a igualdade ................................................... 504
VI. Inescrutvel, Embora no Autocontraditria, esta Doutrina Fornece a
Chave para Todas as Outras Doutrinas ........................................................................ 509
1. O modo desta existncia trina c inescrutvel .......................................................... 509
2. A Doutrina da Trindade no autocontraditria....................................................... 512
3. A doutrina da Trindade tem importantes relaes com outras doutrinas .... 514
CAPTULO III - OS DECRETOS DE DEUS ......................................................................... 522
I. Definio de Decretos ................................................................................................. 522
-
16 Augustus Hopkins Strong
II. Prova da Doutrina dos Decretos .............................................................................. 525
1. Da Escritura ........................................................................................................... 525
2. Da Razo................................................................................................................ 527
III. Objees Doutrina dos Decretos ........................................................................... 532
1. Que eles so inconsistentes com a livre atuao dohomem ............................. 532
2. Que eles afastam todo o motivo do exercciohumano ..................................... 536
3. Que eles fazem Deus o autor do pecado ......................................................... 539
VI. Notas Finais ......................................................................................................... 544
1. Empregos prticos da doutrina dos decretos ........................................................... 544
2. O verdadeiro mtodo da pregao da doutrina........................................................ 545
CAPTULO IV - AS OBRAS DE DEUS; OU A EXECUO DOS DECRETOS . 547 SEO I -
CRIAO
I. Definio de Criao .............................................................................................. 547
II. Prova da Doutrina da Criao .................................................................................. 551
1. Declaraes diretas da Escritura .............................................................................. 551
2. Evidncia indireta da Escritura ................................................................................ 556
III. Teorias que se opem Criao ............................................................................. 556
1. Dualismo .............................................................................................................. 556
2. Emanao ............................................................................................................. 564
3. Criao a partir da eternidade ................................................................................ 568
4. Gerao espontnea .............................................................................................. 573
IV. O Relato Mosaico da Criao ................................................................................ 575
2. Interpretao adequada ......................................................................................... 579
V. O Fim de Deus na Criao ........................................................................................ 583
1. O testemunho da Escritura .................................................................................... 583
2. O testemunho da razo .......................................................................................... 585
VI. Relao da Doutrina da Criao com as outras Doutrinas .................................... 590
1. Com a santidade e a benevolncia de Deus ............................................................ 590
2. Com sabedoria e livre vontade de Deus ................................................................ 592
3. Com Cristo como revelador de Deus ..................................................................... 594
4. Com a Providncia e a Redeno .......................................................................... 597
5. Com a observncia do Sbado ............................................................................... 598
SEO II - PRESERVAO
I. Definio de Preservao ........................................................................................ 602
II. Prova da Doutrina da Preservao ........................................................................... 603
1. Da Escritura ........................................................................................................... 603
2. Da Razo................................................................................................................ 604
III. Teorias que virtualmente negam a doutrina da Preservao ...................................... 607
1. Desmo................................................................................................................... 607
2. Criao contnua .................................................................................................... 609
IV. Notas sobre a Parceria Divina ................................................................................. 612
SEO III - PROVIDNCIA
I. Definio de Providncia ........................................................................................ 614
II. Prova da Doutrina da Providncia .........................................................................615
-
TEOLOGIA SISTEMTICA 17
1. Prova escriturstica ...............................................................................................615
2. Prova racional .....................................................................................................622
III. Teorias opostas Doutrina da Providncia ............................................................625
1. Fatalismo .............................................................................................................625
2. Casualismo...........................................................................................................626
3. Teoria de uma providncia simplesmente geral ......................................................627
IV. Relaes da Doutrina da Providncia ....................................................................632
1. Com os milagres e com as obras da graa ........................................................632
2. Com a orao e a resposta .....................................................................................633
3. Com a atividade crist ..........................................................................................642
4. Com os maus atos dos agentes livres .....................................................................646
SEO IV - OS ANJOS BONS E OS MAUS
I. Afirmaes e Sugestes da Escritura .....................................................................650
1. Quanto natureza e atributos dos anjos ................................................................650
2. Quanto ao seu nmero e organizao.....................................................................655
3. Quanto ao seu carter moral .................................................................................658
4. Quanto s suas funes ........................................................................................660
II. Objees Doutrina dos Anjos .............................................................................673
1. doutrina dos anjos em geral ..............................................................................673
2. doutrina ds anjos maus em particular ...............................................................674
III. Empregos prticos da Doutrina dos Anjos .............................................................677
1. Emprego da doutrina dos anjos bons .....................................................................677
2. Empregos da doutrina dos anjos maus ...................................................................678
Parte I
PROLEGMENOS
CAPTULO I IDIA DE TEOLOGIA
I. DEFINIO DE TEOLOGIA
Teologia a cincia de Deus e das relaes entre Deus e o universo.
Embora a palavra "teologia seja empregada s vezes em escritos dogmticos para
designar um simples departamento da cincia que trata da natureza e atributos divinos, o uso
prevalecente, desde ABELARDO (1079-1142 A.D.), que intitulou seu tratado geral Theologia
Christiana, o qual abrange sob este termo todo o acervo da doutrina crist. Por isso, a
teologia trata, no s de Deus, mas das relaes entre Deus e o universo, motivo por que
falamos da Criao, da Providncia e da Redeno.
-
22 Augustus Hopkins Strong
Os Pais chamam o Evangelista Joo de o telogo, porque ele trata mais plenamente do
relacionamento interno das pessoas da Trindade. GREGRIO NAZIANZENO (328) recebeu esta
designao porque defendia a divindade de Cristo contra os arianos. Para um exemplo
moderno deste emprego do termo teologia" no sentido restrito, veja o ttulo do primeiro
volume do DR. HODGE: Systematic Theology, Vol. I: Teologia/. Mas teologia no somente a
cincia de Deus, nem mesmo a cincia de Deus e do homem. Ela tambm d conta das
relaes entre Deus e o universo.
