Post on 05-Dec-2014
PABLO SANTOS SILVA
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO KARATÊ NA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
FACULDADE ADVENTISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA UNASP – CAMPUS III
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Hortolândia – SP
2004
PABLO SANTOS SILVA
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO KARATÊ NA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Monografia apresentada ao Curso de EducaçãoFísica da Faculdade Adventista do IASP, comorequisito parcial para a obtenção do título deLicenciatura Plena em Educação Física. Orientador: Prof. Ms. Hermes Ferreira Balbino
Hortolândia – SP 2004
iii
PABLO SANTOS SILVA
____________________________
Prof. Ms. Hermes Ferreira Balbino
____________________________
Prof.ª Ms. Helena Brandão Viana
____________________________
Prof. Ms. Charles Ricardo
Hortolândia – SP 2004
iv
v
Dedicatória:
A minha mãe,
Sonha Marette Santos, de quem me orgulho de ser filho e ao meu pai Gilvan
Pereira da Silva (in memorian).
vi
vii
Agradecimentos: Ao meu orientador, Prof. Ms. Hermes Ferreira Balbino, pela acolhida, pelo incentivo, paciência e por seus ensinamentos. Ao mestre de Full Contact, Fernando Marques Faustino, por ter me induzido a iniciar meus estudos nas artes marciais. Ao sensei de Karatê-dô, Alcides Campos, pelas sugestões e pela possibilidade de vivenciar artes marciais. A todos da, Associação Shihan de karatê, por todos os bons momentos de treino e por compartilharem seus conhecimentos comigo. A amiga, Cilena Baroni, por se disponibilizar e colaborar com o trabalho autorizando suas fotos para publicação. Ao amigo, Cleber Dib, pelo incentivo e ajuda nos momentos difíceis ao decorrer do curso de graduação.
viii
ix
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Estilos e seus Fundadores......................................................... 14
QUADRO 2 - Katas e seus Significados.......................................................... 49
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Postura Zenkutsu-dachi e Defesa Gedan Barai........................... 41
FIGURA 2 - Postura Kiba-dachi...................................................................... 42
FIGURA 3 - Postura Kokutsu-dachi e Defesa Shuto-uke................................ 42
FIGURA 4 - Defesa Jodan Age-uke................................................................. 43
FIGURA 5 - Defesa Soto-uke e Uchi-uke........................................................ 44
FIGURA 6 - Gyaku-zuki.................................................................................. 45
FIGURA 7 - Mae-geri...................................................................................... 45
FIGURA 8 - Mawashi-geri............................................................................... 46
x
xi
RESUMO
As lutas são sugeridas pelos PCN's como parte da grade curricular da
disciplina de Educação Física, no entanto raramente chegam a ser incluídas no
planejamento escolar do professor, os motivos são diversos, indo desde o
preconceito ocasionado por estereótipos até falta de conhecimento sobre a
elaboração de uma aula de luta no contexto escolar. Preocupado com tal fato,
objetivei demonstrar com este trabalho, através de pesquisa bibliográfica, como a
modalidade karatê-dô pode estar sendo aplicada na Educação Física escolar, pelo
fato do mesmo constituir um meio formativo e favorável ao desenvolvimento de
um ser humano crítico, e uma significativa base motora, devido à diversificação
de movimentos que é exigida em sua prática. Inicialmente, abordo o histórico
para que se possa compreender o contexto socio-cultural dessa arte marcial, sua
evolução e importância dentro da sociedade. Procuro ainda fazer levantamentos
referentes aos aspectos motores, componentes fisiológicos, psicológicos,
filosóficos e morais. Finalizando, trago questões referentes à proposta
pedagógica, e sugestões de atividades.
xii
xiii
SUMÁRIO
PÁGINAS PRELIMINARES....................................................................... viiLISTA DE QUADROS.................................................................................. ixLISTA DE FIGURAS.................................................................................... ixRESUMO........................................................................................................ xi INTRODUÇÃO.............................................................................................. 01 1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO KARATÊ............................................. 03 1.1 ORIGEM DO OKINAWA-TÊ.............................................................. 03 1.2 A CONTRIBUIÇÃO DE FUNAKOSHI............................................... 07 1.3 UMA NOVA ARTE MARCIAL JAPONESA...................................... 08 1.4 ASCENSÃO E DECLÍNIO................................................................... 12 1.5 ORIGEM DOS ESTILOS...................................................................... 14 1.6 FEDERAÇÕES: SOLUÇÕES OU PROBLEMAS?............................. 15 1.7 KARATÊ NO BRASIL......................................................................... 15 2. ASPECTOS BIO-PSÍQUICO-SOCIAIS................................................. 16 2.1 CAPACIDADES BIOMOTORAS........................................................ 16 2.2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS.............................................................. 23 2.3 ASPECTOS FILOSÓFICOS................................................................. 26 2.3.1 Dojo Kun............................................................................................ 29 2.3.2 Niju Kun............................................................................................ 29 3. PROPOSTAS PEDAGÓGICAS............................................................... 31 3.1 PEDAGOGIA E O KARATÊ................................................................ 31 3.2 DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES......................................................... 37 3.2.1 Fase I.................................................................................................. 37 3.2.2 Fase II................................................................................................. 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 52REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA............................................................. 55BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.............................................................. 58
1
INTRODUÇÃO
No início das artes marciais podemos notar que a mesma era utilizada por
diversas classes, desde o pacífico monge a guerreiros que duelavam em
combates mortais, quando analisamos os diversos praticantes deste conjunto de
técnicas, fica evidente que todos eles tinham um aspecto moral, filosófico e
habilidades corporais, acima da média. Obviamente, isto ocorria devido ao fato
de estarem calcados pelos princípios e objetivos que as artes marciais trazem
consigo.
Se para o praticante de artes marciais, ter harmonia e bons resultados com
sua prática, é necessário que este leve em consideração todos os seus aspectos, o
que ocorre quando o praticante ignora algum destes?
Observando a própria história da humanidade fica evidente ainda que o
objetivo mais básico das artes marciais era atingir um elevado nível de
habilidade motora e controle emocional tal, que fosse possível vencer um
adversário em combate homem a homem da melhor forma possível. Com o
advento das tecnologias bélicas, o confronto homem a homem, caiu praticamente
em desuso, sendo assim qual seria o objetivo das artes marciais na nossa
sociedade atual? Estariam as artes marciais sem utilidade alguma perante nossa
sociedade?
Baseado nos aspectos filosóficos e físicos proporcionados pela prática das
artes marciais e sua cultura oriental, pode-se reverter o tão freqüente quadro de
baixa auto-estima, de falta de concentração e dos preconceitos em relação a si
mesmo incutidos pela nossa cultura.
Como praticante de artes marciais, tais como karatê-dô e full contact, há
cerca de onze anos, pude observar a forte influência das artes marciais aos seus
praticantes. Pessoas extremamente agressivas começam a compreender limites e
2
passam a extravasar sua energia de modo construtivo, para os passivos as lutas
atuam como um apelo a competição e ao desejo de se firmar.
A área de atuação de trabalho da Educação Física expandiu-se
consideravelmente durantes os últimos anos, de forma madura, porém no meio
escolar ainda existem muitos pontos que não estão totalmente definidos, situação
que talvez tenha sido ocasionada devido ao campo relativamente amplo de
conhecimento que a Educação Física aborda. O fato é que muitos conteúdos são
negligenciados nas aulas. Um deles diz respeito as lutas, que é sugerido nos
PCN's.
Devido ao caráter estereotipado que as lutas recebem na cultura ocidental
e a falta de conhecimento sobre o assunto por parte de muitos professores que
acabam assim eliminando por completo da grade de ensino o tema referente a
luta.
No decorrer do estudo, farei um levantamento histórico, filosófico e sócio-
cultural do karatê desde o seu início até os dias atuais, em seguida uma relação
das características físicas, éticas e morais que a prática dessa arte marcial pode
trazer para o aluno, sendo justificado o motivo do seu ensino dentro da escola,
para finalizar o trabalho uma contribuição pedagógica a aprendizagem do karatê
englobando termos técnicos de forma a não desvirtuar os jargões
tradicionalmente usados e buscando meios para que tais jargões possam ser mais
bem compreendidos dentro do meio acadêmico, além de propostas de atividades
que favoreçam e respeitem a individualidade de cada aluno.
O estudo será realizado por meio de pesquisa bibliográfica, buscando a
análise e crítica de textos. Segundo Cervo (2002), a pesquisa bibliográfica
procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em
documentos, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas do passado sobre um determinado assunto, tema ou problema.
3
1 – HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO KARATÊ-DÔ
Faz-se necessário uma abordagem sobre o contexto histórico, filosófico e
sócio-cultural do karatê e do país em que o mesmo surgiu, para que dessa forma
fique mais nítida a função do karatê na sociedade atual. Pouco se sabe sobre a
verdadeira origem do karatê, basicamente podemos dividir sua história em dois
períodos, antes e após Gichin Funakoshi, que devido aos seus esforços em
divulgar essa arte para o mundo e torná-la acessível a todos, sua história acaba se
confundindo com a própria história do karatê, por isso a ele é creditado o título
de “pai do karatê moderno”. Os relatos do período anterior a Funakoshi possuem
fatos controversos e são repletos de folclores, mistérios e estilo reservado, típico
da cultura oriental.
Cleary (1991), narra que durante um dos recentes atritos comerciais entre
Estados Unidos e Japão, um crítico proeminente queixou-se a um membro do
Congresso da atitude do Japão nas relações internacionais. Argumentou o crítico
que, embora o Japão alegue ser mal compreendido, não procura se fazer
entender. O congressista sorriu ironicamente.“Isso é o Japão”, disse.
1.1 – ORIGEM DO OKINAWA-TÊ
Apesar de serem apresentadas diversas versões, existe um consenso no que
diz respeito ao local de origem, Okinawa, que de acordo com Sato (2004) é a
maior das ilhas de um arquipélago situado ao sul do Japão: as Ilhas Ryukyu. Esta
região, que atualmente forma a província de Okinawa, constituía um reino
independente até o final do século XIX, quando foi anexada ao império japonês.
A forma como era chamada inicialmente, tê (mãos) de Okinawa. E no tocante a
influência chinesa na criação do estilo. Segundo Nakayama (1977), por causa do
4
comércio e de outras relações entre Okinawa e a Dinastia Ming da China, é
provável que ele tenha sido influenciado por técnicas chinesas de luta, mas não
há registros escritos fornecendo uma idéia clara do desenvolvimento do tê.
“Por não haver praticamente nenhum material escrito sobre a história do início do karatê, não saberemos quem inventou e desenvolveu, e nem mesmo onde teve origem e evoluiu. Sua história inicial pode apenas ser deduzida a partir de lendas antigas que nos foram transmitidas oralmente, e elas, como a maioria das lendas, tendem a ser criações imaginárias e provavelmente incorretas”.(Funakoshi, 1975).
Encontram-se relatos apontando que o karatê e as demais artes marciais
atuais têm suas raízes mais remotas nos séculos V e VI antes de Cristo, quando
se encontram os primeiros indícios de lutas na Índia. Esta luta era chamada
Vajramushti, cuja tradução aproximada poderia ser “aquele cujo punho cerrado é
inflexível”. Vajramushti foi o estilo de luta do Kshatriya, uma casta de guerreiros
da Índia.
Estudos apontam que, em 520 a.C., o monge budista Bodhidharma
(também conhecido como “Tamo” em chinês ou “Daruma Taishi” em japonês),
viajou da Índia para a China, objetivando ensinar o budismo no templo shaolin.
