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V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ___________________________________________________________________ 1 O VÍDEO DIDÁTICO NO ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II Rosiane de Jesus Santos Resumo: Este trabalho apresenta discussões referentes ao uso do vídeo no ensino e no aprendizado da matemática. Vislumbrando o desenvolvimento de metodologias com o uso do vídeo didático em sala de aula, objetivou-se investigar e analisar como atividades no contexto da sala de aula com o uso do vídeo didático pode influenciar e contribuir com o ensino da matemática. Nesta pesquisa, aborda-se como tema as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ambiente escolar e o vídeo na educação matemática. A pesquisa de campo constituiu-se de realização de atividades utilizando vídeos didáticos sobre o teorema de Pitágoras e entrevista com alunos do 9º ano do ensino fundamental II, a fim de atender os objetivos da pesquisa. Por meio deste estudo, foi possível analisar que o vídeo traz grandes contribuições como recurso didático: ele atua como apoio as aulas apresentando diferentes abordagens do conteúdo, revisa conceitos e propriedades, apresenta novas situações e aplicações, atua como fonte de novas informações e pesquisa, dentre outros. Espera-se que este estudo possa impulsionar cada vez mais o uso dos vídeos didáticos nas aulas de matemática por professores e alunos buscando neste material audiovisual uma complementação ás metodologias e recursos didáticos existentes. Palavras-chave: Vídeos Didáticos. Educação Matemática. Ensino. Abstract: This work presents discussions about the use of video in teaching and learning mathematics. By looking at the development of methodologies with the use of didactic video in the classroom, the objective was to investigate and analyze how activities in the classroom context with the use of didactic video can influence and contribute to the teaching of mathematics. In this research, the topic of Information and Communication Technologies (ICTs) in the school environment and video in mathematics education is addressed. The field research consisted of performing activities using didactic videos about the Pythagorean theorem and interviewing students of the 9th grade of elementary school II in order to meet the research objectives. Through this study, it was possible to analyze that the video brings great contributions as a didactic resource: it acts as a support for the classes presenting different approaches to content, reviews concepts and properties, presents new situations and applications, acts as a source of new information and research, among others. It is hoped that this study may increasingly promote the use of didactic videos in mathematics classes by teachers and students seeking in this audiovisual material a complementation to existing methodologies and didactic resources. Keywords: Didactic videos. Mathematical Education. Teaching.

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O VÍDEO DIDÁTICO NO ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA

EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Rosiane de Jesus Santos

Resumo: Este trabalho apresenta discussões referentes ao uso do vídeo no ensino e no

aprendizado da matemática. Vislumbrando o desenvolvimento de metodologias com o uso do

vídeo didático em sala de aula, objetivou-se investigar e analisar como atividades no contexto da sala

de aula com o uso do vídeo didático pode influenciar e contribuir com o ensino da matemática. Nesta

pesquisa, aborda-se como tema as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no

ambiente escolar e o vídeo na educação matemática. A pesquisa de campo constituiu-se de

realização de atividades utilizando vídeos didáticos sobre o teorema de Pitágoras e entrevista

com alunos do 9º ano do ensino fundamental II, a fim de atender os objetivos da pesquisa. Por

meio deste estudo, foi possível analisar que o vídeo traz grandes contribuições como recurso

didático: ele atua como apoio as aulas apresentando diferentes abordagens do conteúdo, revisa

conceitos e propriedades, apresenta novas situações e aplicações, atua como fonte de novas

informações e pesquisa, dentre outros. Espera-se que este estudo possa impulsionar cada vez

mais o uso dos vídeos didáticos nas aulas de matemática por professores e alunos buscando neste

material audiovisual uma complementação ás metodologias e recursos didáticos existentes.

Palavras-chave: Vídeos Didáticos. Educação Matemática. Ensino.

