V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA O VÍDEO … · alunos do 9º ano do ensino fundamental II da...
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O VÍDEO DIDÁTICO NO ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA
EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Rosiane de Jesus Santos
Resumo: Este trabalho apresenta discussões referentes ao uso do vídeo no ensino e no
aprendizado da matemática. Vislumbrando o desenvolvimento de metodologias com o uso do
vídeo didático em sala de aula, objetivou-se investigar e analisar como atividades no contexto da sala
de aula com o uso do vídeo didático pode influenciar e contribuir com o ensino da matemática. Nesta
pesquisa, aborda-se como tema as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no
ambiente escolar e o vídeo na educação matemática. A pesquisa de campo constituiu-se de
realização de atividades utilizando vídeos didáticos sobre o teorema de Pitágoras e entrevista
com alunos do 9º ano do ensino fundamental II, a fim de atender os objetivos da pesquisa. Por
meio deste estudo, foi possível analisar que o vídeo traz grandes contribuições como recurso
didático: ele atua como apoio as aulas apresentando diferentes abordagens do conteúdo, revisa
conceitos e propriedades, apresenta novas situações e aplicações, atua como fonte de novas
informações e pesquisa, dentre outros. Espera-se que este estudo possa impulsionar cada vez
mais o uso dos vídeos didáticos nas aulas de matemática por professores e alunos buscando neste
material audiovisual uma complementação ás metodologias e recursos didáticos existentes.
Palavras-chave: Vídeos Didáticos. Educação Matemática. Ensino.
Abstract: This work presents discussions about the use of video in teaching and learning
mathematics. By looking at the development of methodologies with the use of didactic video in
the classroom, the objective was to investigate and analyze how activities in the classroom
context with the use of didactic video can influence and contribute to the teaching of
mathematics. In this research, the topic of Information and Communication Technologies (ICTs)
in the school environment and video in mathematics education is addressed. The field research
consisted of performing activities using didactic videos about the Pythagorean theorem and
interviewing students of the 9th grade of elementary school II in order to meet the research
objectives. Through this study, it was possible to analyze that the video brings great
contributions as a didactic resource: it acts as a support for the classes presenting different
approaches to content, reviews concepts and properties, presents new situations and applications,
acts as a source of new information and research, among others. It is hoped that this study may
increasingly promote the use of didactic videos in mathematics classes by teachers and students
seeking in this audiovisual material a complementation to existing methodologies and didactic
resources.
Keywords: Didactic videos. Mathematical Education. Teaching.
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INTRODUÇÃO
Com o grande avanço da tecnologia, a educação em geral, vem ao longo dos anos
modificando as metodologias de ensino tradicionais inserindo as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) nas atividades didáticas e pedagógicas.
As TICs possibilitam criar e desenvolver um cenário de sala de aula voltado para
atividades investigativas, propiciando ao aluno desenvolver o raciocínio, a construção de
habilidades e ideias direcionadas ao conhecimento.
Segundo Kenski (2008), as TICs, de modo particular a televisão e o computador,
“movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a
compreensão do aluno e o conteúdo veiculado” (KENSKI, 2008, p. 45).
Dentre essa tecnologia esta a mídia vídeo que vem se destacando na educação
proporcionando aos alunos diferentes modos de ensinar e aprender. Os materiais audiovisuais
são importantes ferramentas de ensino utilizadas frequentemente na Educação a Distância
(EAD), mas com o passar dos anos e o grande acesso a internet, essa mídia vem se destacando na
educação em geral.
De acordo com Martirani (2001), o vídeo:
Dinamiza, ilustra, completa e satura aquilo que na leitura ficava apenas a cargo da
imaginação de cada um. Por isso, pode-se dizer que esta linguagem, quando o quer, é
mais explicita, mais precisa, por possuir mais elementos para se expressar e, por outro
lado, mais efêmera, por particularizar e direcionar a interpretação, pelo grau de
redundância e pelo recíproco reforço entre o discurso verbal e o visual.
