Livro Tematico ZEE Recursos Naturais Volume 2

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  • 7/29/2019 Livro Tematico ZEE Recursos Naturais Volume 2

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    Rio Branco - Acre2010

    Livro Temtico | Vol. 2C o l e o T e m t i c a d o Z E E

    RECURSOS NATURAIS: GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS DO ACRE

    Secretaria de Estado de Meio Ambiente

    Programa Estadual de Zoneamento Ecolgico-Econmico do Acre

    ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO DO ACRE FASE II - ESCALA 1:250.000

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    Livro Temtico | Vol. 2Coleo TemTiCa do Zee

    ReCURSoS NaTURaiS: BiodiVeRSidade e amBieNTeS do aCRe

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Acre. Secretaria de Estado de Meio Ambiente

    Recursos naturais: geologia, geomorfologia e solos do Acre. ZEE/AC, fase II, escala 1:250.000 /Programa Estadual de Zoneamento Ecolgico-Econmico do Acre. - Rio Branco: SEMA Acre, 2010.

    100 p. _ (Coleo Temtica do ZEE; v. 2).

    1. Resduos slidos Solos Acre (Estado). 2. Geomorfologia Acre (Estado). 3. Ge-ologia Acre (Estado). 4. Solos Formao Acre (Estado). I. Ttulo. II. Acre, Governo doEstado do.

    CDD. 551.41098112

    Bibliotecria responsvel: Maria do Socorro de O. Cordeiro CRB 11/667.

    Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:Secretaria de Estado de Meio Ambiente SEMA

    Rua Benjamin Constant, 856 Centro | CEP. 69900-160 - Rio Branco Acre Brasil

    Fone: 55 (0xx68) 3224-3990/7129/8786 | Fone Fax: 55 (0xx68) 3223-3447

    E-mail: [email protected]

    2010 SEMA

    ORGANIZAO DA PUBLICAO

    Conceio Marques de SouzaCoordenadora do Departamento de Gesto Territorial e Ambiental/SEMA

    Edson Alves de ArajoAssessor Tcnico de Gabinete/SEMA

    Magaly da Fonseca S. T. Medeiros

    Coordenadora do Escritrio em Braslia/SEPLAN/EAB

    tila de Arajo MagalhesTcnico/SEMA

    Diagramao e Arte FinalMX Design | Antonio Queiroz

    ImpressoGrfica Imediata

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    Luiz Incio Lula da SilvaPresidente da Repblica

    Izabella TeixeiraMinistra do Meio Ambiente

    Arnbio Marques de Almeida JniorGovernador do Estado do Acre

    Carlos Csar Correia de MessiasVice-Governador

    Fbio Vaz de Lima

    Coordenador da rea de Desenvolvimento Sustentvel

    Gilberto do Carmo Lopes SiqueiraSecretrio de Estado de Planejamento

    Eufran Ferreira do AmaralSecretrio de Estado de Meio Ambiente

    Clesa Brasil da Cunha CartaxoDiretora-Presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre

    Felismar Mesquita MoreiraDiretor-Presidente do Instituto de Terras do Acre

    Carlos Ovdio Duarte da RochaSecretrio de Estado de Floresta

    Nilton Luiz Cosson MotaSecretrio de Estado de Extenso Agroflorestal

    e Produo Familiar

    Mauro Jorge RibeiroSecretrio de Estado de Agropecuria

    Joo Csar DottoDiretor-Presidente da Fundao de Tecnologia

    do Estado do Acre

    Roberto Barros dos SantosProcurador Geral do Estado

    Maria Corra da SilvaSecretria de Estado de Educao

    Osvaldo de Souza Leal JniorSecretrio de Estado de Sade

    Mncio Lima CordeiroSecretrio de Estado de Fazenda

    Mrcia Regina de Sousa PereiraSecretria de Estado de Segurana Pblica

    Marcus Alexandre Mdice AguiarDiretor-Geral do Departamento Estadual de Estradas de

    Rodagem, Hidrovias e Infra-Estrutura Aeroporturia

    Paulo Roberto Viana de Arajo

    Diretor-Presidente Instituto de Defesa

    Agropecuaria e Florestal

    Cassiano Figueira Marques de Oliveira

    Secretrio de Estado de Esporte, Turismo e Lazer

    Anbal Diniz

    Secretrio de Estado de Comunicao

    Eduardo Nunes Vieira

    Secretrio de Infraestrutura, Obras Pblicas e Habitao

    Petrnio Aparecido Chaves Antunes

    Diretor do Departamento de guas e Saneamento

    Laura Keiko Sakai Okamura

    Secretria de Estado de Desenvolvimento

    para Segurana Social

    Daniel Queiroz de Santana

    Diretor-Presidente da Fundao de Cultura e Comunicao

    Elias Mansour

    Mncio Lima Cordeiro

    Secretrio de Estado de Gesto Administrativa

    Ilmara Rodrigues LimaDiretora-Presidente da Companhia de Habitao do Acre

    Carlos Alberto Ferreira de Arajo

    Secretrio de Estado de Articulao Institucional

    Irailton Lima de Souza

    Diretor-Presidente do Instituto Estadual de

    Desenvolvimento de Educao Profissional

    Dom Moacir Grechi

    Francisco da Silva Pinhanta

    Assessor Especial dos Povos Indgenas

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    Comisso EditorialPresidente: Eufran Ferreira do Amaral - SEMA | EMBRAPA/AC

    Vice-Presidente: Edson Alves de Arajo - SEMA/SEAP

    MembrosAdriano Alex do Santos e Rosrio - SEMA

    Antnio Wilian Flores de Melo - UFAC

    tila de Arajo Magalhes - SEMA

    Carlos Edegard de Deus - FEM | Biblioteca da Floresta

    Claudenir Maria Ferreira da Rocha - SEMA

    Conceio Marques de Souza - SEMA

    Jakeline Bezerra Pinheiro - SEMA

    Janaina Silva de Almeida - SEMA

    Judson Ferreira Valentim - EMBRAPA-Acre

    Jurandir Pinheiro de Oliveira Filho - SEMA

    Magaly da Fonseca S. T. Medeiros - SEPLAN/EAB

    Maria Aparecida de O. Azevedo Lopes - SEMA

    Marlia Lima Guerreiro - SEMA

    Marta Nogueiro de Azevedo - SEMA

    Mnica Julissa De Los Rios de Leal - SEMA

    Nilson Gomes Bardales - SEMA

    Renata Gomes de Abreu - SEMA

    Roberto de Alcntara Tavares - SEMA

    Rosana Cavalcante dos Santos - SEMA

    Sara Maria Viana Melo - SEMA

    RevisoresGeoloGia do eSTado do aCRe

    Pedro Edson Leal Bezerra, Dr. em Geologia | UFPA

    Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA

    - Reviso Tcnica

    GeomoRFoloGia do eSTado do aCRe

    Carlos Ernesto G. R. Schaefer, Dr. em Solos e Nutrio

    de Plantas | UFV

    Jos Eduardo Bezerra da Silva, M.Sc.. Geografia | IBGE/RJ

    Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA

    - Reviso Tcnica

    BaSeS GeolGiCaS e GeomoRFolGiCaS da

    FoRmao e diSTRiBUio doS SoloS No eSTado

    do aCRe

    Paulo Guilherme Salvador Wadt, Dr. em Solos e Nutrio

    de Plantas | Embrapa-Acre

    Luciana Mendes Cavalcante, M.Sc.. em Geologia

    e Geoqumica | PETROBRS

    Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA

    - Reviso Tcnica

    FoRmao, ClaSSiFiCao e diSTRiBUio

    GeoGRFiCa doS SoloS do aCRe

    Jos Ribamar Torres da Silva, Dr. em Cincias

    do Solo | UFAC

    Joo Luiz Lani, Dr. em Solos e Nutrio de Plantas | UFV

    Paulo Emlio Ferreira da Motta, Dr. em Cincias do Solo |EMBRAPA-Solos

    Manuel Alves Ribeiro Neto, M.Sc.. em Cincias

    do Solo | UFAC

    Joo Martiniano Pereira, M.Sc.. em Solos | Embrapa-Acre

    Adriano Alex Santos e Rosrio, Eng Agrnomo | SEMA

    - Reviso Tcnica

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    O Zoneamento EcolgicoEconmico(ZEE) tem como atribuio fornecer subsdios para orientar as polticas pblicasrelacionadas ao planejamento, uso e ocupao do territrio, considerando as potencialidades e limitaes do meio fsico,

    bitico e socioeconmico, tendo comoeixo norteador os princpios do Desenvolvimento Sustentvel. uma ferramentaessencial para a denio de estratgiascompartilhadas de gesto do territrio entre governo e sociedade.

    No territrio acreano, a elaborao participativa do ZEE envolveu estudos sobresistemas ambientais, potencialidades e limitaes para o uso sustentvel dos recursos naturais, relaes entre a sociedade eo meio ambiente e identicao de cen

    rios, de modo a subsidiar a gesto do territrio no presente e no futuro, num grandepacto de construo da sustentabilidade apartir de uma economia de base orestalcom foco na melhoria de qualidade de vidada populao.

    O Zoneamento EcolgicoEconmico doAcre Fase II Escala 1:250.000 foi elaborado a partir da contribuio de inmerosespecialistas, em diferentes campos do conhecimento cujos subsdios foram incor

    porados ao Documento Sntese. So estudos inditos, elaborados especicamentepara subsidiar nas decises a serem tomadas sobre o territrio do Acre.

    Tornar acessveis, na ntegra, os estudos temticos do ZEE o objetivo daColeo Temtica do ZEE Fase II. O temainteressa no somente queles que estudam a realidade acreana ou amaznica,mas tambm aos que vem o zoneamentocomo instrumento estratgico primordial

    Apresentao

    Geralde ordenamento do espao, dos recursos edas atividades econmicas.

    A presente Coleo Temtica do ZEE FaseII dividida em Livros Temticos, compostosde vrios artigos especcos que permitem aviso de temas como: Concepo losca e

    metodolgica da construo do ZEE; Geologia, geomorfologia e Solos do Acre; A biodiversidade do Acre; Os ambientes do Acre ea Vulnerabilidade Ambiental; Situao Fundiria e Conitos; Aspectos socioeconmicos; Uso dos Recursos Naturais; M.Sc..ria,Identidades e Territorialidade; As Cidades eas fronteiras; Aspectos Poltico e Institucional e a percepo social; A Gesto Territorialdo Acre e outros temas a serem inseridos nodecorrer do processo de implementao doZEE, se mostrando uma coleo aberta para

    novas atualizaes e temas.Com essa iniciativa o Governo do Estado

    do Acre busca rearmar seu compromissocom um futuro do Acre e da Amaznia, construdo por todos e pautado no conhecimento da realidade, no planejamento das aese na permanente ampliao dos benefciosdo desenvolvimento sustentvel para toda asociedade. a Florestania que vai alm dacidadania dos povos da oresta. o embasamento cultural de um projeto de desenvol

    vimento sustentvel que deseja colaborar eter a cooperao de parceiros para construo da Sociedade do Sculo XXI.

    uma pequena contribuio de quemest vencendo uma realidade desfavorvelde conservar a oresta e criar esperanapara seus povos. Muito ainda h por se fazerneste varadouro da sustentabilidade, pormo conhecimento do territrio a base paratornar realidade o sonho de viver em ummundo sustentvel.

