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I – Estágios de Pós-doutoramento no PPG Letras Anais do Evento PG Letras 30 Anos Vol. I (1): 66-80 66 GÊNEROS HÍBRIDOS: CONTORNOS DIFUSOS? Regina L.Péret Dell´Isola 1 Resumo: Focalizando os gêneros como práticas sociais, impactadas por variáveis culturais e históricas, neste artigo deslocamos a ênfase dos traços de estabilidade dos gêneros para enfocar a sua instabilidade, destacando características intertextuais em sua configuração e tessitura. Será discutida a noção de hibridismo como aspecto constitutivo do gênero e serão analisados alguns textos que circulam na sociedade brasileira em que se verifica a associação de traços estruturais de um determinado gênero associado à função de outro. Defende-se a idéia de que, embora surjam da práxis como produções textuais diferenciadas, os gêneros híbridos podem se estabilizar dentro de esferas da atividade humana. Palavras-Chave: gêneros textuais, hibridismo, intergenericidade. OS GÊNEROS TEXTUAIS NA INTERAÇÃO HUMANA A busca do entendimento de como os textos funcionam na interação humana remete a uma tendência a se investigarem os diferentes textos de uso corrente na sociedade, o que implica discussão sobre gêneros textuais na dinâmica discursiva, levando-se em conta traços lingüísticos, aspectos sócio- discursivos, retóricos, cognitivos e interacionais. A tendência atual é considerar que há, entre texto e discurso, um continuum com a presença de um condicionamento mútuo. Inegavelmente, existem aspectos complementares da atividade enunciativa entre ambos, sendo que o texto acontece no plano da configuração e o discurso manifesta-se no plano da enunciação. Entre o texto e o discurso, o gênero configura-se como aquele que condiciona a atividade enunciativa. Os gêneros estão presentes em todas as circunstâncias da vida em que as ações humanas são mediadas pelo discurso. Na prática, os usuários da língua os empregam com desenvoltura e segurança porque conhecem a forma padrão de determinados gêneros, além da estrutura relativamente estável que os caracteriza. Isso porque, conforme apontam Miller (1984) e Bazerman (1997), os gêneros estão intimamente relacionados a situações sociais concretas, repetidas, típicas de uso efetivo da língua. Existem gêneros que, certamente, podem ser entendidos como uma classe de eventos comunicativos, conforme aponta Swales (1993), vinculada a uma 1 Professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Estágio de Pós-doutoramento com supervisão de Angela Paiva Dionisio. Bolsista CNPq, Processo 151427/2005.

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GÊNEROS HÍBRIDOS: CONTORNOS DIFUSOS?

Regina L.Péret Dell´Isola1

Resumo: Focalizando os gêneros como práticas sociais, impactadas por variáveis culturais e históricas, neste artigo deslocamos a ênfase dos traços de estabilidade dos gêneros para enfocar a sua instabilidade, destacando características intertextuais em sua configuração e tessitura. Será discutida a noção de hibridismo como aspecto constitutivo do gênero e serão analisados alguns textos que circulam na sociedade brasileira em que se verifica a associação de traços estruturais de um determinado gênero associado à função de outro. Defende-se a idéia de que, embora surjam da práxis como produções textuais diferenciadas, os gêneros híbridos podem se estabilizar dentro de esferas da atividade humana. Palavras-Chave: gêneros textuais, hibridismo, intergenericidade.

OS GÊNEROS TEXTUAIS NA INTERAÇÃO HUMANA

A busca do entendimento de como os textos funcionam na interação humana remete a uma tendência a se investigarem os diferentes textos de uso corrente na sociedade, o que implica discussão sobre gêneros textuais na dinâmica discursiva, levando-se em conta traços lingüísticos, aspectos sócio-discursivos, retóricos, cognitivos e interacionais. A tendência atual é considerar que há, entre texto e discurso, um continuum com a presença de um condicionamento mútuo. Inegavelmente, existem aspectos complementares da atividade enunciativa entre ambos, sendo que o texto acontece no plano da configuração e o discurso manifesta-se no plano da enunciação. Entre o texto e o discurso, o gênero configura-se como aquele que condiciona a atividade enunciativa.

