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Eduardo Coutinho já dizia...

“Eu escolho minha prisão e sou livre nela”: estabelecer um conceito, uma proposta estética (ou forma) e documentar.

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O processo de documentar...“Se você está fazendo um documentário sobre meio ambiente, você pode entrevistar um ambientalista que diz que uma fábrica está poluindo um rio. Então você pode entrevistar o encarregado da fábrica, que dirá que a fábrica não está poluindo. Isto, por si só, não quer dizer nada, é o que você encontra nos noticiários locais. Apenas falar sobre o problema não o mesmo que documentar o problema, é apenas registrar o que as pessoas acham sobre o problema. Mas se você filmou coisas estranhas sendo despejadas no rio, você está começando a mostrar o problema, e não apenas falar sobre ele. E se, ainda, você mostrar alguém verificando se a substância lançada no rio é tóxica ou não, você estará construindo uma cadeia de evidências visuais. Nada substitui uma boa cena filmada” (1999, HAMPE, p. 2)

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Proposta de estudo• Ilha das Flores – Jorge Furtado, 1989• Boca de lixo – Eduardo Coutinho, 1993• Estamira – Marcos Prado, 2004• Lixo Extraordinário (02) – Lucy Walker, João Jardim e

Karen Harley, 2010- Como os realizadores compreendem o ato de

documentar?- Como vocês imaginam o processo de roteirização?- Com qual proposta vocês se identificam mais/menos e

por quê?

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Boca de lixo (OHATA, 2013)• Coutinho sobre o conceito: a primeira questão de Coutinho ao se

aproximar das pessoas era saber se “o lixo era bom ou ruim”.• “O Lixo é um filme que aconteceu meio sem previsão... Eu tinha

filmado um outro lixão para outro filme, O fio da memória, que acabou nem entrando... Eu fiquei lá uma meia hora, era minha primeira vez num lixão, e ali eu vi o que nunca havia se mostrado no cinema. Tinha gente fritando ovo, gente jogando bola, igual em qualquer lugar. Eu queria fazer um filme sobre aquilo. Não como o Ilha das Flores, o lixo como conceito, mas o lixo como realidade” (p. 243)

• “Meu roteiro são nomes de pessoas que vale à pena entrevistar, e questões [...] Coisas que eu acabava esquecendo também” (p. 243).

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Boca de lixo (OHATA, 2013)• Coutinho sobre a forma/estética: “Não me interessa o plano curto.

Eu quero a dimensão temporal das coisas. Às vezes, uma pessoa fala, e é cinco, três minutos, e é isso mesmo. Tem uma densidade, uma progressão, ela hesita, volta para trás. As pessoas têm um tempo, têm uma memória, têm um passado, mas para isso vir à tona tem uma temporalidade, que precisa estar nos planos, na edição” (p. 226)

• “[...] o que é Boca de Lixo? É uma reportagem. Mas é uma tentativa de fazer da reportagem uma das belas-artes” (p. 249).

• Sobre a relação com as pessoas/realidade:“ [...] o melhor de mim começa pelo seguinte: não julgá-las. Quer dizer, os caras do lixo vão dar o melhor deles mesmos se eu não começo perguntando: ‘Isso aqui é um inferno?’”(p. 239)

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Ilha das Flores (JESUS, 2005)• produzido para a UFRGS;• Marcas textuais que levam a uma leitura passiva por parte do

espectador – ironia;• Comentário como hipertexto;• Pseudodidatismo da voz off (voz da ciência que tudo sabe);• Paródia do gênero documentário.• “Para convencer o público a participar de uma viagem por

dentro de uma realidade horrível, eu precisava enganá-lo. Primeiro, tinha que seduzi-lo e depois dar a porrada (FURTADO, 1992, p. 63)”.

• Entrevista com Jorge Furtado.

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Ilha das Flores (JESUS, 2005)

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Estamira (AZEREDO, 2013)

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Estamira (AZEREDO, 2013)

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Estamira (AZEREDO, 2013)

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Estamira (entrevista com Marcos Prado)

• Sobre a questão ética

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Lixo extraordinário• Entrevista com João Jardim: “A maior dificuldade foi

encontrar o fio narrativo do filme, conseguir, sem ser piegas ou didático, contar a história de como a Arte pode tocar a vida daqueles que nunca imaginaram chegar perto dela”.

