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E', ainda agora, om nome d'6sse senti- mento que a familia spirita, que so pode considerar universal, graças á pro- pagação por quasi todos os ângulos da terra adquirida, em cincoenta annos, pelo spiritismo, so reúne para, no reco- lliimento o om uma mesma communhão de aílèelos, render o merecido tributo á memória d'aquelle que, ha noventa e seis annos, tomava um frágil invólucro de argila, para d'ello fazer um instrumento de gloriíicação para o seu espirito o do felicidade para o gênero humano, cuja causa previamente esposara o que serviu com a abnegação e o grande devotamento quo caracteriza unicamente os verda- deiros missionários. Falamos do nosso querido mestre Allan Kardec, cujo nome é abençoado apenas por essa parte, hoje tão ex- tensa, da actual geração quoadoptou.por felicidade sua, os salutares princípios da nova revelação, mas que as gerações futuras, em imponente unanimidade, sa- berão gloriflear dignamente como o pri- meiro reformador o o mais eminente vulto d'este século. E não se diga que exageramos, attri- buindo tão singular vai >r aquelle que íòi o chefe visível do movimento renovador em matéria de crença, que os nossos dias registraram ; porque, so, como homem as suas virtudes, discretamente veladas ha humildado característica do seu espi- rito, não radiaram n'uma eclosão eslra- nha que deslumbrasse as multidões, som deixarem com tudo de se afílrmar por actos de abnegação, de devotamento, de desinteresso e de valor, quo'fariam honra a mais de um apóstolo do bom, como elle próprio o foi, a sua obra, á que olle imprimiu o sulco do bom sonso, de que foi a mais completa personificação, ahi está, desafiando a acção do tempo, para attestar toda a extensão dos seus pere- trinos dotes, a poderosa envergadura da sua intelligeneia predestinada á missão providencial que o trouxe á terra o de que elle soube so desempenhar com essa galhardia, com essa segurança o critério que afazem indestructivel. Dizemos a sua obra, o não receamos a contestação de que a doutrina spirita, vastíssima synthose do quede mais trans- cendente possa comportar o espirito humano, no ponto do vista scientifico, como no ponto de vista moral o philoso- phico, não é, nem podia ser, a obra do um homem, mas representa o con- juneto das revelações trazidas á torra pe- los espíritos do Senhor, pelos monsagei- ros do alto, interpretes das suas vonta- des e instrumentos das suas leis divinas. Porque, so é verdade que a doutrina spi- rita nào ó uma creacão do que denomi- namos propriamente o nosso mestre, se ella não é uma concepção philosophica erigida em systema pelo seu espirito, mas de facto o resultado das revelações enviadas por Deus á humanidade, na época em quo a sua capacidade compre- honsiva attingia o grau compatível com essas acquisições de ordem elevada, não é monos verdade que a Allan Kardec coube, nessa tarefa gigantesca, a parte mais árdua, c que consistia no trabalho de organização, isto é, em guiar-se no meio do um dodalo confuso, o mal esbo- çado no começo, de communicações vin- das de todas as partes, para com esses materiaes, nâo raro "divergentes o con- fradictorios, estrueturar esse corpo de doutrina que é um monumento de sabe- doria e de critério e quo basta para significar o acerto da sua escolha pro- videncial para os graves misteres d'esse apostolado. N'isso consistiu o grande merecimento do fundador do spiritismo. Raciocinalista por cxcollencia, jamais se deixando àr-i rebatar pelo enthusiasmo das primeiras impressões, mas,ao' contrario.submetten- do tudo ao exame reíloctido da sua razão serena e esclarecida, olle soube evitar os escolhos d'es.a hora inicial, preparando para a doutrina tão sólidas bases,quo oíü- tu ro jamais a expuzessse aos riscos de um ' desmoronamento. Desse trabalho prévio dependia a segurança do edifício, o valor eo respeito do que, pela seriedade dos seus fundamentos, so veria,relativamente em poucos annos, aureoladoo novo corpo doutrinário. Menos hábeis fossem as mãos a que houvesse sido confiado esse mister, tivesse a indecisão penetrado ífcsscs primeiros lineamentos, e uma deplorável imprudência aconselhado a afnrmação de princípios duvidosos ou temerários,—e a necessidade de repeti- das substituições, impostas pela experien- cia o polas novas descobertas scientificas, teria compromettido o êxito da causa, roubando-lhe pelo menos o prestigio que a verdade sabe imprimir aos'seus pro- duetos. Dir-se-ha quo a dou tripa spirita, como revelação divina, baixada á torra na epo ca propicia, não estaria na dependência «D capacidade de um homem, quem quer que fosse elle,o que,cedo ou tarde, faria a sua irrupção e se aílirmaria com todo o cortejo de provas e de factos que fazem à sua maior autoridade. Mas o pre- ciso não esquecer, em primeiro logar que, som sacrifício do livre arbitrio que era todo ser pensante é religiosamente respeitado pelo próprio Creador, sabe Eile fazer das creaturas instrumentos das suas leis providonciaes, suscitando em cada época o missionário talhado para determinado apostolado, e em segundo logar que não são raros os que, mesmo designados, como tudo parecia indicar, para certas missões aqui na terra, a ei- las tèm fallido, o- que, consagrando aquella doutrina do livre arbitrio, vem attestar o merecimento dos que, usando d essa faculdade preciosa, tèm sabido se manter lieis ao compromisso con- traindo antes da sua entrada iveste mundo. E' precisamente o caso do nosso mes- tre Allan Kardec. Tomando este gros- seiro invólucro do carne, quo intercepta ao espirito a percepção do passado, como as recordações da pátria espiritual, de quo apenas trazemos raramente uma vaga intuição, ello soube guardar íideli- dade ao sou mandato o, apezar de con- temporaneo de uma época em que cam- peavam triumphantes as theorias mate- rialistas, soube so stibtrahir á influencia corrosiva dessas doutrinas do negação,ás quaes oppoz, com uma intrepidez digna dos heroes da antiga Sparta, os consola- dores princípios do novo espiritualismo, de quo se constituiu, no assedio das con- troversias que o pretendiam derribar, um verdadeiros. Chrysostomo, abroquelado em uma altiva o moderna galhardia. Aggrodido, assaltado por todas as ambições do orgulho que se sente na ira- minencia de um desthronamento, asset- toado do ridículo com quo a sabedoria enfatuada dos seus adversários pretendia amesquinhar a sua obra, o nosso querido mestre, amparado pela assistência invisi- vel dos seus guias e protectores, sem um momento do vacillação ou do desanimo, luctou contra todos, oppondo aos dardos envenenados do despeito e do ciúme, for- jados no veneno das zombadas, as armas cavalheirescas da razão, do critério o do bom senso. E quando a inveja e a perfídia o foramatraiçoaraté no próprio circulo dos seus companheiros, elle teve ainda a fortaleza do animo de s«i não deixar aca- brunhar e, com a magnanimidade pro- pria das grandes almas, soube envol- vel os no perdão com que respondeu sem- pre a todas as injurias. E triumphou. Após meio século de divulgação, o seu espirito se rejubila de ver a doutrina, a que dedicou o melhor das suas in venci veis energias, penetrar em todos os meios, levando por toda a parte as consolações que a crença em Deus e na immortalidade da alma. Elle assiste, alvoroçado de alegria, á co- lheita dos sazonados fruetos que em tan- tos espíritos, dilacerados de soílrimentos ou de duvidas, produz a sêmenteira de que elle foi o pródigo e abençoado distri- buidor. E por sobre isto, como um com- plemento a esse prêmio que os seus esfor- ços mereceram e que são a mais tocante das recompensas que poderia aspirar,elle pode ifestes dias solemnes, que, como o 3 de outubro e o 31 de março, assigna- Iam o inicio e o termo da sua fecunda peregrinação pelo planeta, recolher, in- visível e omocionado, o puro incenso que sobe dos corações reconhecidos, onde quer que era taes dias se reunam spiritás fieis, ungidos de gratidão, para celebrar o seu nome o bemdizer a sua memória. E" esse preito do reconhecimento e do aílécto o que estas linhas significam e que se completará pelas homenagens que, por sua parte, lhe renderá, como sempre neste dia, a Federação Spirita Brazi- leira, na sua reunião solemne e especial. Possam estas desataviadas phrases,a pau- perrima linguagem om quo o nosso senti- mento é forçado a encarcerar-se, subir j até ao seu generoso espirito com a une- ção de uma prece e como testemunho do desejo, que os spiritás nutrimos, de ter sempre diante dos olhos os exemplos da sua vida, afim de que, nos esforçando por imital-os, pela pratica das virtudes christãs que o distinguiram, possamos nos tornar seus dignos discípulos, apro- veitados o sinceros. Tal é o nosso desejo e também o nosso dever. Porque, se dos salutares ensinos que elle soube enfeixar na sua obra, não fizermos mais que um motivo do cuidado superficial, se nos não identificarmos cora taes princípios, praticando, com todos in- distinetamente, essas preciosas virtudes que se chamam a fraternidade, a benevo- lencia, a caridade, a indulgência, a tole- rancia, e tôm por capitei o amor, base ao mesmo tempo de todas ellas, se não for- mos os spiritás christãos, únicos quo elle propriamente considerou verdadeiros spi- ri tas, que ficará sendo o seu precioso legado em nossas mãos profanas ? Pratiquemos, pois, como elle próprio eloqüentemente exemplificou, o assim as nossas homenagens poderão falar ao seu espirito da sinceridade das nossas intenções e do aproveitamento dos seus generosos ensinos,por parte da nossa ira- gilidade, que aspira a ascenção para o melhor, pela humildade e pela fé. Actos é o que elle tem o direito de exigir-nos: ó o que também a nossa con- sciencia nos impõe. E por elles, e pela intensidade dos seus effeitos, impregnados

