aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

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APLICAÇÃO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) EM AMBIENTE ESCOLAR Laíze Santos Silva Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Elaine Garrido Vazquez Rio de Janeiro Setembro, 2016

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APLICAÇÃO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO

(APO) EM AMBIENTE ESCOLAR

Laíze Santos Silva

Projeto de Graduação apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador:

Elaine Garrido Vazquez

Rio de Janeiro

Setembro, 2016

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APLICAÇÃO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO

(APO) EM UM EDIFÍCIO ESCOLAR

Laíze Santos Silva

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉC

NICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO

PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

Prof.º Elaine Garrido Vazquez

Prof.º Leandro Torres Di

Gregorio

Prof.º Sandra Oda

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO de 2016

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Silva, Laíze Santos

Aplicação de Avaliação Pós-Ocupação (APO)

em ambiente escolar / Laíze Santos Silva – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016

XIII, 129p.: i l .: 29,7 cm

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI /

Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 103 – 108.

1. Avaliação Pós-Ocupação. 2. Necessidade

do usuário. 3. Ferramentas da APO. I. Vazquez,

Elaine Garrido. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia Civil. III.

Engenheiro Civil

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola

Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenç ão

do grau de Engenheiro Civil.

APLICAÇÃO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) EM

AMBIENTE ESCOLAR

LAÍZE SANTOS SILVA

Setembro/2016

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

Curso: Engenharia Civil

Este estudo propõe uma reflexão acerca da aplicação da Avaliação Pós-Ocupação

em uma Unidade Escolar de Ensino Fundamental (UMEF). Procurou-se enfatizar a

potencialidade da opinião do usuário na análise do ambiente construído relacionando o

bom uso do edifício escolar às necessidades dos ocupantes, no caso especifico crianças

de 06 a 12 anos. A ênfase dada à percepção dos funcionários, crianças e pais/responsáveis

permitiu a obtenção de um panorama global do estado da edificação escolar, incluindo

aspectos técnico construtivos, estéticos e de habitabilidade. Primeiramente, foi delineada,

através de revisão bibliográfica, uma metodologia de APO para o objeto de estudo,

selecionando o universo de ferramentas a serem aplicadas. São elas: análise walkthrough,

entrevistas, questionários, poema dos desejos, matriz de descobertas e recomendações.

Em conjunto com a metodologia da APO foram utilizados alguns requisitos da ISO 6241

e da NBR 5674 que serviram de base para o levantamento dos principais problemas

encontrados. Os resultados foram complementares, uma vez que apresentaram as

principais inadequações da escola e suas possíveis recomendações, focando no aumento

do nível de satisfação do usuário. Foram apresentadas as considerações finais visando

uma melhor compreensão da relação valor percebido pelo usuário e o bom uso da

edificação, contribuindo assim para o aprimoramento de futuros projetos.

Palavras-chave: Avaliação Pós-Ocupação. Edifícios Escolares.

Valor percebido pelo usuário.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a

partial fulfillment of the requirements for the degr ee of Engineer.

APPLICATION OF POST OCCUPANCY EVALUATION IN SCHOOL

ENVIRONMENT

Laíze Santos Silva

September/2016

Adivisor: Elaine Garrido Vazquez

Course: Civil Engineering

This study proposes a reflection on the implementation of the Post-Occupancy

Evaluation Unit in a School of Primary Education. The study aimed to emphasize the

user's view of built environment analysis potential relating the good use of the school

building to the needs of the occupants, in the specific case of children from 6 to 12 years

old. The emphasis on the perception of staff, children and parents / guardians allowed to

obtain an overview of the school building condition, including technical, aesthetic and

habitability conditions. First, it was designed, through literature review,

the POE methodology to the object of study by selecting the universe of tools to be

applied. They were: analysis walkthrough, interviews, questionnaires, poem desires,

discoveries matrix and recommendations. With the POE methodology, some of the ISO

6241 and NBR 5674 requirements was used, which were the basis for the main problems

survey. The results were complementary, since it presented the main inadequacies of the

school and its possible recommendations, focusing on increasing user satisfaction. Final

considerations to easily understand the user-perceived value relation were presented and

good use of the building, thus contributing to the improvement of future projects.

Keywords: Evaluation Post Occupation. School Buildings. User-perceived value.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ viii

LISTA DE QUADROS ........................................................................................ x

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11

1.1 Considerações iniciais ........................................................................... 11

1.2 Objetivo .............................................................................................. 12

1.3 Justificativa.......................................................................................... 13

1.4 Metodologia ......................................................................................... 14

1.4.1 Abordagem e objetivo da pesquisa ........................................................ 14

1.4.2 Procedimentos utilizados ..................................................................... 15

1.5 Estruturação do trabalho ........................................................................ 16

2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ...................................................... 17

2.1 Aspectos de avaliação de uma APO ............................................................. 22

2.2 Observador-pesquisador em uma APO......................................................... 24

2.3 Vertentes da origem da APO ...................................................................... 25

2.3.1 Desempenho dos edifícios .................................................................... 25

2.3.2 Psicologia Ambiental .......................................................................... 33

2.3.3 Programação arquitetônica ................................................................... 35

2.4 Níveis da APO .......................................................................................... 38

2.5 Procedimentos metodológicos e as ferramentas de uma APO .......................... 40

2.5.1 Walkthrough ...................................................................................... 43

2.5.2 Entrevista ........................................................................................... 50

2.5.3 Questionários ..................................................................................... 55

2.5.4 Poema dos desejos .............................................................................. 60

2.5.5 Matriz de descobertas e recomendações ................................................. 63

3. APLICAÇÃO DE APO EM ESCOLA MUNICIPAL ....................................... 67

3.1 Apresentação do objeto de estudo e características do entorno ........................ 67

3.2 Descrição das áreas internas ....................................................................... 71

3.3 Apresentação da metodologia utilizada ........................................................ 72

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3.4 Avaliação Técnico-Construtiva .............................................................. 75

3.4.1 Aplicação da análise walkthrough ......................................................... 76

3.5 Análise dos usuários .................................................................................. 84

3.5.1 Identificação dos usuários a partir da entrevista ...................................... 84

3.5.2 Aplicação dos questionários ................................................................. 86

3.5.3 Poema dos desejos .............................................................................. 92

3.6 Matriz de Descobertas e Recomendações ..................................................... 99

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 103

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 105

ANEXOS ....................................................................................................... 111

APÊNDICES.................................................................................................. 122

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ferramentas aplicadas na APO. ............................................................... 16

Figura 2 Esquema da APO .................................................................................. 19

Figura 3 – Critérios da ISO 6241 adaptados a NBR 15575 ...................................... 28

Figura 4: As grandes questões sobre o espaço escolar. ............................................ 37

Figura 5: Checklist de fatores funcionais — divisões internas, tetos e pisos ............... 46

Figura 6- Segunda versão da matriz de descobertas e recomendações ....................... 64

Figura 7 Regiões administrativas do município de Niterói ....................................... 68

Figura 8 Distribuição das Redes Municipais e Estaduais das escolas em Niterói ........ 69

Figura 9 Vista da fachada do edifício escolar ......................................................... 70

Figura 10 Vista aérea edifício escolar ................................................................... 70

Figura 11 Planta baixa (espaços setorizados) ......................................................... 71

Figura 12 Métodos e materiais utilizados na APO .................................................. 73

Figura 13 – Cobertura encontrada na escola .......................................................... 77

Figura 14- Perímetro do terreno (murado e interligado com a praça) ......................... 77

Figura 15 – Rampa de acesso (entrada da escola) ................................................... 78

Figura 16 – Áreas livres descobertas..................................................................... 78

Figura 17 – Entrada de carga e descarga ............................................................... 79

Figura 18 Checklist setor serviços gerais ............................................................... 80

Figura 19 –Síntese da avaliação técnica ................................................................ 83

Figura 20 - Caracterização dos funcionários (gênero e faixa etária) .......................... 85

Figura 21- Meios de locomoção dos usuários ........................................................ 85

Figura 22 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Localização ............. 86

Figura 23- Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Segurança ................. 86

Figura 24- Foto representativa da sugestão de um dos usuários no subgrupo Segurança

................................................................................................................................... 87

Figura 25 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Funcionalidade ........ 87

Figura 26 – Resposta ao questionamento 10 do Subgrupo Funcionalidade ................. 88

Figura 27 – Sugestões dos usuários no subgrupo funcionalidade .............................. 88

Figura 28 – Tema utilizado na estética da escola .................................................... 89

Figura 29-Mobiliário e brinquedos encontrados na escola ....................................... 90

Figura 30 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Áreas de convivência e

lazer ............................................................................................................................ 90

Figura 31 – Resposta ao questionamento 34 e 35 do subgrupo áreas de convivência e lazer

................................................................................................................................... 91

Figura 32 – Acessibilidade: equipamentos e ambientes ........................................... 91

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Figura 33 - Resposta ao questionamento 42 do subgrupo ensino ambiental ................ 92

Figura 34- Idade das crianças participantes ........................................................... 93

Figura 35-Local preferido das crianças ................................................................. 94

Figura 36 – Sala de leitura, sala de informática e pátio ............................................ 94

Figura 37- Lugar “mais feio” para as crianças ........................................................ 95

Figura 38 -Poema dos desejos (representação da natureza) ...................................... 96

Figura 39 – Poema dos desejos (escala humana) .................................................... 96

Figura 40 – Poema dos desejos (representação das grades existentes pela cor laranja) 97

Figura 41 – Poema dos desenhos (Similaridade nas cores e representação do

pastilhamento colorido da escola) 98

Figura 42- Matriz de descobertas ....................................................................... 100

Figura 43- Área lateral da escola ........................................................................ 118

Figura 44 – Ligação escola a praça ..................................................................... 118

Figura 45- Área descoberta ............................................................................... 118

Figura 46- calha ............................................................................................ 119

Figura 47 – infiltração muro externo .............................................................. 119

Figura 48 acesso através de escada para manutenção da cobertura ............ 119

Figura 49-abertura solar pátio ....................................................................... 119

Figura 50-Trincas na vedação externa – setor serviços ................................. 120

Figura 51-Descascamento de tinta – ausência de manutenção ..................... 120

Figura 52- maçanetas danificadas ................................................................. 120

Figura 53- ambientes da escola..................................................................... 121

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Diferença entre APO e Avaliação técnica ............................................... 21

Quadro 2- Aspectos de avaliação de uma APO ...................................................... 22

Quadro 3: Critérios de desempenho ...................................................................... 27

Quadro 4: Etapas do processo produtivo ............................................................... 29

Quadro 5: Anomalias construtivas ........................................................................ 32

Quadro 6: Patologias mais frequentes ................................................................... 33

Quadro 7 - Vantagens da programação arquitetônica .............................................. 36

Quadro 8 - Necessidades da programação arquitetônica .......................................... 36

Quadro 9: Níveis de Avaliação Pós-Ocupação ....................................................... 38

Quadro 10: Características e vantagens da APO nos diferentes níveis ....................... 40

Quadro 11 – Sub etapas da Coleta de Dados .......................................................... 41

Quadro 12: Sequência representativa de uma Walkthrough ..................................... 44

Quadro 13: Subdivisão da ferramenta walkthrough ................................................ 45

Quadro 14: Procedimentos e cuidados em uma análise Walkthrough ........................ 48

Quadro 15 – Cuidados e recomendações numa walkthrough sobre ótica de Rheingantz49

Quadro 16: Tipos de entrevistas ........................................................................... 51

Quadro 17- Preparação e aplicação de uma entrevista ............................................. 53

Quadro 18 – Principais limitações de uma entrevista .............................................. 54

Quadro 19- Vantagens e Desvantagens do uso do questionário ................................ 57

Quadro 20: Aspectos que influenciaram a escolha do edifício .................................. 67

Quadro 21: Aplicação das vertentes APO na metodologia utilizada .......................... 72

Quadro 22: Caracterização dos questionários ......................................................... 74

Quadro 23: Métodos utilizado e documento referente ............................................. 75

Quadro 24: Instrumentos utilizados na Walkthrough ............................................. 76

Quadro 25 – Divisão do edifício em subsistemas ................................................... 79

Quadro 26: Síntese informações Avaliação Técnica ............................................... 81

Quadro 27: Notas manutenção e desempenho ........................................................ 82

Quadro 28: Funcionários que participaram dos questionários................................... 84

Quadro 29 - Matriz de recomendações ................................................................ 101

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A maioria das pessoas trabalha em ambientes anônimos e impessoais, sendo forçada

a investir na adaptação do ambiente às suas características pessoais; esses ambientes

dificultam e interferem em suas necessidades comportamentais de trabalho, reduzindo

sua produtividade organizacional (SMITH; KEARNY, 1994).

Segundo Smith e Kearny (1994), é necessário prestar maior atenção como o ambiente

interfere de maneira positiva ou negativa, especialmente nas atividades que exigem

concentração ou trabalho mental.

A importância do ambiente no processo de desenvolvimento humano tem

fundamentado estudos e ações que visam pensar conceitos e métodos de pesquisa e de

intervenção, capaz de responder aos desafios de criar ambientes mais ajustáveis e

comprometidos com a valorização e a promoção do desenvolvimento das múltiplas

dimensões humanas.

A edificação escolar é um equipamento de significativa importância no contexto

social, cultural e econômico de um país (KOWALTOWSK, FUNARI, 2005). O que

aproxima países tão diferentes como Finlândia, Coréia do Sul e Espanha é a prioridade

absoluta que dão a educação (CAMARGO, 2008). Quando se faz referência a um país em

desenvolvimento, com grandes desigualdades econômicas e sociais, a importância desse

equipamento se intensifica. A qualidade da configuração física do ambiente escolar tem

um papel significativo no desenvolvimento social e econômico de um país.

Sommer (1974) descreve o grau de participação dos usuários do ambiente escolar

sendo muitas vezes decorrente da organização e estrutura funcional da escola.

Considerando que tanto o homem como o ambiente construído são produtores e

produto da cultura e ambos interagem e se relacionam, as transformações significantes

produzidas nas relações entre os grupos de usuários e o ambiente construído, influenciam

e são influenciados pelo uso e pela operação dos mesmos e isto deve ser considerado por

todos os setores e profissionais envolvidos com a avaliação e a concepção do ambiente

construído para a educação infantil (AZEVEDO et al, 2007).

A adoção de projetos padrão para as edificações escolares tem sido uma das causas

de problemas de conforto ambiental. A padronização, muitas vezes, não leva em conta

situações locais específicas, resultando em ambientes escolares desfavoráveis. O projeto-

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12

padrão necessita de flexibilidade, de modo a permitir ajustes para condições peculiares

de implantação.

Segundo Ornstein e Romero (1992), as metas de uma Avaliação Pós-Ocupação (APO)

são promover a melhoria de qualidade de vida, produzir conhecimento sistematizado

sobre o ambiente e as relações ambiente-comportamento.

A edificação coletiva de uso público, se presta particularmente ao estudo de aplicação

da APO, principalmente as escolas de ensino fundamental e médio, em função da sua

abrangência, repetitividade e facilidade para rastrear e obter dados (CINTRA, 2001).

Segundo Oliveira (2011), as instituições públicas vêm sofrendo com a racionalização

dos recursos destinados a investimentos tanto no sistema educacional quanto na

infraestrutura das escolas.

“[...] Somando a essa racionalização de recursos, tem-se o fator

cultural, uma vez que, no Brasil as edificações públicas não tendem a

apresentar uma boa qualidade construtiva, necessitando, em pouco de

tempo de uso, de novos reparos que em muitas das vezes são ineficientes

e dispendiosos.” (OLIVEIRA, 2011)

A compreensão da adequabilidade desses ambientes associado ao funcionamento da

educação infantil com suas particularidades e a sua importância para o bom

desenvolvimento se faz necessário, assim como avaliar a opinião dos usuários sobre a

qualidade espacial dessas edificações.

Com o intuito de aplicar e aperfeiçoar estes conhecimentos, este estudo pretende

avaliar os níveis de satisfação dos usuários, em especial, as crianças e funcionários,

através da avaliação do ambiente construído com a aplicação da Avaliação Pós-Ocupação

(APO), reconhecida como modo de análise qualitativa e quantitativa de uma edificação

cujos resultados podem ser utilizados também em projetos futuros, considerando, não

apenas a visão do observador/pesquisador, mas principalmente, o olhar do usuário.

1.2 OBJETIVO

Como objetivo geral propõe-se a aplicação da Avaliação Pós-Ocupação (APO), no

nível indicativo 01 a ser utilizado especificamente em um edifício escolar. Neste nível a

APO é realizada em curto prazo, trabalha com documentos e dados disponíveis, dados de

performance, avaliação por observação direta e entrevistas que possibilitam indicar as

principais falhas e méritos da performance do ambiente construído (RHEIGANTZ, 1995).

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13

Como objetivo especifico tem-se: sob o ponto de vista do usuário, verificar as suas

necessidades e sob o ponto de vista técnico, identificar as principais deficiências do

edifício baseando-se em alguns critérios da ISO 6241 e da NBR 5674, propondo assim

diretrizes para projetos futuros e produzindo conhecimento sobre o valor percebido pelo

usuário numa análise APO.

1.3 JUSTIFICATIVA

“[...] se a única ferramenta em sua caixa de ferramentas é

um martelo, uma porção de coisas começam a parecer pregos.”

(ABRAHAM MASLOW, apud ORNSTEIN 2013

p. 58)

Segundo Ornstein (2013, p.58) ao analisar o ambiente, preso a um conjunto prévio de

coisas ao observar, definindo previamente a qualidade ideal que deve servir de parâmetro

para qualidade do ambiente, o observador deixa passar desapercebido outros tantos

fatores, talvez tão ou mais importantes para os ocupantes do ambientes do que aquelas

reconhecidas pelo saber técnico.

Segundo Ornstein et al (2015, p. 65), a Avaliação Pós-Ocupação (APO) tem

contribuído com o conhecimento mais aprofundado de todas as etapas do processo de

produção do ambiente construído, desde as atividades pré-projeto, projeto, construção,

uso e ocupação, até o final da vida útil do edifício. Aplicada no decorrer do uso da

edificação, seus diagnósticos e recomendações podem contribuir para a formulação de

intervenções com vistas à manutenção e operação dos objetos de estudo analisados.

Em edificações semelhantes e de modo sistêmico, os dados da APO podem, a médio

e longo prazo, compor bancos de dados que abriguem principalmente os aspectos

positivos e negativos, assim como as soluções mais adequadas para aquele tipo de

edificação ou uso.

Segundo Oliveira (2011), é muito comum ocorrer no Brasil, repetições de erros

construtivos, tanto em obras públicas, quanto em obras privadas. Isso se deve em parte

pela grande falta de comunicação e envolvimento entre os projetistas, supervisores de

obra e os profissionais da manutenção.

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14

“[...]No Brasil, essa situação pode ser revertida se as edificações

passarem por uma Avaliação de Pós-Ocupação (APO), em que

seriam analisados não só o ponto de vista técnico, como também o

ponto de vista dos usuários.” (OLIVEIRA, 2011)

Além disso, deve-se considerar a falta de experiência dos gestores em relação às

dificuldades de manutenção e eventuais limitações ao uso que o sistema construtivo pode

impor. É muito importante o desenvolvimento de métodos para avaliação em uso de

edifícios com sistemas construtivos inovadores para a realidade brasileira, visando a

identificação de fatores que podem ser aprimorados no próprio sistema ou nos

procedimentos específicos de manutenção durante o uso (VOORDT; WEGEN, 2005).

Os resultados das APO podem ainda contribuir para o aperfeiçoamento de normas de

desempenho na avaliação de sistemas construtivos ao longo das etapas de projeto,

construção, uso, operação e manutenção de edificações (VILLA, ORNSTEIN, 2013;

RHEINGANTZ et al., 2009; VOORDT e WEGEN, 2005; PREISER e VISCHER, 2005;

ROMÉRO e ORNSTEIN, 2003).

Nesse contexto, a Avaliação Pós-Ocupação constituí um tema fundamental de

pesquisa acadêmica e prática necessária para que projetistas, construtores e outros possam

garantir o desempenho do edifício contemporâneo.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Abordagem e objetivo da pesquisa

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, esta pesquisa levanta questões

de abordagem qualitativa e quantitativa.

Entende-se por pesquisa quantitativa:

“[...] considera que tudo pode ser quantificável, o que significa

traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-

las. Requer o uso de recursos e técnicas estatísticas [...]” (SILVA;

MENEZES, 2001, p. 20).

Page 15: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

15

Segundo Gil (2002), esse tipo de pesquisa exige um número maior de entrevistados

para garantir a precisão nos resultados, além de fazer uso de interpretações, conclusões,

tabelas de percentuais e gráficos em seus relatórios.

A pesquisa qualitativa:

“[...] qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não

alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de

quantificação” (STRAUSS; GORBIN, 2008, p. 23).

Do ponto de vista de seus objetivos (Gil, 2002) esta pesquisa se caracteriza como

descritiva, pois envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário

e observação sistemática (SILVA; MENEZES, 2001), e exploratória.

A pesquisa descritiva trabalha com o levantamento de dados ou fatos colhidos da

própria realidade, assumindo, em geral, a forma de levantamento. A observação, o

registro, a análise e a correlação dos fatos ou fenômenos sem, contudo, manipulá-los, é

característico dessa pesquisa. Seu objetivo é descobrir a frequência com que um

fenômeno ocorre, sua natureza e sua relação e a conexão com outros fenômenos, variáveis

ou fatos. A coleta de dados é uma tarefa característica desse tipo de pesquisa (CERVO;

BERVIAN; KÖCHE; GIL, apud BISSOLI, 2007).

Segundo Gil (2002), a pesquisa exploratória envolve levantamento bibliográfico;

entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e

análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de

pesquisas bibliográficas e estudos de caso.

Através de uma pesquisa bibliográfica foi realizado um estudo sobre a metodologia

e aplicação da Avaliação de Pós-Ocupação (APO), para que ela pudesse servir como base

metodológica para o trabalho em questão.

1.4.2 Procedimentos utilizados

Nesta pesquisa, a Avaliação de Pós-Ocupação aplicada foi a indicativa, nível 1

(conforme detalhado no item 2.1.2).

Conforme o desenvolvimento da metodologia de APO, a avaliação do ambiente

construído sofre influência de alguns fatores, podendo-se citar as etapas do processo de

produção de um edifício, os aspectos sociais, econômicos e culturais da região em que

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16

está sendo aplicada a avaliação e o gerenciamento, manutenção, organização,

comportamento e tomada de decisão em ambientes construídos (Preiser, 1989).

Por ser uma avaliação que conta com as particularidades de cada ambiente construído,

as metodologias aplicadas na APO podem ser constantemente alteradas e compostas por

diversas técnicas e métodos existentes, sendo específica para cada estudo de caso

(Ornstein, 2013). As condições de cada pesquisa influenciam a seleção do método mais

indicado.

A figura 1 ilustra a metodologia adotada, ou seja, as ferramentas aplicadas na APO.

Figura 1 Ferramentas aplicadas na APO.

Fonte: (Autor, 2016)

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em quatro capítulos.

O primeiro capítulo apresenta: a introdução, o objetivo geral, a justificativa do

desenvolvimento do tema, a metodologia e a estruturação da monografia.

O segundo capítulo aborda a revisão bibliográfica, apresentando uma conceituação

sobre APO, as principais vertentes para o seu surgimento, as principais ferramentas

utilizadas e ainda em conjunto com a metodologia da APO a contextualização das ISO

6241 e da NBR 5674 à análise da avaliação pós-ocupação.

O terceiro capítulo refere-se à aplicação da APO no edifício escolar, as considerações

preliminares, a caracterização do edifício em estudo, os métodos utilizados para a

elaboração da APO, a análise técnica, a opinião dos usuários e as respectivas

recomendações para o edifício em análise.

O quarto capítulo sugere recomendações para os futuros projetos semelhantes, e as

considerações finais sobre a metodologia utilizada.

Em seguida, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas no trabalho,

anexos e os appendices.

