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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE SAÚDE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA -
REDE CEGONHA III
EDUARDO ANTONIO DE FRANÇA MOTA
IMPLEMENTAÇÃO DO USO DO BALANÇO PÉLVICO TIPO “CAVALINHO” NA
MATERNIDADE DR. ARAKEN IRERÊ PINTO – NATAL/RN
NATAL
2019
EDUARDO ANTONIO DE FRANÇA MOTA
IMPLEMENTAÇÃO DO USO DO BALANÇO PÉLVICO TIPO “CAVALINHO” NA
MATERNIDADE DR. ARAKEN IRERÊ PINTO – NATAL/RN
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III, da Escola de Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem Obstétrica.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia Azevedo Ferreira de Macêdo
NATAL
2019
EDUARDO ANTONIO DE FRANÇA MOTA
IMPLEMENTAÇÃO DO USO DO BALANÇO PÉLVICO TIPO “CAVALINHO” NA
MATERNIDADE DR. ARAKEN IRERÊ PINTO – NATAL/RN
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III, da Escola de Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem Obstétrica.
Aprovado em _____de _____________ 2019
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________ Profa. Dra. Maria Lúcia Azevedo Ferreira de Macêdo
Orientadora
_____________________________________________________ Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva
_____________________________________________________ Profa. Dra. Verbena Santos Araújo
RESUMO
Trabalho que objetivou implementar o uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” na
Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto como recurso não farmacológico para alívio da
dor no parto. A intervenção iniciou por meio de rodas de conversa em que se
capacitou a equipe multidisciplinar para a utilização desse equipamento, além de
avaliar seu uso seguro e adequado pelos profissionais junto às parturientes. Após a
capacitação, avaliou-se a utilização do “cavalinho” a partir do registro em formulário
institucional denominado „Histórico/Evolução de Enfermagem”. Os resultados
demonstraram que houve um aumento de 18% para 34% no uso do equipamento
entre as parturientes da Maternidade. A Intervenção tem sido desenvolvida visando
a melhoria da qualificação profissional, contribuindo para a diminuição de
intervenções medicalizantes e manobras desnecessárias durante o trabalho de
parto, aumentando dessa forma a autonomia da parturiente e a participação da
família durante o processo de parir.
Palavras-chave: Enfermagem obstétrica. Dor do parto. Parturiente.
ABSTRACT
This study aimed to implement the use of pelvic swing type in the Dr. Araken Irerê
Pinto Maternity as a non-pharmacological resource for pain relief in childbirth. An
intervention was carried out by means of conversation wheels in which the
multidisciplinary team was trained to use this equipment, as well as to evaluate its
safe and adequate use by professionals with parturients. After the training, the use of
the "horse" was evaluated from the registry in an institutional form called “History/
Evolution of Nursing”. The results showed that there was an increase of 18% to 34%
in the use of the equipment among Maternity parturients. The work was developed
aiming at the improvement of the professional qualification, contributing to the
reduction of medical interventions and unnecessary maneuvers during labor,
increasing in this way the autonomy of the parturient and the participation of the
family during the process of giving birth.
Keywords: Obstetric Nursing. Pregnant Women. Labor Pain.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 7
2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 8
3 OBJETIVOS ................................................................................................ 9
3.1 Objetivo geral ............................................................................................ 9
3.2 Objetivos específicos ............................................................................... 9
4 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 10
5 MÉTODO ..................................................................................................... 14
5.1 Cenário da intervenção ............................................................................ 14
5.2 Público-alvo ............................................................................................... 15
5.3 Etapas da intervenção .............................................................................. 16
5.4 Estratégias da intervenção ....................................................................... 18
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 21
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 27
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 29
ANEXO – HISTÓRICO/EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM ......................... 31
7
1 INTRODUÇÃO
A gravidez e o parto são acontecimentos que fazem parte da vivência de
mulheres e homens. É uma experiência especial para a mulher e seu parceiro, que
envolve as famílias e a comunidade. A gestação, parto e puerpério constituem uma
experiência humana das mais significativas. Os profissionais de saúde têm um papel
importante nesta experiência, uma vez que colocam seus conhecimentos voltados à
atenção à mulher e à criança (BRASIL, 2001).
O parto é considerado um fenômeno natural e a dor que o acompanha é uma
experiência subjetiva e complexa que varia de mulher para mulher, em que cada
parturiente vivencia esse momento de maneira diferente. Os profissionais de saúde
devem respeitar a individualidade da mulher, devendo esse comportamento compor
as ações de assistência nas instituições que oferecem esse atendimento
(MAFETONI; SHIMO, 2014).
O movimento de humanização do parto tem por objetivo torná-lo o mais
natural possível, diminuindo as intervenções, cesarianas e administração de
fármacos. Os cuidados não farmacológicos são alternativas que podem ser
utilizadas para promover a desmedicalização dispensando os analgésicos e
anestésicos (SESCATO; SOUZA; WALL, 2008).
Estratégias e métodos não farmacológicos de alívio da dor no trabalho de
parto devem ser oferecidos à mulher (BRASIL, 2017). Dentre esses métodos
encontra-se o “cavalinho”, que é um equipamento utilizado para auxiliar no alívio da
dor e progressão do trabalho de parto. Constitui-se em um assento com apoio para
os braços que possibilita a postura sentada com as costas inclinadas para frente, e
promove um balanço pélvico (SESCATO; SOUZA; WALL, 2008).
