Introducao a Gestao Financeira

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Gestão Financeira de Empresas Rolando Rodrigues A GESTÃO FINANCEIRA E A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS (NOÇÕES ELEMENTARES DE INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA)

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Introducao a Gestao Financeira

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  • Gesto Financeira de Empresas

    Rolando Rodrigues

    A GESTO FINANCEIRA

    E A

    ANLISE DE INVESTIMENTOS

    (NOES ELEMENTARES DE INTRODUO GESTO FINANCEIRA)

  • Gesto Financeira de Empresas

    Rolando Rodrigues

    NOES ELEMENTARES DE INTRODUO GESTO FINANCEIRA

    I-INTRODUO

    A empresa quando se dirige ao mercado para adquirir bens, servios, fora de trabalho, ou mesmo

    para vender os seus produtos e/ou servios, utiliza neste processo de troca, como qualquer outro

    agente econmico, a moeda, a qual funciona como um equivalente geral e universal. No processo de

    trocas entre a empresa e o mercado, identificam-se dois tipos de fluxos, os reais (de bens e servios) e

    os monetrios (ou financeiros) de contrapartida.

    Trs pticas distintas podem ser evidenciadas nestes fluxos:

    -A primeira a ptica financeira e diz respeito ao movimento de capitais que a empresa troca com o

    exterior. Est directamente relacionada com a remunerao dos factores e dos bens e servios

    transaccionados. Podemos distinguir, as despesas, que correspondem remunerao dos factores

    produtivos e as receitas, que correspondem remunerao das vendas efectuadas e dos servios

    prestados.

    Em sntese, despesas e receitas, dizem respeito a factos que originando, as primeiras obrigaes a

    pagar e as segundas direitos a receber, iro provocar, respectivamente, sadas e entradas de valores

    monetrios.

    - A segunda ptica a econmica ou produtiva, e est associada transformao e incorporao dos

    diversos materiais, mo-de-obra e outros, at se atingir o produto (bem ou servio) final. Os valores

    incorporados e gastos na produo designam-se por custos. Por sua vez, os produtos acabados de

    fabricar e aptos para a venda designam-se por proveitos. Em concluso, a empresa ao consumir bens

    e servios suporta custos; ao produzi-los gera proveitos.

    Compras

    Pagamentos

    Vendas

    Recebimentos

    Remunerao do

    capital

    Fluxo real

    OPERAES

    EMPRESA

    Fluxo financeiro

    GESTO FINANCEIRA

    Fluxos reais e financeiros de contrapartida

    Investimento

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    - Finalmente, a terceira ptica a de tesouraria e corresponde s entradas e sadas de meios

    monetrios da empresa. Nesta ptica, podemos distinguir os recebimentos, que correspondem

    entrada de valores monetrios para a empresa, e os pagamentos, que dizem respeito s sadas de

    valores monetrios.

    Da observao dos fluxos da empresa evidencia-se que toda a actividade econmica assenta num

    processo de troca que exige disponibilidade de meios monetrios. Mas, toda a deteno de dinheiro

    comporta um custo. A empresa deve ao mesmo tempo dispor de dinheiro e assegurar a remunerao

    (rentabilizao) dos capitais imobilizados. Nenhuma das aces levadas a cabo pela empresa tanto no

    que diz respeito ao seu funcionamento como ao seu desenvolvimento e crescimento escapa a este

    duplo condicionalismo.

    Assim sendo, observa-se ento, que para alm de recursos humanos, tcnicos etc., a empresa dispe

    tambm de recursos financeiros que afecta e rendibiliza, quer atravs do seu funcionamento quer

    atravs dos sucessivos investimentos que vai realizando. O subsistema de gesto que gere (planeia,

    organiza, dirige e controla) estes recursos, o da gesto financeira da empresa, ou da funo

    financeira da empresa.

    II-A GESTO FINANCEIRA DA EMPRESA (ou FINANAS EMPRESARIAIS)

    Esta funo de gesto subdivide-se em duas reas de competncias mais especficas que so a

    gesto dos meios financeiros (gesto financeira propriamente dita) e o controlo de gesto (podendo

    esta ser autnoma e independente da funo financeira).

