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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO SANDRA ALVES MESQUITA RISCOS E COMPLICAÇÕES PARA RECÉM-NASCIDOS DE MÃES DIABÉTICAS 1

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO

SANDRA ALVES MESQUITA

RISCOS E COMPLICAÇÕES PARA RECÉM-NASCIDOS DE MÃES DIABÉTICAS

SÃO PAULO

1

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2009 SANDRA ALVES MESQUITA

RISCOS E COMPLICAÇÕES PARA RECÉM- NASCIDOS DE MÃES DIABÉTICAS

SÃO PAULO

Monografia apresentada à UniversidadeBandeirante de São Paulo como exigência para certificação do Curso de Pós-Graduação“LATO-SENSO” Enfermagem Neonatológica.Orientador: Profº.Ms. José Marcos Barbosa.

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2009

Mesquita, Sandra Alves Riscos e complicações para recém-nascidos de mães de mães diabéticas: pesquisa qualitativa bibliográfica /Sandra Alves Mesquita. - - São Paulo: [s.n.], 2009 72f.; 30cm. Monografia - Universidade Bandeirante de São Paulo, Curso de Pós - Graduação em Enfermagem Neonatológica.

Orientador: Profº. Ms. José Marcos Barbosa. 1. Diabetes Gestacional. 2. Diabetes Melito. 3. Complicações na Gravidez. 4. Recém-Nascido. 5. Fatores de Riscos. 6. Cuidados de Enfermagem. 7. Cuidado humano I. Título

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SANDRA ALVES MESQUITA

RISCOS E COMPLICAÇÕES PARA RECÉM- NASCIDOS DE MÃES DIABÉTICAS

MONOGRAFIA APRESENTADA À UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO, COMO EXIGÊNCIA DO CURSO DE ENFERMAGEM

NEONATOLÓGICA

Presidente e Orientador

Nome:_______________________________________________________

Titulação:_____________________________________________________

Instituição:____________________________________________________

Assinatura:____________________________________________________

2º Examinador:

Nome:_______________________________________________________

Titulação:_____________________________________________________

Assinatura:____________________________________________________

3º Examinador:

Nome:_______________________________________________________

Titulação:_____________________________________________________

Assinatura:____________________________________________________

Nota final:__________

Biblioteca

Bibliotecário:__________________________________________________

Assinatura:____________________________________________________

São Paulo, __de __________de 2009.

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Dedico este trabalho...

A minha mãe,que não tem medidas para me amar

e que carrega dentro de si a alegria de viver.Minha gratidão e meu orgulho.

À Barbara, filha querida, que me diverte, me renova

e me permite exercitar a sublime arte de amar.

A minha Tia Neusa,que é a força viva

e me ensinou a ter coragem para vencer.

Ao Vicente Lopes,que se encarrega da missão de me fazer ver

o mundo de uma maneira diferente.

A Dr.ª Márcia Moutinho,da qual eu muito me orgulho

e foi meu maior estímulo para encarar essa caminhada.

A Deus,a quem devo tudo.

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Ao meu orientador Prof.º Ms. José Marcos,pela confiança em mim depositada,

pelo brilhantismo e sabedoria.Muito me auxiliou no trilhar deste caminho científico.

O meu muito obrigado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que caminharam ao meu lado nessa estrada, mas deixo registrado alguns daqueles cuja contribuição tornou-se por demais evidente.

Aos meus professores da Pós-Graduação da Universidade Bandeirante de São Paulo. Um carinho especial para coordenadora do curso de Neonatologia Profª. Ms. Ana Elia Robles Petrone.

Ao prof.º Ms. José Marcos Barbosa, pelo acolhimento e paciência, a quem tenho como exemplo de amor à profissão e a arte de ensinar. Minha admiração e meus agradecimentos pelas orientações relevantes e a disposição em me receber e ajudar ao longo deste estudo.

À minha mãe, a quem tenho uma admiração especial pelo seu exemplo de coragem, integridade, bom humor e alegria de viver, presente em todos os momentos da minha vida, minha gratidão pelo seu amor incondicional.

À minha amada filha Barbara, pela compreensão e silêncio todas as vezes que se fizeram necessários.

À tia Neusa, por todos esses anos de dedicação, cuidados e compreensão. Exemplo de força, integridade e caráter, o meu muito obrigado.

Ao Vicente Lopes, pelo incentivo e motivação e por me fazer acreditar que tudo é possível quando se acredita.

À Dra Márcia Moutinho, que esteve presente ao longo desses anos em minha batalha árdua e nunca se fez desistir.

À minha tia Dora, com quem compartilho os sonhos e incertezas da vida profissional e pelo carinho e atenção a mim dispensados sempre que preciso. A toda minha família pela forma alegre de encarar a vida, que abriram mão da minha companhia todos esses anos, respeitando meus momentos.

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As minhas amigas Gildete, Irene, Simone Barbosa, Josiane Lopes, Fernanda Leme, Fernanda Ribeiro, Mônica e aos meus grandes amigos Fernando Hiray e André Nogueira obrigado pelo carinho, pelos empurrões, pelo ombro amigo e por tantas horas de intensa alegria.

A Deus a quem devo tudo e sempre está presente na minha vida aumentando minha fé todos os dias.

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“Quando o homem começa com certezas, termina com dúvidas, mas se ele se contenta em começar com dúvidas terminará com certezas”.

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RESUMO

O presente estudo, realizado através de pesquisa qualitativa e levantamento

bibliográfico, consiste na análise de um processo educativo voltado às

Gestantes Diabéticas que busca averiguar seus conhecimentos sobre o

Diabetes Melito, seus riscos e complicações e seus aspectos materno, fetal e

neonatal.

O profissional de saúde, mais especificamente o enfermeiro, possui o

conhecimento e está capacitado a orientar e educar a gestante diabética,

quanto aos cuidados e tratamento do Diabetes Melito, no entanto há evidências

que o número de complicações materno-fetais por conta do Diabetes Melito

continua aumentando. Como consequência propiciou um repensar no processo

educativo que privilegiasse a escuta e o vínculo Enfermeiro-Gestante

Diabética.

Percebe-se que alguns profissionais de saúde, ao interagirem com as

gestantes reconhecem suas necessidades de compreensão da Gestante

Diabética e a dificuldade no processo de interação. No que diz respeito às

gestantes, emergiram três características: percepção das especificidades do

cuidado, ausência de informação/acolhimento/vínculo e percepção do processo

de interação. O significado das falas foi interpretado claramente como a falta de

interação entre a gestante e o profissional da saúde. Tanto os profissionais da

saúde quanto as gestantes percebem haver uma interação limitada entre eles,

sendo necessário refletir sobre esta realidade nas instituições de saúde e na

educação de enfermagem.

Palavras-chave: Diabetes Gestacional. Diabetes Melito. Complicações na Gravidez. Recém-Nascido. Fatores de Riscos. Educação. Cuidados de Enfermagem. Cuidado humano I. Título

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ABSTRACT

The present study which was carried out through qualitative research and

bibliographical surveys consists in the analysis of an educative process that is

directed to Diabetic Pregnant Women. It intends to inquire so as to extend the

knowledge about Diabetes Mellitus, concerning its risks, complications as well

as neonatal, fetal and maternal aspects.

The Health Professional, specifically, the medical caretakers (nurses) have

got the knowledge and they are able to advise and instruct the Diabetic

Pregnant Women regarding to the cares and treatments of Diabetes Mellitus.

However, the evidence of the increase in numbers of maternal and fetal

complications due to Diabetes Mellitus is still rising. As a result provided a

rethink in the educational process to focus on listening and relationship between

Pregnant Diabetic and Nurses.

It is known that some health professionals, when they interact with pregnant

women, they recognize the needs for understanding of the Diabetic Pregnant

Women and the difficulty in the process of interaction. As regards pregnant

women, they come up with three categories: perception of the specificity of

care, lack of information/reception/perception of the relationship and interaction

process.

The meaning of words was clearly interpreted as a lack of interaction. And

both the professional as the women realize there is limited interaction between

them, and this must reflect on reality in health institution and in the education of

nursing.

Keywords: Gestational Diabetes. Diabetes Mellitus. Pregnancy Complications.

Newborn Baby. Risk Factors. Education. Nursing Cares. Human Cares I. Title

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: REGULAÇÃO DA GLICEMIA ATRAVÉS DOS HORMÔNIOS GLUCAGON E INSULINA.................................................................21

Figura 2: MACROSSOMIA FETAL...................................................................36

Figura 3: MALFORMAÇÃO FETAL..................................................................36

Figura 4: DOROTHEA ELIZABETH OREM.....................................................48

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADA American Diabetes Association

CTG Cardiotocografia

DM Diabetes melito

DMG Diabetes melito gestacional

EUA Estados Unidos da América

GIG Recém-nascido grande para idade gestacional

HbA1C Hemoglobina glicosada

IRC Insuficiência renal crônica

LA Líquido amniótico

MG/DL Miligramas por decilitro

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

PIG Recém-nascido pequeno para idade gestacional

PTGO Prova de tolerância a Glicose

SAR Síndrome da angústia respiratória

SBD Sociedade Brasileira de Diabetes

WHO World Health Organization

TTOG Teste de tolerância oral à glicose

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 16

2 OBJETIVO.......................................................................................... 20

2.1 Objetivo geral...................................................................................... 20

2.2 Objetivo específico.............................................................................. 20

3 METODOLOGIA................................................................................. 21

4 DIABETES MELITO E A GESTAÇÃO .............................................. 22

4.1 DIABETES MELITO............................................................................ 23

4.1.1 Etiologia.............................................................................................. 23

4.1.2 Fisiopatogenia.................................................................................... 23

4.1.3 Classificação...................................................................................... 24

4.2 GRAVIDEZ (,) DIABETES E DIABETES GESTACIONAL.................. 25

4.3 COMPREENDENDO O DIABETES GESTACIONAL ......................... 29

4.3.1 Conceito.............................................................................................. 30

4.3.2 Fatores de riscos................................................................................. 32

4.3.3 Rastreamento e diagnóstico do diabetes gestacional......................... 33

4.3.3.1 Diagnóstico........................................................................................... 34

4.4 COMPLICAÇÕES................................................................................. 35

4.4.1 Complicações maternas..................................................................... 35

4.4.2 Complicações fetais............................................................................. 36

5 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GESTANTE DIABÉTICA............. 41

5.1 GESTANTE DIABÉTICA E O AUTO CUIDADO................................... 46

5.2 DÉFICITS DO AUTO CUIDADO DA GESTANTE DIABÉTICA SOB

ASPECTOS DA TEORIA DE DOROTHEA OREM ............................. 49

6 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO............................................................. 52

7 CONTROLE DA GLICEMIA................................................................. 55

7.1 TRATAMENTO..................................................................................... 56

7.1.1 Insulinoterapia...................................................................................... 56

7.1.2 Dietoterapia.......................................................................................... 57

7.1.3 Exercícios físicos.................................................................................. 58

7.2 MINIMIZANDO RISCOS E COMPLICAÇÕES PARA O RECÉM

NASCIDO............................................................................................. 60

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8 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA PRÓXIMA

GESTAÇÃO........................................................................................... 62

9 CONCLUSÃO........................................................................................ 66

REFERÊNCIAS............................................................................................... 68

ANEXO............................................................................................................ 73

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1 INTRODUÇÃO

O Diabetes Melito é considerado um grave problema de saúde pública em

todo o mundo. Sua ocorrência universal, em todas as classes sócio-

econômicas e independentes do gênero, vem aumentando em função da

urbanização, do sedentarismo, da industrialização, do aumento da expectativa

de vida e da ampliação da sobrevida dos diabéticos (FRANCO, 1998).

O grande problema é a alta prevalência do diabetes, aliada à possibilidade

de complicações tardias muitas vezes incapacitantes e ao fato de se constituir

em doença crônica que exige dos pacientes grandes parcelas de cuidados

tornam necessária uma abordagem educativa que facilite o lidar cotidiano com

a doença (ALMEIDA, 2006).

As deficiências dos serviços de saúde deixam muito a desejar, tanto na

parte assistencial quanto educativa para o paciente com Diabetes Melito

(SANDOVAL, 2003).

A melhor maneira de se obter sucesso na prevenção, controle e tratamento

do paciente portador de DM (Diabetes Melito), é através da informação. O

conhecimento que as pessoas possuem sobre o Diabetes Melito pode vir a

fazer com que as medidas sejam tomadas de forma consciente para

prevenção, evitando, a instalação de riscos e complicações. Além de

informações é necessário que os portadores de Diabetes Melito, disponham,

através de postos de saúde e hospitais, o devido apoio e acesso à tecnologia

disponível na área para realização de exames e acompanhamento

especializado por equipe multiprofissional (endocrinologista, obstetra,

enfermeira, psicólogo e nutricionista) para prevenção das complicações na

perspectiva de uma vida mais saudável SANDOVAL (2003).

A gestação é um período da vida da mulher, em que ocorrem muitas

dúvidas e medos, sendo assim há uma maior receptividade a novos

conhecimentos, portanto, um período para realizar educação e orientação em

saúde. Programas educativos e preventivos com gestantes diabéticas

qualificam a sua saúde e são fundamentais para introdução de hábitos

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saudáveis desde o inicio da vida do feto. Promovendo uma melhor qualidade

de vida e evitando possíveis riscos e complicações ao recém nascido.

Visando melhorar a qualidade de vida para o recém-nascido de mães

diabéticas, e maior tranquilidade para a mãe portadora da patologia, este

estudo desenvolvido através de uma pesquisa qualitativa e levantamento

bibliográfico, têm por objetivo acrescentar informações e orientações, sobre as

possíveis dúvidas e anseios das gestantes diabéticas, possibilitando uma

gestação mais segura, acerca dos cuidados a serem tomados para o controle

da glicemia.

