Mahalo Press 5º Edição

68
Mahalo Press | Ano 1 | #5 | Distribuição gratuita www.mahalo.com.br Radical Grupo de skatistas longboarders invade ladeiras de Salvador com manobras radicais Bino Lopes Num papo divertido, mostramos um pouco da forte personalidade do talentoso surfista baiano Fomos a um dos destinos turísticos mais mágicos do Brasil para surfar ondas perfeitas em uma bancada de coral MORRO DE SãO PAULO Atleta da MAHALO, Bruno Galini

description

5º Edição da revista MAHALO Press

Transcript of Mahalo Press 5º Edição

Page 1: Mahalo Press 5º Edição

Mah

alo

Pres

s |

Ano

1 |

#5

| D

istr

ibui

ção

grat

uita

www.mahalo.com.br

Radical Grupo de skatistas longboarders invade ladeiras de Salvador com manobras radicais

Bino LopesNum papo divertido, mostramos um pouco da forte personalidade do talentoso surfista baiano

Fomos a um dos destinos turísticos mais mágicos do Brasil para surfar ondas perfeitas em uma bancada de coral

MoRRode São PauLo

Atleta da MAHALO, Bruno Galini

Page 2: Mahalo Press 5º Edição
Page 3: Mahalo Press 5º Edição
Page 4: Mahalo Press 5º Edição
Page 5: Mahalo Press 5º Edição
Page 6: Mahalo Press 5º Edição
Page 7: Mahalo Press 5º Edição
Page 8: Mahalo Press 5º Edição
Page 9: Mahalo Press 5º Edição
Page 10: Mahalo Press 5º Edição

Fala do editor

De olho na série

Conceito Mahalo

Editorial MAHALO Terra

Palavras salgadas

Quiksilver Arpoador

Editorial EDYE

Meio Ambiente

No Trilho

Editorial MAHALO praia

Flávio Marola

Sons, filmes e afins

Musa Mahalo

12

14

15

16

24

26

40

50

52

54

60

64

66Foto de capa: Bruno Galini curte as ondas e o astral de Morro de São Paulo (Foto: Zecops)

Rolé em MorroAlém da importância histórica, da

beleza e do agito, Morro de São Paulo também tem ondas perfeitas 28

10

36

Skate Conheça a galera que arrisca o pescoço nas ladeiras de Salvador andando de skate longboard

Foto

: Dav

id C

ampb

ell

Foto

: Zec

ops

46

Bino LopesDeterminação, garra e convicção no que faz são os lemas de um dos surfistas mais talentosos do Brasil

Foto

: Die

go F

reire

Page 11: Mahalo Press 5º Edição
Page 12: Mahalo Press 5º Edição

Yordan Bosco

Conceito surfwearEm busca de roupas que possibilitas-

sem conforto e segurança para a prática do surf e que, ao mesmo tempo, dessem uma identidade à tribo, surfistas america-nos e australianos começaram a confeccio-nar, artesanalmente, as primeiras peças da moda surf nos idos de 1960.

Nascia então as primeiras grifes de um segmento da moda que não representava apenas um jeito de se vestir. Mas sim a re-produção de toda uma cultura e um estilo de vida, baseado no espírito de liberdade e aventura, na atitude, na coragem e na in-dependência dos padrões conservadores e pré-moldados das sociedades na época.

Inspiradas nas suas próprias demandas, no movimento hippie e no homem havaia-no, as camisas com estampas floridas, as bermudas com três agulhas e as camisetas e calças mais folgadas e confortáveis de-ram o tom da primeira fase da surfwear.

Passado cerca de meio século, temos um dos segmentos de vestuário mais atuantes e influentes do planeta, que inova e apre-senta tendências a cada estação. O merca-do de surfwear produz todas as peças de roupas e acessórios para seu público. Além disso, é responsável pela confecção de equipamentos necessários para a prática do surf e de outros esportes de ação.

De acordo com pesquisas, só no Brasil, esse mercado movimenta mais de R$ 2,5 bilhões por ano e, vai aí outro dado inte-ressante, 95% dos consumidores não têm li-gação com o esporte, são admiradores. Isso

comprova a influência e o fascínio que a cultura surf e, consequentemente, a moda ligada a este esporte exercem sobre as pes-soas. No Brasil e em todo o planeta.

E a MAHALO vem exatamente nessa pegada. A grife de origem californiana, criada em 1982, desenvolve produtos de alta qualidade, investe pesado em tecnologias de confecção e inova na criação dos produtos a cada coleção. Esta quinta edição da Mahalo Press celebra exata-mente um ano repleto de conquistas, cresci-mento empresarial, inovações e consolidação de nossa marca no mercado brasileiro.

A Coleção Verão 2012 está nas lojas, en-cantando e fazendo com que cada vez mais pessoas se sintam MAHALO. Com o tema Terra e Mar, a coleção é inspirada nos es-paços de ligação dos ambientes aquáticos e terrestres. O mix de mais de 350 peças traz como principais características estam-pas coloridas e tecidos especiais, confeccio-nados com alta tecnologia. As modelagens exclusivas foram pensadas para proporcio-nar conforto e bem-estar, sem esquecer da funcionalidade para a prática de esportes.

Também para celebrar este momento má-gico produzimos editoriais de moda para a MAHALO e para a EDYE RADICAL CO (nos-sa marca da linha streetwear). Você pode conferir os resultados fantásticos desse trabalho nesta edição. Ousado e atual, o ensaio é diferente de tudo que o segmento está acostumado, e traduz, com muita arte e criatividade, todo o conceito e filosofia da nossa marca e dos nossos produtos.

A revista MAHALO PRESS é uma publicação bimestral do grupo MAHALO, WAvE BEAcH, EdyE RAdIcAL cO. e ASA cLASSIc WEAR e tem tiragem de 30 mil exemplares. A revista é produzida pelo departamento de comunicação do grupo.

Edição e produção: Yordan Bosco (DRT–BA 2992); Projeto gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Alexandre Karr; Revisão: Socorro Araújo; Assessoria comercial: Fabiano Gonçalves; Estagiária: Adriele dos Santos; Colunistas: Fábio Tihara, Juliano Bório, Lucius Gaudenzi, Luiz Augusto Pinheiro e Marcos Pellegrino; Colaboraram nesta edição: (textos) Daniel Smorigo, Gabriel Almeida, Kelly Cestari, Natália Arjones e Zedu Carvalho; (fotos) Aleko Stergiou, Bruno Veiga, David Campbell, Diego Freire, Enrico Marcovaldi, Fabriciano Júnior, Fred Pompermayer, Gugah Mariano, Hugo Zechin, Paulo Fontes, Pedro Accioly, Tiago Lima e Zecops; Ilustração: Rafael Brasileiro; Impressão: Vox Editora.

Os textos assinados reproduzem as opiniões dos seus autores e não necessariamente do veículo e do grupo.

contatos por e-mail: comunicaçã[email protected]@mahalo.com.br Telefone: (71) 3443-1546. correspondências: Avenida Tancredo Neves, nº 2915 - Loja 1075 - Salvador Shopping, caminho das Árvores - Salvador – BA - cEP 40 820 021

[email protected]

Foto

: Tia

go L

ima

Page 13: Mahalo Press 5º Edição
Page 14: Mahalo Press 5º Edição

Medina vence 2 e Slater é 11 vezes campeão Alex Cardoso fatura etapa do Sergipano de Skate

Mahalo Alagoano é encerrado com sucesso

Funcionário MAHALO alcança 3ª colocação no baiano de jiu-jítsu

Galini é o Brasil nos Jogos Sul-Americanos

Craque nas ondas

O skatista baiano Alex Cardoso, patrocinado pela EDYE RADI-CAL CO, foi o grande campeão da terceira etapa do Sergipano de Skate 2011, realizado entre os dias 29 e 30 de outubro, na Praia de Atalaia, em Aracaju. Participaram da prova, que teve status de regional nordestino, atletas de Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco. Cardoso já é grande referência regional no es-porte e alcançou o primeiro lugar na categoria Amador 1.

Após seis etapas de disputas emocionantes, o Circuito Mahalo Alagoano de Surf 2011 foi encerrado nos dias 19 e 20 de novembro, na Praia da Lagoa do Pau, em Cururipe, li-toral sul do estado. Além de Cururipe, o circuito teve provas realizadas em praias de Maceió e no Francês, com excelente estrutura e organização e atletas de toda a região Nordes-te. Quem melhor aproveitou o evento foram os campeões da temporada, os sergipanos Bruno Marujinho (Open), Robson Fraga (Longboard) e Paula Mourão (Feminino) e os alagoanos Wellington Reis (Grommets), Victor Ramos (Iniciante), Aman-do Tenório (Mirim), Denisson Rocha (Junior), Klinger Peixoto (Senior e Master) e Fábio Nascimento (Grand Master).