O “cavalinho” é utilizado no pré-parto que visa o relaxamento, aumento da
dilatação e a diminuição da dor. É semelhante a uma cadeira com assento invertido,
onde a parturiente apoia o tórax e os braços jogando o peso para frente, aliviando,
dessa forma, as costas. Durante as contrações a mulher também pode permanecer
nessa posição para receber massagem na lombar, com o objetivo de relaxar e aliviar
a dor do trabalho de parto (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO,
2018).
8
2 JUSTIFICATIVA
A motivação para o desenvolvimento desse trabalho surgiu a partir da
realização do diagnóstico situacional que proporcionou a observação do pouco uso
de métodos não farmacológicos de alívio da dor e estimulo ao parto fisiológico
disponíveis na Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, especialmente o “cavalinho”.
A partir das atividades desenvolvidas como enfermeiro atuando diretamente
na assistência às mulheres em trabalho de parto na Maternidade Dr. Araken Irerê
Pinto, Unidade de Saúde pertencente à Secretaria Municipal de Saúde do município
de Natal, Rio Grande do Norte, tem sido possível observar que parte dos
profissionais de saúde não utiliza os métodos não farmacológicos (MNFS) em suas
atividades, desperdiçando-se, dessa forma, oportunidades diárias para a prática do
alívio da dor, medo e ansiedades durante o trabalho de parto. Os MNFS
reconhecidamente são de baixo custo e risco além de disponíveis no serviço.
Em contrapartida, a Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto possui seis
equipamentos de balanço pélvico tipo “cavalinho”, porém muitas vezes esses
aparelhos ficam nos corredores do setor de pré-parto ou guardados em enfermarias,
sem utilização pelas parturientes. Tal fato pode estar relacionado ao
desconhecimento de boa parte dos profissionais que prestam a assistência acerca
dos benefícios e potencialidades desse aparelho como instrumento não
farmacológico de alívio da dor.
Dessa forma, o trabalho em curso, busca sensibilizar a gestão e a equipe
multiprofissional da Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto sobre a importância do uso
do “cavalinho” pelas parturientes, como um método não farmacológico de alívio da
dor. Nesse sentido, utilizou-se como estratégia de intervenção, possibilitar à equipe
multiprofissional o conhecimento dos benefícios do método, condições e indicações
para o seu uso seguro e eficiente, estratégias de incentivo entre as parturientes,
limitações e potencialidades do método, além dos benefícios da associação com
outros métodos não farmacológicos de redução da dor.
9
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Implementar o uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” como método não
farmacológico para o alivio da dor e estímulo à parturição fisiológica entre as
parturientes da Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto no município de Natal/RN.
3.2 Objetivos específicos
Sensibilizar os gestores sobre a importância da implementação do uso do
balanço pélvico tipo “cavalinho” na Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto;
Capacitar a equipe multiprofissional para o uso do “cavalinho” pelas
parturientes como método não farmacológico para o alívio da dor;
Avaliar o efetivo uso pelas parturientes do equipamento “cavalinho” como
método não farmacológico de alivio da dor no trabalho de parto.
10
4 REVISÃO DA LITERATURA
A gravidez e o parto integram normalmente a vivência sexual e reprodutiva de
mulheres e homens. É uma experiência especial na vida da mulher e de seu
parceiro, que envolve a família e a comunidade (BRASIL, 2013).
A gestação é um fenômeno fisiológico e sua evolução se dá na maior parte
dos casos sem intercorrências, assim, deve ser vista como parte de uma experiência
de vida saudável que abrange mudanças do ponto de vista físico, social e emocional
(BRASIL, 2012).
O nascimento é um evento natural. As primeiras civilizações integraram a este
acontecimento significados culturais, os quais através de gerações sofreram
transformações, e ainda comemoram o nascimento como um dos fatos marcantes
da vida. Até o período industrial as vivências do parto foram de caráter íntimo e
privado, sendo uma experiência compartilhada entre mulheres. Com o decorrer do
tempo, o parto passa a ser vivido de maneira pública, em que, a maioria das
mulheres que até metade do século XX pariram com o auxílio de outras mulheres,
passou a ser objeto do interesse médico e ter seus partos atendidos ou observados
por profissionais, como os médicos e as enfermeiras-parteiras (BRASIL, 2001).
A mortalidade materna e a perinatal passou a ser discutida na esfera pública,
e a obstetrícia firmava-se como matéria médica, ocorrendo às primeiras ações
voltadas a disciplinar o nascimento (BRASIL, 2001). Se por um lado, o avanço da
obstetrícia contribuiu com a melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade
materna e perinatais, por outro permitiu a concretização de um modelo que
considera a gravidez, o parto e o nascimento como doenças e não como expressões
de saúde (BRASIL, 2017).
No decorrer da década de 1940 no Brasil, o processo de institucionalização
do parto foi, certamente, a primeira ação de saúde pública dirigida à mulher. Até o
início dos anos 1960, a preocupação com a saúde materna se restringiu à
assistência ao parto. Nos anos 1980, ocorreram algumas iniciativas voltadas para a
redução da mortalidade materna, como o Programa de Assistência Integral à Saúde
a Mulher (PAISM) que incluía a assistência pré-natal, instituído em 1984. Em 1996, o
Ministério da Saúde, em parceria com outros órgãos, lançou o Projeto Maternidade
Segura que pretendia reduzir a mortalidade materna e perinatal, através da melhoria
da assistência ao parto e ao recém-nascido (BRASIL, 2001).
