UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · base os objetivos específicos retratados e...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO (TIC’S) E COMUNICAÇÃO NA ESCOLA SOB A MEDIAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO Por: Elisangela Ferreira dos Santos de Mendonça Orientador Prof. Ms. Geni Lima Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO (TIC’S) E

COMUNICAÇÃO NA ESCOLA SOB A MEDIAÇÃO DO

ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO

Por: Elisangela Ferreira dos Santos de Mendonça

Orientador

Prof. Ms. Geni Lima

Rio de Janeiro

2012

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO (TIC’S) E

COMUNICAÇÃO NA ESCOLA SOB A MEDIAÇÃO DO

ORIENTADOR EDUCACIONAL E PEDAGÓGICO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Orientação Educacional e

Pedagógica.

Por: Elisangela Ferreira dos Santos de Mendonça

3

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, por sua

generosidade, pelo dom da vida, por me

proporcionar carinho, abrigo e auxílio em

todos os momentos de minha vida. Por

acreditar e tornar realidade mais um dos

projetos do meu coração que era a

concretização desta pós-graduação.

Aos meus pais, que sempre foram meus

exemplos de vida, batalhadores e

grandes incentivadores pela formação

acadêmica dos filhos.

Ao meu esposo, amigo e parceiro pelos

momentos de incentivo e carinho. Ao meu

filho que mesmo inconscientemente deu-

me carinho e afago.

Aos colegas de curso e do trabalho, pelo

companheirismo e apoio.

Aos professores, pela possibilidade de

enriquecimento acadêmico.

E, a todos que direta ou indiretamente

contribuíram para que este trabalho fosse

realizado.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família

linda, pelo carinho, amor, incentivo e

companheirismo.

Dedico também à minha Orientadora,

Professora Ms. Geni Lima.

5

RESUMO

Este trabalho nasceu da necessidade enquanto professora de uma

turma de projeto de aceleração de aprendizagem na SME-RJ que vinha de

processos sucessivos de repetência e evasão escolar. O projeto, denominado

Autonomia Carioca, era desenvolvido a partir da utilização de mídias e visava

promover atividades colaborativas para auxiliar no aprendizado e consequente

preparação para o trabalho. Era notado por parte dos alunos conhecimentos

sobre algumas mídias, assim como a presença e utilização delas no espaço

escolar e na comunicação entre eles. Com visão de Orientador Educacional,

pretende-se realizar estudos para auxiliar estes alunos e professores da turma

na utilização das mídias e tecnologias para produção de conhecimento,

desenvolvimento de novas habilidades de um ser autônomo consciente da

realidade que o cerca e não apenas como forma de entretenimento (que era a

maneira que eles viam tais recursos). O estudo foi dividido em três capítulos:

No primeiro capítulo iniciaremos com uma contextualização da

sociedade em que vivemos com as inúmeras transformações decorrentes dos

avanços tecnológicos e científicos. Depois serão abordados os conceitos sobre

mídias e tecnologias, bem como a evolução destes.

O segundo capítulo trata do impacto das novas mídias e tecnologias na

escola e os desafios da escola de hoje com as novas mídias. É abordado

também o estudo de caso em uma turma do Projeto Autonomia Carioca 2.

O terceiro capítulo aborda o papel do Orientador Educacional e sua

relação com as diferentes tendências pedagógicas existentes, assim como a

prática do Orientador Educacional diante das TIC’s e algumas experiências

bem sucedidas.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa foi desenvolvida seguindo duas linhas de estudos.

Uma foi baseada num estudo de caso da Turma 8801 do Projeto Autonomia

Carioca 2, na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, com alunos do 6º

ano em um projeto de aceleração de aprendizagem. A outra foi a partir de

leituras e análises de livros, artigos e revistas da web, tendo como

embasamentos teóricos conceituados da área, como FREIRE, Paulo;

GRISPUN, Mírian P. S. Zippin; MORAN, José Manoel; SILVA, Marco; entre

outros não menos importantes.

Partindo da escolha do tema O Uso das Tecnologias de Informação e

Comunicação na Escola Sob a Mediação do Orientador Educacional e

Pedagógico, delineamos nossa investigação tendo como questão central o

estudo sobre qual o papel do Orientador Educacional diante da relação entre

alunos, professores e as tecnologias disponíveis dentro e fora do ambiente

escolar a fim de possibilitar a aprendizagem escolar e reduzir a evasão e

reprovação.

Este estudo foi dividido em três capítulos em que seus títulos têm por

base os objetivos específicos retratados e desenvolvidos a partir do problema

central.

O capítulo um teve como tema As Mídias e as Tecnologias, o segundo

capítulo, As Mídias e as Tecnologias na Escola e o terceiro, A mediação do

Orientador Educacional e Pedagógico diante das possibilidades e uso das

mídias e TIC’S na educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - As mídias e a Tecnologia 11

CAPÍTULO II - Mídias e Tecnologias na escola 24

CAPÍTULO III – A mediação do Orientador Educacional e Pedagógico diante

das possibilidades e uso das mídias e TIC’S na educação 36

CONCLUSÃO 49

ANEXOS 51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 61

BIBLIOGRAFIA CITADA 64

WEBGRAFIA 65 ÍNDICE 66

FOLHA DE AVALIAÇÃO

8

INTRODUÇÃO

A idéia em produzir uma monografia com este tema surgiu no início de

2011, quando foi realizado o trabalho como professora regente em uma turma

do Projeto Autonomia Carioca 2 (Aceleração de Aprendizagem), na Escola

Municipal Thomé de Souza, na SME-RJ, com alunos do 6º ano que possuem

distorção idade/ano escolar e eram utilizadas algumas mídias (especialmente

os aparelhos de TV e DVD) cotidianamente.

De acordo com a proposta pedagógica do Projeto, já que estes alunos

não estavam conseguindo sucesso escolar da forma tradicional de ensino,

havia então a sugestão de que fossem realizadas atividades diversificadas e

colaborativas com diferentes linguagens, de maneira que eles pudessem

aprender a aprender, a produzir conhecimento relacionando-os com o

cotidiano e poder deixar o estigma da retenção e da evasão escolar para trás.

Diante desta situação, notava-se o domínio na utilização dos recursos

tecnológicos pelos alunos, que se fotografavam, filmavam-se, postavam esses

materiais nos sites de relacionamento, baixavam vídeos e músicas para

ouvirem no recreio, jogavam e comunicavam-se através dos celulares cheios

de recursos e via MSN, Orkut e Facebook, porém não tinham a percepção de

que todo este material poderia ser usado em seu próprio favor no sentido de

aproveitá-lo para a produção de conhecimento e não apenas entretenimento.

Em alguns momentos, percebia-se que com tanta informação do lado

de fora dos muros, a escola tornava-se obsoleta e não proporcionava mais

estímulo e prazer diante de um mundo tão dinâmico que dá informações e

diversões com apenas um toque. Mas, faz-se necessário orientar, guiar e

mediar todos os agentes deste processo para o uso da tecnologia como

alternativa para auxiliar e melhorar o ensino.

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A escola, atualmente, possui um papel muito mais complexo do que

em outros tempos, pois tem que educar com as novas tendências pedagógicas

impostas pela prática social, como a questão das mídias e a questão da

integração da objetividade, subjetividade e criatividade, onde vários saberes

devem se juntar, com a finalidade de proporcionar uma melhor formação para

o sujeito (aluno). A Orientação Educacional, também passa por esse processo,

pois sua área de atuação está diretamente ligada com alunos, professores e

comunidade escolar.

No Município do Rio de Janeiro, está havendo um investimento grande

na inserção de recursos tecnológicos na escola, porém, como não há o

profissional do Orientador Educacional no quadro de funcionários nas escolas,

como formanda na área, foi pensado em tentar auxiliar e mobilizar os demais

professores da mesma turma, gestores, famílias e principalmente os alunos

para realização de um aprendizado mediado com o uso da tecnologia.

Ao pensar no título deste trabalho, foram formulados os seguintes

problemas:

- Como usar as mídias e tecnologias a favor da produção de

conhecimento e da aprendizagem na escola?

- Qual o papel do Orientador Educacional diante da relação entre

professores, alunos e TICs?

Na tentativa de obter possíveis respostas à problematização

apresentada, foram desenvolvidas quatro linhas de estudo:

- Pesquisar práticas pedagógicas que utilizem as TICs no cotidiano,

ajudando na construção da subjetividade dos alunos;

- Buscar alternativas através da mediação do Orientador Educacional,

onde seja possível aprender a aprender com o uso das mídias e das TICs;

10

- Analisar produções científicas sobre o uso das tecnologias da

comunicação e informação na educação;

- Identificar as possibilidades pedagógicas dos recursos e das

tecnologias educacionais disponíveis nas escolas.

Este estudo foi organizado em três capítulos, tendo por base

inicialmente uma pesquisa bibliográfica utilizando-se de livros de teóricos

conceituados da área, como FREIRE, Paulo; GRISPUN, Mírian P. S. Zippin;

MORAN, José Manoel; SILVA, Marco; de revistas especializadas, artigos e

conteúdos da Web.

Este trabalho se propõe a refletir sobre o papel da Orientação

Educacional hoje, relembrar da sua estruturação no passado e sua relação

com as diferentes tendências pedagógicas existentes, tendo como objetivo

geral, pesquisar as tecnologias da informação e comunicação que podem estar

a serviço da educação e da inclusão digital.

Espera-se assim com este estudo poder contribuir de alguma forma

para a melhoria da qualidade dos profissionais envolvidos com a educação.

11

CAPÍTULO I

AS MÍDIAS E A TECNOLOGIA

Um dia tivemos a pedra, depois os objetos que trabalhavam

com e na pedra; muitos séculos depois com a revolução

industrial tivemos a presença da máquina e, posteriormente

pelo caminho da máquina fomos encontrando toda a

constatação de um novo mundo marcada pela era da

tecnologia. (GRISPUN, 2009 p.22).

1.1 – Contextualizando

Vivemos atualmente no mundo globalizado, em um período de

mudanças generalizadas. Uma época que se diferencia das demais, face à

rapidez das transformações promovidas principalmente através dos avanços

científicos e tecnológicos, chamados, por muitos estudiosos, como Terceira

Revolução Industrial, Revolução Tecnocientífica ou Revolução Informacional.