Abstract: This work presents discussions about the use of video in teaching and learning

mathematics. By looking at the development of methodologies with the use of didactic video in

the classroom, the objective was to investigate and analyze how activities in the classroom

context with the use of didactic video can influence and contribute to the teaching of

mathematics. In this research, the topic of Information and Communication Technologies (ICTs)

in the school environment and video in mathematics education is addressed. The field research

consisted of performing activities using didactic videos about the Pythagorean theorem and

interviewing students of the 9th grade of elementary school II in order to meet the research

objectives. Through this study, it was possible to analyze that the video brings great

contributions as a didactic resource: it acts as a support for the classes presenting different

approaches to content, reviews concepts and properties, presents new situations and applications,

acts as a source of new information and research, among others. It is hoped that this study may

increasingly promote the use of didactic videos in mathematics classes by teachers and students

seeking in this audiovisual material a complementation to existing methodologies and didactic

resources.

Keywords: Didactic videos. Mathematical Education. Teaching.

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INTRODUÇÃO

Com o grande avanço da tecnologia, a educação em geral, vem ao longo dos anos

modificando as metodologias de ensino tradicionais inserindo as Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs) nas atividades didáticas e pedagógicas.

As TICs possibilitam criar e desenvolver um cenário de sala de aula voltado para

atividades investigativas, propiciando ao aluno desenvolver o raciocínio, a construção de

habilidades e ideias direcionadas ao conhecimento.

Segundo Kenski (2008), as TICs, de modo particular a televisão e o computador,

“movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a

compreensão do aluno e o conteúdo veiculado” (KENSKI, 2008, p. 45).

Dentre essa tecnologia esta a mídia vídeo que vem se destacando na educação

proporcionando aos alunos diferentes modos de ensinar e aprender. Os materiais audiovisuais

são importantes ferramentas de ensino utilizadas frequentemente na Educação a Distância

(EAD), mas com o passar dos anos e o grande acesso a internet, essa mídia vem se destacando na

educação em geral.

De acordo com Martirani (2001), o vídeo:

Dinamiza, ilustra, completa e satura aquilo que na leitura ficava apenas a cargo da

imaginação de cada um. Por isso, pode-se dizer que esta linguagem, quando o quer, é

mais explicita, mais precisa, por possuir mais elementos para se expressar e, por outro

lado, mais efêmera, por particularizar e direcionar a interpretação, pelo grau de

redundância e pelo recíproco reforço entre o discurso verbal e o visual.

(MARTIRANI, 2001, p. 157)

O vídeo evidencia diversas linguagens e engloba vários sentidos, despertando no aluno

sensibilidades a partir de uma comunicação e o interesse, oriundo da forma de disposição e

apresentação dos conteúdos.

Ainda nesta perspectiva Almeida (2005) acrescenta:

A linguagem produzida na interação entre imagens, movimentos e sons atrai e toma

conta das gerações mais jovens, cuja comunicação resulta do encontro entre palavras,

gestos e movimentos, distanciando-se do gênero do livro didático, da linearidade das

atividades da sala de aula e da rotina escolar. (ALMEIDA, 2005, p. 41).

A combinação das linguagens diferenciadas permite no vídeo uma articulação dentro de

um determinado contexto que informa e entretêm, projetando para outro tempo e espaço.

Experiências de sala de aula e pesquisas com a utilização do vídeo no processo de ensino

e aprendizagem da matemática realizada por Silva (2011), Oliveira (2010), Rocato (2009) e

Paraizo (2012) dentre outros, apresentam que o vídeo pode ser utilizado como um recurso

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propício e importante neste processo. Sua utilização de forma contextualizada valoriza e destaca

a comunicação através dos elementos de imagens e som, estimulando a imaginação, a

visualização e a abstração dos alunos.

O uso deste material nas aulas de matemática, antes de tudo deve passar por um processo

de seleção e avaliação para que o mesmo esteja em consonância com os objetivos da aula, os

materiais audiovisuais não substituem a presença do professor, eles devem ser utilizados

agregados a outras metodologias de ensino e atividades.

