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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO ALESSANDRA AZZOLINI DA SILVA A NOÇÃO DE FUNÇÃO QUADRÁTICA NA TRANSIÇÃO ENTRE OS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA UNIBAN SÃO PAULO 2012

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO ALESSANDRA AZZOLINI DA SILVA

A NOÇÃO DE FUNÇÃO QUADRÁTICA NA TRANSIÇÃO ENTRE OS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR

MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

UNIBAN SÃO PAULO

2012

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

ALESSANDRA AZZOLINI DA SILVA

A NOÇÃO DE FUNÇÃO QUADRÁTICA NA TRANSIÇÃO ENTRE OS

ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR

UNIBAN SÃO PAULO

2012

Dissertação submetida à banca examinadora da Universidade Bandeirante de São Paulo, como exigência para a obtenção do título de Mestre em Educação Matemática. Trabalho realizado sob a orientação da Professora Doutora Marlene Alves Dias.

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S578n Silva, Alessandra Azzolini da. A noção de função quadrática na transição entre os ensinos fundamental, médio e superior/ Alessandra Azzolini da Silva - - São Paulo : [s.n.], 2012. 177 fls.f.; il. ; 30 cm.

Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em

Educação Matemática, Universidade Bandeirante de São Paulo, Curso de Educação Matemática. Orientadora: Profª Drª Marlene Alves Dias. 1. Noção de função quadrática 2.Teoria antropológica do didático. 3.

Ostensivo e não-ostensivo. 4. Mudança de quadros. 5. Níveis de . conhecimento. I. Título.

CDD: 372.7

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ALESSANDRA AZZOLINI DA SILVA

A NOÇÃO DE FUNÇÃO QUADRÁTICA NA TRANSIÇÃO ENTRE OS

ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE BANDEIRANTE

DE SÃO PAULO COMO EXIGÊNCIA DO PROGRAMA DE PÓS-

GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Presidente e Orientador

Nome: Professora Doutora Marlene Alves Dias

Titulação: Doutora em Matemática

Instituição: Universidade Bandeirante de São Paulo

Assinatura:

2ª Examinador

Nome: Professor Doutor Frederico da Silva Reis

Titulação: Doutor em Educação

Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto

Assinatura:

3ª Examinador

Nome: Professora Doutora Nielce Meneguelo Lobo da Costa

Titulação: Doutora em Educação

Instituição: Universidade Bandeirante de São Paulo

Assinatura:

Biblioteca

Bibliotecário:_________________________________________________________

Assinatura:__________________________________________ DATA ___/___/___ .

São Paulo, ___ de __________ de ____.

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Assinatura:___________________________ Local e Data:____________________

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Um bom ensino da Matemática forma melhores hábitos de pensamento e habilita o indivíduo a usar melhor a sua inteligência (IRENE DE ALBUQUERQUE).

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AGRADECIMENTOS

Na construção de qualquer dissertação, algumas pessoas funcionam como

uma espécie de pilar, de base, sem as quais jamais chegaríamos aos nossos

objetivos. E só percebemos a importância delas já na fase de conclusão dos

trabalhos. Talvez por isso, os agradecimentos deveriam ser colocados no final da

dissertação. Entretanto, essas pessoas são as primeiras em nossas lembranças e

na construção dos agradecimentos que vão aqui.

Para mim, a primeira de todas estas pessoas é, sem duvidas, a Professora

Doutora Marlene Alves Dias. Ela aparece aqui como orientadora, no sentido

acadêmico do termo. Mas, na prática, foi mais que isso: uma mentora, uma

incentivadora, mestre no mais amplo significado da palavra. Por isso, destaco que,

sem a compreensão, a dedicação, a paciência e o carinho da Marlene, nada disto

seria possível. Grata!

Logo a seguir, mas com tanta importância quanto a Professora Doutora

Marlene Alves Dias, eu não posso deixar de agradecer a Professora Doutora Tânia

Maria Mendonça. Sem o apoio dela, essas páginas não se tornariam realidade.

Na condição de mãe, professora e dona de casa, nada seria possível também

se não houvesse a compreensão e o apoio de mamãe, papai e de meus queridos

filhos, Victor e Natalia. Deles, e demais parentes, não faltou o incentivo e a

compreensão nos momentos de ausência.

Por fim, mas não menos primordiais, foram importantes as preciosas,

esclarecedoras e ricas contribuições do Professor Doutor Frederico da Silva Reis e

da Professora Doutora Maria Elisabette Brisola Brito Prado. A eles, meus sinceros

agradecimentos.

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RESUMO

AZZOLINI, A. A noção de função quadrática na transição entre os Ensinos

Fundamental, Médio e Superior. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-

Graduação em Educação Matemática, Universidade Bandeirante de São Paulo, São

Paulo, 2012.

Esta pesquisa trata do estudo das relações institucionais associadas à noção de

função quadrática, com o objetivo de identificar os tipos de tarefas que

sobrevivem/reconstroem quando se considera a transição entre os Ensinos

Fundamental, Médio e Superior. Com tal objetivo, analisaram-se, para cada tipo de

tarefa, as técnicas, as tecnologias, as teorias, os quadros e os níveis de

conhecimento esperados dos estudantes nas três etapas escolares consideradas na

pesquisa. Este estudo foi realizado via livros didáticos, documentos oficiais, grades e

planos de ensino de universidades públicas e privadas. Trata-se, portanto, de uma

pesquisa documental e as análises desses documentos foram conduzidas por meio

de uma grade de análise inspirada no trabalho de Dias, a qual permitiu identificar os

diferentes tipos de tarefas e técnicas desenvolvidas e as tecnologias e teorias

utilizadas. O referencial teórico da presente pesquisa é centrado na Teoria

Antropológica do Didático, em particular nas noções de praxeologia, ostensivos e

não ostensivos e, como apoio, são consideradas as abordagens teóricas em termo

de quadro e mudança de quadros de Douady e na noção de níveis de conhecimento

esperados dos estudantes, conforme definição de Robert. A análise das relações

institucionais esperadas e existentes permitiu identificar que, para o processo de

estudo e de ajuda ao estudo se realizar como previsto nas expectativas

institucionais, professores e estudantes precisam utilizar as noções e técnicas

respectivas desenvolvidas nos Ensinos Fundamental e Médio, de forma articulada,

quando da introdução de novas noções no Ensino Superior. Isto, em particular, no

estudo das conceituações de limite e derivada de funções, em que a noção de

função quadrática pode servir para criar as imagens mentais sobre as propriedades

das funções polinomiais que são mais facilmente desenvolvidas por meio da noção

de derivada de uma função. Observou-se ainda que o estudo centrado em situações

contextualizadas exige que se disponha do nível técnico para que se possa trabalhar

o nível mobilizável e, mais especialmente, o disponível, uma vez que esses dois

níveis supõem uma organização dos conhecimentos matemáticos.

Palavras-chave: Noção de função quadrática. Teoria antropológica do didático.

Ostensivo e não-ostensivo. Mudança de quadros. Níveis de conhecimento.

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ABSTRACT

AZZOLINI, A. The notion of quadratic function in the transition between the Elementary, Secondary and Higher Education. Master Degree Dissertation – Post-Graduate Programme in Mathematics Education, Bandeirante University of São Paulo, São Paulo, 2012. This research deals with the study of the institutional relationships associated with the notion of quadratic function, in order to identify the types of tasks that survive / rebuild when we consider the transition between elementary, secondary and higher education. Thus, we analyzed for each type of task, techniques, technologies, theories, frameworks and levels of knowledge expected of the students in three steps considered in the research. This study was conducted through textbooks, official documents, planning grids and teaching plans of public and private universities. This documentary research and the analysis of these documents were conducted following the the framework of DIAS, and also inspired by it, which allowed us to identify the different types of tasks and the developed techniques as such the technologies and theories used. Therefore the theoretical reference of the research is centered on the Anthropological Theory of Didactics, specifically the notion of praxeology, ostensives and non ostensives, and as support we considered the theoretical approaches in term of frameworks and changing frameworks of Douady, and the notion of levels of expected knowledge of students as defined by Robert. The study of the expected and existing institutional relationships allows us to identify that, to the study process to be accomplished as required by the institutional expectations, teachers and students need to use the concepts and techniques developed in their elementary, secondary and higher education in a articulated manner when introduction of new concepts in higher education, specially the study of the notions of limit and derivative of functions, where the notion of quadratic function can be used to create mental images about the properties of polynomial functions that are more easily developed by the notion of derivative of a function. We further note that the study focused in contextualized situations makes it necessary to the technical level so that they can work the levels mobilized and particularly, the available, since these two levels assume an organization of mathematical knowledge. Keywords: Concept of quadratic function. Anthropological Theory of Didactics. Ostensive and non-ostensive. Changing Frameworks. Levels of knowledge.

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LISTA DE FIGURAS pág

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Figura 13

Figura 14

Figura 15

Figura 16

Figura 17

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Figura 19

Figura 20

Figura 21

Figura 22

Figura 23

Figura 24

Figura 25

Figura 26

Figura 27

Figura 28

Figura 29

Figura 30

Exemplo de tarefa, técnica e tecnologia e de ostensivo e não

ostensivo..............................................................................................

Exemplo de tarefa, técnica e tecnologia ............................................

Exemplo de quadro ............................................................................

Exemplo de quadro e de mudança de quadro ...................................

Exemplo de nível de conhecimento técnico .......................................

Exemplo de nível de conhecimento mobilizado .................................

Exemplo de nível de conhecimento disponível ..................................

Exemplo de mudança de quadro ........................................................

Exemplo de tarefa ..............................................................................

Exemplo de ostensivo escritural .........................................................

Exemplo de ostensivo e não ostensivo ..............................................

Exemplo de quadro algébrico ............................................................

Exemplo de quadro aritmético algébrico ............................................

Exemplo de quadro geométrico .........................................................

Exemplo de nível técnico ...................................................................

Exemplo de nível mobilizável .............................................................

Exemplo de nível disponível ..............................................................

Exemplo 1 da tarefa 1 .......................................................................

Exemplo 2 da tarefa 1 ........................................................................

Exemplo da tarefa 2 ...........................................................................

Exemplo 1 da tarefa 3 ........................................................................

Exemplo 2 da tarefa 3 ........................................................................

Exemplo 3 da tarefa 3 ........................................................................

Exemplo 1 da tarefa 4 ........................................................................

Exemplo 2 da tarefa 4 ........................................................................

Exemplo 3 da tarefa 4 .......................................................................

Exemplo 1 da tarefa 5 ........................................................................

Exemplo 2 da tarefa 5 .......................................................................

Exemplo 3 da tarefa 5 ........................................................................

Exemplo da tarefa 6 ..........................................................................

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Figura 31

Figura 32

Figura 33

Figura 34

Figura 35

Figura 36

Figura 37

Figura 38

Figura 39

Figura 40

Figura 41

Figura 42

Figura 43

Figura 44

Figura 45

Figura 46

Exemplo 1 da tarefa 7 .......................................................................

Exemplo 2 da tarefa 7 .......................................................................

Exemplo 1 da tarefa 8 .......................................................................

Exemplo 2 da tarefa 8 ........................................................................

Exemplo da tarefa 9 ...........................................................................

Exemplo 1 da tarefa 10 ......................................................................

Exemplo 2 da tarefa 10 ......................................................................

Exemplo da tarefa 11 .........................................................................

Exemplo 1 da tarefa 12 ......................................................................

Exemplo 2 da tarefa 12 ......................................................................

Exemplo de “completamento de quadrado” .......................................

Demonstração da fórmula de Bhaskara .............................................

Quadro resumo da resolução da fórmula de Bhaskara .....................

Construção de parábola ....................................................................

Construção da parábola por meio de tabela ......................................

Gráfico e a associação à variação dos parâmetros ...........................

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LISTA DE TABELAS Pág

Tabela 1

Tabela 2

Tabela 3

Tabela 4

Tabela 5

Tabela 6

Tabela 7

Extrato da grade curricular – UFPE................................................

Extrato da grade curricular –MACK................................................

Extrato da grade curricular – UFV...................................................

Extrato da grade curricular – UFV...................................................

Extrato da grade curricular – FSA...................................................

Tarefas usualmente encontradas no processo de ensino e

aprendizagem da noção de função quadrática ..............................

Obras didáticas analisadas na pesquisa ........................................

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LISTA DE QUADROS Pág

Quadro 1

Quadro 2

Questões que orientam a organização da análise .........................

Questões que norteiam a pesquisa.................................................

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SUMÁRIO

Introdução .........................................................................................................

Capítulo 1: Problemática, objetivo e metodologia da pesquisa ...................

1.1 Contexto da pesquisa ...................................................................................

1.2 Questões iniciais e problemática da pesquisa...............................................

1.3 Objetivo da pesquisa ....................................................................................

1.4 Metodologia da pesquisa ..............................................................................

1.5 Algumas Considerações ...............................................................................

Capítulo 2: Referencial teórico ........................................................................

2.1 Considerações iniciais ..................................................................................

2.2 A Teoria Antropológica do Didático...............................................................

2.3 Noção de quadro e mudança de quadro conforme definição de Douady.....

2.4 Níveis de conhecimento esperados dos estudantes segundo definição de

Robert..................................................................................................................

2.5 Algumas Considerações ..............................................................................

Capítulo 3: As relações institucionais esperadas para o trabalho com as

noções de equação quadrática e função quadrática nos Ensinos

Fundamental, Médio e Superior.......................................................................

3.1 Considerações iniciais sobre o capítulo........................................................

3.2 Parâmetros Curriculares Nacionais – terceiro e quarto ciclos do Ensino

Fundamental Matemática....................................................................................

3.3 Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio .............................

3.4 Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio +...........................

3.5 Orientações curriculares para o Ensino Médio .............................................

3.6 Diretrizes curriculares nacionais para os cursos de Matemática,

bacharelado e licenciatura ..................................................................................

3.7 Algumas Considerações ..............................................................................

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Capítulo 4: As ferramentas utilizadas para análise das tarefas usuais

sobre a noção de função quadrática – a grade de análise............................

4.1 Considerações iniciais...................................................................................

4.2 Algumas noções da Teoria Antropológica do Didático utilizadas como

ferramentas de análise didática...........................................................................

4.2.1. Exemplo de praxeologia no estudo da noção de função quadrática.........

4.2.2 Exemplo de ostensivos e não ostensivos no estudo da noção de função

quadrática............................................................................................................

4.3 Os quadros em jogo no estudo da noção de função quadrática...................

4.4 Os níveis de conhecimento esperados dos estudantes no estudo da noção

de função quadrática......................................................................................

4.5 A grade de análise ........................................................................................

4.6. Algumas Considerações...............................................................................

Capítulo 5: As relações institucionais existentes para o ensino e

aprendizagem das noções de equação quadrática e função quadrática

nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior...............................................

5.1 Considerações iniciais .................................................................................

5.2 Análise da obra de Dante (2008) – Tudo é Matemática ...............................

5.3 Análise da obra de Stocco & Diniz (2010) – Matemática Ensino Médio –

Volume I...............................................................................................................

5.4 Análise da obra de Dante (2009) – Matemática – Vol. único........................

5.5 Análise da obra de Stewart (2000) – Cálculo – Volume I .............................

5.6 Algumas Considerações................................................................................

Considerações finais e Perspectivas Futuras...............................................

Referências........................................................................................................

Anexos................................................................................................................

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INTRODUÇÃO

A escolha deste trabalho está associada ao meu percurso enquanto

estudante e atualmente professora dos ensinos Médio e Superior. Minha experiência

profissional nessas duas etapas escolares tem mostrado que os estudantes que

chegam ao Ensino Médio assim como aqueles que têm acesso ao Ensino Superior

apresentam dificuldades que não podem ser consideradas apenas como falta de

conhecimento. Acredito que devem existir outros fatores que interferem na

aprendizagem dos discentes e que, muitas vezes, não permitem que os mesmos

evoluam.

Diante dessas constatações, escolhi trabalhar com a questão da transição

entre os Ensinos Fundamental, Médio e Superior para um conteúdo específico, qual

seja: a noção de função quadrática. A escolha por tal conteúdo se deve à

importância do estudo das funções tanto para a Matemática como para a Educação

Matemática. Além disso, a função quadrática é uma das funções introduzidas no

Ensino Médio que, se bem compreendida, permite criar as imagens mentais

necessárias para o estudo do comportamento de outras funções quando da

introdução das noções de derivada e integral e suas propriedades.

Iniciamos, dessa forma, o Capítulo 1 da presente dissertação, apresentando

algumas pesquisas semelhantes, que tratam sobre transição entre os Ensinos

Fundamental, Médio e Superior a partir da noção de função, particularmente a

quadrática ou sobre as funções em geral, introduzidas no Ensino Médio. Para essa

identificação do atual estado da arte em relação ao estudo das funções ou das

pesquisas sobre transição, centramo-nos na identificação das dissertações e teses

apresentadas, nos últimos seis anos – 2006 a 2011, em alguns cursos de pós-

graduação em Educação ou Educação Matemática.

Ainda nesse primeiro capítulo, consideramos a problemática, o objetivo e a

metodologia da nossa pesquisa, justificando seu interesse, por se tratar de um

trabalho ainda não executado nas pesquisas identificadas. Apresentamos, assim, o

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cerne do nosso trabalho que é compreender a transição dos Ensinos Fundamental,

Médio e Superior quando se considerada a noção de função quadrática, tendo como

questão principal o estudo das relações institucionais esperadas e existentes para o

ensino e a aprendizagem da referida noção. Acreditamos que a identificação dessas

relações pode auxiliar a compreender quais as tarefas desenvolvidas no Ensino

Médio que podem servir de apoio ao trabalho com esta função no Ensino Superior.

Assim, nossa questão central é verificar como essas relações podem servir para a

introdução de novas noções no Ensino Superior. Para tanto, propomos a

metodologia da pesquisa documental por considerá-la adequada ao

desenvolvimento desse trabalho. Por fim, no Capítulo 1, descrevemos a metodologia

adotada.

No capítulo 2, embasamos teoricamente esta pesquisa. Desse modo,

escolhemos como referencial teórico central a Teoria Antropológica do Didático de

Chevallard (1992, 1994), em particular a noção de organizações praxeológicas ou

praxeologias. Nesse sentido, explicamos que este trabalho foi amparado em

Chevallard (1992, 1994) o qual introduz as primeiras noções da Teoria Antropológica

e em Bosch e Chevallard (1999) que tratam, mais especificamente, das questões

associadas aos ostensivos e não ostensivos. Como referencial teórico de apoio,

utilizamos ainda a abordagem teórica em termos de quadros e mudança de quadros

de Douady (1984, 1992) e definições sobre os três níveis de conhecimento

esperados dos estudantes, conforme proposta de Robert (1997,1998). Nesse

segundo capítulo, apresentamos uma breve discussão das noções retiradas dos

trabalhos anunciados acima, seguida de exemplos por nós construídos que mostram

como essas ferramentas didáticas nos auxiliam nas análises propostas.

No capítulo 3, tratamos das relações institucionais esperadas, as quais foram

assim denominadas por se tratar de propostas institucionais indicadas nos

documentos oficiais para o trabalho com as noções de equação do 2º grau e função

quadrática nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior. Nessa etapa, foram

analisados os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (BRASIL,

1997), os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2000), as

Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006) e os Parâmetros

Curriculares Nacionais + (BRASIL, 2002). Para tratar do Ensino Superior,

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consideramos as Diretrizes Nacionais para o Curso de Licenciatura em Matemática e

os planos de ensino de Introdução ao Cálculo e Cálculo Diferencial e Integral de

duas universidades públicas, uma universidade privada e um centro universitário.

No capítulo 4, apresentamos a grade de análise, cuja construção foi inspirada

na grade de Dias (1998), disponível em sua tese que trata da articulação de pontos

de vista cartesiano e paramétrico no ensino de Álgebra Linear. Apresentamos as

ferramentas didáticas de análise utilizadas e identificamos, por meio de exemplos,

as tarefas usuais para o ensino e a aprendizagem das noções de equação e de

função quadrática. Nestas, aplicamos a grade que tem como objetivo identificar a

situação apresentada no enunciado, as técnicas, as tecnologias, as teorias, assim

como os ostensivos e não ostensivos manipulados e evocados, os quadros em que

a tarefa é expressa e resolvida e os conhecimentos necessários para o

desenvolvimento da tarefa.

No capítulo 5, tratamos das relações institucionais existentes, assim

denominadas por se tratar das tarefas que podemos identificar em livros didáticos ou

em outros materiais destinados ao desenvolvimento de um determinado conteúdo,

quando se considera a noção de equação do 2º grau e a noção de função quadrática

por meio da análise de livro didáticos das três etapas escolares do Ensino

Fundamental, Ensino Médio e o Ensino Superior. O objetivo dessas análises é

verificar se as relações esperadas estão em conformidade com as relações

institucionais existentes e se elas podem servir como conhecimentos prévios

disponíveis no momento em que se introduzem novas noções matemáticas no

Ensino Superior.

Nas considerações finais, expomos nossas observações e reflexões

baseadas nos resultados obtidos e na nossa percepção. Retirando dos resultados

das análises apresentados nos capítulos 3 e 5 as possíveis respostas aos

questionamentos feitos no capítulo 1. Salientamos ainda que é a escolha das tarefas

para o desenvolvimento da noção de função quadrática no Ensino Médio que pode

auxiliar a criar as imagens mentais e, assim, servir de apoio ao trabalho com esta

função, bem como a outras funções e novos conhecimentos no Ensino Superior.

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CAPÍTULO 1

PROBLEMÁTICA, OBJETIVO E METODOLOGIA DA PESQUISA

1.1 CONTEXTOS DA PESQUISA

Minha formação universitária ocorreu na Universidade do Grande ABC (2005)

em Licenciatura em Matemática. Na época, meu objetivo era lecionar no Ensino

Fundamental e/ou Médio. No entanto, antes de concluir a graduação, na Disciplina

de Didática, desenvolvi uma técnica de oficina para o ensino de trigonometria. Como

resultado, fui convidada a participar do programa do Governo do Estado de São

Paulo – Teia do Saber, assim, apresentei essa técnica durante três anos. Na Teia do

Saber1, pude constatar os relatos dos professores quanto às dificuldades do ensino

na sala de aula.

Comecei a lecionar Matemática para o Ensino Fundamental e, logo após,

para o Ensino Médio. Com o intuito de me aperfeiçoar, iniciei o curso de Pós-

graduação Lato-Sensu em Educação Matemática nas Faculdades Metropolitanas

Unidas - FMU. Concluindo o curso, fui convidada por um dos professores para

ingressar na Docência do Ensino Superior naquela instituição. Este foi um período

significativo para mim, porque fui selecionada, pelo meu currículo, para lecionar em

outra instituição, a Faculdade Estácio de Sá. Atualmente, sou professora nos

Ensinos Médio e Superior nessa instituição.

Na busca por novos conhecimentos, participei também do Grupo de Estudos

e Pesquisas em Etnomatemática - GEPEm da Faculdade de Educação da USP -

FEUSP, coordenado pelo Prof.Dr.Ubiratan D’Ambrosio e pela Prof. Dra. Maria do

Carmo Santos Domite. Essa experiência me conduziu a novos questionamentos e

me despertou também a necessidade de continuar estudando nessa direção, isto é,

1 Teia do Saber: Projeto de formação continuada de professores da Educação Básica posto em

prática em 2003, visando favorecer a formação e atualização dos professores por meio da reflexão sobre a ação docente. Disponível em: <http://www.revistainterfaces.com.br/Edicoes/2/2_33.pdf>, acesso em: 02/02/2012.

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investigar os problemas associados às dificuldades encontradas pelos estudantes

quando desenvolvemos determinados conteúdos matemáticos.

Essa trajetória aumentou meu interesse pela pesquisa em Educação

Matemática, o que me levou à Pós-graduação Stritu Sensu - mestrado em Educação

Matemática na mesma linha da Especialização. Como leciono no Ensino Médio e,

também, no Superior, percebo certa insatisfação, por parte dos docentes deste

último nível, diante do que é esperado dos estudantes que concluíram o Ensino

Médio e os conhecimentos que eles são capazes de utilizar quando iniciam o Ensino

Superior.

Ao iniciar o mestrado em Educação Matemática, participei de uma reunião

onde foram apresentados os projetos dos professores do Programa de Pós-

Graduação, entre os quais um que vinha ao encontro de minhas expectativas de

estudo. Trata-se do projeto CAPES – COFECUB2 que continha quatro eixos, sendo

que um deles, que tratava especificamente da transição Ensino Médio e Ensino

Superior, era coordenado pela Professora Drª Marlene Alves Dias.

Esse eixo do projeto CAPES – COFECUB tinha como proposta pesquisar as

questões associadas à transição entre o Ensino Médio e Superior, em especial, as

desenvolvidas nos quadros da Álgebra, Álgebra Linear, Análise Matemática, Cálculo

Diferencial e Integral. Considerando o referido eixo específico, escolhemos

desenvolver uma pesquisa sobre as organizações matemáticas e didáticas

associadas à noção de função quadrática desde a sua introdução no Ensino

Fundamental, passando depois pela equação do 2º grau, no Ensino Médio,

relacionando-a a sua utilização no Ensino Superior. Ressaltamos, aqui, que as

organizações matemáticas estão associadas ao conteúdo a ser desenvolvido e as

organizações didáticas correspondem às propostas institucionais possíveis para se

trabalhar um determinado conteúdo, incluindo as estratégias, diferentes abordagens

e formas de trabalho com os estudantes para uma determinada etapa escolar.

2 Programa de Cooperação Internacional entre a França e o Brasil, cujo objetivo é apoiar projetos

conjuntos de pesquisa entre instituições desses dois países e estimular a formação e o aperfeiçoamento de doutorandos e docentes. Disponível em: http://www.capes.gov.br/cooperacao-internacional/franca/cofecub, acesso em: 02/02/2012.

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Assim, o objetivo geral desta pesquisa é compreender quais as relações

institucionais que sobrevivem/reconstroem atualmente, quando se introduz as

noções de equação do 2º grau e função quadrática, e o que pode ser considerado

como conhecimento prévio, disponível no início do Ensino Superior. Observamos

que a Teoria Antropológica do Didático – TAD segue a lógica da relação pessoal

com um determinado objeto do saber que depende da relação institucional a que se

é submetido. Dessa forma, a aprendizagem é considerada como o acesso a essa

relação pessoal, o qual permite considerar o estudar como uma modificação dessa

relação e o ensinar como a ajuda dada ao estudante de forma que ele possa

estabelecer uma relação com o saber, modificando-o de modo a torná-lo adequado

às expectativas apresentadas em uma determinada relação institucional.

Para que isso ocorra, Chevallard (2001, 2002) considera a ecologia dos

saberes que é definida como as condições de sobrevivência nas instituições por

meio de adaptações às restrições que lhe são impostas, o que pode ser associado à

necessidade de reconstrução para a sobrevivência. Percebemos ainda que, ao

definir ecologia dos saberes, Chevallard (2001, 2002) aproxima essa noção da

Biologia, expondo que habitat são os lugares onde vivem os objetos matemáticos

considerados como, por exemplo, a função quadrática que vive atualmente no

primeiro ano do Ensino Médio e no início do Ensino Superior no Brasil; nicho são a

funções que os objetos ocupam em cada um de seus habitats como, por exemplo,

para a função quadrática, podemos considerar que a mesma serve de ferramenta

explícita para desenvolver tarefas contextualizadas (intra ou extramatemáticas) no

Ensino Superior; e milieu que é definido como o conjunto dos objetos para os quais

a relação institucional é estável e não problemática, como a noção de equação do 2º

grau no Ensino Superior brasileiro, quando se trata de resolvê-la pela fórmula de

Bhaskara.

Nessa perspectiva, a noção de relação institucional é considerada por meio

da definição de Chevallard (1992, 2007), que inicia definindo a noção de relação –

de uma pessoa x a um objeto o, R(x, o), ou de uma instituição I a esse objeto ou,

mais exatamente, dos sujeitos da instituição I em posição p em I relação a esse

objeto o, Rr(p,o). Segundo Chevallard, existe uma infinidade de posturas pessoais e

institucionais no espaço cognitivo culturalmente compartilhado. Logo, para a noção

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de função quadrática, existe a relação que cada pessoa tem com essa noção. Deste

modo, a relação que essa mesma pessoa deveria ter com a referida função está

relacionada a um determinado lugar que ela ocupa em uma instituição, isto é,

relação que não é a mesma para os professores de matemática, física e química

assim como para aqueles que estão nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior.

Portanto, a noção que evocamos depende da nossa posição na instituição.

Assim, nosso objetivo de analisar as organizações matemáticas, às que se

referem ao conteúdo a ser desenvolvido, e as organizações didáticas, aquelas que

correspondem às propostas institucionais possíveis para desenvolver um

determinado conteúdo incluindo as estratégias e as diferentes abordagens e formas

de trabalho com os estudantes, está associado à identificação de algumas das

relações institucionais que sobrevivem atualmente nos Ensinos Fundamental, Médio

e Superior. Acreditamos que compreender as diferentes formas de tratamento dadas

a uma mesma noção nas distintas etapas escolares permite identificar os

conhecimentos prévios dos estudantes e, assim, podemos introduzir novos

conhecimentos apoiados nas relações institucionais propostas, o que pode auxiliar

na construção de atividades potencialmente significativas, tal como propõe a teoria

da Aprendizagem Significativa3 de Ausubel (1963, 2000) referenciado em Moreira

(2005).

Dessa maneira, consideramos que o estudo das relações institucionais

permite distinguir quais as propostas em termos das organizações matemáticas e

didáticas que se espera que sejam trabalhadas nos Ensinos Fundamental, Médio e

Superior e como os conhecimentos desenvolvidos em cada etapa da escolaridade

podem ser considerados como conhecimentos prévios disponíveis para a introdução

de novas noções nas etapas que se seguem, ou seja, como articulá-los para o

desenvolvimento de novas organizações.

3 Aprendizagem Significativa: é o conceito central da teoria da aprendizagem de David Ausubel.

Segundo Moreira (2005), a aprendizagem significativa caracteriza-se pela interação entro o novo conhecimento e o conhecimento prévio num processo não literal e não-arbitráro, onde o novo conhecimento adquire significados para o aprendiz e o conhecimento prévio fica mais rico, mais diferenciado, mais elaborado em termos de significado. Assim, os novos conhecimentos se relacionam com o conhecimento prévio que o estudante possui.

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Dessa forma, a escolha feita para esta pesquisa é estudar os problemas

associados à transição entre os Ensinos Fundamental, Médio e Superior,

especificamente, enfocando na noção de função quadrática e suas propriedades

que, por conseguinte, conduz a estudar as relações institucionais desenvolvidas no

Ensino Fundamental para a noção de equação do 2º grau, corresponde a um

conhecimento que se supõe disponível para os estudantes que iniciam o Ensino

Médio.

Essa análise inicial das relações institucionais mobilizou a nossa curiosidade

a investigar as propostas institucionais para o desenvolvimento da noção de função

quadrática nos Ensinos Fundamental e Médio. Isto teve por finalidade verificar se

esse trabalho é considerado como conhecimento prévio disponível ou se é revisitado

no início do Ensino Superior, em particular, para as disciplinas de Matemática e

Introdução ao Cálculo as quais compõem os cursos de licenciatura em Matemática.

Com efeito, iniciamos a pesquisa, buscando, nas dissertações e teses

brasileiras dos últimos seis anos, a existência de estudos sobre a transição entre os

Ensinos Fundamental, Médio e Superior para uma determinada noção matemática e,

mais particularmente, para a noção de função quadrática. Encontramos poucos

trabalhos sobre o tema transição e alguns trabalhos referentes à noção de função

quadrática.

Na sequência apresentamos um breve resumo correspondente ao material ao

qual tivemos acesso pela internet. Os trabalhos encontrados são resultantes de

dissertações e teses das seguintes universidades: Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo - PUC-SP, Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Universidade

Federal de Pernambuco - UFPE, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP,

Universidade Estadual Paulista - UNESP, Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL,

Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN.

