Uma Consideração Protestante Reformada

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Graça Incomum — Uma Consideração Protestante Reformada da Doutrina da Graça Comum — por Rev. Barry Gritters INTRODUÇÃO Três itens devem ser tratados a título de introdução. Primeiro, as Igrejas Protestantes Reformadas (PRC), não estão sozinhas em sua rejeição da doutrina da graça comum. Aumentando em número, há outras que concordam com a PRC em suas objeções a esta doutrina. Há um artigo extenso escrito por um Presbiteriano na The Trinity Review chamado “O Mito da Graça Comum” (Março/Abril, 1987). Há o Dr. Henry Vander Goot, um professor de religião no Calvin College, e um defensor, que deixa muito a desejar, da causa conservadora ali, que falou do erro fundamental da graça comum, até mesmo reivindicando que muitos dos problemas na CRC no presente podem ser remontados à doutrina da graça comum. Há outros. Em segundo lugar, sustentadores da doutrina da graça comum fazem questão de chamar João Calvino para testemunhar em favor de sua

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Uma Consideração Protestante Reformada

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Graa Incomum

Uma Considerao Protestante Reformada

da Doutrina da Graa Comum

por

Rev. Barry Gritters

INTRODUO

Trs itens devem ser tratados a ttulo de introduo.

Primeiro, as Igrejas Protestantes Reformadas (PRC), no esto sozinhas em sua rejeio da doutrina da graa comum. Aumentando em nmero, h outras que concordam com a PRC em suas objees a esta doutrina. H um artigo extenso escrito por um Presbiteriano na The Trinity Review chamado O Mito da Graa Comum (Maro/Abril, 1987). H o Dr. Henry Vander Goot, um professor de religio no Calvin College, e um defensor, que deixa muito a desejar, da causa conservadora ali, que falou do erro fundamental da graa comum, at mesmo reivindicando que muitos dos problemas na CRC no presente podem ser remontados doutrina da graa comum. H outros.

Em segundo lugar, sustentadores da doutrina da graa comum fazem questo de chamar Joo Calvino para testemunhar em favor de sua causa. Isto tem sido feito antes, e freqentemente. De fato, um livro inteiro foi escrito para tentar mostrar isto (Herman Kuiper, Calvino e Graa Comum , 1928). Aproximadamente 10 anos atrs, examinei completamente esse livro e escrevi um ensaio extensivo para mostrar que quase toda referncia a Calvino ou um agarrar s palhas ou tomada gravemente fora do seu contexto, fazendo a reivindicao infundada (veja Apndice III). No final de 1987, o Dr. Vander Goot falou para uma assemblia de ministros (Porque Herman Hoeksema Estava Certo em 1924), a essncia do seu discurso sendo mostrar que Calvino, tomado no contexto, no ensinou a graa comum. Creio que ele fez um bom caso dela. Meu ponto que a reivindicao de se ter Calvino de um lado, uma vantagem de peso se pudesse ser provada, no vem facilmente.

Em terceiro lugar, o assunto da graa comum no est morto, mas vivo e bem vivo na CRC. Algumas vezes, as palavras graa comum no so usadas. Em outras, referncia explcita tem sido feita graa comum como promovendo heresia e injustia nas igrejas.

Com respeito doutrina: Em 1962 Harold Dekker, um professor no Calvin Theological Seminar (Seminrio Teolgico Calvino), comeou sua defesa pblica de uma expiao universal usando o ensino da bem intencionada oferta do evangelho, um ensino que foi adotado pela CRC em 1924 com o ensino da graa comum. (Para a posio de Dekker, veja The Reformed Journal ( O Jornal Reformado ), 1962 a 1964). Na dcada de 1970, o Dr. Harry Boer apresentou uma acusao contra dois artigos no Cnones de Dort , usando a doutrina da graa comum para reforar seu ataque contra a doutrina da reprovao ensinada ali. Mais recentemente, no final da dcada de 1980, a Palavra de Deus na primeira parte de Gnesis foi interpretada como mito, quase que completamente despojada de fato histrico. O que no to bem conhecido que esta preocupante e hertica interpretao das Escrituras apela para a doutrina da graa comum. (Veja Assuntos Hermenuticos Ento e Agora: O Caso Jansen Revisto no Calvin Theological Journal Abril, 1989). Estas so algumas das maneiras que o ensino da graa comum tem influenciado a f.