Neste sentido a pesquisa busca investigar e analisar como atividades em sala de aula com o uso

do vídeo didático pode influenciar e contribuir com o ensino da matemática. Para esse trabalho foi

importante conhecer a relação do aluno com esse recurso didático e suas considerações sobre ele

nas aulas de matemática.

Assim sendo, os caminhos percorridos nesta pesquisa nos possibilitou conhecer algumas

das possibilidades dos vídeos didáticos em atividades matemática e algumas possíveis

contribuições deste material para os alunos durante o processo de ensino e aprendizagem da

matemática.

O VÍDEO NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Para fins de ensino e aprendizagem matemática, o vídeo necessita apresentar em seu

conteúdo ideias criativas integradas ao propósito de constituir nele um efeito favorável ao

processo.

Assim Rocato (2009) salienta que,

[...] a utilização de vídeos nesse processo de ensino e aprendizagem de matemática pode

facilitar sua desmistificação para os alunos, através das imagens, sons, interpretação,

simulação e modelagens matemáticas, presentes nos vídeos existentes que abordam o

ensino de matemática e que podem extrapolar as relações, transitando por outras

disciplinas ampliando e potencializando a construção do conhecimento matemático.

(ROCATO, 2009, p. 86).

A apresentação do conteúdo matemático no material audiovisual exige além do rigor e da

coerência matemática, a possibilidade de desenvolver a criatividade e imaginação dos alunos,

pois sem elementos de motivação e beleza plástica, “o vídeo pode estar condenado ao

desinteresse e a ineficácia”. (DANIEL, 1995, apud MARTIRANI, 2001, p. 168).

O vídeo além de mudar os cenários das aulas, pode desenvolver no aluno atitudes criticas

em relação a aquilo que lhe é apresentado. A apresentação e construção do conhecimento no

vídeo permitem a interação e a reflexão, oportunizando ao professor aproveitar as discussões e

mediar à construção das ideias que são fundamentais para desenvolver o conhecimento.

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No contexto da matemática alguns estudos com o uso do vídeo em sala de aula foram

realizados na perspectiva de conhecer como esse recurso contribui para o ensino e aprendizado.

Oliveira (2010) investigou vídeos educativos por meio de videoaulas de um canal da web

com conteúdos de geometria planas com alunos de uma escola pública.

O grupo de alunos que assistiu as videoaulas percebeu que a abordagem do vídeo

“sobrepõe a tudo aquilo que o livro didático não consegue transportar, por exemplo: simulações,

sons e imagens em movimentos. Esse recurso do vídeo serve para instigar ou motivar, ou ate

mesmo levantar discussões.” (OLIVEIRA, 2010, p. 77).

Silva (2011) relata a experiência de Civardi (2010) que utilizou um vídeo didático para o

ensino de frações articulado com a obra de Monteiro Lobato, para alunos das séries inicias do

Ensino Fundamental. A “aritmética da Emilia” como denominou sua sequencia didática, é um

exemplo de “como o professor pode obter de seus alunos aprendizagens significativas de

conceitos matemáticos na 1º fase no que tange ás atividades matemáticas com o uso do vídeo”.

(SILVA, 2011, p. 52).

Em sua pesquisa de mestrado, Souza (2009) utilizou vídeos documentários para um

trabalho de Étnomatematica ampliando conceitos e tornando mais dinâmico o conteúdo. Para o

autor o embasamento crítico e reflexivo do documentário possibilita motivar e desafiar os alunos

para desenvolver a compreensão dos aspectos funcionais do recurso.

Paraizo (2012) investiga através de sua pesquisa de mestrado o ensino de geometria

espacial com a utilização de vídeos e matérias concretos. Para o autor os vídeos que chamaram

mais atenção dos alunos foram aqueles que abordaram a geometria com características lúdicas e

com dramatização contextualizada. “A partir dos resultados da pesquisa, as características

fundamentais do vídeo para os participantes foram: o lúdico, a dramatização e a modalidade

videoprofessor”. (PARAIZO, 2012, p. 145).