O relato continua dizendo que quando ele chegou encontrou os monges do
templo numa condição de saúde tão precária, devido as longas horas que eles
passavam imóveis durante a meditação, que ele imediatamente se preocupou em
melhorar a saúde deles. (K.S.B, 2004).
5
“... Os seguidores de Daruma, eram fisicamente despreparados para os rigores do treinamento que ele exigia; assim, depois de muitos caírem de exaustão, ele lhes ordenava que começassem, já na manhã seguinte, a treinar seus corpos... Seu método de treinamento era uma forma de boxe. Por menos que se aceitem as lendas como fato histórico, penso que quase não há dúvida de que o boxe chinês (Kempo), realmente cruzou o mar, da província de Fukien, no sul da China, em direção de Okinawa, para formar a base do que hoje conhecemos como karatê”.(Funakoshi, 1975).
Segundo Moreira (2003), o templo shaolin ficava na floresta e os monges
precisavam defender-se também dos animais e de alguns bandidos. Assim sendo,
criaram técnicas de autodefesa baseadas no próprio movimento dos animais e nas
forças da natureza, que inicialmente eram utilizadas como exercícios físicos.
Em adição, estes inúmeros exercícios criados pelos seus ancestrais e por
eles, já que muitos antes de se ingressarem ao templo eram mestres em arte
marcial, acabaram dando origem ao shaolin kung fu.
O templo de shaolin, devido a posição geográfica e as condições
atmosféricas, acabava servindo de abrigo para muitos forasteiros, viajantes,
rebeldes e soldados desertores fugitivos que protegidos pelos muros, acabavam
se dedicando ao budismo e ao kung fu.
Havia dois templos, um na província de Honan e outro em Fukien. Entre
840 e 846 a.C., estes foram saqueados e queimados, sob supervisão do Governo
Imperial Chinês que, na época, tentava resgatar os “bandidos fugitivos” e com
isso começou a perseguir os monges budistas.
Os templos foram destruídos por completo durante a dinastia Ming de
1368 a 1644 a.C., sendo que apenas cinco monges conseguiram escapar do
massacre do exército Manchu, os quais ficaram conhecidos como “os cinco
ancestrais”. Estes deram origem aos cinco estilos básicos de kung fu: tigre,
dragão, leopardo, serpente e grou. Mais tarde emigraram para Okinawa,
desenvolvendo novos sistemas conhecidos como “tê”, que significa “mão”.
6
Segundo Nakayama (1977), Okinawa foi unificada sob o reinado do rei
Shohashi de Chuzan em 1429 e, posteriormente, durante o reinado do rei
Shoshin, foi publicado um decreto proibindo a prática das artes marciais. Sabe-se
que uma ordem proibindo armas foi promulgada pelo clã Satsuma de
Kagoshima, depois de ele ter adquirido o controle de Okinawa em 1609. O tê
tornou-se então um recurso último de autodefesa, mas como o clã Satsuma
também reprimia severamente essa prática, ela só podia ser praticada em
absoluto sigilo.
Havia três principais núcleos de tê em Okinawa. Estes núcleos eram as
cidades de Shuri, Naha e Tomari. Conseqüentemente os três estilos básicos
tornaram-se conhecidos como Shuri-Tê, Naha-Tê e Tomari-Tê. O primeiro deles,
Shuri-Tê, veio a ser ensinado por Sakugawa (1733-1815), que ensinou Sokon
“Bushi” Matsumura (1796-1893), e que por sua vez ensinou Anko Itosu (1813-
1915). Foi Itosu o responsável pela introdução da arte nas escolas públicas de
Okinawa. Shuri-Tê foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente
vieram a se chamar shotokan, shito ryu e isshin ryu. Naha-Tê tornou-se popular
devido aos esforços de Kanryo Higaonna (1853-1916). O principal professor de
Higaonna foi Seisho Arakaki (1840-1920) e seu mais famoso aluno foi Chojun
Miyagi (1888-1953). Miyagi também foi à China para estudar. Ele mais tarde
desenvolveu o estilo conhecido hoje por goju ryu. Tomari-Tê foi desenvolvido
juntamente por Kosaku Matsumora (1829-1898) e Kosaku Oyadomari (1831-
1905). Matsumora ensinou Chokki Motobu (1871-1944) e Oyadomari ensinou
Chotoku Kyan (1870-1945) - dois dos mais famosos professores da época. Até
então Tomari-Tê era largamente ensinado e influenciou tanto Shuri-Tê como
Naha-Tê. Porém, o sistema de luta desenvolvido em Okinawa era conhecido,
além das fronteiras, como Okinawa-tê (a mão de Okinawa).
7
1.2 - A CONTRIBUIÇÃO DE FUNAKOSHI
De fato o karatê começa a ganhar popularidade no oriente por volta de
1900, período em que surge Gichin Funakoshi propondo diversas alterações nos
métodos de treinamento e nos nomes utilizados, o seu trabalho fundamental foi o
de introduzir as alterações necessárias à transformação de uma arte de guerra,
numa atividade formativa, física e espiritualmente, ao serviço do homem
(A.N.K.S, 2004). Toda sua trajetória tem início a partir de uma exibição da arte
numa escola primária na qual Funakoshi era professor.
“No começo deste século (em 1902), durante a visita de Hintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, a escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de karatê. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de karatê passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o karatê só era praticado atrás de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo”.(K.S.B, 2004).
Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de karatê, que eram
a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o karatê, com a ajuda de
Itosu, até o sistema de escolas públicas. Logo, crianças na escola estavam
aprendendo kata como parte das aulas de Educação Física. A redescoberta da
herança étnica em Okinawa era moda, então as aulas de karatê em Okinawa eram
vistas como uma coisa legal.(K.S.B, 2004).
Acredito que tal popularização, não somente do karatê, mas de todos os
outros estilos de luta, tiveram certas interpretações e atuações desastrosas e
lamentáveis, como exemplo, podemos citar professores de artes marciais que não
são qualificados para ministrar aulas por não terem conhecimento pedagógico e
filosófico necessários para o ensino, o que acaba resultando em alunos
8
agressivos e que procuram resolver todas as situações por meio da força física. O
estilo de vida da sociedade ocidental leia-se capitalismo, também acaba
desvirtuando os objetivos do estudo das artes marciais, onde o ensino não é mais
feito como forma de repassar conhecimento, ao contrário e vendido apenas com
o intuito de se ganhar dinheiro, outro ponto que deve ser destacado é o intuito do
estudante ao se inscrever numa academia de artes marciais, acreditar que se pode
dominar alguma arte marcial apenas por ter treinado alguns meses ou anos, é no
mínimo absurdo, tão quanto acreditar que o objetivo das artes marciais é causar
tumultos. É provável que Funakoshi tenha previsto este problema de antemão,
digo isso baseado nos códigos de conduta que o mesmo cria, denominados dojo
kun (mandamentos para o dojo ou local de treino) e niju kun (Os vinte
mandamentos). De acordo com Funakoshi (1975), as grandes virtudes do karatê
são a prudência e a humildade.
“Da forma como vejo a sociedade, as pessoas transformam as artes em produtos comerciais. Elas pensam, inclusive, em si mesmas como mercadorias. [...] Particularmente nas artes marciais, existe muita teatralidade e vulgarização de caráter comercial. O resultado tem de ser, como disse alguém: As artes marciais amadoras são uma fonte de sérios danos”.(Cleary, 1991 apud Mushashi).
1.3 – UMA NOVA ARTE MARCIAL JAPONESA
Alguns anos após o decreto autorizando a prática do karatê, o Almirante
Rokuro Yashiro assistiu a uma demonstração de kata (movimentos pré-
determinados que simulam uma luta imaginária contra dois ou mais adversários,
onde um praticante pode treinar sozinho um padrão de movimentos com técnicas
de ataque e defesa). Essa demonstração foi feita por Funakoshi junto com uma
9
equipe composta por seus melhores alunos. Funakoshi sempre enfatizava o
desenvolvimento do caráter e autodisciplina nas suas narrações durante essas
demonstrações. Yashiro ficou tão impressionado que ordenou a seus homens que
iniciassem o aprendizado na arte. Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da
Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que
selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem karatê durante uma
semana. Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o karatê começou a ser
comentado em Tóquio. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as
histórias sobre o karatê consigo quando voltavam ao Japão. Pela primeira vez na
sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de
praias bonitas e o ar puro. Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em
viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de
karatê, liderada por Funakoshi, e ficou muito impressionado. Por causa disso, no
final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma demonstração
de karatê em Tóquio, numa Exibição Atlética Nacional.(K.S.B, 2004).
Após a demonstração de karatê, Funakoshi foi cercado por pedidos para
ficar no Japão ensinando karatê, uma das pessoas que pediu para que ele ficasse
foi Jigoro Kano, o fundador do Judô e presidente do Instituto Kodokan.
“Enquanto estudava o Jiu-Jitsu, não só achei muito interessante como também percebi ser a maneira mais efetiva para o treinar o corpo e a mente. Assim, me ocorreu expandi-lo para bem longe, o amplamente possível. Todavia, era preciso melhorar o velho Jiu-Jitsu (...) no sentido de torna-lo mais popular ou acessível, porque o velho estilo não foi desenvolvido ou previsto para a educação física, moral ou treino mental”. (Sugai apud Kano, 2000).
Assim como Kano fez alterações no Jiu-Jitsu para transforma-lo em Judô,
Funakoshi fez com o karatê, ele tinha muito medo de que o karatê se tornasse um
instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento
10
algumas aplicações mortais dos katas. Então, ele parou de fazer essas aplicações.
Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos.
Funakoshi teve sucesso ao remover do karatê técnicas de quebras de juntas, de
ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando
um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas
técnicas seriam legais.(K.S.B, 2004).
Kano tornou-se amigo íntimo de Funakoshi, e sem sua ajuda nunca teria
havido karatê no Japão. Kano o introduziu as pessoas certas, levou-o as festas
certas, caminhou com ele através dos círculos sociais da elite japonesa. Mais
tarde naquele ano, as classes mais altas dos japoneses se convenceram do valor
do treinamento do karatê. (K.S.B, 2004)
Apesar da ajuda dada por Kano, ainda haviam alterações a serem feitas
para aumentar a aceitação do tê pelos japoneses. Segundo Nakayma (1977), o tê
passou a ser conhecido como karatê-jutsu e, depois a partir de aproximadamente
1929, Gichin Funakoshi deu o passo revolucionário em defesa veemente de que
o nome fosse mudado para karatê-dô. Assim, o karatê foi transformado, tanto na
forma quanto no conteúdo, de técnicas de origem okinawana em uma nova arte
marcial japonesa.
O karatê foi introduzido no Japão na década de 1920 e sofreu algumas
modificações. O significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) kara
significava “Chinesa” e devido a que o Japão e a China haviam entrado em
guerra muitas vezes ao longo da história, os japoneses não iriam aceitar essa arte
no seu país. Nessa época, o karatê não tinha, até então, um método de ensino
formal e padrão, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular,
nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes
marciais japonesas como o kendô e o judô, por exemplo. Tudo isto exigiu
mudanças para que esta arte okinawana pudesse ser aceita pela sociedade e a
11
cultura japonesa. Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras
(“kun” e “un”) segundo o seu significado ou segundo a sua pronúncia. Existe
outro ideograma com a mesma pronúncia “kara” do karatê, mas com outro
significado que não “chinesa”. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya
ou Sunyata do sânscrito que significa “zero”, “vazio”, e é muito usado na
tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam
introduzir o karatê-Jutsu no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também
trocar a expressão “jutsu” (técnica ou arte) por “dô” que deriva da palavra
chinesa “tao” (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que
descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes
do zen-budismo: a “mente vazia” (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o
“caminho”, a “via” que devemos transitar para chegar a iluminação. O passo
seguinte foi a adoção do karatê-gui, um uniforme igual para todos, branco, e o
sistema de faixas e graduações de kyus (faixas coloridas, da branca até a
marrom) e dans (do 1o ao 10o grau para os faixas pretas) similar ao que era usado
no judô. (Rodrigues, 2004).