Em outubro deste ano, o funcionário do setor comercial da MAHALO Diones Cerqueira disputou o Campeonato Baiano de Jiu-Jítsu, que aconteceu em Salvador, e alcançou a 3ª co-locação. O nosso campeão levou a medalha de bronze com apenas sete meses de treino, depois de um ano e meio pa-rado. Entretanto, ele já pratica a arte marcial há, no míni-mo, quatro anos pela Equipe Dela Riva, com o mestre Neto Orvile. Diones conta que quando ganhou a medalha ainda era faixa branca e que agora já é azul. “O jiu-jítsu é minha paixão e sou bastante grato às orientações de meu mestre, que me fez descobrir o potencial para o esporte”, comenta.

O surfista da MAHALO Bruno Galini, 24 anos, foi convidado pela Confederação Brasileira de Surf (CBS) para integrar a equipe nacio-nal que disputa, entre os dias 2 e 11 de dezembro, os Jogos Sul-Ameri-canos de Praia. A competição será realizada na cidade de Manta, Equador, e contará, além do surf, com disputas de handebol, esqui, natação em águas abertas, rugby, triatlo, vôlei e futebol de praia. Os Jogos Sul-Americanos de Praia têm chancela do Comitê Olímpico Internacional (COI), supervisão da Organização Desportiva Sul-Americana (Odesur) e serão orga-nizados pela Federação Equatoriana de Surf (ESF), em parceria com International Surfing Association (ISA).

Criado em Fortaleza e sur-fista competidor até os 16 anos de idade, o atacante do Bahia e ex-Vitória Júnior, o Diabo Loiro (na foto, ao lado do shaper Luiz Algusto Pinheiro), fez uma visita a uma das lojas e à fábrica de pranchas da MAHALO, em Salvador. Artilheiro nato, matador, o ídolo da torcida tricolor encomendou sua ter-ceira prancha com o shaper

Luiz Augusto Pinheiro e, de quebra, ganhou outra de presente, uma ‘fish’. Ele ainda fez uma sessão de remada de stand up paddle em Itapuã e pegou umas ondas com a galera em Jaguaribe. Apesar do mar muito pequeno e ruim, Júnior mostrou que manda bem. Andou com velocidade e fez umas manobrinhas nas marolas de menos de meio metro. “Sempre que o mar está bom e consigo um tempinho, dou uma caída no Barravento, que fica perto de casa. O surf sempre fez parte da minha vida”, explica o jogador.

Foto

: Zec

ops

Foto: Zecops

Foto: Kelly Cestari / ASP

Este segundo semestre foi um dos mais movi-mentados da história do surf mundial. Além da conquista do 11º título de Kelly Slater, 39 anos, na penúltima etapa da temporada (o Rip Curl Search) nos EUA, o mundo assistiu incrédulo à estreia arrasadora do jovem brasileiro Gabriel Medina, 17, no Tour. Com duas vitórias (na Fran-ça e nos EUA) nas suas primeiras quatro etapas disputadas, o brasileiro impôs respeito, mostrou

que fatalmente trará o título para o Brasil e fez o que nem o próprio Slater conse-guiu no seu debute no WT. De quebra, Mineirinho também venceu a etapa de Portugal, a sua se-gunda no ano, já que havia conquistado a prova do Rio.

14

Page 15: Mahalo Press 5º Edição

Coleção de Verão 2012Terra e MarInspirada nos dois elementos de maior grandeza

Com um novo olhar, exploramos, de forma artística, alguns detalhes que com-põem uma natureza rica e que está dian-te dos nossos sentidos a todo instante. O espírito é lembrar que em nossa volta há, constantemente, um ambiente sublime e fantástico, facilmente percebido, se der-mos mais atenção aos nossos sentidos.

Assim, notamos que, ao nosso redor, além de toda essa correria, há outras influências, como as flores, a brisa, o cheiro e a umidade do mar, o sol, entre muitas outras coisas. Todos esses elementos nos dão equilíbrio, paz e segurança nesse caminho constante que é viver.

Surfista é o ser ideal para ilustrarmos esse conceito. Ele é habitante fiel do lugar que liga toda extensão terrestre com o mar, vivendo bem os dois ambientes. A praia é um lugar de calor, emoções, sentimentos e vivências, onde o que há de mais forte é a liberdade. De um lado está a terra e, do outro, o mar. Caminhos distintos que podem nos levar para um universo de pos-sibilidades e novos horizontes em nossas vidas.

Viva a vida na terra e se renove no mar. Esse é o conceito da Coleção Verão 2012 Mahalo.

Gabriel AlmeidaGerente de desenvolvimento de Produto

Foto: Diego Freire

15

Page 16: Mahalo Press 5º Edição

Da mataO melhor lugar não é em casa. É aquele onde você se sente em casa. As entidades do verde te dão as boas-vindas. É hora de pegar a estrada e cortar a Mata Atlântica. Depois dela, ali pertinho, sempre o mar.

Fotos: Tiago Lima | Edição de Moda: Zedu Carvalho

Page 17: Mahalo Press 5º Edição
Page 18: Mahalo Press 5º Edição
Page 19: Mahalo Press 5º Edição
Page 20: Mahalo Press 5º Edição
Page 21: Mahalo Press 5º Edição

Modelos: Arnaud Cornevin (One Models) e

Ágatha Borges (Model Club)

Beleza: Dai Alves

Produção e Tratamento de Imagem:

Hebert Valois (Cinzoo)

Produção Executiva: Zedu Carvalho

Agradecimentos: Projeto Floresta

(Reserva Sapiranga, Praia do Forte),

Restaurante Casa do Poeta (Reserva

Sapiranga, 71 9916 8860) e Restaurante Le

Pompom Rouge (Rua da Paciência, 251 -

Rio Vermelho, 71 3023-3566).

Page 22: Mahalo Press 5º Edição
Page 23: Mahalo Press 5º Edição
Page 24: Mahalo Press 5º Edição

Maldito Carnaval Todo Carnaval era a mesma coisa: pranchas em

cima do carro, adrenalina na mochila, um pico aluci-nante que quebrasse boas ondas, bebida no isopor e a noite bombando. Não queriam mais nada da vida. Aqueles ingredientes tornavam a trip sempre uma caixinha de surpresas, exceto por um deles: as ondas. Parecia praga. Nos últimos quatro anos, o mar esteve totalmente flat para onde quer que fossem. As pran-chas nem saíam das capas. Só serviam de enfeite.

Naquele ano, escolheram um lugar mais exótico. Queriam cair na folia, chutar o balde geral. E, como naquele pico, para rolar uma vala, o swell tinha que estar grande e de leste, raro naquela região e, princi-palmente, naquela época do ano, optaram por nem levar as pranchas. Cansaram da mesma decepção de sempre. Dessa vez nem sonhavam com as ondas.

Partiram eufóricos, como sempre. Era estranho ver aquele Uno vermelho 85, tomado por adesivos na traseira, passar sem aquele monte de foguetes amarrados no capô. Mais estranho ainda era vê-los escutando marchinha de Carnaval. Logo eles, que sempre odiaram esse tipo de coisa; viviam para as ondas e nunca trocavam um dia de surf por balada que fosse. Algo estava realmente estranho.

Num paradouro qualquer, ficaram apreensi-vos quando viram alguns carros atrolhados de pranchas e que, provavelmente, estavam indo

na mesma direção. Aquilo os lembrou de algo.– Será que vai ter onda? – alguém resmungou baixinho. – Claro que não. Eles parecem com a gente, todos os anos. Desencanaram da ideia e riram daqueles caras. Horas depois, com a lua iluminando o céu, chega-

ram à tal praia onde ficariam. Som pegando, mulhe-rada doida pela rua e rumores circulando pelos bares de que um swell de leste estaria se aproximando. Não estavam nem aí, afinal, todo Carnaval era a mesma coisa. Dessa vez, não se enganariam.

Caíram na folia, tomaram todas. Mal sabiam onde estavam de tão bêbados. Quando a noite deu lugar ao dia, em compa-nhia de algumas garotas mais tortas do que eles, foram até a praia ver o nascer do sol. Deram de cara com seus piores pesadelos. O mar havia reagido e quebravam boas ondas de meio metro. Carros chegavam a todo instante e moleques en-travam no mar esbanjando disposição e fome por ondas.

Sentaram-se no alto de uma pedra e por ali ficaram. Sem pranchas, sem surf, sem ondas e de cabeça inchada. Apenas com umas barangas e uma garrafa de cachaça. Aquilo não combinava nada com eles.

É. Naquele Carnaval algo estava estranho. Realmente, muito estranho.

Ilust

raçã

o: R

afae

l Bra

sile

iro

Por Juliano Bório*

*Juliano Bório é gaúcho, publicitário, mora na Austrália e está preparando um livro de contos

Page 25: Mahalo Press 5º Edição
Page 26: Mahalo Press 5º Edição

26

Mesmo com uma atuação espetacular nas quartas de final, quando fez um escore de 16 pontos, de 20 possíveis, o surfista baiano Bino Lopes, 23 anos, não conseguiu superar o cario-ca Léo Neves no Quiksilver Open of Surfing, finalizado no dia 23 de outubro, na praia do Arpoador, na cidade do Rio de Janeiro.

