Caderno de Resumos – PGZoo_UFPR

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CADERNO DE RESUMOS

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CADERNODE RESUMOS

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Universidade Federal do Paraná - UFPR Prof. Dr. Zaki Akel Sobrinho - Reitor

Setor de Ciências Biológicas

Prof. Dr. Luiz Cláudio Fernandes - Diretor

Departamento de Zoologia Profª. Drª. Rosana Moreira da Rocha - Chefe

Programa de Pós-Graduação em Zoologia Prof. Dr. Marcio Roberto Pie - Coordenador

Coordenação do Evento

Prof. Dr. Marcio Roberto Pie

Organização Ana Claudia de Almeida Caio Noritake Louzada Camila Felippe Cássia Gabrielli Padilha Daiane Soares Xavier da Rosa Edi Marcos Nazaretti Livia de Moura Oliveira Luana de Almeida Pereira Luci Fátima Pereira Luciana Cristina de Carvalho Lucimary Steinke Deconto Madson Silveira de Melo Maira Gnoatto Afonso Nálita Maria Scamparle Teodoro Rafael Fernandez de A.G. Madrigal Rodolfo Corrêa de Barros Salise Brandt Martins Sidnei Pressinatte Junior Thayanne Lima Barros Editorial Caio Noritake Louzada Rodolfo Corrêa de Barros Sidnei Pressinatte Junior

Avaliadores Dr. André Andrian Padial Dr. Antonio Ostrensky Neto Dr. Bráulio Santos Dr. Carlos Eduardo Conte Dr. Eduardo Luis C. Ballester Dr. Emygdio L.A. Monteiro Filho Dr. Fábio Meurer Dr. Fernando de Camargo Passos Dr. Jean Ricardo Simões Vitule Dr. João Marcelo D. de Miranda Dr. José Marcelo Rocha Aranha Drª. Juliana Quadros Dr. Julio Cesar de Moura Leite Drª. Lilian Tonelli Manica Dr. Luís Fernando Fávaro Dr. Marcio Roberto Pie Dr. Marcos Paulo Trindade da Veiga Dr. Marcos Soares Barbeitos Drª. Maria Angelica Haddad Dr. Mauricio Osvaldo Moura Dr. Ostrensky Neto Dr. Paulo de Tarso da C. Chaves Dr. Rogério Ribas Lange Drª. Rosana Moreira Rocha Drª. Tatiane Regina Moreno

Drª. Viviane Prodocimo Dr. Vinícius Abilhoa Dr. Walter Antonio Pereira Boeger MSc. Alexandre Venson Grose MSc. Caio Noritake Louzada MSc. Diego Zanlorenzi MSc. Fabrício Martins Dutra MSc. Fernando Carvalho MSc. Giovanna Carstens Castellano MSc. Marcel Kruchelski Tschá MSc. Natascha Wosnick MSc. Rafael Ernesto Balen MSc. Rafael F. de A.G. Madrigal MSc. Rodolfo Corrêa de Barros MSc. Ronan Maciel Marcos MSc. Sidnei Pressinatte Junior MSc. Susel Castellanos Iglesias MSc. Vanessa Salete Daga

Apoio Técnico Vanessa Peres

PPG em Zoologia - UFPR

Apoio Institucional

Curitiba 2015

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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SUMÁRIO Apresentação 04

Programação 05

Resumos das palestras 08

BIOLOGIA ANIMAL

1. INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NA SOBREVIVÊNCIA E NAS CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS DA OSTRA DO MANGUE Crassostrea brasiliana (LAMARCK, 1819) (BIVALVIA, OSTREIDAE)

10

2. INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM INDIVÍDUOS DE ARARA-CANINDÉ (Ara ararauna) EM CATIVEIRO

13

3. RESISTÊNCIA BIÓTICA AO HIDROZOÁRIO Podocoryna loyola HADDAD, BETTIM, &

MIGLIETTA, 2014 (CNIDARIA, HYDROZOA, HYDRACTINIIDAE) INTRODUZIDO NA BAÍA DE PARANAGUÁ, PARANÁ

16

4. O SCIANEDAE Menticirrhus americanus (LINNAEUS, 1758) FAZ CONECTIVIDADE ENTRE A

PLATAFORMA E O ESTUÁRIO NO LITORAL DO PARANÁ E ENTRE A PLATAFORMA SUDESTE-SUL BRASILEIRA?

19

5. O USO DO ESPAÇO EM 'HOTSPOTS' PARA EXECUÇÃO DE DISPLAYS POR TANGARÁS (Chiroxiphia caudata)

20

6. UMA SOCIEDADE SUBAQUÁTICA: EXPLORANDO AS RELAÇÕES SOCIAIS DA POPULAÇÃO DE BOTOS-CINZA DO ESTUÁRIO DE CANANÉIA

21

7. AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TÉCNICAS PARA INDUÇÃO DA ECDISE EM Callinectes ornatus (ORDWAY, 1863) PARA PRODUÇÃO DE SIRI MOLE A PARTIR DO DESCARTE DA PESCA DE CAMARÕES

25

8. MONITORAMENTO DE ESPÉCIE EXÓTICAS INCRUSTANTES EM DIFERENTES GRAUS DE SALINIDADE NA REGIÃO PORTUÁRIA DA BAÍA DE PARANAGUÁ, PARANÁ.

26

9. VARIAÇÃO MORFOLÓGICA E BIOLOGIA DAS POPULAÇÕES DE Aegla marginata BOND-BUCKUP, 1994 (CRUSTACEA, AEGLIDAE) OCORRENTES NO LESTE DO ESTADO DO PARANÁ

30

10. ECOLOGIA ALIMENTAR E REPRODUÇÃO DE Rhomboplites aurorubens (CUVIER, 1829) (TELEOSTEI, LUTJANIDAE) NO BANCO DOS ABROLHOS, BRASIL

31

11. CARACTERIZAÇÃO DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES DEMERSAIS E SUAS RELAÇÕES COM UM GREDIENTE AMBIENTAL EM UM ESTUÁRIO SUBTROPICAL BRASILEIRO

35

12. DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO TEMPORAL E CARACTERIZAÇÃO DE ANUROS DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

39

13. PADRÃO DE ATIVAÇÃO DA EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS DE ESTRESSE (HSP70) DIANTE DESAFIO HIPER-SALINO NO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE Macrobrachium acanthurus HELLER, 1862 (CRUSTACEA: DECAPODA: PALAEMONIDAE)

44

14. USO DO ESPAÇO VERTICAL POR PEQUENOS MAMÍFEROS NO PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO, LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

45

15. EFEITOS DA AMÔNIA E NITRITO SOBRE PÓS-LARVAS, JUVENIS E ADULTOS DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862)

49

16. ANÁLISE DA ESTRUTURA VERTICAL DE UMA ASSEMBLEIA DE MORCEGOS (MAMMALIA: CHIROPTERA) E SUA RELAÇÃO COM A MORFOLOGIA DA ASA E DISPONIBILIDADE DE RECURSO ALIMENTAR

53

17. FECUNDIDADE E TAMANHO IDEAL DE CAPTURA EM PEIXES TELEÓSTEOS 56 18. O PAPEL DA ANIDRASE CARBÔNICA E DAS AQUAPORINAS EM INVERTEBRADOS

AQUÁTICOS DE DIFERENTES AMBIENTES 57

19. RELAÇÕES TRÓFICAS DE Centropomus (PERCIFORMES – CENTROPOMIDAE) USANDO DADOS DE PESCA ARTESANAL E RECREATIVA DAS REGIÕES NORDESTE E SUL DO BRASIL

61

20. COMUNIDADE DE AVES EM DOIS AMBIENTES INSULARES NO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

62

21. USO DA MICROQUÍMICA E MICROESTRUTURA DE OTÓLITOS COMO FERRAMENTA PARA AVALIAR A ESTRUTURA POPULACIONAL, PADRÕES MIGRATÓRIOS E CONECTIVIDADE ENTRE HABITATS EM PEIXES RECIFAIS DO SUDESTE-SUL DO BRASIL

63

22. USO DO ESPAÇO POR MORCEGOS EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA 65

23. COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS VIVOS NOS SEDIMENTOS DO TALUDE CONTINENTAL DA BACIA POTIGUAR, RIO GRANDE DO NORTE (BRASIL)

69

24. ESCALAS DE VARIAÇÃO ESPACIAL DE EMISSÕES SONORAS DE Sotalia guianensis DE

ACORDO COM FATORES FÍSICO-QUÍMICOS E GEOGRÁFICOS DE DUAS ÁREAS DO LITORAL BRASILEIRO

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25. ESTRATÉGIAS DA PESCA DE EMALHE EM MATINHOS-PR: IMPLICAÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA

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26. FISIOLOGIA A SERVIÇO DA CONSERVAÇÃO: INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS EM PROCESSOS ESSENCIAS À VIDA EM RAIAS E TUBARÕES

79

27. USO DO ESPAÇO POR DIFERENTES ESPÉCIES DE MAMÍFEROS EM FRAGMENTOS DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL

83

28. HISTOMORFOLOGIA DO HEPATOPÂNCREAS DE JUVENIS DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862) SUBMETIDOS A DIFERENTES REGIMES ALIMENTARES

85

29. PADRÕES DE EXIBIÇÕES COOPERATIVAS DE TANGARÁS (Chiroxiphia caudata) E SUCESSO EM CÓPULAS

86

30. VARIABILIDADE MORFOLÓGICA EM Aegla parana SCHMITT, 1942, (CRUSTACEA,

ANOMURA, AEGLIDAE) AO LONGO DA BACIA DO RIO IGUAÇU, ESTADO DO PARANÁ 87

31. BIOLOGIA REPRODUTIVA DE Mazama gouazoubira (FISCHER, 1814) (MAMMALIA: CERVIDAE)

88

32. HIDROIDES DE CUBA: COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA, A ESTRUTURA DA ASSEMBLEIA E DISTRIBUIÇÃO EM ECOSSISTEMAS COSTERIROS RELACIONADAS COM FATORES AMBIENTAIS

90

33. HOMOGENEIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA: CIENTOMETRIA, META-ANÁLISE E DINÂMICA DO PROCESSO EM RESERVATÓRIOS NEOTROPICAIS

95

EVOLUÇÃO E SISTEMÁTICA

34. SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃO DE CNIDÁRIOS UTILIZANDO GENES RIBOSSOMAIS 99

35. RELAÇÕES TRI-TRÓFICAS ENVOLVENDO LEPIDODTEROS PRAGAS E SEUS INIMIGOS NATURAIS EM MILHO TRANSGÊNICO E MILHO CONVENCIONAL

100

36. SISTEMÁTICA DOS GÊNEROS Didemnum SAVIGNY, 1816 E Polysyncraton NOTT, 1892 (ASCIDIACEA, TUNICATA)

101

37. ECOLOGIA ALIMENTAR DE Hippocampus patagonicus PIACENTINO & LUZZATTO, 2004 (SYNGNATHIDAE) E A CONSERVAÇÃO DE CAVALOS-MARINHOS NO ATLÂNTICO OCIDENTAL

105

38. BIODIVERSIDADE ESPACIAL DAS POPULAÇÕES DE CAMARÃO DULCÍCOLA NA PLANÍCIE LITORÂNEA E NOS PRIMEIRO E SEGUNDO PLANALTOS PARANAENSES

109

39. DIVERSIFICAÇÃO EM PULSO: UM MODELO PARA A DIVERSIFICAÇÃO DOS PEIXES NAS BACIAS COSTEIRAS DO BRASIL

112

40. ATRIBUTOS DE AVES URBANAS NEOTROPICAIS 117 41. GENÉTICA DE POPULAÇÕES E FILOGEOGRAFIA DE Styela canopus (SAVIGNY, 1816) 119 42. SISTEMÁTICA DO GÊNERO Eudistoma (CHORDATA: ASCIDIACEA) 123

43. O USO DO ALIMENTO, DO ESPAÇO E DO TEMPO POR MORCEGOS NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

124

ZOOLOGIA APLICADA

44. O GUARÁ Eudocimus ruber (AVES: THRESKIORNITHIDAE) NO ESTUÁRIO DA BAÍA DA BABITONGA, LITORAL NORTE DE SANTA CATARINA: REPOVOAMENTO, DISTRIBUIÇÃO E BIOLOGIA

128

45. COMPARAÇÃO DA FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE LEPIDÓPTEROS-PRAGA DA SOJA E SEUS PARASITOIDES

130

46. PADRÕES COMPORTAMENTAIS DE Callithrix penicillata NA ILHA DE SANTA CATARINA, SUL DO BRASIL

131

47. CONECTIVIDADE E ESTRUTURAÇÃO GENÉTICA DE POPULAÇÕES DE ANELÍDEOS INTERSTICIAIS DO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ (CEP)

135

48. EFEITO DO GLICEROL BRUTO SOBRE O CRESCIMENTO E METABOLISMO DE Piaractus mesopotamicus, Prochilodus lineatus E Rhamdia quelen, ESPÉCIES NATIVAS DA BACIA DO RIO PARANÁ

138

49. COMPARAÇÃO ENTRE ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS POPULAÇÕES DO CAMARÃO BRANCO Litopenaeus schmitti DE CUBA E DO BRASIL PARA O CULTIVO EM ESCALA

ARTESANAL 141

50. BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS ESPECIES Rhamdia branneri E Rhamdia voulezi, (SILURIFORMES: PIMELODIDAE) EM CONDIÇÕES DE CATIVEIRO

145

51. AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DO ESTRESSE OXIDATIVO DE Laeonereis culveri EM ÁREAS CONTAMINADAS E NÃO CONTAMINADAS DE UM ESTUÁRIO SUBTROPICAL

148

52. A HISTOPATOLOGIA COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE EM ESTUDOS COM PEIXES DE AMBIENTES DULCÍCOLAS

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Índice de autores 155

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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Apresentação

No ano de 2015 comemoramos o aniversário de 40 anos do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Federal do Paraná. Ao olharmos para trás, podemos perceber que a história de nosso programa se mistura com a história da própria pesquisa zoológica em nosso estado.

A PGZoo se iniciou em 1975, com a abertura do curso de mestrado em Zoologia sob a coordenação do Prof. Jayme de Loyola e Silva - um dos mais eminentes zoólogos do século passado no Brasil. Posteriormente, em 1987, o programa iniciaria seu curso de doutorado. Por muito tempo o programa representaria um dos poucos cursos de pós-graduação em Zoologia do país, juntamente com programas em outras instituições como a UFRJ/Museu Nacional (mestrado em 1972, doutorado em 1994), a USP (mestrado e doutorado em 1970) e a ESALQ (mestrado em 1968, doutorado em 1972). Ao longo de seus 40 anos, o Programa de Pós-Graduação em Zoologia da UFPR tem desempenhado um papel central na formação de recursos humanos na área de Zoologia no país, formando até o momento 346 mestres e 135 doutores. Desde a sua criação, o programa também manteve laços estreitos de relação com o seu programa coirmão no Departamento de Zoologia da UFPR (PPG-Entomologia), com a manutenção e crescimento da Coleção Entomológica Pe. Jesus Santiago Moure (atualmente a terceira maior coleção entomológica do país), e com a própria Sociedade Brasileira de Zoologia.

Neste ano entramos em uma nova fase da PGZoo, com um novo formato de nosso evento anual de discentes - o I Simpósio de Zoologia. Os objetivos principais deste evento são a divulgação da pesquisa sendo realizada no programa e a troca de informações e experiências entre nossos discentes e docentes. Esperamos que este evento seja um ótimo momento para refletirmos sobre o quanto caminhamos até hoje, mas também para imaginarmos nossa viagem nos próximos 40 anos.

Saudações zoológicas,

Marcio R. Pie

Coordenador da PGZoo

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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Programação

terça-feira, 25 de agosto 7h30 - 8h30 Entrega de material

8h40 - 9h00 Fernanda F. F. Groth (1° M) - Sistemática e evolução de cnidários utilizando genes ribossomais. Orientador: Dr. Marcos Barbeitos. Banca: Dr. Marcio Pie, Doutorando Marcel K. Tschá.

9h00 - 9h40 Marcel K. Tschá (4° D) - Diversificação em pulso: um modelo para a diversificação dos peixes nas bacias costeiras do Brasil. Orientador: Dr. Walter Boeger. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Dr. Jean Vitule.

9h40 - 10h00 Gisleine H. C. Silva (1° D) - Relações tróficas de Centropomus (Perciformes - Centropomidae) usando dados de pesca artesanal e recreativa das regiões nordeste e sul do Brasil. Orientador: Dr. Vinícius Abilhoa.

10h00 - 10h20 Coffee break

10h20 - 10h40 Rafael R. Amorin (1° D) - Atributos de aves urbanas neotropicais. Orientador: Dr. Vinícius Abilhoa.

10h40 - 12h00 Palestra - Dr. Marcio Pie - A origem e evolução de gradientes de riqueza de espécies.

12h00 - 13h30 Almoço

13h30 - 14h10 Rafael E. Balen (4° D) - Efeito do glicerol bruto sobre o crescimento e metabolismo de Piaractus mesopotamicus, Prochilodus lineatus e Rhamdia quelen, espécies nativas da bacia do rio Paraná. Orientador: Dr. Fabio Meurer. Banca: Dr. Luis F. Fávaro, Dr. Antonio Ostrensky Neto.

14h10 - 14h50 Alexandre V. Grose (4° D) - O guará Eudocimus ruber (Aves: Threskiornithidae) no estuário da baía da Babitonga, litoral norte de Santa Catarina: repovoamento, distribuição e biologia. Orientador: Dr. Nei Moreira. Banca: Dr. Vinícius Abilhoa, Dr. Emygdio Monteiro Filho.

14h50 - 15h30 Thayzi O. Zeni (4° D) - A histopatologia como ferramenta de análise em estudos com peixes de ambientes dulcícolas. Orientador: Dr. Antonio Ostrensky Neto. Banca: Dr. Luis F. Fávaro, Dr. Paulo de Tarso.

15h30 - 16h30 Coffee break

15h30 - 16h30

Apresentações de Pôsteres 1. Lívia M. Oliveira (2° D) - Sistemática dos gêneros Didemnum Savigny, 1816 e

Polysyncraton Nott, 1892 (Ascidiacea, Tunicata). Orientadora: Dra. Rosana M. Rocha. Banca: Dr. Walter Boeger, Dra. Tatiane Moreno.

2. Rodolfo C. Barros (2° D) - Genética de populações e filogeografia de Styela canopus (Savigny, 1816). Orientadora: Dra. Rosana M. Rocha. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Dr. Walter Boeger.

3. Sidnei Pressinatte Junior (2° D) - O uso do alimento, do espaço e do tempo por morcegos na Floresta Ombrófila Mista. Orientador: Dr. João Miranda. Banca: Dr. Marcio Pie, Dr. Fernando Passos.

4. Cássia G. Padilha (2° M) - Ecologia alimentar e reprodução de Rhomboplites aurorubens (Cuvier, 1829) (Teleostei, Lutjanidae) no Banco dos Abrolhos, Brasil. Orientador: Dr. Vinícius Abilhoa. Banca: Dr. Jean Vitule, Doutorando Rafael E. Balen.

5. Luci F. Pereira (2° M) - Ecologia alimentar de Hippocampus patagonicus Piacentino & Luzzatto, 2004 (Syngnathidae) e a conservação de cavalos-marinhos no Atlântico Ocidental. Orientador: Dr. Vinícius Abilhoa. Banca: Dr. Paulo de Tarso, Doutoranda Vanessa Daga.

6. Madson S. Melo (2° M) - Biodiversidade espacial das populações de camarão dulcícola na Planície Litorânea e nos Primeiro e Segundo Planaltos Paranaenses. Orientadora: Dra. Setuko Masunari. Banca: Dr. Vinícius Abilhoa, Doutoranda Giovana Castellano.

7. Rafael García-Madrigal (2° D) - Comparação dos aspectos biológicos das populações do camarão branco Litopenaeus schmitti em Cuba e no Brasil como base para seu cultivo em escala artesanal. Orientandor: Dr. Antonio Ostrensky Neto. Banca: Dr. Marcio Pie, Dr. Fabio Meurer.

8. Thayanne L. Barros (2° M) - Avaliação experimental do estresse oxidativo de Laeonereis culveri em áreas contaminadas e não contaminadas de um estuário subtropical. Orientador: Dr. Paulo Lana. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Doutoranda Giovanna Castellano.

9. Nálita S. Teodoro (2° M) - Conectividade e estruturação genética de populações de anelídeos intersticiais do Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP). Orientador: Paulo Lana. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Doutoranda Giovanna Castellano.

10. Ana C. Almeida (2° M) - Influência do enriquecimento ambiental na redução de estresse em indivíduos de araracanindé (Ara ararauna) em cativeiro. Orientador: Dr. Nei Moreira. Banca: Dr. Rogério Lange, Doutorando Sidnei Pressinatte Junior.

11. Daiane X. Rosa (2° M) - Padrões comportamentais de Callithrix penicillata na ilha de Santa Catarina, sul do Brasil. Orientador: Dr. João Miranda. Banca: Dr. Fernando Passos, Doutorando Fernando Carvalho.

16h30 - 16h50 Sandra V. Paiva (1° D) - Sistemática do gênero Eudistoma (Chordata: Ascidiacea). Orientadora: Dra. Rosana Moreira Rocha.

16h50 - 17h10 Amanda C. Dudczak (1° M) - Comparação da flutuação populacional de lepidópteros-praga da soja e seus parasitoides em cultura orgânica e transgênica RR. Orientador: Dr. Luis A. Foerster. Banca: Dr. Bráulio Santos, Doutorando Sidnei Pressinatte Junior.

17h10 - 17h30 Jéssica Cocco (1° D) - Relações tri-tróficas envolvendo lepidópteros pragas e seus inimigos naturais em milho transgênico e milho convencional. Orientador: Dr. Luis A. Foerster.

17h30 - 17h50 Ronan M. Marcos (3° D) - Biologia reprodutiva das espécies Rhamdia branneri e Rhamdia voulezi (Siluriformes: Pimelodidae) em condições de cativeiro. Orientador: Dr. Fabio Meurer. Banca: Dr. Antonio Ostrensky Neto, Dr. Paulo de Tarso.

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quarta-feira, 26 de agosto

8h40 - 9h00 Pedro H. Ribeiro (1° M) - Padrões de exibições cooperativas de tangarás (Chiroxiphia caudata) e sucesso em cópulas. Orientadora: Dra. Lilian Manica. Banca: Dr. Marcio Pie, Doutorando Caio Noritake.

9h00 - 9h20 Bruna R. de Jesus (1° M) - O uso do espaço em 'hotspots' para execução de displays por tangarás (Chiroxiphia caudata). Orientadora: Dra. Lilian Manica. Banca: Dr. Maurício Moura, Doutorando Alexandre Grose.

9h20 - 9h40 Henrique Chupil (1° D) - Comunidade de aves em dois ambientes insulares no litoral sul de São Paulo. Orientador: Dr. Emygdio Monteiro Filho.

9h40 - 10h20 Fabiana Silveira (3° D) - Uso do espaço vertical por pequenos mamíferos no Parque Estadual Ilha do Cardoso, litoral sul de São Paulo. Orientador: Dr. Emygdio Monteiro Filho. Banca: Dr. Carlos E. Conte, Dra. Juliana Quadros.

10h20 - 10h40 Coffee break

10h40 - 11h00 Rodrigo M. de Souza (1° D) - Biologia reprodutiva de Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) (Mammalia: Cervidae). Orientador: Dr. Emygdio Monteiro Filho.

11h00 - 12h00 Palestra - MSc. Magda F. Paixão - Parasitoides de ovos do gênero Trichogramma aplicado ao controle de Lepdópteros-praga

12h00 - 13h30 Almoço

13h30 - 14h10 Nicolle V. Sydney (4° D) - Uso do espaço por diferentes espécies de mamíferos em fragmentos de floresta estacional semidecidual. Orientador: Dr. Emygdio Monteiro Filho. Banca: Dr. Carlos E. Conte, Dra. Lilian T. Manica.

14h10 - 14h50 Fernando Carvalho (4° D) - Análise da estrutura vertical de uma assembleia de morcegos (Mammalia: Chiroptera) e sua relação com a morfologia da asa e disponibilidade de recurso alimentar. Orientador: Dr. Fernando Passos. Banca: Dr. Emygdio Monteiro Filho, Dr. João Marcelo Miranda.

14h50 - 15h10 Barbara M. Carvalho (1° D) - O Scianedae Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) faz conectividade entre a plataforma e o estuário no litoral do Paraná e dentre a plataforma sudeste-sul brasileira? Orientador: Dr. Luis F. Fávaro.

15h10 - 16h10 Coffee break

15h10 - 16h10

Apresentações de Pôsteres 1. Lucimary S. Deconto (2° D) - Escalas de variação espacial de emissões sonoras de Sotalia

guianensis de acordo com fatores físicoquímicos e geográficos de duas áreas do litoral brasileiro. Orientador: Dr. Emygdio Monteiro Filho. Banca: Dra. Lilian T. Manica, Dr. Carlos E. Conte.

2. Caio Noritake Louzada (2° D) - Uma sociedade subaquática: explorando as relações sociais da população de botos-cinza do estuário de Cananéia. Orientador: Dr. Emygdio Monteiro Filho. Banca: Dra. Lilian T. Manica, Dr. Carlos E. Conte.

3. Maíra Gnoatto Afonso (2° M) - Estratégias da pesca de emalhe em Matinhos-PR: implicações para a conservação da ictiofauna. Orientador: Dr. Paulo de Tarso. Banca: Dr. Vinícius Abilhoa, Doutorando Diego Zanlorenzi.

4. Luana A. Pereira (2° M) - Uso do espaço por morcegos em Floresta Ombrófila Mista. Orientador: Dr. João Marcelo Miranda. Banca: Dr. Fernando Passos, Doutorando Fernando Carvalho.

5. Camilla Felippe (2° M) - Monitoramento de espécies exóticas incrustantes em diferentes graus de salinidade nas regiões portuárias das baías de Antonina e Paranaguá, Paraná. Orientadora: Dra. Maria A. Haddad. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Doutorando Rodolfo C. Barros.

6. Luciana C. Santa Rosa (2° M) - Composição e distribuição espacial de foraminíferos bentônicos vivos nos sedimentos do Talude Continental da Bacia Potiguar, Rio Grande do Norte (Brasil). Orientadora: Dra. Maria A. Haddad. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Doutoranda Natascha Wosnick.

7. Edi M. Nazaretti (2° M) - Diversidade, distribuição espaço temporal e caracterização de anuros do Parque Nacional do Iguaçu. Orientador: Dr. Carlos E. Conte. Banca: Dr. Júlio César Leite, Doutoranda Susel C. Iglesias.

16h10 - 16h50 Diego Zanlorenzi (4° D) - Caracterização das assembleias de peixes demersais e suas relações com o gradiente ambiental em um estuário subtropical brasileiro. Orientador: Dr. Luis F. Fávaro. Banca: Dr. Vinícius Abilhoa, Dr. Paulo de Tarso.

16h50 - 17h10 Francieli G. Azeredo (1° M) - Fecundidade e tamanho ideal de captura em peixes. Orientador: Paulo de Tarso. Banca: Luis F. Fávaro, Doutorando Marcel K. Tschá.

17h10 - 17h50 Vanessa S. Daga (3° D) - Homogeneização da ictiofauna: cientometria, meta-análise e dinâmica do processo em reservatórios. Orientador: Dr. Jean Vitule. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Dr. Marcio Pie.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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quinta-feira, 27 de agosto

8h40 - 9h20 Susel C. Iglesias (3° D) - Hydroids from Cuba: Taxonomical composition, community structure and ditribution in shallow water ecossystems related with environmental factors. Orientadora: Dra. Maria A. Haddad. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Dr. André Padial.

9h20 - 10h00 Ariane L. Bettim (3° D) - Mecanismos de resistência biótica ao hidrozoário introduzido Podocoryna loyola Haddad, Bettim, & Miglietta, 2014 (Cnidaria, Hydrozoa, Hydractiniidae). Orientadora: Dra. Maria A. Haddad. Banca: Dr. Marcos Barbeitos, Dr. André Padial.

10h00 - 10h20 Carolina L. Adam (1° M) - Variação morfológica e biologia das populações de Aegla marginata Bond-Buckup,1994 (Crustacea, Aeglidae) ocorrentes no leste do Estado do Paraná. Orientadora: Setuko Masunari. Banca: Dr. Maurício Moura, Doutorando Rafael Alaiza.

10h20 - 10h40 Coffee break

10h40 - 11h00 Renata D. Leite (1° M) - Variabilidade morfológica das populações de Aegla parana Schmitti, 1942, (Crustacea, Aeglidae) ocorrentes ao longo do Rio Iguaçu, Estado do Paraná. Orientadora: Setuko Masunari. Banca: Dr. Maurício Moura, Doutorando Rafael Alaiza.

11h00 - 12h00 Palestra - Dr. Matheus O. Freitas - Avaliação de sustentabilidades de pescarias artesanais: Desafios e entraves políticos.

12h00 - 13h30 Almoço

13h30 - 13h50 Eloisa P. Giareta (1° M) - Expressão de Proteína de Estresse (HSP70) em diferentes graus de salinidade no camarão Macrobrachium acanthurus. Orientadora: Dra. Carolina Freire. Banca: Dra. Rosana M. Rocha, Doutorando Fabrício Dutra.

13h50 - 14h30 Fabrício Dutra (3° D) - Efeitos da amônia e nitrito sobre pós-larvas, juvenis e adultos do camarão-da-Amazônia Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862). Orientador: Dr. Eduardo Ballester. Banca: Dr. Marcos Veiga, Dr. Antonio Ostrensky Neto.

14h30 - 15h10 Aline Horodesky (3° D) - Influência das condições ambientais na sobrevivência e nas características microbiológicas da ostra do mangue Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1819) (Bivalvia, Ostreidae). Orientador: Dr. Antonio Ostrensky Neto. Banca: Dr. Marcos Veiga, Dra. Maria A. Haddad.

15h10 - 15h30 Coffee break

15h30 - 16h10 Giovanna C. Castellano (3° D) - O papel da anidrase carbônica e das aquaporinas em invertebrados de diferentes ambientes. Orientadora: Dra. Carolina Freire. Banca: Dra. Rosana M. Rocha, Dra. Viviane Prodocimo.

16h10 - 16h50 Natascha Wosnick (3° D) - Fisiologia à serviço da conservação: influência de fatores abióticos em processos essenciais à vida de raias e tubarões. Orientadora: Dra. Carolina Freire. Banca: Dr. José Marcelo Aranha, Dra. Rosana M. Rocha.

16h50 - 17h10 Johnatas A. Alves (1° D) - Assinaturas químicas elementares e isotópicas de otólitos como ferramenta para avaliar a estrutura populacional e conectividade de peixes recifais. Orientador: Henry Louis Spach.

17h10 - 17h30 Camila Tavares (1° M) - Biologia e desenvolvimento de tecnologia para o cultivo de siris (Crustacea, Decapoda, Portunidae) de interesse comercial no litoral paranaense. Orientador: Dr. Antonio Ostrensky Neto. Banca: Dr. Eduardo Ballester, Doutorando Ronan M. Marcos.

17h30 - 17h50 Pedro Borges Neto (1° D) - Histomoforlogia do hepatopâncreas de juvenis do Camarão-da-Amazônia, Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862), submetidos a diferentes regimes alimentares. Orientador: Dr. Eduardo Ballester.

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A origem e evolução de gradientes de riqueza de espécies

MARCIO R. PIE

[email protected]

LABORATÓRIO DE DINÂMICA EVOLUTIVA E SISTEMAS COMPLEXOS

CNPq

Diferenças no número de espécies entre diferentes regiões é possivelmente o padrão mais evidente e menos conhecido na biologia evolutiva. Há uma diversidade de hipóteses para explicar tais padrões, particularmente no contexto de gradientes latitudinais de riqueza, como potenciais correlatos com temperatura, produtividade primária e estabilidade climática. Contudo, uma limitação importante de muitas destas hipóteses é a ausência de mecanismos que levem em consideração os processos que causam diferenças em riqueza - especiação, extinção e mudanças em distribuições geográficas. Nesta apresentação serão apresentadas abordagens recentes em meu laboratório que integram informações filogenéticas, informações biogeográficas e dados bioclimáticos para compreender gradientes de riqueza de espécies. Será apresentado o conceito de prevalência climática - a área proporcional de diferentes condições ambientais no espaço geográfico - e o seu papel como preditor de riqueza de espécies. Também serão apresentados dados sobre padrões geográficos na idade de diferentes espécies e sua relevância para entender o processo de diversificação. Finalmente, as perspectivas sobre a integração de grandes bancos de dados para o estudo de padrões macroevolutivos será discutida.

Palavras-chave: especiação; extinção; macroecologia; macroevolução.

Parasitoides de ovos do gênero Trichogramma aplicado ao controle de Lepdópteros-praga

MAGDA FERNANDA PAIXÃO

[email protected]

LABORATÓRIO DE CONTROLE INTEGRADO DE INSETOS

CAPES

O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo e consequentemente o maior consumidor de produtos agrotóxicos. Inúmeros estudos mostram que o uso indiscriminado de inseticidas de amplo espectro afeta a composição da entomofauna presente no agroecossitesma causando danos aos insetos benéficos, como abelhas e inimigos naturais, além de promover à resistência de pragas aos inseticidas. Dessa forma, o controle biológico através de entomopatógenos e inimigos naturais têm sido uma importante ferramenta para utilização no controle integrado de pragas contribuindo para a redução do número de aplicações de inseticidas. Dentre os agentes de controle, os parasitoides de ovos do gênero Trichogramma são os mais utilizados em programas de controle biológico de diversas pragas agrícolas e florestais. O sucesso se deve a sua ampla distribuição geográfica e a capacidade de parasitar inúmeras espécies hospedeiras, principalmente da ordem Lepidoptera, que são pragas de diversas culturas de importância econômica. Embora esses indivíduos diminutos sejam encontrados no ambiente, eles também são produzidos massalmente para a comercialização em diversos países. A produção massal de Trichogramma é realizada a partir de

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hospedeiros alternativos como as traças-dos-cereais, Anagasta kuehniella Zeller e Sitotroga cerealella Olivier por apresentar custo reduzido de produção. Dentre as espécies, T. pretiosum Riley é considerada a espécie mais polífaga, sendo associado a 26 espécies de hospedeiros. Trichogramma é um endoparasitoide caracterizado por ser de hábito gregário, no entanto, o número de indivíduos originados dependerá do volume do ovo-hospedeiro. A escolha do hospedeiro para produção massal de Trichogramma pode influenciar no sucesso de uma liberação. Estudos mostram que a produção de Trichogramma utilizando-se ovos de maior volume produzem indivíduos mais robustos e longevos. Nesse sentido, a utilização de ovos-hospedeiros de noctuídeos, por apresentar maior volume do que os ovos de traças das farinhas, apresentam potencial para produção massal de Trichogramma. Entretanto, para atender a demanda de produção de parasitoides em larga escala para liberação nos períodos de maior incidência da praga, umas das alternativas é a estocagem de ovos hospedeiros em baixas temperaturas por períodos prolongados. Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos nesse sentindo com resultados promissores.

Palavras-chave: controle biológico; inimigos naturais; biodiversidade; agentes de controle; estocagem de ovos.

Avaliação da sustentabilidade de pescarias artesanais: desafios e entraves políticos

MATHEUS OLIVEIRA FREITAS

[email protected]

LABORATÓRIO DE ICTIOLOGIA ESTUARINA

CNPq

O uso de avaliadores de sobrepesca através do uso de indicativos biológicos e de tamanho é recomendada para países como o Brasil. Com base nisso, esta proposta teve como objetivo realizar uma avaliação da sobrepesca da garoupa verdadeira Epinephelus marginatus no sul do Brasil, utilizando dados de tamanho de exemplares provenientes da pesca comercial e esportiva. Medições de garoupas nos entrepostos pesqueiros e peixarias nos estados do Paraná e Santa Catarina, além do acompanhamento de etapas de pesca subaquática, foram realizadas. Levando em consideração: 1= o percentual de peixes adultos nas capturas (maiores que o L50), 2= o percentual da amostra com comprimento ótimo nas capturas, 3= o percentual de mega-reprodutores nas capturas avaliamos sobrepesca da espécie. De um total de 131 amostras medidas em peixarias, 70 foram provenientes da pesca de arpão (com venda proibida), 16 de rede de emalhe e arrastos de fundo e 45 das pescarias de linha e anzol. Através de uma abordagem colaborativa com pescadores subaquáticos, informações sobre tamanhos de garoupas foram disponibilizados através do Facebook, onde um total de 38 registros foi obtido. Nas etapas de pesca subaquática, 51 garoupas foram medidas. Como resultado auxiliar, realizamos o corte de 149 otólitos da espécie para as estimativas de L∞, K e t0. As idades estimadas variaram de 0 a 33 anos, com uma média de 8 anos. A avaliação realizada com base nos dados de tamanho indicou que E. marginatus é um estoque vulnerável, devido ao registro constante de indivíduos capturados abaixo do L50. Além disso, verificamos baixas taxas de ocorrência de mega-reprodutores, demonstrando que os efeitos da pressão da pesca podem estar atuando sobre os indivíduos maiores. Acreditamos que estes resultados poderão auxiliar os gestores da pesca na criação e implementação de novas políticas de gestão e manejo da pesca da garoupa verdadeira no Sul do Brasil.

Palavras-chave: Epinephelus marginatus; ictiologia; pós-doutorado.

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BIOLOGIA ANIMAL

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NA SOBREVIVÊNCIA E NAS CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS DA OSTRA DO MANGUE Crassostrea

brasiliana (LAMARCK, 1819) (BIVALVIA, OSTREIDAE)

ALINE HORODESKY

[email protected]

ORIENTADOR: ANTONIO OSTRENSKY

CO-ORIENTADOR: GISELA GERALDINE CASTILHO WESTPHAl

GRUPO INTEGRADO DE AQUICULTURA E ESTUDOS AMBIENTAIS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Crassostrea brasiliana (syn. C. gasar) é um molusco bivalve encontrado ao longo da costa brasileira (Santa Catarina ao Pará)1. É eurialino e euritérmico, desova intermitentemente ao longo do ano e é adaptado ao ambiente estuarino2,3. Suporta águas muito próximas a 0 ups por períodos relativamente curtos de tempo, fechando a concha e parando de filtrar em salinidades abaixo de 8 ups4. Alimenta-se de matéria orgânica presente no plâncton por filtração da água. Entretanto, é capaz de reter e concentrar no trato gastrintestinal micro-organismos patogênicos e microalgas nocivas. Caso o processamento e preparo das ostras não seja eficiente na remoção ou destruição destes micro-organismos e toxinas, o consumo de ostras pode representar um perigo à saúde pública5. Por isso, o monitoramento da qualidade microbiológica das ostras é fundamental nas áreas de cultivo e, principalmente, nos pontos de comercialização, tendo em vista que a estocagem inadequada pode elevar os níveis de contaminação6.

Os objetivos deste trabalho são: I. Avaliar as taxas de sobrevivência e prevalência de alterações teciduais em ostras expostas a diferentes salinidades; II. Avaliar a influência da temperatura no tempo de sobrevivência e na prevalência de alterações teciduais em ostras; III. Avaliar a microbiota bacteriana de ostras submetidas a diferentes temperaturas sob diferentes períodos de exposição; IV. Avaliar a microbiota bacteriana de ostras comercializadas no estado do Paraná; V. Avaliar a microbiota bacteriana de ostras produzidas e comercializadas em quatro estados da região Nordeste do Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

As ostras utilizadas para histopatologia e avaliação das taxas de sobrevivência foram obtidas em cultivos da baía de Guaratuba-PR. Enquanto que, para a microbiologia, as ostras foram provenientes de diferentes pontos de comercialização localizados em cidades do estado do Paraná (Toledo, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Campo Mourão, Maringá, Guarapuava, Curitiba, Antonina, Paranaguá, Matinhos e Guaratuba) e também em cultivos de quatro estados da região Nordeste (Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte).

Todas as ostras foram limpas com uma escova para a retirada de resíduos fixados em suas conchas e, para remover todos os organismos incrustantes. A seguir, foram acondicionadas em caixas térmicas e transferidas até o Laboratório de Pesquisas com Organismos Aquáticos, do GIA/UFPR, em Curitiba, PR.

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Para avaliação das taxas de sobrevivência durante exposição a diferentes salinidades (0, 1, 2, 5, 10, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60 e 65 ups), foram utilizadas 6 ostras/aquário, com cada tratamento sendo testado em triplicata. Nos experimentos em que se testou a sobrevivência em diferentes temperaturas, 20 ostras foram acondicionadas em unidades experimentais (bandejas plásticas) de acordo com o tratamento a ser testado (exposto ao ar e imerso em água salobra). As temperaturas testadas foram: 5, 10, 15, 20 e 25°C.

A avaliação da influência da salinidade e da temperatura sobre a histologia tecidual das ostras deu-se com o teste de 18 ostras em cada unidade experimental, sendo cada tratamento realizado em triplicata. Após 5, 15 e 30 dias de exposição foi realizada a coleta de 6 ostras/tratamento, de cada réplica. Como controle do experimento, foram utilizadas seis ostras do tempo 0 (momento da coleta). De cada animal mensurou-se peso total e medidas de concha (altura, largura e comprimento). Todos tecidos moles foram retirados e inteiramente fixados em ALFAC (33% etanol 95°, 22% formol, 11,5% ácido acético e 33,5% água destilada) por 48 horas e preservados em álcool 70°.

Após a fixação, fragmentos de gônada, brânquias, manto e do trato digestório foram retirados e submetidos a processamento histotécnico de rotina. Lâminas permanentes foram coradas em hematoxilina de Harris e eosina7.

Para a avaliação de alterações na microbiota bacteriana de ostras submetidas a diferentes temperaturas durante distintos períodos de exposição, as ostras foram acondicionadas em unidades experimentais com e sem água as temperaturas de 5, 10, 15, 20 e 25ºC, dentro de uma estufa B.O.D. O experimento foi realizado em triplicata. Em cada tratamento (com e sem água) foram utilizadas 30 ostras, sendo que destas, a cada dois dias eram coletadas cinco para microbiologia, totalizando 10 dias de exposição.

O procedimento de análise microbiológica das ostras expostas a diferentes temperaturas, assim como das ostras comercializadas no estado do Paraná e das ostras coletadas no nordeste do Brasil ocorreu do seguinte modo: os tecidos moles das ostras foram retirados e acondicionados em sacos plásticos estéreis a fim de macerar e homogeneizar a amostra. Uma alíquota (200µL) da amostra foi armazenada em frascos eppendorf para a extração de DNA total, utilizando o kit de extração Invitrogen.

O DNA extraído foi avaliado e quantificado por espectrofotometria a 260nm e 280nm. A seguir, foi realizada a PCR das amostras utilizando um sistema de 10µL contendo: 5µL da enzima Klentaq DV Readymix, 1µL de mix dos iniciadores (primer universal), 1µL do primer (primer ―adaptador‖), 1µL de DNA (10ng/L) e 2µL de água Milli-Q.

Para confirmação da amplificação do DNA das amostras, foi realizado um teste em gel de agarose (1%) pela aplicação de 3µL da solução: 2µL de amostra e 2µL de corante FSUDS (azul de bromofenol). Em seguida realizou-se a corrida eletroforética das amostras em gel em voltagem constante de 60V na presença de tampão TBE 1X. Juntamente com as amostras, foi aplicado no gel 3µL de marcador de peso molecular 1Kb. O gel foi corado com brometo de etídio (1%), lavado em água e visualizado em uma câmara UVP.

Confirmada a amplificação do DNA de todas as amostras, em um sequenciador Illumina, realizou-se o processamento de sequências para análise de agrupamentos, o estabelecimento de unidades taxonômicas operacionais (Software Qiime) e a comparação com bancos de dados genômicos para estabelecimento de linhagens bacterianas presentes.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados parciais para a análise de sobrevivência demonstraram haver mortalidade das ostras em salinidades 0, 1, 2 ups, após 21 dias de exposição. Em 3 ups, as primeiras mortalidades foram detectadas após 6 dias, embora, quatro indivíduos tenham sobrevivido por mais de 100 dias de exposição.

Nas salinidades 4, 5 e 10 ups, apesar de uma pequena mortalidade inicial, vários indivíduos permaneceram vivos após 227 dias de exposição à salinidade 4 e 365 dias de exposição às salinidades 5 e 10 ups.

As salinidades 25, 30 e 35 provocaram baixa mortalidade, com ostras permanecendo vivas por no máximo 277 dias. Nas salinidades mais altas (45, 50, 55, 60 e 65 ups), as ostras apresentaram menor sobrevivência, com mortalidade de todos os indivíduos após 15 dias de exposição, caracterizando tais salinidades como as mais nocivas.

Os experimentos para avaliação das taxas de sobrevivência de ostras expostas a diferentes temperaturas, assim como, a microbiologia das ostras encontram-se em fase de execução. Não havendo, portanto, resultados parciais para apresentar neste resumo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A partir dos resultados parciais de avaliação das taxas de sobrevivência de ostras do mangue (C. brasiliana) expostas a diferentes salinidades, foi possível constatar que estes bivalves não suportam salinidades extremas (altas e baixas), morrendo em poucos dias de exposição.

Palavras-chave: molecular; mortalidade; metagenômica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1IGNACIO, B.L., et al. 2000. Genetic evidence of the presence of two species of Crassostrea

(Bivalvia: Ostreidae) on the coast of Brazil. Marine Biology, 136(6): 987-991.

2GALVÃO, M.S.N.P., O. M.; MACHADO, I. C.; HENRIQUE, M. B. 2000. Aspectos reprodutivos

da ostra Crassostrea brasiliana de manguezais do estuário de Cananéia, SP. Boletim do Instituto da Pesca, 26: 147-162.

3CHRISTO, S.W. 2006. Biologia reprodutiva e ecologia de ostras do gênero Crassostrea

Sacco, 1897 na Baía de Guaratuba (Paraná-Brasil): um subsídio ao cultivo, 146-146.

4WAKAMATSU, T. 1973. A ostra de Cananéia e seu cultivo. Instituto Oceanográfico, 141.

5ROBERTSON, L.J. 2007. The potential for marine bivalve shellfish to act as transmission

vehicles for outbreaks of protozoan infections in humans: A review. International Journal of Food Microbiology, 120(3): 201-216.

6PEREIRA, M.A., et al. 2006. Microbiological quality of oysters (Crassostrea gigas) produced

and commercialized in the coastal region of Florianópolis - Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, 37(2): 159-163.

7BEHMER, O.A.T., E.M.C; FREITAS NETO, A.G. 1976. Manual de técnicas para histologia

normal e patológica. EDART - São Paulo Livraria Editora, Editora da Universidade de São Paulo, p. 241.

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INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM INDIVÍDUOS DE ARARA-CANINDÉ (Ara ararauna) EM CATIVEIRO

ANA CLAUDIA DE ALMEIDA

[email protected]

ORIENTADOR: NEI MOREIRA

DEPARTAMENTO DE BIOCIÊNCIAS

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A arara-canindé (Ara ararauna), categorizada pela IUCN como Pouco Preocupante (LC)¹, encontra-se extinta em grande parte da região Sul do Brasil, na Bolívia e no Paraguai². Estudos sobre a biologia ex situ em instituições de pesquisa e zoológicos auxiliam a conservação de fauna em longo prazo³. A permanência de animais em cativeiro e a dificuldade de se adaptar a esse tipo de ambiente podem influenciar no bem-estar dos mesmos, causando estresse pelo tamanho do espaço, pela exposição aos visitantes ou pela falta de recursos que promovam estímulos físicos e mentais4.

O monitoramento do bem-estar animal através do comportamento e de métodos não invasivos de mensuração hormonal tem fornecido muitas informações sobre o estresse em cativeiro. O presente estudo procura avaliar a resposta comportamental e hormonal ao enriquecimento ambiental em cativeiros de arara-canindé.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Zoológico Municipal e no Viveiro Conservacionista da Faculdade Assis Gurgacz, em Cascavel, PR. Foram monitoradas vinte e duas araras-canindé, divididas em oito recintos (7, 22A, 20B, BB, BC, D4, D5 e D12), através do método do animal focal, em intervalos de cinco minutos, e coletadas amostras de excretas, durante três etapas (pré-enriquecimento, enriquecimento e pós-enriquecimento), entre os meses de Novembro de 2014 e Abril de 2015, totalizando 590 horas de observação. Cada etapa teve duração de dois meses. As aves foram submetidas a exame clínico de escore corporal e exame parasitário (método de Faust). A frequência de ocorrência dos comportamentos de cada etapa e a frequência

de interação com os enriquecimentos foram comparadas utilizando-se o método do 2. A média de comportamentos entre os grupos e entre as etapas foi comparada através da análise de variância de dois fatores (ANOVA) e teste de Friedman. As amostras de excretas foram submetidas à extração hormonal e serão analisadas via imunoenzimoensaio, assim como as amostras da validação biológica (desafio de ACTH). Foi aplicado o medicamento Synacthen® Depot em quatro indivíduos para a validação fisiológica (desafio de ACTH).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através de exame clínico, foi verificado que as aves apresentaram bom estado nutricional e de saúde. O método de Faust indicou resultado negativo para a presença de ovos e larvas de helmintos e para cistos de protozoários. O escore corporal mostrou que o peso das aves (range = 838g; x = 1.228,2±174,2g) encontrava-se dentro dos parâmetros definidos para a espécie (995g – 1.380g)5, exceto para as aves FAG 150 (1.500g), N4 (862g) e ZOO CVEL 147 (1.700g).

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Analisando a frequência de comportamento entre todos os indivíduos verificou-se que, durante as três fases, os comportamentos mais frequentes foram ―Vocalização‖ (21,2%, 15,3% e 12,8%), ―Observação‖ (15,6%, 15,8% e 15,5%) e ―Movimento‖ (14,7%, 21,4% e 27,6%). Na etapa de pré-enriquecimento, os comportamentos menos frequentes foram ―Comportamento reprodutivo‖ (1,3%), ―Outros‖ (2,1%) e ―Alimentação‖ (3,3%), enquanto nas etapas de enriquecimento e pós-enriquecimento foram os comportamentos ―Outros‖ (1,6% e 1,8%), ―Eriçar penas‖ (2,1% e 1,2%) e ―Comportamento reprodutivo‖ (2,6% e 1,8%).

De maneira geral, durante a etapa de enriquecimento, houve um aumento na frequência dos comportamentos ―Observação‖, ―Locomoção‖, ―Movimento‖ e ―Comportamento reprodutivo‖, enquanto os comportamentos ―Vocalização‖, ―Manutenção‖, ―Interação com objeto‖, ―Interação social‖, ―Eriçar penas‖, ―Alimentação‖, ―Repouso‖, ―Comportamento anormal‖ e ―Outros‖ tiveram uma redução. Durante a etapa de pós-enriquecimento, houve novamente um aumento dos comportamentos ―Manutenção‖, ―Movimento‖, ―Interação com objeto‖, ―Interação social‖, ―Comportamento anormal‖ e ―Outros‖.

Essa oscilação das frequências entre as etapas, mesmo não apresentando

diferença significativa (método do 2), mostram que o enriquecimento ambiental apresentou um efeito benéfico no comportamento das aves, estimulando o aumento da locomoção e movimento (aumento da atividade das aves), e redução de vocalização, manutenção, eriçamento de penas e interação social negativa, comportamentos que, em excesso, podem ser prejudiciais aos animais. A interação social negativa ocorreu principalmente durante o período de alimentação dos itens oferecidos regularmente, sendo que durante a etapa de enriquecimento, o comportamento de se alimentar desses itens também diminuiu, mostrando o interesse pelo consumo dos itens de enriquecimento alimentar e refletindo na redução de interação social negativa.

Em relação aos comportamentos anormais, verificou-se que os comportamentos de maior frequência em todas as etapas foram ―Parado na grade‖ (60,2%, 65,1% e 63,4%) e ―Pendurado na grade superior do recinto‖ (12,8%, 17,1% e 8,3%). Os comportamentos ―Tremer‖ e ―Movimentar a cabeça de um lado para o outro repetidamente‖ apresentaram-se frequentes na etapa de pré-enriquecimento (9,3% e 8,9%), mas sofreram redução na etapa de enriquecimento (3,2% e 6,9%).