De acordo com Nakayama (1977), a mudança do nome não era a única
preocupação. Muitos termos tinham pronúncia chinesa ou okinawana apenas.
Funakoshi mudou-os também, possibilitando que os adeptos os entendessem
mais facilmente. O treinamento de métodos foi outra questão a qual ele
dispensou sua desvelada atenção. Enquanto antes existia somente o kata, ele
dividiu a prática em três tipos: fundamentos, kata e kumitê.
O autor continua dizendo que, os jovens estudantes se reuniam em volta de
Funakoshi e se dedicavam a prática do kumitê com grande entusiasmo. O kumitê
evoluiu do kumitê preordenado para o jiyu ippon kumitê prático e, finalmente,
para o jiyu kumitê, onde, por assim dizer, nem o agarramento é proibido. O kata
tinha se tornado extremamente aprimorado em Okinawa. Agora, a pesquisa do
12
kumitê tinha se desenvolvido consideravelmente, e podemos dizer que um novo
aspecto do karatê havia surgido. Podemos ir além e afirmar que o karatê
atualmente alcançou o ponto mais alto da perfeição.
1.4 - ASCENSÃO E DECLÍNIO
No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das
artes marciais, reconheceu oficialmente o karatê-dô como arte marcial. A
primeira idade de ouro do karatê, como tem sido chamada, ocorreu por volta de
1940, quando quase todas as importantes universidades do Japão tinham seus
clubes de karatê. Nos primeiros anos do pós-guerra, ele sofreu um declínio, mas
hoje, graças ao entusiasmo dos que defendem o karatê-dô, ele é praticado mais
amplamente do que nunca, difundindo-se para muitos outros países no mundo
inteiro, criando uma segunda idade de ouro.(Nakayama, 1977).
A necessidade de um treinamento nas artes militares estava em
crescimento. Jovens estavam se amontoando no dojo, vindos de todas as partes
do Japão. O karatê foi de carona nessa onda de militarismo e estava desfrutando
de uma aceitação acelerada como resultado. Finalmente o Japão cometeu um
grande erro. O bombardeio das forças navais americanas em Pearl Harbor a 7 de
Dezembro de 1941 foi algo além da conta. Numa tentativa de prevenir que as
embarcações americanas bloqueassem a importação japonesa de matéria-prima,
os japoneses tentaram remover a frota americana e varrer a influência Ocidental
do próprio Oceano Pacífico. O plano era bombardear os navios de guerra e os
porta-aviões que estavam no território do Hawai. Isto deixaria a força da
América no Pacífico tão fraca que a nação iria pedir a paz para prevenir a
invasão do Hawai e do Alasca. Infelizmente, o pequeno Japão não tinha os
13
recursos, força humana, ou a capacidade industrial dos Estados Unidos. Com
uma mão nas costas, os americanos destruíram completamente os japoneses na
Ásia e no Pacífico. A era dourada do karatê em Okinawa tinha acabado. Todas as
artes militares haviam sido banidas rapidamente pelas forças ocupantes
americanas. Depois que a guerra havia acabado, as artes militares haviam sido
completamente banidas. Entretanto, alguns dos alunos de Funakoshi tiveram
sucesso em convencer as autoridades que o karatê era um esporte inofensivo. As
autoridades americanas concederam então, a retomada da prática do karatê,
porque não tinham idéia realmente do que era o karatê. Também, alguns homens
estavam interessados em aprender as artes militares secretas do Japão, então as
proibições foram eliminadas completamente em 1948. Em Maio de 1949, os
alunos de Funakoshi movem-se para organizar todos os clubes de karatê
universitários e privados numa simples organização, e eles a chamaram de Nihon
Karatê Kyokai (Associação Japonesa de karatê). Eles nomearam Funakoshi seu
instrutor chefe. (K.S.B, 2004).
O Primeiro Campeonato de karatê-dô de Todo o Japão foi realizado em
outubro de 1957. Ele foi promovido pela Associação Japonesa de karatê e, no
mês seguinte, a Federação dos Estudantes de karatê de Todo o Japão promoveu
um campeonato diante de uma audiência de milhares de pessoas. Além de serem
eventos memoráveis, esses dois campeonatos despertaram um interesse maior
ainda pela arte em todo país. Hoje eles são realizados anualmente numa escala
cada vez maior. E num grande número de países, competições semelhantes estão
sendo realizadas. No topo de todos eles está o Campeonato Mundial de karatê-
dô. As competições e a disseminação do karatê no exterior são os progressos
mais significativos dos anos posteriores a guerra.(Nakayama, 1977).
14
Hoje, considerado esporte internacional, está dividido basicamente em
cinco estilos, shotokan, wado ryu, goju ryu, shito ryu e shorin ryu, tendo algo em
torno de 30 milhões de praticantes no mundo todo.
1.5 - ORIGEM DOS ESTILOS
No mundo os estilos de karatê mais praticados são:
Quadro 1: Estilos e seus Fundadores
Estilos Fundador Data OficialShotokan Gichin Funakoshi 1922
Wado Ryu Otsuka Hironori 1935 Goju Ryu Myagui Chojun 1935 Shito Ryu Mabuni Kenwa 1936
Shorin Ryu Choschin Chibana 1960 Fonte: Rodrigues, 2004.
As diferenças entre os estilos são baseadas nos locais de origem de cada
um. Da cidade comercial de Naha surgiu o Naha-Tê (mão do norte ou estilo do
norte), sistema de luta que dava ênfase a força, deu origem ao estilo goju ryu de
karatê. Da cidade portuária de Tomari surgiu o Tomari-Tê (mão do centro ou
estilo do centro). Sistema de luta que, na verdade, era uma fusão dos estilos de
Shuri e Naha. Da capital Shuri surgiu o Shuri-Tê (mão do sul ou estilo do sul),
sistema de luta que valorizava a velocidade. Shuri-Tê e Tomari-Tê deram origem
aos estilos shorin, shotokan, shito ryu e wado ryu.(Rodrigues, 2004).
15
1.6 - FEDERAÇÕES: SOLUÇÕES OU PROBLEMAS?
Atualmente o número de federações de karatê e gigantesco ficando
inviável nesse momento, citar todas. Somente no estado de São Paulo temos pelo
menos duas que englobam todos os estilos, são elas, F.P.K. (Federação Paulista
de karatê) e F.P.K.I. (Federação Paulista de karatê Interestilos) e no mínimo mais
uma para cada estilo de karatê. A quantidade elevada de federações representa
um problema para uma unificação do karatê, principalmente no que diz respeito
as regras, haja vista que cada federação e regida por regras diferentes, sendo esse
um dos principais motivos do karatê ainda não ter se tornado modalidade
Olímpica.
1.7 – KARATÊ NO BRASIL
O karatê chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses, em 18 de Junho
de 1908, quando o navio Kasaato-Maru aportava em Santos-SP. A colônia se
instalou primeiro no interior de São Paulo. Durante décadas, professores vindos
da terra-mãe ensinavam a “arte da mão vazia” aos jovens nipônicos e aos poucos
brasileiros que se interessavam. Só em 1956 o prof. Mitsusuke Harada organizou
a primeira academia na rua Quintino Bocaiúva, no centro da capital Paulista.
Seguindo o exemplo Akamine (1958), e outros mestres de karatê fundaram suas
academias: Juichi Sagara e Okuda em São Paulo, Yasutaka Tanaka e Sadamu
Uriu no Rio de Janeiro, Higashino em Brasília, Machida no Pará e Eisuku
Oishina na Bahia. Em 1960, o prof. Akamine fundou a associação brasileira de
karatê (SP) e a partir daí essa arte começou a crescer no país. (RODRIGUES,
2004).
16
2 – ASPECTOS BIO-PSÍQUICO-SOCIAIS
Neste capítulo irei abordar os aspectos bio-psíquico-sociais presentes no
karatê e a forma como devem ser abordados, para que dessa forma fique mais
nítida a importância de sua introdução no contexto escolar. Ressalto que se trata
de um estudo focalizado para o karatê numa visão pedagógica onde a
individualidade ou capacidade de assimilação de cada aluno deve ser respeitada.
2.1 – CAPACIDADES BIOMOTORAS
Este tópico do estudo, levanta questões referentes as capacidades motoras
numa perspectiva do karatê voltada a uma realidade escolar, englobando alunos
entre a infância e adolescência.
Segundo Moreira (2003), neste momento, a história nos mostra que uma
arte marcial é composta de várias valências físicas, habilidades motoras básicas
e, no passado, mesmo sem o entendimento do que era a inteligência interpessoal,
esta já poderia estar sendo trabalhada, e acredito que este conjunto se refletia nos
comandos das batalhas. Acredito nisto, pois, pelos relatos, havia um autocontrole
(inteligência intrapessoal), dos guerreiros, o que, com certeza, refletia no próprio
manejo com as espadas. Fazendo uma possível ligação com a inteligência
corporal cinestésica, de acordo com a teoria proposta por Gardner.
No treinamento, será mais interessante o aperfeiçoamento do atleta por
meio dos componentes fisiológicos, comumente conhecidos como capacidades
biomotoras, do que aperfeiçoar as habilidades.(BOMPA, 2002).
O autor continua dizendo que durante os anos iniciais do treinamento,
todas as capacidades biomotoras devem ser desenvolvidas para construir uma
17
base sólida para o treinamento especializado. Tais capacidades dizem respeito a
força, resistência, velocidade, coordenação, flexibilidade.
De acordo com Bompa (2002) a força é uma das capacidades biomotoras
mais importantes e seu papel no treinamento de um atleta é, com freqüência,
fundamental. O autor classifica força como a capacidade neuromuscular de
superar uma resistência externa e interna. Podendo subdividir seu treino em:
! Força Máxima refere-se a mais alta força que o sistema neuromuscular pode
executar durante uma contração voluntária máxima. É demonstrada pela
carga mais alta que um individuo pode levantar em uma tentativa;
! Resistência de força é a capacidade muscular de sustentar o trabalho por um
tempo prolongado. Representa o produto de pressão tanto de força quanto da
resistência do treinamento;
! Potência é o produto de duas capacidades, força e velocidade, representando a
capacidade de executar a força máxima no tempo mais curto.
Para o karatê, sem dúvida alguma, o treinamento da potência deve ter um
tratamento especial, pois durante uma luta, golpes rápidos e vigorosos costumam
ter maior eficácia. Segundo Hernandes (2000), em algumas artes marciais a
ênfase será a força rápida e a força de potência, já que os combates se
desenvolvem em lutas de apenas um ou no máximo três rounds, havendo um
bom tempo de recuperação entre um combate e outro, o que permite a
restauração dessas capacidades e diminui a importância da tolerância ao lactato e
conseqüentemente, da resistência anaeróbia.