A Primeira Revolução trouxe consigo a máquina a vapor, movida a

carvão, a Segunda teve a eletricidade e o petróleo como fonte de energia.

Agora seria a vez da informática, das telecomunicações e da biotecnologia

movidas pelo conhecimento. Não foi por acaso que as primeiras indústrias

desenvolveram-se em torno das bacias carboníferas e atualmente as

instituições típicas da revolução informacional, as chamadas indústrias limpas,

estarem localizadas nas proximidades das universidades e centros de

pesquisas onde se desenvolvem os tecnopolos. (MOREIRA; SENE, 2004)

Essa revolução, caracterizada pela integração cada vez maior

entre ciência e produção, tornou a economia mundial mais

dinâmica, competitiva e, ao mesmo tempo, mais interligada.

Isso ocorreu porque os avanços tecnológicos melhoraram os

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serviços de comunicação e transporte tornando-os mais

eficientes e fazendo com que grandes distâncias deixassem de

ser obstáculos para a integração entre os mais diversos

lugares do planeta. (PIRES; BELLUCCI, 2009, p.13).

Desde a segunda metade do século XX, vem ocorrendo uma

verdadeira revolução impulsionada pelo avanço científico e tecnológico fruto de

grandiosos investimentos realizados por governos e grandes empresas

privadas, sobretudo nos países mais ricos. Estas transformações vêm

atingindo as mais diversas áreas de conhecimento, em especial nas

tecnologias da informação, como a informática e as telecomunicações,

proporcionando a expansão das redes de comunicação de longa distância,

constituída por um complexo conjunto de satélites artificiais, por cabos de

transmissões intercontinentais instalados no fundo dos oceanos, por redes de

fibras ópticas, além de inúmeras centrais de rádio e televisão, sistemas de

telefonia fixa e móvel espalhadas no mundo inteiro.

Segundo Pires; Bellucci (2009), com expansão da telecomunicação

interligada com a informática, sobretudo por meio da internet, possibilitou a

transmissão quase que instantânea de um grandioso volume de informações

por meio de dados, textos e imagens que circulam nos mais diferentes locais

do mundo. Podemos neste mesmo instante, por exemplo, enviar e receber

informações pela internet de outra pessoa que esteja também conectada à

rede em qualquer parte do mundo com apenas um clique, dando-nos a ideia

de que não existem nem barreiras, nem longas distâncias.

Os avanços tecnológicos facilitam a integração em escala mundial.

Não há tempo nem espaço separando aqueles que estão ligados à internet,

como destacamos num trecho do poema Século XXI, de Sérgio Caparelli (apud

PIRES; BELLUCCI, 2009, p.20), utilizado para retratar a influência de tais

recursos em nossas relações com outros lugares do globo:

[...] o tempo se acelera,

13

e o espaço se contrai

a distância mora ao lado,

ele é o novo vizinho,

servimo-lhes um cafezinho,

Tóquio, Manhattan, Xangai

Moscou e Katmandu

ciberchegados que partem

pra Luanda e Tombuctu

estamos no fim do mundo

com bits e bytes nas mãos

vagarilhos, vagamundos,

dessa cibercivilização. [...]

Com o progresso das comunicações e dos meios de transporte, o

mundo perdeu suas fronteiras. Todas essas inovações causaram mudanças

significativas na vida de uma parcela da população. Há algumas décadas, seria

inacreditável uma pessoa comunicar-se com outra por telefone celular ou via e-

mail, efetuar uma transação bancária em um caixa eletrônico, realizar uma

pesquisa científica, assistir a uma aula virtual em um computador conectado à

internet, etc. Tudo isso só poderia ser visto em filmes de ficção científica e,

portanto, como algo muito distante das pessoas.

Todos os dias podemos acompanhar o surgimento de inovações

através do lançamento de uma infinidade de equipamentos e aparelhos cada

vez mais sofisticados, como computadores portáteis que cabem na palma da

mão; os equipamentos multifuncionais, como os telefones celulares, que

acumulam as funções de um computador; câmeras fotográficas digitais e

filmadoras de alta resolução; jogos digitais; entre tantos outros.

Segundo Pierre Babin (1989), no mundo moderno as tecnologias

modelam nossa vida, em particular pela invasão das mídias eletrônicas e pelo

emprego de aparelhos eletrônicos em nosso cotidiano mudando

progressivamente um ou outro comportamento seja intelectual ou afetivo.

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Sem percebermos, somos influenciados pelas mídias, desde o modo

de vestir até a maneira de agir e pensar. Elas ditam valores, fazem cultura,

pois integram naturalmente parte do cotidiano de todos e influenciam de forma

surpreendente. Utiliza-se diariamente uma infinidade de tecnologias e mídias

como o despertador, escova de dentes, os calçados, geladeira, telefone, carro,

caneta, aparelho celular, rádio, televisão, pente, secador de cabelos,

computador, internet, entre outras coisas e de forma automática.

A presença das mídias e das tecnologias é tão intensa que as pessoas

já não conseguem viver dissociadas delas. É como se já nascessem acoplados

a elas.

A diversidade e a complexidade dos aparelhos de telecomunicação

como os celulares e os computadores, que contam com uma variedade de

recursos e possibilitam a expressão através de diferentes linguagens, estão

enriquecendo o processo de comunicação, influenciando as relações entre

pessoas e serviços e provocando outros modos de sentir, compreender e

construir o conhecimento

Como o campo da tecnologia é aberto e está sempre em inovação,

cabe também aos educadores acompanharem esse desenvolvimento

apropriando-se dos elementos, dos códigos e da estrutura de cada linguagem

e meios para inovar em suas práticas pedagógicas e auxiliar seus alunos de

forma adequada, objetivando o desenvolvimento da autonomia do ser humano,

a produção de conhecimento e a construção da cidadania.

1.2 – Apresentação dos Conceitos de Mídias e Tecnologia

A comunicação é um meio de interação entre os seres humanos e o

meio em que vivem. Ela pode ser realizada diretamente ou através da

mediação de recursos como as mídias e tecnologias existentes.

15

As diversas linguagens utilizadas no mundo contemporâneo sejam

feitas através de gêneros orais, textuais, imagéticos, sonoros ou gráficos, estão

provocando um novo modo de ver, conhecer, viver, de sentir, de pensar e de

relacionar-se com o outro, permitindo que as pessoas possam se expressar de

diferentes maneiras.

Para podermos compreender as várias formas de interação realizadas

no cotidiano que são expressas por meio de múltiplas situações, seja

interpessoal, pessoal, agrupal ou social e que são realizadas de formas

dinâmicas e estão em constante evolução, faz-se necessário conhecer os

conceitos de mídias e de tecnologia.

1.2.1 – As mídias

O termo Mídias é um jargão da teoria da comunicação muito usado

para identificar os meios de comunicação de massa em português, mas tem

origem do latim media, plural de médium, que significa meio. Chegou a nosso

país através do inglês, no qual se escreve media, mas se pronuncia mídia.

Como a forma original foi esquecida, admite-se o plural Mídias para

caracterizar os diferentes meios de comunicação utilizados.

É importante que saibamos a abrangência do conceito de mídia.

Entende-se por mídia,

qualquer suporte de difusão de informações (rádio, televisão,

imprensa escrita, livro, computador, videocassete, satélite de

comunicações etc.) que constitua simultaneamente um meio

de expressão e um intermediário capaz de transmitir uma

mensagem a um grupo; meios de comunicação, comunicação

de massa. / Publicidade Atividade e departamento de uma

agência especializados em selecionar e indicar os veículos de

propaganda (televisão, jornal, mala-direta etc.) mais favoráveis

16

à divulgação de determinada mensagem, de forma a atingir

seu público-alvo; veiculação. // Mídia eletrônica, rádio, televisão

etc. // Mídia impressa, revista, jornais, cartazes, mala-direta,

folhetos etc. // Novas mídias, as que decorrem de tecnologias

recentes (p. ex., a informática, os satélites de comunicações).

(. http://www.dicionariodoaurelio.com/Midia)

O conceito de Mídias foi ampliado para Novas Mídias com a

incorporação dos meios eletrônicos e telemáticos que acrescentam novas

possibilidades para o tratamento da informação e para o estabelecimento de

comunicações.

Vamos acompanhar a evolução das Mídias, descrita pela MULTIRIO

(2011, p.30-31) e suas possibilidades:

Prensa

A invenção da prensa favoreceu à demanda de circulação de

informações. Em 1702 surgiu o primeiro jornal.

Fotografia

Possibilitou a captura do real por meio do registro da imagem.

Cinema

Proporcionou a aplicação da técnica da imagem em movimento e

o desenvolvimento da indústria do entretenimento.

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Rádio

Disseminou a informação transmitida oralmente a distância.

TV

Revelou-se um poderoso meio de propaganda, informação e

entretenimento.

Computador

Possibilitou a realização de cálculos com extrema rapidez.

Celular

Tornou possível a comunicação telefônica independentemente de

pontos fixos de instalação.

Internet

O surgimento da WWW (World Wide Web ou, simplesmente

Web) democratizou o acesso a internet, antes restrito ao círculo

acadêmico.

Celular com vídeo

e internet

Possibilitou a convergência midiática completa, com acesso às

redes sociais, que surgiram a partir de 2004.

Tablet

Suporte digital e pessoal para acesso a internet, a jogos 3D, fotos,

vídeos, jornais e revistas.

As mídias são importantes e sofisticados recursos de comunicação que

atuam em muitas esferas da vida social, não apenas com funções efetivas de

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controle social ou ideológico, mas também gerando novos modos de perceber

a realidade, de aprender, de perceber e difundir conhecimentos e informações.

Além do conceito de mídias, precisamos também entender melhor o

conceito de tecnologia e, mais especificamente, os conceitos das Tecnologias

da Informação e Comunicação (TICs) e o quanto são importantes para a

educação.

1.2.2 – As Tecnologias e as Tecnologias da Informação e da

Comunicação (TICs)

Vejamos, então, uma definição do conceito de tecnologia.

Tecnologia (do grego τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια —

"estudo") é um termo que envolve o conhecimento técnico e

científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou

utilizados a partir de tal conhecimento.

( http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia, grifo do autor)

As tecnologias sempre fizeram parte do cotidiano e da evolução social

do homem. Temos a oportunidade de vivenciar e constatar que as novas

tecnologias têm transformado a cultura individual e dos grupos sociais,

atingindo todas as atividades, inclusive as relacionadas à educação.

