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1. A prova terá duração de 5h. 2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova. 3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova. 4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova. 5. No CARTÃO-RESPOSTA, marque, para cada questão, a letra correspondente à opção escolhida para a resposta, preenchendo com caneta esferográfica de tinta azul. NÃO É PERMITIDO O USO DE CANETAS COM PONTAS POROSAS. 6. Não dobre, não amasse, nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA. Ele não poderá ser substituído. 7. O cartão-resposta deverá ser preenchido desta forma (preenchimento completo). Caso haja qualquer outra informação / rasura fora dos campos destinados às respostas, o cartão-resposta será anulado /não lido eletronicamente. 8. O preenchimento incorreto do cartão-resposta implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito. 9. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis, caneta e borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido empréstimo de material entre alunos. 10. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida caso venha a ser usado ou tocar. Na ausência da bolsa, o celular deve ficar na base do quadro durante a prova. 11. O fiscal deve conferir o preenchimento do cartão-resposta antes de liberar a saída dos alunos. 12. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17h da terça-feira, dia 13/08. 13. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova se encerra dia 23/08, sexta-feira. Isso deve ser feito diretamente com o professor ou com o Pedagogo da Unidade.

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1. A prova terá duração de 5h.

2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova.

3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova.

4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova.

5. No CARTÃO-RESPOSTA, marque, para cada questão, a letra correspondente à opção escolhida para a resposta, preenchendo com caneta esferográfica de tinta azul. NÃO É PERMITIDO O USO DE CANETAS COM PONTAS POROSAS.

6. Não dobre, não amasse, nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA. Ele não poderá ser substituído.

7. O cartão-resposta deverá ser preenchido desta forma (preenchimento completo). Caso haja qualquer outra informação / rasura fora dos campos destinados às respostas, o cartão-resposta será anulado /não lido eletronicamente.

8. O preenchimento incorreto do cartão-resposta implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito.

9. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis, caneta e borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido empréstimo de material entre alunos.

10. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida caso venha a ser usado ou tocar. Na ausência da bolsa, o celular deve ficar na base do quadro durante a prova.

11. O fiscal deve conferir o preenchimento do cartão-resposta antes de liberar a saída dos alunos.

12. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17h da terça-feira, dia 13/08.

13. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova se encerra dia 23/08, sexta-feira. Isso deve ser feito diretamente com o professor ou com o Pedagogo da Unidade.

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O texto a seguir serve como base para as duas próximas questões.

Eu, o chato Francisco Grijó

[email protected]

Recebi de um amigo, médico atento à língua, mensagem na qual questionava o mau uso da gramática por meio das instituições educacionais públicas. A título de informação: segundo ele, a SEDU, órgão estadual responsável pela educação, criou uma campanha na qual se dizia: "Na volta às aulas, tem um mundo de oportunidades esperando pelo seu filho." A campanha informava que nas escolas da rede estadual, o aluno entra em contato com ciência, arte, cultura, esporte e intercâmbio internacional. Coisa séria e que deve ser louvada, disse meu amigo.

Sua fúria não se dirigia ao conteúdo do texto, mas à sua forma: "Como esperar uma Educação Pública de qualidade se a própria Secretaria de Educação não diferencia os verbos ‘ter’ e ‘haver’?" Pois é. Não seria tão grave se uma outra instituição, ou até outro setor do governo, fosse autora do prodígio vernacular. De fato, é erro comum, presente nos telejornais, nos discursos oficiais de governos, na propaganda, na fala popular, em muitos textos informativos. Há quem não dê a mínima para isso, justificando que é apenas pormenor – e, por ser pormenor, nada significa.

Comentei o fato com alguns de meus alunos. Chamaram-me de "chato", e talvez eu realmente o seja, mas por que escrever e falar incorretamente se é possível fazer o contrário? Chamar-me "chato" ou "exigente" – ou até mesmo afirmar que preciso privilegiar a "comunicação" – parece-me forma hipócrita de defender-se do fato de se ter cometido o erro gramatical. Ouço com frequência que "o entendimento" é mais importante do que o "bem-falar" ou a utilização da "norma culta" que, para muitos – principalmente para os que cometem os tais erros –, de nada serve. Deveria ser abolida em prol da comunicação. Incrível: só quem comete tais erros, por ignorância ou desleixo, diz isso.

Não sou pascácio. Sei o quanto a norma gramatical (e principalmente sua exigência) serve à dominação e, num último caso, pode ser utilizada em prol da opressão. Isso foi – e presumo que ainda seja – tema de boas e fumegantes discussões na Academia, ao menos quando eu nela me encontrava, no início dos anos 1980. É preciso que se discuta o assunto, sim, mas a que se destina tal discussão? Ao fato de que não se deve conhecer a norma culta e que as regras que a estabelecem não merecem o devido crédito porque atravancam a comunicação? Essa é a justificativa que ouço e afirmo que não me convence.

Na semana passada comentei com alunos de sobre a concessão feita a escritores – a chamada "licença poética". Alguns deles, inconformados, chegaram a questionar por que diabos um escritor pode subverter a norma culta e ao ser humano comum isso não se permite. A pergunta traz em seu bojo a ideia de que não há qualquer diferença entre o uso da linguagem entre os escritores – consagrados ou não – e os médicos, engenheiros, bancários, professores, operários, surfistas, cantores sertanejos e assim por diante. Há, sim. Escritores fazem literatura e, portanto, fazem arte. Arte, em primeira e última análise, preconiza a liberdade. A subversão proposital à regra é sintoma disso.

No fim das contas, a discussão passa pela diferenciação entre língua e linguagem. Para os descuidados, preguiçosos e desinformados, o real valor reside somente na compreensão de uma determinada mensagem. As normas de regência, de concordância, de ortografia, de prosódia, bem como a organização de uma frase – a sintaxe –, são deixadas de lado como se fossem preconizadas por um criminoso ou por um lazarento. Uma pena que se pense assim. Como eu penso o contrário, e não recuo diante do mau uso da palavra, sou o chato. Sou mesmo.

QUESTÃO 1

O texto em questão é considerado crônica, pois a) é um tipo de texto que possui um núcleo principal, mas não possui apenas um núcleo. Outras tramas vão se

desenrolando ao longo do tempo em que a trama principal acontece e por transmitir algum tipo de reflexão. b) é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais, sendo assim a realidade dos fatos e a

fantasia estão diretamente ligadas. É sustentada por meio da oralidade. c) advém dos folhetins, que em um passado não muito distante eram publicados em jornais. d) é um texto da tipologia narrativa, de caráter reflexivo e interpretativo, que parte de um assunto do cotidiano, um

acontecimento banal, sem significado relevante. É subjetivo, pois apresenta a perspectiva do seu autor, o tom do discurso varia entre o ligeiro e o polêmico, podendo ser irônico ou humorístico.

e) é um tipo de narrativa menos longa que o Romance, possui apenas um núcleo, ou em outras palavras, a narrativa acompanha a trajetória de apenas uma personagem. Em comparação ao Romance, se utiliza de menos recursos narrativos e em comparação ao Conto tem maior extensão e uma quantidade maior de personagens.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto de Francisco Grijó é uma crônica, pois parte de um fato do cotidiano. A crônica também se utiliza da ironia e às vezes até do sarcasmo. Não necessariamente precisa se passar em um intervalo de tempo, quando o tempo é utilizado, é um tempo curto, de minutos ou horas normalmente.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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QUESTÃO 2

As narrativas são desenvolvidas sobre um grupo de elementos essenciais para a sua construção. Desses elementos, são fieis à crônica em questão: a) tempo psicológico, espaço psicológico e personagem. b) narrador observador, subjetividade e personagens. c) narrador onisciente, personagens, tempo psicológico. d) personagem coadjuvante, resumo e narrador. e) narrador-personagem, tempo e enredo. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As narrativas são desenvolvidas a partir de cinco elementos básicos: narrador, personagem, tempo, espaço e enredo. Os elementos narrativos, dentro outros, presentes na crônica são narrador, que é personagem, tempo e enredo.

QUESTÃO 3

O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também o usamos para desarmar certas palavras que, por sua forma original, são ameaçadoras demais. A alternativa inteiramente de acordo com a definição do texto sobre diminutivo é: a) “O iorgutinho que vale por um bifinho.” b) “Ser brotinho é sorrir dos homens e rir interminavelmente das mulheres.” c) “Vamos bater um papinho.” d) “Essa menininha é terrível.” e) “Gosto muito de te ver, Leãozinho.” GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em “Leãozinho” há sentido afetuoso, mas também precavido, já que se diminui o peso da palavra “leão”.

ABASTECIMENTO

120 mil moradores de Sumaré devem ficar sem água hoje por quatro horas.

Cerca de 120 mil pessoas vão ficar sem água hoje em Sumaré (26 km de Campinas), devido à interrupção do abastecimento da ETA (Estação de Tratamento de Água) por quatro horas. A suspensão ocorrerá por causa do corte de energia que será feito pela CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). No final da semana passada, em decorrência da seca e do excesso de poluição, a interrupção da captação do rio Atibaia, que abastece 50% da cidade, já havia deixado os 120 mil moradores sem água.

Ontem, o Grupo Técnico de Monitoramento Hidrológico informou que a região corre risco de enfrentar uma crise de abastecimento nos próximos meses. Os técnicos dizem que a região enfrenta a pior estiagem do século e começam a adotar medidas para conscientizar a população para economizar água.

(Adaptado de Folha de S. Paulo, 13 maio 2000.)

QUESTÃO 4

Se os eventos anunciados na notícia de fato ocorreram como previsto, a alternativa que expressa adequadamente relação de causa e consequência identificável nessa notícia é: a) 120 mil moradores de Sumaré ficaram sem água no dia 13/5/2000 interrompeu o abastecimento durante quatro

porque a Estação de Tratamento de Água horas. b) A Companhia Paulista de Força e Luz cortou a energia porque a Estação de Tratamento de Água em Sumaré

interrompeu o abastecimento em 13/5/2000. c) Na semana anterior, a captação do rio Atibaia foi interrompida porque 120 mil moradores ficaram sem água. d) A região de Sumaré enfrentava a pior estiagem do século porque o rio Atibaia estava excessivamente poluído

na época. e) Houve uma necessidade de economizar água porque os técnicos começaram a adotar medidas para

conscientizar a população. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A primeira alternativa é a única que apresenta uma relação de causa e consequência fiel à notícia, As outras apresentam sequências invertidas.

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QUESTÃO 5

Especulações em torno da palavra homem Mas que coisa é homem Que há sob o nome: Uma geografia? Um ser metafísico Uma fábula sem Signo que a desmonte? (...) Quanto vale o homem? Menos, mais que o peso? Hoje mais que ontem? Vale menos, velho? Vale menos, morto? Menos um que outro, se o valor do homem é medida de homem? Como morre o homem? Como começa a? Sua morte é fome Que a si mesma come? Morre a cada passo? Quando dorme, morre? Quando morre, morre? (...) Por que morre o homem? Campeia outra forma De existir sem vida? (...) Por que mente o homem? Mente mentemente Desesperadamente? (...) Que milagre é o homem? Que sonho, que sombra? Mas existe o homem?

(Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1973, p. 303.

Fragmento). Nos versos "Quanto vale o homem? / Menos, mais que o peso? / Hoje mais que ontem? / Vale menos, velho?”, predominam intenções que se expressam em relações de a) condição hipotética e conclusão. b) concessão e alternância. c) comparação e temporalidade. d) adição e finalidade. e) oposição e causalidade. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Há uma reiteração de termos comparativos (mais, menos) e que expressam temporalidade (hoje, ontem).

QUESTÃO 6 […]

O menino ouviu a narrativa de um arqueiro que passou anos e anos treinando a arte do arco e flecha, até se tornar um especialista. Ao chegar a uma reunião com outros arqueiros, encontrou uma extensa parede com inúmeros alvos – e flechas cravadas bem no centro deles. O arqueiro ficou impressionado. Não acreditava que uma única pessoa havia feito aquilo. Era uma proeza. Uma multidão de flechas milimetricamente no centro dos alvos, quem realizou aquele feito? Havia um garotinho perto dos alvos e o arqueiro perguntou:

“Você sabe quem lançou essas flechas?”. E o garoto disse: “Sim, fui eu”. O arqueiro não conseguia acreditar. Como assim? Aquele garotinho era o responsável por tamanha façanha? Então o menino contou como fez aquilo: “Primeiro eu jogo a flecha e depois pinto o alvo ao redor”. […]

Disponível em: <http://observatoriodasjuventudes.pucpr.br/2015/07/28>. Acesso em: 13/06/17. (Excerto).

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Os ditados populares e provérbios têm a propriedade de sintetizar interpretações sobre fatos da vida cotidiana, geralmente ilustrados por narrativas que contêm quebras de expectativa. Considerando essas informações, o possível provérbio que melhor sintetiza o texto é: a) “Não adianta chorar sobre o leite derramado.” b) “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” c) “Cada macaco no seu galho.” d) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido.” e) “Em terra de cego, quem tem um olho é rei.” GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O menino, ao contrário do que todos tentariam fazer, não marca o alvo para depois lançar a flecha, mas lança a flecha e só então a contorna com o desenho do alvo, ou seja, ele tem um toque de esperteza que promove a quebra de expectativa para o excerto narrativo e pode ser relacionado a “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”.

O cantor na biblioteca

“Bob Dylan realmente merece um Prêmio Nobel? E por quê?” A pergunta foi feita a Sara Danius, secretária da Academia Sueca, instituição responsável pelo Prêmio Nobel de Literatura, depois do anúncio, na quinta-feira 13, de que o vencedor deste ano não era um poeta, romancista ou dramaturgo, mas um cantor, uma estrela do rock. Na sua formulação seca e direta, o questionamento quase soa agressivo. Onde já se viu duvidar dos méritos do premiado? No entanto, trata-se de uma entrevista oficial, divulgada no próprio site do Nobel. Está claro que os acadêmicos suecos não só tinham plena consciência de que a premiação de um mestre do cancioneiro popular poderia incitar crítica e oposição: eles desejavam instigar essas reações.

Veja, ed. 2500, 19/10/16, p. 69. (Excerto).

QUESTÃO 7

Os propósitos discursivos podem ser alcançados pelo emprego de diferentes estratégias, de acordo com os contextos de circulação e comunicação. Considerando essas informações, é possível constatar que a Academia Sueca a) procura, com base em uma afirmação incisiva, aplacar qualquer crítica à premiação de Dylan. b) sugere abertamente uma revisão dos critérios empregados para a concessão do prêmio. c) estabelece um contraste entre as intenções da divulgação de entrevista e o anúncio de premiação. d) estimula, por meio de uma pergunta retórica, a reflexão sobre a concessão do prêmio. e) contesta o fato de o prêmio de literatura ter sido entregue a um músico e não a um escritor. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A pergunta feita em outro contexto poderia ser entendida como debochada ou contestadora. Mas, no contexto descrito pelo texto, é possível perceber que ela é retórica, existe uma resposta revelada pela entrega do prêmio: já que recebeu o prêmio, obviamente merecia. Mas o emprego da pergunta tem o objetivo, conforme o texto revela até o final, de fazer com que o público reflita a respeito, mesmo que seja revelando opinião contrária. A Academia não contesta isso, pois foi ela mesma que concedeu o prêmio, mas promove espaço e inclusive estimula o público para que haja contestação.