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ASSIGNATURA ÁNNUALBrazil 07000

pagamento adiantadoPUBLICA-SE NOS DIAS ] E 15 DE

CADA MEZ

PEtiíODieO KVOLCCI0N1STA

ORGÂO DA FEDERAÇÃO SPIRITA BRAZILEIRAtdáfla corrospoiidoiioni eleve ser dirigida

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ASSIGNATURA ANNUALEstrangeiro 7JJ000

pagamento adiantadoPUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE

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a PEDRO RICHÁRD - Rua do Rosário n. í&^òbraáo

brazil -MBio de Janeiro — 1900— Outubro 3 Ni. 43 2

1Á S 01 ÂlfONo numero dos sentimentos que mais

podem nobilitar o espirito do homem,cabe incontestável proemihencia á grati-dao, c em todas as épocas em que umacerta somma de civilização se accusoúpelo burilàmento dos costumes- sempreuma parcella da humanidade se julgoudignificada, rendendo culto aos seus ho-roos, á memória dos sous reputados bem-feitores.

E', ainda agora, om nome d'6sse senti-mento que a familia spirita, que já sopode considerar universal, graças á pro-pagação por quasi todos os ângulos daterra adquirida, em cincoenta annos,pelo spiritismo, so reúne para, no reco-lliimento o om uma mesma communhãode aílèelos, render o merecido tributo ámemória d'aquelle que, ha noventa e seisannos, tomava um frágil invólucro deargila, para d'ello fazer um instrumentode gloriíicação para o seu espirito o dofelicidade para o gênero humano, cujacausa previamente esposara o que serviucom a abnegação e o grande devotamentoquo caracteriza unicamente os verda-deiros missionários.

Falamos do nosso querido mestreAllan Kardec, cujo nome é abençoadoapenas por essa parte, já hoje tão ex-tensa, da actual geração quoadoptou.porfelicidade sua, os salutares princípios danova revelação, mas que as geraçõesfuturas, em imponente unanimidade, sa-berão gloriflear dignamente como o pri-meiro reformador o o mais eminentevulto d'este século.

E não se diga que exageramos, attri-buindo tão singular vai >r aquelle que íòio chefe visível do movimento renovadorem matéria de crença, que os nossos diasregistraram ; porque, so, como homemas suas virtudes, discretamente veladasha humildado característica do seu espi-rito, não radiaram n'uma eclosão eslra-nha que deslumbrasse as multidões, somdeixarem com tudo de se afílrmar poractos de abnegação, de devotamento, dedesinteresso e de valor, quo'fariam honraa mais de um apóstolo do bom, comoelle próprio o foi, a sua obra, á que olleimprimiu o sulco do bom sonso, de quefoi a mais completa personificação, ahiestá, desafiando a acção do tempo, paraattestar toda a extensão dos seus pere-trinos dotes, a poderosa envergadura dasua intelligeneia predestinada á missãoprovidencial que o trouxe á terra o deque elle soube so desempenhar com essagalhardia, com essa segurança o critérioque afazem indestructivel.

Dizemos a sua obra, o não receamos acontestação de que a doutrina spirita,

vastíssima synthose do quede mais trans-cendente possa comportar o espiritohumano, no ponto do vista scientifico,como no ponto de vista moral o philoso-phico, não é, nem podia ser, a obra doum só homem, mas representa o con-juneto das revelações trazidas á torra pe-los espíritos do Senhor, pelos monsagei-ros do alto, interpretes das suas vonta-des e instrumentos das suas leis divinas.Porque, so é verdade que a doutrina spi-rita nào ó uma creacão do que denomi-namos propriamente o nosso mestre, seella não é uma concepção philosophicaerigida em systema pelo seu espirito,mas de facto o resultado das revelaçõesenviadas por Deus á humanidade, naépoca em quo a sua capacidade compre-honsiva attingia o grau compatível comessas acquisições de ordem elevada, nãoé monos verdade que a Allan Kardeccoube, nessa tarefa gigantesca, a partemais árdua, c que consistia no trabalhode organização, isto é, em guiar-se nomeio do um dodalo confuso, o mal esbo-çado no começo, de communicações vin-das de todas as partes, para com essesmateriaes, nâo raro "divergentes o con-fradictorios, estrueturar esse corpo dedoutrina que é um monumento de sabe-doria e de critério e quo basta parasignificar o acerto da sua escolha pro-videncial para os graves misteres d'esseapostolado.

N'isso consistiu o grande merecimentodo fundador do spiritismo. Raciocinalistapor cxcollencia, jamais se deixando àr-irebatar pelo enthusiasmo das primeirasimpressões, mas,ao' contrario.submetten-do tudo ao exame reíloctido da sua razãoserena e esclarecida, olle soube evitar osescolhos d'es.a hora inicial, preparandopara a doutrina tão sólidas bases,quo oíü-tu ro jamais a expuzessse aos riscos de um 'desmoronamento. Desse trabalho préviodependia a segurança do edifício, o valoreo respeito do que, pela seriedade dosseus fundamentos, so veria,relativamenteem poucos annos, aureoladoo novo corpodoutrinário. Menos hábeis fossem asmãos a que houvesse sido confiado essemister, tivesse a indecisão penetradoífcsscs primeiros lineamentos, e umadeplorável imprudência aconselhado aafnrmação de princípios duvidosos outemerários,—e a necessidade de repeti-das substituições, impostas pela experien-cia o polas novas descobertas scientificas,teria compromettido o êxito da causa,roubando-lhe pelo menos o prestigio quesó a verdade sabe imprimir aos'seus pro-duetos.

Dir-se-ha quo a dou tripa spirita, comorevelação divina, baixada á torra na epo •ca propicia, não estaria na dependência«D capacidade de um homem, quem quer

que fosse elle,o que,cedo ou tarde, faria asua irrupção e se aílirmaria com todo ocortejo de provas e de factos que fazemà sua maior autoridade. Mas o pre-ciso não esquecer, em primeiro logarque, som sacrifício do livre arbitrio queera todo ser pensante é religiosamenterespeitado pelo próprio Creador, sabeEile fazer das creaturas instrumentos dassuas leis providonciaes, suscitando emcada época o missionário talhado paradeterminado apostolado, e em segundologar que não são raros os que, mesmodesignados, como tudo parecia indicar,para certas missões aqui na terra, a ei-las tèm fallido, o- que, consagrandoaquella doutrina do livre arbitrio, vemattestar o merecimento dos que, usandod essa faculdade preciosa, tèm sabidose manter lieis ao compromisso con-traindo antes da sua entrada ivestemundo.