Ao analisar a interação com o enriquecimento, observou-se que, de maneira geral, as aves apresentaram maior interação com os itens ―Rolinho de girassol‖ (24,4%), ―Pinhas recheadas‖ (21,1%), ―Espiga de milho‖ (17%) e ―Caixas de ovo‖ (13,2%), mostrando a preferência desses itens pelas araras-canindé. A frequência de interação com o enriquecimento ambiental foi maior nos recintos D4 (8,5%), 22A (6,9%), BB (4,4%), D12 (4,2%) e 7 (3,7%). Nos recintos 20B e BC havia indivíduos em período reprodutivo, os quais interagiram pouco com os enriquecimentos (0,9% e 0,3%, respectivamente).

A análise da frequência dos comportamentos por recintos indica uma redução de comportamentos anormais durante a etapa de enriquecimento apenas no recinto 20B, enquanto nos demais recintos houve um aumento desses comportamentos ou a frequência se manteve. Apesar dessas diferenças não serem significativas, o aumento dos comportamentos anormais pode ser explicado pelo aumento do número de visitantes (principalmente pelo período de férias escolares), pela introdução de objetos desconhecidos às aves (o que pode desencadear processos relacionados ao estresse, como medo), e/ou a introdução de novos objetos ter causado um aumento no nível de atividade das aves (comportamento ―Movimento‖), o que pode fazer com que elas apresentem comportamentos não registrados na etapa de pré-enriquecimento. O excesso de atividades comportamentais e a repetitividade de certos comportamentos

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podem ser indícios de comportamento estereotipado ou anormal6. Entretanto, o aumento da atividade e redução da inatividade das aves traz benefícios à saúde das mesmas, aumentando seu bem-estar6,7.

Quando analisadas as médias de comportamento de cada categoria entre as três etapas do estudo, houve diferença significativa em relação ao comportamento ―Movimento‖ tanto para o teste de ANOVA (F = 20,314; p <0,0001; gl = modelo: 7, resíduo: 15; α = 5%) quanto para o teste de Friedman (F = 3; p-valor = 0,0076; α = 5%, o que comprova o aumento de atividade das aves e, consequentemente, aumento do repertório comportamental e comportamentos anormais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os enriquecimentos ambientais contribuíram positivamente para uma mudança nos padrões comportamentais das araras-canindé mantidas em cativeiro, aumentando o bem-estar através da redução de comportamentos associados à ociosidade e ao estresse, como alta frequência de vocalização, roer excessivamente grades e poleiros e alta frequência de manutenção de penas, e através do aumento de comportamentos associados à atividade, como movimento e locomoção. A análise dos metabólitos hormonais ainda precisa ser conduzida para testar essa hipótese. A implementação de um programa de enriquecimento ambiental utilizando-se os itens com maior taxa de interação é importante para continuar a estimular o aumento de comportamentos naturais através da atividade cognitiva e motora, e redução dos comportamentos anormais em recintos que apresentaram alta frequência desse comportamento. Novos itens de enriquecimento podem ser testados a fim de obter resultados mais positivos.

Palavras-chave: bem-estar animal; comportamento; conservação ex situ; corticosterona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹BIRDLIFE INTERNATIONAL. 2014. IUCN Red list for birds. Disponível em: <http://www.birdlife.org/datazone/species/search>. Acesso em: 21 mar 2014.

²SICK, H. 1997. Ornitologia Brasileira, v. 1. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

³DIEGUES, S. 2008. O papel dos zoológicos paulistas na conservação da diversidade biológica. Monografia. Rio Claro: Universidade Estadual Paulista ―Júlio de Mesquita Filho‖.

4BOSSO, P.L. 2011. Enriquecimento Ambiental. Disponível em:

<http://www.zoologico.com.br/bastidores/peca/enriquecimento-ambiental>. Acesso em: 20 ago 2015.

5MIKICH, S.B.; BÉRNILS, R.S. 2004. Livro vermelho da fauna ameaçada no Estado do

Paraná. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná.

6ASSIS, V.D.L. 2013. Enriquecimento ambiental no comportamento e bem-estar de

calopsitas (Nymphicus hollandicus). Dissertação de Mestrado. Lavras: Universidade Federal de Lavras.

7ANDRADE, A.A.; AZEVEDO, C.S. 2011. Efeitos do enriquecimento ambiental na diminuição

de comportamentos anormais exibidos por papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva, Psittacidae) cativos. Revista Brasileira de Ornitologia, 19(1):56-62.

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RESISTÊNCIA BIÓTICA AO HIDROZOÁRIO Podocoryna loyola HADDAD, BETTIM, & MIGLIETTA, 2014 (CNIDARIA, HYDROZOA, HYDRACTINIIDAE)

INTRODUZIDO NA BAÍA DE PARANAGUÁ, PARANÁ

ARIANE LIMA BETTIM

[email protected]

ORIENTADOR: MARIA ANGÉLICA HADDAD

LABORATÓRIO DE ESTUDOS DE CNIDARIA

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Espécies exóticas que atingem grandes densidades populacionais, com consequentes danos ecológicos e/ou sócioeconômicos, são consideradas invasoras1,2. A capacidade de uma comunidade residente repelir ou reduzir o sucesso de espécies invasoras através de interações negativas é chamada de ―Resistência Biótica‖. Conhecer a resistência de uma comunidade é fundamental para a compreensão geral da invasão, pois permite a inferência dos fatores que barram a colonização de espécies exóticas3.

Neste trabalho, utiliza-se uma comunidade de invertebrados marinhos sésseis como modelo de comunidade residente, para verificar sua habilidade de resistir à invasão do hidrozoário colonial polimórfico Podocoryna loyola.

Os objetivos do trabalho são monitorar o recrutamento de P. loyola, avaliar sua capacidade de colonizar substratos previamente ocupados, sua influência sobre a comunidade incrustante ao longo do processo de sucessão e verificar se a comunidade limita o crescimento de suas colônias.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na marina do Iate Clube de Paranaguá localizado na Foz do rio Itiberê, Baía de Paranaguá, Paraná. Vinte e quatro placas de polietileno (12 X 12 cm) permaneceram submersas por 24 meses, de maio 2011 a março 2013. Essas placas constituíram oito réplicas de três tratamentos experimentais: (1) ―Placa Comunidade‖ da qual as colônias do hidrozoário eram removidas; (2) ―Placa P. loyola‖ da qual os demais organismos da comunidade eram removidos; (3) ―Placa controle‖ mantida intacta. Quinzenalmente, essas placas eram retiradas da água, fotografadas, analisadas sob lupa, quanto a composição de zooides polimórficos de P. loyola e as placas ―comunidade‖ e ―P. loyola‖ eram tratadas. As demais espécies da comunidade estão sendo analisadas nas fotos, através do programa photoQuad.

Ao longo do estudo, outras oito placas, substituídas a cada dois meses, constituíram o tratamento ―placa recrutamento‖. As placas retiradas eram anestesiadas em mentol e fixadas em formol 4% para posterior fotografia e análise. Devido a perdas de réplicas, cinco placas de cada tratamento foram consideradas para análise.

O número de colônias de P. loyola e suas áreas de cobertura nas placas serão comparados entre os tratamentos recrutamento e controle, para testar se recrutamento e crescimento inicial são independentes ou limitados pela comunidade existente (capítulo 1). Riqueza, diversidade e equitabilidade serão comparadas entre controle e tratamento de remoção de P. loyola, para avaliar a influência do hidroide sobre a comunidade (capítulo 2). O número de colônias, a área e o crescimento de P. loyola

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serão comparados entre controle e tratamento de remoção de outras espécies, a fim de avaliar se a comunidade afeta o crescimento do hidroide introduzido (capítulo 3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

São apresentados os resultados do capítulo um que já foi concluído e parte dos resultados do capítulo dois, que está em andamento, assim como o capítulo três.

Recrutamento (capítulo um)

Dezesseis colônias de Podocoryna loyola foram registradas nas placas de recrutamento. Picos de recrutamento ocorreram durante o verão e início do outono. O número de recrutas e a porcentagem de cobertura foram maiores nos meses de janeiro e março de 2012 e de 2013 (Kruskal-Wallis chi-squared = 33,13; g.l. = 11; p < 0,001).

O baixo número de recrutas indica exceção ao padrão de oportunismo comum em hidroides de águas superficiais4. Sutherland & Karlson (1977)5, em um estudo em longo prazo com substratos artificiais, documentaram que a característica de baixas taxas de recrutamento se associa à ineficiência na colonização de substratos previamente ocupados. E esse conjunto de características parece ser comum a organismos que inibem o recrutamento e crescimento de outras espécies. A regularidade temporal do recrutamento e os picos no número e área das colônias durante as estações mais quentes corroboram estudos de longo prazo realizados na região (observação pessoal).

Além de P. loyola, outros vinte e nove morfotipos de invertebrados bentônicos colonizaram as placas de recrutamento, além de três morfotipos de algas. Foram encontrados um morfotipo de Porifera, doze de Cnidaria, dois de Bivalvia, quatro de Cirripedia, sete de Bryozoa, dois de Ascidiacae e um de Entoprocta. Nos meses mais quentes do ano, os taxa mais abundantes foram o briozoário Hippoporinna indica e os bivalves da família Mytilidae, além de tubos pergaminosos de anfípodas. Já nos meses mais frios, o hidrozoário Clythia gracilis, o briozoário Electridae, as ascidias Diplosoma sp. e Molgula salvadori, 1970 e entoprocta foram mais abundantes. Uma grande quantidade espaços vazios e de sedimento também foi observada sobre as placas em alguns períodos.

Recrutamento vs. Controle (capítulo um)

Nas placas controle, P.loyola foi registrada a partir do quarto mês de submersão (setembro 2011) e manteve-se durante todo o período do experimento. A área de cobertura diferiu significativamente ao longo do tempo (Kruskal-Wallis chi-squared = 83,09; gl = 46; p < 0,001), sendo maior de março a setembro 2012 e de novembro 2012 a maio 2013.

Para a análise da correspondência temporal do número e área das colônias presentes nas placas controle e recrutamento, foram considerados os dados das placas controle analisados nas datas em que as placas recrutamento foram coletadas.

A partir da visualização das fotografias das placas controle foi possível registrar o recrutamento de novas colônias do hidroide ao longo do tempo.

Recrutamentos do hidroide nos substratos pré-colonizados (placas controle) foram registrados em setembro 2011, janeiro, março e setembro de 2012 e março 2013. Embora a área coberta pelos recrutas tenha sido aparentemente maior nas placas recrutamento do que nas placas controle, o teste de Wilcox para amostras independentes detectou diferenças significativas apenas entre a cobertura dos tratamentos no mês de janeiro 2012 (Wilcox test = 24, p < 0,05). Em geral, o mesmo padrão foi observado para o número de recrutas.

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Podocoryna loyola recrutou tanto nas placas limpas quanto nas placas pré-colonizadas. Em alguns períodos, entretanto, o número de recrutas e a porcentagem de cobertura foram maiores nas placas de recrutamento. Esses resultados sugerem que o recrutamento pode ser acentuado em superfícies limpas ou em comunidades em fase inicial de desenvolvimento, mas a comunidade em estágio mais avançado de desenvolvimento não inibe o assentamento do hidroide. A complexidade do substrato, elevada devido a maior diversidade de espécies presentes, pode ter favorecido o recrutamento do hidroide.

Controle vs. Comunidade (remoção de P. loyola - capítulo 2)

Um total de vinte e nove taxa colonizaram as placas controle ao longo de todo o experimento. A riqueza específica não diferiu ao longo dos meses (Kruskal-Wallis chi-squared = 36,0; gl = 46; p > 0,05). A comparação com a riqueza das placas nas quais P. loyola foi removida está em análise.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os dados de recrutamento de dois anos, obtidos nesse trabalho, indicam que Podocoryna loyola está bem estabelecida na Foz do rio Itiberê, com sazonalidade de recrutamento e ocorrência contínua ao longo dos anos. Embora os dados do efeito da espécie no desenvolvimento da comunidade não estejam analisados, a eficiência observada, tanto na ocupação de substratos limpos quanto na ocupação de substratos pré-colonizados, sugere uma fraca resistência da comunidade ao hidroide e um forte potencial da espécie para se tornar invasora.

Palavras-chave: bioinvasão; photoQuad; comunidade bentônica; estuário; substratos artificiais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1CHAPMAN, A.S. 1999. From introduced species to invader: what determines variation in the

success of Codium fragile ssp. tomentosoides (Chlorophyta) in the North Atlantic Ocean? Helgoländer Meeresunters, 52: 277-289.

2MINEUR, F.; COOK, E.J.; MINCHIN, D.; BOHN, K.; MACLEOD, A.; MAGGS, C.A. 2012

Changing coasts: marine aliens and artificial structures. Oceanography and Marine Biology - An Annual Review, 50: 189–234.

3KIMBRO, D.L.; CHENG, B.S.; GROSHOLZ, E.D. 2013. Biotic resistance in marine

environments. Ecology Letters, 16: 821-833.

4MIGOTTO, A.E.; MARQUES, A.C.; FLYNN, M.N. 2001. Seasonal recruitment of hydroids

(Cnidaria) on experimental panels in the São Sebastião Channel, Southeastern Brazil. Bulletin of Marine Science, 68: 287-298.

5SUTHERLAND, J.P.; KARLSON, R.H. 1977. Development and stability of the fouling

community at Beaufort, North Carolina. Ecological Monographs, 47: 425-446.

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O SCIANEDAE Menticirrhus americanus (LINNAEUS, 1758) FAZ CONECTIVIDADE ENTRE A PLATAFORMA E O ESTUÁRIO NO LITORAL DO

PARANÁ E ENTRE A PLATAFORMA SUDESTE-SUL BRASILEIRA?

BARBARA MAICHAK DE CARVALHO

[email protected]

ORIENTADOR: LUÍS FERNANDO FÁVARO

LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO E COMUNIDADE DE PEIXES

CNPq

A história de vida e os processos migratórios de diversas espécies de peixes vêm sendo descritos a partir de alguns parâmetros populacionais, através da utilização dos otólitos como ferramenta. O presente estudo tem como objetivo verificar para Menticirrhus americanus uma possível conectividade dentre o Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP) e a plataforma continental do litoral do estado do Paraná, bem como entre as populações da plataforma sudeste-sul brasileira. Inicialmente, para a descrição da conectividade no litoral paranaense serão realizadas coletas bimestrais entre agosto de 2015 e de 2016. Para captura dos espécimes dentro do CEP serão utilizadas redes de emalhe de diferentes malhagens, com 2,4 metros de altura e 70 metros de comprimento. No mesmo período serão realizadas perfilagens de CTD e amostragens de água de fundo com a garrafa de Vandorf para realizar a caracterização da massa d‘água. Os exemplares de M. americanus da plataforma serão adquiridos no desembarque da frota pesqueira no balneário de Shangri-lá. Todos os indivíduos coletados e adquiridos serão mensurados quanto ao comprimento e peso, tendo o sexo e o desenvolvimento gonadal determinados macroscopicamente. Algumas gônadas serão destinadas ao processamento histológico para confirmação dos dados macroscópicos, a fim de determinar o comprimento de primeira maturação da espécie. Com a determinação do comprimento de primeira maturação pode-se validar o comprimento de estabilização da forma do otólito. Os otólitos de todos os indivíduos serão extraídos para a determinação dos parâmetros de crescimento e variações ontogenéticas da forma do otólito. Para a identificação de uso de habitat no litoral do Paraná (estuário e plataforma) serão utilizadas as concentrações de estrôncio e de bário dos otólitos de espécimes adultos e juvenis capturados dentro e fora do estuário, através das razões Sr:Ca e Ba:Ca, respectivamente. Estes valores serão comparados com as mesmas razões elementares obtidas na água de fundo. Sendo possível através deste método identificar se os espécimes utilizam as áreas estuarinas e/ou a plataforma ao longo do seu ciclo de vida indicando ou não uma dependência do Complexo Estuarino de Paranaguá. Para a identificação da conectividade dentre a plataforma sudeste-sul brasileira serão adquiridas exemplares adultos com a mesma amplitude de idade para a comparação das distintas razões de Sr:Ca e Ba:Ca no litoral do estado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, utilizando a mesma metodologia descrita acima.

Palavras-chave: história de vida; otólito; crescimento.

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O USO DO ESPAÇO EM 'HOTSPOTS' PARA EXECUÇÃO DE DISPLAYS POR TANGARÁS (Chiroxiphia caudata)

BRUNA CECÍLIA RIBEIRO DE JESUS

[email protected]

ORIENTADOR: LILIAN T. MANICA

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA COMPORTAMENTAL

CAPES

Em sistemas de acasalamento de poliginia de lek, machos se agregam para participar de exposições competitivas com o objetivo de atrair as fêmeas e conquistá-las para a cópula. A distribuição espacial dos leks (ou arenas para exibição) pode ser direcionada em função da abundância de recursos e de características da vegetação que favoreçam sua visibilidade. Portanto, os leks podem ser localizados em pontos específicos, denominados ―hotspots‖. Nesse estudo, testaremos se territórios de uma ave da família Pipridae que reproduz-se em leks, o tangará (Chiroxiphia caudata), encontram-se em ―hotspots‖. Realizaremos o estudo nos Mananciais da Serra – Parque Estadual Pico do Marumbi, Piraquara, PR. Adultos de tangarás-dançarino serão capturados com redes de neblina em áreas próximas a leks já detectados. As capturas serão realizadas de setembro a abril de 2015/2016 e de setembro a dezembro de 2016. Para identificação dos frutos consumidos pelos tangarás, amostraremos fezes eliminadas em sacos de pano, utilizados para contenção durante a captura, e em lonas posicionadas abaixo dos poleiros e das redes de neblina. Os leks serão localizados através de busca ativa ao longo da área de estudo. Delimitaremos uma parcela de 20x20m centralizada no poleiro de exibição do lek e, para cada parcela, delimitaremos duas áreas controle, onde ocorrerá ausência de leks, de 20x20m e localizadas a 100m do poleiro e a 100m de quaisquer outros leks. Em cada parcela (lek e controles), contabilizaremos o número de frutos que fazem parte da dieta dos tangarás em cada planta uma vez por mês ao longo de todo o ano e mediremos a cobertura e a altura do dossel, a densidade da vegetação do sub-bosque, a presença de clareiras, assim como sua área e distância do poleiro, e a presença e distância de rios. Compararemos a quantidade de frutos e as características da vegetação descritas acima entre parcelas com lek e controles e entre as estações do ano usando uma análise de variância multivariada (MANOVA), seguida pelo teste de Tukey. O principal resultado esperado deste trabalho é confirmar a hipótese de que leks de tangarás estão localizados em locais onde há abundância de recursos (ou seja, em ―hotspots‖), contribuindo dessa forma para um melhor conhecimento sobre a distribuição espacial dos territórios de exibição dessa espécie.

Palavras-chave: leks; tangará-dançarino; comportamento; dieta, vegetação.

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UMA SOCIEDADE SUBAQUÁTICA: EXPLORANDO AS RELAÇÕES SOCIAIS DA POPULAÇÃO DE BOTOS-CINZA DO ESTUÁRIO DE CANANÉIA

CAIO NORITAKE LOUZADA

[email protected]

ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO

LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS

CONSERVATION LEADERSHIP PROGRAMME – CLP; IDEA WILD E INSTITUTO DE PESQUISAS CANANÉIA – IpeC

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Dentre as diversas sociedades não-humanas, a sociabilidade dos cetáceos é de complexidade comparável a de mamíferos terrestres, como os primatas e proboscídeos1. Tal organização pode ter sido formada graças às características ambientais proporcionadas com exclusividade pelo ambiente marinho2,3.

A região costeira dos oceanos é um ambiente extremamente heterogêneo e oferece uma variedade de habitats para diversas espécies3. Assim, pressões adaptativas distintas são exercidas sobre unidades populacionais que ocupam diferentes áreas, resultando em variação na expressão fenotípica de diferentes aspectos. O efeito da variação de habitat já foi mostrado para alguns organismos plásticos como os delfinídeos (e.g. Orcinus orca4, Tursiops truncatus5) e recentemente uma maior plasticidade tem sido sugerida para Sotalia guianensis6,7.

Assumindo que a costa brasileira apresenta uma grande heterogeneidade de habitat, é possível que diferentes padrões de interações sociais sejam encontrados para populações em diferentes locais. Porém, em águas brasileiras, estudos ecológicos mais aprofundados da dinâmica populacional de cetáceos são recentes8,9.

Este projeto tem como objetivo principal investigar a estrutura social de uma população de Sotalia guianensis presente no Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia, Estado de São Paulo. Mais especificamente pretendemos, em um primeiro momento, descrever a estrutura social da população, avaliando os padrões de associação e a topologia da rede de interações. Posteriormente, identificar os padrões espaciais como uso e a fidelidade de área dos indivíduos e sua influência na organização social da população. E por fim explorar quais outros fatores que influenciam e possivelmente estruturam as associações entre os indivíduos.

MATERIAL E MÉTODOS

A população de S. guianensis a ser estudada encontra-se no estuário de Cananéia, Estado de São Paulo. O estuário é formado por diversos rios que formam um canal e uma pequena baia abrigada (Baía de Trapandé). As principais ilhas da região são a Ilha de Cananéia (ao centro), a Ilha Comprida (a leste) e a Ilha do Cardoso (ao sul)10.

A área de estudos foi dividida em três setores de iguais tamanhos para permitir duas amostragens homogêneas de toda a região em cinco dias de atividades de campo mensais. São seguidas rotas previamente determinados que cobrem homogeneamente os setores, sendo que o ponto de início é determinado aleatoriamente. Grupos de boto-cinza são procurados com a embarcação em baixa

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velocidade e, uma vez avistados, é conduzida uma aproximação cautelosa para o início da sessão de fotografias com o intuito de identificação individual. São registrados o estado comportamental predominante, o posicionamento geográfico, a estimativa do tamanho e coesão do grupo, bem como os parâmetros ambientais. Cada sessão objetiva fotografar o maior número de indivíduos do grupo, de ambos os lados e com um tempo máximo de 20 minutos por sessão11. Após o término de cada sessão fotográfica, a embarcação retornava à sua rota até que a amostragem do setor esteja completa.

O registro fotográfico foi feito por dois pesquisadores simultaneamente. As fotografias foram triadas de acordo com a sua qualidade (foco, posição do animal e iluminação) e somente as fotos consideradas ótimas são utilizadas para as análises subsequentes. Em seguida é realizada a identificação dos indivíduos comparando-se as fotografias das dorsais com o catálogo do Instituto de Pesquisas Cananéia, a fim de construir um histórico de recapturas para cada indivíduo identificado da população.

A fim de se identificar o tamanho da área domiciliar do boto-cinza no estuário de Cananéia e a intensidade de uso da área até o momento, foram utilizados estimadores de densidade de kernel12, calculados a partir da localização de cada grupo avistado. O parâmetro de suavização (h-value) foi determinado através do método de had hoc

13. Foi utilizado como base para os estimadores uma grade de 50x50m, considerando como barreira os ambientes terrestres do estuário (ilhas e área continental). Foram consideradas as linhas de contorno de porcentagens de distribuição de utilização de 95% e 50%, o que representam respectivamente, a área domiciliar da população e as áreas nucleares.

A fim de identificar possíveis variações na intensidade de uso das áreas principais, foram calculados os estimadores de densidade de kernel para duas estações distintas. Para tal, os meses amostrados foram divididos em inverno e verão de acordo com a média mensal da temperatura atmosférica. A linha de corte utilizada foi a média de temperatura mensal de todo o período calculado em 22,5ºC.

RESULTADOS PARCIAIS

Até o momento foram realizadas 12 expedições de campo de agosto de 2014 a julho de 2015. Ao longo destas expedições foram realizados 57 períodos de esforço amostral, totalizaram 291 horas de trabalho de campo. Foram avistados em média 13 grupos por período amostral (mínimo 1, máximo 31), somando até o momento 774 grupos. O tamanho dos grupos variou de um boto-cinza até pelo menos 35 animais. Foram tiradas 52.974 fotos que permitirão a identificação de potenciais 778 adultos de acordo com as marcas permanentes na sua nadadeira dorsal ao final do processo de reconhecimento dos indivíduos. Dos grupos observados até o momento 82% se encontravam em forrageio, enquanto que 8% dos grupos estavam em deslocamento e em 10% dos casos não foi possível identificar o estado comportamental predominante.

Os animais foram encontrados em toda a área do estuário amostrada. O contorno do estimador Kernel 95% soma uma área total de 70,08 km². Em relação às áreas nucleares, foi observado que áreas como a Baía de Trapandé e a região da Ilha da Casca, são áreas importantes principalmente para a obtenção de alimento, somando uma área de 16,56 km².

Os meses considerados como inverno foram de agosto a outubro de 2014 e maio a julho de 2015 e os meses considerados como verão foram de novembro a dezembro de 2014 e janeiro a abril de 2015. As áreas nucleares estimadas para o inverno e verão foram bastante similares, tanto em questão de tamanho de área (inverno = 14,09 km² e verão = 18,07 km²), quanto em termos de sobreposição de área, no qual houve uma sobreposição de 12 km² das áreas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O número de grupos amostrados até o momento é considerado bom e com a continuidade das expedições de campo iremos atingir um tamanho amostral suficiente para responder as questões propostas. Pretendo dar continuidade com as atividades de campo mensais até agosto de 2016.

O contorno de 95% do estimador de densidade kernel mostra que os botos-cinza utilizam toda a área amostrada do estuário de Cananéia como área domiciliar e que áreas como a Baía de Trapandé e a Ilha da Casca são importantes áreas e merecem atenção do ponto de vista conservacionista, uma vez que apresentam grande uso por embarcações. Outros fatores também podem ser responsáveis por uma maior densidade de utilização de tais áreas como, por exemplo, a variação das marés, que, no entanto, deverão ser avaliados futuramente. Além disso, possíveis variações sazonais das áreas nucleares, que neste caso foi negativa em função do parâmetro aqui avaliado, poderão responder a outros fatores ainda não testados.

Possivelmente nos próximos meses, com um número maior de fotos triadas e indivíduos identificados, será possível realizar uma série de análises preliminares que permitirá avaliar alguns índices de associações entre os indivíduos, bem como alguns parâmetros populacionais como o tamanho da população.

Palavras-chave: organização social; uso do espaço; Sotalia guianensis; Mammalia; Delphinidae.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1MANN, J., CONNOR, R.C., TYACK, P.L. WHITEHEAD, H. 2000. Cetacean Societies: field

studies of dolphins and whales. 1.ed. Chicago: The University of Chicago Press.

2RENDELL, L. WHITEHEAD, H. 2001. Culture in whales and dolphins. Behavioral and Brain

Science, 24(2): 309–324.

3WHITEHEAD, H. RENDELL, L. 2015. The cultural lives of whales and dolphins. 1.ed.

Chigaco: The University of Chicago Press.

4BAIRD, R. W. 2000. The killer whale: foragin specializations and group hunting. In: MANN, J.,

CONNOR, R. C., TYACK, P. L. WHITEHEAD, H. Cetacean Societies: field studies of dolphins and whales. Chigaco: The University of Chicago Press.

5CONNOR, R.C., WELLS, R.S., MANN, J. READ, A.J. 2000. The bottlenose dolphin: social

relationship in a fission-fusion society. In: MANN, J., CONNOR, R. C., TYACK, P. L. WHITEHEAD, H. Cetacean Societies: field studies of dolphins and whales. Chigaco: The University of Chicago Press.

6DECONTO, L.S. MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2013. High initial and minimum frequencies of

Sotalia guianensis whistles in the southeast and south of Brazil. The Journal of the Acoustic Society of America, 134(5): 3899–3904.

7LOUZADA, C.N. 2014. Características das estratégias de pesca do boto-cinza (Sotalia

guianensis) em diferentes regiões do complexo estuarino-lagunar de Cananéia. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

8CANTOR, M. WEDEKIN, L.L., GUIMARÃES, P.R., DAURA-JORGE, F.G., ROSSI-SANTOS,

M.R., SIMÕES-LOPES, P.C. 2012. Disentangling social networks from spatiotemporal dynamics: the temporal structure of a dolphin society. Animal Behaviour, 84(3): 641–651.

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9DAURA-JORGE, F.G., CANTOR, M., INGRAM, S.N., LUSSEAU, D. SIMÕES-LOPES, P.C.

2012. The structure of a bottlenose dolphin society is coupled to a unique foraging cooperation with artisanal fishermen. Biology Letters, 8(5): 702–705.

10SCHAEFFER-NOVELLI, Y., MESQUITA, H.S.L. CINTRÓN-MOLERO, G. 1990. The Cananéia

lagoon estuarine system, São Paulo, Brazil. Estuaries, 13(2): 193–203.

11WÜRSIG, B. JEFFERSON, T.A. 1990. Methods of photo-identification for small cetaceans.

Reports of International Whale Commission Special Issue 12: 43–52.

12WORTON, B.J. 1989. Kernel methods for estimating the utilization distribution in home-range

studies. Ecology, 70(1): 164–168.

13KIE, J.G.A. 2013. rule-based ad hoc method for selecting a bandwidth in kernel home-range

analyses. Animal Biotelemetry, 1(1): 1-13.

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AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TÉCNICAS PARA INDUÇÃO DA ECDISE EM Callinectes ornatus (ORDWAY, 1863) PARA PRODUÇÃO DE SIRI MOLE A

PARTIR DO DESCARTE DA PESCA DE CAMARÕES

CAMILA PRESTES DOS SANTOS TAVARES

[email protected]

ORIENTADOR: ANTONIO OSTRENSKY NETO

Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais – GIA

CNPq

Os crustáceos Decapoda pertencentes à família Portunidae, popularmente conhecidos como siris, periodicamente passam pelo processo de muda ou ecdise, substituindo seu exosqueleto rígido por um novo exoesqueleto momentaneamente flexível e macio. Nessa fase, o chamado "siri mole" é considerado mundialmente como uma iguaria gastronômica, apresentando-se como uma das formas mais lucrativas de comercialização de siris. A produção de siri mole no mundo é baseada principalmente na seleção de indivíduos em estágio de pré-muda provenientes da pesca extrativa, os quais são mantidos em cativeiro até que realizem a muda. Entretanto, siris do gênero Callinectes, permanecem mais tempo no estágio de intermuda, extendendo o intervalo de tempo até a próxima muda, aumenta o tempo em cativeiro, e consequentemente, minimiza a rentabilidade do processo produtivo. Estudos para o desenvolvimento de técnicas para induzir a muda são importantes para obter sucesso na produção de siri mole e favorecer o melhor aproveitamento de indivíduos disponíveis em outros estágios de muda no ambiente. O Brasil possui grande potencial de exploração de siris, devido a grande disponibilidade em toda a costa litorânea, que por sua vez, tem sido descartado no ambiente. Através do presente projeto, busca-se o aproveitamento desse recurso através do desenvolvimento e adaptações de técnicas de indução da muda em siris da espécie Callinectes ornatus descartados a partir da pesca de camarões, transformando-o em um produto de alto valor de mercado e fonte de renda para comunidades litorâneas. Palavras-chave: bycatch; Portunidae; muda; ablação; autotomia.

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MONITORAMENTO DE ESPÉCIE EXÓTICAS INCRUSTANTES EM DIFERENTES GRAUS DE SALINIDADE NA REGIÃO PORTUÁRIA DA BAÍA DE PARANAGUÁ,

PARANÁ

CAMILLA FELIPPE

[email protected]

ORIENTADOR: MARIA ANGÉLICA HADDAD

LABORATÓRIO DE ESTUDOS DE CNIDARIA

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Baías e estuários são locais onde há variação espacial e temporal de diversos fatores como salinidade e composição das comunidades. Estas áreas têm grande importância ecológica e econômica, pois devido às suas características hidrográficas e geomorfológicas abrigam portos e marinas o que favorece o crescimento das cidades ao seu redor3. Esse crescimento intensifica os impactos antrópicos, como poluição, assoreamento e introdução de espécies2,3,5,7,13,15,20. Invasão biológica ocorre quando um organismo se estabelece em um local diferente de sua área de distribuição original, causando danos às espécies nativas, antes disso as espécies são consideradas exóticas ou introduzidas. A bioinvasão é um dos principais agentes de mudança global, pois pode mudar as características dos habitats invadidos, causando declínio da biodiversidade e homogeneização biótica2,4,6,12,14,20,19,20. Por isso a importância de conhecer as espécies de um local e entender os padrões do processo de invasão para monitorar e prever futuras invasões. Neste contexto o estudo da fauna estuarina em busca das espécies exóticas intensificou-se nos últimos anos2,3,4. A zona entre-marés tem sido um dos ambientes de maior destaque no estudo das comunidades marinhas, devido a facilidade de acesso. A presença de substratos duros abriga um grande número de espécies sésseis incrustantes18. A distribuição dos organismos em sistemas estuarinos depende de vários fatores bióticos e abióticos2,3,8,19. Apesar de temperatura, substrato, correntes e interações biológicas estarem relacionadas com a zonação dos animais, a salinidade tem o papel principal nos estuários. A distribuição dos organismos é afetada por gradientes horizontais de salinidade e a riqueza no gradiente salino pode variar de acordo com o táxon3. Entendendo que um bom conhecimento da fauna local é importante para caracterizar espécies invasoras o trabalho objetiva: fazer um levantamento da fauna incrustante na região entre-marés das baías de Paranaguá e Antonina; reconhecer espécies exóticas, nativas e criptogênicas; definir padrões de relação entre a fauna, o tipo de substrato que colonizam e o gradiente salino.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado nas Baías de Paranaguá e Antonina, que abriga o Porto de Paranaguá, e o Porto de Antonina. O grande corpo d‘água que inclui essas duas baías pode ser divido em três setores de acordo com a salinidade: mesohalina (salinidade media de 10‰) na Baía de Antonina, polihalina (22%) em grande parte da Baía de Paranaguá e euhalina (salinidade sempre acima de 30‰) na desembocadura da Baía que abrange a região da Ilha do Mel9,10,11. Em cada um desses setores foram realizadas coletas da fauna incrustante, sempre próximo à áreas portuárias ou com grande fluxo de embarcações. Entre julho e agosto de 2014 foram feitas raspagens de 100cm2 em substratos naturais e artificiais. Foram amostrados 3 pontos para substrato natural e 3 pontos para substrato artificial em cada setor de salinidade. Cada ponto contou com 3 réplicas. Os organismos coletados nas raspagens eram armazenados

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em sacos plásticos com água do mar e mentol 10% por duas horas e então fixados em Formaldeído 4%. Em laboratório as espécies foram separadas e identificadas. Após extensa revisão bibliográfica foram identificados novos registros para a região e as espécies foram classificadas em exóticas, nativas e criptogênicas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontradas 121 morfoespécies dos seguintes filos: Cnidaria (38 morfoespécies); Bryozoa (34); Chordata, classe Ascidiacea (22); Crustacea, infraclasse Cirripedia (15); Mollusca, classe Bivalvia (10); Entoprocta (2). Polichaeta tubícolas e Porifera não foram contabilizados. Setenta e duas espécies já foram identificadas. Este estudo apresenta 22 novos registros de espécies para a costa paranaense: quatro novos cnidários, doze briozoários, duas ascídias e quatro bivalves, e amplia a distribuição de 96 morfoespécies de acordo com gradiente de salinidade suportado por elas. Das 72 identificadas, 52 têm seu status definido: 33 são consideras criptogênicas, nove nativas e dez exóticas, sendo quatro cnidarios exóticos, uma ascídia, quatro cirripédios, e um bivalve. Os registros de novas ocorrências de espécies e da ampliação da distribuição dos táxons no gradiente de salinidade, neste estudo, se deve principalmente a falta de trabalhos pretéritos sobre a fauna de invertebrados incrustantes da Baía de Antonina e Ilha do Mel. As raspagens de diferentes substratos também propicia uma amostragem mais ampla dos vários táxons que ocorrem na região entre-marés. O setor com maior diversidade foi o euhalino (90 morfoespécies), seguido pela polihalino (71), e depois o mesohalino (17). Somente cinco espécies foram encontradas nos três setores de salinidade, sendo dois hidroides e uma anêmona, um briozoário e uma craca. No setor euhalino Bryozoa e Cnidaria foram os filos mais diversos, com 30 e 25 morfoespécies respectivamente. No setor polihalino cnidários e ascídias são os grupos mais representativos com 27 e 16 morfoespécies cada. Já no setor mesohalino os seguintes grupos estavam presentes: cnidários (5 morfoespécies), briozoários (5), bivalve (1), cirripédios (6). A curva do coletor mostrou que o número de amostras foi suficiente para cada local de amostragem, estabilizando-se em 10 amostras para setor mesohalino e 17 para o setor poli e euhalino. Com relação ao gradiente de salinidade, não foi encontrada nenhuma espécies invasora nos três setores de salinidade. Três espécies criptogênicas de Bryozoa e duas de Cnidaria foram encontradas em todos os setores. Todas as espécies invasoras vistas em substrato artificial estavam também em natural. Uma das espécies invasoras de Cnidaria foi encontrada somente em substrato natural. Das 33 espécies criptogênicas, 23 ocorreram em ambos os substratos, sendo que cinco ocorreram apenas no artificial e sete somente no natural. Todas as espécies nativas ocorreram nos dois substratos, exceto no grupo Mollusca, onde três espécies nativas estavam presentes apenas no natural. A presença das espécies em substratos e salinidades variadas demonstra a plasticidade que elas têm para o recrutamento e sobrevivência em condições diversas. Organismos sésseis que ocorrem em estuários já são conhecidos por sua característica eurihalina, pois precisam suportar as variações diárias de salinidade. Esta característica favorece a presença dessas espécies em diferentes setores de salinidade. Mas, espécies incrustantes eurihalinas têm sua distribuição não apenas dependente do gradiente salino, como também de outras variáveis, inclusive bióticas, como competição por espaço3. Muitas espécies podem ter hábitos oportunistas, ocupando substratos vazios, mas sem conseguir competir com espécies altamente adaptadas à determinada salinidade2,3. Assim a espécie oportunista pode estar presente em todas as salinidades, mas com abundancias diferentes, ou a distribuição de espécies eurihalinas pode ser limitada por sua baixa capacidade competitiva3. Para a maioria das espécies e até para alguns grupos como no caso das ascídias a distribuição é limitada pela queda na salinidade, mas parece não ser limitada pelo tipo de substrato1,4,13,14,15,16. A presença de substratos artificiais em áreas portuárias tem oferecido áreas adicionais de substrato duro para as espécies sésseis, diminuindo as distâncias entre as comunidades. Isso

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pode levar a uma mudança na dispersão de organismos sésseis, permitindo que a espécies com baixa capacidade de dispersão possam cobrir grandes distâncias usando estas estruturas artificiais como ―trampolins‖, levando à expansão de táxons nativos e facilitando a invasão de espécies exóticas5,18,20.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Dez espécies exóticas e trinta e três criptogênicas foram identificadas, esses resultados apontam para a necessidade de pesquisas voltadas ao monitoramento e controle dessas espécies, pois se apresentarem um comportamento competitivo superior às espécies nativas podem tornar-se invasoras causando danos econômicos e ecológicos. Fica claro que este estudo contribui para ao conhecimento da fauna local e da distribuição das espécies exóticas e criptogênicas em ambiente estuarino, com relação ao gradiente de salinidade e diferentes substratos.

Palavras-chave: invertebrados incrustantes; bioinvasão; estuários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Stragulum bicolor van Ofwegen and Haddad, 2011 (Cnidaria, Anthozoa) on the fouling community in Paranaguá Bay, Souther Brazil. Journal of experimental Marine Biology and Ecology; 462: 55-61.

2ARRUDA, K. F. 2014. Variação temporal da comunidade incrustante na Baía de Guaratuba,

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6CARLTON, J.T. 1996. Biological invasions and cryptogenic species. Ecology 77: 1653-1655.

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9KNOPPERS B.A.; BRANDINI F.P.; THAMM C.A. 1987. Ecological studies in the bay of

Paranaguá. Some physical and chemical caracteristics. Nerítica; 2: 1–36.

10LANA P.C.; MARONE E.; LOPES R.M.; MACHADO E.C. 2001. The subtropical estuarine

complex of Paranaguá Bay, Brazil. Ecological Studies; 144: 131–145.

11MARONE E.; MACHADO E.C.; LOPES R.M.; SILVA E.T. 2005.Land-ocean fluxes in the

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12NEVES C.S.; ROCHA R.M. 2008. Introduced and cryptogenic species and their management

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13NEVES C.S.; ROCHA R.M.; PITOMBO F.B.; ROPER J.J. 2007. Use of artificial substrata by

introduced and cryptogenic marine species in Paranaguá Bay, southern Brazil. Biofouling; 23: 319–30.

14ROCHA, R. M.; KREMER, L. P. 2005. Introduced ascidians in paranaguá Bay, southern

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15ROCHA, R. M.; CANGUSSU, L.C.; BRAGA, M. P. 2010. Stationary substratrs facilitate

bioinvasion in Paranaguá Bay in Southern Brazil. Brazilian Journal of Oceanography; 58: 219-231.

16ROCHA, R. M.; NASSER, C. M. 1998.Some ascidians (Tunicata, Ascidiacea) from Paraná

state, southern Brasil. Revista Brasileira de Zoologia; 15(3): 633-642.

17ROCHA, R. M. 1995. Abundance and distribution of sessile invertebrates under intertidal

boulders (São Paulo, Brasil). Boletim do Instituto Oceanográfico; 43(1): 71-88.

18RUIZ, G.M.; CARLTON, J. T.; GROSHOLZ, E. D; HINES, A.H. 1997. Global invasions of

marine and estuarine habitats by nonindigenous species: mechanisms, extent, and consequences. American Zoologist; 37: 621-632.

19SHAEDLER, T. 2013. Sazonalidade da fauna incrustante em substrato artificial da Baía

de Paranaguá, com ênfase em espécies introduzidas. 39f. (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná.

20TYRREL, M. C.; BYERS, J. E. 2007. Do artificial substrates favor nonindigenous fouling

species over native species?. Journal of experimental Marine Biology and Ecology; 342: 54-60.

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VARIAÇÃO MORFOLÓGICA E BIOLOGIA DAS POPULAÇÕES DE Aegla marginata BOND-BUCKUP, 1994 (CRUSTACEA, AEGLIDAE) OCORRENTES NO

LESTE DO ESTADO DO PARANÁ

CAROLINA DE LIMA ADAM

[email protected]

ORIENTADOR: SETUKO MASUNARI

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTÁCEOS

CAPES

A família Aeglidae é atualmente constituída de decápodos anomuros endêmicos da região sul da América do Sul. O gênero Aegla compõe o único grupo de anomuros que completa seu ciclo de vida inteiramente em águas continentais, habitando lagos, rios, riachos e cavernas. Apresenta cerca de 75 espécies distribuídas no Chile, Argentina, Paraguai, Bolívia e sul do Brasil, sendo que a maior diversidade é registrada no Brasil. Os eglídeos possuem hábito alimentar onívoro generalista e representam um importante elo nas cadeias tróficas dulcícolas, servindo de alimento para peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. A espécie Aegla marginata é encontrada em duas bacias hidrográficas, a Litorânea e a Ribeira do Iguape, tendo distribuição restrita às regiões nordeste de Santa Catarina, leste do Paraná e sul de São Paulo. O presente estudo objetiva examinar a existência de variações morfológicas na carapaça de populações do leste do Estado do Paraná e descrever a distribuição temporal de abundância de uma população do Rio Taquaral, localizado no Parque Estadual Pico do Marumbi, no município de Morretes, Serra do Mar, PR. A variabilidade morfológica será analisada nas populações de riachos dos municípios de Rio Branco do Sul, Tunas do Paraná e Morretes, utilizando a técnica da morfometria geométrica. Os indivíduos amostrados de cada população serão fotografados e marcados digitalmente utilizando o programa TpsDig2 e os dados morfométricos serão analisados com auxílio do programa MorphoJ e as análises estatísticas serão realizados no ambiente R. No estudo da distribuição temporal, os seguintes parâmetros biológicos serão descritos com dados coletados durante um ano: estrutura etária, flutuação anual da densidade, período reprodutivo e de recrutamento e crescimento relativo.

Palavras-chave: morfometria geométrica; carapaça; parâmetros biológicos.

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ECOLOGIA ALIMENTAR E REPRODUÇÃO DE Rhomboplites aurorubens (CUVIER, 1829) (TELEOSTEI, LUTJANIDAE) NO BANCO DOS ABROLHOS,

BRASIL

CÁSSIA GABRIELLI PADILHA

[email protected]

ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHOA

GRUPO DE PESQUISAS EM ICTIOFAUNA, MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL CAPÃO DA IMBUIA, CURITIBA, PARANÁ

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Localizado ao sul do estado da Bahia o Banco dos Abrolhos é uma extensão da plataforma continental e apresenta grande variedade de vertebrados e invertebrados marinhos1,2. A ictiofauna é representada por cerca de 260 espécies com representantes de Serranidae, Gobiidae, Labridae, Carangidae e Lutjanidae2,3.

Dentre os lutjanídeos ocorrentes na região destaca-se o realito Rhomboplites aurorubens. Essa espécie é encontrada em águas quentes no Atlântico ocidental e está distribuída desde a Carolina do Norte ao sudeste do Brasil, associada aos bancos de recifes profundos e plataformas com inclinações4.

Estudos apresentaram informações sobre a biologia de R. aurorubens no Atlântico Norte. Dados indicam que a estratégia alimentar é baseada em presas pelágicas (crustáceos e pequenos invertebrados planctônicos) e fauna bentônica (anfípodas e tunicados)5. Com relação a reprodução, a espécie apresenta os sexos separados com desova fracionada preferencialmente no verão em regiões tropicais e subtropicais6.

Os lutjanídeos são alvos importantes na pesca costeira, e no Banco dos Abrolhos têm sido altamente explorado comercialmente7. A atividade pode reduzir o estoque e alterar a comunidade, gerando efeitos em cadeia e pressionando a espécie-alvo7.

O presente estudo tem como objetivo investigar a ecologia alimentar e a reprodução de Rhomboplites aurorubens no banco dos Abrolhos, utilizando dados da pesca artesanal do sul da Bahia. Dados biológicos oriundos da pesca artesanal fornecem informações sobre a espécie na região explorada. A ecologia alimentar propicia o entendimento das necessidades nutricionais e das interações entre os organismos, sobre variações na dieta de acordo com o crescimento, local e época considerada. No caso da biologia reprodutiva, os dados gerados são importantes para o manejo do recurso pesqueiro, pois podem indicar o comprimento ideal à captura, e definir os períodos e locais apropriados à pesca.

MATERIAL E MÉTODOS

Entre junho de 2005 a março de 2007 foram obtidos espécimes de Rhomboplites aurorubens através dos desembarques pesqueiros da frota artesanal em Caravelas, Alcobaça, Prado e Nova Viçosa, municípios da região sul da Bahia.

Durante o desembarque foram registrados o comprimento total (CT), peso total (PT), peso das gônadas (PG), determinação sexual e o estádio macroscópico de

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maturação gonadal de cada indivíduo. Estômagos e gônadas foram fixados e posteriormente armazenados em álcool 70%.

Os estômagos foram seccionados e os itens alimentares triados, pesados e identificados no menor nível taxonômico possível. Os dados foram investigados através de análises de variância multivariada (PERMANOVA), escalonamento multidimensional não-métrico (nMDS) e análises de similaridade percentual (SIMPER), utilizando os estômagos como amostras e a variação de tamanho (<30 cm CT, ou >30 cm CT) como fator fixo. Na PERMANOVA, a significância baseou-se em 999 permutações dos resíduos dentro de um modelo reduzido, sendo que comparações par a par a-posteriori foram testadas pela estatística pseudo-t permutacional. Para a realização dessas análises uma matriz de similaridade com o índice de Bray-Curtis foi construída utilizando-se os valores estandardizados e transformados (log x+1) do peso dos itens alimentares. O escalonamento multidimensional foi utilizado para a visualização da dispersão das amostras e fatores, além da observação das categorias com maior relação com o resultado observado (vetores). A análise de SIMPER foi utilizada para identificar variáveis (itens alimentares) responsáveis pelas variações (similaridades/dissimilaridades).

O desenvolvimento das gônadas foi classificado nos critérios microscópicos. Com cortes histológicos (4 a 6μm - corados por Hematoxilina de Harris e Eosina) foram determinados cinco estádios de maturação: Imatura, Desenvolvimento, Capaz Desovar, Regressão e Regeneração9. A determinação da época reprodutiva ocorreu pelo Índice Gonadossomático (IGS=(PG/(PT-PG))*100) e a distribuição do CT foi classificada pelo método de Sturges. A proporção mensal e do período total das coletas entre machos e fêmeas foi verificada através da distribuição da frequência

relativa. A diferença significativa foi determinada pelo teste 2 (< 3,840) com grau de liberdade 1 e 0,05 de significância10.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidos 494 indivíduos com CT médio de 27,8 cm (CTmín 18,0 cm, CTmáx 51,6 cm). A análise de frequência de comprimento mostrou que 50,81% dos indivíduos estavam entre 26 a 30 cm (CT), e diferenças significativas no comprimento entre

machos e fêmeas nos meses dezembro/2005, fevereiro/2006 e março/2007 (2 > 3,840).

Apenas 242 (49%) estômagos continham alimentos. Identificados os itens pertencentes aos grupos: Teleostei, Tunicata, Crustacea, Polychaeta, Mollusca, Chaetognata, Namatoda, Echiura e Platyhelminthes.

Para os teleósteos foram identificados Micrognathus e representantes de Ostraciidae na dieta, e para tunicados foram observados Salpidae e Pyrosoma. Espécimes de Nereis riisei, Glycera, Ninoe e Marphysa representaram os poliquetas, e com grande número, nematóides de vida livre foram identificados como Chomadoridae, Desmodoridae, Gatholaimidae, Xyalidae e Comesomatidae. Para Crustacea foram encontrados Copepoda, Lepstostraca, Isopoda, Amphipoda, Dendobranchiata e Brachyura nos estômagos.

A análise PERMANOVA indicou diferenças significativas (p = 0,002) nas dietas entre as classes de tamanho consideradas. De acordo com a análise de SIMPER, nos indivíduos <30 cm a similaridade da dieta é de 16,10%, com maiores contribuições de Teleostei (28,33%) seguida de Crustacea (19,91%). Para indivíduos >30 cm a similaridade da dieta é de 21,02%, e os itens que mais contribuíram foram Tunicata (55,22%) e Teleostei (11,35%).

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Dentre os 494 indivíduos, foram registrados 260 fêmeas e 234 machos. O CT das fêmeas variou de 18,0 a 46,5 cm (média 27,6 cm) e dos machos 19,2 a 41,6 cm (média 28 cm).

Foram processados 79 cortes histológicos (63 fêmeas e 16 machos). As frequências relativas dos estádios de maturação gonadal foram observadas nos meses de fevereiro a abril/2006 e em janeiro a março/2007, e o estádio Capaz Desovar apresentou maior percentual para as fêmeas (75,83% e 90,74%, respectivamente). Nos machos o estádio Capaz de Desovar apresentou maior frequência relativa nos meses fevereiro/2006 (100%) e março/2007 (66,67%). Em julho/2005 e junho/2006 houve uma predominância no estádio Regeneração para fêmeas (ambos 100%), e para os machos 100% encontravam-se neste estádio em julho-outubro/2005 e junho/2006.

Em 2006, o IGS médio nas fêmeas foi maior em fevereiro (2,30%) e março (2,12%). Em 2007 o IGS iniciou em janeiro (1,32%) e permaneceu até o março (2,93%). Nos machos os padrões foram semelhantes, com picos nos meses de fevereiro/2006 (1,77%) e em janeiro/2007 (1,13%). Estes índices reprodutivos indicam que a espécie desova durante o verão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A alimentação do realito indica que a espécie é um carnívoro generalista, com preferência por tunicados e pequenos crustáceos. São resultados semelhantes a estudos anteriores em outras regiões que demonstraram dietas baseadas em pequenos invertebrados pelágicos (crustáceos)11. A dieta do realito é diferente conforme o crescimento, composta por teleósteos e crustáceos nos indivíduos menores para dieta composta por tunicados nos maiores. Isso sugere que esta espécie tenha alta plasticidade alimentar e possa ocupar níveis tróficos diferenciados.