QUESTÃO 8

A seguir, um trecho da obra “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, traduzida por Mario Laranjeira:

“A conversa de Charles era chata como uma calçada de rua e nela as ideias de todo mundo desfilavam em seu costume ordinário, sem excitar emoção, riso ou sonho. Nunca tinha tido a curiosidade, dizia ele, enquanto morava em Rouen, de ir ver no teatro os atores de Paris. Não sabia nem nadar, nem combater, nem atirar com revólver, e não pôde, um dia, explicar-lhe um termo de equitação que ela tinha encontrado num romance.” (p. 122) O foco narrativo evidenciado nesse trecho é em a) terceira pessoa, em que o narrador é personagem, conhecido como testemunha. b) terceira pessoa, por ter um narrador onisciente que tudo sabe sobre os personagens e sobre o enredo. c) primeira pessoa, no qual o narrador é observador por conhecer os fatos, mas narrar com imparcialidade. d) primeira pessoa, e conta com um narrador personagem que é protagonista da história e induz o leitor a pensar

como ele. e) terceira pessoa com um narrador observador, que, apesar de conhecer a história, não tem capacidade de o

íntimo dos personagens.

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GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O narrador onisciente é assim denominado porque conhece todos os aspectos do enredo e de seus personagens, podendo descrever seus sentimentos e pensamentos, assim como descrever acontecimentos ocorridos em dois locais ao mesmo tempo. Conta a história em 3ª pessoa.

QUESTÃO 9 A seguir, um trecho de O Cortiço, de Aluísio de Azevedo:

“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.

Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.

A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.”

Disponível em: http://portodalinguagem.com.br/trecho-de-o-cortico-aluisio-de-azevedo/

“Sequências textuais são unidades linguístico-textuais básicas (prototípicas) que fazem parte da constituição dos gêneros textuais, contribuindo para se identificar um gênero que se estrutura com predominância de forma narrativa ou argumentativa, por exemplo. Ou seja, são formas linguísticas organizadas que constituem a estrutura composicional de um gênero, sendo, por isso, mais estáveis e menos suscetíveis a alterações por influência de fatores sociais.”

Maria Auxiliadora Bezerra – UFCG

Dessa forma, duas sequências textuais identificáveis no trecho de O Cortiço são a) injuntiva e narrativa.b) descritiva e narrativa.c) expositiva e descritiva.

d) descritiva e narrativa.e) argumentativa e narrativa.

GABARITO: BCOMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:O Cortiço, embora se classifique como um romance, conta com as sequências textuais narrativa e descritiva.

QUESTÃO 10

Somente uns tufos secos de capim empedrados crescem na silenciosa baixada que se perde de vista. Somente uma árvore, grande e esgalhada mas com pouquíssimas folhas, abre-se em farrapos de sombra. Único ser nas cercanias, a mulher é magra, ossuda, seu rosto está lanhado de vento. Não se vê o cabelo, coberto por um pano desidratado. Mas seus olhos, a boca, a pele – tudo é de uma aridez sufocante. Ela está de pé. A seu lado está uma pedra. O sol explode.

Ela estava de pé no fim do mundo. Como se andasse para aquela baixada largando para trás suas noções de si mesma. Não tem retratos na memória. Desapossada e despojada, não se abate em autoacusações e remorsos. Vive. Sua sombra somente é que lhe faz companhia. Sua sombra, que se derrama em traços grossos na areia, é que adoça como um gesto a claridade esquelética. A mulher esvaziada emudece, se dessangra, se cristaliza, se mineraliza. Já é quase de pedra como a pedra a seu lado. Mas os traços de sua sombra caminham e, tornando-se mais longos e finos, esticam-se para os farrapos de sombra da ossatura da árvore, com os quais se enlaçam.

FRÓES, L. Vertigens: obra reunida. Rio de Janeiro: Rocco, 1998

Na apresentação da paisagem e da personagem, o narrador estabelece uma correlação de sentidos em que esses elementos se entrelaçam. Nesse processo, a condição humana configura-se a) confundida pelo processo comum de desertificação e de solidão.b) fortalecida pela adversidade extensiva à terra e aos seres vivosc) redimensionada pela intensidade da luz e da exuberância local.d) imersa num drama existencial de identidade e de origem.e) imobilizada pela escassez e pela opressão do ambiente.GABARITO: ACOMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:A mulher é apresentada como uma junção dela com os elementos naturais que são descritos no texto,evidenciada pelo trecho “A mulher esvaziada emudece, se dessangra, se cristaliza, se mineraliza. Já é quase depedra como a pedra a seu lado. Mas os traços de sua sombra caminham e, tornando-se mais longos e finos,esticam-se para os farrapos de sombra da ossatura da árvore, com os quais se enlaçam.”.

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QUESTÃO 11 TEXTO I

Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo! E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo!

Martim Codax

Obs.: • verrá = virá • levado = agitado.

TEXTO II 1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao 2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da 3. canção paralelística (...). 4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros. 5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei 6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”; 7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando. 8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.

Manuel Bandeira Com relação ao Trovadorismo, é correto afirmar que a) um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e

mulheres camponesas. b) desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura

antropocêntrica. c) devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença,

época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis. d) valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a

função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente. e) tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões

estéticos greco-romanos. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A poesia trovadoresca é indissociável da música, e sua transmissão era, sobretudo, oral, embora houvesse também registro escrito das cantigas.

QUESTÃO 12

Fez-se de amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.

Tomemos a palavra AMIGO. Todos conhecem o sentido com que essa forma linguística é usualmente empregada no falar atual. Contudo, na Idade Média, como se observa nas catingas medievais, a palavra amigo significou

a) colega b) companheiro c) namorado d) simpático e) acolhedor GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As cantigas de amigo têm como principal característica um amor mais próximo, logo, um amor de enamorados.

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QUESTÃO 13

Peguntar-vosquero por Deus Senhor fremosa, que vos fez mesurada e de bonprez, que pecados forom os meus que nunca tevestes por ben de nunca mi fazerdes ben. Pero sempre vos soub' amar, desaquel dia que vos vi, mays que os meus olhos em mi, eassy o quis Deus guisar, que nunca tevestes por ben de nunca mi fazerdes ben. Des que vos vi,sempr' o mayor ben que vos podia querer vosquigi, a todo meu poder, e pero quis Nostro Senhor que nunca tevestes por ben de nunca mi fazerdes ben. Mays, senhor, ainda com ben se cobraria ben por bem.

Dom Dinis Notas de tradução: • Senhor: senhora. • Fremosa: formosa, bonita. • Mesurada: comedida. • Bon prez: honrada. • Foron: foram. • Pero: já que, porém

• Assy: assim. • Guisar: decidir, preparar. • Des: desde. • Mays: mais. • Mi: mim.

• Quigi: dei, dediquei. • A todo meu poder: de todo meu coração.

Na cantiga de Dom Dinis, predominam as características de uma cantiga de a) amigo b) maldizer c) escárnio d) amor e) vassalagem GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Nas cantigas de amor, o trovador confessa sua angústia, sentimento que nasce em virtude do amor não correspondido. O eu lírico tenta convencer a mulher amada a aceitar o seu amor, elevando a mulher a um plano quase inacessível, idealizando-a.

QUESTÃO 14

Além dos temas cristãos, herdados da Idade Média, o humanismo incorporou decisivamente outros elementos, que foram a) os elementos da cultura persa. b) os elementos da cultura clássica, grega e romana. c) os fundamentos teológicos dos heréticos, como os de Marcião. d) as estruturas do pensamento de Confúcio. e) as estruturas do pensamento de Buda. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os elementos da cultura clássica, como a filosofia, a retórica, os conhecimentos matemáticos e inclusive as línguas (grego e latim) foram de fundamental importância para o humanismo e tiveram grande impacto nas obras de arte e no pensamento político do Renascimento.

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QUESTÃO 15 “Humanismo é uma palavra inventada no século XIX para descrever o programa de estudos, e seu condicionamento de pensamento e expressão, que era conhecido desde o final do século XV”.

HALE, John. Dicionário do renascimento italiano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988. p. 187. De acordo com o trecho anterior, e por meio de seus estudos históricos, é correto afirmar que o programa humanista a) era encabeçado por reis e papas (os mecenas), os quais auxiliavam, humanitariamente, os artistas do século

XIX a compreender as formas artísticas do Renascimento. b) atrelava-se ao modo de pensar renascentista, no qual o homem e a natureza passavam a ser valorizados na

construção do conhecimento mundano. c) era marcado por uma valorização de temas naturalistas, opondo-se aos temas religiosos e sua ligação e

proximidade com a Igreja católica e a protestante do século XIX. d) constituía-se por uma aproximação com o mundo grego e romano, valorizando o equilíbrio das formas e

proporções, num exemplo de arte barroca (humanista) do século XV. e) tinha a valorização de ideias como a coletividade e a expropriação da propriedade privada. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O humanismo teve como parâmetros principais a valorização do homem e da natureza e, a partir desses modelos, erigiu todo um corpo teórico de procedimentos.

QUESTÃO 16

Definição de Renascença:

1. Ato ou efeito de renascer; renascimento. 2. Qualquer movimento caracterizado pela ideia de renovação, de restauração; retorno. 3. Nova vida, nova existência.

(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa) O termo “renascença” é utilizado para caracterizar a arte, no mundo ocidental, entre os séculos XIV e XVI. A escolha do termo pode ser explicada pelo(a) a) fato de a produção artística ocidental nascer, de fato, neste período. b) revalorização de ideais estéticos vigentes na Antiguidade Clássica. c) renovação da pintura, fruto da difusão dos ideais protestantes. d) contato com a arte africana, descoberta graças às viagens marítimas. e) fim da política do mecenato, que financiava a recuperação das obras de arte. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O movimento renascentista correspondeu a uma reformulação de valores, especialmente na arte. Passarem as ser utilizadas novas tecnologias e novos saberes para criar uma outra expressão de arte, que se colocava contra os padrões estabelecidos pela Idade Média. Houve um resgate dos ideais estéticos vigentes na Antiguidade Clássica.

QUESTÃO 17

A pintura renascentista expressa elementos do contexto histórico na qual é produzida. A partir da pintura e do conhecimento histórico, pode-se afirmar que, na renascença, os(as) a) pintores analisam e retratam o mundo de acordo com imagem do próprio homem. b) artistas mostram o seu desprezo pelos clérigos e pelos princípios da Igreja Cristã. c) pinturas enfatizam demasiadamente os aspectos da vida coletiva, desprezando o individualismo. d) pintores têm os mesmos padrões estéticos e filosóficos, o que impede a criatividade. e) obras de arte adquirem um caráter popular, sendo adquiridas, sobretudo, pelos servos. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Nesse período, os artistas começaram a questionar a Igreja, já que o objetivo agora seria atribuir uma maior importância à figura humana. Os pintores da renascença tencionavam reproduzir a realidade, retratando o mundo de acordo com imagem do próprio homem.

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QUESTÃO 18 (...) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos.

(COPÉRNICO, N. De Revolutionibusorbiumcaelestium) Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas.

(VINCI, Leonardo da. Carnets) O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é a) a fé como guia das descobertas. b) o senso crítico para se chegar a Deus. c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos. d) a importância da experiência e da observação. e) o princípio da autoridade e da tradição. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os dois textos defendem o método científico, ressaltando a importância da experiência e da observação. O primeiro diz que apenas os matemáticos podem julgar as verdades matemáticas, ou seja, a Igreja não possui tal direito. Já o segundo fala que nenhuma investigação humana pode se ser tida como verdadeira se não passar por demonstrações matemáticas.

QUESTÃO 19

Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se e contente; É um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís de Camões, SONETO

Sobre o soneto acima, afirma-se corretamente que a) as antíteses não estão presentes no texto analisado. b) a ausência da métrica aproxima o poema ao Modernismo. c) o Barroco caracteriza-se, exclusivamente, pelo sarcasmo. d) a palavra amor sintetiza toda a expressividade do autor. e) há predominância dos aspectos denotativos da linguagem. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O poema de Camões é a representação real da palavra amor.

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QUESTÃO 20

Gil Vicente a) representa o melhor do teatro clássico português. b) introduziu a lírica trovadoresca em Portugal. c) só escreveu peças em português. d) escreveu a novela Amadis de Gaula. e) compôs peças de caráter sacro e satírico. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Gil Vicente é considerado o maior escritor e compositor de peças de Portugal. Suas obras foram realizadas na fase do Humanismo, por isso que as obras desse grande autor remetiam sempre ao senso crítico ao que diz respeito à religião e também à Igreja Católica. Foi responsável pela composição de obras de caráter sacro e satírico naquele período, por isso a alternativa correta é a letra E.

QUESTÃO 21

Sim, estou me associando à campanha nacional contra os verbos que acabam em "ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco eles serão mais numerosos do que os terminados simplesmente em "ar". Todos os dias os maus tradutores de livros de marketing e administração disponibilizam mais e mais termos infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia, 1reinicializando palavras que já existiam e eram perfeitamente claras e eufônicas.

A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos, com currículo de ótimos serviços prestados, estão a ponto decair em desgraça entre pessoas de ouvidos sensíveis. Depois que você fica alérgico a disponibilizar, como você vai admitir, digamos, 2"viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a gente se dar conta de que 3"desincompatibilizar" sempre foi um palavrão.

FREIRE, Ricardo. Complicabilizando. Época, ago. 2003. Com base no texto, é correto afirmar que a) a “campanha nacional” a que se refere o autor tem por objetivo banir da língua portuguesa os verbos

terminados em “ilizar”. b) o autor considera o emprego de verbos como “reinicializando” (ref. 1) e “viabilizar” (ref. 2) uma

verdadeira “doença”. c) a maioria dos verbos terminados em “(i)lizar”, presentes no texto, foi incorporada à língua por influência

estrangeira. d) o autor, no final do primeiro parágrafo, acaba usando involuntariamente os verbos que ele condena. e) os prefixos “des” e “in”, que entram na formação do verbo “desincompatibilizar” (ref. 3), têm sentido oposto,

por isso o autor o considera um “palavrão”. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A afirmação de que “maus tradutores de livros de marketing e administração disponibilizam mais e mais termos infelizes” permite concluir que o autor considera que a incorporação de verbos terminados em “izar” à língua portuguesa decorre de influência estrangeira.

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Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.

Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Solde volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.

Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.

Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus(Pequeno comentário).Embora na época fosse relativamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de alguém que fora educado durante anos dentro da tradição humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas” eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica? Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.