    O Controlo de Gesto, por via de regra, agrega a ANLISE FINANCEIRA (ou Anlise Econmico-

    Financeira) que tem como objectivo sistematizar e interpretar a informao de gesto da empresa.

    Podemos definir a Gesto Financeira, propriamente dita, como o processo de obteno de recursos financeiros que possibilitem empresa atingir e manter o seu nvel de actividade desejada ao menor custo e com a mxima rendibilidade dos capitais investidos. Aquela obteno de recursos financeiros deve ser ponderada com base em indicadores relativos empresa mas que vo muito para alm dela, abrangendo toda a sua envolvente desde o mercado em que actua at conjuntura econmica em que ela tem de actuar. Poderemos assim dizer que, os objectivos fundamentais da Gesto Financeira (que de resto tambm so os de qualquer empresa) so os de assegurar a sua estabilidade e rendibilidade: -Estabilidade, no sentido da no afectao do ciclo produtivo por falta de pagamentos, e ser assegurada a capacidade de desenvolvimento da empresa concretizada no seu esforo de investimento, sem que o risco de falncia ou insolvncia seja demasiado elevado.

    -Rendibilidade, no sentido de minimizao dos custos assumidos perante terceiros a fim de obter os meios financeiros indispensveis ao seu financiamento, o que implica obter nas melhores condies de prazo e taxa para esses mesmos fundos, e maximizao dos proveitos a receber de terceiros resultantes da aplicao nas melhores condies de prazo e taxa de meios financeiros que liberta.

    II.1- Gesto Financeira

    Como decorre do atrs descrito, a gesto financeira (propriamente dita), tem como funo base o

    Planeamento Financeiro da empresa, a longo, mdio e curto prazo. O planeamento financeiro vai reflectir as

    implicaes financeiras das decises estratgicas de investimento e de financiamento tomadas pela empresa.

    Como todo o planeamento estratgico, o plano financeiro ter de ser permanentemente actualizado e ajustado

    s decises tomadas, de modo a reflectir continuamente o plano estratgico da empresa quantificado em

    termos monetrios.

    Poder-se- dizer que a gesto financeira trata, em primeiro lugar, da criao de valor, pelo que a questo da

    avaliao dos activos essencial para todas as decises financeiras. Por exemplo, imprescindvel avaliar e

    perceber se o investimento numa nova unidade produtiva ou num novo equipamento vale mais do que o

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    capital que vai ser investido ou se o preo de aquisio do activo justo. De igual modo, quando uma

    empresa procede emisso de aces ou de obrigaes, indispensvel verificar se os preos de emisso

    so adequados e justos.

    Em termos prticos, poder-se-o identificar seis reas ou segmentos de actuao articuladas e

    complementares, mas que exigem competncias diferenciadas, mas devidamente articuladas e

    complementadas: (no uma classificao normativa, apenas uma arrumao possvel)

    - Avaliao de Investimentos Reais

    - Gesto de Tesouraria, ou Gesto Financeira de Curto Prazo.

    - Gesto de Financiamento, ou Fontes de Financiamento de Mdio e Longo Prazo.

    - Estrutura de Capital e Politica de Dividendos

    - Planeamento Financeiro a Longo Prazo

    - Avaliao de Empresas

    1.1- Avaliao de Investimentos Reais

    Esta rea est desenvolvida em mdulo autnomo.

    1.2-Gesto de Tesouraria, ou Gesto Financeira de Curto Prazo

    A gesto dos fluxos correntes de recursos e necessidades financeiras, tambm designada por gesto

    de tesouraria (funcionamento - recebimentos e pagamentos correntes), e gere os recursos afectos ao

    exerccio da actividade corrente e onde se verifica a definio de objectivos de curto ou curtssimo

    prazo.

    O financiamento do ciclo de explorao assegurado pelos fluxos gerados, por capitais permanentes

    que cubram as necessidades de fundo de maneio e por financiamentos compensatrios da

    sazonalidade dos ciclos ou de situaes conjunturais das actividades. 1.3-Gesto de Financiamento, ou Fontes de Financiamento de Mdio e Longo Prazo

    Este segmento da actividade da gesto financeira tem como objectivo tomar e implementar decises de

    investimentos, ou seja, responder s questes de quanto, quando e em qu, investir.

