Valor Local -Edição Junho 2014

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Valor Local Jornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 14 • 20 Junho 2014 • Preço 1 cêntimo ACISMA Págs. 15, 16 e 17 Págs. 8, 9 e 10 Freguesia em destaque: Alcoentre Pág. 19 Comissão das Águas de Azambuja debaixo de fogo Estacionamento pago regressa em força a Alenquer Pág. 5 Futuro das praias fluviais é turvo

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Edição do Valor Local, um jornal com Valor Acrescentado....

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Valor LocalJornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 14 • 20 Junho 2014 • Preço 1 cêntimo

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ISM

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Págs. 15, 16 e 17

Págs. 8, 9 e 10

Freguesiaem destaque:AlcoentrePág.

19

Comissãodas Águasde Azambujadebaixo de fogo

Estacionamentopago regressaem forçaa Alenquer Pág. 5

Futuro daspraias fluviaisé turvo

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2 Valor LocalPolítica

As câmaras municipais deAzambuja e Vila Franca de

Xira vão pagar aos seus trabalha-dores os vencimentos deste mêssem os cortes nos respectivossubsídios.Luís de Sousa, presidente da Câ-mara de Azambuja, salienta que aautarquia já agilizou os procedi-mentos “para pagar na totalidadeos ordenados com os respectivossubsídios” isto depois do anúncio

do Tribunal Constitucional (TC), adeclarar os cortes como inconstitu-cionais.O presidente da Câmara destacaque o município tem poupado es-sas verbas, já a contar com estadecisão do TC, e “por isso está emcondições de os pagar já estemês”.Ao todo a autarquia azambujenseprepara-se para pagar cerca de500 mil euros em vencimentos,

tendo em conta o valor habitualque ronda os 350 mil e a reposiçãodos cortes que ronda os 170 mileuros.Também a Câmara de Vila Francade Xira já anunciou o pagamentona íntegra dos salários deste mês.A autarquia gerida por AlbertoMesquita salientou, em comunica-do, que vai pagar os salários tendoem conta “o teor do acórdão do Tri-bunal Constitucional e de acordo

com a tabela remuneratória vigen-te sem as reduções remunerató-rias previstas no Orçamento deEstado para este ano”.Neste comunicado, o presidenteda Câmara, Alberto Mesquita, re-força ainda a sua “solidariedade”para com os trabalhadores do mu-nicípio, “para quem os sucessivoscortes de 2011 constituíram umfactor de dificuldade acrescida nassuas vidas”.

Decorreram acima das expec-tativas as sessões de esclare-

cimento no âmbito do “OrçamentoParticipativo de Alenquer”, lança-das pelo município. Ao todo, foram11 sessões, onde as populaçõesdas diferentes freguesias do con-celho puderam indicar obras quegostariam de ver concretizadasnos seus territórios, ou projectosque se possam vir a implantar. Acomissão que está à frente desteorçamento participativo vai entrarna fase técnica de análise daspropostas.O vereador com o pelouro doapoio no planeamento, PauloFranco, deu conta da sua satisfa-ção ao Valor Local, dado que setrata da primeira experiência destegénero no concelho, e que “serápara repetir no futuro”. “Tínhamosalgum receio, mas quer na sua

vertente online quer nas reuniõespresenciais, o balanço é positivo.A nossa satisfação é enorme”.Olhalvo e Alenquer foram as fre-guesias onde a adesão registoumaior adesão: com 57 e 87 muní-cipes respectivamente. A médiadas actuais 11 freguesias foi de 41pessoas. A freguesia do Carrega-do e Cadafais teve à volta de 50pessoas, quando é a mais popu-losa do concelho. “Notou-se me-nos empenho por parte da juntade freguesia local na mobilizaçãodas pessoas”, denota Paulo Fran-co. Recorde-se que o orçamentoglobal é de 300 mil euros a distri-buir por cerca de cinco obras quevão arrancar para o ano. No totalentre o online (três) e as sessõeshá 50 propostas que vão ser vota-das até se chegar às cinco finalis-tas, num conjunto de várias fases

que ditará as vencedoras no finaldeste ano.Na sua fase online, o orçamentoparticipativo de Alenquer motivouo interesse de 145 pessoas, coma recolha de 22 propostas. A vota-ção foi fechada no início do mês.As mais votadas foram: a criaçãode um passeio pedonal no Carre-gado; projecto de investigação doCanhão Cársico da Ota, e sala deactividades culturais para jovensem Alenquer. Sem querer mostrar-se fã de qual-quer proposta, o vereador elogia“a diversidade das propostas, in-seridas em áreas tão dispersascomo o turismo ou o empreende-dorismo”, mas também “dar realcea outras que reflectem, ainda, al-gumas necessidades básicas daspessoas, como o arranjo de estra-das e caminhos”.

Foram, finalmente, aprovadosos acordos de execução en-

tre a Câmara de Azambuja e asjuntas de freguesia. Na reuniãoextraordinária de 17 de Maio, fi-cou-se a saber quais as verbas acaber a cada junta. Sendo assima Câmara até ao fim do ano vaientregar 498 mil euros às fregue-sias desta forma distribuídos: Al-coentre 42,678; Aveiras de Bai-xo: 27,955; Aveiras de Cima46,421; Azambuja 89,216; Valedo Paraíso 24,768; União de Fre-guesias de Manique do Intenden-

te, Vila Nova de São Pedro e Ma-çussa 75,096 euros.As verbas servirão para opera-ções de manutenção de espaçosverdes; limpeza de vias e espa-ços públicos; manutenção e re-paração de mobiliário urbano;gestão de feiras e mercados; pe-quenas reparações em escolas. Recorde-se que nas últimas se-manas este foi um assunto quecausou celeuma já que a Câma-ra se preparava para aprovaracordos que não poderiam terefeitos retroactivos para os pri-

meiros meses do ano, e sem queMaio, altura em que o assuntochegou a reunião de Câmara, ti-vesse igualmente salvaguarda-do. Foi possível chegar a acordocom as freguesias, que acorda-ram em manter os valores de2013 para os primeiros meses doano. Com os novos acordosAzambuja e Vale do Paraíso vãoreceber um pouco abaixo do es-perado. O presidente da Junta deVale do Paraíso, Armando Calis-to, fala numa diminuição de cer-ca de 149 euros por mês consi-

derada por si como “pouco signi-ficativa”. Os novos valores tiveram final-mente o aval da Coligação PeloFuturo da Nossa Terra (CPFNT),através de Jorge Lopes e MariaJoão Canilho, que durante o pro-cesso evocou a cláusula 3ª doanexo C que impede que cadajunta de freguesia pudesse rece-ber os retroactivos aos valoresde 2014. Em comunicado e facea críticas ouvidas durante as vá-rias reuniões de Câmara por par-te da CDU e do PS, a coligação

refere: “Esta não foi uma bizanti-ce jurídica, pois não há engenha-ria financeira ou contabilísticaque resolva esta questão semviolar a lei”. Entendimento dife-rente teve o vereador da CDU,David Mendes, que acusou aCPFNT de ter “criado uma situa-ção para se aproveitar politica-mente do assunto”. “Contactei ospresidentes de junta que não semostraram prejudicados, tentou-se criar aqui uma ilusão de ópticae uma vitória de Pirro”, tinha ditona reunião de 11 de Junho. Já os

eleitos do PS desvalorizaram,também, as questões levantadaspela CPFNT, à excepção de An-tónio Amaral que não hesitou emresponder a Jorge Lopes quandoeste disse que “ex- presidentesde junta, (ao referir-se aos quatroelementos do executivo PS) pre-judicaram os actuais presidentesde junta”. “Não lhe admito quediga isso, pois nunca foi presi-dente de junta e ninguém maisdo que eu percebe dos proble-mas daquele género de autar-cas”.

Câmaras repõem subsídios

Acordos de Execução aprovados… finalmente

Orçamento Participativo de Alenqueracima das expectativas

Luís de Sousa pagou os subsídios

Paulo Franco satisfeito com a adesão

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4 Valor LocalSociedade

Está adiado para já o encerra-mento do balcão da reparti-

ção de finanças de Azambuja. Ainformação foi avançada pelopresidente da Câmara de Azam-buja, Luis de Sousa, que cita anova directora dos serviços deAzambuja.Segundo o autarca, a directoranão tem na sua posse informa-ção a indicar o fecho da reparti-ção local, e a autarquia tambémnão, já que desde Outubro doano passado, que espera poruma reunião com o respectivosecretário de estado.Outro factor que segundo Luís deSousa pode ser indicativo de quea repartição não vai fechar rela-ciona-se com a circunstância de“recentemente a directora ter pe-dido ajuda à Câmara no que serefere ao pessoal”, algo que seráfeito nos próximos dias.

O presidente da Câmara salientaque a maioria dos funcionários doserviço de Azambuja está ao bal-cão, e por isso “a nova directoratem necessidade de trabalhado-res para ajudar nas áreas de rec-taguarda”, nomeadamente, noque toca ao trabalho administra-tivo.Para tal, Luís de Sousa diz quevai fazer um protocolo para a dis-pensa de um funcionário.

Fiscalização vai apertar

A autarquia já disponibilizou, en-tretanto, um outro trabalhadorque acompanhará um funcionáriodas finanças pelo concelho como objectivo de ajudar a actualizaras cadernetas de IMI. “É algo be-néfico para a Câmara e para aspessoas”, refere. Para a Câmara,diz Luis de Sousa, é urgente

essa actualização, tendo em con-ta as dificuldades financeiras daautarquia. Por outro lado, a popu-

lação já não tem de se deslocaraos serviços de finanças deAzambuja.

Desde 2012, que paira sobre arepartição de Azambuja, a amea-ça de encerramento. Tal levou a

que uma comissão cívica levassea cabo uma manifestação contrano ano de 2013.

Os moradores na Rua da Fonteem Aveiras de Cima recla-

mam desde há vários anos a colo-cação de barreiras acústicas porparte da Brisa na Auto-Estrada doNorte que passa a cerca de 50metros de suas casas. É o caso deLinguber Lérias, que conta ao Va-lor Local que a passagem de duaspara três faixas na A1 veio condi-cionar a sua qualidade de vida, e odireito ao repouso.“Quando chove e o vento sopra dedeterminada maneira, isto aqui éum espectáculo!” ironiza para de-monstrar o nível de intensidade doruído. Cerca de oito famílias sãoafectadas, e tudo piora de noite-“Isto é uma coisa brutal, o meu vi-zinho colocou uns cedros junto à

estrada, o que de certa forma ate-nua um pouco, mas não resolve asituação.”Desde 2009, que os moradorestêm vindo a enviar cartas para aBrisa a reclamar do caso. “Quandofizeram a terceira faixa avançaramcinco metros na direcção da minhacasa, o que acabou por influenciarnegativamente”, refere o moradorque também dá conta dos incómo-dos dos vizinhos do lado de lá daauto-estrada, moradores no Bairrodo Soldadico, sendo que a um de-les a Brisa demorou oito anos aresponder. Desde as primeiras cartas que aBrisa tem vindo a trabalhar nos“mapas estratégicos de ruído eplanos de acção”, resposta que se

repete desde há vários anos àscartas de Linguber Lérias, massem sinal de qualquer tipo de con-cretização efectiva no terreno. Oanterior presidente da junta deAveiras de Cima, Justino Oliveira,também intercedeu a favor dosmoradores junto daquela empresa,mostrando o seu descontentamen-to não só com o estado de coisas,bem como com a demora na res-posta, cerca de três anos.Contactámos a Brisa tendo emconta este trabalho que respondeuque “a verificar-se a legitimidadedas pretensões”, (como se o casonão fosse desde já suficientemen-te conhecido e as queixas credí-veis), “a implementação será feitaem 2015”.

Finanças de Azambuja comencerramento adiado “sine die”

Aveiras de CimaVários anos à espera de barreiras acústicas na A1

Avila de Benavente vai receberentre 26 e 29 de Junho mais

uma edição da Festa da Sardi-nha Assada. Trata-se da 46ª edi-ção que espera juntar, como ha-bitualmente vários milhares depessoas.Segundo Victor Recatia, da Co-

missão de Festas, não há gran-des alterações no que toca ao fi-gurino do evento. O responsávelsalienta apenas que para nãoprejudicar o comércio, “a comis-são optou for fazer o encierro nasexta-feira, dia 27” salienta.De resto Vitor Recatia destaca

que não há alterações de maior,vincando que à semelhança deoutros festejos na região, tam-bém em Benavente “os pormeno-res da festa são tratados com al-gum cuidado, em que se tentagastar apenas o necessário semcolocar em causa os eventos fu-

turos.”Ao todo a comissão de festas e aautarquia de Benavente, prepa-ram-se para oferecer cinco tone-ladas de sardinha, dez mil pães ecinco mil litros de vinho, que se-rão distribuídos sábado, dia 28de Junho pelas dez da noite.

Este certame inclui entre outrasiniciativas: tasquinhas, largadasde toiros, desfiles de fanfarras, efigurantes trajados a rigor pelasruas da vila.As noites vão ser abrilhantadascom música para dançar em vá-rios palcos, distribuídos pela vila.

Benavente é terra de “Sardinha Assada e Amizade”Cidadão aponta para a distância

Manifestação decorrida em 2013

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5Valor Local Sociedade

ACâmara Municipal de Azambu-ja está apensar em fazer um

observatório de aves no Paul deManique do Intendente. A informa-ção foi dada pelo presidente daCâmara Municipal, Luís de Sousaao Valor Local, que destacou a im-portância daquele espeço para omeio ambiente e preservação danatureza.Todavia, o autarca esclarece que a

autarquia não intervirá no interiordo paúl, mas sim “nos terrenos la-terais, que são propriedade daCasa do Povo de Manique do In-tendente”.De acordo com Luís de Sousa, hápelo menos a intenção de intervirno espaço criando algumas infra-estruturas, para se proceder à ins-talação do observatório. Para oedil, este é um projecto importante

que deverá ser edificado em cola-boração com a escola local e coma empresa que vai realizar o pro-jecto. Luís de Sousa, salienta quepara já não há planos no que tocaaos custos, mas ressalva tambémque por enquanto o assunto estána fase de projecto. O autarca sa-lienta ainda a biodiversidade dopaúl onde até lontras já foram en-contradas.