Trazer uma conscientização à gestante diabética, sobre a importância do

controle glicêmico, para evitar possíveis problemas com seu futuro filho,

através de uma abordagem informativo-educativa, que os enfermeiros devem

realizar, de maneira clara, objetiva e humanizada com um olhar subjetivo,

dando prioridade ao “ouvir”, esclarecer suas dúvidas, medos e inseguranças.

Lembrando sempre que ela pode e deve ter uma participação ativa em todo o

processo de uma gravidez segura e saudável, possibilitando uma melhor

qualidade de vida para o recém-nascido (GUERRA et al. , 2005).

É importante que uma equipe multidisciplinar composta por médicos,

nutricionistas, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas, acompanhe estas

gestantes diabéticas. Este é um período de grande instabilidade emocional,

especialmente para estas gestantes que apresentam alguma co-morbidade que

pode afetar a ela própria e ao feto e que requer cuidados intensivos. É

essencial um adequado aporte emocional, orientação sobre dieta, atividade

física, informações e aprendizado sobre diabetes e o uso correto da insulina

(REZENDE, 2005).

Em gestantes portadoras de DMG (Diabetes Melito Gestacional), o

tratamento deve ser iniciado com dietoterapia e exercícios físicos. Mesmo

naquelas em que a administração de insulina se fizer necessária, a dieta e o

exercício físico têm importância fundamental na condução do tratamento

(REZENDE, 2005). O uso de insulina em pacientes com diabetes gestacional

deve ser iniciado assim que caracterizada sua necessidade, com o intuito de se

reduzir a ocorrência de complicações materno-fetais (OLIVEIRA et al., 2004). A

indicação de insulina ocorre quando, apesar do uso adequado da dieta

prescrita, a glicemia de jejum permanece acima de 100 mg/dl ou a glicemia 2

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horas pós-prandial (é o aumento das concentrações de glicose, na corrente

sanguínea após determinada refeição) acima de 120 mg/dl (REZENDE, 2005).

A monitorização domiciliar da glicemia é habitualmente realizada pela

própria paciente, utilizando sangue capilar. Sempre que possível deve ser

utilizada, uma vez que é a melhor forma de controle glicêmico, principalmente

na gestação (CHAVES NETTO, 2005).

Para as gestantes que utilizam insulina é importante orientá-las para a auto-

aplicação das doses de insulina, para os cuidados no armazenamento da

insulina, para a conduta nos casos de hipoglicemia.

Quando o diabetes se instala no organismo da gestante acaba interferindo

muito no ambiente em que se desenvolve o concepto, observando um aumento

de três vezes nas malformações congênitas em gestante diabética e um

aumento de dez vezes nos partos prematuros (ZAUPA; ZANONI, 2000).

Ressaltar ao enfermeiro a sua visão e participação, de suma importância, na

prática de orientar a gestante diabética sobre o auto cuidado com sua saúde e

bem estar, com objetivo de desenvolver uma proposta de educação em saúde

participativa voltada para o melhor cuidado do neonato, visualizando a

prevenção e o cuidado dos riscos e complicações de hipoglicemia e demais

patologias voltadas ao binômio mãe e filho (GUERRA et al. 2005).

O interesse neste estudo se aprofundou ao sentir-se a necessidade de

mostrar que a gravidez da gestante diabética pode apresentar complicações

que não ocorrem na mulher sem diabetes. Porém isso não significa que o

problema irá acontecer. Há várias formas de prevenção e o enfermeiro tem um

papel decisivo nessa fase de pré-natal.

As gestantes diabéticas precisam ser orientadas sobre os riscos

associados a não adesão ao controle glicêmico tanto para a saúde dela quanto

para a saúde do feto.

É fundamental a orientação sobre importância do controle glicêmico pré-

concepcional para diminuir os riscos gestacionais. Essas mulheres precisam

ser orientadas que para diminuir os riscos na sua gestação elas devem iniciar o

controle pré-concepcional, pelo menos, seis meses antes de engravidar

(REZENDE, 2005).

É importante salientar que o melhor parâmetro de vitalidade fetal é o

controle glicêmico materno SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).

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Esse estudo realizado através de um levantamento bibliográfico se justifica

pela importância de se entender alguns aspectos da situação vivencial e

necessidades das gestantes diabéticas, no pré e pós-parto, e então auxiliá-la,

através de uma ação informativo-educativa, a compreender suas principais

dúvidas e dificuldades com relação à doença, buscando melhor qualidade de

vida ao recém-nascido. Esperando contribuir para a discussão a respeito da

importância da abordagem informativo-educativa, do enfermeiro, nos cuidados

prestados a gestante diabética, dentre as diferentes possibilidades de realizá-

la, valorizando a questão do vínculo e da escuta, de forma a favorecer uma

melhor relação das gestantes com a doença e uma ampliação do auto cuidado

(GUERRA, 2005).

Por meio desse estudo objetiva-se reunir as principais informações sobre a

gravidez e o diabetes. Demonstrar a importância da atenção do enfermeiro e

de como sua atuação é imprescindível e vital para melhor qualidade de vida da

mãe e recém-nascido. Evidenciar que a maneira de intervir com segurança

para evitar problemas futuros consiste na abordagem do enfermeiro na forma

de orientação clara e objetiva.

Trata-se de pesquisa qualitativa com levantamento bibliográfico dos dados,

sendo que não é objetivo desta pesquisa aprofundar-se nas principais

características e tratamentos sobre os riscos e complicações das patologias

que acometem os recém-nascidos de mães diabéticas. Há alguns comentários

para embasar teoricamente e melhor subsidiar a discussão do assunto.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Agregar informações e orientações relacionadas à identificação e conduta

na abordagem informativa educativa do enfermeiro com as gestantes

portadoras de diabetes melito.

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Melhorar a qualidade de vida do recém nascido.

Demonstrar a importância da atenção do enfermeiro e de como sua atuação é

imprescindível e vital para melhor qualidade de vida do binômio mãe e filho.

Ressaltar ao enfermeiro a sua visão e participação, de suma importância, na

prática de orientar a gestante diabética sobre o auto cuidado com sua saúde.

Evidenciar que a maneira de intervir com segurança para evitar

problemas futuros consiste na abordagem do enfermeiro na forma de

orientação clara e objetiva.

3 METODOLOGIA

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Realizou-se uma pesquisa qualitativa com levantamento bibliográfico em

livros, textos e artigos mediante pesquisa em banco de dados digital LILACS

(Literatura Latino-Americana em ciências e saúde) do portal BIREME, BDENF

(Base de Dados de Enfermagem) MEDLINE e Scielo.

Os critérios utilizados para seleção da amostra foram: artigos publicados em

periódicos nacionais; publicações que abordem a temática dos riscos e

complicações para recém nascidos de mães diabéticas, veiculadas entre os

anos de 1994 a 2009, com os seguintes descritores: diabetes gestacional,

diabetes melito, complicações na gravidez, recém-nascido, fatores de riscos,

educação, cuidados de enfermagem e cuidado humano.

A proposta do trabalho foi baseada em uma observação realizada por meio de

pesquisa qualitativa bibliográfica, sobre abordagem do enfermeiro e sua maneira de

interagir com a gestante diabética, objetivando melhorar a conduta informativa

educativa sobre a doença (diabetes melito) e seus principais métodos de controle da

glicemia, juntamente com seus respectivos riscos e complicações sobre o feto,

quando não controlada.

4 DIABETES MELITO E A GESTAÇÃO

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A gravidez pode ser complicada pelo diabetes melito preexistentes ou pelo

diabetes melito gestacional (DMG). Essa diferenciação é extremamente

importante, para o acompanhamento materno-fetal. No Diabetes Melito

Gestacional (DMG) apesar dos riscos associados ao crescimento fetal

excessivo e às complicações hipertensivas, não ocorre aumento da prevalência

de malformações congênitas fetais (OLIVEIRA et al., 2004).

A presença de hiperglicemia nas gestantes com diabetes melito prévio,

durante o período de organogênese, pode contribuir para aparecimento de

malformações fetais, e também estão mais suscetíveis ao risco de progressão

de complicações crônicas do diabetes melito no decorrer da gestação, devendo

ser acompanhada de maneira rigorosa.

O Diabetes Melito gestacional acomete 1 a 5% das gestações, e

aproximadamente 0,3% é complicada pelo Diabetes Melito preexistente

(OLIVEIRA et al., 2004).

Os métodos para diagnóstico para DMG (Diabetes Melito Gestacional)

foram sendo modificados com no decorrer dos anos, visando reduzir as

complicações fetais associadas à doença. Os novos métodos para o

diagnóstico e as melhores condições de acompanhamento e tratamento de

gestantes permitiram reduzir a mortalidade, tanto de gestações associadas ao

DMG (Diabetes melito Gestacional) quanto ao DM (Diabetes Melito) prévio nas

últimas décadas (ZUGAIB, 2007).

Com a evolução dos métodos de controle glicêmico, desenvolvimento de

técnicas de monitorização fetal e o conhecimento claro sobre o papel da

hiperglicemia na patogênese do óbito neonatal ocorreram uma melhora na

qualidade assistencial a essas gestantes, com menores taxas de internações e

prolongamento da gestação (REZENDE, 2005 a. p.427).

Segundo REZENDE 2005, todas as gestantes experimentam o aumento da

resistência à insulina, no entanto nem todas desenvolvem o diabetes melito

gestacional, isto ocorre por incapacidade pancreática, levando a hiperglicemia

materna que é o ponto crucial do poder lesivo da doença.

4.1 DIABETES MELITO

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4.1.1 Etiologia

Segundo GUYTON et al., (1998) a etiologia do diabetes melito pode ser

analisada como:

primárias: causas que levam a falha na produção de insulina.

secundárias: falha no transporte de insulina ou ainda resistência tecidual à

insulina.

Na maioria dos casos, o diabetes decorre da diminuição da secreção de

insulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans (GUYTON et al., 1998).

No século XIX, em estudos em peixes, e mais tarde em humanos, cientistas

descreveram grupos de células no pâncreas como pequenas ilhas num mar de

tecido pancreático (OLIVEIRA et al., 2004). Estas ilhotas perfazem um total de

1% do pâncreas. Cientistas alemães relatam em 1889 que se o pâncreas fosse

destruído, o animal não desenvolveria diabetes se as ilhotas fossem

preservadas (OLIVEIRA et al., 2004).

4.1.2 Fisiopatogenia

O pâncreas endócrino secreta dois principais hormônios peptídicos, insulina

e glucagon, cujas funções coordenadas regulam o metabolismo da glicose, dos

ácidos graxos e dos aminoácidos (GUYNTON et al., 1998).

As células endócrinas do pâncreas (ilhotas de Langerhans) estão dispostas

em aglomerados que compõe quatro tipos de células (beta, alfa, delta e as

células secretoras de polipeptídio), que secretam hormônios correspondentes

para garantir a manutenção do nível de glicemia no organismo (GUYNTON et

al., 1998).

A insulina, hormônio hipoglicemiante que antes de realizar sua função tem

se ligar primeiro a uma proteína receptora situada na membrana celular.

Aproximadamente 80% das células do corpo possuem um receptor insulínico

em sua membrana e ao se ligarem a insulina as células ficam permeáveis a

glicose. Dentro das células, a glicose é imediatamente fosforilada em glicose 6-

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fosfato pela glicocinase e esta é, a seguir, oxidada para gerar ATP (Trifosfato

de adenosina) responsável por armazenar energia (GUYNTON et al., 1998).

Na maioria dos casos, o diabetes melito ocorre da diminuição da secreção

de insulina pelas células β das ilhotas de Langerhans. Se a quantidade de

insulina disponível é insuficiente, a glicose não será administrada corretamente

pelas células do corpo ou armazenada corretamente no fígado e músculos,

aumentando assim, os níveis de glicose no sangue, causando uma

hiperglicemia (GUYNTON et al., 1998).

Foto 1: regulação da glicemia através dos hormônios glucagon e insulina.

Apesar de todas as formas de diabetes melito terem em comum a

hiperglicemia, os processos patogênicos envolvidos no desenvolvimento da

mesma variam muito. Os antigos esquemas de classificação eram

fundamentados na idade de inicio da doença ou no tipo de tratamento

(OLIVEIRA et al., 2004).

4.1.3 Classificação

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De acordo com a (ADA) Associação Americana de Diabetes,e, posteriormente, aceito pala (OMS) Organização Mundial da Saúde, e pela (SBD) (Sociedade Brasileira de Diabetes a nova classificação baseia-se na etiologia do Diabetes:

I - Diabetes tipo 1 - (Deficiência absoluta de insulina).

II - Diabetes tipo 2 - (Predomínio da resistência insulínica com sua relativa deficiência).

III - Outros tipos específicos:

a - Defeitos genéticos da função das células Beta.b - Defeitos genéticos na ação da insulina.c - Doenças do pâncreas exócrino (parte do pâncreas que não produz insulina). d - Induzida por medicamentos ou produtos químicos.e - Infecções.f - Formas incomuns de diabetes auto-imune.g - Síndromes genéticas.

IV - Diabetes melito gestacional.

4.2 GRAVIDEZ E DIABETES E DIABETES GESTACIONAL

Na gravidez, duas situações envolvendo o diabetes podem acontecer: a

mulher que já tinha diabetes e engravida ou o aparecimento do diabetes

gestacional em mulheres que antes não apresentavam a doença. O diabetes

gestacional é a alteração das taxas de açúcar no sangue que aparece ou é

diagnosticada, pela primeira vez, durante a gravidez. Pode atingir até 7% das

grávidas, mas não impede uma gestação tranquila, quando é diagnosticado

precocemente e recebe acompanhamento médico, durante a gestação e após

o nascimento do bebê SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).

“O Diabete Melito – ou diabetes mellitus - é um grupo de doenças

metabólicas, caracterizado por hiperglicemia de corrente de defeito na

secreção, ação de insulina ou ambos” (REZENDE, 2005, p. 427).

