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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA LICENCIATURA EM MÚSICA Curso de Baixo Elétrico na EMUSC: uma experiência de ensino em uma escola especializada Simara Sídia Souza de Oliveira NATAL RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

LICENCIATURA EM MÚSICA

Curso de Baixo Elétrico na EMUSC:

uma experiência de ensino em uma escola especializada

Simara Sídia Souza de Oliveira

NATAL – RN

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

LICENCIATURA EM MÚSICA

Simara Sídia Souza de Oliveira

Curso de Baixo Elétrico na EMUSC:

uma experiência de ensino em uma escola especializada

Monografia apresentada ao curso de

Licenciatura Plena em Música da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN –

como requisito parcial para a obtenção do Grau

de Licenciada em Música.

Orientador: Profa. Dr.ª Valéria Lázaro de

Carvalho

Co-orientador: Edibergon Varela Bezerra

NATAL – RN

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

LICENCIATURA EM MÚSICA

Simara Sídia Souza de Oliveira

Curso de Baixo Elétrico na EMUSC:

uma experiência de ensino em uma escola especializada

Natal, ____de_______________de_______

Nota: _____________

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Profa. Dr.ª Valéria Lázaro de Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Orientadora

________________________________________________

Prof. Edibergon Varela Bezerra

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Co-orientador

__________________________________________________

Prof. Ms. Mário Lúcio Barbosa Cavalcanti Júnior

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Avaliador

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares que me apoiaram nos estudos, especialmente

a minha mãe, Maria Angelina, meu tio Laurentino Francisco e minha tia Maria das Graças (in

memorian), sempre serei grata pelos esforços que fizeram para que eu chegasse até aqui.

Dedico este trabalho de pesquisa a todos os meu alunos de música, em especial aos meus

alunos de Baixo Elétrico, que de certa forma foram os inspiradores para a realização deste

trabalho.

Dedico aos meus amados irmãos da Comunidade Católica Veni Creator Spiritus, onde

tive meu primeiro contato com a música, e onde hoje também colaboro com a educação musical

através da EMUSC, escola fundada pela Comunidade.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelo Dom da vida e por ter me conduzido aos

caminhos da música. Aos meus familiares pelo apoio durante o curso, meus pais, meus irmãos,

minhas cunhadas, meus primos(as), meus tios e tias, meus avós, e de forma muito carinhosa

agradeço a minha avó materna Terezinha, minha “Mamãe” meu muito obrigado por tudo.

Agradeço àqueles membros da família com quem eu gostaria de estar dividindo esta alegria

hoje, ao meu avó João Laurentino “Papai” (in memorian), e minha tia Maria das Graças “Lilá”

(in memorian), muito obrigado pela colaboração na minha educação e formação como ser

humano.

Quero agradecer a Comunidade Veni Creator Spiritus, na pessoa do fundador José

Ferreira Santos, por ser um dos incentivadores do meu ingresso no curso de música, e a todos

os meus irmãos de comunidade pela força, compreensão e orações. Também agradeço aos

professores e alunos da EMUSC pelo apoio e colaboração na realização desta pesquisa.

Agradeço também aos professores da EMUFRN pelos anos de formação ao longo do

curso, de forma especial menciono a Professora Carolina Chaves Gomes, que me orientou na

fase inicial desta pesquisa. Agradeço a minha orientadora Valéria Lázaro de Carvalho, e o meu

co-orientador Edbergon Varela pela disponibilidade e paciência, meu muitíssimo obrigado aos

dois. Além dos professores da graduação, agradeço também ao meu professor do curso técnico

de Baixo Elétrico, Júnior Primata e ao saudoso professor Manoca Barreto (in memorian), por

estarem me apoiando no estudo do instrumento, serei eternamente grata a todos vocês.

Aos meus colegas de curso por dividirem comigo as alegrias e “aflições” durante esses

anos. Agradeço aos meus amigos que souberam me ajudar a decidir pela música,

primeiramente ao meu grande amigo e incentivador André Araújo pelo apoio constante em

todas as horas e situações, a minha irmã e melhor amiga Samara Kelly por estar ao meu lado

sempre, ao meu primo-irmão e amigo Fernando Martins, com quem divido as experiências de

vida, de ser estudante de música, e de ser educadora musical. A minha amiga e irmã de

comunidade Laurinete pelas orações e sábias palavras sempre que eu precisava ouvir, muito

obrigado. Agradeço ao meu querido e amado companheiro André Kinal, primeiramente pela

compreensão enquanto estive ausente durante a produção desta pesquisa e também pelo apoio,

incentivo, e orações durante esse tempo, muito obrigado por estar dividindo esta alegria

comigo.

RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de contar como acontecem as aulas no curso de baixo

elétrico em uma escola especializada, a EMUSC, através de um relato de experiência. Durante

a pesquisa foi apresentado um breve histórico sobre o desenvolvimento das instituições de

ensino de música voltadas para o ensino do instrumento, desde os conservatórios mais

tradicionais, até as escolas especializadas. Além disso, também foram apresentados aspectos

históricos do baixo elétrico, grandes baixistas e métodos desenvolvidos para o ensino do

instrumento. Para realizar esta pesquisa, foi feito um estudo de caso, e como ferramenta

metodológica utilizou-se da entrevista semi-estruturada na qual os entrevistados foram alunos

e ex-alunos do curso de baixo elétrico da EMUSC. Essa entrevista teve o objetivo de colher

dados de quem estuda ou já estudou no curso, colaborando com suas opiniões a respeito das

aulas ministradas, metodologias e materiais utilizados no plano de curso, dizendo se foram

favoráveis ou não no seu aprendizado. As respostas foram apreciadas e os resultados desta

análise apontaram que as aulas e os conteúdos apresentados correspondem as expectativas dos

alunos que buscam as aulas de baixo elétrico na instituição. Porém, diante de algumas respostas

de alguns dos entrevistados, também foi possível perceber que ainda há pontos que devem ser

revisados nas aulas, entre eles a forma de avaliar os alunos tanto quando ele ingressa, quanto

no decorrer do curso. Entretanto, conforme afirmaram os alunos na entrevista, esses pontos

falhos não comprometeram a qualidade das aulas e o seu aprendizado ao longo do curso. Diante

disso, foi concluído que o curso deve estar em constante avaliação, sempre buscando rever os

conteúdos, as formas metodológicas de ensino, e ouvindo dos alunos suas colaborações para a

melhor realização do trabalho.

Palavras-chave: Baixo Elétrico, Escola Especializada, Ensino de Instrumento

ABSTRACT

This study aims to tell how the classes take place in the bass course in a specialized school,

EMUSC through an experience report. During the research was presented a brief history of the

development of music teaching institutions devoted to teaching the instrument, from the most

traditional conservatories, to specialized schools. In addition, they were also presented

historical aspects of the electric bass, big bass and methods developed for the instrument of

education. To conduct this research, a case study was made, and as a methodological tool we

used semi-structured interview in which respondents were students and alumni of the electric

bass course of EMUSC. This conference aimed to collect data of those who study or have

studied in the course, collaborating with their opinions regarding the classes, methods and

materials used in the course plan, saying it favored or not in their learning. Responses were

assessed and the results of this analysis showed that the classes and our contents match the

expectations of students pursuing the electric bass lessons at the institution. But before some

answers to some of the respondents, it was also possible to see that there are still points to be

reviewed in class, including how to assess students both when he entered, as during the course.

However, as students said in the interview, these weak points did not compromise the quality

of the classes and their learning throughout the course. Therefore, it was concluded that the

course should be in constant evaluation, always seeking to review the content, methodological

ways of teaching, and listening to the students his collaborations for the best performance of

the work.

Keywords: Bass Electric, Specialized School, Instrument Teaching

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FOTO 1 - Museu Imperial ....................................................................................................... 14

FOTO 2 - Fachada da EMUFRN ............................................................................................. 16

FIGURA 1 – Tablatura e Partitura ........................................................................................... 22

FIGURA 2 – Baixo Acústico ................................................................................................... 23

FIGURA 3 – Baixo Fender Precision modelo 1951 ................................................................. 24

FOTO 3 – Jaco Pastorius tocando um Fretless..........................................................................26

FOTO 4 – Fachada da EMUSC.................................................................................................30

LISTA DE ABREVIATURAS

CD – Compact Disc (disco compacto)

C.E. – Caderno de Entrevistas

EMUFRN – Escola de Música da Universidade do Rio Grande do Norte

EMUSC – Escola de Música Santa Cecília

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

IMWA – Instituto de Música Waldemar de Almeida

RN – Rio Grande do Norte

UFB – Universidade Federal da Bahia

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................. 10

2 ESCOLA ESPECIALIZADA EM MÚSICA................................ 12

2.1 As primeiras formas de ensino musical......................................... 12

2.2 Criação das primeiras escolas especializadas................................ 13

2.3 Escola especializada no Brasil....................................................... 13

2.4 As escolas especializadas no estado do Rio Grande do Norte...... 15

3 O ENSINO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS NAS

ESCOLAS ESPECIALIZADAS................................................... 20

3.1 O ensino do instrumento................................................................ 20

3.2 O baixo elétrico.............................................................................. 23

4 O ENSINO DE BAIXO ELÉTRICO NA ESCOLA DE

MÚSICA SANTA CECÍLIA......................................................... 29

4.1 O contexto de ensino...................................................................... 29

4.2 O curso de baixo elétrico na EMUSC............................................ 31

5 METODOLOGIA.......................................................................... 35

5.1 Metodologia da pesquisa: Estudo de caso..................................... 35

5.2 Entrevista Semi-Estruturada (coleta de dados).............................. 36

5.3 Análise da Coleta de Dados (resultado das entrevistas)................ 37

5.4 Conclusão da Análise..................................................................... 43

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................... 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 47

APÊNDICES.................................................................................. 49

ANEXOS........................................................................................ 50

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1 INTRODUÇÃO

O baixo elétrico é um instrumento relativamente novo, se comparado a idade de outros

instrumentos musicais. Criado em meados do século XX, ele traz consigo características de

outros instrumentos, primeiro o baixo acústico que foi o instrumento no qual se originalizou

sua criação, os dois possuem a mesma afinação e timbres semelhantes. Outro instrumento que

inspirou a criação do baixo elétrico foi a guitarra elétrica, o baixo muitas vezes é confundido

com a guitarra pelo fato de os dois terem anatomia semelhantes, mas existe uma explicação

para isso. Quando Léo Fender, dono de uma fábrica de guitarras, resolveu experimentar

transformar o baixo acústico numa espécie de guitarra grave, ele utilizou peças parecidas com

as das guitarras que fazia como os captadores e trastes por exemplo, tornando-o mais simples

de tocar e transportar quando comparado ao baixo acústico.

O baixo elétrico foi se popularizando entre as bandas de pop e rock, diferenciando assim

o seu papel do baixo acústico, onde o primeiro estava presente nos palcos com bandas mais

populares e o segundo sendo mais visto em concertos de música clássica, ou eventualmente

apresentações de jazz. Daí em diante o baixo elétrico entrou de vez no cenário musical na área

de performance, em apresentações e shows populares, por ser um instrumento fácil de

transportar e mais confortável de se tocar em relação ao baixo acústico.

Contudo, ainda existe uma lacuna na história do baixo elétrico, no que se refere ao

ensino do instrumento, também pouco se fala sobre métodos e materiais científicos a respeito

do tema. Ainda é possível encontrar algum material desenvolvido por músicos (baixista)

abordando sobre o assunto, mas ainda não são consistentes se comparado a outros instrumentos

musicais. Os métodos para os ensino do instrumento são mais comuns de se encontrar escritos

em partituras e tablaturas e alguns com faixas de músicas disponíveis em CD para tornar a

prática dos exercícios mais dinâmicas.

Em relação aos artigos e pesquisas cientificas relacionadas ao ensino do instrumento,

são ainda mais raras publicações a respeito, para desenvolver este trabalho, busquei materiais

desta natureza, no entanto, não foi encontrado tantos materiais acerca da fundamentação teórica.

Esta carência literária não é um problema só do tema “baixo elétrico”, creio que também é uma

dificuldade para pesquisadores de outros instrumentos populares, como a guitarra elétrica, por

se tratarem de instrumentos relativamente novos quando comparados a outros instrumentos

como piano e violão. A falta de um material para o estudo da música voltada para o repertório

da música popular é apontada por músicos e estudantes (REQUIÃO 2002, p. 83).

Motivada pelo apreço que tenho pelo baixo elétrico, preocupada com carência de artigos

sobre o tema, e pela necessidade de realizar uma análise do trabalho que desenvolvo na área de

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educação do instrumento, iniciei este trabalho com a finalidade de discutir, pesquisar e analisar

como se dá o ensino do instrumento nas escolas especializadas. Este trabalho consiste em um

estudo de caso realizado nas aulas do curso de baixo elétrico na EMUSC, escola na qual iniciei

o meu caminho na área da música tendo aulas de violão no ano de 1998 e que atualmente dou

aulas de baixo elétrico.

Para compreender melhor a escola especializada, na primeira parte da pesquisa foi

discorrido sobre como surgiram as primeiras instituições de ensino de música, desde as aulas

que aconteciam nas casas dos mestres que ensinavam aos seus discípulos em suas residências,

até surgirem os primeiros conservatórios e espaços formais de ensino. Neste mapeamento que

foi realizado, também foi analisado o ensino de instrumento nos conservatórios, e nas escolas

especializadas onde normalmente acontecem aulas de instrumento popular.