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    Sumrio

    Captulo 1. Geologia do Estado do Acre ..................................................................... 10

    1. Introduo .................................................................................................................. 102. Descrio Metodolgica ........................................................................................... 10

    2. 1. Material Utilizado ...................................................................................... 10

    2. 2. Estudos Preliminares.................................................................................. 11

    2. 3. Estudo Temtico ........................................................................................ 11

    3. Geologia do Acre ....................................................................................................... 11

    4. A Geologia nas Regionais do Acre ........................................................................... 19

    5. Potencialidades de Uso e Aplicao ........................................................................ 24

    6. Neotectnica no Acre ............................................................................................... 27

    7. Consideraes Finais.......................................................................................................

    Captulo 2. Geomorfologia do Estado do Acre ............................................................32

    1. Introduo .................................................................................................................. 32

    2. Descrio Metodolgica ........................................................................................... 32

    2. 1. Material Utilizado ...................................................................................... 32

    2. 2. Estudos Preliminares.................................................................................. 33

    2. 3. Estudo Temtico ........................................................................................ 33

    2. 4. FundamentaoTerica ............................................................................ 33

    3. Geomorfologia da rea ............................................................................................ 34

    4. A Geomorfologia nas Regionais do Acre ................................................................ 40

    Captulo 3. Bases Geolgicas e Geomorfolgicas da Formao e Distribuio dos Solos no

    Estado do Acre .......................................................................................44

    1. Introduo .................................................................................................................. 442. O Papel da Geotectnica do Acre na Formao dos Solos ................................ 45

    3. O Papel da Geotectnica do Acre na Formao dos Solos ................................ 56

    4. Consideraes Finais.................................................................................................. 62

    Captulo 4. Formao, Classificao e Distribuio Geogrfica dos Solos do Acre ......... 64

    1. Gnese dos Solos do Acre ........................................................................................ 64

    2. Principais Classes de Solos ........................................................................................ 65

    3. Consideraes Finais.................................................................................................. 91

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    O uso adequado dos recursos naturais deforma sustentvel no pode e nem deve sermais um sonho efmero e passageiro. Temque ser real em razo de se garantir a prpria existncia da raa humana. Os recursosnaturais no podem ser, na viso nancista,simplesmente um dos fatores de enriquecimento e de uso innito. Eles so, na suamaioria, nitos, vivos, interdependentes e

    carecem de cuidados de forma a serem utilizados com sabedoria. Nos dizeres da ordemdivina referentes a Ado e Eva: precisocuidar, amar e no destruir o que nos foi legado e se agirmos de maneira irresponsvelseremos expulsos, como aqueles, do paraso. Foi a primeira misso dada ao homem.Cuidar da Terra.

    Conscientes disso e desejando tornar realidade nossos sonhos, sabemos que precisoAGIR, com temor e de forma sensata e sbia.Lavrar e guardar a terra. Usar de forma que

    atenda as nossas necessidades, mas tambm,que permanea para os outros sustenta-bilidade. Mas como cuidar bem e adequadamente se no conhecemos os princpios,as interrelaes da natureza de forma quepossamos planejar as aes adequadas?No podemos mais nos aventurar ou comodizem: atirar no escuro. No h mais tempo para erros grosseiros ou irresponsabilidades, at porque os recursos naturais estocada vez mais escassos e o tempo de agir se

    esvai apressadamente.Diante desses desaos a serem enfrentados para o bem da humanidade o Governodo Acre num esforo integrado, amadurecido e com todo o respeito natureza e acimade tudo com o desejo de acertar, disponibiliza a sociedade esta coleo temtica quefaz parte dos produtos oriundos dos estudosdo PROGRAMA ESTADUAL DE ZONEAMENTO ECOLGICOECONMICO DO ACRE FASE II. O objetivo trazer sociedade os

    conhecimentos atuais a respeito do Acrepara o seu melhor uso. Terra amaznica, distante dos grandes centros brasileiros, diferente, com gente valente, altaneira, vibrantee disposta, a exemplo de Chico Mendes etantos outros e com um ambiente peculiardo resto da Amaznia. Terra de solos frteise ricos, cujos rios corriam para o oceano Pacco e atualmente para o Atlntico. Talvez

    nesta inverso, ocorrida h tantos anos anatureza nos lega um grande ensino: DA NECESSIDADE DE PROCURAR NOVOS CAMINHOS. Vencer cordilheiras intransponveis,entremear entre opinies diversas, povos ecrticas, mas semelhana dos rios, procurar sempre os caminhos mais baixos o dahumildade. Vencendo no tempo e no espao as barreiras aparentemente difceis ouimpossveis de serem superadas. Mas, a semelhana dos rios que encontraram novoscaminhos, o povo acreano talvez tenha um

    destino, uma grande responsabilidade, umaddiva de mostrar para o mundo os novoscaminhos de uso da natureza: de viver naoresta e com a oresta.

    Diante de tantos desaos talvez tambmos rios Acre, Juru, Purus e tantos outrosque banham esta terra nos ensinem a tertempo de cheia e de vazantes. Abundnciae escassez. Transportar riquezas pelas suasguas e deixar nas vazantes os seus leitosfrteis para a produo de alimentos hu

    manidade. Nos seus leitos mendricos talvezuma grande lio: preciso tempo, pacinciapara se chegar ao destino, mas nem por isto,na demora, deixar de sermos teis. Banharcom as suas guas os solos frteis e deixaras argilas nas suas barrancas. Ao mesmotempo caminhar e deixar ser caminhado. Receber, s vezes, o pior do ser humano, lixo,descaso, mas no seu silncio tentar levartudo isso adiante. Morrer silenciosamente,mas nunca deixar de tentar vencer.

    Apresentao

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    EMTICO

    |VOLUME2

    RECURSOSNATURAISGEOLOGIA,GEOMORFOLOGIAESOLOSDO

    ACRE

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    Assim, so as palavras aqui contidas,nos seus diversos captulos, que o Governocoloca a disposio da sociedade de formasimples, de fcil compreenso tanto para especialistas como para leigos.

    A Geologia que trata da origem das terras do Acre. Como foi formada? Quais so osseus constituintes?

    A Geomorfologia como foram esculpidas as suas formas, seu relevo. O que elesnos indicam?

    As Bases geolgicas e geomorfolgicasda formao e distribuio dos solos noEstado do Acre como estas bases inuenciaram a formao dos diferentes tipos desolos existentes?

    Os Solos a sua formao (gnese), classicao e sua distribuio geogrca noEstado do Acre.

    um exerccio. No , com certeza, umtrabalho acabado e plenamente correto ainda que feito por especialistas. Oxal fosse.Foi o melhor de cada um. O possvel. Talvezaos leitores, a semelhana dos olhos dgua,

    nascentes, igaraps que na sua pequenez,mas que so a origem dos grandes rios,juntemse a ns, com as suas crticas, sugestes e possam ao longo do tempo, aperfeioar, melhorar, e assim no transcurso davida, como partculas de um todo, possamoscuidar de forma melhor o legado que nosfoi dado e chegarmos ao destino nal a semelhana dos rios, a foz, belos e essenciaisa vida.

    Joo Luiz Lani

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    RECURSOSNATURAISGEOLOGIA,GEOMORFOLOGIAESOLOSDO

    ACRE

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    1Captulo

    Livro Temtico | Volume 2Coleo Temtica do ZEE

    Recursos Naturais

    Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

    Geologia do Estado do Acre

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    RECURSOSNATURAISGEOLOGIA,GEOMORFOLOGIAESOLOSDO

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    Agesto territorial consiste na ocupa-o racional do territrio e uso eco-nmico e sustentvel dos recursosnaturais. Portanto, o Zoneamento

    Ecolgico-Econmico um instrumento de or-denamento territorial para orientar o planeja-mento de uso e ocupao do territrio confor-me os condicionantes do meio fsico, bitico esocioeconmico (SAE, 1991).

    No tocante ao meio fsico, partindo deuma viso holstica em que todos os com-ponentes interagem entre si e so inter-

    dependentes, h que ser feita uma estra-ticao baseada na anlise das relaesexistentes entre esses principais compo-nentes: rochas, relevo, solos, hidrograa,vegetao e clima para que se procedaao diagnstico ambiental e a avaliao davulnerabilidade e potencialidade naturalde uma dada regio. nesse contexto queo estudo da geologia do Estado do Acre,enfocada em nvel regional ao longo dopresente texto, se faz necessrio.

    O Zoneamento Ecolgico-Econmi-co do Estado do Acre, em sua primei-ra fase, apresentou dados em escala1:1.000.000. Na verso atual os re-sultados so compatveis com a escala1:250.000, o que proporciona maiorgrau de detalhamento nos produtosgerados. Para o tema Geologia a tarefafoi a de compilar um leque de informa-

    es dispersas e gerar mapas temticosa partir do banco de dados do projetoSIPAM IBGE (Sistema de Proteo daAmaznia Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatstica). Os aspectos geraisda geologia retratados no mapa geo-lgico e detalhados ao longo do texto,constituem informaes que subsidia-ram a elaborao do Mapa de Gestodo ZEE/AC. O mapa geolgico em desta-que, portanto, informa a rea de ocor-rncia de determinados tipos de rochas

    nos domnios do Estado do Acre, agru-padas em unidades litoestratigrficasou edafoestratigrficas, e as suas rela-es espaciais e cronolgicas. A partirdisso, pode-se concluir seus ambientesde formao e seus comportamentosmediante processos fsicos naturais ouantrpicos que podem afetar sua dis-posio e determinar seu grau de vul-nerabilidade, alm das potencialidadesem relao concentrao de bens mi-

    nerais de interesse econmico.

    2. DEsCRIO METODOLgICa

    2. 1. Mteril utilizdo

    O material em formato digital utilizadodurante a pesquisa pertence ao acervo doIMAC, j os em formato analgico foram

    geoloi

    do Etdo do acreTextob Luciana MTndTs CavalcanxT1

    1. InTRODuO

    1 MestreemGeologiaeGeoqumica|Petrobrs

    10

    GeologiadoEstadodoAcre

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    consultados na EMBRAPA - Amaznia Orien-tal, constando de:

    Banco de dados grcoalfanumricodesenvolvido e alimentado pelo IBGE parao Projeto SIPAM, consistindo de mapas no

    formato digital de geologia com escala deentrada 1:250.000, e dados alfanumricossobre os diversos temas.

    1. Arquivos vetoriais contendo a hidro-graa das cartas topogrcas do IBGEe DSG na escala 1:250.000 disponveispara a rea, e das cartas planialtimtri-cas do Projeto RADAMBRASIL na mes-ma escala (Quadro 1).

