Universidade Estadual de Santa Cruz -...

109
Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO NOVAS FONTES DE INÓCULO PARA Phytophthora capsici E NOVOS OOMICOTAS ASSINALADOS EM SOLOS DE SISTEMA AGROFLORESTAL SERINGUEIRA x CACAUEIRO, NO BRASIL ILHÉUS-BAHIA 2016

Transcript of Universidade Estadual de Santa Cruz -...

Page 1: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

Universidade Estadual de Santa Cruz

SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

NOVAS FONTES DE INÓCULO PARA Phytophthora capsici

E NOVOS OOMICOTAS ASSINALADOS EM SOLOS DE

SISTEMA AGROFLORESTAL SERINGUEIRA x

CACAUEIRO, NO BRASIL

ILHÉUS-BAHIA

2016

Page 2: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

NOVAS FONTES DE INÓCULO PARA Phytophthora capsici

E NOVOS OOMICOTAS ASSINALADOS EM SOLOS DE

SISTEMA AGROFLORESTAL SERINGUEIRA x

CACAUEIRO, NO BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Produção Vegetal da

Universidade Estadual de Santa Cruz como

parte dos requisistos para a obtenção do título

de Mestre em Proteção Vegetal.

Área de Concentração: Proteção de Plantas

Orientadora: Dra. Edna Dora Martins Newman

Luz

Co-orientador: Dr. José Luiz Bezerra

ILHÉUS-BAHIA

2016

Page 3: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

NOVAS FONTES DE INÓCULO PARA Phytophthora capsici E NOVOS

OOMICOTAS ASSINALADOS EM SOLOS DE SISTEMA

AGROFLORESTAL SERINGUEIRA x CACAUEIRO, NO BRASIL

Ilhéus, Bahia, 24/02/2016

Dra. Edna Dora Martins Newman Luz – DSC

CEPLAC/CEPEC/SEFIT

(Orientadora)

Dr. Jadergudson Pereira – DSC

DCAA/UESC

Dr. Thiago Alves Santos de Oliveira – DSC

UFRB

Page 4: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

“ O Senhor é a minha luz e a minha eterna salvação; a quem temerei? O Senhor é a força

da minha vida; de que me recearei? Quando os malvados meus adversários e meus

inimigos, investirem contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e caíram.

Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria: ainda que a guerra se

levantasse contra mim, nele confiaria.”

Salmos 27 vs. 1-3

Page 5: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sua infinita bondade e misericórdia para comigo em todos os

momentos da minha vida.

Aos meus pais, meu esposo e meus familiares pelos constantes

incentivos, apoio, orações, amor e carinho.

A minha orientadora, Dra. Edna Luz, pelo carinho, orientação,

oportunidade, dedicação, confiança e paciência a mim atribuídos.

Ao Dr. José Luiz Bezerra meu co-orientador e ao Dr. Jadergdson Pereira

pelos primeiros ensinamentos na área científica, pela confiança, oportunidade,

colaboração e amizade concedida.

A Joel Feitosa, companheiro de viagem em coletas, pelo auxílio, apoio e

cuidado.

A Cenilda da Silva Serra Rocha e Edarcy Primo pelos ensinamentos e

assessoramento nas tarefas de laboratório e identicação dos isolados.

A Ananias (Nani), Orlando (Orlandão), Valmir Araújo pelos constantes

auxílios nos trabalhos em campo e na casa de vegetação.

A José Renato do escritório local da CEPLAC em Ituberá pela

disponibilidade e importante apoio durante as coletas realizadas para este

estudo.

Ao pessoal das Fazendas visitadas, em especial a Ricardo da fazenda

Ondulada e a Anderson da fazenda Morro Alto, pela atenção e disponibilidade

durante as visitas.

A equipe do laboratório de biologia molecular da Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia, em especial a Dra. Elizabeth Duarte, pela parte molecular.

Page 6: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

Ao pessoal do Hérbario CEPEC/CEPLAC pela identificação das espécies

vegetais.

A Carol Benjamim e a Giselle Rodrigues pela paciência, atenção e

importante ajuda na parte estatistica.

A todos do laboratório PHYTOLAB e laboratório de Biodiversidade de

Fungos, em especial, Francis, Tarcila, Tami Ito e Antônio Neto pelas

orientações, apoio e constantes auxílios.

A UESC pelo curso.

A CAPES pela concessão da bolsa de estudo.

A CEPLAC pelo uso de suas dependências, equipamentos, laboratórios e

casa de vegetação, para realização desta pesquisa.

A todos citados e não citados, obrigado!

Page 7: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

SUMÁRIO

EXTRATO............................................................................................................ xi

LISTA DE FIGURAS........................................................................................... xii

LISTA DE TABELAS.......................................................................................... xv

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 3

2.1 Consórcio cacau e seringueira....................................................................... 3

2.2 O Filo Oomycota............................................................................................. 4

2.3 Phytophthora capsici ...................................................................................... 5

2.4 Gênero Phytopythium..................................................................................... 8

3 CAPÍTULO 1 - FONTES DE INÓCULO DE Phytophthora capsici EM

PLANTAÇÕES DE CACAUEIRO E SERINGUEIRA NO SUL DA BAHIA,

BRASIL............................................................................................................... 10

RESUMO............................................................................................................ 10

3.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12

3.2 MATERIAL E MÉTODO............................................................................... 15

3.2.1 Área de estudo........................................................................................... 15

3.2.2 Coletas....................................................................................................... 15

3.2.3 Isolamento de Phytophthora...................................................................... 16

3.2.4 Caracterização morfobiométrica................................................................ 17

3.2.5 Determinação do tipo de compatibilidade.................................................. 17

3.2.6 Estudos moleculares dos isolados de solo................................................ 17

3.2.7 Teste de patogenicidade realizados com os isolados coletados em frutos e

folhas de cacaueiro e em folhas de seringueira.................................................. 18

Page 8: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

3.3 RESULTADOS.............................................................................................. 21

3.3.1 Caracterização morfobiométrica................................................................ 22

3.3.2 Determinação do tipo de compatibilidade.................................................. 23

3.3.3 Teste de patogenicidade............................................................................ 23

3.3.3.1 Inoculações em seringueira.................................................................... 23

3.3.3.2 Inoculações em frutos de cacau............................................................. 29

2.3.3.3 Inoculações em disco de folhas de cacau.............................................. 30

2.3.4 Caracterização molecular dos isolados de Phytophthora da rizosfera...... 31

3.4 DISCUSSÃO................................................................................................. 32

3.5 AGRADECIMENTOS.................................................................................... 37

3.6 REFERÊNCIAS............................................................................................ 38

4 CAPÍTULO 2 - Vriesea procera (BROMELIACEAE) NOVO HOSPEDEIRO

DE Phytophthora tropicalis.............................................................................. 45

RESUMO............................................................................................................ 45

4.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 47

4.2 MATERIAL E MÉTODO................................................................................ 48

4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 51

4.4 AGRADECIMENTOS.................................................................................... 55

4.5 REFERÊNCIAS............................................................................................ 55

5 CAPÍTULO 3 - PRIMEIRO RELATO DE Phytophthora tropicalis EM

Ageratum conyzoides NA BAHIA, BRASIL..................................................... 59

RESUMO............................................................................................................ 59

5.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 61

5.2 MATERIAL E MÉTODO................................................................................ 62

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 65

5.4 AGRADECIMENTOS.................................................................................... 67

5.5 REFERÊNCIAS............................................................................................. 67

6 CAPÍTULO 4 - OOMICOTAS DO GÊNERO Pythium E Phytopythium DA

RIZOSFERA DE PLANTAS EM CONSÓRCIO DE SERINGUEIRA E

CACAUEIRO NO BRASIL.................................................................................. 69

RESUMO............................................................................................................ 69

6.1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 71

6.2 MATERIAL E MÉTODO................................................................................ 72

6.2.1 Área de estudo........................................................................................... 72

Page 9: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

6.2.2 Coletas de amostras.................................................................................. 72

6.2.3 Isolamento e quantificação de propágulos de espécies Oomycota do

solo...................................................................................................................... 73

6.2.4 Caracterização morfobiométrica dos isolados .......................................... 73

6.2.5 Estudos moleculares.................................................................................. 74

6.2.6 Teste de patogenicidade dos isolados em cacau e em seringueira.......... 75

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 76

6.4 AGRADECIMENTOS.................................................................................... 81

6.5 REFERÊNCIAS............................................................................................. 83

7 CONCLUSÕES................................................................................................ 87

8 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES........................................................... 88

Page 10: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

xi

NOVAS FONTES DE INÓCULO PARA Phytophthora capsici E NOVOS

OOMICOTAS ASSINALADOS EM SOLOS DE SISTEMA AGROFLORESTAL

SERINGUEIRA x CACAUEIRO, NO BRASIL

RESUMO

O cacaueiro e a seringueira são duas culturas de elevada importância

econômica mundial. A Bahia lidera a produção nacional de cacau e ocupa o 3°

lugar na produção de seringueira. Devido a importância econômica destas culturas

no estado, é imprescindível o controle de doenças e pragas, a inspeção

fitossanitária e a eliminação de fontes de inóculo nas plantações, visando diminuir

os danos econômicos causados por elas. Entre patógenos comuns as duas

culturas encontramos espécies de Phytophthora, responsáveis pela podridão parda

nos frutos de cacau e requeima das brotações novas, cancro no painel, podridão

em frutos e a queda anormal das folhas em seringueira. Entre as espécies

relacionadas destaca-se P. capsici, um patógeno polífago e cosmopolita que é a

principal espécie Phytophthora ocorrendo em seringueira. Em outras culturas,

hospedeiras desta espécie, das famílias Solanaceae e Cucurbitacea, já são

conhecidas as fontes de inóculo em que P. capsici pode sobreviver, mas para a

cultura da seringueira principalmente, as fontes de inóculo ainda não foram

determinadas. Visando encontrar as possíveis fontes de inóculo de P. capsici em

consórcios de cacaueiro e seringueira no Sul da Bahia, realizou-se coletas em

fazendas ali localizadas, de material vegetal de ambas culturas, rizosfera, plantas

espontâneas ao redor das plantações e epífitas que apresentassem sintomas

Page 11: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

xii

típicos de Phytophthora. Foram obtidos 50 isolados de Phytophthora sp., sendo 42

de P. capsici. Isolou-se P. capsici de folhas de bromélias [Vriesea procera (Mart. Ex

SchultF.) Wittm.], de folhas de mentrasto (Ageratum conyzoides L.) e da rizosfera

em solos cultivados com estas culturas, sendo este o primeiro relato de P. capsici

causando doenças nestes hospedeiros. Os isolados obtidos destes hospedeiros

quando inóculados em frutos de cacau e em folhas de seringueira, ficaram entre os

que causaram as maiores lesões. Provando que estas plantas podem estar

servindo como hospedeiros alternativos e fonte primária de inóculo para o início

das epidemias de doenças de P. capsici nas plantações de seringueira e também

em cacaueiro. Além de P. capsici foram isolados do solo P. heveae e outros

oomicotas: Phytopythium vexans, Phytopythium cucurbitacearum, Pythium

acanthophoron e Pythium splendens. Não há registro da ocorrência destas

espécies no Brasil, exceto P. splendens. Assim a ocorrência destas espécies no

Brasil, estar sendo relatada pela primeira vez no presente trabalho. Testes de

patogênicidade foram realizados com alguns isolados Phytopythium, no entanto,

apesar do gênero abrigar algumas espécies patogênicas, as espécies encontradas

não são consideradas uma ameaça ao cacaueiro e a seringueira, visto que nos

testes de patogenicidade não provocaram lesões nos frutos de cacau e nem em

folhas de seringueira.

Palavras-chave: Hevea brasiliensis, Theobroma cacao, hospedeiros alternativos,

Phytophthora tropicalis, epidemiologia, Pythium spp. Phytopythium spp.

Page 12: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

xiii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1. Inoculações em folhas destacadas de seringueira (a) e frutos de cacau

(b) com isolados obtidos nesta pesquisa.............................................................. 20

Figura 2. Inoculação dos discos de folhas (a), escala de notas desenvolvida por

Nyasse et al. (1999) para avaliação de genótipos de cacaueiros quanto a

resistência à podridão-parda em discos de folhas e usada neste experimento (b)

.............................................................................................................................. 20

Figura 3. Frutos de cacau inoculados com isolados de Phytophthora cinco e sete

dias após a inoculação: A-B isolado 2652 de P. capsici, cinco (a) e sete (b) dias;

C-D isolados de P. palmivora, (c) isolado 2687 e (d) isolado 2683..................... 29

CAPÍTULO 2

Figura 1. Vriesea procera (a) e plantas de V. procera sobre planta de

seringueira............................................................................................................ 48

Figura 2. A-B Colônias de P. capsici (a) rosacea, (b) estelar e esporângios

papilados e com pedicelos longos (c).....................................................................51

Figura 3. Lesões causadas por isolados de Phytophthora em folhas destacadas

de V. procena 11 dias após as inoculação: (a) com o isolado 2690 de P. capsici

de seringueira; (b-d) com os isolados 2676, 2638 e 2674 obtidos de V. procena;

Page 13: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

xiv

(e-f) lesão causada pelo isolado 1211, aos sete (e) e aos 11 (f) dias após as

inoculções............................................................................................................. 52

CAPÍTULO 3

Figura 1. Mudas de mentrasto cultivadas em casa de vegetação (a) e mudas em

câmara úmida (b).................................................................................................. 64

Figura 2. Mudas de mentrastro 7 dias após a inoculação, com sinais típicos de

Phytophthora: escurecimento das nervuras foliares (a); requeima (b);

tombamento e morte de mudas (c)...................................................................... 66

CAPÍTULO 4

Figura 1. Isolado 2659: Esporângios limoniformes, papilados(a); Oogônios com

anterídios paraginos (b-1) e Clamidósporos terminais (b-2); Esporângio

evidenciando a expansão da papila (c)................................................................ 77

Page 14: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

xv

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1. Número de culturas semelhantes a Phytophthora obtidos do solo da

rizosfera e parte aérea das plantas, por data e município de coleta nos anos de

2014 e 2015, em plantios de consórcio seringueira e cacaueiro no Sul da

Bahia.................................................................................................................... 21

Tabela 2. Características morfobiométricas dos isolados de Phytophthora obtidos

de seringueira, quando cultivados por sete dias em meio cenoura-ágar.............. 24

Tabela 3. Características morfobiométricas dos isolados de Phytophthora obtidos

de cacaueiro, quando cultivados por sete dias em meio cenoura-ágar................ 26

Tabela 4. Área média das lesões (cm2) em folha de seringueira dos clones

FX3864 e SIAL1005, causada por 17 isolados de P. capsici............................... 27

Tabela 5. Área média das lesões (cm2) em folha de seringueira dos clones

FX3864 e SIAL1005, causada por 5 isolados de P. palmivora............................. 28

Tabela 6. Área média das lesões (cm2) causadas por P. citrophthora em folhas de

seringueira dos clones FX3864 e SIAL1005...................................................... 28

Tabela 7. Área média das lesões (cm2) em frutos de cacau comum, causada por

6 isolados de P. palmivora, sete dias após a inoculação...................................... 30

Page 15: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

xvi

Tabela 8. Índice de severidade da doença causados por 14 de isolados de P.

capsici, em disco de folhas de cacaueiro Catongo.............................................. 30

Tabela 9. Índice de severidade da doença causados por 7 isolados de P.

palmivora, em disco de folhas de cacaueiro Catongo.......................................... 31

Tabela 10. Identificação molecular de isolados de Phytophthora sp. obtidos da

rizosfera de T. cacao e H. brasiliensis de fazendas do Sul da Bahia, Brasil....... 31

CAPÍTULO 2

Tabela 1. Identificação molecular do isolado obtido de bromélia........................ 53

CAPÍTULO 3

Tabela 1. Identificação molecular do isolados obtido de A. conyzoides............... 65

CAPÍTULO 4

Tabela 1. Números dos isolados de oomicetos obtidos da rizosfera de plantas de

cacaueiro e seringueira, por local de coleta, utilizados para a inoculação em folhas

de seringueira e frutos de cacaueiro..................................................................... 75

Tabela 2. Número de isolados de oomicetos obtidos do solo por fazenda e

município de coleta. ............................................................................................. 76

Tabela 3. Características morfobiométricas dos isolados de Phytopythium obtidos

do solo da rizosfera de cacaueiro e seringueira, quando cultivados por sete dias

em meio cenoura-ágar.......................................................................................... 78

Tabela 4. Características morfobiométricas dos isolados de Pythium obtidos do

solo da rizosfera de cacaueiro e seringueira, quando cultivados por sete dias em

meio cenoura-ágar............................................................................................... 79

Page 16: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

xvii

Tabela 5. Identificação molecular dos isolados da rizosfera de T. cacao e H.

brasiliensis de fazendas do Sul da Bahia, Brasil.................................................. 82

Page 17: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

1

1 INTRODUÇÃO

O cultivo consórciado de seringueira (Hevea brasiliensis (Wild. Ex. A.

Juss.) Muell. Arg.) e cacaueiro (Theobroma cacao L.) tem sido adotado por

muitos produtores do Sul Bahia. Na região vem se destacando os municípios de

Ituberá, Camamu, Uruçuca e Una com muitas áreas cultivadas. As principais

vantagens deste consórcio são a consideravél redução nos custos de

implantação das culturas, aumento da produtividade, sombreamento para o

cacaueiro, geração de emprego e, ainda, possibilita que o produtor tenha uma

fonte de renda, enquanto espera o seringal crescer (PEREIRA et al., 1996).

As duas culturas possuem uma elevada importância econômica no

cenário mundial. Os países do Sudeste Asiático, principalmente Malásia,

Tailândia e Indonésia, são responsáveis por 90% da produção mundial de

borracha. A produção nacional está concentrada nos estados de São Paulo

(34%), Mato Grosso (29%) e Bahia (15%). Na produção de cacau, o Brasil ocupa

a 5° posição no ranking mundial, perdendo apenas para a Costa do Marfim,

Gana, Nigéria e Camarões. E no ranking nacional a Bahia lidera a produção

(AGROLINK, 2015).

Tanto a seringueira quanto o cacaueiro, são atacados por uma grande

diversidade de doenças, que reduzem a produção de frutos e de látex. Um tipo

de patógeno comum entre elas, causador de doenças em ambas culturas,

corresponde às espécies do gênero Phytophthora. Entre as espécies

relacionadas destaca-se Phytophthora capsici Leonian, patógeno polífago,

cosmopolita e muito agressivo (LUZ et al., 2003).

Na seringueira o patógeno pode causar requeima das brotações novas,

cancro no painel, podridão em frutos e a queda anormal e prematura de folhas,

sendo a última predominante nos seringais do sul da Bahia (CERQUEIRA et al.,

Page 18: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

2

2011). No cacaueiro P. capsici é uma das espécies responsáveis pela podridão

parda ou podridão de phytophthora, atacando principalmente os frutos da planta,

mas podendo também ocorrer em outras partes da planta, sem causar prejuízos

econômicos (OLIVEIRA & LUZ, 2005). Em condições favoráveis ao

desenvolvimento da doença podridão parda, perdas na produção de até 80% já

foram registradas (LUZ et al., 1997).

Em outras culturas atacadas por P. capsici já é comprovado a sua

sobrevivência na rizosfera, restos de culturas e em plantas espontânea. Mas

para o cacaueiro e a seringueira nunca foi verificado, a sua presença no solo e

se haveriam outras plantas que serviriam como hospedeiros alternativos para

sobrevivência desta espécie. Esta importante lacuna no patossitema da espécie

demonstra a necessidade de pesquisar especificamente, as possíveis fontes

primárias de inóculo nestas culturas.

Os objetivos deste trabalho foram: (i) estudar as possíveis fontes de

inóculo de P. capsici em plantações de seringueira e cacaueiro, e testar a

patogenicidade dos isolados encontrados às duas culturas; (ii) relatar novos

hospedeiros para o patógeno na parte áerea da seringueira e no em torno das

plantações entre as plantas nativas; (iii) comprovar a patogenicidade dos

isolados desses hospedeiros à eles próprios, ao cacaueiro e à seringueira; (iv)

isolar e identificar os principais oomicotas encontrados em solo das plantações

consorciadas.

Page 19: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÀFICA

2.1 Consórcio cacau e seringueira

A seringueira é originária da região Amazônica e é a principal fonte de

borracha natural do mundo. O gênero Hevea pertence á família das Euforbiácea,

sendo a espécie H. brasiliensis a mais produtiva e plantada comercialmente,

com superior qualidade de látex. Os países do Sudeste Asiático, principalmente

Malásia, Tailândia e Indonésia, dominam a produção mundial de borracha

natural, responsbilizando-se por 90% dela. No Brasil, São Paulo (34%), Mato

Grosso (29%) e Bahia (15%), são os principais estados produtores.

O cacaueiro, por ser uma espécie neotropical, pode ser encontrado em

praticamente todas as regiões do mundo. O Brasil, que já foi o 2° maior país

produtor de cacau do mundo, ocupa atualmente a 5° posição seguindo a Costa

do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões. Cerca de 90% de todo o cacau brasileiro

é exportado, sendo o Estado da Bahia considerado o maior produtor

(AGROLINK, 2015).

Os sistemas agroflorestais (SAFs) representam um conjunto de técnicas

alternativas de uso da terra, que implicam na combinação de espécies florestais

com cultivos agrícolas e com atividades pecuárias, ou ambas. Nos últimos anos,

o desenvolvimento de SAFs tem sido bastante encorajado, defendido e

recomendados aos processos de produção como uma forma de praticar uma

agricultura ambientalmente correta, mais produtiva e sustentável em regiões

tropicais (PEREIRA et al., 1996).

O Sul da Bahia foi a região pioneira, a adotar a modalidade de cultivo

consorciado de seringueira (Hevea brasiliensis (Wild. Ex. A. Juss.) Muell. Arg.) e

Page 20: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

4

cacaueiro (Theobroma cacao L.), culturas de relevante importância econômica

no cenário mundial. Inicialmente os produtores decidiram introduzir cacaueiros

sob o dossel de seringais decadentes, parcialmente desfolhados, que permitiam

uma melhor penetração da luz para o cacaueiro. Este consórcio deu certo e vem

sendo bastante difundido pelos produtores da região (MARQUES, 2006).

Segundo Pereira et al. (1996), há muitas vantagens em consorciar o

cacaueiro e a seringueira, e destaca como principais a redução nos custos de

implantação, o aumento da produtividade e maiores oportunidades de emprego

e renda. Contudo, segundo esses autores, um fator importante deve ser levado

em consideração ao se escolher as espécies a serem consorciadas: as espécies

escolhidas não devem apresentar problemas fitossanitários comuns. Mas tanto

a seringueira quanto o cacaueiro são hospedeiras e sofrem com o ataque de um

patógeno bastante agressivo, Phytophthora capsici Leonian.

2.2 O Filo Oomycota

O Filo Oomycota, um grupo monofilético, engloba os organismos

pertencentes ao Reino Straminipila com características semelhantes aos fungos

verdadeiros e por isso, as vezes denominados “pseudo fungos”. Entre as

características similares aos fungos verdadeiros, estão a forma de nutrição,

zoósporos flagelados, parede celular contendo quitina, presença de hifas,

formação de estruturas de resistências e ocupação dos mesmos ninchos

ecológicos (NEAHAUSER et al., 2012; MARANTO et al., 2014; BEAKES et al.,

2014).

Segundo Adl et al. (2012) aprofundando a tentativa de Adl et al. (2005) de

agrupamento dos reinos em Super grupos, o filo Oomycota pertence ao Super

grupo SAR, composto pelos Reinos Straminipila, Alveola e Rhizaria. Beakes et

al. (2014), em recente revisão filogenética e taxonomica levando em

consideração as sequências moleculares e analizando simultaneamente a

biologia e a história evolutiva do Reino Straminipila, propuseram a divisão do filo

Oomycota, até então considerado por Kirk et al. (2008) como possuindo uma

única classe – Oomycetes, em três classes: Peronosporomycetes,

Saprolegniomycetes e outra considerada Incertae sedis. A classe

Page 21: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

5

Peronosporomycetes, engloba as ordens Albuginales, Peronosporales sensu

lato e Rhipidiales.