As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) consistem no

tratamento da informação, articulado com os processos de transmissão e de

comunicação dessa mesma informação.

Consideram-se como TICs as seguintes mídias: televisão e suas

variantes (DVD, antena aberta, por assinatura), jogos de videogames e de

computador, máquinas fotográficas e filmadoras de vídeo, Ipod, MP3, telefones

celulares e redes telemáticas. É a chamada comunicação móvel que seduz

cada vez mais pelos numerosos serviços e pelas sofisticadas aplicações

19

multimídia que fazem deles muito mais que um simples aparelho. Quando se

fala em Mídias de massa, refere-se à televisão e ao rádio.

A terminologia TIC (tecnologias de informação e comunicação),

especificamente, envolve a aquisição, o armazenamento, o

processamento e a distribuição da informação por meios

eletrônicos e digitais, como rádio, televisão, telefone e

computadores, entre outros. Resultou da fusão das tecnologias

de informação, antes referenciadas como informática, e as

tecnologias de comunicação, relativas às telecomunicações e

mídia eletrônica.

(http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/introdutori

o/etapa_1/p1_02.html)

O termo Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) refere-se

à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das

telecomunicações e tem na internet e mais particularmente na world wide web

(www = mundo + largo + teia/rede = rede mundial) sua mais forte expressão.

Quando estas tecnologias são utilizadas para fins educativos, nomeadamente,

para apoiar e melhorar a aprendizagem dos alunos e desenvolver ambientes

de aprendizagem podemos considerá-las como um subdomínio da Tecnologia

Educativa.

O advento das TIC revolucionou nossa relação com a

informação. Se antes a questão-chave era como ter acesso às

informações, hoje elas estão por toda parte, sendo transmitidas

pelos diversos meios de comunicação. A informação e o

conhecimento não se encontram mais fechados no âmbito da

escola, mas foram democratizados. O novo desafio que se

abre na educação, frente a esse novo contexto, é como

orientar o aluno a saber o que fazer com essa informação, de

forma a internalizá-la na forma de conhecimento e,

principalmente, como fazer para que ele saiba aplicar este

conhecimento de forma independente e responsável.

20

(http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/introdutori

o/etapa_1/p1_02.html)

1.3 – Novas Terminologias

A comunicação é um componente tão natural em nossas vidas que

não nos damos conta de seus processos.

Nos últimos anos o computador, a internet e os serviços que utilizam

essa estrutura tornaram-se ferramentas muito importantes para a propagação

do conhecimento e intercâmbio de informações. Foram viabilizadas novas

formas de combinação de aparatos tecnológicos, bem como o surgimento de

novas nomenclaturas para referenciar as novas formas de comunicação e

tratamento da informação.

1.3.1 –. Multimídia

O termo “multimídia” tem sido muito utilizado atualmente para a

utilização dos diferentes meios de comunicação, seja um CD-ROM, revistas,

uma apresentação na internet, uma animação, um som ou talvez uma

combinação dessas mídias. As utilizações das terminologias estão certas, uma

vez que multimídia (multi = muitos, vários e mídia = meio) pode significar a

utilização de vários meios para a realização de um produto.

O emprego dos recursos multimídia pode tornar a comunicação mais

atraente, porém é preciso tomar alguns cuidados levando-se em consideração

alguns fatores como a identificação da mensagem que se deseja comunicar, o

tema a ser abordado e o público que se quer atingir e a partir de então,

selecionar a tecnologia mais apropriada. Uma constatação importante a ser

ressaltada é a de que o uso de recursos de áudio e vídeo aumentam o

interesse dos alunos e auxiliam na potencialização do aprendizado. Muitas

21

vezes uma imagem ou até mesmo uma animação consegue representar

melhor uma ideia ou conceito, do que uma descrição por escrito.

A multimédia é hoje um dos mais eficazes recursos para

garantir a percepção e o acúmulo de conhecimento. Isso

porque os recursos multimédia estimulam mais sentidos que as

simples médias. A partir do momento em que o usuário é

estimulado em mais de um sentido, a capacidade de

processamento e armazenamento das informações aumentam

consideravelmente. [...] Quando combinadas, as médias

tendem a aumentar ainda mais essa percentagem. Isto ocorre

pelo fato dos recursos multimédia serem mais parecidos com

as experiências do quotidiano das pessoas. Torna cada vez

mais interativo, cada vez mais real.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Multim%C3%A9dia)

1.3.2 –. Hipertexto

Ao longo da história da humanidade a maioria dos registros narrativos

era produzida em formato linear e sequêncial.

O hipertexto constitui-se em um auxílio para a aquisição e assimilação

de conhecimento, pois tal qual o cérebro humano, não possui uma estrutura

hierárquica e linear e sua característica é a forma de organização em rede.

Segundo Marco Silva, (2000, p.14), o hipertexto “é como uma teia de

conexões de um texto com inúmeros textos”, pois permitem o acesso ilimitado

a outras informações de forma instantânea. “Clicando ícones, o usuário pode

saltar de uma ‘janela’ para outra e transitar aleatoriamente por fotos, sons,

vídeos [...] permitindo a ele selecionar, receber, tratar e enviar qualquer tipo de

informação” de seu computador para outro em qualquer parte do globo.

22

O hipertexto permite ao leitor decidir o rumo a seguir através de uma

viagem pela leitura, tornando a dicotomia espaço-tempo flexível em relação à

construção textual, pois é uma espécie de texto multidimensional em que numa

página trechos de textos se intercalam com referências a outras páginas

através dos links. Com apenas um clique numa referência destas a página

corrente é substituída pela página referenciada.

Para Magda Soares, o computador trouxe um outro tipo de

texto, que é chamado hipertexto, que é uma forma de leitura

muito diferente. Não é um texto linear, é um texto simultâneo

[...] reúne a palavra com a imagem, com o som, enfim, com

vários recursos. E é preciso desenvolver as habilidades de

leitura, de compreensão, de interpretação desse tipo de texto

com os alunos. (MULTIRIO, 2011, p. 87, grifo nosso)

1.3.3 –. Hipermídia

A hipermídia une os conceitos de não-linearidade, hipertexto,

interface e multimídia numa só linguagem.[...] segundo Bugay

(2000), a hipermídia pode ser considerada uma extensão do

hipertexto, entretanto, inclui além de textos comuns, desde

sons, animações e vídeos, e de uma forma interativa, com

apenas um clicar de botão,o computador responde ao caminho

desejado.

(http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/introdutori

o/etapa_1/p1_05.html)

Hipermídia pode ser considerada como o nível mais elevado de

interatividade permitida ao usuário. Esta linguagem pode ser encontrada na

internet, nos jogos de computador, na TV interativa, entre outros. Podemos

compreendê-la como a união das mídias onde o usuário tem acesso ao

mesmo tempo a imagens, textos e sons simultaneamente, sendo permitido

fazer links entre os componentes da mídia controlando sua própria navegação,

23

e também a poder alterar dados como textos, imagens, sons de modo que

possua uma versão personalizada alterando a sua navegação.

Segundo Silva (2000, p. 161) com a hipermídia, “o navegante é [...]

considerado como artista, ele é convidado à co-criação. Ele é convidado ao

pensamento complexo [...] e assim, brincar com o acaso.”

24

CAPÍTULO II

AS MÍDIAS E A TECNOLOGIA NA ESCOLA

“Onde quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender”

Paulo Freire

Para que possamos entender melhor o cenário no qual vivemos hoje, é

importante que façamos uma análise identificando como as mudanças sociais,

tecnológicas e culturais em processo no mundo globalizado vem impactando a

educação e o cotidiano da comunidade escolar afetando a forma como nos

relacionamos com as pessoas, como trabalhamos, como nos comunicamos,

aprendemos e ensinamos.

A realidade é outra. Em nosso tempo de criança chegávamos à escola

trazendo de casa os ensinamentos e valores transmitidos por nossos pais,

avós, tios, irmãos... Atualmente, segundo José Carlos Libâneo (1998), em

entrevista à revista Pensar a Prática, além de trazerem tais informações,

nossos alunos vêm também com a ideia de mundo e cultura totalmente

‘midiatizada’ posta sala adentro com ou sem a permissão do professor

especialmente pela televisão, que, como coloca Moran (2002), com suas

imagens, sons e emoções é completamente sedutora. Através deste veículo,

entram em contato com o mundo, emocionam-se com variadas histórias e

vêem o que acontece perto ou muito distante deles em tempo real. Manuseiam

o controle remoto com tamanha agilidade e habilidade. A tela recheada de

informações quase sempre apelativas, fala da vida, do presente e mexe com

os sentimentos.

25

Com o passar do tempo, as crianças entram em contato com o

computador que os possibilita a interatividade, desperta a curiosidade e os leva

a descobertas. Tudo muito naturalmente, pois faz parte do mundo delas.

O interessante é que ninguém as ensinou a usar esses meios, parece

que já nasceram com uma pré-disposição para saber manusear em botões,

mouses, teclas, enfim, que já nascem digitalizadas. (MULTIRIO, 2011)

A geração de jovens que está diante de nós é a geração do

“ciberespaço” – da televisão, do MP3, dos filmes em terceira dimensão (3D),

dos jogos, da internet... A escola não pode distanciar-se do que acontece fora

dela, até pelo volume de informações que cerca tanto crianças como jovens.

A educação tem um compromisso com a transmissão do saber

sistematizado, por um lado ela deve conduzir à formação do

educando fazendo-o capaz de viver conviver em sociedade,

participar de sua vida na relação com o outro. Não podemos

então separar a tecnologia do homem tanto no sentido de

possuir os conhecimentos e saberes para produzi-la, mas para

saber como essa tecnologia vai e pode influir na subjetividade.

O que dificulta ainda mais esse papel na educação é que este

saber não mais existe de forma linear e hierárquica; ele se

produz em redes de conhecimentos que estão disponíveis

dentro e fora da escola, onde sistematicamente ocorre a

educação. Está subjacente à criação e a utilização da

tecnologia um conjunto de conhecimentos, crenças, hábitos

valores que se amalgam no interior do indivíduo construindo a

sua própria subjetividade. (GRINPUN, 2009, p. 27,28)

A base de todo o desenvolvimento da sociedade contemporânea é o

conhecimento e já não há o monopólio das informações por parte da escola.

