7 de Dezembro de 2014 11 Nº 183 SÉRIE III...

1
SEKE IA BINDO | Um rei tinha duas mulheres. Uma chamava-se Intumba e a outra chamava-se Mutango. Intumba tinha uma filha, cujo nome era Kalumbu. Mutango não gerou filho nenhum. O rei, vendo que a sua única filha não tinha um irmão ou qualquer outra companhia com quem brincar, resolveu tomar medidas. Abriu o seu cofre secreto e de lá tirou dinheiro suficiente para com- prar uma criança para fazer companhia à sua muito-amada filha. Os seus emissários encon- traram uma menina, também de nome Kalumbu. Era filha de uma escrava. Compraram-na e foram levá-la ao rei. Este entre- gou-a à sua filha e ambas fica- ram na corte. Certo dia, o rei decidiu fabri- car cahipembe e mandou as duas filhas à mata buscar ma- boques. Disse -lhes assim: - tu, Kalumbu ka Ndungo (fil- ha da escrava), sobes à árvore para colheres os maboques. E tu, Kalumbu ka Mwene (filha do rei), ficas debaixo da árvore. A Kalumbu da escrava fez co- mo lhe tinha ordenado o rei. E Kalumbu ka Mwene ficou debai- xo da árvore, apanhando os maboques que a irmã ia co- lhendo. Quando tinham frutos suficientes, encheram um cesto e partiram para a cidadela real. No dia seguinte, o rei disse- lhes: - Ide outra vez à mata apan- har maboques. E lá foram am- bas. Quando chegaram à árvo- re, Kalumbu ka Ndungo disse a Kalumbu ka Mwene: - Ontem trepei eu à árvore. Ho- je vou fazer o mesmo que on- tem? A Kalumbu ka Mwene res- pondeu: -Não. Hoje subo eu e tu ficas em baixo à espera. Dito isto, subiu à árvore, mas fi- cou logo colada a ela, sem po- der sair. A árvore tinha um visgo tão potente que a menina ficou presa irremediavelmente. Ka- lumbu ka Ndungo pegou nos maboques que estavam no chão e foi para casa, muito afli- ta. O rei perguntou-lhe onde es- tava a irmã. Kalumbu Ka Ndun- go respondeu que ela tinha fica- do atrás e que estava mesmo a chegar. Porém, anoiteceu sem que ela tivesse chegado. Per- guntaram-lhe então de novo por ela e o que tinha aconteci- do para se separarem uma da outra. A menina não foi capaz de dar uma explicação. No dia seguinte, as mulheres do rei fizeram cerveja para o tra- balho do campo. O rei disse ao seu secretário que fosse convi- dar todo o povo da cidadela real para ir trabalhar nas suas lavras. Todos foram. Ao caminharem para as lavras, passaram pela árvore onde estava presa Ka- lumbu ka Mwene. A menina aprisionada pelo visgo pôs-se a cantar assim: Minha mãe/ tu que vais aí,/Ka- lumbu Ka Ndungo, aquela que comprámos,/mandou-me subir à árvore para apanhar mabo- ques,/ segundo a vontade do rei e não a minha/ o que me deste para ser escrava? As pessoas continuaram o seu caminho. Quando acabaram de trabalhar, todos voltaram para a cidadela. O rei mais um homem vinham atrás, pois tinham sido os últimos a sair da lavra. Ao passarem pela árvore, Kalumbu ka Mwene, vendo o pai, pôs-se a cantar: - Meu pai, tu que vais aí,/ aquela Kalumbu que comprá- mos/ mandou-me subir à árvo- re para apanhar maboques,/ segundo a vontade do rei não a minha./ O que me deste para ser escrava? O pai, ouvindo a canção, aproximou-se da árvore. Puxou da catana e conseguiu des- prender a filha. Depois, disse- lhe zangado: -Não te tinha dito que quem devia subir à árvore era a escra- va? Como foste tu a subir? O rei levou então a filha para o quimbo e, ao chegarem lá, de vingança matou a escrava. Os reis são maus e as rainhas mais ou menos. * Conto do Livro o "Mundo Cultural dos Nganguelas". Adaptado por Lourenço Manuel. CONSELHOS