A prova teve nível seis estrelas, distribuiu US$ 145 mil de premiação e coroou o campeão, o norte-americano Kolohe Andino (EUA), 17, com US$ 20 mil e 3.500 pontos no ASP World Star, circuito classificatório para a elite do surf mun-dial de 2012. Andino derrotou na grande final o brasileiro de Ubatuba (SP) Hizunomê Bettero, pelo placar de 17,5 x 16,57 pontos.

Com um surf de encher os olhos de todos que estiveram na praia do Arpoador desde o primeiro dia de disputas, Bino Lopes mostrou muita técni-ca, determinação e força para brigar entre alguns dos melhores surfistas do mundo, em ondas de cerca de um metro e meio e boa formação.

Vencedor da prova do ASP World Star da Bahia em setembro, Lopes foi muito bem na segunda bateria das quartas, mas não contava com a sorte de Leo Neves, que achou uma onda espetacular e fez a maior nota da competição, um 9,6 pontos. Com as notas 8,77 e 7,23 pontos que fez na disputa, o baiano se classificaria tran-quilamente em duas das quatro baterias da fase.

Bino faz bonito em mais uma prova internacional

“Surf competição é isso mesmo. Cada um tem seu dia e, mesmo fazendo um dos escores mais altos de toda a prova, parei nas quartas. Mas estou feliz, por-que chegar até aqui em um evento dessa importân-cia é muito bom”, explica Bernardo Lopes. “Este ano, graças a Deus, venho conseguindo bons resultados e adquirindo muita experiência. No ano que vem quero me dedicar mais a este circuito e participar de mais provas fora do Brasil”, promete o surfista.

Talento emergenteNova sensação do surf norte-americano, Kolohe An-

dino venceu as duas etapas da ‘perna brasileira’ de fim de ano da ASP South America (a outra foi no li-toral paulista na semana anterior) e deu um grande passo para compor a elite do ASP World Tour em 2012. “Foi uma final muito difícil. Sabia que estava enfren-tando um grande surfista que, assim como eu, fez um grande campeonato”, comemora Andino.

Surfista da MAHALO passou por cinco baterias nos quatro dias de eventos seis estrelas no Rio de Janeiro e só parou nas quartas. O grande campeão da prova foi um norte-americano de 17 anos

Foto

s: D

anie

l Sm

orig

o / A

SP

1) Kolohe Andino (EUA) 2) Hizunomê Bettero (BRA)3) Filipe Toledo (BRA)3) Leonardo Neves (BRA)5) Bino Lopes (BRA)5) Thiago Camarão (BRA)5)Thiago Guimarães (BRA)5) Jessé Mendes (BRA)

Resultados

Qu IkS I LVer Open OF SurF InG

Bino perdeu nas quartas de final com 16 pontos, escore que o classificaria em duas das quatro baterias da fase

Filipe Toledo, Hizunomê Bettero, Léo Neves e o campeão Kolohe Andino formaram o pódio no Arpoador

Page 27: Mahalo Press 5º Edição

27

Page 28: Mahalo Press 5º Edição

Famoso destino turístico é abrigo de ondas perfeitasSabíamos que o destino escolhido para a seção Rolé desta edição seria uma grande incógnita. Morro de São Paulo é um lugar maravilhoso, sem dúvida um dos mais bonitos e mágicos do Brasil. Mas, em relação a um fator fundamental para a nossa visita, as ondas, tínhamos consciência que poderíamos trazer algo sensacional ou ficar na mão. O fato é que o local, pertencente ao município de Cairu, na Costa do Dendê, produz ondas perfeitas em uma das melhores bancadas de fundo de coral da Bahia. Porém nem todo dia é dia de surf, devido a inconsistência das ondulações. Morro tem uma importância histórica muito grande. A vulnerabilidade a invasores, saqueadores e contrabandistas no período colonial fez com as autoridades da época transformassem o local em um estratégico ponto de defesa do litoral baiano.

Por Yordan Bosco | Fotos Fabriciano Júnior

28

Page 29: Mahalo Press 5º Edição

As ondulações não entram em Morro com muita frequência, mas a qualidade das ondas da Pedra do Moleque é inquestionável. Ian Costa que o diga

Dos cerca de 80 mil turistas que visitam Morro a cada ano, 57,9% são mulheres

Sabíamos do potencial das ondas de Morro de São Paulo, mas também tínhamos conhecimento da in-consistência das ondulações. Então, aproveitamos o

período da terceira etapa do circuito baiano de surf pro--am, no final de agosto, e partimos com os surfistas Bino Lopes, Bruno Galini e Ian Costa. Seguimos em uma quin-ta-feira à noite, pois o campeonato, vencido por Galini, aconteceria de sexta a domingo e havia a previsão de um swell de leste para a segunda. A época era a mais propícia do ano, a ondulação estava a caminho e os ‘cabra’ esta-vam lá, com ‘sangue nos óio’, só esperando para atacar.

Com os fotógrafos Zé Cops e Fabriciano Júnior a pos-tos, tínhamos três dias (segunda, terça e quarta) para aproveitar as ondas que estavam prometidas e produ-zir umas fotos, já que na quinta os atletas tinham que estar em Itacaré, para a disputa de uma etapa do cir-cuito nordestino. Mas, naquelas condições, de ondas pequenas, apenas o pico da Pedra do Moleque funcio-nava. Como em todas as bancadas de fundo de coral, as ondas quebram em um lugar exato e por isso o pico ficou reservado para a competição.

Foi nos confrontos das primeiras baterias que nos-sos atletas surfaram em Morro pela primeira vez. Ao sair da sua disputa inicial, Galini aprovou de cara o potencial das ondas. “Apesar de não ter tamanho, dá pra ver que o pico tem uma formação muito boa. As ondas são fortes, perfeitas e extensas e o astral é im-pressionante”, aprova o surfista. “É um dos lugares mais bonitos que já vi. Se esse swell entrar realmente, vamos ter sessões de surf incríveis”, disse.

Bino Lopes já havia estado no paraíso, mas só naque-la sexta-feira também surfaria pela primeira vez por lá. Ele chegou à decisão e ficou em terceiro lugar na prova,

mas um imprevisto o afastou da melhor sessão de freesurf, na segunda-feira. Contraiu um furúnculo embaixo do braço e foi parar no posto médico da ilha. Competiu no sacrifício, mas teria que ficar de molho na segunda e na terça, pois havia tomado antibiótico e tinha de esperar a ferida desinflamar.

Até o domingo, as ondas continuaram pe-quenas, porém perfeitas e com força suficiente para manobrar. Ficamos instalados na confortá-vel pousada Villa dos Graffitis, a uns 200 metros do pico, e aproveitamos então para torcer pela equipe, monitorar tudo e curtir outros atrativos do paraíso, que não são poucos. Tem tirolesa, fortes, piscinas naturais, passeios de barco pelas ilhas, praias maravilhosas com águas cristalinas e peixe em abundância para quem gosta de caça submarina e pesca. Isso sem falar nas opções no-turnas. São festas, shows, barzinhos, restauran-tes e até boates, que funcionam todos os dias.

29

Nosso cicerone na ilha foi o simpático e talentoso surfista Dinho. Ele foi um dos primeiros ‘locais’ a surfar em Morro

Page 30: Mahalo Press 5º Edição

Em açãoProprietário de lanchas de turismo e um dos pri-

meiros surfistas do paraíso, o veterano Osvaldo Di-nho, 39 anos, foi nosso cicerone nas ondas de Morro. Dinho é um ex-pescador que há uns seis anos resol-veu vender os barcos que tinha e comprar lanchas de turismo. Ele conta que começou a surfar com uns 9 anos de idade, inspirado em caras de Salvador que tinham casa em Morro, a exemplo de Amilka, Rui, Saracura e Paulinho, e em uma galera de Valença, liderada por Guidinho, Joy e Dalmo Meirelles.

Marcamos com ele uma saída de barco para ver outros picos no domingo. Havíamos constatado que o swell prometido havia enfraquecido. Além da Pedra do Moleque, havia as bancadas da Quarta Praia e outro pico perto do Guaibim (em Valença), também de fundo de coral, chamado Ponta Grossa.

Acordamos umas 5h da madruga na segunda, embaixo de uma chuva muito forte. Quando São Pedro deu uma trégua, por volta das 8 horas, liga-mos para Dinho e fomos ao seu encontro na pou-sada Casa Blanca, de sua propriedade. As ondas estavam um pouco maiores que no final de sema-na. Ainda estavam pequenas, mas muito perfeitas, com água limpa e céu azulado àquela altura.

“Acho que não vale a pena ir a Ponta Grossa. É longe e o mar não deve estar muito diferente daqui”, avisou Dinho. Ele, então, foi buscar um flex-bolt (lancha inflável bastante confortável, com dois motores de 115 HPs e 15 lugares) no Porto e nos encontramos na Primeira Praia. An-tes da caída na Pedra do Moleque, a barca se-guiu para a Quarta Praia, para checar o Sueiro, onde, infelizmente, não tinha muita coisa.

Além de Dinho, Morro tem outros bons surfistas, que se criaram naquelas direitinhas da Pedra do Mo-leque. Demi Brasil, Joilson Purora, Silas Duggane os irmãos Matheus e Thiago Souza são alguns deles. “O surf por aqui é muito comum entre moradores e hoje em dia já existem muitos ‘locais’ que praticam o esporte”, explica o secretário de Turismo de Cairu, Júlio César Gonçalves de Oliveira.