Na ordem Peronosporales, permanecem duas famílias segundo Beakes

et al. (2014) Peronosporaceae sensu lato e Pythiaceae sensu lato. A família

Peronosporaceae sensu lato, incluindo os oomicotas evolucionariamente

superiores e mais ricos em espécies, teria além dos gêneros com muitas

espécies patogênicas às plantas como: Plasmopora; Peronospora;

Pseudoperonospora; Bremia e outros gêneros que causam os chamados mildios

pulverulentos; Phytophthora com dois clados, um para os patógenos que atacam

a parte aérea e outro para os que causam podridões de raízes;

Holophythophthora e Phytopythium. Já a família Pythiaceae sensu lato teria

como integrantes o gênero Pythium, também com dois clados para as espécies

globosas e filamentosas, e as espécies Lagenidiaceas spp. e Salisipitiaceae.

Assim, na mais moderna revisão filogenética (BEAKES et al., 2014) o

gênero Phytophthora petence à família Peronosporaceae e não mais a

Pythiaceae como considerados anteriormente (KIRK et al., 2008).

2.3 Phytophthora capsici

Phytophthora capsici Leonian pertence ao Reino Straminipila, Filo

Oomycota, Classe Oomycetes e Família Peronosporaceae (BEAKES et al.,

2014). A espécie foi assinalada pela primeira vez no Novo México (USA),

causando a doença denominada de requeima ou mela de pimentão (Capsicum

annuum L.), sendo considerada patógeno específico dessa cultura (TUCKER,

1931). No cenário atual, sabe-se que P. capsici é patogênica a mais de 50

gêneros de plantas, inclusive espécies vegetais de elevada importância

econômica em todo o mundo. Devido a isto, a palavra especificidade tem sido

abolida como característica de P. capsici, sendo considerado um patógeno

polífago e cosmopolita (LUZ et al., 2003).

Dentre a vasta gama de hospedeiros de P. capsici destacam-se

hortaliças, como o pimentão, tomate, pimenta-do-reino, berinjela, abóbora,

melancia e várias outras espécies das famílias Solanaceae e Curcubitaceae. No

Sul da Bahia duas culturas de comprovada relevância econômica, sofrem com o

Page 22: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

6

ataque de P. capsici, o cacaueiro (Theobroma cacao) e a seringueira (Hevea

brasiliensis) (CERQUEIRA et al., 2011; OLIVEIRA & LUZ, 2005; REIS et al.,

2007, REIS e HENZ, 2008).

No cacaueiro, P. capsici juntamente com outras espécies de

Phytophythora é responsável por causar a podridão parda ou podridão de

phytophthora (CAMPELO & LUZ, 1981; LUZ, 1989; DANTAS et al., 2005;

BAHIA, 2007; GUEST, 2007; CERQUEIRA et al., 2011). O dano econômico

causado no cacaueiro é evidente, pois a doença ataca principalmente os frutos

da planta, mas podendo também ocorrer em outras partes da planta, sem causar

sérios prejuízos econômicos (OLIVEIRA & LUZ, 2005). Em condições favoráveis

ao desenvolvimento da podridão parda na Bahia, perdas na produção de até

80% já foram registradas (LUZ et al., 1997).

De acordo com Dantas et al. (2005) embora as perdas causadas pela

podridão-parda sejam menores do que as ocasionadas por outras doenças

como a vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa (Stahel) Singer), a

monilíase (Moniliophthora roreri (Cif.) Evans et al.) e a murcha-vascular-estriada

(Oncobasidium theobromae Talbot & Keane), estas estão restritas a

determinadas regiões do mundo, enquanto que a podridão-parda ocorre em

todos os países produtores de cacau. Sendo assim, a podridão parda é

considerada atualmente a doença mais importante em termos mundiais

(DANTAS et al., 2005; BAHIA, 2007; CERQUEIRA et al., 2011).

A seringueira é outra cultura importante na região sul baiana, e um dos

seus principais patógenos é P. capsici. O patógeno pode causar requeima ou

queima das brotações novas, cancro no painel, podridão em frutos e a queda

anormal e prematura de folhas, sendo a última predominante nos seringais do

Sul da Bahia (CERQUEIRA et al., 2011) e que vem causando danos

significativos na produção de látex. No entanto, assim como ocorre no cacaueiro,

outras espécies do gênero Phytophthora também podem ser patogênicas à

seringueira, tais como: P. palmivora, P. botryosa, P. citrophthora, P. nicotiniae

var. parasítica, P. citricola, P. meadii e P. cactorum (GASPARETTO, 1997).

Em um primeiro momento, todos os isolados de Phytophthora

encontrados em cacau foram classificados como P. palmivora (BRASIER &

GRIFFIN, 1979), sendo esta espécie posteriormente dividida em quatro grupos

(MF1, MF2, MF3 e MF4) baseados em caracteres morfológicos (GRIFFIN,

Page 23: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

7

1977). Depois de mais estudos a espécie teve sua descrição novamente

alterada, passando então o grupo MF4 a ser considerado P. capsici Leonian

(ZENTMYER et al., 1981; TSAO & ALIZADEH, 1988; ERWIN & RIBEIRO, 1996).

Atualmente isolados P. capsici são raramente encontrados infectando frutos de

cacaueiros no Sul da Bahia, predominando espécies de P. palmivora nos

isolamentos (LUZ et al., 2003). Este fato vem ocorrendo de maneira inversa e

paralela na cultura da seringueira, em que existe uma predominância de P.

capsici relacionada as doenças causada por Phytophthora na cultura

(CERQUEIRA et al., 2011).

Regiões e épocas do ano com temperaturas amenas e alta umidade do ar

e do solo, favorecem o crescimento e desenvolvimento de P. capsici. Sua

reprodução compreende duas fases, sendo uma fase somática ou assexual e

uma fase sexual. Na reprodução assexuada, formam-se esporângios e

zoósporos e na reprodução sexuada, oósporos (LUZ & SILVA, 2001). Sua

disseminação no campo se dá via água de irrigação ou chuva, implementos

agrícolas, vento, a partir de lesões esporulantes em frutos, ramos e folhas (REIS

et al., 2007).

A principal estrutura de sobrevivência de P. capsici no solo são os

oósporos (LAMOUR & HAUSBECK, 2002; MARQUE, et al., 2002; REIS et al.,

2007), uma vez que as formas de esporângio ou zoósporos deste patógeno tem

vida muito curta no solo, além disso, não se tem observado a formação de

esporos de resistência (clamidósporos) por isolados de P. capsici (REIS et al.,

2007). Em seringueira no estudo de mais de 370 isolados nenhum apresentou

formação de clamidósporos (CERQUEIRA, 2014).

Em culturas de Solanaceae e Cucurbitaceae já é comprovado que P.

capsici pode sobreviver na rizosfera, em sementes, restos de culturas e

utilizando plantas espontâneas como hospedeiro alternativo. No entanto, para o

cacaueiro e a seringueira essa teoria nunca foi experimentalmente comprovada,

sendo necessário pesquisar especificamente os locais e as plantas de

sobrevivência desta espécie, capazes de servir como fonte primária de inóculo.

Recentemente estudos feitos por Santos e Luz (2011) e Santos et al.

(2013 e 2014) relataram a ocorrência de espécies de Phytophthora na rizosfera

de cultivos agrícolas no Sul da Bahia, bem como a descoberta de novos

hospedeiros de P. nicotianae na mesma região. Tais evidências sustentam a

Page 24: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

8

hipótese de que P. capsici, assim como ocorre com outras espécies de

Phytophthora e também com a própria espécie em outras culturas, utilize o solo

como meio de sobrevivência nas culturas de seringueira e cacaueiro. O

isolamento de Phytophthora do solo e raízes muitas vezes é dificultado pela

presença de Pythium spp., além disso as espécies de Phytophthora apresentam

taxa de cresimento relativamente baixa quando cultivadas em meios de cultura

comumente usados em micologia, como BDA (batata-dextrose-agar). Dessa

forma é recomendado o uso de meios seletivos suplementados com hymexazol

para inibir a presença de várias espécies de Pythium, ou o uso de hospedeiros

específicos colocados no solo como iscas (LUZ et al., 2008). No entando estas

técnicas não possuem 100% de eficiência, fazendo com que o isolamento de

Phytophthora do solo seja por vezes sabotado pela presença de outros menbros

do filo Oomycota.

2.4 Gênero Phytopythium

Phytopythium é um gênero pertencente ao Reino Straminipila, Filo

Oomycota, Classe Oomycetes, Ordem Peronosporales e Família

Peronosporaceae (BEAKES et al., 2014). O gênero foi descrito recentemente por

Bala et al. (2010), como a espécie tipo Phytopythium sindhum A.M. Lodhi,

Shahzad & Lévesque, e atualmente existem cerca de 22 espécies registradas no

Index Fungorum (2016). A maioria das espécies é saprobiota de ambientes

naturais (água e solo), mas algumas são patógenos de plantas (DE COCK et al.

2015), incluindo P. helicoides e P. vexans, que já foram relatadas causando

podridão da raiz e podridão do colmo em plantas de Kiwi, evidenciando sua

importância agrícola (YANG et al., 2013; WANG & XIE., 2015).

O gênero foi descrito após resultados de estudos filogenéticos, baseados

em análises moleculares que destinguiu o táxon anteriormente classificado como

pertencente ao clado k do gênero Pythium (LÉVESQUE & DE COCK, 2004). O

gênero Pythium foi dividido por Lévesque e De Cock (2004) em 11 clados de A-

K, com base em análises sistemáticas moleculares. Tal divisão, embora bem

apoiada por características morfológicas (DE COCK et al. 2015), tem sido

contestada por vários autores (BRIARD et al., 1995; BAILEY et al., 2002; VILLA

Page 25: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

9

et al., 2006; PALMUCCI, 2011; MARANO, 2014; DE COCK et al. 2015), que

através de estudos filogenéticos, com base nas sequências de ITS, citocromo c

oxidase (coxII), e os genes de β-tubulina, observaram que as espécies

pertencentes ao clado K eram filogeneticamente distintas do resto daquelas

consideradas como pertencentes ao gênero Pythium e apresentavam

características combinadas dos gêneros Pythium e Phytophthora. De Cock et al.

(2015) estabeleceram quais espécies pertenciam ao clade K e fez 14 novas

combinações taxonômicos para estas espécies, além da descrição de uma nova

espécie Phytopythium mirpurense Lodhi, De Cock, Lévesque & Shahzad, sp.

nov.

As principais características morfológicas comuns a Phytopythium são:

esporângios ovóides a globosos com papilas exceto para P. vexans, proliferação

interna semelhante a Phytophthora e modo de descarga de zoósporos

semelhante ao Pythium, formando um tubo de descarga com uma vesícula na

ponta; oogônios grandes, oósporos de paredes espessas e anterídio parágino

com células ligadas lateralmente ao oogônio (BATEN, 2015; DE COCK et al.,

2015). O gênero também é caracterizado por temperaturas ótimas de

crescimento variando ente 30-40 °C (LÉVESQUE & DE COCK, 2004).

Page 26: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

10

3 CAPÍTULO 1

FONTES DE INÓCULO DE Phytophthora capsici EM PLANTAÇÕES DE

CACAUEIRO E SERINGUEIRA NO SUL DA BAHIA, BRASIL

RESUMO

O cacaueiro e a seringueira são considerados as culturas mais

importantes economicamente no Sul da Bahia. Muitas vezes cultivadas de forma

consorciada, ambas são hospedeiras de um fitopatógeno muito agressivo:

Phytophthora capsici Leonian. No cacaueiro P. capsici pertence ao complexo de

espécies que causam a podridão-parda, doença mundialmente importante. Na

seringueira P. capsici é o principal agente causal da requeima, do cancro do

painel, da podridão dos frutos e da queda anormal e prematura das folhas. No

entanto, não se sabe ao certo como P. capsici sobrevive nestas plantações,

especialmente para causar as epidemias anuais em seringueira. Objetivou-se

neste trabalho estudar as possíveis fontes de inóculo de P. capsici em

plantações, de cacaueiro e seringueira no Sul da Bahia e aprofundar os

conhecimentos sobre os aspectos ecológicos, epidemiológicos e patológicos das

interações P. capsici com estes hospedeiros. Realizou-se coletas em fazendas

localizadas no Sul da Bahia, de material vegetal de ambas culturas,solo da

rizosfera, plantas espontâneas ao redor das plantações e epífitas sobre

seringueira, que apresentassem sintomas típicos de Phytophthora. Foram

obtidos 50 isolados de Phytophthora sp., sendo 42 de P. capsici (37 de

seringueira, três de epífitas, um de planta espontânea e da rizosfera), seis de P.

pamivora (cinco de cacaueiro e um de seringueira), um de P. citrophthora (do

Page 27: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

11

cacaueiro) e um de P. hevea (da rizosfera). Os isolados foram caracterizados

morfologicamente e realizados testes de patogenicidade, em frutos de cacaueiro

e folhas de seringueira com todos os isolados obtidos de cacaueiro, epífitas, e

planta espontânea e com 13 isolados de seringueira. Nos teste de

patogenicidade, os isolados das epífitas e da planta espontânea se mostraram

patogênicos. Dessa forma, estas plantas podem estar servindo como

hospedeiros alternativos de P. capsici nas plantações de cacau e seringueira.

Três fontes de inóculo de P. capsici foram assinaladas: o solo, uma epífita e uma

planta espontânea. A repercussão ecológica e epidemiológica desses achados é

discutida.

Palavras-chave: podridão parda; queda anormal das folhas; epidemiologia;

Theobroma cacao; Hevea brasiliensis

Page 28: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

12

3.1 INTRODUÇÃO

Phytophthora capsici Leonian pertence ao Reino Straminipila, Filo

Oomycota, Classe Oomicetes e Família Peronosporaceae (BEAKES et al.,

2014). É considerado um patógeno polífago, cosmopolita (LUZ et al., 2003) e

muito agressivo, causando sérios danos e grandes perdas econômicas em

várias culturas em todo o mundo. Regiões e épocas do ano em que ocorrem

temperaturas inferiores a 18 °C e alta umidade do ar e do solo, favorecem o

desenvolvimento e a esporulação de P. capsici e, consequentemente, as

epidemias das doenças causadas por esta espécie. P. capsici por ser uma

espécie heterotálica (LEONIAN, 1922) é disseminada nas plantações

principalmente por zoósporos e esporângios (ciclo assexual) que são

dispersados pelo vento, água e insetos (LUZ et al., 1995; LUZ e SILVA, 2001)

dando origem nas plantações à populações clonais, pela predominância de

apenas um tipo de compatibilidade sexual (A1) (CERQUEIRA, 2014).

No entanto, em culturas onde os dois tipos sexuais estão presentes, como

a do pimentão (Capsicum annuum L.), a principal estrutura de sobrevivência de

P. capsici no solo são os oósporos (LAMOUR & HAUSBECK, 2002; REIS et al.,

2007), uma vez que a forma de esporângio ou zoósporos deste patógeno tem

vida muito curta no solo, além disso, não se tem observado a formação de

esporos de resistência (clamidósporos) por isolados de P. capsici (CAMPÊLO &

LUZ, 1981; LUZ & CAMPÊLO, 1985; LUZ, 1989; REIS et al., 2007).

A espécie P. capsici encontra-se amplamente distribuída no país,

podendo ser encontrada em todas as regiões geográficas (SANTOS et al.,

2014b), é a segunda espécie de Phytophthora com maior número de

hospedeiros registrados (21), perdendo apenas para a P. nicotianae com 34

hospedeiros relatados (MENDES et al., 1998; LUZ & MATSUOKA, 2001;

Page 29: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

13

SANTOS et al., 2014b). Dentre a vasta gama de hospedeiros de P.capsici

destacam-se hortaliças, como o pimentão (Capsicum annuum L.), tomate

(Solanum lycopersicum L.), pimenta-do-reino (Piper nigrum L.), berinjela

(Solanum melongena L.), abóbora (Cucurbita pepo L.), melancia [Citrullus

lanatus (Thunb.) Matsum & Nakai] e várias outras espécies das famílias

Solanaceae e Curcubitaceae. Além desses, outros hospedeiros de relevância

econômica, principalmente para o Sul da Bahia, sofrem com o ataque de P.

capsici, como é o caso do cacaueiro e da seringueira (CERQUEIRA et al., 2011;

OLIVEIRA & LUZ, 2005; REIS et al., 2007).

O cacaueiro (Theobroma cacao L.), por ser uma espécie neotropical,

pode ser encontrado em praticamente todas as regiões do mundo. Várias

doenças de importância econômica estão relacionadas ao cultivo do cacaueiro.

A podridão parda ou podridão de phytophthora é uma doença causada por um

complexo de espécies do gênero Phytophthora que inclui as espécies P.

palmivora, P. citrophthora, P. heveae e P. capsici (CAMPELO & LUZ, 1981; LUZ,

1989; DANTAS et al., 2005; BAHIA, 2007; GUEST, 2007; CERQUEIRA et al.,

2011). Estes patógenos atacam além dos frutos do cacaueiro, outras partes da

planta como ramos, chupões, almofadas florais e até o tronco causando o

cancro do cacaueiro (LUZ & SILVA, 2001), no entanto os danos econômicos

importantes são ocasionados nos frutos (OLIVEIRA & LUZ, 2005). Durante a

década de 80, estudos relacionados sobre a virulência, distribuição populacional,

e predominância das espécies de Phytophthora no cacaueiro, demonstraram

que P. capsici apesar de ser a menos virulenta das espécies causadoras da

podridão parda, era a mais prevalente devido principalmente a seu bom

crescimento nas epócas de maior ocorrência da doença na Bahia (LAWRENCE

et al., 1982; CAMPÊLO et al., 1982; CAMPÊLO & LUZ, 1982; LUZ & CAMPÊLO,

1983). Mas, atualmente P. capsici parece ter decrescido das plantações de

cacau, pois raros tem sido os isolados de P. capsici obtidos desta cultura,

predominando P. palmivora nas plantações (CERQUEIRA, 2014).

De acordo com Dantas et al. (2005) embora as perdas causadas pela

podridão-parda sejam menores do que as ocasionadas por outras doenças

como a vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa (Stahel) Singer), a

monilíase (Moniliophthora roreri (Cif.) Evans et al.) e a murcha-vascular-estriada

(Oncobasidium theobromae Talbot & Keane), estas estão restritas a

Page 30: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

14

determinadas regiões do mundo, enquanto a podridão-parda ocorre em todos os

países produtores de cacau. Sendo assim, a podridão parda ainda é

considerada como a doença mais importante do cacaueiro em termos mundiais

(DANTAS et al., 2005; BAHIA, 2007; CERQUEIRA et al., 2011).

A seringueira (Hevea brasiliensis (Wild. Ex. A. Juss.) Muell. Arg.) é outra

cultura importante na região sul baiana, e um dos seus principais patógenos é

P. capsici. No entanto, assim como ocorre no cacaueiro, outras espécies do

gênero Phytophthora também podem ser patogênicas para a seringueira, tais

como: P. palmivora, P. botryosa, P. citrophthora, P. nicotianae var. parasítica, P.

citricola, P meadii e P. cactorum (GASPARETTO, 1997).

A requeima ou queima das brotações novas, o cancro do painel, a

podridão dos frutos e a queda anormal e prematura das folhas, são as doenças

causadas por P. capsici nos seringais do Sul da Bahia (CERQUEIRA et al.,

2011).

O principal meio de sobrevivência de P. capsici em outras culturas é o

solo, mas o patógeno também pode sobreviver em sementes, restos de culturas

e plantas espontâneas. Sua disseminação no campo se dá via água de irrigação

ou chuva, implementos agrícolas, vento, a partir de lesões esporulantes em

frutos, ramos e folhas (REIS et al., 2007). No entanto, para o cacaueiro e

especialmente para a seringueira é necessário esclarecer a forma de

sobrevivência desta espécie, e, se existem outras plantas hospedeiras do

patógeno e, existindo, se elas são capazes de servir como fonte primária de

inóculo.

O objetivo deste trabalho foi portanto, estudar a existência de possíveis

fontes de inóculo de P. capsici em plantações de cacaueiro e seringueira no Sul

da Bahia para aprofundar e esclarecer os aspectos epidemiológicos dos

patossistemas P. capsici x seringueira e P.capsici x cacaueiro.

Page 31: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

15

3.2 MATERIAL E MÉTODO

3.2.1 Área de estudo

O Sul da Bahia apresenta ótimas condições edafoclimáticas para o

desenvolvimento tanto da cultura de cacau quanto da seringueira. A coleta de

materias para o estudo desse trabalho foi realizada em 11 fazendas com cultivo

em SAF contemplando as duas culturas, nos municípios: Ituberá (faz.

Plantações Michelin, faz. Ondulada, faz. Morro alto, faz. Revolta, faz. Lagoa

Santa e faz. São Francisco); Camamu na fazenda Cultrosa; Una (faz.

Bolandeira, faz. Ghislaine e Estação EDJAB) e Uruçuca na fazenda Porto

Seguro.

3.2.2 Coletas

As coletas foram realizadas em épocas diferentes considerando os

períodos propícios (baixas temperaturas e alta umidade) e adversos (altas

temperaturas e baixa umidade) ao patogéno. Assim, foram feitas três coletas em

cada área, sendo a primeira nos meses de julho a setembro de 2014, a segunda

entre os meses de dezembro de 2014 a março de 2015 e a terceira durante os

meses de junho a agosto de 2015.

No cacaueiro foram coletadas bilros, chupões, frutos, solo da rizosfera e

plantas espontâneas ao redor da plantação. Na seringueira foram coletados

materiais da copa (folhas e plantas epífitas), solo da riszosfera e plantas

espontâneas ao redor da plantação. Para a coleta do solo da rizosfera utilizou-se

um trado com 20 cm de profundidade e retirando amostras em aproximadamente

1m de distância do caule. Foram coletadas três amostras simples de cada árvore

e misturadas em um saco de polietileno formando uma amostra composta.

Page 32: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

16

3.2.3 Isolamento de Phytophthora

Os materiais coletados foram trazidos para o Laboratório de Phytophthora

(PHYTOLAB) do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC), da Comissão

Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). Fragmentos de folhas,

peciolos, caules e frutos com lesões foram superficialmente esterilizados em

álcool 70%, hipoclorito e água destilada esterilizada, e semeados em placas de

Petri contento meio seletivo PARPH (KANNWISCHER E MITCHELL, 1978). As

placas foram mantidas no escuro a uma temperatura de 22 ± 1 °C por quatro a

cinco dias e posteriormente, discos das bordas das colônias puras em meio

seletivo foram transferidos para placas de Petri contendo meio cenoura-ágar

(CA) onde foram cultivados para melhor crescimento e esporulação dos

isolados.

Para o solo retirado da rizosfera utilizou-se a técnica de plaqueamento

em meio seletivo (LUZ et al., 2008), que consistiu em pesar 10 g de cada

amostra de solo, diluí-la em 90 mL de ágar-água a 0,25% e homogeneizar a

mistura no agitador por cerca de dois minutos. Uma vez homogeneizada, foi

retirado da suspensão uma alíquota de 1 mL com uma pipeta de pasteur e

espalhada na superfície de cada uma das 10 placas contendo meio seletivo

PARPH (KANNWISCHER e MITCHELL, 1978), e em seguida incubadas no

escuro a 24 ± 1 °C. Após 48h foi realizada a lavagem em água corrente para

retirar o solo (LUZ et al., 2008), e feita a observação sob luz da presença de

culturas morfologicamente similares a Phytophthora spp. em cada placa (LUZ et

al., 2008). As culturas foram repicadas novamente em meio seletivo para serem

purificadas e em seguida passadas para placas de Petri contento meio cenoura

ágar (CA) para as análise morfobiométrica.

Todos os isolados obtidos foram mantidos em tubos de Penicilina

contendo meio batata-dextrose-ágar (BDA) e água estéril, de onde foram

retirados para os demais testes.

Page 33: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

17

3.2.4 Caracterização morfobiométrica

Após o crescimento de cada isolado em CA e também em meio cenoura

líquido, sob luz contínua e temperatura de 25 °C durante cinco a sete dias foi

realizada a caracterização morfológica dos isolados, determinando-se a forma

das colônias, o tipo de micélio formado, presença ou ausência de clamidósporos,

esporângios e oósporos. Dos esporâgios observou-se o comprimento e largura,

a forma, a caducidade e o comprimento do pedicelo, medindo-se 50

esporângios.