Walktrough Entrevistas QuestionáriosPoema dos

desejos

Matriz de descobertas e

recomendações

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17

2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)

No que tange o cenário internacional, a Avaliação Pós-Ocupação (APO¹) vem

sendo discutida há mais de 40 anos, visando aferir em que medida o desempenho dos

ambientes influencia o comportamento humano e vice-versa.

Na década de 60, fruto do pós-guerra, a metodologia da APO foi elaborada pelos

norte-americanos com o objetivo de aplicá-la sistematicamente nos EUA e na Europa,

tem-se início então os estudos da aplicação da APO. Engenheiros, arquitetos, psicólogos

e outros começavam a avaliar, além dos aspectos do desempenho físico das edificações,

em que medida o desempenho dos ambientes influenciava o comportamento humano.

(Romero e Ornstein; 2003, p.26)

“Desde a década de 60, portanto, passa-se a verificar a relevância da

aplicação da APO como mecanismo realimentador de controle de qualidade ou

de desenvolvimento de projetos complexos e/ou populações especiais (ex.:

aeroportos, shopping centers, ginásios de esportes, hospitais, asilos,

estabelecimentos penais, parques) e/ou implementados em larga escala e

repetitivamente (ex.: conjuntos habitacionais, escolas, postos de saúde). Iniciam-

se, assim, de forma sistemática, as pesquisas sobre o desempenho físico dos

ambientes voltadas para a qualidade destes, ou seja, para o atendimento às

necessidades dos usuários.” (ORNSTEIN, 2003)

Segundo Rheingantz (2000), as origens da APO remontam à três vertentes

distintas de pesquisa: o surgimento do conceito de Desempenho dos edifícios, o

surgimento da Psicologia Ambiental e a consolidação da Programação Arquitetônica.

Na década de 60, tomando como base a Psicologia Ambiental que trabalha a APO

para pesquisas sobre o binômio “Ambiente Construído” x “Comportamento Humano”, a

APO se torna instrumento para a corrente de arquitetos que trabalha o “Projeto

Participativo”, onde a participação do usuário é inserida no processo de análise dos

subsídios do projeto.

Levantamentos internacionais no campo das relações Ambiente Construído e

Comportamento Humano (SAARINEN, 1995) indicam que até 1985 havia cerca de 2.950

pesquisadores nessa área, distribuídos em sua maioria nos EUA e Canadá, e apenas 2,2%

na América Latina.

No Brasil, vale mencionar, no período de 1972 a 1987, o desenvolvimento de

pesquisas da aplicação da APO em projetos arquitetônicos realizadas no Instituto de

Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo (Ornstein, 2003).

¹ A APO é denominada na língua inglesa como POE – Post Occupancy Evaluation.

Page 18: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

18

Segundo indica Ornstein os seguintes grupos deram sequência aos estudos:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo no núcleo orientado para a inovação da edificação

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de arquitetura e urbanismo da

Universidade Federal de Pernambuco, Grupo de Estudo Pessoa-ambiente (GEPA) da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal do Rio de Janeiro e no laboratório de psicologia ambiental da

Universidade de Brasília, além de algumas atividades nesse campo realizadas pela

empresa particular Centro de Tecnologia de edificações (CTE), com sede em São Paulo.

Segundo Ornstein (2013), no que diz respeito ao princípio básico norteador da

APO:

“No Brasil, estudos sobre as relações Ambiente Construído-

Comportamento Humano ganham consistência acadêmica com trabalhos

de Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído, iniciados

nos cursos de Arquitetura e de Engenharia em meados da década de 1980,

quando reforçaram o conceito de que diretrizes de projetos habitacionais

deviam ser estabelecidas com base em um conjunto de critérios de

desempenho físico e no re(conhecimento) dos aspectos culturais

intrínsecos, das expectativas e dos níveis de satisfação dos usuários de

empreendimentos habitacionais semelhantes, constituindo-se, assim,

num processo cíclico alimentador.” (ORNSTEIN, 2013)

Alguns teóricos, tais como Ornstein e Romero (1992,1995,2003), Rheingantz

(2000), Souza e Rheingantz (2006), Azevedo (2002), Elali (2002), Preiser e Vischer

(2002, 2005), Bechtel (1997), Stokols (1996) e Preiser (1989), consideram a APO, por

sua vez, como uma vertente metodológica interdisciplinar utilizada para avaliar o

desempenho do ambiente construído em uso, segundo a ótica de seus usuários.

Apesar da conceituação da APO ter diferentes pontos de vistas, todos os autores

afirmam que a APO é uma metodologia de avaliação do ambiente construído, que envolve

a avaliação técnica e comportamental.

Romero e Ornstein (2003, p. 26) conceituam a APO da seguinte maneira:

“A APO, portanto, diz respeito a uma série de métodos e

técnicas que diagnosticam fatores positivos e negativos do

ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de fatores

socioeconômicos, de infra-estrutura e superestrutura urbanas dos

sistemas construtivos, conforto ambiental, conservação de

energia, fatores estéticos, funcionais e comportamentais, levando

Page 19: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

19

em consideração o ponto de vista dos próprios avaliadores,

projetistas e clientes, e também dos usuários.”

Ainda sobre a ótica de Romero e Ornstein é recomendado que os fatores positivos

sejam cadastrados e utilizados na elaboração de projetos futuros, e os negativos embasem

pesquisas que realimentem ciclos de processos de produções futuras, já que a APO faz

parte de um ciclo de um processo construtivo, como ilustra a figura 2.

Fonte: (ROMÉRO; ORNSTEIN, 2003).

Souza e Rheingantz (2006) afirmam que com o foco nos usuários e,

consequentemente, em suas necessidades:

“[...] a APO permite a formulação de idéias e estratégias

relacionadas com as conseqüências do projeto e com o desempenho

do ambiente analisado. Desta forma, aumentam as possibilidades

de melhorar a qualidade de vida dos usuários dos ambientes

construídos, bem como viabilizar as bases para a construção de

bancos de dados com informações e conhecimentos sobre o

ambiente construído e sobre as relações e comportamentos que são

nele desenvolvidas.”

De acordo com Morgado (apud FUJITA, 2000, p. 37):

“[...] a APO é uma metodologia de avaliação do ambiente

construído e de seus componentes, que reúne avaliação

Figura 2 Esquema da

APO

Page 20: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

20

comportamental (avaliação ambiente construído, a partir do ponto

de vista do usuário) e técnica (através de ensaios em laboratório ou

in loco) de todos os elementos relacionados ao desempenho do

ambiente construído. Além de resgatar, como subsídios de análise,

o histórico da produção do ambiente que está sendo avaliado.”

Para Souza (apud FUJITA, 2000, p. 37):

“[...] a APO é uma metodologia que possibilita a

identificação do grau de satisfação do cliente final e dos fatores que

determinam esse grau de satisfação [...]”. O autor afirma que a APO

pode envolver ainda uma avaliação técnica especializada, visando

à apreciação do desempenho, conforme as exigências dos usuários

expressas na forma de requisitos de desempenho para as partes e

para o edifício como um todo.

A APO pode também ser definida como um procedimento que através das partes

envolvidas na tomada de decisões, detecta manifestações patológicas, e estabelece

recomendações para aplicação nas etapas do processo de produção e na etapa de utilização

de futuros ambientes construídos, estabelecendo um ciclo de constante realimentação

(ORNSTEIN, 1992; PREISER, 1996; KINDER, 1998 apud COSTA JUNIOR, 2001).

Segundo Preiser (2002, p. 10), o processo da APO difere das avaliações técnicas

gerais de várias maneiras, conforme ilustra o quadro 1.

Page 21: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

21

Quadro 1: Diferença entre APO e Avaliação técnica

APO versus Avaliação Técnica

A APO aborda questões relacionadas com as necessidades, atividades e

objetivos das pessoas e organização que usam a edificação, incluindo a manutenção,

operações, bem como questões referentes à concepção. Outros testes avaliam o prédio

e seu funcionamento, independentemente dos seus ocupantes;

O estabelecimento dos critérios de desempenho é baseado na intenção declarada

da concepção e nos critérios contidos ou deduzidos a partir de um programa funcional.

Na APO, os critérios de avaliação podem incluir, mas não se baseiam, unicamente, no

desempenho técnico das especificações;

As medidas utilizadas nas avaliações incluem índices de desempenho

relacionados com a organização e o ocupante, tais como: a satisfação do trabalhador e

produtividade, medidas de desempenho do edifício mencionadas;

A APO é normalmente mais “suave” do que a maioria das avaliações técnicas,

pois envolvem frequentemente a avaliação das necessidades psicológicas, as atitudes,

metas organizacionais, alterações e a percepção humana; e

A APO mede os sucessos e os fracassos inerentes ao desempenho do edifício.

Fonte: Traduzido e adaptado de Preiser (2002, p. 10)

A partir do levantamento e análise do comportamento dos ambientes construídos

após a ocupação destes ambientes por seus usuários, ao longo de toda a sua vida útil, a

APO parte do princípio de que as edificações e os espaços livres precisam ser

sistematicamente avaliados, quer do ponto de vista funcional, composição espacial,

conforto e bem-estar humano, assim como do ponto de vista técnico-construtivo.

Para o desenvolvimento de uma APO são necessárias disciplinas que vão desde a

estatística e a psicologia até as que embasam tecnicamente o subsetor edificações.

Sendo um assunto multidisciplinar, a APO das construções envolve aspectos de

conforto acústico, térmico, iluminação, de instalações prediais, da estrutura e de

programas urbanísticos, introduzindo a relação entre o ser humano e o espaço físico que

ocupa (CARACIK et al, 1989; MARAGRIDO, 1989, apud COSTA JUNIOR 2001).

Page 22: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

22

2.1 ASPECTOS DE AVALIAÇÃO DE UMA APO

Segundo Goodey (apud FISCHER, 2006), perceber o ambiente onde os usuários

vivem é compreender as relações entre esses usuários e o ambiente, e como tais relações

podem ser afetadas pelos projetos propostos. A imprecisão das premissas que os

projetistas possuem dos usuários é

“[..] a raiz do problema, pois estes atribuem valores

ambientais e necessidades que de fato eles (os usuários) não

possuem, ou por ignorarem a população alvo, impondo valores

estéticos e funcionais”

(JACOBS et al., apud FISCHER, 2006, p. 1152).

O ambiente construído pode ser dividido didaticamente em áreas e sub - áreas,

que podem ser complementadas, reduzidas e/ou alteradas de acordo com o tipo de

edificação, características e objetivo da avaliação (LEITE, 2010).

Segundo Ornstein (1995), a APO ocupa-se de fazer avaliações comportamentais

e avaliações técnicas no ambiente construído classificadas conforme ilustra o quadro 2.

Quadro 2- Aspectos de avaliação de uma APO

Aspectos de avaliação de uma APO

Avaliação Técnico-construtiva e

Conforto Ambiental

Materiais e técnicas construtivas, que

relaciona pontos como: estruturas, junta de dilatação,

cobertura, impermeabilização, drenagem de águas

pluviais, segurança contra incêndio, alvenaria,

revestimentos, forros, pinturas, acabamentos,

caixilharia, vidraçaria e instalações elétricas, eletro-

mecânicas, hidro-sanitárias etc.;

Conforto ambiental, que demonstra

preocupação com: iluminação natural e artificial,

ventilação (naturais e artificiais), conforto acústico e

térmico, conservação de energia etc.

Avaliação Técnico-funcional

Refere-se à avaliação comparativa entre o

projeto arquitetônico original e aquele em uso.

Procura avaliar o desempenho funcional do espaço

resultante entre aquele proposto originalmente e

aquele construído. Podemos relacionar: áreas de lazer,

de descanso, de circulação, ocupadas, em uso etc.;

fluxos de trabalho, sinalização, orientação etc. Formas

de utilização do espaço (planejamento/programa do

projeto, áreas e dimensões mínimas, armazenamento,

flexibilidade de espaços, dentre outros) são os

priorizados nesta avaliação;

Page 23: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

23

Avaliação Técnico-Econômica

Relação custo/benefício; variações de custo

por área construída do edifício, em função do tipo de

estrutura, da largura ou comprimento da planta tipo,

da altura etc.; custos com manutenção do edifício etc.

Avaliação Técnico-Estética

Analisa a questão do estilo e da percepção

ambiental. As principais sub-áreas desta avaliação,

que se fundamentam na composição da fachada do

edifício, são as cores/pigmentação, texturas,

volumetria, ritmo, complexidade de formas e padrões,

idade aparente, efeitos luminosos e dimensão estética;

Avaliação Comportamental

São as variáveis que lidam com o ponto de

vista do usuário: privacidade, proximidade, território,

interação, identidade cultural, adequação ao uso e à

escala humana, dentre outros.

Estrutura Organizacional Preocupa-se com problemas de ordem

funcional ou gerencial de uma empresa.

Fonte: Adaptado de Orntein (1995)

Para Villa e Ornstein (2013, p. 55) a APO é considerada como um processo de

avaliação do ambiente construído que não deve ser interpretado como um método, embora

utilize vários métodos provenientes de diferentes áreas do conhecimento.

Segundo Romero e Orstein (2003 p. 27) no caso dos fatores positivos, estes devem

ser cadastrados e recomendados para futuros projetos semelhantes; no caso dos fatores

negativos encontrados, são definidas recomendações que minimizem ou até mesmo

possibilitem a correção dos problemas detectados no próprio ambiente construído

submetido à avaliação, por meio do estabelecimento de programas de manutenção física

e da conscientização dos usuários/moradores da necessidade de alterações

comportamentais, tendo em vista a conservação do patrimônio público (praças, escolas,

etc.), semipúblico (áreas condominiais) ou privado (a própria unidade habitacional); e

utilizem os resultados dessas avaliações sistemáticas e interdisciplinares, embasadas em

pesquisas aplicadas a estudos de caso, para realimentar o ciclo do processo de produção

e uso de ambientes de futuros projetos com a formulação de diretrizes, contribuições para

normas existentes e outros.

Page 24: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

24

2.2 OBSERVADOR-PESQUISADOR EM UMA APO

A partir da ótica Rheingantz (2004), uma característica considerada fundamental

à avaliação pós-ocupação é a incorporação de métodos avaliativos para os pesquisadores,

ou observadores, no sentido de utilizar como dado também a experiência sobre o assunto

do observador.

“[...] questiona a excessiva atenção dispensada aos

aspectos operacionais e instrumentais – e na sua eficiência

intrínseca – em detrimento da reflexão sobre a própria

experiência da reflexão vivenciada pelo observador em sua

experiência de observar” (Rheingantz, 2004)

Sanoff (2001) afirma que o sucesso ou o fracasso de uma APO depende da

capacidade do pesquisador em selecionar e do uso que faz dos métodos e técnicas de

coleta de dados.

“[...] se desejamos descobrir o que as pessoas fazem,

devemos observá-las, e se queremos descobrir o que elas pensam,

devemos questioná-las diretamente, de forma que a observação

se faça por interação entre o indivíduo observado e o observador,

constituindo, assim, uma observação participante (SOMMER et

al., apud ABRANTES, 2004, p. 56).

Na abordagem experiencial, o observador se transforma em sujeito ou

protagonista de uma experiência produzida no processo de interação com o ambiente e

com seus usuários, a ser explicada com base na subjetividade. Sua atenção ou percepção

consciente (Vygotsky) se volta, principalmente, para o entendimento das razões, nuanças

e significados da experiência vivenciada no cotidiano de um determinado ambiente em

uso. A observação incorporada se configura como uma atividade “ao mesmo tempo

processo e produto, instrumento-e-resultado” (Newman; Holzman 2002, p.79).

Segundo Machado um observador pesquisador deve saber dialogar com as

peculiaridades e idiossincrasias da vida cotidiana nos coletivos em que atua, que não se

resumem nem cabem em um conjunto predeterminado de atributos, em sua maioria

técnicos e insuficientes para dar conta da amplitude de um problema de natureza

complexa e controversa. Deve ter em mente q o motor da descoberta não está nem na sua

Page 25: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

25

cabeça, nem em critérios preestabelecidos, mas distribuído num coletivo (apud Ornstein,

2013, p.64).

Uma explicação é uma reformulação da experiência aceita por um observador

(Maturana 2001, p. 28). Assim, um relato de APO é uma tradução é o termo mais

adequado para caracterizar a negociação ou a comunicação entre o observador e o usuário,

que também pressupõe a possibilidade dela vir a ser recusada, negociada ou até mesmo

ser novamente traduzida.

Segundo Rheingantz (2004) “Em lugar de continuar a simplesmente replicar

experimentos, precisamos: (a) nos capacitar para experienciar o ambiente construído com

uma atenção tão precisa e desapaixonada quanto possível; (b) aprender a, simplesmente,

observar o pensamento e a dirigir nossa atenção para o processo ininterrupto da

experiência; (c) aprender a reconhecer o contato mente-objeto, o sentimento dele

proveniente, o discernimento do objeto, a intenção a ele relacionada e a atenção com o

objeto que, combinados, formam o caráter de nossa consciência em um momento

particular da experiência.”

2.3 VERTENTES DA ORIGEM DA APO

Segundo Rheingantz (2000), as origens da APO remontam à três vertentes

distintas de pesquisa: o surgimento do conceito de Desempenho dos edifícios, o

surgimento da Psicologia Ambiental e a consolidação da Programação Arquitetônica.

De modo a ampliar a visão quanto a origem do conceito da APO, nos próximos

três itens serão levantadas questões quanto às três principais vertentes mencionadas.

2.3.1 Desempenho dos edifícios

A primeira vertente que remonta às origens da APO é o surgimento do conceito

desempenho. O conceito de desempenho pode ser utilizado, para se avaliar o

comportamento em uso das técnicas construtivas tradicionais criando uma referência

inicial necessária para otimização do processo de produção das edificações (SILVA,

2007, p.31).

Os princípios de avaliação de desempenho do edifício foram formulados por

Blachère há mais de 40 anos e estão associados aos conceitos interdependentes de

desempenho, idade-limite e necessidades dos usuários (ORNSTEIN; ROMERO, 1992).

Page 26: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

26

A norma ISO 6241, que regulamenta o desempenho do ambiente construído,

expressa um consenso internacional sobre as exigências do usuário. Ornstein e Romero

(1992), mencionam que essa norma, foi inspirada nas normas do Centre Scientifique et

Technique du Bâtiment (CSTB – Paris/França).

Segundo Serra (2006), o Brasil adequou os 14 itens que a CSTB estabeleceu à

realidade do país e os transformou no projeto de norma ABNT 02:136 (ABNT, 2007),

que posteriormente assumiu a forma de ABNT NBR 15575.

Segundo Gomes (2014), a norma ABNT NBR15575 foi emitida pela primeira vez

em 2008. Tinha uma aplicação restrita a edifícios de até cinco pavimentos, visto que os

principais modelos de habitações brasileiras de interesse social construídos com recursos

públicos encontram-se dentro desse limite. No entanto, as empresas reagiram mal à sua

introdução, devido ao carácter inédito dos requisitos impostos, e sendo assim as principais

entidades da indústria conseguiram estender o prazo de exigibilidade desta norma.

Durante esse período, foram realizadas atualizações de metodologias de avaliação de

desempenho, reavaliação de parâmetros e os fabricantes puderam adequar os seus

produtos. Em 2013, foi publicada uma nova versão com previsão para entrar em vigor

150 dias após a data da publicação, em Julho de 2013. A nova versão teve a sua

abrangência ampliada a todas as construções residenciais.

Aliados ao termo Desempenho surgem vários conceitos como, por exemplo, os

‘Requisitos de Desempenho’ que segundo a NBR 15575 podem ser definidos como

“Condições que expressam qualitativamente os atributos que a edificação habitacional e

os seus sistemas devem possuir, a fim de que possam atender os requisitos do usuário”

Estes diferem dos ‘Critérios de Desempenho’ uma vez que de acordo com norma são

“Especificações quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em termos de

quantidades mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinadas”. Por sua

vez tem-se também as ‘Especificações de Desempenho’ que dizem respeito ao ‘Conjunto

dos requisitos e critérios de desempenho estabelecido para a edificação e os sistemas que

a integram. Constituem deste modo, uma expressão das funções, requeridas ao edifício

e/ou aos seus elementos constituintes, cuja utilização exigida se encontra claramente

definida, respeitando, no caso desta norma, o âmbito dos edifícios habitacionais.

Page 27: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

27

2.3.1.1 Critérios estabelecidos

O conjunto de normas apresentado no quadro 3 foi desenvolvido após

levantamento bibliográfico dos principais requisitos das normas que podem influenciar

na verificação do edifício.

Quadro 3: Critérios de desempenho

CRITÉRIOS DE DESEMPENHO

REFERÊNCIAS ITENS RELEVANTES

ISO 6241 Normalização de Desempenho em Edifícios

IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia

de São Paulo

AUTOVISTORIA Vistoria técnicas de edificações

NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos

NBR 5674 Manutenção de edificações

NBR 14037 Manual de Operação Uso e Manutenção das Edificações

Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009)

O conjunto normativo NBR 15.575 – Edificações Habitacionais – Desempenho,

traz o conceito de comportamento em uso dos componentes e sistemas das edificações,

sendo que a construção habitacional deve atender e cumprir as exigências dos usuários ao

longo dos anos, promovendo o amadurecimento e melhoria da relação de consumo no

mercado imobiliário, na medida em que todos os partícipes da produção habitacional são

incumbidos de suas responsabilidades; projetistas, fornecedores de material, componente

e/ou sistema, construtor, incorporador e usuário (ABNT NBR 15.575, 2013).

Page 28: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

28

Os critérios de desempenho da NBR 15575-1 (2013), para edifícios habitacionais,

são baseados na ISO 6241 (1984). Na figura 3 apresenta-se os critérios da ISO 6241

adaptados para a realidade brasileira (POSSAN; DEMOLINER, 2012).

Figura 3 – Critérios da ISO 6241 adaptados a NBR 15575

Fonte: POSSAN; DEMOLINER (2012)

Portanto, o foco da ABNT NBR 15575 está no comportamento em uso dos

elementos e sistemas do edifício no atendimento dos requisitos dos usuários, levando em

consideração as condições de implantação e suas exigências (ABNT NBR 15.575, 2013).

A última versão da norma em fevereiro de 2013 estrutura a norma em 6 partes,

são elas: requisitos gerais, requisitos para os sistemas estruturais, requisitos para os

sistemas de pisos, requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas,

requisitos para os sistemas de coberturas, e por fim, sistemas hidrossanitários.

Os requisitos dos usuários devem ser atendidos de forma a promover segurança,

habitabilidade e sustentabilidade, tendo para cada um desses tópicos solicitações

particulares (Norma ABNT NBR 15.575, 2013).

Segundo a NBR 5674/99, manutenção predial é “o conjunto de atividades a serem

realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas

partes constituintes de atender as necessidades e segurança de seus usuários”.

Esta norma foi lançada em 1999, e foi considerada por Munró et al (2008) o marco

inicial da discussão sobre a atividade de manutenção predial no meio técnico do Brasil,

pois regulamentou, definiu e obrigou a manutenção das edificações, esboçando

Page 29: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

29

genericamente os procedimentos para a produção de sistemas de manutenção (VIEIRA,

2015).

A norma é responsável por definir os requisitos para a gestão do sistema de

manutenção de edificações. Em seu escopo é determinado que a gestão do sistema de

manutenção deve preservar as características originais da edificação além de prevenir a

perda de desempenho decorrente da degradação dos seus sistemas, elementos ou

componentes (VILLANUEVA, 2015).

A NBR 5674 fornece diretrizes para orientar a manutenção predial, entre elas

pode-se citar a preservação do desempenho previsto, minimizando assim a depreciação

patrimonial; estabelecimento das informações pertinentes e o fluxo de comunicação e das

incumbências, e por fim, estabelecimento da autonomia de decisão dos envolvidos

(ABNT, 2012).

2.3.1.2 Manutenção da edificação e patologias identificadas

A patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que estuda os

sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos das construções civis, ou seja,

é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema. (OLIVEIRA, 2013).

Segundo Dias de Oliveira (2011) a qualidade obtida em cada etapa do processo

produtivo (planejamento, projeto, materiais, execução e uso) tem sua devida importância

no resultado final do produto, assim como na satisfação do usuário e, principalmente, no

controle das manifestações patológicas na edificação na fase de uso.