(MARTIRANI, 2001, p. 157)
O vídeo evidencia diversas linguagens e engloba vários sentidos, despertando no aluno
sensibilidades a partir de uma comunicação e o interesse, oriundo da forma de disposição e
apresentação dos conteúdos.
Ainda nesta perspectiva Almeida (2005) acrescenta:
A linguagem produzida na interação entre imagens, movimentos e sons atrai e toma
conta das gerações mais jovens, cuja comunicação resulta do encontro entre palavras,
gestos e movimentos, distanciando-se do gênero do livro didático, da linearidade das
atividades da sala de aula e da rotina escolar. (ALMEIDA, 2005, p. 41).
A combinação das linguagens diferenciadas permite no vídeo uma articulação dentro de
um determinado contexto que informa e entretêm, projetando para outro tempo e espaço.
Experiências de sala de aula e pesquisas com a utilização do vídeo no processo de ensino
e aprendizagem da matemática realizada por Silva (2011), Oliveira (2010), Rocato (2009) e
Paraizo (2012) dentre outros, apresentam que o vídeo pode ser utilizado como um recurso
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propício e importante neste processo. Sua utilização de forma contextualizada valoriza e destaca
a comunicação através dos elementos de imagens e som, estimulando a imaginação, a
visualização e a abstração dos alunos.
O uso deste material nas aulas de matemática, antes de tudo deve passar por um processo
de seleção e avaliação para que o mesmo esteja em consonância com os objetivos da aula, os
materiais audiovisuais não substituem a presença do professor, eles devem ser utilizados
agregados a outras metodologias de ensino e atividades.
Neste sentido a pesquisa busca investigar e analisar como atividades em sala de aula com o uso
do vídeo didático pode influenciar e contribuir com o ensino da matemática. Para esse trabalho foi
importante conhecer a relação do aluno com esse recurso didático e suas considerações sobre ele
nas aulas de matemática.
Assim sendo, os caminhos percorridos nesta pesquisa nos possibilitou conhecer algumas
das possibilidades dos vídeos didáticos em atividades matemática e algumas possíveis
contribuições deste material para os alunos durante o processo de ensino e aprendizagem da
matemática.
O VÍDEO NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Para fins de ensino e aprendizagem matemática, o vídeo necessita apresentar em seu
conteúdo ideias criativas integradas ao propósito de constituir nele um efeito favorável ao
processo.
Assim Rocato (2009) salienta que,
[...] a utilização de vídeos nesse processo de ensino e aprendizagem de matemática pode
facilitar sua desmistificação para os alunos, através das imagens, sons, interpretação,
simulação e modelagens matemáticas, presentes nos vídeos existentes que abordam o
ensino de matemática e que podem extrapolar as relações, transitando por outras
disciplinas ampliando e potencializando a construção do conhecimento matemático.
(ROCATO, 2009, p. 86).
A apresentação do conteúdo matemático no material audiovisual exige além do rigor e da
coerência matemática, a possibilidade de desenvolver a criatividade e imaginação dos alunos,
pois sem elementos de motivação e beleza plástica, “o vídeo pode estar condenado ao
desinteresse e a ineficácia”. (DANIEL, 1995, apud MARTIRANI, 2001, p. 168).
O vídeo além de mudar os cenários das aulas, pode desenvolver no aluno atitudes criticas
em relação a aquilo que lhe é apresentado. A apresentação e construção do conhecimento no
vídeo permitem a interação e a reflexão, oportunizando ao professor aproveitar as discussões e
mediar à construção das ideias que são fundamentais para desenvolver o conhecimento.
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No contexto da matemática alguns estudos com o uso do vídeo em sala de aula foram
realizados na perspectiva de conhecer como esse recurso contribui para o ensino e aprendizado.
Oliveira (2010) investigou vídeos educativos por meio de videoaulas de um canal da web
com conteúdos de geometria planas com alunos de uma escola pública.
