Trabalho grupo comunitário 1

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ISMAI - INSTITUTO SUPERIOR DA MAIA LICENCIATURA EM PSICOLOGIA UC DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA DOCENTE PROFª DOUTORA MARIA JOÃO CUNHA TRABALHO DE CAMPO MUNDOS DE VIDA TRABALHO ELABORADO POR: Cláudia Alexandra Moreira Soares Cunha n.º 22714 Elsa Maria Gomes Rocha Pinto Vieira n.º 22906 Francisco José Mendes Moreira n.º 22831 João André da Silva Freitas n.º 22969 Rosa Marinha Moreira Leal n.º 22932

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ISMAI - INSTITUTO SUPERIOR DA MAIA

LICENCIATURA EM PSICOLOGIA

UC DE PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

DOCENTE

PROFª DOUTORA MARIA JOÃO CUNHA

TRABALHO DE CAMPO

MUNDOS DE VIDA

TRABALHO ELABORADO POR:

Cláudia Alexandra Moreira Soares Cunha n.º 22714

Elsa Maria Gomes Rocha Pinto Vieira n.º 22906

Francisco José Mendes Moreira n.º 22831

João André da Silva Freitas n.º 22969

Rosa Marinha Moreira Leal n.º 22932

Turmas B

ANO LETIVO 2012/2013

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INDÍCE

Introdução…………………………………………………….…………………………….3

Revisão da Literatura ………………………………………………………………………5

Objectivos ………………………………………………………………………………….8

Redes Sociais ………………………………………………………………………………9

Mundos de Vida …………………………………………………………………….…….11

Trabalho de campo ………………………………………………………………………..13

Reflexão Crítica …………………………………………………………………………..16

Anexos:

Direitos dos Idosos …………………………………………..….………………18

Calendarização ………………………………………………………………….20

Referências Bibliográficas ……………………………………………………………….21

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”Há abraços que transformam uma vida”

INTRODUÇÃO

Para este trabalho de campo destinado á unidade curricular de psicologia

comunitária que tem como objectivo mostrar uma das vastas vertentes de serviços que uma

instituição pode oferecer a uma população, a nossa escolha recaiu sobre a instituição

chamada Mundos de Vida situada na freguesia de Lousado no concelho de Vila Nova de

Famalicão, dada a panóplia de missões que esta fundação abraça o que dificultou a nossa

escolha, decidimos optar por realizar o nosso trabalho direccionado para o lar de idosos.

Como é do conhecimento geral, o envelhecimento populacional apresenta-se como

um dos maiores desafios, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a pobreza e

a desigualdade social ganham destaque.

Atualmente, assistimos a uma diminuição gradual da natalidade, aliada a um

aumento da esperança média de vida dos indivíduos.

Factores como a evolução das ciências médicas, fecundidade e mortalidade baixas,

contribuem para a inversão da pirâmide populacional.

Assim sendo, o envelhecimento deve ser compreendido com a naturalidade que lhe

é inerente.

Apercebendo-se das fragilidades presentes na atenção à saúde dos idosos,

encontramos nos Mundos de Vida uma instituição munida de políticas impulsionadoras

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que visam a melhoria da qualidade de vida deste grupo etário, dando assim respostas às

suas necessidades emocionais.

Importa referir também que para além do lar que acolhe idosos esta instituição

acolhe também crianças órfãs ou retiradas às famílias biológicas referenciadas vindas de

todo o país, onde existe uma lista de famílias predispostas ao seu acolhimento, bem como

também têm ao serviço da população o jardim-de-infância, o infantário e o ATL.

Nos Mundos de vida os idosos que ainda não residem na instituição e estão a

pensar integrar nesta família têm a possibilidade de passar uma tarde ou um dia a fim de

poderem experienciar/vivenciar o que poderá ser a sua casa num futuro próximo.

Por de trás desta muito conhecida e reconhecida instituição estão seguramente

profissionais especializadas, distribuídos pelas mais diversas áreas, para que a instituição

não pare de crescer e abraçar cada vez mais e mais desafios que possam eventualmente

aparecer.