Libâneo (1998, p.2) nos afirma que,

26

informação e conhecimento não são a mesma coisa. A

informação é uma força poderosa que nos domina e domina

especialmente a grande maioria das pessoas que estão

afastadas do conhecimento. O conhecimento é o que

possibilita a liberdade intelectual e política para as pessoas

darem significado à informação, isto é, julgá-la criticamente e

tomar decisões mais livres e mais acertadas.

É necessária, portanto, uma cuidadosa reflexão por parte de todos que

compõem a comunidade escolar, para que a tecnologia possa, de fato,

contribuir para a formação de indivíduos competentes, conscientes e

preparados para a realidade em que vivem.

2.1 – A sociedade da Informação e suas implicações em nosso

cotidiano e no processo educacional

Há alguns anos atrás, para aprender, era necessário ir à escola,

espaço durante muitos séculos destinado para esta finalidade. Hoje, a

informação está disponível em vários lugares sob diversas formas. Continua-se

indo à escola, mas com o advento do surgimento das novas tecnologias da

informação e da comunicação, que revolucionaram as noções de tempo e

espaço, ela não é mais o único espaço reservado para a aprendizagem. As

informações, antes limitadas ao ambiente escolar, encontram-se espalhadas

em meio à sociedade disponíveis através de uma grande variedade de

veículos de comunicação existentes. O educador sabe da importância desses

meios na formação das crianças e jovens e sabe, também, que ele não pode

ficar desconectado dessa realidade do mundo exterior. (MULTIRIO, 2011)

As formas de sociabilidade foram diversificadas com o surgimento de

uma nova dimensão para a troca de experiências entre as pessoas. O

irreversível processo de globalização ampliou essas relações, ultrapassando os

limites geográficos das cidades e dos países. Nesse contexto, educação,

27

escola, família e instituições sociais não poderão dar conta do presente se não

estiverem, decididamente, ‘linkadas’ ao futuro.

A escola precisa aproveitar toda riqueza que os recursos externos

proporcionam,

não apenas para ficar mais interessante, para facilitar o

trabalho do professor, mas porque são novas linguagens que o

aluno precisa aprender a ler, a compreender, a interpretar [...].

Os modos específicos de ler imagens e textos digitais são

decorrentes de um outro letramento [...] de novos modos de

compreender, perceber, sentir, representar e se relacionar com

a vida e com o mundo, marcando a trajetória de cada sujeito-

leitor e somando-se a ela. (SOARES apud MULTIRIO, 2011, p.

87)

Os educadores devem buscar meios para reorganizar as informações

disponíveis através das tecnologias, orientar as discussões sobre a influência

das mídias, ensinar os alunos a estabelecer distâncias críticas do que é

veiculado, prover elementos para uma leitura crítica e ordenada. Daí, uma das

importâncias dos Orientadores Educacionais nas escolas para auxiliar os

alunos a desenvolver estas entre outras competências através de sua dinâmica

de trabalho.

Os jornais, revistas, a televisão, o vídeo, o rádio, a internet e a

hipermídia são recursos ótimos para mobilizar os alunos em torno de

problemáticas, quando há a intenção de despertar-lhes o interesse na iniciação

aos estudos temáticos, no desenvolvimento de projetos ou trazer novos

olhares para os trabalhos em andamento. Porém é necessário ter em mente os

objetivos pedagógicos que se deseja atingir e quais as características

principais das mídias disponíveis, pois, segundo Prado (2005, p.9),

28

o fato de utilizar diferentes mídias na prática escolar nem

sempre significa integração entre mídias e a atividade

pedagógica. Integrar – no sentido de completar, de tornar

inteiro – vai além de acrescentar o uso de uma mídia em uma

determinada situação da prática escolar. Para que haja a

integração, é necessário conhecer as especificidades dos

recursos midiáticos, com vistas a incorporá-los nos objetivos

didáticos do professor, de maneira que possa enriquecer com

novos significados as situações de aprendizagem vivenciadas

pelos alunos.

A tecnologia pode ser uma aliada importante, porque pressupõe novas

formas de interpretar e representar o conhecimento. Além do mais, uma

determinada tecnologia requer uma multiplicidade de recursos distintos, os

quais devem ser considerados para que seu uso seja significativo e pertinente

ao contexto. O uso de diversas mídias (computador, televisão, livros...)

possibilita ao aluno expressar seu pensamento por meio de diferentes

linguagens e formas de representação.

O uso de tecnologias na escola está vinculado a uma concepção de

ser humano, de mundo, de educação e do papel de cada um na sociedade.

O homem e a tecnologia estão sempre juntos, pois se essa

hoje substitui o homem, no seu fazer-saber, se ela diminui

suas horas de trabalho e amplia o seu lazer, se ela possibilita

chegar a lugares nunca antes permitidos a não ser pelo sonho

e pela imaginação é por que o homem um dia a concebeu e a

criou. Não é obra do acaso, nem crença, nem mito, nem rito

sagrado; ela é obra do homem e, portanto implícita e

explicitamente a educação se faz e se fez presente.

(GRINPUN, 2009, p. 34)

29

A pedagogia de ensino neste novo milênio não se restringe ao livro, ao

caderno e ao saber do professor, abrindo assim, perspectivas para outras

maneiras de aprender e ensinar.

2.2 – Estudo de Caso

No ano de 2011 tivemos a oportunidade de assumir uma turma na

Escola Municipal Thomé de Souza SME-RJ que fazia parte do Projeto

denominado Autonomia Carioca 2, que é voltado para o nivelamento de alunos

do 6º ano do ensino fundamental, por meio da aceleração dos estudos e da

correção da defasagem entre idade/ ano escolar com duração de 2 anos

consecutivos. O Projeto do qual esta turma faz parte está inserido em uma

parceria da SME-RJ com a Fundação Roberto Marinho através da utilização de

materiais audiovisuais das telessalas com módulos do “Tecendo o Saber” e

“Telecurso”.

A organização do currículo é modular. A metodologia é pautada no

trabalho da construção coletiva do conhecimento onde correlaciona conceitos

com o cotidiano e possibilita uma abordagem interdisciplinar. Baseada na

teoria de Paulo Freire utiliza parte do aprendizado que o aluno já possui

resgatando as suas experiências de vida ao mesmo tempo em que busca criar

condições para que ele construa novos conhecimentos.

A metodologia Telessala, foi criada para propiciar um ambiente de

aprendizagem, pesquisa, construção e criatividade. Nessa metodologia, o

professor tem um papel fundamental. É ele quem orienta e dinamiza a

aprendizagem do grupo de alunos em todas as disciplinas independente de

sua área de formação. O professor participa de capacitações onde se prepara

para utilizar estratégias variadas e meios pedagógicos como as Tecnologias de

Comunicação e Informação, em especial o vídeo (uma coletânea com

conteúdos multidisciplinares que abordam assuntos da atualidade integrados

30

aos conteúdos), a serviço socialização e da construção da aprendizagem e da

autonomia dos estudantes.

É muito importante a presença e auxílio da gestão escolar junto ao

professor apoiando e assessorando o fazer pedagógico mediante a

complexidade das turmas envolvidas neste projeto e é lastimável não poder

contar com o profissional orientador educacional e pedagógico na rede

atualmente para reforçar a equipe gestora em prol de uma melhor qualidade na

educação e formação destes alunos.

São algumas das estratégias e movimentos desenvolvidos no decorrer

das aulas muito importantes para a metodologia da Telessala que podem ser

aproveitadas por qualquer professor em qualquer segmento educacional:

à a utilização do círculo, onde são realizadas rodas de conversas em

que todos estão no mesmo patamar, frente a frente, podendo assim interagir,

identificar afinidades e se constituir como grupo. Esta formação é interessante

para que juntos possam ouvir histórias, trocar ideias, aprender e resolver

problemas juntos.

à a produção do memorial (pessoal e da turma) que são usados

como importantes instrumentos de avaliação, aprendizagem e

autoconhecimento. Tanto aluno quanto professor tem o seu onde registram os

acontecimentos diários na escola.

à a divisão em equipes que possuem responsabilidades específicas a

fim de contribuir para o senso de coletividade em uma comunidade de

aprendizagem.

As equipes são formadas a partir de dinâmicas de grupo na aula e

recebem denominação de acordo com algumas funções e responsabilidades

que lhes serão atribuídas. Elas não são fixas e podem ser modificadas de

acordo com a atividade a ser realizada na aula ou devido à necessidade do

professor ou mesmo do grupo para favorecer a integração e cooperação

31

evitando assim a formação das chamadas “panelinhas” que tem cunho

excludente contra os princípios adotados pelo projeto.

A Equipe de Socialização fica com a função da integração da turma

através de dinâmicas e confraternizações, buscando soluções coletivas para

problemas pessoais, criando-se ambiente de solidariedade, confiança e

colaboração.

A de Coordenação é responsável pela organização e distribuição dos

materiais a serem usados nas aulas e a divulgar a agenda do dia.

A Equipe de Síntese é o grupo que tenta aprender e sistematizar tudo

o que ocorreu na aula, sob forma de fichamento, apresentando para a turma

um levantamento com os pontos mais importantes do que foi construído na

aula.

A de Avaliação tem como função garantir, ao final das atividades, a

produção do memorial onde são registrados os avanços, dúvidas e juízo de

valores para serem discutidos na próxima aula.

A educação na telessala é pautada em quatro pilares baseado no

relatório da UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o

século XXI: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em

comum e aprender a ser.

• Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. • Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes,

32

quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho. • Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências — realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos — no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz. • Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se. (DELORS, 1996, PP. 89-99)

Após a primeira semana de capacitação iniciamos o período

denominado de integração, momento este onde os alunos começam a se

familiarizar com a proposta e metodologias que serão desenvolvidas.

Foi realizado o diagnóstico da turma, assim como reunião com os

responsáveis, ponto importantíssimo para buscar apoio e um elo entre família

e escola de modo que esta pudesse também entender o desenvolvimento das

aulas que tem um formato bastante diferente da que comumente vemos.

Chegamos à seguinte constatação de que os alunos estavam

repetindo o mesmo ano escolar por duas, três e até quatro vezes consecutivas,

fato este gerado por alguns motivos, dentre eles: a dificuldade de

aprendizagem, a auto-estima baixa e (a maioria dos casos estavam

relacionados) a evasão escolar. Quando indagados sobre os motivos que os

levavam à repetência, a resposta era quase sempre a mesma. Faltavam para ir

jogar e acessar as redes sociais nas lan houses existentes nas proximidades

da escola.

