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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA BIANCA FERREIRA LEITE Suco de uva: propriedades organolépticas, produção e legislação Lorena 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

BIANCA FERREIRA LEITE

Suco de uva: propriedades organolépticas, produção e legislação

Lorena

2013

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BIANCA FERREIRA LEITE

Suco de uva: propriedades organolépticas, produção e legislação

Monografia apresentada

como requisito parcial para a

conclusão de graduação do

Curso de Engenharia

Bioquímica.

Orientadora: Profª Drª. Rita

de Cássia Lacerda Brambilla

Lorena

2013

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DEDICATÓRIA

Dedico minha monografia e minha vida aos meus pais, Joel e Socorro, pelo

carinho infinito que me foi dado. Pela paciência de me educar, sempre visando minha

melhoria como pessoa, me oferecendo tudo o que uma filha poderia pedir: um lar.

Dedico também ao meu irmão, Bruno, por ser meu melhor amigo desde o

momento em que fui concebida, e por mostrar tamanha fidelidade a mim como irmão,

oferecendo ajuda, conforto, risadas e amor incondicionais.

Dedico esta monografia e meu futuro ao meu noivo. Obrigada por sempre ter

tido fé em mim, mesmo quando eu mesma não tive. Obrigada por me encorajar e por

me fazer companhia até tarde durante as várias noites em que eu redigia esta

monografia ou estudava para outras matérias da faculdade. Você é o melhor “sim” que

eu já disse na vida. 我爱你。

Por último, e não menos importante, dedico estas páginas a minha orientadora e

professora Rita de Cássia, DEBIQ, por toda a ajuda prestada durante a pesquisa realizada

para que esta monografia desse certo. Obrigada por me incentivar na pesquisa e por me

orientar.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE

ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO Serviço de Biblioteca

Escola de Engenharia de Lorena

Leite, Bianca Ferreira

Suco de uva: propriedades organolépticas, produção e legislação / Bianca Ferreira

Leite/Orientadora Rita de Cássia Lacerda Brambilla Rodrigues.--Lorena, 2013

27 p.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de

Graduação de Engenharia Bioquímica - Escola de Engenharia de Lorena da

Universidade de São Paulo.

1. Bebidas não alcoólicas 2. Sucos de Frutas (Propriedades químicas) 3.

Sucos de frutas (Produção) 4. Sucos de Frutas (Legislação). I. Rodrigues, Rita de

Cássia Lacerda Brambilla Orient.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................1

2. OBJETIVOS....................................................................................................2

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................... ...3

3.1. Uva e suco de uva – matéria prima e legislação...................................3

3.2. Compostos fenólicos – Conceitos e importância para a saúde

humana................................................................................................8

3.3. Etapas de processamento.................................................................. .17

3.4. Conservação................................................................................ ........21

3.5. Envase.......................................................................................... .......22

4. EFEITOS BENÉFICOS DO SUCO DE UVA......................................................24

5. METODOLOGIA..........................................................................................25

6. CONCLUSÃO...............................................................................................26

7. REFERÊNCIAS..............................................................................................27

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RESUMO

LEITE, B.F.; SUCO DE UVA: PROPRIEDADES ORGANOLÉPTICAS, PRODUÇÃO E LEGISLAÇÃO; Projeto de Monografia. Trabalho de Graduação em Engenharia Bioquímica. Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.

A uva é um dos frutos mais consumidos no mundo desde os tempos mais

remotos da humanidade. Seus derivados são apreciados pelo sabor característico e

aroma, sendo sua produção rústica, ou seja, não requer grandes tecnologias, além de

manter a composição original da matéria prima. Com os avanços da tecnologia e da

ciência, foram realizadas pesquisas sobre as propriedades organolépticas dos produtos

da uva, principalmente o suco e o vinho, que mostraram diversos benefícios para a

saúde humana. O suco de uva natural, bem como o vinho, são grandes aliados no

tratamento de doenças cardiovasculares, além de possuir propriedades antioxidantes,

valor nutritivo e retardador do envelhecimento cerebral. A fim de expor esses benefícios,

vários artigos foram pesquisados, além da literatura base. Estes mostraram diversos

estudos realizados tanto in vitro quanto in vivo, com resultados positivos em relação às

propriedades organolépticas do suco de uva.

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ABSTRACT

LEITE, B.F.; GRAPE JUICE: ORGANOLEPTIC PROPERTIES, PRODUCTION AND LEGISLATION; Projeto de Monografia. Trabalho de Graduação em Engenharia Bioquímica. Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.

Grape is one of the most world-wide consumed fruits ever since the ancient

times of mankind. Its products are commonly valued by the characteristic flavor and

aroma, and the production is rustic, in other words, doesn’t require advanced

technologies, and also keeps the original composition of the raw material. With the

advances of technology and science, many researches were conducted about the

properties of grape related products, specially juice and wine, which have shown many

benefits for human health. Grape juice and wine are great allies for treatments against

cardiovascular diseases, also have antioxidant properties, nutritional value and also

slows down the process of brain aging. In order to expose these benefits, several articles

and books with the related subject. They have shown many studies proceeded in vivo

and in vitro, with positive results about the organoleptic properties of grape juice.

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1. INTRODUÇÃO

Os derivados da uva, mais especificamente o suco e o vinho, são as bebidas mais

antigas do mundo. O suco de uva foi apreciado no tempo dos Gregos e dos Romanos,

que o utilizavam para diversas finalidades. Entre elas, pode-se falar do uso do suco

concentrado a partir do aquecimento do mosto, a fim de substituir o uso do mel na

adocicação de vinhos, além de produzir doces.

Louis Pasteur (1822 – 1895) foi o primeiro estudioso a elaborar métodos de

conservação do suco de uva, graças aos seus estudos que identificaram os

microrganismos presentes nos mostos responsáveis pela fermentação.

A partir do século XX é que começou a se obter registros de produção de suco de

uva no Brasil. O estabelecimento Oroeste Franzoni & Cia, localizado na atual Monte Belo,

RS, produzia o “Succo de Uvas Franzoni”. A Serra Gaúcha detém a maior produção de

sucos de uva e vinhos no Brasil, sendo que 15% das uvas produzidas nessa região é

direcionada para a processamento de suco de uva concentrado. Outra parcela dessa

produção é direcionada para a produção de vinhos integrais ou adoçados.