Voltamos a observar que consideramos as dissertações e teses que tratam

seja da transição entre o Ensino Médio e Superior ou do conceito matemático

escolhido para essa pesquisa, isto é, a noção de função quadrática e suas

propriedades. Observamos que algumas dissertações tratam da equação do 2º grau

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que é uma ferramenta importante para o estudo das raízes de uma função

quadrática.

Iniciando com os trabalhos encontrados na Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo – PUC/SP, verificamos que, apesar da grande quantidade de

dissertações e teses desenvolvidas no programa de Pós-graduação da PUC/SP,

encontramos apenas uma vinha ao encontro do que procurávamos, a tese de Rita

de Cássia P. Mariani, em 2006, cujo título é “Transição da educação básica para o

ensino superior: a coordenação de registros de representação e os conhecimentos

mobilizados pelos alunos no curso de cálculo”. O objetivo da tese de Mariani (2006)

foi investigar como a coordenação de registros de representação semiótica contribui

para explicitação dos conhecimentos mobilizados por alunos ingressantes no Curso

de Cálculo, frente a tarefas organizadas com base no conceito de função.

Para atingir esse objetivo, a autora utilizou a metodologia da pesquisa

qualitativa associada ao design e ao estudo de caso. A organização e o

desenvolvimento das tarefas propostas aos estudantes foram orientados pelos

aspectos ligados ao funcionamento cognitivo, enfatizando as conversões dos

registros de representação semiótica identificados, iniciando pelo registro gráfico em

direção ao demais, especialmente, ao da língua natural. O referencial teórico da

pesquisa é centrado na teoria dos Registros de Representação Semiótica de

Raymond Duval (1995) e no conceito de Contrato Didático de Guy Brousseau

(1986), em particular, no que se refere a seus efeitos. Mariani (2006) conclui que as

tarefas propiciaram a coordenação de registros do objeto função e as diversas

representações limite e derivada. Segundo a autora, o registro da língua natural,

mostrou-se adequado para mostrar os conhecimentos que chamou de “mascarados”

por algoritmos mecânicos e convencionais. Os estudantes, em geral, não atribuem

significado aos símbolos utilizados.

Encontramos ainda a dissertação de Diana Maia (2007) sobre “Função

Quadrática: um estudo didático de uma abordagem computacional”, que trata

especificamente da noção que é objeto de estudo da nossa pesquisa. O objetivo da

dissertação de Maia (2007) foi complementar os estudos já realizados a respeito do

ensino da função quadrática e da utilização de software para este fim. Na

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metodologia, a autora propôs atividades em que o estudante deveria utilizar o

software Winplot, papel e lápis de forma que se possa analisar se os discentes

melhoram seu desempenho quando da introdução dessa ferramenta computacional.

O trabalho foi desenvolvido com estudantes da oitava série do Ensino Fundamental

de uma escola particular na cidade de São Bernardo do Campo, no estado de São

Paulo. Para desenvolver as atividades, Maia (2007) utilizou como quadro teórico os

princípios da Engenharia Didática, conforme definição de Michèle Artigue (1996), a

Teoria dos Registros de Representação Semiótica de Raymond Duval (1995) e a

Teoria das Situações de Guy Brousseau (1986). Maia (2007) concluiu com a

demonstração de que houve um avanço por parte dos alunos na apreensão do

conceito de função quadrática, propiciando a compreensão e articulação entre as

variáveis visuais e unidades simbólicas significativas.

A pesquisa de Roberto Seidi Imafuku (2008) tratou “Sobre a passagem do

estudo de função de uma variável real para o caso de duas variáveis.” O objetivo

desse trabalho foi verificar as dificuldades e os saberes manifestados por estudantes

relativos à transição do estudo das funções de uma variável para o caso de duas, no

que diz respeito às variáveis dependentes e independentes, bem como quais

manifestações são reveladas no estudo das derivadas parciais de primeira ordem. A

metodologia utilizada correspondeu à elaboração de dois questionários que foram

aplicados a estudantes do quarto e quinto semestre de um curso de Licenciatura em

Matemática, de uma universidade particular da grande São Paulo. Os questionários

foram fundamentados na Teoria dos Registros de Representação Semiótica de

Raymond Duval (1995). Imafuku (2008) conclui que os estudantes apresentam

dificuldades quando estudam as funções de duas variáveis, entre elas a não

compreensão do sistema de eixos 3D. Eles têm ainda dificuldade em solucionar

problemas que se referem a situações contextualizadas, em realizar a conversão do

registro da língua natural para o algébrico e fazem confusão entre o registro gráfico

do domínio e da função. O autor considera que essas dificuldades se refletem

negativamente no estudo das derivadas parciais.

Já a dissertação de Sérgio Aparecido Santos (2009), intitulada “Ambiente

informatizado: para o aprofundamento da função quadrática por alunos da 2ª série

do Ensino Médio” objetivou desenvolver um ambiente informatizado para o ensino,

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cuja meta era favorecer o aprofundamento dos conhecimentos relacionados à

função polinomial de segundo grau ou função quadrática. O ambiente foi construído

segundo a metodologia Design Instrucional e o referencial teórico se fundamentou

na Teoria dos Registros de Representação Semiótica de Raymond Duval (1995) e

na Teoria das Situações Didáticas de Brousseau (1998). Essa pesquisa foi

articulada com o estudo de Maia (2007), conforme descrição anterior. Segundo o

autor, o ambiente informatizado e as atividades nele contidas beneficiam o

aprofundamento dos conhecimentos relacionados à função polinomial do segundo

grau e a compreensão da articulação dos registros de representação gráfica e

algébrica.

A investigação de Ligia Maria Silva (2010) tem por título: “O tratamento dado

ao conceito de função em livros didáticos da Educação Básica”. Esse trabalho

buscou analisar como quatro livros didáticos da Educação Básica apresentam o

conceito de função. O estudo analisou o tratamento dado a esse objeto e procurou

identificar a maneira como os autores introduzem o conceito de função, com base na

teoria dos registros de representação semiótica de Duval (2003) e na análise de

conteúdo de Bardin (1977). A autora concluiu que, entre os quatro livros analisados,

dois estão influenciados pela filosofia estruturalista, uma vez que os autores

consideram como “pré-requisitos” para a introdução do conceito de função as

noções de produto cartesiano e relação binária. Ainda segundo a autora, os registros

da língua natural, simbólico (algébrico e numérico), figural e gráfico são utilizados

nas obras analisadas, bem como, exercícios que propiciam a coordenação desses

registros.

Encontramos ainda alguns trabalhos sobre funções durante o ano de 2010.

Todavia nenhum deles era, mas nada específico à nossa proposta, tal como

demonstramos por meio das breves descrições que seguem.

Adinilson Marques Reis (2010) é autor da pesquisa “Uma proposta dinâmica

para o ensino de função afim a partir de erros dos alunos no primeiro ano do Ensino

Médio”. O objetivo dessa investigação era verificar como o uso reconstrutivo do erro

pode auxiliar na elaboração de uma sequência de ensino sobre função afim entre

estudantes do Ensino Médio, partindo do uso software Geogebra como estratégia

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pedagógica. A investigação foi realizada com alunos da 1ª série do Ensino Médio em

uma escola pública de São José dos Campos. O referencial teórico da pesquisa se

apoiou na teoria dos registros de representação semiótica de Duval (1990, apud

Almouloud, 2007), para auxiliar a compreender melhor o funcionamento cognitivo em

relação às dificuldades dos alunos, e nos procedimentos metodológicos da

Engenharia Didática, conforme Artigue (1990, apud Almouloud, 2007) para a coleta

e análise dos dados. Os resultados sugerem contribuições para ampliar os estudos

já realizados sobre o tema e uma melhor compreensão de como considerar os erros

na aprendizagem e no preparo de atividades com o uso do software GeoGebra.

Rogério Fernando Pires (2009) trabalhou com “O uso da modelação

matemática na construção do conceito de função”. O objetivo dessa pesquisa

foi investigar as reais possibilidades de se introduzir o conceito de função afim no 7º

ano do Ensino Fundamental em um estudo intervencionista, contrariando o que é

proposto nos documentos oficiais. A metodologia de pesquisa foi centrada na

resolução de problemas e a fundamentação teórica baseada na modelagem

matemática, segundo propostas de Bassanezi (2007) e Biembengut e Hein

(2007). Os resultados mostraram que, ao final do estudo, os alunos se apropriaram

de algumas noções como a análise do crescimento e decrescimento, a construção

de gráficos de uma função afim, o que permitiu o autor concluir que a forma de

trabalho proposta é uma estratégia viável para o desenvolvimento da noção de

função afim, bem como para algumas de suas propriedades e representações.

Fabio Correa Scano (2009) discorreu sobre “Função afim: uma sequência

didática envolvendo atividades com geogebra”, com o objetivo de desenvolver uma

sequência de ensino sobre a noção de função afim, para ser trabalhada com alunos

do 9º ano do Ensino Fundamental. Essa sequência deveria contribuir para o

desenvolvimento da capacidade de expressar algébrica e graficamente a

dependência de duas variáveis, quando essas representam uma função afim e

relacionar os coeficientes dessa função com suas diferentes representações

gráficas. Para tanto, o referencial teórico foi centrado na Teoria das Situações

Didáticas e na Teoria dos Registros de Representações Semióticas. As situações

foram desenvolvidas para serem trabalhadas por meio da utilização do Geogebra. A

pesquisa foi desenvolvida com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma

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escola particular da Grande São Paulo. Os resultados confirmam as expectativas,

isto é, que uma sequência desenvolvida e aplicada com base na Teoria das

Situações Didáticas e na conversão de registros de representação conduz os alunos

a reconhecer que o gráfico de uma função afim é uma reta e a controlar os

resultados encontrados por meio da coordenação dos registros algébrico e gráfico

da função dada.

Cláudia Vicente Souza (2010), por sua vez, teve por foco “A função

exponencial no caderno do professor de 2008 da Secretaria do Estado de São

Paulo. A autora analisou atividades realizadas por alunos da segunda série do

Ensino Médio. A autora analisou se os alunos são capazes de realizar as atividades

sobre função exponencial apresentadas no Caderno e se os mesmos realizam ou

não conversões dos registros de representação semiótica. O referencial teórico é

centrado na teoria dos registros de representação semiótica de Duval e no Modelo

3UV (Três Usos da Variável). Trata-se de uma pesquisa diagnóstica, em que as

atividades do caderno do primeiro foram propostas para serem desenvolvidas por

um grupo de 14 alunos do segundo ano do Ensino Médio.

A única pesquisa realizada na área de nosso interesse é proveniente do

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade

Luterana do Brasil – ULBRA e corresponde à dissertação de mestrado de Fabiana

Machado de Borba, apresentada em 2008 com o título: “Jogos matemáticos para o

ensino de função”. O objetivo da pesquisa de Borba (2008) repousou sobre o ensino

de funções com uma proposta didática que consiste em utilizar jogos e, entre os

jogos identificados, aqueles que usam a ideia de máquina. Com referencial teórico,

foram considerados os estudos sobre a relação entre jogo e educação. A

metodologia foi a da pesquisa qualitativa, envolvendo diferentes modos de coletar

dados, incluindo casos em que se faz uma análise quantitativa. O referencial teórico

central são as noções de imagem e definição conceitual, conforme Teoria de David

Tall o que permite relacionar o conceito de função com a ideia de máquinas. Como

consideração final, Borba (2008) salienta que a máquina função é uma ferramenta

importante que permite aos educandos a obtenção de uma compreensão mais

abrangente sobre os conceitos envolvidos no conteúdo de Função. Quanto ao ponto

de vista das representações utilizadas para trabalhar esse conceito, a autora

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enfatiza que os estudantes possuem um maior entendimento com diagramas e

apresentam dificuldades na interpretação de expressões e construção de gráficos.

Isso lhe permite concluir que, através das atividades que foram realizadas, ocorreu

uma evolução dos alunos em relação ao conceito função, apesar destas não serem

exatamente a definição do conceito.

Ao estudar os trabalhos sobre função desenvolvidos na Universidade

Cruzeiro do Sul – UNICSUL, identificamos a dissertação de Sirlene Neves de

Andrade em 2006, cujo título é “Possibilidades de articulação entre as diferentes

formas de conhecimento: a noção de função afim”. O referido estudo teve por intento

mostrar a importância de uma abordagem da noção de função afim que leve em

conta a articulação entre as diferentes formas que podem ser assumidas por essa

noção quando da sua introdução no Ensino Médio, bem como suas respectivas

representações simbólicas. A metodologia utilizada foi a da pesquisa documental,

que possibilitou o estudo dos documentos oficiais, Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Médio, Proposta Curricular do Estado de São Paulo de 1992,

análise de três livros didáticos e da prova do SARESP de 2005 para uma escola

estadual de São Paulo.

Nessas análises, Andrade (2006) construiu uma grade de análise inspirada no

modelo de Dias (1998). O referencial teórico da pesquisa, que serviu de base para a

construção da grade de análise, foi a abordagem teórica em termos de quadros e

mudanças de quadros de Régine Douady (1984, 1992), a noção de registro de

representação semiótica de Raymond Duval (1995), a abordagem teórica em termos

dos três níveis de conhecimentos esperados dos estudantes de Aline Robert (1997)

e a teoria antropológica do didático de Yves Chevallard (1992), em especial, as

noções de relações institucionais e pessoais. Como conclusão, Andrade (2006)

ressaltou que, desde 1992, a Proposta Curricular do Estado de São Paulo já

considerava as possibilidades de articulação entre quadros, pontos de vista e a

conversão de registros de representação semiótica, quando se trata da noção de

função afim, mesmo não utilizando esses termos. A análise de livros didáticos e da

macroavaliação do SARESP (2005), por meio da grade de análise, mostrou a

existência de uma diversidade de possibilidades para explorar a noção de função

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afim do ponto de vista didático tanto para o trabalho na própria matemática como

para explorar essa noção em outras áreas do conhecimento.

A autora observou ainda que a ênfase na avaliação é dada pela capacidade

de interpretar os enunciados, cujos dados são apresentados no registro de

representação gráfica e que, assim, os estudantes precisam dispor de

conhecimentos sobre a conversão dos registros de representação semiótica, em

particular, os registros fórmula-tabela-gráfico, todos introduzidos no Ensino Médio.

Por fim, a autora verificou que as situações cotidianas e contextualizadas são as que

apresentam maior dificuldade para os estudantes, pois exigem o nível disponível e

nem sempre os mesmos têm acesso à grande diversidade de situações de

referência para poder resolver o que lhes é proposto.

Na mesma universidade, em 2007, encontramos a dissertação de Juvenal de

Gouveia, cujo título é “Estudo do intervalo sobre IR a partir de situações

contextualizadas aplicadas ao Ensino Médio e Superior”. Essa proposta do trabalho

centrou-se no ensino do mencionado conceito a partir de situações contextualizadas.

Verificou-se a aplicabilidade dessa proposta por meio de uma tarefa realizada em

quatro fases com alunos do Ensino Médio. O objetivo desse trabalho era verificar a

possibilidade de introduzir uma noção matemática por meio de uma situação

contextualizada. A metodologia utilizada na pesquisa foi a análise documental e

pesquisa ação, que conduz Gouveia (2007) a construir uma grade de análise

também inspirada em Dias (1998), a qual que serviu de base para o estudo dos

documentos oficiais e de dois livros didáticos do Ensino Médio sugeridos pelo

PNLEM 2006 e de um livro destinado a um curso para professores de matemática, o

que contribuiu para a construção da atividade proposta aos estudantes.

A abordagem teórica da pesquisa de Gouveia (2007) centrou-se quadros e

mudanças de quadros de Régine Douady (1984, 1992), na noção de registro de

representação semiótica de Raymond Duval (1995), na abordagem teórica em

termos dos três níveis de conhecimentos esperados dos estudantes de Aline Robert

(1997) e na teoria antropológica do didático de Yves Chevallard (1992), em especial,

nas noções de relações institucionais e pessoais, nos métodos da pesquisa ação de

Thiollent (1994) e nas noções de zona de desenvolvimento proximal e níveis de

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ajuda de Vygotsky, conforme estudos de Beatón (2005). A análise das atividades

propostas aos estudantes permitiu concluir que, mesmo quando as situações

contextualizadas apresentadas aos discentes levassem em conta seus

conhecimentos prévios, observou-se que os mesmos apresentaram muita

dificuldade para desenvolver a tarefa proposta em diferentes níveis e foi necessária

a ajuda tanto dos seus pares como do professor para que pudessem avançar no

trabalho proposto. O autor observou ainda que a mesma tarefa foi proposta em

diferentes fases, para as quais se considerava as dificuldades encontradas pelos

estudantes nas fases anteriores.

Encontramos também a dissertação de Nilza dos Santos Rodrigues Cézar,

apresentada em 2009, na UNICSUL, cujo título é “A busca da generalização: um

trabalho possível na construção do conhecimento matemático de função”. Esta

pesquisa objetivou compreender o modo como o aluno do Ensino Médio constrói a

ideia de função. A metodologia utilizada foi a da pesquisa qualitativa de abordagem

fenomenológica que auxiliou na construção de atividades sequenciais para as quais

os alunos buscam regularidades e expressam o percebido. O referencial teórico é

sustentado pelos trabalhos sobre fenomenologia desenvolvidos por Bicudo (1994),

Machado (1992) e Fini (1994) e, para a elaboração das atividades, Cézar (2009) se

apoia na introdução do conceito desenvolvido por Iezzi (1993), Zuffi (2001) e Caraça

(2000).

Nas considerações finais da pesquisa, Cézar (2009) ressalta que, em função

das leituras efetuadas e dos documentos oficiais, o aprendizado ocorre quando o

diálogo, o encorajamento e, por consequência, a interação ocorrem. Segundo a

autora, a interação entre os alunos e o modo de ver de cada um vai constituindo um

consenso que aparece no compartilhar das ideias. Para a autora, o que mostra o

motivo dos alunos compreendem a ideia de função, a partir das atividades

propostas, como relação de dependência entre elementos da sequência e a sua

posição, corresponde à possibilidade de produção de conhecimento matemático

sobre o conteúdo função como o modo do aluno buscar o elemento da sequência

numa posição qualquer, ou seja, o modo como ele procura a generalização,

encontrando a lei matemática que permite essa generalização. Cézar (2009) ratifica

que o envolvimento do aluno é garantido pela autoconfiança adquirida e pela

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percepção na capacidade de aprender, ultrapassando a formação matemática para

a formação do Homem.

Ainda na UNICSUL há a dissertação de Lucicleide Lavor Terto, em 2008, com

o título: “Função Quadrática nos Livros Didáticos sob a Ótica da Resolução de

Problemas”. A proposta dessa pesquisa foi analisar de que forma o livro didático

apresenta o conteúdo de função quadrática sob a perspectiva da Resolução de

Problemas. A autora analisou quatro livros didáticos entre os indicados pelo MEC. A

metodologia utilizada foi a da pesquisa qualitativa, aplicando ao método da análise

de conteúdo. A autora concluiu que, em geral, os livros parecem estar de acordo

com os documentos oficiais em muitos aspectos, o que os coloca fortemente

inseridos na concepção de resolução de problemas.

Na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, a única pesquisa

encontrada, cujo tema aborda função, é a dissertação de Maria José Almeida do

Nascimento em 2009, intitulada “Os contextos explorados no ensino da função afim

nos livros de matemática do Ensino Médio.” O objetivo da referida pesquisa foi

estudar os contextos explorados no ensino da função afim por meio de análise de

livros de Matemática do primeiro ano do Ensino Médio. A autora concluiu que as

questões investigadas não refletem as discussões atuais, mas sim defendem um

ensino baseado no princípio da interdisciplinaridade e em uma diversidade de

contextos.

Pesquisamos também a Universidade Estadual Paulista – UNESP e a

Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP e verificamos que não havia

nenhuma dissertação ou tese diretamente relacionada ao nosso estudo.

Diante dessas constatações, decidimos citar os trabalhos mencionados até o

momento porque, de algum modo, eles estão associados a nossa pesquisa, seja por

tratar da transição Ensino Médio e Superior, seja por abordar as noções de função

ou função quadrática ou equação do 2º grau. Além disso, esse levantamento nos

permitiu mostrar o ineditismo da nossa pesquisa e, ao mesmo tempo, a importância

da escolha de estudar, mais particularmente, a transição para a noção de função

quadrática, considerando o trabalho realizado seja com a própria função, seja com

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os elementos que servem de ferramenta para as tarefas que exigem o emprego da

mesma, isto é, compreender as diferentes formas de tratamento quando se introduz

a função quadrática e suas ferramentas nos Ensinos Fundamental, Médio e

Superior.

Em relação aos trabalhos sobre transição secundária e superior encontrados

em artigos publicados em revistas e congressos internacionais, destacamos os de

Ghislaine Gueudet (2008) “Secondary-tertiary transition and evolutions of didactic

contract: the example of duality linear álgebra” ou “Investigating the secondary-

tertiary transition, Educational Studies in Mathematics”. Gueudet (2008) concluiu sua

habilitação para dirigir pesquisas em 2008 e considera a transição entre o Ensino

Médio e Superior por meio das dificuldades colocadas pelo ensino de Álgebra Linear

no início da universidade.

Esse trabalho lhe conduziu a distinguir diferentes formas de olhar para a

transição, as quais, por sua vez, levaram à proposição de ações didáticas diferentes.

Essas distintas formas de tratamento da transição são classificadas em:

Modos de pensar que correspondem, mais particularmente, aos

trabalhos de Gray et al. (1999) e Dubinsky (1991). Como um exemplo

relacionado à nossa pesquisa, podemos considerar as técnicas de

solução desenvolvidas no Ensino Fundamental, em especial a

técnica de Bhaskara e a introdução da forma canônica que também é

utilizada como técnica para resolver uma equação do segundo grau,

mas esta última exige saberes mais complexos e,

consequentemente, novas formas de pensar.

Organização dos conhecimentos que corresponde a uma

reorganização da rede de conhecimentos. Nesse caso, a autora

considera os trabalhos de Rey et al. (2003) e Battie (2003). Como

exemplo, podemos considerar a organização das diferentes formas

de tratamento das equações que, ao serem utilizadas como

ferramentas para o desenvolvimento do estudo das funções no

Ensino Médio, permitem a identificação do conhecimento necessário

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para a solução de tarefas mais especificas, como a construção do

gráfico de uma função quadrática, utilizando apenas três pontos.

Linguagem e modos de comunicação dos matemáticos, o que

corresponde à nova linguagem e novas exigências de rigor. Para

isso, a autora evidência os trabalhos Nardi e Iannone (2005), Berger

(2004), Robert (1998), Durand-Guerrier e Arsac (2003), Dreyfus

(1999). Aqui também como exemplo podemos considerar o esboço

do gráfico de uma função quadrática que, no Ensino Fundamental, é

tratado por meio da passagem do ostensivo de representação tabela

para o ostensivo de representação gráfica, mas que, no Ensino

Médio, em geral, é desenvolvido considerando a variação dos

coeficientes da função e a alteração provocada no gráfico da mesma.

Para isso, em geral, utiliza-se a representação da função por meio de

sua forma canônica.

Institucional que corresponde às novas expectativas institucionais.

Para essa maneira de considerar a transição, a autora se refere aos

trabalhos de Bosch e al. (2004), Praslon (2000), Castela (2004),

Artigue (2004). Como exemplo, podemos considerar as novas

propostas curriculares para os Ensinos Fundamental e Médio que

vêm sendo implementadas no Brasil após o decreto de 1996, o qual

estabeleceu as diretrizes e bases para a Educação Nacional.

Destacamos a existência de trabalhos que tratam, mais especificamente, das

dificuldades dos estudantes do Ensino Superior nas disciplinas de Álgebra Linear e

Cálculo Diferencial e Integral para as pesquisas nacionais e Álgebra Linear e Análise

Matemática para as pesquisas internacionais.

As pesquisas internacionais sobre Análise Matemática tratam mais

especificamente dos conceitos de soma finita e séries, tendo sido desenvolvidas por

González-Martín et al. (2009), Kidron (2002), Mamoma (1990) e Robert (1982).

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Destacamos a pesquisa de Artigue (2004) que, ao analisar as condições do

ensino universitário na França, identifica muitos desafios e ressalta a massificação

do ensino, a defasagem em relação ao secundário e a evolução tecnológica como

problemas que merecem a atenção dos pesquisadores de Educação Matemática.

Essa pesquisa corresponde ao modo de olhar institucional.

Para as pesquisas de Álgebra Linear, identificamos os trabalhos de Artigue e

Dias (1995), Dorier (1993), Rogalski (1990), Rogalski, Robert, Dorier e Robinet

(1992), Hillel et Sierpinska (1994), Sierspinska, Defense, Khatcherian e Sadanha

(1997) que, em geral, correspondem a estudos sobre novas formas de tratamento

das noções de Álgebra Linear desenvolvidos em outros países.

Em relação ao contexto brasileiro, identificamos as pesquisas abaixo que

foram realizadas no mesmo projeto que se insere a presente pesquisa, isto é, o

projeto CAPES-COFECUB sobre a transição Ensino Médio e Superior. Esses

trabalhos se inserem no olhar institucional e na organização dos conhecimentos.

Sérgio Destácio Faro (2010) com o título “Os conhecimentos

supostos disponíveis na transição entre o Ensino Médio e o Ensino Superior:

O caso da noção de sistemas de Equações Lineares”, cujo objetivo foi

estudar a noção de sistemas de equações lineares na transição entre o

Ensino Médio e Superior, bem como verificar se as dificuldades dos

estudantes do Ensino Superior em relação a esse objeto matemático estão

associadas à falta de conhecimentos prévios que, em geral, são supostos

disponíveis pelos professores do Ensino Superior.

Fábio Simião (2010), sob o título “A noção de matriz na transição

entre o Ensino Médio e o Superior”, cujo objetivo foi identificar, por meio de

uma análise documental, as propostas para as diferentes relações

institucionais esperadas e existentes para o tratamento das noções de

matrizes, suas operações e propriedades.

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Elizabeth Fraccaroli Jammal (2011): “Os ostensivos e não ostensivos

utilizados no estudo das noções de ponto e reta no plano no Ensino Médio”,

cujo objetivo foi identificar os ostensivos e não ostensivos utilizados no estudo

das noções de ponto e reta no plano, quando se introduz as primeiras noções

de Geometria Analítica no Ensino Médio.

Ainda na UNIBAN encontramos a dissertação de mestrado de Anna Luisa de

Castro (2011): Tecnologias digitais da informação e comunicação no ensino de

funções quadráticas: Contribuições para compreensão das diferentes

representações. Mesmo se tratando do estudo das funções quadráticas, o objetivo

do trabalho é delinear estratégias, recursos e metodologias a serem utilizadas nos

cursos de formação continuada, visando favorecer a inserção das Tecnologias

Digitais da Informação e Comunicação. O referencial teórico central é a noção de

registro de representação semiótica de Duval (1995) e a metodologia utilizada foi a

construção de situações didáticas que foram desenvolvidas por meio de oficinas. A

autora conclui que a metodologia das oficinas e as situações didáticas utilizadas

revelaram ser um caminho favorável para a formação de professores em contextos

semelhantes, pelo fato de potencializar a reconstrução dos conhecimentos sobre o

ensinar e aprender Matemática.

Certamente, existem outros trabalhos que tratam a respeito da transição, mas

apresentamos acima apenas os mais diretamente associados à nossa problemática

de pesquisa. Esse recorte nos permitiu considerar a inexistência de pesquisas

diretamente associadas às questões institucionais e à organização dos

conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem da noção de função

quadrática, o que, como mencionamos, justifica e mostra a importância dessa

proposta de pesquisa.

Assim, na sequência, apresentamos as questões que conduziram a

problemática desta pesquisa.

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1.2 QUESTÕES INICIAIS E PROBLEMÁTICA DA PESQUISA

Iniciamos esta pesquisa com a seguinte questão: “O estudo das relações

institucionais esperadas e existentes para o ensino e aprendizagem da noção de

função quadrática pode auxiliar a compreender quais as tarefas trabalhadas no

Ensino Médio podem servir de apoio ao trabalho com esta função no Ensino

Superior?” Tal questionamento inicial nos conduziu a duas questões mais precisas

que possibilitaram definir a problemática da pesquisa:

“Quais as relações institucionais existentes para o ensino e aprendizagem da

noção de função quadrática e como elas se articulam com as mesmas relações para

a noção de equação do 2º grau desenvolvida no Ensino Fundamental e a noção de

derivada no Ensino Superior?” e “Quais conhecimentos desenvolvidos no Ensino

Médio podem servir de apoio ao trabalho com a função quadrática no Ensino

Superior, em particular, quando se considera a noção de derivada de uma função

polinomial?”

Ressaltamos que as relações institucionais desenvolvidas no Ensino

Fundamental, quando se introduz a noção de equação do 2º grau , servem como

ferramentas explícitas para a resolução de tarefas associadas à noção de função

quadrática. Essas duas noções, por sua vez, serão novas ferramentas para o estudo

da noção de derivada das funções polinomiais, uma vez que podemos criar imagens

mentais, utilizando a função quadrática que auxiliam no estudo das propriedades de

funções polinomiais de grau maior que dois quando se utiliza a noção de derivada.

Assim, nos parece importante compreender quais os conhecimentos desenvolvidos

no Ensino Médio que podem servir de apoio para o estudo das propriedades das

funções polinomiais por meio da noção de derivada de uma função.

Observamos que o estudo das funções quadráticas não se dissocia do estudo

das equações do 2º grau, uma vez que as últimas servem de ferramenta para a

determinação do zero da função. Além disso, a função quadrática é um exemplo que

permite articular os conhecimentos associados à noção de derivada no Ensino

Superior, dando uma imagem mental do conceito propriamente dito e de suas

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36

propriedades, o que poderá auxiliar a compreender o trabalho a ser realizado com

as outras funções.

Dessa forma, a problemática da pesquisa corresponde ao estudo das

relações institucionais existentes nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior para

verificar que conhecimentos desenvolvidos em cada etapa podem ser considerados

como conhecimentos prévios mobilizáveis ou disponíveis. A partir disso, busca-se

compreender como estes servir de apoio para a introdução de novos conhecimentos

nas etapas que se sucedem.

Ressaltamos ainda que a escolha de trabalhar com a noção de função

quadrática se deve sobretudo a sua aplicabilidade em diferentes contextos e em

outras ciências no Ensino Superior, o que exige que os estudantes avancem em

termos das possíveis abordagens dadas à noção em cada etapa escolar. Ao mesmo

tempo, as formas de raciocínio desenvolvidas nos Ensinos Fundamental e Médio

podem ser aplicadas em tarefas de diferentes disciplinas, incluindo a matemática no

Ensino Superior. Daí a importância de compreender essas diferentes formas de

pensar, as diferentes organizações dos conhecimentos, as diferentes maneiras de

comunicá-los e as expectativas institucionais.

Observamos, assim, que nossa proposta de análise dos diferentes modos de

pensar, das possíveis organizações e dos modos de comunicação foram realizadas

por meio da identificação das expectativas institucionais para o desenvolvimento das

noções de função quadrática e equação do 2º grau nos Ensinos Fundamental, Médio

e Superior.

Dessa forma, nosso problema corresponde a identificar as propostas atuais

para o trabalho com a noção de equação do 2º grau e função quadrática no Ensino

Fundamental e Ensino Médio. Além disso, buscamos verificar como elas podem ser

utilizadas enquanto ferramentas disponíveis para o trabalho com a noção de

derivada de funções, em particular as funções polinomiais no Ensino Superior.

Delineada a problemática da pesquisa, retomamos, a seguir, o objetivo geral

deste trabalho.

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1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo geral da pesquisa é compreender quais as relações institucionais

que sobrevivem atualmente quando se introduz as noções de equação e função

quadrática e o que pode ser considerado como conhecimento prévio disponível no

início do Ensino Superior. Para essa compreensão, consideramos necessário

identificar as organizações matemáticas e didáticas existentes nas atuais propostas

institucionais para o processo de ensino e aprendizagem das noções de função

quadrática e equação do 2º grau no Ensino Médio e Fundamental e as

possibilidades de utilizar esses conhecimentos como conhecimentos prévios

disponíveis para o estudo da noção de derivada de funções, em particular funções

polinomiais no Ensino Superior.