CONTOS POPULARES ANGOLANOS PROVÉRBIO ADIVINHAS Soluções: 1. A porta; 2. A água de coco; 3. A máquina de escrever; 4.Os olhos; 5. O chão; 6. As calças; 7. A fome. Fim do ano lectivo e férias Já estamos no último mês do ano. Este ano vamos ter aulas até Dezembro por causa da pausa que tivemos para o Censo. As férias vão ser mais curtas e já não podemos ter dois meses para descan- sar. Vamos aproveitar o máximo o tempo de férias que tivermos e ficar- mos todos felizes. Espero que todos passem de classe. Ainda há tempo para passar de classe, então vamos todos nos empenhar na grande tarefa de estudar para ser o homem de amanhã. Não estamos habituados a estudar em Dezembro e fica um pouco difícil, mas o só saber que logo depois das provas vêm as férias isto me deixa feliz. As férias estão à porta e vamos aproveitá-las da melhor maneira. Este ano vou passar as férias e as festas com os meus primos no Lu- bango, eles convidaram-me e os meus pais permitiram que eu vá, porque passei de classe e me portei bem todo o ano. Esta viagem é o presente que ganho dos meus pais este ano e es- tou muito feliz porque vou matar saudades com os meus primos, e nos divertir muito. Espero que todos os amigos deste cantinho se di- virtam tanto ou mais do que eu e que tenham muitas novidades para contar aos seus novos colegas quando voltarem para a escola no próximo ano. JESUÍNA SANTANA|12 ANOS|LUANDA 1. O que é que sempre vai e vem mas nunca sai do lugar? 2. Qual a água que está sempre pendurada? 3. Tem fita, não é cabelo, escreve, mas não tem mãos, Tem carro, não é garagem. Letras, tem uma porção! O que é? 4. O que é que são dois irmãos mas um não vê o outro? 5. O que mais gasta sapatos sem ter pés? 6. O que é que tem duas pernas mas não anda sozinho? 7. O que é que costuma chegar na hora, às vezes vem de re- pente, quando vive dá trabalho, só morta fica contente? « Fala com sabedoria, e a ins- trução da bondade está na tua língua. 7 de Dezembro de 2014 Nº 183 SÉRIE III |11 Como escrever para o “Recreio” O nosso endereço é: Recreio - Página Infantil do Jornal de Angola - Rua Rainha Ginga, 18/26 - Luanda, ou para o e-mail: [email protected]. R ecreio ecreio Suplemento infantil do Jornal de angola BRINCAR E APRENDER CARTAS DOS AMIGUINHOS AUm número é capicua quando lido da esquerda para a di- reita ou da direita para a esquerda representa sempre o mesmo valor, como por exemplo 77, 434, 6446, 82328. Para obter um número capicua a partir de outro, inverte-se a ordem dos algarismos e soma-se com o número dado, um número de vezes até que se encontre um número capicua, como por exemplo: APartindo do número 84: 84+48=132;132+231=363, que é um número capicua. Um número natural é chamado de ascendente se cada um dos seus algarismos é estritamente maior do que qualquer um dos algarismos colocados à sua esquerda. Por exemplo, o número 3589 ou 3257. S S A A B B I I A A S S Q Q U U E E . . . . . . Procura a sabedoria Tu filho não deves esquecer os ensinamentos dos teus pais e o teu coração deve guardar cada mandamento que te dão. Quem ouve e guarda os ensina- mentos adquire conhecimento e torna-se sábio, e aquele que al- cança sabedoria é feliz. Encontra entendimento e inteli- gência, o mundo é mau e mui- tas vezes nos conduz para ca- minhos de morte. Aprende a desviar-te destes ca- minhos. Recorda sempre os en- sinamentos e mandamentos dos teus pais porque te são va- lioso tesouro. CASIMIRO PEDRO VAMOS COLORIR A filha do rei prisioneira da árvore prodigiosa