No entanto, a elaboração do suco de uva no Brasil vem aumentando cada vez

mais. O consumidor brasileiro aumentou o consumo desta bebida devido aos benefícios

encontrados tanto nas uvas como no suco, gerando uma necessidade de

aperfeiçoamento nas técnicas de elaboração. O suco da uva é um produto de difícil

elaboração, necessitando atingir padrões altos de qualidade em relação à cor, sabor e

aroma. O sabor e o aroma são fatores determinantes neste produto, sendo os mais

analisados pelo consumidor.

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a produção industrial do suco de

uva, enfocando nas suas propriedades organolépticas e benéficas à saúde humana a

parir da discussão das propriedades da uva e do suco de uva, especificando sua

composição química e vantagens para a saúde humana. Além de discutir a produção do

suco de uva na indústria brasileira, especificando a composição do produto prevista na

legislação brasileira.

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2. OBJETIVO

2.1. Geral

Demonstrar a produção industrial do suco de uva, enfocando nas suas

propriedades organolépticas e benéficas à saúde humana.

2.2. Específico

Discutir as propriedades da uva e do suco de uva, especificando sua

composição química e vantagens para a saúde humana.

Discutir a produção do suco de uva na indústria brasileira, especificando a

composição do produto prevista na legislação brasileira.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Uva e suco de uva: matéria prima e legislação

3.1.1. Matéria prima

A produção de uvas no Brasil se localiza nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. É

uma atividade já consolidada, com grande importância socioeconômica, especialmente

nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, onde se concentra 97% da

produção vinícola do Brasil. As uvas Isabel, Bordô, Concord (Vitis labrusca) são as mais

cultivadas, junto com a Niágara Rosada, que é resultante da mutação somática ocorrida

na uva Niágara Branca (Vitis labrusca L. x Vitis vinifera L.) (WELTER & KUSKOSKI et al,

2007).

As uvas Niágara Rosada e Isabel são as mais cultivadas como uvas de mesa

comuns. Essas variedades são rústicas, não requerem tratos culturais exigentes. São

mais tolerantes a doenças fúngicas, sendo que estão mais adaptadas a condições de

clima úmido (DETONI et al, 2005). Historicamente, a cultura vitícola do Rio Grande do Sul

esteve voltada principalmente para o cultivo da uva Isabel, devido à facilidade do cultivo,

boa produção, baixa sensibilidade a pragas, longevidade, e a permissão do cultivo de pé

franco.

A uva Concord também é conhecida como Bergerac, Francesa e Francesa Preta.

Além do suco, essa cultivar é plantada também para produção para a uva de mesa e

vinhos. Sua maturação é precoce, ocorrendo a colheita entre 25 de janeiro a 5 de

fevereiro. O teor de açúcar no mosto varia entre 14° e 16°Brix, e a acidez do mosto é

relativamente baixa. Essa cultivar é matéria prima, na Serra Gaúcha, para o suco mais

procurado pelo consumidor, já que não perde as características de uva fresca durante o

processamento e possui bom preço de comercialização (RIZZON, MANFROL &

MENEGUZZO, 1998).

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A cultivar Bordô tem boa aceitação pelos viticultores de Bento Gonçalves por

apresentar alta resistência a doenças fúngicas e boa produtividade. Devido ao elevado

teror de matéria corante, essa uva é muito procurada por outras indústrias

agroindustriais, para aumentar a intensidade de cor de sucos e vinhos provenientes de

cultivares de coloração defciente. O teor de açúcar do mosto varia de 14° a 17°Brix e a

acidez total é baixa (RIZZON, MANFROL & MENEGUZZO, 1998).

3.1.2. Microbiologia

As uvas possuem uma carga microbiológica muito grande, composta de

leveduras, fungos e bactérias, que se localiza sobre a pruína (cera natural que fica na

superfície da uva). Esses microrganismos se transferem para o suco quando as bagas são

danificadas ou esmagadas, o que pode causar a deterioração do produto (MARZAROTTO

et al, 2005).

As condições do meio, tais como pH, percentagem de água e nutrientes, podem

afetar o crescimento dos microrganismos. As leveduras, por exemplo, em temperatura

ambiente, pode atacar o suco recém extraído, realizando uma fermentação alcoólica. Em

seguida, bactérias podem oxidar o álcool produzido, liberando ácido acético

(MARZAROTTO et al, 2005).

Os microrganismos que crescem no suco quando o meio está ácido não causam

mal à saúde humana, já que o pH não ultrapassa o valor de 3,5, pH ideal para o

crescimento de enterobactérias ou até da causadora do botulismo (Clostridium

botulinum). Além disso, os polifenóis presentes no suco de uva podem atuar como

bactericidas em diversos microrganismos (MARZAROTTO et al, 2005).

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3.1.3. Suco de uva

De acordo com a legislação brasileira, suco de uva é a bebida que pode ser

límpida ou turva, extraída da uva através de processo tecnológico apropriado, sendo não

fermentado, nem alcoólico. Apresenta cor, aroma e sabor característicos, e é submetido

a tratamento que assegure sua conservação e apresentação até o momento do consumo

(RIZZON, MANFROL & MENEGUZZO, 1998).

O suco de uva é de fácil elaboração, além de possuir características

organolépticas e valor nutricional. O grande cultivo de uvas do grupo das americanas

(Vitis labrusca, Vitis aestivalis, Vitis bourquina) e híbridos existentes na Serra Gaúcha são

capazes de originar um grande volume de suco, já que apresenta as características

necessárias de aroma, cor, equilíbrio açúcar/acidez (RIZZON, MANFROL & MENEGUZZO,

1998).

O suco de uva é um produto natural, sendo que as características deste estão

relacionadas diretamente à qualidade da uva. O processo elaboral do suco também é

importante para a determinação da qualidade. Isto quer dizer que quanto maior for a

extração, com o menor dano possível à matéria prima, das qualidades inerentes à uva

para o suco, melhor será a eficiência do processamento. Nutricionalmente, o suco de

uva é comparado à própria uva, pois na sua constituição estão presentes os constituintes

principais, tais como açúcares, minerais, ácidos, vitaminas e compostos fenólicos

responsáveis pela sua cor e estrutura (RIZZON, MANFROL & MENEGUZZO, 1998).