3.2.5 Determinação do tipo de compatibilidade

O tipo de compatibilidade dos isolados obtidos foi determinado pareando-

os consigo e com os isolados 1191 (A1 de P. palmivora ), 216 (A2 de P.

palmivora), 1211 (A1 de P. capsici) e 229 (A2 de P. capsici), todos da coleção

Arnaldo Medeiros do Cepec, utilizando a técnica de sanduíche descrita por Luz e

Silva (2001). As placas contendo os sanduíches dos diferentes cruzamentos

foram incubadas no escuro, à 24 °C. Após cinco dias do pareamento os discos

de CA colocados entre os discos de cultura dos isolados testadores foram

colocados em lâminas e examinados ao microscópio para observar a formação

de oósporos.

3.2.6 Estudos moleculares dos isolados de solo

A identificação molecular dos isolados do solo foi realizada no laboratório

de biologia molecular da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. A

extração do DNA genômico foi realizada a partir da cultura pura em placa

utilizando o kit UltraClean® Microbial DNA Isolation (MoBio, USA), seguindo as

recomendações do fabricante. A integridade e a quantidade do DNA foram

verificadas usando eletroforese em gel de agarose a 0,8% e o Qubit® 2.0

Fluorometer (Invitrogen), respectivamente.

As amplificações por PCR foram realizadas com os primers ITS4

(TCCTCCGCTTATTGATATGC) e ITS5 (GGAAGTAAAAGTCGTAACAAGG) da

Page 34: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

18

região ITS-28S (Internal Transcribed Spacers) do DNA ribossomal (WHITE,

1990). E também com os primers LROR (ACCCGCTGAACTTAAGC) e LR6

(CGCCAGACGAGCTTACC) da região LSU 25-28S (Large subunit RNA) do

RNA ribossomal (RIETHMULLER et al., 2002). As reações foram preparadas

com os seguintes reagentes e concentrações: 60 ng de DNA de cada amostra;

1x de tampão da enzima Taq DNA polimerase; 3,7 mM de MgCl2; 0,6 pmol/μL de

dNTPs; 0,4 pmol/μL de cada primer; 2,5 U de Taq DNA polimerase, com volume

final ajustado para 50 μL com água ultra pura. Os ciclos de amplificações foram

realizados no Veriti Thermal Cycler PCR (Appplied Biosystems) sob as seguintes

condições térmicas: 94 ºC por 2 minutos, 35 ciclos de 94 ºC por 1 minuto, 48 e

53 (ITS e LSU, respectivamente) 56 ºC por 1 minuto, 72 ºC por 1 minuto e

extensão final de 72 ºC por 10 minutos concluindo com o resfriamento a 8 ºC. Os

produtos amplificados foram visualizados em gel de agarose a 1%, corados com

brometo de etídio e sob luz ultravioleta. Em seguida os amplicons foram

purificados utilizando o kit Illustra® GFX PCR DNA and Gel Band Purification (GE

Healthcare Life Sciences) para posterior identificação nucleotídica utilizando o

sequenciador automático ABI-Prism 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems)

da empresa ACTGene Análises Moleculares LTDA. A edição e montagem das

sequências foi realizada com o programa Sequencher 4.1.4 (Gene Code

Corporation). A identidade taxonômica dos isolados foi estudada a partir do

banco de dados GenBank, utilizando o BLASTn “basic local alignment search

tool” (BLAST) do NCBI.

3.2.7 Teste de patogenicidade realizados com os isolados coletados em

frutos e folhas de cacaueiro e em folhas de seringueira

Apartir das características morfobiométricas, foram escolhidos 17 isolados

de P. capcisi (2636, 2637, 2638, 2639, 2652, 2674, 2676, 2689, 2690, 2691,

2692, 2696, 2697, 2698, 2699, 2700 e 2701) seis isolados de P. palmivora

(2680, 2681, 2682, 2683, 2687e 2695) e um isolado de P. citrophthora (2693)

para inoculações em: folhas destacadas de seringueira dos clones FX3864 (mais

susceptível a Phytophthora) e SIAL1005 (considerado resistente a

Phytophthora); discos de folhas de cacau Catongo e em frutos de cacau comum.

Page 35: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

19

O critério da escolha dos isolados baseou-se em inocular pelo menos um

isolados de cada uma das fazendas.

Utilizou-se três folhas destacadas de seringueira (sendo, cada folha com

três folíolos, dois pontos de inoculação por folíolo e um total de 18 pontos de

inoculação) e quatro frutos de cacau (quatro frutos x três pontos de inoculação =

12 pontos de inoculação) para cada isolado, inoculando-os com disco de micélio

de 0,5 cm de diâmetro dos isolados cultivados em CA. Os inóculos foram

cobertos com um chumaço de algodão embebido em água destilada para

manter a umidade (Figura 1). Após a inoculação as folhas foram colocadas em

caixas contendo espuma embebidas com água destilada para manter a umidade

e os frutos foram colocados em sacos plásticos de polietileno transparentes

borrifados com água destiladas formando câmaras-úmidas (LUZ et al., 2001).

Três, cinco e sete dias após as inoculções foram feitas as avaliações, medindo-

se o comprimento e a largura das lesões para o cálculo da área das mesmas.

Os discos de folhas de cacau Catongo, foram inoculados com suspensão

de zoósporos na concentração 3x105 zoósporos/ml, utilizando os mesmos

isolados dos testes anteriores e seguindo a metologia descrita por Nyassé et al.

(1995). Utilizou-se 20 discos de folha para cada isolado. Os discos foram

arrumados em caixas forradas com espuma embebida com água destilada para

manter a umidade, formando assim uma câmara-úmida (Figura 2a). Sete dias

após a inoculação procedeu-se a avaliação usando uma escala de notas

desenvolvida por Nyasse et al. (1999), com valores variando de 0 – 5 (Figura

2b). A partir das notas foram determinados os índices de serveridade da doença

(ID) através da fórmula de Mckinney (1923), conforme Equação:

( ) ∑( )

( )

em que,

ID = índice de doença variando de 0 a 100;

f = número de disco de folhas com determinada nota;

v = grau de infecção (nota);

n = número total de discos de folhas avaliadas;

x= grau máximo de infecção (nota).

Page 36: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

20

Os experimentos foram montados em delineamento inteiramente

casualizados e as análises dos índices de severidade da doença causados pelos

isolados em disco de folhas e a área média das lesões em folhas e frutos foram

comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade, utilizando o

software SISVAR® versão 5.6.

Figura 1. Inoculações em folhas destacadas de seringueira (a) e frutos de cacau

(b) com isolados obtidos nesta pesquisa.

Figura 2. Inoculação dos discos de folhas (a), escala de notas desenvolvida por

Nyasse et al. (1999) para avaliação de genótipos de cacaueiros quanto a

resistência à podridão-parda em discos de folhas e usada neste experimento (b).

a b

a a

Page 37: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

21

3.3 RESULTADOS

Foram encontrados isolados de Phytophthora em todas as fazendas

visitadas nos quatro municípios. No presente estudo foram obtidos 50 isolados

de Phytophthora, sendo 46 de material vegetal e quatro encontrados no solo da

rizosfera. Ituberá foi o município onde encontrou-se a maioria dos isolados, 31.

Todos os isolados de material vegetal foram encontrados apenas no período

propício ao patógeno, entre os meses de julho a setembro e os de solo nos

meses mais quentes (Tabela 1).

Tabela 1. Número de culturas semelhantes a Phytophthora obtidas do solo da

rizosfera e parte aérea das plantas, por data e município de coleta nos anos de

2014 e 2015, em plantios de consórcio seringueira e cacaueiro no Sul da Bahia.

DATA

Ituberá Camamu Uruçuca Una

Parte aérea

Solo Parte aérea

Solo Parte aérea

Solo Parte aérea

Solo

jul/14 4 - - 1 - - 8 2

ago/14 12 3 2 1 - - 1 -

set/14 5 5 - - - - - -

out/14 - 3 - - - - - -

mar/15 - 6 - 4 - 3 - -

abr/15 - 10 - - - 3 - 2

jul/15 5 - 3 - 1 1 - -

ago/15 5 - - 1 - - - -

TOTAL 56 12 8 13

*- não encontrados.

A maioria dos isolados de material vegetal (36) foi oriunda de seringueira,

sendo 23 do clone FX3864, três de SIAL1005, dois de PUA, três de IAN873, um

Page 38: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

22

de MDF180 e quatro de policlones em viveiro. Foram obtidos cinco isolados de

frutos de cacaueiro, três em folhas de epífitas e um isolado em folhas de uma

planta espontânea.

O meio seletivo PARPH (KANNWISCHER E MITCHELL, 1978), inibiu o

crescimento de muitos fungos Oomycota de outros gêneros, mas não todos.

Principalmente do solo, onde existe uma microbiota enorme, muitas espécies de

Pythium e outros Oomycota são também isolados. Foram obtidos 43 isolados do

solo rizosferico, com crescimento semelhante a Phytophthora porém, apenas

dois foram confirmados até o momento como Phytophthora. Os demais,

pertencem aos gêneros Pythium e Phytopythium, os quais serão abordados no

capítulo 4.

3.3.1 Caracterização morfobiométrica

Os isolados de Phytophthora foram separados por espécies de acordo

com a caducidade dos esporângios e o tamanho dos pedicelos. Esporângios

não caducos P. citrophthora e se caducos com pedicelos longos P. capsici e

com pedicelos curtos P. palmivora (LUZ & MATSUOKA, 1996).

No estudo das características morfobiométricas, observou-se que nos

isolados de seringueira houve predominância de colônias do tipo rosacea (mas

com algumas do tipo petalóide e estelar), esporângios do tipo limoniforme

medindo 44,5 x 23,6 μm (22-68 x 14-30 μm), papilas com média de

profundidade do poro apical (PPA) de 4,3 μm e com largura do poro apical

(LPA) de 6,1 μm, pedicelo 47μm (20-82 μm). Características estas similares a P.

capsici (Tabela 2) e de acordo com as chaves taxonômicas (WATERHOUSE,

1963, 1983; STAMPS et al., 1990). Em seringueira observou-se apenas um

isolado de P. palmivora, com colônia do tipo colapsada, esporângios obpiriforme

com média 40,6 X 24,1 μm, papilas com PPA de 5,6 μm e LPA de 6,8 μm, com a

presença de clamidósporos com diâmetro médio de 24,7 μm (19-29,5 μm).

Nos isolados de P. palmivora de cacaueiro houve predominância de

colônias do tipo colapsada, esporângios do tipo obpiriforme medindo 44,4 x 29,5

μm (21,8-67,8 x 18,7-36,4 μm), papilas com PPA de 5,3 μm e LPA de 9,5 μm,

pedicelos 3,5 μm (1,8-5,5 μm), clamidósporos 28,5 μm (17-49 μm). No cacaueiro

Page 39: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

23

apenas um isolado de P. citrophthora foi obtido com colônia do tipo colapsada,

esporângios do tipo obpiriforme medindo 50,9 x 27,8 μm (35-65 x 21,7-35 μm),

papilas com PPA de 5 μm e LPA de 7,3 μm, clamidósporos com 27 μm (17,9-

39,8 μm) (Tabela 3) .

Os isolados obtidos do solo da rizosfera foram homotálicos sendo que o

isolado de P. capcisi apresentou colônias do tipo estelar, oogônios com média

18 μm (17-19,6 μm), anterídios parágino e não foi observado a presença de

esporângios e clamidósporos. O isolado de P. heveae apresentou colônias do

tipo colapsada, oogônio com média 24,3 μm (18,2-34,1 μm), anterídios

anfígenos com média 12,8 x 10,3 μm (9,3-16-9 x 7,3-14,7 μm), clamidósporos

terminais com 29,8 μm de diâmetro (25,6-32,9 μm) e não foi observada a

presença de esporângios.

3.3.2 Determinação do tipo de compatibilidade

Os isolados de P. capsici formaram oogônio, anterídios e oósporos

quando pareados com o isolado 229, de P. capsici, do tipo compatível A2. Essas

estruturas não foram observadas no auto-pareamento dos isolados e nem nos

pareamentos com o isolados do tipo compatível A1, comprovando que os

isolados de P. capsici obitidos no presente estudo são heterotálicos do tipo

compatível A1. Todos os isolados de P. palmivora, formaram oogônio, anterídios

e oósporos quando pareados com o isolado 1191 do tipo compatível A1.

3.3.3 Teste de patogenicidade

3.3.3.1 Inoculações em seringueira

Todos os isolados de P. capsici inoculados nos dois clones de seringueira

causaram lesões. No entanto, houve variação no grau de agressividade entre os

isolados. No clone FX3864 os isolados de P. capsici 2636, 2699, 2700, 2691,

2692 e 2639 apresentaram menores valores de área de lesão variando de 0,9 a

2,72 cm2.

Page 40: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

24

Tabela 2. Características morfobiométricas dos isolados de Phytophthora obtidos de seringueira, quando cultivados por sete dias

em meio cenoura-ágar.

Continua

N° do

ISOLADO LOCAL¹ ÓRGÃO ESPÉCIE

TIPO DE

COLÔNIA

TIPO DE

ESPO.

ESPORÂNGIO

Comp. X Largura C/L²

PAPILA PEDI.

5 CLAM.6

PPA3

LPA4

2636 1 Peciolo P.capsici Rosacea limoniforme 44±5,6 X 23,2±1,7 1,9:1 3,6±0,8 6±0,5 41±22,8 -

2637 2 Folhas P.capsici Estelar limoniforme 42±5,3X 23,3±2,1 1,8:1 3,6±0,4 5,8±0,6 44,6±8,2 -

2639 1 Folhas P.capsici Rosacea limoniforme 42,6±7 X 23,3±1,8 1,9:1 4,3±1,5 6,5±1,7 25,6±6,7 -

2641 3 Hastes P.capsici Petalóide limoniforme 39,9±5,9 X 21,5±1,6 1,9:1 4,3±1,2 5,9±0,7 37,5±13,2 -

2642 1 Caule P.capsici Rosacea limoniforme 48,1±5,4 X 24,4±3,4 1,9:1 4±0,7 6,4±0,7 43,8±15,7 -

2662 5 Folhas P.capsici Estelar limoniforme 41,4±5,2 X 21,7±1,5 2,0:1 3,9±7 6,6±0,5 20±9,8 -

2663 4 Peciolo P.capsici Rosacea limoniforme 39,4±6,5 X 22,1±2 1,9:1 4,1±0,6 6,3±0,6 22,9±12,2 -

2664 4 Folhas P.capsici Estelar limoniforme 41,6±7,1 X 22,6±2,8 1,9:1 4,4±0,9 6,8±0,9 18,9±7,1 -

2666 4 Peciolo P.capsici Estelar limoniforme 37,7±4,1 X 23,1±2,3 1,6:1 3,8±3,5 6,6±0,8 34,2±10,3 -

2667 6 Folhas P.capsici Rosacea limoniforme 36,8±4,9 X 21,6±2,2 1,7:1 3,5±0,5 6,7±0,8 30,6±11,8 -

2668 2 Folhas P.capsici Rosacea limoniforme 37,4±6,1 X 21,6±2,9 1,7:1 4±0,6 5,6±0,6 46,8±17,1 -

2669 3 Folhas P.capsici Estelar limoniforme 41,9±7,3 X 20,4±2,9 2,1:1 4,1±0,7 5,8±0,6 46,7±16,5 -

2670 2 Peciolo P.capsici Estelar limoniforme 39,5±6,3 X 23,4±3,5 1,7:1 3,8±0,7 7,5±0,6 34,4±11,2 -

2671 4 Peciolo P.capsici Rosacea limoniforme 44,2±4 X 23,5±1,1 1,8:1 4,8±0,7 6,7±0,7 43,7±12,8 -

2672 4 Peciolo P.capsici Estelar limoniforme 37,8±5,4 X 21,7±2 1,8:1 7±0,7 3,6±0,5 28,2±8,9 -

2675 4 Folhas P.capsici Rosacea limoniforme 36,7±5,7 X 22,2±3,1 1,7:1 4±0,7 7,3±0,7 30,1±10,7 -

2677 6 Peciolo P.capsici Rosacea globoso 42,8±4,1 X 29,9±4,8 1,4:1 4,3±1 7,8±1 24,4±9,6 -

2678 3 Peciolo P.capsici Estelar limoniforme 46,8±6,2 X 23,2±3,1 2,0:1 4,1±0,6 6±0,8 49,3±14,3 -

2679 2 Folhas P.capsici Estelar limoniforme 39,4±10,7 X 23,1±2,6 1,9:1 3,7±0,8 7±0,8 36,8±11,1 -

2682 1 Peciolo P.palmivora Colapsada obpiriforme 40,6±5,1 X 24,1±2,4 1,7:1 5,6±1,2 6,8 ± 1 - 24,7±2,3

2684 2 Peciolo P.capsici Petalóide limoniforme 48,9±7,8 X 24,4±2,4 2,1:1 4±0,5 6,4±0,7 47,4±9,9 -

Page 41: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

25

Tabela 2. Continuação.

¹ LOCAL: 1 (Faz. Michelin Plantações-Ituberá); 2 (Faz. Ondulada-Ituberá); 3 (Faz. Moro Alto-Ituberá); 4 (Faz.Lagoa Santa-Ituberá); 5 (Faz. Revolta-Itubera); 6

(Faz. Cultrosa-Camamu); 7 (EDJAB-Una); 8 (Faz. Ghislaine Esmeralda).

² C/L = relação comprimento/largura dos esporângios 3 PPA = profundidade do poro apical

4 LPA = largura do poro apical

5 PEDI. = pedicelo

6 CLAM. = clamidósporos

N° do

ISOLADO LOCAL¹ ÓRGÃO ESPÉCIE

TIPO DE

COLÔNIA

TIPO DE

ESPO.

ESPORÂNGIO

Comp. X Largura C/L²

PAPILA PEDI.

5 CLAM.6

PPA3 LPA

4

2685 2 Peciolo P.capsici Rosacea limoniforme 48,8±7,8 X 24±3,3 2,0:1 5,3±0,7 6,5±0,8 36,9±10,3 -

2686 6 Peciolo P.capsici Rosacea limoniforme 50,9±7,9X 24,9±3 2,1:1 4,3±0,8 6,3±0,7 43,4±14,2 -

2688 3 Folhas P.capsici Estelar limoniforme 54,7±8,4 X 27±2,3 2,1:1 4,9±0,7 7,4±0,7 48,2±14,4 -

2689 3 Peciolo P.capsici Rosacea limoniforme 47,4±8,7 X 26±2 2,0:1 4,8±0,8 7±0,8 35,6±12,5 -

2690 7 Peciolo P.capsici Petalóide Limoniforme 43,5±5,8 X 23,1±2,4 1,9:1 4,3±0,5 6,2±0,4 42,9±15,5 -

2691 1 Peciolo P.capsici Rosacea Limoniforme 43,3±9,2 X 22,5±3,7 2,00:1 4,2±0,6 6,3±0,6 34,5±10,5 -

2692 1 Folhas P.capsici Rosacea limoniforme 45,3±6,2 X 24±2 1,9:1 4±0,6 6,6±1 47,6±20,7 -

2694 2 Folhas P.capsici Rosacea limoniforme 45,8±5,9 X 24,6±2,7 1,89:1 5,1±0,8 6,6±0,7 23,7±5,3

2696 7 Folhas P.capsici Petalóide limoniforme 33,2±6,5 X 20,8±2,7 1,7:1 2,5±0,4 5±0,8 53,3±8,1 -

2697 7 Peciolo P.capsici Rosacea limoniforme 33,5±5,7 X 20,5±7,3 1,4:1 3,6±0,5 5,2±0,9 37,4±11,1 -

2698 7 Folhas P.capsici Petalóide limoniforme 33,8±7 X 19,5±2,7 1,8:1 3,8±0,7 5,9±0,8 41,2±4,6 -

2699 7 Peciolo P.capsici Petalóide limoniforme 44,1±5,9 X 23,6±2,5 1,9:1 4,7±0,7 6,6±0,8 47,7±7,4 -

2700 7 Caule P.capsici Petalóide limoniforme 37,7±4,9 X 22,1±2,1 1,7:1 4,1±0,6 6,1±0,4 40,5±10,5 -

2701 8 Folhas P.capsici Petalóide limoniforme 36,3±5,4X 20,2±3,4 1,7:1 3,5±0,4 5,6±0,5 36,5±4,9 -

2702 8 Peciolo P.capsici Petalóide limoniforme 40,6±4,9 X 22,3±3,2 1,8:1 4,3±0,6 6,1±0,4 36,9±5,9 -

Page 42: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

26

Tabela 3. Características morfobiométricas dos isolados de Phytophthora obtidos de cacaueiro, quando cultivados por sete dias

em meio cenoura-ágar.

¹LOCAL: 1 (Fazenda Santo Antônio-Ituberá); 2 (Faz. Michelin Plantações-Ituberá); 3 (Faz. Ondulada-Ituberá); 4 (Faz. Moro Alto-Ituberá); 5 (Faz.Lagoa Santa-

Ituberá); 6 (Faz. Porto Seguro-Uruçuca).

² C/L = relação comprimento/largura dos esporângios 3 PPA = profundidade do poro apical

4 LPA = largura do poro apical

5 PEDI. = pedicelo

6 CLAM. = clamidósporos

N° do

ISOLADO LOCAL¹ ÓRGÃO ESPÉCIE

TIPO DE

COLÔNIA TIPO DE

ESPO. ESPORÂNGIO

Comp. X Largura C/L²

PAPILA

PEDI.5

CLAM.6

PPA3

LPA4

2680 5 Folhas P.palmivora Rosacea obpiriforme 53,8±6,9 X 33±2,4 1,7:1 5,3±0,8 9,5±0,5 - -

2681 2 Fruto P.palmivora Rosacea obpiriforme 42,6±8 X 26,8±3,2 1,7:1 4,1±1,2 6,2±0,9 3,5±0,7 27,4±6,3

2683 3 Peciolo P palmivora Colapsada ovoide 40,8±8,2 X 25,3±2,9 1,7:1 4,2±0,8 6,4±0,6 3,5±0,9 28,1±8,5

2687 4 Fruto P.palmivora Colapsada globoso 36,6±7,6 x 26,5±3,7 1,5:1 4,8±0,9 6,3±0,7 3,7±1,3 31,1±7,8

2693 1 Fruto P.citrophthora Colapsada obpiriforme 50,9±10,2 X 27,8±3,5 1,9:1 5±1,1 7,3±0,7 - 27 ± 6,7

2695 6 Folhas P.palmivora Colapsada obpiriforme 48±6,3 X 25,1±1,7 2,0:1 5,1±0,9 6,4±0,7 4,1±1 -

Page 43: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

27

Em seringueira clone FX3864 as maiores áreas de lesão entre 10,2 a

12,5 cm2, foram causados pelos isolados 2696, 2690 e 2674, sendo os dois

primeiros obtidos de seringueira e o último da planta epífita (Tabela 4).

No clone SIAL1005 os menores valores de área de lesão foram

causados pelos isolados 2697, 2690 e 2676 de P. capsici com: 2,2 cm2; 3,7

cm2 e 3,8 cm2 respectivamente. E as maiores áreas de lesão foram causados

pelos isolados 2638, 2674, 2698, 2639 e o 2652 (os dois primeiros obtidos da

planta epífita, em seguida dois de seringueira e o último de planta espontânea)

com médias variando entre 6,7 a 7,6 cm2 (Tabela 4).

Tabela 4. Área média das lesões (cm2) em folha de seringueira dos clones

FX3864 e SIAL1005, causada por 17 isolados de P. capsici.

*Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.

Isolado Área da Lesão (cm2)

FX3864 SIAL1005

2636 0,9 a 5,8 b

2699 0,9 a 5,5 b

2700 1,3 a 5,0 b

2691 2,3 a 5,4 b

2692 2,5 a 5,1 b

2639 2,7 a 7,5 c

2698 3,1 b 7,3 c

2676 3,2 b 3,8 a

2701 4,2 b 4,9 b

2638 4,6 b 7,0 c

2652 5,9 b 7,6 c

2697 6,8 c 2,2 a

2689 7,3 c 5,8 b

2637 8,7 c 5,0 b

2696 10,2 d 4,9 b

2674 12,4 d 6,7 c

2690 12,5 d 3,7 a

Page 44: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

28

As inoculações com os seis isolados de P. palmivora em folhas de

seringueira também resultaram na formação de lesões, com exceção do

isolado 2682. Embora houvesse variação na reação de cada um dos clones

aos diferentes isolados, os isolados de número 2681 e 2683, foram os menos

agressivos aos dois clones, causando as menores áreas médias de lesão.

