Trabalho de Conclusão de Curso
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1
DAYANE OLIVEIRA SOUZA
CINEMA E LITERATURA
A TRADUÇÃO SEMIÓTICA NA SÉRIE HARRY POTTER
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
SÃO PAULO – 2011
2
DAYANE OLIVEIRA SOUZA
CINEMA E LITERATURA
A TRADUÇÃO SEMIÓTICA NA SÉRIE HARRY POTTER
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, da Universidade Nove de Julho (Uninove). Orientadora: Profª. Drª. Débora Cristine Rocha
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
SÃO PAULO – 2010
3
Aos meus pais
Maria Ap. Oliveira e Agnaldo de Souza
4
Agradecimentos
Antes de qualquer outra coisa, agradeço ao papai do céu, por ter-me propiciado a magia
da vida e por me colocar nos braços de duas pessoas magníficas que me ensinaram a ser
humana: meus pais.
A eles agradeço e devo tudo o que sou e tudo o que acredito. Obrigada por seu amor,
Pai! Você com a cabeça erguida, sempre tão otimista e com um caráter invejável, me
ensinou entre tantas coisas, que a palavra desistir não existe em nosso dicionário e que
tudo dará certo se esta for à vontade de Deus.
A você, Mãe! Agradeço por ser o que qualquer ser humano necessita nesse mundo: uma
mãe de verdade. Obrigada por me incentivar e aconselhar que os estudos são a porta
para toda e qualquer realização. Você é mais que uma mãe, obrigada por seu amor
incondicional. Amo vocês.
Ao meu grande companheiro, obrigada pela paciência, ajuda e dedicação, e mais que
tudo, por todo seu amor e cumplicidade que sempre me deram forças para continuar.
Aos amigos abandonados os peço desculpas, este trabalho me ocupou não só o corpo,
mas também a alma.
Meu sincero obrigada, a Universidade Nove de Julho e a todos os professores do curso
de comunicação que contribuíram para minha formação profissional e também pessoal.
Aos colegas e amigos de classe, que muitas vezes compartilharam conhecimentos,
experiências e emoções, obrigada.
E por fim agradeço a pessoa que tornou esse projeto realidade. Você foi minha guia,
mais que orientadora. Você me ensinou com seu indiscutível conhecimento,
personalidade e humildade, que todos somos capazes se este for nosso propósito.
Obrigada Débora Rocha saiba que sem você não seria possível.
Neste momento sinto-me vitoriosa, e percebo que valeram os esforços, as horas, dias e
meses dedicados a um objetivo, para que este trabalho fosse concluído. Esta pesquisa
não foi somente uma obrigação acadêmica, mas sim um grande passo para minha
evolução pessoal e profissional.
5
“Chegou a hora de escolhermos entre o que é certo e o que é fácil”
(Alvo Dumbledore, no filme “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, 2007, David Yates)
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Resumo
O tema visa estabelecer diferenças e relações entre linguagem literária e a
cinematográfica, por intermédio da semiótica, trabalhando o processo de tradução de
um meio de comunicação para outro. O estudo pretende elucidar porque a narrativa
literária (escrita), na maioria das vezes, tem seu enredo modificado quando é adaptada
ao cinema (audiovisual).
Na pesquisa usaremos como base teórica a escola de Tartu-Moscou, que abrange a
semiótica cultural russa, e compartilharemos sobre características essências de cada
meio. Será analisada a da série de livros, “Harry Potter” (com sete livros publicados),
escritos pela britânica J. K. Rowling, que ocasionaram na produção de oito filmes
(sendo o último filmado em duas partes).
Palavras-chave: Cinema; literatura; tradução semiótica.
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Sumário
1. Apresentação ........................................................................................................ 09
2. De copistas a copiados: uma história traduzida e adaptada........................... 10
2.1. A tradução no mundo ................................................................................ 11
2.2. Os monges copistas.................................................................................... 12
2.3. Tradução literária ...................................................................................... 14
2.4. Poesia ........................................................................................................ 16
2.5. Letras Musicais ......................................................................................... 17
2.6. Títulos cinematográficos ........................................................................... 17
2.7. Legendas ................................................................................................... 18
2.8. Dublagem .................................................................................................. 18
2.9. Tradução automática ................................................................................. 19
2.10. Tradução semiótica .................................................................................. 20
2.11. Semiose entre literatura e cinema ........................................................... 21
3. Linguagem literária como escritura cinematográfica .................................... 24
3.1. Prosa e poesia ............................................................................................ 25
3.2. Características entre cinema e literatura.................................................... 28
3.3. A técnica do cinema................................................................................... 31
3.4. Movimento, imagem e planos ................................................................... 32
3.5. Escritura cinematográfica ......................................................................... 35
8
3.6. Etapas e marcações de roteiro ..................................................................... 36
4. O mundo fantástico do romance narrativo......................................................... 39
4.1. A magia do romance adaptado........................ ............................................ 42
4.2. O maravilhoso gênero da fantasia................................................................. 44
4.3. O encantador sucesso mundial ..................................................................... 46
5. O menino que sobreviveu....................................................................................... 49
5.1. A morte de Alvo Dumbledore entre cinema e literatura.............................. 50
5.2. A enigmática análise de “Harry Potter” ....................................................... 57
5.3. O protesto dos fãs ......................................................................................... 58
5.4. “Harry Potter e as Reliquias da Morte”, perfeito a olhos “Pottermaníacos”
............................................................................................................................. 62
6. Considerações finais ……………………………………………………………. 65
7. Bibliografia ............................................................................................................. 66
8. Filmografia.............................................................................................................. 69
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1. Apresentação
Com 23 anos de idade e cruzando os dedos para não deixar de ser criança, assim como
Peter Pan, o famoso personagem de J.M. Barrie, é que apresento esta pesquisa
desafiadora no mundo fantástico.
Antes mesmo de saber escrever, já era afíccionada por contos de fadas e filmes
encantados, com aventuras mágicas e pitadas de romance. E percebo nos dias de hoje,
que animações e filmes fantásticos, jamais recriaram tão bem seus mundos imaginários.
Em pleno século XXI, histórias mágicas se tornam, com o advento da tecnologia, cada
vez mais reais, quando apresentadas em audiovisual. A distância entre o sonho e o
possível diminuiu, criando imersão por parte do público, e acarretando grandes cargas
de realismo às obras.
Outra parceria, que vem contribuindo para o sucesso de grandes títulos fílmicos é a
relação entre cinema e livro, de onde muitos mundos mágicos nasceram, ao serem
adaptados de impresso para o cinema e vice e versa, como o caso da série de livros
“Harry Potter”, de J.K Rowling.
Mundos fantásticos, por aparentarem ser reais, criam vínculos com espectadores,
principalmente quando se trata das chamadas sagas ou séries de filmes narrativos que
duram anos para serem concluídos, plantando a cada lançamento uma sementinha em
um novo fã.
A indústria cinematográfica sustenta tal relação, pois esta é sucesso garantido, já que os
investimentos para obras cinematográficas deste tipo somente são iniciados após a
ótima aceitação de milhares de leitores de livros de fantasia.
E quem é que não gostaria de ver aquele universo cultivado e imaginado, com todos os
livros da série, na telona do cinema, com imagens, sons, movimentos e o melhor, os
personagens que ganharam vida, tudo elaborado a cada detalhe, recriado o mais real
possível.
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2. De copistas a copiados: uma história traduzida e adaptada
Ao pensar sobre o significado de tradução, o que te vem à cabeça? Se sua
resposta tiver relação com converter textos de um idioma para outro, você está correto!
Os dicionários costumam definir a palavra tradução por “ato de traduzir”. Porém
o que significa traduzir? De acordo com Geir Campos (1986, p. 7) “o verbo traduzir
vem do latino traducere, que significa conduzir ou fazer passar de um lado para o
outro”, algo como, “atravessar”.
Nos dicionários de língua portuguesa, a palavra traduzir é encontrada com a
definição de “transpor”, “verter de uma língua para outra”, “demonstrar”, “explicar”,
“manifestar”, “simbolizar” e “realizar”, “traduzir nada mais é que isto: fazer passar, de
uma língua para outra, um texto escrito na primeira delas”(Campos, 1986, p. 7).
Diversos teóricos fizeram suas definições sobre tradução, o inglês John
Cunnison Catford (apud Campos, 1986, p. 11), acredita que a “tradução é a
substituição de material textual de uma língua por material textual equivalente em
outra”.
Entretanto ao ato de traduzir cabem várias definições, algumas a favor e outras
contra a tradução. Os que opinam contra, afirmam que tradução nada mais é do que uma
cópia, nunca será o original. E mesmo equivocados, suas opiniões têm algo de correto,
já que uma tradução não visa ser cópia de nada e sim nova releitura partindo de uma
obra de inspiração.
De acordo com o filósofo e escritor alemão Herder (apud Campos, 1986, p. 13),
“o melhor dos tradutores há de ser o melhor dos explicadores”, visando que traduzir
não é copiar palavras e sim interpretar obstáculos. Já que cada idioma funciona como
um código, formando o conjunto de signos de uma língua.
Imagine a complexidade de se traduzir um livro inteiro, de uma língua-fonte ou
língua de origem estrangeira, com centenas de páginas, para a língua-alvo ou língua de
chegada, assim como definem os tradutores.
Pode-se comparar a tradução ao vôo do besouro. O besouro é um
animal que tem tudo para não poder voar: o corpo é rombudo, as patas
não se recolhem, as asas são enfiadas num estojo de cascas duras...
mas, apesar de todos os pesares, o besouro voa e muito. Com o
tradutor dá-se a mesma coisa: cada texto é um complexo de obstáculos
e dificuldades aparentemente intransponíveis, lingüísticas e não-
lingüísticas; entender o que o autor disse e o que ele quis dizer, na
11
língua dele, é difícil; dizer na língua da gente o que se entendeu na
língua do original, não é fácil... mas o tradutor traduz e muito.
(CAMPOS, 1986, p. 13)
Geir Campos se refere ao grande obstáculo que é traduzir e por este motivo os
profissionais têm tudo para não fazê-lo, porém, são tais obstáculos que lhes enchem de
vontade para continuar. Para os tradutores, tradução é um grande desafio diário, um
desafio compensador de ver, após o término, a sensação de missão cumprida.
2.1. A tradução no mundo
A atividade tradutória da Antiguidade, mais conhecida é um fragmento de rocha,
encontrado em 1799, em uma região banhada pelo braço ocidental do rio Nilo, em
atividades de escavações. O lugar chamava-se Rosetta, e a pedra ficou conhecida como
“Pedra de Rosetta”.
O pedaço de rocha trazia um texto grafado, em três maneiras distintas (maneiras
estas que foram, tempos depois, reconhecidas como idiomas), em sua superfície, a
primeira maneira era em hieróglifos da escrita sagrada do antigo Egito, a segunda em
caracteres da língua escrita popular egípcia da época, e a terceira em grego.
Não se sabe exatamente em que momento histórico a rocha encontrada foi
grafada, e nem se sabe quem ou quais povos teriam efetuado a escrita na rocha, somente
sabe-se que ela é excepcionalmente antiga e que “foi a partir do estudo dessa pedra que
o francês Jean-François Champollion começou a decifrar os hieróglifos do Antigo
Egito” (Campos, 1986, p. 16).
O percurso da tradução no mundo é longo, devagar e com muitas vias de mão
dupla. As traduções, efetivamente, começaram a tomar forma somente após muitos
livros copiados manualmente.
No ano de 1440, o alemão Johann Gutenberg inventará o prelo (forma de
impressão), e cinco anos depois, em 1445, ele imprimiu a Bíblia de 42 linhas, na
Mogúnciam, na Alemanha.
Considerado o primeiro livro impresso no mundo, a Bíblia de
Gutenberg é composta em Textura, uma Gótica muito em moda
naquela época e que foi usada na Alemanha por alguns séculos. Tem
duas colunas de 42 linhas. Provavelmente foram impressas 150 bíblias
em papel e trinta em pergaminho durante três anos. (HORCADES,
2004, P. 49)
12
Mesmo depois de tais impressões de Gutenberg, traduções ainda eram coisas
raras, para efetuar uma cópia, antes de qualquer coisa, era necessário que os copistas da
época lessem tais obras e depois começassem o processo de cópia, imaginemos então
para efetuar uma tradução.
Visando que dez anos depois, Gutenberg adaptará uma prensa antes utilizada na
produção de vinho, tornando-a como máquina de impressão gráfica, sabemos que foi a
partir de 1550 que começaram a ser publicados livros em maior escala, e os livros
traduzidos seguiram maiores distâncias, já que invenção de Gutenberg facilitará a
reprodução de cópias de um mesmo texto.
Em 1550 publicou-se um Dicionário de Oito Línguas (grego, latim,
flamengo, francês, espanhol, italiano, inglês e alemão). É do ano de
1596 a primeira tradução completa da Divina Comédia do italiano
Dante Alighieri, pelo abade francês Balthazar Grangier. (CAMPOS,
1986, p. 18.)
As publicações citadas por Campos foram as primeiras obras oficialmente
traduzidas marcadas na história, porém muitos historiadores acreditam que a bíblia
tenha sido o primeiro livro também a ser traduzido.
2.2. Os monges copistas
A tradução entre idiomas não é prática recente, inicia com os copistas na antiga
idade média. Antigamente quando não havia escrita, ou havia mais eram poucas as
pessoas que sabiam ler, o conhecimento era passado de “boca a ouvido”.
Determinada pessoa contava, ou seja, ensinava outra, um ofício, um
conhecimento. Muitas vezes acontecia entre pai e filho, onde o pai ensinava ao filho o
que ele sabia fazer de melhor, como caçar ou ser ferreiro. O conhecimento era passado
mediante a experiência vivenciada no dia a dia.