A alta porcentagem dos indivíduos maduros encontrada neste estudo é semelhante à investigação realizada no Golfo do México12, onde 90% das fêmeas eram maduras aos 20 cm (CT). A variação considerável dos valores de IGS de indivíduos maduros no ciclo sazonal indica reprodução fracionada com desenvolvimento contínuo dos ovócitos11.

No Golfo do México foi evidenciado que a reprodução ocorre entre maio a setembro6, e no presente estudo foi observado que a espécie se reproduz nos meses de fevereiro a março, ambos no verão. O fato é que a desova de R. aurorubens esta relacionado ao regime hidrológico, de modo que a maior atividade reprodutiva é observada nos períodos de maior precipitação e temperaturas mais elevadas7.

Palavras-chave: dieta; maturação gonadal; realito; pesca artesanal; Bahia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7FREITAS, M. O; MOURA, R. L; FRANCINI-FILHO, R. B; MINTE-VERA, C. V. 2011. Spawning

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8ZAVALA-CAMIM, L. A. Introdução aos estudos sobre alimentação natural em peixes. Maringá:

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Maringá. Editora: EDUEM/SBI, 169p.

10BROW-PETERSON, N; WYANSKI, D. M.; SABORIDO-REY, F.; MACEWICZ, B. J.;

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CARACTERIZAÇÃO DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES DEMERSAIS E SUAS RELAÇÕES COM UM GREDIENTE AMBIENTAL EM UM ESTUÁRIO

SUBTROPICAL BRASILEIRO

DIEGO ZANLORENZI

[email protected]

ORIENTADOR: PROF. DR. LUÍS FERNANDO FÁVARO

LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO E COMUNIDADE DE PEIXES

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. ELTON CELTON DE OLIVEIRA

COBIO - UTFPR CAMPUS DOIS VIZINHOS

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Em estuários as assembleias de peixes são geralmente distribuídas ao longo de gradientes ambientais, que podem levar a uma zonação das mesmas, devido às descontinuidades das variáveis abióticas1. Variações de salinidade, temperatura, turbidez, pH e oxigênio dissolvido, agem como fatores limitantes para as espécies e determinam os padrões gerais de distribuição e abundância da comunidade, resultados da resposta das espécies às flutuações do ambiente físico2. Já interações bióticas, como competição e predação, refinam estes padrões dentro da comunidade3, sendo a partilha de recursos alimentares um importante agente estruturante das comunidades, e responsável pela diferenciação de nichos de espécies simpátricas4.

Separar os efeitos das características dos habitats dos efeitos das influências ambientais tem criado um problema para entender como as assembleias respondem a cada um deles5. Isso ocorre pela dinâmica complexa e elevada heterogeneidade apresentada pelos estuários. Determinar quais fatores, ao longo dos gradientes, são importantes para a estruturação das assembleias possibilita melhor compreensão do funcionamento dos ambientes estuarinos, sendo importantes para ações conservacionistas6.

O presente estudo objetiva caracterizar as assembleias de peixes demersais ao longo do gradiente ambiental de um estuário subtropical do Brasil, quando controladas as influências da profundidade e composição sedimentológica, verificando quais fatores abióticos são responsáveis pela formação do gradiente e identificando as variações espaço-temporais na composição e estrutura da assembleia. Ainda, objetiva caracterizar a biologia alimentar das principais espécies, avaliando variações sazonais, espaciais e ontogenéticas na dieta das mesmas e verificando os padrões de utilização e partição de recursos alimentares.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no estuário baía de Guaratuba, sul do Brasil. Os exemplares foram obtidos de outubro de 2012 a setembro de 2013, através de arrastos de porta, em pontos amostrais de profundidades e composição sedimentológica semelhantes. A caracterização ambiental foi realizada através da PCA, para identificar quais fatores abióticos influenciaram na formação do gradiente. A composição e estrutura da assembleia foi verificada através de análises de ordenação (nMDS), e a associação das espécies com determinados pontos e setores do estuário, avaliada através do valor indicador (IndVal). Variações temporais e especiais na assembleia foram testadas através da PERMANOVA, e a significância da zonação ambiental e biológica, testada através da sobreposição de matrizes, utilizando a

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análise de Procrustes. Os descritores da assembleia (abundância, riqueza, diversidade e equitatividade) também foram avaliados e testados através da ANOVA.

Os exemplares tiveram os dados morfométricos mensurados (Ct-cm, Pt-g), o trato digestório retirado, fixados (formol 10%) e conservados (álcool 70%) até a análise do conteúdo estomacal. Qualitativamente, as dietas foram avaliadas através da frequência de ocorrência (FO%), e quantitativamente através da frequência numérica (FN%) e de peso (FP%). A importância dos itens foi estimada pelo índice de importância relativa (IIR%). Para entender os padrões de utilização dos itens alimentares, foram avaliadas variações sazonais, espaciais e ontogenéticas na dieta das espécies, através de análises de ordenação (nMDS), e as diferenças observadas foram testadas pela PERMANOVA. Posteriormente utilizou-se o IndVal para avaliar as preferências alimentares entre as categorias testadas. Para realização das análises foi considerado verão de dezembro a fevereiro, e assim sucessivamente; os seis pontos amostrais; e três classes de tamanho (jovens, subadultos e adultos) determinadas pela curva de primeira maturação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises ambientais explicaram 78% da variação dos dados, e evidenciaram a formação de um gradiente crescente, no sentido oeste-leste, principalmente influenciado pelo pH, salinidade e oxigênio dissolvido. Estas variáveis promoveram uma zonação no estuário, com a formação de um setor a oeste (P1 e P2), região sob maior influência continental, um setor de transição (P3 e P4) e um a leste, sob maior influência marinha (P5 e P6).

Os resultados da PERMANOVA indicaram segregação espacial na assembleia e ausência de variações sazonais Esta segregação foi corroborada pelas análises de ordenação, que evidenciaram variações espaciais, indicando a formação de dois setores na região oeste (P1; P2), uma região de transição (P3 e P4) e um setor na região leste (P5 e P6). O IndVal demonstrou que algumas espécies foram significativamente associadas a determinados pontos, explicando a segregação espacial da assembleia. Esta análise indicou que quatro espécies (Cathorops spixii, Genidens barbus, G. genidens, Stellifer. stellifer e Centropomus. parallelus) foram associadas com o ponto P1, três (Diapterus rhombeus, Eucinostomus argenteus e E. melanopterus) com P2, duas com P3 (Etropus crossotus e Prionotus punctatus) e P6 (Conodon nobilis e Rypticus randalli), e apenas uma com os pontos P4 e P5, Symphurus tessellatus e Achirus lineatus respectivamente.

Os descritores indicaram menores valores para riqueza, diversidade e equitatividade nos pontos localizados a oeste (P1 e P2), e maiores nos demais pontos amostrais, corroborando com o gradiente descrito. A abundância foi inversamente proporcional a estes parâmetros, fato já descrito para a região em estudos pretéritos7. A partir do Procrustes, verificou-se que as matrizes de dados ambientais e biológicos

foram significativamente correlacionadas (r = 0,44; p 0,005), indicando que as variáveis mensuradas foram agentes estruturantes da assembleia de peixes.

Foi analisada a dieta de Citharichthys spilopterus (n = 275), E. crossotus (n = 10), A. lineatus (n = 95) e S. tessellatus, n = 48), registrando-se 48 taxa. Anfípodas do gênero Monocorophium sp. foram importantes na dieta das espécies analisadas, destacando ainda Sergistidae, Mysidacea e Heleobia australis para C. spilopterus, A.lineatus e E. crossotus e Portunidae para S. tessellatus.Teleósteos também foram importantes, exceto para A. lineatus, na qual Amphipoda e Gammaridea foram categorias relevantes. Não registrou-se variações espaciais na dieta das espécies, possivelmente devido a padronização do tipo de sedimento, pois a composição da fauna bentônica está intimamente associada à composição sedimentológica8. Variações sazonais também não foram registradas, provavelmente por que as presas

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mais importantes não sofreram grandes flutuações populacionais durante o período de estudo.

Variações entre as classes de tamanho foram registradas para todas as espécies. Em C. spilopterus, jovens (4,8-7,9cm) e subadultos (8,0-11,4cm) apresentaram dieta semelhante, composta principalmente por camarões Sergestidae e Monocorophium sp., já os adultos (11,5-16,8cm) consumiram principalmente Mysidacea e Portunidae. De forma semelhante, em S. tessellatus adultos (15,1-20,2cm) e subadultos (13,8-15,0cm) não apresentaram diferenças na dieta, composta principalmente por Teleostei, Portunidae e Mysidacea, enquanto jovens (11,0-13,5cm) predaram principalmente Monocorophium sp. e Amphipoda. Já nas demais, A. lineatus e E. crossotus, a dieta diferiu entre as três classes de tamanho testadas. Na primeira, jovens (6,3-8,0cm) alimentaram-se principalmente de Tanaidacea e Amphipoda, enquanto subadultos (8,2-9,9cm) de Polychaeta e Monocorophium sp., e adultos (10,0-16,6cm) de H. australis e Gamaridea. Na segunda, Monocorophium sp. e Amphipoda foram mais importantes para os jovens (6,1-8,9cm), H. australis e Sergestidae para os subadultos (9,0-10,9cm) e Portunidae Panopeidae para os adultos (11,0-13,3cm).

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os resultados determinam que o gradiente ambiental, formado principalmente pelas variações de pH, salinidade e oxigênio dissolvido, promove zonação na assembleia da baía de Guaratuba. As diferentes tolerâncias ecológicas e fisiológicas das espécies, somadas aos diferentes níveis de dependência das mesmas em relação à utilização do estuário podem explicar o padrão encontrado.

A ausência de variações espaciais na dieta das espécies possivelmente ocorreu pela padronização do tipo de sedimento, que promoveu redução da heterogeneidade entre os pontos. A ampla disponibilidade, ao longo do ano, das presas que constituíram a dieta, possivelmente foi responsável pela ausência de variações sazonais. A utilização de uma categoria alimentar por diferentes classes de tamanho, sugere forte sobreposição trófica, porém a segregação de outros eixos do nicho ecológico pode garantir a coexistência das mesmas no ambiente.

Palavras-chave: Baía de Guaratuba; ictiofauna; zonação; alimentação; partição trófica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2SNICKARS, M.; SANDSTROM, A.; LAPPALAINEN, A.; MATTILA, J.; ROSQVIST, K. E URHO,

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8KAISER, M. J.; BERGMANN, M.; HINZ, H.; GALANIDI, M.; SHUCKSMITH, R.; REES, E. I. S.;

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DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO TEMPORAL E CARACTERIZAÇÃO DE ANUROS DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

EDI MARCOS NAZARETTI

[email protected]

ORIENTADOR: CARLOS EDUARDO CONTE

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os anfíbios apresentam alta dependência em relação ao ambiente, devido algumas particularidades do táxon, como ciclo de vida complexo, necessidade de condições apropriadas para reprodução, pele altamente permeável e formação de agregados por muitas espécies durante o período reprodutivo14,16,33. Por estas características, o grupo é considerado um bom indicador de qualidade ambiental31, além de ser ótimo modelo para estudos ecológicos.

A ecologia de comunidades procura determinar a abundância e distribuição dos organismos no ambiente, além dos processos envolvidos2. A partir disso, estudos têm buscado compreender os fatores que contribuem para a formação de taxocenoses de anfíbios3,5,9,23,32. Estudos com este prisma baseados em compreender a estruturação de taxocenoses de anuros, são importantes e necessários uma vez que suprem o desconhecimento de aspectos básicos da história natural e ecológicos dos anfíbios24. Porém, frente a inúmeros elementos que podem estar envolvidos neste processo, os resultados são controversos. Silva et al.27, em estudo avaliando a composição de anfíbios da mata atlântica e a similaridade entre diferentes regiões do bioma, relatam um conjunto de fatores que atuam na formação das comunidades, como, condições topográficas, limitação de dispersão, pontos de dispersão, isolamento geográfico e vegetação.

Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo inventariar a anurofauna do Parque Nacional do Iguaçu (PNI) e área de entorno, descrever a estruturação das taxocenoses de anuros das fitofisionomias do PNI.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo é desenvolvido nas duas fitofisionomias do PNI, na Floresta Estacional Semidecidual (FES) e Floresta Ombrófila Mista (FOM) nos municípios de Foz do Iguaçu e Santa Tereza do Oeste 25°27‘37.83‖S, 53°49‘04.02‖W.

As coletas iniciaram em setembro de 2014, sendo amostrados 44 ambientes utilizados para a reprodução de anuros. Foram empregados quatro métodos de coleta. 1) Busca em sitio de reprodução, realizadas em 28 corpos d‘água, 2) busca aural em seis transecções de 120 m no interior de mata, 3) busca ativa realizada em torno dos corpos d‘água e 4) armadilhas de interceptação e queda, sendo instaladas dez linhas 50 metros formadas por quatro baldes de 50 litros cada.

A eficiência da amostragem foi verificada através da curva de acumulação de espécies6, com matriz de dados gerados com base na ocorrência mensal das espécies, a riqueza foi estimada pelo índice Jackknife I20, com 500 aleatorizações. Para avaliar a estruturação das taxocenoses nas fitofisionomias, foram feitas comparações por diversidade alfa e beta19.

A diversidade alfa foi comparada através de curvas de rarefação (Mao Tau) com intervalos de confiança de 95% calculadas com base na riqueza e abundância

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das espécies7. Este procedimento foi realizado aplicando 500 aleatorizações geradas com base na matriz de dados de abundância das espécies ao longo da amostragem. Já a diversidade beta foi avaliada através da análise multivariada de similaridade (ANOSIM), um teste não paramétrico que mede diferença entre grupos com base em qualquer medida de distância 11. A contribuição relativa das espécies para diversidade beta foi determinada por análise de porcentagem de similaridades (SIMPER)11, com contribuição cumulativa de 90%12. Para avaliar se a distância geográfica entre os ambientes determinou a similaridade na composição de espécies foi aplicado o teste de correlação de Mantel20. Esse teste avalia a significância de correlação entre matrizes de similaridade ou de distância a partir de dados multidimensionais, utilizando permutações de Monte Carlo20. As análises foram realizadas nos programas computacionais "EstimateS 9.0" 7 e Past versão 2.17c 18.

Para distribuição espacial, as espécies foram divididas em cinco categorias de acordo com o habitat em que foram encontradas: I) generalistas (GE), espécies que vocalizavam em hábitats localizados em área aberta, borda e mata; ii) exclusivas de mata (EM), encontradas apenas no interior de floresta; iii) espécies de área aberta, divididas em exclusivas de área aberta (AA), espécies que ocorreram apenas em ambientes abertos e área aberta/borda (AB) e iv) espécies de borda mata (BM).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 30 espécies de anuros pertencentes a nove famílias. A anurofauna do PNI representa 5% da anfíbiofauna conhecida para a Mata Atlântica17 e 20% da fauna do Paraná8. Quando separadas as fitofisionomias com suas respectivas espécies, há composição tanto da FES (n = 23) quanto da FOM (n = 22) se equivalem a outras localidades inseridas nestes ecossistemas3,4,9,26,35.

A curva de acumulação de espécies apresentou tendência à assíntota na décima primeira amostra, na qual o registro acumulado é de 30 espécies. Porém a riqueza estimada aponta diferença de três espécies da observada (Jackknife ≈ 33 espécies). A BSR foi o método de coleta mais eficiente contemplando 100% das espécies. Aproximadamente 21% foram registradas através de AIQ, já a busca ativa registrou 25% e em transecções apenas 18%.

As curvas de rarefação não indicaram diferenças na diversidade alfa entre as fitofisionomias. A similaridade da diversidade encontrada não foi um resultado esperado10, mediante a diferença dicotômica que estas apresentam 1, como, heterogeneidade, precipitação e topografia22, uma vez que estas características são alguns dos principais fatores que estruturam e distribuem as comunidades de anfíbios27,33. Porém, quando comparamos à diversidade beta, que leva em consideração os táxons e especificamente suas abundancias, observou-se que as taxocenoses de cada fitofisionomia são diferentes (p = 0,011; r = 0,087), com uma dissimilaridade média de 92,39% e 13 espécies com maior contribuição. As diferenças encontradas entre os ambientes foram reguladas pela distância geográfica (r² = 0,13; p = 0,007).

A alta diversidade beta constatada deve-se a proporção de espécies abundantes e raras entre os ambientes19. A espécie Dendropsophus minutus tida como generalista10,13, foi a principal responsável pela diversidade encontrada sendo seguida por D. nanus. Estas espécies corresponderam a 35% do total de indivíduos encontrados no estudo, com distribuição para ambas as fitofisionomias, sendo extremamente abundantes em alguns ambientes e raras em outros. A importância de D. minutus e D. nanus em estudos que avaliam a diversidade foi constatada para diferentes regiões do estado15,21,25. Deve-se isto ao fato destas serem amplamente distribuídas no Paraná e extremamente abundantes em vários habitats.

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Das espécies registradas (37,94%) foram consideradas GE, (24,14%) classificadas como EM, (24,14%) como AA, (10,34%) como AB e (3,45%) como BM. O registro de apenas uma espécie exclusiva para borda (Linomedusa macroglossa) pode ser consequência da característica deste ambiente. A borda é utilizada para transição de espécies, que se reproduzem em áreas abertas e utilizam fragmentos florestais como locais de refúgio, forrageio e/ou corredores de dispersão28,30.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Frente ao grande declínio de anfíbios provocados por ações antrópicas34 e se tratando de um importante grupo para manutenção da diversidade biológica31. A implementação de ações para preservar a diversidade do táxon devem ser tomadas com urgência29,31. No presente estudo, é apresentada a primeira lista de espécies de anfíbios do PNI, com dados sobre a estruturação das taxocenoses. A grande diversidade beta encontrada na área, além do registro de duas novas espécies para o Paraná (Itapotyhila langsdorffii e Leptodactylus elenae) reflete a importância de unidades de conservação para a manutenção de anfíbios.

Palavras-chave: anfíbios; fitofisionomias; diversidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4BERNARDE, P.S. & MACHADO, R.A. 2001. Riqueza de espécies, ambientes de reprodução e

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7COLWELL, R.K., CHAO, A., GOTELLI, N. J., LIN, S. Y., MAO, C. X., CHAZDON, R. L. &

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8CONTE, C.E., NOMURA, F., MACHADO, R.A., KWET, A., LINGNAU, R. & ROSSA-FERES,

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10CONTE, C.E. & ROSSA-FERES, D.C. 2007. Riqueza e distribuição espaço-temporal de

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11CLARKE, K.R. 1993. Non-parametric multivariate analysis of changes in community structure.

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12CLARKE, K.R. & WARWICK, R.M. 1994. Changes in Marine Communities: an Approach

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13CRIVELARI, L.B., LEIVAS, P.T., LEITE, J.C.M., GONÇALVES, D.S., MELLO, C.M., ROSSA-

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15FOERSTER, N.E. 2014. Partilha Acústica, Uso do sítio de vocalização e influência da

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18HAMMER, Ø., HARPER, D.A.T. & RYAN, P.D. 2001. PAST: Paleontological Statistics

software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica, 4(1): 9p.

19MAGURRAN, A.E. 2011. Medindo a diversidade biológica. Curitiba, Editora UFPR, 261 p.

20 MANLY, B.J.F. 2008. Métodos Estatísticos Multivariados. 3ª. edição. Porto Alegre: Bookman.

21PINTO, J.S. 2015. Diversidade e distribuição espaço-temporal de anuros ocorrentes em

floresta ombrófila mista. Dissertação (mestrado).

22RODERJAN, C. V.; GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y. S. & HATSCHBAC, G. G. 2002. As

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23ROSSA-FERES, D.C. & JIM. J. 2001. Similaridade do sítio de vocalização em uma

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24ROSSA-FERES, D.C., SAWAYA, R.J., FAIVOVICH, J., GIOVANELLI, J. G. R., BRASILEIRO,

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25SANTOS, E. J. 2013. Diversidade de anfíbios anuros em fragmentos de floresta

estacional semidecidual. Dissertação (mestrado).

26SANTOS, J. E. & CONTE, C. E. 2014. Riqueza e distribuição temporal de anuros (Amphibia:

Anura) em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista. Iheringia - Série Zoologia, 104(3): 323-333.

27SILVA, F.R., ALMEIDA-NETO, M., VICTORINO, M & ARENA, N. 2014. Amphibian Beta

Diversity in the Brazilian Atlantic Forest: Contrasting the Roles of Historical Events and Contemporary Conditions at Different Spatial Scales. Plos One, 9(10): 1-9.

28SILVA, F.R., PRADO, V.H.M. & ROSSA-FERES, D.C. 2011. Value of small forest fragments

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29SILVANO, D.L. & SEGALLA, M.V. 2005. Conservação de Anfíbios no Brasil.

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30STEBBINS, R.C. & COHEN, N.W. 1995. A Natural History of Amphibians. New Jersey,

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31VITT, L.J., CALDWELL, J.P., WILBUR, H.M., & SMITH, D.C. 1990. Amphibians as harbingers

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32WACHLEVSKI, M., ERDTMANN, L. K. & GARCIA, P. C. A. 2014. Anfíbios anuros em uma

área de Mata Atlântica da Serra do Tabuleiro, Santa Catarina. Biotemas, 27(2): 97-107.

33WELLS, K. D. 2007. The ecology and behavior of amphibians. Chicago University Press.

1148 pp

34 YOUNG, B.E., LIPS, K.R., REASER, J.K., IBAÑES, R., SALAS, A.W., CEDEÑO, J.R.,

COLOMA, L.A., RON, S., MARCA, E., MEYER, J. R., MUÑOZ, A., BOLAÑOS, F., CHAVES, G. & ROMOS, D. 2000. Population declines and priorities for amphibians conservation in Latin America. Conservation Biology, 15(5): 1213-1223.

35ZINA, J., ENNSER, J., PINHEIRO, S.C.P., HADDAD, C.F.B. & TOLEDO, L.F. 2007.

Taxocenose de anuros de uma mata semidecídua do interior do Estado de São Paulo e comparações com outras taxocenoses do Estado, sudeste do Brasil. Biota Neotropica, 7(2): 1-9.

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PADRÃO DE ATIVAÇÃO DA EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS DE ESTRESSE (HSP70) DIANTE DESAFIO HIPER-SALINO NO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE

Macrobrachium acanthurus HELLER, 1862 (CRUSTACEA: DECAPODA: PALAEMONIDAE)

ELOÍSA PINHEIRO GIARETA

[email protected]

ORIENTADOR: CAROLINA ARRUDA DE OLIVEIRA FREIRE

LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA COMPARATIVA DA OSMORREGULAÇÃO

CAPES

Crustáceos da família Palaemonidae tem ampla distribuição geográfica, sendo abundantes em vários ambientes aquáticos. Dentro desta família o gênero Macrobrachium são os mais abundantes. A espécie de estudo do trabalho, Macrobrachium acanthurus, passam maior parte de sua vida em ambiente dulcícola, mas são dependentes de ambiente de maior concentração de sais, como estuários, para completar seu desenvolvimento em sua fase larval. Por serem espécies diádromas, em algum momento do seu ciclo de vida serão confrontados por flutuações de salinidade. O fato de possuírem diferentes mecanismos de resposta, como evitá-los, conformar-se ou regular, os permite transitar entre ambientes. Choques hipo ou hiperósmicos podem refletir diretamente em alterações no movimento de água e osmólitos para células musculares como alterações no teor hídrico e possivelmente causando estresse celular. As proteínas de estresse (HSP70), são responsáveis por respostas a estresses fisiológicos, contribuindo para a manutenção da integridade e viabilidade celular. Portanto, o presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito de diferentes tempos de estresse salino in vivo sobre a expressão de Hsp70 na musculatura do camarão de água doce, eurihalino e diádromos Macrobrachium acanthurus, juntamente com a avaliação do teor hídrico do seu tecido muscular.Por ser um crustáceo eurihalino, espera-se que na condição salina de menor concentração (15‰) a expressão de proteína de estresse seja menor e nas condições de 25‰ e 35‰ já ocorra uma expressão evidente. As salinidades de experimentação serão de 15‰, 25‰ e 35‰, e mantidos em exposição nos tempos de 2, 12, 24, 48 e 120 horas para cada condição e um grupo controle para cada tempo com água doce. Para cada condição experimental serão utilizados 6 espécimes, colocados em aquários indivíduos. Os camarões serão crionestesiados, e em seguida será retirada amostra de hemolinfa e de músculo abdominal. A detecção de proteína (HSP70) no músculo será por eletroforese em gel de policramida em condições desnaturantes seguida de detecção por anticorpo específico, na técnica de Western Blotting. A análise estatística será através do Software Sigma Stat, versão 11.0, análise de variância de uma via, com limite de significância em 0,05.

Palavras-chave: eurihalinidade; salinidade; plasticidade.

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USO DO ESPAÇO VERTICAL POR PEQUENOS MAMÍFEROS NO PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO, LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

FABIANA SILVEIRA

[email protected]

ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAÚJO MONTEIRO-FILHO

LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS, INSTITUTO DE PESQUISA CANANÉIA (IPEC)

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVO

As espécies das ordens Rodentia e Didelphimorphia são peças-chave na manutenção dos processos ecológicos em ambientes naturais, constituindo a base da alimentação de predadores de pequeno e médio porte1,2, atuando como predadores de muitos grupos de invertebrados3,4 além de serem dispersores de sementes5,6. A segregação ao longo dos estratos verticais de florestas neotropicais podem favorecer a convivência e a partição de recursos entre as espécies destas ordens7, entretanto a maior parte das amostragens com pequenos mamíferos foram desenvolvidas com armadilhamento apenas no nível do solo8,9,10,11,12,13,14,15 ou no solo e a uma altura de até 3 m 16,17,18,19,20,21,22. Poucos estudos mais recentes amostraram os pequenos mamíferos em alturas mais elevadas23,24,25,26,27, contudo, não há uma altura fixa nos estratos mais altos e a amplitude entre elas é grande25,26. A partir dessas considerações, a proposta desse estudo é descrever o uso do estrato vertical de pequenos mamíferos em quatro estratos com armadilhas em alturas fixas além de descrever comportamentos de acesso e dentro das armadilhas de captura.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado entre janeiro de 2014 a maio de 2015, no Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC), litoral sul do Estado de São Paulo que se insere na formação floresta ombrófila densa.

Os animais foram capturados através de armadilhas de arame dispostas em uma grade contendo quatro linhas e em cada linha uma estação de captura. O espaçamento entre as armadilhas foi de 40 metros. Em cada estação de captura foram instaladas armadilhas no solo, dois, quatro e seis metros. A isca utilizada foi banana caturra e o entorno da armadilha foi borrifado com óleo de fígado de bacalhau.

Foram realizadas filmagens do comportamento dos pequenos mamíferos no acesso e dentro das armadilhas de captura no PEIC e buscando verificar alguma variação nesses comportamentos foram realizadas outras filmagens em outra formação florestal, floresta ombrófila mista, no Parque Municipal São Luís de Tolosa (PMSLT), região leste do Estado do Paraná.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O esforço amostral foi de 2364 armadilhas-noite em 63 dias de atividades de campo, o que resultou em 200 capturas de 67 indivíduos sendo quatro marsupiais (Didelphis auirta, Gracilinanus microtarsus, Marmosa paraguayana e Metachirus nudicaudatus) e quatro roedores (Akodon sp., Euryoryzomys russatus, Nectomys squamipes e Sooretamys angouya). Todos os roedores foram cricetídeos e capturados apenas no solo diferente do encontrado em outros estudos que amostraram também estratos mais elevados na mesma formação florestal ou em outras23,24,25,26,27 e que

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capturaram tanto roedores equimídeos quanto cricetídeos nesses estratos. Quase todos os marsupiais M. nudicaudatus e a maioria de D. aurita foram capturados apenas no solo, com exceção de um que foi capturado a dois metros. As capturas apenas no solo de M. nudicaudatus confirmam seu hábito terrestre23,24. A maioria das capturas no solo de D. aurita, G. microtarsus e M. paraguayana difere de outro estudo na mesma formação florestal, em que houve um uso maior do sub-bosque e dossel24.

O maior número de capturas de todas as espécies ocorreu no solo com 151 capturas. O sucesso total das capturas foi 8,57% mas para cada estrato obteve-se 14,89% para o solo, 4,59% a dois metros, 3,03% a quatro metros e a seis metros foi de 2,93%. Para os indivíduos de marsupiais mais capturados foi obtido uma fêmea de Gracilinanus microtarsus (26 capturas) que usou todos os estratos amostrados e outros dois indivíduos de M. paraguayana (14 e 16 capturas) que também usaram todos os estratos. Para estas espécies as capturas ocorreram na mesma árvore ou em arvores distintas que fornecerão dados para determinar o volume de vida dos animais já que houve uso do espaço tridimensional e não apenas bidimensional.

Para a avaliação dos comportamentos durante o período de capturas e dos animais capturados, foi obtido 44 horas, 01 minutos e 14 segundos de filmagens dos animais. Ao todo já foi possível assistir e analisar as filmagens do PMSLT sendo 24 horas, 32 minutos e 20 segundos dos quais 19 h, 44 minutos e 25 segundos o animal estava presente nas filmagens. Foi possível categorizar os compostamentos em: forrageio, manutencão, alerta, agonístico, defesa e dentro delas foi possível identificar sub-itens.

As filmagens já analisadas para marsupiais apenas contemplam D. albiventris. Foi constatado que a maior parte do tempo em que o animal fica preso, passa dormindo no fundo da armadilha em que há a cobertura do saco plástico podendo indicar alguma associação da cobertura com a toca. Foi verificado que uma fêmea dessa espécie entrou na armadilha 14 vezes com a parte posterior do corpo erguida, evitando assim o fechamento da porta da armadilha, permitindo ao animal pegar a isca e sair de ré sem ser capturado.

Para os roedores os animais já identificados foram Oligoryzomys nigripes e Akodon sp. Após a captura, os roedores passam a maior parte do tempo andando pela armadilha e em alguns momentos eles dormem durante poucos segundos. Foi verificado que mesmo havendo animais presos na armadilha outros tentam adentrar bem como a tentativa de predação por parte de animais que estão fora como da ave Batara cinerea e o marsupial D. aurita.

Foi constatado que em muitas situações os animais simplesmente passam pela armadilha com isca sem chegar perto ou adentrar indicando que já podem ter se alimentando e a isca não é atrativa. Em outras filmagens os animais tentam acessar a entrada e sem obter êxito vão embora.

Com relação aos horários de atividade os animais, podem ficar ativos logo após o inicio do pôr-do-sol estando relacionadas aos ciclos claro-escuro. Para D. albiventris foi obtido 191 registros de atividades durante a noite sendo que o pico de atividade ocorreu nas quatro primeiras horas após o pôr-do-sol sendo um padrão unimodal. O pico de atividades após o escurecer pode estar relacionado a um risco menor de predação e para sincronizar a atividade com a de suas presas como os insetos28.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Foi verificada a segregação espacial entre as ordens, sendo que todos os roedores usaram apenas o solo, Já os marsupiais usaram tanto solo quanto estratos

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mais elevados. As filmagens possibilitarão entender comportamentos inéditos na literatura.

Palavras-chave: roedores; marsupiais; comportamento; captura.

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21PÜTTKER,T., PARDINI, R., MEYER-LUCHT, Y., SOMMER, S. 2008. Responses of five

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22PREVEDELLO, J.A., RODRIGUES, R.G. & MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2009. Vertical use of

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23GRELLE, C.E.V. 2003. Forest structure and vertical stratification of Small Mammlas in a

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24VIEIRA, E.M., MONTEIRO-FILHO, E.L.A. 2003. Vertical stratification of small mammals in the

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25LAMBERT, T.D., MALCOLM, J.R, ZIMMERMAN, B.L. 2005. Variation in small mammal

species richness by trap height and trap type in southeastern Amazonia. Journal of Mammalogy, 86(5): 982–990.

26CADEMARTORI, C.V., MARQUES, R.V., PACHECO, S.M. 2008. Estratificação vertical no

uso do espaço por pequenos mamíferos (Rodentia,Sigmodontinae) em área de Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 10(3): 187-194.

27HANNIBAL, W., CÁCERES, N.C. 2010. Use of vertical space by small mammals in gallery

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28OLIVEIRA-SANTOS, L.G.R., TORTATO, M.A., GRAIPEL.M.G. 2008. Activity pattern of

Atlantic Forest small arboreal mammals as revealed by camera traps. Journal of Tropical Ecology, 24: 563–567.

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EFEITOS DA AMÔNIA E NITRITO SOBRE PÓS-LARVAS, JUVENIS E ADULTOS DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862)

FABRÍCIO MARTINS DUTRA

[email protected]

ORIENTADOR: EDUARDO LUIZ CUPERTINO BALLESTER

LABORATÓRIO DE CARCINICULTURA – UFPR/PALOTINA

CO-ORIENTADOR: CAROLINA ARRUDA DE OLIVEIRA FREIRE

LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA COMPARATIVA DA OSMORREGULAÇÃO

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A criação e produção de camarões de água doce vêm mostrando aumento significativo nas últimas duas décadas9. Embora a produção no Brasil ainda seja baseada na espécie exótica Macrobrachium rosenbergii, a espécie nativa Macrobrachium amazonicum tem despertado interesse para a produção11.

A amônia é um composto nitrogenado comprovadamente tóxico3 e sua representatividade no meio é diretamente dependente da temperatura, pH e salinidade1. Sua forma não ionizada é quimicamente mais tóxica devido a sua capacidade de difusão pelas membranas celulares, causando danos ao epitélio branquial e, como consequência, desestabilizando o sistema de osmorregulação16; 15.

O nitrito pode apresentar alta toxidez, dependendo de sua concentração no meio e do estágio de desenvolvimento do organismo4. Em altas concentrações provoca um aumento da pressão parcial de oxigênio, sugerindo uma elevação do O2 livre e um decréscimo de O2 ligado a hemocianina (oxihemocianina)7.

Assim, o objetivo é determinar os níveis letais dos compostos nitrogenados (amônia e nitrito) para pós-larvas, juvenis e adultos de M. amazonicum por meio da avaliação da concentração letal (CL5096h).

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no Laboratório de Carcinicultura da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina, utilizando 240 camarões para cada fase de vida (pós-larva, juvenil e adulto), distribuídos em 24 unidades experimentais (n = 10). As unidades foram compostas por béquer com volume útil de um litro para pós-larvas (~0,086±0,022 g e 2,25±0,18 cm) e aquários de vidro com 10 litros de volume útil para juvenis (~2,049±0,444 g e 6,509±0,503 cm) e adultos (~6,199±1,62 g e 9,172±0,746 cm), equipados com sistema de aeração e fotoperíodo de 12/12 horas (claro/escuro). O delineamento foi inteiramente casualizado, composto por seis tratamentos de amônia total (0; 5; 10; 20; 40 e 80 mg.L-1 cloreto de amônio P.A.) e seis tratamentos de nitrito (0; 5; 10; 20; 40 e 80 mg.L-1 nitrito de sódio P.A.), com quatro repetições.

A mortalidade foi determinada pela ausência de reação a estímulos mecânicos. Os animais foram observados a cada hora, durante as oito primeiras horas. Após esse período até o termino das 96 horas, as observações foram realizadas a cada 12 horas.

A qualidade de água foi avaliada diariamente para oxigênio dissolvido, temperatura e pH. No início e ao final do experimento foram avaliados nitrito, nitrato, amônia total, alcalinidade e dureza2.

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A fração de amônia não ionizada foi calculada8, sendo a fração N-NH3 em relação à amônia total:

Onde: N-NH3 - Amônia não ionizada; N-NH3 + N-NH4+= Amônia total; pKa = -

log Ka, calculada por pKa = 0,09018 + 2729,92 / T; T = Temperatura em ° Kelvin; pH = Potencial hidrogeniônico.

O nível de segurança (S.L.) foi realizado pela multiplicação do valor obtido no teste de toxidez pelo fator de aplicação de 0,112.

As concentrações letais médias (CL5096h) para amônia e nitrito foram calculadas pelo método do probit13 para 96 horas. O método estabelece a relação entre os ―probits‖ da mortalidade acumulada observada e o logaritmo das concentrações de amônia e nitrito. Após, a relação foi submetida à análise de regressão linear ao nível de significância de 5% (α = 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período experimental, a temperatura da água variou 24,77-27,23°C, o oxigénio dissolvido 5,25-7,6 mg.l-1, pH 7,55-8,42, alcalinidade 16,52-56,68 mg.l-1 CaCO3, dureza 20,73-53,71 mg .L-1 para todos os tratamentos. No estudo com indução de nitrito, a amônia e nitrato apresentaram valores inferiores a 0,6 mg L-1. Enquanto no estudo com amônia os valores de nitrato e nitrito foram inferiores a 0,5 mg L-1. As variações observadas nos respectivos estudos (amônia e nitrito) foram resultantes da diluição das soluções estoques de NH4Cl e NaNO2 utilizadas na produção das concentrações desejadas. Portanto, nenhuma das variáveis medida neste estudo foi limitante ou estressante para os camarões, permanecendo dentro do intervalo adequado para a cultura de camarões de água doce. 17; 11

As concentrações de 0, 5, 10 e 20 mg.L-1 de amônia total apresentaram sobrevivência acima de 80% para todas as fases. Já para o nitrito, essa sobrevivência foi encontrada para concentrações de 0 mg.L-1 em pós-larvas e de 0 e 1 mg L-1 em jovenis e adultos, respectivamente. Essa mortalidade está relacionada ao comportamento agonístico dos animais em competição por área (territorialismo).

No estudo com concentrações de amônia para as pós-larvas de M. amazonicum durante 96 horas, houve mortalidade de 50% em concentrações de 32,0357 mg.L-1 de amônia total ou 1,0591 mg.L-1 de amônia não ionizada (equação: CL50 = 0,0515 + 0,014X, R2 = 0,83). Juvenis apresentaram mortalidade de 50% em concentrações de 30,5461 mg.L-1 para amônia total e 1,066 mg.L-1 para amônia não ionizada (equação: CL50 = 0,1029+0,013X, R2 = 0,87) e adultos em concentração de 36,594 mg.L-1 para amônia total ou 1,0783 mg.L-1 para amônia não ionizada (equação: CL50 = 0,0137 + 0,0133X, R2 = 0,95). Portanto, comparando a toxicidade da amônia não ionizada em 96 horas, é possível observar que a sensibilidade ao composto está inteiramente ligada a outros fatores. Straus et al. (1991) demonstrou que concentrações de 0,54 mg.L-1 de amônia não ionizada em pH 9,5 e temperatura de 29º C causam mortalidade de 50% em juvenis de M. rosenbergii e que as concentrações são aumentadas para 2,18 e 1,45 mg.L-1 quando o pH é 8,5 e 9,0, respectivamente. Os valores de amônia tóxica para os crustáceos em geral são de 0,40 a 2,31 mg.L-16.

No estudo com nitrito, mortalidades de 50% foram observadas em concentrações de 1,31 mg L-1 de nitrito para pós-larvas (equação: CL50 = 0,2192 + 0.2139X, R2 = 0,83), de 2,70 mg L-1 de nitrito para juvenis (equação: CL50 = 0,2192 + 0.2139X, R2 = 0,79) e de 2,77 mg L-1 de nitrito para adultos (equação: CL50 = 0,1905 +

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0.1117X, R = 0,92). Ao Comparar a tolerância ao nitrito por etapas ontogênicos de M. amazonicum, verificou-se que a sensibilidade para este composto está relacionada com a fase de desenvolvimento do animal, onde as fases posteriores apresentaram maior resistência17. A sensibilidade de um organismo a um agente tóxico pode variar dependendo do seu tamanho, idade e estágio de desenvolvimento. Esta variação na sensibilidade ao estágio ontogenético foi observada3 ao avaliarem a toxicidade aguda do nitrito em larvas de M. rosenbergii e a CL50 foi obtida com uma concentração de 3,3 mg.L-1 em 48 horas. Adultos de Macrobrachium malcolmsonii apresentaram CL50 de 3,14 mg.L-1 em 96 horas5. Assim, nos parece que o M. amazonicum é menos tolerante ao nitrito do que outras espécies de Macrobrachium.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Portanto, as concentrações de amônia e nitrito aqui obtidas para M. amazonicum, tem aplicações diretas para os ramos produtivo e ambiental, por descrever os limites precisos das concentrações. Assim, afirmamos que no presente estudo, pós-larvas, juvenis e adultos de M. amazonicum apresentaram mortalidade de 50% em concentrações de nitrito acima de 1,31; 2,70 e 2,77 mg.L-1 em 96 horas, respectivamente; e que pós-larvas, juvenis e adultos apresentaram 50% de mortalidade em concentrações acima de 32,04; 30,55 e 36,59 mg.L-1 de amônia total ou 1,06; 1,07 e 1,08 mg.L-1 de amônia não ionizada, respectivamente. O nível de segurança para as três fases da vida são de 0,1 mg.L-1 de amônia não ionizada e nitrito.

Palavras-chave: camarão de água doce; Macrobrachium; tolerância toxicológica; toxicologia.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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ANÁLISE DA ESTRUTURA VERTICAL DE UMA ASSEMBLEIA DE MORCEGOS (MAMMALIA: CHIROPTERA) E SUA RELAÇÃO COM A MORFOLOGIA DA ASA E

DISPONIBILIDADE DE RECURSO ALIMENTAR

FERNANDO CARVALHO

[email protected]

ORIENTADOR: Dr. FERNANDO DE CAMARGO PASSOS

LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Na evolução de Chiroptera, o desenvolvimento de um sofisticado sistema de ecolocalização e o voo são colocados como inovações chaves, as quais podem ter propiciado o desenvolvimento de alta diversidade taxonômica1. Esta característica tem intrigados os pesquisadores que buscam compreender, quais fatores permitem e/ou facilitam a coexistência desta fauna diversificada2. Variações na utilização vertical dos estratos, na abundância sazonal e na utilização temporal dos habitats são colocados como aspectos promotores de diversidade para quirópteros. O conhecimento da dinâmica das comunidades, tanto temporal quanto espacial, é um fator essencial para o entendimento de como as espécies utilizam e partilham recursos comuns.

A presente tese tem como objetivo analisar a estruturação vertical de uma assembleia de morcegos em um remanescente de Mata Atlântica, buscando analisar se: I - se há variação vertical na composição da assembleia; II - se a morfologia de asa tem relação com a ocorrência dos táxons nos diferentes estratos e, III - se há variação sazonal na ocorrência das espécies nos diferentes estratos e se há relação com variáveis bióticas e abióticas.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado na Reserva Natural Salto Morato ((25º 10‘S e 48º 15‘W), localizada em Guaraqueçaba, litoral norte do Paraná. As amostragens foram realizadas entre setembro de 2013 e agosto de 2014, com seis noites captura consecutivas em cada mês. Os morcegos foram capturados utilizados três grupos de redes, instaladas simultaneamente no subosque (vegetação até três metros de altura), sub-dossel (vegetação de quatro a oito metros de altura) e dossel (vegetação acima de nove metros de altura).

Para análise da morfologia da asa foram coletados, máximo de 10 indivíduos adultos de cada espécie, sendo obtidas as seguintes medidas de asa: áreas = asa (S), quiropteropatágio (Sq), plagiopatágio (Sp), uropatágio (Su); comprimentos: envergadura (b), quinto dígito (D5), plagiopatágio (Lp) e quiropteropatágio (Lq); índices: carga alar, razão de aspecto, razão entre Lq e Lp; razão entre Sq e Sp e índice da ponta da asa.

A análise da estrutura vertical foi baseada na comparação de riqueza, diversidade e abundância. A comparação de diversidade foi realizada pelo teste t para diversidade específica (software PAST) e a comparação de abundância pela função "adonis" no software R.

Para relacionar atributos de voo e estrutura vertical foi utilizado, como análise exploratória dos dados, análise NMDS, com Distância Euclidiana como métrica de similaridade. Posteriormente, com base no número de grupos identificados pela análise de NMDS, testou-se pela análise de ―K-mens clustering‖ a composição

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específica dos grupos. Posteriormente fez o somatório da abundância destes grupos

em cada estrato, e testou-se por 2 (nível de significância de 0,05) se houve diferença significativa entre os estratos.

Foi testada relação na abundância das guildas com variáveis abióticas (temperatura e pluviosidade) e biótica (disponibilidade de recurso alimentar). As variáveis abióticas foram coletadas junto a estação meteorológica da reserva. Para quantificar a disponibilidade de frutos em cada estrato, foram amostradas mensalmente, 217 plantas, pertencentes oito espécies quiropterocóricas. Para testar se houve diferença na abundância mensal das guildas entre os estratos foi utilizado o teste de Kruskall-Wallis (nível de significância de 0,05). A relação entre a abundância das guildas em cada estrato foi testada com análises de regressões múltiplas. Ambas as análises descritas acima foram realizadas no software BioEstat versão 5.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em 68 noites de amostragens foram obtidas 1.200 capturas, abrangendo duas famílias, 18 gêneros e 25 espécies. Ao nível do subosque ocorreram 473 capturas de 18 espécies, com diversidade de 2,213. No sub-dossel ocorreram 437 capturas também de 18 espécies, com diversidade de 2,162. Por fim, no dossel ocorreram 290 capturas de 19 espécies, com diversidade de 2,212. Não houve diferença significativa em termos de diversidade na comparação aos pares entre os estratos (EI x EII: t =-0,61727 e p=0,53731; EI x EIII: t = 0,017643 e p = 0,98593; EII x EII: t = 0,80021 e p = 0,4238). Houve diferença significativa na abundância das espécies entre os estratos (F = 25,17; p <0,0001), havendo diferença significativa entre subosque e dossel (p = 0,016). Este padrão difere da maioria dos estudos, onde é observado forte padrão de estruturação vertical, com o dossel sendo o estrato mais diverso3,4,5,6. Porém, para abundância houve variação vertical, o que indica utilização diferenciada dos estratos, como observado em outros estudos6,8.

A análise NMDS com as variáveis de área e comprimento, houve a formação de três grupos com morfologia de asas mais similares. Já para as variáveis de índices foi obtido a separação em dois grandes grupos. A análise de K-mens clustering demonstrou que, todos os agrupamentos foram formados com base no tamanho das espécies. Houve diferença significativa na abundância dos diferentes agrupamentos entre os três estratos analisados (p < 0,005 para todas as comparações). A utilização diferenciada do espaço, por grupos de morcegos com características morfológicas e ecológicas similares já foi reportada8, todavia, para o Brasil, este é o primeiro estudo que testa características de voo, predizendo ocupação vertical dos estratos. Estes dados reforçam ainda mais a hipótese de que, além da distribuição de recursos alimentares e abrigo, a forma da asa pode influenciar diretamente a ocupação vertical do espaço por morcegos neotropicais1,4,9.

Para frugívoros de subosque, a abundância mensal foi fortemente influenciada pelas variáveis analisadas (R2 = 0,8317; F = 5,9321; p = 0,0263), apresentando relações significativas com a disponibilidade de frutos maduros (p = 0,0241). Para as guildas de frugívoros de dossel (R2 = 0,7235; F = 3,1393; p = 0,0984), frugívoros oportunistas (R2 = 0,7426; F = 3,4617; p = 0,0816), nectarívoros (R2 = 0,3363; F = 0,6081; p = 0,7002) e outros (R2 = 0,4304; F = 0,9066; p = 0,5331), as abundâncias mensais não foram explicadas significativamente pelas variáveis analisadas.

Na guilda dos frugívoros de subosque houve diferença significativa na comparação da abundância mensal entre os estratos (H = 23,5351; p <0,001). para frugívoros de dossel (H = 3,7389; p = 0,1542); frugívoros oportunistas (H = 2,1141; p = 0,3475), nectarívoros (H = 3,3187; p = 0,1903) e outros (H = 4,3171; p = 0,1155) não houve diferença significativa.

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No subosque, a abundância mensal da guilda dos frugívoros de subosque e dos frugívoros onívoros foram fortemente influenciadas pelas variáveis analisadas (R2

= 0,787; F = 4,4395; p = 0,0493 e R2 = 0,839; F = 6,248; p = 0,0235, respectivamente), sendo que, para ambas, houve relação significativa com a pluviosidade (p = 0,052 e p = 0,0294, respectivamente). Para as demais guildas, neste estrato, não houve relação significativa entre abundância mensal e as variáveis analisadas. No sub-dossel, apenas para os frugívoros de dossel houve relação significativa entre a abundância mensal e as variáveis analisadas (R2 = 0,797; F = 4,7042; p = 0,0436), havendo relação significativa com a disponibilidade de frutos verdes (p <0,05). Para o dossel não houve relação significativa entre a abundância mensal e as variáveis analisadas para nenhuma das guildas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os obtidos no presente estudo indicam que, a estruturação vertical da assembleia amostrada difere em alguns aspectos de outros estudos realizados, visto que, para riqueza e diversidade não houve diferença significativa. Todavia, a abundância relativa das espécies e também das guildas, diferiu entre os estratos. Esta diferença foi relacionada a morfologia da asa dos grupos, uma vez que, para todos os grupos analisados, houve diferença significativa na ocupação dos estratos. Em específico para frugívoros de subosque, a disponibilidade de recurso, influenciou na abundancia mensal desta guilda, inclusive ocorrendo diferença quanto a utilização mensal dos estratos. Para cada estrato, a variação mensal na abundância das guildas foi influenciada por variáveis diferentes. A estruturação vertical das assembleias parece ser um aspecto extremamente dinâmico, com diferentes variáveis influenciando a ocorrência das espécies nos diferentes estratos, sendo difícil determinar qual ou quais delas apresentam maior significância.

REFERENCIAS

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and time. Zoology, 111: 281-297.

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South-Eastern Peru. The Zoological Society of London, 240: 637-658.

3HENRY, M.; GAUTIER-HION A. & COLYN M. 2004. Species composition, abundance and

vertical stratification of a bat community (Megachiroptera: Pteropodidae) in a West African rain forest. Journal of Tropical Ecology, 20: 21-29.

4BERNARD, E. 2001. Vertical stratification of bat communities in primary forests of Central

Amazon, Brazil. Journal of Tropical Ecology, 17: 115-126.

5SAMPAIO, E.M.; KALKO, E.K.V.; BERNARD E.; RODRIGUÉZ-HERRERA B. &HANDLEY C.O.

2003. A Biodiversity Assessment of Bats (Chiroptera) in a Tropical Lowland Rainforest of Central Amazonia, Including Methodological and Conservation Considerations. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 38 (1): 17-31.

6PEREIRA, M.J.R.; MARQUES J.T. & PALMEIRIM J.M. 2010. Vertical stratification of bat

assemblages in flooded and unflooded Amazonian forests. Current Zoology, 56 (4): 469-478.

7REX, K.; KELM D.H.; WIESNER K.; KUNZ T.H. & VOIGT C.C. 2008. Species richness and

structure of three Neotropical bat assemblages. Biological Journal of the Linnean Society, 94: 617-629.

8BONACCORSO, F.J. 1979. Foraging and reproductive ecology in a Panamanian bat

community. Bulletin of the Florida State Museum, Biological Sciences, 4: 359-408.

9FRANCIS, C.M. 1994. Vertical stratification of fruit bats in lowland rain forests of Malaysia.

Journal of Tropical Ecology, 10: 523-530.