De acordo com Picchi (1993) apud Junior Costa (2001), as etapas do processo

produtivo estão ilustradas no quadro 4.

Quadro 4: Etapas do processo produtivo

Etapas do processo produtivo

Planejamento Atender às normas gerais de desempenho, requisitos de

desempenho, códigos de obras e regulamentos

Projeto Atender às normas específicas de desempenho e documentos

prescritivos

Materiais Produzir e receber de acordo com o especificado

Execução Atender ao projetado e ao especificado, havendo um

planejamento da construção

Uso Assegurar a adequada utilização do produto, manutenção e

inspeções periódicas

Fonte: Picchi (1993) apud Junior Costa (2001)

Page 30: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

30

A baixa qualidade da mão-de-obra, no caso brasileiro, implica percentuais ainda

mais elevados de falhas na etapa de execução. (ORNSTEIN, 2003, p. 25)

Segundo Dias de Oliveira (2011) as patologias não tem sua origem concentrada

em fatores isolados, mas sofrem influência de um conjunto de variáveis, que podem ser

classificadas de acordo com o processo patológico, com os sintomas, com a causa que

gerou o problema ou ainda a etapa do processo produtivo em que ocorrem, além de

apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais

atividades. As manifestações patológicas são também responsáveis por uma parcela

importante da manutenção, de modo que grande parte das intervenções de manutenção

nas edificações poderia ser evitada se houvesse um melhor detalhamento do projeto e da

escolha apropriada dos materiais e componentes da construção (Dias de Oliveira, 2011).

Nesse contexto, pode-se extrapolar a Avaliação Pós-Ocupação à questão da

manutenção predial. Ao avaliar o ambiente construído a partir da necessidade do usuário,

levando em consideração a etapa de uso do processo construtivo, a APO pode ser utilizada

para levantar as anomalias pela ausência da manutenção. A partir dos aspectos negativos

identificados na análise, a mesma poderá diminuir ou até eliminar gastos com manutenção

em edifícios futuros. Entende-se portanto, APO como uma das ferramentas que auxilia

na manutenção predial.

Segundo Castro (2007) o emprego de materiais, equipamentos e componentes de

fácil manutenção, podem facilmente ser avaliados nas APO’s acrescentando perguntas a

esse respeito nos questionários. Essas informações podem ser de grande valia, não só para

projetistas, como também para os construtores, uma vez que a forma de execução também

pode ser a causadora de anomalias que poderiam ser facilmente evitadas, eliminando a

necessidade de manutenção no futuro. Muitas vezes, o problema não é do material, mas

da maneira como este material foi aplicado no momento da construção do edifício.

Há de se entender e respeitar que as necessidades dos usuários são dinâmicas ao

longo do tempo (principalmente em edifícios comerciais) e, o conceito de manutenção,

mais exatamente na modalidade modernização, deve ser capaz de atender

satisfatoriamente a estas mudanças (Nour, 2003).

O conceito de manutenção, segundo a NBR 5674, é o conjunto de atividades a

serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de

suas partes constituintes a fim de atender às necessidades e segurança dos seus usuários.

Page 31: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

31

As ações de manutenção têm como objetivo o prolongamento da vida útil das

edificações, em condições adequadas de durabilidade e de segurança estrutural. (ABNT,

1999).

Afirma Gomide (apud Vieira, 2015), que “a manutenção predial é atividade

constante, que deve ser incorporada no dia-a-dia da edificação”, devendo ser planejada

no curto, médio e longo prazo. Atividades rotineiras como limpeza e tratamento de água,

por exemplo, devem constar de programas de manutenção, bem como repinturas de

fachadas a cada cinco anos, substituições parciais das impermeabilizações e instalações

elétricas e hidráulicas a cada 10 anos, reformas das esquadrias a cada 15 anos e retrofits

dos elevadores a cada 20 anos.

Tavares (apud Vieira, 2015), observa que:

“Considerar a manutenção de edifícios como um encargo

financeiro improdutivo e de baixa prioridade é um paradoxo,

visto que o edifício construído é um bem de alto valor de uso e

de elevado valor de troca, constituindo-se normalmente em um

dos maiores patrimônios de qualquer entidade individual ou

coletiva, pública ou privada”. (TAVARES, 2009, p. 30).

A ausência da manutenção adequada em edificações é responsável por anomalias

das mais variadas, que por sua vez são causadoras de danos materiais e, às vezes, pessoais.

Esses danos são significativos e atingem não apenas ao proprietário, mas também a

sociedade em geral, já que é causa de deterioração urbana, o que, em logo prazo, favorece

a criminalidade, afasta turistas e reduz a autoestima do cidadão (IBAPE/SP, 2005).

Castro (apud Vieira 2015) afirma que as anomalias construtivas têm, basicamente,

quatro fontes originárias sendo elas: endógenas ou internas, exógenas ou externas,

naturais e funcionais conforme está apresentado no quadro 5.

Page 32: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

32

Quadro 5: Anomalias construtivas

Anomalias construtivas

FONTE

ORIGINÁRIA

CARACTERISTICA

S

RESPONSABILIDAD

E

Endógenas ou

internas

Causadas por

irregularidades de projeto, de

execução, dos materiais

empregados, ou da

combinação desses fatores.

Como exemplo pode ser

citado: infiltrações, trincas,

portas empenadas,

insuficiência de vagas de

garagem e outros problemas,

sejam aparentes ou ocultos.

A responsabilidade de

reparo fica por conta do

construtor se o imóvel estiver

dentro do prazo de garantia

estabelecido pelo Código de

Defesa do Consumidor (cinco

anos).

Exógenas ou

externas

Provenientes da

intervenção de terceiros no

edifício, tais como os danos

causados por obra vizinha,

choques de veículos em partes

da edificação, vandalismo etc

A reparação dos danos é

de responsabilidade do causador

dos mesmos.

Naturais

Provenientes da

imprevisível ação da natureza,

tais como descargas

atmosféricas excessivas,

enchentes, tremores de terra,

etc.

A reparação dos danos

fica por conta do proprietário.

Funcionai

s

São aquelas

provenientes do uso

inadequado, da falta de

manutenção e do

envelhecimento natural da

edificação, tais como

sujidades, desgastes dos

revestimentos e fachadas,

incrustações, corrosões, pragas

urbanas etc

A responsabilidade de

reparação dos danos é do

proprietário

Fonte: Castro (apud Vieira 2015)

Segundo Gomide (apud Vieira 2015), a maioria dos edifícios brasileiros

apresentam anomalias e falhas enquadradas como críticas na classificação da norma de

Inspeção Predial do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia),

segundo a qual o estado crítico corresponde a impacto irrecuperável, relativo ao risco

contra a saúde, segurança do usuário e do meio ambiente, bem como perda excessiva de

desempenho, motivo pelo qual recomenda intervenção imediata. Para Gomide, tal

constatação deriva do atual estágio da manutenção predial brasileira, em geral, baseada

Page 33: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

33

na desinformação e improvisação, com evidente gravidade de riscos e consequentes

prejuízos materiais e humanos.

De acordo com a ótica de Vieira (2015), dentre as patologias mais frequentes,

destacam-se os descritos no quadro 6:

Quadro 6: Patologias mais frequentes

Patologias mais frequentes

Danificação ou desagregação de elementos estruturais;

Trincas, fissuras e rachaduras visíveis, causadas pelo desgaste natural de

materiais;

Carbonatação (reação ao gás carbônico que conduz a microfissuras);

Infiltrações, que causam patologias na pintura, como descascamento e bolhas;

Corrosão e erosão (devido principalmente a infiltrações, retenção de água e

umidade);

Ataque de agentes agressivos, por exemplo, agentes biológicos como fungos,

que se interceptam nas fissuras da edificação

Fonte: Souza e Ripper, (Apud Vieira 2015).

2.3.2 Psicologia Ambiental

A segunda vertente de origem da APO é a Psicologia Ambiental.

Segundo Mello (1991), a Psicologia Ambiental surgiu inicialmente com o nome

de “Psicologia da Arquitetura” (Architectural Psychology), nos fins dos anos 50 e começo

dos anos 60. Diante disto, ela foi reconhecida como um ramo distinto da psicologia. Muito

embora, mesmo antes de sua existência como um campo distinto, tenha havido alguns

trabalhos oriundos de diferentes áreas, que por sua própria natureza, deram grandes

contribuições a esse novo ramo da psicologia.

Todas as chamadas questões ambientais são na verdade questões humano-

ambientais, refletindo não uma crise ambiental, mas uma crise das pessoas-nos-ambientes

(Corraliza, 1997; Pol, 1993).

Segundo Ornstein (2013, p. 16), é importante destacar alguns conceitos discutidos

em Psicologia Ambiental que contribuem diretamente para o entendimento do significado

de habitação, sobretudo no que se refere ao aspecto cultural/temporal e de apropriação

afetivo, os quais estão intimamente relacionados ao comportamento socioespacial

humano e ao circuito psicológico da experiência ambiental

“[...] como muitas das peles que envolvem o ser humano (Royer,

1989), a moradia acolhe e torna reais muitas das nossas experiências

Page 34: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

34

nesse ambiente e a nossa maneira de lidar com contrastes – dentro/fora

(da área íntima dos quartos e banheiros, para área social dos terraços e

fachadas); familiar/estranho; seguro/perigoso; sagrado/profano;

repouso/movimento; privado/público; ordem/caos” (Dovey; 1985).

De acordo com Campos-de-Carvalho (2004, p. 181),

[...] a psicologia ambiental enfatiza a relação bidirecional entre

pessoa e ambiente, priorizando os aspectos físicos do ambiente, os quais

atuam sobre o comportamento humano em interdependência com os

demais componentes, físicos e humanos, de um determinado contexto

ambiental.

Segundo Ornstein (2013, p. 16) o modo de transitar por aspectos dicotômicos da

habitação e a possibilidade (maior ou menor) de atuar sobre eles, regulando-os,

aperfeiçoando-os com o objetivo de vivenciá-los na quantidade e qualidade desejadas,

têm influência na satisfação residencial, entendida como:

“[...] um resultado afetivo, uma resposta emocional ou

uma consequência de caráter positivo que, provem da

comparação entre o ambiente residencial e a própria situação do

sujeito. Todo ele considerado um processo cíclico e dinâmico,

em que a pessoa vai se adaptando a cada situação residencial

concreta.” (Amérigo, 1995, p. 55).

Assim sendo,

[...] o edifício deixa de ser encarado apenas a partir das

suas características físicas (construtivas) e passa a ser avaliado

enquanto espaço ‘vivencial’, sujeito à ocupação, leitura, re-

interpretação e/ou modificação pelos usuários, ou seja, ao estudo

de aspectos construtivos e funcionais do espaço construído

acrescenta-se a análise comportamental e social essencial à sua

compreensão. Esse processo implica, necessariamente, a análise

do uso e a valorização do ponto de vista do usuário, destinatário

final do espaço construído (ELALI, 1997, p. 353).

A satisfação dos usuários em relação a uma edificação depende da capacidade de

se produzir espaços e ambientes em condições adequadas à realização das atividades para

ela projetadas. Isto implica atender, entre outros aspectos: adequação dimensional dos

espaços [...]; flexibilidade espacial [...]; acessibilidade universal [...], dentre outros

(SILVA et al., 2005, p. 40).

Page 35: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

35

A aplicação das técnicas oriundas da APO e da Psicologia Ambiental contribuí

para a identificação do nível de satisfação dos usuários, em especial as crianças.

Segundo Baptista (2009), as pesquisas e os estudos da área da Psicologia

Ambiental agregam ao conhecimento da APO aspectos relevantes que podem contribuir

para uma maior eficiência dos processos avaliativos, dos métodos e técnicas empregadas

e de sua abordagem. Neste sentido, a Psicologia Ambiental leva em conta o ambiente em

pesquisa principalmente como o significado percebido ou atribuído ao ambiente por uma

pessoa e, que mais nos interessa, estudando o comportamento espacial manifestado por

pessoas.

2.3.3 Programação arquitetônica

A terceira vertente de origem da APO é a Programação Arquitetônica.

Segundo Whole Building Design Guide (2009) a programação arquitetônica pode

ser definida como “a investigação e o processo de tomada de decisão, que identifica o

âmbito do trabalho a ser concebido” pois procura identificar as possibilidades de um

problema projetual antes de começá-lo (BAPTISTA, 2009).

De acordo com Sanoff (apud DUMBAR, 2000), o reconhecimento e a

compreensão das necessidades e dos comportamentos das pessoas é o pré-requisito para

estabelecer as metas para o programa do edifício.

Nos EUA, Hershberger (2012), define programação arquitetônica como a primeira

fase do processo de projeto arquitetônico em que são identificados os valores relevantes

do cliente, dos usuários, do arquiteto, e da sociedade, os objetivos importantes do projeto,

dos fatos sobre o projeto descoberto, e as necessidades de instalações explicitadas. O

programa arquitetônico é o documento no qual os identificados valores, metas, fatos e

necessidades são apresentados.

O quadro 7 ilustra as vantagens da programação arquitetônica segundo ótica de

Whole Building Design Guide.

Page 36: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

36

Quadro 7 - Vantagens da programação arquitetônica

Vantagens da programação arquitetônica

Envolvimento das partes interessadas na definição do escopo de trabalho antes da

concepção dos trabalhos;

Ênfase na escolha e análise de dados no início do processo, para que o projeto seja

baseado nas decisões tomadas;

Ganho de eficiência por evitar redesenho.

Fonte: Adaptado de Whole Building Design Guide (apud Baptista, 2009)

Segundo BATISTA (2009), a programação Arquitetônica possui algumas

questões emergentes que são levantas no quadro 8.

Quadro 8 - Necessidades da programação arquitetônica

Necessidades da programação arquitetônica

Desenvolvimento de normas e orientações para os proprietários que constroem

frequentemente instalações similares e devido à necessidade de investigação sobre

as novas tecnologias, que resultam em espaços tipo sem precedentes;

A exigência cada vez mais acentuada, por parte dos clientes e/ou proprietários, de

projetos que estejam de acordo com o programa;

A procura por programadores.

Fonte: Adaptado de Whole Building Design Guide (apud Baptista, 2009)

Segundo Baptista (2009), o objetivo da Programação Arquitetônica é criar

edifícios de alto desempenho e, para isso, deve-se aplicar o projeto interativo durante as

fases de planejamento e programação, ou seja, é necessário que as pessoas envolvidas na

concepção e uso do edifício interajam com todo o processo de desenho. A experiência

tem demonstrado que o envolvimento dos usuários no processo de programação resulta

em projetos que podem ser otimizados de forma mais eficiente (Whole Building Design

Guide, 2009).

Ainda sobre a ótica de Baptista (2009), a importância da função do espaço escolar,

uma vez que tal edifício funciona como elemento de transferência e transmissão de

símbolos, valores e conceitos para a criança deve estar associada e materializada no

projeto arquitetônico da instituição escolar.

Segundo Zabalza (1998, p.230) o termo “espaço” tem diversas concepções. Na

sua concepção mais comum, o termo espaço significa: “extensão indefinida, meio sem

limites que contém todas as extensões finitas. Parte dessa extensão que ocupa cada

Page 37: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

37

corpo.” Tal definição norteia uma ideia do espaço como algo “físico”, ligado aos objetos

que são os elementos que ocupam o espaço.

De forma a clarear o conceito do espaço escolar e identificar suas variáveis, a

figura 4 ilustra, sobre a ótica de Zabalza, as grandes questões sobre o espaço escolar.

Figura 4: As grandes questões sobre o espaço escolar.

Fonte: Zabalza (1998, p.230).

Para as crianças pequenas o “espaço” é aquilo que nós chamamos de “espaço

equipado”, ou seja, espaço com tudo o que efetivamente o compõe: móveis, objetos,

odores, cores, coisas frias e quentes, etc. (ZABALZA, apud BATTINI 1982, p.24).

As pesquisas sobre o espaço e a educação infantil destacam a importância do

projeto arquitetônico integrado com a proposta pedagógica da instituição, a fim de criar

espaços apropriados para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, além de

propiciar estímulos e condições afetivas que permitam a identificação da criança com o

ambiente (MAZZILLI; WARAGAYA; LIMA, apud FONTES et al., 2006).

Page 38: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

38

2.4 NÍVEIS DA APO

A APO pode ser classificada em três níveis (PREISER, 2002; ORNSTEIN;

ROMERO, 1992): indicativa (aplicação ampla), investigativa (abordagem mais

detalhada) e diagnóstico (extremamente detalhado e focado no estudo). Cada um destes

níveis é composto por três fases principais: planejamento, execução e aplicação da APO

(quadro 9).

Quadro 9: Níveis de Avaliação Pós-Ocupação

Fonte: Adaptado de PREISER, 1988

Na etapa de planejamento ocorrem as etapas preliminares antes do início da

pesquisa, ou seja, reconhecimento e viabilidade da pesquisa, levantamentos dos recursos

a serem empregados e o planejamento propriamente dito de toda a pesquisa. Numa

segunda etapa (condução) há a realização da pesquisa, com a coleta de dados e a escolha

do procedimento de coleta juntamente com sua análise; a terceira etapa(aplicação)

consiste no relatório com recomendações e revisão dos resultados.

Ornstein e Romero (1992) afirmam que esses três níveis de APO diferem entre si

em virtude da profundidade do desenvolvimento da pesquisa, da finalidade, dos prazos e

dos recursos disponíveis. A APO, indicativa ou de curto prazo: visita ao ambiente

estudado e entrevistas selecionadas com usuários-chave, indicação dos aspectos positivos

e negativos do objeto estudado.

Níveis de uma APO

Níveis de

APO

Etapas de planejamento Etapas da condução Etapas da

aplicação

Indicativa

(Nível 01)

Reconhecimento e

viabilidade da pesquisa

Coleta de dados

Relatório de

decisões

Investigativa

(Nível 02)

Levantamento dos

recursos

Monitoração e

gerenciamento

Procedimento de coleta

de dados

Recomendação de

plano de ações

Diagnóstico

(Nível 03)

Planejamento da pesquisa

Análise dos dados

Revisão de

resultados

Page 39: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

39

O nível 1 (APO indicativa) fornece uma indicação das principais falhas e do

desempenho da edificação. Este tipo de APO é geralmente realizada dentro de um curto

intervalo de tempo, a partir de duas ou três horas para um ou dois dias, podendo realizá-

la integralmente dentro de um prazo de 2 a 24 semanas. Uma APO indicativa presume

que a equipe avaliador/avaliação é experiente em APOs conduzindo o curto período de

tempo e familiarizado com o tipo de construção a ser avaliada, bem como os problemas

que tendem a ser associado a ele.

Uma APO investigativa (nível 2) necessita de mais recursos que a anterior, requer

uma estratégia de investigação e um plano para identificar os tipos e a extensão dos dados

que serão coletados sendo geralmente conduzida quando a APO indicativa identifica

questões que necessitam maior nível de investigação. Pode ser realizada num prazo de 72

a 144 semanas.

Utilizando os mesmos passos da avaliação anterior, a avaliação investigativa

envolve atividades relacionadas com o levantamento e análise da literatura sobre o

assunto e comparações com trabalhos similares.

A equipe pode exigir cerca de uma semana para as entrevistas, distribuição de

questionários no local, e as chamadas de follow-up. Além disso, compilação e análise de

dados geralmente envolve o uso de software especialmente concebido como um banco de

dados personalizável. O resultado final é muitas vezes um relatório escrito e uma reunião

para analisar os resultados da APO.

Segundo Ornstein e Romero (1992) a APO - Investigativa ou de médio prazo:

trata-se do nível anterior acrescido da explicitação de critérios referenciais de

desempenho.

Como já se presume, a APO diagnóstico (nível 3) é a mais abrangente dos três

métodos, é uma investigação profunda, exigindo alto nível de serviço, detalhamento dos

critérios referenciais de desempenho e utilizando sofisticadas técnicas de medidas. Os

prazos podem variar, em média, de 224 a 384 semanas. Envolve, de preferência, equipes

multidisciplinares. (PREISER et al, 1988).

Questionários, inquéritos, observações e medições físicas são empregadas. A

APO diagnóstico pode demorar vários meses a um ano para ser concluído. O valor da

pesquisa diagnóstica intensiva envolvidos em uma APO está na profundidade e qualidade

dos dados obtidos, bem como a força e a validade das conclusões e recomendações

extraídas dele. A APO diagnóstico é adequada para grande escala, dispendiosos projectos,

Page 40: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

40

altamente sensíveis, onde um exame minucioso podem ser esperados, como todo um novo

edifício.

Segundo Ornstein e Romero (1992) a APO – Diagnóstico ou de longo prazo:

define detalhadamente critérios de desempenho, utiliza técnicas sofisticadas de medidas

correlacionando aquelas físicas com as respostas dos usuários, tendo-se em mente a

estrutura organizacional da entidade. Para tanto, exige recursos bem maiores do que os

anteriores.

Os detalhes e vantagens de cada tipo ou nível de APO são comparados no Quadro

10.

Quadro 10: Características e vantagens da APO nos diferentes níveis

Vantagens da APO nos diferentes níveis

Nível de APO Vantagens

Indicativa

(Nível 1)

Detectar e propor soluções de pequeno porte e/ou setoriais para

problemas técnicos e funcionais; Envolver todos os participantes do

processo de avaliação e tomada de decisão, ou seja, projetistas, clientes e

usuários; Abranger todos os envolvidos no uso e manutenção do edifício

com o propósito de conservar e otimizar o desempenho do patrimônio,

assim como o bem-estar dos ocupantes; Minimizar custos de manutenção

do edifício.

Investigativa

(nível 2)

Aprimora e afere qualitativamente a metodologia de APO;

Detecta e propõe soluções que se relacionam até mesmo com

reciclagem e substituição de componentes do edifício, com base em

problemas técnicos e funcionais;

Propõe treinamento e conscientização dos usuários, para

conservação e manutenção do edifício;

Apresenta recomendações para minimizar custos de operação e

manutenção.

Diagnóstico

(nível 3)

Mede e aprimora qualitativamente a metodologia de APO;

Propõe um plano de manutenção do edifício objeto da APO, com

intuito de otimizar seu desempenho durante sua vida útil prevista;

Desenvolve um plano de re-arranjo dos espaços físicos do edifício;

Desenvolve um plano de ações tecnológicas voltadas à fase de

projeto, padrões e normas para projetos futuros de edifícios semelhantes.

Fonte: Adaptado de ORNSTEIN (1992)

2.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AS FERRAMENTAS DE

UMA APO

Segundo Reis e Lay (1994, p.35) a estratégica metodológica mostra-se

fundamental no sucesso de uma APO, contudo, somente se houver clareza de que o

objetivo da definição dos métodos, critérios de qualidade ou técnicas de pesquisa devam

Page 41: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

41

ser utilizados com seletividade, isto é, moldados de acordo com cada situação específica,

é que estes tornar-se-ão ferramentas úteis para qualquer tipo de investigação.

Segundo Sommer (1979, p. 135) “não existe um método melhor para se colher os

palpites dos usuários; o método deve surgir naturalmente do problema e das

circunstancias. O ideal é usar diversas técnicas diferentes e deixar a avaliação se

prolongar por um certo período de tempo”.

Segundo a ótica de ORNSTEIN e ROMERO (1992) a base metodológica da APO

pode ser dividida em quatro etapas: coleta ou levantamento de dados; diagnóstico;

recomendações para o ambiente-estudo de caso; e insumos para novos projetos.

Conforme Ornstein e Romero (1992, p. 64), a etapa de coleta de dados é

constituída fundamentalmente por sete sub etapas (quadro 11):

Quadro 11 – Sub etapas da Coleta de Dados

Coleta de dados Levantamento da memória do projeto e da construção: resgate da “memória” da produção do

ambiente construído, importante na análise qualitativa de aspectos positivos e negativos

encontrados na edificação em uso, e do impacto ocasionado aos usuários como ambiente

construído.

Cadastro atualizado dos ambientes construídos (as built): fundamental para o órgão gerenciador

e avaliador desses ambientes construídos e para a manutenção do cadastro atualizado do as

built, utilizado para indicar as medidas reais executadas na obra.