O mestre ensinava para o discípulo, tudo oralmente, por isso o termo de “boca a
ouvido”, um falava e outra escutava. Quando a escrita se espalha, outra forma de
transpor o conhecimento começa a ser utilizada, e esta acontece através do livro.
13
O livro começa a servir como transporte de conhecimentos levando informações
adiante. Os encarregados a fazerem este trabalho eram os monges intitulados de
“copistas”, estes homens se dedicavam ao estudo e acreditavam que ao copiarem um
livro estariam fazendo uma obra para Deus. Nesta época os livros considerados o único
transporte de conhecimento levavam meses e em alguns casos até anos para serem
completamente copiados.
Esta prática de escrever em livros, conhecimentos ou estudos de muitos
pensadores, começaram ser recorrentes na idade média, onde se sabia que se o
conhecimento fora gravado no livro, ele sobreviveria à vida de uma única pessoa ou
comunidade.
Entretanto um exemplar de um livro era pouco para um país inteiro e a partir
disso os copistas começam a fazer cópias, com o objetivo de disseminar o
conhecimento, expandi-lo e garantir que as informações não se perdessem através dos
séculos.
No interior dos mosteiros, os copistas se dividiam em dois grupos, um grupo
escrevia letras e o outro decorava, ou melhor, pintava letras artísticas. Para este trabalho
os monges utilizavam pedaços de pergaminhos e pena de ganso que ao serem
mergulhadas em bogalho moído transformava-se em um tipo de tinta no pergaminho.
Os lugares mais luminosos eram reservados aos antiquários, aos
iluminadores mais expertos, aos rubricadores e aos copistas. Cada
mesa tinha tudo quanto servia para iluminar e copiar: chifres de tinta,
penas finas que alguns monges estavam afiando com uma lâmina
delgada, pedra-pomes para tornar liso o pergaminho, réguas para
traçar as linhas sobre as quais se iria estender a escrita. Ao lado de
cada escriba, ou no topo do plano inclinado de cada mesa, estava uma
estante, sobre a qual estava pousado o códice a copiar, a página
coberta de marginadores que enquadravam a linha que naquele
momento era transcrita. E alguns tinham tintas de ouro e de outras
cores. Outros, por sua vez, estavam apenas lendo livros e
transcreviam notas nos seus cadernos ou tabuinhas pessoais. (ECO,
2009, p. 57)
Umberto se refere na citação acima aos detalhes encontrados em um mosteiro
onde copistas e escribas passavam a maior parte de seu tempo em infinitas cópias. Eles
copiavam livros cada vez mais, na tentativa de montar um pequeno acervo em cada
mosteiro. Eles copiavam para garantir que a obra perpetuasse, entretanto somente
pessoas que sabiam ler naquele mesmo idioma entenderiam, ou seja, pessoas que
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viviam naquele território, ou que tivessem o conhecimento do idioma daquela
comunidade.
Com o tempo os copistas entenderam a necessidade de se fazer cópias em outros
idiomas, para que comunidades ou pessoas que só lessem em outro idioma também
tivessem acesso a àquela informação contida na obra.
A expansão da informação em outro território era extremamente importante, a
partir disto, pensadores de todo o mundo puderam transpassar seus importantes
conhecimentos para todos que tivessem interesse.
2.3. Tradução literária
Tradução abrange a interpretação do significado do texto, o que corresponde ao
contexto existente na narrativa, sobre a situação socio-cultural, crenças e valores. O
tradutor transmuta contextos de um idioma para outro, criando novos textos.
Características atribuídas aos profissionais de tradução são na maioria das vezes
equivocadas, ao desconhecer o processo idealiza-se o profissional (tradutor) como mero
conhecedor de idiomas. Porém, traduzir vai além disso, como define Julio Plaza (1987,
p. 19) “teorias produzidas sobretudo por artistas pensadores abriram caminho para
investigação sobre a tradução que vão além de características meramente
linguísticas”.
A tradução requere que o profissional tenha um repertório de
conhecimentos gerais, de valores culturais de cada país, pois são tais valores que seriam
primordiais para traduções de provérbios ou ditos populares, por exemplo. Afinal não se
traduz de idioma para idioma e sim de uma cultura para a outra.
Em tradução há duas divisões, a primeira é a tradução “integral”, que são
traduções completas, onde se traduz todos os elementos, palavras e expressões. A
segunda divisão refere-se a “parcial”, na qual alguns elementos deixam de ser
traduzidos.
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As traduções precisam ser fiéis aos textos originais, não necessariamente sendo
cópias, o que se tem de passar ao leitor são idéias. E para que isto ocorra, adaptações
são aplicadas em algumas situações em que elementos do texto fonte não façam parte do
repertório dos falantes da língua-meta. Um tradutor pode ser considerado criador
daquela determinada obra, por conseqüência tornando-se um co-autor.
O tradutor/co-autor/escritor interpreta passagens e dependendo das expressões e
do sentido que a ação é construída ele traduz ou adapta ao mais coerente possível. O
tradutor, Mário Persona, passou a entender que a tradução é mais profunda
essencialmente no ano de 1978, quando realizou sua primeira tradução.
Traduzir nem sempre é apenas verter um texto para outro idioma, mas
transformá-lo em informação fácil de digerir. Minha primeira tradução
foi literalmente um parto. A realidade cultural de diferentes países tem
grande influência na hora de você transportar as vantagens de seu
produto ou serviço para a língua portuguesa falada no Brasil. (01 de
Setembro de 2011)
Criar algo, seja na área de tradução ou não, sempre será mais fácil que
transportar, assim como afirma Persona, já que transportar significa adaptar a um novo
contexto, com outras expressões, metáforas, piadas e denominações. As funções das
palavras determinam seus significados. Traduzir é transportar propósitos, e essa
transportação é traduzir em um nível mais profundo (adaptar contextos), do que traduzir
significados.
Na tradução literal, o que ocorre é uma trans-codificação, ou seja, uma troca de
signos linguísticos de determinado idioma para signos de outro idioma.
Dizer o que é signo na concepção clássica de uma definição: por
genus proximum et differentiam specificam e classificar as varias
modalidades ou espécies de signos tem sido uma preocupação
constante no trabalho dos filósofos ao longo da história. As redes
conceituais destinadas a captar necessária e suficientemente os
atributos dos signos têm sido às vezes arbitrárias, e os termos mais
usados para designar as espécies de signos como “símbolos”, “sinais”,
“índices” etc. (EPSTEIN, 2005, p. 16)
O que Issac Epstein afirma é que para signo existem várias definições e,
portanto, vários sentidos, dependendo do autor que trata o assunto. Porém, a definição
16
mais recorrente seria: “signo é algo que está por outra coisa” (Isaac Epstein, 2005, p.
17). Isaac continua, (2005, p.17) “Os signos são entidades tão centrais e importantes
em semiótica quanto os átomos em física, as células em biologia ou números em
matemática”
2.4. Poesia
Do latim poetize, nasce o nome poesia adaptado para a língua portuguesa. A
poesia surgiu em uma época antes mesmo de Cristo, com versos feitos em um tipo de
texto auto-referente.
A receita de manter o ritmo e o significado adaptando ao contexto, na poesia não
funciona, visando que um texto em sistema auto-referente é construído em seu próprio
mundo (contexto), composto por significados próprios, sem interferências ou
interpretações explícitas.
A tradução de um poema, executada por um indivíduo com sua própria história
social e ideológica, implica em uma tradução dinâmica e muitas vezes infiel, porém, o
resultado sempre será uma “tensão existente entre forças que, por serem antagônicas,
lideram-se sem anular-se” (Mário Laranjeira, 1993, p. 123).
As tensões entre autor e tradutor, língua-cultura de partida e língua-
cultura de chegada, texto original e texto traduzido sempre existirão.
Eliminar tais tensões não é o escopo que a tradução deva visar em
nome da fidelidade. Há que se tentar, antes, trabalhar essas tensões
para obter, como já foi dito aqui, um texto homogêneo, não texto
subalterno. (LARANJEIRA, 1993, p. 124)
Vinicius de Moraes é um exemplo de escritor brasileiro com obras traduzidas
para outros idiomas, como inglês e espanhol, o escritor Marcus Vinicius da Cruz e
Mello Moraes nasceu no Rio de Janeiro, em 1913, e já teve mais de 10 livros com
poesias adaptadas a outras línguas.
No Brasil, podemos destacar também um tipo de literatura que ganhou grande
popularidade, principalmente no nordeste do país. A Literatura de Cordel, que é um
gênero literário popular escrito na forma rimada e posteriormente impresso em folhetos
17
para serem vendidos pendurados em cordões/cordéis e que também já foram traduzidos
para outras línguas.
2.5. Letras Musicais
As letras musicais acarretam outros desafios para a tradução, levando em
consideração, novamente, a fidelidade ao original, porém, quando se trata de um texto
musical, este deve se submeter a rimas e notas e quase sempre diferem a tradução.
Neste gênero, palavras não são mais traduzidas sozinhas, notas musicais e tons
juntamente com a pronúncia, e a acentuação as acompanham. As poesias cantadas, desta
vez, somam a escala de tons adaptando-se a um novo idioma, com outros signos,
criando assim novos desafios aos musicistas tradutores.
2.6. Títulos cinematográficos
Outro tipo de tradução de idiomas pode ser observado em títulos
cinematográficos adaptados para o português. Por exemplo, o filme “The Big Country”
de 1958 (EUA), adaptado do livro de mesmo nome, do escritor Donald Hamilton, que
chegou ao Brasil intitulado de “Da Terra Nascem os Homens”, sendo que a tradução
(de The Big Country) ao pé da letra significa “O Grande País”.
Outro exemplo é o filme “North”, de 1994 (EUA), de direção de Rob Reiner,
que adaptado para o português obteve o título “O Anjo da Guarda”, sendo que sua
tradução, ao pé da letra, significa “Norte”.
Ou o mais recente “The Hangover” que adaptado ficou conhecido como “Se
Beber, Não Case” (2009), que significa “A Ressaca” se tivesse tido sua tradução exata.
O que se deve levar em consideração quanto a tradução de títulos é saber que há
títulos cinematográficos que são mais vendáveis em determinada cultura do que em
outra. Muitas vezes a questão nem é bem a tradução do título para o português, mais
sim o lado comercial da coisa.
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2.7. Legendas
Se os títulos que comentamos acima são traduzidos para nosso idioma, suponha-
se que diálogos de cenas cinematográficas também terão de ser traduzidas, e é neste
momento que os profissionais que traduzem para legendas, entram em ação.
Para o profissional que traduz o texto do audiovisual, é importante ter
consciência da relação tempo/leitura. É comum quando assistimos a um filme legendado
observar que o ator com a voz original muitas vezes pronuncia mais palavras do que
aparece em nossa tela.
Este fato ocorre pela relação tempo/leitura comentado anteriormente, desta
forma frases grandes serão reduzidas sem perder o contexto e sendo adaptadas para
nossa realidade, para isso existe todo um padrão ao legendar audiovisuais.
Porém, nesta área, o profissional que assume os trabalhos é o interpretador
“quando o texto é oral, falado, diz-se que há interpretação, e quem a realiza então é um
interprete”. (Geir Campos, 1986, p. 7).
2.8. Dublagem
Agora se você não gostar de acompanhar legendas, existe um recurso bastante
usado nos dias de hoje, que também tem relação com tradução, é a dublagem.
Dublar significa substituir a voz original de produções audiovisuais (filmes,
séries, novelas, documentários, entrevistas, entre outros), por uma nova voz, à de um
dublador que interpreta todo o diálogo existente na produção, quase sempre em outro
idioma.
O percussor da dublagem no mundo é o cinema, pois começou a "dublar" em
1927 com o filme “The Jazz Singer” (O Cantor de Jazz), que incluía apenas algumas
falas. Porém, foi em 1929, com “Lights of New York” (Luzes de Nova York), que o
cinema lançou seu primeiro filme totalmente dublado.
Muitos dubladores também são atores, acreditando que um dublador é
interpretador e um co-autor da obra em questão, e é extremamente importante que ele
19
saiba interpretar contextos, pois na dublagem audiovisual as novas vozes têm-se de
encaixar-se o mais perfeito possível com a movimentação dos lábios do ator/atriz que
está recebendo uma tradução de idioma.
2.9. Tradução automática
Não é exclusividade da era digital falar-se em tradução automática, as primeiras
especulações sobre o assunto iniciaram-se na década de 1950, onde muito se falava
sobre tradução pelo advento da informática, ou seja, da tecnologia. Depois de muitos
estudos, concluiu-se que qualquer máquina (sozinha) seria incapaz de prever ou evitar
os erros de tradução.
A máquina (computador), somente seria capaz de traduzir corretamente se
manipulada por um tradutor, e o caso era inviável no âmbito do custo de execução. Com
a evolução da “inteligência artificial”, já nos anos 2000 percebeu-se que o grande
desafio resultaria em estocar repertórios de palavras e a elaboração de programas
solucionadores de questões lingüísticas.
Esta máquina de traduzir tão especulada, há décadas passadas, resulta em sites
de traduções automáticas que temos nos dias de hoje. Na era digital, tais sites
conhecidos e de grande acesso utilizam para suas traduções, bancos de palavras em mais
de cinqüenta idiomas diferentes.
Para utilizar, basta escrever uma palavra ou frase em qualquer idioma e definir
para qual idioma você pretende que a tradução ocorra, aperte o botão de execução (que
estará posicionado na página) e como um passe de mágica lá estará a palavra ou frase e
até mesmo textos inteiros traduzidos.
