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SUMÁRIO
RESUMO
I INTRODUÇÃO 02II FUNDAMENTACAO TEÓRICA 05
1 O QUE É O TDAH? 051.1 CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS DO TDAH 05
2. A CRIANÇA COM TDAH 08
2.1 OS OUTROS E A CRIANÇA COM TDAH 102.1.1 A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM TDAH 112.1.2 OS AMIGOS E A CRIANÇA COM TDAH 132.1.3 A ESCOLA E A CRIANÇA COM TDAH 13
2.2 - A CRIANÇA COM TDAH E OS OUTROS 16
2.2.1- A CRIANÇA COM TDAH E A FAMÍLIA _______________ 16
2.2.2- A CRIANÇA COM TDAH E OS AMIGOS 17
2.2.3- A CRIANÇA COM TDAH E A ESCOLA 18
3. A AUTO-ESTIMA NAS PESSOAS COM TDAH 19
3.1- O PROFESSOR 20
3.1.1- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA
A FAMÍLIA 23
3.1.2- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A CONVIVÊNCIA COM
OS AMIGOS- CONVIVÊNCIA SOCIAL 24
3.1.3- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A EDUCAÇÃO DA
CRIANÇA COM TDAH E A PRESERVAÇÃO DE SUA AUTO-ESTIMA
24
IV CONCLUSÃO 30V REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 32
INTRODUÇÃO
Em um lugar onde a diversidade é mais enfatizada a necessidade de mais
questionamentos e mais buscas também se faz. Este lugar é onde eu trabalho, a
APAE de Lavras, instigante. Muitas são as buscas, já que trabalhamos com seres
humanos que são por si só individuais e únicos e é valorização de suas
potencialidades que os fazem especiais.
Como psicopedagoga e também como educadora encontrei e ainda encontro,
muitas pessoas dizendo: _ Esse menino é hiperativo! Daí a preocupação em
buscar definições para que saibamos definir realmente o que é hiperatividade. A
oportunidade de estar em um curso de pós-graduação, na Universidade Federal
de Lavras, cuja ênfase é na educação permite-nos refletir sobre: Como nós
devemos lidar com esta criança, já que educar é um ato de responsabilidade e
como educadores devemos estar cientes de quem é realmente este aluno. Se ao
contrário, se não o conhecemos, corremos o risco de estar ressaltando não as
potencialidades, mas o seu transtorno.
A intenção maior deste trabalho é que possamos refletir sobre nossa prática e
pensar se realmente, estamos fazendo o máximo pelos alunos e em especial por
aquele que tem o transtorno.
Garcia (1998), explica que o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade não faz parte das dificuldades de aprendizagem (DSM-IV, 1984),
embora os portadores apresentem, em geral, algum tipo de problema escolar, o
qual normalmente não está associado à baixa inteligência, pelo contrário, os
portadores costumam ter inteligência normal ou até acima da média. Hoje, sabe-
se que o Transtorno do Déficit de Atenção é uma síndrome neurológica, de
origem genética, que afeta de 3% a 5% de todas as crianças em idade escolar.
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O tríduo (desatenção, hiperatividade e impulsividade) que normalmente
caracteriza o portador do TDAH1, podem vir acompanhado de outros sintomas
secundários, porém, não obrigatórios, bastante comuns, como a baixa auto-
estima, adquirida em razão de freqüentes e sucessivos fracassos.
Além disso, conforme PHELAN (2005) se você maldosamente tentasse
produzir um ambiente que deixasse uma criança com TDAH louca todos os dias,
não conseguiria inventar nada pior que a escola. Ela exige que a criança fique
parada e se concentre em temas que geralmente considera desinteressantes.
Em muitos casos os professores e as pessoas envolvidas no ambiente
escolar, não estão preparados para lidar com esse tipo de criança somando a elas
rótulos que são atribuídos como preguiçosas, teimosas, bagunceiras, avoadas e
trazem grandes prejuízos a sua vida e, principalmente, à sua auto-estima.
É indispensável, portanto, apesar de todas as dificuldades, que a pessoa
que lida com essa criança conheça o transtorno e todas as suas implicações. Para
GOLDSTEIN (1994) “o sucesso na escola é essencial para a criança hiperativa”.
Pesquisar sobre o tema nos permitirá aprofundar neste assunto e encontrar
meios que possibilite ao professor não gerar tantas frustrações, mas sim, que
trabalhar com os potenciais desta criança, auxiliando-a na manutenção de sua
auto-estima. Assim, a criança, seus pais, amigos e educadores poderão aprender
a conviver com as dificuldades.
Para o desenvolvimento desta pesquisa a autora optou pela pesquisa
bibliográfica. A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de
referências teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições
culturais ou científicas do passado existente sobre determinado assunto, tema ou
problema.
1 Utilizaremos a sigla TDAH para facilitar a compreensão e a estruturação do texto. Lembrando que esta está se referindo ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.
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O presente estudo será dividido em cinco etapas, a saber: a)
levantamento de referencial teórico; b) seleção do referencial teórico apropriado
a presente investigação; c) leitura crítico-analítica do referencial selecionado; d)
organização dos dados e; e) elaboração do relatório final. Possibilitar uma
abordagem frente à criança com TDAH e os reflexos no meio e frente ao meio e
seus reflexos sobre a criança.
Considerar os reflexos que este transtorno causa sobre à auto-estima dos
portadores. E enfim, buscar nos autores consultados, dicas para uma melhor
forma de atuação do professor em sala de aula no atendimento da criança com o
TDAH tendo como ênfase a preservação de uma boa auto-estima.
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Fundamentação Teórica
1. O QUE É O TDAH?
Conforme MANSANERA e KAJIHARA citado por MARQUEZINE et al
(2003), o transtorno por déficit de atenção/ hiperatividade está sendo estudado
há muitas décadas, e a terminologia empregada para designar este distúrbio já
foi alterada várias vezes. Entretanto, ao longo desse tempo o transtorno
continuou sendo definido como um distúrbio do desenvolvimento que se
manifesta através das alterações no comportamento.
Surge nas últimas décadas, devido a uma enorme demanda da sociedade,
uma explosão de tratamentos, diagnósticos e pesquisas voltadas para o
Transtorno do Déficit de Atenção /Hiperatividade. Afinal,
o TDAH pode não apenas interferir no aprendizado e no controle do comportamento da criança, mas também, como condição neurocomportamental crítica, comprometer profundamente o funcionamento de múltiplas áreas, ao longo de toda a vida. A pesquisa e a experiência clínica sugerem que as dificuldades induzidas pelo TDAH podem levar a significativas disfunções educacionais, ocupacionais e familiares, e podem contribuir, significativamente, para diversos problemas de saúde, sociais e econômicos. (Associação do Transtorno do Déficit citado por COSTA p.22.)
Segundo, GOLDSTEIN (1994, p.19), “a criança hiperativa apresenta um
enorme desafio para pais e professores”. Principalmente porque segundo
MANSANERA e KAJIHARA citado por MARQUEZINE et al (2003), um
aspecto das crianças ainda pouco estudado, principalmente no Brasil, são os
problemas de aprendizagem desta população. Isso, segundo os autores, tem
impedido a elaboração de programas de atendimento educacional específico
para esses escolares.
