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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO “A VEZ DO MESTRE”
“A AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEMNO ENSINO FUNDAMENTAL”
CECILIA RAMOS DA FONSECA UGOLINO
ORIENTADOR: Nelsom J.V. de Magalhães
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2002
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO “A VEZ DO MESTRE”
“A AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEMNO ENSINO FUNDAMENTAL”
CECILIA RAMOS DA FONSECA UGOLINO
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para a obtenção do Grau
de Especialista em Supervisão Escolar.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2002
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO “A VEZ DO MESTRE”
CECILIA RAMOS DA FONSECA UGOLINO
“A AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEMNO ENSINO FUNDAMENTAL”
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Especialista em Supervisão Escolar.
___________________________________CECILIA RAMOS DA FONSECA UGOLINO
APROVADO POR:___________________________________
Nelsom J. V. de Magalhães
___________________________________
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2002
i
DEDICO ESTE TRABALHO A MEUS
PAIS , ESPOSO , FILHOS E AS COLEGAS
DA TURMA QUE DIRETA E
INDIRETAMENTE CONTRIBUÍRAM NESTA
CAMINHADA .
ii
AGRADEÇO A DEUS, QUE É O
ÚNICO RESPONSÁVEL PELA FORÇA
INTERIOR QUE T IVE PARA REALIZAR
MAIS UMA ETAPA DE PROGRESSO EM
MINHA VIDA .
iii
QUANDO A ÚLTIMA ÁRVORE FOR CORTADA,
QUANDO O ÚLTIMO RIO FOR POLUÍDO,
QUANDO O ÚLTIMO PEIXE FOR PESCADO,
AÍ SIM ELES VERÃO QUE DINHEIRO NÃO SE COME.
GREENPEACE
iv
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO “A VEZ DO MESTRE”
RESUMO DO TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMOREQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM
SUPERVISÃO ESCOLAR.
CECILIA RAMOS DA FONSECA UGOLINO
“A AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEMNO ENSINO FUNDAMENTAL”
ORIENTADOR: Nelsom J. V. de Magalhães
No processo ensino e aprendizagem, a avaliação escolar tem um papelprimordial porque é motivo de muita discussão por parte de todos que são envolvidoscom a educação. Sabe-se que há várias formas de avaliar que apenas medem orendimento escolar do educando, todavia o que hoje é relevante à escola e à sociedadeé, certamente, uma avaliação comprometida com a formação da cidadania, isso somenteserá realizado através de um currículo integrado, interdisciplinar e adaptado ao cotidianodo educando. A avaliação que vigora na Rede Municipal do Rio de Janeiro, oficialmente,desde 1996, com a Multieducação, enfoca a Teoria Construtivista que é baseada nasconcepções de Jean Piaget, Vygotsky e nos pedagogos Paulo Freire e Celestin Freinet.Este novo sistema de avaliação tem por finalidade a construção do conhecimento com oobjetivo à formação de indivíduos flexíveis, criativos, com senso crítico aguçado e,portanto, mais participativos na sociedade como cidadãos e, adaptados às exigências deum mundo globalizado. A Metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica sobre o tema,um questionário aplicado ao corpo docente da Escola e nas observações das aulas feitasdurante o estágio. Como resultado dessa pesquisa pode-se afirmar que uma avaliaçãoplena do educando visando aos aspectos formativos e informativos dando maior ênfaseaos aspectos formativos e qualificativos são fundamentais para a construção doconhecimento. Todavia, o grande número de alunos em sala de aula e a falta de espaçofísico dificultam o trabalho docente. Portanto, conclui-se que através de uma avaliaçãocontinuada e efetiva, o professor tem oportunidade de verificar se o aluno estáconstruindo seu conhecimento e partindo da realidade social dele há expansão do seuconhecimento
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILFEVEREIRO DE 2002
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ÍNDICE
página
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
CAPÍTULO 2
O SISTEMA ESCOLAR ....................................................................................... 10
2.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10
2.2 – O CONCEITO DE SISTEMA DE ENSINO ....................................................... 11
2.3 – PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ........................................................ 12
2.4 – CONCLUSÃO ........................................................................................... 12
CAPÍTULO 3
O PAPEL E O SIGNIFICADO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR .......................................... 13
3.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13
3.2 – CONCEITO DE AVALIAÇÃO ESCOLAR ......................................................... 13
3.3 – O PROCESSO GLOBAL, CONTÍNUO E FORMATIVO ...................................... 14
3.4 – FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO ........................................................................... 14
3.5 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO ESCOLAR ...................................... 17
3.6 – A TEORIA DE JEAN PIAGET ...................................................................... 18
3.7 – A TEORIA DE LEV VYGOTSKY .................................................................... 21
3.8 – DEFINIÇÃO DE CONSTRUTIVISMO .............................................................. 23
3.9 – CONCLUSÃO ........................................................................................... 24
CAPÍTULO 4
UMA PROPOSTA EDUCACIONAL NA REDE MUNICIPAL PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL ................................................................................................. 25
4.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 25
4.2 – MULTIEDUCAÇÃO ..................................................................................... 25
4.3 – NÚCLEO CURRICULAR BÁSICO ................................................................. 27
4.4 – O SISTEMA DE AVALIAÇÃO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO .................... 27
4.5 – CONCLUSÃO ........................................................................................... 28
vi
CAPÍTULO 5
DA TEORIA PARA UMA PRÁTICA CONSTRUTIVISTA ............................................... 29
5.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 29
5.2 – O PROFESSOR, A AULA E A AVALIAÇÃO CONSTRUTIVISTAS ........................ 29
5.3 – DESCRIÇÃO DE UMA AULA DE MATEMÁTICA SOB A VISÃO CONSTRUTIVISTA .. 30
5.4 – CONCLUSÃO ........................................................................................... 31
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO .................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 33
ANEXOS .......................................................................................................... 34
ANEXOS ACADÊMICOS ...................................................................................... 36
7
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 – Tema: Educação
1.2 – Delimitação do Tema: Avaliação no Ensino Fundamental.