(A dança do universo, 2006. Adaptado.)

QUESTÃO 22

Expressam ideia de repetição e ideia de negação, respectivamente, os prefixos das palavras a) “relativamente” (4º parágrafo) e “insegurança” (1º parágrafo). b) “insatisfeito” (2º parágrafo) e “reconhecem” (1º parágrafo). c) “retornou” (2º parágrafo) e “difundidas” (2º parágrafo). d) “reformular” (3º parágrafo) e “involuntariamente” (3º parágrafo). e) “compartilhar” (4º parágrafo) e “intitulado” (4º parágrafo). GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Apenas em [D] as palavras “reformular” e “involuntariamente” são formadas por derivação prefixal, indicando repetição e negação, respectivamente.

QUESTÃO 23

O lema da tropa

O destemido tenente, no seu primeiro dia como comandante de uma fração de tropa, vendo que alguns de seus combatentes apresentavam medo e angústia diante da barbárie da guerra, gritou, com firmeza, para inspirar seus homens a enfrentarem o grupamento inimigo que se aproximava:

– Ou mato ou morro! Ditas essas palavras, metade de seus homens fugiu para o mato e outra metade fugiu para o morro.

No texto acima, considerando os aspectos morfológicos da Língua Portuguesa, a construção do humor se efetua, principalmente, pela a) falta de capacidade linguística dos combatentes que, ao confundirem as palavras do tenente, no contexto,

atribuíram valores de advérbios aos verbos pronunciados pelo tenente. b) ausência de interpretação plausível por parte dos combatentes que, ao ouvirem as palavras, confundem suas

classes gramaticais, atribuindo a elas valores inadmissíveis na Língua Portuguesa. c) capacidade que os combatentes tiveram de interpretar as palavras pronunciadas, confundindo verbos com

substantivos, justificando, com isso, a vasta flexibilidade de sentidos de uma língua em sua situação de uso. d) capacidade de os combatentes trocarem, propositalmente, as classes morfológicas das palavras pronunciadas

pelo tenente, justificando o medo deles e a rigidez de significados e inflexibilidade de sentidos de tais palavras. e) incompreensão de ordem sintática por parte dos combatentes, uma vez que estes administraram apenas o

sentido pejorativo do contexto semântico em que estão inseridos.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: [A] Incorreto. A intenção do enunciador foi mencionar verbos; os combatentes, no entanto, compreenderam os termos como se fossem substantivos. [B] Incorreto. Os valores interpretados pelos combatentes são plausíveis na Língua Portuguesa, a ponto de compreenderem os verbos como se fossem substantivos. [C] Correto. A ambiguidade gerada na situação retratada demonstra que a língua apresenta flexibilidade, a ponto de os mesmos termos serem verbos para o enunciador e substantivos para os destinatários. [D] Incorreto. A troca não foi proposital; mesmo que fosse, tal ambiguidade indica a flexibilidade de significados e sentidos dos termos. [E] Incorreto. Os soldados não compreendem as relações de ordem semântica e morfológica, e não sintática como propõe a questão.

QUESTÃO 24

A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para o córrego, onde os meninos

costumavam banhar-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um chão abandonado; à direita, o muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, o burro que pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o fiscal, que não mandava capiná-la?

Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa intenção. Mas era bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados. Não explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a 1lapidar a doida, isolada e agreste no seu jardim.

Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado numa das janelas da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera.

Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto (contava mais de sessenta anos, e loucura e idade, juntas, lhe lavraram o corpo). Corria, com variantes, a história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento uma festa estrondosa; mas na própria noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabe por que razão. O marido ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do bate-boca; ela rolou escada abaixo, foi quebrando ossos, arrebentando-se. Os dois nunca mais se veriam. Já outros contavam que o pai, não o marido, a expulsara, e esclareciam que certa manhã o velho sentira um amargo diferente no café, ele que tinha dinheiro grosso e estava custando a morrer – mas nos 2racontos antigos abusava-se de veneno. De qualquer modo, as pessoas grandes não contavam a história direito, e os meninos deformavam o conto. Repudiada por todos, elas e fechou naquele chalé do caminho do córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera antes todas as relações. Ninguém tinha ânimo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que nessa caixa uns primos generosos mandavam pôr, à noite, provisões se roupas, embora oficialmente a ruptura com a família se mantivesse inalterável. Às vezes uma preta velha arriscava-se a entrar, com seu cachimbo e sua paciência educada no cativeiro, e lá ficava dois ou três meses, cozinhando. Porfim a doida enxotava-a. E, afinal, empregada nenhuma queria servi-la. Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida, jantarem casa da doida, passaram a ser, na cidade, expressões de castigo e símbolos de 3irrisão.

Vinte anos de uma tal existência, e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de moleques passavam pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma pedra. A princípio, como justa penalidade. Depois, por prazer. Finalmente, e já havia muito tempo, por hábito. Como a doida respondesse sempre furiosa, criara-se na mente infantil a ideia de um equilíbrio por compensação, que afogava o remorso.

Em vão os pais censuravam tal procedimento. Quando meninos, os pais daqueles três tinham feito o mesmo, com relação à mesma doida, ou a outras. Pessoas sensíveis lamentavam o fato, sugeriam que se desse um jeito para internara doida. Mas como? O hospício era longe, os parentes não se interessavam. E daí – explicava-se ao forasteiro que porventura estranhasse a situação – toda cidade tem seus doidos; quase que toda família os tem. Quando se tornam ferozes, são trancados no sótão; fora disto, circulam pacificamente pelas ruas, se querem fazê-lo, ou não, se preferem ficar em casa. E doido é quem Deus quis que ficasse doido... Respeitemos sua vontade. Não há remédio para loucura; nunca nenhum doido se curou, que a cidade soubesse; e acidade sabe bastante, ao passo que livros mentem.

(ANDRADE. C. D. Contos de aprendiz, A doida, 2012.)

1lapidar: apedrejar. 2raconto: relato, narrativa. 3irrisão: zombaria. Derivação regressiva: formação de palavras novas pela redução de uma palavra já existente. A redução se faz mediante supressão de elementos terminais (sufixos, desinências).

(Celso Pedro Luft. Gramática resumida, 2004.)

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Constitui exemplo de palavra formada pelo processo de derivação regressiva o termo sublinhado em:

a) “Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto” (4º parágrafo) b) “E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca.” (3o parágrafo)º c) “Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho.” (2º parágrafo) d) “A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado.” (1º parágrafo) e) “O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta

grave” (5º parágrafo) GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na derivação regressiva, o termo forma-se a partir do verbo de ação, dando origem a um substantivo abstrato, o que elimina os termos “moça”, “boca” e “doida” das opções [A], [B] e [D], substantivos primitivos concretos. Apesar de o termo “culpa” da frase em [E] ser substantivo abstrato, a sua formação não obedece à regra da derivação regressiva, pois não resulta de ação da pessoa a que se refere. A doida apenas carrega uma culpa, ou seja, o substantivo não resulta de supressão de elementos terminais, só possível se associado a uma ação da doida em culpar alguém, o que não acontece. Assim, é correta apenas a opção [C], pois o termo “pega” é formado por derivação regressiva, do verbo “pegar”.

QUESTÃO 25

[...] bom... o... eu tenho impressão que o rádio provocou uma revolução... no país na medida que:... ahn principalmente o rádio de pilha né? quer dizer o rádio de pilha representou a quebra de um isolamento do homem do campo principalmente quer dizer então o homem do campo que nunca teria condição de ouvir... falar... de outras coisas... de outros lugares... de outras pessoas, entende? através do rádio de pilha... ele pôde se ligar ao resto do mundo saber que existem outros lugares outras pessoas, que existe um governo, que existem atos do governo... de modo que... o rádio, eu acho que tem um papel até... numa certa medida... ele provocou pelo alcance que tem uma revolução até maior do que a televisão... o que significou a quebra do isolamento... entende? de certas pessoas... a gente vê hoje o operário de obra com o rádio de pilha debaixo do braço durante todo o tempo que ele está trabalhando... quer dizer... se esse canal que é o rádio fosse usado da mesma forma como eu mencionei a televisão... num sentido cultural educativo de boas músicas e de... numa linha realmente de crescimento do homem [...] Esses veículos... de telecomunicações se colocassem a serviço da cultura e da educação seria uma beleza, né?

CASTILHO, A. T.; PRETTI, D. (Org.). A linguagem falada na cidade de São Paulo: materiais para seu estudo. São Paulo: T. A. Queiroz; Fapesp, 1987.

A palavra comunicação origina-se do latim communicare e significa “tornar comum”, “repartir”. Nessa transcrição de entrevista, reafirma-se esse papel dos meios de comunicação de massa porque o rádio poderia a) oferecer diversão para as massas, possibilitando um melhor ambiente de trabalho. b) atender as demandas de mercado, servindo de instrumento à indústria do consumo. c) difundir uma cultura homogênea, abolindo as marcas identitárias de toda uma coletividade. d) trazer oportunidades de aprimoramento intelectual, permitindo ao homem o acesso a informações e a

bens culturais. e) inserir o indivíduo em sua classe social, fornecendo entretenimento de pouco aprofundamento crítico. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No final do excerto, o entrevistado parte da hipótese de que se o rádio, assim como a televisão, fosse usado com objetivos culturais e educativos, permitiria a divulgação de informações o que contribuiria para gerar oportunidades de aprimoramento intelectual à população, como se afirma em [D].

QUESTÃO 26

_____1_____ me perguntam: quantas palavras uma pessoa sabe? Essa é uma pergunta importante, principalmente para quem ensina línguas estrangeiras. Seria muito útil para quem planeja um curso de francês ou japonês ter uma estimativa de quantas palavras um nativo conhece; e quantas os alunos precisam aprender para usar a língua com certa facilidade. Essas informações seriam preciosas para quem está preparando um manual que inclua, entre outras coisas, um planejamento cuidadoso da introdução gradual de vocabulário.

À parte isso, a pergunta tem seu interesse próprio. Uma língua não é apenas composta de palavras: ela inclui também regras gramaticais e um mundo de outros elementos que também precisam ser dominados. Mas as palavras são particularmente numerosas, e é notável como qualquer pessoa, instruída ou não, _____2_____ acesso a esse acervo imenso de informação com facilidade e rapidez. Assim, perguntar quantas palavras uma pessoa sabe é parte do problema geral de o que é que uma pessoa tem em sua mente e que _____3_____ permite usar a língua, falando e entendendo.

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Antes de mais nada, porém, o que é uma palavra? Ora, alguém vai dizer, “todo mundo sabe o que é uma palavra”. Mas não é bem assim. Considere a palavra olho. É muito claro que isso aí é uma palavra – mas será que olhos é a mesma palavra (só que no plural)? Ou será outra palavra?

Bom, há razões para responder das duas maneiras: é a mesma palavra, porque significa a mesma coisa (mas com a ideia de plural); e é outra palavra, porque se pronuncia diferentemente (olhos tem um “s” final que olho não tem, além da diferença de timbre das vogais tônicas). Entretanto, a razão principal por que julgamos que olho e olhos sejam a mesma palavra é que a relação entre elas é extremamente regular; ou seja, vale não apenas para esse par, mas para milhares de outros pares de elementos da língua: olho/olhos, orelha/orelhas, gato/gatos, etc. E, semanticamente, a relação é a mesma em todos os pares: a forma sem “s” denota um objeto só, a forma com “s” denota mais de um objeto. Daí se tira uma consequência importante: não é preciso aprender e guardar permanentemente na memória cada caso individual; aprendemos uma regra geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos.

Adaptado de: PERINI, Mário A. Semântica lexical. ReVEL, v. 11, n. 20, 2013. O autor fala da diferença de timbre das vogais tônicas (ref. 14) entre olho (em sua forma singular) e olhos (em sua forma plural). A alternativa que apresenta uma palavra cuja flexão de número acarreta essa mesma diferença de timbre vocálico mencionado pelo autor é: a) Caroço – caroços b) Cachorro – cachorros c) Acordo – acordos d) Estojo – estojos e) Rosto – rostos GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Apenas no par “caroço” – “caroços”, dentre os apresentados, há diferença de timbre.

QUESTÃO 27 Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia. O prefixo presente na palavra “transpostos” tem o mesmo sentido do prefixo que ocorre em: a) ultrapassado. b) retrocedido. c) infracolocado. d) percorrido. e) introvertido. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os prefixos “trans” e “ultra” apresentam o mesmo significado: “para além de”, “adiante de”.

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QUESTÃO 28

Do ponto de vista da norma culta, é correto afirmar que “coisar” é uma palavra a) resultante da atribuição do sentido conotativo de um verbo qualquer ao substantivo “coisa”. b) resultante do processo de sufixação que transforma o substantivo “coisa” no verbo “coisar”. c) que, graças a seu sentido universal, pode ser usada em substituição a todo e qualquer verbo não lembrado. d) que resulta da transformação do substantivo “coisa” em verbo “coisar”, reiterando um esquecimento. e) criada que, devido ao seu sentido genérico, torna-se incoerente na maioria das relações comunicativas. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Apenas a alternativa [B] está correta. O verbo “coisar” é uma transformação, pelo uso, do substantivo “coisa”. É resultado de uma derivação sufixal que, nesse caso, atribui uma terminação verbal ao substantivo.

QUESTÃO 29

Literatura e Matemática Letras e números costumam ser vistos como símbolos opostos, correspondentes a sistemas de pensamento e linguagens completamente diferentes e, muitas vezes, incomunicáveis. Essa perspectiva, no entanto, foi muitas vezes recusada pela própria literatura, que em diversas ocasiões a leu-se de elementos e pensamentos matemáticos como forma de melhor explorar sua potencialidade e de amplificar suas possibilidades criativas. A utilização da matemática no campo literário se dá por meio das diversas estruturas e rigores, mas também através da apresentação, reflexão e transformação em matéria narrativa de problemas de ordem lógica. Nenhuma leitura é única: o texto, por si só, não diz nada; ele só vai produzir sentido no momento em que há a recepção por parte do leitor. A matemática pode, também, potencializar o texto, tornando ainda mais amplo o seu campo de leituras possíveis a partir de regras ou restrições. Muitas passagens de Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho, de Lewis Carroll, estão repletas de enigmas e problemas que até os dias de hoje permitem aos leitores múltiplas interpretações. Edgar Allan Poe é outro escritor a construir personagens que utilizam exaustivamente a lógica matemática como instrumento para a resolução dos enigmas propostos. Explorar as relações entre literatura e matemática é resgatar o romantismo grego da possibilidade do encontro de todas as ciências. É fazer uma viagem pelo mundo das letras e dos números, da literatura comparada e das ficções e romances de diversos autores que beberam (e continuarão bebendo) de diversas e potenciais fontes científicas, poéticas e matemáticas.