1.1. CARACTERÍSTICAS E SINTOMAS DO TDAH.
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Para PHELAN (2005), o nome Transtorno do Déficit de Atenção surge pela
primeira vez em 1980, no assim chamado DSM-III (sigla em inglês para o
Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais, terceira edição). Essa
nova definição deixava claro que o ponto central do problema era a dificuldade
de se concentrar e manter a atenção. Segundo o DSM-III, citado pelo autor,
havia dois tipos de TDA: o TDA com hiperatividade e o TDA sem
hiperatividade.
O DSM III foi revisto em 1987 e os resultados da nova edição eram um tanto controversos. O nome do distúrbio foi alterado para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Por meio desta mudança, reconhecia-se que o fato de que tanto a desatenção quanto a inquietação estavam freqüentemente envolvidos no distúrbio. Eliminado o subtipo TDA sem hiperatividade. (PHELAN, 2005, p.14),
GOLDSTEIN (1994), diz que na mesma época, um grupo de profissionais
decidiu que a maioria das crianças que experimenta problemas de desatenção e
impulsividade também experimenta problemas de agitação psicomotora.
Segundo o autor, essa mudança não foi bem aceita pela comunidade
profissional.
Mas, conforme PHELAN (2005, p.13), esse problema foi remediado no DSM
IV, mas a desastrosa expressão TDAH foi mantida. O TDA sem hiperatividade
reapareceu como “Tipo Predominantemente Desatento”.
Em 1994 DSM-IV (1995), foi dotada a expressão “Transtorno de Déficit de
Atenção/ Hiperatividade”, e a seguinte classificação: “tipo predominantemente
desatento”, “tipo predominantemente hiperativo compulsivo” e “tipo
combinado”.
Abordaremos, neste estudo apenas o Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade, já diagnosticado. É importante ressaltar este fato, pois hoje
tornou-se habitual considerar a criança que não aceita limites ou com falta de
limites, como crianças com o TDAH. Para que seja feito o diagnóstico é
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necessário que se procure um profissional especializado que pesquise a história
de vida2 desta criança. Pois, segundo PHELAN (2005, p.80), “é comum médicos
descartarem a possibilidade de TDAH, simplesmente porque a criança tinha
ficado o tempo todo quieta no consultório.”
Embora muitos sintomas de TDAH sejam observáveis desde muito cedo
na infância, SMITH (2001), afirma que, estes são mais óbvios em situações que
exigem atividade mental prolongada. Por esse motivo, muitos casos não são
percebidos até o início da escola. A autora usa o seguinte quadro de
características para verificação de características do TDAH:
2 Essas informações devem ser obtidas de fontes diversas, geralmente as crianças com TDAH não são boas em registros históricos, ou em alguns casos não se sentem a vontade para admitir algum problema.
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Os déficits de atenção ocorrem com ou sem hiperatividade. Existem também crianças que são primariamente hiperativas e impulsivas e têm menos problemas de atenção. De acordo com o manual mais usado pelos profissionais para identificação do TDAH, seis ou mais sintomas sugerem a presença do transtorno: DESATENÇÃO:
Com freqüência deixa de prestar atenção em detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;
Com freqüência, tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; Com freqüência parece não escutar, quando lhe dirigem a palavra; Com freqüência, não segue instruções e não termina seus deveres escolares e tarefas domésticas; Com freqüência, tem dificuldades em organizar tarefas e atividades Com freqüência, reluta em envolver-se em tarefas ou atividades ou evita-as (por exemplo, tarefas
escolares e deveres de casa); Com freqüência, perde coisas (como brinquedos, lápis, e coisas pessoais); Distrai-se facilmente com visões e sons irrelevantes; Com freqüência, apresenta esquecimento em tarefas diárias;
HIPERATIVIDADE E IMPULSIVIDADE: Com freqüência, retorce mãos e os pés, remexendo-se na cadeira; Com freqüência, deixa a cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça Corre e sobe demasiadamente nos objetos em situações nas quais isso é impróprio; Tem grande dificuldade de brincar em silencio; Com freqüência, está a “mil” ou age como se “impulsionada por um motor”; Fala excessivamente; Com freqüência, dá respostas precipitadas antes de as questões terem sido completadas; Com freqüência, tem dificuldade em esperar a sua vez; Com freqüência interrompe ou intromete-se nos assuntos de outros (intromete-se em conversas e
brincadeiras)
Adaptado de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, quarta edição (1994). Washington, DC. American
Psychiatric Association., por SMITH , 2001, P.39.
Para SILVA (2003, P. 26-27), a hiperatividade divide-se em física e
mental, onde:
“é muito fácil identificar a hiperatividade física de um DDA3. Quando criança, eles se mostram agitados, movendo-se sem parar na sala de aula, em casa ou mesmo no playground. Por vezes chegam a andar aos pulos como se seus passos fossem lentos demais para acompanhar a energia contida em seus músculos. Em ambientes fechados mexem em vários objetos ao mesmo tempo, derrubando grande parte deles.A hiperatividade mental ou psíquica apresenta-se de maneira mais sutil, o que não significa, em hipótese alguma,que seja menos penosa que a física. Ela pode ser entendida como um ‘chiado’ cerebral, tal como um motor de automóvel que acaba de provocar um desgaste bastante acentuado. É o adulto que numa conversa interrompe o outro o tempo todo, que muda de assunto antes que o outro possa elaborar uma resposta, que não dorme a noite, porque seu cérebro fica agitado de tal forma que não consegue desligar.”
Segundo ROSEMBERG (1995), o diagnóstico etiológico de um certo
número de distúrbios do comportamento baseia-se na avaliação de um quadro
clínico que pode ser a resultante comum de diferentes processos patogênicos.
Desta forma, o comportamento hiperativo pode ser conseqüente de fatores
unicamente emocionais ou depender de uma alteração funcional cerebral ou
ainda de ambos, num processo de retroalimentação.
Os conflitos, escolares, familiares, comportamentais e psicológicos podem
ser reduzidos, com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Com isso, um
grande número dos problemas como repetência escolar e abandono dos estudos,
depressão, distúrbios de comportamento, problemas de relacionamento, bem
como abuso de drogas e outros vícios podem ser tratados ou, principalmente,
evitados. É preciso que haja um esforço coletivo.
2. A CRIANÇA COM TDAH.
3 Alguns autores utilizam a seguinte denominação para designar este transtorno: DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção).
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Uma criança com TDAH tem uma “intensidade” e uma “freqüência”
diferentes, ou seja, tudo nela parece estar “a mais”.
SILVA (2003), cita que algumas crianças podem causar a falsa impressão
de terem TDAHs se tiverem passando por problemas, constantes ou passageiros,
que podem contribuir para deflagrar ou intensificar comportamentos agitados ou
falta de concentração ou atenção. Uma criança pode apresentar-se indisciplinada
e com baixa tolerância à frustração.
Muitos fatores podem estar contribuindo para algum tipo de
comportamento inadequado por parte desta criança e devem ser investigados
cuidadosamente antes de qualquer diagnóstico.
Conforme SMITH & STRCK (2001), existem outras causas de desatenção
na sala de aula, que não podem ser confundidas com TDAH. Por exemplo: as
crianças de doenças e alergias freqüentes, ocasionalmente tem problemas para
focalizar a atenção, em virtude de seus problemas de saúde, ou por efeitos
colaterais de medicamentos. A desatenção e o inquietamento, também podem
ser sinais de problemas na visão ou de audição não detectados. Os estudantes
que não comem o suficiente mostram-se inquietos e desatentos.