1.3 – Justificativa:
Devido as dificuldades que o educando encontra para enfrentar o período de
avaliação pois este não deve servir como instrumento de “pressão” ou de
fazer com que o aluno estude somente para este momento, deve sim fazer
parte do processo geral, sendo qualitativa e quantitativa.
1.4 – Objetivos:
Para que o educando possa desenvolver a capacidade de observação e a
importância da avaliação, onde esta contribua no desenvolvimento da
aprendizagem significativa dos conteúdos.
Geral: Desenvolver e criar condições diferenciadas de aprendizagem.
Específico: Situar a ação pedagógica educativa ao mundo real do educando,
abrangendo num todo, o período em que está inserido o processo escolar.
1.5 – Problema
Quais os motivos que influenciam o desencadeamento dos distúrbios
emocionais no período relativo a avaliação?
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1.6 – Formulação da Hipótese
A avaliação provoca diferenças comportamentais, que convém dispor de
recursos capazes de criar condições para que o educando passe por este
período com tranqüilidade.
Se a avaliação ocasiona distúrbios far-se-á necessário criar possibilidades
que facilitem a atuação e o desenvolvimento.
1.7 – Metodologia
Este estudo será realizado através de pesquisas, onde será necessário
consultar diversos autores que descrevem sobre o tema: Avaliação como
entre outros, Vasco Pedro Moreto, onde pretendemos analisar e documentar
as diferenças comportamentais ocorridas no processo.
1.8 – Fundamentação Teórica
A avaliação da aprendizagem tem sido assunto de palestras. Muito se tem
escrito também a respeito. Todos os impropérios já foram lançados:
monstros, entulhos da educação, atraso pedagógico etc. E o professor, no
contexto do dia-a-dia, precisa continuar a elaborar “provas” como
instrumentos de avaliação.
Vasco Moreto, tenta ajudar o professor na prática, tendo por base o
pensamento de que não é acabando com a prova que melhoraremos o
processo de avaliação da aprendizagem, mas ressignificando o instrumento
e elaborando-o dentro de uma nova perspectiva pedagógica.
Concordo com o autor, quando precisamos mudar o processo de avaliação,
pois grupos de professores, há muito já se perguntam: Como operacionalizar
uma aula com sucesso e como avaliar com eficácia e eficiência. Nessa
atividade, sentimos a ansiedade dos educadores por constatar uma
verdadeira guerra de alguns acadêmicos contra as provas utilizadas como
instrumento de avaliação. A perplexidade dos mestres é manifesta, tendo em
vista que não lhes é oferecida uma alternativa razoável e culturalmente
contextualizada para substituir as tradicionais “provas” inseridas no
processo.
9
1.9 – Definição dos Termos da Pesquisa
Segundo Vasco Pedro Moreto (Prova é um instrumento privilegiado de
estudo não um acerto de contas, Rio de Janeiro, DPSA, 1998) entende-se
por avaliação que deve ser conduzida como mais um momento em que o
aluno aprende.
1.10 – Conteúdo do Trabalho
A monografia é composta de 6 capítulos.
No Capítulo 2, O Sistema Escolar mostra em síntese que a avaliação não
deve ser vista como um único momento do processo ensino-aprendizagem.
No Capítulo 3, O Papel e o Significado da Avaliação Escolar diz o que
significa exatamente “o ato de avaliar” e que o ser humano está sempre
avaliando e reavaliando.
Cita algumas definições que exprimem o papel relevante do processo
avaliativo na escola.
O Capítulo 4 mostra uma proposta educacional na rede municipal para o
ensino fundamental, cujas bases da multieducação estão apoiadas nas
cocepções dos educadores Paulo Freire e Celestin Freinet.
O Capítulo 5 mostra um pouco da teoria para uma prática construtivista em
que o professor tem uma postura política, pois seu compromisso
fundamental é a formação do cidadão, atuando basicamente como mediador
da construção do conhecimento, não apenas abordando a matéria e
atividades, mas questionando sobre tudo, fazendo o aluno pensar.
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CAPÍTULO 2
O SISTEMA ESCOLAR
2.1 – INTRODUÇÃO
Atualmente, a avaliação do rendimento escolar não deve ser vista como
um único momento do processo ensino-aprendizagem. A avaliação tem um
caráter mais seqüencial, global e contínuo, pois o educando tratado agora sob a
concepção holística, faz com que este instrumento pedagógico tenha um enfoque
mais relevante neste processo.
De acordo com esta concepção, a ênfase será a construção do
conhecimento cognitivo, o desenvolvimento das potencialidades dos educandos e
as múltiplas inteligências.
Assim sendo, a avaliação escolar será ferramenta útil que proporcionará,
no decorrer do processo educacional, com educandos mais reflexivos, autônomos
e críticos.
Consequentemente, com este objetivo, as escolas de 1º grau da Rede
Municipal contribuirão com cidadãos capazes de atuar ativa e eficazmente nos
setores da nossa sociedade.
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2.2 – O CONCEITO DE SISTEMA DE ENSINO
Poderemos comparar um sistema como uma engrenagem, pois nela cada
dispositivo (rodas) funciona de forma integrada. Segundo BERTALANFFLY1, um
sistema é “o conjunto de unidades entre as quais existem relações”. De acordo
com esta definição fica bem claro o aspecto totalizante e as relações de
interdependência entre os diferentes componentes de um sistema.
No âmbito escolar, as unidades (escolas), a estrutura de sustentação
(normas) e o seu funcionamento devem ser considerados, bem como as relações
entre essas partes e o todo, para ocorrer o que chamamos de sistema de ensino.
Em função do que foi exposto, passamos a descrever cada componente que
integra um sistema de ensino.
a) Contexto ou ambiente: este componente não está necessariamente no
interior do sistema, mas influi nele. Refere-se por exemplo, ao nível sócio
econômico do aluno que afeta em seu rendimento escolar;
b) Entrada, insumo ou in put é tudo aquilo que lança-se no sistema
(alunos, métodos, objetivos, recursos, etc.);
c) Processamento: é o funcionamento, isto é, o processo ensino-
aprendizagem;
d) Saída, ex sumo ou out put: refere-se aos resultados obtidos;
e) Feedback ou retroalimentação: após uma avaliação, os resultados não
interpretados e, em seguida, toma-se unia decisão que pode ser: novos métodos
introduzidos, mais recursos aplicados, etc.