Porém, no clone FX3864, o isolado 2695 foi significativamente diferente dos

dois primeiros isolados mencionados, tendo um comportamento intermediário,

mas não diferiu destes em relação ao SIAL1005 (Tabela 5).

Tabela 5. Área média das lesões (cm2) em folha de seringueira dos clones

FX3864 e SIAL1005, causada por 5 isolados de P. palmivora.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.

Nas inoculações com o isolado de P. citrophthora, as médias de áreas

de lesão diferiram estatisticamente entre os dois clones, sendo menor no clone

SIAL1005 (Tabela 6).

Tabela 6. Área média das lesões (cm2) causadas por P. citrophthora em folhas

de seringueira dos clones FX3864 e SIAL1005.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.

Isolado Área da Lesão (cm2)

FX3864 SIAL1005

2681 6,1 a 0,5 a

2683 8,0 a 1,3 a

2695 11,5 b 0,4 a

2687

2680

18,6 c

18,7 c

7,9 c

8,1 c

Clone Área da Lesão (cm2)

SIAL1005 0,3 a

FX3864 16,0 b

Page 45: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

29

3.3.3.2 Inoculações em frutos de cacau

As inoculações com isolados de P. capsici, mostraram que o isolado

2652 obtido da planta espontânea, foi o único que diferiu estatisticamente dos

demais, causando manchas de coloração marron-clara na superficie dos frutos,

com área média de lesão 26,7 cm2 (Figura 3a e b). Os isolados obtidos de

seringueira e da epífita causaram apenas pequenas lesões no ponto de

inoculação, não diferindo estatisticamente entre si.

Figura 3. Frutos de cacau inoculados com isolados de Phytophthora cinco e

sete dias após a inoculação: a-b isolado 2652 de P. capsici, cinco (a) e sete (b)

dias; c-d isolados de P. palmivora, (c) isolado 2687 e (d) isolado 2683.

Os isolados de P. palmivora estatisticamente foram divididos em três

grupos de virulência, sendo mais agressivos ao hospedeiro os isolados 2687 e

2683 obtidos de cacaueiro. E no grupo intermediário ficou o isolado 2682 obtido

de seringueira (Tabela 7). Sete dias após a inoculação, os frutos inoculados

com isolados de P. palmivora estavam completamente apodrecidos e cobertos

com micélio esbranquiçado (Figura 3c e d).

a b

c d

Page 46: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

30

Tabela 7. Área média das lesões (cm2) em frutos de cacau comum, causada

por 6 isolados de P. palmivora, sete dias após a inoculação.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.

3.3.3.3 Inoculações em disco de folhas de cacau

Após sete dias da inoculação, as caixas foram cuidadosamente abertas

e procedeu-se a avaliação. Os resultados das inoculações em discos de folhas

de cacau inoculados com isolados de P. capsici, mostraram que três isolados,

2652 da planta espontânea, 2638 e 2674 da epífita, não causaram lesões nos

discos de folha de Catongo, com ID igual a 0%. Dez isolados apresentaram

baixo índice de severidade entre 2 a 9 %. E o isolado 2689 apresentou o maior

índice de severidade 48%, sendo considerado o isolado de P. capsici mais

agressivo (Tabela 8).

Tabela 8. Índice de severidade da doença causados por 14 isolados de P.

capsici, em disco de folhas de cacaueiro Catongo.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Isolado Tamanho da Lesão (cm2)

2681 6,8 a 2695 8,2 a 2682 14,1 b 2680 18,2 b 2687 2683

32,0 c 32,9 c

Isolado Índice de Severidade (%)

2700 2,0 a 2691 3,0 a 2698 4,0 a 2692 4,0 a 2637 4,0 a 2636 4,0 a 2676 5,0 a 2690 6,0 a 2697 7,0 a 2701 9,0 a 2699 15,0 b 2696 15,0 b 2639 21,0 c 2689 48,0 d

Page 47: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

31

Em relação aos isolados de P. palmivora, quando inoculados em disco

de folhas de cacaueiro, observou-se ampla variação de patogenicidade em

relação ao cultivar Catongo, com o índice de severidade variando de 3%

(isolado 2683) a 97% (2680). Os isolados 2681, 2687 e 2680, foram os mais

agressivos, sendo o último estatisticamente diferente dos demais (Tukey p <

0,05) com quase 100% de severidade. O cultivar Catongo é considerado

suscetível a P. palmivora (Tabela 9).

Tabela 9. Índice de severidade da doença causados por 7 isolados de P.

palmivora, em disco de folhas de cacaueiro Catongo.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3.3.3.4 Caracterização molecular dos isolados de Phytophthora da

rizosfera

A análise das sequências obtidas para a região ITS-28S do DNA

ribossômico (rDNA) e LSU confirmaram a idêntificação de dois isolados

encontrados na rizosfera como P. tropicalis (02361) e P. heveae (02595). As

sequências foram depositadas no GenBank (Tabela 10).

Tabela 10. Identificação molecular de isolados de Phytophthora sp. obtidos da

rizosfera de T. cacao e H. brasiliensis de fazendas do Sul da Bahia, Brasil.

1Os amplicons foram sequenciados em ambas as orientações e os segmentos

de consulta apresentados correspondem à sequência obtida. 2'e-values "eram

iguais a zero para os isolados. 3Os números de acesso que correspondem às

sequências descritivas a taxonomia indicada na coluna anterior.

Isolado Índice de Severidade (%)

2683 3,0 a 2695 8,0 a 2682 37,0 b 2681 2687

78,0 c 80,0 d

2680 97,0 e

Isolado Tamanho (pb) 1

Cobertura (%)

Identidade (%) 2

Número de acesso GenBank3

02361 752 100 100 FJ801928.1; AY207010.1; U564665.1

02595 680 100 100 KP295301.1 KJ755106.1; JX996048.1

Page 48: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

32

3.4 DISCUSSÃO

Objetivou-se neste trabalho estudar a existência de possíveis fontes de

inóculo de P. capsici em plantações de cacaueiro e seringueira no Sul da

Bahia e aprofundar os conhecimentos sobre os aspectos ecológicos,

epidemiológicos e patológicos das interações de P. capsici com estas culturas.

Foram encontrados três fontes primárias de inóculo de P. capsici: o solo, uma

epífita e uma planta espontânea. A sobrevivência de P. capsici no solo já é

comprovada para a maioria dos hospedeiros que abrigam o patógeno (KIMATI

et al., 1997; MENDES et al., 1998; LUZ e MATSUOKA, 2001; LAMOUR &

HAUSBECK, 2002; REIS e HENZ, 2008; PEREIRA et al., 2013), no entanto

estruturas de sobrevivência desta espécie ainda não haviam sido encontradas

em solos cultivados com seringueira e nem com cacaueiro (LUZ et al., 1991).

P. capsici e P. nicotianae são as espécies de Phytophthora com maior

número de hospedeiros e com distribuição em todo território nacional

(MENDES et al., 1998; LUZ & MATSUOKA., 2001; SANTOS et al., 2014b). A

lista de hospedeiros destas e de outras espécies são ampliadas

constantemente com novos relatos em todo o mundo, bem como, com registros

da sobrevivência na rizosfera de seus hospedeiros. Recentemente estudos

feitos por Santos e Luz (2011) e Santos et al. (2013 e 2014a) relataram a

ocorrência de espécies de Phytophthora na rizosfera de cultivos agrícolas no

Sul da Bahia e a descoberta de novos hospedeiros de Phytophthora nicotianae

na mesma região. Dados morfobiométricos combinados com estudos

moleculares permitiram identificar duas espécies de Phytophthora na rizosfera

de seringueira e cacaueiro, P. capsici e P. heveae. Ambas espécies integram o

complexo de espécies de Phytophthora relacionadas a podridão parda nos

frutos de cacaueiro, embora P. hevea seja considerada apenas

moderadamente agressiva (LUZ & SILVA., 2001). Levantamentos realizados

entre as décadas de 70 e 80 apontavam P. capsici como a espécie

predominante nas plantações de cacaueiro na Bahia e no Espírito Santo,

porém levantamentos posteriores mostraram um aumento das populações de

P. palmivora e P. citrophthora (LUZ et al., 2005). O grau de agressividade

destas espécies ao cacaueiro vem aumentando, em contrapartida à redução da

Page 49: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

33

agressividade de P.capsici, pois atualmente raramente isolados de P. capsici

são encontrados nesta cultura. Este fato, esta intimamente relacionado com a

predominância de P. palmivora e P. citrophthora nas plantações de cacaueiro

(LUZ et al., 2005). O fato é que também no presente estudo só foram obtidos

de cacaueiro isolados de P. palmivora (5) e um de P. citrophthora.

Os dados morfobiométricos dos isolados de material vegetal obtidos no

estudo foram comparados com as características morfológicas e biométricas

preconizadas pelas chaves de Waterhouse (1963), Newhook et al. (1978) e

Stamps et al. (1990) e classificados em P. capsici, P. palmivora e P.

citrophthora. Dos isolados de P. capsici, 37 foram obtidos de seringueira, três

de epífitas, um de planta espontânea e um da rizosfera.

Todos os isolados de P. capsici apesentaram compatibilidade sexual do

tipo A1, ocorrendo uma predominância deste tipo compatível na região. Este

fato já havia sido observado por Cerqueira (2014), em estudos realizados com

mais de 300 isolados de P. capsici obtidos de seringais no Sul da Bahia, onde

todos foram do tipo compatível A1. Enquanto há um predominância do tipo

compatível sexual A1 em P. capsici, o inverso ocorre com os isolados de P.

palmivora, pois todos são do tipo compatível A2.

Embora as características morfologicas enquadrassem os isolados das

epífitas, da rizosfera e da planta espontânea como P. capsici, estudos

moleculares apontaram estes isolados como sendo P. tropicalis. Uchida e

Aragaki (1989), observaram que alguns isolados de P. capsici obtidos de

hospedeiros tropicais como macadâmia, eram pouco virulentos ou não eram

patogênicos a pimentão. Tais fatos levaram os autores a questionar a

permanência ou não dos isolados obtidos de hospedeiros tropicais dentro da

espécie P. capsici. Oudemans e Coffey (1991) através de análises

isoenzimáticas de 84 isolados de P. capsici obtidos de diferentes hospedeiros,

demostraram a existência de três subgrupos dentro desta espécie, CAP1,

CAP2 e CAP3. Dentro do grupo CAP2 ficaram os isolados descritos por Uchida

e Aragaki (1989), e no grupo CAP3 os isolados de cacaueiro do Brasil

(OUDEMANS & COFFEY, 1991).

Em 2001, P. tropicalis foi descrita por Aragaki & Uchida (2001), como

uma nova espécie, distinta de P. capsici por apresentar: ausência de

crescimento a 35 °c; comprimento do pedicelo do esporângio maior que 50 μm

Page 50: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

34

e a formação de clamidósporo. Entretanto, a validade ou não da espécie P.

tropicalis vem sendo discutida por muitos autores. Os isolados do presente

estudo considerados como P. tropicalis pelas análises moleculares, não foram

capazes de formar clamidósporos e alguns isolados apresentaram pedicelos

com comprimento inferiores a 50 μm. Estes resultados já haviam sido

observados por Cerqueira (2005), que estudando a diversidade genética e a

taxonomia de P. capsici de isolados de diversos hospedeiros tropicais e através

de teste de patogenicidade dos mesmos ao pimentão, encontrou várias

contradições relacionadas aos critérios que destinguem P. capsici de P.

tropicalis. Dentre as contradições encontradas por Cerqueira (2005) estão: o

não agrupamento dos isolados por hospedeiros e origem geográfica, quando

sequenciados para três genes nucleares (DNA ribossomal, fator de elongação

1-α e β-tubulina); a patogenicidade de isolados de hospedeiros tropicais como

macadâmia, cacau e seringueira a frutos de pimentão e o comprimento do

pedicelo de esporângios de alguns isolados inferiores a 50 μm. Esses dados

parecem comprovar a invalidade da espécie P. tropicalis que seria um sinônimo

de P. capsici.

Os isolados de P. palmivora e P. citrophthora, quando inoculados em

frutos e discos de folhas de cacau, se mostraram altamente agressivos.

Estudos recentes mostraram que o cultivar Catongo de cacaueiro é

considerado um dos mais suscetível a estas espécies de Phytophthora, quando

comparado ao clone Scavina 6 (IWARO et al., 1997; BAHIA et al., 2015;

BARRETO et al., 2015). A maioria dos isolados de P. capsici, inoculados em

frutos e disco de folhas de cacaueiro, ficou no grupo de menor e intermediária

virulência, com exceção do isolado obtido da planta espontânea que, se

mostrou patogênico aos frutos, diferindo estatisticamente dos demais. Esse

resultado comprova que P. capsici vem utilizando plantas espontânea como

meio de sobrevivência na cultura do cacaueiro, e daí pode ocorrer a infecção

principalmente dos frutos que se desenvolvem na base do caule do cacaueiro.

A infecção ocorre normalmente no período de chuvas através dos respingos

d‟água (LUZ e SILVA, 2001).

Os testes de patogenicidade realizados em folhas destacadas de

seringueira dos dois clones, demostraram que 100% dos isolados de P. capsici

foram patogênicos com diferenças nos diâmetro das lesões. No clone FX3864

Page 51: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

35

os isolados 2696, 2690 (provenientes de seringueira - Estação EDJAB) e 2674

(provenientes da epífita – Faz. Morro Alto) causaram as maiores lesões (10,2

cm; 12,5 cm2 e 12,4 cm2) respectivamente. Em SIAL1005 os isolados 2674,

2638 (obtidos de epífitas – Faz. Morro Alto e Michelin plantações

respectivamete) 2698, 2639 (obtidos de seringueira – Michelin plantações e

Estação EDJAB) e 2652 (obtido de planta espontânea – Faz. Ghislaine

Esmeralda) causaram as maiores áreas de lesão (6,7 cm2; 6,9 cm2; 7,3 cm2;

7,5 cm2; 7,6 cm2) respectivamente. Nas inoculações com P. palmivora, os

isolados 2687, 2680 causaram as maiores áreas de lesão nos dois clones,

18,6 cm2 e 18,7 cm2, respectivamente, para o FX3864 e 8,1 cm2 e 7,8 cm2,

respectivamente, para SIAL1005. Quando inoculado com P. citrophthora o

SIAL1005 apresentou elevada resistência ao patógeno (com 0,3 cm2 de área

média de lesão) comparada ao FX3864 (com 16,0 cm2 de área média de

lesão).

Apesar de apresentar lesões quando inoculado com as três espécies de

Phytophthora, o clone SIAL1005 mostrou ser mais resistente aos patógenos

quando comparado ao clone FX3864, considerado altamente sucetível. O

SIAL1005 tem sido um dos clones de seringueira mais recomendados pela

Ceplac, especialmente em substituição ao clone FX3864, principalmente pela

sua alta produção de borracha e madeira, e sua tolerância ao Microcyclus ulei

P. Henn, e às doenças causadas por Phytophthora spp., consideradas as

principais enfermidades da seringueira nas Américas (MARQUES, 2006;

FILHO, 2011).

Ao comparar as lesões em folhas de seringueira causadas pelas três

espécies de Phytophthora, é possível observar que os isolados P. palmivora

obtidos de cacaueiro, causaram as maiores áreas de lesão nos dois clones, do

que os isolados de P. capsici obtidos de seringueira. Isso indica, ser P.

palmivora a espécie mais agressiva. Em cacaueiro, os isolados de P. capsici

também são menos virulentos que os de P. palmivora para todos os órgãos do

cacaueiro testados (CAMPÊLO e LUZ, 1981; LOWRENCE et al., 1982; LUZ,

1989). No entanto, apesar de P. palmivora ter se mostrado mais virulenta à

seringueira, não é a mais predominante nas plantações desta cultura, mas sim

P. capsici, pois, de 36 isolados de Phytophthora obtidos de seringueira, apenas

um foi de P. palmivora (o isolado 2682), e que curiosamente, nos teste de

Page 52: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

36

patogenicidade não causou nenhuma lesão nas folhas de seringueira. Este fato

mostra que, embora não seja a espécie mais agressiva à seringueira, P. capsici

é a principal responsável por causar doenças nesta cultura no Sul da Bahia. As

razões desta predominância, permanecem ainda inexplicadas, embora possa

estar relacionada a maior capacidade de sobrevivência de P. capsici no

ambiente de seringal.

O isolado 2674 obtido de epífita ficou entre os isolados que causaram as

maiores lesões nos dois clones de seringueira. Outro isolado de epífita que

também se destacou entre os mais agressivos ao clone SIAL1005 foi o 2638,

ficando entre os isolados de virulência intermediária ao clone FX3864. Estes

resultados nos levam a afirmar, que uma das principais fontes de inóculo de P.

capsici na cultura da seringueira sejam as epífitas. Assim como ocorre no

cacaueiro, no período de chuva, as folhas de seringueira são infectadas com

esporos de P. capsici, pelo escoamento da água que se acumula no fitotelmo

das epífitas. Se as plantas estiverem infectadas, vai haver a formação de

esporângios e liberação de zoósporos, propágulos móveis que se locomovem

com facilidade na água e que podem ser disseminados pelos respingos de

chuva na copa das seringueiras, dando início as infecções nos folíolos novos e

podem iniciar as epidemias de requeima, que ocorrem frequentemente na

região.

Ituberá e municípios vizinhos, constituem um grande pólo de

diversificação de culturas no Estado da Bahia, sendo favorecidos

principalmente pelas condições climáticas e a expansão da agroindústria

(CERQUEIRA, 2005). Nesta região as culturas de seringueira, cacaueiro e

pimenta-do-reino estão entre as mais relevantes. Contudo, todas elas são

hospedeiras de Phytophthora spp. A maioria dos isolados obtidos no estudo

foram oriundos de fazendas do município de Ituberá e Camamu, inclusive as

espécies de P. capsici obtidos de epífitas. O que revela a evidente ameaça

desse hospedeiro alternativo às culturas de importância econômica nesta

região, que sofrem com o ataque de P. capsici. Foi elucidado neste estudo uma

parte importante dos aspectos ecológicos e epidemiológicos das doenças

causadas por Phytophthora em seringueira.

Verifica-se, no entanto, a necessidade de novas inspeções, afim de

identificar outras possíveis fontes de inóculo de P. capsici nas culturas de

Page 53: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

37

seringueira e cacaueiro, para direcionar estudos epidemiológicos e formas de

controle desse patógeno nestas culturas.

3.5 AGRADECIMENTOS

A Joel Feitosa, companheiro de viagem em coletas, pelo auxílio, apoio e

cuidado. A Cenilda da Silva Serra Rocha e Edarcy Primo pelos ensinamentos

e assessoramento nas tarefas de laboratório e identicação dos isolados. A

Ananias (Nani), Orlando (Orlandão), Valmir Araújo pelos constantes auxílios

nos trabalhos em campo e na casa de vegetação. A Carol Benjamin e Giselle

Rodrigues pela preciosa ajuda nas análises estatisticas. A José Renato do

escritório local da CEPLAC em Ituberá pela disponibilidade e importante apoio

durante as coletas realizadas para este estudo. A Professora Dra. Elizabeth

Duarte e toda sua equipe do laboratório de biologia molecular da Universidade

Federal do Recôncavo da Bahia. Á CAPES pela concessão da bolsa de estudo,

á Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira pela utilização dos

laboratórios do Centro de Pesquisa para realização deste trabalho.

Page 54: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

38

3.6 REFERÊNCIAS

ARAGAKI, M. & UCHIDA, J.Y. Morphological distinctions between

Phytophthora capsici and P. tropicalis sp. nov. Mycologia, v. 93, n. 1, p. 137-

145, 2001.

BAHIA, R.C.S. Caracterização fenotípica da população F1 (TSH1188xCCN51)

de cacaueiro quanto a resistência à podridão- parda e ao número de óvulos por

ovário. 2007. 61 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) -

Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2007.

BAHIA, R.C. et al. Resistance to black pod disease in a segregating cacao tree

population. Tropical plant pathology, V. 40, p. 13–18, 2015.

BARRETO, M.A. et al. Detection of genetic resistance to cocoa black pod

disease caused by three Phytophthora species. Euphytica, v. 206, p. 677–687,

2015.

BEAKES, G.W.; HONDA, D.; THINES, M. Sistematies of the Straminipila:

Labyrinthulomycota, Hyphochytriomycota, and Oomycota. In: The Mycota VIII

Part A. McLaughlin, D.S. Spatafora, J.W. (eds.). Springer-Verlag, Berlin, p. 39-

97, 2014.

CAMPELO, A.M.F.L e LUZ, E.D.M.N. Virulencia de Phytophthora spp. em

frutos destacados de cacau da cultivar comum. In: XIII Congresso Brasileiro de

Fitopatologia. Fitopatologia Brasileira. Brasilia: Sociedade Brasileira de

Fitopatologia, v. 6, p. 587-587, Porto Alegre, 1981.

CAMPELO, A.M.F.L e LUZ, E.D.M.N. Etiologia da podridão-parda do cacaueiro

nos Estados da Bahia e Espírito Santo, Brasil. Fitopatologia Brasileira, v. 6, n.

3, p. 13-21, 1982.

Page 55: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

39

CAMPELO, A.M.F.L; LUZ, E.D.M.N.; RESNIK, F.C.Z. Podridão-parda do

cacaueiro nos Estados da Bahia e Espírito Santo, Brasil. I. Virulência das

espécies de Phytophthora. Theobroma, v. 12, p. 1-6, 1982.

CERQUEIRA, A.O. Análise de diversidade e taxonomia de isolados de

Phytophthora capsici obtidos de hospedeiros tropicais e temperados. 2005. 94

f. Dissertação (Mestrado em Genética e Biologia Molecular) – Programa de

Pós Graduação em Genética e Biologia Molecular Universidade Estadual de

Santa Cruz, Ilhéus, 2005.

CERQUEIRA, A.O.; LUZ, E.D.M.N.; SANTOS, M.V.O. Distribuição de

Phytophthora capsici em municípios que cultivam seringueiras no Sul da Bahia.

Agrotrópica, v. 23, n° 1, p. 65, 2011.

CERQUEIRA, A.O. Caracterização, distribuição e genética populacional de

Phytophthora capsici em Hevea brasiliensis na Bahia, Brasil. 2014. 82 f. Tese

(Doutorado em genética e biologia molecular) – Programa de Pós Graduação

em Genética e Biologia Molecular da Universidade Estadual de Santa Cruz,

Ilhéus, 2014.

DANTAS NETO A.; CORRÊA, R.X.; MONTEIRO, W.R.; LUZ, E.D.M.N.;

RAMACHO, K.P.; LOPES, U.V. Caracterização de uma população de

cacaueiro para mapeamento de genes de resistência à vassoura-de-bruxa e

podridão-parda. Fitopatologia Brasileira, v.30, p. 380, 2005.

FILHO, A.C.V. Experiências com o cultivo da seringueira na Bahia. In:

Encontro sobre a borracha. Vitória, Espírito Santo, 2011.

GASPAROTTO, L.; SANTOS, A.F.; PEREIRA, J.C.R.; FERREIRA, F. Doenças

da seringueira no Brasil. Brasília, Embrapa-SPI: Manaus, Embrapa-CPAA, p.

57-72, 1997.

GUEST, D. Black Pod: Diverse Pathogens with a Global Impact on Cocoa

Yield. Phytopathology, v. 97, n. 12, p. 1634, 2007.

Page 56: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

40

IWARO, A.D.; SREENIVASAN, T.N.; UMAHARAN, P. Phytophthora resistence

in cacao (Theobroma cacao): Influence of morphological characteristics. Plant

Pathology, v. 46, p. 557-565, 1997.

KANNWISCHER, M.E. & MITCHELL, D.J. The influence of a fungicide on the

epidemiology of black shank of tobacco. Phytopathology, v. 68, p. 1760-1765,

1978.

KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN, A.F.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.

A.M. doenças das plantas cultivadas (Ed.).In: Manual de fitopatologia. v. 2,

774 p. São Paulo: Ceres, 1997.

LAMOUR, K.H. & HAUSBECK, M.K. The Spatiotemporal Genetic Structure of

Phytophthora capsici in Michigan and Implications for Disease Management.

Phytopathology, v. 92, n. 6, p. 681, 2002.