O grupo de alunos que assistiu as videoaulas percebeu que a abordagem do vídeo
“sobrepõe a tudo aquilo que o livro didático não consegue transportar, por exemplo: simulações,
sons e imagens em movimentos. Esse recurso do vídeo serve para instigar ou motivar, ou ate
mesmo levantar discussões.” (OLIVEIRA, 2010, p. 77).
Silva (2011) relata a experiência de Civardi (2010) que utilizou um vídeo didático para o
ensino de frações articulado com a obra de Monteiro Lobato, para alunos das séries inicias do
Ensino Fundamental. A “aritmética da Emilia” como denominou sua sequencia didática, é um
exemplo de “como o professor pode obter de seus alunos aprendizagens significativas de
conceitos matemáticos na 1º fase no que tange ás atividades matemáticas com o uso do vídeo”.
(SILVA, 2011, p. 52).
Em sua pesquisa de mestrado, Souza (2009) utilizou vídeos documentários para um
trabalho de Étnomatematica ampliando conceitos e tornando mais dinâmico o conteúdo. Para o
autor o embasamento crítico e reflexivo do documentário possibilita motivar e desafiar os alunos
para desenvolver a compreensão dos aspectos funcionais do recurso.
Paraizo (2012) investiga através de sua pesquisa de mestrado o ensino de geometria
espacial com a utilização de vídeos e matérias concretos. Para o autor os vídeos que chamaram
mais atenção dos alunos foram aqueles que abordaram a geometria com características lúdicas e
com dramatização contextualizada. “A partir dos resultados da pesquisa, as características
fundamentais do vídeo para os participantes foram: o lúdico, a dramatização e a modalidade
videoprofessor”. (PARAIZO, 2012, p. 145).
Outras experiências da utilização do vídeo para o ensino de matemática são realizadas
através de canais de vídeos, como é o caso do MIT OpenCourseware, o SlideShare e o Youtube.
Esses canais são utilizados por pessoas que buscam em seu conteúdo videoaulas para
aprofundamento de estudo, revisão de conteúdo e suporte teórico.
UTILIZANDO O VÍDEO EM ATIVIDADES MATEMÁTICAS
A fim de atender o objetivo deste estudo, foi realizada uma pesquisa de campo com 17
alunos do 9º ano do ensino fundamental II da Escola Estadual Cabeceira de São Pedro na cidade
de Teófilo Otoni – MG. A pesquisa de campo foi dividida em três fases.
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Na primeira fase foi realizada a seleção dos vídeos para as atividades práticas. O
processo de seleção dos vídeos teve como parâmetro a Taxionomia de Vídeos elaborada por
Santos (2015), levando em considerações os Aspectos Técnicos e Pedagógicos dos materiais
audiovisuais, bem como, a classificação baseado na sua finalidade.
Segundo Santos, (2015):
A taxionomia de vídeos pode contribuir no processo de seleção e avaliação de materiais
audiovisuais, sendo o parâmetro que os professores utilizam no processo. A taxionomia
possui características fundamentais e importantes para a análise de um vídeo, e desta
forma guia os professores na identificação da mesma no vídeo. Uma vez que os
professores possuem um sistema de características que os norteiam para a avaliação.
(SANTOS, 2015, p. 115).
A taxionomia possibilitou selecionar os vídeos a partir de características que estavam de
acordo com os objetivos estabelecidos para as atividades e o tema teorema de Pitágoras. Desta
forma, a taxionomia, contribuiu no direcionando da escolha dos vídeos. Foram eles: “O Teorema
de Pitágoras – Telecurso” e “ Aplicação do Teorema de Pitágoras – Telecurso”, ambos
disponíveis no canal Youtube.1
Nesta mesma fase da pesquisa foram construídas as atividades e o questionário para a
entrevista. Foram elaboradas duas atividades de acordo com o conteúdo de cada vídeo.
A segunda fase da pesquisa de campo consistiu-se da implementação da pesquisa e coleta
de dados. As atividades foram realizadas em dois encontros distintos na própria escola durante as
aulas de matemática. Foi utilizado um computador, projetor multimídia, caixas de sons e demais
aparelhos emprestados pela escola.
