Governança Corporativa - Slides - Prof. Alexandre Di Miceli
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Joinville, Fevereiro de 2014
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira
Professor Doutor – USP
Sócio-Diretor Direzione Consultoria Empresarial
Pós-Doutorado pela Universidade Católica de Louvain-la-Neuve
Trabalhos disponíveis em http://papers.ssrn.com/author=443083
GOVERNANÇA CORPORATIVA
MBA SUSTENTARE – Aula 1
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Alexandre Di Miceli da Silveira (1/2)
Governança Corporativa
2
Doutor e Mestre em Administração de Empresas – Finanças (FEA/USP)
– Grau de distinção e louvor por sua tese de doutorado e também por sua dissertação de mestrado, ambas relativas ao tema de governança corporativa
– Conceito “A” em todas as disciplinas do mestrado e doutorado
Pós-Doutorado pela Université Catholique de Louvain-la-Neuve
Professor Doutor em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade de São Paulo – FEA/USP
Sócio-fundador da Direzione Consultoria Empresarial
Articulista da Revista Capital Aberto com coluna mensal sobre GC desde abril de 2005
Coordenador do Ranking Anual Capital Aberto “Melhores Companhias para os Acionistas” desde primeira edição em 2007 e do seu Anuário de Governança Corporativa
Pesquisador-Chefe do IBGC (Instituto Brasileiro Governança Corporativa) de 2005-2007
Diretor (2011-2013) e Vice-Presidente (2009-2011) da Sociedade Brasileira de Finanças – SBFIN
Coordenador Executivo CEG – Centro de Estudos Governança Corporativa da FIPECAFI – de 2008-2011
Coordenador técnico do Prêmio IBGC de Empresas durante os primeiros anos (2005-2007) e do Comitê de Governança Corporativa da Câmara Alemã de Comércio
Membro do Comitê de Revisão do Código das Melhores Práticas de Governança do IBGC
Palestrante e professor de cursos de pós-graduação (especialização e MBA) nas principais instituições do país, entre as quais IBGC, FIA, FIPECAFI, EAESP/FGV, GV Law, Instituto Coppead/UFRJ, PUC-SP, Mackenzie e Fundação Dom Cabral
Consultor do IFC e OCDE na elaboração do livro “Practical Guide to CG: Experiences from the Latin American Companies Circle” e da OCDE na “Mesa Redonda Latino-Americana de GC 2013”.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Alexandre Di Miceli da Silveira (2/2)
Governança Corporativa
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Prêmios selecionados: Prêmio “IBGC – Itaú Unibanco Academia”: 2013, 2011, 2010 e 2009
Prêmio “SBFIN” da Revista Brasileira de Finanças em 2009
Prêmio “Banrisul de Finanças Corporativas e Banking” em 2009
Prêmio “BMF-Bovespa” da Revista Brasileira de Finanças em 2008
Prêmio “Revelação em Finanças” do Instituto Brasileiro Executivos Financeiros (IBEF) 2006
Prêmio de melhor trabalho da divisão de Finanças e Contabilidade do ENANPAD 2004
Prêmio de melhor artigo do VI SEMEAD da FEA-USP em 2003
Prêmios de excelência didática FEA/USP em 2013, 2012, 2011, 2010, 2009, 2008, 2007 e 2006
Apresentação de mais de 50 trabalhos acadêmicos sobre finanças corporativas e governança corporativa nos principais congressos nacionais e internacionais das áreas
Publicação de mais 25 artigos acadêmicos nas principais revistas nacionais e internacionais
Autor dos livros : Coautor de vários livros, entre os quais :
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Abordagem tradicional para governança corporativa – Bibliografia
1. CHEW, Donald H., GILLAN, Stuart L. (org). Corporate Governance at the Crossroads. 1 ed. McGraw-Hill Irwin. 2005.
2. DAVIS, Stephen, LUKOMNIK, Jon, PITT-WATSON, David. The New Capitalists. 1a ed. Harvard Business School Press, 2006. 288p.
3. KRAAKMAN, Reinier, DAVIES, Paul, HANSMAN, Henry, HERTIG, Gerard, HOPT, Klaus, KANDA, Hideki, ROCK, Edward. The Anatomy of Corporate Law. 1. ed. Oxford University Press, 2004. 231p.
4. HAMILTON, Stewart, MICKLETHWAIT, Alicia. Greed and Corporate Failure – The Lessons from Recent Disasters. 1a ed. Palgrave MacMillian, 2006. 207p.
5. JENSEN, Michael. A theory of the firm: governance, residual claims, and organizational forms. 1. ed. Harvard University Press, 2001. 320p.
6. McLEAN, Bethany, ELKIND, Peter. The Smartest Guys in the Room – The Amazing Rise and Scandalous Fall of Enron. 1a ed. Penguin Books, 2004. 440p.
7. MONKS, Robert, MINOW, Nell. Corporate Governance. 3a ed. Blackwell Publishers, 2003. 464p.
8. MORCK, Randall K. (editor). A History of Corporate Governance Around the World. 1. ed. National Bureauof economic Research – NBER, Chicago. 2005. 687p.
9. RAJAN, Raghuram, ZINGALES, Luigi. Salvando o Capitalismo dos Capitalistas. 1. ed. Elsevier Editora Ltda, Rio de Janeiro, 2004. 393p.
10.SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da. 2010. Governança Corporativa no Brasil e no Mundo: Teoria e Prática. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Campus Elsevier. 404 p.
Governança Corporativa Bibliografia
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Abordagem comportamental para governança corporativa – Bibliografia
1. ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p. & ARIELY, Dan. 2010. Predictably Irrational, Revised and Expanded Edition: The Hidden Forces That Shape Our Decisions. Harper. 1 ed. 384 p.
2. BAZERMAN, Max, MOORE, Don. 2008. Judgment in Managerial Decision Making. 7th ed. Wiley. 230 p.
3. CHARREAUX, Gerard J. 2005. Pour une gouvernance d’entreprise « comportementale » : une réflexion exploratoire… Cahiers du Fargo WP No. 1050601. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=740946
4. DORFF, Michael B. 2007. The Group Dynamics Theory of Executive Compensation. Cardozo Law Review, Vol. 28, 2007. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=933338
5. LANGEVOORT, Donald C., Behavioral Approaches to Corporate Law. 2012. Research Handbook on the Economics of Corporate Law, Claire A. Hill and Brett H. McDonnell eds., Northampton, Mass.: Edward Elgar 2012; Georgetown Public Law Research Paper No. 12-055. Available at http://ssrn.com/abstract=2042009
6. MORCK, Randall. 2009. Generalized Agency Problems. National Bureau of Economic Research working paper 15051; & MORCK, Randall. 2008. Behavioral Finance in Corporate Governance – Economics and the Ethics of the Devil’s Advocate. Journal of Management and Governance 12 179-200.
7. STOUT, Lynn. 2010. Cultivating Conscience: How Good Laws Make Good People. 1 ed. Princeton Univ. Press.
8. VAN EES, Hans, GABRIELSSON, Jonas, HUSE, Morten. 2009. Toward a Behavioral Theory of Boards and Corporate Governance. Corporate Governance: An International Review. 17(3): 307-319. DOI: 10.1111/j.1467-8683.2009.00741.x
9. KAHNEMAN, Daniel. 2011. Thinking, Fast and Slow. Farrar, Straus and Giroux; 1 ed. ISBN-13: 978-0374275631. 512 p.
Governança Corporativa Bibliografia
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Filmes recomendados
1. The Solid Gold Cadillac (The Solid Gold Cadillac) – 1956
2. Wall Street – Poder e Cobiça (Wall Street) – 1987
3. Selvagens em Wall Street (Barbarians at the Gate) – 1993
4. A Fraude (Rogue Trader) – 1999
5. A Corporação (The Corporation) – 2003
6. Enron: Os Caras mais Espertos da Sala (Enron:The Smartest Guys in the Room) – 2005
7. Grounding: The Last days of Swissair (Grounding) – 2006
8. Capitalismo: uma História de Amor (Capitalism: A Love Story) – 2009
9. Cliente 9 (Client 9: The Rise and Fall of Eliot Spitzer) – 2010
10. Trabalho Interno (Inside Job) – 2010
11. Too Big to Fail (Too Big to Fail) – 2011
12. Margin Call – O Dia Antes do Fim (Margin Call) – 2011
Governança Corporativa Filmes
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Por que este tema é tão importante?
1. Stakeholders internos:
A qualidade da governança pode tanto contribuir para o sucesso empresarial quanto levar a grandes colapsos e prejuízos corporativos
Como todos estão no mesmo barco, isso afeta as perspectivas de vida e carreira de todos
2. Stakeholders externos:
A governança corporativa está no topo da prioridade dos investidores
A companhia está inserida na comunidade: sua boa ou má governança gera impacto substanciais sobre terceiros
Governança Corporativa
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Questões-chave para reflexão inicial:
Governança Corporativa
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I. O que é governança corporativa?
II. Quais são os princípios globais da boa governança empresarial?
III. Quais são os temas-chave a serem abordados quando falamos em “aprimorar a governança de uma empresa” por meio da adoção de boas práticas?
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
I. O que é governança corporativa?Definição do Código de Melhores Práticas do IBGC (2009)
Governança Corporativa
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É o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas.
Envolve os relacionamentos entre proprietários, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle.
As boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização.
As boas práticas facilitam seu acesso a recursos e contribuem para sua longevidade.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
II. Quais são os princípios globais da boa governança empresarial?10 Princípios globais da boa governança empresarial
Governança Corporativa
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1. Transparência e integridade das informações prestadas
2. Prestação de contas voluntária
3. Avaliação de desempenho, remuneração justa e responsabilização pelas decisões
4. Contrapesos independentes no processo decisório
5. Sustentabilidade e visão de longo prazo na condução do negócio
6. Respeito às formalidades, controles e supervisão independentes
7. Tom e comportamento ético das lideranças
8. Cooperação entre colaboradores e promoção do interesse coletivo da organização
9. Equidade e promoção da participação efetiva de todos os acionistas
10.Diversidade interna, tratamento justo e ausência de políticas discriminatórias
...os Códigos de Governança convertem esses princípios em práticas recomendadas
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
III. Quais são os temas-chave a serem abordados quando falamos em “aprimorar a governança de uma empresa” por meio da adoção de boas práticas?
Governança Corporativa
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AGENDA DE GOVERNANÇAcustomizadaà Companhia
Ética e Compliance
Gestão de Riscos
AuditoriasControles Internos
Diretoria Executiva
Conselho de Administração
Comitês de Gestão
Comitês do Conselho
Qualidade inf. financ. e não financ.
Relac. com Investidores
Sustentabili-dade e
stakeholders
Prestação de contas
Recomendações dos Códigos de Boas Práticas
Aprimoramento das decisões
Redução da Chance de Surpresas Negativas
Transparência para os públicos int. e externos
Direitos dos Acionistas
Eleição de administra-
dores
Assembleias Gerais
Acordo de Acionistas
Tag Along e Poison Pills
Foco interno da governança corporativa Foco externo da governança corporativa
Análise vis-à-vis a realidade específica
da organização
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
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1. O que esperamos que as pessoas façam nas empresas?
R.: Que tomem as melhores decisões possíveis para o negócio e quecumpram as regras.
“Melhores decisões possíveis para o negócio”: decisões queagregam maior valor para a companhia, dentre um conjunto deopções disponíveis.
“Regras”: incluem as normas internas da empresa, regras previstaspela legislação e princípios éticos.
Se isto ocorresse espontaneamente, então não precisaríamos estar aqui reunidos debatendo sobre a importância da adoção das
boas práticas de governança...
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
2. Por que as pessoas muitas vezes não tomam as melhores decisões
possíveis para o negócio em sua atuação como executivos,
conselheiros ou acionistas?
R.:
1. Por que não querem: conflito de interesses
2. Por que não sabem: limitações técnicas
3. Por que “acham” que sabem: vieses cognitivos
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
3. Onde se insere a governança corporativa de acordo com a visão
tradicional sobre o tema oriunda de economistas ortodoxos?
R.: Como um conjunto de mecanismos de incentivo ou controle,
internos ou externos, que visam a fazer que com as pessoas tomem
as melhores decisões para a companhia e cumpram as regras
Mecanismos de incentivo: Sistema de remuneração, avaliação dedesempenho, sistema meritocrático de avaliação e promoção, etc.
Mecanismos de controle: Conselho de Administração, Auditoriasinterna e independente, Comitê de Auditoria, Gestão de Riscos,Compliance e Controles Internos, elaboração de relatóriosperiódicos, etc.
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
4. O que está por trás desta visão tradicional sobre governança
corporativa?
Sempre a ideia básica de incentivos e punições da economia ortodoxa...
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
5. Indo mais a fundo nesta questão, qual a premissa fundamental dos
economistas para chegarem a essa conclusão sobre governança?
Que agimos como homo economicus, isto é, que sempre:
1. Tomamos decisões racionalmente perfeitas
2. Pensamos apenas em maximizar nossos ganhos pessoais
3. Estamos sempre interessados em burlar as regras caso:
Benefício esperado da atitude desonesta > Penalidade potencial X
Probabilidade de ser pego
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Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
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6. Essas premissas são verdadeiras? Agimos como homo economicus?
R.: Não, conforme amplamente documentado por inúmeras pesquisas
experimentais recentes em diferentes campos do conhecimento:
Sempre tomamos decisões racionalmente perfeitas
Estamos sujeitos a inúmeros vieses cognitivos que nos levam a tomar decisões irracionais, tanto individualmente quanto coletivamente
Pensamos exclusivamente em maximizar nossos ganhos pessoais
As pessoas em geral agem de forma cooperativa e desinteressada, deixando de maximizar seus ganhos pessoais e sentindo prazer em atuar desta forma
Estamos sempre interessados em burlar as regras caso: Benefício
esperado da atitude desonesta >Penalidade potencial X
Probabilidade de ser pego
Fatores psicológicos são muito mais relevantes para nossa decisão de agir desonestamente do que a probabilidade de ser pego ou a penalidade
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Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
7. Se as premissas por trás da visão tradicional de governança
corporativa não são verdadeiras, a mera implantação de mecanismos
de incentivo e controle nas empresas é suficiente para assegurar que
elas serão bem governadas ao longo do tempo?