    Deste modo, a gesto de investimentos, constitui, por via de regra, uma varivel critica do processo

    global estratgico da empresa, pelo que uma funo do(s) gestor(es) de topo, caracterizando-se por

    uma gesto com objectivos de mdio e longo prazo

    O financiamento do investimento poder ser realizado com recurso a capitais prprios ou a capitais

    alheios ou ainda atravs da combinao das duas fontes de financiamento. A escolha das fontes de

    financiamento vai depender de uma multiplicidade de factores que tero de ser criteriosamente

    estudados e ponderados em cada situao.

    1.4- Estrutura de Capital e Politica de Dividendos

    Estrutura de Capital

    O valor de uma empresa o valor global do seu negcio, ou seja, o valor de todas as

    responsabilidades financeiras da empresa perante os accionistas e perante credores. O valor da

    empresa , pois, igual a:

    V = D + E

    onde D designa o valor de mercado da dvida e E o valor de mercado dos capitais prprios.

    Ao peso relativo de D e E chama-se estrutura de capital. A sua optimizao, ou seja, a sua

    manipulao no sentido da maximizao do valor de E, a principal deciso estrutural na gesto

    financeira de uma empresa.

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    Politica de Dividendos

    Os resultados gerados pela empresa podem ter duas finalidades: o seu reinvestimento pela empresa;

    ou a sua distribuio pelos accionistas (dividendos). A deciso de, por um lado, distribuir ou no

    dividendos num determinado perodo e, por outro, o seu valor, constituem a politica de dividendos.

    1.5 Planeamento Financeiro a Longo Prazo

    O planeamento de longo prazo um processo de tomada decises estratgicas que devem ser consideradas em termos globais. O planeamento financeiro vai reflectir as implicaes financeiras das decises estratgicas de investimento e financiamento tomadas pela empresa. O processo de planeamento financeiro desenvolve-se em diversas fases, desde a formulao de alternativas estratgicas, a definio de cenrios alternativos, a seleco do cenrio que mais se adequa aos objectivos estratgicos assumidos para a empresa, passando pela anlise de desvios e ajustamento do plano. 1.6- Avaliao de Empresas

    O valor de uma empresa depende de inmeros factores. Uns de carcter objectivo e conjuntural, outros de carcter totalmente subjectivo. Nesta conformidade, para alm de uma anlise detalhada da empresa (auscultando toda uma srie de variveis que passam pela sua posio de mercado, poltica de investimentos, rendibilidade, estrutura financeira, caractersticas da gesto, qualidade dos seus recursos humanos, etc.), deve tambm ser efectuada uma anlise da sua envolvente, onde se incluem variveis que, normalmente, escapam ao controlo das empresas (variveis de natureza macro - econmica, politica, o sector actividade e a concorrncia).

    II.2- Controlo de Gesto e Anlise Financeira No Controlo de Gesto, englobam-se as actividades de tratamento e controlo e interpretao da

    informao de gesto, nomeadamente; A Contabilidade A elaborao de Oramentos A elaborao dos mapas financeiros O Controlo Oramental As Auditorias Internas A Anlise Financeira (ou Anlise Econmico Financeira) Frequentemente tambm atribuda aos responsveis pela rea financeira a tarefa de gerir a rea de secretariado e supervisionar os fluxos de documentos internos (a chamada Gesto Administrativa correio, atendimento telefnico, emisso e recepo de documentos, assegurando e actualizando os circuitos documentais mais apropriados, o desenho e estrutura dos documentos, as formas de validao dos mesmos e a sua distribuio pelos diferentes destinatrios internos ou externos, bem como a organizao e gesto dos arquivos. O conjunto das actividades da Contabilidade, elaborao de Oramentos, elaborao de mapas financeiros e Controlo Oramental, asseguram o registo, interpretao e anlise dos factos da gesto, fornecendo assim informao relevante para a tomada de decises de gesto. As Auditorias Internas so actividades de controlo e verificao de conformidade de procedimentos e decises. As restantes, so actividades processuais inerentes ao exerccio das operaes correntes e que podem variar significativamente, conforme o modelo organizacional e mbito de actividade de cada organizao. No sentido de enquadrar e apoiar a interpretao da gesto financeira, propriamente dita, comearmos por fazer uma breve anlise da informao produzida pelo Controlo de Gesto, e, depois de algumas incurses das principais ferramentas de apoio, passaremos gesto financeira, ou seja, anlise e avaliao das decises de investimento, das decises de financiamento dos investimentos e da necessria interaco entre as decises de investimento e as decises de financiamento, incluindo o financiamento das necessidades de fundo de maneio.