Outro fator que pode contribuir para este tipo de comportamento é uma
colocação educacional inadequada. Um estudante aplicado, com um currículo
que privilegia seus companheiros “medianos”, pode deixar de prestar a atenção e
começar a apresentar um comportamento inquieto por tédio. Similarmente, os
alunos imaturos ou atrasados em seu desenvolvimento intelectual podem tornar-
se entediados e desatentos, porque não compreendem completamente o que está
acontecendo. Os estudantes podem ter problemas para manterem a atenção
porque seus estilos de aprendizagem não combinam o modo como as
informações lhes são apresentadas. Uma criança que distrai facilmente, por
exemplo, considera quase impossível concentrar-se em uma sala onde o
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professor decorou cada centímetro com mapas, pôsteres e outros auxílios visuais
considerados úteis.
GOLDSTEIN (1994, p.29), lembra-nos que “a hiperatividade resulta de
quatro tipos de deficiências (atenção, impulsividade, excitação e frustração ou
motivação) que podem causar problemas em casa, na escola e com os amigos.”
Quando a criança apresenta vários sintomas do TDAH, eles podem causar
problemas em várias esferas de sua vida.
Os recém nascidos “futuros TDAH”, segundo PHELAN (2005), tendem a
apresentar mais respostas negativas a novas situações, podem mostrar reações
emocionais intensas, perturbações no padrão de sono e transtornos de
alimentação. Contudo, indicadores mais confiáveis do TDAH surgem quando
essas crianças começam a andar. Muitos especialistas acreditam que seja
possível identificar entre 60% a 70% das crianças com TDAH já na faixa de 2 a
3 anos. Conforme a criança com TDAH fica mais velha, a desobediência em
público pode se tornar um problema maior. Já na fase de 5 a 12 anos de idade
que, segundo o autor, é o “grande momento”, o de ir para a escola.
Segundo RODRIGUES e BOCK (2001), é importante ressaltar que
também o comportamento das crianças hiperativas pode ser confundido como
indisciplina, no entanto, trata-se de um distúrbio genético associado a fatores
ambientais denominado atualmente como TDAH, provocado pelo desequilíbrio
na quantidade de noradrenalina e dopamina, que são neurotransmissores.
2.1- OS OUTROS E A CRIANÇA COM TDAH.
As crianças com transtornos de comportamento em seus relacionamentos, frequentemente, são atrapalhadas por princípios organizacionais primitivos, que governam suas percepções de si mesmas e de outros. Acham difícil compreender que os companheiros têm motivações, características e preferências diferentes das suas próprias, apresentando em vez disso, uma propensão para atribuírem a outros seus próprios sentimentos e pensamentos. Frequentemente, lhes faltam as habilidades
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sociais necessárias e apropriadas à idade para a interação com companheiros. Quando sua necessidade para controlar o ambiente é impedida, agem agressivamente, sendo incapazes de conter seus sentimentos de frustração (KERNBERG e CHAZAN, 1993 P.55)
Conviver com está criança nem sempre é fácil mas, se há interesse, esta
convivência pode se tornar possível, principalmente quando ao invés de
trabalhar/lidar com suas dificuldades passamos a enfatizar suas potencialidades,
auxiliando-o a organizar-se e a realizar as tarefas que ela considera difícil.
Segundo O’BRIEN (2002), crianças com TDAH não conseguem enxergar
com antecedência as conseqüências de uma ação, nem aprendem facilmente as
lições que essas conseqüências trazem. Infelizmente, são pouco compreendidas
e muitas vezes são classificadas como preguiçosas, problemáticas e incapazes.
2.1.1- A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM TDAH.
Ter uma criança diferente das demais nem sempre é uma tarefa fácil para
a família, contudo, se existe um problema é por que existem soluções. PAIN
(1987), destaca que:
“a educação diferencial sistemática dentro de uma sala de aula é somente uma parte do que a criança incorpora na formação de sua personalidade integral. A família e o ambiente sócio-econômico no qual participa vão lhe impondo suas normas, seus costumes, valores e ideário. Isso não se realiza por via de uma informação deliberadamente ministrada à criança mas, sobretudo através da aquisição de hábitos, sejam eles de alimentação, de higiene ou de formalismos sociais, através do vocabulário, dos gestos e dos meios de comunicação escolhidos. Em função destes conteúdos e da maneira como lhe são impostos ou reprimidos a criança irá compondo uma imagem do mundo, a qual sofrerá deficiências da representação especifica, ou seja, será uma imagem de mundo estereotipada, arrítmica, confusa e estreita.Para evitar a dissociação entre os conhecimentos adquiridos em aula e aqueles incorporados pela criança em sua vida cotidiana, é necessária uma estreita coordenação entre os dois âmbitos e a inclusão mútua de aspectos que permitam uma continuidade significativa. Para isso contribui a inclusão dos conteúdos trazidos pela criança e convertidos em estímulos para a aprendizagem, mas, sobretudo, a colaboração positiva dos pais
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pode criar as condições favoráveis para tornar a aprendizagem efetiva.” (PAIN 1987, p.127)
GOLDSTEIN (1994), contribui dizendo-nos que uma das prováveis
causas da hiperatividade é a hereditariedade. Muitos pais, culpam a si mesmo
pelo comportamento da criança com TDAH, sobretudo, é importante lembrar
segundo PHELAN (2005, p.63), que o“ TDA é basicamente hereditário. E que
os demais fatores que também podem causar o TDA - ou algo parecido – são os
fatores biológicos , não má criação.” Contudo, segundo o autor esta má criação
pode agravar os sintomas do TDAH, por isso além de tratar a criança também é
necessário simultaneamente o tratamento com os pais.
Geralmente os fatos vão se acumulando que, “muitas famílias
simplesmente param de sair com freqüência, ou mesmo de tirar férias por causa
das cenas terríveis que tem de enfrentar em carros, restaurantes e hotéis”.
(PHELAN, 2005, p.45)
Segundo PHELAN (2005), conforme os anos passam tanto o filho quanto
os pais podem experimentar uma queda contínua da auto-estima e um aumento
da depressão. A primeira pessoa na família a ser esmagada pela existência de
uma criança com TDAH não é a criança: é a mãe. A mãe recebe o choque do
comportamento de um filho difícil. E, considerando que ainda vivemos em uma
sociedade que culpa os pais por tudo que os filhos fazem, os pais – e, em
especial, a mãe – estarão constantemente tentando descobrir o que deu errado
com essa criança.
Ingrediente crucial é o apoio e informação aos pais, afirma SMITH
(2001), para auxiliar a criança com TDAH. Segundo a autora, muitas mães
afirmam que tanto sua sanidade quanto sua própria auto-estima foram salvas,
por atendimentos especializados.
PHELAN (2005, p.64), alerta-nos para o fato de que suas “fraquezas na
criação de seu filho não farão com que ele tenha TDA. Por outro lado, se você
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tem um filho com TDA, é melhor se esforçar para superar essas fraquezas,
porque a vida exigirá muito mais de você do que de outros pais.”
2.1.2- AMIGOS E A CRIANÇA COM TDAH.
A amizade é importante na vida das crianças, através da interação social
ela se desenvolve. Contudo, para a criança com TDAH essa relação muitas
vezes não é fácil.