    2. Imagens ETM do satlite LANDSAT 7,em formato digital com as congura-

    es constantes no Quadro 1.

    Qdro 1. Materiais utilizados neste trabalho.

    ImagTns dT SaxlixTrbixa ptnxt WRS*

    BasT xtptgrfica dTactrdt ctm t ctrxT

    inxTrnacitnal naTscala 1o250.000**

    001/067 004/066 SB18ZC SC19VD

    002/066 004/067 SB18ZD SC19XA

    002/067 005/065 SB19YC SC19XC

    002/068 005/066 SB19YD SC19XD

    003/066 005/067 SC18XA SC19YA

    003/067 006/065 SC18XB SC19YB

    003/068 006/066 SC18XD SC19YD

    004/065 SC19VA SC19ZA

    SC19VB SC19ZB

    SC19VC SC19ZC

    Fonte: *Inpe, 2006; **Radambrasil, 1976.

    2. 2. Etdo Prelimire

    Os estudos preliminares envolveram areunio, o cadastramento e a sistematizaodas informaes geolgicas obtidas atravs

    de levantamentos bibliogrcos, e o prepa-ro do material bsico imagens de sensoresremotos - para interpretao.

    2. 3. Etdo Temtico

    O procedimento de obteno de informa-es geolgicas para o estudo temtico emsi compreendeu duas vertentes principais:sntese e reviso bibliogrca e elaboraode bases cartogrcas atravs da interpreta-o de produtos de sensores remotos.

    A sntese e a reviso bibliogrca envol-veram consultas sobre a geologia em diferen-tes escalas disponveis na literatura sobre area de estudo, alm dos materiais cartogr-

    cos e dos produtos de sensores remotos.Os resultados apresentados quanto Geologia dizem respeito delimi-tao de unidades litoestratigrcas,localizao de ocorrncias fossilfe-ras e minerais, alm da delineaodas principais estruturas tectnicas.

    O ajuste das informaes geol-gicas s bases cartogrcas foi fei-to por meio de tcnicas de geopro-cessamento utilizando o programaARCGIS 9.0. Foram gerados mapas

    geolgicos digitais e analgicos eposteriormente comparados. Isto sedeu para ns de maior conabilidadenos produtos nais.

    3. gEOLOgIa DO aCRE

    No Estado do Acre, a unidadegeotectnica mais importante aBacia do Acre (Figura 1), que com-preende, em superfcie, unidades

    essencialmente cenozicas. Entre-tanto, em sua poro mais a oesteocorrem remanescentes mesozicose at pr-cambrianos. Sua histriageolgica envolve primeiramente

    deposio pericratnica e marginal abertano Paleozico, resultando em sedimentoscontinentais intercalados a sedimentos ma-rinhos. Segundo Oliveira (1994), partindode anlises de feies sismoestratigrcasem sees ssmicas realizadas pela Petro-

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    Geologia

    doEstadodoAcre

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    brs, e das principais estruturas da bacia, asedimentao inicial se deu por rifteamen-to intracontinental com possveis incursesmarinhas. Entretanto para Caputo (1973)tal possibilidade s vislumbrada para asBacias do Solimes e do Amazonas. Aps o

    soerguimento do Andes, a deposio se deuem ambiente essencialmente intracontinen-tal, com a presena de lagos e posteriormen-te, de megaleques aluviais.

    O embasamento da Bacia do Acre re-presentado pelo Complexo Jamari, suaunidade litoestratigrca mais antiga queaora nas cabeceiras do rio So Francisco(extremo oeste do Estado, na Serra do Ja-quirana), e compreende rochas gnissicas,granulitos, anbolitos, quartzo-dioritos e

    xistos. Corresponde ao Complexo Xingucitado na primeira fase do ZEE, mas aquidiferenciado deste por maior complexi-dade litolgica, bem como por ambinciatectnica, posto que a Bacia ter-se-ia de-senvolvido sobre a Faixa Mvel Rondo-

    niana, cujo embasamento o chamadoComplexo Jamari.Em discordncia com essa unidade ocor-

    re a Formao Formosa, cujos litotipos soresultantes de uma emerso do escudo bra-sileiro, conforme Caputo (1973). Aps essadeposio houve manifestao gnea alcali-na (subida de magma), causando metafor-mismo de contato na Formao Formosa.Esse evento originou corpos intrusivos depequenas dimenses (Sienito Repblica).

    Fir 1. Localizao da Bacia do Acre no contexto geotectnico amaznico. (1) a Formao Soli

    mes, b sedimentos tercirios; (2) Formao I; (3) Formao Alter do Cho; (4) coberturas protero

    zicas; (5) rochas paleozicas; (6) coberturas do Quaternrio. Fonte: Adaptado de Bezerra, 2003.

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    Durante o Cretceo, houve momentos deincurses e regresses marinhas sucessi-vas, resultando na deposio do Grupo Acre.De uma forma geral, houve subsidncia narea, desta feita do tipo exural em resposta

    sobrecarga imposta j nesta poca pelosdobramentos andinos. O Arco de Iquitos(que separa a Bacia do Acre da Bacia do So-limes) funcionava como rea fonte de se-dimentos nos momentos de sedimentaoclstica regressiva (momentos de sada domar). Aps o soerguimento dos Andes (Oro-genia Quchua), o Arco de Iquitos foi rebai-xado e a Bacia do Acre tornou-se intraconti-nental ou de antepas, com rea fonte vindado oeste. Nesse momento depositaram-se

    os litotipos da Formao Solimes e, pro-vavelmente, concomitantemente ou logoaps a deposio da Formao I que foidepositada a seguir, houve a inverso dossistemas de drenagem para leste e formaodos rios Solimes e Amazonas. Maia et al(1977), em razo de anlises de sondagense perfuraes, separa o material da base daento Formao Solimes em uma outraformao, a Ramon (constituda por siltitose arenitos de ambiente oxidante). No h

    Qdro 2. Coluna Estratigrfica das unidades florantes no Estado do Acre.

    Era PTrtdt ptca Ftrmat CaracxTrsxicas Lixtlgicas

    Cenozico

    Quatern

    rio

    Holoceno

    Aluviesholocnicos

    (QHa) depsitos grosseiros a conglomerticos,representando residuais de canal, arenosos relativos

    a barra em pontal e pelticos relacionados atransbordamentos.

    Coluviesholocnicos

    (QHc) material grosso disposto no sop de montanhas emforma de leque aluvial.

    Terraosholocnicos

    (QHt) depsitos de plancie fluvial, cascalhos lenticularesde fundo de canal, areias de barra em pontal e siltes e

    argilas de transbordamento.

    Areiasquartzosas

    (QHaq) areais inconsolidados em interflvios.

    Pleistoceno

    TerraosPleistocnicos

    (QPt) terraos fluvias antigos. Argilas, silte e areias,localmente com intercalaes lenticulares de argilitos e

    conglomerados.

    registros no banco de dados do SIPAM so-bre a mesma, provavelmente porque foramdescritas somente unidades que aoram emterritrio acreano.

    Em seguida, j no Pleistoceno, alterna-

    ram-se momentos de quietude (em que sed instalao dos perfis laterticos co-berturas detritolaterticas) com outros demovimentao tectnica. Essa nova tect-nica (Neotectnica) gerou reativaes deantigas falhas, soerguendo e rebaixandoblocos e sendo a responsvel pela deposi-o do material holocnico, alm de con-trolar a distribuio do relevo e da dre-nagem atuais. Na tabela a seguir (Quadro2) esto listadas as unidades mapeadas na

    escala de 1:250.000, que compreendema coluna litoestratigrfica da rea. Emseguida apresentado o mapa geolgicodo Estado do Acre (Figura 2). Em com-parao s unidades relatadas em escala1:1.000.000 (na primeira fase do ZEE),verifica-se uma melhor separabilidade emfuno da diminuio da escala, pois asunidades do Pleistoceno eram restritas aFormao Cruzeiro do Sul e as do Holoce-no, aos aluvies.

    Continua

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    Qdro 2. Coluna Estratigrfica das unidades florantes no Estado do Acre.

    Era PTrtdt ptca Ftrmat CaracxTrsxicas Lixtlgicas

    Pleistoceno

    Coberturasdetrito

    laterticas

    (QPdl) material argiloarenoso amarelado, caolintico,

    alctone e autctone.

    Cenozico

    FormaoCruzeiro do Sul

    (QPcs) terraos, originados atravs de sedimentaofluvial, flviolacustre e aluvial, constitudos por arenitos

    finos a mdios, friveis, macios e argilosos, comintercalaes de argilitos.

    Tercirio

    Plioceno

    Mioceno

    FormaoSolimes

    (TNs) sedimentos pelticos fossilferos (argilitos comintercalaes de siltitos, arenitos, calcrios e material

    carbonoso), de origem fluvial e flviolacustre, comestratificaes planoparalelas e cruzadas tabulares e

    acanaladas.

    Mesozico

    Cretceo

    Maestrichtiano

    *FormaoDivisor

    (Kd) arenitos brancos, amarelos e vermelhos, macios oucom estratificao cruzada, mdios, bem selecionados,

    com intercalao de siltitos.

    C

    ampanianoTuroniano

    Cenomaniano

    *Formao RioAzul

    (Kra) compese de arenitos finos, com intercalaesde folhelhos e nveis de calcrio (na base) e para o

    topo esses arenitos contm intercalaes de siltitoscinzaesverdeados.

    *Formao

    Moa

    (Km) conglomerados polimticos basais encimados porarenitos finos a conglomerticos com estratificao

    cruzada. No topo, arenitos finos a mdios, estratificaocruzada e nveis conglomerticos.

    PrCambieano

    ProterozicoSuperior

    Sienito

    Repblica

    (PS(L))r composta por quartzo traquito prfiro, ultramilonito, microsienito,sienito, traquito prfiro cataclstico, sienito prfiro, nordmarkito, quartzo

    traquito e traquito amigdaloidal, constituem corpos de pequenas dimenses.

    Formao

    Formosa (PSf) quartzitos cinzaescuros, muito duros, camadas de chert cinzaclaro e

    esbranquiadas, metassiltitos e arenitos quartzticos. Apresenta metamorfismode contato devido intruso de rocha sientica.

    PrCambieanoIndiferenciado

    ComplexoJamari

    (PIMj) rochas de alto grau de metamorfismo na forma de gnaisses, migmatitos,granitos anatticos, granulitos, leptitos e charnockitos.

    Fonte: IBGE, 1999. *Grupo Acre

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    Complexo Jamari (PIMj)

    Esta unidade representa a associao derochas mais antiga da regio, ocorrendo noextremo oeste do Estado do Acre. Foi desig-nada por Silva et al. (1974) como ComplexoXingu. Entretanto, Isotta et al. (1978), consi-derando que em Rondnia o Complexo Xin-

    gu envolveria determinadas litologias, comoxistos, quartzitos e rochas intrusivas, noencontradas no embasamento da regio, eainda, que seria bastante difcil identica-o pura e simples de Complexo Xingu, pro-puseram a denominao Complexo Jamari,a qual est sendo adotada aqui.