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REVISÃO DA LITERATURA

A Psicologia Comunitária surge na década de 60, em Boston nos Estados Unidos da

América, desponta num período de grandes transformações tanto na área da saúde mental

como na sociedade em geral, dando origem à criação de um novo paradigma de

intervenção social (Ornelas, 2007).

O modelo biológico e individual anteriormente utilizado vai dando lugar a uma

intervenção educacional de forma a implementar reformas e planeamento social, ou seja, o

principal objectivo dos profissionais envolvidos nesta área deixa de ser o individuo e passa

a ser a comunidade.

É neste contexto que aos psicólogos comunitários, segundo Ornelas, compete a

integração do doente mental, promovendo a mudança nos serviços a fim de obterem um

conjunto mais abrangente de solvências na contextualização a nível profissionais,

educacionais e outras áreas sociais (Ornelas, 2007).

Para além disso, os psicólogos comunitários construiram uma nova visão do

psicólogo, cujo principal objectivo passou a ser o estudo, a compreensão, a

conceptualização e a intervenção rigorosa nos processos, através dos quais, as

comunidades pudessem melhorar o estado psicológico geral dos indivíduos que nela

vivessem.

De notar que esta nova perspectiva requer que utilizemos concepções teóricas que

incluam unidades de análise mais amplas. Por isso, uma característica importante da

Psicologia Comunitária é o ênfase dado ao ponto de vista ecológico que é caracterizado

pelo ajustamento entre os indivíduos e os seus ambientes, centralizando-se na relação entre

os indivíduos que funcionam como uma comunidade, como um grupo específico que

possui um sistema elaborado de relações formais e informais (Ornelas, 1997).

Segundo Trickett, Kelly e Vincent (1985), as actividades da investigação comunitária, são

focalizadas nas trocas de recursos que envolvem pessoas, contextos e acontecimentos, cujo

objectivo é criar produtos que beneficiem a comunidade como um todo.

A intervenção social é muito importante e poderá ser operacionalizada a partir de

influências, orientações ou acções concretas no sentido de modificar sistemas sociais e

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políticos, com incidência em áreas como a saúde, a educação, o bem-estar físico e

emocional, domínios religiosos ou judiciais (Kelly, 1966; Bloom, 1973; Caplan, 1964, cit.

In Ornelas, 1997).

Todas as alterações das relações sociais entre indivíduos, grupos, associações ou

instituições com impacto na sociedade em geral ou em grande número de indivíduos ou

grupos, são o alvo prioritário da intervenção social (Seidman, 2000). Este autor considera

que deve ser dada primazia a alguns processos de intervenção social, como por exemplo,

os direitos civis, o acesso a recursos emocionais, materiais e a serviços ou ainda ao

desempenho de papeis sociais.

O resultado imediato da intervenção social é a mudança social e em última

instância a mudança individual. Por isso, estabelece-se aqui o paralelo entre a intervenção

social e a intervenção comunitária que assume uma esfera de acção específica ao realçar a

importância do papel activo e participativo dos indivíduos, a interacção entre os agentes de

intervenção e o grupo-alvo, o carácter restrito da intervenção e a valorização do grupo alvo

como sujeito e razão de ser da intervenção, ao ponto destes influenciarem a direcção do

processo interventivo (Sánchez-Vidal, 1991).

As organizações de base comunitária têm a prática de empregar uma variedade de

estratégias e técnicas, utilizando as competências e a energia dos cidadãos para alcançar

objectivos colectivos. Estes organismos são localmente focalizados, pois as preocupações

mútuas sobre a sua comunidade tendem a aproximar as pessoas, aumentando a convicção

de que, colectivamente, podem contribuir de forma mais eficaz e obter melhores resultados

e têm também uma dimensão humanizada, pois são organizações talhadas à medida das

pessoas, em termos de estruturas e actividades e são influenciadas pela participação

directa, o que lhes permite funcionar de forma informal, (Florin e Wandersman, 1990, cit.

in Ornelas, 1997). São orientadas para a resolução de problemas, porque são normalmente

criadas para ajudar a comunidade, exemplo disso são as instituições de solidariedade

social.