Basicamente, o conceito de sistema de ensino pode ser ilustrado pelo
esquema abaixo:
RETROALIMENTAÇÃO
ENTRADA SISTEMA DE ENSINO SAÍDA
PROCESSAMENTO
Figura 1— Processo do Sistema de EnsinoFONTE: MUNIZ, (1990:14.)
1 LUDWIG VON BERTARLANFFLY, 1994. Biólogo alemão que elaborou a teoria interdisciplinarmais tarde denominada Teoria Geral dos Sistemas.
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2.3 – PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Para compreendermos o processo avaliativo, assunto central desta
pesquisa, passamos a analisar, inicialmente, expressões importantes que
envolvem o sistema educacional, tais como: escola, ensino, aprendizagem e
educação, observando que:
a) Escola: é a instituição que, segundo normas legais, administrativas e
pedagógicas, destina-se a promover educação, tanto intelectual quanto moral,
física, psicológica e social;
b) Ensino: é o processo intencional de transmissão de conhecimento e/ou
habilidades realizadas pelas escolas e outras instituições de educação
sistemática;
c) Aprendizagem: é um “processo que conduz à aquisição de certa habilidade
para responder de forma adequada a uma nova situação ou já conhecida”.
(DICIONÁRIO DE PSICOLOGIA PRÁTICA; p35. Vol. I);
d) Educação: é um processo contínuo e dinâmico que permite ao homem atingir o
pleno desenvolvimento de suas potencialidades.
2.4 – CONCLUSÃO 2
Conforme a nova lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.0 93 94/96),
o ensino fundamental, com duração mínima de oito anos obrigatório e gratuito na
escola pública, tem por objetivo a formação do cidadão, mediante:
I. o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II. a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia,
das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III. o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV. o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana, e
da tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
2 Lei no. 9394/96. Capítulo II, Seção III, Artigo 32.
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CAPÍTULO 3
O PAPEL E O SIGNIFICADO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR
3.1 – INTRODUÇÃO
Avaliação significa exatamente “o ato de avaliar”. O ser humano sempre
está avaliando e reavaliando conceitos, preconceitos e atitudes durante toda sua
existência, visando um juízo, isto é, julgamento de valores. Contudo, tal tarefa
acontece no setor educacional e para que a avaliação se processe eficazmente, é
preciso que os educadores utilizem conscientemente esta ferramenta.
3.2 – O CONCEITO DE AVALIAÇÃO
Sobre o termo avaliação escolar podemos citar algumas definições que
exprimem exatamente o papel relevante do processo avaliativo na escola, tais
como:
• “A avaliação caracteriza-se por retro informar ao educador quanto ao grau de
aprendizagem do educando, tendo em vista mudanças desejadas de
comportamento que foram previstos nos planos de ensino, baseadas nos
objetivos traçados”. HOFFMAN (1998:40)
• “Avaliar significa examinar o grau de adequação entre um conjunto de
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informações e um conjunto de critérios adequados ao objetivo fixado, com o fim
de tomar uma decisão”. RABELO (1998:69)
• “Avaliação é uma ferramenta didática essencial para melhor compreensão do
desempenho do alunado e promoção de um ensino eficiente”. CARVALHO
(1999:04)
Com base nestas definições, entende-se que o processo avaliativo deve
existir de forma global e sintática para alcançar o real sentido da educação: a
aprendizagem.
3.3 – O PROCESSO GLOBAL, CONTÍNUO E FORMATIVO
A avaliação precisa ter o caráter global enquanto avalia o educando como
um todo, isto é, o educando é um conjunto de características bio-psicossociais. A
característica de continuidade está no sentido de que se constate as dificuldades
e desvios que podem ocorrer no processo e que precisam ser sanados de
imediato, para que dúvidas não se acumulem comprometendo toda a
aprendizagem.
O aspecto formativo deve se desenvolver por todo o período em que
ocorrer o ensino e não apenas na sua conclusão.
3.4 – FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO
Quanto à formação, a avaliação pode ser diagnóstica, formativa ou
somativa.
I. A função diagnóstica ou inicial procura adaptar a ação educativa a situação real,
na que se refere ao aluno, ao professor, ao material e à estrutura da escola, para
tal visa:
• Fazer um prognóstico sobre as capacidades de um determinado aluno em
relação a um novo conteúdo aplicado;
• Tentar identificar um perfil dos sujeitos, antes de começar qualquer proposta
de ensino, sem o que, com certeza, estaria comprometido todo trabalho docente.
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• Detectar dificuldades dos alunos para que o professor possa melhor conceber
estratégias de para ação solucioná-las.
II. A função formativa (ou reguladora) acompanha o aluno em todas as fases do
processo ensino-aprendizagem, procurando sempre corrigir o que se fizer
necessário. Avaliar sob todos os aspectos; com objetivos de:
• Proporcionar informações certas a cerca do desenvolvimento de um processo
de ensino e aprendizagem, com o fim de que o professor possa ajustá-lo às
características das pessoas a que se dirige.
• Contribuir para melhorar a aprendizagem, pois informar ao professor sobre o
desenvolver da aprendizagem e ao aluno sobre sucessos e fracassos.
• Proporcionar o Feedback ao dar rapidamente informações úteis sobre etapas
vencidas e dificuldades encontradas.
• Estabelecer o diálogo entre o professor e o aluno, bem fundamentados em
dados precisos e consistentes.
III. A função somativa (ou final) verifica se as metas traçadas foram atingidas e o
resultado final ao aspecto qualitativo e, portanto, determina:
• Grau de domínio de alguns objetivos previamente estabelecidos.
• O resultado final quanto ao aspecto qualitativo;
• Os conhecimentos adquiridos e, se possível, dar um certificado.
Em suma, uma avaliação diagnóstica tem caráter de orientação e
identificação; uma avaliação formativa assume uma função dialógica e uma
avaliação somativa tem características de informar e classificar enquanto produto
final.
