Brigitti Schmiderkal Arendt PSICOPEDAGOGIA EM...

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Brigitti Schmiderkal Arendt PSICOPEDAGOGIA EM NOVOS ESPACOS Monografia apresentada como requisito parcial para obten((ao do titulo de Especialista em Psicopedagogia no Curso de P6s-Gradu8t;:ao da Universidade Tuiuti do Parana. Orientadora: Maria Letizia Marchese. Curitiba 2004

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Brigitti Schmiderkal Arendt

PSICOPEDAGOGIA EM NOVOS ESPACOS

Monografia apresentada como requisito parcialpara obten((ao do titulo de Especialista emPsicopedagogia no Curso de P6s-Gradu8t;:ao daUniversidade Tuiuti do Parana.

Orientadora: Maria Letizia Marchese.

Curitiba

2004

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SALMO 127Cantico de degraus. De Salomao.

gSe a Senhor nao edificar a casa,em van trabalham as que a edificam.Se 0 Senhor nao guardar a cidade,em VaG vigia a sentinela.Inutil vas sera levantar de madrugada,repousar tarde,comer 0 pac de dares;pais ele da aos seus amados 0 sono.Os filhos sao heranl'" do Senhor,e 0 fruto do ventre 0 seu galardao.Como flechas na mao do valente,assim sao as filhes da mocidade.Bem-aventurado 0 homemque enche deles a sua aljava.Nao serao envergonhadosquando falarem com as seus inimigos aporta."(BiBLlA, 1994, p.SS9)

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Agradecimento

Agrade90 a todos aqueles que de uma maneira ou outracola bora ram na elabora9ao do presente trabalho; sobremaneira aDeus, a familia e aos professores e amigos por seu incentivo.

iii

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SUMARIO

RESUMO ..

ABSTRACT ..

1.INTRODU<;Ao ..

2. REFERENCIAL TEORICO ..

2.1. A PSICOPEDAGOGIA..

2.2. TEORIAS QUE EMBASAM A PSICOPEDAGOGIA. ..

2.2.1. Teoria Psicodinamica ..

2.2.2. Teoria Construtivista ....

....... vi

. vii

. 01

. 02

. 02

. 09

......09

..... 10

2.2.3. Teoria Ecologica ou Determinista. 14

2.2.4. A Hereditariedade e 0 Ambiente e 0 Ambiente no Desenvolvimento Infantil. 16

2.2.4.1. Areas de Desenvolvimento ..

2.2.4.1.1. Desenvolvimento Cognitivo ..

2.2.4.1.2. Desenvolvimento da Linguagem ..

2.2.4.1.3. Desenvolvimento Fisico ..

2.2.4.1.4. Desenvolvimento Emocional..

2.2.4.1.5. Desenvolvimento Social..

3. KUMON ....

3.1. ORIGEM DO KUMON ...

3.2. CARACTERisTICAS DO KUMON ..

3.3. PAPEL DO ORIENTADOR DO KUMON ..

3.4. PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO AMBIENTE KUMON ..

3.4.1. Intervengao na Instituigao Kumon ..

3.4.2. Intervengao no Espago Fisico ..

3.4.3. Interveny80 na Oinamica de Funcionamento ..

3.4.4. Atuagao Clinica ..

4. ESTUDO DE CASaS ....

4.1. CASO L..

iv

...16

.... 17

.................... 17

...17

. 18

. 19. .20

. .20

. 21

. 27

.....28

. .29

. 30

. 31

. 32

. 36

. 36

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4.2. CASOY ...

4.3. CASO S

5. ANALISE E DISCUSSAO DOS CASOS ...

. ~

6. CONCLUSAO .

REFERENCIAS .

..... ..40

.... ..42

.....48

. 50

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RESUMO

Este trabalho enfoca a import;mcia do profissional de Psicopedagogia em todosas locais onde aconteee 0 ensina, visando 0 processo de aprender independente daidade. Especificamente neste trabalho, cita-se a aprendizagem na Unidade Kumon.Faz-s8 urn breve historico de como a Psicopedagogia tern atuado no nOSSD pais aolango destes 34 anos e, a sua preocupaC;;8o em fundamentar as suas pesquisascientificamente, apontando a importiincia da Associa9ao Brasileira de Psicopedagogia.Segue-se neste sentido, as teorias que fundamentam a pratica dentro do atendimentoda instituig80 e da cHnic8. Descreve-se 0 Metodo Kumon quanta a sua origem, as suascaracteristicas, 0 papel do orientador do Kumon e 0 papel do psicopedagogo comointermediario do processo de ensina e aprendizagem. E, sob esla mesma perspectivateorica, sao discutidos Ires cases clinicos que manifestam dificuldades deaprendizagem no Metodo Kumon, que sao provenientes de diversos falaresnecessitando, assim, de atendimento e intervenr;ao Psicopedag6gica. Par tim, 0

trabalho propoe um redimensionamento no papel do Psicopedagogo frente asdificuldades de aprendizagem, em que se faz necessario 0 estabelecimento de urncontexto de colabora9ao entre todos os parceiros educativos.

Palavras-chave: Interven9ao Psicopedagogica, processo de aprendizagem,trabalho clinico, trabalho preventivo.

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ABSTRACT

This monographic work gives a real focus over pSichopedagogic professional in alithe fields where happens the instruction for people, emphasizing the process of learnindependent of the ages. In our case we talk about the learn into the Kumon's Unity. It ismade a little historic about how the Psichopedagogic technique it is acting along 34years in our country, and its scientific research care giving the real importance of theBrazilian Psichopedagogic Association. In this way, it is the same practices attendtheories in clinics and institutions. We describe the Kumon's methodology in its origin,characteristics, the Kumon's person who guides the students and the psichopedagogicprofessional acts into learning process. In this theory perspective, is discussed threeclinical cases that have the learning difficulties into Kumon's methodology. These casesare results from different factors, so they need a Psichopedagogic attend andintervention. Finally, this monographic work is proposing a new possible ways to thePsichopedagogic professional work in front of learning difficulties, which is necessarynew deal collaboration among all educational partners.

Key words: PSichopedagogic intervention, learning process, clinical work, preventionwork.

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1.INTRODUc;:Ao

o numero significativ~ de crian9as que enfrentam dificuldades no processo de

aprendizagem e, que nao acompanham 0 ritmo das classes escolares regulares imp6e

esfor90s na busca da supera9ao dessas dificuldades. 0 trabalho de preven9ao e

tratamento dos problemas de aprendizagem e fundamental para garantir a permane!ncia

da crianya na eseela, par issa, 0 psicopedagogo torna-S8 necessario em todas as areas

ande 0 ens ina aconteee.

o presente trabalho tem 0 intuito de fazer emergir em cada terapeuta a

necessidade de ampliar seu repertorio de possibilidades de atua9ao a partir de

reflex6es criticas sabre a sua pratica, trabalhando em conjunto com Qutras areas da

saude, visando sempre a processo de aprender do aluno com dificuldades de

aprendizagem.

o abjetivo geral desta produc;ao e contribuir para 0 avanc;o necessaria na area de

dificuldades de aprendizagem de uma maneira mais ampla, mesmo quando os alunos

procuram meiDs alternativQs (aulas particulares, Metoda Kumon, etc.) para amenizar as

suas deficiencias no processo de ensina aprendizagem, tamanda-se assim, necessaria

a interven9ao psicopedagogica.

Como objetivos especfficos procurar-se-a demonstrar os aspectos que ajudarao

o futuro psicopedagogo a capacitar-se para 0 desenvolvimento de sua profissao, tais

como a percep~o da interferencia dos processos educacionais no contexto da Unidade

Kumon; perceber-se como agente educacional; aprender a identificar as crianc;:as que

apresentam problemas de aprendizagem; saber diferenciar as inadequac;:6es da escola,

da familia ou grupo social e, do Metoda Kumon; saber orientar os professores no

encaminhamento de crian98s com dificuldades de aprendizagem. Sendo assim, 0

psicopedagogo deve ter um olhar do sujeito interado em todos os sistemas.

Este trabalho monografico proporcionou, tambem, junto ao profissional

psicopedagogo, a busca incansavel do saber cientffico para uma boa pratica clinica,

uma vez que as Cie!ncias Humanas, assim como a proprio Homem estao em constante

evolu9ao.

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2. REFERENCIAL TEORICO

2.1. A PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia no Brasil surgiu no final da d,;cada de 70, com objetivo de

saber por que alguns sujeitos niio aprendiam adequadamente, suas dificuldades eram

associadas a urna disfun980 neurologiea denominada de disfun.yao cerebral minima

(OCM) servindo de camuflagem para problemas sociopedagogicos. Sua aplica\'iio

pratica teve espa90 nos consultorios, desenvolvendo um trabalho terapeutico (Bossa,

2000).

Integrando conhecimentos da Neurologia, Psicologia, Psicanalise, Pedagogia,

Linguistica, Medicina, Fonoaudiologia, PSicomotricidade, Terapia Ocupacional,

profissionais de varias areas fcram especializando-se no conhecimento de como S8

processava a aprendizagem no ser humano e de quais os transtornos, nesse processo,

eram passiveis de serem minimizados e ou superados.

A PSicopedagogia foi introduzida no Brasil baseada nos modelos de atua9iio da

Argentina, atrav9S de Jorge Visca, Sara Pain, Alicia Fernandez, Marina Muller e outros.

o Modelo de atua9iio no Brasil embasa-se na pesquisa de Jorge Visca (1991),

criador da Epistemologia Convergente, linha teorica que propoe um trabalho com a

aprendizagem utilizando-se da integra\'iio de tres linhas da Psicologia:

Escola de Genebra - Psicogenetica (ninguem pode aprender alem do que a sua

estrutura cognitiva permite);

Psicanalitica - Freud (aprender de forma diferente em rela\'iio a um objeto: dois

sujeitos com nfvel cognitivo igual e, distintos investimentos afetivDs);

Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon-Riviere (1988) (aprender de forma

diferente em rela980 a urn objeto: dais sujeitos com nivel cognitiv~ e afetivo igual

devido a influencias socio-culturais desiguais);

No inicio dos anos 80, foi percebido que a Psicopedagogia niio podia se

restringir aos consult6rios, mas deveria se estender as institui90es que promovem a

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aprendizagem, visando principalmente a preven~o de dificuldades no processo de

aprender.

Segundo Jorge Visca, "a amplia<;iio no ambito da Psicopedagogia deu

possibilidade tanto de estudar 0 sujeito individual em profundidade, quanto de

extrapolar estes conceitos para 0 macrossistema, as quais nao tinham sido

pesquisados".(VISCA, 1991, p.15).

Nessa evolu<;iio surge em 1980 a Associa9aOde Psicopedagogos de Sao Paulo,

visando delinear 0 campo de atua<;iio do profissional psicopedagogo. Em 1988,

organiza-se a Associayao Brasileira de Psicopedagogia que e responsavel pela direyao

de eventos de dimensao nacional, bern como publicar temas que retratam as

preocupayoes e tendencias na area.

Seus precursores sao: Clarissa Golbert, Sonia Maria Moojen Kiguel, Edith

Rubinstein, Maria Lucia Weis, Marina MOiler, Beatriz Judith Lima Scoz, Leda Maria

Code90 Barone, Maria Aparecida Neves, entre outros. A complexidade do seu objeto de

estudo e as demandas da vida atual representam um verdadeiro desafio aos estudiosos

da Psicopedagogia.

o termo psicopedagogia distingue-se em tres conota90es: como uma pratica,

como urn campo de investigaqiio do ato de aprender e como (pretende-se) urn saber

cientifico.A PSicopedagogia estuda as caracteristicas da aprendizagem humana: como se

aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e esta condicionada par varios

fatores, como se produzem as alterayoes na aprendizagem, como reconhece-Ias, trata-

las e preveni-Ias. 0 trabalho Psicopedagogico pode ser cUnico au preventivo.

o trabalho elfnico se da na relayao entre 0 sujeito com sua historia pessoal e sua

modalidade de aprendizagem, buscando compreender a mensagem de outro

sujeito, implicita no nao aprender. 0 profissional deve compreender a que a

sujeito aprende, como aprende e par que, alem de perceber a dimensao da

relay80 entre a psicopedagogo e a sujeito de forma a favorecer a aprendizagem.

o Irabalho preventivo se da na institui<;iio, enquanto espa90 fisico e psiquico da

aprendizagem, e objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que e avaliado a

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processo didatico-metodol6gico e a dinamica institucional que interferem no

processo de aprendizagem.

Para Sonia Maria Moojen Kiguel, historicamente a Psicopedagogia surgiu na

fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de

crianc;as com .disturbios de aprendizagem', consideradas inaptas dentro do sistema

educacionai. (KIGUEL, 1983, p.22).

