Utilizando o Diagnóstico Pelos Oito Princípios Na Acupuntura CORRIGIDO

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    Util izando o Diagnstico pelos Oito Pri ncpios na Acupuntura 1. IntroduoO primeiro e mais importante estgio de identificao das Sndromes na Medicina TradicionalChinesa (MTC) o Diagnstico pelos 8 Princpios, que nos permite identificar a natureza, intensidade elocalizao das doenas, bem como estabelecer o princpio de tratamento para as mesmas.Este mtodo diagnstico aplicvel a todos os casos e, atravs dele, podemos identificar se a doena

    externa ou interna , por frio ou por calor, por excesso ou por deficincia, de carter Yin ou Yang.Assim, faz-se necessria uma semiologia detalhada, incluindo inspeo (geral elngua), palpao (geral e pulsos), ausculta, olfao e um interrogatrio detalhado. Na verdade, disso depender a escolha do tratamento adequado.So 4 os critrios bsicos, onde cada um admite dois aspectos opostos, somando os 8 Princpios:

    Profundidade (externo ou interno); Natureza (calor ou frio);Intensidade (excesso ou deficincia);Carter geral (Yin ou Yang)

    2. Como diferenciar ?Quanto profundidade da doena (superficial ou profunda):

    Doenas Externas ou Superficiais so as localizadas nos tecidos superficiais (pele, msculos,ligamentos e tendes), nos canais superficiais (tendneos musculares ou distintos), na periferia doscanais principais (por ex. extremidades) alm das sndromes respiratrias altas (seios da face, faringee laringe). Geralmente tm incio sbito, incubao curta e evoluo rpida. O pulso predominantemente superficial.Doenas Internas ou Profundas acometem tecidos profundos (ossos, vasos e medulas), rgosZang-Fu, Canais Principais, Vasos Maravilhosos ou Substncias Fundamentais. Tendem a ser deevoluo mais lenta e insidiosa e acompanhadas de alteraes emocionais ligadas aos Zang-Fu.Geram alteraes no corpo da lngua ou saburra espessa e pulsos predominantemente profundos.Os exames laboratoriais e os diagnsticos por imagem so de grande valiaquando no podemos, atravs de simples observao e histrico, definir exatamente a localizao dadoena. Por exemplo: um paciente com claudicao de membro inferior e aparente dor na articulaocoxo femural. Se as radiografias nada revelarem, provavelmente trata-se de doena externa,acometendo apenas tendes, ligamentos ou msculos; se revelarem displasia coxofemural, ou seja,algum grau de deformao ssea, trata-se de doena interna.Sndromes intermedirias apresentam sinais e sintomas simultneos de ambos e ocorrem no

    momento de transio em que a doena superficial est se aprofundando ou que a doena profundaest se exteriorizando.Sndromes combinadas ocorrem quando coexistem desarmonias no interior e exterior do corpoe as mesmas no se devem superficializao ou ao aprofundamento de uma doena.

    Quanto natureza da doena (calor ou frio):Sndromes de Frio apresentam uma reduo da atividade do organismo pela diminuio doYang, podem ser causadas por ataque de frio (excesso de Yin), por penetrao de vento frio exgeno, por ingesto de alimentos ou outras substncias de natureza excessivamente fria e tambm pordeficincia primria de Qi (falta aquecimento). Os sintomas pioram com o frio, melhoram pelo calor,h ausncia de sede, pele plida ou azulada, o paciente est sempre encolhido, com as pernas dobradas, procura locais quentes para se deitar, poliria com urina clara,, secrees claras e abundantes,sonolncia, calafrios, hipoatividade, lngua plida, saburra branca e mida, pulso lento e tenso.Sndromes de Calor apresentam um aumento da atividade do organismo por excesso absolutoou relativo de Yang, podendo ser causadas pela penetrao de calor (ambiente ou alimentos) ou pelainsuficincia de Yin. Nestas sndromes h piora pelo calor e melhora com o frio, sede e desejo delquidos frios, pele avermelhada, agitao,em movimento, procura locais frios),oligria, com urina concentrada, secrees amarelas e escassas, insnia, febre,hiperatividade, lngua vermelha, saburra amarela e seca e pulso rpido e superficializado.Formas emaranhadas ou misturadas podem ocorrer quando coexistem Frio e Calor num mesmo paciente, surgindo por transformao (frio em calor por ex), por ataque de calor ou de frio a umanimal com sndrome de base oposta, pelo bloqueio de passagem entre partes do corpo por fleuma ouestagnao de sangue, por deficincia do Qi do Rim (no mantm a distribuio de Yin e Yang nocorpo).Formas enganadoras ou falsas podem ocorrer e geralmente ocorrem nas fases crticas dadoena, quando a disposio normal de Yin e Yang se altera, levando a uma alterao orgnicamuito grande, confundindo o examinador .

    Quanto intensidade da doena (excesso ou plenitude e deficincia ou vazio):Excesso ocorre quando h algo a mais no corpo (agentes patognicos como vento, calor, frio,umidade, fleuma), quando h uma hiperfuno ou quando h um bloqueio que leve a um acmulo.