    Os principais litotipos so rochas de altograu metamrco na forma de gnaisses,migmatitos, granitos anatticos, anbolitos,leptitos e charnoquitos.

    Formao Formosa (PSf)

    A primeira citao sobre litologias destaunidade encontra-se em Moura & Wander-ley (1938); posteriormente Leite (1958) in-troduziu a denominao Formao Formosaem referncia s rochas que sustentam acachoeira homnima no igarap Capanaua,na serra do Divisor. Esta unidade constitu-da de quartzitos altamente metamorzados

    devido intruso de rochas gneas alcalinas.Com relao idade desta unidade, vriosautores atribuem a tais litologias idade pa-leozica (MOURA & WANDERLEY, 1958;LEITE, 1958; MIURA, 1972). Caputo (1973)considerou que tais rochas seriam do Pro-terozico Superior, uma vez que se encon-tram cortadas por rochas gneas atribudas

    ao Escudo Brasileiro, o que consideradoneste estudo.

    Sienito Repblica (PS(L)r)

    As rochas alcalinas reunidas sob a deno-minao Sienito Repblica ocorrem somen-te na serra do Divisor, em exposies restri-tas aos leitos dos igaraps Capanaua, ndioCoronel, Tachip, Repblica e Paran JooBezerra. Essas rochas encontram-se cortan-

    do as litologias da Formao Formosa, nasquais produzem transformaes devido aometamorsmo de contato, sendo constitu-das por quartzo traquito prro, ultramilo-nito, microsienito, sienito, quartzo traquito,traquito prro cataclstico, sienito prro,nordmarkito e traquito amigdaloidal. Pode--se correlacionar tal unidade com rochasgranticas que ocorrem no Estado de Ron-dnia, o que se faz crer que essas litologiassejam do Proterozico Superior.

    Fir 2. Mapa geolgico do Estado do Acre com unidades litoestratigrficas aflorantes

    (o Sienito Repblica, a Formao Formosa e o Complexo Jamari no so visualizados nessa escala).

    Fonte: ZEE/Acre

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    Grupo Acre

    Sob essa denominao renem-se asformaes Moa, Rio Azul e Divisor. Tais li-tologias sustentam as serras que ocorrem a

    oeste do Estado do Acre (Serra do Jaquirana,Serra do Moa, Serra, do Juru-Mirim e Serrado Rio Branco) e esto condicionadas a umaestrutura dobrada. No anco interno dadobra est a Formao Rio Azul, na porocentral, a Formao Moa e no anco externoe ocidental, a Formao Divisor.

    Formao Moa (Km)

    O ambiente deposicional admitido para

    esses sedimentos dominantemente conti-nental (CAPUTO, 1973). Os litotipos predo-minantes so arenitos, com intercalaes decamadas de argilitos e siltitos, e nveis con-glomerticos. Sua idade baseia-se em corre-lao estratigrca, e a maioria dos traba-lhos a posiciona no intervalo Cenomaniano Coniaciano, ou seja, no Cretceo Superior.

    Formao Rio Azul (Kra)Moura & Wanderley (1938) chamaram

    ao conjunto de rochas desta unidade de S-rie com folhelhos e calcrios, formalizando

    depois o termo Rio Azul, devido s boas ex-posies nesse rio. A unidade caracteriza-da por uma seqncia de arenitos nos amdios, ocasionalmente com disseminaoferruginosa. Na poro basal existem inter-calaes de folhelhos e nveis de calcrios.

    Para o topo existem intercalaes de folhe-lhos e siltitos. Sua idade dada com base emcorrelao estratigrca, principalmentecom relao Formao Moa. Os trabalhosrealizados at ento a posicionam no inter-

    valo Turoniano Campaniano, ou seja, noCretceo Superior (BARROS et al., 1977).

    Formao Divisor (Kd)

    Sua idade baseia-se na relao estrati-grca no topo do Cretceo Superior, nointervalo Maestrichtiano. Caracteriza-se do-minantemente por um pacote de arenitosmdios bem selecionados. Ao longo da se-o contm intercalaes de siltitos averme-

    lhados, e localmente silicicados e brechade falha. Na poro basal esses arenitos somais friveis e porosos, chegando a exibirgrandes cavernas. Para o topo so mais fer-ruginosos, chegando a desenvolver crostase concrees com at 30 cm de espessura.O ambiente de deposio admitido por Ca-puto (1973) e adotado at ento vio--litorneo, sendo mais uvial para o topo.

    Formao Solimes (TNs)

    As primeiras referncias aos sedimen-tos da Formao Solimes datam do sculoXIX e encontram-se nos trabalhos de Hartt(1870), Orton (1870, apud Oliveira & Leo-nardos, 1943), Orton (1876) e Brown (1879),entre outros.

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    A Formao Solimes a mais exten-sa das unidades litoestratigrcas do Acre,estendendo-se alm fronteira para os terri-trios peruano e boliviano. Encontra-se, emalgumas partes no lado leste, encoberta pelas

    coberturas detrito-laterticas pleistocnicas,expondo-se nas reas prximas aos vales.

    A seqncia litolgica constitui-se de ar-gilitos slticos cinza a esverdeados; siltitos ar-gilosos, localmente com concrees e lentescalcrias, concrees gipsferas e limonticas,e nveis ou lentes com matria vegetal carbo-nizada (turfa e linhito) em geral fossilferos.

    Intercalados ou sobrepostos aos pelitosocorrem arenitos nos a grosseiros. Em deter-minadas reas, predominam sobre os pelitos,

    permitindo sua individualizao. Esses litoti-pos esto dispostos em seqncias cclicas, t-picas de ambiente continental uvial e vio--lacustre, com fcies de leque aluvial (SILVA etal., 1976).

    Maia et al. (1977), com base em seu con-tedo fossilfero, estabeleceram o intervalode idade Mioceno-Plioceno. Latrubesse et al.(1994) admitiram para Formao Solimesum nico ciclo deposicional contnuo, pormeio de leques gigantes, durante o MiocenoSuperior e o Plioceno, idade correlacionada

    da fauna abundante e variada de mamferosHuayqueriense montehermosense.

    Formao Cruzeiro do Sul (QPcs)

    Foi denida primeiramente por Boin& Bonatti como parte superior da Forma-o Solimes (apud. BARROS et al., 1977),referindo-se aos sedimentos arenosos quese encontram sobrepostos aos terraos infe-

    riores, localizados nas imediaes da cidadede Cruzeiro do Sul. Os autores do projetoPMACI II (PINTO et al., 1994) adotaram adenominao: Formao Cruzeiro do Sulpara os sedimentos acima referidos, ratica-da no presente trabalho.

    Pouco estudada em suas caractersticasespeccas, devido sua recente separao apartir da Formao Solimes, a FormaoCruzeiro do Sul ocorre sobreposta a feiestipo terrao, sendo sua maior exposio lo-

    calizada ao sudoeste da cidade de Cruzeirodo Sul, na conuncia dos rios Moa e Juru.So sedimentos depositados por correntesuviais, violacustre e em leques aluviais,compostos por arenitos nos, friveis, maci-os, argilosos, com intercalaes de argilitoslenticulares e estraticao cruzada; sobre-tudo em sua poro inferior.

    Coberturas detritolaterticas

    neopleistocnicas (QPdl)

    A partir da dcada de 60, a comunidadegeolgica brasileira despertou para o estu-do das lateritas da Regio Amaznica devidoprincipalmente a sua grande potencialidademineral (Fe, Al, Au, Ti, Nb etc.). Diversos au-tores como Towse & Vinson (1959), Som-broek (1966), Costa (1985, 1988a e b e1990a e b) e Costa & Arajo (1990) estuda-ram as lateritas da Amaznia. Costa (1991)reconheceu dois principais eventos de late-rizao durante o Cenozico: um primeiro,

    no Eoceno-Oligoceno, formador das lateri-tas maturas ricas em caulinita e um outromais recente, no Pleistoceno, formador daslateritas imaturas com alto teor de ferro. Acobertura detrito-latertica neopleistocni-ca , portanto, similar ao segundo evento(DELARCO & MAMEDE, 1985).

    No Acre, dispe-se sobre os sedimentosda Formao Solimes, restringindo-se aparte sudeste do Estado. Compe-se de sedi-mentos argiloarenosos de cor amarelada, ca-

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    olinticos, parcial a totalmente pedogeneiza-dos, gerados por processos alviocoluviais.

    Sua delimitao feita basicamente porinterpretao visual de imagens de radare de satlite (aspecto textural liso e homo-gneo). Por conta disso, e em face da con-

    temporaneidade entre a deposio dessascoberturas e a elaborao das superfcies deaplainamento, admite-se para essa unidadea idade neopleistocnica.

    Terraos pleistocnicos (QPt)

    As antigas plancies de inundao, atu-almente denidas como superfcies aplai-nadas e possivelmente escalonadas, asquais representam Aluvies antigos, foram

    individualizadas sob a designao AluviesIndiferenciadas, por Silva et al. (1976). Nopresente trabalho esses depsitos foram de-signados Terraos pleistocnicos.

    Mostram uma distribuio descontnua,representando diferentes comportamen-tos dos meios deposicionais, provavelmen-te ocasionados por diferentes fatores, taiscomo: oscilaes climticas, movimentoseustticos, ou mesmo a ao de algum even-to de carter tectnico, inclusive de bascu-

    lamento local. No presente trabalho estesdepsitos esto diferenciados dos Terraosholocnicos devido principalmente suadissecao por drenagem de primeira e se-gunda ordem e pela presena de raros me-andros colmatados, os quais so mais abun-

    dantes nos terraos holocnicos.So constitudos por argilas, siltes e

    areias, s vezes macios, de coloraes aver-melhadas, depositados em terraos uviaisantigos e rampas terraos. Localmente en-globam intercalaes lenticulares de argili-tos e conglomerados. Conglomerados comseixos de material carbontico e quantida-de expressiva de fauna fssil pleistocnicaso encontrados na regio do Alto Juru.Nas rampas terraos incluem sedimentos

    colvioaluviais arenoargilosos, provavel-mente depositados em condies paleo--hidrolgicas distintas das atuais; relaciona-das s variaes climticas.

    Terraos holocnicos (QHt)

    Esses depsitos mostram caractersticastpicas de depsitos de plancie uvial, isto, so constitudos por cascalhos lenticu-lares de fundo de canal, areias quartzosas

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    inconsolidadas de barra em pontal e siltese argilas de transbordamento. Ocorrem aolongo das principais drenagens.

    Areias quartzosas inconsolidadas (QHaq)

    Inicialmente includas como parte areno-sa da Formao Solimes nas imediaes deCruzeiro do Sul, Pinto et al. (1994) separa-ram as areias quartzosas que ocorriam nasreas de campinas, posicionando-as na por-o superior da Formao Cruzeiro do Sul.