De acordo com o processo de obtenção e constituição, o suco de uva pode ser

classificado em:

Suco de uva concentrado: suco parcialmente desidratado, sem adição de

açúcar.

Suco de uva reprocessado ou reconstituído: suco obtido por reidratação

de suco concentrado, até atingir a concentração original.

Suco de uva desidratado: suco em forma sólida por desidratação do suco

de uva. Seu teor de umidade não pode ultrapassar 3%.

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Suco de uva integral: suco cuja concentração de açúcar provém da

própria uva, sem adição de sacarose ou qualquer outro produto adoçante.

Suco de uva adoçado: suco adoçado com açúcar, sendo a concentração

máxima equivalente a 10% dos açúcares naturais.

A composição do suco de uva deve seguir os valores admitidos pela legislação

brasileira, além de obedecer aos Padrões de Identidade e Qualidade fixados para o suco

de uva (Tabelas 1 e 2). A partir do grau de sólidos solúveis, a legislação determina que a

uva deva atingir um grau de maturação adequada para a produção de sucos. O nível de

acidez total está associado número total de açúcares, a fim de obter sucos equilibrados,

referente à relação açúcar/acidez.

Tabela 1 - Limites analíticos estabelecidos pela legislação brasileira para o suco de uva (Fonte: Ministério da Agricultura, Instrução Normativa n° 01, 07/01/2000)

Parâmetro Limite

Mínimo Máximo

Sólidos solúveis em °Brix, a 20°C 14,00 -

Acidez total expresa em ácido tartárico (g/100g) 0,41 -

Açúcares totais, naturais da uva (g/100g) - 20,00

Acidez volátil, em ácido acético (g/100g) - 0,050

Sólidos insolúveis, % (v/v) - 5,00

Tabela 2 - Nível de contaminação mineral admitido pela legislação brasileira em suco de uva (Fonte: Ministério da Agricultura, Portaria 371, 09/09/1974)

Descrição Limite máximo

(mg/L)

Arsênio (As) 0,20

Chumbo (Pb) 0,30

Cobre (Cu) 5,00

Estanho (Sn) 250,00

Ferro (Fe) 15,00

Zinco (Zn) 5,00

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3.1.4. Composição do suco de uva

A composição química do suco de uva difere-se muito pouco da composição do

fruto, caso o produto não tenha sido submetido a qualquer tipo de tratamento que leve

a sua modificação. A tecnologia utilizada na elaboração, principalmente nos quesitos

temperatura e tempo de extração, regula a solubilidade e intensidade de difusão de

substâncias presentes na película para o mosto, influenciando na composição química e

no tipo do produto final (RIZZON et al, 1998). As propriedades químicas do suco de uva

dependerão especialmente da variedade de origem, da maturação, do comportamento

do clima e dos tratamentos submetidos ao produto (Tabela 3).

Tabela 3 - Características analíticas dos sucos de uva brasileiros (RIZZON, MANFRONI & MENEGUZZO, 1998)

Componentes Teor

Mínimo Máximo Médio

Densidade relativa 20/20°C 1,0556 1,0835 1,0746

°Brix 12,8 18,9 17,1

Açúcares totais (g/L) 118,0 182,0 165,1

Acidez total (g% ácido tartárico) 0,41 1,01 0,71

Ph 2,80 3,43 3,08

Cinzas (g/L) 0,90 3,70 2,64

Índice de cor (l 520nm) 0,268 0,734 0,407

Antocianinas (mg/L) 21,0 380,0 144,3

Dióxido de enxofre total (mg/L) 15,4 143,4 62,1

Potássio (mg/L) 634,0 1519,0 975,0

Sódio (mg/L) 1,4 114,0 13,9

Cálcio (mg/L) 73,0 168,2 105,6

Magnésio (mg/L) 51,5 153,0 80,5

Manganês (mg/L) 0,8 2,8 1,4

Ferro (mg/L) 0,1 15,3 3,2

Cobre (mg/L) 0,3 6,0 1,8

Zinco (mg/L) 0,2 2,2 0,7

Lítio (mg/L) 0,9 11,0 2,4

Fósforo (mg/L) 51,0 116,2 86,1

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A partir de uma verificação sobre o efeito da maturação da uva sobre a

composição do mosto de cultivares Concord, Bordô, Isabel e Jacquez, pôde-se concluir

com os resultados obtidos que a maturação afeta significativamente, mas de forma

diferente entre essas variedades. Isto é, há variação na concentração de açúcares, na

acidez e nos minerais do mosto das uvas. A maturação tem efeito significativo também

no °Brix, densidade, pH, polifenóis, taninos e intensidade de cor do suco. A acidez total

diminui devido à queda na concentração de ácidos málico e tartário, principalmente. A

depender do cultivar, o teor de metanol varia. Análises organolépticas mostram que há

diferenças acentuadas na qualidade dos sucos, que pode ser devido à épica de colheita e

a características varietais (ZANUZ, 1991).

O suco de uva é uma bebida diferenciada, pois tem uma constituição muito rica,

a qual é composta principalmente de carboidratos, tais como glicose, frutose, sacarose,

pentoses, polissacarídeos e pectinas. O suco também é rico em ácidos orgânicos,

polifenóis, compostos nitrogenados, sais minerais, vitaminas e aromas (Tabela 4).

Tabela 4 - Valor nutricional do suco de uva (RIZZON & MIELLE, 1995)

Princípio alimentar Concentração

Água (%) 81 a 86

Calorias (kcal/L) 700 a 900

Açúcares (g/L) 140 a 180

Minerais (g/L) 1,5 a 3,0

Lipídios (g/L) 1,0 a 2,0

Protídeos (g/L) 2,0 a 3,0

Pectina (g/L) 0,3 a 0,6

Aminoácidos (g/L) 0,6 a 2,0

Vitaminas:

Inositol (mg/100g) 40 a 50

Tiamina (mg/100g) 50 a 60

Riboflavina (µg/100g) 50 a 60

Niacina (µg/100g) 0,4 a 0,6

Ácido Ascórbico (mg/100g) 0,2 a 4,0

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3.2. Compostos fenólicos – conceitos e importância para a saúde humana

Os compostos fenólicos estão amplamente distribuídos no reino vegetal. São

definidos como substâncias que possuem um anel aromático com um ou mais

substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos funcionais. Entre as frutas, a uva é uma

das maiores fontes de compostos fenólicos. Os principais fenólicos presentes na uva são

os flavonóides (antocianinas, flavanóis e flavonóis), os estilbenos (resveratrol), os ácidos

fenólicos (derivados dos ácidos cinâmicos e benzóicos) e uma larga variedade de taninos.

