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Transcrição da Teleconferência Resultados do 2T15 Braskem (BRKM3 BZ) 07 de agosto de 2015 1 Operadora: Boa tarde e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao segundo trimestre de 2015. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas, Diretor-Presidente, Mario Augusto da Silva, Vice-presidente de Finanças e RI, e Roberta Varella, Diretora de RI. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.braskem.com.br/ri, onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Roberta Varella, Diretora de RI da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Roberta, pode prosseguir. Roberta Varella: Bom dia senhoras e senhores, gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do segundo trimestre e do primeiro semestre de 2015. Lembramos que em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção das regras contábeis internacionais IFRS. As informações financeiras aqui apresentadas foram revisadas por auditores externos independentes. Vamos então para o slide seguinte, por onde iniciaremos nossos comentários. No slide de número 3, falaremos dos principais destaques do segundo trimestre de 2015. A taxa média de utilização dos crackers foi de 93%. Excluindo-se da análise a

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Transcrição da Teleconferência Resultados do 2T15 Braskem (BRKM3 BZ) 07 de agosto de 2015

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Operadora: Boa tarde e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao segundo trimestre de 2015. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas, Diretor-Presidente, Mario Augusto da Silva, Vice-presidente de Finanças e RI, e Roberta Varella, Diretora de RI. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.braskem.com.br/ri, onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Roberta Varella, Diretora de RI da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Roberta, pode prosseguir. Roberta Varella: Bom dia senhoras e senhores, gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do segundo trimestre e do primeiro semestre de 2015. Lembramos que em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção das regras contábeis internacionais IFRS. As informações financeiras aqui apresentadas foram revisadas por auditores externos independentes. Vamos então para o slide seguinte, por onde iniciaremos nossos comentários. No slide de número 3, falaremos dos principais destaques do segundo trimestre de 2015. A taxa média de utilização dos crackers foi de 93%. Excluindo-se da análise a

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central do Rio de Janeiro, cuja produção está limitada pelo contínuo problema de fornecimento de matéria-prima, a taxa foi de 97%. O avanço de 5 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre do ano é reflexo da elevação da eficiência operacional decorrente de melhoria de processos ao longo dos últimos anos. Contribuiu ainda para esse desempenho a recuperação de parte da competitividade dos crackers base nafta, a nível global, em função da melhoria relativa de custo de produção em relação aos crackers base gás, e do aproveitamento das oportunidades de vendas para o mercado externo de petroquímicos básicos. A piora no cenário econômico brasileiro e a reconstrução de estoques da cadeia no início de 2015 impactaram a demanda por resinas termoplásticas no 2º trimestre, que foi de 1,2 milhão de toneladas, uma queda de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas da Braskem acompanharam essa tendência e totalizaram 792 mil toneladas. Por outro lado, a favorável dinâmica do mercado internacional e o novo patamar de câmbio levaram ao aumento das exportações. No caso de resinas, as vendas de mercado externo totalizaram 373 mil toneladas, uma alta de 53% em relação ao 2T14 e 46% na comparação com o trimestre anterior. A unidade de negócios EUA e Europa registrou vendas de polipropileno no trimestre, de 493 mil toneladas, uma alta de 7% na comparação com o primeiro trimestre de 2015. O melhor desempenho reflete, principalmente, a retomada da economia norte-americana, que tem positivamente influenciado a demanda dos setores relacionados a bens de consumo. Nesse contexto, a Braskem registrou EBITDA consolidado de R$ 2.6 bilhões. O avanço em relação ao primeiro trimestre é explicado pelo bom desempenho operacional; pela melhor margem de contribuição, reflexo da recuperação dos spreads de resinas e petroquímicos básicos no mercado internacional; e pela depreciação do real. A melhora na capacidade de geração de caixa fez com que a alavancagem da companhia, medida pela relação dívida líquida/EBITDA, em dólares, atingisse 2,27x, uma redução de 11% em relação ao 1T15 e de 17% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esta é a menor alavancagem apresentada pela companhia desde 2007. No que tange o projeto do México, a construção seguiu avançando e o progresso físico do empreendimento atingiu 95%. Destaca-se ainda a inauguração da primeira caldeira de geração de vapor, que é essencial para o funcionamento de grandes turbinas em equipamentos como compressores e geradores de eletricidade. Em linha com o compromisso da Braskem com o desenvolvimento sustentável destaca-se, no trimestre, o lançamento do “Braskem labs”. O programa busca incentivar empresas que tragam soluções inovadoras, através do uso do plástico, para solucionar questões recorrentes da sociedade moderna.

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Passando para o próximo slide. No slide 4 falaremos sobre o desempenho do mercado brasileiro de resinas termoplásticas e das vendas da Braskem no segundo trimestre de 2015 e no acumulado do ano. O mercado de resinas termoplásticas foi de 1,2 milhão de toneladas, uma queda de 15% na comparação com o 1T15, que havia sido positivamente influenciado pela reconstrução de estoques na cadeia e pela antecipação de parte do volume de vendas em função da tendência de recuperação dos preços de resinas no mercado internacional. Esse desempenho é ainda explicado pelo enfraquecimento da atividade econômica brasileira e seu impacto na demanda doméstica. A exceção seguiu sendo os segmentos relacionados ao agronegócio, que estruturalmente é produtivo e competitivo para atender a crescente demanda do mercado internacional. Em relação ao segundo trimestre de 2014, o consumo de resinas caiu 8%. Acompanhando a tendência do mercado brasileiro, as vendas da Braskem totalizaram 792 mil toneladas no 2T15. A companhia encerrou o trimestre com market share de 66%. No acumulado do ano, o mercado brasileiro de resinas termoplásticas totalizou 2,6 milhões de toneladas, praticamente em linha com a demanda do ano anterior. As vendas da Braskem foram de 1,7 milhão de toneladas. Passando para o slide 5. No slide de número 5 apresentamos os fatores que influenciaram o EBITDA no segundo trimestre de 2015 na comparação com o trimestre anterior. O EBITDA consolidado da companhia foi de R$ 2,6 bilhões. A apreciação do dólar médio gerou um efeito positivo de R$ 230 milhões; sendo R$ 784 milhões positivo na receita e R$ 554 milhões negativo no custo. Em dólares, a companhia registrou EBITDA de US$ 850 milhões, uma alta de cerca de 70%, reflexo, principalmente, do bom desempenho operacional; e da melhor margem de contribuição, em função da recuperação dos spreads de resinas e petroquímicos básicos no mercado internacional. Passando para o slide de número 6. No slide 6 apresentamos os fatores que influenciaram o EBITDA no segundo trimestre de 2015 na comparação com o mesmo período do ano anterior. A expansão de cerca de R$ 1,5 bilhão é explicada pela a apreciação do dólar médio, que gerou um efeito positivo de R$ 914 milhões, sendo cerca de R$ 3,1 bilhões positivo na receita e R$ 2,2 bilhões negativo no custo; pela boa performance operacional; pelo maior volume de vendas totais; e a recuperação dos spreads de resinas no mercado internacional, que compensaram a queda dos spreads de petroquímicos básicos. Passando para o slide de número 7. Esse slide ilustra o endividamento da Braskem. Pelo fato do investimento do projeto México, feito pela subsidiária Braskem-Idesa, ser financiado na modalidade project finance; onde a dívida deve ser repaga com a