Mágicas tecnológicas às vezes falham. As palavras são traduzidas, porém não
contextualizadas, e em certas ocasiões você não irá entender o sentido da tradução. Mas
esse “problema” está próximo de ser resolvido, visando que técnicas podem ser
aprendidas, e ensinadas, até as máquinas.
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Se levarmos em consideração a rapidez evolucionária da “inteligência artificial”,
se tornará nítido que a existência de uma máquina de traduzir sem erros lingüísticos e
semânticos, é uma questão de tempo.
2.10. Tradução Semiótica
Após conhecer mais sobre os tipos de traduções de idiomas, abordaremos outro
tipo de tradução, esta é a tradução semiótica. De acordo com Lúcia Santaella (1992, p.
37), semiótica é a “teoria dos signos, isto é, teoria de todas as formas, modalidades ou
tipos de linguagem”, “que se aplicam ao conhecimento e uso dos processos
comunicacionais tomados de sua significabilidade, isto é, do poder que os sinais,
coisas, comportamentos, ações, enfim, tudo o que pode ser organizado como matéria
significante tem de significar” (PERUZZOLO, 2004, p. 41).
Signo (“Semêion”, em grego), que para antigos pensadores gregos que
desenvolveram as primeiras descobertas sobre o termo, e que já conhecemos
anteriormente, aparecem na tradução semiótica.
Deste ponto em diante usaremos a teoria da semiótica russa, que se constituiu no
departamento de semiótica da universidade de Tártu-Moscou, nos anos 1960, para a
construção de nossa análise da tradução, um processo de linguagem.
A necessidade de compreender problemas de linguagem fez com a
semiótica da cultura já nascesse, não como uma teoria geral dos signos
e das significações, mas como uma teoria de caráter aplicado, voltada
para o estudo das mediações ocorridas entre fenômenos
diversificados. (MACHADO, 2003, p. 25)
Sobre a escola russa, Irene Machado (2003, p. 24) afirma que “no campo dos
estudos russos, toda e qualquer investigação orientada pela compreensão da linguagem
é, por natureza, semiótica”.
O ato de traduzir entre meios de comunicação diferentes, por exemplo, de uma
obra literária para uma serie de TV, chama-se tradução intersemiótica. Segundo Júlio
Plaza (1987, p. 22), “foi o pensador Russo Roman Jakobson, o primeiro a falar sobre o
termo”.
21
A tradução Intersemiótica ou “transmutação” foi por ele definida
como sendo aquele tipo de tradução que “consiste na interpretação dos
signos verbais por meio de sistemas de signos não verbais” ou “de um
sistema de signos para outro, por exemplo, da arte verbal para a
música, a dança, o cinema ou a pintura”, ou vice-versa, poderíamos
acrescentar. (PLAZA 1987, p. 19)
A intersemiótica envolve diferentes traduções, tipos de linguagens, desvendando
que a forma de comunicar de cada meio de comunicação constitui características
próprias ou signos próprios. Ainda é como traduzir de um idioma para outro,
considerando que os signos fazem com que cada meio de comunicação comunique em
idioma próprio.
2.11. Semiose entre cinema e literatura
A primeira tradução semiótica entre obra literária e cinematográfica
provavelmente aconteceu em 1902, com a que possa ser considerada a primeira
adaptação literária para o cinema, o mais famoso filme do Francês, George Méliès, que
se inspirou na obra de Julio Verne “Da Terra à Lua” para produzir seu famoso filme
“Viagem à Lua”.
Em tempos atuais, fazendo um levantamento das obras literárias que adaptadas
chegaram às telonas, é possível enumerar diversos títulos, principalmente títulos
fantásticos. Esse tipo de literatura em mundos fantásticos é, com o advento da
tecnologia, melhor representado no cinema.
Com efeitos especiais e computação gráfica o fantástico recebe maiores cargas
de realismo, criando imersão da parte do público, que se “jogo” na história, do mundo
que lhe foi criado e este se torna real de tão perfeito que parece ser.
Exemplo do assunto é a série de sete livros, “As crônicas de Nárnia”, escrita
pelo autor britânico Clive Staples Lewis, em 1954. Os livros foram traduzidos para mais
de 40 idiomas e já foram adaptados diversas vezes, para rádio, televisão, teatro e
cinema. No cinema, a história infantil tomou forma em 2005, com produção da Walt
Disney Pictures.
No Brasil também há casos de livros adaptados como o filme “Memórias
Póstumas de Brás Cubas”, já tendo sido adaptado em três versões para a telona.
22
Entretanto, a versão mais fiel à obra ficou por conta do diretor André Klotzel, no ano de
2001.
A obra literária “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi escrita por Machado de
Assis, em 1881, e já foi traduzida para mais de dez idiomas. Porém a história não
chegou somente ao cinema, já foi adaptada para teatro, virou série, música, etc.
Entretanto, mesmo com inúmeros livros adaptados no cinema, tais obras ainda
sofrem diversas críticas principalmente dos leitores das obras literárias, que nunca se
satisfazem por completo com as palavras que ganharam imagens em movimentos.
O leitor que passa horas, dias e às vezes meses lendo uma obra, cultua aquela
história e cria em seu imaginário todo e qualquer detalhe exposto entrelinhas. Mesmo o
leitor tendo algo disposto como referência é comum e natural nascer a cada página
virada uma nova criação, já sabendo que o livro proporciona a liberdade de interpretar e
imaginar.
Os fãs cultuam a história, o processo se torna uma espécie de ritual, as pessoas
chegam até a caracterizarem-se como os personagens e é perceptível o envolvimento
com aquele mundo literário, o quanto ela se entregou àquele mundo.
Posteriormente quando o mundo imaginário se torna vivo, segundo a visão de
alguém como o diretor de cinema é nítido a frustração, pois à obra filmada nunca será
idêntica à obra idealizada pela imaginação do leitor. Mesmo levando em consideração
as referências e o conhecimento do profissional “culpado” pela adaptação “mal feita” na
opinião dos fãs, as cenas ali vistas, que antes já foram lidas, causam estranheza.
O profissional cinematográfico responsável pela adaptação jamais conseguirá
agradar a todos, pois cada pessoa imaginou de forma diferente da outra, porém, é
necessário apontar que literatura e cinema, assim como todos os meios de comunicação,
têm com certeza aspectos em comum.
Mesmo porque nenhuma tradução pode ter a pretensão de substituir o
original: é apenas uma tentativa de recriação dele. E sempre cabem
outras tentativas. Pode-se dizer que, de um mesmo texto, poderão
existir tantas traduções aceitáveis quantos forem os objetivos a que ele
puder servir. (CAMPOS, 1986, P. 12)
Mesmo ao falarmos sobre adaptação de uma história literária para uma história
cinematográfica, por exemplo, a conexão é maior do que se imagina, já que o texto
23
nunca deixa de existir, visando que o processo de adaptação dos meios para a produção
do produto exige várias etapas. E as etapas primordiais, no caso dos audiovisuais são os
roteiros ou enredos, que somente porque são intitulados diferentemente, não deixam de
ser textos.
Portanto, é possível observar que a literatura tem espaço e recursos para ser
encontrada em todos os meios de comunicação, criando uma interação com esses meios,
para que somente após esta etapa o literário possa virar audiovisual.
24
3. A linguagem literária como escritura cinematográfica
Para que um sistema literário chegue às telonas, é necessário antes que ele sofra
um processo de tradução, pois existem características próprias para cada meio de
comunicação, e entre literatura e cinema não é diferente.
Antes que um filme inspirado em obra literária chegue ao olhar dos
espectadores, são percorridas várias etapas para que o processo de adaptação, ou
melhor, a semiose se concretize com êxito, sem ser qualificado como cópia, mas, sim,
como nova leitura de uma obra.
Como visto no capítulo anterior, o roteiro é o espaço concreto entre a junção
destes dois sistemas, é o momento exato onde um texto se torna audiovisual, e esta
etapa de tradução, onde um conjunto de signos se adequa a outro, somente é possível
por intermédio da tradução semiótica, que tende a adaptar características de um meio a
outro.
Seguindo o pensamento do Canadense Marshall McLuhan, a escrita pode ser
considerada uma extensão da fala, e foi desenvolvida a partir da criação do sistema de
sinais, que se constituía em uma escrita feita por desenhos ou pictogramas, inventada
por um povo intitulado de Sumérios, por volta de 3000 a.C., no Oriente Médio.
Há milhares de anos, o livro, a primeira casa das letras a ser produzido em maior
escala, é um dos objetos mais utilizado como meio de comunicação, sendo considerado
transporte de conhecimento e informação, como já comentado anteriormente.
A literatura não é um jogo, um passatempo, um produto anacrônico
de uma sociedade dessorada, mas uma atividade artística que, sob
multiformes modulações tem exprimido e continua a exprimir, de
modo inconfundível, a alegria e a angustia, as certezas e os enigmas
do homem. (Aguiar e Silva apud Lajolo, 1995, p. 7)
No trecho acima, o poeta português Vítor Manuel de Aguiar e Silva, afirma que
o livro possui grande credibilidade no mundo. O livro faz parte de um sistema maior de
linguagem que envolve vários tipos de meios, e enquanto sistema ele apresenta
características próprias, e neste caso a escrita e a fala prevalecem.
A literatura trabalha com o real, pode criar vida própria, enredo único, críticas
próprias e mensagens com total liberdade de imaginação e criação, diferentemente da
história, assim como um dia disse Aristóteles (apud Lajolo, 1995, p. 45) “enquanto a
25
história narrava o que realmente tinha acontecido, o que podia acontecer ficava por
conta da literatura”.
A história relata um acontecimento real, com datas, nomes, e o mais importante
é que são fatos verídicos e que não podem, ou pelo menos não deveriam, ser vetados ou
exaltados no enredo escrito.
Saber a diferença entre história e literatura não afirma, de maneira alguma, que a
literatura não escreva sobre a realidade, pelo contrário “a literatura recebe influências
da realidade, mas também devolve influências sobre a realidade. Ela se move no
contexto histórico”(Megale, 1975, p. 3). E prossegue:
Toda obra literária é, antes de tudo, fruto da capacidade criadora que
atua no campo do não-racional capitado pela inteligência humana e
comunicado através da linguagem. (MEGALE, 1975, p. 12)
Seguindo o pensamento de Megale no trecho acima, entende-se que a inspiração
de realidade ou não, é resultado da criação humana, e o fato corresponde também à idéia
de capacidade existente no homem para efetuar a semiose a partir de uma idéia
traduzindo-a de um meio para outro.
A palavra literatura deriva da forma latina litteratura “nasce de outra palavra
igualmente latina: littera, que significa letra, isto é, sinal gráfico que representa, por
escrito, os sons da linguagem (Lajolo, 1995, p. 29)”. No dicionário, para literatura
existem vários significados, a que mais se adequa a nossa busca por entendimento é a
que esta descrita por “arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa e
verso”.
3.1. Prosa e Poesia
A prosa e o verso referidos no parágrafo acima, nada mais são do que duas
modalidades de expressão em literatura, estas são: prosa e poesia. Esta divisão não é
hierárquica e sim organizacional (Megale, 1975, p. 12), “ambas são fruto de uma
atitude humana que denominamos poética”.
Tais modalidades são um tipo de organização ou separação pela qual a literatura
se submete, criadas para facilitar a classificação e a elaboração de títulos literários,
26
portanto, os textos literários são estruturados em dois grupos: textos em verso (poesia) e
textos em prosa.
Tais textos em suas divisões utilizam de recursos próprios que são, entretanto,
próximos e às vezes antônimos,“a poesia se caracteriza por ser a expressão do “eu”
por meio da linguagem conotativa, ou de metáforas polivalentes” (Moisés, 1969, p. 83).
Moisés segue o raciocínio caracterizando a prosa, que (1969, p. 83) “constitui a
expressão de “não-eu” através de metáforas aproximadamente univalentes”.
Assim, que um drama seja escrito em prosa ou em verso, é indiferente
para a criação literária. Diremos melhor: a distinção entre a pessoa do
poeta e pessoa do prosador enquanto criadores literários é secundária.
Se forem produtos de uma literatura legítima, ambos serão igualmente
possuidores da mesma instituição criadora, que encontra diversos
meios de expressão, num a prosa e no outro o poema. (MEGALE,
1975, p. 12)
No trecho acima, Megale comenta sobre a credibilidade e a qualidade literária de
ambos, respeitando suas características, entretanto, ele esclarece que conceituar prosa e
poesia nos limites poéticos seria como afirma o pensador russo Roman Jakobson (apud
Megale, 1975, p. 12) “uma simplificação excessiva e enganadora”.
Portanto, a seguir serão classificadas tais divisões respeitando-as
individualmente em cada denominação e esclarecendo diferenças e características úteis
e básicas para a elaboração de uma obra.
Primeiramente o poema, que é considerado texto poético escrito em verso, sendo
necessário estabelecer ritmo ao texto. Para escrever um poema não utiliza-se toda a
linha, mesmo quando há pontuação, formando estrofes, que são pequenos blocos de
textos, intitulados desta forma na época do Modernismo.
No gênero da poesia, comumente utiliza-se o signo em sentido figurado, dando
outro sentido às palavras que não o original. Por esse motivo, a conotação está,
essencialmente, presente neste tipo de texto. Um poema ainda contém em seu
desenvolvimento, mensagens metafóricas que não representam o real, criando um
sentido poético.
Já a poesia é a “atmosfera de beleza da própria mensagem” (Megale, 1975, p.
13), ela relata conteúdo subjetivo e emotivo por meio da fala, este é o momento do
27
poema escrito ser recitado. A poesia refere-se à emoção, trabalha com sentimentos e
sentidos que o autor do poema quis que os leitores ou ouvintes sentissem ao ler ou ouvir
tal poesia sendo recitada.