11
O governo brasileiro lançou em 2011 a estratégia denominada Rede
Cegonha, que visa proporcionar às mulheres saúde, qualidade de vida e bem-estar
durante a gestação, parto, pós-parto e o desenvolvimento da criança até os dois
primeiros anos de vida. A Rede Cegonha objetiva reduzir a mortalidade materna e
infantil e garantir os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, homens, jovens e
adolescentes (BRASIL, 2011).
A Rede Cegonha privilegia ações para mudança para um modelo mais
humanizado, devolvendo o parto para a vivência íntima e pessoal de cada mulher,
inserido em uma ambiência adequada para a boa evolução do nascimento do bebê,
e a adoção de boas práticas de atenção voltadas para o bem-estar da mulher, da
criança, do pai e da família, associadas às ações de melhoria da eficiência gestora
do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2013).
A assistência à mulher no momento do parto é objeto de grande
medicalização. Apesar de a hospitalização ter sido, em grande parte, responsável
pela queda da mortalidade materna e neonatal, o cenário de nascimento
transformou-se rapidamente no lugar aonde a mulher parturiente vai perdendo o
protagonismo na cena do parto. Destaca-se que a assistência hospitalar ao parto
deve ser segura, garantindo para cada mulher os benefícios dos avanços científicos,
mas, sobretudo, deve permitir o exercício da cidadania feminina, resgatando a
autonomia da mulher no parto (BRASIL, 2001).
Nesse sentido, é de fundamental importância a atenção humanização do
parto que abrange um conjunto de conhecimentos, práticas e atitudes que visam a
promoção do parto e do nascimento saudáveis e a prevenção da morbimortalidade
materna e perinatal, iniciando-se no pré-natal e procurando garantir que a equipe de
saúde realize procedimentos adequados tanto para a mulher como para o recém-
nascido, que evite as intervenções desnecessárias e que preserve a privacidade e
autonomia da parturiente. A experiência vivida pelas mulheres neste momento pode
deixar marcas permanentes que podem ser positivas ou negativas, podendo atingir o
resto das suas vidas (BRASIL, 2001).
O nascimento no ambiente hospitalar se caracteriza pela utilização de
tecnologias e procedimentos que objetivam torná-lo mais seguro para a mulher e
sua filha ou filho. O desenvolvimento da obstetrícia contribuiu para a melhoria dos
indicadores de morbidade e mortalidade materna e perinatais, entretanto permitiu
também a efetivação de um modelo que considera a gravidez, o parto e o
12
nascimento como doenças, e não como saúde, deixando as mulheres e recém-
nascidos expostos a grande número de intervenções que deveriam ser utilizadas
somente em situações de necessidades. Assim, esse excesso de intervenções
deixou, muitas vezes, de levar em conta os aspectos emocionais, humanos e
culturais envolvidos no processo, esquecendo que a assistência ao nascimento tem
um caráter que vai além do processo de parir e nascer (BRASIL, 2017).
No ano de 1996, a Organização Mundial da Saúde (OMS), baseada em
evidências científicas concluídas através de pesquisas em vários países,
desenvolveu uma classificação das práticas comuns na condução do parto normal,
com orientações sobre o que deve e o que não deve ser feito no processo do parto.
Na Categoria “A”, que se refere às “práticas demonstradamente úteis e que devem
ser estimuladas”, destacam-se o uso de métodos não invasivos e não
farmacológicos de alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento durante
o trabalho de parto, e a liberdade de posição e movimento durante o trabalho de
parto (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1996).
De acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal,
dentre outras recomendações, as mulheres devem receber informações sobre o
acesso a métodos de alívio da dor, incluindo aqueles não farmacológicos (BRASIL,
2017).
Vários fatores podem influenciar na utilização de algum método de alivio da
dor por uma mulher em trabalho de parto, dentre eles, suas expectativas, a
complexidade do seu trabalho de parto e a intensidade da sua dor. Importa que as
necessidades individuais da mulher sejam reconhecidas por meio de apoio e
comunicação, devendo-se estar alerta para as mudanças de comportamento durante
o trabalho de parto (BRASIL, 2014).
Apesar de cada mulher responder à dor de modo pessoal, as intervenções
não farmacológicas podem ajudar na diminuição da percepção dolorosa, e o uso
dessas estratégias durante o trabalho de parto e parto deve ser uma realidade nas
instituições que prestam serviços de assistência à gestante e parturiente, além de
uma responsabilidade dos profissionais de saúde no sentido de garantir o conforto
da segurança da mulher e do recém-nascido (MOREIRA et al., 2012).
Estratégias e métodos não farmacológicos de alívio da dor no trabalho de
parto sempre que possível devem ser oferecidos à mulher antes da utilização de
métodos farmacológicos (BRASIL, 2017).