De acordo com Maria A. Neves, "a Psicopedagogia estuda 0 ate de aprender e

ensinar, levando em conta as realidades interna e externa das aprendizagens, tomadas

em conjunto. E, mais, procurando colocar em pe de igualdade os aspectos cognitivos,

afetivos e sociais que Ihe sao implicitos" (NEVES, 1991, p.12)

Para Clarissa Golbert:

( ...) 0 objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de doisenfoques: preventivo e terap~ulico. 0 enfoque preventivo considera 0 objelo deestudo da Psicopedagogia 0 ser humano em desenvolvimento, enquanloeducavel. Seu objeto de estudo e a pessoa a ser educada, seus processos dedesenvolvimento e as altera90es de lais processos. Focaliza as possibilidadesdo aprender, num senlido amplo. Nao deve se restringir a urna s6 ag~ncia comoa escola, mas ir tambem a familia e a comunidade. Podenflesclarecer, de formamais ou menDs sistematica, a professores, pais e administradores sobre 0progresso nos processos de aprendizagem, sobre as condi90es determinantesde dificuldades de aprendizagem. 0 enfoque terapeutico considera 0 objeto deestudo da psicopedagogia a identificaifBo, analise, elaborac;ao de umametodologia de diagnostico e tratamento das dificuldades de aprendizagem(1983, p.13).

Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma a9ao

subsidiaria da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um conhecimento

independente e complementar, possuida de um objeto de estudo - 0 processo de

aprendizagem - e de recursos diagn6sticos, corretores e preventivos pr6prios (1991).

Esta troca relatos e atividades dos diferentes profissionais foram construindo um

modelo de intervenyao psicopedag6gica, a partir de uma visao mais ampla a respeito

da relavao entre aprendizagem e queixa escolar. Esta visao foi criando um perfil

profissional diferente, mais disponfvel para perceber os limites e conflltos. Essas trocas

ocorreram dentro das universidades, nos cursos de especializac;ao e, sobretudo, nas

reuni6es cientificas promovidas pelos diferentes orgaos de classe e sociedades

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cientificas das categorias profissionais envolvidas no estudo e na pesquisa da

aprendizagem. Essas multiplas trocas para compreensao do fen6meno fracasse escolar

foi delineando uma posiyao interdisciplinar para a Psicopedagogia, entendida como

uma postura cientifica que se vale das contribuic;6es das diferentes disciplinas para a

compreensao das dificuldades de aprendizagem.

Outra conclusao a respeito da contribuiyao da visao transdiciplinar e a tende!ncia

express iva para compreender a queixa escolar a partir do sujeito da aprendizagem

numa abordagem que leva em consideragao os aspectos psicodinamicos, entendidos

como as contradi<;6es e tens6es pertinentes a mente humana.

o alune constr6i seu estilo de aprendizagem a partir de suas experie!ncias de

vida no contexto onde se insere. Seu estilo de aprender relaciona-se com seu modo de

viver. Nao basta analisar as dificuldades que 0 aprendiz apresenta para ultrapassar os

desafios da escolaridade. E preciso compreender 0 sentido do estilo de aprender e

viver e, como este estilo poderia explicar a queixa escolar.

A queixa escolar ou dificuldade de aprendizagem deve ser compreendida

juntamente com 0 sujeito da aprendizagem no contexto s6cio cultural. 0 sujeito da

aprendizagem e contexto sao parte do todo simultaneamente, de um complexo sistema

e se interferem. Edgar Morin (2001) denomina de ·principio hologramico", inspirado no

holograma, em que cada ponto contem a quase totalidade da informa~o do objeto que

ele representa para explicar 0 aparente paradoxo das organizac;6es complexas, em que

nao apenas a parte esta no todo, como 0 todo esta inscrita na parte.

A tecnica psicopedag6gica nao esta nos recursos em si mesmas, mas na

abordagem daquele que interpela 0 sujeito da aprendizagem. Em sua abordagem estao

as teorias implicitas e sua visao de mundo (Blatyta, 1995). E 0 psicopedagogo que

devera identificar as possiveis relag6es que possam produzir efeitas terapeuticos

atraves dos diferentes recursos que ofertara ao seu paciente, sem perder de vista as

quest6es relacionadas com a escolaridade, mas nao apenas focalizando a mesma. Nao

se deve olhar 56 para 0 produto final.

A intervengao psicopedag6gica nao se limita mais a utiliza<;ao dos recursos

tecnicos em si mesmo, mas leva em conta a relac;ao transferencial que 58 estabelece

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entre 0 psicopedagogo e 0 sujeito da aprendizagem. Eo especialmente a partir do

manejo da transferencia e da pOSiy80 do que 0 psicopedagogo nela assume, as

recursos oferecidos ao paciente podem ter efeitos terapeuticos no sentido da mudan~

de sua pOSiyc30tanto frente 0 saber como frente ao conhecer e suas quest6es com a

escolaridade. Propoe-s8 entaD pensar num 8stilo de intervenyao psicopedag6gica que

possa olhar para 0 todD, isto e, para 0 discurso social escolar amplo e para as partes

simultaneamente, para as conflitos existenciais rna is amples, sem deixar de lado as

conllitos locais inerentes a escolaridade e a singularidade do sujeito (Rubinstein, 2002).

Acredita-se que esta e urn papal importante para 0 psicopedagogo no nivel

institucional: ajudar na quebra de preconceitos, e auxiliar a equipe pedagogica a relletir

sabre as problemas de aprendizagem. A tala deve possuir uma importancialegitimadora, e dave-S8 utiliza-Ia para auxiliar no sentido de contribuir para urna

melhoria no processo educativ~, principalrnente na esfera publica; perrnilindo que os

profissionais envolvidos ten ham uma postura critica diante do fracasso escolar.

Ao psicopedagogo e fundamental conhecer 0 pensamento infantil (nao pode-se

desprezar as contribui90es de Piaget e Vygotsky nesse sentido), e as caracteristicas

dos objetos implicados no tratamento, como, por exemplo, os jogos estruturados, que

permitem uma certa estabilidade para ocorrencia de transferencias e inferencias. 0

psicopedagogo dave poder nesse processo suportar a ausencia e 0 silencio, e suas

intervenc;oes dependem de cada situac;ao clinica.

Nao e urna tarefa facil lutar contra 0 insuportaval do nao saber, que por sua vez

remete-se a logica da castra980. Nos atendimentos deve-se deixar um espa90 para que

os significantes circulem, de modo que se possa escuta-Ios. Deixar urn espac;o para que

a logica da crianc;a fale, para que se possa escutar as hip6teses implicitas em seu dizer

e/ou fazer. Deve-sa oferecer urn espac;o para que se constitua urna demanda, quando

esta nao se apresenta. Neste espac;o, deve ser possivel alternar um saber com um nao

saber. Para os pais 0 processo terapeutico permite a abertura de um espat;;o para que

se escutem seus filhos.

Ao responder as questoes que se formulam da forma como eles podem no

momento, 0 aluno, pensa sobre 0 que esta dizendo e pode a partir dos

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questionamentos dar novo significado ao fato que esta contando. Ao mesmo tempo em

que se pode contextualizar as suas falas, compreender como e seu mundo, quais sao

suas fantasias, seus medos, sabre a aprender. Pode-se come9ar a compreender a que

significa aprender para este individuo.

Em suma existe uma relay80 dialetica que e ao mesmo tempo em que vai se

compreendendo como 0 individuo aprende, vai se modificando 0 jeito deste individuo

aprender.

Sempre que se faz um diagnostico tem que se propor a conhecer a pessoa por

inteiro, tem que verificar como ela aprende e nao verificar a que ela ja sabe au aquila

que ela nao sabe; isla a escola, ou a familia ja sabe, tem que questionar a como e nao

so 0 que ela aprende.

Portanto durante 0 atendimento psicopedagogico tem que pensar no aluno como

alguem capaz, que vive em um contexto familiar, escolar e social especifico e de que

maneira vivencia estes espa90s de maneira diferente; so assim poderemos ajuda-Io a

ser autor e nao so ator de sua propria historia (Fernandez, 1990).

Diante dos estudos realizados acerca do aprender e do nao aprender, parece

consensual a imperiosa necessidade de se identificar, tratar ou prevenir 0 mais cedo

possivel as dificuldades de aprendizagem; de preferencia ainda no nivel de eduCa9ao

infantil. E de suma importancia uma avaliarrao global da crianrra, considerando as

diversas possibilidades de alterayoes, que resultam nas dificuldades de aprendizagem.

o tratamento devera ser a mais especffico e objetivo possivel, ja que, todD caso

e unico. Nem toda dificuldade de aprendizagem e causada par les6es cerebrais; au

seja, nem todo disturbio e perceptive I e comprovado, atraves de exames neurologicos.

Os sintomas de algumas sindromes podem estar relacionactas com as falhas no

processamento das informa90es, necessarias para a aprendizagem do conteudo

estudado.

Enfim, nao se deve tratar 0 nao aprender como problemas que nunca poderao

ser resolvidos; antes disso, deve-se encarar como desafios que fazem parte do proprio

processo de aprendizagem. Na realidade tem S8 vista, que a familia so e mobilizada a

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procurar ajuda especializada para suas crianyas, quando fica evidente ou ameac;ado0

rendimento escolar e, a aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem cantinuam a ser alva de uma grande

quantidade de alunos com problemas escolares. No entanto, 0 apoio que estes

necessitam ainda hoje e praticamente inexistente e, muitas vezes sao geradores de

graves prejulzos, favorecendo cada vez mais a evasao escolar e, consequentemente a

marginalizac;aosocial.

Segundo Laura Monte Serrat Barbosa (2001), a aprendizado nao acontece em

linha reta, numa ascensao de aquisic;oesque VaGse somando umas as oulras; e sim,

apresenta um trac;adoacidentado, definido como "dente de serra~,com picas de alturas

variadas.

"E errando que se aprende". 0 produto final e mais valorizado do que a esfor90

realizado neste caminho acidentado cada vez mais, os adultos esquecem que para

acertar precisam errar e trabalhar sobre 0 erro.

A alta frequemciado fracasso leva a fuga da experiencia de aprendizagem, leva a

inibic;ao.Havendo a inibiC;ao,as fun<;6esenvolvidas no processo nao se desenvolvem e,

os repertorios para enfrentar novas siluaty6es de aprendizagem diminuem. Quando a

crianc;a e solicitada para nova experiencia de aprendizagem, entra em ansiedade por

dois motivos:

1) Por ji3 conhecer 0 fracasso e, nao possuir 0 desejo de aprender (obstaculo

epistemofilico).

2) Por nao possuir 0 nivel de desenvolvimento cognitiv~ exigido para aquela

aprendizagem (obstaculo epistemico au funcional).

A partir do momento que a crianc;apercebe que 0 erro e 0 acerto sao aceitos e

fazem parte do processo de aprendizagem, sua ansiedade baixa, ela relaxa a guarda e

permite-se trabalhar com situac;6es novas e dificeis.

Sem dificuldade nao existe aprendizagem real; nao havendo desequilibrio a

aprendizagem nao acontece.

Destacam-se as contribui90es de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1985) que,

partindo da teoria piagetiana, busca novos caminhos para 0 entendimento da

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construty80 da aprendizagem da leitura e da escrita e redimensiona a concepty80 de

problema de aprendizagem ao considerar muitos dos erros freqOentes, cometidos na

produ"ao oral e escrita como hipotese que a crianya elabora na construy80 do proprio

conhecimento.

As ideias de Ferreiro tambem contribuem para que as escolas possam rever sua

atuaty80 frente aos alunos, procurando avaliiHos nao em termos de respostas ~boas ou

mas", mas pelo processo que os leva a tais respostas. A partir do momento em que

respeitar a etapa de desenvolvimento na qual os alunos se encontram, e souber

trabalhar esse limite, introduzindo propostas de trabalho ricas e desafradoras, as

escolas poderao transformar os Merros"dos alunos em algo construtivo.

2.2. TEORIAS QUE EMBASAM A PSICOPEDAGOGIA

2.2.1. Teoria Psicodinamica

A Teana Psicodinamica teve ampla infiuencia no estudo do desenvolvimento

infantil, bern como na educayao para a primeira infancia.

Ela lida com a personalidade e desenvolveu-se a partir da pratica clinica, mais do

que nos laboratorios de pesquisa. A psicanalise que aborda os problemas de

personalidade dos adultos, ajudava os pacientes a entenderem a influencia que a

infancia teve sobre suas personalidades.

Neste processo, ela proporcionou alguns insights interessantes sabre a infancia,

e mais tarde veio a ser usada no estudo do desenvolvimento infantil.

Sigmund Freud (1856 a 1939), desenvolveu uma forma de tratamento que

chamou psicanalise, na qual os pacientes falavam de suas hist6rias passadas e

condiy6es atuais. Ele usou tecnicas como a analise dos sonhos e a associayao livre

para ajuda-Ios a confrontarem-se com seus medos e conflitos inconscientes.

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Sua teoria enfatiza a papel fundamental das 8xperiencias da prime ira infancia no

desenvolvimento da personalidade, ende 0 individuo passa par uma serie de estagios

Psicossexuais.

S8 isso aconteee normal mente, desenvolve-se uma personalidade saudavel.