Galini, Dinho, Ian Costa, Filipi Simões, Demi Brasil e o empresário Carlos Cunha formaram o cround com mais uma meia dúzia de surfistas locais e ‘agregados’.

30

Ian Costa deitou, rolou e voou nas ondas de Morro de São Paulo

1

2

3

Foto

s: F

abric

iano

Jún

ior

Page 31: Mahalo Press 5º Edição

Traços da herança colonial podem ser vistos nos casarões da vila de Morro de São Paulo

soas em busca de sol e diversão e à noite tem sempre festa. Os restaurantes e bares da Vila ou da Segunda Praia costumam ficar cheios e tem música ao vivo. Sem falar nas festas que rolam a partir de 1h, 2h da madrugada, em locais fe-chados ou nas praias. O público que participa dessas baladas é formado, em sua maioria, por estrangeiros vindos da Europa e da Argentina.

As ondas tinham, no máximo, 4 pés, porém a perfeição, o visual da praia, a água quente e cristalina fizeram daquele um dia muito especial. Galini e Ian voando como loucos e o resto da galera mandando ver. Quem não demorou a se integrar com a trupe foi o também veterano local Peninha. Chegou de barco, numa fissura danada, e mostrou que está no rip. Remava sem parar.

Aproveitamos o resto de tarde que nos sobrou para pro-duzir umas fotos de moda, junto com a equipe de marke-ting da MAHALO, comandada por Sandro Sanper. Depois de algumas sessões em um mirante colado no Farol, volta-mos famintos para a pousada. Foi o tempo de se arrumar às pressas e correr para o Sambass Café para jantar. O car-dápio do restaurante, do simpático italiano Hugues Carra-ra, 35 anos, é simplesmente fantástico (veja box).

Morada privilegiadaJá na terça e na quarta-feira, não demos sorte. Cho-

veu sem parar durante os dois dias. Até que tinha umas ondas, mas a luminosidade, ou melhor, a falta dela, não permitiu que a rapaziada produzisse um bom material fotográfico. Mas nossos heróis não quiseram nem saber e entraram no mar. Bino ignorou as recomendações mé-dicas e partiu para o outside para surfar as ondas, que estavam um pouco maiores que o dia anterior.

Pela falta de consistência das ondas, Morro de São Paulo não ganhou fama de destino de surfistas. Po-rém, existem alguns registros de ondas perfeitas e de bom tamanho em pouquíssimos veículos especia-lizados. Quem mora no vilarejo ou anda por lá com frequência garante que o local possui uma das ondas mais perfeitas do Brasil. Frequentador de Morro há 11 anos e morador há uns cinco, Carlos Cunha, o Car-linhos, explica que o surf é um privilégio na Ilha.

“A grande vantagem é que o cround é formado sem-pre por pessoas conhecidas, por amigos, pois pouca gen-te se arrisca a vir aqui só pra surfar. Embora de junho a agosto seja a época mais consistente, já pegamos ondas boas aqui em outras épocas do ano”, explica o empre-sário de 35 anos. Dono de três lojas no local, ele reforça que a vantagem de morar em Morro vai muito além do surf. “Trabalho onde as pessoas estão de férias. Os clien-tes estão sempre bem-humorados e simpáticos”, comen-ta Carlinhos, que cuida das lojas Local Brasil e sempre que pode está no mar fazendo alguma atividade física.

AgitoQue Morro de São Paulo possui uma vocação espor-

tiva muito forte, isso é fato. Além do surf, o mergulho, o futevôlei, o frescobol, os esportes de vela, o kite, a tirolesa e as caminhadas são atividades bastante pra-ticadas na ilha. Uma pesquisa da Secretaria de Turis-mo de Cairu mostra que 97% dos 80 mil turistas que frequentam Morro durante o ano vão atrás de lazer. E nessa categoria estão incluídos os esportes.

A pesquisa revela também que 54,4% desses turis-tas são jovens entre 16 e 31 anos e que 57,9% são mulheres. Ou seja, Morro de São Paulo é um lugar de muita festa e badalação. Durante os dias de sol, mes-mo durante a semana, as praias estão cheias de pes-

31

Peninha, a todo gás, na Pedra do Moleque

Leandro Sasso administra a pousada Villa dos Graffitis e, nas horas vagas, surfa, anda de kite ou de wakeboard Fo

to: Z

ecop

sFo

tos:

Fab

ricia

no J

únio

r

Bino ficou impossibilitado de surfar nos melhores dias. Mas, quando pôde, o surfista entrou no mar e deu seu recado

Page 32: Mahalo Press 5º Edição

32

Em meio a tantas opções, escolher um lugar para comer em Morro de São Paulo não é uma tarefa fácil. São cerca de 50 bares, restaurantes, creperias, pizzarias, cafés, açaís e por aí vai. Mas, na passarela da Segunda Praia, encontramos o Sambass Café. Fica de frente para o mar, é confortável, tem atendimento de primeira e, o que mais importa, comida sensacional.

Comandado pelo simpático italiano Hugues Carra-ra, 35, o restaurante é diferenciado em tudo. Mistura a culinária baiana com a italiana e tem no cardápio desde grelhados de frutos do mar e mariscada roial a opções de carnes, legumes e moquecas. O Linguine ao fruto do mar, servido com camarão, lagosta e polvo, é uma das opções que indicamos. Maravilha.

Carrara está no Brasil há cerca de 10 anos e em 2005 abriu o estabelecimento, a princípio como disk bar. Ele resolveu deixar pra trás o trabalho no setor têxtil na Itá-lia e chegou a Morro, com um amigo jornalista, em bus-ca de um lugar paradisíaco para morar e exercer uma atividade que amava, mas só fazia por hobby: cozinhar. Hoje é casado com uma mineira e tem um filho baiano.

“Com um mês de funcionamento do disk bar, resolvi mudar de ramo e transformar em um restaurante. Chamei um amigo chef italiano para montar o cardápio”, explica. “A princípio, queria mexer apenas com peixes e frutos do mar, mas como percebei que o brasileiro é extremamente carnívoro, resolvemos mesclar o cardápio”.

Alta gastronomia no restaurante Sambass Café

Localização estratégica

Morro de São Paulo é um braço da Ilha de Tinharé e tem em torno de 4,5 mil moradores. Abrigo de piratas e contrabandistas por mui-tos anos e refúgio de invasores holandeses no século XVII, o local era estratégico para o aces-so à rica região do Recôncavo Baiano, no início da colonização portuguesa.

Como o local era de difícil fiscalização para a Capitania dos Ilhéus, ficava vulnerável às invasões e saques. Por isso o governador Diogo Luís de Oliveira ordenou, em 1630, a construção de um Forte no local, que passou a desempenhar um im-portante papel na defesa da costa baiana. O po-voado desenvolveu-se em função da fortaleza e adquiriu características de núcleo urbano militar.

Essas características são percebidas logo na vila de Morro e dão um charme especial ao lu-gar. Na chegada de barco percebe-se o imenso muro remanescente do Forte, além do Farol. As casas e os sobrados coloniais se misturam às construções mais modernas. A fortaleza era protegida por uma muralha de grande exten-são. Toda a construção levou cerca de um século para ficar pronta. Vale destacar que a produção de farinha foi a principal atividade econômica do local durante o período colonial.

O Forte e a grande muralha de Morro começaram a ser construídos no século XVII, para proteger o Recôncavo Baiano dos invasores

Da esquerda para a direita: Ian, Bino, Sandro, Galini e Hugues no Sambass Café

O filé ao molho de

gorgonzola foi aprovadíssimo

por Bino

Foto

: Zec

ops

Foto

: Zec

ops

Pousada Villa dos Graffitis(75) 3652-1803

Pousada Vila das Pedras(75) 3652-1075

Villa dos Corais(75) 3652-1560

Restaurante Sambass Café(75) 8148-9239

MAHALO PRESS indica

Page 33: Mahalo Press 5º Edição

O local que hospedou toda a equipe da MAHALO em Morro de São Paulo não poderia ser outro. Extremamente confor-tável, bonita, café da manhã reforçadíssimo e serviço de pri-meira, a Pousada Villa dos Graffitis foi toda concebida, há três anos, com base em conceitos de sustentabilidade ambiental.

Com quartos amplos, arejados e confortáveis e uma de-coração que une sofisticação e modernidade, a pousada foi construída com madeira de reflorestamento, possui aque-cedores movidos a energia solar para os chuveiros, além de escadas feitas com garrafas pet. A Villa dos Graffitis possui ainda a área externa toda arborizada e ilustrações nas pare-des dos quartos e nas áreas de convivência.

“A pousada foi toda pensada para um público jovem, que vem em busca de diversão, agito e conforto. Temos 26 apar-tamentos simples e dois duplex”, explica um dos donos do estabelecimento, Leandro Sasso, 23 anos.