“Problemas com os colegas também podem surgir conforme a criança passa de brincadeiras paralelas para brincadeiras mais interativas, em que as exigências situacionais de compartilhar, ouvir e ter um bom relacionamento são maiores.” (PHELAN, 2005, p.45)
Segundo PHELAN (2005), tudo é um grande problema para esta criança,
por ser extremamente competitiva, muitas vezes tenta modificar ou criar regras
que atendam a seu objetivo de vencer a todo custo. É muitas vezes mandão e em
certas ocasiões, fisicamente agressivo.
Estas crianças são notoriamente insensíveis a insinuações sociais, verbais e não-verbais, elas acabam não se dando conta do quanto parecem desagradáveis. Os adultos tentam aconselhar a criança a “se acalmar” nessas situações descobrem que as palavras são como jogar gasolina no fogo. É preciso tirar a criança da situação por um tempo para que ela se acalme. (PHELAN 2005, p.41)
Desta forma, os amigos e os pais dos amigos, tendem a não querer a
companhia desta criança. Assim, ela passa a sofrer com também com o
isolamento.
2.1.3- ESCOLA E A CRIANÇA COM TDAH.
A educação brasileira por muito tempo mostrou-se estagnada e por muitas
vezes, vimos que ela atendia somente uma camada da população. Com o passar
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do tempo esse sistema não igualitário não se manteve. Hoje percebemos que
cada aluno é diferente, cada um tem sua bagagem cultural e cada criança tem a
sua particularidade.
A criança com o Transtorno do Déficit de Atenção, por muitos anos, foi
um desafio para a escola. Pois, pensava-se que era “falta de limites” e quantos
mais se impunha, menos esta criança gostava do ambiente escolar. Este ciclo,
desfavorecia estas crianças, que lutavam contra algo que nem elas sabiam o que
era. Desta forma, suas chances de um bom futuro acadêmico também eram
diminuídas.
Por causa da sua dificuldade com regras e com o auto-controle, a criança
com TDAH é muitas vezes uma difícil força na sala de aula. Segundo PHELAN
(2005), ela vai sobressair sobre as demais, e todas as outras crianças estarão
conscientes de quem ela é e de quantos problemas ela causa. Muitas vezes ela
vai entrar num círculo vicioso com a professora, ela pinta o sete, a professora
tenta controla-la, ela resiste fazendo mais travessuras, a professora tenta exercer
maior controle, e assim por diante.
A falta de conhecimento sobre o assunto, por parte dos educadores, os
levam a cometer erros, que interferem diretamente na vida dos alunos. A escola
é responsável juntamente com o apoio da família pela boa educação de seus
educandos.
Conforme VIGOTYSKY (1989), toda aprendizagem da criança na escola
tem uma pré-história, que deve ser levada em consideração durante todo o
processo.
O sistema de avaliação na maioria das escolas ainda é por meio de provas
e notas.
“As notas de uma criança com TDAH são extremamente variáveis. Essa variação é em razão do professor e da sensibilidade a matéria. Também não é incomum, as notas variarem intensamente na mesma matéria ao longo dos quatro bimestres do ano escolar. Desta forma, já que o baixo desempenho é uma
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marca da criança com TDAH, suas notas geralmente não têm a ver com seu nível de habilidade.” PHELAN (2005, p.90)
Com isso, a avaliação a este aluno deve ser flexível e esta escola, não
poderá avaliar este aluno somente pelo sistema convencional. Cabe à família,
buscar profissionais da área de educação, que o orientem e orientem a escola no
sentido de buscar novas alternativas.
A National Education Association, citada por SMITH (2001, P.123),
afirma que para o bom desempenho da inclusão, esta deve ser acompanhada
pelos seguintes aspectos:
Uma faixa plena de colocações e serviços educacionais para os
estudantes (de modo que esses não sejam colocados
inapropriadamente por falta de alternativas viáveis).
Desenvolvimento profissional para a equipe.
Tempo adequado para que os professores planejem e colaborem
uns com os outros.
Turmas com tamanhos sensíveis as necessidades dos alunos.
Profissionais e auxílio técnico apropriados.
Segundo PETRY et al (1999), existem inúmeros procedimentos que a
escola pode adotar , a fim de minimizar as dificuldades de um aluno com esse
transtorno, assim que for estabelecido um diagnóstico de TDAH, que são:
reduzir, no mínimo os estímulos na sala de aula; manter portas e armários
fechados, que os alunos sentem-se longe de portas e janelas. Estas atitudes
simples, podem evitar que o aluno se disperse com outros estímulos.
O apoio de toda a escola a este professor que tem um aluno com TDAH
em sua s ala de aula, é muito importante. A escola deve oferecer apoio técnico-
teórico- metodológico. Além disso, todos os membros da escola devem ter
conhecimento básico, sobre o transtorno.
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2.2 - A CRIANÇA COM TDAH E OS OUTROS.
Assim como para as outras pessoas, a convivência com uma criança com
TDAH não é fácil, é difícil imaginar o quão difícil é para esta criança, ser
rejeitada em todos os lugares onde vá. Segundo GONÇALVES citado por
COSTA, a falta de controle emocional leva a criança a agir sem refletir e sem
avaliar as conseqüências dos seus atos, numa busca imediata de satisfação do
desejo sentido.
2.2.1- A CRIANÇA COM TDAH E A FAMÍLIA.
O apoio e a aprovação da família, é na vida da criança com TDAH, e na
vida de todas as crianças, primordial. É comum observarmos irmãos brigando
pela atenção dos pais, ou então durante uma conversa entre adultos, uma criança
fazer alguma travessura, somente para chamar a atenção. Quando esta criança
percebe que não consegue agradar tanto assim, os seus pais e que ela, ao invés
de agradar, está constantemente fazendo algo inaceitável, é certo que esta sinta-
se rejeitada.
Afirma, PHELAN (2005), que a criança com TDAH vai constantemente
desconcertar seus pais; eles nunca conseguem entender o que o motiva. Ela vai
muitas vezes tornar a ovelha negra da família, da mesma forma que se
transformou na ovelha negra de sua classe. Com freqüência será a fonte de
constantes distúrbios e vai produzir uma série aparentemente interminável de
barulhos. Esta criança é extremamente ciumenta em relação aos irmãos , já que
algumas vezes percebe de maneira acertada que eles são mais amados do que
ela.
Ainda segundo PHELAN (2005, p.39), “em casa a criança com TDAH
não se lembrará das regras ou de suas tarefas. Se solicitada a fazer mesmo as
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menores coisas, pode ter um acesso de birra. Normalmente ela é desleixada, seu
quarto é uma bagunça e não consegue chegar ao fim de nenhuma tarefa.” Pedir
a ela que faça várias coisas em seqüência, normalmente é uma causa perdida.
Assim, é importante lembrar que, neste contexto todos precisam ter um
cuidado especial. A família deve se empenhar, os amigos devem aprender a
compreender, a escola deve se informar, pois estamos lidando com uma criança.
Que é um ser único, que tem inúmeros sentimentos e que como todos os seres
somente quer ser aceita, somente quer às vezes acertar. Não devendo, portanto,
nunca esquecermos que ela é uma criança que deve se trabalhar suas
habilidades, para que desta forma, tenha um futuro mais feliz.