<http://tinyurl.com/h9z7jot > Acesso em: 17.08.2016. Adaptado. No texto, entende-se que a) o substantivo literatura, no primeiro parágrafo, está utilizado no sentido denotativo, pois se refere à produção

escrita informal. b) o verbo dizer, no segundo parágrafo, está utilizado no sentido denotativo, pois há um substantivo que possui

voz ativa. c) o substantivo matemática, no segundo parágrafo, está utilizado no sentido denotativo, pois as incógnitas são

representadas por letras gregas. d) o advérbio exaustivamente, no terceiro parágrafo, está utilizado no sentido conotativo, pois está relacionado

ao cansaço dos escritores. e) o verbo beber, no quarto parágrafo, está utilizado no sentido conotativo, pois remete ao sentido de

absorver intelectualmente.

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GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: [A] Incorreta. O uso realmente é denotativo, no entanto faz menção à produção escrita artística. [B] Incorreta. O uso é conotativo (“o texto, por si só, não diz nada”); além disso, o sentido conotativo ou denotativo não se deve estritamente à voz verbal empregada. [C] Incorreta. O uso realmente é denotativo nas duas ocorrências; não há relação entre o sentido do vocábulo e a utilização de letras gregas. [D] Incorreta. O uso é denotativo, mas está relacionado ao esforço das personagens. [E] Correta. No último parágrafo, o verbo “beber” está empregado no sentido conotativo, uma vez que não significa “ingerir líquido”, mas absorver intelectualmente diversas fontes para a produção literária.

QUESTÃO 30

De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja – entregue tudo.

É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte de um coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das grandes cidades brasileiras. As noções de segurança e de vida comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é encarado como ameaça. O sentimento de insegurança transforma e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, troca, comunidade, participação coletiva, as moradias e os espaços públicos transformam-se em palco do horror, do pânico e do medo.

A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas – especialmente as dos jovens e dos mais pobres –, Dilacera famílias, modificando nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia e no Estado de direito?

(Violência urbana, 2003.) As palavras do texto cujos prefixos traduzem ideia de negação são a) “desvirtua” e “transforma”. b) “evite” e “isolamento”. c) “desfigura” e “ameaça”. d) “desconhecido” e “insegurança”. e) “subverte” e “dilacera”. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os prefixos que traduzem a ideia de negação estão presentes nos termos apresentados pela alternativa [D]: “des-” (em “desconhecido”) e “in-” (em “insegurança”).

QUESTÃO 31

Agora eu era herói E o meu cavalo só falava inglês. A noiva do cowboy Era você, além das outras três. Eu enfrentava os batalhões, Os alemães e seus canhões. Guardava o meu bodoque E ensaiava o rock para as matinês. BUARQUE, C. João e Maria, 1977 (fragmento).

Nos terceiro e oitavo versos da letra da canção, constata-se que o emprego das palavras cowboy e rock expressa a influência de outra realidade cultural na língua portuguesa. Essas palavras constituem evidências de a) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de habitantes de uma determinada região. b) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de uma palavra oriunda de outra língua. c) jargão profissional, ao evocar a linguagem de uma área específica do conhecimento humano. d) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos da história da língua. e) estrangeirismo, que significa a inserção de termos de outras comunidades linguísticas no português. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os termos “cowboy” e “rock” são provenientes da língua inglesa, mas são utilizadas no vocabulário de língua portuguesa. Quando esse fato ocorre, temos um exemplo de estrangeirismo.

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QUESTÃO 32

Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando o sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento materno. Além do sentimento muito forte manifestado pelas gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem falar nas companheiras na maternidade que estão amamentando. Esses conflitos constituem nosso maior desafio. Assim, criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É substituir o seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito!

PADOIN, S. M. M. et al. (Org.) Experiências interdisciplinares em Aids: interfaces de uma epidemia. Santa Maria: UFSM, 2006 (adaptado). O texto é o relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e mães soropositivas. Nesse relato, em meio ao drama de mães que não devem amamentar seus recém-nascidos, observa-se um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra “mamadeirar”, que consiste a) na manifestação do preconceito linguístico. b) na recorrência a um neologismo. c) no registro coloquial da linguagem. d) na expressividade da ambiguidade lexical. e) na contribuição da justaposição na formação de palavras. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto apresenta a criação de uma nova palavra: “mamadeirar”, que consiste em fazer com que as mães soropositivas percebam que o uso da mamadeira aos bebês também é uma forma de estabelecer laços com os seus filhos e que deve ser vista de forma positiva.

QUESTÃO 33

O sedutor médio Vamos juntar Nossas rendas e expectativas de vida querida, o que me dizes? Ter 2, 3 filhos e ser meio felizes?

VERISSIMO, L. F. Poesia numa hora dessas?! Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

No poema O sedutor médio, é possível reconhecer a presença de posições críticas a) nos três primeiros versos, em que “juntar expectativa de vida” significa que, juntos, os cônjuges poderiam

viver mais, o que faz do casamento uma convenção benéfica. b) na mensagem veiculada pelo poema, em que os valores da sociedade são ironizados, o que é acentuado pelo

uso do adjetivo “médio” no título e do advérbio “meio” no verso final. c) no verso “e ser meio felizes?”, em que “meio” é sinônimo de metade, ou seja, no casamento, apenas um dos

cônjuges se sentiria realizado. d) nos dois primeiros versos, em que “juntar rendas” indica que o sujeito poético passa por

dificuldades financeiras e almeja os rendimentos da mulher. e) no título, em que o adjetivo “médio” qualifica o sujeito poético como desinteressante ao sexo oposto e

inábil em termos de conquistas amorosas. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Veríssimo critica esse "sedutor" no texto, fazendo uso de um vocabulário que aponta a insignificância de uma vida pequeno-burguesa. Essa ironia aos valores dessa sociedade é marcada na utilização do adjetivo "médio" no título e do advérbio "meio" no verso final, conforme expressa a opção B.

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QUESTÃO 34

O senhor

Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:

Senhora: Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele

não é, de nada, nem de ninguém. Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta

nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste.

Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.

BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991. A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é: a) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste.” b) “A única nobreza do plebeu está em não querer esconder a sua condição.” c) “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.” d) “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.” e) “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.” GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O termo "senhor" utilizado na carta cria um afastamento entre os participantes da conversa, comprovado no trecho: "Essa palavra, "senhor", no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste.".

QUESTÃO 35

“Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis falavam mal das vespas de cintura fina – achando que era exagero usar coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados e de gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando as flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo.”

(LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho) No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio, que servem para caracterizar o ambiente descrito. Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e “pequeninando e não mordendo” criam, principalmente, efeitos de a) esvaziamento de sentido b) monotonia do ambiente c) estaticidade dos animais d) interrupção dos movimentos e) dimamicidade do cenário GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os verbos no gerúndio dão ideia de continuidade, ou seja, de ações que acontecem no momento em que delas se fala. No texto de Lobato, o gerúndio (vale lembrar que a desinência -ndo foi aplicada a neologismos) contribui para a ideia de movimento, de dinamicidade do cenário.

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QUESTÃO 36

Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que… Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas) Gradação é a figura de linguagem em que são postos substantivos/ termos que estabelecem entre si uma relação semântica de proximidade. Diante disso, a enumeração de substantivos expressa gradação ascendente em: a) “menino mais gracioso, inventivo e travesso”. b) “trazia-o amimado, asseado, enfeitado”. c) “gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas”. d) “papel de rei, ministro, general”. e) “tinha garbo (…), e gravidade, certa magnificência”. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os adjetivos “gracioso”, “inventivo” e “travesso” demonstram, gradualmente, as características do “menino”, citado no texto.

QUESTÃO 37

De Gramática e de Linguagem E havia uma gramática que dizia assim: "Substantivo (concreto) é tudo quanto indica Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta". Eu gosto das cousas. As cousas sim!... As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso. As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém. Uma pedra. Um armário. Um ovo, nem sempre, Ovo pode estar choco: é inquietante...) As cousas vivem metidas com as suas cousas. E não exigem nada. Apenas que não as tirem do lugar onde estão. E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta. Para quê? Não importa: João vem! E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão, Amigo ou adverso... João só será definitivo Quando esticar a canela. Morre, João... Mas o bom mesmo, são os adjetivos, Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto. Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso. Sonoro. Lento. Eu sonho Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais. Ainda mais: Eu sonho com um poema Cujas palavras sumarentas escorram Como a polpa de um fruto maduro em tua boca, Um poema que te mate de amor Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido: Basta provares o seu gosto.

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Para o poeta, a linguagem deve a) ser inquietante e misteriosa como um ovo que, quando choco, guarda sentidos desconhecidos. b) ser composta pelos substantivos concretos e pelos adjetivos para assemelhar-se à linguagem das plantas e

dos animais. c) conseguir matar as pessoas que, como diz o poeta, atrapalham. Por isso ele afirma: “Morre, João...” d) excluir o amor, uma vez que esse sentimento a destitui do verdadeiro e misterioso sentido abrigado

nas palavras. e) bastar-se a si mesma, pois há de conter a essência do sentido na sua constituição. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto aborda a essência da linguagem, como se ela tivesse significado próprio, encerrado em si.

QUESTÃO 38

Anúncios publicitários buscam chamar a atenção do consumidor por meio de recursos diversos. Nesse pôster, os números indicados correspondem ao(à):

a) comprimento do cigarro b) tempo de queima do cigarro c) idade de quem começa a fumar d) expectativa de vida de um fumante e) quantidade de cigarros consumidos GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Lê-se no pôster “How long can you live” (Quanto tempo você pode viver?), sendo que os números ao lado indicam a expectativa de vida de um fumante.

QUESTÃO 39

Quotes of the Day Friday, Sep. 02, 2011

“There probably was a shortage of not just respect and boundaries but also love. But you do need, when they cross the line and break the law, to be very tough.” British Prime Minister DAVID CAMERON, arguing that those involved in the recent riots in England need “tough love” as he vows to “getto grips” with the country’s problem families.

Disponível em: www.time.com. Acesso em: 5 nov. 2011 (adaptado). A respeito dos tumultos causados na Inglaterra em agosto de 2011, as palavras de alerta de David Cameron têm como foco principal a) reforçar a ideia de que os jovens precisam de amor, mas também de firmeza. b) enfatizar a discriminação contra os jovens britânicos e suas famílias. c) criticar as ações agressivas demonstradas nos tumultos pelos jovens. d) estabelecer relação entre a falta de limites dos jovens e o excesso de amor. e) descrever o tipo de amor que gera problemas às famílias de jovens britânicos. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A expressão “tough love”, no trecho: “British Prime Minister David Cameron, arguing that those involved in the recent riots in England need “tough love”, significa amor com firmeza, com limites.

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QUESTÃO 40

National Geographic News Christine Dell’Amore

Published April 26, 2010 Our bodies produce a small but steady amount of natural morphine, a new study suggests. Traces of the chemical are often found in mouse and human urine, leading scientists to wonder whether the drug is being made naturally or being delivered by something the subjects consumed. The new research shows that mice produce the “incredible painkiller” — and that humans and other mammals possess the same chemical road map for making it, said study co-author Meinhart Zenk, who studies plant-based pharmaceuticals at the Donald Danforth Plant Science Center in St. Louis, Missouri.

Disponível em: www.nationalgeographic.com. Acesso em: 27 jul. 2010. Ao ler a matéria publicada na National Geographic, para a realização de um trabalho escolar, um estudante descobriu que a) os compostos químicos da morfina, produzidos por humanos, são manipulados no Missouri. b) os ratos e os humanos possuem a mesma via metabólica para produção de morfina. c) a produção de morfina em grande quantidade minimiza a dor em ratos e humanos. d) os seres humanos têm uma predisposição genética para inibir a dor. e) a produção de morfina é um traço incomum entre os animais. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Encontra-se a resposta no seguinte trecho do texto: “The new research shows that mice produce the ‘incredible painkiller’– and that humans and other mammals possess the same chemical road map for making it, …” (a nova pesquisa mostra que os ratos produzem um incrível analgésico, e que os humanos e outros mamíferos possuem a mesma via metabólica...).

QUESTÃO 41

Na história da arte, o impressionismo representou uma revolução. Em meados do século XIX, Monet, Degas, Renoir e outros artistas romperam com a arte acadêmica e passaram a explorar novas formas de composição artística. Observadores atentos da natureza, esses artistas a) retrataram, em suas obras, as cores que idealizavam de acordo com o reflexo da luz solar nos objetos. b) usaram pinceladas rápidas de cores puras e dissociadas diretamente na tela, sem misturá-las antes na paleta. c) investiram mais na cor preta, fazendo contornos nítidos, que melhor definiam as imagens e as cores do

objeto representado. d) retrataram paisagens em diferentes horas do dia, recriando, em suas telas, as imagens por eles idealizadas. e) definiram as sombras em tons de cinza e preto e com efeitos esfumaçados, tal como eram realizadas

no Renascimento. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Não se pode utilizar a qualificação “idealizadas” para as cores da pintura impressionista. Assim como, também, não apenas retratar o efeito da “luz solar” que esses pintores buscavam reproduzir. O que se percebe nas obras dos pintores impressionistas é o procedimento inovador em usar pinceladas rápidas de cores puras e separadas, sem misturá-las antes na paleta.

QUESTÃO 42

"O quarto do artista em Arles" (1889).

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“Eu tinha uma nova ideia em minha cabeça e aqui está o seu esboço… desta vez, trata-se simplesmente do meu quarto, só que a cor se encarregará de tudo(...) As paredes são violeta-claro. O piso é de ladrilhos vermelhos. A madeira da cama e as cadeiras, amarelo de manteiga fresca, os lençóis e almofadas de um tom leve de limão esverdeado. A colcha, escarlate. As janelas, verde. A mesa de toalete, laranja, e a bacia azul. As portas de cor lilás. E é tudo. (...)” A partir das observações descritas no trecho da carta de Vincent Van Gogh a seu irmão Theo, pode-se dizer que o artista a) pretendia criar uma atmosfera de emoção, pela ênfase dada às sombras e ambientes soturnos em seu quadro. b) procurou demonstrar seu domínio na arte da composição, utilizando os ensinamentos de artistas

renascentistas na harmonia das cores. c) utilizou as cores como instrumento para transmitir o que sentia e não para representar o que via

com fidedignidade. d) perseguiu a criação de um ambiente real através de uma abordagem naturalista, onde o que é visto se

sobrepõe ao que é sentido pelo artista. e) procurou criar uma atmosfera noturna, onde preponderavam tons escuros e com pouca vibração. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Quarto em Arles é uma série de três quadros da autoria de Vincent Van Gogh, pintados entre Outubro de 1888 e Setembro de 1889. Embora buscasse a impressão de tranquilidade no seu quadro, esta pintura reflete antes a tensão e a solidão intensa de Van Gogh. O artista não se preocupou em representar um espaço físico de modo realista, mas a representação interior e subjetiva do espaço vivido emocionalmente.