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O direito de decidir como controlar a dor durante o parto e a rejeitar
intervenções médicas desnecessárias são duas das recomendações que fazem
parte das novas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o cuidado
intraparto para uma experiência positiva de parto de gestantes. Essas
recomendações destacam a relevância de a mãe decidir recusar intervenções
médicas desnecessárias. De acordo com as preferências da mulher, técnicas de
relaxamento, massagem, respiração, música e outras, são recomendadas para
gestantes saudáveis que solicitam alívio da dor durante o trabalho de parto (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2018).
No que se refere às intervenções e medidas de rotina no primeiro período do
parto, a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal (BRASIL, 2016), refere
que, a liberdade para que as mulheres possam se movimentar ou adotar a posição
que considerarem mais confortável no trabalho de parto não envolve custos
adicionais significativos, a não ser pela disponibilização pelos serviços de
maternidade, de espaço, utensílios e equipamentos que facilitem as posições
verticais tais como bolas, cadeiras, cavalinhos, escadas dentre outros.
Dentre os métodos não farmacológicos para alivio da dor comumente
utilizados, pode-se citar o banho por aspersão, o banho por imersão, as técnicas de
relaxamento, a deambulação, e o uso de equipamentos, como a escada de Ling, a
bola suíça, o rebozo, o cavalinho (BRANDÃO NETA, 2016).
O “cavalinho” é um equipamento utilizado para o relaxamento, aumento da
dilatação e a diminuição da dor da parturiente. Este equipamento equivale a uma
cadeira com assento invertido, em que a gestante apoia o tórax e os braços jogando
o peso para frente e aliviando as costas; durante as contrações, a mulher também
pode ficar nessa posição para receber massagem na lombar, com a finalidade de
relaxar e aliviar a dor do trabalho de parto. Para ajudar a dilatação, o “cavalinho”
também pode ser usado sob o chuveiro morno (BRANDÃO NETA, 2016).
Estudo que objetivou conhecer o uso de métodos não farmacológicos de
alívio da dor oferecidos às mulheres durante o trabalho de parto em um hospital-
escola, identificou que o balanço pélvico tipo “cavalinho” é um dos métodos pouco
utilizados nas maternidades. Tal fato pode estar relacionado à ausência de
informação e desconhecimento da existência desse método por parte das mulheres
e também a escassa oferta por parte da equipe de saúde (RITTER, 2012).
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5 MÉTODO
Desenvolveu-se um projeto de intervenção pautado em um conjunto de
atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos
específicos dentro dos limites de orçamento e tempo estimados. Um projeto surge
em resposta a um problema concreto, daí afirmar que a elaboração de um projeto
objetiva contribuir para a solução de problemas, transformando ideias em ações
(UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS, 2015).
5.1 Cenário da intervenção
O município de Natal apresenta em sua secretaria de saúde, uma divisão de
atuação em cinco Distritos Sanitários de saúde, sejam eles Norte I, Norte II, Sul,
Leste e Oeste, no qual cada um deles busca atingir a cobertura e o acesso das
necessidades de saúde, buscando a melhoria de seus níveis e condições de saúde
da população adstrita.
A Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, inaugurada em 08 de março de 2016,
situa-se à Rua Cel. Juventino Cabral, 1735, bairro Tirol, é uma Instituição pública
pertencente ao quadro da secretaria municipal de saúde do município de Natal/RN,
situada no Distrito Sanitário Leste, funciona como referência para a realização de
parto normal humanizado de risco habitual. Dispõe de 35 leitos de internação, além
de um Centro Cirúrgico com duas salas, realizando uma média de 30 atendimentos
por dia, adotando também as práticas de humanização no parto (OLIVEIRA;
MOREIRA; BRITTO, 2017).
Sua estrutura física é verticalizada, dividida em cinco andares, sendo três
deles de assistência direta ao pré-parto, parto e puerpério. O primeiro piso é
destinado ao pronto-atendimento obstétrico, dispondo de salas de recepção, serviço
social, classificação de risco obstétrico, sala de exame clínico e partos em período
expulsivo, posto de enfermagem, sala de medicação e observação das pacientes,
com quatro leitos e poltronas para as mulheres.
O segundo piso oferece estrutura de assistência pré-parto normal e cirúrgico,
contando com sala de parto, três enfermarias com o total de sete leitos de
internação, além do bloco cirúrgico, com sala de cirurgia e centro de recuperação
operatória para os casos de emergências ou cirurgicamente indicados.
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O terceiro piso é voltado para a assistência às mulheres em puerpério e seus
recém-nascidos e acompanhantes, sendo disponibilizados 25 leitos divididos em
sete enfermarias climatizadas, além de posto de enfermagem, sala de coleta e
acondicionamento de leite humano para uso de crianças com indicações clínicas
específicas.
Os demais andares da maternidade são ocupados por serviço de nutrição,
refeitório, assistência farmacêutica, laboratório clínico, auditório e repouso para os
profissionais em plantões noturnos.
A equipe multiprofissional é formada por obstetras, pediatras, anestesistas,
enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes sociais, fonoaudiólogas,
farmacêuticos, bioquímicos, nutricionistas, além de diversos profissionais de apoio e
equipe administrativa.
De acordo com informações fornecidas pelo Núcleo de Epidemiologia da
Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, são realizados, em média, 230 partos por mês,
sendo 38% cesáreos, além de um elevado número de atendimentos clínicos
ginecológicos no seu pronto-atendimento.