O encontro para realização da atividade foi dividido em três etapas: Execução do vídeo;
Constituição de uma plenária para discutir o conteúdo do vídeo com a participação de todos os
alunos; Realização da atividade escrita pelos grupos de alunos.
Durante os encontros a coleta de dados foi realizada simultaneamente. Após a última
atividade foi realizada a entrevista. Individualmente os alunos responderam o questionário
apresentando suas considerações.
A última fase da pesquisa de campo refere-se à análise dos dados e apresentação de
resultados. Cada grupo de alunos foi identificado com as letras A, B, C, D, E, F e G.
A figura 1 mostra o momento onde os alunos assistiam aos vídeos e posteriormente
realizavam as atividades.
1 https://www.youtube.com/watch?v=Pxs0pnWLJu8
https://www.youtube.com/watch?v=J5aL1_I3
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Figura 1: Alunos assistindo o 1º vídeo sobre o teorema de Pitágoras.
Fonte: Pesquisa de campo
Em relação à primeira atividade o objetivo era verificar a compreensão dos alunos em
relação aos conceitos e propriedades apresentada no primeiro vídeo que se trata de uma
introdução do conteúdo.
De acordo com Santos (2015),
Nesses vídeos predominam a exposição sistemática de conteúdo, em geral é feita uma
revisão de algum conteúdo pré-requisito para aquele que se deseja apresentar. É
composto por uma exposição de conteúdo através de exemplos ou de uma situação
problema. Neste tipo de vídeo apresenta-se a definição do conteúdo através de
linguagem matemática. (SANTOS, 2015, p. 75)
Com a atividade pode-se constatar que, todos os grupos classificaram o triângulo
retângulo a partir do ângulo reto. Os alunos, baseado na observação da sala de aula, descreveram
os triângulos retângulos presentes na mesa, no teto, chão, quadro, dentre outros lugares. Eles
fizeram a construção do triângulo retângulo localizando e identificando os catetos e a hipotenusa.
Em relação ao teorema de Pitágoras os alunos apresentaram as definições com
representações variadas:
Os grupos A, D e F escreveram: “em todo triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa
é igual à soma dos quadrados dos catetos”.
Os grupos C e G responderam: “O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados dos catetos”.
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O grupo E respondeu: a² = b² + c²
O grupo B grupo apresentou definições diferentes/ incompletas.
Com essas respostas percebe-se que, como o vídeo apresentou o teorema a partir de
figuras geométricas, exemplos, linguagem algébrica explorando o visual e a audição, os alunos,
através de diferentes formas, apresentaram o que seria o teorema de Pitágoras. Este
comportamento já era esperado, uma vez que o questionamento, “o que é o teorema de
Pitágoras”, abre espaço para diferentes respostas apresentadas no vídeo.
Ainda em relação a este questionamento apenas dois grupos estabeleceram uma relação
do teorema e áreas de figuras planas:
Grupo D: “A área do maior é a hipotenusa ao quadrado e as do menor é os catetos ao
quadrado”.
Grupo F: “Usando a área de três quadrados, Pitágoras demonstrou o teorema chegando
a um triângulo retângulo”.
Percebeu que o vídeo atuou como um recurso de revisão do teorema de Pitágoras,
abordando sua construção, definição e demonstração tanto no caráter algébrico como
geométrico. Com ele os alunos recordaram sobre triângulo retângulo e os princípios
fundamentais na demonstração do teorema através das áreas dos quadrados.
Utilizando diferentes linguagens percebeu-se que, apesar de já conhecerem o teorema de
Pitágoras, os alunos tiveram a oportunidade de verificar a apresentação do teorema de forma
geométrica antes mesmo da generalização algébrica a² = b² + c².