Os gêneros estão presentes em todas as circunstâncias da vida em que as ações humanas são mediadas pelo discurso. Na prática, os usuários da língua os empregam com desenvoltura e segurança porque conhecem a forma padrão de determinados gêneros, além da estrutura relativamente estável que os caracteriza. Isso porque, conforme apontam Miller (1984) e Bazerman (1997), os gêneros estão intimamente relacionados a situações sociais concretas, repetidas, típicas de uso efetivo da língua.

Existem gêneros que, certamente, podem ser entendidos como uma classe de eventos comunicativos, conforme aponta Swales (1993), vinculada a uma

1 Professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Estágio de Pós-doutoramento com supervisão de Angela Paiva Dionisio. Bolsista CNPq, Processo 151427/2005.

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comunidade discursiva específica que, para alcançar seus objetivos, faz uso de um gênero específico. Gêneros, como “formas típicas de lidarmos com situações recorrentes”, tal como apontam Freedman & Medway (1994:20) são atualmente estudados como formas retóricas vinculadas a situações sociais que demandam respostas típicas numa dada interação. Podemos percebê-los como familiares ou não familiares. Cartas, anúncios, receitas, poemas extratos bancários, anotações, bilhetes, representam algumas das formas genéricas – e de certo modo prototípicas – familiares do nosso dia a dia, enquanto, outros gêneros escapam à nossa atenção.

Alguns gêneros circulam em ambientes peculiares com um nível de especificidade tal que ficam circunscritos aos especialistas de uma determinada área, restringem-se a um grupo de usuários. Outros nunca nos foram necessários, jamais nos serviram como instrumento de interação social. São desconhecidos em função da não necessidade ou da falta de oportunidade de acessá-los. Por exemplo, um auto, é um gênero textual desconhecido por muitos que sequer imaginam que pode se tratar de um registro escrito e autenticado de qualquer ato ou pode ser uma composição dramática originária da Idade Média, com personagens geralmente alegóricas, como os pecados, as virtudes, etc. Não temos acesso a todos os gêneros, entretanto somos capazes de reconhecer e tipificar praticamente todos os gêneros a que temos acesso.

Ao lado dos gêneros que são, de certa forma, prototípicos, familiares do cotidiano, a que as pessoas recorrem para atingir objetivos, têm surgido novos gêneros a partir de transformações dos existentes. A mensagem eletrônica – o “e-mail” – vem sendo citada por vários estudiosos como um gênero com identidade própria que emergiu de uma forma híbrida de carta, telegrama, telefonema, vinculada às condições de produção tecnológicas e a uma comunidade discursiva que a utiliza para alcançar seus propósitos dialógicos. Também a teleconferência ou videoconferência é um novo gênero que emergiu da hibridização e configura-se em uma modalidade interativa de telecomunicação mediante a qual pessoas, em diferentes locais, se comunicam ao mesmo tempo via linha telefônica, rede de computadores, radiofonia, etc.

Como anuncia metaforicamente o antropólogo Clifford Gertz (1983), os gêneros sangram e se tingem mutuamente. E isso parece acontecer com relativa velocidade. As tecnologias, criadas pelo homem, muito contribuíram com o fenômeno da hibridização e deram novos rumos às ciências e às artes. A internet revolucionou os aspectos da comunicação humana, acelerando as informações e tornando-as instantâneas. O que se manifestava no papel, agora pode ser lido na tela do computador, e, com isso, surgem modalidades de expressão inéditas e hibridizações, como, por exemplo, o gênero batizado “HQTrônicas”.

Recém-nascidas, as “HQtrônicas” resultam da combinação de gêneros usada por artistas que empregam recursos “internéticos” para apresentar histórias em um novo formato. Já está presente em mais de mil sites, esse novo gênero não é uma história em quadrinhos porque nele há sons e parte das figuras se movimenta, também não é um desenho animado, porque nele existem letreiros e balões de fala. É um gênero híbrido gerado a partir da história em quadrinhos e do desenho animado. Trata-se de um quadrinho eletrônico com todos os

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recursos que o computador pode oferecer. Caracteriza-se pela simplicidade e pela proposta de diferentes alternativas de narrativa para o leitor. Funciona como um labirinto. O desenhista coloca na tela uma seqüência, que termina sempre com uma cena de suspense. Quem dá continuidade à historia é o leitor, que tem a opção de clicar em mais de uma possibilidade de desfecho. A escolha leva a uma nova tela, que termina com mais uma rodada de alternativas. Outros formatos de "HQtrônica" têm um grau menor de interação, mas usam mais os recursos eletrônicos. As histórias podem vir acompanhadas de trilha sonora ou apenas de ruídos, sons, às vezes, onomatopaicos, freqüentes nas histórias em quadrinhos comuns. Na maioria das histórias virtuais, o balão é mantido. Franco (2005)2 identificou uma resistência em abandonar esse recurso, próprio dos quadrinhos. Vê-se que o hibridismo parece surgir da práxis.