Paulistano, Sasso resolveu dá um tempo do curso de hotelaria em São Paulo para administrar o novo empreendimento da fa-mília, que já possuía no local as pousadas Villa dos Corais e Villa das Pedras. “Meu pai construiu a pousada Villa das Pedras no início dos anos 90, mas nunca morou aqui. De lá de casa eu fui o primeiro que decidiu se instalar em Morro, há três anos”, explica.

Surfista e praticante de kite e wakeboard, Leandro é ligado ao mar desde moleque, quando ia para o litoral paulista pegar onda por influência de um tio surfista e do pai, velejador. “Poder morar e trabalhar aqui é um grande privilégio. Conciliar bem--estar, esporte, diversão e qualidade de vida é muito bom”, expli-ca. Ele destaca que a Villa dos Corais é direcionada para famílias com crianças e que a Villa dos Pedras é segmentada para casais.

Conforto e sustentabilidade ambiental na Villa dos Graffitis

33

Nesta sequência, Bruno Galini tira toda a energia da onda da

Pedra do Moleque

O surfista e empresário

Carlinhos Cunha trocou

o agito de Salvador por

Morro

Sentados: Ian Costa e Bino Lopes; em pé, Leandro Sasso; e, na piscina, Bruno Galini

Foto

: Zec

ops

1

2

3

Page 34: Mahalo Press 5º Edição
Page 35: Mahalo Press 5º Edição
Page 36: Mahalo Press 5º Edição

prazer e adrenalina no asfalto

No começo de 2011, alguns praticantes de ska-

te longboard da Bahia começaram a pensar na

possibilidade de se reunir. Até então, a galera era

composta por cinco pessoas. O vídeo Cai’pira’ção,

produzido pelo grupo e disponível no Youtube,

foi ao ar antes do São João e fez sucesso na in-

ternet. Ao mesmo tempo, o grupo Longboard

Salvador, no Facebook, crescia cada vez mais e o

esporte foi conquistando novos adeptos e novos

espaços na capital baiana. O público feminino

também cresceu e hoje é uma representação for-

te, que tem seu espaço garantido e respeitado.

A galera de Salvador dá nó em pingo d’água

quando o assunto é andar de long. Faça chu-

va, faça sol, os integrantes do grupo se reúnem

praticamente todos os dias nos melhores picos

da cidade. Asfalto liso, ladeiras extensas e pou-

ca movimentação de carros são características

fundamentais para bons drops. Lugares assim

da cidade são extremamente difíceis de achar. Mas a

palavra ‘difícil’ não intimida os aventureiros.

Ser longboarder em Salvador é uma atitude que de-

manda persistência e muita vontade. A cidade, apesar

de oferecer uma geografia apropriada para a prática,

carece de espaço e incentivo. Mas isso também não im-

pede que os longboarders promovam o crescimento do

esporte. Se não existia espaço, eles descobriram. Se não

existia divulgação, eles criaram formas de incentivo.

Foi nesse contexto que em 5 de setembro deste ano

foi ao ar o portal B-Longs (www.b-longs.com). Além

de informações e notícias, o B-Longs traz uma leitura

sensível do esporte, aliada a uma programação visual

de tirar o fôlego. O site tem organizado um movimen-

to forte na capital baiana, provando que a prática es-

portiva vai além da diversão e da adrenalina. Ações

sociais são organizadas, como eventos beneficentes,

que levam o esporte até as crianças, como uma alter-

nativa, um desafio para o corpo e um estilo de vida.

36

Por Natália Arjones* | Fotos David Campbell

*Natália Arjones é redatora do site B-Longs.com

Em busca de adrenalina, um grupo de praticantes de skate longboard de Salvador está agitando a cidade. Lugares com asfalto liso, ladeiras extensas e pouca movimentação são os preferidos da turma, que cresce a cada dia. Além da busca por aventura e por bem-estar físico e mental, os skatistas das pranchas grandes, de alta velocidade, promovem ações sociais e eventos beneficentes

Page 37: Mahalo Press 5º Edição

Os picos para a prática de skate longboard em

Salvador são escassos, mas Guim Vasconcelos e sua turma vão à luta e

encontram onde andar

Faça chuva ou sol, os longborders estão firmes em busca de adrenalina

As grandes ladeiras com boa qualidade de asfalto são os ambientes mais propícios para a prática do esporte

37

Page 38: Mahalo Press 5º Edição

A Mahalo Press entrevistou o músico Renato Nunes, baixista da banda Diamba, e a estudante Manuela Tibiriçá. Praticantes ativos de longboard, eles falaram um pouco sobre a prática esportiva. Para os dois, assim como para outros longboarders, o esporte é como um vírus que, uma vez em contato, não tem cura. A capital baiana está contaminada. Em menos de um ano, o espaço conquistado pelo esporte foi além do esperado.

Mahalo Press - como você conheceu o esporte e por que decidiu praticá-lo?

Manuela Tibiriçá - O longboard surgiu na minha vida em agosto deste ano. Depois que vi uns vídeos do Longboard Girls Crew, me apaixonei. Hoje não consigo parar de andar, principalmente de-pois que conheci o grupo Longboard Salvador. O astral da galera é tão bom que contagia e deixa o rolé sempre divertido, mesmo com as quedas e feridas. Os meninos sempre dão uma força para as meninas nos treinos de slides ou em alguma manobra nova.

MP- Qual a sensação de andar de longboard? Renato Nunes - A sensação de poder praticar um esporte que te

oferece, de acordo com a sua escolha, tanto o prazer de curtir um rolé tranquilo, quanto descarregar altas doses de adrenalina em downhills de velocidade e em slides com alto grau de dificuldade.

MP: O que você aprendeu andando de longboard?RN: Aprendi que devo saber respeitar os limites. Além de

andar com equipamento de segurança, é preciso saber muito

bem como é o drop. O treino te ajuda a superar esses limites e atingir níveis melhores de execução de uma manobra.

MT: Além de uma atividade física, o que é sempre saudável para o corpo e para a mente, o longboard carrega também uma cultura de sempre agregar pessoas. Nos grupos, sempre tem espaço pra todo mundo, independentemente da modalidade. Por termos uma grande quantidade de pessoas, a gente sempre consegue promover eventos de cunho social, agregando a co-munidade ao esporte e unindo outras atividades que tenham a mesma iniciativa. É daí que vem a força pra transformação, né? A união das pessoas, seja pelo esporte, pela cultura, pela músi-ca. Onde tem gente boa reunida sempre sai coisa boa!

Salvador contaminada

Nas lojas da rede MAHALO e WAVE

BEACH, você encontra diversos modelos de

skate longboard

Renato NunesManuela Tibiriçá

Page 39: Mahalo Press 5º Edição
Page 40: Mahalo Press 5º Edição
Page 41: Mahalo Press 5º Edição

Arterias Urbanas

De madrugada, enquanto a cidade adormece, ela não deixa de ter vida. Suas artérias pulsam. Movimentos, luzes, manobras e o espírito nightlife navegam rumo ao desconhecido. A cidade não para.

Fotos: Pedro Accioly | Edição de Moda: Zedu Carvalho

Page 42: Mahalo Press 5º Edição
Page 43: Mahalo Press 5º Edição
Page 44: Mahalo Press 5º Edição

44

Page 45: Mahalo Press 5º Edição

45

Modelo: Henrique Netto (One Models)

Beleza: Dai Alves

Produção e Tratamento de Imagem: Hebert Valois (Cinzoo)

Produção Executiva: Zedu Carvalho

Agradecimento: Polícia Militar da Bahia

Page 46: Mahalo Press 5º Edição

Inspiração pra tudo que eu viver

Feriadão prolongado de 15 de novembro ro-lando e a Praia do Forte, no litoral norte baiano, bombando. No hall de uma elegante pousada, um grupo de jovens conversava. Entre eles um surfista profissional bem articulado, conversan-do muito e fazendo as outras pessoas rirem. Com uma contusão no joelho em fase de recu-peração, na reta final de uma temporada muito desgastante e vitoriosa, Bino Lopes se reabili-tava, com a família, e assistia, muito agoniado, seu pai e uma leva de amigos, primos e o colega de profissão e da equipe MAHALO Bruno Galini desfrutarem de um swell sensacional nas banca-das de coral do famoso destino turístico.

Em casa, feliz e com a ansiedade de cair no mar estampada no rosto, Bino nos recebeu, falante como sempre, para esta entrevista. A personalidade do surfista é a tradução exa-ta do seu comportamento como competidor. Determinado, explosivo, inteligente e, mesmo acostumado a usar estratégias muito bem pen-sadas dentro d’água, coloca o coração à frente de todos os outros sentimentos. De jeitão mar-rento e muito divertido, Bino é um cara que chama a atenção também pela atitude e por

acreditar que sempre é capaz de chegar no lugar que projeta, mesmo quando ninguém bota fé.

Com 24 anos completados no início de dezembro, Bino Lopes confessa que se sente muito feliz com a profissão que escolheu e celebra o ano 2011. E olhe que ele tem muito o que contar. No início do ano fez uma temporada fantástica no Hawaii, quando surfou o famoso pico de Waimea, com ondas de 18 pés (6 metros). Fez diversas fi-nais e semifinais em eventos regionais e conquistou uma vitória e um quinto lugar em etapas do mundial de acesso ao World Tour, em Salvador e no Rio de Janeiro.