“A potência é acumulada com a velocidade. Somente a força muscular não permitirá que a pessoa se sobressaia nas artes marciais ou em qualquer esporte correlato. O poder do kime (finalização) de uma
18
técnica básica de karatê resulta da concentração máxima de força no momento do impacto, e isso, por sua vez, depende em grande parte da velocidade do soco ou chute. [...] Embora a velocidade seja importante, ela não consegue ser eficaz se não houver o controle. A velocidade e a força são intensificadas pelo uso da união de força e reação. Para esse propósito, é necessário a compreensão da dinâmica do movimento e de sua aplicação” (Nakayama, 1977).
Weineck (2000) faz algumas considerações metodológicas e
conseqüências para o treinamento de força para crianças e adolescentes:
1. A primeira regra no treinamento com crianças e com adolescentes é a
formação, sem riscos, mas variada, da capacidade de performance corporal;
2. A formação da força em crianças e em adolescentes deve servir a uma
formação geral harmônica. Ela deve ser organizada, de acordo com a
respectiva faixa etária, de maneira variada, multifacetada, com ênfase na
alegria do movimento;
3. Para poder alcançar alta performance individual nos anos futuros e
considerando a estreita correlação entre força e as habilidades de movimento e
de técnica, não é aconselhável o desenvolvimento precoce da força muscular;
4. O treinamento de força na infância ocorre quase que exclusivamente sob
forma de jogos ou formas de exercícios que imitem jogos e que tenham
freqüentemente relação com a formação da coordenação;
5. Na infância e na adolescência a formação da força máxima, apesar do seu
enorme significado para a força rápida, só deve ser efetuada por meio de
formas de jogo, como por exemplo, lutas de puxar, empurrar e formas de
exercícios semelhantes. Do ponto de vista da medicina esportiva, um
treinamento de força máxima não é efetivo pelos baixos níveis de testosterona
e, também, não é apropriado em virtude de o tecido conjuntivo e de o sistema
motor passivo serem instáveis;
19
6. Embora um treinamento da força rápida adequada a essa faixa etária seja o
tema central do treinamento de força, não se pode esquecer, em circunstância
alguma, o fortalecimento da musculatura responsável pela manutenção da
postura. Ela representa condição primordial para o desenvolvimento posterior
de alta capacidade geral de solicitação de todo o sistema motor;
7. Com um treinamento de força orientado para a musculatura responsável pela
manutenção da postura, deve-se utilizar o mais cedo possível um treinamento
complementar. Este fortalece os grupamentos musculares utilizados e alonga a
musculatura responsável pela performance, a qual, muitas vezes, encontra-se
encurtada, evitando assim o aparecimento de um desequilíbrio muscular;
8. A elevação das exigências de treinamento deve ser acentuada no volume e não
orientada para a intensidade. No organismo infantil, estímulos de treinamento
relativamente baixos são o suficiente para que ocorram melhorias notáveis na
performance;
9. Os estímulos de treinamento de força devem ser variados. Em crianças e em
adolescentes, os efeitos dos exercícios, em função do ainda baixo grau de
treinabilidade, estendem-se a todas as capacidades de força;
10. No treinamento de força para crianças e para adolescentes, deve-se
observar duração suficiente da pausa. O elevado metabolismo, em consumo de
energia e, com isto, a necessidade de maior tempo de recuperação, em
comparação com os adultos.
Segundo Weineck (2000), a resistência entende-se como a capacidade
geral psicofísica de tolerância a fadiga em sobrecargas de longa duração, bem
como a capacidade de uma rápida recuperação após estas sobrecargas. A
resistência pode ser dividida em diferentes tipos, de acordo com suas formas de
20
manifestação e de interpretação. Sob o aspecto do metabolismo muscular,
diferencia-se em resistência aeróbica e anaeróbica.
Para Bompa (2002) o potencial aeróbio ou a capacidade que o corpo tem
de produzir energia na presença de oxigênio determina a capacidade de
resistência do atleta. A potência aeróbia é limitada pela habilidade de transportar
oxigênio por meio do corpo. Na ausência de oxigênio, a energia é produzida pelo
sistema anaeróbio.
Tanto a resistência anaeróbia como a aeróbia são exigidas no karatê,
portanto o treinamento de ambas deve ser considerado na fase inicial do
treinamento, num nível mais avançado a resistência anaeróbia deve ter maior
importância no treino.
“Dentro das qualidades anaeróbias temos a força rápida manifestada na velocidade pura dos golpes, a força de potência, que é a capacidade de manutenção do máximo de velocidade nos golpes após um número elevado de repetições, além de um alto nível de resistência anaeróbia, principalmente no quesito tolerância ao lactato, pois, devido a alta intensidade e uso quase exclusivo do sistema anaeróbio, teremos uma grande produção de lactato decorrente das reações anaeróbias de queda de glicose para fornecimento da energia, através da glicólise anaeróbia”.(Hernandes, 2000).
Segundo Bompa (2002) uma importante capacidade biomotora requerida
nos desportos é a velocidade ou a capacidade de se transportar ou se mover
rapidamente. A velocidade é uma capacidade determinante em muitos desportos,
isso inclui o karatê, que necessita dessa capacidade tanto na aplicação de golpes,
pois é a velocidade do golpe que permite chegar antes do adversário, atingido-o
primeiro, como na realização de deslocamentos para esquivar de um ataque ou
realizar um.
Deve-se iniciar o treinamento da velocidade o mais cedo possível (já a
partir da idade escolar), porque o sistema nervoso central e a estrutura das fibras
21
musculares podem ser influenciadas de modo adequado nesse período
(WEINECK, 2000).
“Por causa de certas características do movimento, da troca freqüente de atividade e da realidade fisiológica do organismo infantil (baixa capacidade lática e alática), os conteúdos de treinamento devem ser adaptados, em qualidade e em quantidade, a respectiva da faixa etária. O melhor princípio é o que visa adequar os métodos de treinamento para a criança. Na infância, a velocidade deve ser treinada quase que exclusivamente por meio de forma de jogos”.(Weineck, 2000).
De acordo com Bompa (2002) a capacidade de executar movimentos com
grande amplitude é conhecida como flexibilidade, ou freqüentemente
mobilidade, e é significativa em treinamento. É um pré-requisito para
desempenhar habilidades com alta amplitude e aumentar a facilidade com a qual
o atleta pode executar movimentos rápidos.
Segundo Lopes (1998) a flexibilidade é de suma importância para
obtermos uma boa performance na luta do karatê.
“Sem uma boa flexibilidade de pernas não conseguiríamos atingir os chutes a altura Jodan (rosto). Para fazermos as esquivas de corpo necessárias para nos desvencilharmos dos golpes, seria necessário uma boa flexibilidade de tronco e cintura. Praticamente quase todos os movimentos do karatê dependerão de músculos flexíveis e articulações com excelentes mobilidades, objetivando uma vantajosa amplitude de movimento”.(Lopes, 1998).
Weineck (2000) aborda as seguintes bases metodológicas para o
treinamento da mobilidade em crianças e adolescentes.
22
1. A mobilidade é característica da infância (até ao redor de 10 anos), um
treinamento da mobilidade acentuado deve ser utilizado para a manutenção de
um nível alcançado;
2. Até o décimo ano de vida deve-se realizar treinamento geral da mobilidade;
3. A mobilidade especialmente na infância e adolescência não deve ser
desenvolvida sem fronteiras, já que assim uma mobilidade superdesenvolvida
torna-se desvantagem e leva a fraquezas na manutenção da postura;
4. A mobilidade não se desenvolve igualmente em todos os sistemas articulares.
Um desenvolvimento da mobilidade da coluna pode, por exemplo, não
corresponder ao aumento da mobilidade do quadril. Isso deve ser levado em
consideração no treinamento da mobilidade;
5. O treinamento da mobilidade deve ser adequado a faixa etária;
6. Os diferentes exercícios de mobilidade deveriam sobretudo ser escolhidos
entre os exercícios de alongamento ativo. Os exercícios de alongamento
passivos e estáticos devem ser realizados somente na adolescência;
7. A comprovação de hiper-mobilidade em ligação com os sinais de fraqueza na
manutenção postural deve ser seguida de fortalecimento, mas não de um
alongamento do aparelho muscular passivo que já está enfraquecido, assim
evita-se deteriorização da postura.
De acordo com Bompa (2002) a coordenação é uma habilidade biomotora
complexa, intimamente relacionada com a velocidade, a força, a resistência e a
flexibilidade. É de extrema importância para a aquisição e o aperfeiçoamento da
técnica e das táticas, bem como para aplicá-la em circunstâncias não familiares.
23
“O nível de coordenação reflete a capacidade de executar movimentos de vários graus de dificuldade rapidamente, com grande precisão e eficiência, de acordo com os objetivos específicos do treinamento. Considera-se que um atleta com boa coordenação seja capaz de desempenhar uma tarefa perfeitamente rápida ao solucionar uma situação a qual ele é inesperadamente exposto”.(Bompa, 2002).
A coordenação é de extrema importância para o karatê tanto para a
execução dos katas que exigem muito da coordenação e ritmo, como para o
kumitê onde é necessário se adaptar a situação imposta pelo oponente.
“Em qualquer esporte, o desempenho de um grande atleta é extremamente rítmico. O mesmo vale para o karatê. O ritmo das várias técnicas não pode ser expresso musicalmente, mas nem por isso deixa de ser importante. Os três principais fatores são o uso adequado da força, a rapidez ou lentidão na execução das técnicas e o estiramento e contração dos músculos. O desempenho de um karatêca mestre não é apenas eficiente, mas também extremamente rítmico e bonito. A aquisição de um senso de ritmo e regulagem do tempo é uma excelente forma de aperfeiçoar-se na arte”.(Nakayama, 1977).
2.2 - ASPECTOS PSICOLÓGICOS
“A psicologia do esporte e do exercício é o estudo cientifico de pessoas e seus comportamentos em atividades físicas e a aplicação desse conhecimento”.(Weinberg; Gould, 2001).
O equilíbrio emocional e psicológico são aspectos evidentes naqueles que
praticam qualquer arte marcial, esse ponto deve ser focalizado quando estudamos
o karatê, e servir de contrapeso para alunos que são tidos como rebeldes ou
hiperativos. A sua prática facilita a concentração. O desenvolvimento da
autoconfiança e do sentimento de segurança são outros benefícios importantes.
24
Por outro lado, o karatê promove a disciplina e a compreensão bem como o
respeito para com os outros. (ZENHAS, 2004).
“A prática correta do karatê – dô, assim como outras artes marciais, através de seus aspectos sociais, afetivos, culturais, filosóficos, educativos, de evolução motora e outros; busca o equilíbrio e a harmonia do ser”.(Moreira, 2003 apud Soares, 1995).
Para o praticante de karatê é imprescindível conhecer todos os seus
defeitos e qualidades, assim como daqueles que o rodeiam, só assim é possível
respeitar tanto seus próprios limites como espaço e personalidades dos que estão
a sua volta. Para Weinberg & Gould (2001), personalidade é a soma das
características que tornam uma pessoa única. O estudo da personalidade ajuda-
nos a trabalhar melhor com estudantes, atletas e praticantes de exercícios.
O movimento como forma de expressão encontra-se intimamente ligado à
personalidade. O que somos nada mais é do que o fruto de todas as experiências
vividas, tanto as positivas quanto as negativas, portanto, a ação sobre o meio e a
resposta que esse meio emite em conseqüência dessa ação determinarão a forma
de ser, o caráter da criança. (MATTOS; NEIRA, 1999, p.28).