Os fitoquímicos, também conhecidos como compostos bioativos, são metabólitos

secundários sintetizados pelas plantas (YAO ET al, 2004) e podem ser descritos como

compostos que podem afetar a saúde, apesar de não serem nutrientes essenciais

(TEMPLE, 2000). Há muitas famílias de fitoquímicos, tais como glucosinalatos, flavonóis,

isoflavonóis, ácidos fenólicos e flavonas. Além disso, diferentes tipos e quantidades de

açúcar podem ser conjugados a agliconas, formando inúmeras estruturas fitoquímicas

(LUTHRIA & NATARAJAN, 2009).

Os compostos fenólicos são compostos que possuem uma diversidade de

estruturas simples e complexas, com pelo menos um anel aromático ao qual pelo menos

um hidrogênio é substituído por um grupamento hidroxila (SIMÕES et al, 1999). A sua

formação biossintética se relaciona a duas rotas biogenéticas: a via do ácido chiquímico

(carboidratos) e a via do acetato-malato (malonil-CoA e acetil-Coa) (MANN, 1996).

3.2.1. Distribuição

A distribuição dos compostos fenólicos está em vegetais e em microorganismos

(COSTA & PROENÇA DA CUNHA, 2000). Nos vegetais, dentre os compostos pertencentes

ao metabolismo secundário, encontram-se estruturas como ácidos fenólicos, derivados

de cumarina, pigmentos hidrossolúveis, estruturas de lignina, taninos. Essas estruturas

ainda podem fazer parte de proteínas, alcalóides e terpenóides (PROENÇA DA CUNHA,

2003).

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3.2.2. Propriedades

Os compostos fenólicos são os agentes responsáveis pelo sabor, odor e coloração

de diversos vegetais. São usados como flavorizantes (aldeído cinâmico e vanilina, por

exemplo) e corantes, sendo o campo de atuação tanto na indústria alimentícia como na

cosmecêutica (PROENÇA DA CUNHA, 2003). Há também as atividades antioxidantes de

derivados fenólicos, como os presentes na erva-mate (Ilex paraguariensis) e em diversos

tipos de chá (Camellia sinensis).

Podem-se enfatizar também as atividades antibacterial, antiviral e antifúngica de

ésteres do ácido caféico (Echinaceae purpurea, Plantago major) (SIMÕES et al, 1999). Em

vegetais, os compostos fenólicos também podem atuar na defesa herbívora, na inter-

relação animal-vegetal; na inibição da germinação de sementes, de fungos e na

alelopatia.

3.2.3. Classificação

Os compostos fenólicos são classificados de acordo com o tipo de esqueleto

principal (C6), que constituirá o anel benzênico e com cadeira substituinte (CX). Tem-se

assim, consequentemente, os fenóis simples e as benzoquinonas, os flavonóides e os

isoflavonóides, taninos hidrolisáveis e taninos condensados.

Outro tipo de classificação existente é feita quanto à ocorrência no reino vegetal,

sendo esses compostos amplamente distribuídos como os derivados de ácidos benzóicos

e de ácidos cinâmicos, cumarinas, flavonóides, de polímeros (taninos e ligninas) ou são

de distribuição restrita como fenóis simples, antraquinonas, xantonas, naftoquinonas

(SIMÕES et al, 1999).

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3.2.3.1. Flavóides

a) Flavonóides e Flavonóis

Os flavonóides são compostos que possuem 15 átomos de carbono em seu

número fundamental, com duas fenilas ligadas entre si por uma cadeia de três carbonos

(C6-C3-O2-C6) (Figura 1).

Figura 1 - Estrutura básica de flavóides

Flavonóides podem ser encontradas tanto na forma aglicosidada quanto a

glicosidada, sendo esta a mais comum no reino vegetal. Nesta forma, as flavonóides são

unidas a moléculas de açúcares, como a ramnose, ou a mistura de glicosídeos, como a

rhamno-glucosídeos, formando, respectivamente, os derivados flavonóides glicosidados

(SPANOS & WROLSTAD, 1992).

A biossíntese dos flavonóides é feita pela via do acetato e do chiquimato. Suas

etapas iniciam-se com o metabolismo de fenilpropanóides. A enzima fenilalanina amônia

liase (PAL) reage com a fenilalanina, desaminando-a, formando ácido cinâmico (JONES,

1984).

As vias seguintes envolvem reações de hidroxilação do ácido cinâmico (SEYFERT,

1982) em p-Cumaril que origina p-Cumarato-CoA que por meio da p-Cumarato-CoA

ligase forma p-Cumaril-ScoA. Este condensa com três unidade C2 (Acetil-CoA) por meio

da Chalcona sintase, produzindo Chalcona, precursora de isoflavononas, flavononas,

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flavonóis, flavanonas, flavanonóis, catequinas e antocianinas (RODRIGUES DAS DÔRES et

al, 2007).

Classificação

Flavonóides têm característica próprias quanto a tipos de ligações, quantidades

de grupos hidroxilas, presença ou não de grupos cetona (SIMÕES et al, 1999)(Figura 2).

Figura 2- Estruturas químicas dos princioais flavonóides

I. Flavonas, Flavonóis e Heterosídeos (O e C-Heterosídeos)

Estes compostos possuem uma hidroxila (OH) na posição C3. São

frequentemente oxigenados, tendo seus hidrogênios substituídos por hidroxilas e/ou

metoxilas, principalmente. Podem ser substituído também por grupos acila, C-metila,

metileno, entre outros. O núcleo fundamental diferencia-se entre flavonas e flavonóis,

sendo R=H e R=OH, respectivamente. A maioria das flavonas e flavonóis está ligada a um

ou mais açúcares, unidos aos grupos hidroxilas por uma ligação hemicetal facilmente

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hidrolisada em meio ácido. As cores desses compostos variam do branco ao amarelo

(RODRIGUES DAS DÔRES et al, 2007).

