Edudacao Ambiental Gestao Ambiental

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VII Semana de Engenharia da UFF IV Seminário Fluminense de Engenharia Niterói, RJ, Brasil, 8-10 de novembro de 2005 A importância da educação ambiental no novo modelo de gestão: Uma abordagem estratégica Luiz Ricardo Sanandres 1 ; Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc. 2 1 Universidade Federal Fluminense (UFF) Mestrado Profissional em Sistema de Gestão (LATEC/UFF) Niterói, RJ, Brasil 2 Universidade Federal Fluminense (UFF) Mestrado Profissional em Sistema de Gestão (LATEC/UFF) Niterói, RJ, Brasil [email protected]; [email protected] RESUMO Esta pesquisa aborda o paradigma educação ambiental através da avaliação e aplicação dos conceitos de educação ambiental e busca meios para entender a efetividade e a eficácia desta função de apoio na gestão ambiental, trazendo valor não só para a empresa, mas também para comunidade. Os autores têm como objetivo evidenciar a importância da educação ambiental na gestão ambiental, apresentando os conceitos de cidadania, de sistema de gestão ambiental, do treinamento e da valorização do ser humano. A metodologia utilizada é exploratória e bibliográfica sobre educação ambiental e gestão ambiental; obtidas através de entrevistas com os gestores envolvidos diretamente na implementação do sistema de gestão ambiental, consultas em apostilas, livros, artigos e paginas da internet relacionadas ao tema em questão e a experiência dos autores na implementação do sistema de gestão ambiental. O autor finaliza esta pesquisa apresentando práticas relacionadas à educação ambiental em um terminal de recebimento de petróleo e gás. Palavras-chave: educação ambiental, cidadania, gestão ambiental. 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Várias nomenclaturas identificam às constantes “mudanças” que afetam as atividades econômicas e concomitantemente sociais e culturais. Ciclos, ondas, não importa o nome, estão sempre acompanhadas de novos paradigmas que os alicerçam e de certa forma pressionam os empresários sem o devido tempo para assimilá-los e criticá-los.

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VII Semana de Engenharia da UFF IV Seminário Fluminense de Engenharia

Niterói, RJ, Brasil, 8-10 de novembro de 2005

A importância da educação ambiental no novo modelo de gestão: Uma abordagem estratégica

Luiz Ricardo Sanandres1; Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc.2

1Universidade Federal Fluminense (UFF)

Mestrado Profissional em Sistema de Gestão (LATEC/UFF) Niterói, RJ, Brasil

2Universidade Federal Fluminense (UFF)

Mestrado Profissional em Sistema de Gestão (LATEC/UFF) Niterói, RJ, Brasil

[email protected]; [email protected]

RESUMO Esta pesquisa aborda o paradigma educação ambiental através da avaliação e aplicação dos conceitos de educação ambiental e busca meios para entender a efetividade e a eficácia desta função de apoio na gestão ambiental, trazendo valor não só para a empresa, mas também para comunidade. Os autores têm como objetivo evidenciar a importância da educação ambiental na gestão ambiental, apresentando os conceitos de cidadania, de sistema de gestão ambiental, do treinamento e da valorização do ser humano. A metodologia utilizada é exploratória e bibliográfica sobre educação ambiental e gestão ambiental; obtidas através de entrevistas com os gestores envolvidos diretamente na implementação do sistema de gestão ambiental, consultas em apostilas, livros, artigos e paginas da internet relacionadas ao tema em questão e a experiência dos autores na implementação do sistema de gestão ambiental. O autor finaliza esta pesquisa apresentando práticas relacionadas à educação ambiental em um terminal de recebimento de petróleo e gás. Palavras-chave: educação ambiental, cidadania, gestão ambiental.

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Várias nomenclaturas identificam às constantes “mudanças” que afetam as atividades econômicas e concomitantemente sociais e culturais. Ciclos, ondas, não importa o nome, estão sempre acompanhadas de novos paradigmas que os alicerçam e de certa forma pressionam os empresários sem o devido tempo para assimilá-los e criticá-los.