Entretanto, se surgirem conflitos, pode haver fixag80 em um estagio em particular e,

neste casa, 0 adulto vai estar lidando inconscientemente com necessidades ligadas a

urn periodo anterior de seu desenvolvimento.

Freud via estes estagios do desenvolvimento psicossexual como universais,

faziam parte do desenvolvimento em todas as culturas, ver Tabela 1.

TABELA 1 - OS ESTAGIOS PSICOSSEXUAIS DE FREUD

IDADE ESTAGIO CARACTERISTICAS

0-1 ano Oral A boca e 0 Irato digestiv~ superior sao 0 centro daestimula~o sensual e do orazer.

1 3 anos Anal o anus e 0 lrato digestiv~ inferior sao 0 focoprincipal; prazer em reter ou eliminar as fezes.

3 6 anos Falico o prazer esta centrado na zona genital;surgimento do Complexo de Edipo; identificar;:ao

com os pais.6-12anos Lal~ncia Centrada na atividade produtiva; supressao do

interesse sexual.12 anos em diante Genital Desenvolvimento de interesses sexuais maduros.

FONTE. Bernard Spodek e Olivia N. Saracho. Ensmando Cnanr;:as de Tr~s a O.to Anos, 1998. p. 72.

2.2.2. Teoria Construtivista

A Teoria Construtivista e uma soluyao dialetica para a OpOSig80 entre

racionalismo e empirismo. Estes dois pontos de vista sao formas de entender como os

individuos vern a conhecer 0 mundo. 0 racionalista va a razao (isto e, a mente) como a

fonte do conhecimento, enquanto 0 empirista elege a experiencia. 0 construtivista va 0

individuo criando conhecimento ao agir (ou pensar) sobre a informac;ao obtida atraves

da experiencia.

Mesmo as crian~s mais novas tern algum entendimento sobre 0 mundo, que as

ajuda a interpretar as informac;6es que recebem, ao mesmo tempo em que a nova

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II

informa~ao tambem pode modificar 0 entendimento, num processo ativo que S8

estende par toda a vida.

Os Irabalhos de diversos leoricos, como Jean Piagel, Lev S. Vygolsky e Jerome

S. Bruner foram cruciais para 0 estabelecimento da visao construtivista do

desenvolvimento infanti!.

Jean Piaget (1896 a 1980) foi um dos pioneiros das teorias construtivistas do

desenvolvimento cognitive. Ele coletou informa~6es sobre como as crianc;as de varias

idades resolviam problemas de raciocinio, comunicavam seus sonhos, faziam

julgamentos mora is e conduziam Qutras atividades mentals. Ele sugeriu que a sistema

de pensamento de uma crian98 S8 desenvolve atraves de uma serie de estagios

comuns as crianc;as de todas as culturas.

De acordo com Piaget, a crianC;8 de senti do 80 mundo pelo desenvolvimento de

esquemas. Um esquema e uma forma integrada de pensar sobre os elementos do

mundo. Para a crianC;8, urn esquema e urn padrao de a90es que sao repetidas em

situa90es parecidas. A medida que as crianyas amadurecem e desenvolvem a

linguagem, os esquemas se tornam mais abstratos.

o processo de criar e modificar os esquernas inclui dois tipos de a90es: a

assimilaqc30 e a acomodaqc3o. Na assimilaqao, quando uma crian9a se depara com um

problema para a satisfayao de suas necessidades, elas examinam seu repert6rio de

esquemas para resolve-Io. Piaget acreditava que "Assimilar um objeto a um esquema

significa conferir a ele urn ou varios sentidos».

A acomodaqc3o pode ocorrer se a nova situa9ao nao puder corresponder aos

esquemas da crianya. Esta dificuldade de correspondencia vai resultar em urna de duas

consequencias: (1) 0 incidente nao e assirnilado de nenhuma forma, ou (2) a

insatisfa9ao faz com a crianya modifique um esquema existente, ou seja, acomode-o.

A medida que as crianyas interagem com seu ambiente e seus padroes

cognitivos se expandem, urn balanc;o instintual ocorre entre os processos de

assimila9iio e acomoda9iio. Este balan,o, ou equilibraqiio, permanece ate que novas

informayoes fayam com que 0 processo seja novamente iniciado, assim, dentro de seu

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ser biologico-mental, urn processo de organizaqao integra todos os esquemas

adaptando-os uns aos Qutros. Piaget acredita que:

~E suficientemente sabido que cada operac;ao intelectual esta semprerelacionada a todas as outras, e que seus proprios elementos sao controladospela mesma lei. Cada esquema esta, portanto, coordenado com lodos aoQuiros, e constitui em si mesmo uma totalidade com pares diferenciadas. Cadaata de inteligencia pressupae urn sistema de implica¢es mutuas e sentidosinterconectado·. (SPODEK ef al. 1998).

Piaget classificou quatro estagias primarios de desenvolvimento cognitiv~. As

crian~s progridem nestes niveis em sequencia normal, mas em seu proprio ritmo de

desenvolvimento, que e determinada par suas experiencias e sua propria capacidade

de matura98o,ver Tabela2.A teo ria piagetiana sugere um papel ativo para a educac;ae na primeira infancia.

Os prolessores devem planejar atividades que olere98m oportunidades de pensar,

relacionados a manipula980 de materiais concretos e a gera<;iio de habilidades

conceituais. Os professores devern levantar questoes, criando urn certo grau de conflite

cognitivo e, proper perguntas que levern as crianc;as a pensarern de forma mais

madura.

Piaget via as crianryas pequenas como intelectualmente competentes, ainda que

urn grau limitado. Embora elas estejam aptas a processar infermaryoes e a desenvolver

conceitos, a teoria piagetiana sugere que seu desenvolvirnento deve ser encorajado por

meios indiretos, e preciso oferecer experiencias que Ihes permitam construir 0

conhecimento.

As brincadeiras e a arte tem uma func;ao importante na construc;ao do

conhecimento da crianc;a. A infancia e a epoca da curiosidade. Nesta fase, a crianc;a,

desde que estimulada, expandir,; a curiosidade e 0 espirito de investiga98o,

assimilando muito mais. A crianga nao distinguira a brincadeira do aprendizado: para

ela, a brincadeira sera urn aprendizado e 0 aprendizado sera urna brincadeira.

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TABELA 2 - OS ESTAGIOS DE DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DE PIAGETIDADE CARACTERISTICASESTAGIO

Nascimento - 2 anos Sens6rio-motor As crian~s desenvolvem esquemas baseados eminformacoes sensoriais e movimentos corporais.

2 - 7 anos Pre-operat6ria Desenvolvimento da linguagem e outrasrepresentayoes simb6licas. 0 pensamenlo intuitivo

nao e sistematico au sustentado.7 - 11 anos Operat6rio concreto Utilizacao de processos l6gicos, mas somente urna

fonna de ciassificaC80 e aplicada de cada vez; 0pensamento 10gieD requer objetos fisicos au

eventos concretos.11 anos em diante Operat6rio formal Raciocinio 16gieo,formulacao e teste de hip6teses,

pensamento abstrato.FONTE. Bernard Spodek e Olivia N. Saracho. Ensmando Criancas de Tres a Oito Anos, 1998. p.7S.

Lev Semenovitch Vygotsky (1896 a 1934), distinguiu entre dois tipos de

desenvolvimento: natural e cultural. 0 desenvolvimento natural e 0 resultado da

matura<;ao, enquanto 0 desenvo/vimento cultural esta ligado a linguagem e a

capacidade de raciocinio. Assim, os padr6es de pensamento de urn individuo sao 0

produta das atividades praticadas na cultura na qual ele cresee. Alem disSO, as formas

avanc;adas de pensar (pensamento conceitual) precisam ser comunicadas as crian~s

verbalmente, 0 que faz da linguagem urna ferramenta essencial na determina<;ao da

capacidade de urna pessoa de aprender e pensar.

Ele ve 0 desenvolvimento infantil acontecendo par meio da zona de

desenvolvimento proximal, que Eo 0 ponto no qual as criangas podem funcionar

independentemente. Nesta zona, elas usam os suportes propiciados pelos mais

maduros que funcionam como "andaimes" I permitindo a elas funcionarern e

aprenderem novas competencias que sao entao integradas aos seus repertorios.

Portanto, nesta concepC;ao, a aprendizagem leva ao desenvolvirnento, em vez de

acompanha-Io.

A crianga, desde os primordios tem side objeto de pesquisa e, sabe-se que os

acontecirnentos da nossa infancia tern relevancia na nossa vida adulta. Tudo coopera

para que sejamos adullos equilibrados ou desequilibrados.

Por ser urna especie que nao nasce sabendo ° que tem que fazer, 0 Homem

precisa se agrupar para aprender e, com isso, na evoluc;ao humana, desenvolveu a

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sociabilidade e a consciencia. 0 objetivo de homem naD e 0 de conhecer 0 mundo para

S8 adaptar a ele, e sim entender 0 mundo para transforma-Io.

Esta viseD de homem vern a contribuir com a Psicopedagogia na medida em que

valoriza 0 contexte social, e possibilita significar 0 conhecimento a ser aprendido, naD

56 em relaC;8o as construc;6es internas do individuD, como tambem em relaC;:8o a tode

conhecimento construfdo atrav8S da hist6ria do homem na face da Terra.

A ideia de mediac;ao coloca 0 profissional que atua na Psicopedagogia como ser

ativa na interac;ao e Ihe possibilita intervir no processo de aprendizagem, numa zona

que ainda nao e total mente conhecida do aprendiz, mas esta muito proxima de se-Io,

garantindo uma leitura do processo de aprendizagem a partir de a90es do cotidiano e

um planejamento de interven9ao que com 0 conhecimento ja adquirido pelo sujeito, a

fim de impulsiona-Io para a pr6xima aquisi980.

TABELA 3 - OS ESTAGIOS CULTURAIS DE DESENVOLVIMENTO DE VYGOTSKY

EstagioI 0 pensamento seda de forma desorganizada ou em sattos. Duranteeste periodo, a crianya agrupa as coisas (e pade nomear as grupos)

baseada em associar;:oes perceptiveis feilas ao acaso.Estagio II Pensamento par complexos. Os objetos individuais sao unidos na mente

da crianoya nac 56 a partir de impressoes subjetivas, mas tambem parvinculos real mente existentes entre eles. Este e um passo alem do

pensamento egocentrico em diret;ao a objetividade. Em um complexo,as vinculos entre as componentes ainda sao rnais concretos e factuais

do Que abstratos e 16gicos.Estagio III Pensamento par conceitos. Neste estagio final principal, a sintese e a

analise converaem para tamar possivel a pensamenlo conceilual.FONTE. Bernard Spodek e Olivia N. Saracho. Ensmando Cnancas de Tr~s a 0110 Anos, 1998. p. 76.

2.2.3. Teoria Ecal6gica au Determinista

A Teoria Ecologica do desenvalvimento infantil esta centrada na influencia do

ambiente sabre a vida e a desenvolvimento da crian9a. Ele tern par principio que

fatares ambientais tanto 6bvios como sutis influenciam diretamente 0 cresci menta e 0

desenvolvimento infantis.

Utiliza as informar;oes sabre 0 ambiente para descrever, organizar e esclarecer

os efeitos das variay6es ambientais considera a totalidade da crianya como um

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organismo integrado, influenciado pelos elementos de seu entoma. 0 desenvolvimento

progride em pequenos passos que S8 somam na construryao da personalidade, atraves

das experiencias da crianc;8. 0 maior defensor da teori8 ecol6gica e Urie

Bronfenbrenner.

Uri Bronfenbrenner (1917), concebe a ecologia do desenvolvimento humano

como uma forma de entender como 0 sar humane ativD, em evoluyao, relaciona-se com

o ambients. Ele tenta entender a relaC;8o entre as circunstancias imediatas nas quais as

crianc;as S8 desenvolvem e a contexto mais ample em que S8 inserem, a partir das

interpretac;oes que as crianC;8s fazem dalas e, de como estas interpretac;oes mud am

com 0 passar do tempo.

o desenvolvimento de uma crian9a e influenciado por sua percep980 ou

interpretaryao daquelas atividades, papeis e relayoes interpessoais.

1. 0 ambiente fenomenol6gico (interpretado ou experimentado internamente)

domina a ambiente real na orientac;ao do comportamento.

2. E superficial tentarmos entender a ayao de uma crianc;a somente a partir das

qualidades objetivas de urn ambiente, sem interrogarmos a que aquelas qualidades

significam para ela naquelas circunstancias.

3. E importante descobrirmos como os objetos, pessoas e eventos em uma dada

situay80 afetam a motivaC;80 das crianc;as.

4. E essencial reconhecermos a influencia de elementos "irreais", criados pela

imaginac;ao, fantasia e interpretaC;80 idiossincrasicas da crianc;a, sabre seu

comportamento e papeis.

Os psicopedagogos, ao interpretarem a comportamento das crianc;as, devem

compreender suas percepc;oes das atividades, papeis e relac;oes interpessoais

manifestas naquele ambiente, pois um segmento dele pode ter um impacto sobre toda

a configurac;ao a rnedida que a crianc;a constr6i urn novo significado.