QUESTÃO 43

Em 1933, Hitler fecha a Bauhaus e promove a primeira exposição difamatória da arte moderna em Karlsruhe e Mannheim. Segue-se a cassação de diversos curadores, diretores de museus e artistas-professores. Os artistas começam a emigrar. Livros são queimados em praça pública e inicia-se um verdadeiro processo de expropriação arbitrária pelos nazistas dos acervos dos museus: mais de 16.500 obras de arte são confiscadas, muitas das quais foram destruídas ou perdidas. O projeto estético nazista a) apoiado por alguns e atacados por outros, gerou grande polêmica na época, num momento em que houve um

maior incentivo a “arte moderna”, que de início não foi bem aceita pelos alemães. b) surgiu na pintura francesa do século XIX, vivia-se nesse momento a chamada Belle Époque, com destaque

para o trabalho de artistas como Van Gogh e Toulouse Lautrec. c) expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da Sociedade

europeia após a Revolução Francesa e principalmente com o Império de Napoleão. d) derivado da visão artística conservadora do próprio Hitler, promoveu o combate à arte moderna, denominando-

a de “arte degenerada”, e na promoção de uma arte propagandista baseado em padrões clássicos. e) cuja obras refletem uma eloquente visão das condições humanas na primeira metade do século XX, na

Alemanha, valoriza traços de naturalismo e expressionismo, ao representar a classe operária, fome, guerra e pobreza.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: "Arte degenerada" foi o termo oficialmente divulgado para designar a arte moderna, difamada com justificativas de teoria racial durante o governo nazista na Alemanha. No contexto artístico, as obras consideradas degeneradas fugiam do padrão clássico — que valorizava o equilíbrio, harmonia e perfeição idealizados. Em contrapartida, a arte modernista era livre e criativa, e os nazistas a consideravam "coisa de judeus" ou “comunistas”. Hitler tomou várias atitudes contra manifestações artísticas que ele considerava impróprias. Nesse contexto, diversas obras foram destruídas, perdidas ou até leiloadas para financiar o regime.

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QUESTÃO 44

No Voleibol, é tido como o distribuidor das jogadas, ele é quem arma a sua equipe, devendo ser o cérebro do time, do qual depende do sucesso ou fracasso. Ele deve ter liderança e inteligência, boa visão geral do jogo, bom diálogo com os atacantes, não se deixando dominar, e ser uma extensão do técnico dentro da quadra: a) Líbero. b) Levantador. c) Oposto. d) Pontas. e) Meio de Rede. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: São as principais características e funções do Levantador em uma equipe de Voleibol.

QUESTÃO 45

A punição de Dois Minutos no Handebol representa a seguinte orientação: a) O jogador terá sua participação suspensa após a infração de apenas dois minutos, não podendo retornar mais,

e a equipe adversária deverá retirar de quadra um de seus jogadores para equalizar as equipes. b) O jogador é expulso, podendo outro jogador voltar dois minutos após a saída de quadra. O jogador deve retirar-

se da quadra, inclusive do banco de reserva, e não pode mais voltar à partida. c) O jogador deve ficar por dois minutos fora do jogo, sem direito à substituição. Essa punição é dada a faltas

violentas ou a substituições incorretas, e caso o time já tenha dois cartões amarelos, o próximo cartão será substituído por um dois minutos.

d) O jogador recebe a punição e só pode permanecer em quadra por apenas dois minutos, ficando sua equipe sem a substituição e o jogador sendo excluído da partida.

e) A partir da punição, o jogador infrator só poderá permanecer por dois minutos em quadra, alternando no banco de reservas sua permanência, que será também de dois minutos, retornando ao jogo após cumprir esse tempo de paralização.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na regra oficial do Handebol, o jogador infrator dos dois minutos deverá permanecer esse tempo fora de quadra sem ser substituido, ficando sua equipe com menos um na partida, podendo retornar à quadra após o cumprimento da infração.

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QUESTÃO 46

“[...] doentes atingidos por estranhos males, todos inchados, todos cobertos de úlceras, lamentáveis de ver, desesperançados da medicina, ele [o Rei] cura-os pendurando em seus pescoços uma peça de ouro, com preces santas, e diz-se que transmitirá essa graça curativa aos reis seus sucessores.”

SHAKESPEARE, William. Macbeth. Essa passagem da peça Macbeth é reveladora da(o) a) mentalidade renascentista, voltada ao misticismo e ao maravilhoso. b) crença anglo-francesa, de origem medieval, no poder de cura dos reis. c) capacidade artística do autor de transcender a realidade de seu tempo. d) direito divino dos reis, que se manifestava em seus dons sobrenaturais. e) poder do absolutismo, que obrigou a Igreja a aceitar o caráter sagrado dos reis. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A partir do texto de William Shakespeare, é abordada, na questão, a crença nos poderes de cura dos reis europeus. Essa crença, corretamente mencionada na alternativa B, pertencia à cultura do homem moderno. Desde a Idade Média, era comum se acreditar que, caso os reis tocassem os doentes, conseguiriam curá-los. O ritual se manteve na Idade Moderna, dando origem à expressão: “O rei toca, Deus cura”.

QUESTÃO 47

O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de os manter em respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito àquelas leis de natureza.

HOBBES, Thomas (1588-1679). Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os Pensadores). O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qualidades [...]. O príncipe não deve se desviar do bem, mas deve estar sempre pronto a fazer o mal, se necessário.

MAQUIAVEL, Nicolau (1469-1527). O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1986. (Os Pensadores). Os dois fragmentos ilustram visões diferentes do Estado moderno. É possível afirmar que a) ambos defendem o absolutismo, mas Hobbes vê o Estado como uma forma de proteger os homens de sua

própria periculosidade, e Maquiavel preocupa-se em orientar o governante sobre a forma adequada de usar seu poder.

b) Hobbes defende o absolutismo, por tomá-lo como a melhor forma de assegurar a paz, e Maquiavel recusa-o, por não aceitar que um governante deva comportar-se apenas para realizar o bem da sociedade.

c) ambos rejeitam o absolutismo, por considerarem que ele impede o bem público e a democracia, valores que jamais podem ser sacrificados e que fundamentam a vida em sociedade.

d) Maquiavel defende o absolutismo, por acreditar que os fins positivos das ações dos governantes justificam seus meios violentos, e Hobbes recusa-o, por acreditar que o Estado impede os homens de viverem de maneira harmoniosa.

e) ambos defendem o absolutismo, mas Maquiavel acredita que o poder deve se concentrar nas mãos de uma só pessoa, e Hobbes insiste na necessidade de a sociedade participar diretamente das decisões do soberano.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão pretende comparar a obra de dois importantes pensadores da Idade Moderna, Maquiavel e Thomas Hobbes. A alternativa correta apresenta uma síntese da obra de Hobbes, ressaltando a importância que o autor dá à formação de um governo forte que garanta a ordem entre os homens. Ela também apresenta a relevância que Maquiavel dá à busca pela manutenção do poder como a principal preocupação da ação política de um governante. É importante lembrar que, apesar de a questão apontar Maquiavel como um defensor do absolutismo, esse tema é controverso, já que sabe-se que o autor florentino se posicionou a favor da República em obras como Discursos.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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QUESTÃO 48 “O Estado sou eu”, frase atribuída ao rei francês Luís XIV, traduzia o grau de centralização de poderes típica dos Estados absolutistas europeus. Tal forma de organização política destacava a figura do monarca, como bem caracteriza a imagem a seguir.

Considerando o papel da monarquia absolutista, podemos afirmar que a) o regente, ao aparecer publicamente com trajes suntuosos, exprimia a união entre o poder temporal e o

espiritual, apoiado publicamente pelo Papa em cada aparição pública. b) o monarca, ao se utilizar da pompa e da suntuosidade, sintetizava os anseios da própria nação e dos diversos

grupos religiosos existentes no território francês. c) a exposição pública da figura do monarca enfraquecia a nobreza e as tradições aristocráticas, ao mesmo

tempo em que fortalecia os interesses burgueses. d) o rei, ao simbolizar o próprio Estado francês, consegue articular o anseio do grupo mercantil em ascensão,

articulando-os com os interesses da nobreza nacional. e) eliminar as revoltas camponesas francesas, recorrendo ao luxo e majestade configurados na imagem do

monarca, garantia estabilidade a nação. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Durante o reinado de Luís XIV (1643-1715), que se autoproclamou rei Sol, a monarquia absolutista atingiu o seu auge na França. A centralização promovida por Luís XIV realizou-se por meio da articulação dos interesses mercantis, como a eliminação das barreiras que impediam a circulação das mercadorias pelas várias regiões da França, de reformas jurídicas, com a criação dos tribunais ligados ao rei, onde os camponeses podiam apelar ao monarca diante da opressão dos poderes locais e interesses da nobreza nacional, que se manteve no poder.

QUESTÃO 49

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Um elemento de distinção entre as duas imagens acima, responsável pelo surgimento de uma arte tipicamente renascentista, expressa-se por meio da a) introdução da perspectiva ou do efeito de profundidade na composição da pintura. b) atribuição de destaque às figuras sagradas, conforme a hierarquia religiosa. c) composição da pintura com base na representação de figuras sem volume. d) produção da pintura considerando a figuração bidimensional. e) elaboração de imagens antirrealistas, com apelo ao sagrado. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A comparação com a primeira pintura permite perceber a superação de uma figuração bidimensional, antirrealista e sem volume, características da arte medieval. Na segunda pintura, é possível perceber a presença do efeito de profundidade e da perspectiva. Além disso, nessa pintura, a representação da figura sagrada é semelhante à representação das figuras humanas. Sendo assim, a segunda pintura apresenta características notadamente renascentistas.

QUESTÃO 50

Os artistas da Renascença dedicavam-se a representar as coisas tais como eram ou, pelo menos, como pareciam ser. Parte desse tipo de inspiração também era clássica. O ideal antigo de beleza era o nu belo. A admiração renascentista pela arte antiga fez com que os artistas, pela primeira vez desde a queda de Roma, estudassem Anatomia; aprendiam a desenhar o corpo humano, observando modelos que posavam para eles – até hoje uma prática fundamental para o treinamento artístico.

PERRY, Marvin. Civilização Ocidental. A arte renascentista. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 226 (Adaptação). A precisão anatômica observada em peças artísticas de autores renascentistas põe em evidência a(o) a) predominância dos valores materiais voltados para a satisfação das classes dominantes, em prejuízo de

temas religiosos e de valores espirituais. b) articulação entre a arte, o conhecimento científico e a influência filosófica do humanismo na produção

daquelas obras. c) dependência dos artistas renascentistas a modelos, técnicas e temas desenvolvidos pelas antigas civilizações

da Grécia e de Roma. d) força da influência da igreja católica na cultura renascentista, comprovada pela totalidade de temas da

religiosidade cristã nas obras de pintura e escultura do período. e) caráter popular da arte renascentista, que, ao privilegiar a nudez do corpo humano, procurava atrair o

interesse das classes menos favorecidas. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão aborda importantes características do Renascimento: a busca pela perfeição, o humanismo e o naturalismo. Assim, obras artísticas e estudos científicos valorizavam a representação do homem de maneira fiel e próxima do natural, o que explica a articulação entre arte, ciência e filosofia nas produções renascentistas.

QUESTÃO 51

Em 1609, o astrônomo italiano Galileu Galilei apontou pela primeira vez uma luneta para o céu e iniciou a comprovação da teoria de Nicolau Copérnico: a de que não era a Terra que estava no centro do Sistema Solar, mas o Sol. Iniciava-se uma revolução no pensamento ocidental, então dominado pelos dogmas da Igreja cristã, que adotou a teoria geocêntrica de Aristóteles e de Ptolomeu. Durante o final do Império Romano e a Idade Média, era proibido sustentar qualquer outra ideia que não aquelas apresentadas pela instituição religiosa. Ninguém poderia ousar questionar as bulas papais, e todos que se envolviam na descrição da natureza da Terra ou do firmamento deveriam obedecer às ideias equivocadas de que a vida aqui embaixo era desvinculada do que ocorria nas esferas celestes, movidas eternamente em círculos e sem qualquer mutação na sua história. Mas Galileu fez a revolução nos céus procedendo de uma maneira muito simples: ele simplesmente fez observações.

SILVA FILHO, 2012. p. A2. Nicolau Copérnico (1473-1548) e Galileu Galilei (1571-1630) destacam-se entre os participantes do Renascimento Científico e da Revolução Científica dos séculos XVI e XVII, respectivamente, por pregarem a) a popularização do conhecimento científico, fazendo-o acessível a todas as classes sociais de sua época. b) os princípios da observação e da experimentação, superando a preeminência da fé sobre a ciência. c) a obrigatoriedade de aplicação de princípios científicos à produção das obras de arte, na Itália e na

península Ibérica. d) a prática da livre expressão das ideias e das descobertas, sendo respeitados pelas instituições políticas e

religiosas do seu tempo. e) a concepção da igualdade de direitos de todos perante as leis que orientavam o acesso à educação pública

e gratuita.

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GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Renascimento desenvolveu novos meios para a produção de conhecimento e modificou as concepções de mundo europeu. No lugar das imposições da fé católica, houve uma maior valorização do ser humano enquanto ser racional, capaz de chegar à verdade por meio de sua própria capacidade cognitiva. Assim, foi nesse contexto que alguns cientistas, por meio da observação e do empirismo – em oposição à mera aceitação de dogmas ou busca da verdade por meio de mera contemplação – rejeitaram a teoria geocêntrica de Aristóteles e apresentaram a visão heliocêntrica do universo, que colocava o Sol como o astro em torno do qual giram os planetas.

QUESTÃO 52

A peste, a fome e a guerra constituíram os elementos mais visíveis e terríveis do que se conhece como a crise do século XIV. Como consequência dessa crise, ocorrida na Baixa Idade Média, a) o movimento de reforma do cristianismo foi interrompido por mais de um século, antes de reaparecer com

Lutero e iniciar a Modernidade. b) o campesinato, que estava em vias de conquistar a liberdade, voltou novamente a cair, por mais de um

século, na servidão feudal. c) o processo de centralização e concentração do poder político intensificou-se até tornar-se absoluto, no início

da Modernidade. d) o feudalismo entrou em colapso no campo, mas manteve sua dominação sobre a economia urbana até o fim

do Antigo Regime. e) entre as classes sociais, a nobreza foi a menos prejudicada pela crise, ao contrário do que ocorreu com

a burguesia. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O século XIV foi marcado por uma série de calamidades que colaboraram para acelerar as transformações no interior do feudalismo, como a fome, as doenças e as guerras. Como consequência, houve um progressivo enfraquecimento dos senhores feudais, concomitantemente ao fortalecimento dos reis. Nesse sentido, a descentralização política feudal foi dando lugar a uma centralização que se concretizou na formação dos Estados Nacionais, na Idade Moderna.