A perspectiva de Empowerment que, segundo Julian Rappaport (2000), consiste em

identificar, facilitar ou criar contextos em que as pessoas isoladas ou silenciadas possam

ser compreendidas, ter uma voz e influência sobre as decisões que lhes dizem directamente

respeito ou que de algum modo, afectem a sua vida. Assim, para a Psicologia Comunitária

o empowerment tem vindo a tornar-se numa área de intervenção crucial e um dos seus

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principais objectos de estudo, pois permite o entendimento da especificidade e da

qualidade das relações entre os indivíduos e a comunidade, entre as várias organizações

nas comunidades e destas últimas com o sistema social e político. O processo de

empowerment de uma comunidade inclui um planeamento em colaboração, uma acção

comunitária concertada, mudança comunitária, desenvolvimento de competências,

apresentação de resultados e capacidade de adaptação. Uma comunidade é composta tanto

por indivíduos como por instituições formais e o empowerment de uma determinada

comunidade pode ser a sua capacidade de responder eficazmente aos problemas colectivos,

facto que só ocorrerá quando, tanto os indivíduos como as instituições, tenham sido

empowered no sentido de alcançar resultados satisfatórios. Assim, o processo de

empowerment de uma comunidade inclui um planeamento em colaboração, uma acção

comunitária concertada, mudança comunitária, desenvolvimento de competências,

apresentação de resultados e capacidade de adaptação.

A participação comunitária e o empowerment são os ingredientes principais dos

programas inovadores de intervenção e são estruturados para ter lugar num contexto

comunitário com a colaboração activa do(s) grupo(s)-alvo (Ornelas, 1997).

As instituições são, normalmente, o espaço onde as relações comunitárias se estabelecem,

sendo, assim, o contexto no qual os indivíduos apresentam suas demandas, explícitas ou

implícitas, são estabelecidas a partir da dinâmica social, e, dessa forma, é fundamental que

a atuação comunitária seja por meio destas.

As demandas que chegam à psicologia, de forma geral, são originárias de alguma

instituição, que é a portadora inicial dos pedidos da comunidade. Parte desse pedido inicial

a busca de compreender as demandas, nem sempre claras, que existem na comunidade. O

profissional deve partir dessas questões, escutar o que se fala na instituição, considerando

que ela é uma das instituições na qual se apresenta a demanda (Liana Costa e Shyrlene

Brandão, 2005).

Segundo as mesmas autoras, essas questões são importantes para evitar a

ingenuidade de pensar que uma instituição representa todos os que integram a comunidade,

ou de acreditar na eficácia de uma intervenção que não se concretize pela instituição. A

instituição é, pois, mediadora entre a comunidade e o profissional. O trabalho deste ocorre

nesse ponto de tensão: estar submetido às regras, ao funcionamento e à dinâmica da

instituição, sem sucumbir ao instituído.

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OBJETIVOS

Compreender e transmitir de que forma procede esta Instituição na intervenção

comunitária e como serve a população. Quais as valências disponibilizadas. Quais os

planos de intervenção utilizados e de que forma é realizada a interacção/integração e

empowerment desta população alvo na comunidade.

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REDES SOCIAIS

Cresce no domínio científico e assume particular relevância a necessidade em

compreender como os indivíduos estabelecem ligações, interacções/integrações tanto a

nível individual como colectivo de forma a configurar redes sociais.

A noção de redes sociais envolve um processo de construção continuo e duradouro,

citando Dabas (1988): “o conceito de rede social implica um processo de construção

permanente, tanto individual como colectivo; trata-se de sistemas abertos que através de

um intercâmbio dinâmico entre aos membros e os elementos de outros grupos sociais,

potencializa outros recursos (cada membro de uma família, grupo ou instituição,

enriquece-se através das múltiplas relações que cada um dos outros desenvolve); o efeito

das redes é a criação permanente de respostas novas e criativas para satisfazer

necessidades e interesses dos membros da comunidade, de forma solidária e autogestora.”