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2.2.4. A Hereditariedade e 0 Ambiente e 0 Ambiente no Desenvolvimento

Infantil

Os conceitos estabelecidos pelos te6ricos do desenvolvimento citados aeirna

diferem entre si em varios aspectos. Uma das diferenc;as diz respeito as areas do

desenvolvimento que cada teoria aborda. Algumas lidam com todas as areas, enquanto

Qutras privilegiam apenas urn ou dais tipos de desenvolvimento.

Uma outra diferenya, esta no grau de importancia atribuida a constituiyao

genetica (hereditariedade) ou as experiencias vividas durante 0 crescimento (ambiente)

de urn individuo.

Alguns te6ricos como Arnold Gesell, sugerem que a desenvolvimento edeterminado primeiramente pela hereditariedade; embora um ambiente pobre possa

limitar 0 resultado final de qualquer individuo, ele nile e 0 principal fator de influE!ncia.

Qutros como Bruner e Vygotsky, sugerem que as experiencias de uma crian9a

determinam em grande parte 0 que ele vern a tornar-se, especialmente, no que diz

respeito ao desenvolvimento cultural.

A maioria dos especialistas em desenvolvimento infantil acredita que estas duas

influencias sao importantes e que 0 impacto do ambiente nunca deve ser ignorado.

Embora a familia seja a principal fonte de influencia ambiental sobre a crian9a

pequena, a educa9C30 na primeira infancia e importante, assim como 0 contexto social

no qual a crianc;a e criada.

2.2.4.1. Areas de Desenvolvimento

Segue-se uma analise das areas de desenvolvimento segundo Bernard Spodek

e Olivia N. Saracho (1998), em seu livro Ensinando Crian98s de Tres a Oito Anos.

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2.2.4.1.1. Desenvolvimento Cognitivo

As crianC;8s desenvolvem suas habilidades de pensamento e raciocinio a medidaque adquiremalinguagem, pais e ala que permite que convertam a informayao que

recebem em abstra90es para que possam organiz8-las em conceitos ou esquemas e

armazena-Ias para usa posterior em uma variedade de situac;oes.o desenvolvimento cognitivD influencia 0 pensamento, as sentimentos e 0

comportamento das crianC;8s. Elas devem aprender pela manipulay80 fisica dos

materiais e integrar estas experiencias aquelas da vida real.

2.2.4.1.2. Desenvolvimento da Linguagem

o desenvolvimento da linguagem progride em urn ritmo notavel nos primeirosanos da infimcia. Crian<;asde urn ana e meio entendem aproximadamente 25 palavras;aos seis anos, a maioria del as ja acumulou um vocabulario de mais de 1800 palavras.

As crian9as pequenas acrescentam quase 600 palavras ao seu vocabulario a cada ana.Eles aprendem a linguagem falada basica nos primeiros anas de vida e utilizam

sua crescente capacidade de fala para engajarem-se em conversas, perguntascontinuas, dialogos au can90es. A maioria delas aprecia fazer experimenta90es commanipula~aa da linguagem em atividades de cadimcia e ritma.

2.2.4.1.3. Desenvolvimento Fisico

o desenvolvimento fisico transforma as musculos e a estrutura corporal geraldas crianc;as, mudando suas proporyOes e capacidades fisicas. Durante as anos dapre-escola, as corpos das crian9as se alteram de varias formas. Quando entram noultimo nivel da pre-escala, elas em geral ainda tem tadas as 20 dentes de leite, em

seguida as perdem, e as dentes permanentes costumam aparecer par volta dos seisanos.

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Os sistemas osseo e muscular das crian9fls continuam a desenvolver -58. A

cabeC;8 e 0 cerebra atingem seu tamanho adulto, e as conex6es e transmissoes dos

impulsos nervosos que sao essenciais para 0 complexo desempenho cerebral e para 0

controle motor, aumentam. Esta evoluyao fisica facilita a participaC;8o da crianC;8 em

diferentes tipos de atividades. Alem do desenvolvimento fisico, muitos fatores

determinam 0 curso geral do desenvolvimento e a expressao final das mudan<;8s

tisieas.

2.2.4.1.4. Desenvolvimento Emocional

o desenvolvimento emocional da crianc;a tern impacto sabre Qutras areas

evolutivas. Os estagios emocionais S8 manifestam em seu comportamento explicito,

nas suas respostas fisiologicas e em seus sentimentos e sao dificeis de explicar. Muitas

vezes, as razoes para as manifestayoes de raiva, medo, hostilidade, ressentimento,

ciume e frustrayao, par parte de crianyas, podem ser inferidas das situa90es que

provocaram seu comportamento.

o desenvolvimento emocional das crianc;as pequenas e influenciado pelo

ambiente. Elas sao aquilo que podem lazer, sentir, entender, imaginar, perceber e

escolher.

As teorias do desenvolvimento emocional reconhecem que as express6es

afetivas sofrem mudanyas com a idade. Por exemplo, as express6es emocionais dos

bebes sao globais e s6 se tornam mais graduadas, sutis e complexas ap6s 0 primeiro

ana de vida.

o controle do comportamento expressivo facial desenvolve-se durante as anos

de pre-escola. Cada expressao facial representa uma experiencia intema, mas a

significado de urn sorriso difere para os bebes e para as adultos. Os processos de

aprendizagern social tornaram-se muito importantes nos dois primeiros anos de vida.

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2.2.4.1.5. Desenvolvimento Social

o desenvolvimento social e a mecanismo pelo qual as crianc;:as aprenctem como

S8 espera que elas S8 comportem. Desde 0 nascimento, aspera-s8 que elas sigam urn

conjunto de padroes que refletem as valores de sua familia e de sua sociedade.

Os pais comunicam sua cultura, reli9i8o, genera e suas origens etnicas e

educacionais a seus filhos, e as criangas reproduzem os padr6es de comportamento

adulto e adaptam as expectativas socia is a sua propria personalidade. Este processo,

chamado de socializac;ao, requer que as crianr.;:8s aprendam os comportamentos

apropriados para urna serie de situ8r.;:oes.

Em urna idade precoce, elas aprendem a distinguir entre as expectativas de cada

ambiente, comeyando a identificar-se com outras de acordo com a qualidade de suas

interayoes e da quanti dade de tempo que passam juntas. A cooperagao assim como 0

dialogo e gerado muito ceda, a medida que elas compreendem as noc;:6es de amizade

nas interagoes com seus pares.

As crianC;:8s pequenas sao social mente vulneraveis e fisicamente dependentes

dos Quiros, especial mente quando 113mdiferentes no¢es a respeito de si pr6prias em

multiplas circunstfmcias, como em familia, na escola enos seus grupos de pares.

Os la905 e relacionamentos sao cruciais para 0 mundo em construC;:8o, ales

precisam de uma boa rede de suporte social para promover seu ajuste emocional,

satisfac;ao com a vida e sauda flsica e mental, e estas necessidades S8 mantem

durante loda a primeira infancia.

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3. KUMON

3.1. ORIGEM DO KUMON

Toru Kumon, que nasceu em 1914, na provincia de Kochi, no Japao. Diplomou-

se em Matematica, pela Faculdade de Ciancias da Universidade Imperial de Osaka. Ao

longo de 33 anos, lecionou em coh~gio publico, de sa a 8a series do Ensino

Fundamental, na marinha do corpo de Tsuchiura.

Em 1954, iniciou a orienta<;aode seu tilho mais velho, que apresentava certa

dificuldade em Matematica. Ele cursava entao, a 2a sarie do Ensine Fundamental. Per

causa do horario de trabalho, deixava preparado para 0 seu filhe exercicios que

pudesse resolver sDzinho, quando errava, fazia anota~5ese fazia ele proprio corrigi-Ios.Elaborava quest6es que poderiam ser resolvidas em 30 minutos e, a criam;.a deveria

anotar 0 tempo para a resolu<;ao (porque desconhecia 0 potencial do seu filho).

Utilizando folhas com exercfcios de calculos, direcionando-o a estudar de forma

autodidata.

Os resultados obtidos chama ram a atenC;c30 de outros pais e professores, que se

interessaram pelo metodo de estudo. Em 1956, toi aberta a primeira unidade do

Kumon, tendo como orientadora a sua esposa.

Em 1958, tundou 0 Kumon Instituto de Educa<;iioe, atraves do seu metodo de

estudo individualizado e de acordo com 0 potencial do aluno. Ap6s 1974, quando toi

aberta a primeira unidade Kumon fora do Japao, 0 metodo vern se expand indo por todo

o mundo, com mais de 2.500.000 alunos.

Toru Kumon taleceu em julho de 1995.

o metodo Kumon veio para 0 Brasil no ano de 1977, na cidade de Londrina, no

Parana. Hoje, esta difundido em mais de 1.500 unidades espalhadas em praticamente

todos os estados do pais, com 60.000 alunos.

A sede do Kumon Instituto de Educa<;iiotoi construida na cidade de Sao Paulo,

capital do Estado, e funciona como centra de difusao do metodo Kumon na America

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Latina, em paises como Colombia, Chile, Equador, Bolivia, Peru, Paraguai, Uruguai e

Argentina.

o professor Toru Kuman, baseou este metodo em sua propria experiencia de

vida, marcadas par Vari8S fases como estudante e como professor; onde as diferentes

sistemas educacionais pontuaram a sua aprendizagem.

Sempre gostou de estudar sozinho. Sua mae dizia a ele que ale era urn:

"Gokudo-Mono", que significa "aquele que passa 0 dia na ociosidade, sem animo para

nada"; ele respondia: "aquele que pode viver como um Gokudo-Mono e 0 mais

inteligente", considerando inteligente aquele que atinge a maximo de eficacia com 0

minima de esfort;o, nurn menor tempo passivel.

3.2. CARACTERisTICAS DO KUMON

o material didatico de Matematica divide-se em 21 estagios (7A a 0), abordam

desde contagem ate aplic890es de Calculo Diferencial e Inequ8t;Oes. Incentivando a

criany8 a fazer calculos de mem6ria e com rapidez. Os estagios eorrespondem a:

Educa9ao Infantil: 7A, GA,5A, 4A, 3A, 2A.

Ensino Fundamental: A, B, C, D, E, F, G, H.

Ensino Medio: I, J, K, L, M, N.

Ensino Superior: O.

o material da Lingua Portuguesa come90u a ser utilizado em 1994, dividido em

12 estagios (4A a I), e aborda desde os elementos essenciais do texto, ate a

capaeidade de sintese do texto. Os temas que sao propostos petos textos sao de

natureza, eieneias, historia, geografia, titeratura estrangeira e etassica brasiteiros. 0

metoda enfatiza 0 proeesso de teitura, aprimorando a sua capaeidade de se eomuniear

e de ser entendido, seja da forma eserita ou falada. Levam a erianc;a a ser um leitor

eritieo. Os estagios de Lingua Portuguesa sao:

Educa9ao Infantil: 4A, 3A, 2A.

- Ensino Fundamental: A, B, C, D, E, F, G, H, I.

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o material de Ingles foi implantado neste ana de 2004, tem 9 estagios (7A ao C),

sendo previsto para 0 ana que vern os demais estagios. Visa desde associar 0 som das

palavras com as imagens ate 0 desenvolvimento da capacidade de leitura e

compreensao de express5es essenciais na formag8o de oragoes.Educagao Infantil: 7A, 6A, 5A, 4A, 3A, 2A.

Ensino Fundamental: A, B, C.

No metoda Kumon utiliza-s8 urn material que seleciona apenas topicos

necessarios para que 0 aluno siga avangando nos estudos.OlE urn metoda pelo qual nac ensinamos tudo: consideramos que 0 mais

importante e identificar 0 que nao ensinar; 0 restante deixamos para as crianc;as

aprenderem nas escolas." (Toru Kumon).

o metoda Kumon oferece orientag8o diferenciada, de acordo com a capacidade

individual de cada estudante. Na sala de aula tradicional, 0 mesma programa e dado a

todos as alunos, pois a diferenciaC;ao e feita segundo a serie escolar e nao a aptidao

especifica de cada estudante. As diferenc;as individuais sao colocadas de lado, em

nome do ensino coletivo. Com material adequado e orientagao especifica,

independente da serie escolar, a aluno passara a gostar da materia e, estuda-Ia com

animo dobrado. Assim, avanc;ara a estagios mais elevados, sem sobrecargas

pedag6gicas, de acordo com sua capacidade e seu proprio esforgo.

A diferenc;a de capacidade entre as alunos e natural, mas e maior do que os pais

imaginam. Criangas dotadas de grande capacidade de aprendizagem acabam sendo

prejudicadas pela falta de percepgao de seus pais, que se satisfazem em ve-Ias

niveladas aos outros alunos da mesma serie da escola tradicional. Ja crianc;as que

apresentam dificuldades de aprendizado sao pressionadas a estudar conteudos acima

de sua capacidade, passando a nao gostar dos estudos e, nao raro, a desenvolver urn

sentimento de inferioridade.

o aluno ao ingressar em uma Unidade Kumon, faz um Teste-diagnostico que

tem a objetivo de apontar qual devera ser, para ele, a ponto de partida no estudo. Ha

urn teste correspondente a cada serie escolar.