Cadastro atualizado do mobiliário e dos equipamentos

Levantamento, tabulação de dados e informações coletadas com os usuários: nesta etapa, ocorre

a seleção dos ambientes que serão analisados e a definição de uma amostra representativa de

cada categoria ou estrato da população a ser entrevistada.

Levantamento técnico-construtivo, conforto ambiental e funcional: no Brasil, as medidas e

observações físicas realizadas pela equipe técnica e os levantamentos realizados com os

usuários estão fundamentalmente relacionados com as variáveis prioritárias, materiais e

técnicas construtivas, conforto ambiental, contexto urbano, avaliação funcional e com a

avaliação comportamental.

Levantamento de normas, códigos, especificações técnicas existentes: definição de critérios

comparativos para o julgamento adequado por parte dos usuários e técnicos, de forma que os

critérios sejam fundamentados em diretrizes já existentes em códigos de obras, normas,

especificações técnicas (níveis municipal, estadual e federal), contudo a equipe técnica deve

analisar essas diretrizes antes de serem adotados os critérios.

Estabelecimento de critérios e padrões, quando não existirem normas para efeito comparativo:

em termos de qualquer tipologia de ambiente construído no Brasil, existem poucas normas,

cadernos de encargos e especificações técnicas, sendo necessária a concepção de “índices” e

“padrões” complementares do conjunto de critérios comparativos a serem adotados, os quais

devem ser formulados com base na experiência profissional dos membros da equipe técnica.

Fonte: Adaptado de Ornstein 1992, p.64 (apud Baptista 2009)

Segundo Ornstein e Romero (1992), os ambientes avaliados serão diagnosticados

com base nos levantamentos realizados, resultando no diagnóstico dos principais aspectos

positivos e negativos do ambiente.

Page 42: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

42

A etapa do diagnóstico é a principal etapa da APO, “[...] devendo ser

cuidadosamente dimensionada pois, a partir deste, serão obtidas as recomendações a

curto, médio e longo prazos” (ORNSTEIN; ROMERO, 1992, p. 68), assim como a

formulação de diretrizes e recomendações para futuros projetos semelhantes.

O levantamento de campo pode dar subsídios para obtenção de dados sobre um

edifício, servindo de base e fornecendo dados necessários para o levantamento

sistemático de informações (ZAPATEL, 1992; REIS & LAY 1994).

Os métodos de pesquisa podem ser classificados em qualitativos, que focalizam a

determinação de validade da investigação e quantitativos, que consiste em medições, a

partir de avaliações físicas realizadas através de levantamentos e avaliações

comportamentais, utilizando questionários, entrevistas e observações de comportamento,

que expressem o nível de satisfação dos usuários (BAPTISTA, 2009).

Para um bom desenvolvimento da APO, deve existir um planejamento prévio e

criterioso para que ocorra um levantamento adequado dos dados e das metas dentro dos

prazos previstos (ORNSTEIN; ROMERO, 1992). Sendo assim, “[...] a aplicação de

métodos e técnicas de APO deve levar sempre em consideração tanto o ponto de vista dos

técnicos [...], bem como a aferição dos níveis de satisfação dos usuários” (ROMERO;

ORNSTEIN, 2003, p. 37).

Segundo Rheingantz et al (2009), em uma APO podem ser utilizados diferentes

instrumentos e ferramentas de avaliação, como exemplo: walkthrough, mapa

comportamental, poema dos desejos, mapeamento visual, mapa mental, mapa cognitivo,

mapa conceitual, seleção visual, tipologia de ambiente interno, entrevista, questionário,

grupo focal, dentre outros.

Diante desse contexto, das possíveis combinações e abrangência das

ferramentas utilizadas em uma APO, este item busca caracterizar a metodologia de

avaliação de uma APO de cinco específicos instrumentos através da leitura crítica de

“Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a avaliação pós-ocupação,

Rheingantz et al, 2009”.

Serão os 5 grupos de instrumentos utilizados para Avaliação Pós-Ocupação: (1)

Observação — roteiro para análise Walkthrough, com levantamento fotográfico,

medições e observações complementares anotadas em caderno de campo; (2) Entrevista

— entrevistas semiestruturadas e estruturadas; (3) Livre expressão — poema dos desejos

utilizado apenas com as crianças; (4) Questionários — questionário de opinião do

Page 43: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

43

usuário e questionário estruturado com perguntas aberta, e por último, será

complementado pela (5) Matriz de descobertas — para avaliação dos resultados.

2.5.1 Walkthrough

Segundo Rheingantz et al (2009, p.23), a Walkthrough pode ser entendida como

método de análise que combina simultaneamente uma observação com uma entrevista,

tem sido utilizada na avaliação de desempenho do ambiente construído e na programação

arquitetônica. A Walkthrough permite uma compreensão inicial e abrangente do

desempenho de um ambiente, razão pela qual é frequentemente efetuada no início de uma

APO.

Segundo Preiser (1995, apud Rheingantz), em uma Walkthrough os aspectos

físicos servem para articular as reações dos participantes em relação ao ambiente. O

percurso dialogado abrangendo todos os ambientes, complementado por fotografias,

croquis gerais e gravação de áudio e vídeo, possibilita que os observadores se

familiarizem com a edificação, com sua construção, com seu estado de conservação e

com seus usos.

Segundo Zeisel (1981, apud Rheingantz), a primeira Walkthrough foi realizada

por Kevin Lynch (1960) em Boston, quando convidou os grupos de respondentes

voluntários para um passeio-entrevista pela área central da cidade. Durantes os anos 60

seguiram-se algumas experiências acadêmicas com grupos de alunos, em sua maioria não

publicadas (Bechtel 1997), mas seu surgimento cientifico ocorreu nos anos 60 e 70 com

o advento da Psicologia Ambiental e com a organização, em 1968 da EDRA –

Environment Design Research Association – acompanhando a consolidação conceitual e

de procedimentos da APO.

2.5.1.1 Aplicações e limitações

Por ser relativamente fácil e rápida de aplicar, a Walkthrough tem sido muito

utilizada em APOs. Em geral, ela precede a todos os estudos e levantamentos, sendo

bastante útil para identificar as principais qualidades e defeitos de um determinado

ambiente construído e de seu uso. Sua realização permite identificar, descrever e

Page 44: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

44

hierarquizar quais aspectos deste ambiente ou de seu uso merecem estudos mais

aprofundados e quais técnicas e instrumentos devem ser utilizados. Além disso, ela

também permite identificar as falhas, os problemas e os aspectos positivos do ambiente

analisado. (Rheingantz et al 2009, p. 23)

Segundo Rheingantz et al (2009, p. 23) uma Walkthrough funciona conforme

ilustra a sequência apresentada no Quadro 12.

Quadro 12: Sequência representativa de uma Walkthrough

Sequência de uma Walkthrough

Deve-se formar uma equipe composta por especialistas e por representantes dos

diversos grupos de usuários do ambiente construído.

Munidos de plantas e fichas de registro (exemplificadas no capítulo do Estudo

de Caso), os observadores realizam uma entrevista-percurso de reconhecimento ou

ambientação, abrangendo todos os ambientes considerados no estudo.

Para registrar as descobertas, podem ser utilizadas diversas técnicas de registro,

como por exemplo, mapas, plantas, check-lists, gravações de áudio e de vídeo,

fotografias, desenhos, diários, fichas, etc.

Fonte: adaptado de Rheingantz et al (2009, p. 23)

Ainda sobre ótica de Rheingantz et al (2009, p.25), por ser um instrumento

flexível, a walkthrough possibilita o emprego de diversas abordagens ou procedimentos.

Em sua forma mais estruturada (Brill et al 1985, apud Rheingantz et al 2009), são

utilizados dois tipos de grupos: grupos de tarefas e grupos de participantes. Os grupos de

tarefas são compostos pelos líderes de grupo que planejam, conduzem e relatam o

processo da walkthrough. Estes grupos têm como objetivos motivar os participantes a

discutirem questões que forem surgindo durante a walkthrough, bem como propor

recomendações e ações para resolvê-los. Durante a walkthrough, um membro conduz o

trajeto pelo edifício e faz perguntas geradoras de comentários sobre o edifício e as suas

características, sobre sua operação e uso. Um segundo membro registra os comentários e

notas, bem como onde cada problema se localiza. O terceiro fica responsável pelas

fotografias e pela ordenação e registro dos comentários. Já nos grupos de participantes,

cada grupo tem funções e interesses diversos com relação ao edifício, à sua operação e

uso. Os grupos de participantes mais comuns são formados por gerentes, funcionários,

Page 45: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

45

visitantes, pessoal de manutenção e de reparo, pessoal de segurança, projetistas, de

proprietários e administradores do edifício. Se o número de participantes for pequeno

(seis ou menos), um grupo walkthrough único pode incluir todos eles. Se for muito maior,

pode ser conveniente formar outros grupos mais representativos do total de participantes.

Uma segunda abordagem sobre a ótica de Brill et al 1985 (apud Rheingantz et al

2009), subdivide a tarefa em quatro procedimentos que, tanto podem ser aplicados em

conjunto, como isoladamente (quadro 13).

Quadro 13: Subdivisão da ferramenta walkthrough

Procedimento walkthrough

Procedimento Descrição do procedimento

Walkthrough geral

Esta técnica pode ser utilizada de diversos modos, tanto na

avaliação de edifícios como de lugares urbanos e, a exemplo do

grupo de participantes, pode envolver os usuários ou outros grupos

de interesses mais específicos, como especialistas, ou

administradores. Eles utilizam o próprio ambiente físico como

estímulo para auxiliar os respondentes a articularem suas reações a

este ambiente. Sua finalidade típica inclui a escolha de informações

dos participantes da walkthrough e de outros usuários, bem como

levar a efeito avaliações técnicas do referido ambiente.

Walkthrough de auditoria

de energia

Tem como propósito específico avaliar seu desempenho

energético e de identificar oportunidades para o gerenciamento e a

conservação de energia, como por exemplo a walkthrough de

auditoria de energia de um edifício

Walkthrough de

especialistas

Organiza-se um grupo de especialistas cuja composição

tanto pode ficar em aberto como ser previamente definida para

examinar um conjunto determinado de aspectos de um ambiente ou

edifício, tais como condições físicas, utilidade de algum aspecto,

fator ou atributo específico. Em geral, são utilizadas checklists

(Figura 4), bem como entrevistas formais ou informais com os

usuários no próprio local.

Passeio walkthrough

Baseia-se no uso do ambiente físico como elemento capaz

de ajudar os respondentes — tanto pesquisadores e/ou técnicos,

quanto os usuários — na articulação de suas reações e sensações em

relação ao edifício ou ambiente a ser analisado.

Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009, p. 27)

Page 46: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

46

Em uma walkthrough geral são utilizados grupos de técnicas da walkthrough de

edifícios ou ambientes. A walkthrough geral pode servir de base para a construção de

questionários ou outros tipos de observações mais específicas. O Passeio Walkthrough é

a modalidade mais utilizada nas APOs realizadas pelos integrantes do grupo

APO/ProLUGAR. (Rheingantz et al 2009, p. 27). A figura 5 ilustra um tipo de checklist

utilizado na walkthrough de especialistas.

Figura 5: Checklist de fatores funcionais — divisões internas, tetos e pisos

Fonte: Adaptado de Preiser et al (1988)

Os Passeios Walkthroughs, realizados pelos integrantes do APO/ProLUGAR

(Rheingantz et al 1998) têm adotado a abordagem de Zube (1980), que considera as

experiências e emoções vivenciadas pelos usuários e pesquisadores como “instrumentos

de medição” e de ‘identificação da qualidade” dos ambientes. Este procedimento

simplifica e agiliza as Walkthroughs em relação às recomendações de Brill et al (1985) e

Baird et al (1995).

Page 47: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

47

De um modo geral, estas Walkthrough são realizadas por duplas de pesquisadores.

Antes de ir a campo, são preparadas plantas baixas em escala 1/50 impressas em papel

sulfite formato A3 ou A4, para facilitar seu manuseio em campo — em edificações com

plantas muito extensas, as plantas são seccionadas em setores; eventualmente podem ser

necessários cortes esquemáticos. Durante os percursos, enquanto os dois observam e

analisam entre si os ambientes, um deles registra fotografias e/ou grava em áudio os

comentários; o outro anota nas plantas baixas as observações e visadas das fotografias.

Quando o percurso é realizado por um único pesquisador, recomenda-se a realização de

dois percursos em sequência, um para anotar os resultados das observações e/ou gravar

em áudio os comentários, outro para fazer as fotografias. Depois do trabalho de campo,

as observações são lançadas em uma matriz composta de plantas baixas, fotografias e

comentários.

Sobre a ótica de Rheingantz et al (2009), em relação à postura dos observadores,

existem duas vertentes distintas: a primeira, alinhada com a abordagem clássica, que

recomenda distanciamento crítico do observador com relação ao ambiente, e a segunda,

alinhada com a abordagem experiencial, se baseia na impossibilidade do distanciamento

crítico e recomenda que os observadores atentem e anotem as próprias emoções e reações

experimentadas durante suas interações com o ambiente.

2.5.1.2 Recomendações e cuidados

Segundo Rheingantz, uma limitação muito comum em uma Walkthrough se deve

a eventuais restrições de acesso dos pesquisadores aos ambientes, seja por riscos de

contaminação — tanto do ambiente (centros cirúrgicos, laboratórios, centros de pesquisa

das áreas biomédicas) quanto dos próprios pesquisadores (laboratórios e alas de doenças

infectocontagiosas em hospitais) — seja por receio de espionagem industrial.

No planejamento e na montagem de uma Walkthrough, Brill et al (1985, p. 242)

indica alguns procedimentos ou cuidados importantes, conforme ilustra o quadro 14.

Page 48: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

48

Quadro 14: Procedimentos e cuidados em uma análise Walkthrough

Procedimentos e cuidados em uma análise Walkthrough

Definir o grupo de trabalho.

No caso de mais de um edifício ou ambiente, selecionar os edifícios e ambientes

a serem percorridos, bem como definir a ordem sequencial dos percursos.

Informar os departamentos ou setores envolvidos com a walkthrough, buscando

a sua cooperação e consentimento/permissão.

Verificar a disponibilidade de recursos para realizar as melhorias e reformas

necessárias para implementar os benefícios de moda a que os usuários ou respondentes

percebam e se beneficiem desta experiência/participação. A concretização destes

benefícios possibilita que os participantes acreditem nas vantagens de participar do

processo de avaliação.

Treinar o grupo de trabalho na preparação e na programação da walkthrough

Propor os grupos de participantes; em geral, seis a dez grupos de até cinco

pessoas cada são suficientes. Quando a população envolvida for muito grande, são

utilizados múltiplos grupos. Neste caso, são constituídos dois a três grupos para cada

100 pessoas, tais como: pessoal de suporte, funcionários de escritório, pessoal de

segurança, etc.

Explicar aos participantes o que se espera deles em termos de melhorias, de

feedback ou resultados, de oportunidade de comunicar-se e de serem ouvidas e, se

necessário, a sua remuneração durante o trabalho.

Determinar/estimar o tempo de realização da própria Walkthrough e quantos

grupos vão realizar o percurso — recomendável de 6 a 10 — e quanto tempo cada um

deve durar. Para edifícios ou ambientes maiores, mais complexos e/ou mais populosos,

será necessário mais tempo.

Prever e incluir o tempo necessário para fotografar e medir — entre 2 e 6 horas.

Isto pode ser realizado durante a própria walkthrough, ou por cada participante ou

grupo, imediatamente após a mesma.

Prever e incluir o tempo necessário para preparar os arquivos e registros dos

métodos, dos participantes e dos resultados — em geral, em uma walkthrough de

pequeno porte, a previsto é de duas pessoas por dia.

Verificar limitações e impedimentos (datas, tempo, acesso a ambientes,

disponibilidade dos usuários, etc.).

Preparar um plano ou roteiro de trabalho que explicite: quem faz o que, quando

e onde.

Fonte: Adaptado de Brill et al 1985, p. 242 (Apud Rheingantz et al 2009)

Ainda sobre a ótica de Rheingantz os resultados, as atividades e intenções dos

participantes, suas avaliações, as características dos ambientes, fotografias, medições e

recomendações devem ser registrados e devidamente arquivados. O quadro 15 ilustra

alguns desses pontos sugeridos por Rheingantz.

Page 49: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

49

Quadro 15 – Cuidados e recomendações numa walkthrough sobre ótica de

Rheingantz

Cuidados e recomendações numa walkthrough

Verificar a organização dos planos e arranjos — se as salas de reunião são

suficientemente grandes e com um nível adequado de privacidade.

Planejar os trajetos a serem percorridos, para otimizar o tempo e, quando

possível, preparar uma análise gráfica das informações que possa ser consultada

durante o percurso com o objetivo de alimentar os debates e discussões na reunião de

avaliação.

Durante a reunião introdutória (duração máxima de 30 minutos), os

participantes dos grupos devem ser esclarecidos sobre os objetivos e benefícios da

walkthrough; os procedimentos para registra de comentários, fotos e medições; as

atividades e responsabilidades de cada participante, quais registros devem fazer, em

que instrumentos, com que notação e simbologia gráfica O objetivo desta reunião é

ressaltar a importância dos suas atividades, sua utilidade/importância para o trabalho,

bem como esclarecer sobre o que se pretende realizar com o edifício/lugar com que

intenções.

Conduzindo uma walkthrough (de 30 a 60 minutos), inicialmente é conveniente

esquematizar o percurso e estimular o grupo o acrescentar seus percursos paralelos.

Enfatizar os questões mais importantes relacionadas com a avaliação de cada ambiente

ou lugar a ser visitado.

Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009)

Quando forem identificados ambientes ou lugares que necessitem medições

complementares — temperatura, umidade relativa do ar, índices de iluminamento, etc —

eles devem ser precisamente indicados; nestes casos, se realiza um ou mais percursos —

é recomendável walkthrough de especialistas — em geral restritos aos lugares e

ambientes indicados. Se algo for registrado como muito alto ou muito inclinado, esta

medida deve ser claramente explicitada (em metros ou declividade, por exemplo).

Page 50: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

50

2.5.2 Entrevista

A entrevista é “uma das principais técnicas de trabalho em quase todos os tipos

de pesquisas utilizadas nas ciências sociais” (Lüdke; André 1986, p.32) e pode ser

definida como relato verbal ou conversação “com um determinado objetivo” (Bingham;

Moore apud Sommer; Sommer 1997, p. 106), sendo muito utilizada em pesquisas de

opinião ou de mercado.

Trata-se de um instrumento importante no resgate de informações sobre a

evolução e decisões de projeto, construção, uso, operação e manutenção, colaborando

para determinar em que etapa de produção e uso surgem os aspectos negativos e positivos

do ambiente construído (Ornstein; Romero,1992).

Em geral, os objetivos de uma entrevista são: averiguar “fatos”, determinar

opiniões sobre os “fatos”, determinar sentimentos, descobrir planos de ação, conhecer

conduta atual ou do passado, reconhecer motivos conscientes para opiniões, sentimentos,

sistemas ou condutas (Lakatos; Marconi 1991, p.196). A entrevista aprofunda as

informações levantadas em outros trabalhos de campo no ambiente em análise, coletando

dados que ficaram ocultos ou simplesmente, preenchendo lacunas nas informações.

As entrevistas podem ser: (1) estruturadas, com perguntas específicas (abertas

ou fechadas) que podem seguir uma padronização que facilite o registro e tabulação

posterior de dados quantitativos (FRUCCI in ORNSTEIN, 1995); (2) semi-estruturadas,

conduzidas com o apoio de um roteiro com os principais aspectos a serem abordados,

buscando elucidar assuntos específicos cuja importância já tenha sido identificada

(PREISER in BAIRD et al, 1995) e (3) não estruturadas, sem nenhuma linha de perguntas

pré-determinadas, o interlocutor é incentivado a falar livremente sobre hipóteses que o

pesquisador deseja testar (FRUCCI in ORNSTEIN, 1995).

O Quadro 16 ilustra os fundamentos dos três tipos de entrevista.

Page 51: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

51

Quadro 16: Tipos de entrevistas

Tipos de entrevistas

Entrevista estruturada ou

padronizada

O entrevistador segue um roteiro

previamente programado e impresso em um

formulário. Esta modalidade se assemelha a

um questionário, do qual se diferencia,

basicamente, pelo procedimento de resposta.

Enquanto o questionário é distribuído para ser

respondido sem a presença do entrevistador,

na entrevista o questionário serve de roteiro da

conversação.

Entrevista semi-estruturada

Os entrevistadores podem preparar

apenas um roteiro ou esquema básico, ou

ainda um mesmo conjunto de perguntas que

não são necessariamente aplicadas em uma

mesma ordem sequencial.

Entrevistas não estruturadas ou

não dirigidas

Utilizadas em pesquisas mais

aprofundadas sobre percepção, atitudes e

motivações, especialmente quando se procura

descobrir quais são as questões básicas e qual

é o seu nível de compreensão do problema ou

ambiente a ser pesquisado. É muito útil para

levantar os aspectos afetivos e valorativos das

respostas dos entrevistados, bem como para

determinar o significado pessoal de suas

atitudes. Este tipo de entrevista atinge seus

propósitos à medida que as respostas dos

entrevistados são espontâneas e não forçadas,

altamente específicas e concretas, ao invés de

difusas e gerais, sendo pessoais e auto

reveladoras, ao invés de superficiais. Além de

evitar influenciar ou direcionar as respostas, o

entrevistador deve criar uma atmosfera

completamente permissiva, onde os

respondentes sintam-se livres para se

expressarem, sem medo de reprovação,

admoestação ou disputa.

Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009)

Segundo Lüdke e André (1986), a entrevista estruturada é mais indicada em

pesquisas onde se precise reunir um grupo numeroso de respondentes em um curto espaço

de tempo, como nos levantamentos de tendências eleitorais ou de preferências por

determinados produtos.

Segundo Merton, Fiske e Kendall (apud Selltiz et al, 1987) elas podem ser do

tipo focalizada ou clínica. Em alguns casos até mesmo a forma como as questões são

apresentadas varia, como por exemplo, alterando a estrutura da sentença da pergunta. Na

entrevista focalizada, a principal função do entrevistador é focalizar a atenção em uma

Page 52: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

52

determinada experiência e seus efeitos, quando os aspectos da questão a serem abordados

são previamente conhecidos ou definidos. A lista ou roteiro de tópicos e aspectos são

derivados da formulação do problema da pesquisa. A análise de uma situação ou

experiência da qual o entrevistado participa — um filme, um programa de rádio ou de

televisão, uma mudança de arranjos espaciais em uma sala de aula ou de um layout de

escritório — traz, para o entrevistador, mudanças de hipóteses baseadas em teoria

psicológica ou sociológica. A entrevista constitui-se de uma estrutura de tópicos a serem

abordados, mas o modo da abordagem e o tempo de duração das questões são deixados a

critério do entrevistador. Ele tem a liberdade de explorar as razões e os motivos e conduzir

para direções que não estavam programadas no roteiro da entrevista. Embora os

entrevistados sejam livres para expressar de maneira completa sua linha de raciocínio, a

direção da entrevista está claramente nas mãos do entrevistador. Esta modalidade de

entrevista tem sido utilizada nos procedimentos em campo onde seja necessário verificar

uma hipótese de pesquisa construída previamente. Ela tem como objetivo investigar quais

os aspectos que uma experiência específica traz para as mudanças nas atitudes e valores

daqueles que dela participaram. De posse de uma análise prévia de conteúdo da

experiência ou situação observada, o entrevistador pode distinguir os fatos objetivos dos

subjetivos, sem esquecer de considerar a possibilidade de percepção seletiva e estar

preparado para explorar suas implicações. Já na entrevista clínica, refere-se mais aos

sentimentos ou motivações subjacentes, ou às experiências no decorrer da vida de um

respondente ou aos efeitos de uma experiência específica. O entrevistador conhece quais

aspectos do sentimento ou experiência que ele quer que o entrevistado relate, e

novamente, o método de aflorar a informação é deixado a cargo do entrevistador. A

entrevista de “história pessoal” é o tipo mais comum e os aspectos específicos da história

de vida individual a serem cobertos pela entrevista são determinados, como em todos os

instrumentos de coleta de dados, pelos propósitos do estudo.