Para mulher sem nenhum problema de saúde engravidar requer muitos

cuidados e planejamento, para aquelas que apresentam DM (Diabete Melito),

este planejamento é essencial, pois é necessário, que seu médico

endocrinologista avalie previamente suas condições de saúde, se permitem

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uma gestação saudável, sem riscos para a mãe e seu futuro filho. O médico

avalia primeiramente o grau de compensação do DM (Diabete Melito) e se

existem repercussões sistêmicas da doença (OLIVEIRA E MILECH, 2004).

A mulher com Diabetes, diferente das mulheres que não apresentam algum

tipo de doença, necessita da permissão do endocrinologista para engravidar,

que é feita somente após o perfil glicêmico, isto é, as glicemias no decorrer do

dia, devem estar compensadas em valores normais, menor que 90mg/dl em

jejum, e 120mg/dl pós- prandial (2 horas pós-refeição), com a comprovação da

hemoglobina glicosilada normal, isto é, devem ser menores que 6,1%, ou até

1% acima do valor máximo recomendado pelo laboratório onde o teste for

realizado, segundo SBD (Sociedade Brasileira do Diabetes). Isto aumentará a

garantia de que a gestação se iniciará de forma ideal, com mínimos riscos de

malformações fetais, fato este, que poderia ocorrer numa gestação que se

inicia em ambiente muito descompensado e que assim permanecesse nos

primeiros meses.

A monitorização da glicemia, uso da medicação adequada e insulinas

diversificadas são de suma importância para se obter a compensação no DM

(Diabete Melito) de forma que a mulher pode perfeitamente se programar e

liberar-se para a gravidez quando estiver perfeitamente compensada

(KITZMILLER et al., 2001).

Segundo ZUGAIB (2007) algumas mulheres portadoras de DM (Diabetes

Melito), que não faziam uso de insulina, que se compensavam com dieta e/ ou

hipoglicemiantes orais, deverão se adaptar com dieta e insulina pré-gestação,

pois na gravidez deverão evitar o uso dos comprimidos; porém, de acordo com

a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) existem estudos mostrando a

segurança e eficácia do uso de hipoglicemiantes orais, tais como a metformina

e a glibenclamida, na gravidez. Porém, seu uso não é um consenso entre todas

as entidades representativas de diabetes com peso internacional. Outro item

importante antes de se permitir a gravidez é a necessidade de se avaliar as

funções sistêmicas, como pressão arterial, função renal, fundo de olho, e tentar

mantê-las o mais normal possível. Desta forma, a mulher com diabetes,

engravidando compensada e sem problemas sistêmicos importantes, deverá

ter um seguimento pré-natal especializado visando permitir a manutenção

deste equilíbrio.

Page 28: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

O que ocorre na gravidez em geral é que as necessidades de insulina são

crescentes com o avançar da idade gestacional, fato que é naturalmente

compensado nas não diabéticas, nas quais o pâncreas produz maior

quantidade do hormônio com o desenvolvimento da gestação (KITZMILLER et

al., 2001). Em algumas mulheres, isto não acontece, e a partir de um

determinado momento, a insulina que é produzida pelo pâncreas não é a

suficiente para a manutenção da glicemia normal, o que irá determinar

hiperglicemias, caracterizando o chamado (DMG) Diabete Melito Gestacional.

Nas mulheres com diabete antes da gravidez, a insulina administrada

necessitará readaptação de suas doses continuamente durante o evoluir do

tempo de gestação, tentando simular o que ocorreria fisiologicamente numa

mulher sem a doença. De forma prática, o que acontece é que a glicemia da

gestante deve permanecer em valores normais, isto é, abaixo de 90mg/dl no

jejum e no decorrer do dia, abaixo de 120mg/dl (REZENDE, 2005).

A mulher que não é portadora de diabetes, e não consegue acompanhar a

produção de insulina, poderá ocorrer à hiperglicemia (nível de açúcar) no

sangue, sendo necessário estabelecer a dieta e muitas vezes a insulina. As

obesas, as mulheres que tem história familiar de Diabetes Melito e as que

tiveram filhos com mais de 4000g, estão mais propensas a desenvolver o

diabetes gestacional, sendo que, no pré-natal o obstetra tem de investigar

todas as grávidas tentando identificar quem estaria sujeita a estas alterações

(REZENDE, 2005).

Nas mulheres com diabetes pré-gestacional, o aumento da necessidade de

insulina determinado pela gravidez, implica em se monitorizar

permanentemente o perfil glicêmico através do dextro ou glicosímetro "ponta

de dedo," no jejum e 2 horas pós refeições, tentando-se manter nos padrões

normais (menor de 90mg/dl em jejum e menor de 120mg/dl pós prandial; isto é

2 horas pós refeição), ajustando-se novas doses de insulina à medida que for

necessário (KITZMILLER et al., 2001).

A manutenção do perfil glicêmico dentro do parâmetro normal (90mg/dl em

jejum e 120mg/dl pós-prandial) é importante, pois quando o nível da glicemia

está elevado, este excesso de glicose pode refletir-se na glicemia do feto,

determinando nele, um aumento na produção de insulina, com elevação de sua

insulinêmica. Este hormônio elevado no feto irá determinar um aumento nos

Page 29: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

depósitos de gordura, caracterizando o feto grande para a idade gestacional

(GIG) ou macrossômico (mais de 4 kg), que ao nascer poderá ter hipoglicemias

importantes no berçário, além de problemas respiratórios (ZUGAIB, 2007).

É muito importante que a gravidez apresente um controle metabólico o

mais próximo possível de níveis considerados ótimos (menor de 90mg/dl em

jejum e menor de 120mg/dl, pós-prandial; 2 horas pós-refeição). Isso evita que,

durante a fase de organogênese (formação dos órgãos do embrião), que ocorre

em torno da sétima semana de gestação, os níveis glicêmicos não ofereçam

riscos de malformações fetais (CHAVES NETTO, 2005).

Existem outros problemas decorrentes do descontrole do nível glicêmico

materno que podem acarretar repercussões tanto para o feto como para o

recém-nascido. Devemos entender que a busca do controle metabólico da

gestante diabética, implica em variações de glicemias, às vezes está alta, às

vezes cai muito, podendo determinar hipoglicemias até acentuadas (que se

controladas de forma correta, não acarretarão riscos para o recém-nascido),

porém o importante é manter o melhor controle possível (REZENDE, 2005).

REZENDE (2005) ressalta que é muito provável ocorrer pequenas

oscilações da glicemia, ou algumas dificuldades no controle, e não devem

desesperar a gestante diabética, pensando que está prejudicando o recém-

nascido. O importante é a conscientização de que devem fazer uma dieta

equilibrada, exercícios físicos, se possível, procurar conhecer seu perfil

glicêmico e buscar o melhor controle (RAMOS, 1999). Desta forma, a gestação

pode seguir sem complicações até o termo, isto é, até o final da gravidez, com

a certeza de que o feto estará maduro e sem repercussões do diabetes

materno, para que possa ter alta do berçário em boas condições (OLIVEIRA et

al., 2004).

A mulher com diabetes deve fazer um planejamento familiar, com método

contraceptivo eficaz e compensar as glicemias antes de engravidar. Ser

avaliada pelo médico para ver se está apta a liberar a gravidez, tanto do ponto

de vista do diabetes, quanto nos demais (vacinações, etc..). Fazer uma dieta

constante, auto-monitorização, acertos das doses de insulina e um bom pré-

natal onde se acompanhe a evolução da gestante, do diabetes e do feto com

seguimentos ultra-sonográficos atestando a normalidade do bebê e a avaliação

da sua vitalidade (KITZMILLER et al., 2001).

Page 30: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Outros exames como eco-cardiograma fetal também são úteis atestando a

normalidade do coração fetal (que poderia ser um dos focos de malformações).

O acompanhamento com o endocrinologista deverá ser feito semanalmente ou,

pelo menos, quinzenalmente, para os ajustes devidos das doses de insulina

(ZUGAIB, 2007).

“A paciente deverá, de preferência, ter o seguimento de uma equipe

interdisciplinar formada, no mínimo, por endocrinologista, obstetra, nutricionista

e enfermeira. Porém, o principal elemento desta equipe deve ser a própria

paciente" (SBD Sociedade Brasileira de Diabetes; redação online; por Paula

Camila Rodrigues; 31/07/2008).

4.3 COMPREENDENDO O DIABETES GESTACIONAL

Existem vários tipos de diabetes, e o Diabetes Gestacional é apenas um

deles, suas principais características são (1) o fato de ocorrer em gestantes e

(2) desaparecer assim que a gravidez termina. Contudo, mulheres que tiveram

diabetes gestacional possuem um risco maior para desenvolver Diabetes Melito

no futuro (REZENDE, 2005).

Segundo SBD, (Sociedade Brasileira do Diabetes) como nos outros tipos de

Diabetes Melito, a causa exata do diabetes gestacional é desconhecida.

Contudo, os especialistas acham que o diabetes gestacional pode ser uma

etapa do Diabetes tipo 2, pelas semelhanças clínicas existentes entre ambos,

pois o que ocorre não é a deficiência acentuada na  produção da insulina pelo

organismo e sim, uma resistência à ação dessa substância.

O termo diabetes gestacional é empregado a toda grávida que não

apresentava o diagnóstico de diabetes anteriormente à gestação e que durante

a gravidez foi detectado. Isto pode ocorrer com relativa freqüência, pois durante

a gravidez normal a necessidade de insulina da gestante se eleva

progressivamente, principalmente na segunda metade da gravidez

(KITZMILLER et al., 2001).

Page 31: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Nas mulheres que são diabéticas a necessidade de insulina se eleva e nas

que não eram diabéticas pode ser feito este diagnóstico (diabetes gestacional),

podendo este quadro se reverter no pós-parto, voltando a apresentar glicemias

normais. Feito o diagnóstico de diabetes gestacional, a mulher deve seguir o

mesmo padrão das diabéticas pré-gestacionais, sejam insulinodependentes ou

não, pois os riscos de complicações são decorrentes da hiperglicemia, que

pode ocorrer em quaisquer das situações citadas (ZUGAIB, 2007). Para quem

tem o diagnóstico de uma diabete ou pré-diabete, os cuidados do enfermeiro,

obstetra e pediatra do pós-parto imediato devem ser rigorosos, porém é a

própria gestante que tem que ser cuidadosa e principalmente esclarecida ao

seu estado atual, isso é tarefa do enfermeiro (GUERRA et al., 2005).

O Diabetes Gestacional ocorre porque durante a gestação altera o modo

como o corpo produz e reage à insulina (REZENDE, 2005).

No começo da gravidez, a produção de insulina aumenta e os tecidos

corporais se tornam bastantes receptivos à insulina. O objetivo desta

adaptação é captar a glicose da circulação, fazendo uma reserva de

combustível que será utilizado nas etapas finais da gravidez (REZENDE,

2005).

Conforme a gravidez vai evoluindo, a placenta produz hormônios com

efeitos opostos aos da insulina, convertendo o combustível armazenado de

volta em açúcar (KITZMILLER et al., 2001).

Se tudo funcionar corretamente, o corpo transformará parte dos alimentos

ingeridos em reservas de combustíveis. Durante os períodos de jejum, a

placenta mantém os níveis de glicose e o ritmo de desenvolvimento do bebê

estáveis, queimando pequenas porções da glicose armazenada (CHAVES

NETTO, 2005).

4.3.1 Conceito

Page 32: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Pela produção placentária de hormônios hiperglicemiantes, a gravidez se

constitui em situação caracterizada por maior secreção de insulina pelas

células β para manter a glicemia materna em níveis normais. Em gestantes em

que esse hiperinsulinismo endógeno não ocorre se traduz em hiperglicemia ou

intolerância à glicose, que se manifesta geralmente na segunda metade da

gestação e, em particular a partir de 24 a 32 semanas (CHAVES NETTO,

2005).

Embora possa ocorrer intolerância à glicose ou hiperglicemia durante a

gestação, mesmo sem qualquer história prévia, as pacientes com

predisposição genética ao diabetes melito, são as apresentam maior risco ao

diabetes gestacional (REZENDE, 2005).

Os riscos materno-fetais decorrentes desta intolerância a glicose na

gestação, leva ao rastreamento obrigatório durante o pré-natal dessas

gestantes, a fim de detectar precocemente essa alteração metabólica evitando

possíveis complicações (REZENDE, 2005).

Relata REZENDE (2005) que por ser uma doença de grande prevalência

nas populações, o diabetes gestacional merece uma sistematização de

rastreamento e diagnóstico no acompanhamento pré-natal. Esse método de

rastreamento é aquele capaz de selecionar, em uma população geral, uma

parte de gestantes que tenham maior probabilidade pra desenvolver o DMG

(Diabetes Melito Gestacional). Enfatiza REZENDE (2005) que esse

rastreamento deve ser de baixo custo, conhecido e de fácil execução.

A incidência de diabetes gestacional varia de 2% a 5% em pacientes sem

fatores de risco e até 20% naquelas com fatores de risco (OLIVEIRA et al.,

2004).

O diabetes gestacional é inicialmente definido por surgir na gravidez e

desaparecer após o parto, porém segundo OLIVEIRA et al. (2004) essa

definição independe do tratamento utilizado ou da continuidade do quadro após

a gestação. Seis semanas ou mais depois do parto a mulher deve fazer o

exame novamente e ser reclassificada. Na maioria dos casos, a regulação da

glicemia retorna ao normal.

4.3.2 Fatores de riscos

Page 33: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

As mulheres com risco elevado para diabetes gestacional são:

- idade avançada (acima de 25 anos).

- história prévia de intolerância à glicose.

- bebês grandes para idade gestacional; macrossomia, morte fetal ou neonatal.

- história familiar de diabetes melito em parentes de primeiro grau.

- abortamento espontâneo de repetição.

- IMC (índice de massa corporal) ≥ 27antes da gestação.

- obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez.

Outro fator de risco preocupante está relacionado aos sintomas do diabetes

gestacional, pois raramente causa sintomas típicos de outras formas de

diabetes, tais como sede excessiva ou aumento na produção de urina. Na

maioria das mulheres, o diabetes gestacional não produz qualquer

manifestação suspeita.

Mulheres sem nenhum dos fatores acima relacionados são consideradas

mulheres de baixo risco (OLIVEIRA et al., 2004).

A idade materna avançada está associada à maior incidência de DMG

(Diabetes melito Gestacional). Sua incidência é de 0,5% em mulheres com

idade inferior a 20 anos e aumenta para 4 % entre 35 e 39 anos (CHAVES

NETTO, 2005).

Entretanto, o American College of Obstetriciam na Ginecologists (ACOG)

recomenda limitar os testes para as mulheres com idade superior a 30 anos.

Segundo o The Expert Committe on the Diagnosis na Classification of Diabetes

Mellitus (1997), mulheres com idade inferior a 25 anos devem ser investigadas

quando apresentam um ou mais fator de risco (REZENDE, 2005).

A American Diabetes Association (ADA) recomenda rastrear todas as

gestantes, uma vez que a gravidez por si é fator de risco, pois sabidamente,

condiciona sobrecarga funcional do pâncreas.

4.3.3 Rastreamento e diagnóstico do diabetes gestacional

Page 34: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

O método de rastreamento consiste na capacidade de selecionar uma parte

de gestantes, de uma população geral que tenha maior propensão a

desenvolver o diabetes gestacional (REZENDE, 2005).

O rastreamento inicia-se na primeira consulta pré-natal por meio da

anamnese (consiste em exame físico e histórico de vida), e da avaliação clinica

e obstétrica dos fatores de riscos já referidos, e tem por finalidade identificar na

população de grávidas quais delas apresentam maiores possibilidades de ser

ou desenvolver o diabetes na gestação (OLIVEIRA et al., 2004).

De acordo com REZENDE (2005) os métodos de rastreamento podem ser:

Clínico: compreende uma seleção de pacientes que tenham maior

probabilidade de desenvolver o DMG, através da história familiar do diabetes

tipo 2, sobre peso ou obesidade, glicosúria, idade materna, antecedência de

intolerância a glicose e repercussões obstétricas (macrossomia fetal,

polidrâmnio, malformação fetal, óbito fetal intra-uterino, hipertensão arterial

crônica e ou/ pré-eclâmpsia).

Glicemia de jejum: sua grande vantagem em relação aos testes tradicionais

de sobrecarga de glicose está no custo e na aplicabilidade. É o método

recomendado pelo MSB (Ministério da Saúde do Brasil). Segundo REZENDE

(2005) estudos que defendem a utilização da glicemia em jejum para o

rastreamento envolve populações gerais de baixo risco. Quando aplicado em

populações de alto risco o método não se apresenta tão eficaz e merece mais

estudos.

TTOG 50g (Teste de tolerância oral à glicose) simplificado: consiste na

análise da glicemia plasmática colhida após 1 hora a administração de

solução de 50 gramas de glicose (glicose anidra em 150 ml de água à

gestante.

Page 35: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

4.3.3.1 Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito precocemente através do exame para detecção

do diabetes gestacional (chamado Glicemia de Jejum) faz parte da rotina no

pré-natal. Esse exame deve ser repetido por volta da 24ª-28ª semana, ou até

mesmo antes, caso seu médico acredite que você possui um risco aumentado

para a doença. No sangue colhido em jejum de 8 horas, níveis de glicose no

acima de 126mg/dL significam Diabetes (Rezende, 2005).

Ainda de acordo com REZENDE, 2005 os métodos utilizados para o

diagnóstico do DMG podem ser:

Glicemia de jejum é um método pobre para o diagnostico do DMG

(Diabetes Melito Gestacional), já que a hiperglicemia é um evento pós-

sobrecarga. Na Clínica Obstétrica do HCFMUSP, gestante com glicemia de

jejum de valor igual ou superior a 105 mg/dl (confirmado após uma

semana) é considerada intolerante a glicose e, portanto, encaminhada ao

tratamento. As glicemias ocasionais iguais ou superiores a 200mg/dl

também, após confirmação diagnostica, são encaminhadas para

tratamento (REZENDE, 2005, p. 429).

TTOG 100g (Teste de tolerância oral a glicose de 100 gramas) consiste na

coleta de amostras (sangue) em jejum na 1ª hora, 2ª hora e 3ª hora.

TTOG 75g (Teste de Tolerância Oral a Glicose) que consiste na coleta de

sangue em jejum e na segunda hora após ingestão de glicose. Se os

valores após a coleta de sangue, da segunda hora forem entre 140mg/dl e

200mg/dl, fazem o diagnóstico de tolerância a glicose e maiores ou iguais

a 200mg/dl de Diabete Melito.Relata REZENDE (2005) que esse é o

método de diagnóstico para DMG (Diabetes Melito Gestacional)

recomendado pela WHO (World Health Organization ou OMS

(Organização Mundial da Saúde), MSB (Ministério da Saúde do Brasil),

SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).

Existe uma preocupação com o tratamento adequado e um bom controle

dos níveis de açúcar no sangue, para que a gestante diabética e seu bebê se

mantenham saudáveis e a gravidez transcorra sem maiores problemas. Se o

Page 36: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

nível da glicemia não for corrigido, o diabetes pode aumentar o risco de várias

complicações relacionadas ao bebê e à mãe (ZUGAIB, 2007).

4.4 COMPLICAÇÕES

4.4.1 Complicações maternas

O diabetes gestacional, assim como as outras formas de diabetes, pode

trazer complicações, tanto em curto prazo quanto em longo prazo, tais como:

retinopatia, nefropatia, hipertensão e alterações microvasculares e macro

vasculares (KITZMILLER et al.,2001).

A retinopatia diabética é a complicação crônica mais comum associada ao

diabetes melito afeta quase toda estrutura ocular, a retina é a estrutura mais

afetada, (REZENDE, 2005). A retinopatia pode ser simples ou benigna e

proliferativa ou maligna. A retinopatia simples é caracterizada por micro

aneurismas, hemorragias, exsudatos serosos e anormalidades venosas,

enquanto a proliferativa se apresenta com formação de novos vasos,

hemorragia pré-retiana, proliferação fibrosa, descolamento da retina e

glaucoma secundário. A forma proliferativa pode representar perigo tanto para

a gestante quanto para o concepto (REZENDE, 2005).

De acordo com REZENDE, 2005 a nefropatia diabética juntamente com a

doença coronariana é a principal causa de mortalidade em diabéticos. É a

segunda maior causa de IRC (insuficiência renal crônica) é caracterizada

primeiramente por uma apresentação clínica de microalbuminúria, que

lentamente desenvolve para proteinúria, seguida por um declínio gradual da

taxa de filtração glomerular, que eventualmente direciona para falência renal.

O achado de polidrâmnio pode ser a primeira indicação do diabetes

gestacional e pode significar controle inadequado do diabetes. É caracterizado

quando o volume de LA (liquido amniótico) esta acima de 2000cc (ZUGAIB,

2007). O liquido amniótico tem como função, proteger o feto contra

traumatismos, criando um ambiente adequado para seu desenvolvimento

principalmente pulmonar (CHAVES NETTO, 2005).

Page 37: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

O polidrâmnio acentuado favorece ruptura precoce das membranas, partos

prematuros e está associado com a mortalidade perinatal, provavelmente mais

pelo descontrole metabólico do que pelo próprio polidrâmnio (CHAVES

NETTO, 2005).

Segundo Zugaib (2007) algumas considerações sobre o liquido amniótico

devem ser levadas em conta como a quantidade de LA (liquido amniótico)

aumenta com a gestação, atingindo valores máximos em media da trigésima

quarta semana quando começa a diminuir na vigésima semana, o LA (liquido

amniótico) aumenta em média 10 ml por dia, atingindo 500 ml na vigésima

semana. Através da avaliação do obstetra, constata-se que esta gestante está

apresentando um quadro obstétrico de: Oligoaminio (diminuição do liquido

amniótico) ou polidrâmnio.

A disfunção macrovascular e microvascular no diabetes, relacionada à

resistência a insulina e hiperinsulinemia, podem culminar em problemas

cardiovasculares como hipertensão, anormalidades na coagulação, isquemia

miocárdica, anginas, infarto do miocárdio e falência do coração. A doença

microvascular compreende os pequenos vasos sanguíneos de alguns tecidos,

tais como rins e olhos, causando retinopatia e nefropatia. (OLIVEIRA et

al.,2004).

A hipertensão crônica é encontrada em 9,9% das diabéticas gestacionais e

em 9,6% de todas as classes de diabetes, incidência maior que a da população

obstétrica geral. Já a hipertensão induzida pela gravidez (doença específica da

gravidez, toxemia gravídica ou pré-eclâmpsia) foi encontrada em 10% das

diabéticas gestacionais e em 11,7% de todas as classes de diabetes, mais

frequentes nas classes mais avançadas do mesmo (OLIVEIRA et al, 2004).

4.4.2 Complicações fetais

Aponta REZENDE (2005ª, p.430), as possíveis complicações que podem

ocorrer aos filhos de mães Diabéticas:

Page 38: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Malformações Fetais: os tecidos mais comumente atingidos são os do

sistema cardiovascular, sistema nervoso central, trato gastrointestinal,

sistema geniturinário e sistema músculo-esquelético.

Macrossomia: é definida pela maioria dos serviços por recém-nascido com

peso igual ou acima de 4.000g, ou 4.500g dependendo dos autores.

Prematuridade: está ligada a hiperglicemia materna que é o principal agente

causador e, portanto, a principal profilaxia é o controle metabólico estrito.

Hipoglicemia neonatal: é outra morbidade comum do diabete na gestação.

Em geral os níveis de glicemia fetal correspondem a 70 a 80% dos níveis de

glicemia maternos. Os valores de glicemia neonatal são definidos nos valores

inferiores a 40mg/dl no recém-nascido de termo, durante as primeiras 12

horas de vida.

Policitemia e Hiperbilirrubinemia: é o aumento do hematócrito venoso maior

ou igual a 65%, o aumento da viscosidade por ela gerada leva a um espectro

de sequelas clinica como falência cardíaca. Diminuição da função renal,

trombose de veia renal, enterocolite necrozante e danos no sistema nervoso

central.

A hiperbilirrunemia, definida como bilirrubina maior que 13mg/dl; a sua

causa exata ainda é pouco conhecida, estando fatores como hipóxia, a

prematuridade, a macrossomia. A imaturidade do sistema de conjugação

hepático e a policitemia envolvidos.

Metabolismo mineral: 50% dos neonatos de mães diabéticas evoluem com

hipocalcemia, cálcio sérico menor que 7mg/dl, nos três primeiros dias de vida.

A hipomagnesemia neonatal, dosagem sérica de magnésio menor que

1,5mg/dl.

Síndrome do desconforto respiratório e asfixia: clinicamente, ocorrem

sintomas como taquipnéia, retração, hipoventilação, hipóxia, e, à radiografia

de tórax, evidências de broncogramas e densidades granulares finas no

parênquima pulmonar.

Obesidade: crianças nascidas de mães diabéticas têm maiores taxas de

obesidade na infância e vida adulta, originando-se da hipersulinemia fetal e

grande proliferação de adipósitos e deposição de gordura ocorrido ainda intra-

útero em gestantes mal acompanhadas.

Page 39: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Com o nível da glicemia elevado, a glicose extra pode atravessar a

placenta e fazer com que o feto cresça demais. Recém nascidos muito grandes

podem ter dificuldade em passar pelo canal do parto e possuem um risco maior

para fraturas durante o nascimento. Na tentativa de preservar a saúde da mãe

e do bebê, costuma-se optar pela cesariana nestes casos (ZUGAIB, 2007).

Fonte: SBD 22/05/2009 (Sociedade Brasileira de Diabetes).

Foto 3: Macrossomia fetal

A hipoglicemia (baixa do nível do açúcar no sangue) é outro fator

preocupante que pode ocorrer em alguns recém-nascidos de mães com

diabetes gestacional logo após o nascimento. Isso ocorre porque sua produção

de insulina foi adaptada para os altos níveis de glicose da mãe, que

atravessavam a placenta e estimulavam o pâncreas do feto. A alimentação

imediata e, se necessário, a administração de glicose endovenosa é capaz de

controlar este problema.

Page 40: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Fonte: REZENDE p.432, ano 2005

Foto 4: Malformação fetal: Sirenomelia ou disgenesia caudal

Ocorre devido à formação insuficiente de mesoderma na porção caudal do

disco embrionário. Como este mesoderma contribui para a formação dos

membros inferiores, sistema urogenital e vértebras lombossacrais, o resultado

é o aparecimento de anomalias nessas estruturas. Pode estar associado

diabetes gestacional.

O diabetes gestacional também pode resultar em parto prematuro. Recém-

nascidos prematuros possuem um risco maior para vários problemas

respiratórios, em especial a Síndrome da Angústia Respiratória. Alguns recém-

nascidos afetados pela Síndrome da Angústia Respiratória necessitam ser

colocados em aparelhos (incubadoras, respiradores, bomba de infusão, para

administração de medicamentos) que ajudam a manter o padrão respiratório

estável, até que os pulmões possam realizar suas funções fisiológicas.

A icterícia também pode ocorrer com recém-nascido de mães diabéticas, é

uma patologia que consiste na coloração amarelada da pele e dos olhos. Pode

ocorrer com a imaturidade do fígado que não consegue metabolizar uma

substância natural do corpo chamada bilirrubina. Apesar da icterícia do recém-

nascido não ser um problema grave na maioria dos casos, é importante

acompanhar estas crianças de perto.