A partir desse objetivo mais amplo, ressaltamos os seguintes objetivos

específicos.

O estudo da equação do 2º grau no Ensino Fundamental e da função

quadrática no Ensino Médio para compreender melhor quais os

conhecimentos que podem ser considerados como mobilizáveis ou

disponíveis pelos estudantes quando ingressam no Ensino Superior.

A identificação das relações institucionais esperadas, considerando as

organizações matemáticas, didáticas e pedagógicas propostas para o ensino

e aprendizagem da noção de equação do 2º grau no Ensino Fundamental e a

noção de função quadrática no Ensino Médio, via documentos oficiais.

A identificação das relações institucionais existentes para o ensino e a

aprendizagem da noção de equação do 2º grau e função quadrática, via livros

didáticos.

A verificação da existência da coerência entre as relações institucionais

esperadas e existentes e qual a possibilidade do trabalho a ser efetuado na

disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I dos cursos de Licenciatura

Matemática do Ensino Superior, considerando os conhecimentos sobre as

noções de equação do 2º grau e função quadrática desenvolvidos nos

Ensinos Fundamental e Médio.

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Para o desenvolvimento da pesquisa, consideramos a metodologia descrita a

seguir.

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Por se tratar de uma pesquisa de identificação das relações institucionais

esperadas e existentes, em particular das organizações didáticas e matemáticas que

se supõe estarem sendo trabalhadas atualmente, classificamos nosso trabalho como

uma pesquisa documental.

Para identificar as relações institucionais esperadas, utilizamos os

documentos oficiais para os Ensinos Fundamental e Médio: Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Fundamental – PCN (BRASIL, 1997) para o Ensino

Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio – PCNEM

(BRASIL, 2000), Parâmetros Curriculares Nacionais + – PCN + (BRASIL, 2002),

Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006) e, para o Ensino

Superior: Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática (DCNCM)

e os planos de ensino da disciplina de Introdução ao Cálculo e Cálculo Diferencial e

Integral I de duas universidades públicas e duas universidades privadas.

As relações institucionais existentes são analisadas por meio de livros

didáticos indicados pelo Guia dos Livros Didáticos – (PNLD – 2008) para o Ensino

Fundamental, a obra que escolhemos para análise é: Tudo é Matemática, de Luiz

Roberto Dante (2008). O Catálogo Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio

– (PNLEM – 2009), as obras escolhidas são: Matemática – Ensino Médio – volume

1, de Kátia Stocco Smole & Maria Ignez Diniz (2010); e Matemática – volume único,

de Luiz Roberto Dante (2009). Para o Ensino Superior, a obra escolhida é Cálculo –

volume 1, de James Stewart (2000).

Para a seleção das obras do Ensino Médio que estudamos, utilizamos os

autores que foram avaliados os seus livros pela proposta apresentada pelo PNLEM

– (BRASIL, 2008). Este classificou os pontos fortes e fracos de cada obra para as

noções consideradas nesta pesquisa.

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39

Quanto ao Ensino Superior, escolhemos analisar o livro de Cálculo de Stewart

(2000), escolhido por ser uma obra, em geral, adotada na disciplina de Cálculo

Diferencial e Integral I tanto para os cursos de Licenciatura como para os outros

cursos das ciências exatas. Isso se confirma porque essa obra é recorrente nos

diferentes cursos por meio da bibliografia básica ou complementar.

Para o levantamento dos diferentes tipos de tarefas usuais na transição entre

o Ensino Fundamental e Ensino Médio e o Ensino Médio e Ensino Superior, quando

consideramos a noção de função quadrática e equação do 2º grau, construímos uma

grade de análise, inspirada na grade de Dias (1998) que serve de instrumento para

identificar tanto as organizações matemáticas e didáticas existentes como as

expectativas em termos de conhecimentos prévios esperados dos estudantes na

passagem de uma etapa escolar para a outra. Essa grade foi construída

considerando o referencial teórico escolhido para a pesquisa.

O estudo foi desenvolvido considerando as etapas a seguir:

1. Estudo bibliográfico dos trabalhos de pesquisa existentes, estudo

bibliográfico sobre a transição entre o Ensino Médio e o Superior e os

trabalhos de função quadrática e equação do 2º grau.

2. Escolha e estudo do referencial teórico adotado como ferramenta de análise

para a pesquisa.

3. Estudos dos documentos oficiais para identificação das relações

institucionais esperadas.

4. Construção da grade de análise.

5. Análise das organizações matemáticas e didáticas existentes por meio da

grade de análise construída com esse objetivo via material didático escolhido

para esse fim.

6. Análise comparativa dos resultados encontrados para as relações

institucionais esperadas e existentes.

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1.5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Observamos, nas pesquisas brasileiras encontradas, que a questão da

transição é pouco considerada nos trabalhos existentes. Muitas dessas pesquisas

utilizam como referencial teórico central a Teoria dos Registros de Representação

Semiótica de Duval (1995) e a Teoria das Situações Didáticas de Brousseau (1998).

Ressaltamos ainda em relação às pesquisas brasileiras que não foram

desenvolvidas investigações no mesmo sentido do projeto desse trabalho. Nesse

sentido, podemos dizer que apenas um estudo, de Mariani (2006), “Transição da

educação básica para o ensino superior: a coordenação de registros de

representação e os conhecimentos mobilizados pelos alunos no curso de cálculo”

trata explicitamente a questão da transição entre o Ensino Médio e Superior, Mariani

(2006) considera outras funções e não especificamente o estudo da função

quadrática e suas propriedades, além disso ela não faz a relação entre o trabalho já

desenvolvido no Ensino Fundamental e o que se espera como conhecimento prévio

disponível no Ensino Superior.

Ainda entre os trabalhos brasileiros encontrados, destacamos os de Andrade

(2006) e Gouveia (2007), sob os títulos respectivamente “Possibilidades de

articulação entre as diferentes formas de conhecimento: a noção de função afim” e

“Estudo do intervalo sobre IR a partir de situações contextualizadas aplicadas ao

Ensino Médio e Superior”. Ambos os estudos fizeram ou estiveram baseados em

alguns referenciais teóricos que utilizamos nesta pesquisa, sendo também

orientados pela grade de análise elaborada por Dias (1998), com o objetivo comum

de analisar as relações institucionais esperadas e existentes. Essas pesquisas

mostraram que as relações institucionais esperadas e existentes são coerentes e

que possibilitam a articulação entre os conhecimentos matemáticos para a própria

matemática e para situações contextualizadas das outras ciências e da vida

cotidiana.

Andrade (2006) mostra, por meio da análise das questões do SARESP (2005)

para um grupo de estudantes do Ensino Médio de uma escola pública de São Paulo,

que as relações pessoais desenvolvidas por esses mesmos estudantes estão muito

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aquém do trabalho institucional indicado para ser desenvolvido. O mesmo ocorre no

estudo de Gouveia (2007) que, após intervenções com estudantes do terceiro ano

do Ensino Médio sobre a noção de intervalo sobre IR, concluiu que os discentes

apresentam dificuldades associadas aos conceitos de números racionais e

irracionais, suas operações, propriedades e representações, em particular, à

representação de um número racional sobre a reta real.

Em geral, os outros trabalhos citados trataram mais especificamente da

aplicação de uma sequência didática ou um teste diagnóstico para um determinado

grupo de estudantes tanto do Ensino Médio como do Ensino Superior como, por

exemplo, as pesquisas de Fabiana Machado de Borba (2008), “Jogos matemáticos

para o ensino de função” e a de Sérgio Aparecido Santos (2009), “Ambiente

informatizado: para o aprofundamento da função quadrática por alunos da 2ª série

do Ensino Médio”.

As pesquisas internacionais sobre a transição são tratadas de um ponto de

vista mais teórico, como a de Gueudet (2008), ou visam uma noção que é objeto de

estudo do Ensino Superior, como os trabalhos de Gray et al. (1999), Dubinsky

(1991), Rey et al. (2003) e Battie (2003), Nardi e Iannone (2005), Berger (2004),

Robert (1998), Durand-Guerrier e Arsac (2003), Dreyfus (1999). Bosch e al. (2004),

Praslon (2000), Castela (2004), Artigue (2004), há outros trabalhos que focam

Análise Matemática, tais como os de González-Martín et al (2009), Kidron (2002),

Mamoma (1990), Robert (1982), Artigue (2004), e trabalhos em Álgebra Linear,

como Artigue e Dias (1995), Dorier (1993), Rogalski (1990), Hillel et Sierpinska

(1994), Sierspinska, Defense, Khatcherian e Sadanha (1997), mostrando as

dificuldades dos estudantes do Ensino Superior quando se introduz uma

determinada noção matemática.

Encontramos apenas os trabalhos de Faro (2010), Simião (2010) e Jammal

(2011) que consideraram o estudo comparado. Neles, aparece o que se espera que

tenha sido desenvolvido no Ensino Médio e qual a perspectiva de se apoiar nesses

conhecimentos para a introdução novos conceitos no Ensino Superior para as

noções de sistemas de equações lineares, matrizes e suas operações e as noções

de ponto e reta no plano, respectivamente.

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Em vista disso, mesmo se os trabalhos acima se encontram no contexto do

mesmo projeto, nossa pesquisa estende o desenvolvimento deste, pois nela

consideramos também os conhecimentos trabalhados no Ensino Fundamental e,

dessa forma, articulamos a noção de função quadrática desenvolvida no Ensino

Médio com as ferramentas do Ensino Fundamental que servem como

conhecimentos prévios para essa articulação. Além disso, consideramos também

que ferramentas desenvolvidas tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio

podem servir de conhecimentos prévios mobilizáveis e disponíveis para a disciplina

de introdução ao Cálculo no Ensino Superior.

Para que possamos cumprir com os objetivos apresentados, no capítulo que

segue, apresentamos uma breve discussão do referencial teórico escolhido para o

desenvolvimento da pesquisa.

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CAPÍTULO 2

REFERENCIAL TÉORICO

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O objetivo geral da pesquisa é estudar como são trabalhados, nos Ensinos

Fundamental e Médio, os conhecimentos sobre noção de equação quadrática e

função quadrática, de forma a verificar aqueles que podem ser considerados como

conhecimentos prévios disponíveis para apoiar o trabalho matemático a ser

desenvolvido na transição entre o Ensino Médio e Ensino Superior. Para

desenvolver o trabalho e atingir o objetivo descrito, escolhemos como referencial

teórico central a Teoria Antropológica do Didático, de Chevallard (1992, 1994),

particularmente a noção de organizações praxeológicas ou praxeologias e as

noções de ostensivos e não ostensivos.

Essa teoria nos permite compreender as diferentes organizações

matemáticas e didáticas, isto é, as escolhas sobre o próprio objeto matemático e

didático, as práticas e as escolhas teóricas para se trabalhar com um determinado

objeto matemático. Tal compreensão ocorre por meio da identificação dos tipos de

tarefas e de técnicas que correspondem ao bloco prático, às tecnologias ou aos

discursos sobre as técnicas e teorias que correspondem às tecnologias das

tecnologias.

Além das organizações praxeológicas ou praxeologias, esta pesquisa é

sustentada pelo trabalho de Bosch e Chevallard (1999), no que diz respeito aos

ostensivos e não ostensivos. Conta-se também enquanto referencial teórico de

apoio com a abordagem teórica de Douady (1984, 1992), em particular, as noções

de quadro e mudança de quadro, bem como a de Robert (1997, 1998), sobre os três

níveis de conhecimento esperados dos estudantes.

Bosch e Chevallard (1999) mostram que é por meio da noção de ostensivo

que se manipulam as técnicas e que se estabelece o discurso tecnológico ou

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tecnologia, utilizados tanto para justificá-las como para desenvolvê-las. O mesmo

ocorre com as teorias em que são os ostensivos que descrevem os não ostensivos

em jogo nos diferentes tipos de tarefas que podemos propor aos estudantes em

relação a um conteúdo específico.

Observamos que Douady (1984, 1992) introduz a noção de quadro em uma

perspectiva de teorização didática. A autora ressalta que um objeto matemático

funciona, a princípio, como ferramenta implícita, se ele corresponde a um conceito

em elaboração. Em seguida, torna-se uma ferramenta explícita, quando ele

corresponde a uma utilização intencional de um objeto para resolver um problema, o

que faz com que ele adquira o caráter de objeto matemático do saber.

A partir da noção de ferramenta e objeto, a autora introduz as noções de

dialética, ferramenta, objeto, quadro e mudança de quadros. Esses conceitos

possibilitam identificar as escolhas de imagens mentais em função das

problemáticas propostas para o desenvolvimento de um determinado conteúdo

matemático.

Para melhor compreender as expectativas institucionais em relação ao

trabalho matemático a ser desenvolvido com os estudantes, quando do

desenvolvimento de determinadas noções e conceitos matemáticos, consideramos

também a abordagem teórica em termos dos três níveis de conhecimento esperados

dos estudantes, conforme definição de Robert (1997, 1998). Essa abordagem

permite estudar os diferentes níveis de tratamento de determinado objeto

matemático, a saber: técnico, mobilizável e disponível.

Na sequência, apresentamos uma breve descrição da teoria antropológica do

didático dando ênfase às noções escolhidas para as análises propostas nesta

pesquisa, destacando a importância dos mencionados estudos em nosso trabalho.

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2.2 A TEORIA ANTROPOLÓGICA DO DIDÁTICO

A Teoria Antropológica do Didático – TAD, de Chevallard (1992, 1994), é,

como dissemos, o nosso referencial teórico central. Chevallard, ao iniciar seu

trabalho, ressalta o fato de que, como toda atividade humana, a atividade

matemática é composta de organizações praxeológicas ou praxeologias. Em outras

palavras, significa que ela é formada a partir de um conjunto de tipos de tarefas e

técnicas utilizadas em determinadas práticas que são justificadas e contratadas por

meio de tecnologias e teorias que lhe são associadas, dependendo das escolhas

efetuadas para o desenvolvimento do trabalho a ser realizado.

Diante dessas considerações, percebemos que a identificação das

praxeologias trabalhadas nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior, em relação a

um determinado conteúdo matemático, permite-nos compreender quais

conhecimentos prévios desenvolvidos nas diferentes etapas escolares podem ser

supostos mobilizáveis ou disponíveis. Em consequência, essa verificação pode

servir de precursora para a introdução de novos conhecimentos nas etapas

posteriores.

Quanto à noção de praxeologia, ressaltamos ainda que, para Chevallard

(1995, 1996, apud DIAS, 1998), a atividade matemática é composta por certo

número de tarefas, assim como toda atividade humana. Sendo assim, para cumprir

tais tarefas, são desenvolvidas as técnicas que, para se tornarem viáveis, devem ser

compreensíveis e justificáveis, dando lugar ao desenvolvimento das “tecnologias” ou

ao discurso tecnológico. Estas, por sua vez, são objetos de novas tecnologias, que

Chevallard identifica como teorias.

Chevallard (1991, 1992) e Bosch e Chevallard (1999) promulgam que o

objetivo da TAD, para a qual a transposição didática é um caso particular, é articular

noções que permitam pensar de maneira unificada um grande número de

fenômenos didáticos encontrados no decorrer de múltiplas análises.

Sendo assim, para melhor compreender os elementos que compõem a TAD,

enfatizamos que Chevallard (1992) introduz os termos primitivos: objeto (O),

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pessoas (X) e instituições (I), sendo que, para ele, tudo é objeto e este constitui o

material de base para a teoria. A partir do termo primitivo objeto e de sua relação

com os termos pessoas e instituições, o teórico define relação pessoal e relação

institucional ao objeto O, ou seja, um objeto O existe quando pelo menos uma

pessoa X ou uma instituição I tem relação com esse objeto. Exemplo: A função

quadrática é um objeto matemático, mas existem também os objetos “escola”,

“professor”, “aprender”, “saber”, “dor de dente”, etc.

Para Chevallard (1992), conhecer um objeto O é, tanto para uma pessoa

como para uma instituição, ter uma relação com O. Esta explicação nos permite

verificar as definições, respectivamente, de relação pessoal e institucional, as quais

possibilitam que o autor considere como exemplo de instituições I: uma escola, uma

classe, um tutorial, um curso, uma família, um documento oficial, um livro didático ou

um material didático. Em suma, a articulação entre objetos e instituições acontece

quando a instituição define uma relação institucional com um determinado objeto.

Avançando no desenvolvimento da teoria, Bosch e Chevallard (1999) colocam

em evidência que o objeto essencial de estudo da teoria não é o aprendiz nem o

professor, mas o saber matemático. Este presume que os outros dois irão estudar,

em conjunto, e as atividades matemáticas que seus projetos comuns os conduzem a

realizar. Nesse sentido, cabe-nos salientar que nossa pesquisa procura colocar em

evidência quais as características desse saber relacionadas ao objeto função

quadrática, bem como demonstrar o modo como são desenvolvidas nos Ensinos

Fundamental, Médio e Superior e como se espera que sejam articulados os

conhecimentos desenvolvidos nessas etapas escolares.

Faz-se importante ponderar,segundo Bosch e Chevallard (1999), a respeito

do fato de que o “mistério” da didática da matemática está na matemática e, além

disso, os autores consideram que o objeto de estudo da TAD não está dentro de

uma determinada instituição de ensino, mas nas práticas matemáticas do conjunto

de instituições da sociedade. Isto nos conduziu à análise documental de livros

didáticos e documentos oficiais.

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Observamos que todas as formas de prática da matemática são consideradas

como instituições. Bosch e Chevallard (1999) propõem os seguintes exemplos: os

grupos específicos de matemáticos, uma orientação sobre como desenvolver a

matemática, um curso desenvolvido em um livro ou em uma apostila, um curso

desenvolvido por um professor, uma aula, etc.

Esse raciocínio conduz Bosch e Chevallard (1999) a introduzirem o que

denominam modelagem antropológica da matemática, a qual permite analisar se um

sujeito ou uma instituição conhece um objeto e sabe o que fazer com ele. Isto

porque a modelagem antropológica possibilita a identificação das diferentes

organizações matemáticas e didáticas. Em outras palavras, permite visualizar as

escolhas sobre o próprio objeto matemático e a forma como trabalhá-lo, bem como

as práticas indicadas para introduzir e desenvolver esse objeto.

Observamos ainda que, para Bosch e Chevallard (1999), toda prática

institucional pode ser analisada de diferentes pontos de vista e de distintas maneiras

por um sistema de tarefas relativamente bem circunscrito. Este se divide no fluxo da

prática, por meio do conjunto de praxeologias indicadas para o desenvolvimento de

uma determinada ação. As práticas, por sua vez, são compostas de tipos de tarefas

e técnicas que, para serem executadas, fazem apelo a dois tipos de objetos: os

ostensivos e os não ostensivos.

Essas reflexões conduzem Bosch e Chevallard (1999) a definirem os objetos

ostensivos ou as representações externas como sendo aqueles que têm para nós

uma forma material sensível, que permitem manipular as técnicas. Chevallard (1994)

considera os seguintes exemplos de ostensivos: os ostensivos gestuais, discursivos,

gráficos e escriturais. No entanto, na manipulação dos ostensivos, é preciso evocar

as noções, os conceitos e as ideias que justificam esse trabalho. Os objetos

matemáticos utilizados nessa evocação são denominados pelos autores de não

ostensivos.

Bosch e Chevallard (1999) observam ainda que existe uma dialética

necessária entre ostensivos e não ostensivos. Isto porque os ostensivos são

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manipulados por meio de regras, cuja distinção é feita pelos não ostensivos,

enquanto os não ostensivos são evocados por meio da manipulação dos ostensivos.

Dessa forma, são as noções de ostensivos e não ostensivos que permitem

estabelecer o que os autores denominam discurso tecnológico ou tecnologia, o qual

é utilizado tanto para justificar as técnicas empregadas, como as justificativas para

essas tecnologias. Estas os autores denominam teorias, pois as definições acima

colocam em evidencia que, a todo ostensivo, está associado um não ostensivo que

o sustenta e vice-versa.

Verificamos ainda que Faro (2011), ao se referir às noções de ostensivos e

não ostensivos, ressalta o fato de que, segundo Chevallard (1994), essas duas

noções são essenciais para a realização de tarefas. Isto porque tais conceitos estão

associados a uma determinada prática institucional que permite compreender a

importância das diferentes técnicas que podem ser empregadas para o

desenvolvimento de uma determinada tarefa, uma vez que se justifica e controla o

trabalho matemático em jogo por meio de um discurso tecnológico adequado. Por

exemplo, ao considerar a seguinte tarefa sobre a noção de função quadrática:

Deseja-se construir uma casa térrea de forma retangular. O retângulo onde a casa será

construída tem 80 m de perímetro. Calcule as dimensões desse retângulo sabendo que a

área de sua região deve ser a maior possível.

Figura 1: Exemplo de tarefa, técnica e tecnologia e de Ostensivo e não ostensivo. Fonte: (DANTE,

2009, p.87)

Esta atividade pode ser planejada, executada, justificada e controlada por

meio das possíveis abordagens institucionalmente propostas para o

desenvolvimento da noção de função quadrática. Isto permitirá a escolha da técnica

mais adequada e dos ostensivos e não ostensivos culturais que sustentam as

técnicas indicadas.

A noção de praxeologia definida por Bosch e Chevallard (1999) afirma que o

bloco prático corresponde ao “saber como fazer”, isto é, aos diferentes tipos de

tarefas e técnicas. Com relação ao exemplo acima, estes podem ser considerados

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como uma tarefa do tipo: situação extramatemática modelada por meio de uma

função quadrática, cuja técnica usual corresponde a: desenhar um retângulo e

identificar seus lados, utilizando o perímetro dado; determinar a área do retângulo e

identificar a uma função quadrática; e utilizar a noção de vértice para maximizar a

função. Todavia, podemos constatar que existem outras técnicas para resolver esse

mesmo tipo de tarefa, as quais dependem dos ostensivos e não ostensivos

trabalhados nas diferentes etapas escolares.

Uma vez desenvolvida a tarefa, utilizamos o bloco teórico. Este diz respeito

ao “saber descrever, explicar e justificar as técnicas”, isto é, descrever a tecnologia e

a teoria associada à técnica empregada. No exemplo considerado, a tecnologia

consiste em considerar o semiperímetro e multiplicar o lado x por (40 – x), obtendo,

assim, uma função quadrática para a qual aplicamos a fórmula do vértice em função

da variável x, determinando que o terreno deve ser quadrado, com 20 metros de

lado. O estudo da função quadrática, suas propriedades e suas representações é a

teoria utilizada. Em outras palavras, os ostensivos de representação algébrico e

gráfico da função quadrática devem ser manipulados no desenvolvimento da tarefa.

Assim, analisando esse exemplo na perspectiva da TAD, de Chevallard

(1992, 1994) e Bosch e Chevallard (1999), o enunciado é apresentado por meio do

ostensivo de representação em língua natural no qual são evocadas as noções de

perímetro e área. Para a solução dessa tarefa, é indicado fazer o desenho de um

retângulo a fim de identificar os seus lados, o que corresponde à utilização dos

ostensivos de representação figural e algébrica e do não ostensivo perímetro de um

retângulo. Em seguida, aplica-se a noção de área de um retângulo, que deve ser

associada à noção de função quadrática, ou seja, os não ostensivos área de um

retângulo e função quadrática são evocados e, logo após, manipulados por meio dos

ostensivos de representação algébrica que lhe são associados.

O estudo das propriedades da função quadrática que podem ser manipuladas

por meio dos ostensivos de representação algébrica e gráfica permite identificar o

máximo dessa função por meio do não ostensivo de representação algébrica do

vértice. Este, ao ser determinado, deve ser substituído nos lados da figura a fim de

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identificar que o não ostensivo que deve ser evocado para os ostensivos figural

considerado é o quadrado.

Para melhor compreender a praxeologia associada a uma determinada tarefa,

consideramos como exemplo: situação intramatemática modelada por meio de uma

função quadrática. Apresentamos, a seguir, a tarefa particular, suas respectivas

técnica, tecnologia e teoria.

Tarefa: Uma região retangular tem 42 cm de perímetro e 104 cm2 de área. Quais são as dimensões dessa região retangular? (DANTE, 2008, p. 67). Técnica: Determinar as equações correspondentes aos dados perímetro e área. A partir das duas equações, encontrar a função quadrática (função área) e resolver a equação do segundo grau. Tecnologia: Considerar x como comprimento e y como largura e determinar a equação x + y = 21 (comprimento + largura é igual a metade do perímetro). Como se trata de um retângulo. Teoria: noção de função quadrática

Figura 2: Exemplo de tarefa, técnica e tecnologia. (Análise desenvolvida pela pesquisadora)

Na sequência, fazemos uma breve apresentação do trabalho de Douady

(1984, 1992) referente às noções de quadro e mudança de quadro.

2.3 NOÇÃO DE QUADRO E MUDANÇA DE QUADRO CONFORME DEFINIÇÃO

DE DOUADY

Douady (1984, 1992) introduz a noção de quadro como ferramenta de análise

didática. Para tanto, a autora propõe uma transposição do trabalho do profissional

da matemática para a didática da matemática.

Segundo Douady (1992), um quadro é constituído de objetos pertencentes a

um determinado domínio da matemática. Assim, em um determinado quadro,

podemos encontrar diversas formulações e relações para um mesmo objeto, de

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forma a criar imagens mentais relacionadas a esse objeto. Estas são essenciais

para o funcionamento dos objetos dos quadros, pois funcionam como ferramentas

para a solução das possíveis tarefas que podem ser propostas em um determinado

quadro.

Como exemplo, podemos considerar a tarefa que se encontra na figura

abaixo, retirada da obra de Kátia Stocco Smole & Maria Ignez Diniz (2010, p.128), a

qual tem como sugestão a releitura do exemplo dado para resolver o exercício. No

exemplo, a questão é resolvida, a partir da substituição das três coordenadas

identificadas no gráfico no gráfico na função quadrática y = ax2 + bx + c com a ≠ 0.

Determine a função quadrática representadas pelos gráficos

Figura 3: Exemplo de quadro. Fonte: Stocco & Diniz, 2010, p, 128.

Nesta tarefa, a proposta é a de que o estudante identifique a solução do

sistema proposto nos diferentes quadros. Espera-se, a partir da leitura do gráfico

apresentado, que o estudante identifique as coordenadas do ponto de interseção da

curva com o eixo das ordenadas, isto é, o valor de y para x = 0, o que lhe permite

determinar o valor do coeficiente c para cada uma das funções. Na sequência

substituindo as outras duas coordenadas e o coeficiente c na função quadrática,

encontra-se um sistema de duas equações e duas incógnitas que permite

determinar os outros coeficientes.

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Desse modo, podemos dizer que, na tarefa acima, espera-se que o estudante

encontre a função quadrática por meio de montagem do sistema e o resolva. Sendo

assim, consideramos que a atividade é enunciada nos quadros gráfico e numérico,

no entanto, apesar da solução também se dar no quadro numérico, ela requer outro

ramo da matemática: o quadro algébrico.

Conforme já colocamos, Douady (1984, 1992), ao transpor a forma de

trabalho do matemático para a didática, define a noção de quadro e isso a conduz a

introduzir o que denomina mudança de quadros. Esta consiste em obter diferentes

formulações para um mesmo problema, de forma a utilizar ferramentas e técnicas

que não se aplicavam na primeira formulação.

Segundo Douady (1984, 1992), ao traduzir um quadro em outro, podemos

recair sobre resultados desconhecidos, encontrar novas técnicas, criar novos

objetos. Isto proporciona o enriquecimento do quadro original e dos quadros

auxiliares no desenvolvimento do trabalho matemático. Para o caso específico da

didática da matemática, as mudanças de quadros organizadas pelo professor são

denominadas jogos de quadros e Douady (1984, 1992) os considera como meios

privilegiados para suscitar desequilíbrios cognitivos e permitir ultrapassar esses

desequilíbrios em reequilíbrios de nível superior. Para o exemplo colocado, cabe ao

professor das diferentes etapas escolares retomá-la e, após, identificar os

conhecimentos disponíveis de seus estudantes, trabalhá-la nas diferentes formas

por meio de mudança de quadros e da utilização dos ostensivos e não ostensivos

adequados.

Considerando o exemplo a seguir, observamos que a noção de equação

quadrática e função quadrática são utilizadas intencionalmente para solucionar um

problema de física. Em outras palavras, trata-se de uma ferramenta explícita para

resolver esse tipo de problema.

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Um automóvel, partindo do repouso, mantém aceleração constante de 4 m/s² durante 5 s. A partir daí, mantém velocidade constante durante 10 s, quando começa a frear, variando sua velocidade em 4 m/s a cada segundo, até parar. Vamos calcular: a) a distância total percorrida pelo automóvel durante todo o seu percurso; b) a velocidade média desse automóvel durante esse intervalo de tempo.

Figura 4: Exemplo de quadro e de mudança de quadro. Fonte: (DANTE, 2009, p.87).

Vemos que a tarefa da figura 4 é enunciada no quadro da física, logo, sua

solução exige que o estudante disponha do conhecimento da função do movimento

uniformemente variado (MUV), que é caracterizado pela função quadrática

ou , a qual fornece a posição de um objeto

num certo instante t. Nesse caso, a é a aceleração, v é a velocidade inicial (quando

t=0) e c é a posição inicial do objeto. Chamamos de v = v0 + at a velocidade do ponto

(no MUV) no instante t.

No caso específico, não é necessária uma mudança de quadro, mas é preciso

dispor de conhecimentos sobre função quadrática para associar os coeficientes às

noções de espaço inicial, velocidade inicial e aceleração para encontrar a função

afim representada pela velocidade (v = v0 + at) pedida no item b. Isto porque,

conhecendo a velocidade inicial, a aceleração e o tempo, basta multiplicar

aceleração pelo tempo e somar com a velocidade inicial [essa observação já

aparece na pesquisa de Andrade (2006)]. Porém, para determinar a distância

percorrida, pedida no item a, é necessário dispor de conhecimentos sobre cálculo do

valor numérico de uma função.

Isso nos conduz a considerar que o quadro em que a tarefa é resolvida é

algébrico. Em consequência, o estudante deverá utilizar ferramentas e técnicas

associadas ao quadro algébrico e numérico para poder solucionar o problema

apresentado. Portanto, há a mudança de quadro, quando se associa a função do

espaço e da velocidade em função do tempo na Física com as noções de função

quadrática e afim da matemática, que, conforme Douady (1992), pode ser entendida

como um meio de apresentar uma formulação diferente. Assim, a tarefa consiste em

efetuar a mudança do quadro do contexto da física para o contexto matemático, no

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qual as ferramentas desenvolvidas no quadro algébrico permitem resolver a

questão, ainda que precisemos destacar que nem sempre essa mudança de

quadros é efetuada.

Para melhor compreender as expectativas institucionais em relação ao

trabalho matemático sobre a noção de função quadrática a ser desenvolvida com os

estudantes nas diferentes etapas consideradas nesta pesquisa, apresentamos, a

seguir, a abordagem teórica em termos dos três níveis de conhecimento esperados

dos estudantes conforme definição de Robert (1997, 1998).

2.4 NÍVES DE CONHECIMENTO ESPERADO DOS ESTUDANTES SEGUNDO

DEFINIÇÃO DE ROBERT

Robert (1997, 1998) parte de uma perspectiva de construção de diferentes

cenários para a introdução e o desenvolvimento dos conteúdos matemáticos a

serem trabalhados nos Ensinos Médio e Superior, a qual deve ocorrer por meio da

metodologia denominada engenharia didática, que corresponde à didática da

matemática aplicada, com o auxilio dos instrumentos da didática fundamental e dos

resultados da didática, após considerar as práticas dos especialistas (os

matemáticos de profissão). Nessa perspectiva, a autora propõe considerar os níveis

de conceituação, isto é, o campo conceitual de conhecimentos matemáticos que

correspondem a uma organização coerente de uma parte do campo, caracterizada

pelos objetos matemáticos apresentados de uma determinada maneira. Nesse

sentido, consideramos como exemplos de níveis de conceituação em relação à

noção de função quadrática as diferentes formas de tratamento dadas à referida

noção nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior, a qual depende dos

conhecimentos dos estudantes e dos saberes que se deseja introduzir.