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A má distribuição de renda, a exclusão de grande parte da população de uma educação de primeiro nível, a falta de saneamento básico, a deficiência do atendimento médico público, a falta de emprego, o resquício de uma cultura escravagista e extrativista na formação do país são temas constantemente verbalizados por líderes de várias áreas, tais como políticas empresariais e de entidades civis, apresentando caminhos e soluções “milagrosas”, as quais ao longo do tempo têm demonstrado a sua ineficiência e ineficácia.

Nesta nova “onda”, o desenvolvimento sustentável, tema de suma importância para o futuro da humanidade e que foi definido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, a Comissão Brundtland, em 1987, no relatório com o título “Nosso Futuro Comum”, como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável tem como um dos seus pilares a educação ambiental com uma visão macro-econômica, social e ambiental, sendo questionável a possibilidade de separar estes parâmetros.

Para o desenvolvimento desta pesquisa, os autores identificaram como objetivos:

- Evidenciar a importância da educação ambiental na gestão ambiental, apresentando os conceitos de cidadania, de sistema de gestão ambiental, do treinamento e da valorização do ser humano, que através da educação ambiental, apresenta-se como agente determinante para o sucesso na gestão ambiental;

- Apresentar as práticas de gestão relacionadas à educação ambiental de um terminal de recebimento de petróleo e gás.

1.2 ESTRATÉGIA DA PESQUISA

A metodologia utilizada nesta pesquisa é do tipo exploratória e bibliográfica sobre educação ambiental e gestão ambiental. As informações necessárias para o desenvolvimento desta pesquisa foram obtidas da seguinte forma: - Pesquisa de abordagem: entrevistas com os gestores envolvidos diretamente na implementação do sistema de gestão ambiental em empresas de pequeno, médio e grande porte; - Pesquisa Bibliográfica: consulta de apostilas, livros, artigos e paginas da web relacionadas ao tema em questão; - Experiência dos autores na implementação do sistema de gestão ambiental no terminal de recebimento de petróleo e gás, apresentado no capitulo 3.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 EDUCAÇÃO E CIDADANIA

A educação é um direito de todos. Somos todos aprendizes e educadores. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seu modo formal, não-formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a sabedoria das nações”. (Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade global 1992).

Em um país com tamanhas discrepâncias, a questão meio ambiente tem uma relação direta com qualidade de vida. Educar para o meio ambiente é educar para ser cidadão, dar condição de compreender seus direitos e deveres, capacidade de ser crítico e de ter a postura não de um mero coadjuvante neste cenário da vida e sim um ator principal que participa do rumo da sua vida, do planeta em que vive, exigindo, acima de tudo, respeito das autoridades como membro que as sustenta nas suas posições.

2.2 O HOMEM COMO VALOR

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O bem estar do ser humano deve ser encarado como valor e não como meta em qualquer programa. A discrepância no mundo é grande, segundo a ONU, 78 % da renda mundial fica concentrada em um bilhão de pessoas e um bilhão e 100 milhões de pessoas não tem acesso à água pura. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) relata que em 1996 existiam 815 milhões de pessoas subnutridas e no ano de 2002 praticamente não houve mudança neste quadro. Em alguns países, como o Brasil, a produção de alimentos é suficiente, mas existe um grande segmento de desamparados que não possuem recursos para adquirirem, um mínimo que seja, de alimentos. Em contrapartida, o nível de desperdício de alimentos no país é enorme, quer seja pelo comércio varejista, pelo governo em seus estoques reguladores, pelos produtores e até mesmo na administração da distribuição da merenda escolar.