R.: Não, conforme evidenciado por inúmeros colapsos de empresas que
aparentemente tinham bons mecanismos de governança
Muitas companhias “compraram” este conceito sem reflexão, traduzindo
a boa GC como um conjunto frio de check-lists a serem cumpridos
Mecanismos de incentivo e controle como algo necessário, mas não
suficiente para assegurar a boa governança empresarial...
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Voltando aos conceitos fundamentais: algumas perguntas básicas...
Governança Corporativa
8. O que falta então para assegurar empresas bem governadas ao
longo do tempo?
R.: O foco no fator humano, isto é:
1. As pessoas quererem de fato agir no melhor interesse de longo
prazo da entidade – necessidade de:
“Ativar” continuamente a consciência das pessoas
Compreender melhor as motivações psicológicos que levam ao
descumprimento das regras
2. As pessoas e grupos decisórios avaliarem sistematicamente os
vieses aos quais estão sujeitas – implantação de sistema efetivo de
contrapesos a fim de mitigá-los
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Em resumo...
Governança Corporativa
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A busca sistemática pela redução dos vieses nas
decisões e o cultivo contínuo da consciência das
pessoas e são componentes intrínsecos da boa
governança empresarial
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Resultado geral: a necessidade de uma visão mais ampla de governança corporativa, com foco no fator humano
Governança Corporativa
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A implantação de mecanismos de incentivo e controle continua a ser
importante, porém não deve mais ser aceita como suficiente para
assegurar que a empresa será bem governada
Adicionalmente, é necessário:
1. Melhorar o processo decisório interno, reduzindo vieses
2. Criar um contexto social que fomente a consciência das pessoas
3. Compreender mais a fundo os fatores psicológicos que levam a
ações desonestas, reduzindo-os
A parte mais difícil desse processo, provavelmente, será mudar a
mentalidade das próprias lideranças
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Conclusão – o que significa uma empresa bem governada?
Governança Corporativa
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1. Do ponto de vista interno: aquela cujas decisões são tomadas no
melhor interesse de longo prazo da entidade e nas quais as pessoas
cumprem as regras e se comportam de forma ética
2. Do ponto de vista externo: aquelas que são transparentes –
aumentando o conforto dos stakeholders – e conferem direitos aos
acionistas que asseguram sua efetiva condução na eleição de
administradores e igualdade de condições em operações societárias
Trata-se de um conceito multidimensional, cujo atendimento pleno
depende do contexto social criado por suas lideranças, efetividade
dos mecanismos de incentivo e controle implantados e práticas
adotadas para com seus acionistas e demais stakeholders externos
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Algumas mensagens finais sobre como chegar à boa governança...
1. Regramentos e formalismos são itens necessários mas não suficientes
para assegurar a boa governança empresarial
2. Não se aprimora a governança de uma empresa entre “quatro paredes” e
de forma distanciada da realidade da companhia
3. O modus operandi diário e o processo de aculturamento das pessoas são
as coisas mais relevantes a serem trabalhadas para a boa governança
4. Sem envolvimento direto das principais lideranças – Conselho e Diretor-
Presidente – não há boa governança corporativa na prática
Lição é sempre a mesma: o que importa é a boa governança para valer, e não
a governança dos formalismos para “inglês ver”
Governança Corporativa
23
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
FIM!
Trabalhos disponíveis em http://papers.ssrn.com/author=443083
24
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®25
O autor agradece a Angela Donaggio pelos comentários e sugestões
que contribuíram substancialmente para esta apresentação
Agradecimentos
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
HYPERLINKS
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Trabalhos disponíveis em http://papers.ssrn.com/author=443083
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
1. Transparência e integridade das informações prestadas
Governança Corporativa
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Este princípio diz respeito a...
Divulgação aberta e honesta das informações materiais financeiras e não financeiras do negócio aos públicos interno e externo.
Entre as não financeiras, destacam-se aquelas relativas a modelo de governança, estrutura de propriedade, políticas e diretrizes,
perspectivas estratégicas, sistemas de incentivos, avaliação de desempenho, impactos socioambientais etc.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
2. Prestação de contas voluntária
Governança Corporativa
28
Este princípio diz respeito a...
Iniciativa dos administradores de apresentar os resultados de sua gestão e os elementos que fundamentaram as principais decisões, bem como de assumir a responsabilidade pelas ações e omissões ocorridas
durante o mandato.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
3. Avaliação de desempenho, remuneração justa e responsabilização pelas decisões tomadas
Governança Corporativa
29
Este princípio diz respeito a...
Necessidade de avaliar regularmente e formalmente o desempenho de todos os administradores e órgãos de governança, considerando os
riscos incorridos e a visão de longo prazo do negócio.
A avaliação deve atribuir remuneração em montante adequado e vinculada a desempenho, bem como recompensas e sanções justas, de
forma a fomentar um ambiente meritocrático.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
4. Contrapesos independentes no processo decisório
Governança Corporativa
30
Este princípio diz respeito a...
Implementação de um modelo de governança que contemple visões diferentes na tomada das decisões, evitando excessiva concentração de
poder e mitigando possíveis análises parciais ou vieses cognitivos.
Deve haver regras para tratar dos conflitos de interesse e mecanismos eficientes de resolução de disputas.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
5. Sustentabilidade e visão de longo prazo na condução do negócio
Governança Corporativa
31
Este princípio diz respeito a...
Adoção de um horizonte de longo prazo como foco das decisões, o que implica assegurar relações saudáveis com as partes interessadas
(stakeholders) e melhorar concretamente a situação das comunidades em que a companhia atua.
Temas como sucessão de lideranças, mitigação de potenciais passivos futuros e impactos socioambientais inserem-se neste princípio.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
6. Respeito às formalidades, controles e supervisão independentes
Governança Corporativa
32
Este princípio diz respeito a...
Conscientização de que a informalidade é um inimigo da boa governança e de que controle e supervisão independentes são
elementos essenciais.
É necessário desenhar os processos e estabelecer as regras a serem cumpridas antes, durante e depois das reuniões dos órgãos da
companhia. Entre os controles, destacam-se a gestão formal dos riscos do negócio, o compliance e as auditorias.
Essas áreas devem contar com toda a independência e os recursos humanos, financeiros e tecnológicos necessários.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
7. Tom e comportamento ético das lideranças
Governança Corporativa
33
Este princípio diz respeito a...
Necessidade de que os membros da cúpula se comportem com integridade e apliquem elevados padrões de conduta nas suas decisões,
liderando pelo exemplo.
É preciso promover incessantemente os valores da organização, por meio de ações de aculturamento e atitudes concretas como a
priorização da ética na seleção dos administradores.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
8. Cooperação entre colaboradores e promoção do interesse coletivo da organização
Governança Corporativa
34
Este princípio diz respeito a...
Foco na criação de um contexto social que fomente a cooperação entre todos os colaboradores e executivos, evitando competição excessiva e
rivalidades internas.
É necessária a conscientização de que o interesse coletivo comum — o interesse da companhia — deve prevalecer em todas as situações,
mesmo quando há conflito com os interesses individuais
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
9. Equidade e promoção da participação efetiva de todos os acionistas
Governança Corporativa
35
Este princípio diz respeito a...
Observância da igualdade de direitos de todos os acionistas e do exercício efetivo desses direitos.
A companhia deve estabelecer uma boa comunicação com os acionistas, incentivando e facilitando ao máximo sua participação nas assembleias.
O tratamento deve ser imparcial, evitando a negociação de ações por pessoas com informações privilegiadas.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
10. Diversidade interna, tratamento justo e ausência de políticas discriminatórias
Governança Corporativa
36
Este princípio diz respeito a...
Necessidade de que as companhias criem políticas concretas para ampliar a diversidade (de gênero, etnia, formações acadêmicas etc.) nos seus órgãos de governança, bem como punir atitudes discriminatórias.
É preciso definir e monitorar parâmetros concretos em relação a esses temas.
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Aprimoramento das decisões – Questões de governança para reflexão:
Governança Corporativa
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... Tudo isso visa a criar um bom modelo de governança, que propicie umprocesso decisório estruturado, ágil e com os devidos contrapesos
Nossos órgãos de governança
possuem papéis, composição e
funcionamento bem definidos?
Objetivo: aprimorar continuamente o processo decisório
Há documentos que formalizam
as atribuições e funcionamento
de nossos órgãos de governança?
Eles vem sendo cumpridos a
contento?
Estou satisfeito com nosso processo
decisório em relação à sua
agilidade, nível de centralização das
decisões, responsabilização pelas
decisões tomadas e conformidade
com as leis?
Nosso Conselho de Administração
e Comitês do Conselho, vêm
funcionando conforme desejado?
Nossa Diretoria e Comitês de
Gestão vêm funcionando
conforme desejado?
Temos um programa contínuo de
aculturamento em relação ao nosso
modelo de governança?
Nossos órgãos de governança se
autoavaliam formalmente e
periodicamente?
Temos um ambiente
meritocrático?
Nosso sistema de
remuneração é adequado?
Possuímos um fluxo de informações e
interfaces adequado entre os órgãos?
Há um plano de sucessão
formal de nossas lideranças?
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Exemplo de modelo de governança genérico:
Governança Corporativa
38
ASSEMBLEIA DE ACIONISTAS OU DE SÓCIOS
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
DIRETORIA
EXECUTIVA
CONSELHO
FISCAL
ComitêAuditoria
ComitêRemuneração
Outros Comitês
COMITÊ
DE GESTÃO
COMITÊ
DE GESTÃO
COMITÊ
DE GESTÃO
COMITÊ
DE GESTÃO
COMITÊ
DE GESTÃO
COMITÊ
DE GESTÃO
DIRETOR-PRESIDENTE SECRETARIA DE
GOVERNANÇA
GESTÃO DERISCOS
COMPLIANCE
CONTROLESINTERNOS
Áreas de Controle
AUDITORIAINDEPENDENTE
AUDITORIAINTERNA
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Redução da chance de surpresas negativas – Questões para reflexão:
Governança Corporativa
39
Nossos riscos foram identificados
e avaliados em relação à sua
probabilidade e impacto?
Objetivo: Reduzir a chance de surpresas negativas
Possuímos um adequado
mapeamento de nossos
processos-chave? Nossas áreas
de controle possuem recursos
adequados?
Temos políticas formais em
relação aos principais temas que
podem afetar nosso negócio?
Temos uma noção clara dos
principais riscos aos quais estamos
sujeitos por meio de uma Gestão de
Riscos formal?
Estou contentes com os controles
internos que temos e confortável
com a precisão das informações
financeiras divulgadas?
Temos lidado bem com as matérias
que envolvem conflitos de interesses
em nossa organização?
Estou contente com os trabalhos
desenvolvidos pelas auditorias
interna e externa, incluindo sua
seleção e avaliação?
Temos um Código de Ética
aprovado pelo Conselho e um
programa contínuo para
assegurar sua internalização?
Possuímos uma área ou responsável
pelas atividades de compliance ?
Possuímos um programa formal de compliance
em curso de forma a assegurar o cumprimento
das regras externas e internas? Esse programa
contempla canal de denúncias, aculturamento
contínuo, etc.?
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Transparência para os públicos interno e externo – Questões para reflexão:
Governança Corporativa
40
Há evidências de que os públicos
interno e externo estão satisfeitos
com nossa transparência?
Objetivo: Assegurar elevada transparência para os públicos interno e externo
Procuramos ir além das
informações financeiras,
discorrendo sobre questões
estratégicas que podem impactar
nosso negócio?
Temos bons canais para
comunicação com nossos
acionistas, clientes e outros
stakeholders chave?
Temos propiciado elevada
transparência aos nossos públicos
interno e externo além das
exigências legais?
Nosso website e Relatório Anual ou
de Gestão estão sempre atualizados
e ricos em informações?
Nossos acionistas possuem acesso
a um Portal interno que lhes
permite visualizar a situação da
empresa sob diferentes
dimensões de análise?Realizamos encontros periódicos
com representantes de nossos
principais públicos de interesse?
Possuímos ações concretas
socioambientais e no campo da
sustentabilidade?
Procuramos publicar informações de
governança, sustentabilidade e
socioambientais em linha com as
diretrizes do GRI?
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Direitos dos Acionistas – Questões para reflexão:
Governança Corporativa
41
Elaboramos Manual de Assembleia e
realizamos convocações com
antecedência mínima de 30 dias?
Objetivo: Direitos dos Acionistas
Viabilizamos o voto de nossos
acionistas nas assembleias por meio
de procurações ou voto a distância?
Temos uma área de relacionamento
com investidores? Ela vem
funcionando a contento?
Procuramos estimular ao máximo a
participação dos acionistas em
nossas Assembleias?
Os Conselhos de Administração, Comitês
do Conselho e Conselho Fiscal elaboram
um relatório periódico para os acionistas
descrevendo seu funcionamento e
principais resultados de suas atividades
no exercício?
Procuramos ativamente resolver
quaisquer problemas com nossos
acionistas antes que cheguem à
esfera legal?
Nossos conselheiros tem prestado
contas diretamente para nossos
acionistas por meio de participação nas
Assembleias Gerais?
Procuramos entender de forma
proativa as demandas de nossos
acionistas minoritários?