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geração de caixa do próprio projeto, a análise aqui apresentada, não considera o mesmo. Nesse contexto, em 30 de junho de 2015, a companhia apresentou dívida bruta de US$ 7,3 bilhões, 2% superior à registrada em 31 de março de 2015. Quando medida em reais, a dívida foi 2% inferior, influenciada pela depreciação da moeda norte-americana em 3% entre o fim dos períodos. A dívida bruta atrelada ao dólar foi de 73%. O saldo de caixa e aplicações totalizou US$ 1,5 bilhão. Por consequência, a dívida líquida da Braskem foi de US$ 5,9 bilhões, 3% superior. Quando medida em reais, a dívida ficou em linha com a registrada ao final do primeiro trimestre de 2015. A dívida líquida atrelada ao dólar foi de 75%. A Braskem, em linha com sua estratégia de liquidez, possui ainda duas linhas de crédito rotativo no valor de US$ 750 milhões e R$ 500 milhões e que não apresentam cláusulas restritivas de saque em momentos adversos de mercado. O crescimento de 16% do EBITDA dos últimos 12 meses influenciou positivamente a alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/EBITDA, que passou de 2,55x para 2,27x quando mensurada em dólares, uma queda de 11% em relação ao trimestre anterior. Esse é o menor patamar de alavancagem desde 2007. Em reais, a alavancagem foi de 2,59x, uma redução de 22%. Em 30 de junho de 2015, o prazo médio do endividamento era de 16,0 anos. Se considerarmos apenas a parcela da dívida em dólares, o prazo médio fica em torno de 21 anos. Em julho, a agência de classificação de risco Standard&Poors alterou a perspectiva da nota do risco brasil, de “estável” para “negativa”. Por consequência, a agência mudou a perspectiva do rating de 21 empresas brasileiras, entre elas o da Braskem, de “estável” para “negativo”. É importante destacar que apenas 4% do total da dívida têm vencimento em 2015 e o elevado patamar de liquidez da companhia garante que seu saldo de disponibilidades cubra os vencimentos dos próximos 33 meses. Considerando as linhas de crédito rotativo, a cobertura é de 46 meses. Passando para o próximo slide. No slide 8 apresentamos o CAPEX do primeiro semestre de 2015. A Braskem realizou investimentos que totalizaram R$ 798 milhões no período. Excluindo-se da análise o projeto do México, o desembolso foi de R$ 516 milhões. Desse montante, cerca de 90% ou R$ 483 milhões do total foram direcionados às operações industriais, incluindo os investimentos relacionados a eficiência operacional e produtividade, por exemplo. O saldo remanescente foi direcionado aos demais projetos estratégicos, como o investimento para a produção de UTEC em La Porte, nos Estados Unidos.

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Em relação ao projeto no México, previsto para entrar em operação no final de 2015, o desembolso da Braskem no primeiro semestre foi de US$ 105 milhões ou R$ 282 milhões. Passando para o último slide. A menor expansão da economia norte-americana no primeiro trimestre do ano levou o fundo monetário internacional a revisar sua expectativa de crescimento para a economia global de 3,5% para 3,3%. Todavia, a organização acredita que a gradual recuperação da atividade econômica dos mercados desenvolvidos, hoje um dos principais drivers do PIB global, permaneça intacta. No caso da China, a projeção de expansão manteve-se em cerca de 7%, face às políticas adotadas pelo governo para um crescimento mais sustentável. Os fatores de risco ao cenário global estão relacionados à maior volatilidade do mercado financeiro, principalmente na Ásia, e do impasse das negociações da dívida grega e seu potencial impacto na zona do euro e na economia global. Em relação ao Brasil, o cenário segue desafiador. Em função da piora do cenário econômico, espera-se uma retração de 1,8% para o PIB do ano. No que tange a indústria petroquímica, o cenário segue positivo. Todavia, com o fim das paradas programadas e não programadas de manutenção, particularmente na Europa e Ásia, e consequente normalização da produção, a expectativa é de que os spreads petroquímicos no mercado internacional apresentem patamar inferior ao registrado no segundo trimestre. Os pontos de atenção permanecem relacionados à oscilação na demanda da China, às questões geopolíticas no oriente médio e norte da África, e as recentes negociações para o fim do embargo comercial com o Irã, que poderão adicionar nova pressão aos preços de petróleo. Nesse contexto, a estratégia da Braskem continua pautada no desenvolvimento da cadeia petroquímica e de plásticos, e no investimento em projetos que buscam diversificar sua matriz de matéria-prima e melhorar sua competitividade na curva de custos global, através da renovação, em bases competitivas, do contrato de fornecimento de nafta com a Petrobras; da conclusão da renovação do contrato de energia com a Chesf; e da finalização da construção do projeto integrado no México e o início de sua operação no final de 2015. Em linha com seu compromisso com a higidez financeira e disciplina de custos, destacam-se a redução pontual do seu nível de investimentos; e a implementação do programa de redução de gastos fixos, que em base constante deverá trazer uma economia anual de R$ 300 a 400 milhões para a Braskem. Encerramos aqui a nossa apresentação e passamos para a sessão de perguntas e respostas. Diego Mendes, Itaú BBA: Boa tarde a todos. Eu tenho duas perguntas, na verdade. A primeira é com relação ao mercado doméstico. Tende a haver uma desaceleração mais forte no 2S. Queria entender se essa desaceleração é 100% na ponta ou se houve desestocagem na cadeia, e o que vocês estão esperando até o final do ano, tendo em vista todas essas mudanças no cenário que temos até o momento.

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E segundo, dentro desse ponto também, da apreciação do câmbio e do cenário, como está andando o repasse para os clientes? Vocês demorarão um pouco mais para passar, ou já estão forçando o aumento agora? E como os clientes estão do ponto de vista de crédito? Eles estão conseguindo pagar ou vocês estão vendo o nível de inadimplência aumentando? Obrigado. Carlos Fadigas: Diego, boa tarde. Sobre o mercado na ponta, o acumulado que temos até agora, falando brevemente de passado, é uma queda de 1% no mercado quando comparamos 1S15 com 1S14. Tivemos, dentro do 1º semestre, um deslocamento de demanda de um trimestre para o outro, mas, no acumulado, é isso. É claro que a atividade econômica vem se reduzindo. Entramos todos no ano com uma expectativa média de economia estagnada e, a essa altura, a expectativa média – e aí estamos nos referindo à Focus – é quase que de uma desaceleração de 2%. Então, a atividade vem deteriorando. O que temos ouvido dos clientes não é diferente disso. Claro, a intensidade é muito diferente, porque vem desde clientes que fazem peças para caminhões, um mercado que está negativo, abaixo de 30% de queda de demanda, até a parte agrícola, que ainda está positiva, com o varejo andando de lado. Mas o que temos visto, sim, é uma desaceleração na ponta. Isso tem sido reportado pelos clientes. Nossa estimativa continua de uma queda de demanda de resina ao ano de aproximadamente 2%, uma expectativa em linha com o PIB. O que posso acrescentar a isso é que talvez o risco seja mais para o lado negativo que para o positivo, quando olhamos a dinâmica das últimas semanas de deterioração econômica e política. Então, eu diria que o cenário continua de -2%, mas tem uma parte de risco econômico na ponta vinculada a isso. Em termos de estocagem de cliente, tivemos aquele deslocamento de demanda do 2º trimestre que ficou no 1º trimestre, o cliente se estocou mais; e não vimos esse fenômeno no fechamento do 2º trimestre. O grau de incerteza está tão alto na ponta que, mesmo com o câmbio subindo, o cliente não antecipou compra no 2º trimestre. Talvez para resumir, há uma demanda mais fraca na ponta reportada pelo cliente, e ao mesmo tempo, ou por conta disso, o cliente não se estocou. Então, na etapa do transformador, nossos clientes transformadores não têm um estoque incomum, acima do normal, e o que eles têm nos passado é uma desaceleração, uma redução do ritmo de atividade econômica. Motivo pela qual temos tentado exportar; estamos com um spread bom para exportar, isso é outro assunto, mas temos tentado exportar toda a capacidade que não temos colocado domesticamente. Com relação à repasse de câmbio, seguimos na política de alinhamento com o preço internacional. Duas considerações: a redução de preço lá fora, petróleo e nafta caíram por agora. A nafta está pouca coisa acima de US$400 por tonelada, US$415 por tonelada, e isso reflete um pouco o preço de resina e ajuda no repasse, porque temos que repassar câmbio, mas se o preço em dólares na origem cair um pouco, ajuda.