Em seguida, foi falado sobre o baixo elétrico desde sua criação até as evoluções que o

instrumento vem tendo no decorrer dos anos. Além do desenvolvimento do baixo, é falado

sobre as mudanças que aconteceram nos baixistas, que sempre era visto como um mero

acompanhador em sua banda, mas que de umas década pra cá, vem ocupando lugares de solista

nos grupos musicais. Ainda discorrendo sobre o baixo elétrico, foram apontados alguns

métodos de desenvolvidos para o ensino do instrumento, tanto abordando gêneros estrangeiros,

quanto nacionais.

Para realizar a pesquisa foi feito um estudo de caso, utilizando entrevista como

ferramenta metodológica. Nela, foram entrevistados alunos de baixo elétrico da EMUSC com

o objetivo de falar sobre como acontecem as aulas na instituição. Além disso, também foram

utilizados pesquisas bibliográficas através de métodos e artigos voltados para o ensino do

instrumento como suporte teórico.

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2 ESCOLA ESPECIALIZADA EM MÚSICA

Para haver uma melhor compreensão acerca das escolas especializadas em música, serão

apresentadas as primeiras formas de ensino musical. Neste capítulo, explanaremos a respeito

da fundação das principais instituições de ensino formal da Europa, Brasil e do estado do RN.

2.1 As primeiras formas de ensino musical

As primeiras formas de educação musical surgiram na Europa baseadas na transmissão

de conhecimentos mestre-aprendiz (HARNONCOURT, 1988, p. 29) onde o mestre transmitia

sua arte, seu ofício, e todos os aspectos dela. Assim, além dos conhecimentos específicos de

um instrumento, o aluno aprendia com o seu mestre sobre performance e interpretações

musicais. Ainda, segundo (KIEFER, 1976, p. 35) os Mestres de Música recebiam seus

aprendizes e lhes davam hospedagem, vestimenta completa, alimentação e ensino. Assim, o

contato do aluno com seu mestre não se limitavam apenas nas aulas de música, de fato o mestre

participava ativamente na formação do indivíduo não apenas como um futuro músico, mas na

formação pessoal do aluno.

As aulas de música nesse contexto se caracterizam como o ensino individualizado. Essa

forma de ensino tem como característica, a interação mais direta entre o professor e aluno. O

professor é o mestre que transmite o conhecimento, e o aluno, o que se coloca na condição de

aprendiz.

Esta prática de ensino é semelhante a um modelo de aula individualizada que se tornou

comum nos tempos de hoje, que são as aulas particulares nas residências dos alunos. Nessas

aulas, o professor se dirige a casa do seu aluno, onde acontecem as aulas e o aluno, por sua vez

conta com o conforto e a comodidade de ter suas aulas em casa e de forma exclusiva. Na maioria

dos casos, esses alunos buscam esse modelo de aula para ter o professor unicamente para ele

naquele momento, onde ele pode tirar dúvidas, e ter sua aula de forma privilegiada, acreditando

que assim irá conseguir desenvolver com mais facilidade as habilidades em um instrumento.

Esse modelo de aula individualizada é o que passam todos os alunos que buscam se

aperfeiçoar num instrumento musical. Geralmente acontecem aulas uma ou duas vezes por

semana, em horários previamente combinados entre o aluno e o professor. O ensino

individualizado é definido por pesquisadores como o “modelo conservatorial” onde consiste a

relação tutorial entre o aluno e o professor.

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2.2 Criação das primeiras escolas especializadas

O formato de ensino individualizado se modificou após a Revolução Francesa, que abriu

espaço para instituições formais de ensino, que recebe o nome de Conservatórios de Música.

Esses primeiros conservatórios de música surgiram na Europa, tendo como referência o

conservatório de Paris.

Após a Revolução Francesa, a música alargou os seus domínios, saindo dos

conventos, igrejas e palácios e alcançando o povo. A instrução musical era

bastante calcada na relação mestre/discípulo. (FONTERRADA, 2008, p.59).

Conforme afirma Harnoncourt (ibid), esse sistema de ensino pode ser qualificado como

educação político-musical, isto por que na França, a música era utilizada como forma de

influenciar as pessoas politicamente. Além de uma finalidade sócio-política, estas instituições

tinham o objetivo de tornar a música mais acessível a todos, visto que naquela época só os mais

nobres e cultos tinham acesso a linguagem musical.

O princípio teórico era o seguinte: a música deve ser suficientemente simples,

para que possa ser por todos compreendida, ela deve tocar, excitar adormecer,

seja a pessoa culta ou não; ela deve ser uma “língua” que todos entendam, sem

precisar aprender (HARNONCOURT, 1988, p. 29)

Com isso, a música se tornou compreensível tanto para quem a estudava, quanto para

os espectadores, que passaram a frequentar apresentações musicais. O público, mesmo leigo no

assunto, passou a apreciar melhor as obras musicais da época.

Desde então os conservatórios começaram a se abrir para novidades como,

apresentações dos alunos abertas ao público, o que seria além de uma forma de arrecadar fundos

para se mantar, também servia para a divulgação da instituição. Na virada do século XIX para

o século XX, os conservatórios sofreram reformas, passando a admitir um grande número de

mulheres. (CUNHA, 2009, p. 13).

2.3 Escola especializada no Brasil

Já no Brasil, as primeiras formas de ensino se deram através dos padres jesuítas com o

intuito de catequisar os indígenas (KIEFER 1997). Os jesuítas buscavam sensibilizar os índios

com a arte, e introduziam canções simples e singelas nas celebrações das Missas, a fim de

conquistar novos servos para Deus. A música trazida pelos jesuítas era baseada no modelo

Europeu, mas este tipo de prática musical ainda não se podia denominar como um espaço de

ensino formal, pois a música utilizada era voltada para catequização do índios.

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Anos mais tarde o foi criado o primeiro espaço formal de ensino de música no Brasil, o

“Conservatório de Música do Rio de Janeiro” que teve como fundador Francisco Manuel da

Silva. Antes da fundação do conservatório do Rio de Janeiro, em meados do século XIX, as

aulas de música ocorriam de forma particular, com grandes professores da época. Dentre os

grandes nomes desses mentores, temos o Padre José Maurício Nunes Garcia, Mestre da capela

imperial, e um dos maiores compositores do seu tempo. Ele foi responsável pela formação de

Francisco Manuel da Silva, que além de ter sido o fundador do conservatório de música do Rio

de Janeiro, ficou conhecido pela sua maior obra, a composição do Hino Nacional Brasileiro

(UFRJ, [20--?], p 01).

Francisco Manuel da Silva, também foi um grande defensor dos direitos e interesses dos

músicos profissionais daquela época, ele também fundou Sociedade de Música, que lutava por

esses interesses do meio artístico. A sociedade, tinha o objetivo de formar novos músicos para

orquestras, então no ano de 1841, solicitou ao Governo Imperial a criação de um conservatório

de música, porém sua inauguração só ocorreu no dia 13 de Agosto de 1848. O Conservatório

de Música instalou-se inicialmente em um salão do Museu Imperial, tendo como seu primeiro

diretor Francisco Manuel da Silva (UFRJ, [20--?]).

Foto 1 - Museu Imperial onde funcionou o conservatório de música

Fonte: UFRJ, [20--?]

Com a Proclamação da República, em 1889, o Conservatório deu lugar ao Instituto

Nacional de Música, e teve como diretor o compositor Leopoldo Miguéz (1850-1902). Miguéz

viajou para Europa para colher informações sobre como funcionava o ensino de música por lá,

na viagem ele adquiriu instrumentos, livros, materiais de estudo para o Instituto. Atualmente a

instituição é hoje denominada como Escola de Música da UFRJ fundada no ano de 1848. Outras

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duas escolas de música foram fundadas anos depois, foram as Escola de Música da UFB,

Universidade Federal da Bahia (1895) e o Instituto Estadual Carlos Gomes (1895) localizada

em Belém, Pará (SALLES 1995, apud VIEIRA 2004).

2.4 As escolas especializadas no estado do Rio Grande do Norte.

Anos mais tarde, no estado do Rio Grande do Norte, surgiram os primeiros contextos

de ensino de música decorridos dos conservatórios musicais, aqui denominado Instituto de

Música do Rio Grande do Norte.

No ano de 1933, o quarto Interventor Federal no Rio Grande do Norte, o

capitão-tenente da Marinha e Comandante da Escola de Aprendizes

Marinheiros de Natal, Bertino Dutra da Silva que governou por doze meses

(11 jun. 1932 a 6 jun. 1933), por insistência do prof. Severino Bezerra de Melo,

então Diretor do Departamento de Educação, fundou o Instituto de Música do

Rio Grande do Norte (Decreto n° 425, de 31 de janeiro de 1933).

O Instituto teve como seu primeiro diretor o pianista e professor Waldemar de Almeida,

que meses antes de assumir a direção do Instituto, já havia fundado a Sociedade Cultural

Musical que tinha como objetivo espalhar a arte musical e difundir a sua sistematização

pedagógica. Como diretor do Instituto, Waldemar foi o responsável por estruturar o Instituto

com classes de ensino regulares de canto orfeônico, composição e orquestração, flauta e seus

congêneres, piano, violino e viola, violoncelo e contrabaixo (RIO GRANDE DO NORTE,

1933).

Devido a sua grande importância e contribuição para o ensino de música no estado,

atualmente o Instituto leva o seu nome, titulado hoje como Instituto de Música Waldemar de

Almeida (IMWA) e até hoje, é responsável pela formação de diversos músicos de todas as

classes e seguimentos sociais. Hoje em dia o Instituto oferece cursos diversos, tanto do meio

erudito quanto no popular tais como: violão, guitarra, piano, violoncelo, harmonia, composição

e improvisação, iniciação infantil a música, teoria musical, bandolim, cavaquinho, violino,

flauta doce e transversal, canto e técnica vocal, canto coral, percussão e baixo elétrico.

Waldemar de Almeida ainda participou de outro grande feito para a música Norte-Rio-

Grandense, juntamente com a professora de piano do Instituto de Música da época, Riveca

Mandel, Waldemar de Almeida se empenhou na criação de uma escola de música que

pertencesse a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E assim, no dia 19 de

janeiro de 1962 foi fundada a Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (EMUFRN) como órgão complementar da UFRN, na administração do Reitor Onofre

Lopes da Silva (1959-1971) tendo como primeiro diretor o próprio Waldemar de Almeida.

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A EMUFRN teve sua primeira sede localizada inicialmente no centro da cidade, na Rua

Floriano Peixoto 336, depois se transferiu para um prédio próximo à praça cívica Pedro Velho,

e em seguida se instalou na rua Mipibu 419 até o início da década de 1990. Foi então que em

1991 mudou-se para o prédio na UFRN onde funciona hoje em dia, localizada na rua passeio

dos girassóis, na entrada principal do campus universitário.

Foto 2 – Fachada da EMUFRN

Fonte: dados do autor

Desde o início de sua história, a EMUFRN promoveu vários eventos, dentre eles

concertos, seminários, recitais, festivais, movimentando assim a cultura do estado. Assim, a

EMUFRN passa a se tornar responsável pelo desenvolvimento do cenário musical, formando

grandes talentos no estado do RN (Rio Grande do Norte) e de outros estados também, passando

a se tornar referência na formação de músicos que desejam se profissionalizar na área.

Embora os conservatórios atuais ainda tragam grandes características dos conservatórios

Europeus, é possível perceber uma corrente voltada para um ensino musical que trabalha

gêneros populares. A EMUFRN oferece cursos de Pós-Graduação, Graduação e curso de nível

técnico. Entre esses cursos, por exemplo, existem dois voltados para a área de performance, que

são os cursos Técnico e Bacharelado. E atualmente, boa parte dos cursos oferecidos são

compostos por instrumentos do gênero popular, como: guitarra, baixo elétrico, e bateria.

No ano de 1997, a EMUFRN iniciou o curso de Bacharelado em música, e no ano de

1998, o Ministério da Educação e Cultura, autorizou o funcionamento do Curso Técnico em

Música. O curso Bacharelado, é um curso superior com duração de 4 anos, seu ingresso se dá

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através do vestibular (ENEM) e posteriormente é realizado um teste de habilidade em música

com os candidatos, neste teste é feita uma prova prática para avaliar o conhecimento técnico do

aluno antes de ingressar no curso. Este curso tem como objetivo tornar o aluno apto com

excelência em performance e tendo possibilidade também de seguir uma carreira da docência.

Já no curso técnico, tem sua duração de 3 anos em média, seu ingresso também se dá

através de uma seleção, que são provas de teoria musical e provas práticas. Esse curso tem como

objetivo formar profissionais aptos em sua área e atuar nos campos musicais.

Esses processos de seleção para o ingresso dos alunos é bastante comum em instituições

com características conservatoriais, pois através destes testes é possível avaliar o nível técnico

do aluno e ponderar se ele está apto entrar no curso. Os cursos oferecidos na EMUFRN são os

seguintes:

Bacharelado: Canto, Piano, Flauta Transversal, Trombone, Violão, Violino,

Contrabaixo, Clarinete, Saxofone, Percussão, Fagote, e Oboé.

Curso técnico: de instrumento musical (Clarinete, Contrabaixo Acústico, Contrabaixo

Elétrico, Flauta Doce, Flauta Transversal, Guitarra Elétrica, Oboé, Fagote, Percussão, Bateria

Popular, Piano, Piano Popular, Saxofone, Trombone, Trompete, Trompa, Tuba, Viola, Violão,

Violão Popular, Violino e Violoncelo), Canto, Regência e Processos Fonográficos.