Se o universo fosse Deus, a teologia seria a nica cincia. Visto que o universo apenas
uma manifestao de Deus e distingue-se dele, h cincias da natureza e da mente. A
teologia a cincia das cincias, no no sentido de incluir todas estas, mas no de empregar
os seus resultados e mostrar a sua base subjacente; (ver WARDLAW, Theology, 1.1,2). A cincia
fsica no uma parte da teologia. Somente como fsico, HUMBOLDT no precisava mencionar o
nome de Deus em seu Cosmos (contudo vejamos Cosmos, 2.413, onde ele diz: O Salmo 104
apresenta uma imagem do cosmos todo). O BISPO DE CARLISLE: A cincia atia, mas nem por
isso pode ser atesta.
S quando consideramos as relaes das coisas finitas com Deus que o estudo delas
fornece material para a teologia. A antropologia uma parte da teologia porque a natureza do
homem obra de Deus e porque a forma de Deus tratar o homem lana luz sobre o carter de
Deus. Deus conhecido atravs das suas obras e das suas atividades. Por isso a teologia d
conta destas obras e atividades na medida que elas acompanham o nosso conhecimento.
Todas outras cincias exigem a teologia para sua explicao completa.
PROUDHON: Se voc se aprofundar muito na poltica, esteja certo de entrar na teologia.
II. ALVO DA TEOLOGIA
O alvo da teologia a certificao dos fatos que dizem respeito a Deus e s
relaes entre Deus e o universo, e a apresentao de tais fatos em sua unidade
racional como partes conexas de um formulado e orgnico sistema de verdade.
Ao definirmos a teologia como cincia, indicamos o seu alvo. A cincia no cria;
descobre. A teologia responde a esta descrio da cincia. Descobre fatos e relaes,
mas no os cria. FISHER, Nature and Method of Revelation,
141 - SCHILLER, referindo-se ao ardor da f em Colombo, diz que, se o grande
descobridor no tivesse achado um continente, ele o teria criado. Mas a f no
criativa. Se Colombo no tivesse achado a terra - no teria havido uma resposta
objetiva da sua crena - sua f teria sido mera fantasia. Porque a teologia trata de
fatos objetivos, recusamo-nos a defini-la como cincia da religio; versus Am. Theol.
Rev., 1850.101-126, e THORNWELL, Theology, 1.139. Tanto os fatos como as relaes de
que a teologia trata tm uma existncia independente dos processos mentais subjetivos
do telogo.
Cincia no apenas observao, registro, verificao e formulao de fatos
objetivos; tambm o reconhecimento e explicao das relaes entre estes fatos e a
sntese tanto dos fatos como dos princpios racionais que os unem em um sistema
abrangente, corretamente proporcional e orgnico. Tijolos e madeiramento espalhados
no so uma casa; braos, pernas, cabeas e troncos separados numa sala de
disseco no so homens vivos; e fatos isolados no constituem cincia. Cincia =
fatos + relaes; WHEWELL, Hist. Inductive Sciences, I, Introd., 43 - Pode haver fatos sem
cincia, como no conhecimento do cavouqueiro; pode haver pensamento sem cincia,
-
TEOLOGIA SISTEMTICA 23
como na antiga filosofia grega. A. MACDONALD: O mtodo a priori relaciona-se com o
mtodo a posteroricomo as velas com o mastro de uma embarcao: quanto melhor
a filosofia, maior a providncia de um nmero suficiente de fatos; doutra forma ocorre
o perigo de transtornar o empreendimento.
PRESIDENTE WOODROW WILSON: A enftica injuno da nossa era diz aos historiadores:
dai-nos os fatos. ... Mas os fatos em si no constituem a verdade. A verdade no
concreta; abstrata. s a idia, a revelao correta, do sentido que as coisas tm.
Ela s evocada pela distribuio e ordenao dos fatos que sugerem o sentido. DOVE,
Logic of the Christian Faith, 14 - Perseguir a cincia perseguir as relaes. Everett,
Science of Thought, 3
- Logia (p.ex. na palavra teologia), de Xyoq, = palavra + razo, expresso +
pensamento, fato + idia; cf. Jo. 1.1 - No princpio era o Verbo.
Como a teologia trata de fatos objetivos e suas relaes, assim a disposio destes
fatos no opcional, mas determinada pela natureza da matria de que ela trata. A
verdadeira teologia repensa os pensamentos de Deus e os pe na disposio de Deus,
como os construtores do templo de Salomo
tomaram as pedras j lavradas e as fixaram nos lugares para os quais o arquiteto as havia
designado; REGINALD HEBER: No caiu nenhum martelo, nenhum machado tiniu; Como a
longa palmeira, surgiu a fbrica mstica.
Os cientistas no temem que os dados da fsica bitolem ou comprimam o seu intelecto;
nem devem temer os fatos objetivos que so os dados da teologia. No podemos fazer
teologia do mesmo modo que no podemos fazer uma lei da natureza fsica. Como o
filsofo natural Naturae minister et interpres, assim o telogo servo e intrprete da
verdade objetiva de Deus.
III. POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA
A possibilidade da Teologia tem uma trplice base: 1. Na existncia de um Deus
que se relaciona com o universo; 2. Na capacidade da mente humana de conhecer Deus
e algumas de tais relaes; 3. Na proviso de meios pelos quais Deus se pe em real
contato com a mente ou, em outras palavras, na proviso de uma revelao.
Qualquer cincia em particular s se torna possvel quando combina trs condies, a
saber, a verdadeira existncia do objeto de que ela trata, a capacidade subjetiva da mente
humana conhecer tal objeto, e a proviso de meios definidos pelos quais os objetos
entram em contato com a mente. Podemos ilustrar as condies da teologia a partir da
selenologia - a cincia, no da poltica lunar, que de modo to infundado JOHN STUART MILL
pensava perseguir, mas da fsica lunar. A selenologia possvel sob trs condies:
1. a existncia objetiva da lua; 2. a capacidade subjetiva da mente humana de conhec-la;
e 3. a proviso de alguns meios (p.ex., os olhos e o telescpio) pelos quais a lacuna entre
o homem e a lua se ligam e pelos quais a mente pode apossar-se do conhecimento
verdadeiro dos fatos relativos lua.