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No esquema seguinte, podem ser observados os respectivos tipos de
avaliação
DIAGNÓSTICATIVA FORMATIVA SOMATIVAA realizada no início doprocesso ensino-aprendizagem.
Serve de controle e érealizada no decorrer doprocesso ensino-aprendizagem.
É classificatória, realizadano fim do processo ensino-aprendizagem.
ù ù ùPARA QUE AVALIAR? PARA QUE AVALIAR? PARA QUE AVALIAR?Para localizar e identificarcausas de deficiências no
processo ensino-aprendizagem.
Para que o professor e oaluno fiquem informados, nodecorrer do processo, sobreo rendimento deste, visando
corrigir falhas.
Para reunir dados quepermitem estabelecer
níveis de planejamento.
ù ù ùCOMO AVALIAR? COMO AVALIAR? COMO AVALIAR?
Através de:Ÿ EntrevistasŸ QuestionáriosŸ Fichas de AvaliaçãoŸ ProvasŸ Relatórios
Através de:Ÿ EntrevistasŸ ObservaçõesŸ Auto-avaliaçãoŸ Testes em classe
baseados nos objetivos
Através de:Ÿ Prova FinalŸ Conselho de Classe
ù ù ùQUANDO AVALIAR? QUANDO AVALIAR? QUANDO AVALIAR?
Antes do:Ÿ BimestreŸ SemestreŸ Ano letivoŸ Curso
Durante o processo ensino-aprendizagem.
Antes do:Ÿ BimestreŸ SemestreŸ Ano letivoŸ Curso
ù ù ùO QUE AVALIAR? O QUE AVALIAR? O QUE AVALIAR?
O comportamento:Ÿ CognitivoŸ AfetivoŸ Psicomotor
O comportamento:Ÿ CognitivoŸ AfetivoŸ Psicomotor
O comportamento:Ÿ CognitivoŸ AfetivoŸ Psicomotor
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3.5 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO ESCOLAR
Segundo Cipriano Luckesi (1998: 149,151), a avaliação do rendimento
escolar deve ter urna forma diagnóstica, pois sendo a avaliação um instrumento
auxiliar na melhoria dos resultados, ela deve priorizar em todas as etapas a
aprendizagem e o desenvolvimento dos educandos. Este compromisso político
baseia-se num trabalho docente crítico e construtivo em função do crescimento
global dos educandos diante de suas capacidades cognoscitivas e suas
convicções. A avaliação tem por princípio subsidiar a construção de resultados
satisfatórios e o seu papel relevante diante do processo educacional é a
promoção do crescimento humano. Com este objetivo, a avaliação deve ser
dialógica, isto é, promover a interação, o diálogo e auxiliar na relação
professor/aluno para que ambos possam alcançar juntos os objetivos planejados.
Para Luckesi, são dois os objetivos básicos da avaliação na escola: o primeiro diz
respeito ao desenvolvimento pessoal do aluno através do processo ensino-
aprendizagem e o segundo, visa responder à necessidade pela qualidade do
trabalho educativo prestado, isto é, a formação do cidadão.
Desta forma, a avaliação escolar auxilia o desenvolvimento tanto do
educando quanto do educador já que ambos visam a um objetivo comum e a
escola cumprir sua responsabilidade social.
Luckesi chama a atenção também para alguns cuidados necessários à
prática avaliativa na escola, pois de acordo com sua função diagnóstica, a
avaliação cria base para a tomada de decisão, objetivando resultados
satisfatórios. Articulando-se com tal proposta avaliativa definem-se algumas
funções importantes da avaliação escolar:
a) A função de propiciar a autocompreensão.
Educador e educando são avaliados no processo ensino-aprendizagem e podem
compreender através da avaliação o que será compensador para ambos e para o
sistema de ensino;
b) Função de motivar o crescimento.
Cabe ao educador estimular (ou incentivar) a motivação dos seus educandos
18
objetivando resultados satisfatórios durante todo o processo educacional.
Baseando-se neste aspecto, a avaliação pode e deve ser motivadora para o
educando, pelo reconhecimento de onde ele está (fase diagnosticativa) e pela
conseqüente visualização de possibilidades.
c) A função de aprofundamento na aprendizagem.
Os exercícios escolares ajudam na assimilação da aprendizagem e as atividades
na prática avaliativa possibilitam a manifestação da qualidade da aprendizagem e
simultaneamente o aprofundamento desta.
d) A função de auxiliar a aprendizagem.
É importante que os educadores tenham consciência de que a avaliação é um
instrumento subsidiário no processo ensino-aprendizagem, já que atendendo às
necessidades dos educandos e estimulando seu crescimento, consequentemente
“estaremos fazendo o melhor para que eles aprendam e se desenvolvam”.
(Luckesi, 1995:177).
Em suma, afirma Luckesi que a prática da avaliação, na medida em que é
utilizada como instrumento classificatório; não atende ao processo educativo,
colocando-se contra a democratização do ensino.
A corrente interacionista ressalta a posição que existe uma ação recíproca
entre o organismo e o meio, isto significa que um influencia o outro e esta
interação implica em mudanças sobre o indivíduo. Na concepção interacionista de
desenvolvimento, a aquisição de conhecimentos é um processo construtivo pelo
indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer, nem sendo
adquirido passivamente graças às pressões do meio.
Conforme tais concepções apontamos, algumas teorias e delas extrair as
principais idéias que estruturam a proposta construtivista.
3.6 – A TEORIA DE JEAN PIAGET (1896 — 1980)
Piaget (biólogo) defende a visão interacionista de desenvolvimento.
Inaugurou a Epistemologia Genética3. A idéia central de sua teoria é: “o
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conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma
programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas em
elaborações constantes de estruturas novas. (Piaget, 1976: Prefácio)
Epistemologia Genética: Estudo da gênese e desenvolvimento das
estruturas lógicas do sujeito em interação com o objeto de aprendizagem, ou seja,
o estudo do processo de construção dos conhecimentos. (MATUI, 1995: 32)
Para Piaget, o conhecimento resulta da interação do objeto com o sujeito
e as construções sucessivas resultam das relações sujeito x objeto.