E' precisamente o caso do nosso mes-tre Allan Kardec. Tomando este gros-seiro invólucro do carne, quo interceptaao espirito a percepção do passado, comoas recordações da pátria espiritual, dequo apenas trazemos raramente umavaga intuição, ello soube guardar íideli-dade ao sou mandato o, apezar de con-temporaneo de uma época em que cam-peavam triumphantes as theorias mate-rialistas, soube so stibtrahir á influenciacorrosiva dessas doutrinas do negação,ásquaes oppoz, com uma intrepidez dignados heroes da antiga Sparta, os consola-dores princípios do novo espiritualismo,de quo se constituiu, no assedio das con-troversias que o pretendiam derribar, umverdadeiros. Chrysostomo, abroqueladoem uma altiva o moderna galhardia.

Aggrodido, assaltado por todas asambições do orgulho que se sente na ira-minencia de um desthronamento, asset-toado do ridículo com quo a sabedoriaenfatuada dos seus adversários pretendiaamesquinhar a sua obra, o nosso queridomestre, amparado pela assistência invisi-vel dos seus guias e protectores, sem ummomento do vacillação ou do desanimo,luctou contra todos, oppondo aos dardosenvenenados do despeito e do ciúme, for-jados no veneno das zombadas, as armascavalheirescas da razão, do critério o dobom senso. E quando a inveja e a perfídiao foramatraiçoaraté no próprio circulodos seus companheiros, elle teve ainda afortaleza do animo de s«i não deixar aca-brunhar e, com a magnanimidade pro-pria das grandes almas, soube envol-vel os no perdão com que respondeu sem-pre a todas as injurias.

E triumphou. Após meio século dedivulgação, o seu espirito se rejubila dever a doutrina, a que dedicou o melhordas suas in venci veis energias, penetrar

em todos os meios, levando por todaa parte as consolações que dá a crençaem Deus e na immortalidade da alma.Elle assiste, alvoroçado de alegria, á co-lheita dos sazonados fruetos que em tan-tos espíritos, dilacerados de soílrimentosou de duvidas, produz a sêmenteira deque elle foi o pródigo e abençoado distri-buidor. E por sobre isto, como um com-plemento a esse prêmio que os seus esfor-ços mereceram e que são a mais tocantedas recompensas que poderia aspirar,ellepode ifestes dias solemnes, que, como o3 de outubro e o 31 de março, assigna-Iam o inicio e o termo da sua fecundaperegrinação pelo planeta, recolher, in-visível e omocionado, o puro incenso quesobe dos corações reconhecidos, onde querque era taes dias se reunam spiritás fieis,ungidos de gratidão, para celebrar o seunome o bemdizer a sua memória.

E" esse preito do reconhecimento e doaílécto o que estas linhas significam e quese completará pelas homenagens que, porsua parte, lhe renderá, como sempreneste dia, a Federação Spirita Brazi-leira, na sua reunião solemne e especial.Possam estas desataviadas phrases,a pau-perrima linguagem om quo o nosso senti-mento é forçado a encarcerar-se, subir

j até ao seu generoso espirito com a une-ção de uma prece e como testemunho dodesejo, que os spiritás nutrimos, de tersempre diante dos olhos os exemplos dasua vida, afim de que, nos esforçandopor imital-os, pela pratica das virtudeschristãs que o distinguiram, possamosnos tornar seus dignos discípulos, apro-veitados o sinceros.

Tal é o nosso desejo e também o nossodever. Porque, se dos salutares ensinosque elle soube enfeixar na sua obra, nãofizermos mais que um motivo do cuidadosuperficial, se nos não identificarmos corataes princípios, praticando, com todos in-distinetamente, essas preciosas virtudesque se chamam a fraternidade, a benevo-lencia, a caridade, a indulgência, a tole-rancia, e tôm por capitei o amor, base aomesmo tempo de todas ellas, se não for-mos os spiritás christãos, únicos quo ellepropriamente considerou verdadeiros spi-ri tas, que ficará sendo o seu preciosolegado em nossas mãos profanas ?

Pratiquemos, pois, como elle próprioeloqüentemente exemplificou, o só assimas nossas homenagens poderão falar aoseu espirito da sinceridade das nossasintenções e do aproveitamento dos seusgenerosos ensinos,por parte da nossa ira-gilidade, que aspira a ascenção para omelhor, pela humildade e pela fé.

Actos é o que elle tem o direito deexigir-nos: ó o que também a nossa con-sciencia nos impõe. E por elles, e pelaintensidade dos seus effeitos, impregnados

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REFORMADOR—1900—Outubro 3—¦—ÉÉÉ—I¦ ¦ m—tsma

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de bem, c que elle reconhecerá o valor e a ,extensão do nosso reconhecimento,nestashomenagens que sobem para a sua me-

moria como uma benção de amor o um

tributo de justiça ao peregrino valor do

seu espirito.• %.* •

BEZERRA DE MENEZES

O piitrijnonio par:» a familia

Mais um obolo generoso vem enrique-cor a lista de nossa responsabilidade, comapplicação á -familia do nosso chefeDr.Bezerra de Menezes.Enviou-o o nossoconfrade Demetrio de Castro Menezes,em nome e segundo deliberação do grupode que é digno presidente, com sede nacapilal do Estado que loi o berço natal |do nosso querido companheiro.

E' o seguinte :Grupo Spirita «Fé e Gari-

dade» (Fortaleza) 328000Além d'esse obolo recebe-

mos ainda, á ultimahora, do nosso excellen-io confrade João AlvesRibeiro (de Macuco). . 108000

Quantia por nós arreca-dada e publicada

—_—*

428000

4258000

Total. 1073000

FANATISMOlia um fanatismo scienliiico, como ha

um fanatismo religioso; o, generalizandoeste conceito, pode-so mesmo acerescen-tar que todas as concepções de que é sus-ceptivel o homem, segundo o estado e anatureza do espirito em que peneiram,podem se tornar, de meras aspiraçõesvagas que eram a principio, om idéas

X exclusivas, gerando essa espécie de ob-sessão, que é intolerância e escraviza oentendimento ao ponto do obliterar o li-vre funccionainento da razão e empolgara própria capacidade de pensar fora doslimites das idéas preconcebidas. IVahi asuperioridade d'essa peregrina faculdadeque so chama o bom senso, e que só emraras personalidades superiores se aífirmacom esse poder lueido de discernimentoque escapa á totalidade dos enfatuados eorgulhosos. 0 nosso caro mostre AllanKardec ora d'esso numero.

Outro tanto, porem, não se pode dizerdo eminente scientista Luiz Büchner, umdos mais influentes representantes dasescolas materialistas do nosso século, e o

que se vai ler c que traduzimos textual-mente ihi Revue Spirite, de Paris, pro-va até que ponto lhe podem ser applica-dos os conceitos (pre acima externamosacerca dos que se escravizam a systemas,tornando-se fanáticos.

Eis o quo, sob a epigraphe IludsonTutele o Luiz Büchner, publicou o re-ferido jornal :

«Percorrendo a obra Força e matéria,do Dr. Luiz Büchner, o bem conhecidomaterialista,oSr.X.,dc Washington (Bs-tados Unidos) ficou admirado de nella en-contrar numerosas citações do livro deiludson Tutfle, Árcanos da naturesa,pretensamente escripto sob a inspiraçãodos espiritos e citado como autoridade,e solicitou a este ultimo a fineza do fa-zer-lho a narrativa da sua entrevista comBüchner. Eis4 a resposta que d'clle rece-beu :

uEstava eu entro os 16 e os 18 annos,quando iritelligencias espirituaes mo .de-ram ordem de escrever os Arcanos danatureza. O livro, publicado em 1860,chegou a ter tros edições, e foi de novopublicado recentemente na Inglaterra.

o que de particular lia nossa obra é queella appareceu muito antes da sua opo-Cá 0 que, depois de trinta annos do pu-blicada, não ha nella retoque a fazer nosentido das descobertas depois do seu ap-parecimento.

A theoria de Darwin sobre a evoluçãosurgiu depois e tornou obsoleto quasitudo o que anteriormente havia sido es-cripfo, mas não fez senão tornar maisclaros os princípios antecipadamentepostos em evidencia pelos espiritos-auto-res. Pouco tempo depois de sua publica-ção, foram os Arcanos vertidos para oallemão pelo Dr. Ashbrcnuere editadosem Leipzig, com um appendice explicati-vo da sua origem .