1. N a existncia de um Deus que se relaciona com o universo
Tem-se objetado, na verdade, que desde que Deus e estas relaes so objetos
apreendidos s pela f, no so objetos prprios do conhecimento ou assuntos prprios
-
24 Augustus Hopkins Strong
da cincia.
Respondemos:
a) A F conhecimento e o mais elevado tipo de conhecimento. - A cincia fsica
tambm se apoia na f - f na nossa existncia, na existncia de um mundo objetivo e
exterior a ns e na existncia de outras pessoas alm de ns mesmos; f nas nossas
convices primitivas,tais como espao, tempo, causa, substncia, desgnio, certeza; f
na confiabilidade das nossas faculdades e no testemunho dos nossos semelhantes. Nem
por isso a cincia fsica invalidada, porque tal f, embora diferente na percepo
sensorial ou demonstrao lgica, ainda um ato cognitivo da razo e pode ser
definido como certificao relativa matria em que a verificao impossvel.
A citada e respondida objeo teologia expressa-se nas palavras de SIR William
Hamilton, Metaphysics, 44, 531 - F - crena - o rgo pelo qual ns apreendemos o que
est alm do nosso conhecimento. Mas cincia conhecimento e o que est alm do
nosso conhecimento no pode ser matria de cincia. O Presidente E. G. Robinson diz com
preciso que o conhecimento e a f no podem ser separados um do outro, como os
compartimentos de um navio, dos quais o primeiro pode ser esmagado enquanto o
segundo ainda mantm o navio flutuando. A mente uma s, - ela no pode ser seccio-
nada em duas com uma machadinha. F no anttese do conhecimento, - ela um tipo
maior e mais fundamental de conhecimento. Ela nunca se ope razo, mas apenas
vista. Tennyson estava errado quando escreveu: Ns temos somente f: no podemos
conhecer; Porque conhecemos aquilo que vemos (In Memoriam, Introd...). Isto tornaria os
fenmenos sensitivos os nicos objetos do conhecimento. A f nas realidades supra-
sensveis, ao contrrio, o mais elevado exerccio da razo.
SIR WILLIAM HAMILTON declara consistentemente que a mais elevada conquista da
cincia o levantamento de um altar Ao Deus Desconhecido. Esta, entretanto, no a
representao da Escritura. Cf. Jo. 17.3 - a vida eterna esta, que te conheam a ti como
nico verdadeiro Deus; e Jr. 9.24 - o que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e
saber que eu sou o Senhor. Para a crtica de HAMILTON, v e r H . B. SMITH, Faith and
Philosophy, 297-336. FICHTE: Ns nascemos na f. At mesmo Goethe se dizia algum
que cr nos cinco sentidos. BALFOUR, Defense of Philosophic Doubt, 277-295, mostra que
as crenas intuitivas nas categorias de espao, tempo, causa, substncia, justia
pressupem uma aquisio de todo o conhecimento. DOVE, Logic of the Christian Faith, 14
- Se se deve destruir a teologia porque parte de termos e proposies primrias, deve-se,
ento, proceder de igual modo com todas as cincias. Mozley, Miracles, define f como a
razo no verificvel.
b) A f um conhecimento condicionado pelo sentimento santo. - A f que
apreende o ser divino e sua obra no opinio ou imaginao. certeza relativa s
realidades espirituais sobre o testemunho da nossa natureza racional e sobre o
testemunho de Deus. Sua nica peculiaridade como ato cognitivo da razo que est
condicionado ao sentimento santo. Como a cincia da esttica produto da razo
incluindo o poder de reconhecer o belo praticamente inseparvel do amor ao belo e
como a cincia da tica produto da razo incluindo o poder de reconhecer o
moralmente correto praticamente inseparvel do amor ao moralmente correto, assim a
-
TEOLOGIA SISTEMTICA 25
cincia da teologia produto da razo, mas da razo que inclui o poder de reconhecer o
Deus, que praticamente inseparvel do amor a Deus.
Empregamos aqui o termo razo para significar a fora total do conhecimento.
Razo, neste sentido, inclui o estado de sensibilidade desde que seja "dispensvel ao
conhecimento. No podemos conhecer uma laranja s de olh-la; para entend-la, to
necessrio sabore-la como v-la. A matemtica do som no pode dar-nos entendimento
da msica; necessrio tambm ouvi-la. S a lgica no pode demonstrar a beleza do
pr do sol, ou de um carter nobre; o amor ao belo e justia antecede o conhecimento
do belo e da justia. Ullman chama a ateno para a derivao de sapientia, sabedoria, de
sapere, saborear. No podemos conhecer Deus s pelo intelecto; o corao deve
acompanhar o intelecto a fim de possibilitar o conhecimento das coisas divinas. As coisas
humanas, diz Pascal, s precisam ser conhecidas para serem amadas; mas as coisas
divinas primeiro precisam ser amadas para serem conhecidas. Esta f [religiosa] do
intelecto, diz KANT, "fundamenta-se na aceitao do temperamento moral. Se algum
fosse totalmente indiferente s leis morais, continua o filsofo, at mesmo as verdades
religiosas teriam o apoio dos fortes argumentos da analogia, mas, do mesmo modo que o
corao obstinado, o ctico no poderia conquist-las.
A f, ento, o mais elevado conhecimento porque a ao integral da alma, a
perspiccia, no somente de um olho, mas dos dois olhos da mente, do intelecto e do
amor a Deus. Com um olho podemos ver um objeto plano, mas, se quisermos v-lo como
um todo e captar o efeito esteretipo, devemos empregar ambos os olhos. No o
telogo, mas o astrnomo no devoto que tem a cincia caolha e, portanto, incompleta.