Os heterosídeos constituem um grupo importante de compostos orgânicos,

sendo produzidos principalmente no reino vegetal. Eles podem ser hidrolisados por

ácidos, bases e enzimas, formando uma parte “açúcar” e outra aglicona (“não açúcar”),

também conhecida como genina. Essas partes estão ligadas pelo intermediário do átomo

de carbono anomérico (SIMÕES et al, 1999). São, portanto, carboidratos ligados a não-

carboidratos (“aglicona”). A aglicona é que determina a ação do heterosídeo

(BRUNETON, 1995).

Os heterosídeos mais difundidos na natureza são os O-heterosídeos, nos quais a

parte açúcar e a aglicona são normalmente ligadas pela função acetal. Existem também

os N-heterosídeos, S-heterosídeos e C-heterosídeos, nos quais o carbono anomérico do

açúcar está unido à aglicona, respectivamente, por um átomo de nitrogênio (azoto), de

enxofre ou de carbono. A aglicona está às vezes ligada ao açúcar pela função éster

(COSTA, 2000).

Os heterosídeos são comumente compostos sólidos e sem cor, sendo substâncias

de reserva dos organismos vegetais ou estimulantes. A maioria desses compostos tem

aplicações terapêuticas e seu gosto é muito amargo. A classificação dos heterosídeos

varia de acordo com a porção genina (Tabela 5) (OLIVEIRA et al, 1991).

Tabela 5 - Classificação de glicosídeos

Glicosídeo Parte genina

Alcoólico Álcool

Cianogenético Ácido Cianídrico

Esteróide Esteróide

Antraquinônico Antraquinona

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Os primeiros heterosídeos a serem isolados eram produtos condensados da

glicose, razão por serem chamados de glicosídeos. Este termo foi generalizado aos

heterosídeos, sendo hoje reservado àqueles que são derivados da glicose (EVAN &

TREASE, 1996). A denominação de acordo com o número de moléculas de açúcar

presentes (Tabela 6).

Tabela 6 - Estrutura química de flavonas e flavonóis (SILVA, S et al, 2003)

II. Flavanonas e flavanonóis (di-hidroflavonóides)

As flavanonas são caracterizadas pela ausência da dupla ligação (olefínica) entre

os carbonos 2 e 3, possibilitando o posicionamento do anel B em posição R ou S (SILVA, S

et al, 2003). Também é caracterizado pela ausência de um grupo hidroxila na posição 3

(Tabela 7). As flavanonas são intermediários na biossíntese da maioria das classes de

flavonóides. Esses compostos podem possuir sabor amargo ou doce, dependendo da

configuração esteroquímica. Podem ser usados na defesa do vegetal e, ao mesmo

tempo, como alimento (SIMÕES et al, 1999).

Tabela 7 - Estrutura química de flavanonas (SILVA, S et al, 2003)

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III. Flavanas, leucoantocianidinas e proantocianidinas

Esses compostos faz parte de uma classe de flavonóides, junto aos biflavonóides

e isoflavonóides, nos quais é possível encontrar estruturas oligomerizadas (Tabela 8).

Esse grupo de compostos é caracterizado pela ausência da ligação olefínica entre os

carbonos 2 e 3, e também da hidroxila na posição 3 (SIMÕES et al, 1999).

Tabela 8 - Estrutura química das Flavanas

Isoflavonóides são caracterizados por uma cadeia arila-C3-arila, principalmente

do tipo difenil-1,2-propano (Figura 3). Os substituintes mais usuais são as hidroxilas,

metoxilas e metilenodioxilas. A formação biossintética é feita principalmente pela via

das chaconas. Distribuem-se em isoflavonas, isoflavononas, pterocarpanos, isoflavanas

cumestanos. (COSTA, 2000).

Figura 3 - Estrutura química de isoflavonas

IV. Chalconas

O termo chalcona é utilizado para caracterizar a família de compostos que possui

o núcleo fundamental 1,3-diarilpropano, modificado pela presença de ligação dupla,

grupo cetona e hidroxila (Tabela 9). Uma característica importante das chaconas é a

pigmentação amarela, que passa a avermelhada em meio alcalino. As cores têm

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importância em sistemas ecológicos, porque atraem insetos e pássaros, auxiliando na

polinização das flores (RODRIGUES DAS DÔRES et al, 2007).

Tabela 9 - Estrutura química de Chalconas

Propriedades farmacológicas

Hoje são conhecidos cerca de 4200 flavonóides que desempenham as mais

diversas funções biológicas no homem (PEDRIALI et al, 2005). Os flavonóides possuem a

capacidade de inibir a xantina oxidase, enzima que causa a oxidação dos tecidos;

portanto, esses compostos inibem a formação de radicais livres, combatendo o

envelhecimento precoce. A capacidade de remoção de radicais livres dos flavonóides

pode previnir processos de estresse oxidativo, o que causa a degeneração de neurônios

e membranas celulares, como o que ocorre no Mal de Parkinson (SMITH et al, 1987;

GIASSON et at, 2002; LIN et al, 2002). A remoção dos radicais livres também pode

previnir o câncer, já que combate os danos provocados ao DNA (HALLWELL, 1999).

Os radicais livres atuam como pró-oxidantes sobre as lipoproteínas de baixa

densidade (LDL), causando a deposição e formação de placas arterioscleróticas no

endotélio, facilitada pela aderência de macrófagos (DE VRIES et al, 1998). Foi

demonstrado que certos flavonóides têm a capacidade de impedir que o LDL seja

oxidado, fornecendo assim proteção contra riscos arterioscleróticos (WHALLEYM et al,

1990; MANGIAPANE et al, 1992; RANKIN et al, 1993).

