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Deficiências Intelectuais – Referencial Teórico
Texto 1 - O que é deficiência intelectual?
A Deficiência Intelectual, segundo a Associação Americana sobre Deficiência
Intelectual do Desenvolvimento AAIDD, caracteriza-se por um funcionamento
intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos
duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social,
saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções
acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorrem antes dos 18 anos de idade.
No dia a dia, isso significa que a pessoa com Deficiência Intelectual tem
dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns para as outras
pessoas. Muitas vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que
realmente tem.
A Deficiência Intelectual é resultado, quase sempre, de uma alteração no
desempenho cerebral, provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação,
problemas no parto ou na vida após o nascimento. Um dos maiores desafios
enfrentados pelos pesquisadores da área é que em grande parte dos casos estudados
essa alteração não tem uma causa conhecida ou identificada. Muitas vezes não se
chega a estabelecer claramente a origem da deficiência.
Principais causas
Os fatores de risco e causas que podem levar à Deficiência Intelectual podem
ocorrer em três fases: pré-natais, perinatais e pós-natais.
Pré-natais
Fatores que incidem desde o momento da concepção do bebê até o início do
trabalho de parto:
Fatores genéticos
• Alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais) – Síndrome de Down,
Síndrome do X Frágil e outras.
• Alterações gênicas (erros inatos do metabolismo): que provocam
Fenilcetonúria, entre outras.
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Fatores que afetam o complexo materno-fetal
• Tabagismo, alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de
medicamentos teratogênicos (capazes de provocar danos nos embriões e
fetos).
• Doenças maternas crônicas ou gestacionais (como diabetes mellitus).
• Doenças infecciosas na mãe, que podem comprometer o feto: sífilis, rubéola,
toxoplasmose.
• Desnutrição materna.
Perinatais
Fatores que incidem do início do trabalho de parto até o 30.º dia de vida do
bebê:
• Hipóxia ou anoxia (oxigenação cerebral insuficiente).
• Prematuridade e baixo peso: Pequeno para Idade Gestacional (PIG).
• Icterícia grave do recém-nascido (kernicterus).
Pós-natais
Fatores que incidem do 30.º dia de vida do bebê até o final da
adolescência:
• Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global.
• Infecções: meningites, sarampo.
• Intoxicações exógenas: envenenamentos provocados por remédios,
inseticidas, produtos químicos como chumbo, mercúrio etc.
• Acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas etc.
Principais tipos de Deficiência Intelectual
Entre os inúmeros fatores que podem causar a deficiência intelectual, destacam-se
alterações cromossômicas e gênicas, desordens do desenvolvimento embrionário ou
outros distúrbios estruturais e funcionais que reduzem a capacidade do cérebro.
• Síndrome de Down – alteração genética que ocorre na formação do bebê, no início
da gravidez. O grau de deficiência intelectual provocado pela síndrome é variável, e o
coeficiente de inteligência (QI) pode variar e chegar a valores inferiores a 40.
A linguagem fica mais comprometida, mas a visão é relativamente preservada. As
interações sociais podem se desenvolver bem, no entanto podem aparecer distúrbios
como hiperatividade, depressão, entre outros.
• Síndrome do X-Frágil – alteração genética que provoca atraso mental. A criança
apresenta face alongada, orelhas grandes ou salientes, além de comprometimento
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ocular e comportamento social atípico, principalmente timidez.
• Síndrome de Prader-Willi – o quadro clínico varia de paciente a paciente,
conforme a idade. No período neonatal, a criança apresenta severa hipotonia muscular,
baixo peso e pequena estatura. Em geral a pessoa apresenta problemas de
aprendizagem e dificuldade para pensamentos e conceitos abstratos.
• Síndrome de Angelman – distúrbio neurológico que causa deficiência intelectual,
comprometimento ou ausência de fala, epilepsia, atraso psicomotor, andar
desequilibrado, com as pernas afastadas e esticadas, sono entrecortado e difícil,
alterações no comportamento, entre outras.
• Síndrome de Williams – alteração genética que causa deficiência intelectual de
leve a moderada. A pessoa apresenta comprometimento maior da capacidade visual e
espacial em contraste com um bom desenvolvimento da linguagem oral e na música.
• Erros Inatos de Metabolismo (Fenilcetonúria, Hipotireoidismo congênito etc.) –
alterações metabólicas, em geral enzimáticas, que normalmente não apresentam sinais
nem sintomas sugestivos de doenças. São detectados pelo Teste do Pezinho, e quando
tratados adequadamente, podem prevenir o aparecimento de deficiência intelectual.