    Esses sedimentos arenosos, resultantesde processos pedogenticos, constituemproduto de intensa lixiviao sobre sedi-mentos de poro superior da Formao

    Cruzeiro do Sul, tendo sua rea de exposi-o delimitada pela presena das campinas.Ocorrem, portanto, em reas interuviaiscom lenol fretico elevado, sendo uma for-mao supercial edafoestratigrca, cor-respondendo aos Neossolos quartzarnicos.

    Apresenta um relevo geralmente tabular,que representa um plat residual, desen-volvendo uma drenagem com vales de fun-do chato e plancies de inundao amplas.Encontra-se recobrindo um pacote argilosode carter redutor (depsito de transbor-

    damento), representativo de um ciclo maisantigo. Este apresenta um relevo mais mo-vimentado, com formas de topo convexo e/ou aguado.

    Depsitos coluvionares (QHc)

    Dispem-se no sop dos relevos do Com-plexo Fisiogrco da Serra do Divisor, com-pondo os chamados leques aluviais comseu padro de drenagem distributrio bem

    caracterstico. So compostos por arcsios,conglomerados, grauvacas e fragmentos derocha de m classicao.

    Depsitos aluvionares (QHa)

    As acumulaes mais expressivas ocor-rem nas plancies dos rios maiores, sobre-tudo daqueles com cursos mendricos esinuosos. Os sedimentos apresentam carac-tersticas gerais semelhantes e constituem

    depsitos de canal, incluindo depsitos debarra em pontal e os depsitos residuais decanal e de transbordamento.

    Nos depsitos de canal, que formampraias de extenso varivel, ocorrem areias

    quartzosas de granulao na a grosseira.Os depsitos de transbordamento so cons-titudos por silte e argila com granulometriadecrescente da base para o topo. Nas seesbasais so encontradas comumente areiasquartzosas na, porcentagem varivel deargila e presena freqente de muscovita eminerais pesados.

    Os sedimentos slticos e argilosos sempresucedem as areias da base, apresentando-semacios ou namente laminados. Comu-

    mente incluem restos vegetais de troncos efolhas parcialmente carbonizados.

    4. a gEOLOgIa nasREgIOnaIs DO aCRE

    O Estado do Acre foi divido em cincoregionais (Alto Acre, Baixo Acre, Purus, Ta-rauac e Envira e Juru) que tiveram comobase principal as bacias hidrogrcas, quecaracterizam identidades culturais e de pro-duo distintas. Na Tabela 1 verica-se a

    distribuio das formaes geolgicas emcada regional.

    A predominncia da Formao Soli-mes no Estado do Acre notvel (cercade 85% da rea do Estado). Sobre a mes-ma desenvolveram-se diversos tipos desolos, onde diversas tipologias vegetaisinstalaram-se. O porqu dessa diversidadede ambientes diz respeito prpria gne-se geolgica e geomorfolgica presentes,entretanto carecem de estudos especcos.

    Apesar dessas lacunas de informao, al-guns direcionamentos podem ser dados.

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    Tabela1.

    reaocupadapelasdiferentesformaesgeolgicasnasregionaisdoEstadodoAcre.

    FtrmaTsGTtlgicas

    AlxtAcrT

    BaietAcr

    T

    Purus

    arauac

    Juru

    rTa

    %

    rTa

    %

    rTa

    %

    rTa

    %

    rTa

    %

    Aluviesholocnicos

    1129,72

    7,10

    842,09

    3,78

    3174,92

    7,82

    3168,06

    5,92

    30

    97,56

    9,69

    Coluviesholocnicos

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    9

    2,91

    0,29

    Terraosholocnicos

    123,4

    0

    0,77

    524,63

    2,35

    769,22

    1,89

    526,53

    0,98

    15

    62,37

    4,88

    Areiasquartzosas

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    10

    4,98

    0,32

    FormaoCruzeirodoSul

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    31

    15,12

    9,75

    Terraospleistocnicos

    **

    **

    157,76

    0,70

    264,92

    0,65

    **

    **

    80

    9,90

    2,53

    Coberturasdetritolaterticas

    921,5

    0

    5,79

    1598,81

    7,17

    76,53

    0,18

    *

    **

    **

    **

    FormaoSolimes

    10977

    ,50

    69,00

    14380,39

    64,56

    32172,33

    79,33

    42718,68

    79,80

    219

    88,02

    68,81

    Fm.Solimesfciesarenosa

    2758,07

    17,33

    4767,50

    21,4

    3987,11

    9,82

    7059,54

    13,19

    34

    6,17

    1,08

    FormaoDivisor

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    37

    1,90

    1,16

    FormaoRioAzul

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    23

    0,09

    0,72

    FormaoMoa

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    21

    0,70

    0,65

    SienitoRepblica

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    3

    ,65

    0,011

    FormaoFormosa

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    1

    ,09

    0,003

    ComplexoJamari

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    **

    1

    ,82

    0,005

    Margemdosrios

    0,14

    0,0008

    0,60

    0,002

    110,44

    0,27

    55,04

    0,10

    1

    4,63

    0,045

    Fonte:ZEE,AC2006*reaemKm

    **noocorre

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    Pelos dados acima apresentados e con-forme as guras mostradas seguir (Figuras3, 4, 5, 6 e 7), observa-se que a regional commaior diversidade geolgica a do Juru e ade menor diversidade a do Tarauac. Pelahistria geolgica da regio compreensvel

    que isto ocorra, pois a parte mais a oeste doEstado est includa na faixa de dobramentosda Cordilheira dos Andes. Com os dobramen-tos e falhas de empurro, houve uma sobre-carga litosfrica compensada por subsidnciaexural perifrica e formao das bacias deantepas, onde se insere a bacia do Acre. Coma progresso da deformao da faixa andinapores do embasamento da bacia foram so-erguidas, propiciando a exposio de rochaspaleozicas e mesozicas, normalmente enco-

    bertas pela Formao Solimes.Com exceo da regional do Juru, h cer-ta uniformidade geolgica no restante da rea.As diferenciaes cam por conta da ocorrn-cia de diferentes nveis de terraos uviaisnas regionais do Purus e Baixo Acre (terraospleistocnicos e holocnicos) (pelas falhas efraturas analisados nesse trabalho, acredita-seque a tectnica teve um papel importante parasua diferenciao. Levando em conta dadosmorfomtricos obtidos pelo levantamento ge-

    omorfolgico realizado tambm nessa segun-da fase do ZEE, verica-se nessas regionais,um posicionamento altimtrico condizentecom diferenciaes causadas por basculamen-tos pretritos); e pela presena de coberturasdetritolaterticas ao leste do Estado, inseridas

    nas regionais do Baixo e Alto Acre. A gnesedesses depsitos em tais locais precisa serestudada com mais detalhe, mas de qualquermodo, trata-se de uma possibilidade de inves-timentos para essas regionais caso seja com-provada alguma potencialidade mineralgica.

    5. POTEnCIaLIDaDEs DE usOE aPLICaO

    No tocante s potencialidades de uso e

    aplicao a escassez de informaes sobreos materiais disponveis no Estado do Acre fator limitante. H litotipos presentes nasdiversas formaes geolgicas passveis deexplorao, entretanto, no h seguranade que sua explorao seja profcua e pos-svel, visto que facultam estudos de campo,levantamentos e ensaios com os materiais. necessrio, portanto, que se verique ondeesto os aoramentos que podem ser explo-rados, a qualidade desses materiais, qual o

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    Fir 4. Mapa geolgico da regional do Baixo Acre. Fonte: Acre, 2006

    Fir 5. Mapa geolgico da regional do Purus. Fonte: Acre, 2006

    Fir 3. Mapa geolgico da regional do Alto Acre. Fonte: Acre, 2006

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    Fir 6. Mapa geolgico da regional do Tarauac. Fonte: Acre, 2006

    Fir 7. Mapa geolgico da regional do Juru. Fonte: Acre, 2006

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    volume que pode ser explorado, que medi-das de controle ambiental precisam ser con-sideradas, etc.

    Formao Solimes

    As principais potencialidades no Estado,dentro da Formao Solimes (que a princi-pal formao geolgica em termos de rea deocorrncia) so a gipsita e argilas. Ocorrnciasde gipsita e de argilas tm sido descritas des-de os primeiros trabalhos de reconhecimentogeolgico na regio.

    Quanto forma de ocorrncia, so conhe-cidas trs variedades de gipsita: a selenita, agipsita brosa (a mais freqente e economi-

    camente importante) e o alabastro. A gipsitado Acre do tipo selenita e ocorrem predomi-nantemente, nos rios Purus, Chandless e Iaco,nas imediaes de Sena Madureira e ManuelUrbano, alm de ocorrncias menores nasproximidades de Marechal Thaumaturgo. Nasdescries so destacadas as pequenas espes-suras de suas exposies e inibidas iniciativasexploratrias, entretanto, cabe ser ressaltadoaqui os mltiplos usos desse mineral: a gipsita consumida sob as formas bruta e benecia-da. Sob a forma bruta utilizada pelos setores

    cimenteiro e agrcola. Sob a forma benecia-da, denominada gesso, utilizada predomi-nantemente pela indstria da construo civil

    na forma de pr-moldados, em revestimentode paredes e como elemento de decorao ar-quitetnica e, subordinadamente, pelos seto-res ceramista, odontolgico, mdico e de ade-reos (joalharia). Dessa forma, por ser o Acre

    um local carente de matria prima, torna-setil uma melhor investigao sobre a ocorrn-cia de gipsita e seu volume exploratrio.

    O mesmo ocorre com as argilas. Algunstestes realizados pelo IPT (Instituto de Pesqui-sas Tecnolgicas) indicam boa qualidade. Pelacaracterstica litolgica da Formao Soli-mes pode haver um volume compatvel paraexplorao mesmo em nvel local. Entretanto,ressalta-se a necessidade de melhor avaliaodesses depsitos atravs de prospeco e de

    denies de parmetros para controle e re-cuperao do meio ambiente, em funo dafonte energtica disponvel na regio e da de-manda do mercado consumidor (colaborariaem parte com a diminuio de matria vindade outros estados).

    Coberturas detritolaterticas

    pleistocnicas

    Desde os anos 80, com a investida go-vernamental para construo de rodovias,

    a ateno voltou-se para a necessidade dese obter material utilizado na construocivil no Acre pela ausncia de rocha dura

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    no Estado. Por outro lado, a descobertadas coberturas laterticas na regio e autilizao desse material em outras regi-es da Amaznia e em alguns locais doNordeste, fez com que se desse devidaateno questo. Alguns trabalhos, como

    o de Azevedo (1982) e o de Costa (1985)serviram como estmulo a explorao daslateritas no Estado, alm de pesquisas es-peccas realizadas por empresas constru-toras de rodovias.