Esses cursos oferecidos pela universidade são voltados para um público que já tem bom

nível musical tanto teórico como instrumental ou em outra área especifica que deseja cursar,

como técnico em gravação. Como preparação para os testes, os alunos buscam espaços onde

possam ter um primeiro contato com o instrumento e conhecimentos de teoria musical, seja

com o objetivo de se especializar em um instrumento, ou para outros objetivos.

Para atender a essa demanda de alunos que desejam estudar música mas não tem o

conhecimento prévio, são sugeridos espaços de ensino não formal, que pode ser denominada

escola especializada em música, ou escolas alternativas de música. Nesses espaços, diferente

dos conservatórios, os alunos não precisam ter um conhecimento instrumental e nem teórico.

Eles buscam esse local justamente para iniciar uma prática musical e como formação para a

vida profissional. Diante dessa realidade Requião afirma que:

Os estudantes que buscam pelos saberes articulados pelas escolas de música

alternativas em seu percurso de formação profissional entendem que nessa

instância irão encontrar um ensino objetivo, direcionado às suas necessidades

imediatas. (REQUIÃO, 2002, pág. 66)

O público que procura as escolas alternativas é composto de várias realidades e faixa

etária, são crianças, jovens, adultos e até idosos que tem objetivos bastante diversificados, há

casos de alunos que buscam as aulas para se preparar melhor para ingressar em cursos técnico

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ou em cursos superiores de música. Mas também existem alunos que buscam essas aulas para

servir melhor no grupo musical da sua igreja, outros que querem aprender um instrumento

simplesmente por hobby, alguns querem aprender a tocar para montar uma banda com os

amigos, e existem casos de alunos que buscam esses espaços por indicação médica, tornando a

aula uma terapia. Essas aulas acontecem normalmente uma vez por semana com horário

combinado com o professor da instituição, e para ingressar em algum curso não há nenhuma

restrição ou teste de habilidade, apenas é cobrada uma mensalidade para que o curso possa ser

mantido.

Essa abertura e flexibilidade é uma forte característica das escolas alternativas de

música, pois quando um aluno busca a escola para um dessas finalidades citadas, ele se torna

participante da elaboração dos objetivos do curso que irá estudar. Entretanto isso não determina

que haja uma ausência de plano de curso ou de estrutura curricular, estes devem existir mas,

precisam estar flexíveis as várias realidades que o professor irá encontrar, para isso o professor

deve estar aberto as necessidades de cada aluno, e ao que cada um almeja durante o curso.

Existem alunos que buscam as escolas alternativas justamente para “aprenderem a

tocar” expressando assim sua vontade de sair de lá capaz de tocar músicas de sua banda favorita

por exemplo, deixando claro para o professor que eles não querem seguir um plano de curso

muito rígido e teórico, mas que desejam desenvolver a parte mais prática no instrumento.

Assim, em consonância com a afirmação de que os alunos tem uma certa autonomia no

conteúdo do curso, Requião expõe que:

Dessa forma, percebemos que a busca de estudantes pelo saber musical fora

das instituições oficiais se deve ao tipo de conteúdo aí oferecido,

intrinsecamente ligado ao repertório, que é determinante para a oferta e

seleção dos instrumentos musicais. Deve-se também à possibilidade de uma

maior autonomia dos alunos em seu percurso de formação. (REQUIÃO, pág.

62, 2002).

Diante deste pensamento, podemos afirmar que nestes casos, a escolha do aluno pelos

espaços de ensino com essas características, também estão ligados ao “saber fazer” como define

Requião. Eles acreditam que a prática é fundamental para a escolha do lugar onde vai estudar

música. Geralmente esta escolha está relacionada com o domínio que o seu professor tem no

instrumento que leciona, esta habilidade com o instrumento acaba se tornando o atrativo para

que o aluno escolha aquele professor para estudar, e nem sempre é levada em conta a formação

docente como um todo, na qual o professor se prepara não só tecnicamente mas também com

ferramentas metodológicas para o ensino. Os estudantes consideram importante que o professor

20

de música seja ou tenha sido um músico atuante. A experiência do músico é vista como um

saber a ser adquirido (REQUIÃO 2002 p. 66).

Contudo, a exigência do aluno a respeito da formação do professor de uma escola

especializada, é baseada pelo espaço que ele ocupa no cenário musical, se ele toca com cantores

famosos, se toca junto com outros grandes músicos, e principalmente se ele é bastante virtuoso

no seu instrumento. E de fato, a maioria dos professores que compõem esses espaços de ensino,

são instrumentistas que dominam sua área específica, ou de músicos que tiveram sua formação

em escolas especializadas, conservatórios de música, e passaram a dar aulas sem

necessariamente ter uma graduação em educação musical por exemplo.

De acordo com pesquisas realizadas a respeito dos professores das escolas alternativas,

aqui denominados como “músico-professor” Requião sugere que:

O músico-professor foi caracterizado como aquele que teve uma formação

profissional voltada para o desenvolvimento de atividades artísticas na área da

música, e que coloca a atividade docente em segundo plano no escopo de suas

atividades profissionais, apesar dessa ser, frequentemente, a atividade mais

constante e com uma remuneração mais regular em seu cotidiano profissional.

Sua atuação como docente se dá prioritariamente no âmbito de escolas de

música alternativas e em aulas particulares, onde desenvolve um trabalho, em

especial, através da música popular brasileira. (REQUIÂO 2002 p. 64).

Ainda a respeito do trabalho realizado por professores em ambientes especializados,

(REQUIÃO ibid) fala sobre os métodos utilizados para as aulas, que em alguns casos, são

elaborados pelos próprios professores buscando sistematizar os conteúdos que serão

apresentados durante o curso, com ênfase ao repertório da Música Popular Brasileira (MPB).

Como fruto de sua atividade artístico-musical, o músico-professor vem

publicando livros com fins de ensino musical, onde a música popular brasileira

tem papel de destaque. São livros que procuram sistematizar conhecimentos

específicos de algum gênero musical brasileiro ou promover o ensino de

algum instrumento musical através de um repertório brasileiro. (REQUIÃO,

2002, pág. 64)

Além de métodos desenvolvidos pelos próprios professores evidenciando o repertório

da MPB, existem métodos bastante utilizado para instrumentos populares que destaca outros

estilos musicais, como o rock, o pop, o jazz e o blues por exemplo. Esses métodos são muito

utilizados para instrumentos dos gêneros populares tais como guitarra, bateria e baixo elétrico.

21

3 O ENSINO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS NAS ESCOLAS ESPECIALIZADAS

No próximo capítulo desta pesquisa, iremos explanar sobre o assunto da educação

musical voltada para o instrumento, enfatizando o ensino do instrumento popular. Por fim,

explicaremos um pouco sobre como surgiu o baixo elétrico, falaremos sobre grandes baixistas

e suas contribuições para a evolução e os materiais que desenvolveram para o ensino do

instrumento.

3.1 O ensino do instrumento

Em meados do século XIX a maneira de transmitir a música era realizada oralmente,

pois os professores daquela época acreditavam que desse modo os alunos desenvolveriam a

prática do improviso exercitando o potencial criativo deles. Esses mestres e compositores da

época, visavam o aumento do conhecimento integral do aluno, ligando os conhecimentos

técnicos do seu instrumento, com as capacidades criativas dos seus alunos. Esse jeito de ensinar,

aqui chamada de “transmissão oral”, consiste no aprendizado pela repetição onde o professor

executa músicas conhecidas pelos alunos, e este por sua vez, tenta reproduzir o que o professor

fez através da “imitação”. (HARDER 2008 p. 133).

Entretanto anos depois, surgiram formas de dinamizar essa metodologia de transmissão

de conhecimentos para os músicos, que foi o aumento da produção de partituras contendo

exercícios e peças para que os alunos pudessem ler e não mais “imitar” seus professores em

sala de aula. Através das aulas com auxílio de partituras, os professores puderam desenvolver

exercícios mais técnicos com seus alunos, porém não exigiam muito do potencial criativo deles.

Sustentando essa afirmação, de acordo com suas pesquisas, Harder afirma que:

Após 1850, aproximadamente, com a produção de partituras impressas em

grande quantidade, apesar de a tradição mestre-discípulo ser mantida, agora

os exercícios, mais técnicos que melódicos, passam a ser estudados a partir

dos métodos musicais impressos. O advento dos métodos impressos levou a

performance musical a se tornar uma arte mais reprodutiva, com menos ênfase

22

na criação e ênfase excessiva no desenvolvimento de habilidades técnicas

(McPHERSON; GABRIELSSON, 2002 apud HARDER).

Ainda segundo a autora, a importância atribuída aos estudos técnicos abriu caminho, a

partir do final do Século XIX para a fase áurea dos grandes e aclamados virtuoses (HARDER

2002 pág. 133). Isso por que após os estudos com reprodução das notas através de partituras,

os alunos passaram a apresentar um aumento significativo no que se refere a técnica no

instrumento e na prática vocal no caso dos alunos de canto. Mesmo assim, ainda é comum aulas

de instrumento com metodologias que trazem características semelhante ao modelo “mestre-

discípulo”, termo já apresentado anteriormente neste artigo, que também contribuem no

desenvolvimento performático do aluno como instrumentista através das aulas individualizadas,

proporcionando assim um contato mais próximo entre o aluno e o professor.

No entanto, é importante salientar que mesmo com todos os benefícios que a notação

proporciona para o estudante de música, que de fato são inúmeros, este aluno pode ser

condicionado a só executar algo no seu instrumento por meio da partitura. Esta dependência da

escrita pode ser observada em alunos de música que estão iniciando os estudos e por isso tem

grande possibilidade de se tornar refém da notação musical, podendo inibir outras habilidades

como o tocar de ouvido e a prática do improviso por exemplo. Reforçando esta afirmação,

França diz que:

O prazer de improvisar de forma lúdica, tocar de ouvido ou por imitação, é

substituído pela “seriedade” de se “ler” uma partitura. Embora a leitura

musical seja um aspecto imprescindível do aprendizado musical, levará anos

até que os alunos sejam capazes de ler e tocar música de forma tão rica e

interessante rítmica e melodicamente, com tão ampla tessitura e textura,

quanto tudo aquilo que ele pode realizar tocando de ouvido, por imitação e,

principalmente, improvisando. (FRANÇA 2000, p. 59).

O ideal é que professor de instrumento tente alcançar um equilíbrio quanto a essas duas

práticas durante as aulas. É importante que o aluno saiba tocar de ouvido, que nas aulas hajam

momentos que proporcionem a exploração da sua criatividade, mas também é de suma

importância que este aluno consiga compreender a música em sua forma escrita, assim o músico

desenvolverá as diversas habilidades na prática do instrumento.

É importante reforçar também que grande parte dos métodos para o ensino de

instrumento estão disponíveis em forma de partituras, daí a importância de que o aluno

compreenda a linguagem musical e sua escrita. Esses métodos, quando elaborados para

23

instrumentos populares, além das partituras dispõe também outro tipo de escrita, que é a

tablatura.

Nesta forma de escrita, as notas não são escritas em linhas e espaços como em um

pentagrama usado para a escrita da partitura, mas as linhas representam as cordas do

instrumento. Com isso o número das linhas podem variar de acordo com o número de cordas

que o instrumento possui, o violão e a guitarra teriam seis linhas por possuírem 6 cordas, já o

cavaquinho por exemplo teria quatro linhas para representar seu número de cordas. Na maioria

dos casos essa escrita é utilizada por instrumentos que possuem trastes, assim, os números sobre

as linhas indicam a casa no braço e a corda que deve ser tocada. Na imagem abaixo, é possível

observar que o trecho musical está escrito nas duas formas de notação: a cima as notas no

pentagrama e abaixo a tablatura com os números indicando em que casa no instrumento está

localizada a nota.

Figura 1 – Tablatura e partitura

Fonte: ROSA, 2014

Esse modelo de notação geralmente é encontrado em métodos para guitarra, violão,

baixo elétrico, entre outros instrumentos populares para auxiliar o aluno quanto a postura da

mão esquerda ao executar uma obra musical. Na maioria das vezes, esse material é

desenvolvido por músicos-professores que disponibilizam apostilas com repertório e técnicas

específicas para o instrumento que serão apresentadas durante as aulas.

As aulas de instrumento podem acontecer de forma individual, ou de forma coletiva,

podendo variar de acordo com cada realidade, pois numa sala pequena para aulas de bateria por

exemplo se torna inviável turmas coletivas devido a intensidade sonora que o instrumento

produz. Diferente de aulas de violão, ou violino por exemplo, que a prática coletiva é possível

pois o som de vários instrumentos sendo tocados ao mesmo tempo não compromete a qualidade

da aula, muito pelo contrário, a prática com mais de um aluno por turma contribui positivamente

para o crescimento musical dos alunos, além de proporcionar um ambiente de socialização.

24

Mas na maioria dos casos de aulas de instrumento popular em escolas especializadas, as aulas

acontecem de forma individual, seja por causa do espaço do ambiente para as aulas, ou pela

preferência dos alunos por aulas com esse perfil.

Nas aulas de instrumentos elétricos como baixo elétrico e guitarra, por exemplo, as

turmas dificilmente terão um número muito grande de alunos, devido a necessidade de

amplificar os instrumentos de todos em caixas de som ou cubos específicos para cada

instrumento. Com isso, na maioria dos casos os alunos e as próprias escolas optam por aulas

individualizadas, ou de no máximo dois alunos por turma.