Na realidade, a proposta de Robert (1997) originou-se do estudo das

pesquisas francesas, a partir do destaque às dificuldades, em geral, enfrentadas

pelos os estudantes e professores do Ensino Médio e do Superior, a saber:

incompreensão do pensamento científico, falta de curiosidade de gerir a classes

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cada vez mais heterogêneas. Dificuldades estas que, comumente, os professores

brasileiros também apontam em suas discussões e reuniões.

Então, como forma de reduzir algumas dessas dificuldades, Robert (1997,

1998) esclarece que, quando se trata de desenvolver as matemáticas escolares, há

necessidade de considerar os conhecimentos dos estudantes e suas experiências

sobre o trabalho que lhes será destinado. Além disso, a teórica ressalta a

importância do trabalho em casa, mas lembra de que não devemos esperar que tudo

possa ser visto fora da sala de aula. Isso nos conduz a considerar a importância dos

conhecimentos prévios dos estudantes e sua experiência de trabalho com a

matemática.

Robert (1997, 1998) coloca também em evidência o fato de que, para as

classes científicas do “lycèe” francês, em geral, os conhecimentos prévios

desenvolvidos não são suficientes para o desenvolvimento dos novos

conhecimentos que devem ser introduzidos no Ensino Superior, em particular

quando nos referimos às necessidades quanto à linguagem e ao modo de

comunicação dos matemáticos, conforme classificação de Gueudet (2008). Robert

chega a essa conclusão, depois de considerar o programa do “lycèe” e identificar os

novos conhecimentos a serem introduzidos na universidade, a saber: as estruturas

algébricas e sua utilização, topologia (conjuntos e formas), noção formal de

convergências, as funções de diferentes variáveis complexas, a análise numérica, os

desenvolvimentos limitados e assintóticos, as séries numéricas e a integração.

Para a análise do conhecimento correspondente às noções e aos modos de

raciocínio, Robert (1997, 1998) introduz quatro dimensões que podem auxiliar o

acesso à complexidade das noções. Em primeiro lugar estão as características

ferramenta, o objeto e os quadros em que a noção se insere, assim como os

diferentes registros que permitem representá-la e suas conversões: ferramentas que

possibilitam elaborar situações de introdução para novas noções, isto é, os quadros

e as representações externas necessárias.

Em segundo as diferentes naturezas das noções para se ensinar; deve-se

conjecturar sobre como introduzir as noções matemáticas para que elas possam ser

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úteis no panorama matemático já construído pelos estudantes, isto é, introduzir

novos conhecimentos em função dos conhecimentos prévios dos estudantes. Em

terceiro lugar, a autora traz os níveis de conceituação os quais correspondem a uma

organização coerente de um campo conceitual (campo de conhecimentos

matemáticos), isto é, dizem respeito a introduzir novas noções apoiadas nos

conhecimentos das etapas anteriores. A quarta e última dimensão contempla os

níveis de conhecimentos esperados para o funcionamento dos estudantes (técnico,

mobilizável e disponível). Estes estão associados às situações de referência

trabalhadas nas diferentes etapas escolares.

Exposto o percurso de Robert (1997) para introduzir os três níveis de

conhecimento esperados dos estudantes, consideramos a quarta dimensão para

analisar os diferentes tipos de tarefas e das técnicas associadas à noção de função

quadrática para o Ensino Fundamental, Ensino Médio como também para o Ensino

Superior. Observamos que, nesta quarta dimensão, as outras três estão

implicitamente presentes.

O nível técnico corresponde a um trabalho isolado, local e concreto, em geral,

associado às definições e ferramentas a serem utilizadas em determinada tarefa. O

estudante encontra, na tarefa, todos os elementos necessários para sua realização.

Os exercícios de fixação de uma definição ou propriedade como, por exemplo,

determinar o valor numérico da função f(x) dado x demonstram essas colocações.

Na sequência, apresentamos a definição de cada nível com um exemplo

específico do nosso objeto de pesquisa, isto é, a noção de função quadrática.

Determine as raízes (ou zeros) reais das funções: a) f(x) = 10x² - 11x +1

b) f(x) = -4x² + 20x -25

c) f(x) = 6x² - 3x +1

d) f(x) = -x² + 36

e) f(x) = 3x² - 7x

f) f(x) = 5x²

Figura 5: Exemplo de nível de conhecimento técnico. Fonte: (STOCCO & DINIZ, 2010, p.127)

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Nesta tarefa, basta aplicarmos as técnicas indicadas de soma e produto ou

aplicamos o método para o cálculo das raízes de Bhaskara4. Para isso, identificamos

que o valor de f(x) é igual a zero e recaímos em uma equação do segundo grau.

O nível mobilizável corresponde a resolver uma tarefa por meio da

identificação de um saber que é pedido explicitamente. Nesse caso, é preciso saber

utilizar ferramentas específicas de forma correta e, em alguns momentos, o

conhecimento a ser mobilizado já corresponde a uma determinada organização. Por

exemplo, escrever as coordenadas do vértice e o eixo da parábola para uma função

quadrática dada.

Resolver a inequação

Figura 6: Exemplo de nível de conhecimento mobilizado. Fonte: (DANTE, 2009, p.90)

Na atividade acima, é solicitado explicitamente que se resolva a inequação

quadrática e estude o sinal da mesma. Isto supõe a mobilização da noção de

equação quadrática.

4 Observamos que a identificação da formula para resolver equações de segundo grau, parece ser

denominada fórmula de Bhaskara somente no ensino brasileiro e a partir de 1960, mas segundo comentário de Hellmeister (1999) na seção de indicação de livros da Revista do Professor de Matemática.

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Para resolver esta tarefa, após igualá-la a zero e solucionar, por meio da

fórmula de Bhaskara ou soma e produto, é conveniente construir o gráfico da função

quadrática e analisar qual ou quais intervalos f(x) é positivo. Apesar de ter que

buscar os conhecimentos necessários, o estudante, em geral, tem situações de

referência associadas ao estudo de equações e inequações quadráticas.

O nível disponível corresponde a responder corretamente a tarefa dada,

porém, não é indicado nenhum caminho ou nenhuma ferramenta que possam

auxiliar na sua resolução. Nesse nível, é preciso dispor de meios para encontrar ou

criar contra-exemplos, de articular diferentes noções matemáticas, fazendo as

relações necessárias entre elas, efetuando mudanças de quadros, utilizando as

representações adequadas, aplicando métodos não previstos. Por exemplo, a tarefa:

Cercar uma determinada região.

Um fazendeiro tem 2400 metros de cerca e quer cercar um campo retangular que está na

margem de um rio reto. Ele não precisa de cerca ao longo do rio. Quais são as dimensões

do campo que tem maior área?

Figura 7: Exemplo de nível de conhecimento disponível. Fonte: (STEWART, 2000, p. 330).

Na tarefa apresentada, o estudante pode buscar conhecimentos que ele

tenha disponível sobre maximização de área e utilizá-los como ferramenta para a

resolução da atividade ou experimentar medidas diversas para os lados. Espera-se

que os estudantes do ensino médio encontrem uma função quadrática para

representar a área e, a partir dessa função, determinem a área máxima.

Se o mesmo problema é proposto a estudantes do ensino superior, em curso

de cálculo, espera-se que eles resolvam da mesma maneira que o aluno do ensino

médio, porém que utilizem seus conhecimentos de derivada para determinar o valor

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máximo da função, a área máxima. Observamos que o exemplo acima foi retirado de

um livro de Cálculo e se destina ao estudo de máximos e mínimos por meio da

noção de derivada.

As observações acima mostram a importância da análise das relações

institucionais para o estudo da transição entre os ensino Médio e Superior, pois

estas permitem compreender quais conhecimentos prévios podem ser mobilizados

pelos alunos quando da introdução de novos conhecimentos. Observamos ainda

que, ao mobilizar um determinado saber, o estudante deve ser capaz de

desenvolver determinadas técnicas a ele associadas, sendo que estas dependem do

nível de conceituação considerado.

2.5 ALGUMAS CONSIDERACÕES

A escolha dos referenciais teóricos apresentados neste capítulo sustenta as

análises propostas nesta pesquisa para a noção de equação quadrática e função

quadrática. Demonstramos no decorrer dessa escrita que, no momento da

introdução da noção matemática, é importante identificar os tipos de tarefas, as

técnicas, tecnologias e teorias relacionadas com a noção trabalhada; os ostensivos

que permitem visualizar e manipular o objeto matemático, obedecendo às regras e

leis dos não ostensivos que os justificam; desenvolver vários quadros com suas

respectivas mudanças e identificar quais os níveis de conhecimento esperados para

o rendimento dos estudantes, considerando as tarefas.

Assim, observamos que Robert (1997, 1998), para definir os níveis de

conhecimento esperados dos estudantes, coloca em evidência a importância de se

trabalhar diferentes quadros e representações externas. Para a autora, registros de

representação (e, no nosso caso, os ostensivos necessários e diferentes momentos

de introdução da mesma noção) permitem levar em conta os conhecimentos prévios

dos estudantes e utilizá-los na introdução de novas noções.

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No próximo capítulo, apresentaremos o estudo das expectativas institucionais

esperadas para a introdução e o desenvolvimento da noção equação quadrática e

de função quadrática nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior.

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61

CAPÍTULO 3

AS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS ESPERADAS PARA O TRABALHO

COM AS NOÇÕES DE EQUAÇÃO QUADRÁTICA E FUNÇÃO

QUADRÁTICA NOS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo, faz-se uma análise sobre as relações institucionais esperadas

dos professores e estudantes, conforme definição de Bosch e Chevallard (1999),

para o processo de ensino e aprendizagem das noções de equação quadrática e

função quadrática desenvolvidas nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior. Para

tanto, identificamos mais especificamente as relações institucionais esperadas para

o desenvolvimento do conceito de equação quadrática no Ensino Fundamental e

função quadrática no Ensino Médio, bem como os saberes dessas definições

considerados como conhecimentos prévios disponíveis quando de sua utilização

para a introdução de novos conhecimentos no Ensino Superior.

Assim, este estudo foi realizado por meio de documentos oficiais que nos

permitiram identificar quais as propostas institucionais indicadas para o

desenvolvimento da noção de equação quadrática no Ensino Fundamental e como

elas podem ser articuladas no Ensino Médio quando da introdução da noção de

função quadrática. Além disso, buscamos verificar de que modo esses conceitos são

revisitados e/ou utilizados no Ensino Superior.

Para cumprir com nossos objetivos, consideramos os Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Fundamental – PCN (BRASIL, 1997) para o Ensino

Fundamental; os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio – PCNEM

(BRASIL, 2000), as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006),

os Parâmetros Curriculares Nacionais + – PCN + (BRASIL, 2002) para as análises

associadas às expectativas institucionais para o Ensino Médio; as Diretrizes

Nacionais para o Curso de Licenciatura em Matemática e os planos de ensino de

Introdução ao Cálculo e Cálculo Diferencial e Integral de duas universidades

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públicas e duas universidades privadas, nas quais foi possível encontrar seus planos

de ensino disponíveis na internet. Em relação aos planos de ensino, destacamos a

bibliografia utilizada e se é indicado revisitar a noção de função quadrática, seu

gráfico e suas propriedade se, em caso afirmativo, qual a abordagem proposta.

Escolhida a ferramenta de análise e os documentos a serem analisados para

identificar as relações institucionais esperadas de professores e estudantes dos

Ensinos Fundamental, Médio e Superior, apresentaremos, inicialmente, a finalidade

e os objetivos gerais dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática do

Ensino Fundamental.

3.2 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – TERCEIRO E QUARTO

CICLOS DO ENSINO FUDAMENTAL – MATEMÁTICA

A finalidade dos PCN de matemática do ensino fundamental é descrita como

a intenção de fornecer elementos para ampliar o debate nacional sobre o ensino das

diferentes áreas do conhecimento assim como para socializar informações e

resultados de pesquisas. Esse documento tem também o intento de servir de

referencial para a orientação da prática escolar de maneira a organizar e tornar

acessível os conhecimentos para todas as crianças e os jovens. No caso de nosso

estudo, consideramos apenas o trabalho a ser desenvolvido em matemática, cujo

fim é permitir a inserção dos estudantes enquanto cidadãos no mundo do trabalho.

Os autores dos Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam uma análise

da trajetória das reformas curriculares e relatam que, no Brasil, o ensino de

Matemática foi influenciado por um movimento de renovação que ficou conhecido

como Matemática Moderna. Este, na opinião dos estudiosos, tem caráter elitista,

com uma formalização precoce de conceitos, excessiva preocupação com o treino

de habilidades, mecanização de processos sem compreensão e,

consequentemente, é marcado por altos índices de retenção.

Essas considerações permitem aos autores introduzir os novos objetivos para

o Ensino Fundamental, tal como é possível observar no texto que segue. Assim, os

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objetivos propostos para o desenvolvimento da matemática no Ensino Fundamental

são definidos em função de um intuito mais amplo que é a construção da cidadania.

Esses objetivos podem ser resumidos em:

estimular o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o

desenvolvimento da capacidade para resolver problemas;

fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da

realidade, utilizando conhecimento aritmético, geométrico, métrico, algébrico,

estatístico, combinatório e probabilístico;

selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para interpretá-las e

avaliá-las criticamente;

resolver situações-problemas, validar estratégias e resultados, desenvolvendo

formas de raciocínio e processos;

descrever, representar e apresentar resultados com precisão e argumentar

sobre suas conjecturas;

estabelecer conexões entre temas matemáticos e conhecimentos de outras

áreas curriculares;

desenvolver a autoestima e perseverança na busca de soluções;

interagir com seus pares de forma cooperativa.

Para atingir essas metas, os autores consideram o terceiro e quarto ciclos

complementares. Para os autores, devem-se selecionar os conteúdos que aparecem

organizados em quatro blocos, a saber: números e operações, espaço e forma,

grandezas e medidas e tratamento da informação.

A noção de equação quadrática é desenvolvida no quarto ciclo do Ensino

Fundamental, especificamente no campo da álgebra, para o qual o objetivo é

desenvolver o pensamento algébrico, por meio da exploração de situações de

aprendizagem que levem o estudante a produzir e interpretar diferentes escritas

algébricas como expressões, igualdades e desigualdades, identificando as

equações, inequações e sistemas. Espera-se também que o estudante seja capaz

de aplicar esses conhecimentos para resolver situações-problema que possam ser

descritas por meio de equações e inequações do primeiro e segundo grau,

compreendendo os procedimentos envolvidos, observando regularidades e

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estabelecendo leis matemáticas que expressem a relação de dependência entre as

variáveis.

Em particular, a noção de equação quadrática, objeto de estudo dessa

pesquisa, encontra-se no bloco Números e Operações. Para a sua introdução e o

seu desenvolvimento, a sugestão dos Parâmetros Curriculares Nacionais é que se

utilizem situações-problema que devem ser expressas por meio de uma equação do

segundo grau, cuja solução permita que se obtenham suas raízes por meio da

fatoração. Isto possibilita discutir o significado dessas raízes em confronto com as

situações propostas.

Nas orientações didáticas para o desenvolvimento das equações quadráticas,

recomenda-se que o estudo das técnicas convencionais para resolver equações seja

desenvolvido após o trabalho com situações-problema. Apontam ainda que se inicie

pela tradução dessas ocasiões propostas a partir das equações e que se permita

aos estudantes desenvolverem suas próprias estratégias, utilizando seus

conhecimentos prévios disponíveis. Para isso, sugere-se que se use o cálculo de

áreas e perímetros de retângulos, pois ele permite “visualizar” as expressões

algébricas correspondentes. Segundo os autores, a articulação entre o quadro

algébrico e geométrico, mesmo se não é utilizada essa nomenclatura, é um recurso

que facilita a aprendizagem de noções algébricas, auxiliando o estudante a dar um

determinado tipo de significado às expressões algébricas, tal como é possível

verificar no exemplo abaixo.

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Figura 8: Exemplo de mudança de quadro. Fonte: (BRASIL, 1998, p.121)

No entanto, os autores ressaltam que a interpretação geométrica dos cálculos

algébricos é limitada, porque os modelos geométricos nem sempre são simples e o

trabalho não pode se apoiar exclusivamente na compreensão destes. Os contextos

dos problemas devem ser diversificados, permitindo também identificar parâmetros,

incógnitas e variáveis, bem como construir as regras para resolução das equações.

Apresentadas as expectativas do trabalho a ser desenvolvido no processo de

ensino e aprendizagem das equações quadráticas no Ensino Fundamental,

passamos à discussão do que se espera para a introdução da noção de função

quadrática. Isto ocorrerá por meio da observação de quais os conhecimentos sobre

equações quadráticas que são considerados como conhecimentos prévios

disponíveis nessa nova etapa escolar.

3.3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO

(PCNEM)

Ao analisar os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio –

PCNEM – (BRASIL, 2000), os quais iniciam apresentando as bases legais,

identificamos que a sua proposta que é difundir os princípios da reforma curricular e

orientar o professor na busca de novas abordagens e metodologias. Para tanto, eles

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contam com a capacidade e o empenho dos docentes para implementar a proposta

mencionada.

O referido documento também estabelece a divisão do conhecimento escolar

em áreas. Nesse sentido, estudaremos nesta pesquisa a terceira parte delas, a qual

correspondente à área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias,

que vem ao encontro de nosso interesse. De acordo com a proposta do PCNEM,

espera-se que sejam desenvolvidas pelos estudantes as competências especificas

nas áreas de Biologia, Física, Química e Matemática, mas essas devem ser

relacionadas com as outras duas áreas que são divididas em Linguagens, Códigos e

suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias.

Assim, destacamos algumas competências e habilidades específicas da área

de Matemática, expostas na proposta, que acreditamos serem importantes no

processo de aprendizagem da noção de função quadrática quando de sua

introdução no Ensino Médio. Espera-se que os estudantes do Ensino Médio sejam

capazes de: ler e interpretar textos de Matemática, usar tabelas, gráficos e

expressões quando necessário, isto é, ler, interpretar e saber utilizar essas

representações, fazendo a conversão da linguagem corrente para a linguagem

simbólica e vice-versa. Além disso, vislumbra-se que os discentes saibam identificar

os dados e o que se pede em um problema, compreendam enunciados, formulem

hipóteses, prevejam resultados e selecionem estratégias de resolução de

problemas.

Para que as questões citadas se concretizem, destaca-se a importância dos

conhecimentos prévios dos estudantes, que são citados como parte de um tema que

tem mobilizado educadores por sua relevância para o aprendizado matemático e

científico. Os autores dos Parâmetros para o Ensino Médio lembram que os

estudantes chegam à instituição escolar, trazendo conceitos próprios que devem ser

levados em conta no processo pedagógico.

Nesse documento, considera-se que o papel do professor é, principalmente, o

daquele que seleciona o conteúdo compatível com os objetivos definidos no projeto

pedagógico. Diz isto porque o docente é compreendido como o conhecedor dos

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teores da disciplina, mediador do diálogo educativo e, assim, deve estar convicto da

importância e da possibilidade do aprendizado de um determinado conteúdo por

todos os seus estudantes. Por isso, cabe ao professor encontrar meios que

favoreçam o surgimento de condições para que os discentes se tornem agentes de

seu próprio aprendizado, articulando a teoria e a prática, evitando a fala e os

símbolos incompreensíveis, assim com as repetições desnecessárias e

desmotivantes. Nessa perspectiva, observamos que um dos objetivos do Ensino

Médio é contribuir para a formação de um cidadão autônomo que seja capaz de

conduzir seu aprendizado em função de suas necessidades específicas.

Nesse sentido, os autores dos PCNEM assumem o fato de que, entre os

maiores desafios para a atualização pretendida no aprendizado de Matemática,

Ciência e Tecnologia, no Ensino Médio, está a formação adequada de professores,

a elaboração de materiais instrucionais apropriados, superando a visão

enciclopédica do currículo, pois esta dificulta tanto a organização dos conteúdos

escolares quanto a formação dos professores. Além disso, os estudiosos observam

que o preparo adequado dos professores da área Matemática deve ser direcionado

para a modernidade do conhecimento e não para um empobrecimento cognitivo.

Além disso, os escritores afirmam ainda que é preciso mudar convicções

equivocadas, as quais são culturalmente difundidas em toda a sociedade, e que

consideram os estudantes como seres passivos, os professores como agentes

ativos e a escola sendo simplesmente o cenário do processo de ensino. Por outro

lado e de encontro a essas visões, o aprendizado das Ciências e da Matemática

deve promover competências como o domínio de conceitos e a capacidade de

utilizar as fórmulas que são associadas pelos alunos de forma consciente.

Nas expectativas gerais para o desenvolvimento de Matemática, Ciências e

Tecnologias apresentadas nos Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio –

PCNEM (BRASIL 2000), não se encontram os conteúdos a serem trabalhados, pois

cada escola é responsável pelo seu projeto pedagógico. No entanto, para as

avaliações institucionais que vêm sendo aplicadas constantemente, essa

democratização da escolha dos conteúdos acaba sendo problemática por criar uma

grande diversidade de relações institucionais e, por isso, em 2002, foram lançados

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os Parâmetros Curriculares Nacionais +, nos quais se especificam os conteúdos

mínimos a serem desenvolvidos nas diferentes séries do Ensino Médio.

Para melhor compreender o trabalho a ser desenvolvido por professores e

alunos do Ensino Médio em relação à noção de função quadrática, apresentamos, a

seguir, uma breve discussão das expectativas institucionais para a introdução da

definição mencionada.

3.4 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO

(PCN+)

Apresentaremos, brevemente, os objetivos gerais dos Parâmetros

Curriculares Nacionais para o Ensino Médio + (BRASIL, 2002), considerando apenas

o volume dedicado às Ciências da Natureza e Matemática. Neste, a finalidade é

ampliar as orientações contidas nos PCNEM (BRASIL, 2000), trazendo elementos

de utilidade para o professor de cada disciplina na definição de conteúdo e

metodologias. Assim, observamos que, no primeiro documento, esperava-se que os

professores utilizassem estratégias e metodologias próprias para o desenvolvimento

dos conteúdos por eles considerados adequados para as diferentes turmas em

função do projeto pedagógico da sua escola.

Assim, nos Parâmetros Curriculares Nacionais + (BRASIL, 2002), são

apresentados os temas estruturados para o ensino de Matemática, que são

sistematizados em três eixos, definidos por meio de um conjunto de temas que

possibilitam o desenvolvimento das competências desejadas e de suas respectivas

importâncias científica e cultural. Cada tema estruturador corresponde a um campo

de interesse em termos de linguagens, conceitos, procedimentos e objetos de

estudo.

Os três grandes eixos são:

Álgebra: números e funções

Geometria e medidas

Análise de dados

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A noção de função quadrática, nosso objeto de estudo, encaixa-se no

primeiro tema estruturado, Álgebra, o qual é considerado de enorme importância

enquanto linguagem específica da Matemática. Os diferentes objetos de estudo

desse tema são: os campos numéricos dos números reais e complexos, as funções

e equações de variáveis ou incógnitas reais. Para o desenvolvimento desses temas,

os procedimentos básicos referem-se a calcular, resolver, identificar variáveis e

incógnitas, traçar e interpretar gráficos e resolver equações de acordo com as

propriedades das operações no conjunto dos números reais e com as operações

válidas para o cálculo algébrico. Isto nos permite identificar que a resolução de

equações ultrapassa os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, pois se

estuda a compatibilidade da solução encontrada em relação às propriedades do

conjunto numérico em que a mesma está definida.

Assim, consideram que o estudante amplia seus conhecimentos sobre a

linguagem algébrica no estudo das funções ao expressar a relação entre grandezas

e modelar situações-problemas. Ponderam ainda que o pré-requisito para o ensino

de funções é o estudo dos números reais, assim como o de conjuntos e de suas

operações, sendo que todo esse percurso é abandonado no momento em que a

definição de função é estabelecida.

Os PCNEM + sugerem que o estudo de equações polinomiais deve receber

um tratamento que enfatize sua importância. Dessa maneira, é preciso identificar os

conhecimentos que os estudantes possuem sobre a resolução de equações de

primeiro e segundo graus e revisitá-los, quando necessário, por meio de uma

abordagem mais qualitativa e profunda, a qual deve ser feita no interior da parte

flexível do currículo.

As dificuldades encontradas por educadores, dirigentes e agentes do sistema

educativo na implementação das propostas acima deram origem a um novo

documento, isto é, às Orientações Curriculares para o Ensino Médio que foram

publicadas em 2006. Sobre estas faremos, na sequência, uma breve apresentação.

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3.5 AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO

As orientações curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006), além de

enfatizar alguns itens já estudados do PCNEM (BRASIL, 2000) e no PCN+ (BRASIL,

2002), têm por intuito tratar da escolha de conteúdo. Em outras palavras, tratar da

forma de trabalhar os conteúdos, o projeto pedagógico e a organização curricular.

Esse documento destaca também o que é esperado dos estudantes no final

do Ensino Médio, a saber: que eles utilizem a Matemática para resolver problemas

práticos do cotidiano, modelem fenômenos em outras áreas do conhecimento,

compreendam que a Matemática é uma Ciência com características próprias,

organizem os conhecimentos matemáticos via teoremas e demonstrações,

percebam a Matemática como um conhecimento social e historicamente construído

e saibam apreciar a importância da Matemática no desenvolvimento científico e

tecnológico. Em suma, segundo o documento, o conteúdo deve agregar o

desenvolvimento de habilidades, dando prioridade à qualidade do processo e não à

quantidade de conteúdos a serem trabalhados.

Os conteúdos básicos, que eram divididos em três grandes eixos, passam a

ser repartidos em quatro blocos, a saber: Números e operações; Funções;

Geometria; Análise de dados e probabilidade. Sendo nosso objeto de estudo a

noção de função quadrática, citaremos apenas o bloco Funções, o qual é destacado

com a seguinte frase: “O estudo de Funções pode ser iniciado com uma exploração

qualitativa das relações entre duas grandezas em diferentes situações: idade e

altura, área do círculo e raio, tempo e distância percorrida; tempo e crescimento

populacional, tempo e amplitude de movimento de um pêndulo, entre outras”

(BRASIL, 2006, p.72).

Quanto ao trabalho com gráficos, indica-se que os professores considerem,

logo no início do trabalho, exemplos de funções em que os estudantes esbocem os

gráficos dessas relações de forma qualitativa, registrando os intervalos e tipos de

crescimento e decrescimento. Ressaltam ainda o significado da representação

gráfica das funções, quando são alterados seus parâmetros, isto é, os movimentos

realizados pelo gráfico de uma função são identificados no momento em que

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modificamos seus coeficientes. Por isso, afirmam que a construção de um gráfico

por meio da simples transcrição de dados tomados em uma tabela numérica não

permite avançar na compreensão do comportamento das funções.

Indica-se ainda que diferentes modelos, em diferentes áreas do conhecimento

sejam apresentados aos estudantes. Nesse aspecto, a noção de função quadrática

é um modelo que pode ser objeto de estudo das noções de queda livre de um corpo,

movimento uniformemente acelerado, lançamento de projeteis, rendimentos

financeiros, etc.

Sugerem que o estudo da noção de função quadrática seja motivado via

problemas de aplicação. Para tanto, é preciso encontrar certo ponto de máximo,

observando que é clássico problema de determinação de área máxima, cuja

representação, por meio de uma equação quadrática, já tinha sido proposta para ser

desenvolvida no Ensino Fundamental. Desse modo, ressaltam a importância de se

utilizar estratégias e metodologias que levem o estudante a estabelecer as relações

entre o gráfico e os coeficientes, evitando a memorização das regras, como a

posição do gráfico, as coordenadas do ponto máximo e mínimo e os zeros da

função.

No estudo da função quadrática, para auxiliar a sua compreensão, é sugerido

que a forma fatorada f(x) = a.(x - m)2+n seja trabalhada, pois ela é pertinente para

deduzir os zeros da função quadrática. Sugerem-se também a fórmula de Bhaskara

e a identificação do gráfico da função quadrática como a curva parábola, assim

como seus possíveis deslocamentos em relação aos eixos x e y. Assim, a parábola

é entendida como o lugar geométrico dos pontos do plano que são equidistantes de

um ponto fixo (o foco) e de uma reta (a diretriz). Em vista disso, observamos que

essa definição será trabalhada quando da introdução da Geometria Analítica no

plano.

Após essa breve descrição das Orientações Curriculares para o Ensino

Médio, apresentaremos uma sucinta discussão das Diretrizes Curriculares Nacionais

para os cursos de Licenciatura em Matemática. Isto é feito a fim de identificar as

expectativas específicas desses cursos e de consideramos também as relações

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institucionais esperadas para o ensino e aprendizagem das disciplinas de

nivelamento (Matemática e Fundamentos de Matemática) e Cálculo Diferencial e

Integral de duas universidades públicas e de duas universidades privadas, das quais

foi possível localizar os planos de ensino das referidas disciplinas na internet.

3.6 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE MATEMÁTICA, BACHARELADO E LICENCIATURA (DCNCM) Buscamos fazer uma análise das relações institucionais esperadas dos

estudantes do Ensino Superior, analisando as Diretrizes Curriculares Nacionais para

os Cursos de Matemática, Bacharelado e Licenciatura, conforme o parecer do

Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Superior n. 1302,

aprovado em 06 de novembro de 2001. Estudamos também os Planos de Ensino de

duas universidades públicas e duas universidades privadas que oferecem cursos de

Licenciatura em Matemática.

Através dessa análise, pudemos verificar quais os conhecimentos prévios que

os estudantes necessitam quando iniciam um curso de matemática, bacharelado e

licenciatura, bem como o que é considerado como desconhecido, precisando ser

reforçado por meio de um curso de nivelamento. Assim, investigamos se existe uma

preocupação em revisitar a noção de função quadrática, suas operações e

propriedades e seu gráfico ou se esses conhecimentos são supostos disponíveis, o

que pode ser considerado como uma expectativa de trabalho autônomo dos

estudantes.

Em outras palavras, significa que, mesmo que alguns desses conhecimentos

não tenham sido desenvolvidos de forma satisfatória, o estudante que realmente

desenvolveu sua autonomia poderá apropriar-se desses saberes por meio de um

trabalho individual no qual organiza suas próprias estratégias e seus métodos de

estudo. Para cumprir com os objetivos traçados, escolhemos inicialmente descrever

as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática, Bacharelado e

Licenciatura, por ser um documento que norteia as universidades a construir seus

projetos, planos de ensino e conteúdos propostos.

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As orientações dizem que os currículos devem assegurar o desenvolvimento

de conteúdos dos diversos domínios do conhecimento profissional de um

matemático. Desse modo, os conteúdos comuns a todos os cursos de Licenciatura

devem abranger as áreas de Álgebra, Geometria e Análise. Os conteúdos

matemáticos precisam estar presentes na Educação Básica assim como nas áreas

afins à Matemática, que devem ser consideradas como fontes originadoras de

problemas e campos de aplicação das teorias matemáticas. Deve-se ainda

contemplar as disciplinas de Ciência da Educação, da História e Filosofia das

Ciências e da Matemática.

Os conteúdos comuns a todos os cursos de Licenciatura Matemática são:

Álgebra Linear

Cálculo Diferencial e Integral

Fundamentos de Análise

Fundamentos de Álgebra

Fundamentos de Geometria

Geometria Analítica

Além disso, espera-se que a formação do educador matemático permita que o

mesmo seja capaz de reconhecer a realidade em que se insere, tome decisões,

reflita sobre sua prática, seja criativo na ação pedagógica e entenda que ação

prática é geradora de conhecimentos. Assim, as diretrizes consideram algumas

disciplinas que devem compor o currículo mínimo, mantendo a autonomia das

universidades que irão desenvolver seus projetos e reafirmando que cabe aos

professores especialistas a construção dos planos de ensino de suas disciplinas.

