Correio Fraterno 459

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Ano 47 • Nº 459 • Setembro - Outubro 2014 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 Herculano Pires Comemorações marcam o seu centenário “Aqui está Júlia” A emocionante história de nascimento da filha que foi entregue aos pais em sonho. “Naquele momento, uma voz de mulher ressoou em meus ouvidos: Pai, não tenha medo, eu não vou desistir”. Leia na página 10. O ciclo de palestras realizado durante todo o ano em que se comemora o cente- nário de nascimento do filósofo e jornalista José Herculano Pires está longe de esgotar todas as possibilidades de reflexões em torno dos temas que circundam o ser e sua existência, assunto incansavelmente explorado por ele em suas obras. Uma merecida homenagem, realizada pela Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires, aconteceu no dia 20 de setembro, encerrando o ciclo de palestras, no auditório da Fundação Espírita André Luiz, em São Paulo, e reuniu amigos, familiares e estudiosos das obras de Herculano. O simpósio contou com a presença de representantes do movimen- to espírita de São Paulo e incluiu lançamento de livros e de documentário, que resgata as principais realizações do homem e pensador Herculano e sua profunda ligação com a doutrina espírita. “Homenagem justa a esse grande espírito que foi meu pai, mas agora um espírito de todos nós”, diz Heloísa Pires. Leia mais nas páginas 8 e 9. Deixam exemplos e saudades Nestor Masotti, Martha omaz e Romeu Grisi Em setembro, três importantes representantes do movi- mento espírita brasileiro retornaram ao plano espiritual. Todos eles fizeram história, ao empreenderem em nome do amor e da divulgação do espiritismo. Leia na página 7. Entrevista O professor Rubens Nunes Sobrinho analisa a filosofia espírita e destaca a necessidade de se pensar a vida. Páginas 4 e 5. ASSINE JÁ! Receba 6 edições em sua casa, com frete grátis! R$ 42, 00 [email protected] 11 4109-2939

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CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

Herculano PiresComemorações marcam

o seu centenário

“Aqui está Júlia” A emocionante história de nascimento da fi lha que foi

entregue aos pais em sonho. “Naquele momento, uma voz de mulher ressoou em meus ouvidos: Pai, não tenha medo,

eu não vou desistir”. Leia na página 10.

O ciclo de palestras realizado durante todo o ano em que se comemora o cente-nário de nascimento do fi lósofo e jornalista José Herculano Pires está longe de esgotar todas as possibilidades de refl exões em torno dos temas que circundam

o ser e sua existência, assunto incansavelmente explorado por ele em suas obras. Uma merecida homenagem, realizada pela Fundação Maria Virgínia e J. Herculano

Pires, aconteceu no dia 20 de setembro, encerrando o ciclo de palestras, no auditório da Fundação Espírita André Luiz, em São Paulo, e reuniu amigos, familiares e estudiosos das obras de Herculano. O simpósio contou com a presença de representantes do movimen-to espírita de São Paulo e incluiu lançamento de livros e de documentário, que resgata as principais realizações do homem e pensador Herculano e sua profunda ligação com a doutrina espírita. “Homenagem justa a esse grande espírito que foi meu pai, mas agora um espírito de todos nós”, diz Heloísa Pires. Leia mais nas páginas 8 e 9.

Deixam exemplos e saudades

Nestor Masotti, Martha � omaz e Romeu GrisiEm setembro, três importantes representantes do movi-mento espírita brasileiro retornaram ao plano espiritual. Todos eles fi zeram história, ao empreenderem em nome

do amor e da divulgação do espiritismo. Leia na página 7.

EntrevistaO professor Rubens

Nunes Sobrinho analisa a fi losofi a espírita e destaca a necessidade de se pensar a vida.

Páginas 4 e 5.

ASSINE JÁ!

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11 4109-2939

EntrevistaRubens

Nunes Sobrinhoanalisa a fi losofi a espírita e destaca a necessidade de se pensar a vida.

Páginas 4 e 5.

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2 CORREIO FRATERNO seteMbRo - outubRo 2014

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edItoRIAl

Outubro, mês de Kardec, o mestre francês que trabalhou juntamen-te com uma equipe espiritual de

escol para trazer o Consolador Prometido à humanidade terrena. Ciência, fi losofi a e religião, os três aspectos do espiritismo fecham o triângulo do conhecimento, que traz em seu volume de escritos as respostas necessárias para a realidade da vida: espiritual e material, tendo como fi nalidade o conhecimento de Deus, em espírito e verdade. A compreensão disso tudo leva o homem à transformação, a uma mudança concreta e não superfi cial.

Esta edição nos convida a esta refl e-xão: pensar Kardec, tendo como facilita-dor o também mestre, Herculano Pires,

que é homenageado por seu centenário. Fé raciocinada exige clareza de ideias. E é isso que Herculano Pires pontua e per-segue na obra do codifi cador, como um bálsamo de luz, um novo paradigma a guiar a humanidade.

A editora Correio Fraterno está feliz e também homenageia Herculano, reu-nindo o extrato de suas ideias, espalhadas em suas obras, num novo livro, O pensa-mento de Herculano Pires, de Raymundo Espelho, um dos iniciadores do próprio Correio Fraterno.

E, como sempre acontece, em mais uma edição, as ideias se encadeiam em suas seções: a necessidade da fi losofi a, através da entrevista com Rubens Nunes

CORREIO DO CORREIO A qualidade do CorreioO Correio Fraterno tem conteúdo, lingua-gem agradável, clara e acessível, além de um design gráfi co competente. Não é fácil realizar um trabalho desses. Parabéns!

Denise Paraná, São Paulo

Sanatório Espírita de BrasíliaParabenizo a todos pela excelente maté-

ria sobre o Sanatório Espírita de Brasí-lia (edição 455) . Sei que a tia Amélia, como era carinhosamente chamada por nós, pacientes em 1990, já está na vida espiritual. Mas o senhor Lauro não sei por onde anda. Ficaria muito grato em saber. Muito obrigado.

Maurício Melo, Taguatinga, DF

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

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Uma ética para a imprensa escrita

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• não responderemos aos ataques diri-gidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. discu-tiremos os princípios que professamos.

• confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. serão um meio de esclarecimento.

• se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

Amor e

Olá, Maurício. Mensagens como a sua nos incentivam. Ela nos faz lembrar o quanto o bem é sempre marcante em nossas vidas, tanto para quem o faz e para quem o recebe. O senhor Lauro mora hoje em Rio Verde, GO (O endereço segue por email). Ele fi cará feliz com seu contato! Um abraço.

Sobrinho; a pesquisa, através dos traba-lhos da Liga dos Pesquisadores do Espi-ritismo; o texto de Astrid Sayegh, sobre Kardec fi lósofo; a prova da atuação da espiritualidade em nossas vidas, no texto do Foi Assim, com depoimento de Gus-tavo Ribeiro.

É assim que o Correio se comprome-te com sua principal tarefa de contextu-alizar o espiritismo, levando o bem aos corações, renovando sentimentos. Tudo através do amor e do conhecimento. Es-tão aí Kardec e Herculano que não nos deixam mentir.

Parabéns, Kardec; parabéns, Hercu-lano!

Equipe Correio

conhecimento

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Nos dias 30 e 31 de agosto aconteceu em São Paulo mais um Encontro Nacional da Liga dos Pesquisadores

do Espiritismo, que reuniu no Centro de Cultura Eduardo Carvalho Monteiro cerca de sessenta participantes, de Florianópolis, SC, Nova Iguaçu, RJ, Uberlândia, Ubera-ba, Belo Horizonte, MG, interior de São Paulo e capital. Pela internet, o encontro também foi acompanhado por interessa-dos da Suíça, Argentina, Alemanha, Fran-ça, Estados Unidos, Noruega, Portugal, Itália, Espanha, Japão e mais de noventa cidades do Brasil.

O ENLIHPE, já em sua décima edi-ção, se consolidou pela contribuição que tem dado ao debate sobre o pensamento espírita aprofundado pela visão científica ou acadêmica.

Pelos menos três dos sete trabalhos apresentados versaram sobre temas filo-sóficos, trazidos por membros da Univer-sidade Federal de Uberlândia: o professor de filosofia Rubens Nunes Sobrinho, com “O platonismo de Léon Denis em O gran-de enigma”; o professor Adilson J. de Assis, que fez “Uma leitura espírita do diálogo ‘Íon’ de Platão”, e o mestrando Luiz Fer-nando Bandeira de Melo, que apresentou o tema “Religião e mediunidade de Sócrates em Platão”.