O ser humano é o condutor das mudanças. A direção e sentido são diretamente proporcionais ao grau de conhecimento e conscientização das conseqüências das suas decisões. O homem precisa mudar, precisa se educar, apreender que não é um ser isolado das outras espécies e da sua própria. Harmonia significa equilíbrio, o homem precisa saber que nesta grande corrente em que cada elo é um suporte para alcançar um mundo melhor, não haverá futuro para o nosso planeta com as discrepâncias atuais. Educação ambiental centrada no homem, dando condições ao mesmo de refletir, de criticar, tendo o respeito e a fraternidade como base e o bem estar como valor inegociável pode, com certeza, virar este jogo em que todos, ricos e pobres, estão perdendo. 2.3 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Uma sociedade educada e bem informada é a base para um desenvolvimento sustentável, apesar de o Brasil estar um pouco longe desta visão, eventos como a Conferência da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, a segunda conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992 e conhecida como Rio – 92, proporcionou uma conscientização a nível nacional sobre o meio ambiente, bem de direito de todos, que está relacionada de forma direta com a qualidade de vida do homem seja pelos aspectos ambientais, sociais ou econômicos. Esta conscientização da sociedade “facilitou” ou “forçou” os poderes públicos a implementarem os diplomas legais relativos ao meio ambiente, pois houve e existe cada vez mais cobrança de um ambiente salutar para se viver.

Os sistemas de gestão ambiental passam a ser uma questão de sobrevivência e não de opção. Para as mais conscientes, uma questão de responsabilidade social. O sinônimo de não-produtividade é desperdício, e, desperdício em um mundo de carências é pecado, Musa, Edson Vaz; PNQ, 2002:4. O espaço no mercado para empresas que não os tenham está limitado e tende em pouco tempo ficar totalmente fechado.

A educação ambiental implementada de forma a agregar valor ao sistema de gestão ambiental com uma visão social e ambientalmente correta deve ter também uma visão para fora dos muros. Exemplos de retorno econômico para as empresas com a diminuição de desperdício em função da educação ambiental tendo como base programas que consideram aspectos e impactos ambientais oriundos de suas atividades são encontrados facilmente na literatura atual, porém a educação ambiental dentro de um sistema de gestão ambiental mais amplo com visão social deve trazer resultados também para comunidade. Existem bons exemplos na indústria de petróleo, apesar das controvérsias, sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos deste segmento industrial. 3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TERMINAL DE RECEBIMENTO DE PETROLEO E GÁS

3.1 CAPACITAÇÃO DE MÃO DE OBRA PRÓPRIA

• Toda a mão de obra própria é treinada quanto à preservação e aos problemas

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ambientais, sendo feito treinamento sobre gerenciamento de Resíduos e coleta seletiva e outros procedimentos específicos.

• Sendo o assunto “Meio ambiente” tema de vários Diálogos Diários de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (DDSMS).

• Nos procedimentos operacionais, em que se faz necessário, existem orientações quanto a medidas preventivas à poluição e danos ao meio. Em todas as atividades são levantados os aspectos e impactos ambientais e, se necessário, definidos controles e ações mitigadoras.

• Toda a legislação ambiental relativa às atividades do terminal é estudada e verificada a necessidade de tomada de ações para seu atendimento.

3.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA AS COMUNIDADES ADJACENTES

Seguindo a Diretriz Estratégica e considerando como Fator Crítico para o Sucesso “Desenvolvimento das Pessoas”, imbuída em contribuir para com a sociedade o terminal viu na aplicação da Lei 9795, de 27 de abril de 1999 – “Educação Ambiental”, uma forma interessante de se fazer isto, então criou um programa de Educação Ambiental para as comunidades adjacentes, onde busca despertar o interesse pelo assunto e que os mesmos atuem na manutenção do meio ambiente como um todo.

Antes, ações neste sentido eram sempre tomadas, porém não eram sistematizadas, exemplo disso, foi quando o terminal forneceu, gratuitamente, cartilhas educativas da coleta seletiva de lixo para distribuição na “feira do desenvolvimento das relações comunitárias” em 2002, realizado pela Secretaria Municipal de Planejamento e pela Secretaria de Promoção Social .

No evento a empresa patrocinou também a apresentação do grupo de teatro Gaia, que desenvolveu um texto especificamente para o evento, sobre cidadania e meio ambiente, com enfoque na coleta seletiva do lixo e tratamento de esgotos e apresentou em forma de peça teatral na praça local. Segundo os organizadores, passaram pelo evento cerca de 600 pessoas e parte do material fornecido foi também distribuído no curso de capacitação de multiplicadores em educação ambiental.