    Costa (1985) cita a j utilizao de la-terita na na capa asfltica e da grossacomo base e sub-base e asfalto. No se tra-ta, obviamente, de material excelente paratal aplicao, mas em face da disponibili-dade e de sua razovel qualidade, trata-se

    de uma boa frente de aplicao. O DERA-CRE, nas regionais do Alto e Baixo Acre,utilizam outro tipo de material. Segundo orgo, trata-se de matria mais resistente,entretanto em Cruzeiro do Sul, as lateritasso utilizadas, conforme dados do IMAC.

    Formao Cruzeiro do Sul

    Nessa unidade h uma grande quantida-de de areias, o que possibilita sua explora-

    o. As atividades contam com a scalizaodo IMAC. O material retirado de excelentequalidade, alm de apresentar variedade deaplicaes em funo de variao granulo-mtrica (as areais vo de muito nas a con-glomerticas).

    Terraos holocnicos e pleistocnicos

    Em determinados locais do Estado, asunidades de terraos apresentam grandevolume de areia. Nos municpios do Baixo eAlto Acre, so amplamente exploradas e taisatividades so regularizadas e scalizadaspelo IMAC, ou esto em processo de regu-larizao. H retirada regular de areia tam-bm em Feij, Tarauac e Manoel Urbano.

    Mais uma vez ressalta-se que toda explo-rao deve ser sustentada por avaliaespreliminares onde se vericam a disponibili-dade do recurso, a possibilidade de extrao,a relao custo-benefcio e, principalmente,os impactos gerados no ambiente por con-ta da explorao. Em Sena Madureira, porexemplo, h retirada direta das praias noRio Iaco sem a percepo de que a atividadepromove acrscimo de movimento de mas-sa, tornando as reas altamente instveis do

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    ponto de vista geotcnico, alm de causardegradao ambiental.

    Coluvies Holocnicos

    Em geral, os colvios so fontes impor-tantes de recursos minerais. Na Amaznia,so importantes fontes de ouro e quartzo.

    No Acre, como se v no mapa geolgi-co, h uma ocorrncia restrita desse tipode depsito no oeste do Estado. poss-vel a ocorrncia de mineralizaes nessaregio em funo dos litotipos presentes(Grupo Acre) e os colvios seriam dissemi-nadores e ao mesmo tempo concentrado-res desses minrios. Entretanto, localiza-

    -se numa rea de proteo integral (Par-que Nacional da Serra do Divisor), o queinviabiliza a retomada de prospeco e depossvel explorao.

    Desde o Radambrasil, as informaessobre potencialidades minerais no Esta-do do Acre continuam precrias. Algumasinvestidas da CPRM foram realizadas,mas nenhuma evidenciou um carter ex-ploratrio factvel dessas ocorrncias, oque nos leva a crer na sua inviabilidade.Entretanto, sugere-se aqui, maior grau de

    detalhamento a m de se conhecer a realsituao dessas ocorrncias para emitirpareceres mais conveis.

    Paleontologia

    O Estado do Acre, sem dvida, se desta-ca pela presena de localidades fossilferasdisseminadas, grosso modo, por todo seuterritrio associadas em grande parte Formao Solimes, mas tambm a depsi-

    tos desde o Cretceo (como dentes de tuba-res encontrados na Serra do Moa) (RANCY,2000) at o Holoceno.

    Trata-se de stios de grande valor cient-co e, passveis de se constituir em reas derelevante interesse cientco ou de ProteoAmbiental. A presena de fsseis fundamen-tal para o entendimento da histria geolgicae paleontolgica do Estado, e isto torna im-prescindvel a conscientizao da populaolocal sobre a importncia dessas ocorrncias

    no municpio para que se busquem formas depreservao dos locais de coleta de materialfossilfero e do prprio contedo coletado.No raro fsseis so descobertos pela popu-lao e perdidos em seguida por inadequao

    de acondicionamento.

    6. nEOTECTnICa nO aCRE

    Da teoria de Tectnica de Placas, sabe--se que a Terra constitui-se de um mosai-co de blocos, chamados Placas Tectnicas.Tais blocos esto em movimento, em seuslimites ocorrem movimentos distensivos,compressivos ou transformantes (umaplaca desliza em sentido contrrio a adja-

    cente). Essas movimentaes geram a tec-tnica (do grego tecktos = construo) daTerra e isso ocorre em ciclos. Ao ciclo demovimentaes mais recente chamamosde Neotectnica.

    As questes envolvendo os limites daNeotectnica (ou seja, at quando pode-mos recuar no tempo geolgico para con-siderar o prexo neo) comearam a serelucidadas a partir da anlise das vriaspropostas disponveis na literatura porPavlides (1989). Este autor concluiu que o

    incio do perodo neotectnico no repre-senta um marco estratigrco na evoluoda Terra, mas vincula-se s particularida-des de cada ambiente geotectnico. Outroaspecto importante nesse contexto queos movimentos atuais, que sempre foramconsiderados dentro de uma categoria in-dependente, uma vez que no se admitiadeformao da crosta no Holoceno, passa-ram a integrar a Neotectnica. A principalconsequncia desse entendimento que:

    as transgresses e regresses marinhas,o desenvolvimento e a organizao de ba-cias hidrogrcas, alm da elaborao desistemas de relevo atuais - antes vincula-dos apenas s idias de oscilaes eust-ticas - passaram a ser associados tambmaos movimentos orogenticos e epiroge-nticos da crosta (BEMERGUY, 1997).

    Segundo Hasui & Costa (1996) a Neo-tectnica apresenta carter multidiscipli-nar que requer a utilizao de mtodos e

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    tcnicas de investigao geolgicos, geo-fsicos e geoqumicos; as aplicaes soencontradas em quase todas as frentes deutilizao prtica (minerao, exploraomineral; hidrogeologia, obras de engenha-ria, estudos ambientais, planejamento de

    ocupao do espao, ecoturismo, etc) oucientca da informao geolgica (evo-luo geolgica, evoluo da paisagem eoutros). Tambm possibilita extrapolaespara deduzir manifestaes ou prever ris-cos naturais ou articiais no meio fsico.

    Os aspectos gerais da Neotectnica nointerior da placa Sulamericana, em parti-cular no Brasil, foram abordados por Hasui(1990) e Costa et al. (1996). Desses traba-lhos conclui-se que o incio da Neotectnica

    est sendo vinculado mudana do regimetectnico de carter distensivo, a que seliga a abertura do Atlntico, para um regi-me transcorrente, ora em vigor, relacionadocom a rotao da Placa Sulamericana paraoeste, com o plo de rotao localizado asul-sudeste da Groelndia. A poca des-sa mudana de regime foi tentativamentexada no Mioceno Superior, assim, a Neo-tectnica abrangeria o Negeno (Mioceno--Plioceno) /Quaternrio. A Neotectnica tem

    manifestaes em termos de evoluo do re-levo, sedimentao e gerao de estruturasgeolgicas notveis;

    Na regio amaznica, Costa et al. (1996)demonstraram que a complexa coexistn-cia de extensas plancies com sistemas de

    serras de altitudes superiores a 2.500 m spode ser mais bem entendida se forem con-siderados os elementos estruturais geradospelos movimentos tectnicos do Cenozico,sobretudo no Negeno/Quaternrio. Tais es-truturas so consideradas neotectnicas seforem geradas ou reativadas no perodo ci-tado. Se essas estruturas esto em movimen-tao, precisam ser levadas em conta antesde qualquer iniciativa de planejamento eordenamento territorial, pois podem envol-

    ver riscos para as populaes. Os trends deestruturas mais importantes so os de dire-o NE-SW, NW-SE e E-W reativados com ainstalao da faixa transcorrente do Juru.Esta direo, alis, promove reorganizaesimportantes nos principais rios do Estado,pois geralmente deslocam seus cursos paraa esquerda em funo dessas falhas E-W.Momentos de transpresso alternados comtranstenso so responsveis pela elabora-o da paisagem atual.

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    No Acre, tem-se uma das mais importan-tes zonas sismognicas do Brasil (reas comrisco de ocorrer sismos - terremotos). Os sis-mos representam alvios de tenso ao longode falhas, em geral em ciclos recorrentes de

    cargas/descargas de tenso ou quiescncia/manifestao de abalos, e so analisadospor seus efeitos em superfcies ou registra-dos em sismgrafos.

    O Estado carece de estudos nesse senti-do. Frente aos grandes projetos de constru-o civil, abertura de estradas, construode pontes, etc., que esto sendo ou serodesenvolvidos, importante que atenoseja dispensada aos efeitos da Neotectnicana determinao de reas aptas a receber

    aqueles empreendimentos ou reas com-pletamente inaptas. Isso diz respeito vul-nerabilidade dessas reas, de que tratamosno incio do texto. imprescindvel a deline-ao de falhas ativas no territrio acreanoe de estruturas que imprimam fragilidadeaos ambientes.

    Um primeiro passo a anlise do rele-vo gerado por tectnica e da drenagem. Os

    cursos de gua geralmente adaptam-se sorientaes das estruturas geolgicas ouso afetadas por elas, resultando no desen-volvimento de cachoeiras, ou barragens, oudeslocamentos dos canais dependendo do

    tipo de falha; j o relevo tectnico expressaum espectro de feies topogrcas que po-dem ser empregadas como indicadoras deestilo, magnitude e taxa de movimentos tec-tnicos, destacando-se as seguintes: escar-pas de falhas; paleoterraos desnivelados;deslocamento de escarpas uviais; mudan-a brusca de declividade; deslocamento deconstrues feitas pelo homem historica-mente comprovadas; cristas, etc.

    Nesse momento, tais estruturas sero

    visualizadas no mapa geolgico a ser publi-cado nesta segunda fase do ZEE, com baseem anlise de drenagem e de relevo, mascabe aqui ressaltar a iminente necessidadede aprofundar esses estudos, determinar agnese dessas estruturas, a cronologia doseventos que as geraram, sobretudo em re-as no sudeste acreano, onde a antropizao maior.

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    7. COnsIDERaEs FInaIs

    Como explicado anteriormente, a basede dados utilizada neste trabalho foi a do SI-PAM/IBGE. Entretanto alguns ajustes foram

    realizados, como por exemplo, a adequaoda legenda geolgica para o Estado do Acree a presena de algumas lacunas de infor-mao que foram sanadas a partir da anlisede imagens de satlite e de radar.

    Destaca-se o grande avano nesta se-gunda fase do ZEE haja vista a ampliaoda escala de trabalho de 1:1.000.000 para1:250.000. Isso possibilita um maior poderde anlise em todos os temas trabalhados.Os avanos no tema Geologia so notveis.

    Em sua primeira fase, o ZEE apresentou dezunidades litoestratigrcas contra quinzepublicadas nesse momento. Principalmenteno perodo de tempo mais recente impor-tante esse detalhamento. A separao dosdiversos nveis de terraos, por exemplo,

    pode explicar o desenvolvimento deste oudaquele tipo de solo e suas conseqncias.A separao de depsitos de colvio daque-les aluvionares proporciona melhor enten-dimento dos processos erosivos neste ou

    naquele setor do Estado, etc.Diante dos avanos obtidos nessa etapa do

    ZEE cabe ressaltar a necessidade de um deta-lhamento maior das informaes geolgicas,com investimentos em trabalhos de campo eanlises laboratoriais dos materiais encontra-dos no Estado. No tocante a litologia (tipo dematerial ou rocha), a necessidade primeira ade conhecer melhor nossas potencialidades deexplorao de bens minerais e determinao/quanticao de aquferos (rochas que permi-

    tem acmulo e uxo de gua subterrnea); noque diz respeito a estruturas tectnicas, possi-bilidade de ampliar e direcionar investimentosde construo civil e planejamento ambientalcomo um todo a determinadas reas menosvulnerveis tectonicamente, etc.