LAWRENCE, J.S.; LUZ, E.D.M.N.; RESNIK, F.C.Z. The relative virulence of

Phytophthora palmivora and P. capsici on cacao in Bahia, Brasil. In Conferencia

Internacional de Investigacions en Cacao, 8a, Catagena, Colombia, 1981.

Actas. Lagos, Nigeria, Cocoa Producers’ Alliance, p. 395-400, 1982.

LEONIAN, L.H. Stem and fruit blight of pepper caused by Phytophthora capsici

sp. Nov. Phytopathology, v. 12, p.401-408, 1922.

LUZ, E.D.M.N. e CAMPÊLO, A.M.F.L. Temperatura, fator predominante no

equilíbrio populacional das espécies de Phytophthora que causam podridão-

parda do cacaueiro na Bahia, Brasil. Revista Theobroma, v. 13, n. 4, p. 361-

375, 1983.

LUZ, E.D.M.N. e CAMPÊLO, A.M.F.L. Dinâmica populacional de três espécies

de Phytophthora na região cacaueira da Bahia. Fitopatologia Brasileira, v.10,

p. 1-8, 1985.

Page 57: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

41

LUZ, E.D.M.N. The roles of five species of Phytophthora in infection and

disease of roots, stems, and pods of Theobroma cacao L. 1989, 184p. Tese de

Doutorado. Universidade da Florida, Estados Unidos, 1989.

LUZ, E.D.M.N.; MITCHELL, D.J.; SILVA, S.D.V.M. Patogenicidade de

Phytophthora spp. a raízes, caules, folhas e frutos de Theobroma cacao L. In:

XXIV Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 1991, Rio de Janeiro.

Fitopatologia Brasileira. Brasília: Sociedade Brasileira de Fitopatologia, v. 16,

p. 36-36, 1991.

LUZ, E.D.M.N.; CERQUEIRA, A.O.; BRUGNEROTTO, M.I.B. Perfis dos

isolados de Phytophthora que causam podridão-parda do cacaueiro. In: XXVIII

Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 1995, Ilhéus. Fitopatologia Brasileira.

Brasília: Sociedade Brasileira de Fitopatologia, v. 20, p. 375-375, 1995.

LUZ, E.D.M.N. & MATSUOKA, K. Taxonomia e sistemática do gênero

Phytophthora. Revisão Anual de Patologia de Plantas, v. 4, p. 297- 32, 1996.

LUZ, E.D.M.N.; SILVA, S.D.V.M. Podridão-parda dos frutos, cancro e outras

doenças causadas por Phytophthora no cacaueiro. In: Doenças causadas or

Phytophthora no Brasil. (Ed.) Luz, E.D.M.N, Santos, A.F., Matsuoka, K. E

Bezerra, J.L. Livraria Rural, Campinas, p. 175-265, 2001.

LUZ, E.D.N. e MATSUOKA, K. Phytophthora: fungo protista ou chromista ? In:

Doenças causadas por Phytophthora no Brasil. (Ed.). LUZ, E. D. N.;;

SANTOS,A. F. dos; MATSUOKA, K.; BEZERRA, J. L. Campinas: Livraria Rural,

p. 1-22, 2001.

LUZ, E.D.M.N. et al. Diversidade genética de isolados de Phytophthora capsici

de diferentes hospedeiros com base em marcadores RAPD, patogenicidade e

morfologia. Fitopatologia Brasileira v. 28, 559 p. 2003.

LUZ, E.D.M.N.; SILVA, S.D.V.M. ; ALMEIDA, L.C.C. Podridão-parda, requeima

e cancro do cacaueiro causados por Phytophthora spp.. In: S. M. A. Oliveira.

Page 58: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

42

(Org.). Compêndio de grupos de doenças em plantas. 1ed. Recife – PE, v. 1,

2005.

LUZ, E.D.M.N.; SILVA, S.D.V.M.; BEZERA, J.L.; SOUZA, J.T.; SANTOS, A.F.

Glossário ilustrado de Phytophthora: Técnicas especiais para o estudo de

oomicetos, 204p. Itabuna, 2008.

MARQUES, J.R.B. SIAL 1005 – Um clone de seringueira com dupla aptidão.

Ilhéus, BA. CEPLAC/ CEPEC/SEGEN. Recomendações técnica, n. 4, 1f.,

2006.

MENDES, M.A.S. et al. Fungos em plantas no Brasil. Brasília, DF: Embrapa

Recursos Genéticos e Biotecnologia, 569 p., 1998.

NEWHOOK, F.J., WATERHOUSE, G.M. & STAMPS, D.J. Tabular key to the

species of Phytophthora de Bary. Kew, Commonwealth Mycological Institute.

Mycological,143 p., 1978.

NYASSÉ, S.; CILAS, C.; HÉRAIL, C.; BLAHA, G. Leaf inoculation as an early

screening test for cocoa (Theobroma cacao L.) resistance to Phytophthora

black pod disease. Crop Protection, v.14, p.657-663, 1995.

NYASSE, S. Early screening of resistance to Phytophthora spp. By leaf

disc inoculation. In Working procedures and recording sheets for the

CFC/ICCO/IPGRI Project. p. 92-97, 1999.

OLIVEIRA, M.L. e LUZ, E.D.M.N. Identificação e manejo das principais

doenças do cacaueiro no Brasil. CEPLAC/CEPEC/SEFITI, 132 p. Ilhéus, 2005.

OUDEMANS, P. & COFFEY, M.D. Isozyme comparison whitin and among

worldwide sources of three morphologically distinct species of Phytophthora.

Mycological Research, v. 95, p. 19-30, 1991.

Page 59: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

43

PEREIRA, R.B.; CARVALHO, A.D.F.; PINHEIRO, J.B. Diagnose e controle

alternativo de doenças em tomate, pimentão, cucurbitáceas e cenoura.

Circular Técnica, Número 121. EMBRAPA, 2013

REIS, A.; FILHO, A.C.C.; HENZ, G.P. Phytophthora capsici: Patógeno

Agressivo e Comum às Solanáceas e Cucurbitáceas. Circular Técnica,

Número 55. EMBRAPA, 2007.

REIS, A. ; HENZ, G.P. Epidemiologia e Manejo de Doenças Causadas por

Phytopthora capsici em Cucurbitáceas. Circular Técnica, Número 57.

EMBRAPA, 2008.

RIETHMULLER, A. et al. Phylogenetic relationships of the downy mildews

(Peronosporales) and related groups based on nuclear large subunit ribosomal

DNA sequences. Mycologia, v. 94, n. 5, p. 834-849, 2002.

SANTOS, M.V.O. e LUZ, E.D.M.N. Phytophthora nicotianae na rizosfera de

tomateiro e berinjela no Sudeste da Bahia. Summa Phytopathol. Botucatu, v.

37, n. 2, p. 153, 2011.

SANTOS, M.V.O. et al. Novos cultivos agrícolas hospedeiros de Phytophthora

nicotianae. Summa Phytopathol. Botucatu, v. 39, n. 2, p. 144, 2013.

SANTOS, M.V.O. et al. Phytophthora cinnamomi na rizosfera de cultivos

agrícolas no Sul da Bahia. Summa Phytopathol. Botucatu, v. 40, n. 1, p. 92,

2014a.

SANTOS, Á.F.; LUZ, E.D.M.N.; REIS, A. Phytophthora spp.: Distribuição e

Associação com Espécies Florestais. In: Congresso Brasileiro de

Fitopatologia, 47. Simpósio Brasileiro de Morfo Branco, 2014, Londrina.

Desafios futuros: anais. SBF, 2014b.

Page 60: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

44

STAMPS, D.J.; WATERHOUSE, G.M.; NEWHOOK, F.J.; HALL, G.S. Revised

tabular key to the genus Phytophthora. Wallingford, CAB International.

Mycological Papers 162, 1990.

UCHIDA, J.Y. & ARAGAKI, M. Comparison of papper isolates of Phytophthora

capsici from New Mexico to other solanaceous and non-solanaceus isolates.

Phytopathology, v. 79, p. 1212 (abstract), 1989.

WATERHOUSE, G.M. Key to the species of Phytophthora de Bary. Kew,

Commonwealth Mycological Institute. Mycological Papers 92. 1963.

WATERHOUSE, G.M. NEWHOOK, F.J. e STAMPS, D.J. Present criteria for

classification of Phytophthora. In: Biology, Taxonomy, Ecology, and

Pathology. D.C. Erwin, S. Bartnicki-Garcia, and P.H. Tsao, (eds.) American

Phytopathological Society, St. Paul, Minn. p. 139-147, 1983.

Page 61: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

45

4 CAPÍTULO 2

Vriesea procera (BROMELIACEAE) NOVO HOSPEDEIRO DE

Phytophthora tropicalis

RESUMO

Vriesea procera (Mart. Ex Schult. F) Wittm. é uma espécie epífita, da

Família Bromeliaceae, popularmente chamada de “gravatá” e facilmente

encontrada sobre plantas de seringueira no Sul da Bahia. Em coletas

realizadas em plantações de seringueira nos municípios de Camamu e Ituberá–

BA, foram encontradas e coletadas folhas de V. procera que apresentavam

algumas lesões na base, estando as plantas localizadas na copa de

seringueiras em produção. O patógeno foi isolado e as três culturas obtidas

foram caracterizadas morfologicamente, molecularmente e por meio de testes

de patogenicidade. As culturas apresentaram colônias do tipo rosacea (duas) e

estelar (uma), esporângios deiscentes do tipo limoniforme medindo 35,4-60,2 x

17,5-29,4 μm (média 47,4 X 23,9 μm), papilas com profundidade do poro apical

de 3,9 μm e largura do poro apical 7,1 μm, pedicelos longos 25-63 μm (média

32,2 μm), heterotálicos do tipo compatível A1. Os dados morfobiométricos

combinados com o sequenciamento das regiões ITS-28S e LSU 25-28S,

permitiram a identificação do isolado como Phytophthora tropicalis. Os isolados

Page 62: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

46

causaram lesões nas folhas inoculadas de V. procera sendo delas re-isolado.

Este é o primeiro relato de P. tropicalis como patógeno de V. procera.

Palavras-chaves: epífitas, bromélias, hospedeiro alternativo.

Page 63: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

47

4.1 INTRODUÇÃO

Vriesea procera (Mart. Ex Schult. F) Wittm. é uma planta da Família

Bromeliaceae, uma das mais representativas famílias da flora neotropical, que

abrange cerca de 56 gêneros e 3.086 espécies (PROENÇA e SAJO, 2007;

FAVRETTO et al., 2011). Popularmente chamada de “gravatá”, V. procera é

uma espécie herbácea, perene e de hábito epífito, ou seja, vive sobre outras

plantas, utilizando-as como apoio para conseguir maior luminosidade (ROCHA,

2002) (Figura 1a). Não é considerada uma espécie parasita, pois suas raízes

superficiais não absorvem a seiva da planta hospedeira, ou seja, a presença de

epífitas não prejudica a árvore ou arbusto onde elas vegetam.

Uma característica marcante das bromélias é a disposição de suas

folhas formando uma roseta, que permitem o acúmulo de água entre as

mesmas (fitotelmo), criando verdadeiros ecossistemas sobre a planta e

permitindo o abrigo e desenvolvimento de microrganismos e diversos

vertebrados e invertebrados. Entre os invertebrados presentes nas bromélias

muitos podem ser mosquitos (Diptera, Culicidae), incluindo vetores de doenças

como a dengue e a malária (VAREJÃO et al., 2005; FAVRETTO et al., 2011;

QUARESMA e JARDIM, 2013).

No Brasil podem ser encontradas em todas regiões, com maior

diversidade nas regiões da Mata Atlântica (ROCHA, 2002). Na seringueira

(Hevea brasiliensis (Wild. Ex. A. Juss.) Muell. Arg.) no Sul da Bahia ocorrem

muitas bromélias sobre seu tronco e ramos. Nesta região, mais precisamente

nos municípios de Camamu e Ituberá a espécie de bromélia mais comum sobre

seringueiras é V. procera (Figura 1b). Sabe-se que o cultivo da seringueira é

de suma importância econômica mundial, e que sofre com o ataque de várias

doenças, dentre estas as causadas por Phytophthora spp. (GASPARETTO,

1997; CERQUEIRA et al., 2011).

Page 64: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

48

Em viagem aos municípios de Camamu e Ituberá– BA, afim de detectar

potenciais hospedeiros de P. capsici na cultura da seringueira, foram

encontradas e coletadas folhas de V. procera apresentando algumas lesões na

base das folhas. O objetivo deste estudo foi isolar, identificar e caracterizar o

patógeno encontrado infectando folhas de V. procera através de estudos

morfobiométricos, molecular e patológicos.

Figura 1. Vriesea procera (a) e plantas de V. procera sobre seringueira (b).

4.2 MATERIAL E MÉTODO

Folhas de bromélias (V. procera) coletadas nos municípios de Camamu

(Fazenda Cultrosa) e Ituberá-BA (Fazendas: Michelin Pantações e Morro Alto),

foram trazidas ao Laboratório de Phytophthora do Centro de Pesquisa do

Cacau (CEPEC), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

(CEPLAC). Fragmentos das folhas com lesões foram retirados passados por

a b

Page 65: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

49

assepsia em álcool 70%, hipoclorito e água destilada esterilizada, e semeados

em placas de Petri contento meio seletivo PARPH (KANNWISCHER E

MITCHELL, 1978). As placas foram mantidas no escuro a uma temperatura de

22 ± 1 °C por quatro a cinco dias e posteriormente, discos das bordas das

colônias em meio seletivo foram tranferidos para placas de Petri contendo meio

cenoura-ágar (CA).

Após o crescimento dos isolados em CA e em meio cenoura líquido, sob

luz contínua e incubados a 25 °C durante 7 dias foi realizada a caracterização

morfológica das colônia observando: a forma das colônias; o tipo de micélio; a

presença de clamidósporos, esporângios e oósporos; comprimento, largura,

forma e caducidade dos esporângios e profundidade e largura da papila. E

foram medidos 50 esporângios por cada isolado.

Para a determinação dos tipos de compatibilidade dos isolados obtidos

das bromélias foram realizados o auto pareamento e o pareamento com os

isolados 1191 (A1 de P. palmivora ), 216 (A2 de P. palmivora), 1211 (A1 de P.

capsici) e 229 (A2 de P. capsici) da coleção de Phytophthora Arnaldo Medeiros

do CEPEC/CEPLAC, utilizando a técnica de sanduíche descrita por Luz e Silva

(2001). As placas contendo os sanduíches dos diferentes cruzamentos foram

incubadas no escuro, à temperatura ambiente (25 ± ° C). Após cinco dias do

pareamento, os discos de de meio CA colocados entre os discos de cultura dos

isolados testadores foram colocados em lâminas e examinados ao microscópio

para observar a formação de oósporos.

A identificação molecular do isolado foi realizada no laboratório de

biologia molecular da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. A

extração DNA genômico foi realizada a partir da cultura pura em placa

utilizando o kit UltraClean® Microbial DNA Isolation (MoBio, USA), seguindo as

recomendações do fabricante. A integridade e a quantidade do DNA foram

verificadas usando eletroforese em gel de agarose a 0,8% e o Qubit® 2.0

Fluorometer (Invitrogen), respectivamente.

As amplificações por PCR foram realizadas com os primers ITS4

(TCCTCCGCTTATTGATATGC) e ITS5 (GGAAGTAAAAGTCGTAACAAGG) da

região ITS-28S (Internal Transcribed Spacers) do DNA ribossomal (WHITE,

1990). E também com os primers LROR (ACCCGCTGAACTTAAGC) e LR6

(CGCCAGACGAGCTTACC) da região LSU 25-28S (Large subunit RNA) do

Page 66: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

50

RNA ribossomal (RIETHMULLER et al., 2002). As reações foram preparadas

com os seguintes reagentes e concentrações: 60 ng de DNA de cada amostra;

1x de tampão da enzima Taq DNA polimerase; 3,7 mM de MgCl2; 0,6 pmol/μL

de dNTPs; 0,4 pmol/μL de cada primer; 2,5 U de Taq DNA polimerase, com

volume final ajustado para 50 μL com água ultra pura. Os ciclos de

amplificações foram realizados no Veriti Thermal Cycler PCR (Appplied

Biosystems) sob as seguintes condições térmicas: 94 ºC por 2 minutos, 35

ciclos de 94 ºC por 1 minuto, 48 e 53 (ITS e LSU, respectivamente) 56 ºC por 1

minuto, 72 ºC por 1 minuto e extensão final de 72 ºC por 10 minutos concluindo

com o resfriamento por 8 ºC. Os produtos amplificados foram visualizados em

gel de agarose a 1%, corados com brometo de etídio e visualizados sobre luz

ultravioleta. Em seguida os amplicons foram purificados utilizando o kit Illustra®

GFX PCR DNA and Gel Band Purification (GE Healthcare Life Sciences) para

posterior identificação nucleotídica utilizando o sequenciador automático ABI-

Prism 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems) da empresa ACTGene

Análises Moleculares LTDA. A edição e montagem das sequências foi

realizada com o programa Sequencher 4.1.4 (Gene Code Corporation). A

identidade taxonômica dos isolados foi estudada a partir do banco de dados

GenBank, utilizando o BLASTn “basic local alignment search tool” (BLAST) do

NCBI.

Folhas sadias de V. procera coletadas em Ituberá foram superficialmente

desinfestadas e inoculadas com os três isolados obtidos de gravatá (2638,

2674 e 2676) e dois isolados de seringueira (2690 e 1211). Oito folhas de V.

procera foram inoculadas com cada um dos isolados em dois pontos de

inoculação em cada folha, totalizando 16 pontos de inoculação. As folhas foram

arrumadas em caixas contendo espumas umidecidas com água destilada,

formando assim uma câmara-úmida e inoculadas com disco de cultura de 0,5

cm de diâmetro dos isolados cultivados em CA (LUZ et al., 2001). Os discos

foram cobertos com um chumaço de algodão embebido em água destilada

para manter a umidade. Três, cinco e sete dias após as inoculações foram

feitas as avaliações, observando o aparecimento ou não de lesões.

Page 67: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

51

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises morfobiométricas dos isolados obtidos das bromélias

mostraram que as culturas apresentaram colônias do tipo rosacea (duas) e

estelar (uma) (Figura 2a e b), esporângios do tipo liminiforme medindo 47,4 X

23,9 μm (35,4-60,2 x 17,5-29,4 μm) papilas proeminentes com profundidade do

poro apical de 3,9 μm e largura do poro apical 7,1 μm, pedicelos com média

32,2 μm (25-63 μm) (Figura 2c). Não foram observados clamidósporos. O

comprimento do pedicelo é uma das características usadas por Aragaki e

Uchida (2001), para separar P. capsici de P. tropicalis, atribuindo a P. tropicalis

pedicelos com comprimento médio superior a 50 μm. Ocorreram para a espécie

isolada de V. procera alguns esporângios com pedicelos maiores que 50 μm,

no entanto, isto não ocorreu para os isolados de seringueira (ver capítulo 1).

Assim identificou-se morfologicamente os isolados como P. capsici.

Figura 2. A-B Colônias de P. capsici (a) rosacea, (b) estelar e esporângios

papilados e com pedicelos longos (c).

Todos os isolados de bromélias formaram oogônio, anterídios e

oósporos quando pareado com o isolado 229, de P. capsici, do tipo compatível

A2. Essas estruturas não foram observadas no auto-pareamento dos isolados e

nem nos pareamentos com os isolados do tipo compatível A1, comprovando-se

que os isolados obtidos das bromélias são heterotálicos do tipo compatível A1.

As folhas destacadas de bromélia, apresentaram lesões em ao menos

em um ponto de inoculação com cada isolado. Porém, as lesões

desenvolveram-se a partir do oitavo dia após as inoculações. Devido a isto

a b c

Page 68: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

52

procedeu-se mais duas leituras no experimento, totalizando cinco leituras (a

primeira após três dias e as demais a cada dois dias). Nas últimas duas leituras

observou-se o aumento das lesões (área total lesionada variando entre 1,6-

18,86 cm2) e o isolado 2674 obtido de bromélia (coletado na fazenda Morro

Alto-Ituberá) foi o que causou maior lesões (Figura 3d).

A caracterização morfométrica permitiu classificar o isolado 2638 de V.

procera como P. capsici, no entanto, a analogia das sequências das regiões

ITS-28S e LSU 25-28S registrada no Genbank, para P. tropicalis, mostrou que

o isolado de V. procera correspondem a P. tropicalis (Tabela 1).

Figura 3. Lesões causadas por isolados de Phytophthora em folhas

destacadas de V. procena 11 dias após as inoculações: (a) com o isolado

2690 de P. capsici de seringueira; (b-d) com os isolados 2676, 2638 e 2674

obtidos de V. procena; (e-f) lesão causadas pelo isolado 1211, aos sete (e) e

aos 11 (f) dias após as inoculações.

a b

c d

e f

Page 69: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

53

Tabela 1. Identificação molecular do isolado obtido de bromélia.

1Os amplicons foram sequenciados em ambas as orientações e os fragmentos

de consulta apresentados correspondem à sequência obtida. 2 “e-values " eram

iguais a zero para os isolados. 3Os números de acesso que correspondem às

sequências descritivas da taxonomia indicada na coluna anterior.

Um dos maiores problemas envolvendo o estudo das espécies

fitopatogênicas de Phytophthora spp. reside na sua taxonomia, devido à sua

extrema variabilidade inter e intraespecífica (CERQUEIRA et al., 1999). No

estudo taxonômico do gênero, são utilizados principalmente características

morfológicas e biométricas preconizadas pelas chaves de Waterhouse (1963),

Newhook et al. (1978) e Stamps et al. (1990). No entanto, as vezes tais

características tornam-se insuficientes para a separação das espécies e

também para estudos de diversidade genética, sendo necessário o uso de

marcadores genéticos adicionais como aqueles obtidos por eletroforese de

proteínas totais, isoenzimas, polimorfismos de DNA e RNA, análise de

cariótipo, serologia e antígenos (LUZ & MATSUOKA, 1996; FALEIRO et al.,

2004).

Uma nova chave combinando dados de morfologia e moleculares para

identificação de espécies de Phytophthora (GALLEGLY & HONG, 2008) visou

dirimir mais as dúvidas dos taxonomistas do gênero Phytophthora. Os autores

desta chave baseiam a descrição de P. capsici na original de Leonian (1922),

rejeitando a emenda de Tsao e Alizadeh (1988) que incluiam os isolados do

antigo grupo MF4 de P. palmivora e os de pimenta do reino (Piper nigrum L.),

que apresentam clamidósporos, como P. capsici. Gallegly e Hong (2008)

aceitaram portanto a prosposta de Aragaki e Uchida (2001), da descrição de P.

tropicalis para englobar os isolados acima mencionados. Deste modo, os

isolados de seringueira também estariam no táxon P. tropicalis, o que não foi

confirmado na pesquisa de Cerqueira (2005) que também questionou esta

Isolado Tamanho

(pb) 1

Cobertura

(%)

Identidade

(%) 2

Espécie

Fúngica

N° de acesso

GenBank3

2638 840 100 100 Phytophthora

tropicalis

GU564664.1;

LN846130.1;

FJ801320.1

Page 70: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

54

identidade. Nos dois casos, as pesquisas foram realizadas tomando por base

de comparação o isolado de macadâmia, que é o isolado tipo de P. tropicalis.

Sendo assim, permanece a dúvida: são P. capsici ou P. tropicalis os isolados

de seringueira? São P. capsici e P. tropicalis espécies diferentes? Novos

sequenciamentos serão realizados com os isolados de seringueira obtidos

nesta pesquisa, para comparar com as sequências mais recentes do Genbank.

Diversas sequências tem sido depositadas como P. tropicalis, pós descrição

desta espécie (ORLIKOWSKI et al., 2006; DONAHOO e LAMOUR, 2008;

OLSON e BENSON, 2010; LUONGO et al., 2013). Gallegly e Hong (2008)

encontraram diferenças para os fingerprints das duas espécies em PCR-SSCP.

No entanto, Leonian (1922) descreve P. capsici como patógeno específico de

Capsicum annum L. e estes autores admitem ser ela uma espécie cosmopolita

e com ampla gama de hospedeiros, conforme citam Erwin e Ribeiro (1996).