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A determinagao do ponto de partida e leita de acordo com a capacidade atual do

aluno. A sarie escolar praticamente nao e considerad8. E normal, que 0 ponto

determinado esteja abaixo da real capacidade do estudante. Essa providencia S8 deve

ao fata de as criany8s nao S8 interessarem par assuntos dificeis demais. Assim, 0 aluno

carney8 seus estudos num ponto em que consegue fazer os exercfcios com facilidade,

independente da sarie escolar que esteja cursando. 0 nfvel de complexidade da

materia cresee gradativamente, permit indo que urn aluno de baixo rendimento naeseela tradicional consiga lirar 100 (nota maxima) no Kumon quase sempre, no infcio. Enatural que a prazer em tirar a nota maxima, logo em urna materia na qual encontrava

grande dificuldade, leve 0 aluno a simpatizar com a materia. Em conseqOencia, ele vai

conquistar 0 sentimento de autoconfianga e ter despertado a fon;:a de vontade nos

estudos.

o aluno Kumon freqOenta a unidade duas vezes por semana, no horario que Ihe

a mais conveniente. A flexibilidade de horario a, ao mesmo tempo, uma caracteristica e

um atrativo de um ensino individualizado como 0 Kumon. 0 tempo de estudo a variavel,

dependendo da complexidade do assunto em questao. E possivel, no entanto,

estabelecer a media de 20 minutos para os alunos do Ensino Fundamental e de 45

minutos para os do Ensino Medio. Fora isso, durante os demais dias da semana, 0

aluno estuda em sua propria casa. Este a 0 fator mais caracteristico do metodo Kumon,

que 0 classifica como estudo desenvolvido no Jar.

o material do Kumon e elaborado de modo a dosar 0 nivel de diliculdade da

mataria. As dificuldades sao colocadas em ordem crescente, de folha em folha, das

mais simples para as mais complexas. Dessa forma, 0 aluno consegue estudar a

materia sem 0 auxilio do professor. Ap6s finalizar os exercicios constantes das folhas

do dia, 0 estudante as entrega ao orientador para corregao. Caso haja erros, a lolha e

devolvida ao aluno, para que ele mesmo faga a correg80 necessaria. 0 estudante deve

perceber 0 erro sem a ajuda do professor e, depois de feita a correC;ao, a folha a

entregue novamente ao orientador. Esse procedimento a repetido ate que os exercfcios

estejam inteiramente corretos e 0 aluno recebe a nota 100.

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o aluno Kumon estuda em media, cinco folhas por dia, corrigindo seguidamente

seus erros. Essa conduta permite ao aluno desenvolver uma boa postura de estudo. 0

tempo de resolU9ao e um dos referenciais que se tem para avaliar 0 desempenho do

aluno na execur;;aodo material didatico. 0 tempo de resolur;;ao+ tempo de correr;;ao::

tempo de cada folha. Como 0 tempo de resoluyao dos exercicios e medido e usado

como parametro na avaliar;;ao do dominio do conteudo estudado, 0 aluno acaba

aprimorando a sua capacidade de concentra98o. Essa postura e a concentra98o no

estudo se refletirao positivamente no seu rendimento escolar.

Ao receber as folhas em que teve erros, a maioria dos alunos corrige-os

rapidamente. Ha alunos que levam seu material ate 0 orientador, com 0 rosto serio,

reclamando: "Ja fiz um monte de vezes, mas sempre da a mesma resposta" Ou, entao,

ha aqueles que dizem despreocupadamente: "Eu nao estou entendendo!". 0 orientador,

considerando as diferen9as entre os tipos de alunos, ou, baseando-se no

desenvolvimento dos estudos ate entao, reflete sobre a forma de orientar;;ao mais

adequada a cada um deles. Orienta-os de acordo com a capacidade de entendimento

que demonstram.

Urn dos pontos mais importantes no estudo e a revisao. Essa revisao, tomada

como a repetir;;aoda materia estudada anteriormente, e urn dos pontos fundamentais do

metodo Kumon. A repeti980 exige 0 conhecimento de tres situa90es especfficas:a) Quando repelir.

b) Por que repelir.

c) Onde repelir.

o aluno deve repetir os exercicios quando, alem de cometer muitos erras, seu

tempo de resoluyao for longo demais. Deve repetir porque a repetiyao permite-Ihe fixar

os conhecimentos adquiridos e avan9ar facilmente a niveis rnais complexos da materia.

E repelir onde, geralmenle, enconlrou maiores dificuldades, ou os ponlos basicos do

assunto estudado. Entretanto, como os demais pracedimentos do metodo Kumon, a

repetir;;ao e adequada a capacidade e as necessidades individuais dos alunos. 0

orientador determina 0 conteudo a ser repetido de acordo com 0 grau de compreensao

de cada aluno.

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o objetivo principal da repeti~ao em um metoda de estudo individualizado e fixar

a mataria estudada e fortalecer a capacidade de estudo do aluno. A repeti~o deve ser

vista como um expediente pedagogico destinado a preparar 0 aluno para os proximos

passos no estudo da mataria.

o que podemos fazer para despertar na crianya sem motiva~o, a interesse pelo

estudo? Sera que a interesse surgira naturalmente?

o interesse da crianya pelo estudo nao nasce do nada, nao surge no vazio. Para

que aconte~, a preciso oferecer ao aluno urn ambiente propicio. 0 nosso objetivo e

encontrar as meios para instigar na crianya 0 interesse e 0 amor pelos estudos. Elogia-

la pelos seus progressos ou oferecer-Ihe palavras de incentivo sao atitudes que

provocam grande interesse pelo estudo.

Fazer a crianya cornpreender a valor dos seguintes pontos:

1) A ideia de que a estudo e alga recompensador.

2) A importancia do estudo realizado no lar.

3) A eficacia do estudo diario.

4) A importancia de programar a proprio estudo, au seja, ter autonomia para

estudar.

5) 0 valor da auto-instru~o.

o Kumon utiliza tambem da Lista de Alunos Adiantados, para verificar ate que ponto

a aluno pode avan~ar, para verificar a verdadeira possibilidade de cada um no estudo

individualizado, independentemente da sua serie escolar.

o periado de ferias e uma otima oportunidade para os pais se entrosarem com as

estudos dos filhos. E a auto-estima destes so tem a ganhar com a reconhecimento e 0

elogio dos pais. Isto gera um cicio de desenvolvimento positiv~ e harmonioso para 0

resto da vida da crianya. Muito mais do que a conhecimento do que e certo e errado, a

que pode educar uma crianya e urn ambiente em que a propria crianya procura as

informa~6es para chegar Ii conclusao do certo e errado. Saber buscar solu~6es par si

propria a a maior liyao que urn ser humano pode aprender: a uma lic;aopara toda vida.

o Kumon a disciplina, iniciativa, independencia, autodidatismo, perseveranya,

concentrayao, autonomia, autoconfianya, enfrenta desafios, aprende a controlar a

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ansiedade, controlar 0 tempo, respeitar 0 pr6ximo, confiant;:8 para veneer os obstaculos,

autocorreyao, auto-instintivo, feedback, paciencia, metas, objetivos claros, metas de

estudo.

o Kumon trabalha com a aprendizagem naD com 0 ens ina.

o metodo de estudo individualizado do Kumon realiza e propaga uma proposta

de educayao centrada no aluno, permitindo desenvolver ao maximo as habilidades de

cada urn, independente da idade. 0 estudante inicia os estudos em urn ponto do

material que esta mais apropriado a sua capacidade. Se 0 aluno e capaz, avan<;ara

rapidamente, S8 nao for, avanyara somente quando, sem sacrificios, tenha dominado 0

assunto estudado.

Baseado nissa, pode-s8 afirmar que 0 metoda Kumon e para todo tipo de aluno.

Isto significa que tanto as alunos que apresentam dificuldades 8, baixo rendimento

escolar com baixa capacidade de concentra<;ao, como aqueles que apresentam

elevada capacidade de estudos, podera se desenvolver com 0 metodo.

o metodo Kumon oferece uma orientar;:ao individualizada, de acordo com a

capacidade e ritmo individuais de cada aluno. Na sala tradicional, 0 mesmo programa e

dado a todos os alunos, pois a diferenciar;:ao e feita segundo a serie escolar e nao de

acordo com a aptidao especifica. As diferenr;:as individuais sao colocadas de lado, em

nome do ensino coletivo. 0 resultado e conhecido: a maioria dos alunos nao gosta de

matematica e nem de ler livros. No Kumon, 0 material e adequado para cada idade e 0

aluno tera uma orientar;:ao especifica, independente da serie escolar, ele desenvolvera

caracteristicas que 0 levarao a estudar outras disciplinas com prazer e animo.

Recomenda-se que os pais matriculem seus filhos na idade pre-escolar: 0 ser

humano nasce com 0 cerebro imaturo e em sua primeira infancia, realiza 90% das

conex6es cerebrais que tera em toda sua vida. Ate mais ou men os os 6 anos de ida de,

a variabilidade do cerebro e muito grande e quanto mais se estimule a crianr;:a, mais

facil ela aprende e mais desenvolve sua inteligemcia.

o metoda Kuman permite que a crianr;:a va avanr;:ando pouco a pouco sem

saturara-se au sabrecarregar-se. Alem de estimular 0 cerebro 0 aluno desenvolvera

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outras habilidades como: a disciplina, a responsabilidade, 0 autodidatismo, a

criatividade e a seguranC;8.

o Kumon aumenta 0 grau de concentragao do aluno, podendo reduzir 0 tempo

de estudo, sem queda de rendimento escolar.

"Trabalhar em dias de sol e ler em dias de chuva". (Proverbio Japon"s).

3.3. PAPEL DO ORIENTADOR DO KUMON

o papel do orientador e acompanhar os estudos de cada aluno atraves dos

boletins, dos criterios de tempo e acerto e da avaliagao ao final da cada aula -

feedback, no qual 0 orientador faz uma avaliagao do desempenho do aluno no dia e

programa as li908S que tara em casa. 0 aluno reeebe comentarios do orienta dar sobre

as estudos do dia e tambem sabre as pr6ximas ligoes. 0 aluno compartilha com 0

orientador 0 plano de estudo, assim poderc.~ avanC;ar conscientemente a seu

desempenho quanto as metas e objetivos a serem alcangados, 0 que garante uma

evoluC;80segura, rumo a sua meta.

Quando 0 aluno tern dificuldade de interiorizar urn certa conteudo e necessita

repetir parte do bloco, 0 orientador deve ficar atento as capacidades cognitivas e

emocionais do aluno; priorizando 0 bern estar desle.

Mensalmente, os orientadores apresentam relatarios detalhados sobre 0

desempenho dos alunos nas unidades Kumon de todo pais. De posse dos relatarios, e

realizado um levantamento do avango verificado nos estudos e, cada trimestre, e

elaborada urna lista com as nomes dos alunos que mais S8 adiantaram. Essa relayao

reeebe 0 nome de Lista dos Alunos Adiantados, sao alunos que estao no minimo seis

meses a frente de suas series escolares.

o Kumon visa expandir 0 potencial dos alunos e, a medida que vao adquirindo

concentragao, disciplina, habito de estudos, agilidade nos calculos, gosto pela leitura e

capacidade de interpretar textos, vao adquirindo autonomia nos estudos. Todos esses

passos seguidos com muito cuidado e atengao especial vao levando 0 aluno a adquirir

a salida capacidade autodidata, que e 0 grande objetivo do metodo Kumon.

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As orientadoras passam a S8 reunir urna quarta-feira par mes, para trocar

experiemcias relacionadas a orienta980 ou transmissao de suas tecnicas de orienta980

e tambem, possuem palestras que venham a cooperar para a melhor estrategia de

aplica<;iio do material.

Rotina de aula no Kumon e colocada em edital pela orientadora:

l' Ao chegar no Kumon, pegue na entrada da Unidade.

2° Entregue 0 material feito em casa para a auxiliar ou orientadora, para

corre98o.3° Fay8 urna breve analise, sabre a conteudo do material a ser resolvido em sala.

Marque 0 horario e carnece a resolve-Ia. Ao terminar a sua [iyao, verifique S8 nao

esqueceu de fazer alguma questao. Se sim, fac;a-a e marque 0 horario final no bloeD.

4° Em silencio, leve seu material para ser corrigido pela auxiliar ou orientadora.

5' Somente para alunos de Lingua Patria - Fa9a a leitura da BRK (Biblioteca

Recomendada Kumon), enquanto aguarda para passar as notas no boletim.

6° Ap6s passar as notas no boletirn, marque 0 tempo e fa9a as corre90es

necessarias. Observe com aten980 os erros cometidos e corrija-os.

7° A orientadora dara 0 "Feedback" com voce e juntos definirao as metas de

tempo e acertos para as 1i90es de casa e da proxima aula.