De acordo com Gallahue & Ozmun (2003), a identidade é essencial para
tomar decisões adultas sobre a vocação e a vida familiar. Os jovens escolhem
pessoas que para eles são adultos significativos. Esses modelos de
personalidades podem ser membros familiares, amigos, heróis do esporte ou
outros indivíduos bem-sucedidos em suas vidas. Nesse estágio de
desenvolvimento, o individuo lentamente entra na sociedade como um membro
interdependente e contribuinte. Um sentido de identidade assegura ao individuo
lugar definido na sociedade.
25
“Esportes organizados auxiliam muito jovens a adquirir senso de identidade. A proficiência em habilidades, a participação em um time e vitórias competitivas, tudo contribui para um senso de identidade. O fracasso e experiências fracassadas, ao contrario, contribuem para um sentimento de confusão de papeis”.(Gallahue; Ozmun, 2003).
É papel do educador servir de referencial para seus alunos, tanto no que
diz respeito ao que fala como sua forma de agir diante das situações que lhe são
impostas. Outro ponto importante que se deve focar é que o educador deve
estimular seu aluno sempre o motivando a atingir seus objetivos.
A motivação para a realização é a tendência a lutar por sucesso, persistir
em face de fracasso e experimentar orgulho nas realizações. A motivação para
realização em situações esportivas e de exercício focaliza-se na autocompetição,
enquanto a competitividade influencia o comportamento em situações de
avaliação social.(WEINBERG; GOULD, 2001).
“Uma orientação ao resultado focaliza-se em comparar o desempenho com os dos outros e derrotá-los, enquanto uma orientação à tarefa focaliza-se em comparar o desempenho com padrões pessoais e com aperfeiçoamento pessoal. O melhor é adotar uma orientação a tarefa, que enfatiza comparações mais com seus próprios padrões de desempenho do que com os desempenhos de outros”.(Weinberg; Gould, 2001).
Segundo Weinberg & Gould (2001), a maneira como a pessoa explica ou
atribui seu desempenho afeta suas expectativas e reações emocionais, que, por
sua vez, influenciam a futura motivação para realização.
Para o praticante de karatê o adversário significa alguém com quem se
possa aprender, seja novos movimentos ou atitudes. Um adversário forte serve
como referencial de um ponto a se atingir e superar. Para Funakoshi, você deve
ignorar o que não é bom e adotar o bom. Com o estudo do kumitê as crianças
aprendem a lidar com as relações interpessoais, a reconhecer o parceiro como
26
alguém, diferente e igual e, também a criarem numa combinação de
solidariedade e cooperação, uma atmosfera de amizade e de respeito
profundamente enraizado. (FORTI, 1998).
2.3 - ASPECTOS FILOSÓFICOS
“Na verdade, a essência da arte foi resumida nestas palavras: O karatê começa e termina com cortesia” (Funakoshi, 1975, p. 44).
Ao associar a essência do karatê a cortesia, Funakoshi faz pressupor de
que um dos fins da arte seja a harmonia. Há uma relação direta entre
harmonia/arte e moral/cortesia, que liga as obrigações morais a estabilidade e a
paz. Dentro desse enfoque compreende-se melhor a importância dada por
Funakoshi a moralidade. (BARREIRA; MASSIMI, 2004).
“O karatê não é, nem jamais foi, meramente, uma forma bruta de autodefesa. Pelo contrário, quem quer que realmente domine a arte do karatê tomará cuidado para não aventurar-se em situações ou lugares perigosos, onde possa ser forçado a usar a arte”.(Funakoshi, 1975, p. 121)
No início da prática do karatê o estudante, pode chegar a ter a sensação de
que derrotar o oponente é o objetivo principal, mas com o passar do tempo, ele
começará a notar que o objetivo é aprender com o oponente para encontrar um
caminho em que possa corrigir suas próprias falhas, ou seja, ele deve derrotar a
si mesmo, quando o estudante compreender isto, ele automaticamente irá evitar
entrar em combates fúteis, este aspecto deve ser sempre frisado pelo professor.
27
“Tenha cuidado, escrevi num dos meus primeiros livros, com as palavras que fala, pois, se você for arrogante, fará muitos inimigos. Nunca se esqueça do antigo ditado que diz que um vento forte pode destruir uma árvore robusta, mas o salgueiro verga-se, e o vento passa sobre ele. As grandes virtudes do karatê são a prudência e a humildade” (Funakoshi, 1975, p.102).
A atenção despendida nos escritos de Funakoshi aos bons modos, com
ênfase na prudência e humildade, parece ser coerente com o que julgava mais
urgente destacar, naquele momento aos praticantes de karatê, conforme podemos
observar quando cita alunos que pensam de maneira diferente. A recorrência a
esses valores não deve, porém, ser confundida com passividade e conformismo.
Há observações claras acerca da obrigação da luta pelo que é justo.(BARREIRA;
MASSIMI, 2004).
“O karatê-do é uma arte marcial nobre, e o leitor pode ter certeza de que aqueles que se orgulham de quebrar tábuas ou telhas, ou que se vangloriam de poder realizar façanhas exóticas, como cortar a carne ou quebrar as costelas, realmente não conhecem nada de karatê. Eles estão brincando nos galhos e entre as folhas de uma árvore frondosa, sem ter a mínima idéia do tronco” (Funakoshi, 1988, p. 17).
Funakoshi retira a ênfase na finalidade agressiva ou violenta do karatê,
pois esta não caracteriza o karatê como entendido por ele. Tais fins afastam o
praticante das finalidades nobres do karatê, quais sejam as referentes ao
desenvolvimento pessoal. Responsabiliza os que ensinam enfatizando a
agressividade ou a violência, pelas preocupações das autoridades quanto ao seu
possível uso violento. Ressalta a necessidade de maior ênfase a sua natureza
espiritual do que a técnica. Preconiza que o karatê seja uma busca do
autoconhecimento, uma maneira de se deter consigo próprio, de se auto-avaliar
interiormente e exteriormente, uma busca de autodesenvolvimento pessoal que
terá reflexos no desenvolvimento social.(BARREIRA; MASSIMI, 2004).
28
Gichin Funakoshi, criador do estilo shotokan de karatê, foi quem mais
desenvolveu e aperfeiçoou o aspecto filosófico do karatê, dando ênfase aos
aspectos psicológicos, fazendo com que o praticante melhore sua concentração e
adquira um maior controle de suas emoções através do treinamento diário.
Sabendo que o karatê foi desenvolvido para encerrar conflitos, Funakoshi
percebeu que, para se alcançar a plenitude como praticante, somente treinar o
corpo e mantê-lo forte e resistente não é o suficiente. Mesmo porque, de que
adianta ser um lutador de alto nível, e no dia a dia só dar maus exemplos como
cidadão?
O praticante de karatê, segundo Funakoshi, deve manter a mente distante
do egoísmo e da maldade, o praticante deve buscar a pureza de pensamentos,
porém, deve estar em alerta para reagir adequadamente a tudo que encontrar pela
frente. Este é o significado filosófico do sufixo kara (vazio) da palavra karatê,
não é o vazio material, e sim, a ausência de pensamentos negativos ou inferiores.
É preciso crescer interiormente e para isso Funakoshi elaborou cinco
princípios básicos com o objetivo de fazer com que o praticante através do
estudo desses princípios busque sempre o fortalecimento e a valorização do Eu
interior. A finalidade desses ensinamentos não é a vitória e nem a derrota, mas o
aperfeiçoamento do caráter de quem o pratica. Funakoshi deixou-nos muitos
pensamentos que espelham a filosofia do karatê e suas técnicas, bem como a
sabedoria oriental. Além disso, deixou-nos dois importantes caminhos que levam
a uma vida harmoniosa, são eles o dojo kun e o niju kun que são os lemas ou
mandamentos do karatê, os quais devem ser seguidos por todos os praticantes do
karatê.
29
2.3.1 - Dojo Kun
! Esforça-se para a formação do caráter.
! Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.
! Criar o espírito de esforço.
! Respeito acima de tudo.
! Conter o espírito de agressão.
2.3.2 - Niju Kun
! Não se esqueça que o Karatê deve iniciar com saudação e terminar com
saudação.
! No Karatê não existe atitude ofensiva.
! O Karatê é um assistente da justiça.
! Conheça a si próprio antes de julgar os outros.
! O espírito é mais importante do que a técnica.
! Evitar o descontrole do equilíbrio mental.
! Os infortúnios são causados pela negligência.
! Karatê não se limita apenas a academia.
! O aprendizado do Karatê deve ser perseguido durante toda a vida.
! O Karatê dará frutos quando associado a vida cotidiana.
! O Karatê é como água quente. Se não receber calor constantemente torna-
se água fria.
! Não pense em vencer, pense em não ser vencido.
! Mude de atitude conforme o adversário.
! A luta depende do manejo dos pontos fracos (KYO) e fortes (JITSU).
30
! Imagine que os membros de seus adversários são como espadas.
! Para cada homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários.
! No início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se
naturais.
! A prática de fundamentos deve ser correta, porém na aplicação torna-se
diferente.
! Não se esqueça de aplicar corretamente: alta e baixa intensidade de força,
expansão e contração corporal, técnicas lentas e rápidas.
! Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre.
31
3 – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
Neste capítulo trago dois tópicos, o primeiro pertinente a pedagogia,
frisando a importância de não abordarmos o karatê como uma modalidade
esportiva dentro de uma perspectiva escolar, apresentando-o desta forma como
um jogo que prioriza e respeita o esquema corporal de cada aluno, o segundo
tópico traz algumas sugestões de atividades.
3.1 – PEDAGOGIA E O KARATÊ
“O verdadeiro caminho das artes marciais consiste em praticá-la de tal modo que sejam úteis em qualquer momento, e ensiná-las de tal modo que sejam úteis em todas as coisas”.(Cleary, 1991 apud Mushashi).
Moreira (2003), sinaliza para a importância dos movimentos
diversificados do kata, como meio da aprendizagem motora, que em adição ao
resgate social da historia do karatê, poderá desenvolver as áreas cerebrais
somáticas e, com certeza, um indivíduo crítico dentro e fora do contexto
esportivo.
“Entendo que a diversificação de modalidades é de suma importância para a formação de uma base motora das crianças, e que o principal componente para tal é o movimento. Assim sendo, acredito que os movimentos diversificados do kata e os conteúdos socioculturais e filosóficos do karatê, possam desenvolver os aspectos biopsiquicosociais e a criticidade do indivíduo”.(Moreira, 2003).
A reflexão científica natural do movimento define movimento como o
deslocamento de um corpo físico no espaço e no tempo (Hildebrandt, 2001).
32
Segundo Kunz (2001), a psicomotricidade tinha uma clara tendência a educação
integral do indivíduo, considerada alcançável somente quando o ensino pelo
movimento fizer parte do processo educacional.
Kunz (2001, p. 127), cita Trebels (1983), ao apontar que o ponto de
referência central na transformação didática dos esportes é o aluno e o ensino
escolar. Com isso se pretende dizer que as situações e condições do se
movimentar do aluno e do contexto escolar devem ser considerados. O aluno
enquanto sujeito dos movimentos intencionados na aprendizagem e não a
modalidade esportiva devem estar no centro de atenções do ensino.
“O homem coloca, enquanto se movimenta, perguntas de movimento para seu mundo e recebe respostas de movimento. Mundo não é somente o meio ambiente, mas também, os outros homens”.(HILDEBRANDT, 2001, p. 104).
Dessa forma podemos considerar o karatê como um jogo de perguntas e
respostas, onde a cada golpe ou movimento e feita uma pergunta e a resposta
vem através de uma defesa, esquiva ou contra-golpe.