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Gestão de Riscos – definição
Governança Corporativa
Gestão de Riscos
“Processo desenhado para identificar e responder a eventos que possam
afetar os objetivos estratégicos da organização”
“Abordagem para garantir que a empresa está refletindo sistematicamente
e respondendo aos seus riscos”
“Forma de assegurar que a administração identifica preventivamente e
lista os principais riscos aos quais a companhia está exposta, bem como
define medidas para sua prevenção ou mitigação”
“Forma da administração da companhia mostrar que está cumprindo um
de seus papéis fundamentais”
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Principais etapas de um processo efetivo de gestão de riscos (1/2)
Governança Corporativa
1. Identificação dos principais riscos aos quais a organização está exposta
2. Classificação de acordo com natureza (ex. estratégicos, operacionais oufinanceiros)
3. Avaliação – com base em sua probabilidade de ocorrência e magnitude doimpacto – e elaboração da matriz de riscos da companhia
4. Definição do tratamento a ser dado aos principais riscos identificados
5. Elaboração dos procedimentos de controle para os principais riscosidentificados
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Principais etapas de um processo efetivo de gestão de riscos (2/2)
Governança Corporativa
6. Realização de treinamentos e outras ações de conscientização para criarcultura orientada a riscos na organização
7. Criação de comitê de risco com participantes do primeiro escalão dacompanhia
8. Definição de um conjunto de indicadores-chave de risco (KRIs – Key RiskIndicators)
9. Inclusão de questões relacionadas à gestão de riscos na avaliação dedesempenho e remuneração dos executivos
10. Elaboração de relatórios periódicos para acompanhamento por DiretoriaExecutiva, Comitê de Auditoria e Conselho de Administração
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Principais tipos de riscos comumente identificados e gerenciados
Governança Corporativa
1. Riscos Estratégicos – derivam de mudanças no ambiente denegócios ou de decisões estratégicas tomadas pelas principaislideranças, incluindo os riscos de imagem
2. Riscos Operacionais – legal, conformidade interna, concepção deprocessos, falha humana, fraude, infraestrutura física ou depessoas, informação, confidencialidade, integridade, terceirização
3. Riscos Financeiros – de crédito, liquidez, e de mercado
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Principais tipos de riscos identificados e gerenciadosRiscos Estratégicos (1/2)
Governança Corporativa
Risco de mudança no ambiente regulatório: ex. Mudança de leis e deprogramas governamentais, mudanças tributárias.
Risco de mudança no ambiente competitivo: ex. entrada de novosconcorrentes, alianças entre concorrentes, acirramento da guerra de preços
Risco de perda de valor com investimentos ou novos negócios: ex.problemas com aquisições, falha na implementação de grandes projetos deinvestimento, problema no desenvolvimento de novos negócios
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Principais tipos de riscos identificados e gerenciadosRiscos Estratégicos (2/2)
Governança Corporativa
Risco de mudança no ambiente tecnológico: ex. perda de mercado por faltade inovação tecnológica, obsolescência tecnológica
Mudanças no comportamento dos stakeholders: ex. redução naconfiabilidade de fornecedores ou parceiros-chave, mudanças estratégicas(ex. alterações acionárias) nos principais fornecedores, mudanças de hábitosde consumo dos clientes
Risco de Imagem / Reputacionais: perda decorrente da veiculação denotícias negativas sobre a Companhia (escândalos, redes sociais, Internet,etc.)
Risco de Divulgação de Informações Externas: perda decorrente dadivulgação de informações incorretas, incompletas, imprecisas oudivulgadas por meios de comunicação inadequados
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Principais tipos de riscos identificados e gerenciadosRiscos Operacionais (1/3)
Governança Corporativa
Risco de Concentração na Terceirização: perdas decorrentes de falta dediversificação de provedores de produtos e serviços
Risco de Terceirização e Parcerias: perdas decorrentes de situações em queos serviços prestados por terceiros ou parceiros não atinjam os requisitos dequalidade esperados, ou não sejam entregues nas datas previstas
Risco de Conformidade Interna: inobservância, violação ou interpretaçãoindevida de regulamentos e normas internas
Risco de Eventos Externos/Catástrofe: perdas relacionadas a catástrofesnaturais, atentados, greves, etc. independentes da vontade da Companhia
Risco de Falha Humana: perda associada a ações não intencionais depessoas envolvidas em negócios da Companhia (equívocos, omissão,distração, negligência ou falta de qualificação profissional)
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Principais tipos de riscos identificados e gerenciadosRiscos Operacionais (2/3)
Governança Corporativa
Risco de Fraude: perda ocasionada por comportamento fraudulento(adulteração de controles, descumprimento intencional de normas, desviode valores, divulgação proposital de informações erradas)
Risco de Indisponibilidade de Pessoal Especializado: perda ocasionada porremoção ou perda inesperada de pessoa chave de uma posição ouresponsabilidade sem substituto imediato
Risco de Infraestrutura: perda causada pela inadequação da estrutura física,logística e tecnológica
Risco de Infraestrutura de Pessoas: perda causada pela inadequação daestrutura de pessoal insuficiente para realizar as atividades
Risco da Informação: perda decorrente de ausência de integridade ou falhana autenticidade das informações
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Principais tipos de riscos identificados e gerenciadosRiscos Operacionais (3/3)
Governança Corporativa
Risco de Sistema: perda associada às falhas ou inadequação em aspectoslógicos de tecnologia da informação
Risco de Segurança da Informação: perda decorrente de quebra de sigilo ouacesso indevido às informações
Risco Contratual: perda relacionada à inadequação do contrato,interpretação das cláusulas e conformidade com a legislação pertinente
Risco de Contencioso: perda decorrente de ações ajuizadas pela Companhiaou contra ela
Risco de Conformidade Externa: perda ocasionada pela inobservância,violação ou interpretação indevida de regulamentações, normativosexternos e editais de licitação
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Principais tipos de riscos identificados e gerenciadosRiscos Financeiros
Governança Corporativa
Risco de Crédito: perda decorrente da contraparte de uma operação nãohonrar seus compromissos financeiros
Risco de Liquidez: perda decorrente da incapacidade de saldar seuscompromissos nos prazos acordados ou dos sacrifícios ocasionados natransformação forçada de ativos em caixa para quitar obrigações.
Risco de Mercado: perda decorrente de movimento adverso nos valores demercado dos ativos e passivos, incluindo mudanças nas taxas de juros e emoutros indicadores, individualmente ou em conjunto.
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Principais benefícios da gestão de riscos para as organizações
Governança Corporativa
1. Diminuição da probabilidade de surpresas negativas
2. Oportunidade da organização conhecer melhor os riscos aos quais estáexposta, passando a identificá-los e gerenciá-los mais rapidamente
3. Estabelecimento de uma cultura orientada a riscos, com sua consideraçãoexplícita nas principais iniciativas e decisões de negócio
4. Geração de maior conforto para executivos e conselheiros
5. Proteção da reputação da companhia e maior confiança dos stakeholders
A Gestão de Riscos só funcionará se as lideranças acreditarem que isso agrega valor ao negócio. O tema não deve ser visto como algo frio e
burocrático, mas como item fundamental para o sucesso da organização
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Fatores críticos para o sucesso na Gestão de Risco e nas demais atividades de controle
Governança Corporativa
1. Engajamento dos principais executivos da organização (tone from the top)
2. Participação ativa dos líderes unidades de negócio (tone from the middle)
3. Foco incessante nas atividades de aculturamento e conscientização
4. Alocação de recursos humanos e tecnológicos adequados
5. Consideração dos riscos na avaliação de novos negócios e projetos
6. Incorporação das atividades de gestão de riscos aos processos de trabalho jáexistentes, evitando controles distantes das atividades diárias
7. Vinculação da gestão de riscos ao processo de planejamento estratégico
O Gerenciamento dos Riscos Corporativos é uma filosofia de gestão com foco explícito na administração dos riscos. Sua implementação só será efetiva se
houver comprometimento pessoal da alta gestão, particularmente da Diretoria e do Conselho de Administração
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Matriz de Riscos – Exemplo
Governança Corporativa
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Pro
bab
ilid
ade
Praticamente certo (5) 5 10 15 20 25
Provável (4) 4 8 12 16 20
Possível (3) 3 6 9 12 15
Pouco provável (2) 2 4 6 8 10
Remoto (1) 1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Insignifi-cante (1)
Baixo(2)
Moderado (3)
Alto(4)
Catastró-fico (5)
Magnitude do Impacto
Grau de prioridade dos riscos
Alta prioridade
Média prioridade
Baixa prioridade
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As áreas de controle são fundamentais para a boa governança e para o sucesso de longo prazo das organizações
Governança Corporativa
Compliance
“Conformidade da organização para com suas regras externas e internas,
tais como leis, regulamentações e políticas corporativas”
“Deve ser alcançado por meio de um programa efetivo de compliance, que
contemple ações de aculturamento e mecanismos de prevenção, detecção e
solução de não conformidades”
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Compliance – Etapas de um programa efetivo de ética e conformidade (1/2)
Governança Corporativa
1. Identificação dos regramentos externos aplicáveis e elaboração de regrasinternas
2. Estruturação organizacional da área de compliance, incluindo comitê
3. Identificação das áreas e pessoas sujeitas a riscos críticos de nãoconformidade
4. Implantação de ações de treinamento, conscientização e comunicação
5. Criação de canal de denúncias para reporte de violações
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Compliance – Etapas de um programa efetivo de ética e conformidade (2/2)
Governança Corporativa
6. Criação de ouvidoria para recebimento de críticas e sugestões de clientes
7. Monitoramento periódico das práticas adotadas por auditorias decompliance
8. Registro e armazenamento da documentação de todas as atividades decompliance
9. Incorporação de questões de compliance na política de remuneração dosexecutivos
10. Criação de medidas objetivas para avaliar o desempenho do programa decompliance, permitindo seu monitoramento e aprimoramento contínuo
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As áreas de controle são fundamentais para a boa governança e para o sucesso de longo prazo das organizações
Governança Corporativa
Controles Internos
“Processos desenhados para alcançar os objetivos organizacionais nas
seguintes categorias (definição COSO):
i) eficácia e eficiência das operações
ii) confiabilidade do processo de reporte financeiro
iii) conformidade com as leis e normas aplicáveis”
Exemplos: alçadas e limites, autorizações, delimitação de responsabilidades,
segregação de funções, treinamento, conciliação, acesso físico, acesso
lógico, sistemas informatizados, disponibilização de informações/relatórios,
monitoração, validação, manutenção de registros, normatização interna
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Controles Internos segundo o COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission)
Governança Corporativa
Componentes do COSO:
1. Ambiente de controle: integridade e valores éticos; filosofia organizacional;
estrutura organizacional; exemplo das lideranças; atuação do Conselho e Comitê
de Auditoria
2. Avaliação de riscos: gestão dos principais riscos do negócio
3. Atividades de controle: políticas e procedimentos que permitem que as diretrizes
da administração sejam aplicadas e que as ações sejam tomadas para endereçar
os riscos e permitir o alcance dos objetivos do negócio
4. Informação e comunicação: geração de relatórios (financeiros e não financeiros)
para alta administração e stakeholders por meio de sistemas de informação
5. Monitoramento: auditorias interna e independente, reconciliação de resultados,
due diligence de questões específicas, auto-avaliações, etc.
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Controles Internos – Exemplos (1/4)
Governança Corporativa
1. Acesso físico: Controle de entrada e/ou saída de funcionários, clientes e
equipamentos em espaços determinados de uma instituição
2. Acesso lógico: Controles de acesso e/ou alcance de funcionários ou
clientes a arquivos eletrônicos e sistemas, bem como instruções e
treinamento para esses sistemas aos usuários autorizados
3. Alçadas e limites: Delimitação do âmbito de atuação de um gestor quanto à
sua condição de aprovar valores ou assumir posições em nome da
instituição, conferida pela hierarquia ou por comitês
4. Autorizações: Buscam permitir o encaminhamento de uma operação /
transação após conferência, evidenciada por log no sistema ou assinatura /
visto em documentação de suporte
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Controles Internos – Exemplos (2/4)
Governança Corporativa
6. Conciliação: Confronto de informações de origens distintas, com o objetivo
de detectar inconsistências
7. Delimitação de responsabilidades: Definição clara das responsabilidades
sobre procedimentos criados para atividades, focando a limitação de ação
acerca dos mesmos, sem envolver valores
8. Disponibilização e padronização de informações: Estabelecimento de
sistemas de comunicação efetivos entre áreas, de maneira a assegurar que
as informações cheguem a seu destino
9. Execução de plano de contingência: Formaliza e testa ações que asseguram
continuidade às operações de unidades que não podem ser interrompidas,
independentemente da adversidade
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Controles Internos – Exemplos (3/4)
Governança Corporativa
10. Manutenção de registros: Realização da manutenção atualizada, segura e
organizada de registros
11. Monitoração: Acompanhamento de atividade ou processo, para avaliação
de sua adequação e/ou desempenho, em relação às metas, aos objetivos
traçados e aos benchmarks
12. Normatização interna: Estabelecimento formal de normas internas, para a
execução das atividades inerentes à unidade
13. Revisões de desempenho: Acompanhamento de atividade ou processo para
avaliação de sua adequação em relação às metas/objetivos pré-
estabelecidos e aos benchmarks, de forma a antecipar mudanças que
possam afetar negativamente a Companhia
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Controles Internos – Exemplos (4/4)
Governança Corporativa
14. Segregação de funções: Separação das responsabilidades sobre atividades
conflitantes, por meio de organograma ou regras
15. Sistemas Informatizados: Organização e manutenção de arquivos de
segurança – back ups, arquivos de log do sistema, plano de contingência
ou quebra de segurança – invasão de hackers, etc
16. Treinamento: Engloba exercícios para apurar habilidades ou transmitir
conhecimentos, ampliando competências e capacitações
17. Validação: Exame minucioso de procedimentos relacionados a uma
atividade, com o intuito de validar informações obtidas por funcionários ou
de clientes, na documentação de operações financeiras
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Por que enfatiza-se tanto o reforço das áreas de controle dentro da boa governança corporativa?
Governança Corporativa
Implantar uma infraestrutura adequada de controles é caro, porém bem
mais caro é não implantá-la
É difícil pensar em controles quando a organização cresce rápido e vem
“dando certo”...