Outras experiências da utilização do vídeo para o ensino de matemática são realizadas

através de canais de vídeos, como é o caso do MIT OpenCourseware, o SlideShare e o Youtube.

Esses canais são utilizados por pessoas que buscam em seu conteúdo videoaulas para

aprofundamento de estudo, revisão de conteúdo e suporte teórico.

UTILIZANDO O VÍDEO EM ATIVIDADES MATEMÁTICAS

A fim de atender o objetivo deste estudo, foi realizada uma pesquisa de campo com 17

alunos do 9º ano do ensino fundamental II da Escola Estadual Cabeceira de São Pedro na cidade

de Teófilo Otoni – MG. A pesquisa de campo foi dividida em três fases.

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Na primeira fase foi realizada a seleção dos vídeos para as atividades práticas. O

processo de seleção dos vídeos teve como parâmetro a Taxionomia de Vídeos elaborada por

Santos (2015), levando em considerações os Aspectos Técnicos e Pedagógicos dos materiais

audiovisuais, bem como, a classificação baseado na sua finalidade.

Segundo Santos, (2015):

A taxionomia de vídeos pode contribuir no processo de seleção e avaliação de materiais

audiovisuais, sendo o parâmetro que os professores utilizam no processo. A taxionomia

possui características fundamentais e importantes para a análise de um vídeo, e desta

forma guia os professores na identificação da mesma no vídeo. Uma vez que os

professores possuem um sistema de características que os norteiam para a avaliação.

(SANTOS, 2015, p. 115).

A taxionomia possibilitou selecionar os vídeos a partir de características que estavam de

acordo com os objetivos estabelecidos para as atividades e o tema teorema de Pitágoras. Desta

forma, a taxionomia, contribuiu no direcionando da escolha dos vídeos. Foram eles: “O Teorema

de Pitágoras – Telecurso” e “ Aplicação do Teorema de Pitágoras – Telecurso”, ambos

disponíveis no canal Youtube.1

Nesta mesma fase da pesquisa foram construídas as atividades e o questionário para a

entrevista. Foram elaboradas duas atividades de acordo com o conteúdo de cada vídeo.

A segunda fase da pesquisa de campo consistiu-se da implementação da pesquisa e coleta

de dados. As atividades foram realizadas em dois encontros distintos na própria escola durante as

aulas de matemática. Foi utilizado um computador, projetor multimídia, caixas de sons e demais

aparelhos emprestados pela escola.

O encontro para realização da atividade foi dividido em três etapas: Execução do vídeo;

Constituição de uma plenária para discutir o conteúdo do vídeo com a participação de todos os

alunos; Realização da atividade escrita pelos grupos de alunos.

Durante os encontros a coleta de dados foi realizada simultaneamente. Após a última

atividade foi realizada a entrevista. Individualmente os alunos responderam o questionário

apresentando suas considerações.

A última fase da pesquisa de campo refere-se à análise dos dados e apresentação de

resultados. Cada grupo de alunos foi identificado com as letras A, B, C, D, E, F e G.

A figura 1 mostra o momento onde os alunos assistiam aos vídeos e posteriormente

realizavam as atividades.

1 https://www.youtube.com/watch?v=Pxs0pnWLJu8

https://www.youtube.com/watch?v=J5aL1_I3

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Figura 1: Alunos assistindo o 1º vídeo sobre o teorema de Pitágoras.

Fonte: Pesquisa de campo

Em relação à primeira atividade o objetivo era verificar a compreensão dos alunos em

relação aos conceitos e propriedades apresentada no primeiro vídeo que se trata de uma

introdução do conteúdo.