O doutor Büchner leu a obra sem pres-tar attenção ao appendice e, de um oudoutro modo, nietteu-se-lhe oa idéa quoo autor devia ser professor em um col-legio americano de Cleveland (Ohio).D'ella se utilizou repetidas vezes o eseo-lheu os mais importantes dos trechos parafazer citações ao alto dos capítulos doseu livre, se associando ao pensamento doautor, sem a este attribuir a honra dacreação d;.1, obra.

Foi durante o inverno d" 1872, se menào falha a memória, que a sociedade«Turirverein», com sede onde elle resi-dia, firmou um contrato relativo a cemconferências que elle deveria realizar nasprineipaes cidades do antigo e donovo con-ti nente. O Dr.Cyriax,espiritualista ardenteo aggressivOj.era então secretario de umasociedade idêntica, estabelecida em Cie-veland, c foi encarregado da organiza-ção (Vossas conferências. 0 doutor havia |sido exilado por motivo da altitude oparticipação que tivera na revolução th;18-hS, e, como a maioria dos companhei-ros, era materialista. Mais tarde, as po-derosas faculdades mediumnicas do queeradqtado o induziram ao espiritualismo;elle poude finalmente regressar ao seupaiz natal o ahi fundou um excellentejornal espiritualista, que dirigiu até áépoca da sua morte.

Quando se convencionou quo o Dr. LuizBüchner viria a Cleveland, este escreveuao Dr. Cyriax que, tendo sabido que euresidia n'essa cidade, tinha desejo do meencontrar e travar conhecimento com umhomem que tão grande concurso lho for-necera para a confecção.da sua obra.

O Dr. Cyriax, por isso, mo convidoupara um banquete dado em honra doconferenciador o dos exilados do 1818oao qual assistiram vinte o cinco d'cntreelles. Feitas as apresentações da pra-gmatiea, o Dr. Cyriax toma á palavrãodiz :

Meu caro doutor, falas tes nos ter-mos mais encomiasticos do livro Os Ar-canos da natureza ; citastes muitaspassagens d'elle, declarando quo a obrahavia ultrapassado o seu tempo na ordemscientifica. Pois bem; sabeis quem é oseu autor?

Creio que é. este moço, respondeuBüchner, voltando-sc para mim, não semmanifestar um certo desapontamento,lembrando-so deque ao começo suppnzeraser a obra de um professor do collegio,—ao que o Dr.Cyriax relorquiu :

— Nào ha tal. Nào foi elle quem es-creveu o livro. A esse tempo era cllo sim-pies empregado do uma herdade, semeducação nem instrucção, entregando-seaos trabalhos rudes da cultura durante odia, o que, durante a noite foi procuradopelos espiritos, que dello se servirampara lhe dictar o livro que. tanto admi-rais. Não tinha á mão nem livros, nemliibliothocas, porque seus pães residiamno matto e nãose ocetipavam senão deagricultura-.

to, o e

Teime era um bello caracter e, apezardo materialista por força das òircumstan-cias, estava favoravelmente disposto arespeito do espiritualismo.

U Dr. Büchner não quiz aprofundar ocaso, convencido do que o pretendiamenganar ; ruas duranto o jantai"a con-versaçào versou sobre o mesmo assump-

o mo disse :Se os espiritos fizeram todas essas

coisas, o que é então o espirito 1— Prolendois, lherospondi ou, que a

matéria é a base de tudo no mundo o emsi mesma encerra a omuipoteneia. Dizei-me primeiro o que é a maioria, depoisvos diroi eu o que é o espirito.

Ora, como ninguém pode definir amatéria, attendendo a que os átomos,suas partes constitutivas inlinitesirn.ies,não são baseados senão sobre uma hypo-these, e que aos nossos sentidos é im-possível a sua percepção, o auditóriocomprehendeu immediatamente o dilem-ma e se poz a rir, o que desconcertou oescriptor materialista.

Terminado o banquete, Büchner se lo-| vantou e, collocando-so por traz da mi-

nha cadeira, poz-se a íazcr-ino um exa-me phrenologico do craneo, pois que ti-nha a prelenção de ser um adepto d'essasciencia, e por fim, concluída a analyse,veiu dizer-me com um gesto de cor-lezia :

—Tudo esta ahi. na cabeça, sem quehaja necessidade de fazer intervirem osespiritos.

Diílicüimo feria sido convencer o Dr.Büchner, porque elle era de um tempo-ramoito violento, escravo das suas pai-xões terrestres. Tenaz em suas opiniões,o seu übjectivo principal "ra antes pro-pagar as suas próprias idéas do que sub-mofler-se á evidencia da verdade.»

C. M.

tuguez, do excellonle livro No p liz tiassombras, do notável médium Mme. d'Es-perahce, conforme o seguinte documento(pie traduzimos do inglez :

(lothenburg, 10 de agosto de 1900.("aro Senhor. Recebi a carta que mo

dirigistes para Partenkirchon. Como euestava viajando, ella seguiu-mo para minha casa na Allemanha, o depois para aSuécia, onde estou aetualmonte fazendoalgumas visitas.

Cumpre-me observar que o Sr. Fidlerjá respondeu por mim ao vosso pedido, oagora tenho a satisfação de confirmartudo quanto cllo disse, concedendo a pu-blicaçãò do meu livro Shadow Land,conformo o vosso desejo.

Acredito que ossa obra possa ahi indu -zir ao estudo das verdades que advoga-mos e ensinamos, pois quo entreoutros já tem Coito alguma coisa nessesentido.

Esperando, portanto, que ella emiti-ti.nuo a servir de muito proveito; sentir-me-liei sempre satisfeita ao saber doprogresso da nossa causa n'èssii parle domundo.

Vossa sincera — E. d'Esperange.

NOTICIAS

Büchner não poude conter o riso.ouviu-do essa explicação, o exclamou :

Oh ! Que bella pilhéria !Nào, hão I—replicou o Sr.

editor do jornal allemão, - - é

Em uma das sessões do Congresso dePsychologia, realizado em- Paris, omagosto recente, o Sr. Ch. Richet, lente daEscola de Medicina d'aquella capital,apresentou, como um objecto digno doestudo, uma creança de 3 annos de idade,musico admirável, de uma precocidademais extraordinária que a de Mozart.^

«O que ultrapassa toda a imaginação,toda a verosimühança, diz Le ProgrèsSpirite, é quo elle toca piano desde aidade de um anno e que o íaz, desde a

primeira tentativa, como um verdadeiromestre.»

oli' assombroso, diz ainda o referidojornal. Coliocám -no em fronte ao tecla-do o elle executa innumeros trechos comurna arte infinita. Os seus pequeninosdedos volteiam rápidos sobre o marfim.Como elle não tem — está entendido —

bastante desenvolvidas as mãos para seconformar com as prescripções dos mo-Lhodos clássicos, foi preciso adòptar parasou uso um mecanismo especial. Ye-se

que elle comprehende, ou pelo .menossente tudo o que executa. Energia, de-licadeza, expressão, nada lhe falta ; oirrepreliensivel. Não faz o menor es-forço ; não olha mesmo para o teclado ;com a cabeça voltula para nós, tem o ardo escutar, distrahidamenfe, não sabe-mos que musicas sobrenaturaos. Quandoacaba, a sua physionomia readquire aexpressão infantil habitual, o, batendopalmas, huma expansão de alegriamaliciosa, nos dá elle próprio o signaldos applausos.»

Chama-se-Pepino Arriola essa creançaprodígio, quo alem de uni virtuoso é tambem

"compositor. Improvisa freqüento-

mente o, alem de outras producçÕes,compoz uma marcha militar dedicada aojoven rei da Hespanha.

Como explicará a sciencia materialistaesse prodígio \

Teimo,a pura

verdade. E pedimos — acerescenInu, di-rigindo-so a mim — que nos diga cornose deu o facto.