...Entretanto, casos recentes mostram que é nessa fase que as empresas
ficam mais expostas a graves crises e colapsos
É responsabilidade de cada líder de área lidar com temas como:
1. Riscos
2. Conformidade com as políticas internas e leis
3. Manutenção de elevados padrões éticos
As áreas de controle servem para levar esta agenda adiante na organização e
para oferecer expertise nesses temas
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Implantar uma infra-estrutura adequada de controles é caro, porém bem mais caro é não implantá-la
Governança Corporativa
Uma pesquisa conduzida em 2005 nos EUA mostrou que, para cada US$ 1 bi
faturado, as empresas gastam US$ 6 mi em atividades de compliance
Por outro lado, cada falha relevante de conformidade ocorrida com algumas
empresas da amostra foi estimada em cerca de US$ 81 mi
Os resultados não consideram casos extremos com custos bilionários, tais
como BP (US$ 41 bi), Societé Générale (US$ 7 bi), Siemens (US$ 2,6 bi),
Lehman Brothers (US$ 50 bi), Sadia (US$ 2,5 bi), Aracruz (US$ 3,5 bi),
Panamericano (US$ 2,5 bi), etc.
65Fonte: OCEG 2005 Benchmarking Study. Disponível em http://www.complianceweek.com/s/documents/oceg-results-2005.pdf
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É difícil pensar em controles quando a organização cresce rápido e vem “dando certo”...
Governança Corporativa
Muitos colapsos empresariais e escândalos de governança ocorridos ao
longo da última década ocorreram em empresas que haviam crescido
fortemente nos anos anteriores, muitas vezes via aquisições
Esse foi um dos seis principais fatores associados a problemas de
governança identificados por estudiosos da área*
66*Fonte: Hamilton, Stewart, Micklethwait, Alicia. Greed and Corporate Failure – The Lessons from Recent Disasters. Palgrave MacMillian, 2006. 207p.
EmpresaEvolução da Receita nos anos anteriores
aos problemas de governança
Enron 750% (1996-2000) ~ 70% a.a.
WorldCom 660% (1994-1999) ~ 50% a.a.
Sadia 48% (2006-2008) ~ 22% a.a.
Agrenco 103% (2004-2006) ~ 43% a.a.
Panamericano 116% (2004-2007) ~ 29% a.a.
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Dois autores analisaram escândalos do início da década de 2000 chegaram a seis fatores comuns em colapsos de governança...
1. Conselhos de Administração ineficazes
2. Decisões estratégias erradas
3. Crescimento excessivo das atividades
4. CEOs excessivamente poderosos
5. Ganância e atmosfera de arrogância corporativa
6. Controles internos deficientes
Fonte: HAMILTON, Stewart, MICKLETHWAIT, Alicia. Greed and Corporate Failure – The Lessons from Recent Disasters. Palgrave MacMillian, 2006. 207p.
Governança Corporativa
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1. Conflito de Interesses: busca pela maximização do resultado pessoal em detrimento do melhor resultado para a companhia
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Governança Corporativa
Agenda pessoal colocada à frente da agenda da companhia
Melhor decisão para a entidade ≠ melhor decisão para o executivo:
Ex. seleção de pessoas, aprovação de projetos, realização de
operações comerciais, apresentação de resultados, etc.
Melhor decisão para um acionista ≠ melhor para todos os acionistas:
Ex. eleição de conselheiros, fusões & aquisições, dividendos,
fechamento de capital, transações com partes relacionadas, etc.
Nosso sentimento de retribuição reforça os conflitos de interesses,
os quais não são resolvidos com sua mera divulgação pelo conflitado
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O sentimento de retribuição: impacto dos conflitos de interesses sobre nossas percepções e decisões (1/4)
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Governança Corporativa
Experimento – Galeria de Arte: o impacto dos conflitos de interesses
Formato:
150 participantes (voluntários) deveriam avaliar obras de arte de duas galerias: “Third
Moon” e “Wecyclers”
Participantes eram informados que o estudo (e seu pagamento de US$30) havia sido
generosamente patrocinado por uma das galerias: alguns pela “Third Moon”; outros
pela “Wecyclers”
Os voluntários eram então colocados dentro de um scanner de ressonância magnética
(fMRI). Eram apresentados 60 quadros de diferentes correntes artísticas, um de cada
vez. No canto superior de cada obra, era disposta a logomarca da galeria dona dos
respectivos quadros. Algumas obras pertenciam à galeria que estava financiando o
participante, enquanto as outras pertenciam à galeria não patrocinadora
Fonte: Ann H. Harvey, Ulrich Kirk, George H. Denfield, and P. Read Montague. 2010. Monetary Favors and Their Influence on Neural Responsesand Revealed Preference. The Journal of Neuroscience, 30(28):9597–9602. DOI:10.1523/JNEUROSCI.1086-10.2010
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O sentimento de retribuição: impacto dos conflitos de interesses sobre nossas percepções e decisões (2/4)
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Governança Corporativa
Experimento – Galeria de Arte: o impacto dos conflitos de interesses
Slides apresentados ao participantes:
Após o término do escaneamento cerebral, os participantes deveriam avaliá-las em
uma escala de -4 (não gostei) a +4 (gostei)
O que aconteceu?
Fonte: Ann H. Harvey, Ulrich Kirk, George H. Denfield, and P. Read Montague. 2010. Monetary Favors and Their Influence on Neural Responsesand Revealed Preference. The Journal of Neuroscience, 30(28):9597–9602. DOI:10.1523/JNEUROSCI.1086-10.2010
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O sentimento de retribuição: impacto dos conflitos de interesses sobre nossas percepções e decisões (3/4)
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Governança Corporativa
Experimento – Galeria de Arte: o impacto dos conflitos de interesses
Participantes atribuíram conceitos muito melhores às obras da galeria que em tese
havia-os patrocinado
A fim de verificar se as respostas eram apenas resultado da gentileza dos
participantes para com a galeria e não por sua real opinião, os pesquisadores
compararam a pontuação com a ressonância magnética:
A presença da logomarca do patrocinador aumentou substancialmente a atividade
em áreas do cérebro associadas ao prazer! (córtex préfrontal ventromedial)
Em outras palavras, o gentil patrocínio da galeria gerou um efeito profundo sobre
como as pessoas avaliavam as obras de arte
Curiosamente, quando os voluntários foram interrogados se achavam que a
logomarca do patrocinador havia impactado suas preferências artísticas, a resposta
geral foi que “não, com certeza não houve qualquer influência”...Fonte: Ann H. Harvey, Ulrich Kirk, George H. Denfield, and P. Read Montague. 2010. Monetary Favors and Their Influence on Neural Responsesand Revealed Preference. The Journal of Neuroscience, 30(28):9597–9602. DOI:10.1523/JNEUROSCI.1086-10.2010
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O sentimento de retribuição: impacto dos conflitos de interesses sobre nossas percepções e decisões (4/4)
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Governança Corporativa
Experimento – Galeria de Arte: o impacto dos conflitos de interesses
Em uma variante, os pesquisadores alteraram o valor pago aos voluntários pela
participação. Alguns receberam $30, outros $100 e outros $300. O que aconteceu?
A preferência em relação à galeria patrocinadora aumentou em linha com o aumento
do montante pago: Não apenas a pontuação se tornou melhor, como também a
magnitude da ativação das áreas de prazer no cérebro aumentou substancialmente
quando o pagamento saiu de $30 para $100 e de $100 para $300!
Quando alguém (ou alguma organização) nos faz um favor, nos tornamos parciais a
fim de apoiarmos qualquer coisa que possa resultar em algum tipo de retribuição
Ps. No exemplo em questão, a remuneração dos participantes estava assegurada e
não dependia de sua avaliação, bem como eles não teriam qualquer contato futuro
com ambas as galerias, já que elas simplesmente não existiam...
Fonte: Ann H. Harvey, Ulrich Kirk, George H. Denfield, and P. Read Montague. 2010. Monetary Favors and Their Influence on Neural Responsesand Revealed Preference. The Journal of Neuroscience, 30(28):9597–9602. DOI:10.1523/JNEUROSCI.1086-10.2010
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2. Limitação técnica dos tomadores de decisão
Governança Corporativa
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Dificuldade técnica de identificar e avaliar todas as opções possíveisa fim de tomar a melhor decisão para a companhia
Na medida em que a complexidade aumenta, é improvável que umaúnica pessoa possua todos os conhecimentos para as decisões-chaveda empresa, tais como: de investimento, financiamento, marketing,posicionamento estratégico, tecnológicos, etc.
Questão especialmente problemática em contextos com elevadaconcentração de poder
Mecanismos de governança – como um conselho independente equalificado ou outros órgãos colegiados, reunindo pessoas comdiferentes visões – podem levar empreendedores e executivos atomarem melhores decisões
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3. Vieses cognitivos: erros sistemáticos em nossas decisões
Governança Corporativa
Vieses cognitivos são distorções de julgamento que nos levam a uma
percepção errônea da realidade, julgamentos incorretos,
interpretações ilógicas e decisões que fogem da racionalidade
Os vieses são resultado de “atalhos cognitivos” baseados em regras
de bolso (heurísticas), capacidade limitada de processamento
mental, motivações morais e emocionais, ou influência social
Mais de cem vieses cognitivos já foram documentos ao longo de
décadas em áreas como psicologia e economia comportamental
Os vieses cognitivos podem ser individuais ou coletivos
Sua compreensão é fundamental, já que tais vieses podem levar a
análises e decisões desastrosas no âmbito pessoal e empresarial
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3. Vieses cognitivos – vieses individuais
Governança Corporativa
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Otimismo, excesso de confiança ou ilusão de
controle
Tendência a subestimar riscos (otimismo) e/ou a superestimar as perspectivas de resultados futuros
(excesso de confiança)
Excesso de investimentos
Aquisições mais caras
Excesso de endividamento
Desconsideração de riscos
Obediência irracionalou lealdade excessiva a
lideranças
Tendência a cumprir ordens de autoridades sem questionamento em
certas circunstâncias, transferindo inconscientemente a responsabilidade
sobre seus atos
Fraudes
Obediência cega a empreendedores ou
executivos poderosos
Escalada irracional de comprometimento
Propensão a justificar investimentos crescentes em um projeto ou iniciativa
decidida no passado, apesar de evidências claras de que o custo da
continuidade no mesmo curso de ação é superior aos benefícios esperados
Apego a iniciativas e projetos que não deram certo e que deveriam ser racionalmente tratados como fundos perdidos
(sunk funds)
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3. Vieses cognitivos – vieses individuais
Governança Corporativa
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Viés da Normalidade
Tendência a subestimar a possibilidade da ocorrência de desastres que nunca
ocorreram, bem como a reagir em caso de ocorrência (paralisia)
Menor investimento na gestão de riscos com alto
impacto mas baixa probabilidade de ocorrência
Falácia do planejamento
Propensão das pessoas a subestimar quanto tempo levarão para completar uma tarefa, mesmo quando possuem
experiência prévia em tarefas similares
Atrasos em projetos
Promessas irrealistas a stakeholders externos
Falácia do jogador
Tendência a pensar que a probabilidade de eventos futuros é alterada por
eventos passados, mesmo quando os eventos são independentes e a
probabilidade permanece a mesma
Crença de que resultados de projetos passados
diferentes do esperado serão compensado”
naturalmente por resultados de projetos
futuros, mesmo quando são atividades independentes
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3. Vieses cognitivos – vieses individuais
Governança Corporativa
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Maldição do conhecimento
Dificuldade de pessoas com muito conhecimento sobre um tema em
analisar as questões relativas a ele sob a perspectiva de pessoas com baixo
conhecimento sobre o tema: tende a ocorrer com pessoas especializadas
Lançamento de produtos de difícil compreensão pelos
consumidores
Dissonância entre a visão estratégica da alta gestão e do restante da organização
Déformation professionnelle
Tendência a ver as coisas a partir do seu ponto de vista profissional, ao invés de
sob uma perspectiva mais ampla: condicionamento profissional leva a uma
distorção da forma de ver o mundo
Enviesamento das atividades da empresa em
função da formação profissional de seus
dirigente
Efeito dotação, sobrevalorização das
próprias obras
Tendência a sobrevalorizar bens e projetos pessoais: pessoas tendem a
pedir muito mais para vender um ativo do que estariam dispostas a pagar por
ele
Desperdício da chance de venda de ativos ao valor
justo
Valorização excessiva de iniciativas próprias
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3. Vieses cognitivos – vieses individuais
Governança Corporativa
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Viés da confirmação, percepção seletiva
Tendência a dar mais importância à informação que confirma sua crença ou ponto de vista inicial: efeito maior em temas com maior carga emocional e com preconceitos mais enraizados
Dificuldade de aceitação de novas visões e paradigmas a fim de mudar cursos de
ação problemáticos –manutenção do status quo
Viés da procrastinação
Propensão a manter o status quo em situações nas quais mudanças em
relação ao curso atual possuem maior benefício esperado do que a
manutenção da situação corrente
Decisões importantes procrastinadas, com perda
de oportunidades, aumento de prejuízos e
perda de competitividade
Interloper effect, paradoxo dos consultores
Tendência a valorizar análises de terceiros (ex. consultores) como algo objetivo, confirmador e sem conflitos de interesses, bem como de oferecer
menor apoio a soluções propostas internamente
Desperdício de ideias internas, desmotivação de colaboradores e perdas de
talentos
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3. Vieses cognitivos – vieses individuais
Governança Corporativa
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Efeito de enquadramento
Propensão das pessoas a chegar a diferentes conclusões a partir da
mesma informação, dependendo de como a informação é apresentada
Decisões erradas em função de manipulação no formato da apresentação
das informações
Viés do resultado final
Tendência a julgar uma decisão por seu resultado, ao invés de com base na
qualidade da decisão no momento em que foi tomada (boa decisão depende do seu processo ≠ resultado de sorte)
Penalização errônea de pessoas por decisões que resultaram em resultados
ruins (mesmo que tomadas de forma corretas à época)
– inverso também verdadeiro
Heurística da disponibilidade
Tendência a acreditar que eventos vívidos na memória possuem uma
probabilidade maior de ocorrerem do que de fato possuem estatisticamente
Consideração exclusiva das experiências pessoais de
seus líderes na tomada de decisão, ignorando
parâmetros estatísticos
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3. Vieses cognitivos – vieses individuais
Governança Corporativa
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Viés do autointeresse, superioridade ilusória
Tendência dos indivíduos a atribuir seu sucesso a fatores pessoais internos e seu
fracasso a fatores externos ou situacionais: proteção da autoestima
Atribuição de culpa a terceiros, desmotivação dos
colaboradores, impacto negativo na meritocracia
Viés do egocentrismo
Tendência a reivindicar para si uma maior responsabilidade sobre resultados de
uma iniciativa coletiva do que o que seria atribuído por um observador externo
Centralização de poder, desmotivação dos demais
colaboradores
Viés da visão retrospectiva
Propensão a ver eventos já ocorridos como mais previsíveis do que de fato eram quando ocorreram (efeito “eu
sempre soube”)
Distorção da memória na análise de eventos passados:
ex. atribuição injusta de culpa por decisões anteriores
Ancoragem
Tendência das pessoas a confiar demais (se “ancorar”) em algum parâmetro ou
informação prévia para a tomada de decisão, mesmo que esta não tenha
relação direta com o assunto sob análise
Decisões erradas em função da disponibilização de
informações iniciais que distorcem a análise
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3. Vieses cognitivos – vieses coletivos
Governança Corporativa
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Efeito manada, conformidade ou
cascatas de informação
Tendência de membros do grupo –especialmente aqueles com menos
informações para tomada de decisão –deixarem-se levar pelas opiniões iniciais dos outros membros, resultando em um
efeito cascata de opiniões similares
Perda da sabedoria coletiva, com decisões tomadas em
função dos interesses específicos dos indivíduos
mais bem informados sobre o assunto em questão
Groupthink
Tendência de grupos excessivamente homogêneos a minimizar o conflito e alcançar consenso a qualquer custo,
ignorando ideias externas que possam contradizer a visão dominante
Possibilidade de visões unilaterais e decisões mais
extremistas do grupo
1
2
Falso consenso
Propensão do indivíduo a achar que suas opiniões, crenças, hábitos, valores,
etc. são “normais”, superestimando a probabilidade das outras pessoas
concordarem com seu ponto de vista
Tendência de isolamento de pessoas com pontos de vista
sistematicamente diferentes, contrastantes
3
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3. Vieses cognitivos – vieses coletivos
Governança Corporativa
82
Favoritismo dentro do grupo
Tendência a apoiar visões e opiniões de pessoas do próprio grupo em relação a opiniões de pessoas de fora do grupo
Desconsideração de visões externas valiosas
Homogeneidade fora do grupo
Percepção errônea de que os membros fora do grupo são mais similares entre si do que de fato são e de que o grupo que
faz parte é mais diverso
Dificuldade em compreender a
heterogeneidade de outras pessoas da organização e do
ambiente externo, tendência a estereotipar e
generalizar de forma errada
4
5
Viés de autointeresse do grupo
Tendência de grupos a atribuir o sucesso a características internas do grupo e seu
fracasso a fatores externos ou situacionais: proteção da autoestima
coletiva
Atribuição de culpa a terceiros, manutenção do
status quo
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3. Vieses cognitivos – que fazer para minimizar o impacto dos vieses individuais e coletivos?