“Observatório de Aves”no Paúl de Manique

Quando se fala em disciplinaro estacionamento em Alen-

quer através do reactivar em ple-no dos parquímetros e da fiscali-zação o torcer de nariz é genera-lizado entre os automobilistas,porque muitos se queixam deque os lugares não pagos exis-tentes se situam apenas nas ex-tremidades da vila, demasiado“fora de mão” e que por isso de-viam existir bolsas de estaciona-mento não pago ao longo das zo-nas comerciais. Os comercian-tes, por seu lado, queixam-se deter perdido clientes, porque hojeem dia cada um ocupa a seu belprazer os lugares de estaciona-mento na Rua Triana sem se diri-gir aos parquímetros, com toda aimpunidade associada.Há muito que na sua generalida-de quem tem o seu posto de tra-balho na artéria em causa, já dei-xou de fazer o pagamento nosparquímetros, pois é mais ou me-nos notório que ninguém é multa-do actualmente, e por isso preva-ricar é quase natural. A CâmaraMunicipal de Alenquer prepara-separa mudar este quadro radical-mente, com uma fiscalizaçãomais contundente e a colocaçãoem prática de novos instrumen-tos que auxiliem os fiscais a levara cabo a sua tarefa.Ivo Sousa mora em Olhalvo ecom alguma frequência deixa oveículo num parque de estacio-namento pago existente a meioda Rua Triana. É dos que costu-

ma pagar, mas sabe de casosem que muitos deixam o carro odia todo no local sem tirar bilhetena máquina existente, mas quenem sempre se encontra a fun-cionar devidamente. “Nesses ca-sos já beneficiei da avaria nosparquímetros, mas entretantovoltei a pagar, porque se os ou-tros não deixavam bilhete noscarros, acabei por fazer o mes-mo, mas também penso que tal-vez não se justificasse uma ex-tensão deste tipo só com estacio-namento pago”, refere, e acreditaque este “é um tema em que to-dos deveriam dar opinião, sobre-tudo porque há quem prefira quetudo continue na mesma, paracontinuar a gozar de impunida-de”.Ana Silva e António Silva são ge-rentes de duas ourivesarias naRua Triana e apontam algumascríticas à política de estaciona-mento na vila. “Há muita genteque não paga, mas os parquíme-tros, por vezes, estão avariados”,referem. Novo apertar das regrasé no entanto visto como benéficono caso das pessoas que “dei-xam o carro estacionado durantetodo o dia no mesmo local”, comoé o caso de quem trabalha naslojas, serviços e escritórios daRua Triana, “que poderiam optarpelos estacionamentos não pa-gos”. O actual estado de coisas“prejudica quem vem à vila parafazer compras”. “Os nossos clien-tes queixam-se muito. O mesmo

acontece na rua de lá do rio. Co-nheço casos de clientes que senão tivessem uma preferênciaespecial pela nossa loja nem se-quer vinham cá, e iam comprar aoutro lado”, diz Ana Silva, queacrescenta – “Não se justificaque quem tenha de estar o dia in-teiro na vila não possa estacionaro carro um pouco mais longe.Quando a fiscalização apertava,e os parquímetros funcionavamhavia mais estacionamento”.Um taxista que não se quis iden-tificar é peremptório – “ A vila nãotem condições para ter parquí-metros, os estacionamentos sãolonge, mas hoje as pessoas nemsequer ligam a isso e simples-mente não pagam. A Câmara

quer modernizar isto, mas o quena verdade deseja é complicar aquestão, e prejudicar as lojas, esabemos muito bem que nin-guém gosta de andar a pé”.Contactada a Câmara Municipalde Alenquer, através da vereado-ra com o pelouro do Trânsito,Dora Pereira, esta afirma que“com bom senso, civismo, e ob-viamente com fiscalização, efe-tuada por agentes de fiscalizaçãodevidamente credenciados, a au-tarquia acredita que será, embreve, reposta a normalidade.”A autarquia não concorda quehaja falta de lugares de estacio-namento não pago na vila e dizque dos 520 lugares a pagar há247 livres de parquímetros, para

além das ditas zonas que não sa-tisfazem muitos dos automobilis-tas: Areal (em ambas as margensdo rio), Chemina, parque junto aomercado diário e, fora do centroda vila, de toda a zona do ParqueUrbano da Romeira e Parque dasTílias. Dora Pereira diz que nãoestá fora de hipótese a criaçãode cartões, tipo passe mensal,para utilizadores residentes e nãoresidentes.Tendo em vista a preparação dosutilizadores do estacionamentoem Alenquer para a nova realida-de, a Câmara pretende levar acabo “acções de sensibilizaçãopresencial”. “Os serviços divulga-rão, através de múltiplos supor-tes, um aviso onde constará a

data em que terão início as ac-ções de fiscalização e de puni-ção”. O município reconhece que “exis-tiram no passado alguns proble-mas que condicionaram o normalfuncionamento dos serviços, quedeverão ser ultrapassados” Paraque a fiscalização entre de novoem acção, a autarquia encontra-se a aguardar as credenciais so-licitadas à Autoridade Nacionalde Segurança Rodoviária para aemissão de autos de contra-orde-nação eletrónicos, para além deque, “de momento todos os par-químetros encontram-se a funcio-nar, com as manutenções con-tractualizadas e actualizadas, edevidamente aferidas”

Depois de longo período de prevaricação

Estacionamento pago regressaem força a Alenquer

Ivo Sousa já optou por não pagarEste parquímetro esteve longo períododesactivado

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6 Valor LocalSociedade

Jovens falam da entrega a uma arte

Está aí mais uma edição do Colete Encarnado

Foi aos 10 anos que FranciscoBerba descobriu que queria

ser violinista, depois de ter estadonum concerto. De imediato iniciouo seu percurso com várias idaspor semana ao conservatório aLisboa. No caminho de comboioentre Azambuja e a capital apro-veitava para estudar para a esco-la, de modo a conciliar a músicacom os seus deveres enquantoestudante. “Lembro-me de ter fei-to um trabalho de História nascostas das partituras e de o pro-fessor ter elogiado o meu talentopara a reciclagem”, descreveu pe-rante uma plateia composta portécnicos e professores num deba-

te organizado pela Comissão deProtecção de Crianças e Jovensde Azambuja, que teve lugar nodia 4 de Junho, no auditório doValverde, sob o tema: “A criançana arte e no espectáculo”. Umainiciativa em que vários jovens fa-laram da forma como conciliamos estudos e o amor a uma artequase sempre muito exigente emtermos de horários e de trabalho.Este jovem violinista contou que adisciplina do conservatório o pre-parou para a vida, e como issotambém o tornou mais exigenteconsigo mesmo, de forma a nãodeixar que a música ultrapassas-se a escola. “Fazia sempre os

possíveis para ter boas notas,para depois ter tempo para a mú-sica”. A arte à qual se entregoutambém o obriga, nas suas pala-vras, a ser “organizado”. “Sou apessoa mais desorganizada queexiste”, brincou. Quando lhe perguntam se o queprefere tocar é Mozart ou outroscompositores clássicos respondeque lhe dá especial prazer “ouviruma música na telefonia e ir àprocura na net da partitura paraexecutá-la”. Também no caso de Ana Rita, ca-valeira tauromáquica, a paixãocomeçou igualmente cedo e deforma definitiva. “Sempre disse

que queria tourear, a minha famí-lia achava que era impossível,mas comecei logo aos 13 anos nocentro hípico de Azambuja”. Ma-nuel Jorge de Oliveira é o seumestre. Costuma frequentar asarenas não só de Portugal, mas,igualmente, de Espanha e dosEstados Unidos. A jovem cavalei-ra que toureia há 11 anos, não foialém do 9º ano de escolaridade,mas pretende retomar os estudospara completar a escolaridade ob-rigatória. “Sou muito feliz na mi-nha profissão”, concluiu. Outro exemplo de quem começoucedo no mundo das artes é o daactriz Teresa Tavares que entrou

em várias telenovelas conheci-das, a par de outros trabalhos.“Normalmente faltava às aulasuma vez por semana, com muitacompreensão por parte dos pro-fessores. Era difícil conciliar osdois mundos, mas conseguia”.“Houve noites em que dormi pou-co, mas fazia o que queria e asnotas na escola não foram preju-dicadas. Para me dedicar à repre-sentação, estudava ainda commais vontade, para não atrapa-lhar os estudos”.Já no caso de Maria Mouchão,modelo, que fez o seu primeirodesfile aos 11 anos, acabou porse desligar daquela actividade al-

gum tempo depois, devido às difi-culdades em se concentrar nosestudos por imposição dos pais,mas entretanto regressou. “Vouagora para o 12º ano, e estou en-tusiasmada por também podervoltar a desfilar”.Por último, foi dado a conhecer oexemplo do jovem fadista Fran-cisco Rei que consegue conciliara sua paixão pelo fado e a escolacom naturalidade, pois os ensaiossão de 15 em 15 dias. “Normal-mente, ocorrem às terças à noite,e quando tenho testes no dia se-guinte, dispenso o fado”. A músicaé também o seu “projecto para avida”, como intitulou.

Acidade de Vila Franca deXira recebe de quatro a seis

de Julho mais uma edição dasFestas do Colete Encarnado.A iniciativa que brinda à “festabrava” acontece nas ruas, atra-vés das largadas de toiros, nopavilhão multiusos do Cevadeiro,com diversos motivos de interes-se e na Centenária Praça de Toi-ros “Palha Blanco”.

Para além destas iniciativas,destaque para outras, como osfados nas tertúlias, com a partici-pação das mesmas, ou a habi-tual homenagem ao campino, nosábado, dia cinco, no Largo doMunicípio, onde tem lugar a co-nhecida “Noite da Sardinha As-sada”, com sardinha, pão e vi-nho. O caldo verde servido gra-tuitamente é outro dos argumen-

tos da festa. Todavia o Colete Encarnado émuito mais. O certame é tambémcomposto pelos grandes concer-tos no Largo Pedro Vítor e pelasactuações de grupos de Sevilha-nas locais e não só.A juntar à festa, a “Corrida deTouros à Portuguesa” é outrodos aspectos mais importantesdo Colete Encarnado. Desta fei-

ta, a corrida que decorrerá naPraça de Toiros Palha Blanco,conta com os cavaleiros AntonioTelles e João Telles, os matado-res António J. Ferreira e NunoCasquinha, e com os ForcadosAmadores de Vila Franca de Xiraque vão lidar toiros da ganadaria“David Ribeiro Telles”. A corridaestá marcada para Domingo, diaseis de Julho pelas 18 horas.

“Artes e Sons” na Glória do RibatejoAfreguesia da Glória do Riba-

tejo, concelho de Salvaterrade Magos, recebe de 27 de Ju-nho a 5 de Julho a primeira edi-ção do projeto “Artes & Sons”.Segundo uma nota de imprensada Câmara Municipal de Salva-terra de Magos, trata-se de umainiciativa que congrega “múlti-plas artes e sons, através damúsica, dança, teatro, fotogra-fia, desporto, grafitti”, entre ou-tros.

De acordo com o município,este é um “conceito que passapor juntar estas atividades às jáexistentes na freguesia de Gló-ria do Ribatejo, como o festival“Glória ao Rock” e os festivaisde Folclore (“As Janeiras” e da“Casa do Povo”) “para que secrie uma maior dinâmica culturalde forma a chegar aos váriospúblicos, com o objetivo de pro-mover as organizações locaisque as desenvolvem”.

Mais concretamente, sobre oprograma do “Artes & Sons”,destaque para o concerto dos“Melech Mechaya” a 27 Junho,a exposição fotográfica inseridana atividade “Viva a Rua”, osconcertos das bandas “Los Ca-maias” a 27 Junho e “Rock ‘N’Road” a 28 Junho.Quanto ao programa “Artes &Sons” este resulta de uma orga-nização conjunta da CâmaraMunicipal de Salvaterra de Ma-

gos, União de freguesias daGlória do Ribatejo e Granho,Comissão de Festas 2014 emHonra de Nossa Senhora daGlória, Associação Febre Ama-rela, Marionetas Subúrbio e pelaAssociação de Teatro Paulo Cla-ro - Rapazes D’Aldeia, com oapoio do Rancho Folclórico daCasa do Povo de Glória do Ri-batejo, Rancho Folclórico As Ja-neiras e do Agrupamento de Es-cuteiros de Glória do Ribatejo.

Francisco Berba o violinista Teresa Tavares falou da sua experiência

“Melech Mechaya”

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7Valor Local Sociedade

Cavaleiro azambujensesofre acidenteAtrabalhar na Califórnia (EUA)

há perto de dez anos, o ca-valeiro tauromáquico azambujen-se Paulo Jorge Ferreira fracturouum pé . Foi o próprio que anun-ciou na sua página do facebook,mas ao mesmo tempo garantiuestar em forma para uma a ter lu-gar no dia 23 de Junho. Segundoadiantou ao Valor Local, PauloJorge Ferreira, tudo aconteceuquando o toiro que ia lidar, da ga-nadaria de Joe Rocha, se adian-tou ao seu cavalo projectando-o

contra a trincheira.O cavaleiro garante estar bem,mas ainda assim não de livrou dealgumas escoriações e de umsusto. O incidente deixou “maze-las” também no braço direito.O cavaleiro azambujense quemais uma vez esteve ausente dacorrida à portuguesa na Feira deMaio, garante que vai estar a 100por cento na corrida de 23 de Ju-nho, destacando que este inci-dente veio “travar” duas outrascorridas em que a sua actuação

esteve acima da média. Aindaassim esta é uma corrida onde ocavaleiro vai ter algumas precau-ções especiais, e garante: “ Voutentar tourear com uma ligadurade fibra de vidro especial”.No próximo dia 23 de Junho,Paulo Jorge Ferreira prepara-seentão para actuar com os portu-gueses, Sario Cabral e JoanaAndrade na Praça de Toiros deStevinson.Paulo Jorge Ferreira decidiu imi-grar para os Estados Unidos de-

pois de verificar que em Portugalnão dispunha das oportunidadesnecessárias para vingar comocavaleiro tauromáquico. Com 32anos, o cavaleiro tem no seu per-curso profissional a alternativa ti-rada a 21 de Julho na Praça deToiros da Póvoa do Varzim. Umaalternativa que teve como padri-nho, outro cavaleiro azambujen-se, neste caso Manuel Jorge deOliveira, hoje presidente da di-recção do Centro Hípico Lebreirode Azambuja.

Paulo Jorge Ferreira tenta recuperardo acidente

Os comerciantes da vila deAlenquer sentem falta de

mais iniciativas que pudessemser promovidas pela Câmarapara chamar mais visitantes”. Umdesses certames que chegou ater alguma importância foi a feiramedieval que deixou de se reali-zar há três anos. António Silva,empresário, ligado a uma ourive-saria, é dos que acha que aquelecertame fazia sentido. “A Câmaradeveria incentivar novos eventos,e pegar de novo na feira medie-val, para chamar mais visitantes,para que não seja só durante afeira da ascensão”, refere.O Valor Local contactou a autar-quia sobre o “paradeiro” da feiramedieval, que nos informou quenão põe de parte voltar a fazer oevento, mas sustenta que “o mo-delo seguido nas edições de2011 e anteriores, passava pelaaquisição de serviços de anima-ção a entidades externas ao con-celho de Alenquer”, como tal“neste momento o objetivo daCâmara Municipal de Alenquerpassa por valorizar o potencial lo-cal, nomeadamente, através doenvolvimento dos comerciantes,associações, colectividades, em-presas e instituições de âmbito

local, à imagem do que é feitonoutros concelhos onde atual-mente se consolidaram modelossustentáveis de feiras de carizhistórico, onde o retorno obtido

pela realização deste tipo de fei-ras está garantido, através do en-volvimento das referidas entida-des de âmbito local” , através da“criação de redes de cooperação

que permitam criar escala e ga-rantir através de meios próprios amaioria das necessidades logísti-cas e de animação.”A autarquia informa, neste âmbi-

to, que “ainda não chegou à Câ-mara Municipal qualquer propos-ta, formal ou informal, no sentidode voltar a realizar a referida fei-ra, na vila de Alenquer”, e salien-

ta um evento realizado há pou-cos dias, dentro do mesmo espí-rito, na Aldeia Galega da Mercea-na com a segunda edição da fei-ra quinhentista .

Onde pára a Feira Medieval de Alenquer?