-r. 5 .-

Direitos autoraes c detráducção

Da notável obrado Dr. Peèbles, Thrce\ Jiirhcys the World, trasladamos a se-

guinte communicação espiritual, obtida; na sessão quo elle e seus companheiros\ elléctuaram no alto da grande pyramide'de Gizeth :

uEstrangeiro, estais no cimo de umadas maravilhas do mundo, uma montanha

i de pedras sobre uni mar de areia. Euvivi outrora sob esto céo, vestindo umcorpo mortal. Esse mesmo rio rolava ma-gostoso por esses valles ; mas os ventos,as tempestades, os turbilhões de areia eas loucas revoluções tudo tèm modificado.Esta pyramide, tantas vezes outrorameu logar de observação, era antes umobjecto tradicional que histórico. Ella re-cebeu o sou ultimo retoque ha cerca de10 mil annos (1). Nós mediamos o tempopelas dynastias.

Meu viver na terra vos appareco agoracomo um sonho meio esquecido. Brilhah-tes astros têm se sumido, ilhas tém sur-gido do oceano, continentes tèm desappa-recido, uma multidão de cidades tem ca-hido, e reis conquistadores nasceram,morreram o foram esquecidos, sem queesto titaniço monumento do deserto aban-done esta antiquis.dma soledade. E com-tudo nada do que é da terra é im mortal ;este montão de argarnassa, granito eporphyro vai lenta e seguramente se,consumindo.Contemplai,pjis, estrangeiroe peregrino ! — corno cada pensamento,cada resolução, cada acto,o uma pedravivacollocada no templo espiritual, queestais construindo, polida e assentadaem seu logar por mão do mestre.

Vós, porem, desejais saber o íim comquo foi construída esta, a mais antiga dasestrueturas pyramidaes. O íim era mui-tiplo. Observando cuidadosamente asçonstèllações, a posição da eslrella donorte e a sombra projeetada pelo sol notempo dos equinocios, (dia foi construídasegundo princípios mathematicos, emhonrado Deus Sol, que ülumina e fecun-da o solo,—construída para servir do de-posilo aos documentos públicos o the-souros duranto as guerras de invasão,e construída ainda corno um celleiro dopedra para os grãos durante as fomos eenchentes devastadoras, tendo no centroseu cofre mystico, como um exacto me-didor para o mundo. Um systema uni-versai do pesos o medidas, uma circula-ção universal, um governo universalerarn as utopias theoricas dos antigos,antes do periodo em que vi vi. Estapyrami-de nào foi levantada pelo trabalho forçado,com grande sacrifício de vida, mas porcontribuições gratuitas, concorrendo osservos dos ricos com o trabalho manual.Ha sete comparlimentos-celleiros na cs-

O nosso collega bibliothecaria obteveainda para a Federação a concessão dos

direitos relativos á publicação, em por-

(I) Nío so traia «In annos solares, mas ile annos (or-utarin? por sete revoluçdes lunar.'», como a gemuua erai.iniKiil.i du beto rovuluçCfíB iipparéutes ilo sol.

Sftu 0.100 annos solares.

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REFORMADOR 1900 — Outubro 3i 11 nu —¦

trucLura, com communicações subterra-noas para o celleiro central, a que cha-mais Câmara do Rei. Essas passagens,que eu o saiba, ainda não ioram desço-bertas.

Em conseqüência de longas chuvas oterríveis inundações a antiga Memphisfoi por duas vezes arrazada, sendo emuma até ás suas muralhas, com todos osseus habitantes, em uma só noite. Asconvulsões da natureza e as terríveisinundações eram então communs. Foilogo depois de uma d'ellas que se deu 'co-meço á construçcão (Testa pyramide.a qualexigiu o trabalho de mais de uma geração.Ella foi terminada antes da grande ihüri-dação o das guerras dos reis pastores.

Uma vez, em meu tempo, a agua subiue rolou sobro o cume desta montanha depedras. A enchente durou quarenta o ein-co dias consecutivos ; o, emquanto astorrentes do sul varriam o valle do Nilo,fortes ventos do lado do Mediterrâneoatiiayam a agua sobre o paiz, lançandoondas sobro ondas, até quo estaestrueturaficou completamente submergida. Quando,porem, se deu esse sepullamento sob asMgtias.os thesouros e os cel loiros estavambem guardados; e aovoliar do paiz mon-tanhosç do sul, o povo faminto achou re-cursos para viver. Parece que hoje naface da terra ha menos agua do que ou-trura. Os liquides se solidificaram, o amudança se produziu em todas as classesde seres.

Somou le são eternas as pyramides daverdade, construídas do principios im-mutáveis.

Che-ops-scc (Chcps), o grande rei domundo, morreu em Thchas. Embalsama-do pelos sacerdotes, elle foi depois doalgum tempo collocado nesta pyramido,como uma prova de distihcçãÓ por terconcebido e planejado um monumentoque foi a salvação do seu povo. Final-mente elle foi divinizado ; eá esphgugecalma e impenetrável, hoje mutilada porum povo degenerado, foi levantada parafazer conhecer á posteridade os traços desua physionomia. Vou deixar-vos, filhosde um paiz estranho ; meditai bem, equando as cinzas e a terra de vós rocia-marem a parte que de vós lhes pertence,que estejais preparados para seguir csespiritos antigos, a quem pedis conse-llios.»—- ClIE-OPS-SEE.

(58)

E MORTALHAroa

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Segunda Parte

XVII

O barão de Monteuegro estabeleceu re-sidencia n'uma bella cosa, melhor diriapalacete, á praia de Botafogo, onde se deviacelebrar o casamento da sua Yayá, quelevantava os bons desejos e a curiosidadede quasi toda a população da corte, por seunoivo, o doutor Júlio.

Por entre os da comitiva, que enchiam otemplo, a matriz da Gloria, escondia-se dasvistas de todos uma mulher, cujo rosto eracoberto por escuro véo, mas que não des-peitava a curiosidade, por trajar muitopobremente.

Quem, em meio de tão esplendidas galap,baixa a vista sobre pobre creatura, queparece ter vindo alli só para dizer : mementoliotrio f

Pois essa quasi mendiga era aquella quejá fulgurara nos mais nobres salões, tendorlifliculdíidc em escolher entre a multidão dedistirictos cavalheiros que lhe faziam acurte,- era a filha do commendador Muniz,que, para fazer figas a Júlio, casara comMartim,c de Maitim passara impudiçamenteaos braços de um amante.

A desgraçada guardou em seu peito tudo0(|uen'cllc havia de ruim, sem procurarãomenos, na desgraça, colher e guardar* alli,algumas florintias de bons sentimento:-;.

Odiava Júlio, invejava a felicidade da queia ser sua

"mulher, em quem contentava se

com descobrir algum senão,para agourentaro futuro do distíneto moço.

AS APPARIÇÕESE suas provas scientificas

POR

Camillo i I.mmiurioii

( Traducção de nÍhil )

(Conclusão)

_ No mez de setembro de 1857, o capi-tão G. \V., do 6° regimento do dragõesinglezes, partiu para as Inchas, afim dese incorporar ao seu regimento. Sua mu-lher ficou na Inglaterra, residindo emCainbridge. Na noite do 1". para 15 denovembro de 1857, pela manhã, ella so-íiliou e viu seu marido com physionomiadoente e decomposta; assustada acordou.

Acordada e sentada na cama, viu no-vãmente seu marido em pé ao lado doleito, fardado o com as màos sobre o es-tomago, com os cabellos em desordem ea physionomia pallida e angustiada.

Olhava-a fixamente com olhos espan-tados e os lábios contrahidos.

Ella o viudistinetamente, tão perfeita-mente como nunca, com o corpo cabidoum pouco para a fronte o mostrando opeitoda camisa, que nó 'em tanto não ti-nha mancha alguma.

Parecia querer falar, e tinha um arsoffredor, nunca, porem,' conseguindoarticular som algum.

A apparição durou pouco mais ou me-nos um minuto o desappareceu.

Seu primeiro cuidado foi se certificarse realmente estava acordada.

Esfregando os olhos com a coberta,conheceu que realmente não sonhava.

Seu sobrinho pequeno estava a seulado, dormindo, do que ella se certificouescutando-lho a respiração.

Certa do qne estava realmente açor-dada não poude mais conciliar o somno.