As redes sociais têm assumido um papel preponderante a nível conceptual e na

intervenção. Podem ser categorizadas em redes primárias e redes secundárias que podem

ser formais ou informais. As primárias são conceitualizadas como um sistema de apoio

natural, são compostas por pessoas com afinidades pessoais, envolvem laços pessoais de

vida quotidiana, constituindo o lugar onde as pessoas se inserem (Góngora,1991; Brodeur

e Roseau, 1984; Desmarais et al.; 1995).

Sendo a família o núcleo central desta rede apresenta menos mobilidade, ou seja, é mais

estável, os grupos de amigos e vizinhos sofrem maiores flutuações com o tempo, contexto

e circunstâncias de vida, no fundo são mais instáveis (Brodeur e Roseau, 1984).

As redes secundárias caracterizam um conjunto de pessoas reunidas em redor de uma

tarefa um contexto institucionalizado. Surgem como responsáveis pela produção de

serviços que possibilitam respostas às necessidades sociais (Brodeur e Roseau, 1984;

Desmarais et al.; 1995). Podemos distinguir dois tipos formais e informais. As primeiras

fazem parte as instituições sociais que se regulamentam por normas específicas que visam

a produção ou receção de serviços. São rígidas e formais, obedecem a uma estrutura, no

entanto, podem fomentar relações afectivas, transformando-se em redes primárias. As

informais caracterizam-se como redes de relações sociais concebidas para responder a

necessidades ou fornecer serviços (Brodeur e Roseau, 1984; Desmarais et al.; 1995).

As redes sociais tomam um caráter fundamental na vida de qualquer pessoa, uma

vez que visam proteger o indivíduo do stress e de pressões do ambiente (Sluzuki, 2000:

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Dean e Lin, 1977); validam a prevenção, coadjuvam no tratamento de doenças físicas e

problemas emocionais (Gore, 1978;Gottlieb, 1981); incentivar a experiência individual de

identidade e competência (Sluzuki, 1996).

As redes socias continuam elementares na velhice, já que constituem elementos de

identidade apoio emocional e instrumental.

Sluzuki (1996) indica três factores coexistentes e com efeitos cumulativos no percurso

evolutivo das redes sociais na velhice:

a) diminuição do tamanho das redes sociais, devido a morte, migração e/ou

debilidade física dos membros;

b) diminuição progressiva das oportunidades e da motivação para reunir a

rede social;

c) maior sobrecarga do sujeito focal com os processos de manutenção da

rede, pois a energia disponível para as atividades de estabelecer ligações

diminui (são exigidos esforços acrescidos.

Sousa (2005) descreve redes sociais pessoais de pessoas idosas como havendo:

a) baixa proximidade relacional, especialmente devido à falta de amigos;

b) maior coesão;

c) menor distância demográfica;

d) e menor reciprocidade.

Existe diversidade na configuração das redes sociais das pessoas idosas. Contudo,

sendo a morte inevitável, os laços com as pessoas da mesma geração vão desaparecendo,

eliminando as âncoras da história pessoal. A redução da rede social propicia perturbações

depressivas comuns nos idosos associados à perda de memória, papéis e identidade

(sluzuki, 1996).

As redes sociais pessoais desempenham um papel determinante na qualidade de

vida das pessoas e assume importante relevância nos idosos, devem servir como elemento

de apoio para enfrentarem acontecimentos de vida e na integração social, contribuindo

para experienciarem a identidade individual de forma a promover o autoconhecimento.

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MUNDOS DE VIDA

A Mundos de Vida, Associação focada para a Educação e Solidariedade, é uma

instituição privada de solidariedade social, sem fins lucrativos, fundada a 29 de Junho de

1984, então, com a denominação de Centro Social de Lousado. No ano do seu vigésimo

aniversário, em 2004, a associação adoptou o seu nome actual, que salienta uma identidade

própria e é mais condicente com o universo das suas actividades, centradas nas áreas da

educação, acção social e da saúde.