3.2 O baixo elétrico

A origem do baixo elétrico está inteiramente ligada ao seu descendente, o contrabaixo

acústico que é instrumento mais grave da família das cordas clássicas que é composta por:

violino, viola, violoncelo e pelo contrabaixo. O nome “contrabaixo” é de origem italiana

“contrabbasso” utilizando o prefixo “contra” por atuar uma oitava abaixo da região dos baixos,

assim tanto no contrabaixo acústico quanto no baixo elétrico, as notas são escritas uma oitava

acima na pauta do que soa realmente. Isto é feito para evitar que se escreva várias linhas

complementares na pauta da clave de fá na quarta linha, que é a clave utilizada para escrever as

notas graves no pentagrama.

Até o início dos anos 1950 os baixistas que tocavam fora da realidade de orquestra, em

bandas de jazz principalmente, transportavam aquele instrumento enorme de madeira e sem

trastes, o que além de desconfortável na hora de tocar, era bastante inviável para levar para os

shows, e ensaios.

Figura 2 – Baixo acústico

Fonte: MARCATTO, 2014.

25

No ano de 1951 Clarence Leonard Fender, que é considerado até hoje como o pai do

baixo elétrico, criou o primeiro modelo do instrumento que foi chamado de “Precision Bass”

este baixo foi batizado com esse nome pelo fato de ele possuir trastes, o que permitia uma maior

precisão na hora de tocar as notas, algo que não é tão simples no contrabaixo acústico pois não

tem trastes. Léo Fender, como é popularmente chamado o criador do baixo elétrico, conseguiu

criar um modelo para o baixo elétrico muito semelhante a guitarra, tanto que em algumas

traduções o baixo elétrico é chamado de “Bass Guitar” (Guitarra grave).

Após alguns anos este modelo mudou de nome, passando a se chamar “TeleBass”, este

modelo tinha o corpo em Alder maciço, braço em maple com 20 trastes, dois controles sendo

um para volume e outro para tonalidade, que controla a qualidade do timbre do instrumento,

explorando sons mais graves ou mais agudos. Todas essas possibilidades no timbre, só se

tornaram possível através de um sistema de captação que era composta por um captador (single

coil) simples central, o que já era um avanço naquela época.

Figura 3 – Precision Bass. Modelo 1951

Fonte: BLOOMBERG, 2015.

Mesmo mudando as características físicas, o contrabaixo manteve uma semelhança

razoável na sonoridade com o baixo acústico, a afinação das cordas por exemplo,

permaneceram as mesmas tendo a seguinte ordem: 1ª corda Sol, 2ª corda Ré, 3ª corda Lá, e a

4ª corda Mi. Esta sequência das cordas são contadas de baixo para cima, sendo as primeiras

cordas mais agudas e as últimas mais graves, da mesma forma no contrabaixo acústico.

Algumas décadas depois, o número de cordas nos baixos elétricos passaram a aumentar,

dependendo da necessidade ou do gosto de cada baixista. É possível encontrar em lojas de

instrumentos musicais baixos de cinco ou seis cordas também, acrescentando assim uma corda

Si, mais grave no baixo de cinco cordas, e no baixo de seis cordas, além da “Si” mais grave, é

adicionada uma nova primeira corda com a afinação “Dó” mais aguda. Mesmo acrescentando

essas duas cordas, o baixo elétrico mantém o padrão intervalar de afinação que é de quintas

26

ascendentes, se contadas de baixo pra cima (da primeira até a última corda) ou de quartas

ascendentes, se for contadas de cima pra baixo (da corda mais grave até a mais aguda).

No contrabaixo acústico, existem duas formas básicas de se “tirar o som” do instrumento,

a mais usada em concertos, ou em formato de orquestras é através do uso do arco, pois ele

possibilita uma maior duração das notas, além de permitir ao instrumento uma sonoridade

peculiar. Outra maneira de se produzir som do contrabaixo é através de uma técnica dedilhada

que recebe o nome de pizzicato, que é a técnica utilizada também no baixo elétrico, onde o

baixista toca alternadamente os dedos I (indicador) e M (médio) da mão direita.

Por se tratar de um instrumento elétrico, o baixo precisa de outros equipamentos para

ouvir o seu som com mais clareza, já que não se trata de um instrumento acústico. Existe uma

variedade de opções de amplificadores, mas é importante saber escolher o ideal para cada

situação, seja para um show, ensaio, ou mesmo para estudo. Assim, em seu método para

baixistas iniciantes, (Pescara 2004) sugere:

Para o estudo efetivo do contrabaixo elétrico necessitamos de uma

amplificador de, no mínimo, 25Watts. Pequenos amplificadores de estudo são

encontrados no mercado musical, porém para apresentações ao vivo conte

sempre com aparelhagens de 200watts RMS (potência nominal real) para

competir com o volume dos bateristas e guitarristas. (PESCARA, 2004 p. 13)

Ao longo do tempo surgiram novas técnicas para tirar sons do baixo elétrico, entre as

mais populares podemos citar o slap, através desta técnica é possível explorar sons percussivos

no baixo. Esses sons são produzidos através de notas percutidas com o dedo polegar e com

“estalos” com o dedo indicador da mão direita. Além do slap, outra técnica utilizada pelos

baixistas é o tapping técnica em que o músico apenas aperta as cordas contra o braço, utilizando

as duas mãos simultânea e coordenadamente tal qual um pianista. (FALCON, 2014 p. 5).

Com o passar dos anos, não só o baixo elétrico foi evoluindo mas o perfil dos baixistas

também foram modificando ao longo do tempo, e prova disso são as técnicas já citadas. Isto

mostra que o papel do baixista numa banda, não se resume apenas em um mero acompanhador,

mas que em alguns momentos ele pode vir a ser solista dependendo da situação e da proposta

obviamente.

Dentre os baixistas que se destacaram ao saber fazer bem os dois papéis, o de solista e

de bom acompanhador, podemos citar Jaco Pastorius (1951-1987) que é considerado até hoje

como o maior baixista de todos os tempos. Jaco é também é lembrado por suas obras musicais

como “The chicken”, “Dona lee”, “Teen town”, e por suas técnicas utilizadas que caracterizou

seu jeito próprio de tocar baixo.

27

Foto 3 – Jaco Pastorius tocando em um fretless

Fonte: ELÉTRICO.COM.BR, [20--?].

Além de Jaco Pastorius, outros nomes de grandes baixistas são lembrados

internacionalmente como: Stanley Clarke, Anthony Jackson, Larry Graham, Victor Wooten,

Marcus Miller, entre outros. Dentre os grandes baixistas do Brasil, podemos citar os nomes de:

Luizão Maia, Nico Assumpção, Arthur Maia, Adriano Giffonni, Jamil Joanes, Celso Pixinga,

André Neiva, além de outros grandes talentos espalhados pelo Brasil atualmente.

Entre as décadas de 60 e 70, o baixo elétrico ganhou de vez espaço no cenário musical,

com destaque nos gêneros musicais jazz, pop, rock, funk, soul music. Um dos baixistas que se

tornou famoso nessas décadas foi o Paul McCartney da banda “The Beatles”, com suas linhas

melódicas muito bem trabalhadas e com a repercussão da banda, ele foi um dos primeiros a

inserir o baixo elétrico neste contexto.

No Brasil, um dos primeiros a utilizar o baixo elétrico, foi o grande Luizão Maia (1949-

2005) baixista referência em gêneros brasileiros, com ênfase no samba. Além de ser

considerado o “pai do groove brasileiro” Luizão também tocava jazz, ritmos latinos, e o que

mais precisasse. Ele acompanhou e gravou com artistas nacionais e internacionais tais como:

28

Lee Ritenour, George Benson, Herbie Hancock Gal Costa, Elis Regina, Chico Buarque, entre

outros artistas entra as décadas de 70, e 80. (Fonte: blog baixista brasil)

Em suas técnicas e linhas melódicas, o baixo sempre trouxe consigo influências

estrangeiras, como levadas de walking bass e de soul music por exemplo. Isto se torna comum

entre os baixistas pois entre os poucos métodos desenvolvidos para o estudo do instrumento, a

maioria são de origem estrangeira, em especial para os standards de jazz, rock, pop que são

estudados pelo mundo a fora.

Em alguns métodos, são abordados primeiramente assuntos para quem nunca teve

contato com o instrumento, então normalmente são apresentados aspectos históricos do baixo

elétrico, a anatomia do instrumento, e postura do baixista ao tocar no baixo. Outra característica

destes métodos, é que eles geralmente vem escrito em partitura (na clave de fá) e alguns com a

tablatura. Além disso vários deles dispõe de um CD com trilhas contidas nas apostilas.

Entretanto, grande parte desse material é de origem estrangeira, com isso os exercícios

que são propostos, são baseados em “levadas” de funk, pop, jazz entre outros gêneros em sua

maioria americano. Contudo é possível encontrar materiais de ritmos latinos como o método

“Afro-Cuban Bass Grooves” dos autores Manny Patino e Jorge Moreno, neste método são

abordados gêneros tais como: Guajira, Mambo, Cha cha cha, Merengue, Songo, Salsa.

Métodos como este, contribuem para que o baixista se torne mais eclético em seu tocar, abrindo

horizontes para novas técnicas, outras variações de levadas (groove) e divisões rítmicas.

Durante esta pesquisa pude perceber nos materiais para o ensino de baixo elétrico que

encontrei, que boa parte deles são baseados em “dicas de levada” para determinado estilo, ou

guias para executar uma determinada técnica, e na maioria dos casos esta técnica é o slap. Um

dos métodos usados para trabalhar essa técnica é o “Slap IT! Funk Studies for the electric bass”

do autor Tony Oppenheim, que aborda o uso da técnica em levadas de funk. Além deste, outros

materiais foram desenvolvidos com a finalidade de aprimorar tal técnica aqui citamos mais dois,

o “Slap & Pop Bass” do autor David Overthrow e o método “Slap Bass for five & six-string

bass” onde o autor Chris Matheos aborda a técnica do slap para baixos de cinco e seis cordas.

Além desses métodos já mencionados, outros materiais de ensino são adotados por

professores do baixo elétrico, como o método “The Bass Book, A Complete Illustrated History

of bass Guitars” de Tony Bacon e Barry Moorhouse. Outro método estrangeiro que, inclusive

tem versão disponível em português, é bastante adotado por professores de contrabaixo é o livro

“Baixo Elétrico Composite” do autor e baixista Dan Dean. Este método está disponível em três

volumes, que além do material escrito em partituras e tablaturas, inclui também um CD em cada

volume com trilhas que estão escritas nas apostilas.

29

No Brasil, também existem alguns métodos desenvolvidos para o ensino do baixo

elétrico que vão desde os primeiro exercícios para iniciantes, onde podemos citar aqui o método

“Contrabaixo completo” do autor Jorge Pescara, até a métodos mais avançados, como é o caso

do livro do baixista Ebinho Cardoso intitulado “Harmonia e dicionário de acordes para baixo

elétrico” que aborda o uso de acordes para baixo elétrico.

Entre os método brasileiros, sem dúvida um dos mais utilizados estão dos métodos

“Música Brasileira Para Contrabaixo I e II” do baixista Adriano Giffoni, onde ele apresenta

opções de levadas para ritmos brasileiros como: Xote, Baião, Forró, Frevo, Carimbó, Bossa

Nova. Além desses ritmos, ele apresenta em seu livro vários tipos exemplos no ritmo de samba

como: samba partido alto, samba-Funk, sambaião, samba canção, e técnicas de slap no samba.

E sem deixar de citar o livro do saudoso baixista Nico Assumpção (1954-2001) “Solo

Bass, Segredos da Improvisação”. Neste método, são abordados assuntos sobre campo

harmônico maior e menor, modos gregos, escalas pentatônicas, acordes e arpejos. Este material

tem o objetivo de tornar o baixista, que já tem alguma experiência no instrumento, capaz de

criar solos e improvisos.

Mesmo com essas opções citadas, ainda há uma carência de materiais para o ensino do

baixo elétrico, é comum os baixistas se utilizarem também de métodos de baixo acústico e de

outros instrumentos para suprir a falta no acervo. Entretanto, por ainda ser uma instrumento

novo em relação a idade de outros instrumentos musicais, novos métodos ainda estão sendo

desenvolvidos e aperfeiçoados para o baixo elétrico.

Diante das alternativas dos materiais já produzidos para o ensino de contrabaixo, os

professores que ainda não tem seu material próprio de ensino utilizam-se desses métodos para

empregar em suas aulas. Com os conteúdos dos métodos que foram citados aqui, já é possível

construir um bom plano de curso que atenda às necessidades dos alunos e dos professores

também. Mas claro que existem outros materiais e até alguns artigos de pesquisa com propostas

de ensino para o baixo elétrico que atenda a outras necessidades.

30

4. O ENSINO DE BAIXO ELÉTRICO NA ESCOLA DE MÚSICA SANTA CECÍLIA

Para melhor compreender o espaço onde acontecem as aulas de baixo elétrico, será

apresentado neste capítulo as caracterizações do contexto de ensino. Também será mostrado

como surgiu o curso na instituição.

4.1 O contexto de ensino

A Escola de Música Santa Cecilia (EMUSC) foi fundada no ano de 1999 pela

Comunidade Católica Veni Cretator Spiritus com o intuito de formar tecnicamente os ministros

de música da Igreja Católica de Natal, a princípio oferecendo cursos de violão popular, teclado

e técnica vocal. As aulas aconteciam na casa onde moravam os membros missionários da

comunidade, mas com o aumento da procura pelas aulas, a escola foi transferida para um prédio

exclusivo.