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    Concluiremos com uma breve digresso por alguns tpicos da Anlise Econmico-Financeira da empresa.

    III- A Informao Econmica e Financeira III. 1- Fontes para a produo da informao de Gesto

    A contabilidade, enquanto sistema de informao, vai recolher, tratar e registar todos os dados que

    viabilizem informao adequada, acessvel, transparente e credvel sobre os movimentos financeiros e

    as alteraes patrimoniais da empresa. O processamento dos dados vai obedecer a uma metodologia

    imposta pelo Sistema de Normalizao Contabilistica (SNC), o qual prev entre outros, o registo dos

    factos patrimoniais atravs de contas, que se encontram codificadas num quadro de contas; de acordo

    com a natureza e funo dos elementos patrimoniais e que apresentam determinadas caractersticas

    comuns e especficas.

    A contabilidade, de acordo com as necessidades e objectivos da informao a recolher e dos meios de

    que a empresa est dotada, pode apoiar a gesto a diferentes nveis; pode registar as movimentaes

    patrimoniais em geral, (contabilidade financeira ou geral), prestar informao sobre a composio

    dos custos dos produtos ou servios, das despesas e resultados de diferentes centros de actividade da

    empresa (contabilidade analtica ou de custos) e ainda servir de suporte elaborao de previses

    da empresa (contabilidade previsional ou oramental). III.2- As Divises da Contabilidade

    Sendo o objectivo da contabilidade quantificar o que ocorre numa unidade econmica, torna-se necessrio estabelecer critrios com vista classificao dos acontecimentos ou factos a relevar. Tendo em conta o tipo de factos e o perodo a que a relevao dos mesmos respeita, teremos : a)- rea de relacionamento em que se desenvolvem as operaes (externas e internas), e teremos : - Contabilidade externa, geral ou financeira, que regista as operaes externas da empresa, ou seja, aquelas que respeitam empresa no seu todo. - Contabilidade interna, que regista as operaes realizadas no seio da empresa ( tambm dita de explorao ou de custos) b)- Perodo a que a relevao dos factos respeita, e teremos : - Contabilidade previsional exprime os resultados das previses e permite a elaborao de planos de actividade fundamentados. tambm designada por oramentalogia, ou seja, a cincia dos oramentos - Contabilidade histrica d a conhecer o que efectivamente ocorreu e proporciona uma viso retrospectiva da gesto. Reflecte o passado da organizao, mas fundamental para o estabelecimento e controlo da contabilidade previsional

    III.3- A Informao mais relevante. As Demonstraes Econmicas e Financeiras

    As demonstraes econmicas e financeiras mais relevantes so o Balano, a Demonstrao de Resultados e a Demonstrao dos Fluxos de Caixa. Estas demonstraes fornecem um quadro de informaes sobre a situao e a evoluo da empresa, dos seus resultados e da aplicao dos seus recursos. III.3.1 O Balano

    O balano um documento de sntese da situao patrimonial e financeira da empresa, num momento determinado, que pode ser observado em duas perspectivas complementares:

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    a) Perspectiva patrimonialista ou contabilistica: mapa da situao patrimonial da empresa:

    conjunto de bens, direitos e obrigaes 1. MEMBRO: Bens e direitos = ACTIVO

    2. MEMBRO: OBRIGAES, para com os detentores do capital = CAPITAL PRPRIO OBRIGAES, para com terceiros = PASSIVO

    b) Perspectiva financeira: Mapa de aplicaes e de origens de capital

    1.MEMBRO: Aplicaes de Capital: -Activos Fixos Tangveis e Intangveis, Inventrios, Contas a receber, Depsitos e Caixa 2.MEMBRO: Origens de Capital: - Dos Scios e Gerados pela Empresa (CAPITAL PRPRIO) De Terceiros (PASSIVO)

    Para efectuar anlises e comparaes das situaes patrimonial e financeira da organizao necessrio discriminar a composio das componentes do Balano em rubricas mais detalhadas, segundo determinados critrios. 1- Activo (Activo no Corrente e Activo Corrente)

    No caso do activo, as rubricas em que se decompe seguem um critrio de liquidez tempo de transformar um item do activo em dinheiro, na perspectiva da sua utilizao normal pela organizao . Assim, o equipamento utilizado no fabrico de bens menos lquido que a existncia de um artigo em armazm, esta menos lquida que um crdito concedido a um cliente, este menos que um depsito no banco que, por sua vez menos lquido que dinheiro em caixa. As existncias de matria primas so, por sua vez menos lquidas que as de produtos acabados, j que demoram tempo a ser transformadas nestes. As rubricas do activo podem ser apresentadas por ordem de liquidez crescente. De uma forma simplificada, a figura representa a estrutura genrica de um activo.

    Notas: 1. A distino entre activo fixo tangvel e no tangvel refere-se tangibilidade dos bens abarcados: o primeiro abarca os bens que so tangveis, enquanto que o segundo abarca os bens/direitos intangveis.

    2.Os crditos a terceiros referem-se aos direitos de exigir pagamento de dvidas a

    Activo

    Activo no

    corrente

    Fixos Tangveis

    Goodwill

    Part. Financeiras

    .

    Activo

    corrente

    Inventrios

    - Clientes

    Estado

    Outros devedores

    Depsitos e Caixa

    ..

    Total do Activo

    Bens e direitos, como instalaes

    prprias, equipamentos, marcas

    registadas, etc. , necessrios

    actividade da organizao e de que esta

    no se desfaz na sua actividade

    normal.

    Bens e direitos que integram o ciclo

    da actividade normal da empresa

    (so adquiridos, transformados,

    vendidos, etc.)

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    entidades terceiras que no de clientes nem do Estado. 2- Capital Prprio e Passivo (Grau de exigibilidade)

    No caso dos capitais prprios e do passivo, as rubricas em que se decompem seguem um critrio de exigibilidade tempo de que a empresa dispe at ao momento do seu pagamento. Assim, os capitais prprios no so exigveis e uma dvida a longo prazo menos exigvel que uma dvida a curto prazo. As rubricas do passivo podem ser apresentadas por ordem de exigibilidade crescente. De uma forma simplificada, a estrutura genrica do capital prprio e passivo ser a seguinte:

    Capital Prprio

    Capital social

    Reservas

    Resultados transitados

    Resultados lquidos do exerccio Passivo

    Passivo no corrente Provises Emprstimos obtidos Passivo Corrente Fornecedores Emprstimos obtidos Estado Outros credores Total Capital Prprio + Passivo

    Notas: 1.O capital social o montante de capital nominal subscrito pelos scios da empresa, de uma ou mais vezes, tratando-se de sociedades. No caso de organizaes com outra forma jurdica, representa tambm o capital subscrito ou as dotaes para o mesmo. 2. As reservas so os montantes acumulados no organizao, provenientes de lucros que a organizao entendeu no distribuir pelos detentores do seu capital. 3. Os resultados transitados so resultados lquidos provenientes de exerccios anteriores e sobre os quais no foi ainda decidido o destino a dar-lhes (distribuir pelos detentores do seu capital e/ou proceder a reservas e/ou integr-los no capital social) O Balano assim, um instrumento de informao financeira da empresa e de apoio tomada de deciso dos responsveis da mesma.