De acordo com Santos (2015),

Nesses vídeos predominam a exposição sistemática de conteúdo, em geral é feita uma

revisão de algum conteúdo pré-requisito para aquele que se deseja apresentar. É

composto por uma exposição de conteúdo através de exemplos ou de uma situação

problema. Neste tipo de vídeo apresenta-se a definição do conteúdo através de

linguagem matemática. (SANTOS, 2015, p. 75)

Com a atividade pode-se constatar que, todos os grupos classificaram o triângulo

retângulo a partir do ângulo reto. Os alunos, baseado na observação da sala de aula, descreveram

os triângulos retângulos presentes na mesa, no teto, chão, quadro, dentre outros lugares. Eles

fizeram a construção do triângulo retângulo localizando e identificando os catetos e a hipotenusa.

Em relação ao teorema de Pitágoras os alunos apresentaram as definições com

representações variadas:

Os grupos A, D e F escreveram: “em todo triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa

é igual à soma dos quadrados dos catetos”.

Os grupos C e G responderam: “O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos

quadrados dos catetos”.

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O grupo E respondeu: a² = b² + c²

O grupo B grupo apresentou definições diferentes/ incompletas.

Com essas respostas percebe-se que, como o vídeo apresentou o teorema a partir de

figuras geométricas, exemplos, linguagem algébrica explorando o visual e a audição, os alunos,

através de diferentes formas, apresentaram o que seria o teorema de Pitágoras. Este

comportamento já era esperado, uma vez que o questionamento, “o que é o teorema de

Pitágoras”, abre espaço para diferentes respostas apresentadas no vídeo.

Ainda em relação a este questionamento apenas dois grupos estabeleceram uma relação

do teorema e áreas de figuras planas:

Grupo D: “A área do maior é a hipotenusa ao quadrado e as do menor é os catetos ao

quadrado”.

Grupo F: “Usando a área de três quadrados, Pitágoras demonstrou o teorema chegando

a um triângulo retângulo”.

Percebeu que o vídeo atuou como um recurso de revisão do teorema de Pitágoras,

abordando sua construção, definição e demonstração tanto no caráter algébrico como

geométrico. Com ele os alunos recordaram sobre triângulo retângulo e os princípios

fundamentais na demonstração do teorema através das áreas dos quadrados.

Utilizando diferentes linguagens percebeu-se que, apesar de já conhecerem o teorema de

Pitágoras, os alunos tiveram a oportunidade de verificar a apresentação do teorema de forma

geométrica antes mesmo da generalização algébrica a² = b² + c².

No segundo vídeo o objetivo era apresentar aos alunos diferentes aplicações do teorema

de Pitágoras. Para Santos, (2015):

Os vídeos destinados para aplicação de conteúdo específico em situações variadas

(exemplos e/ou exercícios) são materiais audiovisuais com características que levam a

exposição de um conteúdo matemático aplicado em exemplos ou exercícios. As

características deste tipo de vídeo são exposição de conteúdo, apresentação de situações

problemas, exemplos, apresentação de diferentes representações matemáticas,

apresentação de procedimentos de resoluções e exercícios. (SANTOS, 2015, p. 76).

Desta forma, a partir do vídeo de aplicação os alunos passaram, na atividade estabelecida,

utilizar do teorema para resolver diferentes situações problemas.

No vídeo foi narrada uma situação onde se questiona a altura de um muro no qual será

apoiada uma escada para auxiliar a decida do personagem que esta em cima do muro. Com esta

situação e os dados apresentados no vídeo, perguntou-se aos alunos qual era a altura do muro, e

pode-se perceber que todos os alunos interpretaram a situação identificando na posição escada,

muro e solo, um triângulo retângulo. No entanto 88,23% resolveram corretamente usando o

teorema de Pitágoras e encontrado o valor correspondente à medida da altura do muro.

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As situações dois e três da atividade apresentaram um quadrado e um losango

especificando algumas medidas dos lados e pedia-se que determinassem o tamanho da diagonal

do quadrado e o tamanho dos lados do losango. O objetivo era que os alunos construíssem as

figuras identificando um triângulo retângulo de forma que utilizaria o teorema para encontrar o

que se pede. Em relação ao quadrado, constatou-se que a identificação do triângulo retângulo foi

imediata e assim perceberam que a diagonal do quadrado era a hipotenusa.