Na prática, os indivíduos, para se relacionarem com seus semelhantes, apropriam-se de gêneros preexistentes como também criam novos gêneros, baseados em formas textuais disponíveis no uso da língua em sua cultura. Sabemos que os gêneros textuais aparecem em praticamente todas as esferas da atividade humana “estabilizadas” dentro de uma determinada cultura, pois ocorrem de maneira reiterada e historicamente determinada. Os gêneros vinculam-se a situações sociais que demandam respostas em uma interação. Nessa interação, operam como pontes entre discurso (uma atividade mais universal) e texto (peça empírica particularizada e configurada numa determinada composição observável).

HIBRIDISMO COMO ASPECTO CONSTITUTIVO DO GÊNERO

A imensa diversidade de gêneros forma a língua. Apesar de sua relativa estabilidade, os gêneros não são entidades fixas que permanecem estáticas, independentemente do tempo e das mudanças ocorridas na sociedade. Ao contrário, há gêneros que desaparecem e outros que nascem, dependendo das necessidades dos falantes que os utilizam.

Aparentemente estáveis, essas categorias históricas, formas retóricas vinculadas a situações sociais – denominadas gêneros – estão sujeitas a um processo de transformação contínua. Nesse processo, conforme Pagano (2001:87), “gêneros existentes mudam, a partir de modificações na situação social na qual exercem uma função, ou novos gêneros podem surgir a partir de 2 FRANCO, Edgar. 2005. HQtrônicas - do Suporte Papel à Rede Internet. São Paulo: Annablume, 284 p. A obra compila dissertação de mestrado do autor, defendida em 2001 na Unicamp. O interessante é que esse hibridismo não está mais presente apenas nos textos convencionais. Há pouco tempo, estudos se limitavam a comentar hibridismo entre gêneros característicos de um mesmo campo. Por exemplo, o filme do diretor Lasse Hallström, Chocolate ,baseado no livro homônimo da inglesa Joanne Harris, é uma narrativa que resulta da mistura do romance, da comédia e do realismo fantástico. O fenômeno vai além da mudança de suporte. Nesse caso, são mais nítidos os contornos entre cada gênero da composição híbrida do que ocorre nas Hqtrônicas.

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transformações ostensivas daqueles já existentes”. A hibridização é um fenômeno inerente às formações genéricas.

Os textos são unidades empíricas a que temos acesso direto; são “produções lingüísticas atestadas que realizam uma função comunicativa e se inserem numa prática social” Coutinho (2004:1)3. O discurso é a enunciação ou uma prática lingüística codificada, associada a uma prática sócio-institucional historicamente situada, nas palavras de Coutinho (2004). Nele estão envolvidos os participantes, a situação social e histórica de enunciação, além de aspectos pragmáticos, tipológicos, processos de esquematização e elementos relativos ao gênero. A melhor articulação para tratar dos textos empíricos seria entre texto, discurso e gênero como “categorias descritivas”.

O “objeto do dizer” é o discurso como prática social historicamente situada que remete ao uso interativo da língua. Conforme Coutinho (2004), no plano da enunciação, o uso da língua não é um real objetivo e estável captado simplesmente pela codificação-decodificação; esse uso dá-se, em princípio, através de textos dos quais os componentes discursivos não se descolam. A idéia de que o texto pode ser concebido como “objeto de figura” sugere que ele seja uma esquematização que conduz a uma figura. Em outras palavras, o texto deve ser uma configuração global; não deve ser identificado com uma ordenação de enunciados.

O que faz um texto ser um texto é a discursividade, inteligibilidade e articulação que ele põe em andamento. Do ponto de vista da linguagem verbal, o texto é definido como um evento comunicativo – falado ou escrito – para o qual convergem fatores lingüísticos, cognitivos e sociais, como aponta Beaugrande (1997). O texto é o fenômeno lingüístico empírico observável que apresenta todos os elementos configuracionais que dão acesso aos demais aspectos da análise.