A instituição, com a sua sede em Lousado todavia desenvolve as suas actividades

por uma área de influência que crescentemente se distende pelos concelhos de Famalicão,

Santo Tirso e Trofa. A sua primeira valência foi a de ATL, instalada num antigo palacete da

Quinta da Serra. Em 1988, abre o seu primeiro edifício construído de raiz, a creche e

jardim-de-infância que viria a beneficiar de obras de ampliação e modernização. Hoje, o

conjunto recebe o nome de Casa da Criança que atende diariamente 300 meninos e

meninas.

Um segundo edifício, denominado Casa-Mãe, é concluído em 1999, onde fica

instalada a Casa Maior (residência para idosos), com serviços de centro de dia e de apoio

domiciliário, e a Casa das Andorinhas (centro temporário de crianças em risco). A

instituição conclui a adaptação de um edifício autónomo a que dá o nome de Centro de

Serviços, onde vem a localizar as suas actividades orientadas para a família e a

comunidade. Em 2005, por forma a melhorar a eficácia dos recursos residenciais para

crianças e jovens, abre a Casa do Alto. O centro de protecção à infância fica completado,

durante este ano, com novos serviços de preservação e reunificação e de acolhimento

familiar. A par destas respostas sociais, a Mundos de Vida teve sempre um papel activo na

comunidade, participando empenhadamente em programas e projectos de inserção social,

quer nacionais, quer internacionais.

Hoje, a Mundos de Vida, com um volume anual de actividades acima do milhão e

meio de euros, conta com setenta colaboradores, entre os quais cerca de 20 técnicos

superiores, no conjunto, responsáveis pelo desenvolvimento de boas práticas e de novos

modelos de intervenção e de atenção às crianças, às pessoas idosas e às suas famílias.

Actualmente, a associação possui vários serviços orientados para os vários ciclos

da vida das famílias da sua área de influência, agrupados em seis áreas: centro de educação

da infância, centro de protecção à infância, centro integral para a 3ª idade, centro da

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família e da inserção social, centro do conhecimento e da formação e centro da saúde e de

bem-estar (www. mundosdevida .pt ).

Missão

A missão básica da Mundos de Vida é afirmar os direitos e responder às

necessidades das crianças, das pessoas idosas e das suas famílias, geradas pelas mudanças

na sociedade, criando e oferecendo serviços que correspondam às novas realidades sociais,

com base numa visão esclarecida e humanista (www. mundosdevida .pt ).

Visão

A Mundos de Vida aspira a que as pessoas a reconheçam como a primeira escolha

para satisfazer as suas necessidades de apoio social e educativo na sua área de influência e

que seja vista como uma referência qualificada no sector (www. mundosdevida .pt ). 

Valores

A atividade da Mundos de Vida baseia-se numa visão positiva, solidária e de

esperança, focada na resolução das situações de maior vulnerabilidade. A sua atuação

assenta num quadro de independência, inovação e profissionalismo

(www. mundosdevida .pt ).

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TRABALHO DE CAMPO

A visita realizou-se no dia 13 de Março de 2013, da parte da tarde, contando com a

presença de todos os elementos do grupo. Quando chegamos às instalações da instituição

fomos recebidos na receção pela assistente social, que de seguida orientou toda a visita ao

lar de idosos. Num primeiro momento, foi-nos explicado que ao nível das infra-estruturas

estas estão divididas por dois pisos, um elevador, escadas de acesso entre eles e várias

viaturas de apoio ao domicílio.

Presentemente, o lar conta com nove homens e dezanove mulheres como residentes

e um homem e dez mulheres como não residentes (centro de dia).

O primeiro espaço que visitamos foi a cantina que abre das nove às dez horas para

o pequeno-almoço. Relativamente ao almoço este tem início pelas doze até às catorze

horas. O jantar é servido a partir das dezoito e trinta até às vinte e trinta. Foi-nos explicado

pela assistente social que todos os idosos nos momentos das refeições têm lugares

marcados, sendo que há uma preocupação por parte da instituição em “aproximar

personalidades e feitios semelhantes”, demonstrando, assim, uma preocupação pelo bem-

estar individual de cada idoso.

Após o almoço, os idosos dirigem-se para uma sala onde podem conviver uns com

os outros. Nesta sala de convívio, encontravam-se vários idosos, entre eles três casais, que

se conheceram no lar e assumem-se como namorados e são residentes do lar de idosos.