Alguns achados clínicos ou laboratoriais que sugerem esse tipo de distúrbio
metabólico: falha de crescimento adequado, doenças recorrentes e inexplicáveis,
convulsões, ataxia, perda de habilidade psicomotora, hipotonia, sonolência anormal ou
coma, anormalidade ocular, sexual, de pelos e cabelos, surdez inexplicada, acidose
láctea e/ou metabólica, distúrbios de colesterol, entre outros.
Deficiência Intelectual x Doença Mental
Muita gente confunde Deficiência Intelectual e doença mental, mas é importante
esclarecer que são duas coisas bem diferentes.
Na Deficiência Intelectual a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento,
dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em
que vive. Ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18
anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas.
Já a doença mental engloba uma série de condições que causam alteração de
humor e comportamento e podem afetar o desempenho da pessoa na sociedade.
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Essas alterações acontecem na mente da pessoa e causam uma alteração na sua
percepção da realidade. Em resumo, é uma doença psiquiátrica, que deve ser tratada
por um psiquiatra, com uso de medicamentos específicos para cada situação.
Texto 2 - Níveis e Tipos de Deficiência Intelectual / Mental
O significado do termo educação alicerça as suas origens no Latim.
Dentro desta etimologia, educação significa: criar, alimentar, extrair, conduzir,
ou seja, o termo contém a ideia de um desenvolvimento dirigido que se
processa em função das virtualidades endógenas mas condicionadas pelos seus
contributos exógenos.
Este desenvolvimento processa-se em função das crianças e para que
estas possam beneficiar de um ensino de qualidade e justo é imprescindível que
os professores proporcionem um ensino individualizado, variando estratégias e
diversificando metodologias.
Esta condição torna-se mais exigente se a ação do professor se dirigir a
crianças portadoras de uma deficiência. Cabe então ao professor analisar todo o
contexto escolar, social e familiar, no sentido de promover a diferenciação
pedagógica e assegurar, de fato, a inclusão de crianças diferentes.
Numa altura em que, cada vez mais, se fala em escola inclusiva, é
imperioso que esta instituição, na pessoa do professor e dos demais
funcionários, esteja preparada para trabalhar com a diversidade de alunos que
a frequentam.
É necessária uma mudança ao nível de mentalidades no que concerne à
comunidade escolar mas também à comunidade em geral.
Dentro do grupo de alunos com NEE (necessidades educativas especiais)
incluem-se os alunos com deficiência intelectual, aos quais nos reportaremos ao
longo do nosso trabalho.
Estas crianças apresentam determinadas características e, na maioria das
vezes, dificuldades cognitivas que podem prejudicar a sua aprendizagem. Além
destas dificuldades estes alunos poderão apresentar problemas ao nível da
autonomia pessoal e social, comunicação, relações sócio-afetivas, entre outros.
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1- Enquadramento teórico
1.1 - Deficiência mental
Para definirmos deficiência mental temos, obrigatoriamente, de pensar em
quociente de inteligência, na medida em que esta deficiência interfere
diretamente com o funcionamento intelectual de qualquer ser humano.
Contudo, nem todos os seres humanos possuem um desenvolvimento
intelectual igual entre si, alguns sofrem de distúrbios intelectuais que advém de
causas diversas.
Considerando as causas e os reflexos dos mesmos assim se identifica o tipo de
deficiência de que uma criança possa sofrer.
Desta forma, podemos então dizer que uma criança que apresente um
funcionamento mental geral abaixo da média, associado a problemas de
comportamento adaptativo, que se refletem quer em nível acadêmico, quer em
nível social, e ainda se estes problemas remontarem às primeiras fases de
desenvolvimento, estamos perante um caso evidente de deficiência mental.
Já Fonseca em (1989: 29) definia a criança deficiente como sendo a criança
que se desvia da média ou da criança normal em: 1) características mentais; 2)
aptidões sensoriais; 3) características neuromusculares e corporais; 4)
comportamento emocional e social; 5) aptidões de comunicação e 6) múltiplas
deficiências, até de justificar e requerer a modificação das práticas educacionais
ou a criação de serviços de educação especial no sentido de desenvolver ao
máximo as suas capacidades.
Segundo a American Association of Mental Retardition (A.A.M.R., 1992) a
deficiência mental define-se como funcionamento intelectual geral
significativamente inferior à média, que interfere nas atividades adaptativas e
cognitivas.
A mesma fonte refere ainda que o estado de redução notável do funcionamento
intelectual, significativamente inferior à média, se associa em dois ou mais
aspectos do funcionamento adaptativo, tais como: comunicação, cuidado
pessoal, competência doméstica, habilidades sociais, utilização de recursos
comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e
trabalho.