A assistência obstétrica humanizada prestada visa à promoção ao respeito
aos direitos da mulher e da criança, com condutas baseadas em evidência científica
segura, garantindo o acesso da parturiente a recursos farmacológicos e não
farmacológicos para alívio de dor no trabalho de parto.
5.2 Público-alvo
A intervenção em curso tem sido realizada com vistas à capacitação de toda a
equipe multiprofissional que desenvolve suas ações diretamente com as mulheres
internadas em trabalho de parto na Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, buscando a
adequada indicação e uso do equipamento não farmacológico para o alívio da dor,
balanço pélvico tipo “cavalinho”, proporcionando maior segurança ao profissional
quanto a sua indicação e método correto de uso entre as mulheres em trabalho de
parto. A equipe multiprofissional é composta por: 11médicos obstetras, 16 médicos
pediatras, 12 enfermeiros obstetras, 23 enfermeiros generalistas, 74 técnicos de
enfermagem, quatro nutricionistas e cinco assistentes sociais.
16
5.3 Etapas da intervenção
Para alcançar os objetivos propostos e efetivação deste projeto foram
realizadas, conforme o prazo para execução, etapas de curto, médio e longo prazos.
Etapas de curto prazo:
Reunião com as Direções Geral, Técnica e Administrativa para:
apresentar o plano de intervenção, pormenorizando suas etapas, expondo os
resultados do diagnóstico situacional que subsidiaram os objetivos propostos;
demonstrar o planejamento dos momentos de avaliação pré e pós-capacitação
previstos, dentro do orçamento e espaço de tempo disponíveis; elencar a equipe
multiprofissional a que se destina esse trabalho; destacar a importância do
envolvimento de toda a Gestão da Unidade de Saúde juntamente com coordenações
de outras categorias profissionais para o alcance dos objetivos propostos;
demonstrar os benefícios e potencialidades para à implementação do uso rotineiro
do balanço pélvico tipo “cavalinho” na melhoria da qualidade da assistência junto às
parturientes da maternidade;
Reunião com a Coordenação de Enfermagem com o objetivo de
apresentar o projeto de intervenção e buscar o apoio necessário para a sua
implementação junto à equipe de enfermagem. A referida coordenação demonstrou
interesse em apoiar a realização do trabalho;
Reunião com a Direção Administrativa a fim de: providenciar e
assegurar o espaço físico do auditório e cadeiras suficientes para o público-alvo;
disponibilizar equipamentos tipo “cavalinho” para as demonstrações práticas da sua
utilização na capacitação; garantir equipamentos áudios-visuais necessários para o
evento nas datas previstas para a capacitação;
Articulação com a Coordenação de Nutrição para organização e
fornecimento de lanche, a ser servido durante a capacitação em horário previamente
combinado;
Convidar a equipe multiprofissional para participar da capacitação,
afixando o convite em locais de maior circulação de profissionais como corredores e
sala de checagem do ponto eletrônico, além de postagem nas mídias sociais dos
profissionais da maternidade informando o tema do evento, data, horário e local da
capacitação.
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Capacitar a equipe multiprofissional para o uso do balanço pélvico tipo
“cavalinho” como método não farmacológico para o alívio da dor durante o trabalho
de parto.
Etapas de médio prazo, realizadas nos primeiros seis meses após da
capacitação da equipe multiprofissional:
Realização de reuniões com gestores da maternidade para apresentar
resultados da capacitação;
Identificação, a partir dos registros no formulário “Histórico/Evolução de
Enfermagem”, se a parturiente utilizou o “cavalinho” como método não farmacológico
para o alívio da dor durante o trabalho de parto;
Verificar a implementação da utilização do equipamento “cavalinho” na
assistência às parturientes.
Etapas de longo prazo, realizadas a partir dos seis meses após a
capacitação multiprofissional:
Promover trimestralmente a avaliação acerca do uso do equipamento
“cavalinho” como método não farmacológico de alivio da dor no trabalho de parto.
A Figura 1, a seguir, demonstra resumidamente as etapas propostas para a
intervenção.
Figura 1 – Resumo das etapas da Intervenção
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Curto prazo
•Apresentar e sensibilizar os Gestores sobre o plano de Intervenção, destacando a importância daimplementação do uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” na Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto.
•Capacitar a equipe multiprofissional para o uso do “cavalinho” pelas parturientes como método nãofarmacológico para o alívio da dor no trabalho de parto.
Médio prazo
•Realização de reunião com gestores da maternidade para aperfeiçoamento dos resultadosda intervenção
•Identificar se a equipe multiprofissional apresenta o “cavalinho” às parturientes, asestimulam e orientam sobre sua utilização esse equipamento no trabalho de parto,.
Longo prazo
•Promover periodicamente momentos de avaliação acerca do uso do equipamento“cavalinho” como método não farmacológico de alivio da dor no trabalho de parto.
18
5.4 Estratégias da intervenção
Com vista às metas estipuladas para a Intervenção em curso, faz-se
importante descrever que as etapas para esse trabalho previam a capacitação da
equipe multiprofissional que desenvolve suas ações diretamente com as mulheres
internadas em trabalho de parto, demonstrando as indicações adequadas para uso,
benefícios e limitações do balanço pélvico tipo “cavalinho” como método não
farmacológico de alivio da dor.