Freire & Scaglia (2003), cita Duffo (1999), “ao impor um trabalho ao
pensamento, o jogo ensina a pensar”. Continua citando Caillois (1990), “o jogo e
a arte nascem de um acréscimo de energia vital, de que o homem e a criança não
necessitam para a satisfação de suas necessidades imediatas e que utilizam para a
imitação gratuita e divertida de comportamentos reais”. Cita ainda Huizinga
(1999), “é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve” e observa
que o jogo é tão poderoso que não é exclusividade dos seres humanos, pois até
mesmo os animais jogam entre si. Podendo, para o homem cultural, encontrar no
espaço do jogo um momento de construção de sua civilização.
33
Partindo desse pressuposto, podemos notar que um golpe não contém
apenas a energia gerada por um movimento, mas também a energia gerada pelo
sentimento que o ocasionou. “Entretanto, sabemos que toda técnica é cultural, porque é fruto de aprendizagem específica de uma determinada sociedade, num determinado momento histórico”.(Daolio, 1990, p.94).
Sendo uma produção histórico-cultural, o esporte subordina-se aos códigos
e significados que lhe imprime a sociedade capitalista e, por isso, não pode ser
afastado das condições a ela inerentes, especialmente no momento em que lhe
atribuem valores educativos para justifica-lo no currículo escolar. No entanto, as
características com que se reveste – exigências de um máximo rendimento
atlético, norma de comparação do rendimento que idealiza o princípio de
sobrepujar, regulamentação rígida (aceita no nível da competição máxima, as
olimpíadas) e racionalização dos meios e técnicas – revelam que o processo
educativo por ele provocado reproduz, inevitavelmente, as desigualdades sociais.
Por essa razão, pode ser considerado uma forma de controle social, pela
adaptação do praticante aos valores e normas dominantes defendidos para a
funcionalidade e desenvolvimento da sociedade. (CASTELLANI, et al, 1992, p.
71).
Para muitos o aspecto esportivo conotado ao karatê e demais artes
marciais, fogem do objeto de estudo, por estarem num contexto de competição e
vitória a qualquer custo, descartando dessa forma seu aspecto cultural e
filosófico que indica sua prática para beneficio mútuo de todos os envolvidos,
sendo assim o adversário numa luta não representa um inimigo, mas sim um
amigo com o qual sem ele simplesmente não haveria o combate. Desse modo o
karatê se firma como um agente socializador de indivíduos.
34
“A Educação Física brasileira precisa, assim, resgatar a capoeira enquanto manifestação cultural, ou seja, trabalhar com a sua motricidade, não desencarná-la do movimento cultural e político que a gerou. Esse alerta vale nos meios da Educação Física, inclusive para o judô que foi, entre nós, totalmente despojado de seus significados culturais, recebendo um tratamento exclusivamente técnico”. (Castellani, et al, 1992, p.76).
O alerta de Castellani a respeito da capoeira e judô é valido também para o
karatê, pois as três modalidades são consideradas lutas e possuem muita
influência de caráter social-cultural.
Segundo Sugai (2000) hoje as crianças iniciam a vida escolar cada vez
mais cedo e ficam muito pouco com as mães. É um prejuízo grande para o seu
desenvolvimento, se a escola não estiver adequada a suprir a falta maternal.
Entretanto, se os professores fossem orientados no sentido de observar as
crianças a partir do seu esquema corporal, do histórico de cada uma desde o seu
nascimento, muitos problemas seriam evitados com o acompanhamento
específico nessa fase importante. Olivier cita Rodrigues, em sua dissertação de
mestrado:
“... o Esquema Corporal é, normalmente, conotado como uma estrutura neuromotora que permite ao individuo estar consciente do seu corpo anatômico, ajustando-o rapidamente as solicitações de situações novas, e desenvolvendo ações de forma adequada, num quadro de referencia espaço-temporal dominado pela orientação direita-esquerda; a Imagem Corporal relaciona-se com a consciência que um individuo tem do seu corpo em termos de julgamentos de valor ao nível afetivo”.(Rodrigues, 1987:3).
Para Castellani & et al (1992, p.70), o esporte, como prática social que
institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão
complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da
sociedade que o cria e o pratica. Por isso, deve ser analisado nos seus variados
35
aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente
no sentido de esporte “da” escola e não esporte “na” escola.
Se aceitamos o esporte como fenômeno social, tema da cultura corporal,
precisamos questionar suas normas, suas condições de adaptação à realidade
social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria. (CASTELLANI, et
al, 1992)
Ao contrário de contribuirmos para um mundo onde todos entrem em
competições sem respeitar o próximo, onde a vitória a qualquer custo seja o
ideal, devemos levar nossos alunos a se amarem a amarem os próximos, somente
assim estaremos contribuindo de forma concisa na educação dos alunos, somente
assim eles poderão entender que aqueles que competem junto com ele podem ser
amigos com os quais se possa aprender e ser feliz, pois a vitória real e atingir a
perfeição que é a felicidade do ser.
É preciso, portanto, criar um ambiente favorável para que o amor seja
ensinado. Não como se ensina uma lição qualquer, mas reunindo condições para
que haja atitudes amorosas. E essas atitudes, se o amor é uma espontaneidade
alegre, podem, melhor que em qualquer outro ambiente, ser tomadas no jogo.
(FREIRE; SCAGLIA, 2003, p. 176). “Se a escola não pode ensinar a amar (e, além disso, não pode ensinar virtudes como a prudência, a coragem, a justiça, a generosidade e a doçura, dentre outras), não vale a pena ensinar mais nada, pois de que vale uma mente ágil e perspicaz, cheia de informações e idéias, se o autor de tais idéias não for capaz de amar, ou não for corajoso e generoso?”. (Freire; Scaglia, 2003, p. 176).
Na escola, é preciso resgatar valores que privilegiam o coletivo sobre o
individual, defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano, a
compreensão de que jogo se faz “a dois”, e de que é diferente jogar “com” o
companheiro e jogar “contra” o adversário. (CASTELLANI et al, 1992)
36
De acordo com Castellani et al (1992, p.71), o programa deve abarcar
desde os jogos que possuem regras implícitas até aqueles institucionalizados por
regras específicas, sendo necessário que o seu ensino não se esgote nos gestos
técnicos. Colocar um limite para o ensino dos gestos técnicos, contudo, não
significa retirá-los das aulas de Educação Física na escola, pois se acredita que,
para dizer que o aluno possui conhecimento de determinados jogos que foram
esportivizados, não é suficiente que ele domine os seus gestos técnicos.
“A partir da quinta série, elas seguem a configuração das lutas esportivas, tais como judô, capoeira, karatê, entre outras. No entanto, a pedagogia de ensino das lutas seguirá os princípios pedagógicos que orientam as demais atividades de educação física”.(Freire; Scaglia, 2003).
Assim que o tema lutas for apresentado dentro de uma aula de Educação
Física, deve ser elaborada em forma de atividades que tragam a idéia de jogos de
confronto, ou atividades de cooperação e assim por diante, sem adentrar em
diferenças a cerca das modalidades esportivas de lutas, assim que este tema em
forma de “luta genérica” for assimilado, devem ser destacadas as diferenças
entre as modalidades (assim como o futebol de campo e diferente do futsal, o
karatê e diferente do kung fu), tanto no que diz respeito aos movimentos como
nos aspectos filosóficos e socio-culturais, sempre levando em conta que o
mesmo deve seguir uma linha pedagógica coerente para uma aula de Educação
Física escolar.
37
3.2 – DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES
Seguindo a linha de pensamento que parte do princípio que as atividades
devem partir do simples pro complexo, e a de que as lutas devem ser abordadas
inicialmente numa forma mais “genérica” e daí partir para uma diferenciação
entre as modalidades de lutas. Divido as atividades em duas fases, a primeira
delas cita jogos populares que trazem consigo um conceito de luta entre os
competidores, e não exige nenhum movimento específico do karatê, além de
trabalharem com conceitos de força, velocidade, resistência muscular,
flexibilidade, coordenação e criação de estratégias para resolver o desafio
proposto. A segunda fase diz respeito a atividades que abordam algumas
características do karatê através de adaptações e seguem para uma linha que traz
a luta de karatê em si, da forma como é treinado desde a sua transformação de
uma arte de guerra para uma atividade física. Sendo que o professor não deve se
limitar apenas as atividades citadas, pois podem ser feitas diversas adaptações e
criações de jogos conforme seja necessário.
3.2.1 – Fase I
Destaco que as atividades propostas nessa fase, são apenas indicações
visando parâmetrar uma estrutura, seguindo uma seqüência lógica, porém isso
não quer dizer que tais atividades não possam ser modificadas ou feitas em
conjunto com atividades da fase II dentro de uma unidade de aula.
38
Cabo de Guerra
Para brincar de “cabo-de-guerra”, é necessário uma corda. Escolha um
espaço e trace uma linha no chão para dividi-lo ao meio. As crianças devem ser
separadas em dois times, sendo que cada time fica com um lado do espaço. Os
participantes ficam em fila e todos seguram na corda.
Alguém de fora dos grupos dá um sinal para começar a partida. Ele será
também o juiz que fiscalizará o jogo de forças. Os participantes devem puxar a
corda, até que uma das equipes ultrapasse a linha no chão. Serão vencedores
aqueles que puxarem toda a equipe adversária para o seu espaço.
Braço de Ferro
Barreira
Formam-se duas fileiras que se defrontam, os elementos de cada fileira
permanecem lado a lado. Uma das fileiras será a “barreira”, os jogadores passam
os braços no ombro do companheiro do lado e ficam com as pernas um pouco
afastadas, encostando pé com pé no do colega ao lado. A outra fileira será de
“empurradores”, sendo que os jogadores ficam de mãos dadas.
Dado o sinal de início, os “empurradores” tentam quebrar ou passar
através da “barreira”, sem largar as mãos. Os elementos da “barreira” tentam
impedir a passagem. Depois do tempo determinado, trocam-se os lados. (CDOF,
2004).
Cabeça pega o rabo
Formar colunas de mais ou menos oito elementos, cada um segurando na
cintura do companheiro da frente. O primeiro jogador tenta pegar o último da
39
coluna, que procura se desviar para não ser pego. Se conseguir, o primeiro
jogador da coluna troca de lugar com o último.
Tirar o outro da roda
Dois a dois, é demarcada uma área no chão, pode ser feita com giz ou a
própria área do colchão, o objetivo e tirar o outro da roda.
Briga de galo
Dois a dois, deverão estar agachados e tentando desequilibrar o
companheiro, se possível utilizar tatame ou colchões.
Briga de jacaré
Dois a dois, em quatro apoios, pernas estendidas (mesma posição em que
se executa o exercício de flexão de braço), deve tentar desequilibrar o
companheiro.
Ombro-a-ombro em um só pé
Dois a dois, utilizando somente um dos pés para se equilibrar, o objetivo é
forçar o companheiro a colocar os dois pés no chão.
3.2.2 – Fase II
Desequilibrar em Zenkutsu-dachi
Em duplas, um de frente para o outro, na postura zenkutsu-dachi do karatê,
devem estar com uma das mãos dadas tentando desequilibrar o parceiro, fazendo
uso apenas da mão dada.
40
Lutando em Kiba-dachi
Duplas, ambos na postura kiba-dachi, um de frente para o outro, um dos
integrantes da dupla ira tentar tocar com as mãos alguma parte do corpo do
outro, enquanto este tenta impedir de ser tocado, não é permitido se locomover, e
inicialmente os movimentos preferencialmente devem ser dados fazendo um
movimento amplo e circular para tocar as laterais do corpo, conforme a atividade
for sendo aprendida podem ser usados movimentos diretos visando o “meio” do
tronco.