Além de todas essas patologias que pode vir acometer o recém-nascido de

mães com diabetes gestacional, eles ainda apresentam um risco maior para

diabetes melito mais tarde em suas vidas (GALTIER-DEREURE et al., 2000).

Page 41: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Relata REZENDE (2005) que o diabetes gestacional aumenta o risco para

pré-eclâmpsia, (um distúrbio caracterizado pelo aumento da pressão arterial e

pela presença de proteínas em excesso na urina após a 20ª semana de

gestação) quando não for tratada corretamente, a pré-eclâmpsia pode resultar

em complicações potencialmente fatais tanto para a mãe quanto para o feto.

Segundo GUERRA (2005) a importância da abordagem do enfermeiro

voltada para educação da gestante, quanto à doença e quanto às informações

e orientações em manter um controle glicêmico é essencial para a evolução da

gestação sem maiores problemas.

Manter os níveis de açúcar no sangue sob controle é essencial para

preservar a saúde do feto e evitar várias complicações no pré e pós o parto. É

recomendável que a gestante diabética faça um controle rigoroso através do

monitoramento glicêmico feito através da dosagem da glicemia capilar,

realizada pelo glicosímetro recomendado pelo seu médico, isso pode ser

desconfortável, mas os benefícios serão gigantescos (ZUGAIB 2007).

Para reduzir o risco de complicações, a glicose deve ser mantida dentro de

níveis considerados aceitáveis. Se dosada com jejum de no mínimo 6h, a

glicose deve ser inferior a 100 mg/dl. Se dosada até 2 horas após uma

refeição, a glicose deve ser inferior a 120mg/dl (GALTIER-DEREURE et al.,

2000).

Enfatiza GUERRA (2005) que o enfermeiro deve orientar a gestante

diabética quanto à organização do seu controle glicêmico, sempre que fizer

uma dosagem da sua glicose, anotando em uma agenda, que deverá ser

apresentada ao médico em cada consulta. A partir da 28ª semana de gestação

até o parto, utilize a agenda para anotar também sempre que sentir o bebê se

mexendo. É papel fundamental do enfermeiro orientar a gestante diabética

entrar em contato com seu médico caso perceba que o feto não está se

movimentando tanto quanto de costume.

O enfermeiro deve orientá-la sobre a importância de seguir a dieta,

recomendada pelo seu médico e nutricionista: a dieta ideal em geral possui

cerca de 2.200 a 2.400 calorias, dividida da seguinte maneira: 45%

carboidratos (pães, cereais, frutas, etc.), 25% proteínas (carne, queijos, leite) e

30% gorduras, SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).

Page 42: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

De acordo com REZENDE, (2005) a prática de atividade física regular reduz

os níveis de açúcar no sangue e facilita o controle do diabetes, porém somente

o médico que está fazendo o acompanhamento da gestante diabética pode

indicar quais exercícios são os mais indicados para o caso.

De um modo geral, caminhar e nadar são as atividades físicas mais

indicadas para gestantes, mas até as calorias gastas nos afazeres domésticos

são importantes e devem ser levadas em conta (RAMOS, 1999). Se mesmo

com a dieta e atividades físicas regularmente, indicadas pelo médico, não

forem suficiente para manter a glicose nos níveis desejáveis, o médico ainda

poderá receitar injeções de insulina (ZUGAIB, 2007).

O enfermeiro deve fazer as orientações quanto ao uso e a conservação da

insulina para gestante diabética, que deve ser exatamente na dosagem e nos

horários prescritos pelo médico, e alertá-la para comunicar seu médico caso

ocorra qualquer tipo de efeito colateral que possa estar relacionado à sua

medicação (GUERRA, 2005).

Após desenvolver diabetes gestacional em uma gravidez, o risco para ter o

mesmo problema em gestações subseqüentes é maior. O risco para

desenvolver diabetes melito mais tarde também aumenta (REZENDE, 2005).

No período pós-parto, os níveis de açúcar no sangue deverão retornar ao

normal. Após um ou dois dias, se a glicose não retornar ao normal, então se diz

que o Diabetes Gestacional evoluiu para um Diabetes Melito. Esta

transformação ocorre em 15-30% das mulheres afetadas pelo diabetes

gestacional (ZUGAIB, 2007).

Page 43: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

5 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA GESTANTE DIABÉTICA

Ser mãe é um dos sonhos da vida da mulher. A gravidez transforma a rotina,

e estabelece um momento de mudanças físicas e psicológicas, receios,

ansiedades, expectativas e fantasias.

É a entrada de um novo membro na família e o início de uma nova fase.

Essa mudança por si só já exige planejamento para enfrentar os nove meses

de gestação e a responsabilidade de exercer o papel de mãe para toda a vida.

É um processo biológico que tem repercussões sociais e econômicas, podendo

complicar-se com o diagnóstico inesperado do Diabetes Gestacional, gerando

diversos tipos de sentimentos na gestante (SANTOS, L. 2003).

Segundo GUERRA (2005) o enfermeiro tem um papel fundamental em

compreendê-la em sua totalidade, não se prendendo somente nos cuidados

fisiopatológicos e sim ampará-la: no sentido de ouvir, orientar e esclarecer suas

principais dúvidas e encaminhá-la para um atendimento multiprofissional

(nutricionista, psicólogo e endocrinologista), priorizando assistência rápida e

qualificada com avaliação, monitoramento e definição de parâmetros a fim de

estabelecer um tratamento adequado e a gestante se sinta segura e capaz de

participar ativamente no processo saudável da gestação.

Relata SANTOS, L. (2003) que os aspectos emocionais da gestante podem

alterar conforme ela recebe a informação sobre o diagnóstico do Diabetes

Melito. Podendo ser classificada como uma gestante de alto risco (de acordo

com a avaliação médica), não significa que essa seja uma condição única, o

enfermeiro e a equipe multiprofissional (psicólogo, nutricionista,

endocrinologista), podem fazer com que a gestante passe a se sentir mais

segura com relação à gravidez, através de uma orientação mais detalhada e

um conhecimento adequado para controle glicêmico.

Quando a gestante é diagnosticada como gestante de alto risco, apresenta

dificuldades para as adaptações emocionais exigidas pelo novo papel,

acrescendo-se várias outras emoções (MALDONADO, 1997). Em decorrência

do fator de risco, surge o medo real em relação à gravidez e ao seu futuro filho,

e o que está acontecendo com seu corpo, ou ao medo de que seu futuro filho

nasça com anormalidades. Esses fatores influenciam a perda de controle em

Page 44: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

relação à gravidez e a si mesma, tornando-a frágil e sensibilizada (SANTOS, L.

2003). Para gestante diabética é uma experiência estressante em razão dos

riscos a que ela e o feto estão submetidos. (PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO. MS.

2006)

TEDESCO (2000) defende que dependendo da conduta terapêutica adotada

para prevenção de maiores complicações e tratamento para gestante diabética,

é necessário o repouso parcial ou total, que pode acabar conduzindo para

problemas psicológicos, decorrentes do isolamento do âmbito familiar e

domiciliar, gerando solidão, ansiedade, depressão, mudanças de humor e

indisposição. Problemas estes, que podem evoluir ainda no pós-parto com

acréscimo para problemas circulatórios, muscular, diminuição de energia e

diminuição da capacidade mental; reações extremas levando a tensão e

exaustão (SANTOS, L. 2003).

Os aspectos psicológicos vinculados ao DMG (Diabetes Melito Gestacional)

têm sido descrito em alguns trabalhos como um fator relevante, confirmando a

preocupação com gestantes diabéticas e a associação entre persistência de

transtornos emocionais e a dificuldade quanto ao controle e a estabilização dos

níveis glicêmicos (SANTOS 2003 apud KIMBALL, 1971; SPIRITO et al., 1989;

BRADLEY, 1994).

Mesmo quando uma gravidez é planejada, e a mulher se prepara, deixando

de utilizar métodos contraceptivos, passando a acreditar que em breve ocorrerá

a fecundação; esta espera, por si só, gera uma a expectativa e ansiedade

(TEDESCO 2000). Por isso é extremamente fundamental, que junto com a

gestação a mulher tenha um acompanhamento com equipe multidisciplinar

(obstetra, endocrinologista, enfermeira, nutricionista e psicólogo), e que o

enfermeiro esteja atento quanto às possíveis alterações emocionais, para lhe

dar um aporte adequado (GUERRA, 2005).

Tendo por base a expectativa da gravidez realizada, vinculada a um

diagnóstico de uma doença é possível de imaginar o que acontece com a

cabeça dessa gestante diabética, a alusão de que se perdeu uma gravidez

perfeita, que a tempo estava se preparando e o desejo do futuro filho saudável

(MALDONADO, 1997).

Page 45: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Essas mudanças para gestante diabética não ocorrem de maneira fácil,

pois para ela constam diversas fases, desde a consciência de aceitação do

diagnóstico, ante ao impacto proporcionado pelo mesmo (SANTOS, C. 2003).

Relata MALDONADO (1997) que o impacto do diagnóstico de diabetes

exerce sobre a gestante, alterações psicológicas em função de aceitar a

realidade. Passando primeiramente pelas fazes de negação e hostilidade,

colocadas sobre a equipe de saúde que conhece a situação da gestante

diabética, antes da ocorrência do diagnóstico do Diabetes, até se agravar para

depressão (SANTOS, L. 2003). Essa depressão aumenta a dificuldade de

aceitação e adaptação do diabetes, para a gestante, porém com o término da

gestação e o nascimento de um bebê saudável, com a diminuição dos fatores

de complicações e riscos materno-fetais, favorece para que a depressão

diminua consideravelmente (SANTOS, L. 2003 apud DEFEY et al. 1994).

Segundo MANUAL TÉCNICO – MS (2006) estudos comprovam que a

relação existente entre o diabetes melito e a atividade psicológica, é de que os

sintomas depressivos afetam tanto a adaptação quanto o controle metabólico.

Portanto é fundamental que o enfermeiro tenha um olhar subjetivo, ao prestar

assistência ou fazer avaliação clínica à gestante diabética, sabendo identificar

os sintomas e características depressivos, para poder encaminhá-la ao serviço

de tratamento e acompanhamento adequado (GUERRA, 2005).

SANTOS, L. (2003) relata que o quadro de depressão irá se modificar

gradativamente, à medida que a gestante diabética puder contar com ajuda da

equipe multiprofissional, assim como com o apoio da família.

Assim que a gestante souber lidar de forma real com o diabetes gestacional,

por meio da educação e orientação realizada principalmente pelo enfermeiro

(que mantém um contato direto e frequente), poderá aceitá-la e, finalmente,

aderir de forma integral e efetiva ao tratamento (GUERRA 2005). Enquanto não

houver aceitação do diabetes, mesmo que a princípio seja uma aceitação

parcial, não haverá adesão ao tratamento, permitindo assim uma gravidez com

complicações e riscos tanto para gestante quanto para o feto (REZENDE

2005).

Afirma SANTOS, L. (2003) que as gestantes frente ao diagnóstico de

diabetes se sentem culpadas, castigadas e temerosas de que o futuro filho

venha a ter problemas por conta do diabetes, atitude que dificulta o tratamento.

Page 46: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Por isso, é necessária a abordagem correta e eficiente do enfermeiro junto à

gestante diabética, para esclarecer suas dúvidas, medos, e tranquilizá-la com

relação à ansiedade. "É preciso ter sempre em mente que tudo dará certo"

(TEDESCO, 2000).

No decorrer da consulta, caso identifique alguma alteração que pudesse sugerir risco para a gestante e/ou concepto, a mulher é imediatamente encaminhada à unidade de maior complexidade, pois não é da competência da Enfermeira Obstetra o atendimento à gestante que apresente risco, de acordo com a Lei de Exercício Profissional (Lei 7.498, de 25 de junho de 1986). Contudo, as gestantes que apresentam risco continuam a freqüentar a Consulta de Enfermagem Pré-Natal. No transcorrer das consultas àquelas gestantes de risco que, mesmo referenciadas e em acompanhamento em unidade de maior complexidade, insistiam em continuar a freqüentar a consulta de enfermagem pré-natal comigo. Com isto, identifiquei que entre os vários problemas relatados pelas gestantes, estava o de lidar com as mudanças no seu cotidiano, devido à sua condição de risco (SANTOS, C. 2003, p. 20).

A intervenção do enfermeiro atento as queixas e aos sinais depressivos e

ansiedade, constante da gestante diabética, faz a diferença, através de uma

simples conversa durante a consulta de enfermagem, ou na parte assistencial,

pois assim é capaz de encaminhá-la para o acompanhamento especializado

(GUERRA, 2005). Através desse atendimento especializado acredita-se que a

gestante diabética se sinta mais segura, capaz de participar ativamente na

evolução da gestação saudável.

Segundo SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), contar com o

acompanhamento de um psicólogo é o melhor nas situações de estresse.

Orientar a mãe sobre a possibilidade do recém-nascido permanecer no

berçário para observação, dentro das primeiras 24 horas de vida por causa da

hipoglicemia é um fato importante a ser trabalhado desde o pré-natal, para que

a mesma não fique nervosa e apreensiva, podendo causar complicações

(SANTOS, C., 2003).

“Observa-se frequentemente que a auto-estima das gestantes diabéticas

encontra-se abalada. Trata-se de um importante golpe narcísico para as mães

saberem que seus problemas de saúde podem comprometer seus bebês”

(QUEVEDO, 2006a, p.14).

Por outro lado é notável o sentimento de alegria e satisfação para a

gestante diabética ao conseguir realizar condutas adequadas de tratamento, e

Page 47: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

ao perceber a repercussão dessas atitudes na sua gestação, na sua qualidade

de vida, na sua auto-estima, na capacidade de gerenciar a própria vida e ser

feliz ao lado do seu futuro filho (LANDIM et al., 2007).