Os erros do racionalista so os da viso defeituosa. O intelecto tem-se divorciado do
corao, isto , da disposio correta, das afeies corretas e do propsito correto da
vida.
O intelecto diz: No posso conhecer Deus; e o intelecto est certo. O que o intelecto diz,
a Escritura tambm o diz: 1 Co. 2.14 - O homem natural no compreende as coisas do
Esprito de Deus, porque lhe parecem loucura; e no pode entend-las porque elas se
discernem espiritualmente; 1.21 - na sabedoria de Deus o mundo no conheceu a
Deus.
Por outro lado, a Escritura declara que pela f, entendemos (Hb. 11.3). Para a
Escritura a palavra corao significa to somente a disposio governante ou
sensibilidade + vontade; e ela indica que o corao um rgo do conhecimento: Ex.
35.25 - mulheres que eram sbias de corao;
SI. 34.8 - provai e vede que o Senhor bom = o provar vem antes do ver;
Jr. 24.7 - Dar-lhes-ei um corao para que me conheam; Mt. 5.8 - Bem- aventurados
os limpos de corao, porque eles vero a Deus; Lc. 24.25 - tardos de corao para
conhecer; Jo. 7.17 - Se algum quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina,
conhecer se ela de Deus ou falo de mim mesmo; Ef. 1.18- tendo iluminados os olhos
do vosso entendimento, para que saibais; 1 Jo. 4.7,8 - qualquer que ama nascido de
Deus e conhece a Deus. Aquele que no ama no conhece a Deus.
c) Portanto, a f, e s a f pode fornecer o material adequado e suficiente para uma
teologia cientfica. - Como uma operao da mais elevada natureza racional do homem,
embora distinta da viso ocular ou do raciocnio, a f o mais elevado tipo de
conhecimento. Ela nos d o entendimento que s pelos sentidos seria inacessvel, a
saber, a existncia de Deus e ao menos algumas das relaes entre Deus e a sua
-
26 Augustus Hopkins Strong
criatura. PHILLIPPI, Glaubenslehre, 1.50, segue GERHARD, ao tomar a f um ato conjunto do intelecto e da
vontade. HOPKINS, Outline Study of Man, 77,78, fala no s da razo esttica, mas da razo moral.
MURPHY, Scientific Bases of Faith,
91, 109, 145, 191 - F a certeza a respeito daquilo em que impossvel a
verificao. EMERSON, Essays, 2.96 - A crena consiste em aceitar as afirmaes da
alma - a descrena em rejeit-las. MORELL, Philos. of feligion, 38,52,53, cita COLLERIDGE:
A f consiste na sntese da razo e da vontade do indivduo, ... e em virtude daquela
(isto , da razo), a f deve ser uma luz, uma forma de conhecimento, uma
contemplao da verdade. A f, ento, no deve ser representada como uma menina
cega apegada a uma cruz - a f no cega - Doutra forma a cruz pode muito bem ser
um crucifixo ou uma imagem de Gautama, A cega descrena, no a f cega, sem
dvida deve errar, e esquadrinhar suas obras em vo. Como na conscincia
reconhecemos uma autoridade invisvel, conhecemos a verdade em exata proporo
com o nosso desejo de praticar a verdade, assim na religio s a santidade pode
conhecer a santidade e s o amor pode entender o amor (cf. Jo. 3.21 - quem pratica a
verdade vem para a luz).
Se um estado correto do corao for indispensvel f bem como o conhecimento
de Deus, pode haver qualquer theologia irregenitorum, ou teologia dos
irregenerados? Sim, respondemos; do mesmo modo que um cego pode ter uma
cincia da tica. O testemunho dos outros d sua reivindicao a ele; a obscura luz
que penetra a obscura membrana corrobora este testemunho. O irregenerado pode
conhecer a Deus como poder e justia, e tem-lo. Mas isto no o conhecimento do
mais ntimo carter de Deus; ele fornece um certo material para uma teologia
defeituosa ou desproporcional; mas no fornece material suficiente para uma correta
teologia. Como, para tornar esta cincia da tica satisfatria e completa, um
oftalmologista competente deve remover a catarata dos seus olhos, assim, para
qualquer teologia completa ou satisfatria, preciso que Deus lhe retire o vu do
corao (2 Co. 3.15,16 - o vu est posto no corao deles. Mas, quando [marg. os
homens] se converterem ao Senhor, o vu se tirar).
A nossa doutrina da f o conhecimento e o mais elevado de todos; deve
distinguir-se do de Ritschl, cuja teologia um apelo ao corao para a excluso da
cabea - para a fiducia sem notitia. Mas fiducia inclui notitia; doutra forma cega,
irracional e anticientfica. ROBERT BROWNING igualmente caiu num profundo erro
especulativo quando, para comprovar sua f otimista, estigmatizou o conhecimento
humano como simplesmente aparente. O apelo tanto de RITSCHL como de BROWNING da
cabea para o corao deve mais ser um apelo do mais estreito conhecimento do
simples intelecto para o maior conhecimento condicionado correta afeio.
2. Na capacidade humana de conhecer Deus
Porm tem-se argumentado que tal conhecimento impossvel pelas seguintes
razes; A) Podemos conhecer apenas os fenmenos.
Respondemos:
a) Como conhecemos os fenmenos fsicos assim tambm conhecemos os mentais,
-
TEOLOGIA SISTEMTICA 27
b) Conhecendo os fenmenos, quer fsicos, quer mentais, conhecemos a substncia
subjacente aos fenmenos, manifestada atravs deles e que constitui a base de sua
unidade, c) A nossa mente traz observao do fenmeno no s o conhecimento da
substncia, mas tambm de tempo, de espao, de causa e de justia, realidades que em
nenhum sentido so fenomenais. Porque estes objetos do conhecimento no so
fenomenais, o fato de que Deus no fenomenal no nos impede de conhec-lo.