Governança Corporativa
1. Compreender os potenciais vieses aos quais estamos sujeitos
2. Implantar um sistema efetivo de pesos e contrapesos para a tomada
das principais decisões organizacionais
3. No caso dos grupos decisórios, aumentar a diversidade dos
membros e implantar técnicas decisórias decisórias modernas e
alternativas
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Lealdade excessiva perante lideranças fortes
Governança Corporativa
Tão relevante quanto o risco da baixa lealdade (problema de agência) é o
risco da lealdade excessiva em relação a fortes lideranças empresariais
Os experimentos de Milgram (1963), replicados no mundo inteiro nas
últimas décadas, evidenciam os riscos da lealdade excessiva
Temos uma natureza intrinsecamente ligada à lealdade, a qual nos impele a
obedecer a uma autoridade sem questionar em certas circunstâncias
Os experimentos mostram que passamos por uma espécie de “mudança de
agente”, deixando de lado a racionalidade a fim de satisfazer as expectativas
da liderança em prol do melhor resultado para o grupo
A lealdade excessiva a uma liderança empresarial de sucesso (ex. CEO
poderoso, empreendedor ou controlador), pode acarretar grandes prejuízos
Morck (2009) tem analisado esta questão de forma pioneira
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Groupthink
Governança Corporativa
Tipo de pensamento presente em grupos que buscam minimizar o conflito e
alcançar consenso a qualquer custo, deixando de analisar criticamente
idéias externas
O groupthink leva as pessoas a evitar expor pontos de vista fora da zona de
conforto do pensamento de consenso do grupo, a fim de evitar constranger
ou irritar outros membros
Para Irving Janis, psicólogo pioneiro no estudo do tema nos anos 70:
“A busca por consenso, aprovação e solidariedade entre os membros, pode
levar o grupo a ignorar informações que contradizem a visão dominante,
levando a decisões que apenas solidificam as posições iniciais do grupo.
Quanto mais coeso o grupo e mais complexo o assunto para análise, mais
provável será a existência de groupthink”
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Cascatas informacionais (Information Cascades)
Governança Corporativa
Ocorre quando os membros do grupo possuem pouca informação prévia
para tomada de decisão, deixando-se levar pelas opiniões iniciais dos outros
membros, em tese mais bem informados e com interesse específico no
assunto em questão
Como resultado, as ações iniciais de alguns indivíduos resultam em um
efeito cascata, na qual os outros acabam repetindo as ações do líder
Perde-se então o ganho da “sabedoria coletiva”, essência da busca por
decisões colegiadas, já que a decisão passa a conter apenas a opinião das
primeiras pessoas, e não a soma das opiniões individuais
No contexto dos conselhos e comitês, é possível que membros pouco
preparados para as reuniões (sem tempo para leitura e aprofundamento dos
temas) sejam induzidos a aceitar as opiniões das pessoas que se
manifestaram inicialmente, geralmente o CEO ou Presidente do Conselho
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Remuneração excessiva e desempenho
Governança Corporativa
Senso comum: relação sempre positiva entre incentivos e desempenho
Esta tem sido a justificativa para o estabelecimento de sistemas de
remuneração extremamente agressivos e potencialmente estratosféricos
Entretanto, diversas pesquisas mostram que isto nem sempre é verdade
Ariely et al. (2009), por exemplo, mostram que o desempenho piora
substancialmente quando o prêmio potencial se torna muito elevado
O resultado é muito mais claro em atividades complexas que exigem
elevada habilidade cognitiva, concentração e criatividade
Logo, pressões motivacionais excessivas podem gerar stress e dispersar o
foco do indivíduo em sua atividade, prejudicando o desempenho
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Técnicas decisórias a fim de melhorar as decisões coletivas nas organizações
Governança Corporativa
Exemplos de técnicas para decisões em grupo:
Instituição do papel do “Advogado do Diabo”
Técnica da escalada decisória (Stepladder Techinque)
Técnica de hierarquização das alternativas (Nominal Group Technique)
Seis chapéus pensantes (Six Thinking Hats)
Sistema de votos múltiplos (Multivoting)
Voto secreto (Blind Vote)
Etc.
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Vieses cognitivos – necessidade de maior diversidade nos grupos decisórios (comitês, conselhos, etc.)
Governança Corporativa
Grupos decisórios mais heterogêneos vistos como algo positivo porque
membros tenderão a apresentar mais perspectivas diferentes em relação
às matérias, acarretando menor influência de indivíduos específicos
Indicadores:
Diversidade de gênero / presença de mulheres
Diversidade cultural (ex. presença de estrangeiros)
Diversidade de experiências de vida (ex. variação de idade)
Número de diferentes formações acadêmicas no conselho
Tempo médio dos conselheiros no cargo
Diversidade de gênero se tornando “mainstream” internacionalmente:
percentual mínimo de mulheres em vários países
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Mecanismos de incentivo e controle tradicionais de governança
Governança Corporativa
Governança corporativa vista como um conjunto de mecanismos de
incentivo ou controle, internos ou externos, que visam a fazer que
com as pessoas tomem as melhores decisões e cumpram as regras
Mecanismos de incentivo: Sistema de remuneração, avaliação dedesempenho, sistema meritocrático de avaliação e promoção, etc.
Mecanismos de controle: Conselho de Administração, Auditoriasinterna e independente, Comitê de Auditoria, Gestão de Riscos,Compliance e Controles Internos, elaboração de relatóriosperiódicos, etc.
O que está por trás desta visão tradicional sobre GC?
90
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Descumprimento das regras: visão tradicional vs. visão emergente
Governança Corporativa
91
As pessoas estão sempre interessadas em burlar as regras caso: Benefício
esperado da atitude desonesta >Penalidade potencial X Probabilidade de ser pego
Fatores psicológicos são muito mais relevantes para a decisão de agir desonestamente do que a probabilidade de ser pego ou a penalidade
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?
Governança Corporativa
92
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
Capacidade de
racionalizar
nossas ações
Distanciamento de
referências
monetárias explícitas
Exaustão
mental
Convívio com cultura
que fomenta a
desonestidade
Criatividade
Observação de
atitudes desonestas
por pares
Sentimento
de vingança
Pares beneficiando-
se de nossas ações
Atos ilegais
cometidos
anteriormente
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Governança Corporativa
93
“Morality, like art, means drawing a line someplace”
Oscar Wilde
Irish dramatist, novelist, & poet (1854 - 1900)
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?1. Capacidade de racionalizar suas ações (1/6)
94
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas
Formato:
207 participantes: $10 para participar em um experimento de alguns minutos
Em uma sala com cadeiras e mesas, cada participante recebia uma folha de papel
contendo 20 diferentes matrizes de tarefas como a do exemplo abaixo:
O objetivo era encontrar dentro de cada matriz dois números que somassem 10
Fonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?1. Capacidade de racionalizar suas ações (2/6)
95
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas
Participantes teriam 5 minutos para resolver o máximo de matrizes que
conseguissem, recebendo $50 centavos por matriz resolvida
Condição de controle (sem desonestidade)
Pessoas entregavam suas folhas para o pesquisador, que conferia as soluções e
pagava o montante devido
Resultado – Condição de controle
Pessoas resolviam em média 4 matrizes, recebendo pagamento de $2
Variante 1 – Máquina de trituração de papéis
Ao final dos 5 minutos, pessoas deviam triturar suas folhas em uma máquina de
trituração colocada no fundo da sala, informando então verbalmente ao pesquisador
quantas matrizes haviam resolvido – o que aconteceu?Fonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?1. Capacidade de racionalizar suas ações (3/6)
96
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas
Resultado – Variante 1: Máquina de triturar papel
A média de soluções corretas da pessoas “subiu” de 4 para 6 matrizes...
Aumento resultante de ações desonestas de muitas pessoas, não da desonestidade
de algumas que afirmavam ter resolvido muito mais matrizes
Variante 2 – Mais dinheiro
Mantendo a máquina trituradora, pesquisadores aumentaram o prêmio a ser pago
por matriz correta, de $50 centavos para $1, $2, 5$ e, em alguns casos, $10
O que aconteceu?
Os resultados se mantiveram inalterados – A média se manteve em 6 matrizes
corretas, 2 a mais do que o acerto médio real por pessoa
Fonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?1. Capacidade de racionalizar suas ações (4/6)
97
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas
O modelo da economia tradicional não explica o comportamento das pessoas, já que
elas deveriam ter se tornado ainda mais desonestas em função do aumento do
benefício esperado
Na verdade, os pesquisadores observaram que a média de matrizes corretas se
mostrou inclusive ligeiramente inferior quando o prêmio subiu para $10... Por quê?
Provavelmente porque, ao receberem $10 por matriz, se tornou mais difícil para as
pessoas trapacear e ao mesmo tempo continuar a manter seu senso de integridade
Em outras palavras, tornou-se um comportamento mais difícil de ignorar ou
racionalizar
Fonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?1. Capacidade de racionalizar suas ações (5/6)
98
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas
Variante 3: Chance de penalidade (participantes divididos em três grupos)
i. Grupo 1 deveria triturar apenas metade da folha, deixando a outra metade sobre
a máquina (permitindo identificar parte da desonestidade em caso de auditoria)
ii.Grupo 2: deveria triturar todo o papel e informar verbalmente ao pesquisador o
número de respostas corretas (análogo à variante 2)
iii.Grupo 3: deveria triturar a folha inteira, deixar a sala de testes e se pagar,
pegando o dinheiro de uma tigela com mais de $100 em notas pequenas e moedas
O que aconteceu?
O nível de desonestidade se manteve o mesmo nos três cenários (média de 6 matrizes)
Novamente, o modelo da economia tradicional não explica o comportamento das
pessoas, já que as do Grupo 1 deveriam ter sido menos desonestas em função do
aumento da probabilidade de serem identificadas
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?1. Capacidade de racionalizar suas ações (6/6)
99
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas
Variante 4: Racionalização da desonestidade (participantes divididos em dois grupos)
i. Grupo 1: era informado que uma pessoa em média resolvia 4 matrizes em 5 min
ii.Grupo 2: era informado que uma pessoa em média resolvia 8 matrizes em 5 min
O que aconteceu?
Resultados inalterados para os dois grupos: reporte de 6 matrizes resolvidas em média
A informação adicional não influenciou o comportamento, contrariando a ideia de que
as pessoas atuam de forma desonesta como forma de se destacar dos demais
Atuamos desonestamente até o ponto em que esse comportamento começa a afetar a
imagem de honestidade que temos de nós mesmos...Fonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?2. Distanciamento de referências monetárias explícitas
100
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas com fichas como pagamento
Formato: 450 participantes, com 5 min para resolver o máximo de matrizes possível;
US$ 0,50 por matriz resolvida
Após resolução, participantes deveriam triturar a folha de respostas e informar os
resultados verbalmente (análogo à variante 1 – máquina de triturar papéis)
Diferença: participantes receberiam o pagamento em fichas, que seriam trocadas pelo
valor equivalente em dinheiro em outra sala adjacente à sala de testes
O que aconteceu?