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E tem outra coisa, que estamos tentando entender também onde o câmbio ficará, porque tem uma volatilidade muito grande. Não tentamos repassar a R$3,50 agora. Como está volátil, tem pouco tempo que o câmbio teve essa aceleração, aguardamos para ver se é esse mesmo o novo patamar. Sempre falamos que o repasse acontece em aproximadamente dois meses, e eu evitarei entrar em detalhes se será um mês e meio ou três, ou se serão dois, porque depende um pouco também, mas a menor atividade econômica sempre dificulta, claro. Se o mercado está aquecido, está puxando volume, é mais fácil; e o mercado menos aquecido dificulta um pouco. Mas nós persistiremos em nossa estratégia comercial, que sempre foi de alinhamento dos preços do Brasil com os preços internacionais. Isso vale quando o câmbio cai, e tem que valer quando o câmbio sobe. Para terminar, crédito. Estamos acompanhando nossa carteira de crédito, o Mário Augusto está aqui no call também. Essa estrutura de crédito reporta para a área dele. Apesar das restrições de liquidez no mercado, não temos visto dificuldades dos nossos clientes com crédito. Não temos visto risco sistêmico, nenhum aumento indiscriminado de risco de crédito. Pontualmente, sempre temos um caso ou outro, mas não tem nada excepcional acontecendo na parte de crédito. Não é uma frente de preocupação neste momento. Diego Mendes: Está ótimo. Muito obrigado. Só mais uma pergunta, porque você mencionou que vocês estão exportando bastante: a taxa de utilização das plantas neste trimestre foi bastante elevada, também. Podemos assumir que ela continue nesse nível até o final do ano, ou teremos algum tipo de parada de manutenção e vocês terão que reduzir um pouco essa utilização? Carlos Fadigas: Parada de manutenção de planta de segunda geração – planta de PE, PP e PVC –, comentamos menos. Sempre comentamos muito quando as centrais param, porque quando a central para, precisamos parar tudo, e aí param todas as plantas de segunda geração que dependem dela, etc. Não temos previsão de fazer parada de central petroquímica. Este é um ano em que, por coincidência, não está agendada nenhuma parada de manutenção. Aconteceram duas no ano passado, teremos uma no ano que vem, mas neste ano, não. Então, daqui para o final do ano, não para nenhuma central. Nós temos 22 linhas de PE, cinco linhas de PP, e deve haver alguma parada de planta de segunda geração; a planta de PP no Rio de Janeiro deve fazer uma parada de manutenção, mas temos cinco linhas de PP, se uma delas parar não é nada tão impactante. Então, por manutenção, não tem nada impactante. Excluindo manutenção, temos que ir para a competitividade. Do ponto de vista de competitividade, eu não gostaria de falar até o final do ano, porque não sei como fica o preço até o final do ano. Pelo menos para o 3º trimestre, não temos motivo para

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desacelerar produção. A ideia é rodar as plantas, fazer todo o volume possível, vender todo o possível no MI e exportar o restante que temos. No caso de PP, porque compramos propeno da Petrobras também, o propeno está referenciado a preço do golfo americano, e o propeno nos Estados Unidos caiu de preço, avalizando competitividade para exportação. Então, em resumo, Diego, a meta é rodar cheio, vender tudo o que podemos e exportar o restante. Isso vale especialmente para o 3º trimestre, e espero que esse cenário se confirme até o final, para rodarmos no máximo de capacidade todo o tempo possível. Diego Mendes: Está ótimo. Muito obrigado. Vicente Falanga, Bank of America: Boa tarde. Se vocês me permitirem, eu tenho três perguntas. Primeiro, a Roberta mencionou que devemos ficar atentos a um potencial enfraquecimento da demanda de China, o que poderia trazer uma pressão moderada nos spreads no curto prazo. Eu gostaria de saber como está o sentimento da indústria, se você puder nos passar. Vocês já veem demanda melhor de China, mais exportações saindo da China para outros países? Minha segunda pergunta é em relação ao ramp-up do México, que deve começar no 4º trimestre, pelo que vocês mencionaram. A expectativa é de chegar relativamente rápido próximo à capacidade máxima, a partir do momento que ela começar a operar? E a terceira pergunta, por último, Fadigas, a Braskem já abriu bastante informação sobre a fórmula da nafta, tanto na petição da Empresa quanto em seus comentários na mídia ontem. Não sei está correto, mas eu li que vocês estão propondo uma fórmula de 90% a 110% da nafta. Não sei se você já pode falar um pouco mais sobre isso, Fadigas, mas só para entender um pouco melhor, hoje, com a nafta mais deprimida, valeria os 110% da fórmula que vocês estão propondo? E hoje, efetivamente, na fórmula antiga vocês estariam pagando 102% da nafta? Obrigado. Carlos Fadigas: Suas três perguntas são bastante abrangentes. Com relação à China, é mais difícil para nós prever exatamente o que acontecerá com a China nos próximos trimestres, mas deixe-me começar com um comentário mais geral, mais de médio prazo, e depois eu volto para o curto prazo. No médio prazo, nos próximos dois anos, nós não temos uma preocupação maior com demanda global, incluída a China, e temos, portanto, uma expectativa de spreads saudáveis, positivos. Estou colocando dois anos porque, em meados de 2017, especificamente o polietileno começa a ter mais oferta. Mas com a China crescendo 6,4%, 6,5%, que é a expectativa para este ano, não vemos isso como um fator de risco relevante.