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FECUNDIDADE E TAMANHO IDEAL DE CAPTURA EM PEIXES TELEÓSTEOS

FRANCIELI GONÇALVES AZEREDO

[email protected]

ORIENTADOR: PROFº DR. PAULO DE TARSO DA CUNHA CHAVES

LABORATÓRIO DE ICTIOLOGIA ESTUARINA

CNPq

Em peixes a fecundidade tende a aumentar juntamente com o tamanho do indivíduo, até certo limite onde passa a decair. Reconhecer os tamanhos com maior potencial reprodutivo é útil à gestão da pesca, conforme recomenda a I.N. MPA/MMA 09/2012. O presente trabalho avalia a variação de fecundidade em diferentes comprimentos de peixes teleósteos. Objetiva-se relacionar fecundidade com a variação do comprimento total (CT) dos espécimes analisados. Para esse estudo, exemplares de Isopisthus parvipinnis, Paralonchurus brasiliensis, Stellifer rastrifer, Cynoscion striatus, Larimus breviceps, Micropogonias furnieri, Centropomus pararelus e Centropomus undecimalis estão sendo adquiridos junto aos pescadores profissionais da região litorânea dos estados do Paraná e Santa Catarina desde dezembro de 2012. Em laboratório os exemplares são identificados quanto à espécie, medidos quanto ao comprimento total (CT) e classificados quanto ao sexo e estágio de maturação. As fêmeas maduras têm os ovários retirados e fixados em formol 10%. Para a contagem dos ovócitos, os dois ovários são pesados separadamente e, de cada um, retirada uma amostra que também é pesada e, em seguida, armazenada em frasco contendo formol 10% acrescido de água. A observação dos ovócitos é feita sob microscópio estereoscópico, e apenas os opacos, vitelogênicos, entram na contagem total. O número de ovócitos contados na amostra é extrapolado, por regra de três, para estimar o número total de ovócitos em cada gônada. A partir da soma desses dois números é obtido o valor da fecundidade absoluta (F) e, de sua divisão pela massa das gônadas, a fecundidade relativa (Fr). Amostras das gônadas passarão ainda por análises histológicas a fim de comprovar os resultados. Até o presente momento resultados parciais apontam uma correlação positiva entre CT do indivíduo, F e Fr de C. striatus e L. breviceps, reforçando a hipótese de que os indivíduos maiores possuem fecundidade mais alta se comparados com indivíduos menores da mesma espécie. Em I. parvipinnis F vem apresentando relação positiva com o CT dos indivíduos analisados, porém Fr não apresenta nenhum padrão aparente, fato que pode ser explicado pela desova parcelada da espécie. Em P. brasiliensis e S. rastrifer, que também apresentam desova parcelada, ainda não foi possível verificar uma relação entre CT dos individuos e fecundidade, porém as fecundidades mais altas são pertencentes a indivíduos maiores, o que permite a conclusão de que indivíduos maiores podem apresentar número de ovócitos altos ou baixos, dependendo da fase da desova em que foram coletados, mas que sua fecundidade total é superior à fecundidade dos indivíduos menores da mesma espécie. As espécies M. furnieri, C. pararelus e C. undecimalis ainda não possuem dados suficientes para análises preliminares.

Palavras-chave: pesca; reprodução; gestão da pesca.

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O PAPEL DA ANIDRASE CARBÔNICA E DAS AQUAPORINAS EM INVERTEBRADOS AQUÁTICOS DE DIFERENTES AMBIENTES

GIOVANNA CARSTENS CASTELLANO

[email protected]

ORIENTADOR: CAROLINA ARRUDA DE OLIVEIRA FREIRE

LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA COMPARATIVA DA OSMORREGULAÇÃO

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O oceano é bastante estável com relação aos demais ambientes aquáticos. Entretanto, nas regiões mais rasas de transição com os ambientes dulcícola ou terrestre, encontram-se ambientes desafiadores como a região de entre-marés e os estuários. Em ambos ocorrem variações diárias de fatores abióticos, como salinidade7.

Os animais aquáticos utilizam osmoconformação ou osmorregulação como estratégia fisiológica para enfrentar desafios salinos. Os osmoconformadores, contrariamente aos osmorreguladores, investem pouca energia em regular suas concentrações internas e, portanto, quando eurihalinos, devem apresentar alta capacidade de regular volume. Os invertebrados marinhos e alguns estuarinos são osmoconformadores. Os dulcícolas são necessariamente osmorreguladores, pois igualar suas concentrações internas às ambientais inviabilizaria a vida1,3,5,9. Porém, alguns invertebrados são extremamente diluídos internamente, como os bivalvos, hidrozoa (Hydra), e outros10.

O objetivo deste trabalho é o de caracterizar comparativamente os recursos e estratégias fisiológicas de ocupação de diferentes ambientes por invertebrados de distintos grupos zoológicos.

MATERIAL E MÉTODOS

No Capítulo 1 foram utilizadas as espécies marinhas de equinodermos (Holothuria grisea, Arbacia lixula e Echinometra lucunter), moluscos (Stramonita brasiliensis e Perna perna) e crustáceo (Hepatus pudibundus); as estuarinas de molusco (Mytella charruana) e crustáceo (Palaemon pandaliformis); e as dulcícolas de molusco (Anodontites trapesialis) e de crustáceos (Macrobrachium amazonicum, M. rosenbergii, M. potiuna, e Aegla parana). Estes invertebrados foram expostos às salinidades controle (35‰ para animais marinhos, 15‰ para estuarinos, 0‰ para dulcícolas) ou experimentais (30‰ para marinhos, 5‰ para estuarinos e dulcícolas) durante 24h. Foram colhidos aproximadamente 100µl de hemolinfa e água da cavidade do manto (ACM) dos moluscos, de hemolinfa dos crustáceos, e de fluido celômico dos equinodermos para dosagens das concentrações osmótica e iônica (sódio, cloreto, magnésio, potássio). Foram coletados fragmentos teciduais para determinação do teor hídrico (TH) e da atividade enzimática da anidrase carbônica (AC). AC foi também medida na presença de seu inibidor, acetazolamida (100μM), apenas nas amostras de um tipo de tecido, e uma espécie por grupo zoológico.

No Capítulo 2 foi avaliada a osmolalidade da hemolinfa, a massa das brânquias anteriores e posteriores, e a atividade constitutiva (em condição controle – salinidade 25 e disponibilidade de água 24h/dia) da AC branquial de machos dos crustáceos decápodes Sesarma rectum, Armases rubripes, Aratus pisonii, e Armases angustipes. Estas espécies apresentam diferentes graus de terrestrialidade. A atividade da AC foi

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quantificada também na presença de acetazolamida (100nM, 100μM), para todas as espécies.

No Capítulo 3 foram utilizadas paralarvas do molusco cefalópode Octopus vulgaris (marinho estenohalino), com 0 a 2 dias de idade. Estas foram submetidas às salinidades 33, 35 (controle) e 37 por 15min, 1 e 3h. Após o período de exposição, cada amostra foi constituída de 50 paralarvas que foram homogeneizadas e centrifugadas para obtenção dos fluidos corpóreos totais (intra e extracelulares), para medida de osmolalidade. Para determinar o TH as amostras consistiram de 10 paralarvas. Para determinação de substâncias positivas a ninidrina (NPS) foram homogeneizadas 5 a 10 paralarvas para cada amostra.

No Capítulo 4 foram utilizadas espécies de poliquetos de diferentes ambientes e graus de eurihalinidade, Scolelepis goodbody (marinho estenohalino), Laeonereis culveri (estuarino eurihalino), e Nephtys fluviatilis (estuarino, de águas diluídas, estenohalino). Foi quantificada a atividade da AC total constitutiva (em condição controle – S. goodbody em salinidade 35, e das demais espécies em salinidade 15), na ausência e na presença de acetazolamida 100μM. Foi também avaliada a capacidade de regulação de volume celular das espécies, sob desafios hipo e hiperosmóticos de 50% de intensidade com relação ao controle isosmótico aos fluidos corpóreos dos animais. Será medida a osmolalidade dos fluidos corpóreos (obtidos por homogeneização dos animais e centrifugação) em condição controle.

No Capítulo 5 será quantificada a osmolalidade dos fluidos corpóreos dos invertebrados (mesmos fluidos e espécies utilizados no Capítulo 1) para servir de base para a concentração da salina controle isosmótica da avaliação de regulação de volume; será avaliada a capacidade de regulação de volume celular sob desafios hipo e hiperosmóticos de 20 e 50% de intensidade com relação à salina isosmótica, e os mesmos na presença de cloreto de mercúrio 300μM (bloqueador da maioria das aquaporinas, envolvidas na regulação de volume celular); e será avaliada a expressão constitutiva de aquaporina 1 nos invertebrados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No capítulo 1 observou-se maior frequência e amplitude de gradientes osmóticos e iônicos em M. amazonicum e A. parana, seguidos por M. rosenbergii. Foi observada manutenção de gradientes de magnésio e principalmente de potássio por animais conformadores, como M. charruana para ambos os íons, e S. brasiliensis e E. lucunter para o potássio. Crustáceos dulcícolas são considerados reguladores fortes5, enquanto moluscos e principalmente equinodermos são tipicamente osmoconformadores, ou reguladores fracos (moluscos dulcícolas)1,4. Entretanto, a manutenção de gradientes de magnésio e potássio em osmoconformadores não é incomum8. O TH foi mantido estável no intestino das três espécies de equinodermos, no manto de P. perna, e no músculo de H. pudibundus, P. pandaliformis, M. amazonicum, M. rosenbergii e A. parana. Frequentemente, em invertebrados eurihalinos, a osmoconformação encontra-se associada à capacidade de manutenção de hidratação tecidual2, como observa-se aqui com a manutenção de TH pelos moluscos e equinodermos. Os crustáceos, embora tenham mantido o TH, seus tecidos foram expostos a um desafio menor, pois a concentração de sua hemolinfa variou pouco diante do desafio salino, ao contrário do que foi observado para P. perna, por exemplo. A atividade da AC permaneceu inalterada nos desafios salinos de todas as espécies. Entretanto esta atividade foi mais elevada no esôfago de E. lucunter do que nos demais tecidos desta espécie. Nas demais espécies não houve diferença na atividade enzimática entre os diferentes tecidos avaliados. Houve inibição da atividade da AC na presença de acetazolamida, o que confirma a atividade da enzima mencionada. Pretende-se discutir aqui não apenas o papel da AC na osmorregulação, mas também na regulação do equilíbrio ácido-base.

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No Capítulo 2 a osmolalidade de A. rubripes foi inferior à das demais espécies. A massa e a atividade da AC das brânquias posteriores foram superiores às das anteriores em todas as espécies. Esta atividade da brânquia anterior foi superior em A. rubripes e A. pisonii do que nas demais espécies. Na brânquia posterior, a de A. rubripes foi superior a todas as demais. Os resultados com acetazolamida não foram analisados. É provável que a atividade da AC esteja relacionada ao grau de eurihalinidade das espécies, e não apenas ao de terrestrialidade.

No Capítulo 3 constatou-se que as paralarvas de O. vulgaris são bastante estenohalinas. Apresentam alta concentração de NPS, o que potencialmente confere capacidade de regular volume celular, mas mesmo assim toleram pouca variação de salinidade. Isso é coerente com a ocorrência restrita dos cefalópodes ao ambiente marinho10.

No Capítulo 4 a atividade da AC de N. fluviatilis foi inferior à de S. goodbody e L. culveri, e foram observados diferentes graus de inibição da AC na presença de acetazolamida nas três espécies. Quanto à regulação de volume celular, S. goodbody e L. culveri apresentaram sinal de redução regulatória de volume na salina hiposmótica. Poliquetos realmente são eficientes em regular volume6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Conclui-se que a capacidade de regulação osmo-iônica e de manutenção de hidratação tecidual são estratégias fisiológicas utilizadas de forma diferencial por animais de diferentes grupos zoológicos e pelos que ocupam ambientes distintos. A atividade da AC foi maior em animais que habitam ambientes mais desafiadores.

Palavras-chave: osmorregulação; invertebrados; mudança de ambiente; anidrase carbônica; aquaporina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7QUEIROZ, G.M.N.; SPACH, H.L.; SOBOLEWSKI-MORELOS, M.; SANTOS, L.O.; SCHWARZ

JUNIOR, R. 2006. Caracterização da ictiofauna demersal de duas áreas do Complexo Estuarino de Paranaguá, Paraná, Brasil. Biociências, Porto Alegre, 14 (2): 112-124.

8ROBERTSON, J.D. 1949 Ionic regulation in some marine invertebrates. Journal of

Experimental Biology, 26(2): 182-200.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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9VOOYS, C.G.N. 1991. Anaerobic metabolism in sublittoral living Mytilus galloprovincialis in the

mediterranean—IV. Role of amino acids in adaptation to low salinities during anaerobiosis and aerobiosis. Comparative Biochemestry and Physiology, Part A, 100(2): 423-431.

10WILLMER, P.; STONE, G.; JOHNSTON, I. 2005. Environmental physiology of animals.

Second edition. Blackwell Science, Oxford.

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RELAÇÕES TRÓFICAS DE Centropomus (PERCIFORMES, CENTROPOMIDAE) USANDO DADOS DE PESCA ARTESANAL E RECREATIVA DAS REGIÕES

NORDESTE E SUL DO BRASIL

GISLEINE HOFFMANN DA COSTA E SILVA

[email protected]

ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHOA

GRUPO DE PESQUISA EM ICTIOFAUNA, MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL CAPÃO DA IMBUIA

CAPES

Os representantes dos Centropomus são popularmente conhecidos como robalos e estão distribuídos nos oceanos Pacífico e Atlântico. No Atlântico ocidental ocorrem seis espécies, as quais são encontradas em águas costeiras, estuarinas e doces. Os robalos possuem grande importância ecossistêmica, pois são classificados carnívoros oportunistas e de alto nível trófico. São considerados importantes recursos pesqueiros, tanto para pesca artesanal quanto recreativa, devido a sua carne possuir alta qualidade e valor comercial. Desta forma, medidas de manejo dos estoques são necessários para controlar e evitar a superexploração desse recurso pesqueiro. O uso da modelagem ecológica é uma ferramenta utilizada no manejo pesqueiro, e as informações geradas sobre as relações tróficas possibilitam um melhor entendimento do ambiente e suas propriedades ecossistêmicas. Ao aplicar os estudos de modelagem ecológica em espécies alvo da pesca comercial, os resultados geram dados importantes para identificar as possíveis mudanças na composição e estrutura das comunidades troficamente interconectadas. O presente trabalho tem como objetivo geral investigar as características alimentares das espécies de robalos em dois ecossistemas costeiros, uma na região nordeste e outro no sul do Brasil, analisando interações tróficas e avaliando a importância das espécies em cada ecossistema. Os estômagos dos peixes vêm sendo obtidos nos desembarques da pesca artesanal, nas visitas aos mercados de peixes e por meio do acompanhamento dos campeonatos da pesca esportiva. As coletas estão sendo realizadas mensalmente e terão a duração mínima de um ano, com início em março/2015. Para a região sul os exemplares estão sendo coletados nos municípios de Itapoá-SC, Guaratuba-PR e Paranaguá-PR, e na região do nordeste no município de Caravelas-BA. Até o momento já foram obtidos 163 exemplares de C. parallelus e 11 de C. undencimalis na região Sul e 28 exemplares de C. parallelus, 80 C. undencimalis e 193 C. pectinatus em Caravelas. Os conteúdos alimentares serão identificados e avaliados quanto a frequência de ocorrência, numérica, de peso e índice de importância alimentar. Posteriormente, análises de NMDS e de PERMANOVA serão aplicadas para verificar variações interespecíficas, ontogenéticas, temporais e espaciais nas dietas. Dados de sobreposição alimentar entre as espécies serão calculados usando o Índice de Pianka no software ECOSIM. Para a construção da matriz trófica serão verificadas as relações presa-predador e também o ―grau do nó‖, na qual estes dados serão visualizados no software NetDraw 2.075. Por último será analisado o índice de espécies-chave, que caracterizará a importância da espécie no ecossistema de acordo com sua posição trófica.

Palavras-chave: robalo; rede trófica; sobrepesca; dieta.

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COMUNIDADE DE AVES EM DOIS AMBIENTES INSULARES NO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

HENRIQUE CHUPIL

[email protected]

ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAÚJO MONTEIRO FILHO

LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS

A Floresta Atlântica abriga uma rica comunidade de aves, porém, graças à intensa pressão antrópica sobre o bioma, 61% das espécies de aves brasileiras ameaçadas ocorrem neste bioma. Este percentual deve-se em grande parte à degradação de seus hábitats e a caça predatória. Neste contexto, aves correspondem a um importante táxon para avaliar o nível de perturbação de um ambiente, influenciando na tomada de decisões para a conservação de um determinado ecossistema. Além disso, apresentam também uma importante relação mutualística com plantas frutíferas, consistindo em um elo na manutenção do ecossistema. Diante disso, objetiva-se estudar a comunidades de aves em remanescentes florestais localizados nas Ilhas de Cananéia e do Cardoso englobando os ambientes de Manguezal, restinga e floresta litorânea. Será abordado a riqueza, abundância, distribuição espaço-temporal, eventos migratórios e sobreposição na utilização de recursos alimentares pelas espécies frugívoras, auxiliando no entendimento da estruturação da comunidade em ambos os locais. Paralelamente a isso, identificar as principais ameaças que afetam a comunidade de aves e contribuir com ações de manejo visando à preservação das espécies. A coleta de dados ocorrerá mensalmente (início em agosto de 2015) e se estenderá por um período total de 24 meses. Serão empregadas as técnicas de identificação visual, auditiva e captura de indivíduos com redes-de-neblina nos diferentes ambientes, sendo realizado em dois dias em Cananéia (Manguezal e restinga) e quatro na Ilha do Cardoso (dois dias em áreas de Manguezal e restinga e dois dias na área de floresta). Os animais capturados serão pesados, medidos, anilhados e os eventos de frugivoria registrados utilizando o método focal ao percorrer as trilhas em ambas as áreas de estudo ou eventualmente através de sementes defecadas pelas aves. As plantas serão identificadas no local ou posteriormente através de consulta à literatura, seja dos ramos coletados, frutos, sementes ou plântulas germinadas. Será analisada a composição da comunidade e a abundância de aves entre os ambientes e entre as ilhas, além de avaliar a relação entre partilha de recursos, sazonalidade e diferenciação morfológica.

Palavras-chave: avifauna; guildas tróficas; conservação.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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USO DA MICROQUÍMICA E MICROESTRUTURA DE OTÓLITOS COMO FERRAMENTA PARA AVALIAR A ESTRUTURA POPULACIONAL, PADRÕES

MIGRATÓRIOS E CONECTIVIDADE ENTRE HABITATS EM PEIXES RECIFAIS DO SUDESTE-SUL DO BRASIL

JOHNATAS ADELIR-ALVES

[email protected]

ORIENTADOR: DR. HENRY LOUIS SPACH

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE PEIXES, CEM-UFPR

CO-ORIENTADOR: DR. ALBERTO TEODORICO RODRIGUES MOURA CORREIA

CIIMAR/UFP, PORTO, PORTUGAL.

CO-ORIENTADOR: DR. FELIPPE ALEXANDRE LISBOA DE MIRANDA DAROS

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE PEIXES, CEM-UFPR

CAPES

Ambientes recifais são muito abundantes e diversos, estando presentes em aproximadamente um terço do litoral brasileiro. Os costões rochosos representam o principal habitat para a biota recifal no sudeste e sul do Brasil. A assembleia de peixes recifais do Brasil é uma das mais diversas do mundo e apesar de existir um aumento considerável dos estudos, existem lacunas no conhecimento científico para algumas espécies do Oceano Atlântico Sul. Os peixes recifais constituem complexas comunidades nos recifes rochosos, que sustentam uma alta produção primária e apresentam alta diversidade de espécies. Algumas apresentam valor comercial pela pesca e para a aquariofilia. O conhecimento acerca da ecologia dos peixes é fundamental na identificação das unidades populacionais ou estoques, no estabelecimento de rotas migratórias e no estudo da conectividade entre as zonas de desova ou berçário, e respectivas zonas de recrutamento, crescimento e reprodução. Estudos com o uso de marcadores químicos dos otólitos permitem uma compreensão mais ampla e sistêmica do ciclo de vida dos peixes. Estas metodologias têm se mostrado eficazes e vantajosas, comparativamente aos estudos clássicos de genética molecular, nomeadamente com recurso ao DNA mitocondrial, uma vez que as espécies marinhas costeiras, com uma fase larval longa e elevada dispersão dos indivíduos, não têm padrões genéticos de diferenciação espacial, consequência do elevado fluxo gênico. Adicionalmente, a utilização das suas propriedades microestruturais e cronológicas, mais clássicas, permitem complementar os dados obtidos pela microquímica, nomeadamente na detecção de eventos marcantes no ciclo de vida dos peixes. Diante deste cenário os objetivos deste trabalho são: (i) caracterizar as assinaturas químicas elementares e isotópicas de otólitos de Abudefduf saxatilis e de Haemulon aurolineatum entre as ilhas costeiras do sul do estado de São Paulo, Paraná e norte do estado de Santa Catarina; (ii) caracterizar a microestrutura dos otólitos de A. saxatilis e H. aurolineatum e relacionar com eventos ontogênicos; (iii) avaliar a estrutura populacional de A. saxatilis e H. aurolineatum; (iv) avaliar padrões migratórios e conectividade entre as populações de A. saxatilis e H. aurolineatum; e; (v) descrever o uso do habitat por A. saxatilis e H. aurolineatum. Os resultados desta pesquisa podem ser utilizados como subsídios para futuros estudos e o entendimento de processos biológicos e ecológicos das espécies de peixes recifais, são ferramentas essenciais na definição de estratégias e políticas públicas, auxiliando a justificar e direcionar os recursos destinados às ações de conservação e preservação da biodiversidade.

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Palavras-chave: peixes recifais; estrutura populacional; migração; conectividade; conservação.

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USO DO ESPAÇO POR MORCEGOS EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

LUANA DE ALMEIDA PEREIRA

[email protected]

ORIENTADOR: JOÃO MARCELO DELIBERADOR MIRANDA

LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE DE MAMÍFEROS DO SUL DO BRASIL

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os morcegos constituem a segunda maior ordem entre os mamíferos, podendo representar cerca de 50% do total da riqueza da mastofauna nas florestas tropicais1,2. Por serem abundantes e desempenharem importantes papéis ecológicos3, estudos sobre as assembleias de quirópteros são de grande importância, pois permitem conhecer os fatores que possibilitam a coexistência deste grupo tão diversificado. Porém, fazer inferências sobre os aspectos ecológicos baseados em amostragem restrita ao nível do sub-bosque pode subestimar a diversidade e abundância de morcegos4,5.

No Brasil, alguns trabalhos amostrando o dossel foram feitos na Amazônia e na Mata Atlântica4,6,7,8,9,10. O uso diferenciado dos estratos florestais foi observado, mas não se estabeleceu um padrão, visto que em alguns trabalhos o dossel apresenta maior riqueza e abundância e em outros é o sub-bosque que apresenta tais características. Embora estes trabalhos tenham sido feitos em biomas diferentes, nenhum deles levou em consideração variáveis ambientais nos pontos de amostragem, que pudessem explicar de forma mais refinada a associação das espécies com tais variáveis.

Levando em consideração estas informações, o presente trabalho pretende testar se existem diferenças na riqueza, abundância e na diversidade de morcegos amostrados em três ambientes da Floresta Ombrófila Mista: Sub-bosque, dossel e áreas abertas. Além disso, pretende-se também testar as relações entre as abundâncias das espécies e variáveis ambientais associadas a cada ponto de amostragem.

MATERIAL E MÉTODOS

As amostragens de morcegos foram realizadas em duas localidades na região centro-sul do Paraná: (1) Parque Municipal São Francisco da Esperança (PSF) (25°03‘48‖S; 51°17‘53‖O) localizado no município de Guarapuava e (2) Jardim Botânico Faxinal do Céu (JFC) (25°54'23.05‖S; 51°35'44.40‖O) localizado no município de Pinhão. Ambas as localidades estão no Planalto de Guarapuava, uma região acima dos 1.000 m de altitude, onde o ambiente natural predominante é a Floresta Ombrófila Mista.

Para as capturas de morcegos, em cada localidade foram utilizadas 20 redes de neblina, sendo dispostas da seguinte maneira: 10 redes de neblina de 6x3m no sub-bosque, 5 redes de 12x3m em áreas abertas (bordas de mata e clareiras) e 5 redes de 12x3m no dossel. Cada localidade foi amostrada por duas noites consecutivas a cada mês entre os meses de setembro de 2014 a junho de 2015, totalizando 43.200 m²/h em cada tipo de ambiente. Associado a cada um dos 40 pontos de amostragem (rede) foram tomadas seis variáveis ambientais: (i) complexidade - COM, (ii) percentagem de cobertura do dossel - COB, (iii) heterogeneidade de cobertura do dossel - HCOB, (iv) altura do dossel - ALT, (v)

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diâmetro à altura do peito médio das oito árvores mais próximas ao ponto de amostragem - DAP e (vi) heterogeneidade do DAP - HDAP.

Para avaliar o uso do espaço pelas espécies de morcegos foram empregadas duas abordagens: (1) comparação da riqueza, abundância e diversidade entre os três ambientes amostrados através de análise de variância não paramétrica (Kruskal-Wallis) adotando o teste post hoc Mann-Whitney, tomando cada rede como réplica para cada ambiente e (2) avaliação através da Canonical Correspondence Analysis - CCA da relação entre as abundâncias das espécies e as seis variáveis ambientais. As análises foram feitas no software PaSt®, versão 2.14.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram feitas 207 capturas de morcegos pertencentes a 20 espécies de três famílias. Foram capturadas dez espécies no sub-bosque, dez espécies no dossel e 12 espécies em área aberta. As riquezas médias (por rede) foram: sub-bosque 2,26±0,46; dossel 1,8±1,23 e áreas abertas 3±1,66, não havendo diferenças entre as riquezas amostradas entre os três ambientes (H = 3,807; p = 0,149). O número de indivíduos capturados foi de 71 no sub-bosque, 25 no dossel e 92 em áreas abertas. As abundâncias médias (por rede) foram: sub-bosque 4,26±2,18; dossel 2,7±1,77 e áreas abertas 11±13,24, sendo que a abundância média de indivíduos capturados no dossel foi menor que no sub-bosque ou em áreas abertas (H = 7,085; p = 0,028). A diversidade no sub-bosque foi de H’ = 1,635, no dossel foi de H’ = 1,965 e nas áreas abertas foi de H’ = 1,167. As diversidades médias (por rede) foram: sub-bosque 0,66±0,46; dossel 0,41±0,52 e áreas abertas 0,73±0,52, também não havendo diferenças entre os ambientes (H = 2,485; p = 0,288).

Os resultados mostram que apesar de não serem encontradas diferenças significativas quanto à riqueza e diversidade nos três ambientes estudados, o dossel apresentou menor abundância, assim como o resultado obtido em Porto Alegre10. Aparentemente as espécies de morcegos usam estratos florestais, independentemente do tipo de floresta8. Algumas espécies insetívoras ocorreram exclusivamente no dossel, podendo explicar a menor abundância de espécies neste estrato, pois os morcegos insetívoros detectam as redes com facilidade2. Mesmo assim, o uso de redes no dossel melhorou a amostragem em termos de riqueza e diversidade.

Na CCA o primeiro eixo explicou 41,3% da variação encontrada, o segundo e o terceiro eixo explicaram 22,2% e 16,2% respectivamente. As variáveis que contribuíram significativamente para a formação dos eixos foram: complexidade (COM) (p = 0,05) e DAP (p = 0,03).

Foi possível distinguir 4 grupos através das informações da CCA. O primeiro grupo foi representado por Molossus molossus, Molossus rufus, Eptesicus taddeii e Histiotus velatus, relacionados positivamente à ALT, DAP, HDAP e COM, ou seja, utilizaram com maior frequência as áreas florestadas. No caso dos molossídeos (M. molossus e M. rufus), estes apresentam voo rápido também podendo forragear em áreas abertas, mas as quatro espécies são insetívoras aéreas, forrageiam em áreas florestadas à cima do dossel e são comumente capturadas neste estrato4,6,7,9,10,12.

Myotis ruber formou o segundo grupo e foi relacionado positivamente com COB e HCOB e negativamente com ALT e HDAP, utilizando ambientes de floresta secundária. Esta espécie já foi encontrada em florestas maduras, em estágios de início de sucessão, bordas de matas e florestas urbanas, e a existência de florestas húmidas é considerada um fator importante para a sua ocorrência13,14,15.

Lasiurus ega, Lasiurus cinereus, Pygoderma bilabiatum e Myotis albescens formam o terceiro grupo e foram relacionados negativamente com COB e HCOB.

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Estas espécies utilizaram com mais frequência as áreas abertas. Destas espécies, L. cinereus apresenta características para desenvolver um voo rápido e reto em áreas abertas16. O uso preferencial deste ambiente já foi observado também para Lasiurus borealis11. Myotis albescens pode ocorrer em clareiras, pastagens, terras agrícolas e zonas húmidas17. Com base nisto, pode-se considerar que as áreas abertas podem servir como local de forrageio mesmo em locais com interferência humana.

O quarto grupo foi formado por Anoura caudifer, Artibeus fimbriatus, Artibeus lituratus, Chrotopterus auritus, Carollia perspicillata, Desmodus rotundus, Sturnira lilium, Sturnira tildae, Eptesicus furinalis, Lasiurus blossevillii e Myotis izecksohni que não foram relacionadas às variáveis amostradas, sendo consideradas como generalistas nesta análise. As espécies pertencentes aos gêneros Artibeus, Carollia e Sturnira possuem a capacidade de explorar vários estratos vegetais, consumindo uma grande diversidade de frutos, podendo ser abundantes mesmo em ambientes altamente impactados18,19. A respeito das espécies generalistas, sabe-se que a maioria dos morcegos não está limitada a um determinado nível de floresta, embora algumas espécies possam forragear com mais frequência em estratos específicos7.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Apesar da primeira abordagem do presente trabalho ter encontrado apenas diferenças nas abundâncias de indivíduos capturados, a análise realizada aqui pode ser considerada mais robusta que as comumente apresentadas. Por outro lado, na segunda abordagem, houve um maior esclarecimento quanto ao uso do espaço pelas diferentes espécies amostradas. Esta segunda abordagem pode ser uma boa maneira de se conhecer as necessidades espaciais das diferentes espécies de morcegos.

Palavras-chave: Mammalia; Chiroptera; estratificação vertical; variáveis ambientais; Canonical Correspondence Analysis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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of residual rain forest vegetation at Los Tuxtlas, Mexico. Ecography, 24: 94-102.

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and time. Zoology, 111: 281-297.

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(Mammalia, Chiroptera) in Serra do Caraça Reserve, South-East Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 20(2): 347-350.

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7SAMPAIO, E.M.; KALKO, E.K.V.; BERNARD, E.; RODRIGUÉZ-HERRERA, B.; HANDLEY,

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assemblages in flooded and unflooded Amazonian forests. Current Zoology, 56:(4): 469- 478.

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9CARVALHO, F.; FABIAN, M.E.; MENEGHETI, J.O. 2013. Vertical structure of an assemblage

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10PIRES, D.P.S; FABIÁN, M.E. 2013. Diversidade, riqueza e estratificação vertical de espécies

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11DUCHAMP, J.E.; SWIHART, R.K. 2008. Shifts in bat community structure related to evolved

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12CANALS, M.; GROSSI, B.; IRIARTE-DÍAZ, J.; VELOSO, C. 2005. Biomechanical and

ecological relationships of wing morphology of eight Chilean bats. Revista Chilena de Historia Natural, 78: 215-227.

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manter a riqueza de espécies de morcegos (Mammalia, Chiroptera): um fragmento florestal grande ou vários fragmentos de pequeno tamanho? Revista Brasileira de Zoologia, 20: 225-230.

14WEBER, M.M.; ARRUDA, J.L.S.; CÁCERES, N.C. 2007. Ampliação da distribuição de quatro

espécies de morcegos (Mammalia, Chiroptera) no Rio Grande do Sul, Brasil. Biota Neotropica, 7: 293-296.

15WEBER, M.M.; TERRIBILE, L.C.; CACERES, N.C. 2010. Potential geographic distribution of

Myotis ruber (Chiroptera, Vespertilionidae), a threatened Neotropical bat species. Mammalia, 74: 333-338.

16BARCLAY, R.M.R. 1985. Long- versus short-range foraging strategy of hoary (Lasiurus

cinereus) and sylver haired (Lasionycteris noctivagans) bats and the consequences for prey selection. Canadian Journal of Zoology 63: 2507-2515.

17HANDLEY, C.O.JR. 1976. Mammals of the Smithsonian Venezuelan Project. Brigham Young

University Science Bulletin. Biological Series 20: 1-91.

18ESTRADA, A.; COATES-ESTRADA, R. 2002. Bats in continuous forest, forest fragments and

in a agricultural mosaic habitat-island at Los Tuxtlas, Mexico. Biological Conservation, 103(2): 237-245.

19PASSOS, F.C.; SILVA, W.R.; PEDRO, W.A.; BONIN, M.R. 2003. Frugivoria em morcegos

(Mammalia, Chiroptera) no Parque Estadual de Intervales, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 20(3): 511-517.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS VIVOS NOS SEDIMENTOS DO TALUDE CONTINENTAL DA BACIA POTIGUAR,

RIO GRANDE DO NORTE (BRASIL)

LUCIANA CRISTINA DE CARVALHO SANTA ROSA

[email protected]

ORIENTADOR: MARIA ANGÉLICA HADDAD

LABORATÓRIO DE ESTUDOS DE CNIDARIA, UFPR

CO-ORIENTADOR: SIBELLE TREVISAN DISARÓ

LABORATÓRIO DE FORAMINÍFEROS E MICROPALEONTOLOGIA AMBIENTAL (LaFMA-CEM-UFPR)

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Foraminíferos compõem um grupo de organismos eucariontes, unicelulares e predominantemente marinhos. A maioria das espécies é bentônica e algumas são planctônicas. Sua característica mais conspícua é a presença de uma carapaça composta de uma ou mais câmaras, que pode ter composição orgânica ou mineral, ou ainda ser constituída por partículas exógenas1,2.

A maior parte dos estudos desenvolvidos com o grupo têm sido realizados em ambientes bentônicos da plataforma continental, e assim o conhecimento a respeito da ecologia de foraminíferos em regiões profundas é menor se comparado aos demais ambientes3. No Brasil, poucos estudos foram desenvolvidos nas áreas de talude, sendo que a maior parte está localizada na região sudeste (Bacia de Campos4,5,6,) e região nordeste (Bahia7,8, Sergipe9 e Rio Grande do Norte10). Esses estudos geralmente analisam a camada superficial do sedimento abrangendo até dois centímetros de profundidade, onde frequentemente ocorrem as maiores densidades de foraminíferos11, entretanto, não é sabido se, ao incorporar mais alguns centímetros abaixo da camada superficial, novas espécies ou mais espécimes podem alteram significativamente o padrão de distribuição, acarretando resultados diferentes na caracterização destas áreas.

A exploração de ambientes de mar profundo tem se mostrado cada vez mais frequente, e portanto, faz se necessário maior conhecimento a respeito das comunidades que ocupam esses ambientes, visando mitigar ou recuperar danos causados pelas atividades humanas.

O objetivo do presente resumo é apresentar os resultados parciais da estrutura da comunidade dos foraminíferos bentônicos vivos no estrato subsuperficial (3-5 cm) do talude da Bacia Potiguar (RN), abordando a densidade, composição e diversidade, e mostrando os padrões espaciais das associações, e suas correlações com alguns parâmetros abióticos. Os dados relacionados à superfície (0-2 cm) assim como o dos estratos agrupados (superfície e subsuperfície) serão analisados posteriormente.

MATERIAL E MÉTODOS

As coletas foram realizadas na área de talude da Bacia Potiguar, costa setentrional do Estado do Rio Grande do Norte. As estações de coleta foram distribuídas ao longo de 4 isóbatas: 150 m, 400 m, 1000 m e 2000 m; em 5 transectos perpendiculares à linha de costa. Os sedimentos foram coletados com Box-Corer e

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van Veen modificado; amostras de foraminíferos foram coletadas com gabaritos em inox (10 x 10 x 10 cm) e separadas em estratos de 0-2 cm e 3-5 cm e armazenadas em potes de polietileno (1L). A fixação foi realizada com solução de formol 4% tamponado com tetraborato de sódio e coradas com Rosa de Bengala para evidenciar a presença de protoplasma. Dados físico-químicos foram obtidos com a sonda perfiladora CTD e os sedimentos foram descritos macroscopicamente. Em laboratório as amostras foram lavadas em peneiras (malha de 63 µm), secas em estufa à 60°C e tiveram o volume padronizado a 100 cm3. Foram separadas por granulometria para triagem; a fração ≥ 250 µm foi triada integralmente e a fração <250 µm foi quarteada para a triagem e posteriormente corrigida para o volume total. Triagem e identificação foram realizadas sob microscópio estereoscópio com auxílio de fotos de microscopia eletrônica de varredura.

As análises foram realizadas apenas com foraminíferos não tubulares, seguindo o método mais usual para foraminíferos de mar profundo. Espécies tubulares são geralmente fragmentadas e podem ser superestimadas, então serão analisadas à parte, com método semiquantitativo. Exemplares indeterminados não foram incluídos nestas análises preliminares, realizadas no software PAST12.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As 16 amostras triadas até o momento registraram 6.206 indivíduos e 495 espécies distribuídas em cerca de 100 gêneros. Neste resumo serão apresentados dados referentes à três dos cinco transectos que farão parte do estudo, pois deles todas as quatro profundidades amostradas já foram triadas e identificadas.

A densidade foi maior na isóbata mais rasa (MT55, 150 m) com valor máximo de 780 indivíduos vivos/100 cm3, decaindo significativamente a 2000 m (MT84) com valor mínimo de 101 indivíduos/100 cm3. A riqueza média variou entre 42 e 70 espécies entre 150 m e 1000 m e diminui para 31 espécies a 2000 m. O talude da Bacia de Campos também apresentou uma tendência geral de diminuição da densidade das estações mais rasas para as mais profundas5. Da mesma forma que o registrado na margem continental portuguesa13 e no Sul da China14 onde a abundância mínima de indivíduos também se deu no local mais profundo (~2.000 m).

Uma análise de agrupamento prévia, com base nas espécies de foraminíferos, mostrou a formação de dois grupos bem distintos: um que reuniu as estações com menor profundidade (150 m e 400 m) e outro com as estações mais profundas (1.000 m e 2.000 m). O coeficiente de correlação cofenético (0,8866) indica que esse agrupamento é uma boa representação da matriz original.

A constituição da parede da carapaça dos foraminíferos é uma característica que pode indicar, de forma geral, o tipo de ambiente onde as espécies se encontram. Observou-se o predomínio de foraminíferos calcário-hialinos a 150 e 400 m de profundidade (média de 70 e 77%, respectivamente), seguido pela diminuição proporcional em direção às estações mais profundas (média de 48 e 34 % a 1.000 e 2.000 m, respectivamente), enquanto foraminíferos de carapaça aglutinante aumentaram gradualmente em direção às estações mais profundas (média de 22 e 18% nas estações mais rasas e 44 e 55% nas mais profundas). Esse padrão é comum em outros ambientes de talude, como o da Bacia de Campos5 e do Sul da China14.

Com base na frequência relativa, verificou-se que a 150 m de profundidade espécies do gênero Angulogerina, juntamente com Sigmovirgulina tortuosa foram dominantes, enquanto a 400 m Trifarina bradyi dominou, seguida por Siphonina spp. e Psammosphaera fusca e Lagenammina spp., as duas últimas são aglutinantes. A 1.000 m as espécies calcário-hialinas apresentaram maiores frequências relativas, destacando-se Nuttallides umbonifera (identificação a ser confirmada) que apresentou

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a maior frequência relativa. A 2.000 m as maiores frequências relativas encontram-se entre as espécies Nuttallides umbonifera (calcária-hialina) e Technitella harisii (aglutinante), seguidas por um domínio de aglutinantes.

Análises fatoriais (PCA) preliminares mostraram que a temperatura é o parâmetro ambiental com maior contribuição na explicação do padrão espacial. Estações mais rasas (150 m e 400 m) possuem temperaturas mais altas (entre 22,7 e 7,3°C, respectivamente) enquanto as mais profundas apresentam temperaturas menores (4,2 a 3,4°C a 1.000 e 2.000m, respectivamente). Complementarmente a presença de sedimentos com maior quantidade de areias nas áreas mais rasas e maior teor de lama nas áreas mais profundas associados a outros fatores também ajudaram a explicar os padrões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Embora estas análises estejam centradas nos dados de subsuperfície, as tendências observadas mostram-se em concordância com o observado para estratos superficiais (0 e 2 cm) do talude. O predomínio de calcário-hialinos e maiores densidades nas áreas mais rasas, contrapondo-se ao predomínio de aglutinantes e menores densidades nas áreas mais profundas, tem se mostrado uma tendência consistente nos estudos de mar profundo. Associado a isso, observa-se uma forte diminuição da riqueza aos 2.000 m de profundidade. Maiores informações sobre a ecologia de foraminíferos e novos dados poderão ser obtidos após a conclusão das triagens e identificação das espécies do estrato subsuperficial. Adicionalmente, a comparação detalhada destes dados com os do sedimento superficial poderão orientar pesquisadores sobre a real necessidade de se incorporar ou não estratos mais profundos nas propostas de monitoramento ambiental em mar profundo.

Palavras-chave: foraminíferos; talude; Bacia Potiguar; distribuição espacial; distribuição vertical.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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University Press, 2006. 426 p.

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6DISARÓ, S.T. Caracterização da plataforma continental da Bacia de Campos (Brasil, SE)

fundamentada em foraminíferos bentônicos recentes. 182 f. Tese (Doutorado em Geociências). Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

7ARAÚJO, T.M.F.; ARAÚJO, H.A.B. Assembleias de foraminíferos dos sedimentos superficiais

da plataforma continental e talude superior do norte da Bahia. Revista de Geologia, v.23, n.1, p.115-134, 2010.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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8ARAÚJO, T.M.F.; MACHADO, A.J. Análise Sedimentar e Micropaleontológica (Foraminíferos)

de Seções Quaternárias do Talude Continental Superior do Norte da Bahia, Brasil. Revista Pesquisas em Geociências, v.35, n.2, p. 97-113, 2008.

9VIEIRA, I.B. Composição e distribuição dos foraminíferos do talude continental superior

ao longo da costa de Sergipe, Brasil. 83 f. Dissertação (Mestrado em Geociências). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2014.

10DISARÓ, S. T. WATANABE, S. TOTAH, V.; BARBOSA, V. P. KOUTSOUKOS, E. A. M.;

ITICE, I. PUPO, D. V.; CHIAVERINI, A. P.; VEIGA I. M. Foraminíferos. In: Márcia de França Rocha (eds.). Relatório Integrador do Programa de monitoramento Ambiental da Bacia Potiguar, IBAMA, Inédito (acesso restrito). Rio de Janeiro, cap. 17. 2006.

11JORISSEN, F. Benthic foraminiferal microhabitats below the sediment-water interface In: SEN

GUPTA, B. K. (Ed.) Modern Foraminifera. Dordrecht: New York: Kluwer Academic Publishers, 2003. p.161-179.

12HAMMER, Ø.; HARPER, D. A. T. & RYAN, P. D. Past: Paleontological Statistics Software

Package for Education and Data Analysis. Palaeontologia Electronica, 4(1), 9pp, 2011. Disponível em: http://www.palaeo-electronica.org/2001_1/past/issue1_01.htm. Acesso em 01/07/2015

13HIPPS, M.; JORISSEN, F.; PUSCEDDU, A.; BIANCHELLI, S. ESTIGTER, H. Live benthic

foraminiferal faunas along a bathymetrical transect (282–4987 m) on the portuguese margin (NE Atlantic). Journal of Foraminiferal Research, v.42, n.1, p.66-81, 2012.

14SZAREK, R.; KUHNT, W.; KAWAMURA, H.; NISHI, H. Distribution of recent benthic

foraminifera along continental slope of the Sunda Shelf (South China Sea). Marine Micropaleontology, v.71, p. 41–59, 2009.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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ESCALAS DE VARIAÇÃO ESPACIAL DE EMISSÕES SONORAS DE Sotalia guianensis DE ACORDO COM FATORES FÍSICO-QUÍMICOS E GEOGRÁFICOS

DE DUAS ÁREAS DO LITORAL BRASILEIRO

LUCIMARY STEINKE DECONTO

[email protected]

ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO FILHO

LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE VERTEBRADOS

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O som é uma onda mecânica e longitudinal que se propaga tridimensionalmente pelo espaço e apenas em meios materiais, sendo caracterizado pela sua velocidade (dependente da densidade do meio de transmissão), frequência, comprimento de onda e a amplitude1. No oceano o som se propaga de forma eficiente, em alta velocidade e potencialmente a grandes distâncias, propagando-se quase cinco vezes mais rápido do que no meio aéreo2. A variação da velocidade do som no oceano depende de três

parâmetros físicos: temperatura, salinidade e profundidade, sendo a temperatura o fator mais importante3. Por exemplo, quanto maior a temperatura, salinidade e turbidez da água maior será a velocidade de propagação do som emitido4.

Alguns estudos mostram a importância dos parâmentros físico-químicos da água para a comunicação entre cetáceos. Baron et al.5 demonstram que os parâmetros acústicos dos assobios de Stenella frontalis variam entre populações adjacentes de áreas costeiras e oceânicas do Atlântico Norte devido às diferenças nas condições ambientais em cada habitat. Os autores citam a profundidade, temperatura e níveis de ruído como fatores modificadores da propagação do som na água, explicando as diferenças entre os assobios de populações costeiras e oceânicas. Morisaka et al.6 apontam para uma mudança no contorno, na duração e na frequência de assobios de Tursiops truncatus dependendo das características do ambiente em que esta espécie ocorre, sendo as diferenças encontradas entre regiões devidas ao nível de ruído que o ambiente apresenta, com assobios de mais alta frequência, mais longos e com maior número de pontos de inflexão em ambientes ruidosos. Azzolin et al.7 apontam também uma correlação entre os assobios de Stenella coeruleoalba e características ambientais do Mar Mediterrâneo. O estudo demonstra que a frequência e duração dos assobios desta espécie decaem com a profundidade e intensidade do vento, respectivamente. Estes dois parâmetros ambientais são os principais geradores naturais de ruídos no oceano, segundo os autores. Assim, S. coeruleoalba parece emitir sons mais curtos quando a intensidade do vento é maior e gera ruídos mais intensos no mar.

Alguns autores8,9 identificaram variações latitudinais para os assobios de Sotalia guianensis, sendo as frequências iniciais e mínimas destes sons menores em populações encontradas na distribuição mais ao sul da espécie. Uma das hipóteses apresentadas para explicar a existência de variações geográficas nos assobios de populações de S. guianensis estava relacionada às diferenças das áreas de estudo, pois enquanto as regiões ao sul do país apresentam áreas mais abrigadas como baías, as regiões do norte do país são áreas abertas de costa litorânea9. Tais locais apresentam parâmetros ambientais, como temperatura, salinidade e turbidez distintos. Portanto, ambientes semelhantes propiciam propagação do som e atividades comportamentais semelhantes. De forma semelhante, foram apontadas diferenças nos assobios de duas populações de T. truncatus da América Central, mas

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similaridades entre estas populações e populações distantes da América do Norte e sul da América do Sul10. Os autores afirmam que as similaridades entre populações distantes podem refletir condições acústicas semelhantes que induzem os animais a responderem também de maneira similar. De modo semelhante, populações de S. guianensis que habitam regiões de estuário podem apresentar parâmetros de assobios próximos em função das semelhanças bióticas e abióticas existentes nos sistemas estuarinos e devem ser diferentes quando comparados a áreas costeiras abertas com características ambientais e biológicas distintas. Para aves também já se tem noticiado diferenças na propagação do som conforme as características ambientais11,12. Estes estudos mostram que quanto maior a densidade da vegetação, menor será a frequência dos sons emitidos pelas aves, já que menores frequências são menos atenuadas por obstáculos no ambiente.

Mais recentemente, foi sugerido que variações nos assobios de S. guianensis ocorrem devido a diferenças nas condições ambientais em que cada população vive13. Assim, o objetivo deste estudo é determinar quais são as características físico-químicas do ambiente que possuem maior influência sobre os parâmetros de frequência e intensidade de sons modulados e pulsados de S. guianensis sob diferentes escalas de variação espacial no litoral do Sudeste e Nordeste do Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

Durante o desenvolvimento deste estudo, dois diferentes sistemas costeiros serão amostrados: a Praia de Pipa (RN) e o Complexo Estuarino de Cananéia (SP). As características ambientais são importantes fatores de influência nas emissões sonoras de Sotalia guianensis9,13. Assim, visando a entender como os parâmetros do meio afetam a propagação do som desta espécie, os setores Nordeste e Sudeste foram escolhidos devido às diferentes condições ambientais e geográficas em que estes golfinhos estão submetidos ao longo de sua distribuição. O estudo consiste em reproduzir no ambiente aquático, sons de S. guianensis com parâmetros de frequência e intensidade conhecidas sob diferentes condições ambientais. A amostragem será realizada utilizando um desenho amostral misto, incorporando diferentes escalas de variabilidade espacial. Dentro de cada Setor, uma área de águas internas e uma de águas externas serão amostradas (Local). Dentro de cada Local serão emitidos sons a 10, 50, 100 e 500m (Sítios) da embarcação que irá captar o som. Dentro de cada Sítio amostral serão realizadas três repetições de emissão/captação de sons do golfinho previamente registrados, sendo coletadas três amostras de parâmetros físico-químicos como temperatura, salinidade, turbidez e profundidade a cada distância.

A variação das emissões sonoras de acordo com os parâmetros físico-químicos da água será analisada através de um modelo misto de análise de variância para estimar a variabilidade em cada uma das escalas espaciais amostradas e os componentes de variância associados a cada uma delas14. Após estas análises, testaremos a hipótese de adaptação sonora ao meio, correlacionando os dados obtidos nos testes (Análise de Correlação) aos coletados diretamente dos animais nas duas localidades amostrais. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Foram realizadas expedições de campo nos meses de março e julho de 2015 em Cananéia e está programada uma expedição de campo no Rio Grande do Norte em agosto de 2015. Analisando os dados destas duas expedições de campo, o método só se mostrou eficiente para som modulado de baixa frequência, sendo que os outros tipos de sons não tiveram mantidas suas características para posterior análise das eventuais mudanças nos parâmetros de frequência e intensidade. No entanto, para o som modulado de baixa frequência foi possível perceber um decréscimo da intensidade conforme a distância emissor-receptor, com o local de águas externas e

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de maior influência marinha apresentando sons mais intensos do que o local mais interno da área de estudo. Os parâmetros ambientais mais variáveis foram a turbidez e profundidade em Março e em Julho apenas a temperatura e o oxigênio dissolvido não variaram em águas externas e a profundidade em águas internas. Na área interna, com pequena profundidade e maior distância (500m) o som quase não foi detectado pelo hidrofone em Março. Portanto, parece haver uma propagação diferencial dos sons de S. guianensis conforme as condições ambientais.

Palavras-chave: assobios; parâmetros ambientais; estuário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1BERTA, A.; SUMICH, J. L.; KOVACS, K. M. Marine Mammals Evolutionary Biology.

Academic, pp. 547, 2006.

2NOWACEK, D. P.; THORNE, L. H.; JOHNSTON, D. W.; TYACK, P. L. 2007. Responses of

cetaceans to anthropogenic noise. Mammal Rev. 37: 81-115.

3BRADLEY, D. L.; STERN, R. 2008. Underwater sound and the marine mammal acoustic

environment: A guide to fundamental principles. US Marine Mammal Commission. Disponível em: www.mmc.gov/reports. Acesso em: 21/01/2014.

4AU, W. W. L.; HASTINGS, M. C. Principles of Marine Bioacoustics Springer, pp. 680, 2008.

5BARON, S. C.; MARTINEZ, A.; GARRISON, L. P.; KEITH, E. O. 2008. Differences in acoustic

signals from delphinids in the western North Atlantic and northern Gulf of Mexico. Marine Mammal Sci. 24: 42-56.

6MORISAKA, T.; SHINOHARA, M.; NAKAHARA, F.; AKAMATSU, T. 2005. Effects of ambient

noise on the whistles of Indo-Pacific bottlenose dolphin populations. J. Mammal. 86: 541-546.