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1.2 - Inteligência
A estrutura da inteligência é explicada através de três teorias: monárquica,
oligárquica ou bi-fatorial e multifatorial.
A primeira defende que a inteligência é uma faculdade única ou unitária não
composta por outras faculdades inferiores e remonta ao século XIX.
A segunda, bi-fatorial, defende a existência de um fator geral, «G»,
denominado de inteligência geral e um fator específico, «S», constituído pela
capacidade concreta para cada tipo de atividade. Esta teoria, defendida por
Spearman (cit. por Bautista, 1997), define a inteligência como um conjunto
formado pelo fator «G» e os fatores «S». Thurstone (cit. por Bautista, 1997),
no que refere à teoria multifatorial, defende que a inteligência é constituída por
um conjunto de fatores independentes entre si.
Segundo o autor existem treze fatores, dos quais os seis primeiros são
considerados capacidades primárias: compreensão verbal, fluência verbal, fator
espacial, fator numérico, fator memória e fator raciocínio ou indução.
Com base nestas teorias podemos considerar que a inteligência se apresenta
numa concepção determinista, considerando-a de forma estática e reduzindo a
capacidade mental a um número.
Ao falarmos de Quociente de Inteligência (Q.I.) devemos atender a que,
aparentemente, duas pessoas possuem um Q.I. igual, contudo têm diferentes
capacidades de resposta e de adaptação ao meio.
Segundo Sainz e Mayor (1989, cit. por Pacheco 1997: 209) a inteligência pode
ser definida como: capacidade para aprender, capacidade para pensar
abstratamente, capacidade de adaptação a novas situações, e ainda como
conjunto de processos cognitivos como memória, caracterização, aprendizagem
e solução de problemas, capacidade linguística ou de comunicação,
conhecimento social.
Assim sendo, poderemos dizer que a inteligência é a capacidade que nos
permite adaptar, realizar, resolver problemas, interpretar futuros estímulos para
modificar comportamentos, acumular conhecimentos ou mesmo responder a
itens num teste de inteligência.
Todavia, esta posição nem sempre foi aceita da mesma forma, houveram
opiniões distintas, como o caso de Binet (1905, cit. por Vieira e Pereira, 2003)
que considerava a inteligência como um fenômeno unitário, singular indivisível,
considerando, no entanto, a inteligência como um feixe de tendências.
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Por sua vez, Wechsler (1994, cit. por Vieira e Pereira, 2003) apresenta uma
opinião controversa, entendendo o fenômeno da inteligência como um
fenômeno agrupado, composto por muitas aptidões mentais distintas.
Todavia, estudos realizados desde Patton (1986, cit. por Vieira e Pereira, 2003:
42) até Edwards e Scannel (1968, cit. por Vieira e Pereira, 2003: 42) realçam a
importância de se ter em consideração dois aspectos fundamentais da
inteligência: o potencial inato do indivíduo e a expressão funcional do potencial
como capacidade utilizável e utilizada.
Os mesmos autores ainda reforçam a ideia de que o potencial inato é fisiológico
enquanto que os aspectos funcionais são comportamentais.
1.3 - Quociente de inteligência
A inteligência, sendo um construto teórico, tem a vantagem de fornecer uma
forma conceitual para explicar as diferenças entre os indivíduos, apresenta-se
como mensurável.
Todavia, para se medir a inteligência é de suma importância ter em
consideração os seus aspectos fundamentais.
Se considerarmos, tal como refere Binet (1905, cit. por Vieira e Pereira, 2003),
a inteligência como uma característica unitária, temos que assumir que a
deficiência mental resulta de um problema nessa única característica.
Porém, se considerarmos, tal como Wechsler (1994, cit. por Vieira e Pereira,
2003), que a inteligência é uma capacidade agregada, composta por aptidões
específicas, então consideramos que a deficiência mental resulta de vários
problemas na área da inteligência, podendo cada uma dessas áreas ser
avaliada na escala do referido autor, o que torna o problema bem mais
complexo de analisar.
Através da aplicação desta escala podemos diagnosticar a deficiência mental
nos seus vários níveis, consoante o resultado do teste de Q.I., que é uma
abreviatura do Quociente de Inteligência, apresentado pelo indivíduo.
O conceito de Q.I. foi introduzido por Stern (cit. por Bautista, 1997), mas o
teste que nos permite medi-lo foi apresentado por Binet (1905, cit. por Vieira e
Pereira, 2003) e é o resultado da multiplicação por 100 do quociente obtido
pela divisão da Idade Mental (IM), pela Idade Cronológica (IC), que
normalmente aparece sob a forma da fórmula seguidamente apresentada.