Foram relatados também outros efeitos biológicos benéficos causados por

flavonóides, tais como antitumoral, antiulcerogênica, anti-hemorrágica, tratamento de

doenças circulatórias, hipertensão e cofator da vitamina C, atividade estrogênica e

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atividade antiinflamatória (MANTLE et al, 1999; DI CARLO et al, 1999; HARBONE &

WILLIAMs, 2000; Raj NARAYANA et al, 2001; SIMÕES et al, 1999).

3.2.3.2. Taninos

Taninos são compostos fenólicos de grande interesse econômico e ecológico,

estando presentes na maioria das plantas e podendo variar de concentração nos tecidos

vegetais, dependendo da idade e do crescimento da planta, da parte a ser coletada, da

época ou, ainda do local da coleta (TEIXEIRA et al, 1990; SIMON et al, 1999; LARCHER,

2000). A maioria dos compostos fenólicos não é encontrada no estado livre na natureza,

mas na forma de ésteres ou de heterosídeos sendo, portanto, solúveis em água e em

solventes orgânicos polares. Têm peso entre 500 e 3000 Daltons, possuindo a habilidade

de formar complexos insolúveis em água com proteínas, gelatinas e alcalóides (MELLO et

al, 2001).

Propriedades farmacológicas

O uso de medicamentos com taninos está relacionado a suas propriedades

adstringentes, sendo empregada como antidiarrético, antisséptico, cicatrizante na

proteção de peles e mucosas (MONTEIRO et al, 2005). Ao precipitar proteínas, os taninos

propiciam efeito antimicrobiano e antifúngico. Ainda são hemostáticos, e, como

precipitam alcalóides, podem servir de antídoto em casos de intoxicação (BRUNETON,

1995).

Taninos são considerados nutricionalmente indesejáveis, pois precipitam

proteínas, inibem enzimas digestivas e afetam a utilização de vitaminas e minerais

podendo, ainda, em alta concentração, desenvolver câncer na boca (mucosa) e no

esôfago (CHUNG et al, 1998; SINGH et al, 2001). Várias doenças degenerativas, como o

câncer, a esclerose múltipla, arteriosclerose e o próprio processo de envelhecimento

estão relacionados a altas concentrações de radicais livres. Taninos, também, atuam

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como captadores de radicais livres, os quais interceptam o oxigênio ativo formando

radicais estáveis (CHUNG et al, 2001).

Há a hipótese de que os taninos tenham duplo efeito devido ao efeito

quimiopreventivo contra carcirogênese ou antimicrobiano e aos efeitos carcinogênico,

hepatóxico ou antinutricionais. A atividade anticarcinogênica é evidenciada por Chung et

al (1998), ressaltando que os japoneses, mesmo consumindo o chá verde (Camelia

sinensis), rico em ácido tânico e outros polifenóis, em grandes quantidades, apresentam

risco de câncer gástrico baixo. Taninos das espécies Quercus suber L. e Q. coccifera L têm

efeito gastroprotetor, variando de 66 a 91% (KHENNOUF et al, 2003). Nozes contêm

cerca de 25% de taninos, e seu consumo frequente em uma localidade nos Estados

Unidos pode ser responsável pela alta incidência de câncer de esôfago.

3.3. Etapas de processamento do suco de uva

O processo escolhido para a produção do suco deve preservar o máximo das

características originais da uva fresca, ou seja, manter o aroma, o sabor, coloração, entre

outras propriedades. Para tal, devem ser evitadas quaisquer alterações de origem

biológica ou causadas por ação de enzimas presentes naturalmente no suco. Deve-se

atingir também uma estabilidade física e química do produto (MARZAROTTO et al,

2005).

O mosto fica protegido, originalmente, no interior da película da casca da uva.

Uma vez que essa barreira se rompe, o mosto fica exposto a um ambiente altamente

contaminável, seja por ação microbiana quanto por enzimas. É por esse motivo que o

fruto deve chegar na íntegra ao estabelecimento produtor, sendo o mosto

imediatamente tratado após a sua extração. A exposição do mosto favorece a formação

de metanol por ação de enzimas sobre a pectina da uva. Essas enzimas podem ser

inativadas por adição de doses de sulfito ou por aquecimento (MARZAROTTO et al,

2005).

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3.3.1. Colheita da uva

Matéria prima deve ser colhida e transportada ao estabelecimento onde será

processada até dar o produto desejado. A colheita é realizada quando a uva atinge o

estado de maturação tecnológica ideal, que é quando a relação açúcar/acidez é tida

como ideal para a produção do suco. A maturação é acompanhada com a análise de

mudança de aspecto, consistência, teor de açúcar e de acidez (MARZAROTTO et al,

2005).

A colheita deve ser feita no período da manhã, bem cedo, preferencialmente em

dias secos, com todo o cuidado possível para não “ferir” a fruta. O rompimento na uva

pode causar a contaminação do suco, afetando sua qualidade. Por isso, o transforte é

realizado em recipientes de pequeno volume e rasos, fáceis de limpar. Além disso, a

sensibilidade das bagas de uva impede que transporte seja feito a longas distâncias, já

que o suco fermenta em poucas horas, comprometendo irreversivelmente a matéria

prima (MARZAROTTO et al, 2005).

3.3.2. Estabelecimento do produtor de suco de uva

A produção de suco de uva de boa qualidade requer instalações projetadas de

modo a atender os aspectos previstos pelas Boas Práticas de Fabricação, haja vista que o

produto tem certa vulnerabilidade. O estabelecimento do produtor deve ser composto

por prédios, instalações, equipamentos, utensílios e sanitários, além de ser projetado de

acordo com a origem da matéria prima, com o tipo de produto, modo de conservação e

destino do produto acabado (MARZAROTTO et al, 2005).

A indústria limpa é que dá a condição de um produto de qualidade, dentro dos

padrões previstos dentro da legislação. Para tal, é necessária a limpeza do

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estabelecimento, tudo de acordo com o resíduo que deverá ser removido. É importante

que a indústria esteja localizada próxima a uma fonte de água potável, energia, via de

transporte e comunicação (MARZAROTTO et al, 2005).

Deverá ser acessível também à matéria prima e da mão de obra, sendo o mais

afastada possível de odores desagradáveis, fumaça e poeiras. O estabelecimento deve

ter um tamanho também que seja compatível ao número de funcionários que nele

trabalham, e também deve atender às normas de segurança e saúde do trabalho,

previstas em legislação (MARZAROTTO et al, 2005).