    Na perspectiva financeira, evidencia o modo como as aplicaes de capital esto financiadas pelos capitais prprios e alheios, isto , proporciona informao sobre o equilbrio financeiro da empresa.

    Entre os princpios ou regras de equilbrio financeiro, merece destacar a chamada regra do

    equilbrio financeiro mnimo, que postula que o capital deve permanecer na empresa pelo menos

    durante o perodo de vida til do activo que pretende financiar. Alguns exemplos: clientes podem ser

    financiados por fornecedores (em certa medida), instalaes devem ser financiadas por capitais

    permanentes, etc. A anlise comparada de balanos em diferentes momentos possibilita identificar elementos relevantes da evoluo da empresa no tempo, tanto em termos globais como dos seus diferentes componentes. Tambm a anlise comparada com os balanos de outras empresas proporciona teis e importantes elementos de apoio aos gestores. Existem modelos normalizados de apresentao do balano, no mbito das normas nacionais e internacionais de elaborao e apresentao da informao das empresas.

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    III.3.2 As Demonstraes de Resultados

    Estas demonstraes, tem por finalidade evidenciar os resultados lucros ou prejuzos obtidos na actividade pela empresa num determinado perodo de tempo. A evidncia dos resultados efectuada de dois modos distintos: - Demonstrao dos Resultados por Natureza que explicita a natureza dos factores positivos e negativos da formao dos resultados - Demonstrao de Resultados por Funes que evidencia a afectao funcional (s diferentes funes da empresa) dos mesmos valores positivos e negativos. Existem modelos normalizados de apresentao destas demonstraes definidos pelo SNC, para a generalidade das aplicaes. III.3.3 Demonstraes de Fluxos de Caixa: os Mapas de Tesouraria

    Estas demonstraes apresentam e evidenciam as informaes sobre os pagamentos e os recebimentos de uma empresa durante um determinado perodo de tempo. Ao nvel das demonstraes financeiras, a Demonstrao de Fluxos de Caixa a mais recentemente adoptada. So correntemente adoptados outros mapas de fluxos de tesouraria em funo dos objectivos da anlise, diferentes nveis de Cash Flows, desde o Cash Flow especfico de um Projecto at ao Cash Flow Geral da Empresa, quando corporizam realidades diferentes.

    IV- Enquadramento das Necessidades de Financiamento IV. 1 O Financiamento do Ciclo de Explorao - O Fundo de Maneio

    O fundo de maneio, ou fundo de maneio patrimonial, calculado pela diferena entre o activo circulante e o passivo circulante. Constitui uma margem de segurana para que as empresas possam fazer face aos seus compromissos de curto prazo, ou seja, ao cumprimento de obrigaes contradas e vencidas. Contudo, para satisfazer este requisito, pode no ser suficiente o fundo de maneio calculado por aquela diferena, nomeadamente, se a empresa tem stocks de baixa rotao e os prazos de pagamento a fornecedores ou outros so curtos. Se importante que o fundo de maneio permita satisfazer compromissos, tambm importante que no conduza a excedentes de tesouraria, porque todos os capitais tem custos. IV.2- As Necessidades de Fundo de Maneio (ou de investimento em capital circulante)

    No desenvolvimento do seu ciclo de explorao, as empresas tem necessidades de meios financeiros, para fazer face s suas aplicaes em activos circulantes, o que se designa por necessidades cclicas (de capitais). Por outro lado, as empresas negoceiam com os seus fornecedores prazos de pagamentos e dispem de certos prazos para liquidar diversas obrigaes, o que lhes proporciona certos recursos financeiros, tambm designados por recursos cclicos. Assim, as necessidades de fundo de maneio resultam do saldo das necessidades e dos recursos: Necessidades de fundo de maneio = Necessidades cclicas Recursos cclicos Este , pois, um conceito dinmico e previsional. IV.3 As necessidades de Investimento em Activo Fixo ou Capital Fixo

    Corresponde s necessidades de aplicao inicial para criar capacidade produtiva, para desenvolver a sua expanso no tempo e para renovar a capacidade instalada, medida que a mesma se vai tornando obsoleta, tanto por razes tcnicas como de longevidade.