No precisamos aqui determinar o que substncia. Quer sejamos realis tas ou
idealistas, somos compelidos a admitir que no pode haver fenmenos sem os nmenos,
no pode haver aparncias, no pode haver qualidades sem algo que seja qualificado.
Este algo que serve de base ou est sob a aparncia ou qualidade chamamos substncia.
Em nossa filosofia somos mais iotzeanos do que kantianos. Dizer que no conhecemos o
eu, mas apenas as suas manifestaes no pensamento, confundir o eu com o seu
pensamento e ensinar psicologia sem alma. Dizer que de modo nenhum conhecemos o
mundo exterior, mas apenas as suas manifestaes nas sensaes, ignorar o princpio
que liga tais sensaes; porque, sem algo a que as qualidades so inerentes, elas no
tm base alguma para sua unidade. De igual modo, dizer que no conhecemos nada de
Deus a no ser suas manifestaes, confundir Deus com o mundo e praticamente negar
que haja Deus.
STHLIN, em sua obra sobre KANT, LOTZE e RITSCHL, 186-191,218,219, diz com preciso que
a limitao do conhecimento dos fenmenos envolve, na teologia, a eliminao de todas
as reivindicaes do conhecimento dos objetos da f crist como so em si mesmas.
Esta crtica, com justia, pe na mesma classe RITSCHL junto com KANT, ao invs de p-los
com LOTZE que sustenta que, conhecendo os fenmenos, conhecemos tambm os
nmenos manifestos neles. Conquanto RITSCHL professe seguir LOTZE, toda a tendncia da
sua teologia caminha na direo da identificao kantiana do mundo com as nossas
sensaes, a mente com os nossos pensamentos e Deus, com atividades tais que lhe so
peculiares como ns as percebemos. Nega-se a natureza divina, independente das suas
atividades, o Cristo preexistente, a Trindade imanente. Afirmaes de que Deus amor e
paternidade consciente de si mesmo tornam-se juzos de valor meramente subjetivo.
Admitimos que conhecemos Deus s at onde as suas atividades o revelam e at
onde as nossas mentes e coraes so receptivos sua revelao. Deve-se exercer o
conjunto de faculdades apropriadas - no as matemticas, as lgicas ou as que se
referem prudncia, mas a tica e a religiosa. Ritschl tem o mrito de reconhecer a razo
prtica da especulativa; seu erro no consiste em reconhecer que, quando usamos
adequadamente os poderes do conhecimento, tomamos posse no simplesmente da
verdade subjetiva, mas tambm da objetiva e no somente entramos em contato com as
atividades de Deus, mas com o prprio Deus. Os juzos religiosos normais, embora
dependam das condies subjetivas, no so apenas juzos de mrito, ou juzos de
valor, - elas nos fornecem o conhecimento das prprias coisas. EDWARD CAIRD diz do seu
irmo JOHN CAIRD (Fund. Ideas of Christianity, Introd... cxxi) - A pedra fundamental da sua
teologia a convico de que se pode conhecer e conhece-se a Deus e de que, no
sentido mais profundo, todo o nosso conhecimento o dele.
O fenomenalismo de RITSCHL est aliado ao positivismo de COMTE, que considera todo o
assim chamado conhecimento de outro tipo que no sejam os objetos fenomenais
puramente negativos. A expresso Filosofia Positiva na verdade implica que todo o
conhecimento da mente puramente negativo; ver COMTE, Pos. Philosophy, traduo de
-
28 Augustus Hopkins Strong
MARTINEAU, 26,28,33 - Para observar o vosso intelecto deveis fazer uma pausa nas
atividades - embora queirais observar essa mesma atividade. Se no puderdes fazer a
pausa, no podereis observar; se a fizerdes, nada h a observar. Dois fatos refutam este
ponto de vista: 1) a conscincia e 2) a memria; porque a conscincia o conhecimento
do eu ao lado do conhecimento dos seus pensamentos e a memria o conhecimento do
eu ao lado do conhecimento do passado dela.
Os fenmenos so fatos, distintos da sua base, princpio, ou lei; no se percebem os
fenmenos nem as qualidades, como tais, mas os objetos, as percepes, ou os seres; e
por um pensamento posterior ou por um reflexo que estes se ligam como qualidades e
so tidos como substncias".
Os fenmenos podem ser interiores, /'.e., pensamentos; neste caso, o nmeno a
mente cujas manifestaes so os pensamentos. Por outro lado, os fenmenos podem ser
exteriores, e.g., a cor, a dureza, a forma, o tamanho; neste caso, o nmeno a matria,
cujas qualidades so as manifestaes. Mas as qualidades, quer mentais, quer materiais,
implicam a existncia de uma substncia a que pertencem; no se pode conceb-las
como uma existncia a parte da substncia, mais do que como um lado superior de uma
tbua assim como no se pode conceb-las como existentes sem um lado inferior; ver
MARTINEAU, Types of Ethical Theory, 1.455,456 - A suposio de COMTE de que a mente
no pode conhecer a si mesma ou os seus estados ope-se de KANT, de que a mente
nada pode conhecer a no ser a si mesma. ... exatamente porque todo o conhecimento
vem dos relacionamentos que ele no vem e nem pode vir s dos fenmenos. O absoluto
no pode se conhecido per se porque, ao ser conhecido, ele se relacionaria ipso facto e
no mais seria absoluto. Mas nem o elemento fenomenal pode ser conhecido per se, i. e.,
como fenomenal, sem a cognio simultnea do que o no fenomenal. MCCOSH,
Intuitions, 138-154, estabelece as caratersticas das substncias como 1) ser, 2) poder, 3)
permanecer. Diman, Theistic Argument, 337,363
- A teoria que rejeita Deus, rejeita o mundo exterior e a existncia da alma.
Conhecemos algo alm dos fenmenos, a saber, lei, causa, fora, - ou no podemos ter
cincia.