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    2Captulo

    Livro Temtico | Volme 2Coleo Temtica do ZEE

    Recrsos Natrais

    Geologia, Geomorfologia e Solos do Acre

    Geomorfologia do Estado do Acre

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    O

    processo de Zoneamento Ecol-gico-Econmico envolve, preli-

    minarmente, estudos ambientaisque examinam os efeitos da inter-ferncia do homem sobre os diversos am-bientes naturais, por meio de abordagensmultidisciplinares. Nesse nterim, destaca--se a anlise do relevo como um dos compo-nentes bsicos desse tipo de pesquisa.

    A Geomorfologia compreende a descri-o, classicao e elucidao dos proces-sos de evoluo das formas de relevo, queexpressam o arcabouo litoestrutural e re-tratam a atuao de condies climticas

    pretritas e atuais. Sobre elas, desenvolvem--se os tipos de solos, os quais, por sua vez,permitem a instalao das variadas co-munidades vegetais. A partir desse ponto,vislumbra-se o emaranhado de relaesexistentes entre ambiente e ser humano, omodo como uma esfera atua sobre a outra ecomo so interdependentes.

    Dessa feita, a segunda fase do Zonea-mento Ecolgico-Econmico do Acre, pormeio de mapeamento em escala 1:250.000,

    pretende apresentar a geomorfologia doEstado do Acre. Tal ao foi realizada pormeio de compilao bibliogrca e geraode mapas temticos a partir do banco dedados ambientais do projeto SIPAM IBGE.O grande avano com relao primeirafase foi a de ampliao de classes temti-cas (trs classes geomorfolgicas anterio-res versus nove atuais). Esse detalhamento

    permite inferir sobre processos morfoge-nticos de maneira mais precisa e, conse-

    quentemente, permite melhorar a acur-cia na determinao de vulnerabilidades/potencialidades do meio fsico por meio dasuperposio dos mapas temticos do eixode recursos naturais.

    2. DEsCRIO METODOLgICa

    2. 1. Mteril utilizdo

    O material em formato digital utilizadodurante a pesquisa pertence ao acervo do

    IMAC, j os em formato analgico foramconsultados na Embrapa Amaznia Oriental,constando de:

    Banco de dados grco alfanumricodesenvolvido e alimentado pelo IBGE parao Projeto SIPAM (IBGE, 1999), consistindode mapas no formato digital de geomorfo-logia e cartograa, com escala de entrada1:250.000, e dados alfanumricos sobre osdiversos temas.

    Arquivos vetoriais contendo a hidrogra-

    a das cartas topogrcas do IBGE e DSG naescala 1:250.000 disponveis para a rea, edas cartas planialtimtricas do Projeto RA-DAMBRASIL na mesma escala (Quadro 3).

    Imagens ETM do satlite LANDSAT 7, emformato digital com as conguraes cons-tantes no Quadro 1.

    PC Dell Pentium 4 com congurao de3.2 GHz e 2 1Gb de memria RAM.

    geomorfoloi do

    Etdo do acreTextob Luciana MTndTs CavalcanxT1

    1. InTRODuO

    1 MestreemGeologiaeGeoqumica|Petrobrs

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    GeomorfologiadoEstad

    odoAcre

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    Programa ARCGIS para tratamento egerenciamento dos dados cartogrcos emformato digital.

    2. 2. Etdo Prelimire

    Nessa fase so sistematizadas as infor-maes geomorfolgicas obtidas atravs delevantamentos bibliogrcos. Aqui tambmso reunidos e preparados os materiais b-sicos (imagens de sensores remotos e ma-pas planimtricos e/ou planialtimtricos),para interpretao.

    2. 3. Etdo Temtico

    Aqui so realizadas sntese e reviso bi-bliogrca e elaborao de bases cartogr-cas por meio de interpretao de produtosde sensores remotos e de bases topogr-cas. Para os dados de campo, uma vez queno houve aes nesse sentido, foram uti-lizados dados secundrios (banco de dadosdo Projeto SIPAM).

    A sntese e reviso bibliogr-ca envolveram consultas sobrea geomorfologia do Estado, almdos materiais cartogrcos e dosprodutos de sensores remotos. Os

    resultados apresentados dizemrespeito delimitao de unidadesmorfogrcas ou geomorfolgicas.

    Por meio de tcnicas de geo-processamento foram elaboradasas bases cartogrcas (utilizandoo programa ARCGIS 9.0). O re-sultado foi comparado a mapasgerados analogicamente.

    2. 4. FdmetoTeric

    A gerao das bases analgi-cas pautou-se na aplicao dastcnicas de fotoleitura, fotoanli-se e fotointerpretao recomen-dadas por Soares & Fiori (1976)envolvendo a interpretao deimagens de radar e de satlite. igualmente relevante aplicao

    do conceito de sistemas de relevo (COOKE& DOORNKAMP, 1978), que compreende aanlise das formas e dos grupos de formas

    de relevo e se aproxima das bases do mape-amento de land-system. Esse procedimentobusca a subdiviso de uma regio em reasque tenham em seu interior atributos fsicoscomuns que so diferentes das reas adja-centes. Internamente, os sistemas de relevoapresentam um padro recorrente de topo-graa, solos e vegetao.

    Uma breve reviso de conceitos faz-senecessria a m de introduzir o assunto tra-tado adiante. O mapeamento geomorfolgi-

    co permite uma ordenao dos fatos geo-morfolgicos mapeados em uma taxonomiaque os hierarquiza (IBGE, 1995).

    Em funo da gnese e da geometria, umaforma de relevo considerada um modelado(podendo ser resultante de acumulao (A),aplanamento (P), dissecao (D) e dissolu-o (K)). Determinados tipos de modelado, apredominncia de determinados processosmorfogenticos e a ocorrncia de forma-es superciais diferentes de outras cons-

    Qdro 1. Materiais utilizados neste trabalho.

    ImagTns dT SaxlixTrbixa ptnxt WRS*

    BasT xtptgrfica dTactrdt ctm t ctrxT

    inxTrnacitnal na Tscala1o250.000**

    001/067 004/066 SB18ZC SC19VD

    002/066 004/067 SB18ZD SC19XA

    002/067 005/065 SB19YC SC19XC

    002/068 005/066 SB19YD SC19XD

    003/066 005/067 SC18XA SC19YA

    003/067 006/065 SC18XB SC19YB

    003/068 006/066 SC18XD SC19YD

    004/065 SC19VA SC19ZA

    SC19VB SC19ZB

    SC19VC SC19ZC

    Fonte: Inpe, 2006* e Radambrasil**, 1976.

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    tituem a Unidade Geomorfolgica ou Mor-fogrca (classicao adotada aqui); aosgrupamentos de unidades geomorfolgicasque apresentam semelhanas resultantesda convergncia de fatores de sua evoluo

    chamamas aqui de Regies Geomorfolgi-cas e aos grandes conjuntos estruturais, ouconjuntos de regies geomorfolgicas, quegeram arranjos regionais de relevo, guar-dando entre si relao de causa, chamamosde Domnios Morfoestruturais.

    Na primeira fase do ZEE/AC, as unidadesgeomorfolgicas eram aquelas apresenta-das e descritas pelo Projeto RADAM (SILVAet al., 1976; BARROS et al., 1977) - Plan-cie Amaznica, Depresso Rio Acre-Javari e

    Planalto Rebaixado da Amaznia Ocidental.Com a ampliao da escala de mapeamentopara 1:250.000, novas unidades foram inse-ridas em funo do maior grau de detalhe(descritas a seguir).

    3. gEOMORFOLOgIa Da REa

    Um dos objetivos do mapeamento geomor-folgico o zoneamento do relevo e o princi-pal fator utilizado para tal a altimetria. Entre-tanto, h na Amaznia uma relativa homoge-

    neidade altimtrica. Por conta disso, busca-seuma diferenciao em termos morfogenticose em termos texturais(analisando imagens desatlite e de radar).

    Para ns de zonea-mento, a avaliao do re-levo reporta-se, principal-mente, ao seu uso, e paratanto no basta carac-terizao da forma, mas

    tambm do grau de dis-secao, o que funobasicamente do grau deaprofundamento das inci-ses nos modelados e dadensidade da drenagem.

    Este plano de informa-o, portanto, apresentae descreve as formas dorelevo e a sua congura-o supercial. O Estado

    do Acre mostra-se dividido em nove unida-des geomorfolgicas: a Plancie Amaznica,a Depresso do Endimari-Abun, a Depres-so do Iaco-Acre, a Depresso de Rio Branco,a Depresso do Juru-Iaco, a Depresso do

    Tarauac-Itaqua, a Depresso Marginal a Ser-ra do Divisor, a Superfcie Tabular de Cruzei-ro do Sul e os Planaltos Residuais da Serra doDivisor (ver mapa geomorfolgico em anexo).

    Plancie Amaznica

    Unidade com altitudes variando entre 110e 270m, situada ao longo dos principais rios.O processo de formao da plancie amazni-ca se d por colmatagem de sedimentos em

    suspenso e construo de plancies e terra-os orientada por ajustes tectnicos e acele-rada por evoluo de meandros. Os padresde drenagem nela presentes so o mendrico(Figura 1) e o anastomosado, indicando ajus-te hidrodinmico em reas rebaixadas. ca-racterizada por vrios nveis de terraos e asvrzeas recentes contm diques e paleocanais,lagos de meandro e de barramento, bacias dedecantao, furos, canais anastomosados etrechos de talvegues retilinizados por fatoresestruturais. O contato desta unidade com as

    demais em geral gradual, mas com ressaltosntidos nos contatos das plancies com as for-

    Fir 1. Padro mendrico tpico da plancie amaznica, ao longo do Rio

    Juru, oeste do Acre. Na parte superior da figura, a cidade de Cruzeiro do Sul.

    Fonte: Google Earth, 1999.

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    mas de dissecao mais intensas das unida-des vizinhas. J os contatos com os terraosmais antigos podem ser disfarados.

    A composio das formaes superciais de nveis de argilas, siltes e areias muito nas

    a grosseiras, estraticadas, localmente interca-ladas por concrees ferruginosas, e concen-traes orgnicas, resultando em Neossolosvicos, Luvissolos hipocrmicos, Gleissolosmelnicos, Argissolos vermelho-amarelo eamarelo e Plintossolos hplicos (Ver Figura 2).