Transcript of 7 de Dezembro de 2014 11 Nº 183 SÉRIE III...

Page 1: 7 de Dezembro de 2014 11 Nº 183 SÉRIE III Recreioimgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/file548413cfcaabdinf.pdf · SEKE IA BINDO | Um rei tinha duas mulheres. Uma chamava-se Intumba e

SEKE IA BINDO |

Um rei tinha duas mulheres.Uma chamava-se Intumba e aoutra chamava-se Mutango.Intumba tinha uma filha, cujo

nome era Kalumbu. Mutangonão gerou filho nenhum. O rei,vendo que a sua única filha nãotinha um irmão ou qualquer outracompanhia com quem brincar,resolveu tomar medidas. Abriu oseu cofre secreto e de lá tiroudinheiro suficiente para com-prar uma criança para fazercompanhia à sua muito-amadafilha.Os seus emissários encon-

traram uma menina, tambémde nome Kalumbu. Era filha deuma escrava. Compraram-na eforam levá-la ao rei. Este entre-gou-a à sua filha e ambas fica-ram na corte.Certo dia, o rei decidiu fabri-

car cahipembe e mandou asduas filhas à mata buscar ma-boques. Disse -lhes assim: - tu, Kalumbu ka Ndungo (fil-

ha da escrava), sobes à árvorepara colheres os maboques. Etu, Kalumbu ka Mwene (filha dorei), ficas debaixo da árvore.A Kalumbu da escrava fez co-

mo lhe tinha ordenado o rei. EKalumbu ka Mwene ficou debai-xo da árvore, apanhando osmaboques que a irmã ia co-lhendo. Quando tinham frutossuficientes, encheram um cestoe partiram para a cidadela real. No dia seguinte, o rei disse-

lhes:- Ide outra vez à mata apan-

har maboques. E lá foram am-

bas. Quando chegaram à árvo-re, Kalumbu ka Ndungo disse aKalumbu ka Mwene:- Ontem trepei eu à árvore. Ho-

je vou fazer o mesmo que on-tem?A Kalumbu ka Mwene res-

pondeu:-Não. Hoje subo eu e tu ficas

em baixo à espera.Dito isto, subiu à árvore, mas fi-

cou logo colada a ela, sem po-der sair. A árvore tinha um visgotão potente que a menina ficoupresa irremediavelmente. Ka-lumbu ka Ndungo pegou nosmaboques que estavam nochão e foi para casa, muito afli-ta. O rei perguntou-lhe onde es-tava a irmã. Kalumbu Ka Ndun-go respondeu que ela tinha fica-do atrás e que estava mesmo achegar. Porém, anoiteceu semque ela tivesse chegado. Per-guntaram-lhe então de novopor ela e o que tinha aconteci-do para se separarem uma daoutra. A menina não foi capazde dar uma explicação.No dia seguinte, as mulheres

do rei fizeram cerveja para o tra-balho do campo. O rei disse aoseu secretário que fosse convi-dar todo o povo da cidadela realpara ir trabalhar nas suas lavras.Todos foram. Ao caminharempara as lavras, passaram pelaárvore onde estava presa Ka-lumbu ka Mwene.A menina aprisionada pelo

visgo pôs-se a cantar assim:Minha mãe/ tu que vais aí,/Ka-

lumbu Ka Ndungo, aquela quecomprámos,/mandou-me subirà árvore para apanhar mabo-

ques,/ segundo a vontade do reie não a minha/ o que me destepara ser escrava?As pessoas continuaram o seu

caminho. Quando acabaram detrabalhar, todos voltaram para acidadela. O rei mais um homemvinham atrás, pois tinham sidoos últimos a sair da lavra. Aopassarem pela árvore, Kalumbuka Mwene, vendo o pai, pôs-se acantar:- Meu pai, tu que vais aí,/

aquela Kalumbu que comprá-mos/ mandou-me subir à árvo-re para apanhar maboques,/segundo a vontade do rei não aminha./ O que me deste paraser escrava?O pai, ouvindo a canção,

aproximou-se da árvore. Puxouda catana e conseguiu des-prender a filha. Depois, disse-lhe zangado:-Não te tinha dito que quem

devia subir à árvore era a escra-va? Como foste tu a subir? O reilevou então a filha para o quimboe, ao chegarem lá, de vingançamatou a escrava.Os reis são maus e as rainhas

mais ou menos.* Conto do Livro o "Mundo Cultural dos

Nganguelas". Adaptado por LourençoManuel.