Platão pode ter inspirado o escritor Léon Denis? Em sua tese, Rubens Nunes acredita que sim. “Léon Denis, assim como Kardec, citam textos inteiros de Platão. Certamente eles leram as obras do filósofo” – afirma Nunes Sobrinho em entrevista. (Leia nas páginas 4 e 5)

O filósofo e escritor José Herculano Pi-res foi lembrado quando seu filho, Hercu-lano Ferraz Pires, foi convidado a falar so-bre um dos mais significativos pensadores

Acontece

contemporâneos, cujo centenário de nas-cimento está sendo comemorado este ano.

Sua vida em família, seu interesse e dedicação pela doutrina, os encontros es-píritas de que participara e também fatos que dão conta do perfil descontraído e pouco conhecido de Herculano na atu-alidade foram apresentados com leveza e informalidade.

O tema continuou em pauta na apre-sentação do professor graduado em filoso-fia, Tiago de Lima e Castro, que enfocou “José Herculano Pires e o debate filosófico paulistano de seu tempo.

Por meio de duas pesquisas apresenta-das, o professor e físico Alexandre Fonseca abordou os conceitos científicos da obra A grande síntese, obra de Pietro Ubaldi, e também das teorias corpuscular do espírito e psi-quântico, do conhecido pesquisador espírita Hernani Guimarães. O autor mos-

trou, segundo suas pesquisas, evidências de informações inconsistentes em teorias dos autores, não apenas considerando as descobertas científicas da atualidade, mas os próprios fundamentos-base da doutrina espírita.

Em sintonia com a ideia apresentada pelo pesquisador, o economista e professor Marco Milani lembrou em entrevista que “todas as informações que colidam com Kardec não podem ser aceitas sem análise e constatação de que sejam verdadeiras. É pre-ciso cuidado, antes de se validar as fontes”.

Com foco em seu estudo nos três pri-meiros séculos do cristianismo, o psicólogo e administrador Jáder Sampaio, um dos ide-alizadores dos encontros e da Liga de Pes-quisadores do Espiritismo, apresentou sua pesquisa que revela dados sobre a hierarquia da igreja cristã primitiva e também sobre a origem de hábitos e terminologias, muitas

delas ligadas à cultura religiosa até hoje. “Nossa intenção é destacar e valorizar

o espiritismo como doutrina que, assim como uma disciplina científica usual, tem todos os quesitos necessários. Não precisa-mos buscar em outras ciências elementos para justificar ou supostamente dar valor científico para os conceitos espíritas” – orienta Alexandre Fonseca, o coordenador do encontro neste ano.

“A nossa busca nos trabalhos apresen-tados é sempre pela qualidade e coerência, no mesmo modelo dos congressos cientí-ficos. Quando a pessoa submete um tra-balho para ser apresentado no encontro, ele segue para uma comissão científica, onde é analisado por dois avaliadores que desconhecem a autoria. É o único evento espírita que eu conheço que trabalha desta forma. A ideia é disseminar a importância do conhecimento científico para avaliar as informações” – avalia Jáder Sampaio.

“Para lidarmos com espiritismo en-quanto conhecimento, seja científico, seja filosófico, precisamos de debate, de produ-ção. Iniciativas como essa são meios segu-ros para que o espiritismo seja respeitado no meio acadêmico” – conclui o pesquisa-dor Tiago de Lima e Castro, que participa pela primeira vez do evento.

Em 2015, está previsto o encontro re-gional na cidade de Uberlândia, que ficará sob a coordenação do pesquisador Adilson J. de Assis.

Enfeixando as pesquisas apresentadas, foi lançado durante o evento o livro O espi-ritismo, as ciências e a filosofia, a sexta obra da série Pesquisas brasileiras sobre o espiri-tismo, editadas pela Liga e disponível no site: www.ccdpe.org.br.

Saiba mais: www.lihpe.net.

Encontro de pesquisadores do espiritismo

o conhecimento científico na validação da informaçãoPor IzAbel VItusso

1) Alexandre Fonseca e Marco Milani: “Ideias que colidam com Kardec não podem ser aceitas”. 2) Herculano Ferraz Pires e Alexandre Fonseca. 3) Sessenta participantes, além dos internautas de dez países que acompanharam o evento. 4) Jáder Sampaio: “A nossa busca é pela qualidade e coerência”

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A necessidade de pensar a vida

entReVIstA

Por elIAnA HAddAd

Durante o curso de graduação em Filosofia, pela universidade Federal de uberlândia, MG, Rubens nunes sobrinho desenvolveu uma pes-

quisa sobre a imortalidade e a transmigração da alma. A encenação simbó-lica das últimas palavras de sócrates o comoveu de tal modo que o levou a não mais parar de refletir acerca delas e a desenvolver um projeto de mestrado (uFMG) sobre o tema da imortalidade da alma em Platão, com publicação pela edufu com o título Platão e a imortalidade. também em seu doutoramento (uFMG) dedicou-se à questão da natureza da alma e da sua correlação com a cosmologia. Recentemente, Rubens desenvolveu pesquisa de pós-doutorado na uni-versidade da califórnia (uclA), em los Angeles, acerca do psiquismo en-volvido na ‘ambição’ por bens materiais e poder. no encontro nacional da liga dos Pesquisadores do espiritismo, realizado em são Paulo, em agosto, o pesquisador apresentou como tema a grande influência da filosofia de Platão em léon denis, analisando a obra O grande enigma.o aspecto filosófico do espiritismo e os atuais desafios das pesquisas sobre a espiritualidade são temas desta entrevista. Acompanhe.

O aspecto científico, do fenômeno, sempre chamou a atenção, atraindo muitos curiosos para o espiritismo. Chegou o momento da filosofia?Rubens Nunes Sobrinho: A história do espiritismo moderno emerge em sincronia com uma gama de revoluções científicas. Uma plêiade de cientistas notáveis passa a dedicar-se à pesquisa da fenomenologia espiritual com o rigor científico. Todavia, a pretensão de que o método científico, consagrado pela experimentação quantita-tiva, explique toda a natureza implica ten-tar explicar a totalidade do real através dos recortes e seleções reduzidas de certa classe de fenômenos, ou seja, em tentar explicar o todo pela parte. Como afirma Denis, “o momento das mesas girantes passou”. É chegado o momento de uma síntese entre filosofia e ciência para que as instruções que nos foram legadas na codificação sejam explicitadas, desdobradas e que delas sejam deduzidas todas as consequências que nor-tearão novos rumos para a humanidade.

Por que Léon Denis é um filósofo platônico?Denis, assim como Platão, procura a com-preensão e a fundamentação dos proble-mas morais e dos problemas do psiquismo a partir da conexão do destino, ou seja, das condições efetivas do viver, com a causali-dade e as leis universais que regem o cos-mo. A síntese entre questões ético-políticas, a psicologia da reencarnação e do espírito, a educação, a estética, a cosmologia e a jus-tiça social constituem os mesmos fulcros, os mesmos princípios que inspiram os dois pensadores. A questão da síntese causal en-tre fenômenos naturais e o agir humano, entre causa e efeito, de um lado, e ação e consequência, de outro, são postulados fundamentais assumidos tanto por Platão, como por Denis.

Kardec e Denis seriam discípulos da mesma escola filosófica? Como teria sido a influência de Platão em suas ideias? Estudo ou inspiração?Kardec foi um homem erudito de acade-mia. Denis foi um estivador autodidata que arruinou sua visão de tanto estudar. Ambos leram Platão e ambos foram ins-pirados. Denis desenvolveu um tipo par-ticular de intuição mediúnica. A reflexão acerca da teleologia, da psicologia, da arte, do belo, dos princípios transcendentes, da justiça social distributiva e a questão da de-terioração dos valores e dos sistemas polí-ticos materialistas indicam a amplitude do horizonte teórico. Em todas as obras escri-tas por Léon Denis, é possível estabelecer conexões com concepções fundamentais da filosofia. Kardec e Denis remontam às origens celtas e ambos participaram da re-forma protestante. A história espiritual de ambos é ligada.