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Trimestre a trimestre, existe um sentimento doméstico na China, porque a Bolsa está depreciando, se há liquidez sendo oferecida, sobre o sistema de shadow banking que o governo está conseguindo deslanchar e irá substituir por financiamento estruturado. Esse trimestre a trimestre pode, sim, causar uma volatilidade no mercado chinês, que é o maior mercado absoluto de petroquímicas. Isso pode causar. Mas, no médio prazo, a China não é um fator de preocupação. Eles já vêm avalizando, desde 2008 administrando essa transição, já administraram a transição de exportação para consumo interno, agora tem um ajuste de consumo interno. Então, eu gostaria de expressar um pouco mais de segurança em relação ao médio prazo e, claro, oscilações de curto prazo, que acontecerão. Como temos visto, os humores às vezes variam um pouco, o bolso, o financiamento etc. Vou passar para a sua segunda pergunta, com relação ao México. A previsão é que o projeto comece a operar no final deste ano. Estamos trabalhando de fato mirando o fim do ano, dezembro. O complexo tem capacidade, à plena carga, de 1,05 milhão de toneladas, e, por enquanto, não estamos divulgando um número de ramp-up, porque isso tem a ver com a nossa perspectiva de colocação de produto no mercado doméstico. Eu vou propor que voltemos a discutir esse assunto um pouco mais para frente. Em princípio, Vicente, em linhas de polietileno, e mesmo em cracker base gás, temos uma experiência razoável. Mas como partimos muito no final do ano, temos ainda um primeiro trimestre onde acontece tipicamente de você voltar a parar a planta; você para e faz um ajuste no compressor, para fazer um ajuste em uma caldeira, para desentupir uma linha de polimerização. Eu não vou lhe dar um número, e sei que esse era seu pedido, na verdade. Vou lhe propor que voltemos a falar. Estamos discutindo exatamente com a equipe do México que número de produção deveremos esperar trimestre a trimestre no ano que vem, e voltamos a isso quando discutirmos o 3º trimestre. E começamos a acenar para vocês com uma expectativa de ramp-up no ano que vem. Passarei para a sua terceira pergunta, para separá-la em três partes. Deixe-me começar pelo passado. Se a fórmula do passado estivesse valendo – e não está valendo mais, o contrato se encerrou no ano passado –, a nafta teria nos custado 102% de ARA nesse 1º semestre. Aliás, no ano passado teria custado 103% ou 104%, se não me engano, mas ela não valeu também em boa parte do ano passado. O contrato em si se encerrou no começo do ano. Mas enfim, neste ano teria nos custado 102%. Isso não está valendo mais, é uma fórmula que foi feita para variar, e quando o petróleo cai e a petroquímica melhora, ela investe, então ela estaria cumprindo sua função. Mas é o passado, não está valendo mais. Era isso. Sobre fórmulas propostas, é uma proposta nossa que está na mesa. É apenas uma proposta. E digo que é ‘apenas uma proposta’ porque a Petrobras já a conhece; aliás, todo o grupo de trabalho se reuniu, esse é um ponto importante, e isso foi colocado de maneira muito transparente, dentro da discussão de política industrial etc.

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É uma fórmula ampla, varia de 90% a 110%. Acho que temos que reconhecer a maior volatilidade que os últimos anos trouxeram, tanto para petroquímica quanto para petróleo. Um ano atrás, o preço de petróleo era muito diferente do preço de hoje. Na primeira metade do ano passado, ninguém estimava que o petróleo chegasse a junho de 2015 em US$49 o barril. Então, não é a volatilidade petroquímica, o negócio das petroleiras que ficou mais difícil mesmo, ficou mais desafiador. Tem uma técnica nova, tem um posicionamento novo de oferta, é um mundo mais volátil. Isso vale para petroquímica, porque ninguém previu o shale gas, vale para petróleo, porque ninguém previu a queda do preço do petróleo. E a nossa posição é de que, se você quer desenhar uma fórmula para durar cinco anos, e olhe quanta coisa aconteceu nos últimos cinco anos, se você quer desenhar uma fórmula para durar dez anos, ela não pode ser um número cravado, ou uma referência cravada. X% de ARA e acabou. Achamos que é no melhor interesse da cadeia produtiva, quer queira ou quer não, a Petrobras e Braskem e os nossos clientes estão ligados umbilicalmente por dutos, inclusive na mesma cadeia, que essa fórmula deveria variar. Se ela estivesse sendo aplicada, não sei se estaria no teto de 110%. Com a nafta a cerca US$400, estaria acima de ARA, acho que estaria por volta de 104% ou 105% de ARA, e não estaria em 110%. Temos que fazer a conta do lado. Estaria, sim, acima de ARA. Isso eu posso afirmar. Não posso afirmar se já teria batido no teto. Mas isso é apenas uma proposta. Eu não sei se ela prospera ou não, dependerá do próprio momento da Petrobras. O cenário político brasileiro talvez nos favoreça ter uma discussão de longuíssimo prazo, como queremos que o setor de petróleo se desenvolva nos próximos dez anos, como queremos que o setor de petroquímica se desenvolva nos próximos dez anos. Infelizmente, o ambiente atual não é o melhor ambiente para esse tipo de discussão. Daí porque eu comentei e não descarto um cenário no qual tenhamos que conviver com um aditivo, estamos trabalhando, nós e a Petrobras estamos trabalhando para chegar a algo mais estrutural, mas eu acho que temos que deixar todas as alternativas abertas. Esse é o comentário que eu tinha para fazer sobre nafta. Vicente Falanga: Obrigado, Fadigas. Muito claro, e obrigado por responder as três perguntas. Luiz Carvalho, HSBC: Boa tarde. Eu também tenho três perguntas. A primeira delas é em relação ao Investment Grade de Brasil. Vocês até colocaram na apresentação, mencionaram que a Braskem recebeu uma revisão do outlook para negativo. Eu queria entender, em uma hipótese de o Brasil efetivamente perder o Investment Grade e a Braskem

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acompanhar essa tendência – o que não seria uma exclusividade da Companhia, mas de diversas companhias domésticas –, qual seria o impacto para vocês do ponto de vista de custo de dívida, o que vocês imaginam, e do ponto de vista de financiamento da dívida, apesar de vocês terem uma dívida mais de longo prazo? Essa é a primeira. A segunda é em relação ao projeto do México, eu gostaria de voltar. Uma das coisas que temos percebido ao conversar com alguns players da indústria seria a diferença da comercialização dos produtos no México quando comparado ao Brasil, um modelo diferente. Você mencionou que não darão nenhum tipo de guidance com relação ao ramp-up porque querem ver como será a colocação do seu produto. Eu gostaria de saber se você poderia dar um update sobre como está essa interação com os clientes lá. Sabemos que vocês já têm importado produto para o México para efetivamente começar uma relação comercial, mas queria entender um pouco mais como isso está e qual é a sua expectativa. A terceira é apenas um update, um follow-up rápido em relação ao projeto Ascent: como estão as operações lá com a Odebrecht Ambiental, dado esse cenário um pouco mais de incerteza no cenário global, como vocês colocaram? Como fica esse projeto olhando para frente? Obrigado. Carlos Fadigas: Luiz, eu vou inverter, começar pela última, passo por México, e depois, sobre Investment Grade, peço a contribuição do Mario na pergunta. Especificamente sobre Ascent, foi um projeto idealizado em sua origem para capturar a diferença do custo de matéria-prima entre nafta e gás. Neste exato momento, ele está sendo reestudado em uma lógica tradicional: oferta e demanda de petroquímicos, spread e margem de petroquímicos. A Odebrecht Ambiental não está trabalhando neste momento, porque trouxemos o projeto de volta para dentro de casa, para reavaliar a premissa de petroquímico. Então, tem um grupo pequeno de Braskem América dedicado a estudar a rentabilidade do projeto. A Odebrecht Ambiental estava envolvida quando estávamos avançando na fase de implementação; o quanto custa para construir, como constrói, layout, licença, contractors etc. Quando voltamos para reestudar a base, que é uma discussão essencialmente petroquímica, ele voltou exclusivamente para a mão de Braskem América. Para ter certeza que meu ponto está claro, todos os projetos que temos sendo feitos nos Estados Unidos não estavam sendo feitos por uma perspectiva de falta de petroquímico no médio e longo prazo, eles estavam sendo feitos porque a partir da rota gás havia uma vantagem muito grande no custo da matéria-prima. Essa vantagem caiu, e o que estamos avaliando agora é se essa vantagem menor, associada ao balanço de oferta e demanda, justificará o projeto. Seguimos estudando, tem gente dentro de casa, é um núcleo menor e a lógica econômica mudou.