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    Alguns exemplos so: penetrao de Qi patognico; emoes desregradas levando a bloqueios egerando excessos; abuso na alimentao levando a acmulos; traumatismos levando a estase de Qi eSangue. Os sintomas em uma patologia por excesso pioram com o movimento, aliviam com orepouso, pioram com a presso, pioram com esforo de curta durao, so muito intensos. O curso dadoena tende a ser agudo, h plenitude e distenso, contrao e hiperatividade, os movimentos sorpidos e amplos, a respirao ampla e ruidosa, podem haver constipao ou clicas, retenourinria e fecal, a lngua estar aumentada ou contrada, a saburra espessa ou acentuada, o pulsoforte, amplo e de consistncia aumentada.Deficincia ocorre pela falta de alguma coisa ou pelo enfraquecimento de alguma funo. Ossintomas geralmente so discretos, crnicos e no incomodam profundamente o animal. Doenas por deficincia pioram com repouso e so aliviadas pelo movimento, melhoram com presso, pioram com esforo prolongado, possuem sintomas de intensidade moderada, o curso tende a sercrnico. Pode haver sensao de fraqueza e vazio, relaxamento, astenia, movimentos dbeis,respirao fraca e superficial, diarria pastosa, sem clicas, incontinncia fecal ou urinria, lnguadiminuda, rachada, saburra fina ou ausente, pulso fraco, pouco amplo e mole.Formas emaranhadas ou mistas na intensidade ocorrem quando coexistem, no mesmo paciente,sinais de excesso e deficincia. Isto pode ocorrer quando h transformao na intensidade ou quandoum excesso acomete um paciente deficiente.Formas enganadoras tambm podem confundir o examinador e ocorrem em situaes crticas dadoena.

    Quanto ao carter da doena (Yin/Yang):O carter Yin ou Yang de uma doena nos d a idia de comportamento geral da mesma, nos permitindo conhecer sua tendncia evolutiva , estabelecer estratgia de tratamento e dar idia de prognstico.Uma doena Yin, em geral, evolui crnica e lentamente, no ameaa a vida do indivduo enecessita de um tratamento por longo prazo, enquanto uma doena Yang tende a ter evoluo aguda,consumir o indivduo e ser mais grave, exigindo tratamento rpido e intenso.Para determinar o carter geral de uma doena precisamos analisar sua Localizao, Natureza eIntensidade, classificando-as como de caractersticas Yin ou Yang, conforme a tabela abaixo. Se 2 ou3 destas caractersticas da doena forem yang, ento a doena Yang, se 2 ou 3 forem yin, ento adoena Yin.Tabela 1YIN INTERNO FRIO DEFICINCIAYANG EXTERNO CALOR EXCESSOAlguns autores consideram outros raciocnios na classificao Yin-Yang, mas este nos parece omais lgico.3. Como obter dados? fundamental estabelecer um protocolo semiolgico para se obter o mximo de informaesque nos levem ao diagnstico segundo a MTC. Devem fazer parte da rotina do clnico acupunturista astcnicas semiolgicas citadas anteriormente, com um destaque para o interrogatrio, que poder serfacilitado pela utilizao de um roteiro para a anamnese dirigida. A primeira parte desse roteiro deve serdestinada doena atual, onde se colhe o histrico evolutivo da mesma, ou seja, quando comeou, comocomeou, se houve algum tratamento, se o mesmo foi eficaz ou no, se toma algum tipo de medicaoatualmente, se h exames complementares que possam auxiliar o diagnstico pela MTC. Na segunda parte estariam as perguntas da anamnese dirigida, ou seja, aquelas que nos guiaro para o diagnsticodefinitivo pelos 8 princpios, assim como para o diagnstico das Substncias Fundamentais, Zang-Fu eCanais e colaterais. A tabela a seguir correlaciona sinais e sintomas com seus significados diagnsticos

    pelos 8 princpios. Vale lembrar que na tabela no sero colocadas as interpretaes acerca dos demaisdiagnsticos (substncias fundamentais, zang-fu, etc) para que fique sucinta e restrita ao assuntoabordado.

    Tabela 2. Interpretao de Sinais e Sintomas pelos 8 princpios DiagnsticosREFERNCIAS SINAIS E SINTOMAS INTERPRETAOBoa NormalDisposio Geral Agitao CalorProstrao Deficincia, frioHipersonia Deficincia ou excesso (fleuma)Sono Insnia ou sono agitado Excesso (de Yang) ou deficincia(de Yin), ou caloraumentado CalorDiminudo Deficincia ou excesso(fleuma)ApetitePervertido Calor

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    Aumentada Calor, deficincia (lq, sg, yin)Ingesto de Alimentos ouLquidosSedediminuda Excesso (lq), Frio ou Defic(Yang)Mehora com alimentao Deficincia Nuseas e vmitos Piora com alimentao ExcessoConstipao comressecamentoCalor ou deficinciaConstipao semressecamentoDeficinciaConstipaao c/ fezesem bolinhas Excesso (estagn)Diar. Past. restosalim., prolapso, sgescuro, piora c/ evac.Deficincia