Uma das anteriores edições Crédito awendruidiza

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8 Valor LocalOpinião

Não sendo particularmente fãde José Saramago, não

deixei de tomar contacto comalguns dos seus trabalhos, en-tre os quais o Ensaio sobre aCegueira e tal foi a impressãoque me causou que de vez emquando, dou por mim a fazeranalogias entre os comporta-mentos sociais, que hoje se vi-vem e as politicas que estão nasua origem.E se não é menos verdade deque ao contrário de na obra deJosé Saramago, não houve nonosso País uma epidemia leito-sa que nos contagiasse a todosdeixando-nos cegos, houve simuma epidemia que nos prostroue nos deixou como que indife-rentes ao que acontece à nossavolta, permitindo aqui a exemplode na obra citada, todo um con-junto de desmandos e abuso depoder, sempre em nome de uminteresse superior que não é odo Povo, mas que ao Povo quemassacra.E curiosamente não surgiu ain-da a personagem da mulher do

médico, a única que vê em todoaquele conjunto de cegos!Mas começamos a perceber arapariga que diz, que já estáva-mos cegos quando cegámos ,porque isso foi resultado do

medo e de não queremos tomarposição, deixando que os outrosfaçam as escolhas por nós. Pre-cisamos urgentemente de sairda letargia, que tal como a epi-demia no romance nos conta-

giou com um sono letárgico queimpede um povo de ver e deci-dir.No entanto, as noticias e princi-palmente as televisivas, já queas escritas hoje têm de fazer

grandes esforços e ser muitocriativas para combater a con-corrência do imediatismo, asso-ciado à preguiça da leitura,quando não tem a pretensão denos tentar convencer, deixando-

nos cegos, ainda conseguemtrazer notícias que contém emsi , uma injecção de esperançade que nem tudo está perdido,como o caso dos três jovensuniversitários que tendo com-prado um colchão em segundamão ao exército de salvação,depararam, quando se prepara-vam para o lavar, com uma pe-quena fortuna no seu interior,bem como uma nota identifica-dora da sua proprietária. E diziaum dos jovens – Não seria ca-paz de pensar em ficar comaquele dinheiro - . Fantástico jo-vem.Seríamos, cada um de nós ca-pazes de pensar como este jo-vem ?Precisamos de uma respostaafirmativa de muitos e muitos jo-vens e menos jovens, porque seassim fôr, podemos ficar com acerteza de que nos vamos livrarda cegueira e mesmo que o queconsigamos ver não seja bom,teremos força e vontade de tor-nar melhor o espaço à nossavolta.

Do Ensaiosobre a Cegueira…

Num país dominado por sec-tores económicos e sociais

em profunda crise nada de maisjusto do que valorizar o dinamis-mo registado pelo turismo nosúltimos anos e destacar os re-sultados positivos alcançados.Falamos de resultados e não deimpactos porque estes ainda ca-recem de ser avaliados.A interrogação é legítima: seráque a evolução que estamos a

observar se inscreve numa rotaautêntica sustentabilidade ouestaremos apenas e só perantemais um ciclo de crescimentoconjuntural?Desde logo importa aferir, nospilares que estruturam de umaforma global os processos sus-tentáveis, se estamos peranteuma real evolução ou se pode-mos apenas sinalizar um «au-mento da actividade».

Numa interpelação relativamen-te simplista poderíamos colocara questão nos seguintes termos:a) Na variável económica: a in-tensificação da actividade foiacompanhada por medidas deintegração com a economia lo-cal? Houve a precupação em in-corporar produtos locais na ofer-ta aos turistas? Foram articula-das soluções dos operadores dosector com elementos culturais

e identitários dos territórios? Fo-ram desenvolvidas estratégiasde fidelização baseadas nos fac-tores únicos e peculiares das re-lações humanas e personaliza-das nos ambientes experiencia-dos?Relembremos pois que os resul-tados económicos das activida-des turísticas podem ser profun-damente ilusórios se não foremclaramente definidos os critériosdo tipo de competitividade dese-jada. Hotéis do Algarve que ser-vem sumos de laranja espanho-la, tendo em alternativa e ao seudispôr uma excelente laranja lo-cal, por certo estarão a desen-volver estratégias de rentabilida-de muito imediata e com preocu-pações meramente conjunturais.b) Na variável social: o cresci-mento de actividade teve efeitospositivos na remuneração dostrabalhadores e consequente-mente na coesão social do terri-tório, ou foram principalmenteadoptadas políticas remunerató-rias de salários extremamentebaixos? A relação entre a quali-dade do serviço e as condiçõessociais e logísticas nas quaisoperam os profissionais do sec-tor foram acauteladas? Ou seja

a aposta numa qualidade de ex-celência foi sustentada por polí-ticas de envolvimento e de em-poderamento das equipas detrabalho, ou foram apenas im-plementadas acções de cosmé-tica de relações públicas inter-nas que apenas servem para ilu-dir os clientes e os colaborado-res? A dimensão social não éapenas aferida do lado dos cola-boradores. Vejam-se as aborda-gens ao cliente em matéria demobilidade das pessoas porta-doras de deficiência, avalie-se otratamento indigno das pessoasidosas nas estratégias massifi-cadoras e exploradoras dos gru-pos do chamado turismo sénior.Será razoável os equipamentosturísticos utilizarem a seu belprazer milhares de estágios pro-fissionais de alunos das escolasde hotelaria e turismo e termina-da a «época alta» dispensarem-nos, sem apelo nem agravo,sem lhes proporcionarem quais-quer oportunidades?c) Na vertente ambiental: o au-mento da actividade terá sidoacompanhado por medidas deprotecção ambiental e de valori-zação das condições naturais lo-cais colocando no centro da

imagem projectada aos turistasuma radical opção de defesa danatureza e de valorização do pa-trimónio natural do território? Osmateriais utilizados nos equipa-mentos turísticos e a oferta ali-mentar revelaram uma preocu-pação central pelas questõesambientais? Perante o aumentodo número de clientes resistiu-se à proliferação dos plásticos edos matérias não recicláveis?Dificilmente poderia ser admitidoque um aumento do número deturistas se traduzisse num des-controlo proporcional da pegadaecológica.Se quiséssemos complicar ain-da mais esta abordagem coloca-ríamos de forma adicional ques-tões várias sobre a existência ounão de processos de integraçãodas três vertentes mencionadasnas estratégias de desenvolvi-mento turístico levadas a efeito.Mas isso seria ser demasiadoexigente. Há quem se satisfaçacom os resultados, de sucessoaparente. Eu prefiro esperarpela medição dos impactos quenos revelam uma verdade nua ecrua sobre o rumo seguido emmatéria de desenvolvimentosustentável.

Turismo sustentável,esperar para ver !

Maria da Luz RosinhaPresidente do Conselhopara o Desenvolvimento

Sustentado do Hospital deVila Franca de Xira

Carlos RibeiroJornalista e consultor

Caixa de Mitos - Agênciapara a Inovação Social

Page 9: Valor Local -Edição Junho 2014

9Valor Local Opinião

Caro leitor; como prometido, te-nho o gosto de, nesta edição,

apresentar-vos uma reflexão, ne-cessariamente subjetiva, dos pres-supostos que nos conduzem aosfracos níveis de produtividade.Para melhor perceção da temáticaem análise, e após pesquisa dasdiversas opiniões, conceituo pro-dutividade, como sendo a reduçãodo tempo gasto para executar umserviço, ou o aumento da quanti-dade dos produtos manufatura-dos, com a manutenção dos níveisde qualidade, sem acréscimo demão-de-obra ou aumento dos re-cursos necessários.Contudo, produtividade não é so-mente mais quantidade. É precisoavaliar também a qualidade doproduto ou serviço.A produtividade pode ser sempremelhorada através da criatividade,da formação e, da melhoria contí-nua. É o máximo da produção quea qualidade permite.É nos períodos de crise que asempresas têm que, necessaria-mente, reduzir custos e reestrutu-rar as suas atividades para au-mentar a produtividade ou sim-plesmente sobreviverem.Reiterando a subjetividade do queescrevo, são quinze os pressupos-tos que penso, contribuem paraque no nosso país, a produtivida-de seja tão baixa. Contudo, nãoresisto à tentação de transcrever otexto que se segue, já devidamen-te sumariado: PRODUTIVIDADE é a redução dotempo gasto para executar umserviço ou o aumento da quantida-de dos produtos manufaturados,sem acréscimo de mão-de-obraou aumento de recursos. “-É inquestionável que os portu-gueses sofrem de uma doençacongénita designada de lusofagiaterritorialis. Esta curiosa patologiaataca os portugueses que traba-lham em Portugal e desaparecelogo que laboram no estrangeiro.Nos países estrangeiros, aos tra-balhadores portugueses são reco-nhecidas virtudes de capacidadede trabalho e de disciplina, en-quanto no seu país são madraços,irresponsáveis e indisciplinados.Também, quem trabalha em Por-tugal para empresas multinacio-nais não sofrem de lusofagia terri-torialis, dado que, como sabemos,as multinacionais a operar em Por-tugal apresentam altos índices deprodutividade. Portanto, concluo que a baixa pro-dutividade, não deve ser só umaquestão de pessoas, mas tam-bém, da cultura de trabalho insti-tuída na sociedade, do clima orga-

nizacional, do envolvimento/parti-cipação do trabalhador, dos estí-mulos, da satisfação e motivaçãodo trabalhador e, da sua retribui-ção baseada no mérito. Elenquemos então os quinze pres-supostos, que na minha opinião,contribuem para a baixa produtivi-dade:1. Custos que decorrem da posi-ção periférica do nosso país;2. Elevados custos de contexto;preços da energia, dos combustí-veis e das comunicações, superio-res à média europeia;3. Má qualidade geral do sistemade ensino. Importa reformar o en-sino, racionalizando cursos, supri-mindo os que não têm empregabi-lidade e os que não são úteis. Pro-mover a exigência e meritocracia(premiar o mérito). Reformular eimplementar o ensino técnico pro-fissional (porque se acabaramcom os curos comercial e indus-trial?). Promover a cidadania, a éti-ca e o rigor profissional. Decorren-te desta situação;a) Fraco nível de competências deatitudes e comportamentos dostrabalhadores portugueses, quegeram igualmente improdutivida-de;b) Fraco nível de competências ouqualificações da maioria dos ge-rentes das (PME), principais em-pregadores, com claros reflexosna gestão empresarial, e que geraimprodutividade e insolvência;4. Falta de organização do traba-lho e, insuficiente ou inexistente;comunicação organizacional, mu-danças organizacionais, investi-mento em I&D (Inovação & De-senvolvimento) e empreendedoris-mo, bem como, o estabelecimentode parcerias com as Universida-des;5. Falta de investimento na forma-ção básica e contínua dos traba-lhadores (ALV-Aprendizagem aoLongo da Vida), por parte dos em-pregadores, e do sector público,propiciando-lhes qualificações pro-fissionais que os tornem mais pro-dutivos e promovam a empregabi-lidade (alguns empresários, per-sistem na ideia, de que investir naformação profissional é um custoe não um investimento); 6. Falta de preocupação com oambiente de trabalho seja no seuaspeto físico ou no relacionamentocom os colegas (ambiente limpo,arejado, num clima de amizade esegurança). Falta de implementa-ção de regras de higiene e segu-rança no trabalho, promovendo asaúde e o bem-estar do trabalha-dor e reduzir os índices de aciden-tes de trabalho, promovendo para

tanto, medidas que os evitem;7. Desrespeito pelos direitos e ob-rigações dos colaboradores, afe-tando a autoestima e confiançanas suas capacidades, o que con-duz ao decréscimo dos índicesmotivacionais geradores de insa-tisfação e consequentemente demenor produtividade;8. Falta de reconhecimento da va-lorização profissional, que afastas-se o medo e a insegurança propi-ciando o conhecimento de assun-tos de interesse do seutrabalho/organização (palestras,encontros, trabalho em grupo),contribuindo assim, para a motiva-ção e a participação e, conse-quentemente, o aumento da pro-dutividade;9. Insuficiências na prestação deserviços públicos;a) Melhorias na burocracia commenos complexidade processual(decisões mais céleres e eficazes); 10. Sistema judicial lento, inepto ecaro. Jurisprudência acintosa(ação propositada para contrariare/ou adiar);11. Legislação laboral pouco flexí-vel no que concerne à justa causade despedimento (extinção doposto de trabalho/fracos índices deprodutividade);12. Insuficiente investimento emsectores produtivos (equipamen-tos e outro capital, nomeadamentena indústria, necessário ao incre-mento da produtividade);13. Devido à herança industrial:a) Estrutura industrial altamentefragmentada e de pequena escala(ex.: 61% das empresas portugue-sas têm menos de 10 trabalhado-res);b) PRESSUPOSTOS:Sem a implementação da maioriados pressupostos, dificilmente aeconomia crescerá de forma sus-tentada.

Revolução de mentalidades,precisa-se!

Tendência para um posicionamen-to em atividades com reduzido va-lor acrescentado ou não transacio-náveis (bens não transacionáveis,

são aqueles que não se exportamdevido a vários fatores);c) Os players (empresas que ope-ram em determinados setores deatividade) sediados em Portugalnão geram e/ou não financiammais oportunidades de crescimen-to (o ritmo de inovação e da cria-ção de novos postos de trabalhoem novas atividades e sectores deelevado valor acrescentado, sãoclaramente insuficientes para nosimpormos nos mercados exter-nos);d) Distanciamento das melhorespráticas domésticas e internacio-

nais. 14. Não há uma aposta clara naexportação de bens transacioná-veis para os países emergentes“BRIC” (Brasil, Russia, India e Chi-na) e para os países de expressãolusófona, entre outros mercados,nomeadamente da América doSul, sobretudo devido às razõesapresentadas no parágrafo 13 alí-nea “c”, embora se venham verifi-cando ténues melhorias;15. Falta de mais apoio do estadoaos investidores (incentivos e me-nos burocracia) e, também de fi-nanciamento, por parte da banca,

nomeadamente às empresas em-preendedoras e exportadoras.Sem a implementação destespressupostos, à exceção do pri-meiro por ser fatual, ou da maioriadeles, dificilmente a economiacrescerá de forma sustentada.Uma revolução de mentalidades,precisa-se! Esperando sinceramente que estetema tenha sido do agrado dos ca-ros leitores, posso desde já adian-tar-vos que, na próxima edição,abordaremos o tema: flexisegu-rança.Até lá, boas leituras!