Além disso, os textos operam basicamente em contextos comunicativos, o que os determina como língua em funcionamento. Assim, estamos considerando as relações ditas contextuais que se estabelecem entre o texto e sua situacionalidade ou inserção cultural, social, histórica e cognitiva – o que envolve os conhecimentos individuais e coletivos. Do ponto de vista cognitivo-social, uma das características mais marcantes do gênero textual é o reconhecimento pelas pessoas que o identificam pelo fato de este determinado gênero ser de uso corrente em sua sociedade. A identificação de determinado gênero implica uma demonstração de competência comunicativa do indivíduo que o reconheceu e que, em princípio, é capaz de compreender e produzir esse gênero textual.

Considera-se aqui que as duas entidades – texto e discurso – podem ser concebidas conforme o enfoque que a eles se dê. Kress (1985) defende que entre texto e discurso existe uma relação de realização: o discurso encontra sua expressão no texto – mas, é bom considerar que esta não é uma relação direta, 3 Antónia COUTINHO. Schematisation (discursive) et dispostion (textuelle). In: Jean-Michel ADAM; Jean-Blaise GRIZE & Magid Ali BOUACHA (eds.). Texte et discours: catégories pour l’analyse. Dijon: Editions Universitaires de Dijon, 2004. p. 29-42. Texto gentilmente enviado, via internet, pela autora a quem muito agradeço pela generosidade. O número da página indicado nas figuras remete ao do artigo consultado, no formato pdf, disponibilizado pela autora.

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pois um texto pode ser a expressão ou realização de vários discursos, muitas vezes contraditórios. Para Kress (1989), os gêneros são tipos de texto que codificam os traços característicos e as estruturas dos eventos sociais, bem como os propósitos dos participantes discursivos envolvidos naqueles eventos. Assim, os gêneros textuais (orais ou escritos) constituem um “inventário” dos eventos sociais de determinada instituição, ao expressarem aspectos convencionais daquelas práticas sociais, com diferentes graus de ritualização. Esse ponto se aproxima de teorias que assumem o gênero como uma prática SOCIAL (MILLER, 1984; FAIRCLOUGH, 1989, 1995 e BAZERMAN, 1994, 2005) e que, portanto, ocupam-se de questões relativas às condições de produção e de recepção, aos sistemas de significação, aos suportes e à circulação dos gêneros.

Gêneros são modelos correspondentes a formas sociais reconhecíveis nas situações de comunicação em que ocorrem e sua estabilidade é relativa ao momento histórico-social em que cada um surge e circula. Para Coutinho (2004), o gênero prefigura o texto e define o que, no texto empírico, faz a figura do texto. Nele, estão embutidas a gestão enunciativa, ou seja, a escolha dos planos de enunciação, modos discursivos e tipos textuais e a composicionalidade – que é a identificação de unidades ou sub-unidades textuais que dizem respeito à seqüenciação, ao encadeamento e linearização textual.

Observa-se que o texto empírico constitui o resultado da convergência entre o discurso – que envolve prática discursiva4 e tipos de discurso – aspectos pragmáticos e enunciativos presentes no gênero que é representado por uma configuração textual resultante da figura e da composição do texto, como mostra o esquema a seguir:

A esquematização não é arbitrária, mas segue pré-configurações

culturais com funções e objetivos bem definidos, de certo modo pré-figurados pelo gênero que oferece uma organização composicional que não deve ser rigorosamente assumida (tomada como se fosse uma camisa de força), como aponta Marcuschi (2005). O autor defende que “o gênero é uma escolha que leva consigo uma série de conseqüências formais e funcionais.” (MARCUSCHI, 2005:28). Em nosso cotidiano, em algumas situações, nossas decisões são tomadas a partir de escolhas, de modo que, se temos uma atividade a ser

4 Foucault define práticas discursivas como um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma dada época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou lingüística, as condições do exercício da função enunciativa. IN: FOUCAULT, M. L´ordre du discours. Paris: Gallimard, 1971.

Discurso

Prática discursiva Aspectos pragmáticos (coerções locais e sócio-institucionais) Tipos de discurso - no plano da enunciação - que entram na constituição interna do texto

Gênero

Texto (objeto empírico)

Objeto de figura Texto composicionalidade

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desenvolvida e para qual cabe um discurso característico, devemos iniciar esse discurso com a seleção de um gênero que, por sua vez, condiciona uma esquematização textual.