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É um pouco de vantagem de matéria-prima, porque não sabemos qual é o tamanho dessa vantagem, mas com nafta a US$413/t ela é muito diferente que com a nafta a US$1.000 por tonelada; o produto de base gás tem uma vantagem menor. Por outro lado, temos visto uma sustentação de margens melhores. Elas mudam em 2018, mas voltarão no tempo. Então, Ascent continua em estudo, mas voltou para uma etapa mais básica de avaliação. Vou passar para a comercialização de México. Vocês sabem o que temos aqui, que a equipe está montada, tem um Diretor Comercial, já está comercializando uma quantidade razoável de produtos; o Brasil tem mandado produtos, temos comprado produtos de fornecedores de tecnologia, de algumas petroquímicas americanas, de traders para atender os clientes. Seguimos ampliando a base de clientes atendidos e, mais que isso, seguimos avançando na contratação com o cliente de volumes para o ano que vem. Todo esse esforço comercial segue avançando bem. A lógica de comercialização é diferente, até porque é um mercado diferente. Por exemplo, a precificação será em USD, porque é um mercado que trabalha muito com precificação em USD. É um mercado integrado, do mesmo jeito que o mercado do Brasil é um mercado que não tem alíquotas no Mercosul; não quero comparar o tamanho do mercado de Mercosul com o North American Free Trade Agreement, mas é um mercado comum, o mercado americano e o mercado mexicano. Então, é uma precificação mais vinculada à região do North American Free Trade, em USD, e que traz como referência naturalmente o preço norte-americano de maneira geral; não só norte americano dos Estados Unidos, mas norte americano do fluxo da região. Um ponto importante que temos a colocar é que é claro que você não sai de um volume de pré market para colocar 1 milhão de toneladas no mercado do México. Nós temos uma meta ambiciosa para o primeiro ano, que iremos aos poucos dividindo com vocês, mas outro ponto importante é que, por ter essa estrutura de preço, a exportação do México leva duas vantagens em relação à exportação brasileira. No que eu deixo de colocar no Brasil e exporto, quando comparado com o que eu deixo de colocar no México e exporto, no México eu tenho duas vantagens. Primeiro, o diferencial de preço é menor. Por não ter impostos de importação, o preço do México já é diferente. E segundo, é diferente pela própria competitividade da estrutura produtiva mexicana. Essa é a segunda vantagem. O produtor de mais baixo custo seremos nós; o produtor com capacidade de colocar produto onde quiser, seremos nós. Lembrando que o gás no México tem, inclusive, um desconto em relação a Mont Belvieu, são mais competitivos que os produtores dos Estados Unidos. E isso tende também a favorecer a exportação do México. Posso comentar um pouco mais, também teremos distribuidores que ajudarão a fazer a distribuição nos clientes pequenos, e isso nós temos no Brasil, temos nos Estados Unidos. A partir daí, não muda muito. Teremos equipe de assistência técnica,

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naturalmente venderemos diretamente para os clientes, tem a parte da distribuidora, tem essa a parte dos clientes pequenos. Então tem uma parte que não se altera na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, como atenção direta ao cliente, venda direta ao cliente, assistência técnica, distribuidor para os pequenos clientes. Depois vemos para o específico, porque temos essa especificação em USD que comentamos. Comentarei sobre Investment Grade brevemente e depois passo para o Mario. Um ponto importante para comentar, e acho que a imprensa, um jornal ou outro, até reportaram esse ponto de forma equivocada, é que a Braskem teve o seu rating revisto e seu outlook confirmado poucos meses atrás. O outlook foi revisto pela própria S&P agora, mas a S&P lá atrás, quando olhou somente Braskem, confirmou o outlook, em abril. A revisão do outlook de agora vem no contexto da revisão do outlook de 33 empresas. Digo isso só porque um jornal disse que a Braskem teve rating revisto, e acho que a informação mais precisa é que 33 instituições tiveram seu rating revisto. E a Braskem, quando teve seu rating revisto individualmente, na verdade tinha tido a manutenção. O release fala sobre a menor alavancagem dos últimos oito anos, desde 2007, e isso depois de termos feito um esforço grande de equity no projeto do México, o que acho que é outro ponto importante para comentar. Vou passar para o Mario para ele complementar. Mario Augusto da Silva: Luiz,é um pouco isso do que o Fadigas comentou. Na semana passada, quando houve a revisão do outlook soberano de estável para negativo, a S&P fez a revisão de um grupo de empresas, dentre elas a Braskem. Houve outras empresas relevantes do Brasil que também tiveram o seu outlook mudado de estável para negativo. Um total de 21 empresas e mais 12 bancos, para ser um pouco mais preciso, lhe dar um pouco mais de detalhe. Sua pergunta toca também em relação a um cenário de Brasil para frente, quais seriam as consequências de o Brasil perder o Investment Grade, e qual seria a consequência em Braskem. Nos próximos dois anos, há alguns eventos que vale mencionar em relação à Braskem, o trabalho que continuaremos fazendo com as agências de rating, que reduzirá um pouco a exposição, descolando um pouco a dinâmica de Braskem da dinâmica de Brasil. Primeiro, no ano que vem teremos o início da operação no México, e aí passamos a ter um pedaço relevante do resultado de Braskem vindo de outra geografia, de outra dinâmica. O México, especificamente, é um país com rating A-, então quando olharmos o ponderado da Braskem, isso obviamente irá contribuir. Temos visto também uma contribuição cada vez maior da nossa operação americana, temos batido recorde de produção nos Estados Unidos, recorde de vendas. Então,

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uma contribuição cada vez maior da nossa operação americana, e isso também, obviamente, contará favoravelmente. Sem falar que a própria dinâmica de Braskem no mercado inteiro é vinculada a uma dinâmica de preços do mercado internacional. Você conhece muito bem que nossa dinâmica de resultados é positivamente influenciada por câmbio. Outro aspecto que também temos vindo ressaltando e trabalharemos junto com as agências de rating é que hoje a Braskem suporta aproximadamente algo entre 20% e 25% da sua produção; ou seja, da receita da Braskem, 20% a 25% são produtos feitos no Brasil, mas exportados para outros mercados. É um pouco isso. Não temos nenhum covenant, por exemplo, em nossa dívida relacionado à perda de Investment Grade. Dos nossos bonds que estão emitidos no mercado de capitais, não tem nenhum covenant associado à redução de rating. E como você mesmo mencionou, hoje temos um prazo médio de 16 anos em nossa dívida. E se considerarmos apenas a dívida em USD, esse prazo médio é ainda maior. Isso é um pouco do cenário hoje, de como estamos trabalhando junto com as agências de rating. Luiz Carvalho: Bem claro. Fadigas, se eu puder voltar, você já mencionou que tem determinada quantidade, um volume contratado com o cliente mexicano. Você pode abrir qual é esse percentual? Obrigado. Carlos Fadigas: Luiz, eu não posso. Esse número, inclusive, está avançando, está evoluindo neste momento para chegar ao final do ano com o volume contratado. Vou tentar lhe trazer um pouco de conforto aqui: temos uma meta para o ano que vem, e temos que levar em conta que no ano que vem a Braskem terá que formar estoque de resina, de 1 milhão de toneladas, produzindo 80.000 toneladas por mês, mais ou menos, para fazer uma conta fácil. Então, uma parte tem que formar estoque. Tem uma parte que será dos distribuidores. Os distribuidores também têm um compromisso de compra mínima se querem representar a Braskem no México, os distribuidores do México. E eles já estão trabalhando também com os clientes pequenos para colocar o produto. Tem um volume que estamos contratando com os clientes que atenderemos diretamente, então essa é outra parte importante. Claro, o complexo não roda à plena carga no primeiro ano, então tem um volume no primeiro ano de 1,05 milhão que não será produzido. E quando olhamos os canais de exportação também, contamos com a Braskem nos Estados Unidos. A Braskem nos Estados Unidos, os clientes de PP da Braskem – e só fazemos PP nos Estados Unidos – consomem 4 milhões de toneladas de PE. Claro que eles não vão dar 100% de market share para nós, e nem teríamos produto para