A média de matrizes resolvidas “subiu” para 9,4; mais de 50% acima da média da
variante 1 e mais do que o dobro das 4 matrizes respondidas na situação de controle!
A utilização de outros meios de pagamento propicia maior maleabilidade mental aos
participantes para justificarem seus atos, aumentando muito a desonestidade Fonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?2. Distanciamento dos atos ilegais e de suas consequências (1/2)
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Governança Corporativa
Experimento – Jogo de Golfe
Formato:
Estudo com milhares de golfistas norte-americanos por meio de questionários;
Jogadores deveriam imaginar uma situação na qual ninguém estaria observando-os e
eles poderiam decidir se seguiriam as regras ou não
“Imagine um golfista hipotético que, ao chegar à sua bola, percebe que seria muito
melhor se ela estivesse posicionada a uns 10 cm de onde ela está. Qual seria a
probabilidade deste golfista alterar a posição da bola intencionalmente...”
A pergunta foi colocada em três diferentes versões, com o seguinte complemento:
a) ...com seu taco?
b) ...com seu sapato?
c) ...pegando a bola com a mão?
A distância do ato desonesto influenciaria a tendência de se comportar imoralmente
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?2. Distanciamento dos atos ilegais e de suas consequências (2/2)
102
Governança Corporativa
Experimento – Jogo de Golfe
O que aconteceu:
As pessoas responderam que um golfista hipotético alteraria a bola com o taco 23%
das vezes, com o pé 14% e com a mão (moralmente a opção mais difícil de
racionalizar) 10% das vezes
Em uma variante, os pesquisadores substituíram a expressão “um golfista hipotético”
por uma pergunta diretamente dirigida ao comportamento dos respondentes
Resultado: quando questionados sobre seu próprio comportamento, eles admitiram
que poderiam vir a alterar a posição da bola com o taco em apenas 8% do tempo,
com o sapato 4% e com as mãos em ínfimas 2,5% das ocasiões – muito menos do que
os “outros golfistas” fariam
Como a grande maioria dos seres humanos, os golfistas conseguem ser desonestos em
muitas situações, mantendo, ao mesmo tempo, uma visão honesta de si
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?3. Exaustão mental (1/4)
103
Governança Corporativa
Experimento – Exaustão mental
Formato – Participantes divididos em dois grupos
i. Grupo 1: deveria decorar um número simples de dois dígitos (35) – condição de
“não esgotamento”
ii.Grupo 2: deveria decorar um número mais complexo de sete dígitos (7581280) –
“condição de esgotamento”
Para receberem o prêmio pela participação, pessoas deveriam decorar e repetir esses
números para pesquisador que estaria esperando-os em sala ao final do corredor
Após receberem os números, os participantes iam em direção à outra sala
No caminho, passavam por um carrinho com duas tigelas: uma com barras de
chocolates e outra com frutas
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p. Chapter 4.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?3. Exaustão mental (2/4)
104
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas com exaustão mental
Ao passarem pelo carrinho, o terceiro pesquisador informava-os que, após
informarem o número correto à pessoa que os esperava na sala ao final do corredor,
poderiam comer um dos dois lanches
Entretanto, teriam que fazer sua escolha ali, naquele momento
O que aconteceu?
Participantes sujeitos a maior estresse mental (condição de esgotamento) escolheram
chocolates com frequência bem maior do que os que decoraram número mais simples
Se o fato do cérebro estar sobrecarregado afeta nosso impulso em decisões menos
racionais do ponto de vista alimentar, ele poderia também afetar nosso impulso em
agir de forma desonesta? Próximo experimento...
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p. Chapter 4.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?3. Exaustão mental (3/4)
105
Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas com exaustão mental
Formato – Participantes divididos em dois grupos
i. Grupo 1: deveria escrever um texto sobre o que haviam feito no dia anterior sem
usar letras “x” e “z” (letras não tão frequentes) – condição de “não esgotamento”
ii.Grupo 2: deveria escrever um texto sobre o que haviam feito no dia anterior sem
usar letras “a” e “n” (letras frequentes em inglês) – condição de “esgotamento”
Após escreverem o texto, os grupos deveriam fazer o teste da matriz de tarefas:
subgrupos em condições de controle e de máquina de triturar papéis
O que aconteceu?
Fonte: Nicole L. Mead, Roy F. Baumeister, Francesca Gino, Maurice E. Schweitzer, Dan Ariely, Too tired to tell the truth: Self-control resource depletion and dishonesty, Journal of Experimental Social Psychology, Volume 45, Issue 3, May 2009, Pages 594-597, ISSN 0022-1031
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?3. Exaustão mental (4/4)
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Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas com exaustão mental
O que aconteceu?
Ambos os grupos conseguiam resolver o mesmo número de matrizes de tarefas –
“esgotamento” por terem escrito os ensaios não diminuiu a capacidade matemática
Entretanto, resultados bem diferentes na variante com a máquina trituradora
Grupo 1 (condição de “não esgotamento”): aumento em média de 1 matriz àquelas
efetivamente resolvidas (“baixo” grau de desonestidade)
Grupo 2 (condição de “esgotamento”): aumento em média de 3 matrizes, com
malandragem substancialmente maior
Em outras palavras, quanto mais esgotadas mentalmente as pessoas estiverem, mais
tenderão a agir de forma desonesta... (efeito “eu tenho direito”)
Fonte: Nicole L. Mead, Roy F. Baumeister, Francesca Gino, Maurice E. Schweitzer, Dan Ariely, Too tired to tell the truth: Self-control resource depletion and dishonesty, Journal of Experimental Social Psychology, Volume 45, Issue 3, May 2009, Pages 594-597, ISSN 0022-1031
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?4. Atos ilegais ou desonestos cometidos anteriormente (1/2)
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Governança Corporativa
Experimento – Usar produtos falsificados afeta nossa honestidade?
Formato: Pesquisadores utilizaram 20 pares de óculos femininos (originais!) da marca
Chloé estimados em US$ 350 cada (apenas mulheres no experimento)
Cada participante atrelado a uma condição: autêntico, falso ou sem informação
i. Condição “autêntico”: participantes informadas que os óculos eram autênticos
ii. Condição “falso”: informação que os óculos eram réplicas perfeitas, porém falsas
iii. Condição “sem informação”: nada era informado a respeito dos óculos.
Após receberem os óculos, participantes deviam ir para um saguão contemplar
quadros e a vista externa a fim de avaliarem posteriormente a qualidade dos óculos
Na sequência, participantes iam para sala resolver matrizes de tarefas
Fonte: Francesca Gino, Michael I. Norton, and Dan Ariely. The Counterfeit Self: The Deceptive Costs of Faking It. Psychological Science May 2010 21: 712-720, first published on March 23, 2010 doi:10.1177/0956797610366545
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?4. Atos ilegais ou desonestos cometidos anteriormente (2/2)
108
Governança Corporativa
O que aconteceu?
Condição “autêntico”: “apenas” cerca de 30% das participantes afirmaram ter
resolvido mais matrizes do que de fato haviam resolvido
Condição “falso”: percentual subiu para 74%!
Condição “sem informação”: 42% das mulheres trapacearam (sem diferença
estatística em relação ao grupo sob a condição “autêntico”)
Conclusão: usar produtos originais não aumenta nossa honestidade – por outro lado,
usar produtos falsificados afrouxa nossas restrições morais, aumentando nossa
propensão a agir de forma desonesta
Usar produtos falsificados pode alterar a forma como nos vemos e, uma vez que
passamos a nos ver como trapaceiros, aumentamos a chance de burlarmos as regras –
o que dizer sobre executivos que mentem sobre seus currículos?Fonte: Francesca Gino, Michael I. Norton, and Dan Ariely. The Counterfeit Self: The Deceptive Costs of Faking It. Psychological Science May 2010 21: 712-720, first published on March 23, 2010 doi:10.1177/0956797610366545
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?5. Criatividade (1/5)
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Governança Corporativa
Experimento – Criatividade e desonestidade
Formato:
Participantes respondiam inicialmente a três tipos de perguntas, devendo indicar:
Conjunto 1: até que ponto se descreviam por meio de adjetivos ligados à
“criatividade” (inventividade, originalidade, engenhosidade, etc.)
Conjunto 2: quão frequentemente participavam de 72 atividades, algumas das quais
exigiam bem mais criatividade do que outras (boliche, pintura, escrita, corrida, etc.)
Conjunto 3: quanto concordavam com expressões do tipo “eu tenho muitas ideias
criativas”, “eu prefiro atividades que exijam criatividade”, etc.
Fonte: Gino, Francesca; Ariely, Dan. 2012. The dark side of creativity: Original thinkers can be more dishonest. Journal of Personality and Social Psychology. 102(3): 445-459. DOI: 10.1037/a0026406
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?5. Criatividade (2/5)
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Governança Corporativa
Experimento – Criatividade e desonestidade
Após responderem, participantes sentavam na frente de uma tela de computador na
qual havia um quadrado dividido em dois triângulos por meio de uma linha diagonal
Na sequência, apareciam vinte pontos de luz aleatoriamente dentro do quadrado por
apenas um segundo, conforme a seguinte figura:
Fonte: Gino, Francesca; Ariely, Dan. 2012. The dark side of creativity: Original thinkers can be more dishonest. Journal of Personality and Social Psychology. 102(3): 445-459. DOI: 10.1037/a0026406
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?5. Criatividade (3/5)
111
Governança Corporativa
Experimento – Criatividade e desonestidade
Quando os pontos de luz desapareciam, apareciam duas respostas: i) mais para a
direita, ou ii) mais para a esquerda
Os participantes deviam então assinalar se haviam surgido mais pontos de luz no
triângulo da direita ou da esquerda, respectivamente
Teste era repetido 100 vezes seguidas, gerando cada vez mais tédio e cansaço mental
Após 100 repetições, computador informava que teriam que fazer o teste por mais
200 vezes, sendo que, apenas nesta segunda parte, seriam pagos por suas decisões
Detalhe-chave: independentemente do acerto nas respostas, pessoas eram
informadas que todas as vezes que a resposta fosse dada para o lado esquerdo
receberiam US$ 0,05; Enquanto que, se a respostas fossem dadas para o lado direito,
participantes receberiam US$ 0,50 (dez vezes mais)Fonte: Gino, Francesca; Ariely, Dan. 2012. The dark side of creativity: Original thinkers can be more dishonest. Journal of Personality and Social Psychology. 102(3): 445-459. DOI: 10.1037/a0026406
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?5. Criatividade (4/5)
112
Governança Corporativa
Experimento – Criatividade e desonestidade
Situação gerava conflito de interesses: mesmo que a pessoa visse mais pontos no lado
esquerdo, ela deveria decidir se daria sua opinião correta (mais para a esquerda) ou
se procuraria apenas maximizar seu ganho apertando o botão do lado direito
O que aconteceu?
Participantes com maior pontuação nos questionários de criatividade apertaram com
maior frequência o botão do lado direito, resultando em maior ganho pessoal
Particularmente, notou-se uma diferença maior entre os indivíduos mais e menos
criativos quando a diferença do número de pontos que apareciam nos lados esquerdo
e direito eram menores
Logo, a diferença entre os indivíduos se mostrou mais pronunciada em situações de
ambiguidade, quando parece haver mais espaço para justificação
Fonte: Gino, Francesca; Ariely, Dan. 2012. The dark side of creativity: Original thinkers can be more dishonest. Journal of Personality and Social Psychology. 102(3): 445-459. DOI: 10.1037/a0026406
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?5. Criatividade (5/5)
113
Governança Corporativa
Experimento – Criatividade e desonestidade
Observou-se, portanto, correlação positiva entre a criatividade e a frequência das
ações desonestas
Estudo replicado com pessoas de diferentes departamentos de agência de
propaganda, com resultados similares
A relação entre a criatividade e a desonestidade parece ter ser diretamente associada
à capacidade que temos de contarmos para nós mesmos estórias de que estamos
fazendo a coisa certa, mesmo quando não estamos
Quanto mais criativos somos, mais somos capazes de inventar uma boa estória para
justificar nossos interesses pessoais...
Fonte: Gino, Francesca; Ariely, Dan. 2012. The dark side of creativity: Original thinkers can be more dishonest. Journal of Personality and Social Psychology. 102(3): 445-459. DOI: 10.1037/a0026406
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?6. Sentimento de vingança (1/2)
114
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Experimento – Vingança e desonestidade
Experimento em um café no qual participantes poderiam embolsar US$ 5 em 5 min
Participantes recebiam 10 folhas de papel, cada uma contendo diversas palavras
selecionadas aleatoriamente
Trabalho era apenas marcar o máximo de letras adjacentes que encontrassem nas
palavras durante 5 min, circulando-as com uma caneta
Ao final, o pesquisador coletava as folhas de respostas, dava-lhes um maço de notas
de US$ 1 e dizia: “aqui estão seus US$ 5. Por favor conte seu dinheiro, assine o recibo
e deixe-o sobre a mesa. Voltarei depois para recolhê-lo”
O pesquisador ia então para fora do café a fim de procurar um novo voluntário
Questão-chave: maço de notas continha US$ 9 ao invés dos US$ 5 combinados
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p. Chapter 7.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?6. Sentimento de vingança (2/2)
115
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Experimento – Vingança e desonestidade
Esta era a condição de controle “sem irritação”
Variante – situação “com irritação”: celular do pesquisador tocava durante explicação
Ele atendia ao telefone e conversava durante cerca de 20 segundos com um amigo,
marcando de comer uma pizza à noite. Ao “finalizar a chamada”, o pesquisador
continuava a explicação sem pedir desculpas pela interrupção
O que aconteceu?
45% das pessoas na condição “sem irritação” devolviam o dinheiro recebido a mais
Apenas 14% das pessoas submetidas à condição “com irritação” fizeram o mesmo!