Nas palavras de Marcuschi, o gênero é “uma espécie de condicionador de atividades discursivas esquematizantes que resultam em escolhas dentro de uma prática que nos levaria a pensar em esquematizações resultantes. Muitas decisões de textualização (configuração textual com suas estruturas, ordenamento em parágrafos, etc) devem-se à escolha do gênero. Deste modo, o gênero inscreve também formas textuais que se manifestam no artefato lingüístico.” (MARCUSCHI, 2005: 49).

Por exemplo, a necessidade de se produzir uma carta pessoal exige um tipo de configuração, ações discursivas e seleções específicas bastante amplas e variadas que caracterizam esse gênero. Os que necessitam redigir uma carta para alguém vão seguir um processo de esquematização muito similar. Grosso modo, a carta pessoal é o gênero utilizado para estabelecer contato com parentes, amigos, namorado(a) e caracterizam-se pela informalidade e pela linguagem coloquial. O remetente é a própria pessoa que assina a correspondência. Não há nem modelos nem regras fixas a serem seguidos para se escrever uma carta pessoal, afora alguns elementos que, freqüentemente, são usados como o local onde se escreveu a carta, a data, o nome (ou apelido) da pessoa a quem se destina e o nome (ou apelido) de quem a escreve. No mais, o texto escrito de uma carta pessoal é extremamente particular e permite grande liberdade de expressão. Nesse gênero, espera-se que a linguagem esteja adequada ao assunto tratado, à situação em que está sendo produzida, à relação entre locutor e alocutário (dependendo do grau de intimidade entre ambos). Nesse tipo de correspondência deve ocorrer um ajuste entre a linguagem e o tratamento utilizados em função do tema abordado.

Já a necessidade de se produzir um cardápio exige um tipo de configuração, ações discursivas e seleções diversificadas, mas bastante limitadas. Em geral, um cardápio apresenta a diversidade de pratos oferecidos, seguidos pelo preço de cada um; mostra quais são os acompanhamentos de determinados pratos, informa o nome do restaurante, endereço, horário de funcionamento. Pode avisar se há serviço de entrega em domicílio, se há promoções, dentre outros. Seu aspecto físico e seu suporte podem variar de acordo com o tipo de restaurante (se mais luxuoso ou se mais simples).

Observemos o texto 1, “Casa de Massas” (ANEXO I). Esse texto fornece informações particulares específicas do restaurante em questão, apresentando uma configuração condicionada por atividades sócio-discursivas que resultam em um gênero a que denominamos cardápio. Esse cardápio pode circular tanto no restaurante em questão como fora dele. Seu formato e suporte permitem que esse texto esteja disponível em qualquer lugar do mundo. Trata-se de um papel a ser distribuído (assim como um folder ou panfleto).

Já o texto 2 (ANEXO II), não apresenta essa característica de “mobilidade”, mas, ainda assim, não deixa de ser considerado um cardápio. Trata-se de um cardápio fixo no local em que os pratos são servidos. Apenas os fregueses que estão dentro do restaurante é que têm acesso a informações sobre

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os pratos oferecidos no local e seus respectivos preços.5 O que há em comum entre os dois textos?

Ambos são cardápios, gênero condicionador de atividades discursivas esquematizantes que procede de escolhas estabelecidas pela prática. Nesse caso específico, há informações mínimas, básicas, para serem consideremos como cardápios. Tanto o texto 1 quanto o texto 2 informam, pelo menos, o que se serve e quanto custa o que se serve naquele local.Vejamos agora trecho do texto 3, FIG.1. Trata-se de um cardápio?

Aparentemente, não se trata de um cardápio. Estamos diante de um gênero híbrido caracterizado pela mistura de notícia, comunicado, anúncio, em um formato semelhante ao de um jornal que, em cujo interior, é apresentado o texto das FIG.2 e 3.

5 O curioso é que, por meio do website, pudemos aqui apresentar tanto o primeiro quanto o segundo cardápio, mas isso não invalida as observações feitas. Interessante é que temos uma cópia do texto 1 (escaneada) e uma foto do texto 2 (digitalizada), dois suportes que registram a natureza do suporte de origem (assunto para um outro trabalho).