“Estou feliz pelo ano. Conquistei uma vitória em um evento internacional aqui na Bahia, mas fiquei mui-to feliz também com uma quinta colocação em uma competição seis estrelas no Arpoador, no Rio. Não pelo quinto lugar em si, mas porque derrotei muitos atletas de ponta e perdi em uma bateria acirrada, com um escore que venceria outras duas disputas da fase. O evento teve um excelente nível técnico e estavam lá alguns dos melhores surfistas do mundo”, comemora.

Com passagem marcada para passar 25 dias no Hawaii em janeiro, para treinar e produzir fotos e vídeos insti-tucionais para a MAHALO, Bino projeta um 2012 com mais viagens internacionais, para participar do mundial de acesso. “Quero ir à Europa, aos EUA e, quem sabe, à África do Sul. Este ano foi de muita experiência e testes para mim e agora é hora de buscar voos mais altos. Te-nho capacidade de conquistar muito mais para minha carreira e vou em busca desse objetivo”, promete Bino.

AutoconfiançaCom uma autoconfiança muito grande, Bino só en-

tra nas baterias para vencer, independentemente de quem está com as outras lycras, do local e das con-dições do mar. Mas o surfista conta que nem sempre foi assim. Começou a competir aos 14 anos, tarde em relação à maioria dos seus colegas, e sempre teve em

Um dos surfistas brasileiros mais respeitados da sua geração, Bino Lopes, 24 anos, conversa com a gente sobre carreira, faz um balanço de 2011 e projeta as perspectivas para 2012. Determinado, explosivo, inteligente e coração sempre à frente em tudo que faz, o atleta da MAHALO passa por um dos momentos mais felizes da sua carreira

Por Yordan Bosco

Foto

: Ale

ko S

terg

iou

Page 47: Mahalo Press 5º Edição

De jeitão marrento e muito divertido, Bino é um cara que traça suas metas e luta por elas até o fim

Foto

s: F

abric

iano

Jún

ior

Foto

: Die

go F

reire

47

Page 48: Mahalo Press 5º Edição

seu pai, Aberlado Lopes, o maior incentivador. “Eu não tinha muita gana de vencer. Na verda-de, meu pai sempre acreditava mais em mim do que eu mesmo. Ele foi um dos grandes respon-sáveis por eu estar onde estou. Sempre agilizou tudo para que eu pudesse surfar”, confessa.

Dois fatos na carreira de Bino Lopes foram preponderantes para uma mudança de postura e para ganhar a confiança que tem hoje. Um foi uma final do Brasileiro Amador que parti-cipou na época de Junior. Ele ficou em terceiro lugar em uma prova, no Ceará, em bateria ven-cida pela ex-promessa Jeferson Silva, composta ainda por dois integrantes brasileiros na elite mundial: Jadson André e Alejo Muniz. Aquela competição fez uma diferença muito grande na carreira de Bino. “Além de chegar na final com dois futuros integrantes do WT e com uma das maiores promessas do surf brasileiro na época, tirei muitos favoritos no caminho”.

Outro acontecimento motivador na carreira foi quando, há quatro anos, após diversas difi-culdades no início da carreira como profissional, decidiu fazer faculdade. Em seguida, descobriu que o surf era sua verdadeira vocação, voltou com tudo e fechou patrocínio com a MAHALO. Ele chegou a cursar um semestre de Biologia e dois de Administração. “Quando estava na aula, só pensava em surfar e competir e por isso resolvi largar tudo e voltar a fazer o que real-mente gosto e escolhi pra mim”, explica.

“Lembro que foi uma fase difícil, mas de muito aprendizado. Tive que trabalhar muito o psicológi-co. Quando fechei o patrocínio com a MAHALO, mi-nha autoestima melhorou bastante e isso também influenciou em minhas melhoras”, confessa. “Foi a primeira vez que uma marca grande de surfwear me patrocinou e isso me deu mais confiança para acre-ditar no meu valor”. O atleta destaca também o tra-balho de treinamento físico, realizado pelo professor Sidney Resende, da academia Atitude Sport, de Villas do Atlântico. “Fazemos um trabalho há sete anos e a cada competição sinto os frutos desta parceria”.

Ondas grandesCom viagens para lugares como Hawaii, Tahiti, Áfri-

ca do Sul, Europa, Austrália, EUA, Peru, entre outros, no currículo, Bino pode ser considerado um surfista experiente, apesar da pouca idade. Atirado nas on-das grandes, ele é reconhecido no meio como um cara de atitude. Uma das recompensas por esse feeling veio em 2010, quando venceu um campeonato que foi considerado o evento profis-sional com as maiores ondas realizado no Brasil. Foi uma etapa do Nordestino Pro, em Fernando de Noronha. Participaram alguns dos me-lhores surfistas do Brasil. No primeiro dia, as ondas chega-ram aos 15 pés (cerca de 5 me-tros) e as condições eram absur-damente difíceis.

“Naquele evento, muita gen-te passou perrengue. Encontrei muitas dificuldades, pois, além dos fortes adversários, as condições im-postas pela natureza eram um gran-de desafio. Foi muito difícil mesmo, quebrei duas pranchas e venci com uma prancha pequena (6’1”). Passo temporadas em Noronha há sete anos e tenho uma certa experiência naquelas ondas, o que me ajudou muito. Desde moleque vou para a casa do amigo Pablo Neruda. A famí-lia dele me tra-ta muito bem e sua mãe sempre cui-dou de mim como filho”, explica.

Foto

: Bru

no V

eiga

Foto: Fabriciano Júnior

Bino conta que hoje só entra nas

baterias para vencer, independentemente

dos adversários, do lugar e das

condições do mar

48

Frequentador assíduo de Fernando de Noronha há sete anos, Bino venceu lá, em 2010, o campeonato

profissional com maiores ondas do surf brasileiro

Page 49: Mahalo Press 5º Edição
Page 50: Mahalo Press 5º Edição

Foco na vida aquáticaO fotógrafo, videomaker e documentarista Enrico Marcovaldi nos conta um pouco sobre os 25 anos de experiência registrando a vida marinha. Um dos fundadores do Instituto Baleia Jubarte (onde trabalhou até 2008), ele tem como especialidade captar imagens dos mamíferos gigantes de dentro d’água

Produtor de um dos mais ricos acervos de imagens marinhas do Brasil, o carioca Enri-co Marcovaldi, 48 anos, é um privilegiado por viver uma eterna aventura e por ser um profissional bastante requisitado. Após anos de dedicação e ousadia, o fotógrafo, videomaker e documentarista vive coletan-do imagens subaquáticas por diversos ma-res do mundo, para revistas, produtoras de vídeos, TVs e para as principais instituições de conservação marinha do país.

Um dos fundadores do Instituto Baleia Jubarte (IBJ) e coordenador da base da Praia do Forte de 2000 a 2008, esse filho de imigrante italiano despertou a paixão pelo mar ainda menino, quando começou a pegar onda de peito no Costão do Leme, Zona Sul Carioca. Aos 18 anos, após fazer seu primeiro curso de mergulho, em Arraial do Cabo, começou a investir na fotografia aquática. Com 25 anos de dedicação, ele já viveu diversas experiências e participou de muitas expedições de pesquisas.

“Para ser um bom fotógrafo submari-no, antes de tudo, tem que ser um bom mergulhador. Tem que praticar e ter esta identificação com o mar. Os equipamen-tos são caros, principalmente os de ima-gens submarinas, e o mercado é restri-to”, indica. Declaradamente apaixonado pelas baleias, Marcovaldi, que hoje resi-de na Praia do Forte, litoral norte baia-

no, explica que elas são suas maiores inspirações para fa-zer imagens.

É tanto que uma das suas peculiarida-des profissionais é o mergulho para regis-trar os mamíferos gigantes, ao lado deles. A ousadia e a perspicácia para realizar a atividade são para poucos. Por isso, de-vido aos perigos que ela proporciona, o documentarista tem uma autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente, para fazê-lo.

Marcovaldi é um dos poucos profissionais no mundo a fazer esse tipo de imagem. “É um animal de 15 metros, com 40 toneladas. Apesar de dóceis, são selvagens e enormes. São mais de 20 anos de experiência, mas, mesmo assim, a minha adrenalina vai lá pra cima. Já passei algumas roubadas e aconse-lho se, porventura, alguém quiser mergulhar com elas, ter muito, mas muito, cuidado e buscar uma autorização legal”, recomenda.

documentáriosDiretor e produtor de dezenas de docu-

mentários de importantes instituições am-bientais brasileiras, ele lançou em novem-bro o vídeo Projeto Tamar Nossos Sonhos não Envelhecem, em comemoração aos 30 anos da instituição, e em janeiro é a vez do Atlântico Sul, o Mar das Baleias, do IBJ.