B)Porque s podemos conhecer o que tem analogia com a nossa natureza ou
experincia.
Respondemos: d) Para o conhecimento no essencial que haja semelhana de
natureza entre conhecedor e conhecido. Conhecemos tanto pela diferena como pela
semelhana, b) Nossa experincia passada, apesar de facilitar grandemente novas
aquisies, no a medida do nosso conhecimento possvel. Se assim fosse, seria
inexplicvel o primeiro ato de conhecimento e toda a revelao dos mais elevados
caracteres at os menores seria excluda assim como todo o progresso no conhecimento
que ultrapassa o nosso presente conhecimento, c) Mesmo que o conhecimento
dependesse da semelhana entre a natureza e a experincia, poderamos conhecer Deus,
visto que somos feitos sua imagem e h importantes analogias entre a natureza divina
e a nossa.
a) O dito de EMPDOCLES, Similia similibus percipiuntur, deve ser suplementado por um outro: Similia dissimilibus percipiuntur. Mas conhecer dis tinguir, e deve haver um
contraste entre os objetos a fim de nos despertar a ateno. Deus conhece o pecado,
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TEOLOGIA SISTEMTICA 29
embora este seja a anttese do seu santo ser. O eu conhece o no-eu. No podemos
conhecer at mesmo o eu sem consider-lo objetivamente, distinguindo-o dos seus
pensamentos e considerando-o como um outro.
b) Versus HERBERT SPENCER, First Principies, 79-82 - Conhecimento o reconhecimento e a classificao. Mas retrucamos que necessrio perceber primeiro uma coisa para
reconhec-la, ou compar-la com outra; e isto verdade, tanto a respeito da primeira
sensao como da ltima e as mais definidas formas de conhecimento; na verdade, no
h nenhuma sensao que no envolva, como complemento, ao menos uma percepo
incipiente.
c) PORTER, Human Intellect, 486 - A induo s possvel baseada na suposio de que o intelecto do homem um reflexo do divino, ou que o homem feito imagem de
Deus. Note, contudo, que o homem feito imagem de Deus, e no Deus imagem do
homem. A pintura a imagem paisagstica, no o contrrio a paisagem, a imagem da
pintura; porque h muito na imagem que no tem nada que corresponda a ela na pintura.
A idolatria perversamente faz Deus imagem do homem e deifica as fraquezas das
impurezas do homem. A Trindade em Deus pode no ter a exata contrapartida na atual
constituio do homem, embora possa descortinar-nos o objetivo do desenvolvimento
futuro do homem e o sentido da crescente diferenciao das foras do homem. GORE,
Incarnation, 116 - Se o antropo- morfismo aplicado a Deus falso, ainda o teomorfismo
aplicado ao homem verdadeiro; o homem feito imagem de Deus, e as suas
qualidades no so, a medida das divinas, mas a contrapartida destas e a verdadeira
expresso.
C) Porque conhecemos apenas aquilo que podemos conceber, no sentido de formar
uma imagem mental adequada.
Respondemos: d) verdade que conhecemos s aquilo que podemos conceber se
pelo termo conceber significamos nossa distino entre o pensamento do objeto
conhecido e os demais objetos. Mas b) a objeo confunde concepo com o que
meramente seu acessrio ocasional e auxlio, a saber, o quadro que a imaginao faz
do objeto. Neste sentido, no teste final da verdade, c) Torna-se claro que a formao
de uma imagem mental no essencial concepo ou ao conhecimento, quando
lembramos que, de fato, tanto concebemos como conhecemos muitas coisas de que no
podemos formar imagem mental seja ela qual for e que em nada corresponde
realidade; por exemplo: fora, causa, lei, espao, nossas prprias mentes. Assim pode-
mos conhecer Deus apesar de que no podemos formar imagem mental adequada a
respeito dele.
A objeo aqui refutada se expressa mais claramente nas palavras de HERBERT SPENCER,
First Principies, 25-36, 98 - A realidade subjacente s aparncias total e
permanentemente inconcebvel por ns. MANSEL, Prolego- mena Logica, 77,78 (cf.. 26)
sugere que a fonte deste erro encontra-se num ponto de vista falho da natureza do
conceito: A primeira caraterstica distintiva de um conceito, a saber, que no pode por si
mesmo ser descrito no sentido e na imaginao. PORTER, Human Intellect, 392 (vertb.
429,656) - Conceito no uma imagem mental - s a percepo o . LOTZE: De um modo
geral no se representa a cor atravs de qualquer imagem; ela no se apresenta nem
verde nem vermelha, mas no tem qualquer caraterizao. O cava
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30 Augustus Hopkins Strong
lo, genericamente, no tem uma cor particular, embora individualmente possa ser preto,
branco ou baio. SIR W ILLIAM HAMILTON fala das noes de inteligncia impossveis de ser
representadas em pintura.
MARTINEAU, Religion and Materialism, 39,40 - Esta doutrina da Nescincia encontra-se
na mesma relao com o poder causai, quer voc a construa com o Poder Material, quer
com a Atuao Divina. Nem pode ser observada-, deve-se aceitar um ou outro. Se voc
admite para a categoria do conhecimento o que se aprende a partir da observao, seja
particular, seja generalizada, ento se trata de uma Fora desconhecida; se voc amplia a
palavra ao que importado pelo prprio intelecto em nossos atos cognitivos, para torn-
los assim, ento se conhece Deus. A matria, o ter, a energia, o protoplasma, o
organismo, a vida, - nenhum deles pode ser retratado para a imaginao; contudo, o Sr.
SPENCER os trata como objetos da Cincia. Se no so inescrutveis, por que ele considera
inescrutvel a Fora que d unidade a todas estas coisas?