Com respeito prtica: desde a deciso sinodal de 1928 (veja abaixo sobre a anttese ) e atravs de toda a dcada de 1950 e alm, as igrejas tm apelado graa comum para santificar o cinema e redimir a dana. Esta prtica continua. Recentemente, uma das jovens mulheres em minha congregao me expressou preocupao que, no colgio Reformado onde ela trabalhou, havia apelo freqente graa comum para suportar comportamento e companhias que eram contrrias aos princpios histricos Reformados.

No somente no passado, mas tambm no presente, alguns tm reivindicado que a graa comum insignificante, que a controvrsia na dcada de 1920 foi desafortunada e desnecessria (veja J. Tuininga em Christian Renewal ( Renovao Crist ), 19 de Fevereiro de 1990, pgina 14). Minha orao que todos vejam que, quer algum concorde ou discorde, a graa comum um assunto que importante e deve ser discutido.

UM ESCLARECIMENTO DE MAL-ENTENDIDOS

Tenho ouvido que as Igrejas Protestantes freqentemente mal-representam a posio das CRC's. Talvez este tem sido o caso. tambm o caso que a posio das PRC's no tem sido justamente representada pela CRC nos tempos passados. Talvez isto tenha ocorrido porque o pecado e o orgulho permaneceram no caminho de um desejo de ser completamente acurado, honesto e justo. Porque a posio Protestante Reformada tem sido mal-representada e mal-entendida, quero deixar claro em primeiro lugar o que no pretendemos em nossa rejeio da graa comum.

COM RESPEITO AO PRIMEIRO PONTO

O primeiro ponto da graa comum ensina uma atitude favorvel de Deus para com todos os homens em geral, e no somente para com os eleitos (veja Apndice I). A prova dada para este ponto foi a chuva e a luz do sol que os incrdulos recebem de Deus. Quando as Igrejas Protestantes Reformadas rejeitam o primeiro ponto da graa comum, nossa negao no significa que ensinemos que a chuva e a luz do sol que os mpios recebem no so boas. Elas so boas. Os mpios devem reconhec-las como boas. E elas so dadas aos mpios por Deus. Nosso problema com o primeiro ponto da graa comum que ela ensina que Deus d aquelas coisas aos mpios em Seu amor por eles ou Seu favor para com eles. A dificuldade est ali.

COM RESPEITO AO SEGUNDO PONTO

O segundo ponto da graa comum ensina que Deus refreia o progresso desenfreado (desimpedido) do pecado, pela operao geral do Esprito Santo (Apndice I). Ele faz isto em seus coraes sem regener-los . Quando objetamos a este segundo ponto, nossa objeo no com a verdade de que Deus refreia o pecado. (Isto tem sido dito por alguns dos nossos crticos. Se eles entenderam de outra forma propositalmente ou apenas no nos entenderam, uma pergunta. Mas eles disseram de uma forma completamente clara que Deus no refreia o pecado. Mas no contexto de seus escritos, torna-se bvio que eles dizem que Deus refreia o pecado. Caso tenha sido dito que Deus no refreia o pecado, eu ouso dizer que isto no deveria ter sido dito, e peo que os escritos sejam visto em seus contextos).

Nossa objeo ao segundo ponto no que Deus no refreie o pecado. Deus refreia os pecadores de fazerem todas as aes ms concebveis. Se no fosse este o caso, o mundo seria um caos. Nossa objeo ao segundo ponto que ele ensina que Deus refreia o pecado por uma operao graciosa do Seu Esprito e numa atitude de favor para com eles. Se este no fosse o ensino da graa comum, ento, no teria nenhum problema com o segundo ponto. Tudo por si mesmo, o segundo ponto pode ser verdadeiro.

H outras explicaes, de qualquer forma, (alm da operao do Esprito Santo em seus coraes) pelas quais os homens no cometem todos os pecados imaginveis. Um dos pais da igreja, Agostinho, deu uma. Ele explicou que os mpios esto to ocupados perseguindo uma cobia, que eles no cometem todas delas. Se eles forem amantes do dinheiro, por exemplo, eles abriro mo de todos os tipos de outros pecados (bebedice, uso de drogas, glutonaria) para perseguir esta nica cobia das suas conseguir tanto dinheiro quanto possvel. Outras explicaes podem ser dadas pelas quais os homens no cometem todos os pecados possveis. Uma razo bvia que os homens no desejam sofrer a m conseqncia do mal. De acordo com os Cnones de Dort, eles ainda tm a considerao pela ordem e decncia na sociedade. Mas eles tm considerao por isto porque vem que benfico para eles. Um homem se abstm do assassinato, no porque Deus o refreia ; ele quer salvar sua prpria pele. (Esta a explicao de Calvino; veja suas Institutas : II,3,3.) Como a Confisso Belga ensina, Deus ordenou o magistrado, para que a indisciplina dos homens seja contida e tudo ocorra entre eles em boa ordem e decncia. Para este fim Ele forneceu s autoridades a espada...