2.5.2.1 Aplicações e limitações

Segundo Selltiz et al (1987), a principal vantagem da entrevista em relação ao

questionário, é que quase sempre produz uma amostra melhor da população envolvida.

Enquanto em um questionário o retorno é da ordem de 10 a 15%, em uma entrevista ele

pode chegar a 70 ou 80%. Para os autores, a “maioria das pessoas está disposta e é capaz

de cooperar num estudo onde tudo o que ela tem a fazer é falar. As pessoas normalmente

apreciam falar com pessoas que são amigáveis e que estejam interessadas naquilo que

Page 53: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

53

pensam” (Selltiz et al 1987, p. 19). Sommer e Sommer (1991, p.147) indicam que a

entrevista também é melhor do que o questionário para lidar com temas complexos, pois

“os entrevistadores têm acesso ao comportamento não verbal dos respondentes e a

aspectos ambientais no momento e no local de realização da entrevista”. Lüdke e André

(1986) a reconhecem como uma das principais técnicas de trabalho nas pesquisas com

abordagem qualitativa.

Além da necessidade do entrevistador desenvolver sua capacidade de ouvir com

atenção e estimular o fluxo natural das informações, garantindo um clima de confiança

em sua interação com o respondente, Lakatos e Marconi (1991) e Lüdke e André (1986)

indicam alguns cuidados necessários na etapa de preparação e de aplicação de uma

entrevista (quadro 17).

Quadro 17- Preparação e aplicação de uma entrevista

Aplicação de uma entrevista

Identificar as pessoas-chave relacionadas com cada assunto/problema a ser

observado.

Conhecer previamente o respondente e o seu grau de familiaridade com o objeto

da observação.

Organizar um roteiro ou formulário com as questões importantes.

Entrar em contato com o respondente e estabelecer, desde o primeiro momento,

uma conversação amistosa, explicando a finalidade da pesquisa, seu objeto, relevância

e ressaltando a importância de sua colaboração.

Garantir ao respondente, sempre que necessário, o anonimato e o sigilo de suas

confidências e/ou de sua identidade.

Respeito pela cultura e pelos valores do respondente, de modo a evitar a

imposição de uma problemática sem qualquer relação com o universo de valores e

preocupações do respondente.

Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009)

Com relação às vantagens Rheingantz et al (2009) indica: maior entrosamento

com o respondente e maior variabilidade de informações; possibilidade imediata e

corrente de captar a informação com praticamente qualquer tipo de respondente —

analfabetos, alfabetizados, crianças, adolescentes, adultos e idosos — sobre os mais

diversos assuntos; possibilidade de fazer correções, esclarecimentos e adaptações

decorrentes de situações ocorridas durante a realização da entrevista. O entrevistador

Page 54: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

54

também pode repetir ou esclarecer perguntas, formulá-las de maneira diferente, ou até

mesmo, esclarecer se está sendo compreendido ou se está compreendendo seu

respondente; pode ser aplicada em diferentes momentos da observação; pode ser utilizada

para a complementação ou esclarecimento de alguma informação previamente obtida com

outros instrumentos de pesquisa; permite, quando necessário, que os dados sejam

quantificados e submetidos a tratamento estatístico; Configura-se como uma

oportunidade para obter informações relevantes e significativas não disponíveis em fontes

documentais e por fim possibilita obter informações mais precisas, que podem ser

comprovadas de imediato, bem como identificar as discordâncias.

Segundo Rheingantz et al (2009, p. 74), entre as principais limitações da

entrevista, podem ser destacadas no quadro 18.

Quadro 18 – Principais limitações de uma entrevista

Principais limitações de uma entrevista

Dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes.

Falsa interpretação decorrente da incompreensão do significado das perguntas e da

pesquisa, por parte do respondente.

Possibilidade de o respondente ser influenciado, consciente ou inconscientemente,

pelo entrevistador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, idéias, opiniões, etc.

Disposição do respondente em dar as informações necessárias.

Retenção de informações importantes, decorrente do receio de que sua identidade

seja revelada.

Pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados.

Aplicação da entrevista com um número relativamente grande de entrevistados

pode ocupar muito tempo e, de um modo geral, é difícil de ser realizada e analisada.

Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009, p.74)

2.5.2.2 Recomendações e cuidados

Segundo Rheingantz et al (2009), devido à complexidade da elaboração de uma

entrevista, é necessário listar alguns cuidados e atenção.

O tempo de resposta de uma entrevista estruturada não deve exceder a 30

minutos e o número de questões está diretamente relacionado com a complexidade das

perguntas e da própria natureza da entrevista. Nas entrevistas semi-estruturadas e não

estruturada, o tempo pode ser administrado com maior liberdade; apenas o entrevistador

deve atentar para qualquer sinal de cansaço emitido pelo respondente.

Page 55: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

55

A qualidade da entrevista depende, primeiramente, de um planejamento

adequado. A situação usualmente procurada é a permissiva, onde os respondentes são

encorajados a emitirem opiniões francas, e na qual o entrevistador não usa de expressões

de surpresa ou julgamentos de valor.

A introdução do entrevistador deve ser breve, informal e positiva. O interesse

do estudo está nas questões de fato, e o entrevistador deve chegar a elas o mais rap-

damente possível. Apresentações e explicações demoradas apenas aumentam a

curiosidade do respondente ou sua suspeita.

Em entrevistas estruturadas, o pesquisador deve fazer a pergunta exatamente

como ela está redigida. Uma leve re-elaboraçõo da pergunta ou qualquer explicação de

improviso deve ser evitada, pois pode provocar estímulos e respostas em diferentes

quadros de referência (Selltiz et al 1987)

Nas entrevistas não estruturadas, entrevistador e respondente devem ter o total

domínio da ação, podendo interromper ou redirecionar seu andamento conforme novos

insights surjam durante a conversação. Quando um novo tópico emerge na discussão, é

difícil saber quando segui-lo, sob o risco de perder a continuidade, ou ficar no tema

principal, omitindo informações adicionais (Sommer; Sommer 1997). Por outro lado,

nesse tipo de entrevista, surge a possibilidade de implementar algo inesperado, como um

significado surgido nas falas dos respondentes e que não estava previsto inicialmente no

instrumento (Sommer; Sommer 1997).

Segundo Rheigantz, antes de aplicar uma entrevista é recomendável fazer um

pré-teste para avaliar o tamanho, a clareza e a adequação da redação das questões.

Sommer (1979) recomenda iniciar a entrevista com perguntas mais gerais, seguidas de

perguntas progressivamente relacionadas com itens mais específicos. O respondente de

uma entrevista iniciada com perguntas específicas pode se envolver com detalhes e, mais

adiante, ter difculdades para expressar suas impressões mais gerais.

2.5.3 Questionários

Segundo Rheingantz (2009, p.79), um questionário pode ser definido como um

instrumento de pesquisa que contém uma série ordenada de perguntas relacionadas com

um determinado assunto ou problema, que devem ser respondidas por escrito sem a

Page 56: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

56

presença do pesquisador. Tanto pode ser entregue pessoalmente, enviado por correio, por

e-mail, ou ainda disponibilizado pela Internet.

Segundo Zimring et al. (2005), este instrumento está entre os mais adotados em

APOs, talvez por ser “[...] um método rápido e facilmente compreendido pelo

respondente, sobretudo quando são aplicadas questões fechadas, redigidas utilizando

vocabulário acessível, o mais próximo possível da linguagem coloquial” (ELALI, 1997,

p. 358).

O questionário é um instrumento de grande utilidade quando se necessita

descobrir regularidades entre grupos de pessoas por meio da comparação de respostas

relativas a um conjunto de questões (Zeisel 1981). As referências ao primeiro uso do

questionário como instrumento de pesquisa remontam a Sir Francis Galton, no século

XIX (Sommer; Sommer 1991).

Em avaliações de desempenho, a análise dos resultados obtidos com a aplicação

do questionário possibilita identificar o perfil dos respondentes e verificar sua opinião

acerca dos atributos ambientais analisados. Uma das grandes vantagens do instrumento é

que pode ser aplicado a um universo maior de respondentes.

Sanoff (1992) observa que tanto a presença quanto a ausência de determinada

pergunta ou conjunto de perguntas pode influenciar as respostas. Outra questão

importante está relacionada com a linguagem utilizada na formulação das perguntas, uma

vez que ela pode dificultar a interpretação por parte dos respondentes. Gifford (1997), por

sua vez, observa que os arranjos ambientais, quando inadequados, podem induzir as

pessoas a um “entorpecimento ambiental” que as impede de reconhecer como estes

ambientes poderiam ser melhorados. Nesses casos, como as pessoas não atentam

espontaneamente para seus sentimentos, as perguntas apresentadas em um questionário

podem fazê-las “despertar” para a situação.

O uso de questionários na APO busca verificar: (1) perfis: dados pessoais dos

respondentes, por exemplo sexo, idade, nível de instrução; (2) atitudes: preferências e

sentimentos dos respondentes; (3) comportamentos: hábitos, o que é feito rotineiramente

ou o que se pretende fazer; (4) crenças: o que é considerado verdadeiro ou falso

(ORNSTEIN, 1992).

Page 57: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

57

2.5.3.1 Aplicações e Limitações

O questionário é muito utilizado em pesquisas de opinião ou survey research

(Sommer; Sommer 1997) — reunindo um conjunto ordenado de perguntas formuladas

com o objetivo de saber informações sobre as crenças, atitudes, valores e comportamentos

das pessoas.

Segundo Rheingantz et al (2009, p.79), as vantagens e desvantagens do uso do

questionário devem ser devidamente avaliadas conforme ilustra o quadro 19.

Quadro 19- Vantagens e Desvantagens do uso do questionário

Vantagens versus Desvantagens

Principais vantagens Principais desvantagens

Rapidez e custo relativamente

baixo;

Impossibilidade de aplicação com

crianças e analfabetos;

Possibilidade de trabalhar com

universos maiores de respondentes e/ou de

áreas geográficas;

Baixas taxas de retorno e/ou altas

taxas de perguntas sem resposta;

Caráter impessoal e a não

identificação do respondente que

favorecem a liberdade de resposta, a

segurança e o anonimato;

Impossibilidade de esclarecer

dúvidas e incompreensões dos

respondentes;

Risco da leitura prévia das

perguntas influenciar as respostas;

Possibilidade de o respondente

escolher o momento e o local mais

conveniente paro responder;

Possibilidade de outra pessoa

preencher;

Maior uniformidade na avaliação.

Necessidade de um universo mais

homogêneo de respondentes.

Fonte: Adaptado Rheigantz et al (2009)

Estas vantagens e desvantagens devem ser relativizadas nas avaliações de

desempenho, considerando sua natureza multimétodos que possibilita o cruzamento da

análise do resultados e das descobertas.

Page 58: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

58

2.5.3.2 Recomendações e cuidados

Segundo Rheigantz et al (2009), para evitar inconsistências e ambiguidades, a

elaboração de um questionário é relativamente complexa e longa e demanda muita

atenção. As questões devem ser simples, precisas e neutras, de modo a não influenciar os

respondentes (Zeisel 1981). O tempo de preenchimento não deve exceder a 30 minutos;

já o número de questões está diretamente relacionado com a complexidade das perguntas

e da própria natureza do questionário.

Existem dois aspectos gerais para todos os questionários. O conteúdo do

questionário, relacionado com o objeto do estudo. O formato está relacionado com a sua

estrutura e aparência — como os itens são escritos, sua aparência na página — e a forma

adotada para responder as questões. (Sommer; Sommer 1997: 128).

Com relação ao conteúdo, Rheingantz et al (2009) indica alguns cuidados

importantes: a conveniência de o questionário ter um único assunto/propósito, evitando

incluir assuntos ou itens não diretamente relacionados com o propósito da pesquisa; a

necessidade de procurar informações sobre pesquisas similares já realizadas naquele local

ou com aquele grupo de respondentes (Sommer; Sommer 1997). Uma consulta prévia

com pessoas dos diferentes grupos de usuários ou usuários frequentes pode economizar

tempo, trabalho e recursos.

Outro aspecto a considerar é que nem sempre é necessário construir um novo

questionário. Em muitos casos, se adapta ou simplesmente replica um questionário pré-

existente. Caso seja necessário construir um novo, é recomendável realizar, previamente,

uma visita exploratória ou de reconhecimento, ou uma walkthrough, devidamente

complementadas por entrevistas com pessoas- chave relacionadas com as principais

atividades, tarefas e categorias de usuários identificadas.

Após a elaboração e/ou definição do questionário a ser aplicado, Sommer e

Sommer (1997) recomendam a utilização de um ckecklist para que o pesquisador avalie

o questionário elaborado e verifique sua eficácia.

Alguns cuidados adicionais devem ainda ser observados: Codificar todas as

questões, especialmente quando sua tabulação for realizada com o auxílio de um

computador; informar o órgão ou a instituição financiadora; incluir instruções precisas e

claras sobre os objetivos e propósitos da pesquisa, bem como sobre a forma e os prazos

de preenchimento e de devolução do questionário devidamente respondido; evitar

Page 59: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

59

perguntas que induzam a determinadas respostas, que provoquem embaraço ou que

demandem cálculos (Oliveira, 2002).

A qualidade visual e a legibilidade das questões podem aumentar o interesse do

respondente; tomar cuidado na escolha e usar as imagens apropriadas para não desviar a

atenção; sempre imprimir um número maior de cópias dos questionários, pois eles podem

ser úteis para anotar lembretes e observações, para apoio na tabulação dos dados, bem

como para o preparo de cópias para discussão, como anexos a relatórios ou como modelos

para outras pesquisas (Sommer; Sommer 1997).

O estilo de redação das questões deve ser claro, conciso e objetivo; a linguagem

deve ser simples, coerente e precisa; perguntas devem ser redigidas de modo a se tornarem

atrativas e não controvertidas; é recomendável evitar o uso de redundâncias, de

explicações desnecessárias, de adjetivos supérfluos ou que selam tendenciosos; textos

muito compactos, por sua vez, podem dificultar a compreensão por parte do respondente

(Lakatos; Marconi 1991).

Iniciar o questionário com perguntas mais gerais, seguidas de perguntas sobre

itens progressivamente mais específicos; o respondente de um questionário que inicia

com perguntas específicas pode ficar “envolvido com os detalhes e não consegue exprimir

impressões gerais mais tarde” (Sommer 1979: 145).

Outra recomendação importante é evitar a influência de uma questão sobre a

questão seguinte. É conveniente agrupar as perguntas relativas a um mesmo tema, sempre

iniciando cada grupo com as questões de opinião e finalizando com as questões de fato.

Também é recomendável alternar perguntas de diferentes tipos: abertas,

dicotômicas e de múltipla escolha. Este procedimento pode evitar o chamado “contágio

emocional (Lakatos; Marconi1991: 212), além de reduzir o cansaço ou a tendência a

respostas mecânicas.

Quanto à definição do número de entrevistados, bem como o número de itens

incluídos no questionário ou ao tempo de demora nas respostas, Sommer (1979) sugere

que não existe uma resposta absoluta, e que o melhor é “observar um número suficiente

de pessoas, durante o tempo que for necessário para obter um bom retrato do que elas

fazem” (Sommer 1979, p. 145).

Page 60: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

60

2.5.4 Poema dos desejos

A aplicação desse instrumento de pesquisa, desenvolvido por Henry Sanoff,

consiste em: ao aplicá-lo, os usuários de um determinado local descrevem, por meio de

um conjunto de sentenças escritas ou desenhos, suas necessidades, sentimentos e desejos

relativos ao edifício ou ambiente analisado, tendo como ponto de partida a sentença

previamente proposta.

Tendo em vista que as respostas podem ser as mais diversas, o método

possibilita ampla liberdade para a manifestação dos anseios das pessoas, fornecendo

informações que podem ser especialmente relevantes para o desenvolvimento de projetos

similares ou mesmo de intervenções – reformas ou ampliações – em construções

existentes (CASTRO; LACERDA; PENNA, 2004; RHEINGANTZ, 2007b).

Segundo Henry Sanoff, o Poema dos Desejos, ou Wish Poem, é uma ferramenta

consideravelmente mais eficaz do que aquelas cujos objetivos sejam muito específicos e

declarados, especialmente quando a intenção é valorizar um caráter mais global e

exploratório da observação. As declarações espontâneas compõem um conjunto de

informações ilustrativo e, quando combinadas com as respostas de diversas categorias de

usuários, possibilitam que se obtenha um perfil representativo dos desejos e demandas do

conjunto de usuários de um determinado ambiente. A análise dos “poemas” possibilita a

identificação do imaginário coletivo em relação àquele contexto experienciado pelos

usuários, contribuindo com a construção do que seria a imagem ideal do ambiente

analisado ou futuramente projetado (Del Rio et al, 1999).

Segundo Sanoff (2001) a atividade do desenho (uma das formas de resposta)

permite que os usuários expressem e narrem a sua visão sobre um determinado ambiente

ou organização, explicitem suas predileções e indiquem os elementos que consideram

mais significativos.

Segundo Rheingantz et al (2009), o Poema dos Desejos é um instrumento de

grande utilidade na etapa de programação de um projeto de arquitetura, especialmente

nas abordagens participativas.

Page 61: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

61

2.5.4.1 Aplicações e limitações

Durante a realização de workshops em projetos participativos, nos quais os

usuários discutem suas ideias e finalmente chegam a uma decisão compartilhada, Sanoff

(1991) recomenda que o processo inicie com a construção de um “poema colaborativos,

para identificar os objetivos e as aspirações dos participantes. E ainda observa que essa

atitude pode minimizar o esforço normalmente dispensado na tentativa de estabelecer e

definir as metas do projeto. Após completar a tarefa, “cada participante lê seu poema paro

o grupo. Esta atividade estimula uma discussão mais rica, e possibilita estabelecer um

cenário positivo para a próxima etapa” (Sanoff 1991, p.11).

Nas avaliações com abordagem multi-métodos, o Poema dos Desejos tem sido

aplicado com o intuito de conhecer o imaginário dos usuários. Por ser um instrumento

não estruturado, quando aplicado depois de ter sido realizada uma Walkthrough, o Poema

dos Desejos pode ser de grande utilidade para subsidiar a construção dos demais

instrumentos a serem utilizados.

Quando aplicado com crianças, é recomendável o uso do desenho. Além de mais

atrativo, segundo Gobbi, o desenho e a oralidade infantil podem ser “compreendidos

como reveladores de olhares e percepções das crianças sobre seu contexto social, histórico

e cultural, pensados, vividos e desejados” (2002 apud Souza 2007, p. 102).

A utilidade e a potencialidade dos desenhos na leitura do ambiente ou na

concepção de projeto é perfeitamente caracterizada pelas atividades com crianças.

Quando aplicado com adultos, alguns destes podem se sentir encorajados a se

expressarem por meio de desenhos. No entanto, a forma mais comum de expressão de

respondentes desta categoria de usuários é ainda a escrita.

2.5.4.2 Recomendações e cuidados

Segundo Rheingantz (2009), a construção do instrumento é simples. Em geral

são preparadas fichas padronizadas, contendo um cabeçalho para identificação, os

objetivos da pesquisa, bem como as explicações e instruções para seu preenchimento.

Deve ser deixado um espaço em branco que seja suficiente para a livre expressão do

respondente.

Page 62: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

62

Nas avaliações realizadas pelos observadores do APO/ProLUGAR, o Poema

dos Desejos tem sido utilizado como instrumento auxiliar nas interações observador-

usuários-ambiente e sua aplicação, alinhada com a abordagem experiencial — que

pressupõe que a observação é o resultado da experiência vivenciada no ambiente pelos

usuários e observadores. Por esta razão, e diferentemente da abordagem proposta por

Sanoff, o observador deve acompanhar o processo de elaboração dos “poemas”,

interagindo com os usuários, especialmente quando as respostas são traduzidas por

desenhos. Ele deve anotar e identificar com a maior fidelidade possível as observações e

explicações de cada respondente relacionadas com os desenhos e seus significados. No

caso de usuários infantis, Souza (2007) recomenda que o observador anote as descrições

e relatos dos crianças em uma folha de registro à parte, a ser anexado posteriormente ao

desenho. Além disso, facilita a compreensão das respostas e consequente análise dos

resultados. Quando os desenhos são analisados a posterior, ou seja, sem a presença dos

respondentes, o observador deverá ter mais dificuldades ou até mesmo podendo incorrer

em uma interpretação equivocado das respostas.

Conforme mencionado, com usuários infantis — que devem ser divididos em

grupos de 3 ou 4 crianças, para facilitar o acompanhamento por parte do observador — é

recomendável que se dê preferência aos desenhos. Para não prejudicar a espontaneidade

dos respostas, Sanoff recomenda que o tempo de aplicação do instrumento não deve

ultrapassar 20 minutos.

Todo o material necessário para a aplicação do instrumento — em geral, lápis

preto, lápis de cor, canetas, folhas de papei, etc — deve ser fornecido pelo pesquisador.

Cada respondente deve ter o liberdade de escolher o material de sua preferência.

Normalmente os crianças utilizam lápis coloridos que, além de mais atrativos, ampliam

as possibilidades de expressão. Por sua vez, a análise dos cores utilizados nos desenhos

pode se transformar em uma nova e importante vertente no interpretação dos desenhos e

no entendimento do processo de percepção do ambiente. O reconhecimento dos aspectos

psicológicos e fisiológicos em relação à cor podem ser importantes para a tradução e a

validação dos resultados.

Os desenhos podem estimular o interesse dos alunos e projetistas pelo uso e a

importância da cor em seus projeto. A abordagem colorida trabalha diretamente com a

zona criativa que envolve a imaginação (Araújo 2007). Como exercício de projeto, o

Poema dos Desejos, ao explorar a imaginação a ser trabalhada na atividade projetual,

pode contribuir e enriquecer os experiências prévios nos soluções adotados.

Page 63: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

63

Segundo Sanoff (1994), uma vez aplicado o instrumento, é interessante que a

interpretação e a redação dos significados dos desenhos sejam incorporados ao cenário

do ambiente analisado. No caso de uma escola, por exemplo, os desenhos e frases devem

ser afixados e ficar expostos nas paredes das próprias salas ou dos ambientes de uso

coletivo, possibilitando que toda a população usuário — mesmo quem não teve

possibilidade de participar — tenha acesso aos resultados. A possibilidade de ver seus

poemas exibidos faz com que os usuários reconheçam que a sua opinião é importante no

processo de avaliação.

2.5.5 Matriz de descobertas e recomendações

Em função do grande volume de dados e de informações decorrentes de uma

APO, que dificulta a organização e a apresentação dos resultados, a Matriz de Descobertas

foi construída com o objetivo de reunir e apresentar graficamente as principais

descobertas das APOs (Rodrigues et al, 2004; Castro, Lacerda, Penna, 2004).

Produzida pelos pesquisadores envolvidos com a avaliação pós-ocupação

(APO) do grupo Qualidade do Lugar e Paisagem (ProLUGAR) do Programa de Pós-

graduação em Arquitetura da FAU UFRJ, sua utilidade foi evidenciada pela equipe do

Programa APO da Fiocruz que aplicou o instrumento, tanto para os técnicos mapearem

as descobertas, quanto para a compreensão por parte dos usuários — uma dificuldade

frequente na redação final dos relatórios e na relação com os usuários e clientes

(Rheingantz et al, 2009 p. 91). Segundo a ótica de Rheingantz et al (2009) comprovada a

utilidade do instrumento, a equipe de APO da Fiocruz passou a utiliza-la em seus

relatórios.

Em função da experiência e das novas demandas da APO, a Matriz de

Descobertas sofreu sucessivos aprimoramentos. Inicialmente o instrumento foi concebido

para trabalhar apenas com os fatores técnicos, suas limitações ficaram evidentes nas

avaliações que incluíam os fatores funcionais e comportamentais. A segunda versão da

Matriz de Descobertas e Recomendações continha duas modificações: foram

acrescentadas duas novas colunas — descobertas walkthrough e opinião do usuário, e o

formato original do instrumento foi modificado de A4 para A3 (figura 6).