São os pontos básicos da teoria de Piaget: a independência de estágios,
a dependência de estágios e os tipos de conhecimentos.
A independência de estágios significa que compreender ou codificar uma
informação depende de conhecimentos prévios, isto é, a informação exterior
poderá ser assimilada na organização mental para se acomodar ao novo
conhecimento, portanto, a assimi1ação e a acomodação são dois processos
distintos e indissociáveis que tomam possível a equilibração (ou adaptação).
Entende-se por assimilação, a incorporação de um novo elemento à
estrutura cognitiva aos esquemas conceituais, pois o sujeito age sobre o objeto.
Na acomodação, o objeto exerce influência sobre os esquemas mentais do
sujeito. Assim, “toda vez que um esquema (estrutura mental) não for suficiente
para responder a uma situação e resolver um problema, surge a necessidade dele
modificar-se em função da situação”. (Piaget, 1990:11)
A adaptação não ocorre sem organização3, acontece integrando uma
nova estrutura a uma outra pré-existente, para Piaget, a aprendizagem está
relacionada aos mecanismos que o organismo movimenta (assimilação e
acomodação) para se adaptar ao meio ambiente (interação sujeito x realidade). A
teoria construtivista para Piaget é explicada pelo quadro abaixo:
3 Organização: Operação mental que consiste em colocar conhecimentos.
20
QUADRO III: ADAPTAÇÃO
MEIO X SUJEITO SUJEITO X MEIO
É EQUILIBRIO
QUANDO OORGANISMO NÃO
SOFRE AÇAO DO MEIO,HÁ:
ACOMODAÇÃO
QUANDO HÁ AÇÃO DOSUJEITO SOBRE O MEIO
TRANSFORMANDO-O NOSSEUS ESQUEMAS, HÁ:
ASSIMILAÇÃO
FONTE: (MATUI, 1995: 98)
A dependência de estágios refere-se ao desenvolvimento que acompanha
as diferenças qualitativas do modo de cognição. Segundo Piaget, para cada idade
temos um modo típico de nos relacionarmos com o meio determinado por uma
estrutura mental característica que determine uma forma particular de raciocínio.
Portanto, os estágios (ou períodos) representam estruturas de conhecimento
acompanhada de operações cognitivas, resumidamente, temos:
• Período Sensório-Motor (nascimento - 2 anos)
- Construção de modelos interiorizados de ação;
- Exercícios de reflexos (succionar, agarrar, etc.);
- Experimentação ativa;
- Ralações circulares;
- Coordenação de esquemas.
• Período Pré-Conceptual (1 ano e meio - 5 anos)
- Início do pensamento simbólico;
- Imitação interiorizada;
- Desenvolvimento da linguagem.
• Período Pré-Operacional (4 - 8 anos)
- Centralização, egocentrismo intelectual;
- Representação articulada ou intuitiva;
- Realiza atividades juntas do outro.
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• Período Operatório (7 - 12 anos)
- Operações concretas; reversibilidade;
- Descentralização;
- Evolução da socialização;
- Realiza atividades juntas do outro.
• Período Operatório Pré-Formal (9—12 anos)
- Começo das operações formais ou abstratas;
- Conceito de classes, cadeias sem inter-relacionar suas classificações.
• Período Operatório Formal (11 anos — adolescência)
- Raciocínio hipotético-dedutivo, manejo de conceito de alta complexidades;
- Interligações.
Piaget fez a distinção entre três tipos de conhecimentos: o conhecimento
físico; que refere-se aos objetos, cuja fonte é externa ao sujeito; o conhecimento
lógico-matemático, cuja fonte é interna ao sujeito, fruto de relações que um
indivíduo pode criar ao comparar objetos através de abstrações reflexíveis; e o
conhecimento social ou convencional, cuja fonte é externa ao sujeito, diz respeito
às convenções construídas pelas pessoas. Sua característica principal é que
possui uma natureza arbitrária.
3.7 – A TEORIA DE LEV VYGOTSKY (1896 — 1934)
Vygotsky (psicólogo russo) defende a idéia de contínua interação entre as
mutáveis condições sociais e a base biológica do comportamento humano.
Partindo de estruturas orgânicas elementares, determinadas basicamente pela
maturação, formam-se novas e mais complexas funções mentais, a defender a
natureza das experiências sociais a que as crianças se acham expostas.
O processo de interiorização progressiva das orientações advindas do
meio social é um processo ativo, no qual a criança apropria-se do social de uma
forma particular.
22
Ao interiorizar instruções, as crianças modificam suas funções
psicológicas: percepção, atenção, capacidade para resolver problemas, memória
etc.
E dessa maneira que formas historicamente determinadas e socialmente
organizadas de operar com informações influenciam o conhecimento do mundo e
das conseqüentes formas de interagir com crianças adotadas pelos adultos no
século XV diferem substancialmente das utilizadas hoje em dia, especialmente se
as comparamos com as do mundo urbano moderno, fortemente influenciado pelos
meios de comunicação de massa.
Para Vygotsky, a aquisição de um sistema lingüístico reorganiza todos os
processos mentais infantis. A palavra dá forma ao pensamento, criando novas
modalidades de atenção, memória e imaginação
Ao reconhecer a imensa diversidade nas condições histórico-sociais em
que as crianças vivem, Vygotsky não aceita a possibilidade de existir urna
seqüência universal de estágios cognitivos, como defende Piaget, no entanto,
para Vygotsky, os valores biológicos preponderam sobre os valores sociais
apenas no início da vida das crianças e as oportunidades que se abrem para cada
uma delas são muitas e variadas pelas quais as condições e as interações
humanas afetam o pensamento e o raciocínio.
Segundo Vygotsky, a construção do pensamento complexo e do abstrato
é acentuado pela vida social e pela comunicação entre criança e adulto. A
linguagem intervém no processo de desenvolvimento da criança desde o
nascimento e sozinha não seria capaz de construir formas mais complexas e
sofisticadas de conceber a realidade, num processo em que a linguagem é
fundamental.
Vygotsky considera três teorias principais em relação entre
desenvolvimento e aprendizagem.