Fortalece-se assim o uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” entre as
parturientes, a partir da realização das capacitações pelos profissionais, momento
em que os mesmos conheceram seus benefícios e indicações, sendo estimulados a
utilizarem junto às parturientes.
Diante das metas programadas, a seguir estão descritas as Estratégias
utilizadas.
As capacitações ocorreram no auditório da Maternidade Dr. Araken Irerê
Pinto. Foram realizadas três capacitações nos dias 14 e 15 de março de 2019,
sendo uma no turno matutino, uma no vespertino, e uma no noturno, objetivando
oferecer oportunidades para participação de todos os profissionais. Cada
capacitação teve duração de quatro horas. Nos diferentes dias e turnos foram
discutidos os mesmos conteúdos, oportunizando o acesso ao conhecimento e a
participação de toda a equipe multidisciplinar, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
médicos, nutricionistas, assistentes sociais.
O chamado da equipe multidisciplinar para participar das capacitações foi
realizado: por meio de convite afixado nas áreas de maior circulação dos
profissionais na maternidade; através de convite formal junto às Coordenações
Geral, Administrativa e Médica; e, veiculação nas mídias sociais dos grupos dos
profissionais da maternidade.
Participaram da capacitação profissionais da equipe de enfermagem, nutrição
e serviço social. Foram capacitados um total de 73 profissionais, sendo dois
enfermeiros obstetras, três enfermeiros generalistas, 62 técnicos de enfermagem,
um nutricionista, dois assistentes sociais, além de três convidados, técnicos de
enfermagem de uma maternidade pública federal do estado do Rio Grande do Norte.
Para proporcionar uma maior interação entre todos os participantes, o local foi
previamente organizado, formaram-se as rodas de conversa, em que se distribuíram
19
as cadeiras em um grande círculo, permitindo uma exposição dialogada, pausada
por momentos de discussão e reflexão acerca dos assuntos estudados. Foram
utilizados, ainda, recursos audiovisuais como datashow.
Os temas abordados foram: Política Nacional da Rede Cegonha, fisiologia do
trabalho de parto, boas práticas durante o trabalho de parto, uso de métodos não
farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto, uso do cavalinho como
método não farmacológico de alivio da dor durante o trabalho de parto,
apresentação do Partograma como instrumento de registro do trabalho de parto,
iniciativa Hospital Amigo da Criança e importância do aleitamento materno.
Inicialmente aplicou-se um pré-teste com perguntas objetivas acerca da
temática, estimulando-se a reflexão acerca do conhecimento prévio dos
participantes sobre a assistência à mulher em trabalho de parto, e o uso do
“cavalinho” como método não farmacológico para alívio da dor durante o trabalho de
parto. As respostas dos participantes serviram de marco inicial na construção da
discussão sobre os conteúdos estudados.
A partir dos conhecimentos dos participantes e utilizando-se recursos
audiovisuais apresentou-se o conteúdo teórico acerca dos assuntos: boas práticas
durante o trabalho de parto; e uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor
no trabalho de parto, com ênfase no equipamento balanço pélvico tipo “cavalinho”
mostrando suas indicações, benefícios, limitações e estratégias para o correto
equipamento. Em seguida, houve os momentos de prática com a demonstração do
uso correto do balanço pélvico tipo “cavalinho” no setor de pré-parto.
Destaca-se que durante as capacitações, estimulava-se a participação e a
reflexão dos participantes, indagando-os sobre suas experiências pessoais e
profissionais.
Ao final da capacitação realizou-se um pós-teste com as mesmas questões
do pré-teste, de forma que cada participante fizesse sua autoavaliação quanto ao
aprendizado e importância do conhecimento adquirido e utilização em sua prática
profissional.
Observou-se que a capacitação alcançou um número significativo de
profissionais da equipe de enfermagem. Os encontros possibilitaram a atualização e
a reflexão acerca do processo de parir e as responsabilidades dos profissionais
quanto à assistência às mulheres, especialmente ao uso de métodos não
farmacológicos de alivio da dor disponíveis no serviço, ampliando, dessa forma, a
20
capacidade de análise crítica dos envolvidos, pactuando compromissos e assim
buscando a melhoria dessa assistência, permitindo a implementação gradual do uso
do “cavalinho” como importante ferramenta desse processo.
21
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No intuito de permitir uma melhor compreensão sequencial e
acompanhamento temporal das atividades desenvolvidas durante as diversas fases
dessa intervenção, buscou-se apresentar por meio de gráficos e discutir: 1) a
utilização do balanço pélvico tipo “cavalinho” entre as parturientes da Maternidade
Dr. Araken Irerê Pinto antes da capacitação da equipe multiprofissional (Gráfico 1);
2) a distribuição dos profissionais da Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto que
participaram da capacitação (Gráfico 2); 3) a utilização do balanço pélvico tipo
“cavalinho” entre as parturientes da maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, após a
capacitação da equipe multiprofissional (Gráfico 3); 4) os resultados alcançados
quanto a implementação do uso do balanço pélvico na Maternidade Dr. Araken Irerê
Pinto (Gráfico 4).