QUESTÃO 53 O rei espanhol Alfonso X, o Sábio, na sua obra El Libro de Ajedrez, simula, por meio de uma partida de xadrez, os conflitos entre cristãos e mouros. Tais conflitos devem ser entendidos no contexto da(s) a) expansão muçulmana para o Oriente, a qual entrou em choque com os interesses portugueses e espanhóis

naquela região. b) Guerras Púnicas, quando Ocidente e o Oriente disputaram o controle do Mar Vermelho. c) Cruzadas, quando cristãos, pela força, retomaram o Estreito de Gibraltar, que estava sob domínio mouro. d) heresias medievais, quando o poder eclesiástico foi ameaçado pela concentração do poder burguês. e) Reconquista, que praticamente varreu das terras ibéricas a presença do elemento não cristão. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão aborda de forma direta o tema da Reconquista. Para se chegar à alternativa correta, bastava reconhecer a menção ao Rei da Espanha e ao combate entre mouros e cristãos. O processo de reconquista foi a longa luta pela expulsão dos muçulmanos que ocupavam a Península Ibérica desde o século VIII. O processo só teve seu fim com a tomada de Granada em 1492.

QUESTÃO 54

I. “[...] esse Estado continua sendo a expressão da hegemonia da nobreza que, através da reorganização estatal, reforça sua dominação sobre a massa camponesa...”

II. “[...] foi um sistema de exploração regulamentado pelo Estado e executado através do comércio [...], sendo essencialmente a política econômica de uma era de acumulação primitiva...”

III. “[...] a produção das Colônias só é válida na medida em que possibilite lucros elevados aos comerciantes metropolitanos, detentores do monopólio sobre o comércio de importação e de exportação das Colônias...”

Na evolução histórica europeia, os itens anteriores identificam elementos que foram fundamentais para o(a) a) desenvolvimento do modo de produção asiático. b) fracasso das Revoluções Liberais do século XVII. c) política de realinhamento imperialista do século XIX. d) processo de transição do feudalismo para o capitalismo. e) rearticulação do poder feudal com as Corporações de Ofício.

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão aborda, a partir da interpretação de três trechos, importantes características dos Estados Modernos. O trecho I remete ao papel da nobreza na nova organização política após o fim da Idade Média. Já os trechos II e III mencionam as práticas mercantilistas e o colonialismo. Tais características estão presentes no contexto de transição do final do período medieval para a Idade Moderna.

QUESTÃO 55

A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o crescimento das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de dia e de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos (...) E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo.”

DI TURA, Agnolo. The Plague in Siena: An Italian Chronicle. In: BOWSKY, William M. The Black Death: a turning point in history? New York: HRW, 1971 (Adaptação).

O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da Peste Negra, que assolou a Europa durante parte do século XIV, sugere que a) o flagelo da Peste Negra foi associado ao fim dos tempos. b) a Igreja buscou conter o medo da morte, disseminando o saber médico. c) houve substancial queda demográfica na Europa no período anterior à Peste. d) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato de os cadáveres não serem enterrados. e) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão forte, porque as vítimas eram poucas e identificáveis. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto aponta que os conhecimentos médicos não foram capazes de conter a epidemia que assolou os centros urbanos na Baixa Idade Média. Assim, a população buscava justificações religiosas para compreender o significado da doença, e muitos chegavam a crer que ela seria um sinal do "fim do mundo".

QUESTÃO 56 Nos últimos anos do século XI, tiveram início as Cruzadas, expedições de cunho religioso-militar organizadas como uma contraofensiva cristã em relação ao cerco muçulmano. É correto afirmar que, ao mesmo tempo, essas expedições a) responderam pela ruralização da Europa Ocidental e deixaram como principal consequência o esfacelamento

do sistema feudal. b) promoveram a reunificação da Igreja romana do Ocidente e do Oriente e contribuíram para o fortalecimento do

poder papal. c) foram um meio utilizado pela Igreja para reconstruir o Antigo Império Romano e transformar o Mediterrâneo

num mare nostrum cristão. d) conquistaram as rotas comerciais terrestres das cidades italianas e impediram a difusão das crenças

religiosas islâmicas no Mediterrâneo. e) foram uma forma de aliviar as pressões demográficas sobre o sistema feudal e trouxeram como principal

consequência a reabertura do Mediterrâneo ao comércio europeu. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A força da religião não foi o único fator determinante das Cruzadas. Os senhores feudais viviam em guerras entre si, que foram agravadas com o crescimento da população na Europa Ocidental e com a persistência do direito de primogenitura, em que os filhos mais novos dos nobres não tinham direito à herança. Esses nobres deserdados viam com muito interesse a possibilidade de conquistar e saquear terras em outras regiões. Havia um apelo de ordem prática, já que as terras no Oriente poderiam suprir as necessidades da população pobre em recursos alimentares. Havia, também, o interesse econômico das cidades mediterrâneas, que viam a oportunidade de obter vantagens com o transporte dos cruzados e de seus equipamentos. Do ponto de vista econômico, as Cruzadas foram importantes por terem liberado o Mar Mediterrâneo, que estava sob domínio muçulmano desde o século VIII, tornando possível novamente o comércio entre o Oriente e o Ocidente. Portanto, a alternativa E está correta.

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QUESTÃO 57

Desde a Idade Média, epidemias importantes, como a peste negra, dizimaram milhões de pessoas. Atualmente, ao longo de uma faixa de países tropicais e subtropicais, o mosquito Aedes aegypti disseminou doenças como a dengue, o Zika vírus, entre outras. As autoridades de Saúde Pública procuram soluções para deter a proliferação desse mosquito e suas implicações. Comparando os dois momentos, percebem-se diferenças em relação às ações de combate, à natureza das epidemias e à organização do espaço geográfico. Com base nessas informações e nas peculiaridades do espaço geográfico, é correto afirmar que a) a dispersão da população, no espaço rural, impedia o combate à peste negra na Idade Média. b) o predomínio da população rural, na Idade Média, e a falta de saneamento básico no campo constituíram

causas principais da propagação da peste negra, porque nas cidades não foi registrado nenhum caso. c) a globalização e os movimentos migratórios podem desencadear uma epidemia, com a mesma velocidade,

tanto nos países centrais quanto nos periféricos. d) a diferença entre o atual momento e o momento medieval consiste na adoção de barreiras sanitárias

antes desconhecidas. e) o avanço e a rápida propagação da dengue, do Zika vírus no Brasil, podem ser explicados pelo elevado índice

pluviométrico, pelos desmatamentos e pela extensão territorial. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Dentre os fatores responsáveis pelo rápido e intenso alastramento da peste negra durante a Baixa Idade Média estão as péssimas condições de higiene nas cidades que voltavam a crescer na Europa ocidental. Com a intensificação do comércio e da urbanização, as cidades portuárias se transformaram em centros de difusão da doença, devido à alta circulação de pessoas das mais variadas regiões do mundo. Diferentemente do mundo atual, no qual os hábitos de higiene são amplamente difundidos como medidas profiláticas, e barreiras sanitárias são estabelecidas para evitar surtos epidêmicos, durante a Idade Média outras causas foram atribuídas à doença (como a ideia de castigo divino), o que retardou a superação da epidemia e levou à morte de milhares de europeus.

QUESTÃO 58

O Renascimento Cultural teve sua origem nas mudanças políticas, econômicas e sociais ocorridas a partir da Baixa Idade Média. Foram transformações dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, dos valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e que atingiram a alta burguesia e a nobreza, excluindo os demais segmentos da sociedade.

Mota, Myriam; Braick, Patrícia. História: das cavernas ao Terceiro Milênio. Entre as transformações a que as autoras se referem, é correto mencionar a(o) a) afirmação dos Estados liberais, sob controle da burguesia, a partir da retomada do estudo do Direito Romano

nas universidades. b) desenvolvimento das atividades mercantis, que fez surgir uma nova camada social interessada em valorizar o

indivíduo e a razão. c) fortalecimento da autoridade dos doutores da Igreja Católica, que defendiam a fé como meio de compreensão

da realidade material. d) consolidação do sistema fabril, substituindo as corporações medievais, devido às novas exigências da

economia autossuficiente. e) ascensão política das camadas populares, que questionaram a visão de mundo centrada em Deus e

incentivaram a crítica e a experimentação. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão trata das relações entre as transformações econômicas vividas pela Europa e as mudanças no campo da cultura. O desenvolvimento do comércio e das atividades financeiras na Baixa Idade Média trouxe a necessidade dos cálculos das distâncias, do tempo, dos lucros e dos prejuízos. Tais mudanças foram reflexo da crescente valorização do indivíduo e da postura racional e são retratadas corretamente pela alternativa B.

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QUESTÃO 59

A Literatura apresenta, de imediato, uma novidade, que é a utilização das novas línguas nacionais, derivadas do latim: o espanhol, o português, o italiano, o francês. Tendo como tema central o Homem, os escritores, com profundo senso crítico, buscaram elaborar um novo conceito de vida e de homem. A época medieval foi profundamente satirizada em seus valores essenciais: a cavalaria, a Igreja, a nobreza.

FARIA, R. et al. História. Belo Horizonte: Editora Lê, v.3, 1993. As características da literatura renascentista, descritas no texto, estão associadas a um contexto histórico no qual se destacava a(o) a) desagregação da economia da Baixa Idade Média, como resultado da atuação das Cruzadas no contato com

o Oriente. b) poder da nobreza feudal, responsável pelo governo das cidades e pela cobrança dos impostos das

terras reais. c) permanência do escravismo, paralelamente ao trabalho dos servos, como base da produção da riqueza na

economia da Baixa Idade Média. d) processo de urbanização, de ascensão da burguesia e da revolução comercial, que marcou a Baixa Idade

Média e o início da Idade Moderna. e) formação do Sacro Império Romano Germânico e do Império Italiano, forças políticas controladoras da Europa

na Idade Moderna. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com a formação dos Estados modernos, as línguas nacionais passam a ser utilizadas nos documentos oficiais e na literatura, como uma forma de fortalecimento da nação e do Estado. A literatura renascentista se relaciona com esse movimento de valorização das línguas nacionais, ou seja, tem sua origem no momento de organização dos Estados Nacionais modernos. Esse processo ocorre a partir da crise do feudalismo e das relações feudais, da expansão comercial, da urbanização e do fortalecimento dos grupos ligados à atividade mercantil.

QUESTÃO 60

O início dos tempos modernos é associado ao Renascimento, no qual se destacavam, entre outras características, a descoberta do homem e do mundo. Considerando essa afirmação, o que melhor interpreta o espírito moderno da Renascença em sua relação com a Expansão Marítima e com as grandes descobertas do período é a) o fato de Galileu, no século XV, descobrir a “luneta”, propiciando um novo olhar sobre o mundo e

denominando a América de Novo Mundo. b) a combinação entre os conhecimentos da cosmologia do século XII com a ciência da astronomia

renascentista, que denominou de Novo Mundo ao conjunto formado pela América, África e Ásia. c) a renovação do conhecimento sobre a natureza e o cosmos, realizada no Renascimento, e que atribui à

América a denominação de Novo Mundo. d) a reunião dos novos conhecimentos da Renascença com a cosmologia oriental, explicando o porquê de a

América e a Ásia serem os continentes denominados de Novo Mundo. e) o movimento de circulação de trocas, estruturado a partir das necessidades que o Renascimento tinha de

aumentar a sua influência sobre o mundo oriental, fazendo da Ásia o Novo Mundo. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão aborda a concepção de mundo do homem europeu no contexto do Renascimento. A busca pelas descobertas e o antropocentrismo foram fundamentais para que fosse difundida a noção do continente americano como um Novo Mundo. Essa visão, corretamente representada pela alternativa C, ressalta o aspecto eurocêntrico do período.

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QUESTÃO 61

As temperaturas médias mensais e as taxas de pluviosidade expressas no climograma apresentam o clima típico da seguinte cidade: a) Cidade do Cabo (África do Sul), marcado pela reduzida amplitude térmica anual. b) Sydney (Austrália), caracterizado por precipitações abundantes no decorrer do ano. c) Mumbai (Índia), definido pelas chuvas monçônicas torrenciais. d) Barcelona (Espanha), afetado por massas de ar seco. e) Moscou (Rússia), influenciado pela localização geográfica em alta latitude. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa [E] está correta porque o climograma apresenta pluviosidade modesta, elevada amplitude térmica, verões amenos e invernos frios, características da zona temperada onde está situada a cidade de Moscou.

QUESTÃO 62

A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de ajustamento à extensão e aos modos como as sociedades funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A vulnerabilidade é a medida pela qual a sociedade é suscetível de sofrer por causas climáticas.

AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado). Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição climática apresentado no texto, uma sociedade torna-se mais vulnerável quando a) concentra suas atividades no setor primário. b) apresenta estoques elevados de alimentos. c) possui um sistema de transporte articulado. d) diversifica a matriz de geração de energia. e) introduz tecnologias à produção agrícola. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A agricultura e a pecuária são atividades pertencentes ao setor primário e são muito dependentes das condições climáticas, principalmente da pluviosidade e das variações de temperatura. Assim, países que concentram sua economia no setor primário podem ter problemas quando ocorrem mudanças nas condições climáticas normais.

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QUESTÃO 63

Em 1872, Robert Angus Smith criou o termo “chuva ácida”, descrevendo precipitações ácidas em Manchester após a Revolução Industrial. Trata-se do acúmulo demasiado de dióxido de carbono e enxofre na atmosfera que, ao reagirem com compostos dessa camada, formam gotículas de chuva ácida e partículas de aerossóis. A chuva ácida não necessariamente ocorre no local poluidor, pois tais poluentes, ao serem lançados na atmosfera, são levados pelos ventos, podendo provocar a reação em regiões distantes. A água de forma pura apresenta pH 7, e, ao contatar agentes poluidores, reage modificando seu pH para 5,6 e até menos que isso, o que provoca reações, deixando consequências.

Disponível em: http://www.brasilescola.com. Acesso em: 18 maio 2010 (adaptado). O texto aponta para um fenômeno atmosférico causador de graves problemas ao meio ambiente: a chuva ácida (pluviosidade com pH baixo). Esse fenômeno tem como consequência: a) corrosão de metais, pinturas, monumentos históricos, destruição da cobertura vegetal e acidificação dos lagos. b) enchentes, que atrapalham a vida do cidadão urbano, corroendo automóveis e fios de cobre da rede elétrica. c) degradação da terra nas regiões semiáridas, localizadas, em sua maioria, na região Nordeste do nosso país. d) diminuição do aquecimento global, já que esse tipo de chuva retira poluentes da atmosfera. e) destruição da fauna e da flora e redução de recursos hídricos, com o assoreamento dos rios. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A produção industrial tem sido crescente desde o século XIX até hoje e, com isso, a atmosfera recebe quantidades crescentes de gases estufa e resíduos industriais variados. A chuva ácida é um exemplo desse tipo de poluição.