Pressupostos para os fracosíndices de produtividadeem Portugal

Augusto MoitaLic. Recursos Humanos

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10 Valor LocalEntrevista

¢ Sílvia Agostinho

Valor Local (VL) Desde 2005,que esta candidatura foi lança-da no terreno, decorrida quaseuma década terão havido, comcerteza, pontos altos e pontosbaixos, pois só assim se expli-ca que passados tantos anos opatrimónio avieiro ainda não ti-vesse sido considerado comopatrimónio nacional.João Serrano (JS) É um facto.Começou-se a trabalhar de for-ma mais efectiva em 2007. Umdos pontos altos do projecto deu-se quando recebeu nota máximado QREN no âmbito de uma can-didatura ao abrigo do Programade Valorização Económica de

Recursos Endógenos (PROVE-RE) para os territórios de baixadensidade. Foi considerado umprojecto exemplar a nível dosseus objectivos e do que podiabeneficiar esta zona. Há por ou-tro lado, um conjunto de causaspara que as coisas tivessem cor-rido menos bem, e sem estar anomear culpados, podemos dizerque um dos factores deveu-se aofacto de os presidentes de câma-ra, deste território que ainda éextenso (de Vila Franca à Gole-gã) não estarem habituados atrabalhar em conjunto. Actual-mente, notamos uma mudançade atitude por parte das câmarasem articulação com a comunida-de intermunicipal. O restauro das

aldeias avieiras tem de ser assu-mido por todos. Não podemosescamotear que outra das cau-sas é a falta de sensibilidadepara a importância desta culturana construção de uma identidaderibeirinha. Trata-se de uma cultu-ra universal pois obedece ao cri-tério da luta pela sobrevivência eao do domínio instrumental, coma respectiva adaptação ao meio.Teve oportunidade de nos di-zer, anteriormente, que a Câ-mara de Azambuja, em anterio-res mandatos, nem sempreteve a melhor atitude possívelpara com este projecto, mas oque tem a dizer do novo presi-dente?JS O olhar é completamente di-

ferente. Estivemos em duas reu-niões com o presidente Luís deSousa e concluiu-se que esteprojecto era importante paraaquele concelho, por causa daAldeia do Lezirão/Porto da Pa-lha, da gastronomia e da rota tu-rística que se está a construirdesde a marina do Parque dasNações até à Golegã, com pas-sagem por Valada. O senhor pre-sidente e o vereador da Culturadeslocaram-se connosco à al-deia avieira, onde todos almoçá-mos açorda de sável. Luís deSousa e António Amaral ficaram

muito agradados e até ficaramcom pena de ir embora porque ti-nham pela frente aquela paisa-gem deslumbrante onde se sen-tia uma grande serenidade. Fi-cou prometida a construção deuma pequena capela, por parteda Câmara, na aldeia local a pe-dido da comunidade. Lurdes Véstia (LV) De acres-centar que pela primeira vez, fo-mos integrados no programa das

Viagens do Zambujinho, do pe-louro da Cultura, com visitas dasescolas à aldeia avieira do qualnão fazíamos parte.Também temos o caso da Câ-mara de Salvaterra de Magosque a dada altura saíu do pro-jecto, mas que entretanto re-gressou…JS Regressou, mas, neste mo-mento, e com alguma surpresanossa, devo dizer que o presi-

Burocracia e entraves das Câmaras no passado

Candidatura avieira navegaem águas paradasA candidatura avieira a património nacional surgiu em 2005, e de lápara cá muito se fez no terreno, mas as questões políticas têm pesadopara que este barco ainda não tenha chegado a bom porto. A culturaavieira é mais conhecida, as populações ribeirinhas outrora mais fe-chadas agora até recebem os turistas em suas casas. Fomos saberonde pára a candidatura avieira a património nacional numa entre-vista com os seus promotores João Serrano e Lurdes Véstia do Insti-tuto Politécnico de Santarém

Lurdes Véstia e João Serrano duranteuma das actividades

“Aflige-me que neguem algo que lhes é oferecidoe que só vai criar valor para os seus territórios.”

Page 11: Valor Local -Edição Junho 2014

11Valor Local Entrevistadente da Câmara mandou dizerque o nosso cruzeiro religioso noTejo, (decorrido no mês de Ju-nho) com paragem obrigatória noEscaroupim, (feito no ano passa-do onde estiveram presentes vá-rias centenas de pessoas), nãocontribui para a afirmação do tu-rismo no concelho e que por issonão dava apoio. Foi a única Câ-mara que não quis participar des-de Abrantes a Oeiras.Trata-se de uma atitude inex-plicável, tendo em conta queaté quis regressar ao projec-to?JS Como não a compreendemosnão conseguimos explicar ou co-mentar.A atitude em causa estaria re-lacionada com algum tipo deincapacidade logística porven-tura?JS Não, até porque como costu-mamos dizer este é um projecto‘chave na mão´. No ano passa-do, o apoio com refeições foidado pela Escola Profissional deSalvaterra de Magos, e este ano,por algum motivo, esse apoionão foi dado. Mais uma vez nãocomentamos.Estava a dizer que vê, nestemomento, e em traços geraisuma outra abertura por partedas Câmaras, talvez por esta-rem novos presidentes no po-der, sendo assim poder-se-átratar de um fogacho de iníciode mandato ou estamos peran-te algo consistente?LV A mudança de presidentes deCâmara foi muito benéfica para onosso projecto. Alguns são maisnovos e com outra forma de verestas coisas. Por outro lado, oaparecimento deste projecto, pe-rante o cenário de crise, queapresenta alternativas de finan-ciamento, só pode ser benéfico.Eles só deviam agradecer-nosperante algo que lhes é ofereci-do. Aflige-me que neguem algoque lhes é oferecido e que só vaicriar valor para os seus territó-rios.Recorde-nos – o projecto é de350 mil euros com 85 por cen-to de financiamento da UniãoEuropeia.JS Tem sensivelmente esse va-lor que servirá para fazer um

conjunto de trabalhos que culmi-narão na apresentação de umportfolio com o intuito de consa-grar a cultura avieira como patri-mónio nacional. As câmaras nãotêm de comparticipar. O Politéc-nico de Santarém terá de custearos 15 por cento, uma verba acei-tável para esta instituição, sendoque estamos à espera de baixaresse valor de investimento.Aguardamos pelo desbloquearda verba, porque houve algumasimplicações no concurso, porqueoutro participante contestou. Te-mos um prazo até Julho de 2015.Por outro lado temos, o outroprojecto de requalificação dasaldeias.JS No ano passado o InAlentejoque gere os fundos comunitáriosestava disponível para financiarem 100 por cento, bastando àscâmaras assegurarem os planosde pormenorLV Neste ponto da conversa éque introduzimos uma nova pala-vra da qual gosto muito: birras. Amaior parte das aldeias avieirassão ilegais, estão em terrenos daAgência Portuguesa do Ambiente(APA). Estão todas em leito decheia. Nós chegamos ao pé dosavieiros e falamos da possibilida-de de legalização das casas,mas eles recusam porque dizemque estão naqueles locais há100 anos e a custo zero. Têmquintais de grande dimensão,imagine o valor de IMI que teriamde pagar, nomeadamente, os re-sidentes nas Caneiras, Santa-rém. As Câmaras não se enten-dem com a APA mas tambémnão deixam de cobrar pela águae pelo saneamento nos aldea-mentos ilegais. Há estes contra-sensos. Esta questão da legali-zação é o nosso principal proble-ma. A burocracia é um dos nos-sos inimigos, e falo agora docaso de um investidor que temum projecto óptimo para o Esca-roupim e a Câmara nunca agili-zou de modo a que o senhor

conseguisse fazer o seu resortturístico. JS Trata-se de um hotel palafíti-co para mais de 100 camas, quenão fere a natureza e dá trabalhopermanente durante todo o ano.

Há três anos atrás, a anteriorpresidente da CCDR de Lisboa eVale do Tejo mostrou interesse.O novo presidente daquela estru-tura chamou o investidor e disseque não gostava do projecto. Épor causa destas atitudes que oTejo está cada vez mais abando-nado. Temos também o caso deoutro investidor com um projectovoltado para o turismo de nature-za, parecido com um existentena Comporta, que, neste caso,foi rejeitado prelo presidente daCâmara de Alpiarça. As próprias câmaras abando-naram muitas delas intençõesde requalificar aquele patrimó-nio, pois algumas tinham pro-jectos próprios.JS A única que se mantém é ade Salvaterra de Magos, pois asrestantes alegam incapacidadefinanceira. Deverá surgir um pro-jecto unificado no âmbito da co-munidade intermunicipal que de-pois garanta os 100 por cento definanciamento. Temos ainda ocaso da Câmara de Vila Francade Xira que, no anterior mandato,arrasou completamente duas al-deias avieiras, a de Póvoa deSanta Iria e a do Esteiro do No-gueira, que eram duas jóias dopatrimónio vernacular português,que hoje não existem, por vonta-de da anterior presidente, equando demonstrámos a impor-tância daquele património.Foi por causa do passeio ribei-rinho?JS Sim. A única casa palafítica

no Tejo que se assemelhava àsda Amazónia ou às que podemosencontrar no sudeste asiático foidemolida nesse âmbito. Tinha aparticularidade de possuir um vi-veiro de peixe no seu interior.

A anterior presidente foi irre-vogável.JS Foi arrogante. Veio à nossacasa ofender-nos. Todas aquelascasas eram recuperáveis. Pos-suíamos projectos de mestrado

da Universidade do Minho paraenquadrar de maneira compatí-vel as casas avieiras na paisa-gem do novo passeio ribeirinho.Algo lindíssimo, mas a anteriorpresidente não quis. Podia fun-cionar como um autêntico polode atracção, e estamos a falar demais de 20 casas arrasadas.Por outro lado, os descenden-tes de avieiros também come-çam a desvirtuar a essênciadas casas palafíticas com re-curso à alvenaria. Quando atéos próprios têm dificuldadesem preservar aquele patrimó-nio, torna-se mais difícil.JS Temos de actuar para quequem constrói deixe de construir.A acção também pode ser políti-ca.LV Para algo ter valor tem de serdar valor, caso contrário até ospróprios começam a desvalorizaro que têm. Dou esta achega: an-tes os avieiros tinham vergonhade dizerem que eram avieiros,hoje é motivo de orgulho. Hoje

trajam-se de avieiros, antigamen-te escondiam-se, e negavam asua cultura. São os próprios que,neste momento, teimam em cul-tivar os seus trajes. Era impensá-vel como aconteceu recentemen-te numa das visitas dos miúdosde Azambuja ao Porto da Pa-lha/Lezirão, estes entrarem pelascasos dos avieiros dentro paraverem como vivem. Os avieirosficam felicíssimos com aquilotudo. Isto é comum a todas as

comunidades avieiras, este sen-timento de orgulho começou anotar-se quando o nosso projec-to nasceu.A candidatura avieira tem, pelomenos, essa vitória até ao mo-

mento.LV Sim, se não conseguirmosmais nada, temos essa vitória doorgulho e de eles se assumiremcomo são. Algo que verificamosé que eles gostam de nos cha-mar de doutores, embora recuse-mos esse tipo de tratamento,mas é uma forma de sentiremque alguém supostamente acimadeles lhes dá importância, algoque nunca tiveram antes. JS Até podemos adiantar que naaldeia de Porto da Palha/Lezirãoeles servem refeições às pes-soas que ali se deslocam, numambiente super castiço, onde co-mem várias dezenas de turistas,por vezes, aos fins-de-semana. LV Estão a comer nas casas dosavieiros, enquanto estes vão es-tando por ali. É disto que as pes-soas gostam. Sabemos que jáfazem pescarias com os turistasnos seus barcos, numa lógica de“Avieiro por um dia”.No que se refere à relação coma nova entidade regional de tu-

rismo, fixada no Alentejo, quecomparação pode fazer com aanterior, quando o presidenteaté era um homem do Ribatejoe conhecedor destas realida-des.JS A relação com a nova entida-de é muito melhor. O actual pre-sidente é actuante no terreno.Confirma-se que quase não temvida pessoal, e está muito inte-ressado em pôr pessoas e enti-dades em contacto. Tem vontadeem desbloquear caminhos e querfazer. Isto contrasta como do diapara a noite com o anterior presi-dente (Rosa do Céu, antigo pre-sidente da Câmara de Alpiarça)que era daqui e que fez tão pou-co pela região. Tinha tudo parafazer um trabalho como deve sere não o fez. A tendência mundialdo turismo insere-se completa-mente nesta causa da culturaavieira que é a da procura de ex-periências através da genuinida-

de dos locais, daquilo que é cul-turalmente diferente, neste casoo Tejo, os seus ecossistemas, eas culturas ribeirinhas.Em que pé é que está, por seuturno, o projecto de candidatu-ra deste património à UNES-CO?LV Está em curso. O presidenteda Entidade Regional de Turismodo Alentejo pediu para que seagilizasse rapidamente uma reu-nião com ele para que integre-mos uma candidatura a “patrimó-nio imaterial da Unesco com sal-vaguarda urgente”. Quando este-ve aqui há dias, Ceia da Silva,numa visita às Caneiras, dado oestado de degradação, referiuque é de agilizar o mais depres-sa possível o processo. Temostrês pilares essenciais neste dos-sier: a casa; o barco/as artes depesca; a gastronomia. Mas tam-bém incluímos por iniciativa nos-sa: a religião, o folclore, as mi-grações, a feitiçaria, o papel damulher.

Aspecto actual da Aldeia de Porto da Palha já em alvenaria

“O novo presidente da CCDR chamou o inves-tidor e disse que não gostava do projecto. Épor causa destas atitudes que o Tejo está cadavez mais abandonado”

“A Câmara de Vila Franca de Xira arrasoucompletamente com duas aldeias avieiras a dePóvoa de Santa Iria e do Esteiro do Nogueira”

A religiosidade tem um papel fundamental nestas comunidades

“A tendência mundial do turismo insere-secompletamente nesta causa da cultura avieiraque é a da procura de experiências através dagenuinidade dos locais”

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12 Valor LocalDestaque

¢ Sílvia Agostinho

Apraia fluvial de Azambuja,mais conhecida como praia

da Casa Branca, tem conhecidoao longo dos anos períodosmuito diferentes entre si, princi-palmente quando a populaçãorecua décadas e se recorda dedias bem passados ali. Por di-versas ocasiões procedeu-se aobras que permitiram algumaqualidade aos veraneantes,mas nos últimos anos, o estadode degradação é tal que não háquaisquer condições para tomarbanho. O clima é de insalubrida-de e a placa avisa quem teimaem armar-se em destemido eavança para um banho, sem seimportar com a sujidade daságuas. Estivemos no local e fa-lámos com algumas pessoasque por ali estavam naquelascondições mas que não quise-ram ser identificadas. Para asmesmas, pouco importava “ascondições da água”. Sabiam doperigo, mas o mais importanteera poderem refrescar-se nes-tes dias de calor intenso.Nos últimos mandatos de Joa-quim Ramos esteve em cima damesa um projecto que com-

preendia ligar a praia em causaà congénere de Valada do Riba-tejo, no concelho do Cartaxo, si-tuada a poucos quilómetros,bem como a reparação da pró-

pria praia fluvial. Antes disso, oantigo presidente quis dar algu-ma dignidade ao local, e proce-deu a algumas melhorias nomobiliário urbano, recomposi-

ção do cais fluvial, construçãode parque infantil, e abertura debar. “O Tejo passa a cinco quilóme-tros de Azambuja e a população

não vigia a manutenção daqueleespaço, e devo dizer que depoisde ter lá feito obras, poucos diasdepois, já tinham retirado ospaus das cercaduras e feito fo-gueiras de bacalhau e torrica-do”, refere Joaquim Ramos. Poroutro lado, “aquela zona é de-masiado lodosa para haver umapraia em condições, quanto aisso pouco se pode fazer. O pro-blema é que as pessoas que-rem uma praia porque o vizinhotambém tem”, sentencia.Mais tarde ainda houve lugar aum projecto que oscilou entretrês milhões de euros e 1,5 mi-lhões, no penúltimo mandato deRamos, até 2009, que consistianuma ciclovia até Valada, para-lela ao dique ou por cima dessemesmo dique. Tratava-se deuma parceria com o Cartaxo,entretanto abandonada porquetambém esfriou o interesse departe a parte. Até porque nego-ciar com os ditos “ambientalis-tas das instâncias governamen-tais” começou a ser cada vezmais “complicado”, refere. “Sãouma espécie de fundamentalis-tas do ambiente que invadirama CCDR. Diria mesmo eco-xiítascompletamente infiltrados na

ARH-Tejo e obcecados com apreservação ambiental, na pers-pectiva de que não se pode to-car em nada, nem para melhornem para pior”. A falta de finan-ciamento e as dificuldades cria-das por aquelas instâncias leva-ram ao abandono do projecto. Oantigo presidente vai mais longe– “O ministério do Ambiente eas CCDR’s são grandes respon-sáveis pelo atraso do país”.“Quando tentei fazer a recupe-ração do Palácio das Obras No-vas, apareceram dois gruposeconómicos muito interessadosem transformar aquilo numapousada de charme, ou numparque temático sobre a evolu-ção do homem. Quis trabalharnisso, mas nunca consegui sa-ber que organismo do Estadomandava naquilo. Sabia-se sóque era do Património do Esta-do, e pronto já não consegui-mos avançar mais. Os investi-dores obviamente acabaram pordesistir”.A Rota dos Mouchões foi umdos ex-libris do concelho, quan-do Azambuja teve uma palavraa dizer, há uns anos atrás, sem-pre que se fava em turismo flu-vial, e o barco “Vala Real” ad-

Cenário desolador nas praiaNão é novidade que as praias fluviais da região estão ao abandono, mas muitos insistem em frequentar esseuma importante âncora na capacidade de atrair mais turistas, mas por enquanto os projectos teimam em não gimentos financeiros. Por outro lado as entidades estatais são vistas como os maus da fita pelos autarcas por cao interesse de investidores.