No segundo vídeo o objetivo era apresentar aos alunos diferentes aplicações do teorema
de Pitágoras. Para Santos, (2015):
Os vídeos destinados para aplicação de conteúdo específico em situações variadas
(exemplos e/ou exercícios) são materiais audiovisuais com características que levam a
exposição de um conteúdo matemático aplicado em exemplos ou exercícios. As
características deste tipo de vídeo são exposição de conteúdo, apresentação de situações
problemas, exemplos, apresentação de diferentes representações matemáticas,
apresentação de procedimentos de resoluções e exercícios. (SANTOS, 2015, p. 76).
Desta forma, a partir do vídeo de aplicação os alunos passaram, na atividade estabelecida,
utilizar do teorema para resolver diferentes situações problemas.
No vídeo foi narrada uma situação onde se questiona a altura de um muro no qual será
apoiada uma escada para auxiliar a decida do personagem que esta em cima do muro. Com esta
situação e os dados apresentados no vídeo, perguntou-se aos alunos qual era a altura do muro, e
pode-se perceber que todos os alunos interpretaram a situação identificando na posição escada,
muro e solo, um triângulo retângulo. No entanto 88,23% resolveram corretamente usando o
teorema de Pitágoras e encontrado o valor correspondente à medida da altura do muro.
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As situações dois e três da atividade apresentaram um quadrado e um losango
especificando algumas medidas dos lados e pedia-se que determinassem o tamanho da diagonal
do quadrado e o tamanho dos lados do losango. O objetivo era que os alunos construíssem as
figuras identificando um triângulo retângulo de forma que utilizaria o teorema para encontrar o
que se pede. Em relação ao quadrado, constatou-se que a identificação do triângulo retângulo foi
imediata e assim perceberam que a diagonal do quadrado era a hipotenusa.
Grupo G: “Partindo o quadrado quina a quina, temos dois triângulos retângulos. Cada
lado do quadrado vale 6 então o que falta é o maio lado do triângulo”.
Cinco grupos conseguiram encontrar a medida da diagonal do quadrado da situação, na
mesma proporção, o lado do losango.
A última parte da atividade objetivava deixar o aluno livre para construir uma aplicação
que fosse necessária o uso do teorema de Pitágoras para solucionar ou encontrar o que se pede. A
maioria apresentou uma situação semelhante a da escada e do muro apresentada no vídeo, uns
para identificar a altura do muro, outros da escada e outros a distância do pé da escada ao muro.
Após a segunda atividade passou-se para a entrevista, onde os alunos individualmente
responderam as questões.
Quando questionados se assistem em casa alguns tipo de vídeo, 60% dos alunos
afirmaram assistir. Neste questionamento esclareceu-se que se tratava de qualquer tipo de vídeo
e em qualquer meio de transmissão, celular, computador, TV, etc. Constatou-se que se tratando
de vídeos de conteúdos da matemática apenas 12% dos entrevistados já aviam assistidos.
Os alunos que afirmaram já ter assistido vídeos de conteúdos da matemática em casa
ressaltaram que assistiram para: “Ver como podiam ajudar mais”, “Fazer exercícios”.
Quando perguntou-se aos alunos se assistir vídeos de conteúdos da matemática pode
contribuir para o aprendizado, verificou-se que 76% afirmaram que sim e 24% disseram que não.
Esses dados são interessantes à medida que nos faz refletir que apesar deles não terem
hábitos de assistir vídeos de conteúdos de matemática em casa percebem que os vídeos didáticos
podem contribuir para seu aprendizado. Alguns alunos justificaram a afirmação:
“Porque esta estudando, esta tendo conhecimento da matemática além do que os livros
e professores ensinam.”
“Porque às vezes não perguntamos aos professores e no vídeo podemos voltar o vídeo e
verificar.”
“Porque às vezes o professor explica e agente não entende e com o vídeo agente pode
estudar mais.”
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Nestas falas percebe-se que os alunos compreendem o uso do vídeo didático como um
recurso a mais para serem utilizados, ou seja, uma complementação as aula, do livro didático,
uma possibilidade de revisão, resolver exercícios, aprimoramento. “O vídeo sobrepõe a tudo
aquilo que o livro didático não consegue transportar, por exemplo: simulações, sons e imagens
em movimentos.” (OLIVEIRA, 2010, p. 77).