Depois de visitarmos a sala de convívio, a assistente social levou-nos a uma capela

em que todos os dias pelas dezoito horas os idosos recitam o terço, sendo que este está

devidamente organizado. Foi-nos dito que para cada dia da semana há um idoso que tem a

tarefa de orientar a oração. Desta forma, há uma preocupação em fazer com que haja um

sentimento de comunidade e que cada idoso se sinta útil e com um papel ativo dentro da

instituição.

Importa referir que há um sacerdote que uma vez por mês se desloca ao lar de

idosos não para celebrar eucaristia, mas para confessar e dar a sagrada comunhão aos

idosos.

Um dos espaços que nos foi dado a conhecer foi o salão de cabeleireiro, em que os

idosos têm a possibilidade de pintar e cortar o cabelo e arranjar as unhas (bem-estar

individual). Este trabalho é feito por duas cabeleireiras que se deslocam uma vez por

semana ao lar. Existe, também, um consultório médico que em caso de necessidade há um

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médico que se desloca ao lar. Relativamente aos cuidados de saúde existe uma enfermeira

que diariamente tem a seu cargo o trabalho de enfermagem.

Faz parte ainda do lar um atelier ocupacional, onde os idosos fazem as suas

atividades de lazer e têm a possibilidade de criar os seus próprios trabalhos manuais.

Há uma sala destinada para os idosos residentes poderem receber os seus familiares

e terem possibilidade de ter mais privacidade. De segunda a sexta-feira há uma

fisioterapeuta que numa sala apropriada orienta vários exercícios físicos destinados aos

idosos de acordo com a esfera de saúde.

Como foi referido no início, o lar de idosos possui catorze quartos cada um com

duas camas e uma casa de banho adaptada às necessidades de cada idoso. Dos catorze

quartos, sete deles estão no rés-do-chão e os restantes estão no primeiro andar. Ou seja, os

idosos com maior dificuldade/ limitação física estão nos quartos do rés-do-chão e os que

têm mais autonomia estão no primeiro piso. De salientar, ainda, em relação aos quartos é o

facto de a instituição ter atribuído nomes de flores a cada quarto. Cada idoso tem a

possibilidade de ter os seus próprios bens pessoais no seu quarto (por exemplo, religiosos)

demonstrando, assim, respeito pela diversidade e convicções de cada um.

Relativamente à limpeza existe uma equipa que diariamente se encarrega dessa

tarefa, sendo que a quarta-feira é o dia destinado para a mudança de roupa das camas. Há

situações em que é o próprio idoso que tem o livre arbítrio de realizar a limpeza ao seu

quarto. Desta forma, o idoso sentir-se-á útil e capaz de realizar tarefas que durante vários

anos foram da sua competência.

Visitamos mais uma sala de estar onde se encontram um grupo de idosos mais

antigos do lar e que se conhecem melhor e convivem entre eles há mais tempo. Deste

grupo destaca-se o mais antigo que reside no lar há doze anos.

De seguida fomos ver uma sala onde os idosos podem tomar um chá/leite e comer

umas bolachas antes de recolherem aos quartos e por volta das vinte e uma horas os idosos

deitam-se. Importa referir que este horário é flexível, ou seja, há uma preocupação da

instituição em que seja o idoso a tomar as suas próprias decisões, atribuindo-lhes, assim,

responsabilidade pelas suas decisões (Empowerment).

Faz parte das estruturas uma lavandaria onde para cada idoso existe uma etiqueta

com uma letra que serve para identificar a roupa de cada um. Por forma a melhor organizar

o trabalho, a assistente social explicou-nos que existe uma sala destinada para fazer a

passagem de turno entre os funcionários. Nesta passagem de turnos existe um “livro de

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ocorrências” onde cada funcionário escreve o que se passou ao longo do turno e que

permite ao colega dar continuidade.