A questão estava posta. O que havia de tão fascinante nestas mídias

que os fazia distanciarem-se da escola? O que a escola não possuía para

atrair a atenção e interesse desses alunos? O que a tecnologia pode trazer

para a escola? É claro que não há como negar a existência de outros

problemas, valores e responsabilidades sociais existentes no caso. Porém, o

33

grande dilema a ser encarado era o de tentar influenciar estes alunos a tomar

o rumo inverso.

Mesmo sabendo que na SME-RJ não há a função de especialista em

Orientação Educacional regulamentada em seus cargos públicos, esta turma

ocupou nossa análise diante da complexidade do trabalho a ser realizado com

estes alunos que não conseguiam alcançar êxito em sua vida escolar e tinham

como consequência a estima baixa e a evasão escolar formando então parte

de nosso objeto de estudo.

Algumas questões começaram a ser formuladas para análise e estudo

de caso.

Como usar as TICs à favor da produção de aprendizagem e

conhecimento na escola e poder então propiciar à estes adolescentes um

desenvolvimento mais humano, cultural, científico e tecnológico de modo que

adquiram condições para enfrentarem as exigências do mundo

contemporâneo?

Percebia-se que os alunos dominavam alguns recursos tecnológicos

como câmeras fotográficas, celulares, Mp3, mini aparelho de som portátil e

computadores. Volta e meia estavam se fotografando pelos corredores,

filmavam-se, postavam esses materiais nos sites de relacionamento, baixavam

vídeos e músicas para ouvirem no recreio, jogavam e comunicavam-se através

dos celulares cheios de recursos e via MSN, Orkut e Facebook. Mas não

tinham a percepção de que todo este material poderia ser usado em seu

próprio favor no sentido de aproveitá-lo para a produção de conhecimento e

não apenas entretenimento.

Qual o papel do orientador educacional diante da relação entre Aluno

X Professor X TICs?

34

Dentro da metodologia do projeto já haviam alguns fatores que

auxiliariam no desenvolvimento do tema abordado como a utilização de mídias

e a propiciação de leituras e análises delas para abordagem dos conteúdos

através da dinâmica da condução das aulas.

Fizemos um levantamento das mídias disponíveis na escola. Na

telessala onde ocorreriam as aulas já havia uma televisão, um aparelho de

DVD e um aparelho de som. A direção da escola providenciou a compra de um

aparelho de DVD com entrada para USB. Na sala de leitura há três

computadores com acesso à internet. Há também um aparelho data show

disponível para uso de todos os professores. Como na Prefeitura está havendo

um investimento na informatização das escolas estavam sendo instalados

aparelhos data shows em todas as salas e realizando a implantação da rede

de internet sem fio, porém estas tecnologias só estariam disponíveis em todas

as salas somente para o ano de 2012 devido a obras na estrutura da unidade

escolar. Estes eram os recursos disponíveis na escola para tentarmos realizar

uma educação com, pela, para e entre mídias, sabendo que para isto era

necessário um planejamento de atividades e vivências que possibilitasse aos

alunos desenvolver a percepção consciente, a capacidade de interpretar e

refletir sobre as mensagens produzidas através da utilização de sons e

imagens, além da palavra escrita e falada. (MULTIRIO, 2011)

Com a visão do Orientador Educacional buscamos possibilitar o fazer

pedagógico baseado no desenvolvimento de projetos ao integrar as mídias

disponíveis no ambiente escolar, ao contexto social dos alunos e aos

conteúdos a serem trabalhados.

Para Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida (2005, p. 39)

três aspectos são fundamentais para que se possam

compreender as contribuições ao ensino e à aprendizagem

propiciadas pela prática pedagógica com projetos: a

35

explicitação daquilo que se deseja atingir com o projeto e as

ações que se pretende realizar – o registro de intenções,

processos em realização e produções; a integração das

tecnologias e mídias, explorando suas características

constitutivas, de modo a incorporá-las ao desenvolvimento de

ações para agregar efetivos avanços; e os conceitos

relacionados com distintas áreas do conhecimento, que são

mobilizadas no projeto para produzir novos conceitos

relacionados com a problemática do estudo.

Aproveitamos a formação dos grupos onde os alunos eram levados a

selecionar informações significativas, a tomar decisões e a administrar

confronto de ideias. Este trabalho foi viabilizado dentre outros fatores à

questão do tempo, uma vez que a carga horária como professora da turma não

ficou reduzida aos cinqüenta minutos por aula, mais aos cinco tempos diários

de cinqüenta minutos durante quatro dias semanais. Para Prado (2005, p.13),

na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo de

produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e de criar relações,

que incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e

reconstruções de conhecimento. E, portanto, o papel do

professor deixa de ser aquele que ensina por meio da

transmissão de informações – que tem como centro do

processo a atuação do professor –, para criar situações de

aprendizagem cujo foco incide sobre as relações que se

estabelecem neste processo, cabendo ao professor realizar as

mediações necessárias para que o aluno possa encontrar

sentido naquilo que está aprendendo, a partir das relações

criadas nessas situações.

É importante estimular nos alunos o respeito ao próximo e a

autoconfiança, promovendo atitudes e hábitos proativos, necessários à

comunidade escolar.

36

CAPÍTULO III

A Mediação do Orientador Educacional e Pedagógico

Diante das Possibilidades e Usos das Mídias e TIC’s na

Educação

O mundo em que vivemos está em constante transformação. Essas

modificações ocorrem de maneira bastante acelerada e a escola não tem

conseguido acompanhar a velocidade com que tais mudanças têm sido

processadas.

Vivemos na era basicamente da tecnologia, resultado do que a

ciência já produziu ou está produzindo. Inúmeras são as

conseqüências das novas tecnologias que com o seu poder

multiplicador tem se voltado a quase todos os campos da

esfera humana. Podemos perceber seja no lar, na escola, na

indústria, no comércio, na fábrica ou na igreja, na cultura e no

lazer, seja em que área ou campo nos dedicarmos que a

tecnologia trouxe-nos uma nova linguagem, um novo

conhecimento, um novo pensamento, uma nova forma de

expressão. [...] As repercussões ocorrem em todos os

segmentos da sociedade com seus pontos positivos e com os

seus desafios para viver as mudanças existentes. (GRISPUN,

2009, p. 23)

Na sociedade contemporânea, as rápidas transformações no mundo

do trabalho, o avanço tecnológico e os meios de informação e comunicação

incidem fortemente na escola. Segundo GRISPUN (2009), este

desenvolvimento tecnológico vem de certo modo provocando nos educadores

um repensar sobre a educação em termos das perspectivas futuras. O desafio

então é educar as crianças e os jovens, propiciando-lhes um desenvolvimento

37

humano, cultural, científico e tecnológico, de modo que adquiram condições

para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo.

As mídias digitais vieram para ficar e também para revolucionar a

prática pedagógica. Segundo VALENTE (2005, p.23), “o educador deve

conhecer o que cada uma das facilidades tecnológicas tem a oferecer e como

pode ser explorada em diferentes situações educacionais”. As novas

tecnologias exigirão uma reavaliação constante do processo ensino-

aprendizagem e esta não é uma tarefa restrita somente ao professor, mas toda

equipe gestora deve estar aliada a ele.

O editorial da Revista TvEscola (2010, p.3) afirma que, “as tecnologias

chegaram para nos inserir na era do trabalho coletivo [...] além de nos

comunicar uns com os outros de forma intensa, geramos conhecimento [...]

juntos.”

Nesta nova era da educação digital o aluno pode ser o braço direito do

professor, e o professor de certa forma, tem que voltar a ser aluno. A ideia é

promover e orientar a parceria entre educandos, educadores e a escola.

Diante deste contexto de parceria, ação e produção de conhecimento

estudaremos a importância do papel e a prática do orientador educacional,

pois, segundo Olívia Porto (2009, p.64), “um dos papéis do orientador

educacional é justamente estar muito atento às relações.”

O Orientador Educacional competente não será mais o

facilitador de relações, pelas relações, mas, tendo claro o

objetivo fundamental da escola, recupera a importância das

relações na transmissão-criação-transformação do saber. É

ele, com a sua competência técnica, que deve conhecer e

trabalhar os fenômenos do grupo, as tensões, os conflitos, os

papéis, os modelos de interação que interferem na relação

38

professor-alunos, em que o professor mediatize a relação

aluno-conhecimento. (MAIA, GARCIA.1990, p. 60)

3.1 – O Orientador Educacional e Pedagógico.

O orientador educacional e pedagógico é um dos profissionais que

compõe a equipe de gestão dentro de uma instituição escolar. Sua formação

pode ser através da Licenciatura em Pedagogia nos moldes antigos ou em

especialista por meio do curso de pós-graduação.

No Brasil, a Orientação Educacional iniciou sua trajetória através da

implementação da Orientação Profissional e foi pouco a pouco se estruturando

nas escolas com uma dimensão de aconselhamento e orientação mais no

sentido psicológico do que pedagógico. Do foco inicial observado na Escola

Amaro Cavalcanti, no Rio de Janeiro, em 1934, passando pela Lei n.

5.692/1971, quando a Orientação passou a ser obrigatória nas escolas, pode

ser identificado diferentes momentos pelo qual a orientação educacional

passou, até deixar de ser obrigatória e pouco a pouco ter sua presença extinta,

principalmente nas escolas das redes públicas, como é o caso do Município do

Rio de Janeiro. Mas muitas escolas, principalmente as que estão no ranking

das melhores, possuem no seu quadro os orientadores educacionais como

fonte de apoio e fundamentalmente para auxiliar na informação e formação

dos seus alunos através de uma dimensão mais abrangente, não apenas

tendo por base os conteúdos encontrados nas diferentes disciplinas.

(GRISPUN, 2011)

Orientação vem do latim oriens, particípio presente do verbo

orir, levantar-se, ter a sua origem [...]; esta raiz etimológica é

muito sugestiva[...], buscar origem é procurar a gênese e o

caminho, ajudar o viajante a encontrar a direção.