Você, como um dos grandes es-tudiosos de Platão, acredita que Léon Denis, retomando seus con-ceitos, possa ser reconhecido no meio acadêmico também como grande pensador? Em minha opinião, Denis foi um dos pensadores que melhor entendeu Platão. Penso que o fato de ele não ser filósofo de profissão foi uma escolha missionária e constituiu uma oportunidade para que as gerações posteriores fossem copartici-pantes de sua obra. Denis não precisava de reconhecimento. Imitou o Mestre e esvaziou-se em sua encarnação. Nós é que precisamos ser capazes de fazê-lo reco-nhecido. Este é o desafio para todo filó-sofo espírita: revelar Denis como grande pensador é um modo de compreendê-lo e uma oportunidade de evoluir seguindo os seus passos.

Rubens Nunes: A filosofia é um exercício espiritual que tem como alvo a mudança de si mesmo

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A filosofia é um amor, modelado a partir de uma

realidade humana: a carência e a aspiração pela perfectibilidade”

Como você analisa a obra de Kar-dec? O que ela trouxe de novo em termos de filosofia?A sistematização e a originalidade de Kar-dec são incomensuráveis. Sua filosofia sin-tetiza a essência das mais elevadas conquis-tas da história das ideias, conciliando ética, ontologia, teoria do conhecimento, lógica argumentativa, antropologia, filosofia da religião, educação e ciência. Se Sócrates e Platão foram precursores do espiritismo, a sistematização promovida por Kardec não deixa de evocar Aristóteles.

Qual a autoridade do espiritismo como filosofia?O espiritismo é denso de filosofia. As obras da codificação fazem referência a muitos filósofos e sua própria estrutura pode ser objeto de análise filosófica. A autoridade intrínseca deriva da elevação do conteúdo e da autoridade dos espíritos, posta à prova pela metodologia. A autoridade acadêmi-ca depende da investigação filosófica e das pesquisas futuras a serem desenvolvidas pe-los pensadores espíritas.

Por que muitos ainda torcem o na-riz para a filosofia, achando-a tão complicada?Basicamente porque a filosofia deixou de ser um gênero de vida virtuoso baseado em exer-cícios espirituais e no diálogo amistoso para se tornar uma instrução dogmática de prin-cípios e sistemas de signos logicamente coe-rentes, mas incompreensíveis para profanos.

Qual o papel da filosofia na evolu-ção do espírito?Segundo Emmanuel, em O consolador, ci-ência e filosofia devem convergir como rios que deságuam no mesmo oceano da sabe-doria. A filosofia é a suma evolutiva da ex-periência do espírito e essa ‘sedimentação’ cultural multimilenar deve ‘espiritualizar’ a ciência mediante a energia dos princípios.

No pensamento materialista de hoje o espiritismo é ainda mal compreendido na sua essência. Por quê?A modernidade e a revolução industrial engendraram modalidades de organização social em que as condições materiais da existência e a gestão de recursos escassos passaram a ser determinações a priori, tan-

to no plano das relações pragmáticas, como no plano do pensamento. O materialismo constitui o eixo em torno do qual pivotam todos os sistemas e seus fundamentos não são somente teóricos, mas configuram uma arquitetura de dominação social. O espiri-tismo adota axiomas e métodos incompa-tíveis com essas bases.

Como levar a filosofia para as ca-sas espíritas? Há espaço para essas reflexões?Todo discurso deve ser modelado em função das possibilidades da audiência. É possível levar a filosofia para todo tipo de audiência, desde que a linguagem seja apropriada. A atitude de pensar a vida se-gundo os princípios fundamentais da lei de evolução, de amor e de causa e efeito já é fazer boa filosofia.

Qual a aplicação da filosofia na atualidade?Sartre, um filósofo contemporâneo, disse que não existe ‘a filosofia’. Existem mui-tas filosofias que gravitam em torno de grandes filósofos. Essa concepção é sig-nificativa porque o papel da filosofia aca-bou relegado à crítica histórico-social, aos instrumentos lógicos da análise e da lin-guagem e à reflexão secundária acerca dos princípios adotados pelas ciências parti-culares. Todavia, nem sempre foi assim. A filosofia, em sua gênese, é um amor. Trata-se de um gênero de amor modelado a partir de uma realidade intrinsecamente humana: a carência e a aspiração pela per-fectibilidade. Para os antigos, em vez de se constituir através da exposição dogmática de uma doutrina, a filosofia leva a uma

gradual mudança de atitude frente à vida: trata-se de um exercício espiritual que tem como alvo a mudança de si mesmo.

Você acredita que esteja havendo uma busca pela filosofia, depois que ela voltou à grade curricular do ensino médio? No contexto da educação brasileira, a Universidade é a principal instância de produção de saberes. A filosofia no ensi-no médio trouxe uma demanda crescen-te pelo ofício do filósofo, mas teve de se enquadrar dentro dos pressupostos ana-crônicos que privilegiam o adestramen-to técnico em detrimento da formação humana. A filosofia é exposta como um acervo histórico de doutrinas cuja única exigência é a memorização descontextua-lizada da vida efetiva. A filosofia, diferen-

temente dos fármacos alopáticos, só pode ser formadora e fecunda na especificidade única de cada aluno diante do desafio de pensar a vida.

Como você analisa as angústias da Humanidade hoje? Em primeiro lugar, vale lembrar com Denis que os conhecimentos e as repre-sentações da verdade de um tempo espe-cífico refletem o desenvolvimento geral das consciências desse tempo. O pró-prio conceito de ‘angústia’ designa um complexo de representações do espírito. Expressa a radicalidade da liberdade de que dispõe o espírito diante da exigência incontornável de determinar sua pró-pria natureza. Léon Denis diagnosticou as angústias contemporâneas de modo

quase profético na sua obra. Diferente-mente do niilismo de valores anunciado por Nietzsche, ou da luta de classes revo-lucionária propugnada pelo marxismo, a maior angústia contemporânea viria a ser a falta de sentido, de finalidade e, notadamente, os sinais do egoísmo que já se prenunciava no horizonte negro do totalitarismo.

Como a moral do Cristo está inse-rida na história da filosofia?A moral do Cristo é indissociável da his-tória da filosofia ocidental. Mesmo os fi-lósofos mais anticristãos necessariamente usam o Cristo como referencial absoluto para erigir seus sistemas de pensamen-to. Como disse Carl Jung, mesmo para aqueles que o negam, Cristo é o ‘cen-tro’ necessário. Ele é a pérola preciosa, o tesouro oculto no campo, o grão de mostarda que se faz árvore frondosa. Por mais que a presunção orgulhosa ou a revolta sofisticada das filosofias o rene-guem, é impossível não referir-se a Cris-to. Se Ele não habita em alguns sistemas, inexoravelmente habita no cerne de cada um de nós.

Como conciliar as bem-aventu-ranças com o mundo do jeiti-nho, do consumo, da superficia-lidade?As bem-aventuranças configuram a mo-ralidade mais sublime de toda a expe-riência humana. As camadas múltiplas de significação desta filosofia divina são inesgotáveis. O frenesi pela saciedade consumista representa aquilo que Pla-tão qualifica como o ‘mal primordial’, que consiste em tomar a minúscula re-alidade presente, que vai do nascimento até a morte, como se fosse a única e a verdadeira realidade. Isso significa que a falta de consciência da perspectiva evo-lutiva da reencarnação condiciona todas as ‘vantagens’ ilusórias. A moralidade sublime das bem-aventuranças é incom-preensível sem o axioma da reencarnação evolutiva. Para que elas sejam gradati-vamente incorporadas ao agir humano, é preciso que o mal primordial mencio-nado por Platão seja afastado. Quantos séculos serão ainda necessários para que a reencarnação se torne um princípio uni-versalmente aceito?

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coIsAs de lAuRInHA Por tAtIAnA benItes

Um amor na semente

Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíri-tos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Beni-tes, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).

Laurinha está no centro espírita e a professora comenta:

– “Amai os vossos inimigos”! Al-guém sabe o que signifi ca?As crianças fi cam em silêncio, e a professora continua:– signifi ca amar não só os nossos amigos.– Ah, mas como alguém vai con-seguir amar um inimigo? – per-gunta Aninha.– Quando falamos em amar os inimigos não signifi ca que precisa-mos amar como amamos nossos pais ou irmãos, por exemplo – res-ponde a professora.– então pode ser um amor peque-nininho? – questiona laurinha.– sim, o amor pode ser de vários tamanhos. Amamos nossos pais

diferentemente de como amamos nossos amigos, não é?– Éééé! – respondem as crianças.– Mas amar um inimigo não dá, professora. como vamos amar al-guém que mata? – refl ete Jorginho.– Jorginho, o evangelho de Jesus nos ensina que não precisamos amar o inimigo como amamos a quem queremos bem. basta não querer mal, não cultivar a raiva e o ódio por ele.– então esse é um amor diferente! – refl ete laurinha.– Isso...– ok, já entendemos: o amor aos inimigos é como se fosse ainda um amor na semente, bem pequenini-nho, que nem sabemos quanto vai crescer – laurinha complementa.