Grupo G: “Partindo o quadrado quina a quina, temos dois triângulos retângulos. Cada

lado do quadrado vale 6 então o que falta é o maio lado do triângulo”.

Cinco grupos conseguiram encontrar a medida da diagonal do quadrado da situação, na

mesma proporção, o lado do losango.

A última parte da atividade objetivava deixar o aluno livre para construir uma aplicação

que fosse necessária o uso do teorema de Pitágoras para solucionar ou encontrar o que se pede. A

maioria apresentou uma situação semelhante a da escada e do muro apresentada no vídeo, uns

para identificar a altura do muro, outros da escada e outros a distância do pé da escada ao muro.

Após a segunda atividade passou-se para a entrevista, onde os alunos individualmente

responderam as questões.

Quando questionados se assistem em casa alguns tipo de vídeo, 60% dos alunos

afirmaram assistir. Neste questionamento esclareceu-se que se tratava de qualquer tipo de vídeo

e em qualquer meio de transmissão, celular, computador, TV, etc. Constatou-se que se tratando

de vídeos de conteúdos da matemática apenas 12% dos entrevistados já aviam assistidos.

Os alunos que afirmaram já ter assistido vídeos de conteúdos da matemática em casa

ressaltaram que assistiram para: “Ver como podiam ajudar mais”, “Fazer exercícios”.

Quando perguntou-se aos alunos se assistir vídeos de conteúdos da matemática pode

contribuir para o aprendizado, verificou-se que 76% afirmaram que sim e 24% disseram que não.

Esses dados são interessantes à medida que nos faz refletir que apesar deles não terem

hábitos de assistir vídeos de conteúdos de matemática em casa percebem que os vídeos didáticos

podem contribuir para seu aprendizado. Alguns alunos justificaram a afirmação:

“Porque esta estudando, esta tendo conhecimento da matemática além do que os livros

e professores ensinam.”

“Porque às vezes não perguntamos aos professores e no vídeo podemos voltar o vídeo e

verificar.”

“Porque às vezes o professor explica e agente não entende e com o vídeo agente pode

estudar mais.”

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Nestas falas percebe-se que os alunos compreendem o uso do vídeo didático como um

recurso a mais para serem utilizados, ou seja, uma complementação as aula, do livro didático,

uma possibilidade de revisão, resolver exercícios, aprimoramento. “O vídeo sobrepõe a tudo

aquilo que o livro didático não consegue transportar, por exemplo: simulações, sons e imagens

em movimentos.” (OLIVEIRA, 2010, p. 77).

Em relação à presença do vídeo didático nas aulas de matemática 41% dos alunos

afirmaram que já assistiram vídeos de conteúdos da matemática como um recurso didático

durante as aulas de matemática.

Percebe-se que ainda é baixo a utilização de vídeos didáticos de matemática na sala de

aula como destacam GOMES 2008, SANTOS 2015. Essa não utilização é oriunda de diversos

fatores como dificuldade de seleção do material, falta de equipamentos e espaço, dentre outros

motivos que não abordaremos nesta pesquisa.

No que se refere aos vídeos relacionados ao teorema de Pitágoras apresentados nas duas

atividades os alunos destacaram:

“Achei bom, ajudou a aprender mais sobre o teorema de Pitágoras, e a relembrar o que

eu já sabia sobre o teorema.”

“Achei interessante, eu entendi mais como funciona o teorema de Pitágoras e ate como

aplica-lo nos cálculos, é muito interessante, ajuda em nosso conhecimento.”

“Eu aprendi como aplica-lo nos cálculos de problemas.”

“Algumas coisas eu já sabia e outras eu ainda não. Como achar os lados da figura

transformando elas em triângulos retângulos e usando o teorema.”