Na sequência, apresentamos, então, o estudo do trabalho esperado de

professores e estudantes do Ensino Superior, via planos de ensino de duas

universidades publicas e duas universidades privadas, conforme anexos 1, 2, 3, 4, 5,

6 e 7. Identificamos a coerência entre os planos de ensino e as orientações

apresentadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de licenciatura em

Matemática, quando se considera a noção de função quadrática.

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Desse modo, iniciamos pela análise do plano de ensino da Universidade

Federal de Pernambuco – (UFPE), a partir do Currículo do Curso de Graduação em

Matemática/Licenciatura de 2001. Verificamos que o conteúdo da noção de função

quadrática é revisitado no Ciclo Geral, em Matemática L1A, e que este conceito é

mobilizado em Cálculo L1A,conforme mostra o quadro do Currículo do Curso

exposto na sequência deste texto.

A noção de função quadrática é abordada no ciclo geral na disciplina de

Matemática L1A e o conteúdo programático é apresentado abaixo. Em Cálculo L1A,

que é equivalente a disciplina de Cálculo Integral e Diferencial I, a noção de função

quadrática é mobilizada para a introdução dos conceitos de limites e continuidade de

função, trabalhada nos problemas de máximos e mínimos, esboço de gráficos e

expressões quadráticas.

Para a disciplina de Matemática, são indicados na bibliografia básica os livros

de Cálculo Infinitesimal de Michael Spivak, o volume 1; Coordenadas no Plano;

Coordenadas no Espaço e Logaritmos, de Elon Lages Lima e, por fim, o livro de

Trigonometria/Números Complexos de Carmo, Morgado e Wagner. No programa de

disciplina de Cálculo, não consta a bibliografia.

Tabela 1: Extrato da grade curricular

CÓD CICLO GERAL CH

MA053 Matemática L1A 60

MA054 Geometria Analítica L1 60

MA055 Princípio de Contagem L 75

IF663 Computação L1 60

ED001 Educação Física *(optativa) 30

CICLO PROFISSIONAL

MA016 Cálculo L1A 60

MA042 Geometria Plana 75

DE258 Geometria Gráfica 60

MA017 Cálculo L2A 60

MA045 Álgebra Linear L1 60

MA056 Geometria Espacial L 75

MA248 Estruturas Algébricas L1A 90

MA018 Cálculo L3A 60

FI202 Física L1 60

MA249 Estruturas Algébricas L2A 90

MA218 Análise Matemática L1A 90

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Fonte: UFPE, 2011

As disciplinas Matemática 1 e Cálculo 1 podem estar revisitando a noção de

função quadrática ou propondo aos estudantes que utilizem as obras analisadas

neste trabalho para o desenvolvimento de situações contextualizadas e assim o

professor pode aproveitar alguns exemplos para a articulação de conhecimentos

prévios com os novos conhecimentos.

A outra instituição pesquisada foi a Universidade Presbiteriana Mackenzie –

MACK, a qual apresenta as disciplinas de Matemática Básica I e, no conteúdo

programático, engloba as funções quadráticas e a disciplina de Cálculo Diferencial e

Integral I. Nesta, ao trabalhar com problemas de máximos e mínimos, mobiliza

também a noção de função quadrática. Na bibliografia básica da disciplina de

Matemática Básica I são indicados os livros: Fundamentos de Matemática

Elementar, de Gelson Iezzi e Carlos Murakami, volume I de 2004, e do Gelson Iezzi,

volume 3 de 2004, conforme anexo 3. Observamos que o livro de Cálculo de James

Stewart, volume I de 2005 é indicado como podemos observar no anexo 4.

Na tabela a seguir, é possível identificar as disciplinas e respectiva carga

horária de cada uma delas para o primeiro semestre. Isto permite compreender as

necessidades da noção de função quadrática para os estudantes que iniciam o

curso de licenciatura em Matemática dessa instituição.

FI203 Física L2 60

MA219 Análise Matemática L2A 90

MA301 Fundamentos de Matemática 75

ET199 Estatística e Probabilidades 60

IF664 Computação L2 60

MA528 Estágio Supervisionado 90

MA529 Monografia 90

SF200 Introdução à Educação 60

TE201 Didática 1 60

PO403 Psicologia da Educação 6 60

TE664 Prática de Ensino de Matemática 1 90

AP203 Estrutura e Funcionamento do Ensino 3 60

PO404 Psicologia da Educação 7 60

TE665 Prática de Ensino de Matemática 2 120

TE666 Prática de Ensino de Matemática 3 90

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Tabela 2: Extrato da grade curricular

Cód. Disc. Nome da Disciplina CH

100.1197.8 Cálculo Diferencial e Integral I 090

093.1170.1 Ética e Cidadania I 030

070.1176.8 Física Experimental I 030

070.1175.1 Física Geral I 060

070.1182.2 Fundamentos de Física I 060

100.1198.6 Geometria Analítica e Vetores I 060

100.1112.9 Matemática Básica I 060

110.1184.1 Métodos Computacionais I 060

Total 450

Fonte: MACK, 2011

Ressaltamos aqui que as disciplinas de Matemática Básica I e Cálculo

Diferencial e Integral I poderiam estar revisitando a noção de e função quadrática de

forma articulada com os novos conhecimentos a serem desenvolvidos no curso.

A terceira instituição pesquisada foi a Universidade Federal de Viçosa – UFV

quanto ao currículo do curso de Licenciatura em Matemática. A pretensão desse

curso é que o estudante receba profunda formação em Matemática básica e forte

base em prática de ensino, em física e em computação. Entre as primeiras

indicações bibliográficas, há o livro de Cálculo, volume 1, de Howard Anton e Irl

Bivens, bem como o de Stephen Davis de 2007 e de James Stewart de 2009.

Verificamos, mais uma vez, que a noção de função quadrática é trabalhada

no primeiro período na disciplina de Matemática Elementar I e, no segundo período,

é ministrada a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, onde, novamente, o

conteúdo engloba funções e gráfico que foram ministrados no primeiro período.

Posteriormente, a noção de função quadrática será necessária para desenvolver o

conteúdo de Máximos e Mínimos.

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Tabela 3: Extrato da grade curricular

1º Período

Cód. Disc. Nome da Disciplina CH

ARQ102 Desenho Geométrico 60

LET 100 Português Instrumental I 60

MAT 100 Colóquios de Matemática 30

MAT 131 Introdução à Álgebra 60

MAT 152 Geometria Analítica 60

MAT 201 Matemática Elementar I 90

Fonte: UFV, 2011

Tabela 4: Extrato da grade curricular

2º Período

Cód. Disc. Nome da Disciplina CH

INF 100 Introdução à Programação I

60

MAT102 Prática de Ensino de Matemática I 60

MAT137 Introdução à Álgebra Linear 60

MAT141 Cálculo Diferencial e Integral I 90

MAT 153 Fundamentos de Geometria 60

MAT 170 Matemática no Computador I 30

Fonte: UFV, 2011

Observamos que a disciplina Matemática Elementar I serve de apoio para a

disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, ficando assim a cargo do professor de

Cálculo a articulação dos conhecimentos prévios associados à noção de função

quadrática e os novos conhecimentos que devem ser introduzidos na disciplina.

Ressaltamos ainda que em Matemática Elementar I é possível utilizar as obras

analisadas neste trabalho como referência para o desenvolvimento de situações

contextualizadas que, em geral, exigem o nível disponível.

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Dentre os cursos pesquisados, somente o Centro Universitário Fundação

Santo André – FSA não apresenta, na grade curricular, uma disciplina de

Matemática, não havendo, portanto nenhuma disciplina que retome a noção de

função quadrática. Porém, na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, que é

ministrada durante todo um ano letivo e onde se enfatiza a necessidade de reforçar

os conceitos adquiridos no Ensino Fundamental e Ensino Médio, o programa

detalhado da disciplina permite constatar uma revisão de gráficos e funções que

será aplica posteriormente no estudo dos problemas de pontos de máximo e

mínimo. Observamos ainda que, no plano de ensino, ressalta-se que a dificuldade

sentida pelos estudantes deve-se ao desconhecimento, mesmo que em parte, do

mecanismo operacional da matemática.

Destacamos também que, entre as quatro instituições pesquisadas, essa é a

única que não adota a obra de Cálculo – Volume 1 de James Stewart. Uma de suas

indicações na bibliografia básica é o livro de Cálculo Diferencial e Integral, de Paulo

Boulos & Zara Issa Abud.

Na tabela a seguir, identificam-se as disciplinas do primeiro ano do curso de

Licenciatura em Matemática, o que permite compreender as necessidades da noção

de função quadrática nas disciplinas específicas de Matemática.

Tabela 5: Extrato da grade curricular

Fonte: FSA, 2011

DISCIPLINAS / SÉRIES

1ª SÉRIE Carga horária anual

Cálculo Diferencial e Integral I 144

Álgebra I 144

Geometria I 144

Geometria Analítica 144

Tecnologias e Laboratório de Ensino

de Matemática

72

Políticas Públicas em Educação 72

Educação Física 72

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Sendo considerada a necessidade de trabalho articulado entre os

conhecimentos desenvolvidos nos Ensino Fundamental e Médio e os novos

conhecimentos a serem introduzidos na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I

orienta-se o professor, que após introduzir as noções de limite e derivada, aplique

estes novos conhecimentos no estudo do comportamento das funções. Aqui se pode

supor que o professor utilize as funções introduzidas no Ensino Médio para a

visualização das propriedades das funções.

Na sequência, apresentaremos uma rápida discussão sobre as análises

realizadas.

3.7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Neste capítulo, vimos, inicialmente, que a escolha do conteúdo ficava a cargo

da escola e, consequentemente, a cargo dos professores, assim como as

estratégias e a metodologia que deviam considerar a possibilidade de articulação

com outras ciências e com situações do cotidiano. Além disso, ficava a critério dos

educadores e professores de cada escola organizar o trabalho a ser realizado em

função das dificuldades dos estudantes e do contexto social da escola.

A diversidade de relações institucionais e as dificuldades encontradas pelas

escolas para propor projetos que contemplassem as exigências institucionais foram

exigindo a publicação de novos documentos que explicitavam como trabalhar as

disciplinas de forma articulada e flexível, levando em conta a interdisciplinaridade e

as situações contextualizadas. Assim, os documentos oficiais tem o intuito de

introduzirem os conteúdos matemáticos a serem desenvolvidos no Ensino Médio.

Desse modo, nas Orientações curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006),

encontramos a proposta de trabalho com as funções, na qual, para a função

quadrática, é indicado o seguinte trabalho:

No estudo da função quadrática é recomendado que seja trabalhada a forma

fatorada (f(x) = a.(x – m)2 + n). Indica-se que ela pode ser um auxiliar importante na

compreensão da noção, evitando a memorização de regras. A dedução da fórmula

que calcula os zeros da função quadrática e a fórmula de Bhaskara também são

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sugestões presentes no documento analisado, bem como o trabalho do gráfico da

função quadrática com a curva parábola, entendida como o lugar geométrico dos

pontos do plano, o foco, que são equidistantes de um ponto fixo e da diretriz. Esse

estudo pode ser motivado via problemas de aplicação, clássicos problemas de

determinação de área máxima.

Um dos instrumentos que possibilita a identificação dessas dificuldades são

as macroavaliações. Como exemplo, podemos citar o Sistema de Avaliação de

Rendimento Escolar do Estado de São Paulo – SARESP que indica, para as

escolas, seus resultados e suas propostas para melhorar o desempenho dos

estudantes conforme relatório pedagógico distribuído pela Secretaria da Educação

do Estado de São Paulo de 2008.

Em função da análise dos planos de ensino, observamos que, para as

universidades consideradas, existe a preocupação de um trabalho específico com os

estudantes no que se refere ao conteúdo função quadrática. Em outras palavras,

podemos supor que, em relação aos anos anteriores, a instituição e os educadores

sentiram a necessidade de revisitar esse conteúdo para a introdução de novas

noções a ele associadas.

Diante das considerações traçadas, observamos que, no Ensino Superior,

podemos pensar em revisitar a noção de função quadrática, mas, em geral, ela está

fora de questão quando se pensa em desenvolver um trabalho com as equações

quadráticas, pois as mesmas são introduzidas no Ensino Fundamental e revisitadas

no Ensino Médio. Portanto, são supostas como conhecimentos prévios disponíveis

para os estudantes do Ensino Superior. Assim, verificamos uma mudança na

proposta de ensino e aprendizagem das noções de equação quadrática e função

quadrática para os Ensinos Fundamental e Médio que não é seguida no Ensino

Superior.

Os planos de ensino dos cursos de Licenciatura em Matemática analisados

mostraram uma sequência linear de conteúdos a serem desenvolvidos e não se

explicitou a necessidade de trabalhar de forma contextualizada. Apenas a Fundação

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Santo André considera a necessidade de revisitar os conteúdos matemáticos

desenvolvidos nos Ensinos Fundamental e Médio.

Logo, podemos afirmar que, no Ensino Superior, fica a cargo do professor

identificar as dificuldades de seus estudantes em relação às noções de equação

quadrática e função quadrática e revisitá-las, quando supuser que isto é necessário.

Outra possibilidade visualizada é deixar a cargo dos estudantes o desenvolvimento

desse trabalho.

Consideramos que, em geral, os professores podem, durante a introdução de

novos conhecimentos, tratar de forma contextualizada as necessidades sobre as

noções de equação quadrática e função quadrática. Nesse sentido, seria indicado

que os professores das diferentes disciplinas do curso de licenciatura tivessem essa

preocupação, o que poderia auxiliar os estudantes a compreenderem a importância

dos conhecimentos matemáticos desenvolvidos em outras etapas escolares e poder

articulá-los e aplicá-los enquanto conhecimentos prévios disponíveis. Isto poderia

melhorar os resultados obtidos no ENADE, os quais, atualmente, têm sido uma

preocupação, pois eles se refletem diretamente na formação dos estudantes.

Concluída a análise das relações institucionais esperada sobre a noção de

equação quadrática e a noção de função quadrática, apresentaremos a seguir a

grade de análise construída para estudar as relações institucionais existentes e as

relações pessoais esperadas dos estudantes que terminam o Ensino Médio e

iniciam o Ensino Superior.

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CAPÍTULO 4

AS FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA ANÁLISE DAS TAREFAS

USUAIS SOBRE A NOÇÃO DE FUNÇÃO QUADRÁTICA - A GRADE

DE ANÁLISE

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo, identificaremos os diversos tipos de tarefas referentes à noção

de função quadrática trabalhados nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior e as

suas respectivas análises, considerando a noção de quadro, segundo definição de

Douady (1984, 1992); ostensivos e não ostensivos, conforme definições de

Chevallard (1994); e nível de conhecimento esperado dos estudantes, segundo

definição de Robert (1997). As análises serão efetuadas em função das técnicas

institucionais que lhes são associadas. Para tanto, construímos uma grade de

análise baseada na apresentada por Dias (1998), a qual em sua tese, que trata da

articulação de pontos de vista cartesiano e paramétrico no ensino de Álgebra Linear.

Assim, a grade construída tem como objetivo identificar qual é a situação

apresentada no enunciado, as técnicas, tecnologias e as teorias possíveis de serem

utilizadas em função da etapa da escolaridade em que a tarefa é proposta, assim

como os ostensivos e não ostensivos manipulados e evocados na sua solução.

Também são considerados quais os quadros em que a tarefa é expressa e resolvida

e os conhecimentos necessários para o desenvolvimento da tarefa, destacando o

nível de conhecimento esperado dos estudantes. Para cumprir com tais fins,

iniciamos, fazendo a apresentação das ferramentas didáticas utilizadas na

construção da grade assim como de exemplos relacionados a elas.

Consideramos ainda os tipos de tarefas usuais para o ensino e a

aprendizagem da noção de função quadrática e aplicamos a grade que auxilia a

identificar as técnicas. Em seguida, analisamos a tecnologia e a teoria que pertence

respectivamente ao bloco prático e ao bloco teórico conforme Teoria Antropológica

do Didático, de Chevallard (1992, 1994) e Bosch e Chevallard (1999). Observamos

assim que as noções de ostensivos e não ostensivos possibilitam a identificação das

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necessidades em termos de representações externas e internas do trabalho

matemático a ser realizado. Além disso, por meio da grade, podemos identificar

também o quadro em que a tarefa é enunciada e resolvida, as mudanças de quadros

necessárias, assim como o nível de conhecimentos esperado dos estudantes em

função da etapa escolar em que a tarefa é inicialmente proposta.

Desse modo, começamos exemplificando, por meio de uma tarefa sobre

noção de função quadrática, como algumas noções associadas à Teoria

Antropológica do Didático são utilizadas em nossas análises.

4.2 ALGUMAS NOÇÕES DA TEORIA ANTROPOLÓGICA DO DIDÁTICO

UTILIZADAS COMO FERRAMENTAS DE ANÁLISE DIDÁTICA.

4.2.1. Exemplo de praxeologia no estudo da noção de função quadrática.

Empregamos a tarefa abaixo, retirada do livro de Dante (2009), para

desenvolver nosso exemplo em relação às noções da Teoria Antropológica do

Didático utilizadas na nossa pesquisa.

(FGV-SP) O lucro mensal de uma empresa é dado por , em que é

a quantidade mensal vendida.

a) Qual o lucro mensal máximo possível?

b) Entre que valores deve variar para que o lucro mensal seja no mínimo igual a 195?

Figura 9: Exemplo de tarefa. Fonte (DANTE, 2009, p.97)

Segundo Chevallard (1994), os tipos de tarefas podem ser rotineiras ou

problemáticas, tais como solucionar uma equação do segundo grau, corrigir um

pacote de provas e elaborar uma forma de introduzir a noção de espaço vetorial a

um grupo de estudantes. No exemplo acima, identificamos a tarefa como uma

situação extramatemática, modelada por meio de uma função quadrática, isto é,

trata-se de uma situação não rotineira, quando se introduz a noção de função

quadrática, podendo se tornar problemática porque não se dispõem de

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conhecimentos sobre a determinação do vértice e sobre a noção de intervalo sobre

IR.

Chevallard (1994) observa ainda que, para toda tarefa, é preciso encontrar

uma técnica que pode servir para várias tarefas e, num dado momento, dependendo

da tarefa, ela precisa ser adaptada ou reinventada. Assim, para toda técnica, existe

uma fase de torná-la rotineira, seguida de uma etapa de naturalização que a torna

disponível.

Dessa forma, a expectativa institucional para os estudantes do Ensino Médio

é que os mesmos utilizem, no item a do exemplo acima, a fórmula do vértice em y

para a função quadrática ou que identifiquem o vértice da parábola, esboçando o

gráfico da função quadrática, uma vez que esses conhecimentos foram

desenvolvidos no Ensino Fundamental. Para o item b, é preciso encontrar a

inequação e indicar a variação de x por meio de um intervalo que corresponde a

uma tarefa em fase de tornar rotineira para os estudantes do Ensino Médio e

suposta naturalizada para os estudantes do Ensino Superior.

A Tecnologia ou o discurso sobre as técnicas, segundo Chevallard (1994),

permite compreender e justificar uma determinada técnica, “forma particular de

fazer”. Assim, espera-se que o estudante no item a, ao utilizar a fórmula

ou esboçar o gráfico da função quadrática, justifique sua escolha, indicando se tratar

do ponto de máximo ou mínimo da função dada. No item b, o esperado é a

identificação da inequação . A partir dela, determinam-se as

raízes da equação quadrática e e, por meio da representação

algébrica de intervalo sobre IR, identifique o conjunto solução como sendo

, o que não é natural, como mostra a pesquisa de Gouveia

(2007), que mostra a dificuldade dos estudantes em identificar os possíveis valores

de x para um determinado intervalo e representá-lo corretamente.

A representação gráfica pode ou não ser utilizada, mesmo quando não se

encontra o resultado por meio da representação gráfica, a qual é importante para

auxiliar no controle do resultado. Pode-se ainda trabalhar com a forma fatorada da

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inequação e utilizar a representação denominada “varal” para determinar o conjunto

solução do produto de duas inequações do primeiro grau. A representação

denominada “varal” corresponde à interpretação dos valores positivos e negativos da

função afim por meio de sua representação gráfica. A técnica do varal é trabalhada

no Ensino Médio, mas a indicação do conjunto solução por meio da representação

algébrica, em geral, é o que causa grandes dificuldades para os estudantes tanto do

Ensino Médio como do Ensino Superior, conforme temos observado em nossa

prática diária.

A teoria ou o discurso sobre as tecnologias é o estudo da função quadrática,

inequação quadrática, suas representações e propriedades para a primeira técnica e

para as regras e leis da fatoração. Isto também se aplica às noções de inequação do

primeiro grau que exigem o estudo do sinal, o qual será melhor representado por

meio da representação gráfica da função afim associada a cada fator, suas

representações e propriedades e a noção de intervalo sobre IR e suas

representações.

Vale ressaltar que o postulado 2 de Bosch e Chevallard (1999, p. 84)

estabelece que cumprir uma tarefa é o resultado da execução de uma técnica,

sendo a técnica uma forma particular de fazer, diferenciando-se assim de um

método ou um algoritmo. O exemplo acima coloca em evidência as diferentes

técnicas e, consequentemente, as distintas formas de tratamento de uma mesma

tarefa, as quais dependem dos conhecimentos e representações utilizados,

mostrando que não se trata de um método ou algoritmo.

As diferentes representações que possibilitam manipular as técnicas

associadas às noções em jogo nos diversos tipos de tarefas são denominadas por

Chevallard (1994) de ostensivos. Os conceitos e as ideias que justificam essas

representações recebem o nome de não ostensivos. Na sequência, apresentamos

uma breve discussão da definição de ostensivos e não ostensivos.

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4.2.2. Exemplo de ostensivos e não ostensivos no estudo da noção de função

quadrática

Segundo Chevallard (1994), os ostensivos referem-se a qualquer objeto

material e, principalmente, aos objetos materiais particulares como os sons (entre os

quais as palavras da língua), os grafismos (entre os quais os grafemos, permitindo

as escrituras das línguas naturais ou constitutivos das línguas formais) e os gestos.

Por sua vez, os não ostensivos são todos objetos que, com as ideias, as intuições

ou os conceitos, existem institucionalmente, sem que, para tanto, possam ser vistos,

ditos, entendidos ou percebidos. Os não ostensivos podem apenas ser evocados ou

invocados pela manipulação adequada de certos objetos ostensivos que lhes são

associados (uma palavra, uma frase, um grafismo, um gesto ou um longo discurso).

Exemplificamos por meio de tarefas associadas ao nosso objeto de estudo,

os diferentes ostensivos definidos por Chevallard (1994):

Ostensivos gestuais: os gestos. Por exemplo, quando, por meio de um gesto,

mostramos o vértice e as raízes da função na sua representação gráfica.

Ostensivos discursivos: as palavras e mais genericamente o discurso. Por

exemplo, as explicações dadas pelo professor oral ou escritas.

Ostensivos gráficos: os esquemas, desenhos e grafismos. Por exemplo, as

tabelas e os gráficos que construímos para estudar as propriedades da

função.

Ostensivos escriturais: as escritas e os formalismos. Por exemplo, a

determinação da forma canônica da função quadrática.

Ostensivos figurais: representação de uma figura geométrica. Por exemplo,

considerar a figura do retângulo que representa um campo de futebol.

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Figura 10: Exemplo de Ostensivo escritural. Fonte (DANTE, 2009, p.75)

O exemplo abaixo mostra que os não ostensivos são as noções de área de

quadrado e de retângulo, área lateral e total de um prisma, função quadrática

(função área) e equação do segundo grau.

Uma caixa sem tampa tem a base quadrada com lado medindo dm e altura

. Sabendo que a área total de sua superfície é de , calcule a

medida .

Figura 11: Exemplo de Ostensivo e não ostensivo. Fonte (DANTE, 2009, p.78)

Para melhor identificar as necessidades em relação às técnicas, tecnologias e

teorias possíveis nas diferentes etapas escolares consideradas nesta pesquisa,

utilizamos a noção de quadro e de mudança de quadros introduzida por Douady

(1984, 1992), sobre para a qual fazemos uma breve descrição a seguir.

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4.3 OS QUADROS EM JOGO NO ESTUDO DA NOÇÃO DE FUNÇÃO

QUADRÁTICA

A partir da ferramenta de análise introduzida por Douady (1984, 1992),

podemos classificar nosso objeto de pesquisa segundo três quadros distintos de

atividades: quadro algébrico, quadro aritmético algébrico e quadro geométrico, para

os quais daremos um exemplo de aplicação.

Quadro algébrico: a função quadrática é apresentada em geral na forma

algébrica, em que as variáveis são letras como, por exemplo, a função f(x) = x2 ou y

= x2.

Sabe-se que o lucro total de uma empresa é dado pela fórmula L = R – C, em que L é o

lucro total, R é a receita total e C é o custo total da produção. Numa empresa que produziu x

unidades, verificou-se que e . Nessas condições,

qual deve ser a produção x para que o lucro da empresa seja máximo?

Figura 12: Exemplo de quadro algébrico. Fonte: (DANTE, 2009, p.87)

O quadro em que a tarefa é enunciada é o quadro algébrico e o quadro da

matemática financeira, mas sua solução restringe-se ao quadro algébrico. Como é

fornecida a fórmula para o desenvolvimento da questão, espera-se que o estudante

utilize a fórmula de vértice da função para encontra o maior lucro possível, isto é,

trata-se da técnica naturalizada. No entanto, existe a possibilidade de desenvolver

as outras técnicas, em particular, para os estudantes do Ensino Superior.

Quadro aritmético algébrico: é utilizado quando, para usar elementos

numéricos para resolver uma equação quadrática, é necessário dispor da noção de

números reais, suas operações e propriedades.

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Considere agora a equação 9x2 + 9x + 2 = 0.

a) Identifique os coeficientes a, b e c dessa equação.

b) Calcule o valor de

c) Determine os valores de .

d) Quais são os valores da equação 9x2 + 9x + 2 = 0?

e) Verifique se as raízes que você encontrou estão corretas.

Figura 13: Exemplo de quadro aritmético algébrico. Fonte (DANTE, 2008, p.59)

Na tarefa acima, o quadro do enunciado e o quadro de resolução são

aritmético algébrico. Isto porque ela não envolve variáveis, apenas incógnita de

simples substituição na fórmula dada. Trata-se de uma tarefa, em geral, introduzida

no Ensino Fundamental e que se supõe possa ser utilizada naturalmente pelos

estudantes dos Ensinos Médio e Superior.

Quadro geométrico: corresponde à representação geométrica, representação

que pode ser dada no enunciado em forma de figura ou que deixa a cargo do

estudante representar por meio de desenhos figuras planas ou espaciais.

Figura 14: Exemplo de quadro geométrico. Fonte (STOCCO & DINIZ, 2010, p.131).

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Este exemplo é diferente dos outros, porque o quadro em que a tarefa é

apresentada é o geométrico, porém, o quadro em que a tarefa é resolvida é o

algébrico. Assim, espera-se que o estudante disponha de conhecimentos, em geral,

associados ao cálculo de perímetros e áreas. Desse modo, a distinção dos quadros

apresenta, de certa forma, a necessidade de considerar o nível de conhecimento

esperado dos estudantes tanto em relação à noção em jogo como para àquelas que

funcionam como ferramenta explicita para o desenvolvimento das técnicas nos

diferentes quadros de resolução da tarefa.

Dessa forma, para melhor compreender as expectativas em relação ao

trabalho matemático a ser desenvolvido pelos estudantes, consideramos ainda a

abordagem teórica em termos de níveis de conhecimento esperados dos estudantes

conforme definição de Robert (1997) por meio de exemplos associados à noção de

função quadrática. Assim, observamos que a identificação dos níveis de

conhecimento esperados dos estudantes está associada ao novo olhar que é dado a

uma mesma noção na transição entre as diferentes etapas escolares.

4.4 OS NÍVEIS DE CONHECIMENTO ESPERADOS DOS ESTUDANTES NO

ESTUDO DA NOÇÃO DE FUNÇÃO QUADRÁTICA.

Apresentamos, a seguir, exemplos de tarefa de função quadrática associadas

aos três os níveis de conhecimentos esperados dos estudantes, técnico, mobilizável

e disponível.

O nível técnico corresponde a um trabalho separado, pontual e visível. Como

apresenta a tarefa a seguir:

Lembre-se de que toda equação incompleta da forma pode ser fatorada

e, por isso, e são suas raízes. Então, resolva mentalmente.

Figura 15: Exemplo de nível técnico. Fonte (STOCCO & DINIZ, 2010, p.137)

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Verificamos que, para a resolução, basta aplicar o método já especificado

como exemplo do primeiro item. O estudante deverá apenas repetir o processo já

estabelecido.

O nível mobilizável refere-se à justaposição de saberes, podendo, em alguns

momentos, já representar uma determinada organização. A tarefa é enunciada,

solicitando explicitamente o que é esperado do trabalho a ser desenvolvido pelo

estudante, mas há a necessidade de mobilizar algumas noções e alguns métodos

para resolver a tarefa.

Determine o valor de k para que a função admita valor máximo.

Figura 16: Exemplo de nível mobilizável. Fonte (DANTE, 2009, p.87)

Na tarefa acima, foi solicitado explicitamente o valor máximo da função

quadrática. Então, o estudante tem de mobilizar o conhecimento de que a

propriedade que o coeficiente de x2 deve ter é ser negativo, o que corresponde a

considerar que 2 – k < 0. Nesse caso, é preciso dispor de um método para solução

de inequação do primeiro grau.

O nível disponível exige que o estudante identifique quais as noções em jogo

e os possíveis métodos para a resolução da tarefa. O enunciado não informa qual o

quadro em que a tarefa se insere, nem as noções em jogo na mesma. Por isso, cabe

ao estudante identificar, em seu repertório de conhecimento, a tarefa mais próxima

que lhe pode ser associada e, assim, tê-la como referência para a solução da nova

tarefa que lhe é proposta. Dessa forma, Robert (1997, 1998) considera que aqueles

que dispõem de um número maior de situações de referência estão mais preparados

para enfrentar tarefas que exigem o nível disponível, ou seja, é importante que o

estudante seja capaz de organizar seus conhecimentos prévios.

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(UFPE) Num voo com capacidade para 100 pessoas, uma companhia aérea cobra R$

200,00 por pessoa quando todos os lugares são ocupados. Se existirem lugares não

ocupados, ao preço de cada passagem será acrescida a importância de R$ 4,00 por cada

lugar não ocupado ( por exemplo, se existirem 10 lugares não ocupados o preço de cada

passagem será R$ 240,00). Quantos devem ser os lugares não ocupados para que a

companhia obtenha o faturamento máximo?

Figura 17: Exemplo de nível disponível (DANTE, 2009, p.97)

Como podemos constatar, o exemplo acima não evidência qual o

procedimento a ser tomado para a resolução do problema. Na tarefa, os lugares

desocupados são classificados com , os lugares ocupados como e o

preço por pessoa como . O faturamento F pode ser expresso em função

de por uma função quadrática

. O faturamento máximo acontece quando (abscissa

do vértice da parábola): .

Dispondo desses saberes, o estudante chegará à conclusão de que a

companhia obterá o faturamento máximo, se tiver, no máximo, 25 lugares não

ocupados. A tecnologia acima coloca em evidência as necessidades de conversão

do enunciado em expressões algébricas que serão utilizadas para determinar a

função quadrática, a qual não é explicitada no enunciado, ficando a cargo do

estudante a modelagem da situação por meio dessa função.

Levando em consideração as noções de praxeologia e ostensivos e não

ostensivos definidas na Teoria Antropológica do Didático – TAD, assim como as

noções de quadro, mudança de quadro e níveis de conhecimento esperados dos

estudantes, foi constituída grade de analise. O intuito desta é servir de instrumento

que permita analisar os diferentes níveis de conhecimento exigidos dos estudantes

em função dos tipos de tarefas propostas nas diferentes etapas escolares para o

processo de ensino e aprendizagem da noção de função quadrática.