A professora sorri e responde:– sim, é isso mesmo, laurinha. – e quanto mais amamos as pes-soas, mais a árvore pode crescer, não é? – pergunta laurinha.e as crianças começam a conversar entre si:– um amor de raiz...– um amor de folhinha...– Ah, agora entendi, professora, por que falam de árvore de família – disse laurinha– Por que, laurinha ? – A gente representa a famí-lia na árvore porque ela vem da semente do amor que fi cou bemmmmmmm grande. – Isso, laurinha!!– É, mas tem uns galhos que ain-da são bem tortinhos, né?

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SETEMBRO - OUTUBRO 2014 CORREIO FRATERNO 7

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bAÚ de MeMÓRIAs ESPECIAL

A simplicidade de Nestor Masotti A desencarnação do ex-presidente da FEB, Nestor

João Masotti, no último dia 3 de setembro, em Brasília, nos faz refletir sobre a importância do seu legado para o movimento espírita. Sua passagem nos remete a lem-branças do tempo em que, ainda novos, frequentávamos as Concentrações de Mocidades Espíritas que aconte-ciam no interior de São Paulo.

Masotti nasceu em Pindorama, cidade vizinha à Ca-tanduva, onde nasci. Nos conhecemos na XI Concentra-ção das Mocidades Espíritas do Brasil Central, realizada em São José do Rio Preto, em abril de 1958. Lembro-me que conversamos muito, focalizando o movimento espí-rita da época. Ao ouvi-lo sobre seus ideais, pude identifi-car que ali estava um líder competente e vibrante.

Valorizando sempre os pontos em comum, em de-trimento das divergências, ele muito contribuiu para a união dos espíritas.

Os anos passaram e Nestor Masotti passou a co-laborar mais diretamente com a União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, da qual foi eleito vice--presidente (1974-1982) e posteriormente presidente (1982-1986). Mais tarde, seria escolhido para assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira, onde pôde servir e deixar marcas de sua competência, por sua sim-plicidade, guiada por seu ideal.

Pessoas como Masotti farão sempre a diferença no movimento espírita. Nosso reconhecimento. Raymundo Espelho (Leia mais em www.correiofraterno.com.br).

Romeu Grisi Quatro dias depois do retorno ao plano espiritual de

Nestor Masotti, seu grande amigo e de seus familiares, Romeu Grisi, também desencarna, em Votuporanga, SP, aos noventa anos de idade. Natural de São José do Rio Preto, Romeu Grisi mudou-se para Votuporanga na década de 40 para montar a primeira concessionária Chevrolet, empresa que manteve até o final dos anos 50. Junto aos familiares, como o seu pai, Carmelo Grisi, sua esposa, Hilda, e seu cunhado, Gerson Sestini, Romeu dedicou-se intensamente à frente dos trabalhos espíritas, sendo reconhecido na região por sua dedicação ao bem.

Foi um dos fundadores do Centro Espírita Emma-nuel e da Sociedade Beneficente Irmã Elvira, instituição com 60 anos de fundação.

Era Romeu quem desempenhava o papel de anfitrião de Chico Xavier, quando o médium visitava a cidade de Votuporanga.

Romeu Grisi escreveu com Gerson Sestini o livro Inesquecível Chico (GEEM), onde conta suas vivências com o médium mineiro a partir de 1948, quando Chico ainda morava em Pedro Leopoldo,MG.

Martha Gallego Thomaz Dona Martha desencarnou em São Paulo, em 3 de

setembro, aos 99 anos. Autora de cinco livros, dirigiu tra-balhos na Federação Espírita do Estado de São Paulo e no Grupo Noel, na Vila Mariana, do qual foi uma das fun-dadoras, em 1977. Por 50 anos, coordenou e participou dos trabalhos de vibrações por um mundo melhor e mais feliz, onde a fraternidade pudesse unir os corações. Nos estudos do Evangelho, dona Martha alertava: “Não basta ler, é preciso bordar o evangelho no coração”.

A todos, com humildade, Vó Martha sempre brinda-va com a alegria de sua experiência de vida e conheci-mento espiritual, aconselhando e exemplificando o bom ânimo como o melhor meio de se combater os desafios, as tristezas, os problemas da vida. Gostava mesmo era da simplicidade do trabalho cristão. “Fujo dos cargos, por-que neles as pessoas se enchem de vaidade”, declarou em entrevista à revista Universo Espírita em 2005.

Martha conheceu a mediunidade bem cedo. Padres iam cuidar das crises obsessivas de seu pai, que era viden-te. “Eu via os espíritos e eles me ameaçavam, mandando--me ficar calada”.

Precisou, mais tarde, buscar saídas para sua mediuni-dade. Aos 33 anos, em um centro de umbanda, no Rio de Janeiro, encontrou em espírito o compositor Noel Rosa, quem já havia conhecido de relance, em vida, aos 15 anos, num baile carioca. Foi aconselhada, depois, a procurar o espiritismo. Veio para Atibaia, SP, e juntos – ela e Noel – iniciaram um grande desafio: estudar a dou-trina espírita e trabalhar com Jesus. “Ele foi fazer a escola de aprendizes comigo”.

O Grupo ao qual dona Martha se dedicou por tan-tas décadas acabou recebendo o nome do velho amigo, o compositor Noel Rosa.

De volta à pátria espiritualda RedAção

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

Em setembro, três importantes representantes do movimento espírita brasileiro retornaram ao plano espiritual. Todos eles fizeram história, ao empreenderem em nome do amor e da divulgação do espiritismo. A eles, a homenagem do Correio Fraterno, nesse

Baú de Memórias Especial, com nossa gratidão e reconhecimento.

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Ael

Go

bbo

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8 CORREIO FRATERNO

www.correiofraterno.com.br

esPecIAl

simpósio Herculano Pires fecha as comemorações de seu centenário

Para comemorar o centenário de Herculano Pires (25/9/1914 – 09/03/1979), a Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires promoveu no dia 20 de setembro, no auditório da Fundação

Espírita André Luiz, em São Paulo, o simpósio que encerrou as home-nagens ao grande pensador, reunindo familiares, amigos e estudiosos de suas obras.

Cerca de 200 pessoas prestigiaram o evento, que contou com a presença de representantes do movimento espírita de São Paulo, como Neyde Schneider (USE), Pedro Nakano (CCDPE), Astrid Sayegh (IEEF), Nena e Francisco Galves (Centro Espírita União) e outros.

A programação incluiu um retrospecto das atividades que vêm ocorrendo durante o ano para lembrar o ‘professor Herculano’, como a ele se refere Tatiana Ferraz Filho, uma de suas netas, à frente da orga-nização do evento.

“Em abril, a Semana Espírita de Nova York homenageou o cente-nário de Herculano, quando foi lançado o livro Mediumship (versão em inglês do livro Mediunidade)”, lembrou Tatiana, que comunicou também o lançamento para este ano de dois novos livros: O evange-lho em espírito e verdade, organizado por Célia Ribas, e No limiar do amanhã, diálogos radiofônicos de Herculano Pires, sobre os problemas fundamentais da vida e da morte, da dor e do destino, organizado pelo jornalista Altamirando Carneiro. Também será lançado pela editora Paideia, com apoio da Fundação Herculano Pires, o Curso básico de espiritismo, que enfeixa um do autor no Clube dos Jornalistas Espíritas.

As comemorações do centenário começaram em setembro do ano passado, com um ciclo de palestras, no Centro Espírita Cairbar Schu-tel, na Vila Mariana, reunindo pesquisadores e estudiosos das suas obras, somando 26 conferências, que puderam ser acompanhadas ao vivo pela internet nas noites de quarta-feira, com interação do público, através de comentários e perguntas sobre os títulos analisados. (www.herculanopires100anos.com.br). Heloísa Pires, Dora Incontri, Astrid Sayegh, Julia Nezu, Fernando Benesi, Francisco Cajazeiras, Marilia Pires de Almeida, Marco Milani, Gustavo Leopoldo Daré, Sonia Th e-odoro da Silva, Júlio David Alonso, Jáder dos Reis Sampaio foram alguns dos expositores participantes.