2.2.2- A CRIANÇA COM TDAH E OS AMIGOS
Ela também quer ter amigos e para ela tudo esta correndo bem. No
entanto, o amiguinho discordou dele, ou não quer mais brincar. Ela naturalmente
despede-se do colega com um chute na canela. Segundo PHELAN (2005), o
resultado de todas essas dificuldades sociais é que a criança hiperativa termina
isolada ou é muitas vezes forcada a brincar com crianças mais novas.
“a causa do isolamento é óbvia, mas porque as criança com TDAH têm de brincar com colegas mais novos? Há varias razões. Primeira o grau de maturidade da criança com TDAH é normalmente vários anos inferior a sua idade cronológica, portanto, ela se encaixa melhor nesse grupo. Segunda, ela tende a ser fisicamente maior que as crianças mais novas e, assim, elas a deixarão ser o líder. Isso agrada á criança com TDAH, já que ficará bem menos frustrada se as coisas forem feitas sempre do seu jeito. Esse arranjo também é bom para as crianças mais novas pois elas acham a criança portadora de TDAH , divertida e engraçada. Parece que ela sempre inventa algo interessante para fazer. Pode não ser algo permitido, mas, ao mesmo tempo, é seguro, porque, se forem pegas a criança mais velha é que normalmente levará a bronca. Com isso, se quer dizer que seja ruim para a criança hiperativa brincar com crianças mais novas. Isso é certamente preferível a não ter ninguém para brincar. Algumas dessas crianças com TDAH podem também se dar melhor com crianças mais velhas ou do sexo
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oposto. A prova de fogo das habilidades sociais da criança com TDAH é sua capacidade de se dar bem com crianças do mesmo sexo e da mesma idade. (PHELAN, 2005, p.41- 42)
2.2.3- A CRIANÇA COM TDAH E A ESCOLA.
Segundo SMITH (2001), a maior parte das crianças com o Transtorno não
precisa de educação especial. A menos que seus problemas sejam bastante
sérios, esses estudantes podem funcionar bem em salas de aula normais com
auxílio de professores atenciosos, boas técnicas de manejo em sala de aula e,
ocasionalmente, medicamentos. (...) é muito importante ensinar-lhes bons
hábitos de estudo e estratégias de memorização, tais como rimas e visualizações.
Diferentes dos outros estudantes, crianças com problemas de aprendizagem
quase nunca pensam em táticas como essas sozinhas.
Na maioria das vezes, a escola para esta criança é o maior desafio, pois, a
maioria das regras que a escola exige são as que a criança TDAH tem mais
dificuldade.
Na verdade, afirma PHELAN (2005), a maioria das crianças com TDAH ,
assim como as demais crianças, quer ir bem na escola e tem explosões de
felicidade quando consegue isso. No entanto, pelo fato de estarem batendo
cabeça continuas vezes contra um muro invisível de problemas de concentração
e motivação, essas crianças não são capazes de manter o esforço.
Para ela a dificuldade na escola, vem de todos os lados, professores
estressados ou mal informados, os funcionários em geral podem considerá-lo um
aluno bagunceiro, os colegas podem agredi-lo também, e mais, exige-se que ele
permaneça sentado por muitos minutos e até por horas. Com isso, muitas dessas
crianças, principalmente as de classes mais baixas financeiramente sofrem muito
no início de sua vida escolar. Além disso, algumas dessas crianças ainda
apresentam dificuldades de aprendizagem.
18
“As crianças com TDA realmente apresentam maior tendência a dificuldades de aprendizagem, além do próprio déficit de atenção. Na população geral, talvez 10% a 15% de todas as crianças tenham dificuldade de aprendizado. Na população de crianças com TDA, o número está mais próximo de 30% a 40%. Crianças com Déficit de Atenção, portanto, freqüentemente têm de lidar com duas desvantagens.” (PHELAN 2005, p.36)
3.A AUTO-ESTIMA NAS PESSOAS COM TDAH.
Como já vimos, a auto-estima é um dos aspectos mais afetados na vida da
criança com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Conforme
afirma SMITH (2001), os estudantes com TDAH apresentam riscos para
complicações da saúde mental, como ansiedade e depressão. Problemas de
conduta, baixa auto-estima e fraco desempenho escolar reduzem a chance de tais
alunos terminarem a escolarização.
Mais do que tratar a síndrome, profissionais, pais e educadores devem se unir
para tentar, por todos os meios preservar na criança - a sua auto-estima.
Devemos ajuda-los a acreditar em suas potencialidades. “Os alunos que não
acreditam que são capazes de ter sucesso raramente empenham o esforço
necessário para fazerem isso, tornando o mau desempenho contínuo algo
inevitável.” (SMITH 2001, P.38),
Com uma auto-estima sensível, a criança com TDAH é também
bombardeada por rótulos que lhes são colocados onde vá, na escola, no clube e
em casa. SMITH (2001), sugere que quanto mais rótulos negativos puder
substituir por rótulos neutros ou positivos, melhor será para a criança. Ou seja,
devemos lembrar que estas crianças podem não se interessar muito por história,
mas podem ser músicos talentosos, ou se tornarem vendedores ou empresários
de sucesso.
Segundo SMITH (2001, P.219), para protegermos sua auto-estima é essencial
manter o que pedimos delas em harmonia com o que são capazes de fazer.
19
“O feedback positivo também aumenta a auto-estima, porque as ajuda a
verem a si mesmas como capazes e responsáveis” (SMITH, 2001, P.246).
Devemos ter, no entanto, um cuidado especial para que sejamos sinceros e não
apenas elogiar e elogiar, mas interessar-se pelo que a criança faz.
E importante ressaltar, que nem sempre pais e educadores conseguem
sozinhos vencer esta batalha, pela conservação da auto-estima da criança com
TDAH. Além disso, muitas crianças podem apresentar outras síndromes
associadas, o que torna necessário a procura de um profissional especializado
que trabalhe de preferência em equipe.
3.1- O PROFESSOR
“Para refletirmos sobre o significado e sentido de ser professor, temos antes de refletir por um instante sobre estes dois termos: significado e sentido em si mesmo e , somente depois de termos feito isso, aplica-lo a condição do profissional do magistério atualmente. Significar alguém ou alguma coisa é assumir diante desta pessoa ou objeto uma atitude de não indiferença, atribuindo-lhe determinado valor para nossa existência. Quando assumimos, diante do que quer que seja, uma atitude de indiferença, isso significa que aquilo não tem para nós valor algum. Quando, ao contrário, significamos algo, esta significação poderá ser positiva ou negativa. Significar, portanto, é valorizar alguma coisa positiva ou negativamente.” “(...) os valores não existem objetivamente, os valores funcionam em nossas vidas não nos momentos em que falamos ou escrevemos sobre ele, mas nos momentos em que decidimos e agimos tomando-os por fundamento, como base de nossas ações.” (COSTA, CASCINO E SAVIANE, 2000, P.14)
Diante do significado e sentido de ser professor, verifica-se que o desgaste
da imagem do educador atual ocorre muito em função da indiferença e descaso
com que ele trata a si próprio. Se uma pessoa não consegue perceber e atribuir
valor a sua existência e ao que faz, quem está ao seu redor também agirá desta
forma. Por isso, é que muitos professores perderam a sua identidade ao longo do
tempo, justamente por tratar a sua profissão com indiferença, ou assumiram a
20
indiferença com que sempre foram tratados. É necessário que se resgate os
valores da educação.