50

Por Yordan Bosco

Foto

: Hug

o Ze

chin

Page 51: Mahalo Press 5º Edição

AbrolhosOutra experiência marcante na vida do do-

cumentarista foram os 11 anos que morou em Caravelas, no extremo sul da Bahia. Foi pro-prietário da agência e operadora de mergulho Abrolhos Turismo e um dos pioneiros em eco-turismo e mergulho na região. “Muitas aven-

turas, trabalho e dificuldades. Foi a melhor escola da minha vida”.

Nesse período, ele foi convidado pelos gestores do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos para captar imagens, principal-

mente submarinas. “O principal objetivo do meu trabalho lá era divulgar e identificar as espécies do parque, além de ajudar no que fosse possível”, conta.

“Foi bem no início da implantação do parque e tudo era novidade naquele paraíso. Nas nos-sas idas e vindas entre Caravelas e Abrolhos (a 32 milhas – 51 quilômetros – de distância) foram avistadas as primeiras baleias Jubartes e, a partir dali, criou-se o Projeto Baleia Jubarte”, detalha.

Enrico Marcovaldi faz imagens para as principais instituições de conservação ambiental do Brasil, a exemplo do Projeto Tamar

Total interação entre o fotógrafo e o

modelo peixe boi

Marcovaldi conta que os 11 anos que

viveu entre Caravelas e o Arquipélago

de Abrolhos, no sul da Bahia, foram de muito aprendizado

Captar imagens de baleias de dentro d’água é uma atividade para poucas pessoas no mundo

Fotos: Enrico Marcovaldi / IBJ

Foto

: Enr

ico

Mar

cova

ldi /

Pro

jeto

Pei

xe B

oi

Foto

: Enr

ico

Mar

cova

ldi /

Pro

jeto

Tam

ar

ExpediçõesEntre as tantas expedições realizadas ao longo de duas

décadas e meia, Enrico Marcovaldi destaca uma à Antár-tida, nas Ilhas Geórgia do Sul. “Foi para identificar a área de alimentação das jubartes, pois no Brasil elas vêm para reproduzir. Comprovamos que a região é a área de alimen-tação das nossas baleias brasileiras”, conta. “Foram 50 dias embarcados e no retorno pegamos uma tempestade du-rante 28 horas. O vento chegou a 70 nós (120 quilômetros por hora). Foi uma experiência e tanto”, relata.

Page 52: Mahalo Press 5º Edição

52

Foto: Fred Pompermayer

Marcos Pellegrino

Pastor e coordenador da Missão Surfistas de Cristo

no Nordeste

[email protected]

A buscaO surf é um esporte de alma. Quando não

há esta compreensão, dificilmente se conse-gue provar da mistura homem e natureza, algo tão difícil nos dias de hoje. Mas aqueles que conseguem são movidos por algo indes-critível, sentimento que eu chamo de Espíri-to do Surf. Para alguns, chega a ser um ideal de vida e para outros uma relação espiritual.

Quando somos movidos por esse senti-mento, alguns valores, que foram constru-ídos ao longo da nossa história, tornam-se como luzeiros para nossa relação com o surf. Lembro dos meus primeiros anos de apren-dizado na praia da Pituba, em Salvador. Os amigos e as experiências vividas com eles me levam a um sentimento único (como sonhei na noite anterior) e quando volto a surfar não precisa nem ter onda, pois me satisfaço só com as lembranças. É uma procura dentro de mim, de experiências tão boas.

Assim somos em diversas áreas da nos-sa vida. Se nos voltarmos para dentro de

nós, encontraremos todo tipo de experi-ência, algumas boas e outras nem tanto. E nesse ‘mar’ chamado eu mesmo precisa-rei de muita paixão para me encarar, des-frutar das boas experiências e resolver as pendências ainda lá existentes, para que possa a cada dia me conhecer e ser uma pessoa melhor para mim e para o próxi-mo. Para isso preciso ir à procura da mi-nha história, seja ela qual for.

Sei que para alguns não é muito fácil, um verdadeiro desafio. Deixo aqui al-gumas palavras de motivação. Vá nessa viagem. Se for feita da forma correta, será de grande valia para sua vida. E aí vai um sábio conselho: “Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas Deus sonda os corações” (Provérbios 21:2). Chamar Deus para esta trip é real-mente um bom conselho.

Valeu, até a próxima, e boas ondas.

“Se nos voltarmos

para dentro de nós,

encontraremos todo

tipo de experiência,

algumas boas e

outras nem tanto”

Com certeza, esse momento, em Teahupoo, no Tahiti, vai

frequentar as boas lembranças de Yuri Soledade por toda a vida

Page 53: Mahalo Press 5º Edição
Page 54: Mahalo Press 5º Edição
Page 55: Mahalo Press 5º Edição

Do marAno novo, tudo novo. Mais sol, mais alegria, mais realização, mais diver-são. Do primeiro nascer do sol do ciclo que começa, a inspiração pra fazer tudo com um pouco mais de energia. E que venha forte o que for de bom.

Fotos: Tiago Lima | Edição de Moda: Zedu Carvalho

Page 56: Mahalo Press 5º Edição

56

Page 57: Mahalo Press 5º Edição

57

Page 58: Mahalo Press 5º Edição

58

Page 59: Mahalo Press 5º Edição

59

Modelos: Arnaud Cornevin (One Models) e Ágatha Borges (Model Club)

Beleza: Dai Alves

Produção e Tratamento de Imagem: Hebert Valois (Cinzoo)

Produção Executiva: Zedu Carvalho

Agradecimentos: Projeto Floresta (Reserva Sapiranga, Praia

do Forte), Restaurante Casa do Poeta (Reserva Sapiranga,

71 9916 8860) e Restaurante Le Pompom Rouge (Rua da

Paciência, 251 - Rio Vermelho, 71 3023-3566).

Page 60: Mahalo Press 5º Edição

Marola usa os espaços e as possibilidades de comunicação dos

eventos para chamar a atenção sobre a doação de órgãos

Doador de esperançasAtravés da campanha Doe Órgãos. Doe Vida, o surfista baiano Flávio Marola tem como propósito levar esperança para pessoas que esperam por um órgão na fila de transplante. Há dez anos, ele foi transplantado de rim, após ter seus dois órgãos paralisados e fazer sessões de hemodiálise por mais de dois anos

Por Yordan Bosco

Quem convive no meio do surf da Bahia e acompanha as competições, certamente co-nhece o simpático surfista Flávio Marola. Apai-xonado pelo esporte e pela vida, Marola está sempre nas baterias dos campeonatos de long-board. Bom competidor no pranchão, ele tam-bém pode ser visto com frequência nas ondas ou nas areias de praias como Jaguaribe e Stella Maris. Através de mensagens na prancha, em banners esticados nas áreas dos eventos e nos pódios, em conversa com a moçada e em cam-

panhas nas redes sociais da internet, ele é incansável na missão de conscientizar as pessoas sobre a impor-tância da doação de órgãos para salvar vidas.

A motivação de Flávio Augusto Coelho Coutinho, 43 anos, em mostrar para as pessoas que a doação é respon-sável por devolver a vida a milhares de pessoas que estão doentes nas filas de transplante veio da sua própria expe-riência. Aos 28 anos de idade, seus dois rins pararam de funcionar e ele teve de fazer sessões de hemodiálise por mais de dois anos, até que, em 2001, foi transplantado de um rim, doado por sua mãe, Vera Lúcia Coelho.

60

Foto: Gugah Mariano

Page 61: Mahalo Press 5º Edição

Levantando a bandeira da doação de órgãos em uma competição no Rio de Janeiro

Bom no Pranchão, o atleta foi vice-campeão baiano profissional de longboard duas vezes e já ficou entre os 20 melhores do Brasil

O surfista passou a ter uma vida normal e saudável após receber o rim da sua mãe, Vera Lúcia Coelho, em 2001

Na hemodiálise, uma máquina faz a função dos rins, de filtrar todo o sangue, removendo as substâncias tóxi-cas e as impurezas que saem pela urina. No processo, a circulação sanguínea passa pelo equipamento e retorna ao organismo. No período de espera pelo transplante, Flávio Marola foi submetido a três sessões de quatro horas de hemodiálise toda semana. Na Bahia, quase 4 mil pessoas esperam por um transplante de órgão. Des-ses, em torno de 2,5 mil esperam por novos rins.

vida novaHoje, o surfista tem uma vida saudável. Formou uma

família, tem duas filhas e uma atividade esportiva inten-sa. Mas a barra que ele e a família seguraram foi muito pesada. Além da fragilidade do organismo, do isola-mento das pessoas e do sofrimento físico da doença, ele teve de conviver com a perspectiva de morte.

Segundo o surfista, só no período de espera pelo trans-plante perdeu 15 amigos que sofriam do mesmo proble-ma. “Tinha que conviver com a morte ao lado o tempo todo. Às vezes, chegava no hospital e não encontrava al-guma pessoa. Quando perguntava, tinha a notícia de que havia morrido. Ficava difícil buscar forças para acreditar na recuperação e na sobrevivência”, lamenta.