“Aprendi muito, desenvolvi mais o raciocínio, vi que em nosso redor tem vários

triângulos retângulos.”

Percebe-se como a atuação do vídeo pode complementar o conhecimento dos alunos

possibilitando outras visões, interpretações e abordagens.

Ainda questionando a presença do vídeo nas aulas de matemática 88% dos alunos

acreditam que os vídeos nas aulas de matemática podem contribuir ajudando no aprendizado.

Esse índice é muito importante, pois apesar da minoria de alunos terem experiências com

vídeos durante as aulas de matemática, uma grande porcentagens deles perceberam que é

possível que a utilização dos vídeos nas aulas contribua com o ensino e o aprendizado.

“Ajudaria no aprendizado, acho que pegaríamos melhor a matéria, acho que eu

aprenderia melhor com a ajuda do vídeo e do professor.”

“Às vezes fala coisas que o professor não falou e isto é bom.”

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“Pois ajudaria no nosso aprendizado, mas não significa que “o professor explica ruim”,

mas seria interessante o vídeo”.

Percebe-se nessas falas que o vídeo pode ser utilizado como um recurso didático para

complementação das aulas, um apoio, enriquecendo-as e apresentando diferentes abordagens do

conteúdo.

Vimos anteriormente que 59% dos alunos afirmaram nunca terem assistido vídeos

durante as aulas de matemática sobre um determinado conteúdo desta ciência. No entanto 100%

afirmam terem assistidos vídeos de outros conteúdos durantes as aulas das respectivas

disciplinas. Isso mostra que apesar da porcentagem ainda ser inferior é preciso usufruir mais dos

audiovisuais no ensino da matemática, seja em sala de aula atrelado a outras atividades, ou como

indicação para os alunos assistirem em casa.

Como verificamos os alunos acreditam que vídeos de conteúdos da matemática podem

contribuir no fortalecimento do aprendizado sendo utilizado junto a outras metodologias. Esse

fato também é comprovado quando foi perguntado aos alunos se eles gostariam que os

professores de matemática trouxessem para as aulas de matemática vídeos sobre o conteúdo que

eles estão estudando. Verificou-se que 76% dos alunos disseram que gostaria das aulas de

matemática com a presença dos vídeos, 24% afirmaram que não gostariam. Como justificou um

aluno: “esses vídeos poderiam ajudar em nosso aprendizado, nos ajudariam a entender melhor

uma matéria e ate ajudar o professor na explicação”.

A inserção do vídeo nas aulas não substitui a presença do professor, a utilização do vídeo

no ensino da matemática só poderá contribuir com o aprendizado se houver um planejamento da

sua utilização juntamente com outras metodologias e recursos didáticos, como o livro, outras

ferramentas como a calculadora, softwares, jogos, materiais concretos, etc.

É importante integrar os materiais audiovisuais em nossas práticas a fim que eles venham

contribuía com uma aula mais dinamizada e um aprendizado mais significativo para o aluno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação passa por uma profunda transformação, onde cada vez mais, a tecnologia de

informação e comunicação se faz presente nos contextos escolares.

Com a internet, o vídeo vem ganhando espaço nas aulas e se demostrando um material

didático importante no processo ensino e aprendizagem. No ensino da matemática o vídeo

propicia diferentes abordagens através das variadas linguagens apresentadas em seu conteúdo.

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Desta forma, essa pesquisa buscou investigar e analisar como atividades em sala de aula

com o uso do vídeo didático pode influenciar e contribuir com o ensino da matemática. Para

embasamento teórico apresenta-se um referencial sobre a tecnologia na educação matemática e o

vídeo na educação matemática.

A pesquisa de campo, realizada com alunos do 9º ano do ensino fundamental II, nos

possibilitou verificar, através das atividades realizadas, que os vídeos podem contribuir no

desenvolvimento das atividades atuando com a finalidade de complementar e reforçar as

explicações do professor, revisar conceitos e propriedades já estudadas, apresentar situações

diversas através de um contexto para aplicação do conteúdo, explorar a história da matemática e

as diferentes abordagens algébrica, geométrica e aritmética, envolver outras áreas e disciplinas,

envolver os alunos através dos seus elementos de imagens e som.