Um documentário produzido especialmente para a data foi apre-sentado no durante o simpósio. Um convite para o futuro, do cineasta

Edson Audi, resgata as principais realizações do homem e pensador Herculano e também sua profunda ligação com a doutrina espírita. O fi lme conta com depoimentos de pessoas que conviveram com Her-culano e que se identifi caram com sua obra. Muitos deles estudiosos que evidenciam o valor do trabalho do pesquisador. “Herculano nos convida a pensar a essência do ser espiritual no seu processo evolutivo”, analisa o economista Marco Milani, um dos expositores do simpósio.

“Homenagem justa a esse grande espírito que foi meu pai, mas agora um espírito de todos nós”, refl ete Heloísa Pires.

Durante o evento foram também lançados os livros Kardec é a razão, de Wilson Garcia (Ed. EME.) e O pen-samento de Herculano Pires, de Raymundo R. Espelho (Ed. Correio Fraterno).

da RedAção

Nascido em Avaré, SP, o jornalista e escritor J. Herculano Pires foi um dos tradutores para o português das obras da codifi cação. Herculano

defendia as ideias espíritas na sociedade de um modo geral e não apenas nos re-

dutos espíritas. Desencarnou aos 64 anos, deixando cerca de 80 livros publicados. Suas obras inéditas foram sendo publi-cadas aos poucos por sua esposa, Maria Virgínia. A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires, criada e mantida pelos

fi lhos, hoje preserva a memória do casal e coordena as publicações dos livros.

Representantes do movimento espírita, parentes e estudiosos de sua obra prestigiam o evento

Fundação, na Vila Mariana: preservação do acervo e

fomento da cultura espírita

Herculano Pires e sua esposa, Maria Virgínia

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seteMbRo - outubRo 2014 CORREIO FRATERNO 9

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LIVROS & CIA.

Casa André Luiz e Rede Boa NovaTel.: (11) 2600-5225www.mundomaior.com.br

Editora EMETel.: (19) 3491-7000www.editoraeme.com.br

Editora Correio FraternoTel.: (11) 4109-2939www.correiofraterno.com.br

Editora Mente AbertaTel.: (71) 3484-3729www.editoramenteaberta.com

CD Nossos Poetas Iluminadosde artistas diversos (poemas escritos pelos assistidos das Casas André Luiz)

Ormindade J. B. Garcia256 páginas16x22,5cm

A reencarnação de uma rainhade J. W. Rochesterpsicografi a de Arandi Gomes Teixeira 264 páginas14x21 cm

ABC da Prática Mediúnicade Gilbertopsicografi a de Pedro Camilo e Rita Foelker128 páginas14x21 cm

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ABC da Prática Mediúnicade Gilbertopsicografi a de Pedro Camilo e Rita Foelker128 páginas14x21 cm

Ormindade J. B. Garcia256 páginas16x22,5cm

Nascido em Avaré, SP, o jornalista e escritor J. Herculano Pires foi um dos tradutores para o português das obras da codifi cação. Herculano

defendia as ideias espíritas na sociedade de um modo geral e não apenas nos re-

dutos espíritas. Desencarnou aos 64 anos, deixando cerca de 80 livros publicados. Suas obras inéditas foram sendo publi-cadas aos poucos por sua esposa, Maria Virgínia. A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires, criada e mantida pelos

fi lhos, hoje preserva a memória do casal e coordena as publicações dos livros.

“Herculano não seria Herculano não fosse o amor e o apoio de Virgínia. E Virgínia não seria Virgínia se não caminhasse de mãos dadas com Her-culano. Amamos esses espíritos acima de fi liação ou biologia. Kardec é a bússola, Jesus o mestre, Herculano, como disse Emmanuel, ‘o melhor metro que mediu Kardec’. Um espírito que ama profundamente o mestre de Lion.”Heloísa Pires

“Herculano consegue dialogar com os pensadores de seu tempo, até ser reconhecido, em trabalhos acadêmicos inclusive, como um fi lósofo espíri-ta. Está aí a prova maior de sua infl uência, não só no movimento espírita, mas também no pensamento fi losófi co da época e da sociedade.”Marco Milani

“Em qualquer dos dois campos de atuação – o jornalismo espírita e o pro-fi ssional – Herculano trabalha sem jamais deixar sua convicção espírita. Ao contrário; vai dizer que acredita em algo consistente para motivar sua própria existência.”Wilson Garcia

“Se tivermos a ousadia que teve Herculano, só teremos a contribuir com o espiritismo. Defender Kardec, defender Herculano é resgatar a ideia espí-rita. O espiritismo tem um futuro de educação social.”Paulo Henrique de Figueiredo

Raymundo Espelho: “Não tenho dúvidas de que Herculano foi um dos maiores divulgadores do espiritismo. Não só pelos livros. Ele era comprome-tido com a causa”.

Em homenagem aos cem anos de Herculano Pires, a editora Correio Fraterno realizou durante o evento o lan-çamento do livro O pensamento de Herculano Pires, de autoria de Raymundo R. Espelho, um dos fundadores da editora e contemporâneo de Herculano Pires na di-vulgação espírita. O livro contempla quase 400 verbetes retirados das obras de Herculano Pires. Temas como apo-calipse, mediunidade, centro espírita, crendices, cura, de-sequilíbrios sexuais, terapia espírita, transição planetária, políticos espíritas e muitos outros temas, recebem as defi nições do estudioso, que deu sua grande contribui-ção para o entendimento doutrinário e fi losófi co da doutrina espírita. (Ed. Correio Fraterno)

Em homenagem aos cem anos de Herculano Pires, a editora Correio Fraterno realizou durante o evento o lan-çamento do livro autoria de Raymundo R. Espelho, um dos fundadores da editora e contemporâneo de Herculano Pires na di-vulgação espírita. O livro contempla quase 400 verbetes retirados das obras de Herculano Pires. Temas como apo-calipse, mediunidade, centro espírita, crendices, cura, de-sequilíbrios sexuais, terapia espírita, transição planetária, políticos espíritas e muitos outros temas, recebem as defi nições do estudioso, que deu sua grande contribui-ção para o entendimento doutrinário e fi losófi co da doutrina espírita. (Ed. Correio Fraterno)

Herculano Pires e sua esposa, Maria Virgínia

Obra lançada no evento

“Raymundo Espelho conseguiu o que não é fácil; exi-ge uma visão geral da obra: apresentar os pontos importantes

da compreensão de Herculano sobre a vida, a morte, a doutrina espírita, a caridade, a gratidão.” (Prefácio de Heloísa Pires)Heloísa Pires

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10 CORREIO FRATERNO SETEMBRO - OUTUBRO 2014

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FoI AssIM

Por GustAVo RIbeIRo

Minha filha entregue em um sonho

Foi em uma sexta feira, dia 14 de mar-ço de 2014. Passava das 18 horas e eu estava sentado em um banco. Era o

terceiro. Aos poucos outros homens foram se juntando nesse mesmo local, todos de-pois de mim. Tentava, sem sucesso, buscar palavras para formular uma prece, mas o nervosismo do momento me impedia, pois em pouco tempo conheceria a minha filha. A família aguardava em um local para as-sistir ao parto. Minha esposa já estava na sala e eu aguardava ser chamado. A espera me fez refletir sobre o que se passara nos últimos meses.

No dia 9 de julho de 2013, em meio a um feriado, estávamos na casa de vera-neio. Chovia e eu estava dormindo no sofá. Sonhei que nos encontrávamos, minha esposa e eu, num local onde havia pessoas que eu não saberia reconhecer. Conosco conversava jovial mulher. Após uma pausa, ela voltou-se para o lado chamando por al-guém que trazia uma criança no colo. En-tregou-a para minha esposa, abraçou-me e disse: “Meus parabéns, aqui está Júlia. Ago-ra a caminhada é com vocês”.

Foi um sonho rápido. Acordei emo-cionado. Não contei a ninguém e, com o celular em mãos, gravei tudo o que havia acabado de acontecer. Resolvi esperar os dias com paciência. Algumas semanas se passaram e, num sábado de agosto pela manhã, minha esposa me confirmaria a gravidez por meio de um exame de farmá-

cia. Foi naquele instante que lhe mostrei a gravação que havia feito há quase um mês. Recorremos a um laboratório para con-firmar a gestação, que para mim já existia desde o sonho.