CONSELHOS

CONTOS POPULARES ANGOLANOS

PROVÉRBIO

ADIVINHAS

Soluções:1.A porta; 2. A água de coco; 3. A máquina de escrever; 4.Os olhos; 5. O chão; 6.As calças; 7. A fome.

Fim do ano lectivo e fériasJá estamos no último mês do ano. Este ano vamos ter aulas até

Dezembro por causa da pausa que tivemos para o Censo. As fériasvão ser mais curtas e já não podemos ter dois meses para descan-sar. Vamos aproveitar o máximo o tempo de férias que tivermos e ficar-

mos todos felizes. Espero que todos passem de classe. Ainda hátempo para passar de classe, então vamos todos nos empenhar nagrande tarefa de estudar para ser o homem de amanhã.Não estamos habituados a estudar em Dezembro e fica um pouco

difícil, mas o só saber que logo depois das provas vêm as férias istome deixa feliz. As férias estão à porta e vamos aproveitá-las da melhor maneira.

Este ano vou passar as férias e as festas com os meus primos no Lu-bango, eles convidaram-me e os meus pais permitiram que eu vá,porque passei de classe e me portei bem todo o ano.Esta viagem é o presente que ganho dos meus pais este ano e es-

tou muito feliz porque vou matar saudades com os meus primos, enos divertir muito. Espero que todos os amigos deste cantinho se di-virtam tanto ou mais do que eu e que tenham muitas novidades paracontar aos seus novos colegas quando voltarem para a escola nopróximo ano.JESUÍNA SANTANA|12 ANOS|LUANDA

1. O que é que sempre vai e vem mas nunca sai do lugar?2. Qual a água que está sempre pendurada?3. Tem fita, não é cabelo, escreve, mas não tem mãos, Temcarro, não é garagem. Letras, tem uma porção! O que é?4. O que é que são dois irmãos mas um não vê o outro?5. O que mais gasta sapatos sem ter pés?6. O que é que tem duas pernas mas não anda sozinho?7. O que é que costuma chegar na hora, às vezes vem de re-pente, quando vive dá trabalho, só morta fica contente?

« Fala com sabedoria, e a ins-trução da bondade está na tualíngua.

7 de Dezembro de 2014Nº 183 SÉRIE III

|11

Como escrever para o “Recreio”O nosso endereço é:Recreio - Página Infantil do Jornalde Angola - Rua Rainha Ginga,18/26 - Luanda, ou para o e-mail:[email protected].

RRecreioecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

RecreioSuplemento infantil do Jornal de angola

BRINCAR E APRENDERCARTAS DOS AMIGUINHOS

AUm número é capicua quando lido da esquerda para a di-reita ou da direita para a esquerda representa sempre omesmo valor, como por exemplo 77, 434, 6446, 82328. Paraobter um número capicua a partir de outro, inverte-se a ordemdos algarismos e soma-se com o número dado, um númerode vezes até que se encontre um número capicua, como porexemplo:APartindo do número 84: 84+48=132;132+231=363, que éum número capicua.Um número natural é chamado de ascendente se cada umdos seus algarismos é estritamente maior do que qualquerum dos algarismos colocados à sua esquerda. Por exemplo,o número 3589 ou 3257.

SSAABBIIAASS QQUUEE......

Procura a sabedoriaTu filho não deves esquecer osensinamentos dos teus pais e oteu coração deve guardar cadamandamento que te dão.Quem ouve e guarda os ensina-mentos adquire conhecimento etorna-se sábio, e aquele que al-cança sabedoria é feliz. Encontra entendimento e inteli-gência, o mundo é mau e mui-tas vezes nos conduz para ca-minhos de morte. Aprende a desviar-te destes ca-minhos. Recorda sempre os en-sinamentos e mandamentosdos teus pais porque te são va-lioso tesouro.

CASIMIRO PEDRO

VAM

OS C

OLO

RIR

A filha do rei prisioneira da árvore prodigiosa