“Os valores valem quando pesam na balança de nossas tomadas de decisão, quando eles fazem inclinar nossas atitudes ou nossa conduta numa direção, e não em outra. Os valores, ao fazerem nossas decisões e ações tomarem determinado rumo estão funcionando como a fonte do sentido de nossas opções, de nossas escolhas, de nossas decisões, de nossos atos e de nossas ações.” (COSTA, CASCINO E SAVIANE, 2000, P.14)
Para qual será o lado que o professor está inclinado? Qual o significado da
educação em vossa vida? É necessário que o professor entenda que trabalhar
com seres humanos vai muito além... O importante é buscar o equilíbrio.
Equilíbrio este, que é ameaçado sempre, afinal os seres humanos são
imprevisíveis e mais, são únicos.
“o ser humano é ser de relações: ele existe como pessoa, torna-se pessoa, à medida que se relaciona com sigo mesmo, com os outros, com a natureza e com a dimensão transcedente da vida. Somos cotidianamente, convocados para encontros, para a convivência humana. Identificar, incorporar e viver valores é o grande desafio para tornar nossas relações verdadeiramente humanas nos planos interpessoal e social. As práticas e vivencias no dia- a –dia das escolas e das comunidades são exercícios que colocam os educandos diante de si mesmo e do mundo, diante do desafio de valorizar a vida.(COSTA, CASCINO E SAVIANE, 2000, P.18)
A valorização da vida de cada educando, faz do trabalho educacional,
único. Uma criança com o Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade
pode apresentar-se como um desafio de difícil enfrentamento. Contudo, este é o
nosso papel: o de pensar em cada criança como única e como capaz de ser feliz,
cada uma dentro de suas possibilidades.
Devemos acreditar! Devemos estudar, pesquisar e experimentar. Fazer um
vínculo da teoria à prática.
Um dos problemas que mais fortemente emerge da análise da problemática da formação dos profissionais de educação é a questão da relação entre teoria e
21
prática. (...) Trata-se para muitos de uma das questões básica da formação do educador e, para alguns o ponto central de reflexão na busca de alternativas para a melhor formação destes profissionais. Convém salientar que, na questão da relação teoria-prática, se manifestam os problemas e contradições da sociedade em que vivemos que, como sociedade capitalista, privilegia a separação do trabalho intelectual, trabalho manual e consequentemente, a separação entre teoria e prática.” (CANDAU, LELIS, 1995, P.49)
Falar da relação que deve existir entre teoria e prática não é tão simples
conforme parece, pois como as próprias autoras mostraram, o sistema
econômico do país dificulta esse trabalho, visto que uma sociedade capitalista
preocupa-se mais com a produção final, do que com o processo.
Para compreender melhor esta relação CANDAU, LELIS (1995, p.50),
nos diz sobre o sentido de cada palavra e as diferentes conotações que pode
assumir, “ambos termos vem do grego. ‘teoria’ significa originalmente a viagem
de uma missão festiva aos lugares de sacrifício. Daí o sentido de teoria como
observar, contemplar, refletir.” Quanto à palavra prática “ deriva do grego
‘praxis’, ‘praxeos’ e tem o sentido de agir.”
Uma fala de reflexão e a outra de ação. Quando o educador consegue
relacionar e torna possível trabalhar com as duas ao mesmo tempo, ele acaba
entrando num círculo, em que não existe começo nem fim, pois quanto mais
conhecimentos adquirimos, mais relações faremos com o nosso dia-a-dia. O que
torna esta possibilidade remota em alguns momentos é justamente a dificuldade
em se analisar a prática de um ponto de vista teórico, pois isso implica mais
trabalho e dedicação.
Assim, fica evidente que a preocupação com a relação que deve haver
entre a teoria e a prática é necessário tornar esta relação possível.
O educador, precisa além de tudo, gerenciar a sua formação, pois diante
de um mundo que muda a cada instante, é necessária uma formação contínua.
22
PERRENOUD (2000) “Qual é a reação de um profissional que lê um
referencial que descreve o que supostamente ele deve fazer? É, sem dúvida,
realizar intutivamente, a título pessoal, um pequeno balanço.O primeiro impulso
é de sentir-se ameaçado, de criar complexos, ou de rejeitar. Pode-se também,
conceber usos menos defensivos, dizendo o leitor para si mesmo: eu não domino
todos esses aspectos, mas vou nessa direção.”
Após adquirir o conhecimento teórico, o educador deve seguir em frente,
não há necessidade de esperar que os outros digam o que fazer. Cabe a cada um
colocar a “mão na massa”, fazer a sua parte, acreditar. Sem esquecer que em
tudo isso, que o primordial é que se trabalhe em grupo, a troca de saberes é
muito importante. Buscar, compartilhar e aplicar...
3.1.1- CONTRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL PSICOPEDAGOGO PARA A
FAMÍLIA
Educar é sobretudo saber que “ensinar não é somente transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a
sua construção”(FREIRE, 1997, p.52). É propiciar uma educação que responda
às necessidades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do
educando. O professor, auxilia na construção sadia da criança o que interfere
diretamente na vida familiar. Além disso, manter a família como aliada do
trabalho pedagógico e preocupar-se com seu sucesso.
Segundo MONEREO (2000), a família é o primeiro contexto que acolhe a
criança após o seu nascimento. (...) portanto, a família desempenha uma função
básica e indispensável para o seu desenvolvimento e crescimento e transforma-
se em seu primeiro agente educativo e socializador.
23
Como primeiro agente educativo a família tem papel fundamental na vida
da criança. Mas, geralmente, é na escola que a criança apresenta os primeiros
sinais de um possível Transtorno.
O professor e a família devem estar sempre em contato e em constante
troca de informação. Muitos dados importantes sobre a criança são obtidos
através dessas conversas. O professor pode sobretudo, ser um parceiro da
família, orientando-a a buscar a ajuda de um profissional especializado.
3.1.2- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A CONVIVÊNCIA COM
OS AMIGOS- CONVIVÊNCIA SOCIAL.
É também na escola que as relações sociais se solidificam. Quando a
criança entra na escola, conhece pessoas diferentes das quais ela estava
acostumada, e agora, seu leque de amizades tende a aumentar.
Para SMITH (2001, P.191), a competência social também tem um
impacto sobre o nível de conforto com o qual um indivíduo funciona no mundo
real. A capacidade para formar e manter relacionamentos não apenas melhora a
qualidade de vida, mas também é uma pedra fundamental na construção da auto-
estima.
Com o passar do tempo criança adquire a maturidade e o professor pode
além de ser um exemplo, orientá-la em suas brincadeiras, ajudá-la a se
organizar e servir de mediador quando surgirem conflitos.
3.1.3- CONTRIBUIÇÕES DO PROFESSOR PARA A EDUCAÇÃO DA
CRIANÇA COM TDAH E A PRESERVAÇÃO DE SUA AUTO-ESTIMA.
O professor como educador de um ser único, com múltiplos saberes a
serem explorados. O professor como educador de inúmeros seres únicos, cada
24
um com competências a serem exploradas. É histórico que educar não é tarefa
fácil, pois, neste ato estão envolvidos muitos outros. Mas, também é
comprovado que o professor/ educador tem papel fundamental na vida de
qualquer criança. Sobretudo, na vida daquelas crianças que necessitam de um
pouco mais. A atenção do professor para com esta criança pode enfim,
transformar esta criança, pode faze-la acreditar em si e na educação.