Quando algo ou alguém nos irrita, torna-se mais fácil justificar nossas ações imorais –
É como se nossa desonestidade se tornasse um ato compensatório contra aqueles
que nos prejudicaram inicialmente
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p. Chapter 7.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?7. Conflito de Interesses (1/4)
116
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Experimento – Full disclosure como solução hipotética para os conflitos de interesses
Formato – Experimento no qual 146 participantes poderiam ter um dos seguintes papéis:
“Estimadores”: deveriam adivinhar com a maior precisão possível quanto dinheiro
havia em um jarro cheio de moedas, sendo pagos de acordo com sua precisão
“Assessores”: aconselhavam os estimadores sobre quanto dinheiro havia no jarro
Duas diferenças entre estimadores e assessores:
i. Estimadores podiam olhar o jarro apenas por alguns segundos e a certa distância,
enquanto assessores podiam olhar o jarro mais próximos e por vários minutos
ii.Assessores eram informados que havia entre $10 e $30 no jarro, informação não
passada aos estimadores – assessores com vantagem informacional, tornando-se
de certa forma “experts” no assunto
Fonte: Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2005. The Dirt on Coming Clean: Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Legal Studies, 34: 1–25. & Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2011. When Sunlight Fails to Disinfect: Understanding the Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Consumer Research, 37(5): 836-857.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?7. Conflito de Interesses (2/4)
117
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Experimento – Full disclosure como solução hipotética para os conflitos de interesses
Situação de controle: sem conflito de interesses
Na situação de controle, assessores seriam pagos de acordo com a precisão dos
estimadores (sem conflitos de interesses)
Resultado: nesta situação, assessores sugeriam em média um valor de $ 16,50
Variante 1: conflito de interesses sem disclosure
Na variante 1, assessores seriam pagos quanto mais imprecisa (para cima) fosse a
opinião dos estimadores. O quê aconteceu?
Resultado: Nesta situação, assessores sugeriam em média um valor de $ 20.
Fonte: Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2005. The Dirt on Coming Clean: Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Legal Studies, 34: 1–25. & Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2011. When Sunlight Fails to Disinfect: Understanding the Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Consumer Research, 37(5): 836-857.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?7. Conflito de Interesses (3/4)
118
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Experimento – Full disclosure como solução hipotética para os conflitos de interesses
Variante 2: conflito de interesses com disclosure
Na variante 2, assessores continuariam a ser pagos em função da imprecisão (para
cima) da opinião dos estimadores.
Entretanto, desta vez eles deveriam informar aos estimadores que estavam sujeitos a
este conflito de interesses (que sua remuneração estava atrelada ao erro para cima do
valor estimado). O quê aconteceu?
Resultado: Assessores aumentaram o valor de suas recomendações para $24,16, $4 a
mais do que quando não tinham que manifestar seu conflito de interesses
O que os estimadores fizeram? Descontaram apenas $2 do valor sugerido pelos
assessores, estimando um montante superior aquele que da variante 1
Fonte: Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2005. The Dirt on Coming Clean: Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Legal Studies, 34: 1–25. & Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2011. When Sunlight Fails to Disinfect: Understanding the Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Consumer Research, 37(5): 836-857.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?7. Conflito de Interesses (4/4)
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Experimento – Full disclosure como solução hipotética para os conflitos de interesses
Resultado geral da variante 2 com full disclosure do conflito de interesses
De um lado, estimadores não reconheceram a extensão e magnitude do conflito de
interesses dos assessores, descontado um valor inferior ao que deveriam ter feito
Do outro, assessores se sentiram mais à vontade (inclusive moralmente) para
recomendarem um valor bem superior ao que normalmente fariam sem a
necessidade de disclosure
A necessidade do “full disclosure” aumentou o viés do aconselhamento!
Não reconhecemos completamente a influência dos conflitos de interesses sobre
nossas opiniões e sobre as opiniões de terceirosSistemas de remuneração que
embutem conflitos de interesses geram problemas de vieses nas análises, sem
as pessoas perceberem e reconhecerem a gravidade do problema
Fonte: Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2005. The Dirt on Coming Clean: Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Legal Studies, 34: 1–25. & Daylian M. Cain, George Loewenstein, and Don A. Moore. 2011. When Sunlight Fails to Disinfect: Understanding the Perverse Effects of Disclosing Conflicts of Interest. Journal of Consumer Research, 37(5): 836-857.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?8. Observação de atitudes desonestas por pares (1/5)
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Experimento – Contexto social e desonestidade
Formato: Atividade com matriz de tarefas
Diferença: pesquisador dava envelope com $10 para participantes, que deveriam se
pagar e deixar o restante no envelope
Condição de controle (sem desonestidade): Participantes devolviam folha de
respostas com o troco dos $10 para o aplicador, que conferia se tudo estava correto
Resultado: pessoas resolviam em média 7 matrizes, dentre as 20 disponíveis
Condição de maquina de triturar papéis: após o término, participantes trituravam
folha de resultados, pegavam montante devido e deixavam o troco dos $10 em uma
caixa ao lado da porta – pesquisador ficava lendo livro volumoso para deixar claro
que ninguém estava olhando
Resultado: pessoas passaram a “resolver” 12 matrizes em média, 5 a mais
Fonte: Dan Ariely, Shahar Ayal and Francesca Gino. 2009. Contagion and Differentiation in Unethical Behavior: The Effect of One Bad Apple on the Barrel. Psychological Science.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?8. Observação de atitudes desonestas por pares (2/5)
121
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Experimento – Contexto social e desonestidade
Condição de “Madoff”:
Pesquisadores adicionavam componente social à condição de máquina trituradora. O
que aconteceria se as pessoas vissem terceiros trapaceando flagrantemente?
Um ator – jovem de vinte e poucos anos – , se fazendo passar por outro participante,
sentava-se à mesa ao lado. Os dois recebiam a folha de resposta ao mesmo tempo.
Após 60 segundos, quando a maioria das pessoas ainda estava na primeira matriz, o
ator exclamava: Terminei todas!
Naturalmente, participantes sabiam que seria impossível ele ter terminado todas as
20 matrizes em 1 minuto...
Pesquisador dizia então para o ator triturar a folha de resposta, pegar os $10 do
envelope e ir embora
Fonte: Dan Ariely, Shahar Ayal and Francesca Gino. 2009. Contagion and Differentiation in Unethical Behavior: The Effect of One Bad Apple on the Barrel. Psychological Science.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?8. Observação de atitudes desonestas por pares (3/5)
122
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Experimento – Contexto social e desonestidade
Condição de “Madoff”:
Ator pegava então os $10 e saia sorrindo, sob o olhar atônito dos participantes
O que aconteceu?
Pessoas passaram a afirmar resolver 15 matrizes em média, 25% a mais do que na
condição de trituração (12) e mais do que o dobro do que na situação de controle (7)
Por que as pessoas passaram a trapacear mais na condição “Madoff”?
Duas possibilidades: racionalidade (custo-benefício ao perceber que não seriam
identificados) ou impacto do contexto social decorrente da mudança da norma social
ao ver que o comportamento de trapacear era socialmente mais aceitável
Para dirimir esta dúvida – nova variante:
Fonte: Dan Ariely, Shahar Ayal and Francesca Gino. 2009. Contagion and Differentiation in Unethical Behavior: The Effect of One Bad Apple on the Barrel. Psychological Science.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?8. Observação de atitudes desonestas por pares (4/5)
123
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Experimento – Contexto social e desonestidade
Condição da Questão Prévia:
Nesta variante, ator fazia uma pergunta durante distribuição das folhas com as
matrizes: “Com licença. Com base nessas instruções, eu posso apenas dizer que
respondi todas as questões, pegar todo o dinheiro e ir embora?”
Após alguns segundos, pesquisador respondia então “Você pode fazer o que quiser”
Participantes ficavam cientes que poderiam trapacear se assim o desejassem
O que aconteceu?
As pessoas afirmaram resolver 10 matrizes em média, duas a menos do que na
condição de trituração (12) e 50% a menos do que na condição “Madoff” (15)
Quando somos alertados sobe a possibilidade de comportamento imoral, refletimos mais
e tendemos a nos comportar de forma mais honesta
Fonte: Dan Ariely, Shahar Ayal and Francesca Gino. 2009. Contagion and Differentiation in Unethical Behavior: The Effect of One Bad Apple on the Barrel. Psychological Science.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?8. Observação de atitudes desonestas por pares (5/5)
124
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Experimento – Contexto social e desonestidade
Condição do “Madoff” externo:
Nessa variante, realizada com estudantes da Univ. Carnegie Mellon, ator vestia
jaqueta com logomarca de universidade rival da mesma cidade (Univ. Pittsburgh)
Ideia: avaliar se sinalização de ação ilegal por pessoa externa ao grupo social dos
participantes influencia os resultados
O que aconteceu?
Pessoas afirmaram resolver apenas 9 matrizes, 6 a menos que na condição “Madoff”
sem utilização da jaqueta e 3 a menos do que na condição de trituração sem o ator
Quando o burlador faz parte de nosso grupo social, nos identificamos com a pessoa e,
consequentemente, sentimos que ser desonesto se torna mais aceitável socialmente
Por outro lado, quando o burlador é de fora de nosso grupo social, temos mais
dificuldade em justificar nosso comportamento desonesto, nos tornando mais
corretos como forma de nos distanciarmos da pessoa desonestaFonte: Dan Ariely, Shahar Ayal and Francesca Gino. 2009. Contagion and Differentiation in Unethical Behavior: The Effect of One Bad Apple on the Barrel. Psychological Science.
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?9. Possibilidade de pares se beneficiarem de nossa desonestidade (1/5)
125
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Experimento – Desonestidade em Ambientes Colaborativos
Formato – Atividade com matriz de tarefas com três condições:
i. Condição de controle: sem possibilidade de ações desonestas
ii. Condição de trituração: similar aos experimentos anteriores com máquina trituradora
iii.Condição de trituração com elemento colaborativo: condição com mais de uma pessoa
Condição de trituração com elemento colaborativo – variante 1: grupo sem contato
Equipe de duas pessoas ao invés de atividade individual: Participantes informados de
que receberiam metade do valor a ser pago para a dupla
Em sala com diversos participantes, cada um recebia um envelope com um números
Após os 5 min para resolução das matrizes, as pessoas trituravam suas folhas de
resposta e procuravam a pessoa na sala com o número similar de envelope
Fonte: Francesca Gino and Lamar Pierce. 2009. Dishonesty in the Name of Equity. Psychological Science 2009 20: 1153. DOI: 10.1111/j.1467-9280.2009.02421.x
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?9. Possibilidade de pares se beneficiarem de nossa desonestidade (2/5)
126
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Experimento – Desonestidade em Ambientes Colaborativos
Condição de trituração com elemento colaborativo – variante 1: grupo sem contato
Ao encontrarem seu par, ambos participantes escreviam em seus envelopes quantas
questões haviam resolvido
Depois, olhavam o envelope do outro e anotavam quanto o outro havia resolvido
Ao final, somavam os dois números para obter o resultado final – Nenhum contato
verbal entre os participantes era permitido durante todo o experimento
O que aconteceu?
As pessoas afirmaram resolver em média 3 matrizes a mais do que na condição de
trituração individual
Logo, quando as pessoas percebiam que elas e os outros iriam se beneficiar do
resultado final, o nível de desonestidade tendia a aumentar
Fonte: Francesca Gino and Lamar Pierce. 2009. Dishonesty in the Name of Equity. Psychological Science 2009 20: 1153. DOI: 10.1111/j.1467-9280.2009.02421.x
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?9. Possibilidade de pares se beneficiarem de nossa desonestidade (3/5)
127
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Experimento – Desonestidade em Ambientes Colaborativos
Condição de trituração com elemento colaborativo – variante 2: supervisor
Participantes sorteados para formarem duplas, sem qualquer contato verbal durante
o experimento – membros 1 e 2
Membro 1 resolvia as matrizes durante 5 minutos sob a observação do membro 2; Na
sequência, ocorria o inverso
Após terem resolvido as matrizes sob o olhar do outro, deviam triturar as folhas de
resposta, escrever em um envelope o número de questões que cada um havia
resolvido e entregar ao pesquisador, recebendo o dinheiro equivalente
O que aconteceu?
O nível de desonestidade foi a zero, indicando que a supervisão direta e imparcial
pode eliminar ações fora das regras
Fonte: Francesca Gino and Lamar Pierce. 2009. Dishonesty in the Name of Equity. Psychological Science 2009 20: 1153. DOI: 10.1111/j.1467-9280.2009.02421.x
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?9. Possibilidade de pares se beneficiarem de nossa desonestidade (4/5)
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Experimento – Desonestidade em Ambientes Colaborativos
Condição de trituração com elemento colaborativo – variante 2: com interação
Após o sorteio das duplas, participantes eram encorajados a conversar com seus
parceiros por meio de lista de questões sobre hábitos cotidianos a fim de quebrar o
gelo. Na sequência, resolviam as matrizes de forma similar à variante “supervisor”
O que aconteceu quando inseriu-se este elemento de interação social?
Participantes afirmaram resolver em média 4 matrizes a mais do que na condição de
trituração individual
Logo, a possibilidade de socialização se sobrepõe aos efeitos da supervisão
Fonte: Francesca Gino and Lamar Pierce. 2009. Dishonesty in the Name of Equity. Psychological Science 2009 20: 1153. DOI: 10.1111/j.1467-9280.2009.02421.x
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Que fatores tendem a aumentar a desonestidade nas pessoas?9. Possibilidade de pares se beneficiarem de nossa desonestidade (5/5)
129
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Resultado geral:
Quando trabalhamos com uma pessoa distante e desconhecida que se beneficia de
nossa desonestidade, nossa propensão a agir desonestamente se torna maior do que
se estivéssemos trapaceando apenas para nós mesmos
Quando trabalhamos sob supervisão direta de um monitor desconhecido,
dificilmente trapaceamos
Quando trabalhamos sob supervisão de uma pessoa amistosa, nos tornamos mais
propensos a agir desonestamente do que se estivéssemos trapaceando em favor de
um desconhecido
Os aspectos sociais da desonestidade são tão poderosos que tendem a se sobrepor aos
efeitos benéficos de monitoramento
Fonte: Francesca Gino and Lamar Pierce. 2009. Dishonesty in the Name of Equity. Psychological Science 2009 20: 1153. DOI: 10.1111/j.1467-9280.2009.02421.x
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As pessoas agem apenas como homo economicus?