Localizado numa área comercial, a hoje em Emusc fica instalada na rua Apodi 229,

Centro de Natal/RN desde o ano 2000. O prédio dispõe atualmente de 7 salas de aula, sendo 3

climatizadas e uma com isolamento acústico (sala de bateria), recepção, copa, banheiros

masculino e feminino. Há também um espaço de apoio pedagógico onde ficam à disposição dos

professores os instrumentos (violões, baixos, guitarras), materiais de secretaria, além de um

computador, uma impressora e acesso à internet via wifi. Na escola, existe um acervo de

materiais pedagógicos, métodos, livros, e CDs, que ficam à disposição para empréstimos aos

professores e alunos.

31

Foto 4 – Fachada da EMUSC

Fonte: dados do autor

Em um prédio maior, a escola pode acolher não somente novos alunos para os cursos já

oferecidos no início de sua fundação, mas também oferecer novos cursos, então com este espaço

a EMUSC aumentou o número de vagas e de cursos. As aulas acontecem em horários

estabelecidos de acordo com a disponibilidade que os professores colocam a cada início de ano

letivo, nos turnos que podem ser pela manhã, tarde ou noite. Cada aula tem a duração de 1h e

acontecem uma vez por semana.

Para manter a escola, que tem custos como: aluguel do prédio, contas de água, luz,

telefone, internet, IPTU, manutenção dos equipamentos e pagamentos do professores, é cobrada

uma taxa mensal aos alunos. Desde sua fundação a escola tem se mantido apenas com as

mensalidades dos alunos, pois ela ainda não conta com parceiros, patrocinadores, ou algum tipo

de projeto de incentivo à cultura.

Com o aumento dos cursos e da demanda de alunos, a escola precisou aumentar o

número da equipe de funcionários, atualmente a escola conta com o seguinte quadro de

funcionários: 2 recepcionistas, 2 professores de bateria, 3 professores de guitarra e violão

popular, 1 professora de teclado e teoria musical, 1 professor de acordeom, 1 professor de

técnica vocal e 1 professora de baixo elétrico.

32

Quanto a formação do corpo docente que leciona na escola atualmente, 1 professor tem

formação superior em música no curso de licenciatura, 1 está estudando o curso na universidade

e mais 4 professores estão concluindo o mesmo curso no ano corrente. Outros professores

possuem cursos técnicos no instrumento que leciona.

Pelos cursos oferecidos, é possível notar que se trata de uma escola voltada pro ensino

musical popular, isso se reflete tanto no perfil dos professores e seus planos de curso, quanto

nos alunos que chegam a escola e no que eles buscam nela. De fato, hoje a EMUSC é uma das

poucas escolas na cidade hoje em dia, que oferece essas opções de cursos para os estudantes de

música, pois não é muito comum alunos encontrarem professores de acordeom, bateria e teclado

por exemplo. Mas além desses cursos, a escola recebe alunos interessados nos instrumentos

mais populares entre o público como: violão, guitarra, canto popular e baixo elétrico, e a

respeito das aulas deste último instrumento iremos discorrer aqui.

4.2 O curso de baixo elétrico na EMUSC

As aulas de baixo elétrico na EMUSC só tiveram início no ano de 2001, o professor que

lecionava nas aulas de baixo neste período, também ensinava violão popular e guitarra, ele foi

o responsável por estruturar as aulas de baixo elétrico na escola, e ficou à frente do curso até o

ano de 2003. No ano de 2004 tive uma breve passagem pela EMUSC, dei aulas de violão e

baixo elétrico naquele ano apenas, e no ano seguinte solicitei desligamento das aulas na escola

para me dedicar aos estudos. Então no ano de 2005 a escola admitiu um novo professor para as

aulas de baixo elétrico, ele ficou à frente do curso até o ano de 2007, ano em que voltei a dar

aulas e onde leciono desde então.

Durante o ano em que estive a frente do curso na minha primeira passagem na EMUSC,

adquiri experiência em sala de aula, sobre como conduzir as aulas, a me comunicar com os

alunos buscando a melhor forma de passar os conteúdos, e a lidar com os mais variados perfis

de alunos. Então, após retornar para a escola mais uma vez, já trazia comigo uma bagagem de

conhecimentos a respeito do instrumento além e de já ter vivido a realidade de sala de aula na

mesma instituição. Assim com todos esses conhecimentos me senti preparada para assumir esta

tarefa.

Para desenvolver esse trabalho, busquei manter a base do plano de curso que o último

professor tinha elaborado, fazendo algumas alterações e incluindo neste plano o material que

vinha usando no instituto onde eu tinha aulas de baixo elétrico. E foi assim que comecei a

estruturar o meu plano de curso, utilizando métodos que meu professor utilizava nas aulas, eu

via que funcionava comigo e também queria passar isso para os meus alunos. E assim fui

33

elaborando minhas aulas por alguns anos, tendo como base a forma como meu professor me

ensinava os assuntos que eram passados, além dos livros e métodos que também entraram nos

planos de aula.

Porém, haviam situações em que o método que o meu professor aplicava comigo não

funcionava com alguns dos meus alunos, e então nesses casos eu tinha que criar meu jeito

próprio de dar aulas. Com o passar dos anos, fui sentindo a necessidade de buscar formação

para como desempenhar melhor o meu trabalho como professora, foi então que decidi me

profissionalizar na área da educação musical ingressando no curso de licenciatura em música

no ano de 2010.

Durante o curso aprendi novas metodologias para a educação musical, e também passei

a pesquisar sobre os métodos ativos. Logo comecei a utilizar em minhas aulas metodologias de

ensino baseadas nos pensamentos do pedagogo musical Émile-Jaques Dalcroze (1865-1950)

que aborda o ensino musical voltado para a escuta e a rítmica. Além de Dalcroze, outro pensador

musical contribuiu para a estruturação do curso com base nos métodos ativos, os pensamentos

de Edgar Willems (1890-1978) que inclusive foi aluno de Dalcroze, em seus método Willems

ressalta a importância da escuta. Na explicitação das diferentes qualidades de audição, Willems

remete-se a três verbos: ouvir, escutar e aprender. (FONTERRADA 2008, p.140). Ainda

segundo a autora, Willems advoga a necessidade de que o preparo auditivo se dê anteriormente

ao ensino de um instrumento musical, pois a escuta é a base da musicalidade. (FONTERRADA,

2008, p. 139).

Fundamentada nos pensamentos de Willems, as aulas contou com o técnicas baseadas

em propostas educativas do pensador, como automatização da escala através de solfejos, que

nas aulas de baixo são feitos associados a prática no instrumento. E para abordar assuntos

relacionados a propriedades do som, foram utilizados gráficos para representar os sons.

“Como a atenção primordial de Willems concentra-se no fenômeno sonoro,

é natural que incentive a escuta e a compreensão do som como entidade física;

portanto, apresenta exercícios especiais para a distinção auditiva dos

parâmetros do som, isto é, altura, duração, intensidade e timbre, priorizados

nos primeiros exercícios de escuta” (FONTERRADA, p.142-143).

Através dos usos desses gráficos, a compreensão dos alunos a respeito do assunto das

propriedades do som foi facilitada através da dinâmica proposta na atividade. A automatização,

proposta pelo pensador, ajudou aos alunos nos estudos de escalas onde eles tocavam e

solfejavam as notas simultaneamente.

34

Além dos métodos ativos, também se faz necessário métodos próprios para o ensino de

baixo elétrico, abordando conteúdos peculiares ao instrumento como técnicas, aspectos

históricos, e exercícios. Entre os materiais utilizados atualmente no curso, prevalece-se os

seguintes métodos:

Baixo Elétrico Composite do autor Dan Dean. O método dispõe de três volumes,

e juntamente com os livros acompanha um CD, com as trilhas escritas na

apostila. Este método, é direcionado para um público que vai do iniciante, até os

que já tiveram algum contato com o instrumento. Nas aulas utilizo ele para os

alunos iniciantes e para os estudantes que, mesmo já tendo alguma experiência

com o baixo, ainda não sabem ler partitura.

Música Brasileira para Contrabaixo do baixista Adriano Giffoni. Este método é

voltado para estudantes que já tem uma certa experiência tanto na prática do

instrumento, quanto na leitura de partitura. Em seus dois volumes, o material

aborda gêneros tipicamente brasileiros, e também dispõe de um CD contendo as

trilhas que estão escritas como exercícios ao longo dos livros. Este método é

usado com alunos que já tem um bom nível técnico, principalmente no que se

refere a leitura na pauta.

Solo Bass, Segredos da Improvisação do baixista Nico Assumpção. No método,

o autor aborda assuntos relacionados a harmonia e improvisação, e é voltado

para estudantes que já possuem um nível técnico avançado. Este método foi

implantado no curso recentemente, buscando dar ao alunos suporte nos assunto

de harmonia, modos gregos e improvisação.

O plano de curso de baixo elétrico da EMUSC, é pensado para atender as necessidades

dos alunos que buscam a escola almejando conhecimentos básicos, com isso através dos

métodos utilizados, procura-se atender as aspirações desses estudantes. É claro que existem

diversas realidades no público que procura a escola, alguns buscam as aulas para aprender o

instrumento porque gostam do som, outros porque encontram na prática do instrumento uma

35

forma de diversão, outros que procuram as aulas de baixo para tocar em igrejas, existem

também alunos que procuram a escola para se profissionalizar na área da música.

Diante dessa variedade de anseios, o curso precisa ter uma boa estruturação e o professor

ter flexibilidade para atender essas necessidades. Com isso o desafio do educador nesse

contexto de ensino é constante, pois como a escola é aberta ao público que traz consigo

objetivos bastante variados, cabe ao professor buscar novas metodologias de ensino que atenda

essa demanda. Portanto, nas aulas de baixo, procuro elaborar planos metodológicos que se

enquadrem nas realidades dos alunos e suas peculiaridades, buscando assim corresponder às

pretensões que os alunos trazem ao ingressar no curso.

36

5 METODOLOGIA

A presente pesquisa foi realizada na EMUSC com o objetivo de colher informações

sobre a instituição de ensino, e dados descritivos de alunos e ex-alunos do curso de baixo

elétrico, a respeito das aulas neste curso. Para a coleta de dados utilizou-se como metodologia

as ferramentas do estudo de caso, a pesquisa bibliográfica e a entrevista semi-estruturada.

Do ponto de vista da natureza da pesquisa, podemos considerá-la como uma pesquisa

aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de

problemas específicos (Silva e Menezes, 2005). Quanto a abordagem do problema da pesquisa,

ela se caracteriza como uma pesquisa qualitativa, como afirma Silva e Menezes (2005):

A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no

processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas

estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o

pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a

analisar seus dados indutivamente. (Silva e Menezes, 2005, p. 20)

Desta forma, o pesquisador qualitativo conseguirá realizar uma análise mais profunda

dos dados colhidos, baseadas em palavras ou imagens, além de entrevistas, fotos, vídeos e

citações (Biklen e Bogdan 1994). Como procedimentos técnico para pesquisa, optamos pelo

estudo de caso, que conforme nos assegura Gil (1991, apud SILVA & MENEZES, 2005) é

quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se

permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

5.1 Metodologia da pesquisa: Estudo de caso

O estudo de caso é uma técnica de pesquisa que permite ao pesquisador estudar as

características e as complexidades de um simples caso conforme afirma Robert Stake: “O

estudo de caso é o estudo da particularidade e complexidade de um único caso, chegando a

compreender a sua atividade dentro de circunstâncias importantes” (Stake 1995, p. vi). Já o

autor Robert K. Yin (2005), define o estudo de caso como:

[...] uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo (o

caso) em profundidade e em seu contexto de mundo real, especialmente

quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente

definidos. (Yin, 2005, p. 32)

O estudo de caso se caracterizou nesta pesquisa fundamentado em alguns fatores: a

escolha de um determinado contexto de ensino e o relato acerca do ensino musical envolvido

37

nesse contexto. Sobretudo, além desses pontos citados, este tipo de investigação permite um

maior aprofundamento no diagnóstico do objeto de pesquisa, que se dá através da variedades

de procedimentos adotados para a coleta de dados.

A respeito dessa afirmação, GIL (2009) elenca características essenciais do estudo de

caso, entre estas particularidades ele descreve que o estudo de caso “é um estudo em

profundidade” e que “se difere de outros delineamentos”.

[...] O estudo de caso difere significativamente de outros delineamentos no

que se refere a este item. Nos levantamentos, por exemplo, utilizam-se

instrumentos padronizados para coleta de dados, como o questionário e a

entrevista estruturada [...] Nos estudos de caso, ao contrário, as entrevistas

tendem a ser pouco estruturadas, com vistas a obtenção de dados

caracterizados por um maior nível de profundidade. (Gil, 2009, p.7)

Com isso, através do estudo de caso, a pesquisa contou com maior qualidade do uso de

procedimentos a fim de explorar mais os dados coletados.

Foi utilizada como ferramenta metodológica a pesquisa bibliográfica, onde foi abordado

alguns teóricos como: HANONCOURT (1988), KEIFER (1997), CUNHA (2009), REQUIÃO

(2001) (2002). Também foram utilizados na pesquisa, métodos específicos para o ensino de

baixo elétrico, entre os autores mais utilizados podemos destacar: ASSUMPÇAO (2000) e

GIFFONI (1997).

5.2 Entrevista Semi-Estruturada (coleta de dados)

Procurando compreender melhor os processos de ensino musical, realizou-se uma

entrevista semiestruturada com os alunos do curso de baixo elétrico, onde por meio de algumas

questões foi possível coletar dados relevantes para essa investigação. As entrevistas

semiestruturadas combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a

possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. (BONI e QUARESMA 2005).