Ao amanhecer do dia seguinte, contouo que vira á sua mãe, garantindo queseu marido tinha morrido, se bem quena camisa cila não tivesse visto manchaalguma de sangue, e desconfiava de quetivesse sido ferido mortalmente.

Firme no que tinha visto e corta damorto de seu marido, éxcusou-se de todasas reuniões.

Uma sua amiga intima convidou-a a

E foi por isso que, vencendo seu orgulho-viera, maltrapilha, testemunhar o accla-mado consórcio do grande homem daépoca.

Junto d'ella, sem lhe prestarem a miniinaattençãò, um velho e um cavalheiro bemconhecido da sociedade fluminense, aguar-davam a festival cerimonia, trocando aevez em quando algumas palavras sobre osepisódios, sempre freqüentes em taes oc-casiões.• Era evidente que se encontravam casual-mente e que eram desconhecidos, dispen-

sando-se as attenções de pessoas da boasociedade.

O velho, vestido no rigor da corte em diasde gala, aproveitava a agradável compla-cencia de seu visinho para informar-se decoisas, aliás, muito conhecidas de toda agente da cidade, e o cavalheiro parecia tergosto em satisfazer a sua curiosidade.—- Conhece a noiva ? perguntou com voztremula.

Já a vi — é uma moça de maravilhosabelleza.

Belleza 1 gemeu o interlocutor. Nemsempre é distinetivo de uma alma superior.Eva foi a mais bella das mulheres IE' verdade, respondeu o cavalheiro,mas, no caso, a belleza plástica da noiva dodoutor Júlio é o symbolo da belleza esthe-tica de sua abna, rica dos mais elevadossentimentos, pura, da pureza dos anjos,tema e amorosa como um olhar de màe parao íilhinho que dorme nó leito de innocencia,

Tem certeza disso, senhor ?-•Não por mim, que não sou da intimi-dade dessa distineta senhora ; mas é este ojui/.o invariável de todos os que tratamcom ella, ainda mesmo dos que dão a vidapor descobrir faltas nos outros.

O velho abaixou a cabeça e, se bemobservassem, veriam que de seus olhos sedesprendiam duas lagiimus, que elle pro-curou oceultar, dizendo :

Deve ser assim ; porque a grande almade Júlio não p de cahir líiim charco im-mundo, mal coberto pela rclva matizada dasflores da belleza plástica.

E, dizendo ist >, o velho retirou-se brusca-monte c, em poucas passadas,galgoua poitado templo, que dava para a praça publica,

assistir a um sarau, a que ella porempto-riamente recusou-se a ir.O telegramma noticiando a triste nova

da morte do capitão W. chegou a Lon-dres em dezembro.

Declarava que o capitão tinha sido fe-rido no assalto da cidade de Lucknowem 15 de novembro.

Essa noticia, publicada por um jornalde Londres, chamou a 'attençãò de umsolicitador, Sr. Wilkinson, encarregadoe procurador daquelle capitão.

Mais tarde, quando esse procuradorse encontrou com a viuva, foi-lhe por estadeclarado já estar prevenida para essadesgraça, e que tinha certeza de tor seumarido sido ferido, mas não a 15 comodizia a noticia, visto que seu maridolhe tinha apparecido na noite de 14 para15 do dito mez. (*)

No emtanto a data do officio do mi-nistrò du guerra combinava com a dotelegramma.

As coisas estavam nesse pé, quando,em março do 1858, a familia do capitãoW. recebeu uma carta datada do Lu-know, de 15 de novembro de 1857, naqual vinha consignado que o capitão\V. tinha sido ferido de noite, quandoá frente de um batalhão em Luknow,não a 15 de novembro, como diziam ostelegrammas, mas sim ali, depois domeio dia; isso era a/firmado pelo autorda carta, o qual tinha sido testemunhaocular do tacto: tinha sido ferido por es-tilhaço de bomba.

Seu ontorramonto efiectuou-se em Dil-kaoska, tendo por distinetivo uma cruzdo madeira, com as iniciaes G. W. o adata da sua morte, 14 do novembrodo 1857.

O ministro da guerra só um anno do-pois foi que corrigiu a data.

Em abril de 1859 foi tirada copia peloSr. Wilkinson.

Outro fado ainda, contado e certifl-cadopelo coronel Wickham á sua mulher:

(.*) A différença de longitude entre Londres eLucknow 6, mais ou menos, de cinco horas; 3 ou4 horas da manhã em Londres correspondempor conseguinte a 8 ou 9 em Lucknow. Poremfoi dupoia do meio dia,e não antes, eomo se verá,que o capitão \V. foi morto. Se, pois, elle ca-hlu a 15, a apparição ter-sc-hia produzido algu-mas horas antes do ataque, no qual suecumbiu,estando, portanto, antes em perfeito estado. Defacto, elle foi mortalmeute ferido dez ou dozehoras antes da apparição.

donde partiu, ninguém sabe para onde,n'umbello coupé, que parecia estar alli á suaespera.

Aquella conversa, que tanto abalou oforasteiro, como me parece, attenta a suaignorância das coisas mais sabidas da ei-dade, não menos commoveu a mulher dis-farçaca com os andrajos da miséria, quefora a bella, rica e vaidosa filha do com-rnendador Muniz.

Ouvindo falar das perfeições d'aquellaem quem daria a alma a Satanaz para des-cobrir uma nodoa, Elisa sentiu-se toda emchammas, as que accendem todas as pai-xões vis, que moram nas almas corrom-pidas.

Ouvindo as palavras do velho, symbo-lizando por um charco coberto de relvaflorida a mulher bella de fôrma e horrendade sentimentos,algo dentro em si se abalou,de modo que iria tombar por terra, se nãoestivesse ao pé um confessionário, a queestonteadamente se atirou.

Alli, pensando na coincidência de vir áigreja para mal, e de na igreja ser espon-taneamente atirada a um confessionário, ainfeliz c jmeçou um exame de consciênciaque foi interrompida pelo movimento geraldos assistentes, que corriam para a capella-mór, onde começava a cerimonia do casa-mento. •

Sem mais se ater a pensamento algum,como uma folha arrebatada pela viração,acompanhou, a multidão e, em breve, estavaem face dos felizes noivos.

N'aquelle momento só teve olhos paraadmirar a belleza da noiva, tão serena, tãosingular, tão mimosa, d'esse mimo cpie sóp de emanar da fonte da innocencia, da ca-ridade, da fé e do amor, — sublimes irra-diaçõ.s das almas cândidas.

Eu também já tive um dia como este,pensou. Mas aquelle assomo de alegria, se-nâo de vaidade, foi de prompto sopitadopor horrível recordação : o anjo do momentoqueimara as azas nas impuras chammas deum amor criminoso.

E, levando as mãos aos olhos para enco-brir uma lagrima, disse comsigo :

Mas esta não é das que sacrificam seudever no altar immundo da mais ignóbil im- |• udicicia! Mão,que está escripto na suafron- |

«Um meu amigo, official dos highlan-ders, foi gravemente ferido em um joe-ho, na batalha de Tel-el-Kebir.

Era eu amigo intimo da mãe d'esse ca-marada, e quando o navio hospital «Car-tago» o trouxe para Malta, ella man-dou-me ir a bordo para vel-o e procuraros meios de o conduzir para terra.

Assim que cheguei a bordo, soubeque era elle o mais grave dos feridose enfermos, e tão mal o julgavam,que consideravam perigosa sua vindapara terra, em vista do abalo que ti-nha do sòfírer para ir para o hospitalmilitar, razão por que só elle e um outroofficial da Guarda Negra tinham deixadode seguir para aquelle destino.

Depois de muito instarmos, sua mãe eeu obtivemos permissão, não só de vel-o,como ainda depensal-o.

Realmente o nosso amigo achava-seem condições taes que os médicos recu-savam amputar-lhe a perna, temendo comisso sua morte immediata, apezar de jul-garem ser esse o único meio de lhe podersalvar a vida.

Apparecera a gangrena, mas em pe-quena escala, de sorte que, com o cura-tivo feito, tinham os médicos a esperançado ainda o poder salvar, mesmo porque,com algum esforço, elle caminhava.

Ficaria defeituoso com certeza, diziamos médicos, ou morreria de consumpção.