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atender, mas se eles abrirem 5% do volume que compram para comprar da Braskem, isso abriria um canal de 200.000 toneladas nos Estados Unidos. A Braskem tem uma atuação histórica de PE na Europa. Tem uma vantagem operacional na Europa que já recebe um pouco de PE exportado do Brasil. Temos uma atuação histórica na América Latina. Então, estamos somando 1 milhão de toneladas, e eu sei que é no México, está bem encaminhada a colocação no México, mas estamos falando de uma entidade que comercializa hoje quase 8 milhões de toneladas, que é o caso da Braskem, 7,7 milhões de capacidade. Você me fez uma pergunta específica, eu pensei em uma resposta genérica. Eu não posso abrir o número, mas nós caminharemos para dar mais visibilidade, à medida que chegamos perto do final do ano, de volume produzido e de comercialização. Só acho que o número preciso de quanto pretendemos vender dentro do México é um número que dificilmente abriremos, porque é claro que é um número que a Dow, a Exxon e a Chevron estão muito interessadas em conhecer. Luiz Carvalho: Ficou claro. Muito útil. Obrigado pelo call. André Sobreira, Credit Suisse: Duas perguntas, por favor. A primeira, do lado de G&A, sua performance foi muito boa no trimestre. Se vocês pudessem comentar um pouco sobre aquelas iniciativas que vocês estão executando, se está sendo melhor que o esperado. Eu lembro que no passado você disse que ninguém deveria esperar G&A flat em 2016, mas simplesmente crescendo com a inflação, um pouco a menos. Queria saber se esse ainda é o entendimento, depois de ter avançado um pouco no processo. A segunda pergunta, como está a estratégia legal da Companhia depois daquele evento com Ministério Público Federal (“MPF”), dos R$6 bilhões? O que você puder comentar sobre esse assunto, dado que é um tema importante para o mercado. Obrigado. Carlos Fadigas: André, eu vou começar pela segunda, e depois eu passo para a primeira, e aí a Roberta e o Mario comentam um pouco mais essa parte de despesa administrativa. Só para nivelar um pouco, em uma sexta-feira, dia 24 de julho, no contexto – isso é importante – da apresentação de denúncias às pessoas físicas, Marcelo Odebrecht e Alexandrino Alencar – Alexandrino como ex-executivo da Braskem, ele saiu em 2007; e Marcelo na condição, não somente da construtora, mas no tocante à Braskem, à época Presidente do Conselho de Administração da Braskem –, o Ministério Público Federal colocou que o contrato assinado em 2009 teria causado um grande prejuízo à Petrobras, e chegou ao número de R$6 bilhões.

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Isso tudo foi apresentado no contexto de denúncias criminais a pessoas físicas. Portanto, no que diz respeito à Braskem S.A., como pessoa jurídica, isso ainda está no contexto de ações criminais contra terceiros. Nós tivemos acesso às informações que a Petrobras passou para o Ministério Público e para a Polícia Federal no contexto das investigações, e nós também passamos informações, algumas por solicitação deles e outras de forma absolutamente voluntária. Na semana passada, entregamos voluntariamente informações que achamos que eram importantes. Reconhecemos que é um tema de caráter técnico para a densidade de nafta, mercado de nafta, mercado de gasolina. E o que eu posso dizer André, e aí naturalmente cada um terá o direito de fazer o seu julgamento, é que por todos os ângulos que eu olho, a partir de todas as informações que recolhemos internamente da aprovação desse contrato, da negociação desse contrato, do ambiente econômico no qual esse contrato foi assinado, eu não vejo nenhum ângulo que sustente este número. A partir também da análise que fizemos de documentos da Petrobras disponibilizados nesse processo, depoimentos da Petrobras feitos nesse processo, e a equipe técnica da Petrobras prestou depoimentos neste processo, também não vejo forma de sustentar qualquer número parecido com esses R$6 bilhões. Neste exato momento, não existe nenhuma ação contra a Braskem nesse sentido. Neste exato momento, o que existe foi aquilo que ficou público no dia 24, uma apresentação de denúncia contra pessoas físicas. Nós temos uma equipe jurídica, claro, que está trabalhando em parceria com nossa equipe técnica, e tem essas informações, e é de onde está saindo o meu comentário para você. Nós, a partir de todo o conhecimento que temos no assunto, a partir dos documentos da Petrobras, não enxergamos espaço para sustentar um pedido dessa ordem. Mas é claro que a decisão, no final do dia, de propor ação ou não, não é nossa, ela caberá à Justiça. Mas do ponto de vista de Braskem como compradora, como signatária do contrato, como governança, como relação comercial com Petrobras, como relação com a Diretoria da Petrobras na época – lembrando que era uma Diretoria de sete membros – e conhecimento de como as formalidades aconteceram na Petrobras e na Braskem, a nossa conclusão é essa. Eu acho que isso é o mais distante que eu posso ir neste exato momento. Vamos aguardar o que acontecerá daqui para frente. Eu vou passar para o Mário e para a Roberta comentarem um pouco a parte de despesas administrativas. Mario Augusto da Silva: André, boa tarde. Deixe-me comentar um pouco sobre a parte de despesas administrativas. Você comentou sobre a iniciativa que divulgamos no último trimestre, e voltamos a divulgar neste trimestre, que estamos com um programa de redução de gastos fixos neste ano.

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Eu gostaria apenas de voltar um pouco no tempo, porque acho que independentemente desse programa, e talvez ele tenha uma amplitude e uma profundidade ainda maior, a Braskem, por disciplina, todo ano se desafia em relação aos seus custos fixos. É uma questão de disciplina empresarial. Nossa indústria é uma indústria de commodities, então essa disciplina em relação a custo fixo é permanente. Toda vez que fazemos um plano de negócios, as áreas são desafiadas a reduzir ao máximo e no limite os seus custos fixos. Então, parte desse resultado também é consequência do que vimos fazendo ao longo dos anos do ponto de vista de otimização dos nossos gastos, tanto nas despesas gerais e administrativas quanto nas despesas com vendas. Especificamente em relação ao programa, ainda estamos na fase final de mapeamento das iniciativas, e a implementação desse programa começará a acontecer no 2º semestre de 2015 e ao longo de 2016. Então, esperamos que, em relação ao programa, tenhamos um resultado mais expressivo das medidas implementadas, ou pelo menos o primeiro ano cheio dessas medidas, em 2017. Mas acho que o resultado que temos tido, e que tivemos nesse trimestre especificamente, em relação às despesas com vendas gerais e administrativas, também é um pouco do resultado da disciplina empresarial que temos em relação a custo fixo, ano após ano. A Braskem tem feito isso de maneira permanente, obviamente buscando otimizar a nossa estrutura de custo. Carlos Fadigas: Só um comentário, que é importante colocar, André: ano passado, quando programamos um orçamento interno, ter uma informação para uso de gestão da Companhia, nos gastos do ano seguinte, nós já nos desafiamos. Não dá para ir na inércia. Não é possível pegar o orçamento, colocar inflação e no ano que vem é isso que gastaremos. Já nos desafiamos um pouco. E é claro que, na medida em que você começa a trabalhar em um projeto como esse que o Mario estava comentando, de redução de custo fixo, ainda que não o tenhamos concluído, quais são as frentes, quando começaremos a implementar, como faremos, a equipe já sentiu qual é a direção de uma forma mínima. Então, não só começamos o ano com um orçamento mais apertado, como pedirmos a todo mundo que, enquanto discutimos um programa de custo fixo, temos que continuar tendo disciplina de custo fixo. Esse programa estruturado que o Mario comentou, como tem um custo para implementar, infelizmente, no 2º semestre de 2015, fora a boa disciplina empresarial que o Mario comentou, o programa estruturado em si traz pouca contribuição. Porque primeiro se gasta com mudança de sistema, mudança de estrutura, eventuais desligamentos. Temos um gasto inicial, e capturamos isso de forma um pouco maior no ano de 2016. Como há iniciativas que só serão implementadas ao longo de 2016, ele só roda a pleno efeito em 2017.