Estudamos as diferentes tarefas, usualmente encontradas nos livros didáticos

de matemática destinados ao nono ano do Ensino Fundamental, ao primeiro ano do

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Ensino Médio e ao Curso de Cálculo do Ensino Superior, para as noções de

equação quadrática e função quadrática. Em seguida, analisamos os diferentes

níveis de conhecimento exigidos dos estudantes na solução destas tarefas.

Para a noção de função quadrática consideramos as seguintes noções.

Noção de valor numérico

Noção de polinômio

Noção de sistema cartesiano

Noção de áreas de figuras planas

As diferentes tarefas foram selecionadas nos livros didáticos para cada uma

dessas noções, de forma a considerar as teorias, técnicas e a tecnologia envolvidas,

bem como suas respectivas formas de conhecimento. Consideramos as seguintes

variáveis das tarefas:

O quadro em que a tarefa é enunciada

As técnicas, tecnologias e teorias utilizadas na solução da tarefa

Os ostensivos e não ostensivos em jogo

O quadro em que a tarefa é resolvida

Os níveis de conhecimento necessários para a execução da tarefa

Na sequência, apresentamos os exemplos de funcionamento da grade. Esta

permite analisar as tarefas encontradas nos livros didáticos referentes à noção de

função quadrática para os Ensinos Fundamental, Médio e Superior.

Nosso estudo possibilitou identificar as tarefas abaixo relacionadas para as

quais coligamos com EF – Ensino Fundamental, EM – Ensino Médio e ES – Ensino

Superior.

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Tabela 6: Tarefas usualmente encontradas no processo de ensino e aprendizagem da noção de função quadrática.

Tarefa 1 Esboçar o gráfico e determinar o vértice de uma função quadrática.

(EF, EM, ES)

Tarefa 2 Situação intramatemática modelada por meio de uma função

quadrática. (EF, EM, ES)

Tarefa 3 Situação extramatemática modelada por meio de uma função

quadrática. (EF, EM, ES)

Tarefa 4 Determinar as raízes de uma equação e de uma função quadrática

sem parâmetros e sob determinada condição. (EF, EM, ES)

Tarefa 5 Determinar máximos e mínimos de uma função quadrática. (EF, EM,

ES)

Tarefa 6 Observar o deslocamento de uma função quadrática quando

variamos os coeficientes a, b e c. (EM, ES)

Tarefa 7 Dada uma situação contextualizada, determinar máximo e mínimo

da função quadrática correspondente. (EM, ES)

Tarefa 8 Dados três pontos do gráfico de uma função quadrática, determinar

a sua representação simbólica. (EM, ES)

Tarefa 9 Estudar o sinal de uma função quadrática sem parâmetro. (EM, ES)

Tarefa 10 Resolver inequações por meio do estudo do sinal de uma função

quadrática. (EM,ES)

Tarefa 11 Estudar a taxa de variação de uma função quadrática. (EM, ES)

Tarefa 12 Esboçar o gráfico de uma função quadrática, envolvendo a noção de

módulo. (EM, ES)

Na sequência, apresentamos exemplos de aplicação da grade para cada uma

das tarefas da tabela 6.

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4.5 A grade de análise

Para a aplicação da grade nos exemplos associados a cada tarefa,

enunciamos a tarefa geral, seguida de um exemplo específico para o qual aplicamos

a grade de análise.

Tarefa 1: Esboçar o gráfico e determinar o vértice de uma função quadrática.

Vamos construir o gráfico da função quadrática definida por y = x2 – 2x – 3 com x real.

Quanto mais valores escolhemos para x, mais fácil fica o traçado da parábola.

Dante, 2008, p.97.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico e numérico.

Técnica: Atribuir os valores de x aleatoriamente para construir o gráfico e, por meio da

fórmula dada, determinar o vértice. Determinar o vértice e as raízes reais, isto é, escolher

três pontos bem determinados. No caso em que a função não apresenta raízes reais, pode-

se escolher um ponto e seu simétrico em relação ao vértice.

Tecnologia: A escolha dos valores de x deve permitir que se construa um gráfico no qual

seja possível identificar o vértice e a concavidade da parábola. No caso da técnica dos três

pontos, calculam-se as coordenadas do vértice por meio da formula e as

raízes a partir da decomposição em fatores, pela soma e pelo produto ou pela fórmula de

Bhaskara.

Teoria: Fatoração de polinômios, estudo das equações, estudo da função quadrática.

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Ostensivos em jogo: gráfico, utilizando uma representação tabela e a representação dos

pontos da tabela no sistema cartesiano ortogonal, gestual (indicação do vértice e

concavidade no gráfico), discursivo (discurso apresentado nas observações) e escriturais

(formalismo identificado na fórmula).

Não ostensivos: gráfico e vértice da função quadrática, raízes de uma equação quadrática,

simetria, parábola.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico e aritmético algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à construção do gráfico de uma função

quadrática e suas propriedades.

Figura 18: Exemplo 1 da tarefa 1 (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

Stocco & Diniz, 2010, p.118

Quadro em que a tarefa é enunciada: geométrico e aritmético algébrico.

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Técnica: As mesmas utilizadas na tarefa acima com o cuidado de distinguir ordenadas e

abscissas e a propriedade de simetria em relação à reta que passa pelo vértice.

Tecnologia: A ênfase é dada à técnica que corresponde ao cálculo do vértice, identificando

o eixo de simetria e dois pontos simétricos em relação ao eixo. São escolhidos exemplos

onde a raiz tem multiplicidade dois ou não existem raízes reais, o que completa o estudo

desenvolvido na 8ª série, quando se calculava o vértice e se identificava o eixo de simetria,

mas não se utilizava a linguagem matemática, isto é, um novo tipo de discurso para

identificar os ostensivos necessários para justificar a técnica empregada. Ao construir o

gráfico, desenvolve-se um discurso que ressalta as propriedades das parábolas em função

de seus coeficientes a e c.

Teoria: Fatoração de polinômios, estudo das equações, estudo da função quadrática.

Ostensivos em jogo: gráfico e vértice da função quadrática, raízes de uma equação

quadrática, simetria, parábola.

Não ostensivos: gráfico e vértice da função quadrática, raízes de uma equação quadrática,

simetria, parábola, ordenada e abscissa para a representação de pontos no sistema

cartesiano ortogonal.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico e numérico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à noção de função quadrática e de gráfico

da função quadrática, disponível em relação ao cálculo do valor numérico da função para

cada valor de x, identificação do ponto respectivo e representação do ponto sobre o sistema

cartesiano ortogonal.

Figura 19: Exemplo 2 da tarefa 1. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 2: Situação intra-matemática modelada por meio de uma função quadrática.

Dante, 2008, p.67

Quadro em que a tarefa é enunciada: geométrico.

Técnica: Determinar as equações correspondentes aos dados, perímetro e área. A partir

das duas equações, encontrar a função quadrática (função área) e resolver a equação do

segundo grau.

Tecnologia: Considerar x como comprimento e y como largura e determinar a equação x +

y = 21 (comprimento + largura é igual à metade do perímetro) por se tratar de um retângulo.

Utilizando as mesmas incógnitas, escrever a equação da área x.y = 104. Resolver o sistema

de equações encontrado para determinar as dimensões do retângulo.

Teoria: estudo das equações e dos sistemas de equações quadráticas.

Ostensivos em jogo: figural (figura dada no enunciado) e escritural (lados e cálculo do

perímetro e da área).

Não ostensivos: noção de perímetro e área de retângulo e cálculo das raízes de uma

equação do segundo grau.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à noção de perímetro e área e disponível

em relação ao conceito de equação do segundo grau, função quadrática e sistema de

equações.

Figura 20: Exemplo da tarefa 2. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 3: Situação extramatemática modelada por meio de uma função quadrática.

Em geral, a trajetória da bola em um chute descreve uma parábola. Supondo que a altura

h(em metros) em que a bola se encontra, tsegundos após o chute, seja dada pela fóruma h=

-t2 + 6t, responda:

a) Como é o gráfico dessa função? Desenhe-o em seu caderno.

b) Qual é o eixo de simetria do gráfico?

c) Em que instante a bola atinge a altura máxima?

d) Qual é a altura máxima atingida pela bola?

e) Qual é o par ordenado que representa o ponto de altura máxima dessa trajetória?

Dante, 2008, p.100

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico e da física.

Técnica: Construir o gráfico, encontrar o eixo de simetria, identificar o máximo da função.

Determinar o vértice e as raízes da equação para h = 0.

Tecnologia: No plano cartesiano, identificar pares ordenados correspondentes à equação

dada e, por meio de observação do gráfico já construído, identificar os vértices na

coordenada x e y.

Teoria: estudo da função e gráfico de uma função.

Ostensivos em jogo: discursivo, gráfico, escritural e gestual.

Não ostensivos: noção de função quadrática.

Quadro em que a tarefa é resolvida: gráfico e algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação às propriedades do gráfico de uma função

quadrática e à noção de variação da altura em relação ao tempo desenvolvido em

Cinemática. Disponível em relação à noção de vértice da função quadrática e associação à

altura máxima.

Figura 21: Exemplo 1 da tarefa 3. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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(UFF-RJ – 2007) Se um cabo suporta um peso homogêneo muito maior que o seu próprio

peso, ele toma a forma de uma parábola. As torres AD e BC de uma ponte pênsil medem

200m e são perpendiculares à pista de rolamento DC, que mede 1000m. O cabo de

sustentação preso às torres nos pontos A e B tem a forma de uma parábola com vértice no

ponto médio O de DC, conforme a figura a seguir.

a) Determine, em relação ao sistema Oxy, a equação da parábola de vértice O que passa

pelos pontos A e B.

b) Se o fio de aço EF de 72m de comprimento é preso ao cabo de sustentação no ponto E é

perpendicular à pista de rolamento no ponto F (conforme mostra a figura), calcule a medida

de FC.

Stocco & Diniz, 2010, p.118

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico e aritmético algébrico.

Técnica: Identificar a função quadrática do tipo y = ax2, substituindo os pares ordenados

encontrados no gráfico.

Tecnologia: Verificar que se a função quadrática possui apenas o parâmetro a e se o

vértice tem coordenada (0,0). Substituir os valores de y e x conforme os pares ordenados

verificados no gráfico e encontrar a equação. Para encontrar a medida FC, pode-se

substituir a coordenada y = 72 para obter a coordenada em x, encontrando a medida OF que

é complemento de FC.

Teoria: estudo das funções e gráfico de uma função.

Ostensivos em jogo: figural (figura dada no enunciado) e escritural.

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Não ostensivos: noção de função quadrática e suas propriedades.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável para a noção de função quadrática, o gráfico e suas

propriedades.

Figura 22: Exemplo 2 da tarefa 3. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

Sabe-se que o lucro total de uma empresa é dado pela fórmula L = R – C, em que L é o

lucro total, R é a receita total e C é o custo toal da produção. Numa empresa que produziu x

unidades, verificou-se que e . Nessas condições,

qual deve ser a produção x para que o lucro da empresa seja máximo?

Dante, 2009, p.87.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: Calcular o vértice da função Lucro, subtraindo as funções receita e custo.

Tecnologia: Subtrair a função R(receita) da função C(custo) para encontrar a função L

(Lucro) e determinar o vértice em x, aplicando a fórmula ou construir o gráfico para

verificar a coordenada em x do vértice.

Teoria: estudo da função quadrática.

Ostensivos em jogo: discursivo e escritural.

Não ostensivos: determinar o vértice de uma equação do segundo grau.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável para a noção de receita e custo, e disponível para a

associação com a noção de função quadrática, vértice, raízes e propriedades dessa função.

Figura 23: Exemplo 3 da tarefa 3. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 4: Determinar as raízes de uma equação e de uma função quadrática sem parâmetros e sob

determinada condição.

Considere agora a equação 9x2 + 9x + 2 = 0.

a) Identifique os coeficientes a, b e c dessa equação.

b) Calcule o valor de

c) Determine os valores de .

d) Quais são os valores da equação 9x2 + 9x + 2 = 0?

e) Verifique se as raízes que você encontrou estão corretas.

Dante, 2008, p.59.

Quadro em que a tarefa é enunciada: aritmético algébrico.

Técnica: encontrar os zeros da equação, substituindo na fórmula.

Tecnologia: determinar os valores dos coeficientes a, b e c. Substituir os valores

encontrados na fórmula de Bhaskara e calcular as raízes da equação. Substituir as raízes

na equação para verificar se as raízes encontradas estão corretas.

Teoria: estudo das funções quadráticas.

Ostensivos em jogo: escritural.

Não ostensivos: noção de função quadrática.

Quadro em que a tarefa é resolvida: aritmético algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à identificação dos coeficientes de uma

equação do segundo grau e em relação à aplicação da fórmula de Bhaskara. Disponível em

relação às operações com números reais, incluindo potenciação e radiciação.

Figura 24: Exemplo 1 da tarefa 4. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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103

Determine as raízes (ou zeros) reais das funções:

a)

b)

c)

d)

e)

f)

Stocco & Diniz, 2010, p.127.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: Soma e produto (ensino fundamental). Aplicar o método para o cálculo das raízes

de Bhaskara (ensino fundamental).

Tecnologia: calcular as raízes da equação quando . Por meio da fórmula de

Bhaskara, substituindo os valores de a, b e c na fórmula ou encontrando quais são as raízes

através do método de soma e produto que obedecem ao padrão

Teoria: estudo das equações quadráticas.

Ostensivos em jogo: escriturais.

Não ostensivos: as quatro operações, operações de potenciação, radiciação e o cálculo

das raízes.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: Mobilizável em relação à noção de equação de segundo grau e

disponível para um método de solução de equação do segundo grau.

Figura 25: Exemplo 2 da tarefa 4. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Dante, 2009, p.77.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: encontrar os zeros da equação.

Tecnologia: tendo a equação no formato , separar o coeficiente a do

primeiro termo, completar o quadrado dos dois primeiros termos e, adicionando o oposto do

valor no terceiro termo, resolver a equação, que fornecerá as raízes. Pode-se utilizar a

fórmula e , substituindo a , que deverá ser resolvida para

encontrar as raízes.

Teoria: estudo das equações quadráticas.

Ostensivos em jogo: escritural.

Não ostensivos: valor numérico, função quadrática.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico e a aritmético algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à função quadrática na forma canônica.

Observação: A forma canônica corresponde a um método que possibilita determinar o

vértice e as raízes da função quadrática, mas os conhecimentos necessários para a

passagem à forma canônica podem dificultar sua utilização por aqueles que já dominam

Bhaskara e dispõem da fórmula do vértice.

Figura 26: Exemplo 3 da tarefa 4. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 5: Determinar máximos e mínimos de uma função quadrática.

Considere a função dada por , para x real.

Faça o que se pede em seu caderno.

a) Copie e complete esta tabela:

b) Construa o gráfico dessa função.

c) Qual é o eixo de simetria desse gráfico?

d) Para que valor de x, o valor de y é mínimo ( o menor possível)?

e) Quais são os zeros da função ?

Stocco & Diniz, 2010, p.127.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: determinar o valor numérico da função descrita, construir o gráfico, determinar o

eixo de simetria, o mínimo e as raízes da função quadrática.

Tecnologia: calcular os valores de y da função quadrática, utilizando os valores de x dados

na tabela, construir o gráfico com as coordenadas do quadro ou encontrando as raízes e o

vértice da função. Observar qual o mínimo da função no gráfico ou utilizar o dado já

encontrado na formula de vértice. Extrair do gráfico da informação das raízes ou determinar

as raízes na fórmula já aplicada de Bhaskara ou soma e produto.

Ostensivos em jogo: escritural, gráfico e discursivo.

Não ostensivos: gráfico e vértice da função quadrática, raízes de uma equação quadrática,

simetria, parábola.

Quadro em que a tarefa é resolvida: gráfico e aritmético algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à construção do gráfico e em relação à

função quadrática.

Figura 27: Exemplo 1 da tarefa 5. (Análise desenvolvida pelo pesquisador) (DANTE, 2008, p.98).

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A função tem valor mínimo igual a 4. Determine m.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: por meio do valor do mínimo da função quadrática dado no enunciado, determinar

o parâmetro m.

Tecnologia: identificar a fórmula de vértice em y para encontrar o m da função quadrática,

ou seja, igualar 4 a .

Teoria: noção de função quadrática.

Ostensivos em jogo: escritural.

Não ostensivos: vértice da função quadrática.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à função quadrática, especificamente ao

vértice e à determinação de das raízes e de delta.

Figura 28: Exemplo 2 da tarefa 5. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Verifique se as seguintes funções admitem valor máximo ou valor mínimo e calcule esse

valor:

a)

b)

c)

Dante, 2009, p.86.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: verificar qual o sinal do parâmetro a e calcular o vértice da função ou esboçar o

gráfico para observar a variação da concavidade.

Tecnologia: Concavidade para cima ou para baixo, segundo o sinal positivo ou negativo do

parâmetro a e mais fechada e mais aberta conforme o valor do parâmetro a (coeficiente de

x2) é maior que 1 ou está entre 0 e 1.

Teoria: estudo das funções quadráticas e de seu gráfico.

Ostensivos em jogo: escritural, discursivo ou gráfico.

Não ostensivos: noção de função quadrática.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação a máximo e mínimo da função quadrática e

técnico em relação ao vértice da função quadrática.

Figura 29: Exemplo 3 da tarefa 5. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 6: Observar o deslocamento de uma função quadrática quando variamos os coeficientes a, b e

c.

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Dante, 2009, p.81.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: esboçar o gráfico para observar a variação da concavidade e da abertura da

parábola em função do sinal do coeficiente e x2.

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Tecnologia: Concavidade para cima ou para baixo, segundo o sinal positivo ou negativo do

parâmetro a e mais fechada e mais aberta conforme o parâmetro a (coeficiente de x2) seja

maior que 1 ou menor que 1 respectivamente.

Teoria: estudo das funções quadráticas e de seus gráficos.

Ostensivos em jogo: gráfico (gráfico dado no exemplo).

Não ostensivos: esboço e construção do gráfico.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação ao esboço e à construção do gráfico e

disponível em relação às propriedades do gráfico em função do coeficiente a.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: esboçar o gráfico para observar a variação da concavidade e da abertura da

parábola em função do sinal do coeficiente e x2. Verificar qual o valor de b a atribuir e qual é

o ramo da parábola quando cruza o eixo y. E o eixo y será interceptado pela parábola no

ponto c da parábola.

Tecnologia: Concavidade para cima ou para baixo, segundo o sinal positivo ou negativo do

parâmetro a e mais fechada e mais aberta conforme o parâmetro (coeficiente de x2) for

maior que 1 ou menor que 1 respectivamente. Se b = 0, a parábola cruza o eixo no vértice,

se b > 0, o ramo da parábola, quando intercepta em y, será crescente, porém, se b < 0, a

parábola cruzará o eixo da ordenadas com o ramo decrescente. O parâmetro c determina

qual ponto será interceptado o eixo y.

Teoria: estudo das funções quadráticas e de seus gráficos.

Ostensivos em jogo: gráfico e discursivo.

Não ostensivos: noção de função quadrática e suas representações.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à construção do gráfico.

Figura 30: Exemplo da tarefa 6. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 7: Dada uma situação contextualizada, determinar máximo e mínimo da função quadrática

correspondente:

(UFG-GO – 2007) Um supermercado vende 400 pacotes de 5 kg de uma determinada

marca de arroz por semana. O preço de cada pacote é R$ 6,00, e o lucro do supermercado,

em cada pacote vendido, é de R$ 2,00. Se for dado um desconto de x reais no preço do

pacote do arroz, o lucro por pacote terá uma redução de x reais, mas, em compensação, o

supermercado aumentará sua venda em 400x pacotes por semana. Nestas condições,

calcule:

a) O lucro desse supermercado em uma semana, caso o desconto dado seja de R$ 1,00.

b) O preço do pacote do arroz para que o lucro do supermercado suja máximo, no período

considerado.

Stocco & Diniz, 2010, p.131.

Quadro em que a tarefa é enunciada: aritmético algébrico.

Técnica: encontrar a expressão matemática, função quadrática, que determinará o lucro

após o desconto e encontrar o vértice da função.

Tecnologia: determinar o lucro, multiplicando o lucro por pacote pela quantidade vendida,

obtendo, assim, R$ 800,00 de lucro. Após um desconto de R$ 1,00, venderá 800 pacotes e

obtendo um lucro de R$ 800,00. A expressão do lucro

Por meio da fórmula de vértice em

, que irá verificar que o lucro máximo será de R$ 900,00.

Teoria: estudo das funções quadráticas.

Ostensivos em jogo: escritural e discursivo.

Não ostensivos: noção de função quadrática.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico e aritmético algébrico.

Nível de conhecimento: disponível em relação à noção de função quadrática e às suas

propriedades.

Figura 31: Exemplo 1 da tarefa 7. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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112

Dante, 2009, p.86.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico e da física.

Técnica: Construir o gráfico, encontrar o eixo de simetria, identificar o máximo da função.

Determinar o vértice e as raízes da equação para h = 0.

Tecnologia: No plano cartesiano, identificar pares ordenados correspondentes à equação

dada e, por meio de observação do gráfico já construído, identificar os vértice nas

coordenadas x e y.

Teoria: estudo da função quadrática e de suas propriedades.

Ostensivos em jogo: discursivo, gráfico, escritural e gestual.

Não ostensivos: noção de função quadrática e suas propriedades.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação às propriedades do gráfico de uma função

quadrática.

Figura 32: Exemplo 2 da tarefa 7. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 8: Dados três pontos do gráfico de uma função quadrática determinar a sua representação

simbólica.

Determine a função quadrática cujo gráfico passa pelos pontos (1,8), (0,3) e (2,-1).

Stocco & Diniz, 2010, p.127.

Quadro em que a tarefa é enunciada: aritmético algébrico.

Técnica: Por meio das coordenadas e da função genérica, determinar três equações nas

variáveis a, b, e c. Construir e resolver um sistema de três equações e três incógnitas.

Tecnologia: Identificar a função quadrática f(x) = ax2 + bx + c ou y = ax2 + bx + c e

substituir as coordenadas (x, y) dos pontos dados, determinando, assim, um sistema de três

equações e três incógnitas. Utilizar um método para solução do sistema. Pode-se aplicar o

método do escalonamento ou o método de Gauss.

Para o exemplo dado, é possível calcular o valor de c, partindo do ponto (0, 3) e substituir na

função f(x) = ax2 + bx + c ou y = ax2 + bx + c antes de utilizar os dois outros pontos. Nesse

momento, recai-se sobre um sistema de duas equações e duas incógnitas para o qual se

pode também aplicar o método de escalonamento ou o método de Gauss ou qualquer outro

método de resolução de sistemas 2x2.

Teoria: estudo das funções quadráticas e suas propriedades e dos sistemas de equações

lineares 2x2 ou 3x3, dependendo da técnica escolhida para desenvolver a tarefa.

Ostensivos em jogo: escritural.

Não ostensivos: equação e sistema de equações lineares.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à noção de função quadrática, e disponível

em relação à determinação do valor numérico da função no ponto dado e à resolução de um

sistema de três equações e três incógnitas ou duas equações e duas incógnitas.

Figura 33: Exemplo 1 da tarefa 8. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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114

Esboce o gráfico da função quadrática f cuja parábola passa pelos pontos (3, -2) e (0,4) e

tem vértice no ponto (2, -4); em seguida, verifique qual das seguintes sentenças

corresponde a essa função:

a)

b)

c)

Dante, 2009, p.84.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico e aritmético algébrico.

Técnica: construir a parábola por meio das coordenadas dada e determinar a função

quadrática correspondente.

Tecnologia: por meio destas três coordenadas, constrói-se a parábola. Pontuando as

coordenadas no plano cartesiano, que fornecerá a parte direita da parábola, considerando o

eixo de simetria, tendo a coordenada do vértice em x e uma raiz. Aplicando a propriedade

de simetria, verifica-se que a outra raiz está na coordenada (0,0), completando a parábola.

Para encontrar a função, considera o deslocamento e a abertura da parábola, pela fórmula

canônica , onde m corresponde ao deslocamento no eixo x, portanto, a

parábola desloca-se duas unidades para a direita e há o deslocamento para baixo em 4

unidades que determina o k e o a será 2, a abertura da parábola e menor em relação à

função x2 e positiva porque a parábola tem concavidade para cima,

desenvolvida será .

Teoria: estudo das equações quadráticas e suas propriedades, estudo da função quadrática

e suas propriedades.

Ostensivos em jogo: gráfico, escritural e discursivo.

Não ostensivos: gráfico e vértice da função quadrática, simetria e parábola.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à função quadrática na forma canônica.

Figura 34: Exemplo 2 da tarefa 8. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 9: Estudar o sinal de uma função quadrática sem parâmetro.

Estude o sinal de cada função.

a)

b)

c)

d)

e)

f)

g)

h)

Stocco & Diniz, 2010, p.131.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico ou aritmético algébrico.

Técnica: Determinar os valores de x D(f) para quais f(x) 0 ou f(x) = 0 ou f(x) 0.

Tecnologia: construir o gráfico de cada uma das funções quadráticas e verificar o valor de ∆

e do parâmetro a, se ∆ for negativo, só depende de a para determinar o sinal da função, se

∆ for igual a zero ou maior que zero, além do parâmetro a, é preciso determinar os valores

das raízes.

Teoria: estudo das funções quadráticas e suas propriedades.

Ostensivos em jogo: gráfico, escritural e discursivo.

Não ostensivos: método para determinar as raízes e estudar o sinal da função.

Quadro em que a tarefa é resolvida: aritmético algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação ao gráfico e à interpretação do sinal da

função.

Figura 35: Exemplo da tarefa 9. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 10: Resolver inequações por meio do estudo do sinal de uma função quadrática.

Stocco & Diniz, 2010, p.133.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: estudar o sinal da função para solucionar a inequação.

Tecnologia: construir o gráfico da função, determinar onde o sinal da função corresponde

com a solicitação do enunciado.

Teoria: estudo da função quadrática.

Ostensivos em jogo: gráfico e escritural.

Não ostensivos: construção do gráfico da função quadrática.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação ao gráfico e sua interpretação.

Figura 36: Exemplo 1 da tarefa 10. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Dante, 2009, p.90.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: resolver a inequação quadrática e estudar o sinal da função para que corresponda

com a solicitação do enunciado.

Tecnologia: encontrar as raízes da inequação e verificar para quais valores em y a

inequação é positiva.

Teoria: estudo da inequação quadrática.

Ostensivos em jogo: gráfico, escritural.

Não ostensivos: função quadrática, inequação.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à construção do gráfico e ao estudo do

sinal da função.

Figura 37: Exemplo 2 da tarefa 10. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 11: Estudar a taxa de variação de uma função quadrática.

Uma partícula é colocada em movimento sobre um eixo a partir do ponto de abscissa -12,

com velocidade inicial de 7 m/s e aceleração constante de -2m/s2. Em quanto tempo a

trajetória mudará de sentido?

O problema pode ser resolvido de duas maneiras:

1ª maneira

A trajetória da partícula é dada em função do tempo por:

Neste caso, a = -2, b = 7 e c = -12. Assim, temos

Ponto máximo:

2ª maneira

Nesse instante, a velocidade é zero, ou seja, v(t) = 0.

Então

Obs:

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Dante, 2009, p.94.

Quadro em que a tarefa é enunciada: aritmético algébrico.

Técnica 1: na primeira maneira, identificar os coeficientes da equação quadrática e resolver

esta equação e, na segunda maneira, aplicar a taxa de variação para encontrar da

velocidade a partir da equação do espaço.

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Técnica 2: Aplicar a noção de taxa de variação. No caso, trata-se de calcular a taxa de

variação da função do espaço em relação ao tempo, determinando, assim, a função da

velocidade em relação ao tempo. Esse trabalho corresponde a determinar a derivada da

função espaço em relação ao tempo por meio do ponto de vista taxa de variação. Essa

escolha corresponde a um dos pontos de vista introduzidos por Thurston (1994) para o

estudo da noção de derivada de uma função.

Tecnologia: na primeira maneira, identificar a equação quadrática do tipo

, onde a é igual a -2, b é 7 e c é -12, formando, assim, a função

. Encontrar o máximo da função, utilizando a fórmula que

obtém o resultado 3,5. Na segunda opção, corresponde ao cálculo da primeira derivada.

Teoria: estudo da função quadrática ou da noção de derivada de uma função enquanto taxa

de variação.

Ostensivos em jogo: escritural e discursivo.

Não ostensivos: noção de máximo e mínimo e noção de taxa de variação.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico ou analítico.

Nível de conhecimento: disponível em relação à função quadrática e à noção de máximo e

mínimo ou disponível em relação à taxa de variação, ao “limite” e à derivada de função

polinomial.

Figura 38: Exemplo da tarefa 11. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Tarefa 12: Esboçar o gráfico de uma função quadrática envolvendo a noção de módulo.

O gráfico ao lado representa uma função modular do tipo

Stocco, 2010, p.227.

a) Qual é essa função?

b) Considerando , qual é o conjunto imagem?

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: determinar a função quadrática, considerando seu módulo.

Tecnologia: encontrar a função quadrática, determinando o simétrico Ox para a parte

negativa do gráfico. Assim, tendo as três coordenadas da parábola, determinar um sistema

linear 3x3ou 2x2 para encontrar os coeficientes da função.

Teoria: estudo da função quadrática e suas propriedades e a noção de módulo.

Ostensivos em jogo: gráfico e escritural.

Não ostensivos: função quadrática e a noção de módulo.

Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à noção de função quadrática e ao módulo.

Figura 39: Exemplo 1 da tarefa 12. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

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Dante, 2009, p.103.

Quadro em que a tarefa é enunciada: algébrico.

Técnica: construir o gráfico da função modular quadrática.

Tecnologia: construir o gráfico das duas funções encontradas, a função como

ambas estão no mesmo plano cartesiano, a parábola da função tem a

mesmas raízes, mas com concavidades opostas. Assim, deve-se considerar apenas a parte

positiva.

Teoria: noção de função quadrática e função modular.

Ostensivos em jogo: gráfico, escritural.

Não ostensivos: estudo da função quadrática e a noção de módulo.

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Quadro em que a tarefa é resolvida: algébrico.

Nível de conhecimento: mobilizável em relação à construção do gráfico da função

quadrática, considerando o módulo desta.

Figura 40: Exemplo 2 da tarefa 12. (Análise desenvolvida pelo pesquisador)

4.6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Neste capítulo, pudemos observar que, ao considerar as três etapas

escolares, Ensinos Fundamental, Médio e Superior, o número de tarefas associadas

à noção de função quadrática e às suas propriedades é reduzido e as novas

necessidades em termos de conhecimentos a serem desenvolvidos podem ser

consideradas como novos modos de organização dos conhecimentos, novos modos

de comunicação e novas expectativas institucionais, se nos referimos ao trabalho de

Gueudet (2008). Por exemplo, para a tarefa de determinação de máximos e mínimos

da função quadrática, quando introduzido nos Ensinos Fundamental e Médio, trata-

se de determinar o vértice da parábola representada por essa função.

No Ensino Superior, em geral, não se recorre ao gráfico e às propriedades da

função quadrática, mas sim se utiliza a noção de derivada. Nesse caso, a nova

técnica para tratamento da mesma tarefa está associada à introdução de um novo

conhecimento e a função quadrática pode ser utilizada como meio de criar as

imagens mentais para o estudo de outras funções e/ou para controlar os resultados

encontrados quando se dispõem dos conhecimentos que se supõe tenham sido

trabalhados nos Ensinos Fundamental e Médio.