No primeiro ultrassom, constatou--se que a data aproximada do início da gestação seria entre 10 e 15 de julho. O sonho ocorrera dia 9. Foi aí que perce-bi que havia realmente tido um encon-tro com os amigos espirituais. Mesmo tendo a certeza do encontro, inclusive do sexo do bebê, ainda me encontrava com muito medo, pois, triste realidade, cin-co ou seis amigas mais próximas haviam sofrido aborto no início da gravidez. Esse medo crescia muito dentro de mim, o

que me impedia de curtir o momento. Foi então que numa noite sem sono, na

qual eu me deixava consumir pelo medo, comecei a ler uma das obras de Yvonne do Amaral Pereira, que sempre me emo-cionam muito. Naquele momento, uma voz de mulher ressoou em meus ouvidos, como se eu estivesse em um diálogo: “Pai, não tenha medo, eu não vou desistir.” Eu chorei, sozinho, naquela noite. Chorei de certeza, chorei por ter percebido que jamais teria um encontro como tive no dia 9 de julho se não fosse para dar certo... Chorei finalmente de felicidade!

Naquela sala do hospital ouvi meu nome. Fui ao encontro de minha esposa. Minha voz tremia de nervoso. Aos poucos

fui me acalmando e às 19h20 tudo em minha vida mudou. Um choro marcava uma jornada que havia tido início num reencontro em abril de 2011 e que culmi-nara no nosso casamento no ano seguinte. Materializava-se o encontro do dia 9 de ju-lho de 2013... E a menina que estava sendo colocada em meus braços era exatamente igual a que fora entregue à minha esposa naquele memorável encontro espiritual.

Revendo tudo isso, ainda não sei ex-plicar o fenômeno da voz feminina que ouvi. Talvez tenha sido uma conversa men-tal provocada por um guia espiritual, ou por alguém da equipe que cuidou da re-encarnação da minha pequena Júlia, visto que não possuo a mediunidade de ouvir os espíritos.

Hoje nos reunimos os três, minha es-posa, nossa filha Júlia e eu para realizar o Evangelho no Lar. Ela brincava, sentada à mesa com um mordedor, enquanto minha esposa lia O evangelho segundo o espiritismo, e eu apenas observava a cena, agradecendo profundamente por estarmos reunidos em nova existência.

Este fato aconteceu com Gusta-vo Ribeiro, de São Paulo. Conte também a sua história para ser publicada aqui no Correio Fra-terno. ([email protected])

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SETEMBRO - OUTUBRO 2014 CORREIO FRATERNO 11

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AnÁlIse

Por AstRId sAyeGH

Kardec filósofo?

Kardec estruturou a Terceira Revela-ção partindo dos fatos, dos fenôme-nos mediúnicos, os quais revelavam

uma causa inteligente. Ao ocupar-se das causas dos fenômenos, estruturou a filo-sofia espírita, que buscava desvelar a causa oculta ou invisível. Desta forma, O livro dos espíritos é uma obra filosófica que parte das causas primeiras, à semelhança de Descartes, que descreveu as três subs-tâncias. Tal raciocínio lógico revela-se na codificação como sui generis, uma vez que a exigência dos fatos constituiu toda uma teoria.

Os homens de sua época exigiram de Kardec que sua palavra fosse clara e con-cisa, por isso a simplicidade da obra. Não apenas como codificador, mas como co-adjuvante de uma obra, estudioso e metó-dico, Kardec revelou grande sabedoria ao escrever a teoria dos Espíritos, formulando axiomas e corolários que lhes eram revela-dos pela pátria espiritual. Dedicou-se assim à filosofia espírita, bastante debatida, dada a controvérsia dos partidários de axiomas científicos que ficariam inalterados.

Henri Sausse, em 31 de março de 1896, por ocasião do 27° aniversário do decesso de Allan Kardec, nos traz o seguinte perfil do sábio educador:

“Pensador arrojado e metódico, esse filósofo sábio, clarividente e profundo, tra-balhador obstinado cujo labor sacudiu o edifício religioso do Velho Mundo, prepa-rou os fundamentos que serviriam de base à evolução e à renovação de nossa socieda-de caduca, impelindo-a para um ideal mais são, mais elevado, para um adiantamento intelectual e moral seguros.”

Efetivamente, Sausse cita Kardec como filósofo, e não como codificador apenas, o qual preparou as bases que dariam início a um processo de transformação da huma-nidade.

Seu Espírito protetor, Z, deu-lhe, por um médium, uma comunicação toda pes-soal, na qual lhe dizia tê-lo conhecido em uma precedente existência, quando, ao tempo dos druidas, viviam juntos nas Gá-

lias. Kardec tinha afinidade pessoal com os Espíritos que se comunicaram na co-dificação. Isto demonstra sua autoridade moral e intelectual, não podendo ser assim considerado apenas como revelador pas-sivo da doutrina dos Espíritos. O fato de ser druida, também, não significa somente que pertencia à sociedade celta, mas que era reconhecido por seus conhecimentos filosóficos e, portanto, dotado de sabedo-ria. Teve convivência com a filosofia de sua época, traduzindo para o alemão as obras de Fénelon, filósofo francês do século 17, e um dos autores de mensagens de O evan-gelho segundo o espiritismo. Escreveu na Re-vista Espírita uma crítica a Hegel, filósofo alemão do século 19, o que não seria possí-vel sem a compreensão de seu pensamento, considerado como um dos mais complexos

da história da filosofia. Kardec exaltou ainda o positivismo,

embora o superasse em direção ao racio-nalismo, também tendência filosófica do iluminismo. Por positivismo entende-se doutrina filosófica segundo a qual o conhe-cimento autêntico é apenas o de natureza observável, e Kardec respeitou essa tendên-cia, partindo rigorosamente dos fatos para então compor a teoria. Pelo racionalismo, por sua vez, o verdadeiro conhecimento se dá a priori, a partir de princípios lógicos. Kardec respeitou ambas as concepções, partindo de uma realidade empírica, com-pondo a ciência espírita, a qual abalizou a filosofia espírita, pautada toda sobre a lógi-ca, o grande critério dado pelos Espíritos. Não poderia fazê-lo sem conhecimento de gnosiologia, ou seja, a parte da filosofia que

se ocupa com a estruturação e os métodos da ciência.

Estudou e conheceu lógica para dar aulas de gramática e matemática; tanto conhecia que seus textos têm um encade-amento, desenvolvendo-se em uma cadeia dedutiva – como também O livro dos es-píritos – método filosófico por excelência. Para tanto, supõe-se que tenha estudado Aristóteles.

Escreveu A gênese – e não apenas reve-lou – a partir de raciocínios a priori, por-tanto lógicos, sem apoio no método expe-rimental. A gênese constitui, pois, uma obra essencialmente filosófica, dada a natureza da sua temática, assim como o método dedutivo aplicado, próprio da filosofia. Eis o Kardec filósofo, intuitivo e lógico, e não apenas observador passivo dos fenômenos exteriores. Reabilita assim a metafísica e não só a reflexão teológica, como na esco-lástica.

O fato de Kardec partir de A gênese, ou seja, da parte metafísica, já é um ponto de partida para explicar de forma lógica O livro dos espíritos, que se inicia com as cau-sas primeiras. Ele escreveu A gênese por si mesmo e nisto se revela sua verve filosófica. Participou dos textos da codificação e, por-tanto, não foi apenas um codificador, mas um Espírito de luz, como disse o irmão Z, e que viria secundá-lo. Portanto, não resta dúvida sobre a personalidade de Kardec, que se não é filósofo acadêmico, sua visão sim é filosófica. Coisas diferentes, mas que diferem na alma e não no título acadêmico.

Esta é a visão de Kardec nas próximas décadas, quando perceberem-no como filósofo em magnitude e não por títulos do mundo. Ele foi um homem singular de elevado senso ético, amplos e diversos saberes que soube utilizar o novo conhe-cimento que se estruturava para aplicá-lo no aperfeiçoamento moral das pessoas e contribuir para uma vida melhor em nos-so mundo.

Filósofa e coordenadora do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos, em São Paulo.

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12 CORREIO FRATERNO seteMbRo - outubRo 2014

www.correiofraterno.com.br

1º Festival de música espírita de São Bernardo do CampoParticipe: • Votação popular pela internet: De 13 a 31 de outubro. • Apresentação das

10 músicas mais votadas: 29 de novembro, às 15 horas, no Centro Espírita Emmanuel. Rua Humberto de Cam-pos, 117, Centro São Bernardo do Campo, SP. Promoção: Conselho Espírita de São Bernardo do Campo. [email protected]/femesbc

Congresso Jurídico-Espírita em CampinasDe 17 a 19 de outubro, será realizado em Cam-

pinas, SP, o 3º Congresso Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo, sob o tema: Direi-

tos contemporâneos e espiritismo. Participação de Alysson Leandro Mascaro, Andrei Moreira, Arthur Chioto, Érica Babinin, dentre outros. Realização: Associação Jurídico--Espírita do Estado de São Paulo. Local: Hotel Nacional Inn. Av. Benedicto Campos, 35, Jardim do Trevo. Fone: (19) 3772-1400. Inscrições: www.ajesaopaulo.com.br.