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Experimento – Jogo da Confiança (Trust Game)
Formato: Dois participantes interagem para decidir como dinheiro será dividido entre eles
Participantes não se conhecem nem possuem qualquer contato durante experimento
O participante A recebe $20 e decide se deseja transferir algum montante para B – em
caso negativo, ele pode ir embora com os $20
O eventual montante a ser transferido para B será multiplicado por 3, e B terá a opção
ao final de retribuir para A transferindo alguma parte de seu montante recebido
B também pode deixar do experimento com seu montante integral
O que acontece?
Em média, participantes A transferem 50% de seus recursos para B ($10)
Os participantes B, por sua vez, em média devolvem 30% a maios dos recursos
cedidos por A ($13)Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
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As pessoas agem apenas como homo economicus?
131
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Experimento – Jogo do Ultimato
Formato: Dois participantes interagem para decidir como dinheiro será dividido entre eles
Os participantes não se conhecem previamente nem possuem qualquer contato físico
ou visual durante o experimento
O participante A recebe $50 e propõe como o dinheiro deveria ser dividido entre eles
Na sequência, o participante B pode aceitar ou recusar. Em caso de recusa, ambos
saem do experimento sem qualquer recurso
Você é o participante B e A propõe $49 para ele e $1 para você. Você aceita?
O que acontece?
Em média, participantes A oferecem um divisão perfeita 50:50%
Quando ofertas de A se mostram inferiores a 20% do total, geralmente são rejeitadas!
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
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As pessoas agem apenas como homo economicus?
132
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Experimento – Jogo do Ditador
Formato:
Dois participantes que não se conhecem previamente nem possuem qualquer contato
físico ou visual durante o experimento participam
Um sorteio define quem será o “ditador” do jogo
O participante A (sorteado) recebe $20 e define como o dinheiro deveria ser dividido
entre eles em definitivo
O que acontece?
Em média, as pessoas que atuam como participantes A definem uma alocação de 30%
para os participantes B, deixando de maximizar seus ganhos pessoais
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
As pessoas agem apenas como homo economicus?
133
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Experimento – Taxistas de aeroportos
Formato:
Dois pesquisadores (um deles cego) pegavam taxi do aeroporto para uma estação de
trem pré-definida como se estivessem pela primeira vez na cidade
Em pré-análise, sabia-se que o valor justo da corrida seria $7 pelo taxímetro
Cada um solicitou a taxistas corridas até a estação. Qual foi o resultado médio? Houve
diferença no preço pago pelo pesquisador cego? Em que sentido?
O que aconteceu?
O pesquisador cego acabou pagando menos em média pelas corridas
Ainda mais interessante, em muitos casos o pesquisador cego acabou pagando menos
do que $7 – seja porque os taxistas demoravam para ativar o taxímetro ou porque em
muitos casos eles o desligavam antes de chegar à estação...
Os taxistas sacrificaram um pouco de sua renda em favor do pesquisador cego...
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
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As pessoas agem apenas como homo economicus?
134
Governança Corporativa
Experimento – Tomates na feira
Formato:
Dois pesquisadores – um deles cego – iam separadamente para feira comprar tomates
Cada um solicitava aos feirantes que escolhessem dois quilos de tomates ao seu
critério, enquanto iriam comprar outra coisa mais adiante. 10 minutos depois,
retornavam, pagavam e levavam o saco cheio de tomates.
Ao final, levavam os tomates para um feirante contratado (distante da feira) que
avaliava a qualidade dos tomates comprados
Quem recebeu os melhores tomates?
Após comprar com vários feirantes diferentes, a qualidade visual dos tomates
selecionados para o pesquisador cego se mostrou substancialmente melhor do que os
tomates entregues ao outro pesquisador. Por quê?
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
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As pessoas agem apenas como homo economicus?
135
Governança Corporativa
Famoso episódio ocorrido na primeira rodada do US Open de golfe de 1925: (1/2)
O golfista Bobby Jones enviou uma bola para área distante com mato fechado no 11º
buraco. Ao tomar posição para a próxima tacada, a cabeça do taco roçou a grama
que, por sua vez, fez a bola mexer muito ligeiramente
De acordo com a regra 18, ele deveria chamar uma penalidade contra si e contar esse
movimento como uma tacada. Jones estava em uma disputa apertada pela vitória
Como estavam distantes de todos, seu assistente pediu desesperadamente para Jones
ignorar o movimento da bola, onde, segundo ele, teria havido “um acidente no qual
não uma regra estúpida não seria aplicável”. Ele disse então para Jones que “ninguém
jamais ficaria sabendo”
Jones respondeu “Eu ficarei. E você também”. Ele deu a tacada e chamou a
penalidade para si. Ao explicar o ocorrido, até seu principal oponente afirmou que a
bola poderia ter apenas tremido e voltado ao lugar original
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
As pessoas agem apenas como homo economicus?
136
Governança Corporativa
Famoso episódio ocorrido na primeira rodada do US Open de golfe de 1925: (2/2)
Jones insistiu que a bola de fato se moveu e exigiu que seu número total de tacadas
fosse 77 e não 76. O jogo terminou empatado e foi para um playoff, no qual Jones
perdeu o US Open...
Quando os repórteres o questionaram sobre o fato, ele respondeu dizendo: “vocês
também poderiam me elogiar por não roubar bancos”
Obs. Ele ganhou o US Open no ano seguinte, totalizando quarto conquistas do torneio ao
longo de sua vida e 13 majors ao longo de sua carreira, aposentando-se aos 28 anos
para atuar como advogado
A federação norte-americana de Golf instituiu o prêmio Bob Jones em sua homenagem,
concedido anuamente para o jogador com maior espírito esportivo do circuito
Fonte: ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
Escândalo de Governança Corporativa
Análise agregada: fatores comuns associados aos problemas de governança
Fatores Externos Fatores Internos
Expansão excessiva das
atividades
Decisões estratégicas enviesadas
Demonstrações Financeiras
Inflacionadas
Controles Internos
Deficientes
Sistema de Remuneração Inadequado
Causas Imediatas
Causas Fundamentais
Causas Mediadoras
Passividade dos Investidores
Concentração Excessiva de
Poder
Conselho de Administração
Ineficaz
Falha na atuação dos Guardiões de
GC
Regulação Deficiente
Ilusão de Sucesso da Companhia
Atmosfera Interna de Ganância e Arrogância
Ausência de Tom Ético no Topo
GC vista como Ferramenta de
Marketing
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Prof. Dr. Alexandre Di Miceli da Silveira®
Cultivo da consciência das pessoas como parte da boa governança
Governança Corporativa
Peso da consciência nas decisões pode mudar em função das circunstâncias
Três fatores principais ativam esse comportamento cooperativo não egoísta:
1. Instruções e exemplo das lideranças
2. Expectativa de que os outros agirão da mesma forma
3. Magnitude dos benefícios causados a terceiros
Além destes, técnicas simples fomentar maior honestidade nas decisões:
1. Lembretes morais
2. Promessas de honra
3. Assinatura prévia
4. Supervisão independente e anônima
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Fontes: STOUT, Linda. 2010. Cultivating Conscience. ARIELY, Dan. 2012. The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves.1 ed. Harper. 304 p.
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Governança Corporativa
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“Il faut tout attendre et tout craindre du temps et des hommes”
Luc de Clapiers, Marquis De Vauvenargues
Réflexions et maximes, 102 (1746)
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Que fatores tendem a aumentar a honestidade nas pessoas?1. Lembretes morais
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Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas com lembretes morais
Formato:
229 participantes: pessoas separadas em dois grupos
Metade deveria escrever num papel em até 2 minutos os 10 mandamentos antes de
fazer os testes da matriz. A outra metade deveria escrever o nome de 10 livros que
haviam lido antes de começarem os testes
O que aconteceu?
Grupo que deveria escrever os nomes de 10 livros que haviam lido fraudou o teste de
forma similar às demais pessoas (6 respostas certas em média)
Já o grupo que deveria recitar os 10 mandamentos não fraudou os testes, apresentando
4 respostas certas em média – mesmo que ninguém soubesse os 10 mandamentos...
Conclusão: o mero fato de recordar certos padrões morais foi suficiente para elevar o
senso de correção das pessoasFonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a honestidade nas pessoas?2. Promessa de Honra
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Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas com promessas de honra
Formato:
207 participantes: 5 minutos para resolver o máximo possível de matrizes de tarefas;
US$ 0,50 por matriz resolvida
Diferença: pesquisadores pediram para os participantes (estudantes do MIT e Yale)
assinarem um documento afirmando que “o experimento deveria ser realizado
dentro dos padrões éticos definidos pelo código de honra do MIT/Yale”
O que aconteceu?
4 respostas certas em média, sem fraudes!
Obs. Nenhuma das duas faculdades sequer possui um código de honra...
Lembrar-se dos padrões morais nos momentos de tentação é fundamental para diminuir
comportamentos desonestos...
Fonte: Mazar, Nina, Amir, On and Ariely, Dan, The Dishonesty of Honest People: A Theory of Self-Concept Maintenance (2008). Journal of Marketing Research, Vol. 45, No. 6, pp. 633-644, 2008. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=979648
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Que fatores tendem a aumentar a honestidade nas pessoas?3. Assinatura Prévia (1/2)
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Experimento – Matriz de tarefas com assinatura prévia
Formato:
Nesta variante, pesquisadores criaram um formulário para que os voluntários
preenchessem o número de questões que afirmavam ter acertado;
Formulário estruturado para se tornar parecido com o preenchido para o IR dos EUA
Para metade, formulário deveria ser preenchido inicialmente com uma assinatura ao
final confirmando as informações (assinatura como verificação); Para a outra metade,
formulário exigia assinatura antes do preenchimento afirmando que todas as
informações eram verdadeiras (lembrete moral)
O que aconteceu?
Grupo com formulário que exigia assinatura ao final fraudou o teste adicionando cerca
de 4 matrizes extras. Já o grupo com o formulário que exigia assinatura antes do
preenchimento fraudou o teste apenas com uma 1 matriz a mais do que o correto
Fonte: Shu, L. L., Mazar, N., Gino, F., Ariely, D., & Bazerman, M. H. (2012). When to sign on the dotted line? Signing first makes ethics salient and decreases dishonest self-reports. Harvard Business School NOM Unit Working Paper No. 11-117
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Que fatores tendem a aumentar a honestidade nas pessoas?3. Assinatura Prévia (2/2)
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Governança Corporativa
Experimento – Matriz de tarefas com assinatura prévia
Formato:
Companhia de seguros de veículos exigia dos segurados formulário com
quilometragem rodada no ano anterior para definir prêmio para o próximo exercício.
Naturalmente, pessoas tendiam a colocar uma quilometragem menor do que a real
Pesquisadores enviaram 10.000 formulários que exigiam assinatura no início do
documento com o seguinte texto: “Asseguro que a informação que forneço aqui é
verdadeira”. Enviaram outros 10.000 formulários tradicionais que exigiam a
assinatura ao final. Todos os outros aspectos dos formulários eram idênticos.
O que aconteceu?
Quilometragem do grupo que assinou o formulário no início: 26.100 milhas;
quilometragem do grupo que assinou ao final: 23.700 milhas – 2.400 milhas 10% a mais!
A maioria das pessoas trapaceia, mas só um pouquinho...
Fonte: Shu, L. L., Mazar, N., Gino, F., Ariely, D., & Bazerman, M. H. (2012). When to sign on the dotted line? Signing first makes ethics salient and decreases dishonest self-reports. Harvard Business School NOM Unit Working Paper No. 11-117
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“Tutto cambia affinché nulla cambi”
Don Fabrizio, príncipe de Salina, para o cavaleiro Chevalley destronado na Sicilia a fim de buscar uma classe dirigente para o novo Rieno da Itália
"il Gattopardo" de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1958)
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Psicopatas – definição de acordo com a 10ª edição da World Health Organization (ICD-10): ao menos 3 das características abaixo:
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Governança Corporativa
1. Completa indiferença pelos sentimentos dos outros
2. Atitude grosseira e persistente de irresponsabilidade e desrespeito por
normas sociais, regras e obrigações
3. Incapacidade de manter relacionamentos duradouros, embora não tendo
nenhuma dificuldade em estabelecê-los
4. Tolerância muito baixa à frustração e um baixo limite para gerar agressões,
incluindo violência
5. Incapacidade de experimentar culpa ou tirar proveito de uma experiência,
particularmente punição
6. Propensão acentuada a culpar os outros ou a oferecer racionalizações
plausíveis para comportamentos que geraram conflitos
7. Possível irritabilidade persistente como característica adicional
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Psicopatas – definição de acordo com Psychopathy Checklist Revised(PCL-R) , de Robert Hare (1/2)
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Fator 1: Personalidade “narcisismo agressivo”
1. Loquacidade / charme superficial
2. Senso grandioso de auto-estima
3. Mentira patológica
4. Manipulação de outros / artimanha, comportamento ardiloso
5. Ausência de remorso ou sentimento de culpa
6. Superficialidade sentimental (emoção genuína apenas de curto prazo)
7. Insensibilidade, ausência de empatia
8. Incapacidade de aceitar a responsabilidade por suas próprias ações
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Psicopatas – definição de acordo com Psychopathy Checklist Revised(PCL-R) , de Robert Hare (2/2)
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Governança Corporativa
Fator 2: Histórico “estilo de vida cheio de desvios sociais”
1. Estilo de vida parasitário
2. Controle comportamental deficiente
3. Falta de metas realistas de longo prazo
4. Impulsividade
5. Irresponsabilidade
6. Delinquência juvenil
7. Problemas comportamentais desde o início
8. Revogação de liberdade condicional / reincidência
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FIM
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