5.1 GESTANTE DIABÉTICA E O AUTO CUIDADO

A importância de se avaliar o conhecimento da gestante diabética sobre o

DMG (Diabetes Melito Gestacional), em todos os aspectos, principalmente

sobre os riscos e complicações, tanto para ela quanto para o feto, de quando

não se adere ao tratamento e o que ocorre quando os níveis de glicemia estão

elevados (acima de 120mg/dl), é de extrema importância (GUERRA, 2005).

Conduto o enfermeiro saberá norteá-la, em sua plenitude, deixando-a

informada, esclarecida e mais segura, para garantir o sucesso na evolução da

gestação saudável (ZAMPIERE, 2001).

Embora a questão da educação, quanto aos cuidados relativos à gestante

diabética estejam acontecendo dentro dos consultórios, durante as consultas

periódicas com a equipe de saúde, sendo um instrumento de grande

importância em seu tratamento como um todo, a questão da autonomia da

gestante ainda parece estar pouco esclarecida (MALDONADO, 1997).

XAVIER (2009) identifica que as noções de auto cuidado que a gestante

diabética precisa ter sobre o DMG (Diabetes Melito Gestacional) vai além da

dosagem de insulina, local de aplicação; dieta, medicações e monitorização

glicêmica, pois a partir do dia em que essa gestante recebeu o diagnóstico de

DMG (Diabetes Melito Gestacional), essa doença passou a fazer parte da sua

vida diária, mudando toda sua estrutura emocional, física e social.

É importante que o enfermeiro construa uma abordagem voltada às

necessidades levantadas pela gestante diabética, valorizando seu desejo de

saber, percebendo seu entendimento a respeito do DM (Diabetes Melito) e das

atenções exigidas, buscando identificar seus sentimentos, necessidades, sua

criatividade e auto cuidado (GUERRA, 2005).

Page 48: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Faria parte de qualquer processo terapêutico todo esforço voltado para aumentar a capacidade de autonomia do paciente, para melhorar seu entendimento do próprio corpo, da sua doença, de suas relações com o meio social e, em consequência, da capacidade de cada um em instituir normas que lhe ampliem as possibilidades de sobrevivência e qualidade de vida (GASTÃO et al., 1994, p.50).

Considerando que durante as consultas de enfermagem, realizadas de

forma individual, a gestante diabética, se sente mais a vontade, permitindo a

observação do enfermeiro para um diagnóstico mais detalhado sobre os

cuidados básicos como a insulinoterapia, o planejamento alimentar e a

monitorização da glicemia e controle metabólico inadequado, permitindo dessa

forma um trabalho de aprimoramento na questão da forma orientar e elucidar

suas dificuldades e anseios (GUERRA, 2005).

Compreende-se que existe uma valorização dos momentos individuais da

assistência do enfermeiro, por parte da gestante diabética, pois é a partir desse

momento que a gestante tem a oportunidade de revelar outros aspectos do seu

processo gravidez-doença, geralmente menos valorizados nas consultas

médicas, mas, talvez, decisivos sobre seus cuidados (SANTOS, C., 2003).

Segundo ZAMPIERE (2001) cria-se no momento da consulta de

enfermagem, a oportunidade de trazer à tona suas questões voltadas à doença

e tratamento, o que nem sempre é possível, para a Gestante Diabética, durante

a consulta médica. O estreitamento de vínculo entre a Gestante Diabética e

enfermeiro fica ainda mais fortalecido, possibilitando um repensar sobre a

educação voltada a Gestante Diabética (SANTOS, C., 2003).

Sendo o DM (Diabetes Gestacional) uma doença que vai acompanhar a

gestante por um período de, possivelmente, nove meses, o auto cuidado e a

autonomia deverão ser estimulados para que melhorias possam acontecer na

própria qualidade de vida da gestante diabética (SANTOS, C., 2003).

Relata ZAMPIERE (2001) que as variáveis que levam ao auto cuidado e

autonomia parecem estar intimamente ligadas ao tipo de assistência prestada,

à percepção de enfermeiro ou mais profissionais de saúde tidos como

referência pela gestante, ao comportamento desses profissionais no cuidado

dispensado, à frequência do número de visitas ao serviço de saúde, além dos

aspectos sócios econômicos culturais nos quais se insere a gestante diabética,

especialmente sua estrutura familiar.

Page 49: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

No processo de educar, orientar e esclarecer dúvidas da gestante diabética,

não se pode deixar de considerar que as gestantes, acompanhantes,

enfermeira e demais membros da equipe de saúde, são seres humanos, que

tem sua própria percepção, e são influenciados pelos seus valores, crenças,

experiências e estilo de vida (SANTOS, C., 2003).

Segundo PESSOA et al., 2006, as interações que acontecem entre as

gestantes diabéticas e seu meio, ocorre troca de conhecimentos, sentimentos e

opiniões estabelecem acordos, transações, na qual emergem diferenças

qualitativas que levam ao crescimento pessoal e alcance de objetivos.

Nestas interações e transações as gestantes, os acompanhantes e a

enfermeira compartilham e refletem sobre as suas experiências e

conhecimentos. Aprendem e ensinam, podendo desenvolver suas

potencialidades, crescer e transformar-se, tornando-se sujeitos de suas

vivências. Assim sendo, se torna mais fácil enfrentar as situações de estresse e

crise (SANTOS, C., 2003).

O processo de troca de experiências e informações pode favorecer à

gestante diabética o equilíbrio consigo, com os outros e com o meio em que

está inserida, possibilitando um estado de tranquilidade e segurança

(TEIXEIRA et al., 2006).

O Ministério da Saúde está desenvolvendo uma Estratégia de Educação em Saúde para o Auto-Cuidado voltado para o portador de diabetes e sua família, com a construção de uma rede de tutores e multiplicadores em âmbitos regional, estadual e local. O objetivo é desencadear metodologia ativa que tenha impacto na prática de cada profissional e capacitá-lo a executar ações com a finalidade de desenvolver autonomia para o auto cuidado, construção de habilidades e desenvolvimento de atitudes que conduzam o portador de diabetes à contínua melhoria do controle sobre a doença, alcançando o progressivo aumento da qualidade de vida e a redução das complicações do diabetes mellitus (MS PORTAL DA SAÚDE; BRASÍLIA- DF, 2009).

O MINISTÉRIO DA SAÚDE estabelece como escala de prioridades para a

execução de ações de promoção da saúde do portador de Diabetes Melito: o

auto cuidado, cuidado informal (prestado por amigos e familiares) cuidado

domiciliar e cuidado institucional. Subentende-se a orientação formal-

profissional em todas estas instâncias (LANDIM et al., 2007). Através dessas

diversas estratégias de atenção objetiva-se a manutenção do portador de

diabetes melito em seu meio com o maior grau de autonomia possível.

Page 50: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Enfatiza LANDIM et al., (2007) que a estratégia do auto cuidado

fundamenta-se na concepção do homem como um ser capaz de refletir sobre si

mesmo e seus ambientes, simbolizar aquilo que experimenta desenvolver e

manter a motivação essencial para cuidar de si mesmo. O auto cuidado implica

na execução de ações dirigidas pela e para a própria pessoa ou em direção ao

ambiente com a finalidade de atender às necessidades próprias identificadas,

de maneira a contribuir para a manutenção da vida, saúde e bem-estar

(GUERRA, 2005).

O estímulo ao auto cuidado é complexo tanto para o enfermeiro como para

as gestantes diabéticas, já que é difícil modificar estilos de vida e, mais ainda,

manter essas modificações continuamente (LANDIM et al., 2007). Salientando

que, no cuidado com essas gestantes, é comum a exigência de

comportamentos de auto cuidado sem, considerar os fatores que podem

interferir nesse processo, o que muitas vezes levam os profissionais a

fornecerem informações incoerentes com a realidade de vida, da gestante

diabética (GUERRA, 2005).

5.2 O DÉFICIT DO AUTO CUIDADO SOB ASPECTOS DA TEORIA DE

DOROTHEA OREM

DOROTHÉA ELIZABETH OREM, iniciou sua carreira profissional em

enfermagem na Escola de Enfermagem do "Providence Hospital Washington –

EUA". Concluiu o curso de enfermagem em 1930 e o mestrado em

enfermagem no ano de 1939 e o mestrado em ciências da educação em

enfermagem em 1945, pela Universidade Católica da América. Recebeu vários

títulos e graus honoríficos, inclusive o de Doutora em Enfermagem (HARTWEG

1991).

Page 51: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Fonte: Memorial for D. E. OREM 2005-2007.

Foto 4: Dorothéa Elizabeth Orem.

A Teoria de Enfermagem de Orem foi desenvolvida entre 1959 a 1985.

Baseia-se na premissa que os pacientes podem cuidar de si próprios.

Primariamente usada em reabilitação e cuidados primários, onde o paciente é

encorajado a ser independente o máximo possível. O modelo de Orem é

baseado em que todos os pacientes desejam cuidar de si próprios, são

identificados por grupos de acordo com suas necessidades e classificados

como: requisitos Universais - aqueles que todos têm; requisitos de

desenvolvimento de auto cuidado - aqueles que relacionados com o

desenvolvimento individual; requisitos de desvio de saúde - aqueles resultantes

de condições dos pacientes. E o Déficits de auto cuidado quando um indivíduo

é incapaz de cumprir seus requisitos de auto cuidado, um déficit ocorre

(SARAT, 2007). É importante que o Enfermeiro saiba determinar os déficits do

auot-cuidado para definir as modalidades de suporte (HARTWEG, 1991).

Segundo LANDIM et al.2008, conforme os requisitos de auto cuidado

universais de desvios de saúde propostos pela Teoria Geral de Enfermagem de

Dorothea Orem, serão apresentados à seguir, os déficits de auto cuidado mais

freqüentemente encontrados nas Gestantes Diabéticas.

O déficit de auto cuidado relacionado à dieta é um dos principais problemas

relacionados às complicações da DMG (Diabetes Melito Gestacional), pois é

fator fundamental para o controle dos níveis glicêmicos (LANDIM et al. , 2008).

Menciona LANDIM et al.2008, que algumas Gestantes Diabéticas recebem

orientação e até sabem que a dieta precisa ser cumprida, porém relatam

Page 52: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

dificuldades relacionadas a ansiedade e dificuldades financeira para colocá-la

em prática. E por não seguirem a dieta prescrita, acabam ingerindo uma maior

quantidade calórica, causando hiperglicemia e hipoglicemia.

Outro frequente e importante déficit identificado nas Gestantes Diabéticas

está relacionado à atividade física. Este déficit de auto cuidado está

relacionado com os requisitos referentes aos desvios de saúde, pois é

necessário que a atividade física seja observada pela gestante diabética

(LANDIM et al., 2008).

LANDIM et al. 2008, relata que algumas Gestantes Diabéticas, não praticam

atividade física por indisposição e falta de tempo.

No déficit de auto cuidado relacionado ao sono e repouso é importante, pois

são elementos básicos associados à qualidade de vida das pessoas, quando

inadequados, algumas capacidades humanas tornam-se prejudicadas, como a

concentração, o raciocínio e o humor (SARAT, 2007).

Nas gestantes, o sono e o repouso prejudicados resultam na irritabilidade.

Segundo LANDIM et al., 2008 algumas gestantes relatam dificuldade para um

sono tranquilo e contínuo, pois durante a noite acordam várias vezes para irem

ao banheiro, fazendo com que não descansem durante a noite. O repouso é

extremamente necessário, pois é através dele que podemos obter as energias

e manter o equilíbrio do seu metabolismo, atendendo as suas necessidades e

respeitando as capacidades pessoais.

O déficit de auto cuidado relacionado à interação social encontrado com

frequência entre as Gestantes Diabéticas percebe-se que ocorre por causa da

sua preocupação com a auto-imagem, a descoberta da doença e o excesso de

peso, consequentemente ocorre abandono das atividades de lazer e a

distância dos eventos sociais, contribuindo para uma baixa auto-estima,

podendo agravar para uma depressão (SANTOS, L., 2003).

A educação e o conhecimento sobre o DM (Diabetes Melito) é um dos

pontos fundamentais no tratamento, sendo também necessária a motivação da

gestante para adquirir novos conhecimentos e para o desenvolvimento das

habilidades nas mudanças de hábitos. A esse respeito teríamos como objetivo

controle glicêmico e melhor qualidade da gestação (XAVIER 2009).

Page 53: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

6 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO

O enfermeiro deverá ser um elemento multiplicador de conhecimentos por

meio da promoção educação em saúde às gestantes diabéticas,

proporcionando o desenvolvimento de hábitos saudáveis de vida que

possibilitem maior segurança e melhor aceitação da doença (ZAMPIERE,

1998).

Observa-se que, apesar dos esforços dos profissionais de saúde,

principalmente enfermeiros para a execução das medidas terapêuticas junto às

clientes portadoras de DMG (Diabetes Melito Gestacional), o comprometimento

das gestantes diabéticas com o auto cuidado tem sido pouco considerado,

resultando em déficits (SANTOS, L., 2003).

O enfermeiro, segundo SARAT (2007), é um indivíduo que possui

habilidades e conhecimentos para identificar incapacidades às quais as

gestantes diabéticas estão sujeitas. Essas incapacidades podem ser

decorrentes da falta de orientação adequada e do estado de saúde devido ao

estresse da gestação-doença, impedindo-a de cuidar de si por certo período de

tempo.

Enfatiza Santos, C. (2003) que é fundamental que os profissionais de

enfermagem e a equipe de saúde estejam conscientes das alterações que

ocorrem no processo gestacional e que o contexto ambiental é parte dele.

Sendo assim, cabe ao enfermeiro apoiar e capacitar essa clientela na

realização de suas necessidades e desejos vinculados à maternidade,

discutindo a melhor maneira para se adaptar às alterações no cotidiano, seja

na vida pública ou privada.