Feirão do livro em ArarasAcontece dias 8 e 9 de novembro o 6º Feirão do

Livro Espírita de Araras, SP, com a participa-ção de mais de 40 editoras. Dentre os autores

presentes, Michell Paciletti (Correio Fraterno) autografará o romance Amor maior. Local: Galpão 3 da Gráfi ca IDE Editora, das 9:00 às 17 horas. Av. Otto Barreto, 1067, Distri-to Industrial II, Araras, SP. www.feiradolivroespirita.com.br

Evento interreligioso pela paz em São Ber-nardo

Será realizado dia 15 de novembro, das 9h às 16 horas, o Dia de Ação pela Paz, que marca os quin-

ze anos do programa Um convite à vida, encabeçado pelo C. E. Obreiros do Senhor, Instituição Assistencial Meimei, Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, Conselho Espírita de São Bernar-do do Campo e AME-ABC. O evento será realizado no Parque Municipal Engenheiro Salvador Arena, Rudge Ramos, São Bernar-do, SP, com apoio da Prefeitura e programação para todas as idades.

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fi que atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

ENIGMA

Quantos anos Rivail

tinha quando publicou

seu primeiro livro?

Resposta do Enigma:

Solução doCaça-palavras

Veja em:www.correiofraterno.com.br

19 anos

Fonte: Para entender Kardec, Dora Incontri.

cultuRA & lAzeR

1º Festival de música espírita de São Bernardo do Campo

10 músicas mais votadas: 29 de novembro, às 15 horas,

OUT

13

Congresso Jurídico-Espírita em CampinasDe 17 a 19 de outubro, será realizado em Cam-

tos contemporâneos e espiritismo. Participação de Alysson

OUT

17

Feirão do livro em ArarasAcontece dias 8 e 9 de novembro o 6º Feirão do

presentes, Michell Paciletti (Correio Fraterno) autografará

NOV

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Evento interreligioso pela paz em São Ber-nardo

ze anos do programa Um convite à vida, encabeçado pelo C. E.

NOV

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CARTA ENIGMÁTICA DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Chá-bazar benefi cente Dia 23 de novembro de 2014, às 14:00hLocal: Associação dos Funcionários Públicos.

Rua 28 de Outubro, 61 – Centro – S. Bernardo do Campo, SP. Reserva e convites: (11) 4109-8938 (Lar).

Chá-bazar benefi cente

Rua 28 de Outubro, 61 – Centro – S. Bernardo do

NOV

23

O evento mais aguardado!

(Enxovais bordados, artesanatos fi nos, pinturas)

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Mediungrafia

Laurinha,Como chama o

negócio de escrevercartas de quem

já morreu?

Não,Laurinha! Você se

esqueceu?Chama-se

psicografia!

Quaseacertei,

só mudamumas

letrinhas!

mediungrafia!

Page 13: Correio Fraterno 459

SETEMBRO - OUTUBRO 2014 CORREIO FRATERNO 13

www.correiofraterno.com.br

ARtIGo

Educar crianças: tarefa tão delicada e tão importante. Para tentar garantir uma boa educação pesquisamos escolas, métodos,

acesso à instituição escolar e muito mais. Mas particularmente esta educação formal e institu-cional, embora essencial em sua formação, não é a que causa maior impacto na constituição de sua identidade. E nesse ponto o espiritismo traz uma proposta realmente transformadora,

porque considera que a educação necessária é a do espírito, a que não está subordinada ao en-sino formal, mas que se forma nos lares, nas re-lações familiares e interpessoais e que transfor-ma verdadeiramente a personalidade humana.

A educação que o nosso mundo precisa começa por ensinar as crianças a brincar e a respeitar os colegas, a olhar nos olhos e a fa-lar com carinho uns com os outros. É a que

valoriza o almoço de domingo em família, o construir juntos barcos e aviões de papel. É dar as mãos e passear na praça. É também falar de Deus, de Jesus, contar histórias e falar sobre a vida. É valorizar a vida de todos os seres, eco-nomizar os recursos naturais e não se embria-gar de consumo.

O espiritismo vem recolocar o valor da existência nas coisas eternas, humanas. E es-

tende o amor para a eternidade, sem sono ou castigos eternos, sem hinos inoperantes. O que existe é simples: a vida – e a vida em comu-nidade. Por isto a educação necessária é a da virtude, do respeito e da vida contínua e eter-na. Só assim venceremos o individualismo, o preconceito e o efêmero que nos esvazia de hu-manidade e nos torna vulneráveis como folhas carregadas pelo vento.

Outubro, mês da criança, tempo do espírito

Por cRIstInA HelenA RocHA

Aqui, algumas dicas para consolidar no espírito de nossas crianças princípios éticos e cristãos, oferecendo assim a elas mais chances de viverem uma encarnação vitoriosa.

Violência físicaAgredir fisicamente uma criança é colocá-la em situação de humilhação, dor, sofrimento

e impotência. Gera conflitos e estimula comportamentos agressivos, podendo transformá-la num adulto violento, ou sem iniciativa e apático.

Violência psicológica ou simbólicaQuando submetemos a criança a humilhações, agimos com violência em relação à sua

formação afetiva, psicológica, social e intelectual, podendo-se torná-la insegura, instável, agressiva, depressiva e com dificuldades de aprendizagem. É preciso evitar compará-la com irmãos ou amigos, expor suas características ou ‘defeitos’ para outras pessoas, manter re-lações violentas dentro de casa com outros familiares ou fazê-la sentir-se indesejada, como ‘peso’ para a família, agindo-se com indiferença, sem demonstrar-lhe preocupação ou amor.

Limites: Sim sim, não nãoA coerência é fundamental para a formação da personalidade na fase infantil. o trata-

mento à criança não deve estar sujeito ao mau ou bom humor do adulto. se algo é permiti-do ou não, deve sê-lo sempre, sem o que a criança terá dificuldade para formar parâmetros de comportamento e ficará sem limites. Além disso, o choro e a birra não devem modificar a decisão do adulto, para que não se transformem em chantagem.

Exemplo e diálogoo que marca realmente uma criança não é o que dizemos, mas o que fazemos. se

mentimos diante dela, como ensiná-la a não mentir? se não pedimos ‘por favor’, ‘com licença’, como exigir que ela o faça? se a tratamos com indiferença, como ensiná-la a amar?

É preciso dialogar com ela, responder a perguntas, explicar as situações nas quais ela se veja envolvida, como, por exemplo, mudança de casa, de escola, separação dos pais etc, sempre de modo objetivo e com palavras impregnadas de afetividade e compreensão. sermões de nada adiantam.

Brincar não é brincadeira!A criança tem o direito e a necessidade de brincar. brincar é o seu jeito de viver, de

aprender, de crescer. É o que faz sentido para ela e a ajuda a compreender o mundo. e não é preciso brinquedo sofisticado! Qualquer objeto, em suas mãos, se transforma em um mundo de coisas, feito passe de mágica. brincar é pura magia.

Valores que não têm preçose você não tem tempo para ficar com a criança, muito mais importante se torna o

modo como aproveita o tempo disponível. não é comprando coisas e fazendo tudo o que ela deseja que irá compensá-la pela ausência. É importante ouvi-la com atenção, cantar, contar histórias, colocá-la no colo, tornar o tempo compartilhado algo importante, significa-tivo e esperado. Além e não custar nada, não há dinheiro que pague.

Música, história, amorÉ muito bom ler e contar histórias. A criança adora e isso ajuda em seu desenvolvimento.

os contos de fada, de heróis fantásticos, de bruxas e bichos despertam o encantamento das crianças de todas as idades. os livros devem fazer parte de seu cotidiano. As cantigas e as boas músicas também. leia histórias e cante para a criança dormir. Povoe seu mundo de imagens, fantasias, alegria, sonho e, principalmente, de muito amor.