    Diar. Ftida e ardnciaanalCalorDiarria lq, c/ clicas,muitas evac, mucoExcessoExcretasFezesEscurecidas, amarelas,sg vivoCalorClaras ouesbanquiadasFrioClara e volumosa Frio (defic ou excesso)Concentrada e pouca Calor ou DeficinciaTurva ou leitosa ExcessoEnegrecida CalorAlta freqncia comdor, retenoExcessoQueimao CalorDor ps-miccional DeficinciaUrinaincontinncia DeficinciaAverso ao frio, deita enrolado,com patas dobradas

    FrioSensao trmicaAverso ao calor, deitaesparramado em chos friosCalorPioram com calor e melhoramcom frioCalorPioram com frio e melhoramcom calorFrioPioram com movimento,melhoram com repouso, pioramc/ presso ou umidadeSintomas doena atual ExcessoMelhoram com movimento(pouco tempo), com a presso,

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    com a umidadeDeficinciaLeve, crnica, intermitente DeficinciaDor Intensa, aguda, permanente ExcessoPerda de funo Deficinciargos dos Sentidos Alteraes crnicas DeficinciaAlteraes agudas ExcessoCio c/ sangramento aumentado Calor ou deficinciaCio c/ sangramento diminudo,maior intervalo entre ciosDeficinciaGravidezes repetidas, abortos DeficinciaCorrimento claro Excesso, frioCorrimento escuro Excesso, calorLibido aumentada Deficincia ou calor, internoSistema reprodutorLibido diminuda, perdasseminais, ejaculao precoce,impotnciaDeficincia, interno

    Dor ExternoFlacidez, atrofia, fraqueza DeficinciaMsculos, tendes e ligamentos Contraturas, caimbras, rigidez,tendinitesExcessoRubor, calor, erupes, lceras,hiperpigmentaoCalor, externoSeca , alopcia, unhasquebradiasPele, plos e unhas DeficinciaFria , descamao branca FrioDispnia de decbito, tosseforte, sibilos, c/ expectorao,voz altaSistema respiratrio ExcessoDispnia de esforo, tosse fraca,voz fracaDeficinciaEspirros, corrimento nasal,sinusiteExternoAlm desses itens, devemos lembrar dos exames de lngua e pulso, os quais s vezes serodecisivos no diagnstico final. No interrogatrio tambm de grande valia incluir perguntas sobrehbitos alimentares, histrico familiar, doenas anteriores, exposio do animal a fatores externos ,histria emocional.

    4. Como tratar a partir do diagnstico traado?Para obtermos resultados positivos com a acupuntura deveremos tonificar as deficincias, sedarou dispersar os acmulos ou excessos, aquecer o frio, no utilizar calor (ex. moxa) nas s ndromes decalor, no aprofundar doenas superficiais, dar ateno s doenas profundas. Alm disso, seremoscapazes de traar um prognstico para a doena (se Yin, tratamento prolongado, se Yang, tratamentocurto) e estratgias de tratamento (por ex. em doenas Yang estabelecer um tratamento mais intensivo). claro que essa uma viso um tanto simplista, uma vez que no citamos detalhes detratamentos como, por exemplo, nas sndromes combinadas, citadas anteriormente, por necessitarmos dedados especficos de caso a caso para a escolha do tratamento mais apropriado, ver prevalncias entreraiz e manifestao.5. ConclusoSo muitas as dificuldades encontradas pelo acupunturista at chegar a umdiagnstico definitivo. A utilizao dos 8 princpios diagnsticos serve de base para esse diagnstico esem eles torna-se quase impossvel tratar adequadamente um paciente. Caso uma doena de deficincia, por exemplo, seja tratada como sendo de excesso, ou seja, sejam escolhidos mtodos e pontos dedisperso, o paciente apresentar uma piora significativa, ficando ainda mais deficiente.

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    A anamnese dirigida sistemtica, atravs de um questionrio pr-elaborado, exame dos pulsos eda lngua, observao, ausculta e palpao devem ser institudos como rotina na prtica da acupuntura para que os diagnsticos sindrmicos e etiolgicos, segundo a Medicina Tradicional Chinesa, possam sempre ser alcanados. Muitos tratamentos mal sucedidos se devem a diagnsticos equivocadose, infelizmente, no so raros.Bibliografia1. _______ . Acupuncture, a comprehensive text. Chicago, Eastland, 19812. ANTUNES, R. C. & BOTSARIS, A. S. Canais e colaterais.2ed. Rio de Janeiro: IARJ, 19993. MACIOCIA, G. The foundations of chinese medicine. Edinbueg, Churchill Livingstone, 19894. XINNONG, C. et al. Chinese acupuncture and moxibustion . Beijing, Foreign Languages, 1987