(VASCONCELLOS, 2006, p. 76)

39

A orientação educacional no Brasil nem sempre aconteceu de forma

sistemática na escola. Suas bases encontram-se na Lei Orgânica do Ensino

Industrial de 30 de Janeiro de 1942 e no Decreto Lei nº 4244 de 09 de abril de

1942 onde foram estabelecidas as diretrizes para a orientação educacional

como função de encaminhar os alunos nos estudos e na escolha da profissão,

sempre em entendimento com a família.

O orientador poderia ser considerado como “ajustador”, isto é,

cabia a ele ajustar o aluno à escola, à família e à sociedade, a

partir de parâmetros eleitos por essas instituições como sendo

os de desempenho satisfatórios. (GRISPUN, 2011, pp. 28,29,

grifo da autora)

Segundo Grispun (2011), dois acontecimentos importantes no campo

da orientação profissional ocorreram quase concomitantes: a criação Decreto

n. 4073, de 30/1/1942, da Lei Orgânica do Ensino Industrial, temos o Decreto

n. 4048, de 22/1/1942, que criou o SENAI .

O orientador educacional, durante muito tempo continuou a dirigir sua

atenção ao aluno “com problemas”, tendo que efetivar suas ações de modo

que pudesse corrigir, encaminhar, isto é adaptar o aluno a rotina da escola, ao

invés de dirigir sua ação ao processo integral de desenvolvimento da atividade

educativa.

Em dezembro de 1968, em Brasília, foi aprovada a Lei nº 5564 que

provê regulamenta a profissão do Orientador Educacional significando um

avanço na definição e profissionalização na área.

Até a década de 70, em todo nosso país, o profissional apoiava-se

num referencial basicamente psicológico reforçando a ideologia das aptidões.

A Orientação Educacional se consagra no texto da Lei nº 5692,

de 11/08/71 quando faz presença obrigatória em todas as

40

instituições de ensino por meio da ação do Serviço de

Orientação Educacional (S.O.E.), o qual deveria estabelecer

uma relação de parceria entre a escola, os professores, a

comunidade e a família. (PORTO, 2009, p. 50)

Com esta Lei passa a ser obrigatória a presença da orientação

educacional no Ensino de 1º e 2º graus, para atender o objetivo da qualificação

para o trabalho e a inclusão do aconselhamento vocacional, em cooperação

com professores, família e comunidade. A partir de então, o profissional

passou a desenvolver sua prática tendo por base no autoconhecimento, nas

relações interpessoais, na sondagem de aptidões e interesses, informações

sobre as profissões e o mercado de trabalho. As técnicas que pautavam a sua

ação cotidiana envolviam entrevistas, aplicação de testes, inventário de

interesses, sociogramas, aconselhamentos e atendimentos a problemas

disciplinares.

O que se pretendia, na realidade, era confirmar um ensino

profissionalizante, obrigatório que, através do aconselhamento

vocacional, oferecia a oportunidade de escolha de uma

profissão futura, compatível com as necessidades mercado.

(GRISPUN, 2011, p. 30)

Em 26 de setembro de 1973, foi assinado o Decreto nº 72846

regulamentando a Lei nº 5564 de 21/12/1968 que provê sobre o exercício da

profissão de Orientador Educacional.

Segundo Angelini e Penteado (2006, p.3), é necessário que o

profissional observe

o decreto que regulamenta a profissão do Or. E. e que

estabelece, entre outras coisas, as atribuições privativas, isto

é, as que competem a ele coordenar e aquelas das quais deve

participar com a equipe escolar.

41

Mirian P.S.Z. Grispun nos afirma que,

a orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não

apenas e unicamente cuidar e ajudar os “alunos com

problemas”. Há, portanto, necessidade de nos inserirmos em

uma nova abordagem de Orientação, voltada para a

“construção” de um cidadão que esteja mais comprometido

com o seu tempo e sua gente. (2008, p. 13, grifo da autora)

O profissional orientador educacional e pedagógico trabalha

diretamente com os alunos, que segundo Lück (2008), constitui-se no centro

máximo de atenção da escola, a fim de proporcionar o desenvolvimento do seu

processo de cidadania; atua em parceria com professores buscando a

compreensão dos comportamentos dos alunos para efetuar sua ação

adequadamente; com a instituição escolar não ficando mais restrito somente

aos atendimentos individuais dos alunos, mas, auxiliando e participando da

organização e realização da proposta pedagógica, da elaboração do Projeto

Político-Pedagógico, participando de reuniões pedagógicas semanais, de

conselhos de classe, entre outros (VASCONCELLOS, 2006); e com a

comunidade, ouvindo, dialogando e orientando pais e responsáveis.

Partimos de uma Orientação voltada para a individualização e

chegamos a uma Orientação coletiva e participativa. Todos

têm que estar comprometidos com a formação do cidadão.

Este também é papel do Orientador educacional. (GRIPUN,

2008, p. 13)

Infelizmente, hoje não há mais a obrigatoriedade da presença do

profissional orientador educacional nas instituições de ensino desde a Lei n.

9394/96.

42

3.2 – A Prática do Orientador Educacional e as TICS –

Experiências bem Sucedidas.

A orientação, hoje, caracteriza-se por um trabalho muito mais

abrangente, no sentido de sua dimensão pedagógica. Possui

caráter mediador junto aos demais educandos, atuando com

todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais

efetiva e de uma educação de qualidade nas escolas. O

orientador está comprometido com a formação da cidadania

dos alunos, considerando, em especial, o caráter da formação

da subjetividade. Da ênfase anterior à orientação individual,

reforça-se, hoje, o enfoque coletivo (a construção coletiva da

escola e da própria sociedade), sem, entretanto, perder de

vista que esse coletivo é composto por pessoas, que devem

pensar e agir a partir de questões contextuais, envolvendo

tanto as contradições e conflitos, como realizações bem

sucedidas. Busca-se conhecer a realidade e transformá-la,

para que seja mais justa e humana. (GRISPUN, 2011, P. 35)

No início do ano de 2011 ao assumir a turma do Projeto Autonomia

Carioca e iniciar as atividades com os grupos desde o período de integração,

percebemos que os alunos mostravam-se imensamente tímidos. Para iniciar

qualquer atividade, por mais simples que fosse muitas vezes tinha que ser

iniciada pela professora regente, pois só assim paulatinamente os alunos iam

adquirindo confiança primeiramente neles próprios, no grupo e nas atividades

desenvolvidas pela professora. Muitos se achavam incapazes, mas foram aos

poucos, descobrindo e usando suas capacidades, potencialidades e

criatividade, principalmente pelo fato de não se verem mais expostos, pois

estavam em grupo, onde um motivava e apoiava o outro.

As atividades desenvolvidas estavam sempre em consonância com as

temáticas desenvolvidas nas teleaulas.

43

A orientação hoje, tem que se desenvolver através de um

trabalho participativo, onde o currículo deve ser construído por

todos, e onde a interdisciplinaridade deve ser buscada, para

uma melhor compreensão do processo pedagógico da escola.

(loc. Cit.)

3.2.1 – Algumas Atividades Colaborativas Desenvolvidas.

“Fala, e eu esquecerei; Ensine-me, e eu

poderei lembrar; Envolve-me, e eu

aprenderei.”

Benjamim Franklin

Atividade 1: Por um voto consciente.

Introdução: o projeto surgiu a partir de uma das teleaulas que tratava

da candidatura de um personagem da comunidade. Ligando o assunto à

necessidade de fazermos a escolha do aluno representante da turma,

resolvemos criar quatro chapas de candidatos de acordo com as equipes

vigentes.

Objetivo: realizar a eleição para aluno representante da turma, com

vista a uma participação consciente e coletiva.

Desenvolvimento: todos os grupos tiveram que realizar as seguintes

tarefas:

1. escolher os alunos para representar a sua equipe;

2. desenvolver a proposta do candidato e apresentá-la no data show;

3. produzir cartazes para incrementar a campanha;

4. criar um ‘jingle’ (para isso era necessário usar a música ou o ‘play-

back’) com o número e o nome do candidato;

5. realizar a apresentação para a turma com todo material produzido.

44

A outra parte do projeto consistia na confecção de documento do título

de eleitor (ver em anexo 1) que foi preenchido pelos alunos.

Cada equipe ficou responsável por uma etapa do projeto que teve

duração de dois dias. Segundo o cronograma (1º dia – apresentação da

proposta e elaboração das tarefas; 2º dia – apresentação dos grupos, eleição e

apuração dos votos).

A equipe de síntese confeccionou e afixou o cartaz de tarefas no

mural; a equipe de coordenação ficou responsável por verificar e entrar em

contato com os alunos que haviam faltado para orientá-los sobre o projeto; a

equipe de coordenação organizou o material necessário para o dia da

apresentação e a equipe de avaliação ficou responsável pela apuração dos

votos. Todos supervisionados e orientados pela professora.

A avaliação envolveu a participação, envolvimento, qualidade do

material apresentado, bem como o respeito no momento da apresentação das

demais equipes e o memorial individual, produzido no final da aula.

Atividade 2: Orientação Sexual

Objetivo: refletir sobre o que precisamos conhecer e fazer para evitar

doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência.

Introdução: Na aula de Centro de Estudos a professora estava

trabalhando com temas gerados pelo interesse dos alunos e um deles era

sobre prevenção e métodos contraceptivos. Orientamos a professora a

trabalhar com o vídeo ‘Meninas’ para iniciar os debates sobre e tema e

consequentes estudos. Em uma das teleaulas o tema se repetiu, então, para

não abordar as mesmas coisas já vistas por eles, decidimos conversar com o

enfermeiro chefe e professor universitário da família que nos deu algumas

45

orientações. Uma delas foi a de colocar uma caixa de dúvidas e sugestões

sobre o que eles queriam aprender sobre o conteúdo a ser trabalhado.

Deixamos a urna durante uma semana num local de fácil acesso para todos

que quisessem depositar suas perguntas o fariam sem precisar se identificar. A

partir dos questionamentos organizamos o roteiro das atividades.

Atividades: foi realizada uma palestra, tendo por base as questões

retiradas da caixa, com o enfermeiro que pelo fato de morar em outro

município teve que ser feita por vídeo conferência (o notebook da professora e

a internet móvel da aluna foram usados), os alunos também tiveram a

oportunidade de fazer outras perguntas no momento o que foi muito

proveitoso.

Ao final da palestra os alunos em equipe ficaram responsáveis pela

produção para apresentação de material no dia seguinte e cada grupo recebeu

um tema diferente.