Figura 1 – Fragmento do Texto 3

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Figura 2: lado esquerdo do cardápio Figura 3: lado direito do cardápio

As duas figuras ilustram o interior do texto 3, unidas formam um todo: a

página aberta do “jornal” La Fiorentina, nome do restaurante no Rio de Janeiro onde são servidos os pratos e bebidas oferecidos no cardápio que está no interior desse gênero híbrido. As informações mínimas necessárias aqui apresentadas que caracterizam o texto 3, como um cardápio, são as mesmas que nos levam a identificar esse gênero nos textos 1 e 2. Há, no texto 3, um gênero predominante, resultante da configuração total de seu suporte: temos a função do texto – informar o que se oferece e o preço – em um formato de jornal. Ainda que o freguês do restaurante possa levá-lo para casa – o que não é comum – compreendemos que o texto 3 é um cardápio dentro de um jornal, antes de ser um jornal que anuncia os preços e quais os pratos oferecidos em um restaurante, além de outras informações sobre esse restaurante. Estamos diante de um gênero emergente? Por enquanto, temos um gênero híbrido que pode vir a ser um novo formato de gênero que pode ou não substituir os modelos atuais.

Assim, estamos diante da proposta de Marcuschi (2003) em busca da representação da intertextualidade de gêneros, ou do fenômeno da hibridização (ou da intergenericidade) aqui verificada. O diagrama a seguir representa o fenômeno a que se refere esse autor (FIG.5) e foi baseado nas diretrizes idealizadas por Marcuschi, ao analisar um artigo de opinião no formato de um poema, uma publicidade no formato de uma bula de remédio. Nele procura-se demonstrar a natureza da intertextualidade de gêneros apresentada por Marcuschi que sintetizou a idéia de intergenericidade6 como se segue.

6 Marcuschi emprega intergenericidade como a expressão que melhor traduz o fenômeno. Esta violação de cânones subvertendo o modelo global de um gênero poderia ser visualizada num diagrama semelhante a outros desenvolvidos, seguindo a abordagem adotada FIX, Ulla. 1997. Kanon und Auflösung. Typologische Intertextualität - ein “postmodernes” Stilmittel? In: ANTOS & TIETZ (Hgg.). Die Zukunft der Textlinguistik. Traditionen, Transformationen, Trends. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, p. 96-108.

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INTERGENERICIDADE

Forma do Gênero X Forma do Gênero Y

Figura 5: a intergenericidade – fenômeno de um gênero textual apresentar a função típica de outro.

O diagrama (FIG. 5) apresenta a prototipicidade dos textos X e Y, quando

coincidem forma e função. Assim, é prototípico o gênero X quando apresenta forma de X e função de X, igualmente, o é prototípico o gênero Y, quando apresenta forma de Y e função de Y. A intergenericidade ocorre quando um gênero tem a forma de X e a função de Y.

No exemplo a seguir observa-se um texto que, em princípio, parece uma programação e divulgação de um Simpósio, a se realizar no período de 20 a 25 de dezembro. Estamos diante de um gênero com o formato de Y – divulgação do programa de um evento – com a função de um gênero X. Este texto híbrido apresenta uma intergenericidade que nos parece ser mais comum e produtiva do que podemos imaginar.

Função do Gênero X

Função de X no formato YX

Função do Gênero Y

Y

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Texto 4

Publicado na seção Quadrinhos do Caderno Folha Ilustrada da Folha de S.

Paulo, o texto 4 é uma tirinha com função de humor. As pistas de que não se trata do gênero “Anúncio de um Simpósio” não anulam a presença desse gênero na hibridização. Esse gênero permanece dentro de outro que é a tirinha de humor e o humor acontece na interação em que o leitor ativa conhecimentos prévios e infere a relação entre o tema de cada palestra ao palestrante. Basicamente, são as associações sócio-históricas e que geram o humor.

Acreditamos que, na verdade, não há não subversão de uma ordem instituída, entendemos que o desenquadre de um gênero quando uma forma assume a função de outro gênero chama a atenção para uma produção de um novo gênero que pode ou não se manter na sociedade, dependendo do grau de aceitabilidade dos usuários da língua. Assim, como se pode ver, esse novo gênero passa a ter autonomia quando, por exemplo, torna-se modelo para outras versões.(Cf. Anexo III)

Apesar da aparente naturalidade desse fenômeno, Marcuschi (2005) alerta que nem sempre é evidente e clara a distinção total entre formas e funções como aqui se dá a entender. O autor diz que é provável que a intergenericidade seja uma situação bem mais natural e normal do que imaginamos e os textos convivem em geral em interação constante. Defendemos aqui que as formas híbridas são mais freqüentes do que se imagina e, portanto, podem ser vistas como esquematização que seguem pré-configurações culturais com funções e objetivos bem definidos. Nas palavras de Rajagopalan (2001), para além do mundo idealizado por alguns teóricos, os gêneros híbridos são mais uma regra do que uma exceção. Sabemos que apresentam uma organização composicional reconhecível e uma função estabelecida. Por isso, acreditamos que os gêneros híbridos podem vir a ser novas categorias genéricas.