7AZZOLIN, M.; PAPALE, E.; LAMMERS, M. O.; GANNIER, A.; GIACOMA, C. 2013. Geographic

variation of whistles of the striped dolphin (Stenella coeruleoalba) within the Mediterranean Sea. J. Acoust. Soc. Am. 134: 694-705.

8AZEVEDO, A. F.; VAN SLUYS, M. 2005. Whistles of tucuxi dolphins (Sotalia fluviatilis) in

Brazil: comparisons among populations. J. Acoust. Soc. Am. 117: 1456-1464.

9ROSSI-SANTOS, M. R.; PODOS, J. 2006. Latitudinal variation in whistle structure of the

estuarine dolphin Sotalia guianensis. Behaviour 143: 347-364.

10MAY-COLLADO, L. J.; WARTZOK, D. 2008. A comparison of bottlenose dolphin whistles in

the Atlantic Ocean: Factors promoting whistle variation. J. Mammal. 89: 1229-1240.

11WILEY, R. H. 1991. Associations of song properties with habitats for territorial oscine birds of

eastern North America. Amer. Nat. 138: 973-993.

12DERRYBERRY, E. P. 2009. Ecology shapes birdsong evolution: variation in habitat and

morphology explains variation in white-crowned sparrow song. Amer. Nat. 174: 24-33.

13DECONTO, L. S.; MONTEIRO-FILHO, E. L. A. 2013. High initial and minimum frequencies of

Sotalia guianensis whistles in the southeast and south of Brazil. J. Acoust. Soc. Am. 134: 3899-3904.

14UNDERWOOD, A. J. Experiments in Ecology. Their logical design and interpretation

using analysis of variance. Cambridge University Press, pp. 504, 1997.

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ESTRATÉGIAS DA PESCA DE EMALHE EM MATINHOS-PR: IMPLICAÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA

MAÍRA GNOATTO AFONSO

[email protected]

ORIENTADOR: PAULO DE TARSO DA CUNHA CHAVES

LABORATÓRIO DE ICTIOLOGIA ESTUARINA

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O recurso pesqueiro está atingindo o nível de colapso total, já que cerca de 25% da pesca mundial é considerada sobre-explotada1. Este cenário insustentável sugere que precisamos de uma completa reavaliação dos métodos que utilizamos para a gestão pesqueira. Desta forma, a pesquisa pesqueira tem como principais objetivos: avaliar potenciais para orientar futuros investimentos; diagnosticar o estado dos recursos e prever tendências nas capturas; e contribuir para uma explotação mais racional dos recursos pesqueiros, propondo linhas de ação para a administração2. Cerca de 45% do pescado produzido no Brasil é proveniente da pesca artesanal3. São variadas as estratégias de pesca artesanal praticada em comunidades do litoral sul do Paraná. Estas adequam os petrechos à safra esperada e as espécies desembarcadas sinalizam um forte grau de oportunismo em suas estratégias4.

A comunidade de pesca artesanal de Matinhos destaca-se por sua alta produtividade pesqueira no litoral do Paraná5. A rede de emalhe está entre os petrechos de pesca mais utilizado, e suas estratégias de uso, como o tamanho de malha, altura, profundidade e local de operação das redes, variam ao longo do ano. Este trabalho objetiva avaliar se, e como, a variabilidade de estratégias utilizadas na pesca de emalhe em Matinhos pode ser favorável à conservação da ictiofauna. Tais dados podem levantar hipóteses eficientes para a maximização do aproveitamento do recurso pesqueiro de maneira sustentável.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados foram obtidos ao acompanhar o desembarque das redes de emalhe. Pescadores foram entrevistados quanto a sua pescaria no respectivo dia, durante 3 dias por mês, no período entre junho de 2014 a julho de 2015. Para identificar as estratégias utilizadas por eles, questionou-se: fauna alvo, arte de pesca, tamanho da malha, tamanho e local de operação da rede. Dos peixes desembarcados foram reconhecidas as espécies ao menor nível taxonômico possível, e o comprimento total (CT) foi obtido aleatoriamente dos exemplares disponíveis, dentro das condições de cada desembarque.

Assim, comparou-se a sazonalidade da composição da ictiofauna em relação às diferentes estratégias de captura quanto a: (1) quais e quantas espécies por arte de pesca; (2) seletividade do tamanho da malha quanto ao tamanho dos indivíduos; e (3) captura diferenciada de jovens e adultos das espécies-alvo, segundo época do ano.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante os 14 meses de coleta foram realizadas 294 entrevistas com 42 pescadores, totalizando mais de 35 espécies identificadas e 2300 exemplares amostrados. As estratégias de pesca variaram de acordo com a estação e com o recurso disponível e/ou recurso-alvo. Essas variações apresentam-se nas quatro artes

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de pesca: caracol e fundeio, que operam fixadas ao fundo com no máximo de 5 m de altura, e cerco e caceio, que operam em toda a coluna d‘água, com redes de até 26 m de altura; e também nos diferentes tamanhos de malha, que podem medir de 5 a 30 cm entre nós opostos.

Caracol é a arte de pesca menos utilizada. Com malha de 7 cm, durante outono-inverno, captura uma gama de pequenos peixes localmente conhecidos como mistura. Essa estratégia capturou mais de 14 espécies de peixes, com destaque para Macrodon ancylodon (pescada-bembeca) cujo CT variou de 27 a 35 cm.

Quanto ao fundeio, cerco e caceio, constataram-se três situações: (1) uma mesma arte e um mesmo tamanho de malha atuando sobre diferentes alvos em diferente locais, conforme a época. Exemplo: fundeio com malha 18 cm, que no inverno objetiva a captura de Paralichthys spp (linguados), com CT entre 37 e 81 cm, enquanto na primavera é voltado para Genidens barbus (bagre) com CT entre 53-83 cm; (2) uma mesma arte com diferentes tamanhos de malha. Exemplo: durante o verão, o fundeio é realizado principalmente com malha 10 e 12 para a captura de cações de pequeno porte (Carcharhinus spp e Sphyrna spp), com variação de CT entre 59 e 138 cm, enquanto com malha 30 cm para a pesca de grandes cações a mais de 20 milhas da costa, com CT maior que 200 cm; (3) mesmo tamanho de malha em diferentes artes para diferentes alvos, conforme a época. Exemplo: as redes de malha 10 cm são utilizadas para a captura de Mugil liza (tainha) com cerco no inverno (CT: 53-67 cm), Cynoscion leiarchus (pescada branca) com o caceio na primavera e verão (CT: 39-57 cm) e Scomberomorus brasiliensis (cavala) em todas as estações (CT: 24-89 cm) utilizando ambas as artes. Esta espécie é o recurso local mais perene, e por ser capturada o ano todo, verificou-se captura diferenciada de jovens e adultos. Os jovens são capturadas como fauna acompanhante do caceio específico para o camarão pistola (Penaeus spp), que utiliza a malha 5 ou 5,5 cm no final do verão.

Juntamente à variação nas espécies-alvo, associada ao espectro de artes e de tamanhos de malha, muda a fauna acompanhante. Na pesca de linguado e de bagre é frequente a ocorrência de corvina, garoupa, cabrinha, cação-gardino e raia viola. E na de cavala, são acompanhantes salteira, bonito e peixe-espada. Observou-se que essa biodiversidade acompanhante pode estar mais associada com arte de pesca do que com tamanho da malha, uma vez que o fundeio desembarca mais espécies de variados tamanhos do que o cerco, que é a arte mais específica.

O expressivo rol de espécies e tamanhos de peixes desembarcados é consequência direta da variação temporal no uso de artes e petrechos, ou seja, variação das estratégias de pesca. O mesmo petrecho pode ser utilizado em estrategias diferentes assim como a mesma arte de pesca varia ao longo do ano com a mudança de malha e de local de fixação da rede. Isso atesta a versatilidade dos pescadores e a distribuição temporal do esforço entre os diversos recursos disponíveis em cada época.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Estudos em biologia pesqueira devem orientar-se para o manejo integrado, priorizando concomitantemente a conservação do ambiente e das práticas da comunidade local. O trabalho têm permitido o conhecimento das práticas de pesca artesanal na comunidade de Matinhos, que caracterizam-se por variadas estratégias e múltiplas espécies-alvo, distribuindo temporalmente o esforço entre os recursos. Assim, alcança-se um melhor entendimento sobre a quais pressões antrópicas está submetida a ictiofauna da região. Isso permite aprofundamentos em estudos sobre conservação e utilização sustentável do recurso pesqueiro. A fim de embasar a gestão pesqueira deve-se avaliar quali- e quantativamente a exploração do estoque. E para tal, é essencial que os censos de pesca artesanal, não realizados desde 2011, sejam

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retomados no país como medida primordial para o ordenamento pesqueiro nesta categoria.

Palavras-chave: petrecho; arte de pesca; recurso pesqueiro; gestão pesqueira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1BARBIERI, L. R.; LOWERRE-BARBIERI, S. K. 2009. Sucesso reprodutivo e plasticidade de

estoque pesqueiro: O que precisamos saber para melhorar o manejo da pesca. I Simposio iberoamericano de ecología reproductiva, reclutamiento y pesquerías, p. 11-18.

2HAIMOVICI, M., 1997. Recursos pesqueiros demersais da região sul: avaliação do

potencial sustentável de recursos vivos da zona econômica exclusiva (Revizee). Rio de Janeiro: FEMAR. 81 p.

3MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA. 2011. Disponível em: <http://www.mpa.gov.br>

Acesso em 05/08/2014.

4CHAVES, P.T.; ROBERT, M.C. 2003. Embarcações, artes e procedimentos da pesca

artesanal no litoral sul do Estado do Paraná, Brasil. Atlântica, 25 (1): 53-59.

5ANDRIGUETTO-FILHO, J.M.; CHAVES, P.T.; SANTOS, C.; LIBERATI, S.A. 2006. Diagnóstico

da pesca no litoral do estado do Paraná. In: Isaac, V.N.; Haimovici, M.; Martins, S.A.; Andriguetto, J.M. (Org). A pesca marinha e estuarina do Brasil no início do século XXI: recursos, tecnologias, aspectos socioeconômicos e institucionais. Belém; UFPA: 41-66.

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FISIOLOGIA A SERVIÇO DA CONSERVAÇÃO: INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS EM PROCESSOS ESSENCIAS À VIDA EM RAIAS E TUBARÕES

NATASCHA WOSNICK

[email protected]

ORIENTADOR: CAROLINA ARRUDA DE OLIVEIRA FREIRE

LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA COMPARATIVA DA OSMORREGULAÇÃO

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Raias e tubarões são importantes componentes do ecossistema marinho, ocupando posições tróficas elevadas que determinam o equilíbrio da biota aquática1. Registros fósseis indicam surgimento há 400 milhões de anos, apresentando poucas modificações durante o processo evolutivo, tamanha a eficiência fisiológica, morfológica e comportamental do grupo2. Elasmobrânquios são encontrados nos mais diversos ambientes aquáticos, com as mais diversas variações de salinidade, temperatura, pH e concentração de oxigênio, estas compensadas por adaptações fisiológicas e comportamentais3.

Elasmobrânquios são encontrados em ambientes marinhos, mas algumas espécies possuem a capacidade de entrar em estuários e chegar até a água doce3. São ectotérmicos, porém, estudos recentes demonstram que tubarões-branco e tubarões-mako apresentam adaptações semelhantes aos animais endotérmicos4. Diversas modificações fisiológicas são observadas no grupo de forma a lidar com alterações de salinidade (Osmorregulação) e alterações de temperatura (Termorregulação), sendo a retenção de ureia e a redução do metabolismo as principais adaptações observadas.

Estudos de conservação e utilização de metodologias de avaliação fisiológica não-letais tornam-se cada vez mais necessários, visto que muitas espécies de elasmobrânquios encontram-se em declínio populacional. A sobrepesca voltada ao mercado do ―finning‖ e consumo de brânquias, juntamente com a pesca acidental (bycatch) têm sido os principais fatores para a acelerada redução5. Para que a conservação das espécies em risco seja bem sucedida, estudos fisiológicos devem prever qual a tolerância do animal e qual o limite de resposta, permitindo assim a identificação das espécies que são mais ou menos sucessíveis à atividade humana e alterações ambientais6. Estudos fisiológicos exigem a utilização de animais vivos, seja para experimentação em laboratório ou coletas feitas em campo. Porém, muitas vezes análises exigem o sacrifício. Felizmente, novas metodologias, não-letais, vêm sendo desenvolvidas e aplicadas em estudos com o grupo7.

Esta Tese tem como objetivo avaliar a influência da salinidade, da temperatura e do cativeiro nas respostas fisiológicas de raias e tubarões, de forma a entender processos essenciais à vida como reprodução, predação, distribuição e capacidade de sobrevivência, utilizando processos osmo- e termorregulatórios não-letais para responder a estas perguntas. No primeiro capítulo têm-se o objetivo de analisar a capacidade osmorregulatória em período pré-natal frente à redução de salinidade em Zapteryx brevirostris (raia-viola-do-focinho-curto). O segundo capítulo tem como objetivo analisar a capacidade de detecção de campos elétricos pelas ampolas de Lorenzini em Dasyatis guttata (raia-lixa), Dasyatis americana (raia-prego) e Narcine brasiliensis (raia treme-treme) e tubarões Chylloscyllium punctatum (tubarão-bambu). O terceiro capítulo tem como objetivo analisar a influência da temperatura na

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capacidade de manutenção das concentrações de ureia plasmáticas compatíveis à vida em Z. brevirostris. O quarto capítulo visa analisar a ingestão de água frente à desidratação, novamente utilizando Z. brevirostris. O quinto capítulo teve como objetivo analisar o estresse causado pela captura e manejo em Galeocerdo cuvier (tubarão-tigre), de forma a aperfeiçoar o tempo de manejo e a forma de captura e garantir a recuperação dos animais pós-soltura.

MATERIAL E MÉTODOS

Animais utilizados

As raias-viola foram coletas junto ao descarte da pesca de linguado no município de Matinhos (2013/2015). Os tubarões-tigre foram capturados no arquipélago de Fernando de Noronha (2014). As outras espécies de raias e tubarões utilizadas são provenientes do Aquário de Paranaguá.

Experimentos Zapteryx brevirostris (Capítulos 1, 3 e 4)

Todos os animais foram aclimatados por 24 horas após a coleta. Para os experimentos cada animal foi isolado em uma caixa plástica onde as alterações (salinidade ou temperatura) foram feitas. Após o tempo de experimento, os animais foram anestesiados com eugenol 100% e coleta de sangue (capítulo 3 e 4) e coleta de conteúdo estomacal (capítulo 4) foram realizadas. Após recuperação, os animais foram liberados na natureza. Todos os experimentos realizados foram autorizados pelo comitê de ética.

Coletas Galeocerdo cuvier (Capítulo 5)

Os animais foram capturados durante a expedição Brasil da ONG OCEARCH (Utah, USA), com duas coletas de sangue realizadas: (1) logo após a captura e (2) após o manejo e tagueamento dos animais, seguidos de soltura. O sangue coletado foi utilizado para analisar o estresse (osmorregulação) causado pela captura e manejo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Capítulo 1 – Osmorregulação pré-natal em Zapteryx brevirostris, espécie eurihalina e vivípara lecitotrófica.

Após tentativas consecutivas de obtenção de fêmeas prenhes, notamos que a utilização de animais provindos do descarte pesqueiro é impossível. Os animais encontram-se tão estressados e debilitados que abortam 100% dos filhotes em menos de 24 horas. Desta forma não foi possível avançar para a fase de experimentos neste capítulo. Temos duas novas abordagens que serão testadas: coletas científicas ou mudança do período de coleta para uma fase gestacional menos avançada (fêmeas menos debilitadas). Por outro lado, as perdas dos filhotes, apesar de não condizerem com a proposta não-letal da tese, nos permitiram a produção de uma short communication, sendo este o primeiro relato detalhado publicado para o grupo.

Capítulo 2 – Influência do cativeiro na eficiência do sistema sensorial (eletro percepção) em elasmobrânquios.

Este capítulo ainda não foi iniciado, pois contávamos com a produção de um aparato experimental que ficou pronto apenas este ano. Este trabalho será realizado em parceria com o Aquário de Paranaguá em Agosto ou Setembro deste ano. O modelo experimental irá testar preferência comportamental dos animais frente a diferentes frequências, voltagens e tipos de ondas elétricas em cativeiro (pressão antrópica).

Capítulo 3 – Influência da temperatura da água na capacidade de manutenção das concentrações de ureia compatíveis à vida em elasmobrânquios

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Os resultados parciais demonstram que de fato a redução da temperatura causa perda de ureia plasmática nas raias, possivelmente comprovando a incapacidade de algumas espécies de viverem em ambientes abaixo de 15⁰C, sendo esta uma importante barreira ambiental ainda não explorada.

Capítulo 4 – Desidratação e o comportamento compensatório de ingestão de água em Zapteryx brevirostris.

As análises dos dados demonstram que de fato a espécie de raia utilizada bebe água em ambiente marinho. Tal comportamento é raro entre os elasmobrânquios, sendo este resultado de extrema importância para o processo adaptativo em diferentes ambientes. Este capítulo nos permitiu a criação de uma nova metodologia de coleta de conteúdo estomacal, que será descrita em outra short communication.

Capítulo 5 – Resposta fisiológica frente ao estresse de captura, manejo e tagueamento de tubarões-tigre: análise de parâmetros plasmáticos bioquímicos.

Os resultados das análises de sangue demonstram que o estresse causado pela captura não difere do estresse durante o manejo, sendo possível comprovar assim que o tempo e metodologia de captura e marcação são extremamente eficientes para garantir o bem estar e recuperação pós-soltura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A tese têm permitido a validação de ao menos três novas metodologias não-letais de estudo com raias e tubarões ainda não utilizadas no Brasil, além de permitir um melhor entendimento de processos fisiológicos pouco estudados no grupo. Os estudos de ecofisiologia e fisiologia comportamental são de extrema importância, pois nos permitem entender como as alterações no meio ambiente, sejam elas naturais ou causadas por humanos, influenciam a sobrevivência e distribuição deste grupo tão relevante e ameaçado. Tais estudos também nos permitem fazer inferências a respeito do passado evolutivo do grupo, bem como previsões frente a alterações ambientais.

Palavras-chave: elasmobrânquios; fisiologia; conservação; estudos não-letais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1GROGAN, E.D.; LUND, R. 2004. The Origin and Relationships of Early Chondrichthyes

In__Biology of sharks and their relatives. CRC PRESS LLC, Boca Raton, Flórida, USA. 1-30.

2CASEY, J.M.; MYERS, R.A. 1998. Near extinction of a large, widely distributed fish. Science,

281: 690–692.

3BALLANTYNE, J.S.; ROBINSON, J.W., 2010. Freshwater elasmobranchs: a review of their

physiology and biochemistry, Journal of Comparative Biology, 180: 475-493.

4BERNAL, D.; CARLSON, J.K.; GOLDMAN, K.J.; LOWE, G.C.; 2012. Energetics, metabolism,

and endothermy in sharks and rays. In__ Biology of sharks and their relatives, CRC PRESS LLC, Boca Raton, Flórida, USA. 211-237.

5STEVENS, J.D.; BONFIL, R.; DULVY, N.K.; WALKER, P.A. 2000. The effects of fishing on

sharks, rays, and chimaeras (chondrichthyans), and the implications for marine ecosystems. Journal of Marine Science, 57: 476-494.

6BARTON, B.A. 1997 Stress in fish: past, present and future – a historical perspective. Fish

stress and health in aquaculture. Cambridge University Press. 1-35.

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7HAMMERSCHLAG, N.; SULIKOWSKI, J. 2011 Killing for conservation: the need for

alternatives to lethal sampling of apex predatory sharks. Endangered Species Research, 14: 135-140.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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USO DO ESPAÇO POR DIFERENTES ESPÉCIES DE MAMÍFEROS EM FRAGMENTOS DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL

NICOLLE VEIGA SYDNEY

[email protected]

ORIENTADOR: EMYGDIO L. A. MONTEIRO FILHO

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A fragmentação é a transformação de um habitat contínuo em manchas de hábitat, as quais variam em tamanho e forma. Espécies e populações que sobrevivem nestes remanescentes correm riscos de extinção devido à perda de hábitat, de diversidade genética e às alterações físicas do ambiente1. Compreender o uso do espaço por determinada espécie é fundamental, uma vez que o espaço físico utilizado delimita muitas de suas interações ecológicas, podendo ter influência nas dinâmicas populacionais2 e na estrutura de comunidades3. A telemetria vem sendo amplamente utilizada em estudos que buscam conhecer o uso do espaço por diversos animais, uma vez que os mesmos podem ser constantemente monitorados, permitindo o entendimento de padrões de movimentação e de distribuição espacial. Sendo assim, a proposta deste estudo é analisar o uso do espaço para três espécies de mamíferos onívoros (Cerdocyon thous, Linnaeus, 1766; Didelphis albiventris, Lund, 1840; Nasua nasua, Linnaeus, 1766) em fragmentos de floresta estacional semidecidual do oeste paranaense.

MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi conduzida em uma fazenda de cultivo agrícola de 5957 ha localizada no Município de Palotina (PR), onde estão inseridos fragmentos florestais, sendo o maior deles a RPPN Rio Açu com 484ha e os demais com tamanhos variando entre 3,5 e 26,2 hectares. A fazenda conta com quatro tipos diferentes de hábitats, sendo 82,45% de cultivo; 11,62% de fragmentos; 5,77% de mata-ciliar e 0,16% de lagos ou rios. A captura dos indivíduos foi realizada através da utilização de armadilhas do tipo Tomahawk, as quais foram instaladas por um período de 10 meses. Para determinar a área de vida dos indivíduos foi aplicado o método do Mínimo Polígono Convexo (MPC) e do Kernel Fixo com 95% e 50% das localizações, sendo que os dados obtidos através do MPC é que foram utilizados para comparações. A mobilidade foi determinada através da distância medida entre duas localizações, em intervalos de 1 e 24 horas, enquanto a seleção do habitat foi avaliada através do índice de eletividade de Ivlev, onde foi comparado utilização de hábitats em relação à disponibilidade dos mesmos. A análise de seleção de hábitat foi utilizada em duas escalas definidas por Johnson4. Na escala de segunda ordem toda a área de estudo foi levada em consideração, enquanto que na escala de terceira ordem foi analisada apenas a área de vida de cada indivíduo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Doze indivíduos foram monitorados, sendo cinco gambás, seis quatis e um cachorro do mato, os quais tiveram áreas de vida médias 42,08; 294,36 e 523 ha, respectivamente. Ás áreas de vida diárias corresponderam em média à 5%, 37% e 61% da área de vida geral de quatis, gambás e cachorro-do-mato, respectivamente, indicando baixa fidelidade à área de uso principalmente para N. nasua. Alguns dos valores aqui encontrados para área de vida de N. nasua e D. albiventris, são os maiores já registrados para estas espécies, o que pode estar relacionado ao grande

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número de localizações e tempo de monitoramento empregado neste estudo. A taxa de deslocamento média em 24 horas foi de 1.519,58 metros para D. albiventris, 1.853,33 para N. nasua e 8.850 para C. thous. Todas as espécies estudadas mostraram, de modo geral, uma seleção positiva dos hábitats florestados (fragmentos e matas-ciliares), ocorrendo o oposto para as áreas de cultura. O hábitat lagos ou rios apresentou índices positivos para alguns indivíduos de D.albiventris e N.nasua e para o C. thous, o que possivelmente é resultado da reduzida disponibilidade deste tipo de hábitat na área. Apesar dos cultivos terem sido utilizados em menor proporção que disponível, os mesmos representaram em média 11,71%, 21,74% e 50% das localizações de gambás, quatis e cachorro-do-mato, respectivamente, indicando a utilização deste hábitat por todas as espécies.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Foi possível notar uma diferença entre o modo como as três espécies utilizaram este cenário fragmentado. Os gambás utilizaram amplamente fragmentos e matas-ciliares, com baixo uso dos cultivos, enquanto os quatis e o cachorro-do-mato utilizaram comparativamente mais cultivos, o que pode ser explicado pela biologia de cada espécie, apesar de todos serem genericamente classificados como onívoros. Visto que quatis são animais generalistas e de comportamento social, acredita-se que apesar das matas-ciliares serem de extrema importância para sua manutenção, as mesmas não são capazes de suprir toda a demanda energética do grupo. O mesmo possivelmente ocorre para o cachorro-do-mato, o qual pode viver em pares ou compor pequenos grupos. Já os gambás, por serem de menor porte e de hábito solitário, não tiveram necessidade de utilizar os cultivos com tanta frequência, uma vez que as áreas florestadas remanescentes são aparentemente suficientes para sua sobrevivência.

Palavras-chave: fragmentação; telemetria; mamíferos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹FAHRIG, L. 2003. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annual Review of Ecology Evolution and Systematics, 34: 487-515.

²GENTILE, R.; CERQUEIRA, R. 1995. Movement patterns of five species of small mammals in a Brazilian Restinga. Journal of tropical Ecology, 11: 671-677.

³VIEIRA, E. M.; MONTEIRO-FILHO, E. L. A. 2003. Vertical stratification of small mammals in the Atlantic rain forest of south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 19: 501-507.

4Johnson, D. H. 1980. The comparasion of usage and availability measurements for evaluating

resource preference. Ecology, 61: 65-71.

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HISTOMORFOLOGIA DO HEPATOPÂNCREAS DE JUVENIS DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862) SUBMETIDOS A

DIFERENTES REGIMES ALIMENTARES

PEDRO GUSMÃO BORGES NETO

[email protected]

ORIENTADOR: EDUARDO LUIS CUPERTINO BALLESTER

LABORATÓRIO DE CARCINICULTURA

CAPES

O camarão-da-amazônia, Macrobrachium amazonicum, pertence à família Palaemonidae com ampla distribuição em rios, lagos e planícies aluviais a América do Sul, ocorrendo ainda na região sul do Brasil com registros na planície de inundação do alto rio Paraná, onde contribui para a dieta de inúmeras espécies de peixes e considerada uma oportunidade de exploração sustentável para região. A espécie apresenta inúmeras características favoráveis a produção em cativeiro, contudo, o aprimoramento de técnicas de cultivo e manejo nutricional é necessário, permitindo consolidar o cultivo desta espécie e reduzir a pressão de captura sobre estoques naturais, o que implica em ganhos ambientais, financeiros e de cunho social. Ademais, o risco de extinção gerado pelo extrativismo pode ser minimizado. Neste contexto, estudos relacionados a nutrição, alterações de ordem histológica e composição química do hepatopâncreas, podem auxiliar no preparo de dietas para M. amazonicum por concentrar neste órgão as principais funções relacionadas a síntese de enzimas digestivas, absorção de nutrientes, estoque de reservas e excreção. Para investigar possíveis alterações histológicas e químicas no órgão, realizaremos a caracterização morfológica e análise da composição química, logo após, três experimentos serão conduzidos, investigando as implicações de diferentes níveis de proteína na dieta, inclusão de aminoácidos e utilização de probióticos no desempenho de juvenis de M. amazonicum. A luz do exposto, consideramos a aplicação de métodos tradicionais, associados a análise de alterações histológicas e químicas da glândula digestiva, como uma importante estratégia para definir o melhor regime nutricional destinado a juvenis da espécie.

Palavras-chave: Decapoda; histologia; glândula digestiva; nutrição; aquicultura.

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PADRÕES DE EXIBIÇÕES COOPERATIVAS DE TANGARÁS (Chiroxiphia caudata) E SUCESSO EM CÓPULAS

PEDRO HENRIQUE LIMA RIBEIRO

[email protected]

ORIENTADOR: LILIAN TONELLI MANICA

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA COMPORTAMENTAL

CAPES

A seleção sexual explica a evolução de ornamentos e displays elaborados para corte. Por estarem associadas à qualidade do indivíduo, estas características podem direcionar a escolha por parceiros sexuais. Um caso particular, em que a seleção de parceiro sexual é feita por meio de exibições de machos, ocorre em sistemas de acasalamento de poliginia de lek. Nesses sistemas, o display pode ser cooperativo, sendo que machos se exibem conjuntamente em uma determinada arena (ou lek), atraindo e estimulando a fêmea para a cópula. O presente estudo tem como foco uma ave da família Pipridae que se reproduz em poliginia de lek, o tangará (Chiroxiphia caudata). Grupos de 1 a 6 machos desta espécie realizam displays compostos por exibições visuais e acústicas. O projeto tem como objetivo descrever o comportamento reprodutivo e entender se existe preferência das fêmeas por determinados displays. Para isso, relacionaremos características dos displays e características morfológicas com o sucesso reprodutivo de cada macho. Realizaremos o estudo nos Mananciais da Serra, Piraquara, PR. Utilizando redes de neblina, capturaremos adultos de tangarás três vezes por semana, durante o período reprodutivo, e duas vezes por semana, no período não-reprodutivo. Quando capturados, machos e fêmeas serão marcados, pesados, obtidas as medidas morfométricas e calculado um índice de condição corporal. Mediremos a coroa vermelha dos machos por meio de fotos da superfície da cabeça utilizando o programa Image J®. Coletaremos de quatro a cinco penas do dorso e da coroa dos machos de tangarás para serem medidos brilho, matiz e saturação com um espectrofotômetro. Caracterizaremos os displays (duração, indivíduos participantes, velocidade, altura e duração dos saltos, ângulo de inclinação da cabeça no voo) por meio de filmagens com duas câmeras digitais que irão capturar imagens em velocidade normal e em alta velocidade. As filmagens serão realizadas três vezes por semana, amostrando-se diferentes leks. Registraremos também a ocorrência de cópulas após o display e a identidade do macho que a realizou. Utilizaremos o programa Windows Movie Maker® para editar os vídeos e capturar imagens que serão analisadas no programa ImageJ®. O sucesso reprodutivo dos machos será registrado a partir do sucesso em cópulas. Ao final, pretendemos obter dados sobre as exibições, buscando uma relação entre as características medidas e número de cópulas, podendo, com esses dados, afirmar quais os parâmetros são utilizados pelas fêmeas para a escolha do macho.

Palavras-chave: seleção sexual; lek; corte; preferência de parceiro; display motor.

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VARIABILIDADE MORFOLÓGICA EM Aegla parana SCHMITT, 1942, (CRUSTACEA, ANOMURA, AEGLIDAE) AO LONGO DA BACIA DO RIO IGUAÇU,

ESTADO DO PARANÁ

RENATA DALDIN LEITE

[email protected]

ORIENTADOR: SETUKO MASUNARI

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTACEA

CAPES

Aegla, o único gênero de Aeglidae, é composto por 75 espécies endêmicas do sul da América do Sul, sendo os únicos anomuros com ciclo de desenvolvimento completo em águas continentais. São animais essencialmente noturnos que habitam rios, lagos e riachos, nas bacias hidrográficas do sul do Brasil, Uruguai, Argentina, sul da Bolívia, Paraguai e centro e sul do Chile. Os eglídeos constituem importante elo na estrutura trófica de ecossistemas aquáticos, sendo predados por vertebrados e o seu hábito alimentar oportunista faz destes animais elementos significativos na ciclagem de nutrientes. No estado do Paraná são conhecidas sete espécies de eglídeos, dentres elas, Aegla parana, com ocorrência ao longo da Bacia do Rio Iguaçú, desde o Rio da Várzea, município de Tijucas do Sul, PR até a Província de Missiones, ARG, englobando o sudoeste, sul e sudeste do Paraná e norte de Santa Catarina. Devido à baixa capacidade de dispersão, ausência de estágios larvais, ações antrópicas e barreiras naturais, atualmente, algumas populações podem estar isoladas geograficamente. O presente estudo tem por objetivo avaliar a variabilidade intraespecífica de forma e tamanho da carapaça de populações de A. parana ocorrentes ao longo da Bacia do Rio Iguaçu utilizando a técnica de morfometria geométrica e obter dados referentes à estrutura, composição etária, densidade, períodos de reprodução e recrutamento de uma população ocorrente no Rio Caí, no município Quitandinha, PR. Os dados morfométricos serão obtidos das populações ocorrentes nos municípios de Mandirituba, São Mateus do Sul, Pinhão, Mangueirinha, Rio Bonito do Iguaçú, Quedas do Iguaçú e Nova Prata do Iguaçu. Com exceção das duas primeiras localidades, usinas hidroelétricas constituem barreiras para populações a montante e a jusante das represas; um estudo comparativo será realizado com as referidas populações.Os indivíduos coletados serão fotografados e os marcos anatômicos serão digitalizados através do programa TpsDig2. Para verificar a variação no tamanho das estruturas entre as populações será utilizada uma Análise de Variância Unifatorial (ANOVA); para avaliar a variação na forma entre as populações será realizada uma Análise de Variáveis Canônicas (CVA) e uma Análise de Variância Multivariada (MANOVA) e, as análises serão realizadas utilizando o programa MorphoJ e o ambiente R. Para a obtenção dos dados de biologia populacional serão realizadas amostragens mensais no período de Julho de 2015 a Junho de 2016. Os animais coletados serão sexados e mensurados, e os seguintes dados abióticos serão medidos: temperatura do ar, pH, temperatura e oxigênio dissolvido na água. As temperaturas e precipitações médias mensais serão obtidas junto ao SIMEPAR.

Palavras-chave: morfometria geométrica; biologia populacional; variação intraespecífica.

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DE Mazama gouazoubira (FISCHER, 1814) (MAMMALIA: CERVIDAE)

RODRIGO ANTONIO MARTINS DE SOUZA

[email protected]

ORIENTADOR: EMYGDIO LEITE DE ARAUJO MONTEIRO-FILHO

LABORATÓRIO DE VERTEBRADOS

A Biologia da Reprodução é um segmento das ciências zoomorfofisiológicas que estuda o ciclo de vida dos indivíduos. A aplicação interespecífica direta de conhecimentos é ineficaz para compreensão da reprodução em cada espécie. Este projeto visa identificar os parâmetros reprodutivos de Mazama, que inclui espécies com diferentes graus de especialização alimentar, distribuição e conhecimento do estado de ameaça. Há parcas e superficiais descrições sobre o trato reprodutor masculino de Mazama, muitas delas fora da literatura indexada, e com ênfase em M. gouazoubira. As fêmeas deste gênero carecem de descrição detalhada de seus tratos reprodutores. A morfologia microscópica dos diferentes órgãos reprodutores de Mazama até então também tem sido negligenciada. Objetiva-se reunir e analisar dados da biologia reprodutiva, base para estratégias de manejo e realização práticas de conservação mais eficientes. Para tanto se realizará descrição macroscópica dos órgãos reprodutores de Mazama, incluindo irrigação e drenagem. Analisar-se-á também microscopicamente o trato reprodutor, com ênfase em gônadas em diferentes estados reprodutivos (sazonalidade). Para as descrições e comparações macro e micromorfológicas serão utilizados cadáveres de Mazama encaminhados para o Laboratório de Anatomia Veterinária da UNICENTRO-PR (LANAVET) pelo Batalhão de Polícia Ambiental – Força Verde e pelo Serviço de Medicina de Animais Selvagens da Clínica Escola de Medicina Veterinária da UNICENTRO-PR. Todos com boletim de ocorrência policial no momento da entrada nas dependências da universidade. As dissecções dos tratos reprodutores dar-se-ão no próprio LANAVET após fixação e conservação cadavérica com formalina 10%. Injetar-se-á Látex Neoprene 750 Dupont® com corante Xadrez®, quando possível, para melhor individualização das unidades vasculares arteriais e venosas. Para levar a termo tais procedimentos se fará uso de bisturis, pinças, tesouras, costótomos, porta-agulhas, agulhas e fios. Para realização das aferições métricas empregar-se-ão paquímetro, régua, fitas métricas e balanças certificadas pelo INMETRO. Peças prosseccionadas serão catalogadas em livro de registro no próprio LANAVET e acondicionadas em caixas plásticas organizadoras. As preparações histológicas para microscopia simples serão executadas no Laboratório de Patologia Animal da UNICENTRO-PR. Os fragmentos de tecidos serão transferidos para fixador de Bouin para posterior realização de histotécnica manual e coloração HE. Efetuar-se-á citologia vaginal em Mazama em diferentes estações do ano, bem como avaliação dopplerfluxométrica da artéria testicular e ecogenicidade e homogeneidade de parênquima testicular. Os registros fotográficos de dissecções, prossecções, microscopia e realização de procedimentos serão realizados com câmera reflex não compacta de quadro inteiro. Mazama gouazoubira é classificada como DD (Dados insuficientes – Data deficient) no Estado do Paraná, VU (Vulnerável – Vulnerable) no Estado do Rio Grande do Sul e EN (Em perigo – Endangered) no Estado do Rio de Janeiro. É globalmente tida como LC (Least Concern) pela IUCN. Como nos situamos em um estado em que não há dados suficientes sobre a espécie, convém estimular projetos que tragam mais informações a respeito dela, incluindo levantamentos populacionais, análise de riscos em relação ao habitat e conflitos diretos com a ação antrópica. Por outro lado, conhecer o modo como se reproduz é

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fundamental para entender a dinâmica populacional e delinear programas de conservação adequados, tanto em vida livre, como em cativeiro.

Palavras-chave: zoologia; reprodução; Cervidae; Döpplerfluxometria; tratos reprodutores.

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HIDROIDES DE CUBA: COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA, A ESTRUTURA DA ASSEMBLEIA E DISTRIBUIÇÃO EM ECOSSISTEMAS COSTERIROS

RELACIONADAS COM FATORES AMBIENTAIS

SUSEL CASTELLANOS IGLESIAS

[email protected]

ORIENTADOR: PROFa MARIA ANGELICA HADDAD

LABORATÓRIO DE CNIDARIA

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A sobrevivência da diversidade dos ecossistemas marinhos está ameaçada pela sinergia dos impactos humanos e dos efeitos das mudanças climáticas. Os esforços constantes para monitorar e diminuir a contaminação são um desafio. Os cientistas têm se empenhado em determinar a influência negativa do impacto humano sobre as comunidades bióticas por diferentes métodos. As análises químicas da qualidade da água e dos sedimentos são muito utilizadas porque são precisos, mas dependem de importantes fontes de financiamentos. Como uma ferramenta de bioindicação ambiental estão as variações dos padrões na estrutura das comunidades marinhas, porque podem refletir a influência cumulativa da poluição na sua distribuição, diversidade e abundância das espécies21, 24.

O estudo da biodiversidade e a descoberta de novos taxa são uma forte ferramenta na formulação de propostas de conservação e de mitigação da poluição frente às pressões do desenvolvimento econômico. Os hidroides, como organimos bentónicos, podem acumular os efeitos do impato ambiental na estrutura da comunidade e muitos têm a capacidade de mudar sua morfologia como resposta ao estresse ambiental16.

O estudo da fauna de Hidrozoa de Cuba teve início no século XIX. Inventários recentes registram 113 espécies, sendo os hidroides tecados e atecados os mais representados, com um 64% das espécies1,2. O conhecimento taxonômico e ecológico dos hidroides de Cuba é importante para o entendimento da zoogeografia do Caribe, Golfo de México e do Atlântico tropical e subtropical Ocidental. Assim, os objetivos deste trabalho foram:

1. Atualizar o inventário e a distribuição dos hidroides de Cuba (capítulo 1).

2. Determinar a estrutura das assembleias nos recifes de corais do litoral do Norte Havana relacionando-a com a contaminação (capítulo 2).

3. Determinar as variações da estrutura das assembléias nas gramas marinhas com relação aos fatores ambientais, nas Baias de Buena Vista e San Juan dos Remedios, no centro norte do pais (capítulo 3).

MATERIALE MÉTODOS

Para atualizar o inventário de hidroides de Cuba, realizou-se coletas em seis áreas e a revisão de duas coleções disponíveis no país. Os métodos usados foram censos visuais, arrasto com draga, raspagem e coletas de vários substratos. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, anestesiadas com mentol e fixadas em formalina 4%. No laboratorio os hidroides foram separados dos substratos com lupa e clasificados até o menor nível taxonômico possível com a bibliografia adequada4,5,6,7,8,12,13,14,15,26. Se seguiu a classificação de WoRms data base 28, 29

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Também se levou em conta os estudos no pais20, 30,1,2,3. Foram tomadas fotos com uma camara CANON T3 para o desenho das espécies e morfotipos encontrados.

Para o capítulo 2, os dados foram coletados no recife Norte Havana que recebe o impacto das descargas de poluentes sem tratamento provenientes da cidade. As coletas foram realizadas em março de 2013, em sete locais ao longo de 30 km no recife de franja, localizado entre 100 e 300 m da costa. Aos 10 m de profundidade, no biótopo ―terrage edge‖ do recife, foram delimitados três transectos de banda, 10 x 1m cada um, separados entre si por 5 m, paralelos à costa. Os hidroides observados visualmente foram coletados e tratados como as amostras descritas acima (cap.1), em campo. No laboratório, após a triagem, contou-se o número de polipeiros de cada espécie de cada amostra.

Para caracterizar o grau de poluição da zona de estudo, foram usados dados abióticos (Temp., pH, OD (mg/L), NH4 (mg/L), NO2 (mg/L), PO4 (mg/L), DQO (mg/L)) coletados no Programa de Monitoramento Ambiental da Cidade entre 2006 e 2013 31. Estes dados foram padronizados e foi criada uma matriz de distância euclidiana para aplicar a análise de nMDS. Também foram coletadas amostras de sedimento para análise do esteróide coprostanol e dos LABs (LinearsAlquilfenol-benzeno), utilizados para determinar poluição, como descarga de esgotos, detergente doméstico etc18,21,24. Estas análises estão em fase de processamento no laboratório do Prof. Dr. Cesar Martins, do Centro de Estudos do Mar - UFPR.

Os dados de abundancia e riqueza dos hidroides foram analisados com ANOVA unifatorial (normais) e a proba post hoc de Tukey para conhecer entre quais locais estão as diferenças significativas. Com os dados de abundância dos hidroides foi criada uma matriz transformada de log (x + 1) e foi feito um nMDS19,9 com o programa PRIMER 6.010. Um ANOSIM foi aplicado para saber a semelhança entre os locais.

Para conhecer as possíveis espécies indicadoras em conformidade com os dados ambientais e o resultado do Anosim, foi realizado um INDVAL com o programa R estúdio (0.98.1103) e seu pacote ―VEGAN‖22 para as análises entre os grupos e o ―LABDSV‖25. As espécies foram consideradas indicadoras quando um valor IndVal foi maior do que 0,25 e com p ≤ 0.051.

Os dados abióticos de química de sedimento serão padronizados pela média e os erros padrão. Com eles será criada uma matriz de similaridade por distância Euclidiana para aplicar as análises de componentes principais PCA. Para relacionar os dados de química de sedimento com os dados bióticos dos hidroides serão aplicados os analises de ANOSIM ou CCA.

Para selecionar os PC para as caracterizações ambientais será utilizado o método de―broken-stick‖, recomendado como uma regra de parada, para selecionar os "melhores" eixos que representam o conjunto de dados17. O PCA será usado para conhecer a organização no espaço dos pontos de amostragem com as variáveis ambientais. A matriz de similaridade euclidiana e o PCA serão realizados utilizando o programa Primer 6.010.

Para o capitulo 3, foram coletadas amostras de gramas marinhas (a espécie mais comum é Talassia testidudinum), em oito locais, no centro-Norte de Cuba, na área que compreende duas baías, Buena Vista e San Juan de los Remedios. Entre 2 e 3 m de profundidade, foram marcados dois transectos de 30 m, disposto em cruz, sobre os quais foram colocados, a cada 5 m, um quadrado (25 x 25 cm), totalizando 12 amostras por local de amostragem. As amostras foram tratadas da mesma forma que os hidroides descrita acima. Dados de densidade, altura e % de cobertura das fanerógamas foram tomados durante a amostragem. Ao mesmo tempo, dados

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abióticos (Temp., OD (mg/L), Sat O2 (%), pH, Turbidez (FTU), NH4 (mg/L), NO2 (mg/L), PO4 (mg/L), DQO (mg/L)) foram coletados com o uso de um multiparametro.

Da mesma manera que no capitulo 2, serão analizadas as diferencias entre os locais de coleta em relação à abundância e a riqueza das espécies, com verificação da normalidade dos dados. Serão realizados os analises mutivariados com os dados da abundancia dos hidroides e a procura das possives especies indicadoras.

Também serão analisados a relação da abundância dos hidroides com os dados bióticos de gramas marinhas e os dados abióticos hidrológicos, através da análise de Correspondência (DCA), primero para caracterizar o gradiente ambiental, depois a CCA será aplicada aos dados bióticos e abióticos juntos. O teste de permutação de Monte Carlo será usado para revelar os efeitos das variáveis ambientais sobre a abundância das espécies de hidroides nas gramas. Os resultados das análises serão visualizados nos diagramas de ordenação. O CCA será realizado com o software Primer 6.010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No capítulo 1 foram contadas e separados 6814 polipeiros. Foram determinados 63 morfotipos de hidroides. Dezesseis famílias são da ordem Lepthothecata, e 6 de Anthoathecata, 27 gêneros e 47 espécies. Há possivelmente 17 novos registros de espécies para Cuba e de duas famílias (Cirrholoveniidae Bouillon, 1984 e Lovenellidae Russell, 1953).

No capitulo 2, A partir do resultado do nMDS dos dados abioticos hidrologicos, foi sugerido a classificação dos grupos de locais, de acordo a afetação pela poluição: os mais poluídos (grupo 1), moderadamente poluído (grupo 2) e menos poluídos (3).

A abundância e a riqueza dos hidroides diminuiu nos locais mais poluidos. As espécies mais abundantes dominaram nos locais de menor a moderada contaminação. O resultado do ANOSIM mostrou um valor de R global muito alto de 0,434, p < 0,01, indicando que os locais mais (1), moderadamente (2) e menos poluídos (3) não foram totalmente separados pela abundância dos hidroides. Porém o ―Pairwise Tests‖ entre (1x2) os locais mais x moderadamente poluidos, foi significativo (R = 0,623, p = 0.012). Para os locais (1x3) mais poluidos x menos poluidos, também foi significativo (R = 0,762, p = 0.08) e para os locais (2x3) moderadamente poluidos x menos poluidos, o valor de R foi baixo, mas o valor de p foi significativo (R = 0,23, p = 0.02). Os testes entre os pares mostram que os locais mais contaminados (grupo 1) foram separados dos demais grupos.

O resultado de IndVal, nos locais moderadamente poluidos, a espécie Plumularia floridana Nutting, 1900 (0.8333, p = 0.023) foi a especie indicadora do grupo. Nos locais menos poluidos foram cinco as especies indicadoras: P. floridana (1.0000, p = 0.001), Halecium tenelum (0.8571, p = 0.006), Ortophyxis sargassicola (1.8571, p = 0.005), Clytia gracilis (1.8437, p = 0.013), Halecium nanum (1.7143, p = 0.027). Em cada um dos locais mais poluidos (Baia Habana e Maceo), observou-se somente uma espécie dominante e mais abundante: Obelia dichotoma (Linnaeus, 1758) e Halecium bermudense Congdon, 1907 respectivamente. O capitulo 3 será iniciado este semestre com a separação, a identificação e contagem dos hidroides nas amostras de gramas marinhas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A coleta de hidroides em recifes de corais do Norte Havana, a 10 m de profundidade permitiu identificar 17 possíveis novos registros para o país, principalmente das famílias da ordem Leptothecatae.

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Os resultados obtidos permitem concluir que a abundância e riqueza de espécies de hidroides diminuiram nos locais mais poluídos. Observou-se que a composição da assembléia dos hidroides foi diferente de acordo com os níveis de poluição ao longo da faixa de recife estudada. Com os resultados preliminares a espécie Plumularia floridana pode ser classificada como um possível indicador de locais de moderada e menor poluição.

Palavras-chave: hidrozoos; taxonomia; poluição; recifes de corais; gramas marinhas; Havana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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29SCHUCHERT, P. 2015. Anthoathecata. Accessed through: World Register of Marine Species

at http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=13551 on 2015-08-05

30VARELA, C., ORTIZ, M., LALANA, R. 2005. Nuevas consignaciones de hidrozoos marinos y

confirmación de la presencia de Aglaophenia latecarinata (Cnidaria: Hydrozoa) para aguas cubanas. Revista Investigaciones Marinas, 26(2):177-179.

31YAMIRIS T., BELTRÁN, J., PÉREZ, M. 2013. Control de la calidad ambiental de las aguas

del litoral de Ciudad de la Habana, Cuba. Plan de vigilancia y monitoreo. Informe final de Servicio científico – técnico-CIMAB, La Habana, 44p.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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HOMOGENEIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA: CIENTOMETRIA, META-ANÁLISE E DINÂMICA DO PROCESSO EM RESERVATÓRIOS NEOTROPICAIS

VANESSA SALETE DAGA

[email protected]

ORIENTADOR: DR. JEAN RICARDO SIMÕES VITULE

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO – LEC

CO-ORIENTADOR: DR. ÉDER ANDRÉ GUBIANI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

INEO – INSTITUTO NEOTROPICAL DE PESQUISAS AMBIENTAIS

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A homogeneização biótica é o processo pelo qual biotas anteriormente diferentes ganham semelhanças biológicas com o passar do tempo, perdendo suas especificidades e reduzindo a diversidade, em qualquer nível de organização: taxonômico, genético e funcional1,2,3. No entanto, este fenômeno tem sido recentemente quantificado, consistindo em um dos menos reversíveis dentre as mudanças globais causadas por seres humanos4,5.

Adicionalmente, homogeneização biótica da fauna de peixes de água doce tem sido detectada em todo o mundo6,7,8,9,10. Entretanto, o conhecimento da dinâmica desse processo ainda não está completamente elucidado em regiões geográficas insuficientemente estudadas como a região Neotropical. Nesse sentido, dada à importância desse fenômeno, estudar sua dinâmica, é essencial para que possamos estabelecer medidas que visem à conservação da biodiversidade.

Dessa forma, o primeiro capítulo terá a finalidade de avaliar o estado atual do conhecimento quanto à homogeneização biótica da ictiofauna de água doce. Nosso objetivo será identificar as regiões zoogeograficas e/ou ecorregiões de água doce, onde os estudos têm sido conduzidos, além disso, pretendemos identificar os fatores determinantes e avaliar de forma qualitativa a dinâmica do processo de mudanças na similaridade das assembleias de peixes de água doce.

O segundo capítulo terá o objetivo resumir os dados quantitativos de estudos independentes, a fim de encontrar um panorama geral sobre os estudos de homogeneização biótica da ictiofauna de água doce. No terceiro capítulo pretendemos compreender a dinâmica dos processos de homogeneização biótica em reservatórios Neotropicais, para isso pretendemos identificar as espécies não nativas e seus principais vetores de introdução, bem como quantificar as mudanças temporais e espaciais na similaridade taxonômica das assembleias de peixes.

MATERIAL E MÉTODOS

Revisão sistematizada

A revisão sistematizada será conduzida através da plataforma Thomson Reuters (ISI Web of Science, www.isiknowledge.com), através do emprego da seguinte sequência de caracteres para identificar artigos relevantes por tópico: (Homogeni?ation OR Differentiation OR beta?diversity) AND (alien fish* OR endemic fish* OR exotic fish* OR introduced fish* OR establish* fish* OR invas* fish OR

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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naturali* fish* OR non-indigenous fish* OR non-native fish* OR extinct* fish* OR extirpat* OR ―species loss‖ OR ―habitat modification*‖ OR ―habitat alteration‖) AND (―freshwater fish‖ OR ―aquatic ecosystem*‖)11,12,13,14,15. O título e abstract de cada artigo serão utilizados para avaliar se o estudo é relevante para nossa proposta, dessa forma, os artigos selecionados serão retidos para posterior análise. As informações obtidas a partir dos artigos serão categorizadas de acordo com: periódico, ambiente aquático, informação geográfica, escala espacial, métrica utilizada e fator determinante no processo de homogeneização.