COM RESPEITO AO TERCEIRO PONTO

O terceiro ponto ensina que os incrdulos que no so regenerados podem fazer boas obras, no boas salvificamente, mas boas civilmente (Apndice I). Quando objetamos a este terceiro ponto, nossa objeo no deve ser tomada como significando que os incrdulos no podem fazer algo til, benfico, ou exteriormente correto. No dizemos que porque um incrdulo pode fazer uma caneta, ela no uma boa caneta e, portanto no posso us-la; ou que porque ele fez esta camisa, portanto, ela no uma boa camisa e eu no posso (talvez) vesti-la. Ns jamais dissemos que porque um incrdulo escreveu um livro, este no pode ser, portanto, um livro til para o crente.

Nossa objeo ao terceiro ponto simplesmente esta: O incrdulo no pode fazer algo pelo qual Deus esteja satisfeito com ele pessoalmente. No h obras que os incrdulos realizem as quais Deus aprove, sobre as quais Ele diga boa obra, e sobre a qual Ele coloque o Seu selo de aprovao. Todas as obras dos incrdulos so injustas.

Tendo mostrado no que a Igreja Reformada no cr em sua negao da graa comum, h especialmente trs doutrinas da f Reformada que a doutrina da graa comum toca e s quais a doutrina [da graa comum] causa danos.

A NEGAO DA GRAA COMUM

DA DEPRAVAO TOTAL

A VERDADE DA DEPRAVAO TOTAL

A doutrina Reformada da depravao total que os homens que no so nascidos de novo esto mortos em pecado, incapazes de fazer qualquer bem, e inclinados para todo mal. A nfase aqui deve ser esta: eles esto espiritualmente mortos. A causa desta morte espiritual a queda de nossos primeiros pais no Paraso e sua subseqente punio por Deus com morte: fsica e espiritual. O homem natural incapaz de fazer qualquer bem.

Prova bblica para isto encontrada por toda a Escritura. Em Gnesis 2:16-17 o Senhor diz a Ado e Eva, No dia em que dela comeres, certamente morrers. Esta punio foi aplicada a eles, de acordo com Efsios 2:1 e versos seguintes: estando vs mortos em delitos e pecados...Mas Deus, que rico em misericrdia....nos vivificou juntamente com Cristo... Muitas outras passagens falam da morte espiritual do homem.

No somente est o homem natural morto , ele ativamente mal. Porque a inclinao da carne morte; mas a inclinao do Esprito vida e paz. Porquanto a inclinao da carne inimizade contra Deus , pois no sujeita lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que esto na carne no podem agradar a Deus (Romanos 8:6-8). Este tambm o ensino de Romanos 3:9-12, Como est escrito: No h justo, nem sequer um. No h quem entenda; no h quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inteis. No h quem faa o bem, no h nem um s... Tudo o que o homem natural pode fazer pecar.

O homem natural um escravo do pecado. Sua vontade no obrigada a fazer nada, seno o mal. Esta a tese do livro de Martinho Lutero, A Escravido da Vontade (The Bondage of the Will), o nico livro, em sua prpria opinio, que era digno de salvao. Cristo disse em Joo 5:15, Sem mim nada podeis fazer.

O exposto acima no um apelo descuidado a uns poucos textos isolados, mas a f Reformada.

No Catecismo de Heidelberg, Pergunta e Resposta 5, aprendemos que o homem natural por natureza inclinado a odiar a Deus e ao seu prximo; na Pergunta e Resposta 6 que o homem natural mau e perverso...; e na Pergunta e Resposta 8, Mas somos ns de tal forma pervertidos que nos tornamos totalmente incapazes de praticar qualquer bem, e inclinados a todo mal? Qual a resposta? Deveras somos, se no formos regenerados pelo Esprito de Deus. Deveras somos. Os pais no disseram nada aqui semelhante a: Bem, faamos algumas distines. O que voc quer dizer por bem? O que voc quer dizer por corrupto? Mas, Deveras somos, se no formos regenerados pelo Esprito de Deus.