A espécie P. capsici encontra-se amplamente distribuída no país,

podendo ser encontrada em todas as regiões geográficas (SANTOS et al.,

2014), sendo a segunda espécie em número de hospedeiros já identificados no

Brasil. Atualmente um imenso volume de trabalhos tem sido publicados

relacionados com o gênero Phytophthora, quer seja pela descoberta de novos

taxas e hospedeiros, além do reenquadramento de espécies já registradas

(SANTOS et al., 2014). Dessa forma, o uso das ferramentas moleculares para

a idenficação de Phytophthora spp. tem sido cada vez mais requerida.

Podendo ser utilizados os sequenciamentos da região ITS, da β-tubulina, do

fator de elongação e genes do DNA mitocondrial (COX I e II) (FALEIRO et al.,

2004; SANTOS et al., 2014).

Embora existam muitos trabalhos com bromélias relacionados

principalmente com o seu papel ecológico e ambiental, não existem estudos na

literatura relatando nenhuma espécie de Phytophthora associada a bromélias,

sendo este o primeiro relato de P. tropicalis/P. capsici como patógenos desta

espécie vegetal.

Page 71: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

55

4.4 AGRADECIMENTOS

A Joel Feitosa, companheiro de viagem em coletas, pelo auxílio, apoio e

cuidado. A Cenilda da Silva Serra Rocha e Edarcy Primo pelos ensinamentos e

assessoramento nas tarefas de laboratório e identicação dos isolados. A

Ananias (Nani), Orlando (Orlandão), Valmir Araújo e Virgínio da Conceição

pelos constantes auxílios nos trabalhos em campo e na casa de vegetação. Á

CAPES pela concessão da bolsa de estudo, á Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira pela utilização dos laboratórios do Centro de Pesquisa para

realização deste trabalho. A Professora Dra. Elizabeth Duarte e toda sua equipe

do laboratório de biologia molecular da Universidade Federal do Recôncavo da

Bahia. Ao pessoal do Hérbario CEPEC/CEPLAC pela identificação das

espécies vegetal.

4.5 REFERÊNCIAS

ARAGAKI, M. & UCHIDA, J.Y. Morphological distinctions between

Phytophthora capsici and P. tropicalis sp. nov. Mycologia, v. 93, n. 1, p. 137-

145, 2001.

CERQUEIRA, A.O.; LUZ, E.D.M.N.; ROCHA, C.S.S. Caracterização

morfológica e biométrica de alguns isolados de Phytophthora spp. da micoteca

do Centro de Pesquisas do Cacau. Fitopatologia Brasileira, v. 24, p. 114-119.

1999.

CERQUEIRA, A.O. Análise de diversidade e taxonomia de isolados de

Phytophthora capsici obtidos de hospedeiros tropicais e temperados. 2005. 94f.

Dissertação (Mestrado em Genética e Biologia Molecular) - Universidade

Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2005.

Page 72: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

56

CERQUEIRA, A.O.; LUZ, E.D.M.N.; SANTOS, M.V.O. Distribuição de

Phytophthora capsici em municípios que cultivam seringueiras no Sul da Bahia.

Agrotrópica, v. 23, n° 1, p. 65, 2011.

DONAHOO, R.S. & LAMOUR, K.H. Interspecific hybridization and apomixis

between Phytophthora capsici and Phytophthora tropicalis. Mycologia, v. 100,

n. 6, p. 911-920, 2008.

ERWIN, D.C. e RIBEIRO, O.K. Phytophthora diseases worldwide. (Ed.) St.

Paul, APS Press, 1996.

FALEIRO, F.G. et al. Caracterização e diversidade genética de isolados de

Phytophthora spp. do cacaueiro com base em marcadores RAPD.

Fitopatologia Brasileira, v. 29, p. 303-306, 2004.

FAVRETTO, M.A.; HOELTGEBAUM, M.P.; LINGNAU, R.; D‟AGOSTINI, F.M.

Entomofauna em Duas Espécies de Bromélias no Oeste de Santa Catarina,

Brasil. EntomoBrasilis, v. 4, n. 1, p. 10-1, 2011.

GALLEGLY, M.E. & HONG, C. Phytophthora identiflying species by morphology

and DNA fingerprints. APS PRESS- The American Phytopathological Society.

St. Paul, Minnesota USA, 2008.

GASPAROTTO, L.; SANTOS, A.F.; PEREIRA, J.C.R.; FERREIRA, F. Doenças

da seringueira no Brasil. Brasília, Embrapa-SPI: Manaus, Embrapa-CPAA, p.

57-72, 1997.

KANNWISCHER, M.E. & MITCHELL, D.J. The influence of a fungicide on the

epidemiology of black shank of tobacco. Phytopathology, v. 68, p. 1760-1765,

1978.

LEONIAN, L.H. Stem and fruit blight of pepper caused by Phytophthora capsici

sp. Nov. Phytopathology, v. 12, p.401-408, 1922.

Page 73: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

57

LUONGO, M. et al. First Report of Phytophthora tropicalis on Rhododendron in

Italy. Pant disease, v.97, n. 10, p. 1385, 2013.

LUZ, E.D.M.N. & MATSUOKA, K. Taxonomia e sistemática do gênero

Phytophthora. Revisão Anual de Patologia de Plantas, v. 4, p. 297- 32, 1996.

LUZ, E.D.M.N.; SANTOS, Á.F.; BEZERRA, J.L.; MATSUOKA, K. Doenças

causadas por Phytophthora no Brasil. 1. ed. Campinas: Livraria e Editora

Rural, v. 1, 757p., 2001.

LUZ, E.D.M.N. e SILVA, S.D.V.M. Podridão-parda dos frutos, cancro e outras

doenças causadas por Phytophthora no cacaueiro. In: Doenças causadas or

Phytophthora no Brasil. (Ed.) Luz, E.D.M.N, Santos, A.F., Matsuoka, K. E

Bezerra, J.L. Livraria Rural, Campinas, p. 175-265, 2001.

NEWHOOK, F.J.; WATERHOUSE, G.M. & STAMPS, D.J. Tabular key to the

species of Phytophthora de Bary. Kew, Commonwealth Mycological Institute.

Mycological,143 p., 1978.

OLSON, H.A. & BENSON, D.M. First report of crown rot caused

by Phytophthora tropicalis on gloxinia in North Carolina. Plant Health

Progress, 2010.

ORLIKOWSKI, L.B.; TRZEWIK, A.; WIEJACHA, K.; SZKUTA, G. Phytophthora

tropicalis, a new pathogen of ornamental plants in Poland. Journal of Plant

Protection Research, v. 46, n. 1, p. 103-109, 2006.

PROENÇA, S.L. e SAJO, M.G. Anatomia foliar de bromélias ocorrentes em

áreas de cerrado do Estado de São Paulo, Brasil. Acta bot. Bras, v. 21, n. 3, p.

657-673, 2007.

QUARESMA, A.C. e JARDIM, M.A.G. Fitossociologia e Distribuição Espacial de

Bromélias epifíticas em uma Floresta de Várzea Estuarina Amazônica. Revista

Brasileira de Biociências, v. 11, n. 1, p. 1-6, 2013.

Page 74: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

58

RIETHMULLER, A. et al. Phylogenetic relationships of the downy mildews

(Peronosporales) and related groups based on nuclear large subunit ribosomal

DNA sequences. Mycologia, v. 94, n. 5, p. 834-849, 2002.

ROCHA, P.K. Desenvolvimento de bromélias em ambientes protegidos com

diferentes alturas e níveis de sombreamento. 2012. 111 f. Dissertação

(Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,

Piracicaba, 2012.

SANTOS, Á.F.; LUZ, E.D.M.N.; REIS, A. Phytophthora spp.: Distribuição e

Associação com Espécies Florestais. In: Congresso Brasileiro de

Fitopatologia, 47. Simpósio Brasileiro de Morfo Branco, 2014, Londrina.

Desafios futuros: anais. SBF, 2014.

STAMPS, D.J.; WATERHOUSE, G.M.; NEWHOOK, F.J.; HALL, G.S. Revised

tabular key to the genus Phytophthora. Wallingford, CAB International.

Mycological Papers 162, 1990.

TSAO, P.H. & ALIZADEH, A. Recent advances in the taxonomy and

nomenclature of the so-called „Phytophthora palmivora’ MF4 occurring on

cocoa and other tropical crops. Proceeding, 10th International Cocoa Research

Conference, Santo Domingo Republic, p.441-445, 1988

VAREJÃO, J.B.M.; SANTOS, C.B.; REZENDE, H.R.; BEVILACQUA, L.C.;

FALQUETO, A. Criadouros de Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) em

bromélias nativas na Cidade de Vitória, ES. Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical, v. 38, n. 3, p. 238-240, 2005.

WATERHOUSE, G.M. Key to the species of Phytophthora de Bary. Kew,

Commonwealth Mycological Institute. Mycological Papers 92. 1963.

Page 75: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

59

5 CAPÍTULO 3

PRIMEIRO RELATO DE Phytophthora tropicalis EM Ageratum conyzoides

NA BAHIA, BRASIL

RESUMO

Ageratum conyzoides L. (mentrasto) é uma planta pertencente à Família

Asteraceae amplamente utilizada na medicina tradicional no Brasil e em outros

países por suas propriedades farmacológicas. A espécie possui baixa

exigência em fertilidade, o que lhe confere boa adaptabilidade em diversas

condições ambientais, sendo por vezes considerada uma planta invasora e

podendo servir de hospedeiro alternativo de pragas e doenças. Foram

encontradas e coletadas algumas folhas de A. conyzoides no município de

Una-BA, apresentando sintomas semelhantes aos causados por Phytophthora,

como o escurecimento das nervuras, manchas clóroticas e algumas plantas

tombadas. Objetivou-se neste estudo identificar e caracterizar o patógeno

através do uso de métodos morfobiométricos, moleculares e teste de

patogenicidade. A cultura em cenoura-ágar é petalóide, com micélio aéreo

denso, esporângios caducos, uniformes, do tipo limoniforme e com base afilada

medindo em média 45,2 x 23,1 μm, papilas proeminentes com média 3,7 x 5,8

μm e pedicelos longos apresentando média 46,5 μm. A análise de

compatibilidade demonstrou que o isolado é do tipo compatível A1. O dados

morfobiométricos combinados com o sequenciamento das regiões ITS-28S e

Page 76: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

60

LSU 25-28S, permitiram a identificação do isolado como P. tropicalis. No teste

de patogenicidade em plantas de mentrasto o isolado causou lesões

necróticas, escurecimento das nervuras foliares, requeima das folhas, além de

tombamento de algumas mudas. O patógeno foi re-isolado das mudas

inoculadas. Este é o primeiro relato na literatura de P. tropicalis como patógeno

de A. conyzoides.

Palavras-chaves: Asteraceae, planta medicinal, hospedeiro alternativo,

mentrasto.

Page 77: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

61

5.1 INTRODUÇÃO

O mentrasto (Ageratum conyzoides L.) é uma planta pertencente à

Família Asteraceae, nativa da América tropical, desde o México até o Brasil. A

espécie apresenta plantas eretas, pilosas, aromáticas e de porte herbáceo,

atingindo aproximadamente um metro de altura. Possuem caules e folhas

cobertas com tricomas glandulares, flores variando nas cores lilás ao branco,

dispostas em inflorescências terminais e fruto do tipo aquênio com fácil

dispersão pelo vento (LORENZI & MATOS, 2002; OKUNADE, 2002). É

amplamente utilizado na medicina tradicional no Brasil e em outros países,

como anti-inflamatório, analgésico, digestivo, cicatrizante, antirreumático,

diurético, vasodilatador, febrífuga, expectorante e tônica, com aplicação

variando a depender da região (MING, 1999; MILLANI et al, 2010; NOUR et al.,

2010). Tais propriedades estão relacionadas a abundância de compostos

químicos, incluindo alcalóides, flavonóides, cromenos, benzofuranos e

terpenóides que conferem a espécie características farmacológicas. Apesar da

importância medicinal são escassos os investimentos e o interesse dos

produdores em cultiva-lo em escala comercial, sendo seu abastecimento no

mercado principalmente oriundo do extrativismo (MILLANI et al., 2010).

No Brasil, pode ser encontrado em quase todo o território, com pequena

frequência no sul e grande abundância na região Centro-Oeste (IKEDA et al.,

2008). Dependendo da região A. conyzoides pode apresentar nomes vulgares

distintos como: agerato, cacália-mentrasto, câmara-opela, catinga-de-barrão,

catinga-de-bode, celestina, celestina-azul, cúria, erva-de-Santa-Lúcia, erva-de-

São João, erva-de-São José, mentraço, mentrasto, mentraz, mentruz e picão-

roxo (MING, 1999).

Page 78: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

62

Em virtude da sua baixa exigência em fertilidade, a espécie se adapta

em diversas condições ambientais e vegeta praticamente o ano todo, sendo

por vezes considerada uma planta daninha em cerca de 50 países e em

aproximadamente 40 culturas, podendo servir de hospedeiro alternativo de

pragas e doenças para as mesmas (IKEDA et al., 2008; MOMESSO et al.

2009). A. conyzoides é comumente encontrato ao redor das plantações de

seringueira e cacau no Sul da Bahia, sendo considerado nestas uma planta

espontânea e facilmente eliminada com o uso de herbicidas.

Em viagem ao município de Una – BA, afim de detectar potenciais

hospedeiros de P. capsici nestas culturas, foram encontradas e coletadas

folhas de plantas de mentrasto apresentando sintomas de escurecimento das

nervuras, manchas clóroticas e algumas plantas tombadas, sintomas similares

aos causados por espécies do gênero Phytophthora. O objetivo deste estudo

foi isolar, identificar e caracterizar o patógeno encontrado infectando as folhas

de mentrasto através de estudos morfobiométricos e moleculares.

5.2 MATERIAL E MÉTODO

Folhas de mentrasto coletados em Una, BA foram trazidas ao

Laboratório de Phytophthora do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC), da

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). Fragmentos

da folhas com lesões foram retirados, superficialmente assepsiados em álcool

70%, hipoclorito e água destilada esterelizada, e semeados em placas de Petri

contento meio seletivo PARPH (KANNWISCHER E MITCHELL, 1978). As

placas foram mantidas no escuro a uma temperatura de 22 ± 1 °C por cinco

dias e posteriormente, discos das bordas das colônias em meio seletivo foram

tranferidos para placas de Petri contendo meio cenoura-ágar (CA) onde foram

cultivados por cinco a sete dias, sob luz constante para estimular a esporulação

nas culturas.

Após o crescimento do isolado em CA e também em meio cenoura

líquido, sob luz contínua e temperatura de 25 °C durante cinco a sete dias foi

realizada a caracterização morfológica do isolado, determinando-se a forma

das colônias, o tipo de micélio formado, presença ou ausência de

Page 79: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

63

clamidósporos, esporângios e oósporos. Dos esporâgios determinou-se o

comprimento e largura, a forma, a caducidade e o comprimento do pedicelo,

medindo-se 50 esporângios.

O tipo de compatibilidade do isolado obtido de mentrasto foi determinado

pareando-o consigo mesmo e com os isolados 1191 (A1 de P. palmivora ), 216

(A2 de P. palmivora), 1211 (A1 de P. capsici) e 229 (A2 de P. capsici), todos da

coleção Arnaldo Medeiros do Cepec, utilizando a técnica de sanduíche descrita

por Luz e Silva (2001). As placas contendo os sanduíches dos diferentes

cruzamentos foram incubadas no escuro, à ± 24 °C. Após cinco dias do

pareamento os discos de CA colocados entre os discos de cultura dos isolados

testadores foram colocados em lâminas e examinados ao microscópio para

observar a formação de oósporos.

A identificação molecular do isolado foi realizada no laboratório de

biologia molecular da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. A

extração DNA genômico foi realizada a partir da cultura pura em placa

utilizando o kit UltraClean® Microbial DNA Isolation (MoBio, USA), seguindo as

recomendações do fabricante. A integridade e a quantidade do DNA foram

verificadas usando eletroforese em gel de agarose a 0,8% e o Qubit® 2.0

Fluorometer (Invitrogen), respectivamente.

As amplificações por PCR foram realizadas com os primers ITS4

(TCCTCCGCTTATTGATATGC) e ITS5 (GGAAGTAAAAGTCGTAACAAGG) da

região ITS-28S (Internal Transcribed Spacers) do DNA ribossomal (WHITE,

1990). E também com os primers LROR (ACCCGCTGAACTTAAGC) e LR6

(CGCCAGACGAGCTTACC) da região LSU 25-28S (Large subunit RNA) do

RNA ribossomal (RIETHMULLER et al., 2002). As reações foram preparadas

com os seguintes reagentes e concentrações: 60 ng de DNA de cada amostra;

1x de tampão da enzima Taq DNA polimerase; 3,7 mM de MgCl2; 0,6 pmol/μL

de dNTPs; 0,4 pmol/μL de cada primer; 2,5 U de Taq DNA polimerase, com

volume final ajustado para 50 μL com água ultra pura. Os ciclos de

amplificações foram realizados no Veriti Thermal Cycler PCR (Appplied

Biosystems) sob as seguintes condições térmicas: 94 ºC por 2 minutos, 35

ciclos de 94 ºC por 1 minuto, 48 e 53 (ITS e LSU, respectivamente) 56 ºC por 1

minuto, 72 ºC por 1 minuto e extensão final de 72 ºC por 10 minutos concluindo

com o resfriamento por 8 ºC. Os produtos amplificados foram visualizados em

Page 80: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

64

gel de agarose a 1%, corados com brometo de etídio e visualizados sobre luz

ultravioleta. Em seguida os amplicons foram purificados utilizando o kit Illustra®

GFX PCR DNA and Gel Band Purification (GE Healthcare Life Sciences) para

posterior identificação nucleotídica utilizando o sequenciador automático ABI-

Prism 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems) da empresa ACTGene

Análises Moleculares LTDA. A edição e montagem das sequências foi

realizada com o programa Sequencher 4.1.4 (Gene Code Corporation). A

identidade taxonômica dos isolados foi estudada a partir do banco de dados

GenBank, utilizando o BLASTn “basic local alignment search tool” (BLAST) do

NCBI.

Além do isolado obtido do mentrasto, dois outros isolados obtidos de

seringueira (1211 e 2699) ambos classificados como P. capsici foram usados,

para a realização dos teste de patogenicidade. Suspensões de zoósporos

foram preparadas apartir de culturas em CA dos isolados com 10 dias de idade.

Seguindo o procedimento descrito por Luz et al. (2008), as suspensões foram

ajustadas para a concentração 3x105 zoósporos/ml. Após o cultivo em sacos

de polietileno contendo solo esterelizado e sob regime de irrigação por 20 dias,

as plantas de mentrasto foram pulverizadas com a suspensão de inóculo dos

três isolados (10 plantas para cada isolado) e cobertas com sacos de

polietileno umidecidos (Figura 1b), e mantidas em casa de vegetação por sete

dias, á temperatura ambiente e regadas diariamente.

Figura 1. Mudas de mentrasto cultivadas em casa de vegetação (a) e mudas

em câmara úmida (b).

Foram utilizados como controle igual número de mudas, pulverizadas

apenas com água destilada estéril. O experimento foi montado em

a b

Page 81: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

65

delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos (três inóculos +

testemunha) e 10 repetições. A avaliação consistiu em observar o

aparecimento de lesões ou a morte de plantas no decorrer de sete dias.

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O isolado obtido do mentrasto apresentou colônias do tipo petalóide,

com micélio aéreo denso, esporângios caducos, uniformes, do tipo limoniforme

e com base afilada medindo 45,2 x 23,1 μm (32-56 x 16-26 μm); papilas com

profundidade do poro apical de 3,7 μm e largura do poro apical de 5,8 μm e

pedicelos entre 46,5 μm (30-76 μm). Não foram observados clamidósporos.

O isolado de mentrasto formou oogônio, anterídios e oósporos quando

pareado com o isolado 229, de P. capsici, do tipo compatível A2. Essas

estruturas não foram observada no auto-pareamento do isolado e nem nos

pareamentos com o isolados do tipo compatível A1. Comprovando que o

isolado obtido do mentrasto é heterotálico do tipo compatível A1. Os oogônios

são esféricos, os anterídios anfígenos e os oósporos pleróticos.

A caracterização morfométrica permitiu a classificação do isolado 2652

de mentrasto como P. tropicalis, o que foi confirmado molecularmente através

de analogia com as sequências das regiões ITS-28S e LSU 25-28S e

registrada no Genbank, conforme a tabela 1.

Tabela 1. Identificação molecular do isolados obtido de Ageratum conyzoides.

1Os amplicons foram sequenciados em ambas as orientações e os fragmentos de

consulta apresentados correspondem à sequência obtida. 2 “e-values " eram iguais a

zero para os isolados. 3Os números de acesso que correspondem às sequências

descritivas da taxonomia indicada na coluna anterior.

Isolado Tamanho

(pb) 1

Cobertura

(%)

Identidade

(%) 2

Espécie

Fúngica

N° de acesso

GenBank3

2652 840 100 100 Phytophthora

tropicalis

FJ849839.1;

KT250631.1;

GU564664.1

Page 82: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

66

Sete dias após a inoculação, as mudas de mentrasto começaram a

apresentar lesões típicas de Phytophthora, como escurecimento das nervuras

foliares, requeima das folhas e tombamento de algumas mudas (Figura 2).

Todos os isolados demostraram patogenicidade ao mentrasto. As mudas

controle não apresentaram lesões. Os patógenos foram re-isolados das folhas

com lesões em meio seletivo para completar os postulados de Koch.

Fontem et al. (2004), identificaram cinco espécies de Asteraceae como

hospedeiras de P. infestans em cultivo de batata (Solanum tuberosum L.) no

Camarões, sendo A. conyzoides uma das cinco espécies consideradas como

hospedeira de P. infestans o agente causal da requeima da batata. Esta foi a

única referência encontrada na literatura sobre a ocorrência de Phytophthora

nesta espécie.

Os resultados do teste de patogenicidade do presente estudo,

confirmam que P. tropicalis é o agente causal da requeima e morte de plantas

de A. conyzoides. Dessa forma, identificou-se A. conyzoides como mais um

hospedeiro de P. tropicalis na região, sendo este o primeiro relato para ciência,

de P. tropicalis como patógeno de A. conyzoides.

c

Figura 2. Mudas de mentrastro 7 dias após a inoculação, com sinais típicos de

Phytophthora: escurecimento das nervuras foliares (a); requeima (b);

tombamento e morte de mudas (c).

b a

Page 83: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

67

5.4 AGRADECIMENTOS

A Joel Feitosa, companheiro de viagem em coletas, pelo auxílio, apoio e

cuidado. A Cenilda da Silva Serra Rocha e Edarcy Primo pelos ensinamentos e

assessoramento nas tarefas de laboratório e identicação dos isolados. A

Ananias (Nani), Orlando (Orlandão), Valmir Araújo e Virgínio da Conceição

pelos constantes auxílios nos trabalhos em campo e na casa de vegetação. Á

CAPES pela concessão da bolsa de estudo, á Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira pela utilização dos laboratórios do Centro de Pesquisa para

realização deste trabalho. A Professora Dra. Elizabeth Duarte e toda sua equipe

do laboratório de biologia molecular da Universidade Federal do Recôncavo da

Bahia. Ao pessoal do Hérbario CEPEC/CEPLAC pela identificação das

espécies vegetal

5.5 REFERÊNCIAS

IKEDA, F.S.; CARMONA, R.; MITJA, D.; GUIMARÃES, R.M. Luz e KNO3

na

germinação de sementes de Ageratum conyzoides L. sob temperaturas

constantes e alternadas. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 2, p.193-

199, 2008.

KANNWISCHER, M.E. & MITCHELL, D.J. The influence of a fungicide on the

epidemiology of black shank of tobacco. Phytopathology, v. 68, p. 1760-1765,

1978.

LORENZI, H.E.; MATOS, F.J. A. Plantas medicinais no Brasil/ Nativas e

exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 512p. 2002.

LUZ, E.D.M.N. e SILVA, S.D.V.M. Podridão-parda dos frutos, cancro e outras

doenças causadas por Phytophthora no cacaueiro. In: Doenças causadas por

Phytophthora no Brasil. (Ed.) Luz, E.D.M.N, Santos, A.F., Matsuoka, K. E

Bezerra, J.L. Livraria Rural, Campinas. P. 175-265, 2001.

Page 84: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

68

LUZ, E.D.M.N.; SILVA, S.D.V.M.; BEZERA, J.L.; SOUZA, J.T.; SANTOS, A.F.

Glossário ilustrado de Phytophthora: Técnicas especiais para o estudo de

oomicetos, 204p. Itabuna, 2008.