Luís de Sousa mostra o projecto que permanece na gaveta Praia Casa Branca chegou a este estado

O barco Vala Real quando ainda navegava

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13Valor Local Destaque

quirido pela autarquia dava nasvistas. “A rota era altamente de-ficitária, gastávamos dez vezesmais do que o que recebíamosdos grupos. O barco agora estánuns estaleiros para os lados doMontijo”.Inusitadamente, o barco já foialvo de cobiça por parte de al-guns empresários, nomeada-mente, o proprietário do OuroHotel, facto confirmado pelopresidente da Câmara Luís deSousa. Esse empresário comuma unidade hoteleira à entradade Azambuja ficaria com o en-cargo de recuperar o barco egeri-lo, facultando-o quando ne-cessário à autarquia. O mesmointeresse foi motivado pelo pro-prietário do restaurante “Esca-roupim” em Salvaterra de Ma-gos.“Tenho muita pena de não ter-mos o barco, que foi adquirido,ainda, no tempo de João Bena-vente. O nosso barco passoutempo demais na água doce, ecomeçou a deteriorar-se, a faltade dinheiro para o manter tam-bém pesou. O barco está emSarilhos Grandes, Montijo, equando o fui ver só não choreiporque tive vergonha. Recupe-

rá-lo custaria cerca de 50 mileuros, algo que não podemosdespender. Os interessados emrecuperar o barco tambémacharam que era demasiado di-nheiro”, refere Luís de Sousa. Opresidente refere que hipotetica-mente, “poderá dar-se umaaproximação a algumas gran-des empresas do concelho parapatrocinarem a reparação, atra-vés da inserção à posteriori depublicidade na embarcação”.“Poderia pensar-se em recupe-rá-lo e refazer rotas de turismodesde Belém até às zonas ribei-rinhas do concelho”.Quanto à praia da Casa Branca,Luís de Sousa mete qualquertipo de projecto mais profundonaquela paisagem na gaveta,porque a Câmara não temmeios financeiros para algo demaior envergadura, que não aslimpezas obrigatórias. “Sabe-mos que em 2008, apareceu umprojecto através da comunidadeintermunicipal com a ciclovia atéValada, bar fluvial, e restauran-tes”. O autarca adianta que paraminimizar impactos mais nefas-tos naquele território, pretendenão autorizar mais raves no lo-cal.

as fluviaisOpresidente da junta de fre-

guesia de Valada do Riba-tejo, Cartaxo, Manuel Fabianocomeça por referir que chamar“praia fluvial” ao sítio em causaé exagerado. Carece dessa de-signação porque há parâmetrosque não foram atendidos, no-meadamente, de análises àqualidade da água. No local háuma placa vandalizada em quejá não se consegue ler que éproibido tomar banho. Intençõesmais ambiciosas estão para jána gaveta.O local em causa é perigosopara os banhistas devido às os-cilações das marés, e acidentestêm acontecido. Algumas pes-soas já perderam a vida porquearriscaram a tomar banho no lo-cal. “Futuramente quando forconsiderada praia fluvial terá deser posta uma barreira, porquepassam aqui carreiras de bar-cos, onde a água tem cerca decinco a seis metros de profundi-dade. Facilmente, o banhistanum segundo tem água a darpelo peito e no outro fica subita-mente sem pé”. “Já morreram duas pessoasaqui. E este ano uma criançatambém esteve em risco”, dáconta Fernando Silva que man-tém uma roulotte de comida jun-

ta à praia, há 10 anos, e segun-do o mesmo a época estival nãosignifica mais negócio – “É me-lhor em Fevereiro ou Março. Jáhouve grande movimento em al-turas de Páscoa mas agora estáuma miséria. Deviam limpar apraia, que fica muito suja e

cheia de latas. Os utilizadoresda praia não têm cuidado ne-nhum. Fazem churrascos em sí-tios impróprios nesta zona”. Oproprietário do bar existente nolocal, Porfírio Correia, tambémclama por mais limpeza e vigi-lância – “Este sítio está ao deus

dará, ninguém impõe respeito.As pessoas têm um parque demerendas lá em baixo mas fa-zem fogueiras em qualquer sítio.Ninguém controla a praia”. Obar só funciona de Verão, por-que de Inverno “não se justifica”.Num dos últimos fins-de-sema-

Valada do Ribatejo

“Podíamos ser o espelhodo turismo no Cartaxo”es locais. O turismo fluvial poderia ser

sair da gaveta, por causa dos constran-causarem ainda mais dificuldades, face

Fernando Silva afz negócio há 10 anos em Valada

População arrisca-se em Valada

Continua

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14 Valor LocalDestaque

Encontra-se num avançado es-tado de degradação desde há

alguns anos a Praia Doce em Sal-vaterra de Magos. O mobiliário ur-bano foi devastado, por incúria dapopulação um pouco à semelhan-ça do que aconteceu em Azambu-ja, e o tema da recuperação da-quele espaço tem sido bandeirade campanha dos diferentes par-tidos em vários actos eleitorais.Hoje, tendo em conta as dificulda-des económicas da autarquiaesse projecto foi posto de partepara já. O presidente da autar-quia, Hélder Esménio, refere quejá intuíu o que pode fazer, com“uma limpeza até onde for possí-vel do local”. A recuperação doedificado existente com recurso averbas públicas será para já adia-da. “Só faz sentido gastar dinheironos apoios de bar e nos sanitá-rios, quando tivermos um projectoque vá mais longe e possamoscriar uma praia fluvial, com pes-soas a fruírem da água e da areia,mas com condições, caso contrá-rio corremos o risco de fazer as

obras e os materiais serem van-dalizados como de resto já acon-teceu anteriormente”. A Câmara está a ponderar a apre-sentação de uma candidatura aoQREN para limpeza do local e de-sassoreamento do braço de rio,através de dragagens, com recur-so a um privado. “Seguir-se-á reu-nião com Agência Portuguesa doAmbiente para contornar impedi-mentos legais; se as conversa-ções não chegarem a bom porto,temos de abandonar a ideia deque ali existe uma praia, e focar-mo-nos na limpeza do local parapesca e piqueniques”.Nos últimos anos, e noutra zonado rio Tejo em Salvaterra de Ma-gos, no Escaroupim alvo de mui-tas visitas dos turistas, tem surgi-do interesse por parte de investi-dores na possibilidade de ali vi-rem a consolidar um projecto tu-rístico de charme, com bunga-lows, por exemplo. “Há mais doque uma pretensão desse tipo,mas aqueles terrenos são de re-serva ecológica e com limitações

drásticas, em leito de cheia, emque a construção está interdita”,dá conta Esménio. “A nossa ideiaé criar um apoio de bar no Esca-roupim com sanitários, um projec-to simples que está a enfrentar al-guma burocracia. É tremenda adificuldade em criarmos um apoiode praia por parte da administra-ção central”, refere salientando:“Se conseguirmos será um pri-meiro passo, depois vamos tentardefender a possibilidade de licen-ciamentos, tendo em conta o nos-so vasto património à beira Tejodemonstrando que precisamos derestauração e hotelaria para aco-lher os turistas”. Tal como Joa-quim Ramos, este autarca tam-bém concorda que pode haverdemasiados lobbies nos organis-mos do Estado, mas tudo se “re-sume a fazer equilíbrios para quea paisagem do Tejo, por um lado,não seja destruída, e por outroprocurar manter o seu quê de sel-vagem, e com critério permitir osurgimento de alguns projectosmais estruturantes”.

Salvaterra de Magos

Praia Doce ainda à esperade melhores dias

Cenário actual da Praia Doce

na, entrevistámos alguns ba-nhistas. Diogo Duarte é de Lis-boa, mas como estava a passaruns dias na casa de um amigono Cartaxo não hesitou em viraté à praia de Valada. Reconhe-ce que o rio é perigoso, mascomo sabe nadar não costumater problemas. “Não tenho mui-tas cautelas mas tento não meafastar demasiado”. Quanto àzona envolvente, considera quedeveria ter melhores condições“com mais esplanada e melhorapresentação”. Já Edgar Xavier,residente no Cartaxo, vê Valadacomo “alternativa para quemnão tem muitas posses para ir àpraia”, sendo que procura tomarbanho “com alguma cautela”.O projecto Valada XXI pensadoainda no tempo de Paulo Caldasquando era presidente da Câ-mara do Cartaxo visava uma in-tervenção na margem desde afluvina ao parque de merendas,com o intuito de criar melhorescondições e declarar oficialmen-te Valada como praia fluvial.“Esse projecto seria ótimo. Mes-mo assim, aquela zona já teveoutras condições melhores, masentretanto a natureza do rio al-terou-se, e a intervenção teriade ser diferente”, diz o presiden-te da junta. “Valada podia ser o espelho doturismo no Cartaxo. Infelizmentea Câmara nunca soube aprovei-tar as potencialidades da nossaterra, que tem condições ópti-mas para receber barcos. Po-díamos facilmente ser a porta

de entrada do concelho paraalém das quintas e dos vinhos.O autarca também reconheceque há pouca oferta a nível darestauração, “mas os possíveisinvestidores também estão naexpectativa para ver que sinaistransmite a Câmara ou o Estadono sentido de desenvolver esteespaço”. E observa ainda o se-guinte: “Por outro lado, verifica-se que muitos proprietários decasas praticamente em ruínas,em Valada, pedem autênticasfortunas – se calhar julgandoque isto é o Estoril ou Cascais –a quem vem de Lisboa ou deoutros locais e que gostava dese fixar aqui, ou fazer pelo me-nos uma segunda habitação”,acrescenta e sentencia: “Temosníveis dramáticos de desertifica-ção, se o PDM não for alteradoValada desaparece”. O actual presidente da autarquiado Cartaxo, Pedro Ribeiro, deuconta numa das últimas reu-niões do executivo da iniciativade licenciamento do cais de Va-lada, estando em curso a visto-ria técnica sobre o assoreamen-to. “Foi feita peritagem técnicaem relação à fluvina, e as suascondições preocupam-nos, poishá um conjunto de barcos atra-cados que impossibilitam umpouco a actividade da mesma”.Quanto ao projecto Valada XXIrecuperamos as declarações deRibeiro aquando da entrevistaao Valor Local publicada na edi-ção de Maio passado – “Semprese falou muito nesse projecto,

mas nunca se viu nada. Já falá-mos com a CCDR, para se pro-curar soluções para que investi-dores e casais jovens se fixemem Valada. Queremos licenciar

a fluvina, passar as antigas ins-talações da hidráulica para alça-da da Câmara, organizar tam-bém um festival de música emValada. Mais do que grandes

chavões, estamos empenhadosem resolver os problemas. Todaa gente gosta de um powerpoint muito bonito, e no Cartaxofizeram-se muitos com a “Cida-

de do Conhecimento”; “EscolaSuperior de Negócios”, e o pró-prio “Valada XII” que deram emnada.

“O Tejo está desprezado”Aafirmação é de Madalena Viana, promotora turística, que se dedica, entre outras actividades, a organizar passeios de barco no Tejo. Na

sua opinião, este rio precisa de levar uma grande volta, dado o estado em que se encontram muitas das ditas praias fluviais e não só.“Há partes do rio completamente assoreadas em que temos quase de andar com o barco às costas. Se não fizermos algo rapidamente oTejo será uma espécie de fio de água. Tudo por causa não só do assoreamento mas também da pesca ilegal e das barragens espanholas”.O incremento do turismo fluvial também tem de se fazer na sua opinião com mais oferta a nível da restauração à beira Tejo– “Como é possívelsó termos um restaurante nesta zona, entre Alhandra e Santarém, no Escaroupim?”, deixa a interrogação.

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Junta preocupadacom a desertificação

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Celestino Araújo

“Aqui em Tagarro faltam casas de banho públicas, existindo apenas uma no topo da lo-calidade. Está ali um jardim, onde gastaram milhares de euros, mas sem lavabos públicos.Penso que deveriam colocar mais ecopontos na localidade. A nível do trânsito falta umsinal de rua sem saída, na artéria das Lezíria. Deveriam apostar também na colocação deespelhos refletores

José Oliveira Caracol

Sinto que faz falta uma casa de banho pública aqui na zona do jardim, possivelmente fazmais sentido do que na outra ponta da localidade. Também sou da opinião de que a si-nalização nas ruas deveria ser reforçada. Outra carência prende-se com o facto de nãotermos aqui serviço de multibanco, apenas em Alcoentre.

Conceição Peres

As valetas precisam de ser arranjadas, sob pena de acontecerem alguns acidentes a quemanda a pé. Normalmente começam a fazer obras mas depois não as terminam como deveser como no caso das calçadas. Faz falta um multibanco, estamos fartos de pedir e nuncamais.

Aurora Silva

Um dos problemas prende-se com a falta de rede nos telemóveis, nomeadamente a TMNe a Optimus, o que nos obriga a vir para a rua telefonar. Já quanto ao sinal da TDT (Te-levisão Digital Terrestre) tenho a dizer que no meu caso funciona bem.

Um anos depoisdo fecho dos CTTde AlcoentreA ida aos CTT de Alcoentre já saiu da rotina dos clientes. A passagem dos serviçospara a papelaria local foi gradual, e ao fim de um ano, as pessoas já se habituaram aonovo local. A garantia foi dada pela funcionária da papelaria de Alcoentre, que sa-lientou ao Valor Local, que as pessoas contestaram apenas no início.Uma das vantagens desta nova localização, é o facto de a papelaria também funcio-nar aos fins-de-semana, o que para a grande maioria dos clientes é uma mais-valia,pois muitos “têm dificuldades de transporte durante a semana”. Sílvia Carvalho salienta que, embora, a papelaria pague as reformas aos clientes e tratede algum tipo de registos, o posto dos CTT continua a fazer falta na localidade. “É umapena que a estação tenha fechado. Acho mesmo que havia correio suficiente paraisso, para além de que as condições eram melhores”.

Por dia, e em média, a papelaria atende perto de duas dezenas de pessoas neste âm-bito, que para além de levantarem as reformas ou fazerem um registo de correspon-dência, também acabam por comprar uma raspadinha ou o euromilhões. É aí que,segundo Sílvia Carvalho, a papelaria sai a ganhar, todavia, perde por exemplo, na faltade espaço para guardar as encomendas que vão chegando dos correios de Azambu-ja, com destino aos clientes da localidade e zonas limítrofes.Sendo apenas uma loja com os serviços dos CTT, a papelaria de Alcoentre não temqualquer responsabilidade na distribuição do correio que está na dependência dosCTT. Ainda assim Sílvia Carvalho, salienta que as reclamações dos utentes que deve-riam ser transmitidas aos correios, chegam à sua loja.“Tornou-se um hábito reclamar-se aqui por cartas devolvidas devido a moradas in-completas ou insuficientes, devido também à ausência de números de polícia. Só nãoé pior porque os carteiros que já cá estão há alguns anos, conhecem a maioria daspessoas. Uma situação que mudará no dia em que estes saírem e entrarem novos car-teiros”, desabafa Sílvia Carvalho.Também o presidente da Junta de Freguesia de Alcoentre considera que teria sidopreferível a estação ter ficado aberta. Ainda assim, e embora lamente a perda do ser-viço, lembra que noutras localidades bem mais urbanas na região de Lisboa, as esta-ções locais também foram encerradas António Loureiro vinca que na altura a luta foiimportante, mas reconhece “a derrota” num caso que estava decidido à partida pelaadministração dos Correios.