A equipe de socialização apresentou o vídeo do Dr. Drázio Varela

sobre gravidez na adolescência encontrado no site http://vimeo.com/7255188

(acesso jun./2011) e depois conversamos sobre os métodos contraceptivos já

demonstrados na palestra do dia anterior com o profissional da saúde.

A equipe de coordenação apresentou fotos retiradas da internet sobre

doenças sexualmente transmissíveis e comentaram sobre as formas de

contágio e os problemas causados, assim como reforçaram a ideia de ter um

médico acompanhando sua saúde mesmo antes da iniciação da vida sexual

ativa.

A equipe de síntese fez o relatório da aula anterior e apresentou para a

turma e mostraram o vídeo do rap da prevenção baixado do youtube

http://www.youtube.com/watch?v=fLCAqQqEtNI (acesso jun./2011) e

trouxeram a letra escrita para os colegas poderem acompanhar.

46

A equipe da Avaliação preparou um esquete sobre AIDS e

apresentaram para a turma.

A turma foi avaliada da mesma maneira que foi realizada na atividade

um.

Atividade 3: Projeto Caminhos do Rio

Objetivo: conhecer as origens da cidade do Rio de Janeiro por meio de

uma aula-passeio.

Atividades: realizamos uma aula no centro Histórico do Rio de Janeiro

participando do Projeto da arquiteta Renata de Faria Pereira em parceria com

a SME-RJ, que tem por nome o título deste projeto. Conhecemos este passeio

cultural através do site http://www.caminhosdorio.com/caminhos.html (acesso

ago./2011). Durante o percurso realizado os alunos faziam as atividades do

livro doado pela organizadora do projeto e revezavam-se no registro das fotos

e filmagens dos locais históricos para posterior apresentação em aula para os

alunos que não tiveram a oportunidade de estar presente no dia por motivos

pessoais. Foi feito também relatório individual sobre as expectativas e

vivências no passeio e depoimento gravado em vídeo.

A avaliação girou em torno do relatório escrito, depoimento gravado, da

participação das atividades no decorrer do percurso e da produção das

atividades do livro.

Esta atividade foi muito marcante, pois alguns dos alunos não

conheciam o centro da cidade onde moravam e ficaram maravilhados ao poder

além de conhecer pessoalmente, ter a oportunidade de passar por locais

históricos. Os olhos atentos a tudo foi o melhor resultado que poderíamos ter.

47

Atividade 4: Releitura de obras de Arte.

Conteúdo: Semana de Arte Moderna de 1922 (História e foi

aproveitado para realizar atividade interdisciplinar com artes e Língua

Portuguesa).

Objetivo: analisar o perfil da população brasileira retratada pelos

modernistas através de suas obras.

Atividades: antes de iniciarmos a teleaula visualizamos algumas obras

de arte produzidas pelos modernistas em Power point. Foi transmitida a

teleaula acompanhada de explicações com o livro didático, conversamos sobre

o tema e foi feita a produção coletiva da releitura de algumas telas de Tarsila

do Amaral. Fizemos individualmente a releitura da obra Abaporu com o uso de

um cenário no canto da sala e fotografia com câmera digital. Foram realizadas

outras releituras coletivas por meio de pintura.

Avaliação foi feita através da análise das obras, das releituras e da

interpretação de como os autores retratavam a sociedade da época. Não podia

desconsiderar os aspectos históricos, sociais e políticos envolvidos.

Há na SME-RJ a Educopédia, que é uma plataforma colaborativa de

aula on-line que pode ser acessada por alunos, professores ou qualquer outra

pessoa na escola ou em qualquer outro lugar e momento. Ela ainda em fase

de desenvolvimento, passando por testes. Tivemos alguns problemas

operacionais com a internet e a educopédia muitas das vezes era rodada

apenas via Power point. É um recurso muito interessante, porém ainda

precisam ser superados os problemas instrumentais para sua real implantação

com a totalidade de recursos que ela possui.

O papel do orientador na dimensão contextualizada diz

respeito, basicamente, ao estudo da realidade do aluno,

48

trazendo-a para dentro da escola, no sentido da melhor

promoção ao seu desenvolvimento. A orientação não existe

para padronizar os alunos nos paradigmas escolares como

ajustados, disciplinados ou responsáveis. O importante é a

singularidade dentro da pluralidade, do coletivo. A prática do

orientador deverá valorizar a criatividade, respeitar o simbólico,

permitir o sonho, recuperar a poesia. O conhecimento não

exclui o sentimento, o desejo, a paixão. Precisamos encontrar

em cada um de nós esse espaço e, simplesmente, deixá-lo

existir. (PORTO, 2009, pp. 73,74)

49

CONCLUSÃO

O uso das Mídias e das Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação (TICs) vem acontecendo com uma intensidade cada vez maior

no cotidiano da garotada desta geração. Desde bem pequeninos já manuseiam

celulares, câmeras digitais, computadores, internet, DVD, jogos eletrônicos e

toda infinidade de recursos tecnológicos que a vida moderna proporciona. E,

na maioria das vezes, nem a escola, nem os professores conseguem

acompanhá-los.

As tecnologias da Informação e Comunicação vêm cada vez mais

alcançando o seu espaço na educação pedagógica. Chegam à escola sob a

forma de novos recursos pedagógicos para serem inseridos na prática

pedagógica, gerando impacto sobre a educação desenvolvida e com isso

busca-se criar novas formas de aprendizado e especialmente novas relações

entre professores e alunos de forma interativa e dinâmica.

Educadores de uma maneira geral têm voltado suas atenções para a

busca de novas formas de ensinar através da utilização das mídias e das

TICS, até porque na SME-RJ está havendo investimentos na infraestrutura

com vista promover uma educação de qualidade. Cabe então aos professores

e gestores capacitarem-se para lidar com estes recursos disponíveis na escola.

É importante frisar que hoje na escola não há mais o detentor supremo

do saber de um lado e do outro o desprovido de conhecimento. Há sim

saberes e habilidades que devem ser desenvolvidos por intermédio de um

mediador, que é o professor, que não deve atuar sozinho em meio a conteúdos

e questões disciplinares, este deve contar com o apoio da equipe gestora, em

específico de nossa pesquisa, o Orientador Educacional e Pedagógico, para

apoiá-lo em meio à todas estas questões mais a inserção das mídias e

tecnologias no cotidiano de seu fazer pedagógico, atuando de forma coletiva e

50

colaborativa com vistas a formação de indivíduos críticos , autônomos e

capazes de exercerem seus direitos e deveres de cidadãos.

Apesar de ser uma função regulamentada por Lei, sente-se a falta do

profissional da Or. Educacional nas escolas das SME-RJ seja para mediador

nas relações entre família-escola-comunidade, quanto para desenvolver a

orientação profissional com os alunos, especialmente os do 8º e 9º anos,

assim como os que estão fazendo parte dos projetos de aceleração que estão

em atividade. Acaba que mais uma função recai sobre os ombros de gestores

e professores que além de realizarem suas tarefas burocráticas, realizam a

função do orientador segundo as suas forças, porém é sabido que seria muito

mais eficaz se fosse realizada por um especialista da área dentro da instituição

escolar.

Busca-se hoje efetivar uma orientação que tenha o papel mediador,

dinâmico e contextualizado com as inovações que surgem em nossa

sociedade com objetivo de proporcionar aos nossos educandos uma educação

de qualidade.

51

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> DECRETO-LEI N. 4.073 – DE 30 DE JANEIRO DE 1942 53

http://www.soleis.adv.br/leiorganicaensinoindustrial.htm acesso em 12/2011. Anexo 2 >> DECRETO-LEI N. 4.244 – DE 9 DE ABRIL DE 1942 54 http://www.soleis.adv.br/leiorganicaensinosecundario.htm acesso em 12/2011.

Anexo 3 >> LEI Nº 5.564, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1968 55

http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=5564&tipo_norma=LEI&data=19681221&link=s acesso em 12/2011.

Anexo 4 >> Decreto nº 72.846, de 26 de setembro de 1973. 56

http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=72846&tipo

_norma=DEC&data=19730926&link=s acesso em 12/2011.

Anexo 5 >> Título de Eleitor para preencher; 59

http://www.pragentemiuda.org/2010/09/titulo-de-eleitor-para-imprimir.html Acesso: março de 2011. Anexo 6 >> Eleição de Aluno Representante. Realizada em abril 2011; 60 Anexo 7 >> Releitura da obra Abaporu de Tarsila do Amaral 61

52

ANEXO 1

DECRETO-LEI N. 4.073 – DE 30 DE JANEIRO DE 1942

Lei orgânica do ensino industrial O Presidente da República. usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte:

CAPÍTULO XIII DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Art. 50. Instituir-se-á, em cada escola industrial ou escola técnica, a orientação educacional, que busque, mediante a aplicação de processos pedagógicos adequados, e em face da personalidade de cada aluno, e de seus problemas, não só a necessária correção e encaminhamento, mas ainda a elevação das qualidades morais.

Art. 51. lncumbe também à orientação educacional, nas escolas industriais e escolas técnicas, promover, com o auxílio da direção escolar, a organização e o desenvolvimento, entre os alunos, de instituições escolares, tais como as cooperativas, as revistas e jornais, os clubes ou grêmios, criando, na vida dessas instituições, num regime de autonomia, as condições favoráveis à educação social dos escolares.

Art. 52. Cabe ainda à orientação educacional velar no sentido de que o estudo e o descanso dos alunos decorram em termos da maior conveniência pedagógica.

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 1942, 121º da Independência e 54º da República.

GETULIO VARGAS Gustavo Capanema

53

ANEXO 2

DECRETO-LEI N. 4.244 – DE 9 DE ABRIL DE 1942

Lei orgânica do ensino secundário

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte:

CAPÍTULO VI DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Art. 80. Far-se-á, nos estabelecimentos de ensino secundária, a orientação educacional.

Art. 81. É função da orientação educacional, mediante as necessárias observações, cooperar no sentido de que cada aluno se encaminhe convenientemente nos estudos e na escolha da sua profissão, ministrando-lhe esclarecimentos e conselhos, sempre em entendimento com a sua família.

Art. 82. Cabe ainda à orientação educacional cooperar com os professores no sentido da boa execução, por parte dos alunos, dos trabalhos escolares, buscar imprimir segurança e atividade aos trabalhos complementares e velar por que o estudo, a recreação e o descanso dos alunos decorram em condições da maior conveniência pedagógica.