Nossa interpretação está associada ao fato de que no Ensino Fundamental,

em geral, trabalha-se a noção de função apenas como uma ação que age sobre um

número e o transforma em outro. Esse trabalho é retomado no ensino médio e, por

meio da representação gráfica da função, sendo assim, é possível tratá-la como um

processo. O objeto função só será desenvolvido no ensino superior quando

considerarmos as propriedades relativas às funções enquanto conjuntos de

elementos sobre os quais podemos efetuar somas, calcular sua derivada, etc. Essa

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124

interpretação está associada ao trabalho de Dubinsky (1991) sobre a transição

processo-objeto.

Assim, Gueudet (2008), mostra que as tarefas associadas à noção de função

quadrática são trabalhadas no Ensino Fundamental, revisitadas nos Ensinos Médio

e Superior, conforme tabela 6, com os diferentes tipos de tarefas. Certamente, o

trabalho desenvolvido nas diferentes etapas escolares pode ser retomado, mas, em

geral, outras técnicas e novos conhecimentos são desenvolvidos por meio dessas

mesmas tarefas.

Finalmente, observamos que o estudo da função quadrática no Ensino Médio

está centrado no quadro algébrico ou aritmético algébrico e que as propriedades

dessa função só são estudadas no quadro analítico no início do Ensino Superior,

quando se introduz a noção de derivada de função polinomial.

No próximo capítulo, apresentamos o estudo das expectativas institucionais

existente para o Ensino e a aprendizagem das noções equação de função

quadrática e no Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior.

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125

CAPÍTULO 5

AS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS EXISTENTES PARA O ENSINO E A

APRENDIZAGEM DAS NOÇÕES DE EQUAÇÃO QUADRÁTICA E

FUNÇÃO QUADRÁTICA NOS ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E

SUPERIOR

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para o estudo das relações institucionais existentes quando se considera a

noção de equação quadrática e a noção de função quadrática, analisamos os livros

didáticos das três etapas escolares do Ensino Fundamental, Ensino Médio e o

Ensino Superior. Este instrumento foi escolhido como objeto de estudo por ser um

material que vem sendo avaliado e distribuído pelo Ministério da Educação - (MEC)

para todas as escolas públicas do Brasil, o que evidencia sua marcante presença

em sala de aula.

Segundo o Guia dos Livros Didáticos – PNLD (BRASIL, 2008), o livro didático

é um elemento do processo de ensino-aprendizagem e, como tal, desempenha um

papel importante de apoio ao trabalho do professor e de seus alunos. De acordo

com o Catalogo Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio – PNLEM

(BRASIL, 2009), o livro didático ainda se apresenta como um instrumento eficiente,

mesmo diante de um mundo marcado pela existência de múltiplos recursos

direcionados à prática pedagógica.

Conforme as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006),

o professor conta com uma sequência já organizada de apresentação dos assuntos

no livro didático, podendo selecionar os temas e resolver como eles serão

trabalhados. Tais orientações ainda ressaltam que, historicamente, a escola se

apoia nesse material porque outros materiais didáticos estão fora do seu contexto ou

são inadequados para se desenvolver as relações institucionais esperadas.

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Então, para a seleção das obras que estudamos, utilizamos os autores que

foram avaliados os seus livros pela proposta apresentada pelo PNLEM – (BRASIL,

2008). Este classificou os pontos fortes e fracos de cada obra para as noções

consideradas nesta pesquisa.

Assim, para o Ensino Superior, também consideramos o livro didático como

uma relação institucional existente, porque ele é indicado nos planos de ensinos por

exigência dos avaliadores institucionais. Além disso, representando uma das fontes

para o desenvolvimento das disciplinas, os livros didáticos são quem auxiliam o

avaliador a compreender a ênfase dada ao desenvolvimento das matérias,

informação esta que fica evidenciada principalmente a partir da bibliografia básica.

Os livros selecionados para a realização de nossa pesquisa são apresentados

na tabela a seguir. Nela, estão indicados: o título, o autor, o ano de publicação e o

nível de ensino a que a obra se destina.

Tabela 7: Obras didáticas analisadas na pesquisa.

Título do livro e Volume Autor Ano Ensino

Tudo é Matemática Luiz Roberto Dante 2008 Fundamental

Matemática – Ensino

Médio Vol. I

Kátia Stocco Smole & Maria Ignez Diniz 2010 Médio

Matemática – Vol. Único Luiz Roberto Dante 2009 Médio

Cálculo – Vol. I James Stewart 2009 Superior

Iniciaremos pela análise feita pelo Guia de Livros Didáticos PNLD – (BRASIL,

2008), o qual é direcionado para os anos finais do Ensino Fundamental e analisa os

livros didáticos de matemática. Nesse Guia, consta a avaliação do Livro do Dante,

“Tudo é Matemática”, coleção esta que é bem avaliada, conforme vamos

demonstrar. Nessa avaliação, é ressaltada a diversidade de representações

matemáticas tanto em língua materna como em relação aos simbolismos

matemáticos, tais como os gráficos, os diagramas, as tabelas, isto é, os ostensivos

de representação escrita. Destacam-se as inúmeras atividades de revisão como um

ponto positivo para a articulação dos conhecimentos novos com os já abordados.

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Ainda considerando a avaliação do PNLD, quando estudamos o objeto de

análise desse trabalho, ou seja, as equações e as funções quadráticas, vemos que é

citado o fato de que, para o tratamento da álgebra na oitava série, a qual

corresponde atualmente ao nono ano, o estudo de funções é apoiado na noção de

correspondência entre grandezas variáveis e os papéis das letras são explicitados

com clareza. Além disso, a linguagem algébrica na obra de Dante é bem

apresentada, a metodologia de ensino-aprendizagem procura estimular a

experimentação e a reflexão, incentivando os estudantes a recorrerem a suas

vivências e a conversar sobre Matemática.

Essa avaliação positiva do livro de Dante (2009) foi importante para a nossa

escolha, em particular, porque os avaliadores colocam em evidência a explicitação

do trabalho matemático realizado por meio tanto da língua materna como dos

simbolismos algébricos. Isto, em nosso trabalho, corresponde aos ostensivos de

representação escrita e oral, observando que os avaliadores dão ênfase à atividade

com os ostensivos para explicitar e com os não ostensivos, ainda que não utilizem

essa nomenclatura.

Já quando consideramos o Catálogo do Programa Nacional de Livro para o

Ensino Médio – PNLEM (BRASIL, 2009), verificamos, na resenha da obra de Stocco

& Diniz (2010), que a apresentação dos conteúdos é clara e articulada, mas que há

imprecisões conceituais em algumas seções da obra, incluindo as noções relativas

às funções. Mesmo assim, no final do trabalho, os avaliadores afirmam que as

imprecisões observadas não afetam a qualidade integral da obra.

Nesse mesmo documento, encontramos a avaliação do terceiro livro, a obra

de Dante (2009) proposta para o Ensino Médio, a qual também foi indicada pelo

PNLEM e, na sua síntese avaliativa, destacam-se a abordagem inovadora dada e a

integração harmônica entre seus tópicos. Além disso, existe uma indicação positiva

ao trabalho desenvolvido, pois não há o esgotamento do conteúdo em único

capítulo, ou seja, os conhecimentos são revisitados e aplicados na introdução de

novos conhecimentos, possibilitando a apropriação dos mesmos pelos estudantes e

a articulação dos diferentes conteúdos.

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Em relação à articulação mencionada, o documento cita o exemplo do

conteúdo de estudo desta pesquisa, pois, na obra, é proposta a articulação entre a

noção de parábola, desenvolvida no estudo das cônicas em Geometria Analítica,

com o estudo da função quadrática. Os avaliadores observam que essa ação

metodológica confere agilidade à interação, o que consideramos uma forma de

revisitar o conteúdo de maneira contextualizada sem repetir o mesmo trabalho

desenvolvido anteriormente.

Os avaliadores observam ainda que são feitas várias articulações entre os

conteúdos matemáticos e outras áreas do conhecimento e destacam como um dos

exemplos a relação entre função quadrática e movimento uniformemente variado.

Como ponto negativo, a avaliação dessa obra de Dante trouxe a falta das noções de

limite e derivada, as quais são propostas pelos documentos oficiais para serem

trabalhadas no Ensino Médio.

Quanto ao Ensino Superior, escolhemos analisar o livro de Cálculo de Stewart

(2000), escolhido por ser uma obra, em geral, adotada na disciplina de Cálculo

Diferencial e Integral I tanto para os cursos de Licenciatura como para os outros

cursos das ciências exatas. Isso se confirma porque essa obra é recorrente nos

diferentes cursos por meio da bibliografia básica ou complementar.

Para as análises dos livros didáticos, escolhidos estruturamos nosso estudo

em torno das seguintes questões:

Quais os quadros (numérico, algébrico, aritmético algébrico e geométrico) são

utilizados nos enunciados das tarefas propostas, resolvidas e nas soluções

expostas?

Quais as técnicas desenvolvidas no processo de resolução dessas tarefas?

Quais os conhecimentos prévios são esperados dos estudantes para a

introdução da noção de equação quadrática no ensino fundamental e para a

noção de função quadrática no Ensino Médio?

Quais os ostensivos e não ostensivos privilegiados nas técnicas propostas?

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Existe uma coerência entre as relações institucionais esperadas, ou seja,

entre o que é proposto para o Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino

Superior?

Quadro 1: Questões que orientam a organização da análise

Após as considerações iniciais acima e as justificativas necessárias para as

indicações escolhidas, iniciamos, assim, nossas análises das obras mencionadas.

5.2 ANÁLISE DA OBRA DE DANTE (2008) – TUDO É MATEMÁTICA

O livro de Dante para o Ensino Fundamental apresenta, no capítulo 3, sob o

título de Equações e Sistemas de Equações do 2º grau, a noção de equação por

meio de uma situação que relaciona as diagonais de polígonos convexos com a

equação de segundo grau. Assim, o autor faz uso de uma situação intramatemática,

isto é, uma situação que envolve geometria e área que são noções do contexto

matemático.

Nessa situação, é preciso reconhecer uma equação do 2º grau e a resolução

incompleta desta, o autor destaca a partir de um discurso tecnológico, que as

equações do 2º grau aparecem principalmente em problemas de duas dimensões,

em particular, naqueles que envolvem áreas. Observamos, aqui, que outras

situações intramatemáticas são apresentadas aos estudantes, o que possibilita a

articulação entre os quadros geométricos e algébricos, tornando o primeiro mais rico

e elaborado em termos de significado e possibilitando a utilização de uma tecnologia

que já faz parte do contexto dos estudantes.

Na sequência, são apresentados alguns métodos de resolução da equação

de 2º grau. O primeiro deles é a fatoração do trinômio quadrado perfeito, o qual,

nesse caso, supõe-se que já tenha sido trabalhado no ano anterior. O autor faz

relação dos termos do trinômio e os da forma fatorada, recaindo em uma equação

do 1º grau e encontrando, assim, as raízes. Verificamos, mais uma vez, a utilização

de um conhecimento prévio para a introdução de um novo conhecimento, o que,

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conforme colocamos, torna o conhecimento prévio mais rico e elaborado em termos

de significado e serve de contexto para a introdução de um novo saber.

O segundo método de resolução da equação de 2º grau ocorre quando o

primeiro membro não é um trinômio quadrado perfeito, o que significa que há a

necessidade de “completar quadrado” para resolver esse tipo de equação,

relacionado com a interpretação geométrica do que é chamado de “completamento

de quadrado”, como podemos observar no quadro abaixo. Ainda nesse caso,

observamos o uso do conhecimento prévio para a introdução de um novo

conhecimento. Na figura que segue, podemos visualizar o raciocínio proposto pelo

autor.

Figura 41: Exemplo de “completamento de quadrado” (DANTE, 2008, p.56)

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O autor apresenta a fórmula de Bhaskara como uma generalização da ideia

de “completamento de quadrado” por meio de uma mudança entre os quadros

algébrico e geométrico, ressaltando que vale para qualquer equação do 2º grau, isto

é, todas as equações do 2º grau (incompletas e completas) podem ser resolvidas

pela fórmula apresentada. O autor utiliza ainda os exemplos a seguir para deduzir a

fórmula de Bhaskara, o que nos permite observar, a necessidade de recorrer ao

ostensivo da língua natural para explicitar a tecnologia desenvolvida e concluir sobre

a generalização permitida.

Figura 42: Demonstração da fórmula de Bhaskara. (DANTE, 2008, p.58)

Assim, como forma de conduzir os estudantes à escolha que lhes parece

mais adequada, o autor propõe nos exercícios que os alunos utilizem os dois

métodos, isto é, o “completamento de quadrado” e a fórmula de Bhaskara. Após, o

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132

escritor apresenta um quadro-resumo das etapas para resolver pela fórmula.

Quadro-resumo este que segue abaixo e que outra vez mostra a importância do

discurso tecnológico ou da tecnologia necessária para justificar os diferentes tipos

de técnicas desenvolvidas.

Figura 43: Quadro resumo da resolução da fórmula de Bhaskara. (DANTE, 2008, p.61)

As tarefas propostas pelo autor, após este ponto, envolvem repetição das

técnicas apresentadas, portanto, são exercícios técnicos, mas exigindo do estudante

que mobilize conhecimentos anteriores para resolver já que não é explícita a

maneira de resolução, como, por exemplo, determinar o parâmetro para que a

equação seja de 2º grau. Assim, observamos, em relação às técnicas associadas à

noção de equação quadrática, as exigências se restringem apenas aos níveis

técnico e mobilizável.

O autor introduz ainda a técnica de resolução por meio da soma e do produto.

Antes de demonstrar a fórmula, ele apresenta uma tarefa que os estudantes devem

resolver e, em seguida, verificar se as raízes das equações obedecem ao padrão

e . O autor propõe que esse trabalho se realize, utilizando a estratégia

do trabalho em grupo, ou seja, que os estudantes discutam a solução da questão e

as possibilidades de utilizar a nova técnica. Isto ratifica a nossa constatação de que

é essa discussão que justifica a nova técnica, ou seja, é ela que corresponde à

tecnologia necessária para a sua compreensão.

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133

O autor segue, abordando outros temas ainda no capítulo “Equações e

Sistemas de Equações do 2º grau”. Entre eles, destacamos tarefas do tipo

determinar uma equação do 2º grau, dadas as suas raízes, utilizando o exemplo

clássico de área. O livro em questão introduz também equações biquadradas,

equações irracionais e sistemas com equações do 2º grau. Finaliza-se o capítulo

com várias tarefas às quais chama de revisão cumulativa e que envolve a área de

física. Os diferentes temas podem ser trabalhados de forma autônoma pelo

professor e exigem também um discurso tecnológico adequado para a sua

explicitação. Para esses novos conhecimentos, os estudantes devem ultrapassar os

níveis técnico e mobilizável quando tratam questões associadas a outras ciências,

em que é preciso dispor de situações de referência para identificar, nas situações

propostas, que é a equação do segundo grau que permite modelá-las e resolvê-las.

No capítulo que segue, cujo título é “Explorando a ideia de função”, são

destinadas apenas seis páginas para a introdução do conceito de função quadrática.

Primeiramente, o autor mostra como identificá-la e, logo após, exemplifica como

esboçar um gráfico da função quadrática. Nas observações quanto ao gráfico,

fornece a fórmula do vértice. Desse modo, observamos que, por meio dos

ostensivos de representação algébrica, da tabela e do gráfico, o autor considera a

questão da proporcionalidade para a função linear, define função quadrática a partir

do ostensivo da língua natural e apresenta sua lei de formação, utilizando os

ostensivos de representação algébrico, tabela e gráfico. Isto permite tratar uma

tarefa sobre grandezas direta e inversamente proporcionais e grandezas não

proporcionais articuladas com a noção de função. Essa proposta vai ao encontro

com as indicações apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o

Ensino Fundamental.

Em mais uma parte da obra o autor propõe a estratégia do trabalho em grupo

e a discussão entre os seus componentes para resolver a seguinte tarefa: “Que

relação existe entre o coeficiente a e a posição da parábola? A parábola corta o eixo

x e depois o eixo y em quantos pontos? Como podemos descobrir os pontos de

intersecção da parábola com o eixo x e com o eixo y? Em que casos a parábola e o

vértice passa pelo ponto (0,0)?” Essa discussão, que chama de “Trocando idéias”,

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134

não é formalizada pelo autor, ficando a cargo do professor utilizar a tecnologia

adequada para explicitá-la.

Em suma, podemos afirmar que consideramos que a obra analisada

apresenta uma introdução da noção de função quadrática adequada ao nível de

escolaridade do estudante. Os quadros são articulados nas tarefas denominadas

“exercícios resolvidos ou propostos e solucionados”. Entre eles, identificamos os

quadros geométrico, algébrico, aritmético algébrico, numérico e das outras ciências,

em particular da física. Na maioria das vezes, é necessário que o estudante mobilize

conhecimentos anteriores, o que evidencia que o aluno necessita de conhecimentos

prévios, como a equação do 1º grau e, para as aplicações, em especial, nas

articulações dos diferentes quadros, é preciso dispor de outros conhecimentos que

ultrapassam a simples identificação e solução de uma equação quadrática.

Na sequência apresentamos a análise da obra de Stocco & Diniz (2010).

5.3 ANÁLISE DA OBRA DE STOCCO & DINIZ (2010) – MATEMÁTICA ENSINO

MÉDIO – VOLUME I

As autoras iniciam o capítulo 5, com o título de “Funções quadráticas”,

relacionando a utilidade da função quadrática na Física. Para isso, tratam da relação

da posição de um objeto em função do tempo, ou seja, descrevem movimentos.

Assim, elas começam o capítulo, contextualizando o conceito de função quadrática,

utilizando um gráfico que descreve o lançamento de um foguete e sua queda,

identificando a altura máxima, o tempo para o alcance desta e para o percurso total.

Como vemos, trata-se de uma situação contextualizada, obedecendo à

proposta dos Parâmetros, mas um pouco avançada para os estudantes do Ensino

Médio que, em geral, ainda não dispõem dos conhecimentos de física necessários

para justificar a tarefa. Observamos, portanto, que, no início do Ensino Médio, as

noções de função quadrática e de movimento uniformemente variado são novas e

que, como tais, dependem de outros conhecimentos prévios para serem

desenvolvidas.

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Verificamos que, nas instruções para o professor, as autoras ressaltam que

estão dando continuidade ao estudo sistemático das funções algébricas. E a simetria

de reflexão foi escolhida para relacionar ponto do gráfico com soluções da equação

da função quadrática, o que permite dar significado aos pontos especiais do gráfico

a partir da percepção dinâmica de propriedades geométricas da parábola (STOCCO

e DINIZ, 2010, p. 116).

Para isto, as escritoras mostram que o gráfico de uma função quadrática

corresponde a uma curva chamada parábola, noção introduzida quando se

considera o conceito de cônica em Geometria Analítica. As autoras também

propõem a estratégia de trabalho em grupo para o desenvolvimento do conteúdo,

pois elas indicam a possibilidade do professor organizar os estudantes para construir

pontos de uma parábola, com o intuito de, que por meio da reflexão sobre a figura

encontrada, eles possam entender melhor o significado da curva e sua relação com

as funções quadráticas.

O próximo exemplo exposto mostra a necessidade de um discurso

tecnológico que justifica a articulação entre o quadro algébrico e geométrico

proposto. Para isso, são necessários os ostensivos da língua natural e de

representação figural e gráfico.

Após a articulação entre os quadros geométricos e algébricos, as autoras

utilizam os ostensivos de representação algébrica, tabela e gráfico para construir o

gráfico da parábola e determinar suas propriedades por meio do ostensivo visual.

Nesse caso, os estudantes devem dispor de conhecimentos sobre a representação

de pontos no sistema cartesiano ortogonal.

A figura abaixo deixa evidente a necessidade de utilização dos ostensivos de

representação anunciada acima para descrever os não ostensivos que lhe são

associados quando da explicitação da técnica ou da teoria por meio de uma

tecnologia adequada.

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Figura 44: Construção da parábola. (STOCCO & DINIZ, 2010, p.117)

Explicitando o trabalho desenvolvido, observamos que, após a articulação de

quadros, as autoras sugerem a construção do gráfico a partir de uma função

quadrática definida por meio do ostensivo de representação algébrica e propõem a

passagem ao ostensivo de representação tabela, especificando a tecnologia

necessária, ou seja, devem-se atribuir valores para a variável x e determinar os

respectivos valores de y. A partir da tabela encontrada, representam-se os pontos no

sistema cartesiano ortogonal e unem-se os pontos para determinar a forma do

gráfico da função dada. Novamente, observamos a necessidade de um discurso

tecnológico adequado para explicitar o esboço do gráfico, identificar a concavidade

da parábola, seu vértice, suas raízes e a intersecção nos eixos, como podemos

observar na figura abaixo.

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Figura 45: Construção da parábola por meio de tabela. (STOCCO & DINIZ, 2010, p.118)

As autoras indicam ainda a possibilidade de uso do recurso de novas

tecnologias como o software livre “Winplot”, para ampliar a alfabetização dos

estudantes na linguagem informática e para que eles não tenham que traçar o

gráfico manualmente. Nesse caso, é preciso dispor de conhecimentos sobre a

utilização do software que corresponde a um novo ostensivo de representação para

o estudo das funções, o que exige um novo discurso para justificar o trabalho

matemático realizado.

Na sequência, as autoras revisitam a técnica de Bhaskara para determinar as

raízes da função sem retomar as outras técnicas trabalhadas no Ensino

Fundamental. Isto demonstra que as autoras limitam as possibilidades de tornar

essas técnicas mais ricas e diferenciadas em termos de significado, o que é deixado

a cargo dos estudantes. Na realidade, o objetivo, ao trabalhar com os zeros da

função, é escolher apenas três pontos para esboçar o gráfico de forma a mobilizar

as propriedades e não desenvolver apenas a técnica de representação de pontos no

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sistema cartesiano ortogonal. Essa nova técnica supõe um avanço em relação à

anterior, pois se espera que, ao construir o gráfico por meio de suas propriedades,

seja possível analisá-lo e encontrar sua representação algébrica quando necessário.

O trabalho de Duval (2010) mostra que essa conversão entre as

representações algébrica e gráfica não é simples e não se obtêm os mesmos

resultados nos dois sentidos. Em geral, a passagem da representação gráfica para a

representação algébrica exige outros conhecimentos como, por exemplo, dispor de

um método de solução de sistemas de três equações e três incógnitas.

Após resolver e propor algumas tarefas, segue uma breve explanação

referente ao vértice da parábola que é definido como valor máximo ou mínimo. As

tarefas de aplicação dessas noções podem auxiliar a compreender a sua

funcionalidade e a criar imagens mentais quando da introdução da noção de

derivada no Ensino Superior, antes da generalização das propriedades para outros

tipos de funções.

Por fim, as autoras tratam do estudo do sinal da função quadrática, o que lhes

permite introduzir a noção de inequação do 2º grau. Esta corresponde a um

conhecimento prévio esperado dos estudantes ao iniciar o Ensino Superior, pois

esse saber é necessário quando se deseja determinar o domínio de algumas

funções.

Na sequência, apresentamos uma breve análise da obra de Dante (2009)

para o Ensino Médio.

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5.4 ANÁLISE DA OBRA DE DANTE (2009) – MATEMÁTICA – VOLUME ÚNICO

Ao introduzir o estudo da noção de função quadrática, o autor utiliza uma

situação-problema que, como na proposta para o Ensino Fundamental, é uma tarefa

clássica sobre área. Podemos dizer que a escolha de uma situação contextualizada

intramatemática pode auxiliar a introdução da nova noção, pois se trata de um

conhecimento prévio suposto disponível, que poderá ficar mais rico e elaborado em

termo de significado, conforme destaca Moreira (2005).

Após esse trabalho, Dante (2009) considera diversas tarefas em que a noção

de função quadrática é colocada como disponível e necessária para modelar e

resolver tarefas intra e extramatemáticas como, por exemplo, situações associadas à

geometria, à física e ao esporte. O autor também supõe que os conhecimentos

sobre função quadrática, já desenvolvidos no Ensino Fundamental, possam ser

mobilizados na solução de tarefas que exigem o nível disponível desse saber para a

sua modelagem e solução, o que expõe a ênfase dada ao autor a esse tipo de

tarefa.

O autor revisita as técnicas “completamento de quadrado” e “Bhaskara”,

introduzidas Ensino Fundamental para determinar os zeros da função quadrática,

ressaltando que essas técnicas já foram estudadas no nono ano do Ensino

Fundamental, quando se iniciou o estudo das equações do 2º grau. Nesse momento,

a autor faz uma conexão com o desenvolvimento histórico da noção de equação

quadrática, um dos problemas que motivou o estudo dessas equações, ou seja, a

determinação de dois números conhecendo sua soma s e seu produto p. Nesse

caso, o autor explicita para os leitores um dos recursos indicados nos Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, isto é, utilizar recursos da história da

matemática para introduzir diferentes noções e conceitos.

Além dessas técnicas, o autor introduz um novo olhar para determinar os

zeros da função, o vértice e seu valor máximo ou mínimo, que é a forma canônica da

função quadrática. A explicitação da nova técnica se dá por meio de um discurso

tecnológico específico que permite que professores e estudantes comparem com as

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técnicas anteriores e escolham aquela que lhes parece mais simples e adequada

quando da solução das diferentes tarefas que lhes são proposta.

Para introduzir o gráfico da função quadrática, o autor recorre à noção de

parábola, conforme a definição desenvolvida no quadro da geométrica analítica. O

gráfico é explorado na forma canônica do tipo , o que auxilia a

compreender e visualizar a relação entre a variação dos parâmetros e a variação da

posição do gráfico no sistema cartesiano ortogonal. Esse estudo pode auxiliar na

análise dos gráficos de outras funções, em especial, no estudo da variação de uma

função por meio de seu gráfico e do gráfico de sua derivada para os estudantes que

têm acesso ao Ensino Superior.

Na figura abaixo, o autor considera as possíveis configurações associadas à

variação dos parâmetros, utilizando um discurso tecnológico para explicitar as

mudanças que podem ser observadas por meio do ostensivo visual e gráfico.

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Figura 46: Gráfico e a associação à variação dos parâmetros. (DANTE, 2009, p.83)

Ainda no mesmo capítulo, é abordado o estudo do sinal da função quadrática,

que será considerado como conhecimento prévio disponível para a introdução da

noção de inequações do 2º grau e inequações simultâneas, inequação-produto e

inequação-quociente. Podemos ainda considerar que o autor trata de modo implícita

da noção de derivada da função quadrática ao definir taxa de variação dessa função

sob o ponto de vista taxa conforme Thurston (1994). Para as aplicações da noção de

função quadrática, Dante dá ênfase às tarefas sobre Movimento Uniformemente

Variado (MUV), o qual nem sempre é desenvolvido, na disciplina de física, ao

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142

mesmo tempo em que se introduz a noção de função quadrática e suas

propriedades, podendo, assim, representar um elemento complicador em função da

não disponibilidade desse conhecimento.

Na sequência, apresentamos uma breve discussão sobre as necessidades de

trabalho com a noção de função quadrática nos cursos de ciências exatas na

disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I nos primeiros anos do Ensino Superior.

5.5 ANÁLISE DA OBRA DE STEWART (2000) – CÁLCULO – VOLUME I

O primeiro capítulo da obra de Stewart (2000) trata de Funções e Modelos e

inicia com o subtítulo: “Quatro maneiras de representar uma função”, as quais,

segundo o autor, são: verbalmente descritas com palavras; numericamente, por

meio de tabelas de valores; visualmente, através de gráficos: e algebricamente,

utilizando uma fórmula explícita. Isto nos permite dizer que encontramos, nesse

caso, a necessidade do autor de explicitar os ostensivos necessários para o

desenvolvimento da noção de função, mesmo não utilizando essa nomenclatura.

O autor afirma na introdução que é proveitoso ir de uma representação para a

outra, se a função puder ser representada das quatro maneiras. Em outras palavras,

podemos visualizar nessa afirmação a questão da conversão de representações,

mesmo que não seja enunciada nesses termos, a qual é considerada por Duval

(2010) como um meio eficaz para o acesso ao objeto.

Assim, consideramos que mesmo não tendo essa intenção explicitamente, a

obra de Stewart (2000) é moderna e leva em conta pesquisas recente de Educação

Matemática, ao tratar a questão da articulação entre as diferentes formas de

conhecimento, em particular, das representações de um mesmo objeto matemático

que vem sendo alvo de diversas pesquisas nos últimos anos.

Observamos ainda que o autor, também na introdução, relatou que ele e seu

assistente dedicaram um bom tempo para pesquisar dados do mundo real em

bibliotecas, contatando companhias e agências governamentais e a internet para

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introduzir, motivar e ilustrar os conceitos do cálculo. Essa colocação do autor coloca

em evidência a sua preocupação com as questões do ensino e da aprendizagem de

Cálculo, o qual é considerado uma das disciplinas mais problemáticas para os

estudantes que iniciam o Ensino Superior.

O autor também aborda funções definidas por partes, simetrias, funções

crescentes e decrescentes, função linear quando tratam de modelos lineares,

funções polinomiais, apresentando o gráfico de uma função quadrática e de uma

função cúbica, entre outras. Como podemos observar, na figura abaixo, o autor

supõe que os conhecimentos associados à noção de função polinomial, suas

representações e suas propriedades sejam disponíveis para os estudantes que

iniciam o Ensino Superior, deixando a cargo dos discentes o estudo mais

aprofundado quando estes sentirem esta necessidade.

Observamos, assim, que, para os cursos de Licenciatura, é necessário que o

professor motive seus estudantes para revisitar a noção de função quadrática, a qual

servirá de base para formar as imagens mentais associadas às novas noções a

serem introduzidas. Além disso, tal retomada no conteúdo pode auxiliar os alunos a

compreenderem as possibilidades de aplicação dessa função tanto em tarefas

intramatemáticas como extramatemáticas, tal como as identificadas nos livros

didáticos escolhidos para nossas análises tanto para o Ensino Fundamental como

para o Ensino Médio.

No capítulo que segue, introduz as noções de Limite e Derivada onde o objeto

função é utilizado explicitamente nas tarefas propostas e o foco está na noção de

limite e derivada de uma função.

Diante dessas considerações, podemos concluir que a forma como a noção

de função quadrática pode ser revisitada no Ensino Superior depende dos

conhecimentos prévios disponíveis para as diferentes turmas de estudantes, das

expectativas das instituições de Ensino Superior, dos cursos onde ela pode ou deve

ser abordada, bem como das condições e restrições encontradas pelos professores

para o desenvolvimento desse trabalho.

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Na sequência, apresentamos algumas considerações sobre as análises

efetuadas.

5.6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Ao longo deste capítulo, demonstramos o tratamento dado à noção de função

quadrática em alguns materiais, através da análise de quatro livros didáticos. Isto

nos permitiu relatar as diferentes formas de abordagem nos Ensinos Fundamental,

Médio e Superior para os conceitos trabalhados nesta pesquisa. Para tanto,

elaboramos cinco questões norteadoras, as quais são relembradas a seguir.

1. Quais os quadros (numérico, algébrico, aritmético algébrico e geométrico)

são utilizados nos enunciados das tarefas, resolvidas e propostas, como

também nas suas soluções?

2. Quais as técnicas desenvolvidas no processo de resolução dessas

tarefas?

3. Quais os conhecimentos prévios esperados dos estudantes, para a

introdução da noção de equação quadrática no ensino fundamental e para a

noção de função quadrática no Ensino Médio?

4. Quais os ostensivos e não ostensivos privilegiados nas técnicas

propostas?

5. Existe uma coerência entre as relações institucionais esperadas, ou seja,

entre o que é proposto para o Ensino Fundamental, o Ensino Médio e Ensino

Superior?

Quadro 2: Questões que norteiam a pesquisa

Nossa análise nos permitiu constatar que os livros escolhidos para o Ensino

Fundamental, Dante (2008), e para o Ensino Médio, Stocco & Diniz (2010) e Dante

(2009), abordam todos os quadros: numérico, algébrico, aritmético algébrico e

geométrico, sendo que nas obras de Dante tanto para o Ensino Fundamental como

para o Ensino Médio há uma maior articulação entre os quadros geométricos e

algébricos. Consideramos também que as tarefas identificadas no capítulo IV como

sendo aquelas habitualmente desenvolvidas no Ensino Fundamental, tais como

esboçar o gráfico, determinar o vértice, as raízes e o máximo e mínimo de uma

função quadrática, são trabalhadas na obra de Dante (2008).