O programa de educação ambiental local está inserido ou será aplicado em conjunto a outros programas desenvolvidos pela gerência, já que muitas ações de um complementam a de outros, demonstrado no esquema do “Projeto de implantação de áreas verdes como medida compensatória para emissão de carbono e educação ambiental para comunidades adjacentes.” Neste projeto, foi contratado entidade de ensino superior para desenvolvimento das ações que foram iniciadas em 25/04/03, com previsão de 365 dias.

No trabalho, o contratado fará levantamentos de dados sócio-culturais e ambientais das comunidades adjacentes e, com um enfoque às faixas escolares e produtores rurais, fará um programa educacional com informações cruzadas das necessidades dessas comunidades e do que preconiza a lei 9795.

Os dados coletados indicarão as necessidades educacionais quanto ao assunto e, prosseguindo, será feita uma aplicação do projeto de educação ambiental como piloto, para ajustes e verificação de sua eficácia. É buscada a continuidade do projeto por si só, dependendo do retorno das comunidades, tendo como fomentador, por exemplo, prefeituras ou ong’s e o próprio terminal que buscará os contatos com as entidades e disponibilizará o programa desenvolvido pela entidade de ensino.

Hoje, tem-se a intenção de se fazer o piloto com a Prefeitura, já que contatos e reuniões foram feitos e alguns dados levantados. A entidade de ensino superior está para definir o programa piloto e aí sim, com a anuência da Prefeitura, apresentá-lo e adequá-lo, se necessário. O fluxograma abaixo mostra a inter-relação das entidades envolvidas e a

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visão, para fora dos muros, do programa de educação ambiental, com foco nas necessidades da comunidade, implementado pelo terminal como um dos suportes do sistema de gestão ambiental.

Figura1: Fluxograma referente às inter-relações de informações e ações do programa de educação ambiental

4. CONCLUSÃO

A diferença entre países ricos e pobres e a ganância sobre o bem comum natureza, levou a uma constante degradação do nosso planeta terra. Da conferência em Estocolmo em 1972 da qual participou Indira Gandhi declarando que o pior tipo de poluição é a pobreza, passando pela Rio-92 e a Rio +10, que foi realizada em Johannesburgo, as questões sociais foram levantadas como uma das causas da degradação do meio ambiente. A tecnologia evoluiu em uma curva exponencial. Poderíamos fazer uma vasta pesquisa e apresentar inúmeros avanços tecnológicos, porém, a tradução em um planeta melhor esbarra na realidade inversa a estes avanços. Os chefes de estado apresentaram na Conferência Rio +10 um estado de degradação mais acentuado apesar dos protocolos firmados e das promessas feitas. O relatório “Estado do Mundo 2002” cita a pesquisa realizada pelo Museu Americano de História Natural o qual verificou que sete entre dez biólogos acreditam que o mundo esteja hoje em meio a mais acelerada extinção em massa de seres vivos nos 4,5 bilhões de anos da história do planeta. A destruição da natureza acontece sem armas formais e de forma acelerada. Têm-se várias conferências internacionais nas quais se assinam vários protocolos com intuito de preservar o meio ambiente; têm-se uma evolução contínua da tecnologia aumentando cada vez mais a produtividade dos “insumos”, recursos naturais; têm-se cada vez mais leis que amparam e protegem não só o meio ambiente mais também o cidadão; têm-se cada vez mais certificações de empresas voltadas para os aspectos de segurança, meio ambiente e saúde ocupacional; têm-se cada vez mais empresas cidadãs; têm-se cada vez mais ONGs atuando; têm-se cada vez mais “mais”, por que o mundo está em pior estado? Miséria, doenças, desmatamento, desertificação, falta de água potável, falta de saneamento, desemprego, exclusão, países em extrema miséria, países em desenvolvimento com altos índices de miseráveis e países ricos também tendo os seus excluídos; a “educação ambiental”, ou porque não dizer somente a “educação”, é a resposta.