QUESTÃO 64

Umidade relativa do ar é o termo usado para descrever a quantidade de vapor de água contido na atmosfera. Ela é definida pela razão entre o conteúdo real de umidade de uma parcela de ar e a quantidade de umidade que a mesma parcela de ar pode armazenar na mesma temperatura e pressão quando está saturada de vapor, isto é, com 100% de umidade relativa. O gráfico representa a relação entre a umidade relativa do ar e sua temperatura ao longo de um período de 24 horas em um determinado local.

Considerando-se as informações do texto e do gráfico, conclui-se que a(o) a) insolação é um fator que provoca variação da umidade relativa do ar. b) ar vai adquirindo maior quantidade de vapor de água à medida que se aquece. c) presença de umidade relativa do ar é diretamente proporcional à temperatura do ar. d) umidade relativa do ar indica, em termos absolutos, a quantidade de vapor de água existente na atmosfera. e) variação da umidade do ar se verifica no verão, e não no inverno, quando as temperaturas

permanecem baixas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: De acordo com o gráfico, o período de penumbra é caracterizado por menor temperatura e maior umidade no ar, ao contrário do período diurno, quando a temperatura se eleva, e a umidade do ar diminui. Portanto, a insolação é um fator significativo na variação de umidade relativa do ar.

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QUESTÃO 65

O clima é um dos elementos fundamentais não só na caracterização das paisagens naturais, mas também no histórico de ocupação do espaço geográfico. Tendo em vista determinada restrição climática, a figura que representa o uso de tecnologia voltada para a produção é: a)

b)

c)

d)

e)

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Figura [D], que mostra o uso de pivôs de agricultura irrigada por aspersão como forma de caracterizar, com o uso da tecnologia, a crescente relativização da natureza na importância da produção agrícola. As soluções técnicas ajudam nesse processo.

QUESTÃO 66

À medida que a demanda por água aumenta, as reservas desse recurso vão se tornando imprevisíveis. Modelos matemáticos que analisam os efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade de água no futuro indicam que haverá escassez em muitas regiões do planeta.

São esperadas mudanças nos padrões de precipitação, pois a) o maior aquecimento implica menor formação de nuvens e, consequentemente, a eliminação de áreas úmidas

e subúmidas do globo. b) as modificações decorrentes do aumento da temperatura do ar diminuirão a umidade e, portanto, aumentarão

a aridez em todo o planeta. c) as chuvas frontais ficarão restritas ao tempo de permanência da frente em uma determinada localidade, o que

limitará a produtividade das atividades agrícolas. d) a elevação do nível dos mares pelo derretimento das geleiras acarretará redução na ocorrência de chuvas nos

continentes, o que implicará a escassez de água para abastecimento. e) a origem da chuva está diretamente relacionada com a temperatura do ar, sendo que atividades

antropogênicas são capazes de provocar interferências em escala local e global.

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GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As chuvas relacionam-se diretamente com as características atmosféricas como temperatura do ar. As atividades humanas podem provocar mudanças no perfil de temperatura do ar em escala local e até mesmo global.

QUESTÃO 67 A água é um dos fatores determinantes para todos os seres vivos, mas a precipitação varia muito nos continentes, como podemos observar no mapa a seguir.

Ao examinar a tabela da temperatura média anual em algumas latitudes, podemos concluir que as chuvas são mais abundantes nas latitudes próximas do Equador, porque a) as grandes extensões de terra fria, mesmo em latitudes extremas, podem receber precipitações mais

abundantes. b) a água superficial é mais quente nos trópicos do que nas regiões temperadas, causando maior precipitação. c) o ar mais quente tropical retém mais vapor de água na atmosfera, aumentando as precipitações. d) o ar mais frio das regiões temperadas retém mais vapor de água, impedindo as precipitações. e) a água superficial é fria e menos abundante nas latitudes extremas, causando menor precipitação. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As áreas de maior insolação situam-se na zona intertropical, com maior evaporação e condensação, favorecendo a ocorrência de precipitações em forma de chuvas.

QUESTÃO 68

Os dois principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amurdarya e Sydarya, mantiveram o nível e o volume do mar por muitos séculos. Entretanto, o projeto de estabelecer e expandir a produção de algodão irrigado aumentou a dependência de várias repúblicas da Ásia Central da irrigação e monocultura. O aumento da demanda resultou no desvio crescente de água para a irrigação, acarretando redução drástica do volume de tributários do Mar de Aral. Foi criado na Ásia Central um novo deserto, com mais de 5 milhões de hectares, como resultado da redução em volume.

TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: Rima, 2003. A intensa interferência humana na região descrita provocou o surgimento de uma área desértica em decorrência da a) erosão. b) salinização. c) laterização. d) compactação. e) sedimentação. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Como mencionado corretamente na alternativa [B], o desvio do volume de água dos tributários do Mar de Aral ampliou o processo de evapotranspiração, naturalmente elevado em razão do clima árido da região, resultando em concentração de depósitos salinos no solo.

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QUESTÃO 69

Inundações naturais dos rios são eventos que trazem benefícios diversos para o meio ambiente e, em muitos casos, para as atividades humanas. Entretanto, frequentemente as inundações são vistas como desastres naturais, e os gestores e formuladores de políticas públicas se veem impelidos a adotar medidas capazes de diminuir os prejuízos causados por elas. Qual das medidas abaixo contribui para reduzir os efeitos negativos das inundações? a) A eliminação de represas e barragens do leito do rio. b) A remoção da vegetação que acompanha as margens do rio. c) A impermeabilização de áreas alagadiças adjacentes aos rios. d) A eliminação de árvores de montanhas próximas do leito do rio. e) O manejo do uso do solo e a remoção de pessoas que vivem em áreas de risco. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O processo natural de vazão dos rios ajuda o homem há milênios, quer na agricultura de vazante, como na pesca e no consumo. A visão das inundações como desastres naturais é, em parte, resultante do processo de crescimento populacional e ocupação desordenada de áreas de várzeas.

QUESTÃO 70

Três países — Etiópia, Sudão e Egito — usam grande quantidade da água que corre pelo Rio Nilo, na África. Para atender às necessidades de populações que crescem com rapidez, a Etiópia e o Sudão planejam desviar mais água do Nilo do que já desviam. Diante de dificuldades naturais que caracterizam o ciclo hidrológico nessa região, como baixa pluviosidade e altas taxas de evaporação, esses desvios feitos rio acima poderiam reduzir a quantidade de recursos hídricos disponíveis para o Egito, o último país ao longo da extensão do rio, que não pode sobreviver sem esses recursos naturais.

MILLER Jr., G. T. Ciência Ambiental, São Paulo: Thomson, 2007 (adaptado). Diante dessa ameaça, a melhor opção para o Egito seria a) entrar em guerra contra a Etiópia e o Sudão, para garantir seus direitos ao uso da água. b) estabelecer acordos com a Etiópia e o Sudão, visando o uso compartilhado dos recursos hídricos. c) aumentar sua produção de grãos e exportá-los, elevando sua capacidade econômica de importar água de

outros países. d) construir aquedutos para trazer água de países que tenham maior disponibilidade desse recurso natural, como

o Irã e o Iraque. e) estimular o crescimento de sua população e, desse modo, aumentar sua força de trabalho e capacidade de

produção em condições adversas. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Recurso fundamental à manutenção da vida, a água, além de escassa, é mal distribuída e é largamente empregada em inúmeras atividades. O crescimento populacional, as demandas para irrigação e o consumo na agricultura, com plantio e dessedentação animal, estão entre os principais problemas na região apontada no texto. A solução para o problema do uso compartilhado pode ser feita através de acordos multilaterais entre os países envolvidos.

QUESTÃO 71

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A dinâmica hidrológica expressa no gráfico demonstra que o processo de urbanização promove a a) redução do volume dos rios. b) expansão do lençol freático. c) diminuição do índice de chuvas. d) retração do nível dos reservatórios. e) ampliação do escoamento superficial. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa [E] está correta porque, com a impermeabilização do solo das cidades, impede ou dificulta a infiltração da água, resultando em aumento do escoamento superficial.

QUESTÃO 72

Tipologia da área % de chuva

retida no local escoada Bacias naturais/florestas 80 a 100 0 a 20

Bacias com ocupação agrícola/cultivos 40 a 60 40 a 60 Bacias com ocupação residencial 40 a 50 50 a 60

Bacias com ocupação urbana pesada 0 a 10 90 a 100 MACHADO, P. J. O.; TORRES, F. T. P. Introdução à hidrogeografia. São Paulo: Cengage

Learning, 2012 (adaptado). A leitura dos dados revela que as áreas com maior cobertura vegetal têm o potencial de intensificar o processo de a) erosão laminar. b) intemperismo físico. c) compactação do solo. d) enchente nas cidades. e) recarga dos aquíferos. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa [E] está correta porque as áreas de bacias naturais/florestas, ou seja, de maior cobertura vegetal, retêm maior porcentagem de chuvas no local (80 a 100%) e, portanto, proporcionam maior recarga de aquíferos.

QUESTÃO 73

Na imagem, visualiza-se um método de cultivo e as transformações provocadas no espaço geográfico. O objetivo imediato da técnica agrícola utilizada é a) controlar a erosão laminar. b) preservar as nascentes fluviais. c) diminuir a contaminação química. d) incentivar a produção transgênica. e) implantar a mecanização intensiva. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A imagem retrata a produção agrícola por meio da técnica de terraceamento, conjugada com a plantação em curvas de nível, e, portanto, como mencionado corretamente na alternativa [A], práticas utilizadas para controlar a erosão laminar, que, em áreas montanhosas, é mais incidente.

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QUESTÃO 74

O desgaste acelerado sempre existirá se o agricultor não tiver o devido cuidado de combater as causas, relacionadas a vários processos, tais como: empobrecimento químico e lixiviação provocados pelo esgotamento causado pelas colheitas e pela lavagem vertical de nutrientes da água que se infiltra no solo, bem como pela retirada de elementos nutritivos com as colheitas. Os nutrientes retirados, quando não repostos, são comumente substituídos por elementos tóxicos, como, por exemplo, o alumínio.

LEPSCH, I. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2002 (adaptado). A dinâmica ambiental exemplificada no texto gera a seguinte consequência para o solo agricultável: a) elevação da acidez. b) formação de voçorocas. c) ampliação da salinidade. d) remoção da camada superior. e) intensificação do escoamento superficial. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa [A] está correta porque a concentração de íons de hidrogênio e/ou alumínio eleva a acidez do solo, reduzindo o rendimento produtivo das culturas agrícolas ou influenciando a fisiologia da cobertura vegetal, como no caso do cerrado.

QUESTÃO 75

Trata-se da perda progressiva da produtividade de biomas inteiros, afetando parcelas muito expressivas dos domínios subúmidos e semiáridos em todas as regiões quentes do mundo. É nessas áreas, ecologicamente transicionais que a pressão sobre a biomassa se faz sentir com muita força, devido à retirada da cobertura florestal, ao superpastoreio e às atividades mineradoras não controladas, desencadeando um quadro agudo de degradação ambiental, refletido pela incapacidade de suporte para o desenvolvimento de espécies vegetais, seja uma floresta natural ou plantações agrícolas.

CONTI, J. B. A geografia física e as relações sociedade-natureza no mundo tropical. In: CARLOS; A. F. A. (Org.) Novos caminhos da geografia. São Paulo: Contexto 1999 (adaptado).

O texto enfatiza uma consequência da relação conflituosa entre a sociedade humana e o ambiente que diz respeito ao processo de a) inversão térmica. b) poluição atmosférica. c) eutrofização da água. d) contaminação dos solos. e) desertificação de ecossistemas. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa [E] está correta porque a retirada da cobertura vegetal aliada à utilização predatória da área condiciona a perda de umidade, o aumento da insolação e a perda de nutrientes do solo resultando no processo de desertificação da região.

QUESTÃO 76

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Ao centro da imagem acima, temos representados Platão e Aristóteles, respectivamente. Existem diferenças importantes para entender os dois autores e as vertentes filosóficas a que dão origem, na medida em que ambos consideram que há uma nítida distinção entre o conhecimento sensível e o intelectual, pois a) Platão busca a verdade em um mundo transcendente, o mundo sensível e perfeito, distinto do mundo das

ideias, cópia. b) Aristóteles opta por tentar encontrar o que há de essencial e de inteligível no próprio âmbito da realidade que

nos é dada. c) Aristóteles procura copiar de mundo metafísico em uma ordem ao mundo percebido, isto é, no mesmo plano

em prático. d) Platão é apenas um realista, onde o mundo exterior é a única fonte do conhecimento e aprimoramento

do intelecto. e) Platão afirma que não há diferença entre o conhecimento sensível e intelectual, um é continuação do outro. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Platão defendia o Inatismo, nascemos como princípios racionais e ideias inatas. A origem das ideias, segundo Platão, é dada por dois mundos que são o mundo inteligível, que é o mundo que nós, antes de nascer, passamos para ter as ideias assimiladas em nossas mentes. Para Platão, o conhecimento sensível (crença e opinião) é apenas uma da realidade, como se fosse uma visão dos homens da caverna do texto “Alegoria da Caverna”, e o conhecimento intelectual (raciocínio e indução) alcança a essência das coisas, as ideias. Aristóteles diz que existem seis formas ou graus de conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória, raciocínio e intuição. Para ele, o conhecimento é formado e enriquecido por informações trazidas de todos os graus citados e não há diferença entre o conhecimento sensível e intelectual, um é continuação do outro, a única separação existente é entre as seis primeiras formas e a última forma, pois a intuição é puramente intelectual, mas isso não quer dizer que as outras formas não sejam verdadeiras, mas sim formas de conhecimento diferentes que utilizam coisas concretas.

QUESTÃO 77

“Mas quem fosse inteligente (…) lembrar-se-ia de que as perturbações visuais são duplas, e por dupla causa, da passagem da luz à sombra, e da sombra à luz. Se compreendesse que o mesmo se passa com a alma, quando visse alguma perturbada e incapaz de ver, não riria sem razão, mas reparava se ela não estaria antes ofuscada por falta de hábito, por vir de uma vida mais luminosa, ou se, por vir de uma maior ignorância a uma luz mais brilhante, não estaria deslumbrada por reflexos demasiadamente refulgentes [brilhantes]; à primeira, deveria felicitar pelas suas condições e pelo seu gênero de vida; da segunda, ter compaixão e, se quisesse troçar dela, seria menos risível esta zombaria do que aquela que descia do mundo luminoso.”