1a. teoria: O desenvolvimento visto como processo maturacional que ocorre antes
da aprendizagem, criando condições para que esta se dê. E preciso haver um
determinado nível de desenvolvimento para que certos tipos de aprendizagem
sejam possíveis;
2a. teoria: Na concepção comportamentalista, a aprendizagem é desenvolvimento
entendido como acúmulo de respostas aprendidas. Nesta concepção, o
23
desenvolvimento ocorre simultaneamente à aprendizagem ao invés de precedê-la.
3a. teoria: Desenvolvimento e aprendizagem são processos independentes que
interagem, afetando-se mutuamente (aprendizagem causa desenvolvimento e
vice-versa).
Uma outra questão importante é o conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal4 (ou Potencial) que baseia-se na capacidade de urna criança realizar
tarefas com auxílio de um mediador desde que forem dadas instruções,
demonstrações, pistas e assistência adequadas. A zona de desenvolvimento
proximal definem aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que
amadurecerão, mas que estão em estado embrionário. (Rabelo, 1998: 60)
Vygotsky considera que a aprendizagem gera o desenvolvimento mental e
não o contrário como afirma Piaget. O aprendizado organizado adequadamente
resulta no desenvolvimento mental, pondo em movimento vários processos que
de outra forma seriam impossíveis.
3.8 – DEFINIÇÃO DE CONSTRUTIVISMO
O construtivismo é uma das teorias que abordam o processo de
desenvolvimento intelectual e moral.
Nasceu da epistemologia genética de Jean Piaget e hoje está recebendo
urna redefinição enriquecedora em virtude dos trabalhos de Vygotsky, Luria,
Leontiev, Wallon e Nuttin, psicólogos russos de orientações dialéticas com
características sócio histórica.
Segundo Kant, o construtivismo é interacionalista, pois o conhecimento só
se dá na relação entre o sujeito e o objeto e através dela. (Matuí, 1995: 42). Nesta
concepção podemos focalizar a interação sujeito/objeto como urna estrutura
bifásica, ou seja, na teoria construtivista não há sujeito sem objeto e não há objeto
sem sujeito que o construa, O sujeito não está simplesmente situado no mundo,
mas o meio entra como parte integrante do próprio sujeito como matéria e
conteúdo cognitivo e histórico.
4 Zona de Desenvolvimento Proximal: Diferença entre o Desenvolvimento Proximal (DP) e oDesenvolvimento Real (DR).
24
A contribuição de Vygotsky vem imprimir dimensão cultural ao objeto e
histórica ao sujeito, portanto, a interação social é urna forma privilegiada de
acesso à informação e ao objeto de conhecimento.
Em síntese, o construtivismo é uma teoria do conhecimento que engloba
numa só estrutura, o sujeito histórico e o objeto cultural, em interação recíproca,
ultrapassando dialeticamente e sem cessar as contribuições já acabadas para
satisfazer as lacunas ou carências. (Matuí, 1995: 46). O construtivismo defende a
idéia de que nada está pronto e o conhecimento não é dado, em nenhuma
instância, como algo terminado.
CONCLUSÃO
Para esta teoria, o conhecimento é construído, gradativamente, do menos
elaborado para um conhecimento mais elaborado culminando para que ocorra o
processo de aprendizagem. O conhecimento se constitui pela interação do
indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo
das relações sociais e não se constitui por qualquer fator hereditário ou no meio.
Entendemos que, para o construtivista, a aprendizagem não procede só do
sujeito, nem só do objeto, mas da interação de ambos.
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CAPÍTULO 4
UMA PROPOSTA EDUCACIONAL NA REDE MUNICIPAL PARA O
ENSINO FUNDAMENTAL
4.1 - INTRODUÇÃO
É uma proposta educacional encaminhada à toda Rede Municipal da
cidade do Rio de Janeiro dando inicio de múltiplas e continuadas ações em
beneficio das escolas de 1º grau.
Este tipo de organização curricular implantado desde 1996 com
características multiculturais e interdisciplinares que vem modernizando o ensino
fundamental, antecipando-se até mesmo aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
As bases da multieducação estão apoiadas nas concepções dos
educadores Paulo Freire e Celestin Freinet.
4.2 - MULTIEDUCAÇÃO
Paulo Freire (1996) preocupado com a educação de classes populares,
contribuiu com uma concepção política do ato de educar, adotando como
princípios fundamentais a valorização do cotidiano do aluno e a construção de
uma práxis educativa que estimule a crítica do mundo. Neste contexto, Paulo
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Freire criou o que chamamos de Pedagogia da Esperança, para ele a educação
não deve desvincular-se dos conteúdos da e na alfabetização de adultos, Freire
utilizou-se da investigação do universo realidade vocabular da Comunidade dos
alfabetizandos, da tematização para representar o modo de da dos alfabetizandos
e da problematização priorizando a construção do conhecimento n oposição às
técnicas de memorização. “Freire concebe a escola não apenas como instituição
social para transmissão de conhecimentos, mas sobretudo como centro produtor
de cultura aberto ao mundo, influenciada pela sociedade e influenciando na
formação dessa sociedade.” (Multieducação: Núcleo Curricular Básico, 1996:97)
Defende também uma crescente democratização das relações políticas
no interior da escola. Esta democratização baseia-se na gestão administrativa das
unidades educacionais e no projeto político pedagógico da escola.
Celestin Freinet (1996) tem como concepção a educação a serviço de
uma causa social. Sua metodologia de trabalho apoia-se nos seguintes princípios:
observação da natureza e as transformações que nela ocorrem, pesquisa e trocas
de experiências no ambiente escolar (aulas-passeio); criação do próprio material
didático em parceria com os alunos, perfeita inter-relação com o meio para
propiciar o progresso na criação da Imprensa Escolar com colaboração dos
alunos e a Correspondência Interescolar promovendo o intercâmbio sócio cultural
entre Freinet, outros professores e os alunos.
Com estas características surgiu a Pedagogia Freinet fundamentada na
experimentação, na democracia, no respeito mútuo, no trabalho motivado pela
disciplina e pela ordem, no trabalho individual ou em equipes apostando sempre
no sucesso do ser humano.