3.4. PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO AMBIENTE KUMON

A atua9ao do psicopedagogo dentro da Unidade Kumon e bastante diversificada

devido a sua flexibilidade na area de ensino e aprendizagem. Abrangendo assim, varias

areas de interven9ao como: na institui980 Kumon, no espa90 fisico, na dinamica de

funcionamento e na atuac;ao clinica.

o papsl do psicopedagogo dentro da unidade Kumon e 0 de observar os alunos

e 0 orientador como urn todo e, detectar se existe algo que possa estar atrapalhando a

aprendizagem dos alunos. Observar mais atentamente 0 aluno que apresenta

dificuldade, para acompanhar os estudos evolutivos durante 0 processo de

aprendizagem.

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o psicopedagogo deve estar atento para que sejam respeitadas as fases de

desenvolvimento de cada crianY8. 0 Kuman atenda alunos de idades variadas, desde aEduca,ao Infantil ate 0 nivel Universitario, desde 3 anos de idade ate a idade que

desejar. 0 Kuman visa a sua atenc;ao para a intelecto da criany8, sendo assim, enecessaria fazer interfer€mcias no ambito afetivD, motor e ludico.

A crian,a desde cedo aprende a respeitar 0 pr6ximo. 0 sislema faz com que a

criany8 tenha habitos silenciosos frente ao ens ina. Nao e permitido fazer barulho, paranao atrapalhar as Qutros alunos que estao concentrados em atividades diferenciadas.

Uma das quest6es mais problematicas percebidas na unidade Kumon e a

desistencia de seus alunos, frente das atividades exigidas. 0 orientador tern urn papal

primordial na sele,ao do material adequado e, em quantidade suficiente para que 0

aluno naD S8 frustre em naD conseguir terminar as conteudos propostos no tempodeterminado.Onde enlao, 0 psicopedagogo interfere no estimulo e na perseveran98,

orientando assim, °orientador do Kumon, a escola, os pais e a crianc;a.Como ° metoda Kumon exige atanyao concentrada da crianya, logo e

manifestado 0 aluno que tern dificuldade de aprendizado, ora por na~ conseguirterminar 0 conteudo no tempo pre-estipulado, ora por errar al9m do limite permitido.

Muitos pais vao a procura do Metodo Kumon, para ajudar a resolver asdificuldades de aprendizagem escolar do seu filho. Na Unidade Kumon Vila Fanny

constatou-se que dos 50 alunos, 18% destes necessitam de atendimentoPsicopedag6gico e, atendimento de outros profissionais simultaneamente.

3.4.1. Intervencao na Instituicao Kumon

A atua9iio do psicopedagogo na institui,ao Kumon visa fortalecer-Ihe a

identidade, bern como buscar 0 resgate das raizes dessa instituiyao, ao mesmo tempoem que procura sintoniza-Ia com a realidade que esta sendo vivenciada na escola ondea crianc;a asta inserida, buscando adequar essa instituiyao as reais demandas da

sociedade.

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)0

o psicopedagogo necessaria mente precisa conhecer a processo educacional, ouseja, 0 conhecimento, a aprendizagem, as relac;5es e as saberes que 0 aprendente e 0

ensinante convivem, desejam e produzem.

Durante tode 0 processo educativD, procura investir numa concepc;:ao de ensino-

aprendizagem que:

Fomente a interac;:ao orientadora do Kuman, atuno, pais, escola e

psicopedagogo;

Incentive aS sujeitos da 8yaO educativa a atuarem considerando

integradamente as bagagens intelectuais;

Oriente e interaja com 0 orientador do Kuman, no sentido de desenvolver maiso raciocinio do aruno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relac;oes

entre os diversos conteudos trabalhados;

Reforee a parceria entre a institui~o Kuman, a escola e familia;

Lance as bases para a orientaC;8o do aluno na construC;8o de seu projeto de

vida, com clareza de raciocinio e equilibria;

Incentive a implanta980 de projetos que estimulem a autonomia dos alunos;

Atue junto ao orientador e seus auxiliares para que se conscientizem de sua

posic;ao de "eterno aprendiz", de sua importancia e envolvimento no processo

de aprendizagem, com enfase na avaliaC;8o do aluno.

3.4.2. Interven~ao no Espa~o Fisico

o psicopedagogo interfere tambem no espaC;o ffsico do Kumon, visando a melhor

aprendizagem de todo 0 corpo estudantil. Salientando assim, tudo aquilo que possa

estar desviando a aten980 do aluno.

o espa90 fisico da Unidade Kumon Vila Fanny e de 5 metros de largura por 10

metros de comprimento, perfazendo 50 m2, sendo que neste espac;o esta inserida a

sala de recep980 e banheiro. 0 piso e de lajota, fazendo muito barulho quando se

locomove de sapato. A iluminaC;8o e ventilaC;8o natural sao deficientes, porem a

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iluminagiio artificial entre 700 e 1000 lux, e pertinente a atividade a que se destina. A

sala tern pintura azul claro intense com arabescos em bege. Existe muito barulho que

vern da rua, aeirna de picas de 80 dBA, proveniente do movimento de carras. Nas

paredes existem afixados 7 cartazes explicativos sobre 0 metoda Kumon. A area decirculagiio da sala de aula e adequada.

Ante estes fatos, foram sugeridas algumas mudan~as dentro da Unidade, para

criar urn ambiente mais propicio a atividade:

A disposic;ao das mesas da orientadora e auxiliar, rotacionando-8s em 90° e

dando condi~5es para uma melhor circula~ao dos alunos pela sala de aula, ja

que 0 aluno necessita dirigir-se a orientadora ap6s terminG dos exercicios paraa correc;ao.

A coloca9ao de carpete #4 mm para ter menes barulho ao andar.

Trocar a pintura das paredes para a cor verde claro ou bege, pSicologicamente

mais apropriada para ambientes escolares.

Retirar das paredes as cartazes em duplicata.

Revestir com material ortof6nico a divis6ria entre a recepyao e a sala de aula.

3.4.3. Intervengao na Dinamica de Funcionamento

Na dinamica de funcionamento observa-se que as aulas eram dadas em hora

~cheia", fazendo com que a orientadora e auxiliar nao pudessem atender ao telefone e

nem aDs pais, em paralelo. Retornam 0 telefonema apes as aulas. A orientadora nao

tem noyao sobre 0 histerico do aluno que e matriculado em sua Unidade. Mudan~s

sugeridas:

Terminar a aula 10 minutos antes para poder: atender aos pais que estao

buscando as filhos, retornar aD telefonema com mais prontidao, despedir-se

dos alunos que vao embora, recepcionar os alunos que estao chegando.

Tornando esta rotatividade menos estressante.

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Auxiliar a orientadora quanto a sua forma de comunicar-se com os alunos e 0$

pais, diminuindo assim, a desistencia.

Formular um questionario de matricula, para ter um conhecimento previa do

hist6rico do aluno em questao e, 0 motivo da procura pelo metodo Kumon.

Tomar a orientadora ciente das dificuldades de aprendizagem do aluno, para

melhor atender as necessidades individuais.

Incentivar os alunos da Educa,ao Infantil que ja terminaram as atividades, a

fazer usa da massinha, pintura de desenhos, montagem de quebra-cabec;a,

colagem, domin6, jogo da velha, dama etc.

3.4.4. Atua~o Clinica

No exercicio clinico, 0 psicopedagogo deve reconhecer a sua propria

subjetividade na rela,ao, pois se trata de um sujeito estudando outros sujeitos. Essa

inter-relay.3o de sujeitos, em que um procura conhecer no outro aquila que 0 impede de

aprender, implica uma tematica muito complexa.

Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui a sujeito, como este se

transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de

que ele dispoe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende.

Esse saber exige do psicopedagogo que recorra a teorias que Ihe permitam

reconhecer de que forma se da a aprendizagem, bem como as leis que regem esse

processo: as influencias afetivas e as representac;:oes inconscientes que 0

acompanham, 0 que pode compromete-Io e 0 que pode favorece-Io. E preciso, que a

psicopedagogo saiba 0 que e ensinar e 0 que e aprender; como interferem os sistemas

e metodos educativos; os problemas estruturais que intervem no surgimento dos

transtomos de aprendizagem e no processo escalar.

Para Alicia Fernandez (1990), esse saber s6 e possivel com uma forma,ao que

se oriente sabre tres pilares:

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1 - Pratica clinica: em consultorio, individual - grupal - familiar; em institui90es

educativas e sanitarias;

2 - Constru9BO te6riea: permeada pela pratica de forma que, a partir desta, a

teoria psicopedagogica possa ser tecida;

3 - Tratamento psicopedagogieo - didatico: 0 tratamento se constitui num

espa90 para a constru9ao do o/har e da eseuta elinica - a partir da analise do seu

proprio aprender -, que configuram a atitude psicopedagogica.

Os instrumentos de avaliag80 podem incluir diferentes modalidades de atividades

e testes padronizados, utilizados de acordo com a habilita9ao profissional do

psicopedagogo et da necessidade do casa em atendimento. Na busca do querer saber

como 0 sujeito aprende inicia-se 0 processo diagnostico, momento em que a enfase e a

leitur8 da realidade daquele sujeito, para entaD proceder na intervenyao, que e 0

proprio tratamento ou 0 encaminhamento.

Alicia Fernandez afirma que 0 diagnostico, para 0 terapeuta, deve ter a mesma

funyao que a rede para urn equilibrista.

Para os alunos com dificuldades de aprendizagem do Kumon, foram utilizados

estes instrumentos, na realizac;ao do Diagn6stico Psicopedag6gico:

Anamnese - entrevista com as pais au respons8vel; motivo da consulta.

EOCA - Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem - estabelecer uma

rela9iio de confian98 com a crian98, sessao ludica, jogos simbolicos e jogos

com regras;

Questionario para escola;

Avalia9iio Pedagogica de Portugues (area academica ou pedagogical - avalia

a escrita livre e dirigida, a grafia, ortografia e produ9ao textual (forma e

conteudo);

Leitura (area academica ou pedagogical - avalia a deeodifica9iio e

compreensao;

Avalia9ao Pedagogica de Matematica (area academica ou pedagogical - avalia

S8 Ie numeral e associa a quanti dade, resolve problemas simples de raciocinio,

realiza: adi9ao, subtra,ao, multiplica9iio e divisao;

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Teste de Audibiliza9Bo (area sensorial) - objetiva verificar se possui linguagem

adequada para sua idade, discrimina<;iiofonematica, memoria de frases, digitos

e relatos, organiza9Bo sintatico-semantica, apresenta980 pensamento coerente;

Exame Motor (area motora) - observa se executa movimentos globais

dinamicos e de coordena9ao fina, equilibrio (dinamico e estatico), reproduz

estruturas ritmicas, define lateralidade em si e no outro, apresenta noyao de

orientayao espacial e temporal, identifica partes do corpo;

Escala Optometrica Decimal de Snellen (area sensorial) - visa observar

problemas de visao de cada olho em separado e em ambos os olhos

simultaneamente, faz uso de oculos;

Provas do Diagnostico Operatorio (area cognitiva) - avalia em que estagio de

desenvolvimento intelectual que a crianc;a se encontra: sensorio-motor, pre-

operatorio, operatorio concreto, operatorio formal ou num estagio intermediario.

Wise ou Columbia (area intelectual), Bender ou Pre Bender (area visa motora,

intelectual e emocional), HTP (area emocional) - realizados pela Psicologa.

Tecnicas Projetivas Psicopedagogicas (area emocional) - tern como objetivo

geral investigar a rede de vinculos que 0 sujeito pode estabelecer em tres

dominios: escolar, familiar, com ele mesmo. E estes tres dominios possuem

tres niveis: inconsciente, prs-consciente e, consciente.

A partir do Diagnostico Psicopedagogico e feita a devolutiva aos pais ou

respons8vel sobre a crian98, esclarecendo a problematica a partir das hipoteses

levantadas no diagnostico.

Em seguida, entra-se em contato com 0 professor da escola e com a Orientador

do Kumon, para esclarecimento de como a crian9a aprende e, como ela podera intervir

positivamente em sala de aula.

Se necessario for encaminhar a crianya para Fonoaudiologo, Neurologista,

Terapia Ocupacional, Psicologa, Psicomotricista, Fisioterapeuta, etc. para exames

complementares. Integrando os resultados destes procedimentos na busca e

explicita980 das condi90es de aprendizagem da crian9a, identificando areas de

competencia e de dificuldades.

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Inicia-se a Processo Corretor do ponto em que a crianga mais necessita de

atendimento.

A ideia de mediac;ao caloca a profissional que atua na Psicopedagagia como ser

ativo na interagao e Ihe possibilita intervir no processo de aprendizagem, numa zona

que ainda nao e totalmente conhecida do aprendiz, mas esta muito proxima de sa-Io,

garantindo uma leitura do processo de aprendizagem a partir de agoes do cotidiano e

urn planejamento de intervenc;ao que conta com 0 conhecimento ja adquirido pelo

sujeito, a fim de impulsiona-Io a pr6xima aquisig8.o.