A ação poética pode ou não estar presente em todos os tipos de textos porque é
abstrata e trata do sentido do texto, assim como afirma Megale (1975, p. 13) “pode
existir tanto na prosa, como no poema, assim como pode não existir em nenhum dos
dois ou ainda existir em qualquer um dos dois”.
Diferente do poema, o texto em prosa é organizado em frases, parágrafos e
capítulos, escrito com total aproveitamento da linha. Sua escrita pode ser narrativa e
objetiva com linguagem menos figurada, utilizando as palavras, de preferência, em seu
sentido comum, real, denotativo.
A prosa é uma “forma de expressão continuada. É a linguagem em sua
expressão comum, natural, espontânea” (Megale, 1975, p. 12). Seguindo o raciocínio
do autor, entende-se que o texto em prosa seja totalmente livre, mesmo tendo uma
característica essencial para o texto: o ritmo.
Além de prosa e poesia, podemos citar outra classificação de estrutura literária,
esta é a “prosa poética”, que pode ser considerado um agrupamento de características,
uma reunião entre pedaços de prosa e poesia.
A diferença desta nova estrutura é que antes deste elemento literário existir, um
texto poético jamais pudera ser escrito em prosa e com a prosa vice e versa. Por
necessidade de preencher tal espaço existente é que a “prosa poética” surgiu, sendo
considerada nova vertente de miscigenação.
Conclui-se que limites de escrita literária não existem obrigatoriamente,
dependem muito da cultura de lugar, da sensibilidade e do nível de bagagem que o autor
possua, ajudando a estabelecer um limite elástico à produção de obras mescladas.
Entretanto, as miscigenações de elementos da literatura não existem
isoladamente no panorama da comunicação. Por vezes eles entram em contato com
outras formas de linguagem, entre as quais se destacam, por exemplo, o teatro, o rádio, a
televisão, a revista, o jornal impresso e o cinema.
Aliás, a ligação entre literatura e cinema tem sido há um longo período
responsável pela criação de verdadeiras obras de arte. Elementos da linguagem literária
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migram, ou melhor, sofrem semiose e passam a transitar na tela cinematográfica,
completamente adaptada ao novo meio.
O tipo de elemento literário normalmente adaptado para o cinema é a prosa, por
conter características que se encaixam melhor com a linguagem audiovisual. Com a
poesia, por exemplo, por manter entendimento mais aberto, ela se adapta melhor a vídeo
do que a cinema.
O que une literatura e cinema é, sem dúvida, a narrativa que nunca se restringiu
à transmissão literária. Ao contrário, sempre transitou por diversos meios, mas que
encontrou na literatura uma de suas maiores expressões. Sendo desta forma, também,
para o universo cinematográfico que encontrou na literatura um novo espaço de
expressão.
Há, portanto, entre literatura e cinema uma grande proximidade que se
materializa na semiose. Elementos literários se transformam em elementos
cinematográficos ao serem adaptados, palavras se transformam em planos e
posicionamentos de câmeras, tendo como mediador o texto de cinema, chamado de
roteiro.
3.2. Características entre cinema e literatura
A linguagem cinematográfica junto à literatura, constituída unicamente por
escrita, é responsável pelo fenômeno da tradução semiótica, no momento em que o
cinema, constituído em imagem e som, reproduz textos literários adaptando-os à fita
fílmica.
Características cinematográficas podem ser, tanto técnicas quanto de lugar, que
correspondem à situação ambiental em que a pessoa se encontra ao apreciar um filme na
telona, como a sala escura, a coletividade e o silêncio.
O ambiente cinema, com sala escura, pipoca e a voz em sussurro, propicia ao
espectador imersão para dentro da obra, assim como acontece quando na literatura lê-se
um livro e vê-se imerso na história, no cinema, também, ocorre tal fenômeno.
No cinema, não nos encontramos mais no mundo, obrigados a nos
guardar dos seus golpes e das suas ameaças, mas ante ele, protegidos,
anônimos e disponíveis: diante do filme, somos absolutamente livres
por uma completa participação. (MARTIN, 1963, p. 21)
29
O autor refere-se à idéia de concentração, onde, de nenhuma maneira, outra
preocupação existe ao apreciar uma sessão de cinema. No espaço fílmico, os
espectadores estão totalmente a mercê do audiovisual, submissos até com o fato “tempo
imposto” que o cinema impõe.
Com a literatura é bem diferente, os ambientes propícios para se ler o livro são
inúmeros, porém, interferências também são muitas, entretanto a leitura é flexível ao
contrário do cinema e o leitor tem a possibilidade de abrir e fechar a história, quando
bem entender.
Interferências, também, ocorrem no cinema. Dependendo do filme e da
organização seqüencial da obra ao se perder uma cena, o espectador poderá perder
informações que podem ser primordiais para o entendimento do audiovisual. Uma vez
que, o cinema contém informações rápidas levando em consideração seu tempo,
diferente da televisão, com as novelas que repetem suas informações, por exemplo, para
total absorção dos telespectadores durante a vida cotidiana.
O leitor em contraponto não deve se preocupar com o tempo, já que neste caso,
ele é o “senhor do tempo”, lê quando, como e quanto tempo bem entender, e se ocorrer
qualquer interferência é só “pausar” a narrativa e ao voltar a abrir as páginas, lá estará a
história o esperando, exatamente onde ele havia parado.
Outra característica curiosa e distinta, entre cinema e literatura, fica por conta do
individualismo e da coletividade. A literatura é solitária em relação ao cinema, onde o
mesmo é apreciado coletivamente, e por suposto suas emoções não são recebidas e
reagidas individualmente, diferente do livro onde suas emoções são individuais e
solitárias.
Como já sabemos, livros referem-se somente a escrituras e cinema, enquanto
audiovisual, é uma mistura entre áudio e imagem, por este motivo as possibilidades de
criação de ambos são distintas. Por exemplo, o processo para fazer com que o
espectador identifique, em cada um destes dois meios de comunicação, que está em
determinado lugar, espaço ou época, é completamente diferente.
Este processo é executado por meio de dados simbólicos, que são marcações de
grande expressividade nas cenas, como no exemplo de Marcel Martin, (1963, p. 26) “na
panorâmica de uma cidade, bastará acrescentar a silhueta da Torre Eiffel para que
todo mundo saiba que se encontra em Paris”.
30
Toda imagem fílmica está, pois no presente: o pretérito perfeito, o
imperfeito, o futuro eventualmente não são senão o produto de nosso
julgamento situado ante certos meios fílmicos de expressão das quais
aprendemos a “ler” o significado. (MARTIN, 1963, p. 23)
Há um caráter importante e curioso, do qual o autor faz relação no trecho acima,
pelo qual o cinema se desenvolve. Segundo as afirmações de Martin, a denominação de
tempo e espaço é determinada, pelo telespectador, ao identificar signos como marcas
simbólicas.
Nas páginas de um livro, a determinação de tempo e espaço ocorre por meio da
escrita. Para sinalizar uma época ou lugar, diferente do cinema, a literatura tende a ser
explícita, a explicar; do contrário, o leitor não saberá quando e onde estará localizado.
A linguagem literária até pode usar de artifícios distintos para expressar tempo,
espaço e características, por exemplo, referindo-se à terra da garoa, ao invés de São
Paulo, porém tais artifícios sempre serão escritos.
A forte presença de imagens em audiovisuais, não significa a não existência de
imagens em literatura, pelo contrário, a imagem está presente sim, porém, estática e sem
a presença do áudio. Imagens podem ser encontradas como ilustrações, fotos ou
gráficos, mas, principalmente na própria escritura literária que não podemos esquecer,
também, é uma imagem.
Sobre as sinalizações cinematográficas, para aprender a identificar tais símbolos,
somos perfeitamente capazes de criar montagens ideológicas generalizadas. A imagem
do cinema “tem então o papel de medição de uma realidade mais profunda, de um
“para além” da aparência” (Martin, 1963, p. 24). E por este motivo a imagem de um
“determinado homem na tela pode representar toda a humanidade” (Martin, 1963, p.
25).
3.3. A técnica do cinema
Existem três características marcantes e fundamentais para que o nascimento de
um audiovisual seja executado com sucesso. A primeira é a sonoridade, caracterizada
31
por ajudar o cinema a ser o mais real possível, dentre suas possibilidades. Efeitos
sonoros podem ser divididos em duas partes: sons ambientes e trilhas sonoras.
O som ambiente é contido no cinema para expressar a ambiência dos seres e
objetos. E as trilhas sonoras são músicas de fundo nas cenas, que são usadas para
expressar emoções distintas. Uma cena muda completamente seu sentido a partir de sua
trilha, e esta insere grande liberdade criativa a qualquer obra audiovisual.
A cor também é um dos elementos fundamentais desta lista, ela chama a atenção
do espectador e está a favor do cinema, tudo bem que o cinema um dia foi preto e
branco, porém, em 1930, quando os primeiros filmes a cores começaram a serem
exibidas, as coisas mudaram completamente.
Um exemplo de filme colorido é o desenho animado realizado por Walt Disney,
“Flowers and Trees”, de 1933, que possibilitou melhor aproximação do público com a
realidade, causando comparação com a ficção fílmica.
Característica diferente, que trata do externo, o relevo, refere-se ao ambiente e a
imagem percebida de fora da tela. Outro ponto polêmico e que nos dias de hoje constitui
bom espaço, entre os filmes em cartaz, é a terceira dimensão, o cinema 3D.
A história do cinema 3D, ao contrário do que muitos pensam, é bem antiga.
Começa no século XIX, quando em 1838 o físico e inventor britânico Charles
Wheatstone inventou o estereoscópio, uma combinação de dois espelhos, que juntos
possibilitavam enxergar imagens em 3D a partir do 2D.
Logo em seguida surgira o anáglifo, uma espécie de imagem ou vídeo feito de
maneira especial, propiciando efeito tridimensional. As imagens em anáglifo eram
formadas por duas camadas sobrepostas, em pequena distância criando profundidade e
somente podiam ser enxergadas com óculos, especiais feitos com filtros coloridos (um
azul e outro vermelho) em cada uma das lentes.
De produção norte-americana em 1922, o longa-metragem “The Power of
Love” pode ser considerado o primeiro filme em 3D da história, mas não o único. Sabe-
se que tempo depois os irmãos Lumiére, também, produziram alguns filmes em terceira
dimensão com grande êxito.
Seguindo a história em 1950, foram lançados diversos títulos em 3D, e as
revistas também aderiram à nova experiência, entretanto, anos após, o uso do 3D caiu
32
em esquecimento devido aos custos altos das produções e ao cansaço visual que os
espectadores apresentavam.
Nos anos 1980, a terceira dimensão é resgatada por Walt Disney em seu parque
temático, e já em 2000 o 3D recebera nova roupagem, tendo sua explosão de vida e
ganhando novas possibilidades, com o advento das novas tecnologias.
A inteligência artificial propiciou à imagem em 3D maior qualidade e
praticidade, inclusive, em tempos atuais, é possível ter uma TV ou um aparelho
notebook, já com imagem 3D em casa, com toda comodidade e até com os óculos
necessários.
Diante dos fatos, podemos concluir que este é só o começo para o cinema, onde
o mesmo poderá sofre grandes avanços tecnológicos em breve.
3.4. Movimento, imagem e planos
Primordial e que causou espanto nos primórdios do cinema, o movimento é
essencial para dar o sentido de realidade e proximidade a cada cena, como, por
exemplo, na seqüência onde folhas ou flores caem lentamente de uma árvore, na
representação dramática ou romântica, expressando sentimentos.
Outro exemplo que podemos enumerar, por serem elementos que atraem
emoções a às cenas, são seqüências do gênero ação, com trens desgovernados ou em
perseguições entre carros.
As indicações técnicas são importantes para o desenvolvimento do roteiro, pois
elas indicam as movimentações de câmeras, planos e ambientes, além da
ambientalização e dos diálogos dos personagens, é claro.
A câmera tornou-se móvel como o olho humano, como olho do
espectador ou como o olho do herói do filme. O aparelho é doravante,
uma criatura em movimento, ativa, um personagem do drama.
(Martin, 1963, p. 30)
A câmera, como afirma Martin no trecho acima, é considerada o olho do público
dentro da obra, é ela que direciona o olhar dos espectadores, e a partir daí passamos a
enxergar para onde ela nos aponta. De certa forma, ela domina o espectador e o
33
direciona, é a responsável pelo susto e pela surpresa de imagens e tudo isso a mando do
roteiro.
Para que o filme tenha mais movimento e, por conseqüência, emoção, como
vimos anteriormente, é necessário que a câmera se movimente, que o filme seja rodado
em vários ângulos e dimensões diferentes.
Esta é uma prática comum em tempos atuais, entretanto, sabe-se que nos
primórdios da ação fílmica, a movimentação de câmeras era uma idéia até então
impossível devido ao peso e à difícil possibilidade de locomoção dos equipamentos.
Começaremos a explicação com os ângulos, mais conhecidos como planos. O
plano é a perspectiva em que a câmera irá olhar determinada cena, existem vários tipos
de planos cinematográficos, Martin credita a criação dos planos ao inglês G. A. Smith,
por ele ter, em 1900 (1963, p. 30) “libertado a câmera de sua enércia, modificando-lhe
o ponto de vista na mesma cena de um plano para outro”.