Nesta pedagogia, a escola deve garantir uma verdadeira formação,
valorizando a inteligência verbo-conceitual e aos mais simples trabalhos
feitos com as mãos. Portanto, para Freinet, a educação só tem sentido quando
aplicada para melhorar as condições sociais população e
“Construir o indivíduo para exercer sua cidadania, por isso a escola foi ao
encontro da vida”. (Cluapyassu, 1 998:64)
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4.3 — NÚCLEO CURRICULAR BÁSICO
Segundo Moura (1999), o conteúdo básico não pode ser perdido de vista,
sobretudo entrando numa era do conhecimento.
Mas, temos que levar em conta também a formação de valores, tem que
trabalhar essas relações. Alguns princípios educativos se cruzam: a valorização
do meio ambiente, o trabalho, a auto-estima, o resgate da identidade, a
localização do tempo, para que ele possa ser um agente da transformação. Esses
valores perpassam todo o conteúdo da educação infantil até a 8ª série.
Esta nova concepção de organização curricular está centrada nos
múltiplos universos que se encontram na escola, nas múltiplas idéias e visões de
mundo, nos múltiplos contextos e culturas de pessoas de diferentes idades e
lugares e nas múltiplas s do próprio educando. O currículo tem como meta
garantir, através de uma política educacional, o direito a uma educação que os
induza a uma cidadania plena.
O Núcleo Curricular Básico - Multieducação está estruturado nos
Princípios ativos e nos Núcleos Conceituais que articulados oferecem uma
reflexão sobre a escola e a vida cidadã que se encontram e se abrem para
sociedade que transformamos para melhor. Os princípios compreendem o Meio
Ambiente, o trabalho, a cultura e a linguagem, enquanto os Núcleos Conceituais
abrangem a identidade, a transformação, o espaço e o tempo.
Nesta metodologia, um mesmo núcleo conceitual é trabalhado desde as
séries iniciais até as finais do curso, sendo variável apenas o aprofundamento e o
nível de abstração bem como a forma de atuar, perante aos alunos, respeitando a
característica própria de cada educando.
4.4 – O SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
O processo avaliativo deve estar em consonância com o Núcleo Curricular
Básico e o Projeto Pedagógico da escola. Neste contexto a avaliação é vista de
forma abrangente, ocorrendo em todas as etapas do ato de educar.
Consequentemente, prioriza a construção do conhecimento, que segundo
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Vygotsky, isto implica numa ação partilhada e experimentada pelo sujeito e o
objeto do conhecimento. “Não se poderia, portanto, avaliar os conhecimentos
construídos desvinculando-os do processo em que foram construídos”. (Núcleo
Curricular Básico - Mutlieducação, 1996:386)
Segundo Antônio Augusto A. Mateus (1999), supervisor do Projeto de
Avaliação do Desempenho Escolar da Secretaria Municipal de Educação (SME), a
avaliação escolar nas escolas municipais têm as seguintes características:
prioridade na capacidade do aluno estabelecer relações com o conteúdo que foi
ensinado, observar como O aluno está usando o que aprendeu no dia-a-dia, o
comportamento, a relação com os colegas e professores, participação nas aulas,
entrega dos trabalhos propostos, atividades em grupos, desenvolvimento das
habilidades dos educandos, etc.
Neste sistema de avaliação, os professores lançam mão de três conceitos
para qualificar o rendimento escolar; o Planejamento Satisfatório (PS), o
Satisfatório (S) e o Em Processo (EP).
O conceito PS significa que o aluno precisa recorrer ao professor ou a um
colega para resolver problemas e organizar suas idéias num texto.
Quando isto acontece o aluno recebe o conceito S e, se mesmo assim,
com interferência do professor ou ajuda do outro colega, o aluno apresentar
dificuldades na aprendizagem o aluno é classificado como EP. Isto não significa
que o aluno não aprendeu nada, ou seja, ele está em processo de aprendizagem.
4.5 – CONCLUSÃO
O mais importante para a avaliação é saber se os alunos sabem lidar com
o conhecimento, por isto a avaliação não pode ser medida por nota e o critério
adotado é uma avaliação continuada que não foi criada para reprovar ninguém.
Portanto, a Rede Municipal diminuiu a evasão escolar e a repetência.
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CAPITULO V
DA TEORIA PARA UMA PRÁTICA CONSTRUTI VISTA
5.1 – INTRODUÇÃO
O professor construtivista tem uma postura política, pois seu compromisso
fundamental, no ensino, é com a formação do cidadão. Atua também como
mediador da construção do conhecimento, não apenas abordando a matéria e
atividades, mas questionando, interrogando e fazendo o aluno pensar por
comparação, por seriação, por classificação, por causalidade, por reversibilidade.
(MATUÍ, 1995)
5.2 – O PROFESSOR, A AULA E A AVALIAÇÃO CONSTRUTIVISTAS
O termo aula construtivista refere-se a dois níveis de ação do professor:
as atividades e a metacognição. As atividades correspondem à ação e busca
experiência e abstração física. A metacognição diz respeito a conceituarão e visa
não somente a finalização dos conhecimentos, mas principalmente aquilo que
Piaget chama de conhecimentos verdadeiros: as leis e explicações lógicas.
(MATUÍ, 1995)
Na concepção de Jussara Hoffmann, a avaliação para ser construtivista,
deverá ser mediadora Entende-se por avaliação mediadora aquela em que
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dinamiza as de ação-reflexão, o professor acompanha freqüentemente o
educando, há práticas que desafiam o aluno para novas questões a partir de
respostas formuladas, busca compreender as dificuldades do educando, há
compreensão do processo de , isto é, pensar como pensa o aluno e entender o
porquê ele pensa dessa forma, os erros são tomados como meios de construção
dos conhecimentos e não como “faltas gravíssimas” e a aprendizagem é por
mediação.
5.3 – DESCRIÇÃO DE UMA AULA DE MATEMÁTICA SOB A VISÃO
CONSTRUTIVISTA
Atividade: Medindo e representando a largura de nossa sala de aula.