Cristina Rocha é educadora, contadora de histórias no projeto Viva e deixe viver. Autora do livro Me-mórias.com/partilhadas> vida, laços, pontos cruzados. http://somosespiritos.blogspot.com.br/

Sucesso com princípios éticos

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14 CORREIO FRATERNO SETEMBRO - OUTUBRO 2014

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leItuRA Por sÔnIA KAsse

A interação da criança com o saberAp r e n d e r

faz par-te da vida do ser humano. Desde que nascemos es-tabelecemos relações recí-procas e con-tínuas com o meio am-biente e gra-dativamente evoluímos e nos torna-mos mais i n d e p e n -dentes.

A crian-ça, ávida por conhe-

cimentos, inicia a fase de muitos

questionamentos e quer saber o porquê de tudo. Nada passa despercebido nessa fase da vida e para todas as perguntas quer obter as respostas.

Aquelas crianças cujas vozes são ouvidas extrapo-lam na aquisição de conceitos e aceleram a sua apren-dizagem. Infelizmente, as que não podem questionar, ou mesmo aquelas cujas vozes não têm eco, fecham-se em si mesmas e, muitas vezes, paralisam seu proces-so de crescimento sendo erroneamente rotuladas de “crianças que não aprendem”.

Toda criança é capaz de aprender e para isso é pre-ciso que lhe seja oferecido um ambiente adequado, sempre com a intervenção de um adulto educador que, numa relação interligada, ajuda-a a construir o seu conhecimento.

É preciso dar-lhes liberdade de expressão para que, sem medos ou receios, possam manifestar-se, expor suas dúvidas e na interação com o outro buscar soluções que melhor se adequem aos seus questionamentos.

O livro Tem espíritos embaixo da cama?, de Tatiana Benites, dá continuidade aos ensinamentos da dou-trina espírita numa versão clara, espontânea e muito

divertida.Por meio da personagem Laurinha (criança muito

interessada, inteligente e questionadora), os temas em discussão vão sendo lançados e os conceitos aprendidos.

A leveza e a graça da leitura estão nas confusões que a personagem faz ao escutar um novo conceito nas aulas de educação espírita no centro espírita em que frequenta com seus pais.

Como toda criança pesquisadora, Laurinha só se acomoda quando consegue solucionar suas dúvidas e assimilar o que aprendeu.

Ela é a personificação de muitas de nossas crian-ças que conseguem aprender justamente indagando, dando ideias, propondo soluções e demonstrando ao adulto que, se forem libertas para desenvolverem suas capacidades, conseguem interagir com novos concei-tos de maneira satisfatória.

Educar divertindo é o tema dessa obra recomen-dada a todos.

Boa leitura!

Sônia Kasse é educadora aposentada do Ensino Fundamental.

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SETEMBRO - OUTUBRO 2014 CORREIO FRATERNO 15

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Por uMbeRto FAbbRI

dIReto Ao Ponto

Servir ou ser servido?

Trabalhar para Jesus é sem sombra de dúvida uma dádiva na vida daque-le que entende que o servir é uma

grande oportunidade de crescimento indi-vidual e coletivo.

Quando adentramos a casa espírita, levados por dores, dúvidas existenciais ou pelo anseio de aprender e somos recebidos de forma fraterna, nosso desejo de conhe-cer esta doutrina libertadora e de cooperar junto àqueles que favoreceram o alívio, o conhecimento e a esperança nos levam a buscar o preparo para também servir a Je-sus. Nossa vontade de retribuir o que rece-bemos nos conduz às escolas, ao estudo da codificação.

Bebemos destes conhecimentos ma-ravilhados com a descoberta de um novo mundo que se apresenta mais justo, mais perfeito. Percebemos que é possível mudar, começar outra vez, ou pelo menos modifi-car nossos hábitos para nos enquadrarmos nesta realidade nova e promissora.

Contagiamo-nos com a alegria dos no-vos companheiros e nos deleitamos com a experiência dos professores, mentores e dirigentes.

Tomamos conhecimento do mundo espiritual e de sua influência em nossas vi-das, dessa inteiração com dimensões que,

muitas vezes, nem imaginávamos existir. Nos aproximamos de Jesus, de seus ensina-mentos profundos que calaram fundo em nossas almas...

Todavia, muitos de nós, sem perceber, mudamos a rota inicial, abandonando a vontade de servir a Jesus passando a dese-jar o cumprimento de nossos caprichos e vontades, distanciando-nos da humildade e da fraternidade essenciais ao trabalho da caridade.

Isto acontece geralmente quando deci-dimos defender nossos interesses pessoais,

deixando para segundo plano os interesses da maioria. Falsamente dizemos seguir a Jesus, quando na realidade seguimos a nós mesmos.

Disse Jesus que “O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir”, pontuando que o dever de quem deseja segui-lo é o de servir e não ser servido. Em novo cenário tentamos fazer valer o velho personalismo vivenciado em nosso pas-sado. Ele ainda está muito arraigado em nossas vidas, pois nasce do orgulho, da vai-dade que ainda não eliminamos de nossos

corações, provocando brigas, discussões e separações desnecessárias e infundadas.

É preciso vigilância para que possamos servir efetivamente nosso próximo, levando o auxílio, o consolo, o alimento material, assim como o espiritual, ações quase sem-pre prejudicadas quando gastamos nossas energias em combates e enfrentamentos egocêntricos e improdutivos, tentando fa-zer valer nosso ponto de vista a todo custo.

É preciso resgatar o entusiasmo e a vontade sincera de servir, lembrando sem-pre que, seguir o Cristo necessariamente significa tê-lo como modelo e guia. Seus exemplos e ensinamentos devem permear nossa existência, para que possamos sair de onde nos encontramos, seguindo adiante, evoluindo.

Ao lavar os pés dos apóstolos, o mestre nos lega o grande ensinamento da humilda-de e também do profundo amor que move o coração daquele que, sendo o maior, ser-viu e continua a servir a Humanidade até hoje, sem queixas, sem desesperança, sem contendas, mas se doando integralmente, para que um dia nosso planeta possa ser um mundo onde todos sejam felizes.

Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando hoje na Flórida, EUA.

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MÍdIA do beM

este espaço também é seu.envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Estudante quer despoluir os oceanosO estudante de engenharia holandês, Boyan Slat, de

apenas 19 anos, anunciou a invenção de equipamento, segundo ele capaz de limpar os oceanos em apenas cinco anos. Funcionaria como um filtro gigante a ser posicio-nado em águas poluídas, onde recolheria todo o material flutuante, cerca de 7 milhões de toneladas de plástico. O processo, que leva em conta para o manejo a segurança e a preservação da fauna marítima, asseguraria ainda uma renda extra com a venda dos plásticos retirados das águas. Boyan Slat, que ganhou seu primeiro prêmio aos 14 anos e já está no Livro dos Recordes, busca agora parcerias para tirar o projeto do papel. Ele já recebe apoio de 160 países, inclusive do Brasil, um dos principais incentivadores. O projeto já arrecadou mais de 2 milhões de dólares. Fonte: http://g1.globo.com/fantastico

Mulher de 99 anos faz um vestido por dia para meninas da África

A cada dia, a norte-americana Lillian Weber costura um vestido diferente para doar a crianças carentes pelo projeto “Little Dresses for Africa” (Pequenos Vestidos para a África). Com 99 anos de idade, a costureira já criou mais de 840 peças e quer chegar ao vestido número mil o quan-to antes.

Moradora de uma fazenda no condado de Scott, no Estado do Iowa, Lilian começa a costurar um novo vesti-do pela manhã e, depois do intervalo para almoçar, termi-na os últimos ajustes. “É apenas uma daquelas coisas que você aprende a fazer e fica contente”, disse.Fonte: Notícias Uol

Surfista perde torneio para sal-

var uma vidaO surfista Leonardo

Menyon, de 17 anos, foi eliminado na 2ª etapa do Campeonato Paulista de Surfe. Mas longe de terminar o dia como um derrota-do, ele virou herói , ao abandonar a competição para salvar uma vítima de afoga-mento no Guarujá, litoral de São Paulo.

O surfista disputava as quartas de final da etapa. “Per-di, mas ganhei uma experiência de salvar uma vida e evitei que mais uma família chorasse. Se eu não estivesse ali, ele teria morrido. Fiquei muito feliz. Quando voltei, a gale-ra toda estava na praia aplaudindo. Competições vão ter muitas, mas salvar uma vida não. Eu tive a chance de po-der ajudar, não ia passar na frente dele e não fazer meu pa-pel. Minha mãe falou que ficou muito orgulhosa”, conta.Fonte: UOL Esporte