Page 64: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

64

Figura 6- Segunda versão da matriz de descobertas e recomendações

Fonte: Rodrigues 2002 (apud Rheingantz et al 2009 p. 94)

Apresentando mais uma evolução, e com a colaboração de Soares, a Matriz de

Descobertas — não mais de Recomendações — foi apresentada no Trabalho Final de

Graduação de Rodrigues (2002). Valendo-se da linguagem visual da arquitetura, foi

incluída nessa versão: desenhos, fachadas e plantas baixas dos edifícios e ambientes

analisados. Sobre as plantas baixas foram inseridas as informações resultantes da

avaliação, de modo a que pudessem ser relacionados com os ambientes (Rodrigues apud

Page 65: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

65

Rodrigues; Castro; Rheingantz 2004, p. 4). O trabalho, até então realizado manualmente,

passou a ser editado em computador com a utilização de software gráfico. Nesta versão

foram retiradas todas as recomendações, que passaram a ser apresentadas em documento

à parte — o que justificou, inclusive, a mudança da própria designação do instrumento.

Em uma das últimas versões desenvolvidas, houve pequenas alterações e ajustes no

formato - como a inclusão de um novo item: “observações gerais e problemas comuns”.

A Matriz de Descobertas pode ser considerada uma contribuição original de

grande utilidade para a análise de edifícios e ambientes em uso (Rheingantz, et al 2009).

2.5.5.1 Aplicações e limitações

Segundo Rheingantz et al (2009), a Matriz de descobertas foi originalmente

utilizada em ambientes construídos complexos como os da área de saúde, regulamentados

em seus aspectos técnicos por modelos normativos. Estes modelos normativos, em geral,

desconsideram os fatores funcionais e comportamentais, tais como valores psicológicos

do uso e da percepção ambiental, questões sobre a gestão do ambiente construído para a

saúde, seus custos, seu controle, sua operação e sua manutenção.

A evolução do instrumento evidenciou que o tratamento visual das informações

foi se tornando cada vez mais refinado e necessário para a compreensão do conjunto de

informações. Assim, a Matriz de Descobertas deixa de ser apenas um instrumento de

registro de problemas e se transforma em um instrumento de análise (Rheingantz, 2009).

Na medida em que as informações vão sendo classificadas e selecionadas, é

possível identificar as relações existentes entre elas. Este processo simplifica a

identificação das possíveis origens dos problemas — se falhas de projeto, de construção,

de manutenção, decorrentes de procedimentos de trabalho ou administrativas.

A possibilidade de visualização simultânea das informações, propiciada pela

inserção da planta baixa na matriz, a partir da sua primeira versão, fez com que o mesmo

recurso fosse utilizado em outros mapeamentos, como por exemplo, o Mapeamento

Fotográfico e o Mapeamento de Produtos Químicos Utilizados nos Laboratórios,

utilizados por Soares (2003).

A segunda versão da matriz de descobertas e recomendações, sua principal

limitação era quanto ao formato utilizado, a disposição e o número excessivo de páginas,

o que não se aplica ao estudo em questão, visto que só foi aplicado uma análise no

contexto APO. (Rodrigues, Castro; Rheingantz 2004, p. 4)

Page 66: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

66

2.5.5.2 Recomendações e Cuidados

Segundo Rheingantz et al (2009, p.102) para que se consiga um resultado

satisfatório com a Matriz de Descobertas, é indispensável que a equipe de campo se

responsabilize por sua construção, uma vez que é ela quem detém o conhecimento e a

vivência dos ambientes analisados, fundamentais no momento do cruzamento e na análise

dos ambiente ou do edifício.

A análise comparativa das diferentes versões evidencia que a inclusão e o

tratamento gráfico das informações, além de reduzir significativamente o volume de

dados — e, por consequência, também dos relatórios — e melhorar sua aparência,

facilitou o leitura e o compreensão dos resultados da avaliação. Os clientes —

administradores e pesquisadores — passaram a se interessar mais pelo conteúdo do

relatório, possibilitando reduzir, ou até mesmo eliminar a principal dificuldade enfrentada

pela equipe de APO da Fiocruz: a visualização e a compreensão dos informações por

parte de usuários leigos em arquitetura, engenharia e APO. (Rheingantz et al 2009, p.102).

A agilidade na seleção dos informações e seu ordenamento gráfico passou a ser

determinante nos relatórios, em função da própria dinâmica das alterações a serem

produzidas nas edificações, de modo a reduzir ou evitar a obsolescência precoce do

documento.

Segundo Rheingantz et al (2009), a reincidência de determinado problema é

uma evidência que deve ser devidamente considerada, contudo não deve ser mencionado

a todo o momento na matriz, sob pena de tomá-la cansativa ao leitor.

Ainda sobre a ótica de Rheingantz, a Matriz de Descobertas é uma síntese dos

principais elementos e problemas dos ambientes ou edifícios analisados, e sua utilidade

está vinculada aos relatórios de diagnóstico e de recomendações.

Page 67: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

67

3. APLICAÇÃO DE APO EM ESCOLA MUNICIPAL

O presente capítulo tem como objetivo apresentar o resultado da Avaliação Pós-

Ocupação (APO) realizada na escola UMEF (Unidade Municipal de Educação

Fundamental) Professora Lúcia Maria Silveira Rocha, localizada na rua Carlos Ermelino

Marins, nº34 - Jurujuba, Niterói.

3.1 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO E

CARACTERÍSTICAS DO ENTORNO

A escolha do edifício para aplicação da APO foi definida pelos aspectos citados

no Quadro 20.

Quadro 20: Motivação para escolha do edifício

Aspectos que influenciaram a escolha do edifício

Ser um centro de educação;

Localização propícia a diferentes intempéries;

Não estar em reforma e/ou ampliação;

Não ser um edifício alternativo (provisório);

Ter mais de dois anos de uso;

Não ser inadequado segundo a Prefeitura;

Ser uma unidade com a melhor infraestrutura e espaços de lazer

da região

Fonte: (Autor, 2016)

Muitos autores indicam que a avaliação de edificações deve ser feita com unidades

que tenham mais de dois anos, pois, dessa forma, os usuários já possuem uma vivência

dos espaços estudados, sendo mais facilmente identificadas as deficiências, patologias da

edificação, ocorrências de apropriações dos espaços e de manutenções preventivas e

corretivas (SILVA et al, 2005).

O município de Niterói, onde se localiza a escola, está dividido em doze regionais

administrativas (Figura 8).

Page 68: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

68

Figura 7 Regiões administrativas do município de Niterói

Fonte: Manual do Gestor. Prefeitura de Niterói

A distribuição das redes Municipais e Estaduais das escolas no Município de

Niterói está indicada na figura 8. A escolha da escola para ser aplicada a APO foi a de

número 21, localizada em Jurujuba (Escola de Ensino Fundamental).

Page 69: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

69

Figura 8 Distribuição das Redes Municipais e Estaduais das escolas em Niterói

Fonte: Prefeitura Municipal de Niterói – Manual do Gestor

Jurujuba é um bairro histórico da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro,

localizado na Região administrativa de São Fracisco.

Sua localização encontra-se à Leste da entrada da Baía de Guanabara, é uma península

cercada pelas águas oceânicas e da própria baía, limitando-se por terra com Charitas,

próximo ao cruzamento entre Avenida Carlos Ermelino Marins e o caminho para o

Forte Imbuí; e com Piratininga, pela linha de cumeada do Morro do Ourives. O bairro é

predominantemente ocupado por antigos moradores e uma vila de pescadores

(WIKIPEDIA).

A figura 10 representa a vista da fachada do edifício escolar a ser aplicado APO.

Page 70: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

70

Figura 9 Vista da fachada do edifício escolar

Fonte: (Autor, 2016)

A escola avaliada trata-se de uma escola de Ensino Fundamental e posteriormente

adaptada ao ensino Infantil. O projeto original, sob a construtora EMUSA, é do ano de

2005. Inicialmente existia apenas o bloco menor (que hoje se destina apenas à Educação

Infantil). Em 2005, o edifício foi ampliado para os dois blocos (Ensino Fundamental e

Ensino Infantil) conforme ilustra a figura 11.

Figura 10 Vista aérea edifício escolar

Fonte: Google Earth (2016)

BLOCO (Ensino

Infantil)

BLOCO (Ensino

Fundamental)

Page 71: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

71

A análise APO foi aplicada apenas no bloco destinado ao Ensino Fundamental

onde os alunos variam de 06 a 12 anos. A área construída total da escola é de 2.480,89

m², sendo 210,92 m² do bloco que se destina à Educação Infantil e 1.121,87 m² do bloco

que se destina ao Ensino Fundamental. O ANEXO A ilustra a planta baixa do bloco em

análise.

3.2 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS INTERNAS

Quanto à sua disposição arquitetônica, o edifício possui 01 pavimento e oito salas

de aula. Quanto à sua ocupação: 238 alunos no turno matutino e 237 no vespertino. 35

professores aproximadamente e 18 funcionários, nove dos quais fazem serviços gerais e

o restante trabalha na área administrativo-pedagógica. Não há caseiro residente, nem

vigia.

O prédio principal, do ponto de vista de seu funcionamento, foi organizado sob a

ótica de Ornstein, Romero (2003), com a seguinte divisão setorial: administrativo,

pedagógico, serviços gerais e lazer/atividades (figura 11).

O setor administrativo possui secretaria, sala de professores com banheiro, sala

de direção com banheiro e sala de EAP. O setor pedagógico é composto por 8 salas de

aula padrão, 01 sala de informática, 01 sala de leitura, 01 sala de recursos, 02

almoxarifados, 01 banheiro feminino e 01 banheiro masculino e 02 banheiros para alunos

portadores de necessidade especiais. A sala de recursos é uma sala específica para alunos

portadores de necessidade especiais. O setor de lazer e atividades é formado pelo pátio

e corredor. O setor de serviços apresenta refeitório, cozinha, área de serviço, vestiário

com banheiro, dispensa e banheiro de funcionários.

Figura 11 Planta baixa (espaços setorizados)

Fonte: (Autor, 2016)

Page 72: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

72

3.3 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA UTILIZADA

Neste item são apresentadas as descrições dos métodos, bem como os

instrumentos e procedimentos de análise utilizados na aplicação da APO.

Diferente da avaliação técnica, a APO não se baseia unicamente ao desempenho

técnico das edificações, os critérios estabelecidos em uma APO incluem também índices

relacionados à organização e ao ocupante, tais como a satisfação, necessidade e atividades

do usuário, incluindo a manutenção, operação e adequação ao espaço.

A APO também identifica aspectos positivos e negativos inerentes ao

desempenho do edifício. Para diagnosticar tais aspectos do ambiente construído foi

utilizada na pesquisa uma metodologia a partir da avaliação de fatores técnicos-

construtivos e fatores funcionais.

Todos os instrumentos adotados foram aplicados tendo como referência a

perspectiva do observador pesquisador, agregando as percepções, experiências e histórico

do pesquisador ao processo de avaliação do ambiente em questão.

O quadro 21 ilustra como as 3 vertentes da APO se relacionam com a

metodologia utilizada.

Quadro 21: Aplicação das vertentes APO na metodologia utilizada

Abordagem das 03 vertentes da APO

Desempenho dos edifícios

Critérios de desempenho

estabelecidos pelos requisitos da ISO

6241 e NBR 5674

Psicologia Ambiental Aplicação da psicologia

ambiental nas ferramentas que abordam

a opinião do usuário, principalmente no

poema dos desejos

Programação arquitetônica Descrição do espaço escolar e

sua relação com o funcionamento do

edifício

Fonte: (Autor, 2016)

Neste estudo foi aplicada a Avaliação Pós-Ocupação de nível 01 (indicativa ou de

curto prazo).

Seguindo as orientações de Reis e Lay (1994), este trabalho optou por métodos

e técnicas de pesquisa de campo, considerando as características do objeto de estudo, do

problema a ser investigado, da natureza das informações e as características específicas

dos espaços e seus usuários.

A avaliação técnico-construtiva considera as condições construtivas do edifício,

por meio da análise walkthrough e da entrevista. Os formulários de entrevistas,

Page 73: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

73

questionários, os roteiros e os quadros de avaliação foram elaborados apoiando-se nos

critérios de desempenho e/ou indicadores de qualidade das seguintes normas: ISO 6241

e NBR 5674. Por último foi formulada a matriz de descobertas que apresenta

graficamente as principais descobertas das APO e sugere possíveis recomendações.

A estrutura da Avaliação Pós-Ocupação e a relação com os respectivos

instrumentos utilizados está ilustrada na figura 12.

Figura 12 Métodos e materiais utilizados na APO

Fonte: (Autor, 2016)

Inicialmente foi utilizada a ferramenta walkthrough, com uma abordagem

experiencial, conforme visto no item 2.2.1, com o intuito de mapear todo o ambiente a

ser analisado, conhecer as instalações da escola e clarear a visão do observador à respeito

dos principais pontos a serem analisados.

Esta primeira visita foi norteadora tanto para determinar um olhar mais atento nas

demais visitas, quanto para a escolha e preparação dos demais instrumentos utilizados nas

outras visitas.

Foi realizada uma vistoria técnica, dentro da lógica da Walkthrough, com

observação direta e registros fotográficos sobre aspectos relativos à funcionalidade,

manutenção e ao sistema construtivo.

Page 74: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

74

A segunda ferramenta utilizada foi a entrevista semi-estruturada com a diretora da

escola para levantar informações sobre os usuários e no roteiro de avaliação dos

ambientes. A entrevista caracterizou a escola como um todo e está apresentado na sua

totalidade no Apêndice A.

A partir da entrevista foi elaborado o questionário para funcionários e

pais/responsáveis apresentando roteiros que permitem que o entrevistado expresse

livremente sua opinião em algumas perguntas. As perguntas foram formuladas em função

do roteiro técnico, das características da UMEI apontados pela direção e pelas análises

walkthrough.

A entrevista com os pais/responsáveis teve como objetivo verificar como esses

usuários percebem a escola (o ambiente construído) e a utilizam, como a ela se referem,

qual o ponto de vista em relação a ela, ou seja, seus atributos, atitudes, comportamento e

crenças (Apêndice C).

Com os funcionários (Apêndice B), as perguntas foram agrupadas em quatro

grupos principais, conforme o Quadro 22, as quais visam conhecer o nível de satisfação

dos usuários em cada grupo, sem descaracterizar a compreensão total do objeto avaliado.

Quadro 22: Caracterização dos questionários

Descrição dos questionários

Grupo Tema Principais enfoques

I Identificação Sexo, idade, escolaridade, turno de trabalho,

tempo de trabalho na escola, e locomoção

II A UMEF Funcionalidade, acessos, instalações

hidrosanitárias, segurança, estética, áreas de

convivência e lazer, e acessibilidade

III Características

ambientais

Espaços para jardinagem, espaços para

animais e adequação do espaço existente

IV Ambiente de

trabalho

Acessos, funcionalidade, estética e conforto

Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009)

Conforme instruído por Reis e Lay (1994), o questionário foi estruturado com

perguntas simples, precisas e específicas e as respostas foram tratadas estatisticamente,

fornecendo meios que testam as hipóteses formuladas (Apêndice B).

Após a devolução dos questionários fez-se a tabulação dos dados de forma

direta, ou seja, os dados foram “lançados em programas estatísticos que efetuam uma

Page 75: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

75

série de operações e análises estatísticas, sem que o operador tenha que lançar alguma

fórmula matemática [...]” (ORNSTEIN, apud SILVA et al., 2005, p. 43).

Foi utilizado o instrumento poema dos desejos (Apêndice D) aplicado as

crianças. Este instrumento foi elaborado com o objetivo de obter dados acerca da

dimensão cognitiva e comportamental em relação a todos os atributos de desempenho do

ambiente construído adotados na pesquisa.

As crianças foram convidadas a desenhar a escola dos “sonhos”, com o objetivo

de “materializar”, em forma de desenho, seus desejos. Isso ocorreu devido à constatação

de que para as crianças, o sonho, muitas vezes, não pode ser realizado na escola existente.

Sendo assim, 10 crianças presentes na sala de aula, foram convidadas a desenhar

“a escola como ela é”. Essa atividade foi realizada na sala de leitura.

Após a realização dos desenhos, cada crianças foi convidada individualmente a

explicar o que havia desenhado e o por que do seu desenho.

Por último, na análise dos resultados, foi aplicada a matriz de descobertas de forma

a identificar graficamente as descobertas da Avaliação Pós-Ocupação. Foi aplicada a

segunda versão da matriz descobertas, conforme visto no capitulo 2.4.5, que relaciona os

dados, as descobertas walkthrough, as recomendações e as opiniões dos usuários. O

quadro 23 apresenta um resumo dos métodos utilizados e o respectivo registro do

documento correspondente.

Quadro 23: Métodos utilizado e documento referente

Métodos utilizado e documento referente

Métodos Documento referente

Observação Análise walkthrough (Anexo B e C)

Registros fotográficos (Anexo D)

Entrevista Apêndice A

Livre expressão Apêndice D e Figura 36 a 44

Questionário Apêndice B e C

Matriz de descobertas Figura 45 e Quadro 27

Fonte: Adaptado de CINTRA (2001)

3.4 AVALIAÇÃO TÉCNICO-CONSTRUTIVA

Esta etapa da pesquisa avalia os aspectos técnico-construtivos existentes no estudo

em questão, não somente do ponto de vista do observador, mas também do ponto de vista

dos usuários entrevistados.

Page 76: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

76

3.4.1 Aplicação da análise walkthrough

Como instrumento de avaliação técnico-construtiva utilizou-se a análise walkthrough

que foi baseada em vistorias, com observação direta e registros fotográficos sobre

aspectos relativos à funcionalidade, manutenção e ao sistema construtivo.

Munido de plantas e fichas de registro (anexo B), o observador realizou uma

entrevista-percurso de reconhecimento e ambientação, abrangendo todos os ambientes da

escola.

Os instrumentos utilizados na Walkthrough, segundo as orientações de Rheingantz

(2000) e Sanoff (2001) estão ilustrados no Quadro 24.

Quadro 24: Ferramentas utilizadas na Walkthrough

Ferramentas utilizados na Walkthrough

Realizar uma entrevista inicial com a diretora e alguns funcionários

familiarizados com a escola, permitindo uma orientação geral sobre a localização, a

missão, bem como a filosofia educacional;

Fazer uma turnê por todos os espaços da escola com a diretora familiarizado

com o programa educacional, fazendo perguntas e observando as características do

edifício para identificar o que funciona bem e o que não funciona na escola;

Executar gravações de dados sobre as observações de todos os espaços, em um

roteiro de avaliação, que inclui a fotografia do espaço, um sistema de classificação e

notas escritas, procurando identificar os aspectos positivos e negativos;

Elaborar registros fotográficos;

Realizar análises in loco dos projetos do edifício escolar e medições.

Fonte: Adaptado de Rheingantz (2000) e Sanoff (2001)

A partir dos instrumentos utilizados na walkthrough, a entrevista-percurso realizada

com a diretora e outros funcionários foi norteadora para obter informações quanto ao

histórico do edifício.

Segundo a diretora da escola, não ocorreram transformações significativas na

estrutura física do edifício. Apenas modificações simples, como a intervenção de

divisórias entre ambientes (exemplo: direção e secretaria), tais intervenções atendem às

necessidades de adequação dos espaços ao uso.

A alteração mais significativa foi a readaptação da cobertura de cimento amianto

conforme ilustra figura 13.

Page 77: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

77

Figura 13 – Cobertura encontrada na escola

Fonte: (Autor, 2016)

Segundo a entrevista com diretora da escola:

“A maior preocupação é a segurança dos equipamentos nos finais

de semana, não temos vigia nem segurança nesses dias e a ligação da

escola com a praça contribuí para insegurança. Já aconteceu várias vezes

de entrarem no fim de semana e levarem equipamentos que ficavam na

área do pátio e corredor, até mesmo extintor já levaram. Por isso

colocamos todos os extintores para dentro dos cômodos.”

A partir da turnê por todos os espaços e os registros fotográficos foram obtidas

diferentes informações quanto à estrutura e caracterização do edifício. Toda a região

local, e em volta da escola tem a presença de vegetação.

Quase todo seu perímetro é murado, porém uma das paredes da escola tangencia uma

praça da região, sendo cercada por uma grade conforme ilustra a figura 14.

(a) (b)

Figura 14- Perímetro do terreno (murado e interligado com a praça)

Fonte: (Autor, 2016) O acesso dos estudantes é realizado pela entrada que circunda a praça. A entrada

que faz frente para rua ficou sendo apenas de carga e descarga.

Page 78: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

78

Não apresenta grandes problemas de acessibilidade a deficientes físicos por ser

térreo (figura 15).

Figura 15 – Rampa de acesso (entrada da escola)

Fonte: (Autor, 2016)

As áreas livres descobertas, geralmente onde as crianças brincam e fazem os

exercícios de educação física, apresentam problemas de drenagem. Segundo a diretora

adjunta, nos períodos de chuva, a situação piora formando poças de água nessa região.

Essas áreas são formadas por um piso de concreto áspero (figura 16).

(a) (b)

Figura 16 – Áreas livres descobertas

Fonte: (Autor, 2016)

Não há estacionamento para professores e funcionários, sendo utilizada para este

fim a rua frontal ao edifício. Um aspecto que merece destaque é a entrada de

carga/descarga, o espaço para acesso de carro é extremamente estreito (figura 17).

Page 79: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

79

Figura 17 – Entrada de carga e descarga

Fonte: (Autor, 2016)

Para registrar as descobertas da walkthrough realizou-se o preenchimento das

fichas de avaliação da percepção dos ambientes (instrumento de observação), que consiste

na utilização de fichas com espaços específicos (baseadas em SANOFF, 2000) a serem

preenchidas in loco, no caso de cada ambiente visitado, de forma a verificar aspectos

físicos e o modo de utilização destes. Após coletado todos os dados foi feita uma breve

análise técnica através da ficha de avaliação de fatores técnicos (anexo B).

A escola foi dividida em 08 subsistemas conforme ilustra o quadro 25.

Quadro 25 – Divisão do edifício em subsistemas

Divisão do edifício em subsistemas

SUBSISTEMAS ELEMENTOS

ESTRUTURA GERAL

VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA

COBERTURA GERAL

REVESTIMENTO/ ACABAMENTO

PISO

PAREDE

TETO

IMPERMEABILIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS

GERAIS

ESQUADRIAS EXTERNAS

INSTALAÇÕES PREDIAIS

SISTEMAS HIDROSSANITÁRIOS

SISTEMAS ELÉTRICOS

SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

USO E OPERAÇÃO

Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009).

A partir da divisão do edifício em subsistemas, foi elaborado um checklist para

cada setor da edificação (conforme já visto a divisão de setores no item 3.2).

Page 80: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

80

A figura 18 ilustra a ficha de avaliação de fatores técnicos do ambiente – Setor

Serviços. As demais fichas (setor administrativo, setor pedagógico, setor atividades e

lazer) encontram-se no ANEXO B.

Figura 18 Checklist setor serviços gerais

Fonte: (Autor, 2016)

SUBSISTEMAS ELEMENTOS EXCELENTE BOM REGULAR RUIM

ESTRUTURA GERAL

X

VEDAÇÃO VEDAÇÃO

EXTERNA

X

COBERTURA GERAL

X

REVESTIMENTO/

ACABAMENTO

PISO

X

PAREDE X

TETO

X

IMPERMEABILIZAÇ

ÃO CARACTERÍSTICA

S GERAIS

X

ESQUADRIAS EXTERNAS

X

INSTALAÇÕES

PREDIAIS

SISTEMAS

HIDROSSANITÁRI

OS

X

SISTEMAS

ELÉTRICOS

X

SEGURANÇA CONTRA

INCÊNDIO x

USO E OPERAÇÃO x

Ficha de avaliação de fatores técnicos – Setor serviços gerais

PLANTA – SETOR SERVIÇOS

Page 81: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

81

A partir de uma síntese geral das fichas de avaliações de fatores técnicos de cada

setor do edifício, as principais informações foram compiladas no quadro 26.