A análise da entrevista possibilitou averiguar que os alunos não têm habito de assistir

vídeos de conteúdo da matemática em casa. Da mesma forma, nas aulas de matemática, o vídeo

didático vem sendo pouco utilizados pelos professores.

Numa visão geral os dados da entrevista apresentam que os alunos consideram que os

vídeos podem contribuir com o aprendizado à medida que eles reforçam a explicação do

professor, serve como retorno aos conteúdos para efetuação de estudo, apresentam novas ideias

possibilitando a observação, análise, argumentação e utilização de diferentes procedimentos de

cálculos. Os alunos consideraram que as aulas de matemática poderiam ser mais interessantes

com a presença deste recurso.

Como ressaltamos ao longo da pesquisa, o vídeo não substitui o professor, ele atua como

um recurso a mais que inserido a um planejamento pode contribuir nas atividades.

Percebeu-se que os alunos gostariam que essa mídia fosse mais utilizada nas aulas e de

forma particular, a escola provem de diferentes equipamentos para a utilização deste material,

infelizmente nem todas as escolas possuem tais recursos, ou uma sala específica para TV e

vídeo. Sabemos que uma única mídia, ou metodologia em todas as aulas acaba atingindo a

desmotivação, entretanto, é preciso diversificar as atividades trabalhadas e os recursos utilizados.

Por fim, acreditamos ser importante fazer a experiência e começar a utilizar os vídeos nas

aulas de matemática. A seleção e avaliação do vídeo antes de leva-lo para sala de aula é

fundamental para que este esteja de acordo com os objetivos estabelecidos e que de fato traga

contribuições nas atividades.

O vídeo traz grandes contribuições para o ensino e aprendizagem da matemática atuando

como um recurso de apoio as aulas, apresentando diferentes abordagens dos conteúdos, seja para

utilização em sala de aula ou indicado para atividades extra classe.

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Para trabalhos futuros seria importante verificar atuação e experiências dos professores

com os vídeos durante as aulas de matemática, conhecer outras abordagens e metodologias

utilizando o vídeo em diferentes etapas da educação básica.

Espera-se que este trabalho impulsione a utilização de vídeos didáticos nas aulas de

matemática tornando-se mais um instrumento para desenvolver o ensino e o aprendizado da

matemática.

REFERÊNCIAS

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Ministério da Educação Seed, 2005.

GOMES, L. F. Vídeos Didáticos: uma proposta de critérios para analise. Revista brasileira

Est. Pedag., Brasília, v.89, n. 223, p.477-492, set./dez. 2008. Disponível em

<http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/view/684/1153>. Acesso em 04 Abr. 2016.

KENSKI, V. M. Educação e Tecnologia: o novo ritmo da informação. Campinas (SP): Papirus,

2008. p.45.

MARTIRANI, L. A. O vídeo e a pedagogia da comunicação no Ensino Universitário. In:

PENTEADO, H. D. Pedagogia da Comunicação: teorias e práticas. São Paulo: Editora Cortez.

2001.p. 151-195.

OLIVEIRA, F. K. O vídeo pela internet como ferramenta educacional no ensino de

geometria. Universidade Estadual do Ceará. Dissertação de Mestrado profissional em

Computação Aplicada. Fortaleza – CE. 2010. 102f (PDF) Disponível em:

http://www.uece.br/mpcomp/index. php/arquivos doc.../220-dissertacao-58. Acesso em 28 de

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PARAIZO, R. F. Ensino de geometria espacial com utilização de vídeos e manipulação de

materiais concretos: um estudo no ensino médio. 2012. 196 f. Dissertação (Mestrado

Profissional em Educação Matemática). Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora,

2012.

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