Na noito de 4 de janeiro de 1886,achando-me bastante fatigado das vigi-lias feitas e mesmo, por isso, um poucoadoentado, sua mãe aconselhou-me a irá terra descançar e reparar as forças,afim do novamente voltar ao dever juntod*ella.

Achava-se elle em lethargia, e o respe-ctivo medico disse me que, estando odoente sob a acç&o da morphina que selhe tinha administrado, dormiria maiscalmo até, talvez, o dia seguinte.

Accedi ao convite, com a condição,porem, de regressar ao amanhecer dodia seguinte, afim de que elle desper-tasse em minha presença.

Pelas 2 horas da manhã, meu filhomais velho, que dormia a meu lado e emmeu leito, acordou sobresaltado e em gri-tos e chamou:

—Mãe, mãe, olhe o Sr. B !Levantei-me rapidamente: com eíleito

vi o corpo do Sr. B. fluetuando dentro

te : a felicidade pelo amor casto. Meu Deus lo que faço aqui ? Vim procurar allivio a meuspezares, e deparei com os caracteres do fes-tim de Balthazar 1 Miserável! Miserável lArrasta tua miséria até o fundo do abysmo!Mas não l não 1 Que eu não quero compa-rar-me a essas despreziveis [creaturas, quevivem do trafico de sua própria carne, mer-cadoriaà disposição do mais vil dos homensque lhes bate á porta 1 Se não é por hones-tidade, que já atirei aos antros da iniquida-de, seja por orgulho de não ir acabar n'umaenxerga de hospital. Quero morrer de fome,mas não prestar-me ao desprezo publico !

Elisa fugiu da vista do grande quadroque esmagava-lhe a alma e o coração e, emmenos de uma hora, penetrou no humido eescuro casebre em que morava com seu pae,a quem o amor paternal dava forças parao trabalho do ganha pão.Ha quanto tempo te espero, minha fi-lha, para não sahir sem te ver, pois quemuito cedo te escapaste !

Sahi muito cedo, papae, porque quizassistirão casamento do Dr. Júlio, na igrejada Gloria. v

Tu I Que loucura foi essa ?Diz bem : uma loucura, porque fui bus-

car o inferno para minha alma, como se jánão o tivesse!

Como inferno ?Júlio, papae, liga-se a uma moça que

é tão bella quanto cheia de virtudes. Bellezade corpo e belleza da alma !

Pois bem ; e porque o inferno?Ah ! eu queria vel-o, pelo menos, tão

desgraçado como o amigo, a quem me sa-crificou.

Sacrificou-te ?! Não te comprehendo.Já lhe disse que casei com Martim,

por fazer pirraça a elle.E por isso dizes que elle te sacrificou ?

Não, minha filha, quem te sacrificou foi tuacabecinha de vento, porque Martim seriahoje um vulto, como é Júlio, e tu, comosua mulher, serias uma das senhoras maisrespeitadas da nossa sociedade.

Papae, eu hoje reconheço que vocêtem razão. Foi minha ruim cabeça, que feza minha, a sua e a infelicidade de Martim.

(C( nlinúa)

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REFORMADOR — 1900 — Outubro 3

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do quarto, suspenso do chão mais oumonos O'", 15. Fixando ou a vista, a visãodesappa-receu pela vidraça, com ura risotriste.

Estava vestido com roupa de dormir;mas—coisa extranhal— o pé doente, eu-jos dedos tinham cabido gangrenados,estava tão:perfcito como o outro são, oque foi, por mim o meu filho, observado.

Passada uma meiu hora, um portadorveiu dizer-me quo o Sr. B. tinha falle-cido ás 3 horas.

Fui então para junto da pobre mão, queme disse ler elle recobrado os sentidosno momento do morrer, dizendo ter mi-nha mão apertada á d'elle o bem assim ado sou camarada que o tinha acompa-nliado até seu ultimo momento.

Arrependi-mo seriamente de mo terapartado daquelle amigo,o não mo acharjunto d"elle no seu ultimo momento. —Eugênio Wickham.»

t

0 Sr. Wickham filho, tine. então tinhanove annos de idade, aíílrma por cs-cripto o* seguiu to:

« Declaro que o faclo acima narradoò a expressão da verdade, que por mimfoi observado o como fielmente está dos-cripto. — Edmono Wickham. »

O marido da senhora Wickham, lo-ncnto-coronel do artilharia, confirma,tambompor escripto,aexactidão daquellefacto.

Ms, por conseguinte, factos, filhos defiel e rigorosa observação por pessoasinsuspeitas.

Poderíamos facilmente multiplicai-os,mas seria isso ultrapassar os limitesd'este pequeno estudo, o mesmo poucoadiantaria á verdade, em vista dos jáapontados.

A única quês tão aqui ó provar5 se sedeve admittir como possíveis factos tVossaordem.

Pergunto ou, porem : quom os poderecusar ?

Duvidar da boa fé o da verdade cara-cteristica dos narradores ?

Não temos, nem podemos ter tal di-rei to, desde que conhecemos a sua hono-rabilidade e as observações lieis (piefizeram daquelles o de outros íactosidênticos, confirmados em diversas par-tos, nas mais pequenas minudencias

Dizer que são coincidências íortuitas ocontentar-se com isso, som estudo prévioe reílcctido, attribuindo-os ao acaso, ó,sem a menor duvida, um absurdo fora detodas as bases possíveis.

Ainda mais: o acaso é muitas vozesextraordinário, sem duvida ; contentar-se, porem, só com elle não é judiciosonem resolve coisa alguma.

Parece-nos muito mais lógico o scien-tifico estudar, com calma observadora,todos eases phenomenos, do qne negaí-osbruscamente sem prévio eacurado estudo.Explical-os ainda é mais difiic.il.

Corno dizíamos no começo d'oste estudo,os nossos sentidos são imperfeitos e on-ganadores, e quem sabe se elles poderãojamais reproduzir a verdade aqui comoem qualquer outra parte ?!

O que podemos desde já pousar, einvista dos factos que so nos an toi liam comprofusão, é que quera morre, ou o morto,não appareco completamente perfeito aoobservador (não falamos do corpo ma-terial, não, mas sim da alma, do espirito,do principio ps\rchico).

—« Ha acção á distancia do um espi-rito sobre o outro ?» Eis a questão.

Podo-se admittir que cada um. dos nos-sos pensamentos soja acompanhado <!<¦um movimento atômico cerebral, o que éconhecido o admittido pelos physiólo-gistas.

A nossa força psychica é origem do ummovimento ethereo que se transmitte aolonge, como acontece com todas as vibra- Ições do ethor, e se torna sensível nos \cérebros que se achem em perfeita bar- Jmonia com o nosso.

A transformação de uma acção psychi-ca em movimento \ ethereo, o reciproca-mente, pode ser análoga á que se observanotelephono, ou na placa receptora,iden-

tica á placa transmissora, reconstituindoo mòvirhcntó sonoro.

A acção do um espirito sobro outro, somanifesta por di Heron tes formas : — emuns pela visão perfeita ; em outros pelaaudição do. voz conhecida ; om outros porbarulhos insotilos/mcommodaüvos, conv>sejam ;i queda d'1 moveis o outros pho-nomenos mais ou mono* extravagan-tos.

o espirito ao tua sobro o espirito, comono caso de suggcstão mental á dis-lanei a.

A acção á distancia, do um espiritosobre Outro, sobretudo ern circumstan-cias graves como as da morte, com os-pecialiclade na morto súbita, nada tomdo extraordinário; é como o irnari sobreo forro, como a attracção da lua sobre atorra, como 0 transporto da voz humanapor intermédio da eiectricidade, et.moa revelação chimica do uma òs Irei Ia pelaanalyse da luz própria, finalmente coenoiodas as maravilhas pertencentes e uri-lindas tia sciencia contemporânea.

A única diübrença é que pertence auma ordem mais elevada e npdenosguiarpara o caminho de um novo conheciinen-to phvsico do ser humano.

A explicação, porem, não é a mesma,do um que morro, para um que já é cada-ver ha muito.

Sobro tal ponto nada podemos dizer docorto.

Não afTirmarnos com explicações, nemtão pouco negaremos a sua verdade.

Observar, analysar o examinar é onosso dever, desde quo buscamos a ver-dade do phenomeno.