Há algumas décadas o meio ambiente não é uma palavra solta ou uma vertente isolada de atuação para tornar o mundo mais saudável. Há algumas décadas cidadania na sua verdadeira forma é entendida, no início por um pequeno grupo, como a base de um

Empresa(Terminal)

VERDEJAR Resíduos

Entidadede Ensino Superior

ONG’s

PREFEITURAS

ESCOLAS

PRODUTORES RURAIS

ADUBO ORGÂNICO

MUDAS

EmpregadosPróprios e Contratados

Ass. dos Moradores

Recuperação de Áreas Degradadas

Empresa(Terminal)

VERDEJAR Resíduos

Entidadede Ensino Superior

ONG’s

PREFEITURAS

ESCOLAS

PRODUTORES RURAIS

ADUBO ORGÂNICO

MUDAS

EmpregadosPróprios e Contratados

Ass. dos Moradores

Recuperação de Áreas Degradadas

GESTÃO AMBIENTAL

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mundo mais saudável.

Verifica-se que nos tópicos iniciais deste artigo e no início da conclusão, o leitor pode pensar que há uma incongruência de idéia do autor, porém o objetivo deste artigo é levantar uma discussão sobre a educação ambiental e a busca de meios para entender a efetividade desta função na diminuição do desequilíbrio social utilizando uma necessidade atual das empresas, que querem participar de um mercado global, que é a implementação de um sistema de gestão ambiental.

É sabido, principalmente nos países pobres e em desenvolvimento, que muitas das funções inerentes ao poder público estão relegadas a um segundo plano por vários motivos dentre eles a falta de recursos. É sabido também que muitas organizações não governamentais e empresas estão assumindo parte desta responsabilidade.

A gestão ambiental é uma tecnologia na área de administração de implementação global, a educação ambiental é um dos alicerceis desta tecnologia. Por que não utilizar esta necessidade empresarial, mesmo com patrocínio das empresas para desenvolver programas de educação ambiental para intra e fora dos muros com uma visão crítica, com uma visão cidadã. É possível, exemplos verifica-se em todo o mundo não só na área da educação. A princípio por ação pró-ativa das empresas, que podem se tornar uma prática obrigatória caso haja uma correlação com a Norma SA 8000 de Responsabilidade Social e um certificado patrocinado pela ONU intitulando a empresa como cidadã levando a algum tipo de incentivo fiscal mundial.

Que paradigma é esse que pode trazer no fundo de suas entranhas o início da solução? A educação sim é ideológica. Toda a evolução que ocorreu no mundo tinha como premissa o bem estar de um grupo e o alinhamento com o setor produtivo. A cidadania, na sua mais ampla visão, nunca foi realmente à base ou o objetivo, apesar de estar incluída nos diversos currículos. Esta é a diferença de “temos cada vez mais” e o cidadão-mundo e grande parte de seus habitantes cada vez menos.

O homem consciente de seu papel, nesse nosso mundo azul, integrado à natureza e não tentando dominá-la, o homem atuante e crítico, o homem sabedor que é parte deste todo; esta é a linha da educação que queremos, este é o paradigma que ainda não temos.

A natureza busca o equilíbrio de várias formas, desastres ecológicos “naturais”, secas, inundações, doenças; estamos em uma rota suicida, parados em uma esquina na qual nos mostra dois caminhos. A decisão não pode ser de uma minoria, é necessário que todos de forma consciente escolham o melhor caminho e que as pedras iniciais se transformem em lindos campos verdes. REFERÊNCIAS

Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente, Nosso Futuro Comum, Editora da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1998.

Fórum Global – Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, 1992.

Genebaldo Freire Dias, Fundamentos da Educação Ambiental, Brasília: Universa,2000, pg 118.

Haroldo Mattos de Lemos, A questão Ambiental –Evolução Histórica – MBE-COPPE,2000.

Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política de Educação Ambiental e dá outras providências.

Paul Hawken, Amory Lovins, L. Hunter Lovins, Capitalismo Natural – Criando a próxima Revolução Industrial, Editora Cultrix

Social Accountability International, SA 8000 Norma Internacional de Responsabilidade Industrial