Objetivos:
• Representar um segmento em escalas diferentes;
• Comparar segmentos de comprimentos diferentes;
• Explorar a idéia de redução de segmentos;
• Construir a noção de escala como um instrumento para representar, no papel
medidas reais quaisquer.
• Desenvolver a estrutura multiplicativa.
Conteúdos: Porporcionalidades, redução estrutura multiplicativa, sistema métrico.
Tipo: Aprendizagem de Conceitos
Caráter: Casa (individual)
Sala de aula (grupo)
Tempo: 4 aulas
O professor dividiu os 28 alunos em 7 grupos. Cada grupo representava
sua resposta que era então discutida pela turma toda. O professor colocava as
respostas de todos os grupos no quadro para facilitar a discussão. Como
representar a largura da sala (em metros) fica difícil numa folha de papel, o
professor distribuiu para cada aluno folha de papel milimetrado para desenvolver
a atividade. Cada grupo iria representar a largura da sala (aproximadamente 5m)
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nas escalas de 1:50, 1:100 e 1:200, indicando todos os cálculos.
A seguir temos algumas das respostas dos 7 grupos:
• Grupo 1: “Observamos que quando a escala diminui o tamanho aumenta e
quando a escala aumenta o tamanho diminui.”
è 1:50= l0cm è 1:50 = l0 cmè 1:100 = 5 cm (x2) è 1:100 = 5 (/2)è 1:200=2,5 cm (x4) è 1:200 = 2,5 (/4)
• Grupo 5: “O segmento que representa a escala 1:200 cabe duas vezes dentro
da escala 1:100. O segmento da escala de 1:200 cabe quatro vezes dentro da
escala de 1:50.”
• Grupo 7: “O segmento na escala 1:50, é o dobro do segmento 1:100, que é o
dobro do segmento da escala 1:200.”
Discussão da atividade:
1º momento: O professor analisou o desempenho de cada aluno individualmente;
2º momento: O professor propôs que colassem todos os desenhos em uma única
folha e, em seguida, fizessem as devidas observações e correções.
3º momento: O professor recolheu as respostas dos grupos; fez sua análise e
devolveu-as, porém trocando os trabalhos entre os grupos para que fizessem
novamente suas intervenções, desta vez nos trabalhos dos colegas.
5.4 – CONCLUSÃO
Os alunos gostaram bastante dessa atividade e empenharam-se muito na
realização desse trabalho porque foi prazeroso, pois abordou outros níveis de
conhecimentos (escala).
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CAPITULO VI
CONCLUSÃO
Teoricamente, deduzimos que a avaliação da proposta construtivista
corrobora para a formação da cidadania do educando, pois um circulo tratado sob
a visão da interdisciplinaridade toma os conteúdos escolares mais vivos e mais
sintonizados com a realidade do educando, priorizando a Didática Fundamental e
vindo de encontro as características da Educação Holistica.
Entretanto, na prática, este sistema de avaliação escolar não garante
totalmente que o rendimento escolar foi plenamente satisfatório porque, segundo
os professores da escola referida, há várias distorções ao longo do processo
ensino-aprendizagem, a “pressão” que a Secretaria Municipal de Educação
exerce sobre suas escolas, induzindo a aprovação automática, o número
excessivo de alunos em sala de aula e salas mal adaptadas para atender com
qualidade o sistema dificultam o processo.
Provavelmente, maior investimento na formação do corpo docente, melhor
adequação das escolas da Rede Municipal e o replanejamento curricular são
estratégias que otimizariam este processo educacional.
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Vilson Sérgio. Avaliação: uma questão de bom senso.
Comunicandido. 1999, pág. 04.
GUAPYASSÚ, Zilda et alli. Fundamentos da Educação Didática. Rio de Janeiro:
Degrau cultural, 1998.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mito e Desafio. Porto Alegre: Educação e
Realidade, 1993.
LEI n. 9394/96, de 20 de dezembro de 1996.
LUCKESI, Cipriano O. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez,
1995.
MATEUS, Antônio A. Alves. Decoreba é coisa do passado. Caderno Educação. O
Dia, 22 de junho de 1999.
MOURA, Carmem. Modernização X Exclusão. Caderno Educação, Trabalho e
Emprego. Jornal do Brasil, 31 de outubro de 1999.
Prefeitura do Rio de Janeiro. Multieducação Núcleo Curricular Básico. Rio de
Janeiro:
Secretaria Municipal de Educação, 1996.
Prefeitura do Rio de Janeiro. Nós da Escola. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal
de Educação, 1999, n.0 32, pág. 3.
RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: Novos tempos, novas práticas. Petrópolis
(RJ): Vozes, 1998.
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QUESTIONÁRIO:• ESCOLA:• PROFESSOR (A): _________________________________________________• DISCIPLINA QUE LECIONA: ________________________________________• SÉRIES QUE LECIONA: ____________________________________________
1. Que concepção de avaliação orienta o trabalho de sua escola?______________________________________________________________________________________________________________________________
2. Qual seu papel no processo de avaliação da sua escola?______________________________________________________________________________________________________________________________
3. Quais as principais dificuldades encontradas nesse processo?______________________________________________________________________________________________________________________________
4. Que sugestões você daria para melhorá-la?______________________________________________________________________________________________________________________________
5. Uma avaliação escolar no processo construtivista garantirá ao professor (a)que, no final do processo educacional, os objetivos básicos foram atingidos e,se realmente houve uma avaliação da aprendizagem justa, precisa e eficaz dosresultados?______________________________________________________________________________________________________________________________
6. Até que ponto a avaliação construtivista garante ao professor que o rendimentoescolar foi plenamente satisfatório e, em caso contrário, diante de umrendimento insuficiente que decisões devem ser tomadas?______________________________________________________________________________________________________________________________
7. Qual é o papel do conselho de classe (COC) referente ao sistema de avaliaçãoescolar conforme a teoria construtivista?______________________________________________________________________________________________________________________________
8. A avaliação escolar na propostas construtivista contribui, no final do processo,com educandos com capacidades desenvolvidas nas dimensões cultural,econômico e político em função do social? Justifique.______________________________________________________________________________________________________________________________