A entrevista semiestruturada foi escolhida como instrumento de pesquisa, pela

possibilidade que o informante tem de falar sobre suas experiências com mais liberdade,

permitindo que o entrevistado responda com espontaneidade as questões elaboradas pelo

pesquisador. A flexibilidade das perguntas também é uma forte característica da entrevista

semiestruturada, pois neste tipo de entrevista as questões podem não seguir uma ordem prevista,

podendo assim abrir espaço para novas perguntas, dependendo da necessidade de um

aprofundamento maior no assunto.

38

Entretanto o pesquisador que realiza a entrevista deve estar atento para que essa

liberdade nas respostas não o prejudique na pesquisa, conforme alerta Gil:

A entrevista precisa estar centrada naquilo que é importante saber. Logo, é

necessário que, de alguma forma o entrevistador conduza a entrevista para

evitar a perda do foco (Gil, 2009 p. 70)

Assim, se em suas respostas o entrevistado foge do assunto proposto, cabe ao

entrevistador retomar o foco da entrevista para não correr o risco de perder informações

importantes para análise, pois o objetivo principal do uso da entrevista como técnica de pesquisa

é a coleta e em seguida a apreciação dos dados coletados. Além desse cuidado com as respostas

obtidas, é necessário que o entrevistador organize bem as perguntas, pois a obtenção de boas

respostas tem muito a ver com o tipo de questão que é formulada Gil (2009).

Para a coleta de dados, as perguntas foram elaboradas na perspectiva de obter

informações ligadas ao problema em questão na pesquisa, que é como se dá o ensino de baixo

elétrico na Escola de Música Santa Cecilia. Para tal, foram selecionados alunos que atualmente

fazem o curso de baixo elétrico, e também ex-alunos que já estudaram baixo elétrico na

EMUSC.

De acordo com Biklen e Borgan (1994), a análise é a forma de organizar os dados

coletados nos trabalhos de campo e entrevistas.

A análise de dados é o processo de busca e de organização sistemático de

transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram

sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão

desses mesmos materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que

encontrou. (Biklen e Bordgan, 1994, p. 205)

Na análise dos dados, segundo Marconi e Lakatos (2010), o pesquisador entra em

maiores detalhes sobre os dados decorrentes do trabalho estatístico, a fim de conseguir respostas

às suas indagações.

5.3 Análise da Coleta de Dados (resultado das entrevistas)

Para melhor contribuir com o relato, foram realizadas entrevistas com ex-alunos e

alunos atuais do curso de Baixo Elétrico da EMUSC. Diante das perguntas elaboradas, foi

escutado deles em que o curso colaborou no seu crescimento musical ou colabora no caso dos

alunos atuais. Na entrevista realizada, tive a oportunidade de saber deles o que poderia ter sido

39

diferente ou acrescentado no curso para melhor aprendizado e compreensão em determinados

assuntos.

Foram entrevistados quatro alunos, dentre eles, dois ex-alunos, e dois que ainda estão

cursando as aulas de baixo elétrico. Esta entrevista procurou saber dos alunos as contribuições

e impressões que as aulas de baixo elétrico proporcionou na sua formação musical. Também

foi indagado sobre o que poderia ter sido feito diferente, e o que eles poderiam sugerir para

melhorar nesses pontos falhos. Durante a entrevista pude perceber a leveza e abertura dos

entrevistados para tratar dos assuntos, todos aparentaram se sentir livres para responder, visando

o melhor para o crescimento do curso e desta forma contribuindo para a realização desta

pesquisa.

Será realizada a análise e a interpretação dos dados coletados, que conforme Marconi e

Lakatos (2010) constituem-se no núcleo central da pesquisa, sendo a análise a tentativa de

evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado, e a interpretação é a atividade

intelectual que procura dar um significado mais amplo as respostas, vinculando-as a outros

conhecimentos.

Antes de iniciar as perguntas relacionadas ao curso de baixo elétrico, foi pedido a

autorização para a publicação da entrevista, sendo concedida verbalmente por cada um dos

alunos entrevistados. Entretanto, para preservar o anonimato dos alunos optou-se por identificar

os entrevistados por pseudônimos: Aluno 1, Aluno 2, Aluno 3 e Aluno 4, sendo os alunos 1 e 2

ex-alunos e os alunos 3 e 4 alunos atuais do curso.

1-Por que estudar música?

Com relação a primeira pergunta as respostas dos alunos foram distintas. O aluno 1

respondeu que o estudo da música foi importante no que se refere a aprendizagem da teoria e

prática instrumental. Segundo o ele: “um dos motivos que me levaram a estudar música foi para

o crescimento na parte teórica e consequentemente vir a melhorar o meu desempenho nos

instrumentos que eu toco”.

Já o aluno 2 falou que a música contribuiu para a melhoria da autoestima e descontração.

Em relação ao aluno 3, o mesmo compartilhou que começou estudar música por que ela é

importante para a vida. E por fim, a música para o aluno 4 foi utilizada como um meio para a

melhoria de outras áreas, ajudando-o na concentração e no raciocínio.

40

2-Qual era a sua expectativa com relação as aulas de baixo elétrico?

Nesta segunda pergunta, as respostas também variaram, cada um teve expectativas

diferentes com relação ao ingresso no curso. O Aluno 1 disse que queria se aprofundar mais no

instrumento, explorar técnicas diferentes que ele mesmo já tendo alguma experiência como

baixista, ainda não sabia executar. Já o Aluno 2 não havia criado expectativas para o curso mas

foi surpreendido no decorrer das aulas. Segundo ele:

No início minhas expectativas eram baixas. Como eu queria aprender apenas

para diversão, bastava apenas saber minimamente sobre o instrumento para

nos momentos de reunião com amigos, fazer algum som que agradasse a mim

e as pessoas que estavam tocando ou escutando. Só que no decorrer do curso

fui cada vez mais me aprofundando e as expectativas cresceram, e ai comecei

a exigir mais de mim e fui deslanchando até um ponto que eu parei pra

realmente estudar o baixo. (Aluno 2, CE, p. 4)

O aluno 3 espera estudar a fundo o instrumento, para se juntar a algum grupo de amigos

para mostrar o que aprendeu e dividir experiências com esses amigos do meio musical. Por fim

o aluno 4 escolheu estudar baixo primeiramente por que já tinha uma experiência musical

através de outros instrumentos e queria conhecer um pouco mais do baixo, além de ver na

prática do instrumento uma espécie de hobby.

3-Quais as dificuldades encontradas durante as aulas?

Nesta terceira pergunta, algumas respostas foram semelhantes, cada um foi

apresentando suas dificuldades que em quase todos os casos se tratavam da compatibilidade

dos horários das aulas do instrumento, com horários de trabalho e das atividades da vida

cotidiana dos alunos. Isto resulta em problemas com as atividades propostas para estudar em

casa, nem todos conseguiram administrar o tempo de suas atividades com as exigências do

curso de música.

Já outros não conseguiram acompanhar os estudos e conteúdos cobrados em sala de

aula, como foi o caso do aluno 1, segundo ele, os assuntos que foram passados eram bastante

complexos para o nível técnico dele, e isso acabava exigindo que ele se esforçasse mais nos

estudos extra sala de aula. O aluno 2 acredita que a falta de estudos em casa, e que durante as

aulas a falta de concentração durante as explicações, se tornaram fatores que dificultaram o

aprendizado dele durante o curso. Ele também falou sobre dificuldades relacionadas ao seu

desempenho, ele disse que sempre teve muita dificuldade de executar alguns ritmos.

41

O aluno 3, mencionou a dificuldade de conciliar os horários de trabalho com as aulas,

já que ele não tem horário fixo no trabalho, e também devido as modificações constantes dos

horários das aulas, pois os horários da professora sofria alterações a cada semestre devido os

horários das aulas na universidade. Essas mudanças de horários, segundo ele, acabou

dispersando um pouco as aulas. O aluno 4 também apresentou as dificuldades a respeito dos

horários, pois ele trabalha e é estudante universitário, e o tempo para os estudos do instrumento

acabam ficando difícil de conciliar com as outras atividades. Além disso ele disse sentir

dificuldades com o instrumento em si, sobre como tirar o som, pois ele sempre usou palhetas

enquanto guitarrista. A anatomia do baixo também foi mencionado pelo aluno, por ser um

instrumento maior do que os que ele já havia estudado como, guitarra, violino, e violão, foi

difícil no início para ele se adaptar.

4-Diante das dificuldades, o que poderia ter sido feito diferente?

Em relação as dificuldades apresentadas na questão anterior, os alunos foram ficando

mais à vontade pra recomendar o que poderia ter sido feito diferente. O aluno 1, acredita que

para resolver o problema apontado por ele na questão anterior, que era a dificuldade de

compreender assuntos mais complexos, a solução seria uma sondagem do nível técnico do

aluno, averiguando o que ele já tem de conhecimentos prévios, corrigir possíveis erros, para ai

sim dar seguimento no conteúdo do curso. Já o aluno 2 disse que ambas partes poderiam ter

contribuído para vencer essas dificuldades, tanto ele como aluno como a escola. De sua parte

ele diz que poderia ter se dedicado mais aos estudos, e a escola poderia ter investido melhor em

aulas teóricas. Em sua resposta ele sugere que, se houvessem aulas de teoria paralelas as aulas

de instrumento teria ajudado mais ele a compreender a música e sua linguagem.

O aluno 3 por sua vez, diz que infelizmente não tem muitas opções pra solucionar essas

dificuldades, que consiste na compatibilidade dos horários dele e da professora, ele diz que não

pode abandonar o trabalho e nem a professora pode largar o curso que faz na universidade.

Diante disso, o que resta é esperar um horário compatível para ambos, e tentar manter fixo os

dias das aulas. Por fim, o aluno 4 sugere a utilização de um número maior de músicas na prática

instrumental. Com isso, ele conseguiria se familiarizar com a anatomia do baixo elétrico e suas

técnicas, adquirindo assim mais segurança ao tocar. Ele também acredita que aulas

individualizadas o ajudariam mais na compreensão do instrumento, pois assim ele teria uma

total atenção da professora para tirar suas dúvidas durante a aula.

42

5-Quais os conteúdos que mais foram importantes para sua aprendizagem?

Porquê?

As respostas dos alunos a essa questão foram bastante semelhantes em sua maioria,

todos os entrevistados enfatizaram os conteúdos relacionados a escalas, e principalmente a

formação de acordes. Embora o baixo elétrico não seja um instrumento harmônico, ou seja, nele

não se toca as notas do acordes simultaneamente, os estudos sobre como são formados os

acordes e os arpejos desses acordes, são de suma importância para quem toca o instrumento,

contribuindo para o baixista ter mais opções de notas para criar suas “levadas”, grooves e até

mesmo para os mais experientes, criar seus próprios solos e improvisos.

O aluno 1, disse que a importância desse tema serviu não só como conteúdo para o baixo

elétrico, mas também para a aplicação em outras áreas da música, como a divisão de vozes e

também para aplicar em outros instrumentos que ele já toca. Ele também falou sobre o estudo

das escalas, disse que o estudo aplicado nas escalas em várias tonalidades durante as aulas, o

ajudou a compreender melhor as armaduras no pentagrama. O aluno 2 por sua vez, disse que as

aulas teóricas, sobre notação musical, partituras, o ajudou nas dificuldades rítmicas e suprir uma

falta de compreensão e assim fez que com que gostasse ainda mais de música.

Para o aluno 3 a compreensão da teoria, que é o que ele buscou no curso, foi um dos

conteúdos mas importantes. Ele afirmou em sua resposta que não tem uma boa prática no

instrumento mas que a teoria foi ajudando ele na ausência da prática, se referindo a

compreensão da formação de acordes e arpejos. Segundo ele, isso o ajudou a elaborar

conduções e “levadas” mais trabalhadas no baixo. Em consonância, o aluno 4 também disse

que o estudo dos arpejos o ajuda bastante nas aulas. Ele também citou a afinação do baixo, disse

que a forma como o baixo é afinado torna tudo mais fácil de compreender e dá possibilidades

de tocar os arpejos em regiões diferentes no braço.

6-A forma como as aulas foram estruturadas, contribuiu para a sua aprendizagem

instrumental? Como?

Diante desta questão, todos responderam que a forma como as aulas acontecem,

contribuem, ou contribuíram no caso dos ex-alunos. Quase todos tiveram sua primeira

experiência com a música através as aulas de baixo, então não tinha como fazer comparações

com outros cursos de música. Mas analisando todos os conteúdos estudados, notaram que há

uma sequência lógica a ser seguida.

Em resposta a questão feita o aluno 1 respondeu:

43

Sim contribuíram. Como eu não tinha tido aula antes, tudo o que era passado

eu ia acolhendo, mas acredito que foi sim bem estruturado, pois a forma como

foi passado os assuntos tinham uma lógica de acordo com o que eu ia

aprendendo. (Aluno 1, CE, p. 3)

O aluno 2, também nunca tinha tido aulas de música, mas ele disse que a estruturação

das aulas funcionaram com ele. O mesmo afirmou o aluno 3, ele disse que as aulas contribuem

sim para o desenvolvimento musical, disse que o foi passado foi absorvido, e que houve sucesso

das duas partes, tanto do aluno quanto da professora. E por fim o aluno 4 falou que as aulas

estão contribuindo bastante, e que ele ao observar os conteúdos, percebe que há uma lógica

desde as primeiras aulas.

7-Você gostou da maneira como as aulas foram ministradas?

As respostas para essa pergunta foram diferentes, mas cada uma delas trouxe uma

contribuição ímpar. O aluno 1 disse que os conteúdos que foram passados pra ele foram

importantes, e a forma como foi transmitido também foi muito boa. Mas ao fim de sua resposta,

ele sugere um novo modelo de avaliação, algo mais dinâmico.