Conforme HALLOWELL & RATEY citado por COSTA, não é tarefa do
professor diagnosticar, mas o professor pode e deve questionar. O professor
pode contribuir, e muito neste processo.
“Conheço casos de várias crianças com TDAH que passaram um ano
inteiro sem ir tão mal na escola. Quando isso ocorre, normalmente é em virtude
de um efeito muito positivo de interação com o professor.” (PHELAN, 2005,
p.36),
Atualmente sabe-se bem conforme afirma, SMITH (2001, P.122), “que a
educação e o apoio do professor são chaves para a inclusão bem sucedida dos
estudantes”.
A tarefa fundamental para os professores que se importam com estas
crianças é conforme SMITH (2001, P.38), “preparar o terreno para que elas
possam ter sucesso de forma regular”. O sucesso para a criança com TDAH e as
pequenas vitórias, pode significar muito na manutenção de sua auto-estima. O
educador deve estar atento aos acertos desta criança e também auxilia-la para
que ela também aprenda a reconhecê-los.
Segundo, O’BRIEN (1998), o professor que enfrenta o desafio de uma
criança com TDAH, pode modificar a sala de aula e suas lições para tornar o
ambiente mais feliz e mais tranqüilo para o professor, para o aluno e para as
outras crianças da turma. Aqui vão algumas sugestões da autora:
“1) HORA DA ARRUMAÇÃO:
25
Avisar com antecedência a criança com TDAH que haverá uma mudança de
atividade, colocando um relógio com alarme para ela saber quanto tempo tem
para a sua arrumação. O professor deve ser firme, mas reforçar positivamente as
transições, elogiando e premiando se ela conseguir se arrumar e se unir ao grupo
antes do alarme soar.
2) HORA DE GRUPO/ HISTORIA:
Deve-se permitir que a criança ajude de alguma maneira (segurando gravuras,
passando coisas) e elogiar e premiar quando ela permanecer junto com o grupo
durante o tempo todo (ou mais tempo do que da última vez). Isto é
extremamente difícil, especialmente para crianças com TDAH muito pequenas.
3) HORA DO LANCHE:
Deve-se ensinar a criança a ficar no seu lugar até que tenha acabado de comer.
Coloque o alarme para ela saber quanto tempo tem para comer. Avise e retire
sua comida se ela sair do lugar. Mostre compreensão para com seu
aborrecimento, mas não devolva a comida. Premiar generosamente quando ela
finalmente conseguir ficar sentada até terminar a refeição.
Observação: Isto pode não funcionar com todas as crianças, principalmente, com
aquelas que não tem fome no horário do lanche devido a medicação. Se a falta
de apetite for um problema, talvez seja necessário permitir um horário
alternativo para o lanche.
4) HORA DO DESCANÇO:
Deve-se seguir mesma rotina a cada vez. Designar um local para o descanso e
colocar a criança no mesmo lugar. Elogia-la por ficar no seu “cantinho” e
permanecer quieta até a hora do descanso terminar. Muito importante: retirar o
maior número de elementos que distraiam.
26
5) MANTER A CLASSE PEQUENA PARA EVITAR EXCESSO DE
ESTIMULAÇÃO:
Se possível, utilizar ajudantes ou outros professores para manter um número não
muito grande de alunos por professor. Demonstrar amor, paciência e aceitação,
pois criança com TDAH, necessita da sua ajuda para focalizar e funcionar.
6) ESTRUTURAR:
Deve-se seguir a mesma rotina dentro da sala de aula, não oferecer mais que
duas atividades ao mesmo tempo e elogiar as que foram completadas.
É importante ensinar as outras crianças que somos todos diferentes, e que todos
devem se ajudar. Com as crianças mais velhas da educação infantil, dramatizar
situações em que uma criança precisa de compreensão, gentileza e ajuda
amorosa. Aplicar os conceitos em situações reais da sala de aula. No trato com
todas as crianças, utilizar e exigir gentileza.”
O aluno com TDAH pode ser criativo, inteligente, talentoso e desejar
agradar os adultos que o rodeia. Ele está habituado a fracassar e a ser
incompreendido pelos outros. Esta criança necessita de aceitação, amor e de
compreensão. Se for encorajada e receber oportunidades, essa criança tem um
grande potencial para o sucesso. É preciso que acreditemos nela e que a
ajudemos a lidar com o seu transtorno.
RIEF (1993), também contribui dando-nos algumas dicas para melhorar o
relacionamento com as crianças com TDAH:
1) Flexibilidade, comprometimento e vontade do professor em trabalhar com o
aluno num nível pessoal: isso significa disponibilizar tempo, energia e esforço
extra para realmente escutar os alunos, dar apoio e fazer mudanças e
acomodações necessárias.
27
2) Treinamento e conhecimento sobre o TDAH: é essencial que os professores
estejam conscientes que o problema é fisiológico e biológico por natureza.
3) Comunicação Constante entre casa e escola: é muito importante estabelece3r
um bom relacionamento de trabalho com os pais.
4) Proporcionar clareza e estrutura para os alunos: alunos com problemas de
atenção precisam de uma sala de aula estruturada.
A estruturação que os alunos com TDAH necessitam vem através da
comunicação clara, de expectativas, regras e conseqüências bem explicitadas de
acompanhamento.
5) Estratégias de ensino criativas, atraentes e interativas: mantêm os alunos
envolvidos.
6) Respeitar a privacidade do aluno e os aspectos confidenciais: notas e
assuntos relacionados a medicações, não devem ser divulgados.
7) Modificar tarefas reduzindo o trabalho escrito: aquilo que uma criança
comum leva vinte minutos para fazer, este aluno pode levar horas. É importante
aceitar maneiras alternativas de mostrar o conhecimento.
8) Limitar a quantidade de tarefas para casa.
9) Sensibilidade do professor em não constranger ou humilhar o alunos na
frente de seus colegas: alunos com TDAH tem baixa auto-estima e normalmente
se consideram fracassados. Preservar a auto-estima ajuda essas crianças a serem
bem sucedidas na vida. (grifo meu)
28
10) Acreditar no aluno: não se deve desistir quando o plano A, B e C não
funcionam. Sempre vão existir os planos D, E, F...
3.1- CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL PISCOPEDAGOGO
O trabalho em equipe é fundamental já que cada profissional atuará da
melhor forma possível em sua área especifica. Além disso, para que o
profissional atenda com eficiência a criança com TDAH é necessário muita
pesquisa e buscas em literaturas atuais, já que estão surgindo inúmeras pesquisas
destinadas a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, uma vez que ainda
não existe cura para este Transtorno.
3.1.1- CONTRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL PSICOPEDAGOGO PARA A
FAMÍLIA
Segundo MONEREO (2000, p. 95), a família é o primeiro contexto que
acolhe a criança após o seu nascimento. (...) portanto, a família desempenha uma
função básica e indispensável para o seu desenvolvimento e crescimento e
transforma-se em seu primeiro agente educativo e socializador.
Como primeiro agente educativo a família tem papel fundamental na vida
da criança. Mas, geralmente, é na escola que a criança apresenta os primeiros
sinais de um possível Transtorno.
O psicopedagogo deve trabalhar para que a relação professor- família seja
de constante troca de informações. Muitos dados importantes sobre a criança são
obtidos através dessas conversas. O psicopedagogo e o professor podem
sobretudo, serem parceiros da família, orientando-a sobre melhores formas de
manejo com esta criança.