A Confisso Belga diz, em seu Artigo 14, que o homem tornou-se mpio, perverso e corrupto em todos os seus caminhos...Por isso, rejeitamos todo o ensino contrrio, sobre o livre-arbtrio do homem, visto que o homem apenas um escravo do pecado...Pois quem pode presumir se gloriar, que pode de si mesmo fazer alguma coisa boa...porque no h vontade ou entendimento conformvel vontade ou entendimento divino, mas somente aquele que Cristo opera no homem; o qual Ele nos ensina quando diz, sem mim nada podeis fazer. No Artigo 15 do mesmo credo, o pecado original dito ser uma corrupo de toda a natureza....como uma raiz que produz nos homens todos os tipos de pecado.

O que feito to claro nestas duas confisses explicado ainda mais nos Cnones, III-IV,1, O homem foi originalmente criado imagem de Deus...mas revoltando-se contra Deus...se privou desses dons excelentes; e em lugar disso trouxe sobre si cegueira de mente, trevas horrveis, vaidade e perverso de julgamento; tornando-se mpio, rebelde e obstinado de corao e vontade, e impuro em sua afeies.

A doutrina da total depravao confessada por todas as Igrejas Crists Reformadas.

A GRAA COMUM NEGA ESTA VERDADE DA REFORMA

O terceiro ponto da graa comum no ensina que o homem pode fazer o bem salvfico. Pelo que penso que a CRC quer dizer atividades tais como arrependimento, f ou alguma outra coisa que o traga para mais perto de Deus. Mas o terceiro ponto ensina que o incrdulo, o homem no regenerado, faz alguma coisa que Deus aprova, com a qual Deus agradado, e que conformvel vontade de Deus. Ele capaz de fazer o bem civil.

Creio que a graa comum mina a Confisso Reformada da depravao total. (Ela possivelmente mina esta verdade tambm no segundo ponto, que ensina, se eu no o entenda incorretamente, que o Esprito Santo refreia o pecado no corao do homem natural, de forma que ainda exista um remanescente de Deus nele. A graa comum do Esprito Santo preserva o homem depois da queda de forma que ele no se torne completamente mal.) Mas a graa comum mina este ensino no terceiro ponto, o qual ensina que o homem natural capaz de fazer o bem civil .

A Escritura e as confisses Reformadas ensinam que o homem totalmente depravado, incapaz de fazer qualquer bem, e inclinado para todo o mal. O Catecismo de Heidelberg deixa isto claro. A nica exceo para esta verdade a regenerao. O Catecismo Belga claro: Ele corrupto em todos os seus caminhos ... No h vontade ou entendimento conformvel vontade divina, mas somente aquele que Cristo opera no homem. Os Cnones de Dort (III-IV:11) explica claramente que todas as boas obras que o homem realiza acontecem pela regenerao e pela regenerao somente.

NOSSA DEFESA DE NOSSA NEGAO DA GRAA COMUM

Certamente, h textos que parecem ensinar que o homem natural pode fazer o bem. Todavia esta questo deve ser considerada: qual o ensino prevalecente da Escritura? Estes textos devem ser explicados luz do ensino prevalecente das Escrituras e das Confisses, que mostram que o homem natural no pode fazer o que bom aos olhos de Deus.

Os Protestantes Reformados no tm explicado demais os textos que so apresentados para sustentar o ensino da graa comum, mais do que todos os crentes Reformados esto explicando demais os textos na Bblia que os Arminianos nos trazem para sustentar as suas falsas doutrinas da expiao universal e da graa resistvel. O velho ditado Holands : "Elke ketter heeft zijn letter" (Todo hertico tem seu texto).

H reivindicao de que as confisses ensinam esta habilidade do homem natural para o bem. feita referncia aos Cnones III-IV:4. Deve-se apontar mui claramente que a confisso no ensina esta habilidade. A primeira metade do artigo diz, verdade que h no homem depois da queda um resto de luz natural. Assim ele retm ainda alguma noo sobre Deus, sobre as coisas naturais e a diferena entre honra e desonra e pratica alguma virtude e disciplina exterior. Isto o mais longe em que o artigo citado no relato de estudo do snodo de 1924. Mas a ltima metade a chave: Mas o homem est to longe de chegar ao conhecimento salvfico de Deus e verdadeira converso por meio desta luz natural, a qual ele incapaz de us-la apropriadamente at mesmo em coisas naturais e civis. Antes, qualquer que seja esta luz, o homem a polui totalmente, de maneiras diversas, e a detm pela injustia. Assim, ele se faz indesculpvel perante Deus. O que quer que os nossos pais queriam dizer quando afirmaram que o homem natural incapaz de usar a luz da natureza apropriadamente nas coisas naturais e civis, claro que eles queriam dizer aqui que o homem natural no faz o bem.