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André Sobreira: Ótimo. Muito obrigado. Pedro Medeiros, Citigroup: Boa tarde. Obrigado. Parabéns pelo resultado. Eu tenho, na verdade, três perguntas. A primeira delas, vocês comentaram um pouco sobre a performance dos negócios internacionais da Companhia, e o que observamos foi que nesse trimestre vocês tiveram dois eventos interessantes: um nos Estados Unidos, onde os spreads de polipropileno para propeno ficaram bastante altos em seus indicadores, e na Europa também, por uma questão de fechamentos temporários de capacidade, aparentemente. No entanto, ao olhar o resultado, vemos uma melhora. Eu gostaria que vocês pudessem qualificar um pouco como foi o ambiente de negócios, se essa melhora será sustentável. Enfim, o que vocês puderem comentar sobre como foi sua percepção desse resultado diante desses indicadores. Por favor. Minha segunda pergunta é uma tecnicalidade sobre o projeto do México. Neste trimestre, vocês anunciaram uma recuperação de caixa bastante forte do IVA pago sobre uma coleção de equipamentos na hora da construção do projeto. Pelo que observamos, houve um reporte de caixa operacional gerado de R$573 milhões, que foi usado integralmente para investimentos, e ainda existe um restante de IVA a recuperar. Eu gostaria de entender como está a previsão de desembolso da Braskem para o project finance no México para o ano antes do startup da planta. Se existe a possibilidade de não termos mais desembolsos previstos, ou se existe algum montante relevante ainda a acontecer. Essa seria a pergunta. E a terceira pergunta, na verdade, é para entender o que aconteceu com a Riopol no 2º trimestre. Vocês mencionam uma taxa de utilização bem mais baixa, e você comentou no call uma perspectiva de que essa utilização melhore no 3º trimestre. Eu queria entender, se possível, o que aconteceu com a planta. Obrigado. Carlos Fadigas: Vou começar pelos spreads. Um comentário breve antes disso é que nos Estados Unidos, acompanhamos nosso desempenho olhando duas coisas: o quanto conseguimos comprar propeno abaixo do preço do mercado, que é um indicador de mercado público, propeno bulk, que é divulgado. A Braskem compra abaixo do dessa referência, seja pela compra no nordeste, que é um stranded propane, um PP que não tem um grande mercado, o grande mercado somos nós, o comprador; seja pelo nosso corte no bulk. Essa parte tem evoluído, e é sempre uma parte muito importante do nosso resultado. O spread de polimerização, que é o segundo componente do resultado, quanto, em cima do propeno comprado que agrega valor polimerizando e vendendo é a parte que tem crescido em rentabilidade.

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O mercado, com o tempo, ficou demandado. A economia Americana está crescendo, crescerá por volta de 2,5%. Esse é um aspecto positivo. Não tem adição de capacidade há pouco mais de dez anos nos Estados Unidos, e o mercado começou a ficar curto, o que é uma excelente notícia para o maior produtor de PP dos Estados Unidos. Isso ajudou a abrir o spread para todo mundo, ajudou a abrir para a Braskem também, e eu não vejo esse movimento se revertendo no curto prazo. Eu acho que esse movimento levará, em algum momento, a adições de capacidade. Estamos estudando isso também. Na verdade, estamos fazendo um desgargalamento pequeno da planta de Marcus Hook, que fica no subúrbio da cidade da Philadelphia, e estamos estudando a adição de capacidade. Essa é a dinâmica que os produtores têm conseguido nos Estados Unidos. Inclusive, tem muito contrato nos Estados Unidos que são formalmente assinados em cima de propeno mais um spread fixo. Esses contratos estão sendo revistos para acomodar um spread maior. Na Europa, tivemos pontualmente um efeito mais específico. Alguns crackers na Europa tiveram dificuldade de operação, alimentando plantas que estavam integradas, e tivemos, portanto, um aumento até um pouco melhor de spread na Europa. Como o mercado europeu é um mercado mais exposto à importação, é um mercado que vem convivendo com importação há mais tempo, até a logística dos Estados Unidos faz com que os mesmos estejam mais protegidos da importação que a Europa. Nos Estados Unidos, movimentamos tudo via trem, vagão de trem, produto solto dentro de vagão de trem. Na Europa, ainda se movimenta mais com caminhão bulk, se movimenta mais com sacaria. A Europa está mais aberta à importação. Então, o spread é bom na Europa também, mas eu acho que a trajetória dele é menos positiva que a trajetória que esperamos para o crescimento do spread nos Estados Unidos. Tendo dito isso, o spread de PP de maneira geral, achamos que seguirá evoluindo. Não existe, no caso do PP, uma oferta muito grande para entrar, como se prevê no caso de PE em 2017 e 2018. Deixe-me falar da Riopol, e aí passo a palavra para o Mario comentar um pouco mais sobre IVA no México, e ele encerra as suas perguntas. A planta Riopol é abastecida pela Petrobras com gás, tanto etano quanto propano. Esse gás é recebido pela Petrobras do offshore, o terminal de Cabiúnas, como eles chamam, se não me engano. Do terminal de Cabiúnas, passa por dentro da refinaria, porque ele é processado e beneficiado na refinaria de Duque de Caxias, que é nossa vizinha de complexo petroquímico. E este complexo rodou a 73% de taxa de operação no 3º trimestre. É um complexo mais novo, adoraríamos estar rodando-o a plena carga. As linhas de PE são excelentes, com tecnologia Univation, tecnologia para fazer metaloceno, e o que está rodando abaixo e o que está causando dificuldade é a parte do abastecimento de gás.