O aluno 2 disse que as aulas tinha sentido, e que ele conseguiu compreender tudo. Porém

sugere que as aulas sejam individualizadas, afirmando que durante o tempo em que ele tinha

aulas individualmente, notou um crescimento significativo e um maior rendimento nas aulas.

O aluno 3, diz que gostou de como as aulas são ministradas, mas voltou a sugerir que a

professora disponibilize aos seus alunos os conteúdos que serão aplicados a cada semestre,

porém acredita que a falta desse material não vem comprometendo a qualidade das aulas.

Também falou que os métodos que são aplicados nas aulas são bons e que isso vem ajudando

nos seus estudos, já que o aluno afirmou que gosta de estudar teoria. E por fim, o aluno 4 disse

que gosta da forma como as aulas acontecem, e destacou o fato da professora tocar junto com

ele os repertórios e exercícios propostos em sala de aula. Segundo ele, é complicado tocar o

baixo sozinho, já que se trata de um instrumento de acompanhamento. Ele também enfatizou

que a disposição da professora para tirar dúvidas durante a aula quando ele sente alguma

dificuldade, é muito bom para o seu crescimento.

44

5.4 Conclusão da Análise

Diante das perguntas feitas e das respostas analisadas dos alunos, foi possível notar

pontos positivos e também pontos negativos no curso atualmente. Dentre os pontos positivos

detectados nas respostas dos alunos, podemos destacar a forma como as aulas acontecem, que

conforme afirmaram na entrevista, trouxe resultados significativos, que contribuíram no

desenvolvimento musical deles. Além desta afirmação, destacamos também:

A qualidade dos materiais utilizados que, conforme os alunos relataram,

também contribuem para seu crescimento musical.

Os assuntos abordados e a estruturação das aulas também foram mencionados

de forma positiva, segundo os entrevistados, o plano de curso correspondeu as

expectativas que eles trouxeram ao entrar no curso.

A música como meio transformador, de acordo com o relato de um dos alunos,

depois das aulas e dos eventos promovidos na EMUSC no qual ele participou

tocando baixo, sua confiança e autoestima foram renovadas, melhorando assim

sua qualidade de vida.

No entanto, também foram notados pontos negativos nas respostas, dentre eles destaca-

se a forma de avaliar os conhecimentos dos alunos no curso, tanto no primeiro contato com o

estudante para avaliar seu nível técnico, quanto no decorrer do curso. Alguns alunos sugeriram

formas mais dinâmicas para avaliar, tornando assim mais prazeroso os estudos dos exercícios

e consequentemente mais rápida a absorção do conteúdo apresentado.

Além da forma de avaliação também foram apresentados pontos que podem contribuir

no desenvolvimento tanto nas aulas do curso de baixo elétrico, como também propostas para

melhorar a qualidade no ensino de música da EMUSC como:

A disponibilidade do programa de curso para os alunos, isto pode ocorrer não só

para o curso de baixo elétrico, mas também nos outros cursos que a escola

oferece.

Definição dos horários das aulas, tentar manter fixos, pois de acordo com o relato

de um dos alunos, as inconstâncias das aulas, acabam desmotivando os estudos.

45

Possibilidade de aulas individualizadas, com o propósito de dar atenção

diferenciada aos alunos nas aulas. Principalmente em aulas de instrumento

elétrico, como o próprio baixo, e guitarra por exemplo.

Aulas de teoria paralelas as aulas de instrumento, visando atender a necessidade

de uma maior compreensão de teoria musical, tornando mais preparado o aluno

que desejar até mesmo se profissionalizar na área da música para avaliações em

instituições superiores de ensino de música.

Por fim, após analisar os dados coletados é presumível que diante do que se vem sendo

feito de bom seja mantido, e até mesmo aperfeiçoado visando oferecer um ensino de mais

qualidade para os alunos que buscam a instituição. Contudo, considerando os pontos negativos

apontados pelos entrevistados, é necessário rever esses tópicos falhos, tendo em vista a melhoria

na qualidade do ensino da instituição, com ênfase no curso de baixo elétrico.

46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino do instrumento popular vem ganhando destaque nos espaços de ensino ao

longo das décadas, na escola especializada principalmente, porém pouco se produz no campo

da pesquisa em educação musical a respeito do tema. Isto deve-se ao fato de que os professores

da área popular nem sempre tem um perfil de pesquisador, são raro os casos de educadores

nessa área publicando artigos a relacionado ao trabalho que desenvolvem em sala de aula. Esses

profissionais trazem características mais voltadas para área de performance, portanto é mais

fácil encontrar matérias desses músicos-professores disponíveis em formato de métodos

práticos para o ensino instrumento do qual ele domina tecnicamente.

Com isso, temos dois pontos fortes a serem considerados: o primeiro é que com os

métodos que são desenvolvidos pelos professores com essas características, torna a música cada

vez mais acessível ao seu público, o popular, que de maneira mais prática consegue ter o contato

com a música através de livros com partituras e até revistas com cifras e tablaturas. Entretanto,

o segundo ponto é preocupante, pois com a produção mais voltada para a área prática do

instrumento musical, cria-se uma lacuna no que se refere a área da pesquisa do mesmo. Com

isso, em algumas pesquisas desenvolvidas para o ensino do instrumento popular, são os

utilizados métodos de outros instrumentos para dar suporte literário e referências para a

investigação do tema, pois ainda são escassos materiais como esses na área popular.

Nesta pesquisa que foi realizada não foi diferente, falar sobre o instrumento popular já

é um desafio, principalmente se tratando de um instrumento relativamente novo como o baixo

elétrico. Dessa forma, na falta de artigos voltados para o ensino do baixo, os métodos para o

ensino do instrumento deram suporte para a elaboração da pesquisa como referência

bibliográfica, além de alguns artigos que tratam do ensino do instrumento num contexto geral.

Por se tratar de um relato sobre o ensino de baixo elétrico numa escola especializada, contamos

também com autores que explanam sobre o assunto, algo que colaborou para a melhor

compreensão sobre o ser professor nesse contexto de ensino.

Mediante aos fatos expostos, a pesquisa que foi desenvolvida, tenta preencher esse

espaço vazio na literatura sobre o ensino do instrumento, além de analisar como se desenvolve

o trabalho no curso de baixo elétrico na EMUSC. Na pesquisa, foram detectados pontos

positivos e falhos no trabalho que vem sendo feito, porém diante disso a busca por melhoras

nas atividades desenvolvidas ganharam motivação após as análises feitas por meio da coleta de

dados que foi feita com os alunos do curso de baixo elétrico através de uma entrevista realizada

com eles. A colaboração dos estudantes do curso através do resultado das entrevistas fez com

47

que fossem revistos alguns métodos, como por exemplo, a forma como são feitas as avaliações

dos alunos, este item sem dúvida foi um dos frutos mais importantes que colhi ao longo do

trabalho, e que vai ajudar na reestruturação do curso. Também foi notório na entrevistas que

metodologias que já são aplicadas nas aulas vem funcionando satisfatoriamente, e que os

objetivos que os alunos almejam ao ingressar no curso, são alcançados.

Em vista disso, pode-se concluir que o trabalho realizado contribuiu na minha prática

como educadora, despertando o meu interesse também pela pesquisa em educação, abrindo

possibilidades para dar continuidade na pesquisa a respeito do assunto. Além disso o trabalho

colabora como suporte teórico sobre para futuras pesquisas sobre o ensino do baixo elétrico e

escola especializada, bem como instrumentos de gêneros populares.

48

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50

APÊNDICES

51

Caderno de entrevista

Entrevista com Ex-aluno 1.

-Você autoriza a realização e publicação desta entrevista?

ALUNO 1- Sim

-Por que estudar música?

ALUNO 1 – Um dos motivos que me levaram a estudar música foi para o

crescimento na parte teórica e consequentemente vir a melhorar o meu desempenho

nos instrumentos que eu toco.

-Qual era a sua expectativa com relação as aulas de baixo elétrico?

ALUNO 1 – Eu entrei no curso de contrabaixo primeiramente porque

existiam vários tipos de música que o instrumento era mais diversificado, mais

complexo e o fato de o contrabaixo ter uma sonoridade diferente no qual geralmente

os outros instrumentos não tem e por ser um instrumento mais completo eu diria,

então isso me impressionou no estudo do instrumento, foi justamente as diversas

maneiras de se tocar no contrabaixo. Tanto de formas percussivas, como tocar como

acordes, fazendo fraseados, entre outras coisas. Quanto as aulas, no começo eu

percebi muita diferença, tanto que quando eu comecei a estudar as parte teórica, eu

comecei a ter maior entendimento no que eu executava no instrumento e naquilo que

eu escutava também e por mais que não tenha sido um longo período de estudos, mas

o pouco que foi estudado me deu abertura para o que eu poderia aprender. O pouco

que eu aprendi no curso contribuiu para compreender melhor a estruturação musical.

-Quais as dificuldades encontradas durante as aulas?

ALUNO 1 – As maiores dificuldades que senti foram quando primeiramente

eu não estudava, consequentemente não consegui compreender e por não ter

conhecimento anteriormente, isso acabou gerando dificuldades quando eram

colocadas coisas novas. Mas isso foi bom pois me levou a querer estudar mais e

adquirir conhecimentos para conseguir compreender melhor o que era passado tanto

52

na parte prática, que e estudar em casa o que era passado quanto rever as coisas nas

aulas. Alguns conteúdos foram um pouco complicado para entender, por eu não ter

uma bagagem anterior de conhecimento, mas considerei isso importante pois me

impulsionou a querer entender, pesquisar esses assuntos anteriores. E quando as

dificuldades vinham, isso me motivava a querer entender melhor, e com isso eu

buscava estudar mais e acabava desempenhando melhor.

-Diante das dificuldades, o que poderia ter sido feito diferente?

ALUNO 1 – Acredito que poderia ter sido feita uma sondagem com o aluno

antes para saber o que ele já sabe. E identificar aquilo que ele não sabe, ver aquilo

que tá errado e ir corrigindo, até ter certeza do que ele já tem ou não de bagagem.

-Quais os conteúdos que mais foram importantes para sua

aprendizagem? Porquê?

ALUNO 1 – Um dos conteúdos que mais contribuíram para o meu

crescimento musical, e me fez compreender melhor não só meu instrumento, mas

também na parte vocal, foram a formação dos acordes. Pois compreendendo melhor

a formação dos acordes, as escalas, fez com que eu compreendesse melhor abertura

de vozes, entendesse a construção dos acordes pelas escalas, saber o que acontece

em determinadas tonalidades o por que aqueles acidentes estão ali naquela escala e

por isso resultou naquele acorde. Outra coisa que foi muito importante também com

a o aprendizado das construções das escalas, além das harmonizações, foi a

compreender melhor as armaduras na partitura, pois sabendo como acontecem os

acidentes nas determinadas escalas, já pude ter uma melhor visualização na pauta

quanto as tonalidades já estudadas. Os estudos das escalas também foi útil para

conseguir compreender também todo o “quebra-cabeça” do instrumento, saber onde

ficam as posições das notas no braço, perceber que existe uma lógica no braço, e

assim ficou mais fácil de relacionar a prática no instrumento com a teoria já estudada.

-A forma como as aulas foram estruturadas, contribuiu para a sua

aprendizagem instrumental? Como?

ALUNO 1 – Sim contribuíram. Como eu não tinha tido aula antes, tudo o que

era passado eu ia acolhendo, mas acredito que foi sim bem estruturado, pois a forma

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como foi passado os assuntos tinham uma lógica de acordo com o que eu ia

aprendendo. Eu realmente não vi de forma negativa a forma como você estruturou o

curso. Mas o que poderia ter sido melhor era só ter visto o que eu já tinha ou não de

conhecimento, para a partir daí ir passando coisas novas.

-Você gostou da maneira como as aulas foram ministradas?

ALUNO 1 – Sim, foi muito bom. Primeiramente sobre como eram passados

os assuntos, e também de como eram cobrado os assuntos, de aprender não por

obrigação, mas sim por gostar daquilo que se está fazendo. Mas acredito que as

avaliações do que se foi passado nas aulas, poderiam ser mais dinâmica, por exemplo,

no exercício da semana poderia ter alguma atividade que fizesse o aluno querer pegar

todo dia no baixo, talvez uma música que tivesse relação com o mesmo assunto que

foi falado na aula, para que com essa música o aluno se sinta motivado a treinar o

exercício de uma forma mais prazerosa.

Entrevista com Ex-aluno 2.

-Você autoriza a realização e publicação desta entrevista?

ALUNO 2- Autorizo.

-Por que estudar música?

ALUNO 2 – Bem, a música é diversão ela é importante para o ser humano

além de ser importante para o dia a dia, ela imita um pouco a vida lá fora. Antes de

eu entrar na EMUSC, eu já era uma pessoa tímida, mas a experiência de subir no

palco e mostrar para as pessoas os que eu aprendi, tocar na frente de pessoas que eu

não conheço foi muito importante, porque hoje no meu trabalho (sou engenheiro) eu

tenho que lidar com pessoas diferentes e de vários lugares do mundo, e ter vivido

essa experiência de subir no palco, mostrar o que eu aprendi, vencer a timidez, está

sendo o foco, sendo observado, foi muito bom para minha formação como pessoa

pro resto da minha vida. Então, antes era diversão era paixão, era influência dos meus

pais que gostam de música, mas ai o desejo de estudar o instrumento cresceu e eu

tinha a música como fonte de diversão lazer, mas ela me ofereceu muito mais do que

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eu esperava, hoje sou muito grato por essa experiência que eu vivi com a música aqui

na Escola.