MILLANI, A.A. e ROSSATTO, D.R.; RUBIN FILHO, C.J.; KOLB, R.M. Análise

de crescimento e anatomia foliar da planta medicinal Ageratum conyzoides L.

(Asteraceae) cultivada em diferentes substratos. Revista Brasileira de

Plantas Medicinais, Botucatu, v.12, n.2, p.127-134, 2010.

MING, L.C. Ageratum conyzoides: A Tropical Source of Medicinal and

Agricultural Products. In: Perspectives on new crops and new uses. (Ed.)

Janick, J. Alexandria: ASHS Press. p. 469-473. 1999.

MOMESSO, L.S.; MOURA, R.M.X.; CONSTANTINO, D.H.J. Atividade

antitumoral do Ageratum conyzoides L. (Asteraceae). Revista Brasileira de

Farmacognosia, v. 19, n. 3, p. 660-663, Jul./Set. 2009.

NOUR, A.M.M. et al. The antiprotozoal activity of methylated flavonoids from

Ageratum conyzoides L. Journal of Ethnopharmacology, v. 129, p. 127–130,

2010.

OKUNADE, A.L. Ageratum conyzoides L. (Asteraceae). Fitoterapia, v. 73, p.

1-16, 2002.

RIETHMULLER, A. et al. Phylogenetic relationships of the downy mildews

(Peronosporales) and related groups based on nuclear large subunit ribosomal

DNA sequences. Mycologia, v. 94, n. 5, p. 834-849, 2002.

Page 85: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

69

6 CAPÍTULO 4

OOMCETOS DO GÊNERO Pythium E Phytopythium DA RIZOSFERA DE

PLANTAS EM CONSÓRCIO DE SERINGUEIRA E CACAUEIRO NO BRASIL.

RESUMO

O Filo Oomycota abriga em maioria, espécies sapróbias de ambientes

naturais, mas dentro deste filo muitas espécies são consideradas patogênicas

à plantas. Destacam-se principalmente as espécies das Famílias

Peronosporaceae e Pythiaceae, onde são encontrado os gêneros

Phytophthora, Phytopythium e Pythium. O objetivo deste estudo foi verificar a

ocorrência de espécies de Oomycota em solo cultivado com cacaueiro e

serigueira. Foram realizadas coletas de amostra de solo em fazendas com as

duas culturas consórciadas, situadas nos munícipios de Ituberá, Camamu,

Uruçuca e de Una, localizados no Sul da Bahia, Brasil. Os dados

morfobiométricos combinados com sequências das regiões ITS-28S e LSU 25-

28S do DNA ribossomal permitiram identificar quatro táxons diferentes nestes

locais: Phytopythium cucurbitacearum, Phytopythium vexans, Pythium

acanthophoron e Pythium splendens. As espécies de Phytopythium

predominaram, sendo isoladas de seis das 11 fazendas visitadas. O município

de Ituberá teve o maior número de fazendas amostradas, sendo portanto, onde

encontrou-se a maioria dos isolados. Foram obtidos 12 isolados, sendo: oito de

Phytopythium vexans; um de Phytopythium cucurbitacearum; dois de Pythium

splendens e um de Pythium acanthophoron. Os isolados de Phytopythium

Page 86: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

70

foram inoculados em frutos de cacau e folhas de seringueira, mas não se

comprovou a sua patogenicidade a esses órgãos das plantas, pois não houve

infecção. É relatada pela primeira vez a ocorrência de Phytopythium vexans,

Phytopythium cucurbitacearum, Pythium acanthophoron e Pythium splendens

no Sul da Bahia e também para o Brasil de P. acanthophoron e Phytopythium

cucurbitacearum. Todos os quatros são relatados pela primeira vez em solos

de seringueira e cacaueiro.

Palavras-chaves: Oomycota, Phytopythium spp., Pythium spp., rizosfera,

Theobroma cacao, Hevea brasiliensis.

Page 87: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

71

6.1 INTRODUÇÃO

O Filo Oomycota pertencente ao Reino Straminipila, engloba organismos

com características semelhantes aos fungos verdadeiros e por isso, as vezes

denominados “pseudo fungos”. Entre as características similares estão a forma

de nutrição, zoósporos flagelados, parede celular composta de quitina,

presença de hifas, formação de estruturas de resistências e ocupação dos

mesmos ninchos ecológicos (NEAHAUSER et al., 2012; MARANTO et al.,

2014; BEAKES et al., 2014). Baseado em sequências moleculares e

analizando simultaneamente a biologia e a história evolutiva do Reino

Straminipila, Beakes et al. (2014) dividiram recentemente o Filo Oomycota em

três Classes: Peronosporomycetes, Saprolegniomycetes e outra considerada

Incertae sedis. Dentro da classe Peronosporomycetes, se encontram as

famílias Peronosporaceae e Pythiaceae, a primeira com representantes dos

gêneros Phytophthora e Phytopythium e a segunda com as espécies de

Pythium (BEAKES et al., 2014).

Os oomicetos patogênicos às plantas e animais são os mais conhecidos

e estudados (BEAKES et al., 2012), no entanto, representantes do grupo estão

presentes como sapróbios ou parasitas tanto em ecossistemas aquáticos como

terrestres. No Brasil, a presença de oomicetos em áreas de manguezal, onde

atuam, juntamente com bactérias e outros fungos, como importantes

decompositores de substratos foliares (NAKAGIRI et al., 1989), tem sido

estudada no estado de São Paulo, onde, das 195 espécies de oomicetos já

assinaladas no Brasil (MAIA et al., 2015) 66% foram registros ocorridos no

estado de São Paulo, e grande parte deles provenientes de estudos em

reservas de manguezais da Mata Atlântica paulista (MILANEZ et al., 1994,

Page 88: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

72

1996, 2003; PIRES-ZOTTARELLI et al., 1995, 1996 a, b; GOMES & PIRES-

ZOTTARELLI, 2006; PIRES-ZOTTARELLI & ROCHA, 2007; MIRANDA &

PIRES-ZOTTARELLI, 2008; JESUS et al., 2013; JESUS, 2015).

Nenhum estudo sobre a presença de outros oomicetos, além do gênero

Phytophthora, havia sido feito até então em solos da região Sul da Bahia e em

áreas consorciadas com cacaueiro e seringueira, embora sempre sejam

encontrados esses organismos concorrendo com Phytophthora nas

amostragens de solo.

Neste estudo, diversos oomicetes, não confirmados como Phytophthora,

foram isolados de solo da rizosfera de plantas de cacaueiro e seringueira no

polo heveícola do Sul da Bahia. São apresentados alguns dos que foram

identificados através de sequenciamento das regiões ITS-28S e LSU 25-28S

do DNA ribossomal. Foram realizadas coletas de amostras de solo em

fazendas produtoras de cacau (Theobroma cacao L.) e serigueira [Hevea

brasiliensis (Wild. Ex. A. Juss.) Muell. Arg.], situadas nos munícipios de Ituberá,

Camamu, Uruçuca e de Una, localizados no Sul da Bahia, Brasil.

6.2 MATERIAL E MÉTODO

6.2.1 Área de estudo

As coletas do material para estudo foram realizadas em 11 fazendas

produtoras de cacau e seringueira em consórcios no Sul da Bahia: Faz. Lagoa

Santa, Faz. Michelin Plantações, Faz. Morro Alto, Faz. Ondula, Faz. Revolta,

Faz. Santo Antônio situadas no município de Ituberá; Faz. Cultrosa município

de Camamu; Faz. Porto Seguro município de Uruçuca; Faz. Bolandeira,

Estação EDJAB e Faz. Ghislaine Esmeralda localizadas no município de Una.

6.2.2 Coletas de amostras

As amostras do solo foram coletadas na rizosfera de plantas de T. cacao

e H. brasiliensis, nas 11 fazendas do Sul da Bahia, totalizando 22 amostras

(duas espécies x 11 áreas). O solo rizosférico foi coletado no horizonte A (0 –

Page 89: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

73

20 cm) homogeneizado em amostra composta a partir de quatro pontos

cardeais distando 1 m do caule. Em seguida as amostras foram armazenadas e

transportadas sob refrigeração para o Laboratório de Phytophthora do

CEPEC/CEPLAC.

6.2.3 Isolamento e quantificação de propágulos de espécies Oomycota do

solo

Para o isolamento dos Oomycota utilizou-se a técnica de plaqueamento

de solo em meio seletivo (LUZ et al., 2008) que consistiu em pesar alícotas de

10 g de cada amostra de solo e dilui-las em 90 mL de ágar-água a 0,25%. Uma

vez homogeneizada, foi retirado da suspensão de cada amostra composta,

uma alíquota de 1 mL e espalhada na superfície de cada uma das 10 placas

contendo meio seletivo PARPH (KANNWISCHER e MITCHELL, 1978), e em

seguida incubadas no escuro. Após 48h foi realizada a lavagem em água

corrente para retirar o solo, observando o meio de cultura para localização das

colônias que mais se assemelhavam às de espécies de Oomycota. (LUZ et al.,

2008). Os isolados obtidos foram cultivados em meio seletivo e posteriormente

em meio cenoura ágar (CA) para análise morfobiométrica. Em seguida os

isolados foram tranferidos para frascos de Penicilina contendo batata-dextrose-

ágar (BDA) e para frascos contendo água estéril e foram depositados na

coleção de Phytophthora Arnaldo Medeiros do Centro de Pesquisa do Cacau

(CEPEC).

6.2.4 Caracterização morfobiométrica dos isolados

Após o crescimento dos isolados em placas de Petri com meio CA sob

luz contínua e incubado a 25 °C durante sete dias, foram avaliadas a

morfologia das colônias, o tipo de micélio formado, a forma dos esporângios,

oósporos e clamidósporos quando presentes. Foram medidos 50 esporângios,

oósporos e clamidósporos usando-se uma escala ocular de 100x (Carl Zeiss

Inc., Germany) para aferição do comprimento e largura das estruturas.

Page 90: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

74

6.2.5 Estudos moleculares

As etapas de identificação molecular dos isolados foram realizadas no

laboratório de biologia molecular da Universidade Federal do Recôncavo da

Bahia. A extração do DNA genômico foi realizada a partir da cultura pura em

placa utilizando o kit UltraClean® Microbial DNA Isolation (MoBio, USA),

seguindo as recomendações do fabricante. A integridade e a quantidade do

DNA foram verificadas usando eletroforese em gel de agarose a 0,8% e o

Qubit® 2.0 Fluorometer (Invitrogen), respectivamente.

As amplificações por PCR foram realizadas com os primers ITS4

(TCCTCCGCTTATTGATATGC) e ITS5 (GGAAGTAAAAGTCGTAACAAGG) da

região ITS-28S (Internal Transcribed Spacers) do DNA ribossomal (WHITE,

1990). E também com os primers LROR (ACCCGCTGAACTTAAGC) e LR6

(CGCCAGACGAGCTTACC) da região LSU 25-28S (Large subunit RNA) do

RNA ribossomal (RIETHMULLER et al., 2002). As reações foram preparadas

com os seguintes reagentes e concentrações: 60 ng de DNA de cada amostra;

1x de tampão da enzima Taq DNA polimerase; 3,7 mM de MgCl2; 0,6 pmol/μL

de dNTPs; 0,4 pmol/μL de cada primer; 2,5 U de Taq DNA polimerase, com

volume final ajustado para 50 μL com água ultra pura. Os ciclos de

amplificações foram realizados no Veriti Thermal Cycler PCR (Appplied

Biosystems) sob as seguintes condições térmicas: 94 ºC por 2 minutos, 35

ciclos de 94 ºC por 1 minuto, 48 e 53 (ITS e LSU, respectivamente)56 ºC por 1

minuto, 72 ºC por 1 minuto e extensão final de 72 ºC por 10 minutos concluindo

com o resfriamento por 8 ºC. Os produtos amplificados foram visualizados em

gel de agarose a 1%, corados com brometo de etídio e visualizados sobre luz

ultravioleta. Em seguida os amplicons foram purificados utilizando o kit Illustra®

GFX PCR DNA and Gel Band Purification (GE Healthcare Life Sciences) para

posterior identificação nucleotídica utilizando o sequenciador automático ABI-

Prism 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems) da empresa ACTGene

Análises Moleculares LTDA. A edição e montagem das sequências foi

realizada com o programa Sequencher 4.1.4 (Gene Code Corporation). A

identidade taxonômica dos isolados foi estudada a partir do do banco de dados

Page 91: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

75

GenBank, utilizando o BLASTn “basic local alignment search tool” (BLAST) do

NCBI.

6.2.6 Teste de patogenicidade dos isolados em cacau e em seringueira

Para os testes de patogenicidade foram escolhidos os isolados 2642,

2646, 2648, 2649, 2654 e 2659 representando cada um dos município de onde

os isolados foram obtidos (Tabela 1). Discos de colônias 0,5 cm de diâmetro,

foram inoculados em folhas destacadas de seringueira (sendo três folhas, cada

folha com três folíolos, dois pontos de inoculação por folíolo e um total de 18

pontos de inoculação para cada isolado) e em frutos de cacau (quatro frutos x

dois pontos de inoculação = 8 pontos de inoculação para cada isolado). Os

inóculos foram cobertos com um chumaço de algodão embebido em água

destilada para manter a umidade. Após as inoculação as folhas e os frutos

foram colocados em câmara-úmida formada por sacos plásticos borrifados com

água destiladas (LUZ et al., 2001). A avaliação consistiu em observar a

existência de lesões após três, cinco e sete dias ulteriores as inoculções.

Tabela 1. Números dos isolados de oomicetos obtidos da rizosfera de plantas

de cacaueiro e seringueira, por local de coleta, utilizados para a inoculação em

folhas seringueira e frutos de cacaueiro.

*número de registro na coleção de Phytophthora Arnaldo Medeiros CEPEC/CEPLAC.

REGISTRO* LOCAL

2641 Estação EDJAB- Una

2646 Faz. Revolta-Ituberá

2648 Faz. Bolandeira-Una

2649 Faz. Ondulada-Ituberá

2654 Faz. Morro Alto-Ituberá

2659 Faz. Lagoa Santa-Ituberá

Page 92: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

76

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidos 43 isolados da rizosfera das duas espécies vegetais

estudadas. Foram encontrados isolados de outros Oomycota em todos os

locais de coleta, exceto nas Fazendas Santo Antônio (Ituberá) e Ghislaine

Esmeralda (Una). A maioria dos isolados encontrados foram oriundos de

Ituberá (Tabela 2). Tal resultado pode ser explicado pelo fato do município ter

concentrado o maior número de fazendas visitadas, e consequentemente o

maior número de coletas. Ressalta-se a fazenda Ondulada em Ituberá, de onde

foram obtidos 12 isolados, em seguida a fazenda Cultrosa em Camamu com

sete isolados.

Tabela 2. Número de isolados de oomicetos obtidos do solo por fazenda e

município de coleta.

MUNICÍPIO LOCAL N° de ISOLADOS

Camamu Faz. Cultrosa 7

Uruçuca Faz. Porto Seguro 6

Una

Faz. Bolandeira 4

Faz. EDJAB 2 Faz. Ghislaine Esmeralda -

Ituberá

Faz. Lagoa Santa 4

Faz. Michelin Plantações 2

Faz. Moro Alto 5

Faz. Ondulada 12

Faz. Revolta 1

Faz. Santo Antônio - *-Não foram encontrados.

Os isolados de 2654, 2641, 2648, 2659, 2649, 2561, 2582 e 2540 foram

bastantes similares morfometricamente, mas com algumas variações,

principalmente, na forma dos esporângios (Tabela 3). De forma geral este

grupo de isolados apresentou: colônias do tipo rosacea; esporângios semi-

papilados de formas variáveis, na maioria limoniforme, piriforme e alguns

globosos, medindo 16,8-25,6 x 10,2-16 μm (média 22,8 x 12,5 μm); oogônios

globosos, medindo 4,6-19 μm de diâmetro (média 17,5 μm); a maioria

apresentaram anterídios paráginos e alguns anfígenos medindo entre 4,5-5,2 x

Page 93: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

77

8-10,6 μm; clamidósporos terminais e alguns intercalares com diâmetro

variando entre 16,7-25,4 μm (média 21μm). Também observou-se o

crescimento da papila (Figura 1c), que possivelmente estaria formando uma

vesícula de descarga de zoósporos, sendo esta uma característica de

Phytopythium sp. comum com as éspecies de Phythium (DE COCK et al.,

2015).

Figura 1. Isolado 2659: Esporângios limoniformes, papilados(a); Oogônios

com anterídios paráginos (b-1) e Clamidósporos terminais (b-2); Esporângio

evidenciando a expansão da papila (c).

O isolado de (2646) apresentou colônias do tipo rosacea; esporângios

semi-papilados de formas variáveis, do tipo piriforme, com média 21,7 x 10,2

μm; oogônios globosos, medindo 17,5 μm de diâmetro; anterídios anfígenos;

clamidósporos terminais e com diâmetro médio de 21μm (Tabela 3).

Para os isolados de 2657, 2647 e 2658 não foram observados

esporângios. Observou-se apenas a presença de clamidósporos terminais,

para os isolados de Pythium, sendo 25,6-42,5 μm de diâmetro (média 31,8 μm)

para os isolados 25762 e 25768, e 30-48,5 μm de diâmetro (média 32,5 μm)

para o isolado 25611 (Tabela 4).

a

c

b

15 μm

20 μm 15 μm

1 1

2

Page 94: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

78

Tabela 3. Características morfobiométricas dos isolados de Phytopythium obtidos do solo da rizosfera de cacaueiro e seringueira,

quando cultivados por sete dias em meio cenoura-ágar.

ISOLADO LOCAL¹ TIPO DE

ANTERÌDIO

TIPO DE

CLAM.

TIPO DE

ESPOR.

OOGÔNIO

(μm)

ANTERÍDIO

(μm)

CLAM.

(μm)

ESPORÂNGIO

(μm)

Comp. X Larg.

2654 2 Anfígeno TERM. PIRIFORME 15, ±0,82 - 19,1±2,0 21,9 ± 3,2 X 11,2± 2,6

2648 6 Parágino - - 18,3 ± 0,9 - - -

2653 2 Parágino TERM. LIMONIFORME 17,7 ± 1,8 - 19,7±3,0 21,0± 3,3 x 12,3 ± 2,6

25822 4 Parágino - GLOBOSO 16,4 ±0,8 - - 16,8 ± 1,9

2641 5 Anfígeno TERM. LIMONIFORME 17,5 ± 1,0 4,5±0,5 X 8,0 ± 1,1 20,4±1,6 27,2± 2,7 X 16,0 ± 1,4

2659 2 Parágino TERM. PIRIFORME 17,8 ± 0,9 - 19,8 ± 1,8 25,2 ± 6,3 X 12,1 ±4,2

2649 1 Anfígeno TERM./INT. PIRIFORME 17,5 ±0,5 5,2±0,7 X 10,5±0,5 16,7±2,2 22,4± 2,9 X 12,5 ± 1,2

2646 3 Anfígeno TERM. PIRIFORME 17,7±0,9 - 19,8±1,5 21,7 ± 2,3 X 10,2± 2,6

2657 4 Parágino TERM. PIRIFORME 17,7 ± 1,1 - 18,1±2,2 21,9 ± 3,2 X 15,2± 1,4

¹LOCAL (Fazendas): 1(Ondulada-Ituberá); 2(Moro Alto-Ituberá); 3(Revolta-Itubera); 4(Cultrosa-Camamu); 5(EDJAB-Una); 6(Bolandeira-Una).

Page 95: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

79

Tabela 4. Características morfobiométricas dos isolados de Pythium obtidos do

solo da rizosfera de cacaueiro e seringueira, quando cultivados por sete dias

em meio cenoura-ágar.

ISOLADO LOCAL¹ CLAMIDÓSPORO

(μm)

TIPO DE

CLAMIDÓSPORO

25762 1 31,4 ±3,4 Terminal

25768 1 31,6 ± 3,1 Terminal

25611 2 32,4 ± 5,6 Terminal ¹LOCAL (Fazendas): 1(Ondulada-Ituberá) e 2(Bolandeira-Una).

Sete dias após as inoculações com os isolados de Phytopythium não foi

observado o aparecimento de lesões nem nos frutos de cacau e nem nas

folhas de seringueira. Isso mostra que a presença destes isolados não

representa um risco para ambas as culturas, pois não foram patogênicos às

duas culturas. Segundo De Cock et al. (2015), a maioria das espécies de

Phytopythium são sapróbios de ambientes naturais (água e solo), mas algumas

são patógenos de plantas, como P. helicoides e P. vexans, que já foram

relatadas causando podridão da raiz e podridão do colmo de plantas de kiwi

(BATEN, 2015), e P. cucurbitacearum causando amarelecimento de folhas e

gavinhas de pimenta do reino (PETCHAYO et al., 2015), evidenciando sua

importância agrícola.

O estudo molecular foi realizado em apenas 12 isolados, que são os que

estão sendo apresentados no trabalho. Os demais isolados serão também

sequênciados para posterior confirmação. A análise das sequências obtidas

para as regiões ITS-28S LSU 25-28S do DNA ribossômico (rDNA),

confirmaram a identificação de três isolados de Pythium spp. e nove isolados

de Phytopythium spp. As sequências foram depositadas no GenBank (Tabela

5). Entre os isolados foram confirmadas as seguintes espécies: Phytopythium

cucurbitacearum, Phytopythium vexans, Pythium acanthophoron e Pythium

splendens.

O gênero Phytopythium foi descrito recentemente por Bala et al. (2010),

com a espécie tipo Phytopythium sindhum A.M. Lodhi, Shahzad & Lévesque, e

conta atualmente com 22 espécies registradas no Index Fugorum (2016). A

descoberta desse gênero ocorreu após estudos filogenéticos baseados em

análises moleculares que destinguiu o táxon anteriormente classificado como

Page 96: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

80

pertencente ao clado k do gênero Pythium (LÉVESQUE & DE COCK, 2004),

como um novo gênero com características combinadas dos gêneros Pythium e

Phytophthora, daí o nome dado por Bala et al. (2010) ao gênero em questão.

No entanto, estudos filogenéticos posteriores mais detalhados (PALMUCCI,

2011; MARANO, 2014; DE COCK et al., 2015) levaram a retirada do clado K do

gênero Pythium por conter espécies que eram filogeneticamente distintas dele.

As pesquisas de De Cock et al. (2015) deram nova luz ao assunto,

considerando o sequênciamento das regiões LSU rRNA (28S), SSU rRNA

(18S) e DNA mitocondrial citocromo oxidase1 (COI), para estabelecer quais

espécies pertenciam ao clade K, e fazendo 14 novas combinações

taxonômicas para estas espécies, além da descrição de uma nova espécie

Phytopythium mirpurense Lodhi, De Cock, Lévesque & Shahzad, sp. nov.

As principais características morfológicas comuns a Phytopythium são:

esporângios ovóides a globosos com papilas exceto para P. vexans,

proliferação interna semelhante a Phytophthora e modo de descarga de

zoósporos semelhante ao Pythium, formando um tubo de descarga com uma

vesícula na ponta; oogônios grandes e lisos, oósporos de paredes espessas e

anterídio parágino com células ligadas lateralmente ao oogônio (BATEN, 2015;

DE COCK et al., 2015). Outra característica marcante do gênero segundo

Lévesque & De Cock (2004) é o crescimento preferencial em temperaturas

elevadas entre 30-40°C, quando poucos oomicotas suportam temperaturas

próximas a 40 °C.

Foram encontradas neste trabalho, em solo na Bahia, as espécies

Phytopythium vexans e P. cucurbitacearum. P. vexans, anteriormente descritas

como Pythium vexans por de Bary (1896), e assinalado no Brasil pela primeira

vez por Carvalho (1965) causando podridão radicular de Strelitzia sp. na região

Canavieira de São Paulo. Recentemente já como Phytopythium vexans foi

isolado de folhas de Laguncularia racemosa em manguezal no Parque

Estadual da Ilha do Cardoso em São Paulo por Jesus (2015).

Estudos recentes de Petchayo et al. (2015), relatam P. cucurbitacearum

como patógeno responsável pelo amarelecimento das folhas e gavinhas de

pimenta do reino em Camarões. Segundo o autor, apesar dos sintomas

causados por P. cucurbitacearum serem semelhantes aos de Phytophthora

capsici, o isolado obtido era homotálico como evidenciado pela presença de

Page 97: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

81

oósporos, descartando portanto, a hipótese do isolado ser P. capsici, que é

uma espécie heterotálica (LEONIAN, 1922).