A LIVRE OFERTA NEGA A PREDESTINAO

A livre oferta do evangelho o ensino de que Deus oferece salvao a todos os homens quando o evangelho pregado indiscriminadamente a todos. A livre oferta ensina que Deus graciosa e sinceramente oferece salvao a todos os que ouvem a pregao, e honesta e sinceramente deseja salvar todos eles.

A adoo do primeiro ponto da graa comum em 1924 foi uma adoo oficial (embora de uma forma duvidosa) do ensino da livre oferta do evangelho.

Algumas vezes dito que os Protestantes Reformados colocam este ensino na boca das CRC's. dito que o ensino da livre oferta era somente parte do estudo do relato do comit. Mas a livre oferta era mais do que isto. Ela era parte da deciso oficial do Snodo (veja o Apndice I). Alm do mais, os defensores da graa comum nunca se cansaram de defender a livre oferta. Portanto, este ensaio, uma anlise dos trs pontos da graa comum, levanta uma defesa da f Reformada contra a livre oferta do evangelho ensinada no primeiro ponto.

Cremos que a livre oferta deve nos levar a uma negao do ensino Reformado da predestinao.

A VERDADE REFORMADA DA PREDESTINAO

A verdade Reformada da predestinao que Deus decretou, quis e pretendeu que alguns sejam salvos e outros no. Deus determinou salvar um certo nmero, definido, de pessoas em Cristo, cujos nomes esto escritos em Seu livro da vida desde a eternidade. Esta a doutrina Reformada da eleio. Ao mesmo tempo, Deus determinou no salvar um certo nmero, definido, de pessoas, cujas todas no esto em Cristo. Esta a doutrina Reformada da reprovao.

A predestinao incondicional. Deus determina salvar este nmero especfico de pessoas, no porque Ele viu com antecedncia que elas iriam crer ou que seriam capazes de se salvar. Deus escolheu Seus amigos incondicionalmente. Para ilustrar, nossa escolha de amigo condicional. Ela deve ser, muito freqentemente. Uma garota ou garoto Cristo que queiram namorar deve ser seletivos e dizer: Eu namorarei sobre uma condio que (entre outras coisas) voc seja um Cristo. A escolha de Deus de Seus amigos no foi condicional. Ele no lhes escolheu por causa do que eles eram ou se tornariam. Tambm, Deus determinou ignorar os outros neste decreto de eleio, no porque Ele viu que eles O rejeitariam. Deus rejeitou-os incondicionalmente.

H tanta prova Bblica para isto que difcil escolher alguns textos que sejam mais claros. Em Efsios 1:1-5 Paulo diz: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abenoou com todas as bnos espirituais nas regies celestes em Cristo, como tambm nos elegeu nele antes da fundao do mundo, para sermos santos e irrepreensveis diante dele em amor: tendo nos predestinado para sermos filhos de adoo por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplcito de sua prpria vontade(veja tambm Deuteronmio 7:6; Romanos 9:11; Efsios 1:11; etc;).

Que a predestinao incondicional visto em inmeras passagens, especialmente Deuteronmio 7:7-8: O Senhor no tomou prazer em vs nem vos escolheu (este o amor eletivo!) porque fsseis mais numerosos do que todos os outros povos, pois reis menor em nmero do que qualquer povo; mas, porque o SENHOR vos amou, e porque quis guardar o juramento que fizera a vossos pais... (Se j amei algum petitio princippi [raciocnio redundante] foi este! O Senhor vos ama porque Ele vos ama!)

Isto emerge especialmente em Efsios 1. Deus escolheu um povo, no porque eles fossem santos, mas Ele os escolheu para que pudessem ser santos. Sua eleio traz santidade. As boas obras so os frutos, e no as origens, da eleio. Qual padro foi usado por Deus para nossa eleio? De acordo com a santidade das pessoas? De acordo com a f das pessoas? De acordo com as suas boas obras? Nunca. De acordo com o beneplcito de sua prpria vontade Ele escolheu um povo.

Que a reprovao incondicional vista em mais de um lugar. Joo 10:26 um texto chave, Mas vs no credes porque no sois das minhas ovelhas, como j vo-lo tenho dito. Eles so incrdulos porque Deus no lhes escolheu. 1 Pedro 2:8 mostra isto tambm. Jesus Cristo uma pedra de tropeo e rocha de escndalo, para aqueles que tropeam na palavra, sendo desobedientes; para o que tambm foram destinados. Ento ele continua, Mas vs sois a gerao eleita ....