-Qual era a sua expectativa com relação as aulas de baixo elétrico?

ALUNO 2 – No início minhas expectativas eram baixas. Como eu queria

aprender apenas para diversão, bastava apenas saber minimamente sobre o

instrumento para nos momentos de reunião com amigos, fazer algum som que

agradasse a mim e as pessoas que estavam tocando ou escutando. Só que no decorrer

do curso fui cada vez mais me aprofundando e as expectativas cresceram, e ai

comecei a exigir mais de mim e fui deslanchando até um ponto que eu parei pra

realmente estudar o baixo. Houveram momentos, como minha conclusão de curso,

que impediram um progresso maior. Mas até o momento que eu tinha disposição e o

tempo pra poder estudar, as expectativas que eram baixas começaram a aumentar.

-Quais as dificuldades encontradas durante as aulas?

ALUNO 2 – As dificuldades não foram criadas pelas aulas ou pelo ambiente

físico, as dificuldades eram mais limitações minhas. Fazendo uma avaliação pessoal

eu tenho algumas dificuldades, tenho uma limitação com falta de concentração, tenho

dificuldades com ritmo. Acredito que essas limitações me impediram de ir um pouco

mais além, pra resolver esses problemas eu precisaria me dedicar muito mais do que

eu me dediquei.

-Diante das dificuldades, o que poderia ter sido feito diferente?

ALUNO 2 – Quanto a mim eu teria que me dedicar mais. E quanto a escola

eu acho que eu pulei algumas etapas, poderia por exemplo ter tipo um pouco de base

teórica pra depois ter a prática, ou as duas paralelas talvez eu tivesse resultados

melhor do que eu tive. Me lembro que o meu primeiro contato com partitura foram

nas aulas de baixo, lá começamos a entender os tempos e durações das notas, e isso

já abriu um pouco mais a mente. Pouco depois eu tive aulas de teoria com outros

professores da EMUSC e essas aulas teóricas abriram muito mais a minha mente. Por

isso digo que, por mim, talvez tivesse funcionado melhor se eu tivesse tido essas

aulas paralelas ao instrumento.

55

-Quais os conteúdos que mais foram importantes para sua

aprendizagem?

Porquê?

ALUNO 2 – Eu colocaria as aulas teóricas, as primeiras impressões e

primeiras ideias que eu tive sobre partitura, justamente por ter o tempo e ritmo das

notas. Como eu falei anteriormente eu tenho dificuldades rítmicas, então quando veio

a parte mais “mecânica” da coisa, eu consegui ver o melhor do que se tratava, isso

mais interessante e tenho certeza que por causa disso eu consegui ir mais adiante, até

mais das minhas expectativas. Quando eu achava que o que eu já sabia já bastava,

esse conteúdo veio preencher uma lacuna de algo que eu não conseguia compreender,

então comecei a gostar mais a me divertir mais e gostar ainda mais de música.

-A forma como as aulas foram estruturadas, contribuiu para a sua

aprendizagem instrumental? Como?

ALUNO 2- Como aqui foi minha primeira e única escola onde estudei

música, não posso dizer se foi certo ou errado, meu parâmetro até hoje sempre vai

ser você. Nunca tive aula com outra pessoa para poder comparar a metodologia se

era igual melhor ou pior. Mas olhando pra trás diante de tudo que estudei, posso dizer

que a forma como as coisas foram pensadas funcionaram bem comigo.

-Você gostou da maneira como as aulas foram ministradas?

ALUNO 2 – Quando eu entrei nas escola e comecei a ter as aulas eu gostei

porque no início eu tinha aulas quase que individuais, passamos um ano

aproximadamente com aulas em dupla, então isso era importante nas aulas porque eu

sempre estava focado no meu rendimento no que estava sendo explanado naquele

momento. Então pra mim foi muito bom, não só na música, mas em qualquer outra

área se você for passar alguma coisa sendo de forma individual acredito que seja mais

proveitoso. E quanto as aulas em si na minha cabeça as coisas tinham sentido, eu

aprendia uma coisa que me dava base para o conteúdo seguinte e ir subir um degrau,

depois outro, e assim por diante.

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Entrevista com aluno 3

Você autoriza a realização e publicação desta entrevista?

ALUNO 3- Sim

Por que estudar música?

ALUNO 3 – Estudar música? Por que eu acho interessante. Eu sempre gostei de música,

de ouvir música e por que não aprender música?

Então foi daí que eu dei meu primeiro passo, através de um colega de trabalho fui

indicado a estudar música.

Qual era a sua expectativa com relação as aulas de baixo elétrico?

ALUNO 3 – A expectativa era de primeiro de estudar o instrumento a fundo, através

desse conhecimento eu poder futuramente quem sabe tocar numa banda por hobby ou

profissionalmente. Mas enfim, é poder demonstrar tudo aquilo que eu aprendi, e também através

de outros contatos que irei ter de receber mais feedback de receber mais aprendizado no dia a

dia, aprender junto com outras pessoas, tocando em conjunto.

Quais as dificuldades encontradas durante as aulas?

ALUNO 3 – Pra mim é por que eu trabalho e quem trabalha e estuda fica um pouco

complicado de conciliar. Eu não tenho horário fixo de trabalho, então de vez enquanto eu tenho

que estar modificando meu horário com o professor, com você, e as vezes até você tendo ainda

não concluindo o curso, as vezes tem que ficar mudando de horários, de dia da semana por

cause que você ainda não concluiu o seu curso. Ai fica, você estuda, a gente estuda também,

mas no final da tudo certo.

Em relação as aulas acho que nós (alunos) poderíamos ter o total conhecimento dos

planos de aula semestral, o que vai acontecer nesse semestre. Um plano de aula semestral por

exemplo, tipo, saber o que vamos ver daqui pra frente você vai ver isso, isso e isso. Mas em

relações as aulas ao que está sendo ministrado não está deixando nada a desejar não, mas a

gente não tem conhecimento do que vai ser dado. Por exemplo: a gente vê tal assunto, ai depois

dele vamos pra outro assunto, mas eu não sabia o que iria vir depois.

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Diante das dificuldades, o que poderia ter sido feito diferente?

ALUNO 3 – Como eu disse, anteriormente acredito que o plano de curso para que nós

alunos tenhamos maior conhecimento do que iremos estudar seria importante. E em relação as

dificuldades que também citei anteriormente, não há muito o que fazer, não posso deixar de

trabalhar (risos). Então é esperar você concluir o curso pra termos maior disponibilidade em

alguns horários em comum e tornar as aulas mais fixas.

Quais os conteúdos que mais foram importantes para sua aprendizagem? Porquê?

ALUNO 3 - A parte de teoria foi muito boa, eu sempre tive maior interesse por teoria,

é tanto que as vezes eu estudo mais teoria do que a prática e isso também dá um efeito negativo

lá na frente pela falta de prática. E assim, saber como tudo se encaixa na música, a harmonia, a

condução, como uma nota entra numa condução (no baixo) como você fala: “essa nota está

entrando por que ela casa bem na harmonia porque é uma quinta do acorde”. Então você vai

dando esse feedback pra a gente e demostrando: “toque essa nota, toque essa outra, qual ficou

melhor?” entende? A teoria vai complementando a prática.

A forma como as aulas foram estruturadas, contribuem para a sua aprendizagem

instrumental? Como?

ALUNO 3 – Contribuiu sim, porque houve desenvolvimento, eu não fiquei travado num

certo conteúdo, eu sempre consegui ultrapassar aquilo que me foi passado. Por que faz um

pouco mais de um ano que eu estou aqui e eu não sei só o “do, re mi, fa sol, la si” então o que

foi me passado eu consegui absorver. Então eu acho que houve sucesso acho que houve êxito

tanto da parte do professor, quanto da parte do aluno.

Você gosta da maneira como as aulas está sendo ministradas?

ALUNO 3 – Eu gosto da forma como as aulas são ministradas, desde que tenha aquela

ressalva que fiz no começo, que seria um conteúdo programático disponibilizado pra agente ir

bem no passo a passo no plano de curso. Mas as vezes o que é inesperado nos surpreende,

quando você propõe um ritmo diferente, onde nele vamos praticar um exercício, também os

materiais das apostilas que são disponibilizadas são bem interessantes.

58

Entrevista com aluno 4.

Você autoriza a realização e publicação desta entrevista?

ALUNO 4 - Autorizo

Por que estudar música?

ALUNO 4 – Por que a música faz um bem danado (risos) a música estimula várias outras

coisas na vida, fazer melhor as coisas e estimula a outras áreas do raciocínio. Depois que você

aprende musica você começa a observar as coisas de uma maneira diferente, consegue

raciocinar melhor as outras áreas, cria um senso crítico também.

Qual era a sua expectativa com relação as aulas de baixo elétrico?

ALUNO 4 - O baixo, é porque eu sempre tive muita curiosidade em vários instrumentos

né? Eu gosto muito do som do baixo, o grave, ai eu quis estudar pra me aprofundar mais, eu já

tinha uma base no violão mas eu queria dar uma mudada e vim estudar o baixo. Precisei me

afastar do curso mas agora estou aqui de volta e quero me aprofundar mais. Agora quero

permanecer no baixo, quero continuar no violão também. No momento quero tocar apenas

como hobby, por que tocar faz bem, e ajuda a melhorar a vida.

Quais as dificuldades encontradas durante as aulas?

ALUNO 4 – O braço do instrumento é um pouco maior o espaçamentos das cordas, e a

mão direita também porque eu estou mais acostumado com a palheta, essas foram dificuldades

no instrumento. Em relação as aulas estou gostando, como disse, tive que me ausentar do curso

por um tempo mas por causa do trabalho e isso foi complicado por causa do horário pra

conciliar, mas agora estou de volta e estou gostando. Acredito que trabalhar com mais repertorio

possa me ajudar a me acostumar com a anatomia do instrumento e ajudar nessa dificuldade de

tocar no baixo.

Diante das dificuldades, o que poderia ter sido feito diferente?

ALUNO 4 – Acho que tocar mais músicas, pra mim fica mais fácil de aprender e praticar

o baixo. Da outra vez lembro que tinham mais de um aluno por turma e isso ficava mais

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complicado por que você tinha que se dividir pra dar atenção aos dois, mas agora como estou

sozinho melhorou bastante.

Quais os conteúdos que mais foram importantes para sua aprendizagem? Porquê?

ALUNO 4 – Os arpejos fizeram a diferença pra mim, as escalas também. Conhecer a

afinação do baixo também foi bem interessante, a lógica da afinação do instrumento ajudou a

compreender melhor as notas no braço. Se você toca uma escala numa forma em uma região,

você consegue usar a mesma forma em outra região, o que facilita muito em relação ao violão.

A forma como as aulas foram estruturadas, contribuem para a sua aprendizagem

instrumental? Como?

ALUNO 4 – Está contribuindo. Estava até vendo hoje meu caderno, a forma como as

aulas foram feitas fui relembrando o que estava vendo antes de me afastar do curso, vendo a

lógica como as coisas foram feitas, acho que está contribuindo sim.

Você gosta da maneira como as aulas está sendo ministradas?

ALUNO 4 – Gosto sim, por que acho interessante a forma como você passa, toca junto

conosco é muito bom a interação dos instrumentos, por que é muito complicado tocar sozinho,

e o baixo principalmente, ai temos como tirar dúvidas na hora, é muito bom isso.

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Escola de Música Santa Cecília Programa de Curso: Baixo Elétrico

Professora: Simara Sídia

MÓDULO I

-Aspectos históricos

-Anatomia do instrumento

-Afinação do instrumento

-Apreciação de baixistas, e funcionalidade do instrumento

-Exercícios de postura e digitação

-Cromatismo (exercicios 1,2,3,4 – 4,3,2,1)

-Modo de cifragem (notas naturais # e b)

-Introdução a notação musical (pauta, pentagrama, clave)

-Notação Musical (figuras rítmicas e suas respectivas pausas)

-Introdução ao método Dan Dean (cap. I)

MÓDULO II

-Escala maior nas 3 formas básicas

-Ciclo de 4º

-Escala menor nas 3 formas básicas

-Ciclo de 5°

-8 blocos em (C)* ass. e des.

-Padrões 1,2,3 – 3,2,1 / 3,2,1 – 1,2,3

-Tríades

-Formação de acordes

-Introdução ao método Dan Dean (cap. II)

*Praticar os blocos em outras tonalidades

MÓDULO III

-Aplicação de intervalos (3°,4°,5°,6° e 7°)

-O papel do baixo nos estilos musicais

-Introdução ao método Dan Dean (cap. III)

-Tétrades

-Escala pentatônica

-Introdução ao método Nico Assumpção

MÓDULO IV

-Campo Harmônico (modos Gregos)

-Sequência harmônica (M e m)

-Independência (método de cifragem)

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-Slap, Pop

-Introdução ao método Adriano Giffoni

Referências bibliográficas

ASSUMPÇÃO, Nico. Bass Solo: Segredos da improvisação. Rio de Janeiro: Lumiar Editora,

2000

DEAN, Dan. Baixo Elétrico Composite I, II e III. São Paulo: Fermata do Brasil, 1996.

GIFFONI, Adriano. Música Brasileira para Contrabaixo. São Paulo: Irmãos Vitale S/A Ind. E

Com, 1997.

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ANEXOS

Esta versão foi revisada e aprovada pelo(a) orientador(a), sendo aceite, pela

Coordenação de Graduação em Música, como versão final válida para depósito

no Repositório de Monografias da UFRN.

____________________________

Durval da Nóbrega Cesetti

Coordenador de Graduação