Quadro 26: Síntese informações Avaliação Técnica

Síntese Avaliação Técnica

SUBSISTEMA ELEMENTOS OBSERVAÇÕES LEGENDA

Infraestrutura

Abastecimento

de água e

energia

Reservatórios (02

caixas de água e 01

cisterna) não atendem

demanda da escola.

Ocorre falta da água na

região. É necessário

comprar carro pipa

Coleta de esgoto

e de lixo

Coleta de lixo normal –

caçamba na rua. Não tem

coleta seletiva

Estrutura Características Concreto Armado

Vedações Vedação externa Alvenaria em tijolo

cerâmico

Coberturas Características

gerais

Amianto Figura 19 (a)

Revestimento

Piso Granitina

(interno) e concreto (área

externa)

Figura 19 (b)

Teto Tinta acrílica

Paredes Revestimento: Meio

pastilhamento. Banheiros

e cozinha (pastilhamento

inteiro)

Figura 19 (c)

Impermeabilização Características

gerais

Esquadrias

Janelas

Alumínio e grade de ferro Figura 19 (d)

Portas

Portas de madeira

com grade de ferro

Figura 19 (e)

Instalações prediais

Hidráulica Não possuem

bueiros/ralos na parte

externa

Elétrica Sobrecarga no verão

Captação de

aguas pluviais

Não tem ralo na área

externa

Tubulação de

gás externa.

Cor não representativa

Fonte: (Autor, 2016; Adaptado de BAPTISTA 2009)

Page 82: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

82

As observações de avaliação técnica de cada sistema foram feitas relacionando

aos requisitos das normas ISO 6241 e NBR 5674 (quadro 27). Demais setores

(administrativo, setor pedagógico, setor atividades e lazer) encontram-se no ANEXO C.

Quadro 27: Notas manutenção e desempenho SETOR SERVIÇOS

REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE

ESTABILIDADE Existência de fissuras em

paredes -

SEGURANÇA CONTRA FOGO

Inexistência de equipes treinadas

para emergências

Facilidade de Rota

de Fuga

Falta de alarmes ou detectores

de incêndio

Extintores

existentes aferidos

SEGURANÇA EM USO Extintores em locais

inapropriados -

VISUAL Falta de Sinalização Visual

TÁCTIL - Banheiros

acessíveis a deficientes

DURABILIDADE Falta de manutenção quanto à

pintura -

REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE

VEDAÇÃO Fissurações -

ESQUADRIAS Esquadrias Deficientes -

EQUIPAMENTOS DE

INCÊNDIO -

Extintores

existentes aferidos

REVESTIMENTO Falta de manutenção

quanto à pintura -

PISO - - TETO Fissurações -

INSTALAÇÕES Tubulações de gás fora de

conformidade -

Fonte: (Autor, 2016; Adaptado de Rheingantz et al 2009)

Page 83: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

83

A figura 19 é o registro fotográfico das informações compiladas no quadro 26

(síntese de informações da avaliação técnica).

(a) (b) (c)

(d)

(e) (f)

(a) Cobertura encontrada - Amianto

(b) Pisos – Granitina e Concreto áspero

(c) Revestimento – Meio pastilhamento

(d) Esquadrias – janelas- Alumínio com gradeamento

(e) Esquadrias – portas – Madeira com grade de ferro

(f) Abastecimento de água – Cisterna

Figura 19 –Síntese da avaliação técnica

Fonte: (Autor, 2016)

Page 84: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

84

3.5 ANÁLISE DOS USUÁRIOS

Para coletar informações dos usuários foram utilizados questionários,

entrevistas, e o poema dos desejos.

3.5.1 Identificação dos usuários a partir da entrevista

A partir da aplicação da entrevista estruturada com a diretora foi possível:

identificar o universo total dos funcionários da escola e, a partir da compilação dos dados

dos questionários, quantos funcionários participaram da pesquisa (quadro 28).

Com relação aos questionários aplicados aos funcionários, a pesquisa contou

com a participação de 27 pessoas que foram classificadas pelo cargo ocupado, como por

exemplo, magistério, pedagogos, diretores, estagiário, merendeiras, auxiliares de serviços

gerais, inspetor, dentre outros.

Quadro 28: Funcionários que participaram dos questionários

Funcionários

PEDAGÓGICO SERVIÇOS

FUNÇÃO PROFESSOR PEDAGOGO PORTEIRO MERENDEIRO SERVIÇOS

GERAIS INSPETOR

EXISTENTES 35 2 2 3 5 1

PARTICIPANTES 18 1 1 0 2 0

ADMINISTRATIVO

FUNÇÃO ASSISTENTE COORDENADOR

DE TURNO SECRETÁRIA

DIRETOR

GERAL

DIRETOR

ADJUNTO

EXISTENTES 1 2 1 1 1

PARTICIPANTES 1 1 1 1 1

Fonte: (Autor, 2016)

Page 85: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

85

Também foram classificados pelo gênero, se feminino ou masculino e pela faixa

etária conforme ilustra a figura 20.

Figura 20 - Caracterização dos funcionários (gênero e faixa etária)

Fonte: (Autor, 2016).

Também a partir da compilação dos dados, obteve-se os meios de locomoção

utilizados pelos usuários (figura 21).

Figura 21- Meios de locomoção dos usuários

Fonte: (Autor, 2016)

54%38%

8%

FAIXA ETÁRIA

MENOS DE 20 ANOS 21 A 40 ANOS

41 A 55 ANOS MAIS DE 55 ANOS

11%

89%

IDENTIFICAÇÃO POR GÊNERO

MASCULINO FEMININO

3

2

16

6

0

4

2

9

1

2

4

0

12

6

0

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

A pé

Bicicleta

Ônibus

Carro/moto

Transporte Escolar

Número de Usuários e Meios de Locomoção

Pais e/ou responsáveis Crianças Funcionários

Page 86: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

86

3.5.2 Aplicação dos questionários

Conforme ilustrado no quadro 22 (item 3.3), os questionários foram divididos em

grupos. O APENDICE B ilustra o questionário na íntegra.

A figura 22 ilustra parte desse questionário referente ao grupo II – A UMEF

(Unidade Municipal de Educação Fundamental) e subgrupo II.2 (localização).

Figura 22 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Localização

Fonte: (Autor, 2016)

Com referência ao subgrupo II.2, localização da UMEF, a escola foi considerada

adequada por se tratar de rua calma, com pouco ruído e pouco trânsito.

A figura 25 ilustra parte desse questionário referente ao grupo II – A UMEF

(Unidade Municipal de Educação Fundamental) e subgrupo II.4 (segurança).

Figura 23- Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Segurança

Fonte: (Autor, 2016)

Page 87: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

87

No que diz respeito ao subgrupo II.4 alguns dos usuários colocaram como

sugestão (Figura 24) o isolamento da escola em relação a entrada da praça.

Figura 24- Foto representativa da sugestão de um dos usuários no subgrupo

Segurança

Fonte: (Autor, 2016)

No que diz respeito ao Subgrupo Funcionalidade (figura 25), 24 dos usuários

consideram “Bom” e “Excelente” o aproveitamento dos espaços da escola, porém muitos

dos usuários sugeriram a construção de uma quadra poliesportiva e 06 dos usuários

indicaram a necessidade da redução do número de alunos.

Figura 25 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Funcionalidade

Fonte: (Autor, 2016)

A figura 26 ilustra a resposta de todos os usuários ao questionamento da pergunta

10 no subgrupo funcionalidade.

Page 88: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

88

Figura 26 – Resposta ao questionamento 10 do Subgrupo Funcionalidade

Fonte: (Autor, 2016)

A figura 27 ilustra algumas sugestões ao questionamento subgrupo

funcionalidade.

(a)

(b)

(c)

Figura 27 – Sugestões dos usuários no subgrupo funcionalidade

Fonte: (Autor, 2016)

Excelente; 15; 56%

Bom; 9; 33%

Regular; 3; 11% Ruim; 0; 0% Péssimo; 0;

0%

QUESTÃO 10 (SUBGRUPO FUNCIONALIDADE)

Page 89: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

89

No que diz respeito ao subgrupo estética a satisfação é positiva, destacando como

aspecto o cuidado da escola ao utilizar desenhos nos muros com a temática de praia

(Figura 28), o que remete à própria localização da escola que é uma aldeia de pescadores.

(a) (b)

(c)

Figura 28 – Tema utilizado na estética da escola

Fonte: (Autor, 2016)

Em geral, os usuários estão satisfeitos quanto ao mobiliário e o equipamento da

escola, algumas sugestões foram feitas no que diz respeito ao chão em que se localizam

esses brinquedos. Muitos dos pais reclamaram que o forro do patio externo não é

apropriado para as crianças fazerem atividades físicas. A figura 29 ilustra algum dos

brinquedos e mobiliário encontrados.

Page 90: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

90

Figura 29-Mobiliário e brinquedos encontrados na escola

Fonte: (Autor, 2016)

O Subgrupo Áreas de convivência e lazer está ilustrado na figura 30.

Figura 30 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Áreas de

convivência e lazer

Fonte: (Autor, 2016)

A figura 31 ilustra a opinião dos usuários quanto as questões 34 e 35 do subgrupo

áreas de convivência e lazer.

(a) (b) (c)

(e)(d)

Page 91: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

91

Figura 31 – Resposta ao questionamento 34 e 35 do subgrupo áreas de convivência

e lazer

Fonte: (Autor, 2016)

No que diz respeito ao subgrupo acessibilidade os usuários avaliam que a escola

está bem preparada, além da facilidade ao acesso, foram indicados diversos equipamentos

especiais na escola, e uma sala exclusivamente dedicada ao ensino para alunos especiais

(figura 32).

(a) Sala de recursos destinada apenas ao aprendizado de alunos especiais

(b) Estante de objetos destinado apenas para alunos com necessidades especiais

(c) Instruções pedagógicas para alunos especiais

(d) Equipamento para transporte de alunos especiais

(e) Computadores especiais para alunos com necessidades especiais

Figura 32 – Acessibilidade: equipamentos e ambientes

Fonte: (Autor, 2016)

(a) (b) (c)

(e)(d)

22

24

5

3

Adequadas para as crianças

Brinquedos são adequados esuficientes

Questões 34 e 35

(subgrupo áreas de convivência e lazer)

Não Sim

Page 92: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

92

No subgrupo Ensino Ambiental os usuários sugeriram a criação de hortas ou

jardins destinados ao ensino ambiental, também foi sugerido um espaço com animais de

estimação. A figura 33 ilustra a opinião dos funcionários ao questionamento 42.

Figura 33 - Resposta ao questionamento 42 do subgrupo ensino ambiental

Fonte: (Autor, 2016)

Já o questionário para pais e/ou responsáveis foi feito em apenas um grupo para

identificar esses usuários (ANEXO C).

Pais e/ou responsáveis afirmam que as principais razões para as crianças estarem

matriculadas nessa escola são: serviço público (gratuito), confiança com a equipe da

escola e método/qualidade do ensino adotado. Segundo pais e/ou responsáveis, as

principais qualidades da escola são: o tamanho dos espaços, em especial da área de lazer;

a localização da escola no bairro; a implantação no térreo; a limpeza e organização; e o

amplo refeitório. Ainda segundo os pais e/ou responsáveis, os principais problemas são:

pátio externo com pisos inadequados, pouco incentivo ao plantio de flores, jardins ou

hortas, a entrada da escola junto a praça e a inexistência de vagas reservadas aos

visitantes.

3.5.3 Poema dos desejos

Este estudo desenvolveu esta técnica de avaliação apenas com as crianças, com o

uso de desenhos. Após uma conversa informal, cada criança fez o seu desenho. Ao

terminar o desenho, cada criança foi entrevistada com uma sequência de perguntas

conforme as orientações de Baptista (APÊNDICE D).

A percepção da criança com relação ao ambiente escolar foi nitidamente aferida.

De modo geral, houve uma participação ativa das crianças quando entrevistadas. Porém

nem todos os desenhos contribuíram para aferição dos dados.

19

8

Adequação das áreas externas ao ensino ambiental

Questão 42 (subgrupo ensino ambiental)

Sim Não

Page 93: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

93

O poema dos desejos contou com a participação psicóloga Andreza Moraes²

participou da avaliação dos desenhos.

A pesquisa contou com a participação de 10 meninas e 15 meninos, que variavam

de 06 à 09 anos (figura 34).

Figura 34- Idade das crianças participantes

Fonte: (Autor, 2016)

Segundo metodologia de Baptista (2009) foram aplicadas 09 perguntas

relacionadas ao ambiente escolar, conforme ilustra o APÊNDICE C.

De maneira geral, ao serem questionadas quanto aos locais preferidos da escola,

as crianças citaram: pátio, sala de leitura, sala de informática, “lugar que jogam bola”,

dentre outros (Figura 35).

6 anos12%

7 anos36%8 anos

40%

9 anos12%

IDADE DAS CRIANÇAS PARTICIPANTES

² Especialista na área de Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental para a

interpretação dos desenhos (Mestre em psicologia cognitiva pela UFRJ, CRP 35001).

Page 94: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

94

Figura 35-Local preferido das crianças

Fonte: (Autor, 2016)

A figura 36 representa alguns dos lugares mais citados no gráfico 7.

(a)Refeitório

(b)Sala de leitura

(c)Pátio

(d)Sala de leitura/TV

(e)Lugar que jogam bola

(f)Sala de informática

Figura 36 – Sala de leitura, sala de informática e pátio

Fonte: (Autor, 2016)

20%

16%

16%

32%

4%

12%

Local preferido das crianças

Sala de leitura Sala de informática Pátio

Lugar que jogam bola Secretaria Refeitório

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Page 95: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

95

No questionamento “qual lugar da escola que você menos gosta de ficar”, 100%

das respostas afirmaram gostar de todos os locais. Algumas das respostas foram: “Tudo

é legal”, “Não tem lugar que eu não gosto”, “Nenhum”. Quando foram questionadas “qual

lugar da escola mais feio”, as crianças citaram o banheiro, a área externa dos fundos, o

pátio, dentre outros (figura 37).

Figura 37- Lugar “mais feio” para as crianças

Fonte: (Autor, 2016)

O questionamento sobre a criação de hortas ou jardins, foi opinião geral das

crianças o desejo de lugares assim. Todas as crianças responderam que gostariam que a

escola tivesse um jardim ou horta para cuidar.

Na questão “Você tem alguma ideia para deixar a sala de aula mais legal e mais

bonita?” as principais foram: pintar e colocar mais flores e árvores.

Na etapa anterior à entrevista, todas as crianças passaram pela etapa do desenho.

Todas as crianças se prontificaram a desenhar, muitas delas ficaram pensando por vários

minutos antes de começar o seu desenho.

Em geral, nos desenhos apresentados, as crianças representaram cores

significativas da escola, e muitas das crianças, principalmente as meninas, desenharam

jardim, flores, árvores, paisagens, animais dentre outros elementos (Figura 38),

demonstrando claramente a necessidade de contato com a natureza e a deficiência desses

locais.

39%

15%4%

42%

Lugar mais feio das crianças

Banheiro Área externa dos fundos Pátio Não tem lugar feio

Page 96: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

96

Figura 38 -Poema dos desejos (representação da natureza)

Fonte: (Autor, 2016)

Os meninos fizeram desenhos mais geométricos, abstratos, com a representação

da percepção da altura das edificações. Nos desenhos do pátio, a altura do teto em relação

ao demais elementos foi expressa em vários desenhos de forma desproporcional,

indicando a escala humana inadequada desses espaços (figura 39).

(a)

(b)

Figura 39 – Poema dos desejos (escala humana) Fonte: (Autor, 2016)

Page 97: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

97

Em vários desenhos a presença das grades em todas as janelas, portas e circulação

da escola foi representada pelas crianças. A cor da grade que é laranja esteve presente em

mais de 80% dos desenhos, até mesmo um desenho representado apenas por um borrão

laranja (Figura 40).

(a) (b)

(c)

Figura 40 – Poema dos desejos (representação das grades existentes pela cor

laranja)

Fonte: (Autor, 2016)

Page 98: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

98

A similaridade entre as cores representativas da escola nos desenhos foi muito

marcante, com grande representação do pastilhamento colorido (Figura 41).

Os elementos arquitetônicos mais representados foram: portas, pilastras do pátio,

grades, telhados, pátio, mobiliário e equipamentos.

(a) (b)

Figura 41 – Poema dos desenhos (Similaridade nas cores e representação do

pastilhamento colorido da escola)

Fonte: (Autor, 2016)

Segundo metodologia aplicada por SOUZA et al (2004), a interpretação dos

desenhos foi sendo construída a medida em que as crianças produziam seus registros, e

também uma indagação oral após o desenho pedindo para criança explicar o seu desenho.

Após compilados os desenhos, houve o auxílio da Psicóloga Andreza Moraes,

para interpretar os desenhos, as crianças possuem uma visão global da escola para auxiliar

na interpretação de alguns desenhos. A maioria das crianças reconhece o espaço como

um todo. Essa percepção é facilitada, principalmente, pelos elementos simbólicos

inseridos na arquitetura e pela configuração espacial (pátio central).

Page 99: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

99

3.6 MATRIZ DE DESCOBERTAS E RECOMENDAÇÕES

Neste item será feita uma síntese dos principais elementos e problemas dos

edifícios analisados, e posteriormente será vinculada ao relatório de recomendações.

Também será feito uma síntese geral dos pontos positivos analisados.

De maneira geral, o edifício possuí facilidade de limpeza e manutenção, com

exceção de alguns locais, como por exemplo, a limpeza da estrutura da cobertura e a

manutenção (troca) de lâmpada em geral, que precisam de equipamentos específicos

(escadas altas).

Dos pontos positivos, pode-se destacar: adequabilidade aos alunos com

necessidades especiais como a sala de recurso, equipamentos e materiais didáticos em

ótimo estado de conservação, organização interna dos espaços (almoxarifados e setor

administrativo) com prateleiras, estantes, armários propiciando boa organização e

distribuição de funções. O uso de materiais com texturas diferentes para incentivar o

desenvolvimento tátil das crianças como os painéis de pintura nas paredes e o uso do

pastilhamento colorido. As áreas destinadas ao preparo, cozimento e distribuição dos

alimentos estão adequadas as condições mínimas de higiene e saúde. Ainda sob ponto de

vista positivo, pode-se avaliar como a distribuição por setores de alguns espaços

influenciou positivamente na opinião das crianças, como a sala dedicada a leitura e a sala

de informática que foram as mais citadas no poema dos desejos. A rádio corredor também

pode ser destacada como ponto positivo às necessidades do usuário.

Dos principais elementos e problemas analisados fez-se o uso da matriz de

descobertas conforme visto na figura 43.

Page 100: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

100

Fig

ura

42-

Matriz

d

e

desco

berta

s

Fo

nte: (A

uto

r,

Page 101: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

101

Do relatório de recomendações fez-se uso a matriz de recomendações (gráfico 23).

Foram realizadas recomendações técnicas generalizadas visto que cada item verificado

exige um projeto e/ou especificação técnica detalhada que não é objeto desta pesquisa. A

matriz de recomendações apresenta uma relação dos ambientes e, de forma resumida, os

respectivos problemas diagnosticados, com a classificação dos mesmos de acordo com as

intervenções que podem ser realizadas a curto, médio e longo prazo (conforme indica a

legenda representativa).

Quadro 29 - Matriz de recomendações

MATRIZ DE RECOMENDAÇÕES

ITEM OBSERVAÇÕES RECOMENDAÇÕES

Nos questionários

alguns pais relataram que

o piso machucava a

criança.

Substituir os pisos da área

externa por revestimentos

adequados que amorteçam os

impactos das quedas das crianças

e sejam de fácil manutenção

REVESTIMENTO

No poema dos

desejos 39% das crianças

citou o banheiro como

local mais feio.

Pintura das paredes

internas e reforma dos banheiros

do setor pedagógico (substituir

cerâmica, piso, louça, propor um

ambiente mais colorido)

Observações da

Walkthrough

Instalar caixas de tomada

com acabamento adequado.

Instalar maçanetass nas portas

que foram detectadas com defeito ESQUADRIAS

Na entrevista foi

relatado a falta d’água no

verão. E na análise foram

feitos registros

fotográficos de problemas

de alagamento no pátio

externo em dias de chuva.

Instalar equipamentos

que permitam redução no

consumo de água, como: sistemas

tecnológicos que possibilitem o

reuso e recirculação da água

utilizada na escola, sistema de

coleta e aproveitamento de água

da chuva, equipamentos de baixo

consumo, dentre outros

INSTALAÇÕES PREDIAIS

Observações da

Walkthrough

Pintar instalações de gás

com a cor adequada

Instalar equipamentos e

sistemas capazes de contribuir

com a redução do consumo de

energia: aproveitamento de fontes

de energias renováveis, como

captação de energia solar para

geração de energia ou

aquecimento de água, etc.

Na entrevista foi relatado

falta de energia em dias

quentes.

Page 102: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

102

Instalar câmeras de

monitoramento e cerca elétrica

principalmente na área que

interliga com a praça

SEGURANÇA Relatos da entrevista

Poema dos desejos

Na área descoberta

colocar jarros com plantas.

Utilizar as áreas de afastamento

lateral e dos fundos para o cultivo

de jardins e hortas. Incentivar o

plantio de árvores frutíferas nas

áreas permeáveis, principalmente

no pátio descoberto, e o plantio de

árvores próximo às fachadas que

recebem incidência solar

indesejável. Orientar os usuários

sobre a necessidade de garantir

permeabilidade no terreno em

pelo menos 20%, levando em

consideração a utilização dessas

áreas pelas crianças

PAISAGISMO

Fechar o acesso da escola

a praça, criando uma entrada

independente melhorando a

visibilidade do acesso à escola e

segurança

FUNCIONALIDADE

E USO Poema dos desejos

Construção de uma

quadra de esportes

Muitos desenhos

do poema dos desejos

notou-se a escala humana

deturpada para a

sensibilidade da criança

Providenciar que os

pátios tenham a organização de

ambientes pequenos ou cheios de

recantos menores,

proporcionando a sensação de

segurança, aconchego e conforto

ESCALA HUMANA

Implementar a coleta

seletiva de lixo na escola,

incentivando a comunidade local

a participar desse projeto

COLETA DE LIXO

Fonte: (Autor, 2016)

LEGENDA (TIPO DE INTERVENÇÃO)

CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO

Page 103: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

103

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta desse estudo tomou como referência o conhecimento nas áreas de

arquitetura e engenharia que se refere à APO como instrumento de análise do ambiente

construído.

Após verificado os requisitos necessários para aplicação da APO e definido o

objeto de estudo como uma escola municipal de educação fundamental, a pesquisa

utilizou ferramentas como a aplicação de entrevistas, análise walkthrough (observações

visuais, fotográficas, avaliação técnica), questionários, poema dos desejos (aplicado

exclusivamente com as crianças) e por último a matriz de descobertas e recomendações.

A entrevista realizada com a diretora e vice-diretora contribuiu significativamente

para a pesquisa, pois elas são figuras centralizadoras de informações, que buscam a

solução para os eventuais problemas e o atendimento das necessidades da escola.

Informações, como por exemplo, o tipo de reformas realizadas na escola, a situação de

alagamento em ocasiões de chuva e sobrecarga de energia em dias quentes.

Na entrevista feita com as crianças, foram utilizadas perguntas abertas, em forma

de conversa, para que elas se sentissem mais à vontade na hora de sua aplicação. Porém,

o resultado não correspondeu às expectativas, pois as crianças responderam as mesmas

coisas em diversas perguntas. Recomenda-se para projetos futuros diminuir o número de

perguntas realizadas com as crianças.

A aplicação da análise walkthrough foi ponto crucial da pesquisa, através do uso

de fichas de registro nas análises técnicas, o checklist, as fotografias, a subdivisão dos

espaços e a contextualização com as normas ISO 6241 e NBR5674, foi possível

compreender o edifício, identificar a organização física da escola, os ambientes da escola,

e mapear o edifício. A partir dessa análise foi possível traçar os principais pontos a serem

abordados nos questionários.