Um lembrete adequado aqui de que a predestinao, eleio e reprovao, uma verdade fundamental da f reformada, um padro inegocivel da Reforma, o primeiro dos cinco pontos do Calvinismo: Eleio incondicional (predestinao).

Isto confessionalmente Reformado.

O Catecismo de Heidelberg , Questo 52, diz que Deus Ele me levar para si mesmo, com todos os eleitos na alegria e glria celestiais. Questo 54, sobre a igreja, diz: O Filho de Deus rene, protege e conserva...uma igreja escolhida para a vida eterna. A Confisso Belga mais clara, especialmente com respeito incondicionalidade da eleio, no Artigo 16: Deus...livra...todos aqueles que Ele...elegeu em Cristo...sem levar em considerao obra alguma deles... Os Cnones de Dort , I:7 reivindicam: Eleio o imutvel propsito de Deus pelo qual...Ele escolheu...um certo nmero de pessoas para redeno em Cristo... E em I:9: Este eleio no baseada em f prevista...ou qualquer...boa qualidade...no homem... Em II:8: Esta eleio foi o soberano conselho, a vontade graciosa e o propsito de Deus..que a...eficcia da...morte de Seu Filho se estendesse a todos os eleitos, para outorgar a eles somente o dom da f justificadora...Isto , foi da vontade de Deus que Cristo...redimisse eficazmente...todos aqueles e aqueles somente que foram eternamente escolhidos para salvao...

A LIVRE OFERTA DO EVANGELHO DEVE NEGAR ESTA VERDADE

A livre oferta nega tanto explicitamente como implicitamente a predestinao. O primeiro ponto e a oferta ensinam que o amor de Deus por todos que ouvem a pregao do Evangelho. Mas eleio aquela em que o amor de Deus em Cristo eternamente direcionado para alguns, definidos, homens em particular, desejando a salvao deles e eficazmente realizando-a (ver Deuteronmio 7:6-8 e Romanos 8:28-39).

A livre oferta do evangelho (explicita ou implicitamente) faz da eleio universal ou condicional, ou ambos. Se Deus deseja a salvao de todos os homens, ento, Ele deve desejar a salvao daqueles que Ele no escolheu. Como pode ser isto? Ento Deus deve ter escolhido todos aqueles que Ele oferece salvao; ou a salvao deve ser condicionada pela f do homem ambas das quais [alternativas] temos visto que no so nem bblicas, nem confessionais. Como Deus pode sinceramente oferecer salvao para todos os homens que Ele decretou (na predestinao) no salvar? Como Ele pode ser sincero nesta Sua expresso de amor?

Uma outra maneira, como resultado do dilema da oferta livre alm de negar a predestinao dizer que h uma contradio na Bblia que no podemos compreender. Amigos, a Bblia no contraditria. Deus deseja salv-los; Deus no deseja salv-los? A Bblia misteriosa e insondvel; mas no contraditria.

No somente a livre oferta mina a verdade da predestinao, ela mina outros dos cinco pontos do Calvinismo. Se a graa de Deus estendida na pregao a todos os homens, ento, a graa de Deus no irresistvel, como todos os Calvinistas e Reformados ensinam, mas resistvel, como o Arminiano ensina, porque nem todos so salvos por ela. Se a graa de Deus na pregao para todos, de onde vem esta graa? (E a graa na pregao certamente no comum, mas uma graa salvadora, especial). Toda graa da cruz de Cristo. Se esta graa na oferta vem da cruz de Cristo, ento, a expiao no limitada, mas universal. Ou, se Deus oferece salvao a todos os homens na pregao, Sua oferta no sincera, visto que Seu Filho no morreu por todos os homens. E se o desejo de Deus na pregao salvar todos, ento, nosso Deus soberano, Todo-poderoso, frustrado em Seus desejos.

Em nossa defesa de nossa negao da livre oferta, fazemos uma pergunta.

Em vista da livre oferta, porque alguns so salvos na pregao e outros no? A resposta no pode ser a graa de Deus , porque a graa de Deus vem para todos na pregao. A resposta no pode ser a vontade de Deus na pregao, porque a vontade de Deus salvar todos da mesma forma. H duas alternativas: Ou devido ao livre arbtrio do pecador (claramente Arminiano), ou um paradoxo. Mas a Bblia no contraditria, categoricamente contraditria.