    Apresenta-se, na rea em questo, emquatro categorias distintas de modelados,So elas:

    a Terraos flviais. So acumulaes uviais

    de forma plana, apresentando rupturade declive em relao ao leito do rio e svrzeas recentes situadas em nvel infe-rior, entalhadas devido variao do n-vel de base. Ocorrem nos vales contendoaluvies nas a grosseiras, pleistocnicase holocnicas.

    a Plancies e terraos flviais. So reas pla-nas resultantes de diferentes acumulaesuviais, peridica ou permanentemente

    inundadas, comportando meandros aban-donados e diques uviais com diferentesorientaes, ligadas com ou sem rupturade declive a patamar mais elevado. Ocor-rem nos vales com preenchimento aluvialcontento material no a grosseiro, pleis-tocnicos e holocnicos.

    a Plancies fluviais. reas planas resultantesde acumulao uvial e sujeitas inun-

    daes peridicas, incluindo as vrzeasatuais, podendo conter lagos de mean-dros, furos e diques aluviais paralelos aoleito atual do rio. Ocorrem nos vales compreenchimento aluvial.

    a Plancies e terraos flviolacstres. reaplana resultante de processos de acu-mulao uvial/lacustre, podendo com-portar canais anastomosados ou diques

    marginais, com ou sem ruptura de decliveem relao bacia do lago e s planciesvio-lacustres situadas em nvel inferior.Ocorrem em setores sob o efeito de pro-cessos de acumulao uvial e lacustre, su-

    jeitos ou no a inundaes peridicas, combarramentos formando lagos.

    a Depresso do EdimariAbuN. Unidadecom altitude variando entre 130 e 200m,nivelada por pediplanao ps-terciria,posteriormente dissecada pela drenagematual. Trata-se de superfcie suavementedissecada, com topos tabulares e algumasreas planas. No trecho que acompanha

    longitudinalmente o rio Abun ocorrem re-levos um pouco mais dissecados e de toposconvexos (limite leste do Estado). Sedimen-tos da Formao Solimes geraram Argis-solos vermelho-amarelos, como prximoa Xapuri. Observam-se ainda Latossolosde diversas texturas. Seu contato com asunidades vizinhas gradual. Esta unidadecaracteriza-se por formas de dissecao,descritas a seguir:

    a Dissecao homognea convexa. Gera for-mas de relevo de topos convexos, escul-pidas em variadas litologias, s vezes de-notando controle estrutural, denidas porvales pouco profundos, vertentes de decli-vidade suave, entalhadas por sulcos e ca-nais de primeira ordem.

    a Dissecao homognea talar. Gera formasde relevo de topos tabulares, conformando

    feies de rampas suavemente inclinadas elombas esculpidas em coberturas sedimen-tares inconsolidadas, denotando eventualcontrole estrutural.

    Alm dessas, h ainda modelado de apla--amento:

    a Pediplano retocado inmado. Trata-se desuperfcie de aplanamento elaborada du-rante fases sucessivas de retomada dos

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    processos de eroso, os quais geraramsistemas de planos inclinados, s vezes le-vemente cncavos. Aparece inumada porcoberturas detrticas e/ou de alterao.

    Depresso do IacoAcre

    Unidade com altitude variando entre 160e 290m, com padro de drenagem dendrti-co. Admite-se para sua formao um possveltruncamento pela pediplanao ps-terciria,

    podendo ter sofrido tectnica de soergui-mento relacionada reativao do Arco deIquitos. Posteriormente foi dissecada peladrenagem atual.

    Compreende uma superfcie muito disse-cada e com declives muito expressivos. As re-as de topo aguado com declives fortes e as detopo convexo com declives medianos reetema presena de fcies arenosa da FormaoSolimes. De um modo geral, o contato comoutras unidades gradacional. No segmento

    Figra2.

    MapaGeomorfolgico

    doEstadodoAcre.

    FonteAcre,

    2006.

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    mais setentrional, percebe-se uma ntida dife-renciao na intensidade da dissecao sem,contudo, denir uma linha de ruptura entreuma unidade e outra.

    Os sedimentos da Formao Solimes ge-

    raram principalmente Argissolos com car-ter plntico. No segmento mais ao noroeste, afcies arenosa dessa formao deu origem aPlintossolos hplicos e Argissolos vermelho--amarelos. Suas formas de dissecao so aconvexa e a tabular, descritas anteriormentee a aguada, a seguir:

    a Dissecao homognea agada. Trata-sede um conjunto de formas de relevo detopos estreitos e alongados, esculpidas

    em sedimentos, denotando controle es-trutural, denidas por vales encaixados.

    Depresso de Rio branco

    Unidade com padro de drenagem angular,o que implica um controle estrutural. Varia naaltimetria de 140 a 270m. A tectnica pareceter um papel importante na rea, provavelmen-te uma movimentao tardia no Arco de Iqui-tos provocou o soerguimento da unidade derelevo, que foi posteriormente dissecada pela

    drenagem atual.Caracteriza-se por um relevo muito disseca-

    do, com topos convexos e densidade de drena-gem muito alta, apresenta declives medianos naparte centro-norte, diminuindo para sul, onde setorna suave ondulado (Figura 2). O contato comoutras unidades se d de forma gradual. No en-tanto, com a Depresso do Iaco-Acre observa-sediferena na altitude e na intensidade da disse-cao, porm, sem que se perceba a presena deuma linha ntida de ruptura topogrca.

    Os sedimentos da Formao Solimes pre-sentes nessa unidade originaram dominante-mente Argissolos vermelho-amarelos.

    As formas de dissecao relacionadas a essaunidade so a convexa e a tabular (descriesapresentadas anteriormente).

    Depresso do JrIaco

    Esta unidade apresenta altitude varivelentre 150 a 440m. Trata-se de uma rea ni-

    velada por pediplanao ps-terciria e pro-vavelmente afetada por neotectnica tardia.A eroso descaracterizou o aplainamento re-sultando em modelados de dissecao. Suaprincipal caracterstica a de apresentar-secomo uma superfcie dissecada com elevadadensidade de drenagem de primeira ordeme padro dendrtico. Apresentam-se modela-dos de topos convexos, por vezes aguados,

    com declives que variam de medianos a for-tes (Figura 3). Seus contatos so graduais,de um modo geral, e por diferena altim-trica, mas sem gerar linha de ruptura mar-cante com as depresses do Purus - Juru edo Iaco - Acre. Em termos sedimentolgicosh domnio dos sedimentos sltico-argilo--arenosos, com presena de material carbo-ntico da Formao Solimes. Nesses locaisimprime carter carbontico aos solos ge-rados. Apresenta dominantemente Cambis-

    solos hplicos. Em menor escala, exibemLuvissolo hipocrmico, Vertissolo cromado,Plinossolo argilvico e Argissolos vermelho--amarelos. Suas principais formas de disse-cao so a convexa e a aguada.

    Depresso do TaraacItaqa

    Unidade com variao altimtrica de220 a 300m. A abertura das depressescircunvizinhas deixou relevos residuais de

    Fir 3. Relevo colinoso de dissecao convexa de

    baixa amplitude nas imediaes de Rio Branco.

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    uma topograa mais elevada que consti-tuem os relevos desta unidade. Trata-se derelevos de topos convexos (com dissecaoconvexa), como o caso do Acre, com altadensidade de drenagem de primeira ordemorganizadas em um padro essencialmentesubdendrtico. Apresenta descontinuidade

    espacial pela plancie do Juru e pelos re-levos mais baixos das unidades vizinhas, ouseja, os contatos so ntidos e bem marca-dos com os relevos em posio altimtricamais baixa das depresses do Javari - Jurue Juru - Iaco.

    Os siltitos e argilitos da Formao Soli-mes deram origem a Luvissolos hipocr-micos e Cambissolos hplicos e, secundaria-mente, a Argissolos amarelos e vermelho--amarelos e Plintossolos argilvicos.

    Depresso Marginal a Serra do Divisor

    Unidade com altitude variando de 230a 300m e padro de drenagem dendrtico.Constitui um grben (rea rebaixada) asso-ciado Falha Bat, com possveis rearranjospela pediplanao ps-terciria. A instala-o da drenagem atual resultou na disseca-o da rea. Basicamente, trata-se de relevodissecado de topos convexos, comportando

    declives suaves, esculpidos emlitologias da Formao Soli-mes que originaram principal-mente Argissolos amarelos emassociao com Plintossolos

    argilvicos, Cambissolos h-plicos e localmente Vertissoloscrmicos carbonticos devido presena de material carbo-ntico na formao geolgica.O contato com a SuperfcieTabular de Cruzeiro do Sul sed em aclive, atravs da zonadissecada, e por escarpas comos Planaltos Residuais da Ser-ra do Divisor (Figura 4); alm

    de apresentar contato gradualcom as depresses vizinhas.A dissecao dessa unidade

    na rea se d de forma tabular,aguada e convexa (descritas

    anteriormente). Entretanto h modeladosde aplanamento (o pediplano retocado inu-mado, j descrito na Depresso do Endimari--Abun, e o pediplano retocado desnudado).

    Pediplano retocado desnudado. Superf-cie de aplanamento elaborada durante fasessucessivas de retomada dos processos de

    eroso que desnudaram o relevo, geran-do sistemas de planos inclinados em querochas pouco alteradas foram truncadaspela pediplanao.

    Sperfcie Talar de Crzeiro do Sl

    Unidade de relevo com altitude mdiaentre 150 e 270m, padro dendrtico asubparalelo (associado a estruturas tect-nicas). A unidade constitui um horst (rea

    elevada) associado Falha Bat e pode tersido afetada por pediplanao ps-terciria.Predominam relevos tabulares com decli-ves suaves, exceo de alguns trechos,como sua borda oeste, onde os declives somais acentuados.

    Os arenitos e argilitos da FormaoCruzeiro do Sul geraram Argissolos ama-relos e vermelho-amarelos e trechos deLatossolos amarelos tpicos. Porm, ocor-rem de modo disperso reas de material

    Fir 4. Relevo colinoso de mdia amplitude com dissecao agu

    ada e convexa localizado na BR364, no trecho entre Feij e Ta

    rauac

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    arenoso esbranquiado que constituemNeossolos quartzarnicos.

    Na parte oeste, o contato com a depres-so se faz por diferena de declive, marca-da por faixa de relevo mais dissecado. Em

    trechos do contato com o rio Juru, exiberessaltos de 40 m (Figura 5). No restante, gradacional.

    So formas de dissecao da unidade, atabular, a convexa e a aguada (descritas an-teriormente). Entretanto, ocorre dentro daunidade um modelado de acumulao des-crito a seguir:

    a Planos aaciados de inndao. rea aba-ciada denida por planos convergentes,

    com material arenoso e/ou argiloso, su-jeita inundaes, podendo apresentararresmo (ausncia de curso uvial per-manente) ou impedimento de drenagem,com lagoas fechadas ou precariamenteincorporadas rede de drenagem.

    Planaltos Residais da Serra do Divisor

    Unidade com altitudes variando entre270 e 750m, apresentando padro dendr