• Entrevista com Karen Harley: “O meu primeiro contato com o projeto “Lixo Extraordinário” se deu por meio de um convite do João Jardim, diretor que assumiu o filme após a saída de Lucy Walker, para montar o filme. Já que não havia um roteiro, a ideia era estruturar o filme em paralelo às filmagens. Eu assumi a direção quando o João saiu do projeto”.

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Lixo extraordinário• Entrevista com Karen Harley: “A minha participação, e o

principal desafio, era construir uma linha narrativa em meio a 120 horas de material bruto filmado por 4 diretores; retratar o encontro entre um artista contemporâneo de sucesso e um grupo de pessoas que viviam do lixo, à margem da sociedade, e que nunca tinham tido qualquer contato com arte. A questão que permeava o filme era se a arte poderia mudar a vida dessas pessoas. Mas era preciso sair do estereótipo do herói que salva os necessitados e não ter um tom paternalista ou sensacionalista. Os personagens que encontramos no Jardim Gramacho eram surpreendentes, inteligentes e generosos e se transformaram na alma do filme”.

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Um estudo comparativoBoca de Lixo Ilha das Flores Estamira Lixo

Extraordinário

Conceito Dia a dia como personagem

“Lixo como conceito”

Personagem como fio narrativo-expositivo

Documentação de um processo

Forma Doc direto: ritmo imposto pelas entrevistas

Ficcionalização prévia:ritmo imposto pelo conceito

Ficcionalização em tempo real: ritmo imposto pela verdade da personagem

Ficcionalização posterior:Ritmo imposto pela ordem temporal

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Ventre Livre (1994)• De Ana Luiza Azevedo, Giba Assis Brasil e Rosângela Cortinhas.• 48 minutos.• Sinopse: O país do futuro é onde as crianças engravidam? O maior

país católico do mundo é onde mais de trinta mil mulheres morrem em conseqüência de aborto? A 10ª economia do planeta é a do país onde 27% das mulheres estão esterilizadas? VENTRE LIVRE conta um pouco da história de Vera, Ivonete, Carmen, Denise, Maria do Carmo, Marlove - pessoas que nasceram no país com a mais desigual distribuição de renda do planeta. Um documentário sobre direitos reprodutivos no Brasil, enquanto o futuro não chega.

• Pré-roteiro e roteiro de montagem. • Casa de Cinema de POA.

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No rastro do camaleão (2007)

• De Eric Laurence;• 17 minutos.• Sinopse: procurando revelar a magia com que

criam e executam sua arte, o documentário segue o rastro dos Irmãos Aniceto, artistas-agricultores do Crato-CE, adentrando no seu universo poético e sonoro, como camaleões que mimetizam a natureza, o cotidiano e a própria chegada do cinema em suas vidas.

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Reparação

• Wagner Bezerra• Documentário institucional para a prefeitura

de Salvador.• Roteiro de pré-produção.

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O documentário como proposta/projeto...

‘A proposta é uma peça de venda. Documentários são produções caras.

Os investidores têm de estar convencidos que os benefícios trazidospelo filme justificarão seu custo de produção’ (Hampe, 1997, p. 126).

Hampe recomenda ao realizador:1. que ele deixe claro sua justificativa para a realização do

documentário (quais as boas razões para se fazer o filme),2. que ele demonstre saber qual tipo ideal de documentário para aabordagem do assunto em questão,3. que ele convença que sua equipe de produção é a única capazde realizar o filme proposto (Hampe, 1997, p. 126).

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A estrutura de uma proposta/projeto...1. Declaração inicial trazendo o título e assunto do filme, sua duração

aproximada (formato do filme), em duas ou três linhas.2. Breve apresentação do assunto, para introduzir o leitor da proposta ao tema do

projeto, com justificativa, para fazê-lo perceber a importânciade se fazer o filme.

3. Estratégias de abordagem, estrutura e estilo. 4.Cronograma de filmagem (opcional e negociável – como tudo!!!)5. Orçamento aproximado (opcional).6. Público alvo, estratégias de marketing e distribuição (opcional).7. Curriculum do diretor e cartas de apoio e recomendação.8. Anexos. Fotos, vídeos, desenhos mapas, qualquer coisa queenriqueça a proposta e ajude a vender o projeto (Rosenthal, 1996, p.26).Isso leva à sinopse, ao argumento (preferencial) e aos tratamentos (geralmente,

vários!!!).