FONTE: GALHARDO, Caco. Os pescoçudos. Folha de S. Paulo 20 nov. 2000.

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NOVOS GÊNEROS, NOVAS INTERAÇÕES

Quando Barthes (1973, 1984) afirmou que todo texto é um intertexto, ele defendeu a presença, em um texto, de outros textos, em níveis variáveis, sob formas mais ou menos reconhecíveis. Igualmente, há, nas sociedades, gêneros textuais em que se constata a presença de mais de um gênero em sua composição. Existem cartas que servem de propaganda, charges que são verbetes, poemas que servem para veicular um informe publicitário. Certamente, o que há de comum nesses gêneros é o alvo desse processo de hibridização: a composição criativa de escrita embutida de condições favoráveis à compreensão bem-sucedida entre os interlocutores.

Os gêneros textuais aqui exemplificados têm início com uma identificação: carta, cardápio, tirinha. Cada gênero traz consigo uma esquematização com algumas informações específicas que resultam em textos com uma determinada configuração. Essa configuração funciona discursivamente de modo específico de acordo com cada gênero apresentado. A seleção da linguagem segue a decisão do gênero e seu funcionamento discursivo no contexto pretendido.

Em princípio, alguns gêneros podem apresentar contornos difusos para o usuário da língua; podem causar um certo estranhamento ou dúvida devida à sua gestão enunciativa e composicionalidade. Entretanto, qualquer leitor/ouvinte, a partir de determinado grau de competência, reconhecerá formas e funções que emergem da hibridização, já que são fortes os indícios de que esse fenômeno surge da práxis.

O gênero híbrido aparentemente infringe convenções estabelecidas e caracteriza-se por uma estrutura em que há ruptura do convencional, do previsível, a qual parece se manifestar no texto sob a forma de uma incongruência, em que se espera do leitor uma “descoberta” de uma função social no texto que não está na superfície de sua macroestrutura. Assumimos aqui a noção de gêneros como estruturas retóricas inerentemente dinâmicas que podem ser manipuladas de acordo com as condições de uso, e que o conhecimento de gêneros é, por conseguinte, mais bem conceituado como uma forma de cognição situada e imbricada em culturas disciplinares, conforme afirmam Berkenkotter e Huckin (1995).

Logo, postula-se aqui que um gênero não é uma unidade auto-suficiente e autônoma em si mesma. Há sempre a interdependência entre texto e discurso em que são estabelecidas relações entre gêneros já produzidos e outros em processo de construção, sejam eles orais ou escritos. Esse processo de retomada constitui um dos princípios essenciais da própria sobrevivência textual como prática necessária à existência das relações humanas. A busca de um referente textual pré-existente faz parte da dinâmica constitutiva de cada um dos textos com que interagimos diariamente. Desse modo, recriam-se sempre novos textos, os quais podem se modificar, se transformar, sem nunca deixarem de conter elementos de textos precedentes, seja de maneira explícita ou implícita. Ao perderem contornos difusos, gêneros híbridos estabilizam-se e novas formas híbridas surgem com seus contornos difusos. Assim, há um mover constante no surgimento e

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desaparecimento de gêneros híbridos que se ajustam à atividade social e intelectual da qual texto e discurso fazem parte.

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ANEXO I Texto 1: Casa de massas

Fonte: www.linkway.com.br/sopasta

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ANEXO II Texto 2: Comidas típicas cearenses

Fonte: www.ceara.com/comidas-tipicas-

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ANEXO III OS PESCOÇUDOS

Caco Galhardo. Os pescoçudos. Folha de S. Paulo 21 nov. 2000. Folha ilustrada

Caco Galhardo. Os pescoçudos. Folha de S. Paulo 22 nov. 2000. Folha ilustrada