Meta-análise

Além dos artigos selecionados com base na revisão sistematizada, será realizada uma busca intensiva, com a finalidade de encontrar literatura cinza, especialmente teses e dissertações, que abordem o tema proposto. Os trabalhos selecionados serão retidos para posterior análise, na qual serão resumidos os dados quantitativos de estudos independentes, através de meta-análise, a fim de encontrar um panorama geral sobre os estudos de homogeneização biótica da ictiofauna de água doce. A partir da compilação dos dados quantitativos e/ou binários de cada estudo independente, será calculado o tamanho do efeito16,17,18. Posteriormente, será realizada a meta-análise de grupos17,18; para tal, as respostas dos estudos serão agrupandas de acordo com os seguintes critérios:

i) Resposta da comunidade: as mudanças na similaridade da assembleia de peixes é maior à nivel taxonômico ou funcional?

ii) Fatores determinantes: quais fatores determinantes (introdução de espécies não-nativas, extinção de espécies nativas e/ou modificação ambiental), isolados ou combinados, possuem maior efeito sobre as taxas de homogeneização biótica?

iii) Escala espacial: qual o efeito de diferentes escalas espaciais (pequena: 1-100 km2, média: 100-1000 km2 e grande: > 1000 km2) na dinâmica do processo de homogeneização biótica?

Além disso, será avaliado o potencial viés das publicações, de acordo com diferentes métodos (funnel plot, Rosenberg’s fail-safe number e ‗trim and fill‘)17,18.

Quantificação da homogeneização biótica

As assembleias de peixes foram amostradas trimestralmente de Janeiro/2004 à Dezembro/2007, em 20 reservatórios do Estado do Paraná. Além disso, com base em amostragens de um tempo anterior e na compilação de dados provenientes de literatura cinza, foi construída uma lista de espécies, indicando a mais provável assembleia pristina de cada sistema aquático, consistindo apenas de espécies nativas.

Os dados foram analisados em duas diferentes escalas espaciais: para avaliar mudanças na escala interbacias foram considerados os 20 reservatórios das três bacias hidrográficas amostradas (bacias: Litorânea, Iguaçu e Alto Paraná); enquanto que para verificar as mudanças na escala intrabacias foram considerados os reservatórios dentro de cada bacia hidrográfica.

Matrizes de similaridade entre os reservatórios foram calculadas em escalas inter e intrabacias, baseadas nos dados de presença/ausência das espécies de peixes, usando o coeficiente de Jaccard:

(

)

onde x1 e x2 são dois locais com suas assembleias de peixes, a é o número total de espécies de peixes presentes nos dois locais, b é o número de espécies que ocorre apenas em x1 e, c é o número de espécies que ocorrem apenas em x2. Este índice

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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varia de 0 (nenhuma similaridade) à 1 (similaridade completa)19. Além disso, as mudanças no índice de similaridade (ΔJ) para cada par de reservatórios foram ser utilizadas como indicadores de homogeneização ou diferenciação biótica8,20.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o levantamento bibliográfico sistematizado, foi realizada uma busca no Web of Science, na qual foram encontrados 120 artigos, os quais foram retidos para posterior análise, com base na leitura do título e abstract.

Os artigos retidos para análise com base na revisão sistematizada serão adicionados aos estudos encontrados de acordo com a busca intensiva (literatura cinza). Estes artigos serão retidos para triagem e compilação das informações, e posteriormente, será realizada a meta-análise de grupos.

A quantificação da homogeneização biótica em diferentes escalas espaciais mostrou que, na escala interbacias ocorreu homogeneização biótica, devido principalmente à introdução generalizada de espécies cosmopolitas e à extirpação de diferentes espécies nativas. Em escala intrabacias o mais provável foi a detecção da diferenciação biótica. A diminuição da escala espacial faz com que as diferenças na similaridade da assembleia de cada par de reservatórios, seja mais aparente. Nesta escala, foi verificada a introdução de diferentes espécies não nativas e a extirpação de diferentes espécies nativas em cada reservatório21.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O interesse acerca dos estudos referentes à homogeneização biótica tem aumentado nos últimos 15 anos, visto que este fenômeno, apesar de recentemente detectado, tem sido considerado uma das mudanças globais menos reversíveis.

Este estudo destaca ainda a importância de listas de espécies, provenientes de estudos de monitoramento, as quais foram utilizadas para quantificar a dinâmica do processo de homogeneização biótica em reservatórios Neotropicais.

Além disso, o presente estudo enfatiza a importância da escala espacial na detecção da dinâmica do processo de homogeneização biótica, uma vez que em escala mais ampla ocorreu homogeneização biótica, enquanto em escalas mais refinadas ocorreu diferenciação biótica.

Palavras-chave: diversidade beta; invasões biológicas; extirpação de espécies nativas; peixes de água doce.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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17ALBA, C.; SKÁLOVÁ, H.; MCGREGOR, K.F.; D‘ANTONIO, C.; PYSEK, P. 2015. Native and

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21DAGA, V.D.; SKÓRA, F.; PADIAL, A.A; ABILHOA, V.; GUBIANI, E.A.; VITULE, J.R.S. 2015.

Homogenization dynamics of the fish assemblages in Neotropical reservoirs: comparing the roles of introduced species and their vectors. Hydrobiologia, 746 (1): 327-347.

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EVOLUÇÃO E SISTEMÁTICA

SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃO DE CNIDÁRIOS UTILIZANDO GENES RIBOSSOMAIS

FERNANDA FRANCIELLI FACKINI GROTH

[email protected]

ORIENTADOR: MARCOS SOARES BARBEITOS

LABORATÓRIO DE EVOLUÇÃO DOS ORGANISMOS MARINHOS – LEOM

CAPES

O filo Cnidaria é composto por aproximadamente 11.300 espécies de animais aquáticos, principalmente marinhos, que têm importância ecológica e econômica significativa. Embora o advento da sistemática molecular tenha sido instrumental para o entendimento das relações evolutivas dentro do grupo, ainda não há um consenso acerca das relações basais entre os principais clados, e várias relações dentro das classes ainda não foram elucidadas. O propósito deste subprojeto é tentar resolver estas relações através da análise filogenética de um conjunto de sequências de RNA ribossomal com a maior abrangência taxonômica dos cnidários até o momento. Um teste de hipótese acerca das relações evolutivas dentro do grupo também será conduzido neste contexto. Especificamente, uma análise filogenética recente de dados mitogenômicos recuperou a parafilia de um dos clados que formam a dicotomia basal do filo Cnidaria. Como é o caso da maioria dos estudos mitogenômicos, a amostragem taxonômica é muito esparsa se comparada à riqueza de espécies do grupo, e também quando comparada à abrangência taxonômica do conjunto de dados formado pelos genes ribossomais. A pouca quantidade da cobertura taxonômica é uma das principais fontes de inconsistência em análise filogenética. Sendo assim, existe a possibilidade de que o resultado da análise mitogenômica seja um artefato. Esta hipótese pode ser testada através da redução da matriz ribossomal, buscando refletir a composição taxonômica da matriz mitogenômica. Após a redução, a matriz será reanalisada e as topologias resultantes serão comparadas com os resultados da análise filogenética da matriz completa e dos dados mitogenômicos. Dado o grande número de pesquisadores ativamente envolvidos em sistemática de cnidários, há expectativa de alto impacto para a publicação resultante deste subprojeto.

Palavras-chave: genes ribossomais; máxima verossimilhança; filogenia; Cnidaria; táxons instáveis.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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RELAÇÕES TRI-TRÓFICAS ENVOLVENDO LEPIDODTEROS PRAGAS E SEUS INIMIGOS NATURAIS EM MILHO TRANSGÊNICO E MILHO CONVENCIONAL

JÉSSICA COCCO

[email protected]

ORIENTADOR: LUÍS AMILTON FOERSTER

LABORATÓRIO DE CONTROLE INTEGRADO DE INSETOS

CNPq

Relação tritrófica é uma estrutura complexa da interação entre planta, praga e inimigos naturais. O ecossistema passou a ser alterado desde o inicio da existência do homem na terra, constituindo ecossistemas artificiais, os agroecossistemas, que possuem a capacidade de manter a auto-regulação dos sistemas naturais, necessitando que haja a intervenção humana, a fim de manter o processo produtivo. As principais formas empregadas no combate das pragas das culturas no Brasil (soja, milho e algodão) são os agrotóxicos e, mais recentemente, as plantas geneticamente modificadas. Atualmente já se sabe que o uso de agrotóxicos pode causar diversos problemas ao ambiente e à saúde humana, no entanto pouco se sabe sobre os riscos do uso das plantas geneticamente modificadas ao ambiente e à saúde da população humana. Nesse sentido este estudo visa verificar a distribuição sazonal de lepidópteros-pragas e de inimigos naturais em diferentes cultivares de milho transgênico e convencional, bem como o efeito letal e sub letais sobre os organismos. O experimento de campo será realizado na fazenda Nova Era II, em Diamantino-MT. Os tratamentos serão compostos por três variedades de milho transgênico e uma variedade de milho convencional. Para cada tratamento serão realizadas cinco repetições, sendo cada repetição representada por parcelas de 12 linhas de 20 m. O levantamento dos lepidópteros pragas, inimigos naturais e o registro visual do dano causado pela lagarta, serão realizados por meio de inspeção de 20 plantas por sub parcela, semanalmente, desde o inicio da fase vegetativa até o final do ciclo da cultura. Os indivíduos coletados (espera-se Spodoptera frugiperda, Helicoverpa zea, D. lineare e Trichogramma spp.) serão acondicionados em potes plásticos levados ao laboratório e serão alimentados com dieta artificial. A partir do estabelecimento destes animais em laboratório serão realizados bioensaios com 20 repetições para cada tratamento e em cada hospedeiro, verificando o efeito das variedades sobre os lepidópteros pragas e seus inimigos naturais. Para tanto, será realizada a oferta de folhas de milho de cada tratamento para as lagartas, de S. frugiperda e H. zea, assim que ocorrer a sua emergência. Nesta fase serão avaliadas a mortalidade e a longevidade dos indivíduos em cada tratamento, o tempo de desenvolvimento em cada variedade, o peso das pupas e deformações nas pupas e nos adultos. Já com relação à avaliação do efeito das variedades sobre os inimigos naturais ocorrerá de duas formas: para o predador (D. lineare) serão ofertadas lagartas alimentadas com as variedades de milho e então ofertadas aos predadores, bem como ovos de indivíduos adultos alimentados durante a fase larval com milho. Neste caso será observada a sobrevivência dos indivíduos, tanto na fase jovem, ninfa, quanto na fase adulta individual e em casais, e a capacidade reprodutiva dos casais e das ninfas que atingirem a fase reprodutiva. Para o bioensaio com parasitoide (Trichogramma spp.) será realizada a oferta de ovos de indivíduos alimentados com as variedades de milho na fase larval. Será verificada a taxa de parasitismo e a capacidade reprodutiva.

Palavras-chave: agroecossistema; controle biológico; biodiversidade; transgênico.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

101

SISTEMÁTICA DOS GÊNEROS Didemnum SAVIGNY, 1816 E Polysyncraton NOTT, 1892 (ASCIDIACEA, TUNICATA)

LIVIA DE MOURA OLIVEIRA

[email protected]

ORIENTADOR: DRA. ROSANA MOREIRA DA ROCHA

LABORATÓRIO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA DE INVERTEBRADOS MARINHOS

CO-ORIENTADOR: DR. MARCOS SOARES BARBEITOS

LABORATÓRIO DE EVOLUÇÃO DE ORGANISMOS MARINHOS

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O gênero Didemnum Sluiter, 1816 é o mais diversificado dentro da família Didemnidae, com 230 espécies válidas. Poucas características definem a diagnose do gênero, as quais são muito semelhantes às do gênero Polysyncraton Nott, 1892 que é o segundo maior gênero dentro da mesma família. O tamanho diminuto e redução de caracteres nos zooides em toda a família Didemnidae aumenta a dificuldade de delimitação das espécies utilizando apenas caracteres morfológicos1-5. Por essas dificuldades, a utilização de marcadores moleculares nucleares e mitocondriais vem ajudando a elucidar muitas questões quanto à reconstrução filogenética dos tunicados, e mesmo que algumas estruturas essenciais para se determinar uma espécie, como larvas e/ou órgãos reprodutivos, estejam ausentes, os caracteres moleculares podem complementar a identificação. Contudo, como marcadores de barcoding apenas uma pequena fração de espécies estudadas são alvo de interesse dos pesquisadores, mas principalmente quando se trata de espécies invasoras ou com ampla distribuição geográfica 6-8. Um dos genes que tem sido o principal marcador utilizado em diversos estudos com as ascídias é o 18S (RNA ribossômico). Este gene permite a resolução de filogenias em todos os níveis por ser um verdadeiro ―mosaico‖ de taxas de substituição. Genes de RNA ribossômico sintetizam uma molécula de fita única de RNA que se dobra sobre si mesma, formando uma estrutura dita secundária. Como a estrutura é mais conservada que os nucleotídeos, ela pode ser pode ser usada como guia para o alinhamento destas sequências7,9-11.

Este estudo tem como objetivos testar a monofilia recíproca entre os gêneros Polysyncraton e Didemnum e estabelecer hipóteses filogenéticas para as respectivas espécies utilizando dados morfológicos e moleculares; caracterizar morfologicamente espécies dos dois gêneros de várias regiões do mundo, com ênfase na descrição de novas espécies na costa brasileira.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram examinadas amostras de Paraíba, Rio de Janeiro, Paraná, Angola e Carolina do Norte (EUA), coletadas entre 2013 e 2014 nas regiões de entremarés e infralitoral. Espécimes foram fixados em formalina a 4% para análises morfológicas e em álcool a 96% para as análises moleculares. Espículas calcárias foram observadas no microscópio eletrônico de varredura JEOL JSM 6360-LV no Centro de Microscopia Eletrônica da UFPR. Espécimes dissecados foram corados com Hemalum de Masson, desidratados e posteriormente montados em lâminas permanentes. Zooides e larvas foram medidos e fotografados em um microscópio DIC modelo Zeiss Scope com uma câmera acoplada modelo A1 AxioCam MRc.

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Inicialmente foram utilizados os programas Aliscore12 e Gblocks13 (com a opção dos parâmetros de 50 (half) e 100 (all)) para remover regiões ambíguas no alinhamento de sequências de 18S obtidas do GenBank . Os resultados desses métodos foram comparados com respeito aos valores médios de bootstrap e comprimentos dos ramos.

Procuras via BLAST14 foram utilizadas para identificar sequências espúrias, as quais foram excluídas das análises, bem como sequências com poucos pares de bases (<40). Três hemicordados Saccoglossus bromophenolosus, Stereobalanus canadenses e Balanoglossus carnosus, um cefalocordado Branchiostoma lanceolatum e um cordado Mordacia mordax foram utilizados como grupos externos. O alinhamento inicial foi feito através do programa MAFFT15 através do algoritmo FFT-NSI. O alinhamento incluiu uma sequência de Diplosoma ooru para a qual um modelo de estrutura secundária foi proposto7. As anotações foram realizadas utilizando-se a notação DCSE e posteriormente exportadas para as demais sequências com o auxílio do script ReNAton (escrito em Perl por Marcos Barbeitos). As estruturas secundárias de regiões que não puderam ser inequivocamente alinhadas à sequência de referência foram estimadas através da versão online do programa Mfold16 sendo esta estrutura exportada às demais sequências e re-avaliadas, até que todas as ambiguidades no alinhamento tivessem sido resolvidas. Os alinhamentos resultantes tanto pelo método de estrutura secundária como pelo Gblocks e também Aliscore foram analisados com o RAxML-HPC2 em XSEDE (8.0.24) para construir a árvore filogenética de máxima verossimilhança Os suportes de ramos foram calculados por bootstrap17.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificadas 16 espécies de Didemnidae, Didemnum cf. duplicatum Monniot, 1983, Didemnum cf. galacteum Lotufo & Dias, 2007, Didemnum granulatum Tokioka, 1954, D. ligulum Monniot, 1983, Didemnum lutarium Van Name, 1910, D. perlucidum Monniot, 1983, D. rodriguesi Rocha & Monniot, 1993, Didemnum sp. nov.1, Didemnum sp. nov.2, Didemnum sp., Diplosoma sp., Leptoclinides latus Monniot, 1983, Leptoclinides sp. nov, Lissoclinum sp. nov., Polysyncraton aff. amesthysteum Van Name, 1902, Polysyncraton sp. nov.. Didemnum perlucidum e Leptoclinides latus ocorreram apenas no Rio de Janeiro; D. rodriguesi foi registrada para os estados do Paraná e Rio de Janeiro e as espécies D. granulatum, D. galacteum, D. ligulum e P. amethysteum foram encontradas nos estados brasileiros estudados para este trabalho.

Dentro da família Didemnidae observou-se que as regiões de expansão e contração do gene 18S, identificadas através de diagramas de estrutura secundária, variam consideravelmente entre os gêneros cujas sequências estão disponíveis. Isso pode ser um indício de que a taxa de evolução para alguns grupos é mais rápida do que para outros.

As árvores de Máxima Verossimilhança (ML) obtidas dos alinhamentos mascarados por Gblocks apresentaram menor resolução (valores médios de bootstrap de 28,31 ± 36,70 para o parâmetro 50 e 33,31 ± 32,24 para o parâmetro 100) foram bem menos resolvidas que no caso de Aliscore (52,60 ± 34,33). Ou seja, ao invés do Gblocks eliminar ruído filogenético do alinhamento e aliviar o problema da saturação, ele removeu sítios informativos, deixando apenas grandes blocos conservados18. Essa diferença é claramente evidenciada pela comparação entre as médias de comprimentos de ramos obtidas para os três alinhamentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

As espécies identificadas corresponde à 50% das espécies registradas no Brasil e o número de espécies novas vem incrementar ainda mais o conhecimento da diversidade de Didemnidae na costa brasileira, principalmente das regiões pouco

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estudadas. A estrutura secundária sugeriu detalhes da organização molecular tornando aparentes padrões de variabilidade e de conservação nas sequências, abrindo a possibilidade para exploração de segmentos do 18S para ―barcoding‖ em ascídias. Finalmente, dos métodos utilizados, o Aliscore foi mais eficiente que o Gblocks na remoção de ruído filogenético do alinhamento. O próximo passo é verificar se o alinhamento estrutural, bem mais demorado, oferece resultados superiores aos obtidos através do emprego de Aliscore.

Palavras-chave: Didemnidae; ascídias; espécies coloniais; estrutura secundária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4MONNIOT, F. 1995. Ascidies de Nouvelle-Calédonie XV. Le genre Didemnum. Bulletin du

Muséum National D’Histoire Naturelle, Paris, 16A(2-4): 299–344.

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7TSAGKOGEORGA G, TURON X, HOPCROFT RR, TILAK M, FELDSTEIN T, ET AL. 2009.

An updated 18S rRNA phylogeny of tunicates based on mixture and secondary structure models. BMC Evolutionary Biology 9: 187. doi:10.1186/1471-2148-9-187.

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10PÉREZ-PORTELA R, ARRANZ V, RIUS M, TURON X. 2013. Cryptic speciation or global

spread? The case of a cosmopolitan marine invertebrate with limited dispersal capabilities. Scientific Reports 3: 1–10. doi:10.1038/srep03197.

11STACH T, TURBEVILLE J.M. 2002. Phylogeny of Tunicata inferred from molecular and

morphological characters. Molecular Phylogenetics and Evolution 25: 408–428.

12MISOF B, MISOF K. 2009. A Monte Carlo approach successfully identifies randomness in

multiple sequence alignments: a more objective means of data exclusion. Systematics Biology 58: 21–34. doi:10.1093/sysbio/syp006.

13CASTRESANA J. 2000. Selection of Conserved Blocks from Multiple Alignments for Their

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14ALSCHUL S.F., MADDEN T.L, SCHÄFFER A.A., ZHANG J., ZHANG Z., MILLER W., LIPMAN

D.J. 1997. Gapped BLAST and PSI-BLAST: a new generation of protein database search programs. Nucleic Acids Research 25: 3389-3402.

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15KATOH K, STANDLEY D.M. 2013. MAFFT multiple sequence alignment software version 7:

improvements in performance and usability. Molecular Biology and Evolution 30: 772–780. doi:10.1093/molbev/mst010.

16ZUKER M. 2003. Mfold web server for nucleic acid folding and hybridization prediction.

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17STAMATAKIS A. 2014. RAxML version 8: a tool for phylogenetic analysis and post-analysis of

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18CASTRESANA J. 2000. Selection of Conserved Blocks from Multiple Alignments for Their Use

in Phylogenetic Analysis. Molecular Biology and Evolution 17: 540–552.

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ECOLOGIA ALIMENTAR DE Hippocampus patagonicus PIACENTINO & LUZZATTO, 2004 (SYNGNATHIDAE) E A CONSERVAÇÃO DE CAVALOS-

MARINHOS NO ATLÂNTICO OCIDENTAL

LUCI FÁTIMA PEREIRA

[email protected]

ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHOA

GRUPO DE PESQUISAS EM ICTIOFAUNA, MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL CAPÃO DA IMBUIA, CURITIBA, PARANÁ

PETROBRAS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os cavalos-marinhos pertencem à família Syngnathidae, gênero Hippocampus spp. São considerados um grupo enigmático e incomum de peixes, pois apresentam características sinapomórficas como o corpo recoberto por anéis ósseos, cauda preênsil, posição da cabeça em ângulo reto ao tronco, focinho tubular e bolsa incubadora nos machos12,13,15,17 . Dentre as 54 espécies descritas atualmente10, três tem ocorrência confirmada na costa brasileira, sendo que Hippocampus patagonicus apresenta distribuição desigual e esparsa e parece ser restrito ao Atlântico Ocidental (Argentina e Brasil)16,18.

Estudos relacionados à ecologia e biologia de cavalos-marinhos são escassos e indicam uma alimentação baseada principalmente em pequenos crustáceos (anfípodes, decápodes e copépodes)8,11,20. O acurado sistema visual acoplado à alta variação cromática os torna predadores altamente vorazes, consumindo invertebrados na coluna d‘água e no substrato, através de um complexo mecanismo de sucção3,18. O fato de viverem em ambientes altamente susceptíveis a severas perturbações antrópicas atrelado as pressões de sobrepesca, aquariofilia, coleta para fins medicinais e religiosos, os tornam inerentemente vulneráveis a declínios da população1,2,7,9,19.

Investigações sobre a ecologia alimentar, proporcionam informações altamente importantes para um entendimento de padrões no funcionamento do ecossistema4 e podem auxiliar nas estratégias de manejo e conservação para espécies ameaçadas. O objetivo do estudo é investigar os padrões da dieta alimentar de H. patagonicus, considerando as variações espaciais e temporais, e relacionar a alimentação com o tipo de ambiente, aspectos da morfologia (tamanho) e ontogenia, a fim de fornecer informações do seu papel desempenhado no ecossistema marinho.

MATERIAL E MÉTODOS

Exemplares de H. patagonicus foram obtidos através do monitoramento da pesca artesanal de arrasto realizada entre maio de 2011 e agosto de 2014 nos estados de Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

Em laboratório, foram realizadas mensurações de altura (Ht) (mm), determinação de estágio sexual em jovem (gônadas pouco aparentes) e adulto (visualização de bolsa incubadora em machos e gônadas bem desenvolvidas em fêmeas), e separação de classes de tamanho (<55 mm; 56-83 mm; >84 mm). Os exemplares foram dissecados sob microscópio esteroscópio e os tratos digestivos foram removidos e conservados em álcool 70%. Posteriormente, os itens alimentares foram separados, identificados parcialmente e quantificados.

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Para verificar a variação da dieta de acordo com os fatores localidade (RJ, PR e RS), classes de tamanho (<55 mm; 56-83 mm; >84 mm) e ontogenia (jovem e adulto), foi gerada uma matriz de similaridade com base em valores estandardizados e transformados (Log (x+1)) da abundância de 15 categorias de presas, usando o coeficiente de dissimilaridade de Bray-Curtis. A dispersão dos indivíduos (amostras) foi verificada através da análise de escalonamento multidimensional não métrico (nMDS). A análise de variância permutacional (PERMANOVA) foi utilizada para testar os efeitos dos fatores localidade, ontogenia e classes de tamanho. O teste de porcentagem de similaridade (SIMPER) foi utilizado para investigar quais categorias presas foram responsáveis pela separação entre os fatores. Todas as análises foram realizadas usando o software Primer 6.06.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De um total de 105 tratos digestivos analisados, 80 continham presas, e 25 estavam vazios. A altura de jovens variou de 28-76 mm (n = 21) e de adultos de 40-123 mm (n = 59).

Foi registrado um total de 15 categorias de presas: Amphipoda, Plantae, Rotifera, Decapoda, restos de Crustacea, Polychaeta, Copepoda, Hirudinea, Bivalvia, Gastropoda, Nematoda, Tanaidacea, Ostracoda, Isopoda e Foraminifera. O teste nMDS não mostrou sobreposição entre as amostras (indivíduos) de H. patagonicus, considerando os fatores do estudo. Fato que corrobora com a análise PERMANOVA, que revelou diferenças significativas na dieta entre jovens e adultos (Pseudo-F = 3,61; p = 0,009) e entre as localidades (Pseudo-F = 7,01; p = 0,001). Não foram registradas diferenças significativas considerando o fator tamanho (Pseudo-F = 0,88 p = 0,569).

A análise de SIMPER mostrou que os itens Amphipoda (24,10%) e restos de Crustacea (23,57%) foram os principais responsáveis pelas dissimilaridades na dieta de jovens e adultos. Uma avaliação preliminar do resultado indica que esta variação pode estar relacionada a um maior consumo de presas diversas pelos adultos, enquanto que jovens apresentaram uma dieta baseada exclusivamente em crustáceos. Além disso, pode refletir o uso de hábitats diferenciados por jovens e adultos, pois a fase juvenil é considerada altamente dispersiva, enquanto que indivíduos adultos são encontrados geralmente juntos ao substrato14. Considerando o fator localidade, a análise SIMPER mostrou maior dissimilaridade explicada pela contribuição de Copepoda para as localidades RJ-PR (21,89%) e PR-RS (30,62%), e Foraminifera para RJ-RS (19,89%), o que pode ser decorrente de maior disponibilidade desses organismos nos respectivos ambientes18. Como observado em estudos de alimentação para outras espécies, os resultados preliminares evidenciam um hábito alimentar carnívoro generalista para H. patagonicus8,20, e a ingestão de restos de plantas foi considerada ocasional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os resultados parciais denotam diferenças no uso de recursos de H. patagonicus atribuído às condições de ontogenia e localidade. Os adultos consumiram um amplo espectro de presas, enquanto que jovens apresentaram alimentação restrita a crustáceos. O presente estudo apresenta resultados da primeira investigação dos hábitos alimentares de H. patagonicus para a costa a brasileira, e trará informações essenciais para um entendimento do seu papel no ecossistema, podendo direcionar eficientes estratégias de manejo e conservação para a espécie.

Palavras-chave: dieta; ontogenia; Amphipoda.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6CLARKE K. R.; GORLEY R. N. 2006. PRIMER v. 6: User manual/tutorial. PRIMER-E,

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7DIAS, T. L.; ROSA, I. L.; BAUM, J. K. 2002. Threatened fishes of the world: Hippocampus

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8FELÍCIO, A. K. C.; ROSA, I. L.; SOUTO, A.; RENATO, H; FREITAS, A. 2006. Feeding

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10FROESE, R.; D. PAULY. 2015. FishBase. World Wide Web electronic publication. Version

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11KITSOS, M. S.; TSOMOS, T. H.; ANAGNASTOPOULOU, L.; KOUKOURAS, A. 2008. Diet

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13LOURIE, S. A.; VINCENT, A. C. J.; HALL, H. J. 1999. Seahorses: an identification guide to

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14LUZZATTO, D. C.; ESTALLES, M. L.; DÍAZ DE ASTARLOA, J. M. 2013. Rafting seahorses:

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15RIPLEY, J. L. 2009. Osmoregulatory role of the paternal brood pouch for two Syngnathus

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16SILVEIRA, R. B.; R. SICCHA-RAMIREZ, J. R. S.; SILVA, C.; OLIVEIRA. 2014. Morphological

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17STÖLTING, K. N.; WILSON, A. B. 2007. Male pregnancy in seahorses and pipefish: Beyond

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19VINCENT, A. C. J. 1996. The International Trade in Seahorses. TRAFFIC International 172.

20YIP, M. Y.; LIM, A. C. O; CHONG, V. C.; LAWSON, J. M.; FOSTER, S. J. 2014. Food and

feeding habits of the seahorses Hippocampus spinosissimus e Hippocampus trimmaculatus (Malaysia). Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 1-8.

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BIODIVERSIDADE ESPACIAL DAS POPULAÇÕES DE CAMARÃO DULCÍCOLA NA PLANÍCIE LITORÂNEA E NOS PRIMEIRO E SEGUNDO PLANALTOS

PARANAENSES

MADSON SILVEIRA DE MELO

[email protected]

ORIENTADOR: SETUKO MASUNARI

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA DE CRUSTACEA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, CURITIBA, PARANÁ

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Levantamentos faunísticos regionais são considerados importantes para a compreensão da estrutura, funcionamento e variabilidade natural de um ecossistema, constituindo um requisito essencial no estabelecimento de programas de monitoramento ambiental, além de servir como base à conservação da biodiversidade¹.

A colonização e permanência de comunidades de macroinvertebrados bentônicos, incluindo os camarões, dependem da qualidade do habitat e da resistência dos representantes de táxons a diferentes níveis de poluição. Em altos níveis de eutrofização, por exemplo, um grupo resistente a ela pode tornar-se dominante enquanto outros mais sensíveis, raros ou ausentes.

Desta forma, camarões e outros organismos são considerados indicadores de qualidade ambiental de corpos d´água, sendo organismos extremamente sensíveis os taxa Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera, os quais respondem de forma muito sútil aos diferentes níveis de poluição.

Pouco se sabe sobre a diversidade de camarões dulcícolas do Estado do Paraná e, os poucos estudos se concentram na Planície Litorânea, onde são registradas doze espécies².

Desta forma, o presente estudo tem por objetivo descrever a composição e distribuição de camarões dulcícolas da Planície Litorânea e dos Primeiro e Segundo Planaltos do Paraná.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas coletas de março /2014 a janeiro/2015 em 46 pontos amostrais abrangendo as bacias hidrográficas: Alto Iguaçu (12 pontos), Cinzas (1), Itararé (3), Litorânea (15), Ribeira (4) e Tibagi (9). Além disso, dois pontos em riachos situados no Estado de Santa Catarina foram amostrados.

Foram utilizados dois métodos de captura: coleta ativa, com uso de peneira ou puçá para captura dos indivíduos associados à vegetação marginal, com esforço amostral de 1-2 pessoas por 15 minutos, e com o uso de armadilhas iscadas com fígado bovino ou peixe, as quais ficaram armadas em campo por um período de 12 horas para captura de indivíduos que ocupam o leito do corpo d´água.

Os camarões capturados foram fixados em álcool 70%, colocados em sacos plásticos etiquetados e acondicionados em caixas térmicas para transporte até o Laboratório de Ecologia de Crustacea UFPR. Em laboratório, os espécimes foram identificados até nível de espécie com auxílio de chaves de identificação e sexados de

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acordo com a presença ou ausência do apêndice masculino no segundo par de pleópodos, sob estereomicroscópio.

Com o intuito de verificar a qualidade dos corpos d´água dos locais de amostragem de camarões dulcícolas, foram coletadas sempre que possível amostras de macroinvertebrados bentônicos com um amostrador do tipo Surber (30x30 cm), com abertura de malha de 250 µm, colocado contra a correnteza. O fundo na frente do Surber foi revolvido por um minuto, e todo o material retido na rede foi fixado em álcool 70%. A identificação dos organismos bentônicos foi feita, sempre que possível, até o nível de família sob microscópio estereoscópico.

Com a identificação das famílias registradas nos pontos amostrais, foi calculado o Índice BMWP (Biological Monitoring Working Party) que considera uma ordenação das famílias de macroinvertebrados aquáticos em grupos num gradiente de menor à maior tolerância à poluição, cuja pontuação varia de 10 a 1.

Além dos dados obtidos em campo, exemplares depositados na Coleção de Crustacea do Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI), registros na literatura para o estado e material cedido pelo pesquisador José Adailton Caetano do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) foram utilizados para confecção de mapas de distribuição, riqueza e modelagem de nicho ecológico, com auxílio dos softwares DIVA-GIS 7.5 e Q-GIS 2.6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 46 locais amostrados, não houve camarão em 19. Nos demais pontos, foram registradas oito espécies: Macrobrachium acanthurus, M. borellii, M. carcinus, M. iheringi, M. pantanalense, M. potiuna, Palaemon (P) pandaliformis (família Palaemonidae) e Potimirim brasiliana (família Atyidae).

O gênero Macrobrachium foi o mais recorrente, sendo M. pantanalense o primeiro registro para o estado. Potimirim brasiliana foi coletada no Estado de Santa Catarina, próximo à fronteira com o Estado do Paraná.

A distribuição das espécies não foi uniforme nas três divisões geomorfológicas, tendo observado um gradiente decrescente do litoral para o interior do estado: sete espécies – M. acanthurus, M. carcinus, M. iheringi, M. pantanalense, M. potiuna, P. pandaliformis e Potimirim brasiliana - na Planície Litorânea, duas no Primeiro Planalto - M. borellii e M. potiuna e apenas uma – M. potiuna - no Segundo Planalto.

O maior número de espécies registrado na Planície Litorânea do estado no presente estudo pode ser explicado pela história evolutiva do grupo, uma vez que, mais de 75% dos camarões carídeos são marinhos e acredita-se que estes sejam os ancestrais daqueles dulcícolas³. Esta hipótese está baseada na abundância e riqueza de espécies marinhas, registro fóssil e desenvolvimento larval planctônico abreviado em espécies dulcícolas.

O gradiente decrescente do número de espécies em direção ao continente observado no presente estudo já fora mencionado para a Bacia do Ribeira do Iguape/SP, onde a riqueza de espécies diminuiu à medida que os pontos de amostragem se distanciaram do litoral4.

Podendo também ser reflexo das estratégias reprodutivas das espécies ali viventes, uma vez que algumas delas possuem desenvolvimento larval abreviado (p. ex. M. potiuna, M. borellii e M. iheringi) e outras possuem desenvolvimento larval estendido (p. ex. M. acanthurus, M. carcinus, M. olfersii), ainda sendo dependentes de ambientes salobros para seu desenvolvimento.

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Com o acréscimo do material depositado no MHNCI e da literatura aos dados do presente estudo, resulta num total de treze espécies para a região estudada.

A modelagem de Nicho Ecológico evidencia a Planície Litorânea como hotspot para camarões dulcícolas, contudo, regiões do Primeiro Planalto Paranaense são áreas potenciais de ocorrência destas espécies com probabilidade alta a muito alta.

Foram identificados 43 taxa de macroinvertebrados aquáticos, distribuídos em 41 famílias e 2 classes. O Índice BMWP variou de Boa até Fortemente Poluída, tendo a qualidade da água variado de Duvidosa até Fortemente poluída no Primeiro Planalto, e de Boa até Muito Poluída no Segundo Planalto.

Com base em dados do Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG) sobre o uso do solo no estado, fica evidente que a maior riqueza de espécies está relacionada com a maior cobertura vegetal na Planície Litorânea. Como os dois primeiros planaltos são caracterizados por dominância de áreas com as atividades de agricultura e pastagem, tendo apenas pequenas manchas de cobertura florestal e reflorestamento, esta riqueza está proporcionalmente diminuída.

Urbanização, indústrias e atividades agropastoris têm aumentado exponencialmente nos últimos anos em todos os estados do país, causando a deterioração dos habitats aquáticos. O Primeiro e Segundo Planaltos não constituem exceção, onde estas atividades são intensas e, portanto, podem ser uma das causas da exclusão das populações de camarões dulcícolas destas regiões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Desta forma, podemos falar em um conjunto de fatores atuando na distribuição das referidas espécies no estado, uma vez que estas podem responder tanto a níveis de poluição quanto a sua própria história evolutiva.

Palavras-chave: Crustacea; Macrobrachium; águas continentais; Caridea; Palaemonidae.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1BRAGA A.A.; FRANSOZO A.; BERTINI G.; FUMIS P.B. 2005.Composition and abundance of

the crabs (Decapoda Brachyura) of Ubatuba and Caraguatatuba, Northern Coast of São Paulo, Brazil. Biota Neotropica, 5(2):1-34.

2SAMPAIO, S.R.; NAGATA, J.K.; LOPES, O.L.; MASUNARI, S. 2009. Camarões de águas

continentais (Crustacea, Caridea) da Bacia do Atlântico oriental paranaense, com chave de identificação tabular. Acta Biológica Paranaense 38 (1-2): 11-34.

3DE-GRAVE, S.Y., CAI, A., ANKER, A. 2007. Global diversity of shrimps (Decapoda: Caridea)

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4ROCHA, S.S., BUENO, S.L.S. 2004. Crustáceos decápodes de água doce com ocorrência no

Vale do Ribeira de Iguape e rios costeiros adjacentes, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 21(4): 1001-1010.

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DIVERSIFICAÇÃO EM PULSO: UM MODELO PARA A DIVERSIFICAÇÃO DOS PEIXES NAS BACIAS COSTEIRAS DO BRASIL

MARCEL KRUCHELSKI TSCHÁ

[email protected]

ORIENTADOR: WALTER A. BOEGER

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA MOLECULAR E PARASITOLOGIA EVOLUTIVA

CO-ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHOA

GRUPODE PESQUISA EM ICTIOFAUNA, MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DE CURITIBA

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A América do Sul, em especial sua margem continental, é um componente biogeográfico caracterizado por uma grande variedade de grupos de peixes viventes em suas bacias hidrográficas. A ictiofauna Neotropical de água doce possui mais de quatro mil espécies conhecidas1 e sua grande diversidade se dá por fatores ecológicos e históricos como resultado de milhões de anos2-4. A drenagem atlântica costeira da América do Sul, em sua maioria no Brasil, corresponde a áreas de alto grau de endemismo icitiofaunístico. Seus padrões filogenéticos nos dão indícios de uma relação de proximidade entre os rios que deságuam no Oceano Atlântico e propínquos rios de bacias dos planaltos de maior altitude. Os padrões filogenéticos e de distribuição das espécies sugerem uma forte associação com a história geológica dessa porção continental desde o Cretáceo5. Porém, grandes eventos de mudanças climáticas também influenciaram a composição e distribuição da ictiofauna em drenagens costeiras. Movimentos eustáticos causaram diversos eventos de transgressões e regressões marinhas durante o Pleistoceno e promoveram cíclicos isolamentos e reconexões das bacias hidrográficas na costa brasileira6-10.

A fisiografia ímpar da planície costeira paranaense, sua história geológica combinada a alterações climáticas do passado parecem ter influenciado a história das comunidades aquáticas em eventos de expansão e contração. Esse conjunto de alto dinamismo das barreiras geográficas é um modelo ideal para o estudo de Taxon Pulse11-13. Essa hipótese prediz que pulsos de diversificação são iniciados por mudanças ecológicas; geológicas ou paleoclimáticas13 nos quais caracterizam-se fases de expansão e contração das populações14,15 com preferência por habitats baseada em fatores intrínsecos e extrínsecos das espécies em um contexto histórico16.

Exposta a problemática, o presente estudo integra história demográfica, estruturação genética populacional e filogeografia comparada de peixes a fim de examinar os processos de diversificação e que levam aos atuais padrões de distribuições geográficas da fauna de peixes em riachos costeiros.

MATERIAL E MÉTODOS

Onze espécies de peixes de diferentes famílias foram selecionadas em seis bacias hidrográficas litorâneas e em diferentes pontos nos planaltos de altitude do estado do Paraná afim de comparar a história demográfica das regiões separadas pela Serra do Mar. Três espécies costeiras foram posteriormente escolhidas para estudos de estruturação e diversidade genética com foco nos efeitos de eustasia nas

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microbacias litorâneas. Outras duas espécies estão sendo adicionadas para compreensão filogeográfica dos padrões de distribuição e aplicação de testes para o modelo de Taxon Pulse11-13. As coletas foram realizadas com a utilização de tarrafas, covos e eletronarcose. Os peixes capturados tiveram amostras de tecido branquial ou muscular retirados e fixados. A obtenção, amplificação e sequenciamento do material genético mitocondrial e nuclear se deu com a aplicação de protocolos seguindo recomendações dos fabricantes dos kits específicos. Índices de diversidade genética, análise de variância molecular (AMOVA), teste de Mantel17 testes de neutralidade e avaliações da história demográfica por mismatch distributions18 foram realizados em software Arlequin v.3.519. Redes de haplótipos foram inferidas pelo programa TCS v.1.2120. Análise adicional de história demográfica por coalescência pelo método de Bayesian Skyline Plots e filogenias de haplótipos foram geradas pelo programa BEAST v.1.7.521.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Padrões distintos foram revelados na reconstrução demográfica das espécies. Peixes dos planaltos de altitude não apresentaram padrão único em seus tamanhos efetivos populacionais (Ne). No entanto, para todas espécies da costa foram observadas elevações do Ne concordantes com o último e penúltimo eventos de glaciações. Em análise focada nas populações litorâneas a distribuição unimodal de mismatch distribution indicou expansão das populações nas microbacias a oeste da Baía de Paranaguá e contato secundário de ao menos duas espécies em microbacias ao norte. Análises de Bayesian Skyline Plots revelam maior aumento do Ne nas populações a oeste e crescimento tênue em microbacias ao norte. Valores de Tajima‘s D e Fu‘s FS indicam expansão populacional para todas populações. Valores de Fst indicam estruturação genética entre quase todas as populações hoje isoladas pela água salgada. Redes de haplótipos mostram padrões similares de distribuição entre as espécies característicos de contatos secundários, isolamento e expansão de suas populações.

Os resultados concordam com recentes estudos que apontam as variações do nível do mar como mecanismo importante para a diversificação genética, história demográfica e dos padrões de distribuição locais dos peixes por todo o mundo22-29. A diversificação genética de peixes nos estuários e a distribuição das linhagens moldada pela influência das mudanças do nível do mar se encaixam nos pressupostos do modelo de Taxon Pulse11-13. Os padrões filogeográficos de cinco espécies de peixes encontram-se em fase final de análise, mas já é possível observar um padrão de expansão e contração das populações da costa moldados pela formação e quebra de barreiras naturais. Os ciclos de fragmentação e isolamento geográfico provavelmente facilitaram a diversificação das linhagens de peixes. Durante introgressões marinhas populações panmíticas de peixes dulcícolas foram fragmentadas em habitats significativamente menores. Regiões de cabeceiras próximas aos contrafortes da Serra do Mar agiram como microrefúgios e o isolamento geográfico de peixes nessas áreas pode ter promovido a estruturação de metapopulações com um aumento global da diversidade genética por mutação, seleção e deriva genética30. A posterior expansão da área de água doce a partir da descida no nível do mar e a reconexão dos rios propiciou contatos secundários e a manutenção da unidade taxonômica. Dados batimétricos e o padrão de distribuição haplotípica nos dão indícios de um relacionamento com paleodrenagens embora condições climáticas recentes e características fisiológicas intrínsecas das espécies também possam estar associados aos processos de dispersão entre bacias hidrográficas da costa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

A hipótese de Taxon Pulse12-14 compartilha muitas ideias com o modelo de Taxon Cylce proposto por Wilson31,32. A presente tese pretende ainda discutir uma

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integração conceitual desses modelos que explicam radiações adaptativas e assumem centros de diversificação para táxons que variam periodicamente de distribuição nos habitats17.

Os resultados alertam para a importância ainda maior de preservação das planícies ao redor da baía de Paranaguá. Uma região remanescente de Mata Atlântica e um sistema com barreiras geográficas naturais dinâmicas e altamente informativo para processos evolutivos de muitos organismos aquáticos.

Palavras-chave: movimentos eustáticos; nível do mar; oscilação climática; Pleistoceno; taxon pulse.

REFERÊNCIAS BIOBLIOGRÁFICAS

1REIS, R.E., KULLANDER, S.O. & FERRARIS, C.J. 2003. Check list of the freshwater fishes of

South and Central America. Porto Alegre, Edipucrs.

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3VARI, R.P. & MALABARBA, L.R. 1998. Neotropical Ichthyology: an overview. In Phylogeny

and classification of Neotropical fishes (MALABARBA, L.R., REIS, R.E., VARI, R.P., LUCENA, Z.M.S. & LUCENA, C.A.S., eds), pp. 1-11. Porto Alegre, Edipucrs.

4ALBERT, J.S., PETRY, P. & REIS, R.E. 2011. Major biogeographic and phylogenetic patterns.

In Historical Biogeography of Neotropical Freshwater Fishes (ALBERT, J.S. & REIS, R.E, eds), pp. 21-57. University of California Press, Berkeley, Los Angeles.

5COBBOLD, P.R.; MEISLING, K.E.; MOUNT, V.S. 2001. Reactivation of an obliquely rifted

margin, Campos and Santos basins, southeastern Brazil. The American Association of Petroleum Geologists Bulletin, 85(11): 1925–1944.

6RIBEIRO, A.C. 2006. Tectonic history and the biogeography of the freshwater fishes from the

coastal drainages of eastern Brazil: an example of faunal evolution associated with a divergent continental margin. Neotropical Ichthyology 4, 225-246.

7KOWSMANN, R.O. & COSTA, M.P.A. 1974. Paleolinhas de Costa na Plataforma Continental

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8SUGUIO, K., MARTIN, L., BITTECOURT, A.C.S.P., DOMINGUEZ, J.M.L., FLEXOR, J.M. &

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9CORREA, I.C. 1996. Les variations du niveau de la mer durant les derniers 17.500 ans BP: I'

exemple de la plate-forme continentale du Rio Grande do Sul, Brésil. Marine Geology 130: 163-178.

10MARTIN, L.; SUGUIO, K.; FLEXOR, J.M.; DOMINGUEZ, J.M.L. & BITTENCOURT, A.C.S.P.

1996. Quaternary Sea-level history and variation in Dynamics along the central Brazilian coast: consequences on coastal plain construction. Anais Academia Brasileira de Ciências 68: 303-354.

11ANGULO, R.J. & LESSA, G.C. 1997. The Brazilian sea-level curves: a critical review with

emphasis on the curves from the Paranaguá and Cananéia regions. Marine Geology 140: 141-166

12ERWIN, T.L. 1979. Thoughts on the evolutionary history of ground beetles: hypotheses

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13ERWIN, T.L. 1981. Taxon pulses, vicariance, and dispersal: an evolutionary synthesis

illustrated by carabid beetles. Vicariance biogeography – a critique (Ed.) Nelson, G. & Rosen, D.E. New York, Columbia University Press.

14ERWIN, T. L. 1985. The taxon pulse: a general pattern of lineage radiation and extinction

among carabid beetles. Taxonomy, phylogeny, and zoogeography of beetles and ants (Ed.) G.E. Ball, G.E. W. Junk, Dordrecht.

15BROOKS, D.R. 2005. Historical biogeography in the age of complexity: expansion and

integration. Revista Mexicana de Biodiversidad: 76: 79- 94.

16HALAS, D., ZAMPARO, D. & BOOKS, D.R. 2005. A historical biogeographical protocol for

studying biotic diversification by taxon pulses. Journal of Biogeography 32: 249–260.

17LIEBHERR, J.K. & HAJEK, A.E. 1990. A cladistic test of the taxon cycle and taxon pulse

hypothesis. Cladistics 6: 39–59.

18MANTEL, N. 1967. The detection of disease clustering and a generalized regression

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19ROGERS, A.R. & HARPENDING, H. 1992. Population growth makes waves in the distribution

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20EXCOFFIER, L. & LISCHER, H.E.L. 2010. Arlequin suite ver 3.5: a new series of programs to

perform population genetics analyses under Linux and Windows. Molecular Ecology Resources 10: 564-567.

21CLEMENT, M., POSADA, D., & CRANDALL, K.A. 2000. TCS: a computer program to estimate

gene genealogies. Molecular Ecology 9, 1657–1659.

22DRUMMOND A.J., SUCHARD M.A., XIE D., RAMBAUT, A. 2012. Bayesian phylogenetics

with BEAUti and the BEAST 1.7. Molecular Biology and Evolution 29: 1969-1973.

23ROXO, F.F., ZAWADZKI, C.H., ALEXANDROU, M.A., COSTA SILVA, G.J., CHIACHIO, M.C.,

FORESTI, F. & OLIVEIRA, C. 2012. Evolutionary and biogeographic history of the subfamily Neoplecostominae (Siluriformes: Loricariidae). Ecology and Evolution 2: 2438-2449.

24APRIL, J., HANNER, R.H., DION-CÔTÉ, A.M. & BERNATCHEZ, L. 2013. Glacial cycles as an

allopatric speciation pump in North Eastern American freshwater fishes. Molecular Ecology 22: 409–422.

25CHAKONA, A., SWARTZ, E.R. & GOUWS, G. 2013. Evolutionary Drivers of Diversification

and Distribution of a Southern Temperate Stream Fish Assemblage: Testing the Role of Historical Isolation and Spatial Range Expansion. PlosONE 8: e70953.

26NEVADO, B., MAUTNER, S., STURBAUER, C. & VERHEYENS, E. 2013. Water-level

fluctuations and metapopulation dynamics as drivers of genetic diversity in populations of three Tanganyikan cichlid fish species. Molecular Ecology 22: 3933–3948.

27PEREIRA, T.L., SANTOS, U., SCHAELFER, C.E., SOUZA, G.O., PAIVA, S.R., MALABARBA,

L.R., SCHMIDT, E.E. & DERGAM, J.A. 2013. Dispersal and vicariance of Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) (Teleostei, Erythrinidae) populations of the Brazilian continental margin. Journal of Biogeography 40: 905–914.

28ROXO, F.F., ALBERT, J.S., SILVA, G.S.C., ZAWADZKI, C.H., FORESTI, F. & OLIVEIRA, C.

2014. Molecular Phylogeny and Biogeographic History of the Armored Neotropical Catfish Subfamilies Hypoptopomatinae, Neoplecostominae and Otothyrinae (Siluriformes: Loricariidae). PlosONE 9: e105564.

29BRUNO, M.C., CASCIOTTA, J.R., ALMIRÓN, A. E., RICILLIO, F.L. & LIZARRADE, M.S.

2015. Quaternary refugia and secondary contact in the southern boundary of the Brazilian subregion: comparative phylogeography of freshwater fish. Vertebrate Zoology 65: 45-55.

30AVISE, J.C. 2000. Phylogeography: the history and formation of species. Harvard

University Press, Cambridge, MA.

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31WILSON, E.O. 1959. Adaptive shift and dispersal in a tropical ant fauna. Evolution 13: 122–

144.

32WILSON, E.O. 1961. The nature of the taxon cycle in the Melanesian ant fauna. American

Naturalist 95: 169–193.