Para se identificar o uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” na Maternidade
Dr. Araken Irerê Pinto, e buscando-se conhecer o percentual de uso desse
equipamento, realizou-se um levantamento prévio junto aos prontuários de mulheres
que tiveram partos normais durante o mês de fevereiro de 2019, arquivados na
Maternidade. Para isso, considerou-se o item “uso do cavalinho” contido no
formulário institucional “Histórico/Evolução de Enfermagem”, assinalado pelos
profissionais “sim” ou “não” (anexo).
A observação dos registros no formulário institucional “Histórico/Evolução de
Enfermagem”, entre 15 de fevereiro e 14 de março de 2019, 30 dias antes da
capacitação, mostrou que ocorreram 186 partos, sendo 117 normais e 69 cirúrgicos.
Neste período, entre os partos normais, 21 mulheres em trabalho de parto utilizaram
o balanço pélvico tipo “cavalinho”, o que representa o percentual de 18,0%
(Gráfico1).
22
Gráfico 1 – Utilização do balanço pélvico tipo “cavalinho” entre as parturientes da
Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, antes da capacitação da equipe multiprofissional
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Observa-se no Gráfico 1 a baixa utilização do equipamento “cavalinho” entre
as parturientes da Maternidade, assim como um elevado índice de prontuários que
não apresentam registro de resposta para a pergunta sobre o uso dessa importante
ferramenta não farmacológica de alívio da dor no trabalho de parto.
De acordo com os dados levantados (Gráfico 1), e no intuito de atingir um dos
objetivos da Intervenção, foi realizada capacitação relacionada ao uso do balanço
pélvico tipo “cavalinho” junto à equipe multiprofissional, ocorrida nos dias 14 e 15 de
março de 2019, contando com um total de 73 profissionais, entre eles dois
enfermeiros obstetras, três enfermeiros generalistas, 62 técnicos em enfermagem,
um nutricionista, dois assistentes sociais, além de três técnicos de enfermagem
convidados, que trabalhavam em uma maternidade pública federal no estado do Rio
Grande do Norte.
Destaca-se que não houve participação dos profissionais médicos na
capacitação. O convite foi afixado nos locais de circulação desses profissionais e
veiculado nos grupos de mídias sociais, além de o evento ter sido comunicado à
Direção Médica e trabalhadores.
Acredita-se que o fato de aproximadamente 70% dos médicos atuarem na
Maternidade de forma terceirizada, através de cooperativas médicas contratadas
temporariamente, pode ter dificultado o maior envolvimento dessa categoria
profissional na capacitação.
18,0%
26,0%56,0%SIM
NÃO
SEM REGISTRO
23
Gráfico 2 – Distribuição dos profissionais da Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto que
participaram da capacitação
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
No sentido de se conhecer o impacto da capacitação com vistas a
implementação do uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” na Maternidade espaço
desse estudo, avaliou-se também a assistência aos partos ocorridos durante os 15
dias seguidos ao evento, de 16 a 31 de março de 2019, perfazendo o total de 118
partos, sendo 71 partos vaginais e 47 cirúrgicos.
Buscou-se analisar o preenchimento do item “uso do cavalinho” constante na
ficha “Histórico/Evolução de Enfermagem” a fim de se verificar a resposta ao uso do
equipamento, representando assim uma possível evolução nos registros.
No Gráfico 3 verificam-se os percentuais referentes à resposta ao uso do
“cavalinho” durante o trabalho de parto entre os dias 16 e 31 de março de 2019 na
Maternidade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Total de profissionais
Profissionais participantes da capacitação
24
Gráfico 3 – Utilização do balanço pélvico tipo “cavalinho” entre as parturientes da
maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, após a capacitação da equipe multiprofissional
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
É importante destacar o grande número de prontuários sem registro quanto
ao uso do equipamento “cavalinho”, tanto no momento anterior à capacitação (56%),
quanto após (48%).
De acordo com o Gráfico 4, a seguir, a observação dos dados relativos ao uso
do equipamento balanço pélvico tipo “cavalinho”, entre o momento anterior e
posterior à capacitação, demonstra um incremento positivo no uso do aparelho pelas
parturientes da maternidade, passando de 18% para 34%, representando um
aumento significativo no uso de métodos não medicalizantes e implementação do
balanço pélvico como estratégia não farmacológica de alívio da dor no trabalho de
parto.
34%
18%
48%
SIM
NÃO
SEM REGISTRO
25
Gráfico 4 – Uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” durante o trabalho de parto,
antes e após a capacitação da equipe multiprofissional
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Apesar da diminuição da ausência de registro pelos profissionais do uso do
“cavalinho”, demonstrados pelos percentuais de 56%, antes, e 48% posterior à
capacitação (Gráfico 4), os dados apontam a necessidade de um aperfeiçoamento
na utilização do instrumento “Histórico/Evolução de Enfermagem”, assim como a
discussão acerca da importância desse documento.
Destaca-se o aumento do quantitativo de parturientes que utilizaram o
“cavalinho”, passando de 18% para 34% (Gráfico 4). O acompanhamento da
implementação do uso do balanço pélvico tipo “cavalinho” na Maternidade Dr.