Fomos até à freguesia mais a norte no concelho de Azam-buja. Alcoentre tenta, nesta altura, outras formas de sedesenvolver para além dos estabelecimentos prisionaisexistentes na freguesia. A luta contra a desertificaçãosente-se neste territórios, sobretudo em Tagarro e Que-bradas onde falámos com a população. Um dos ex-librisda freguesia é a recuperada biblioteca Almeida Grandellapara onde está prevista a instalação de vários projectos.

16 Freguesia em Destaque: Alcoentre Valor Local

Sílvia Carvalho não esconde a responsabilidade que lhe calhou

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Alcoentre no concelho deAzambuja já não quer serconhecida como “a Vila dasPrisões”. Com uma área decerca de 47,05 km², a fre-guesia estende-se pelas loca-lidades de Tagarro, Quebra-das e Casais da Boiças, comum total de cerca de três milhabitantes.Conhecida noutros tempos,apenas, pelos dois estabele-cimentos prisionais, (Alcoen-tre e Vale Judeus) a localida-de vive agora uma realidadebem diferente. Há perto deuma dezena de anos, sobre-tudo a vila de Alcoentre,tem vindo a perder habitan-tes. Muitos dos guardas pri-sionais que moravam na fre-guesia foram viver para con-celhos vizinhos, tendo emconta o período que se vi-veu há alguns anos atrás demaior facilidade no acessoao crédito habitação. Osfuncionários preferiramconstruir ou comprar casano Cartaxo ou em Rio Maior,porque na freguesia o PlanoDirector Municipal, balizavaem muito a construção.António Loureiro, presiden-te da Junta de Freguesia deAlcoentre, culpa o PDM e aoutrora facilidade na obten-ção de crédito para o êxodode muita da população. Ementrevista ao Valor Local, opresidente da Junta salientaque o “envelhecimento dapopulação é uma preocupa-ção da autarquia local” pois“foram muitos os jovens ca-sais que acabaram por nãose fixarem na freguesia”. Opresidente da Junta, salientaque essa preocupação temsido constante ao longo dosúltimos anos, mas tambémnão se pode escamotearque Alcoentre pouco tempara oferecer em termos re-sidenciais. A pouca oferta que existe re-sume-se a uma ou outracasa, salvaguardando-se o

facto de a Urbanização daSocasa ter “travado um pou-co o envelhecimento preco-ce da população há pertode uma vintena de anos”.Daí para cá, salienta o autar-ca, a oferta em termos imo-biliários não evoluiu muito,vincando que os bairros resi-denciais afectos aos estabe-lecimentos prisionais pode-riam fazer a diferença, se re-cuperados e entregues à câ-mara de Azambuja que temvindo a manifestar interessenaqueles edifícios.Mas Alcoentre padece tam-bém de outros problemasbem comuns às vilas e cida-des do nosso país. No quetoca à saúde, a localidadetem um posto médico comuma profissional diariamen-te. Ainda assim o presidenteda junta destaca que “estan-do a situação longe da ideal,é preferível a não ter médicode todo”. O autarca explicaque com apenas um clínico,torna-se difícil por exemplo,na altura de férias, assegurarconsultas aos fregueses, to-davia esclarece que essa éuma questão antiga, com aqual a junta lida anualmen-te.Noutro capítulo, o presiden-te da Junta salienta que aabertura do centro escolarna localidade veio suprir porarrasto o problema dostransportes. António Lourei-ro considera que o númerode autocarros na freguesianão é o ideal, mas com aabertura do centro escolar,a oferta melhorou e nãotem tido queixas da popula-ção.Como todas as juntas de fre-guesia, também Alcoentreconta os tostões, AntónioLoureiro diz que a sua juntagostaria de fazer mais obras,mas as verbas têm de ser ra-cionadas. Ainda assim, o au-tarca vinca como prioridadea recuperação dos sanitários

no cemitério de Alcoentre, eo alargamento do cemitériode Tagarro. “Penso que aCâmara está a negociar comos proprietários confinantese que o processo estará bemencaminhado”.Quanto a obras de fundo oautarca afasta para já essecenário, tendo em conta “oesforço de manutenção doque já existe”. Segundo oautarca, pouco tempo de-pois de tomar posse, o exe-cutivo teve de promover areparação de muitos cami-nhos vicinais que ficaramdestruídos com as intempé-ries “e outros que estavammuito degradados, para issoa Junta teve de arranjar ma-teriais, máquinas e resolvermuitos dos problemas.” Com uma forte tradição nopatrimónio, a Vila Milenarde Alcoentre deverá apos-tar também nas suas raízeshistóricas. Nesse capítulo, avila que em tempos foi sedede concelho, irá colocar si-nalética nos edifícios históri-cos: igreja matriz local, cape-las de Tagarro e Quebradas,ou mesmo no “Marco da Lé-gua” na localidade de Espi-nheira.

O Presidenteda Junta Responde

Nesta “Freguesia em Desta-que” como aliás tem sido há-bito, o Valor Local convida opresidente da Junta local aresponder aos problemasdos fregueses.Na localidade de Tagarro,onde a população é na suamaioria envelhecida, os en-trevistados avançaram coma ideia de mais uma casa debanho pública, tendo emconta que o jardim existentena localidade deveria contarcom um equipamento deapoio daquele tipo. As exi-gências passam tambémpelo reclamar de mais sinali-

zação de algumas ruas,como é o caso da Rua dasLezírias que não tem saída enão está sinalizada.Sobre estes dois assuntos,António Loureiro respondeaos fregueses, salientandoque a sinalização é compe-tência da Protecção CivilMunicipal, e que já terá feitodiligências junto do municí-pio. O autarca esclarecetambém que existem casasde banho públicas no largoda igreja, e que por isso nãofaz sentido construir novossanitários. Nem a junta tempoderio financeiro para tal!”,alude. António Loureiroacrescenta, entretanto, quea própria junta já substituiualguma sinalética danificadapor actos de vandalismo no

Carnaval passado às suas“custas”, “o que num orça-mento tão pequeno como oda Junta de Alcoentre, fazalguma diferença”.Já na localidade de Quebra-das as queixas dos habitan-tes passam sobretudo pelacriação de passeios, a colo-cação de mais rede de tele-móvel e uma caixa multi-banco.Quanto a estes assuntos, oautarca sustenta que a geo-grafia da localidade é com-plicada “para se pensar colo-car passeios em toda a al-deia”. Em todo o caso, essaseria uma intervenção “comcustos pesados, que não po-deria ser assumida pela jun-ta”, argumentando que re-centemente repôs alguns

caminhos de acesso a algu-mas casas, isto depois daschuvas de Inverno, “Mais doque isso será difícil”, senten-cia.Quanto a uma caixa multi-banco, António Loureirovinca que tanto neste casocomo no do reforço da redede telemóvel, são questõesque têm de ser colocadas àsrespectivas empresas. “A en-tidade bancária ou a opera-dora é que têm de decidir, ajunta não pode deliberar”.No entanto e a uma per-gunta do Valor Local se nãovai fazer por insistir tambémele nessas matérias junto dequem de direito, sublinhouque estará atento e que nãodeixará de falar dos temasnas respectivas instâncias.

Desenlace à vista para Escola Almeida GrandellaA antiga Escola Francisco Al-meida Grandella, de Tagarropoderá passar a ser ocupa-da na íntegra pela CâmaraMunicipal de Azambuja. Ainformação foi avançada aoValor Local pelo presidenteda autarquia, Luís de Sousa.Segundo o presidente daCâmara, nesta primeira fase,a autarquia vai ocupar ape-nas uma sala, que poderáservir para várias actividades,inclusive para ser utilizadapela Junta de Freguesia deAlcoentre. Numa outra fase,o presidente da Câmara que

admitiu que o processo des-te edifício não foi fácil, a au-tarquia poderá negociarcom a empresa proprietáriaum outro local para esta seinstalar, deixando livre o edi-fício que embora seja pro-priedade da autarquia, estáconcessionado por 99 anosàquela empresa em troca deesta o ter reabilitado em2006, nos mandatos de Joa-quim Ramos.Ainda assim, Luís de Sousaprefere não se comprometercom prazos ou ideias para olocal. Ao nosso jornal o pre-

sidente da Câmara deAzambuja, refere apenasque as intenções para nego-ciar estão em curso, vincan-do que a empresa esteve au-sente durante algum tempodaquele espaço, o que pos-sibilitou alguns actos de van-dalismo, mas nesta altura“todo o espaço foi de novorecuperado e sem custospara o município”.A Escola Almeida Grandellaesteve durante muitos anosem ruína. O edifício que ficasituado na localidade de Ta-garro, freguesia de Alcoen-

tre, é a par com a escolaGrandella de Aveiras deCima e com a congénere daFoz do Arelho, Caldas daRainha, um dos edifíciosmais emblemáticos manda-dos construir pelo proprietá-rio dos armazéns Grandellano século passado.O edifício de Tagarro que es-teve durante muitos anosem ruína, foi recuperadonos mandatos de JoaquimRamos através de uma par-ceria com uma empresa pri-vada. Na altura esta parceriagerou alguma polémica de-

vido ao acordo que envolvia99 anos de direitos à empre-sa que o acabou por recupe-rar.Imune a essas polémicas,Joaquim Ramos acaboumesmo por concessionar aobra, que depois de recupe-rada viria a ser a sede deuma empresa que entretan-to faliu.Em 2010, a autarquia erasurpreendida com umanúncio da venda do edifí-cio na Internet. Um anúncioque surpreendeu o executi-vo que teve de agir judicial-

mente para impedir a vendada velha escola, já que aoabrigo do protocolo a em-presa estaria a vender umapropriedade municipal. Aofim de quatro anos, e depoisde o edifício ter estado deso-cupado, este processo ga-nha novo fôlego, com o re-gresso de uma outra empre-sa do mesmo proprietárioresponsável pela sua reabili-tação; e com a hipótese denegociações para a sua ocu-pação passar a ser feita natotalidade pela câmara deAzambuja.

Alcoentre quer deixar de ser a Vila das PrisõesFreguesia em Destaque: AlcoentreValor Local 17

Presidente da Junta preocupado com a manutenção dos equipamentos

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18 Economia

Opresidente da Câmara Muni-cipal do Cartaxo Pedro Ri-

beiro falou, numa das últimas reu-niões de Câmara do Cartaxo, dointeresse especial no tema “Car-tágua” por parte do presidente doTribunal de Contas. Em causa arenegociação do contrato com aempresa que gere o abasteci-mento e saneamento públicos noconcelho, por parte do anteriorpresidente Paulo Varanda, emque está previsto um aumento de30 por cento no preço da águanos próximos seis anos. O processo que teve lugar duran-te o ano de 2013 dispensou o vis-to do Tribunal de Contas, e agorao seu presidente Guilherme deOliveira Martins disse estar nova-mente disponível para analisar omesmo. Entretanto, o relatório daERSAR aponta para uma perdade 6,9 milhões de euros para omunicípio, para além do aumentodo tarifário. O processo será analisado aindapelo Tribunal Fiscal e Administra-tivo de Leiria, depois de ter reco-lhido unanimidade – a necessi-dade de um cabal esclarecimento

dos pressupostos do contrato,exigido por parte dos partidos po-líticos que estiveram presentesnuma sessão de esclarecimentoefectuada, à excepção do CDS-PP e do movimento político inde-pendente de Paulo Varanda.O presidente da Câmara falouainda do caso da representantedo município que integra a comis-são de acompanhamento da con-cessão, formada três anos depoisda sua entrada em funcionamen-to, que à partida deveria ter co-

nhecimentos técnicos para inte-grar a mesma, mas que em con-versa com o autarca referiu nãoser entendida em águas e sanea-mento. “Tudo isto causa muita es-tranheza”, disse Pedro Ribeiro. O nome em causa é o da enge-nheira civil Telma Sousa, que apar de Artur Vidal, elemento daCartágua-Águas do Cartaxo SA,e do advogado José Correia Fer-nandes integram esta comissão.O Valor Local tentou contactar avisada mas sem sucesso.

Actas da Comissãode Acompanhamento

O nosso jornal teve acesso ao li-vro de actas da “Comissão deAcompanhamento do Contrato deConcessão, Exploração e Gestãodos Serviços Públicos de Distri-buição e Frenagem de Águas Re-siduais do Município do Cartaxo”.Entre outros pontos, é referida aquestão dos aumentos percen-tuais de que muito se fala. Nestesdocumentos Artur Vidal, da Car-tágua, alega que “os aumentosde cinco por cento presentes nocontrato para os anos de 2014 a2019 foram previstos seguindo asindicações da ERSAR para queas subidas sejam progressivas enão realizadas bruscamente”.As explicações para o aumentode cinco por cento ao ano duran-te seis anos foram dadas tambémpor Artur Vidal em reunião da co-missão. Este disse que o tarifáriopara 2014 (cujo princípio seráaplicável para os anos vindouros)resulta da “actualização em 6,22por cento do tarifário do caso

base revisto”; bem como da apli-cação de “uma fórmula para aqual contribuem a variação dopreço praticado da água em alta,a representatividade do custo daágua em alta nas contas da con-cessionária, os custos energéti-cos e outros custos, o índice har-monizado de preços”. Explica-ções que ainda não deixaramcontente o presidente da Câma-ra, que sucessivamente tem re-petido que não percebe os núme-ros apresentados, mas que na al-tura foram aceites pelos restanteselementos da comissão, peseembora algumas reservas.No que se refere ao visto do Tri-bunal de Contas: Artur Vidal ale-gou, a dada altura, a dispensa domesmo, pois não seria imperati-vo, “pois o que está previsto nãoapresenta despesa para o muni-cípio”. Neste ponto, o presidenteda comissão, Correia Fernandes,indicou que “a submissão ao Tri-bunal de Contas é obrigatória eque o pedido de esclarecimentossegue o sentido da ERSAR”. Tel-ma Sousa por seu turno alertoutambém a dada altura, em reu-

nião realizada no ano passado,que “o Tribunal de Contas tam-bém pede esclarecimentos sobreo tema”. Mais tarde é conseguidapela Cartágua uma declaração dotribunal equivalente, segundo acomissão, ao visto.O parecer da ERSAR ao docu-mento de revisão do tarifárioaponta “erros quanto à análisedos dados, projecções e interpre-tação dos mesmos, assim comoas alterações efectuadas ao pla-no de investimentos”, algo queArtur Vidal contrariou na reuniãoapresentando um conjunto de do-cumentos como o plano de inves-timentos original e revisto, o casobase da concessão original e re-visto e os relatórios da actividadeda concessionária. Em reunião decorrida posterior-mente, Telma Sousa apresentaalgumas preocupações quantoaos investimentos da empresa noconcelho, nomeadamente, as re-des de Casais das Amendoiera.ETAR’s de Vale da Pedra, e Valeda Pinta. Artur Vidal respondeuque seria apresentado em breveum cronograma dos trabalhos.