Na verdade, HERBERT SPENCER no coerente consigo mesmo, pois, em diversas partes
dos seus escritos, ele chama Realidade inescrutvel dos fenmenos a Existncia
Absoluta, Poder e Causa unas, eternas, ubquas, infinitas, ltimas. Parece, diz o PADRE
DALGAIRNS, que se conhece muita coisa do Desconhecido. CHADWICK, Unitarianism, 75 - A
pobre expresso Desconhecido torna-se, depois das repetidas designaes de SPENCER,
to rica como todo o conhecimento salvador de Creso. MATHESON: Saber que nada sabe-
mos j significa ter chegado a um fato do conhecimento. Se o SR. SPENCER pretendia excluir
Deus do reino do Conhecimento, devia primeiro t-lo excludo do reino da Existncia;
porque admitir que ele , j admitir que ns no podemos conhec-lo, mas, na verdade,
em certo ponto, ns o conhecemos.
D) Porque podemos conhecer, na verdade, s o que conhecemos no todo, no em
parte.
Respondemos: d) A objeo confunde conhecimento parcial com o conhecimento
de uma parte. Conhecemos a mente em parte, mas no conhecemos uma parte da
mente, b) Se a objeo fosse vlida, nenhum conhecimento real de qualquer coisa seria
possvel, visto que no conhecemos uma s coisa em todas as suas relaes.
Conclumos que, embora Deus no seja formado de partes, podemos ainda ter um
conhecimento parcial dele e tal conhecimento, embora no exaustivo, pode ser real e
adequado aos propsitos da cincia.
a) A objeo mencionada no texto estimulada por MANSEL, Limits of Religious Thought, 97, 98 e MARTINEAU, Essays, 1.291 quem a responde.
A mente no existe no espao e no tem partes: no podemos falar do seu quadrante
sudoeste, nem podemos dividi-la em metades. Contudo, encontramos o material para a
cincia mental no conhecimento parcial da mente. Assim, conquanto no sejamos
gegrafos da natureza divina (BOWNE, Review of Spencer, 72), podemos dizer com Paulo,
no que agora conhecemos uma parte de Deus, mas que agora conheo [Deus] em
parte (1 Co. 13.12). Podemos conhecer verdadeiramente o que no conhecemos
exaustivamente; ver Ef. 3.19 - conhecer o amor de Cristo, que excede todo
entendimento. No me entendo perfeitamente, contudo me conheo em parte; assim
posso conhecer a Deus, apesar de no entend-lo perfeitamente.
b) O mesmo argumento que prova que Deus incognoscvel prova tambm que tambm o mundo o . Visto que todas partculas da matria atraem- se mutuamente,
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TEOLOGIA SISTEMTICA 31
nenhuma delas pode ser explicada exaustivamente sem levar em conta as demais. THOMAS
CARLYLE: um fato matemtico que o lanamento desta pedra da minha mo altera o
centro de gravidade do universo. TENNYSON, Higher Pantheism: Flor na parede rachada, eu
a arranco das rachaduras; / Segure-se aqui, raiz e tudo, na minha mo, florzinha, porm
no posso entender / O que voc, raiz e tudo, e em tudo, / Devo conhecer o que Deus
e o que o homem. SCHURMAN, Agnosticism, 119 - Mesmo parcial como , esta viso do
elemento divino transfigura a vida do homem sobre a terra. PFLEIDERER, Philos. Religion,
1.167- O agnosticismo de corao fraco pior que o arrogante e titnico gnosticismo
contra o qual ele protesta.
E) Porque todos os predicados de Deus so negativos e, por isso, no fornecem
conhecimento real. Respondemos: d) Os predicados derivados da nossa conscincia,
tais como, esprito, amor e santidade so positivos, b) Os termos infinito e
absoluto, contudo, expressam no meramente uma idia negativa, mas positiva, - a
idia, naquele caso, da ausncia total de limite, a idia de que o objeto assim descrito
continua e continua sempre; a idia, neste caso, de inteira auto-suficincia. Porque os
predicados de Deus, portanto, no so meramente negativos, o argumento acima
mencionado no fornece nenhuma razo vlida por que no podemos conhec-lo. Versus SIR W ILLIAM HAMILTON, Metaphysics, 530 - O absoluto e o infinito podem ser
concebidos somente com a negao do objeto do pensamento; a saber, de qualquer
modo no temos em outras palavras nenhuma a concepo do absoluto e do infinito.
HAMILTON aqui confunde o infinito, ou ausncia de todos limites, com o indefinido, ou a
ausncia de todos limites conhecidos. Per contra, ver CALDERWOOD, Moral Philosophy, 248, e
Philosophy of the Infinite, 2.12. - A negao de uma coisa s possvel atravs da
afirmao de outra. PORTER, Human Intellect, 652 - Se os moradores da Ilha de Sandwich,
por falta de nome, tinham chamado o boi de no porco (not-hog), o emprego de um nome
negativo no autoriza necessariamente a inferncia de falta de concepes definidas ou
conhecimento positivo. Deste modo com o infinito, ou no finito, o incondicionado ou no
condicionado, o independente, ou no dependente, - estes nomes no implicam que no
podemos conceber e conhecer como algo positivo. SPENCER, First Principies, 92 - O nosso
conhecimento do Absoluto, embora indefinido, no negativo, mas positivo.
SCHURMAN, Agnosticism, 100, fala da farsa da nescincia atribuindo onis- cincia os
limites da cincia. O agnstico, diz ele, erige o quadro invisvel de um Grand tre, sem
forma e sem cor, separado de modo absoluto do homem e do mundo - branco
interiormente e vazio por fora - com sua existncia indistinguvel da sua no existncia e,
curvando-se diante da criao idlatra, derrama a sua alma em lamentaes sobre a
incognoscibilidade de tal mistrio e pavorosa ausncia de identidade. ... A verdade que
se desconhece a abstrao agnstica da Deidade, porque tal abstrao irreal. Ver
MCCOSH, Intuitions, 194, nota; MIVART, Lessons from Nature, 363. Deus no
necessariamente infinito em todos aspectos. Ele s infinito em toda a excelncia. Um
plano ilimitado em um aspecto de comprimento pode ser limitado em outro aspecto, como,
por exemplo, a respirao. A nossa doutrina aqui no , por isso, inconsistente com o que
se segue de imediato.