3.3.3. Processos de produção da uva

No Brasil, são identificados dois tipos de produção de suco de uva, diferenciados

um do outro pelo modo de extração. Um dos processos conhecido como Flanzy, que

consiste na maceração sulfurosa da matéria prima para extração de cor, separação de

suco sulfitado e conservação em tanque (MARZAROTTO et al, 2005).

Dado o momento em que o produto deverá ser comercializado, este deverá ser

dessulfitado e engarrafado. O procedimento em si é muito simples e barato, porém não

é muito aplicado atualmente devido à perda da qualidade do suco e, também, devido a

problemas relacionados à separação do sulfito, que pode causar danos ao meio

ambiente (MARZAROTTO et al, 2005).

O outro processo empregado no Brasil é o conhecido como Welch. Esse

procedimento prevê a extração por aquecimento da uva, separação do suco,

estabilização, engarrafamento ou armazenagem em tanques. Este processo não requer o

uso de sulfitos, ou seja, não há problemas ambientais relacionados a ele, além de a

qualidade organoléptica do produto ser superior. A Figura 4 representa as etapas

cumpridas, em ambos os procedimentos Flanzy e Welch, para a produção de sucos de

uva concentrado, integral e reconstituído (MARZAROTTO et al, 2005).

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Figura 4 - Fluxograma de produção de suco de uva através dos processos de extração Flanzy e Welch

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3.4. Conservação

O suco de uva tem uma constituição de açúcares muito rica, a qual poderia ser

facilmente fermentada pelas leveduras provenientes do próprio mosto e do ambiente

(RIZZON, MANFROI & MENEGUZZO et al, 1998). A conservação tem como finalidade

impedir que ocorra a fermentação alcoólica no produto acabado, sem afetar suas

propriedades naturais do suco, ou seja, sem afetar sua integridade. Os meios mais

comuns de conservação são:

Pasteurização: elaborada por Louis Pasteur (1822 – 1859), trata-se de uma

técnica em que o calor é utilizado. Ou seja, o suco de uva é aquecido a uma

temperatura inferior à de ebulição, esfriando-o em seguida. Isso inativa a maior

parte dos microrganismos presentes no suco. A temperatura de aquecimento

não pode ultrapassar os 90°C, a fim de evitar um princípio de caramelização.

Outros métodos físicos de conservação são a refrigeração, congelamento,

tratamento “Ultra High Temperature”, Filtração esterilizante, concentração, atomização

e a liofilização (MARZAROTTO et al, 2005).

Aditivos: os aditivos são substâncias químicas utilizadas em alimentos e bebidas

a fim de preservá-los sem que haja modificações nas suas qualidades. Dentre os

citados abaixo (Tabela 10), o benzoato de sódio é adicionado ao suco quando

este vai ser engarrafado, evitando uma possível fermentação alcoólica. O teor

utilizado não pode ultrapassar 1,0 g/L (RIZZON, MANFROL & MENEGUZZO, 1998).

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Tabela 1 - Principais aditivos químicos permitidos no suco de uva (Fonte: Ministério da Agricultura – Portaria #371, 10/09/1974)

Aditivo Ação Código Limite Máximo (g/L)

Dióxido de Enxofre Conservador P.V 0,2

Ácido benzóico e sais Conservador P.I 1,0

Ácido sórbico e sais Conservador P.IV 1,0

Há outros dois métodos químicos de conservação do suco de uva, entretanto,

não são aplicáveis no Brasil. Um deles é o procedimento Seitz-Böhi, muito aplicado nos

países nórdicos, Alemanha, Suíça e Estados Unidos. Esse procedimento consiste na

saturação do suco de uva límpido com gás carbônico até a concentração de 1,5%,

atingindo uma pressão 7,7atm. Esse método é eficiente, no entando, requer um grande

investimento para aplicação inicial. Outro método seria a aplicação de antibióticos, só

que isso é vetado na legislação vigente (MARZAROTTO et al, 2005).

3.5. Envase

Estágio final do processamento do suco de uva. Nele, o suco deve estar estável,

de modo a conservar as características iniciais até chegar à mesa do consumidor. O suco

deve permanecer vermelho e com as características intrínsecas do material de origem,

ou seja, a depender do cultivar inicial. O envase do suco pode ser feito em garrafas de

vidro (preferido pelo consumidor), de plástico, ou em latas ou caixas cartonadas

(MARZAROTTO et al, 2005).

Um sistema de envase ideal, porém de elevado custo, é feito a frio, sem uso de

qualquer tipo de conservante. Este processo prevê a esterilização prévia das garrafas e

tampas. A sala onde será feito o enchimento deve ser esterilizada com ozônio e mantida

sob pressão positiva de ar esterilizado. O envase é operado por máquinas volumétricas

eletrônicas facilmente esterilizáveis com vapor, que não tenham contato entre bocal de

enchimento e garrafa (MARZAROTTO et al, 2005).

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4. EFEITOS BENÉFICOS DO SUCO DE UVA

Os compostos fenólicos são uma importante categoria de fitoquímicos, pois

possui uma alta atividade antioxidade e capacidade de eliminar radicais livres, por meio

de caminhos como o de inibição de enzimas responsáveis pela produção de espécies

reativas de oxigênio, bem como redução de espécies reativas de oxigênio (SALES, CRUZ,

CABRAL & TORRES et al, 2012).

Diversos estudos realizados mostram os benefícios do consumo do suco de uvo,

especialmente por conta da sua rica composição orgânica. O suco da uva Concord, por

exemplo, é uma rica fonte de flavonóides. Testes in vitro foram realizados para comparar

o poder antioxidante desses compostos orgânicos quando comparados com α-tacofenol.

Sabido isso, foram realizados testes in vivo a fim de checar a eficácia dos flavonóides do

suco de uva Concord em adultos saudáveis. Nesses adultos, esses compostos,

aumentaram a capacidade antioxidante em seus organismos, bem como protegeu o LDL

(colesterol bom) de sofrer oxidação. Esse mesmo resultado seria obtido com uma

concentração superior de α-tacofenóis. Os flavonóides se mostram antioxidantes

potentes que protegem contra o estresse oxidativo, bem como reduz o risco de danos

de radicais livres e doenças crônicas (BYRNE, DEVARAJ, GRUNDY & JIALAL, 2002).