Novos dados na novela “Cartágua”

¢ Miguel A. Rodrigues

As instalações do IVV (Institu-to da Vinha e do Vinho) de

Aveiras de Cima estão ao aban-dono e num impasse. À beira daEstrada Nacional 366, as estru-turas estão à mercê do vandalis-mo, e constituem mesmo um ris-co para a população. Em causaestá por um lado a ausência dequalquer vedação que impeça oacesso aos edifícios, e por outro,os depósitos desprotegidos,onde podem acontecer aciden-tes, como perigo de quedas.Luís de Sousa, presidente daCâmara Municipal de Azambuja,reconhece o problema. Para oautarca o estado em que o espa-ço se encontra, não dignifica olocal, mas assegura que a autar-quia não pode intervir, pelo facto

de 0 mesmo não ser sua proprie-dade.Ao Valor Local, o presidente daCâmara, recorda que chegarama existir negociações com o Es-tado, para que o Destacamentoda GNR de Alenquer ocupasse olocal. Luís de Sousa é da opiniãode que aquela localização “seriaum local mais estratégico para aGNR”. “Estamos pertíssimo daauto-estrada, com mais possibi-lidade de estacionamentos, sen-do que o espaço é maior do queaquele onde está hoje a GNRem Alenquer”.O presidente da Câmara desta-ca, igualmente, que essas nego-ciações nunca avançaram, tendochegado a um impasse, já que oEstado preferia que a Câmarade Azambuja comprasse o terre-no onde estão os edifícios. As

negociações pararam há pertode três anos no momento emque a Câmara terá dito ao Esta-do que “não tinha dinheiro paraadquirir o terreno. O que fariasentido era que o Estado pegas-se naquilo e fizesse ali qualquercoisa” desabafa Luís de Sousa,que assegura que desde essaaltura que a autarquia nuncamais soube de nada sobre o as-sunto.Mas este não é caso único naregião, também em Alenquerexiste uma estrutura do IVV aoabandono. Desta feita o espaçoé muito maior, sendo que o esta-do em que se encontra é demaior perigosidade para a popu-lação. Neste caso as instalaçõesestão desactivadas há mais dedezena e meia de anos, e tam-bém estas estão desprotegidas

e já foram alvo de vários actosde vandalismo, sendo habitual apermanência naquele espaço depopulação sem abrigo e toxico-dependentes, que procuram noseu interior algum tipo de priva-cidade para actividades menoslicitas.Tudo isto é do conhecimento dasautoridades locais, mas comotambém aqui o edifício é proprie-dade estatal, pouco ou nadapode ser feito. Ainda assim o ve-reador Paulo Franco salientaque a autarquia (à semelhançade outros casos) “tem tomado to-das as diligências legais no sen-tido de salvaguardar a seguran-ça e saúde públicas. Sendo queos proprietários têm sido infor-mados e sensibilizados sobre oactual estado da infra-estrutura”.O local que em tempos esteve

para ser um posto da GNR, pro-jecto entretanto abandonado de-vido aos valores pedidos, estáhoje sem solução a médio prazo,pelo menos é o que refere aoValor Local Paulo Franco da Câ-mara Municipal de Alenquer, quesustenta que “apesar do esforçodesenvolvido pela autarquia, poranteriores executivos e pelo ac-tual para encontrar uma soluçãopara aquela infra-estrutura, nãohouve, até à data, qualquer evo-lução.Um dos entraves à resoluçãodeste problema há muito identifi-cado pelos carregadenses, é opreço pedido à autarquia, quecomo se sabe está a lutar comproblemas financeiros e comuma dívida. Segundo o verea-dor, o valor pedido pelo Estado éde um milhão de euros, e terá

sido revelado numa reunião en-tre o autarca e o representanteda Estamo , empresa do Estadoque trata do imobiliário. Todavia,o Valor Local sabe que o valorpedido pode quase duplicar, jáque nas traseiras do edifícioexistem silos de armazenamentocom uma dimensão considerá-vel, cujo desmantelamento estáorçado em quase 700 mil euros.Segundo o vereador Paulo Fran-co, a autarquia não tem em men-te um valor disponível para esteprojecto. O vereador salientaque tudo depende do projeto,das parcerias, e do financiamen-to para saber quanto estaria dis-posta a gastar, ainda assim etendo em conta a proposta daESTAMO, Paulo Franco consi-dera “o valor apresentado é proi-bitivo”.

Antigas instalações do IVV ao abandono

Instalações em Aveiras de Cima Instalações no Carregado

Aumentos do tarifário na ordem do dia

Valor Local

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19Valor Local Economia

Anova comissão nomeada paraacompanhar, fiscalizar e ne-

gociar de perto os interesses dosmunícipes do concelho de Azam-buja junto da concessionária“Águas da Azambuja” está debai-xo de fogo. Os seus nomes paraalém de não serem consensuaispara a oposição na autarquia, sãoacusados de em tempos terem fa-vorecido a empresa aquando doconcurso público. Supostas teiasde interesse estão agora a reve-lar-se. A impaciência dos cidadãostambém aumenta e já está a cor-rer uma petição pública.Em breve entrará em actividade acomissão de acompanhamentodo processo de concessão do ser-viço de abastecimento de águas esaneamento de Azambuja, quedeveria ter sido formalizada namesma altura em que a empresafoi constituída, em 2009. Para jáos seus elementos estão debaixode fogo cerrado por parte da opo-sição no município. O vereador dacoligação de centro direita, Antó-nio Jorge Lopes, utilizou a expres-são “raposas no meio de um gali-nheiro” ao referir-se às escolhasda Câmara e da concessionáriapara esta comissão.Farão parte da mesma EnriqueCastiblanques, designado pelaconcessionária; Rui Cunha Mar-ques, professor do Instituto Supe-rior Técnico, que esteve tambémna estrutura que acabou por deci-dir entregar a concessão à Aqua-por, empresa mãe da “Águas daAzambuja”. Uma mistura de pa-péis que está a causar uma ondade desconfiança e de constrangi-mento, tendo em conta a possibi-lidade de vir a gerir de forma par-cial este processo, apontada poralguns sectores políticos conce-lhios. O último elemento é Jorgede Faria Lopes, que segundo sou-be o Valor Local é o advogado dedefesa da autarquia no processojudicial interposto pela Tomás eOliveira contra a Câmara. Estaempresa ficou em segundo lugarno concurso. O vereador António Jorge Lopes,em reunião de Câmara do dia 17de Junho, adiantou que no quetoca ao nome do advogado Jorge

de Faria Lopes que este tambémjogou a favor da concessionáriano que respeita ao factor “incorpo-ração dos custos” nas contas fi-nais que a concessionária teria defazer com a Águas do Oeste,questão que os outros concorren-tes tiveram em linha de conta àexcepção da Aquapor. Por outrolado, a Águas da Azambuja pedea revisão do contracto quando osseus accionistas são dos maisbem remunerados, porque a suaTaxa de Rentabilidade Interna é,segundo o Tribunal de Contas, su-perior à de outras concessões nopaís, até maior do que a de Cas-cais, concelho com nível económi-co bem diferente do azambujense. Ainda nesta reunião de Câmara,Luís de Sousa, presidente da au-tarquia, em resposta evidenciou:“Neste negócio das águas, e pas-sando a expressão não tenho ra-bos de palha, tenho o rabo sequi-nho. É muito fácil o senhor vir paraaqui chamar raposas a pessoasque não estão presentes e quenão se podem defender”, referiu,adiantando: “Mas concerteza quevão estar presentes um destesdias numa reunião de Câmara oude Assembleia para também seexplicarem e se defenderem”.David Mendes, da CDU, referiuque muitos dos dados que entramneste tipo de negócios das con-cessões são da responsabilidadedo Governo e que o que está emcausa é que “o barco vai chocarcontra terra firme, não importa seo embate é mais para a esquerdaou para a direita”. “Este modelo éum erro e temos de dizer isso aoGoverno”.

Processo Tomás e Oliveira

O processo de revisão do contratode abastecimento de água e sa-neamento básico que está a sernegociado entre a Câmara Muni-cipal de Azambuja e a empresa“Águas da Azambuja”, com aapresentação, até à data, de umparecer desfavorável por parte daentidade estatal que supervisionaeste tipo de contratos: a EntidadeReguladora dos Serviços deÁguas e Resíduos (ERSAR) tem

vindo a reavivar muitas das ques-tões alegadas e previstas pela To-más e Oliveira – Empreiteiros S.A.Está a correr no Tribunal Adminis-trativo do Círculo de Lisboa o pro-cesso de impugnação do concur-so que atribuiu a concessão daságuas à Aquapor, em 2008. O Va-lor Local teve acesso a este pro-cesso no qual se pode ler que aTomás e Oliveira acusa a Comis-são de Avaliação de Propostas, àépoca, e da qual fazia parte o aca-démico Rui Cunha Marques, deter introduzido novos critérios paraa escolha do vencedor, já depoisda apresentação das candidatu-ras, nomeadamente, o factor “an-tecipação dos investimentos” queacabaria por ser um dos trunfosda Aquapor.Ao ler-se este processo que deuentrada no tribunal em 2009, po-demos verificar que o mesmo jáantecipava, de certa forma, osproblemas de dívidas que a Aqua-por/Águas da Azambuja viria a tercom a Águas do Oeste. A Aqua-por apresentou valores que se-gundo os cálculos apresentadospelo segundo concorrente não lhepermitiriam o encaixe financeirosuficiente para pagar as contas aosistema intermunicipal, algo quese tem vindo a verificar, e que éum dos motivos para o reequilíbriofinanceiro pedido pela mesma. A Aquapor fez as contas tendotambém em linha de horizonte umacréscimo de população no con-celho, quando isso não seria tãoplausível quanto isso e quando avariável aeroporto da Ota, não po-dia ser tida em linha de conta,contráriamente ao que tem vindoa ser voz corrente. A empresa quisclaramente, e como se diz na gí-ria, colocar “a carne toda no assa-dor”, e nada melhor do que pro-meter fazer mais investimentonum ainda mais curto espaço detempo do que os restantes con-correntes, e com a benesse deque os munícipes não sofreriamaumentos nos dois primeiros anosda concessão.A Tomás e Oliveira alega que “ ametodologia de avaliação benefi-ciou claramente o terceiro contra-interessado (Aquapor)”, que aca-

bou por vencer o concurso, “comviolação dos princípios da trans-parência e da igualdade”. O ValorLocal encetou contactos no senti-do de uma entrevista com os res-ponsáveis da Tomás e Oliveiraque não se mostraram para já in-teressados.Ainda segundo a Tomás e Olivei-ra, a Aquapor com os dados apre-sentados teria saldos negativos, ecomo tal “não podia ser admitidano concurso, pois não obedece aoestipulado no ponto 9 e 10”. Re-corde-se que em reunião de Câ-mara, em 2008, Cunha Marquessustentou perante as dúvidas e osentimento de desconfiança e defavorecimento ilícito manifestadospelos vereadores da oposição – àépoca, António Nobre, e AntónioJosé Matos –que a escolha recaiuna Aquapor porque esta se com-prometeu a efectuar 75,5 por cen-to do investimento nos primeirosquatro anos, que acabou por nãocumprir na íntegra, para além deaumentos de zero por cento nosdois primeiros anos da conces-são. Este item foi seguido, mas asdificuldades de amortização do in-vestimento que ainda assim foiefectuado começou a pesar dura-mente nos últimos anos, daí o es-tado de coisas actual, de que opedido de reequilíbrio é apenasum dos exemplos.

Petição pela revisão daconcessão da água

em Azambuja

Nas últimas semanas, Daniel Cla-ro, deputado no mandato autár-quico anterior na assembleia mu-nicipal pelo Bloco de Esquerda,lançou na internet uma petição emque pede a revisão da concessãoda água em Azambuja. Em entre-vista ao Valor Local, diz que estaé uma iniciativa sua enquanto ci-dadão e aberta a todos os cida-dãos e partidos. Numa análise à comissão deacompanhamento estranha a nãopresença de qualquer cidadão doconcelho, e qualifica a conduta daconcessionária como arroganteao longo dos últimos anos, sendoque a Câmara, por outro lado, temdemonstrado “incompetência téc-nica e política para lidar com aquestão”. Em reunião de Câmararealizada a 17 de Junho, tambéma oposição se uniu na defesa danomeação de um nome concelhio,idóneo e imparcial.“Não está provado que a conces-sionária necessite de recorrer àcláusula do reequilíbrio financeiro.Está patente no relatório da ER-SAR, que também aquela entida-de não consegue descortinar o in-teresse naquela necessidade daempresa, faltam peças importan-tes a nível do detalhe financeirono documento enviado pela Câ-mara e pela concessionária à ER-SAR”, diz Claro.Ainda no que concerne ao proces-so Tomás e Oliveira, Daniel Clarodiz que a Aquapor não tomou emlinha de conta a questão dos cau-dais mínimos impostos pelaÁguas do Oeste, ao contrário dasegunda classificada.Daniel Claro refere que “a petiçãoé para dar força à Câmara respal-dada com o apoio dos cidadãos, epara que esta decida de uma vez

por todas de que lado é que querestar, se do lado da verdade, sedo lado de outra coisa qualquer”,concretiza, acrescentando: “Emúltima análise não está posta departe a hipótese de promove osdebates públicos sobre este tema,mesmo correndo o risco de nãoestar presente a concessionária”.

Serviços técnicoscom aumentos brutais

Recorde-se que a renegociaçãodo contrato atende a uma série depressupostos que vão no sentidode um aumento de preço nos ser-viços de água e saneamento, e deacordo com as contas feitas pelaColigação Pelo Futuro da NossaTerra divulgadas no facebook, etendo com pano de fundo o queestá actualmente em cima damesa há serviços de ordem técni-ca prestados pela concessionáriaque hoje não vão além dos 3,23euros a subirem para uns vertigi-nosos 150 euros, como no casodas vistorias de água nas habita-ções particulares, e de 10,78 eu-ros para 300 euros nas empresase comércio. Se porventura, o con-sumidor pedir uma aferição doseu contador, vai ter de pagar poresse serviço 100 euros, quando,actualmente, paga 26,95 euros.Um comerciante do concelho deAzambuja, por exemplo, se tivernecessidade de pedir uma vistoriaao saneamento vai ter de desem-bolsar 350 euros, quando hojepaga 10,47 euros. A nível particu-lar o cenário não melhora, visto-rias de saneamento a 175 euros,quando hoje ficam pelos 3,14 eu-ros. O Valor Local contactou a Águasda Azambuja para responder àpossibilidade destes aumentos ex-ponenciais, bem como todas asrestantes críticas em que o seunome aparece, mas não obtive-mos resposta.

Favorecimento e interesses dos seus elementos

Comissão das Águas debaixo de fogo

Águas da Azambuja terão sido beneficiadas no concurso

Inquérito:“Comoclassifica a actuaçãoda Águas da Azambuja?”Nas últimas semanas esteve na nossa página online um inquérito aos nossos lei-

tores sobre o trabalho da concessionária. Este inquérito não tem a pretensão deter algum tipo de validade científica, mas apenas perceber algumas tendências. Amaioria dos leitores do Valor Local online dá nota negativa à actuação da empresa“Águas de Azambuja”. Dos 40 inquéritos respondidos online, 20 leitores consideramque é péssima a actuação da empresa, ao passo que 13 consideram-na má. Três lei-tores enquadram o trabalho da empresa na categoria de excelente, e outros quatroconsideram-na boa.