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A Petrobras nos diz que isso é por sua dificuldade de produzir o gás para nos entregar; ora a produção de plataforma, ora a capacidade de processamento. Eu espero que melhore. Você comentou que falamos que irá subir a taxa de operação. Vou aproveitar para corrigir: eu não tenho, neste exato momento, nenhum indicativo objetivo de que irá subir. Então, eu não tenho como passar a expectativa de que subirá. Eu tenho apenas como passar o desejo de que suba. A Petrobras sinaliza que está trabalhando para normalizar o fornecimento, mas eu não tenho neste exato momento nenhuma evidência objetiva de que essa operação irá aumentar sua taxa de operação. Vou passar para o Mario, para ele comentar a recuperação de dívida e aporte no projeto do México de equity até o final do ano. Mario Augusto da Silva: Pedro, boa tarde. Antes de eu responder a sua pergunta, deixe-me só esclarecer a informação para todos que estão nos ouvindo: nós estamos realizando um investimento de US$5 bilhões no México, e à medida você vamos realizando a construção do projeto, a compra de equipamentos, isso dá direito a um crédito de imposto, que é o crédito desse IVA. Ao longo de 2013 e 2014, com o avanço do projeto, esses créditos foram se acumulando nos nossos balanços. O governo do México tem um processo de reembolso desse imposto que usualmente leva 90 dias. Nós tivemos, no final de 2013, e principalmente no 1º semestre de 2014 e nos 9 meses de 2014, um pouco mais de demora que o esperado para ter o reembolso desse IVA, e ele começou a se destravar, basicamente a partir de outubro, novembro, dezembro do ano passado, e principalmente no 1º semestre de 2015. Então, todo aquele crédito de IVA acumulado que tivemos ao longo de 2013 e 2014 principalmente, nós o destravamos no final do ano passado e início de 2015. Tivemos um total de imposto restituído no valor de R$600 milhões no 1T15, e esse fluxo está praticamente normalizado. Tem um restante que está dentro desse prazo normal de 90 dias para ser reembolsado. Então, já tivemos os créditos que estavam um pouco atrasados reembolsados, e agora, o crédito remanescente está fluindo de maneira normal. O project finance, aproveitando para comentar, no lado da dívida foi praticamente 100% desembolsado. Para não dizer que foi 100%, faltam apenas US$ 24 milhões a serem desembolsados para o project finance, mas é praticamente 100%. E, em 2015 de contribuição de equity da Braskem devemos ter ainda aproximadamente US$ 200 milhões de contribuições a serem realizadas até o final de 2015. De novo, aproveitando que estamos falando de México, esperamos o projeto entrando em operação no final do ano, dezembro, e em 2016 o projeto do México passa a ter uma contribuição no resultado consolidado da Braskem.

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Pedro Medeiros: Perfeito. Mario, só para concluir, a expectativa dos aportes de US$ 300 milhões, não adicionais, mas já previstos para o fim do ano, também já cobriria eventualmente a necessidade de capital de giro do México para o startup? Mario Augusto da Silva: Não, até porque a necessidade de capital de giro começará a acontecer em 2016. O projeto estará começando no final deste ano, então essa necessidade de capital de giro vem em 2016. Mas não esperamos um número significativo de demanda de capital de giro e de aporte por conta de demanda de capital de giro no projeto. Pedro Medeiros: Está ótimo. Obrigado. Mais uma vez, parabéns pelo resultado. Felipe Santos, JPMorgan: Na verdade, eu tenho duas perguntas rápidas. Primeiro, com a geração de caixa deste ano, que deve ser forte, qual é a sua ideia principal? É focar em desalavancagem, focar em distribuir um pedaço de dividendos? Como que está a sua cabeça nesse sentido? E segundo, vocês já têm uma ideia de parada programada para o próximo ano? Essas seriam minhas duas perguntas. Obrigado. Carlos Fadigas: Felipe, teremos uma boa geração de caixa este ano. Quando colocada a perspectiva da expectativa de geração de EBITDA etc., não recebemos nenhuma sinalização de acionistas no sentido de mudar a política de distribuição de dividendos. Está bem distribuído, por volta de R$ 500 milhões; para ser mais preciso, cerca de R$ 480 milhões. Neste exato momento, nosso pensamento é a manutenção disso. Por conseguinte, a geração de resultados atenderá os investimentos, e o remanescente seguirá desalavancando a Companhia. Então, ao menos que venhamos a ter, ou desenvolvamos um novo programa de investimento, o que neste exato momento não temos, o que vai acontecer será uma desalavancagem da Braskem. Vou lembrar que nós trabalhamos durante muito tempo para podermos fazer um investimento em um complexo novo no Brasil, o que não se confirmou pela ausência de um contrato de fornecimento matéria-prima pela Petrobras para viabilizar crescimento de produção no Brasil. Nós trabalhamos no Ascent, mas a redução do preço de nafta está fazendo com que estejamos revendo. Então, a melhor coisa que já estamos fazendo, e continuaremos fazendo, é desalavancar a Companhia e prepará-la para um investimento que possa

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vir, qualquer que seja a natureza. Neste exato momento, é tão simples quanto isso. Seguir desalavancando o nosso balanço. Me lembre sua segunda pergunta, Felipe. Desculpe. Felipe Santos: Era relacionada às paradas de manutenção esperadas para o próximo ano. Já que este praticamente não tivemos paradas, gostaria de saber como será o ano que vem. Carlos Fadigas: Temos sim uma parada de manutenção programada para o ano que vem. Nós paramos cada cracker uma vez a cada seis anos. Em 2010, tivemos uma parada de manutenção na linha um da Bahia; chamamos de cracker da Bahia, mas tem linha um e linha dois. A linha um é a original, de 1978, e a linha dois foi fruto da duplicação do polo da Bahia em 1990. Então, a linha um parou em 2010 e parará novamente em outubro do ano que vem para fazer essa manutenção programada, que equivale a metade do cracker da Bahia. O cracker da Bahia tem 1,2 milhão de toneladas de capacidade de produção de eteno, a linha faz mais ou menos 600.000 toneladas, e ela para por aproximadamente 45 dias em outubro de 2016 para fazer essa manutenção programada. Felipe Santos: Obrigado. Operadora: Muito obrigada. Não havendo mais perguntas, gostaria de passar a palavra para a Companhia para as considerações finais. Carlos Fadigas: Serei breve: gostaria de gradecer o seu interesse no call, e quero fazer um comentário que fiz na coletiva de imprensa ontem, que foi, na verdade, um agradecimento à equipe da Braskem, de em um trimestre difícil do ponto de vista de notícias de imprensa, e do próprio ambiente econômico e político do Brasil, vou me permitir comentar que, em minha avaliação, as equipes da Braskem tiveram um bom desempenho. Recorde de produção nos Estados Unidos, crescimento de venda nos Estados Unidos e na Europa; tivemos central no Brasil que rodou a 100% de capacidade, e na média as centrais de base nafta rodaram a 97% de capacidade. Foi um bom desempenho das centrais, também. Crescimento de exportação de resina e de petroquímico básico, para compensar um pouco o aumento de redução de demanda de mercado interno. Com isso, chegamos a um EBITDA recorde; claro, em um cenário de câmbio favorável, de spread favorável, mas no momento em que o cenário se apresentou mais favorável, a Braskem estava

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preparada para capturar isso, através de uma produção boa de suas plantas, de uma boa comercialização e de um EBITDA recorde. Enquanto fazemos isso, resolvemos assuntos do passado, como é o caso da Chesf, que estamos trabalhando para resolver isso até 2037; e também preparamos a Braskem para o futuro, ou pelo menos a futura produção da Braskem no México, com o avanço já em 95% do EPC. Então, a equipe da Braskem soube manter a tranquilidade, soube manter o foco, soube manter a melhor operação possível de suas plantas industriais e, com isso, conseguimos extrair um EBITDA recorde. Deixo aqui um agradecimento aos 8.000 colaboradores que a Braskem tem, aos 8.000 integrantes que mantiveram o foco, mantiveram o olho na bola e permitiram a geração desse resultado. Gostaria de convidar quem quiser continuar discutindo o resultado da Braskem a se juntar ao nosso call em inglês. Se sobrou alguma dúvida, fiquem à vontade para se juntarem a nós em nosso call em inglês, que começa daqui a pouco, às 14h30, horário de Brasília. E para quem não se juntar a nós, agradeço novamente a participação e desejo um bom final de semana. Um abraço. Operadora: Obrigada. A teleconferência de resultados da Braskem está encerrada. Desconectem suas linhas e tenham uma boa tarde. “Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela MZ. Por favor, consulte o website de relações com investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição.”