(A República, 518 a-b, trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987. ) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Teoria das Ideias de Platão, é correto afirmar que a) Deus é o criador último da ideia que alcança a verdadeira causa das coisas a partir do reflexo da ideia ou do

simulacro que produz. b) a participação das coisas às ideias permite admitir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras

acessíveis à razão. c) os poetas são imitadores de simulacros, e, por intermédio da imitação, não alcançam o conhecimento das

ideias como verdadeiras causas de todas as coisas. d) as coisas belas se explicam por seus elementos físicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles

encontram sua verdade: a beleza em si e por si. e) a alma humana possui a mesma natureza das coisas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de conhecê-

las como tais na percepção de sua aparência. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Platão divide, assim, a realidade em dois universos distintos: o inteligível e o sensível. O primeiro contém as formas puras, as essências e o fundamento da existência dos seres do segundo. Assim, tanto os seres da natureza quanto os homens são cópias sensíveis de modelos originais inteligíveis. É a partir disso que Platão faz sua crítica à arte. Cada ser particular participa das ideias (a participação é a relação entre o todo e as partes) sem se confundir com elas, que são, pois, absolutas. O mundo é uma cópia do real, e esse afastamento do verdadeiro já é uma dessemelhança, ainda que natural. Entretanto, Platão julga a arte como imitação, capaz de enganar, uma vez que a realidade sensível já é uma imitação do inteligível. A arte afasta ainda mais do real, pois imita a cópia. A imitação da cópia é o que Platão chama de Simulacro, que introduz uma desmedida maior do que a própria existência do mundo natural. Por isso Platão rejeita a arte em seu estado ideal, querendo, com isso, substituir a Poesia pela Filosofia.

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QUESTÃO 78

Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. Sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.

BREHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na a) contemplação da tradição mítica. b) sustentação do método dialético. c) relativização do saber verdadeiro. d) valorização da argumentação retórica. e) investigação dos fundamentos da natureza. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A dialética socrática era dividida em ironia e maiêutica, na qual há um debate entre posicionamentos distintos, que são defendidos e contraditos posteriormente. O objetivo era gerar o “parto” das ideias, chegar a novos conhecimentos.

QUESTÃO 79

Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.

RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana. b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: É importante, antes de mencionar os motivos pelos quais condenaram Sócrates à morte, dizer que, quando falava, era dono de um estranho fascínio. Requisitado por muitos jovens, passava horas discutindo na praça pública, assim, interpelava a todos assumindo ser ignorante e fazia perguntas aos que julgavam entender sobre um determinado assunto, colocando qualquer um em tal situação que não havia um outro jeito a não ser reconhecer sua própria ignorância. Com isso, Sócrates, além de discípulos, conseguiu inúmeros inimigos. Sócrates foi acusado de corromper a mocidade e desconhecer os deuses da cidade, por isso, foi condenado à morte. A história de sua condenação, defesa e morte é contada num dos mais belos diálogos de Platão, Apologia de Sócrates.

QUESTÃO 80

A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.

(ARISTOTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010.) Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) plenitude espiritual e ascese pessoal. b) busca por bens materiais e títulos de nobreza. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A concepção aristotélica de felicidade estava ligada à ética, ou seja, às boas ações humanas baseadas em regras que nortearão a vida em sociedade. Para Aristóteles, a felicidade não provém de um entretenimento, mas de uma ação, do trabalho e do esforço. A felicidade é, assim, uma busca e um progresso. Dessa maneira, a felicidade deveria estar ligada à finalidade das ações e condutas humanas.

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QUESTÃO 81

Não estou mais pensando como costumava pensar. Percebo isso de modo mais acentuado quando estou lendo. Mergulhar num livro, ou num longo artigo, costumava ser fácil. Isso raramente ocorre atualmente. Agora minha atenção começa a divagar depois de duas ou três páginas. Creio que sei o que está acontecendo. Por mais de uma década venho passando mais tempo on-line, procurando e surfando e algumas vezes acrescentando informação à grande biblioteca da internet. A internet tem sido uma dádiva para um escritor como eu. Pesquisas que antes exigiam dias de procura em jornais ou na biblioteca agora podem ser feitas em minutos. Como disse o teórico da comunicação Marshall McLuhan nos anos 60, a mídia não é apenas um canal passivo para o tráfego de informação. Ela fornece a matéria, mas também molda o processo de pensamento. E o que a net parece fazer é pulverizar minha capacidade de concentração e contemplação.

CARR. N. “Is Google making us stupid?”. Disponível em: www.theatlantic.com. Acesso em: 17 fev. 2013 (adaptado).

Em relação à internet, a perspectiva defendida pelo autor ressalta um paradoxo que se caracteriza por a) associar uma experiência superficial à abundância de informações. b) condicionar uma capacidade individual à desorganização da rede. c) agregar uma tendência contemporânea à aceleração do tempo. d) aproximar uma mídia inovadora à passividade da recepção. e) equiparar uma ferramenta digital à tecnologia analógica. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na sociedade contemporânea, o indivíduo torna-se condicionado àquilo que lê e ao excesso de informação que recebe. Diante disso, há uma superficialidade quanto o que é absorvido. O paradoxo trata da dificuldade em conviver com a informação e com a superficialidade do que está sendo aprendido.

QUESTÃO 82

Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No entanto, os deuses em um primeiro momento pensam em matá-los de forma sumária. Depois decidem puni-los da forma mais cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um com saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, desejando formar um único ser.

PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o a) bem supremo como fim do homem. b) prazer perene como fundamento da felicidade. c) ideal inteligível como transcendência desejada. d) amor como falta constituinte dos seres humanos. e) autoconhecimento como o caminho da verdade. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para o filósofo grego Platão, o amor é falta constituinte do ser humano, pois, segundo sua alegoria, o homem teria sido dividido em dois, cada um “metade da laranja”. Dessa forma, o homem nunca estaria totalmente completo, o que também nos remete à teoria dos dois mundos de Platão – mundo inteligível e mundo sensível.

QUESTÃO 83

Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas, e Weber realmente o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela aponta, para o objetivo visado nela; para o seu fim, em suma.

COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979.

A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em: a) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais. b) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens. c) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados. d) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares. e) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Max Weber desenvolve a teoria da ação social tendo como referência o fim, o objetivo que os agentes dão às suas ações. É a partir disso que ele estabelece diferença entre as ações racionais dos agentes: elas podem ser em relação a valores ou em relação a fins. De fato, na análise weberiana, a ação racional em relação a fins é a ação típica da racionalidade moderna e se apresenta de forma mais marcante na ética do trabalho político.

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QUESTÃO 84

O conceito de poder é, do ponto de vista de Max Weber, amorfo já que significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade. Portanto, não se limita a nenhuma circunstância social específica, dado que a imposição da vontade de alguém pode ocorrer em inúmeras situações. Dessa forma, a dominação legítima pode ser exercida por três vias: a legal, a tradicional e a carismática.

QUINTANEIRO, T. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2a ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. Texto adaptado Segundo Max Weber, a dominação legítima carismática é o domínio exercido a) pelo patriarca e pelo príncipe patrimonial de outrora. b) pelo moderno servidor do Estado, que cumpre as obrigações estatutárias. c) pelo reconhecimento inimaginável antigo e da orientação habitual para o conformismo. d) pelo grande demagogo ou o líder do partido, devido às suas qualidades pessoais. e) em virtude da fé na validade do estatuto legal e da competência funcional, baseada em regras

racionalmente criadas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Dominação Legal (onde qualquer direito pode ser criado e modificado através de um estatuto sancionado corretamente), tendo a “burocracia” como sendo o tipo mais puro desta dominação. Os princípios fundamentais da burocracia, segundo o autor, são a Hierarquia Funcional, a Administração baseada em Documentos, a Demanda pela Aprendizagem Profissional, as Atribuições são oficializadas e há uma Exigência de todo o Rendimento do Profissional. A obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer. Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em normas que, como foi dito anteriormente, são criadas e modificadas através de um estatuto sancionado corretamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente assegurado. Dominação Tradicional (onde a autoridade é, pura e simplesmente, suportada pela existência de uma fidelidade tradicional); o governante é o patriarca ou senhor, os dominados são os súditos e o funcionário é o servidor. O patriarcalismo é o tipo mais puro desta dominação. Presta-se obediência à pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal que se julga sagrada. Todo o comando que se prende intrinsecamente a normas tradicionais (não legais) seria um tipo de “lei moral”. A criação de um novo direito é, em princípio, impossível, em virtude das normas oriundas da tradição. Também é classificado, por Weber, como sendo uma dominação estável, devido à solidez e estabilidade do meio social, que se acha sob a dependência direta e imediata do aprofundamento da tradição na consciência coletiva. Dominação Carismática (onde a autoridade é suportada, graças a uma devoção afetiva por parte dos dominados). Ela assenta sobre as “crenças” transmitidas por profetas, sobre o “reconhecimento” que pessoalmente alcançam os heróis e os demagogos, durante as guerras e revoluções, nas ruas e nas tribunas, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres invioláveis que lhes são devidos pelos governados. A obediência a uma pessoa se dá devido às suas qualidades pessoais. Não apresenta nenhum procedimento ordenado para a nomeação e substituição. Não há carreiras e não é requerida formação profissional por parte do “portador” do carisma e de seus ajudantes. Weber coloca que a forma mais pura de dominação carismática é o caráter autoritário e imperativo. Contudo, Weber classifica a Dominação Carismática como sendo instável, pois nada há que assegure a perpetuidade da devoção afetiva ao dominador, por parte dos dominados.

QUESTÃO 85

Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos programas de televisão. A maioria desses estudos diz respeito às crianças — o que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas possíveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. O texto indica que existe uma significativa produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências, porque a) codificam informações transmitidas nos programas infantis por meio da observação. b) adquirem conhecimentos variados que incentivam o processo de interação social. c) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. d) observam formas de convivência social baseadas na tolerância e no respeito. e) apreendem modelos de sociedade pautados na observância das leis. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As transformações dos meios de comunicação, desde o surgimento da escrita, ou senão antes, sempre foram objetos de temor. Parece que o novo assusta aos costumes pré-estabelecidos. Além de destaque de que tradição é um fator de fixação de um determinado tipo de cultura, temos também que corretamente observar, como cabe

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ao filósofo da cultura, que efeitos pode realmente causar tais inovações, sobretudo nas crianças. Ora, as crianças são ainda os adultos não formados e assim são a esperança de imortalidade de cada grupo social. Vemos isso também na “República” de Platão, na qual o filósofo coloca como um dos pontos centrais da discussão o tipo de educação a ser recebida pelas crianças e, assim por diante, a toda população. O texto acima ajuda a corroborar essa hipótese e ainda assinala um elemento novo na análise dessa nova conjuntura: a mudança de comportamento social das crianças, sobretudo daquelas que passam longo tempo assistindo televisão. Ora, se as crianças ficam mais em casa sentadas ou deitadas assistindo calmamente por horas programas televisivos isso significa que ela deixar de estar horas de contato com outras crianças e adultos, contato que constitui elemento fundamental de socialização do ser humano. Sendo assim, podemos dizer que a alternativa (c) está correta porque o contato social faz ter ligações com diversas opiniões, enquanto que ao assistir televisão, pode-se correr o risco de se ter uma única opinião devido à carência de contato social.

QUESTÃO 86

Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas identidades e da uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores.

DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 fev. 2012. Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem apresentada associa o Carnaval à a) inversão de regras e rotinas estabelecidas. b) reprodução das hierarquias de poder existentes. c) submissão das classes populares ao poder das elites. d) proibição da expressão coletiva dos anseios de cada grupo. e) consagração dos aspectos autoritários da sociedade brasileira. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A festa é vista como uma inversão dos valores cotidianos e por uma liberdade que não se tem nos dias comuns, assim, o autor vê o carnaval como uma expressão brasileira legítima.

QUESTÃO 87

O ponto de partida para o nascimento de uma cozinha brasileira foi o livro de receitas Cozinheiro Imperial, de 1840. Estimulava a nobreza e os ricos a acrescentarem ingredientes e pratos locais em suas festas. A princesa Isabel comemorou as bodas de prata com um banquete no qual foram servidos bolo de mandioca e canja à brasileira.

RIBEIRO, M. Fome imperial: Dom Pedro II não era um gourmet, mas ajudou a dar forma à gastronomia brasileira. Aventuras na História, mar. 2014 (adaptado).

O uso da culinária popular brasileira, no contexto apresentado, colaborou para a) enfraquecer as elites agrárias. b) romper os laços coloniais. c) reforçar a religião católica. d) construir a identidade nacional. e) humanizar o regime escravocrata. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O uso da culinária popular brasileira, no contexto apresentado, colaborou para construir a identidade nacional.

QUESTÃO 88

O rapaz que pretende se casar não nasceu com esse imperativo. Ele foi insuflado pela sociedade, reforçado pelas incontáveis pressões de histórias de família, educação, moral, religião, dos meios de comunicação e da publicidade. Em outras palavras, o casamento não é um instinto, e sim uma instituição.

BERGER, P. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística. Petrópolis: Vozes, 1986 (adaptado). O casamento, conforme é tratado no texto, possui como característica a(o) a) consolidação da igualdade sexual. b) ordenamento das relações sociais. c) conservação dos direitos naturais.

d) superação das tradições culturais. e) questionamento dos valores cristãos.

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GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O casamento é uma instituição social porque é, na maioria das vezes, o processo inicial da formação da família, geralmente as pessoas se casam por diversos motivos, dentre eles, o mais relevante é a constituição de uma nova família, e esta tem o reconhecimento e especial proteção do Estado. Além disso, como instituição social, o casamento define regras, transfere valores e exerce formas de controle social sobre os indivíduos que são passados para as gerações seguintes.

QUESTÃO 89

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.

BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca a(o) a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual. b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho. c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero. d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos. e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Talvez a maioria dos alunos não conheça a história e a vida da autora do texto, Simone de Beauvoir, porém, isto não impede de responder à questão, visto que são compreendidos, dentro de nossos estudos, os movimentos sociais e as lutas pela igualdade que marcaram a década de 1960 pelo mundo a fora, destacando os Estados Unidos e a Europa Ocidental. A “segunda onda do feminismo” ocorre exatamente neste período.

QUESTÃO 90

O racismo institucional é a negação coletiva de uma organização em prestar serviços adequados para pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica. Pode estar associado a formas de preconceito inconsciente, desconsideração e reforço de estereótipos que colocam algumas pessoas em situações de desvantagem.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado). O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justifica a institucionalização de políticas antirracismo. No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a a) reforma do Código Penal. b) elevação da renda mínima. c) adoção de ações afirmativas.

d) revisão da legislação eleitoral. e) censura aos meios de comunicação.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Ações afirmativas são medidas que têm por objetivo reverter a histórica situação de desigualdade e discriminação a que estão submetidos indivíduos de grupos específicos. Elas partem do reconhecimento de que alguns grupos sociais – tais como os negros, os indígenas e as mulheres – foram historicamente privados de seus direitos, resultando em uma condição de desigualdade (social, econômica, política ou cultural) acumulada que tende a se perpetuar. São ações públicas ou privadas que procuram reparar os aspectos que dificultam o acesso dessas pessoas às mais diferentes oportunidades. As ações afirmativas podem ser adotadas tanto de forma espontânea, quanto de forma compulsória – isto é, através da elaboração de medidas que as tornem obrigatórias. O fim dessas medidas é sanar uma situação de desigualdade considerada prejudicial para o desenvolvimento da sociedade como um todo.

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