F) Porque conhecer limitar ou definir. Por isso o Absoluto como ilimitado e o
Infinito como indefinido no pode ser conhecido. Respondemos:
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32 Augustus Hopkins Strong
d) Deus absoluto, no como existindo sem nenhuma relao, mas como existindo
sem nenhuma relao necessria; e b) Deus infinito, no excluindo toda a
coexistncia do finito com ele mesmo, mas como a base do finito, e assim, no
algemado por ele. c) Deus, na verdade, est limitado pela imutabilidade de seus
atributos e distines pessoais bem como pela auto-escolha das suas relaes com o
universo que ele criou e com a humanidade na pessoa de Cristo. Portanto, Deus se
limita e se define no sentido de tornar possvel o conhecimento dele.
Versus MANSEL, Limitations ofReligious Thought, 75-84, 93-95; cf. SPINOZA: "Omnis
determinatio est negatio; por isso definir Deus neg-lo. Respondemos, entretanto, que a
perfeio inseparvel da limitao. O ser humano pode ser um outro alm do que : com
Deus no acontece isso, ao menos interiormente. Mas tal limitao inerente em seus
imutveis atributos e distines pessoais, a perfeio de Deus. Exteriormente, todas
limitaes sobre Deus so auto-limitaes e, portanto consistentes com a sua perfeio.
Esse Deus no deve ser capaz de limitar-se na criao e a redeno tornaria todo o seu
sacrifcio impossvel e o sujeitaria maior das limitaes. Pelo exposto podemos dizer que
1. A perfeio de Deus envolve sua limitao a) pesso- alidade, b) Trindade, c)
retido; 2. A revelao de Deus envolve sua auto- limitao a) no decreto, b) na criao, c)
na preservao, d) no governo, e) na educao do mundo; 3. A redeno envolve sua
infinita auto-limitao a) na pessoa e b) na obra de Jesus Cristo.
BOWNE, Philos. of Creation, 135 - O infinito no o todo quantitativo; o absoluto no
o no relacionado ... Tanto o absoluto como o infinito significam apenas a base
independente das coisas. JULIUS MLLER, Doct. of Sin, lntrod..., 10 - A religio tem a ver
no com um Objeto que deve ser por si mesmo conhecido porque da sua prpria
existncia contingente em ser conhecido, mas com o Objeto com que nos relacionamos,
na verdade, submissos, na dependncia dele e no aguardo da sua manifestao. JAMES
MARTINEAU, Study of Reiigion, 1.346 - No devemos confundir o infinito com o total. ... A
abnegao prpria da infinitude to somente a forma de auto- afirmao e a nica em
que ela pode revelar-se. ... Embora o pensamento onisciente seja instantneo, embora
certa a fora onipotente, sua execuo tem de ser distribuda no tempo e deve ter uma
ordem de passos sucessivos; em outros termos, o eterno pode tornar-se temporal e o
infinito falar articula- damente no finito.
A pessoalidade perfeita exclui no a determinao prpria, mas a que vem de fora
atravs de um outro. As auto-limitaes de Deus so as do amor e, consequentemente,
as evidncias da sua perfeio. So sinais no de fraqueza, mas de poder. Deus limitou-
se ao mtodo da evoluo desenvolvendo-se gradualmente na natureza e na histria. O
governo dos pecadores por um Deus santo envolve constante auto-represso. A
educao da raa um longo processo de abnegao divina. HERDER: As limitaes do
aluno so tambm as do mestre. Na inspirao, Deus se limita atravs do elemento
humano por quem ele opera. Sobretudo, na pessoa e obra de Cristo, temos infinita auto-
limitao: A infinitude se estreita at na encarnao e a santidade suporta as agonias da
Cruz. As promessas de Deus so tambm auto- limitaes. Deste modo tanto a natureza
como a graa so restries impostas a si mesmo por Deus e so os recursos atravs dos
quais ele se revela.
G) Porque todo o conhecimento relativo ao agente conhecedor; isto , o que
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TEOLOGIA SISTEMTICA 33
conhecemos, conhecemos, no como objetivamente, mas s no que se relaciona com
nossos sentidos e faculdades. Respondemos: d) Admitimos que podemos conhecer s o
que se relaciona com as nossas faculdades. Mas isto somente eqivale a dizer que
conhecemos s aquilo que vem ao nosso contato mental, isto , conhecemos apenas o
que conhecemos. Mas b) negamos que conhecemos aquilo que vem ao nosso contato
mental como outra coisa alm do que . At onde conhecemos, conhecemos como .
Em outras palavras, as leis do nosso conhecimento no so meramente arbitrrias e
regulativas, mas
correspondem natureza das coisas. Conclumos que, em teologia, temos a garantia
de admitir que as leis do nosso pensamento so as leis do pensamento de Deus e que
os resultados do pensamento normalmente conduzido em relao a Deus
correspondem realidade objetiva.
Versus SIR W ILLIAM HAMILTON, Metaph., 96-116 e HERBERT SPENCER, First Principies, 68-
97. Esta doutrina da relatividade deriva de KANT, que, na Crtica da Razo Pura,
sustenta que os juzos a priori so somente reguladores. Respondemos, entretanto,
que, quando se acha que as crenas primitivas so apenas reguladoras, elas deixam
de regulamentar. As formas de pensamento so tambm fatos da natureza.
Diferentemente do vidro de um caleidoscpio, a mente no fornece as formas; ela
reconhece que estas tm existncia exterior a ela mesma. A mente l as suas idias
no rumo ao interior da natureza, mas nela. Nossas intuies no so lentes verdes
que fazem o mundo todo parecer verde: so lentes de um microscpio, que nos
capacitam a ver o que objetivamente real