Os questionários dos funcionários contribuíram de forma significativa para a

analisa desta pesquisa, porem na tabulação dos dados dos questionários aplicados aos pais

e/ou responsáveis, notou-se que muitos questionários haviam sido respondidos de

maneira sucinta

O exercício do poema dos desejos foi um tanto subjetivo no que diz respeito à

análise dos resultados, foi necessária a opinião de uma especialista na área de

Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental para a interpretação dos desenhos

(Andreza Moraes, mestre em psicologia cognitiva pela UFRJ, CRP 35001). A opinião das

Page 104: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

104

crianças que estão envolvidas emocionalmente com o ambiente instiga diversos pontos

curiosos da análise como a interferência das grades no ambiente escolar e a necessidade

de espaços setorizados para atividades específicas, contribuindo para o resultado final da

pesquisa.

A pesquisa teve uma abordagem experiencial, ou seja, a visão do pesquisador

acrescenta ao estudo, principalmente na observação de outras informações, não

apresentadas pelas vice-diretoras e na análise dos problemas de forma técnica.

Após os dados levantados a partir das ferramentas da APO, utilizou-se a última

ferramenta, a matriz de descobertas e recomendações. Na matriz de descobertas foi

possível estabelecer uma síntese geral dos principais problema encontrados na escola. Na

matriz de recomendações traçou-se um diagnóstico geral dos principais problemas

encontrados na edificação, suas possíveis causas e recomendações. Por se tratar de um

documento-síntese, sua configuração deve sofrer futuros ajustes e aprimoramentos com

vistas a melhor adequá-la às demandas específicas de cada avaliação.

Como sugestão para futuras aplicações, recomenda-se a APO investigativa (nível

2), que necessita de mais recursos que a aplicada nesta pesquisa, requer uma estratégia de

investigação e um plano para identificar os tipos e a extensão dos dados que serão

coletados.

Nesse contexto, a experiência obtida na pesquisa, mostra que a avaliação pós-

ocupação excede o simples conceito de avaliação técnica, e representa uma investigação

relacionada à subjetividade e a expectativa dos usuários.

A aplicação da APO possibilita refletir as interações entre pessoa e ambiente, o

entendimento de aspectos relacionados ao uso, comportamentos e percepção do ambiente

pelos usuários, podendo servir como referência para estreitar diferenças entre o projeto e

o ambiente construído.

Além disto, a APO procura aprimorar a visão interdisciplinar sobretudo no que se

refere aos métodos e técnicas de pesquisa, uma vez que tem estreita a interface da

engenharia civil com outras áreas do conhecimento tais como, a psicologia ambiental,

arquitetura e o urbanismo.

Fica reiterado neste trabalho, a importância da APO para elaboração de novas

propostas, propiciando subsídios para intervenção no projeto arquitetônico, estabelecendo

assim o bom desempenho da edificação.

Page 105: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

105

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Janeiro: PROARQ/UFRJ Tese (Doutorado em Arquitetura), 2007

AZEVEDO, G. A. N.; RHEINGANTZ, P. A.; BASTOS, L.; VASCONCELLOS,

V.; AQUINO, L.; SOUZA, F. Uma Abordagem Transdisciplinar e inclusiva da criança

na avaliação e na concepção de ambientes construídos para a educação infantil. In:

DUARTE, C.

AZEVEDO, G. A. Arquitetura escolar e educação: um modelo conceitual de

abordagem interacionista. Tese (Doutorado em Engenharia) - Programa de Pós-

Graduação de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

BAIRD, George el al. (Edit.) Building Evaluation Techniques. New York:

McGraw-Hill, 1995.

BAPTISTA, C. A. A., Metodologia para avaliação pós ocupação em Centros

Municipais de educação infantil de Vitória, Dissertação de mestrado, Engenharia Civil na

Universidade Federal do Espirito Santo, ES, Brasil, 2009.

BARROS, Raquel R.M.; PINA, Silvia M.; KOWALTOWSKI, Doris, C.C.K.;

FUNARI, Teresa B.; ALVES, Silvana; TEIXEIRA, Carla; COSTA, Angelina - Conforto

e Psicologia Ambiental: a questão do Espaço Pessoal no projeto arquitetônico – ENCAC

– ELACAC - Maceió/AL – 2005

BATTINI, E. Modificaciones, eliminazione, cambiamento riguardante gli spazi

attuali, gli arredi attuali in funzione delle attivita’ e della natura della vita scolastiea», en

VV. AA., L’organizzazione materiale dello spazio scolastico. Comune di Modena:

documento mimeografiado, pp. 23-30. 1982

BECHTEL, R. B. Environment & behavior: An introduction. Thousand Oaks, Ca:

Sage. 1997.

BISSOLI, M. Recomendações para a sustentabilidade da habitação de interesse

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NBR 15575-2 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas

estruturais, Rio de Janeiro, 2013.

NBR 15575-3 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas

de pisos, Rio de Janeiro, 2013.

NBR 15575-4 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas

de vedações verticais internas e externas, Rio de Janeiro, 2013.

NBR 15575-5 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas

de coberturas, Rio de Janeiro, 2013.

NBR 15575-6 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas

hidrossanitários, Rio de Janeiro, 2013.

Page 111: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

111

AN

EX

O A

- Pla

nta

ba

ixa

: Ed

ifício

an

alisa

do

Fonte: (A

uto

r, 2016

)

AN

EX

OS

Page 112: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

112

ANEXO B – REGISTROS DA ANÁLISE WALKTROUGH

SUBSISTEMAS ELEMENTOS BOM REGULAR RUIM

ESTRUTURA GERAL x

VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA x

COBERTURA GERAL x

REVESTIMENTO/ ACABAMENTO

PISO x

PAREDE x

TETO x

IMPERMEABILIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS

GERAIS x

ESQUADRIAS EXTERNAS x

INSTALAÇÕES PREDIAIS

SISTEMAS HIDROSSANITÁRIOS x

SISTEMAS ELÉTRICOS x

SEGURANÇA

CONTRA INCÊNDIO x

USO E OPERAÇÃO x

Fonte: (Autor, 2016)

ANEXO B.1 - Ficha de avaliação de fatores técnicos (setor administrativo)

PLANTA – SETOR ADMINISTRATIVO

Page 113: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

113

SETOR PEDAGÓGICO

CHECKLIST FATORES FUNCIONAIS: SETOR PEDAGÓGICO

SUBSISTEMAS ELEMENTOS EXCELENTE BOM REGULAR RUIM ESTRUTURA GERAL x

VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA x

COBERTURA GERAL

x

REVESTIMENTO/ ACABAMENTO

PISO

x

PAREDE x

TETO

x

IMPERMEABILIZAÇÃO

CARACTERÍSTICAS GERAIS x

ESQUADRIAS EXTERNAS

x

INSTALAÇÕES PREDIAIS

SISTEMAS HIDROSSANITÁRIO

S x

SISTEMAS ELÉTRICOS

x

SEGURANÇA

CONTRA INCÊNDIO

x

USO E OPERAÇÃO X

Fonte: (Autor, 2016)

ANEXO B.2 - Ficha de avaliação de fatores técnicos

PLANTA – SETOR PEDAGÓGICO

Page 114: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

114

SETOR LAZER/ATIVIDADES

SISTEMAS SUBSISTEMA BOM REGULAR RUIM

ESTRUTURA GERAL x

VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA x

COBERTURA GERAL x

REVESTIMENTO/ ACABAMENTO

PISO x

PAREDE x

TETO x

IMPERMEABILIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS

GERAIS x

ESQUADRIAS EXTERNAS x

INSTALAÇÕES PREDIAIS

SISTEMAS HIDROSSANITÁRIOS

SISTEMAS ELÉTRICOS X

SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO x

USO E OPERAÇÃO x

Fonte: (Autor, 2016)

ANEXO B.3 - Ficha de avaliação de fatores técnicos

PLANTA – SETOR LAZER E ATIVIDADES

Page 115: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

115

ANEXO C

ANEXO C.1

SETOR ADMINISTRATIVO

REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE

ESTABILIDADE

SEGURANÇA

CONTRA FOGO

Inexistencia de equipes

treinadas para emergencias

Facilidade de

Rota de Fuga

Falta de alarmes ou detectores

de incencio

Extintores

existentes aferidos

SEGURANÇA

EM USO

VISUAL Falta de Sinalização Visual

TÁCTIL

DURABILIDADE Falta de manutenção quanto à

pintura

CONVIVÊNCIA

PARA FINS

ESPECÍFICOS

REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE

VEDAÇÃO

ESQUADRIAS Esquadrias Deficientes

EQUIPAMENTOS

DE INCÊNDIO

Extintores

existentes aferidos

REVESTIMENTO Falta de manutenção quanto à

pintura

PISO

TETO

INSTALAÇÕES

Fiações não embutidas

Tubulações de ar

condicionado não embutidas

Fonte: (Autor, 2016)

Page 116: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

116

ANEXO C.2

SETOR PEDAGÓGICO

REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE

ESTABILIDADE

SEGURANÇA

CONTRA FOGO

Inexistencia de equipes

treinadas para emergencias

Facilidade de

Rota de Fuga

Falta de alarmes ou

detectores de incencio

Extintores

existentes aferidos

SEGURANÇA EM

USO

VISUAL Falta de Sinalização

Visual

TÁCTIL

DURABILIDADE Falta de manutenção

quanto à pintura

CONVIVÊNCIA

PARA FINS

ESPECÍFICOS

Pouco Espaço nas Salas

de Aula

REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMID

ADE

VEDAÇÃO

ESQUADRIAS Esquadrias Deficientes

EQUIPAMENTOS

DE INCÊNDIO

Extintores

existentes aferidos

REVESTIMENTO Falta de manutenção

quanto à pintura

PISO

TETO

INSTALAÇÕES

Fonte: (Autor, 2016)

Page 117: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

117

ANEXO C.3

SETOR LAZER

REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMI

DADE

ESTABILIDADE

SEGURANÇA

CONTRA FOGO

Inexistencia de equipes

treinadas para emergencias

Facilidade de

Rota de Fuga

Falta de alarmes ou

detectores de incencio

Extintores

existentes aferidos

Extintores fora da posicao

especificada por acao de

vandalismo

SEGURANÇA

EM USO

falta de policiamento

próximo aos portões

VISUAL

Falta de Sinalização Visual

Melhoria na aparência do

pátio externo (gradil)

TÁCTIL Pavimentação Deficiente no

pátio externo

DURABILIDAD

E

Falta de manutenção quanto

à pintura

CONVIVÊNCIA

PARA FINS

ESPECÍFICOS

REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674

REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMI

DADE

VEDAÇÃO

ESQUADRIAS

EQUIPAMENTO

S DE INCÊNDIO

Extintores

existentes aferidos

REVESTIMENT

O

Falta de manutenção quanto

à pintura

PISO Pavimentação Deficiente no

pátio externo com infiltrações

TETO

INSTALAÇÕES

Fonte: (Autor, 2016)

Page 118: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

118

ANEXO D – FOTOS DO EDIFICIO

Figura 43- Área lateral da escola

Figura 44 – Ligação escola a praça

Figura 45- Área descoberta

Page 119: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

119

Figura 47 – infiltração muro externo

Figura 46- calha

Figura 49-abertura solar pátio

Figura 48 acesso através de escada para manutenção da

cobertura

Page 120: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

120

Figura 50-Trincas na vedação externa – setor serviços

Figura 51-Descascamento de tinta – ausência de manutenção

Figura 52- maçanetas danificadas

Page 121: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

121

(a)

(b)

(c) (d)

Figura 53- ambientes da escola

Page 122: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

122

APÊNDICES

APÊNDICE A – Entrevista diretora (caracterização geral)

Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Avaliação Pós-Ocupação em Unidade Municipal de Educação Fundamental FORMULÁRIO - CARACTERIZAÇÃO GERAL da UMEF

UMEF: Escola Municipal Professora Lúcia Maria Silveira da Rocha

ENDEREÇO: Estr. Gen. Eurico Gaspar Dutra, 34 - Jurujuba, Niterói - RJ, 24370-195

TELEFONE: (21) 3701-3707

EMAIL: [email protected]

DATA DE INAUGURAÇÃO DO UMEF: 14/08/2005

REFORMAS: Telhado, pastilhamento e pintura

CONSTRUTORA: EMUSA

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: 08 às 17 horas

BAIRRO DE ORIGEM DAS FAMÍLIAS ATENDIDAS: Jurujuba e Charitas

CAPACIDADE DE ALUNOS N° DE ALUNOS

MATUTINO 238

VESPERTINO 237

ALUNOS COM NECESSIDADE ESPECIAL

N° DE ALUNOS

Surdez 3

Dislexia 2

Síndrome de Down 1

Autismo 2

Paralisia Cerebral 2

Transtorno Global do desenvolvimento

2

QUADRO DE FUNCIONÁRIOS

N° DE FUNCIONÁRIOS

N° DE FUNCIONÁRIOS

Diretor 1

Magistério

Comum 31

Vice director 1 Educação Física

2

Pedagogos 2 Artes/Música 1

Assist. Administrativos 1 Inglês 2

Coordenador de turno 2 Serviços Gerais

Merendeiras 3

Secretária 1 Vigias 0

Inspetor de patio 1 Porteiro 2

Diversos 5

Page 123: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

123

APÊNDICE B – Modelo Questionário: funcionários

Função exercida: (Não é necessário preencher)

Data:

Instruções

Não é necessário identificar o nome do entrevistado. A identificação se dá apenas pelas perguntas abaixo. Se o entrevistado desejar, pode indicar qual a sua função exercida no espaço acima.

Os funcionários que não possuem um local de trabalho definido, não precisam responder as questões do Grupo IV.

Grupo I: Identificação

1. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

2. Idade: ( ) Menos de 20 anos ( )21 a 40 anos ( ) 41 a 55 anos ( )Mais

de 55 anos

3. Escolaridade: ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo ( )

Especialização

( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) outros

4. Turno(s) de trabalho: ( ) Manhã ( ) Tarde ( )Integral

5. Há quanto tempo você trabalha nesta escola: ( ) Até 2 anos ( ) Mais de 2 anos

6. Como vem para o UMEF? ( ) A pé ( ) Bicicleta ( ) Ônibus ( ) Moto ( ) Carro

( ) Outro

Grupo II: A UMEF

II.1 Subgrupo Funcionalidade

7. Na sua opinião, qual o número de alunos ideal para cada turma?

8. Na sua opinião, qual o número de turmas ideal para esta escola?

9. Levando em consideração o número de alunos desta escola, você considera o tamanho da escola? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

10. Você acha que o aproveitamento dos espaços desta escola é?

( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

12. Qual a sua sugestão para melhorar a funcionalidade da escola?

Page 124: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

124

II.2 Subgrupo Localização

11. O que você acha da localização da escola em relação ao bairro? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

12. Você acha que a rua/avenida onde está localizada a escola é própria para sua

localização? ( ) Sim ( ) Não

II.3 Subgrupo instalações hidrossanitárias

13. Qual a sua opinião sobre o banheiro dos funcionários? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

14. Qual a sua opinião sobre o banheiro dos alunos? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

II.4 Subgrupo Segurança

15. Você se sente seguro dentro da UMEF? ( ) Sim ( ) Não

16. Esta escola possui algum lugar, brinquedo ou equipamento que possa machucar

(ser inseguro) para as crianças? ( )Sim ( ) Não. Qual?

17. Qual a sua sugestão para melhorar a segurança na escola?

II.5 Subgrupo Estética

18. Olhando a escola pelo lado de fora, você acha que a aparência da escola é?

( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( )

Péssima

19. Olhando a escola pelo lado de dentro, você acha que a aparência da escola é?

( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( )

Péssima

20. Você acha que este tipo de construção estimula as crianças (visualmente)? ( ) Sim ( ) Não.

21. Você gosta das cores das paredes da UMEF? ( ) Sim ( ) Não.

22. Qual a sua sugestão para melhorar a estética da escola?

II.6 Subgrupo Conforto Ambiental

23. No verão, as áreas comuns (refeitório, pátios) são? ( ) Muito quentes ( )

Quentes

( ) Agradáveis ( ) Frias

24. No inverno, as áreas comuns (refeitório, pátios) são?

( ) Muito quentes ( ) Quentes ( ) Agradáveis ( ) Frias

Page 125: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

125

25. Como é a ventilação das áreas comuns (refeitório, pátios)?

( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

26. As áreas externas são bem iluminadas (iluminação natural)? ( ) Sim (

) Não

27. As áreas internas (sala de aula, etc.) são bem iluminadas (iluminação natural)? ( ) Sim ( ) Não

28. A luz do sol atrapalha as atividades nas áreas comuns? ( ) Sim ( ) Não

29. O barulho que vem de fora do UMEF te incomoda? ( ) Sim ( ) Não

30. O barulho que vem de dentro da UMEF te incomoda? ( ) Sim ( ) Não

31. A escola possui algum cheiro desagradável proveniente do exterior? ( )

Sim ( ) Não

32. A escola possui algum cheiro desagradável, provenientes de dentro da escola? ( ) Sim ( ) Não

33. Qual a sua sugestão para melhorar o conforto ambiental da escola?

II.7 Subgrupo Áreas de Convivência e Lazer

34. As áreas de convivência, lazer e/ou atividades físicas são adequadas para as

crianças? ( ) Sim ( ) Não

35. Os brinquedos das áreas de convivência e lazer são suficientes para atender a

demanda? ( ) Sim ( ) Não

36. Quais os equipamentos de lazer você indicaria para aquisição?

37. Qual a sua sugestão para melhorar as áreas de convivência e lazer da escola?

II.8 Subgrupo Acessibilidade de Pessoas Especiais (cegas, surdas, mudas e

deficientes físicos)

40. A escola é adequada para receber crianças com necessidades especiais?

( ) Sim ( ) Não

Grupo III: Caracteristicas ambientais

41. Você acha importante a escola possuir jardim ou hortas, para que as crianças

tenham mais contato com a terra? ( ) Sim ( ) Não

42. As áreas externas são adequadas para o ensino ambiental? ( ) Sim ( ) Não

43. Qual a sua sugestão para melhorar/incentivar o ensino ambiental na escola?

Page 126: aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar

126

Grupo IV: Ambiente de trabalho

IV.1 Subgrupo Acessos

44. Você acha que o acesso ao seu espaço de trabalho é? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

45. O que você acha da localização do seu espaço de trabalho na escola?

( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima

IV.2 Subgrupo Funcionalidade

46. O tamanho do seu espaço de trabalho é adequado para atender ao número de

pessoas que permanecem nele? ( ) Sim ( ) Não

47. O mobiliário disponível é adequado/suficiente para atender os alunos? ( ) Sim ( ) Não 48. O mobiliário disponível é adequado/suficiente para atender os adultos? ( ) Sim ( ) Não 49. Você sente falta de algum espaço extraclasse para complementar ou desenvolver

suas atividades didáticas? ( ) Sim ( ) Não Quais? 50. Qual a sua sugestão para melhorar a funcionalidade do seu espaço de trabalho?

IV.3 Subgrupo Estética

51. Você acha o seu espaço de trabalho bonito? ( ) Sim ( ) Não

52. Você acha o seu espaço de trabalho estimulante? ( ) Sim ( ) Não

53. Qual a sua sugestão para melhorar a estética do seu espaço de trabalho?

IV.4 Subgrupo Conforto Ambiental

54. A ventilação do seu espaço de trabalho é adequada? ( ) Sim ( ) Não 55. Você costuma utilizar os ventiladores para melhorar as condições do seu espaço

de trabalho? ( ) Sim ( ) Não 56. No verão, a sala de aula é? ( ) Muito quente ( ) Quente ( ) Agradável ( )

Fria

No inverno, a sala de aula é? ( ) Quente ( ) Agradável ( ) Fria ( ) Muito fria

57. Você acha a sala bem iluminada? ( ) Sim ( ) Não

58. A luz do sol atrapalha as atividades na sala? ( ) Sim ( ) Não

59. O barulho gerado dentro da sala te incomoda? ( ) Sim ( ) Não

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APÊNDICE C– Modelo questionário: Pais/Responsáveis

Obs.: Por favor, não se identifique. As perguntas não são fechadas, fique à vontade

para fazer qualquer tipo de comentário

Grupo I: Identificação

1. Sexo:( ) Feminino ( ) Masculino

2. Idade:( ) Menos de 20 anos ( )21 a 40 anos ( ) 41 a 55 anos ( )Mais de 55 anos

3. Profissão: 4. Tempo que frequenta a escola: _______anos

5. Bairro onde a família mora:

6. Meio de locomoção ( ) A pé ( ) Bicicleta ( ) Ônibus ( ) Moto ( ) Carro ( ) Outro

7. Vínculo com a escola: ( ) Pai ( ) Mãe ( ) Responsável

8. Número de filho(s) neste estabelecimento: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) ______

9. Quais as 3 principais razões para a(s) criança(s) estarem nesta escola?

( ) serviço público (gratuidade) ( ) proximidade com a residência ( ) proximidade do local de trabalho/estudo dos pais/responsável ( ) confiança com a equipe da escola ( ) indicação de parentes/amigos ( ) espaço físico da escola ( ) método/qualidade do ensino adotado ( ) outros, indique:.......................... 10. Você acha que o ambiente físico ajuda no desenvolvimento do seu filho(a)? Em

quais aspectos? ( ) Sim ( ) Não. Aspectos:

11. Você acha que a aparência da escola se parece com: ( ) Centro de educação

infantil ( ) Escolas de ensino fundamental ( ) outro

12. Você acha importante a escola possuir jardim/hortas, para que as crianças tenham

mais contato com a terra? ( ) sim ( ) não

13. Você acha importante a escola possuir animais de pequeno porte, para que as

crianças tenham mais contato com animais? ( ) sim ( )não.

A Unidade escolar E. M. Profª Lúcia Mª da Silveira Rocha está fazendo parte de uma pesquisa, e estamos buscando saber a opinião dos usuários quanto ao ambiente escolar. Esta pesquisa visa a subsidiar novos projetos de arquitetura para a escola. A0 sua opinião sobre o ambiente escolar do seu filho e suas sugestões para torná-lo cada vez melhor são muito importantes para nós. Agradecemos sua colaboração.

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14. Você acha importante a escola desenvolver projetos de educação ambiental? ( )

sim ( ) não

15. Quais as 3 principais qualidades do ambiente físico da escola?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

___________________________

16. Quais os 3 principais problemas do ambiente físico da escola?

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________

17. Qual a sua sugestão para tornar a escola mais adequada às crianças?

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

________________________

SE DESEJAR ACRESCENTAR ALGUMA INFORMAÇÃO, USE ESTE ESPAÇO.

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APÊNDICE C– Roteiro poema dos desejos: Crianças

Identificação

1. Nome:

2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

3. Idade:

4. Turno: ( ) Manhã ( ) Tarde

5. Como vem para a escola? ( ) A pé ( ) Bicicleta ( ) Ônibus ( ) Moto ( ) Carro

O DESENHO

Peça para a criança para fazer o desenho da escola. Entregue a ela uma folha em

branco e o lápis de cor que já deverão estar em cima da mesa. Assim que ela terminar o

desenho, continue a entrevista pedindo que ela explique o desenho que ela elaborou e anote

as observações e explicações.

A ESCOLA

Quando terminar de entender todo o desenho, termine a entrevista perguntando as

questões relacionadas à escola. Caso a criança não queira responder sobre o desenho ou a

entrevista, respeite o silêncio e explique que ela não precisa responder se não quiser. Tudo o

que a criança disser é importante, mas não precisa ser anotado “ao pé da letra”. Caso consiga

copiar o que ela falou, use “aspas”.

6. Qual é o lugar da escola em que você mais gosta de ficar (mais legal)? Por quê? 7. Qual o lugar da escola em que você menos gosta de ficar? 8. Qual o lugar da escola você acha mais bonito? 9. Qual o lugar da escola você acha mais feio? 10. Você gostaria que a escola tivesse um jardim ou horta para você cuidar? 11. Qual brinquedo você gostaria que tivesse no pátio? 12. Qual o lugar que você gostaria que tivesse aqui na escola e ainda não tem? 13. Você tem alguma ideia para deixar a sala de aula mais legal e mais bonita? 14. Você tem alguma ideia para deixar a escola mais legal e mais bonita? Obrigado por ter me ajudado. Você quer falar mais alguma coisa? Impressões sobre a

entrevista: