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ESCOLA INCLUSIVA: Adaptar-se para incluir Deficiências Intelectuais – Referencial Teórico Texto 1 - O que é deficiência intelectual? A Deficiência Intelectual, segundo a Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento AAIDD, caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorrem antes dos 18 anos de idade. No dia a dia, isso significa que a pessoa com Deficiência Intelectual tem dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns para as outras pessoas. Muitas vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que realmente tem. A Deficiência Intelectual é resultado, quase sempre, de uma alteração no desempenho cerebral, provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação, problemas no parto ou na vida após o nascimento. Um dos maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores da área é que em grande parte dos casos estudados essa alteração não tem uma causa conhecida ou identificada. Muitas vezes não se chega a estabelecer claramente a origem da deficiência. Principais causas Os fatores de risco e causas que podem levar à Deficiência Intelectual podem ocorrer em três fases: pré-natais, perinatais e pós-natais. Pré-natais Fatores que incidem desde o momento da concepção do bebê até o início do trabalho de parto: Fatores genéticos • Alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais) – Síndrome de Down, Síndrome do X Frágil e outras. • Alterações gênicas (erros inatos do metabolismo): que provocam Fenilcetonúria, entre outras.

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Deficiências Intelectuais – Referencial Teórico

Texto 1 - O que é deficiência intelectual?

A Deficiência Intelectual, segundo a Associação Americana sobre Deficiência

Intelectual do Desenvolvimento AAIDD, caracteriza-se por um funcionamento

intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos

duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social,

saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções

acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorrem antes dos 18 anos de idade.

No dia a dia, isso significa que a pessoa com Deficiência Intelectual tem

dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns para as outras

pessoas. Muitas vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que

realmente tem.

A Deficiência Intelectual é resultado, quase sempre, de uma alteração no

desempenho cerebral, provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação,

problemas no parto ou na vida após o nascimento. Um dos maiores desafios

enfrentados pelos pesquisadores da área é que em grande parte dos casos estudados

essa alteração não tem uma causa conhecida ou identificada. Muitas vezes não se

chega a estabelecer claramente a origem da deficiência.

Principais causas

Os fatores de risco e causas que podem levar à Deficiência Intelectual podem

ocorrer em três fases: pré-natais, perinatais e pós-natais.

Pré-natais

Fatores que incidem desde o momento da concepção do bebê até o início do

trabalho de parto:

Fatores genéticos

• Alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais) – Síndrome de Down,

Síndrome do X Frágil e outras.

• Alterações gênicas (erros inatos do metabolismo): que provocam

Fenilcetonúria, entre outras.

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Fatores que afetam o complexo materno-fetal

• Tabagismo, alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de

medicamentos teratogênicos (capazes de provocar danos nos embriões e

fetos).

• Doenças maternas crônicas ou gestacionais (como diabetes mellitus).

• Doenças infecciosas na mãe, que podem comprometer o feto: sífilis, rubéola,

toxoplasmose.

• Desnutrição materna.

Perinatais

Fatores que incidem do início do trabalho de parto até o 30.º dia de vida do

bebê:

• Hipóxia ou anoxia (oxigenação cerebral insuficiente).

• Prematuridade e baixo peso: Pequeno para Idade Gestacional (PIG).

• Icterícia grave do recém-nascido (kernicterus).

Pós-natais

Fatores que incidem do 30.º dia de vida do bebê até o final da

adolescência:

• Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global.

• Infecções: meningites, sarampo.

• Intoxicações exógenas: envenenamentos provocados por remédios,

inseticidas, produtos químicos como chumbo, mercúrio etc.

• Acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas etc.

Principais tipos de Deficiência Intelectual

Entre os inúmeros fatores que podem causar a deficiência intelectual, destacam-se

alterações cromossômicas e gênicas, desordens do desenvolvimento embrionário ou

outros distúrbios estruturais e funcionais que reduzem a capacidade do cérebro.

• Síndrome de Down – alteração genética que ocorre na formação do bebê, no início

da gravidez. O grau de deficiência intelectual provocado pela síndrome é variável, e o

coeficiente de inteligência (QI) pode variar e chegar a valores inferiores a 40.

A linguagem fica mais comprometida, mas a visão é relativamente preservada. As

interações sociais podem se desenvolver bem, no entanto podem aparecer distúrbios

como hiperatividade, depressão, entre outros.

• Síndrome do X-Frágil – alteração genética que provoca atraso mental. A criança

apresenta face alongada, orelhas grandes ou salientes, além de comprometimento

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ocular e comportamento social atípico, principalmente timidez.

• Síndrome de Prader-Willi – o quadro clínico varia de paciente a paciente,

conforme a idade. No período neonatal, a criança apresenta severa hipotonia muscular,

baixo peso e pequena estatura. Em geral a pessoa apresenta problemas de

aprendizagem e dificuldade para pensamentos e conceitos abstratos.

• Síndrome de Angelman – distúrbio neurológico que causa deficiência intelectual,

comprometimento ou ausência de fala, epilepsia, atraso psicomotor, andar

desequilibrado, com as pernas afastadas e esticadas, sono entrecortado e difícil,

alterações no comportamento, entre outras.

• Síndrome de Williams – alteração genética que causa deficiência intelectual de

leve a moderada. A pessoa apresenta comprometimento maior da capacidade visual e

espacial em contraste com um bom desenvolvimento da linguagem oral e na música.

• Erros Inatos de Metabolismo (Fenilcetonúria, Hipotireoidismo congênito etc.) –

alterações metabólicas, em geral enzimáticas, que normalmente não apresentam sinais

nem sintomas sugestivos de doenças. São detectados pelo Teste do Pezinho, e quando

tratados adequadamente, podem prevenir o aparecimento de deficiência intelectual.

Alguns achados clínicos ou laboratoriais que sugerem esse tipo de distúrbio

metabólico: falha de crescimento adequado, doenças recorrentes e inexplicáveis,

convulsões, ataxia, perda de habilidade psicomotora, hipotonia, sonolência anormal ou

coma, anormalidade ocular, sexual, de pelos e cabelos, surdez inexplicada, acidose

láctea e/ou metabólica, distúrbios de colesterol, entre outros.

Deficiência Intelectual x Doença Mental

Muita gente confunde Deficiência Intelectual e doença mental, mas é importante

esclarecer que são duas coisas bem diferentes.

Na Deficiência Intelectual a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento,

dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em

que vive. Ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18

anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas.

Já a doença mental engloba uma série de condições que causam alteração de

humor e comportamento e podem afetar o desempenho da pessoa na sociedade.

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Essas alterações acontecem na mente da pessoa e causam uma alteração na sua

percepção da realidade. Em resumo, é uma doença psiquiátrica, que deve ser tratada

por um psiquiatra, com uso de medicamentos específicos para cada situação.

Texto 2 - Níveis e Tipos de Deficiência Intelectual / Mental

O significado do termo educação alicerça as suas origens no Latim.

Dentro desta etimologia, educação significa: criar, alimentar, extrair, conduzir,

ou seja, o termo contém a ideia de um desenvolvimento dirigido que se

processa em função das virtualidades endógenas mas condicionadas pelos seus

contributos exógenos.

Este desenvolvimento processa-se em função das crianças e para que

estas possam beneficiar de um ensino de qualidade e justo é imprescindível que

os professores proporcionem um ensino individualizado, variando estratégias e

diversificando metodologias.

Esta condição torna-se mais exigente se a ação do professor se dirigir a

crianças portadoras de uma deficiência. Cabe então ao professor analisar todo o

contexto escolar, social e familiar, no sentido de promover a diferenciação

pedagógica e assegurar, de fato, a inclusão de crianças diferentes.

Numa altura em que, cada vez mais, se fala em escola inclusiva, é

imperioso que esta instituição, na pessoa do professor e dos demais

funcionários, esteja preparada para trabalhar com a diversidade de alunos que

a frequentam.

É necessária uma mudança ao nível de mentalidades no que concerne à

comunidade escolar mas também à comunidade em geral.

Dentro do grupo de alunos com NEE (necessidades educativas especiais)

incluem-se os alunos com deficiência intelectual, aos quais nos reportaremos ao

longo do nosso trabalho.

Estas crianças apresentam determinadas características e, na maioria das

vezes, dificuldades cognitivas que podem prejudicar a sua aprendizagem. Além

destas dificuldades estes alunos poderão apresentar problemas ao nível da

autonomia pessoal e social, comunicação, relações sócio-afetivas, entre outros.

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1- Enquadramento teórico

1.1 - Deficiência mental

Para definirmos deficiência mental temos, obrigatoriamente, de pensar em

quociente de inteligência, na medida em que esta deficiência interfere

diretamente com o funcionamento intelectual de qualquer ser humano.

Contudo, nem todos os seres humanos possuem um desenvolvimento

intelectual igual entre si, alguns sofrem de distúrbios intelectuais que advém de

causas diversas.

Considerando as causas e os reflexos dos mesmos assim se identifica o tipo de

deficiência de que uma criança possa sofrer.

Desta forma, podemos então dizer que uma criança que apresente um

funcionamento mental geral abaixo da média, associado a problemas de

comportamento adaptativo, que se refletem quer em nível acadêmico, quer em

nível social, e ainda se estes problemas remontarem às primeiras fases de

desenvolvimento, estamos perante um caso evidente de deficiência mental.

Já Fonseca em (1989: 29) definia a criança deficiente como sendo a criança

que se desvia da média ou da criança normal em: 1) características mentais; 2)

aptidões sensoriais; 3) características neuromusculares e corporais; 4)

comportamento emocional e social; 5) aptidões de comunicação e 6) múltiplas

deficiências, até de justificar e requerer a modificação das práticas educacionais

ou a criação de serviços de educação especial no sentido de desenvolver ao

máximo as suas capacidades.

Segundo a American Association of Mental Retardition (A.A.M.R., 1992) a

deficiência mental define-se como funcionamento intelectual geral

significativamente inferior à média, que interfere nas atividades adaptativas e

cognitivas.

A mesma fonte refere ainda que o estado de redução notável do funcionamento

intelectual, significativamente inferior à média, se associa em dois ou mais

aspectos do funcionamento adaptativo, tais como: comunicação, cuidado

pessoal, competência doméstica, habilidades sociais, utilização de recursos

comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e

trabalho.

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1.2 - Inteligência

A estrutura da inteligência é explicada através de três teorias: monárquica,

oligárquica ou bi-fatorial e multifatorial.

A primeira defende que a inteligência é uma faculdade única ou unitária não

composta por outras faculdades inferiores e remonta ao século XIX.

A segunda, bi-fatorial, defende a existência de um fator geral, «G»,

denominado de inteligência geral e um fator específico, «S», constituído pela

capacidade concreta para cada tipo de atividade. Esta teoria, defendida por

Spearman (cit. por Bautista, 1997), define a inteligência como um conjunto

formado pelo fator «G» e os fatores «S». Thurstone (cit. por Bautista, 1997),

no que refere à teoria multifatorial, defende que a inteligência é constituída por

um conjunto de fatores independentes entre si.

Segundo o autor existem treze fatores, dos quais os seis primeiros são

considerados capacidades primárias: compreensão verbal, fluência verbal, fator

espacial, fator numérico, fator memória e fator raciocínio ou indução.

Com base nestas teorias podemos considerar que a inteligência se apresenta

numa concepção determinista, considerando-a de forma estática e reduzindo a

capacidade mental a um número.

Ao falarmos de Quociente de Inteligência (Q.I.) devemos atender a que,

aparentemente, duas pessoas possuem um Q.I. igual, contudo têm diferentes

capacidades de resposta e de adaptação ao meio.

Segundo Sainz e Mayor (1989, cit. por Pacheco 1997: 209) a inteligência pode

ser definida como: capacidade para aprender, capacidade para pensar

abstratamente, capacidade de adaptação a novas situações, e ainda como

conjunto de processos cognitivos como memória, caracterização, aprendizagem

e solução de problemas, capacidade linguística ou de comunicação,

conhecimento social.

Assim sendo, poderemos dizer que a inteligência é a capacidade que nos

permite adaptar, realizar, resolver problemas, interpretar futuros estímulos para

modificar comportamentos, acumular conhecimentos ou mesmo responder a

itens num teste de inteligência.

Todavia, esta posição nem sempre foi aceita da mesma forma, houveram

opiniões distintas, como o caso de Binet (1905, cit. por Vieira e Pereira, 2003)

que considerava a inteligência como um fenômeno unitário, singular indivisível,

considerando, no entanto, a inteligência como um feixe de tendências.

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Por sua vez, Wechsler (1994, cit. por Vieira e Pereira, 2003) apresenta uma

opinião controversa, entendendo o fenômeno da inteligência como um

fenômeno agrupado, composto por muitas aptidões mentais distintas.

Todavia, estudos realizados desde Patton (1986, cit. por Vieira e Pereira, 2003:

42) até Edwards e Scannel (1968, cit. por Vieira e Pereira, 2003: 42) realçam a

importância de se ter em consideração dois aspectos fundamentais da

inteligência: o potencial inato do indivíduo e a expressão funcional do potencial

como capacidade utilizável e utilizada.

Os mesmos autores ainda reforçam a ideia de que o potencial inato é fisiológico

enquanto que os aspectos funcionais são comportamentais.

1.3 - Quociente de inteligência

A inteligência, sendo um construto teórico, tem a vantagem de fornecer uma

forma conceitual para explicar as diferenças entre os indivíduos, apresenta-se

como mensurável.

Todavia, para se medir a inteligência é de suma importância ter em

consideração os seus aspectos fundamentais.

Se considerarmos, tal como refere Binet (1905, cit. por Vieira e Pereira, 2003),

a inteligência como uma característica unitária, temos que assumir que a

deficiência mental resulta de um problema nessa única característica.

Porém, se considerarmos, tal como Wechsler (1994, cit. por Vieira e Pereira,

2003), que a inteligência é uma capacidade agregada, composta por aptidões

específicas, então consideramos que a deficiência mental resulta de vários

problemas na área da inteligência, podendo cada uma dessas áreas ser

avaliada na escala do referido autor, o que torna o problema bem mais

complexo de analisar.

Através da aplicação desta escala podemos diagnosticar a deficiência mental

nos seus vários níveis, consoante o resultado do teste de Q.I., que é uma

abreviatura do Quociente de Inteligência, apresentado pelo indivíduo.

O conceito de Q.I. foi introduzido por Stern (cit. por Bautista, 1997), mas o

teste que nos permite medi-lo foi apresentado por Binet (1905, cit. por Vieira e

Pereira, 2003) e é o resultado da multiplicação por 100 do quociente obtido

pela divisão da Idade Mental (IM), pela Idade Cronológica (IC), que

normalmente aparece sob a forma da fórmula seguidamente apresentada.

De referir que a IM é determinada em função da idade em que uma criança

média é capaz de desempenhar determinadas tarefas, isto é, a determinados

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estágios de desenvolvimento correspondem determinadas idades cronológicas e

esperam-se determinados desempenhos que se desejam coerentes.

Se esses desempenhos não corresponderem ao esperado temos IM diferente da

IC e Q.I. inferior ou superior a 100, já que se preconiza que o resultado do

teste de Q.I. de uma criança média é 100.

É muito importante lembrar que um teste de Q.I. não mede a maioria dos tipos

de capacidades humanas, como por exemplo: talento musical, artístico,

estabilidade emocional, coordenação física ou nível espiritual.

Podemos mesmo dizer que nenhum teste é capaz de medir todas as

capacidades intelectuais humanas. Usa-se o teste de Q. I. sobretudo para obter

dados sobre o conhecimento acadêmico e prático. Muito embora o teste de Q.I.

meça apenas algumas das capacidades mentais de um ser humano estas

capacidades são usadas como padrão, porque elas são bem conhecidas e

permitem correlacionar muitas outras capacidades humanas.

Apenas um perfil científico de inteligência pessoal completo nos dará, com

maior detalhe, todo o alcance e variedade das suas capacidades mentais.

2 - Caracterização dos vários níveis de deficiência mental

Existem diferentes correntes para determinar o grau da deficiência mental, mas

as técnicas psicométricas são as mais utilizadas medindo o Q. I. para a

classificação de cada grau.

De acordo com a Associação Americana para a Deficiência Mental e com

Organização Mundial de Saúde (cit. por Bautista, 1997) o resultado do teste de

Q.I. traduz-se em cinco graus de deficiência mental e distribuem-se em grupos:

Limite ou bordeline:

QI - 68-85

IM – 13

Estágio de desenvolvimento – Operações concretas

Leve:

QI - 52-67

IM – 8-12

Estágio de desenvolvimento – Operações concretas

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Moderado ou Médio:

QI - 36-51

IM – 3-71

Estágio de desenvolvimento – Pré Operatório

Severo ou Grave:

QI - 20-35

IM – 3-7

Estágio de desenvolvimento – Sensório Motor

Profundo:

QI - Inferior a 20

IM – 0 a 3

Estágio de desenvolvimento – Sensório Motor

Limite ou bordeline

Recentemente introduzido na classificação não reúne, ainda, consenso entre os

diferentes autores sobre se deveria ou não fazer parte dela. Crianças que se

enquadrem neste nível, não se pode dizer, que apresentem deficiências mentais

porque são crianças com muitas possibilidades, revelando apenas um leve

atraso nas aprendizagens ou algumas dificuldades concretas. Crianças de

ambientes sócio-culturais desfavorecidos podem ser aqui incluídas, assim como

as crianças com carências afetivas, de famílias mono-parentais, entre outras,

que apresentam defasagem nos aspectos de nível psicológico leve, razões que

justificam esta resistência de consensualidade.

Leve

Inclui a grande maioria dos deficientes que, tal como na anterior, não são

claramente deficientes mentais, mas pessoas com problemas de origem

cultural, familiar ou ambiental. Podem desenvolver aprendizagens sociais ou de

comunicação e têm capacidade de adaptação e integração no mundo laboral.

Apresentam um atraso mínimo nas áreas perceptivo-motoras. Na escola

detectam-se com mais facilidade as suas limitações intelectuais, podendo

contudo, alcançar um nível escolar equivalente ao ensino fundamental até o

médio. Geralmente não apresentam problemas de adaptação ao ambiente

familiar.

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Moderado ou médio

Neste nível estão considerados os deficientes que podem adquirir hábitos de

autonomia pessoal e social, tendo maiores dificuldades que os anteriores.

Podem aprender a se comunicar pela linguagem verbal, mas apresentam, por

vezes, dificuldades na expressão oral e na compreensão das convenções

sociais. Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e tem possibilidades

de adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhe permitam

realizar algum trabalho.

Severo ou grave

Os indivíduos que se enquadram neste nível necessitam geralmente de

proteção ou de ajuda, pois o seu nível de autonomia pessoal e social é muito

pobre. Por vezes têm problemas psicomotores significativos. Poderão aprender

algum sistema de comunicação mas a sua linguagem verbal será sempre muito

fraca. Podem ser treinados em algumas atividades de vida diária (AVD) básicas

e aprendizagens pré-tecnológicas muito simples.

Profundo

Este nível aplica-se só em caso de deficiência muito grave em que o

desempenho das funções básicas se encontra seriamente comprometido. Estes

indivíduos apresentam grandes problemas sensório-motores e de comunicação

com o meio. São dependentes de outros em quase todas as funções e

atividades, pois os seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos.

Excepcionalmente terão autonomia para se deslocar e responder a treinos

simples de auto-ajuda.

Dentro destas perspectivas apresenta-se um breve esclarecimento referente à

independência e educabilidade da criança portadora de deficiência mental.

Segundo Grossam (1983, cit. por Vieira e Pereira, 2003) existem três níveis de

educabilidade dos deficientes mentais.