29
3.1.2- CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO PARA A CONVIVÊNCIA
COM OS AMIGOS- CONVIVÊNCIA SOCIAL.
É também na escola que as relações sociais se solidificam. Quando a
criança entra na escola, conhece pessoas diferentes das quais ela estava
acostumada, agora, seu leque de amizades tende a aumentar.
Para SMITH (2001, P.191), a competência social também tem um
impacto sobre o nível de conforto com o qual um indivíduo funciona no mundo
real. A capacidade para formar e manter relacionamentos não apenas melhora a
qualidade de vida, mas também é uma pedra fundamental na construção da auto-
estima.
Com o passar do tempo criança adquire a maturidade e o psicopedagogo,
irá orientá-la em suas brincadeiras, ajudá-la a se organizar e servir de mediador
quando surgirem conflitos. Desta forma, a criança passará através de um
trabalho contínuo e orientado a compreender melhor as regras e a lidar consigo.
Quando ela aprender a controlar seus próprios impulsos, ela passará a viver
melhor com as outras pessoas.
3.1.3- CONTRIBUIÇÕES DO PSICOPEDAGOGO PARA A EDUCAÇÃO DA
CRIANÇA COM TDAH.
Educar é sobretudo saber que “ensinar não é somente transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a
sua construção”(FREIRE, 1997, p.52). O psicopedagogo trabalhará diretamente
com a melhoria desta educação e orientará para que esta, responda às
necessidades individuais, sociais, intelectuais, técnicas e morais da vida do
educando. Para que os dias da criança com TDAH em sala de aula não sejam de
pesadelos mas, a de novas possibilidades de construção.
30
O psicopedagogo trabalhará juntamente com o professor pois ele é a peça-
chave do processo.
O professor como educador de um ser único, com múltiplos saberes a
serem explorados. O professor como educador de inúmeros seres únicos, cada
um com competências a serem exploradas. É histórico que educar não é tarefa
fácil, pois, neste ato estão envolvidos muitos outros. Mas, também é
comprovado que o professor/ educador tem papel fundamental na vida de
qualquer criança. Sobretudo, na vida daquelas crianças que necessitam de um
pouco mais. A atenção do professor para com esta criança pode enfim,
transformar esta criança, pode faze-la acreditar na educação.
Contudo, conforme HALLOWELL & RATEY citado por COSTA, não é
tarefa do professor diagnosticar, mas o professor pode e deve questionar. O
profesor pode contribuir, e muito neste processo. Na maioria dos casos, quem
realmente nota que algo não vai bem com aquela criança, é o professor.
“Conheço casos de várias crianças com TDAH que passaram um ano
inteiro sem ir tão mal na escola. Quando isso ocorre, normalmente é em virtude
de um efeito muito positivo de interação com o professor.” (PHELAN, 2005,
p.36). O psicopedagogo, tem como ênfase, a criança, seu processo de
aprendizagem, contudo, ele deve estar sempre atento na relação do professor
com o aluno. Atualmente sabe-se bem conforme afirma, SMITH (2001, P.122),
“que a educação e o apoio do professor são chaves para a inclusão bem sucedida
dos estudantes”.
A tarefa fundamental para o psicopedagogo é conforme SMITH (2001,
P.38), “preparar o terreno para que elas possam ter sucesso de forma regular”. O
sucesso para a criança com TDAH e as pequenas vitórias, pode significar muito.
O psicopedagogo deve estar atento aos acertos desta criança e também auxilia-la
para que ela também aprenda a reconhece-los.
31
Conclusão
O tema proposto para este estudo é abrangente e certamente o trabalho
apresenta lacunas e limitações que merecerão estudos futuros e maiores
aprofundamentos. Contudo, pudemos lançar um olhar sobre esta criança que
muitas vezes é rotulada injustamente, e que sofre em demasia por não saber
controlar-se.
Durante o texto, por muitas, vezes usamos a palavra “rótulo” para designar
um pré-conceito dos professores, pais e amigos, para (des)qualificar esta criança.
Talvez, por muitos anos, estas, serviram de embalagens para que as pessoas
simplesmente, sem um conhecimento prévio, chegassem e colocassem os rótulos.
Atualmente, vivemos entre, um grande desenvolvimento das ciências e a
consciente desinformação, para isto, é necessário que haja grande engajamento por
parte dos educadores em busca do conhecer. Conhecer o desenvolvimento do ser
humano e suas múltiplas facetas, fazer a junção do teórico ao prático, não é fácil,
mas é possível. Afinal, devemos ser responsáveis no ato de educar.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é um Transtorno sério
e deve ser diagnosticado por profissionais especializados. Pois estes, além de
diagnosticar, poderão trabalhar juntamente com a família e os professores.
Após, observarmos um pouco sobre cada aspecto da vida da criança,
pudemos notar que a escola permeia todos eles. A escola não é somente uma
passagem pela vida, ela faz parte da vida. Portanto, os educadores são os grandes
incentivadores do crescimento desta criança.
Em nossa vida a auto-estima funciona com um motor, ela nos faz seguir em
frente, seguros de nossa potência. Mas, para que qualquer motor funcione são
necessários, a gasolina, as inúmeras peças e a fagulha que o liga. O professor,
como grande influenciador na vida das crianças com TDAH, age como estas
32
analogias, ele pode ora ser a gasolina, ora ser alguma peça que esteja faltando, ou
ser a fagulha que também liga o motor e incentivando-os a seguir em frente.
Como educadora, reconheço que não é fácil, afinal, nossa situação é frágil.
Trabalhamos mais de um período, fazemos cursos de especialização e temos
família. É certo, que não vale ficar parado reclamando e sinceramente, acho que
esta época de lamúrias por parte dos educadores, esta passando. Nós, professores,
estamos a cada dia mais empenhados em nossa profissão, porque o que colhemos
com o nosso esforço, é a certeza de um futuro melhor.
Temos consciência de toda a dificuldade, mas, ela não nos impede de
educar. Somente quem tem esta oportunidade, entenderá o que exponho neste
momento de encerramento. Principalmente, quem ao longo de sua carreira,
encontrou uma criança que necessite um pouco mais de seu olhar atencioso.
E se ao encontrar esta criança o professor/educador soube compreender suas
particularidades, soube valorizar suas habilidades e soube buscar novos métodos
para trabalhar com esta criança. Com certeza, este educador influenciou
positivamente na auto-estima, na auto-confiança, na vida desta criança.
A Universidade de Federal de Lavras, com o curso de Pós-graduação
Especialização em Educação, proporcionou-me inúmeras reflexões em todo o
período de aula e estudos. Os professores, engajados com o ideal de uma educação
de qualidade, cada um ao seu modo, instigavam-nos a melhorar a nossa prática. Os
colegas de várias áreas, todos envolvidos com a educação. Alguns ficaram tão
encantados que uniram-se a nós, para poder reforçar o grande time daqueles que
acreditam que ser educador é maravilhoso.
Concluir, neste momento, é o que eu não farei. Pois, o meu esforço para
reunir este material, foi com o intuito de que os educadores que por ventura leiam
este trabalho, façam algo por seus alunos com TDAH, eles merecem. Por isso,
passarei a “bola” para vocês, não deixem-na cair, joguem-na cada vez mais para o
alto...
33
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