No período de realização da pré e pós consulta com a enfermeira, nota-se

segundo SARAT (2007), que a Gestante Diabética se mostra mais a vontade

com esse profissional, para expor suas dúvidas e receios em relação ao

Diabetes e a gravidez, e por ela ser capaz de estabelecer uma comunicação

clara e objetiva com as Gestantes, o que é fundamental para o sucesso na

qualidade de orientações e esclarecimentos de dúvidas para que a Gestante

fique segura e a gestação ocorra com tranquilidade. Além desse fato é

oportuno ressaltar que a lei do exercício profissional nº 7.498, de 25 de junho

Page 54: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

de 1986, estabelece ao enfermeiro, como integrante da equipe de saúde, a

participação na educação visando à melhoria da saúde da população e

determina que a consulta de enfermagem seja atividade privativa do

Enfermeiro (COREN, 2001).

Assim, quando na prática há a carência de abordagens educativas que

resultam em reversão da co-morbidade em gestantes diabéticas e, mais que

isto, promoção da qualidade de vida como bem-estar mesmo em gestantes

fragilizadas pelo diabetes gestacional, controle da glicemia e o reconhecimento

de que a gestante fica mais à vontade com a (o) enfermeira (o) para expor suas

dificuldades, isto requer revisão nos estudos de educação em saúde e nas

suas propriedades em influenciar novos comportamentos e manifestações de

cuidado nessas gestantes (GUERRA, 2005). Neste raciocínio, justifica-se esta

pesquisa na busca de averiguar os resultados na qualidade de vida e a relação

com o controle da glicemia, tendo como condutor a intervenção educativa

individualizada, focalizada na mudança de comportamento das gestantes

diabéticas, com possibilidade para o desenvolvimento de segurança e

autonomia (LANDIM et al., 2008).

Segundo SANTOS, C. (2003) é importante ressaltar que o processo

educacional, realizada pelo enfermeiro, à gestante diabética não é algo fixo,

que serve para todas as gestantes diabéticas; ao contrario as técnicas

educativas precisam ser adaptadas às necessidades individuais. A educação e

orientação requerem, por si só, serem vistas como um processo de diálogo e

interação, e não como um monólogo do enfermeiro educador.

Os profissionais de saúde têm papel extremamente importante neste

processo, colocando seus conhecimentos em prol da clientela, estando

disponíveis e assumindo compromisso com a sua saúde. Para tanto, a equipe

de saúde deve estar capacitada, ter segurança técnica, estar atualizada e ter

embasamento científico. Deve estar sintonizada com novas propostas e

experiências, com novas técnicas e, principalmente, reconhecer que a grávida

é a condutora do processo, sendo sua participação essencial (ZAMPIERI,

1998).

Foi possível constatar, segundo SANTOS, C. (2003a, p.67), alguns dos

sentimentos relatados por gestantes de alto risco, o sentimento de medo da

morte, medo das complicações obstétricas, medo da morte, medo de ter um

Page 55: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

filho malformado (com anomalias), as ameaças de limitações e onipotência, a

ameaça de não ter um filho.

XAVIER (2009) enfatiza que compete aos profissionais de saúde,

especialmente aos enfermeiros, unirem esforços para aperfeiçoarem as formas

de tratamento e auto cuidado, considerando os aspectos culturais e individuais

de seus clientes. O enfermeiro deve se envolver durante a assistência ou

consulta de enfermagem no pré e pós parto, correspondendo às expectativas

das gestantes diabéticas, pois se percebe que o anseio da gestante diabética é

de diálogo e através desses diálogos se torna mais fácil para criar formas de

aderência ao tratamento dentro das suas possibilidades financeiras, sociais e

emocionais (SARAT, 2007).

Page 56: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

7 CONTROLE DA GLICEMIA

Conforme relata a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), os aliados para

controle da glicemia no Diabetes Gestacional são o exercício físico e a dieta.

São raras as situações nas quais existirá contra-indicação para a prática dos

exercícios físicos. Na ausência das contra-indicações as Gestantes Diabéticas

devem ser estimuladas para a prática regular de exercícios aeróbicos,

principalmente, caminhadas diárias de, pelo menos, trinta minutos.

É importante que uma equipe multidisciplinar composta por médicos,

nutricionistas, Enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas, acompanhe estas

gestantes. Este é um período de grande instabilidade emocional,

especialmente para estas gestantes que apresentam alguma co-morbidade que

pode afetar a ela própria e ao feto e que requer cuidados intensivos. É

essencial um adequado aporte emocional, orientação sobre dieta, atividade

física, informações e aprendizado sobre diabetes e o uso correto da insulina,

para se obter o controle da glicemia.

Mesmo as Gestantes Diabéticas que fazem uso de insulina, a dieta e

exercícios físicas tem importância fundamental para o controle glicêmico. O uso

de insulina em Gestantes Diabéticas deve ser iniciado, por ordem médica,

assim que caracterizada sua necessidade, com o intuito de se reduzir a

ocorrência de complicações materno-fetais.

A indicação de insulina ocorre quando, apesar do uso adequado da dieta

prescrita, a glicemia de jejum permanece acima de 100 mg/dl ou a glicemia 2

horas pós-prandial acima de 120 mg/dl (REZENDE 2005).

Enfatiza SANTOS. C. (2003) que a orientação sobre os cuidados da

monitorização domiciliar da glicemia deve ser feita pelo enfermeiro, pois é

habitualmente realizada pela própria gestante diabética, utilizando dextro ou

glicosímetro. De acordo com a prescrição médica deve ser feita todos os dias,

dentro dos horários, anotada e repassada ao médico dentro do período das

consultas ou em caso de alterações.

Ressalta GUERRA (2005) que é importante o enfermeiro estar sempre

reforçando os cuidados para as gestantes que utilizam insulina, pois é

importante orientá-las para a auto-aplicação das doses de insulina, para os

Page 57: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

cuidados no armazenamento da insulina, para a conduta nos casos de

hipoglicemia ou hiperglicemia.

O enfermeiro, segundo PESSOA (2006) deve salientar a importância do

tratamento e controle glicêmico, para as Gestantes Diabéticas e

principalmente, precisam ser orientadas sobre os riscos associados a não

adesão ao controle glicêmico tanto para a saúde dela quanto para a saúde do

feto.

Reforça a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) que o controle da

glicemia durante a gravidez diminui a probabilidade de a criança ter diabetes,

um dos maiores temores da mãe diabética. "Quanto maior esse controle,

menor o risco do bebê de mãe diabética ser diabético do tipo 2 na vida adulta".

Também são pequenas as chances de uma mãe diabética tipo 1 ter um filho

com essa doença.

O uso de exames complementares solicitados pelo obstetra no período

gestacional como, ultra-sonografia seriada, cardiotocografia, ecocardiografia

fetal e, eventualmente, a dopplervelocimetria são importantes para o

acompanhamento fetal, pois estes exames determinam achados importantes

para prevenção de possíveis intercorrências.

É importante salientar que o melhor parâmetro de vitalidade fetal é o

controle glicêmico materno.

7.1 TRATAMENTO

7.1.1 Insulinoterapia

     A insulina está indicada apenas quando os objetivos do tratamento não são

atingidos com as medidas não medicamentosas. Cerca de 20% (basicamente)

das mulheres com diabetes gestacional passam a necessitar de insulina

durante a gravidez (OLIVEIRA et al., 2004). O uso de insulina, quando

indicado, diminui o risco de macrossomia fetal e morbidade Peri natal

(OLIVEIRA et al., 2004). Para iniciar a insulinoterapia, deve-se levar em

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consideração as relações entre as concentrações de glicose do plasma e as do

sangue total, o sítio da coleta e se o valor é o de jejum ou pós prandial

(KITZMILLER et al., 2001).

    Segundo KITZMILLE et al., (2001) o modo mais simples de monitorar com

eficácia as mulheres com DMG (Diabetes Melito Gestacional) é através do

exame de sangue em jejum para avaliar o nível da glicemia, semanalmente, no

consultório ou no laboratório, e somente iniciar a insulinoterapia quando seu

valor exceder 105mg/dl. A dosagem da concentração da glicose em amostras

de sangue coletadas por uma picada no dedo fornece valores mais elevados

do que se tivesse sido obtido um espécime de sangue venoso. Isto se passa

porque o sangue arterial da amostra ainda não atravessou o músculo, e ainda

não ocorreu à retirada da glicose por este tecido (KITZMILLER et al., 2001).

No DMG a dosagem de insulina aumenta continuamente conforme

necessário, ao contrário da gestante com diabetes pré gestacional que o uso

da insulina decresce no final da gravidez (KITZMILLER et al. 2001).

7.1.2 Dietoterapia

             A gravidez impõe certas demandas nutritivas que obrigam as

alterações na dieta. O tratamento dietético apropriado para uma gestante

diabética deve proporcionar uma nutrição suficiente, tanto para a gestante

quanto para o feto, com o objetivo de se obter uma quase normoglicemia

(BERTINI, 2001). A dieta está recomendada para todas as gestantes com

diabetes gestacional, com hiperglicemia diária ou com diabetes pré-gestacional

(REZENDE, 2005). Deve conter proteínas, carboidratos (exceto os de absorção

rápida), gorduras, sais minerais e vitaminas em quantidades adequadas, e nas

proporções de uma dieta normal. Recomenda-se que a quantidade de

quilocalorias seja calculada utilizando o peso da gestante por ocasião do

ingresso ao pré-natal. Para cada quilo de peso se oferecem 30 kcal por dia

(com limites de 1800 a 3000), divididas em sétimos. De rotina, oferece-se um

Page 59: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

sétimo a cada refeição pequena que inclui o café da manhã, lanche da tarde e

ceia e dois sétimos nas refeições maiores, almoço e jantar (RUDGE et al.,

2004). A prescrição da dieta deve ter participação de profissional de nutrição e

oferecer várias opções de composição das refeições, de acordo com as

possibilidades e as preferências de cada paciente. As gestantes que não

tiverem controlada a hiperglicemia ao longo do dia devem iniciar o uso de

insulina (REZENDE, 2005).

7.1.3 Exercícios Físicos

A atividade física é importante para ajudar no controle das pacientes com

diabetes e são benéficas também para as gestantes, principalmente as

caminhadas, merecendo estímulo, se não houver contra-indicações,

lembrando-se de se adaptar tanto à dieta quanto à insulinoterapia nestas

situações (SANCOVSKI, 1999).

Desde o século XVIII, os exercícios físicos vêm sendo considerados

instrumentos benéficos no tratamento de pacientes com diabetes melito

(RAMALHO, 1999); então, se a diabética estiver acostumada a exercitar-se

regularmente, a gestação não será uma desculpa para interromper sua prática,

mas talvez tenha que diminuir a intensidade (TOMBINI, 2002). O exercício

físico pode trazer uma grande demanda metabólica ao organismo. Para manter

a homeostase durante o exercício, uma pessoa deve obter um aumento do

substrato metabólico e de oxigênio, através de vários sistemas regulatórios

como o cardiopulmonar e neuroendócrino, além da regulação do metabolismo

do fígado, músculo e tecido adiposo (RAMALHO, 1999). O exercício aumenta a

sensibilidade e a resposta à insulina no músculo esquelético. Evidências

indicam que o exercício e a insulina podem agir sinergicamente para aumentar

o consumo de glicose. Esse efeito do exercício sobre a sensibilidade e

resposta do músculo à insulina pode durar mais de 12 horas, podendo chegar

mesmo a 48 horas após o final do exercício. Esse efeito persistente do

Page 60: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

exercício no aproveitamento da glicose tem importantes implicações

terapêuticas em indivíduos com diabetes (RAMALHO, 1999).      

Os exercícios físicos baixam os níveis glicêmicos no DMG, necessitando

assim de um plano de tratamento eficaz (TOMBINI, 2002). Além das contra-

indicações absolutas, comuns a realização de exercícios durante a gravidez,

como o aumento das contrações uterinas, o desconforto fetal, os fetos

pequenos para a idade gestacional (PIG), a hipertensão materna (KITZMILLER

et al., 2001), doença miocárdio ativa, insuficiência cardíaca congestiva, doença 

reumática, trombo flebite, embolia pulmonar recente, risco de prematuridade,

hemorragia interna e ausência de atendimento pré-natal (RAMOS, 1999),

existem contra-indicações relativas, como a anemia, doença da tireóide,

diabetes melito, obesidade excessiva e histórico de vida sedentária (RAMOS,

1999).

O treinamento em gestante deve ocorrer preferencialmente nos momentos

mais frescos do dia, utilizando roupas leves, evitando dias de muita umidade

relativa do ar. É importante que a gestante beba muita água durante a sessão

de treino, mesmo não sentindo sede, pois com isso é diminuído o risco de

desidratação. O risco de hipertermia sugere que as atividades aquáticas sejam

mais adequadas, mas, se deve tomar cuidado com o tratamento e a

temperatura do meio líquido, que deve permanecer em torno de 24º C

(RAMOS, 1999).

A resistência muscular localizada promove, entre outras coisas, uma maior

capilarização e uma maior circulação de sangue localizado. Esse fato é muito

benéfico para as mulheres que vão se submeter a cesárea, pois pode facilitar e

acelerar o processo de cicatrização. Os músculos abdominais podem e devem

ser treinados e, desde que bem treinados, podem trazer vários benefícios para

a mulher grávida. Deve se evitar que a gestante permaneça por muito tempo

em decúbito dorsal, diminuindo dessa forma, o risco de manobra de valsava

(RAMOS, 1999).

O treino de flexibilidade deve ser observado com muito carinho, uma vez

que existem métodos que utilizam contrações isométricas, os quais, não são

indicados para o momento (RAMOS, 1999).

O alongamento deve ser realizado, principalmente nos grupos musculares

que mais se encurtam durante a gravidez. As sessões de treino devem ser

Page 61: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

realizadas em dias alternados, com uma freqüência de três vezes por semana.