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4. ESTUDO DE CAS OS

4.1. CASO L

Cita-se, a caso de L, menino de 9 anos e 9 meses (26/02/95), eo filho mais novo

de uma prole de tres meninos. Ele tem um irmao de 15 anos e um irmao de 11 anos. L

ingressou no contexto escolar aos tres anos, no Jardim I na mesma escola que estuda

ate hoje. Reprovou a 2' serie do Ensino Fundamental. No ana de 2002. a escola

encaminhou L para avalia<;iio Psicopedagogica, porque apresentava dificuldade em

Portugues (escrita e leitura) e Matematica (opera90es).

No Diagnostico Psicopedagogico de 2002 consta:

Neuropediatra - L sofre de Sindrome do Deficit de Aten9ao, necessita de

medic8ty80 diariamente no intuito de melhorar a atenyao. Com recomendayao

Psicopedag6gica e, aten980 mais dirigida em sala de aula.

Fonoaudi61oga - L possui desordem do Processamento AuditivD, do tipo

organiza~o ou gnosia auditiva sequenciaI temporal, au seja, sequencializar eventos

sonores no tempo e de decodific8g80. Foi recomendado a tratamento terapeuticofonoaudiologico, dando enfase ao treinamento auditiva verbal com atividades da

compreensao da linguagem no rUlda, segmentay80 e sintese fonol6gica e memoria

sequencia I para sons e nao-verbals.

Psicopedagoga - Area Cognitiva. nas Provas do Diagnostico Operatorio de

Piaget L se encontra operando em transi9ao do Intuitivo Articulado ao Intermediario.

Area Funcional, obervou-se dificuldades na percept;ao visual, na resolwyao de

operac;oes simples com unidade e dezena, antecessor e sucessor, escrita espontanea,

avaliaC;8o de dissociaC;8o, ritmo, orientaC;8o espacial e reconhecimento da direita e

esquerda. Apresenta boa orientac;ao temporal, coordenat;ao fina e ampla. Area Afetiva

observou-se imaturidade, inseguranc;a, retraimento e sentimento de menos valia,

dialogo repetitivo. choro compulsivo diante de qualquer situa<;iio nova, demonstra

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vinculo s;mbi6tico com a mae. Conclui-se que L necessita de atendimento

psicopedagogico.

Escola - pede para familia 0 encaminhamento de L para atendimento

Psicopedagogico.

Fai necessaria refazer a Diagnostico Psicopedag6gico devido a ter exspirado a

prazo de 2 anos. Nesta avalia9ao L obteve alguns avanc;os e correc;6es quanta ao

diagnostico anterior.

A mae de L sente-se culpada pela dificuldade que 0 filho apresenta na

aprendizagem, porque trabalhava fora de casa no inicio da sua escolariza~o.

Interrompeu todo a tratamento terapeutico porque L reprovou.

L faz Kumon, desde 16/06/04, materia de Portugues, onde foi observado que ele

e lento, distraido, tem falta de concentra9ao e costuma ultrapassar 0 limite de tempo

exigido pelo metodo Kumon, mesmo quando refaz 0 exercicio. 0 ponto de partida de L

foi a 2A, islo e, Jardim 2. Faz judo duas vezes par semana, natac;ao duas vezes par

semana e, hipismo urna vez par semana.

Demonstra independencia nas atividades corriqueiras, mas, depende da mae

para fazer as liyees da eseela e do Kumon. E urna crianc;a extrovertida de

temperamento maleavel e sensivel, faz amizade facilmente.A familia gosta de sair, pratiear esportes e, de reeeber visitas. Tem um bom

relaeionamento com os primos. 0 pai diz ter tido os mesmos problemas de

aprendizagem que 0 filho.

Segundo 0 relato da escola no questiomirio, ele e uma crian98 que tem

dificuldade de aten91lonas atividades propostas, possui erros ortograficos e, dificuldade

de interpretar problemas e na tabu ada.

Atraves dos testes obtivemos os seguintes resultados no Diagnostico

Psicopedagogico:

Apresenta comprometimento nas areas: sensorial (identifica9ao de objetos e

situa90es, aritmetica, memoria de numeros), motora (Motricidade Fina, Dissociac;ao e

em Estruturas Ritmicas), visomotora (distor9ao de formas e rotac;ao, medo de situa90es

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novas), emocional (comportamento defensivo), e academica (interpreta9iio de texto,

troca de letras, pontua9iio, compreender conceitos matematicos).

Apresenta deficit perceptual de atenr,;ao e concentrayao.

Sugere-se acompanhamento pSicopedag6gico, que Ihe permita interagir com

mais seguran98 com a aprendizagem.Acompanhamento psicoterapico e orienta9iio aos pais, possibilitando maior

independ€mcia e autonomia quanta aos estudos e suas capacidades. Atendimento

Fonoaudiologico e Neuropediatrico.

Continuidade na pratica de esporte, tres vezes par semana. E Kumon na materia

de Portugues.

4.2. CASOY

Caso de Y, menino de 10 anos e 1 mes (17/10/94), e 0 filho do meio de uma

prole de tres. Ele tern uma irma de 15 anos e urn irmao de 2 anos. A gravidez nao foi

planejada. Durante 0 periodo de gestayao a mae realizou atendimento pre-natal, a

bolsa rompeu quando estava de sete meses. Tomou Bricanil para amadurecimento do

pulmao do bebEL Y nasceu de sete meses, ficou na incubadora par uma nOite, pesava

tres quilos e meio e media 51 centimetres. 0 parto foi natural. Y foi amamentado no

seio ate as 4 meses e, utilizou a mamadeira ate os 5 anos, dorme de chupeta e uma

coberta que tem desde pequeno.

Demonstra independencia nas atividades corriqueiras, faz quando quer, po is

nada Ihe e cobrado. Depende da mae para fazer as li90es da escola e do Kumon,

inclusive chora quando nao consegue.

E uma crian~ timida e faz amizade facilmente porque e maleavel. Y ingressou

no contexte escolar aos tres anos, na Creche. Com a idade de seis anos (1a serie)

entrou na escola e ficou ate os sete anos (2a serie). Mudou de escola na 3a sarie, onde

esta atualmente cursando a 4a sarie do Ensino Fundamental.

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Y vern de urna familia cnde Vari8S irmas da mae reprovararn, ate desistir de

estudar. Urn irmao teve atendimento psicol6gico porque naD conseguia aprender. A

familia do pai estudou pouco.

Y faz Kumon desde 18/06/04, duas vezes por semana, da materia de Portugues.

Iniciou no 2A, isto e, Jardim II. Aprendeu a ler pelo Metodo Kumon. Ele tem 2° graus de

astigmatismo e, vive esquecendo as aculost tern higiene precaria, costuma atrasar-se

para 0 atendimento psicopedagogico devido os compromissos da mae.Segundo a relata da escota ele e urna crian~ apatiea, distante, esquece as

1i96es, e lento, de comportamento infantil. Tern problemas de sauda, alergias e renite.

Dificuldade no tral'8do das lelras.

A mae nao sabe como intervir para que meu filho melhore nos estudos, pois ele

naD aceita a sua ajuda.

Na avalia980 pedag6gica constata-se:

Escrita: Y tern dificuldade na escrita, faz tracas, aglutinayoes. Na c6pia omite

palavras au tetras. Tern dificuldade de interpretac;ao, palavras maiusculas e minusculas,

pontuayao e de responder inteiramente a pergunta. La pausadamente.

Na amostra de linguagem, observa-se falta de coesao das ideias, erras

ortograficos e vocabulario pobre.

Malematica: Observa-se que tem dificuldade para realizar opera90es simples de

subtra98o, multiplica9iio e divisao. Tem grande dificuldade de interpretar 0 enunciado

e/ou responder os problemas, conceito de sucessor e antecessor.

Atraves dos resultados obtidos conclui-se que Y encontra-se funcionando

intelectualmente e cognitivamente dentro da media esperada para a sua idade e

experiancia. Acredita-se que quest6es de ordem emocional estao interferindo no

desenvolvimento de Y.

Sugere-se acompanhamento psicopedag6gico, acompanhamento psicoterapico

e orientagao aos pais, continuidade no metodo Kumon da materia de POrtugU8S e, se

possivel na materia de Matematica.

A avaliac;ao devera ser refeita no prazo de urn ano.

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4.3. CASO S

Caso de S, menino de 6 anos e 7 meses (21/04/98), e 0 filho mais novo de uma

prole de dois. Tern uma irma de 18 anos, ambos sao adotivos. S vivia com a mae

biol6gica ate as aita meses, depois ficou no orfanato ate os quatro anos, quando foi

adotado pela familia. A adoyao ocorreu lentamente, mesma depois de decidirem par

ele. Primeiramente foram a urn passeio, depois passaram uma semana na praia e dai,

ocorreu a adoyao.A dificuldade de S esta no fato de nao querer fazer liyao com a mae. Tem

dificuldade de responder perguntas sabre si mesma e, quando e perguntado, ale naodiz seu nome. Os pais de S trocaram 0 nome dele quando 0 retiraram do orfanato.

o controle dos esfincteres diurno e noturno realizou-se ainda no orfanato. Ele jasabia usar 0 vasa sanitaria, mas recusa-S8 a limpar-s8. Dorma pouco, geralmente sete

haras. Tem dificuldade de se desligar dos seus brinquedos. R6i as unhas dos pes e das

maDS.Demonstra dependencia nas atividades corriqueiras como: tomar banho, lavar-

se, pentear-se, vestir-se, escovar os dentes, colocar ten is e amarrar, arrumar 0 seu

quarto, guardar seus brinquedos. S6 come 0 que quer.

S ingressou no contexto escolar aos quatro anos, no Jardim I, onde permanece

ate hoje no Jardim III. S permanece na escola por periodo integral. Inicia a aula as 8

horas, na parte da manha tem recreayao, na parte da tarde ele tem aula. Permanece na

escola ate 18 horas, porque a mae trabalha. Ele almoya, lancha e janta na escola. Na

escola tem bale e judo. Vai dormir as 23 horas, porque e imposto 0 horario de dormir.

E uma crian~ extrovertida e faz amizade facilmente, principalmente com

crianyas menores que ele. Quando brinca com seus colegas costuma ser 0 Hder. Gosta

de brincar sozinho ou nos fins de semana com os primos.

Segundo 0 relato da escola ele e uma crianya carinhosa, obediente, gosta de

fazer liyao, dificuldade na coordenar;ao motora fina, distrai-se facilmente, necessita de

incentivo para terminar as tarefas, lento e, inseguro quando e perguntado sobre si

mesmo.

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S frequenta a Unidade Kumon desde 03/04/04, da materia de Portugues. Ele tem

aula no Kumon nas teryas e sextas-feiras, das 9 haras as 10 haras.

Tem 6tima viseD espacial, grande habilidade na montagem de quebra-cabe9a,

con segue explicar as regras do jogo (conhecido), tem boa concentrayao nos jogos. Ealegre e, entusiasmado. Gosta de contar as eoisas que faz com 0 paL

Na Escala Optometrica de Snellen que avalla a acuidade visual, ele apresentou

grande dificuldade para enxergar.

Atraves dos resultados obtidos conclui-se que S encontra-se funcionando

intelectualmente aeirna da media esperada para a sua idade e experiencia.

Sugere-se algumas sess6es de Psicopedagogia, quando houver alguma questeo

mais relevante quanta a aprendizagem na nova escola e, algum disturbio reativQ de

aprendizagem na ocorrencia de crises situacionais (nascimento do sabrinho).

Acompanhamento psicoterapico e orientac;ao aos pais, interagindo com maior

independ€mcia e autonomia quanta aos estudos e suas capacidades. Sugere-se ainda

uma avalia~o oftalmol6gica, para verifica~aoda sua acuidade visual.

Continuidade no Kumon na materia de Portugues.

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5. ANALISE E DISCUsSAo DOS CASOS

o psicopedagogo tern urn papal salut8r em ser 0 intermediario entre as varios

sistemas em ayao, para solucionar as quest6es referentes it dificuldade do aprendente

a interiorizar as centeudos propostos em sua vida escolar.

Concebemos que a crianga como aprendente nao esta isolado em sua situayao

problema, mas esta incluida no todD, na familia, na escola, na comunidade, no Kumon,

nas atividades extracurriculares etc.

No case de L, fo; necessario interferir inicialmente na familia. Incentivar a

individualidade de L quanta it realiz8C;8o da sua tarefa escolar. Conscientizar as pais

que L tem problemas orgiinicos (desordem no processo auditiv~, deficit de atenl'ao),

necessitando de varias intervenc;oes simultaneas.

No case de L as atividades fisicas sao de extrema importancia, devido a sua

dificuldade de perceber·se como pessoa e, aperfeil'oar a motricidade fina. Foi sugerido

que, diminuisse as atividades para tres dias por semana, devido 0 acumulo de

atividades que vern desenvolvendo.