O gênero Pythium, foi descrito por Nees em 1823, e atualmente conta

com 308 espécies (INDEX FUNGORUM, 2016), sendo a maioria patogênica a

plantas, outras são parasitas de animais e algumas micoparasitas, como é o

caso de P. acanthophoron que é um micoparasita de outras espécies de

Pythium e também de algumas espécies de Fusarium, com potêncial para o

uso como agente de controle biológico (LODHA & WEBSTER, 1990;

JONES & DEACON, 1995). Entre as espécies fitopatogênicas encontra-se P.

splendens, responsável por causar podridões radicular e do colo em plantas de

Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden, Elaeis guineensis Jacq, Averrhoa

carambola L. (carambola) e Peperomia orba Bunt (ADERUNGBOYE &

ESURUOSO, 1976; KIDNEY, 1979; PLOETZ , 2004).

Estes quatros táxons foram encontrados em 12 dos 43 isolados obtidos

na rizosfera de cacaueiro e seringueira. Espera-se que ao concluir os estudos

morfobiométricos e moleculares dos demais isolados, novos taxa sejam

encontrados. Este é o primeiro registro dos quatro táxons para a Bahia e de

Phytopythium cucurbitacarum e Pythium acanthophoron para o Brasil e de

todos eles para na rizosfera de plantas de cacaueiro e seringueira

consorciadas.

6.4 AGRADECIMENTOS

A Joel Feitosa, companheiro de viagem em coletas, pelo auxílio, apoio e

cuidado. A Cenilda da Silva Serra Rocha e Edarcy Primo pelos ensinamentos e

assessoramento nas tarefas de laboratório e identicação dos isolados. A José

Renato do escritório local da CEPLAC em Ituberá pela disponibilidade e

importante apoio durante as coletas realizadas para este estudo. Á CAPES

pela concessão da bolsa de estudo, á Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira pela utilização dos laboratórios do Centro de Pesquisa. A

Professora Dra. Elizabeth Duarte e toda sua equipe do laboratório de biologia

molecular da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Page 98: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

82

Tabela 5. Identificação molecular dos isolados da rizosfera de T. cacao e H. brasiliensis de fazendas do Sul da Bahia, Brasil.

Isolado Tamanho

(pb) 1

Cobertura

(%)

Identidade

(%) 2

Taxonomia Número de acesso GenBank3

2561 863 100 99 Phytopythium vexans KT148890.1; FJ415977.1; JQ898479.1; JQ898479.1;

HQ643400.2

2641 380 99 99 Phytopythium vexans GU133598.1; KP183942.1; KJ002694.1

2646 801 96 98 Phytopythium cucurbitacearum KT148890.1; FJ415977.1; JQ898479.1

2647 476 98 99 Pythium splendens AB562912.1; GU983648.1; FJ415950.1

2648 880 97 98 Phytopythium vexans LM651012.1; KP183942.1; GU133598.1

2649 682 98 99 Phytopythium vexans GU133585.1; FJ415977.1; HQ643954.1

2654 359 98 100 Phytopythium vexans GU133598.1; KP183942.1; KJ002694.1

2658 718 96 99 Pythium splendens AB562912.1; GU983648.1; FJ415950.1

2659 639 99 100 Phytopythium vexans GU133566.1; KP183961.1; LM651023.1

24428 880 100 100 Pythium acanthophoron AY598711.2; HQ643413.1; JQ898452.1

25822 859 99 99 Phytopythium vexans KT148890.1; FJ415977.1; JQ898479.1; JQ898479.1;

HQ643400.2

25403 871 98 99 Phytopythium vexans KT148890.1; FJ415977.1; JQ898479.1; JQ898479.1;

HQ643400.2 1Os os amplicons foram sequenciados em ambas as orientações e os fragmentos de consulta apresentados correspondem à sequência obtida.

2 “e-values” eram

iguais a zero para os isolados. 3Os números de acesso que correspondem às sequências descritivas da taxonomia indicada na coluna anterior.

Page 99: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

83

6.5 REFERÊNCIAS

ADERUNGBOYE, F.O. & ESURUOSO, O.F. Ecological studies onn Pythium

splendens Braun in oil palm (Elaeis guineensis Jacq.) plantation soils. Pant and

Soil, v. 44, p. 397-406, 1976.

BEAKES, G.W.; GLOCKLING, S.L.; SEKIMOTO, S. The evolutionary phylogeny

of the oomycete “fungi”. Protoplasma, v. 249, p. 3-19, 2012.

BEAKES, G.W.; HONDA, D. & THINES, M. Sistematies of the Straminipila:

Labyrinthulomycota, Hyphochytriomycota, and Oomycota. In: The Mycota VIII

Part A. McLaughlin, D.S. Spatafora, J.W. (eds.). Springer-Verlag, Berlin, p. 39-

97, 2014.

BALA, K. et al. Phytopythium Abad, de Cock, Bala, Robideau, Lodhi & Lévesque,

gen. nov. and Phytopythium sindhum Lodhi, Shahzad & Lévesque, sp. nov.

Persoonia, v. 24, p. 136–137, 2010.

BATEN, M.D.A. et al. Two new species, Phytopythium iriomotense sp. nov.and

P. aichiense sp. nov., isolated from river water and water purification sludge in

Japan. Mycol Progress, v. 14, n. 2, 2015.

CARVALHO, P.C.T. Microorganismos do solo associados as podridões dos

toletes de cana-de-açucar. Revista de agricultura, v. 40, p. 83-94, 1965.

DE COCK, A.W.A.M. et al. Phytopythium: molecular phylogeny and systematics.

Persoonia, v. 34, p. 25–39, 2015.

GOMES, A.L. & PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A. Diversidade de Oomycota da

Reserva Biológica de Paranapiacaba, Santo André, SP: primeiras citações para

o Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 29, p. 567-569, 2006.

Page 100: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

84

JESUS, A.L.; MARANO, A.V.; SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & PIRES-

ZOTTARELLI, C.L.A. Diversidade de organismos zoopósricos heterotróficos do

Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. Hoehnea, v. 40, p. 167-180, 2013.

JESUS, A.L. Diversidade de Oomycota em área de manguezal do Parque

Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC), Canário, Estado de São Paulo, Brasil. 2015.

108 f. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade Vegetal do Meio Ambiente) –

Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, 2015.

JONES, E.E. & DEACON, J.W. Comparative Physiology and Behaviour of the

Mycoparasites Pythium acanthophoron, P. oligandrum and P. mycoparasiticum.

Biocontrol Science and Technology, v, p. 27-40, 1995.

INDEX FUNGORUM, 2016.

Disponível em: <http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp>

Acesso em: 17 de janeiro de 2016.

KANNWISCHER, M.E. & MITCHELL, D.J. The influence of a fungicide on the

epidemiology of black shank of tobacco. Phytopathology, v. 68, p. 1760-1765,

1978.

KIDNEY, B.A. Host range, virulence, and control os Pythium splendens Braun

from Peperona orba Bunt. Proc. Fla. State Hort. Soc. v. 92, 1979.

LÉVESQUE, C.A. & DE COCK A.W.A.M. Molecular phylogeny and taxonomy of

the genus Pythium. Mycological Research, v. 108, p. 1363–1383, 2004

LODHA, B.C. & WEBSTER, J. Pythium acanthophoron, a mycoparasite,

rediscovered in India and Britain. Mycological Research, V. 94, p. 1006–1008,

1990.

Page 101: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

85

LUZ, E.D.M.N.; SILVA, S.D.V.M.; BEZERA, J.L.; SOUZA, J.T. e SANTOS, A.F.

Glossário ilustrado de Phytophthora: Técnicas especiais para o estudo de

oomicetos, 204p. Itabuna, 2008.

MAIA, L.C. et al. Diversity of Brazilian Fungi. Rodriguésia (Online), v. 66, p. 1-

13, 2015.

MARANO, A.V. et al. A new combination in Phytopythium: P. kandeliae

(Oomycetes, Straminipila). Mycosphere, v. 5, n. 4, p. 510-522, 2014.

MILANEZ, A.I.; PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A & SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.

Fungos aquáticos da região Mata Atlântica do Estado de São Paulo. Academia

de Ciências do Estado de São Paulo, v. 2, p. 142-149, 1994.

MILANEZ, A.I.; PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A & SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.

Criptóamas do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Fungos,

5: Leptomitales (Rhidiaceae). Hoehnea, v. 23, p.67-76, 1996.

MILANEZ, A.I.; PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A.; SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. &

LOHMANN, L.G. Criptóamas do “Parque Estadual das Fontes do Ipiranga”, São

Paulo, SP. Fungos, 8: Blastocladiales. Hoehnea, v. 30, p. 21-29, 2003.

MIRANDA, M.L. & PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A. O gênero Pythium no Parque

Estadual da Serra da Cantareira, Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea, v. 35,

p. 281-288, 2008.

NAKAGIRI, A. Succession of fungi in decomposing mangrove leaves in Japan.

In: Recent Advances in Microbial Ecology. Hattori, T.; Ishida, Y.; Maruyama, Y.;

Morita, R.; Uchida, A. (eds.). Tokyo: Japan Scientifc Society Press, p. 297-301,

1989.

NEUHAUSER, S. et al. Na introduction to fungus-like microorganismos. In:

Marine Fungi and Fungal-Lke Organisms. Jones, E.B.G. and Pang, k.L. (eds.).

De Gruyter, Berlin, Germany, p. 137-151, 2012.

Page 102: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

86

PALMUCCI, H.E. et al. Morphological molecular characterization of

Phytophthora, Pythium and Phytopythium on intensive crops in Buenos Aires –

Argentina. In: IPPC Joint Meeting. 2011. Anais. Honolulu - Hawai, 2011.

PETCHAYO, T.S. et al. Penja Pepper under threat in Cameroon! Conference:

6th Congress of European Microbiologists (FEMS), 2015.

PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A.; MILANEZ, A.I.; SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. &

LOHMANN, L.G. Criptóamas do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São

Paulo, SP. Fungos, 3: Peronosporales (Pythiaceae). Hoehnea, v. 22, p.125-133,

1995.

PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A.; MILANEZ, A.I.; SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. &

LOHMANN, L.G. Criptóamas do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São

Paulo, SP. Fungos, 6: Chytridiales. Hoehnea, v. 23, p.77-90, 1996a.

PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A.; MILANEZ, A.I.; SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. &

LOHMANN, L.G. Criptóamas do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São

Paulo, SP. Fungos, 4: Saprolegniales. Hoehnea, v. 23, p. 39-66, 1996b.

PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A. & ROCHA, M. Novas citações de Chytridiomycota e

Oomycota para o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), SP, Brasil.

Acta Botânica Brasilica, v. 21, p. 125-136, 2007.

PLOETZ, R.C. Influence of temperature on Pythium splendens induced root

disease on carambola, Averrhoa carambola. Mycopathologia, v.157, n. 2, p. 25-

31, 2004.

VILLA, N.O.; KAGEYAMA, K.; ASANO, T. & SUGA, H. Phylogenetic relationships

of Pythium and Phytophthora species based on ITS rDNA, cytochrome oxidase II

and beta-tubulin gene sequences. Mycologia, v. 98, n. 3, p. 410–422, 2006.

Page 103: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

87

7. CONCLUSÕES

1. Phytophthora capsici foi identificada como agente etiológico da queima

das folhas e morte de plantas de mentrasto (Ageratum conyzoides) e

lesões na base de folhas de bromélia (Vriesea procera), sendo este o

primeiro relato mundial desta espécie nestes hospedeiros;

2. Os isolados obtidos do mentrasto quando inoculados em frutos de cacau,

juntamente com outros isolados de seringueira, foram os que causaram

as maiores lesões, mostrando-se altamente agressivo ao cacaueiro se

comparado aos demais;

3. Os isolados obtidos das bromélias e do mentrasto estão entre os que

causaram as maiores lesões às folhas de seringueira, tanto do clone

FX3864 quanto do clone SIAL1005;

4. Os testes de patogenicidade comprovam que o A. conyzoides pode servir

como fonte primária de inóculo de P. capsici para a cultura do cacau.

5. A bromélia (Vriesea procera) pode ser considerada como fonte primária

de inóculo de P. capsici para a seringueira.

6. Em solos cultivados com cacaueiro e seringueira no Sul da Bahia, foram

isolados os seguintes oomicotas: Phytophthora tropicalis, Phytophthora

heveae, Phytopythium vexans, Phytopythium cucurbitacearum, Pythium

acanthophoron e Pythium splendens.

7. Phytopythium vexans e P. cucurbitacearum não causaram lesões em

folhas de seringueira e nem em frutos de cacau e não se constituem

ameaça a estas culturas.

8. É relatada pela primeira vez a ocorrência de Phytopythium vexans,

Phytopythium cucurbitacearum, Pythium acanthophoron e Pythium

splendens no Sul da Bahia e também para o Brasil de P. acanthophoron e

Phytopythium cucurbitacearum. Todos os quatros são relatados pela

primeira vez em solos de seringueira e cacaueiro.

Page 104: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

88

8 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ADL, S.M. et al. The new higher level classification of eukaryotes with emphasis

on the taxonomy of protists. Jornal of Eukaryot Microbiol v. 52 p. 399–451,

2005.

ADL, S.M. et al. The divised classification of Eukaryotes. Jornal of Eukaryot

Microbiol, v. 59, p. 429-514, 2012.

AGROLINK 2015

Disponível em> http://www.agrolink.com.br/noticias>

Acesso em: 23 de janeiro de 2016.

BAHIA, R.C.S. Caracterização fenotípica da população F1 (TSH1188xCCN51) de

cacaueiro quanto a resistência à podridão- parda e ao número de óvulos por

ovário. 2007. 61 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade

Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2007.

BAILEY, A.M. et al. Identication to the species level of the plant pathogens

Phytophthora and Pythium by using unique sequences of the ITS1 region of

ribosomal DNA as capture probes for PCR ELISA. FEMS Microbiology Letters,

v. 207, p. 153-158, 2002.

BALA, K. et al. Phytopythium Abad, de Cock, Bala, Robideau, Lodhi & Lévesque,

gen. nov. and Phytopythium sindhum Lodhi, Shahzad & Lévesque, sp. nov.

Personia, v. 24, p. 136–137, 2010.

BATEN, M.D.A. et al. Two new species, Phytopythium iriomotense sp. nov.and

P. aichiense sp. nov., isolated from river water and water purification sludge in

Japan. Mycol Progress, v. 14, n. 2, 2015.

BEAKES, G.W.; HONDA, D. & THINES, M. Sistematies of the Straminipila:

Labyrinthulomycota, Hyphochytriomycota, and Oomycota. In: The Mycota VIII

Page 105: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

89

Part A. McLaughlin, D.S. Spatafora, J.W. (eds.). Springer-Verlag, Berlin, p. 39-

97, 2014.

BRASIER, C.M. & GRIFFIN, M.J. Taxonomy of Phytophthora palmivora on

cocoa. Trans. Br. Mycol. Soc. v. 72, p. 111-143, 1979.

BRIARD, M. et al. Ribosomal RNA sequence divergence within the Pythiaceae.

Mycological Research, v. 99, p.1119–1127, 1995.

CAMPELO, A.M.F.L. e LUZ, E.D.M.N. (1981). Virulencia de Phytophthora spp.

em frutos destacados de cacau da cultivar comum. In: XIII Congresso

Brasileiro de Fitopatologia. Fitopatologia Brasileira. Brasilia: Sociedade

Brasileira de Fitopatologia, v. 6. p. 587-587, Porto Alegre, 1981.

CERQUEIRA, A.O.; LUZ, E.D.M.N.; SANTOS, M.V.O. Distribuição de

Phytophthora capsici em municípios que cultivam seringueiras no sul da Bahia.

Agrotrópica, v. 23, n° 1, p. 65, 2011.

CERQUEIRA, A.O. Caracterização, distribuição e genética populacional de

Phytophthora capsici em Hevea brasiliensis na Bahia, Brasil. 2014. 82 f. Tese

(Doutorado em genética e biologia molecular) – Programa de Pós Graduação em

Genética e Biologia Molecular da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

2014.

DE COCK, A.W.A.M. et al. Phytopythium: molecular phylogeny and systematics.

Personia, v. 34, p. 25–39, 2015.

DANTAS NETO A.; CORRÊA, R.X.; MONTEIRO, W.R.; LUZ, E.D.M.N.;

RAMACHO, K.P.; LOPES, U.V. Caracterização de uma população de cacaueiro

para mapeamento de genes de resistência à vassoura-de-bruxa e podridão-

parda. Fitopatologia Brasileira, v.30, p. 380, 2005.

ERWIN, D.C. & RIBEIRO, O.K. Phytophthora Diseases Worldwide. The

American Phytopathological Society, St. Paul, MN. 1996.

Page 106: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

90

GASPAROTTO, L.; SANTOS, A.F.; PEREIRA, J.C.R.; FERREIRA, F. Doenças

da seringueira no Brasil. Brasília, Embrapa-SPI: Manaus, Embrapa-CPAA, p. 57-

72, 1997.

GRIFFIN, M.J. Cocoa Phytophthora Workshop. Rothamsted Experimental

Station. PANS, v. 23, p.107-110, 1977.

GUEST, D. Black Pod: Diverse Pathogens with a Global Impact on Cocoa Yield.

Phytopathology, v. 97, n. 12, p. 1634, 2007.

INDEX FUNGORUM, 2016.

Disponível em: <http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp>

Acesso em: 17 de janeiro de 2016.

KIRK, P.M.; CANNON, P.F.; MINTER, D.W.; STALPERS, J.A. Dictionary of the

Fungi. 10th edn. Ainsworth & Bisby‟s. CAB International, Wallingford, UK, 2008.

LAMOUR, K.H. & HAUSBECK, M.K. The Spatiotemporal Genetic Structure of

Phytophthora capsici in Michigan and Implications for Disease Management.

Phytopathology, v. 92, n. 6, p. 681, 2002.

LÉVESQUE, C.A. & DE COCK A.W.A.M. Molecular phylogeny and taxonomy of

the genus Pythium. Mycological Research, v. 108, p. 1363–1383, 2004.

LUZ, E.D.M.N. The roles of five species of Phytophthora in infection and disease

of roots, stems, and pods of Theobroma cacao L. 1989, 184p. Tese de

Doutorado. Universidade da Florida, Estados Unidos, 1989.

LUZ, E.D.M.N.; BEZERRA, J.L.; RESENDE, M.L.V.; OLIVEIRA, M.L. Cacau

(Theobroma cacao L.) Controle de doenças. In: Controle de Doenças de

Plantas-Grandes Culturas. (Eds.) Ribeiro do Vale, F.X. & Zambolim, L. Viçosa.

UFV, v. 2, p. 617-622, 1997.

Page 107: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

91

LUZ, E.D.M.N. e SILVA, S.D.V.M. Podridão-parda dos frutos, cancro e outras

doenças causadas por Phytophthora no cacaueiro. In: Doenças causadas or

Phytophthora no Brasil. (Ed.) Luz, E.D.M.N, Santos, A.F., Matsuoka, K. E

Bezerra, J.L. Livraria Rural, Campinas, p. 175-265, 2001.

LUZ, E.D.M.N.; CERQUEIRA, A.O.; FALEIRO, F.G.; DANTAS, A.N.;

MATSUOKA, K.; MARQUES, J.R.B. Diversidade genética de isolados de

Phytophthora capsici de diferentes hospedeiros com base em marcadores

RAPD, patogenicidade e morfologia. Fitopatologia Brasileira v. 28, 559 p.

2003.

LUZ, E.D.M.N.; SILVA, S.D.V.M.; BEZERA, J.L.; SOUZA, J.T.; SANTOS, A.F.

Glossário ilustrado de Phytophthora: Técnicas especiais para o estudo de

oomicetos, 204p. Itabuna, 2008.

MARANTO, A.V. et al. A new combination in Phytopythium: P. kandeliae

(Oomycetes, Straminipila). Mycosphere, v. 5, n. 4, p. 510-522, 2014.

MARQUE, J.M.; SOUZA, N.L; CUTOLO FILHO, A. A. Efeito da solarização do

solo na sobrevivência de Phytophthora capsici em cultivo protegido.

Fitopatologia Brasileira, v. 27, p. 042-047, 2002.

MARQUES, J.R.B. SIAL 1005 – Um clone de seringueira com dupla aptidão.

Ilhéus, BA. CEPLAC/ CEPEC/SEGEN. Recomendações técnica, n. 4, 1f.,

2006.

NEUHAUSER, S. et al. Na introduction to fungus-like microorganismos. In:

Marine Fungi and Fungal-Lke Organisms. Jones, E.B.G. and Pang, k.L. (eds.).

De Gruyter, Berlin, Germany, p. 137-151, 2012.

OLIVEIRA, M.L. e LUZ, E.M.N. Identificação e manejo das principais doenças do

cacaueiro no Brasil. CEPLAC/CEPEC/SEFITI, 132p. Ilhéus, 2005.

Page 108: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

92

PALMUCCI, H.E. et al. Morphologicalmolecular characterization of Phytophthora,

Pythium and Phytopythium on intensive crops in Buenos Aires – Argentina. In:

IPPC Joint Meeting. 2011. Anais. Honolulu - Hawai, 2011.

PEREIRA, A.V. et al. Seringueiras em Sistemas Agroflorestais. Fortaleza, CE:

Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados - CPAC; EMBRAPA, n.63, 1996.

REIS, A.; FILHO, A.C.C.; HENZ, G.P. Phytophthora capsici: Patógeno Agressivo

e Comum às Solanáceas e Cucurbitáceas. Circular Técnica, Número 55.

EMBRAPA, 2007.

REIS, A. e HENZ, G.P. Epidemiologia e Manejo de Doenças Causadas por

Phytopthora capsici em Cucurbitáceas. Circular Técnica, Número 57.

EMBRAPA, 2008.

SANTOS, M.V.O. e LUZ, E.D.M.N. Phytophthora nicotianae na rizosfera de

tomateiro e berinjela no Sudeste da Bahia. Summa Phytopathol. Botucatu, v.

37, n. 2, p. 153, 2011

SANTOS, M.V.O. et al. Novos cultivos agrícolas hospedeiros de Phytophthora

nicotianae. Summa Phytopathol. Botucatu, v. 39, n. 2, p. 144, 2013.

SANTOS, M.V.O. et al. Phytophthora cinnamomi na rizosfera de cultivos

agrícolas no Sul da Bahia. Summa Phytopathol. Botucatu, v. 40, n. 1, p. 92,

2014.

TSAO, P.H. & ALIZADEH, A. Recent advances in the taxonomy and

nomenclature of the so-called "Phytophthora palmivora" MF4 occurring on cocoa

and other tropical crops. In: Proc. Int. Cocoa Res. Cocoa Producers Alliance,

Hertford, Eng. p. 441- 445, 1988.

TUCKER, C.M. Taxonomy of the genus Phytophthora de Bary. Mo. Agric. Exp.

Sta. Res. Bull., n. 153, 208p., 1931.

Page 109: Universidade Estadual de Santa Cruz - UESCnbcgib.uesc.br/ppgpv/painel/paginas/uploads/f36fc2f0a2abc9a6c16398c... · Universidade Estadual de Santa Cruz SILVIA PATRÍCIA BARBOSA ARAÚJO

93

VILLA, N.O.; KAGEYAMA, K.; ASANO, T.; SUGA, H. Phylogenetic relationships

of Pythium and Phytophthora species based on ITS rDNA, cytochrome oxidase II

and beta-tubulin gene sequences. Mycologia, v. 98, n. 3, p. 410–422, 2006.

WANG, K.X. & XIE, Y.L. First Report of Root and Collar Rot Caused

Phytopythium helicoides on Kiwifruit (Actinidia chinensis). Plant Disease, V. 99,

n. 5, P. 725, 2015.

YANG, X.; RICHARDSON, P.A.; OLSON, H.A.; HONG, C.X. Root and stem rot

of begonia caused by Phytopythium helicoides in Virginia. Plant Disease., v. 97,

p. 1385, 2013.

ZENTMYER, G.A.; KAOSIRI, T.; IDOSU, G. and KELLAM, M.K. Morphological

forms of Phytophthora palmivora. In: Proc. Int. Cocoa Res. Conf. M. Laliberte,

ed. Transla-Inter Ltd., London, p. 291-295, 1979.