Existe uma farmácia em que para cada idoso existe uma “caixinha” com o seu

nome e contém os medicamentos que irão ser tomados ao longo da semana. Esta tarefa é

feita ao domingo à noite por uma enfermeira. De referir ainda é o facto de os idosos

residentes tomarem banho todos os dias, ao passo que os do centro de dia fazem-no lá uma

vez por semana. Todos os funcionários possuem um portátil que está em rede com as

campainhas de todos os quartos.

Um dos aspetos a salientar é a participação cívica dos idosos, ou seja, é muito

importante que estes idosos sintam que ainda tem direitos tão elementares como, por

exemplo, o seu direito de voto. Para tal, a instituição, por altura das eleições, disponibiliza

meios de transporte para que os idosos se possam deslocar.

Presentemente o lar de idosos tem vinte funcionários.

Neste momento a instituição não tem vagas para os residentes, mas para o centro de

dia ainda existe sete vagas disponíveis. Atualmente existe uma lista de espera para

residentes de cinquenta idosos.

Ao nível das ajudas externas, a instituição conta com o apoio da Segurança Social

que contribui com oitenta por cento da reforma dos idosos que é o maior apoio da

instituição para a sua sobrevivência. Conta também com os apoios da EDP, da Continental

e da Forave que são instituições próximas do lar.

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REFLEXÃO CRITICA

Com o término do trabalho de grupo achamos pertinente fazer algumas

considerações finais.

Como é natural, ao longo da realização de um trabalho de grupo vão surgindo

momentos de maior ou menor dificuldade. Neste sentido, um trabalho que implique a

presença dos elementos do grupo no terreno é sempre um enorme desafio para todos.

Este foi o primeiro desafio com que nos deparamos: conciliar a nossa

disponibilidade para nos deslocarmos à instituição Mundos de vida e a nossa vida

profissional. Com esforço e empenho o grupo conseguiu encontrar disponibilidade para o

fazer.

Importa ainda referir que no momento da visita à instituição, todos os elementos do

grupo estavam de acordo quanto à forma como fomos recebidos e tratados ao longo da

visita. Sempre houve uma disponibilidade total por parte daqueles responsáveis da

instituição, por nos transmitir toda a informação que fosse pertinente e útil para o nosso

trabalho.

Outro aspeto que gostaríamos de salientar prende-se com a forma como aqueles

idosos são tratados. Há uma preocupação notável por parte da instituição em dar uma

qualidade de vida e bem-estar àquelas pessoas que, nesta fase das suas vidas, é

fundamental.

Este trabalho, mostra-nos uma dimensão da realidade daí a necessidade de nos

envolver em solidariedade, na caridade e acima de tudo na doação de amor ao próximo. O

comprometimento dos profissionais proporciona uma melhor qualidade de vida a estas

pessoas tão especiais e vai muito além do profissionalismo, entra já no campo do amor e

da compaixão.

Psicólogos e profissionais de saúde batalham diariamente no sentido de minimizar a

dor dos seus pacientes, oferecendo-lhes ajuda emocional e preparando-os para enfrentar o

problema através da comunicação e da interacção social.

O desempenho de actividades são reforços ao sentimento de valor pessoal,

autoconceito e auto-eficácia. Logo, possivelmente, a integração social, juntamente com o

reconhecimento de colaboração e participação possibilitado pelo trabalho, que serve como

reforço para que o idoso sinta-se bem consigo mesmo. A realização de actividades e a

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conseguinte sensação de utilidade proporcionam ao idoso, assim, como a qualquer

indivíduo um reconhecimento, autoconfiança nas capacidades, podem promover

comportamentos saudáveis, uma vez que as pessoas dotadas de auto valor acreditam no

seu poder de controle e são optimistas quanto ao seu futuro, são também mais propensas a

praticar hábitos de saúde mais conscientes e a fazer uso dos serviços mais

apropriadamente.