De referir que a IM é determinada em função da idade em que uma criança
média é capaz de desempenhar determinadas tarefas, isto é, a determinados
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estágios de desenvolvimento correspondem determinadas idades cronológicas e
esperam-se determinados desempenhos que se desejam coerentes.
Se esses desempenhos não corresponderem ao esperado temos IM diferente da
IC e Q.I. inferior ou superior a 100, já que se preconiza que o resultado do
teste de Q.I. de uma criança média é 100.
É muito importante lembrar que um teste de Q.I. não mede a maioria dos tipos
de capacidades humanas, como por exemplo: talento musical, artístico,
estabilidade emocional, coordenação física ou nível espiritual.
Podemos mesmo dizer que nenhum teste é capaz de medir todas as
capacidades intelectuais humanas. Usa-se o teste de Q. I. sobretudo para obter
dados sobre o conhecimento acadêmico e prático. Muito embora o teste de Q.I.
meça apenas algumas das capacidades mentais de um ser humano estas
capacidades são usadas como padrão, porque elas são bem conhecidas e
permitem correlacionar muitas outras capacidades humanas.
Apenas um perfil científico de inteligência pessoal completo nos dará, com
maior detalhe, todo o alcance e variedade das suas capacidades mentais.
2 - Caracterização dos vários níveis de deficiência mental
Existem diferentes correntes para determinar o grau da deficiência mental, mas
as técnicas psicométricas são as mais utilizadas medindo o Q. I. para a
classificação de cada grau.
De acordo com a Associação Americana para a Deficiência Mental e com
Organização Mundial de Saúde (cit. por Bautista, 1997) o resultado do teste de
Q.I. traduz-se em cinco graus de deficiência mental e distribuem-se em grupos:
Limite ou bordeline:
QI - 68-85
IM – 13
Estágio de desenvolvimento – Operações concretas
Leve:
QI - 52-67
IM – 8-12
Estágio de desenvolvimento – Operações concretas
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Moderado ou Médio:
QI - 36-51
IM – 3-71
Estágio de desenvolvimento – Pré Operatório
Severo ou Grave:
QI - 20-35
IM – 3-7
Estágio de desenvolvimento – Sensório Motor
Profundo:
QI - Inferior a 20
IM – 0 a 3
Estágio de desenvolvimento – Sensório Motor
Limite ou bordeline
Recentemente introduzido na classificação não reúne, ainda, consenso entre os
diferentes autores sobre se deveria ou não fazer parte dela. Crianças que se
enquadrem neste nível, não se pode dizer, que apresentem deficiências mentais
porque são crianças com muitas possibilidades, revelando apenas um leve
atraso nas aprendizagens ou algumas dificuldades concretas. Crianças de
ambientes sócio-culturais desfavorecidos podem ser aqui incluídas, assim como
as crianças com carências afetivas, de famílias mono-parentais, entre outras,
que apresentam defasagem nos aspectos de nível psicológico leve, razões que
justificam esta resistência de consensualidade.
Leve
Inclui a grande maioria dos deficientes que, tal como na anterior, não são
claramente deficientes mentais, mas pessoas com problemas de origem
cultural, familiar ou ambiental. Podem desenvolver aprendizagens sociais ou de
comunicação e têm capacidade de adaptação e integração no mundo laboral.
Apresentam um atraso mínimo nas áreas perceptivo-motoras. Na escola
detectam-se com mais facilidade as suas limitações intelectuais, podendo
contudo, alcançar um nível escolar equivalente ao ensino fundamental até o
médio. Geralmente não apresentam problemas de adaptação ao ambiente
familiar.
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Moderado ou médio
Neste nível estão considerados os deficientes que podem adquirir hábitos de
autonomia pessoal e social, tendo maiores dificuldades que os anteriores.
Podem aprender a se comunicar pela linguagem verbal, mas apresentam, por
vezes, dificuldades na expressão oral e na compreensão das convenções
sociais. Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e tem possibilidades
de adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhe permitam
realizar algum trabalho.
Severo ou grave
Os indivíduos que se enquadram neste nível necessitam geralmente de
proteção ou de ajuda, pois o seu nível de autonomia pessoal e social é muito
pobre. Por vezes têm problemas psicomotores significativos. Poderão aprender
algum sistema de comunicação mas a sua linguagem verbal será sempre muito
fraca. Podem ser treinados em algumas atividades de vida diária (AVD) básicas
e aprendizagens pré-tecnológicas muito simples.