Em relação à presença do vídeo didático nas aulas de matemática 41% dos alunos
afirmaram que já assistiram vídeos de conteúdos da matemática como um recurso didático
durante as aulas de matemática.
Percebe-se que ainda é baixo a utilização de vídeos didáticos de matemática na sala de
aula como destacam GOMES 2008, SANTOS 2015. Essa não utilização é oriunda de diversos
fatores como dificuldade de seleção do material, falta de equipamentos e espaço, dentre outros
motivos que não abordaremos nesta pesquisa.
No que se refere aos vídeos relacionados ao teorema de Pitágoras apresentados nas duas
atividades os alunos destacaram:
“Achei bom, ajudou a aprender mais sobre o teorema de Pitágoras, e a relembrar o que
eu já sabia sobre o teorema.”
“Achei interessante, eu entendi mais como funciona o teorema de Pitágoras e ate como
aplica-lo nos cálculos, é muito interessante, ajuda em nosso conhecimento.”
“Eu aprendi como aplica-lo nos cálculos de problemas.”
“Algumas coisas eu já sabia e outras eu ainda não. Como achar os lados da figura
transformando elas em triângulos retângulos e usando o teorema.”
“Aprendi muito, desenvolvi mais o raciocínio, vi que em nosso redor tem vários
triângulos retângulos.”
Percebe-se como a atuação do vídeo pode complementar o conhecimento dos alunos
possibilitando outras visões, interpretações e abordagens.
Ainda questionando a presença do vídeo nas aulas de matemática 88% dos alunos
acreditam que os vídeos nas aulas de matemática podem contribuir ajudando no aprendizado.
Esse índice é muito importante, pois apesar da minoria de alunos terem experiências com
vídeos durante as aulas de matemática, uma grande porcentagens deles perceberam que é
possível que a utilização dos vídeos nas aulas contribua com o ensino e o aprendizado.
“Ajudaria no aprendizado, acho que pegaríamos melhor a matéria, acho que eu
aprenderia melhor com a ajuda do vídeo e do professor.”
“Às vezes fala coisas que o professor não falou e isto é bom.”
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“Pois ajudaria no nosso aprendizado, mas não significa que “o professor explica ruim”,
mas seria interessante o vídeo”.
Percebe-se nessas falas que o vídeo pode ser utilizado como um recurso didático para
complementação das aulas, um apoio, enriquecendo-as e apresentando diferentes abordagens do
conteúdo.
Vimos anteriormente que 59% dos alunos afirmaram nunca terem assistido vídeos
durante as aulas de matemática sobre um determinado conteúdo desta ciência. No entanto 100%
afirmam terem assistidos vídeos de outros conteúdos durantes as aulas das respectivas
disciplinas. Isso mostra que apesar da porcentagem ainda ser inferior é preciso usufruir mais dos
audiovisuais no ensino da matemática, seja em sala de aula atrelado a outras atividades, ou como
indicação para os alunos assistirem em casa.
Como verificamos os alunos acreditam que vídeos de conteúdos da matemática podem
contribuir no fortalecimento do aprendizado sendo utilizado junto a outras metodologias. Esse
fato também é comprovado quando foi perguntado aos alunos se eles gostariam que os
professores de matemática trouxessem para as aulas de matemática vídeos sobre o conteúdo que
eles estão estudando. Verificou-se que 76% dos alunos disseram que gostaria das aulas de
matemática com a presença dos vídeos, 24% afirmaram que não gostariam. Como justificou um
aluno: “esses vídeos poderiam ajudar em nosso aprendizado, nos ajudariam a entender melhor
uma matéria e ate ajudar o professor na explicação”.
A inserção do vídeo nas aulas não substitui a presença do professor, a utilização do vídeo
no ensino da matemática só poderá contribuir com o aprendizado se houver um planejamento da
sua utilização juntamente com outras metodologias e recursos didáticos, como o livro, outras
ferramentas como a calculadora, softwares, jogos, materiais concretos, etc.