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ATRIBUTOS DE AVES URBANAS NEOTROPICAIS

RAFAEL AMORIN

[email protected]

ORIENTADOR: VINÍCIUS ABILHÔA

LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE URBANA E BIOINVASÃO

CNPq

Diversos atributos comportamentais e fisiológicos das aves que exploram o ambiente urbano são utilizados para extrapolar o filtro ambiental imposto pela urbanização. Estas adaptações podem estar relacionadas à busca de novos locais para nidificação, exibição de comportamentos atípicos daqueles visualizados em ambiente natural, utilização de recursos alimentares fornecidos pelo ser humano, alterações no repertório vocal, alterações no horário de atividade e questões do âmbito fisiológico. Dentro desse contexto, o objetivo principal deste trabalho é avaliar como os efeitos da urbanização interferem na seleção de alguns atributos de aves neotropicais, considerando diferentes níveis de organização biológica (comunidade, população e indivíduo). O projeto de tese foi estruturado em cinco capítulos, os quais abordarão (i) como as comunidades de aves de cidades da América do Sul são compostas e estruturadas taxonomicamente e funcionalmente; (ii) como a riqueza taxonômica, funcional e a abundância das comunidades de aves florestais circundadas pela matriz urbana são afetadas pela urbanização em uma escala local; (iii) como as relações de ectoparasita e hospedeiro podem ser afetadas pela urbanização; (iv) como uma espécie florestal canora (Myiothlypis leucoblephara) é afetada pelo ruído antropogênico e (v) como uma espécie florestal e com alta plasticidade ambiental (Turdus rufiventris) é afetada fisiologicamente pela urbanização. Para a avaliação das comunidades de aves da América do Sul (Capítulo I) foram realizadas compilações de dados secundários das principais cidades do continente, totalizando 36 cidades e uma lista de 1433 espécies que representa 44% da avifauna da América do Sul. De acordo com a localização geográfica, as cidades foram agrupadas em onze regiões conforme a classificação biogeográfica de Cracaft (1985). Análises multivariadas estão sendo utilizadas para a observação de padrões na composição e estrutura funcional das comunidades em relação à influência de variáveis de intensidade de urbanização (e.g. área e densidade populacional). Para avaliações dos efeitos da urbanização sobre as aves em escala local (Capítulos II, III, IV e V), será considerada como área de estudo oito fragmentos florestais em Curitiba e região metropolitana. As amostragens da avifauna serão concentradas nos horários de maior atividade e serão realizadas em duas estações (seca e chuvosa) durante dois anos. Para avaliação qualitativa será aplicado censo por transecção e a mensuração da abundância será realizada através do método de ponto de escuta. Serão utilizadas também redes-de-neblina. As aves capturadas serão inspecionadas em relação à presença de ectoparasitas, sendo que os indivíduos parasitados terão os ectoparasitas retirados, fixados e identificados pelo laboratório de ectoparasitas do MHNCI. Técnicas de Bioacústica serão utilizadas concomitantemente na aplicação do método de pontos de escuta. Em relação a avaliação fisiológica de T. rufiventris, os indivíduos capturados nas redes-de-neblina terão suas fezes coletadas, armazenadas e enviadas para o laboratório de análises clínicas para avaliação de níveis hormonais indicadores de estresse. Análises estatísticas serão utilizadas para a observação de padrões na composição, estrutura funcional e abundância das comunidades de aves em relação à influência dos gradientes e níveis de urbanização.

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Palavras-chave: metanálise; estrutura da comunidade; ectoparasitas; ruído antropogênico; glicocorticoides.

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GENÉTICA DE POPULAÇÕES E FILOGEOGRAFIA DE Styela canopus (SAVIGNY, 1816)

RODOLFO CORRÊA DE BARROS

[email protected]

ORIENTADOR: ROSANA MOREIRA DA ROCHA

SISTEMÁTICA E ECOLOGIA DE INVERTEBRADOS MARINHOS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O uso da sistemática molecular, associada à sistemática clássica, tem contribuído para o delineamento de espécies e para a identificação de espécies crípticas1,2. Entre as ascídias, Pyura stolonifera (Heller, 1878) foi reconhecida como um complexo de espécies que pôde ser separada, morfológica e geneticamente, em quatro espécies distintas3,4. O mesmo foi verificado para Diplosoma listerianum (Milne-Edwards, 1841), para a qual divergências genéticas superiores a 17% (fragmento de COI) dividiram a espécie em quatro linhagens evolutivamente distintas, contudo, sem diferenciação morfológica5.

Styela canopus é uma ascídia solitária, não muito grande (raramente ultrapassa 2 cm de comprimento), com elevada variação morfológica externa6. Trata-se de um proeminente animal incrustador que explora a superfície de substratos artificiais em portos, preferindo habitats perturbados6. Sendo uma espécie que apresenta ampla distribuição geográfica (verificada em águas quentes a subtropicais) já foi registrada em diversas regiões ao redor do mundo, incluindo Atlântico Norte7,8, Caribe9,10, Atlântico Sul11-13, Indo-Pacífico14 e Austrália15. Sua distribuição geográfica nativa permanece incerta sendo, por alguns, considerada nativa da Ásia6.

A ampla distribuição geográfica e a variação morfológica já reportada indicam a possibilidade de que espécies crípticas estejam sendo reunidas sob a mesma denominação. Este fato tem sido recorrente quando espécies de ampla distribuição são estudadas de maneira comparada e utilizando marcadores moleculares4,5,16.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi buscar evidências moleculares e morfológicas que corroborem, ou não, a hipótese de que as populações de S. canopus constituem, na verdade, um complexo de espécies crípticas.

MATERIAL E MÉTODOS

Para o enfoque molecular, foram amostradas oito populações de S. canopus de diferentes regiões geográficas, a saber: Brasil, Bahia (n = 30), Ceará (n = 29), Rio de Janeiro (n = 30) e Santa Catarina (n = 30); Estados Unidos, Georgia (n = 12) e Massachusetts (n = 5); Panamá (n = 30) e Luanda (n = 30). O DNA das amostras foi extraído de acordo com o método implementado no PureLink® Genomic DNA Kit (Invitrogen). A diversidade genética foi acessada usando a subunidade 1 da citocromo oxidase (COI), a partir dos primers universais LCO/HCO17. As reações de PCR consistiram de 10-50 ng de DNA molde, 2,5 µl de tampão 10X, 3 mM de MgCl2, 0,4

mM de dNTP (Biotools BeM Labs), 10 mol de cada primer e 1 U de Taq Platinum DNA polimerase (Invitrogen) em 25 µl de volume de reação. As reações foram realizadas em termociclador (Eppendorf) de acordo com os seguintes parâmetros: 95o C por 5 minutos, 5 ciclos de 94o C por 40 segundos, 52o C por 30 segundos, 72o C por 45 segundos, 35 ciclos de 94o C por 40 segundos, 57o C por 30 segundos, 72o C por 45 segundos seguidos por uma extensão final de 3 minutos a 72o C. Os produtos de PCR foram purificados através do método enzimático ExoProStar (GE Life Sciences).

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O sequenciamento de DNA foi realizado pelo método Sanger em sequenciador ABI 3500xL (Life Technologies), no Laboratório de Análise Genética e Molecular da Universidade de Campinas. As sequências foram alinhadas pelo programa CLUSTAL X18 e as relações filogenéticas foram examinadas segundo o método de Neighbor-joining (NJ), implementado no programa MEGA (v. 4)19. Os valores de ―bootstrap‖ foram calculados com 100 repetições usando o método de busca heurística.

A comparação morfológica foi procedida em amostras provenientes do Brasil, Ceará (n = 1), Rio de Janeiro (n = 1), São Paulo (n = 2), Paraná (n = 2) e Santa Catarina (n = 2); Panamá (n = 4) Israel (n = 2) e Estados Unidos, Massachusetts (n = 1). Os espécimes foram dissecados sob microscópio estereoscópico, medidos e descritos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidas 58 sequências com 583 pares de bases de comprimento, sendo: Bahia (n = 4), Ceará (n = 3), Rio de Janeiro (n = 8), Santa Catarina (n = 2), Georgia (n=8), Massachusetts (n = 3) Panamá (n = 19) e Luanda (n = 11). A árvore gerada por Neighbor-joining apresentou uma topologia onde as sequências de diferentes regiões geográficas foram reunidas em diferentes clados, com exceção das sequências do Panamá que ficaram reunidas em um único clado (bs = 100%). Este resultado, embora preliminar, indica a possibilidade de que a população do Panamá possa ser de fato, uma linhagem evolutiva isolada das demais e, portanto, deve ser mais bem investigada.

A análise morfológica preliminar de 17 espécimes permitiu a identificação de algumas diferenças morfológicas entre populações de S. canopus. O comprimento total do corpo, sem a túnica, variou de 10 mm até 31 mm, sendo que os maiores exemplares foram verificados no Panamá (31 mm) e no Rio de Janeiro (29 mm). O número de tentáculos orais demonstrou ser bastante variável, oscilando entre 21 e 85, não tendo relação direta com o tamanho corporal. Frequentemente, o estômago ocupa a região ventral do animal, não mais do que o terço proximal ao esôfago. Nos indivíduos de Santa Catarina, os estômagos foram 2 a 3 vezes mais longos do que os demais, se estendendo além de dois terços da região ventral. Um indivíduo proveniente do Panamá apresentou três gônadas do lado direito e outro de Israel apenas uma. S. canopus tem sido descrita como tendo duas gônadas de cada lado do corpo6,15,20, contudo, constatou-se que o número de gônadas pode ser variável, conforme previsto na descrição original, que estabeleceu que o número de gônadas variaria de duas a quatro21. De acordo com Hartmeyer (1926)22, a variação do número de gônadas consiste apenas em variação individual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os achados moleculares e morfológicos são conflitantes. Enquanto os dados moleculares apontam para a existência de linhagens evolutivas independentes em Styela canopus, os achados morfológicos estão dentro das variações individuais e/ou regionais atualmente consideradas para a espécie. Dessa forma, se estes resultados forem confirmados com o seguimento do estudo, fica evidenciado que estamos diante de um caso de especiação críptica. Em busca de novas evidências, será utilizado um marcador nuclear (ANT, adenina nucleotídeo translocase) para se investigar as relações evolutivas entre os indivíduos amostrados.

Palavras-chave: especiação críptica; sistemática molecular; citocromo oxidase.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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21SAVIGNY, J.C. 1816. Mémoires Sur Les Animaux Sans Vertèbres. Paris: Chez Deterville.

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SISTEMÁTICA DO GÊNERO Eudistoma (CHORDATA: ASCIDIACEA)

SANDRA VIEIRA PAIVA

[email protected]

ORIENTADOR: ROSANA MOREIRA DA ROCHA

LABORATÓRIO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA DE INVERTEBRADOS MARINHOS

CAPES

As ascídias são invertebrados marinhos bentônicos, com cerca de 3.000 espécies descritas, ocorrendo desde ambientes costeiros rasos até grandes profundidades. Dentro dessa classe, o gênero Eudistoma possuicerca de 128 espécies, conhecidas por produzirem inúmeras moléculas bioativas com atividade antiviral, antibiótica e antitumoral. Apesar da sua relevância, esse grupo permanece pouco estudado em muitas regiões do mundo, principalmente devido à dificuldade na identificação das espécies e à falta de taxonomistas. Os obstáculos na determinação das espécies resultam em descrições errôneas ou incompletas, levando à não inclusão das espécies em inventários faunísticos, ou à não identificação de complexos de espécies crípticas, espécies essas difíceis ou até mesmo impossíveis de distinguir morfologicamente. Portanto, há a necessidade de descrever e registrar essa biodiversidade escondida, validar espécies conhecidas e entender as relações filogenéticas dentro do grupo, pois assim podemos direcionar de modo mais eficiente os estudos de bioinvasão, prospecção em produtos naturais, e gerar um melhor entendimento da distribuição geográfica e das áreas prioritárias para monitoramento e conservação. Assim, o presente estudo tem como objetivo usar taxonomia integrada, aliando a aplicação de métodos moleculares, como o marcador nuclear 18S e o mitocondrial CO1, com a taxonomia tradicional com base na morfologia, para melhor definir as espécies e estudar as relações filogenéticas do gênero Eudistoma. Os caracteres taxonômicos das espécies serão obtidos na literatura e pela observação do material biológico preservado e depositado em coleções. Coletas serão realizadas para a observação do material fresco e para a retirada de amostras para análise do DNA. Os animais serão analisados com o auxílio de microscopia ótica seguindo os procedimentos descritos na literatura. As identificações serão realizadas através da análise de estruturas internas e externas dos zooides, larvas, colônias e comparadas às descrições existentes na literatura. Para a reconstrução filogenética, os caracteres morfológicos serão codificados em forma binária. A análise da matriz e a reconstrução filogenética serão realizadas através de software apropriados. O DNA será extraído com o kit apropriado, seguindo o protocolo sugerido pelo fabricante. Serão ampliados por PCR um marcador mitocondrial (Citocromo c oxidase subunidade 1 - CO1) e um nuclear (18S). Os produtos das PCRs serão analisadas por meio de eletroforese em gel de agarose, foto documentadas digitalmente e enviados ao sequenciamento. As sequências obtidas serão comparadas com as sequências disponíveis no banco de dados do GenBank através do BLAST. Para o marcador 18S, as sequências serão inicialmente alinhadas utilizando o programa MAFFT - Multiple sequence alignment, que incluirá a sequência de Diplosoma ooru, para a qual um modelo de estrutura secundária foi proposto. Árvores filogenéticas serão obtidas utilizando-se o critério de máxima parcimônia, máxima verossimilhança e análise Bayesiana. Desse modo, combinando dados morfológicos e moleculares, esse projeto busca ampliar o conhecimento a respeito das espécies de Eudistoma e será um dos primeiros estudos sobre a filogenia de um gênero dentro de Ascidiacea.

Palavras-chave: filogenia; taxonomia; tunicata.

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O USO DO ALIMENTO, DO ESPAÇO E DO TEMPO POR MORCEGOS NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

SIDNEI PRESSINATTE JUNIOR

[email protected]

ORIENTADOR: JOÃO MARCELO DELIBERADOR MIRANDA

LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE DE MAMÍFEROS DO SUL DO BRASIL

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Múltiplos fatores podem afetar a maneira pela qual as espécies se distribuem e se relacionam. A disponibilidade ou a falta de um recurso pode ser crucial para a determinação da estrutura e composição de uma comunidade. No entanto, tão importante quanto à disponibilidade dos recursos em si, é a capacidade das espécies em conseguir explorar estes recursos8,10. Tal capacidade está associada diretamente com aspectos históricos evolutivos que se refletem na morfologia, na ecologia e no comportamento de cada espécie14. O presente trabalho tem por objetivo avaliar como as espécies de morcegos registradas para a fitofisionomia Floresta Ombrófila Mista (FOM) usam o alimento, espaço e o tempo. Em relação ao uso do alimento, espera-se encontrar uma relação entre a morfologia craniana e dentária e a utilização diferencial dos recursos alimentares pelas diferentes espécies. Da mesma forma, espera-se encontrar uma relação entre a forma das superfícies alares dos morcegos e o ambiente em que eles vivem, avaliando o uso diferencial do espaço por diferentes grupos morfo-funcionais. Quanto ao uso do tempo, é esperado que diferentes espécies de morcegos apresentem picos de atividade diferenciados ao longo da noite e do ano. Conhecer e compreender os mecanismos pelos quais os organismos exploram os recursos e os compartilham uns com os outros é um tema central dentro da ciência da biodiversidade, e que tem fornecido subsídios teóricos para essa grande área do conhecimento10.

MATERIAL E MÉTODOS

Duas áreas dentro da fitofisionomia Floresta Ombrófila Mista foram amostradas: (1) Parque Municipal São Francisco da Esperança (25°03‘48‖S; 51°17‘53‖O) e (2) Jardim Botânico de Faxinal do Céu (25°54'23‖S; 51°35'44‖O). Cada área foi amostrada por 10 meses (setembro de 2014 à junho de 2015) em duas noites consecutivas com 20 redes-de-neblina distribuídas igualmente entre sub-bosque, dossel, áreas abertas e bordas florestais (259.200m².h). Em cada ponto amostral (rede) foram tomadas seis variáveis ambientais: complexidade, cobertura do dossel (%), heterogeneidade de cobertura do dossel, altura do dossel, diâmetro à altura do peito (DAP) e heterogeneidade do DAP.

Os morcegos capturados foram armazenados em sacos de algodão, onde permaneceram por até uma hora até que defecassem. As fezes dos morcegos foram triadas e utilizadas na análise da dieta. A composição da dieta foi avaliada pela freqüência de ocorrência dos itens alimentares identificáveis nas fezes e expressa em percentagem do item em relação ao total de fezes coletadas de cada espécie. Para as

espécies insetívoras realizou-se um teste de ² com dois grupos e duas categorias alimentares: morcegos de crânio robusto (Eptesicus spp., Histiotus velatus e Molossus spp.) vs morcegos de crânio grácil (Lasiurus spp. e Myotis spp.)4 e alimentos duros (Coleoptera) vs alimentos macios (outros insetos).

Os cinco primeiros indivíduos de cada espécie registrada em cada área foram coletados e suas superfícies alares foram mensuradas através de 4 variáveis (área do

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uropatágio; carga alar; razão de aspecto e índice de ponta da asa) tomadas a partir de fotografias digitais. Para visualizar a existência de grupos morfológicos alares realizou-se uma análise de componentes principais (PCA) a partir de uma matriz de variância/co-variância com os valores logaritimizados das dimensões alares. Os grupos visualizados foram validados pela análise de K-means. A avaliação da forma do uso do espaço pelos morcegos foi feita de duas formas: Uma PERMANOVA para testar se existiu diferenças na abundância dos grupos morfo-funcionais em relação aos ambientes amostrados (sub-bosque, área aberta e dossel); Uma análise de correspondência canônica (CCA) com as variáveis ambientais estandardizadas para verificar qual é a relação dos grupos morfo-funcionais com as variáveis ambientais amostradas em cada ponto.

O uso do tempo foi visualizado através da frequência de capturas no decorrer das horas a partir do pôr do sol, e pela variação na ocorrência das espécies ao longo dos meses amostrados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas 207 capturas de 188 indivíduos pertencentes a 20 espécies e três famílias. Um total de 164 amostras de fezes de 19 das 20 espécies foi obtido (exceto Sturnira tildae). Os itens alimentares variaram muito, sendo encontrados diversos tipos de sementes, partes de insetos, restos de vertebrados, polpas não identificáveis e sangue. Dentre os frugívoros Sturnira lilium se alimentou principalmente de Solanaceae (23%) e Carolia perspicillata se alimentou proporcionalmente mais de Piperaceae (69%) o que reforça os dados da literatura para ambas espécies7,6. Foram registradas diferenças significativas na dieta de

insetívoros de crânio robusto e grácil (² = 35,37; gl = 3; p < 0,0001). As espécies de crânio robusto (e.g. Eptesicus spp., Molossus spp. e Histiotus velatus) se alimentaram principalmente de Coleoptera4. No entanto para Myotis spp. e Lasiurus spp., que possuem crânios mais delicados, mesmo sendo encontradas partes de Coleoptera estas apresentaram menor frequência, como na literatura4,13.

Foram visualizados 5 grupos morfofuncionais através da PCA e validados através do K-means. Estes grupos foram nomeados como: G1: sem uropatágio (S. lilium e S. tildae); G2: alta razão de aspecto (Eptesicus furinalis, Myotis izecksohni, M. ruber e M. albescens); G3: alta razão de aspecto + uropatagio grande (Eptesicus taddeii, H. velatus, Lasiurus cinereus, L. ega e Molossus rufus) G4: generalistas de asas arredondadas (Anoura caudifer, Artibeus fimbriatus, Artibeus lituratus, C. perspicillata, Desmodus rotundos, Molossus molossus e Pigoderma bilabiatum) G5: baixa carga alar (Chrotopterus auritus e Lasiurus blossevillii). A PERMANOVA não evidenciou diferenças no uso do espaço pelos grupos morfofuncionais. A CCA evidenciou que o G1 e G2 não estão associados a nenhuma variável ambiental amostrada, G3 está associado à altura do dossel, heterogeneidade do DAP e complexidade, G4 está associado a complexidade e cobertura do dossel e G5 associado a cobertura do dossel. A capacidade de voo torna a maioria dos morcegos não limitada a um estrato da floresta11, algumas das espécies do G1 e G4 (Gêneros Artibeus, Carollia e Sturnira) são capazes de explorar vários estratos vegetais3,9, isso poderia explicar a falta de relação com alguma variável específica e a associação com ambientes mais heterogêneos respectivamente. Os grupos G2 e G3 são formados unicamente por insetívoros, porém o menor tamanho das espécies do G2 os tornam mais generalistas, já o G3 por apresentar um maior uropatágio consegue manobrar mais e se relaciona a ambientes florestais, esta característica também foi observada no G5.

Foi possível visualizar um padrão bimodal de capturas ao longo das noites com picos 4 e 8 horas após o pôr do sol contrastando com a maioria dos trabalhos que evidenciam picos de capturabilidade na primeira e décima segunda hora após o pôr do

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sol2,12. O mês com maior número de capturas foi o mês de outubro o que pode estar relacionado a maior suscetibilidade de capturas das fêmeas grávidas5,1.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os resultados aqui apresentados ainda são preliminares uma vez que não se completaram 12 meses de campo. Porém, os dados sobre o uso do espaço já estão consistentes e com bons resultados. Ainda serão incluídos dados morfométricos cranianos e dentários para uma análise ecomorfológica junto aos dados de dieta. Para a análise do uso do espaço será incorporado o uso de um Bat detector que associado aos dados de capturas poderá fornecer um melhor panorama também sobre o uso do tempo pelos morcegos. Além disso, a participação em disciplinas sobre métodos estatísticos, aliado a constante leitura podem gerar novos questionamentos para talvez responder questões mais amplas.

Palavras-chave: quirópteros; mastozoologia; ecologia de comunidades; mata com Araucária; ecomorfologia.

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ZOOLOGIA APLICADA

O GUARÁ Eudocimus ruber (AVES: THRESKIORNITHIDAE) NO ESTUÁRIO DA BAÍA DA BABITONGA, LITORAL NORTE DE SANTA CATARINA:

REPOVOAMENTO, DISTRIBUIÇÃO E BIOLOGIA

ALEXANDRE VENSON GROSE

[email protected]

ORIENTADOR: DR. NEI MOREIRA

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

No Brasil, o guará (Eudocimus ruber) ocorria ao longo da costa, acompanhando os limites de distribuição do manguezal. Considerada uma das mais belas aves do planeta, sofreu forte pressão de caça, para retirada das penas e confecção de uma variedade de tipos de adorno, além da perda de habitat. O que resultou em um forte declínio populacional, sendo considerada extinta nos estados do sul e sudeste, e inserida na lista de espécies ameaçadas de extinção brasileiras na década 90. No estado de Santa Catarina, seus últimos registros datavam 1958. No final da década de 90, foram observados alguns indivíduos no litoral de São Paulo, de origem pouco conhecida. Alguns filhotes nasceram, iniciando assim um processo de repovoamento dos estados vizinhos. Somente em novembro de 2011, mais de 20 anos depois, pequenos grupos da espécie foram observados no estuário do Baía da Babitonga, litoral norte do estado de Santa Catarina. Em dezembro de 2011 foi observado a construção de ninhos do guará, em uma colônia mista de aves aquáticas. O que indicava uma boa perspectiva para o repovoamento e crescimento da espécie na região, possibilitando o repovoamento do estado. Nosso objetivo é levantar informações históricas sobre a presença do guará em Santa Catarina e acompanhar o processo de repovoamento da espécie no estuário da Babitonga, litoral norte de Santa Catarina, levantado dados de abundância, distribuição, reprodução e dieta.

MATERIAL E MÉTODOS

Uma ampla revisão da literatura foi realizada ao longo do estudo, buscando informações sobre registros históricos da presença da espécie no estado de Santa Catarina. A coleta de dados em campo iniciou em julho de 2012 e finalizou em junho de 2015, completando três anos consecutivos. Para dados de abundância e distribuição, foram realizadas varreduras mensais utilizando embarcação nas margens do estuário, para contagem o número de indivíduos e marcação de pontos de ocorrência. Dados reprodutivos foram levantados em três estações reprodutivas (entre outubro e fevereiro de cada ano), entre eles: número de ninhos, número de ovos, número de filhotes, sucesso de eclosão e distribuição. Dados de dieta foram coletados somente na estação reprodutiva 2013/2014, através de coletores instalados abaixo dos ninhos, para capturar o alimento regurgitado pelos filhotes e posteriormente identificado ao menor nível taxonômico possível.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento foram resgatados cinco registros históricos da presença do guará em Santa Catarina, o primeiro em 1712 e o mais recente 1858. Em destaque, o relato de James Handerson, que em 1821 confirma a presença do guará no estuário da baía da Babitonga. O que comprova a existência da espécie historicamente no estado de Santa Catarina. As contagens da abundância de indivíduos iniciaram em Julho (2012) com apenas 17 indivíduos registrados. Este número foi aumentando

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consideravelmente, sendo que o maior número de indivíduos registrados foi de 138 em fevereiro de 2012, 297 em janeiro de 2013 e 563 indivíduos em dezembro de 2014. Isso representa um aumento de 94% em abundância entre 2012 e 2013, e um aumento de 115% entre 2013 e 2014. A maior abundância sempre precedeu a época de reprodução, que ocorre entre outubro e fevereiro, e reduzido durante os meses de inverno, onde fizemos as menores contagens. A dispersão de jovens e adultos em busca de novas áreas de alimentação fora da época de reprodução, é uma característica da espécie, o que justifica sua menores contagem no inverno. Durante o primeiro ano de monitoramento dos ninhos (2012/2013) foi identificado 153 ninhos ativos, no segundo ano (2013/2014) 172 ninhos ativos, no terceiro (2014/2015) 252 ninhos ativos. O número total de ovos registrado, foi de 242 (2012/2013), 246 (2013/2014) e 351 (2014/2015), com uma média de 2,7, 2,5 e 2,3 respectivamente. O número de ninhos com filhote foi 68, resultando no nascimento de 132, e uma média de 1,94 filhotes por ninho (2012/2013). Na segunda estação reprodutiva (2013/2014), o número de ninhos com filhote foi de 72, resultando no nascimento de 142 filhotes, e uma média de 1,97 filhotes por ninho. Na terceira estação reprodutiva, o número de ninhos com filhote foi de 119, resultando no nascimento de 219 filhotes, e uma média de 1,84 filhotes por ninho. Considerando as três estações, a média de número de ovos por ninho e a média do número de filhotes por ninho é de 2,5 e 1,91, respectivamente. A reprodução da espécie no local vem contribuindo significativamente para o aumento da população, principalmente pelo sucesso atingido. Foram identificados pelo menos três espécies e um gênero de caranguejos presentes nos coletores. Assim como a presença de peixes, porém estes sem identificação ao nível de espécie. Eurythium limosum representou 66% do item ingeridos, seguido de Uca sp. com 17% , Aratus pisoni com 13% e Ucides cordatus com 2,5%. Caranguejos são o principal item da dieta da espécie, considerada carcinófaga, de onde obtém também pigmento para manutenção de suas penas vermelhas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os registros históricos da espécie no estado de Santa Catarina comprovam que o estado passa no momento por um processo de repovoamento. Apesar da tendência de crescente aumento, é esperada uma estabilização que deve ser influenciada pelas condições de suporte da região. Porém a espécie é abundante nas áreas onde ocorre historicamente (Pará e Maranhão), possivelmente o número de indivíduos deve ainda aumentar significativamente. Porções mais internas do estuário, como canal do linguado e lagoa do Saguaçu, são intensamente utilizadas pela espécie. Estas áreas formam grandes planícies de maré, onde obtém seu principalmente alimento, pequenos caranguejos. A espécie vem reproduzindo com sucesso no local, sendo que o número crescente de indivíduos é resultando da imigração de indivíduos de estados vizinhos, como Paraná e São Paulo, somado ao número de filhotes que nascem na região. Esse crescimento traz esperança para que a espécie venha a se tornar comum novamente na região e no sul do Brasil, podendo, em um futuro próximo ser excluída da lista de espécies ameaçadas de extinção do estado de Santa Catarina. A conservação da região, e a proteção do manguezal, tornam-se fundamental para que a espécie mantenha-se na local, tornando uma importante ferramenta de educação ambiental e turismo.

Palavras-chave: Eudocimus ruber; população; reprodução; dieta; Santa Catarina.

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COMPARAÇÃO DA FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE LEPIDÓPTEROS-PRAGA DA SOJA E SEUS PARASITOIDES

AMANDA CAROLINE DUDCZAK

[email protected]

ORIENTADOR: LUÍS AMILTON FOERSTER

LABORATÓRIO DE CONTROLE INTEGRADO DE INSETOS

CNPq

A produção de soja aumenta a cada safra no Brasil, sendo o estado do Paraná o segundo maior produtor do grão. Esta cultura está sujeita ao ataque de várias espécies de lepidópteros-praga; suas larvas se alimentam das folhas e grãos, causando perdas na produtividade e qualidade das sementes. Para seu controle, utilizam-se inseticidas, que podem ocasionar a contaminação do ambiente, seleção de populações resistentes e morte dos inimigos naturais. Como alternativa, o Manejo Integrado de Pragas busca a utilização de inseticidas seletivos/biológicos, utilizados apenas quando as pragas atingem o nível de dano econômico. Outra alternativa é a agricultura orgânica que dispensa agentes químicos de controle, utilizando produtos biológicos, armadilhas e áreas de refúgio para inimigos naturais. Nos últimos anos alterações no perfil de pragas vem ocorrendo na cultura, principalmente pela utilização de sementes transgênicas e a introdução no país de novas espécies de insetos, além do aumento das aplicações de fungicidas, atingindo os entomopatógenos. Entender como a flutuação populacional ocorre atualmente no manejo orgânico da cultura torna-se importante para compreender como as mudanças climáticas, ação de defensivos químicos, utilização de plantas transgênicas e a introdução de novas espécies podem ter afetado as populações de pragas e seus parasitoides. O trabalho terá como objetivo conhecer a flutuação populacional de lepidópteros-praga e seu complexo de parasitoides no manejo orgânico da soja, assim como investigar potenciais parasitoides a serem utilizados no controle das pragas. O presente projeto será dividido em duas etapas, na primeira, serão realizadas coletas durante a safra 2015/16, na fazenda do Instituto Agronômico do Paraná, no município da Lapa onde será plantada soja convencional com manejo orgânico. As coletas serão realizadas semanalmente com o método do pano de batida; os insetos coletados serão mantidos em laboratório e alimentados com folhas de soja até a emergência do adulto ou do parasitoide. Serão coletados parasitoides de ovos utilizando gaiolas de nylon com seis casais de Anticarsia gemmatalis para oviposição nas folhas de soja, deixando a disposição para a ação dos parasitoides. Os exemplares serão catalogados e enviados para identificação. Na segunda etapa, os parasitoides larvais coletados em maior abundância serão criados em laboratório e bioensaios serão realizados para avaliação dos parâmetros biológicos como tempo de desenvolvimento, porcentagem de emergência, capacidade reprodutiva, longevidade e razão sexual da progênie. Dos parasitoides de ovos coletados serão avaliados o número de ovos coletados, número de espécies de parasitoides emergidos, número de parasitoides emergidos por ovo e razão sexual. A fim de comprar os resultados encontrados no levantamento, as médias serão submetidas ao teste T de Student, assim como análises de variância e normalidade. As médias da razão sexual e de número de parasitoides emergidos por hospedeiro serão submetidas a uma análise de variância e classificadas pelo teste de Tukey (p < 0,05). Dessa forma, espera-se que o conhecimento dos inimigos naturais que possam ser utilizados para o controle biológico das principais pragas sejam relevantes de forma a contribuir para o aumento da produtividade, visando uma agricultura mais sustentável.

Palavras-chave: soja orgânica; levantamento de pragas; biologia reprodutiva.

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PADRÕES COMPORTAMENTAIS DE Callithrix penicillata NA ILHA DE SANTA CATARINA, SUL DO BRASIL

DAIANE SOARES XAVIER DA ROSA

[email protected]

ORIENTADOR: JOÃO MARCELO DELIBERADOR MIRANDA

LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE DE MAMÍFEROS DO SUL DO BRASIL

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Callitrichidae é uma família de pequenos primatas neotropicais, composta por cerca de sessenta espécies10. A diminuição do tamanho corporal, em relação à ancestrais de maior porte, teve um papel fundamental na ecologia alimentar dos Calitriquídeos, permitindo uma predação mais efetiva de insetos maiores e possibilitando a eficiente colonização e uso de hábitats marginais e perturbados5.

Calitriquídeos formam grupos sociais estáveis, com elevado grau de parentesco entre os membros. Os grupos são compostos por mais de um indivíduo adulto de ambos os sexos, um casal de adultos reprodutores, além de subadultos, juvenis e infantes6. Os sistemas de acasalamento em Callithrix spp. podem variar de acordo com o tamanho do grupo. Quando o sistema de acasalamento adotado pelo grupo é monogâmico ou poliândrico, há presença de uma única fêmea dominante que inibe a ovulação das subordinadas hormonalmente; quando há poliginandria, sugere-se que a segunda fêmea reprodutora seja filha da primeira6,12.

Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) é uma das espécies com distribuição mais ampla do gênero, ocorrendo tipicamente no Bioma Cerrado9. Em algumas regiões do Brasil, há ocorrência de introduções de C. penicillata fora da sua área de distribuição natural8. Para a região sul brasileira há a introdução no estado do Paraná7 e na Ilha de Santa Catarina, onde houve a introdução de três espécies do gênero: C. jacchus (Linnaeus, 1758), C. penicillata e C. geoffroyi (Humboldt, 1812)11.

Tendo em vista a complexidade estrutural dos grupos, das relações entre os indivíduos e dos repertórios comportamentais de C. penicillata, o objetivo principal deste estudo é descrever quali-quantitativamente os padrões comportamentais de Callithrix penicillata, em um fragmento florestal urbano na Ilha de Santa Catarina, Sul do Brasil. Especificamente têm-se como objetivos: (1) analisar se ocorrem variações diárias e sazonais nos padrões comportamentais de C. penicillata; (2) testar se existem diferenças comportamentais em C. penicillata, próximo aos períodos de nascimentos no grupo.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Parque Ecológico do Córrego Grande (PECG) (27°60‘ S, 48°51‘ W), um fragmento florestal urbano localizado na região central da Ilha de Santa Catarina, Florianópolis. Este fragmento de 21,5 ha possui características de Floresta Ombrófila Densa, em estágios iniciais e médios de regeneração. Na área do PECG existem pelo menos quatro grupos bem estabelecidos de primatas com características predominantes da espécie C. penicillata. Os dados de padrões comportamentais foram coletados entre dezembro 2014 e julho de 2015, acompanhando um grupo de C. penicillata. As campanhas de campo foram realizadas quinzenalmente, com o esforço de um dia completo de acompanhamento e observação. Os padrões comportamentais foram obtidos pelo método de Varredura

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Instantânea (Scan Sampling), com intervalo de 10 minutos entre cada observação2. Para tal, foram adotadas as seguintes categorias comportamentais: deslocamento, alimentação/forrageio, interações sociais (catação, brincadeira e interações intra e intergrupais) e inatividade. Registros de interações sociais foram feitos através do método de ―Todas as Ocorrências‖ de determinado comportamento2. Os padrões comportamentais foram avaliados quanto à sua frequência de ocorrência e expressos em percentagem. Para possibilitar a análise da variação horária dos registros comportamentais, o dia foi dividido em sete classes horárias: 1 (início das atividades até 7hs); 2 (7h01-9hs); 3 (9h01-11hs); 4 (11h01-13hs); 5 (13h01-15hs); 6 (15h01-17hs); e 7 (17h01 até o final das atividades). Da mesma forma, para possibilitar a análise da variação nos padrões comportamentais ao longo do ano, os meses de campo foram divididos sazonalmente em: primavera, verão, outono e inverno. Por fim foi avaliado se ocorrem diferenças comportamentais durante os períodos de nascimentos, especificamente em dias com presença de filhotes recém-nascidos no grupo. Para tais comparações foram utilizadas análises de variância multivariada não-paramétrica (PERMANOVA One-Way), adotando p<0,05 como significativo. As análises foram realizadas com o auxílio do Software Paleontological Statistics (PAST), versão 2.17c.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até o momento foram 13 dias amostrados, 147 horas e 3.499 registros comportamentais. As atividades mais frequentes realizadas pelo grupo foram deslocamento (37%), concentrados no início e final do dia e comportamento alimentar (34%), mais frequentes no final da manhã e no meio e final da tarde. Os períodos de interações sociais (14%) e inatividade (12%) foram mais frequentes no meio do dia.

Dividindo-se o dia em sete classes horárias, foi obtida uma diferença significativa na frequência de comportamentos observados (F = 2,309, p < 0,0005). As primeiras horas do dia (I-7hs – faixa horária 1) diferem significativamente em frequência de registros comportamentais das faixas 3 (p < 0,01), 4 (p < 0,02) e 6 (p < 0,01). Nas faixas horárias 1 e 7 há predominância de deslocamentos e nas faixas 3 e 6 há maior frequência de comportamentos alimentares. A relação de proximidade entre deslocamentos e alimentação durante as primeiras e últimas faixas horárias do dia pode estar relacionado ao armazenamento de energia para o dia de atividade e para a inatividade noturna, respectivamente. Além disso, foi possível observar que as faixas com maior número de registros de inatividade foram àquelas concentradas no meio do dia (3 e 4). Os períodos de inatividade coincidem com os momentos mais quentes do dia, em que o grupo procura locais com sombra para se proteger do calor.

Não foi observada diferença significativa comparando-se a frequência na ocorrência dos comportamentos entre as estações do ano (F = 1,287, p = 0,2767). Este resultado pode ter sido devido à não totalidade dos dados até o momento ou à presença de dias com temperaturas relativamente altas em todas as estações de coleta de dados.

Quando comparados os dias com presença ou ausência de filhotes recém-nascidos foram obtidos valores significativos para a variação na frequência de registros comportamentais (F = 2,592, p < 0,0492). O tempo gasto em períodos de inatividade foi em média mais alto nos dias com presença de recém-nascidos no grupo, o que pode indicar um aumento no tempo gasto no cuidado com os filhotes incluindo os períodos de amamentação, além de possíveis aumentos na vigilância. Além disso, percebe-se uma diminuição nos comportamentos de brincadeira e um aumento nos encontros agonísticos com outros grupos, este último podendo estar relacionado à tentativa de acesso às fêmeas em estro por parte de machos de outros grupos4. Houve o nascimento de mais de um par de gêmeos em cada um dos eventos reprodutivos acompanhados. Devido ao tempo de gestação para o gênero Callithrix

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ser de aproximadamente 4 meses3, os nascimentos observados indicam a presença de duas fêmeas reprodutivas no grupo, fato incomum para esta espécie que em geral possui uma fêmea reprodutiva que inibe hormonalmente as subordinadas1,6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Podemos afirmar com base em dados preliminares que deslocamentos são os comportamentos mais frequentes, ocorrendo em geral no início e final do período de atividades. Comportamentos alimentares foram predominantes nas faixas horárias 3 e 6, sendo o forrageio por presas a classe mais frequente. Interações sociais e períodos de inatividade prevaleceram nas faixas horárias 3 e 4. Nos períodos próximos aos nascimentos a variação na frequência de registro dos comportamentos se mostrou significativa, em especial no que diz respeito à diminuição dos comportamentos de brincadeira e ao aumento dos períodos de inatividade e gastos em encontros agonísticos intergrupais. Assim pode-se perceber que é possível que eventos sociais afetem mais as mudanças comportamentais que mudanças temporais sazonais.

Palavras-chave: espécie exótica; Sagui-de-tufo-preto; padrões comportamentais; Mata Atlântica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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suppression of reproduction in female marmosets and tamarins. In: RYLANDS, A. B. (Ed.). Marmosets and Tamarins: Systematics, Behaviour, and Ecology. Oxford University Press, Oxford, 152-163.

2ALTMANN, J. 1974. Observational study of behavior: sampling methods. Behaviour, 40: 227-

267.

3AURICCHIO, P. 1995. Primatas do Brasil. Terra Brasilis, São Paulo, 168p.

4DECANINI, D. P. & MACEDO, R. H. 2008. Sociality in Callithrix penicillata: I. Intragroup male

profile. International Journal of Primatology, 29(2): 433-447.

5FERRARI, S. F. 1993. Ecological differentiation in the Callitrichidae. In: RYLANDS, A. B. (Ed.).

Marmosets and Tamarins: Systematics, Behaviour, and Ecology. Oxford University Press, Oxford, 315-328.

6FERRARI, S. F. & DIGBY, L. J. 1996. Wild Callithrix groups: Stable extended families? American

Journal of Primatology, 38: 19-27.

7PASSOS, F. C.; MIRANDA, J. M. D.; AGUIAR, L. M.; LUDWIG, G.; BERNARDI, I. P. & MORO-RIOS, R. F.

2007. Distribuição e ocorrência de primatas no Estado do Paraná, Brasil. In: BICCA-MARQUES, J. C. (Org.). A Primatologia no Brasil, 10: 119-149.

8RUIZ-MIRANDA, C. R.; AFFONSO, A. G.; MARTINS, A. & BECK, B. 2000. Distribuição do Sagüi

(Callithrix jacchus) nas áreas de ocorrência do Mico-Leão-Dourado (Leontopithecus rosalia) no Estado do Rio de Janeiro. Neotropical Primates, 8(3): 98-101.

9RYLANDS, A. B. & FARIA, D. S. 1993. Habitats, feeding ecology, and home range size in the

genus Callithrix. In: RYLANDS, A. B. (Ed.). Marmosets and Tamarins: Systematics, Behaviour, and Ecology. Oxford University Press, Oxford, 263-272.

10RYLANDS, A. B. & MITTERMEIER, R. A. 2009. The diversity of New World primates (Platyrrhini):

an annotated taxonomy. In: GARBER, P. A.; ESTRADA, A.; BICCA-MARQUES, J. C.; HEYMANN, E. W.; STRIER, K. B. (Ed.). South American Primates: comparative perspectives in the study of bahavior, ecology, and conservation. Series Developments in Primatology: Progress and Prospects. New York: Springer Press, 23-54.

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11SANTOS, C.; MORAIS, M. M.; OLIVEIRA, M. M.; MIKICH, S. B.; RUIZ-MIRANDA, C. R. & MOORE, K. P.

L. 2007. Ecologia, comportamento e manejo de primatas invasores e populações-problema. In: BICCA-MARQUES, J. C. (Org.). A Primatologia no Brasil, 10: 101-118.

12YAMAMOTO, M. E.; ARAÚJO, A.; SOUSA, M. B. C.; ARRUDA, M. F. 2010. Social organization in

Callithrix jacchus: Cooperation and Competition. Advances in the Study of Behavior, 42(10): 259-273.

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CONECTIVIDADE E ESTRUTURAÇÃO GENÉTICA DE POPULAÇÕES DE ANELÍDEOS INTERSTICIAIS DO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ

(CEP)

NÁLITA MARIA SCAMPARLE TEODORO

[email protected]

ORIENTADOR: DR. PAULO DA CUNHA LANA

LABORATÓRIO DE BENTOS, CENTRO DE ESTUDOS DO MAR, UFPR

CO-ORIENTADOR: DR. MAIKON DI DOMENICO

MUSEU DE ZOOLOGIA PROF. DR. JOSÉ ADÃO CARDOSO, INSTITUTO DE BIOLOGIA, UNICAMP

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A conectividade é um dos processos fundamentais na ecologia marinha contemporânea, pois implica o transporte, dispersão e sobrevivência de indivíduos entre populações e comunidades1.

Compreender como e quando os indivíduos se dispersam em função da heterogeneidade ambiental é fundamental para interpretar padrões de diversidade em diferentes escalas. Os impedimentos metodológicos para medir a dispersão de forma direta em campo fazem com que muitos trabalhos sobre a conectividade falhem no desenvolvimento teórico de metacomunidades e metapopulações2.

A maioria das espécies bênticas possui ciclos de vida complexos, com dois ou mais estágios se sucedendo em habitats distintos3. A escala de dispersão está diretamente relacionada com o tempo de permanência das larvas na coluna d‘água, com a capacidade de locomoção dos adultos ou juvenis e com os modos de fecundação. Estes fatores, aliados às escalas espaciais e aos processos hidrodinâmicos, podem ser usados para modelar ou estimar o potencial de dispersão e prever o grau de conectividade entre as populações2.

Como uma ferramenta para estimar conectividade, a genética de populações e outros ramos da biologia evolutiva passaram a utilizar múltiplas ferramentas, como marcadores moleculares de DNA mitocondriais (mtDNA) e DNA nucleares3,4,5 e técnicas morfológicas ou comportamentais mais convencionais6,7. O mtDNA (COI e rRNA) são considerados excelentes marcadores moleculares para análises de estruturação genética de populações por: (a) estarem distribuídos em uma grande variedade de organismos; (b) pela facilidade de isolamento; (c) por serem herdados exclusivamente por herança materna; e (d) por apresentarem rápida taxa de evolução em relação ao DNA nuclear8,9.

A plasticidade estrutural, as histórias de vida diversificadas e a coexistência polifilética de diversas formas de reprodução em um mesmo microhabitat intersticial, além da ocorrência em sedimentos com texturas distintas, justificam o emprego dos anelídeos intersticiais ou meiofaunais como bons modelos para avaliar a dispersão larval e conectividade populacional marinha6,3,10.

A partir desta constatação, este trabalho avalia o grau de conectividade e estruturação genética das populações de anelídeos intersticiais em manchas de sedimento grosso do Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP) e de manchas externas no litoral de São Paulo utilizando descritores de diversidade (riqueza e diversidade beta) e genes mitocondriais (16S e COI) em distintas escalas espaciais,

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variando de centímetros a dezenas de quilômetros.A hipótese deste trabalho é que se a conectividade gênica e a estruturação de metapopulações de anelídeos intersticiais forem uma função da sua capacidade de dispersão, expressa por suas estratégias de reprodução e locomoção, então será esperada maior conectividade e menor estruturação gênica para populações com maior potencial de dispersão.

MATERIAL E MÉTODOS

Escolhemos como alvo três espécies de anelídeos intersticiais com distintos modos reprodutivos: Pharyngocirrus gabriellae (Saccocirridae) com fecundação interna e desenvolvimento larval, Claudrilus corderoi (Protodrilidae) com fecundação externa e desenvolvimento larval e Nerilla mediterranea (Nerillidae) com fecundação externa com desenvolvimento direto.

Os organismos foram coletados na zona entremarés com um tubo de PVC de 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura ou no infralitoral por meio de mergulho livre ou pegador de fundo do tipo Van-Veen. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos com água local, mantida em local refrigerado a 24°C. Após um dia os animais tendem a se concentrar nas camadas mais superficiais do sedimento. O DNA foi extraído através do kit de extração Qiagen DNeasy Tissue and Blood (Düsseldorf, Germany) seguindo os protocolos do fabricante. A eluição do DNA foi feita duas vezes com os mesmos 80μl de tampão para aumentar a quantidade de DNA gerado.

As reações em cadeia da polimerase (PCR) foram feitas com Illustra PuReTaq Ready-To-Go PCR beads (Amersham Biosciences) seguindo o protocolo do fabricante. As PCRs foram executadas com um volume de 25μl contendo: 20μl de água milli-Q, 2μl de DNA e 1.5 μl de cada primer. Os primers utilizados até então são: 16 Sann f, 5‘-GCGGTAYCCTRACCGTGCAAAGGTA-3‘, 16 Sann r, 5- CTA AGC CAACATCGAGGTGCCAA-3‘ para amplificar o DNAmt de 16S com 600 pares de bases e COI Folmer deg 5- GGTCAACAAATCATAAAGAYATYGG-3‘ e degHCO2198 5-TAAACTTCA GGGTGACCAAARAAYCA-3 para amplificar o DNAmt de COI com 550 pares de bases.

As PCRs foram realizadas em um termociclador ESCO Swift Max Pro. Para o 16S, as condições de PCR foram as seguintes: desnaturação inicial a 94°C por 3 minutos; 5 ciclos de desnaturação a 94°C por 30 segundos, anelamento a 44°C por 40 segundos, extensão a 72°C por 1.5 min; 35 ciclos de desnaturação a 94°C por 30 segundos, anelamento a 48°C por 40 segundos e extensão a 72°C por 1.5 minutos; e uma extensão final a 72°C por 7 min. Para o COI, as condições de PCR são: desnaturação inicial a 94°C por 3 minutos; 5 ciclos de desnaturação a 94°C por 40 segundos, anelamento a 45°C por 40 segundos, extensão a 72°C por 1 minuto; 35 ciclos de desnaturação a 94°C por 40 segundos, anelamento a 51°C ou 54.2°C por 40 segundos e extensão a 72°C por 1 minuto; e uma extensão final a 72°C por 5 minutos. O sucesso das amplificações é confirmado por eletroforese em gel de agarose a 1% e visualizado em Transilluminator-UV (Loccus Biotecnologia). Os produtos amplificados foram enviados à Macrogen aonde são purificados e sequenciados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As coletas foram feitas entre julho e dezembro de 2014 e fevereiro e julho de 2015. Até agosto, as coletas foram exploratórias, para reconhecer e definir as manchas de sedimento grosso com ocorrência dos anelídeos intersticiais. As manchas amostradas dentro do CEP foram Jererês e Europinhas (Baía de Paranaguá), Bananas e Guaraqueçaba (Baía de Laranjeiras) e Guarás (Baía de Pinheiros). As manchas externas ao CEP, ao longo do litoral de São Paulo, foram Ilha do Cardoso (Cananeia), Baía de Araçá, Praia do Baleeiro, Itaçucê e Praia de Toque-Toque Grande (São Sebastião).

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O DNA de 137 indivíduos foi extraído, sendo 84 de Pharyngocirrus gabriellae (30 de Bananas, 20 de Jererês, 20 Araçá, 10 Baleeiro e 4 Itaçucê), 30 de Claudrilus corderoi (10 de Bananas, 6 Guaraqueçaba, 6 de Prainha, 4 de Araçá, 1 de Europinhas, 1 do Baleeiro, 1 de Jererês, 1 Toque-Toque Grande) e 23 de Nerilla mediterranea (10 de Bananas, 3 de Guaraqueçaba, 3 de Guará, 3 da Ilha do Cardoso, 2 de Jererês e 2 do Baleeiro).

A partir das extrações, PCRs foram feitas para os genes mitocondriais 16S e COI. 15 amostras de Pharyngocirrus gabriellae foram sequenciadas para o 16S. Oito delas resultaram em contigs que variaram aproximadamente entre 369-537 pares de bases e blastearam com Pharyngocirrus gabriellae isolate Brazil 16S mitochondrial (KF954449), com valores de 99 e 100 % de similaridade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Todas as sequências de 16S para P. gabriellae foram enviadas para sequenciamento e as do COI estão em andamento. As amostras para o 16S de P. gabriellae apresentam alta similaridade, uma vez que este é um gene muito conservado e esta espécie tem alto potencial de dispersão. No próximo período, as extrações e amplificações de C. corderoi e N. mediterranea serão concluídas.

No final das análises, esperamos encontrar maior estruturação entre as populações com o COI.

Palavras-chave: conectividade genética; anelídeos intersticiais; meiofauna.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1PINEDA, JESUS.; HARE, J.A.; SPOUNAGLE, S.2007. Larval Transport and Dispersal in the

Coastal Ocean and Consequence for Population Connectivity. Oceanography, 20: 21-39.

2VALANKO, S. 2012. Dispersal and metacommunity dynamics in a soft-sediment benthic

system-how well is the seafloor connected ? Ph.D. Thesis. Åbo Akademi University, Finland.

3ROUSE, W.; PLEIJEL, F. 2006. Reproductive Biology and Phylogeny of Annelida.

Reproductive Biology and Phylogeny. Sience Publishers Inc., 688p.

4AGUADO, M.T.; NYGREN, A.; SIDDALL, M.E. 2007 Phylogeny of Syllidae (Polychaeta) based

on combined molecular analysis of nuclear and mitochondrial genes. Cladistics, 23: 552-564.

5CARR, C.M.; HARDY, S.M.; BROWN, T. MACDONALD, T.; HEBERT, P.D.N. 2011. A tri-

oceanic perspective: DNA barcoding reveals geographic structure and cryptic diversity in Canadian polychaetes. PLoS One, 6: 22232.

6PURSCHKE, G. 2006. Problematic annelid groups. In: Rouse W Pleijel F. (Eds.), Reproductive

Biology and Phylogeny of Annelida. Reproductive Biology and Phylogeny. Sience, 639–667.

7BARROSO, R.; KLAUTAU, M.; SOLE-CAVA, A.M.; PAIVA, P.C. 2010. Eurythoe complanata (Polychaeta: Amphinomidae), the ―cosmopolitan‖ fireworm, consists of at least three cryptic species. Marine Biology, 157: 69–80.

8AVISE, J.C.; 2000. Phylogeography: The History and Formation of Species. Harvard

University Press, Cambridge, MA. 447p.

9AVISE, J.C. 2009 Phylogeography: retrospect and prospect. Journal of Biogeography, 36: 3-

15.

10DI DOMENICO, M.; MARTÍNEZ, A.; ALMEIDA, T.C.M.; MARTINS, M.O.; WORSAAE, K.;

LANA, P.C. 2014. Response of the meiofaunal annelid Saccocirrus pussicus (Saccocirridae) to sandy beach morphodynamics. Hydrobiologia, 1-16.