Ninguém será capaz, por corto, do no-gar quo 0 mais dillicil, no saber da crea-tura humana, — «é o conhecimento por-feito do si própria.»

—Tu le conheces ? ! — perguntavaSócrates.

Depois de milhares do annos temos apren-dido e conhecido unia grande quantida-de de coisas, oxceptuando, porem, a quomais nos interessa.

Parece, entretanto, quo a tendênciaactual do espirito humano está oncami-nhada para o fim da máxima de So-era tes : estudar-se a* si próprio.

E' por isso que nos apresentamosaqui, mostrando uma das faces d'aquellegrandioso problema, quo não é dos menoscuriosos.

JA B; kOUSTAING

OS QÜATÍO EíilELHOSExplicados em espirito e verdade

pelos evangelistas, assistidos pelosapóstolos.

Emogollios segundo Malbeosj Marcos e LucasREI WIDQS A' POSTOS EM CONCORDÂNCIA

«E' o espirito qne vivificu ; acarne tle mula serve :

as palavras que vos (ligo sãoespirito e rida.»(Jofiòj VI, v. CA).

«.I Iettra. mata, e O espirito vi-viliea.»

(Paulo, 2a epístola aos Corinthios, c. III v. fi.

MATHias, IV, v. 7-11—Marco*.I, v. 12-13—Lucas, iv, v. i-i3

(Continuação)N. 64. QUAES ERAM o.s M ra os de vida e de

-nutrição do corpo perispiritico tangível,sob appa-rencia corporal luimana, que Jesus revestira purao cumprimento de siia missão terreitre .

«Já vol-o dissemos: Jesus revestiraum corpo análogo aos dos mundos snpe-riores, como elles de natureza perispiri-tica, tornado, comtudo, mai£ materialpela combinação dos Unidos ambiento.* dovosso planeta; esse corpo tinha, pois, asmesmas propriedades, os mesmos meiosdevida o do nutrição quo os dos corposdos espiritos superiorè*. »

« As necessidades e as precisõosdavidao da nutrição materiaes, ás quaes os vos-sos corpos materiaes humanos estão sub-mettidos, desapparocem quando o espiritopurificado, tendo chegado a certo graude elevação moral e intellectual, soílre,livre de todo contacto com a carne, aincarnação ou, para melhor d;zer, ain-corporação fluidica nos mundos snpe-

riores ; enlào as necessidades e os meiosde vida o. ilo nutrição estão em relaçãocom o meio em quo so acha o espiritorevestido de um corpo de natureza peri-spirilica; esse corpo hauro os meios devida o ile nutrição, como o perispirito, danatureza do qual participa, nos fluidosambientes que lhe são próprios c neces-sdrios, — Unidos ambientes que elle as-simila o que bastam ao sustontode seus jprincipios constitutivos.»

« Essa assimilação dos fluidos atnbien-tes, quo opera a nutrição o conserva avida, tom logar em virtude1 das leis que |regem ossos Unidos o que não podeis íainda comprehender, conhecer. »

« A natureza tf ossos fluidos, as leis Ique os regem, as suas propriedades, o |seu emprego o a sua funeção, serão expli-cados, mas quando a hora tiver soado;não vos cabe entrar n'esses detalhes. »

a Basta fazer-.vos notar que, nos mun-dos materiaes, — no numero dos quaesestá actualmenteovosso,—ondeaaproxi-mação d.i matéria é necessária para for-mar a matéria, o homem, revestido doum invólucro material humano, l'ru-cfo da lei do procreaçãu, do roproducçãomateriaes, — está submetlido a uma ali-merítáção matci-ial, tomada no reinovegetal o no reino animal.»

« Tem dois invólucros : um Íluidico quochamastos perispirito, o que, depois da Imorto, constituo para o espirito o corpo Jíluidico que representa a sua individua- |lidado humana ; o outro material que, jdepois da morte, é rostituido á matéria, !no estado do cadáver, e que chamais o |corpo humano. »

« Para a vida o a nutrição d'essos doisinvólucros, o homem tem órgãos ouapparolhos elàboradores dos elementos edos meios de1 vida o de nutrição : unspara operar a alimentação material hu-mana do corpo pelos alimentos líquidos esolidos,com o concurso dos ambientes quelhes são próprios c necessários; os outrospara absorver os fluidos ambientes desti-nados o servindo á vida o á nutrição doperispirito ou invólucro íluidico.»

« A alimentação material não é, pois,necessária o possível senão para o homemrevestido de um corpo material, nosmundos materiaes. »

« Quando o espirito está incarnado, ou.para melhor dizer, incorporado fluidica-mente em mundos superiores, onde ocorpo é de natureza perispiri tica, a vidao a nutrição so operam pela absorpçãodos fluidicos ambientes apropriados. »

« A planta não tem necessidade nemde beber num de come)', o, no omtanto,absorve, quer da forra quer do ar, ossuecos o os fluidos quo lho são próprios cnecessários. »

« O espirito, quer no estado errante,quer revestido de um corpo do naturezaperispiri tica, não tem necessidade nempossibilidade, como vós, de beber o docomer ; absorvo lambem, para a con-servação e o funccionainento da vida, ecomo meio do nutrição,os fluidos ambien-tes quo lhe são necessários para sustentaros principios constitutivos do perispirito,—no estado errante, o no estado de in-carnaçáo ou do incorporação, — parasustentar os principios constitutivos doperispirito e do corpo Íluidico que parti-cipa da natureza d-esse perispirito queo assimilou a si como unicamente com-posto de fluidos o libertado, a) con-tra rio de vossos corpos- materiaes, dapodridão. »

« Já vol-o dissemos (ir 14) e é o mo-mento do vol-o explicar : A natureza docorpo quo Jesus revestira não foi senãoum speciincn prematuro do organismohumano, tal como será, o om muitosséculos, sobro certos centros do vossoplaneta, para a incarnação do espiritoschegados então a um grau siiíficiente doelevação. Que a verdadeira sciencia, istoé, sem idéa preconcebida do immobi-lidado, observe no passado e paulatina-mente no futuro, e descobrirá os precur-sores materiaes d'essas organizaçõesque parecem, n'este momento ainda, im-possíveis- »

« n li iiiicni, entendemos aqui a espe-cio o não o sexo, sem o que designaríamosespecial o principalmente a mulher comosondo do uma organização mais adiau-tada), —o homem,dizemos, modificando-sono ponto do vista physiologico, for-nando-so a matéria mais fraca, tornando-so o systema nervoso mais desenvolvido,a intelligencia mais precoce e excedendomuitas vozes as forças physicas, (o (piovos faz dizer vulgarmente que a laminagasta a bainha), — finalmente o espiritodominando a matéria,diminuindo a carneá proporção qne so desenvolver o sys-tema nervoso, .substituída a força vitalanimal, em muitos organismos,pela forçaespirito-nérvosa, — eis os symptomasque.são os signaes preventivos chamadosa avisar-vos da, mudança que so devooperar om vos. »

« 0 systema depürar-se-ha pouco apouco; o sangue espesso que circula ei.;vossas veias, misturar-se-ha, cada vezmais, com o fluido vital, substituindo asmoléculas corruptora;; o systema nervosodosou vol ver-se-ha,—invadindo o rovesd-mento carnoso—até ao momento em queeste ultimo,reduzido ao estado de simplescr os ta, acabará por desappareeer inteira-mento para dar logar a um invólucro flui-dico tangível, mas dissoluvel sem soílri-monto, som abalo; os próprios nervos,chegados a osso ponto do desenvolvi-mento; serão o que são os fios leves quemantêm suspensos no ar os insectos mi-croscopicos quo liam no outomno o cujosfilamentos leves são conhocidos pelo nomep lotico dedos da virgem; —a sua naturezamudará pouco a pouco, invadidos tam-bem cada vez mais pelo fluido vital-nervoso ; íloxibilizar-se-lião, diminuindoao mesmo tempo do volume ; a sua im-pressiohábilidade augmentará om razãoda diminuição do seu volume, o, harmo-ni/.ando-so com o invólucro que oscobrir, acabarão por constituir um con-juneto, tal como o (pie chamamos, parao fazer comprehender, um perispiritotangível, ou corpo do certos planetaselevados. »

(Continua).

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