Os exercícios não devem ser intensos, sendo nesse contexto, muito

importante a participação da mulher, indicando o grau de esforço. É

aconselhável que a carga de treinamento seja modificada em função de relatos

da gestante. Uma atenção especial deve ser dada ao primeiro trimestre e aos

últimos dias de gestação (RAMOS, 1999).

     O programa de atividade física deve ser individualizado, sendo levados em

consideração diversos fatores, que em conjunto podem oferecer ao professor

diferentes possibilidades estratégicas. Diante de qualquer indício de sofrimento

fetal, a sessão deve ser interrompida e o médico avisado imediatamente

(RAMOS, 1999).

7.2 MINIMIZANDO RISCOS E COMPLICAÇÕES PARA O RECÉM-NASCIDO

A melhor forma de a gestante diabética conduzir a gestação de forma

segura e saudável, como descrito nos capítulos acima, é através do

conhecimento da doença, o DM (Diabetes Melito), acompanhamento do pré-

natal e endocrinologista, do controle glicêmico e a total adesão ao tratamento

(GUERRA, 2005). É essencial que o enfermeiro esteja sempre atento quanto

aos conhecimentos da gestante diabética, sobre o Diabetes Melito, suas

dúvidas e anseios, pois cabe a ele e a equipe de saúde insistir na adesão do

tratamento e no controle glicêmico, para garantir que a evolução da gravidez

seja segura e saudável tanto para mãe quanto para o feto (SANTOS, C., 2003).

A medicina fetal é uma das áreas científicas que mais avançam e os

profissionais entendem cada vez mais do feto, descobrindo e cuidando de

aspectos importantes para o seu bem-estar (ZUGAIB, 2007). Algumas técnicas

modernas permitem o tratamento e a correção de uma eventual disfunção da

gravidez ainda dentro do útero, no entanto os maiores cuidados para

prevenção de riscos e complicações para o feto da gestante diabética

dependem da adesão total, da gestante, ao tratamento do diabetes e o controle

glicêmico (REZENDE, 2005).

Page 62: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Dentre os distúrbios metabólicos, a hipoglicemia é um dos mais frequentes

no período neonatal, sendo bastante importante o conhecimento dos recém-

nascidos que pertencem a grupos de risco para tal alteração, como os recém-

nascidos de mães diabéticas, visto que sua prevenção é eficaz e seu

tratamento é bastante fácil (Oliveira et al., 2004).

Relata NOMURA et al. (2002), que o rigoroso controle materno baseado no

ajuste da insulinoterapia de acordo com o perfil glicêmico da paciente permite a

continuidade da gestação até o termo, com segurança. A partir de protocolos

desenvolvidos na década de 70, foram adotadas estratégias de controle

materno e fetal, inclusive com hospitalização da paciente no final da gestação.

Observou-se redução na mortalidade perinatal para valores inferiores a 5%, e a

tendência a diminuição da taxa de perdas fetais apresenta índices com

expectativas de um crescimento na redução dos números.

Relata REZENDE (2005) que a introdução e adequação da dose de insulina

devem ser ajustadas conforme o perfil glicêmico, que devem ser menores que

105mg/dl em jejum e 135mg/dl pós-prandial. A dieta prescrita deve ser seguida

pela Gestante Diabética e supervisionada por nutricionistas e a quantidade de

calorias deve ser de acordo com suas atividades físicas.

De acordo com OLIVEIRA et al.(2004), com o melhor conhecimento da

fisiopatologia da gravidez diabética é demonstrado que o controle adequado do

diabetes durante a gestação, somado a novos sistemas de monitorização do

feto, bem como de cuidados intensivos ao recém-nascido, determinaram uma

diminuição das complicações materno-fetais e uma queda acentuada na

mortalidade perinatal.

8 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA PRÓXIMA GESTAÇÃO

Page 63: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Segundo OLIVEIRA et al.(2004), todas as malformações que acontecem

nos filhos de mães diabéticas afetam órgãos que se formam nas oito primeiras

semanas de vida intra-uterina. Ou seja, quando a mulher às vezes nem sabe

que está grávida. É importante programar a gravidez para que a paciente

esteja muito bem controlada e orientada, pelo menos nos seis meses

anteriores.

Aponta REZENDE (2005ª, p.430), as possíveis complicações que podem

ocorrer aos filhos de mães Diabéticas:

Malformações Fetais: os tecidos mais comumente atingidos são os do

sistema cardiovascular, sistema nervoso central, trato gastrointestinal,

sistema geniturinário e sistema músculo-esquelético.

Macrossomia: é definida pela maioria dos serviços por recém-nascido com

peso igual ou acima de 4.000g, ou 4.500g dependendo dos autores.

Prematuridade: está ligada a hiperglicemia materna que é o principal agente

causador e, portanto, a principal profilaxia é o controle metabólico estrito.

Hipoglicemia neonatal: é outra morbidade comum do diabete na gestação.

Em geral os níveis de glicemia fetal correspondem a 70 a 80% dos níveis de

glicemia maternos. Os valores de glicemia neonatal são definidos nos valores

inferiores a 40mg/dl no recém-nascido de termo, durante as primeiras 12

horas de vida.

Policitemia e Hiperbilirrubinemia: é o aumento do hematócrito venoso maior

ou igual a 65%, o aumento da viscosidade por ela gerada leva a um espectro

de sequelas clinica como falência cardíaca. Diminuição da função renal,

trombose de veia renal, enterocolite necrozante e danos no sistema nervoso

central.

A hiperbilirrunemia, definida como bilirrubina maior que 13mg/dl; a sua

causa exata ainda é pouco conhecida, estando fatores como hipóxia, a

prematuridade, a macrossomia. A imaturidade do sistema de conjugação

hepático e a policitemia envolvidos.

Metabolismo mineral: 50% dos neonatos de mães diabéticas evoluem com

hipocalcemia, cálcio sérico menor que 7mg/dl, nos três primeiros dias de vida.

A hipomagnesemia neonatal, dosagem sérica de magnésio menor que

1,5mg/dl.

Page 64: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

Síndrome do desconforto respiratório e asfixia: clinicamente, ocorrem

sintomas como taquipnéia, retração, hipoventilação, hipóxia, e, à radiografia

de tórax, evidências de broncogramas e densidades granulares finas no

parênquima pulmonar.

Obesidade: crianças nascidas de mães diabéticas têm maiores taxas de

obesidade na infância e vida adulta, originando-se da hipersulinemia fetal e

grande proliferação de adipósitos e deposição de gordura ocorrido ainda intra-

útero em gestantes mal acompanhadas.

A mulher com Diabetes Melito deve ter conhecimento e informações

essenciais sobre a doença e a não adesão ao tratamento antes de engravidar.

Segundo GOLBERT et al., (2008) todas as mulheres em idade produtiva,

com diabetes melito, deve passar por um aconselhamento pré-concepcional,

para prevenir possíveis abortamentos espontâneos e malformações

congênitas. O acompanhamento dessa mulher deve ser feito por equipe

multidisciplinar (obstetra, endocrinologista, enfermeiro, nutricionista e

psicólogo) e as informações devem ser detalhadas dando ênfase à importância

do controle metabólico e monitorização constante da glicemia (GUERRA,

2005).

GOLBERT et al., 2008 enfatiza que as mulheres com Diabetes Melito

devem manter os níveis de glicose de jejum de 80 a 110mg/dl e duas horas

após refeições de até 155mg/dl no período pré-concepcional. O uso de

métodos anticoncepcionais deve ser estimulado até a obtenção do controle

metabólico adequado. Suplementação com ácido fólico periconcepcional pode

reduzir o risco de malformações do tubo neural e outras, devendo ser mantida

nas primeiras seis semanas de gestação.

Segundo REZENDE (2005) toda gravidez com diabetes melito, seja do tipo

1, tipo 2 ou gestacional, precisa ser bem acompanhada. São necessárias mais

consultas ao obstetra, ao endocrinologista e ao nutricionista. Alguns aspectos

dos tratamentos dos dois tipos de diabetes se assemelham, enquanto outros

são diferentes.

Enfatiza Oliveira et al. (2004) que a mulher só deve engravidar quando

apresentar um ótimo controle glicêmico, que é avaliado pelos níveis de HbA1C

(hemoglobina glicosilada). Eles devem ser menores que 6,1%, ou até 1%

Page 65: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

acima do valor máximo recomendado pelo laboratório onde o teste for

realizado.

A gravidez para a mulher com Diabetes Melito só não é indicada, pelo

médico, quando essa tiver complicações severas, que poderiam piorar durante

uma gestação, devido às diversas mudanças hormonais que ocorrem no

organismo, em qualquer gestação. Caso contrário, ela pode engravidar, mas

deve receber orientação pré-concepcional, para que a gravidez apresente um

controle metabólico o mais próximo possível de níveis considerados ótimos.

Isso evita que, durante a fase de organogênese (formação dos órgãos do

embrião), que ocorre em torno da sétima semana de gestação, os níveis

glicêmicos não ofereçam riscos de malformações fetais (OLIVEIRA et al., 2004)

Existem vários métodos para diagnosticar o Diabetes Melito os critérios

mais comumente utilizados são os aconselhados pela American Diabetes

Association (ADA). Recomenda-se a realização de um teste de tolerância oral à

glicose com 100g, feito entre a 24ª e 28ª semana de gestação, com três horas

de duração, sendo que dois ou mais valores maiores que 95mg/dl, 180mg/dl,

155mg/dl e 140mg/dl respectivamente para o jejum, uma, duas e três horas,

são considerados critérios para diagnóstico de diabetes gestacional.

Há também o teste realizado com 75g de glicose, que é adotado pela

Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse exame também é realizado entre

a 24ª e 28ª semana de gestação. Neste caso, um valor de glicemia maior do

que 140mg/dl duas horas após a sobrecarga de glicose é diagnóstico de

diabetes gestacional. Não importa qual o teste seja utilizado, o importante é

que o diagnóstico seja feito.

Segundo CHAVES NETTO (2005) as pacientes que apresentam maior risco

de diabetes gestacional são aquelas com mais de 25 anos de idade; obesas

(principalmente as com obesidade abdominal), hipertensas; não caucasianas;

com baixa estatura (menor do que 1,50m); com história familiar de diabetes em

parentes de primeiro grau; com história prévia de diabetes gestacional; com

história prévia de macrossomia (ter filhos com mais de 4 kg ao nascer); de

polihidrâmnio (aumento do líquido amniótico); de eclâmpsia ou hipertensão de

aparecimento na gravidez atual.

A SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) ressalta que se pode evitar a

ocorrência de diabetes gestacional fazendo com que os fatores de risco sejam

Page 66: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

controlados, tais como obesidade, sedentarismo, ganho excessivo de peso,

controle adequado da hipertensão.

9 CONCLUSÃO

Acerca das pesquisas e levantamentos bibliográficos, realizados neste

estudo, percebe-se que mesmo com avanços tecnológicos a melhor fonte para

garantir uma gestação saudável é fazendo com que a gestante diabética tenha

Page 67: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

consciência da doença e dos riscos e complicações sobre a não adesão do

tratamento, sobre o feto.

A enfermeira que atua em instituições de saúde onde não há recurso

pessoal e financeiro adequado tem o compromisso de utilizar conhecimentos

teóricos, educativos e tecnológicos para o cuidado de mulheres e gestantes

diabéticas, bem como socializar estes conhecimentos em atividades de

educação em saúde, considerando as percepções e expectativas da gestante e

de seus familiares (ZAMPIERE, 2001). Para que se obtenha sucesso na

adesão ao tratamento, deve-se usar uma abordagem educativa, na qual as

gestantes diabéticas sejam consideradas parceiras deste processo educativo e

se sintam aptas para tomar decisões que considerem adequadas para si e

possam ser compreendidas e ajudadas quando necessário (SANTOS, C.

2003).

A falta de conhecimento e orientações, da gestante sobre o Diabetes Melito,

é um fator contribuinte para as ocorrências de complicações materno-fetais e

neonatais (GUERRA et al. 2005).

Mesmo que o uso da insulina em gestantes diabéticas tenha resultado em

um significativo aumento da sobrevida materna, fetal e neonatal, compreende-

se através desse estudo, que as complicações continuam presentes, portanto é

notável que existe falta de esclarecimento, orientação e educação sobre a

doença, o diabetes melito (SANTOS, C. 2003)

A supervisão adequada destas gestações depende da monitorização rígida

do controle glicêmico pré e pós-concepção, quando esse controle é feito pela

própria gestante diabética, com o glicosímetro, em casa, ela deve ser muito

bem orientada quanto aos horários estabelecidos pelo médico e as anotações,

pois deverá levá-las na próxima consulta (GUERRA, 2005). Mas como tornar

esse controle glicêmico algo extremamente fundamental para a compreensão

da gestante? É tarefa do enfermeiro e equipe multidisciplinar (obstetra,

endocrinologista, nutricionista, e psicólogo), insistirem nas orientações e

esclarecimentos sobre impacto negativo do diabetes melito, não controlado,

sobre o feto (GUERRA, 2005).

Constata-se ainda, que algumas gestantes diabéticas tenham certa noção

sobre a doença, o diabetes melito, porém relatam suas dificuldades financeiras

com relação à dieta a ser seguida, prescrita pela nutricionista; e também a falta

Page 68: Universidade Bandeirante de sÃo Paulo Sandra Alves

de tempo para a prática de alguma atividade física, quando não existe contra-

indicação.

O olhar subjetivo do enfermeiro durante a consulta de enfermagem, ou até

mesmo no atendimento a gestante diabética, permite nesse momento de

individualidade a gestante se sinta mais a vontade e consiga expressar seus

anseios e dúvidas, tornando um elemento importante a ser considerado com

vistas a se construir um campo propício à mudança, seja na relação da

gestante com a doença, seja em sua disposição para a aquisição de novos

hábitos e novos cuidados.

É necessária a supervisão constante do enfermeiro e equipe de saúde,

sobre a gestante diabética, a fim de manter seu controle glicêmico dentro dos

parâmetros considerados normais.

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