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EFEITO DO GLICEROL BRUTO SOBRE O CRESCIMENTO E METABOLISMO DE Piaractus mesopotamicus, Prochilodus lineatus E Rhamdia quelen, ESPÉCIES

NATIVAS DA BACIA DO RIO PARANÁ

RAFAEL ERNESTO BALEN

[email protected]

ORIENTADOR: FÁBIO MEURER

LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO DE ORGANISMOS AQUÁTICOS

CO-ORIENTADOR: LILIAN CAROLINA ROSA DA SILVA

LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO DE PEIXES

CNPq

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O glicerol bruto (GB) é o principal subproduto gerado durante a produção de biodiesel1. Na nutrição animal está sendo tratado como uma fonte dietética de energia e não propriamente um nutriente, tais como proteínas ou lipídios, e sua utilização em rações para peixes é relatada apenas para o bagre do canal2 e a tilápia do Nilo3,4,5.

Considerando a falta de conhecimento sobre a utilização do glicerol bruto na dieta de espécies de peixes Neotropicais: (i) determinou-se os coeficientes de digestibilidade aparente (CDAs) para a energia do glicerol bruto no pacu (Piaractus mesopotamicus) e jundiá (Rhamdia quelen); (ii) testou-se a genotoxicidade do GB e do óxido de cromo III (Cr2O3), de forma isolada e combinada, em rações para jundiá e pacu; e (iii) avaliou-se o efeito de diferentes níveis de inclusão de glicerol bruto na alimentação de juvenis de curimbatá (Prochilodus lineatus) sobre os parâmetros de crescimento corporal e bioquímicos plasmáticos dos peixes.

MATERIAL E MÉTODOS

Nos ensaios de digestibilidade foram utilizadas duas rações (referência e teste), 25 juvenis de pacu e 30 de jundiá, que tiveram suas fezes coletadas e processadas6. Os valores dos CDAs da energia do glicerol bruto foram calculados7 com base na quantidade de óxido de cromo III presente nas rações e fezes, determinada pela digestão em ácido nitro-perclórico seguida de espectrometria de absorção atômica8, e sua relação com o conteúdo de energia bruta do glicerol, rações e fezes, após combustão em bomba calorimétrica.

Para o ensaio de genotoxicidade foram elaborados os seguintes grupos experimentais: peixes alimentados com ração base (controle negativo); ração base acrescida de 30% de GB + 0,1% de Cr2O3; ração base com adição de 30% GB; e ração base com adição de 0,1% de Cr2O3; além do controle positivo, constituído por peixes alimentados com ração base que receberam injeção intraperitoneal de metil metano sulfonato (MMS) 24h antes da eutanásia. Os peixes (n = 15 em cada grupo, para ambas as espécies) foram alimentados durante 41 dias. Os biomarcadores utilizados foram o Ensaio Cometa9, nos eritrócitos e hepatócitos, e o Teste do Micronúcleo Písceo10,11, apenas nos eritrócitos.

Para o experimento de inclusão do glicerol na dieta do curimbatá foram utilizados 750 juvenis em um delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos foram constituídos por seis níveis de inclusão do glicerol bruto (0, 4, 8, 12, 16 e 20%) em rações isoprotéicas e

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isoenergéticas, fornecidas quatro vezes ao dia. Ao final de 64 dias, os peixes foram pesados e medidos para obtenção dos parâmetros de crescimento e desempenho, e o sangue retirado para obtenção dos parâmetros bioquímicos do plasma. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey, a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A digestibilidade e o conteúdo de energia digestível do glicerol bruto podem ser considerados excelentes, mesmo quando comparados à energia de ingredientes comuns, como o milho e o trigo, apresentando para energia CDA de 0,97 e 0,89, e 15,2 e 13,95 MJ kg-1 de energia digestível para o pacu e o jundiá, respectivamente.

Além disso, o GB na dieta não foi genotóxico para as duas espécies. Já o Cr2O3 foi tóxico para o jundiá no ensaio cometa de eritrócitos e hepatócitos, tanto isolado quanto com o GB, fato provavelmente relacionado ao pH estomacal da espécie, que pode facilitar a absorção do Cr2O3. No pacu, apenas o grupo com 0,1% Cr2O3 apresentou toxicidade no ensaio cometa de eritrócitos. Não foi observado aumento no número de micronúcleos em nenhum dos grupos, porém, houve diminuição do total de alterações morfológicas nucleares em R. quelen nos grupos que continham óxido de cromo III, podendo estar relacionado aos fatores hemolíticos deste composto.

O nível de 4% de glicerol na dieta de curimbatá proporcionou os melhores resultados de peso final, comprimento total, comprimento padrão, largura e altura, além de ganho de peso, conversão alimentar aparente e taxa de crescimento específico, que foi considerada baixa em relação às outras espécies cultivadas. Os tratamentos também influenciaram a taxa de triglicérides e de glicose plasmática, não havendo mortalidade dos peixes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

O glicerol bruto apresenta valores de energia digestível e CDAs superiores aos relatados para outros alimentos fornecidos para jundiá e pacu, demonstrando ser uma fonte de energia com grande potencial para substituir alimentos convencionais na dieta de peixes onívoros.

O óxido de cromo III utilizado nos ensaios de digestibilidade causa toxicidade para a espécie R. quelen, seja isolado ou combinado com GB. Já para P. mesopotamicus, houve diferença na quantidade de danos apenas com o Cr2O3 isolado, indicando uma possível diferença na absorção e metabolização deste composto entre estas duas espécies.

De modo inverso, a adição de 30% de glicerol bruto na dieta não produz genotoxicidade para o jundiá nem para o pacu, atestando que pode ser utilizado como fonte alternativa de energia na alimentação de peixes criados comercialmente, visto que não prejudica a saúde dos animais.

A inclusão de 4% de glicerol bruto na dieta de P. lineatus promove maior crescimento e melhor conversão alimentar de juvenis. Além disso, o mesmo pode suprir parte da exigência energética dos peixes, antes atendida principalmente pelo amido.

Palavras-chave: aquicultura; energia não-proteica; glicerina.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2LI, M.H.; MINCHEW, C.D.; OBERLE, D.F.; ROBINSON, E.H. 2010. Evaluation of glycerol from

biodiesel production as a feed ingredient for Channel catfish, Ictalurus punctatus. Journal of the World Aquaculture Society, 41(1): 130-136.

3NEU, D.H.; FURUYA, W.M.; YAMASHIRO, D.; BITTENCOURT, F.; MORO, E.B.;

FERNANDES, D.R.A.; BOSCOLO, W.R.; FEIDEN A. 2012. Glicerol na dieta de alevinos de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Agrarian, 5(17): 288-294.

4NEU, D.H.; FURUYA, W.M.; BOSCOLO, W.R.; POTRICH, F.R.; LUI, T.A.; FEIDEN, A. 2013.

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5MEURER, F.; TOVO NETO, A.; SILVA, L.C.R.; CAGOL, L.; THEISEN, M.T.; SANTOS, L.D.

2015. Crude glycerol in diets for Nile tilapia sex reversal (Oreochromis niloticus, Linnaeus 1758). Aquaculture Research, 1-4. doi:10.1111/are.12714.

6MEURER, F.; FRANZEN, A.; PIOVESAN, P.; ROSSATO, K.A.; SANTOS, L.D. 2012. Apparent

energy digestibility of glycerol from biodiesel production for Nile tilapia (Oreochromis niloticus, Linnaeus 1758). Aquaculture Research, 43(11): 1734-1737.

7NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Nutrient requirements of fish and shrimp.

Washington: The National Academies, 2011. Chapt.12, p.253-271.

8KIMURA, F.T.; MILLER, V.L. 1957. Improved determination of chromic oxide in cow feed and

feces. Journal of Agricultural Foodstuffs Chemistry, 5: p.216.

9SPEIT, G.; HARTMANN, A. 1999. The comet assay (single-cell gel test). A sensitive

genotoxicity test for the detection of DNA damage and repair. Methods in Molecular Biology, 113: 203-212.

10HEDDLE, J.A. 1973. A rapid in vivo test for chromosomal damage. Mutation Research, 18:

187-90.

11SCHMID, W. 1975. The micronucleus test. Mutation Research, 31: 9-15.

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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COMPARAÇÃO ENTRE ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS POPULAÇÕES DO CAMARÃO BRANCO Litopenaeus schmitti DE CUBA E DO BRASIL PARA O

CULTIVO EM ESCALA ARTESANAL

RAFAEL FERNÁNDEZ DE ALAIZA GARCÍA-MADRIGAL

[email protected]

ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO OSTRENSKY NETO

CENTRO DE AQUICULTURA MARINHA E REPOVOAMENTO (CAMAR)

LABORATÓRIO DE PESQUISAS COM ORGANISMOS AQUÁTICOS (LAPOA)

GRUPO INTEGRADO DE AQUICULTURA E ESTUDOS AMBIENTAIS (GIA)

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O camarão branco do Caribe e do Atlântico Sul Litopenaeus schmitti (Syn. Penaeus schmitti)1 (Decapoda: Penaeidae), distribui-se nas Antilhas Maiores, de Cuba até as Ilhas Vírgenes, e a costa Atlântica de Centro e Sul a América, do Belize até o sul do Brasil. Esta espécie foi um importante objeto de pesca, atingindo quase 2.400t em 2000, mas, as capturas têm sido reduzidas a quase zero2. Na década de 80, em vários países da região antes mencionada, a aquicultura comercial de L. schmitti desenvolvia-se com sucesso. Em Cuba, foram produzidas mais de 2.000t/ano até o 20033. Pós-larvas destes animais são cultivados de forma extensiva na Guiana4.

No Brasil, L. schmitti em sua fase inicial, foi considerada a espécie de camarão com maior potencial de cultivo no país5,6. Além de seu valor como produto pesqueiro 7, na costa do estado do Paraná, camarões brancos juvenis são capturados e vendidos para isca viva para a pesca esportiva8,9.

Em Cuba, estudos de variabilidade genética de populações naturais de L. schmitti foram realizadas utilizando técnicas morfológicas e aloenzimas e microssatélites a fim de melhorar os bancos de matrizes da espécie10,11,12,13,14.

Em um estudo utilizando exemplares de L. schmitti, L. vannamei e L. setiferus descobriu-se que dos 24 caracteres morfométricos estudados, o comprimento da carapaça, abdômen e o primeiro segmento abdominal eram variáveis que expressavamm diferenças entre as populações, as espécies e os sexos15. Um estudo semelhante foi realizado na costa nordeste do Brasil16, com a caracterização morfométrica de espécimes de L. schmitti capturados em zonas de pesca.

Atualmente, em praticamente toda região da costa atlântica da América Central e Sul, o cultivo comercial de L. schmitti foi abandonado e espécie substituída pelo camarão branco do Pacífico, L. vannamei.

O objetivo deste estudo é avaliar o potencial zootécnico de L. schmitti, como base para seu cultivo em escala artesanal na costa atlântica das Américas Central e do Sul, utilizando como ferramenta o estudo de características biológicas da espécie. Para tanto, pretende-se: (1) conhecer a tendência atual do uso de diferentes espécies de camarões peneidos na carcinocultura mundial; (2) diferenciar aspectos da biologia reprodutiva, usando medidas morfológicas e outros indicadores biológicos, e (3) a estrutura genética das populações de L. schmitti no Brasil, em Cuba e em outras zonas da costa atlântica da Américado Sul e o Caribe; e, (4) comparar o desempenho zootécnico de pós-larvas e de juvenis do camarão branco L. schmitti e do camarão cinza L. vannamei em condições controladas de laboratório e em escala piloto.

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MATERIAL E MÉTODOS

A obtenção de amostras de camarão nas áreas costeiras do golfo de Guacanayabo, Cuba e Pontal do Paraná no Brasil estão em andamento, com pesca em sistema de arrasto ou adquiridos diretamente em pontos de desembarque de pesca comercial.

De cada indivíduo tem sido obtido o comprimento total (cm), peso (g), comprimento e largura da carapaça (cm), comprimento e profundidade dos segmentos 1, 5 e 6, comprimento abdominal (cm), peso da cauda (g) com e sem exoesqueleto e número de dentes rostrais superiores. Também estão sendo registrados o sexo, estádio de maturação, índices gonadossomático (IGS) e hepatossomático (IHS).

Amostras de músculo do abdômen e dos pleópodos estão sendo fixados em etanol 99° para posterior análise genética. A técnica de microssatélites como marcador molecular utilizará os loci Lsch-1, Lsch-2 e Lsch-3 (identificada em L. schmitti) e Pse-036 locus, identificado em L. setiferus (Syn. P. setiferus).

Os alelos existentes e suas frequências serão determinados pelos quatro loci acima mencionados e, se esta população encontra-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg, será calculado o número de alelos efetivos e a heterozigocidade esperada e observada em cada população. O patrimônio genético das populações amostradas será comparado.

A comparação do crescimento de L. schmitti e L. vannamei será realizado em tanques experimentais. Dois experimentos serão realizados: o primeiro em uma sala contendo 30 tanques de 20L, sob condições controladas, e o segundo em ambiente externo, em 6 tanques de 30m3 cada.

Para os experimentos, as pós-larvas e juvenis de L. schmitti serão coletados in situ ou adquiridos em locais de venda de iscas-vivas. Os exemplares de L. vannamei serão obtidos da Fazenda Quality, em Santa Catarina. Os camarões de ambas as espécies serão distribuídos ao acaso nos tanques de experimento. Densidades de estocagem e condições de cultivo serão semelhantes em ambos os experimentos, a fim de comparar a resposta biológica de cada espécie.

Para o processamento de dados, medidas morfométricas dos animais e o coeficiente de variação médio serão calculados, assim como a diversidade genética para cada loco e cada população com o marcador genético. O desvio do equilíbrio de Hardy-Weinberg também será estimado.

Os programas utilizados para as análises serão: Arlequin versão 3.5 e Genepop. Além disso, os principais indicadores de diferentes estágios de cultivo de pós-larvas, juvenis e adultos (largura, comprimento e peso médio) serão analisados e comparados com o uso do software STATISTICA 10.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento de informações acerca do emprego de espécies nativas e exóticas de camarões peneídeos em cultivos em diferentes países está em andamento.

Até o presente momento, foram realizadas amostragens da morfometria de 95 camarões no Golfo do Guacanayabo, Cuba e Pontal do Paraná. A próxima amostragem está prevista para o segundo semestre de 2015 e ocorrerá no litoral dos estados de Sergipe e Alagoas.

Amostragens para análises genéticas foram realizadas em Cuba (n = 85), Paraná (n = 30), Rio Grande do Norte (n = 20), Ceará (n = 30) e Colombia (n = 50).

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Está prevista a coleta de amostras da região do Caribe. O processamento destas amostras passará pela extração e amplificação do DNA.

Entre outubro/2014 e março/2015, foram realizadas provas de captura de camarões em áreas de Shangri-La e Grajaú, Pontal do Paraná, Brasil, e de transporte e manutenção dos animais em laboratório. Atualmente, trabalhando no acondicionamento das áreas de pesquisa preparação das áreas experimentais, para iniciar experimentos no verão de 2015.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Até o momento comprovou-se que L. vannamei é uma das duas espécies de camarão que mais se cultiva no mundo, constituindo quase a totalidade da produção no continente americano. Entretanto, o uso desta espécie introduzida também é rechaçado por setores ambientalistas, o que abre uma oportunidade ao cultivo de espécies autóctones de camarão.

A novidade científica desta pesquisa é que, pela primeira vez, as populações do camarão branco de Cuba, Brasil e outros países da costa atlântica das Américas serão comparadas, tanto do ponto de vista genético, quanto biológico. Além disso, a influência da variabilidade genética nas características biológicas dessa espécie, é igualmente nova, assim como, o conhecimento de sua biologia em populações geograficamente muito distantes, quase nos extremos da distribuição da espécie. Também deve ser considerada a existência de barreiras físicas que se interpõem nessa distribuição como, por exemplo, o rio Amazonas. Como resultado desta pesquisa deve ser observado se as características das populações variam ou não, dos dois lados destas barreiras.

A metodologia e o conhecimento obtido poderão ser aplicados para a conservação das populações naturais de L. schmitti e para o desenvolvimento de seu cultivo em países como Cuba, Brasil e Venezuela.

Palavras-chave: zoologia aplicada; genética; carcinicultura; espécies nativas; espécies exóticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Keys and diagnoses for the families and genera. Memories du Museum National D’Historie Naturelle, p. 233,

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Species of Interest to Fisheries. L. B. Holthuis 1980. . FAO Fisheries Synopsis No. 125, Volume 1., 2013. Disponível em: < http://www.fao.org/fishery/species/3403/en. >.

3FONSECA, F. Y. R. F. D. A. Cuban Shrimp Enterprise. . Shrimp News International, World

Shrimp Farming 2003, R. Rosenberry., 2003. Disponível em: < http://www.shrimpnews.com. >.

4FERNÁNDEZ DE ALAIZA GARCÍA-MADRIGAL, R., P. RAMOTAR, J. SOLOMON Y D.

THOMAS Cultivo de Camarón en Estanques de Agua Salobre. Una Guía de la Tecnología Básica Aplicada en Guyana. Editora Instituto de Oceanología, Cuba, p. 60 pp. , 2012. ISSN 978-959-298-029-7

5BEZERRA, S. N. Y. R. C. R.-A. Informe sobre experiencias y perspectivas del cultivo de

Penaeus schmitti en el Nordeste del Brasil. Consulta Técnica Regional sobre cultivo de camarón blanco del Caribe, Penaeus schmitti. La Habana, Cuba, 10-14 de abril de 1995. Red de Cooperación Técnica en Acuicultura y Pesca de América Latina. FAO, PES/CT/95/1., p. 29 pp., 1995.

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6DE PAIVA, M. E., E. BELTRAME, W. MUEDAS E ALITIENE LEMOS Estudo preliminar sobre

crecimiento de Penaeus schmitti (Burkenroad, 1936), em diferentes densidades de cultivo semi-intensivo e suaviabilidade económica. Consulta Técnica Regional FAO sobre cultivo de camarón blanco del Caribe, Penaeus schmitti. La Habana, Cuba, 10-14 de abril de 1995. MARINE-Maricultura do Nordeste S/A, Canguaretama-RN, CEP 59190-000, Brasil., p. 15 pp., 1995.

7NEIVA, G. S., DOS SANTOS, E.P. E V. JANKAUSKIS. 1971. Análise preliminar da população

de Camarão legítimo Penaeus schmitti, Burkenroad, 1936, na Baía de Santos-Brasil. . Bol. do Inst. de Pesca. S. Paulo, 1(2): 7-14.

8AEN. Operação Verão Fiscalização ambiental coíbe pesca predatória no Litoral. Agência

Estadual de Notícias do Governo do Paraná. . 2011. Disponível em: < http://www.caravanadapesca.com.br/index.php/noticias/1301>

9LIMA, A. Camarão-branco: objeto de dissertação de mestrado no instituto de pesca. Agencia

Paulista de Tecnologia dos Agronegócios de Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Brasil., 2012.

10ESPINOSA, G., M. JAGER, E. GARCÍA-MACHADO, Y. BORRELL, N. CORONA Y J.

DEUTSCH. 2001. Microsatellites genetic markers for White shrimp (Litopenaeus schmitti). Biotecnología Aplicada, 18(4): 232-234,

11ESPINOSA L., G., U. BÉCQUER Z., Y. BORRELL P. J. ROMO R., R. DÍAZ F., J. AZANZA R.

Y R. DE DIOS Variación genética y morfológica en poblaciones naturales y cautivas del camarón blanco Litopenaeus schmitti en Cuba. I Congreso Iberoamericano Virtual de Acuicultura CIVA 2002, p. 778-784, 2002. Disponível em: < http://www.civa2002.org >.

12BORRELL, Y., G. BLANCO, E. VÁZQUEZ, J. ÁLVAREZ, H. PINEDA, G. ESPINOSA, C.

FERNÁNDEZ-PATO, C. MARTÍNEZ Y J. A. SÁNCHEZ. La variabilidad microsatélite y sus aplicaciones en la Acuicultura. II Congreso Iberoamericano Virtual de Acuicultura CIVA 2003, p. 1042-1056, 2003. Disponível em: < http://www.civa2003.org >.

13BORRELL, Y., G. ESPINOSA, J. ROMO, G. BLANCO, E. VÁZQUEZ Y J. A. SÁNCHEZ. 2004.

DNA microsatellite variability and genetic differentiation among natural populations of the Cuban White shrimp Litopenaeus schmitti. Marine Biology, 144: 327-333,

14BORRELL, Y. J., F. ARENAL, Z.M. MBENBA, O. SANTANA, R. DÍAZ-FERNÁNDEZ, E.

VÁZQUEZ, G. BLANCO, J. A. SÁNCHEZ Y G. ESPINOSA. 2007. Spatial and temporal genetic analisis of the Cuban White shrimp Penaeus (Litopenaeus) schmitti. Aquaculture.

15ARENA, L., C. ROSAS, E. DE LUNA Y G. ESPINOSA. 1997. Estudio morfométrico de 3

especies de camarón blanco Penaeus setiferus, P. vannamei y P. schmitti: Comparaciones Norte-Sur. Resúmenes del II Taller: “La Bioquímica en la Biotecnología Marina”, Facultad de Biología y Centro de Investigaciones Marinas de la Universidad de la Habana. Acuario Nacional de Cuba, p. G5, p20, 10-13 de dic.

16SANTOS, M. C. F. P. J. A. I., C. T. C. 2004. Caracterização morfométrica do camarão branco,

Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936) (Crustacea, Decapoda, Penaeidae) no Nordeste Oriental do Brasil. . Boletim Técnico Cientifico. CEPENE, 12(1): 51-71.

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS ESPECIES Rhamdia branneri E Rhamdia voulezi, (SILURIFORMES: PIMELODIDAE) EM CONDIÇÕES DE CATIVEIRO

RONAN MACIEL MARCOS

[email protected]

ORIENTADOR: FÁBIO MEURER

LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO DE ORGANISMOS AQUÁTICOS – LANOAQ

CO-ORIENTADOR: ROBIE ALLAN BOMBARDELLI

LABORATÓRIO DE REPRODUÇÃO DE ORGANISMOS AQUÁTICOS

CULTIVÁVEIS – LATRAAC – UNIOESTE, TOLEDO/PR

TRACTEBEL ENERGIA

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

As ações antrópicas nos rios (barramentos, redução das áreas de mata ciliar e vegetação nativa, poluição e introdução de espécies exóticas), imprimem diversos tipos de efeitos deletérios sobre as populações de peixes podendo ameaçar ou levar algumas espécies até o ponto de extinção6. O rio Iguaçu é um afluente do rio Paraná e também o maior rio do Estado do Paraná, Brasil. Os desníveis que originaram as quedas d'água fizeram este rio ser um dos maiores rios brasileiros na contribuição da geração de energia elétrica. Existem no seu percurso cinco represas para aproveitamento hidroelétrico3.

O gênero Rhamdia é parte integrante da ordem Siluriformes e família heptapteridea2, estes são caracterizados pelo corpo sem escamas recoberto por pele ou placas ósseas5. Os R. branneri e R. voulezi são espécies com distribuição geográfica restrita ao rio Iguaçu2. Estas espécies foram consideradas sinônimas de R. quelen porém evidências de diferenças genéticas1 e ecomorfológicas deixam em dúvida esta sinonímia2,4. As duas espécies são muito semelhantes, são piscívoras, a reprodução ocorre de setembro a março para R. branneri e de setembro a fevereiro para R. voulezi.

O Corpo é de coloração cinza com a região ventral mais clara2 Os objetivos deste trabalho são verificar os eventos morfológicos ao longo do processo de maturação gonadal e observar o perfil plasmático de esteróides relacionados ao desenvolvimento de reprodutores das espécies R. branneri e R. voulezi em condições de cativeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho está sendo desenvolvido no Instituto de Pesquisa em Aquicultura Ambiental – InPAA/Unioeste em Toledo/PR. Reprodutores de R. branneri e R. voulezi selvagens foram coletados no baixo Rio Iguaçu entre os anos de 2012 e 2014. Os animais coletados foram transferidos para tanques de alvenaria (200m2), alimentados com ração comercial (28% de proteína bruta). Em fevereiro de 2015 46 reprodutores de Rhamdia voulezi (27 fêmeas e 19 machos) e 23 reprodutores de Rhamdia branneri (14 fêmeas e 9 machos) foram selecionados e foram submetidos ao processo de reprodução artificial controlada. Machos e fêmeas receberam indução hormonal através da aplicação de extrato bruto de hipófise de carpa (3,0 mg.quilo-1 de reprodutor para machos em uma única dose e 0,5 e 5,5 mg.quilo-1 de reprodutor para fêmeas em duas doses com intervalo de 12 horas), após 240 unidades térmicas

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acumuladas (UTA) os gametas foram coletados a seco, misturados e hidratados. Os ovos foram incubados em incubadoras cônicas com volume total de 200 litros. Sete dias após as larvas foram transferidas para viveiros de terra adubados e foram alimentadas com ração comercial (32% de proteína bruta).

Sessenta dias após a eclosão das larvas aproximadamente 1500 alevinos de cada espécie foram estocados em viveiros de concreto (200m2) separadamente. A partir deste grupo de peixes estão sendo realizadas coletas de gônadas e sangue com intervalo de aproximadamente trinta dias (18/04/2015, 30/05/2015, 03/07/2015 e 01/08/2015). As coletas serão realizadas por aproximadamente 12 meses objetivando observar todos os eventos reprodutivos.

Dez animais de cada espécie são selecionados aleatoriamente, logo após são anestesiados (benzocaína concentração de 200mg.l-1 de água dos viveiros), pesados, medidos e submetidos a coleta de sangue, em seguida são eutanasiados através de overdose com benzocaína e as gônadas são retiradas e fixadas para realização do procedimento de corte histológico7. As amostras de sangue são submetidas a centrifugação a 3200 rpm por 20 minutos, logo após o plasma é retirado e congelado para posterior análise do perfil de testosterona e estradiol através de ensaio de imunoadsorção ligada à enzima (ELISA) com a utilização de kit de teste padrão.

A associação de alterações observadas nos índices corporais, nos aspectos macroscópicos das gônadas, no epitélio germinativo e no perfil hormonal, serão utilizados como indicadores para a determinação do período reprodutivo e da primeira maturação.

Os dados morfológicos descritivos serão comparados ao longo do período de coletas e entra as espécies buscando evidenciar alterações ao longo do ano e entre espécies. Dados biométricos serão avaliados através de regressão linear, objetivando estabelecer um padrão de crescimento dos animais. Para a caracterização hormonal os dados obtidos serão submetidos à análise de variância de medidas repetidas, caso seja constatado efeito será realizado o teste de médias de Duncan. Será estabelecido para todas as análises um nível de 5 % de significância. Todas as rotinas estatisticas serão executadas no software Statistica 7.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O crescimento médio, em centímetros, dos animais no período foi de 1,94 e 1,60 (comprimento padrão) e 2,69 e 1,86 (comprimento total) para R. Branneri e R. Voulezi, respectivamente. O peso médio aumentou em 8,57 e 9,68 gramas para R. Branneri e R. Voulezi, respectivamente. O crescimento discreto apresentado pelas duas espécies provavelmente foi causado pelo acometimento dos animais por alguma parasitose (visualizados os sintomas porém não identificados os agentes causadores). Na ultima coleta realizada (01/08) alguns machos de R. branneri quando submetidos a leve pressão abdominal liberaram sêmen, indicativo de estarem aptos a reprodução, porém os dados histológicos precisam ser confrontados. Cortes histológicos das gônadas das duas primeiras coletas foram realizados porém ainda não foram analisados. Não foi possível determinar o sexo e estágio de maturação gonadal de forma macroscópica no período já trabalhado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Durante as coletas realizadas o único indício de maturação gonadal já observado foi a liberação de sêmen por um dos animais. Devido ao pequeno tamanho dos animais nesta fase inicial não foi possível a visualização de características reprodutivas secundárias. Resultados efetivos serão possíveis somente após a realização de mais coletas e análise dos dados adquiridos. O trabalho está dentro do cronograma estabelecido inicialmente e as coletas vêm apresentando dados

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1º SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA - UFPR - 2015

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importantes para o conhecimento da biologia reprodutiva destas duas espécies nativas de peixes do Paraná.

Palavras-chave: histologia; maturação gonadal; hormônios reprodutivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1

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non-native fish Salminus brasiliensis (Cuvier, 1816), in a global biodiversity ecoregion, Iguaçu River, Paraná River basin, Brazil. Aquatic Invasions, 5(2): 223-227.

4MISE, F.T.; TENCATT, L.F.C.; SOUZA, F.D.; 2013. Ecomorphological differences between

Rhamdia (Bleeker, 1858) populations from the Iguaçu River basin. Biota Neotropica, 13(4): 99-104.

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concept of successful fish passage in South America. River Research and Applications, 28: 504-512.

7TESSARO, L.; TOLEDO, C.P.R.; NEUMANN, G.; KRAUSE, R.A.; MEURER, F.; NATALI,

M.R.M.; E BOMBARDELLI, R.A. 2012. Growth and reproductive characteristics of Rhamdia quelen males fed on different digestible energy levels in the reproductive phase. Aquaculture, 326: 74-80.

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AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DO ESTRESSE OXIDATIVO DE Laeonereis culveri EM ÁREAS CONTAMINADAS E NÃO CONTAMINADAS DE UM ESTUÁRIO

SUBTROPICAL

THAYANNE LIMA BARROS

[email protected]

ORIENTADOR: PAULO DA CUNHA LANA

LABORATÓRIO DE BENTOS

CAPES

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O meio ambiente é continuamente contaminado por xenobióticos e o destino final de muitos desses contaminantes é o meio aquático marinho. O monitoramento contínuo das atividades antrópicas em cidades portuárias, particularmente nos países em desenvolvimento com problemas de saneamento básico, deve ser visto como forma de garantir operações mais seguras e prevenir ou reduzir os danos ambientais associados ao desenvolvimento. Uma vez que os organismos bênticos são considerados excelentes indicadores da perda de qualidade ambiental1, avaliações da sua atividade enzimática antioxidativa são essenciais para fundamentar avaliações de impacto ou monitoramento ambiental. Poliquetas são organismos-alvo particularmente interessantes para estas análises, devido à sua elevada diversidade e aos seus variados modos de vida.

Este trabalho avalia os níveis de resposta aguda e crônica do estresse oxidativo em L. culveri após transplantes recíprocos e translocações entre áreas contaminadas e não contaminadas durante um período de 14 dias na Baía de Paranaguá (Sul do Brasil). Testamos a hipótese de que a variação nos níveis de atividade enzimática anti-oxidativa dos organismos transplantados será maior nos primeiros dias após o início do experimento, retornando aos níveis normais ou se igualando aos níveis do controle após um período de exposição mais longo. A originalidade desta proposta está na adoção de uma abordagem experimental de campo, com replicação robusta, que permitirá determinar como a espécie-alvo responde a uma contaminação ou descontaminação abrupta, avaliar a atividade enzimática ao longo do tempo e detectar se os níveis de atividade enzimática dos organismos transplantados irão em algum momento se igualar aos níveis do controle.

MATERIAL E MÉTODOS

Experimentos de campo, envolvendo transplante recíproco da espécie alvo entre áreas contaminadas e não contaminadas na Baía de Paranaguá, foram realizados para avaliar os níveis de resposta aguda e crônica do estresse oxidativo. Blocos de sedimento com L. culveri foram retirados de uma área contaminada e transplantados para uma área não-contaminada e vice versa. Como eventuais diferenças entre tratamentos podem ser consequência dos métodos experimentais utilizados os organismos também foram translocados (transportados entre blocos de uma mesma área). Amostras de sedimento não manipulado foram retiradas de cada área como controle do experimento. Foram coletadas 3 réplicas de cada tratamento após 24h, 48h e 96h (experimento agudo) e 7 e 14 dias (experimento crônico).

Os organismos transportados foram mantidos em câmaras de ensaio com 10 cm de diâmetro interno. As câmaras de ensaio eram potes plásticos com aberturas

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laterais e superior cobertas por uma tela de nylon de 40 µm para prevenir a fuga dos organismos teste e permitir a troca de água superficial e intersticial.

As amostras para análises bioquímicas foram congeladas em gelo seco e posteriormente transportadas para o Departamento de Farmacologia da UFPR, onde foram mantidas a -80°C. As amostras separadas para análise de genotoxicidade foram homogeneizadas após a triagem dos organismos e levadas para o Departamento de Genética da UFPR. Para avaliar o estresse oxidativo foram feitas análises da capacidade antioxidante contra radicais peroxil, dos níveis de lipoperoxidação pelo método TBARS e de genotoxicidade por ensaio cometa. Todas as análises bioquímicas foram realizadas no Departamento de Fisiologia Animal Comparada da FURG, seguindo as metodologias descritas por Oakes & Van Der Kraak 20032 e Amado et al 20093. O nível de contaminação do sedimento em cada bloco experimental foi avaliado pelas concentrações de coprostanol.

As diferenças entres os níveis de LPO dos organismos manipulados e não manipulados foram testadas por uma ANOVA. O modelo experimental aplicado incluiu 3 fatores com a seguinte estrutura: Tempo (fixo, 3 níveis – 24h, 48h e 96h), Tratamento (fixo, 4 níveis – controle da área de origem, controle da área de destino, transplante e translocação) e Área (aleatório, 2 níveis – área 1 e 2).

RESULTADOS PARCIAIS

Os níveis de lipoperoxidação (LPO) dos organismos transplantados da área contaminada para a área não contaminada diferiram dos níveis de LPO dos organismos controle da área de origem (área contaminada) apenas no T3 (96 horas). O nível de LPO dos indivíduos não manipulados da área contaminada aumentou ao longo de todo o experimento. Por outro lado, os níveis de lipoperoxidação dos indivíduos dos demais tratamentos (controle da área de destino, translocação e transplante) diminuíram em T3. No T2 (48 horas) não foi detectada nenhuma diferença significativa dos níveis de LPO entre os tratamentos.

Os níveis de LPO dos organismos transplantados da área não contaminada foram significativamente maiores do que os do controle da área contaminada. No primeiro intervalo de tempo (24h), os níveis de LPO dos indivíduos transplantados diferiram significativamente dos níveis de LPO dos indivíduos não manipulados da área não contaminada. No último intervalo de tempo (96h) os níveis de LPO encontrados nos organismos manipulados foram semelhantes aos níveis encontrados nos organismos da área de destino (área contaminada).

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Todas as atividades de campo e todas as análises bioquímicas já foram realizadas. As análises dos dados bioquímicos e as análises de coprostanol estão em andamento. As análises de genotoxicidade serão analisadas no segundo semestre de 2015.

Palavras-chave: biomarcadores; genotoxicidade; lipoperoxidação; ACAP; TBARS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1DAUVIN, J.C.; BELLAN, G.; BELLAN-SANTINI, D. 2010. Benthic indicators: From subjectivity

to objectivity – Where is the line? Marine Pollution Bulletin 60: 947–953.

2OAKES, K.D.; VAN DER KRAAK, G.J. 2003. Utility of the TBARS assay in detecting oxidative

stress in white sucker (Catostomus commersoni) populations exposed to pulp mill effluent. Aquatic Toxicology 63: 447-463.

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3AMADO,L.l; GARCIA, M.L.; RAMOS, P.B; FREITAS, R.F.; ZAFALON, B.; FERREIRA, J.L.R.;

MONSERRAT, J.M. 2009. A method to measure total antioxidant capacity against peroxyl radicals in aquatic organisms: Application to evaluate microcystins toxicity. Science of the total environment, 407: 2115-2123.

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A HISTOPATOLOGIA COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE EM ESTUDOS COM PEIXES DE AMBIENTES DULCÍCOLAS

THAYZI DE OLIVEIRA ZENI

[email protected]

ORIENTADOR: ANTONIO OSTRENSKY

GRUPO INTEGRADO DE AQUICULTURA E ESTUDOS AMBIENTAIS

CO-ORIENTADOR: GISELA GERALDINE CASTILHO WESTPHAL

GRUPO INTEGRADO DE AQUICULTURA E ESTUDOS AMBIENTAIS

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Biomarcadores são utilizados com o objetivo de evidenciar alterações de parâmetros morfológicos, respostas bioquímicas, fisiológicas1, comportamentais, celulares e energéticas, assim como alterações em fluídos corpóreos2 de organismos expostos a xenobiontes (xenobióticos). A utilização da histopatologia como uma ferramenta para o diagnóstico de impactos ambientais deve-se à sua posição intermediária dentro do espectro de complexidade biológica3 e no aparecimento de alterações em curto e médio prazo, dependendo, portanto, da concentração de contaminante e do tempo de exposição. A histopatologia também permite que se façam inferências sobre possíveis condições de higidez dos peixes submetidos a grandes alterações ambientais, apresentando baixo custo e possibilitando a obtenção de resultados em curtos períodos de tempo, além de possibilitar a identificação de alterações em diversos tecidos e órgão de peixes4 principalmente brânquias, fígado, rim e pele5. Diante destas informações, nesta tese buscou-se testar a viabilidade do uso de técnicas histológicas para identificar possíveis biomarcadores de exposição de peixes a patógenos e a potenciais poluentes ambientais. Para isso foram utilizadas duas espécies de peixes dulcícolas nativos: jundiá (Rhamdia quelen) e pacu (Metynnis maculatus). A tese foi dividida em quatro capítulos. O primeiro avalia as alterações teciduais em jundiás e pacus tratados quimicamente para controle de parasitose provocada por Ichthyophthirius multifiliis. O segundo faz uso de sal refinado iodado como substância de referência para testes de toxicidade com peixes e avalia as alterações histológicas branquiais e hepáticas causadas pela exposição. O terceiro avalia a sensibilidade e as respostas teciduais em brânquias e fígado de jundiás e pacus à amônia e o quarto, ainda em fase de execução, irá avaliar a histopatologia branquial e hepática de jundiás e pacus expostos a óleo mineral isolante.

MATERIAL E MÉTODOS

Obtenção e aclimatação dos peixes - Exemplares de jundiás e de pacus foram adquiridos na Central de Abastecimento do Paraná S/A, em Curitiba, e transportados em sacos plásticos contendo 1/3 de água e 2/3 de oxigênio, até o Laboratório de Pesquisa com Organismos Aquáticos, do Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais (GIA), da Universidade Federal do Paraná. Os animais passaram por um manejo de rotina para aclimatação à temperatura e ao pH, sendo posteriormente transferidos para tanques de polietileno (1.000 L) dotados de sistema fechado de filtragem física e biológica (aeração constante e temperatura controlada 23°C ± 2°C), nos quais os animais foram diariamente alimentados com ração comercial peletizada extrusada.

Cap. 1 - Após 20 dias no laboratório, os peixes começaram a apresentar sinais clínicos de ictiofitiríase. A doença foi confirmada por meio de raspados de brânquias e

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pele, com muco, coletados de peixes moribundos e analisados sob microscopia óptica. Os peixes passaram a ser medicados e monitorados quanto à prevalência e a evolução das alterações histológicas branquiais. Para isso, foram coletados e analisados animais nos dias 0, 10, 20, 30, 40 e 100, em relação ao início do tratamento. As brânquias foram destinadas à histopatologia.

Cap. 2 e 3 – Foram realizados experimentos independentes e sequenciais, com as espécies testadas separadamente, sendo um de exposição aguda e o outro subcrônica. No cap. 2 foi utilizado o sal iodado e no cap. 3 o cloreto de amônia. O experimento de exposição aguda foi realizado, por 96 h, (densidade de 7 peixes/aquário) em caixas de polietileno (50 L). Após o término do experimento foram calculadas as concentrações letais (CL50) em 24, 48, 72 e 96 h. No segundo experimento, com duração de 40 dias, os peixes foram submetidos a três diferentes concentrações do reagente na água, além de um tratamento controle. Neste caso, foram utilizados 15 peixes por tanque contendo 80 Litros de água cada. As brânquias e o fígado dos animais utilizados no experimento subcrônico foram destinados à histopatologia.

Confecção e análise de lâminas permanentes - Os tecidos foram fixados em solução de Davidson (ALFAC)6, submetidos ao procedimento histotécnico de rotina e cortado em micrótomo rotativo com 5 µm de espessura. Lâminas permanentes foram produzidas e coradas com hematoxilina de Harris e eosina7. Para análise das lâminas foram utilizados o Índice do órgão e o índice de reação, descritos por Bernet et al. (1999), e o índice de Impacto branquial, descrito por Cardoso (2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Cap. 1 - Foram identificadas 12 alterações histológicas ao longo das coletas realizadas. Entretanto, não foi possível o estabelecimento de inequívoca relação de nexo causal entre as alterações observadas e a parasitose analisada. A aplicação dos diferentes índices sugere que a dinâmica das alterações branquiais ocorreu de maneira distinta para jundiás e pacus. A robustez e a adequação dos próprios índices, como ferramenta de avaliação da severidade dos danos provocados pela parasitose ao tecido branquial das espécies estudadas, ou mesmo para possibilitar a compreensão da evolução temporal da doença, são discutidos e questionados.

Cap. 2 - A CL50 96 h do sal iodado para jundiás foi de 11,4 g/L e a de pacus foi de 10,8 g/L. Nenhuma das alterações observadas no fígado dos peixes analisados pode ser correlacionada de forma inequívoca à exposição ao sal. Por outro lado, não se pode descartar completamente a hipótese de que as alterações branquiais identificadas como perda de adesão epitelial, edema e congestão venham a ser provocados pela exposição dos peixes ao sal. Estas alterações, entretanto, foram observadas em todos os tratamentos utilizados e em ambas as espécies. Os resultados obtidos para as duas espécies estudadas foram distintos entre si, o que pode indicar uma relação espécie-específica das brânquias em relação ao sal.

Cap. 3 - A toxicidade do N-NH3 para jundiás foi calculada em 0,94 mg/L de N-NH3 e para pacus em 0,71 mg/L de N-NH3. Autores citam que a CL50 (96 h) de N-NH3

para peixes dulcícolas seria de aproximadamente 0,82 mg/L, valor próximo ao observado para ambas as espécies no presente estudo8. Embora 13 alterações branquiais tenham sido identificadas, os resultados obtidos indicaram que apenas congestão, em jundiás, e hiperplasia de epitélio, em pacus, apresentaram uma relação do tipo dose/efeito com a amônia. A hiperplasia de epitélio já foi citada como causada pela exposição de várias espécies de peixes à amônia, como tilápias9,11, carpas12,13, e jundiás14. Esta alteração, entretanto, também foi observada em peixes coletados em canais de irrigação15, expostos à produtos químicos16,17 e também a metais pesados18. A congestão branquial, por sua vez, é citada como resultado da exposição de peixes à

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pesticidas19,20, produtos químicos diversos16,21 e também registrada em peixes coletados diretamente de ambientes alterados22. Ambas as alterações, portanto, não são específicas para um determinado tipo de contaminante. Na análise hepática nenhuma das 5 alterações identificadas nos peixes foi positivamente relacionada a exposição à amônia. Os resultados obtidos ressaltam a importância do uso de indicadores quantitativos na histopatologia e evidenciam que as diferentes espécies de peixes podem responder de maneiras distintas à exposição à amônia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PARCIAIS

Os resultados parciais indicam que a histopatologia não se mostra uma ferramenta específica para o diagnóstico de um tipo particular de contaminação.

Palavras-chave: alterações teciduais; biomarcador; histologia; índice de Bernet; índice de Cardoso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1MELANCON, M.J., Bioindicators used in aquatic and terrestrial monitoring. In HOFFMAN,

D. J.; RATTNER, B. A.; BURTON, G. A.; JR.; CAIRNS, J., AND JR. editors. Handbook of ecotoxicology. Boca Raton (FL) CRC Press. 1995.

2LIVINGSTONE, D.R. 1993. Biotechnology and pollution monitoring: use of molecular biomarker

in the aquatic environment. Journal of chemical technology and biotecnology, 57: 195-211.

3HEATH, A.G., Water Pollution and Fish Physiology. 1995.

4JOHNSON, L.L., et al. 1993. Chemical contaminants and hepatic lesions in winter flounder

(Pleuronectes americanus) from the northeast coast of the United States. Environmental Science and Technology, 27(13): 2759-2771.

5BERNET, D., et al. 1999. Histopathology in fish proposal for a protocol to assess aquatic

poluttion. Journal of fish disease, 22: 25-34.

6MELA, M., et al. 2007.Effects of dietary methylmercury on liver and kidney histology in the

neotropical fish Hoplias malabaricus. Ecotoxicoligal and environmental safety, 68: 426–435.

7BEHMER, O.A., E.M.C. TOLOSA, A.G. FREITAS-NETO, Manual de técnicas histológicas

para histologia normal e patológica, ed. EDART. 1976.

8PERSON-LE RUYET, J., et al. 1998. Short-term physiological changes in turbot and seabream

juveniles exposed to exogenous ammonia. Comparative Biochemistry and Physiology, 119(2): 511-518.

9BENLI, A.A.K., G. KOKSA. 2005. The acute toxicity of ammonia on tilapia (Oreochromis

niloticus L.) Larvae and Fingerlings. Turkish Journal of Veterinary and Animal Science, 29: 339-344.

10EL-SHEBLY, A.A., H.A.M. GAD. 2011. Effect of chronic ammonia exposure on growth

performance, serum growth hormone (GH) levels and gill histology of nile tilapia (Oreochromis niloticus). Journal of Microbiology and Biotechnology Research, 1(4): 183-197.

11EL-SHERIF, M.S., EL-FEKY, M. AMAL. 2008. Effect of ammonia on nile tilapia (O.

niloticus) performance and some hematologica l and histological measures. 8th International Symposium on Tilapia in Aquaculture,

12CHEZHIAN, A., D., SENTHAMILSELVAN, N. KABILAN 2012. Histological changes induced by

ammonia and pH on the gills of fresh water fish Cyprinus carpio var. communis (Linnaeus). Asian J Anim Vet Adv, 7: 588-596.

13DEVARAJ, S., et al. 2014.Toxicological effects of ammonia on gills of Cyprinus carpio var.

communis (Linn.). Journal of Coastal Life Medicine, 2(2): 94-98.

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14MIRON, D.S., et al. 2008. Ammonia and pH effects on some metabolic parameters and gill

histology of silver catfish, Rhamdia quelen (Heptapteridae). Aquaculture, 277: 192-196.

15ABDEL-MONEIM, A.M., M.A. AL-KAHTANI, AND O.M. ELMENSHAWY. 2012.

Histopathological biomarkers in gills and liver of Oreochromis niloticus from polluted wetland environments, Saudi Arabia. Chemosphere, 88: 1028–1035.

16BARJA-FERNÁNDEZ, S., J.M. MÍGUEZ, R. ÁLVAREZ-OTERO. 2103. Histopathological

effects of 2,2′,4,4′-tetrabromodiphenylether (BDE-47)in the gills,intestine and liver of turbot (Psetta maxima). Ecotoxicology and evironmental safety, 95: 60-68.

17AGAMY, E. 2013. Impact of laboratory exposure to light Arabian crude oil, dispersed oil and

dispersant on the gills of the juvenile brown spotted grouper (Epinephelus chlorostigma): A histopathological study. Marine Environmental Research, 86: 46-55.

18OLIVA, M., et al. 2009. Sublethal and lethal toxicity in juvenile Senegal sole (Solea

senegalensis) exposed tocopper: A preliminary toxicity range-finding test. Experimental and toxicologic pathology, 61: 113–121.

19MATAQUEIRO, M.I., et al. 2009. Histopathological changes in the gill, liver and kidney of pacu

(Piaractus mesopotamicus, Holmberg, 1887) exposed to various concentrations of trichlorfon. Journal of Applied Ichthyology, 25: 124-127.

20RUDNICKI, C.A.M., et al. 2009. Gills of juvenile fish Piaractus mesopotamicus as histological

biomarkers for experimental sub-lethal contamination with the organophosphorus Azodrin®400. Brazilian archives of biology and technology, 52: 1431-1441.

21FANTA, E., et al. 2003. Histopathology of fish Corydoras paleatus contaminated with sublethal

levels of organophosphorus in water and food. Ecotoxicology and Environmental Safety, 54(2): 119-130.

22CAMARGO, M.M.P., C.B.R. MARTINEZ., 2007.Histopathology of gills, kidney and liver of a

Neotropical fish caged in an urban stream. Neotropical Ichthyology, 5(3): 327-336.

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Índice de autores

Autor Área Pg.

ADAM, CAROLINA DE LIMA Biologia Animal 30

ADELIR-ALVES, JOHNATAS Biologia Animal 63

AFONSO, MAÍRA GNOATTO Biologia Animal 76

ALMEIDA, ANA CLAUDIA DE Biologia Animal 13

AMORIN, RAFAEL Evolução e Sistemática 117

AZEREDO, FRANCIELI GONÇALVES Biologia Animal 56

BALEN, RAFAEL ERNESTO Zoologia Aplicada 138

BARROS, RODOLFO CORRÊA DE Evolução e Sistemática 119

BARROS, THAYANNE LIMA Zoologia Aplicada 148

BETTIM, ARIANE LIMA Biologia Animal 16

CARVALHO, BARBARA MAICHAK DE Biologia Animal 19

CARVALHO, FERNANDO Biologia Animal 52

CASTELLANO, GIOVANNA CARSTENS Biologia Animal 57

CHUPIL, HENRIQUE Biologia Animal 62

COCCO, JÉSSICA Evolução e Sistemática 100

DAGA, VANESSA SALETE Biologia Animal 95

DECONTO, LUCIMARY STEINKE Biologia Animal 73

DUDCZAK, AMANDA CAROLINE Zoologia Aplicada 130

DUTRA, FABRÍCIO MARTINS Biologia Animal 49

FELIPPE, CAMILLA Biologia Animal 26

GARCÍA-MADRIGAL, RAFAEL FERNÁNDEZ DE ALAIZA Zoologia Aplicada 141

GIARETA, ELOÍSA PINHEIRO Biologia Animal 44

GROSE, ALEXANDRE VENSON Zoologia Aplicada 128

GROTH, FERNANDA FRANCIELLI FACKINI Evolução e Sistemática 99

HORODESKY, ALINE Biologia Animal 10

IGLESIAS, SUSEL CASTELLANOS Biologia Animal 90

JESUS, BRUNA CECÍLIA RIBEIRO DE Biologia Animal 20

JUNIOR, SIDNEI PRESSINATTE Evolução e Sistemática 124

LEITE, RENATA DALDIN Biologia Animal 87

LOUZADA, CAIO NORITAKE Biologia Animal 21

MARCOS, RONAN MACIEL Zoologia Aplicada 145

MELO, MADSON SILVEIRA DE Evolução e Sistemática 109

NAZARETTI, EDI MARCOS Biologia Animal 39

NETO, PEDRO GUSMÃO BORGES Biologia Animal 85

OLIVEIRA, LIVIA DE MOURA Evolução e Sistemática 101

PADILHA, CÁSSIA GABRIELLI Biologia Animal 31

PAIVA, SANDRA VIEIRA Evolução e Sistemática 123

PEREIRA, LUANA DE ALMEIDA Biologia Animal 65

PEREIRA, LUCI FÁTIMA Evolução e Sistemática 105

RIBERIO, PEDRO HENRIQUE LIMA Biologia Animal 86

ROSA, DAIANE SOARES XAVIER DA Zoologia Aplicada 131

SANTA ROSA, LUCIANA CRISTINA DE CARVALHO Biologia Animal 69

SILVA, GISLEINE HOFFMANN DA COSTA E Biologia Animal 61

SILVEIRA, FABIANA Biologia Animal 45

SOUZA, RODRIGO ANTONIO MARTINS DE Biologia Animal 88

SYDNEY, NICOLLE VEIGA Biologia Animal 83

TAVARES, CAMILA PRESTES DOS SANTOS Biologia Animal 25

TEODORO, NÁLITA MARIA SCAMPARLE Zoologia Aplicada 135

TSCHÁ, MARCEL KRUCHELSKI Evolução e Sistemática 112

WOSNICK, NATASCHA Biologia Animal 79

ZANLORENZI, DIEGO Biologia Animal 35

ZENI, THAYZI DE OLIVEIRA Zoologia Aplicada 151