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CLASSIFICAÇÃO EDUCATIVA

Níveis de Deficiência Intelectual:

Educável- Capaz de aprender matérias acadêmicas (leitura, escrita e

matemática).

Treinável- Capaz de aprender as tarefas necessárias na vida diária (comer

sozinho, vestir-se, cuidar da sua higiene pessoal).

Grave e profunda- Não é capaz de valer-se por si mesmo, inclusive nas

AVD`s (atividades de vida diária) e comunicação no nível funcional.

2.1 - Características evolutivas da pessoa com deficiência intelectual

Nas pessoas com deficiência intelectual/ mental, tais como nos outros

indivíduos, o comportamento pessoal e social é muito variável e não se pode

falar de características iguais em todos os indivíduos com deficiência mental.

Não existem duas pessoas, deficientes ou não, que possuam as mesmas

experiências ambientais ou a mesma constituição biológica o que faz com que

comportamentos idênticos correspondam a diagnósticos distintos.

A variedade é enorme, mas existem determinadas características em que,

apesar da diferença entre uns e outros ser grande, permitem adiantar uma

decisão.

Contudo, depois de feitos estudo experimentais, identificaram-se algumas

características específicas que distinguem os deficientes mentais dos outros.

Destas, segundo Quiroga (cit. por Bautista, 1997), podemos considerar

características físicas, de personalidade e sociais, que de uma forma mais

concreta nos facilitam a avaliação e permitem uma atuação adequada.

2.2 – Características específicas da pessoa com deficiência intelectual

Físicas:

Falta de equilíbrio;

Dificuldades de locomoção;

Dificuldades de coordenação;

Dificuldades de manipulação.

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Pessoais:

Ansiedade;

Falta de auto-controle;

Tendência para evitar situações de fracasso mais do que para procurar o êxito;

Possível existência de perturbações da personalidade;

Fraco controle interior.

Sociais:

Atraso evolutivo em situações de jogo;

Atraso evolutivo em situações de lazer;

Atraso evolutivo em situações de atividade sexual.

Uma observação cuidada e específica de cada indivíduo, com base nas

características associadas a cada domínio, apresentar-se-á como uma mais valia

para rentabilizar as aprendizagens privilegiando as áreas mais fracas da criança.

(M. Dias, P. Santos – Associação Portuguesa de Investigação Educacional)

TEXTO 3 – PREVENÇÃO

A prevenção efetiva de Deficiência Intelectual está intimamente

associada com cuidados pré, peri e pós natais adequados e que não devem ser

subestimados. Após o nascimento, boa alimentação, vacinação correta e

acompanhamento médico apropriado são aspectos extremamente importantes,

entre outros, para o desenvolvimento saudável da criança.

A educação é o outro meio pelo qual se podem evitar prejuízos ainda

maiores para o desenvolvimento da criança com deficiência intelectual, por

meio tanto de intervenções precoces quanto de experiências que a Educação

Infantil pode promover. Nesse sentido, o currículo proposto para esse

segmento pode contribuir positivamente para as práticas inclusivas escolares e

sociais. Esse currículo deve levar em consideração as recomendações de

estudos realizados na Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill (Manuel e

Little, 2002), a saber:

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Crianças com desenvolvimento normal não apresentam consequências

negativas ao convívio com crianças com deficiências.

Crianças com desenvolvimento normal mostram bons sentimentos e

respeito às diferenças de seus pares com deficiência.

Crianças pequenas com e sem deficiência brincam juntas sem quaisquer

problemas.

Crianças com deficiência podem mostram taxas mais altas de interações

sociais.

(R. Nascimento, 2012 – Alunos com necessidades especiais na sala de

aula)

Sugerimos também a leitura do texto: Educação escolar de

deficientes mentais: Problemas para a pesquisa e o

desenvolvimento, disponível em :

http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/Site/documentos/espaco-

virtual/espaco-educar/educacao-especial-sala-maria-tereza-

mantoan/ARTIGOS/Educacao-escolar-de-deficientes....pdf