H uma defesa da livre oferta em inmeros textos que supostamente se referem ao desejo e vontade de Deus de salvar todos os homens. Mas o Reformado deve ser cuidadoso em sua interpretao deles. Os Arminianos em Dort tinham uma cesta cheia de textos provas. surpreendente que a maioria dos textos apelados em suporte da livre oferta do evangelho so os mesmos usados pelos Arminianos em Dort. O crente Reformado considerar seriamente a interpretao destes textos por John Owen, Francis Turretin e Joo Calvino, antes de dizer que a interpretao que nega a livre oferta uma distoro cruel, arbitrria, dos textos. Nossa defesa que a Escritura interpreta a Escritura, e que um texto no contradiz o outro. Este um princpio fundamental da hermenutica Reformada.

O testemunho dos Cnones , a expresso da f de todo crente Reformado, fala em alta voz e claramente sobre a questo da vontade de Deus de salvar: Esta [eleio] foi o soberano conselho, a vontade graciosa e o propsito de Deus...que a...eficcia da... morte de Seu Filho se estendesse a todos os eleitos, para outorgar a eles somente o dom da f (nfase minha).

ESCLARECIMENTO DE NOSSA NEGAO DA LIVRE OFERTA

Sempre tem havido um mal-entendimento da negao Protestante Reformada da livre oferta do evangelho, a qual deve ser esclarecida. A negao das PRC's da livre oferta do evangelho no significa que o pregador no deva pregar a todos indiscriminadamente. Ele deve! No significa que ele no deva chamar todos os homens ao arrependimento e f. Ele deve! No implica que Deus no promete salvao a todos os que creiam! Deus com toda a certeza o faz!

A negao das PRC's da livre oferta significa isto: que negamos que h graa na pregao para todos os homens, que negamos que a pregao expressa o desejo, o propsito e a inteno de Deus de salvar todos os homens. Ele certamente no faz isto! Em vez disto, eles devem ser salvos porque Ele um Deus soberano e poderoso.

A DESTRUIO DA ANTTESE PELA GRAA COMUM

O QUE ANTTESE

Deus chama o Seu povo para viver em oposio ao mundo. Eles so chamados para dizer Sim a todas as coisas de Deus, e dizer No a todas as coisas do mundo. Eles so chamados para viver em separao espiritual do mundanismo. Esta a anttese.

Quando o crente Reformado mantm a anttese, no significa que ele deseja ser um Anabatista, fugindo do mundo, no tomando parte na vida deste mundo. Ele no vai ficar, como os Holandeses costumam dizer, zombando, met e'n bookje in e'n hoekje (com um pequeno livro num canto). Ele vive no mundo e toma parte em tudo as atividades de labor, governo e sociedade. A anttese significa que ele no tem nada em comum com o mundo espiritualmente, que ele chamado para sair do meio deles e ser separado.

A razo do seu chamado para viver a anttese que os Cristos so um povo diferente. A vida do filho de Deus regenerado no mundo tem sua origem na nova vida de Cristo e direcionada pelo poder da graa de Deus em Cristo. um viver e andar no Esprito Santo. exatamente a luta do filho de Deus, dia a dia afora, para viver, pensar, querer, sentir, falar e agir de acordo com Jesus Cristo, pelo poder do Esprito Santo. A vida do incrdulo no regenerado, em contraste, tem sua origem na carne, isto , na natureza depravada humana, e direcionada pelo poder do pecado. um viver e andar no pecado. Portanto, a vida do crente e do incrdulo esto em oposio.

A anttese deve mostrar a si mesma , e mostrar a si mesma em tudo da vida. Primeiro, a vida do crente sujeita Palavra de Deus, enquanto que a vida do incrdulo independente da Palavra e em rebelio contra ela. Em segundo lugar, o objetivo da vida diferente. O crente dirige sua vida para Deus. Sua vida centrada em Deus; o objetivo: a glria de Deus. O incrdulo deixa Deus de lado; sua vida centrada no homem.

PROVA DE QUE A ANTTESE REFORMADA

A prova confessional no to explcita como os dois fundamentos anteriores da f Reformada. Mas isto no significa que a anttese no seja uma idia bblica e Reformada. Embora o conceito tenha sido desenvolvido mais claramente pelos nossos pais da Reforma no sculo 19, ele certamente confessional. O Catecismo de Heibelberg diz que o Filho de Deus rene.... dentre toda a raa humana, uma igreja eleita para a vida eterna. A Confisso Belga salienta a idia da anttese quando, explicando a doutrina do batismo e tomando o exemplo do significado da circunciso, diz que pelo sacramento do batismo somos recebidos na Igreja de Deus, e separados de todos os outros povos e outras religies, para pertencermos totalmente a Ele, tendo Sua marca e estandarte... O sacramento do batismo, ento, a grande bandeira que proclama ao mundo, Anttese!