Kihon
É a prática de técnicas fundamentais: bases, defesas, socos, chutes.
As técnicas básicas do Karatê são passadas principalmente através do
Kihon, pois ele vai ser a base para se fazer um Kata bem feito e um Kumitê
melhor ainda.
É no Kihon que o karatêca vai ganhar uma base forte e firme e também
velocidade e força nos seus pés.
Através do Kihon, o karatêca consegue atingir uma potência muito forte,
reflexos e rapidez nos deslocamentos.
No Kihon também é treinado a movimentação em base com o movimento
de quadris, essencial a um movimento bem feito.
Os quadris estão localizados aproximadamente no centro do corpo
humano, e o movimento deles exerce um papel crucial na execução de vários
tipos de técnicas do karatê.
Além de uma fonte de potência, os quadris constituem a base de um
espírito estável, de uma forma correta e da manutenção de um bom equilíbrio.
No Karatê recomenda-se a “golpear com os quadris”, “a chutar com os
quadris” e a “bloquear com os quadris”.
41
Para servir de referencial trago algumas fotos1 de forma a ilustrar as
posturas, golpes e defesas mais básicas utilizadas no karatê.
Figura 1: Postura Zenkutsu-dachi e Defesa Gedan Barai
• Zenkutsu-dachi (Postura para a Frente Avançada). A perna de trás é
estendida, a da frente é inclinada para que o joelho fique diretamente acima do
pé, e o quadril é abaixado. A costa têm que ser mantida ereta,
perpendicularmente ao chão. Está é uma posição apropriada para atacar
eficientemente alvos situados a frente. (NAKAYAMA, 1997).
• Gendan Barai (Bloqueio de Cima para Baixo). Contra um golpe ou chute no
abdômen ou virilha, use o punho para bloquear de cima para baixo e para o
lado. Use o cotovelo como eixo, estire o braço ao bloquear num grande
movimento para baixo e leve o punho até cerca de quinze centímetros acima
do joelho da perna dianteira ao finalizar. (NAKAYAMA, 1977).
1 Todas as fotos inseridas neste trabalho pertencem a Cilena Baroni, e sua publicação foi devidamente autorizada.
42
Figura 2: Postura Kiba-dachi
• Kiba-dachi (Postura do Cavaleiro). Enquanto o lado dos pés estão voltados
para fora, os calcanhares têm de ser mantidos em linha reta e o peso
distribuído eqüitativamente entre os dois pés. O quadril é abaixado
verticalmente, a costa deve ficar ereta e perpendicular ao chão e o corpo
voltado diretamente para frente. A posição de pernas abertas é básica para a
aquisição de uma postura estável e no treinamento das pernas e dos quadris.
Ela é indicada para o ataque de alvos tanto do lado esquerdo quanto do lado
direito. (NAKAYAMA, 1977).
Figura 3: Postura Kokutsu-dachi e Defesa Shuto-uke
• Kokutsu-dachi (Postura para Trás ou Recuada). Os pés são afastados com o
joelho do pé de trás inclinado e a perna dianteira levemente estendida para
frente. O quadril é abaixado e a costa mantida ereta numa posição semifrontal.
43
Essa postura é particularmente eficaz para impedir os ataques de frente.
(NAKAYAMA, 1977).
• Shuto-uke (Bloqueio com a Mão em Espada). Esta é uma técnica básica de
defesa contra um ataque dirigido ao abdômen, ao peito ou ao rosto. A borda da
mão é brandida num movimento inclinado, como se a intenção fosse cortar o
braço do adversário. (NAKAYAMA, 1977).
Figura 4: Defesa Jodan Age-uke
• Jodan Age-uke (Bloqueio Superior Contra o Ataque a Cabeça). Este é um
bloqueio usado contra ataques dirigidos para cima do plexo solar. Bloqueie de
baixo para cima, com o lado externo do antebraço. Complete o bloqueio com
o antebraço a cerca de dez centímetros na frente da testa, o pulso acima do
cotovelo e a palma da mão para fora. (NAKAYAMA, 1977).
44
Figura 5: Defesa Soto-Uke e Uchi-uke
• Soto-uke (Bloqueio com o Antebraço Contra o Ataque ao Meio do Corpo de
Fora para Dentro). Este bloqueio é usado contra um golpe dirigido para o peito
ou face. Desvie o braço do adversário para o lado, bloqueando com a borda
externa do punho. Ao concluir, cuide para que o cotovelo do braço que
bloqueia esteja curvado a um ângulo de 90° e o antebraço esteja perpendicular
ao chão. O antebraço e o lado do corpo devem estar irregularmente alinhados,
para evitar o bloqueio excessivo. Com o punho diante do queixo, o cotovelo
deve estar cerca de dez centímetros diante do corpo. (NAKAYAMA, 1977).
• Uchi-uke (Bloqueio com o Antebraço Contra o Ataque ao Meio do Corpo de
Dentro para Fora). Um golpe dirigido contra o peito ou contra o rosto pode ser
bloqueado com a borda interna do punho. Os outros pontos mencionados com
respeito ao bloqueio com o antebraço, de fora para dentro (Soto-uke), também
são aplicáveis aqui. (NAKAYAMA, 1997).
45
Figura 6: Gyaku-zuki
• Gyaku-zuki (Soco Inverso). A perna e o punho colocados a frente são de
lados opostos. Quando a perna esquerda está na frente, soque com o punho
direito. Para ser eficiente, esta técnica requer o giro do quadril.
(NAKAYAMA, 1977).
Figura 7: Mae-geri
• Mae-geri (Chute Frontal). Este pode ser ou um chute rápido ou um chute
frontal direto. A face, o peito, o abdômen do adversário são atacados com a
planta do pé, os dedos ou o dorso do pé. (NAKAYAMA, 1977).
46
Figura 8: Mawashi-geri
• Mawashi-geri (Chute Circular). Para ser eficaz, o quadril têm que ser girado
com força e rapidez. Contra um alvo de frente ou levemente de lado, chute
com a perna da frente ou com a de trás. Movimente a perna traçando um arco
de fora para dentro, usando a mobilidade do joelho. O trajeto da perna deve
ser quase paralelo ao chão. (NAKAYAMA, 1977).
Kata
São exercícios formais, ou, movimentos estilizados de karatê executados
de maneira encadeada e pré-determinada, representativos de um estilo de karatê.
Os katas são a alma do karatê-dô, por permitir ao praticante o contato com
técnicas ancestrais e dar a ele uma visão da tradição que existe na arte.
Os iniciantes do karatê aprendem desde cedo que o kata é uma luta
imaginária contra dois ou mais adversários, mas não imaginam que a espinha
dorsal do karatê está fundamentada nos katas.
No shotokan atualmente são praticados 26 katas.
Começa com cinco katas básicos, os heian, que têm como objetivo fazer
com que o praticante adquira habilidade sobre as principais técnicas básicas.
Deve-se treinar heian até que essas técnicas sejam assimiladas e passem a
ser executadas de forma natural.
47
Depois vem a série tekki, com três katas.
Os kata tekki se caracterizam pela base kiba-dachi (postura do cavaleiro),
e todos os deslocamentos são para as laterais, ou seja, somente para a direita e
para a esquerda.
Como os golpes nesses kata não contam com grandes deslocamentos (os
golpes são curtos), os tekki têm como objetivo o desenvolvimento do kime
(ataque explosivo ao alvo usando a técnica apropriada e o máximo de força no
menor tempo possível), através do treinamento, principalmente, da contração da
região abdominal (tanden).
Essas duas séries juntas, heian e tekki, formam os katas básicos do
shotokan, e devem ser dominados por quem pretende obter a graduação shodan
(faixa-preta 1º grau).
Os outros 18 katas são considerados avançados e, entre eles, existem
vários tipos de katas.
Cada kata possui um objetivo, e dá ênfase a um determinado tipo de
treinamento.
Existem katas, por exemplo, que têm como objetivo o desenvolvimento de
agilidade (como o enpi), desenvolvimento de contração/expansão muscular
(como o hangetsu), desenvolvimento de uma base firme (como o sochin), etc.
Nossa tarefa é estudar os movimentos dos katas e treinar aquele que for
mais necessário, para desenvolver o que estiver mais precário em nossa técnica.
Para isso é preciso já ter algum conhecimento e domínio técnico, e por
isso só são recomendados para praticantes experientes.
Com isso, pode-se concluir que os katas não são apenas uma “luta
simulada”, sem nenhum sentido, como muitos costumam definir.
48
Os katas possuem objetivos e aplicações, e eles reúnem todo
conhecimento e beleza do karatê-dô.
Para a prática do kata, há cinco fatores:
1. Seqüência
Quando dizemos seqüência, nos referimos a memorização dos movimentos do
kata: sua direção, a utilização correta dos movimentos de mãos, pés, defesas, etc.
Isso requer uma boa capacidade de memorização, para que seu corpo repita o
movimento sem ter que pensar nele. O primeiro e o último movimento do kata
têm de ser executados no mesmo ponto da linha de atuação.
2. Respiração
Respiração correta é extremamente importante. A respiração correta, no tempo
certo, além de aumentar a força e a velocidade, ajuda na concentração do corpo e
da mente
3. Combinações e Tempo
Combinação refere-se a um grupo de movimentos no kata. Com a combinação, o
kata deixa de ser uma monótona seqüência de movimentos, para uma série de
movimentos, representando diferentes situações de lutas. Tempo, separa as
diferentes combinações. São esses dois itens que dão vida ao kata.
4. Forma e Significado
O item “forma” significa aplicar posições perfeitas em todo o kata. Posições
correta das mãos e pés. O corpo deve estar perpendicular ao chão, os ombros
relaxados, e a expressão alerta.
O item “significado”: quando o aluno estiver praticando o kata, ele deve saber
49
para que serve cada movimento, e aplicá-lo com convicção.
5. Olhar
Olhar forte significa, grande concentração. Sem esse elemento, o kata pode
torna-se morto. Olhar forte, em luta, pode afetar psicologicamente o oponente.
Em kata, deve antes de executar o movimento, olhar a direção para onde irá
executar o movimento.
Caso o professor não tenha conhecimento da seqüência utilizada na
aplicação do kata, uma boa alternativa é criar suas próprias seqüências ou pedir
para que os alunos o façam, caso algum aluno tenha conhecimento sobre a
aplicação dos katas já definidos no estilo, este pode contribuir com a aula
ensinando os outros alunos.
Quadro 2: Katas e seus significados
Katas Significados 01-Heian Shodan Paz e Tranqüilidade -Primeiro 02-Heian Nidan Paz e Tranqüilidade -Segundo 03-Heian Sandan Paz e Tranqüilidade -Terceiro 04-Heian Yondan Paz e Tranqüilidade -Quarto 05-Heian Godan Paz e Tranqüilidade -Quinto 06-Tekki Shodan Cavaleiro de Ferro -Primeiro 07-Tekki Nidan Cavaleiro de Ferro - Segundo 08-Tekki Sandan Cavaleiro de Ferro-Terceiro 09-Bassai Daí Romper a Fortaleza -longo 10-Kanku Daí Contemplar o Céu - longo 11-Jutte Dez mãos 12-Hangetsu Meia Lua 13-Enpi Vôo da Andorinha 14-Gankaku Grou Sobre a Rocha 15-Jion Amor e Gratidão 16-Bassai Sho Romper a Fortaleza - curto 17-KankuSho Contemplar o Céu - curto 18-Chinte Mãos Estranhas
50
19-Unsu Mãos de Nuvens 20-Sochin Espírito Inabalável 21-Nijushiho 24 Passos 22-Gojushiho Daí 54 Passos – longo 23-Gojushiho Sho 54 Passos – curto 24-Meikio Espelho Limpo 25-Jiin Amor e Proteção 26-Wankan Corôa real
Fonte: Rodrigues, 2004.