Art. 83. São aplicáveis aos orientadores educacionais os preceitos do artigo 79 desta lei, relativos aos professores.

Rio de Janeiro, 9 de abril de 1942, 121º da Independência e 54º da República.

GETULIO VARGAS Gustavo Capanema

54

ANEXO 3

LEI Nº 5.564, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1968

Provê sôbre o exercício da profissão de orientador educacional

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º A orientação educacional se destina a assistir ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário visando ao desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas.

Art. 2º A orientação educacional será atribuição exclusiva dos profissionais de que trata a presente Lei.

Art. 3º A formação de orientador educacional obedecerá ao disposto nos arts. 62, 63 e 64 da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 e aos outros diplomas legais vigentes.

Art. 4º Os diplomas de orientador educacional serão registrados em órgão próprio do Ministério da Educação e Cultura.

Art. 5º Constituem atribuições do orientador educacional além do aconselhamento dos alunos e outras que lhe são peculiares, lecionar as disciplinas das áreas da orientação educacional.

Art. 6º As disposições desta Lei serão regulamentadas pelo Poder Executivo, inclusive para definição do código de ética dos orientadores educacionais.

Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 21 de dezembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.

a. Costa e Silva

Tarso Dutra

55

ANEXO 4

Decreto nº 72.846, de 26 de setembro de 1973.

Regulamenta a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, que provê sobre o exercício da profissão de orientador educacional.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, da Constituição,

decreta:

Art. 1º Constitui o objeto da Orientação Educacional a assistência ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º graus, visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas.

Art. 2º O exercício da profissão de Orientador Educacional é privativo:

I - Dos licenciados em pedagogia, habilitados em orientação educacional, possuidores de diplomas expedidos por estabelecimentos de ensino superior oficiais ou reconhecidos.

II - Dos portadores de diplomas ou certificados de orientador educacional obtidos em cursos de pós-graduação, ministrados por estabelecimentos oficiais ou reconhecidos, devidamente credenciados pelo Conselho Federal de Educação.

III - Dos diplomados em orientação educacional por escolas estrangeiras, cujos títulos sejam revalidados na forma da legislação em vigor.

Art. 3º É assegurado ainda o direito de exercer a profissão de Orientador Educacional:

I - Aos formados que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71, na forma do art. 63, da Lei nº 4.024-61, em todo o ensino 1º e 2º graus.

II - Aos formados que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei nº 5.692-71 na forma do artigo 64, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, até a 4º série do ensino de 1º grau.

Art. 4º Os profissionais, de que tratam os artigos anteriores, somente poderão exercer a profissão após satisfazerem os seguintes requisitos:

I - Registro dos diplomas ou certificados no Ministério da Educação e Cultura;

II - Registro profissional no órgão competente do Ministério da Educação e Cultura.

56

Art. 5º A Profissão de Orientador Educacional, observadas as condições previstas neste regulamento, se exerce na órbita pública ou privada, por meio de planejamento, coordenação, supervisão, execução, aconselhamento e acompanhamento relativos às atividades de orientação educacional, bem como por meio de estudos, pesquisas, análises, pareceres compreendidos no seu campo profissional.

Art. 6º Os documentos referentes ao campo de ação profissional de que trata o artigo anterior só terão validade quando assinados por Orientador Educacional, devidamente registrado na forma desse regulamento.

Art. 7º É obrigatório a citação do número do registro de Orientador Educacional em todos os documentos que levam sua assinatura.

Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional:

a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de:

1 - Escola;

2 - Comunidade.

b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas.

c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global.

d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando.

e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vista à orientação vocacional.

f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando.

g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial.

h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.

i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino.

j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.

l) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.

Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições:

a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade;

57

b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;

c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;

d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de turmas e grupos;

e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;

f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários;

g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade;

h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.

Art. 10. No preenchimento de cargos públicos, para os quais se faz mister qualificação de Orientador Educacional, requer-se, como condição essencial, que os candidatos hajam satisfeito, previamente, as exigências da Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968 e deste regulamento.

Art. 11. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 26 de setembro de 1973; 152º da Independência e 85º da República.

emílio G. médici

Confúcio Pamplona

58

ANEXO 5

59

ANEXO 6

60

ANEXO 7

Observação: os responsáveis autorizaram as fotografias apenas para o site da

escola (http://thomedesouzapdm.no.comunidades.net), por isso a ausência de

imagens das atividades desenvolvidas com a turma.

61

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Prática e Formação de Professores

na Integração das Mídias. Prática Pedagógica e Formação de Professores com

Projetos: articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias. Integração

das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância. Brasília:

Ministério da Educação, Seed, 2005, p.39.

ANGELINI, Lia Renata. PENTEADO, Wilma Millan Alves. Orientação

Educacional na Prática: princípios, técnicas, instrumentos. 5ª Ed. ver. e

atualizada. São Paulo: Thompson Learning, 2006.

BRASÍLIA, Novas Tecnologias na Escola: capacitar professores é fundamental.

Revista TvEscola – Tecnologias na Educação. Publicação da Secretaria de

Educação a Distância do MEC, Nov./dez. 2010, p.3.

CAPARELLI, Sérgio. 33 ciberpoemas e uma fábula virtual. Porto Alegre: LP&M,

2001.

DELORS, J.; AL-MUFTI, I.; AMAGI, I.; CARNEIRO, R.; CHUNG, F.;GEMEREK,

B.; GORHAM, N.; KORNHAUSER, A.; MANLEY, M.; QUERO, M. P.; SAVANÉ,

M.; SINGH, K.; STAVENHAGEN, R.; SUHR, M. W.; NANZHAO, Z. Educação

um Tesouro a Descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional

sobre a Educação para o Século XXI. MEC. São Paulo: Cortez, 1996, pp. 99-

102.

GRISPUN, Mírian P. S. Zippin. A Orientação Educacional. Conflito de

Paradigmas e alternativas para a Escola. 5ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.

________________. (Org.) A Prática dos Orientadores Educacionais. 6ª ed.

aumentada, São Paulo: Cortez, 2008.

62

________________. (Org.) Educação Tecnológica. Desafios e Perspectivas. 3ª

ed. rev. e ampl., São Paulo: Cortez, 2009.

MAIA, Eny Marisa. GARCIA, Regina Leite. Uma Orientação Educacional Nova

Para Uma Nova Escola. 5ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 1990.

PRADO, Maria Elisabete Elisabette Brisola Brito. Integração de Tecnologias

com as Mídias Digitais. Integração de Mídias e a Reconstrução da Prática

Pedagógica. Boletim 5: Programa integração de Tecnologias, Linguagens e

Representações. Salto para o Futuro/ TV Escola, maio 2005, p.9.

________________. Pedagogia de Projetos: fundamentos e implicações.

Integração das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância.

Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005, p.13.

PIRES, Valquíria; BELLUCCI, Beluce. Projeto Radix: Geografia 9º ano. São

Paulo: Scipione, 2009. [Coleção Projeto Radix]

PORTO, Olívia. Orientação Educacional: teoria, prática e ação. Rio de Janeiro:

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RIO DE JANEIRO, MULTIRIO – Empresa Municipal de Multimeios Ltda. A

Escola entre Mídias. Rio de Janeiro, 2001. [Coleção MULTIRIO na Escola, n.1]

SILVA, Marco. A Sala de Aula Interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.

VALENTE, José Armando. Pesquisa, comunicação e aprendizagem com o

computador. O papel do computador no processo ensino-aprendizagem.

Integração das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância.

Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005, p.23.

63

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do Trabalho Pedagógico:

do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula.7ª edição. São

Paulo: Libertad Editora, 2006.

64

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - BABIN. Pierre; KOULOUMDJIAN, Marrie France. Os Novos Modos de

Compreender. São Paulo: Ed.Paulinas, 1989.

2 – LÜCK, Heloísa. Ação Integrada: administração, supervisão e orientação

educacional. 26 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

3 - MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil:

espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2004. Ed.

Reformulada.

65

WEBGRAFIA

<http://www.dicionariodoaurelio.com/Midia> Acesso em jan. 2012.

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia> Acesso em jan. 2012.

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Multim%C3%A9dia> Acesso em jan.2012.

BRASÍLIA. Mídias na Educação – Módulo Introdutório – Integração das

Mídias na Educação.Etapa 1. MEC

<http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/introdutorio/etapa_1/p1

_02.html> Acesso em Nov. 2011.

<http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/introdutorio/etapa_1/p1

_05.html> Acesso em Nov.2011.

LIBÂNEO, José Carlos. Perspectivas de uma Pedagogia Emancipadora Face

às Transformações do Mundo Contemporâneo. Entrevista concedida à

Revista Pensar a Prática 1:1 – jan./jun. 1998.

<http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/8/7>Acesso em jan.2012.

MORAN, José Manoel. Desafios da Televisão e do Vídeo à Escola. Texto de

apoio ao programa Salto para o Futuro da TV Escola no módulo TV na

Escola e os Desafios de Hoje 25/06/2002.

<http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafio.htm.> Acesso em 20/12/2011.

66

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

As Mídias e as Tecnologias 11

1.1 – Contextualizando 11

1.2 – Apresentação dos conceitos de mídias e tecnologias 14

1.2.1 – As mídias 15

1.2. 2 – As Tecnologias e as TICs 18

1.3 – Novas Terminologias 20

1.3. 1 –. Multimídia 20

1.3. 2 –. Hipertexto 21

1.3. 3 –. Hipermídia 22

CAPÍTULO II

Mídias e Tecnologias na Escola 24

2.1 -- A sociedade da Informação e suas implicações em nosso cotidiano e no

processo educacional 26

2.2 – Estudo de Caso 29

CAPÍTULO III

A Mediação do Orientador Educacional Diante das Possibilidades e Usos das

Mídias e TIC’s na Educação 36

3.1 – O Orientador Educacional e Pedagógico 38

3.2 – A prática do Orientador Educacional e as TIC’s – Experiências bem

sucedidas 42

3.2.1 – Algumas Atividades Colaborativas Desenvolvidas. 43

CONCLUSÃO 49

67

ANEXOS 51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 61

BIBLIOGRAFIA CITADA 64

WEBGRAFIA 65

ÍNDICE 66

68