Existem inúmeras classificações de planos criadas por inúmeras pessoas. Os
termos que conheceremos a seguir foram encontrados no livro “Cinema Documental”,
de Manuel Faria de Almeida (1982, p. 58):
Muito Grande Plano (MGP): parte da cabeça do ator;
Grande Plano (GP): A cabeça e o pescoço do ator;
Plano Próximo (PP): O ator visto da cabeça até o peito;
Plano Médio (PM): O ator visto da cabeça até a cintura;
Plano Americano (PA): O ator visto da cabeça até o meio da coxa;
Plano Geral (PG): O ator inteiro, rodeado de algum espaço;
Plano muito Geral (PMG): O PG com mais espaço ainda; dá-nos a
completa geografia do lugar.
Porém, considerando que Almeida escreveu tal obra em 1982, é natural concluir
que ocorreram algumas mudanças em relação aos planos, seja em nomenclaturas ou
significados. Logo mais abaixo, seguem alguns planos postados no site Tela Brasil, que
faz parte de um projeto construído há anos pelos cineastas Laís Bodanzky e Luiz
Bolognesi.
34
O projeto Tela Brasil consiste em levar a magia do cinema o mais próximo
possível das pessoas interessadas em aprender sobre cinema, o site foi criado em 2008,
por uma parceria com a fundação telefônica e a CCR. A página pode ser acessada pelo
endereço eletrônico www.telabr.com.br:
Planos que não sofreram mudanças:
Plano Geral: O ator inteiro, rodeado de algum espaço;
Plano Americano: O ator visto da cabeça até o meio da coxa;
Plano Médio: O ator visto da cabeça até a cintura.
Plano Próximo (PP): O ator visto da cabeça até o peito;
Plano muito Geral (PMG): O PG com mais espaço ainda; dá-nos a
completa geografia do lugar.
Planos que tiveram seus nomes alterados:
Primeiro Plano, antes conhecido como Muito Grande Plano: parte da
cabeça do ator;
Close, antes com o nome de Grande Plano: A cabeça e o pescoço do
ator.
Novos planos cinematográficos:
Plano Conjunto: que ocupa toda a tela com os personagens;
Primeiríssimo Plano: detalhe de alguma parte do rosto do ator;
Plano Detalhe: foca determinado objeto ou parte do corpo do ator
construindo uma ação, por exemplo, ao mostrar uma mão com uma
caneta escrevendo uma carta.
Primeiro Plano com travelling: da mesma forma que o primeiro plano
tradicional, porém, em movimento. (5 de outubro de 2011)
Existem três tipos de movimentações de câmera usualmente utilizadas nos
filmes. Para que ocorra uma movimentação é necessário levar em consideração o
contexto, o ambiente e a ação, ou seja, “os movimentos de câmera não se fazem sem
uma justificação” (Almeida, 1982, p. 59).
Os três movimentos são chamados de panorâmica, travelling e movimento de
grua. O primeiro é considerado uma movimentação que filma a cena por uma grande
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perspectiva, porém, sem que ela saia de seu lugar “é o movimento horizontal ou
vertical, para a esquerda ou para a direita” (Almeida, 1982, p. 59).
Diferentemente da panorâmica, a câmera em travelling se movimenta “para
frente, para trás e para os lados” (Almeida, 1982, p. 60), dando assim a impressão que
estamos andando, distanciando-nos, ou aproximando-nos do ator ou da cena.
Martin credita o feito, por acaso, do travelling, a um trabalhador, (1963, p. 29)
“não obstante, desde 1896, o travelling tinha sido espontaneamente inventado por um
operador de Lumiére que colocava sua câmera em uma gaiola em Veneza”.
Já o movimento de grua, utilizado para cenas filmadas com a ajuda de uma grua
(uma espécie de guindaste ou guincho), é feito com a ação de sobe e desce que se
distancia ou aproxima em determinados momentos. A grua é bastante utilizada para
cenas panorâmicas, como em um jogo de futebol, por exemplo, pois apesar de se
movimentar, ela não se desloca.
Todas essas especificações técnicas para a gravação de um filme são
encontradas, também, em textos juntamente com a narrativa dos diálogos, no roteiro.
Um roteiro serve como organizador, nele são expressas informações de lugar, local,
tempo e espaço, diálogos dos personagens, passagens e movimentos de câmeras.
3.5. Escritura cinematográfica
Um texto de roteiro não é literatura, entretanto é necessário associar que ele,
também, é texto escrito e por este motivo pode ser considerado escritura. Roteiro,
segundo Doc Comparato (1983, p. 15) “é a forma escrita de qualquer espetáculo áudio
e/ou visual”, como por exemplo, o teatro, o cinema e a televisão. Um roteiro bem
estruturado com características essenciais tende ser a divido em três partes: Logos,
Pathos e Ethos.
Englobando o universo da escrita, o Logos refere-se “a palavra, o discurso, a
forma que daremos” (Comparato, 1983, p. 15) a um roteiro, contendo organizações
gramaticais como verbal e estruturação em geral.
36
O Pathos corresponde à narrativa da vida, “é o drama, o drama humano.
Portanto é a vida, a ação, o conflito do dia-a-dia” (Comparato, 1983, p. 15) que
servem de inspiração para a história. Importante lembrar que o Pathos existe em
qualquer gênero, não somente no dramático.
E por fim, há Ethos, o sentido e o significado da história, o que o criador quer
passar a diante com sua criação, “é a ética, a moral” (Comparato, 1983, p. 15), ele
continua “é o conteúdo do trabalho, o que se quer dizer com ele” (Comparato, 1983, p.
15).
3.6. Etapas e marcações de roteiro
Um roteiro começa sempre com uma idéia, um acontecimento, ou uma
inspiração para criar uma obra, em seguida e antes de ir ao que interessa, o roteirista
deve escrever esta idéia e argumentar, ou seja, justificar sua escolha.
Logo após as etapas citadas, o criador deverá determinar a estrutura da história e
das cenas, definindo, por exemplo, em que época se passará o filme, como afirma
Comparato, (1983, p. 17) “cada cena contém a localização no tempo, no espaço e a
ação”.
A partir deste momento, o autor criará os personagens, um a um. Daqui
“surgem as falas, os diálogos, as aberturas de cena, desenvolvimento e fechamento de
cena” (Comparato, 1983, p. 17), surgem também, as emoções dos personagens, a
personalidade, a relação com a história, os conflitos e o começo, meio e fim de um
roteiro, enfim, é hora de efetivamente escrever o filme e, em seguida, o mesmo estará
pronto para se tornar um audiovisual.
Depois que entendemos as etapas de um roteiro, uma dúvida sobre roteiros
adaptados começa a se desenvolver, porém, é uma dúvida simples de esclarecer. Para a
criação de um roteiro traduzido para o cinema, as etapas são praticamente as mesmas,
entretanto as primeiras etapas já existem. Ou seja, o roteirista não precisa criar uma
nova idéia e amadurecê-la, basta que ele faça a adaptação da idéia já criada pelo autor
do livro.
37
Em seguida, o profissional terá de escolher entre os capítulos, as passagens e os
diálogos que chegarão à telona. Após todo esse processo, seja para adaptações ou não,
existe outra característica primordial para o nascer de um roteiro.
Além das marcações e etapas que vimos anteriormente, o roteiro ainda contém
as informações de lugar, com anotações que se referem a cenas externas ou internas.
Segue abaixo as duas últimas cenas do filme nacional “Se eu fosse você”, de 2005,
direção de Daniel Filho, com roteiro elaborado por Carlos Gregório, que exemplifica o
assunto.
O roteiro foi encontrado no site www.roteirodecinema.com.br, a página criada
em 2002 é uma publicação da Arte & Letra Educações e Cultura, que agrega no portal
informações sobre filmes brasileiros, com publicações de roteiros e outras informações
sobre cinema nacional.
38
Podemos perceber, no trecho do roteiro, que as indicações de ambientes e
câmeras, que vimos anteriormente, estão contidas na cena, assim como o diálogo dos
personagens.
Um roteiro tem de bastar para orientar a equipe a posicionar-se e posicionar
equipamentos e atores. Um filme depende de grande estrutura e isso significa muitas
pessoas trabalhando juntas. O roteiro deve servir como solucionador de perguntas.
Após saber o que é o roteiro e suas etapas, vale a pena lembrar novamente, que
ele é um texto narrativo, que faz a ligação entre dois sistemas de signos distintos e que
se complementam na semiose.
Independentemente de ser linguagem impressa ou audiovisual, o que amarra os
dois sistemas no roteiro é a narrativa. Sendo somente possível executar a adaptação
semiótica de um livro para filme, de tais características.
No processo de seleção de passagens e seqüências, é comum em vezes se extrair
algumas cenas ou aumentá-las em outras vezes, porém o caso ocorre visando às
características de cada meio, para que tudo possa fazer sentido.
No cinema ou na literatura, a estrutura narrativa sempre se mantém
cronologicamente, com cenas em tempo cronológico. Por este motivo, concluímos que a
narrativa é responsável pela grande ligação existente entre a linguagem cinematográfica
e a literária encontrada no roteiro.
Ao fazer a junção destes dois sistemas complementares, a narrativa facilita,
assim, a adaptação ou tradução, já que narrativa, é a estrutura lingüística usualmente
escolhida quando o assunto é a semiose entre livro e cinema.
39
4. O mundo fantástico do romance narrativo
Os primeiros estudos sobre narrativa ficam a cargo do grego Aristóteles, que em
tempos antigos já descrevia características estruturais de um texto, entretanto foi na
década de 1920, com novos estudos de pesquisadores russos, como Tzvetan Todorov,
que a estrutura narrativa despontou.
A atenção de Todorov, ao contrário da do mestre Jakobson, volta-se
para a narrativa mais do que para a poesia. Todorov pretende
colaborar para o fundamento de uma gramática da narrativa, gramática
não no sentido normativo, mas no sentido do conhecimento e
classificação das estruturas narrativas. (PERRONE, 1970, p. 12)
O trecho acima foi extraído da apresentação do livro “As estruturas narrativas”,
de Todorov. O texto é assinado por Leyla Perrone, e complementando ao que ela diz
sobre o estudioso russo, podemos citar, como exemplo de dedicação à narrativa, o fato
do nome narratologia ter sido proposto, para intitular o estudo da estrutura narrativa, por
Todorov.
O estudo da Narratologia visa pesquisar toda e qualquer narrativa, como
elementos estruturais de um texto, tendo como objetivo analisar narrativas escritas de
qualquer espécie. Podemos usar como exemplo o roteiro de cinema.
A análise estrutural terá sempre um caráter essencialmente teórico e
não descritivo; por outras palavras, o objetivo de tal estudo nunca será
a descrição de uma obra concreta. A obra será sempre considerada
como a manifestação de uma estrutura abstrata, da qual ela é apenas
uma das realizações possíveis; o conhecimento dessa estrutura será o
verdadeiro objetivo da análise estrutural. O termo “estrutura” tem pois
aqui um sentido lógico, não espacial. (TODOROV, 1970, p. 80)
Não é a toa que a narrativa seja a estrutura de texto mais usada para a tradução
semiótica entre literatura e cinema. Segundo Todorov, no trecho acima, qualquer
semiose a partir da narrativa, inclusive entre cinema e literatura, é apenas uma das
possibilidades, e o que realmente é observado é a estrutura lógica.
Ao se executar a tradução ou adaptação semiótica entre filmes e livros, a
narrativa facilita, assim, a adaptação ou tradução, já que narrativa é a estrutura
40
lingüística usualmente escolhida quando o assunto é semiose entre estas duas
linguagens distintas.
Dentro da narratologia existem três modos de narrativas, que foram divididos e
intitulados pela primeira vez, na antiguidade, também, por Aristóteles, que escreveu
sobre o assunto e lançou-os na obra “Arte Poética”. Estes são tradicionalmente: o
Lírico, Dramático e Épico.
O primeiro modo que vamos conhecer é o Lírico, considerado a narrativa da
linguagem verbal que faz harmonia com a musicalidade. O termo origina-se da palavra
lira, um instrumento musical antigo, utilizado pelos gregos em meados do século XII
a.C.. Portanto, toda música tocada em uma lira recebia o nome de canção lírica,
inclusive as expressões poéticas, na Grécia Antiga.
No Classicismo, foi um gênero muito preso a formas fixas, mas
proporcionou, ainda assim, grandes expressões universais. Do
Romantismo para cá, tornou-se produto de individualismo e de
liberdade criadora. Exprime juízos subjetivos, sensações, angústias,
paixões, reflexões, análises, etc. (MEGALE, 1975, p. 39)
Acrescentando ao pensamento do autor, o texto considerado Lírico, é um texto
que expressa suas emoções, que expressa o sentimento humano como alegria e tristeza,
tais textos geralmente são subjetivos, com pronomes e verbos em primeira pessoa.
Sobre outras características deste modo narrativo, não podemos esquecer-nos de
mencionar as manifestações do eu-lírico. Comumente o gênero Lírico conta com a ajuda
do eu-lírico, que é um termo usado dentro da literatura, para expressar o pensamento ou
sentimentos do autor, sentimentos que ele não necessariamente sentiu, ou que sentiu,
porém, com outra intensidade, por meio do texto.
O eu-lírico possui criatividade de sentimentos poéticos infinitos, podendo
pluralizar os sentidos, chegando a falar através de animais, objetos e outras pessoas,
como por exemplo, os heterônimos de Fernando Pessoa.
Outro modo que temos na narratológica é o Épico, que coordena a seqüência de
acontecimentos narrativos por meio de episódios, partes ou cenas no caso do cinema.
41
No dicionário, Épico está para “versos”, “feitos heróicos”, “próprio da
epopéia: estilo épico”. Portanto sabemos que este modo já desenvolveu-se em vários
momentos históricos.
Textos Épicos geralmente são longos e há a presença de um narrador, para
contar a história de um povo ou nação, envolvendo guerras, aventuras e heróis exaltados
por seus feitos. Ele é escrito em terceira pessoa.