A ingestão a curto prazo de suco de uva tinto melhora a vasodilatação mediada

pelo fluxo e reduz a susceptibilidade de LDL a oxidar em pacientes com doença coronária

arterial. A melhoria da vasodilatação dependente do endotélio e da prevenção da

oxidação de LDL são possíveis mecanismos através dos quais os flavonóides desse

produto pode prevenir eventos cardiovasculares, independentemente se houver teor

alcoólico (STEIN, KEEVIL, WIEBE, ASCHLIMANN & FOLTS, 1999).

Além disso, Fitzpatrick, Hirschfield & Coffey (1993) realizaram uma pesquisa

acerca os ditos benefícios que o vinho traz para a proteção contra doença cardíaca

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coronária, in vitro, a partir de vinho, suco de uva e extrato de casca de uva. Foi

observado um relaxamento nos vasos sanguíneos induzido pelos produtos derivados da

uva, que aparenta ser mediado por um caminho de um composto complexo NO-cGMP.

Constatou-se que, se essa mesma resposta ocorrer in vivo, ela poderia conceber um

reforço para manter a artéria coronária patente, e assim, contribuir com uma redução

de incidentes de doenças cardíacas. É sabido que a uva, bem como seu suco, são uma

fonte de bioativos fitoquímicos, e diversos estudos mostraram que o consumo regular

desses produtos pode contribuir na redução da incidência de doenças crônicas, como

câncer, doenças cardiovasculares, AVC isquêmico, desordens degenerativas e redução

dos efeitos do envelhecimento. (IRITI & FAORO, 2009).

É sabido que na França, apesar de haver um grande consume de comidas

gordurosas, o índice de mortalidade por doenças cardíacas é muito baixo. Isso se deve

por causa do grande consumo de vinhos e de suco de uva nese país. Ao realizar testes in

vivo, sendo que as cobaias passaram cerca de 10 semanas se alimentando de uma dieta

altamente gordurosa, constatou-se que os polifenóis presentes no suco de uva, mesmo

que em menor quantidade que a do vinho, tiveram um resultado benéfico muito mais

significativo na inibição de aterosclerose, por meio de vários mecanismos. Com isso, foi

possível provar que suco de uva ou vinho sem álcool são uma alternativa muito mais

favorável do que o vinho para o tratamento da aterosclerose (VINSON, TUEFEL & WU,

2000).

O suco de uva apresenta uma vantagem em relação ao vinho quando o assunto é

o consumo. Por não conter álcool, o suco pode ser consumido por um número muito

maior de pessoas, já que nem todas podem ter acesso à bebida álcoolica, especialmente

os doentes e crianças. O vinho possui em sua composição substâncias que podem causar

efeito tóxico no organismo humano se forem consumidas em grandes quantidades, tais

como uréia, metanol e aminas biogênicas (MALACRIDA & MOTTA et al, 2005).

Resveratrol (conhecido como 3,5,4’-triidrossestilbeno), principal estilbeno

sintetizado nas células epiteliais da uva, é um polifenol não-flavonóide que age como

uma fitoalexina, fazendo parte do sistema defensivo de plantas. Esse composto mostrou

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uma redução na incidência de tumores em animais, afetando um ou mais estágios de

desenvolvimento do câncer (DE NISCO et al, 2012).

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5. METODOLOGIA

Tipo de pesquisa empregada

Foi empregado o estudo exploratório-descritivo através de pesquisa bibliográfica

e da utilização de dados secundários oriundos de publicações e resultados de pesquisas

específicas sobre a produção industrial do suco de uva.

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6. CONCLUSÃO

Conclui-se que o suco de uva é uma das bebidas com mais benefícios para a

saúde humana, além de ser de fácil alcance e produção. Seu procedimento de produção

é simples, não requerendo grandes tecnologias, o que não agrega valores para o

consumidor. Se produzida dentro dos parâmetros de segurança e qualidade, é uma

bebida saborosa que faz bem a todos os membros de uma família, dos mais novos aos

mais velhos, dos mais saudáveis aos que mais precisam de cuidados médicos.

Por possuir uma variação fitoquímica rica, composta de compostos fenólicos que

fazem bem à saúde, o suco de uva pode ser considerado um dos remédios naturais mais

saborosos presentes no mercado, especialmente se for o integral, sem adição de

açúcares e condimentos químicos artificiais. O suco aliado a uma terapia e dieta

balanceada, agrega qualidade de vida para quem o consumir.

Para atingir a qualidade de vida, o suco deve seguir todos os padrões de

segurança previstos em lei, incluindo composição final de acordo com a legislação. Esses

garantem qualidade ao produto, já que conserva as qualidades do suco, o que mostra

que esses valores previstos na legislação são suficientes para uma dieta balanceada.

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7. REFERÊNCIAS

VENTURINI FILHO, W. G.; Tecnologia de Bebidas: Matéria-Prima, Processamento,

BPF/APPCC, Legislação e Mercado, capítulo 14. São Paulo. Editora Edigard Blücher, 2005.

RIZZON, L.A., MANFROI, V., MENEGUZZO, J.; Elaboração de suco de uva na propriedade

vitícola, Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 1998. 24p.

O’BYRNE, D. J.; DEVARAJ, S.; GRUNDY, S. M. & JIALAL, I.; Comparison of the Antioxidant

effects of Concord Grape Juice flavonoids α-tocofpherol on Markers of Oxidative Stress

in Healthy Adults; American Society of Clinical Nutrition, 2002.

RODRIGUES DAS DÔRES, R. G.; Análise Morfológica e Fitoquímica da Fava d’Anta,

capítulo 4; Universidade Federal de Viçosa; 2007.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária.

Secretaria de Inspeção de Produtos Vegetal. Complementação de padrões de identidade

e qualidade para suco, refresco e refrigerante de uva. Brasília, 1974. 29p.

ZANUZ, M. C.; Efeito da maturação sobre a composição do mosto e qualidade do suco de

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