Profundo
Este nível aplica-se só em caso de deficiência muito grave em que o
desempenho das funções básicas se encontra seriamente comprometido. Estes
indivíduos apresentam grandes problemas sensório-motores e de comunicação
com o meio. São dependentes de outros em quase todas as funções e
atividades, pois os seus handicaps físicos e intelectuais são gravíssimos.
Excepcionalmente terão autonomia para se deslocar e responder a treinos
simples de auto-ajuda.
Dentro destas perspectivas apresenta-se um breve esclarecimento referente à
independência e educabilidade da criança portadora de deficiência mental.
Segundo Grossam (1983, cit. por Vieira e Pereira, 2003) existem três níveis de
educabilidade dos deficientes mentais.
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CLASSIFICAÇÃO EDUCATIVA
Níveis de Deficiência Intelectual:
Educável- Capaz de aprender matérias acadêmicas (leitura, escrita e
matemática).
Treinável- Capaz de aprender as tarefas necessárias na vida diária (comer
sozinho, vestir-se, cuidar da sua higiene pessoal).
Grave e profunda- Não é capaz de valer-se por si mesmo, inclusive nas
AVD`s (atividades de vida diária) e comunicação no nível funcional.
2.1 - Características evolutivas da pessoa com deficiência intelectual
Nas pessoas com deficiência intelectual/ mental, tais como nos outros
indivíduos, o comportamento pessoal e social é muito variável e não se pode
falar de características iguais em todos os indivíduos com deficiência mental.
Não existem duas pessoas, deficientes ou não, que possuam as mesmas
experiências ambientais ou a mesma constituição biológica o que faz com que
comportamentos idênticos correspondam a diagnósticos distintos.
A variedade é enorme, mas existem determinadas características em que,
apesar da diferença entre uns e outros ser grande, permitem adiantar uma
decisão.
Contudo, depois de feitos estudo experimentais, identificaram-se algumas
características específicas que distinguem os deficientes mentais dos outros.
Destas, segundo Quiroga (cit. por Bautista, 1997), podemos considerar
características físicas, de personalidade e sociais, que de uma forma mais
concreta nos facilitam a avaliação e permitem uma atuação adequada.
2.2 – Características específicas da pessoa com deficiência intelectual
Físicas:
Falta de equilíbrio;
Dificuldades de locomoção;
Dificuldades de coordenação;
Dificuldades de manipulação.
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Pessoais:
Ansiedade;
Falta de auto-controle;
Tendência para evitar situações de fracasso mais do que para procurar o êxito;
Possível existência de perturbações da personalidade;
Fraco controle interior.
Sociais:
Atraso evolutivo em situações de jogo;
Atraso evolutivo em situações de lazer;
Atraso evolutivo em situações de atividade sexual.
Uma observação cuidada e específica de cada indivíduo, com base nas
características associadas a cada domínio, apresentar-se-á como uma mais valia
para rentabilizar as aprendizagens privilegiando as áreas mais fracas da criança.
(M. Dias, P. Santos – Associação Portuguesa de Investigação Educacional)
TEXTO 3 – PREVENÇÃO
A prevenção efetiva de Deficiência Intelectual está intimamente
associada com cuidados pré, peri e pós natais adequados e que não devem ser
subestimados. Após o nascimento, boa alimentação, vacinação correta e
acompanhamento médico apropriado são aspectos extremamente importantes,
entre outros, para o desenvolvimento saudável da criança.
A educação é o outro meio pelo qual se podem evitar prejuízos ainda
maiores para o desenvolvimento da criança com deficiência intelectual, por
meio tanto de intervenções precoces quanto de experiências que a Educação
Infantil pode promover. Nesse sentido, o currículo proposto para esse
segmento pode contribuir positivamente para as práticas inclusivas escolares e
sociais. Esse currículo deve levar em consideração as recomendações de
estudos realizados na Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill (Manuel e
Little, 2002), a saber:
ESCOLA INCLUSIVA:
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Crianças com desenvolvimento normal não apresentam consequências
negativas ao convívio com crianças com deficiências.
Crianças com desenvolvimento normal mostram bons sentimentos e
respeito às diferenças de seus pares com deficiência.
Crianças pequenas com e sem deficiência brincam juntas sem quaisquer
problemas.
Crianças com deficiência podem mostram taxas mais altas de interações
sociais.
(R. Nascimento, 2012 – Alunos com necessidades especiais na sala de
aula)
Sugerimos também a leitura do texto: Educação escolar de
deficientes mentais: Problemas para a pesquisa e o
desenvolvimento, disponível em :
http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/Site/documentos/espaco-
virtual/espaco-educar/educacao-especial-sala-maria-tereza-
mantoan/ARTIGOS/Educacao-escolar-de-deficientes....pdf