Tem como alvo a objetividade, a criação de um mundo quase real, que pode ser
desenvolvido com o texto de romance ou novela, por exemplo. E para que este feito seja
obtido, são necessários alguns elementos básicos.
Elementos essenciais do épico são, pois: Tempo, Espaço, Personagem
e Ação. A personagem, designada como herói, no sentido clássico,
chegou mesmo a simbolizar ou a carregar em si, não raro, toda a
nacionalidade, pois a maioria dos fatos heróicos a ela ligações têm ou
pretendem ter implicações históricas de nacionalidade ou, pelo menos,
de uma região, de uma tribo ou família. (MEGALE, 1975, p. 40)
Além desses apontamentos que Megale faz, ele ainda complementa que para que
uma história com vários personagens tenha diversificadas personalidades, é exigido do
autor um distanciamento da obra, uma observação circundante, do contrário seria
comum que todas os personagens se parecessem.
O terceiro modo que iremos conhecer é o Dramático, que é narrado por meio de
representação ou interpretação, como o teatro, por exemplo. Este modo também é
conhecido como gênero teatral por ser usado para escrever peças teatrais, que aliás é o
único momento em que o teatro se torna literatura, já que “representado torna-se arte
mista: literatura, coreografia e música” (Megale, 1975, p. 40).
Drama vem da palavra grega “acção”, que está associada à representação, a
ação teatral, em sentido literário. Drama associa-se ao texto destinado a representação,
independentemente de ser, por exemplo, comédia ou tragédia.
O pensador grego Aristóteles define o modo dramático como a imitação da
realidade, porém não pela narrativa, e sim, por meio de personagens em ação. Tais
textos mantêm, ao contrário do que vimos no Lírico e Épico, uma maior relação com o
público através da composição da ação escrita ao ser interpretada e não ao ser lida.
42
4. 1. A magia do romance adaptado
Modos ou divisões narrativas dão forma aos diversos tipos de textos, sejam
escritos ou audiovisuais. Na estrutura narrativa, podemos citar o gênero romance, por
ser bastante utilizado na criação de textos literários.
Diferente do que muitos pensam, há distinção entre romance e romântico, o
romance é um tipo de livro existente na literatura, que tanto pode ser romântico como
também pode ser classificado como outro gênero distinto, como o policial ou o
dramático, por exemplo. Romance refere-se à estrutura do texto dentro da narrativa.
O texto de romance contém narrativa longa, sempre dividido em capítulos,
possui muitos personagens, que são explorados psicologicamente, com conflitos e
sentimentos que parecem ser até reais. A narrativa no romance contém começo, meio e
fim, e por este motivo é comum encontrar romances divididos em muitos livros, ou seja,
séries.
Pesquisando a série de livros “Harry Potter”, concluímos que ele é
indiscutivelmente uma narrativa do gênero romance. Os livros foram escritos pela
autora britânica Joanne Katherine Rowling, e resultam em sete edições, sendo o
primeiro “Harry Potter e a Predra Filosofal”, lançado em 1997.
O romance literário escrito por Rowling possui narrativa extensa, muitos
personagens surgem a cada novo livro. É constituído cronologicamente e aborda
conflitos quase reais que causam imersão por parte dos leitores.
No mesmo ano de lançamento de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, o produtor
David Heyman já se interessara em adaptar o então desconhecido livro ao cinema.
Porém, foi após a Warner Bros comprar os direitos de adaptação da obra que Heyman
viu sua pretensão tornar-se realidade.
No projeto “Harry Potter, além de Heymam, a Warner Bros contou com Steve
Kloves (Roteirista), e Christopher Columbus (Diretor). O filme somente foi lançado em
2001, e obteve grande sucesso chegando a receber três indicações ao premio da
Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Oscar.
Por ser livro de romance narrativo, as adaptações dos livros Rowlling se
encaixaram tranquilamente no mundo cinematográfico, pois o texto literário romance
43
mantém estrutura propicia à semiose, contendo características que valorizam o
momento da adaptação para o cinema.
O romance impresso é o tipo usualmente escolhido para ser traduzido, ele
costuma ser rodado no cinema porque sua estrutura narrativa é propicia ao audiovisual,
com início, desenvolvimento e final, assim como também ocorre na linguagem
cinematográfica com início, meio e epílogo (final).
A tradução de outros textos literários, como a crônica ou o conto, é bem rara de
acontecer quando pensamos em cinema. Mas podem, sim, ser adaptados a outros tipos
de meios de audiovisuais com sucesso como, por exemplo, o vídeo-clipe.
No caso dos livros “Harry Potter”, o romance se encaixa como o tipo de livro ou
o gênero existente nessa obra, que segundo a idéia de Heitor Megale (1975, p. 39), “é
um grupo de modalidades de expressão literária, formado por interesse comum de
conteúdo”.
Quando com o cinema, os livros deixaram de ser a única possibilidade para a
série de magia, fora agregado a bagagem de “Harry Potter” mais uma classificação que
complementa o gênero literário romance, chamado de fantástico.
Criados como derivações dos gêneros literários, no cinema existem várias
divisões de gêneros como, por exemplo: ação, comédia e terror. E no quesito adaptação
qualquer gênero pode ser traduzido, desde que seja estruturado como romance.
Cada grande obra literária supera o modelo anterior de seu gênero e
estabelece outro, à luz do qual seram examinadas as obras seguintes; e
assim por diante. O modelo, portanto, nunca é definitivo. Os
“modelos” da ciência também têm variado através dos tempos, sem
que isso tenha impedido seu avanço (muito pelo contrário). O modêlo
ideal é aquêle que tenha algumas traves mestras, mas ofereça ao
mesmo tempo certa flexibilidade, para poder variar no momento da
aplicação e ser capaz de revelar tanto o repetido quando o nôvo.
(TODOROV, 1970, p. 11)
Como afirma Todorov tais gêneros para serem classificados não dependem e não
são obrigados a seguir regras severas, apenas eles dependem do país e da cultura deste,
para serem melhores elaborados, e explorados como novos gêneros.
A idéia não se limita a obras literárias, aborda, também, o mundo
cinematográfico, principalmente quanto a localização da indústria cinematográfica,
44
onde a criação em massa, possibilita maior reconhecimento de propriedade. Como
afirma Luís Nogueira (2010, p. 17) “é no cinema americano que os gêneros
cinematográficos encontram a sua manifestação mais sustentada e sistemática”.
Enquanto literatura, “Harry Potter”, também, pode ser considerado junto ao
romance gênero de fantasia, porém é no cinema que o fantástico encontra sua verdadeira
forma de existência, por poder ser realizado concretamente e não imaginado.
O fato não quer dizer que livros fantásticos sejam o único gênero disposto a
sofrer semiose, ao contrário, muitos outros romances com gêneros não fantásticos já
foram adaptados ao cinema e conquistaram grande êxito.
Existem diversas possibilidades com gêneros cinematográficos, que podem ser
inspirados em livros, sendo eles: ação, comédia, drama, fantástico, ficção científica, film
noir, musical, terror, thriller e western.
4.2. O maravilho gênero da fantasia
Porém, o gênero que vamos abordar nesta pesquisa, é o fantástico, ou romance
fantástico, já que este é a origem do sucesso da obra “Harry Potter”. O gênero fantástico
enfatiza o estranho, o maravilhoso e em vezes o sobrenatural, transformando-os em
substância concreta, fazendo com que perguntemos se aquilo realmente não existe.
O fantástico ocorre nesta incerteza; ao escolher uma ou outra resposta,
deixa-se o fantástico para entrar num gênero vizinho, o estranho ou o
maravilhoso. O fantástico é a hesitação experimental por um ser que
só conhece as leis naturais a um acontecimento aparentemente
sobrenatural. (TODOROV, 2007, p. 31)
Ao que Todorov afirma entende-se que o fantástico consiste em causar efeito de
estranheza no expectador, com tudo que não seja coerente com nossas leis naturais,
desencadeando reações como o medo ou a curiosidade para com aquele mundo único.
O “fantástico se define como uma percepção particular de acontecimentos
estranhos” (Todorov, 2007, p. 100), tanto em livros com acontecimentos relatados,
quanto no cinema.
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O fantástico como estrutura de texto serve à narração, pois possui características
da narratologia como os diálogos, a extensão da história e a cronologia. O enredo de
fantasia “permite descrever um universo fantástico, e este universo nem por isto tem
qualquer realidade fora da linguagem” (Todorov, 2007, p. 101).
Um filme fantástico sempre aborda um conflito existente, o herói com seus
próprios sofrimentos, o mundo ou seres das trevas, o bem e o mal, transformando-o em
acontecimentos naturais do dia a dia.
Além de todas as características vistas, o fantástico ainda tem um sentido
específico, e este se tem por resoluções dos conflitos exaltando a moral da história. É
comum encontrar este termo em contos infantis, como em “Chapeuzinho Vermelho”,
onde a mensagem indica o risco que crianças correm ao saírem sozinhas e muito menos
a noite.
Essas mensagens contidas em contos infantis que tentam como resolução ensinar
lições morais a crianças, também existem em romances adultos com os enredos
narrativos, onde acima de tudo pretende passar alguma mensagem moral.
Tais lições de moral podem ser sobre caráter, atitudes, crenças ou ideologias. Em
“Harry Potter” existem muitas mensagens implícitas no decorrer do enredo, porém, a
maior mensagem existente que ronda todos os exemplares é o amor, a amizade, a
valorização da família e acima de tudo a bondade.
Vencer o mal, na saga “Harry Potter” significa derrotar Voltermort, um bruxo
mais que malvado, um ser evocado das trevas que atormenta a vida do herói desde o
primeiro livro. E como não poderia ser diferente, Potter somente consegue derrotar de
uma vez por todas o vilão, nos últimos minutos do último filme.
Apesar de a grande batalha ter ocorrido após seis livros, a cada novo volume, o
jovem personagem se deparava com um novo desafio que acabava sempre em enfrentar
mais uma vez os famosos poderes do Lorde das Trevas e seus discípulos.
Conclui-se que especulações feitas sobre a moral da história da saga estavam
coerentes, já que o grande desafio do personagem é a busca pela paz, e essa apenas
existirá se o mal, representado pelo personagem Voldemort não existir.
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4.3. O encantador sucesso mundial
Os conflitos entre Potter e Voldermort foram adaptados ao cinema e tornaram-se
oito obras cinematográficas, já que o último livro da saga foi filmado em duas partes.
Os filmes produzidos pela empresa americana de audiovisual Warner Bros, já
arrecadaram mais de 11 bilhões de dólares com as obras cinematográficas.
O infográfico representa os números que a série de livros de Rowling já
arrecadaram. A série lucrou em diversas áreas do mercado mundial, com diversos
produtos como games, bonecos, roupas, livros especiais, entre outros.
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Para se ter uma idéia, os livros já foram traduzidos para 69 idiomas com 400
milhões de cópias vendidas. O infográfico ainda apresenta o número de seguidores da
autora na rede social Twitter.
O levantamento de quanto a franquia já arrecadou, foi publicado pela “Revista
Monet”, em sua página da web, no mês de Junho deste ano. Vale ressaltar que o último
filme somente fora lançado no mês seguinte. Desta forma podemos imaginar o número
significativo que a série obteve.
A evolução tecnológica para com a representação da fantasia na série é nítida.
Em relação a efeitos visuais foram criados dragões, duendes, efeitos de envelhecimento,
todo tipo de luz e faíscas mágicas para os feitiços, além criaturas inimagináveis nunca
antes vistas.
Mesmo os filmes sendo a única válvula que proporcionou a recriação da
imaginação dos leitores em cenas audiovisuais, e com sucesso em mais de 60 países,
houve muitas críticas às adaptações para o cinema.
Tais críticas acusavam sobre a fidelidade com a obra original, e eram lançadas,
principalmente, por parte dos fãs que não aceitavam que nenhuma vírgula fosse trocada
quando os livros tornavam-se filmes, com cenas “cortadas” ou “acrescentadas”.
Já vimos nesta pesquisa que a tradução semiótica visa adaptar e não copiar uma
obra, e vimos também, que a linguagem literária e a cinematográfica são diferentes
entre si. Por este motivo sabemos que uma adaptação, sempre terá momentos distintos,
que foram adaptados para aquele novo meio.
A grande resposta para as diferenças seqüenciais que ocorrem no processo da
semiose entre literatura e cinema se pauta pela idéia de fazer sentido, por isso há cortes
e alterações. Se uma informação não foi mencionada em determinado momento, como é
que ela estará presente em outro mais adiante?
Este pode ser um dos vários motivos para a realização de determinadas
mudanças. Se a informação não mencionada for requisitada, a única saída é tirá-la
totalmente da seqüência, ou apresentá-la de forma distinta que na obra literária. Porque
a questão que ronda o desenvolvimento fílmico é a continuidade, e ela não pode ser
ignorada.
Outro motivo bem simples e decorrente em adaptações é o tempo. Afinal não da
para ir ao cinema e ficar sentado durantes horas e horas; seria assistir ao livro e não ao
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filme. A questão é a grande criatividade que a tradução semiótica propícia à adaptação
fílmica, que nada mais é do que uma nova roupagem do livro e não uma cópia idêntica.
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5. O menino que sobreviveu
Harry Tiago Potter, um garoto especial. Famoso no mundo mágico por ter
derrotado o maior bruxo das trevas de todos os tempos, quando tinha menos de um ano
de idade. Em uma noite obscura Lorde Voldemort invadirá a casa dos Potter, ele
assassinou Lilian e Tiago Potter, os pais de Harry.
Com vida na casa, restou apenas o bebê, o feitiço de Voldemort de alguma
maneira ricocheteou a ele mesmo, causando a Harry apenas uma cicatriz em forma de
raio, na testa. Naquela noite, o garoto fora entregue aos cuidados dos tios, Petúnia e
Valter, que o criaram com desprezo, por este ser filho de bruxos.