Kata em equipe
Idêntico ao kata individual, exceto o fato de ser feito por uma equipe,
geralmente de três elementos, onde deve haver uma sincronia e harmonia nos
movimentos de todos os integrantes.
kumitê com giz
O kumitê com giz é um teste de perícia que pode ser realizado com igual
prazer por principiantes e jogadores altamente experientes. A estratégia e a tática
do kumitê podem ser praticadas e desenvolvidas, não há risco de lesão.
O procedimento é simples. Cada jogador segura um pedaço de giz em cada
mão. O objetivo é marcar o uniforme (ou camisa) do oponente em áreas de baixo
risco. Eles começam de posturas de sua opção e se movimentam como na prática
habitual de kumitê, mas os golpes de mão representados pelas marcas de giz são
as únicas táticas ofensivas permitidas. Todas as defesas, bloqueio, esquiva
podem ser usadas, assim como o contra-ataque.
Ao final de um tempo determinado, o jogador com menos marcas de giz é
declarado o vencedor.(TEGNER, 1996, p. 236).
51
Kumitê
O kumitê, que traduzido para português significa combate, é, ao contrário
do kihon e do kata, praticado sempre com um companheiro de treino, de modo
que, cada um, possa criar dificuldades ao seu companheiro, através dos seus
próprios movimentos. Neste tipo de treino, o objetivo é colocar as técnicas, que
até agora foram praticadas no vazio, tendo como alvo um companheiro.
De início pode ser feito apenas o gohon kumitê, onde o alvo é combinado
de antemão e os parceiros, cada um por sua vez, atacam e defendem. O objetivo
é aprender a fazer uso das técnicas de ataque e defesa e entender o
distanciamento.
Assim que os alunos já obtiverem um alto nível de precisão nos golpes
pode ser aplicado o kumitê sem golpes pré-determinados, visando atingir o
companheiro para marcação de pontos, o uso de equipamento de proteção (luvas,
protetor de peitoral, capacete e outros) nessa fase é indispensável.
Levantamentos Históricos, Filosóficos e Socioculturais
Pode ser feito tanto através de elaboração de trabalhos de pesquisas e
apresentações feitas pelos alunos, como explanação dos mesmos por parte do
professor, seja aproveitando um gancho dos trabalhados elaborados, ou trazendo
estes aspectos dentro de uma aula prática num momento que seja cabível.
Entendo que os aspectos socioculturais e filosóficos do karatê são de vital
importância. Dessa forma, a história oral deveria continuar a ser transmitida aos
alunos.(Moreira, 2003).
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao observamos a história do karatê podemos perceber que o mesmo
passou por diversas transformações, sempre de acordo com as necessidades da
sociedade, em épocas turbulentas de guerras, ele servia como recurso de
combate, quando momentos mais calmos e tranqüilos surgiram, modificações
foram feitas para que fosse praticado a serviço da comunidade, para o bem estar
próprio e daqueles ao seu redor. Quando a ilha de Okinawa foi anexada ao Japão,
o karatê mudou no nome e na forma de uma arte okinawana para uma japonesa.
As diferenças entre os estilos existentes se deve basicamente por terem sido
moldados em cidades diferentes onde a realidade cultural também diferia de uma
cidade para outra. De modo que apontar o karatê como um recurso de
socialização não seria nenhum exagero. Se passar por transformações parar
suprir as necessidades da sociedade é um marco para o karatê. Alterar algumas
de suas práticas, no que diz respeito à pedagogia, para incluí-lo numa aula de
Educação Física Escolar é completamente louvável.
A Educação Física escolar deve proporcionar ao aluno as mais variadas
atividades, implicando numa rica experiência de movimentos. Entendo que o
karatê pode desempenhar esse papel juntamente com outros jogos ou atividades,
uma vez que se trata de uma modalidade com movimentos extremamente
diversificados, onde podem ser trabalhadas todas as capacidades biomotoras de
forma harmônica. As recomendações de Weineck (2000), sobre o estímulo que
deve ser aplicado para melhorar as capacidades físicas devem ser, sempre,
seguidas, uma vez que demonstra claramente quando, como e por que, se
trabalhar, deixando bem claro a importância de um tratamento adequado a faixa
etária envolvida e levando em consideração que o trabalho foi planejado para
crianças e adolescentes numa ênfase escolar e não para esportistas de alto nível.
53
Um aluno pode encontrar diversos problemas para maximizar seu
aprendizado, incluo aqui todas as disciplinas encontradas numa escola, podemos
citar falta de concentração, dificuldade de relacionamentos, baixa auto-estima,
entre outros. Acredito que o karatê possa reverter esses quadros, uma vez que
através dele é possível se trabalhar tanto a inteligência interpessoal como a
intrapessoal, assim como todas as outras seis inteligências citadas por Gardner,
melhorando o convívio entre os alunos e professores, e arrisco dizer, que até
mesmo da comunidade local. Segundo Funakoshi (1975), o karatê foi criado para
encerrar conflitos. Aplicando-o como meio de melhorar o relacionamento dos
alunos para com a sociedade, o karatê estará então atingindo seu objetivo inicial.
Freire & Scaglia (2003), apontam para o valor de se ensinar virtudes e
formar mentes que além de serem ágeis e perspicazes, sejam amorosas, corajosas
e generosas. Sendo assim devemos frisar que o contexto filosófico e sócio-
cultural que o karatê possui, deve sempre ser evidenciado durante as aulas, dessa
forma estaremos colaborando para a construção de alunos críticos e que saibam
compreender e respeitar o próximo por aquilo que ele é.
A conotação esportiva e técnicas altamente específicas e especializadas
não são prioridades e nem devem fazer parte de uma abordagem pedagógica do
karatê dentro de uma escola, pois esse aspecto não é necessário ao aluno. Por
isso é válida a observação de Castellani et al (1992), de que o esporte quando
tratado pedagogicamente para se inserir na área escolar não deve ser abordado
como é nas academias ou em clubes esportivos, o correto e modificá-lo para que
literalmente seja um esporte “da” escola e não esporte “na” escola. E como visto
no decorrer do estudo, moldar o karatê para transformá-lo em uma arte a serviço
do homem, sempre foi alvo de preocupação por seus estudiosos.
Neste sentido, sinalizo para ênfase da qual o karatê deve ser tratado na
área escolar, não como um esporte ou meio de defesa pessoal e combate, mas
54
sim como forma de priorizar o bem estar e felicidade, criando benefícios mútuos
para todos os envolvidos, somente assim estaremos fazendo com que a premissa
dita por Mushashi seja verdadeira “o verdadeiro caminho das artes marciais
consiste em ensiná-la de forma que seja útil em todas as coisas” .
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARREIRA, C. R. A.; MASSIMI, M. A moralidade e a Atitude Mental no karatê-do no Pensamento de Gichin Funakoshi. Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos02/barreira01.htm> Acesso em: 10/10/2004. A.N.K.S. A história do karatê do. Disponível em: <http://www.fortunecity.com/skyscraper/graveyard/1669/id17.htm> Acesso em: 29/05/2004. BOMPA, T. O. Periodização: Teoria e Metodologia do Treinamento. São Paulo: Phorte Editora, 2002. CASTELLANI, L. F. Et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. C.D.O.F. Brincadeiras Populares. Disponível em: <http://www.cdof.com.br/recrea3.htm> Acesso em: 09/10/2004 CERVO, A. L. Metodologia Científica 5ª Edição. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CLEARY, T. A arte japonesa de criar estratégias. São Paulo: Cultrix, 1991. DAOLIO, J. Da Cultura do Corpo. Campinas, SP: Papirus, 1990. FORTI, M. O karatê e as crianças. Disponível em: <http://www.cao.pt/surya/mf_2_1.htm> Acesso em: 10/10/2004 FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: Editora Scipione, 2003. FUNAKOSHI, G. Karatê – do Nyumon: texto introdutório do mestre. São Paulo: Cultrix, 1988. __________. Karatê Dô: O meu modo de vida. São Paulo: Editora Cultrix, 1975.
56
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2003. HERNANDES, B. D. O. Treinamento Desportivo. São Paulo: Editora Sprint, 2000. HILDEBRANDT, R. Textos pedagógicos sobre o ensino da Educação Física. Igui: Editora Unigui, 2001. K.S.B. As origens do karatê. Disponível em: <http://www.geocities.com/karatê_shotokan_br/origens.htm> Acesso em: 29/05/2004. KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Rio Grande do Sul: Editora UNIJUÍ, 2001. LOPES, M. A. S. Manual de Preparação Física para o karatê. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação Física Infantil: construindo o movimento na escola. Guarulhos, SP: Phorte Editora, 1999. MOREIRA, S. M. Pedagogia do esporte e o karatê-dô: considerações acerca da iniciação e da especialização esportiva precoce. Campinas, SP, 2003. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Universidade Estadual de Campinas. NAKAYAMA, M. O Melhor do karatê: Visão abrangente – Práticas. São Paulo: Editora Cultrix, 1977. OLIVIER, G. G. F. ESQUEMA CORPORAL X IMAGEM CORPORAL: Um olhar Sobre o Esquema Corporal, a Imagem Corporal, A Consciência Corporal e a Corporeidade. Campinas, SP, 1992. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Estadual de Campinas. RODRIGUES, S. R. Origens dos estilos de karatê. Disponível em: <http://www.karatêbarretos.com.br/origensdosestilosdokaratê.php> Acesso em: 29/05/2004.
57
__________. Aspectos Técnicos. Disponível em: <http://www.karatebarretos.com.br/aspectostecnicosdokarate.php> Acesso em: 29/05/2004. SATO, E. O karatê chega a Okinawa. Disponível em: <http://www.budokan.com.br/historia/okinawa.htm> Acesso em: 25/10/2204. SUGAI, V. L. O Caminho do Guerreiro I: A Contribuição das artes marciais para o equilíbrio físico e espiritual. São Paulo: Editora Gente, 2000. __________. O Caminho do Guerreiro II: Integrando educação, autoconhecimento e autodomínio pelas artes marciais. São Paulo: Editora Gente, 2000. TEGNER, B. Karatê de Principiante a Faixa-Preta. Rio de Janeiro: Record, 1996. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. WEINECK, E. J. Futebol Total: O treinamento físico do futebol. São Paulo: Phorte editora, 2000. __________. Manual de Treinamento esportivo. São Paulo: Ed. Manole, 1986. ZENHAS, A. A natação e o karatê na formação da criança. Disponível em: <http://www.educare.pt/artigo_novo.asp?fich=ESP_20040329_374> Acesso em: 10/10/2004.
58
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BALBINO, H. F. Jogos Desportivos Coletivos e os Estímulos das Inteligências Múltiplas: Bases para uma Proposta em Pedagogia do Esporte. Campinas, SP, 2001. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Universidade Estadual de Campinas. C.D.O.F. Karatê. Disponível em: <http://www.cdof.com.br/artes3.ht> Acesso em: 09/10/2004 GIRARDI, M. J. Brincar de viver o corpo. In: PICCOLO, V. L. N. Educação Física Escolar: ser... ou não ter? Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1995. Cap. 5:, p. 73-84. TZU, S. A arte da guerra. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.