“Fazia hemodiálise sempre com um grupo de 25 a 30 pacientes, sendo que eu era um dos piores, pois meus rins estavam 100% sem realizar filtragem do sangue”, ex-plica. O processo gera o aumento de fósforo, potássio e creatinina no organismo. Entre os riscos provocados pela insuficiência renal, o paciente pode ter uma parada cardí-aca, por causa do alto índice de potássio, ou convulsão no processo de hemodiálise. Além disso, o não funcionamen-to dos rins poderia causar diabetes e hipertensão e a alta taxa de creatinina poderia tê-lo levado à morte.

SolidariedadeFlávio Marola explica que tem um agradecimento mui-

to grande a Deus por estar transplantado e vivo e por po-der ajudar as pessoas que sofrem com sessões de hemo-diálise e em filas de transplantes. “Sempre que estou no mar, agradeço muito a Deus. Tenho uma felicidade muito grande de estar com saúde e mostrar para as pessoas que estou vivo graças a um transplante de órgão”.

Flávio Marola está escrevendo, com um amigo ator, uma peça teatral com o tema da doação de órgãos. Ele também está formando um gru-po para realizar blitzes informativas na cidade sobre a importância da doação e intensificando as campanhas nas redes sociais. Através do site www.doeorgaosdoevida.com.br pode-se obter mais informações sobre as campanhas. “Hoje, meus maiores propósitos de vida são minha fa-mília e ajudar as pessoas que estão na fila de transplante. Não posso ficar de braços cruzados enquanto sei que muitas pessoas estão passan-do o que eu passei”, emociona-se.

doaçãoOs doadores de rins podem ser pessoas vivas

ou mortas. Após doar um dos seus rins para o filho, dona Vera Lúcia continua com uma vida normal. “Um doador vivo tem que estar cons-ciente e inteirado do que vai acontecer. Desde a ausência do rim que será doado ao procedimen-to da cirurgia e do risco de haver uma rejeição por parte do doador”, explica a matriarca.

Dona Vera Lúcia conta ainda que nem por um minuto recuou da decisão. “Doei e doarei, se necessário for, para salvar a vida de alguém. Sou doadora de todos os órgãos. Ver hoje meu filho saudável, alegre, casado e com duas lin-das meninas me faz muito feliz. Agradeço a Deus e aos médicos por ele poder surfar, comer de tudo, beber água e fazer xixi”.

61

Foto: Gugah Mariano Foto: arquivo pessoal

Foto

: Arq

uivo

pes

soal

Page 62: Mahalo Press 5º Edição
Page 63: Mahalo Press 5º Edição
Page 64: Mahalo Press 5º Edição

Algo de novo no cenário brazucaAqui mesmo na minha coluna escrevi que não me atentava aos sons nacionais e

que faltava algo no cenário musical tupiniquim. Deixo claro que gosto de música brasileira. Meu problema é com a nova cena. Eis que me surpreendo com uma série de excelentes lançamentos. São agradáveis surpresas musicais que me levaram a considerar minhas palavras e a me render, enfim, à nova musicalidade brasileira.

Fábio Tihara

Jornalista, especializado em sons e vídeos

Bixiga 70 - Bixiga 70O nome da banda vem do tradicional bairro paulista do Bixiga e é uma referência ao Afrika’ 70, banda que acompanhava o nigeriano e precursor do afrobeat Fela Kuti (1938-1997). Uma big band com dez integrantes, muito suingue e energia, numa orgia de instrumentos musicais. O primeiro disco vem para mostrar que o mundo é pequeno para a banda, famosa no circuito alternativo paulistano. São dez canções instrumen-tais com sonoridades africanas, jazz, funk e dub. O grupo também disponibilizou o disco na íntegra, através do site www.bixiga70.com. Lá, você pode comprar, baixar ou, simplesmente, escutar.

Wado - Samba 808 Já tinha ouvido o burburinho sobre o catarinense ra-dicado em Alagoas chamado Wado. Seu disco novo e sexto da carreira se chama Samba 808, em alusão ao famoso teclado Roland TR-808. Um disco que define bem o que deve ser a musicalidade brasileira: diversi-dade. Wado acerta em cheio ao reinventar sambas com toques eletrônicos e embala na moda com uma inclina-ção pop em suas letras. Nomes como Zeca Baleiro, curu-min, chico césar e Marcelo camelo só acrescentam mais tempero numa mistura que é, por si só, maravilhosa. de-talhe importante: o artista disponibilizou em seu site o disco para download gratuito. vá lá: www.wado.com.br.

Mundo Livre S/ANovas Lendas da Etnia Toshi Babaa depois de um hiato de seis anos sem gravar em estúdio, os recifenses do Mundo Livre S/A estão de volta e com um disco que faz jus à longa espera. Apesar do nome estranho, Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa é um Mun-do Livre na essência, mas com as devidas atualizações do período. O marcante cavaquinho, o flerte eletrônico, o discurso politizado e comportamental e uma sonoridade dançante é o que apresenta a trupe liderada por Fred 04. E, assim, uma das melhores bandas brasileiras mantém uma hegemonia de excelentes discos na praça.

pARA ouviR

Page 65: Mahalo Press 5º Edição

Podcast da edição (as mais ouvidas na redação)

drake - Headlines“O canadense está tomando de assalto”

Jessica 6 - Prisoner of Love“A nova rainha das pistas”

Polock - Nice to Meet you“Fórmula manjada, mas receita de sucesso”

Projota - Mais do que Pegadas“O rap nacional vai muito bem, obrigado”

Seu Jorge & vanessa da Mata - Boa Reza“dessa vez, ele acertou na parceria”

65

pARA ASSiStiR

Lost Atlas O tão aguardado filme de Kai Neville já se encontra disponível para download na internet. depois do estrondoso sucesso de Modern collective, Kai mostra um ama-durecimento natural como cineasta. Para olhos pouco perceptíveis, seu novo filme parece ser uma continuação de seu primeiro trabalho, mas, aos poucos, o aussie im-prime seu estilo próprio de captar e mostrar suas impressões do surf moderno. cortes rápidos, diálogos intercalando cenas de ação e uma trilha sonora que vai do caos à paz em segundos. Os amigos dion Agius, yadin Nicol, Jordy Smith e dusty Payne estão pre-sentes, mas gratas surpresas como Owen Wright, John John Florence e chippa Wilson roubam a cena e protagonizam as melhores sequências do filme. O cenário da ação pou-co importa, porque, para essa geração de surfistas, o segredo é extrapolar os limites.

Get-N-classic A vans mostra toda a versatilidade de sua equipe de surf. Um filme muito bom de assistir, pois não cansa os espectadores. Num primeiro momento, podemos conferir toda a elegância do mestre do estilo Joel Tudor e do não menos estiloso longboarder californiano Alex Knost. É de tirar o fôlego a atitude de Nathan Fle-tcher em ondas de peso (como Mavericks, Puerto Escondido e Teahupoo). Tem ainda toda a competitividade dos irmãos Gudauskas e de novos talentos como Andrew doheny e dillon Perillo; sem falar na desenvoltura de John John Flo-rence dando aula de como entubar fundo em Pipeline, Backdoor e Teahupoo.

NowO australiano chippa Wilson é a grande estrela do filme da marca californiana Analog, do diretor Riley Blakeway. O jovem, conhecido por suas manobras inovadoras e modernas, mostra que tanta fama não veio por acaso. com um estilo progressivo, chippa decola em todas as condições possíveis de ondas. Seja na Nova Zelândia, no Panamá ou na califórnia, o que interessa é voar. Em sua companhia, surfistas do mesmo estilo progressista como dion Agius e Andrew doheny. A trilha sonora é rock do começo ao fim e, em pouco mais de 30 minutos, agrada ao espectador, ávido por aquela instigação para uma sessão de surf.

enxurrada de novidades na redeDepois de alguns meses sem nenhuma novidade no mundo dos vídeos de surf, uma enxurrada

de bons lançamentos invadiu a rede. E como não poderia faltar, a coluna Sons, Filmes e Afins disseca o que de melhor apareceu.

Page 66: Mahalo Press 5º Edição

Produção: Kayalla Rocha

Assistente de iluminação: Bruno Belém

Cabelo e maquiagem: Cláudio Pimenta

Rafaela usa biquinis MAHALO

N ossa Musa desta edição veio

do Espírito Santo. Cabelos

dourados e pele bronzeada, a linda Ra-

faela Fiorani é professora de Educação

Física e dançarina. Ela tem 27 anos e está

radicada em Salvador desde o início de

2011. Apaixonada por praia, por música e

pela vida, sempre que tem uma oportunida-

de não pensa duas vezes e vai para Morro de

São Paulo. Já na capital baiana, frequenta

as praias de Stella Maris e Aleluia. Fiorani

se define eclética para música, mas con-

fessa ter um gostinho especial por Red

Hot Chili Peppers, Pearl Jam, Shakira e

Jason Mirage. Professora de natação,

essa capixaba de personalidade forte

já fez box e capoeira e, atualmente,

além da dança, mantém a forma com

musculação. Neste ensaio, a musa foi

clicada pelo fotógrafo Paulo Fontes.

66

rafaela FioraniFotos Paulo Fontes

Page 67: Mahalo Press 5º Edição
Page 68: Mahalo Press 5º Edição