Lorde das Trevas, Voldemort ou Tom Marvolo Riddle (nome de nascença) é um
bruxo que conquistou com suas maldades, inúmeros inimigos, entretanto, muitos
aliados. Depois da noite em que morrera na casa dos Potter, Voldemort renasce tempo
depois, disposto a vingar-se daquele que o detera, quinze anos atrás.
Harry é leal, responsável, de coração com enorme bondade, e acima de tudo é
corajoso. O garoto nascido em Londres no final de Julho, sofrera muitas perdas no
decorrer de sua vida, como, por exemplo, Sirius Black (seu padrinho).
Quando Harry completa 11 anos de idade, é selecionado, mesmo não tendo o
conhecimento de ser bruxo, para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Lá
encontrara muitos amigos leais como Rony Wesley, Hermione Granger, Hagrid, e acima
de tudo Alvo Dumbledore, professor e diretor da escola, o maior bruxo do bem de todos
os tempos.
Entretanto, o garoto também conquistou muitos inimigos, além de Voldemort é
claro, como o implicante e metido Draco Malfoy, conhecido por ser de uma família
típica de bruxos de elevada classe social. O garoto não aceita o fato de Potter preferir
ser amigo de pessoas simples como, por exemplo, os Wesleys.
Aliás, o pai de Draco, Lúcio Malfoy é um dos fiéis seguidores de Voldemort
junto a outros Comensais da Morte (assim como são chamados), como, por exemplo,
Bellatrix Black Lestrange, prima de Sirius Black, que ela mesma matou a sangue frio.
50
5.1. A morte de Alvo Dumbledore entre cinema e literatura
À luz da tradução semiótica iremos analisar uma cena das inúmeras existentes na
série “Harry Potter”, trata-se de uma cena enigmática e bem conhecida entre os fãs da
obra. A cena foi retirada do filme “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, com título
original de “Harry Potter and The Half-Bood Prince”, do ano de 2009.
No cinema, a cena contém 5 minutos e no livro estes mesmos acontecimentos
são desenrolados em um capítulo inteiro, com exatamente 12 páginas. Na cena em
questão, Harry Potter e Dumbledore retornam de uma aventura em uma espécie de
caverna.
Os personagens foram em busca de um objeto enfeitiçado por Voldermot, que
contém um fragmento da vida deste. Após conseguir êxito na busca, depois de muitas
armadilhas e sacrifícios, os bruxos retornam a Escola de Hogwarts.
Dumbledore esta muito debilitado, devido aos últimos acontecimentos na
caverna, e pede que Potter busque ajuda de outro professor, o Snape. Severo Snape é
professor da escola de magia e Dumbledore lhe confia todos os seus segredos.
Harry Potter nunca enxergou Snape com bons olhos, por seus comportamentos
estranhos, mesmo tendo escutado a longos anos do próprio Dumbledore sobre a
lealdade de Severo.
Seguem abaixo dois trechos do livro “Harry Potter e o Enigma do Principe”,
2005, o sexto da série. Os trechos referem-se aos acontecimentos mais importantes da
cena, as principais diferenças entre o livro e o filme.
- Que significa isso? – Perguntou Harry a Dumbledore, erguendo os
olhos para a caveira verde com língua de serpente, refulgindo
malignamente no alto. – É a marca verdadeira? Alguém foi mesmo...
professor?
À fraca claridade verde da marca, Harry viu Dumbledore apertar o
peito com a mão escura.
-Vai acordar Snape – disse ele com a voz fraca, mas clara. Conte-lhe o
que aconteceu e traga-o aqui. Não faça mais nada, não fale com mais
ninguém e não tire a sua capa. Esperarei aqui.
-Mas...
-Você jurou me obedecer, Harry, vá!
Harry correu para a porta que abria para a escada espiral, mas, assim
que sua mão tocou no anel de ferro da porta, ouviu gente correndo do
outro lado. Ele olhou para Dumbledore, que lhe fez um sinal para
recuar. Harry se afastou, puxando ao mesmo tempo a varinha.
51
A porta se escancarou e alguém irrompeu por ela gritando:
-Expelliarmus!
O corpo de Harry se tornou instantaneamente rígido e imóvel, e ele se
sentiu tombar contra a parede da Torre, escorado como uma estátua
instável, incapaz de se mexer ou falar. Não conseguiu entender como
acontecerá, Expelliarmus não era um Feitiço Paralizante...
Então, à luz da Marca, ele viu a varinha de Dumbledore traçar um
arco por cima das ameias e compreendeu... Dumbledore o imobilizará
silenciosamente, e o segundo que levará para lançar o feitiço lhe
custará a chance de se defender.
Encostado nas ameias, com o rosto muito branco, Dumbledore, ainda
assim, não mostrava sinal de pânico ou aflição. Simplesmente olhou
para quem o desarmará e disse:
- Boa-noite, Draco. (ROWLING, 2005, p. 422)
O trecho acima é o início do desdobramento da cena, onde Harry e Dumbledore
começam a ficar vulneráveis. Logo após Draco desarmar o diretor, uma extensa
conversa entre os dois acontece.
Os sentimentos mais profundos do garoto ficam expostos, e Dumbledore lhe
oferece ajuda. Antes que Draco possa agir, subordinados do Lorde das Trevas irrompe a
ação e Rowling prossegue:
- Draco, mate-o ou se afaste, para um de nós... – guinchou a mulher,
mais naquele exato momento a porta para as ameias se escancarou
mais uma vez e surgiu Snape, de varinha na mão, seus olhos negros
apreendendo a cena, de Dumbledore apoiado na parede aos quatro
Comensais da Morte, incluindo o lobisomem enfurecido e Malfoy.
-Temos um problema, Snape – disse o corpolento Amico, cujos olhos
e varinhas estavam igualmente fixos em Dumbledore -, o menino não
parece capaz...
Mas a outra voz chamara Snape pelo nome, baixinho.
- Severo...
O som assustou Harry mais que qualquer coisa naquela noite. Pela
primeira vez, Dumbledore estava suplicando.
Snape não respondeu, adiantou-se e tirou Malfoy do caminho com um
empurrão. Os três Comensais da Morte recuaram calados. Até o
lobisomem pareceu se encolher.
Snape fitou Dumbledore por um momento, e havia repugnância e ódio
gravados nas linhas duras do seu rosto.
-Severo... por favor...
-Snape ergueu a varinha e apontou diretamente para Dumbledore.
52
-Avada Kedavra!
Um jogo de luz disparou da ponta de sua varinha e atingiu
Dumbledore no meio do peito. O gritou de horror de Harry jamais
saiu; silencioso e paralisado, ele foi obrigado a presenciar Dumbledore
explodir no ar: por uma fração de segundo, ele pareceu pairar
suspenso sob a caveira brilhante e, em seguida foi caindo lentamente
de costas, como uma grande boneca de trapos, por cima das ameias e
desapareceu de vista. (Rowling, 2005, p.430-431)
No trecho acima temos a finalização da cena, o drama que Harry junto aos
outros personagens viveu. A seguir temos a seqüência de cenas exibidas pelo cinema,
onde esta ocorreu de outra forma, com localidade, detalhes e ordem das informações
diferentes das do livro.
53
A cena começa em plano geral, mostrando bem o local em que a tudo ocorre e os
personagens desaparatando (que significa se tele transportar). Logo a cena segue, e no
momento em que Harry apóia Dumbledore para sentar-se, torna-se plano americano,
assim como vemos a imagem de número um.
No momento em que Harry se desloca a câmera segue em travilling, com plano
geral, mostrando toda a evolução corporal do ator. Logo a câmera retorna a
Dumbledore, em plano geral, ele se levanta atentando a Harry sobre um ruído que
ambos ouviram.
A cena continua por alguns segundos sendo filmada em plano geral, revezado
entre os dois personagens enquanto o diálogo acontece, e Dumbledore pede para que
Harry se esconda em baixo do pátio da Torre de Astronomia.
A câmera retorna a Dumbledore, desta vez em plano próximo, focando da
cabeça do ator até seu peito. Em seguida Harry, também, é filmado em plano próximo.
A seqüência intercala entre os dois personagens até após Dumbledore pedir que Harry
confie nele. O garoto sai da cena, e a câmera foca, por alguns segundos o espaço vazio,
antes ocupado pelo ator.
A seguir a câmera nos direciona a um rapaz ao subir uma escada, porém ele
somente é enquadrado dos pés até o peito, sem revelar sua identidade. Em plano médio,
Harry é filmado observando a pessoa subir a escada e direcionando-se a Dumbledore.
Mostrando um plano geral do local onde Potter encontra-se, percebemos que
parece ser um porão, com aberturas no teto onde um aparelho de astronomia está
instalado, logo abaixo de onde Dumbledore esta aguardando a pessoa que vem
chegando até ele.
54
A câmera se movimenta com efeito de grua, mostrando do chão até os pés do
garoto misterioso e à medida que ele adentra o lugar, a câmera como um olho, nos
direciona mais e mais até o rosto do menino. E este já está com a varinha apontada,
descobrimos ser Draco Malfoy.
Em plano próximo, percebemos a preocupação de Dumbledore com a entrada do
aluno, lhe apontando a varinha. No entanto calmamente o Diretor diz, boa noite ao
garoto, e conforme lhe pergunta, o que o leva até ali naquela noite, a cena é mostrada
em plano geral, novamente. Com movimento de grua, filmando do alto do lugar, vemos
os dois atores, e temos uma visão perfeita da situação.
Draco se movimenta para o lado esquerdo, desta vez em plano americano.
Enquanto o diálogo acorre lá em cima, Harry é mostrado em close, lá em baixo, com
movimento travelling. O menino está com os olhos fixados na cena, que ocorre logo
acima. Draco e Dumbledore continuam conversando.
Neste momento, Harry, é mostrado de cima da torre, ainda em close, porém,
com uma visão da localidade. Em seguida, a cena se inverte, e desta vez é Dumbledore
quem é mostrado, em close, dando a impressão de estar sendo visto, pelos olhos de
Potter.
Draco é mostrado, novamente, em plano americano, com um pequeno
movimento travilling, Dumbledore aparece, em plano médio, também, com leve
movimentação. Enquanto tudo acontece, em cima, Harry os observa escondido em
baixo, desta vez em plano próximo.
Dumbledore é mostrado em plano médio e, em seguida, Draco, em plano
americano, a câmera retorna a Dumbledore, que aparece em plano próximo. Em baixo,
Harry, é mostrado em plano próximo, sempre atento ao que ocorre acima.
A câmera mostra em cima, novamente, em plano geral Dumbledore é mostrado
de frente e Draco de costa. O diretor realiza um pequeno movimento para pegar a
varinha e, em plano americano, Draco o desarma, em plano médio. Como podemos
observar na imagem dois.
Apreensivo, Harry é mostrado, em plano próximo, em baixo, olhando sempre
para cima e agora com a varinha apontada para Draco. Como observado na imagem três.
Draco é mostrado, em plano médio, por baixo, como se fosse os olhos de Harry, o
encarando.
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Harry escuta um barulho e curva a cabeça para trás, com a varinha apontada
ainda para o alto, em plano próximo. Em seguida ele é mostrado em plano geral.
Dumbledore aparece em plano próximo e Draco em seguida, em plano médio.
Dumbledore vai se aproximando de Draco e o plano próximo vai letamente se
transformando e close, Draco ainda esta em plano médio.
Harry continua em baixo, mostrado em plano próximo com travilling, pois o ator
vai se afastando para trás aos poucos a procura de outros bruxos Comensais da Morte.
Do qual Draco, acabara de afirmar a Dumbledore, estarem dentro da escola, para ajudá-
lo com a tarefa que Voldermort confiou a ele.
Draco retorna a cena em plano médio e Dumbledore em close, desta vez Draco
aparece desesperado e chorando em plano próximo, a cena é intercalada entre o plano
próximo nos dois atores.
Em plano próximo, Harry é mostrado lá em baixo, estando no lado esquerdo da
escada de acesso a Torre, onde pessoas sobem ao encontro de Draco e Dumbledore.
Draco é mostrado em plano próximo, de lado, com a varinha apontada para
Dumbledore. Ao fundo da imagem, Bellatrix adentra a cena.
Dumbledore é mostrado vulnerável em plano próximo. A mulher caminha
lentamente na companhia de mais três Comensais da Morte, em plano americano.
Dumbledore é mostrado, também em plano americano.
A imagem a seguir, mostra Draco de frente com Bellatrix, atrás dele, em plano
próximo. A cena segue, com Draco no mesmo plano, desta vez sendo de filmado de
lado. A câmera mostra, em plano geral, todos que estão na torre, e apenas Dumbledore
está de frente.
Enquanto isso, Harry caminha lá em baixo, com close em seu rosto, ainda com a
varinha apontada a Draco. Lá em cima, Bellatrix ordena a Draco, que mate
Dumbledore, pois Voldemort havia a ele confiado esta tarefa, tudo em plano médio.
Logo em seguida, Draco aparece em plano próximo.
Harry é mostrado em close, de cima, e Draco em plano médio, de baixo para
cima, como visto pelos olhos de Potter. Harry continua em plano próximo, e atrás dele
se aproxima uma pessoa, com a varinha erguida. A câmera em movimento travilling
revela o Professor Severo Snape, apontando a varinha a Potter.
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Harry direciona a varinha ao professor, em plano próximo, e Snape pede que o
garoto faça silêncio, em plano médio, como na imagem quatro. Harry continua
paralisado, olhando dentro dos olhos de Snape, em plano próximo.