Tem-se visto que grande parte das crian9as nao tern tempo para brincar, para se

relacionar com seus pares, pois tantos sao os compromissos em sua agenda, que nao

ha espa90 para 0 simples ate de estar sozinho, em seu ritmo proprio, administrando

seus proprios recursos, interesses e tempo. E uma pratica que impede 0

desenvolvimento da autonomia e responsabilidade.

A escola se encontra Giente dos problemas de L, neste caso, foi instigado a

mudanl'a de alguns t6picos em sala de aula como:

coloca·lo 0 mais perlo possivel da professora;

mante-Io atento no momento da explica9ao, chamar a sua atenc;:ao;

coloca-Io nas aulas de refon;o cada vez que se tornar necessario, intervindo

assim, imediatamente quando h2 um problema de aprendizagem;

escolher uma na sala de aula onde ha pouca incidencia de barulhos externos.

No Kumon, aumentar 0 tempo de resolu980 dos exercicios propostos e, deixar

que L se organize em relay80 as atividades da pasta (li980 de casa, exercicios de

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correc;ao, exercicios propostos para a aula). 0 periodo que L faz Kumon deve ser urn

horario de menor movimento, para a sua maior concentrac;ao.

o processo corretor inicia-se com matrizes logicas, quebra-cabe9(3s, memoria,

jogo da velha, enfim, jogos que propiciem 0 desenvolvimento motor fino e perceptual.

Exercicios com regras gramaticais (maiusculas, pontua98o, textos, 7 erros, etc.)

almejando uma interven980 direta e individualizada. L tern dificuldade de manter-se

atento mesmo nas atividades que gosta.

Pode-se concluir que a ac;ao da crianc;a sobre 0 seu corpo e com relac;ao aos

objetos e fundamental tanto para 0 desenvolvimento da motricidade, percep,ao, como

para 0 desenvolvimento de estruturas cognitivas. Como refere Paulo Freire (2000): "a

leitura do mundo procede a leitura das palavras".

Caso Y, 0 psicopedagogo sabe que sua atividade consiste em transmitir

conhecimento, nao e uma atividade neutra e indiferente para a crianc;a e para ele. Por

isso, enfatiza 0 papel da rela980 que estabelece entre ele a crian,a, verdadeira rela,ao

transferencial e contratransferencial, necessaria para 0 desenvolvimento da relaC;ao

educativa. A rela,ao de respeito, de confian,a e 0 afeto estabelecido com Y, fez com

que melhorasse 0 interesse pelo aprender.

Segundo 0 pensamento de Maria Lucia Lemme Weiss (2003), e preciso que 0

professor nao tenha medo de perder 0 seu lugar social, 0 lugar do unico saber e possa

dividir isto com 0 aluno e agOentar as conseqOencias advindas desse processo.

Quando 0 professor faz 0 aluno refletir, criticar e, de algum modo, permite 0

extravasamento de raivas contidas, ele se torna 0 primeiro alvo do exercicio de

liberdade do aluno. Note-se, a questao da afetividade (Uo extravasamento de raivas

contidas") como facilitadora da aprendizagem.

Primeiramente, solicita-se algumas mudanc;as por parte da mae, em relaC;ao a Y,

como: cuidar da higiene (cortar cabelo, cortar unhas, vestir roupas limpas, estar limpo),

usar os oculos, chegar no horario pre-estipulado, eliminar a chupeta (contrato de

comportamento entre mae e filho), minimizar as faltas as aulas na escola e no Kumon,

ler livros infantis com 0 Who, jogos em familia. Visando uma intera980 dos familiares.

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Se uma parte da crianya esta imatura 0 vinculo com os pais e imaturo. Pessoas

com personalidade imatura sao incapazes de se realizar plenamente com os outros

individuos ou, com a sociedade em geral. 0 relacionamento entre pessoas maduras

deve incluir uma aceitayao reciproca da individualidade uma da outra, em toda a sua

dimensao humana, com qualidades e defeitos.

Num sentido amplo, a maturidade deve ser entendida como a capacidade de

estabelecer relayoes interpessoais satisfat6rias, quando 0 delicado equilibrio entre a

satisfayao das pr6prias necessidades e as dos outros exige urn comportamento

verdadeiramente adulto, uma compreensao real do mundo e das pessoas que nele

vivem.

Cornumente verifica-se um tipo de interayao familiar na qual urn ou mais irmaos

recebem 0 encargo de ser excepcionalmente brilhantes em suas vidas estudantis e

sociais, com a funyao de compensar a vergonha familiar representada pelo filho com

dificuldades escolares. Os pais freqOentemente nos revelam esta situayao quando

relatam que 0 paciente e totalmente diferente do irmao que e respons;3vel, estudioso e

caprichoso, entre outros atributos.

Encorajar Y para 0 aprender, dando exemplos de pessoas que obtiveram

sucesso na vida profissional porque estudaram.

A estimulayao ou a motiVay80para aprender, deve ser compreendida na relayao

entre os aspectos afetivos e cognitivos do individuo, ambos dependentes do meio

social. Assim, as criangas provenientes de contextos familiares que nao conseguem

valorizar a aprendizagem escolar tendem, a nao investir energia suficiente para 0

aprender (Scoz, 1994),

Nao se trata de elogiar ou incentivar seu desempenho, mas, de oferecer-Ihe

oportunidades de vivenciar 0 prazer gerado pelo sentimento de competencia pessoal e

seguranya para vencer desafios intelectuais.

Assim, 0 sintoma dificuldade de aprendizagem nao pode ser compreendido como

entidade fixa, acredita-se que 0 processo de desenvolvimento de Y foi inibido e que se

for oferecida uma forma de relayao melhor e diferente daquela a que estava

acostumado, sua evoluyao retornara ao curso normal.

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Falta de contato entre os pais e escola e apontada como empecilho para que

muitas dificuldades sejam solucionadas. E imprescindivel as pais manter born

relacionamento com as professores de Y.

Frente a escola enda Y, 0 psicopedagogo deve inteirar-se quanta as dificuldades

de Y em sala de aula, manter um dialogo aberto e freqGente com os prolessores e a

Orientadora Educacional. Y necessita de aleto e incentivo Irente a sua situayao escolar.

Embera S8 tratando de urna crianc;a com born potencial intelectual, apresenta

imaturidade emocional e na area pedag6gica. Demonstrando baixa resistencia afrustrac;a,o e grande dificuldade em S8 ligar aos estfmulos externos, especial mente aos

novas. A crianC;8que apresenta urn "bloqueio emocional" I tende a realizar urna escritalimitada em seus aspectos criativQs e comunicativos.

Para Y enfrentar novas desafios, procura-s8 no processo corretor incitar 0 jogo

em dupla; proporcionando vencer obstaculos imprevistos. As atividades pedagogicas

devem iniciar a partir de conteudos que Y domina, oferecer seguranya e avan9ar

gradualmente.

Socrates, filosofo grego, dizia que um mestre deve fazer como fazem as

parteiras: as parteiras nao fazem 0 bebe, elas apenas auxiliam a nascimento das

criaturas que ja estao prontas no ventre materno. Mestre nao e aquele que faz as ideias

de seus disci pulos, e 0 que auxilia na genese e na gestac;ao dessas ideias.

Caso S, 0 psicopedagogo reconhece 0 papel da familia como transmissor de

cultura. Sua a9ao junto a familia devera ser orientada no senti do de analisar e

compreender as mecanismos dentro da relac;ao familiar que promovem bloqueios da

aprendizagem.

a processo do desenvolvimento e crescimento do individuo nao se da de forma

aut6noma, aleat6ria au determinada somente par fatores internos. Todo 0 processo do

desenvolvimento tem a caracteristica de ser global, integrado e independente. As

consequencias de um ambiente inadequado para 0 desenvolvimento de um individuo

tereo cristalizac;6es em qualquer um dos setores, em func;ao da etapa em que 0 seu

desenvolvimento se encontra.

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A primeira providemcia do psicopedagogo, a sar tamada foi no contexto familiar

de S, trabalhar para a sua independencia nas atividades cotidianas (banhar-se, vestir-

se, etc), conscientizando a mae que sle ja pode realiza-Ias com efici€mcia e autonomia.

Cientes de que S vai conviver com Dutro bebe na masma casa, danotar as suas

capacidades frente a esta crianc;;a, engajando as familiares nesta missao.

Urna Situ8C;80 pedagogica a ser considerada sao os disturbios reativos de

aprendizagem, isto e, sao aqueles que surgem no decorrer de crises situacionais: 0

nascimento de urn irmao, a perda de urn ante querida, separa9ao dos pais, a traca de

urna professora, a mudanC;8 de cidade, eseela, etc. lais crises, devido a pardas

significativas, frequentemente mabilizam ansiedades depressivas em muitas criam;as

au, em autros casas, rnobilizam urn alto nivel de ansiedade flutuante, 0 que dificulta a

adapta980 a situa90es novas. As problematicas descritas merecem considera¢es a

nivel prevenlivo, uma vez que, mal manejadas pela familia, pela escola ou por

profissionais da area de saude, podem organizar-se em problemas processuais de

aprendizagem, gerados da carreira de fracasso escolar.

Estes fatos, bern como as avalia90es clinicas, permitem inferir que a preven980

das dificuldades de aprendizagem deveria comeyar no meia familiar, na medida em que

o grupa familiar possa se constituir num contingente das ansiedades infantis e, ao

mesmo tempo, fundone como organizador das condutas e comportamentos da crianya.

Em resumo, a familia e a matriz dos conceitos basi cos necessarios para a

aprendizagem e adapla9ao escolar.

Segundo Nilo Fichtner (1978), do ponto de vista emocional, julgamos necessario

para ingressar na escola as seguintes pre-requisitos:

Saber relacionar-se com a professora e as caregas;

Reger-se predominantemente pelo principio de realidade;

Predominio do pensamento nivel operatorio concreto de pensamento;

Ter born nivel de talerancia a frustray80;

Ter no.yao de limites, pais a falta destas estrutura a conduta onipotente;

Possuir habitos de higiene e de organiza.yao;

Apresenlar controle dos impulsos agressivos;

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Ter curiosidade para examinar e aprender 0 contexto ambiental;

Ter elaborado a situay80 simbiotica que promovera a individuac;ao;

Autonomia para pesquisar a realidade sem dependencia emocional oule

instrumental;

Capacidade de identificayao para incorporar aprendizagem;

Aulo-eslima regulada;

Nao apresenlar allo nivel de ansiedade fluluanle, ansiedade de separa9ao ou de

ansiedades f6bicas, as quais sao bloqueadoras da incorpora9ao de

aprendizagem.

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6. CONCLUSAO

Na tentativa de descobrir, avaliar e analisar os obstaculos na constru(:8o do

conhecimento, toma-S9 a Homem em suas diversas dimensoes, focalizando

provisoriamente, cada uma das areas interdisciplinares em si, para depois integra-las

em sua totalidade.

A experiencia clinica, ira levar a uma constata~o de que a rela~o

psicopedag6gica nao S8 estabelece entre 0 psicopedagogo e 0 processo de

aprendizagem, mas entre 0 psicopedagogo e 0 sujeito desse processo. 0 trabalho

psicopedagogico na Unidade Kumon caracteriza-se em possibilitar a analise das

relac;6es que mant€~m entre si, 0 aluno, a familia, 0 orientador do Kumon, a escola e 0grupo social em que 0 aluno S8 encontra inserido.

o desafio do psicopedagogo 9 introduzir 0 aluno com dificuldade de

aprendizagem em seu curso normal de escolaridade, para que S8 sinta motivado a

estudar e buscar a sua autonomia. Para isso, 0 psicopedagogo precisa ficar atenta para

o verdadeiro significado do pedido de ajuda, bem como por quem 9 feito este pedido,

quando e em que circunstimcias, aliviando assim, a aluno da ten sao e ansiedade de

nao aprender.

A partir dai, fica ampliada a analise da rela(:8o psicopedagogica, e se estabelece

um contexto de colabora9ao entre as parceiros educativos, dando importancia ao

psicopedagogo e a sua inser9ao na Unidade Kumon, identificando e possibilitando ir

al9m do simples aparente e penetrando 0 problema em toda a sua extensao.

o numero excessivo de pessoas que nao conseguem aprender, em todas as

camadas sociais, faz com que se repense sabre a conceito de dificuldade de

aprendizagem. Sera que 0 contingente de alunos inadaptados na escola 9 possuidor de

uma sfndrome? Ou sera que a sistema como um todo seja fruto de uma sfndrome do

nao saber ensinar?

Serao elas, de fato, desajustados e incapazes, ou representam 0 potente grito de

protesto e de alerta para que se de uma educac;ao mais sadia e democratica e um

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salene desafio a nossa autoridade autoritaria, que nao nos tern permit ida Quvir ascrianr;as nas suas reais condir;oes e necessidades?

Par esta motivD torna-S9 cada vez rna is necessario a 8980 do psicopedagogocomo mediador, observador e, intercessor das necessidades da crianga com dificuldade

de aprendizado, visando a bem estar da mesma e interaginctopara que todas as partescooperem entre si para esls tim.

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