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Para o Ensino Médio, nas obras de Dante (2009) e de Stocco & Diniz (2010),

além do trabalho com as tarefas citadas acima, há outras tarefas no estudo da

noção de função quadrática como, por exemplo, dados três pontos do gráfico de

uma função quadrática, determinar a sua representação simbólica. Porém, Dante

(2009) segue as sugestões das Orientações Curriculares para o Ensino Médio

(BRASIL, 2006), trabalha com a função quadrática na forma canônica, possibilitando

cumprir mais uma tarefa esperada para o Ensino Médio: o estudo do deslocamento

do gráfico de uma função quadrática quando variamos os coeficientes a, b e c.

Em relação às técnicas, a fórmula resolutiva da equação do 2° grau também

denominada de fórmula de Bhaskara é, em geral, mais aplicada para encontrar as

raízes da equação quadrática e a fórmula de vértice para os máximos e mínimos da

mesma. Na obra de Stocco & Diniz (2010) essa técnica é privilegiada.

Nossa experiência mostra que os estudantes, em geral, abandonam as outras

técnicas, após apreender a fórmula de Bhaskara. Assim, cabe ao professor

desenvolver um discurso que justifique as diferentes técnicas, bem como a

proposição de outras tarefas que mostrem a importância de cada uma delas.

Ressaltamos ainda que os não ostensivos equação quadrática e a função

quadrática são fundamentais para o desenvolvimento das tecnologias associadas às

técnicas utilizadas e para as articulações de quadros propostas e que, para o

trabalho matemático em jogo, são manipulados os ostensivos figural, gestual,

discursivo, gráfico, escritural. Observamos, que para introdução da noção de função

quadrática, o ostensivo figural, que é a representação de uma figura geométrica, e

escritural, que é a representação algébrica da área e perímetro dessa mesma figura,

são os mais manipulados, mas as técnicas aplicadas requerem, em geral, outros

ostensivos e não ostensivos para o seu planejamento, a sua execução, justificativa e

para o seu controle.

Normalmente, para a introdução da noção de equação quadrática no Ensino

Fundamental e para a noção de função quadrática no Ensino Médio, o nível de

conhecimento esperado é o mobilizável. Isto porque os estudantes precisam

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mobilizar conhecimentos prévios, como o valor numérico de uma função, a

representação gráfica de uma função em um sistema cartesiano ortogonal e as

noções de perímetro e área, ainda que se faça necessário, muitas vezes, que o

professor revisite esses conceitos.

Para o Ensino Superior, é esperado do estudante o nível disponível em

relação às noções de equação quadrática e função quadrática assim como das

outras noções que lhe são associadas. Faz-se preciso ainda dispor de algumas

situações de referência como, por exemplo, determinar a área máxima, que

permitam identificar uma tarefa correspondente a uma situação contextualizada e

modelá-la por meio de uma função quadrática.

Observamos na obra de Stewart (2000), escolhida como representante de

uma relação institucional usual para o Ensino Superior, que as tarefas nela

propostas não apresentam nenhum caminho ou ferramenta para auxiliar a identificar

a função que permite modelar a tarefa proposta.

Por fim, pudemos considerar que existe coerência entre as relações

institucionais esperadas e existentes para os Ensinos Fundamental e Médio,

verificadas nas obras analisadas. Isto ocorre em particular nas de Dante (2008 e

2009) que vêm ao encontro das propostas e orientações desenvolvidas nos

Parâmetros Curriculares Nacionais.

Já para o Ensino Superior ressaltamos que o trabalho desenvolvido nos

Ensino Fundamental e Médio é suposto disponível e, assim, as funções, em nosso

caso, a função quadrática, são consideradas como uma ferramenta explícita do

trabalho matemático a ser desenvolvido. O autor analisado apenas alerta para a

importância das diferentes representações das funções, mas não propõe nenhuma

tarefa específica. Assim, fica a cargo dos professores, em função dos

conhecimentos prévios de seus estudantes, revisitarem determinadas noções ou

propor aos discentes que façam essa tarefa, utilizando um material adequado do

Ensino Médio.

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Nesse sentido, lembramos que nem tudo pode ser revisto e que os

estudantes devem ser responsáveis e ter certa autonomia para sanar suas

dificuldades. Em especial, quando se trata de estudantes do Ensino Superior, afinal,

o objetivo do Ensino Médio é formar um cidadão autônomo e responsável por seu

próprio desenvolvimento.

Na sequência, apresentaremos as considerações finais e as perspectivas

futuras para o presente trabalho. Com ele, esperamos poder auxiliar os professores

a repensar e efetuar suas escolhas em relação à abordagem que podem

desenvolver sobre a noção de equação quadrática e de função quadrática em razão

dos conhecimentos prévios de seus diferentes grupos de estudantes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS

As informações obtidas nos capítulos anteriores nos permitiram finalizar este

estudo com algumas considerações que buscam responder as questões colocadas

no início da pesquisa. Além disso, ponderaremos também perspectivas futuras com

o intuito de que a reflexão aqui desenvolvida possa ter continuidade em trabalhos

futuros.

Nossa questão central de pesquisa era saber se o estudo das relações

institucionais esperadas e existentes para o ensino e a aprendizagem da noção de

função quadrática tem como auxiliar a compreender quais as tarefas trabalhadas no

Ensino Médio podem servir de apoio ao trabalho com esta função no Ensino

Superior. Dessa forma, analisamos as relações institucionais esperadas para a

introdução da noção da função quadrática, via documentos oficiais, que nos

possibilitaram identificar quais as propostas institucionais dos locais estudados, a

partir, principalmente, das contribuições teóricas de Bosch e Chevallard (1999).

Segundo esses autores, cada instituição tem uma forma de prática da matemática.

Verificamos que os documentos oficiais também podem ser considerados como uma

instituição que, conforme demonstramos, indicam diferentes maneiras de trabalho

com uma determinada noção.

Em relação às análises das propostas institucionais observamos que, para o

Ensino Fundamental, temos o PCN (BRASIL, 1997) que recomenda o trabalho com

equação quadrática apenas após o trabalho com situações-problemas. Estas devem

permitir que os estudantes desenvolvam suas próprias estratégias, utilizando seus

conhecimentos prévios disponíveis para então trabalhar as técnicas convencionais

de resolução. Esse documento já traz uma orientação de que conteúdos trabalhar

nas diferentes séries, incluindo exemplos específicos de como tratar determinadas

noções para atender à proposta de desenvolvimento de determinadas capacidades

com os estudantes do Ensino Fundamental.

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Para comparar o trabalho proposto pelos documentos oficiais, escolhemos o

livro didático de Dante (2008), o qual foi avaliado à luz das propostas indicadas nos

documentos oficiais. A obra é norteada pela metodologia e pelas estratégias de

ensino-aprendizagem indicadas, procurando estimular a experimentação e a

reflexão, incentivando os estudantes a recorrerem a suas vivências e a conversar

sobre Matemática. Ainda ao encontro das relações institucionais apresentadas no

PCN (BRASIL, 1997), verificamos que a obra apresenta a introdução de função

quadrática de forma articulada com conhecimentos prévios adequados ao nível de

escolaridade.

No decorrer do trabalho, consideramos também que o estudo da “equação

quadrática” e a introdução da noção de “função quadrática e suas representações”,

conforme proposta e desenvolvimento apresentados na obra de Dante (2008). Isto

respondeu parte da segunda questão que trouxemos, a qual trata da transição do

Ensino Fundamental para o Ensino Médio, como segue: “Quais as relações

institucionais existentes para o ensino e a aprendizagem da noção de função

quadrática e como elas se articulam com as mesmas relações para a noção de

equação quadrática desenvolvida no Ensino Fundamental e a noção de derivada no

Ensino Superior?”. Tal como demonstramos, o trabalho que se supõe ter sido

desenvolvido no Ensino Fundamental auxilia no tratamento da noção de função

quadrática no Ensino Médio, incluindo a questão da articulação e flexibilização dos

conhecimentos matemáticos desenvolvidos no Ensino Fundamental e retrabalhados

no Ensino Médio.

Observamos aqui que a utilização do quadro geométrico como recurso para a

contextualização é uma ferramenta importante que deve ser revisitada nos Ensinos

Médio e Superior e que auxilia na proposta de novos contextos e na formação das

imagens mentais pelos estudantes. Consideramos que a relação institucional

existente, da forma como é desenvolvida na obra analisada, prepara o estudante no

Ensino Fundamental para incorporar a noção de função quadrática no Ensino Médio

e para suas aplicações nas etapas posteriores.

Considerando mais especificamente o Ensino Médio, analisamos duas obras,

a saber: Stocco & Diniz (2010) e Dante (2009), a partir das quais pudemos constatar

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que ambas seguem a proposta do PCNEM (BRASIL, 2000), PCN + (BRASIL, 2002)

como também das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006). A

última delas norteia o trabalho especificamente da noção da função quadrática, o

que nos mostrou que existe coerência entre as relações institucionais esperadas e

existentes para o Ensino Médio.

Cabe-nos enfatizar que os documentos oficiais para o Ensino Médio não

indicavam os conteúdos matemáticos e a forma de desenvolvê-los. Eles apenas

apresentavam as competências relacionadas à disciplina e propunham um trabalho

articulado e flexível considerando a possibilidade de interdisciplinaridade com

Biologia, Física e Química. Isto significa que eram deixadas a cargo dos professores

as escolhas em termos de conteúdos e formas de trabalho. Todavia, supomos que

as dificuldades apresentadas na implementação dessa nova proposta institucional

condizem com a publicação das Orientações, em 2006, nas quais encontramos

exemplos específicos de como trabalhar determinados conteúdos, após a

identificação dos mesmos, ainda sem constatar o momento em que devem ser

trabalhados, uma vez que isto ainda fica a cargo dos docentes.

Observamos ainda que, em 2004, iniciou o Programa Nacional do livro

Didático para o Ensino Médio, o qual prevê a distribuição de livros, fato que ocorre

somente em 2006 para toda a população de estudantes dessa etapa escolar. Dessa

forma, o livro didático passou a ser uma referência para a identificação das relações

institucionais existentes, uma vez que ele segue as propostas institucionais e é

avaliado à luz das mesmas.

As análises das duas obras escolhidas nesta pesquisa mostraram que os

autores destas procuram atender às orientações. Assim, pudemos considerar que as

relações institucionais existentes estão em conformidade com as relações

institucionais esperadas e essas obras são uma das formas que professores e

estudantes dispõem para desenvolvimento de seus cursos e pessoal

respectivamente.

Destacamos ainda que a obra de Dante (2009), ao trabalhar com a função

quadrática na forma canônica, como é indicado nas Orientações Curriculares para o

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Ensino Médio (BRASIL, 2006), introduz o estudo do movimento dos gráficos dessa

função em relação à variação dos coeficientes. No entanto, como as noções de

limite e derivada, na obra, não são desenvolvidas, o autor não articula esses

conhecimentos, deixando para o Ensino Superior a utilização das noções sobre

função quadrática desenvolvidas no Ensino Médio como apoio para a introdução de

novas noções, quando necessárias. Apesar de não tratar a questão do limite e da

derivada de uma função, o autor introduz a noção de taxa de variação que também é

um conhecimento que pode ser explorado quando da introdução dessas noções no

Ensino Superior.

A obra de Stocco & Diniz (2010) segue praticamente a mesma sequência,

mas não trata da questão de forma canônica para o estudo da variação do gráfico da

função quadrática. Além disso, as autoras privilegiam a fórmula de Bhaskara,

ressaltando que a mesma é genérica, pois permite resolver qualquer tipo de

equação quadrática. Apesar de introduzir as noções de limite e derivada no Ensino

Médio, as autoras não utilizam essas noções para estudar as propriedades gráficas

da função quadrática. Observamos, aqui, que não se trata de uma proposta para ser

desenvolvida no Ensino Médio.

Com relação ao Ensino Superior, constatamos que, para as quatro

universidades que tivemos a grade curricular e os planos de ensino, é proposta uma

revisita as noções de funções introduzidas no Ensino Médio, mas apenas uma

instituição considera que esse trabalho seja desenvolvido de forma articulada com a

disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, isto é, a disciplina de Cálculo deve servir

de contexto para esse trabalho.

Encontramos, assim, uma proposta de contextualização intramatemática que

difere da simples revisita aos conteúdos já trabalhados em etapas anteriores da

escolaridade. Isto pode auxiliar na introdução de novos conhecimentos,

aproveitando os saberes prévios que, não sendo disponíveis, podem ser mobilizados

nessas novas atividades e, desse modo, tornarem-se mais ricos e diferenciados em

termos de significados.

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Nossa experiência de ensino tem mostrado que revisitar, em disciplinas

separadas, noções que já foram trabalhadas no Ensino Médio da mesma forma

anterior, ou seja, sem estar associada ao conteúdo da disciplina para a qual

desejamos utilizar a definição como ferramenta explícita, não tem dado resultado.

Assim, mesmo para aqueles estudantes com os quais se está introduzindo a noção

pela primeira vez, o estudo articulado com o novo conhecimento poderá auxiliá-los

na compreensão de sua aplicação e, como nem tudo pode ser revisitado no Ensino

Superior, podemos sugerir uma das duas obras aqui analisadas para o Ensino

Médio como material de apoio para o estudo autônomo. Cabe-nos lembrar de que se

espera do estudante, ao final de Ensino Médio, que tenha sido preparado para a

autonomia e para ser responsável por seu próprio projeto de estudo.

Em geral, no Ensino Superior, a obra de Stewart (2000) é indicada na maioria

dos planos de ensino pesquisados, o que justifica a sua escolha para analisar a

relação institucional existente. Verificamos que nessa obra a noção de função em

geral é revisitada de uma maneira pouco profunda, isto é, são apresentados apenas

os ostensivos de representação das diferentes funções que se supõem que tenham

sido trabalhadas de forma articulada e flexível no Ensino Médio.

Como já demonstramos, segundo os planos de ensinos e a grades

curriculares analisados, entendemos que as universidades perceberam a

necessidade da retomada desses conteúdos para a introdução do conceito de limite

e derivada, adotando uma disciplina precedente à Disciplina de Cálculo Diferencial e

Integral I ou inserindo, no plano desta, a revisão do conceito de função quadrática.

Desse modo, fica a cargo dos professores encontrarem novas formas de trabalho

que auxiliem os estudantes a dominarem esse conteúdo e saber aplicá-lo de forma

disponível quando da introdução de novos conhecimentos.

Por fim, destacamos que este estudo nos ofereceu os subsídios necessários

para que pudéssemos responder à última questão proposta: “Quais conhecimentos

desenvolvidos no Ensino Médio podem servir de apoio ao trabalho com a função

quadrática no Ensino Superior, em particular, quando se considera a noção de

derivada de uma função polinomial?”. Para respondê-la, partiremos das análises das

relações institucionais esperadas e existentes. Então, expomos que, se as mesmas

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são trabalhadas da forma como está previsto nos documentos, os professores e

estudantes poderiam utilizar as técnicas desenvolvidas no Ensino Médio de forma

articulada quando da introdução de novas noções. Esse trabalho flexível pode servir

como meio de controle que serve tanto para dar segurança aos estudantes assim

como para auxiliá-los a compreender a necessidade de introdução de novas noções.

Por exemplo, aquele estudante que sabe determinar o vértice de uma função

quadrática não precisa da noção de derivada para realizar essa tarefa, mas ela

serve de meio de apoio para a introdução dos máximos e mínimos de uma função

qualquer e, em particular, das funções polinomiais que, em geral, são trabalhadas no

início da introdução ao Cálculo Diferencial e Integral.

Ressaltamos, então, a relevância existente no fato de desenvolver e mostrar

para os estudantes que as diferentes técnicas associadas a uma mesma noção, são,

muitas vezes, meios de controle distintos, ainda que possam parecer, em alguns

casos, desnecessárias. Em outras palavras, uma técnica pode ser escolhida para a

resolução da tarefa e outra pode ser utilizada para verificar se os resultados

encontrados estão coerentes e corretos. Como um exemplo, podemos construir o

gráfico de uma função quadrática, utilizando a noção de derivada e utilizar as

propriedades dessa função para verificar a coerência entre os resultados

encontrados.

Esse trabalho de controle nos parece pouco empregado, em particular, nas

propostas institucionais esperadas e existentes. Encontramos, muitas vezes, várias

técnicas para tratar uma mesma noção, mas não costumamos destacar a

importância de utilizar pelo menos duas para resolução e controle dos resultados

encontrados.

Nesse sentido, cabe-nos também dizer que a questão do controle é pouco

lembrada, pois, ao terminar de resolver uma tarefa, podem-se encontrar soluções

absurdas que poderiam ser confirmadas com uma simples substituição dos

resultados na função utilizada. Certamente, para as tarefas que exigem o nível

disponível, esse controle é mais delicado, o que pode ser uma restrição à

proposição desse tipo de tarefa nos Ensinos Fundamental e Médio.

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Isso nos conduz a considerar que as dificuldades dos estudantes podem

aumentar, quando se introduz um novo conceito ou uma noção por meio de

situações contextualizadas. Lembremos-nos do trabalho de Gouveia (2007), que

mostra a importância de um estudo centrado no nível técnico antes de serem

propostas tarefas que exigem os níveis mobilizável e disponível, ratificando que a

diferença entre eles está diretamente associada ao pedido explícito ou não de

aplicação de uma determinada noção.

Diante das constatações expostas, podemos supor que, se os estudantes que

iniciam o Ensino Superior dispusessem das técnicas associadas às noções que se

espera que tenham sido desenvolvidas nos Ensinos Fundamental e Médio, não

teríamos tantos problemas em determinadas disciplinas, pois poderíamos trabalhar

os níveis mobilizável e disponível por meio de tarefas associadas ao contexto

dessas disciplinas. Observamos que as análises e considerações aqui apresentadas

correspondem ao desenvolvimento ideal dos estudantes. Logo, cada professor deve

conhecer essas relações para que possa preparar testes diagnósticos e, assim,

desenvolver estratégias específicas para o trabalho com as diferentes turmas.

Faz-se importante lembrar, como já ressaltamos anteriormente, que nem tudo

pode ser revisto e que os estudantes devem ser responsáveis e ter certa autonomia

para sanar suas dificuldades. Em especial, quando se trata de estudantes do Ensino

Superior, afinal, o objetivo fundamental do Ensino Médio é formar um cidadão

autônomo e responsável por seu próprio desenvolvimento.

Consideramos ainda que, nos documentos estudados, existe uma

preocupação em auxiliar o professor em suas práticas, porém, há a necessidade de

novas publicações para explicar melhor o trabalho a ser realizado pelos professores

e a metodologia a ser aplicada, a partir de sugestões e abordagens. Dessa maneira,

ponderamos que fica a cargo dos cursos de formação e capacitação de professores

auxiliar esses profissionais nessa tarefa, em especial, quando se considera que as

diferentes turmas de um mesmo professor podem apresentar necessidades distintas

quando do desenvolvimento de um determinado conteúdo matemático.

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Portanto, esta pesquisa nos ofereceu algumas ferramentas necessárias para

a construção de testes diagnósticos à identificação das noções que apresentam

dificuldades para os estudantes do Ensino Superior dos diferentes cursos em que a

matemática integra o currículo. Essa constatação nos conduz à perspectiva futura de

efetuar o presente estudo com turmas de licenciatura em matemática, de

administração e de engenharia, considerando as necessidades específicas de cada

grupo e, assim, propor novas estratégias e metodologias de trabalho que possam

auxiliar os professores na proposta de abordagens de um mesmo conteúdo

matemático de forma contextualizada e integrada ao curso específico.

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IMAFUKU, R. S. Sobre a passagem do estudo de função de uma variável real para o caso de duas variáveis – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2008.

JAMMAL, E. F. Os ostensivos e não ostensivos utilizados no estudo das noções de ponto e reta no plano no ensino médio. Dissertação (Mestrado) – Uniban, São Paulo, 2011.

MAIA, D. Função Quadrática: um estudo didático de uma abordagem computacional – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2006.

NASCIMENTO, M. J. A. Os contextos explorados no ensino da função afim nos livros de matemática do Ensino Médio – Dissertação (Mestrado) — UFPE, São Paulo, 2009.

PIRES, R. F. O uso da modelação matemática na construção do conceito de função – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2009.

REIS, A. M. (2010). Uma proposta dinâmica para o ensino de função afim a partir de erros dos alunos no primeiro ano do Ensino Médio – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2010.

SANTOS A. S. Ambiente informatizado: para o aprofundamento da função quadrática por alunos da 2ª série do Ensino Médio – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2009.

SCANO, F. C. Função afim: uma sequência didática envolvendo atividades com geogebra – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2009.

SILVA L. M. O tratamento dado ao conceito de função em livros didáticos da Educação Básica – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2010.

SIMIÃO, F. A noção de matriz na transição entre o ensino médio e o superior –Dissertação (Mestrado) — Uniban, São Paulo, 2010.

SOUZA C. V. A função exponencial no caderno do professor de 2008 da Secretaria do Estado de São Paulo, análise de atividades realizadas por alunos da segunda série do Ensino Médio – Dissertação (Mestrado) — PUC, São Paulo, 2010.

TERTO, L. L. Função Quadrática nos Livros Didáticos sob a Ótica da Resolução de Problemas – Dissertação (Mestrado) — Unicsul, São Paulo, 2008.

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ANEXO 1: Plano de Aula da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

U F P E PROGRAMA DE DISCIPLINA MODELO PROACAD 12/84

DADOS DA DISCIPLINA

CÓDIGO NOME CARGA HOR. SEMANAL Nº DE CARGA HOR

TEÓRICA PRÁTICA CREDITO GLOBAL

MA 053 MATEMÁTICA L1A 4 0 4 60

EMENTA

.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Propriedades e operações com números naturais, inteiros, racionais e reais.

Equações polinomiais e números complexos. Funções: lineares, quadráticas,

exponenciais, logaritmo e trigonométricas. Sistemas de equações lineares:

método de eliminação de Gauss. Matrizes e determinantes.

Referências Bibliográficas:

Spivak M., Cálculo Infinitesimal, vol. 1

Lima E.L., Coordenadas no Plano

Lima E.L., Coordenadas no Espaço

Lima E.L., Logaritmos

do Carmo M.P., Morgado A C. e Wagner E., Trigonometria/Números

Complexos

DEPARTAMENTO A QUE PERTENCE A DISCIPLINA HOMOLOGADO PELO COLEGIADO DE CURSO OU ÁREA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

CURSO DE MATEMÁTICA

_________________________________________________ ______________________________________________

Assinatura do Chefe do Departamento Assinatura do Coordenador do Curso ou Área

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ANEXO 2: Plano de Aula da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

U F P E PROGRAMA DE DISCIPLINA MODELO PROACAD 12/84

DADOS DA DISCIPLINA

CÓDIGO NOME CARGA HOR. SEMANAL Nº DE CARGA HOR

TEÓRICA PRÁTICA CREDITO GLOBAL

MA 016 CÁLCULO L1A 4 0 4 60

EMENTA

.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Limites e continuidade de funções: definições, exemplos, propriedades, teoremas. Derivada:

definição, interpretação geométrica e física, exemplos, propriedades, regras de derivação, regra

da cadeia, derivação implícita, derivadas de funções algébricas, derivada de ordem superior,

derivadas de funções trigonométricas, derivadas de funções inversas, derivadas de funções

exponencial e logaritmica. Aplicações da derivada: significado do sinal da derivada primeira,

crescimento e decrescimento de uma função, esboço de gráficos de funções reais, significado

do sinal da derivada segunda, estudo da concavidade de uma função, teoria de máximos e

mínimos, problemas de máximos e mínimos, teorema de Rolle e teorema do valor médio,

teorema do valor generalizado, esboço de gráficos de assíntotas horizontais, verticais e

inclinadas, gráficos de funções, aplicações à economia. Integrais definidas: área, definição e

propriedades, teorema do valor médio para integrais definidas, teorema fundamental do

cálculo. Integrais indefinidas: definição, primitivas, propriedades, mudanças de variável.

Técnicas de integração: integração por substituição, integração por partes, substituições

trigonométricas. Expressões quadráticas, frações parciais, integração de funções racionais de

senos e cossenos e outras integrais trigonométricas. DEPARTAMENTO A QUE PERTENCE A DISCIPLINA HOMOLOGADO PELO COLEGIADO DE CURSO OU ÁREA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

CURSO DE MATEMÁTICA

_________________________________________________ ______________________________________________

Assinatura do Chefe do Departamento Assinatura do Coordenador do Curso ou Área

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ANEXO 3: Plano de Aula da Universidade Presbiteriana Mackenzie - MACK

Matemática Básica I

Código: 100.1112.9

Disciplina: Matemática Básica I

Carga Horária: 04

Teoria: 04

Prática: --

Etapa: Primeira

Professor: Carlos Alberto Marcondes dos Santos

Objetivos: Gerais: A disciplina visa desenvolver conteúdos já conhecidos dos alunos sob uma ótica diferenciada, pensando nos recursos, ferramentas e diferentes estratégias metodológicas de abordar assuntos, que o aluno necessitará quando estiver desempenhando o seu papel de educador. Essa disciplina também tem por objetivo complementar a formação do aluno ingressante, indicando diferentes formas de abordar conteúdos desenvolvidos no ensino médio.

Específicos: Rever conceitos algébricos e conteúdos da trigonometria.

Ementa: Relações Métricas e Trigonométricas nos triângulos retângulos. Estudos das funções trigonométricas. Funções polinominais do 1º e do 2º grau. Aplicações.

Metodologia: Aulas expositivas Listas de exercícios

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Critério de Avaliação:

No decorrer do semestre letivo, serão aplicadas duas avaliações escritas (P1 e P2). A média das avaliações intermediárias (AI) do aluno será calculada a partir da média aritmética dessas avaliações, conforme a expressão: AI=(P1+P2)/2 A Média Final (MF) será obtida conforme a expressão seguinte: MF=(0,6AI+0,4PAF) O aluno será aprovado com MF maior ou igual a 5,5 e 80% de freqüência. Caso a freqüência seja menor que 80% e maior ou igual a 75% será necessária MF maior ou igual a 7,0.

Conteúdo Programático:

Álgebra Expressões numéricas e algébricas Conjuntos numéricos Fatoração Equações de 1° e 2° graus Sistemas de equações de 1° e 2° graus Funções: Domínio, Contradomínio e Conjunto-Imagem Funções: Injetora, Sobrejetora e Bijetora Funções: Constante, Identidade, Linear e Afim Sinal de uma Função Afim Inequação de 1° grau Função quadrática Inequação de 2° grau Função modular Função composta e função inversa Trigonometria.

Relações trigonométricas no triângulo retângulo Circunferência trigonométrica (Ciclo Trigonométrico) Funções trigonométricas; seno, cosseno, tangente, cotangente, secante e cossecante Relações fundamentais da trigonometria. Identidades trigonométricas

Bibliografia: Básica: IEZZI, G; MURAKAMI, C. Fundamentos de Matemática Elementar. Volume 1 - Conjuntos e Funções. São Paulo: Atual Editora, 2004. IEZZI, G. Fundamentos de Matemática Elementar. Volume 3 - Trigonometria. São Paulo: Atual Editora, 2004. Complementar: GUIDORIZZI, H. L. Um curso de Cálculo. Volume 1. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 2001. MACHADO, A. S. Matemática - Temas e Metas. Volumes 1 e 2. São Paulo: Atual Editora, 1998.

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ANEXO 4: Plano de Aula da Universidade Presbiteriana Mackenzie - MACK

Matemática - Matriz Curricular

Cálculo Diferencial e Integral I

Código: 100.1197.8

Carga Horária: 06

Teoria: 06

Prática: --

Etapa: 1ª

Professor: Ana Maria Porto Castanheira

Objetivos: GERAIS Familiarizar os alunos com funções de uma variável real e seus gráficos, explorando os conceitos de limite, continuidade, derivadas e suas diversas aplicações.

ESPECÍFICOS Após a conclusão da Disciplina, o acadêmico deverá ser capaz de utilizar os conceitos acima descritos para resolver problemas e para prosseguir seus estudos.

Ementa: Funções elementares e seus gráficos Limite e continuidade Derivadas Teorema do Valor Médio e algumas de suas aplicações Aplicações da Derivada Noções de primitiva

Metodologia: 1. O ensino será centrado no estudante. O professor agirá como agente orientador no raciocínio do estudante nos processos mentais de investigação e na análise de problemas e situações reais.

2. A dinâmica metodológica será desenvolvida com a utilização de aulas teóricas acompanhadas de exercícios práticos, com a apresentação e discussão dos resultados, incentivando a criatividade e a maturação matemática do estudante.

3- Será cobrada do aluno a participação efetiva através de listas de exercícios periódicas.

4- Sempre que oportuno será encorajado o uso de softwares que reforcem a compreensão dos conceitos introduzidos

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Critério de Avaliação:

No decorrer do período letivo, serão aplicadas duas avaliações escritas (P1 e P2) e as avaliações continuadas, como trabalhos, seminários, entre outras, de forma que a média das avaliações intermediárias (AI) do aluno será calculada a partir da média aritmética dessas avaliações, conforme a expressão: MF = 3P1 + 3P2 + 4PAF / 10 MF = 6. AI + 4. PAF / 10 MF ≥ 7,0 e no mínimo 75% de freqüência → aprovado

MF< 5,5 → o aluno estará reprovado

5,5 ≤ MF ≤ 6,9 → 80% de freqüência - aprovado

Conteúdo Programático:

1. Funções elementares e seus gráficos. – Recordação superficial das funções elementares vistas no ensino médio e seus gráficos. 1.2 – Estudo de outras funções dadas por leis, gráficos ou tabelas. 1.3 – Exercícios do livro texto 2. Limites e continuidade. 2.1 – Noção intuitiva de limite. 2.2 – Propriedades operatórias dos limites. Exercícios do livro texto. 2.3 – Limites envolvendo . Assíntotas. Exercícios do livro texto. 2.4 – Limites fundamentais 3. Derivadas 3.1 – Definição; interpretações geométrica e cinemática. Exercícios da página 154. 3.2 – Regras de derivação e derivada de algumas funções elementares. Exercícios do livro texto. 3.3 – Regra da cadeia. Exercícios do livro texto. 3.4 – Derivadas implícitas e derivadas de funções inversas. Exercícios do livro texto. 4. Teorema do Valor Médio 4.1 – Teoremas de Fermat, de Rolle e do valor médio e corolários. 4.2 – Regra de L’HOSPITAL. Exercícios do livro texto. 4.3 – Problemas de máximo e mínimo. Exercícios do livro texto. 4.4 – Estudo da variação de funções. Exercícios do livro texto. 5. Regras de primitivação- se houver tempo suficienteNoções primeiras de integral Integral definida: Regra de Barrow

Bibliografia: Básica: STEWART, J., - Cálculo, Volume I, 5a Edição, Pioneira, São Paulo, 2005.

Complementar: ÁVILA, G. S. S., Cálculo, Volume 1, 7a Edição, LTC, Rio de Janeiro, 2003 GUIDORIZZI, H. L., Um Curso de Cálculo, Volume l, 5a Edição, LTC, Rio de Janeiro, 2001 LEITHOLD, L., Cálculo com Geometria Analítica, Harper & Row, 1977 SIMMONS, G. F., Cálculo com Geometria Analítica, McGraw-Hill, 1987 SWOKOWSKI, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Makron Books, 2a ed., 2000

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ANEXO 5: Plano de Aula da Universidade Federal de Viçosa - UFV

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ANEXO 6: Plano de Aula da Universidade Federal de Viçosa - UFV

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ANEXO 7: Plano de Aula da Centro Universitário Fundação Santo André - FSA

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