É importante integrar os materiais audiovisuais em nossas práticas a fim que eles venham
contribuía com uma aula mais dinamizada e um aprendizado mais significativo para o aluno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação passa por uma profunda transformação, onde cada vez mais, a tecnologia de
informação e comunicação se faz presente nos contextos escolares.
Com a internet, o vídeo vem ganhando espaço nas aulas e se demostrando um material
didático importante no processo ensino e aprendizagem. No ensino da matemática o vídeo
propicia diferentes abordagens através das variadas linguagens apresentadas em seu conteúdo.
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Desta forma, essa pesquisa buscou investigar e analisar como atividades em sala de aula
com o uso do vídeo didático pode influenciar e contribuir com o ensino da matemática. Para
embasamento teórico apresenta-se um referencial sobre a tecnologia na educação matemática e o
vídeo na educação matemática.
A pesquisa de campo, realizada com alunos do 9º ano do ensino fundamental II, nos
possibilitou verificar, através das atividades realizadas, que os vídeos podem contribuir no
desenvolvimento das atividades atuando com a finalidade de complementar e reforçar as
explicações do professor, revisar conceitos e propriedades já estudadas, apresentar situações
diversas através de um contexto para aplicação do conteúdo, explorar a história da matemática e
as diferentes abordagens algébrica, geométrica e aritmética, envolver outras áreas e disciplinas,
envolver os alunos através dos seus elementos de imagens e som.
A análise da entrevista possibilitou averiguar que os alunos não têm habito de assistir
vídeos de conteúdo da matemática em casa. Da mesma forma, nas aulas de matemática, o vídeo
didático vem sendo pouco utilizados pelos professores.
Numa visão geral os dados da entrevista apresentam que os alunos consideram que os
vídeos podem contribuir com o aprendizado à medida que eles reforçam a explicação do
professor, serve como retorno aos conteúdos para efetuação de estudo, apresentam novas ideias
possibilitando a observação, análise, argumentação e utilização de diferentes procedimentos de
cálculos. Os alunos consideraram que as aulas de matemática poderiam ser mais interessantes
com a presença deste recurso.
Como ressaltamos ao longo da pesquisa, o vídeo não substitui o professor, ele atua como
um recurso a mais que inserido a um planejamento pode contribuir nas atividades.
Percebeu-se que os alunos gostariam que essa mídia fosse mais utilizada nas aulas e de
forma particular, a escola provem de diferentes equipamentos para a utilização deste material,
infelizmente nem todas as escolas possuem tais recursos, ou uma sala específica para TV e
vídeo. Sabemos que uma única mídia, ou metodologia em todas as aulas acaba atingindo a
desmotivação, entretanto, é preciso diversificar as atividades trabalhadas e os recursos utilizados.
Por fim, acreditamos ser importante fazer a experiência e começar a utilizar os vídeos nas
aulas de matemática. A seleção e avaliação do vídeo antes de leva-lo para sala de aula é
fundamental para que este esteja de acordo com os objetivos estabelecidos e que de fato traga
contribuições nas atividades.
O vídeo traz grandes contribuições para o ensino e aprendizagem da matemática atuando
como um recurso de apoio as aulas, apresentando diferentes abordagens dos conteúdos, seja para
utilização em sala de aula ou indicado para atividades extra classe.
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Para trabalhos futuros seria importante verificar atuação e experiências dos professores
com os vídeos durante as aulas de matemática, conhecer outras abordagens e metodologias
utilizando o vídeo em diferentes etapas da educação básica.
Espera-se que este trabalho impulsione a utilização de vídeos didáticos nas aulas de
matemática tornando-se mais um instrumento para desenvolver o ensino e o aprendizado da
matemática.
REFERÊNCIAS
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KENSKI, V. M. Educação e Tecnologia: o novo ritmo da informação. Campinas (SP): Papirus,
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PARAIZO, R. F. Ensino de geometria espacial com utilização de vídeos e manipulação de
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