H prova bblica. A nao de Israel foi um exemplo primrio da anttese. Eles foram um povo separado, chamados para no se misturar com as naes ao redor deles, punidos todas as vezes em que eles se casavam e se misturavam com eles. Repetidamente Deus os chamava para serem um povo separado. Isto se revela no Novo Testamento, geralmente, quando o povo de Deus chamado de estrangeiros, peregrinos, forasteiros no mundo; e especificamente em 2 Corntios 6, No vos prendais a um jugo desigual com os infiis; porque, que sociedade tem a justia com a injustia? E que comunho tem a luz com as trevas? E que concrdia h entre Cristo e Belial? E em Tiago 4:4, No sabeis vs que a amizade do mundo inimizade contra Deus?.

A histria recente mostra que a anttese um conceito Reformado. O livro de James Bratt, Calvinismo Holands na Amrica, aponta que os Reformadores primitivos colonizadores na Amrica desejaram manter a anttese em suas vidas aqui. Suas tentativas foram extremas, at ao extremo de reivindicar que a preservao de sua lngua me - o idioma Holands deveria ser sustentado pela sua vida antittica. Mas isto aponta para o fato de que o povo de Deus estava preocupado com o ser um povo separado, espiritualmente, sobre viver a anttese.

Que a anttese nossa herana Reformada foi salientado claramente na advertncia que o Snodo das Igrejas Reformadas Crists deu s igrejas na deciso da graa comum em 1924. Se observarmos as tendncias espirituais do tempo presente, no podemos negar que existe muito mais perigo de conformidade ao mundo do que de fuga do mundo. A teologia liberal do tempo presente realmente deseja erradicar o limite entre a igreja e o mundo...A idia de uma anttese espiritual-moral est enfraquecendo em uma grande medida na conscincia de muitos, e abre caminho para um sentimento vago de irmandade geral....A doutrina da graa especial em Cristo mais e mais deixada em segundo plano...Atravs da imprensa e de todas as sortes de invenes e descobertas, que em si mesmas devem ser valorizadas como dons de Deus, uma grande parte do mundo pecaminoso est se introduzindo em nossos lares Cristos. Contra todas estas e outras influncias mais perniciosas, que pressionam sobre ns de todos os lados, h uma necessidade clamando para que a igreja monte guarda no principio; que ela...tambm lute com unhas e dentes pela anttese espiritual-moral...Sem cessar, ela deve apegar-se ao princpio de que o povo de Deus um povo especial, vivendo a partir de sua prpria origem, a origem da f....E com santa seriedade ela pode chamar...seu povo e especialmente seus jovens para no se conformarem ao mundo (Bratt, pgina 115, e a CRC Ata do Snodo, 1924, pp 146-147.)

A GRAA COMUM MINA A ANTTESE

A doutrina da graa comum mina a anttese de duas maneiras; primeiro, no fato dela ensinar um amor e favor de Deus para com todos os homens em comum. Se verdade que Deus tem um favor para com todos os homens, que Deus ama todos os homens, que Deus amigo de todos os homens, mesmo daqueles que Ele quer enviar para o inferno, mesmo daqueles que esto lutando com unhas e dentes contra o Seu reino (e todos eles esto), no h razo pela qual os filhos de Deus no devem ser amigos do mundo. De fato, dado a doutrina da graa comum, h uma boa permisso para chamar o povo de Deus a serem amigos dos incrdulos, para ter comunho com homens e mulheres mundanos.

Em segundo lugar, a graa comum ensina que os incrdulos esto envolvidos em obras neste mundo com os quais Deus est satisfeito. Se Deus d aos incrdulos uma capacidade de fazer uma obra que Lhe agrada, como um fruto de Sua graa (mesmo que esta no seja uma graa especial), a concluso lgica que, em todos os esforos, o crente capaz de agir lado a lado com o incrdulo naqueles esforos na obra de um sindicato trabalhista, na obra de assuntos sociais, na obra de polticas, e at mesmo na educao de seus filhos. Mas de acordo com a verdade bblica da anttese, isto impossvel porque os objetivos de cada um so diferentes.