Draco é mostrado ainda com a varinha apontado a Dumbledore em close. Em
seguida Snape adentra a cena, atrás de Draco, e a câmera se movimento lentamente,
transformando a cena, em plano próximo, mostrando, somente Snape.
Harry é filmado em close de cima para baixo e Dumbledore de baixo para cima
em close também, eles se olham nos olhos. Snape também olha nos olhos de Harry que
esta lá em baixo e aparece em plano próximo.
Em plano geral percebemos todos na torre e somente Dumbledore eBbellatrix
estão de frente, como podemos perceber na imagem cinco, em seguida Bellatrix aparece
em plano próximo.
Neste momento, em close, Dumbledore aparece pedindo, “por favor”, a Severo
Snape que ignora o pedido, e plano próximo, lança-lhe o feitiço da morte “Avada
Kedavra”, em seu amigo Dumbledore, como observamos na imagem seis.
Harry é mostrado, em uma fração de segundo, em close, olhando perplexo para
cima. Em seguida Dumbledore é mostrado, em plano americano, de baixo para cima,
caindo da torre, como se fosse o olhar de Harry vendo-o despencar.
Harry é mostrado, em close, com os olhos assustados, e ainda olhando para
cima, como se estivesse paralisado. Snape, também é filmado em close, fixado na cena
de Dumbledore ao cair da Torre de Astronomia.
Dumbledore é filmado caindo lentamente, em plano médio, como podemos
observar na imagem sete. Harry e Draco são mostrados respectivamente em close. Os
Comensais da Morte são mostrados no beiral da Torre. Eem seguida, a bruxa Bellatrix
erguendo sua varinha lança uma marca negra no céu, tudo ocorre em plano geral, como
vemos na imagem oito.
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5. 2. A enigmática análise de “Harry Potter”
Após percebermos a diferença entre os acontecimentos no livro e no filme,
podemos começar a entender algumas mudanças. A primeira diferença fica por conta do
local, aonde a seqüência tem início. No livro os personagens estão na sala do Diretor,
informação visível quando, no primeiro trecho, Rowling descreve a fechadura da porta e
a escada em espiral da sala de Dumbledore.
No filme tudo acorre na Torre de Astronomia, um lugar aberto, com total vista
da noite, um dos lugares mais altos de Hogwarts. Talvez, justifica-se a mudança de
locação no filme pelo cenário, pois este propícia a dramática cena no exato momento da
morte de Dumbledore, seguida de queda.
A maior diferença entre o livro e o cinema, exposta nesta cena, é o fato do
personagem principal estar escondido vendo toda a ação, no filme. Sendo que, no livro,
ele está petrificado e invisível, uma vez que, no instante em que Dumbledore é
desarmando ele lança “Petrificus Totalus” em Harry, a fim de imobilizá-lo.
Analisando a cena, podemos perceber que seria incoerente com a continuidade
do cinema, se Harry Potter fosse petrificado e coberto com a capa de invisibilidade. Já
que em momento algum vemos o garoto com a capa na mão, diferente do que acontece
no livro, onde o menino já parte para a caverna portando a capa.
Colocar o herói escondido e deixá-lo somente observando a morte de seu ídolo,
Dumbledore, não deve ter sido tarefa fácil para os produtores do filme. Harry quando
representado nos livros, é do tipo que jamais, ao menos que Dumbledore ordenasse,
ficaria quieto, calado, sem agir, ou pelo menos, sem tentar agir.
A saída escolhida pelos produtores foi filmar Dumbledore, dizendo a Potter “se
esconda e confie em mim”, somente desta forma seria possível, ver Harry petrificado,
sem feitiço. A chegada e o pedido de silencio de Severo Snape, também fizeram com
que o garoto não reagisse. Harry jamais imaginara, mesmo duvidando do caráter de
Snape, que este seria o assassino de Dumbledore.
O fato de Draco Malfoy desarmar Dumbledore, depois de estar algum tempo na
Torre, também é distinto do livro, onde o mesmo já irrompe a sala com as palavras
“expelliarmus”, decidido, porém muito apreensivo, a matar seu professor.
No livro a conversa entre Draco e o Diretor é mais profunda. Dumbledore chega
a oferecer ajuda ao garoto e à sua família, na esperança que ele esqueça a idéia de seguir
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Voldemort, assim como seu pai. Mas o menino é irredutível, apesar de transparecer,
várias vezes, muita insegurança e medo.
No cinema, o diálogo é bem superficial devido ao tempo que o filme deve
respeitar, entretanto não deixa de transparecer a essência da conversa. E esta resulta na
falta de escolha que Draco vive, sendo encarregado de realizar a tarefa mais intrigante
que Voldemort já ordenara. E Draco, de que de maneira alguma, poderia falhar, pois
isto lhe custaria a vida.
A presença de Bellatrix Lestrange na cena, também é intrigante. No livro, a
mulher não aparece na cena e muito menos efetua qualquer ação. Justifica-se a presença
dela porque entre a personagem e o espectador já existe uma relação, que não é de amor,
e sim de ódio. Colocá-la na seqüência, apoiando a morte de Dumbledore, provocaria
muitas emoções no público, que já não a suporta.
Outro momento distinto entre o livro e o cinema é o fato da “marca negra” já
existir no livro; e no filme ela somente aparece após a morte do Diretor. No livro
quando Harry e Dumbledore chegam às proximidades de Hogwarts eles já avistam a
marca, como vemos no primeiro trecho de Rowling. Já no filme é Bellatrix quem aciona
a marca, somente no final da seqüência.
5.3. O protesto dos fãs
As diferenças causaram especulações, por parte de fãs da série, para com a
adaptação. Segundo eles, o filme “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” foi o filme que
menos fiel ao livro. E isso para os fãs é algo imperdoável. Abaixo seguem alguns
screenshots capturados, sobre o assunto, em diversas páginas de internet.
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O screenshot foi capturado do “Blog Memórias Fracas”. Nele são expostos os
sentimentos de revolta que a mudança, na cena da morte do diretor, causou nos fãs. A
imagem contém, ainda, dois comentários que também confirmam o desgosto dos
leitores da série para com a obra cinematográfica.
No screenshot retirado do site de cinema “Cine Pop”, podemos perceber que o
crítico Renato Marafon, afirma que “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” é o filme que
mais difere do livro, já alertando a fãs mais assíduos.
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No screenshot acima, temos a uma pequena lista que um “blogueiro” faz em
relação às grandes diferenças entre livro e filme. Podemos perceber que ele também
menciona a cena da morte de Dumbledore.
As cenas adaptadas em geral causaram muitas reclamações por parte de fãs,
entretanto, o fato do personagem, Harry Potter, estar livre e não ter impedido a morte de
seu mestre causou revolta. Na concepção dos fãs, jamais o herói poderia ter assistido, de
braços cruzados, toda a ação, sem nenhuma reação.
No livro a cena é mais aceitável, já que Harry está impossibilitado de se mover,
e o fato de estar “preso”, parece nos transcrever o grande sofrimento, que o personagem
sentiu, em não poder interferir no final trágico.
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Concluímos após esta análise, que a tradução semiótica é um fator realmente
mágico, onde esta possibilita o mesmo acontecimento ser visto e imaginado de inúmeras
maneiras.
Quando a relação entre cinema e literatura é colocada em ação, muitas coisas são
adaptadas. Grande parte das cenas cortadas, mudadas ou acrescentadas, acontecem por
motivos simples, como: a diferença entre linguagem, as possibilidades técnicas, ou pela
continuidade da história
Para a narrativa no cinema, que já iniciou sua construção há algum tempo, ter
sentido, ela necessita continuar seguindo informações já apresentadas. O filme não pode
buscar informações contidas somente no livro, em determinados momentos, porque
sendo assim, no cinema não faria mais sentido e perderia a continuidade.
Entretanto não podemos deixar de mencionar um momento falho na cena, em
que o garoto Potter não estar petrificado e invisível. O fato de Harry assistir a morte de
Dumbledore, sem fazer esforços para ajudá-lo, é imperdoável.
Porque, por mais que sejam linguagens distintas, os profissionais têm de ter o
cuidado de preservar a psicologia, o estilo e o perfil do personagem, e por tanto
chegamos a uma única conclusão sobre este fato, a de que, os produtores erraram ao
modificar tal cena, visando sobre a importância que a mesma tem para toda a história da
série “Harry Potter”.
5.4 “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, perfeito a olhos “Pottermaníacos”
Em contraponto, podemos citar como tendo ótima aceitação por parte dos fãs, o
último filme da saga “Harry Potter e as Reliquias da Morte”, tanto a parte I quanto II, já
que este fora filmado em duas partes. O filme foi muito comentado por fãs do bruxo,
porém, desta vez por ser considerado o filme, mais fiel ao livro, de toda a série.
È claro que o filme “As Relíquias da Morte”, também teve partes modificadas,
por inúmeros motivos, mas, as partes principais, onde mistérios eram revelados e grande
epílogo foram perfeitos, segundo “pottermaniacos”, como eles mesmos se intitulam.
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A seguir, vemos um screenshot do site “oclumência” que exalta a última
produção da série, mencionando o sentimento e a satisfação que os fãs sentiram ao
receberem este livro cinematográfico.
Este é “o filme que todo mundo sonhou”. Os fãs sem dúvida adoraram a última
produção da Warner Bros. O texto na íntegra menciona inúmeras vezes, que “Harry
Potter e as Relíquias da Morte” é o filme mais fiel de todos.
Por mais que sejam meios de comunicações diferentes, onde a tradução
semiótica tem livre árbitro para fazer adaptação da obra, o fã sempre irá querer que o
filme, seja igual ao que esta no livro.
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O último e épico filme de “Harry Potter” conseguiu ser fiel ao livro. Foi lançado
sem receber tantas revoltas por parte dos fãs, mas, será que este fato não deixou em
segundo plano as técnicas cinematográficas? Talvez sim, talvez não. O que realmente
importa é que concluímos, há sim, a possibilidade de adaptar um livro às telonas sem
que ele perca sua essência e qualidade.
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6. Considerações finais
A linguagem literária possui inúmeras características e divisões estruturais, ela é
capaz de se organizar em seu próprio espaço, com mundos totalmente imaginários.
Porém, a literatura não deixa de se fazer real, por meio dos personagens, que possuem
sentimentos e são inspirados pela realidade.
A linguagem cinematográfica também é única, com características e etapas de
produção distintas, que abordam planos, movimentações e diálogos através do roteiro
audiovisual. O cinema, assim como a literatura utiliza da estrutura narrativa em seu
processo de criação, por este motivo a tradução semiótica entre estes dois meios de
comunicação é bastante recorrente.
Os filmes encontraram na literatura, novas possibilidades de criação,
caracterizando o livro de romance como a narrativa perfeita para o processo de semiose.
E o romance fantástico pode ser citado como o principal gênero a ser adaptado ao
cinema.
A fantasia, com mundos totalmente inéditos e mágicos conquistaram expectores
que apreciam filmes e livros do tipo. O romance em pleno século XXI, conta com o
apoio das novas tecnologias para sua criação, que fazem com que o fantástico seja
melhor representado.
Entretanto, as críticas em relação a cinema adaptado, existem. Quando se adapta
uma história de um meio de comunicação a outro, com fundamentações distintas, é
natural que diferenças aconteçam.
Nesta pesquisa, diante de todos os prós e contras que a semiose propícia ao
expectador, pode-se concluir que o ganho é muito maior, do que, o que se perde, já que
somente por meio da tradução semiótica é possível se obter uma nova visão, com
inúmeras possibilidades de criação a uma obra.
Vimos na pesquisa, um exemplo real de tradução, entre literatura e cinema que
deu certo, os fãs da série “Harry Potter”, podem até criticar e esperar mais do filme,
porém são gratos, principalmente pelo último filme da série. Onde juntamente a
Rowling, os cineastas tornaram o projeto “Potter” realidade, com os mínimos detalhes
criados no imaginário de cada um dos leitores.
66
7. Bibliografia
ALMEIDA, de Manuel Faria. Cinema Documental – História, estatística e técnica
cinematográfica. São Paulo: Edição Afrontamento, 1982.
AMORA, Antônio Soares. Introdução à teoria da literatura. São Paulo: Culturix, 1989.
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de Janeiro: Nórdica, 1983.
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Chris Columbus. Produção David Heyman. EUA, Inglaterra, 2001. DVD (152 min):
son., Cor.
HARRY POTTER E A CÂMARA SECRETA. Warner Bros / Heyday Films. Direção
Chris Columbus. Produção David Heyman. EUA, Inglaterra, 2002. DVD (161 min):
son., Cor.
HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN. Warner Bros / Heyday Films /
1492 Pictures. Direção Afonso Cuarón. Produção David Heyman / Chris Columbus /
Mark Radclife. EUA, Inglaterra, 2004. DVD (142 min): son., Cor.
HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO. Warner Bros / Heyday Films. Direção
Mike Newell. Produção David Heyman. EUA, Inglaterra, 2006. DVD (157 min): son.,
Cor.
HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX. Warner Bros / Heyday Films. Direção
David Yates. Produção David Heyman / David Barron. EUA, Inglaterra, 2007. DVD
(138 min): son., Cor.
HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE. Warner Bros / Heyday Films.
Direção David Yates. Produção David Heyman / David Barron. EUA, Inglaterra, 2009.
DVD (153 min): son., Cor.
HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – PARTE I. Warner Bros / Heyday
Films. Direção David Yates. Produção David Heyman / David Barron. EUA, Inglaterra,
2010. DVD (146 min): son., Cor.
HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – PARTE II. Warner Bros /
Heyday Films. Direção David Yates. Produção David Heyman / David Barron. EUA,
Inglaterra, 2011. DVD (158 min): son., Cor.