Nesta fase final do nosso trabalho resta-nos dizer que interagir com este grupo de

pessoas nesta faixa etária foi extremamente gratificante. Só de olharmos para estas pessoas

e vermos um brilho no olhar, sabendo que tudo é feito no sentido de melhorar a sua

qualidade de vida, possibilitando o empowerment ao nível das capacidades de cada um, é

algo de extraordinário. Para estes idosos que durante vários anos tiveram uma vida

profissional ativa, verem-se confrontados com uma transição ecológica desta natureza,

implica a adaptação a novas realidades que nem sempre são fáceis para o idoso. Para

minimizar o impacto desta transição é fundamental que haja o envolvimento de caráter

sistémico: suporte familiar, rede de amigos, entre outros, que permita uma melhor

adaptação a esta nova fase das suas vidas.

Em suma, ficamos com a sensação de que há sempre aspetos a melhorar em

trabalhos futuros desta natureza. De qualquer forma, fazemos um balanço final muito

positivo deste trabalho de grupo.

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ANEXOS

DIREITOS DOS IDOSOS

Princípios das Nações Unidas para o Idoso

Resolução 46/91 – Aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas

16/12/1991

INDEPENDÊNCIA

1. Ter acesso à alimentação, à água, à habitação, ao vestuário, à saúde, a apoio

familiar e comunitário.

2. Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras formas de geração de

rendimentos.

3. Poder determinar em que momento se deve afastar do mercado de trabalho.

4. Ter acesso à educação permanente e a programas de qualificação e

requalificação profissional.

5. Poder viver em ambientes seguros adaptáveis à sua preferência pessoal, que

sejam passíveis de mudanças.

6. Poder viver em sua casa pelo tempo que for viável.

PARTICIPAÇÃO

7. Permanecer integrado na sociedade, participar activamente na formulação e

implementação de políticas que afectam directamente o seu bem-estar e transmitir aos

mais jovens conhecimentos e habilidades.

8. Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comunidade, trabalhando

como voluntário, de acordo com seus interesses e capacidades.

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9. Poder formar movimentos ou associações de idosos.

ASSISTÊNCIA

10. Beneficiar da assistência e protecção da família e da comunidade, de acordo

com os seus valores culturais.

11. Ter acesso à assistência médica para manter ou adquirir o bem-estar físico,

mental e emocional, prevenindo a incidência de doenças.

12. Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que lhe proporcionem

protecção, reabilitação, estimulação mental e desenvolvimento social, num ambiente

humano e seguro.

13. Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem melhores níveis de

autonomia, protecção e assistência

14. Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando residente em

instituições que lhe proporcionem os cuidados necessários, respeitando-o na sua dignidade,

crença e intimidade. Deve desfrutar ainda do direito de tomar decisões quanto à assistência

prestada pela instituição e à qualidade da sua vida.

AUTO-REALIZAÇÃO

15. Aproveitar as oportunidades para o total desenvolvimento das suas

potencialidades.

16. Ter acesso aos recursos educacionais, culturais, espirituais e de lazer da

sociedade.

DIGNIDADE

17. Poder viver com dignidade e segurança, sem ser objecto de exploração e maus-

tratos físicos e/ou mentais.

18. Ser tratado com justiça, independentemente da idade, sexo, raça, etnia,

deficiências, condições económicas ou outros factores.

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Psicologia ComunitáriaDoutora Maria João Cunha

CALENDARIZAÇÃO

Grupo de alunos do 3.º ano de Psicologia do Instituto Superior da Maia

A visita foi realizada no dia 14-03-2013 pelos elementos.

Cláudia Cunha

Elsa Vieira

Francisco Moreira

João Freitas

Rosa Leal

Horário

Inicio 14:00h

Fim 17:30h

Obs. Dada a preparação e a distribuição de tarefas que levávamos já efectuada de

casa, permitiu-nos que pudéssemos realizar todo o nosso trabalho de campo numa só visita

realizada em 03:30h, nem da nossa parte nem da parte da assistente social que nos

acompanhou julgamos que se justificava uma nova ida á instituição, dado que não havia

mais nada de novo acrescentar, de qualquer forma disponibilizaram-se por completo para

qualquer esclarecimento/dúvida que eventualmente nos pudesse surgir.

Obrigado MUNDOS DE VIDA

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Page 21: Trabalho grupo comunitário 1

Psicologia ComunitáriaDoutora Maria João Cunha

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