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20 Cultura

“Azambuja contribuiu para umperíodo de paz entre Portu-

gal e Espanha”, foi desta maneiraque o professor catedrático deHistória Moderna da Universidadede Valladolid, Jesús Varela Mar-cos, consubstanciou o momentohistórico da assinatura do Tratadode Tordesilhas. A sessão evocativados 520 anos do Tratado de Tor-desilhas decorreu no dia sete deJunho em Vale do Paraíso. Tudoporque em Março de 1493, na lo-calidade de Vale do Paraíso,Azambuja, Cristóvão Colombo en-controu-se com D. João II e lhedeu conta do descobrimento denovas terras.Não estão muito explícitas as ra-zões deste encontro com o rei por-tuguês, até porque Colombo esta-va ao serviço da coroa espanhola,depois de D. João II se ter recusa-do a patrocinar as intenções docomerciante/navegador. Colomboacreditava chegar à Ásia atravésdo Atlântico.O que é certo é que o encontro emVale do Paraíso foi decisivo. O na-vegador trouxe consigo escravosdo Brasil, que através da disposi-ção de pequenos feijões em cimada mesa, elucidaram o muito pers-picaz rei português que percebeude imediato que tinham sido des-cobertas novas terras, que não asasiáticas. A versão de Colombo

perante o rei de que tinha chegadoa terras orientais caiu imediata-mente por terra. De Vale do Paraí-so, o rei partiu imediatamente paraEspanha para fazer valer o queestava no anterior tratado. “Vale do Paraíso foi importantenão só na história dos dois países,mas também na da Europa, doAtlântico e de uma nova concep-ção do conhecimento do mundo.Significou uma viragem nas coor-denadas que uniam o novo e o ve-lho continente”, exprimiu José Ma-chado Pereira, historiador e mu-seólogo, organizador da iniciativaem conjunto com a junta de fre-guesia de Vale do Paraíso. O Tra-tado de Tordesilhas “faz parte des-de 2007 do registo da memória domundo”, referiu.Um dos actores que teve um pa-pel primordial na jornada de Co-lombo foi o navegador espanholMartin Alonso Pinzón que ensinouao comerciante os princípios danavegação e participou na via-gem. Seria também ele a patroci-nar monetariamente a viagem, jáque os reis de Espanha, Fernandoe Isabel contribuíram com umasoma irrisória para a época, dadoque não confiavam nas intençõesdo comerciante. Esta figura dePinzón foi demonstrada, aos pre-sentes, pela professora MariaGuerrero da Universidade de Val-

ladolid. Coube ao professor catedráticoJesús Varela Marcos dar a conhe-cer o truque que Colombo conse-guiu fazer valer para alcançar oque pretendia com a sua desco-berta: ser condecorado pelo rei es-panhol como “almirante das terrasdescobertas”, um dos maiores tí-tulos à época. “Trocou um paralelopor um meridiano, se não o fizes-

se o novo território ficaria de forada alçada espanhola. Colombosubiu a linha divisória horizontal domapa mundo em 1100 quilóme-tros”. O mais interessante é quecom a descoberta do Brasil unsanos depois, uma das linhas ficatangencial a esse território invali-dando por sua vez que Espanhapudesse reclamar algo. “O Tratado de Tordesilhas conse-

guiu beneficiar os dois países eprolongar a paz entre ambos”. OTratado de Tordesilhas foi assina-do em Junho de 1494, e definiu adivisão do mundo a partir do meri-diano de Cabo Verde e não do pa-ralelo das Canárias, como previaantes o Tratado de Alcáçovas de1479.O final da sessão em Vale do Pa-raíso viria a revelar-se muito ani-

mada com a presença de um ele-mento de uma movimento da vilaalentejana de Cuba que reclamapara si, à semelhança de muitasoutras um pouco pela Europa fora,o estatuto de terra natal do nave-gador. Diz esta associação queColombo deu o nome de Cuba aopaís das Caraíbas em homena-gem à sua terra natal. Factos quenunca foram provados.

520 anos do Tratado de Tordesilhas

A paz na Península Ibéricacomeçou em Azambuja

Os concheiros de Muge, emSalvaterra de Magos, é o

maior complexo mesolítico daEuropa. Este achado descobertoem 1863 corresponde ao períodoentre 10 mil a cinco mil anos an-tes de Cristo, e foi alvo de uma vi-sita no passado 10 de Junho porparte dos eleitos locais do muni-cípio de Salvaterra. A comitiva es-teve no Cabeço da Amoreiraonde estão enterrados vários ca-dáveres, e cujas característicasdo local permitiram aferir que já,naquela altura, havia elementosmodernos na forma como os ser-viços fúnebres eram feitos, e umamuito clara estratificação social.“Podemos dizer que este tipo deenterramento é precursor da ac-tualidade do ponto de vista sim-bólico e cognitivo”, referiu NunoBicho, arqueólogo coordenadordos trabalhos, à nossa reporta-gem.Foi descoberto o cadáver de umamulher coberta de adornos. Sen-do visível o esmero na formacomo foi sepultada, a par do ca-

dáver de um homem sem aten-der a qualquer tipo de cuidado ourigor no seu sepultamento. De acordo com Nuno Bicho, estetipo de estruturas como as queencontramos em Muge, compos-tas por vários montículos, só têmparalelo em países do norte daEuropa, para além dos conchei-ros do Sado. Por outro lado, eneste ponto reside também a ri-queza arqueológica do local -“Foram descobertos aqui pertode 300 esqueletos humanos”, re-feriu Nuno Bicho. “Isto é único emtodo o mundo”, concluiu.O arqueólogo explicou ao ValorLocal que o próximo passo daequipa que está no terreno com-posta por alunos de licenciatura,mestrado e doutoramento de vá-rias universidades portuguesas,passa por ir mais longe quantoaos pormenores referentes aosenterramentos. O cadáver da mu-lher que apresentava sinais depertencer a um grupo social maiselevado foi coberto através da“colocação criteriosa de conchas

de berbigão, lambujinha, estur-jão, raia, ossos de animais, trêsescápulas de veado, um frag-mento de crânio de cão e algunspequenos artefactos em pedra”.Os materiais descobertos pelaequipa são, normalmente, enca-minhados para a Universidade doAlgarve e Universidade de Coim-bra. Outros saem do país paraserem estudados no estrangeiro. A musealização do espólio en-contrado é falada desde há vá-rios anos pelo município de Sal-vaterra de Magos. Sendo que jáveio a lume, a possibilidade de secriar num espaço artificial umaespécie de réplica do que se en-controu nos concheiros de Muge,conforme foi falado informalmen-te durante esta visita entre o pre-sidente da Câmara de Salvaterra,Hélder Esménio, e Nuno Bicho.A escavação em curso, tem umfinanciamento da Fundação paraa Ciência e Tecnologia, contandocom o apoio da Casa Cadaval,em cujos terrenos se situam osconcheiros.

Concheiros de Muge Enterramentos precursores da modernidade

Casa cheia para se ouvir falar de História

Nuno Bicho e a sua equipa

Valor Local

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21Valor Local Acisma

Opresidente da Região deTurismo do Alentejo e Ri-

batejo, Ceia da Silva, foi o con-vidado de honra na abertura demais uma edição da Feira deMaio, que decorreu em Azam-buja de 29 de Maio a 2 de Ju-nho.O representante do Turismo da

Região inaugurou primeiro ocertame no largo da Câmara, eposteriormente o Salão das Ac-tividades Económicas e Artesa-nato, uma parceria entre a Câ-mara Municipal de Azambuja ea ACISMA – Associação, Co-mércio, Indústria e Serviços doMunicípio de Azambuja.

Acompanhado por alguns presi-dentes de junta, do presidenteda Câmara, Luís de Sousa, edo presidente da ACISMA, Car-los Henriques, Ceia da Silva vi-sitou demoradamente o pavi-lhão, que se tem vindo a firmarcomo uma mais-valia em ter-mos económicos regionais.

Com um balanço claramentepositivo, Daniel claro, porta-vozda ACISMA, “salientou as dinâ-micas geradas na Feira deMaio através do pavilhão”, com“uma procura crescente, porparte dos empresários que sequerem mostrar naquele espa-ço”. Sendo que este ano houve

mais procura do que oferta; ealguns expositores ficaram defora”.Também a “Mercearia” da feiraque esteve situada numa lojano Largo do Município, uma ini-ciativa da ACISMA realizadapela primeira vez, em conjuntocom a autarquia, teve um “ba-

lanço claramente positivo”. Oporta-voz da associação refereque o local, em causa, onde sepodiam adquirir produtos exclu-sivamente do concelho deAzambuja, “resultou em pleno,com uma procura bastanteacentuada durante a Feira deMaio.”

ASanta Casa da Misericórdiade Azambuja, em parceria

com a Associação de ComércioIndústria e Serviços do Municípiode Azambuja (ACISMA), realizouum curso de formação em geria-tria, que se iniciou em Fevereiroe terminou em Junho de 2014.Esta formação destinou-se a fun-cionários desta instituição e apessoas externas a esta. Preten-deu-se valorizar os conhecimen-tos destes profissionais, garantin-do um contributo de qualificaçãopara aqueles que no seu dia-a-dia cuidam dos idosos. Esta actividade está inserida noPrograma Operacional do Poten-

cial Humano (POPH), no âmbitodo Fundo Social Europeu, comas aulas a serem ministradas nasinstalações da Santa Casa.Os diplomas desta formação fo-ram entregues aos formandos nodia 13 de Junho nas instalaçõesda Santa Casa da Misericórdia,com as presenças, em nome dainstituição, do provedor, vice-pro-vedor, tesoureiro e a diretora dolar; e em nome da ACISMA docoordenador da formação PedroFélix e da formadora CatarinaMachado. No final foi servido umpequeno lanche, onde todos tive-ram oportunidade de confraterni-zar.

Balanço das actividades da ACISMA na Feira de Maio

“Mercearia” resultou em cheio

Parceria entre ACISMA e a Santa Casa de Azambuja

Entregues diplomas da formaçãoem geriatria

Formandos da Santa Casa, dirigentes e formadores

Stand da Acisma e do Valor Local na Feira de Maio Ceia da Silva inaugurou o certame

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22 Negócios com Valor

São conhecidos em toda a partecomo “Os Queridos”. Isto por-

que a marca faz parte da equipaque todas as semanas participa noprograma da SIC Mulher “QueridoMudei a Casa”. Trata-se da Me-lom, especializada na reabilitaçãoe recuperação de habitações, liga-da à REMAX, que através de fran-chising, já se espalhou por todo opaís.Rui Lopes é o rosto visível da Me-lom Tejo, com sede em Azambuja,com anúncio no Valor Local, quesegundo o mesmo tem ajudado à“visibilidade da marca”. Em entre-vista ao “Negócios com Valor”, RuiLopes salienta que antes de abra-çar o projecto Melom, já estava naárea da construção há dez anos,mas “devido à crise que se instalouno mercado da construção” tevede procurar outras formas de semanter, “num caminho de mudan-ça e de evolução”. O responsável pela Melom Tejosentiu a necessidade de acompa-nhar as novas tendências e porisso aproveitou o programa da SICpara ampliar o seu negócio. Deacordo com Rui Lopes, esta parce-ria foi importante, até porque a Me-lom, na altura apenas com doisanos de existência já se estava a

tornar numa empresa de sucesso,como “instaladora oficial na maiorempresa de venda de materiaispara a remodelação e construçãoa Leroy Merlin, e ligada directa-mente ao grupo Remax”.Foi nessa altura que surgiu entãoa Melom Tejo que é hoje uma em-presa especializada em todo o tipode trabalhos que a casa precisa.Para Rui Lopes, são muitas asvantagens de estar ligado ao gru-po e à marca Melom, nomeada-mente pela “confiança e visibilida-de que a mesma transmite”. Noprocesso de contacto com o clien-te, a Melom trata de tudo para queo cliente tenha o mínimo de preo-cupações possíveis. Rui Lopes en-fatiza: “Tratamos do orçamento eda execução dos trabalhos de umaforma profissional”. Para o respon-sável, a visibilidade da marca émuito importante. Ao todo já são60 franchisings no país, com umaaposta crescente no Marketing.A Melom Tejo é hoje uma empresaconsolidada, também na região.Ao todo são 16 colaboradores quefazem parte de “uma vasta rede detécnicos especializados em váriasáreas” onde se incluem “ arquite-tos, engenheiros civis, decorado-res e os técnicos de execução de

obra nas mais variadas especiali-dades”. Para além destes 16 fun-cionários, a Melom Tejo contaigualmente com cerca de duas de-zenas de outros profissionais que“apoiam consoante o tipo de traba-lho”.Sem selecionar obras, a MelomTejo está mais vocacionada para omercado da remodelação e reabi-litação. Rui Lopes diz mesmo queexecuta desde o simples pendurarde um quadro, ou de um candeei-ro, até à substituição de uma tor-neira, sem esquecer as obrasmaiores como as remodelaçõesde casas de banho e de cozinhas,ou mesmo remodelações gerais. Épor isso que a frase chave é: “Asua casa Precisa... Melom TejoConcretiza.”Recentemente na Feira de Maio, aMelom Tejo surpreendeu as mu-lheres que passaram pelo localcom uma flor. Rui Lopes salientaque esta foi não só uma acção decharme, como de marketing, como objectivo de “colocar as pessoasa falar da Melom Tejo”. “Acho queteve um efeito muito positivo”. RuiLopes diz que ainda existe a ideiaenraizada de que “o pessoal dasobras é visto como uma classerude da sociedade, mas a Melom

Tejo procura desmistificar isso,com a imagem dos ‘queridos´”.Quanto à flor entregue às mulhe-res, esta levava o contato da Me-lom Tejo, e “um piropo especialdos Trolhas Poetas”. Tratou-se assim de uma acção dedivulgação da marca, tendo emconta que “o objetivo é que um diaqualquer português quando preci-sar de obras em casa se lembreda Melom”. “Para isso temos que

nos mostrar às pessoas”, concreti-za.Todavia a Melom Tejo também as-sume uma participação no quetoca à responsabilidade social.Nesta altura “estamos a analisarum processo de apoio às IPSS”.Por enquanto, ainda não passa deum esboço, mas Rui Lopes dizque pretende envolver “o municí-pio de Azambuja e as freguesiasnesse processo. Pois uma peque-

na reparação hoje, pode evitaruma obra maior amanhã”.A juntar a essa ideia, a empresaconsidera criar um serviço deapoio aos mais idosos, “através dadeslocação gratuita de um profis-sional para solucionar o problemada torneira com água a pingar oua mudança da lâmpada”, salien-tando que a empresa está disponí-vel “para dialogar com as IPSS’s,as freguesias e o município”.

Melom Tejo

“Os Queridos” de Azambuja

Valor Local

Rui Lopes entregou flores na Feira de Maio

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23Valor Local Retratos da Nossa Terra

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Retratos da Nossa Terra

Numa das últimas reuniões de Câmara de Alenquer, o ex-vereador José Manuel Catarino e actual deputado na Assembleia Municipalfoi pedir ao executivo para que pudesse dar um "jeitinho" e fechar por umas horas a Serra de Ota para que o seu filho pudesse ir para

lá treinar para as provas de motocross. A nossa rubrica "Retratos da Nossa Terra" sugere ainda este novo local que a Câmara não consegueterminar há meses e que confunde quem passa na zona do Lidl do Carregado.

Retratos da Nossa Terra com HistóriaIn “Noticias de Azambuja” 1970

Muitos lembram-se de ouvir que, antigamente, até se faziam operações no hospital de Azambuja… mas estamos a recuar quarentaanos. Se formos analisar a evolução daquele equipamento, depressa percebemos que foi perdendo serviços desde sempre, indepen-

dentemente da cor politica de cada Governo que passou pelo país.Segundo reza a história, o primeiro hospital foi na Rua do Espirito Santo, junto à Igreja da Misericórdia. Depois passou para o edifício apucos metros no Rossio. Mais recentemente os serviços foram instalados no novo centro de saúde que ganhou uma rua com o mesmonome. Das operações que ali se faziam às consultas documentadas no anúncio que publicamos, até aos dias de hoje, o equipamento foiperdendo valências. Uma perda de valências, que nem mesmo as constantes manifestações conseguiram estancar.

RetratosdaNossaTerraPor: Manuel Geada

“Desde os anos 30 atéaos anos 2000, al-

guém sabe de um outro con-junto de mais alguns profes-sores e professoras do ensi-no básico, com a dedicaçãoe valores que transmitiamaos seus alunos, como estesda foto?”

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