Araken Irerê Pinto está sendo realizada de forma crítica e contínua em relação aos
objetivos propostos. Para tanto, realiza-se a observação subjetiva da
utilização/oferecimento do equipamento para as parturientes durante os plantões;
promove-se o diálogo junto aos profissionais de enfermagem, capacitados ou não,
para esclarecimento de dúvidas e orientações quanto ao “cavalinho”; verifica-se o
preenchimento e posterior análise do formulário institucional denominado
“Histórico/Evolução de Enfermagem, onde consta o item referente ao uso do
“cavalinho”.
Os focos de análise do processo de formação-intervenção, conforme orienta
Santos Filho (2010), foram contemplados da seguinte forma:
0
10
20
30
40
50
60
Antes da Capacitação Após a Capacitação
18%
34%26%
18%
56%
48%
SIM NÃO SEM REGISTRO
26
Foco I - referente aos conteúdos e estratégias pedagógicas-metodológicas:
realizou-se o diagnóstico situacional e as rodas de conversa em conjunto com os
profissionais da equipe multiprofissional da instituição;
Foco 2 – abordagem dos sujeitos do processo de transformação através do
trabalho junto à equipe multiprofissional, envolvendo esses trabalhadores na
melhoria de suas práticas diárias;
Foco 3 - referente as repercussões da formação na prática da atenção,
destaca-se as significativas melhorias na assistência obstétrica, já demonstradas
através dos gráficos anteriormente apresentados, e o importante ganho na
articulação da equipe multiprofissional que diretamente assiste as parturientes da
maternidade Dr. Araken Irerê Pinto.
A tendência à mudança de algumas práticas profissionais conforme apontado
por esse trabalho, em especial àquelas voltadas a aproximação com as “práticas
demonstradamente úteis e que devem ser estimuladas”, conforme orienta a Política
da Rede Cegonha para as Maternidades Públicas do Brasil (2001), especialmente
no tocante ao uso de métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor,
como o uso do balanço pélvico tipo “cavalinho”, exige um acompanhamento
contínuo das ações, metas e compromissos assumidos coletivamente, contribuindo
dessa forma para a melhoria da satisfação das usuárias e favorecendo a
humanização da assistência materno-infantil no âmbito da Maternidade Dr. Araken
Irerê Pinto.
27
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização dessa intervenção oportunizou a sensibilização dos gestores e
equipe multiprofissional da Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto acerca das boas
práticas da assistência ao parto e nascimento, além de promover a capacitação
desses profissionais para o uso seguro e eficiente do balanço pélvico tipo
“cavalinho” como método não farmacológico para o alívio da dor no trabalho de
parto.
A Intervenção contou, desde o início dos trabalhos, com a receptividade e
apoio dos gestores da Instituição, disponibilizando equipamentos, insumos e espaço
necessários, estimulando a participação da equipe multiprofissional, envolvendo
setores responsáveis na assistência às parturientes, com destaque para a equipe de
enfermagem, serviço social e nutrição, além de outros setores como recepção,
portaria e segurança da Maternidade, possibilitando assim a construção de um
trabalho coletivo.
A capacitação buscou desenvolver na equipe multiprofissional a capacidade
de análise e reflexão crítica acerca da qualidade da assistência prestada às
mulheres durante o trabalho de parto, compreendendo a fisiologia natural do
processo de parturição e os diversos fatores que poderão interferir positiva ou
negativamente no alívio da dor próprio desse período, oferecendo ainda
oportunidades de assistir e apoiar com qualidade às parturientes e suas famílias,
dispondo de métodos naturais e não farmacológicos importantes para uma
assistência segura, humana e de qualidade.
A disponibilidade do balanço pélvico “cavalinho” em quantidade suficiente
para o número de leitos de pré-parto da Maternidade, associado ao interesse dos
profissionais em se capacitarem para o melhor uso desse equipamento,
especialmente a equipe de enfermagem, favoreceram a construção desse novo
cenário de prática profissional.
Como um ponto de sensibilidade dessa intervenção destaca-se a ausência da
equipe médica nos momentos de capacitação, mesmo diante dos convites
realizados, ratificando a importância da participação dessa categoria profissional,
uma vez que são atores importantes na indicação dos MNFS. Acredita-se que o fato
de cerca de 70% dos médicos da Maternidade atuarem através de contratos com
28
cooperativas médicas, possa ter contribuído para a ausência desses trabalhadores
na capacitação.
Os resultados apresentados a partir da análise da ficha “Histórico/Evolução de
Enfermagem” mostraram que o equipamento balanço pélvico tipo “cavalinho” passou
a ser mais utilizado pelas parturientes após a realização da capacitação pela equipe
multiprofissional.
Os dados coletados no período estudado mostram que em grande parte dos
prontuários das mulheres que evoluíram para o parto normal não havia registros
quanto ao uso do “cavalinho”, demonstrando, assim, a necessidade de se trabalhar
a temática em outros momentos através da educação permanente em saúde,
capacitando os profissionais em boas práticas de atenção ao parto e nascimento,
consoante a Política Nacional da Rede Cegonha.
Diante do exposto, acredita-se que a sensibilização dos gestores e a
capacitação dos profissionais realizada, se aliada à oferta de outros encontros de
qualificação dos trabalhadores, resultará a médio e longo prazos em importante
melhoria na qualidade da assistência materno-infantil oferecida pela Maternidade Dr.
Araken Irerê Pinto e pelo SUS.
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REFERÊNCIAS
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30
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ANEXO – HISTÓRICO/EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM
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